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1. INTRODUÇÃO
O tema inovação recebe atenção nos meios acadêmico e profissional. Conforme
destacado por Crossan & Apaydin (2010), a inovação é reputada como sendo fundamental
para a sobrevivência da empresa e para o seu sucesso. Também é considerada chave de
vantagem competitiva e pode assumir um papel fundamental no desempenho econômico das
empresas (Lendel & Varmus, 2011; Prajogo & Ahmed, 2006; Panne, Beers & Kleinknecht,
2003; Chae, Koh & Prybutok, 2014). Por sua vez, a Tecnologia da Informação (TI) é um
recurso da empresa capaz de apoiar este processo (Tarafdar & Gordon, 2004).
Para Weill (1992), a TI consiste em hardware, software, rede e telecomunicação, bem
como todo pessoal e recursos dedicados às suas atividades meio, atividades fim e aos seus
produtos e serviços. Além de uma questão fundamental para a sua operação, é vista cada vez
mais como uma necessidade estratégica, oferecendo vantagem competitiva para quem a
utiliza e causando desvantagem competitiva para quem não a utiliza (Lunardi, Dolci &
Maçada, 2010).
A TI tem caráter intrinsecamente inovador e está em constante mudança e evolução,
tendo capacidade de alterar processos produtivos e de modificar a maneira como as pessoas
trabalham e decidem (Rasera & Cherobim, 2011). Com isso, frequentemente a utilização da
TI é acompanhada por mudanças significativas na empresa, como alterações em políticas e
regras, na estrutura e práticas organizacionais e na cultura. Sendo assim, a TI e outros
recursos existentes, em sinergia, melhoram os processos de negócio e podem aumentar os
resultados da organização (Melville, Kraemer & Gurbaxani, 2004; Moreno Jr., Cavazotte &
Arruda, 2014). E Soto-Acosta & Meroño-Cerdon (2008) constataram que empresas com
capacidade superior de TI exibem um resultado superior. Ainda, empresas que querem ser
inovadoras precisam identificar e cultivar as competências da TI, para que as mesmas
suportem esse processo (Gordon & Tarafdar, 2007). No entanto, o papel da TI no processo de
inovação e sua potencial contribuição permanece amplamente sem estudo (Gordon &
Tarafdar, 2007; Xue, Ray & Sambamurthy, 2012), existindo um potencial considerável para
pesquisas que contribuam com o entendimento do papel da TI no processo de inovação
(Nambisan, 2013).
Com isso, existe o entendimento de que empresas podem usar diferencialmente a TI
para obter eficiência e inovação (Xue, Ray & Sambamurthy, 2012) e que líderes da TI podem
influenciar a inovação nas empresas a partir do desenvolvimento apropriado de capacidades
de TI (Tarafdar & Gordon, 2004). No entanto, conforme King (2002), investir simplesmente
em TI ao invés de investir nas capacidades da TI, é como adquirir componentes de TI sem
realmente entender ou ser capaz de utilizar esses componentes a fim de alcançar os objetivos
de negócio.
Considerando o contexto apresentado, esta pesquisa contempla as capacidades da TI e
a inovação na empresa, em um momento em que investimentos são realizados para
desenvolver capacidades efetivas de TI, que possam contribuir com a inovação na empresa
para obter vantagem competitiva e aumentar o desempenho. O objetivo geral do estudo é de
analisar que capacidades da TI contribuem para a inovação na empresa e como essa
contribuição acontece. Além disso, o mesmo pretende avaliar se as empresas estudadas
identificam capacidades da TI que possam estar inibindo, isto é, impedindo ou dificultando o
processo de inovação.
Para isso foi realizado um estudo de casos múltiplos, em três empresas consideradas
inovadoras, as quais estão localizadas no sul do país. Com o propósito de detalhar o estudo
realizado, na sequência desenvolve-se o referencial teórico, a metodologia de pesquisa, a
análise dos resultados obtidos – em especial o modelo expandido das capacidades da TI - e
sua discussão, além de uma conclusão.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico aborda questões sobre inovação, sobre a teoria da visão baseada
em recursos (RBV), que é a base para o estudo das capacidades da empresa, e sobre as
capacidades da TI, com o propósito de vincular estas capacidades à inovação na empresa.
2.1 INOVAÇÃO
Existe um entendimento, tanto na academia quanto no campo profissional, de que
organizações deveriam inovar para serem efetivas, ou até mesmo para sobreviverem, e que a
pesquisa tem condições de guiar a gestão da inovação nas organizações (Damanpour &
Schneider, 2006). O tema inovação tem sido abordado por autores clássicos como
Schumpeter, que criou obras importantes como “A teoria do desenvolvimento econômico”,
publicada pela primeira vez em 1911. Para Schumpeter (1985), produzir significa, tanto
econômica quanto tecnologicamente, combinar materiais e forças ao alcance das empresas e
produzir outras coisas, significa efetuar novas combinações. Essas combinações foram por ele
classificadas em introdução de um novo bem, introdução de um novo método de produção,
abertura de um novo mercado, conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou
de bens semimanufaturados e estabelecimento de uma nova organização em qualquer
indústria, sendo combinadas com o objetivo de gerar desenvolvimento e mudanças.
Mais recentemente Zawislak et al. (2008) definiram inovação como a aplicação de
conhecimento para gerar mudanças técnicas ou organizacionais, capazes de ofertar vantagens
para as empresas que as utilizam. Para os autores, inovação é a aplicação de conhecimento
novo para a empresa, e não necessariamente novo para as demais empresas. Dessa forma,
pequenas e incrementais mudanças aparecem no núcleo do processo da inovação, mais do que
as mudanças radicais.
No presente estudo, foram utilizadas as definições contidas no Manual de Oslo
(OCDE, 2005), que caracteriza a inovação como a implementação de um novo produto (bem
ou serviço), novo processo, novo método de marketing, ou novo método organizacional nas
práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas da empresa.
A inovação de produto diz respeito à criação de bens e serviços totalmente novos, bem como
melhorias nas características ou nos usos previstos em bens e serviços já existentes. Já a
inovação de processo, engloba a implementação de um novo método de produção e de
distribuição, ou a melhoria significativa de algum já existente. Normalmente envolve a
implementação de novos equipamentos, softwares, técnicas ou procedimentos. Inovação de
marketing consiste na utilização de novos métodos de marketing, como mudanças no desenho
e na embalagem do produto, na promoção e no posicionamento do mesmo, e na forma de
estabelecer preços de bens e serviços. E a inovação organizacional lida, sobretudo, com
pessoas e com a organização do trabalho. Contempla a implementação de novos métodos
organizacionais que não tenham sido utilizados anteriormente na empresa, tais como
mudanças nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações
externas da empresa.
No entanto, inovações organizacionais e tecnológicas são interligadas (Lam, 2004).
Isso reforça a necessidade de entender a inovação organizacional de uma forma mais
abrangente, visto que a empresa inova por meio de diversos tipos de inovação para atingir
seus objetivos mais amplos. Como existe o entendimento de que as empresas inovam a partir
da combinação dos tipos de inovações, o presente trabalho não tem como objetivo classificar
o tipo de inovação utilizado nas empresas estudadas, e sim, analisar a inovação na empresa
como um todo. Por esse motivo, foi utilizado o termo inovação na empresa ou inovação
empresarial (Silva et al., 2005), que faz referência à inovação de forma mais ampla, seja ela
do tipo de produto, processo, marketing ou organizacional.
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2.3 CAPACIDADES DA TI
Grant (1991) distingue capacidades de recursos. Para ele, recursos são entradas para os
processos de produção, sendo unidades básicas de análise. Os recursos individuais da empresa
incluem de capital, habilidades individuais dos empregados, patentes, marcas e finanças.
Capacidade, por sua vez, é definida pelo autor como sendo a ação na qual um conjunto de
recursos desempenha alguma tarefa ou atividade. Colaborando com essa definição, Amit e
Schoemaker (1993) definem recursos como um estoque de fatores disponíveis que são
próprios ou controlados pela empresa e que são convertidos em produtos ou serviços finais.
Para eles capacidades se referem às ações da empresa para implantar recursos, normalmente
em combinação e usando processos organizacionais.
Em relação às capacidades da TI, a presente pesquisa fundamenta-se em Stoel e
Muhanna (2009), que as definem como um complexo feixe de recursos, habilidades e
conhecimentos utilizados pelos processos de negócios, possibilitando a empresa coordenar
atividades e fazer uso dos ativos de TI para fornecer os resultados desejados. Outros autores
que estudaram as capacidades da TI também contribuíram para o estudo. Bharadwaj (2000),
por exemplo, desenvolveu o conceito de TI como uma capacidade organizacional e examinou
a associação entre a mesma e o desempenho da empresa. Para ela, investimentos em TI são
facilmente copiados pelos concorrentes, mas eles por si só não fornecem nenhuma vantagem
sustentada. Dessa forma, as empresas direcionam seus investimentos para criar recursos de TI
únicos e habilidades que determinam a eficácia global da empresa. Seu trabalho defende que
empresas que alcançam vantagem competitiva a partir da TI aprenderam a combinar seus
recursos para criar capacidade de TI. Seu trabalho também assume a RBV para classificar as
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confiáveis
Confidencia Capacidade em disponibilizar informações de
lidade forma confidencial, somente para quem tem
privilégio de acesso
Flexibilidade Conectivida Capacidade de conectar elementos da TI,
de internos ou externos
Compatibili Capacidade de troca de informações compatí-
dade veis apesar da diferença entre os sistemas
Modularida Capacidade dos sistemas e componentes do
de software serem facilmente trabalhados em
módulos
Adaptabilidade Capacidade de adaptar a infraestrutura às
necessidades de negócio
RECURSOS Habilida Análise Capacidade técnica de análise de sistemas Bharadwaj
HUMANOS des Projeto Capacidade técnica de projeto de sistemas (2000);
DA TI técnicas Programação Capacidade técnica de programação de Tarafdar e
sistemas Gordon
Tecnologias Capacidade para trabalhar com tecnologias (2004);
emergentes emergentes Gordon e
SGBD Capacidade para trabalhar com sistemas de Tarafdar
gerenciamento de Banco de Dados (SGBD) (2007);
Rede Capacidade para trabalhar com a gestão e Yin e
administração de redes de computadores Yang
Sistemas Capacidade para trabalhar com sistemas (2010);
operacionais operacionais Kim et al.
Habilida Gestão de Capacidade com gestão de projetos (2011)
des projetos
gerenciais Gestão dos Capacidade de gestão dos sistemas de
sistemas de informação utilizados na empresa
informação
Gestão de Capacidade de gestão dos recursos humanos
recursos que compõem a TI
humanos da TI
Habilida Entendimento e Capacidade de entendimento e envolvimento
des de envolvimento por parte da TI com o negócio da empresa
gestão de com o negócio
negócios da empresa
Contribuição Capacidade de contribuição da TI com novas
com novas ideias para os negócios da empresa
ideias
Interface com Capacidade de realizar interface da TI com
área usuária área usuária
Novas soluções Capacidade para desenvolver novas soluções e
e resolução de resolver problemas
problemas
Suporte aos Capacidade em fornecer suporte aos usuários
usuários sobre as soluções disponibilizadas
Treinamento Capacidade de treinar os usuários em relação
aos usuários às soluções disponibilizadas
Relacionamen Capacidade de relacionamento da TI com as
to com a área áreas de negócio
de negócio
Planejamento da TI Capacidade referente a definições de Tarafdar e
procedimentos e protocolos para alcance das Gordon
GOVERNAN metas estabelecidas de como a TI pode (2004);
ÇA suportar ou reforçar a posição estratégica da Kim et al.
DE TI empresa (2011)
Decisões de investimento da Capacidade de realizar decisões sobre os
TI investimentos a serem feitos na TI
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3. METODOLOGIA DE PESQUISA
A pesquisa empírica seguiu uma abordagem qualitativa e adotou estudo de casos
múltiplos como método, representados por três empresas consideradas inovadoras, com
receita entre R$ 500 milhões e R$ 2360 milhões, e com um número de empregados variando
entre 1900 e 24000. O estudo de caso permite analisar o que acontece naturalmente em um
ambiente (Silverman, 2009; Yin, 2001).
A seleção dos casos para estudo fundamentou-se no critério de empresas inovadoras.
Para tanto, a pesquisa baseou-se nas empresas indicadas ao prêmio de inovação da revista
Amanhã, referente ao ano de 2012 (AMANHÃ, 2013), que já se encontrava em sua 10ª
edição. Para que obter uma melhor comparabilidade de resultados, foram selecionadas
empresas do setor industrial. Assim as eventuais diferenças encontradas tem a chance de
representar fatores de análise e de comparação.
Para a coleta das informações nas três empresas analisadas, foram realizadas
entrevistas com pessoas consideradas chave no processo dentro da organização. As entrevistas
seguiram um roteiro (semiestruturado). As questões deste roteiro basearam-se no modelo
teórico apresentado na Figura 1 e também permitiram a troca de informações adicionais. Ao
todo foram realizadas 12 entrevistas, com duração de 13 horas e 34 minutos, resultando em 196
páginas transcritas a partir das gravações realizadas Além das entrevistas, foram consultados
documentos disponibilizados pelas empresas e seus sites institucionais, fazendo-se uso da
análise de dados secundários.
As entrevistas foram realizadas com pessoas que trabalham diretamente com o
processo de inovação nas empresas bem como com pessoas das áreas da TI que contribuem
para esse processo, respectivamente gerentes da área de negócios, de TI, de engenharia e de
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design e inovação. Com isso, foi possível validar o entendimento das áreas envolvidas,
possibilitando uma visão completa do processo.
Referente à análise do conteúdo, Gibbs (2009) entende que a análise dos dados
qualitativos sugere algum tipo de transformação. Para ele, a codificação retrata a maneira
como o pesquisador classifica os dados que estão em análise, o que representa uma forma de
categorizar o texto e lhe atribui uma estrutura de ideias temáticas. Visando auxiliar o processo
de análise e com o objetivo de facilitar a identificação e a classificação do conteúdo utilizou-
se o software Nvivo versão 10. As principais técnicas adotadas foram a análise de conteúdo e
a análise categórica (Neuendorf, 2002). Como categorias de análise iniciais foram
selecionadas as capacidades da TI (e seus respectivos construtos) apresentadas na Figura 1.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
A análise das capacidades da TI foi feita com base no modelo teórico de pesquisa
gerado a partir da revisão da literatura. A partir desta base, capacidades mencionadas na
literatura foram identificadas bem como novas capacidades foram encontradas. E algumas
capacidades foram caracterizadas como inibidoras do processo de inovação na empresa.
Mesmo atuando em segmentos diferentes, as empresas industriais selecionadas
evidenciaram a valorização da inovação de seus produtos como característica comum. As
áreas da TI destas empresas apresentam estruturas bem diferenciadas. A Empresa 2 tem os
processos e as ferramentas de TI muito maduros. A Empresa 1 possui uma estrutura adequada
mas ainda procura melhorá-la. A Empresa 3 tem uma TI estruturada para atender os processos
da empresa e está desenvolvendo o atendimento dos processos de inovação.
Inicialmente cabe destacar que, mesmo a inovação sendo um tema ligado à vantagem
competitiva, as empresas estudadas facilitaram o acesso às suas informações e aos seus
procedimentos de trabalho. Esse fato corrobora a definição de capacidade, para a qual o
recurso em si, sem a habilidade de saber utilizá-lo, não é visto como fonte de vantagem
competitiva. Além disso, o mesmo recurso pode ser utilizado de forma diferente pelas
diferentes empresas, de acordo com as capacidades específicas de cada uma. Também cabe
ressaltar que existem muitas oportunidades para a TI contribuir com os processos da empresa,
sejam os mesmos específicos de inovação ou não.
Todas as entrevistas foram direcionadas no sentido de entender como a TI contribui
para a inovação. No entanto, as respostas evidenciaram que muitas vezes a TI tem o papel de
apoiar processos e oferecer soluções que não são exclusivas de inovação. Estas contribuem
para a maturidade e qualidade da empresa como um todo e a deixam mais preparada para
realizar inovação.
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foi vista como forma de deixar a infraestrutura preparada para receber as demandas,
agilizando o processo de liberação das soluções.
Analisando as capacidades de recursos humanos da TI, a gestão de projetos contribui
para que os mesmos alcancem seus objetivos, através da utilização de metodologias e
ferramentas de gerenciamento. A capacidade de entendimento e envolvimento com o negócio
da empresa teve sua importância salientada, pois a mesma aproxima a TI das áreas de
negócio, facilitando a busca de soluções adequadas. Ainda, a capacidade da TI em contribuir
com novas ideias foi relatada como tendo um grande potencial, principalmente porque
envolve tecnologia e inovação. Adicionalmente, foi enfatizada a importância de se ter um
suporte adequado aos usuários, bem como um bom relacionamento da TI com as demais áreas
da empresa.
As empresas estudadas apresentam níveis de capacidades de governança da TI
diferentes. Independentemente de serem mais ou menos formais e de seguirem ou não
modelos de mercado, as empresas entendem que o objetivo é disponibilizar uma TI mais
estruturada e preparada para apoiar a empresa no atingimento dos seus objetivos, atuando
quando possível, como área estratégica. Nesse sentido, em relação à dimensão de governança
contida no modelo teórico de pesquisa original, foram destacadas as capacidades de
planejamento e controle da TI.
As capacidades viabilizadoras de intangíveis são concretizadas pela gestão do
conhecimento e da informação, representando uma maneira de garantir que o conhecimento
seja da empresa e não dos indivíduos. Para isso, a TI contribui com ferramentas para o
registro e a gestão dessas informações. Além dessa, a capacidade de possibilitar a
comunicação na empresa, principalmente em relação aos projetos de inovação, além de
reportar o que acontece com os mesmos, pode fomentar novas ideias e ações.
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capacidades da empresa. Ele também contribuiu para a avaliação das capacidades inibidoras
por parte dos gestores, a fim de minimizá-las ou até mesmo eliminá-las, pois estas
capacidades revelam uma outra faceta de como a inovação se dá, o que vai além dos atributos
de agilidade, velocidade, disponibilidade, estrutura adequada e maturidade mostradas no
modelo.
No contexto da academia, o presente trabalho contribuiu com a ampliação do modelo
teórico de pesquisa, gerado inicialmente a partir de uma revisão da literatura. Novas
capacidades foram identificas, as quais não tinham sido apontadas inicialmente. Além disso,
foram destacadas capacidades inibidoras, que não foram abordadas no modelo teórico de
pesquisa inicial. Com isso, o novo modelo gerado retrata uma visão ampliada das capacidades
da TI, podendo ser utilizado em novos estudos, com o objetivo de validá-lo para levar em
conta, mais explicitamente, as condições locais de empresas inovadoras. Ainda, a revisão da
literatura feita resumiu temas significativos, com um potencial considerável para serem
adotadas em futuras pesquisas.
Analisando as limitações desta pesquisa, o número de empresas estudadas e a sua
atuação industrial representaram um fator restritivo aos resultados obtidos, visto que com um
maior número de casos e o estudo de empresas não industriais, outras capacidades poderiam
ter sido identificadas. Também, algumas das capacidades, oriundas da literatura e emergentes
do campo, atualmente de somenos importância (porque foram identificadas em somente uma
das três empresas), poderiam ter sua importância melhor avaliada. Além disso, o acesso às
informações e às rotinas das empresas ficou limitado às entrevistas e aos materiais obtidos
(site, relatórios internos), porque os pesquisadores não integram o quadro de funcionários de
nenhuma das empresas estudadas. Ainda, o nível de maturidade da TI, além de ser um fator
que colaborou para a abrangência dos objetivos específicos do trabalho, pode ser mencionado
como uma limitação, visto que diferentes empresas possuem capacidades variadas da TI que
efetivamente contribuem para a inovação, muitas das quais resultam do nível de maturação e
consolidação da TI.
Por outro lado, existe espaço para novas pesquisas que analisem as capacidades da TI
e sua relação com a inovação da empresa, conforme já mencionado por Gordon & Tarafdar
(2007), Nambisan (2013) e Xue, Ray & Sambamurthy (2012). Deste modo, novos estudos
podem ser realizados, a fim de minimizar as limitações citadas anteriormente. Ainda, estudos
quantitativos podem ser desenvolvidos com base nos dois modelos gerados - o inicial fruto da
revisão da bibliografia e o ampliado, que incorporou os resultados do estudo -, a fim de buscar
uma maior generalização dos resultados. Existe, também, espaço para novos estudos
analisarem com maior profundidade as relações intra e inter dimensões das capacidades
apresentadas no modelo proposto, bem como a própria relação das mesmas com a inovação.
Concluindo, o trabalho abordou dois temas relevantes e relacionados, voltados em
última instância para a melhoria do desempenho das organizações, tema que, conforme Chae,
Koh & Prybutok (2014), ainda embute resultados controversos. Como já mencionado, no
estudo aqui desenvolvido as capacidades da TI são vistas pelas empresas como grandes
contribuidoras para a inovação.
No entanto, mesmo na empresa com a TI mais madura, existe a expectativa de que as
capacidades da TI possam contribuir cada vez mais, não só com soluções que apoiem, mas
com ideias e ações voltadas diretamente à inovação. Por outro lado, os gestores da TI estão
cientes do potencial da sua área, demonstrando uma preocupação em estar cada vez mais
alinhados com os objetivos da empresa. Sendo assim, conclui-se que a TI contribui e tem
potencial para contribuir ainda mais para a inovação, porque representa uma das áreas
importantes para o sucesso da inovação na empresa.
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