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Laboratório de Análise e Pesquisa em Relações Internacionais – África

Catarina Rodrigues Duleba

Através da leitura de textos, compreendemos a peculiaridade do continente


africano comparado com outras economias do mundo. No texto de Serge Latouche 1,
entendemos que a África não pode ser julgada pela visão eurocêntrica, e muito menos,
americana, já que o pensamento do continente se retira totalmente do julgo dos
colonizadores. O autor se esforça ao mostrar que para os africanos há uma forma de
ver o mundo, a vida e a história que se distingue da visão ocidental.

Para Jose Maria Nunes Pereira 2, o Brasil sofre de um eurocentrismo no estudo


da história e das ciências humanas, que é derivado do nosso passado colonial. Por
isso, os nossos currículos universitários são quase imperceptíveis ao tratar da história
da África e da Ásia no pós-guerra, quando os povos lutaram contra a dominação
colonial. Esse processo histórico foi o mais importante da segunda metade do século: a
descolonização. A importância intrínseca do continente na História é uma razão
fundamental para nos levar aos estudos sobre a África, além do seu marco decisivo na
identidade nacional brasileira devido ao caráter cultural que os africanos e seus
descendentes desempenharam na formação da nossa sociedade 3.

Para tanto, é necessário um novo tipo de estudo sobre a África que não deve ser
apenas um reflexo de uma visão eurocêntrica de maneira colonial, nem uma visão que
prevaleceu nos primeiros anos depois da descolonização. Isso pode ser pensado
através de uma nova onda de historiografia, crítica e realista, que se utiliza de diversas
fontes e metodologias.

1 LATOUCHE, S. (2004). Pode a África contribuir para resolver a crise do Ocidente? IV Congresso Internacional de
Estudos Africanos. Barcelona.

2 PEREIRA, Jose Maria Nunes. Colonialismos, racismo, descolonização. Caderno Cândido Mendes - Estudos Afro-
Asiáticos 2. Rio de Janeiro, maio – agosto de 1978.

3 PEREIRA, Jose Maria Nunes.O continente africano: Perfil histórico e abordagem geopolítica das macrorregiões. In:
Bellucci, B. (org.) Introdução à História da África e da Cultura Afro-Brasileira. Rio de Janeiro: Centro de Estudos Afro-
Asiáticos-UCAM/CCBB, 2003. P. 1
Independência em Resumo, J.D. FAGE

No texto de J.D. Fage4, “Independência em resumo” é colocado que a


independência da África é, em muitas vezes, pensada somente atráves das condições
internas, fazendo com que, basicamente, a história da colonização fosse contada em
função de movimentos nacionalistas. Porém devemos considerar também a posição do
colonizador.

O autor distingue três momentos diferentes pelos quais se deu a colonização


dos europeus: durante as guerras mundias de 1914-1918 e 1939-1945, os efeitos da
guerra e os anos 50. Durante as guerras e a depressão econômica perdeu-se a
confiança da Europa Ocidental em sua missão colonizadora, enquanto decaiu a
capacidade do sistema colonial em se manter sobre dominação. Como resultado da
guerra, sem o apelo moral, houve a ruína desse sistema. A educação, mesmo que
essencial para o colonialismo, serviu para libertar os africanos aos poucos, realizando o
que aprenderam como benefícios para si próprios. Dessa forma nasceram os
movimentos nacionalistas e nos anos 50 não era mais possível ignorar as
reivindicações da África. Isso também se deu porque uma dominação política da África
não necessariamente eliminaria a exploração econônima feita pela Europa, ao contrário
disso, manter a dominação política pela força poderia tirar benefícios da dominação
econômica.

As duas guerras mundiais influenciaram a descolonização propriamente dita.


Houve uma necessidade de defender os blocos de assentamento do eixo ítalo-
germânico, e como resultado, a Alemanha perdeu seu território na África na primeira
guerra e a Itália na segunda guerra. Após a Segunda Guerra Mundial, começaram a
pensar em líderes políticos na África nos territórios que já haviam sido descolonizados.
Todo o nordeste da África, da Líbia até a Somália, já havia alcançado a independência

4 FAGE, J.D., Independência em Resumo. In: História da África, Lisboa: Edições 70, 1995.
do domínio estrangeiro poucos anos após a Segunda Guerra. A Argélia só saiu do jugo
francês depois de uma guerra dispendiosa.

De uma forma geral, antes dos anos 50, a quantidade de africanos das colônias
do centro e do leste que obtinham acesso a um nível elevado de educação era muito
pequena para alimentar uma atividade política permanente e elaborada. Na África
ocidental e central, na falta de organizações realmente políticas, as igrejas separatistas
serviram para mobilizar a população. Nessa região, os movimentos nacionalistas foram
mais bem-sucedidos, também por influência de ideologias internacionais de crítica ao
colonialismo (marxismo, pan-africanismo, negritude).

Até a década de 50, em geral, o número de colônias africanas na região central


e leste, que obtinha acesso a um elevado nível de educação era muito pequeno para
alimentar uma atividade política estável e elaborada. Na ausência de organizações de
fato políticas, igrejas separatistas serviram para mobilizar a população na África
ocidental e central. Os movimentos nacionalistas tiveram mais sucesso nessa região,
influenciados também por ideologias internacionais de críticas ao colonialismo como o
marxismo, o pan-africanismo, negritude.

A febre da descolonização atingiu seu ponto culminante: no continente, já tinha


alcançado a fronteira do Congo Belga, e parara no cordão sanitário dos brancos sul-
africanos – a Rodésia. Esse país passou a ser a única obrigação colonial inglesa para
com a África, e assim permaneceu até 1980. Depois de sangrentas lutas armadas, a
Frente Popular dos negros rodesianos conseguiram um princípio de um homem um
voto para as eleições no país. Chegara ao fim o período formal de controle colonial
político europeu no continente africano.

Assim, atingiu-se o ponto culminante da febre da descolonização: no


continentente, já havia sido alcançado a fronteira do Congo Belga, e parou no "cordão
sanitário" de sul-africanos brancos, a Rodésia. Esse país se tornou a única obrigação
colonial da Inglaterra para com a África, e permaneceu dessa maneira até 1980. A
Frente Popular dos negros rodesianos conseguiu então, um homem para as suas
eleições, após sangrentas lutas armadas. E, assim, chegou-se ao fim o período formal
de controle colonial político da Europa na África.
Referências Bibliográficas:

FAGE, J.D., Independência em Resumo. In: História da África, Lisboa: Edições 70,
1995.

LATOUCHE, S. (2004). Pode a África contribuir para resolver a crise do Ocidente? IV


Congresso Internacional de Estudos Africanos. Barcelona.

PEREIRA, Jose Maria Nunes. Colonislaimos, racismo, descolonização. Caderno


Cândido Mendes - Estudos Afro-Asiáticos 2. Rio de Janeiro, maio – agosto de 1978.

PEREIRA, Jose Maria Nunes.O continente africano: Perfil histórico e abordagem


geopolítica das macrorregiões. In: Bellucci, B. (org.) Introdução à História da África e
da Cultura Afro-Brasileira. Rio de Janeiro: Centro de Estudos Afro-Asiáticos-
UCAM/CCBB, 2003. P. 1

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