You are on page 1of 74

Programa de Verão do LNCC – 2007, 22-25 de janeiro de 2007

Mini-curso

Princípios da Oceanografia Física

Clemente A. S. Tanajura
LNCC

1
Tópicos
1. O sistema oceano-atmosfera;

2. Forças que atuam nos oceanos;

3. Leis de conservação de massa, momentum e energia;

4. Modelos de circulação (Geostrofia; Espiral de Ekman; Bombeamento de Ekman;


Modelo de Sverdrup);

5. Ondas de gravidade superficial;

6. Ondas de Poincaré, Kelvin e Rossby;

7. Circulação costeira;

8. Modelos numéricos em oceanografia;

9. Métodos de assimilação de dados


2
O material usado para elaborar esta mini-curso foi composto por:

• Notas do curso “Meteorologia Básica”, Profa. Alice Grimm (UFPR);


• Notas do curso “Introduction to Physical Oceanography”, Prof. Robert
Stewart, Texas A&M University;
• Notas do curso “Rudimentos de Meteorologia Dinâmica”, Prof. Prakki
Satyamurty, CPTEC/INPE;
• Livro “Climate System Modeling”, K. Tremberth, Cambridge Univ.
Press, 1993.
• Livro, “An Introduction to Dynamic Meteorology”, J. R. Holton;
• Livro “Atmosphere-Ocean Dynamics”, Adrian Gill, Academic Press,
1982;
• Livro “Waves, Tides and Shallow-Water Processes”, Joan Brown et
al., Editor Gerry Bearman, Pergamon Press, 1989;
• Prof. Mauro Cirano (UFBA), comunicação pessoal e material didático
no site www.ufba.br/mcirano;
• The chemical composition of seawater, J. Floor Anthoni (2000, 2006),
www.seafriends.org.nz/oceano/seawater.htm
• Palestra, Prof. Pedro da Silva Dias, LNCC, First LNCC Meeting on
Computational Modeling, 2004;

3
1. O Sistema Oceano-Atmosfera

1.1 Considerações Iniciais

1.2 Radiação solar

1.3 Transferência de propriedades entre os oceanos e atmosfera

1.4 Balanço térmico dos oceanos

1.5 Fluxos de Calor

1.6 O El Niño/Oscilação Sul (ENOS)

4
1.1 Considerações Iniciais

• A oceanografia física é o ramo da oceanografia que se concentra no estudo


das condições físicas e dos processos físicos dos oceanos, particularmente de
sua circulação e propriedades;

• Os oceanos e mares são componentes do sistema climático. Os outros


componentes são a atmosfera, a terra (biosfera) e o gelo (criosfera);

• O clima é entendido como uma variabilidade de baixa frequência da


atmosfera, em oposição ao tempo que é entendido como uma variabilidade de
alta frequência da atmosfera;

• Pode-se dizer que a dificuldade de se caracterizar o clima está aumentando,


pois há indícios e cenários de mudanças climáticas;

5
1.2 Radiação Solar

• A fonte de energia de nosso sistema climático é o Sol, que oferece em


média 342 W/m2 de radiação incidente no topo da atmosfera
considerando a geometria esférica da Terra;

• A energia solar se manifesta na forma de energia ou radiação


eletromagnética, a qual é convertida em calor, energia potencial e
energia cinética na Terra;

• A energia solar pode ser apenas convertida, nunca pode ser destruída.
Este é o princípio fundamental da conservação de energia;

• A radiação solar não é distribuída homogeneamente na Terra. Este fato


provoca o surgimento da circulação da atmosfera e dos oceanos para
exportar calor dos trópicos para as altas latitudes numa permanente
tentativa de uniformizar a energia no planeta;

6
1.2.1 Rotação e translação
Os movimentos de rotação e translação da Terra modulam a distribuição
temporal da energia solar incidente.

Fig. 1 - Relações entre o Sol e a Terra 7


A rotação modula o ciclo diurno (dia e noite) e a translação modula as
estações do ano de acordo com a Fig. 1.

• A posição mais próxima ao Sol, o perihélio (147 x 106 km), é atingido


aproximadamente em 3 de janeiro e o ponto mais distante, o afélio (152 x
106 km), em aproximadamente 4 de julho. A variação da radiação solar
recebida devido à variação da distância é pequena ~ 6,7%.;

• O fator determinante para que existam as estações do ano é o ângulo de


23.5o do eixo de rotação da Terra em relação ao seu plano de translação ao
redor do Sol (plano da eclíptica);

• Devido à esse ângulo, a distribuição da radiação solar incidente e a altura


do Sol - isto é, o ângulo de elevação do Sol acima do horizonte para um
observador na superfície da Terra em uma determinada hora do dia (por
exemplo, meio dia) - mudam continuamente com o movimento de
translação. O Hemisfério Sul se inclina para longe do Sol durante o nosso
inverno e para perto do Sol durante o nosso verão. Isso pode ser bem
visualizado com o auxílio das Figs. 2 e 3.

8
Fig. 2. Incidência de radiação
solar para uma situação de
verão no Hemisfério Sul.

Fig. 3. Incidência de radiação


solar para diferentes latitudes
(a) tropical; (b) latitudes
médias; (c) latitudes altas.

9
Voltando à Fig. 1, temos que

• No dia 21 ou 22/12 os raios solares incidem verticalmente (h=90°) em


23°27’S (Trópico de Capricórnio). Este é o solstício de verão para o
Hemisfério Sul (HS) (Fig. 4c);
• No dia 21 ou 22/6 os raios solares incidem verticalmente em 23°27’N
(Trópico de Câncer). Este é o solstício de inverno para o HS (Fig. 4a);
• A meio caminho entre os solstícios ocorrem os equinócios (dias e
noites de igual duração). Nestas datas, os raios verticais do Sol atingem
o equador (latitude = 0°). No HS o equinócio de primavera ocorre em
22 ou 23 de setembro e o de outono em 21 ou 22 de março (Fig. 4b).

10
Durante o solstício de inverno do HS, o
HS recebe bem menos radiação que o HN

(a)
Durante os equinócios o HS e o HN
recebem a mesma quantidade de radiação

(b)
Durante o solstício de verão do HS, o HS
recebe bem mais radiação que o HN

Fig. 4. Radiação solar incidente nos (c)


11
solstícios (a) e (c); e equinócios (b)
Ciclos astronômicos modulam o clima na Terra.

• Excentricidade da órbita da Terra


ciclo de 100,000 anos

• Precessão: Solstícios e Equinócios mudam


ciclo de 22,000 anos

• Obliquidade: 23,5o ± 1o
ciclo de 41,000 anos

12
Vostok (Antarctica): 4 glacial cycles

13
(Petit et al., 1999)
1.2.2 Energia Potencial Disponível

• Nem toda a energia depositada pelo Sol pode ser convertida para a
circulação;

• A Energia Potencial Disponível (EPD) é a energia que pode


efetivamente ser transformada em energia cinética. Ed Lorenz (1960)
derivou uma expressão matemática para esta energia que permitiu
quantificá-la!

• Imagine a situação de equilíbrio que se estabelece quando a parede que


separa dois fluidos com diferentes densidade é retirada. A EDP é
análoga a energia dada pela diferença entre a energia potencial dos
fluidos antes da separação.

14
Energia Total = Interna + Potencial Gravitacional + Cinética

dE I = ρ cv T dz dE P = ρ g z dz
cv=[J/KgK] ∞ ∞ 0

E I =cv ∫ ρT dz E P = ∫ ρgz dz = − ∫ z dp
o o po
∞ 0
E P = ∫ p dz = R ∫ ρT dz
o po

cp cp
Energia Potencial Total = EP + EI = EI = EP cp = cv + R
cv R
Por conservação E K + E P + E I = constante
Assumna que no estado inicial EK = 0, e que em um estado final ‘ há movimento
E ' K + E ' P + E ' I = EP + EI E '
K =
cp
cv
(E I − E 'I )
A Energia Potencial Disponível (EPD), EPD =
cp
cv
(E − (E ) )
I
'
I MIN
15
A EPD média por unidade de volume em toda a atmosfera foi estimada
por Lorenz como sendo proporcional a

EPD ∝ V −1 ∫ θ '2 θ 2 dV

θ = T ( p s p )R / c
o
p
onde ‘ é uma perturbação da temperatura potencial

Em um modelo quase-geostrófico esta proporção vira uma igualdade.

Somente 5% da Energia Potencial Total está disponível para ser


transformada em cinética e somente 10% da EPD se transforma em
cinética.
EPD EK
= 5 × 10 −3 = 10 −1
cp EPD
EI
cv

16
Na atmosfera, a fração da EDP convertida em energia cinética se
manifesta em grandes células de circulação no plano meridional (sul-
norte vs. vertical), no plano zonal (oeste-leste vs. vertical) e no plano
horizontal (latitude vs. longitude).

17
Nos oceanos a parte da EDP dos oceanos transformada em energia cinética
pela circulação termohalina.

18
1.2.3 Radiação solar e terrestre
• Toda a troca de energia da Terra com o resto do Universo se dá através da
radiação eletromagnética, pois ela pode ser propagada no vácuo. A
velocidade de propagação da radiação no vácuo, C, é 300.000 km/s;
• O espectro da radiação é contínuo, mas ele é classificado em faixas de
acordo com o comprimento de onda da radiação (Fig. 5).

Fig. 5. O espectro da radiação eletromagnética


19
• O espectro da radiação solar, de onda curta, vai de aproximadamente 0.25
(ultravioleta) a 2.5 µm (infravermelho próximo) e tem um pico em 0.5 µm;

• O espectro da radiação da Terra, de onda longa, vai de 4 a 24 µm e tem


um pico em 10 µm;

• A luz visível corresponde a ~ 43% do total emitido pelo Sol, 49% estão no
infravermelho próximo e 7% no ultravioleta. Menos de 1% da radiação
solar é emitida como raios X, raios gama e ondas de rádio;

• A composição de gases na atmosfera é de aproximadamente 78 % de N2 ,,


21 % de O2 e 1 % de outros gases, entre eles o Argônio (Ag), o vapor
d´água (H2O) e o dióxido de carbono (CO2).

• A interação da radiação solar com esses gases determina o quanto é


absorvido pela atmosfera e o quanto não é absorvido, impondo um balanço
de energia característico do sistema climático.

20
Tabela 1. Composição média dos gases na atmosfera
Gás Porcentagem Partes por Milhão
Nitrogênio 78,08 780.000,0
Oxigênio 20,95 209.460,0
Argônio 0,93 9.340,0
Dióxido de carbono 0,035 350,0
Neônio 0,0018 18,0
Hélio 0,00052 5,2
Metano 0,00014 1,4
Kriptônio 0,00010 1,0
Óxido nitroso 0,00005 0,5
Hidrogênio 0,00005 0,5
Ozônio 0,000007 0,07
Xenônio 0,000009 0,09

ppm= partes por milhão = mg/litro = 0.001g/kg.


21
A irradiância é o fluxo de radiação por metro quadrado. A irradiância
média da radiação solar que atinge a Terra, num plano perpendicular aos raios
solares, no topo da atmosfera é uma fração da radiação solar emitida nos limites
do disco visível do Sol e vale ~ S = 1370 W/m2 . S é a chamada constante
solar.

Tendo em vista que a área da superfíce da Terra no hemisfério


iluminado é 4 vezes maior que a do disco onde esta área é projetada no plano
perpendicular aos raios solares, a radiação solar média incidente no topo da
atmosfera é S/4 = 342 W/m2.

Irradiância monocromática (Eλ): irradiância por unidade de intervalo de


comprimento de onda, no comprimento de onda λ .

Portanto, a irradiância é dada por:

22
Um corpo negro é um corpo que absorve e emite radiação em
todas as faixas do espectro, isto é, toda a radiação incidente é absorvida em
qualquer comprimento de onda, e, para a temperatura do corpo, a radiação
máxima é emitida em todos os comprimentos de onda.
A Terra e o Sol irradiam aproximadamente como corpos negros.
A Fig. 7 mostra Eλ para corpos negros em três temperaturas diferentes,
sendo que 6000 K é a temperatura da superfície do Sol.

Fig. 7 - Irradiância monocromática para corpo negro para várias temperaturas. 23


A radiação pode ser absorvida ou refletida de modo que:
Energia absorvida + Energia refletida = Energia Incidente.

O albedo é a fração Energia refletida / Energia Incidente.


O albedo planetário é de 30 %.
Albedo para algumas superfícies no intervalo visível ( % )
Solo descoberto 10-25
Areia, deserto 25-40
Grama 15-25
Floresta 10-20
Neve (limpa, seca) 75-95
Neve (molhada e/ou suja) 25-75
Superfície do mar (sol > 25° <10
acima do horizonte)
Superfície do mar (pequena 10-70
altura do sol)
Nuvens espessas 70-80
Nuvens finas 25-50 24
1.2.4 O Efeito Estufa

O diferente comportamento das moléculas à radiação incidente é de suma


importância no sistema climático e é o responsável pelo Efeito Estufa.
• A parte da radiação solar refletida na atmosfera é espalhada por gases e
aerosois. A luz azul é mais espalhada que o vermelho, verde, amarelo, e
isto faz com que longe da direção do disco solar, o céu fique azul;

• Algumas moléculas, como o H2O, CO2, e O3 podem absorver ou emitir um


fóton de energia radiante quando sofrem uma transição simultânea rotação-
vibração. Estas moléculas absorvem radiação na região do infravermelho;

• Outras moléculas, como o O2 e N2 não podem interagir com a radiação


desta forma e, portanto, não absorvem na região do infravermelho;

• A Fig. 8 apresenta a fração da radiação monocromática absorvida;

• A Fig. 9 apresenta partição da radiação solar incidente na Terra.


25
Fig. 8. Absortividade de alguns gases da atmosfera e da atmosfera como um todo.

Absortividade

Comprimento de onda (µm)

Janela do visível Janela do infravermelho 26


30%

100% = 342 W/m2

19%

51%

Fig. 9. Distribuição percentual da radiação solar incidente 27


Dos 70% da radiação solar que
entra na atmosfera, 19% é absorvido
pela atmosfera e 51% pela
superfície, incluindo os oceanos.

A superfície terrestre é a maior


fonte de calor para a atmosfera.

Este fato e a presença dos gases de


Efeito Estufa (H2O, CO2, CH4, O3,
N2O) fazem com que a temperatura
próxima a superfície seja maior que
altos níveis da troposfera (Fig. 10).

A presença do O3 na camada entre


10 e 60 km, aquece a estratosfera.

Fig. 10. Variação da temperatura média


global do ar com a altitude
28
O Efeito Estufa

• Temperatura de radiância da Terra (lida no espaço) = - 18oC;

• Temperatura média global da superfície da Terra = 15 oC

– 15 – (-18) = 33oC

• O vapor d´água é o principal gás de efeito estufa, seguido pelo CO2, O3,
CH4, N2O;

• Em locais desérticos, as noites são frias em relação a outras onde há


umidade.

• Os oceanos provêm umidade para a atmosfera através da evaporação e


recebem água da atmosfera, dos rios e do degelo.

29
1.2.5 O Balanço de Energia na Superfície da Terra

O seguinte balanço global é válido para a superfície global

QSWI + QSWR + QLWI + QLWE + QL + QS = dT/dt

Rad. Onda
Curta Rad. Onda Rad. Onda Calor
Incidente Curta Longa Latente Taxa de
Rad. Onda
(Solar) Refletida Incidente Calor mudança de
Longa
(terrestre) Sensível temperatura
Emitida
na superfície

+51% (174,4 W/m2) - 21% (-71,8) - 23% (-78,7) - 7% (-23,9) = 0 (0)

NOTA: Em uma média global de longo-prazo dT/dt são nulos


30
Fig. 11. Balanço de Calor da Terra e da Atmosfera.

100% = 342 W/m2

31
Como é absorvida a radiação solar nos oceanos?

• A água do mar absorve toda a radiação solar na faixa do vermelho-


amarelo nos primeiros 15 m.

• O verde e o azul penetram até 250 m.

• A presença de partículas no oceano aumenta a absorção.

• A região de fotossíntese (exceto em regiões de muita atividade ou


costeiras) é nos primeiros 100-200 m.

32
Como é absorvida a radiação solar nos oceanos? (cont.)

• 73% alcança 1 cm de profundidade


• 44.5% alcança 1 m de profundidade
• 22.2% alcança 10 m de profundidade
• 0.53% alcança 100 m de profundidade
• 0.0062% alcança 200 m de profundidade

Fig. 11. Absorção da radiação solar de acordo com a profundidade.


33
1.3 Transferência de Propriedades entre os Oceanos e Atmosfera
• A atmosfera e os oceanos transferem entre si
– Gases , através da pressão de saturação
– Água fresca , através da evaporação e da precipitação
e modula a Salinidade
– Momentum , através do atrito
– Calor , através dos fluxos de calor

• A atmosfera é influenciada pelos oceanos e tem seu estado


termodinâmico alterado através de sua temperatura, densidade,
pressão, umidade relativa, circulação e composição;

• Os oceanos são influenciados pela atmosfera e têm temperatura,


densidade, pressão, salinidade, circulação e composição alterados.

• As trocas entre a atmosfera e os oceanos são feitas através da camada


limite planetária e através da camada de mistura dos oceanos. Na
verdade, as trocas se dão em escala molecular na interface oceano-
atmosfera (Kraus e Businger, 1994; Businger 1997).
34
Composição da água do mar com Salinidade a 3.5%
Element At.weight ppm Element At.weight ppm
Hydrogen H2O 1.00797 110,000 Molybdenum Mo 0.09594 0.01
Oxygen H2O 15.9994 883,000 Ruthenium Ru 101.07 0.0000007
Sodium NaCl 22.9898 10,800 Rhodium Rh 102.905 .
Chlorine NaCl 35.453 19,400 Palladium Pd 106.4 .
Magnesium Mg 24.312 1,290 Argentum (silver) Ag 107.870 0.00028
Sulfur S 32.064 904 Cadmium Cd 112.4 0.00011
Potassium K 39.102 392 Indium In 114.82 .
Calcium Ca 10.08 411 Stannum (tin) Sn 118.69 0.00081
Bromine Br 79.909 67.3 Antimony Sb 121.75 0.00033

35
Helium He 4.0026 0.0000072 Tellurium Te 127.6 .
Lithium Li 6.939 0.170 Iodine I 166.904 0.064
Beryllium Be 9.0133 0.0000006 Xenon Xe 131.30 0.000047
Boron B 10.811 4.450 Cesium Cs 132.905 0.0003
Carbon C 12.011 28.0 Barium Ba 137.34 0.021
Nitrogen ion 14.007 15.5 Lanthanum La 138.91 0.0000029
Fluorine F 18.998 13 Cerium Ce 140.12 0.0000012
Neon Ne 20.183 0.00012 Praesodymium Pr 140.907 0.00000064
Aluminium Al 26.982 0.001 Neodymium Nd 144.24 0.0000028
Silicon Si 28.086 2.9 Samarium Sm 150.35 0.00000045
Phosphorus P 30.974 0.088 Europium Eu 151.96 0.0000013
Argon Ar 39.948 0.450 Gadolinium Gd 157.25 0.0000007
Scandium Sc 44.956 <0.000004 Terbium Tb 158.924 0.00000014
Titanium Ti 47.90 0.001 Dysprosium Dy 162.50 0.00000091
Vanadium V 50.942 0.0019 Holmium Ho 164.930 0.00000022
Chromium Cr 51.996 0.0002 Erbium Er 167.26 0.00000087
Manganese Mn 54.938 0.0004 Thulium Tm 168.934 0.00000017
Ferrum (Iron) Fe 55.847 0.0034 Ytterbium Yb 173.04 0.00000082
Cobalt Co 58.933 0.00039 Lutetium Lu 174.97 0.00000015
Nickel Ni 58.71 0.0066 Hafnium Hf 178.49 <0.000008

36
Copper Cu 63.54 0.0009 Tantalum Ta 180.948 <0.0000025
Zinc Zn 65.37 0.005 Tungsten W 183.85 <0.000001
Gallium Ga 69.72 0.00003 Rhenium Re 186.2 0.0000084
Germanium Ge 72.59 0.00006 Osmium Os 190.2 .
Arsenic As 74.922 0.0026 Iridium Ir 192.2 .
Selenium Se 78.96 0.0009 Platinum Pt 195.09 .
Krypton Kr 83.80 0.00021 Aurum (gold) Au 196.967 0.000011
Rubidium Rb 85.47 0.120 Mercury Hg 200.59 0.00015
Strontium Sr 87.62 8.1 Thallium Tl 204.37 .
Yttrium Y 88.905 0.000013 Lead Pb 207.19 0.00003
Zirconium Zr 91.22 0.000026 Bismuth Bi 208.980 0.00002
Niobium Nb 92.906 0.000015 Thorium Th 232.04 0.0000004
Uranium U 238.03 0.0033
Plutonium Pu (244) .

37
• Há uma intensa troca de elementos químicos para que a superfície dos
oceanos esteja em permanente equilíbrio com a atmosfera;

•A difusão de SO2, SO3, NH3, and H2O é controlada pelo lado gasoso
(atmosfera) da interface;

• A difusão de O2, N2, CO2, CO, CH4, e muitas outras moléculas, é controlada
pelo lado líquido (oceano) da interface;

• Em relação aos gases dissolvidos nos oceanos, há 4 moléculas de CO2 para


cada 100 milhões de moléculas H2O; há 4 moléculas de O2 para cada 1000
milhões de moléculas H2O. Portanto, há menos oxigênio livre que dióxido de
carbono. A concentração dos gases entretanto muda de acordo com sua
solubilidade, que depende da salinidade e da temperatura do mar.

• No oceano global há cerca de 121,000 E12 kg de CO2 = 121,000 Gton CO2, o


que corresponde a 37,400 Gton C (ou 39,000 Gton C).

• No solo e vegetação há cerca de 1965 Gton C;


38
• Na atmosfera há cerca de 510 Gton C;
O Ciclo do Carbono:
(7.9+60+50) – (111+1.7) = 5.2 Gton C = 3.2 Gton C

39
George Kling, 2005 Fig. 12
A concentração de C
está aumentando

Fig. 13

Fig. 14 40
George Kling, 2005
Séries temporais de anomalia da temperatura da superfície

Fig. 15

41
George Kling, 2005
1.3.1 Tranferência de água fresca

Sem considerar o derretimento e a formação de gelo nas regiões polares, o balanço


hídrico nos oceanos é dado por

P – E + Descarga dos Rios = 0

P = Precipitação média sobre os oceanos ~ 2.9 mm/dia

E = Evaporação média dos oceanos ~ 3.2 mm /dia

A precipitação e a descarga de água dos rios diminui a salinidade da água,


enquanto a evaporação aumenta a salinidade. Portanto, entre 10 e 40o de latitude,
onde há uma tendência da evaporação dominar a precipitação, a salinidade da
camada de mistura tende a ser maior que na região da termoclina.

42
Precipitaçao global média = 2,6 mm/dia (Xie-Arkin 1997 e Baumgarter e
Raichel 1975)
Fig. 16

43
Fig. 17. Média anual da Evaporação menos a Precipitação (mm/dia).
(reanálise do ECWMF ).

44
Fig. 18. Distribuição espacial da média anual da salinidade de superfície.

45
Fig. 19. Gráfico T-S

46
1.3.2 Transferência de Momentum

Devido ao atrito e à viscosidade do fluido, o escoamento laminar sobre uma


superfície em repouso sofre uma desaceleração quando se aproxima da superfície.
Este é um processo molecular, no qual partículas longe da superfície colidem com
outras moléculas que tocaram na superfície e que têm portanto baixa velocidade.
Neste processo há a transferência de momentum linear (massa x velocidade).

velocidade

moléculas

Fig. 20. Perfil de velocidade do escoamento sobre uma placa plana na presença de
47
atrito.
No caso da tensão do vento (wind stress) sobre a superfície oceânica, a mesma
força que retarda o movimento da atmosfera age para acelerar o oceano. O atrito
molecular só é relevante como processo dissipativo numa finíssima camada junto à
interface oceano-atmosfera (ou terra-atmosfera). Fora desta região, é a turbulência
que domina o processo de dissipação de momentum. A tensão do vento gera uma
camada turbulenta nos oceanos chamada de camada de mistura (Fig. 21) na qual as
propriedades da água do mar (temperatura, salinidade, densidade, etc) ficam
homogeneizadas. A camada de mistura no verão é mais fina que no inverno nas
latitudes médias.

Fig. 21. Representação do comportamento da camada de mistura em 31.8°N


64.1°W (Bermudas) ao longo do ano(Perfil vertical: Pressão (dbar) vs. Temperatura
48
(oC).
Quanto mais contrastante é a temperatura da camada de mistura e a das
camadas mais frias na subsuperfície, mais trabalho é necessário para
misturar a água da camada de mistura com as camadas abaixo dela;

• A camada limite da atmosfera varia de algumas dezenas de metros, em


condições de ventos calmos e estáveis, até em torno de 1 km, em
condições de ventos fortes e instabilidade.

49
A tensão do vento pode ser obtida empiricamente através da relação
r r r
τ = ρ Cd | V | V
onde V é o vetor velocidade horizontal (u, v) em 10 m de altura e CD é o
coeficiente de arrasto obtido experimentalmente. Este coeficiente varia em
muito com velocidade: quanto maior a velocidade, maior ele é.
De forma bastante genérica, um vento com intensidade de 10 m/s gera uma
corrente de 0.3 m/s, isto é, 3 % do valor da intensidade do vento.

A tensão dos ventos é fundamental na circulação oceânica, pois ela gera as


correntes superficiais. Além disso, a interação dos ventos com ondulações na
superfície oceânica provoca diferentes pressões e excita ondas.

50
A circulação tem da atmosfera e dos oceanos tem diversos padrões.

51
Fig. 23. As correntes oceânicas

52
1.4 O Balanço Térmico dos Oceanos

Na média global temos o seguinte balanço

QSWI – QSWR + QLWI – QLWE – QL – QS = 0

onde a mesma simbologia do slide 30 foi usada.

Em uma determindada região, o balanço é dado por

QSWI – QSWR + QLWI – QLWE – QL – QS + QDAV = dQ/dt

onde dQ/dt é proporcional a dT/dt.

53
Fig. 24. Média anual da radiação solar líquida (QSW = QSWI – QSWR). Os
valores positivos indicam que a superfície está ganhando calor. Nos oceanos,
a média de variação ao longo do ano é 30 W/m2 < QSW < 260 W/m2.

54
Fig. 25. Média anual da radiação de onda longa líquida (QLWI – QLWE). Os
valores negativos indicam que a superfície está perdendo calor. Nos oceanos, a
média de variação ao longo do ano é - 60 W/m2 < QLW < - 30 W/m2.

55
Fig. 26. Média anual do Fluxo de Calor Latente (QL). Os valores negativos
indicam que a superfície está perdendo calor. Nos oceanos, a média de variação
ao longo do ano é - 130 W/m2 < QL < - 10 W/m2.

56
Fig. 27. Média anual do Calor Sensível (QS). Os valores positivos indicam
que a superfície está ganhando calor (temperatura do ar maior que a da
superfície) e os negativos que está exportando calor (temperatura do ar
menor que a da superfície). Nos oceanos, a média de variação ao longo do
ano é - 42 W/m2 < QS < - 2 W/m2.

57
Fig. 28. Média anual do Fluxo Total de Calor.

58
Fig. 29. Média zonal (na direção da longitude) para o componentes do fluxo de
calor dos oceanos no painel de cima e para o fluxo total (soma dos
componentes) no painel debaixo em função da latitude. A linha sólida do painel
debaixo é a soma das curvas do painel de cima. A linha pontilhada do painel de
baixo é um cálculo independente. As curvas do fluxo total debaixo deveriam
dar média nula, mas a primeira dá 16 e a segunda -3 W/m2 (COADS, R.
Stewart, 2005). Isto se deve a erros de medição e estimação.

Componentes do Fluxo
de Calor dos Oceanos

Fluxo de Calor Total

59
Fig. 30. O calor armazenado nos oceanos tropicais é exportado para as
altas latitudes através do Transporte Meridional de Calor (positivo para o
norte, negativo para o sul). Note que o Oceano Atlântico tem um
transporte para o norte em todas a latitudes. Unidade pW = 1x1015 W.
Transporte de Calor para o Norte (pW)

Transporte global de
calor nos oceanos

60
Aproximadamente 50% do calor depositado nos trópicos é
transportado pela atmosfera e 50% é transportado pelos oceanos
através do Transporte Meridional de Calor.

Fig. 31.

61
Fórmulas para estimar os fluxos de calor

• A irradiância (E) de um corpo negro é dada pela equação de Stefan-


Boltzman
E = σ T4
onde σ é a constante de Stefan-Boltzman = 5,67 x 10-8 W/(m2 K4)
• Para um corpo que não é negro (cinza), a emissividade, cujos valores
estão entre 0 e 1, é considerada
E = ε σ T4
• Assim, o fluxo de calor de onda longa emitido pela superfície do mar
é dada por QLWE = ε σ Ts 4

62
O fluxo de calor latente (QL) é taxa de energia necessária para transformar
uma parcela de água líquida em vapor d´água é dado por
QL = L * E
onde L é o Calor Latente de Vaporização = 2,26 E +06 J/kg
e E é a evaporação (kg/m2s)

Aproximadamente 23% da constante solar é transformada em calor latente


no globo.

Então, QL = 23% de 342 W/m2 = 78,7 W/m2

e E = 78,7 / 2,26 E+06  E = 3,5 E -05 kg/m2s = 3,0 kg/m2dia

Sabendo que a densidade da água = 1000 kg/m3 , E = 3,0 mm/dia.

Sabendo que aproximadamente 86% de todo o calor latente (evaporação)


provêm dos oceanos, então, dos 3 mm/dia que a atmosfera recebe,
aproximadamente 2,6 mm/dia provêm dos oceanos.
Este número não bate com os 2.9 mm/dia apresentados anteriormente.
63
Os fluxos de calor podem ser estimados através de fórmulas empíricas.
• QL = ρar CL L V10 (qs – qar)
onde ρar é a densidade do ar na superfície
CL é o coeficiente de troca de calor latente
L é o calor latente de vaporização
V10 é a velocidade do vento a 10 m de altura
qs é a umidade específica (kg de vapor/kg) do ar à temperatura da
superfície do mar
qar é a umidade específica do ar à 10 m

• QS = ρar CS V10 (Ts – Tar)


onde CS é o coeficiente de troca de calor sensível
Ts é a temperatura da superfície do mar
Tar é a temperatura do ar à 10 m

Os coeficientes de troca de calor variam com o cisalhamento vertical


(variação vertical) da velocidade do vento, a estabilidade da atmosfera
64
acima da superfície e a comprimento da rugosidade da superfície
1.5 O El Niño e La Niña

65
66
67
68
Observações recentes

69
Efeitos do El Niño

70
Efeitos da La Niña

71
Comentário sobre a variabilidade climática:
O índice de dissipação de potência (PDI) de Furacões

Atlântico

Kerry Emanuel, 2005 72


O índice de dissipação de potência (PDI) de Furacões

Atlântico e
Pacífico

Kerry Emanuel, 2005 73


Os modelos do sistema climático prevêm aumento de temperatura

74
George Kling, 2005

You might also like