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RESUMO
ABSTRACT
The text deals with elements of contemporary Brazilian educational policy emphasizing basic education.
Addresses the professional practice of social workers in schools, research fruit held in 2015 with
professionals working in different schools in the state of Rio de Janeiro. Will be presented their profile,
discussing their working conditions, work processes and design of social work education and
possibilities of action in the public schools
* Professora adjunta da Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora do
Programa de Pós Graduação em Serviço Social e Desenvolvimento Regional (Mestrado).Possui formação em
serviço Social, especialização em Gênero e Saúde pela Escola de Serviço Social da UFF (2002). É mestre em
Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006). É Doutora em Serviço Social do Programa de
Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Possui experiência nas áreas de
Família, Assistência Social, Educação, Espaços Populares. francinesantos@yahoo.com.br
SANTOS, F.H.
ARTIGO
Introdução
1Ao tratar da reforma do Estado usaremos o termo “contrarreforma”, entendendo que, o que aconteceu no
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Estas considerações nos ajudam a pensar que, mesmo nos períodos mais remotos
da gênese e institucionalização da profissão, o Serviço Social já contribuía para a
construção de consensos no Brasil. Atualmente, mesmo com um projeto-ético-político
em pleno momento de consolidação e alastramento nos espaços sócio-ocupacionais, a
profissão não está imune ao processo em curso. Segundo Motta, ao referir-se às
modificações em curso nas políticas a partir dos os argumentos antineoliberais, anti-
imperialistas, a autora diz que:
A intervenção social dos governos progressistas, vale dizer, nesses
países em que a idéia de progresso se vincula a processos de
modernização, sem que se alterem os pilares das relações sociais
capitalistas, se dá nas políticas compensatórias de enfrentamento da
pobreza, feitas com o uso de novas pedagogias de concertação de
classes. (MOTTA, AMARAL, 2011, p.7)
nexos entre a educação e o exercício profissional, que, para além de intervir nas
múltiplas expressões da questão social, contribui para a construção de uma determinada
sociabilidade, mesmo norteada por um projeto ético-político que mantém vivo o
pressuposto da necessidade da superação da sociabilidade burguesa, embora se tenha
clareza dos limites que uma profissão possui.
Ressalto a clareza sobre os limites de uma profissão que, ao passo que possui
compromissos com as lutas da classe trabalhadora no sentido da superação da ordem
do capital, legitimou-se e se mantém sob a égide de um Estado burguês, sendo exercida,
sobretudo, nas corporações empresariais, nas instituições “organizadas da sociedade
civil” e nas instituições do próprio Estado, o que pressupõe demarcar a diferença entre
“profissão” e “militância”. (IAMAMOTO; NETTO, 1992).
A hipótese que norteia a pesquisa desenvolvida afirma que a dimensão coletiva,
tão subestimada nos tempos atuais, se configura como um campo de possibilidades de
alteração do status quo. A sociabilidade burguesa forjada pelo modo de produção
capitalista traz no seu bojo o imperativo do individualismo, do associativismo destituído
do corte de classe, da competição e das múltiplas formas de “passivação” da classe
trabalhadora. A configuração de uma escola pública que reproduza a ordem dominante
e que mantenha a “superpopulação relativa” conformada e “passivizada” é elemento
fundamental para a reprodução ampliada do capital.
Mas afinal, quem são o que pensam e o que fazem as assistentes sociais
nas escolas?
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1ª DEMANDA 2ª DEMANDA 3ª DEMANDA TOTAL
adequado para a guarda documentos pertinentes ao atendimento aos (às) usuários (as),
já que 09 profissionais revelam a inadequação de espaço físico e recursos para
atendimentos, 07 dizem que não existem condições, 08 apontam a existência de
condições e 03 não responderam. A hipótese é que as escolas não foram e não estão
preparadas para receber o assistente social.
O quadro de aviltamento das políticas sociais, dentre elas as políticas
educacionais, traduzem o rebaixamento das condições de trabalho profissional. Desse
modo, o assistente social atende alunos, famílias e professores em locais inadequados.
Alguns colegas revelam que as intervenções ocorrem frequentemente nas salas de
leitura, auditório, refeitório, locais estes inapropriados para o exercício profissional,
principalmente quando se trata de atendimentos individuais. Neste mesmo eixo, ao
serem indagados sobre a existência de local para atendimento onde o sigilo é
resguardado, 04 dizem que não há local e 15 que há espaço de atendimento onde o
sigilo é resguardado, mas não adequadamente.
Indagados sobre as requisições profissionais, dos 27 respondentes, 17 acenam a
existência de ações em desacordo com suas atribuições ou competências profissionais.
Quais sejam:
Requisições em desacordo com suas atribuições ou competências profissionais
A solicitação de acompanhamento familiar como se fosse CRAS.
A solicitação de encaminhamentos para a rede que a própria escola poderia realizar
Acionar o serviço social para disciplinamento de alunos.
Acompanhamento familiar dos beneficiários do Programa Bolsa Família sem quebra de
condicional idade Educação.
Algumas vezes a orientação pedagógica encaminha para o Serviço Social sem conversar com o
aluno.
Alguns diretores procuram os profissionais no intuito de ter respaldo para realizarem
transferências de alunos entre unidades escolares.
Alguns problemas relacionados a ingerência de gestor.
Aluno com comportamento inadequado ao ambiente escolar
Aluno com dificuldade de aprendizado
Alunos no pátio devido a falta de funcionários
Atendimento a alunos com diagnóstico de Tdah.
Conflitos entre alunos e professores por discordância com métodos de avaliação.
Conflitos entre funcionários
Conflitos inter-pessoais fora da escola (resolução destes), digo conciliar brigas entre vizinhos.
Demandas que aparecem para culpabilizar o aluno família e professor pelo não aprendizado
Desligamento de alunos
Elaborar respostas a ofícios da justiça sobre informações de alunos (apenas digitar os dados por
outrém informados).
Faltas
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Falta de motivação
Indisciplina
Ausência de limites
O encaminhamento de alunos com dificuldades pedagógicas
Pedidos de avaliação psicológica e/ou de saúde.
Pedidos para que o serviço social participe de ações higienistas como "campanha para eliminação
de piolhos"
Pedir que o assistente social realize aconselhamentos para as famílias.
Questões disciplinares (podemos atuar sobre algumas delas mas não somos agentes de disciplina).
Questões relacionadas às dificuldades de aprendizagem dos alunos
Quadro I - Requisições em desacordo com suas atribuições ou competências profissionais
Contudo, é evidenciado nessa pesquisa, que nas escolas onde os assistentes sociais
atuam, existem espaços coletivos de debate, mas que, aparentemente, questões coletivas
não são abordadas. Avaliam a existência de uma boa relação com gestores, assim como
com professores e coordenação pedagógica, mas fica nítido que, a profissão ainda
precisa ser legitimada no interior da escola.
No que se refere à participação política dos profissionais, ressalta-se que 13 dos
respondentes indicam participar das atividades do Conselho Regional de Serviço Social
(CRESS). É importante destacar que há no CRESS uma comissão de educação que
atualmente é um espaço de referência para discussão do exercício profissional dos
assistentes sociais na área. No universo político da categoria profissional no Rio de
Janeiro, a experiência desta comissão tem obtido visibilidade política e acadêmica já que
aglutina pesquisadores, professores, e profissionais que, desde 2003, vem acumulando
reflexões sobre a área, que ainda precisa ser mais estudada.
Conclusão
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Referências