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Instrumentos de Avaliação e Medição em Amputados Unilaterais do

Membro Inferior, classificados com nível funcional K3 e K4


Costa, Daniela - Estudante de Mestrado em Engenharia Biomédica, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa e Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa

Em Portugal, sabe-se que entre 2010 a 2016 o número de amputações do membro inferior (MI) tem vindo a diminuir. Apesar da informação acerca da incidência das amputação do MI na
população portuguesa ser escassa, sabe-se que são realizadas aproximadamente três amputações do MI por dia. Este tipo de amputação pode ter várias etiologias, nomeadamente
traumatismo, neoplasia, infeção, patologia vascular periférica ou diabetes.1-2
O processo de reabilitação de um amputado de MI, tem como objetivo aumentar as capacidades físicas, mentais e sociais do indivíduo, reintegrando-o da melhor forma na sociedade. O
processo de reabilitação deve ser adequado e aplicado de forma consciente, de modo a maximizar os resultados após a amputação.2

Há um amplo consenso de que o processo de reabilitação deve incluir a aplicação de instrumentos que permitam quantificar a mobilidade, o desempenho das atividades diárias e a qualidade de vida
(QV) do amputado. Contudo, não existe consenso sobre quais os instrumentos e/ou escalas que devem ser aplicados, de acordo com o tipo de amputação.2

Apesar de atualmente não existir nenhum método padrão para definir os níveis-K, sendo maioritariamente baseado na perceção
Nível de Classificação Funcional (nível-K)
subjetiva do profissional. Tal como o processo de reabilitação, a atribuição do nível-K deve também ela ser sustentada por métodos
de quantificação e validação.2,3
Aplicabilidade dos instrumentos na avaliação do nível-K O componente protésico de um
paciente com amputações do MI
Objetivo: Através de questionários de auto-relato e testes de desempenho físico, determinaram se existem diferenças na QV e capacidade depende em grande parte do
nível-K atribuído.3
física em amputados de MI, com aplicação de uma prótese classificada com nível funcional K3 vs. K4. Determinaram se o nível-K pode ser
previsto com precisão, utilizando algum dos métodos de avaliação aplicados.2,3
Este consiste em 4 categorias ou
"níveis-K" que descrevem a
Nível-K3
Nível-K4 mobilidade funcional do paciente.3
Tem capacidade para deambular com cadência
Tem capacidade ou potencial para deambular além
variável e para transpor barreiras. Típico de um
das competências básicas de deambulação,
amputado que se desloca na comunidade e
apresentando níveis de impacto, stress ou energia
poderá ter atividade física, profissional ou
elevados. Este nível inclui a maioria das crianças,
terapêutica, que exija a utilização da prótese
adultos ativos ou atletas amputados.3
além da simples locomoção.3

6 Minute Walk Test (6MWT) 10 Meter Walk Test (10MWT) Time Up Go (TUG) Amputee Mobility Predictor (AMP)

• Avalia a função e a resistência da • Considerado o teste mais válido na avaliação • Avalia a velocidade de marcha • Constituído por 21 atividades, que permitem aferir
caminhada. Os pacientes foram clínica da velocidade de caminhada. Foi confortável, o equilíbrio dinâmico, a o equilíbrio e deslocamento estático e dinâmico. A
instruídos a percorrer um caminho conduzido com velocidades auto- rotação e as transferências. Os pontuação total varia de 0 a 47, tendo a aplicação
retangular, na maior distância selecionadas (10MWT-SS) e rápidas pacientes foram instruídos a da AMP uma duração de aproximada de 15
possível, caminhando rapidamente, (10MWT-F). Os pacientes foram instruídos a levantar-se de uma cadeira, minutos. Foram solicitadas várias tarefas como
mas com segurança. O uso de caminhar 10 metros em linha reta. As caminhar 3 metros, rodar 180 graus, levantar, sentar, transferência entre duas cadeiras,
dispositivos de apoio foi velocidades foram calculadas a meio dos 6 caminhar de volta para a cadeira e deambulação e subida e descida de degraus.
permitido.2,4 metros, para permitir a aceleração e sentar-se. 2,4 Durante o teste os pacientes podem utilizar meios
desaceleração em ambas as extremidades.2,4 auxiliares, como muletas.2,4

Para além dos testes de avaliação baseados no desempenho (6MWT, 10MWT, TUG e AMP) foram aplicados questionários de auto-relato, que avaliam a capacidade
funcional de acordo com a perspetiva do amputado: Locomotor Capabilities Index (LCI) e Prosthesis Evaluation Questionnaire-Mobility Section (PEQ-MS).
Resultados e Conclusões

Tabela 1. Resultados dos questionários de auto-relato e testes de desempenho físico*


Apresentaram pontuações menores
Pior mobilidade
K3 (n=35) K4 (n=20) Os pacientes com nos questionários de auto-relato e
funcional quando
Valor-p amputação transfemural ou no AMP, tempos mais elevados no
comparados com
Média ± Desvio Padrão (IC 95%) transtibial unilateral TUG, velocidades mais lentas
os amputados
classificados com nível K3.2 (10MWT) e distâncias percorridas
LCI (pontos) 49,1 ± 1,6 (45,8-52,3) 48,8 ± 2,3 (44,2-53,4) 0,934 nível K4.2
mais curtas (6MWT).2
PEQ-MS (pontos) 3,05 ± 0,16 (2,73-3,37) 3,11 ± 0,22 (2,66-3,57) 0,842
Diferenças estatisticamente significativas e IC 95% não-sobrepostos entre os grupos K3 e K4, sugerem
TUG (s) 12,82 ± 0,54 (11,74-13,89) 9,45 ± 0,76 (7,92-10,98) 0,002
que o TUG e o 10MWT distinguem o nível funcional em pacientes com amputação unilateral do MI.2
10MWT-SS (m/s) 0,88 ± 0,04 (0,80-0,96) 1,21 ± 0,05 (1,11-1,32) <0,001
10MWT-F (m/s) 1,12 ± 0,05 (1,02-1,22) 1,56 ± 0,07 (1,41-1,70) <0,001 Estes testes podem, juntamente com os testes AMP e O uso de instrumentos de
avaliação e medição na
AMP (pontos) 40,4 ± 0,4 (39,6-41,2) 44,9 ± 0,6 (43,7-46,0) <0,001 6MWT, ser aplicados nas avaliações clínicas em
determinação do nível-K é
amputados transfemurais ou transtibiais unilaterais do
6MWT (m) 311,3 ± 18,9 (273,05-349,55) 427,4 ± 26,9 (373,13-481,70) 0,003 vantajoso, pois diminui as
*Ajustado para covariáveis (idade, índice de massa corporal, tempo desde a amputação e motivo de amputação); s = segundos; m MI no auxílio da atribuição objetiva do nível-K. Os
incertezas das interpretações
= metros; IC = intervalo de confiança; p<0,050
questionários LCI e PEQ-MS não se mostraram
subjetivas dos profissionais. 2
relevantes na atribuição do nível-K.2
Os resultados dos testes TUG, 10MWT, AMP e 6MWT apresentam diferenças
Referências
significativas entre os amputados K3 e K4, contudo os resultados dos questionários de 1. Diabetes PN para a. Programa Nacional para a Diabetes 2017. Ministério da Saúde Direção-Geral da Saúde. 2017;
2. Megan Sions J, Beisheim EH, Manal TJ, Smith SC, Horne JR, Sarlo FB, Differences in Physical Performance Measures among Patients with Unilateral Lower-
Limb Amputations Classified as Functional Level K3 versus K4, Archives of Physical Medicine and Rehabilitation (2018), doi: 10.1016/j.apmr.2017.12.033.
auto-relato (LCI e PEQ-MS) não diferiram significativamente entre os níveis K3 e K4.2 3. Dillon MP, Major MJ, Kaluf B, Balasanov Y, Fatone S. Predict the Medicare Functional Classification Level (K-level) using the Amputee Mobility Predictor in
people with unilateral transfemoral and transtibial amputation : A pilot study. Prosthet Orthot Int. 2017;
4. Heinemann AW, Connelly L, Ehrlich-Jones L, Fatone S. Outcome instruments for prosthetics. Phys Med Rehabil Clin N Am. 2014;25:179-198

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