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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE FARMÁCIA
DEPARTAMENTO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Disciplina

CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS E

COSMÉTICOS - PFA078

INTRODUÇÃO A METODOLOGIAS DE ANÁLISE DE BASES


NITROGENADAS E ÁCIDOS ORGÂNICOS DE INTERESSE
TERAPÊUTICO

Apostila elaborada por

Prof. Christian Fernandes (de 2010...)


Profa. Cristina Duarte Vianna Soares (de 1993...)

Profa. Ligia Maria Moreira de Campos (...até 2006)


Profa. Lúcia Emy Teixeira dos Santos (...até 1992)

Belo Horizonte
2017
_________________________________________________________________________________________________
Av. Pres. Antônio Carlos 6627, sala 4029, +55 (0XX) 31 3409-6975
31270 901- Belo Horizonte - MG – BRASIL

1
INTRODUÇÃO

BASES ORGANICAS NITROGENADAS

Dentre as bases orgânicas nitrogenadas que apresentam interesse farmacêutico,


podem ser citados, a título de exemplo, os fármacos listados a seguir.

Amebicidas: metronidazol, diiodo-hidroxiquinoleína, etc.


Anestésicos locais: procaína, tetracaína, lidocaína, etc.
Antibióticos: estreptomicina, gentamicina, eritromicina, tetraciclina, etc.
Antidepressivos: amitriptilina, imipramina, etc.
Anti-helmínticos: niclosamida, piperazina, mebendazol, tetramizol.
Anti-hipertensivos: guanetidina, betanidina, hidralazina, prazosina, etc.
Anti-histamínicos: difenidramina, doxilamina, antazolina, clorciclizina,
prometazina, etc.
Antimaláricos: cloroquina, quinina, etc.
Antitumorais: colchicina, vincristina, vimblastina, etc.
Vitaminas: piridoxina (B6), tiamina (B1), riboflavina (B2), etc.

Nas diversas especialidades farmacêuticas podem estar presentes como base livre
ou na forma de sais inorgânicos (cloridrato, cloreto, bromidrato, brometo, sulfato, nitrato,
fosfato, etc.); de sais de ácidos orgânicos (citrato, maleato, mesilato, tartarato, etc.); de
ésteres de ácidos inorgânicos (fosfato); de ésteres de ácidos orgânicos (enantato,
decanoato, etc.).

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Bases Orgânicas Nitrogenadas
ORDEM DECRESCENTE DE BASICIDADE

-
OH > > CH3 N CH3 > H N CH3
N H H
H
Hidróxidos Piperidina Dimetilamina Metilamina
Alcalinos pKb = 2,8 pKb = 3,29 pKb = 3,36
pKb < 1

N
CH3 N CH3 > H N H > > H N H
CH3 H N OH
H
Trimetilamina Amônia Imidazol Hidroxilamina
pKb = 4,20 pKb = 4,7 pKb = 6,91 pKb = 8,02

H H
> > N > > > N C N
N N N H H
N Cl O
N H H
H H
Piridina Anilina Pirazol  -Cloropiridina Pirrol Uréia
pKb = 8,8 pKb = 9,38 pKb = 11,51 pKb = 13,28 pKb = 13,6 pKb = 13,82

3
Bases Orgânicas Nitrogenadas
NÚCLEOS IMPORTANTES

N
N
N N N N
H H H H
Pirrolidina Pirrol Pirazol Imidazol
pKb = 2,88 pKb = 13,6 pKb = 11,51 pKb = 6,91

N N
H H
Indol Carbazol

H
N N

N N N N
H H
Piperidina Piridina Pirazina Piperazina
pKb = 2,8 pKb = 8,8 pKb = 4,2 e 8,4

N N
H
Quinoleína Fenotiazina
pKb = 9,5

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Bases Orgânicas Nitrogenadas
EXEMPLOS I

H
N
HO C CH2 NHCH3
NH2 CH2CH2 NH2

C NH NH2
OH
O
Etilenodiamina Isoniazida Fenilefrina
pKb = 4,0 e 6,8 (Tuberculostático) (Vasoconstritor)
pKb = 3,2 , 10,5 pKb = 5,2
12,2 pKa = 10,1

5
Bases Orgânicas Nitrogenadas
EXEMPLOS II

H
S

N
HO
H N
O CH2 CH N CH3
CH3 CH3
N

Quinina Prometazina
(Alcalóide/antimalárico) (Anti-histamínico)
pKb = 5,5 e 9,9 pKb = 4,9

OH CH2OH
CH3
OH HO CH2OH + -
H3C N CH2CH O C NH2 Cl
CH3 CH3 O
H3C N H
CHCH2NHCH3
OH
Epinefrina Piridoxina Cloreto de Betanecol
(Adrenérgico) (Vitamina B 6) (Colinérgico)
pKb = 3,8 pKb = 9,0
pKa = 8,9 e 12,0 pKa = 9,0

CH3 CH3
+ - + -
H3C N CH2CH2 O C NH2 Cl H3C N CH2CH2 O C CH3 Cl
CH3 O CH3 O

Cloreto de Carbacol Cloreto de Acetilcolina


(Colinérgico) (Colinérgico)

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ÁCIDOS ORGÂNICOS E DERIVADOS

Muitas moléculas orgânicas de interesse farmacêutico apresentam caráter ácido ou


são derivadas de substâncias ácidas.

A função ácido carboxílico (R-CO-OH) é encontrada em moléculas como os


ácidos benzóico, salicílico, acetilsalicílico, salicilsalicílico, p-aminosalicílico, p-
amino-benzóico, gentísico, antranílico, mefenâmico, niflúmico, indometacina e
ibuprofeno.

São derivados da função carboxila os ésteres, as amidas, as imidas, as imidas


derivadas da uréia, os derivados do ácido carbâmico.

Os ésteres (R-CO-OR’) são produtos de condensação entre ácidos carboxílicos e


álcoois ou fenóis. Constituem exemplos de ésteres que apresentam interesse farmacêutico
o ácido acetilsalicílico e seus sais, os salicilatos de metila e de fenila, o ácido
salicilsalicílico e a glafenina.

As amidas (R-CO-NH-R’) são produtos de condensação entre ácidos carboxílicos


e aminas. Como exemplos de derivados de amidas podemos citar a salicilamida, a
salicilmorfolida e as penicilinas e seus derivados.

As imidas (R-CO-NH-CO-R’) são produtos de condensação de duas funções ácidas


e uma amina. São exemplos de derivados de imidas um grande número de substâncias que
atuam sobre o sistema nervoso central¸ como é o caso da glutetimida e da etosuximida.
Várias imidas importantes são derivadas da uréia (NH2-CO-NH2): bromural, carbromal,
fenitoína, glutetimida, etilfenacemida, as xantinas (teofilina, cafeína, teobromina), os
barbitúricos. Ao contrário dos ésteres e amidas, praticamente neutros, os derivados de
imidas apresentam caráter ácido fraco.

Muitas substâncias farmacologicamente ativas são derivadas do ácido carbâmico


(NH2COOH). São exemplos de carbamatos o meprobamato, o etinamato, o cloreto de
carbacol, o cloreto de betanecol, a eserina (fisostigmina) e o brometo de neostigmina.

As sulfas (-SO2-NHR), substâncias de grande interesse farmacêutico, apresentam


caráter ácido fraco e podem ser classificadas em dois tipos: as sulfonamidas
(sulfanilamida, sulfatiazol, sulfadiazina, sulfametoxazol, sulfamerazina, sulfametazina,
sulfacetamida) e as arilsulfoniluréias (tolbutamida, clorpropamida).

7
Substâncias que apresentam caráter ácido
ORDEM DECRESCENTE DE ACIDEZ

OH O
HCl O O2N NO2 S OH Cl H
O O
H2SO4 O Cl C C
HClO4
> O N OH > > > > Cl C C
Cl OH Cl OH
NO2
pKa<< zero pKa = -1,4 Ácido Pícrico Ácido benzeno Ácido tricloro- Ácido dicloro-
pKa = 0,6 sulfônico acético acético
pKa = 0,7 pKa = 0,9 pKa = 1,3

OH O
H NO2 C
O COOH O2N H
>H C C > > C ~ H C OH > ~ OH

Cl OH O2N H O
OH
NO2
Ácido mono- Ácido o-hidroxi- Dinitro- Ácido 2,4-dinitrofenol Ácido benzóico
cloroacético benzóico (salicílico) metano fórmico pKa = 4,0 pKa = 4,20
pKa = 2,8 pKa = 2,98 pKa = 3,6 pKa = 3,7
OH
O
COOH CH3 C
O H
> CH3C > > O C OH > C > > O N O
OH H
NH2 OH CH3 C NO2 H
O
Ácido Acético Ácido o-aminoben- Ácido carbônico 2,4-pentadiona m-nitrofenol Succinimida
pKa = 4,73 zóico (antranílico) pKa = 6,5 pKa = 9,0 pKa = 9,3 pKa = 9,6
pKa = 4,97

H H
OH N
-
COO O H
-
> > O C O ~ > > R OH ~ R C N R'
OH OH

Fenol Bicarbonato O S O Salicilato Álcoois Amidas


pKa = 9,95 pKa = 10,2 N pKa = 13,4
H H
Sulfanilamida
pKa = 10,4

8
Exemplos de substâncias ácidas e derivados que
apresentam interesse farmacêutico

ÁCIDOS CARBOXÍLICOS
COOH COOH
COOH OH

OH
NH2
Ácido benzóico Ácido salicílico Ácido p-aminosalicílico
(fungicida) (queratolítico) (bacteriostático-tuberculose)
pKa = 4,2 pKa = 2,98 pKa = 3,6

CH2CH(CH3)2
COOH COOH
NH2 OH

HO
H3C CHCOOH
Ácido antranílico Ácido gentísico Ibuprofeno
(ascaricida) (analgésico, antireumático) (antiinflamatório)
pKa = 4,97 pKa = 4,4

O
COOH CF3
C Cl
N
NH N NH CH3

H3CO
H3C CH3 COOH CH2COOH

Ácido mefenâmico Ácido niflúmico Indometacina


(antiinflamatório) (antiinflamatório) (analgésico, antiinflamatório)
pKa = 4,2 pKa = 4,5

9
Exemplos de substâncias ácidas e derivados que
apresentam interesse farmacêutico
ÉSTERES
OH O
COOH C
O

O C CH3 HO C
O O
Ácido acetilsalicílico Ácido salicilsalicílico
(analgésico, antipirético, antiinflamatório) (analgésico, antipirético, antiinflamatório)
pKa = 3,5 pKa = 3,5 e 9,8

OH
O O
CH2CHCH2OH
C C O
O CH3

OH N N Cl
H
S alicilato de metila Glafenina
(analgésico) (analgésico, antiinflamatório)

AMIDAS
O O O
C C N O R C NH CH3
NH2 S

N
OH OH O CH3
COOH
Salicilamida
(analgésico) Salicilmorfolida Penicilinas
pKa = 8,4 pKa = 2,7

IMIDAS
O H
O N O
N H
C2H5

Et O CH3
Glute timida Etosuximida
(se dativo, hipnótico) (anticonvulsivante )
pKa = 9,2 pKa = 9,5

10
Exemplos de substâncias ácidas e derivados que
apresentam interesse farmacêutico

H2N C NH2
IMIDAS DERIVADAS DA URÉIA
O

O O O O
(CH3)2CH CH C N C NH2 (C2H5)2 C C N C NH2
Br H Br H

Bromural Carbromal
(hipnótico, sedativo) (hipnótico, sedativo)
pKa = 10,8

O O
CH3 H
H N N
N
N H

O N N
CH3  O
Dife nil hidantoína
Te obromina
(anticonvulsivante )
(diuré tico, e xcitante SNC)
pKa = 8,3
pKa = 11,0

O H Barbital R' = R" (etil) pKa = 8,0


R' N Fenobarbital R' (etil); R" (fenil) pKa = 7,4
Pentobarbital R' (etil); R" (1-metilbutil)
O Amobarbital R' (etil); R" (isopentil) pKa = 7,9
R" N Alobarbital R' = R" (alil) pKa = 7,7
O H Butabarbital R' (etil); R" (sec-butil) pKa = 7,9
Barbitúrico
(anticonvulsivante, sedativo, anestésico)
pKa = 8 / 12

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Exemplos de substâncias ácidas e derivados que
apresentam interesse farmacêutico

CARBAMATOS

CH3 CH3
+ - +
H3C N CH2CH2 O C NH2 Cl H3C N CH2CH O C NH2 Cl-
CH3 O CH3 CH3 O

Cloreto de Carbacol Cloreto de Betanecol


(parassimpatomimético) (parassimpatomimético)

O
CH3 O O C NH2
CH3CH2CH2C CH2 O C NH2
C C H
CH2 O C NH2
O

Meprobamato Etinamato
(ansiolítico) (hipnótico, sedativo)

O
O C N(CH3)2
-
Br

+
N(CH3)3
Brometo de neostigmina
(inibidor da colinesterase)

12
Exemplos de substâncias ácidas e derivados que
apresentam interesse farmacêutico
SULFAS
Arilsulfoniluréias
H O H H O H
Cl SO2 N C N C3H7 H3C SO2 N C N C4H9

Clorpropamida Tolbutamida
(hipoglicemiante) (hipoglicemiante)
pKa = 5,0 pKa = 5,3
Sulfonamidas
NH2 NH2

NH2

SO2 SO2

SO2 NH NH

NH2 N N N N

H3C CH3
Sulfanilamida Sulfadiazina Sulfametazina
pKa = 10,4 pKa = 6,3 pKa = 7,4

NH2 NH2

SO2 SO2
NH NH
C O
N S
CH3

Sulfatiazol Sulfacetamida
pKa = 7,3 pKa = 5,4

13
MÉTODOS DE ANÁLISE

A - VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO (ÁCIDO-BASE)

Consiste em titular as bases nitrogenadas utilizando soluções de ácidos fortes e os


ácidos orgânicos por soluções de bases fortes.
Pode ser realizada em meio aquoso (tirulação direta ou de retorno) ou em meio
não aquoso. A escolha do método depende da basicidade ou da acidez da substância.

Bases mais fortes, com pKb inferior a 8, poderão ser tituladas tanto em meio
aquoso como em meio não aquoso.

Bases mais fracas, com pKb superior a 8, somente poderão ser tituladas em meio
não aquoso.

Para BASES ORGÂNICAS, a determinação do ponto final das titulações será


função da basicidade da substância.

pKb Método Ponto final


Até 7 meio aquoso indicador visual ou potenciométrico
entre 7 e 8 meio aquoso potenciométrico
entre 8 e 11 meio não indicador visual ou potenciométrico
aquoso*
superior a 11 meio não potenciométrico
aquoso*
* Em ácido acético.

Ácidos orgânicos mais fortes, com pka inferior a 8, poderão ser titulados tanto em
meio aquoso como em meio não aquoso.

Ácidos mais fracos, com pka superior a 8, somente serão titulados em meio não
aquoso.

Para ÁCIDOS ORGÂNICOS, a determinação do ponto final das titulações


também será função da acidez da substância.

pKa Método Ponto final


Até 7 meio aquoso indicador visual ou potenciométrico
entre 7 e 8 meio aquoso potenciométrico
superior a 8 meio não aquoso indicador visual* ou
potenciométrico
* Depende do indicador.

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A.1- VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO EM MEIO AQUOSO

A.1.1. - Titulação direta de bases nitrogenadas

Aplica-se a bases nitrogenadas mais fortes (pKb até 8), na forma de base livre,
desde que solúveis em água, etanol ou mistura dos dois solventes. O etanol utilizado deve
ser previamente neutralizado.
Como titulante utiliza-se solução volumétrica (SV) aquosa de ácido clorídrico ou
ácido sulfúrico.
O ponto final da titulação pode ser determinado com indicador visual ou
potenciometricamente. Como o ponto de equivalência ocorre em pH abaixo de 7, são
utilizados indicadores com viragem na zona ácida como vermelho de metila (4,4-6,0),
verde de bromocresol (3,8-5,4), azul de bromofenol (3,0-4,6).
Indicadores mistos são utilizados para melhorar a visualização do ponto final: verde
de bromocresol + vermelho de metila; vermelho de metila + azul de metileno.

Exemplos: etilenodiamina (pKb = 4,0 e 6,8) (USP XXI, p.415; USP 24, p.698);
etilenodiamina na aminofilina (USP XXI, p. 42 e 43 e USP 24, p.115 e 116)  M.P.,
enema e solução injetável; etanolamina (pKb = 4,53); meglumina (pKb = 4,5) (USP XXI,
p.630; USP 24, p.1032).

A titulação direta de sais de bases nitrogenadas por bases fortes, às vezes se


aplica.
Exemplo: cloridrato de propranolol M.P. (pKb/base = 4,5) (BP1993, p.555).

A.1.2. - Titulação de retorno de bases nitrogenadas

Aplica-se a bases na forma livre, com pKb até 8, que sejam voláteis ou pouco
solúveis em água.
Também se aplica a sais de bases nitrogenadas, desde que a base seja previamente
liberada e extraída por solventes orgânicos.

Bases livres

A amostra é dissolvida em etanol previamente neutralizado e adicionada de volume


determinado e em excesso (VDE) de ácido clorídrico (SV) ou ácido sulfúrico (SV). O
excesso de ácido é contra-titulado por hidróxido de sódio (SV).
Quando a base não é facilmente solúvel em etanol, adiciona-se a solução
volumétrica de ácido mineral diretamente `a amostra, aquecendo-se ligeiramente para
facilitar a solubilização. Nesse caso, dá-se preferência ao ácido sulfúrico (SV).
Os indicadores são os mesmos citados para a titulação direta de bases, como
vermelho de metila, verde de bromocresol, azul de bromofenol ou misturas indicadoras.
15
Exemplos: Anfetamina (pKb = 4,1); Efedrina (pKb = 4,4) (USP XXI p.372; USP 24,
p.642); Lidocaína (pKb = 6,1) (USP XXI, p.592); procaína (pKb = 5,0).

Sais de bases

O sal é tratado por uma base mais forte. Em geral, utiliza-se hidróxido de amônio
(SR) (pKb = 4,7), que é volátil. Para sais de bases mais fortes que a amônia, os hidróxidos
alcalinos são os indicados, apesar de sua mais difícil eliminação.
A base livre é então extraída por um solvente orgânico imiscível (SOI), sendo o éter
e o clorofórmio os mais utilizados. O solvente é eliminado por evaporação em banho-
maria, até quase secura.
Adiciona-se volume determinado e em excesso (VDE) de ácido sulfúrico (SV) e
continua-se o aquecimento até eliminação completa do solvente. O excesso de ácido é
contra-titulado por hidróxido (SV).
Indicadores: os mesmos citados anteriormente para bases livres (faixa ácida).

Exemplos: cloridrato de lidocaína (pKb = 6,1) (USP XXII, p. 769); cloridrato de


nafazolina (pKb = 3,1) (USP XXI, p. 709); sulfato de codeína (pKb = 5,8) =>
comprimidos (USP XXII, p. 348; USP 24, p.464).

A.1.3. - Titulação direta de ácidos orgânicos

a) Ácidos carboxílicos podem ser titulados diretamente por hidróxido de sódio (SV), em
presença de indicador adequado. Devido à fraca solubilidade em água, a amostra é
geralmente dissolvida em etanol neutralizado. Os indicadores mais utilizados são a
fenolftaleína (8,0-9,6) e o vermelho de fenol (6,4-8,0), que apresentam viragem na faixa
alcalina.

Exemplos: ácido benzóico (pKa = 4,2) (BP 1993, p.74; F.PORT.VI, p.332; USP 24,
p.209), ácido salicílico (pKa = 2,98) (BP 1993, p.587; USP 24, p.1500;F.PORT.VI,
p.351), ibuprofeno (pKa = 4,4) (BP 1993, p.349; F.PORT.VI p.1071).

b) Sais de ácidos carboxílicos com bases mais fortes são previamente dissolvidos em
água e, em seguida, titulados com soluções ácidas, em presença de éter etílico. Os
indicadores mais utilizados são o azul de bromofenol (3,0-4,6) e o alaranjado de metila
(3,1-4,0).

Exemplos: salicilato de sódio (F. Bras.II, p.705), benzoato de sódio (F. Bras. II, p.141).
c) Arilsulfoniluréias e barbitúricos são titulados diretamente por hidróxido de sódio
(SV) após solubilização em etanol previamente neutralizado, em presença de um
indicador adequado (fenolftaleína).

16
Exemplos: clorpropamida (pKa = 5,0) (BP 1993, p.148; F.PORT.VI, p.724), tolbutamida
(pka = 5,3) (BP 1993, p.678 e p.1013; F.PORT.VI, p.1639); fenobarbital (pKa = 7,4 e
12,0) (USP XXII, p.1059).

d) Ácidos muito fracos podem ser dosados diretamente por solução de hidróxido de
sódio (SV), após adição de excesso de nitrato de prata (SR). O ponto final é determinado
potenciometricamente ou pela utilização de indicador misto (vermelho de metila + azul de
metileno).

Exemplos: etinamato (USP XXII, p.546), derivados da uréia (bromural, carbromal),


barbitúricos.

A.1.4. - Titulação de retorno de ácidos orgânicos

a) Sem hidrólise (ver p. 13-E).

b) Com hidrólise

Ésteres de álcool alifático são adicionados de volume conhecido e em excesso de


solução de hidróxido de sódio (SV) e submetidos à hidrólise por aquecimento sob refluxo,
por período prolongado. O excesso de hidróxido é contra-titulado por solução de ácido
forte utilizando-se fenolftaleína como indicador.

Exemplos: salicilato de metila (BP 1993, p.422; F.PORT.VI, p.1400), benzoato de


benzila (USP XXII, p.155; USP 24, p.215; F.PORT.VI, p.430).

Ésteres de fenol são hidrolisados mais facilmente. Utiliza-se volume determinado e


em excesso de hidróxido de sódio (SV). O aquecimento é realizado em banho-maria
fervente, durante alguns minutos. A contra-titulação com solução ácida (SV) realiza-se em
presença de fenolftaleína como indicador.

Exemplos: ácido acetilsalicílico (BP 1993, p.54; USP XXII, p.111; USP 24 p.161).

A.2. - VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO


EM MEIO NÃO AQUOSO (F. Bras. IV, V. 3. 4. 5)

A.2.1. - Bases orgânicas nitrogenadas

É um método volumétrico que apresenta grande aplicabilidade tanto para o controle


de qualidade de matérias-primas como o de especialidades farmacêuticas.
17
Aplica-se a bases livres, sais de bases orgânicas ou sais de amônio quaternário.
Apresenta como principal vantagem a possibilidade de titulação direta de substâncias que
não sejam suficientemente básicas para serem tituladas em meio aquoso, desde que a água
esteja ausente.
Solventes
Utilizam-se, em geral, solventes próticos (exercem efeito nivelador) ou apróticos
(exercem efeito diferenciador), em função da basicidade da substância e de sua
solubilidade. O solvente mais utilizado é o ácido acético glacial (efeito nivelador até pKb
~ 10). Também são utilizados: ácido fórmico, anidrido acético, dioxano, metanol,
isopropanol, benzeno, clorofórmio ou mistura de solventes.

Titulantes
Apesar da literatura citar ácidos fortes como o sulfônico, o p-
toluenossulfônico e o 2,4-dinitrobenzenossulfônico, o mais utilizado é o ácido perclórico
(SV) preparado em ácido acético glacial ou em outros solventes como anidrido acético,
dioxano e isopropanol.
A padronização do ácido perclórico (SV) é realizada em ácido acético glacial, pelo
biftalato de potássio (sal básico), utilizando cristal violeta (SI) como indicador ( USP
XXII, p.1795; USP 24, p. 2242).

Indicadores visuais
Os mais utilizados são cristal violeta, verde malaquita, vermelho de quinaldina,
azul de oracet B, alfa-naftolbenzeína, preparados em ácido acético ou etanol. A utilização
de indicador visual não se aplica à titulação de bases muito fracas (pKb superior a 10).
Neste caso, o ponto final é determinado potenciometricamente, utilizando eletrodo
combinado de vidro / prata-cloreto de prata, de dupla junção e ponte salina de cloreto de
lítio em ácido acético.

Considerações
O anidrido acético é muito utilizado como solvente para bases fracas. Também é
adicionado ao meio de titulação para eliminar água residual. O seu uso é desaconselhável,
no entanto, para aminas primárias e secundárias passíveis de sofrer acetilação.
Para sais halogenados (cloridratos, bromidratos, ioditratos) e sais de amônio
quaternário (cloretos, iodetos, brometos), torna-se necessária a adição prévia de acetato
mercúrico (SR).
Para medicamentos veiculados em água (soluções, suspensões, etc.), torna-se
necessário o tratamento prévio para liberação e extração da base.
Exemplos:
- Haloperidol (pKb = 5,7) (USP XXII, p.628; USP 24, p.804; F.PORT.VI, p.1033): a
amostra é solubilizada em ácido acético glacial e titulada por ácido perclórico (SV),
utilizando-se p-naftolbenzeína (SI) como indicador.

18
- Maleato de acetofenazina (USP XXI, p.17): pode ser dosado solubilizando-se a amostra
em ácido acético glacial/anidrido acético e titulando-se por ácido perclórico (SV), em
presença de cristal violeta como indicador.

- Cloridrato de bromodifenidramina (USP XXII, p. 133; USP 24 p.251): dissolve-se a


amostra em ácido acético glacial/benzeno, adiciona-se acetato mercúrico SR e titula-se
por ácido perclórico (SV), em presença de cristal violeta (SI).
- Cloridrato de meperidina (solução injetável) (USP XXII, p.823): após diluição e adição
de solução de hidróxido alcalino, a amostra é extraída por clorofórmio. O extrato orgânico
é filtrado, adicionado de ácido acético glacial e titulado por ácido perclórico (SV),
utilizando cristal violeta (SI) como indicador.
- Cloreto de betanecol (USP XXII, p.169; USP 24, p.229): dissolve-se a amostra em ácido
acético glacial, adiciona-se acetato mercúrico (SR) e titula-se por ácido perclórico (SV),
utilizando-se cristal violeta (SI) como indicador.

A.2.2. - Acidos orgânicos e derivados


Solventes. Neutros (apróticos) ou básicos, dependendo do pKa do ácido orgânico.
Exemplos: etilenodiamina, n-butilamina, dimetilformamida (DMF), acetonitrila, benzeno,
metanol, acetona, clorofórmio ou misturas de solventes.
Titulantes. Metóxidos alcalinos (em tolueno/metanol ou benzeno/metanol),
soluções etanólicas de hidróxidos alcalinos (KOH em etanol).
Indicadores visuais. Azul de timol (ácidos com pKa até 9); o-nitroanilina e
azovioleta (ácidos com pKa até 11). As soluções são preparadas em solvente apropriado
(DMF, etanol). Ponto final potenciométrico (ácidos com pKa superior a 11).

Exemplos
- Ácido salicílico e derivados
- Ácido salicílico (pKa = 2,98 e 13): dissolução em etilenodiamina, titulação por amino
etóxido de sódio (SV), ponto final potenciométrico ou com indicador visual.
- Salicilato de metila: dissolução em benzeno-metanol ou acetonitrila, titulação por
metóxido de lítio (SV), azovioleta como indicador.
- Salicilamida (pKa = 8,4) (USP XXII, p.1235; USP 24, p.1499): dissolução em
dimetilformamida, titulação por metóxido de sódio (SV), azul de timol como indicador.
- Barbitúricos e derivados de imidas. Podem ser titulados em condições variadas.

19
- Se na forma livre, são titulados por metóxido de lítio (SV) ou metóxido de sódio (SV)
(em metanol-benzeno ou metanol-tolueno), usando DMF como solvente e como
indicadores, azul de timol, vermelho de quinaldina ou azo-violeta.
- Se na forma de sais (barbituratos) são extraídos do meio aquoso, na forma livre, pela
acidificação e extração com solvente orgânico imiscível. O extrato orgânico é evaporado
em banho-maria até resíduo, sendo este solubilizado em solvente adequado (DMF) e
titulado por metóxido alcalino em presença de azul de timol.

Exemplos: fenitoína (USP XXII, p.1074; F.Port. VI. suplemento 1998, p.332);
secobarbital (USP XXII, p.1240; USP 24, p.1509).

- Sulfonamidas também são dosadas em meio não aquoso pelos metóxidos alcalinos,
utilizando DMF como solvente e azul de timol como indicador.
Exemplos: ftalilsulfatiazol (BP 1993, p. 514; F.Port.VI, p.989), sulfabenzamida (USP
XXII, p.1282; USP 24, p.1560), sulfisoxazol (USP XXII, p.1298; USP 24, p.1579).

B - OUTROS MÉTODOS VOLUMÉTRICOS


B.1. - VOLUMETRIA DE OXI-REDUÇÃO PELO NITRITO

É o método de escolha para fármacos que apresentam na molécula grupamento


amino aromático primário. Também se aplica a derivados amida ou nitrocompostos
capazes de originar, após tratamento prévio, o grupo amino aromático primário. Nesses
casos o produto da reação é um sal de diazônio.

Derivados hidrazina e hidrazida também reagem com nitrito, nas mesmas


condições, mas com formação das respectivas azidas.
O titulante é o nitrito de sódio (SV) e a reação se processa em meio aquoso
fortemente ácido, sendo mais utilizado o ácido clorídrico, em baixa temperatura (até 15
o
C), o que é conseguido pela adição de gelo pilado ao meio a ser titulado.

O ponto final da titulação pode ser determinado com papel de amido-iodetado (SI)
como indicador externo ou mesmo potenciometricamente, utilizando-se eletrodos
combinados de platina-calomelano ou platina / prata-cloreto de prata.

Em alguns casos é necessário adicionar brometo de potássio, que atua como


catalisador da diazotação.

Exemplos de bases nitrogenadas: benzocaína (matéria-prima, aerosol, creme, pomada,


solução tópica, solução ótica) (USP XXII, p.147 e 148 e USP 24, p.204, 205, 206);
cloridrato de procaína (USP XXII, p.1147; USP 24, p.1400; F.Port.VI, p.701), isoniazida
(xarope) (USP XXII p.729; USP 24, p.925).
20
Exemplos de ácidos orgânicos e derivados: ácido p-aminosalicílico (Farm. Bras. II,
p.66), sulfacetamida (USP XXII, p.1282; USP 24, p.1561); sulfamerazina (USP XXII,
p.1288; F.Port.VI, p.1527); sulfametazina (USP XXII, p.1289; USP 24, p1569),
ftalilsulfatiazol (hidrólise) (USP XX, p.623).

B.2. - VOLUMETRIA DE OXI-REDUÇÃO PELO BROMO

Aplica-se a fármacos que apresentam grupos funcionais capazes de sofrer as


seguintes reações com o bromo: substituição eletrofílica no anel aromático ativado; adição
a insaturações e oxidação.
Em geral não se utiliza diretamente a solução de bromo mas gera-se o bromo no
meio a partir de uma solução volumétrica contendo bromato de potássio e brometo de
potássio ou solução volumétrica de bromato de potássio (nesse caso o brometo é
adicionado ao meio a ser titulado). Nos dois casos a formação do bromo ocorre após a
acidificação do meio (ver “bromine SV”, USP 24).
Na maioria das vezes faz-se a titulação de retorno. Deixa-se a amostra em contato
com o titulante por tempo determinado e ao abrigo da luz. Adiciona-se, em seguida,
iodeto de potássio (SR) e contra-titula-se por tiossulfato de sódio (SV) em presença de
amido (SI) como indicador. Uma prova em branco é realizada nas mesmas condições.

Exemplos de bases nitrogenadas: cloridrato de fenilefrina (USP XXII, p.1069; USP 24,
p.1316); procainamida; quinina (USP XXI, p.929); isoniazida; hidralazina.
Exemplos de ácidos orgânicos e derivados: fenol (BP 1993, p.501; F.Port.VI, p.931;
USP 24, p. 1308); ácido acetilsalicílico (após hidrólise prévia do éster da hidroxila
fenólica), alobarbital.

B.3. - VOLUMETRIA DE OXI-REDUÇÃO PELO IODO E PELO IODATO

Aplica-se a fármacos capazes de sofrer oxidação pelo iodo ou pelo iodato.


Pode-se utilizar diretamente a solução de iodo (SV) ou gerá-lo no meio a partir
da solução iodato/iodeto (SV), em meio ácido (clorídrico, sulfúrico ou acético).
Normalmente emprega-se a titulação de retorno, contra-titulando-se o excesso de iodo
pelo tiossulfato de sódio (SV), utilizando-se amido como indicador.
Quando a oxidação pelo iodato ocorre em meio fortemente ácido e clorídrico,
ocorre a formação de monocloreto de iodo (ICl) e utiliza-se clorofórmio como indicador.

Exemplos de bases orgânicas nitrogenadas: derivados de hidrazina e hidrazida, como a


isoniazida, a hidralazina (injetável, USP XXII, p.646; USP 24, p.819), a isocarboxazida.
Exemplo de ácidos orgânicos: ácido ascórbico (USP XXI, p.75; USP 24, p.160;
F.PORT.VI, p.330); penicilinas (USP XXII, método geral <425>).
21
B.4. - VOLUMETRIA DE PRECIPITAÇÃO (ARGENTIMETRIA)

B.4.1. - Titulação direta (tipo Mohr)

Barbitúricos ou barbituratos, após serem solubilizados em solução de bórax, podem ser


titulados por nitrato de prata (SV), utilizando-se solução de cromato de potássio (BP) ou
diclocrofluoresceína (USP) como indicador, ou ponto final potenciométrico. A relação
barbitúrico:nitrato de prata é de 1:2.

Outras aplicações: cloreto de sódio (MP e solução injetável (USP XXII, p.1255; USP 24,
p.1528; F.PORT.VI, p.505), cloreto de potássio em solução de dextrose (USP XXII, 1109;
USP 24, p.1361); iodeto de potássio comprimidos e solução oral (USP XXII, p. 1116;
USP 24, p.1368).

B.4.2. -Titulação de retorno (tipo Volhard)

Barbitúricos ou barbituratos são solubilizados adequadamente em solução alcalina


(bórax, carbonato de sódio, etc) e adicionados de volume determinado e em excesso de
solução de nitrato de prata (SV). Após separação do precipitado, o excesso de nitrato de
prata é determinado no filtrado por solução volumétrica de sulfocianeto de potássio, em
meio nítrico, utilizando-se alumen férrico como indicador.
Outras aplicações: cloreto de sódio comprimidos (USP XXII, p.1257).

C - ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO
NA REGIÃO ULTRAVIOLETA

Este método instrumental é amplamente utilizado tanto na identificação como no


doseamento de fármacos, em matérias-primas ou em especialidades farmacêuticas ou
cosméticas. Constitui ferramenta importante para avaliação dos testes de dissolução e de
uniformidade de conteúdo.
O requisito básico para que um fármaco possa ser analisado por esta metodologia é
que o mesmo apresente espectro de absorção característico na faixa de 200 nm a 400 nm,
ou seja, apresente cromóforo (grupo insaturado covalente) em sua estrutura.
Os cromóforos podem ser classificados em simples (C=C; C=O); isolados (C=C-C-
C=C) e conjugados (C=C-C=C). Na prática, a maior aplicabilidade se limita aos sistemas
conjugados.
Auxócromo: grupo saturado covalente que, quando ligado diretamente ao cromóforo,
desloca o comprimento de onda do máximo de absorção, e altera a intensidade de
absorção. Exemplos: -OH, -NH2, -S-; -NH3+.

22
Deslocamento batocrômico: deslocamento do máximo de absorção para comprimento de
onda maior (para o vermelho) por substituição ou efeito do solvente.
Deslocamento hipsocrômico: deslocamento do máximo de absorção para comprimento de
onda menor (para o azul) por substituição ou efeito do solvente.

Efeito hipercrômico: aumento da intensidade de absorção.

Efeito hipocrômico: diminuição da intensidade de absorção.

Normalmente, a espectrofotometria no ultravioleta se aplica a substâncias que


apresentam forte absortividade molar, com valores de  superiores a 1000, como mostra a
tabela a seguir.

Intensidade absorção Absortividade molar ()

muito fraca 1-10


fraca 10-100
moderada 100-1000
forte 1000-10.000
muito forte 10.000 - 100.000

UV Distante UV Útil Visível Infravermelho


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UV (vácuo) 200 nm 400 nm 800 nm

Exemplos de alguns cromóforos aromáticos

Substância / Solvente Cromóforo Auxócromo Máximos de Absorção (nm)


E1 E2 B
Benzeno (EtOH) C6H6- - 185 200 255
Efedrina.HCl (água) C6H5- - ? ? 257
Petidina.HCl (água) C6H5- - ? ? 257
Benzaldeído C6H5-C=O - 278
Procainamida.HCl(água) C6H5-C=O -NH2 280
Fenol C6H5- -OH / -OR 275
Alprenolol.HCl (EtOH) C6H5- -OR 276
Piridina (Hexano) NC5H5 - 195 250 270
Isoniazida (HCl 0,01N) NC5H4-C=O 215 266 ?
Naftaleno C10H8 - 220 275 314
Propranolol.HCl (MeOH) C10H7- -OR 290 306 319

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Tanto na análise qualitativa como na quantitativa, pode-se trabalhar com a substância
química de referência (padrão de comparação), preparando-se as soluções do padrão e da
amostra, nas mesmas condições. Essa é a opção da Farmacopéia Americana. Utiliza-se
nos cálculos a fórmula deduzida da Lei de Beer
(A =  × b × C):
APa/APb = CPa/CPb

Outra opção consiste em utilizar dados de absortividade específica - A(1%,1cm),


para se estimar a leitura de absorvância da solução padrão,
A = A(1%, 1 cm) × b × C
como preferem adotar as Farmacopéias Britânica, Européia e Portuguesa. A
Farmacopéia Brasileira aceita as duas opções.
Quando se conhece a substância e o valor da Absortividade Específica, pode-se
calcular a Absortividade Molar, pela fórmula abaixo.

 = A(1%,1cm) x Massa Molecular


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Exemplos de bases orgânicas nitrogenadas


- Cloridrato de prometazina (massa molar = 320,91 g/mol)
Em ácido clorídrico 0,01 M apresenta dois máximos de absorção:
249 nm, A(1%,1cm) = 910 e 298 nm, A(1%,1cm) = 114

Em Etanol 95% apresenta dois máximos de absorção:


252 nm, A(1%,1cm) = 970 e 304 nm, A(1%,1cm) = 121
- Cloridrato de prometazina injetável (BP 1993, p.1079)
Doseamento: a um volume do injetável contendo 25,0 mg de cloridrato de
prometazina, adicionar ácido clorídrico 0,01 M em q.s.p. 100,0 mL. Realizar diluições no
mesmo solvente: 10,0 mL para 100,0 mL e 10,0 mL para 50,0 mL. Medir a absorvância da
solução em 249 nm. Calcular a quantidade de C17H20N2S.HCl na solução injetável
utilizando-se 910 para o valor de A(1%,1cm).

- Cloridrato de propranolol injetável (BP 1993, p.1081)


Identificação: a solução preparada para o doseamento apresenta máximos de
absorção a 290, 306 e 319 nm.
Doseamento: a um volume do injetável contendo 2,0 mg de cloridrato de
propranolol, adicionar metanol em q.s.p. 100,0 mL. Medir a absorvância da solução
24
resultante em 290 nm. A quantidade de C16H21NO2.HCl é calculada utilizando-se 210
para o valor de A(1%,1cm).

Exemplos de ácidos orgânicos e derivados:

- Ácido acetilsalicílico - pode ser determinado em etanol 95%


- Em 275 nm, A (1%,1cm) = 65,5 (B)

- Ácido salicílico - pode ser determinado em etanol 95%


- Em 306 nm. A(1%,1cm) = 282 (B)

- Sulfonamidas: o método não é específico quando as sulfas estão em mistura, pois os


máximos de absorção são bastante semelhantes entre si, em função do solvente utilizado,
como é mostrado no quadro abaixo:

SULFA Máximos de absorção A (1%,1cm) Solvente


Sulfacetamida 256 nm 765 NaOH 0,01 N
272 nm 878 Etanol 95%
Sulfadiazina 242 nm 584 HCl 0,2 N
270 nm 840 Etanol 95%
Sulfamerazina 245 nm 597 HCl 0,2 N
269 nm 808 Etanol 95%
Sulfametazina 244 nm 523 HCl 0,2 N
269 nm 810 Etanol 95%
Sulfametoxazol 255 nm 661 NaOH 0,25 N
270 nm 836 Etanol 95%

- Barbitúricos ou barbituratos apresentam absorção característica, quando em solução


alcalina, sendo que o máximo de absorção varia em função do pH.
Vários exemplos são mostrados no quadro que se segue.

Barbitúrico Máximos de A (1%,1cm) Solvente


absorção
Fenobarbital 242 nm 459 NH4OH 0,001N
253 nm 320 NaOH 0,1N
Barbital sódico 238 nm 503 NH4OH 0,001N
245 nm 320 NaOH 0,1N
Butabarbital 242 nm 472 NH4OH 0,001N

Amobarbital 240 nm 454 NH4OH 0,001N

25
Alobarbital 242 nm 492 NH4OH 0,001N

Pentobarbital sódico 242 nm 390 NH4OH 0,001N

26
D - ESPECTROFOTOMETRIA NA
REGIÃO VISÍVEL

D.1. - FÁRMACOS NATURALMENTE COLORIDOS

Fármacos possuidores de cromóforos que absorvem na região do espectro


correspondente ao visível (400 a 800 nm), podem ser analisados medindo-se a
absorvância no máximo de absorção característico.
Também nesse caso pode-se utilizar a substância química de referência como
padrão de comparação ou mesmo adotar os dados de absortividade específica existentes
na literatura.

Exemplos de bases orgânicas nitrogenadas:

- Azul de metileno injetável (USP XXII, p.871):

Identificação: o espectro de absorção no visível, da solução empregada no


doseamento, exibe máximos e mínimos nos mesmos comprimentos de onda da solução
padrão.

Doseamento: diluir um volume do medicamento equivalente a 100 mg de azul de


metileno em álcool diluído (50%) e realizar diluições sucessivas até a concentração de 2
mg/L (0,2 mg%). Preparar a solução padrão nas mesmas condições e realizar as leituras de
absorvância em 663 nm, utilizando alcool diluído como branco.

- Riboflavina (Vitamina B2) (BP, 1993, p.578; F.PORT.VI, p.1368):

Em meio neutro a levemente ácido (tampão acetato ou ácido acético diluído)


apresenta máximo de absorção em 444 nm - A(1%,1cm) = 323.

D.2. - POR DIAZOTAÇÃO E ACOPLAMENTO

Aplica-se a fármacos que possuem grupamento amino aromático primário, passível


de sofrer reação de diazotação. Nesse caso, o fármaco é o diazo-reagente.
Após tratamento com nitrito de sódio (SR), em meio clorídrico, a frio, adiciona-se
sulfamato de amônio (SR) para eliminar o excesso de nitrito e agita-se vigorosamente.

27
O sal de diazônio formado é então acoplado a uma amina aromática ou a um
derivado fenólico, levando à formação de composto colorido com máximo de absorção
característico. O reagente de acoplamento mais utilizado é a N-1-naftil-etilenodiamina.

Realizam-se as leituras das absorvâncias em comprimento de onda adequado,


utilizando um branco dos reagentes para zerar o aparelho.

Exemplos de bases orgânicas nitrogenadas: cloridrato de procaína ( máx.: 550 nm);


anileridina injetável ( max.: 560 nm) (USP XXII, p.96; USP 24, p.146).

Exemplos de ácidos orgânicos e derivados: sulfacetamida sódica solução injetável, após


separação prévia por CCD preparativa (USP XXI, p.988) ( máx.: de 545 nm);
sulfisoxazol diolamina pomada oftalmica (USP XXI, p.1001) ( máx.: de 540 nm);
sulfadiazina comprimidos (F. Bras. IV, 2000).

D.3. - POR REAÇÃO COM O ÁCIDO PÍCRICO

Os picratos de bases orgânicas nitrogenadas podem ser extraídos por solvente


orgânico imiscível (SOI) com a água. As absorvâncias das soluções resultantes são
medidas no máximo de absorção característico do picrato da base.

Exemplos de bases orgânicas nitrogenadas:

- Cloridrato de metilfenidato comprimidos (USP XXI, p.680): a reação é desenvolvida em


presença de tampão citrato/fosfato (pH=5,0), pela adição de ácido pícrico em hidróxido de
sódio 0,1 N (SR). O produto formado é extraído por clorofórmio e a absorvância é medida
em 405 nm, utilizando clorofórmio como branco.

- Citrato de Orfenandrina injetável (USP XXI, p.758; USP 24, p.1222): o padrão e a
amostra são previamente diluídos em ácido clorídrico 0,1 N. Alíquotas das soluções são
tratadas com hidróxido de sódio 1 N e extraídas com tolueno. Aos extratos toluênicos
adiciona-se solução de ácido pícrico (em tolueno). As leituras de absorvância são
realizadas em 410 nm.

28
D.4. - POR FORMAÇÃO DE DERIVADO DO INDOFENOL

Aplica-se a fármacos que possuem hidroxila fenólica e posição “para” disponível.


O reagente de acoplamento mais usado é a 2,6-dicloroquino-naclorimida. A reação se
passa em meio alcalino tamponado. O produto da reação é instável e a leitura de
absorvância deve ser realizada após exatamente 60 segundos da adição do reagente de
acoplamento.

Exemplo: cloridrato de piridoxina (Decavitaminas cápsulas - USP XXI, p. 275). ( máx.


= 650 nm).

D.5. - POR REAÇÃO COM IONS METÁLICOS

D.5.1. - Reação com íons FÉRRICOS

Aplica-se a fármacos que possuem nas sua estrutura hidroxila fenólica capaz de
formar com o ferro III um complexo organo-metálico colorido.
A coloração desenvolvida bem como a intensidade de absorção estão relacionadas
com outros grupamentos existentes na molécula.
A reação se processa em meio levemente ácido e é favorecida pela presença de
grupamentos que levam à formação de quelatos.

Exemplos de bases nitrogenadas: piridoxina ( máx. = 450 nm) ; tetraciclina ( máx. =


490 nm).

Exemplos de ácidos orgânicos

- Ácido salicílico: reage com ferro (III) em meio levemente ácido (pH de 5,0 a 6,0)
originando coloração violeta que apresenta máximo de absorção em 525 nm. No caso dos
ésteres do ácido salicílico é necessário realizar hidrólise prévia.

- Ácido p-amino salicílico : o pH ideal é cerca de 4,0 e o máximo de absorção é em 490


nm.

D.5.2. - Reação com íons FERROSOS

Aplica-se a fármacos que possuem na sua estrutura o grupo catecol (hidroxilas


fenólicas vicinais), que formam com o ferro II um complexo organo-metálico de cor
violácea.

29
As soluções padrão e problema são preparadas em solução de bissulfito de sódio e
adicionadas de solução tampão alcalina contendo bicarbonatos de sódio e de potássio,
ácido aminoacético e hidróxido de amônio.
O desenvolvimento da cor ocorre após adição de uma solução ferro-citrato,
contendo sulfato ferroso, bissulfito de sódio e citrato de sódio e 30 minutos de repouso.
Esta metodologia é indicada nas diversas farmacopéias e pode ser utilizada para
dosar aminas adrenérgicas (catecolaminas), mesmo quando associadas a anestésicos
locais.

Exemplos de bases nitrogenadas

- Bitartarato de epinefrina ( máx. 530 nm): método geral USP <391>; inalação aerosol
(USP XXII, p. 504; USP 24, p.648).

- Sulfato de isoproterenol ( máx. 530 nm): inalação aerosol (USP XXII, p. 737; USP 24,
p.935).

D.5.3. - Reação com íon PALÁDIO

Aplica-se aos derivados fenotiazínicos que formam com o paládio II um complexo


organo-metálico colorido.
Utiliza-se como reagente de cor uma solução de cloreto de paládio II, preparada em
ácido clorídrico diluído, adicionada, em alguns casos, de acetato de sódio. A leitura é
realizada alguns minutos após da adição do reagente, em comprimento de onda
característico.

Exemplos de bases orgânicas nitrogenadas:

- Maleato de carfenazina: matéria-prima e solução oral (USP XXII, p.234). (máx. = 485
nm).

- Cloridrato de flufenazina: elixir (USP XXI, p. 444); solução injetável e solução oral
(USP XXII, p.586); comprimidos (USP XXII, p.587; USP 24, p.1413). ( máx. = 485
nm).

- Cloridrato de prometazina: supositórios (USP XXII, p.1159; USP 24, p.1413);


comprimidos (USP XXII, p.1160; USP 24, p.1414) ( máx. 450 nm).

30
E – ESPECTROFLUORIMETRIA

O fenômeno da fluorescência está relacionado à absorção da radiação


eletromagnética e decorre do fato de que a molécula, após excitação, perde energia ao
voltar ao estado normal. Quando esta emissão ocorre na região do visível tem-se a
visualização da fluorescência.
Em geral ocorre em moléculas cíclicas insaturadas/aromáticas, sendo que o
aumento do número de núcleos favorece a fluorescência, pois aumenta a rigidez da
molécula.
Considerando-se um determinado fluoróforo, grupo substituintes tipo fenoxi, -
metoxi-, etoxi-, amino-, nitrila-, etc., aumentam a intensidade de fluorescência. Por outro
lado, grupos como carboxila, sulfidrila e haletos, provocam o efeito contrário.
Condições diversas como tipo de solvente, pH e concentração do fluoróforo,
exercem efeitos mais pronunciados do que os verificados nas espectrofotometrias de
absorção no visível e ultravioleta.
Em relação às espectrofotometrias, a espectrofluorimetria apresenta vantagens e
desvantagens.

Vantagens: maior sensibilidade e maior seletividade. Em espectrofluorimetria tem-se dois


espectros característicos: um de absorção (excitação) e outro de emissão. Nas
determinações quantitativas trabalha-se sempre com os dois máximos característicos da
substância: o de excitação e o de emissão.

Desvantagens: alto custo dos equipamentos; não é aplicável a um número tão


diversificado de substâncias; a obrigatoriedade de se trabalhar sempre com um padrão em
paralelo ou com curva de calibração.

E.1. - FÁRMACOS NATURALMENTE FLUORESCENTES

Estas substâncias podem ser analisadas sem o desenvolvimento prévio de qualquer


reação química. Realizam-se apenas as diluições necessárias, no solvente apropriado.

Exemplos de bases orgânicas nitrogenadas


- Quinina: em ácido sulfúrico 0,1 N apresenta intensa fluorescência azul com máximos em
350 nm (excitação) e 671 nm (emissão).

- Ergometrina: em ácido tartárico 1% (p/V) apresenta fluorescência azul com máximos em


325 nm (excitação) e 465 nm (emissão).

31
- Riboflavina (Vitamina B2): matéria-prima, injetável e comprimidos (USP XXII, p.1224-
1225); em ácido acético 0,02 N apresenta intensa fluorescência amarelo esverdeada, com
máximos em 444 nm (excitação) e 530 nm (emissão).

Exemplo de ácido orgânico


- Fluoresceína: matéria-prima, injetável (USP XXII, p.577 e 578; USP 24, p.730); em
tampão borato alcalino (pH 9,0) apresenta intensa fluorescência amarelo-esverdeada com
máximos em 485 nm (excitação) e 515 nm (emissão).

E.2. - FÁRMACOS NÃO FLUORESCENTES

O fluoróforo é formado após reações químicas características que, na maioria das


vezes, envolvem oxidações e ciclizações.

Exemplos de bases orgânicas nitrogenadas:

- Cloridrato de tiamina (Vitamina B1): método geral <531>; matéria-prima, elixir,


injetável, comprimidos (USP XXII, p.1356-1357; USP 24 (comprimido), p.1640).
Após ser tratada por ferricianeto de potássio em meio alcalino, é oxidada a
tiocromoque é intensamente fluorescente (formação de anel tricíclico), sendo extraível
por isobutanol.
Fazem-se as leituras dos extratos isobutanólicos utilizando-se os máximos de 365
nm (excitação) e 435 nm (emissão).

- Adrenalina: após ser oxidada pelo ferricianeto, em meio fortemente básico, é


transformada em adrenolutina composto altamente fluorescente (formação de anel
bicíclico), que apresenta máximos em 410 nm (excitação) e 520 nm (emissão).

32
F - GRAVIMETRIA

F.1. - EXTRATIVO

Apesar de tratar-se de metodologia das mais simples e menos seletiva, pois se


baseia nas características de solubilidade do fármaco, ainda hoje é utilizada e pode ser
encontrada mesmo nas Farmacopéias mais recentes.

Bases orgânicas nitrogenadas

O método se aplica à maioria das bases nitrogenadas, desde que sejam insolúveis
em meio aquoso.
Em geral a amostra é solubilizada em meio aquoso com o auxílio de um ácido
mineral e transferida para funil de separação. Em seguida alcaliniza-se o meio para
liberação da base , utilizando-se soluções de hidróxidos de amônio, de sódio ou de
potássio, em função do pKb da base.
O hidróxido de amônio se aplica na maioria dos casos apresentando a vantagem de
ser volátil, o que favorece a eliminação do excesso por evaporação.
Em seguida, a base livre é extraída quantitativamente da mistura aquosa, pela
utilização do solvente orgânico imiscível (SOI), em função das características de
solubilidade da base a ser extraída, da volatilidade do solvente e de sua toxicidade. Na
maioria das vezes utiliza-se éter, clorofórmio ou diclorometano.
Os extratos orgânicos podem ser filtrados previamente sobre sulfato de sódio
anidro, para eliminação de água residual, sendo recebidos em béquer de capacidade
adequada, previamente dessecado e pesado, sendo em seguida evaporados em banho-
maria até secura.
A temperatura de evaporação é escolhida em função da volatilidade da base, de sua
estabilidade frente ao calor e do ponto de ebulição do solvente extrator.
O resíduo é então dessecado de preferência em estufa a vácuo, até peso constante,
resfriando-se em dessecador e pesando-se.

Exemplos: cloridrato de tetracaína (F. Bras. II, p.300). Fator gravimétrico (FG) = 1,1379
g.

Ácidos orgânicos e derivados

Podem ser dosados gravimetricamente após acidificação do meio (ácido clorídrico)


e extração do ácido livre por solvente orgânico imiscível (éter etílico, acetato de etila,
clorofórmio). Após evaporação do solvente em banho-maria o resíduo é dessecado em
estufa a 100°C-105°C, até peso constante.

33
Exemplos: fenobarbital sódico (BP 1988, p.429 , FG = 1,095g), pentobarbital sódico
(USP XXI, p. 806, FG = 1,097g;), fenitoína sódica (USP XXI, p. 831, FG = 1,087).

F.2. POR REAÇÕES DE PRECIPITAÇÃO

F.2.1. - Com o ÁCIDO PÍCRICO (trinitrofenol)

Aplica-se à grande maioria das bases nitrogenadas, na forma livre ou de sal.


A amostra é solubilizada em meio aquoso, com auxílio de solução de ácido
sulfúrico e filtrada, caso seja necessário.
Adiciona-se à solução límpida (filtrado), solução saturada de ácido pícrico e deixa-
se em contato por tempo determinado.
As condições de reação variam de acordo com o fármaco a ser dosado. Para uns,
recomenda-se tempo de contato em banho-maria fervente, seguido de resfriamento à
temperatura ambiente, enquanto que, para outros, deixa-se um tempo de contato maior no
meio ambiente ou até mesmo em geladeira.
Findo o prazo, o precipitado é filtrado através de funil de vidro sinterizado ou
cadinho de Gooch com camada de amianto, previamente dessecados e pesados. O
precipitado é lavado com álcool absoluto e dessecado em estufa a 105°C, até peso
constante, sendo finalmente resfriado em dessecador e pesado.

Exemplos de bases orgânicas nitrogenadas:


- Piperazina Hexaidratada (BP 1980, p.353, FG = 0,3567g);
- Adipato de Piperazina (BP 1980, p. 352, FG = 0,4268g);
- Fosfato de Piperazina anidro (BP 1993, p. 521, FG = 0,3382g);
- Fosfato de Piperazina 1H2O, comprimidos (BP 1993, p.1062, FG =0,3714g);
- Citrato de Piperazina (BP 1980, p. 352, FG = 0,3935g);
- Citrato de piperazina elixir (BP 1993, p.1061, FG = 0,3935g);
- Citrato de piperazina xarope e comprimidos (USP XXII, p.1090, FG =0,3568g,
em termos de piperazina hexaidratada).

F.2.2. - Reação com o TETRAFENILBORATO

Aplica-se à maioria das bases nitrogenadas, mas é mais utilizado na análise de sais
de amônio quaternário.
O fármaco é solubilizado em meio aquoso, neutro ou levemente ácido, filtrando-se,
caso necessário.
À solução límpida (filtrado), adiciona-se solução de tetrafenilborato de sódio, em
excesso, e deixa-se em contato à temperatura ambiente durante tempo determinado.

34
Findo o prazo, filtra-se através de funil de vidro sinterizado ou cadinho de Gooch
com camada de amianto, previamente dessecados e pesados. O precipitado é lavado
adequadamente, sendo dessecado em estufa a cerca de 105°C, até peso constante,
resfriado e pesado.

Exemplos de sais de amônio quaternário: cloreto de benzetônio tintura (USPXXII,


p.146; USP 24, p.730, FG = 0,6122g); cloreto de betanecol injetável (USPXXII, p.169;
USP 24, p.230, FG = 0,4094g).

G- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA (idem Programa PFA036)

BECKETT, A. H.; STENLAKE, J. B. Practical pharmaceutical chemistry. 4 ed. London: Athlone, 1988. 2v.
BRITISH pharmacopoeia. London: Stationery Office, 2011, 5 v., 4937 p.
CONNORS, K.A. Curso de análisis farmacéutico. Barcelona: Reverté, 1980, 678 pp.
GALICHET, L. Y. (Ed.). Clarke’s analysis of drugs and poisons. 3 ed. London: Pharmaceutical Press, 2004. 1935 p.
COLLINS, C.H.; BRAGA, G.L. Introdução a métodos cromatográficos. 3. ed. Campinas: Unicamp, 1987. 296 p.
FARMACOPÉIA brasileira 5 ed. São Paulo: Anvisa, 2010, 807 p.
FARMACOPÉIA portuguesa. 6 Ed. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1997. 1818 p. Supl. 1998, 1999, 2000, 2001.
GARRAT, D. C. Quantitative analysis of drugs. London: Chapman & Hall, 1964. 925 p.
HARRIS, D. C. Análise Química quantitativa, 7 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008 868 p.
HIGUCHI, T.; BROCHMAN-HANSEN, E. Pharmaceutical analysis. New York: Interscience, 1961. 854 p.
JAPANESE pharmacopeia. 15 ed. Disponível em: <http://jpdb.nihs.go.jp/jp15e>. Acesso em: 29 nov. 2011.
MÉXICO, Secretaria de Salud, Comisión Permanente de la Farmacopea de los Estados Unidos Mexicanos. Farmacopea de los
Estados Unidos Mexicanos. 7. ed. México DF, 2002. 2632 p.
NEWSBURGER'S manual of cosmetic analysis. Washington: AOAC, 1977. 1250 p.
SILVERSTEIN, R. M., WEBSTER, F. X. Identificação espectrométrica de compostos orgânicos. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
460 p.
SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Fundamentos de química analítica. 8 ed. São Paulo: Cengage, 2006.
999 p.
SKOOG, D. A.; HOLLER, F. J.; NIEMAN, T. A. Princípios de Análise Instrumental. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. 836 p.
SNYDER, L. R., KIRKLAND, J. J., GLAJCH, J. L. Practical HPLC method development. 2. ed., New York: John Wiley, 1997. 765 p.
UNITED states pharmacopeia. National Formulary. Rockville, United States Pharmacopeial Convention, 34 ed. 2011. 4638 p.
VOGEL análise inorgânica quantitativa. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois. 1981. 290 p.

35
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE FARMÁCIA
DEPARTAMENTO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Disciplina

CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS E

COSMÉTICOS - PFA078

INTRODUÇÃO A METODOLOGIAS DE ANÁLISE DE BASES


NITROGENADAS E ÁCIDOS ORGÂNICOS DE INTERESSE
TERAPÊUTICO

Apostila de Equações Químicas elaborada por

Profa. Cristina Duarte Vianna Soares (de 1993...)

Profa. Ligia Maria Moreira de Campos (...até 2006)


Profa. Lúcia Emy Teixeira dos Santos (...até 1992)

Belo Horizonte
2017
_________________________________________________________________________________________________
Av. Pres. Antônio Carlos 6627, sala 4029, +55 (0XX) 31 3409-6975
31270 901- Belo Horizonte - MG – BRASIL

36
VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO em Meio Aquoso

1.1. Titulação direta de bases nitrogenadas

a. Bases livres de menor peso molecular com grupos polares


OH OH
H
H2N H2N N
NH2 OH OH
OH OH
Etilenodiamina Etanolamina Meglumina
pKb 4,0 e 6,8 pKb 4,53 pKb 4,5
MM 60,10 g/mol MM 61,08 g/mol MM 195,21 g/mol

H2N H3N
NH2 2 HCl NH3 2 Cl-

pKb1 = 4,0 pKa1 = 7,2


pKb2 = 6,8 pKa2= 10,0

b. Sais de bases derivados de ácidos fortes (princípio do deslocamento)


Cloridrato de propranolol (pKb 4,5)

H
-
R N H Cl NaOH R2NH NaCl H2O
R

1.2. Titulação de retorno de bases nitrogenadas

a. Bases livres
Ex: Efedrina (Ephedrine – USP XXI) - pKb 4,4
H2SO4 é fixo, melhor quando
base não é solúvel

37
OH OH H
N N
-
H Cl HClexc
H Cl H

VDE
solubilizar em 0,1 N SV SAL ÁCIDO
etanol neutralizado 40,0 ml (ácido conjugado)
pH ácido no p.e.

Contra-titulação

+- + -
HClexc NaOH Na Cl H2O H3O OH 2 H2O
íons
espectadores neutro

b. Sais de bases derivados de ácidos fortes

Envolve tratamento prévio para eliminar impurezas ou excipientes ácidos

[RN+H3]Cl- NaOH RNH2 NaCl H2O


pkb 3,1 base mais forte

+ -2
RNH2 H2SO4 VDE [RN H3]2.SO4 H2SO4 exc
H2SO4 exc 2 NaOH Na2SO4 2 H2O

Apomorfina HCl 1/2 H2O (MM 312,79) Extração com Éter após sol. Bicarbonatada; Retoma-se o
resíduo com 20,0mL H2SO4 0,02 N SV; contratitula-se com NaOH 0,02 N SV;

mEqg => 1 ml titulante = MM/ 50 = 6,256 mg apomorfina . HCl . 1/2 H2O

1.3. Titulação direta de ácidos orgânicos

a. Ácidos carboxílicos

38
- +
O OH O O Na

NaOH H2O

Ácido benzóico SAL BÁSICO


(ácido fraco - pka = 4,2) (base conjugada Indicador: fenolftaleína
solubilizar em forte)
etanol pH alcalino no p.e.
neutralizado
(pH aparente:
ácido)

b. Sais de ácidos carboxílicos (princípio do deslocamento)

- +
O O Na O OH

OH OH
+ -
HCl Na Cl

O pH seria ácido, mas é


Salicilato de sódio Ácido livre em éter;
neutro, pois o ácido
(pH inicial básico) evita a precipitação
livre vai para a camada
Indicador: faixa ácida
etérea e há ausência da
Solúvel em água
base salicilato.

Arilsulfoniluréias e barbitúricos

H H H
O O
N N N N
S S +
NaOH Na H2O
O O O O
Cl Cl

Clorpropamida
pka = 5,0
39
c. Ácidos muito fracos (derivados do ácido carbâmico)

O NH2 O NH2

O O
AgNO3 HNO3

H Ag
Etinamato Filtrar

Br H Br Ag
N NH2 N NH2
AgNO3 HNO3
O O O O
Bromural Filtrar
pka = 10,8

+ -
HNO3 NaOH Na NO3 H2O

1.4. Titulação de retorno de ácidos orgânicos

a. Sem hidrólise

- +
ArSO3H NaOH VDE ArSO3 Na H2O NaOH exc
+ -
NaOH exc HCl Na Cl H2O

b. Com hidrólise

i. Ésteres de alcoóis alifáticos

40
O OCH3 O O-Na+

OH OH
NaOH VDE CH3OH NaOH exc
refluxo

Salicilato de metila Base conjugada


(ácido fraco - pka = 9,9) mais forte
+ -
NaOH exc HCl Na Cl H2O

ii. Ésteres de fenóis (alcoóis aromáticos)

1ª possibilidade

O OH O O-Na+

O OH O-Na+
2 NaOH VDE H2O NaOH exc
O O
AAS
pka = 3,5

+ -
NaOH exc HCl Na Cl H2O

2ª possibilidade

Antes do aquecimento: neutralização prévia do ácido carboxílico do AAS (1)

41
- +
O OH O O Na

O O
NaOH H2O
O O
(1)

Após aquecimento: quebra da ligação éster (2)

- + - +
O O Na O O Na
- +
OH O Na
O
NaOH
O
O
8,0 < pKa < 10,0
Fenolftaleína não detecta o
fenóxido, se dosado por
NaOH em excesso

- +
O OH O O Na
- +
O OH O Na
2 NaOH VDE H2O NaOH exc
O O
Salicilato (2)
de sódio

NaOH exc HCl Na


+
Cl
-
H2O Eq.g = AAS
Contra titulação: 2

Volume:

(2) – (1) = AAS

(COOH + éster) – (COOH) = (éster)

42
Artigo científico com aplicação em Volumetria de Neutralização em Meio Não Aquoso

Caderno de Farmácia, v. 13, n. 2, p. 173-175, 1997.

ANÁLISE QUÍMICO-FARMACÊUTICA DO ALBENDAZOL. DOSEAMENTO DE


ÁCIDOS FRACOS POR VOLUMETRIA EM MEIO NÃO-AQUOSO
BERGOLD, A. M.; SCHIRMER, A. S.
Laboratório de Química Farmacêutica. Departamento de Produção de Matéria-prima, Faculdade de Farmácia / UFRGS

RESUMO: Volumetria com hidróxido de potássio propanólico utilizando dimetilformamida (DMF) ou dimetilsulfóxido
(DMS) como solvente e azovioleta ou amarelo de metanila como indicador foi aplicada ao albendazol. Os resultados destas
técnicas são comparados com os de métodos clássicos usados no doseamento de ácidos e bases fracas.
UNITERMOS: albendazol, controle de qualidade, volumetria em meio não-aquoso

ABSTRACT: CHEMICAL AND PHARMACEUTICAL ANALYSIS OF ALBENDAZOLE: WEAK ACID ASSAY BY NON-AQUEOUS VOLUMETRY. Volumetry
with propanolic potassium hydroxide using dimethylformamid (DMF) or dimethilsulfoxid (DMS) as solvent and azoviolet or
metanil yellow as indicator was applied to albendazole. The results were compared with that of classic methods used in the
assay of weak acids and bases.
KEYWORDS: Albendazole; Quality control; Non-aqueous volumetry

43
(0,1% em metanol); dimetilformamida (DMF);
1. INTRODUÇÃO dimetilsulfóxido (DMSO); 2.2 Métodos:
Albendazol é um anti-helmíntico benzimidazólico,
incluído desde 1990 na lista de fármacos considerados Preparação da solução de hidróxido de potássio
essenciais pela Organização Mundial de Saúde (OMS). propanólica 0,1 M: lavar 7,5 g de hidróxido de potássio
Vem sendo bastante utilizado, especialmente devido ao com 50 mL de n-propanol. Transferir para balão
seu espectro de atividade, a facilidade do esquema volumétrico de 1000 mL e dissolver com 250 mL de n-
posológico, bem como a baixa toxicidade e boa propanol. Completar o volume com tolueno. Deixar
tolerância do fármaco. repousando, ao abrigo da luz, por 48 horas. Filtrar.
A técnica de doseamento proposta para a 4ª edição da Padronizar com ácido benzóico dissolvido em
Farmacopéia Brasileira é a volumetria em meio não- dimetilformamida.
aquoso, utilizando ácido perclórico como solução Método de doseamento da amostra: foram pesados
titulante. analiticamente de 1 a 1,5 mEq de albendazol (265,33
A volumetria em meio não-aquoso é utilizada para o mg a 397,99 mg) e foram dissolvidos em 30 a 50 mL de
doseamento de ácidos e bases fracas. A técnica baseia- solvente (dimetilformamida ou dimetilsulfóxido).
se no conceito de Brönsted-Lowry que diz que ácido é Submeteu-se a solução à agitação magnética e
toda a substância, molécula ou íon capaz de liberar um acrescentaram-se duas a três gotas de solução
próton e base é aquela que tem capacidade de receber indicadora (azovioleta ou amarelo de metanila),
um próton (KOROLKOVAS, 1984). respectivamente. O doseamento foi realizado titulando-
+

Ácido (A) = Base(B) + Próton (H ) se a matéria-prima com hidróxido de potássio


O albendazol (Fig. 1), apesar de possuir características propanólico 0,1 M, sendo que 1,0 mL da solução
básicas devido ao nitrogênio piridínico, apresenta titulante corresponde a 26,53 mg de albendazol.
também características ácidas que lhe são conferidas
pelo hidrogênio do nitrogênio imínico (pirrrolínico) e pelo 3. RESULTADOS
hidrogênio do grupo carbamato. Os resultados obtidos para a matéria-prima pelos
métodos utilizados encontram-se na tabela 1.
A tabela 2 apresenta a análise de variância aplicada aos
resultados obtidos através das técnicas usadas neste
trabalho, bem como para aqueles obtidos pelos métodos
clássicos para o doseamento de bases e ácidos fracos.
FIGURA 1. Fórmula estrutural do albendazol
(BERGOLD, 1992; BERGOLD & KOROLKOVAS, 1993).
Como o doseamento utilizando dimetilformamida como
O presente trabalho tem por objetivo comparar técnicas
de doseamento de ácidos fracos com a volumetria em solvente e amarelo de metanila como solução indicadora
meio não-aquoso utilizando ácido perclórico como
difere nitidamente dos outros, o mesmo não foi incluído
solução titulante que está sendo proposta como técnica
de doseamento do albendazol na 4ª edição da na análise de variância.
Farmacopéia Brasileira.
A tabela 3 apresenta os resultados comparativos entre
Além disto, pretende-se testar técnicas alternativas para
a determinação de ácidos fracos que sejam eficientes, as técnicas propostas neste trabalho e os métodos
rápidas, sem necessidades de cuidados especiais
clássicos referidos em trabalhos anteriores, havendo
durante a titulação.
sido aplicado teste de Tukey (D=0,48).
2. MATERIAIS E MÉTODOS 4. DISCUSSÃO
2.1 Materiais:
Albendazol matéria-prima; hidróxido de potássio Como já afirmado anteriormente, a técnica farmacopéica
propanólico 0,1 M; solução indicadora azovioleta (0,1%
de doseamento do albendazol explora o seu caráter
em metanol); solução indicadora amarelo de metanila
básico. Todavia, como este fármaco apresenta caráter

44
anfótero, também é possível o seu doseamento como perclórico, que emprega detecção potenciométrica, encontram-
ácido fraco. As técnicas clássicas utilizam metóxidos se dentro de limites aceitáveis.
alcalinos ou hidróxido de tetrabutilamônio como solução Considerando que as técnicas utilizando
titulante. SCHNEKENBURGER e QUADEHENKEL dimetilformamida ou dimetilsulfóxido como solvente e
(1983, 1984) propuseram a determinação de ácidos azovioleta como indicador são equivalentes entre si, o
fracos utilizando como titulante solução propanólica de melhor resultado tanto do ponto de vista da observação
hidróxido de potássio, como solvente dimetilformamida do ponto final quanto econômico, é o da volumetria com
ou dimetilsulfóxido e como indicador azul de metanila ou dimetilformamida. Além disto, é método seguro e de fácil
azovioleta. Esta técnica foi utilizada no doseamento de execução.
substâncias contendo grupos NH-, SH- e CH- ácidos.
O albendazol possui grupamentos NH- ácidos, no anel 5. CONCLUSÕES
benzimidazólico, bem como no metilcarbamato ligados à A volumetria com hidróxido de potássio propanólico em
posição 2 deste anel. O anel benzênico nos dimetilformamida e azovioleta como indicador pode ser
benzimidazóis faz com que estes tenham caráter mais utilizada como técnica alternativa no doseamento do
ácido que o imidazol (LEANDRI et al., 1955). Por outro albendazol.
lado o nitrogênio do carbamato apresenta densidade A utilização de dimetilsulfóxido como solvente e
eletrônica menor que o nitrogênio pirrolínico, tornando azovioleta como indicador é possível, porém torna a
mais fácil a saída do próton (BERGOLD, 1992). técnica muito mais dispendiosa. Já o uso de amarelo de
Os resultados obtidos mostraram que a técnica pode ser metanila como indicador, quando possível (DMSO como
aplicada ao albendazol, todavia, contrariamente ao que solvente), além de ser dispendioso, não fornece boa
a literatura registra, onde na maioria dos casos azul de visualização do ponto final da titulação.
metanila foi utilizado como indicador
(SCHNEKENBURGER, QUADEHENKEL, 1984) os BIBLIOGRAFIA
melhores resultados foram obtidos com azovioleta como BERGOLD, A. M. Análise químico farmacêutica do
albendazol, São Paulo: Faculdade de Ciências
indicador. Farmacêuticas/USP, 1992. 220 p. Tese [Doutorado]
BERGOLD, A. M., KOROLKOVAS, A. Doseamento do
A análise estatística (BERQUÓ et al, 1981) dos resultados da albendazol como matéria-prima e em comprimidos em meio
tabela 1 indica que somente a técnica utilizando não-aquoso com ácido perclórico. Rev. Farm. Bioq., v. 29, p.
31-34, 1993.
dimetilformamida e amarelo de metanila difere BERQUÓ, E. S.; SOUZA, J. M. P.; GOTLIEB, S. L. D.
Bioestatística. São Paulo: E. P. U., 1981.
significativamente das outras metodologias, que por sua vez KOROLKOVAS, A. Análise Farmacêutica, Rio de Janeiro:
Guanabara Dois, 1984. p. 120-127.
são todas equivalentes entre si. Ao comparar os resultados das LEANDRI, G.; MANGINI, A.; MONTANARI, F.; PASSERINI, R.
técnicas utilizando hidróxido de potássio propanólico com Richerche sugli eterociclici: spetri di assorbimento UV e
proprietá cromoforiche - Nota 1: imidazoli, benzimidazoli e
outros métodos clássicos referidos em trabalhos anteriores fenil- benzimidazoli. Gazz. Chim. Ital. , v. 85, p. 769-839, 1955.
SCHNEKENBURGER, J.; QUADE - HENKEL, M. Titration von
(BERGOLD, 1992; BERGOLD & KOROLKOVAS, 1993), Salzen organischer Basen. Dstch. Apoth. Ztg., v. 123. p. 866-
868, 1983.
verifica-se, pelo teste de Tukey (tab. 3), que a volumetria com
SCHNEKENBURGER, J. ; QUADE - HENKEL, M. Zur Titration
ácido perclórico e detecção potenciométrica do ponto final, sehr schwacher Säuren II. Dstch. Apoth. Ztg., v. 124, p. 1167-
1170, 1984.
que leva em consideração o caráter básico do albendazol, é
AGRADECIMENTOS
equivalente à volumetria com metóxido de potássio, que Os autores agradecem à PROPESP/UFRGS pelo apoio financeiro.
considera o caráter ácido do albendazol. Além disto, os Endereço para correspondência:
Profa. Dr. Ana Maria Bergold
resultados da volumetria com hidróxido de potássio utilizando Faculdade de Farmácia / UFRGS
Av. Ipiranga, 2752
azovioleta como indicador e dimetilformamida ou 90610-000 Porto Alegre RS
Recebido em 22.04.1997
dimetilsulfóxido como solvente são equivalentes entre si e
apesar de não serem equivalentes à volumetria com ácido

45
46
VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO em Meio Não

Aquoso

1. Bases nitrogenadas
 Solventes: o caráter ácido ou básico da

substância pode ser reforçado em função do

solvente.

a. Solvente não reage ou reage parcialmente

com as substâncias efeito

diferenciador.

Ex: dioxano, acetonitrila, benzeno, acetona

Apróticos, CD

47
b. Solvente reage totalmente com as

substâncias

efeito nivelador.
Protogênicos (ácidos) ou
protofílicos (básicos)
CD
CD
Ex: H2SO4 conc; ácido fórmico, anidrido acético
CH3COOH (para bases até pKb = 11)

 Indicadores
naftolbenzeína (amarelo => azul, pH 9,0-13,0)
azul do Nilo (azul => vermelho, pH 10,1-11,1)
cristal violeta (violeta =>verde; pH 0,0-2,0, cloreto de
metilrosanilínio)

Bases fracas diferenciadas em CH3COOH


48
Grupo dos fenilmetanos.

49
Curvas de titulação em meio não aquoso

i. Piridina (pKb 8,8) em ácido acético glacial: bases se ionizam dissociando

ii. Piridina e butilamina (pKb 3,36) em acetonitrila, (HClO 4 em dioxano): bases não se

ionizam; bases se dissolvem

50
Piridina
N

Piridina e
butilamina

H2N

Exemplo

51
HO
N Quinina N nivelados em ácido acético, que
H3CO pKb1 = 5,5 reage indistintamente com os dois
pKb2 = 9,9 nitrogênios

Titulantes: Ácido perclórico HClO4 0,1 M SV (pKa < 1,0)


Especificação/Preparo: contém 10 g de ácido perclórico em ácido
acético a 1000 mL.

Padronização com biftalato de potássio (sal


básico)
Cada 20,422 mg de biftalato de potássio equivale a 1 mL de ácido
perclórico 0,1 M

O O

O-K+ OH
HClO4 KClO4
OH OH

MM = 100,46 g/mol O O
pKa1 = 2,9; pKa2 = 5,4
Ácido ftálico precipita
no meio

Reação por etapas


O OH OH
HClO4 -
ClO4
OH OH OH
Íon acetônio
(Ácido forte)
deficiente de e-

1.5. Bases livres

52
+ -
HClO4 CH3COOH CH3COOH2 ClO4
+ -
R3N CH3COOH R3 NH CH3COO
CH3COOH2+ CH3COO- 2 CH3COOH
+ -
R3N HClO4 [R3 NH]ClO4

Par iônico em HAc Const. Dielétrica (CD) Água: 80


devido à sua baixa CD Ácido acético: 6,15

1.6. Sais deconstante halogenados (Cl-, Br-, I- 


ácidosdielétrica
adição de acetato mercúrico)
+ -
2 HClO4 2 CH3COOH 2 CH3COOH2 2 ClO4
+ - + -
2 [R3 NH] Cl 2 R3 NH 2 Cl
- -
Hg(CH3COO)2 2 Cl HgCl2 2 CH3COO
+ -
2 CH3COOH2 2 CH3COO 4 CH3COOH
+ - + -
2 [R3 NH] Cl 2 HClO4 Hg(CH3COO)2 2 [R3 NH] ClO4 HgCl2 2 CH3COOH

1.7. Sais de ácidos fracos (maleato, citrato, tartarato


[R-COOH])
HClO4 CH3COOH CH3COOH2+ ClO4-
+ - + -
[R3 NH] RCOO R3 NH RCOO
-
RCOO CH3COOH2+ RCOOH CH3COOH
+ - + -
[R3 NH] RCOO HClO4 [R3 NH] ClO4 RCOOH

2. Ácidos orgânicos e derivados


Solvente: neutros ou básicos (Ex.:DMF, Acetonitrila)

Titulantes: metóxidos alcalinos

CH3OH + Na(s) CH3ONa + ½ H2 (cuidado!)


O O O O
+ - +
R N R [R4N ]OH H2O [R4N ]
R N R
H
Geral

53
RCOOH + CH3ONa RCOOHNa + CH3OH

Padronização com ácido benzóico em DMF

Cada 12,212 mg de ácido benzoico equivale a 1 mL de metóxido de sódio 0,1 M

Reação por etapas (Regeneração do solvente básico R3N)

RCOOH + R3N [R3N+H]RCOO-

[R3N+H]RCOO- + CH3O-Na+ R3N + CH3OH + RCOONa

RCOOH + CH3O-Na+ CH3OH + RCOONa

DMF: (Tautomerismo ceto-enólico)


H
O O O
+
H
H3C H H3C H3C
N H N H N H
CH3 CH3 CH3

Outros titulantes: cloreto de tetrabutilamônio (BP1980 , p. 807)


Exemplos

a) Salicilato de metila

CH3 CH3
O O O O

OH + OLi + CH3OH
CH3OLi

b) Salicilamida

O NH2 O NH2

OH + OLi + CH3OH
CH3OLi

54
c) Alopurinol

R N R
R NH R + [ R4N ] OH C C
H 2O + [ R4N ]
C C
hidróxido de O O
O O tetrabutilamõnio em
MeOH/Tolueno

d) Ácido salicílico

COOH COONa
Azul timol
OH OH
+ NH2CH2CH2ONa pKa até 9,0
+ NH2CH2CH2OH
Aminoetóxido de sódio

e) Barbituratos (com tratamento prévio)

H
O N O Na O N O

N N
R1 H + HCl R1 + NaCl
R2 R2 H
O O

B. OUTROS MÉTODOS VOLUMÉTRICOS

B1 VOLUMETRIA DE OXI-REDUÇÃO PELO


NITRITO

Aplicação: aminas aromáticas primárias (hidrazinas, hidrazidas,


sulfas) (algumas secundárias) ou substâncias passíveis de
hidrólise ou redução.

55
Etapas
Nitrosação em meio ácido sal de diazônio instável azida
estável

Amina aromática primária


+
N N
NH2
NaNO2
-
Cl
HCl
Sal diazônio

Redução:

NO 2 NH2
H2

Hidrólise:

R
H C H2O
NH2
N O
[HO-]

Aminas aromáticas primárias


Hidrazinas (R-HN-NH2) => AZIDA estável

NaNO2
56
HCl
R N NH2 + -H+
R N N N
H H
+ -
R N N N

Azida estável

Ácido hidrazóico ou
azida de hidrogênio

Hidrazidas (R-CO2-HN- H2) => AZIDA estável


O NaNO2 O
-H+ +
R C N NH2 R C N N N
H HCl H

O
+ -
R C N N N

Ponto final com amido iodetado (indicador externo):


2 I- + 2NO2- + 4 H+ I2 + 2 NO + 2 H2O
+3 +2
∆ = 1x2 = 2
-1 0
∆ = 1x2 = 2

Procedimento

Pesar exatamente cerca de 250 mg da amostra, previamente dessecada, e transferir para


erlenmeyer.
Adicionar 5 mL de ácido clorídrico e 50 mL de água destilada.
Agitar até completa dissolução, aquecendo, se necessário. Resfriar acerca de 15 ºC (25 g de
gelo picado).
Titular lentamente com nitrito de sódio 0,1 M SV até quando uma gota produzir uma coloração
azul (equilíbrio é lento) ao ser tocada, em uma placa de porcelana, por bastão de vidro
umedecido pela solução de amido iodetado SI.
Titular até quando uma gota da mistura, em repouso mais de 1 min, reproduzir
instantaneamente a coloração azul observada com a solução de amido iodetado SI.

57
Exemplos de aplicação em fármacos

Benzocaína, cloridrato de procaína, dapsona, sulfas,


primaquina (PO4-3)

Reação com indicador externo

a) Benzocaína (base)
NH2 N+ N

-∆
- + NaCl +
+ NaNO2 + 2 HCl Cl

O OC2H5 O OC2H5

a) Ftalilsulfatiazida (ácido com hidrólise prévia)

O COOH
+
H N N
N
1) Hidrólise
2) NaNO2/HCl Cl-

SO2
SO2
NHR
NHR

b) Isoniazida (base)

N N

+ NaNO2 + HCl + NaCl + 2 H 2O

+ -
O N NH2 O N N N

H
Neutra

58
B2. VOLUMETRIA DE OXI-REDUÇÃO

PELO BROMO
Etapas

1) Geração do Bromo (concentração orientada pela espécie


BrO3-)

BrO3-(VDE*) + 5Br- + 6H+ 3 Br2 (VDE) + 3 H2O


*Volume Determinado e em Excesso

Amostra + Br2 (VDE) Produto adicionado/substituído +


Br2↑ (exc)
Agitação vigorosa 15-30 min, repouso 15 min, frasco tampado

2) Geração de Iodo no meio pela adição de iodeto de potássio


Br2 (exc) + 2 KI 2 KBr + I2 [Br2 (exc)] = [I2]

3) Titulação (direta) do I2 gerado


I2 + 2 Na2S2O3 2 NaI + Na2S4O6

4) Adição de amido próximo ao ponto final


Azul  incolor

Preparo das soluções

Bromato de potássio 0,1 M SV Bromato de potássio


0,1 N SV
Contém 16,704 g de bromato de Contém 2,784 g de bromato de
potássio em água a 1000 mL. potássio em água a 1000 mL.

Padronização – Medir volume exato em torno de 40 mL da solução de bromato de potássio


1,67% (p/v). Juntar 3 g de iodeto de potássio e 3 mL de ácido clorídrico SR. Aguardar 5 min,
titular o iodo liberado com tiossulfato de sódio 0,1 M SV, usando 3 mL de amido SI como

59
indicador. Preparar branco. Corrigir e calcular a molaridade. Cada mL de bromato de potássio
corresponde a 6 mL de tiossulfato de sódio 0,1 M SV.
Conservação – Recipientes bem fechados. Armazenagem – Proteger da luz.

Bromo 0,05 M SV
Dissolver 3 g de bromato de potássio e 15 g de brometo de potássio em água e completar o
volume para 1000 mL.

Padronização – Transferir 25 mL da solução para Erlenmeyer de 500 mL com tampa e


acrescentar 120 mL de água. Adicionar 5 mL de ácido clorídrico, tampar e agitar suavemente.
Adicionar 5 mL de iodeto de potássio SR, tampar novamente, agitar e deixar em repouso por 5
min ao abrigo da luz. Titular o iodo liberado com tiossulfato de sódio 0,1 M SV, adicionando 3
mL de amido SI próximo ao ponto final. Calcular a molaridade. Cada mL de bromo 0,05 M SV
equivale a 1 mL de tiossulfato de sódio 0,1 M SV.

Descrição (FB 5, p.516)


Pesar exatamente cerca de 250 mg da amostra. Transferir para b.v. 100 mL e completar o
volume com água. Transferir 20,0 mL desta solução para Erlenmeyer de 250 mL. Adicionar
100 mL de água destilada, 20 mL de ácido clorídrico SR, 0,2 g de brometo de potássio e
0,05 mL de vermelho de metila SI. Titular com bromato de potássio 0,0167 M SV até o
desaparecimento da coloração vermelha do indicador.

A. Exemplos de aplicação em fármacos

a) Substituição eletrofílica (-orto e -para).


Fenólicos, aminas, posições -orto, -para livres: fenilefrina (base),
alobarbital (ácido)

Fenol (ácido)

60
OH OH

H H Br Br
+ 3 Br2 + 3 HBr
H H H
H
H Br

e.... Etapas 2, 3,4 ppt ↓, solúvel em CHCl3

Ácido acetilsalicílico – AAS (possui bom grupo abandonador –CO2)

OH OH

H C O H Br
Br
+ 3 Br2 + 3 HBr +
H O H
H
H Br

e.... Etapas 2, 3,4 ppt ↓, solúvel em CHCl3

Procainamida (base)
O C2H5 O C2H5
C N CH2CH2 N C N CH2CH2 N
C2H5 C2H5

+ 2 Br2 + 2 HBr
H H Br Br
NH2 NH2

e.... Etapas 2, 3,4


b) Adição a insaturações (anti, trans)

61
Br
C=C + Br2 C=C

Br
e.... Etapas 2, 3,4:
Br2 + 2 KI 2 KBr + I2
I2 + 2 Na2S2O3 2 NaI + Na2S4O6
Azul  incolor

62
c) Oxidação com hidrólise prévia

- Hidrazidas (R- CO2-HN-NH2) => (R- CO2-OH, ÁCIDO


correspondente)

H
R N NH2 + R
H OH
C C NH2NH2
+
O O
O
H H

Reação intermediária a partir da hidrólise

NH2NH2 + 2Br2 4HBr + N2

Ex.: Isoniazida (hidrazida)


N N

+ H2O + 2Br2 + 4HBr4HBr


+ NH+2NH2N2
C C
O N NH2 O OH
H

Reação intermediária a partir da hidrólise


NH2NH2 + 2Br2 4HBr + N2
- Hidrazinas (R-HN- NH2) => (R-OH; ÁLCOOL correspondente)

Ex.: Hidralazina (hidrazina)


Reação final
NHNH2 OH

N N
N + H2O + 2 Br2 N + 4HBr + N2

Reação intermediária a partir da hidrólise


NH2NH2 + 2Br2 4HBr + N2

63
B3. VOLUMETRIA DE OXI-REDUÇÃO
PELO IODO E PELO IODATO

a) Meio levemente ácido: pH > 3-4

Iodato, IO3-

Ácido, H+,
Iodeto, I-

Iodato de potássio 0,1 M SV (FB 5)

Pesar exatamente, 21,4 g de iodato de potássio


previamente dessecado a 110 °C, até peso constante, e
dissolver em água e completar o volume para 1000 mL com
o mesmo solvente.
Não é necessária a padronização, pois este reagente é
padrão primário.
IO3- + 5I- + 6H+ 3I2 + 3 H2O
-5 -1 0
∆ = 6, então Eqg =KIO3/6
Viragem: incolor azul (amido no
início)

64
Ex.: vitamina C (ácido ascórbico, AA)

IO3- + 5I- + 6H+ 3I2 + 3 H2O

CH2OH CH2OH

COH COH
H O H O
O + O
+ I2 + 4H + 2 HI + 2 H2O

OH OH O O
VITAMINA C MM = 176,13 ÁCIDO DEIDROASCÓRBICO

0 (I2) -1
2x (C) + 2 (H) - 4 (O) = 0 -2x - 4 = 0
x= +1 x= +2

Delta e0- AA = 1 Carbono x 2 = 2 Delta e0- IODO = 1 x 2 = 2

Ex.: Isocarboxazida

CH3 O O
CH3
N N
H + 2H2O + 2 I2 HO CH2
N2 + 4HI + +
C N N CH2 C OH
O H O

Hidrazida (similarmente a ácido +


álcool
pelo titulação pelo Bromo)

b) Em meio fortemente ácido  Se H+ > 4 M; pH 3-4

Pesar, exatamente, cerca de 0,1 g da amostra, transferir para Erlenmeyer de 250 mL


com tampa e dissolver em 25 mL de água. Adicionar 35 mL de ácido clorídrico
(concentrado) e resfriar à temperatura ambiente. Titular com iodato de potássio 0,02 M
SV (até mudança de cor de marrom para amarelo claro, adicionar 5 mL de
clorofórmio). Continuar a titulação, agitando vigorosamente até desaparecimento da

65
coloração púrpura da camada de clorofórmio. Alternativamente, determinar o ponto
final potenciometricamente, excluindo o clorofórmio (FB 5).

Ex.: Hidralazina ( álcool)


NHNH2 OH

N N
+ KIO3 + 2HCl + N2 +
+
I Cl
-
+
N N
+3

+5
+1

∆ = 4; então Eqg = KIO3/4

Viragem: violeta incolor


I2
I Cl

Reação provável (após hidrólise):

+
3 NH2NH2 + 2 IO3
- H -
2I + H2O + 3 N2 x5

IO3- + 5I- + 6 H+ 3 I2 + 3H2O x2

+ -
IO3- + 2 I2 + 6 H+ + 5 Cl - 5 I Cl + 3H2O x3

- - + + -
15 N2H4 + 15 IO3 + 15 Cl + 30 H 15 I Cl + 15N2 + 45 H2O
/15
- - + + -
= > N2H4 + IO3 + Cl + 2 H I Cl + N2 + 3 H2O

CDVS/cdv

66

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