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RECONSTRUIR O BRASIL NA DIREÇÃO DO SOCIALISMO 2018

Por que o PCB apoia, nas eleições, a frente política e


social liderada por um sem teto e uma indígena?
Primeiro porque temos uma política amadurecida de construção de fren-
tes políticas de esquerda como condição fundamental para reconstruir um novo
rumo para o Brasil. Segundo porque a candidatura Boulos-Guajajara nasceu a
partir de baixo e representa uma união avançada não só dos partidos políticos de
esquerda mais também dos movimentos sociais, com perspectiva de se manter
unida para além das eleições.
Para compreender nossa decisão, é fundamental avaliarmos que vivemos
uma conjuntura instável, incerta e complexa tanto em nível nacional quanto
internacional. O aprofundamento da crise sistêmica do capitalismo, das disputas
interimperialistas e o acirramento da luta de classes intensificam os ataques aos
direitos sociais, políticos e democráticos da classe trabalhadora em todo o mun-
do. No Brasil, na América Latina e em diversos países, crescem movimentos e par-
tidos de extrema direita e fascistas cada vez mais como opções políticas viáveis
para os grandes monopólios administrarem a barbárie capitalista.
Em nosso país, para dar continuidade ao programa ultraliberal, antipopu-
lar e antinacional do governo golpista, setores reacionários da classe dominante
brasileira cada vez mais apostam e simpatizam com a candidatura de extrema
direita. Em tempos de crise e disputas no andar de cima, o programa do grande
capital no Brasil está claro, independente dos candidatos: radicalização na retira-
da de direitos trabalhistas, reforma da previdência, privatização de empresas
estratégicas e recursos naturais, desnacionalização econômica, entrega do pré-
sal para grandes petrolíferas internacionais, subordinação aos interesses dos
EUA no continente, restrição das liberdades democráticas, criminalização dos
movimentos populares e intolerância aos direitos das mulheres, negros e LGBTs.
Por outro lado, ainda prevalece no campo popular e progressista ilusões
quanto ao caráter reacionário e entreguista da classe dominante brasileira, cujos
projetos desembocam em candidaturas de conciliação que não enfrentam os
interesses e privilégios históricos da burguesia brasileira. Na atual quadra históri-
ca, em especial após o golpe jurídico parlamentar de 2016, a mensagem da Casa
Grande é clara para o conjunto dos explorados: não há mais espaço para concilia-
ção e tolerância. A prisão arbitrária do ex-presidente Lula é o grande símbolo
desta mensagem.
Nesse sentido, o PCB participa juntamente com o PSOL, MTST, APIB,
Mídia Ninja e outros movimentos populares da única frente política e social de
esquerda nestas eleições que possui um programa e uma prática cotidiana que
reúne condições de se apresentar enquanto uma alternativa aos ataques da bur-
guesia e às ilusões conciliatórias com essas classes dominantes. Por se tratar de

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uma frente, sabemos que se constrói a partir de uma ampla unidade de baixo
para cima. Sabemos também da existência de importantes e saudáveis divergên-
cias entre distintos setores que constroem a campanha, no entanto, para os
comunistas brasileiros, o momento é de valorizar as convergências e a unidade
até agora conquistada.
O PCB manterá seu programa anticapitalista e anti-imperialista, a defesa
da atualidade do socialismo, seus símbolos e valores históricos. Contudo, valori-
zamos e reconhecemos pontos estratégicos de convergência no programa cons-
truído pela candidatura Boulos-Guajajara. Tal programa representa a apresenta-
ção de propostas concretas emergenciais para a melhoria das condições de vida
dos trabalhadores brasileiros, assim como de alguma forma aponta para a reor-
ganização política e ideológica da esquerda brasileira para além da lógica eleito-
ral e da conciliação de classes. Listamos alguns elementos que valorizamos e com
os quais contribuímos, a saber:

1 – A convocação de plebiscitos para revogar as contrarreformas do governo gol-


pista, como a reforma trabalhista, a PEC do teto dos gastos públicos e a PEC da
Desvinculação de Receitas da União (DRU), Lei das Terceirizações, entre outras.
Criação de um sistema nacional de democracia direta, a fim de fortalecer a orga-
nização dos trabalhadores e o poder popular. Democratização da mídia e enfren-
tamento aos grandes monopólios midiáticos. Proposta de um pacto nacional
contra a violência à mulher, enfrentando o feminicídio, que atinge principalmen-
te as mulheres trabalhadoras, além da defesa da legalização do aborto e a ampla
assistência à saúde da mulher. Combate rigoroso a todas as formas de opressão, à
violência e a todo tipo de preconceito, seja de classe, étnico, religioso ou sexual.
Defesa da possibilidade de adoção para casais homoafetivos, de uma política de
empregabilidade para a população de travestis e transexuais e do ensino de edu-
cação sexual nas escolas públicas.

2 – A defesa das liberdades democráticas, da livre organização dos trabalhado-


res, movimentos populares e revolucionários. Apuração dos crimes hediondos da
ditadura civil militar e punição dos responsáveis por torturas, assassinatos e desa-
parecimentos de presos políticos. Democratização e controle social do poder
judiciário e a defesa de uma reforma política que crie mecanismos de controle
popular dos políticos e preserve os partidos políticos ideológicos.

3 - A crítica ao tripé macroeconômico, isto é, câmbio flutuante, metas de inflação


e superávit primário. Tripé que estrutura a política econômica do estado burguês
brasileiro desde os anos de 1990. A proposta de revogação da lei de responsabili-
dade fiscal é fundamental no enfrentamento aos interesses do capital financeiro.
Ao mesmo tempo a proposta de auditoria da dívida pública, sua renegociação,

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reestruturação e queda dos juros representa um aporte importante para que se


possa ter recursos para financiamento das políticas sociais. Reestatização e rees-
truturação, sob controle popular, da Petrobrás e do monopólio estatal na explo-
ração do petróleo, a revisão das privatizações das reservas de pré-sal e da política
de preços da Petrobrás.

4 - Defesa de uma reforma tributária progressiva que taxe à grande propriedade,


ganhos de capital e financeiros e grandes heranças. Defesa do pleno emprego e
de um plano de obras públicas para geração de empregos. Defesa dos direitos e
garantias dos trabalhadores, recomposição dos salários e uma política para redu-
zir radicalmente o desemprego. A defesa de uma reforma agrária popular, forta-
lecimento da agricultura familiar e implementação imediata do Programa Nacio-
nal de Redução de Agrotóxicos. Defesa das demarcações de terras dos povos
indígenas e quilombolas, além de ampliar os direitos sociais e econômicos destes
povos. Na cidade, o enfrentamento à especulação imobiliária e ampliação de pro-
gramas sociais de moradia popular.

5 - Combate à privatização do SUS, ampliando seu financiamento de acordo as


demandas sociais e regulamentação do setor privado. A defesa de um SUS 100%
estatal, público e sob controle dos trabalhadores. Defesa da escola e universida-
de pública, estatal, laica, gratuita e de alta qualidade que atendam as demandas
populares e o desenvolvimento nacional. Implementar os 10 % do orçamento
público para a educação pública. No campo da segurança pública, o questiona-
mento a política de guerra às drogas que extermina milhares de jovens, em sua
maioria negros, nas periferias do país. A defesa da desmilitarização da segurança
pública, focando na prevenção, inteligência, combate ao tráfico de armas e à
onda de homicídios em todo o país.

6 - A defesa de uma política externa anti-imperialista e independente, a partir de


mecanismos de integração econômica, financiamento de políticas sociais e cultu-
ral latino-americana como a Unasul, Celac, Alba, Banco do Sul e a defesa de um
Mercosul para além da integração comercial. Assim como defesa da soberania
dos povos e da paz no continente, se posicionando claramente contra à instala-
ção de bases norte americanas e da IV frota na região, de golpes jurídicos parla-
mentares no continente e às ameaças militares, cerco econômico e midiático
contra o povo venezuelano e a revolução bolivariana.

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PLATAFORMA POLÍTICA PELO PODER POPULAR


(EIXOS PROGRAMÁTICOS DASCANDIDATURAS DO PCB)
O Partido Comunista Brasileiro, nas eleições de 2018, lançará candidatos
em praticamente todos os estados do país. Nesse sentido, os comunistas brasilei-
ros apresentam suas principais propostas e eixos políticos anticapitalistas e anti-
imperialistas. Dadas as especificidades e desigualdades regionais, sociais e cultu-
rais, acreditamos que nossas candidaturas terão enorme potencial em conseguir
dialogar a partir de demandas concretas das massas populares e propagar didati-
camente a denúncia do capitalismo e a atualidade do socialismo sem vanguardis-
mos, visando ao crescimento político, social e eleitoral de nossas propostas.

Primeiro Eixo: Um programa anticapitalista e


anti-imperialista para desmercantilizar a vida.
A luta contra a mercantilização da vida tem que se expressar programáti-
ca e praticamente contra o modo de vida próprio da ordem burguesa, contra seus
valores, sua ideologia e sua cultura, afirmando um novo modo de vida, o que
implica no desenvolvimento de novos valores, novas formas de ser e de uma nova
forma de consciência social. Por isso, para nós, uma alternativa anticapitalista é
inseparável da necessidade de construção da alternativa socialista.

No campo anti-imperialista, nossas candidaturas serão defensoras firmes


da soberania nacional, contra a privatização das estatais e a entrega de nossas
riquezas, profundamente solidárias às lutas dos povos em todo o mundo. Denun-
ciaremos a ofensiva em curso do imperialismo, em especial estadunidense, na
América Latina. Sem cair num nacionalismo ufanista, denunciaremos o caráter
entreguista e associado da burguesia brasileira ao imperialismo.

Segundo eixo: A necessidade e urgência da


alternativa socialista para garantir a vida.
Afirmamos que uma alternativa socialista para o Brasil não é apenas possí-
vel, ela é necessária. Nosso país conta com um conjunto de meios, uma base natu-
ral e econômica, um elevado grau de desenvolvimento das forças produtivas e
força de trabalho que permitem a produção social da vida e o atendimento às
demandas essenciais do conjunto da população. O que impede isso é a acumula-
ção privada da riqueza socialmente produzida e a inserção subordinada do Brasil
no sistema capitalista internacional.

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Terceiro eixo: A construção do poder popular.


A alternativa socialista deve se constituir, na luta contra a ordem burgue-
sa, como um poder que se apresente como poder político (que não advém do
controle de instituições políticas, como bem sabe a burguesia) e com capacidade
de organização e generalização das demandas particulares, para que ganhem a
consistência de demandas universais e que expresse, na ação e nos valores nelas
manifestados, uma nova consciência social, capaz de transformar os trabalhado-
res em classe hegemônica, dirigente e protagonista da construção de uma nova
sociedade, radicalmente oposta à ordem do capital. Chamamos isso de Poder
Popular.

Quarto eixo: Resistir, retomar as garantias e avançar


por mais direitos da classe trabalhadora.
A intransigente defesa dos direitos humanos aponta para a superação das
formas econômicas, sociais e culturais próprias da ordem burguesa que têm de
ser superadas na direção de uma verdadeira emancipação humana. A defesa e
garantia dos direitos sociais e políticos, da vida e da dignidade humana começa
pela luta implacável contra a exploração da classe trabalhadora, das diversas
opressões de gênero, sexo, regionalidade e etnia, funcionais à ordem burguesa,
mas incompatíveis com uma sociedade emancipada.

Os 21 pontos programáticos para a campanha do PCB:

Medidas de emergência para reconstruir o Brasil


1) Revogação de todos os atos do governo Temer e combate rigoroso aos corrup-
tos e corruptores, entendida a corrupção como fenômeno endêmico ao sistema
capitalista.

2) Criação de um vasto programa de emprego baseado nos investimentos públi-


cos e, emergencialmente, a constituição das Frentes de Trabalho Urbana e Rural
para reduzir o desemprego, enquanto a dinâmica da economia não absorver toda
a força de trabalho desempregada. Tabelamento dos gêneros de primeira neces-
sidade e expropriação dos imóveis abandonados ou ociosos para abrigar os sem
teto. Pela criação de uma rede de restaurantes e mercados populares, a preço de
custo, nos bairros, para atender emergencialmente os trabalhadores e a popula-
ção de baixa renda. Defender o transporte gratuito para todos os desemprega-

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dos e suas famílias, estudantes e para todos os componentes das frentes de tra-
balho, na perspectiva da tarifa zero para todos.
3) Defesa do abono salarial para todos os que ganham salário mínimo, inclusive
Bolsa Família, aposentados e seguro desemprego. Desenvolvimento de uma polí-
tica de garantia do emprego, com estabilidade no emprego para todos os traba-
lhadores, e fim das terceirizações.

4) Defesa da auditoria da dívida interna e criação de uma Comissão da Verdade


para analisar todo o processo de constituição da dívida, ressaltando-se que,
durante esse período, também estará suspenso o pagamento dos juros. Pela
renegociação e reestruturação da dívida dos estados com a União. Revogação da
Lei de Responsabilidade Fiscal, da DRU (Desvinculação das Receitas da União) e
das desonerações e renúncias fiscais.

5) Pela criação de uma nova política tributária, com redução ou isenção da tribu-
tação sobre o consumo de bens e produtos de primeira necessidade e implemen-
tação de uma política de impostos progressivos de acordo com a renda de cada
pessoa ou agente econômico, além de um imposto especial sobre as grandes
fortunas e ganhos de capital, visando a criar um Fundo para o Desenvolvimento
Social, de forma a melhorar as condições de vida da população. Isenção da
cobrança do imposto de renda para todos os trabalhadores que ganham até 5 mil
reais e criação de uma nova tabela do imposto de renda na qual os que ganhem
mais pagarão mais impostos, dentro do princípio de que quem ganha mais paga
mais, quem ganha menos paga menos e quem não ganha nada não paga nada.

6) Regularização imediata dos assentamentos e uma nova política de incentivo à


produção de alimentos saudáveis, com medidas para redução dos agrotóxicos
nas plantações, bem como incentivo à agricultura familiar. Soberania, demarca-
ção e titulação imediata de todas as terras indígenas, quilombolas e ribeirinhas.
Garantia a todos de políticas públicas nas áreas de educação, saúde e previdência.

7) Por uma nova política de comunicações, com revisão das concessões, quebra
dos monopólios midiáticos, especialmente a Rede Globo e outros monopólios
midiáticos e obrigatoriedade de espaço na grade das televisões e rádios para os
partidos políticos, movimentos sociais e populares, enquanto não se elabora uma
nova política de comunicação, que venha a disciplinar e reestruturar as comunica-
ções no país.
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8) Combate firme a todas as formas de opressão, como o racismo, o preconceito


étnico, religioso e a violência e o preconceito contra as comunidades LGTBs e
garantias de seus direitos específicos. Garantia dos direitos e elaboração de
políticas específicas para as mulheres, incluindo a legalização do aborto, salário
igual para trabalho igual, além de políticas públicas de proteção contra a violên-
cia, o feminicídio, assédio moral e sexual e o machismo.

Ousar e defender medidas de


transição para um novo Brasil

Medidas políticas
9) Estímulo à criação das instâncias do Poder Popular, com formação dos Conse-
lhos Populares eleitos em todos os locais de trabalho, moradia, estudo, lazer e
cultura, de forma a se instituir e desenvolver uma cultura de democracia direta no
seio da população e fortalecer a organização do povo. Abertura do Parlamento
aos movimentos sociais e garantia de realização de plebiscitos e referendos
sobre temas relevantes de interesse nacional. Constituição de um Parlamento
unicameral, com representatividade de acordo com o contingente da população
dos Estados. Garantia de revogação dos mandatos por parte da população.

10) Democratização e controle social dos meios de comunicação, com uma nova
Lei Nacional das Comunicações. Defender a criação de uma rede pública de comu-
nicação social, envolvendo todos os meios de difusão e ampla liberdade para que
os partidos políticos e organizações sociais e populares possam construir livre-
mente seus meios de informação em todas as áreas da comunicação social.
Reforma do judiciário, com reorganização geral da justiça brasileira, incluindo
desde novas regras e prazos de mandatos para as instâncias superiores até a cons-
tituição de Juntas Populares de Justiça para pequenas causas.

11) Abertura imediata de todos os arquivos da ditadura, com o objetivo de mape-


ar plenamente os atos de repressão, envolvendo prisões, torturas, mortes e desa-
parecimentos políticos ainda não revelados, com rigorosa punição aos torturado-
res e seus mandantes. Instituição de uma nova política militar no país, com demo-
cratização das Forças Armadas, nova formação militar baseada na defesa dos
interesses nacionais e respeito aos interesses populares, modernização dos equi-
pamentos militares e retomada do programa nuclear brasileiro, com o objetivo
de garantir a soberania nacional contra agressões de qualquer tipo. Nova política

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de segurança, com desmilitarização da Segurança Pública, focando sua atuação


na prevenção, inteligência, combate ao tráfico de armas e à onda de homicídios
em todo o país. Questionamento à política de guerra às drogas que extermina
milhares de jovens, em sua maioria pobres e negros, nas periferias do país.

Medidas econômicas
12) Defesa da estatização e do controle público das instituições financeiras, dos
oligopólios ligados aos insumos e produtos essenciais básicos, além das empre-
sas estratégicas e dos meios de produção essenciais à vida, como água, luz elétri-
ca, transporte, saúde, educação, petróleo e infraestrutura, passando sua direção
para um Conselho de Trabalhadores e redução das remessas de lucro das multi-
nacionais. Reestabelecimento do monopólio estatal do petróleo, da produção e
distribuição de energia elétrica, com reestatização plena da Petrobrás e todas as
empresas e recursos naturais que foram privatizados; extinção das agências regu-
ladoras e anulação de todos os contratos de risco, leilões e parcerias público-
privadas realizados em território brasileiro. Essas medidas visam a colocar a espi-
nha dorsal da economia a serviço da população brasileira.

13) Estruturação de uma nova política industrial e tecnológica com o objetivo de


modernizar o parque industrial brasileiro, desenvolver ou criar setores de ponta,
especialmente nas tecnologias da informação, eletroeletrônica, robótica, biotec-
nologia, engenharia genética e nanotecnologia, de forma a possibilitar suprir o
mercado interno de forma autossustentada e obter ganhos competitivos no mer-
cado internacional; desenvolver uma agressiva política de incentivo à pesquisa e
ao desenvolvimento, envolvendo os institutos de pesquisas governamentais,
universidades e empresas públicas. Incentivo especial às micro, pequenas e médi-
as empresas e à agricultura familiar, colocando o BNDEs e os Bancos Públicos
como instrumentos de fomento do desenvolvimento econômico em favor das
reais necessidades da população e não dos lucros dos monopólios capitalistas.

Medidas sociais
14) Por uma política de valorização do salário mínimo e um programa de recupe-
ração do poder de compra dos salários, discutido com os sindicatos, de forma a
alcançar o valor do salário estipulado pelo Dieese. Redução da jornada de traba-
lho para 35 horas sem redução do salário, visando a ampliar o emprego e a renda
da população e obrigatoriedade de formação de comissões de empresa em
todos os estabelecimentos com mais de 50 trabalhadores.

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15) Reforma agrária sob o controle das entidades dos trabalhadores, com a desa-
propriação de todos os latifúndios improdutivos, das fazendas com trabalho
escravo e as que não estejam cumprindo a função social. Criação de uma nova
política agrícola sustentável ecologicamente, visando a produzir alimentos sau-
dáveis. Estímulo à formação de grandes cooperativas agropecuárias para racio-
nalizar o sistema produtivo e ampliar a oferta de produtos básicos. Reforma urba-
na, com a desapropriação de todos os terrenos vazios para a construção de habi-
tações populares, praças, parques e locais de lazer, acompanhada de uma campa-
nha de plantação de árvores nas grandes cidades.

16) Estatização do sistema privado de saúde, incluindo rede assistencial (hospi-


tais, serviços ambulatoriais, de apoio diagnóstico e terapêutico), setores de pes-
quisa e de produção de fármacos, imunobiológicos, hemoderivados e de insumos
e indústrias de material médico-hospitalar e de equipamentos. Organizar o Siste-
ma de Saúde a partir da atenção primária à saúde, evoluindo até os níveis de
maior complexidade, conjugando ações de promoção, prevenção, cura e reabili-
tação. Ampliação da rede assistencial, com construção de unidades básica de
saúde e hospitais nos bairros populares, de modo a garantir a atenção à saúde a
todas as pessoas o mais próximo de seus locais de moradia e trabalho. Exercício
do Poder Popular com a criação de Conselhos Populares de Saúde para controle
do Sistema de Saúde em todos os seus níveis.

17) Estatização de todo o sistema de ensino nacional, especialmente das univer-


sidades privadas e escolas particulares e nova regulação para as entidades con-
fessionais, com a implantação de uma ampla reforma na educação que possibili-
te, no médio prazo, a criação de uma escola pública e popular de qualidade para
todos, da educação infantil ao ensino superior, além da pós-graduação. Campa-
nha nacional para a erradicação do analfabetismo no prazo de dois anos, utilizan-
do-se dos métodos universalmente testados e exitosos em Cuba, na Venezuela e

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na Bolívia. Construção e ampliação dos espaços comunitários de esporte e lazer,


com uma política de fomento à prática esportiva, especialmente nos bairros
populares.

18) Previdência social pública e universal, com teto de 60 anos para homens e 55
para as mulheres; recuperação das perdas salariais e aumento real dos proventos
e pensões, restabelecendo-se o princípio solidário amplo da seguridade social.
Desenvolvimento de uma política sustentável de meio ambiente, com garantia
de demarcação e manutenção das terras indígenas, quilombolas e ribeirinhas.
Defesa da Amazônia, dos aquíferos em território nacional e o Aquífero Guarani,
em conjunto com países com os quais o compartilhamos; defesa da biodiversida-
de, dos diversos recursos naturais brasileiros e revitalização do Rio São Francisco
como forma de garantir a transposição de suas águas.

19) Desenvolvimento de uma política cultural para o país de resgate da identida-


de nacional, de forma a envolver os intelectuais e os artistas numa produção vol-
tada para os interesses populares, para o incentivo às manifestações do povo,
para a construção de um amplo movimento cultural com capacidade de inovar
estética e politicamente o panorama cultural brasileiro, buscando romper com os
interesses dominantes dos oligopólios nacionais e internacionais e da mercantili-
zação da cultura e das artes.

Soberania e solidariedade internacional


20) Respeito à autodeterminação dos povos e a seu direito de resistência frente
à opressão e à dominação estrangeira; lutar pela retirada da 4ª Frota e das bases
estadunidenses da América Latina e do Caribe. Promoção de esforços no sentido
de criação de espaços comuns de integração voltados a fortalecer os vínculos
econômicos, sociais e culturais e de comunicação entre os povos da região.

21) Revogação do acordo militar Brasil/Estados Unidos; retirada das tropas brasi-
leiras do Haiti e sua substituição por médicos, engenheiros e professores; luta
pela democratização da ONU. Solidariedade irrestrita à Revolução Socialista
Cubana e aos processos de mudanças na Bolívia, Venezuela e outros países; devo-
lução do arquivo da Guerra do Paraguai ao seu povo. Luta pelo fim da agressão
imperialista ao Afeganistão, Iraque, Síria e das ameaças ao Irã, Coréia Popular,
Venezuela e outros países; apoio à construção do Estado Palestino democrático,
popular e laico.

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