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-> Criados ao final do Estado Novo, são quatro os partidos que se destacam na cena
política brasileira:
1) Partido Trabalhista Brasileiro (PTB);
2) Partido Social Democrático (PSD);
3) União Democrática Nacional (UDN); e
4) Partido Comunista do Brasil (PCB).
5) Partido Social Progressista (PSP) – famosos em SP (Adhemar Barros).
-> Cada um destes partidos nasceu ainda sob os estertores da ditadura estadonovista; A
influência de Getúlio, para o bem ou para o mal permearia toda a experiência partidária
brasileira sob a democracia e não diminuiria com o seu desaparecimento.
1
Rodrigo Mota.
forçando o debate sobre as “Reformas de Base” que Juscelino fora capaz de congelar
em seus cinco anos de governo.
*PSD: sempre foi ao longo de todo o período o maior partido do Brasil. Partido criado
pelos interventores que tinha em Vargas seu presidente, naturalmente contou com o
amplo apoio da máquina estatal que lhe permitiu conquistar mais da metade da Câmara
Constituinte de 1946, o que lhe permitiria dispensar o apoio de todos os demais
partidos. Ainda que tenha reduzido gradualmente sua participação, manteve-se como o
partido mais relevante do Brasil. Ao contrário do PTB, sua ala ideológica era mínima. A
maior parte de seus integrantes era de políticos profissionais vinculados aos
Municípios e Estados. Era o partido dos coronéis que persistiam tendo influência
na política nacional. As cidades médias e pequenas, o campo, os latifundiários e
empresários do interior constituíam a base do PSD, o que não significa que não
tivesse influência grande também nas cidades e capitais. O modo de angariar apoio
era a velha fórmula de cargos indicados na máquina governamental pelo executivo em
troca de apoio político. Só não apoiou Café Filho (1954-55), Jânio Quadros (1961) e
João Goulart a partir de Março de 1964. Não vai aqui nenhuma causalidade automática,
mas é curioso perceber que nenhum dos três terminou seu mandato, sendo dois deles
derrubados por movimento militar. O apoio político do PSD parecia ser pré-condição
mínima de estabilidade. Até então a aliança era assimétrica do maior partido (PSD)
com o partido minoritário (PTB), que ajudou a eleger Dutra e JK, dando,
principalmente a este último condições de governabilidade que não teria sem o
apoio do trabalhismo. É curioso que ambos os presidentes do PSD governaram do
início ao fim de seu mandato, enquanto ambos os presidentes do PTB tiveram seus
mandatos encurtados por mobilização militar vinculada à UDN. A UDN tolerava
mal ou bem presidentes do PSD, com quem congregava os valores do
conservadorismo, mas não os presidentes reformistas do PTB, que procurava
desestabilizar a qualquer custo.
- Depois do suicídio então, aquilo que era uma alian- ça informal – apoio constrangido à
Dutra pelo PTB em 1945, e apoio dividido, escamoteado do PSD à Vargas em 1950 – se
torna aliança institucionalizada nas duas eleições seguintes. JK precisava
desesperadamente do apoio do PTB para vencer Juarez Távora, Adhemar de Barros e
Plínio Salgado, apresentando-se como herdeiro de Getúlio, impossível sem Jango na
chapa. Já o Marechal Lott foi o candidato por aclamação da coligação PTB-PSD,
enquanto o presidente Juscelino conspirava para uma aliança com a UDN que elegesse
Juracy Magalhães como candidato de união nacional.
- Além dos partidos o exército era a outra força, não partidária, essencial para se
compreender o período – e sua instabilidade. As mesmas correntes que dividiam a
sociedade brasileira entre nacionalistas e liberais também eram fortes no exército, com o
agravante que ambos os grupos estiveram frequentemente dispostos a pegar em armas
para fazer valer seus pontos de vista sobre o governo civil que não comungasse com
suas convicções. Acabara-se o tempo do soldado-cidadão que mobilizava seu regimento
ou seu quartel romanticamente pela pátria. Havia se imposto o modelo do soldado
corporação graças a Góis Monteiro. Agora a mobilização política do exército se
dava de modo institucionalizado por meio das chefias, dos generais e ministros.
Não houve eleição no período na qual um grande partido não indicasse um candidato
fardado. A primeira, de 1945 tinha dois. Brigadeiro Eduardo Gomes vs. General Eurico
Gaspar Dutra. Eduardo Gomes concorreu novamente contra Vargas em 1950, e Juarez
Távora contra Juscelino em 1955. Quando a UDN desistiu dos militares e resolveu
apoiar a candidatura de Jânio, foi a vez do PTB/ PSD indicar o Marechal Lott.
-> eleição bianual do Clube Militar2: O candidato vitorioso no clube militar indicava
naturalmente a tendência ideológica predominante, e o governo, claro, sempre tinha um
candidato preferido. Assim, a vitória de Estillac Leal sobre Cordeiro de Farias, antes da
posse de Vargas em 1950, tranquilizou o presidente eleito, que inclusive o nomeou seu
ministro da Guerra em 1951. Já sua derrota para Alcides Etchegoyen da Cruzada
Democrática quando tentou se reeleger era um indício de que graves problemas estavam
por vir. A Cruzada Democrática ganhou novamente em 1954, desta vez com Canrobert
Pereira – ex-ministro da Guerra do governo Dutra – e Juarez Távora, evidenciando que
as crises políticas da República quase nunca estavam desvinculadas dos quartéis. O
único governo sem revoltas militares contra o executivo foi justamente o único sob a
presidência de um militar, Eurico Gaspar Dutra3.
Governo Dutra
- O governo Dutra era um governo apartado dos anseios populares, que eram vistos com
desconfiança por uma cúpula militar anticomunista da qual o presidente era o chefe.
Reprimiu greves e interveio agressivamente no movimento sindical, se valendo das
armas autoritárias do Estado Novo para cooptar sindicalistas e fechar e proibir
2
Fundado por Deodoro em 1897.
3
José Murilo de Carvalho chama os militares de fiadores do governo.
sindicatos não vinculados ao governo -> sindicatos como instrumentos comunistas no
Brasil. O conservadorismo do governo justifica a Reforma Ministerial implementada em
1948 que incorporava a UDN ao governo.
*Batalha das cassações: julho à dezembro de 1947 -> cassação dos deputados e senador
comunistas;
-> Enquanto isso eram aprovadas leis sobre a questão da segurança do Estado e
prosseguiam as intervenções nos sindicatos dos mais variados matizes ideológicos. Mais
de duzentos sofreram intervenção e a Central Geral dos Trabalhadores Brasileiros foi
proibida de funcionar.
-> Durante os trabalhos da constituinte, sobretudo no capítulo das questões sociais eram
mantidos alguns dos dispositivos do Estado Novo que mantinham a nacionalização do
subsolo, mas não regulamentou como se dariam as concessões. Os anos seguintes
seriam anos de luta sobre essa regulamentação, sobretudo em relação ao petróleo, cuja
mobilização popular obrigou Dutra a recuar na intenção de abrir esse mercado para as
grandes empresas estrangeiras, o que contava com a simpatia do Itamaraty. O governo
Dutra havia lançado o Plano Salte cuja sigla simbolizava as prioridades do
governo (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia), mas as dificuldades de
financiar tanto interna quanto externamente as inversões necessárias para dar
conta destas prioridades fizeram com que pouco mais do que já havia sido iniciado
no Estado Novo – a inauguração da CSN, a CHESF e a Hidrelétrica do São
Francisco – fosse levado a cabo.
-> As relações bilaterais e multilaterais são marcadas pelo tom subserviente5. Quando
em 1949, o governo Dutra solicitou ajuda econômica para a manutenção e
modernização das bases no nordeste utilizadas pelos americanos na guerra, a recusa de
Washington evidenciou explicitamente que as prioridades econômicas e de segurança
do governo Truman estavam na Europa e na Ásia, e não mais na América Latina.
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4
s. O delegado brasileiro e ex-chanceler João Neves da Fontoura declarou a George Marshall que agiria
em consonância com os Estados Unidos e que faria todos os esforços para que as posições das duas
delegações convergissem sempre.
5
O governo americano recusou ainda empréstimo do Eximbank para a construção de uma refinaria de
petróleo no Brasil solicitado por uma comitiva econômica enviada aos Estados Unidos em 1946. Recusou
também empréstimo para reequipar os transportes marí- timos e terrestres do Brasil.