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Cultura da jabuticabeira

Jabuticabeira

1 – Histórico, origem e importância

. “Tempos atrás, provavelmente, as jabuticabeiras vegetavam nas áreas que


margeavam os rios e córregos da região Sudeste, dando formação a extensas
capoeiras e matas repletas pela árvore, tendo se expandido tanto naturalmente
como através do cultivo. Desde sempre, quando o homem aprendeu a cultivá-
la e a saborear seus frutos, a jabuticabeira é árvore obrigatória em qualquer
pomar ou quintal. Nas fazendas do sul de Minas Gerais e de São Paulo foi
bastante freqüente - e seria bom que continuasse a sê-lo - o costume de se
manterem extensos pomares formados, exclusivamente, por diferentes
variedades de jabuticabeiras: verdadeiros jabuticabais que, sem qualquer
pretensão comercial, proviam de seus deliciosos frutos as afortunadas famílias
e a comunidade de seus agregados” (Jabuticaba in Bibvirt, on line...).

Planta frutífera de origem sul-americana (brasileira), conhecida há


mais de 400 anos, também existente no Paraguai, Uruguai e Argentina. A
jabuticabeira, mirtácea, espontânea em grande parte do Brasil, mais comum
em Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná,
encontradiça noutras, como Bahia, Pernambuco, Paraíba, Pará, Ceará, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso (Jabuticaba in Catálogo
Rural, on lin...).

O nome jabuticaba tem origem indígena, e foi assim denominado pelos


tupis , que saboreavam seu fruto, tanto na forma natural como fermentada e a
chamavam jaboticaba: jaboti (cágado), caba (lugar onde) (Jabuticaba... in
Coopercampus, on line...), ou iapoti'kaba, cujo significado é "frutas em botão"
(Sales, 2002) “Foi o primeiro [fruto indígena] a ser introduzido em pomares”
(Dicionário... in Sociedade Brasileira..., on line...).
Pode também ser conhecida como jaboticaba-assu, jaboticaba-de-
campinas, jaboticabeira, jabuticatuba (Jabuticaba in Plantas Medicinais, on
.line...), jabuticaba-paulista, jabuticaba-açu, jabuticaba-do-mato, jabuticaba-
panhema. (Bela Ishia, on line...), entre outros.

De acordo com Mattos apud Donadio (2000) as jabuticabeiras, ou


jaboticabeiras (nome mais comum) pertencem à família Myrtaceae, uma das
mais importantes famílias frutíferas de ocorrência no Brasil. Dela também
fazem parte, frutíferas como: guabiroba, Cambuí, cambucí, araçá, goiaba,
grumixama, cambucá, pitanga e pêssego-do-mato.

Dentre as várias espécies de jaboticabeira que são citadas, Myrciaria


jaboticaba, comhecida como Sabará, é a principal de cinco espécies cuja
distribuição geográfica é descrita por Mattos, citado por Donadio (2000), e
ocorre principalmente entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Donadio (2000)
menciona, ainda, várias espécies como Myrciaria trunciflora Ber citando Lorenzi
(1992), a qual ocorre de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, nas matas
pluviais atlânticas e nas submatas; M. ibarrae Lundell, da Guatemala, M
baporeti Legrand, da Argentina e Uruguai, M. floribunda Berg, das Antilhas e
Sul do México ao Brasil e M. vismeifolia Berg, das Guianas, citando Fouqué
(1974). Segundo Donadio (2000), não foram mencionadas espécies nativas de
Myrciaria na África e Ásia em citação feita por Martin et al (1987). Donadio
(2000) ressalta, ainda, que existem outras espécies de Myrciaria que não são
do grupo das jabuticabas, dentre elas, M. dubia Macvaug L., o camu-camu.
Também menciona outras espécies que são ornamentais. Ressalta ainda, que
a jabuticaba brava do Pantanal não é uma Myciaria, mas pertence a espécie
Myrcia tomentosa.

2 – Aspectos botânicos

2.1 – Principais espécies

De acordo com Mattos, citado por Donadio (2000) algumas espécies


podem ser descritas com algumas características, das quais mencionamos
algumas:

a) Myrciaria coronata Mattos: árvore de pequeno porte, medindo


aproximadamente 3m de altura, possui ramos terminais achatados,
folhas com pecíolos curtos, frutos globosos com aproximadamente
2,7cm de diâmetro. Comumente conhecida como jaboticaba coroada, ou
jaboticaba de coroa, ocorre principalmente em São Paulo.

b) Myrciaria oblongata Mattos: árvore de aproximadamente 5m de


altura; ramos terminais subachatados,;folhas de pecíolo curto,
avermelhadas, muito glandulosas; frutos ovado-elípticos a elípticos
autopurpúreos de 2 a 3,2 cm de comprimento por 2 a 2,7 cm de
diâmetro; 1 a 4 sementes. Conhecida como jaboticaba azeda, ocorre
principalmente em São Paulo.

c) Myrciaria spirito-santensis Mattos: porte de aproximadamente 4m


de altura, ramos castanhos, com raminhos terminais e novos pilosos;
folhas opostas ou subopostas de pecíolos curtos. Ocorre principalmente
no Espírito Santo.

d) Myrciaria grandifolia Mattos: árvore de aproximadamente 5m de


altura, ramos cilíndricos, com extremidade subachatada, acinzentados e
ramos terminais seríceos. Folhas com pecíolos de 5 a 6mm de
comprimento; frutos com 2,2 cm de diâmetro, globosos, lisos,
atropurpúreos. Conhecida como jabuticaba graúda, ou jaboticatuba,
ocorre principalmente em Minas Gerais.

e) Myrciaria peruviana (Poir) var. trunciflora (Berg) Mattos: árvores


com cerca de 8m de altura; ramos cilíndricos, e raminhos novos
achatados; folhas escuras com pecíolos de aproximadamente 3mm de
comprimento; bagas globosas, com cerca de 2cm de diâmetro, negras;
1 a 4 sementes. Conhecida como jabuticaba de cabinho, ocorre nos
Estados de MG e ES, no Brasil, e também no Paraguai e Argentina.

f) Myrciaria aureana Mattos– árvore de aproximadamente 3 m de


altura; casca amarelada; ramos cilíndricos, com desprendimento de
casca sendo os ramos terminais e novos cinza-amarelados possuindo
pilosidade seriácea; folhas opostas, com pecíolos de 3mm de
comprimento, cactáceas, possuem glândulas escuras, numerosas e
pouco visíveis; frutos subgloboso-oblíquos, de 15 a 18mm de
comprimento por 19 a 21mm de diâmetro, verde-claros; 1 a 4 sementes
lisas, amarelo-claras. Conhecida como branca, ocorre em São Paulo.

g) Myrciaria phitrantha (Kiaersk) Mattos – porte de aproximadamente


7m de altura; ramos cilíndricos; folhas com pecíolos de 5 a 10mm de
comprimento, possuem pontuações semi-translúcidas; bagas com cerca
de 2,4 cm de diâmetro, subglobosas. Conhecida como costada. Ocorre
em São Paulo.

h) Myrciaria jaboticaba (Vell) Berg– árvore de 6 a 9m de altura; ramos


finos e cilíndricos, sendo os ramos terminais e novos, achatados; folhas
com pecíolo de 1,5 a 2mm de comprimento, ciliadas quando novas;
frutos de 1,6 a 2,2 cm de diâmetro, subglobosos ou globosos, negros e
lisos; 1 a 4 sementes. Conhecida como sabará, ocorre no Brasil,
Paraguai e Argentina.

i) Myrciaria cauliflora (DC) Berg – possui ramos terminais glabros e


achatados; folhas com pecíolos de 3mm de comprimento,
membranáceas; frutos globosos, de cor negra, 2,2 a 2,8 cm de
comprimento por 2,2 a 2,9 cm de diâmetro; 1 a 4 sementes. Conhecida
como paulista, assu (ou açu), e ponhema. Ocorre no Brasil, de forma
geral.

2.2 – Aspectos morfológicos

a) Folhas: de acordo com Moura, citado por Donadio (2000), a


jabuticabeira apresenta folhas com epiderme glabra, a folha é
hipostomática, com estômatos paracíticos, com glândulas; colênquima
com parênquima paliçádico e lacunoso; idioblastos incolores,
desenvolvidos; tecido formado por esclerênquima e pouco colênquima;
possuem transpiração cuticular baixa, sem restrição o dia todo, sendo do
tipo heterobárica; possui células de contorno irregular com paredes
espessas e pontuações simples na epiderme abaxial, e células maiores,
com paredes pouco espessas e pontuações simples e estômatos
numerosos na epiderme adaxial; os idioblastos são freqüentes, e estão
em contato com a epiderme adaxial; as glândulas são esparsas e estão
no nível do parênquima paliçádico, em contato com a epiderme adaxial,
e são compostas de duas células; o sistema fibrovascular é bem
desenvolvido, formado da nervura central, floema, xilema e nervuras
laterais; o bordo da folha possui células epidérmicas com paredes
espessas, e com células do parênquima lacunoso irregulares e de
tamanhos variáveis, o que permite diferencia-la de outras Mirtáceas.

b) Inflorescência: conforme Handro (1953) e Mattos (1983) em citação


de Donadio (2000), a inflorescência de M. cauliflora, é assim descrita:
“pedúnculos com cerca de 1mm e comprimento, aglomerados sobre o
tronco e ramos mais ou menos velhos protegidos por 4 séries de
brácteas ciliadas. Botão floral glabro. Cálice com lobos ovado-oblongos,
agudos ou obtusos, ciliolados, mais ou menos separados entre si, com
1,5 mm de comprimento. Pétalas largamente oblongas de 2,5 –3mm de
comprimento. Ovário glabro; estilete com cerca de 6mm de
comprimento; estigma peltado”.

c) Fruto: “Pequenas, redondas, nas cores roxa ou preta... com polpa


suculenta, mole e esbranquiçada, a pequena frutinha...” (Sales, 2002)
“...negros, quando maduros e se fixam em toda a superfície da planta,
em suas raízes aéreas, no tronco e em todos os galhos e [...] de ótimo
sabor...”. (Bela Ishia, on line...)

De acordo com Duarte citado por Donadio (2000), o fruto de M.


cauliflora apresenta crescimento lento até os 12 dias. Após esse período a o
crescimento é mais rápido, fazendo com que a fruta passe de 2g para 4g em
20 em 8 dias, continuando crescendo até os 28 dias, quando há um período de
estabilidade até os 30 dias do florescimento. O fruto final (avaliado) pesa em
torno de 5g. M. jaboticaba, estudada por Magalhães citado por Donadio (2000),
também apresenta crescimento lento durante cerca de 20 dias para
comprimento e volume e 35 dias para volume, sendo que o volume máximo é
alcançado entre o 40o. e 44o. dia, estabilizando-se após 50 dias. De acordo
com Duarte et al citados por Donadio (2000), o comportamento reprodutivo da
jabuticabeira mostra que ramos mais grossos possuem maior ocorrência de
flores e frutos. A quantidade de frutos varia de 30 a 400 por metro de ramo.

De acordo com estudos realizados por Gurgel & Soubihe Sº- citados por
Donadio (2000), as jabuticaba geralmente são poliembrionias, a exceção da
jabuticaba branca, e produzem mais de um embrião em cada semente.
Conforme estudos de Soubihe Sº e Gurgel citados por Donadio (2000), as
jabuticabeiras apresentam em média, de 1,2 a 2,6 sementes por fruto, sendo
que a Sabará apresenta o menor número, e a paulista, o maior. O número de
sementes pode variar de 1 a 5 por fruto.

2.3 – Aspectos fenológicos

A vegetação ocorre de forma intensa no fim do inverno, e início da


primavera, antecedendo a época principal de floração, que ocorre nos troncos
e ramos, após a ruptura da casca. Em relação ao processo de reprodução,
cada flor produz grande quantidade de pólem que fica disponível para
polinização e fecundação, ao passo que o estigma está disponível desde o
momento de abertura da flor. Isso permite auto-polinização e polinização
cruzada. O índice de pegamento varia de 7 a 30%, podendo subir para 60-70%
em cultivo protegido, conforme Duarte, citado por Donadio (2000). Ainda
segundo Duarte, sementes de frutos imaturos, com 15 a 17 dias já podem
germinar.

Em condições ideais de clima e cultivo, até 5 floradas podem ocorrer no


ano. Em relação à época de frutificação, de acordo com Matos, citado por
Donadio (2000), pode variar conforme as diferentes espécies e locais. Por
exemplo, M. cauliflora, de setembro a janeiro, em Campinas e São Paulo; M.
grandiflora e M. peruviana var trunciflora, de março a setembro, em Curitiba, no
Paraná.

3 – Utilização e aspectos nutricionais

3.1 Uso

A madeira é resistente e pode ser destinada ao preparo de vigas,


esteios, dormentes e outras obras internas.
Fruto: pode ser consumido ao natural ou usado no preparo de doces,
geléias, licores, vinho, vinagre. Na indústria, o fruto é usado para o preparo de
aguardente, geléias, jeropiga (vinho artificial), licor, suco, e xarope, sendo que o
extrato do fruto é usado como corante, de vinhos e vinagres.

Na medicina caseira utiliza-se o chá-de-cascas para tratar anginas, e


erisipelas; a entrecasca do fruto, em chá, destina-se ao tratamento de asma.
(Jabuticaba... in Coopercampus, on line...) , usadas também para gargarejos,
pois o caldo da jabuticaba é eficaz contra as inflamações agudas e crônicas da
boca. (Bela Ishia, on line…) .

A jabuticabeira possui ainda as seguintes indicações fitoterápicas:


antiasmática, inflamação das amídalas, inflamação dos intestinos, hemoptise,
erisipela, e esquinencia crônica (Jabuticaba in Plantas Medicinais, on line...)

3.2 – Aspectos nutricionais

São boas fontes de vitaminas B2 e B3, proteína e cálcio. Disponíveis a


partir da primavera. São usadas contra a asma. Cada 100g do fruto possui 44,9
cal; 11,2g de glicídios; 0,54g de proteínas; 9mg de cálcio; 60mg de fósforo;
1,26mg de ferro; 8,3mg de sódio e 13g de potássio. (Diário dos alimentos, in
Sociedade..., on line...). Possuem ainda, par cada 100g, 60mg de vitamina B1;
160mg de vitamina B2, 12,80 mg de vitamina C, 2mg de Niacina (Bela Ishia, on
line...).

4 – Exigências edafoclimáticas

A jabuticabeira é considerada uma planta de origem subtropical, porém com


boa adaptação ao clima tropical (Andersen & Andersen; Phillips & Goldweber,
citados por Donadio (2000), suportando bem até –3 ºC, suportando, porém,
curto período de falta de água, e requerendo boa umidade do solo (Ahsens
apud Donadio, 2000). Necessita de temperaturas baixas para florescer (Simão
apud Donadio, 2000).

Em relação à altitude, ocorre no Brasil, desde o nível do mar, até


1.400m de altitude (Wiltbank citado por Donadio, 2000). É classificado por
Lorenzi (Donadio, 2000) como mesófita ou heliófita e seletiva higrófila.
Em relação ao solo, desenvolveu-se bem em vários tipos de solo, com
preferência, os sílico-argilosos, ou argilo-silicosos, profundos, férteis e bem
drenados (Gomes citado por Donadio, 2000).

5 – Propagação

5.1 – Propagação por sementes

De acordo com Donadio (2000), a propagação por sementes deve ser evitada,
sempre que possível, por vários motivos. A propagação por sementes nem
sempre assegura a reprodução das características da planta que forneceu a
semente, além do que, o início da produção é tardio em relação às plantas
propagadas vegetativamente.

Entre os critérios para a escolha das sementes, recomenda-se que a planta


mãe tenha alta produção, boas características para os frutos, sanidade e vigor.
Os frutos devem ser colhidos maduros, escolhidos e cortados para extração
das sementes. As sementes devem ser selecionadas, eliminando-se as mais
leves, danificadas ou de menor tamanho. Para que a germinação seja mais
rápida, deve-se retirar a polpa, lavando as sementes com água corrente.

Recomenda-se a imersão das sementes em água quente a 20 ºC, e o seu


tratamento com fungicida em pó.

A semeadura pode ser feita em recipientes ou canteiros, para posterior plantio


em local definitivo. A semeadura é feita colocando-se de 1 a 5 sementes por
recipiente, a 1cm de profundidade. No caso dos canteiros, pode-se semear a
lanço ou em linha com espaçamentos de 10 a 20 cm. A germinação ocorre de
10 a 40 dias, após o que, se recomenda cuidado com pragas como: lagarta
rosca, grilo, vaquinhas e formigas.

O desbaste deve ser feito quando as mudas estiverem com 5cm,


retirando-se as mais fracas, deixando-se uma por recipiente. No canteiro não
há necessidade de se desbastar.

As plantas semeadas em canteiro devem ser transportadas para


recipientes após 6 meses a 1 ano. A muda estará formada de 1 a 2 anos.
Usualmente, a planta de jabuticaba propagada por semente leva mais de 10
anos para entrar em produção. A estocagem das sementes pode ser feita até
por 6 meses, porém, com substantiva redução do poder germinativo.
Recomenda-se a estocagem em frasco plástico, a 12 ºC e 85-90% de umidade
relativa (Donadio, 2000).
b) Propagação vegetativa

Segundo Donadio (2000), várias técnicas de propagação vegetativa


são citadas por vários autores, porém, poucos são os detalhes específicos
sobre a propagação vegetativa da jabuticabeira. Entre os métodos citados,
estão a garfagem, mergulhia e estaquia.

De acordo com Mattos, citado por Donadio (2000) a garfagem tipo incrustação
no topo, ou inglês complicado deve ser feita em porta-enxerto com 1 ano de
idade, no fim do inverno. São utilizados ramos terminais com 0,5cm de
diâmetro, que devem ser preparados e encaixados no cavalo perfeitamente. No
caso de enxertia por borbulhia. Este autor recomenda cavalos de dois anos e
borbulhas de ramos vigorosos, da grossura de 1 lápis. Os ramos devem ser
preparados na planta matriz, um mês antes, cortando-se as pontas dos ramos,
um mês antes da enxertia, para induzir brotação das gemas.

As mudas enxertadas ficam prontas para o transplantio


aproximadamente após 2 anos. De acordo com estudos relatados por Duarte,
citado por Donadio (2000), a propagação por garfagem em fenda é superior à
fenda parcial, e borbulhia, que é a pior. A estaquia não produz resultados
satisfatórios, mesmo com o uso de estimuladores de crescimento como
auxinas. De acordo com estudos desenvolvidos por Andersen & Andersen,
citados por Donadio (2000), a jabuticabeira propagada por enxertia começa a
produzir após o 5o. ano.

6- Implantação e condução do pomar

6.1 – Plantio

Segundo Donadio (2000), a jabuticabeira é muito sensível ao


transplantio. Por esta razão o transplantio deve ser efetuado com muito
cuidado, preservando-se o torrão e de preferência, em dia nublado. As covas
devem ser de 60cm de diâmetro por 60cm de profundidade. Recomenda-se
incorporar 15g de superfosfato, e 200g de esterco curtido por cova. As
mudinhas devem ser regadas até o pegamento.

Em relação ao espaçamento, Donadio (2000) salienta que o


espaçamento ideal é aquele que possibilita o crescimento da planta e a
iluminação adequada da sua copa, visando sua plena produção, sem
necessidade de manejo da copa.
De acordo com Gomes citado por Donadio (2000), o espaçamento
recomendado pode ser 6x6 até 10 x 10m conforme a variedade, o clima e a
fertilidade do solo.

Dado que a jabuticabeira leva muito tempo para crescer e começar a produzir,
Donadio (2000) recomenda intercalar outras frutíferas mais precoces ou
culturas anuais.

6.2 Podas

Inicialmente, as mudas devem ser formadas de modo que os troncos


tenham de 40 a 60cm do solo, permitindo engalhamento simétrico e copa
aberta.

A poda de frutificação deve ser feita para que se obtenha 4 a 6 ramos


primários, que devem duplicar-se a partir de 1,2 – 1,5m e depois
sucessivamente a cada 0,6-1,0m. Também é necessário que os ramos fiquem
20 a 30cm uns dos outros. (Andersen & Andersen, citados por Donadio (2000),
que explica que as podas de limpeza devem ser realizadas de modo a manter
o arejamento e expor os ramos mais grossos à luz solar. O autor não informa
qual deve ser o intervalo de poda. Segundo ele, podas drásticas não são
recomendadas, porque a regeneração da planta é lenta.

6.3 - Irrigação

No Triângulo Mineiro, em MG, Informações populares dão conta de que a


jabuticabeira próxima a cursos d’água normalmente floresce várias vezes no
ano, ao contrário de plantas do mesmo local, porém com disponibilidade de
água limitada ao período chuvoso. Segundo Mattos citado por Donadio a
florada, usualmente, está associada às primeiras chuvas de primavera.

Segundo Donadio (2000), a irrigação é prática comum para a jabuticabeira,


embora não existam dados experimentais sobre o seu efeito na produção e
qualidade dos frutos.

De acordo com Andersen & Andersen, citados por Donadio (2000), um sistema
de irrigação eficiente para a jabuticabeira é viável e alertam para o fato de que
o encharcamento do solo é prejudicial e pode matar as raízes da planta.
6.4 - Controle de plantas daninhas

Recomenda-se manter o pomar limpo, roçando-se as entrelinhas, e


capinando ou usando-se herbicidas na linha. Donadio (2000) recomenda
cautela na utilização de herbicidas de pré-emergência pois não se tem
conhecimento sobre a tolerância da jabuticabeiras.

6.5 - Adubação

Citando Souza, Donadio (2000) salienta que os frutos de jabuticabeira


constituem um forte dreno de minerais, e grandes quantidades de nutrientes
são extraídos durante a colheita. Segundo ele, as recomendações de
adubação para a jaboticabeira existenes são todas adaptadas de outras
culturas. Entre elas, o autor cita a recomendação de Andersen & Andersen
indicando a aplicação de 30 a 50Kg de esterco + 250g de NPK/planta/ano. A
adubação deve ser feita no período das chuvas, preferencialmente, de forma
parcelada, e deve ser incorporada na área da coroa. Segundo Gomes, citado
por Donadio, a jabuticabeira responde muito bem à adubação orgânica.

6.6 – Manejo de pragas e doenças

Segundo Donadio (2000), apesar de várias pragas e doenças serem


citadas em literatura, para a jabuticabeira, a maioria é de ocorrência
esporádica, não se recomendando controle, a menos que sejam observados
danos econômicos.

Entre as várias doenças fúngicas que podem atacar a jabuticabeira,


destaca-se a podridão de raízes, que tem ocorrido em pomares comerciais
paulistas com mais de 15 anos, causado, provavelmente, pelo fungo Rosellinia.
O controle é difícil pois ocorre morte da planta (Mattos apud Donadio, 2000).
Para Andersen & Andersen, também citados por Donadio (2000), a principal
doença da jabuticabeira é a ferrugem da goiabeira, causada por Puccinia psidii,
que ataca os frutos, principalmente em anos quentes e chuvosos. Segundo
Donadio (2000), o controle, neste caso, é feito por meio de pulverizações
quinzenais de caldas cúpricas, inciando-se antes da florada e fazendo-se mais
duas em seguida, podendo prosseguir após a colheita, se a doença persistir.
Donadio salienta, ainda, a importância dada a esta doença por Simão, que
recomenda a retirada de ramos em excesso, e de árvores em pomares densos,
como medida de controle por meio da penetração de luz.

Entre as várias pragas citadas, Donadio salienta que a mosca das


frutas, e as formigas são citadas por Mattos como tendo uma certa importância,
porém Gomes considera a cochonilha Capulinia jaboticabae como o grande
inimigo da jabuticabeira. O controle desta praga deve ser feito raspando e
pincelando-se os ramos atacados com calda sulfocálstica. Segundo Andersen
& Andersen citados por Donadio (2000), o controle da mosca das frutas pode
ser realizado mediante o uso de iscas envenenadas, sendo que a jaboticaba
Sabará é menos atacada por esse inseto.

7 – Colheita e pós-colheita

A colheita se dá 1 a 1,5 mês após a florada, podendo ocorrer em


diferentes épocas do ano, conforme a região de cultivo. Deve ser manual e
cuidadosa, recomendando-se recipientes pequenos, e o seu transporte até o
consumidor no mesmo dia da colheita. O rendimento da colheita é baixo e por
isso o custo é elevado (Donadio, 2000).

De acordo com estudos desenvolvidos por Duarte et al citados por


Donadio (2000), não se recomenda armazenar os frutos maduros em bandejas
plásticas a 85-90% de umidade. Isto permite a conservação e comercialização
dos frutos por até dois dias à temperatura ambiente. Se acondicionado nessas
condições à temperatura de 12 ºC, podem ser conservados por até 3 semanas.
Relata-se ainda, que a temperatura de 6 ºC os frutos se queimaram.

Mota (2002), estudou a influência do tratamento pós colheita com


cálcio, e concluiu que não houve grande contribuição desse tratamento, na sua
conservação.

8 - Aspectos econômicos

De acordo com Magalhães et al, citado por Mota (2002) o potencial


econômico dessa fruta é grande, devido às suas características organolépticas
para consumo "in natura", e a possibilidade de ser utilizada na fabricação de
licores e geléias. Entretanto, por ser muito perecível, seu período de
comercialização pós-colheita é curto, porque há uma rápida alteração da
aparência, devido à intensa perda de água, ocorrendo deterioração e
fermentação da polpa, dois a três dias após a colheita.

Segundo Donadio (2000), a jabuticaba ainda é considerada uma fruta de


pomares, mas a sua comercialização vem crescendo. Segundo o autor, em
1980, a CEAGESP comercializou em torno de 900.000Kg, e em 1998, este
valor subiu para mais de 4.000.000Kg. De acordo com os dados pela
CEAGESP, 95% da produção está concentrada nos meses de agosto a
novembro, principalmente, setembro.

9 - Processamento do fruto (receitas caseiras)

Vários produtos podem ser obtidos a partir da jabuticaba. A seguir são


relatadas algumas receitas obtidas em sites da internet.

a) Torta de jabuticaba

“Ingredientes:

100 gramas biscoitos água

1 colher de sopa de margarina derretida

1 colher de café de canela em pó

1 colher de sopa de adoçante em pó

3 xícaras de jabuticaba

2 xícaras de água

½ xícara de adoçante em pó

1 colher de chá de amido de milho

1 ½ envelopes de gelatina em pó sem sabor

3 claras em neve

½ xícara de creme de leite light

Modo de Preparar: Bater os biscoitos no processador até formar uma farofa.


Colocar em uma panela com a margarina até começar a dourar. Retirar e
adicionar o adoçante e a canela. Colocar no fundo de uma forma de abrir.
Levar a jabuticaba com a água ao fogo e deixar cozinhar até que a casca
arrebente. Deixar ficar morno e bater no liquidificador. Passar por um coador e
torrar ao fogo com o adoçante, o amido. Deixar encorpar. Dissolver a gelatina
em 4 colheres de sopa de água e em banho-maria. Reservar 1 xícara da geléia
de jabuticaba. Misturar o restante, a gelatina, a clara batida em neve e o creme
de leite. Colocar sobre a massa de torta e levar à geladeira. Quando firmar,
retirar do aro e servir com a calda.”

Fonte: Cozinha light, on line...

b) Geléia de Jabuticaba

“Ingredientes:

- 3 litros de jabuticaba

- cerca de cinco copos americanos de açúcar cristal, de acordo com a


quantidade de suco da fruta

Modo de Preparar

Lavar a jabuticaba. Espremer numa panela e levar ao fogo com a casca e o


caroço. Assim que ferver, mexer e retirar do fogo. Deixar esfriar, passar na
peneira de taquara, facilmente encontrada em mercados municipais. Tornar a
coar o líquido no coador. Medir seis copos do suco e cinco copos americanos
de açúcar. Levar ao fogo e deixar dar o ponto. Dica importante: deixar pingar a
geléia em um copo com água. Quando a bolinha bater no fundo do copo e
dissolver, já está no ponto. Aí é só colocar em um copo de vidro esterilizado.

Tampar só depois que a geléia estiver fria”.

Fonte: Jornal Alterosa, on line...

c) Sorvete de Jabuticaba

“Ingredientes:

-1 litros de suco de jabuticaba


-1 xícara e meia de açúcar cristal

-1 xícara de leite em pó

-1 colher de sopa de liga neutra

-1 colher de sopa rasa de gordura hidrogenada

Modo de preparar

Lavar bem as jabuticabas. Depois espremer a fruta numa panela, deixando a


casca e o caroço. Levar ao fogo. Assim que ferver, passar na peneira de
taquara, facilmente encontrada em mercados municipais. Pode-se usar,
também, a peneira de plástico. A de alumínio não serve. Coar num coador de
pano e então o suco estará pronto. Em seguida colocar todos os ingredientes
no liquidificador, menos a gordura hidrogenada. Bater por aproximadamente 20
minutos. Deixar no freezer de um dia para outro. No outro dia dividir a massa
em duas partes, porque a batedeira caseira não comporta tudo de uma só vez.
Bater cada parte com meia colher de gordura hidrogenada. A massa vai crescer
e o sorvete estará pronto. Ponha em potes e leve à geladeira.”

Fonte: Jornal Alterosa, on line...

d) Licor

Ingredientes:

400g de jabuticaba

200g de açúcar

200cm3 de água

200cm3 de álcool 95 G.L.

Modo de preparar:

Esmagar as jabuticabas, aproveitando toda a fruta. Deixar em infusão no álcool


durante 24 horas. Coar em flanela. Fazer um xarope de água com açúcar e
mistura-lo à infusão. Engarrafar e deixar envelhecer por 6 meses, depois filtrar.

Fonte: Donadio, 2000


10 - Bonsai de jabuticabeira

O site http://www.bonsaibrasil.com.br/myrciaria.htm apresenta uma


receita para o cultivo do bonsai de jabuticabeira.

O autor recomenda a obtenção de mudas através da alporquia de um


galho que já esteja produzindo. Neste caso, deve-se fazer o anelamento
completo do tronco, e utilizar algum hormônio enraizante. A obtenção de
mudas através de raízes também pode ser feita, todavia, neste caso, deve
demorar a produzir frutos. Os brotos devem ser podados no segundo ou quarto
par de folhas, quando estiver com seis ou oito pares de folhas desenvolvidas.
Podas vigorosas podem ser feitas, preferencialmente na primavera. A raiz
pivotante deve ser eliminada aos poucos para que se consiga o plantio em um
vaso raso. As plantas devem ser transplantadas a cada dois anos, de
preferência na primavera, fazendo-se uma poda moderada das raízes.

Deve-se regar, de forma a manter o solo úmido de maneira uniforme. O autor


recomenda adubação com fertilizante líquido a cada quinze dias, desde o início
da primavera até o final do verão, e no outono e inverno, uma vez por mês.

Em climas amenos, as plantas podem ficar próximas a uma janela bem


iluminada. No caso de ambientes externos, deve ficar em local ensolarado ou
de meia sombra no período que vai da metade da primavera até o final do
verão. A planta não suporta geadas fortes.

11 – Sites com informações sobre a jabuticabeira, seu fruto e utilização

http://agri-asp.prodemge.gov.br/precos/bolproduto2resp.asp

http://www.acessa.com/projetos/Sabor/arquivo/dicas/2002/10/03-
jabuticaba/

http://www.agricultura.gov.br/snpc/lst1100.htm
http://www.agrov.com/vegetais/fru/jabuticaba.htm

http://www.alterosa.com.br/ja/receitas/ja_receita-3-11-2001.htm

http://www.belaischia.com.br/jabuti.htm

http://www.bibvirt.futuro.usp.br/especiais/frutasnobrasil/jabuticaba.html

http://www.bonsaibrasil.com.br/myrciaria.htm

http://www.copercampos.com.br/agricultura/frutijaboticaba.htm

http://www.diabetes.org.br/Diabetes/dicionario/dic_gij.html#J

http://www.esalq.usp.br/trilhas/fruti/fr26.htm

http://www.estado.estadao.com.br/edicao/especial/brasil/brasil14.html

http://www.geomagna.com.br/news106.htm

http://www.nacamura.com.br/Arquivos_Culturas/Culturas/Jabuticaba.htm

http://www.ouropreto-ourtoworld.jor.br/a_jabuticaba.htm
http://www.redemulher.com.br/cozinhalight/receitas_doces_paves/receita_
05.htm

http://www.ruralnews.com.br/agricultura/frutas/jabuticaba.htm

http://www.scielo.br/scielo.php

http://www.topnet.com.br/vparaiso/curioso.html

http://www.unesp.br/not/arq_26.htm
Referência bibliográfica

Bela Ishia [on line]. Disponível: ‹http://www.belaischia.com.br/› [Acessado em


03 de julho de 2003]

Dicionário dos Alimentos. In: Sociedade Brasileira de Diabetes. [on line].


Disponível:
‹Disponível:‹http://www.diabetes.org.br/Diabetes/dicionario/dic_gij.html#J›
[Acessado em 03 de julho de 2003].

DONADIO, LUIZ CARLOS. Jabuticaba (Myrciaria jaboticaba (Vell.) Berg).


Jaboticabal: Funep, 2000. 55p. (Série Frutas Nativas, 3).

JABOTICABA (M. coronata, M. cauliflora, M. peruviana, M. grandi flora, M.


jaboticaba). In: Coopercampus. [on line]. Disponível:
‹http://www.copercampos.com.br/agricultura/frutijaboticaba.htm)› [Acessado
em 03 de julho de 2003].

Jaboticaba. IN: Plantas medicinais. [on line]. Disponível:


‹http://www.ciagri.usp.br/planmedi/pm0399.htm› [Acessado em 03 de julho
de 2003].

Jabuticaba. In: BibVirt. [on line] Disponível:


‹http://www.bibvirt.futuro.usp.br/especiais/frutasnobrasil/jabuticaba.html›
[Acessado em 03 de julho de 2003].

Jabuticaba. In: Catálogo Rural. [on line]. Disponível:


‹http://www.agrov.com/vegetais/fru/jabuticaba.htm› [Acessado em 03 de
julho de 2003]

MOTA, WAGNER FERREIRA DA, SALOMAO, LUIZ CARLOS CHAMHUM,


PEREIRA, MARLON CRISTIAN TOLEDO et al. Influência do
tratamento pós-colheita com cálcio na conservação de jabuticabas.
Rev. Bras. Frutic. [on line]. abr. 2002, vol.24, no.1 [citado 03 Julho
2003], p.49-52. Disponível na World Wide Web:
http://www.scielo.br/scielo.php?

Myrciaria cauliflora. In: Bonsai Brasil. [on line]. Disponível:


‹http://www.bonsaibrasil.com.br/myrciaria.htm› [Acessado em 03 de julho de
2003].

Receitas Cuninárias. In: Jornal Alterosa [on line]. Disponível:


‹http://www.alterosa.com.br/ja/receitas/ja_receita-3-11-2001.htm› [Acessado
em 03 de julho de 2003]

SALES, L. A. O doce sabor da jabuticaba. In: acessa com. [on line] 2002.
Disponível:
‹http://www.acessa.com/projetos/Sabor/arquivo/dicas/2002/10/03-
jabuticaba/› [Acessado em 03 de julho de 2003]

Torta de jabuticaba. In: Cozinha light. [on line]. Disponível:


‹http://www.redemulher.com.br/cozinhalight/receitas_doces_paves/receita_0
5.htm› [Acessado em 03 de julho de 2003].

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