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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

MARANHÃO, CAMPUS SÃO LUÍS, MONTE CASTELO


DIRETORIA ACADÊMICO DE ENSINO SUPERIOR - DESU
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA – DEE
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA INDUSTRIAL

IB DA SILVA SOUZA

SOLUÇÃO PARA AFUNDAMENTOS INSTANTÂNEOS DE TENSÃO EM


PROCESSOS INDUSTRIAIS BASEADA EM CORRETOR DE SAG DINÂMICO –
DYSC®

SÃO LUIS - MA
2018
IB DA SILVA SOUZA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao


Curso de Eng. Elétrica Industrial do Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do
Maranhão, Campus São Luís – Monte Castelo,
como requisito parcial para obtenção do título de
Engenheiro Eletricista.

SOLUÇÃO PARA AFUNDAMENTOS INSTANTÂNEOS DE TENSÃO EM


PROCESSOS INDUSTRIAIS BASEADA EM CORRETOR DE SAG DINÂMICO –
DYSC®

Orientador: Prof. Msc. Eliúde Trovão Moraes

SÃO LUIS - MA
2018
IB DA SILVA SOUZA
EE 0611009-21

SOLUÇÃO PARA AFUNDAMENTOS INSTANTÂNEOS DE TENSÃO EM


PROCESSOS INDUSTRIAIS BASEADA EM CORRETOR DE SAG DINÂMICO –
DYSC®

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao


Curso de Eng. Elétrica Industrial do Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do
Maranhão, Campus São Luís – Monte Castelo,
como requisito parcial para obtenção do título de
Engenheiro Eletricista.

Orientador: Prof. Msc. Eliúde Trovão Moraes

BANCA EXAMINADORA:

Aprovado em: ___/___/2018.

______________________________________
Prof. Me. Bruno Valério Everton Costa

_______________________________________
Prof. Me. Eliúde Trovão Moraes

_______________________________________
Prof. Me. Rafael Jorge Menezes Santos
À Deus em primeiro lugar, aos amigos por todo apoio direto e
indireto, aos meus queridos pais pela paciência e compreensão, aos
meus professores e aos amigos espirituais.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado a permissão de concluir essa


jornada, aos meus pais por todo apoio, confiança e paciência, aos meus queridos
professores, em especial ao meu orientador Eliúde Trovão por todo o suporte e
motivação que me foi dado para conseguir alcançar esse objetivo. Aos meus colegas
de trabalho pelas orientações e cobrança, aos meus amigos por estarem comigo
durante toda a trajetória, à coordenação do curso de engenharia pela paciência e
apoio e ao Ifma pela oportunidade de ter vivido tudo o que me foi possível até chegar
a esse ponto final.
RESUMO

O problema de afundamento de tensão nos processos industriais é um dos


principais fatores da queda na produtividade das empresas que trabalham com
processos contínuos e por lotes. E, mesmo com a preocupação dos fabricantes de
máquinas e equipamentos em aplicar preventivamente um certo grau de tolerância
nos componentes integrados de seus equipamentos, as variáveis do processo
insistem em burlar essa linha de equilíbrio ocasionando paradas onerosas.

Há muitas soluções para estes tipos de problemas, uma das comuns é a


correção desta falha através das fontes ininterruptas de tensão (UPS), todavia estas
são pouco ou nada efetivas em casos instantâneos (Voltage sag), o que levou
especialistas de automação da Rockwell Automation a pensar diferente e
desenvolver, assim, uma nova solução baseada em bancos de capacitores conhecida
como DySC® em complemento aos métodos já existentes. Este documento é uma
contribuição à identificação dos problemas associados a afundamentos instantâneos
de tensão e a comprovação da necessidade deste método complementar na proteção
de danos aos equipamentos e impactos econômicos.

Palavras Chaves: Afundamento de Tensão, Sag, Qualidade de Energia, DySC®.


ABSTRACT

The sag voltage problem in the industrial processes is one of the main factors
of the productivity’s decrease in companies that works with continuous/batch process.
And even with the concern of machine and equipment’s manufacturers in applying
preemptively a certain degree of endurance for integrated components of their
equipments at the expense of this situation, variables urge on circumventing this
balance line, causing expensives stops.

There’s a lot of solutions for these kind of problems, most common is correcting
the fault by using Uninterruptible Power Supplies (UPS), however these are few or
nothing effectives for instant cases (Voltage Sag), leading the Rockwell Automation
experts to think out of the box and then develop a new solution based on capacitor
banks known as DySC® as complement to existing methods. This paper is a
contribution to identification of sag fault problems and proof of the necessity of this
new complementary method in protection of equipment’s damage and financial.

Key Words: Ditching Voltage, Sag, Power Quality, DySC®.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Gráfico Tensão x Tempo – Afundamento de Tensão. ................................ 21


Figura 2 - Flutuação de Tensão em um Alimentador e sua resposta na forma de onda
da tensão ocasionando o fenômeno do Flicker. ........................................................ 22
Figura 3 - Tipos de curtos-circuitos e fases envolvidas nos desligamentos da LT sob
análise. ...................................................................................................................... 25
Figura 4 Tipos de afundamento para diferentes faltas: A - Faltas FFF; B,C e D - Faltas
FT e -FF. ................................................................................................................... 25
Figura 5 - Linhas de Transmissão (LT’s) no Brasil. ................................................... 26
Figura 6 - Área de influência da localização da falta. ................................................ 26
Figura 7 - Efeitos de afundamentos conforme a impedância de falta para faltas do tipo
FFT (a), FT (b), FFFT (c). .......................................................................................... 28
Figura 8 - Curva de Tolerância CBEMA sobre sensibilidade de computadores. ....... 31
Figura 9 – Curva de tolerância ITIC sobre sensibilidade de equipamentos eletrônicos
desenvolvida a partir da curva CBEMA. .................................................................... 32
Figura 10 - a) Afundamento de Tensão temporário de magnitude 0,5p.u. b) efeito na
corrente de entrada do afundamento de tensão. c) efeito na corrente recebida pelo
motor. ........................................................................................................................ 33
Figura 11 - Curva ITIC para os Acionamentos de Velocidade Variável – AVVs. ....... 33
Figura 12 - Curva CBEMA para Contatores considerando fases inicias 0º, 45º e 90º.
.................................................................................................................................. 35
Figura 13 - Curva CBEMA para Lâmpadas de Vapor de Sódio, Vapor de Mercúrio e
Vapor metálico a afundamentos de tensão. .............................................................. 36
Figura 14 - Comportamento do Sinal quando o circuito do PLC sofre um afundamento.
.................................................................................................................................. 36
Figura 15 – Modelo de UPS Off-Line......................................................................... 40
Figura 16 - Modelo de UPS On-Line ......................................................................... 41
Figura 17 - Modelo de UPS Line Interactive. ............................................................. 42
Figura 18 - DySC® estrutura interna em modo de monitoramento. .......................... 44
Figura 19 - Comportamento dos componentes do DySC® quando acontece um
afundamento de tensão. ............................................................................................ 45
Figura 20 - Estrutura interna do Corretor de Sag Dinâmico, DySC®. ....................... 46
Figura 21 - Modelo de uma planta de indústria de semicondutores. ......................... 48
Figura 22 - Incidência de Afundamentos em 27 indústrias de semicondutores norte
americanas. ............................................................................................................... 49
Figura 23 - Usinagem de Equipamentos Críticos de Alto custo numa indústria
automotiva. ................................................................................................................ 50
Figura 24 - Setor de pintura de uma indústria automotiva. ........................................ 50
Figura 25 - Ilustração de um Processo de Extrusão de alimentos. ........................... 51
Figura 26 - Foto de Funcionário realizando manutenção em área asséptica. ........... 53
Figura 27 – Cronologia de Afundamentos de uma empresa durante o período de um
ano de amostragem. ................................................................................................. 54
Figura 28 - Gráfico de Magnitude x Duração dos eventos registrados na Figura 27. 54
Figura 27 – Gráfico dos Eventos resumindo os eventos registrados na Figura 28 por
Tensão RMS restante (esquerda) e por duração do evento (direita). ....................... 54
Figura 30 - Sinal de Entrada do Sistema Quando da Ocorrência do Afundamento de
Tensão (à direita) e Sinal corrigido pelo DySC® (à esquerda). ................................. 55
Figura 31 - Comportamento RMS da tensão que sofreu afundamento na Figura 29 e
logo abaixo sua respectiva correção com o DySC®. ................................................ 56
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Exemplo do efeito da tensão pré-falta em um sistema. ............................ 29


Tabela 2 - Tipos de Conexão de Transformador e suas características. .................. 30
Tabela 3 - Medidas Preventivas a ser implementadas para prevenir afundamentos de
tensão. ...................................................................................................................... 38
Tabela 4 - Estado dos componentes de potência no modo de monitoramento do
diagrama de blocos da Figura 18. ............................................................................. 45
Tabela 5 - Estado dos componentes de potência no modo de monitoramento do
diagrama de blocos da Figura 19. ............................................................................. 46
Tabela 6 - Possíveis danos causados por sags numa indústria de semicondutores. 64
Tabela 7 - Possíveis danos causados por sags numa indústria alimentícia. ............. 65
Tabela 8 - Possíveis danos causados por sags numa indústria automotiva. ............ 65
LISTA DE SIGLAS

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica.


CA – Corrente Alternada.
CBEMA - Computer Business Equipment Manufacturers Association (Associação
de Fabricantes de Equipamentos para Negócios de Computadores).
CC – Corrente Contínua.
DySC® – Dynamic Sag Corrector (Corretor de Sag Dinâmico).
DSP – Digital Signal Processor (Processador de Sinais Digitais).
FF – Falta Bifásica.
FT – Falta Monofásica a Terra.
FFT – Falta Bifásica a Terra.
FFF – Falta Trifásica.
FFFT – Falta Trifásica a Terra.
IEEE –Institute of Electrical and Electronic Engineers (Instituto de Engenheiros
Elétricos e Eletrônicos).
ITIC – Technology of Information Industry Curve (Curva da Industria de Tecnologia
da Informação).
LT – Linha de Transmissão.
ms – milissegundos.
NA – Normalmente Aberto.
PLC – Programable Logic Controller (Controlador Lógico Programável).
PRODIST – Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional.
QEE – Qualidade e Energia Elétrica.
ROI – Retorno de Investimento.
SDBT – Sistemas de Distribuição de Baixa Tensão.
SDMT – Sistemas de Distribuição de Média Tensão.
SDAT – Sistemas de Distribuição de Alta Tensão.
UPS – Uninterruptible Power Supply (Fonte Ininterrupta de Tensão).
VTCD – Variação de Tensão de Curta Duração.
VTLD – Variação de Tensão de Longa Duração.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14
1.1 Justificativa.................................................................................................................... 15
1.2 Objetivos ....................................................................................................................... 17
2 FUNDAMENTAÇÃO ................................................................................................ 19
2.1 Qualidade de Energia Elétrica ...................................................................................... 19
2.2 Problemas associados a Qualidade de Energia ........................................................... 20
2.2.1 A regime permanente ................................................................................................ 20
2.2.2 Transitórios/Temporários .......................................................................................... 21
2.3 O Afundamento instantâneo de tensão e os impactos no processo industrial ......... 22
2.3.1 Parâmetros de Análise do Afundamento de Tensão ................................................. 24
2.3.2 Variáveis de influência para Afundamentos de Tensão............................................. 24
a. Tipo de Falta .................................................................................................................. 24
b. Localização da Falta ....................................................................................................... 25
c. Impedância de Falta ...................................................................................................... 27
d. Tensão Pré Falta: ........................................................................................................... 28
e. Conexão dos Transformadores...................................................................................... 29
2.3.3 Sensibilidade dos equipamentos Industriais .............................................................. 30
2.3.4 Efeitos do afundamento em equipamentos Industriais ............................................. 32
a. Efeitos em Acionamentos de Velocidade Variável (AVV) .............................................. 32
b. Variações de velocidade e/ou torque dos motores de indução. .................................. 34
c. Desatracamento das bobinas de contatores e relés auxiliares. .................................... 34
d. Desligamento das lâmpadas de descarga. .................................................................... 35
e. Perda de Programação do Controlador Lógico Programável – CLP. ............................. 36
3 SOLUÇÕES ATUAIS PARA AFUNDAMENTOS INSTANTÂNEOS DE TENSÃO ................ 38
3.1 Solução por modernização de práticas e filosofia de proteção do sistema ............... 39
3.2 Soluções utilizando Fontes Ininterruptas de Tensão (UPS)......................................... 39
3.2.1 UPS Off-Line (Standby) ............................................................................................... 40
3.2.2 UPS On-Line ................................................................................................................ 41
3.2.3 UPS Line Interactive ................................................................................................... 41
4 SOLUÇÃO PARA AFUNDAMENTOS INSTANTÂNEOS DE TENSÃO COM O CORRETOR
DE SAG DINÂMICO - DYSC® ............................................................................................. 44
4.1 Importância da Solução DySC® para os segmentos industriais baseado em seu
impacto na produtividade ....................................................................................................... 47
4.1.1 Indústria de Semicondutores ..................................................................................... 48
4.1.2 Indústria Automotiva ................................................................................................. 49
4.1.3 Indústria Alimentícia .................................................................................................. 51
4.2 Estudo de Caso: Os efeitos do DySC® em atuação ...................................................... 53
5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 58
ANEXOS .......................................................................................................................... 62
A - Gráfico de Aplicabilidade de Soluções de UPS e DySC® em Qualidade de Energia ........... 62
B - Descrição Técnica das soluções de afundamento com DySC® disponíveis atualmente .... 63
C – Tabelas de Danos causados por sags nos mais diversos processos industriais e os seus
impactos. .................................................................................................................................. 64
14

1 INTRODUÇÃO

A automação surgiu como o caminho para redução da participação da “mão


humana” sobre os processos industriais (GOEKING, p. 1, 2010). Desde a criação
do Moinho Hidráulico no século X, que ocasionou um aumento na produção de
alimentos nunca observado antes, a humanidade voltava seus conhecimentos e
esforços para o desenvolvimento de novas tecnologias que desonerassem as
atividades braçais, o que culminou na revolução industrial no século XVII. Com isso,
houve um grande aumento na tecnologia de automação potencializado mais ainda
pela segunda grande guerra ocorrida no século XX.

Também pode ser visto em Goeking (2010, p. 1), que juntamente a este
crescimento tecnológico surgiram muitas empresas buscando espaço no mercado
através de suas tecnologias. E, conjuntamente, um crescimento da competitividade
que agora era medida por quem produzia mais em menos tempo, equilibrando
recursos e qualidade, em padrões cada vez mais rígidos.

Com essa evolução, uma integração massiva de componentes de circuitos


elétricos e de eletrônica de potência se instaurou no maquinário industrial e a
produtividade alcançou índices muito maiores e, com eles, a demanda de energia
elétrica para suas companhias. Contudo, o que não era esperado era que essa
coesão de componentes eletromagnéticos viesse a causar distorções no sistema
elétrico. Era preciso buscar uma forma de viabilizar a automatização do sistema com
o menor impacto possível sobre os componentes eletrônicos presentes nele.
Trazendo à tona um novo conceito muito estudado atualmente e muito importante
para a evolução e viabilidade da tecnologia atual, a Qualidade de Energia Elétrica
(QEE).

Leborgne (2003, p.1) afirma que de todos os problemas da atualidade


associados a QEE o maior desafio hoje para as indústrias, bem como
concessionárias de energia elétrica, está diretamente ligado aos problemas de
afundamento de tensão, sobretudo os instantâneos (tipo sag). E este problema
continua sendo muito atual e relevante para as concessionárias de energia e para
as indústrias, principalmente quando atuam em processos contínuos e/ou por lotes
15

devido ao impacto que estes pequenos afundamentos podem ocasionar na lógica


do seu processo.

A evolução da tecnologia no decorrer dos anos, trouxe das mais diversas


soluções para resolver as questões associadas aos problemas de afundamento de
tensão. Dentre elas a implementação de UPS na entrada dos sistemas e também a
fabricação de equipamentos com maior resiliência às variações de tensão.

Contudo, os minuciosos processos das grandes indústrias possuem variáveis


que dificultam a proteção do sistema durante o acontecimento de afundamentos
instantâneos que por acontecerem de forma aleatória e muito rápida sobre os
componentes de lógica e controle podem levar a adulterações (FILHO; ABREU e
CARVALHO, 1997) além de causar uma elevação de corrente que pode danificar
os equipamentos, afetando toda a linha de produção.

Em virtude desses efeitos danosos é necessário um suplemento para a


proteção do sistema e neste trabalho apresentamos o uso do Corretor de Sag
Dinâmico (Dynamic Sag Corrector - DySC®) como a solução para esta deficiência.

1.1 Justificativa

Com a sofisticação tecnológica, surge a necessidade dos consumidores por


um melhor índice de QEE para garantir a vida útil de seus equipamentos e
processos (BIGON, 2007). Essa necessidade, causada pelo aumento crescente da
sensibilidade dos equipamentos sofisticados acabou por induzir a energia elétrica a
ser tratada como um produto (MOREIRA, 2008) o qual deve atender a quesitos de
qualidade.

Paulilo (2013) afirma que “o termo QEE inclui uma gama de fenômenos
abrangendo áreas de interesse de sistemas de energia elétrica até problemas
relacionados a comunicação em redes de sistemas de transmissão de dados”. E,
como pode se ver em Leborgne (2003, p. 1), os afundamentos instantâneos de
tensão, mais conhecidos como “voltage sags ou voltage dips são o principal desafio
a ser enfrentado por empresas de energia, causando um número expressivo de
interrupções nos processos industriais”. O motivo é a imprevisibilidade de
16

ocorrência destes afundamentos provindos, principalmente, das linhas aéreas que


por sua extensão territorial dificultam a prevenção deste tipo de problema, se
tornando muito vulneráveis aos fenômenos da natureza e contatos acidentais
(BIGON, 2007) ficando com duração a mercê das proteções existentes no sistema
e seus ajustes (MOREIRA, 2008).

Mesmo com os fabricantes trabalhando a resiliência em seus equipamentos


a esses fenômenos as variáveis características dos processos industriais impedem
a sua efetividade (MOREIRA, 2008) sustentando assim a grande necessidade de
investimentos em pesquisas associadas aos QEE e afundamentos, para garantir a
produtividade, longevidade e otimização dos processos industriais.

Ademais, com relação aos problemas associados aos casos instantâneos a


sua atuação aleatória e muito rápida sobre os componentes de lógica e controle
(FILHO; ABREU e CARVALHO, 1997) podem ocasionar alterações imperceptíveis
aos sistemas da máquina devido ao elevado nível de interdependência e integração
das várias fases do processo, pondo em risco linhas de produção inteiras (FILHO;
ABREU e CARVALHO, 1997).
Outro problema associado aos afundamentos é, sendo a potência aparente
do sistema constante, ao reduzir o nível de tensão, v, é incidida uma corrente, i,
altíssima no sistema, matematicamente:

S = v.i, constante.
Logo se v → 0
i→∞

Ou seja, quando falamos de afundamentos instantâneos de tensão esse


evento ocorre tão rapidamente que não há tempo para que as proteções dos
sistemas da indústria atuem, impactando diretamente os equipamentos eletrônicos
que deveriam ser protegidos, causando alterações no seu funcionamento ou
mesmo queima total dos equipamentos e cargas, além das paradas produtivas,
causando enormes prejuízos.
Em suma, resolver o problema do sag é um assunto de considerável
importância para a produtividade das indústrias. Reforçado pelo fato de que, em
respeito às Variações de Tensão de Curta Duração (VTCDs), conforme citado nos
17

Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional


(PRODIST), para o Sistema de Distribuição de Baixa Tensão (SDBT) não são
estabelecidos valores de referência para VTCDs (ANEEL, 2017), ficando a
responsabilidade destes problemas na mão dos responsáveis pelas indústrias.

Ainda, o procedimento de avaliação para os Sistemas de Distribuição de


Média Tensão e Alta Tensão (SDMT e SDAT) são baseados em uma monitoração
da frequência de eventos compreendendo um período de 30 dias consecutivos
(ANEEL, 2017) enquanto Leborgne (2003, p. 98) nos mostra que:

“A monitoração deve ser feita em função das sazonalidades das causas do distúrbio.
Considerando-se que as faltas na rede de distribuição são uma das principais causas dos
afundamentos de tensão, deve-se estabelecer um período de medição que contenha a
estação onde se espera a maior ocorrência de faltas na rede. [...] Recomenda-se um ano de
período mínimo de monitoração”.

Ou seja, apesar de existir um procedimento para avaliação da qualidade da


energia do Brasil, este é insuficiente para faltas do tipo sag, logo é importante que
haja dentro da indústria a preocupação para resolver este problema tão oneroso
para sua produtividade.

Este trabalho vem, então, para esclarecer as dúvidas acerca dos problemas
associados aos afundamentos de tensão do tipo sag nos processos industriais que
os impedem de ser corrigidos através dos métodos convencionais, bem como,
oferecer soluções para as lacunas deixada pelas múltiplas variáveis associadas ao
processo e a sensibilidade dos equipamentos, utilizando-se do corretor de sag
dinâmico DySC® para resolução deste problema.

1.2 Objetivos

Objetivo Geral: Estudar as características dos afundamentos de tensão, com


ênfase nos casos instantâneos de modo a dar visibilidade a necessidade de uma
solução complementar para afundamentos de tensão do tipo sag em detrimento a
inviabilidade das soluções atuais fornecidas para estas aplicações e evidenciar as
razões pelas quais o corretor de sag dinâmico (DySC®) é a solução que faltava para
complementá-las.
18

Objetivos Específicos:

• Oferecer um conceito a QEE e sua importância.


• Ilustrar problemas associados a QEE, e caracterizá-los, enfatizando o
afundamento de tensão.
• Levantar os principais problemas associados a afundamentos instantâneos
de tensão nos processos industriais, definir suas variáveis de influência e
descrever seus efeitos.
• Descrever as variáveis características dos processos industriais que
provocam os problemas associados a afundamentos instantâneos de tensão.
• Falar sobre as soluções atuais de afundamento de tensão e os motivos que
justificam a necessidade de um método complementar para os casos
instantâneos.
• Evidenciar a Solução DySC® como solução para as lacunas deixadas pelas
soluções apresentadas.
19

2 FUNDAMENTAÇÃO

Neste capítulo iremos embasar um pouco sobre a questão da qualidade de


energia e sua importância, com foco em afundamentos de tensão e todas as variáveis
que o tornam tão crítico e importante para ser considerada uma solução específica no
processo industrial.

2.1 Qualidade de Energia Elétrica

“Qualidade de Energia diz respeito à conformidade do produto e a capacidade


do sistema elétrico de fornecer energia com tensões equilibradas e sem
deformações de forma de onda” (PAULILO, 2013). Como afirma Mehl (2002), a
questão da qualidade da energia aparece a partir do momento em que os
consumidores se tornam mais exigentes com a energia que alimenta os seus
equipamentos.

Com o aumento do consumo da tecnologia eletroeletrônica e o


desenvolvimento da automação dentro das indústrias houve, além do aumento da
demanda de energia elétrica, um aumento de conhecimento por parte dos
consumidores com relação as limitações de seus equipamentos. E, como pode ser
visto em Paulilo (2013), à medida que os consumidores tomavam conhecimento da
sensibilidade dos componentes eletrônicos de seus equipamentos à qualidade da
energia recebida e os impactos incorrentes nestes, o cenário energético se alterava.
A energia agora precisava atender a quesitos de qualidade (MOREIRA, 2008),
evidenciando a relevância da Qualidade da Energia Elétrica.

Bigon (2007, p. 4) esclarece que:

Quando se fala em energia, a satisfação do consumidor residencial está relacionada ao


tempo de interrupção, a qual é afetada com uma interrupção acima de 30 minutos, enquanto
o consumidor industrial sofre com interrupções mesmo de meio segundo, devido as perdas
nos processos industriais.

No ambiente industrial, “é necessário assegurar que estão sendo utilizados


todos os meios possíveis para garantir que os recursos investidos sejam
rentabilizados da melhor forma possível otimizando a produção em quantidade e
qualidade e evitando ao máximo as perdas” (AFONSO; MARTINS, 2003, p. 1).
20

A qualidade de energia é hoje um fator de competição entre as


concessionárias de energia (MELO, 2008, p. 16) nos grandes mercados – igual ou
maior de 3000kW - que têm a permissão de escolher o fornecedor de quem
comprarão a energia elétrica conforme a lei 9.074 (BRASIL, 1995). A seguir serão
apresentados os principais problemas associados a energia elétrica e seu
comportamento.

2.2 Problemas associados a Qualidade de Energia

Como podemos ver em Afonso e Martins (2003, P. 3) considerando a


importância crescente deste quesito:

Normas das principais organizações como a IEEE 519, a IEC 6100 e a EN 50160 limitam o nível
de distorção harmônica nas tensões com os quais os sistemas elétricos podem operar e impõem
que os novos equipamentos não introduzam na rede harmônicos de corrente de amplitude
superior a determinados valores.

Assim, todos os fenômenos associados que causarem uma distorção superior


as delimitadas pelos órgãos regulamentadores, causam os conhecidos Problemas de
qualidade de energia. Estes podem apresentar diferentes comportamentos,
classificados de acordo com a sua duração, podendo ser:

2.2.1 A regime permanente

São deformações constantes com componentes que ficam superpostas ao


sinal fundamental da rede a regime permanente e podem ser vistos principalmente
em (PAULILO, 2013):

i. Distorções de forma de onda

Harmônicos: Acontecem quando há cargas não lineares ligadas a rede elétrica


(AFONSO; MARTINS, 2003).

Inter Harmônicos: Componentes de Correntes que não estão relacionadas a


fundamental (AFONSO; MARTINS, 2003).

Ruído: Pode ser causado por equipamentos eletrônicos de potência, circuitos


de controle, equipamentos a arco, retificadores a estado sólido e fontes chaveadas.
Estão normalmente relacionados a aterramento impróprio (PAULILO, 2013).
21

ii. Desequilíbrio de tensão

Um sistema é dito desequilibrado ou assimétrico, se apresentar


simultaneamente duas das componentes de sequenciais (TEODORO, p. 19, 2005).

iii. Variações de frequência

Podem causar impacto na velocidade de rotação dos geradores que suprem o


sistema dinâmico.

2.2.2 Transitórios/Temporários

i. Variações de Tensão de Curta Duração (VTCD) ou sag/swell

Segundo a resolução do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos - IEEE


1159 (2009) definem-se os afundamentos/elevações (SAG/SWELL) como:

SAG: Diminuição na tensão de alimentação entre 10% e 90% da tensão


nominal num intervalo de meio ciclo de senóide (1 ciclo = 1/60Hz equivalente a
16,67ms) até um minuto. Um exemplo disso pode ser visto na Figura 1.

Figura 1- Gráfico Tensão x Tempo – Afundamento de Tensão.


Fonte: Menezes, 2007, p. 21.

SWELL: Aumento na tensão de alimentação num intervalo de 110% a 180%


acima da tensão nominal num intervalo de meio ciclo até um minuto.
22

ii. De Longa duração: Maior que 1 Minuto

Variações de Tensão de Longa Duração: Deformações na tensão com


intervalo superior a 1 minuto.

Notching:

Distúrbio causado pela operação normal de equipamentos de eletrônica de potência


quando a corrente é comutada de uma fase para a outra. As componentes de frequência
associadas aos notchings são altas e não podem ser medidas pelos equipamentos
normalmente usados para harmônicos (PAULILO, 2013)

Cintilação ou Flicker: É um fenômeno de desconforto visual sentido pelos


usuários de lâmpadas alimentadas por uma fonte comum à iluminação e uma carga
perturbadora (WIERDA, 20--). A resposta do Flicker na onda de tensão pode ser vista
na Figura 2.

Figura 2 - Flutuação de Tensão em um Alimentador e sua resposta na forma de onda da tensão ocasionando o
fenômeno do Flicker.
Fonte: Electric, 2013, p.1.

“O fenômeno Flicker é causado por oscilações periódicas da tensão e


geralmente não por variações instantâneas (como Sags e Swells) (ELECTRIC, 2013)”.

2.3 O Afundamento instantâneo de tensão e os impactos no processo industrial

Afonso e Martins (2003) em sua época afirmavam que a maioria das empresas
ainda não possuíam instalações elétricas preparadas para lidar com os problemas de
qualidade de energia o que tornava a situação delicada, pois “a medida que as
indústrias investiam na automatização de seus sistemas produtivos para melhorar
seus processos, mais sensíveis se tornavamm os sistemas às influências dos
distúrbios associados” (MELO, 2008).
23

É importante ressaltar que o maior desafio para as indústrias bem como


concessionárias de energia elétrica está diretamente ligado aos problemas de
afundamento de tensão (LEBORGNE, 2003). E nos últimos anos, como fica claro no
trabalho de Boschuetz (2014), o problema dos afundamentos apenas se intensificou.
Os processos se tornaram mais complexos, as paradas mais onerosas e os sistemas
muito mais sensíveis. O afundamento de tensão é conceituado da seguinte forma:

Evento em que o valor eficaz da tensão do sistema se reduz, para valores


abaixo de 90% e acima de 10% da tensão nominal de operação.

Sendo subclassificado segundo a IEEE 1149 em:

Instantâneos: duração de 0,5 a 30 ciclos.


Momentâneos: duração de 30 ciclos a 3 segundos.
Temporários: duração de 3s a 1 minuto.

Borges e Dalcol (2002) esclarecem que os acidentes, mesmo os de menor


porte, ou que envolvam apenas parte do processo, prejudicam a produtividade como
um todo em indústrias que trabalhem de forma contínua/ por lotes, devido ao elevado
nível de interdependência e integração entre as várias fases do processo.

Com a facilidade fornecida às indústrias pela automação houve um grande


aumento de produtividade ao preço de um maquinário que possui o “coração”
fundamentado nos equipamentos eletrônicos advindos dessa tecnologia tornando-
os mais susceptíveis a problemas de qualidade de energia, especialmente aos
afundamentos.

Mas, de que formas os afundamentos de tensão podem influenciar os


principais componentes e cargas presentes nos processos? Porque este tem se
tornado um objeto de tanta preocupação dos engenheiros e executivos das
indústrias, tornando-se pauta para investimentos em pesquisas acadêmicas para
solucioná-los?
24

Para esclarecer esta questão é preciso entender quais os parâmetros que


mensuram os afundamentos de tensão, quais as suas variáveis de influência e de
que forma podem influenciar os equipamentos eletrônicos de modo a causar este
impacto nos processos produtivos.

2.3.1 Parâmetros de Análise do Afundamento de Tensão

Os parâmetros utilizados para caracterizar um evento de afundamento de


tensão são a duração, a magnitude e a frequência de ocorrência. Este evento está
principalmente associado a falhas na rede elétrica (LEBORGNE, 2003; MENEZES,
2007), bem como a partida dos motores e transformadores de grande porte,
normalmente dentro da própria planta impactada pelo afundamento. Veremos a seguir
que fatores influenciam e como influenciam os afundamentos.

2.3.2 Variáveis de influência para Afundamentos de Tensão

A análise do afundamento, como pode ser vista em LEBORGNE (2003) e


MENEZES (2007), é complexa. Envolve diversos fatores dentre eles:

a. Tipo de Falta

Simétricas: Do tipo trifásicas (FFF) e trifásicas à terra (FFFT) são mais


severas, todavia com menor frequência de ocorrência.

Assimétricas: Do tipo bifásicas (FF), bifásicas a terra (FFT) e fase terra (FT),
menos severas, porém mais frequentes e desequilibrados, ou seja, “o efeito do
afundamento de tensão neste caso dependerá das componentes em sequência da
rede” (RAMOS et. al, 2009).

Fonseca e Silva (20--) mostram em seu trabalho que “para cargas trifásicas
sensíveis, o desequilíbrio entre fases e o salto de ângulo de fase são tão importantes
quanto a intensidade de um afundamento de tensão” e “como resultado disto, em
muitos casos, são usados índices de desempenho que não refletem o comportamento
real da carga”. Na Figura 3, pode ser visto o comportamento das faltas de acordo com
o tipo de Falta no Brasil para o ano de 2016. Percebe-se pela figura que em 2016,
84% das faltas foram do tipo FT e 100% foram faltas desequilibradas.
25

Figura 3 - Tipos de curtos-circuitos e fases envolvidas nos desligamentos da LT sob análise em valores
totais de eventos no período de 1 ano.
Fonte: ANEEL, 2016, p. 39.

A forma que o desequilíbrio do afundamento impacta no sistema está


diretamente ligada ao tipo de conexão que a carga possuir. Como se vê em Maia
(2011), para as faltas do tipo FT se a carga estiver em Y ela não enxergará mudanças
no afundamento (tipo B), já se a carga estiver em Delta sentirá um impacto na
amplitude além de mudança de ângulo nas fases não faltosas (tipo C), ainda se
alimentada por um transformador Delta-Y e a carga for conectada em Delta, se verá
uma queda nas 3 fases e uma fase mudando de ângulo em duas delas (tipo D). Este
comportamento é exibido graficamente na Figura 4.

Figura 4 Tipos de afundamento para diferentes faltas: A - Faltas FFF; B,C e D - Faltas FT e -FF.
Fonte: MAIA, 2011, p. 27.

b. Localização da Falta

As características da rede elétrica, especialmente nas linhas de transmissão,


aparecem como principais causadoras dos problemas associados aos afundamentos
principalmente porque a rede abrange grandes extensões territoriais (Figura 5) e sua
proteção é realizada normalmente pelos mecanismos de Teleproteção ou Proteção
por zonas (LEBORGNE, 2003).
26

Figura 5 - Linhas de Transmissão (LT’s) no Brasil.


Fonte: Aneel, 2016, p. 21.

Teleproteção: Tem como tempo de atuação a abertura e extinção da corrente


de curto circuito dos disjuntores.

Proteção por zonas: Com duas ou três zonas, uma ajustada para atuar
instantaneamente que abrange 80% da extensão da LT, as outras posteriores, com
um atraso para proteger a linha restante e oferecer proteção de retaguarda para a
linha subsequente. Dessa forma o impacto ao consumidor é minimizado. Para
entender melhor a lógica dessa proteção observe a Figura 6:

Figura 6 - Área de influência da localização da falta.


Fonte: Leborgne, 2003, p. 32.

Como pode ser visto de forma simplificada na Figura 6, o impacto de uma falta
no nível de transmissão pode afetar todos os segmentos de energia associados.
Numa rede mais complexa o risco é o mesmo, todavia, podem ser utilizadas lógicas
27

de seletividade e proteção que reduzem ao máximo possível as áreas de


vulnerabilidade em detrimento dos recursos de cada localidade.

c. Impedância de Falta

Como dito em Batista et. al. (2009) a resistência de falta costuma ser
desconsiderada devido a indisponibilidade de um programa computacional capaz de
simular diferentes faltas no sistema considerando tal impedância ou por considerar-se
a situação mais severa de curto-circuito. Todavia, em Menezes (2007) e Leborgne
(2003) pode-se ver que, para afundamentos, desprezar a impedância de falta significa
obter afundamentos mais severos, sobretudo em sistemas de distribuição onde este
é mais presente.

Os curtos circuitos no sistema normalmente ocorrem através da resistência de


falta que é constituída pela associação de (LEBORGNE, 2009):

1. Resistência do arco elétrico entre o condutor e a terra, para faltas FT;


2. Resistência do arco entre dois ou mais condutores para faltas entre fases
FF e FFF;
3. Resistência do pé de torre para defeitos englobando a terra (FT, FFT e
FFFT);
4. Resistência de contato devido à oxidação no local da falta.

Esta resistência é não linear e pode ser calculada pela fórmula de Warrigton
(LEBORGNE, 2009) todavia, estudar esta impedância não faz parte do escopo deste
trabalho. Batista et. al. (2009) realizaram simulações em seu trabalho que mostram
graficamente o efeito dos tipos de falta variando a impedância em seus equipamentos.
Observe na Figura 7.
28

(a) (b)

(c)

Figura 7 - Efeitos de afundamentos conforme a impedância de falta para faltas do tipo FFT (a), FT (b), FFFT (c).
Fonte: BATISTA et. al., 2009, p. 4.

A impedância de falta pode chegar a 70Ω, e em casos extremos a centenas de ohms


(LEBORGNE, 2009; MENEZES, 2007).

d. Tensão Pré Falta:

Para estar em conformidade com o PRODIST (ANEEL, 2017) a tensão


fornecida pelas concessionárias de energia deve estar em conformidade com a faixa
de 95% a 105% (0,95 a 1,05 p.u.). Percebe-se com isso que, apesar dos estudos de
curto-circuito utilizarem por padrão a tensão pré-falta igual 1,0 p.u., Esta premissa
dificilmente é real e isso pode trazer impactos para o sistema na ocorrência de
afundamentos de tensão.

A relevância deste contexto se dá em função de que esta tensão pré-falta pode


ser o fator diferencial entre um equipamento apresentar falta ou não. Observe a tabela
1:
29

Tabela 1 - Exemplo do efeito da tensão pré-falta em um sistema.


Situação 1 Situação 2
𝑽𝒑𝒓é−𝒇𝒂𝒍𝒕𝒂 (p.u.) 1,0 0,95
Limiar de Sensibilidade da 0,67 0,67
carga
Afundamento (∆𝑽, em p.u.) 0,32 0,32
𝑽𝒂𝒇𝒖𝒏𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 (p.u.) 0,68 0,63
Situação da Carga Permanece ativa Desliga

Seria fácil sugerir que a tensão fosse aumentada intencionalmente para evitar
este tipo de transtorno, entretanto esta prática pode resultar em sobre tensão da linha
que também pode causar prejuízos, por isso a tensão pré-falta também é algo que
precisa ser analisado de forma criteriosa.

e. Conexão dos Transformadores

O tipo de conexão dos transformadores influencia a circulação da corrente de


sequência zero pela rede. Dependendo da forma como for feita a ligação, pode ainda
introduzir um desfasamento angular de 30º (MENEZES, 2007).

Como podemos ver em Leborgne (2003) e Menezes (2007) os transformadores


podem ser enquadrados em 3 categorias. Observe a Tabela 2. Dependendo da forma
que for realizada a ligação do transformador ao sistema e da ligação a carga podemos
ter um efeito específico nos mesmos, tornando-se assim um fator essencial para
análise do afundamento.
30

Tabela 2 - Tipos de Conexão de Transformador e suas características.


Conexões Diferencial

Y-Δ

Δ-Y Filtram a componente de


Categoria 1 sequência zero da fundamental e
Y𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎𝑑𝑜 - Δ defasam as tensões primária e
secundária
Δ - Y𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎𝑑𝑜

Y-Y
Filtram a componente de
Δ- Δ sequência zero da tensão da
Categoria 2 fundamental e, são fabricados de
Y𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎𝑑𝑜 - Y modo a não introduzir
defasamento angular nas demais
Y - Y𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎𝑑𝑜 sequências.

Y𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎𝑑𝑜 - Y𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎𝑑𝑜 Não filtram as componentes de


Categoria 3 sequência zero e não introduzem
Y𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎𝑑𝑜 -Δ- Y𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎𝑑𝑜 defasamento angular.
Fonte: Menezes, 2007.

2.3.3 Sensibilidade dos equipamentos Industriais

Após compreender os elementos que mais podem influenciar nos efeitos do


afundamento de tensão é preciso compreender de que forma estes impactam as
atividades do maquinário chegando ao limite de causar falhas de processo e até
mesmo paradas operacionais.

Maia (2011) afirma que a sensibilidade da carga do consumidor é uma combinação


da sensibilidade dos equipamentos eletroeletrônicos instalados com a sensibilidade
do processo industrial. Em se tratando de afundamentos instantâneos no consumo
residencial o impacto é menos significante e acaba sendo desprezado. Entretanto,
isso não pode ocorrer para consumidores industriais que pela sensibilidade de seus
equipamentos e efeitos de adulterações nestes, mesmo em curto período de tempo,
causam impacto considerável em seu processo conforme explicado por Borges e
Dalcol (2002) no item 2.2.

Todavia, observar a sensibilidade de cada processo individualmente é algo


muito complexo de mensurar e difícil de prever, podendo fazer o processo se tornar
31

muito caro e demorado. Deste modo, o que é feito é a análise de como os


equipamentos associados ao processo recebem estas alterações e como reagem,
assim, torna-se possível encontrar soluções que possam mitigar os grandes prejuízos
causados por este contexto.

Leborgne (2003) mostra em seu trabalho que “a representação clássica da


tolerância das cargas frente a afundamentos é realizada através de uma curva cujos
eixos representam a intensidade e duração dos afundamentos de tensão”. Estas
curvas estão apresentadas na norma IEEE-446.

A Associação de Fabricantes de Equipamentos para Negócios de


Computadores (Computer Business Equipment Manufacturers Association –
CBEMA) criou originalmente uma curva para “descrever a sensibilidade dos
computadores mainframe” (LEBORGNE, 2008). O objetivo era identificar as
condições “saudáveis” para os computadores frente aos problemas associados a
qualidade de energia. Na Figura 8 é apresentado um modelo desta curva.

Figura 8 - Curva de Tolerância CBEMA sobre sensibilidade de computadores.


Fonte: LEBORGNE, 2003, p. 88.

As regiões descritas na Figura 8 são definidas da seguinte forma


(LEBORGNE, 2003):

Região A: Região de Imunidade.


Região B: Região de Susceptibilidade, aqui há a possiblidade de Ruptura
da isolação dos equipamentos (perda de hardware).
32

Região C: Região de Sensibilidade, podendo haver paradas de operação


dos equipamentos em virtude de afundamentos de tensão ou
interrupções momentâneas.

Em 1994, a curva CBEMA foi modificada a fim de acomodar mais


adequadamente, a diversidade dos modernos dispositivos eletrônicos. Esta curva é a
ITIC (MENEZES, 2007) e está apresentada na Figura 9.

Figura 9 – Curva de tolerância ITIC sobre sensibilidade de equipamentos eletrônicos desenvolvida a partir da
curva CBEMA.
Fonte: MENEZES, 2007, p. 38.

A seguir serão apresentados os principais equipamentos afetados pelos


afundamentos de tensão, suas características e de que forma estes podem
influenciar no processo produtivo como um todo.

2.3.4 Efeitos do afundamento em equipamentos Industriais

a. Efeitos em Acionamentos de Velocidade Variável (AVV)

Os AVVs englobam equipamentos essenciais e de grande complexidade nos


processos industriais, como inversores e conversores de frequência. Devido a sua
estrutura eletroeletrônica e sistema de controle (MOREIRA, 2008), a sensibilidade do
acionador é determinada, principalmente, pelo seu esquema de proteção interna e
respectivos ajustes.

Essa sensibilidade, como afirmam Fonseca e Silva (20--), está relacionada


principalmente ao aumento da corrente no barramento CC e respectiva atuação da
proteção. Observe na Figura 10 o efeito da corrente durante um afundamento
temporário de magnitude 0,5p.u e na Figura 11 o comportamento deste AVV
conforme sua curva ITIC.
33

(a)

(b) (c)

Figura 10 - a) Afundamento de Tensão temporário de magnitude 0,5p.u. b) efeito na corrente de entrada do


afundamento de tensão. c) efeito na corrente recebida pelo motor.
Fonte: Leão; Oliveira; Rodrigues, 2002, p. 53-54.

Outra característica importante a se considerar sobre os AVVs é que os


acionamentos de corrente contínua (CC) normalmente são mais sensíveis que os
acionamentos de corrente alternada (CA) (Leborgne, 2003). Isso acontece porque os
acionamentos CC são desprovidos de dispositivos de armazenamento de energia e
seu sistema de comando bloqueia o disparo da ponte controlada devido ao
desequilíbrio dos módulos e assimetria dos ângulos detectados nos fasores da tensão
(Leborgne, 2003).

Figura 11 - Curva ITIC para os Acionamentos de Velocidade Variável – AVVs.


Fonte: Leborgne, 2003, p. 80.
34

Alguns fabricantes pensando numa forma de compensar os afundamentos


utilizam além dos critérios de atuação das proteções algoritmos para manter a
potência de saída conhecidos como “ride through” e para acelerar a rotação do motor
em giro livre até um determinado referencial conhecida por “flying start”, esta utilizada
comumente em conjunto com a anterior.
.
b. Variações de velocidade e/ou torque dos motores de indução.

Outro efeito que pode causar grandes transtornos é a variação da velocidade


dos motores. A diminuição do torque é proporcional ao quadrado da diminuição da
tensão nos terminais do motor.

Desse modo, em se tratando de afundamentos de tensão pode haver o


desligamento do motor se a perda de velocidade ocasionada pelo afundamento torna-
la insuficiente para ser reacelarada quando houver o reestabelecimento da
alimentação. Lembrando que, as correntes demandadas para reaceleração dos
motores irão, ainda, gerar um retardo na recuperação do sistema.

Além dos problemas com o sistema em si, os afundamentos dependendo da


sua intensidade causam desgastes nos motores que, podem ser equivalentes a uma
partida direta (LEBORGNE, 2003) reduzindo assim a vida útil do equipamento.

c. Desatracamento das bobinas de contatores e relés auxiliares.

Como se sabe contatores e relés são os principais componentes utilizados nos


circuitos de força e comando dos motores utilizados nos processos industriais. São
eles que efetivam os comandos enviados pelos controladores e, caso entrem em
falha, podem causar alterações no processo produtivo, paradas e até mesmo
acidentes.

Observe a curva CBEMA sobre o desatracamento de contatores/relés na


Figura 12.
35

Figura 12 - Curva CBEMA para Contatores considerando fases inicias 0º, 45º e 90º.
Adaptado de: Sainz; Pedra; Córcoles, 2002, p. 569.

Construtivamente falando, contatores são normalmente associados a relés de


proteção que atuam de modo a garantir a segurança de pessoas e equipamentos. O
problema é, quando ocorre a falha, qualquer carga alimentada pelo contator será
automaticamente desconectada. Isso ocorre porque a maioria dos contatores
vendidos atualmente é por padrão do tipo Normalmente Aberto (NA) e, por uma
questão de evitar um risco para a carga que está sendo controlada os relés não
religam o contator quando a tensão é reestabelecida. O que impacta fortemente as
empresas devido ao impacto na produção.

d. Desligamento das lâmpadas de descarga.

A falha desses componentes não produz efeitos diretos na produção. Todavia,


a falta de iluminação pode colocar em segurança a vida das pessoas que trabalham
em ambientes industriais. Ainda, lâmpadas que funcionam a vapor de sódio e
mercúrio em ambientes com grandes aglomerações de pessoas, podem causar um
grande risco às pessoas, como shopping centers ou aeroportos, logo é preciso ter
bastante cuidado em se tratando deste tipo de problema de afundamento.

Na Figura 13 pode-se observar a curva de sensibilidade de alguns modelos de


lâmpadas.
36

Figura 13 - Curva CBEMA para Lâmpadas de Vapor de Sódio, Vapor de Mercúrio e Vapor metálico a
afundamentos de tensão.
Fonte: Leborgne, 2003, p.102.

e. Perda de Programação do Controlador Lógico Programável – CLP.

Os controladores lógicos programáveis (CLPs), largamente utilizados nas


indústrias que buscam otimizar seus processos produtivos é um exemplo claro do
aumento da sensibilidade dos equipamentos à qualidade de energia. Como pode se
ver em Li et. al. (2016) quando os PLCs mais antigos sofriam afundamentos da ordem
de menos de 0,1p.u. eles ainda conseguiam segurar o seu funcionamento por 15
ciclos, os PLCs mais modernos, com maior integração de componentes já desligam
com afundamentos que sejam inferiores a 0,5p.u. e com saídas menores do que 0.8
p.u. já podem ocorrer perturbações nas suas saídas. Observe a Figura 14.

Figura 14 - Comportamento do Sinal quando o circuito do PLC sofre um afundamento.


Adaptado de: Li et. al., 2016, p. 497.

A partir do momento em que ocorrer o afundamento, o capacitor C1 da Figura


14 irá descarregar e prover a energia que não está sendo fornecida para o lado DC
37

devido ao afundamento, neste caso o sistema fica suscetível a capacitância do


capacitor.

É importante também ressaltar que, assim com todos os outros equipamentos


submetidos ao sag, os PLCs também sofrem com as elevadas correntes causadas
pelos afundamentos podendo causar danos e queima do equipamento.

Sabendo a importância destes equipamentos para os processos produtivos,


visto que normalmente controlam a maioria ou todas as ações de controle e
segurança associadas, uma falha de qualquer magnitude pode ser um grande
problema, seja ele de parada produtiva, segurança ou mesmo condições anômalas
para lotes inteiros dependendo do tipo de indústria.

As organizações regulamentadoras sugerem que se padronizem os


equipamentos com a tolerância pelo menos equivalente a apresentada na curva
CBEMA utilizada para computadores, já apresentada na Figura 8.

A gama de efeitos que os afundamentos podem causar vão além dos


apresentados. Podem ocasionar falhas de comunicação, queima de fusíveis e muitos
outros. E, como se percebe com as informações apresentadas neste item, apesar de
pequenos, os afundamentos de tensão podem causar grandes transtornos nos
processos produtivos. Ademais, por serem imprevisíveis findam em uma
preocupação comum dos engenheiros e executivos atuantes neste mercado para
minimização ou até mitigação deste problema.

No próximo Capítulo serão apresentadas as soluções atuais utilizadas mais


comumente para este tipo de problemas, apresentar o seu funcionamento e
limitações que implicam na necessidade desta solução complementar a ser
apresentada neste trabalho.
38

3 SOLUÇÕES ATUAIS PARA AFUNDAMENTOS INSTANTÂNEOS


DE TENSÃO

Com base no que já foi visto anteriormente, é essencial que haja a preocupação
por parte dos engenheiros e técnicos responsáveis das plantas industriais em se
atentar para as questões associadas a QEE e especialmente aos afundamentos de
tensão.

Como em todo bom planejamento de manutenção, a primeira ação a ser


tomada para resolução dos afundamentos de tensão é preveni-lo. Filho, Abreu e Vilas-
Boas (1997) levantaram em seu trabalho uma tabela com as principais medidas
preventivas contra afundamentos de tensão no sistema elétrico. Veja na Tabela 3:

Tabela 3 - Medidas Preventivas a ser implementadas para prevenir afundamentos de tensão.


Faltas Remotas no Sistema Elétrico
Causas Medidas Preventivas
Falha de Equipamentos ✓ Manutenção Periódica e Adequada;
✓ Cuidados na especificação de projeto e compra;
✓ Cuidados especiais na armazenagem.
Descargas ✓ Proteção e Blindagem de equipamentos, LT’s e
Atmosféricas ramais de distribuição.
Contatos com árvores ✓ Limpeza da faixa de servidão das LT’s;
✓ Poda das árvores próximas aos ramais de
distribuição.
Contato com animais ✓ Análise de risco, isolando e identificando as áreas
perigosas.
Interferências Públicas ✓ Análise de riscos com isolamento e identificação
das áreas perigosas;
✓ Campanhas educativas contra a ocorrência de
queimadas e atos de vandalismo, etc.
Neve ou Gelo ✓ Limpeza/Lavagem das cadeias de isoladores e
outras partes isolantes de equipamentos e
subestações.
Falha Humana ✓ Treinamento da Mão de Obra;
✓ Modernização e Automatização
Fonte: FILHO; ABREU; VILAS-BOAS, 1997, P.2.

É certo que quanto mais precauções forem tomadas, mais será possível
minimizar a quantidade de faltas originadas pelos afundamentos de tensão, todavia à
realidade das maiorias das indústrias acabam fazendo com que seja essencial se
proteger até do menor dos eventos, para evitar seus prejuízos estapafúrdios.
39

Considerando este contexto é preciso compreender os métodos mais comuns


para prevenção nas indústrias contra os impactos de um afundamento de tensão.

3.1 Solução por modernização de práticas e filosofia de proteção do sistema

Bigon (2007) retrata que afundamentos em um sistema podem ser resultado


de uma proteção que não contempla este tipo de falta, sendo as maiorias das cargas
que desencadeiam a interrupção nem sempre as mais importantes. Dito isto, a adoção
de uma nova filosofia de proteção com equipamentos mais modernos e lógica
otimizada de seletividade podem acabar evitando a falta ou reduzindo o tempo de
recuperação do sistema elétrico em detrimento deste evento.

Na prática, esta não é uma solução muito realista nas indústrias, pois modificar
a filosofia e prática de proteção infere, além dos custos associados a material e
paradas de produção, em uma análise de engenharia criteriosa e toda uma
mobilização de pessoal que se torna mais dispendiosa a medida que aumenta a
complexidade do processo. A maioria dos engenheiros e gestores das empresas
prefere não modificar o sistema atual, mesmo que isso signifique um investimento
maior.

Em termos práticos, se o sistema está funcionando bem, a equipe técnica não


irá alterar a proteção devido a uma falta qualquer. Então, é mais viável adaptar algo
ao sistema existente do que mudá-lo. Principalmente porque não há a certeza prática
de que a nova filosofia irá funcionar corretamente, o que torna o processo arriscado.

3.2 Soluções utilizando Fontes Ininterruptas de Tensão (UPS)

Sendo possível aplicar um alimentador alternativo no processo pode-se


adequar o fornecimento através do chaveamento dos alimentadores. Um dos sistemas
muito utilizados para continuidade do fornecimento são as UPS com foco em cargas
críticas ou essenciais. As UPS servem como uma forma de religamento rápido para
as cargas estratégicas por um determinado período de modo a manter a continuidade
do sistema, podendo se fundamentar em operações off-line, on-line e de linha
interativa.
40

Filho, Abreu e Vilas-Boas (1997) afirmaram em seu trabalho que para cargas
sensíveis às interrupções de energia que duram aproximadamente 0,5 segundos ou
mais a única solução era por UPS. A seguir serão mostrados os tipos de soluções
possíveis com UPS, ressaltando seu esqueleto estrutural, vantagens e desvantagens.

3.2.1 UPS Off-Line (Standby)

Este modelo de UPS é o padrão, um exemplo muito comum são os famosos


“nobreaks” utilizados em computadores. O sistema funciona da seguinte forma. O
circuito é alimentado pela energia da rede durante o funcionamento normal e, na
ocorrência de um afundamento ou mesmo queda de energia, um banco de baterias
interno é acionado através de uma chave de emergência (com comutação de
aproximadamente 16ms) alimentando a carga protegida por um pequeno intervalo de
tempo. Observe a Figura 15:

Figura 15 – Modelo de UPS Off-Line.


Fonte: Bigon, 2007, p.12.

Este sistema atende bem até para afundamentos momentâneos de tensão,


mas devido ao seu tempo de acionamento, ele não consegue suprir às faltas que
podem surgir de afundamentos mais severos e rápidos como boa parte dos
afundamentos do tipo sag, desta forma não seria uma solução viável para o tipo de
sistemas que está sendo buscado.
41

3.2.2 UPS On-Line

Pensando neste contexto foi desenvolvido um outro tipo de UPS em que a


energia está sempre passando pelo banco de baterias e pela alimentação. pelas duas
fontes de alimentação – A da Rede Elétrica e da UPS – A tensão de entrada é
convertida em tensão CC, a qual carrega um banco de baterias sendo esta então
invertida novamente para tensão CA. Ocorrendo uma falha o inversor continua
suprindo a carga por ambas as fontes (BIGON, 2007) através da carga armazenada
no banco de baterias. Isso está mostrado no diagrama em bloco da Figura 16:

Figura 16 - Modelo de UPS On-Line


Fonte: Bigon, 2007, p. 12.

Ou seja, o sistema é sempre suprido pelos dois alimentadores, e o banco de


baterias funciona neste contexto como um compensador que estabiliza continuamente
o nível de tensão de alimentação da carga. Para isso, entretanto a UPS on-line se
utiliza de mais componentes eletrônicos para realizar a conversão, o que implica em
maior dispersão de calor, consequentemente causando grande redução em sua vida
útil além de um maior consumo de energia.

3.2.3 UPS Line Interactive

Existe um tipo mais moderno de UPS off-line que é o modelo “Line Interactive”
(Figura 17), mais ágil, atende a capacidades superiores às das UPS off-line comuns
(BALBINOT, 2014) com um funcionamento similar. O diferencial é que este tipo de
42

UPS se utiliza de um regulador de tensão na saída e possui um chaveamento mais


rápido para comutar com o/ inversor - aproximadamente 4ms - além de um tempo de
backup pré-especificado que pode variar facilmente de 1 a 300s. Assim, realiza a
regulação da tensão de forma excelente (regula de -14% a +6% da tensão normal),
mas não tanto quanto modelos de UPS online, é um modelo intermediário.

Figura 17 - Modelo de UPS Line Interactive.


Fonte: Balbinot, 2014, p. 19.

Quanto a manter a alimentação dos equipamentos, excetuando-se claro, as


faltas que afetarem diretamente contatores e relés, bem como os outros itens de ação
instantânea que possam ocorrer estas soluções funcionam razoavelmente. É
inevitável não pensar nos onerosos custos de energia e manutenção ocasionados
pelo banco de baterias presentes nesse modelo que, devido a regulação contínua da
tensão acaba estressando-a, reduzindo a sua vida útil. Além disso precisam ter o
banco de baterias trocados regularmente, e há necessidade de refrigeração adequada
para garantir a sua vida útil que vai de 2 a até 5 anos nos melhores casos.

Entretanto, quando o problema é a alta corrente causada pelo sag durante o


afundamento, a situação é outra, a atuação mais rápida de comutação da UPS, como
foi visto anteriormente, é da ordem de pelo menos 4ms, o que significa que durante
esses 4ms os equipamentos irão sentir os efeitos da corrente do sag. E, se a sua
magnitude chegar a 0,5p.u. ou mais significará que por esse tempo o sistema sentirá
diretamente uma corrente de no mínimo o dobro da nominal sem nenhuma proteção,
pois os elementos de proteção não atuam tão rapidamente.

Isso prejudica gravemente os equipamentos eletrônicos envolvidos nesse


processo que, são sempre, de custo muito alto e consecutivamente protegem
43

processos extremamente onerosos. Por exemplo, em uma indústria de


semicondutores que trabalha por lotes, uma falta do tipo sag, mesmo que utilize a
proteção da linha interativa da UPS, ainda pode sentir os seus efeitos e ter, com isso,
prejuízos na faixa de U$ 5 milhões de dólares, pois todo o material associado ao
processo precisa ser descartado devido ao evento (BOSCHUETZ, 2014).

Também, indústrias automobilísticas e alimentícias, podem sofrer com a


adulteração na lógica de um PLC devido a informações incorretas recebidas por um
chaveamento indevido de seus equipamentos, e com isso sofrer paradas de produção
que podem causar prejuízos de milhares ou até milhões de reais dependendo da
criticidade do processo e do tempo de reabilitação.

Em suma, este efeito direto pode causar além do defeito no equipamento,


paradas operacionais extremamente onerosas, que justificam o investimento para
uma solução alternativa.
44

4 SOLUÇÃO PARA AFUNDAMENTOS INSTANTÂNEOS DE


TENSÃO COM O CORRETOR DE SAG DINÂMICO - DYSC®

O corretor de sag dinâmico, DySC®, foi a solução desenvolvida pela


engenharia de automação da corporação americana Rockwell Automation como
resolução das reclamações de seus clientes em função dos grandes prejuízos sofridos
em função destes pequenos e ágeis afundamentos que não conseguiam ser
detectados/mitigados pelas proteções do sistema, nem corrigidos utilizando as
soluções já existentes de forma economicamente viável/segura.

4.1 Funcionamento do DysC

Sua proposta é corrigir todos os afundamentos de tensão do tipo sag com


duração até 5 segundos injetando potência no sistema de modo a reconstruir a forma
de onda do sinal entregando-o ileso na entrada dos sistemas ao qual esteja ligado.
Ele atua em dois estados: o estado de monitoramento e a atuação do DySC® em si.

Em qualquer momento que não esteja acontecendo algum evento de


afundamento ou interrupção o sistema fica em modo de monitoramento. Observe o
diagrama em blocos deste sistema na Figura 18.

Figura 18 - DySC® estrutura interna em modo de monitoramento.


Adaptado de: Boschuetz, 2014, p.181.

O comportamento dos componentes, nesse estado, é como na Tabela 4.


45

Tabela 4 - Estado dos componentes de potência no modo de monitoramento do diagrama de blocos da Figura 18.

Componente Atividade

DSP de Potência Constantemente Monitora a potência de entrada, integridade


do sistema e carga.

Chave Estática (99+% eficiente) Fechada. A potência vai diretamente para a Carga.

Matriz de Potência Ocioso

Núcleo de Potência de Dupla Conversão Ocioso

Auto By-Pass Ocioso


Adaptado de: Boschuetz, 2014, P.181.

A partir do momento em que um sag acontece, o DySC® atua da seguinte


forma (BOSCHUETZ, 2014):

1. Detecção do sag nos 1-2ms iniciais.


2. Chave estática desliga e a eletrônica do sistema aciona.
3. A alta corrente associada aos afundamentos abaixo de 50% é removida do
sistema.
4. Capacitores injetam energia no sistema até o fim da potência (projetados
para 3 a 2 ciclos).

Em termos de diagrama em blocos ficaria como na Figura 19.

Figura 19 - Comportamento dos componentes do DySC® quando acontece um afundamento de tensão.


Adaptado de: Boschuetz, 2014, p.182.

Na Tabela 5 pode-se ver o comportamento de cada componente durante o


evento:
46

Tabela 5 - Estado dos componentes de potência no modo de monitoramento do diagrama de blocos da Figura 19.

Componente Atividade

DSP de Potência Detecta o início do afundamento de tensão e imediatamente


direciona o sinal pela matriz de potência e o Sistema de
dupla conversão.

Chave Estática (99+% eficiente) Aberta.

Matriz de Potência Injeta Potência Adicional ao sinal de rede.

Núcleo de Potência de Dupla Conversão Retifica e Inverte o sinal para recriar uma saída senoidal
verdadeira.

Auto By-Pass Ocioso


Fonte: Boschuetz, 2014, P.181.

A agilidade de atuação do DySC® se dá porque assim que o processador digital


de sinais direciona o sistema para a matriz de potência os bancos de capacitores
presentes neste começam a descarregar instantaneamente injetando potência no
sistema.

A Rockwell Inc. (2013) afirma que sua estrutura sem baterias, aumenta
drasticamente o tempo de manutenção associado à sua solução mais próxima - UPS
Online - que possui tempo de manutenção máximo entre 3 e 5 anos devido a
necessidade de troca das baterias. O DySC® é um equipamento que praticamente
não dá manutenção e tem vida útil na faixa dos 20 anos, fazendo com que este se
pague apenas em economia de energia durante a sua vida útil. Sua tecnologia
patenteada de dupla conversão inversora torna o processo mais rápido impedindo o
impacto do afundamento na carga, além de possuir uma forma construtiva que impede
que as altas correntes provindas destes afundamentos ou interrupções afetem os
componentes eletrônicos dos sistemas a jusante dele. Um Circuito equivalente
simplificado do DySC® pode ser visto na Figura 20 a seguir.

Figura 20 - Estrutura interna do Corretor de Sag Dinâmico, DySC.


Fonte: Boschuetz, 2014, p. 181.
47

A Rockwell Automation Inc. (2013) em sua publicação afirma o seguinte:

“Eles fazem o trabalho sem baterias, partes móveis e praticamente sem manutenção, tornando-
os ideais para processos de manufatura críticos e eletrônicos sensíveis que necessitem de uma
proteção que “atravesse” o sag por até 5 segundos. E o DySC® é tão eficiente que ele
praticamente se paga em economia de energia sozinho, quando comparado com outras
tecnologias de qualidade de energia”.

É importante ressaltar mais uma vez que o corretor de sag dinâmico não tem a
função de substituir as UPS, mas complementá-las. Auxiliando, assim, as corporações
a terem soluções com Retorno de Investimento (ROI) otimizado a médio-longo prazo.

Considerando que hajam eventos de maior duração, o DySC® acaba também


sendo uma solução de grande valia, atuando de modo a segurar o sistema por alguns
instantes entregando assim, além da proteção contra sags, um “fôlego” para a UPS
ter tempo de atuar sem interromper a operação. No Anexo A é evidenciado um gráfico
ilustrativo que especifica as aplicações para soluções por UPS e pelo DySC®, de
modo a esclarecer complementaridade desta solução.

No próximo tópico serão evidenciados casos práticos de alguns clientes que


foram base para desenvolvimento desta solução. Por questões de respeito a políticas
de privacidade a identidade dos clientes não poderá ser revelada (BOSCHUETZ,
2012).

4.2 Importância da Solução DySC® para os segmentos industriais baseado em


seu impacto na produtividade

Para deixar clara a relevância prática do DySC® para as indústrias faremos


uma apresentação dos efeitos em indústrias dos mais diversos segmentos, bem como
a grandeza dos danos que podem ser proporcionados pelo afundamento do tipo sag
em suas estruturas internas.

As principais áreas que sofrem com estes tipos de problemas atualmente são,
as indústrias de semicondutores, automotiva e alimentícias que serão o foco neste
trabalho. Os dados referentes a estas aplicações foram extraídos do documento
“Power Quality: Application Reference Book” da Rockwell Automation, publicado por
Jim Boschuetz (2012). No Anexo C estão listadas tabelas especificando os impactos
dos sags nos mais diversos setores das indústrias apresentadas a seguir.
48

4.2.1 Indústria de Semicondutores

Boschuetz (2014) apresenta que, segundo dados da ARC Studies, com a


ocorrência de um afundamento as indústrias que trabalham com semicondutores
podem sofrer prejuízos variando entre 10 mil e 5 milhões de dólares dependendo do
processo ao qual esteja relacionado. Isso é devido ao excesso de ferramentas que
operam para viabilizar o produto e ao longo tempo de recuperação em caso de falhas.

Figura 21 - Modelo de uma planta de indústria de semicondutores.


Fonte: Boschuetz, 2014, p. 16.

Veja o modelo de uma planta de indústria de semicondutores na Figura 21.


Perceba a quantidade de equipamentos operados com componentes microeletrônicos
em cada processo. Praticamente todos os processos possuem no mínimo um
acionamento de velocidade variável (inversor de frequência), um controlador e um
equipamento de monitoramento de potência, além da rede. Ou seja, todos sofrem
riscos potenciais com afundamentos.

O DySC® na indústria de semicondutores é útil para proteger setores como o


de Litografia, Facilidades, Montagem e Testes, Processos, Fornos e Infraestrutura.
Como, para este segmento o espaço ocupado é uma coisa importante e, devido a
norma Semi F-47, possuem uma política “livre de baterias”. O DySC®, se torna peça
49

chave, pois além de não utilizar baterias, possui uma maior eficiência, ocupa menos
espaço e praticamente não precisa de manutenção. Considerando os impactos
possíveis dos afundamentos para este segmento da indústria, o DySC® é uma
solução essencial aos seus processos.

Agora, observe a Figura 22. Ela mostra um gráfico referente a um estudo feito
pela Semi F-47 referente a 27 grandes indústrias norte americanas de semicondutores
e seus problemas com afundamentos.

Figura 22 - Incidência de Afundamentos em 27 indústrias de semicondutores norte americanas.


Adaptado de: Boschuetz, 2014, p. 20.

Todos os afundamentos na faixa verde seriam cobertos pelo DySC® sem ser
necessária nenhuma ação de outro equipamento do sistema. Ainda, considerando que
fosse utilizada uma UPS do tipo Line Interactive em conjunto, o DySC® protegeria o
sistema das outras faltas por tempo suficiente para atuação desta, evitando também
as altas correntes nos equipamentos como já explicado anteriormente.

4.2.2 Indústria Automotiva

No caso da indústria automotiva o problema é outro. O tempo de parada nesse


segmento é complicado e seus recursos são limitados. Na ocorrência de um evento,
que neste segmento ocorre em média 6 a 8 vezes ao ano podem haver prejuízos de
200 mil a 5 milhões de dólares por hora.

Na Figura 23 é ilustrado o processo de usinagem dos equipamentos críticos e


peças de alto custo em uma indústria automotiva. Isso ocorre por utilizarem-se de
50

materiais semipreciosos como o titânio e pelo fato de que algumas peças, como as
engrenagens, levam muitas horas para serem produzidas. Além disso, uma
ferramenta dessas leva semanas para realizar manutenção implicando em prejuízos
de milhares de dólares na reposição fora o prejuízo ocasionado pelo atraso na
produção.

Figura 23 - Usinagem de Equipamentos Críticos de Alto custo numa indústria automotiva.


Fonte: Boschuetz, 2014, p. 37.

Outro setor relevante para esta aplicação é a parte de pintura (Figura 24) em
que é requerido o controle de vários robôs bem como de ventilação e drenagem. A
perda do controle por um afundamento prejudica a qualidade e muitas vezes há
necessidade de limpeza. Sob o agravante de que o produto poderá precisar ser
retrabalhado, atrasando, dessa forma, as outras etapas da produção. Para que esta
pauta tenha sentido é preciso entender que está se falando em um alto volume
produtivo e em uma indústria em que o investimento em qualidade é bem alto.

Figura 24 - Setor de pintura de uma indústria automotiva.


Fonte: Boschuetz, 2014, p.44.

A indústria automotiva possui um mercado de alta competitividade, ou seja, é


preciso sempre se ter o máximo de qualidade com o menor custo possível e isso torna
51

a disponibilidade de recursos dessa indústria bem limitada. Deste modo,


complementar a solução de UPS “Line Interactive” com o DySC® em vez de utilizar
de uma solução de UPS online nos setores essenciais do processo produtivo, irá
auxiliar na economia e garantir a segurança da produção por muito mais tempo, até
porque o DySC® é mais tolerante a ocorrências de meio ambiente que as baterias da
UPS.

4.2.3 Indústria Alimentícia

A indústria alimentícia, além dos problemas já mencionados no caso das


indústrias de semicondutores e automotivas, possuem uma questão muito séria que
é a de riscos de segurança, qualquer alteração química em seus produtos podem criar
lotes que podem causar danos a várias pessoas. E isso significa além de uma enorme
quantidade de material descartado, despesas com processos e indenizações além de
manchar o nome da empresa com os escândalos reduzindo assim drasticamente o
consumo daquele tipo de produto e de outros produtos indiretamente.

Um processo que sofre bastante com o afundamento na indústria alimentícia é


o processo de extrusão que Silva, Santos e Choupina (2015) em seu trabalho explicam
da seguinte forma:

“A extrusão pode ser definida como uma etapa de processamento industrial de matéria-prima
sólida, a qual junta num único equipamento várias operações unitárias e modificações físico-
químicas, frequentemente em combinação, como mistura, cozedura, batedura, corte,
moldagem, gelatinização, fusão, torra, caramelização, secagem e esterilização e processos
como a texturização, culminando na saída do respectivo produto através de um orifício.”

No processo alimentício isso representa o processo de fabricação de diversos


produtos de consumo, como pães, biscoitos, rações para animais e muitos outros. Na
Figura 25 um modelo do processo de extrusão de alimentos.

Figura 25 - Ilustração de um Processo de Extrusão de alimentos.


Fonte: Boschuetz, 2014, p. 62.
52

Um dos maiores problemas deste processo é que qualquer evento faz parar
todo o processo produtivo e alguns processos específicos acabam tendo experiências
severas devido a afundamentos, tendo impactos de paradas entre 2 e 10 horas
(BOSCHUETZ, 2014).

Na etapa de cozimento, por exemplo, pode causar a parada do transportador e


com isso o superaquecimento do produto, inutilizando-o completamente. Na etapa
posterior, de aplicação de óleo no produto, pode haver entupimento da saída do forno
causando paradas muito ostensivas em que além do tempo perdido, o prejuízo com o
descarte dos materiais e a parada para resfriamento do forno, há o tempo para reinício
deste que pode chegar a 4 horas por evento.

Outro processo relevante a ser considerado neste segmento é o processo de


embalagem asséptica dos materiais, extremamente crítico para a indústria alimentícia.
Sobre os processos assépticos ROCKWELL (2013) diz:

“Os processos assépticos são elaborados para minimizar a exposição de artigos estéreis a
riscos de contaminação potencial no processo de manufatura. Provendo o maior possível
controle de ambiente, otimizando o fluxo do processo e projetando os equipamentos para
prevenir a entrada de ar de qualidade inferior a classe 100 (ISO 5) nas áreas que são essenciais
para se obter alta garantia de esterilidade.”

Ou seja, este processo é extremamente sensível e pode afetar agressivamente


toda a produção quando não realizado devidamente. Sendo aplicado a todos os
produtos que são susceptíveis a bactérias, fungos e afins, requerendo refrigeração
específica e muitas outras especificidades. Para este caso se aplicam os pães, sucos
e muitos outros itens do nosso dia a dia. Observe na Figura 26 um funcionário
realizando manutenção em uma área asséptica, perceba que ele é uniformizado de
modo que nem mesmo o ar respirado por ele tenha acesso ao local, garantindo assim
a qualidade de armazenamento dos produtos produzidos.
53

Figura 26 - Foto de Funcionário realizando manutenção em área asséptica.


Fonte: Boschuetz, 2014, p. 66.

Os prejuízos nesta etapa do processo podem variar entre 10 mil e 100 mil
dólares por lote (BOSCHUETZ, 2014), sobre o agravante de que geralmente não
podem ser simplesmente descartados. Esta etapa geralmente é a que ocasiona os
conhecidos recalls dos produtos anunciados pelas empresas. Os problemas causados
por estes, em relação a opinião pública podem fazer o prejuízo das companhias
chegar a milhões de dólares em prejuízos para os seus negócios.

Baseado neste contexto, qualquer alteração ocasionada por um afundamento,


mesmo que muito rápido pode mexer com essa qualidade de armazenamento e
viabilizar todo o transtorno já mencionado. Em suma, cabe a ação da solução DySC®.

Muitos outros segmentos também sofrem com a ação dos afundamentos de


tensão e podem se utilizar desta solução. Neste trabalho são focados os segmentos
principais para mostrar que o DySC® não é só uma solução para complementar
mercado, mas uma ferramenta de grande valia para a indústria e para o consumidor
garantindo a qualidade e conformidade de seus produtos.

4.3 Estudo de Caso: Os efeitos do DySC® em atuação

Para dar mais clareza ao trabalho será evidenciado aqui um estudo de caso de
uma indústria alimentícia situada em New Jersey que aderiu a solução via DySC® e
os seus efeitos no sistema através do monitoramento via software I-Sense. Este
estudo de caso foi extraído de ROCKWELL (2013) e o cliente não pode ter a
identidade revelada por fins de política de privacidade da companhia. Observe na
Figura 27, 28 e 29 o Panorama deste cliente:
54

Figura 27 – Cronologia de Afundamentos de uma empresa durante o período de um ano de amostragem.


Fonte: Rockwell, 2012, p. 38.

Figura 28 - Gráfico de Magnitude x Duração dos eventos registrados na Figura 27.


Fonte: Rockwell 2012, p. 38.

Figura 29 – Gráfico dos Eventos resumindo os eventos registrados na Figura 28 por Tensão RMS restante
(esquerda) e por duração do evento (direita).
Fonte: Rockwell, 2012, p. 37.
55

Observando estes eventos, pode-se perceber que o DySC® mostrou valor


protegendo o sistema de todos os 80 eventos para os quais o mesmo havia sido
proposto. Ficando apenas um sem cobertura, que era uma interrupção com duração
de 1000 segundos, fora da proposta de resolução do equipamento, todavia, havendo
a interação com uma UPS esta solução também teria sido sanada.

Como ilustração da atuação do DySC®, foi selecionado um dos 80 eventos


ilustrados que foram corrigidos por ele. Este foi um afundamento de tensão trifásico
de 0,1p.u. com duração de 860ms.

Utilizando-se do Software I-Sense da Rockwell Automation para extrair os


dados monitorados, será apresentado o comportamento do sinal que sofreu
afundamento e o sinal corrigido pelo DySC® nas Figuras a seguir. A Figuras 30,
mostra o afundamento acontecendo na entrada do sistema e a saída para o mesmo
após a passagem pelo DySC®:

Figura 30 - Sinal de Entrada do Sistema Quando da Ocorrência do Afundamento de Tensão (à direita) e


- Sinal corrigido pelo DySC (à esquerda).
Fonte: Rockwell, 2013, p.39.

Perceba que na Figura 30 há uma deformação no sinal de saída em 0ms,


momento em que começou o evento, esta corresponde exatamente ao tempo de
detecção do afundamento pelo processador digital de sinais do DySC® e
imediatamente após este tempo a onda já foi automaticamente ajustada a forma
original, mesmo tendo uma magnitude tão grande. Em seguida, na Figura 31, observe
56

o mesmo gráfico agora com a tensão RMS que torna a visibilidade do evento um
pouco mais simples:

Figura 31 - Comportamento RMS da tensão que sofreu afundamento na Figura 29 e logo abaixo sua respectiva
correção com o DySC®.
Fonte: Rockwell, 2013, p.39.

Perceba que quando está chegando perto do final do evento, momento em que
o afundamento alcança níveis considerados aceitáveis pelo sistema novamente, o
DySC® sai de seu estado atuante e retorna ao modo de monitoramento, fazendo com
que ambos os sinais apareçam no gráfico com um leve afundamento, agora
inofensivo.

Fica claro com este exemplo que a utilização do DySC® para proteção de
sistemas é uma solução que funciona e é agradável a eles. Muitos problemas e
prejuízos poderiam ter ocorrido se todos aqueles 80 eventos evitados pelo DySC®
atingissem a planta neste período, o que não aconteceu, consolidando a importância
que teve este investimento para a companhia em questão.
57

5 CONCLUSÃO

O DySC® é uma ferramenta de grande valia para a indústria e que tem


aumentado a sua participação nos mais diversos segmentos e, assim, garantido a
qualidade, continuidade e confiabilidade dos produtos gerados aos consumidores.
Além de maior tranquilidade às equipes técnicas e de engenharia em relação a esses
eventos sem previsibilidade.

Este trabalho apresentou a relevância dessa solução complementar para os


eventos de afundamentos de tensão do tipo sag no ambiente industrial passando
desde as causas associadas a esses eventos, seus impactos considerando suas
variedades, seus efeitos e a resiliência dos equipamentos eletrônicos. Mostrando que
mesmo com as soluções atuais aplicadas ainda há necessidade do corretor de sag
dinâmico DySC® para complementá-lo. Validando a solução como relevante
considerando os padrões das indústrias e impactos positivos em sua produtividade
nos mais diversos segmentos e comprovando sua efetividade através de um estudo
de caso feito em uma indústria alimentícia localizada em New Jersey que o DySC®
mostrou seu valor protegendo o sistema de 80 eventos de afundamentos ocorridos
neste período.

O DySC® surgiu para acabar com a problemática dos sags de tensão e garantir
a tranquilidade das companhias quanto a estes eventos tão imprevisíveis oferecendo
aos seus engenheiros disponibilidade para focar em novas estratégias de otimização
e desenvolvimento de seus negócios.

Como sugestões para trabalhos futuros, viabilizar que cada equipamento


essencial já possua em si uma estrutura de proteção contra sags das mais variadas
magnitudes, sem precisar de um item suplementar ou integrá-lo as UPS existentes,
tornando cada vez mais interessante a utilização desta solução conjunta ao uso do
modelo de UPS Online ainda muito comum. E assim, garantir a otimização de custos,
redução do uso de baterias e aumentar a vida útil e confiabilidade dos equipamentos
protegidos e produtos desenvolvidos pelas indústrias destes mais diversos
segmentos.
58

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61

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WIERDA, René. O fenômeno da cintilação (flicker): Causas, efeitos, limites,


avaliação e correção. Associação dos Técnicos em Iluminação e Maquinária.
Mariana, SP. 20--. Disponível em: < http://www.astim.com.br/textos/97.html>. Acesso
em 22 jan. 2017, as 20h13min.
62

ANEXOS

A - Gráfico de Aplicabilidade de Soluções de UPS e DySC® em Qualidade de Energia


63

B - Descrição Técnica das soluções de afundamento com DySC® disponíveis


atualmente
64

C – Tabelas de Danos causados por sags nos mais diversos processos industriais e
os seus impactos.

Todos os dados levantados nestas tabelas foram extraídos do trabalho de


Boschuetz (2014).

Tabela 6 - Possíveis danos causados por sags numa indústria de semicondutores.


Semicondutores
Setor/Área Tempo de Parada Danos possíveis
Perda de Bolachas
Tempo perdido para estabilizar a
Litografia 4 a 6 Horas
temperatura
Danos às Lâmpadas
Perda de Bolachas
Perda de Posição da Bolacha
Etch/ Implantação de Íons CVD 1 a 2 Horas
Retrabalho expensivo
Perda de Qualidade
Tempo de Purga do Forno após a
parada
Fornos de Cura de Bolachas 2 a 4 Horas
Perda de Muitas Bolachas
Perda de Qualidade
O Manuseio de ar por todas as
ferramentas pode ser perdido
Perda do Vácuo
Equipamentos de Facilidades 4 a 6 Horas
Necessidade de Purificação dos
Sistemas
Parada de Múltiplas ferramentas
Perda do Produto
Faturamento atrasado para clientes
Teste e Prova 1 a 2 Horas chave
Danos aos Equipamentos
Perda de Qualidade
Danos aos controladores e
inversores
Automação Geral 1 a 2 Horas
Muito difícil de diagnosticar sem
monitoramento.
65

Tabela 7 - Possíveis danos causados por sags numa indústria alimentícia.


Indústria Alimentícia
Setor/Área Tempo de Parada Danos possíveis
Misturador 1 a 2 Horas Baixa Qualidade do Produto
Extrusão 8 a 10 Horas Parada para limpeza da Máquina
Parada para Purificação do Forno.
Forno de Cozimento 2 a 4 Horas
Perda de Qualidade
Inconsistências do Produto
Aplicadora de Tempero 1 A 4 Horas
Perda de Qualidade

Tabela 8 - Possíveis danos causados por sags numa indústria automotiva.


Indústria Automotiva
Setor/Área Tempo de Parada Danos possíveis
Quebra de Ferramentas
Processo Maquinagem 4 a 6 Horas Requer reparo equipamentos caros e
complexos.
Perda de Posição de Equipamentos
servo-controlados
Robôs 1 a 2 Horas
Requer localização manual de
posição.
Parada para Purificação do Forno.
Pintura 2 a 4 Horas
Perda de Qualidade
Mais sensível a voltage sags que os
Sistemas de Automação 1 a 2 Horas equipamentos baseados em
mecânica.
Equipamentos Pneumáticos perdem a
pressão
Compressores 1 a 2 Horas
Problemas de torque que impactam
na qualidade do produto
Danos a Fontes de alimentação
Interface homem máquina
1 a 2 Horas sensíveis que requerem substituição e
baseado em computadores
tempo para reprogramação

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