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Anotações Cronológicas

01/07/18
Pré-projeto para o mestrado em Literatura no PPGLL – A Construção de Memória
Soviética em O Fim do Homem Soviético:
Teorias – “eu” narrado e narrador; Trauma; Memória e História; Representação pelo
testemunho; Fronteiras de Literatura. – Narrativa Polifônica, Coro-épico, Crônicas,
Ensaios, Bricolagem, Historyof Feelings.
Introdução:
*homo sovieticus, “progresso”
– ‘estilo literário como o estilo de escrita, a coleta das entrevistas, o foco narrativo, a
seleção vocabular, a edição e transposição das entrevistas, a seleção subjetiva das
personagens e seus relatos – e como estes são utilizados no discurso montado pela
autora para produzir sentido’
Justificativa e Fundamentação:
*elaborar melhor o conceito de literatura do Nobel Prize;
*elaborar sobre a seleção e colagem feitos pela autora e apontado por Gesen;
*refletir melhor sobre a questão da mimesis no gênero testemunho como apontado por
Lindbladh na citação do pré-projeto e sobre os testemunhos serem sempre a narração da
vítima. – Svetlana clama ouvir tanto vítimas quanto carrascos;
*necessidade de narrar a própria história para se conectar outra vez ao mundo;
*buscar o texto de Dori Laub que elabora os conceitos “theimperativetotell” e
“theimpossibilityoftelling”;
*buscar o texto de Henke que elabora os conceitos de “I now” e “I then”;
*Bosi – ‘a verdade possível contada por uma só pessoa’;
*limites da representação pela literatura – qual a real intenção e interesse da autora? –
Budryte, descolonização do trauma. ‘historyof feelings’;
*Penna: entender o desejo daquele que não é porta-voz, mas, porta a voz do outro;

02/07/18
Reflexões sobre o pré-projeto: - Walter Benjamin será sim essencial e já consigo
percorrer o texto e identificar onde encaixar suas teorias.
- Preciso com urgência encaixar a teoria do trauma de Freud no texto ou, ainda,
encontrar outros autores desta área teórica que sejam mais pertinentes ao projeto.
- Definitivamente, devo colocar no texto o processo de montagem do livro em mais
detalhes e embasar teoricamente, a teoria da bricolagem será essencial.
#Walter Benjamin – crítica ao progresso; rememorar os mortos para salvar o passado;
dificuldade em narrar as experiências após as GMs; teorias da história.
A Memória Partilhada – resenha de César Ades sobre texto de Ecléa Bosi:
*Ecléa aborda sobre uma memória cotidiana da experiência pessoal vivida no dia a dia
simples, contada por outrem sempre que há alguém para ouvir, não a
memória/rememoração oficial de datas e calendários. (me remete a WB em seu texto O
Narrador falando sobre compartilhar as experiências pela narração)
Cita. p.233 – “talvez se possa dizer, parafraseando García Márquez, que se nos
lembramos é para poder contar.”
!?memória bergsoniana – Bergson
*fala/contar nossas experiências nos ajuda a reduzir a solidão de nossa individualidade e
do mundo que construímos para nós mesmos.
*o livro trata de uma memória de eventos únicos, não de outra que é decorada.
*Ecléa escreve seus ensaios em tom de relato. Assim, parece estar mais próxima de nós
aos relatar experiências.
Cita. p.235 – “A memória traduzida em palavras e que transmite uma experiência vivida
tem interesse enorme para o psicólogo. Através dela, ele pode ter acesso aos momentos
de antigamente que permanecem, mesmo que sem que deles se tome consciência, como
motivos para o comportamento presente.”
*memória-autobiográfica: visa compreender os processos básicos da retenção.
*os eventos mais rememorados foram os que tiveram o maior impacto afetivo e não o
mais calmo ou mais conflituoso por si só.
Cita. p.235 – “Eventos que não provocavam medo, humilhação, expectativa, alegria, ou
seja, que não mexiam com a pessoa, eram mais facilmente relegados ao esquecimento.
A capacidade que a emoção tem de priorizar certos conteúdo da memória autobiográfica
me parece digna de nota por mostrar que, pelo menos nesta área, não é viável uma
explicação puramente cognitiva.”
*Ecléa transcende a perspectiva individual, os relatos que usa descrevem o que foi
aprendido de forma social e, por isso, coletiva.
Cita. p.236 – “A vida “privada” constitui o testemunho de um tempo coletivo, e o
psicólogo social pode remontar, a partir das práticas da privacidade, para o contexto
social do qual se nutrem e que elas ajudam a definir.”
*Ecléa faz um ótimo trabalho de alteridade, e para isso usa uma metodologia incomum
ao meio o qual ela escreve, mas que permite que ela tenha acesso a como o outro vê o
mundo e como esse outro se vê frente a esse mundo e o que ocorre consigo mesmo.
*o autor da resenha diz que Ecléa dá sugestões de como colher os relatos para que eles
tenham o máximo da memória/experiência da pessoa que relata. Algumas dessas
sugestões são: 1 – se informar bem sobre o assunto que irá tratar com o depoente e,
assim, não cometer nenhuma gafe em relação a história e geografia, da vida e do lugar
de onde vem seu interlocutor; 2 – uma aproximação pessoal da vida do depoente, se
contextualizando sobre sua vida e indo a lugares familiares ao mesmo, melhor ainda se
for em sua casa | caminhar ao lado do entrevistado pelos lugares onde os fatos narrados
ocorreram, se possível; 3 – efetuar uma conversa prévia para se informar sobre suas
preocupações e poder, de alguma forma, ir reconstituindo suas vivências. (essa última é
meio dúbia e parece mais um psicanalista com seu divã); 4 – por último, formar laços de
amizade, o que o próprio autor diz ser inevitável, pois o depoente ao se abrir relatando
suas experiências passa a confiar no seu ouvinte, assim, abrindo seu mundo à pessoa
que está disposta a ouvir.
Reflexão: até que ponto Svetlana deixa claro seus métodos de aproximação de suas
testemunhas, como mostra Ecléa Bosi? Svetlana diz estar interessada em mostrar como
as pessoas se sentiam em relação ao que viveram, os acontecimentos fatuais ficam,
realmente, em segundo plano nos relatos publicados por ela. Eles estão lá, no entanto,
fica claro para qualquer um que é os sentimentos da pessoa que relata que estão em
destaque. Svetlana, assim como apontam alguns de seus críticos, criou uma História dos
Sentimentos. Para tanto, ela invariavelmente teve que adquirir a confiança e simpatia de
seus entrevistados, só assim eles entregariam memórias tão íntimas a uma,
relativamente, desconhecida. Quanto tempo demorou para conseguir esta conexão é um
assunto para outro momento. Bem, comparando com as dicas de Ecléa podemos tentar
compreender melhor os processos de Svetlana.
1 - Se sabe o seguinte: ela quer saber sobre os sentimentos do homo sovieticus, grupo
social que é generalizado e que ela também faz parte. Assim, ela supostamente já
saberia de antemão os contextos sociais e geográficos de seus entrevistados, já que ela
postula um contingente tão amplo quanto o ser soviético. Digo supostamente, pois a
URSS era um país que abarcava uma quantidade imensa do nosso planeta e seria
ingênuo pensar que os contextos de todos seus habitantes fossem os mesmos, desta
forma, ela teria que estar inteirada destes detalhes vários de cada entrevistado, a não ser
que ela tenha tido entrevista com pessoas de um único grupo social, o que sabemos não
ser o caso. Por fim, como este tópico ainda não me é claro, fica a necessidade de me
aprofundar mais no método de coleta de Svetlana.
2 – Svetlana obviamente se aproxima bastante de seus entrevistados, isso fica claro nas
poucas vezes em que ela intervém no livro e, também, em suas entrevistas. Um detalhe
importantíssimo sobre a proximidade da autora e seus interlocutores é o fato de grande
parte, se não a maioria, das entrevistas ocorrem nas cozinhas das casas. Como é sabido e
muito bem reforçado por Svetlana, a cozinha foi um ambiente importantíssimo na
cultura soviética, pois era ali que membros das famílias se reuniam para tecer críticas ao
governo e podiam exercer um mínimo de liberdade de expressão.
3 – Aqui não é claro se Svetlana executa essa conversa prévia como sugere Ecléa, no
entanto, ela entra em contato previamente para agendar seus encontros e, de acordo que
seu trabalho foi sendo conhecido, Svetlana passou a receber vários convites de pessoas
que queriam dar seus relatos.
4 – Por tudo já discutido, fica fácil ver que Svetlana cria laços com muitos de seus
entrevistados. Inclusive, a autor diz em entrevistas que não só mantém o contato, como
recebe novos relatos de pessoas já entrevistadas. Desta forma, ela está sempre
complementando os testemunhos recebidos, chegando mesmo a alterá-los em edições
posteriores.
#Fazer um outro texto abordando o método de Svetlana, ou ao menos o que já sei sobre
ele.
Cita. p.237 – “ouvir depois é descobrir a riqueza das nuances, dos silêncios, das
reticências, daquilo que não se pretendia talvez transmitir mas que passou assim
mesmo. Ecléa ressalta a importância das hesitações e dos silêncios. “Os lapsos e
incertezas das testemunhas são o selo da autenticidade... A fala emotiva e fragmentada é
portadora de significações que nos aproximam da verdade. Aprendemos a amar esse
discurso tateante, suas pausas, suas franjas com fios perdidos quase irreparáveis” (pp.
63-65).”
Cita. p.237-238 – “Finalmente, mais do que uma sugestão, um ponto ético: mostrar o
depoimento, depois de transcrito, a quem o deu, para que possa apreciá-lo e tenha a
liberdade de modificá-lo. É o que muitas vezes não fazem os jornalistas científicos
quando nos pedem uma entrevista!”
*minha impressão é que Ecléa colhe seus relatos como faz uma psicóloga, enquanto
Svetlana o faz como faz uma repórter. Isso é até óbvio, pois essas são respectivamente
suas profissões.

03/07/18
E. Bosi Cita. p.07 – “O desenraizamento é condição desagregadora da memória.”
Halbwachs Cita. p.228 ?!? “Um homem que se lembra sozinho daquilo que os outros
não se lembram assemelha-se a alguém que vê o que os outros não veem.” ?!?
http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1692-
88572016000100002&lang=pt
https://www.tandfonline.com/action/doSearch?AllField=Svetlana+Aleksievich
pesquisar no google: AcademicArticlesabout Svetlana Alexievich'sWorks;
svetlanaaleksiévitch critica acadêmica
Pesquisar no portal da Capes: Svetlana Alexievich
Pedir artigos sobre a Svetlana para a BC da UFG
04/07/18

https://overland.org.au/previous-issues/issue-226/essay-subhash-jaireth/
https://srl.si/tisk/
https://academic-eb-
britannica.ez49.periodicos.capes.gov.br/levels/collegiate/article/Svetlana-
Alexievich/625316
http://theconversation.com/the-nobel-prize-prediction-industry-far-from-perfect-but-
pretty-impressive-48916
http://go-
galegroup.ez49.periodicos.capes.gov.br/ps/i.do?&id=GALE|A454678948&v=2.1&u=ca
pes&it=r&p=AONE&sw=w
http://go-
galegroup.ez49.periodicos.capes.gov.br/ps/i.do?&id=GALE|A498224333&v=2.1&u=ca
pes&it=r&p=AONE&sw=w
http://go-
galegroup.ez49.periodicos.capes.gov.br/ps/i.do?&id=GALE|A431030655&v=2.1&u=ca
pes&it=r&p=AONE&sw=w

BOSI, Ecléa – Tempos Vivos e Tempos Mortos

*Tempo Cronológico X Tempo Biográfico, este segundo cheio em matéria memorativa.

*atualmente estamos cada vez mais cheios de um Tempo Vazio da sociedade industrial
(**eu chamaria de sociedade do Lucro). O tempo de vida é perdido em burocracias
inúteis e diversas, por caminhos repletos de pura informação, mas sem nenhuma
memória biográfica.

*Espaço-privado, pessoal X Espaço-público, anônimo. Distinção da psicologia social do


espaço vivido.
*na sociedade de massas surgiu o Objeto Descartável a partir do hábito burguês de
frequentemente transformar objetos biográficos em objetos de status. Dado que, na
nossa sociedade do consumo, os objetos de status tiveram seu processo de produção,
circulação e descarte acelerados...
*Ecléa diz que os velhos ainda não conseguiram assimilar essa experiência do
descartável, por isso ainda guardam muitas de suas coisas já antigas.
*Ecléa conta a história de Amadeu e dos pequenos objetos que tomou conta de sua
afetividade e até mesmo o salvou dos Nazistas para a vida.
Cita. p.11 – “A memória opera com grande liberdade escolhendo acontecimentos no
espaço e no tempo, não arbitrariamente mas porque se relacionam através de índices
comuns. São configurações mais intensas quando sobre elas incide o brilho de um
significado coletivo.”
*Ecléa fala da reminiscência sobre o geografo Reclus na memória da senhora de 80
anos, Jovina. Ela enfatiza a personalidade/personalização que esse rememorar de Jovina
nos traz, como se Reclus estivesse mesmo ali.
*Simone Weil filosofa da atenção?!?!

Cita. p.10 – “o tempo histórico é também a narrativa da espécie humana.”


Cita. p.10-11 – “Para além do viver, a narrativa – e só a narrativa – permite
compreender acima de tudo o próprio “Tempo”.”
*tempo da alma/Santo Agostinho | O autor esclarece que o tempo da alma é diferente
para cada indivíduo e em cada situação vivida. Ex, se o indivíduo em determinada
ocasião está entediado, o tempo percebido irá parecer bem mais longo, já se em tal
ocasião ele está empolgado com o que se passa, a percepção de tempo de sua
consciência será bem mais lenta. Além disso, estas percepções temporais da
alma/consciência, em um mesmo evento, podem ser totalmente opostas de indivíduo
para indivíduo.

08/07/18
Nina Khrushcheva
*”Historian of the soul” is the way Alexievich, writing in her journal, describes her
vocation...
*Alexievich calls her series Voices From Big Utopia
*”oficial Soviet nostalgia... slowly replaced Marxist ideology.” For her generation,
Snyder expalined, that meant being “nourished on the quasi-Marxist idea that all the
suffering had a purpose, and the neo-provincial idea that this porpose was the
continuation of the exelplary Soviet state that they happen to have been born”

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11/07/18
Ecléa Bosi X Svetlana Alexievich
Memória e Sociedade
Introdução:
Enquanto Aleksiévitch diz dar voz às pessoas comuns ou "pequenas" por ama-las e por
ter empatia diante do sofrimento dessas pessoas, seu povo, E. Bosi em seu livro, o qual
ela além de publicar, analisa e teoriza sobre a memória dos seus interlocutores, faz a
seguinte afirmação: "Não basta a simpatia (sentimento fácil) pelo objeto da pesquisa, é
preciso que nasça uma compreenção sedimentada no trabalho comum, na convivência,
nas condições de vida muito semelhantes." (E. Bosi pg 2).
O método de pesquisa, organização e apresentação so material de ambas autoras tem
distinções claras. Apesar de ambas não questionarem a veracidade dos relatos colhidos
e, assim,

17/07/18
Vieira
Cita. p.3 “A relação entre o testemunho do “eu” e o testemunho do “outro” deve ser
harmoniosa no sentido de que ambos devem se entender como fazendo parte de um
mesmo grupo e o evento vivido e recordado deve ser comum aos membros desse
grupo.”
Cita. p.3 “A memória individual não deixa de existir, mas está enraizada em diferentes
contextos, com a presença de diferentes participantes, e isso permite que haja uma
transposição da memória de sua natureza pessoal para se converter num conjunto de
acontecimentos partilhados por um grupo, passando de uma memória individual para
uma memória coletiva.”

Cita. p.36 “Temos que recorrer ao pressuposto de uma conservação subliminar de toda a
vida psicológica já transcorrida. O afloramento do passado de combina com o processo
corporal e presente da percepção.
Começa-se a atribuir à memória uma função decisiva na existência, já que ela permite a
relação do corpo presente com o passado e, ao mesmo tempo, interfere no curso atual
das representações.”

p.2

p.7

p.7

p.9

Cita. p.4 – “As coisas aparecem com menos nitidez dada a rapidez e descontinuidade
das relações vividas; efeito da alienação, a grande embotadora da cognição, da simples
observação do mundo, do conhecimento do outro.”
*Objetos Biográficos X Objetos de Status...
Cita. p.7 – “Condenados pelo sistema econômico à extrema mobilidade, perdemos a
crônica da família e da cidade mesma em nosso percurso errante. O desenraizamento é
condição desagregadora da memória.”
ADES, César – A memória partilhada
Cita. p.240 – ““Uma história de vida não é feita para ser arquivada ou guardada numa
gaveta como coisa, mas existe para transformar a cidade onde ela floresceu” (p. 69).”
Cita. p.240 – “A história oral não é apenas o recolhimento do testemunho pessoal, ela é
uma maneira de resgatar “as camadas da população excluídas da história”. Há mais do
que curiosidade científica no ato de dar a palavra a alguém.”

BARROS, Jose D'Assuncao - Tempo e narrativa em Paul Ricoeur Considerações


sobre o círculo hermenêutico
Cita. p.8 – “Narrar é configurar ações humanas específicas, mas é também discorrer
sobre significados, analisar situações. Inversamente, discorrer sobre significados e
analisar é também uma forma de narrar...”
Cita. p.8 – “Escolher elementos para constituírem uma “série” e comentá-los, conforme
já foi exemplificado, é também narrar; e discorrer sistematicamente sobre a
“exploração” de um sujeito coletivo, a classe operária ou um grupo historicamente
localizado de camponeses, é também uma narrativa que, de resto, já continha uma
narrativa prévia no próprio verbo “explorar”.”
Cita. p.8-9 – “O “evento” é na verdade tudo aquilo que produz algum tipo de mudança
no interior de uma narrativa: pode assinalar o início de um processo, demarcar o seu
fim, produzir uma mudança de curso, agregar mais movimento a um processo em
andamento, estancar este processo, ou acrescentar ao relato um novo elemento
informativo. Quando se tem uma narrativa em escala ampliada, os cem anos de uma
história imóvel ou quase imóvel podem corresponder a um único evento. Não é a
extensão de tempo que define o evento, mas sim a sua qualidade, o seu poder de
transformação ou de intensificação no interior da narrativa que o inclui.”
*pg 9 toda... se o indivíduo desaparece na magnitude do “evento” narrado, o seu
contingente, ou o “evento” em si se torna personagem da narrativa.
Cita. p.15 – “Outro ponto muito importante no conjunto de reflexões de Paul Ricoeur
sobre a narrativa histórica refere-se ao fato de que a própria escolha da ordem de
acontecimentos, ou a simples decisão sobre que eventos mencionar, pode implicar em
trazer para uma narrativa determinados significados. Um suicídio, por exemplo, pode
vir a se constituir em um evento no interior de uma narrativa ambientada na vida
cotidiana de uma pequena cidade. Se, em meu relato, faço este suicídio ser precedido
imediatamente de um imenso desgosto por parte daquele que o praticará,
automaticamente parece ter se estabelecido uma conexão entre as duas coisas, um elo
narrativo. A disposição dos dois eventos em uma intriga, um depois do outro, produziu
um significado. Os historiadores também lidam diuturnamente com decisões como
estas. Precisam selecionar eventos e decidir em que ordem eles ficarão uns em relações
aos outros.”
Rui Sarapicos
Cita. p.257 – “Svetlana inovou ao considerar que a voz do autor não era necessária:
“Deve permanecer nos bastidores, fazendo as perguntas certas, escolhendo as
personagens mais interessantes, juntando as frases mais ricas. E apagar-se das páginas”.
A autoria está na seleção e edição.”
Cita. p.48 Bergson11 “é do presente que parte o chamado ao qual a lembrança
responde.”
Cita. p.44 “Ouvindo depoimentos orais constatamos que o sujeito mnêmico não lembra
uma ou outra imagem. Ele evoca, dá voz, faz falar, diz de novo o conteúdo de suas
vivências. Enquanto evoca ele está vivendo atualmente e com uma intensidade nova a
sua experiência.”

p.2

p.8

p.16

p.19

Simone Weil:
“O enraizamento é talvez a necessidade mais importante e mais desconhecida da alma
humana. É uma das mais difíceis de definir. O ser humano tem uma raiz por sua
participação real, ativa e natural na existência de uma coletividade que conserva vivos
certos tesouros do passado e certos pressentimentos do futuro.” p.347
“O desenraizamento é, obviamente, a mais perigosa doença das sociedades humanas,
porque se multiplica a si própria. Seres realmente desenraizados só têm dois
comportamentos possíveis: ou caem numa inércia de alma quase equivalente à morte,
como a maioria dos escravos no tempo do Império Romano, ou se lançam numa
atividade que tende sempre a desenraizar, muitas vezes por métodos violentíssimos, os
que ainda não estejam desenraizados ou que i estejam só em parte.” p.351
“Quem é desenraizado desenraiza. Quem é enraizado não desenraiza.” p.351
“à medida que o desenraizamento se prolonga e aumenta suas devastações. É fácil
compreender que de um dia para o outro o mal pode tornar-se irreparável.” p.351
“Nessa situação quase desesperada, só se pode achar socorro nas ilhotas de passado que
permaneceram vivas na superfície da terra.” P.353
“Seria vão voltar as costas ao passado para só pensar no futuro. É uma ilusão perigosa
pensar que haja aí uma possibilidade. A oposição entre o futuro e o passado é absurda.
O futuro não nos traz nada, não nos dá nada; nós é que, para construí-lo, devemos dar-
lhe tudo, dar-lhe nossa própria vida. Mas para dar é preciso ter, e não temos outra vida,
outra seiva a não ser os tesouros herdados do passado e digeridos, assimilados, recriados
por nós. De todas as necessidades da alma humana não já outra mais vital que o
passado.” p.353-354

Tempo Vivo da Memória:


“A memória oral é um instrumento precioso se desejamos construir a crônica do
quotidiano. Mas ela sempre corre o risco de cair numa “ideologização” da história do
quotidiano, como se esta fosse o avesso oculto da história política hegemônica.” P.15
“A história, que se apoia unicamente em documentos oficiais, não pode dar conta das
paixões individuais que se escondem atrás dos episódios.” P.15
“A memória oral, longe da unilateralidade para a qual tendem certas instituições, faz
intervir pontos de vista contraditórios, pelo menos distintos entre eles, e aí se encontra a
sua maior riqueza.” P.15
“Mas não vai alguém pensar que as testemunhas orais sejam sempre mais “autênticas”
que a versão oficial. Muitas vezes são dominadas por um processo de estereotipia e se
dobram à memória institucional.” P.17
“Há portanto uma memória coletiva produzida no interior de uma classe, mas com
poder de difusão, que se alimenta de imagens, sentimentos, ideias e valores que dão
identidade àquela classe.” P.18
“A memória oral também tem seus desvios, seus preconceitos, sua inautenticidade.”
P.18
“Cita. p.238 – “O testemunho oral nem sempre é mais autêntico do que a versão oficial,
pode ser-lhe conivente. A memória é, segundo Ecléa (e não é difícil concordar)
“cooptada por estereótipos que nascem, ou no interior da própria classe... ou de
instituições dominantes como a escola, a universidade que são instâncias interpretativas
da História” (p. 23).”
Cita. p.239 – ““Quando um acontecimento político mexe com a cabeça de um
determinado grupo social, a memória de cada um de seus membros é afetada pela
interpretação que a ideologia dominante dá a este acontecimento. Portanto, uma das
faces da memória pública tende a permear as consciências individuais” pp. 21-22).”

p.74/3; p.75/0; p.76/1; p.76/3; p.76-77/0; p.77-78/0; p.78/1; p.78/4; p.79/5; p.80/1;
Halbwachs tran cita: “um homem que se lembra sozinho daquilo que os outros não se
lembram assemelha-se a alguém que vê o que os outros não veem.” (2002, p.123).

Apstrakt: Antonio Gramši posvetio je znatnu pažnju razmatranju kulturnih praksi i njihove funkcije u
društveno-istorijskim procesima u svojim teorijskim spisima. Važan segment njegovog istraživanja
predstavljala je i analiza umetnosti i književnosti modernog doba koju je na posredan način uključio u širu
raspravu o problemu podesnosti istorijskog marksizma kao filozofske i društvene prakse, društvene moći i
njene kulturne i istorijske pojavnosti, kulturne i političke emancipacije podređenih slojeva itd. Fokusirajući se u
najvećoj meri na eksplikaciju sociokulturnih, političkih i istorijskih dimenzija italijanske književnost od
renesansnog do modernističkog perioda, Gramši je razvio nacrt sopstvene verzije marksističke estetike,
ponudivši specifična tumačenja problema društvene funkcije umetničkih praksi, prirode umetničkog stvaranja
i umetničkog dela, kao i potrošnje umetničkih produkata. U ovom tekstu ćemo razmotriti Gramšijeve uvide o
umetnosti u kontekstu njegovih obuhvatnih teorijskih, filozofskih i istorijskih ispitivanja sa namerom da na
njihovoj osnovi izvedemo model za analizu muzičkih praksi modernog i postmodernog doba. Cilj takvog
poduhvata je ispitivanje dometa / ograničenja gramšijevske analize muzike iz koga bi proistekao kritički osvrt
na način primene ključnih koncepata ovog teoretičara u postojećim istraživanjima muzičkih pojava.

Interpretação das práticas artísticas no discurso de Antônio Gramsci. Por uma


análise Gramsciniana da música nas sociedades moderna e pós-moderna.

Resumo: Antonio Gramsci dedicou uma atenção substancial às práticas culturais e suas
funções nos processos sócio-históricos em seus escritos teóricos. Um segmento
importante de sua pesquisa foi, também, a análise da arte e da literatura
contemporâneas, que ele indiretamente incluiu em uma discussão mais ampla sobre o
problema da reconciliação do marxismo histórico como prática filosófica e social, poder
popular e suas manifestações culturais e históricas, emancipação política e cultural das
camadas subalternas, etc. Concentrando-se principalmente na explicação das dimensões
socioculturais, políticas e históricas da literatura italiana do período renascentista ao
modernista, Gramsci desenvolveu um esboço de sua própria versão da estética marxista,
oferecendo interpretações específicas para os problemas da função social das práticas
artísticas, da natureza da criação artística e do trabalho artístico, como também, o
consumo de obras de arte. Neste texto, consideraremos os insights Gramscinianos sobre
a arte no contexto de suas abrangentes conceituações teóricas, filosóficas e históricas,
com o intuito de criar um modelo para analise das práticas musicais da era moderna e
pós-moderna. O objetivo de tal esforço é examinar o escopo/limite da análise
Gramisciniana sobre a música, a partir da qual surgiria uma visão crítica de como
aplicar os conceitos-chave deste teórico na pesquisa existente sobre os fenômenos
musicais.

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