1. O documento discute a contrafissura em relação ao tratamento de usuários de drogas e a plasticidade psíquica como alternativa. 2. Os Caps AD foram a primeira resposta da saúde mental para substituir tratamentos focados na abstinência e na elisão da subjetividade. 3. A formação do trabalhador de Caps AD deve priorizar situações de maior risco e escapar do reducionismo da contrafissura.
1. O documento discute a contrafissura em relação ao tratamento de usuários de drogas e a plasticidade psíquica como alternativa. 2. Os Caps AD foram a primeira resposta da saúde mental para substituir tratamentos focados na abstinência e na elisão da subjetividade. 3. A formação do trabalhador de Caps AD deve priorizar situações de maior risco e escapar do reducionismo da contrafissura.
1. O documento discute a contrafissura em relação ao tratamento de usuários de drogas e a plasticidade psíquica como alternativa. 2. Os Caps AD foram a primeira resposta da saúde mental para substituir tratamentos focados na abstinência e na elisão da subjetividade. 3. A formação do trabalhador de Caps AD deve priorizar situações de maior risco e escapar do reducionismo da contrafissura.
PREFÁCIO- Antonio Nery Filho “Clínica Peripatética” praticada em movimento, fora dos espaços de reclusão convencionais, com o que se inauguram outras formas de engate terapêutico Furor proibicionista “Fissura” “impulso incoercível para consumir drogas” CONTRAFISSURA tentativas desesperadas de tantos “apoiados por uma mídia sensacionalista, para resolver de modo simplificado, problemas complexos, voltados, todos, para as drogas “PLASTICIDADE PSÍQUICA capacidade técnica de responder de outro modo Nascida na Reforma Psiquiátrica e consolidada nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), dando origem aos Caps AD PRIMEIRA resposta da saúde mental, na substituição dos tratamentos morais e reducionistas centrados na abstinência, na elisão da subjetividade dos corpos e da cidadania das pessoas usuárias de crack Práticas redutoras de danos encontro dos usuários, sem censurar o uso de drogas e a aceitar essas pessoas do modo como elas eram Experiências de “baixa exigência” caracterizadas por práticas que induzam a novas subjetividades, longe das propostas que desconsideram o saber e a experiência de cada um, sobretudo, longe da contrafissura Acolhimento em momentos de crise, atendimento sem preconceito na unidade de saúde, entrada e permanência em um local provisório para dar tempo a uma reorganização, passeios esportivos e culturais, projetos de moradia, alimentação e trabalho PRIMEIRO DISPARO Segundo disparo circunstâncias inusitadas, enigmáticas, e inexplicáveis que impelem alguns a fugirem do circuito: zona de uso, cadeia, clínica de recuperação, abrigo, Caps Exemplo destas novas possibilidades plásticas “Programa Terapêutico Singular” “Consultório na Rua” X “Consultório de Rua” 1. A CONTRAFISSURA
Corrente entorpecedora em favor do
enfrentamento da chamada epidemia do crack predominantemente midiática A disseminação do crack pode ser considerada uma epidemia? Aumento de determinadas doenças num determinado lugar e num determinado tempo cronológico Doenças transmissivas geradas por vírus ou bactérias que se transmitem de um ser para outro Ponto de vista da epidemiologia dos séculos XIX e XX epidemias causadas por doenças transmissivas e por doenças não transmissivas Argumentos que comparam a quantidade de pessoas que se tornaram consumidores compulsivos de crack, com seus agravos à saúde, como os dependentes de álcool, servem para desmontar o exagero da mídia e de governantes Simulacro de epidemia 1970, nos EUA, em pleno furor proibicionista Utopia de um mundo sem drogas Enfrentamento desse sintoma social não se resolve mudando de problema de segurança para problema de saúde
uma das raízes do proibicionismo
Autoridade médica moral
Everett Gordon conceito de epidemiologia fundamentado na tríade agente, hospedeiro e meio ambiente Conceito de epidemia foi expandido para doenças Psicossociais e doenças da nutrição Noção de epidemia como uma peste que se alastra Campanhas alarmistas fazem parte da guerra às drogas, produzem o efeito contrário ao supostamente desejado e têm contribuído para expandir o mercado negro, o mercado branco e o consumo de drogas ilícitas e lícitas Afã por resolver IMEDIATAMENTE E DE MODO SIMPLIFICADO problemas de TAMANHA COMPLEXIDADE CONTRAFISSURA Não se manifesta somente em matérias sensacionalistas de jornais, revistas e televisão, ela orienta também programas de governo O programa é tão eficaz do ponto de vista da propaganda política como fracassado na prática, porque é focado na droga e não na pessoa A contrafissura também se manifesta em cada cuidador e terapeuta que imagina salvar a vida das pessoas O consumo de crack pode ou não ser considerado uma epidemia modo como essa noção de epidemia atua, a sua eficácia imediata e os riscos que acarreta Considerar SIMPLESMENTE o crack uma DOENÇA CRÔNICA E RECIDIVANTE QUE AGE NO CÉREBRO PRODUZINDO TOLERÂNCIA É UM REDUCIONISMO PERIGOSO que, aliado às POLÍTICAS PROIBICIONISTAS, DEMAGÓGICAS E MIDIÁTICAS, alimentam a CONTRAFISSURA por TODA A SUPERFÍCIE EXPRESSIVA SOCIAL inserindo-se nos PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO DOS DROGADOS E DOS NÃO DROGADOS Reforma Psiquiátrica desenvolveu uma poiésis Mobilização social, participação de usuários e familiares fundada na utopia de uma sociedade sem manicômios A contrafissura é uma das causas da criação de numerosas chácaras e outros locais mais ou menos isolados que se auto-denominam comunidades terapêuticas Conjunto de pessoas consideradas doentes e outro conjunto de pessoas consideradas terapeutas A contrafissura também se manifesta na tergiversação dos termos Comunidades terapêuticas atuais base moral, retornam às velhas concepções psiquiátricas que entendiam a doença mental como desvio da razão Controle social não se exerce mais por meio de instituições que foucault chamou de disciplinares Vivemos sob a égide da sociedade de controle Prática de exceção Corrente dos que entram no mundo da droga como uma cruzada de salvadores ou corretores de almas une-se às correntes cientificistas que fazem uma leitura contrafissurada das neurociências Psicologia comportamentalista Psiquiatria autoproclamada científica e moderna Drogado sujeito sem subjetividade que precisa ser sequestrado, reprogramado segundo procedimentos baseados na abstinência prolongada e na reengenharia da vida As comunidades terapêuticas não são o simples retorno dos manicômios Fazem parte do conjunto-droga: produção- comercialização-judicialização-repressão-cuidado- terapêuticas-exposição mediática Deleuze drogado é o eterno abstinente Eficácia sempre relativa do primeiro dos doze passos Outra das maneiras da expressão da contrafissura é a violentação do Direito Ideia de focar o tratamento numa substância não é somente equivocada opera como álibi para criação de novos territórios de estado de exceção Noias das cracolândias, maltrapilhos e confundidos com o asfalto e suas extravagâncias, como os muçulmanos dos campos de concentração, ocupam o lugar de sujeito sem voz; sem direito e sem desejo porta para a constituição de campos de exceção Na história mais recente proibicionismo está intimamente ligado à incisividade do poder psiquiátrico, ao oportunismo político e à própria subjetividade contemporânea francamente compulsiva Contrafissura não se manifesta exclusivamente nos proibicionistas É A PRIMEIRA BARREIRA A SER ENFRENTADA POR GESTORES E CUIDADORES Assinale a alternativa incorreta: a) As campanhas alarmistas fazem parte da guerra às drogas, produzem o efeito contrário ao supostamente desejado e têm contribuído para expandir o mercado negro, o mercado branco e o consumo de drogas ilícitas e lícitas. b) A contrafissura é uma das causas da criação de numerosas chácaras e outros locais mais ou menos isolados que se auto-denominam comunidades terapêuticas. c) A contrafissura também se manifesta na tergiversação dos termos. d) Na nossa história mais recente o proibicionismo está intimamente ligado à incisividade do poder psiquiátrico e a motivações religiosas e econômicas. 2. A FORMAÇÃO DO CARÁTER DO TRABALHADOR DE CAPS AD Mario Tommasini um dos precursores da Redução de Danos ao ir ao encontro dos usuários sem censurar o uso de drogas e por aceitar essas pessoas Dupla postura de reprimir e cuidar ao mesmo tempo está fadada ao fracasso As experiências fundadoras foram marcadas por alta intensidade e transitaram transbordando os limiares da clínica, da pedagogia e da política Advento da epidemia de crack As políticas não fascistas que se iniciaram com a práxis da REDUÇÃO DE DANOS resistiram e resistem bravamente às tentativas de reinstituir a internação e as soluções simplificadoras e punitivas O nascimento dos Caps AD Antes da criação dos abrigos para adolescentes experiência de produzir agenciamentos entre meninos e meninas em situação de rua e pacientes crônicos do hospital Convivência entre uma população nômade e outra sedentária conceito de agenciamento de desejo Em Santos foi criada uma casa para pessoas infectadas pelo vírus da aids que funcionava com uma metodologia grupal Distribuição de seringas e de insumos para redução de danos foi proibida por ação do ministério público a lei sempre anda de contramão com a vida Enquanto os leitos de hospital psiquiátrico se desativavam, a rede nacional de Caps se expandia Caps AD primeira resposta dada pela Saúde Mental, convocada para substituir os tratamentos morais e as estratégias reducionistas centradas na abstinência e na elisão da subjetividade, dos corpos e da cidadania Comunidades Terapêuticas intensificaram a sua expansão Em momento de pressão proibicionista e de aumento do consumo de crack, de judicialização da saúde, da política e da vida, o Ministério de Saúde promoveu uma rede de atenção um dos pontos estratégicos dessa política de Estado Os caps AD não são simples substitutos dos manicômios e comunidades terapêuticas Casos bem-sucedidos são aqueles que escapam do circuito — zona de uso, internação em comunidades terapêuticas e outras instituições, prisão Os Caps AD são instituições abertas primeira tensão que se cria no dia a dia Priorizam as situações de maior risco Os casos de ofício Joana Pagliarini queixava-se de os atendimentos se tornarem “fabris” Além das crises familiares, das tensões das ruas, do acompanhamento de pessoas que estão em regime de hospital noite em cuidado intensivo, dos egressos de comunidades terapêuticas, atendem também a ansiedade contrafissural de juízes e promotores Plasticidade psíquica e atletismo afetivo Freud se preocupa com os limites da terapia psicanalítica Rigidez psíquica Plasticidade ou rigidez psíquica não é privativa dos neuróticos uma espécie de traço único PLASTICIDADE PSÍQUICA imprescindível para lidar com a angústia diante da repetição das mal chamadas recaídas ou das manipulações, roubos, traições e sofrimento Constante mudança de situações, ora repetitivas, ora explosivas, as diversas crises que os profissionais acolhem, o encontro com histórias de vida terrificantes ou situações de horror tornadas habituais ou banalizadas ATLETISMO AFETIVO admitir, no ator, uma espécie de musculatura afetiva que corresponde a localizações físicas dos sentidos Ao organismo do atleta corresponde um organismo afetivo análogo, e que é paralelo ao outro O conceito de atletismo afetivo de Artaud refere a potência do corpo do ator O ator vai ao corpo orgânico para produzir um corpo sem órgãos que lhe permita sair da representação e alcançar o interlocutor O conceito de atletismo afetivo nos remete ao corpo do terapeuta O terapeuta ou o redutor de danos não dá sermões, olha o corpo, escuta suas expressões, se interessa pela biografia Antonio Nery Filho o Redutor de Danos deve ter inteligência emocional Eles buscam alcançá-lo onde o usuário menos espera É o corpo do usuário que o terapeuta busca encontrar o Consultório na Rua opera tecnologias leves Baixa exigência opera com alta exigência dos redutores de danos e trabalhadores de saúde mental A escuta do terapeuta de Caps AD se orienta para aquém dos discursos dos drogados e dos não drogados plano dos corpos Por mais estropiadas que estejam as pessoas que são atendidas no serviço público, é de seus corpos que partirá alguma mudança Encontro de corpos terapeutas-usuários, mas também encontro de corpos em situações grupais Nesses grupos se produzem novas sociabilidades e o comum gerado é o único dispositivo antidroga O trabalhador de Caps é como uma pilha Mais importante operar em superfícies não submetidas à moral e à contrafissura Mas para isso é preciso transitar por caminhos cheios de arapucas; uma das mais complexas é a denominada empoderamento de usuários e funcionários 3. CONVERSAÇÕES COM DAVI BENETTI SOBRE CONSULTÓRIOS DE E NA RUA Benetti ações vinculadas à questão educativa, à escuta, conversar com usuário, fazer o vínculo base principal da Estratégia da Redução de Danos Consultório de Rua Lancetti Antonio Nery enunciou os conceitos fundamentais do Consultório de Rua e na rua As pessoas não se drogam para morrer Estabeleceu bases para a metodologia Benetti o Consultório na Rua ganhou toda a potência dentro da Saúde ao se tornar um dispositivo do SUS Ele é o veículo e o principal difusor da Estratégia de Redução de Danos Acesso à rede de saúde aos usuários e circulamos pelas zonas de uso, pelas redes de saúde, pelas zonas de prostituição e pelas baladas de adolescentes Ação mais incisiva em situações de crise Lancetti análise da demanda de todos os implicados O que é eficaz é o trabalho em Rede O que é mais difícil no consultório? Benetti Redução de Danos Preventiva Lancetti Clínica peripatética ampliação da vida Antonio Nery função do Consultório de Rua é tornar visíveis as pessoas que estão em situação de rua Se tivesse de dar um nome ao modo de operar, à metodologia? Benetti tecnologias leves Félix guattari novas suavidades. Não são menos intensas, mas sem dúvida são mais velozes 4. MAIS DUAS QUESTÕES SOBRE OS CONSULTÓRIOS NA RUA Tensão metodológica entre o Projeto Meninos e Meninas de Santos, na Prefeitura de Santos e o Projeto Axé, de Salvador Educadores do Projeto Axé versão lacaniana de desejo Consistia numa ideia-força: o menino só vai sair da rua quando desejar Espécie de ampliação e transposição da prática psicanalítica de consultórios para a rua Como provocar no outro desejos e afecções vitais e enriquecedoras Projeto Axé um projeto vencedor, entre outras coisas, porque expôs a questão do desejo dessas crianças e jovens Questão do desejo está ligada imediatamente à questão ética Princípios Éticos enunciados no Guia do Projeto Consultório de Rua: 1. “toda conduta humana é portadora de significação pessoal” 2. “respeito ao sofrimento e ao ethos humano” 3. ter “responsabilidade dos atos”, ou conduzir o cuidado dos danos associados ao álcool e outras drogas de modo não assistencialista Os territórios conhecidos como zonas de uso são muito diferentes Cracolândia paulistana, junto com a invisibilidade das pessoas e suas vidas e histórias criou uma hipervisibilidade 5.“DE BRAÇOS ABERTOS”, PROJETO DE UMA NOVA POLÍTICA PÚBLICA Gestão da prefeita marta Suplicy trabalho com bases de política pública e princípios de cidadania, e alguns abrigos melhoraram Gestão do prefeito Serra meninos e meninas foram se tornando mais agressivos 2009, na gestão do prefeito Kassab equipes de agentes de saúde e enfermeiras, uma espécie de Pacs de rua As equipes de PSF de rua eram recebidas com reticências pelas profissionais de saúde A cracolândia paulistana foi constituindo-se como um território controverso — de um lado, um exército de trabalhadores de saúde se implicaram no cuidado, de outro, a repressão As pessoas em situação de rua vivem em outra temporalidade O início do Programa “De Braços Abertos” No início da gestão municipal, em 2013, em sintonia com o Programa do Governo Federal Crack é Possível Vencer, foi criado o GEM (Grupo Executivo Municipal) composto por 13 secretarias municipais e de representantes de centros de estudos e pesquisas. Ponto de Apoio intensificou e ampliou o vínculo de confiança entre os moradores da região e agentes de saúde, médicos, enfermeiros e outros técnicos dos dois Consultórios na Rua e os assistentes sociais Cada tauba que caía “não” doía no coração A pesquisa nacional sobre uso de crack mostrou em 1º lugar que a média de tempo de uso dos frequentadores das zonas de uso das capitais brasileiras é de aproximadamente oito anos 2ª 80% são homens, não brancos, de baixíssima escolaridade, 50% já estiveram encarcerados Maioria dessas pessoas são integrantes de uma parte da sociedade que Jessé Souza chamou de ralé brasileira “De braços abertos”, em vez de FOCAR na DROGA VAI DIRETAMENTE AO PROBLEMA, ao oferecer o que Tykanori, Garcia & Vitore chamaram de PACOTE DE DIREITOS: Moradia, Alimentação, Trabalho E Cuidados De Saúde Os conceitos inspiradores Ideias-força baixa exigência, pacote de direitos, ação integrada dos dirigentes e trabalhadores da prefeitura e relacionamento a uma rede de saúde, de assistência e a iniciativas de trabalho fundamentadas na metodologia da economia solidária e outras estratégias Housing First Pessoas que foram morar nessas casas, onde NÃO se exigia abstinência, aderiam a programas de saúde em proporção sumamente maior dos que estavam sendo atendidas por equipes ambulantes, e também diminuíram significativamente o consumo Diminuição da violência, as intercorrências de chamada de ambulâncias e a desordem urbana É um Programa de baixa exigência DBA acrescentou à moradia e aos cuidados de saúde trabalho e alimentação
chamado disparo ou lançamento de uma
nova experiência subjetiva
Low threshold service baixo limiar de entrada, ou
de exigência e disparo PRIMEIRO DISPARO Outro aspecto importante feitos de contratualidade Contrato operou introduzindo uma nova dimensão temporal Perspectiva de pagamento opera introduzindo uma duração diferente ao imediatismo Pessoas que estavam à margem da dinâmica das trocas locais passaram a participar da circulação de mercadorias e de trocas afetivas com a comunidade local O DBA introduziu um fluxo no fluxo Já podem ser observados importantes passos: 1. Ter conseguido operar de maneira integrada: saúde, trabalho, assistência e direitos humanos única maneira de superar o empurra-empurra dos encaminhamentos burocráticos Uma das metodologias adotadas é a dos trios 2. Muitos familiares apareceram e dezenas de pessoas deixaram o local para reunir-se com seus seres queridos 3. A adesão aos tratamentos de doenças sexualmente transmissíveis aumentou significativamente 4. Há oficinas ambulantes ligadas aos direitos humanos que mantêm uma tensão constante com as ações de segurança, o que mostra a heterogênese do projeto Atividades culturais Construção de coletivos que são o contrário que o narcisismo do uso 5. Outro êxito do DBA foi anunciado pela Folha que afirmava que depois de mais de um ano de trabalho quarenta por cento dos usuários tinham abandonado o Projeto 6. O trabalho de varrição tem um forte simbolismo 7. A transformação do trabalho de assistentes sociais não só para que operar de maneira integrada A assistência social também está implementando projetos de moradia e geração de renda que visam a autonomia dos usuários O Programa desenvolve-se em terreno controverso Um dos principais obstáculos é a insidiosa pressão da mídia Dificuldade Oposição permanente do programa da prefeitura e do estado de São Paulo Um dos maiores impasses do DBA se não há presença das forças municipais de segurança, os traficantes do penúltimo escalão tomam o território. E cada vez que há repressão e enquadramentos na região, os usuários ficam mais arredios A entrada no DBA e sua permanência implica uma mudança de identidade, ou induz a produção de subjetividade ou de mudanças subjetivas difíceis de perceber Avaliar a persistência da identidade lembrar que há algo do que Guattari chamou de não garantido A maior dificuldade interna é a desintegração da guarda civil metropolitana Este é o maior dos perigos: a TENTAÇÃO REPRESSIVA ante a imensa pressão política e midiática redução de danos NÃO É redução de pedras uma das consequências da Redução de Danos Mostrar para a sociedade que, independentemente da redução do consumo, o IMPORTANTE é a elevação da vida e da dignidade Êxito do DBA depende da maior integração: • com a adoção de primazia da AUTORIDADE e não do AUTORITARISMO que ocorrerá com a integração da GCM ao grupo condutor do DBA; • com a sistematização e mensuração; • com a capacitação desses funcionários; • com a sistematização da produção de novas sociabilidades e promoção real de autonomia 7. O SEGUNDO DISPARO Paralelismo entre as teorias etiológicas monocausais focadas na droga e na abstinência; entre as teorias do demônio e do neurônio MORAIS Condições sociais Claude Olievenstein verdadeiro toxicômano foi gerado por narcisismos mal constituídos espelho quebrado Não existe uma causalidade única Subjetividades mais estragadas e violentadas na família, na escola, nos interstícios da trama social, sejam mais aptas para se internarem em territórios marginais Clínica peripatética mimados ou sujeitos criados sem pulso e sem afeto ou com afetos duvidosos Pesquisa Nacional de Uso de Crack e as experiências desenvolvidas pela corrente nacional que adotou a filosofia e a práxis da Redução de Danos produção social de subjetividade é decisiva para entender as pessoas Singularidade e na história de cada pessoa O que cura não é a pena, é o perdão Como entender essas mudanças e a produção de subjetividades livres ou com altos índices de liberdade e autonomia à luz da experiência da Redução de Danos? A baixa exigência está relacionada a um ponto de partida ou disparo: no acolhimento ativo do consultório de rua ou na rua; acolhimento do Caps em momentos de crise; atendimento sem preconceitos nas unidades de saúde; entrada numa casa para se organizar por um tempo e participar de uma vida coletiva como nas UAs; ida à Represa para participar do Programa Remando para a Vida e mais claramente no DBA com o pacote inicial de direitos Pelas razões mais inesperadas, pessoas anteriormente fogem do circuito: zona de uso, cadeia, clínica de recuperação, abrigo, Caps Segundo Disparo Emergem do corpo dos seus protagonistas O segundo disparo, ou disparo de segunda ordem na maioria das vezes fica fora do campo de visão dos profissionais de saúde, de saúde mental e de outros setores 8. ALGUMAS QUESTÕES SOBRE O PROGRAMA TERAPÊUTICO SINGULAR PTS ferramentas consagradas como FUNDAMENTAIS para a práxis da saúde mental proposta pela Reforma Psiquiátrica Brasileira Instituições e práticas substitutivas da prática asilar dispositivos de uma política pública e de Estado Conceito de PTS como um organizador do cuidado PTS organizador do cuidado que inclui a família, a biografia, o território geográfico, os recursos desse território e o território existencial do usuário e seu contexto. E, por fim, a potencialidade do sujeito individual e coletivo Elaboração das produções mais complexas da prática clínica que acontece na Raps A organização do PTS depende, em primeiro lugar, da prioridade adotada Para menor exigência maior complexidade e maior intensidade maior chance de vinculação consistente É fundamental intervir no território e mais incisivamente no domicílio As intervenções familiares provocam um duplo efeito-surpresa: 1º) Alguém se interessar por conhecer o grupo familiar 2º) pode ou não pode acontecer e consiste nas insólitas maneiras de aderir ao PTS quando ele funciona Para o PTS não ser reduzido a um procedimento burocrático analisar as demandas, avaliar as necessidades e descobrir as potencialidades PTS flecha propulsora, mas para ser certeira precisa contar com o conhecimento e a participação dos usuários SINGULAR NÃO É OPOSTO DE COLETIVO NEM É SINÔNIMO DE INDIVIDUAL As pessoas não mudam só porque ressignificam as suas histórias numa clínica puramente memorial, os de focos mutantes de subjetividade se inserem no PTS com agenciamentos de desejo