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Santarém, Pará
Junho de 2015
AUGUSTO RODRIGUES MAIA
Santarém, Pará
Junho de 2015
AGRADECIMENTOS
Ao todo poderoso por iluminar minhas ideias e me dar forças nos momentos difíceis.
À minha família Alcilene e minhas filhas Ana Bela e Vitória, e minha mãe Maria das Graças
pela educação, por confiar em mim e por entender que o conhecimento não pára.
Ao professor Dr. Reinaldo Pacheco Peleja pela grande amizade e orientação, suas contribuições
valiosas para o enriquecimento deste trabalho e pela busca de recursos para este sonho.
A Profa. Dra. Ynglea Goch, pelas ideias e pela força nos momentos de cansaço nas
intermináveis análises que tomaram bastante do meu tempo.
Ao Projeto ADAPTA/INPA/CNPq na pessoa responsável o prof. Dr. Adalberto Luiz Val pelo
financiamento do veículo e combustível, meu grande agradecimento.
Aos meus companheiros de guerra Rívolo Bacelar de Jesus pelas ajudas no trabalho de campo
e pelas dicas, informações e formatação deste trabalho bem como as ajudas nos fins de semana
e que o mesmo não mediu esforços para o sucesso desse trabalho e ao grande Dilailson Araújo
pelo profissionalismo nos trabalhos de campo e nas técnicas de coleta, pois sozinho eu não teria
êxito neste trabalho; foi uma aventura do outro mundo; jamais esqueceremos essa façanha de
conhecer a realidade do povo do Tapajós e a dinâmica dos rios da região...e ao amigo João Lira
pelo apoio nas horas certas e que não media esforços.
Aos pilotos de lancha mais experientes da região que já vi: Sr. Luciano (Jacareacanga), Ronaldo
Rodrigues – o Gago Doce Mel (Vila Penedo), ao Manoel Viana (Vila Mamãe Anã), e ao
Chiquinho (Vila Buburé) todos conhecedores dos pedrais perigosos do rio Tapajós.
Ao Secretário de Meio Ambiente de Jacareacanga Sr. Everton e o Sr. Monteiro da Prefeitura
Municipal de Jacareacanga pelas informações prestadas sobre a região garimpeira.
Ao ex-garimpeiro Socó de Jacareacanga – pelas informações valiosas da região garimpeira.
Ao coordenador da EMATER de Jacareacanga, o Sr. Delival, pela grandiosa ajuda em ceder a
lancha, dispor seu tempo para nos ajudar, reconhecendo a importância do trabalho.
A Sra. Zilma pela base de apoio em sua casa.
Ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Aquáticos Continentais Amazônico e na pessoa
do grande coordenador, o prof. Dr. Frank Raynner pela força e por não dificultar coisas simples
de serem resolvidas e a todos os professores das disciplinas pelos conhecimentos.
Aos colegas da turma do PPGRACAM 2013 que de alguma forma me ajudaram.
A Universidade Federal do Oeste do Pará -UFOPA pelas ajudas nas diárias de campo e por me
proporcionar o conhecimento e minha formação acadêmica.
Ao Laboratório de Biologia Ambiental da UFOPA, pela infraestrutura e equipe de trabalho que
sempre esteve perto de mim na maior parte do trabalho: Edvaldo Lemos e Flávia Lima.
Ao Laboratório de Geoinformação e Investigação Pesqueira –GISLAB na pessoa do prof. Dr.
Keid Nolan e ao grande amigo Paulo Brasil pela elaboração do Mapa e as discas valiosa.
Ao professor MSc. Manoel Bentes pelas ideias e arranjos para o laboratório.
Aos bolsista Zelva, Yuriane, Adriele e ao Ivan pelos apoios no laboratório.
A Secretária Juliane do PPGRACAM pelos encaminhamentos a coordenação.
Ao geólogo Livaldo pelas contribuições no fracionamento dos sedimentos de leito.
À SEDUC-PA através da GCVS, e da 5ª URE que me liberou para licença aprimoramento.
Ao ICMBio, pelas informações prestadas sobre a área de garimpagem.
A ao Presidente da Comunidade do Taquara – o prof. Doriedson.
E enfim quero agradecer de coração a todas as pessoas que de forma direta ou indireta
contribuíram para a realização dessa pesquisa que dará um retorno a população do Vale do
Tapajós.
RESUMO
Na bacia do Tapajós a maior parte da extração de ouro ainda é realizada de forma artesanal e
diversos impactos ambientais são provenientes da lavra garimpeira principalmente a emissão
de mercúrio para os sistemas aquáticos. Este trabalho foi realizado em outubro de 2014 na fase
das águas baixas e objetivou-se mensurar as concentrações de HgT no rio Tapajós no sentido
longitudinal, bem como a contribuição destas nas foz dos afluentes da margem esquerda como
os rios: das Tropas, Pacu, Creporí, Rato, Jamanxim e Cuparí. As amostra de sedimento foram
coletadas no leito do rio com coletor de testemunho tipo Kajac com perfil vertical de 30cm de
profundidade em 27 pontos distribuídos ao longo do canal do rio Tapajós e foz dos afluentes
supracitados em três regiões: Montante, Garimpo e Jusante e um ponto de controle totalizando
405 amostras perfiladas a cada 2cm. Paralelamente realizaram-se coletas de água para filtragem
de sedimento em suspensão e dados de variáveis limnológicas. Após esta fracionou-se as
granulometrias das amostras em fina (<63μm) e grossa (≥63μm) por peneiramento e somente
as amostras de sedimento fino, bem como os filtros contendo massa de sedimento em suspensão
foram analisados em Espectrometria de Fluorescência Atômica a Vapor Frio. Assim
considerando as médias das concentrações de HgT das camadas por região, a de Garimpo teve
uma influência significativa, sendo em 76 ƞg.g-1 (região a Montante), 826 ƞg.g-1 (região de
Garimpo) e 130 ƞg.g-1 (região a Jusante). Quando considerado as médias somente para as
camadas superficiais (0-2cm) por região não se obteve uma diferença significativa. Ao
considerar somente os locais de pontos de coleta ao longo do Tapajós e na foz dos afluentes as
concentrações de HgT variam de 56 ƞg.g-1 (Tapajós/Santarém) a 11.748 ƞg.g-1
(Tapajós/Penedo), com média de 610 ƞg.g-1. Para as camadas/perfil independente de
local/região não houve diferença significativa, mas uma leve tendência a baixas concentrações
em profundidade. Também não foram verificadas diferenças significativas entre as
concentrações médias de Hg nos sedimentos em suspensão entre as regiões com menor valor
51 ƞg.g-1 (Tapajós/Santarém) e o maior valor 749,1 ƞg.g-1 (Tapajós/Jusante Cuparí). Obteve-
se uma diferença significativa entre as médias de HgT em sedimentos de leito258 ± 192 ƞg.g-1
e as médias de HgT de sedimentos em suspensão foi de 387 ± 210 ng.g-1, sendo esta última
mais elevada. Somente os teores de HgT no sedimento em suspensão se correlacionaram com
as seguintes variáveis limnológicas: condutividade elétrica, sólidos dissolvidos totais e
transparência de Secchi. Por tanto verificou-se que as áreas com elevadas concentrações de
HgT nos sedimentos, principalmente em suspensão são de certa forma provenientes de áreas de
lavra garimpeira e que tais sólidos são transportados e decantados em zonas de sedimentação.
In the Tapajós Basin most of the gold mining is still carried out by artisanal ways, and several
environmental impacts come from this activity, mainly the mercury emission to aquatic
systems. This study was performed in October 2014 at the low water phase and aimed to
measure the THg concentrations in the Tapajós River in the longitudinal direction as well as
the contribution of the concentration of this metal at the mouths of tributaries on the left bank,
such as: das Tropas, Pacu, Creporí, Rato, Jamanxim and Cuparí. The sediment samples were
collected in the riverbed with a Kajak type witness collector with a vertical profile of 30 cm
deep, 27 points distributed along the Tapajos River channel and mouths of tributaries above, in
three regions: upstream, mining site and downstream and a control point; totaling 405 samples
profiled each 2cm. At the same time was held water sampling for filtering of the sediment
suspended, and to measure the limnological variables. It was held the granulometric fractioning
of the samples (thin <63 μm, and gross ≥63 μm) by sieving; only fine sediment samples and the
filters containing sediment suspended mass were analyzed by Cold Vapor Atomic
Fluorescence. Considering the averages of THg concentrations of the layers by region, the
mining site had a significant influence; the values were 76 ƞg.g-1 for upstream region, 826 ƞg.g-
1
on the mining site, and 130 ƞg.g-1 on downstream region. When considering the average only
of the surface layers (0-2 cm) by region, there was no significant difference. When considering
only the local collecting points along the Tapajós and at the mouths of tributaries the THg
concentrations ranged from 56 ƞg.g-1 (Tapajós/Santarém) to 11,748 ƞg.g-1 (Tapajós/Penedo),
mean 610 ƞg.g-1. For layers, regardless of location, there was no significant difference, but a
slight tendency to low concentrations in depth. Also no significant differences were found
between the average concentrations of Hg in sediments suspended between regions; the lowest
value was 51 ƞg.g-1 (Tapajós/Santarém) and the highest 749.1 ƞg.g-1 (Tapajós/downstream
Cupari). A significant difference was obtained between the mean of THg in riverbed sediments
258 ± 192 ƞg.g-1 and the mean found on suspended sediment THg 387 ± 210 ng.g-1. Only THg
levels in suspended sediment were correlated with the following limnological variables:
electrical conductivity, total dissolved solids and Secchi transparency. Therefore it was found
that the areas with high concentrations of THg on sediment, particularly in suspension, are at
some extent, from gold mining areas, and that these solids are transported and decanted into
settling zones.
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 30
A ação mecânica da água é responsável por separar as diversas granulometrias das partículas
de sedimento, constituindo um gradiente de tamanho e variando suas posições conforme a
velocidade da água (Wetzel, 1993). ...................................................................................... 53
5 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 77
Tabela 1 – Número de pontos amostrados ao longo do rio Tapajós e locais de referências das
coleta com suas respectivas coordenadas geográficas na área de estudo. ................................ 32
Tabela 2 - Valores das variáveis limnológicas por ponto de coleta no trecho estudado. (pH:
potencial Hidrogenônico; Temp.:Temperatura em graus celsius; Turb.: Turbidez; TDS: Sólidos
Totais Dissolvidos; Secchi: Transparência de Secchi; Cor: cor verdadeira da água; SS:
Concentração de Sólidos em Suspensão). ................................................................................ 40
Tabela 3 – Concentrações de Hg total sedimento de leito ([Hg]Total SL) das camadas superficiais
(0-2 cm) e das médias de 0-30cm de cada ponto de coleta. ..................................................... 57
Tabela 5 - Síntese de resultados de outros autores como base comparativa das concentrações
de Hg total. ............................................................................................................................... 63
Figura 1-Distribuição de rios de Águas claras na Amazônia com destaque para o rio Tapajós e
alguns tributários (Goulden et al., 2003) com adaptações ........................................................ 16
Figura 6 - Imagens históricas da Região da Bacia do Rio Cuparí mostrando ocupação humana
pela evidência das “espinhas de peixe” ao longo dos eixos rodoviários. Fonte: Google Earth
Pro, 2016; imagens Landsat 7. ................................................................................................. 47
Figura 7 - Atividade garimpeira no rio Creporí. Figuras A e B mostram área aberta na floresta
como ponto de garimpo; (B) mostra zona de sedimentação na curva do rio, processo de
formação de meandro; As setas em A, C e D mostram balsas atuando no leito do Creporí. Fotos:
Rodrigo Balbueno, 2012; Análises e modificações de Augusto Maia. .................................... 51
Figura 8 - Dados históricos do preço do ouro no Brasil de 1975 a 2016. Fonte: Gold Price,
2016. ......................................................................................................................................... 52
Figura 9 – Percentual em massa das frações granulométricas de sedimento de leito (SL) <63
µm e ≥63 µm ao longo do rio Tapajós e foz dos afluentes estudados. ..................................... 54
Figura 12 - Balsas tipo draga retirando sedimentos do leito do rio Tapajós: A) Montante
Jacareacanga; B) Próximo Rato; C) Penedo; D) jusante Jatobá; atenção para o detalhe da
coloração da água do rio Tapajós. Fotos: Augusto Maia, 2014. .............................................. 61
Figura 17 - Médias das concentrações de Hg total em sedimentos de leito (SL) das camadas
superficiais (0-2 cm) e de sedimento em suspensão (SS), independentes de pontos de coleta e
das Regiões Montante, Garimpo e Jusante. .............................................................................. 71
Figura 18 - Distribuição das concentrações de Hg total em sedimentos de leito (SL) (0–2cm) e
sedimento suspensão (SS) no sentido longitudinal do rio Tapajós por pontos de coleta e Regiões
Montante, Garimpo e Jusante. .................................................................................................. 72
LISTA DE ABREVIATURAS
1 INTRODUÇÃO
A mineração de ouro aluvionar nas calhas do rio Tapajós e seus afluentes vem tornando-
se uma atividade com dimensões significativas em decorrência do elevado preço do ouro no
mercado internacional. Consequentemente, impactos negativos de ordem física e química nos
sistemas aquáticos vem sendo refletidos na biota, nos sedimentos e na qualidade das águas.
A região do Tapajós sofreu intensa exploração de ouro nas décadas de 70 e 80 ficando
quase estagnada duas décadas depois (Brabo, 2010). Entretanto, anos seguintes, houve uma
retomada das atividades garimpeiras com o uso de equipamentos de alta potência como balsas
chupadeiras e dragas nos leito dos rios, bico-jatos para desmonte em baixões e retroescavadeiras
para alcançar grandes profundidades em solos marginais.
Além do lançamento de mercúrio elementar no ambiente, usado na amalgamação do
ouro Malm (1998), é possível que uma expressiva quantidade desse elemento presente no
reservatório natural do vale do Tapajós Roulet et. al., (1998b) esteja sendo transferida para as
drenagens componentes desse sistema através dos processos operacionais da garimpagem.
Estes envolvem a escavação e revolvimento de grandes toneladas de solo e sedimentos
disponibilizando o mercúrio natural para os sistemas aquáticos (Telmer et al., 2006).
Outras atividades como desmatamentos, queima de florestas e construções de barragens
para hidrelétricas são processos capazes de liberar mercúrio para natureza aumentando assim a
concentração deste elemento no ambiente (Sá et al., 2006, Kasper et al., 2014).
Sedimentos de leito e em suspensão são importantes matrizes ambientais para a
avaliação e o monitoramento de sistemas aquáticos. Eles podem apresentar uma realidade da
dimensão da contaminação nesses sistemas e são ideais para uma avaliação histórica da
contaminação por mercúrio (Hg) na região Amazônica (Silva, 1997, Vergotti et al., 2009).
A maioria das pesquisas com Hg em sedimentos na bacia do Tapajós são pontuais não
abrangendo grandes dimensões de amostragem ao longo dos rios. Poucos trabalhos foram
realizados nesse sentido como o de Silva (1997) no rio Rato e seus afluentes em área de
garimpo; e Bacelar et al., (2013) no rio Tapajós e alguns tributários em áreas de garimpo.
Este estudo tem como enfoque principal avaliar concentrações de mercúrio total em
sedimentos de leito e em suspensão ao longo do canal principal do rio Tapajós e afluentes em
regiões com e sem atividade garimpeira, no sentido de contribuir para a discussão do
comportamento hidrogeoquímico deste elemento na dinâmica dos rios.
14
Rio Tapajós e
alguns tributários
Águas claras
Figura 1-Distribuição de rios de Águas claras na Amazônia com destaque para o rio Tapajós e alguns tributários
(Goulden et al., 2003) com adaptações
Os valores de temperatura das água do rio Tapajós em zonas de Aveiro, Alter do Chão
e Itaituba oscilam entre 29 e 32 °C (HiBAm, 2004). E sgundo Bacelar et. al., (2013) a variação
da temperatura em 12 pontos de coleta ao longo do rio Tapajós na estação seca foi de 23,1 °C
próximo a cidade de Jacareacanga e 31,3 °C as proximidades da Aveiro com de média 29,1 °C.
A precipitação média anual se encontra entre 1800 e 2500 mm, inferior à da região à
montante (Juruena e Teles Pires), cujas precipitações médias encontram-se entre 2500 e 3000
mm (ELETRONORTE, 2008).
Geomorfologicamente a bacia se caracteriza pelo embasamento cristalino do Cratón
Amazônico, recoberto em suas extremidades por sedimentos da bacia sedimentar do Amazonas
ao norte e por sedimentos da bacia sedimentar do Alto Tapajós ao sul. Esta formação determina
uma menor capacidade de infiltração, o que propicia maior variação de vazões, diretamente
associadas ao regime de precipitação. As vazões no rio Tapajós variam significativamente ao
longo do ano, com valores mínimos da ordem de 2.500 m3/s na estiagem e máximos da ordem
de até 28.000 m3/s no período chuvoso. O Tapajós contribui com aporte médio em torno de
13.500 m3/s ao rio Amazonas. Os maiores deflúvios na região são registrados nos meses de
dezembro a maio, com picos em março. Já os menores deflúvios ocorrem entre junho e
novembro com vazões mínimas em setembro (ELETRONORTE, 2008). A velocidade média
das águas do Tapajós apresenta-se em torno de 0,40 m.s-1.
Freitas et al., 2014 realizaram duas campanhas no rio Tapajós, uma em 2012 e outra em
2013 e encontraram descarga mínima atingindo um fluxo instantâneo de 5.300 m3/s e 25.000
m3/s respectivamente em novembro e junho. A campanha de 2013 não refletiu o pico máximo
17
de pluviosidade, porém a coleta foi no final período chuvoso. Tal análise quantificou a vazão
média do rio Tapajós em 15.800 m3/s.
Agrupando as formas de relevo e as altimetrias associadas podem ser distinguidos 5
unidades morfoestruturais na bacia. O Planalto Rebaixado do Amazonas (Médio Amazonas),
Planalto Tapajós-Xingu, Planalto Residual Tapajós, Depressão Periférica Sul do Pará e Serras
e Chapadas do Cachimbo (ELETRONORTE, 2008).
A Bacia do rio Tapajós pode ser subdividida em 3 partes: o alto, o médio e o baixo curso
do rio Tapajós. A porção do alto Tapajós compreende desde as cabeceiras dos rios Juruena e
Teles Pires, no estado de Mato Grosso, até sua confluência, formando o rio Tapajós. O médio
Tapajós tem início nesta confluência e curso até as cachoeiras de São Luiz, próximas à cidade
de Itaituba, e incluem as sub-bacias do rio Creporí e Jamanxim, afluentes da margem direita.
Finalmente o baixo Tapajós tem cerca de 320 km no trecho que vai das cachoeiras de São Luiz
até sua foz, no rio Amazonas, que é pontilhada de ilhas cobertas por vegetação. Os últimos 100
quilômetros do seu baixo curso formam uma grande foz, onde a distância entre as margens
chega a 20 quilômetros. Antes de chegar ao rio Amazonas, próximo à cidade de Santarém-Pará,
o Tapajós se afunila num canal de cerca de 1 km de largura. Esse trecho sofre a influência da
dinâmica do despejo das águas no rio Amazonas, que provoca ondas de até quarenta
centímetros.
Os latossolos têm a maior parcela de área da bacia, correspondendo a 41%. Solos
podzólicos, em sua maioria argissolos, ocupam 29% da área da bacia, enquanto as areias
quartzosas ocupam 19%. Os solos litólicos, juntamente com os afloramentos rochosos,
respondem por um percentual relativamente elevado, correspondente a 6%. Solos
hidromórficos, aluviais e gleissolos correspondem a 2% do total, e cambissolos, solos
concrecionários e água ocupam 1% cada um (Collischonn, 2006).
Com relação as características ambientais do ponto de vista geomorfológico, a calha do
rio Tapajós está dividida em quatro segmentos bastante distintos (i) um canal que vai da
confluência dos rios Juruena e Teles Pires até a foz do rio Cururu com pequena declividade e
ocorrência da formação de bancos de areia (ii) outro entre a foz do rio Cururu e Itaituba,
rochoso, com corredeiras e diversas ilhas e formação de bancos de areia e processos erosivos
(iii) outro entre Itaituba e Aveiro, com uma sequência de ilhas e deposição de sedimentos (iv)
por último o trecho que vai de Aveiro até sua foz no rio Amazonas, chamado de ria fluvial do
Tapajós, com característica lagunar e com regime de cheias e vazões afetado pela maré e
remanso do rio Amazonas (Collischonn, 2006).
18
suavemente onduladas e vales profundos, distinguindo, entretanto, restritos platôs nos níveis de
cotas mais elevadas (Damasceno, 2001).
principal atividade econômica da região (Bezerra et al., 1998) e a mineração de ouro como a
principal fonte de mercúrio na Amazônia brasileira (Lacerda e Salomons, 1992; Pfeiffer et al.,
1993; Lacerda, 1995; Malm, 1998).
A partir da década de 80 surge a mecanização do garimpo tendo como fatores
contribuintes para esta mudança a elevação do preço do ouro no mercado internacional e
consequentemente a atração de um grande contingente populacional ligado a atividade, bem
como a exaustão dos depósitos aluvionares nas calhas de drenagens menores, forçando os
garimpeiros a direcionarem suas atividades para o leito ativo das drenagens maiores, utilizando
dragas de até 12 polegadas.
Os trabalhos realizados anteriormente com ferramentas rudimentares foram substituídos
por motores do tipo motobombas de alta pressão, tanto para a desagregação do material estéril
como do cascalho aurífero. Todo o transporte do minério até as caixas concentradoras também
passou a ser realizado com motobombas de elevada potência de sucção. Somente a
amalgamação do ouro passou a ser feita de forma rudimentar (Brabo, 2010).
Após a região do Tapajós sofrer intensa fase de exploração e processo de degradação
ambiental nas décadas de 70 e 80 a exploração ficou quase estagnada nas décadas sucessoras.
Observou-se que após tais décadas a atividade garimpeira ressurgiu com maior intensidade,
devido ao aumento do valor do grama do ouro na bolsa de valores internacional segundo
informações da mídia.
Os garimpeiros passaram a utilizar retroescavadeiras em busca de ouro em maiores
profundidades em solos ainda não explorados por falta de equipamentos adequados.
Na região do Tapajós, o ouro se encontra em depósitos secundários, nos quais a forma
de exploração se dá através dos barrancos de pequenos igarapés ou através do leito ativo dos
rios (Silva, 1997). Esta última é a forma mais comum de ser encontrada no rio Tapajós, e
consiste na extração do material aurífero que em seguida é passado por calhas acarpetadas que
retêm partículas mais pesadas que são coletadas para amalgamação com mercúrio (Lacerda e
Salomons, 1992; Bacelar et al., 2013). Esta etapa é que reside o maior risco de ocorrer a
contaminação mercurial nos corpos aquáticos, sendo considerada um dos piores perigos dentre
todos os impactos antropogênicos ao meio ambiente, pelo fato do mercúrio (Hg) ser um dos
poucos poluentes que já causou mortes em seres humanos pela ingestão de alimentos
contaminados (Lacerda e Salomons, 1992).
22
Peleja (2006) realizou um trabalho na Amazônia Central em duas microbacias com solos
distintos no intuito de investigar o papel da podzolização na dinâmica do mercúrio no solo dos
igarapés de primeira ordem. Nas bacias de drenagens de igarapés florestados, os solos
provavelmente funcionam como um sumidouro de Hg total e a magnitude de retenção desta
forma de mercúrio demonstra ser perfeitamente consistente (Peleja 2006).
Estudos em populações ribeirinhas da Bacia do Tapajós, as quais encontram a proteína
no pescado confirmaram que as maiores concentrações de mercúrio estão presentes nos peixes
carnívoros e que existe uma correlação com o tamanho dos espécimes (Bidone et al., 1997;
Brabo et al., 1999; Castilhos e Bidone, 2000; Lima et al., 2000; Passos et al., 2013).
Peleja (2002) comparou as concentrações de mercúrio na água e no plânton nas bacias
do Tapajós e Negro e observou que o pH foi a única variável que apresentou influência
significativa sobre os níveis de Hg dissolvido nos lagos dos dois sistemas. Segundo o autor, no
rio Tapajós, lagos com baixos valores de pH e condutividade apresentaram níveis de Hg mais
elevados em plâncton coletados em rede maior que 40 µm e no rio Negro lagos com baixos
valores de pH e temperatura tendem a elevar seus níveis de Hg total para a esta mesma fração
de plâncton.
O mercúrio entra na cadeia alimentar principalmente pela transformação do íon Hg2+
em metilmercúrio (MeHg ou CH3Hg+) por um processo de metilação, em que o Hg2+ recebe
um grupamento metila, sendo a forma mais comum do mercúrio encontrada na biota,
principalmente em organismos topo de cadeia alimentar. Cada forma química do Hg apresenta
uma toxicidade, sendo o metilmercúrio considerado o composto de mercúrio mais tóxico, por
ser substância neurotóxica e teratogênica, capazes de causarem danos irreversíveis (Seewt e
Zelikoff, 2001). Apesar de quantidades substanciais de Hg metálico liberada devido à atividade
de mineração de ouro, não há nenhuma evidência que este Hg tenha impactado os peixes nas
cabeceiras dos tributários do rio Tapajós (Dórea et al., 2005).
Segundo Rocha et al. (2009), sedimento é todo material não consolidado, constituído
por partículas de diferentes tamanhos, formas e composição química (compostos minerais,
restos estruturais de diversos organismos, agrotóxicos, elementos traços), as quais podem ser
transportados por meio da água, do ar ou do gelo do ambiente terrestre de origem e depositados
no fundo de lagos, rios e oceanos. O termo deriva do latim sedis, podendo ser etimologicamente
26
Depois de serem destacadas das suas superfícies, as partículas sólidas podem ser
transportadas por longas distâncias ou serem depositadas rapidamente, dependendo das
condições de fluxo do canal, do tamanho e das características de cada partícula de sedimento,
constituindo as diferentes formas de transporte. O transporte de sedimentos em suspensão
ocorre quando o fluxo hídrico tem capacidade energética de manter determinada partícula em
suspensão, ou seja, partículas finas como silte e argila são muito propensas ao transporte em
suspensão do que outros clastos, sendo mantidas em suspensão pela ação de turbulência do
fluido (Christofoletti, 1981).
Os sedimentos depositados no fundo de ambientes aquáticos constituem verdadeiros
arquivos de informação de natureza biogeoquímica, uma vez que as camadas de deposição são
temporal e sequencialmente acumuladas (Christofolelletti, 1981; Mozeto, 2007; Araújo et al.,
2008). Sendo assim esses depósitos contém materiais precipitados em grande número de
processos químicos e biológicos, sendo que a proporção entre as partículas de origem terrestre
(fontes alóctones) e as de origem interna (fontes autóctones) varia muito em diferentes
ambientes (Mozeto, 2007). Com as deposições continuadas ao longo dos anos pode forvnecer,
além de concentrações de elemento traço, uma indicação da poluição de ambientes aquáticos
através da distribuição vertical obtida com a retirada de amostras em perfis verticais (Esteves e
Camargo, 2011).
Zagatto e Bertoletti (2008) apontam que os materiais dissolvidos e particulados, de
natureza orgânica e inorgânica, ao serem inoculados em um ambiente aquático invariavelmente
se agregam, de alguma forma, através de processos de adsorção, complexação e reprecipitação,
aos particulados suspensos já presentes no meio. Geralmente decantam-se as partículas pesadas,
seguida das mais finas, passando assim a fazer parte dos sedimentos. Os sedimentos adquirindo
tais características podem causar efeito direto, resultante da bioconcentração desses
contaminantes na cadeia alimentar, via organismos bentônicos e assim consequências adversas
serão sentidas também na biota da coluna d’água devido à remobilização desses elementos
metálicos segundo Zagatto e Bertoletti (2008) e a análise dos teores de mercúrio no sedimento
é uma das formas mais utilizadas de se avaliar o grau de contaminação de um sistema aquático
(Alonso et al., 2000).
Os sedimentos desempenham uma importante função no processo de caracterização da
poluição de lagos e rios. Eles podem indicar a qualidade do sistema aquático e assim serem
usados para detectar a presença de contaminantes, pois alguns metais solúveis em água podem
sofrer hidrólise e serem inicialmente depositados em locais de pouca energia hídrica e
posteriormente eles voltam a se solubilizar pela ação de micro-organismos (Zagatto e Bertoletti,
28
2008; Rocha et al., 2009). Sendo assim a análise dos teores de mercúrio no sedimento é uma
das formas mais utilizadas de se avaliar o grau de contaminação de um sistema aquático (Marins
et al., 1998).
A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA no 454/2012,
baseada em valores do órgão canadense Canadian Council of Ministers of the Environment
estabelece diretrizes gerais e procedimentos referenciais para o gerenciamento do material a ser
dragado em ambientes aquáticos sob jurisdição nacional em dois níveis de contaminação: a)
Nível 1 (170 ɳg.g-1) (limiar abaixo do qual há menor probabilidade de efeitos adversos à biota;
b) Nível 2 (486 ɳg.g-1) (limiar acima do qual há maior probabilidade de efeitos adversos à biota).
Logo entende-se que entre os valores 170 e 486 ɳg.g-1 existe uma probabilidade de efeitos
adversos a biota aquática. Tais valores devem ser testados na biota aquática sensível da região
Amazônica, afim de se estabelecer um valor de background para esta região de diversos
sistemas complexos.
Pfeiffer et al. (1989) estabeleceram um background de 200 ɳg.g-1 de mercúrio em
sedimentos para rios amazônico não contaminados. Tal valor ainda é utilizado como linha de
base nessa matriz ambiental, mas que ainda necessita de testes ecotoxicológicos na biota para
verificar a real toxidade.
Portanto este trabalho tem por finalidade avaliar as concentrações de mercúrio total (Hg
total) nos sedimentos de leito e em suspensão no sentido longitudinal do rio Tapajós, bem como
na zona de confluências de seus tributários em regiões com e sem atividade garimpeira como
os rios das Tropas, Pacu, Creporí, Rato, Jamanxim, Cuparí e Arapiuns como rio controle, no
intuito de revelar a real situação em que se encontra as Regiões: Montante, Garimpo e Jusante
devido a carência de estudos em larga escala na região, principalmente a montante do rio
Tapajós, pois a maioria dos trabalhos nesse rio, são realizados localmente e geralmente entre
os municípios de Itaituba e Santarém, Pará. Esta pesquisa apresenta, também, análises de
variáveis limnológicas ao longo do rio e seus afluentes, contribuindo para revisões
bibliográficas no atual cenário em que se encontra a bacia do Tapajós.
Esta pode ser uma das últimas oportunidades para se estudar o rio Tapajós em condições
hidrodinâmicas naturais, porque o governo brasileiro autorizou a construção de algumas
barragens para usinas hidrelétricas, no trecho estudado. Por conseguinte, estas obras de
engenharia irão alterar a dinâmica da área, sendo potanto necessário estudos futuros para o
monitoramento das condições descritas neste trabalho, bem como o monitoramento de
parâmetros indiretos, os quais consistem nos processos de uso e ocupação do solo no âmbito da
bacia que tenham estreita relação com a qualidade das águas. Embora seja notória a influência
29
dessas atividades na qualidade das águas, a bacia do Tapajós foi pouco estudada, e a magnitude
dos impactos relacionados a esses parâmetros indiretos é desconhecida. Portanto, parâmetros
indiretos consideram apenas os efeitos potenciais dessas atividades na classificação da
qualidade da água.
Sedimentos transportados pelos rios consistem em sua maior parte de argilo-minerais e
silte, apresentando complexas interações físico-químicas com o ambiente. A complexidade
aumenta consideravelmente quando o fluxo das águas fluviais dos afluentes alcançam a zona
de mistura no rio Tapajós.
De acordo com Winterwerp e Kaesteren (2014), o sedimento é formado por material
granular que pode decantar na água por ação da gravidade. São divididos em grosseiros (areia
e seixos) e finos, sendo que os sedimentos finos são caracterizados pelo tamanho inferior a
0,062 mm, subdivididos em fração de silte (0,062 a 0,0039 mm) e fração argila (0,0039 a
0,00006 mm) contendo uma parcela significativa de argilo-minerais.
Existem dois tipos de desintegração dos sedimentos: uma física e outra química. A física
atua sobre as linhas de fratura e clivagem dos mineirais e o sedimento produzido é eletricamente
estável, apolar, ou não coesivo, sendo composto por silte, areia, grânulos e seixos. Já a
desintegração química atua sobre a estrutura cristalina dos minerais, rompendo as ligações
químicas e gerando um sedimento eletricamente carregado, polar, ou coesivo, caracterizado
como argilas.
Regiões de clima tropical e vegetação bem desenvolvida geram resíduos sedimentares
principalmente por decomposição química, grande parte do sedimento fino originado é
transportado principalmente em suspensão pelos rios. E mesmo em condições de baixa energia,
velocidades baixas são capazes de fornecer turbulência necessária para manter sedimentos finos
em suspensão.
Floculação é um processo dinâmico e depende das taxas de agregação e desagregação
de sedimentos. A agregação de partículas por colisões reduz o número destas possibilitando
aumento do diâmetro médio dos agregados.
A força da gravidade e a tensão de cisalhamento são os principais fatores que atuam
sobre a dinâmica fluvial. A tensão de cisalhamento é decisiva para iniciar o movimento de
partículas pequenas, enquanto que a velocidade do fluxo tem maior influência no carreamento
das partículas menores. Os sedimentos transportados por um acorpo d’água, sejam eles
dissolvidos, em suspenssão ou de fundo, são produtos das interações entre a massa líquida em
movimento, a superfície do canal fluvial e os diferentes tipos de sedimentos transportados
(Christofoletti, 1981).
30
2 OBJETIVOS
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado na bacia do médio e baixo rio Tapajós, ao longo do canal
principal, e na foz de seis de seus afluentes da margem direita: Tropas, Pacu, Creporí, Rato,
Jamanxim e Cuparí e de um afluente da margem esquerda (rio Arapiuns – rio controle) no
período de 25 de outubro a 4 de novembro de 2014 na fase das águas baixas do regime fluvial.
A figura 2 mostra a área de estudo com os pontos de coleta ao longo do rio Tapajós de forma
generalizada, sem menores detalhes, devido à dimensão da pesquisa.
Tabela 1 – Número de pontos amostrados ao longo do rio Tapajós e locais de referências das
coleta com suas respectivas coordenadas geográficas na área de estudo.
N0 de pontos Rio/Local Latitude/ Longitude
1. Tapajós/Apuí 06°37'00.30"S / 58°25'14.10"W
2. Tapajós/Jacareacanga 06°14'29.28"S / 57°43'40.17"W
3. Tapajós/Montante Tropas 06°07'55.90"S / 57°38'12.40"W
4. Tropas – Foz 06°07'58.10"S / 57°37'52.00"W
5. Tapajós/Jusante Tropas 06°07'09.60"S / 57°37'24.90"W
6. Tapajós/Montante Pacu 06°06'25.70"S / 57°36'27.90"W
7. Pacu - Foz 06°06'25.70"S / 57°36'27.90"W
8. Tapajós/Jusante Pacu 06°05'57.50"S / 57°36'38.90"W
9. Tapajós/Montante Creporí 05°44'24.50"S / 57°19'22.70"W
10. Creporí - Foz 05°44'16.00"S / 57°19'00.90"W
11. Tapajós/Jusante Creporí 05°43'46.93S / 57°19'10.82"W
12. Tapajós/Penedo 05°16'09.20"S / 57°16'09.20"W
13. Tapajós/Montante Rato 05°19'36.50"S / 56°58'43.70"W
14. Rato - Foz 05°18'45.70"S / 56°56'04.70"W
15. Tapajós/Jusante Rato 05°18'42.20"S / 56°58'34,90"W
16. Tapajós/Jatobá 04°59'28.90"S / 56°46'53.20"W
17. Tapajós/Montante Jamanxim 04°45'22.80"S / 56°26'40.10"W
18. Jamanxim - Foz 04°45'38.10"S / 56°26'33.70"W
19. Tapajós/Jusante Jamanxim 04°45'18.80"S / 56°26'03.80"W
20. Tapajós/Pimental 04°22'57.00"S / 56°12'50.10"W
21. Tapajós/Fordlândia 03°51'42.30"S / 55°31'44.10"W
22. Tapajós/Montante Cuparí 03°43'36.60"S / 55°24'26.80"W
23. Cuparí - Foz 03°43'38.60"S / 55°24'07.70"W
24. Tapajós/Jusante Cuparí 03°43'06.60"S / 55°24'12.00"W
25. Tapajós/Belterra 03°10'16.20"S / 55°09'29.80"W
26. Tapajós/Santarém 02°24'26.60"S / 54°47'57.70"W
27. Arapiuns – Foz (CONTROLE) 02°18'35.60"S / 55°01'01.20"W
(𝐻 − ℎ)
𝐺= . 100
𝐿
Onde:
G = Gradiente longitudinal do rio Tapajós (%)
H= Altimetria máxima (m);
h= Altimetria mínima (m);
L= Comprimento do trecho de rio estudado (m)
Vinte e sete (27) pontos de amostragem foram considerados para a coleta de Sedimentos
de Leito (SL) e Sedimentos em Suspensão (SS) no sentido médio/baixo trecho e foz do rio
Tapajós, compreendendo uma extensão de aproximadamente 700 km. Nesta extensão foram
considerados oito (08) pontos fixos a cada 100 km no canal principal do rio Tapajós (figura 4-
A). Também foram coletados três (03) pontos de amostragem na desembocadura de seis
afluentes da margem direita do rio Tapajós (Tropas, Pacu, Creporí, Rato, Jamanxim e Cuparí),
sendo dois pontos 500 m à montante e 500 m à jusante da confluência com o rio Tapajós. Um
terceiro ponto foi coletado na foz dos afluentes a 500 m antes da confluência com o rio Tapajós
(figura 4-B). Um (01) ponto a 500 m antes da confluência do rio Arapiuns, afluente da margem
esquerda, com o Tapajós foi considerado como rio controle/background no estudo.
Em algumas situações os pontos fixos a cada 100 km ao longo do canal principal do rio
Tapajós, coincidiram com os pontos a montante e/ou jusante de confluência com os tributários.
Ao final totalizou-se um universo amostral de 26 pontos de coleta, excluindo-se o rio controle.
34
Figura 4 - (A) representa os pontos de coleta a cada 100 km de distância ao longo do Rio Tapajós; (B) pontos de
coleta 500m a montante, 500m a jusante da confluência dos afluentes com o Rio Tapajós e 500m na foz dos
afluentes antes da confluência com o rio principal; (C) coletor de sedimento tipo Kajac mostrando os detalhes dos
cortes de perfis sedimentológicos.
35
Após a obtenção dos dados das variáveis limnológicas in situ e coleta de água procedeu-
se a coleta de sedimento de leito (SL) a margem direita do rio Tapajós e dos afluentes em locais
de remanso através de um coletor de sedimento de baixa profundidade da coluna d’água (1 a
1,5 m), o qual foi construído em tubo de PVC de 86 mm de diâmetro e comprimento de 50 cm
com um anel metálico na extremidade inferior.
Extraiu-se uma coluna de 30 cm de sedimento de leito (SL) de cada ponto, e em campo,
foram seccionadas em camadas de dois em dois centímetros, sendo estas acondicionadas em
sacos plásticos de espessura grossa, previamente identificados, totalizando 15 subamostras, as
quais foram mantidas sob baixa temperatura até o momento dos procedimentos analíticos em
laboratório.
36
Onde:
CSS = Concentração de sedimentos em suspensão (mg/L)
37
Antes das filtragens retirou-se uma alíquota de água das garrafas de cada ponto de
coleta, sendo estas empregadas na mensuração da turbidez (turbidímetro de bancada marca
Policontrol®, modelo AP 2000). E outra alíquota retirada do filtrado utilizada para mesurar a
coloração verdadeira da água (analisador de cor da marca HANNA®, Modelo HI 93727).
(HCl) a 10%, secados ao ambiente, cobertos com lenços de papel para evitar a entrada de poeira
e finalmente tampados e rotulados.
finalidade de reduzir os cátions Hg2+ para a forma elementar Hg0 para posterior leitura das
concentrações de mercúrio total pelo detector.
Para a se verificar a precisão, bem como a confiabilidade do método analítico,
realizaram-se, análises das amostras do padrão internacional de sedimentos PACS-2 fornecidos
pelo National Research Council of Canada. A reprodutibilidade do método foi determinada por
leitura de 10 % das amostras em duplicata com coeficiente aceitável de desvio máximo de 10
%.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO LIMNOLÓGICA DA ÁREA DE ESTUDO
O rio Tapajós apresenta alguns afluentes que contêm água bem mais carregadas
como o rio das Tropas, Pacu, Creporí, Rato, Jamanxim e Cuparí como mostra a figura
5. A fim de entender bem a evolução das cargas sólidas e dissolvidas nas águas do rio
principal, foi importantíssimo estudar algumas características físico-químicas dos
afluentes da margem direita do rio Tapajós, bem como caracterizar as zonas de misturas
destes com as águas do rio Tapajós. E sendo a vazão das águas do rio Tapajós superiores
a de seus afluentes, este rio consegue diluir fortemente os depósitos relativamente mais
carregados em seu percurso. Essas informações associadas a climatológicas,
hidrológicas e mudanças no uso da terra na bacia de drenagem, podem mostrar uma
heterogeneidade espacial e temporal ao longo do continum geológico.
40
Figura 5- Foz dos rios: A) Pacu; B) Tropas; C) Crepori; D) Rato; E) Jamanxim; F) Cuparí. Fotos: Augusto
Maia e Rívolo Bacelar, 2014.
Os dados totais das variáveis limnológicas coletados no rio Tapajós e na foz de seus
afluentes da margem direita independentes das regiões com e sem influência de atividade
garimpeira estão expostos na tabela 2.
Tabela 2 - Valores das variáveis limnológicas por ponto de coleta no trecho estudado. (pH: potencial
Hidrogenônico; Temp.:Temperatura em graus celsius; Turb.: Turbidez; TDS: Sólidos Totais Dissolvidos;
Secchi: Transparência de Secchi; Cor: cor verdadeira da água; SS: Concentração de Sólidos em Suspensão).
Temp. Turb. Cond. TDS Secchi Cor SS
Rio/Local pH
(°C) (UNT) (μS.cm-1) (ppm) (m) (mgPt/L) (mg.L-1)
Tapajós/Apuí 6,3 31,1 2,0 8,8 5 1,95 0 1,8
Tapajós/Jacareacanga 6,9 31,1 3,7 12 5 2,08 40 2,5
Tapajós/Montante Tropas 5,9 31,4 4,0 12 5 0,80 0 7,0
Tropas – Foz 6,8 30,0 6,0 14 7 0,32 40 16,1
Tapajós/Jusante Tropas 6,4 30,6 10,3 13 6 0,59 50 5,1
Tapajós/Montante Pacu 6,4 30,6 10,3 13 6 0,59 50 5,1
Pacu – Foz 7,7 28,4 152,7 16 8 0,12 70 18
Tapajós/Jusante Pacu 6,8 30,6 15,7 14 6 0,35 30 12,4
Tapajós/Montante Creporí 6,7 30,0 70,5 12 5 0,31 90 46,1
Creporí - Foz 7,4 31,4 266,7 25 11 0,15 220 81,9
Tapajós/Jusante Creporí 7,1 31,8 324,7 25 11 0,42 230 181,5
Tapajós/Penedo 6,9 30,6 27,6 12 6 0,33 20 14,8
Tapajós/Montante Rato 5,8 30,3 46,6 12 6 0,20 30 27,6
Rato - Foz 6,3 27,9 321 23 11 0,10 293 179,8
Tapajós/Jusante Rato 6,7 29,0 197 19 9 0,33 180 147,5
41
pelas áreas de garimpo, e a cor de suas águas são aparentemente esbranquiçadas, mas na
verdade, no passado, foram rios de águas claras. O pH neutro neutro não é comum para os rios
da Amazônia, porém valores semelhantes foram verificados outrora nas águas do rio Tapajós
como 8,7 por Schmidt (1982), 7,5, por Guyot et al. (1997) e 7,4 por Viana (2009), 7,2 por Silva
(2012), sendo que 75% de suas medidas de pH em 12 meses foram pH>7,0 corroborando os
valores de alcalinidade obtidos neste trabalho. Bacelar et al. (2013) mensuraram o pH das águas
do rio Tapajós e três tributários em áreas de garimpo, concluindo uma variação de pH ácido a
neutro (6,4–7,6), com uma média em torno de 7,0 unidades, padrão semelhante ao apresentado
por estes autores nos rios afluentes do Tapajós. Somente no rio Tapajós, 85% de suas amostras
apresentaram valores entre 6,9 e 7,6 corroborando novamente os dados apresentados nesta
pesquisa. No período de chuvas na região do Tapajós Miranda et al. (2009) destacaram
excelentes correlações entre cálcio (Ca) e magnésio (Mg) (0,9819) e cálcio e estrôncio (0,9989)
nas águas do rio Tapajós, que podem estar relacionada com a geoquímica da região. Sioli (1995)
já havia afirmado que a cor esverdeada das águas do rio Tapajós é devido à presença
significativa de carbonatos. Estes elementos químicos, decorrentes dos processos de lixiviação
e intemperismos de rochas com características alcalinas, provavelmente estejam contribuindo
para uma pequena capacidade de tamponamento. Pelo contrário os baixos valores de pH
encontrados neste trabalho provavelmente estejam relacionados aos altos valores de ferro e
alumínio cerca de 2,0 vezes superior ao limite estabelecido pela Resolução do CONAMA
357/2005 encontrados por Miranda et al. (2009) nas águas da ria do rio Tapajós em frente a
cidade de Santarém no final da estação chuvosa.
A temperatura média das águas do rio Tapajós no período de águas baixas (outubro a
novembro, final da estação seca) foi de 31°C, com variação de 29°C (Tapajós/Jusante Rato) a
32,9°C (Tapajós/Fordlândia). Entre a foz dos afluentes, a média desta variável apresentou-se
menor, 30,1°C em comparação com a do rio Tapajós, obtendo-se a menor temperatura 27,9 °C
na foz do rio Rato e a maior, 31,6 °C na foz do rio Cuparí.
Dos 26 pontos de coleta ao longo do rio Tapajós e seus afluentes, com exceção do rio
Arapiuns (rio controle), foram encontradas altas temperaturas. Do total das medidas cerca de
88% estavam acima de 30 °C. As temperaturas das águas dos afluentes parece não diferenciar
das temperaturas das águas ao longo do rio Tapajós no dado período. A baixa temperatura nas
águas da foz rio Rato, provavelmente esteja relacionada a grande quantidade de sedimentos nas
águas deste tributário evitando assim a entrada de luz e a estreita largura do rio margeado por
ambiente florestado.
43
As maiores médias encontradas no presente trabalho deve-se ao regime fluvial das águas
baixas na estiagem (outubro) e maior incidência de radiação solar neste período. Sendo assim
a ocorrência de altas temperaturas na água do Tapajós é típica de região tropical em virtude da
maior intensidade de radiação incidente sobre a superfície (Esteves, 2011).
No início da estação seca (na vazante) Bacelar et al. (2013) encontraram uma variação
de 23,1 °C em frente a cidade de Jacareacanga e 31,3 °C em frente a Aveiro, obtendo uma
média 29,1 °C, enquanto a média dos três rios afluentes do rio Tapajós ficou em 26,0 °C. A
média dos valores de temperatura obtidos entre 2010 e 2011 por Silva, 2012 foi 29,5 °C, sendo
em outubro encontrado o valor de 32,0 °C, valor este próximo da média de 31,0°C encontrada
para as águas do rio Tapajós neste trabalho, sendo o maior valor encontrado 32,9°C no ponto
Tapajós/Fordlândia. Valores neste padrão foram encontrados para as zonas de Aveiro, Alter do
Chão e Itaituba oscilando entre 29 e 32°C (HiBAm, 2004).
Em relação à turbidez das águas (cor aparente) do rio Tapajós, os valores mínimos e
máximos flutuaram na ordem de 2 a 324,7 UNT encontrados nos pontos Tapajós/Apuí e
Tapajós/Jusante Creporí respectivamente, sendo a média 44,4 UNT. Já o valor mínimo para as
águas da foz dos afluentes foi 6 UNT para no rio Tropas e o máximo de 321 UNT no rio Rato,
sendo a média de turbidez dos tributários 134,3 UNT. O valor médio dessa variável para as
águas dos rios afluentes se mostrou três vezes maior que a média para as águas do rio Tapajós.
Os menores valores ocorreram nas extremidades do trecho do rio com 2,0 e 3,7 UNT nos pontos
Tapajós/Apuí e Tapajós/Santarém respectivamente.
Silva, 2012 encontrou uma média de 11 UNT nas águas do rio Tapajós próximo ao Lago
do Juá, sendo os maiores valores no período de maior pluviosidade e na foz do Tapajós, com
forte influência do rio Amazonas, Miranda et al. (2009) determinaram uma média de 76,4 UNT
confirmando que o alto valor encontrado está relacionado a forte influência das águas do rio
Amazonas nas águas do rio Tapajós. Há necessidade de considerar como efeito integrado deste
resultado, a presença dos sedimentos em suspensão advindos de áreas garimpeiras e desmatadas
a montante de sua foz, os quais contribuem para o aumento da turbidez das águas claras do rio
Tapajós. Na presente pesquisa, no ponto Tapajós/Santarém a turbidez encontrada foi de 3,7
UNT, porém este ponto localizou-se a 9 km de distância do encontro das águas dos rios Tapajós
e Amazonas, possivelmente pouca ou nenhuma influência das águas brancas sobre as águas
claras.
Bacelar et al. (2013) encontraram os maiores valores nos rios que desembocam no
Tapajós, nos quais foram obtidos valores de 46,0, 34,0 e 242,0 UNT nos rios: das Tropas, Pacu
44
e Creporí, respectivamente. Enquanto que no rio Tapajós a média encontrada foi 4,5 UNT, com
valor mínimo de 2,0 em Porto Novo e máximo de 13,0 UNT na Vila Penedo.
Neste trabalho, o maior valor de turbidez encontrado foi no ponto Tapajós/Jusante
Creporí (324,7 UNT). Exatamente no ponto Creporí - Foz o valor encontrado de 266,7 UNT se
aproximou do valor de Bacelar et al., 2013, mesmo sendo as pesquisas realizadas em épocas
diferentes. Isso deve-se ao efeito sinérgico do acúmulo de sedimentos carreados constituindo-
os numa pluma que se estende a quilômetros de distância ao longo da margem direita do Tapajós
(figura 6), bem como as operações contínuas nos garimpos na bacia do Creporí. A
aproximadamente 5 km desde a foz do rio Cuparí, as altas cargas de sedimentos em suspensão
despejadas nas águas do Tapajós formam uma grande pluma de material suspenso que sofre
espalhamento lateral e consequente diluição, margeando grandes ilhas, onde a pluma pode se
estender por mais da metade da largura do rio Tapajós no trecho impactado. Segundo Telmer
et al. (2006) a cerca de 15 km de distância da foz do Creporí, a pluma de sedimentos volta a
sofrer os processos de maior diluição nas águas do Tapajós. Essa pluma pode se estender por
dezenas a centenas de quilômetros e eventualmente se distibuindo de forma homogênea (Telmer
et al., 2006). Os cantos, ilhas, corredeiras e pedrais encarregam-se de realizar a homogeneidade
das finas partículas sobre a superfície das águas ao longo do rio Tapajós as quais são mantidas
pelo movimento browniano (deslocamento aleatório de partículas em suspensão num meio
fluido).
rio Tapajós
5km
rio Cuparí
15km
Figura 6 - Pluma de sedimento em suspensão do rio Cuparí nas águas do rio Tapajós (5 e 15 km representam
zonas de maior diluição de sedimento finos nas águas do rio Tapajós). Fonte: Google Earth Pro, 2016; imagens
Landsat 7.
Tapajós/Pimental com 20,0 UNT. Partículas finas de sedimento são importantes meios de
veiculação de mercúrio antropogênico e natural, transportando-o em suspensão a longas
distâncias das drenagens (Silva, 1997; Mascarenhas et al., 2004; Telmer et. al., 2006),
precipitando-os em áreas com reduzida cinética de correnteza, resultante da ação de barreiras
ou ainda em ilhas e adentrando em lagos marginais dos cursos hídricos.
Na foz do rio das Tropas Bacelar et al. (2013) encontraram valor turbidez 40 vezes
superior ao encontrado neste trabalho como mostra na tabela 2. O valor encontrado em outubro
de 2014 (6,0 UNT) na estiagem /águas baixas, deve-se ao fato da saída das dragas que se
encontravam no leito do rio seguindo em direção ao rio Tapajós, fixando-se a montante do
município de Jacareacanga. Provavelmente pouca atividade no leito do rio das Tropas estivesse
ocorrendo nesse período de águas baixas. Interessante que a cota fluviométrica na foz deste rio
foi bastante reduzida. Também verificou-se que o material arenoso constituía-se de uma textura
grossa como um cascalho e pouco sedimento fino como mostra o gráfico 4 mais a frente
(percentual em massa das frações granulométricas de sedimento de leito (SL) <63 µm e ≥63).
Sabe-se que a condutividade elétrica em líquidos ocorre desde que haja considerável
movimentação de partículas com cargas positivas e negativas. A média da condutividade
elétrica para as águas do rio Tapajós foi de 14,6 µS.cm-1, sendo o menor valor, 8 µS.cm-1
encontrado no ponto Tapajós/Montante Jamanxim e o maior 29,0 µS.cm-1 no ponto
Tapajós/Jusante Jamanxim. Já em relação as águas da foz dos afluentes, a média foi de 23,5
µS.cm-1 com mínima 14 µS.cm-1 no rio Tropas e máxima 43 µS.cm-1 no rio Cuparí. O elevado
valor de condutividade elétrica no rio Cuparí deve-se a alta quantidade de íons provenientes de
bacia de drenagem, pois evidências mostram que a área da bacia vem sendo impactada pelas
atividades madeireira, agropecuária e expansão urbana. A retirada do município de Aveiro e da
comunidade São Jorge, os quais estavam agregados a Floresta Nacional do Tapajós, reforçam
que processos históricos, associados a possíveis pressões decorrentes da expansão da fronteira
agrícola na região, podem ameaçar a sustentabilidade dos ecossistemas.
Para as águas da calha do rio Tapajós, Bacelar et. al. (2013), encontraram uma
condutividade elétrica média de 16,20 μS.cm-1 com mínima de 12,03 μS.cm-1 (na Vila Penedo)
e máxima de 29,57 μS.cm-1 (na Vila de São Luis). Já nos rios afluentes a média encontrada foi
de 24,37 μS.cm-1, sendo o maior valor 43,78 μS.cm-1 no rio Pacu e o menor 12,77 no rio das
Tropas. Os valores de condutividade encontrados nas águas do rio Tapajós por Bacelar et. al.,
2013 são próximos aos encontrados neste trabalho, no entanto há somente a diferença no ponto
e no período de coleta de cada trabalho. O valor encontrado por Bacelar no ponto Vila Penedo
foi aproximado do ponto Tapajós/Penedo neste trabalho: 12 μS.cm-1. Batalha et al. (2014)
46
encontraram 22 μS.cm-1 como o maior valor de condutividade na ria fluvial do Tapajós, mais
precisamente na Comunidade de São domingos na Floresta Nacional do Tapajós e este valor
está inteiramente ligado a quantidade de sólidos totais em suspensão (TDS) corroborando o alto
valor condutividade 43 μS.cm-1 para 20 ppm de TDS obtidos na foz do rio Cuparí neste trabalho,
refletindo a elevada quantidade de cargas iônicas escoadas para a calha deste tributário.
No geral, para as águas do rio Tapajós, autores anteriores como Schmidt (1982)
encontraram valores de condutividade da ordem de 13,8 μS.cm-1, Guyot et al. (1998) 15,0
μS.cm-1 e Silva (2012) 28,66 μS.cm-1. A média da condutividade elétrica obtida neste trabalho
se aproximou do valor mensurado por Guyot et al. (1998).
Em relação aos afluentes da margem direita do rio Tapajós obteve-se uma média
próxima a média realizada por Bacelar et. al., (2013). O máximo valor encontrado de 43,78
μS.cm-1 no rio Pacu são 2,7 vezes maior ao encontrado neste trabalho (ver tabela 2). Este valor
é diretamente proporcional a maior quantidade de partículas contendo cargas iônicas e o
aumento de sedimentos em suspensão, é provavelmente em consequência das atividades dre
dragagem atuando no leito do rio Pacu ou ainda a coleta de dados após determinada precipitação
nas cabeceiras dos seus afluentes.
As maiores movimentações das partículas iônicas foram encontradas nas foz dos rios
afluentes do Tapajós, sendo o maior valor de condutividade elétrica mensurada na foz do rio
Cuparí (43 μS.cm-1), Região Jusante de garimpo. O valor elevado, provavelmente, está em
consonância com a presença dos assentamentos rurais e da área urbana de Rurópolis, bem como
das atividades madeireiras e agropecuárias observadas em campo. A elevação da condutividade
elétrica nos rios afluentes alude à entrada de maiores aportes iônicos neste rios, pois a
condutividade elétrica é função da concentração dos íons presentes na coluna d’água (Esteves,
2011).
Estudos realizados pelo Ecology Brasil na Avaliação Ambiental Integrada (AAI) da
Bacia do Tapajós em 2014 mostram que os recursos hídricos do baixo Tapajós estão
conservados, porém a subbacia do rio Cuparí, (equivalente ao município de Rurópolis),
apresentou a pior qualidade das águas da bacia do Tapajós. Confirmando a forte presença de
assentamentos rurais, especialmente ao longo da Rodovia Transamazônica (BR-230),
imprimindo paisagens marcantes como as famosas “espinhas de peixe” resultantes do
desmatamento, sendo este o mais ativo da bacia, apesar das ações de contenção do processo e
da delimitação das unidades de conservação como mostra a figura 6. E ainda está prevista a
construção e operação do Complexo Hidrelétrico Cuparí Braço Oeste e Linhas de Transmissão
Associadas de acordo com o Relatório de Impacto Ambiental de 2016. A região da bacia do
47
Cuparí, área onde será realizada o empreendimento é caracterizada pela presença de vegetação
nativa, onde predominam florestas que vivem em áreas de grande incidência de chuvas. As
áreas de florestas ombrófilas densas de terra firme em terrenos mais elevados são muito
exploradas para a agricultura de subsistência e pastagens.
Além da alta condutividade elétrica na foz do rio Cuparí outros parâmetros como
turbidez, TDS e cor verdadeira foram elevados segundo a tabela 2, comparados aos do rio
Jamanxim que apresenta maior bacia de drenagem que o Cuparí e que é marcada pela presença
de garimpos e extração ilegal de madeira segundo a tabela 2.
O barramento do rio Cuparí irá promover alterações no transporte de sedimentos, que
ficarão depositados no futuro reservatório, sendo que o referido impacto não poderá ser
mitigado, mas sendo necessário o monitoramento dos sedimentos de leito e em suspensão, bem
como dos parâmetros físico-químicos, dada a sua atenção especial pelo fato das caraterísticas
encontradas neste trabalho.
Figura 2 - Imagens históricas da Região da Bacia do Rio Cuparí mostrando ocupação humana pela evidência das
“espinhas de peixe” ao longo dos eixos rodoviários. Fonte: Google Earth Pro, 2016; imagens Landsat 7.
Verifica-se na tabela 2 que os valores de condutividade elétrica, nas águas da foz dos
rios afluentes da margem esquerda do rio Tapajós, estão sempre acima dos valores de
48
Para as águas do rio Tapajós Silva (2012) encontrou na ria deste rio média de 27 mgPt/L
para a cor dessas águas, enquanto que Bacelar et al. (2013) obtiveram ao longo do rio uma
média de 18,8 mgPt/L, bem como uma média de 35 mgPt/L para as águas da foz de seus
afluentes. No presente trabalho, os valores médios determinados para as águas da calha do rio
Tapajós e águas da foz de seus afluentes foi 2,5 e 3,7 vezes superiores, respectivamente, aos
valores médios encontrados por Bacelar et al. (2013). Infere-se que esses valores,
provavelmente estejam relacionados a efeitos sinérgicos dos processos erosivos, com a
pluviosidade local, e a hidrodinâmica dos rios nos períodos de coleta.
A média das concentrações de sedimentos em suspensão nas águas do rio Tapajós ficou
na ordem de 27,8 mg.L-1, oscilando de 1,0 mg.L-1 no ponto Tapajós/Santarém a 181,5 mg.L-1
no Tapajós/Jusante Creporí já com influência das águas do rio Cuparí sobre as do Tapajós. No
que diz respeito aos valores encontrados na foz dos afluentes a média foi de 52,8 mg.L-1, tendo
seu valor mínimo de 8,7 mg.L-1 no rio Cuparí e máximo de 179,8 mg.L-1 encontrado nas águas
da foz do rio Rato, demostrando uma maior concentração comum na foz dos afluentes e na zona
de confluência.
Para as águas na calha do rio Tapajós Bacelar et al. (2013) determinou a média da
concentração comum em 4,06 mg.L-1. Este valor foi 7 vezes inferior a média encontrada no
presente trabalho. Os maiores valores encontrado por Barcelar et al. (2013) foram nas foz dos
três rios estudados: rio Pacu com 28,5 mg.L-1, rio das Tropas com 34,5 mg.L-1 e rio Crepori
com 88,5 mg.L-1. As concentrações de sedimentos nos rios Pacu e das Tropas foram
aproximadamente 2 vezes superiores as encontradas neste trabalho, demonstrando prováveis
efeitos das atividades naturais e antrópicas mais intensas nas suas bacias de drenagem. A
concentração no rio Creporí não diferenciu tanto da encontrada neste trabalho com a dos autores
em discurso: 81,9 mg.L-1 e 88,5 mg.L-1 respectivamente e que provavelmente as atividades de
maior impacto negativo como a garimpagem estreja contribuindo relativamente para alta carga
de sedimento em suspensão como mostra a figura 7. Telmer et al. (2006) haviam confirmado
que o rio Creporí apóia importantes atividades de mineração de ouro, e que a erosão física é
causada, principalmente, pelo aumento dessas operações.
As concentrações de Background dos sedimentos suspensos nas águas do rio Tapajós a
montante da pluma do rio Creporí são 7 mg.L-1. O Creporí tem concentrações de sedimento em
suspensão acima de 500 mg.L-1, mas no passado fluiu com águas claras como as do rio Tapajós
(Telmer et al., 2006) e com a intensificação da mineração, o Tapajós também passou a ser
consediderado um rio de águas brancas (Malm et al., 1995) e que contemporaneamente essa
característica ainda persiste.
51
Figura 3 - Atividade garimpeira no rio Creporí. Figuras A e B mostram área aberta na floresta como ponto de
garimpo; (B) mostra zona de sedimentação na curva do rio, processo de formação de meandro; As setas em A, C
e D mostram balsas atuando no leito do Creporí. Fotos: Rodrigo Balbueno, 2012; Análises e modificações de
Augusto Maia.
dados histórico do Gold Price (2016) demostrando uma rápida elevação do preço do metal (R$
146,00 em 22 de março de 2016), diferentemente dos anos anteriores (figura 8).
Figura 4 - Dados históricos do preço do ouro no Brasil de 1975 a 2016. Fonte: Gold Price, 2016.
O rio Arapiuns, maior tributário do rio Tapajós, localizado à margem esquerda, sem
indícios de atividades garimpeira de ouro, foi usado como um controle para efeito de
comparação com os pontos analisados na bacia do Tapajós que possuem influência pela
atividade garimpeira. Este rio possui algumas características relevantes como: águas claras e
ácidas, baixa turbidez e alta visibilidade ao disco de Secchi.
O rio Arapiuns possuem uma colaração aparentemente escura, mas na verdade possui
águas cristalinas, que somado aos baixos valores de demanda bioquímica de oxigênio – DBO e
acidez menos acentuada, além de seu baixo valor de carbônico dissolvido conforme constatado
por Cunha et al., 2011 caracterizando-o como um rio de águas claras.
Cunha et al. (2011) comentou que o rio Arapiuns seria um “falso” rio de água preta,
porém é necessário mais do que um rio aparentemente escuro para que esse seja classificado
com “rio de água preta”, no conceito proposto inicialmente por Sioli (1950).
Os valores das variáveis mensuradas nas águas da foz do rio Arapiuns estão
apresentados no final da tabela 2.
53
análise de mercúrio total, constituindo este trecho como uma zona de sedimentação com
menores velocidades de correnteza.
De forma geral encontrou-se um percentual médio de 10% em massa para fração <63µm
e 90% para a fração ≥63µm tanto para os pontos na calha do rio Tapajós quanto para os pontos
na foz de seus afluentes incluindo também o rio controle/background.
A figura 9 mostra a distribuição dos percentuais em massa das duas frações
granulométricas por ponto de coleta ao longo do rio Tapajós e os afluentes estudados.
80
60
40
20
0
Tapajós/Fordlândia
Tapajós/Pimental
Tapajós/Jacareacanga
Tapajós/Jatobá
Tapajós/Montante Rato
Tapajós/Jusante Rato
Jamanxin - Foz
Tapajós/Montante Tropas
Tapajós/Montante Pacu
Tropas - Foz
Tapajós/Jusante Tropas
Crepori - Foz
Tapajós/Montante Jamanxim
Tapajós/Apuí
Tapajós/Penedo
Pacú - Foz
Tapajós/Jusante Pacu
Tapajós/Jusante Creporí
Rato - Foz
Cuparí - Foz
Tapajós/Montante Cuparí
Tapajós/Jusante Cuparí
Tapajós/Belterra
Tapajós/Santarém
Tapajós/Jusante Jamanxim
Arapiuns (CONTROLE)
Tapajós/Montante Creporí
Figura 5 – Percentual em massa das frações granulométricas de sedimento de leito (SL) <63 µm e ≥63 µm ao
longo do rio Tapajós e foz dos afluentes estudados.
Ao analisar as concentrações médias de sedimentos finos do leito dos rios Bacelar et al.
(2013), encontrou uma média de 17,82% no Tapajós e 18,94% para os afluentes Tropas, Pacu
e Creporí. A média para os afluentes é cerca de 2 vezes superior a determinada neste trabalho,
sendo que neste deve-se levar em consideração os valores percentuais para os rios Rato,
Jamanxim e Cuparí. O alto valor de sedimento fino encontrado por este autor no faz do rio
Creporí provavelmente deva estar relacionado a localização do ponto de coleta na zona de
barramento do rio Tapajós sobre as águas do Crepori, e que pode estar havendo um elevado
teror de sedimentos finos próximo a foz deste rio. O baixo valor de sedimento fino (0,01%)
encontrado neste trabalho tanto na foz dos rios das Tropas quanto do rio Creporí, foram
55
coletados a 500 metros a montante das suas confluências, sendo tais rios com baixa
profundidade e seus sedimentos com características de areia grossa lavada. Nesses locais dos
rios no detreminado período de coleta apresentaram aproximadamente 100% de sedimento da
fração ≥63µm.
No entanto a quantidade de sedimentos em suspensão é mais elevada, principalmente
no Creporí, inferindo-se que toda a carga desses sedimentos estejam sendo transportadas na
coluna d’água ao longo do rio e quando próximo ao barramento pelo Tapajós, parte dos
sedimentos sofrem precipitação no leito do rio e parte adentrando o rio Tapajós, seguindo o
fluxo, sedimentando em áreas de remanso, bordas de ilhas, e na ria fluvial deste rio.
As maiores quantidades de sedimento em suspensão estão localizadas na Região
Garimpo, como veremos a diante, sendos os rios Cuparí e Rato os maiores contribuintes para a
descarga de semento no Tapajós. Os baixos valores de sedimentos finos no leito das foz dos
afluentes Tropas e Creporí são inversamente proporcionais aos valores de sedimentos em
suspensão demostrando que no ponto de coleta no dado período o rio não sedimenta esses
materiais sólidos. Outro fato interessante mostra que os pontos localizados no Tapajós a 500m
a montante da foz dos tributários apresentaram valores elavados na Região Garimpo,
demosntrando que as as águas dos afluentes influenciam no Tapajós pelo aporte de sedimentos
em suspensão ou pelo barramento dos tributários atuando consequentemente na redução da
velocidade de fluxo das águas do rio Tapajós. Após os rios afluentes lançarem suas águas no
Tapajós observa-se uma maior quantidade de sedimentos em suspensão que provavelmente
esses resultados possam estar ligados a um efeito cinérgico integrando sedimentos em
suspenssão dos tributários e do Tapajós advindos de outros afluentes a montante.
Ao atingir zonas de confluência, as quais encontram resistência pelo barramento do rio
com maior vazão, onde parte do materal particulado em suspensão, presente nas águas fluviais,
pode ser depositado, fazendo com que essas zonas atuem como verdadeiras barreiras
geoquímicas ao transporte de mercúrio para o Tapajós.
No tocante as concentrações médias de Hg total em sedimentos de leito (SL) somente
para as camadas primárias de 0-2cm na interface água-sedimento, não variaram
significativamente (F(2,23) = 1,1047, p = 0,34827) entre as Regiões Montante, Garimpo e Jusante
com valores de 105 ɳg.g-1, 298 ɳg.g-1 e 177 ɳg.g-1 respectivamente, como mostra a figura 10A.
Porém, considerando-se as concentrações médias de Hg total para as camadas de sedimento de
leito para o perfil de 0-30 cm para as Regiões: Montante, Garimpo e Jusante, obteve-se uma
diferença significativa entre estas (F(2, 386) = 10,644; p=0,00003), sendo os valores distribuídos
respectivamente por Região: 76 ɳg.g-1, 826 ɳg.g-1 e 130 ɳg.g-1 como se observa na figura 10B.
56
1600
[A]
1400
1200
[Hg]Total SL <63µm ng.g-1 (peso seco)
1000
800
600
400
200
1600
[B]
1400
1200
[Hg]Total SL <63µm ng.g-1 (peso seco)
1000
800
600
400
200
Tabela 3 – Concentrações de Hg total sedimento de leito ([Hg]Total SL) das camadas superficiais (0-2 cm) e das
médias de 0-30cm de cada ponto de coleta.
Rio/local [Hg]Total SL (ɳg.g-1) Média [Hg]Total SL (ɳg.g-
(0 – 2 cm) 1)
(0 – 30 cm)
Tapajós/Apuí 105 76
Tapajós/Jacareacanga 430 126
Tapajós/Montante Tropas 283 102
Tropas – Foz 144 183
Tapajós/Jusante Tropas 149 135
Tapajós/Montante Pacu 149 135
Pacu – Foz 222 186
Tapajós/Jusante Pacu 207 149
Tapajós/Montante Creporí 358 110
Creporí – Foz 255 175
Tapajós/Jusante Creporí 125 161
Tapajós/Penedo 1096 11748
Tapajós/Montante Rato 209 173
Rato – Foz 157 167
Tapajós/Jusante Rato 230 196
Tapajós/Jatobá 209 153
Tapajós/Montante Jamanxim 270 296
Jamanxim – Foz 651 469
Tapajós/Jusante Jamanxim 215 168
Tapajós/Pimental 146 103
Tapajós/Fordlândia 109 107
Tapajós/Montante Cuparí 187 129
Cuparí - Foz 369 194
Tapajós/Jusante Cuparí 256 205
Tapajós/Belterra 121 119
Tapajós/Santarém 52 56
Média 300 245 229 722
Arapiuns - Foz (CONTROLE) 105 75
possível visualizar que, dentre os tributários da margem esquerda do rio Tapajós com atividade
garimpeira, os sedimentos superfiais no leito (2cm) do rio Jamanxim apresentaram a maior
média de concentração de mercúrio total (651 ɳg.g-1), contribuindo, dentre os afluentes, com o
maior aporte de mercúrio total para o canal principal do mesmo.
Região Garimpo
3,6
Região Jusante
3,4
Log [Hg]Total SL <63µm (peso seco)
3,2
3,0
2,8
2,6
2,4
2,2
2,0
1,8
1,6
1,4
Jamanxim - Foz
Tapajós/Pimental
Tapajós/Apuí
Tapajós/Jacareacanga
Rato - Foz
Pacu - Foz
Tapajós/Jatobá
Tapajós/Fordlândia
Tapajós/Penedo
Cuparí - Foz
Tropas - Foz
Creporí - Foz
Tapajós/Belterra
Tapajós/Jusante Pacu
Tapajós/Santarém
Tapajós/Jusante Creporí
Tapajós/Jusante Jamanxim
Tapajós/Jusante Tropas
Tapajós/Montante Creporí
Tapajós/Jusante Rato
Tapajós/Jusante Cuparí
Tapajós/Montante Tropas
Tapajós/Montante Pacu
Tapajós/Montante Rato
Tapajós/Montante Cuparí
Tapajós/Montante Jamanxim
Figura 7 - Logaritmo decimal das concentrações médias de Hg total em sedimentos de leito (Log [Hg]Total SL),
por região e pontos de coleta, independente das camadas.
Roulet et al. (1998), estudando solos da bacia do rio Tapajós, identificaram a textura
dos grãos como um fator determinante das concentrações de Hg nos latossolos e podzóis da
bacia de drenagem, na qual a fração <63 μm na ordem de duas a sete vezes mais concentrada
em Hg (170 – 360 ɳg.g -1) que a fração ≥63 μm (20 – 120 ɳg.g -1). Da mesmo forma Peleja
(2007), encontrou relação semelhante em solos de drenagens localizadas em reservas
ambientais na região de Manaus no estado do Amazonas, videnciando a fração <63 μm como a
mais importante para a adsorção do metal.
Para Petrúcio e Furtado (1998) os sedimentos arenosos com granulometria ≥63 até 2mm
apresentam como característica, reduzida concentração de carbono orgânico. No presente
estudo não se optou em realizar análise de Hg total nessa granulometria, justamente por que
59
Tabela 4 - Níveis de Hg estabelecidos pela Resolução CONAMA No 454/2012 e valores médios das
concentrações de Hg total nos perfis de sedimento de 0-30cm e apenas das médias das concentrações das camadas
superficiais (0-2 cm) de cada ponto coletado.
Segundo o ENVIRONMENT CANADA (1999), nos locais onde existem níveis acima
dos recomendados pelo órgão, os organismos bentônicos estão passíveis de sofrer efeitos
biológicos adversos como fertilização reduzida, comprometimento do desenvolvimento dos
estágios iniciais de vida e até mesmo a morte. Como observado em estudos toxicológicos
realizados em Toronto Harbour, Ontario, onde ocorreu diminuição significativa da abundância
de Gastropoda e Chironomidae em ambientes acima do Nível 1 (170 ɳg.g-1) e Nível 2 (486
ng.g-1) em comparação a sedimentos que apresentavam concentrações de mercúrio abaixo dos
preconizados pelo Environment Canada e adotados pela Resolução CONAMA No 454 (2012).
A maior média de concentração de Hg total nos 30cm de sedimentos de leito foi
encontrada no canal principal do rio Tapajós (11.748 ɳg.g-1), no ponto Tapajós/Penedo
localizado próximo à Vila Penedo (município de Itaituba), uma região com intensa atividade
61
garimpeira em curso no canal do rio Tapajós, com presença de balsas dragando o leito do rio
(figura 12), produzindo o popular “arroto” que consiste no acúmulo de sedimento de areia
grossa retirada do leito do rio pelas dragas e balsas chupadeiras tendo o formato de bancos de
areia tanto no centro como nas margens dos rios. Para a camada superficial de 2cm de expessura
foi encontrado o valor 1.096 ɳg.g-1 no ponto Tapajós/Penedo.
Figura 8 - Balsas tipo draga retirando sedimentos do leito do rio Tapajós: A) Montante Jacareacanga; B) Próximo
Rato; C) Penedo; D) jusante Jatobá; atenção para o detalhe da coloração da água do rio Tapajós. Fotos: Augusto Maia,
2014.
Pfeiffer et al. (1989) defendem o valor de 200 ɳg.g-1 como concentração limiar de
referência para rios Amazônicos não contaminados, e no mesmo trabalho estes autores também
encontraram o valor 12.800 ƞg.g-1 em sedimentos de leito sob área de intensa atividade
garimpeira na região do rio Madeira. Suge-se que o valor encontrado para a Região Garimpo
no ponto Tapajós/Penedo localizado próximo à Vila Penedo seja um resultado consistente, pois
os valores se repetiram com as reanalises das 15 camadas de 2cm, demosntrando ser um valor
não anômalo. Outros valores altíssimos como 1.030 ƞg.g-1 foram encontrados rio Cadiriri,
afuente do Tapajós, por Santos e Brabo (1995), bem como 1.600 ƞg.g-1 encontrados no rio Rato,
62
também afluente do Tapajós, por Silva (1997). Logo o resultado encotrado em no ponto
Tapajós/Penedo não é surpriendente, visto que a área é bastante impactada. Segundo
informações pessoaos de Peregovich, 2015, que realizou trabalhos na área da Vila Penedo pelo
Centro de Tecnologia Mineral – CETEM, o trecho do rio Tapajós que corta a região de Penedo
é considerada uma zona de sedimentação. Verificou-se que as proximidades do ponto de coleta,
existe uma área desmatada onde consta uma pista de pouso. Cabe destacar aqui, também, que
a pluma de sedimentos em suspenssão do rio Creporí percorre sobre o ponto de coleta localizada
a margem direita do rio Tapajós e isso também pode ter gerado um efeito sinérgico local pelo
enorme acúmulo de cargas de mercúrio adsorvidas as finas partículas decantadas no leito do rio
Tapajós formando camadas de sedimentos com mercúrio não percolado em um tempo hábil.
Ainda na Região Garimpo observou-se que, próximo a município de Jacarecanga, há
uma grande concentração de mercúrio no ponto Tapajós/Jacarecanga para camada de 2cm (430
ƞg.g-1), sendo o valor classificado no nível 1 do CONAMA No 454 (2012).
Ainda que estes dados comparativos com a legislação ambiental sejam primários, há
uma grande necessidade de complementação de estudos ecotoxicológicos com organismos
testes da região do Tapajós e que tais valores tóxicos ao longo do continum do rio Tapajós,
evidenciam a possibilidade de ocorrência de toxidez e efeitos adversos ao ambiente e a saúde
humana.
A tabela 5 apresenta um panorama comparativo das concentrações de mercúrio total
aqui mensuradas com aquelas encontradas em sedimentos de leito em outros rios da região
Amazônica com e sem atividade aurífera. Nesta, é possível observar que as concentrações de
Hg total relatadas para sedimentos de regiões com influência de atividade garimpeira sempre
são mais elevadas como os encontrados por Santos e Brabo (1995) no rio Cadiriri com 1.030
ƞg.g-1, Silva (1997) no rio Rato e afluentes com 1.600 ƞg.g-1 e Pfeiffer et al. (1989) no rio
Madeira com 12.800 ƞg.g-1 corroborando-se neste estudo a atividade aurífera como sendo a
principal causa das elevadas concentrações de Hg total, principalmente nos sedimentos dos
pontos Tapajós/Penedo (canal do rio Tapajós), e nas foz do rio Jamanxim, áreas estas com
intensa atividade garimpeira.
63
Tabela 5 - Síntese de resultados de outros autores como base comparativa das concentrações de Hg total.
0--2
2--4
4--6
6--8
8--10
Camadas de sedimento (cm)
10--12
12--14
14--16
16--18
18--20
20--22
22--24
24--26
26--28
28--30
Figura 9 - Logaritmo decimal das concentrações médias de Hg total por camadas de sedimento de leito (Log
[Hg]Total SL) independente de pontos de coleta e de regiões com e sem atividade garimpeira.
65
Segundo Lima (2008), a formação das camadas verticais de sedimentos pode evidenciar
em termos absolutos o acréscimo ou decréscimo de uma determinada espécie química ao longo
do tempo, dependendo, no entanto da taxa de influxo de certo elemento químico no ambiente
precipitando-se nas camadas.
Baseado nesta premissa verificou-se que existe uma crescimento aparente das
concentrações de mercúrio total no sentido da base para o topo de perfil, sendo condicionado
ao maior e crescente conteúdo de material sedimentar adsorvente, os argilominerais. Essa
capacidade das argilas é potencializada pela associação com a matéria orgânica, evidenciando
o incremento dos valores, em contraposição aos grãos de areia, os quais possuem pouca ou
nenhuma afinidade geoquímica com o mercúrio. Todavia, não se evidenciou uma diferença
significativa entre estas camadas.
Supõem-se que os perfis compreendidos entre 12 e 30 cm tenham uma maior
composição arenosa do que argilosa, sendo que o mercúrio está sendo percolado nesta coluna
não ocorrendo grandes variações de concentrações. Essa premissa se sustenta pelo fato das
proporções de areia serem maiores que 50% que as proporções de sedimento fino (silte e argila).
Bacelar et al., (2013) não encontraram uma diferença significativa entre camadas em perfil de
0–20 cm de sedimento de leito <63µm no canal principal do rio Tapajós.
Dada a enorme quantidade de Hg dentro de muitas bacias hidrográficas e o impacto das
mudanças climáticas, que provavelmente aumentarão a erosão do solo da bacia, a transferência
de Hg e os insumos para os sistemas aquáticos dessas fontes, provavelmente permanecerão
elevados por muitas décadas (Yang et al., 2016).
Uma das formas de potencializar a avaliação longitudinal dos níveis de mercúrio total
em sedimentos de leito é incluir a análise da carga sólida em suspensão dos ambientes fluviais.
E dessa maneira, investigar possíveis vias de transporte do metal ao longo das drenagens.
Antecedente as determinações das concentrações de mercúrio nos sedimentos em
suspenssão, foram determinadas as concentrações comuns em massa por volume (mg.L-1) como
mostra a distribuição das massas por ponto de coleta e Regiões: Montante, Garimpoe Jusante
(figura 14).
66
200
Região Montante
Região Garimpo
180
Região Jusante
160
140
[SS] (mg.L-1)
120
100
80
60
40
20
0
Tapajós/Apuí
Pacu - Foz
Tapajós/Jusante Creporí
Cuparí - Foz
Creporí - Foz
Rato - Foz
Tapajós/Jatobá
Tropas - Foz
Tapajós/Penedo
Tapajós/Jusante Cuparí
Tapajós/Belterra
Tapajós/Santarém
Arapiuns (CONTROLE)
Tapajós/Jusante Tropas
Tapajós/Montante Cuparí
Tapajós/Jusante Pacu
Jamanxim - Foz
Tapajós/Jacareacanga
Tapajós/Montante Tropas
Tapajós/Jusante Jamanxim
Tapajós/Montante Creporí
Tapajós/Jusante Rato
Tapajós/Pimental
Tapajós/Fordlândia
Tapajós/Montante Jamanxim
Tapajós/Montante Pacu
Tapajós/Montante Rato
Com base nisso, as análises das concentrações de Hg total nos sedimentos em suspensão
(SS), levando-se em consideração as Regiões Montante (234 ɳg.g-1), Garimpo (396 ɳg.g-1) e
Jusante (385 ɳg.g-1) e independentemente dos pontos de coleta, não evidenciaram uma
diferença significativa (F(2, 23)=0,32201, p= 0,72790) entre tais regiões, embora ocorra uma
maior concentração de Hg total na Região Garimpo e uma leve redução das concentrações
médias na Região Jusante no sentido longitudinal do rio Tapajós, caracterizando um sistema
hidrodinâmico evidenciado na figura 15.
67
800
700
600
[Hg]Total SS ng.g-1 (peso seco)
500
400
300
200
100
0
Região Montante Região Garimpo Região Jusante
Figura 11 - Concentrações de Hg total em sedimentos em suspensão ([Hg]Total SS) dependentes das Regiões
Montante, Garimpo e Jusante e independentes dos pontos de coleta.
Região Garimpo
Região Montante
Região Jusante
800
700
[Hg]Total SS ng.g-1 (peso seco)
600
500
400
300
200
100
Jamanxim - Foz
Tapajós/Pimental
Tapajós/Apuí
Tapajós/Jacareacanga
Rato - Foz
Pacu - Foz
Tapajós/Jatobá
Tapajós/Fordlândia
Cuparí - Foz
Tropas - Foz
Creporí - Foz
Tapajós/Penedo
Tapajós/Belterra
Tapajós/Jusante Pacu
Tapajós/Santarém
Tapajós/Jusante Creporí
Tapajós/Jusante Jamanxim
Tapajós/Jusante Tropas
Tapajós/Montante Creporí
Tapajós/Jusante Rato
Tapajós/Jusante Cuparí
Tapajós/Montante Tropas
Tapajós/Montante Pacu
Tapajós/Montante Rato
Tapajós/Montante Cuparí
Tapajós/Montante Jamanxim
Figura 12 - Distribuição das concentrações de Hg total em sedimentos em suspensão ([Hg]Total SS) por pontos
de coleta e por Regiões Montante, Garimpo e Jusante
Os dados totais dos níveis de mercúrio encontrados nos sedimentos em suspensão (SS)
estão expostos na tabela 6. De modo geral o valor médio das concentrações de Hg total
encontrado em SS para o canal do rio Tapajós foi de 347,9 ƞg.g-1, apresentando a menor
concentração do metal (51,0 ɳg.g-1) no ponto extrem Tapajós/Santarém e o maior teor (749,1
ɳg.g-1) no ponto Tapajós/Jusante Cuparí localizados nas Regiões Montante e Jusante
respctivamente.
Em relação aos sedimentos em suspensão coletados na foz dos rios afluentes da margem
direita, a média geral das concentrações de Hg total encontrada foi bem maior (517,3 ɳg.g-1)
em relação a dos pontos dispostos no canal do rio Tapajós, com valor mínimo de 260,6 ɳg.g-1
e máximo de 742,8 ɳg.g-1 encontrados nas foz dos rios Creporí e Cuparí respectivamente.
69
Tabela 6 - Níveis de mercúrio total em sedimentos em suspensão ([Hg]Total SS) ao longo do gradiente
longitudinal estudado.
As altas descargas de sedimentos dos rios afluentes estão contribuindo para o transporte
de grandes quantidades de mercúrio advindos de áreas impactadas pela atividade garimpeira,
além de outras de forte impacto como desmatamento ilegal e usos sequentes. Assim
Mascarenhas et al. (2004) encontraram maiores valores de concentrações em sedimentos
suspensos na coluna da água dos rios das bacia do Acre, onde não há indícios de atividade
garimpeira. Eles concluiram que a granulometria fina em suspenssão pode adsorver e trocar
íons com a solução, tronsportando-as ao longo do corpo d’água, depositando-se em outros
sítios. Logo Han et al. (2006) também reafirmaram a significância do efeito do material
particulado suspenso sobre a distribuição do Hg nos sistemas aquáticos.
70
Salienta-se que, durante pesquisa, não foram identificados garigmpos ativos no rio
Cuparí, apesar das elevadas concentrações de Hg nos sedimentos suspensos serem
inversamente proporciais as suas concentrações de sedimentos de leito, inferindo
provavelmente a adsorção de Hg esteja sendo realizadas não só através das partículas de
argilominerais, mas também que o mercúrio esteja sendo transportado a foz do rio Cuparí e
parte do trecho do rio Tapajós pelas forma iônica e coloidal.
Segundo Atkins (2003) quando um íon migra ele carrega consigo moléculas de água de
hidratação e, como os íons pequenos são hidratados mais extensivamente do que íons grandes,
os de raio pequeno têm, na realidade, um raio hidrodinâmico grande. Assim o raio atômico do
mercúrio é relativamente pequeno, da ordem de 150 ρm o que explica essa propriedade. Com
isso há uma alta eletronegatividade comparado ao grupo dos metais alcalinos fazendo com o
Hg tenha uma grande afinidade eletrônica promovendo o processo de quimiosorção na água de
forma mais consistente.
Já a principal característica dos colóides é a sua extensa área superficial comparada a
área de um material comum. Esse enorme aumento da área significa que os efeitos de superfície
são de importância dominante na química dos sistemas dispersos (Atkins, 2003) e que os
colóides hidrofílicos incluem também os sóis metálicos. A formação de sóis em reações de
precipitação é promovida por uma pequena concentração de eletrólitos na água, caso do Cuparí,
pois íons na água tendem a neutralizar a carga elétrica nas partículas do sol, facilitando sua
coagulação.
O elemento mercúrio (Hg) tem um raio atômico pequeno com alta eletronegatividade
comparado ao grupo dos metais alcalinos. Essas propriedades fazem com que o elemento tenha
uma grande afinidade eletrônica promovendo o processo de quimiosorção na água de forma
mais consistente.
500
450
400
[Hg]Total ng.g-1 (peso seco)
350
300
250
200
150
SL SS
Figura 13 - Médias das concentrações de Hg total em sedimentos de leito (SL) das camadas superficiais (0-2 cm)
e de sedimento em suspensão (SS), independentes de pontos de coleta e das Regiões Montante, Garimpo e Jusante.
SL <63µm SS >0,45µm
1200
Região Montante
Região Garimpo
Região Jusante
1000
[Hg]Total ng.g-1 (peso seco)
800
600
400
200
0
Tapajós/Jacareacanga
Tapajós/Fordlândia
Tapajós/Apuí
Tapajós/Montante Crepori
Tapajós/Jatobá
Tapajós/Pimental
Tapajós/Belterra
Tapajós/Jusante Crepori
Tapajós/Montante Rato
Tapajós/Montante Jamanxin
Tapajós/Montante Cupari
Tapajós/Montante Tropas
Tapajós/Penedo
Tapajós/Montante Pacú
Pacú - Foz
Tapajós/Jusante Pacú
Rato - Foz
Tapajós/Jusante Rato
Tapajós/Santarém
Jamanxin - Foz
Cupari - Foz
Tapajós/Jusante Cupari
Tapajós/Jusante Tropas
Tapajós/Jusante Jamanxin
Crepori - Foz
Tropas - Foz
Figura 14 - Distribuição das concentrações de Hg total em sedimentos de leito (SL) (0–2cm) e sedimento
suspensão (SS) no sentido longitudinal do rio Tapajós por pontos de coleta e Regiões Montante, Garimpo e Jusante.
Com base nessa linha de raciocínio, a concentração média de Hg total nos sedimentos
suspensos determinadas em cada ponto de coleta, neste trabalho, foi significativamente mais
elevada que a dos sedimentos de leito, com alguns valores por ponto de coleta ultrapassando
em até três vezes o valor background de referência de 200 ɳg.g-1 para sedimentos de leitos de
rios Amazônicos, defendido por Pfeiffer et al. (1989). Somente dois pontos de coleta de
sedimento de leito obtiveram as maiores médias de concentrações de Hg do que as de
sedimentos suspensos, sendo estes Tapajós/Jacareacanga e Tapajós/Penedo, alcançando uma
razão de 2 e 6 vezes superiores as concentrações de Hg total em sedimentos suspensos
respectivamente.
Em uma pesquisa realada no encontro das águas dos rios Negro Maurice-Bourgoin et
al. (2003) chegaram a concentrações de Hg total extremamentes elevadas em material
particulado da ordem de 1130 a 2074 ɳg.g-1 sendo criticada pelos valores encontrados e que tais
valores foram superestimados como resultado de contaminação durante a amostragem ou a
manipulação das amostras. Na formação Alter do Chão, especificamente na foz do Lago Verde,
que possui desembocadura no rio Tapajós, Silva et al. (2012) determiram teores de Hg total em
material particulado resultando concentrações extremamente elevadas de 12050 a 74880 ɳg.g-
1
, sugenrindo que novos levantamentos sejam realizados para corroborar os índices alcançados
por estes autores. Somente o valor médio de concentração encontrado no ponto Tapajós/Penedo,
porém em sedimento de leito, pode corroborar o valor mínimo 12050 ɳg.g-1 encontrado por
Silva et al. (2012) sugerindo que em algumas áreas na Amazônia possam existir extremos
valores de concentração de mercúrio como foz de rios que sofrem barramento por outros rios
com maiores fluxos de velocidade, ilhas e curvas de meandros. Cabe complementar ao trabalho
de Silva e colabodores que provavelmente os igarapés que sustentam o Lago Verde possam
estar contribuindo também com a elevada carga de mercúrio adsorvido as finas partículas,
provenientes da área do entorno do lago, sujeitas a especulações imobiliárias.
A tabela 7 apresenta dados de concentração de Hg total em sedimentos em suspensão
do rio Tapajós e outras drenagens da Amazônia, bem como as concentrações encontradas nesta
estudo.
74
Tabela 7 - Comparação das concentração de Hg total em sedimentos em suspensão ([Hg]Total SS) do Tapajós
deste trabalho com outros.
Segundo Roulet et al. (1998) a maioria do Hg presente na coluna d’água do rio Tapajós
está associado a fração de finas partículas. Assim, infere-se que o Hg total dissolvido na coluna
d’água pode elevar as concentrações adsorvidas na superfície dos argilominerais suspensos,
transportando-os pelas correntes com consequente decantação em zonas de sedimentação
incluindo as ilhas no trecho acima da ria fluvial do médio Tapajós.
Tabela 8 - Matriz de correlação de (Pearson) entre a concentração de Hg total em sedimentos de leito e em suspensão com as variáveis limnológicas. Valores em destaque significam coeficiente
de correlação de Pearson significativos a nível de α< 0,05.≥≥
5 CONCLUSÕES
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