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Livro Eletrônico

Aula 00

Atualidades p/ EMAP (Todos os Cargos) Pós-Edital


Professor: Leandro Signori

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Atualidades para a discursiva do STJ Técnico Judiciário
Prof. Leandro Signori

AULA 01 – Tópicos de Política e Sociedade Brasileira - I

Caro aluno,
É com imenso prazer que nos encontramos no ESTRATÉGIA
CONCURSOS para esta jornada em busca de um excelente resultado na prova
discursiva para os diversos cargos de TÉCNICO JUDICIÁRIO no concurso do
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
Sou o Professor Leandro Signori, gaúcho de Lajeado. Ingressei no
serviço público com 21 anos e já trabalhei nas três esferas da administração
pública – municipal, estadual e federal - o que tem sido de grande valia para a
minha formação profissional – servidor e docente. Nas Prefeituras de Porto
Alegre e de São Leopoldo, desenvolvi minhas atividades nas respectivas
secretarias municipais de meio ambiente; na administração estadual, fui
servidor da Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), estatal do
governo do Rio Grande do Sul.
Durante muitos anos, fui também servidor público federal, atuando como
geógrafo no Ministério da Integração Nacional, onde trabalhei com planejamento
e desenvolvimento territorial e regional.
Graduei-me em Geografia com a Licenciatura pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Bacharelado pela UNICEUB, em Brasília. A
oportunidade de exercer a docência e poder alcançar o conhecimento necessário
para a aprovação dos meus alunos me inspira diariamente e me traz grande
satisfação. Como professor em cursos preparatórios online e presencial, ministro
as disciplinas de Atualidades, de Conhecimentos Gerais, de Realidade Brasileira
e de Geografia.
Feita a minha apresentação, vamos falar, agora, do curso.
De acordo com o edital, o tema da prova discursiva poderá vir dos
seguintes conteúdos:

ATUALIDADES (somente para a prova discursiva): 1 Tópicos


relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política,
economia, sociedade, educação, saúde, cultura, tecnologia, energia,
relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia, suas inter
relações e suas vinculações históricas

Com o objetivo de contemplar os conteúdos relacionados, o curso terá sete


aulas com a seguinte estrutura:
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Aula Conteúdo Programático

00 Política e Sociedade Brasileira - I

01 Política e Sociedade Brasileira – II

02 Política e Sociedade Internacional – I

03 Política e Sociedade Internacional – II

04 Economia Internacional

05 Economia Brasileira

06 Ecologia e Desenvolvimento Sustentável

A distribuição das aulas, neste formato, visa otimizar a amplitude dos


conteúdos e sua interconexão em grandes temas.
De acordo com a nossa experiência e conhecimento sobre a banca, neste
curso vamos trazer temas relevantes que podem ser cobrados na sua prova
discursiva. Será feita uma exposição teórica sobre cada um dos temas
selecionados.
Ao final de cada aula, serão trazidas provas discursivas de Atualidades
aplicadas em concursos anteriores pelo Cespe. Cada uma das provas poderá ter
a redação respectiva elaborada pelo professor ou comentários sobre a prova.
Quando disponibilizado pela banca, também iremos trazer o padrão de resposta
das provas aplicadas.
Como o nome já diz, o padrão de resposta é o que a banca esperava que
o candidato escrevesse na redação. Leia-os atentamente, pois são valiosíssimos
subsídios para a sua preparação para a prova discursiva.

O objetivo de trazermos muitas provas de concursos anteriores é para que


você se familiarize com os temas, com a abordagem e com o estilo das
discursivas de Atualidades do Cespe.
Ressalto que o objetivo deste curso é fornecer subsídios teóricos para
vocês terem conhecimentos e saberem o que escrever no momento em que
estiverem fazendo a prova. Ou seja, é um curso de conteúdo. Não é um curso
que vai lhe ensinar a parte do idioma, ou seja, a macroestrutura e a
microestrutura que o texto deve apresentar.
Caso vocês tenham dificuldade nessa parte, sugiro que procurem um curso
específico. No próprio site do Estratégia Concursos há um curso específico com
esse enfoque.

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Quem quiser, também pode me seguir no Facebook curtindo a minha fan


page. Nela, divulgo gabaritos extraoficiais de provas, publico artigos,
compartilho notícias e informações importantes do mundo atual. Segue o link:
https://www.facebook.com/leandrosignoriatualidades.
Sem mais delongas, vamos aos estudos porque o nosso objetivo é que
você tenha um excelente desempenho na prova discursiva.
Para isso, além de estudar, você não pode ficar com nenhuma dúvida.
Portanto, não as deixe para depois. Surgindo a dúvida, não hesite em contatar-
me no nosso Fórum.
Estou aqui neste curso, muito motivado, caminhando junto com você,
procurando passar o melhor conhecimento para a sua aprendizagem e sempre
à disposição no Fórum de Dúvidas.
Ótimos estudos e fiquem com Deus!
Forte Abraço,
Professor Leandro Signori

“Tudo posso naquele que me fortalece.”

(Filipenses 4:13)

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Sumário Página

1. Características das provas discursivas de Atualidades do Cespe 04

2. A Corrupção 06

3. Operação Lava Jato 10

4. O foro privilegiado em questão 13

5. O desenvolvimento urbano brasileiro 17

5.1 Problemas urbanos 18

5.1.1 Transporte público e mobilidade urbana 18

5.1.2 Déficit habitacional e moradias precárias 19

5.1.3 Saneamento básico 21

6. A educação brasileira 23

6.1 Avaliação da educação brasileira 23

6.2 Desafios da educação brasileira 25

7. Veja como temas desta aula foram cobrados em provas 28

1. O estilo do Cespe
As questões discursivas do Cespe tratam de temas relevantes e atuais do
Brasil e do mundo. Não tem mistério. Via de regra, a banca não deriva para
temas com uma certa complexidade filosófica e sociológica.
Em uma prova do Cespe é fundamental que o candidato deixe de lado os
radicalismos de qualquer ideologia e busque compreender a linha de
pensamento do examinador e responda a partir do que costumo chamar da visão
“cespiana” do Brasil e do mundo.
A prova discursiva se inicia com um texto motivador, um fragmento teórico
de uma notícia ou um artigo publicado na imprensa. Na sequência, a banca vai
dizer que o fragmento do texto tem caráter unicamente motivador e solicitar
que o candidato redija um texto acerca de um tema proposto.
O tema pode vir de forma simples e genérica ou apresentar uma
sequência de tópicos a serem abordados. Poderão ser aspectos em que o
candidato descreva um contexto, exponha o seu conhecimento sobre
determinado assunto ou que, além disso, apresente um caminho, uma
alternativa de solução que pode ser coletiva ou individual.
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Gosto também de mencionar o que chamo de regra de ouro das discursivas


de Atualidades do Cespe.
- Professor! Como assim? Regra de ouro? Pensei que isso só existia na
disciplina de Administração Financeira e Orçamentária.
- Hehehe.
- Querido aluno, o que eu chamo de regra de ouro não está escrito em
nenhum edital e, explicitamente, em nenhum padrão definitivo de resposta da
banca.
São aspectos de conteúdo que você deverá observar, que caracterizam,
como disse, o “modo cespiano” de ver o mundo. Formulei essa tese a partir da
análise de padrões definitivos de resposta, da elaboração de recursos e de cursos
que ministrei ao longo dos últimos anos.
São eixos estruturantes que o Cespe preza, e ser contrário a eles implica,
em tese, estar em desacordo com o padrão de resposta da banca.

REGRA DE OURO DAS DISCURSIVAS DO CESPE:


A sua redação não poderá ser contrária aos seguintes tópicos:
• Respeito aos direitos humanos;
• Democracia e participação da sociedade;
• Estado de direito; e
• Desenvolvimento sustentável.

Entretanto, não é para você sair em qualquer redação forçosamente


encontrando uma forma de colocar no seu texto todos os tópicos elencados
acima. Mas apenas quando eles se aplicarem ao que está sendo solicitado na
prova.
Exemplifico:
Em uma redação sobre o sistema prisional, independente da sua opinião
sobre os criminosos, não cabe a você nutrir qualquer concordância com a
superlotação das prisões ou com as péssimas condições dos presídios brasileiros.
São posicionamentos que afrontam o respeito aos direitos humanos, que estão
inscritos no ordenamento jurídico brasileiro e em tratados internacionais. Com

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certeza, um posicionamento desses estaria fora do padrão definitivo de resposta


da banca.
Para o Cespe, a solução de problemas candentes da humanidade e do
Brasil devem se dar com respeito aos direitos humanos, sem ferir o regime
democrático, com participação da sociedade, nos marcos do Estado de direito e
com o imperativo do desenvolvimento sustentável.
Bem, meu caro aluno, no decorrer do curso essas premissas ficarão mais
claras para você.

2. A Corrupção
Em política, de modo geral, corrupção é o ato de trocar algum tipo de
vantagem (política, financeira, de informações) por meios ilegais ou ilícitos
como, por exemplo, dar ou receber dinheiro ou presentes em troca de algum
benefício. Há vários tipos de crime de corrupção.
Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) aponta
que a corrupção consome no Brasil entre R$ 50 bilhões e R$ 84 bilhões por ano.
Para ter uma ideia, o orçamento federal da Saúde em 2015 é de R$ 91,5 bilhões;
da Educação de R$ 39,3 bilhões; e dos programas sociais, de R$ 31,6 bilhões.
As formas mais frequentes de corrupção
CONCUSSÃO: Usar a função pública para exigir vantagem indevida, como
um fiscal que pede propina para não multar um estabelecimento comercial.
CORRUPÇÃO ATIVA: Oferecer ou prometer vantagem indevida a
funcionário público para que ele pratique, deixe de praticar ou retarda um ato
que tenha obrigação de efetuar, como dar dinheiro ao guarda para evitar uma
multa.
CORRUPÇÃO PASSIVA: Praticada pelo funcionário que pede ou aceita a
proposta de corrupção ativa.
CORRUPÇÃO ELEITORAL: Oferecer ou pedir dinheiro ou vantagem em
troca do voto numa eleição.
PECULATO: Apropriar-se de dinheiro ou bem, público ou particular,
valendo-se de seu cargo. Como quando um servidor responsável pela segurança
de bens apreendidos toma-os para si.
PREVARICAÇÃO: Atrasar ou deixar de praticar ato que tem dever de
realizar, ou realizá-lo contra o que manda a lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal. São os casos em que o servidor age para vingar-se ou
prejudicar alguém.

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TRÁFICO DE INFLUÊNCIA: Prática ilegal de aproveitar de sua posição ou


conexão privilegiada para cobrar ou pedir vantagem para influir na atuação de
outro funcionário público.

500 anos de corrupção


A corrupção do Brasil não é novidade, nem começou no atual governo,
nem nos governos Lula-Dilma. Pautada pela apropriação dos bens públicos para
benefício privado, sua origem está no primeiro sistema de gestão do território
brasileiro, o de capitanias hereditárias, instituído em 1534. Por ele, o rei de
Portugal entregava a pessoas de suas relações a posse e a administração de
terras do Estado. Nascia ali o hábito que perdura até hoje no Brasil: usar o
patrimônio e os recursos públicos para vantagens pessoais, ignorando as
necessidades da maior parte da população.
A prática atravessou os séculos e ganhou os contornos atuais nas duas
ditaduras que vivemos no século XX, a do Estado Novo (1937-1945) e a de 1964,
quando o arbítrio e a censura favoreceram a disseminação da corrupção por um
corpo de funcionários que atuavam à margem de qualquer fiscalização ou
controle. Foram tempos de gigantescos investimentos públicos em
infraestrutura, em que a corrupção assumiu a forma de propinas pagas para
fraudar concorrências e favorecer grupos econômicos que controlavam essa rede
de subornos.
Em outras palavras, as empresas privadas passaram a pagar servidores
públicos para poder ter acesso privilegiado aos melhores contratos de licitações
de obras públicas. Esse valor era acrescido ao custo do serviço. Ou seja, o
dinheiro do Estado era usado para manter a roda da corrupção, o tal uso de
recursos públicos em benefício de indivíduos. Esse é o modelo básico da
corrupção dos dias de hoje, desde as pequenas compras nas prefeituras do
interior, até as licitações bilionárias de ministérios e estatais, como no caso da
Lava Jato.
Quando o avanço tecnológico e a volta de um regime político aberto, ao
final da ditadura, em 1985, favoreceram a disseminação de rádios e canais de
TV, a distribuição das concessões, por exemplo, passou a ser moeda de troca
para acordos políticos. Na época das privatizações e das transferências de
dinheiro via internet, nos anos 1990, multiplicaram-se contas secretas no
exterior para recompensar autoridades que pudessem fornecer informações
privilegiadas ou, quem sabe, influenciar o desfecho dos leilões. Estamos falando,
então, da corrupção do homem público que recebe dinheiro privado em troca de
vantagens ilícitas e também do que comercializa seu mandato político.
Naturalmente, as coisas estão entrelaçadas, e um dinheiro sujo – público ou
privado – serve a diversos fins.

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Nos anos recentes, além do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRN),


que sofreu impeachment por causa de corrupção, em 1992, houve graves
denúncias contra os governos de José Sarney (PMDB, 1985-1990), Fernando
Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 2003-
2010), e centenas de casos em prefeituras e governos estaduais. Em suma, os
cargos eletivos e a função pública são utilizados com frequência para a promoção
pessoal ou para os negócios, o que é, no mínimo, antiético. Infelizmente, mesmo
quando existem denúncias, a maioria dos casos fica impune – com frequência,
pela demora de anos e anos nos processos ou pelos fóruns privilegiados dos
políticos. A impunidade acaba incentivando a corrupção.
Mesmo que tenha vindo de gerações anteriores, a corrupção é uma ferida
na vida nacional que não para de incomodar e desperta a revolta e a indignação
da maioria dos cidadãos. O país conviveu, nos últimos anos, com notícias
cotidianas sobre o “Mensalão”. Mal saímos desse episódio e nos defrontamos
com um escândalo de proporções muito maiores, a corrupção na Petrobras,
desvelada pela Operação Lava Jato. Podemos falar ainda da Operação Zelotes,
do Swiss Leaks, da Operação Vidas Secas, do cartel do metrô em São Paulo e
de outros vergonhosos casos de corrupção no Brasil atual.

O ambiente político
Mas, além de funcionários corruptos que enriquecem com o dinheiro
público e políticos desonestos que usam de poder para obter vantagens, a
corrupção no Brasil tem um componente particular: a chamada busca pela
governabilidade - que nada mais é que a tentativa de criar condições estáveis
para governar. Apesar de os presidentes terem à disposição instrumentos para
adotar sua orientação política, eles precisam que o Congresso aprove certas
decisões. É praticamente impossível que um presidente tenha maioria
parlamentar apenas com deputados e senadores de seu partido. Então, ele faz
alianças com outras legendas para conseguir a maioria, formando a “bancada
governista”, que é a base de apoio do presidente (Poder Executivo) no
Congresso Nacional (Poder Legislativo).
Entra em cena, então, o clientelismo, com o uso dos recursos do Estado
para favorecer aliados por meio de obras ou nomeações de cargos públicos. Há
milhares de cargos na máquina federal para serem preenchidos pelo Executivo,
o que é um prato cheio para a barganha política. Parlamentares podem apontar
parentes e apadrinhados para essas funções - muitas vezes pessoas que não
têm a capacidade técnica para o cargo ou nem sequer trabalham.
Outra irregularidade bastante comum no país é o caixa dois, a
acumulação de recursos ilegais para financiar campanhas eleitorais. Geralmente,
o esquema é operado da seguinte forma: empresas superfaturam serviços que

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prestam ao governo e dividem o excedente com membros dos partidos políticos.


Também podem fazer o contrário: doar grandes quantias ilegalmente para um
candidato esperando cobrar vantagens se ele for eleito. Essas vantagens virão
na forma de vitórias em licitações dirigidas ou pagamentos de obras e serviços
em valores superiores ao preço justo.

A corrupção na sociedade
Para estudiosos, a corrupção na esfera pública é uma extensão de maus
hábitos da população - afinal, os políticos saem do corpo da sociedade. Pesquisa
da Universidade Federal de Minas Gerais e do Instituto Vox Populi revelou que
23% dos brasileiros acham que dar dinheiro ao guarda para evitar a multa não
é um ato corrupto. Isso pode ser um demonstrativo de como a cultura do
“jeitinho brasileiro”, em que ações como falsificar carteira de estudante, comprar
diploma falso ou “roubar” o sinal da TV a cabo não são percebidos como
corrupção. Muitos, inclusive, não consideram que o ato de sonegar impostos
tenha relação com a corrupção.
Na verdade, quem pratica esses pequenos atos de corrupção está cuidando
apenas de seu interesse pessoal sobre as regras sociais vigentes. Ou seja,
pratica individualmente o conceito de levar alguma vantagem mesmo que isso
cause um prejuízo à sociedade. É nesse ponto que os comportamentos dos
desvios cotidianos e das corrupções de grande montante público se encontram:
interesses privados de alguns indivíduos se sobrepõem aos interesses públicos
e gerais da sociedade. “Aceitar essas pequenas corrupções legitima aceitar
grandes corrupções”, afirma o promotor Jairo Cruz Moreira, coordenador da
campanha “O que você tem a ver com a corrupção?”, do Ministério Público.
Além da corrupção na esfera pública, é importante destacar que ela existe
também no mundo privado. É comum que funcionários responsáveis por
comprar e contratações das empresas recebam dinheiro e presentes para
beneficiar uma determinada companhia num processo de concorrência, em
prejuízo do próprio local onde trabalha. E aí aparece mais uma distorção do
sistema penal brasileiro. Apesar de ser punida com severidade em muitos países,
no Brasil a corrupção entre empresas privadas não é considerada crime - desde
que não envolva um funcionário público. Somente agora, no projeto de reforma
do Código Penal que tramita no Congresso, está prevista a introdução de
punição, com pena de até quatro anos de prisão.

Combate à corrupção
Com a retomada da democracia e a Constituição de 1988, o Ministério
Público ganhou mais poderes para agir em casos de corrupção e foram criados
mecanismos para fortalecer as investigações. Escândalos como o dos “Anões do
Orçamento”, descoberto em 1993, e o Mensalão, que veio à tona em 2005, são
resultados desses esforços. Atualmente, tramita no Congresso uma nova lei de
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licitações, com regras para evitar a formação de cartéis e que prevê mais rigor
nas punições. Em 2012 entrou em vigor a Lei de Transparência ou Lei de Acesso
à Informação, que obriga o poder público a divulgar todos os seus atos.
No entanto, mesmo com o aumento das investigações e das condenações,
o espírito do corpo dos políticos tem protegido muitos de seus pares. Ao mesmo
tempo, a morosidade da Justiça facilita a protelação dos julgamentos, os
processos se arrastam por anos e, em muitos casos, os crimes prescrevem,
deixando os criminosos impunes. E a impunidade acaba alimentando a
corrupção.

3. Operação Lava Jato


Iniciada em 17 de março de 2014, a Operação Lava Jato da Polícia Federal
(PF) no Paraná, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e de
corrupção na Petrobras, teve como desdobramento a prisão temporária, pela
primeira vez no Brasil, de presidentes, diretores e altos funcionários de grandes
empreiteiras nacionais. Mais recentemente, as investigações descobriram
irregularidades também em contratos do Ministério da Saúde, da Caixa
Econômica Federal e das obras da Ferrovia Norte–Sul, Usina Nuclear de Angra 3
e Hidrelétrica de Belo Monte.
À frente da operação está o juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Criminal
Federal de Curitiba. Em abril de 2016, foi considerado pela revista Time como
uma das cem pessoas mais influentes do mundo, sendo o único brasileiro a
entrar na lista.
Passados três anos, vejamos os impressionantes números da operação:
• 198 prisões: 91 preventivas, 6 em flagrante, 101 temporárias
• R$ 10,1 bilhões – valores recuperados ou em processo de recuperação
• R$ 3,2 bilhões – em bens bloqueados pela justiça
• 127 acordos de delação premiada homologados pelo Supremo
• 328 pessoas denunciadas entre primeira instância e STF
• 89 pessoas condenadas
• 5 parlamentares réus no STF (2 senadores e 3 deputados)
• 11 denúncias apresentadas contra parlamentares que ainda não foram
analisadas pelo STF
• 30 procuradores dedicados exclusivamente ao caso
• 4 mil policiais federais envolvidos em todas as fases
• 260 inquéritos policiais instaurados
Ao todo, segundo o MPF, 18 países pediram ajuda do Ministério Público
Federal brasileiro para conduzir investigações relacionadas à Lava Jato. Além
disso, o Brasil solicitou cooperação com outros 31 países.

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A Lava Jato recebeu esse nome porque um dos grupos envolvidos no


esquema fazia uso de uma rede de lavanderias e postos de combustíveis para
movimentar o dinheiro ilícito. Segundo a Polícia Federal, a Petrobras contratava
empreiteiras por licitações fraudadas. As empreiteiras combinariam entre si qual
delas seria a vencedora da licitação e superfaturavam o valor da obra. Parte
desse dinheiro “a mais” era desviado para pagar propinas a diretores da estatal,
que, em troca, aprovariam os contratos superfaturados.
O repasse era feito pelas empreiteiras a doleiros, como Alberto Youssef, e
lobistas que distribuiriam o suborno. De acordo com a investigação, políticos dos
partidos PT, PP, PMDB, PSDB, PTB e PSB também se beneficiaram do esquema,
recebendo de 1% a 3% do valor dos contratos. Ex-diretores da Petrobras,
doleiros e colaboradores, lobistas, executivos e funcionários de empreiteiras,
dirigentes partidários, ex-parlamentares, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu
e o presidente da Norberto Odebrecht – maior empreiteira do Brasil –, Marcelo
Odebrecht, estão presos.
Os envolvidos estão sendo investigados ou foram condenados pelos crimes
de organização criminosa, formação de cartel, lavagem de dinheiro, sonegação
de impostos, fraude a licitações, corrupção de funcionários públicos e até de
políticos.
Políticos com foro privilegiado foram denunciados pelos delatores e
tiveram seus nomes enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela
Procuradoria-Geral da República (PGR). O STF autorizou a abertura de inquérito
contra mais de 30 políticos com mandato – senadores e deputados federais –
ligados ao PP, PT, PMDB, PTB e PSDB. A abertura de inquérito não representa
culpa. Significa que há indícios fortes de irregularidades que precisarão ser
investigados.
De acordo com a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), as
investigações da Lava Jato podem ser divididas em três etapas. A primeira delas
apurou crimes financeiros praticados por organizações criminosas lideradas por
doleiros. Na sequência, o foco esteve em atos de corrupção e lavagem de
dinheiro praticados no âmbito da Petrobras. Já na fase atual, o foco das
investigações está em outros órgãos públicos federais, como o Ministério do
Planejamento, Eletronuclear e Caixa Econômica Federal.
Um dos mecanismos que, segundo o MPF, contribuiu para o avanço das
investigações da Lava Jato são os acordos de delação premiada. Por esse
estatuto, os delatores contam o que sabem sobre os crimes, firmando com a
Justiça o acordo. Em troca das informações, podem receber benefícios diversos
no processo penal, como a redução da pena – que pode ser de um a dois terços
–, o cumprimento de pena em regime abrandado (como o semiaberto e o
domiciliar) e o perdão judicial pleno ou outros, a critério da Justiça.

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Os acordos de leniência são semelhantes aos acordos de delação


premiada e preveem que pessoas jurídicas que assumam atos irregulares
colaborem com investigações em troca de redução da punição. Pelas
regras do acordo de leniência, a empresa admite ter cometido ilícitos, acerta o
valor de uma indenização, implanta programas de controle interno e fornece
informações sobre as irregularidades. Desde o início da Lava Jato, pelo menos
16 empresas firmaram acordos de leniência – nove com o Ministério Público
Federal (MPF) e sete com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade).
A Lava Jato é a origem de várias outras operações de combate à corrupção,
tais como as operações Custo Brasil, Saqueador, Tabela Periódica e Boca
Livre.

O que é delação premiada


Assunto bastante discutido atualmente no Brasil, em especial após os
desdobramentos da Operação Lava Jato, a delação ou colaboração premiada
é prevista desde 1990, quando a possibilidade de reduzir a pena de um delator
passou a fazer parte da Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/1990). Trata-se de
um recurso de investigação em que um acusado dá detalhes que possam revelar
um esquema criminoso ou prender outros integrantes de uma quadrilha.
Atualmente, há várias leis que versam sobre esse instituto.
A essência da delação premiada é a incriminação de terceiros a partir de
depoimentos dados por alguém que teve participação e que pode ser um
suspeito, um investigado, um indiciado ou réu. Em troca das informações ele
pode receber benefícios diversos no processo penal, como a redução de sua pena
– que pode ser de um a dois terços –, o cumprimento de pena em regime
abrandado (como o semiaberto e o domiciliar), o perdão judicial pleno ou outros,
a critério da Justiça.
Mas o recurso só pode ser aplicado em casos específicos de crimes, como
os hediondos, de tortura, de tráfico de drogas e de terrorismo, contra o Sistema
Financeiro Nacional, contra a ordem tributária e os praticados por organização
criminosa. No caso das empresas jurídicas, a delação foi incluída na Lei
Anticorrupção (Lei 12.846), sancionada por Dilma Rousseff, seguindo tendência
de adoção desse mecanismo nos Estados Unidos e em países europeus. Na lei
brasileira, a delação premiada é chamada “acordo de leniência”.
Quando o acusado vai a julgamento, o juiz avalia se a sua delação de fato
colaborou com as investigações. Se ele considera que sim, o réu ganha o
benefício acertado; se julgar que o réu mentiu, ele perde o benefício. A proposta
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de delação premiada parte do Ministério Público, da Polícia Federal ou dos


advogados de defesa. Quando aceita, ela é conduzida em sigilo judicial. Esse
sigilo pode ou não terminar ao final das investigações e do processo, a critério
da Justiça.

4. O foro privilegiado em questão


O foro privilegiado – o nome tecnicamente correto é foro especial por
prerrogativa de função – é um mecanismo pelo qual se altera a competência
penal sobre ações contra certas autoridades públicas. Ou seja, uma ação penal
contra uma autoridade pública é julgada por tribunais superiores,
diferentemente de um cidadão comum, julgado pela justiça comum.
Dispõe o artigo 102 da Constituição Federal que o Presidente da República;
o Vice; membros do Congresso Nacional (deputados federais e senadores);
ministros de Estado; comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
membros de tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União,
embaixadores e o Procurador-Geral da República serão julgados pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) no caso de cometimento de crimes comuns (aqueles
previstos no código penal).
Outros exemplos de autoridades abrangidas pelo foro privilegiado são os
Governadores, desembargadores dos tribunais de justiça, membros de Tribunais
de Contas estaduais e municipais e membros de Tribunais Regionais que são
julgados, em crimes comuns, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O rol é
grande, prefeitos, juízes, Procuradores da República, membros do Ministério
Público e vereadores também têm a prerrogativa de serem julgados por tribunais
em crimes comuns.
As regras atuais de aplicação do foro seguem a Constituição de 1988, que
expandiu a quantidade de cargos beneficiados pela proteção jurídica. Estudo da
Consultoria Legislativa do Senado Federal concluiu que 54.990 autoridades dos
três poderes, ligadas aos três entes federados, possuem a prerrogativa de foro.
O argumento para que certas autoridades tenham o foro privilegiado é a
necessidade de se proteger o exercício da função ou do mandato
público. Como é de interesse público que ninguém seja perseguido pela justiça
por estar em determinada função pública, então considera-se melhor que
algumas autoridades sejam julgadas pelos órgãos superiores da justiça, tidos
como mais independentes.
É importante ressaltar também que o foro protege a função, e não a
pessoa. Justamente por essa lógica, qualquer autoridade pública deixa de ter
direito a foro especial assim que deixa sua função pública (ex-deputados não
possuem foro especial, por exemplo).

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O foro privilegiado não é uma exclusividade do Brasil. Existem outros


países que adotam sistemas parecidos, como Portugal, Espanha, Argentina e
Colômbia. Mas é possível afirmar que em nenhum outro país essa prerrogativa
é estendida a tantos indivíduos quanto no Brasil (ao menos se analisarmos a
constituição de cada país).

Por que o foro passou a ser contestado


Com o avanço de investigações e denúncias contra políticos por corrupção,
sobretudo no âmbito da operação Lava Jato, o foro privilegiado passou a ser
associado a uma espécie de “escudo jurídico” para os investigados. A crítica se
fundamenta na lentidão da tramitação de processos nos tribunais e da falta de
uma estrutura adequada para conduzir ações penais, o que aumentaria as
chances de impunidade.
Em abril de 2016, o procurador da República Deltan Dallagnol,
coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, disse à BBC Brasil que a
extensão do foro privilegiado no Brasil atrapalha as investigações anticorrupção.
Segundo ele, os tribunais não têm estrutura adequada para conduzir as ações
penais, que envolvem ouvir testemunhas e analisar provas.
A diferença no ritmo dos julgamentos de primeira instância e do Supremo
é grande. Os juízes Sergio Moro e Marcelo Bretas, responsáveis pela Lava Jato
em Curitiba e no Rio, respectivamente, já condenaram 144 pessoas sem foro
privilegiado.
O Supremo, por sua vez, ainda não julgou nenhuma das 35 denúncias que
estão sob sua responsabilidade. Ou seja, dos denunciados que possuem foro
privilegiado, nenhum foi condenado (ou absolvido) até agora.
Há ainda outros 185 inquéritos da Lava Jato sob a guarda do Supremo, à
espera de uma denúncia formal da Procuradoria-Geral da República ou do
arquivamento (dados de novembro de 2017).
Levantamento feito pela revista Exame em 2015 revelou que, de 500
parlamentares que foram alvo de investigação ou de ação penal, entre 1988 a
2015, ou seja, em 27 anos, apenas 16 foram condenados. Desses, 8 foram
presos (apenas um esteve preso até 2016). Os demais ou recorreram, ou
contaram com a prescrição para se livrar das ações penais.
A lentidão do Supremo também se deve à carga de processos. O tribunal
julga cerca de 100 mil casos ao ano. Para efeito de comparação, a Suprema
Corte dos Estados Unidos, análoga ao STF, julga apenas 100 casos anualmente.
Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) demonstra que o tribunal
demora, em média, 565 dias para decidir se aceita ou recusa denúncias feitas
pelo Ministério Público contra investigados. Além disso, 68% das ações contra

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pessoas com foro privilegiado no Supremo prescrevem ou são enviadas a


instâncias inferiores (quando o acusado perde o foro).

O fim do foro privilegiado


Em 31 de maio de 2017, o Senado Federal aprovou em segundo turno
uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que determina o fim do
foro privilegiado no caso de crimes comuns (crimes de corrupção se
encaixam nessa definição).
O texto determina o fim do foro para deputados, senadores, ministros de
Estado, governadores, prefeitos, ministros de tribunais superiores,
desembargadores, embaixadores, comandantes das Forças Armadas,
integrantes de tribunais regionais federais, juízes federais, membros do
Ministério Público, procurador-geral da República e membros dos conselhos de
Justiça e do Ministério Público.
Continuariam com foro privilegiado no caso de crimes comuns apenas o
presidente e o vice-presidente da República, o chefe do Judiciário, e os
presidentes da Câmara e do Senado. A proposta também proíbe que
constituições estaduais criem novas categorias de foro privilegiado, como ocorre
hoje.
Se sancionada, a emenda fará com que parlamentares brasileiros sejam
julgados na justiça comum, começando pela primeira instância, até chegar aos
tribunais superiores.
Em 22 de novembro de 2017, a PEC foi aprovada pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de Deputados. A proposta ainda precisa
ser analisada em comissão especial na Câmara, e mais duas votações no
plenário da casa. Em ambas as votações, pelo menos 308 deputados precisam
ser favoráveis para a aprovação definitiva. Caso sofra modificações terá que
voltar ao Senado Federal.
O foro privilegiado também está em análise no STF, que está julgando o
seu alcance em relação aos deputados federais e senadores. O julgamento
está suspenso por pedido de vistas do ministro Dias Toffoli. No entanto, a
proposta do relator, Luís Roberto Barroso, já formou maioria no STF. Cinco dos
11 ministros acompanharam o seu voto, segundo o qual só tem direito de ser
investigado e/ou julgado diretamente na mais alta corte do país o parlamentar
federal que:
• for suspeito ou acusado de um crime cometido durante o exercício do
mandato atual ou de mandatos anteriores no mesmo cargo; se um
deputado responder por desvios como prefeito, por exemplo, seu caso vai
para a primeira instância.

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• for suspeito ou acusado de um crime relacionado ao exercício do


mandato parlamentar; se o senador responder por um assassinato que
nada tem a ver com política, por exemplo, seu caso será mandado para a
primeira instância.
A votação no STF, ocorreu um dia após a votação da CCJ da Câmara dos
Deputados. Pelos cálculos do ministro Barroso, de acordo com a sua proposta,
90% das ações em curso no Tribunal seriam transferidas a instâncias inferiores.
Em seu voto, o ministro Barroso assinalou:
Parece claro que se o foro privilegiado pretende ser, de fato, um
instrumento para garantir o livre exercício de certas funções públicas, e não
para acobertar a pessoa ocupante do cargo, não faz sentido estendê-lo aos
crimes cometidos antes da investidura nesse cargo e aos que, cometidos após a
investidura, sejam estranhos ao exercício de suas funções.
Fosse assim, o foro representaria reprovável privilégio pessoal. Trata-se,
ainda, de aplicação da clássica diretriz hermenêutica –interpretação restritiva
das exceções –, extraída do postulado da unidade da Constituição e do
reconhecimento de uma hierarquia.
No entendimento de Barroso, o atual modelo de foro por prerrogativa de
função acarreta ‘duas consequências graves e indesejáveis’ para a Justiça e para o
Supremo Tribunal Federal:
A primeira delas é a de afastar o Tribunal do seu verdadeiro papel, que é
o de suprema corte, e não o de tribunal criminal de primeiro grau. Como é de
conhecimento amplo, o julgamento da Ação Penal 470 (conhecida como
Mensalão) ocupou o STF por 69 sessões. Tribunais superiores, como o STF,
foram concebidos para serem tribunais de teses jurídicas, e não para o
julgamento de fatos e provas. Como regra, o juízo de primeiro grau tem melhores
condições para conduzir a instrução processual, tanto por estar mais próximo
dos fatos e das provas, quanto por ser mais bem aparelhado para processar tais
demandas com a devida celeridade, conduzindo ordinariamente a realização de
interrogatórios, depoimentos, produção de provas periciais, etc.
A segunda consequência, segundo Barroso:
A ineficiência do sistema de justiça criminal. O Supremo Tribunal Federal
não tem sido capaz de julgar de maneira adequada e com a devida celeridade os
casos abarcados pela prerrogativa. O foro especial, na sua extensão atual,
contribui para o congestionamento dos tribunais e para tornar ainda mais
morosa a tramitação dos processos e mais raros os julgamentos e as
condenações. É o que evidenciam as estatísticas.

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Caso a PEC em tramitação no Congresso Nacional venha a ser promulgada,


essa entrará em vigor, se sobrepondo a uma eventual decisão do Supremo, seja
ela qual for. É uma prerrogativa do Congresso propor e votar mudanças na
Constituição. No Supremo os ministros apenas estão discutindo uma outra forma
de interpretar o foro privilegiado, à luz da Constituição da República.

5. O desenvolvimento urbano brasileiro


Em 2008, pela primeira vez na história, no mundo, o número de habitantes
das cidades superou o número de pessoas que vivem no campo. Em 2014, cerca
de 54% da população do planeta já vivia nos centros urbanos. A humanidade
tem deixado para trás o longo passado rural e caminha rapidamente para um
futuro cada vez mais urbano. De acordo com as estimativas da ONU, até 2050,
cerca de dois terços do crescimento da população mundial ocorrerão em cidades,
especialmente naquelas situadas nos países pobres.
A urbanização é um dos traços fundamentais da sociedade moderna. É um
fenômeno recente, iniciado com a Revolução Industrial há pouco mais de 200
anos atrás, um período muito pequeno da história da humanidade.
No Brasil, é um processo recentíssimo, dos últimos cinquenta anos. Foi
somente na década de 1960-1970 que a população urbana suplantou a
população rural. É muito pouco tempo para um país que foi colonizado a 500
anos. Do ponto de vista temporal, é uma pequena fração da nossa história.
O termo urbanização pode ser entendido como o processo de transição
de uma sociedade rural para uma urbana. Ele reflete o aumento proporcional
crescente da população que vive nas cidades em relação à que vive no campo,
principalmente devido ao êxodo rural (o movimento de saída do campo em
direção às cidades). Seu nível é medido pelo percentual da população total que
vive nas cidades.
A urbanização avança em todo o mundo. Nos países desenvolvidos, cresce
lentamente, pois a imensa maioria da população já vive nas cidades. Nos países
em desenvolvimento, avança rapidamente, devido à falta de terras ou de
empregos no campo. Isso leva um número crescente de pessoas a se transferir
para o meio urbano a cada ano.
Assim como se verifica no resto do mundo, no Brasil, a urbanização
acompanha a industrialização, que ocorre de forma mais acelerada com as
políticas desenvolvimentistas de Getúlio Vargas, atraindo trabalhadores para as
cidades a partir dos anos 1950, sobretudo na região Sudeste. Após essa década,
a urbanização deu um enorme salto. Atualmente, cerca de 85% dos brasileiros
moram em cidades. Essa proporção, que era de apenas 45% em 1960, deve
alcançar os 90% em 2020, de acordo com o IBGE.

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5.1 Problemas urbanos


Quando o crescimento da população urbana é acelerado demais e sem
planejamento, uma série de carências de infraestrutura impacta na qualidade de
vida urbana. Isso ocorre atualmente na maioria das cidades de países em
desenvolvimento, e é uma questão-chave no Brasil.

5.1.1 Transporte público e mobilidade urbana


A inexistência de uma política clara e contínua de transporte público levou
a um serviço caro e de baixa qualidade. Ônibus em número insuficiente realizam
percursos demorados, causando superlotação e grande espera nos pontos de
parada. Além disso, foram parcos os investimentos em transporte ferroviário e
o transporte metroviário começou a ser implantado tardiamente.
Soma-se isso a uma política econômica de longa data que privilegiou o
transporte individual e tivemos uma explosão no uso de automóveis, causando
grandes congestionamentos no trânsito das cidades, impactando no tempo gasto
para deslocamento e no número de acidentes de trânsito, que é elevado no país.
Não obstante, a utilização demasiada de veículos individuais movidos à
propulsão mecânica emite na atmosfera os gases do efeito estufa, que,
consequentemente, agravam o aquecimento global. Inclusive, registram-se
mais mortes provenientes de doenças respiratórias causadas pela poluição do
que de acidentes de trânsito em si.
Dentro desse cenário turbulento, o transporte público e a mobilidade
urbana estão entre os principais problemas das cidades brasileiras.
Para essa situação mudar, urbanistas apontam que é preciso melhorar a
qualidade do transporte público, restringir o uso excessivo do automóvel e
integrar os diferentes sistemas de transporte, interligando ônibus, metrô, trens
de superfície, ciclovias e áreas para estacionar bicicletas, motocicletas e carros.
Algumas cidades brasileiras vêm investindo nessas mudanças. A maior
metrópole do país, São Paulo, por exemplo, conta com 481,2 quilômetros de
faixas exclusivas para ônibus, além de corredores, e 381 quilômetros de malha
cicloviária, de modo a incentivar a redução do uso de carros. Algumas outras
soluções são apontadas para melhorar o tráfego, como:
- Pedágio urbano: cobrança de uma taxa dos carros que circulam nas
regiões centrais da cidade, medida já adotada em Londres (Reino Unido) e
Estocolmo (Suécia). A proposta foi apresentada em 2010 na Câmara Municipal
de São Paulo, mas acabou sendo arquivada.
- Carona solidária: uso compartilhado de um automóvel por duas ou
mais pessoas que fazem um trajeto comum. Empresas dão benefícios (como
vaga em estacionamento) aos usuários, e algumas prefeituras, como São

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Bernardo do Campo e Sorocaba (SP) já contam com programas do tipo para


seus funcionários.
- Reorganização do espaço: planejamentos urbanos que aproximem as
pessoas de seus locais de trabalho, estudo e lazer de modo a reduzir a
necessidade de grandes deslocamentos pela cidade. Inclui o conceito de cidade
compacta, que concentra moradia, comércio e serviços em uma mesma área.
- Rodízio de veículos: restrição da circulação de automóveis em
determinados locais, dias e horários, de acordo com as placas dos veículos.
- Restrição de tráfego e estacionamento: determinados veículos,
como caminhões, não podem circular em certas vias em horários específicos.
Automóveis contam com menos vagas para parar em vias públicas, e as tarifas
de estacionamento ficam mais caras.
0

Opção pela bicicleta


É crescente o número de pessoas que aderem à bicicleta como meio de
locomoção. A opção por essa forma de se locomover tem várias vantagens
comparativas: é a mais barata entre todas, evita a perda de tempo no trânsito
e a dependência exclusiva do transporte público, que geralmente é
insatisfatório. Entretanto, por não ser adequada para longas distâncias, é
necessário que se pense na integração das bicicletas com o sistema de
transportes, com a criação de bicicletários em terminais públicos de ônibus,
metrôs e nas empresas.
Prever o uso da bicicleta como meio de transporte e investir na sua
infraestrutura passou a integrar as políticas públicas praticadas pelas maiores
metrópoles mundiais e brasileiras, não apenas para promover a mobilidade
urbana, mas também para reduzir a poluição do ar e as emissões de gases de
veículos que contribuem para agravar o efeito estufa e as alterações climáticas.
No Brasil, desde janeiro de 2012, passou-se a ter uma Política Nacional de
Mobilidade Urbana, que prevê a adequação das vias públicas para o uso de
veículos não motorizados, incluídas as bicicletas. Uma das principais medidas é
a criação de faixas de percurso que trazem maior segurança, como as ciclovias.

5.1.2 Déficit habitacional e moradias precárias


Cerca de 6% dos brasileiros vivem em “aglomerados subnormais”. Esse
conceito abrange diferentes situações e nomes que variam de região para
região, como vilas, favelas e palafitas, mas todos têm em comum o fato de
ocuparem terrenos de forma irregular e serem carentes de serviços públicos.

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De acordo com a ONU, são consideradas residências muito pobres ou


barracos as casas que não possuem quatro itens tidos como essenciais: água
encanada; boas condições sanitárias (esgoto coletado ou fossa séptica); espaço
suficiente (máximo de três pessoas dividindo um mesmo cômodo) e estrutura e
qualidade da construção.
Um dos fatores que contribuem para o crescimento do número de
moradias inadequadas e a expansão das favelas é a especulação imobiliária.
Com o aumento do valor de aluguel e de impostos públicos, muitas famílias são
forçadas a deixar suas casas e mudar-se para bairros periféricos.
A periferização também abre margem para o debate de direito à cidade,
isto é, a possibilidade de todos os cidadãos de uma determinada área
urbana ter acesso a bens e serviços de qualidade e ao espaço público.
Quando isso não ocorre, a desigualdade social urbana se manifesta de diferentes
formas. Uma das mais visíveis é a segregação socioespacial, ou seja, a
concentração de diferentes grupos sociais em determinadas áreas da cidade –
os que têm maior poder aquisitivo ocupam as regiões mais centrais e com maior
disponibilidade de serviços públicos, enquanto os mais pobres são empurrados
para os bairros periféricos, muitas vezes em moradias precárias. As
desigualdades, por sua vez, acarretam no aumento da violência. Sendo assim,
é necessário planejar uma cidade onde não exista segregação e todos os grupos
e classes sociais tenham acesso aos espaços públicos.
A expansão desenfreada das cidades muitas vezes ocorre em áreas de
risco ou de proteção permanente, como é o caso de encostas de morros, que,
geralmente são ocupadas por pessoas da classe mais pobre, devido a toda
questão da segregação socioespacial e da especulação imobiliária.
O deslizamento de encostas, isto é, o escorregamento de grandes massas
de terra pela força da gravidade em áreas de maior declividade, é um fenômeno
natural. Entretanto, quando as encostas são ocupadas, a vegetação é retirada,
deixando o solo exposto, o que faz com que as águas das chuvas venham a
atingir o solo com mais força, retirando e transportando a terra. Nessa situação,
quando as chuvas são muito fortes, desencadeiam grandes movimentos de
massa, podendo ocasionar tragédias com perda de casas e muitas vezes, de
vidas.
Pelo fato do Brasil ser um país tropical, com altos níveis de pluviosidade
na maioria de seu território, os deslizamentos são frequentes. No entanto, a
ocupação de áreas irregulares muitas vezes se apresenta como a única opção
viável para famílias que não possuem outra alternativa de moradia. A remoção
e transferência para áreas mais estáveis deve ser incentivada pelos governos,
além da efetiva fiscalização quanto às condições geológicas das áreas ocupadas
para o controle de seus riscos.

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5.1.3 Saneamento básico


Em seu sentido mais amplo, saneamento são as medidas adotadas sobre
o meio ambiente que têm como objetivo promover a saúde dos cidadãos,
garantir sua qualidade de vida, e preservar os recursos naturais.
Saneamento básico é a coleta do esgoto e seu tratamento, a coleta e a
destinação de lixo, a oferta de água tratada canalizada e a drenagem das águas
da chuva.
Os serviços de saneamento básico são ferramentas poderosas contra a
disseminação de doenças veiculadas através de águas contaminadas ou pelo
contato direto com fezes e detritos, além de impedir a proliferação de animais
transmissores de zoonoses.
No Brasil, como na maioria dos países, o desenvolvimento das práticas e
estruturas de saneamento se confunde com crescimento das cidades.
Infelizmente, as obras de saneamento não acompanharam o crescimento
da população e das cidades ao longo das décadas. Segundo o Instituto Trata
Brasil, durante as décadas de 80 e 90 não houve investimentos significativos
nessas áreas, gerando um déficit tamanho que ainda não foi recuperado.
Os prejuízos para o saneamento datados dessa época se refletem nos dias
atuais, em que poucas cidades brasileiras têm índices satisfatórios na prestação
desses serviços básicos. A falta ou ineficiência de medidas de saneamento
acabam sobrecarregando nosso sistema de saúde com casos que poderiam ser
evitados, e que custariam muito mais barato se a prevenção fosse a política
adotada.
Os serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos levam à
melhoria da qualidade de vidas das pessoas, sobretudo na saúde infantil com
redução da mortalidade infantil, melhorias na educação, na expansão do
turismo, na valorização dos imóveis, na renda do trabalhador, na despoluição
dos rios e preservação dos recursos hídricos, etc.
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (SNIS),
atualmente 83,3% dos brasileiros possuem abastecimento de água tratada,
contabilizando um total de 35 milhões de brasileiros sem acesso a este
serviço. Em média, perdemos 37% de toda a água tratada no nosso país,
devido principalmente, à falta de manutenção das redes de distribuição,
vazamentos e ligações clandestinas. Resultando em um prejuízo anual de mais
de 8 bilhões de reais.
Para a coleta e tratamento dos esgotos domésticos, os dados são ainda
menos satisfatórios, 50,3% do esgoto produzido é coletado, e apenas 42,67%
são tratados, A maioria do esgoto que não é tratado é lançado in natura nos
corpos d’água, poluindo nossos mananciais e tornando ainda mais caro o

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tratamento da água dos rios para o consumo humano. Como consequência, as


companhias de abastecimento têm que buscar água cada vez mais longe dos
centros urbanos, o que encarece o serviço.
Estudo do Instituto Trata Brasil, por exemplo, mostrou que o Brasil convive
anualmente com centenas de milhares de casos de internação por diarreias (400
mil casos em 2011, sendo 53% de crianças de 0 a 5 anos), muito disso devido
à falta de saneamento.
Estudo do BNDES estima que 65% das internações em hospitais de
crianças com menos de 10 anos sejam provocadas por males oriundos da
deficiência ou inexistência de esgoto e água limpa, que também surte efeito no
desempenho escolar, pois crianças que vivem em áreas sem saneamento básico
apresentam 18% a menos no rendimento escolar.
É válido salientar que os índices de cobertura nacional dos serviços de
saneamento básico são muito importantes na determinação do nível de
desenvolvimento de um país, pois estes refletem a qualidade de vida e saúde de
seus habitantes. O governo brasileiro, através do Plano Nacional de Saneamento
Básico (Plansab), estima que os custos para universalização desses serviços
cheguem a 508 bilhões de reais no período de 2014 a 2033.
Através do Programa de Aceleramento do Crescimento (PAC), o Governo
Federal já destinou recursos da ordem de 70 bilhões para obras ligadas ao
saneamento, mas ainda observa-se um crescimento lento nas melhorias e
implantação desses serviços em algumas regiões do país, principalmente o norte
e o nordeste.
Já a falta de coleta de lixo provoca não apenas a contaminação das águas,
mas também do solo, e causa a proliferação de insetos e ratos e a transmissão
da leptospirose pela urina do rato. No Brasil há coleta de lixo, com alguma
regularidade, em 90% dos municípios. Porém, quase metade ainda é depositado
em lixões, ou nos chamados aterros controlados. Nesse tipo de aterro, há
alguns procedimentos mínimos de cuidado, como o controle dos volumes e a
deposição regular de cal ou terra para evitar a proliferação de insetos e diminuir
o mau cheiro.
Em 2010, o governo federal instituiu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS). Entre outras medidas, a lei estabeleceu que 2014 seria o prazo
final para as prefeituras erradicarem os lixões e passarem a depositar o lixo em
aterros sanitários, considerados o destino mais adequado para o lixo urbano.
Trata-se de áreas nas quais os resíduos são compactados e cobertos por terra.
Terrenos assim têm sistema de drenagem que captam líquidos e gases
resultantes da decomposição dos resíduos orgânicos. Dessa forma, o solo e o
lençol freático ficam protegidos da contaminação do chorume, e o metano é

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coletado para armazenamento, podendo ser utilizado para gerar energia em


termelétricas.
No entanto, ainda há 3 mil lixões ativos no Brasil. O principal fator que
impede a criação de aterros é o seu alto custo. O compartilhamento de aterros
sanitários entre municípios de uma mesma região é uma estratégia defendida
por alguns pesquisadores.

6. A educação brasileira
Educar é promover o desenvolvimento físico, intelectual e moral de um
indivíduo, com o objetivo de integrá-lo à sociedade, por meio da transmissão de
valores e conhecimentos acumulados. Toda sociedade, por mais simples que
seja, tem algum sistema de educação.
Na atualidade, a crescente complexidade da vida em sociedade –
resultante dos avanços tecnológicos e traduzida na alta competição no mercado
de trabalho – exige que o cidadão dedique um período cada vez maior da vida
aos estudos.
A Constituição Federal de 1988 garante a educação como um direito
social, ao lado de outros, como saúde, alimentação, trabalho, moradia e lazer.
Define como objetivos da educação “o pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”.
A Carta Magna estabelece, também, as obrigações de todas as esferas do
poder público. À União compete organizar o sistema federal de ensino e o dos
territórios, financiar as instituições de ensino públicas federais, distribuir e
suplementar verbas e assistência técnica aos estados, municípios e ao Distrito
Federal. Estados e municípios devem trabalhar integrados, cabendo aos
municípios, prioritariamente, a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Os
estados e o Distrito Federal têm de atuar principalmente nos ensinos
Fundamental e Médio.

6.1 Avaliação da educação brasileira


O Brasil tem vários instrumentos para avaliar a qualidade do ensino e o
rendimento da educação dos estudantes no Brasil. Na educação básica
destacam-se o Ideb e o Enem.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é um
indicador da qualidade do ensino que varia numa escala de 0 a 10. Há um
indicador calculado para cada nível do ciclo básico: o ensino fundamental I
(avaliando os estudantes do 5º ano), o ensino fundamental II (avaliando os
estudantes do 9º ano) e o ensino médio (avaliando os estudantes do 3º ano). O
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índice é divulgado a cada dois anos e é calculado sobre números do Censo


Escolar da Educação Básica, que registra os dados de aprovação por escola,
município e estado, e das avaliações do Saeb e da Prova Brasil.
Os dados do Ideb de 2015 apontam que o ensino médio segue estagnado
na média das escolas do país com índice 3,7 e não atingiu a meta estipulada de
4,3. O patamar se mantém desde a avaliação realizada em 2011.
No ensino fundamental 1, o índice foi de 5,5 e bateu a meta que era 5,2.
Entretanto, no ensino fundamental 2, o índice foi de 4,5, abaixo da meta nacional
que era de 4,7.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem como objetivo
principal avaliar o desempenho dos estudantes ao término do Ensino Médio. O
exame é anual e destinado àqueles que estão concluindo ou já concluíram esse
nível de ensino. A prova verifica a capacidade do aluno de utilizar seu potencial
de raciocínio crítico, de resolver problemas e de avaliar seu papel na sociedade,
sendo composta de uma parte objetiva e uma redação.
Os resultados das provas do Enem 2015 por escola indicam que 38% das
instituições seriam "reprovadas" no teste do ensino médio, segundo os critérios
do Ministério da Educação (MEC) para a certificação do ensino médio.
Em um universo de 14.998 escolas, mais de um terço - 5.642 escolas -
tiveram notas médias menores que 450 pontos em, ao menos, uma das quatro
provas objetivas (linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da
natureza) ou não alcançaram a média de 500 pontos na redação do exame.
Esses são os parâmetros mínimos usados pelo MEC para conceder a certificação
do ensino médio a estudantes por meio do Enem.
Os exames que mais reprovaram escolas são o de matemática - que
reprovou 4.899 instituições - e a redação - que desqualificou 3.045 escolas.
Outra avaliação da educação é o Programa Internacional de Avaliação
de Alunos (PISA), organizado pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE). O exame ocorre a cada três anos e oferece
um perfil básico de conhecimentos e habilidades dos estudantes, reúne
informações sobre variáveis demográficas e sociais de cada país e oferece
indicadores de monitoramento dos sistemas de ensino ao longo dos anos.
Na avalição de 2015 participaram os 35 países membros da OCDE e 35
países convidados. O Brasil participou como país convidado. O exame avalia o
conhecimento em três áreas: ciências, leitura e matemática.
Participam do PISA alunos na faixa dos 15 anos de idade, faixa etária em
que os estudantes completaram a escolaridade obrigatória na maioria dos
países, matriculados a partir do 8º ano do Ensino Fundamental.

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O Brasil sempre está entre os últimos colocados no PISA. Na avaliação de


2015, divulgada em dezembro de 2016, o Brasil ficou na 63ª posição em
ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática.
Em comparação com o exame anterior, de 2012, a nota do país em
ciências caiu de 405 pontos, para 401; em leitura, o desempenho do Brasil caiu
de 410 para 407 e em matemática, a pontuação dos alunos brasileiros caiu de
391 para 377. Cingapura foi o país que ocupou a primeira colocação nas três
áreas (556 pontos em ciências, 535 em leitura e 564 em matemática).

6.2 Desafios da educação brasileira


Os problemas da educação pública brasileira são vários:
• qualidade do ensino;
• déficit de aprendizado;
• falta de vagas;
• evasão escolar;
• recursos financeiros insuficientes e má gestão das verbas destinadas à
educação;
• infraestrutura dos estabelecimentos de ensino;
• baixa remuneração dos professores da educação básica;
• má formação dos professores; e
• currículo inadequado.
Os problemas são variados, em maior ou menor grau de importância,
conforme o nível e a modalidade de ensino.
Na Educação Infantil, temos problemas como a falta de vagas: pouco
menos de 30% das crianças até 3 anos eram atendidas por creches no país em
2014. Faltam também creches em período integral, que seriam importantes
quando os responsáveis trabalham fora de casa o dia todo.
Já nas pré-escolas, o desafio é atender a todas as crianças da faixa etária.
Atualmente já são atendidas 90%, mas por lei, a partir de 2016, 100% das
crianças de 4 e 5 anos deveriam frequentar a pré-escola. Além disso, falta mais
qualificação profissional aos profissionais da educação infantil.
Os desafios são ampliar o número de vagas, readequar as faixas etárias
nos grupos que misturam alunos de diferentes idades, garantir o atendimento
em período integral nas creches e investir na formação dos profissionais.
No Ensino Fundamental, temos um quadro difícil, pois boa parte dos
estudantes não aprendem o que é considerado adequado para a série em que
estão, segundo o índice utilizado pelo próprio governo (o Ideb). A lacuna é maior
em matemática, mas também é importante em leitura e em escrita.

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Nos anos finais do Ensino Fundamental, esse problema ainda se agrava


frente à exigência de conteúdos cada vez mais complexos e um número maior
de disciplinas. As principais críticas giram em torno da falta de um currículo mais
conectado com a realidade do adolescente, da baixa qualificação e remuneração
dos professores e infraestrutura muitas vezes precária.
O Ensino Médio é considerado o grande gargalo da educação
brasileira – apenas metade dos alunos que ingressam no Ensino Médio
conclui o curso, ou seja, a evasão é muito elevada. As razões são muitas, entre
elas, a necessidade de trabalhar e a gravidez precoce. Mas as principais são da
própria organização do ensino, como os conteúdos extensos e em descompasso
com as necessidades e os interesses dos estudantes, as deficiências pedagógicas
trazidas dos anos anteriores, os métodos pedagógicos ultrapassados e a má
formação dos professores.
Assim, jovens pouco estimulados pelos estudos, muitas vezes em situação
de atraso escolar e para quem o Ensino Superior é apenas uma possibilidade
remota, tendem a abandonar a escola. Entre os que conseguem se formar, o
desempenho é fraco. Essa etapa apresenta os piores resultados entre os ciclos
avaliados pelo MEC.
O Ensino Médio técnico (profissionalizante), que em vários países
apresenta-se como uma alternativa à preparação para o Ensino Superior, ainda
engatinha no Brasil, apesar do crescimento nos últimos anos, impulsionado pelo
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
Os avanços na Educação Superior foram muitos nos últimos anos. A
expansão das universidades federais e da oferta de bolsas e financiamentos
públicos nas universidades privadas, como o Programa Universidade para Todos
(ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), permitiram que o número
de universitários aumentasse de 4,2 milhões em 2004 para 7,8 milhões em
2014. Paralelamente, cresceu a quantidade de cursos.
Mesmo assim, há problemas como a baixa participação de alunos de 18 a
24 anos matriculados na Educação Superior (idade considerada adequada para
cursar esse nível de ensino). Menos de 20% dos jovens dessa faixa etária estão
na faculdade. A maior parte dos que frequentam as universidades públicas são
de famílias de médio ou alto poder aquisitivo, enquanto a maior parte da
população de baixa renda não acessa tal etapa da educação - grande parte já
deixa o ensino formal durante ou no final do ensino médio. Isso persiste mesmo
com a ampliação das vagas no ensino superior durante a última década.
Outra grande trava para a qualidade da Educação Superior é sua porta de
entrada, ou seja, o Ensino Médio. Sem resolver os problemas da formação dos
alunos nesse nível de ensino, dificilmente haverá uma boa formação superior.

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Os desafios são ampliar o acesso de jovens concluintes do ensino médio,


conter a evasão e garantir um ensino de qualidade.

PIB (Produto Interno Bruto) x Educação: Um estudo da OCDE, do ano


de 2001 demonstra que o gasto público do Brasil em educação representou
6,1% do PIB, enquanto a média da OCDE é de 5,6% do PIB. Porém, quando
se divide o gasto pelo total de alunos, o país fica em penúltimo lugar. Gastou
2.895 dólares por estudante, enquanto a média da OCDE é de 8.952
dólares. Se comparado a Suécia ou Japão, o Brasil apresenta um investimento
maior. Entretanto, a análise absorve pontos divergentes, visto que especialistas
apontam que estes países desenvolvidos já apresentam modelos educacionais
de sucesso, o que garante que o investimento seja menor.

Salário dos professores brasileiros: segundo o estudo Um olhar sobre


a Educação 2014, que mapeia dados sobre a educação nos 34 países membros
da OCDE e 10 parceiros, incluindo o Brasil, os professores brasileiros estão entre
os mais mal remunerados do mundo. De acordo com o estudo, um professor em
início de carreira que dá aula para o ensino fundamental em instituições públicas
recebe, em média, 10.375 dólares por ano no Brasil. Entre os países membros
da OCDE, a média salarial do professor é de 29.411 dólares. Quase três vezes
mais que o salário brasileiro. Países como o Chile e México aparecem na frente
do Brasil com relação aos salários dos professores (17.770 e 15.556 dólares por
ano, respectivamente). Os dados são de 2012 e colocam o Brasil à frente apenas
da Indonésia, país onde os professores carecem de condições dignas de
trabalho.

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VEJA COMO TEMAS DESTA AULA FORAM COBRADOS EM PROVAS

POLÍCIA CIVIL/PE – AGENTE DE POLÍCIA E ESCRIVÃO DE POLÍCIA


APLICAÇÃO EM 12/06/2016
À medida que o crescimento urbano avança, impulsionado ou não por novos
investimentos e iniciativas imobiliárias, mais desafios a administração pública e
as empresas enfrentam. Atualmente, não são as migrações as responsáveis pelo
caos urbano das metrópoles brasileiras, e sim a falta de políticas públicas que
freiem o inchaço habitacional. Exemplo clássico é a escassez de políticas
habitacionais e de atividades econômicas que criem postos de trabalho próximos
às moradias, visando descentralizar essas atividades para os anéis externos das
cidades, as quais, ao evoluírem e ocuparem os respectivos territórios, tendem a
manter concentradas as atividades sociais e econômicas, o que alonga os
deslocamentos diários dos trabalhadores em razão do congestionamento do
tráfego.

Aldo Paviani. Sustentabilidade urbana: utopia ou esperança?


In: Correio Braziliense, 6/5/2016, p. 13 (com adaptações).

Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente


motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.

URBANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: PROBLEMAS,


ALTERNATIVAS E DESAFIOS

Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos:

1 problemas da administração pública que dificultam a ocupação urbana


ordenada; [valor: 6,50 pontos]
2 alternativas para enfrentar os problemas de mobilidade nas grandes
metrópoles; [valor: 6,50 pontos]
3 desafios para a defesa social resultantes do crescimento desordenado das
cidades. [valor: 6,00 pontos]

PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO:

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No que se refere ao primeiro aspecto a ser abordado (“problemas da


administração pública que dificultam a ocupação urbana ordenada”), espera-se
que o candidato se reporte a pontos mencionados no próprio texto motivador, a
exemplo da ausência de políticas públicas consistentes que impeçam ou
reduzam significativamente o inchaço habitacional e de políticas
habitacionais que priorizem a construção de moradias próximas aos
locais de trabalho. O trânsito caótico gera congestionamentos que
resultam em elevados custos, seja financeiros, seja físico-psíquicos.
Relativamente ao segundo aspecto (“alternativas para enfrentar os problemas
de mobilidade nas grandes metrópoles”), o candidato poderá mencionar, de
plano, a melhoria do transporte público, como a racionalização das linhas
de ônibus, a implantação e expansão da malha ferroviária urbana e de
metrô, além dos modernos veículos leves sobre trilhos e da multiplicação
de seguras ciclovias. Por ser a violência urbana um dos principais problemas
enfrentados nas grandes metrópoles e consequência, inclusive, da falta de
planejamento urbano e de políticas públicas habitacionais e econômicas
consistentes (exemplificadas pelos processos de favelização de determinadas
regiões, pelo aumento do número de pessoas sem teto, entre outros fatores que
aumentam a vulnerabilidade dos indivíduos, favorecendo, assim, o aumento dos
índices de violência), o candidato deve responder que o desafio da defesa
social é desenvolver estratégias eficientes que garantam a segurança
da sociedade, e apontar possíveis ações que possam ser realizadas para esse
fim. Deve ainda observar que a atuação da defesa social deve se dar de
maneira ética diante de uma série de obstáculos administrativos, burocráticos
e financeiros, contribuindo, assim, para minimizar os impactos da violência,
manifestada cotidianamente, inclusive, no trânsito dos grandes centros urbanos.

FUB – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO


APLICAÇÃO EM 12/04/2015
Além de buzinaços e mau humor, o trânsito está provocando um prejuízo
explosivo ao meio ambiente. O Banco Mundial acaba de alertar que o tráfego de
veículos poderá responder por metade das emissões de gases-estufa do planeta
daqui a vinte anos. É um crescimento expressivo comparado ao cenário atual,
em que os sinais fechados respondem por 15% da liberação de poluentes para
a atmosfera. Enquanto isso, os engarrafamentos são cada vez mais visíveis nas
metrópoles. Em um grupo que reúne setenta entre as maiores cidades do
mundo, cerca de cinquenta já traçaram novos planos para melhorias nesse
aspecto. Como o crescimento das cidades depende do deslocamento das
pessoas, a demanda por petróleo deve crescer de 84,7 milhões para 105 milhões
de barris por dia entre 2008 e 2030. E a dependência de combustíveis fósseis é
a chave para o aquecimento global.

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O Globo. 26/1/2015, p.20 (com adaptações).

Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente


motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema:

A EXPANSÃO URBANA E O MEIO AMBIENTE

Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:


1 expansão da vida urbana na sociedade contemporânea; [valor: 6,00 pontos]
2 efeitos da urbanização desenfreada: trânsito caótico e poluição; [valor: 6,50
pontos]
==0==

3 medidas para enfrentamento dos problemas de trânsito urbano. [valor: 6,50


pontos]

PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO:


Espera-se que, ao abordar o primeiro aspecto proposto (A expansão da vida
urbana na sociedade contemporânea), o candidato atente para a relação
histórica entre a moderna industrialização (marcadamente a Revolução
Industrial, surgida em fins do século XVIII) e o fenômeno da urbanização, o
qual não encontra similar em nenhum outro momento da história universal. O
surgimento de milhares de cidades e a extraordinária expansão das existentes
configuram uma nova realidade, marcada pelo advento de uma sociedade de
massas, com crescente acesso à educação formal, à informação, às
manifestações culturais e aos bens de consumo, entre muitos outros
aspectos. Quanto ao segundo ponto (Efeitos da urbanização desenfreada:
trânsito caótico e poluição), o candidato pode seguir a trilha proposta pela banca
examinadora, ao enfatizar que, se a urbanização promove sensíveis melhorias
na vida das pessoas, o que seria o bônus do processo, ela também desvela ônus
pesados, como os dois casos citados. Trânsito caótico remete à ampliação
descontrolada de gases poluentes na atmosfera, de que decorrem, em
larga medida, as mudanças climáticas que têm afetado perigosamente a vida
no planeta. A poluição, nas suas mais variadas manifestações, é um dos mais
nefastos efeitos dessa urbanização que a nova realidade industrial
trouxe para o mundo. O terceiro aspecto (Medidas para enfrentar os
problemas do trânsito urbano) é a oportunidade que o candidato tem para
propor algumas ações que poderiam amenizar o cenário ambientalmente
preocupante das grandes cidades nos dias de hoje. Entre essas medidas, que se
voltam, sobretudo, para o combate ao trânsito caótico e à redução da

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emissão de gases-estufa, o candidato poderia citar algumas das propostas


arroladas a seguir: a) melhoria significativa no transporte público, a
exemplo da implantação de linhas expressas para ônibus ou outros meios de
transporte coletivo, com pistas exclusivas e conforto assegurado aos usuários;
b) estímulo a que se deixe o carro em casa, com a possibilidade, inclusive,
de se oferecer transporte público gratuito a quem o fizer; c) transformação
das frotas de táxis em automóveis elétricos, o que reduziria
significativamente a emissão de gases poluentes; d) restrição ao uso de
carros em determinadas vias públicas, em especial no centro das grandes
cidades; e) gradativa substituição dos carros movidos a óleo diesel,
altamente poluidores.

CESPE/FUB/AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO
APLICAÇÃO EM 18/12/2016
Redija um texto dissertativo acerca do tema a seguir.

EDUCAÇÃO, FATOR DE DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL

Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:


1. a educação como base da cidadania; [valor: 6,00 pontos]
2. a educação como base para o desenvolvimento; [valor: 7,00 pontos]
3. a educação de que o Brasil necessita. [valor: 6,00 pontos]

PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO:


Espera-se que o candidato, ao abordar o primeiro tópico proposto (a
educação como base da cidadania), enfatize que o domínio do
conhecimento, amplo e diversificado, é condição insubstituível para o
pleno exercício da cidadania. Isso significa dizer que, quanto maior o nível
de escolaridade de uma pessoa, maiores e melhores condições ela terá
de compreender o mundo à sua volta, ter consciência de seu papel na
sociedade, ampliar sua capacidade de tomar decisões assentadas no
domínio da lógica e do discernimento para fazer suas escolhas, além de
melhores condições para entrar e permanecer no mundo do trabalho.
Em suma, a educação tende a contribuir eficazmente para a formação pessoal e
profissional do indivíduo.
Quanto ao segundo aspecto apresentado (a educação como base para o
desenvolvimento), espera-se que o candidato, até mesmo tendo o auxílio do
texto motivador, indique a educação como investimento altamente lucrativo,

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tanto em termos individuais, quanto para o conjunto da sociedade, pois


aumenta a capacidade produtiva, seja por estimular inovações tecnológicas,
seja por permitir ao trabalhador interagir mais facilmente com técnicas e
instrumentos com os quais deverá exercer sua atividade. Afinal, não se
conhece exemplo de país que tenha obtido sucesso em seus
empreendimentos econômicos sem contar com população bem-
educada.
Por fim, no que se refere ao terceiro aspecto (a educação de que o Brasil
necessita), espera-se que o candidato enumere alguns fatores decisivos para
que o sistema educacional brasileiro responda positivamente às demandas da
sociedade, a exemplo de professores bem preparados e dignificados
profissionalmente; escolas de padrão físico compatível com sua
importância e aparelhadas a contento; maior participação da família no
processo educacional de que seus filhos participam etc.

COMENTÁRIOS DO PROFESSOR:
Revirei os meus arquivos digitais e não consegui encontrar o PDF dessa
prova discursiva. O PDF também não está disponível no site do Cespe, na parte
específica do concurso. Somente o padrão de resposta. Provavelmente
colocaram e retiraram.
Mas, com as minhas anotações e o padrão de resposta, foi possível inserir
esta questão no nosso curso. Temos o principal: o tema, os tópicos e o padrão
de resposta.
Sabe-se bem da importância da educação no complexo mundo globalizado
atual. Aliás, em qualquer momento da nossa história, a educação sempre foi
fundamental.
A banca explorou o tema da cidadania, quesito recorrente em provas do
Cespe. Perfeito o padrão de resposta disponibilizado: O domínio do
conhecimento, amplo e diversificado, é condição insubstituível para o pleno
exercício da cidadania. Quanto maior o nível de escolaridade de uma pessoa,
maiores e melhores condições ela terá de compreender o mundo à sua volta, ter
consciência de seu papel na sociedade, ampliar sua capacidade de tomar
decisões assentadas no domínio da lógica e do discernimento para fazer suas
escolhas, além de melhores condições para entrar e permanecer no mundo do
trabalho. Em suma, a educação tende a contribuir eficazmente para a formação
pessoal e profissional do indivíduo.
No segundo quesito, explorou o tema da educação como base do
desenvolvimento. A associação da banca foi da educação com o desenvolvimento
econômico. Contudo, é importante sabermos que, embora o termo

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“desenvolvimento” seja comumente relacionado com a economia, ele não é


estritamente econômico, possui interfaces com o social e o ambiental.
A educação é importante para o combate à pobreza, o crescimento
econômico, a promoção da saúde, a redução da violência, o acesso a direitos, a
proteção ambiental, o fortalecimento da democracia e da cidadania, a felicidade
e a compreensão do mundo.

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