You are on page 1of 4

O ENSINO DE QUÍMICA

Os primeiros cursos de Química surgidos aqui no Brasil datam do início da


década de 1910, o primeiro foi o de Química Industrial a nível técnico, ofertado no
Makenzie College, que em 1915, passou a ser um curso de nível superior. Ainda neste
ano, também foi criada a Escola Superior de Química da Escola Oswaldo Cruz
(SANTOS; PINTO; ALENCASTRO, 2006). Entretanto, a expansão dos cursos
regulares de Química veio a partir da publicação do artigo "Façamos químicos",
publicado em 1918 na Revista de Chimica e Physica e de Sciencias Histórico-
Naturaes e de autoria do farmacêutico José de Freitas Machado, formado pela
Faculdade de Medicina da Bahia. Ele permaneceu no cenário da Química no Brasil
até o ano de 1946, quando se aposentou pela Escola Nacional de Química, hoje
Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (AFONSO; SANTOS,
2009).

De meados no de 1910 para os dias atuais, o conhecimento científico evoluiu


bastante, mas nunca perdeu sua essência. Continua a possibilitar o processo de
ensino-aprendizagem através da assimilação dos temas geradores que norteiam a
prática pedagógica (MALDANER; DELIZOICOV, 2012), a relação entre aprender e
ensinar, depende também da motivação intrínseca e extrínseca. Conforme diz Libânio:

A motivação é intrínseca quando se trata de objetivos internos, como a


satisfação de necessidades orgânicas ou sociais, a curiosidade, a aspiração
pelo conhecimento; é extrínseca, quando a ação da criança é estimulada de
fora, como as exigências da escola, a expectativa de benefícios sociais que
o estudo pode trazer, a estimulação da família, do professor ou dos demais
colegas (LIBÂNIO, 1994, p.88).
.

No entanto, o estudo da Química está completamente ligado ao


desenvolvimento de novos produtos comerciais. Sua presença é essencial para que
se consiga atender às diversidades de demandas e adquirir o conhecimento das
propriedades e transformações das substâncias (PINO; FRISON, 2011). Além disso é
preciso promover ações nas quais seja possível parametrizar as temáticas nos
currículos da disciplina Química, fazendo assim com que os conteúdos tenham
abordagens favoráveis para a aprendizagem e com uma linguagem apropriada a fim
de que os discentes construam o seu próprio conhecimento.
Com relação as aulas tradicionais expositivas, realizadas nas escolas de
Ensino Médio, não tem sido muito eficaz no Brasil, muitas vezes os professores da
área ficam restringidos ao quadro e uso do livro como únicos recursos didáticos, ou
seja, esses fatores contribuem para fragilizar as aulas da disciplina (GAUCHE et al.,
2008).

Dessa forma os conteúdos são trabalhados de forma descontextualizada e


distante da realidade dos discentes, tornando uma disciplina de difícil compreensão,
complicada, não despertando o interesse e relação dos conceitos com o cotidiano.
Partindo deste pressuposto, Andrighetto e Richter, (2009, p.1545) ressaltam que
“muitas vezes também o método de avaliação tem um caráter reducionista, limitando-
se a um instrumento de coleta de informações e tornando-se o aprendizado
mecânico”.

Na disciplina de Química utiliza-se amplamente os conhecimentos prévios


obtidos na Matemática e suas aplicabilidades são necessárass para entender
conceitos importantes como razão e proporção, cálculos aritméticos, entre outros eu
são cruciais para a resolução de problemas em Química. Isso faz com que os
estudantes sintam dificuldades de correlacionar cálculos matemáticos com os
conteúdos da disciplina Química, sendo um desafio de superar a falta de
interdisciplinaridade entre as disciplinas (AVILA et al., 2017)

Para Tonidandel (2007), torna-se necessário uma maior flexibilidade nos


currículos escolares, cabendo à escola construir uma matriz disciplinar com diversos
mecanismos de integração dos discentes entre as disciplinas curriculares e as
temáticas transversais como o uso das tecnologias e problemas relacionados aos
cotidianos dos discentes, o que leva a interdisciplinaridade1 e transdisciplinaridade2,
a fim de melhorar o processo educacional.

A educação deve levar em consideração cada vez mais as competências


essenciais para a formação de professores e contribuir para o desenvolvimento dos

1
Interdisciplinaridade: É a qualidade do que é interdisciplinar, formada com o prefixo “inter” que significa
dentro, entre, em meio, interligado com a palavra disciplinar, submete – se aos regulamentos e
preceitos de alguma arte, estabelecendo a união de duas ou mais disciplina. A interdisciplinaridade
segue o mesmo sentido da ligação entre as disciplinas, pressupõem reconhecer a unidades dos
saberes.
2 Transdisciplinaridade: visa transcender as disciplinas e trabalhar os conteúdos educacionais
interligado com o autoconhecimento e potencias humanos.
discentes que sejam preparados, saber comunicar-se, resolver conflitos ter a
responsabilidade pessoal e ser donos de seus próprios destinos. Esses aspectos são
essenciais para lidar com a unicidade da relação da teoria-prática e os respeitos dos
valores cidadão, éticos e políticos para enfrentar os desafios futuros, baseado no
Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, elaborado
para a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (DELORS, 2003, p.90). Contudo, o ensino e aprendizagem contribuir para o
alinhamento dos quatro pilares da educação (Figura1).

FIGURA 1 – Os quatro pilares da educação do século XXI

Fonte:http://www.joseeduardomattos.com.br/quais%20sao%20os%20quatros%20pilares%20da%20e
ducacao.html

De acordo com Wickert (2006, p. 43), a síntese dos quatro pilares, conduz a
um maior reconhecimento dos quatro tipos essenciais para a educação, no que se
refere ao aprender que significa ser autorreflexivo, exercitando o raciocínio lógico, a
compreensão do mundo em que vive e proporcionando a construção do
conhecimento.
Em relação ao aprender a fazer, trata-se de ensinar o discente a pôr em prática
o que aprendeu, conseguindo demonstrar habilidade de comunicação e resolver
situações de conflitos entre equipes. Isso associa-se ao terceiro pilar da educação, o
aprender viver junto; onde as atitudes e o respeito serve como base para o
desenvolvimento pessoal e colaborativo. O aprender a ser, trata-se da realização
completa da pessoa que começa do conhecimento de si próprio como um ser de uma
família e de uma coletividade até a compreensão do outro e a educação como meio
de realização profissional e pessoal (WICKERT, 2006, p 43).
Nesse sentido, é importante que o docente valorize a curiosidade dos discentes
e seus aspectos culturais e históricos (FREIRE,1996), reforçando que o ensino não
se resume somente na transmissão de conhecimento, mas no compromisso de
incentivá-los a integração científica por meio das pesquisas.
Partindo da perspectiva do ensino de Química investigativo, Guedes (2010)
comenta que o discente precisa pensar, criticar e mobilizar-se para tomada de
decisões, através dos levantamentos de hipóteses juntos com o grupo e não ser
apenas um observador.
Portanto, os conteúdos de Química podem ser trabalhados através de
observações e reflexões, em busca de atividades diferenciadas, incluindo
experiências e multimídia, fazendo com que as abstrações sobre os conhecimentos
químicos se tornam empírica esse é momento que o discente está sendo estimulado
a sair da passividade e começa a ser ativo dentro da atividade que desempenha
(SILVA, 2012).

SANTOS, N. P.; PINTO, A. C.; ALENCASTRO, R. B. Façamos químicos –a 'certidão


de nascimento' dos cursos superiores de Química de nível superior no Brasil.
Química Nova, vol. 29, n. 3, p.621-626, 2006.

AFONSO, J. C; SANTOS, N. P. Instituto de Química da UFRJ: 50anos. 319p.


Instituto de Química/UFRJ, 2009.

You might also like