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Faculdade Pitágoras

Elleni Barbosa Lesqueves

EMENDATIO E MUTATIO LIBELLI

Guarapari/ES
2018
Tanto a Emendatio libelli quanto a Mutatio libelli são institutos próprios das
sentenças condenatórias e das decisões de pronúncia. Em ambas modalidades, o juiz
atribui tipificação diversa daquela solicitada na denúncia ou queixa.
Vale também conhecer dois princípios, aos quais estes institutos estão
ligados, que é o Princípio da consubstanciação que afirma que o réu se defende dos
fatos alegados em denúncia e queixa e não da tipificação pela qual foi enquadrado; e
o Princípio da correlação da sentença que prevê que a sentença deve adequar-se aos
fatos alegados.

Emendatio libelli
Com relação à sentença condenatória, prevista no artigo 383 do CPP, e
com relação à pronúncia, prevista no artigo 418 do CPP, a Emendatio libelli é o ato
pelo qual o juiz, não alterando a descrição dos fatos contidas na queixa-crime ou na
denúncia, delega nova definição jurídica que poderá consequentemente mudar
também a pena atribuída anteriormente.
Existem 3 formas de aplicação da Emendatio libelli:
a) Por defeito de capitulação: A sentença é proferida em conformidade
exata com o fato descrito. Contudo, o juiz reconhece que o fato narrado
se amolda a dispositivo penal diverso daquele citado na inicial.
b) Por interpretação diferente: Em análise aos fatos narrados, o juiz faz
uma interpretação diferente da que fez o MP ou o querelante quando a
tipificação dos fatos.
c) Por supressão de circunstância: A tipificação diversa atribuída se dá
pelo fato das provas produzidas não constatarem o que fora narrado.
Há uma mudança fática, porém para diminuir circunstância dos fatos
descritos.
Em Segunda Instância, a Emendatio libelli sofre limitações, tal como os
efeitos devolutivos dos recursos. Em razão da proibição da “Reformatio in pejus” e por
não haver mais recurso do MP, o tribunal não poderá piorar a situação do acusado,
aplicando-lhe uma pena mais gravosa.

Mutatio libelli
A Mutatio libelli, prevista no artigo 384 do CPP, se dá quando na instrução
do processo surgem novas provas de circunstância que não foram narradas na
denúncia ou queixa e quem alteram o fato para mais. Assim, o juiz atribui ao fato as
novas circunstâncias, permitindo que em até 5 dias o MP adite a denúncia ou queixa,
proporcionando o contraditório e ampla defesa ao acusado.
Se o MP não aditar a denúncia, o juiz encaminhará os autos para o
Procurador Geral de Justiça para que o faça. Havendo o aditamento da denúncia,
caberá ao juiz admitir ou não o aditamento e posteriormente dar continuidade ao
processo.
Admitido o aditamento, a defesa do acusado terá 5 dias também para se
manifestar.
A respeito da aplicação do instituto da Mutatio libelli em Segunda Instância,
a Súmula 453 do STF afirma que não poderá haver a aplicação do Mutatio libelli nos
tribunais. Assim, se reconhecido fato diverso em tribunais, o acusado será absolvido,
por inexistir outra alternativa.
REFERÊNCIAS

AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo penal – 9.ª ed. rev. e atual. – Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.

LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único – 6. ed. rev.,
ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2018.

PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal – 21. ed. rev., atual. e ampl. – São
Paulo: Atlas, 2017.

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