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Magda Gomes Dias

Se eu tivesse de escolher a coisa que faz toda a diferença na forma como educamos
os nossos filhos, a coisa seria o vínculo. Já escrevi sobre o assunto e hoje
volto a ele na forma de brincadeira, mas a falar muito a sério. Por isso não te
vás já embora porque é coisa importante esta que te vou contar.

Sim, eu sei: tu até podes não gostar de brincar. E tens mais que fazer quando chegas a
casa, no final do dia. E por isso tens de meter na cabeça que [sobretudo se tens filhos pequenos]
eles vão querer mesmo brincar contigo, quer tenhas tido um dia top ou não. Pois... :)

E por isso hoje deixo-te em tópicos o que tens de saber.

1. É a brincar que a criança aprende a comunicar, a experimentar e a conhecer o mundo e as suas


dinâmicas. Agora que sabes disto, o que vais escolher? Brincar ou não brincar?

2. Brincar é divertido – vindo de mim é estranho [eu não gosto de brincar]– e eu confesso que tenho de me lembrar que
é – é só começar a participar na brincadeira. Confia em mim – eu sei disso por experiência – mas sim, tenho mesmo de
forçar-me.

3. Brincar aproxima as pessoas e é das melhores formas de criar vínculo. E o vínculo é determinante para a parte da
autoridade e obediência porque ninguém obedece se não se sentir lincado ao outro. Ponto final. Parágrafo.

4. Brincar ao fazer de conta ajuda a criança a colocar-se em situações que ela deseja enfrentar e a lidar com os seus medos
[ah pois é, já tinhas pensado nisto?]

5. Ao brincar estamos a aumentar o vínculo com o nosso filho e é o vínculo que lhe dá a sensação de segurança e
previne algumas ansiedades.

6. Ao brincar ajudamos o nosso filho a sentir-se amado e é uma forma muito rápida e efectiva de responder às
necessidades de pertença, segurança e afecto deles.

7. A TV é para descansar o corpo e a cabeça. Brincar é uma coisa física, envolve cabeça e corpo. E não os coloca mais
excitados – au contraire – quando eles ‘exorcisam’ as tensões todas é meio caminho andado para começarem a
desacelerar...

8. Brincar faz rir e rir juntos é fundamental!

E brincar aos maus e a coisas mais agressivas? E com pistolas?

Confesso que a ideia de pistolas, assim de repente, me dá medo mas eu também sei que é fundamental que as crianças
experimentem as coisas para lhes tirar o valor. Na verdade, não há mal em brincar aos maus, não há mal em jogar com
armas a fingir. Porquê? Porque quando proibimos estamos a passar a mensagem que é mau sentir raiva, medo e não é
mau sentir isso tudo porque faz parte da vida. Os sentimentos não têm qualquer tipo de moralidade – o que nos define
são as acções e decisões que tomamos. Brincar aos maus faz parte do crescimento. Sentir raiva e medo também. E é
importante que a criança possa exteriorizar tudo isso enquanto brinca. Ela está também a colocar em uso os valores que
vai adquirindo contigo. O bom e o mau são valores. E ficas com uma ideia de como é que esses valores têm valor para
ela.

E então, vais continuar aí sentada? Junta-te ao teu filho e entra no mundo dele.

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