Informativo Técnico
Dimensionamento e Seleção de Válvulas de Retenção
Dimensionamento
Válvulas de retenção são geralmente
dimensionadas com base no diâmetro da
tubulação, diâmetro da saida da bomba ou
qualquer outra conexão existente. Entre-
tanto, na maioria dos casos, não são con-
sideradas as condições de operação e as
possíveis consequencias, isto é, se existe
uma vazão volumétrica suficiente para
garantir ou não a abertura total da válvula.
Como o angulo de abertura de uma válvu-
la de retenção depende da vazão
volumétrica, problemas podem surgir se
este aspecto for negligenciado. Assim, por
exemplo, uma válvula de retenção que,
devido à pequena vazão volumétrica não
consiga alcançar uma posição estável
completamente aberta, poderá trepidar
durante a operação e mesmo estar sujeita
a um maior desgaste.
A causa da trepidação e as possibilidades
de evitá-la serão tratadas em maiores de-
talhes a seguir.
Uma válvula de retenção com contrapeso
ou carregada por mola começa a abrir as-
sim que uma certa pressão diferencial fixa
(pressão de entrada menos a pressão de
saída da válvula) seja estabelecida. Isto
produz uma força de abertura (pressão di-
ferencial x área da secção transversal da
válvula) que age contra a força de fecha-
mento gerada pela mola ou contrapeso.
Quando a força de abertura supera a for-
ça de fechamento, a válvula abre. Esta
pressão diferencial é também conhecida
como pressão de abertura. Ela depende
Vazão volumétrica
(3)
(2)
(1) =
(1)
Perda de carga
Figura 1 - Grau de abertura de uma válvula de retenção carregada por mola em função da vazão volumétrica
da tensão da mola ou do torque do contra-
peso, da posição de instalação e do diâ-
metro da válvula de retenção.
Dependendo da vazão volumétrica, a vál-
vula de retenção abre total ou apenas par-
cialmente. Trepidação somente ocorrerá
durante aberturas parciais, ou seja, com
baixas vazões.
Na partida da planta, por exemplo, inicial-
mente há um acúmulo da pressão estáti-
ca entre o gerador da pressão e a válvula
de retenção. Assim que a pressão de aber-
tura seja minimamente excedida, o fluxo
se estabelece. Devido ao fluxo volumétrico
durante esta fase, a pressão à montante
da válvula diminui um pouco, de forma que
a força de fechamento supera a força de
abertura. A válvula fecha.
Este processo irá repetir-se até que a va-
zão volumétrica devida a pressão diferen-
cial dinâmica adicional seja suficientemen-
te grande para superar a força de fecha-
mento. A válvula, então, abre.
A trepidação é produzida pelo impacto do
disco ou portinhola contra a sede, retentor
da mola ou batente. Algumas vezes a
sequencia é tão rápida que não é mais
possível identificar a trepidação, mas ape-
nas ouve-se um zumbido. Este tipo de dis-
túrbio não pode ser atribuido à válvula em
si pois é sempre o resultado de um
dimensionamento incorreto.
Há diversas possibilidades para eliminar o
ruído:
O mais seguro, mas também o mais caro,
é a substituição da válvula por outra de
1
menor diâmetro. Isto, entretanto, não será
possível se a perda de carga na vazão
máxima se tornar muito alta. Há outra pos-
sibilidade para solucionar este problema,
em particular se o ruído somente aparecer
durante a partida ou desligamento da uni-
dade, ou sob cargas parciais. Isto é feito
pela redução da força de fechamento, por
exemplo, por meio da utilização de uma
mola mais fraca ou da redução do contra-
peso.
Se a válvula de retenção está instalada em
uma linha vertical com fluxo ascendente,
também é possível usar a válvula sem a
mola, sendo o fechamento feito pelo pró-
prio peso do disco ou portinhola.
Se as válvulas forem usadas sem mola em
sistemas maiores, existe o perigo da
ocorrencia do golpe de aríete.
Em caso de dúvidas, consulte nosso de-
partamento técnico.
O gráfico de perda de carga da Figura 1
mostra que uma válvula de retenção não
está totalmente aberta a não ser que a
vazão volumétrica cruze a curva da perda
de carga em sua porção linear. Abaixo do
ponto de abertura total (3), a trepidação é
possível.

Instalação
Sabemos por experiência que além do
dimensionamento a correta instalação da
válvula de retenção tem um papel impor-
tante. Dependendo do tipo de válvula (dis-
co, portinhola simples ou dupla) há confi-
gurações de montagem mais ou menos
favoráveis com relação ao local e posição
de instalação que descremos na
sequencia.
Figura 2 - Válvula com anel de centraliza-
ção DN 15 - DN 100
Figura 3 - Válvula com corpo auto-
centrável DN 15 - DN 100
Informativo Técnico
Válvulas de retenção RK
Válvulas desta configuração wafer (Figu-
ras 2 e 3) podem ser instaladas sem quais-
quer problemas onde quer que sejam ne-
cessárias.
Desde que estejam completamente aber-
tas, não são afetadas por turbulências que
podem ocorrer, por exemplo, na descarga
de bombas.
RK
Figura 4 - Montagem de uma válvula RK
diretamente na saída de uma bomba.
Válvulas de retenção
Nossa linha de produtos inclui as válvulas
de retenção de simples e dupla portinhola
2
Desta forma, elas podem ser instaladas
diretamente na saída de bombas (Figura
4) ou após um pequeno trecho de exten-
são.
As válvulas podem ser instaladas em qual-
quer plano se dotadas de mola de retorno.
Para instalações sem mola, somente é
possível a sua montagem em linhas verti-
cais com fluxo ascendente.
Ainda fechada
Ligeiramente aberta
Completamente aberta
Figura 6 - Válvula de retenção de dupla
portinhola GESTRA BB
 Informativo Técnico

DN
BB L = 4 (5) x DN

Tubo estabilizador

Figura 6 - Exemplo de instalação BB

Válvulas de retenção de dupla portinhola (Figura

5) podem ser instaladas em linhas horizontais com
o olhal de içamento no topo de forma a garantir
que as dobradição estejam na vertical, ou em li-
nhas verticais com fluxo ascendente. A instala-
ção em linhas verticais com fluxo descendente
somente é possível com molas mais fortes.

Se uma válvula de dupla portinhola é instalada

imediatamente após uma bomba, recomenda-se
a utilização de um trecho de tubulação
estabilizador entre a saida da bomba e a válvula
com um comprimento de 4 a 5 vezes o diâmetro Figura 7 - Válvula de retenção GESTRA CB Figura 8 - Válvula de retenção GESTRA CB
nominal da válvula (Figura 6).
A válvula de retenção CB (Figura 7) pode ser ins- Quando instalar estas válvulas diretamente à
Desta forma, a válvula não fica sujeita a um fluxo talada em linhas horizontais (olhal de içamento jusante de uma bomba, a orientação da válvula é
turbulento significativo na descarga da bomba, no topo) ou em linhas verticais com fluxo ascen- de suma importância para se obter uma opera-
evitando o desgaste prematuro. Este modo de dente. ção livre de problemas (Figura 11).
instalação normalmente posiciona a válvula den-
tro de um trecho aumentado de tubulação com a
vantagem conseguente de uma menor perda de
carga quando comparado com uma válvula de
menor diâmetro dimensionado pelo diâmetro de
saída da bomba.

CB

L = 4 (5) x DN

CB CB

Bomba Bomba
centrífuga centrífuga

Figura 9 - Posição correta da válvula Figura 10 - Posição favorável à válvula Figura 11 - Posição de montagem desfavorável

Testes de vazão provam que a posição ótima de
instalação é obtida quando o fluxo é direcionado
à portinhola (Figura 9) ou principalmente naque-
la direção (Figura 10). Neste caso, a portinhola
fica sempre posicionada calmamente no fluxo a
alcança a posição completamente aberta mes-
mo em baixas vazões.
A posição de montagem mostrada na Figura 11
é a mais desfavorável porque o fluxo é direcionado
contra o eixo da portinhola.
Como o fluxo de saída de uma bomba é
bastante turbulento, recomenda-se o uso de um
trecho de tubo estabilizador de comprimento L =
4 (5) x DN entre a bomba e a válvula (Figura
10).