Dieta sem carboidrato é a melhor opção?
Entenda as explicações metabólicas
Por Kárita Tonini
Uma das ferramentas utilizadas para
avaliar o estado nutricional do
indivíduo são os exames
laboratoriais. Infelizmente
subutilizados, considero uma
ferramenta extremamente
importante para um diagnóstico
mais preciso pois não está sujeito a
subjetividade de um relato descritivo
da alimentação do paciente. Por
meio dos exames laboratoriais
podemos ver com clareza a
ingestão de carboidrato e proteína
(se está adequada ou não) levando
em consideração a rotina de vida do
indivíduo.
A subutilização dos exames vem
provavelmente do fato de que a
maioria de profissional da saúde
sabe analisar os exames olhando
somente para os parâmetros de
laboratório. O que não se sabe é
que esses parâmetros foram criados
por uma companhia de seguro de
saúde norte americana com o intuito
de avaliar o estado de doença do
indivíduo e não de saúde.
Um exemplo clássico é o
Triglicérides que deve ser mantido
entre 50mg/dL e 100mg/dL e deve
ser avaliado individualmente de
acordo com o estilo de vida do
paciente. Quando olhamos para os
parâmetros do laboratório,
triglicérides abaixo de 150mg/dL
está bom e isso não é verdade.
O que tenho encontrado
ultimamente no consultório são
indivíduos inflamados pelo excesso
de ingestão de gordura e de proteína
provindas da “moda” da dieta low
carb. Se formos analisar uma dieta
onívora podemos constatar que ela
é riquíssima em gordura saturada e
proteína. Logo, por que aumentar
ainda mais essa ingestão?
Abaixo segue um quadro que
mostra, do total de calorias do
alimento, quanto em percentual é
proveniente, em média, de cada um
dos macronutrientes (carboidrato,
proteína e gordura). E outro quadro
que mostra a recomendação de
 ingestão dos macronutrientes pela
DRI (Dietary References Intakes).

CLASSE CARBOIDRATO % PROTEÍNA % GORDURA %

Cereais Integrais 80,1 13,3 6,8
Batatas 94,8 6,8 0,9
Leguminosas-
62,5 25,9 11,6
feijões
Legumes 75 19,7 4,7
Verduras 30,6 61,1 8,3
Frutas 86,8 5,9 7,3
Oleaginosas 1,6 10,9 73
Óleos 0 0 100
Ovos 3,1 34,7 62,2
Leite e Iogurte 22 26 52
Queijos 4,8 25,1 70,2
Peixe 0 74,3 25,7
Frango 0 48,3 51,7
Carne 0 51,5 48,5
Porco 0 45,1 59,4

Em vermelho destaco a quantidade de proteína de alguns alimentos que estão

associados a uma alta proporção de gordura saturada (fonte- tabela: Aula da
Especialização em Avaliação Metabólica e Nutricional com ênfase em
interpretação de exames laboratoriais, por Dr Eric Slywitch)

Recomendações DRI
CARBOIDRATO % PROTEÍNA % GORDURA %
45 a 65 10 a 35 20 a 35%
Resumidamente coloquei esse quadro de comparação dos alimentos para
dizer que proteína em excesso é tóxica, pois sua degradação dentro do
organismo gera amônia que é uma substância extremamente irritativa para o
Sistema Nervoso Central. Além disso, ao contrário do que muitos imaginam
proteína em excesso se transforma em carboidrato e gordura, ou seja,
engorda. Podemos concluir que todos os produtos de origem animal são ricos
em proteína (mais do que o recomendado pela DRI em alguns alimentos) e
todos também vêm acompanhados de gordura saturada, responsável pelo
aumento de risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como é o
caso do frango.

Voltando para os exames, quando recebo no consultório pacientes onívoros

com grande ingestão proteica, logo consigo observar por meio dos exames
que na maioria são pacientes inflamados. A inflamação pode se manifestar de
diversas formas: cansaço físico e mental, aumento de circunferência
abdominal, queda de cabelo, irritabilidade, entre outros. No próximo post falarei
mais sobre inflamação corporal.

Para finalizar, deixo as seguintes orientações: reveja sua dieta, evite dieta da
moda com pouca ou quase nenhuma comprovação científica e procure um
profissional habilitado para te orientar.