>>Atas CIAIQ2015 >>Investigação Qualitativa em Educação//Investigación Cualitativa en Educación//Volume 2
Avaliação de um Programa de Formação para
Integração das Tecnologias na Educação
Avaliation of a Training Program for Integration of
Technologies in Education
Edgard Leonel Luz
Departamento de Educação
Divisão Sul-Americana
Universidade de Aveiro
Brasília, Brasil
edgard.luz@adventistas.org.br
Sócrates Quispe-Condori
Departamento de Educação
Divisão Sul-Americana
Brasília, Brasil
socrates.quispe@adventistas.org.br
Resumo — Numa sociedade dependente da tecnologia é
imperativo que a educação seja adaptada para o desafio de
ensinar alunos que terão índices cada vez mais altos de
alfabetização digital. Na procura em responder a estas novas
exigências, a formação docente surge como um investimento
imprescindível. Neste contexto surge este estudo, visando avaliar
uma formação relativa à integração das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) na educação, dirigida a líderes
de uma rede educacional particular no Brasil. A partir dos
resultados obtidos, pretende-se perceber o impacte que esta
formação teve na mobilização dos líderes educacionais para a
reflexão das dificuldades, desafios, vantagens e oportunidades da
integração das TIC na sua rede educacional, bem como apreciar
o feedback dos formandos em relação às ferramentas, recursos,
conteúdos e tutoria disponibilizados no decorrer da formação.
Palavras chave – Tecnologias de informação e comunicação
(TIC); educação; formação; ensino-aprendizagem .
Abstract — In a technology dependent society is imperative for
education to be adapted to the challenge of teaching students who
have increasingly high rates of digital literacy. In seeking to
respond to these new requirements, teacher training emerges as
an essential investment. In this context arises this study, to
evaluate one formation on the integration of Information and
Communication Technologies (ICT) in education, addressed to
leaders of a particular educational network in Brazil. From the
obtained results, we intend to perceive the impact that this
formation had the mobilization of educational leaders for
reflection of the difficulties, challenges, advantages and
opportunities of integrating ICT in their educational network,
and appreciate feedback from students regarding the tools,
resources, content and tutoring available during the training.
483
Alexander Dutra
Casa Publicadora Brasileira
São Paulo, Brasil
alexander.dutra@cpb.com.br
Francislê Neri de Souza & Fábio Mauro Freitas
Departamento de Educação
Universidade de Aveiro
Aveiro, Portugal
fns@ua.pt
fabiomauro@ua.pt
Keywords – Information and communication technologies
(ICTs); education; training; teaching and learning.
I. INTRODUÇÃO
A sociedade atual tem sido fortemente influenciada e
impactada pelas Tecnologias da Informação e Comunicação
(TIC). Elas fazem parte do cotidiano de uma parcela cada vez
maior da população e, conforme menciona Costa [1],
apresentam um potencial elevado para a promoção do
desenvolvimento dos indivíduos, da sociedade e no contexto
educacional, do processo de ensino e aprendizagem.
Porém, é importante ressaltar que as TIC por si só não tem
a capacidade de educar, mas quando aliada a boas estratégias,
seu potencial pedagógico pode ser devidamente explorado de
forma a contribuir positivamente para o desenvolvimento da
aprendizagem e de competências para sua utilização nos
vários contextos da vida [1]. As TIC permitem também
ampliar o próprio acesso à educação, pois através da sua
utilização a aprendizagem pode ocorrer a qualquer momento e
em qualquer lugar [2]. A adoção de ferramentas como
plataformas de gestão de aprendizagem, por exemplo,
permitem realizar um conjunto diversificado de atividades em
contextos de aprendizagem favorecendo a construção de novos
cenários educacionais [3].
A integração das TIC na educação podem ser um grande
apoio ao processo de ensino e aprendizagem, porém se mal
utilizada, pode apresentar consequências negativas [4]. Ainda
segundo os autores, um dos grandes problemas para a
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integração das TIC na educação é a falta de preparo dos
professores para sua utilização. Tradicionalmente, de acordo
com Wang, Hsu, Reeves, & Coster [5], os professores utilizam
as tecnologias e computadores principalmente como um tipo
diferente de mídia para entrega de conteúdo para os alunos, de
forma passiva, semelhante à forma como os alunos podem
aprender com livros ou programas de TV. Por isso, é de
extrema importância um programa de formação de professores
para que estes desenvolvam em si mesmos e nos alunos
competências para integrarem com sucesso as TIC na
educação.
Nos últimos anos, diversos estudos foram realizados com o
objetivo de conhecer o grau de formação dos professores nas
TIC e sua aplicação na prática profissional [5]–[12]. Embora
exista uma tendência geral de reconhecer que o uso das TIC é
limitado, pode-se perceber um grande interesse por adquirir
novos conhecimentos nesta área, com o objetivo de
implementar novas estratégias no processo ensino-
aprendizagem.
Diversas iniciativas e programas sobre capacitação dos
professores em TIC, implementados em diversos países, têm
sido compilados pela UNESCO [13]: Bolívia: Programa de
Gestión y Dirección de Núcleos y Unidades Educativas,
Programa de Aprendizaje por Radio Interactiva; Chile:
ENLACES, TELEDUC; Colombia: Maestría en Tecnologías
de Información Aplicadas a la Educación, Programa de
Incorporación de Nuevas Tecnologías al Currículo de
Matemáticas de la Educación Media, Proyecto Escuela
Virtual; Ecuador: Maestr@s.com, EDUFUTURO; México:
Diplomado en Educación para los Medios a Distancia
(DEMAD); Panamá: Educador del Siglo XXI; Paraguay:
Informática en la formación docente inicial en Educación
Media, Ñañemoarandúke (Aprendamos juntos), Web Escuela;
Peru: Proyecto Especial de Educación a Distancia, Educación
Superior a distancia para áreas rurales dispersas.
Olakulehin [12] estudou o desenvolvimento profissional
dos professores da Nigéria, destacando a importância de
implementar estratégias para aprimorar os conhecimentos e as
capacidades dos professores através das TIC. Porém, o autor
menciona que é necessário explorar novas metodologias para
avaliar o uso desses conhecimentos na sala de aula.
O paradigma educativo nem sempre sofre alteração
significativa em função da introdução nas escolas de recursos
e meios tecnológicos. Um programa de formação dos
professores, visando o preparo para lidar com os novos
cenários educativos, configura-se não apenas como necessário
como imprescindível. Isso favorecerá um ambiente
educacional onde realmente ocorra uma transformação que
leve a novas abordagens e novas estratégias, de forma que as
TIC não sejam um constrangimento e sim um apoio ao
processo de ensino e aprendizagem,
Um desafio extra se apresenta, quando se trata de atender
uma grande quantidade de professores, lotados em
diferentes regiões, como é o caso de redes educacionais em
países de dimensões geográficas extensas como o Brasil. Uma
formação presencial para atender a esta situação é
484
praticamente inviável, especialmente quando soma-se o fato
de os professores terem, na maioria dos casos, uma grande
carga horária de trabalho. Este cenário favorece a opção por
um modelo de formação na modalidade a distância, conforme
sugere Gregory & Salmon [14].
Este estudo visou avaliar uma formação relativa à
integração das Tecnologias da Informação e Comunicação
(TIC) na educação, dirigida a líderes de uma rede educacional
particular no Brasil. De acordo com Pombo, L. M. T. [15], a
avaliação é um processo que implica em comparar a situação
real com o que é esperado. A avaliação também é tida como
um processo de encontrar formas de melhorar a qualidade do
objeto sob avaliação. Assim, a partir dos resultados obtidos,
pretende-se perceber o impacte que esta formação teve na
mobilização dos líderes educacionais para a reflexão das
dificuldades, desafios, vantagens e oportunidades da
integração das TIC na sua rede educacional, bem como
apreciar o feedback dos formandos em relação às ferramentas,
recursos, conteúdos e tutoria disponibilizados no decorrer da
formação.
II. MATERIAIS E MÉTODOS
Esta investigação é de natureza mista e pretende avaliar um
programa de formação sobre a integração das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) na educação.
A. Participantes do programa
Esta formação foi desenvolvida em duas edições, sendo
orientada aos gestores, diretores e professores de uma rede
particular de ensino, com unidades em toda América do Sul.
Os participantes foram do Brasil, principalmente, mas com
representantes também da Argentina, Chile, Peru, Bolívia,
Uruguai, Equador e Paraguai. Antes destas duas edições, houve
uma formação piloto com 40 professores de várias regiões do
Brasil.
B. Metodología do desenvolvimento do programa
O programa de formação foi desenvolvido através da
metodologia e-learning.
Os objetivos do programa de formação foram sensibilizar
os líderes educacionais sobre as dificuldades, desafios,
vantagens e oportunidades da integração das TIC; apresentar
algumas das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)
na Educação e o conhecimento científico desta área de
pesquisa; conhecer a importância das teorias e das estratégias
pedagógicas nos processos de integração das TIC e sua
articulação com os diferentes contextos educacionais; discutir
qual deve ser o papel do gestor escolar frente às tecnologias
aplicadas a educação e como este contribuirá para que estes
recursos sejam incorporados à prática pedagógica do professor
e compreender o papel específico e os contributos das TIC para
o desenvolvimento de projetos educativos, orientados para a
formação de alunos/cidadãos críticos, reflexivos e
intervenientes na sociedade.
Baseado nestes objetivos, o programa foi dividido em cinco
módulos:
i. Módulo 1: Integração das Tecnologias na Educação:
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caminhos possíveis.
Mestrado Especialização Graduação
ii. Módulo 2: Literacia da informação: uma competência 100
fundamental na era digital. 90 14,0 20,6
80
iii. Módulo 3: Tecnologia e sua relação com o Pensamento

Porcentagem (%)
Crítico. 70
60
iv. Módulo 4: Livro Didático Digital numa Educação 50 70,2
Analógica? 64,7
40
v. Módulo 5: Redes Sociais na Educação: Barreiras ou 30
Oportunidades? 20
10 15,8
O programa teve uma duração de 7 semanas, sendo a 14,7
primeira para orientações relacionadas ao programa e a última 0
1ra Edição 2da Edição
para conclusão e entrega do trabalho final . As aulas síncronas
foram realizadas 1 vez por semana por um tempo de 90 min. A Figura 1. Distribuição dos participantes de acordo com o nivel académico
fim de fortalecer os conhecimentos de cada módulo, foi concluído.
recomendado um tempo de 2 horas adicionais nos demais dias
da semana. E-moderadores (tutores) foram colocados para Como já foi referido, estas duas edições foram realizadas com
responder e ajudar no aprimoramento do conhecimento. gestores, coordenadoras e diretores escolares. É importante
notar que estes líderes tem mestrado (~17%), mas nenhum
C. Avaliação do programa doutoramento. Este facto deve fazer refletir sobre a necessidade
A recolha de dados que sustenta este estudo foi realizada de se estimular ou não estes lideres a avançar com
através da aplicação de um inquérito por questionário no final investigações a nível de doutoramento nos problemas desta
da formação, em cada edição, tendo o mesmo sido respondido rede educacional.
por 34 e 57 dos inscritos na primeira e segunda versão,
respectivamente. B. Avaliação dos recursos e ferramentas
D. Análise das informações Sendo uma formação totalmente online é importante
compreender como os recursos e ferramentas TIC utilizadas
Os dados recolhidos foram posteriormente analisados com
recurso a dois softwares, o SPSS® no que se refere aos dados foram percepcionadas pelos participantes. Os participantes da
quantitativos e o webQDA® para os dados qualitativos. formação avaliaram positivamente os recursos e ferramentas
usadas durante o processo, concordando (em uma porcentagem
III. RESULTADOS E DISCUSSÕES superior a 80% para ambas as edições) na sua adequabilidade
para a formação (ver Figura 2).
A. Caracteristicas dos participantes do programa de
formação 100
1era Edição 82,5 85,3
Podemos observar pela Tabela 1 que a maioria dos
participantes pertence ao sexo feminino, existindo diferenças 80
2da Edição
neste percentual entre a primeira e segunda edição. A idade
% Aprovação

média dos participantes é aproximadamente 42 anos, com uma 60

experiência de trabalho de 20 anos em ambas as edições.
40
TABELA I. CARACTERISTICAS DOS PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE
FORMAÇÃO
20
8,8 10,5 5,9
Sexo Idade Experiência 7,0
Edição
Feminino Masculino (Anos) (Anos) 0
Primeira Discordo Sem opinião Concordo
91 % 9% 43 ± 6 21 ± 8
(n = 34)
Segunda Figura 2. Avaliação dos recursos e as ferramentas: foram adequados à
65 % 35 % 42 ± 8 19 ± 8
(n = 57) prática educativa?

Mais especificamente em relação às ferramentas utilizadas,

Os participantes nas duas edições tiveram
os participantes concordaram que foram fundamentais na
aproximadamente os mesmos níveis educacionais, sendo que a
formação, com níveis de concordância de 91.2 % e 88.2 %,
maioria (~67%), afirmou ter o nível mínimo de especialização
para a 1ra e 2da edição, respectivamente. Dentre as ferramentas
(ver Figura 1. ).
que mais contribuíram para o bom andamento da formação
destacam-se o Webex e o Moodle, tal como apresentado na
Figura 3.
A estrutura da formação disponibilizou diversas
ferramentas para a comunicação da informação. Porém, as mais
utilizadas foram os áudios das sessões síncronas, apresentações

485
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em Power Point e artigos sugeridos (Ver TABELA II. ). Aqui área educativa.
novamente não foi encontrado diferenças nas duas edições da
formação. Concordo Sem opinião Discordo
100
97,1
90 94,1
49,1 93,0
Webex 80 91,2 76,5
47,1 73,7
70

Porcentagem (%)
73,5 68,4
Moodle 40,4 60
32,4
50

5,3 40
WhatsApp
14,7 30 5,9
1era Edição 8,8
20 19,3
5,3 2da Edição 1,8 20,6 14,7
Outros 10 1,8
5,9 5,9 2,9 17,5 12,3
7,0 5,3 8,8
0
0 10 20 30 40 50 60 1ra Ed. 2da Ed. 1ra Ed. 2da Ed. 1ra Ed. 2da Ed. 1ra Ed. 2da Ed.
% Contribuição
Figura 4. Avaliação das estratégias e atividades do programa de formação
Figura 3. Ferramentas de apóio e sua contribuição para o bom andamento da
formação Na questão Q-4, pode refletir uma má compreensão das
tarefas individuais, ou mesmo carências de estrutura de cada
TABELA II. RECURSOS QUE OS PARTICIPANTES MAIS UTILIZARAM
contexto para que estas atividades práticas pudessem ser
DURANTE A FORMAÇÃO
devidamente adaptadas. Embora não seja nosso objetivo neste
% de uso do recurso artigo fazer uma análise sistemática de todas as questões
Recursos
1ra Edição 2da Edição abertas, citamos a seguir algumas falas dos participantes da
Apresentação PPT 29.4 33.3 formação que corroboram com as questões fechadas aqui
Artigos sugeridos 26.5 21.1 analisadas:
Áudio das Sessões Síncronas 17.6 21.1  “Creio que estes recursos utilizados são suficientes.” Formando 9
Resumos Vídeo 17.6 14.0
 “Penso que todas as ferramentas e recursos foram satisfatórios”
Links sugeridos 5.9 7.0 Formando 43
Todos os recursos 2.9 3.5
 “Penso que todas as ferramentas utilizadas na formação também
C. Avalição das estratégias e as atividades poderiam ser utilizadas pelo professor e sala de aula. Assim ele
poderia vivenciar o aprendizado das ferramentas TIC na sua prática”
A avaliação dos aspectos processuais é fundamental em Formando 31
todo processo de formação, considerando que estes determinam
a aplicação dos conhecimentos em contextos reais de cada D. Avaliação sobre os temas, conteúdos e conhecimento
profissional. Na Figura 4 são apresentados os níveis de Na TABELA III. é apresentada a avaliação dos
concordância relacionados a quatro questões sobre as participantes sobre a relevância dos temas, conteúdos e
atividades e estratégias do programa de formação: conhecimentos dos módulos, assim como a percepção sobre o
uso dos conhecimentos.
 Q-1: Adquiri novas aprendizagens uteis para minha prática
profissional.
TABELA III. AVALIAÇÃO SOBRE OS TEMAS, CONTEÚDOS E
 Q-2: Irei Aplicar o que aprendi na minha prática profissional. CONHECIMENTOS

 Q-3: A formação recebida foi suficiente para que no futuro possa Discorda (%) Sem opinião (%) Concorda (%)
transferir os conteúdos formativos a minha prática educativa. 1ra Ed. 2da Ed. 1ra Ed. 2da Ed. 1ra Ed. 2da Ed.
Os temas dos módulos foram pertinentes e úteis para a minha prática
 Q-4: Percebi que as atividades práticas individuais na formação profissional.
eram semelhantes às que poderiam ser realizadas em minha prática
2.9 5.3 11.8 8.8 85.3 86.0
e/ou em contexto de ensino.
Utilizar os conhecimentos ou as competências desenvolvidas nesta
Foi observado que existe uma alta concordância com a formação melhorará a motivação de todos os atores e autores do
primeira e segunda questão (Q-1 e Q-2) nas duas edições do processo educativo.
programa, mostrando que existe uma compreensão adequada
sobre a aquisição do novo aprendizado e sua potencialidade 14.7 7.0 14.7 7.0 70.6 86.0
para transferir estes novos conhecimentos às práticas diárias da Utilizar os conhecimentos adquiridos ou as competências
vida profissional. desenvolvidas nesta formação contribuirá na aprendizagem de todos os
participantes.
Entretanto, foi observado também que existe uma menor
concordância relacionada às questões Q-3 e Q-4, indicando que 2.9 10.5 14.7 5.3 82.4 84.2
existe ainda uma possibilidade de programar outras estratégias Pode-se perceber que os conhecimentos apresentados nos
para aprimorar os conhecimentos sobre integração das TIC na módulos foram considerados pertinentes no ambiente da
prática profissional. A maioria dos participantes concordam

486
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que as competências desenvolvidas na formação terá um relacionados ao apoio tutorial, gestão das atividades e ambiente
impacto positivo na aprendizagem dos participantes, os de trabalho. Observamos que embora tenha existido um grande
mesmos que motivarão aos atores e autores no processo de compromisso para a realização das práticas individuais (Q-9), o
ensino e de aprendizagem. Fica também patente nas falas dos apoio oferecido foi provavelmente menor para a realização das
participantes a estrutura teórica e prática da formação quando tarefas, observando-se um menor nível de concordância em (Q-
lhe é solicitado que comentem os três pontos positivos da 5). Entretanto, existe uma boa concordância relacionada ao
formação: apoio de tutoria para a compreensão e assimilação dos
conteúdos, aprimorando a aprendizagem dos formandos.
 “Conhecer as possibilidades de integração das TIC na educação.
Despertar a necessidade imediata da utilização das TIC no ambiente A questão que teve uma avaliação positiva, com uma maior
escolar. Realizar um planejamento estratégico para a inserção vidas porcentagem de concordância foi a relacionada com o ambiente
TIC no Colégio” Formando 27 de trabalho (Q-7). Portanto, podemos inferir que o sistema
 “Tomar conciencia de ... La importancia de acceder a las nuevas utilizado para o aperfeiçoamento profissional pode ser usado na
tecnologías. Incorporarlas en nuestras herramientas de enseñanza. formação de outros participantes.
Interacción entre alumno y profesor y otros colegas” Formando 53
Concordo Sem opinião Discordo
 “Conhecimento ampliado do processo de ensino e aprendizagem, A 100
Importância das TIC para uma educação de qualidade e moderna na 90 85,3 79,4
77,2 75,4
rede, Informações sobre o livro digital e a formação como fator 80 70,6 66,7 76,5
importante para todos nós líderes na educação neste momento de 61,4

Porcentagem (%)
70 43,9
crescimento e ampliação do uso das TIC na rede.” Formando 65 41,2
60
Mesmo não fazendo uma análise exaustiva, citamos alguns 14,7
50 17,5
pontos a melhorar na formação segundo os participantes.
40
 “Período inapropriado (época de matrículas e final de bimestre)” 30 21,1 44,1 8,8 5,3
Formando 1 14,7 8,8 28,1
8,8
20 38,6
 “Tener con anticipación el material de clase en español. Articular los 10 14,7 12,3 14,7 14,0 14,7
10,5 19,3
tiempos de las tareas. En lo posible, tener la traducción al español de 11,8
0
la clase online” Formando 27 1o Ed. 2o Ed. 1o Ed. 2o Ed. 1o Ed. 2o Ed. 1o Ed. 2o Ed. 1o Ed. 2o Ed.

 “A época do ano, estamos em processo de matricula, foi muito

difícil. A qualidade da conexão foi muito ruim e vários momentos.
Devido a época do ano o tempo para as atividades era curto...”
Formando 42
Os pontos negativos mais recorrentes foram com respeito: i) ao
período em que foi realizado a formação, ii) as dificuldade de
gestão do tempo para realizar as atividades, iii) as questões
técnicas de acesso a internet. Como já foi dito tivemos um
pequeno grupo de lideres (menos de 10% dos participantes) de
países de língua hispânica, que naturalmente apontaram para a
necessidade de tradução das aulas e materiais do curso. Na
próxima sessão iremos aprofundar a avaliação sobre a parte de
gestão e acompanhamento da formação.
E. Avaliação do apoio tutorial, gestão de atividades e
conhecimientos
Considerando que a maioria dos participantes participava
pela primeira vez deste tipo de formação (88 % - 1ra Ed; 76 %
- 2da Ed.), avaliamos a gestão do apoio tutorial e das atividades
e conhecimentos, conforme as questões apresentadas a seguir:
 Q-5: O apoio oferecido ao formando foi útil e significativo para a
realização das tarefas (grupo e individual).
 Q-6: A Articulação entre tempo e exigência das tarefas (grupo e
individual) foi equilibrada.
 Q-7: O ambiente de trabalho na qual se desenvolveu o processo
formativo favoreceu a participação dos formandos.
 Q-8: O apoio de tutoria facilitou na compreensão e assimilação
satisfatória dos conteúdos e na minha aprendizagem.
 Q-9: Estive envolvido(a) nas atividades práticas individuais.
Na Figura 5. apresentamos os níveis de concordância
Figura 5. Avaliação do apoio tutorial, gestão das atividades e ambiente de
trabalho
Como já foi apontado, uma das deficiências observadas foi
o fato de que existiu um desequilíbrio entre o tempo e as
exigências das tarefas, com um baixo nível de concordância
(Q-6). Esta observação é pertinente para avaliar o processo
tempo versus exigência para as tarefas durante o processo de
formação. Assim, nos futuros programas deve-se ponderar o
tempo real disponível dos participantes para que a formação
tenha um impacto positivo no desenvolvimento e
aprimoramento profissional.
Quando se questionou: que papel atribui as sessões síncronas
semanais via videoconferência? (Dispensável ou
indispensável? Porque?) mais da metade responderam que era
indispensável. Algumas das justificativas foram do tipo:
 “Indispensável. Porque o encontro entre professor/aluno é sempre
necessário também para a aprendizagem acontecer. É importante ter
o relacionamento”. Formando 2
 “Indispensável, pois é nesse momento que as peças do quebra
cabeça se encaixam na visão do todo e também porque podemos
partilhar ideias” Formando 7
 “Indispensável. Pois elas nos davam estrutura mas principalmente
vínculo e motivação” Formando 30
 “Dispensável, porque ao ouvi-los podemos no final tirarmos nossas
dúvidas, trocarmos ideias com o professor do modulo, espero que as
próximas sejam assim. Deixem no Ambiente Virtual de
Aprendizagem as apresentações para que possamos revisar depois
no momento das tarefas”. Formando 23
Também questionamos sobre as dificuldades encontradas na

487
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formação. Mais especificamente: “Onde sentiu mais
dificuldade nesta formação (parte teórica ou prática? Nas
atividades individuais ou do grupo?). Explique a natureza
destas dificuldades”. Uma grande maioria dos formandos
(aproximadamente 80%) em ambas as edições afirmaram que
foi na parte prática das atividades em grupo que sentiram as
maiores dificuldades na formação. Eis alguns destes
depoimentos:
 “Prática, em grupo, na análise de planejamento estratégico das TIC.
Dificuldade em encontrar modelos na desse planejamento nas
escolas adventistas, termos não usuais no cotidiano escolar”
Formando 8
 “Nas atividades em grupo, pois foi difícil articular os trabalhos em
grupo” Formando 43
 “Nas atividades em grupo. Como sou coordenadora de todos os
níveis e áreas da escola, não consegui me organizar para entrar em
contato com o meu grupo. Nas atividades individuais, leitura dos
artigos, visualização dos vídeos e o que tinha no Moodle - não tive
problemas, acessa a noite, no intervalo do meio dia, mas a parte do
grupo não consegui” Formando 10
É importante relembrar que a tarefa para este grupo de lideres e
coordenadoras educacionais estava ligadas ao desenvolvimento
de um plano estratégico de integração das TIC nas suas
escolas, e que este plano deveria ser desenvolvido ao longo da
formação (5 semana) e em grupo, mas que além destas
atividades existia tarefas individuais de reflexão sobre os temas
apresentados. Provavelmente ambas as atividades associados a
outros fatores de nível administrativo, pedagógico e de
comunicação tornaram a parte prática a mais difícil de
executar. Por outro lado, acreditamos que seja justamente nas
atividades práticas aplicadas aos contextos reais que os
educadores podem se beneficiar de uma formação desta
natureza, mesmo que seja de difícil execução e de priorizar nas
agendas já sobrecarregada nos educadores e líderes.
De forma geral, podemos afirmar com base na avaliação
feita que o programa de formação sobre a integração das TIC
para educação foi positiva. Os participantes concordaram em
que a formação foi satisfatória (68 % - 1ra Ed.; 88 % - 2da
Ed.), alcançando os seus objetivos pessoais (79 % - 1ra Ed.; 81
% - 2da Ed.), e que o programa foi desenvolvido de acordo
com o planejamento estabelecido (91 % - 1ra Ed.; 86 % - 2da
Ed.).
IV. CONCLUSÕES
O programa de formação para integração das TIC na
educação teve um impacto positivo no desenvolvimento
profissional dos participantes. Os formandos concordaram em
que a formação foi satisfatória, sendo que os
recursos/ferramentas e a estrutura dos temas/conteúdos do
programa foram adequados na aquisição dos novos
conhecimentos.
As percepções dos educadores participantes da formação
indicam que o modelo de formação serve de apoio à docência e
488
ao processo de ensino e aprendizagem, favorecendo o que
Piñeiro-Otero [16] chama de aprendizagem autônoma pelos
alunos.
Um dos fatores que aprimoraram a aprendizagem dos
formandos foi o apoio tutorial para a compreensão e
assimilação dos conteúdos. Existe uma expectativa positiva de
que o novo aprendizado pode ser transferido às práticas diárias
da vida profissional. Entretanto, é importante reconhecer que é
necessário estudar e avaliar novas estratégias para a integração
das TIC no processo de ensino-aprendizagem.
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