Professional Documents
Culture Documents
O mesmo marco que revela a importância de uma base de ensino universal e ampla,
também expõe uma deficiência que se estenderá até os dias atuais. O conhecimento quando
vertical e imposto, se traduz em saber hegemônico, que deve ser assimilado e incorporado, sem
discussões ou questionamentos. Essa verticalização da matriz do conhecimento só ratifica as
cisões e desigualdades históricas, fixando na consciência coletiva a ideia de que um estado de
coisas vigente não poderia ser transformado.
É importante que tenhamos em mente que o mundo que circunscreve a vida social dos
indivíduos possui alegorias que constitui o campo terreno das realizações e percepções dos
mesmos. Assim afirma Mills:
"Hoje em dia, os homens sentem, frequentemente, sua vidas privadas como uma série
de armadilhas. Percebem que dentro dos mundos cotidianos, não pode superar suas
preocupações, e quase sempre têm razão nesse sentimento: tudo aquilo de que os
homens comuns tem consciência direta e tudo o que tentam fazer está limitado pelas
órbitas privadas em que vivem. Sua visão, sua capacidade estão limitadas pelo
cenário próximo: o emprego, a família, os vizinhos; em outros ambientes,
movimentam-se como estranhos, e permanecem espectadores. E quanto mais
consciência tem, mesmo vagamente, das ambições e ameaças que transcendem seus
cenários imediatos, mais encurralados parecem sentir-se." (MILLS: 1969)
Uma vida em sociedade requer, não apenas uma boa finança e uma sólida formação
familiar. Além de questões econômicas, afetivas e materiais, é preciso prezar pela herança e
apropriação história. Nossa memória precisa ser perpetuada para gerar horizontes de
comparação e de análise para interpretarmos nossas ações. E não falo de lembranças, das que
fixamos no tempo para cristalizar, lançando uma camada de ternura, a distinguindo do tempo
presente.
Uma escola precisa expor as dinâmicas que ditam os rumos da vida social futura,
colocando o sujeito em contato permanente e aproximado com os tocantes que influem suas
vidas. O processo de inclusão só pode ser mediado por meio da concessão da participação na
construção da abordagem educacional. O conhecimento é fruto da relação autônoma entre
aqueles que mantem algum nível de relação, de troca. A aprendizagem não se origina apenas
da oralidade vertical, produzida por uma agente mirando um conjunto. O processo depende da
adesão das partes integrantes. Estão todos em meio a um processo histórico, mesmo com suas
competências mantidas, que não cessa e solicita sua elucidação.
Autonomia e deliberação são parcerias indispensáveis à abordagem educacional, pois
são dimensões indissociáveis, que costumam manter uma frequência permanente. Eu exerço
minha autonomia deliberando sobre minhas intenções e, por conseguinte, legislo porque exerço
minha plena autonomia de juízo. Os dois autores anteriormente citados constatam nas reflexões
de Catoriadis sobre a tese freudiana que:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MILLS, C. Wright. "A imaginação sociológica", cap. I, Ed. Zahar, Rio de Janeiro, 1969.
DURKS, Daniel Bardini e SILVA, Sidinei Phitan da. "Autonomia e educação: um percurso em
Cornéluis Castoriadis" 37ª Reunião Nacional da ANPEd – 04 a 08 de outubro de 2015, UFSC
– Florianópolis, disponível em http://www.anped.org.br/sites/default/files/poster-gt17-
4129.pdf às 23:12 do dia 12 de dezembro de 2016.