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RESENHA

Mestrando: Alan Johnnes Lira Feitosa

RAMOS, Paulo Roberto Barbosa. A Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência:
atribuições do Ministério Público, Defensoria Pública e Conselhos de Direitos. Revista
de Políticas Públicas, v. 11, n. 1, p. 79-100, 2015.

O presente artigo trata da Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência,
dando ênfase nas atribuições do Ministério Público, Defensoria Pública e Conselho de
Direitos. A obra subdivide-se em 5 capítulos, sendo os seguintes: 1 Conhecendo um
pouco o meu contexto, 2 Conhecendo o sentido e alcance de uma Constituição, 3 Os
riscos de os comandos constitucionais não serem levados a sério, 4 O papel do Ministério
Público, a Defensoria Pública e os Conselhos de Direitos na defesa dos direitos das
pessoas com deficiência e 5 As atribuições do Ministério Público, Defensoria Pública e
Conselhos de Direitos, na defesa das pessoas com deficiência, possuindo um total de 23
páginas.

Num primeiro momento, o autor faz uma abordagem histórica, narrando que a
nova Constituição encerra um novo marco de comprometimento com a construção de um
Estado Democrático de Direito substancial e que, de acordo com os novos paradigmas,
deve haver comprometimento do Estado com a Dignidade da Pessoa Humana. Assim,
qualquer atividade estatal que ultrapassar os limites da Constituição estarão passíveis de
controle judicial. Cita-se a dificuldade de preparar os agentes estatais para o fim de que
as Decisões de Estado otimizem efetivamente os comandos constitucionais, sem que haja
ofensa à Carta Magna.

Segundo o autor, o Poder Judiciário não tem sido capaz de frear movimentos de
fraude à Constituição, muito embora haja mecanismos postos às disposição deste poder,
a exemplo do Mandado de Injunção e da Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão. Tais fatores faz com que a Constituição Federal, em muitas das vezes possua
papel apenas semântico, apresentando apenas mero simbolismo para determinados temas,
com compromissos apenas formais para com a comunidade internacional e com os
direitos fundamentais, concluindo que o Liberalismo Democrático jamais se naturalizou
entre nós (brasileiros).
Apesar do cenário quase pessimista do autor, o mesmo constata que a partir de
1988 foi sendo construído um arcabouço jurídico mais generoso em favor dos direitos
fundamentais e ao reconhecimento das pessoas com deficiência, da mesma forma que
atualmente há uma gama maior de pessoas engajadas com a causa da afirmação dos
direitos fundamentais destas pessoas. Cita algumas leis editadas em favor das pessoas
com deficiência e narra que foi um grande salto na consolidação da ideia de que as pessoas
com deficiência são titulares de direitos fundamentais.

O Autor questiona o fato de haver um grande arsenal de normas jurídicas mas,


em contrapartida, não há efetivação. Avançando no tópico seguinte, menciona-se que a
Constituição precisa ter eficácia e aplicabilidade, mas há o antagonismo entre o dever-ser
da norma e o ser da realidade social, mas que não deve ser obstáculo à eficácia e
aplicabilidade das normas constitucionais, caso contrário, sequer seria necessária um
Constituição, posto que inservível.

De rigor, deve o jurista interpretar a norma constitucional no sentido de que


tenham aplicabilidade imediata, notadamente as que referem direitos fundamentais, com
especial atenção às normas pragmáticas, sob pena comprometer o eu o autor chama de
“sentimento constitucional” e o futuro de toda uma nação.

Nesse contexto surgem Ministério Público, Defensoria Pública e Conselhos de


Direitos como instituições garantidoras da efetivação dos direitos, atuando como
verdadeira tábua de salvação dos que necessitam fazer valer os seus direitos
fundamentais, especificadamente, no caso do artigo, daquelas que possuem algum tipo de
deficiência, conforme descrevem os comandos normativos descritos no artigo, a exemplo
da Convenção sobre os Direitos das Pessoas Com Deficiência, da própria Constituição
Federal e L. 7.853/89 e 10.098/2000. Reafirma o autor que tais instituições têm o dever
de conhecer o perfil e a realidade e as principais deficiências das pessoas que urgem do
seu atendimento.

Por fim, o professor arremata registrando que que se faz imprescindível a atuação
conjunta e articulada do Ministério Público, Defensoria Pública e Conselho de Direitos,
uma vez que desenvolvem atividades complementares, na garantia dos direitos das
pessoas portadoras de deficiência.
Assim, foi possível verificar da leitura do artigo que a Constituição de 1988,
juntamente com outras normas legais, a exemplo da Convenção sobre a Pessoa com
Deficiências e outras leis esparsas formam um grande arcabouço jurídico em favor das
pessoas com deficiência, mas que tais normas, por si só, não garantem e nem efetivam os
direitos fundamentais desta e de diversas outras classes de pessoas, razão pela qual
surgem instituições como o Ministério Público, Defensoria Pública e Conselhos de
Direitos que, apesar de não contarem com estrutura adequada, são órgãos garantidores da
efetividade dos direitos da pessoas com deficiência e que possuem o dever de atuarem e,
também, de atuarem em conjunto para o fim de diminuir o rol de direitos negligenciados
aos necessitados.

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