You are on page 1of 18

Disciplina: Artes Visuais

Autores: M.e Geceoní Jochelavicius


Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso
Ano: 2016
Artes Visuais

ANO
2016
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!

Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº


112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão
Universitária.
A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também
brasileiros conscientes de sua cidadania.
Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de
dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de
estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!


Faculdade São Braz
Apresentação da disciplina

O objetivo da disciplina é abordar métodos e práticas de ensino das artes


visuais nas diversas etapas da educação básica (educação infantil, ensino
fundamental, ensino médio).
O ensino de Artes Visuais, bem como o ensino da Arte de um modo geral,
tem atravessado um longo percurso na história de nosso país. A Arte ocidental,
trazida ao Brasil, encontra a arte indígena já presente nos povos que aqui habitavam
desde antes da chegada dos portugueses. Naturalmente, os índios, que habitavam o
nossas terras, produziam objetos artísticos como o fazem outros povos,
considerando-se que a Arte é algo que nos caracteriza como humanos.
Aula 1- Introdução as Artes

Segundo Ferraz e Fusari (1993), a arte “se constitui de modos específicos de


manifestação da atividade criativa dos seres humanos ao interagirem com o mundo
em que vivem, ao se conhecerem e ao conhecê-lo” (p. 16). No período colonial os
jesuítas estavam ligados à educação e às tradições de ensino. Nesse período a arte
indígena não era valorizada como a percebemos nos dias de hoje.

Torna-se interessante relembrar alguns pontos importantes na história do


ensino de arte e da arte presente no ensino, para que se possa entender como vem
se desenvolvendo esse percurso e quais etapas ainda precisamos vencer para que
se efetive um ensino de qualidade em todos os níveis.

A história aponta para a importância da Missão Artística Francesa, trazida


por Dom João VI para o Brasil, em 1816. É criada a Academia Imperial de Belas-
Artes, que passa a ser chamada de Escola Nacional de Belas-Artes após a
proclamação da República. O Neoclassicismo trazido pelos franceses era valorizado
pelas elites brasileiras, e sobrepunha-se ao Barroco que vigorava no Brasil daqueles
dias.

Edifício da Academia Imperial de Belas Artes

Fonte:
http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ctricci_enba_files/predio_aiba_gjm.jpg
Segundo o livro Didática do Ensino de Arte, a arte “adquiriu conotação de
‘luxo’, somente ao alcance de uma elite privilegiada que desvalorizava as
manifestações artísticas que não seguiam esses padrões” (MARTINS; PICOSQUE;
GUERRA, 1998, p.11). Assim, o ensino da arte era elitista e desconectado da
realidade do povo, valorizando a cultura vinda da Europa.

Mais tarde, com o surgimento das indústrias, o ensino passaria a focar o


produto, a partir de um ensino autoritário, onde o professor era tido como o detentor
do saber, aquele que diria o que e como fazer. Ao aluno caberia seguir instruções e
repetir o que lhe era oferecido como modelo ou a cópia do natural, para preparar-se
para o trabalho nas fábricas ou serviços artesanais. A sociedade estava voltada para
o modelo industrial de produção, portanto, o aluno deveria ser preparado para
atender a demanda do mercado, sendo capaz de seguir instruções, ter precisão
técnica através de desenhos técnicos ou geométricos.

As Escolinhas de Arte surgiram para atender ao ensino não-formal, por


volta de 1930, e seguiam o paradigma educacional da Escola Nova. Nesse período
o desenho infantil passa a ser valorizado e o aluno é colocado como o centro do
processo. Muitos estudos foram importantes nesse período para compreender a
capacidade criadora do indivíduo, e nomes como Viktor Lowenfeld e W. Lambert,
Herbert Read buscaram contribuições nos estudos psicológicos. Surgem as
Escolinhas de Arte, e alguns professores, por compreenderem mal as novas teorias,
acabam por usá-las de forma equivocada. Por falta de compreensão e
aprofundamento acabavam por usar mal as informações, o que levou a deixar que
os alunos fizessem o que quisessem, esperando que o aluno aprendesse por si.

Fonte: Acervo de Plínio Cesar Livi BERNHARDT (1927 – 2004)


Amplie Seus Estudos
SUGESTÃO DE LEITURA

Leia o matéria O que ensinar em Arte: O ensino da área se


consolida nas escolas sobre o tripé apreciação, produção e
reflexão, de autoria de Beatriz Santomauro, na mesma a autora
traz uma o resumo evolutivo das Artes no Brasil.
Disponível no acesso:
http://novaescola.org.br/formacao/conhecer-cultura-soltar-
imaginacao-427722.shtml?page=4

Leia também do artigo Arte-Educação no Brasil: realidade hoje e


expectativas futuras, de autoria de Ana Mae Barbosa. O artigo traz
considerações importantes sobre a arte-educação no Brasil,
abordando temáticas atuais.
Disponível no acesso:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40141989000300010

Alguns professores que não buscaram aprofundamento, acabaram por


trabalhar de forma que a livre-expressão fosse privilegiada e os alunos deveriam
fazer o que quisessem, valorizando o processo de trabalho em vez do produto final e
evitando a cópia de modelos. As imagens eram evitadas para não contaminar a
produção, não havia instrução e não se ensinava a desenhar, pintar ou qualquer
técnica, um “deixar fazer”. A partir de suas próprias experiências o aluno deveria
levantar hipóteses e buscar soluções experimentais. O ensino de arte não estaria
mais sendo visto como técnica, mas como expressão individual, buscando
desenvolver a criatividade, num viés espontaneísta, sem preocupação com o
produto final ou resultados.

Aula 2 – Legislação

Em 1971, o panorama muda com a Lei n° 5.692, que cria o componente


curricular Educação Artística, que deveria abordar conteúdos de teatro, dança,
música e artes plásticas nos cursos de 1° e 2° graus, por um único professor, de
maneira que ele pudesse ser eficiente no ensino das diversas modalidades de arte.
A ênfase no rigoroso planejamento e influência do paradigma educacional tecnicista,
bem como o remanescente reflexo da escola tradicional e da escola nova, a vaga
definição pela lei do que seria a Educação Artística, contribuem para a que os
professores polivalentes, sem uma formação adequada, sentissem-se inseguros e
despreparados e buscassem apoiar-se nos livros didáticos.

O trabalho de educação artística acabava sendo feito por qualquer


professor, considerando-se que os cursos de formação estavam apenas começando
a acontecer. De acordo com Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 12):

De fato, uma série de desvios vem comprometendo o ensino da arte.


Ainda é comum as aulas de arte serem confundidas com lazer,
terapia, descanso das aulas ‘sérias’, o momento para fazer a
decoração da escola, as festas, comemorar determinada data cívica,
preencher desenhos mimeografados, fazer o presente de Dia dos
Pais, pintar o coelho da Páscoa e a árvore de Natal .

Acredita-se que o ensino de arte pode e deve ir muito além disso, embora
nada impeça que as aulas possam oferecer espaço para algumas das atividades
descritas acima, o que não significa que isso seja o ensino de arte propriamente dito.

Uma crescente preocupação com a educação, vinda desde a década


anterior, com discussões e questionamentos voltados para as contribuições sociais
da escola, começa a voltar-se para o papel do ensino da arte na escola. Tendências
progressistas no ensino desenvolvem-se a partir dos anos 1980. Os professores de
educação artística começam a pensam no seu papel dentro da escola e nos
conteúdos que poderiam ser ensinados.

Buscando um espaço para a arte-educação, a Lei n° 9.394, aprovada em


20 de dezembro de 1996, significa um grande avanço nesse sentido, considerando
que resulta de uma luta dos arte-educadores para que o ensino de arte continuasse
configurado como obrigatório e avançasse para os novos estudos envolvendo arte e
educação. A arte torna-se um componente curricular, como outras disciplinas.

Estudiosos no assunto contribuem na elaboração, consultoria e assessoria


dos PCNs, documentos que apontam para as diretrizes no ensino da arte: teatro,
dança, música e artes visuais e suas práticas.

Um importante nome é Ana Mae Barbosa, que sistematiza a Abordagem


Triangular, uma contribuição que irá permear os caminhos metodológicos,
principalmente no ensino das artes visuais. A sua preocupação com a dificuldade de
usufruir da arte por parte da grande maioria das pessoas, leva à pesquisa que
resulta na abordagem envolvendo o fazer arte, ver arte e contextualizar o que se vê
e o que se faz. Esses três momentos não tem hierarquia entre si, podendo-se iniciar
por qualquer um deles, como a figura triangular não oferece começo, meio e fim.
Pode-se iniciar pela apreciação (ver) de uma obra de arte, fazendo a leitura visual,
contextualizar contando a história da obra ou do artista, por exemplo, e finalizar
produzindo algo. Poderia acontecer uma nova apreciação, agora da produção dos
alunos envolvidos. Mas também poderia começar pela produção e então fazer leitura
de imagem da produção dos alunos ou do artista, ou de ambos, e finalizar com a
contextualização.

Esse breve percurso está muito longe de aprofundar e muito menos de


esgotar o assunto, mas funciona antes como um deflagrador de caminhos que
podem e devem ser percorridos para conhecer melhor a história do ensino de arte e
buscar identificar ressonâncias no ensino dos nossos dias, procurando avançar a
partir das experiências e dos estudos mais recentes.

Grande avanço nas pesquisas que envolvem arte e educação leva a


contribuições significativas para a elaboração dos documentos. A respeito da
influência das tendências teóricas em educação na virada do século, o PCN ARTE,
página 28, afirma que essas “estabelecem as relações entre a educação estética e a
educação artística dos alunos. É uma educação estética que não propõe apenas o
código hegemônico, mas também a apreciação de cânones de valores de múltiplas
culturas, do meio ambiente imediato e do cotidiano”. Sendo assim, a área passa a
ser designada por Arte e não mais Educação Artística, deixa de ser apenas
executora de atividades, para ligar-se à cultura artística do entorno e do mundo.
Nesse contexto busca-se conhecer outras culturas além das que são aceitas pela
maioria, pois outras formas artísticas tem seu valor reconhecido e promovido, como
a arte africana e a indígena, por exemplo.
Vídeo
Assista o vídeo da entrevista com a Profª. D.a Ana Mae Barbosa, na
qual traz abordagens explicitadas no projeto "Memórias ECA 50
anos", e conheça um pouco a sistematização da Abordagem
Triangular, e demais curiosidades sobre o ensino das artes.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=PSaZT9CqqbE

Arte passa a ser considerada área de conhecimento, com conteúdos


específicos, portanto os professores de Arte precisam ter um “mínimo de
experiências prático-teóricas interpretando, criando e apreciando arte”, bem como
devem exercitar a “reflexão pedagógica específica para o ensino das linguagens
artísticas” (PCN, p. 29).

A Lei 9394/96, sofre alterações importantes no seu artigo 26, algumas das
quais são:

 Lei n° 11.769, de 2008 – a música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não
exclusivo, do componente curricular.
 Lei n° 11.645, de 2008 versa sobre a obrigatoriedade da temática “História e
Cultura Afro-brasileira” nos currículos escolares.

Vídeo
Assista o vídeo Lei inclui artes visuais, dança, música e teatro na
educação básica, o qual traz uma breve abordagem sobre a lei na
qual aborda-se a obrigatoriedade das outras áreas da Arte.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=dgU2YL7otfE

A mais recente, LEI nº 13.278, de 2 de maio de 2016, refere-se a


obrigatoriedade de outras áreas de Arte:

Art. 26, “§ 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens


que constituirão o componente curricular de que trata o § 2o deste artigo.” (BRASIL,
2016). O artigo 2o indica que o “prazo para que os sistemas de ensino implantem as
mudanças decorrentes desta Lei, incluída a necessária e adequada formação dos
respectivos professores em número suficiente para atuar na educação básica, é de
cinco anos”. O art. 3o refere-se ao fato de que a Lei entra em vigor na data de sua
publicação. Sendo assim, uma discussão se seguirá pretendendo encontrar formas
de adequar currículos e horários escolares para estarem de acordo com o que
determina a lei, sem termos para o momento a certeza de como isso se dará.

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA

Amplie seus estudos lendo o artigo Ensino de Artes: dificuldades,


experiências e desafios, de autoria de Júlia Maria de Jesus. O
artigo apresenta um relato histórico sobre a trajetória do ensino de
artes nas escolas brasileiras e suas respectivas alterações em
documentos oficiais. Além de propor a reflexão sobre o processo e
concepções do ensino de artes.

Disponível no acesso:
http://www.fals.com.br/revela18/REVELA%20XVII/art_exp05_14.pdf

Aula 3 – As Artes e a Educação

A cada mudança no percurso do ensino de Arte deve-se pensar em muitas


alterações na trajetória do professor também. Não se segue fórmulas, mas busca-se
novos caminhos para construir novas histórias.

Para ensinar, o professor precisa conhecer o processo de criação e


experienciar os embates, as dificuldades e os prazeres em diversas modalidades da
arte, aproximando-se daquilo que o aluno poderá atravessar durante a sua
produção. Também é necessário conhecer como o aluno aprende e como
transforma seus níveis de saber. Considera-se que o aluno traz consigo um
repertório e que vai aprender conhecimentos novos com relação à arte de todos os
tempos e lugares, e também como que esse sistema se organiza, onde se localiza e
como se apresenta. Além disso será proposto que esse aluno realize
experimentações tanto autorais como de investigação técnica e de conteúdos
artísticos.

As situações pedagógicas preparadas pelo professor possibilitarão o


movimento do aluno no sentido de aprender, ir ao encontro do objeto de
conhecimento proposto, mas ficando claro que quem aprende é o aluno. Cabe ao
professor promover situações provocadoras, onde há a possibilidade do
aprendizado, porém não há garantia, e esse aprendizado acontece para si e para
sua inserção no mundo.

Segundo o PCN (1998) Arte:

A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento


artístico, que caracteriza um modo particular de dar sentido às
experiências das pessoas: por meio dele, o aluno amplia a
sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação. Aprender arte
envolve, basicamente, fazer trabalhos artísticos, apreciar e refletir
sobre eles. Envolve, também, conhecer, apreciar e refletir sobre as
formas da natureza e sobre as produções artísticas individuais e
coletivas de distintas culturas e épocas. (BRASIL, 1998, p. 15).

Cabe uma leitura atenta ao documento para aprofundar o assunto, mas


aqui temos uma forma resumida de um dos principais pontos. Porém, para que se
efetive um bom trabalho é necessário pensar nas significativas transformações,
pelas quais passa um ser humano. Desde o seu nascimento as funções motoras,
cognitivas e emocionais desenvolvem-se abrindo oportunidades para que se possa
efetivar contribuições advindas do campo da educação.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – conhecimento


de mundo, volume 3, data de 1998 e pretende ser um guia, promovendo a reflexão
de cunho educacional visando objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os
educadores de crianças de zero a seis anos, respeitando estilos pedagógicos e a
diversidade cultural brasileira.

Este documento indica que “compreender o caráter lúdico e expressivo das


manifestações da motricidade infantil poderá ajudar o professor a organizar melhor a
sua prática, levando em conta as necessidades das crianças. (BRASIL, 1998, p 19).
Entende-se aqui que criança é movimento e que aprende em movimento, brincando,
desde que haja o despertar de seu interesse, o que não é nada difícil. Tudo o que se
mova e faça barulho chamará a criança e esse é um ponto importante para a
construção de uma metodologia a ser utilizada pelo professor. Divertir-se, mudar a
voz, inventar novos mundos, o repertório é amplo.

Vídeo
Assista o vídeo O desenho infantil, no qual são evidenciadas crianças
de 3 a 5 anos que desenham enquanto falam sobre suas produções.
O desenvolvimento de desenho infantil é pontuado pela educadora
Monique Deheinzelin.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=AFx4ViEFjF8

As crianças aproximam-se da possibilidade expressiva artística


naturalmente ao traçar como movimentos no ar, rabiscar o chão de areia ou traçar a
mesa molhada de suco derramado. Isso nos leva a pensar como a humanidade criou
a arte pré-histórica, sem que houvesse alguém ali para ensinar a traçar ou esculpir.
Vale reforçar que um trabalho orientado é importante, mas é necessário que o
mesmo permita que a criança descubra sozinha, pois se ela não tiver esta
autonomia há risco de perder a oportunidade de desenvolvimento, considerando-se
que a busca por esse impulso por parte da criança aconteça de modo natural.

Oferecer materiais e desafiar dando novas possibilidades deve levar em


consideração os limites e características gerais do desenvolvimento infantil. Os
primeiros traços, num movimento espontâneo e lúdico com o material, não busca o
resultado, é apenas um encantamento, que resulta nas garatujas. Uma postura
respeitosa por parte do professor é importante para que a criança se sinta à
vontade. Não é necessário elogiar falsamente e sempre dar um bom destino para o
produto de sua criação. Promover experiências de desenho, pintura, modelagem,
colagem, dobradura, para que a criança possa continuar avançando. O corpo todo
estará presente nesses atos, e não raro, a criança pintará o próprio corpo ou se
distrairá com o papel que grudou em seu dedinho.

Não devemos encarar essas atividades como passatempo ou atribuir um


caráter decorativo. Muito se tem pesquisado nessa área e sabe-se que o
desenvolvimento em arte envolve formas complexas de aprendizagem, não
ocorrendo por si só durante o crescimento da criança. Os códigos das artes visuais:
linhas, formas, pontos, volume, espaço, cor e luz, nas inúmeras possibilidades
quanto aos materiais, são caminhos à serem percorridos durante o ensino. Estar
atendo a inserções visuais da sociedade, em museus, na rua, nas imagens da
internet, da televisão, e tudo o que compõem o campo visual, é outro ponto a ser
considerado.

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA

Amplie seus estudos lendo o livro e o artigo


sugerido.
- O livro A criança e seu desenho: o nascimento da
arte e da escrita, de autoria de Phelippe Greig. A
obra traz considerações importantes sobre a
evolução das artes pontuadas nos desenhos
infantis.

- O artigo Condições sociais da constituição do desenho infantil,


de autoria de Silvia Maria Cintra da Silva, no qual são
evidenciadas algumas das condições sociais da produção da
atividade gráfica. Os dados foram coletados através de vídeo-
gravações e de desenhos de crianças pré-escolares, em
situações de produção gráfica.
Disponível no acesso:
http://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/107885/0

Logo a criança começa a perceber que seus “rabiscos” repetidos ou


agrupados podem seguir uma organização e representação de coisas que ela
conhece. Geralmente, depois da garatuja aparece o caracol e depois o círculo,
atribuindo significados que poderão ser a “mamãe”, o cachorro e assim por diante. A
tendência é começar a detalhar e por volta dos seis anos a criança atinge uma
representação figurativa.

O ensino de artes visuais está diretamente ligado a leitura de imagem e


leitura de mundo, podendo ser um espaço de aprimoramento da capacidade de
observar, descrever, narrar, inventar, relacionar, e detalhar. Nessa fase de vida a
capacidade de aprendizado é efervescente e deve ser potencializada por uma
prática cuidadosamente preparada. Por ser livre e inocente, por vezes não sabe de
defender daquilo que não lhe faz bem e cabe ao adulto selecionar a melhor forma de
trabalhar com a criança para que tenha um desenvolvimento em todos os níveis e
para que tenha experiências que lhe afirmem a busca por uma vida feliz.

Segundo FERRAZ e FUSARI (1993, p.69) há determinantes fundamentais


na construção interativa de saberes artísticos e estéticos pela criança:

 a criança é ser atuante em busca do saber artístico e estético;

 a ambiência natural e cultural é instância interferente no saber artístico e


estético da criança;

 a convivência do grupo social mais próximo (família, amigos, escola, etc.) é


mediadora dos saberes em arte e estética junto à criança.

Esses aspectos reafirmam a importância de um acompanhamento de


adultos que estejam preparados para oferecer espaços de criação orientados pelo
trabalho de ensino. Ao ingressar na adolescência, essas características se
modificarão e novos desafios se impõem aos professores ligados a essa faixa etária.
De acordo com Tania Zagury, em seu livro O Adolescente por Ele Mesmo (1996, p.
26), pode-se apontar algumas características marcantes:

 Surgimento do raciocínio hipotético-dedutivo: generalizações mais rápidas;

 Independência intelectual;

 Rebeldia em relação às autoridades em geral;

 Abordagem mais filosófica e independente;

 Anteriormente: pais e professores – verdade absoluta;

 Questionam princípios da sociedade, religião, política, família (dentre


outros);

 Buscam novas alternativas e respostas;

 Exercício intelectual a que se entregam de corpo e alma;

 Onipotência pubertária.
O adolescente não só deseja ser querido pelos companheiros, como
também necessita do respeito e da atenção dos adultos. O desenvolvimento da
atitude crítica torna-o cônscio do mundo que o cerca, às vezes dolorosamente
cônscio (LOWENFELD, 1977, p. 334). O que significa dizer que o adolescente busca
sua independência e precisa ser apoiado e compreendido, mas precisa também de
limites, firmeza, e a arte pode ser um potente caminho para diálogo e construções.
Conhecer o que esses alunos trazem e encontrar formas de desafia-los, costuma ser
uma boa prática.
Resumo da disciplina

Nesta disciplina foram abordadas os breves relatos dos contextos históricos


das artes visuais de forma evolutiva, evidenciando a LDB/96 e PCNs, os quais
também balizam diretrizes para o ensino das artes no Brasil.

Para finalizar foram enfatizadas a importância, e de que formas podem-se


aplicar o ensino das Artes no Ensino Fundamental e Médio, na busca do
desenvolvimento psicomotor e o caráter lúdico e expressivo.
Referências

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília:
MEC/SEF, 1998. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf >. Acesso em 23/07/2016.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares


nacionais: arte. Brasília: MEC/SEF, 1997.Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf>. Acesso em 23/07/2016.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares


nacionais: arte. Brasília: MEC / SEF, 1998. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf>. Acesso em 23/07/2016.

BRASIL. Secretaria de Educação. Parâmetros curriculares nacionais: ensino


médio. Brasília: MEC, 2000. Disponível em
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf>. Acesso em 23/07/2016.

FERRAZ, Maria Heloísa Correa Toledo e FUSARI, Maria F. de Rezende e.


Metodologia do ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 1993a.

FERRAZ, Maria Heloísa Correa Toledo e FUSARI, Maria F. de Rezende e. Arte na


educação escolar. São Paulo: Cortez, 1993b.

GREIG, Phipippe. A criança e seu desenho: o nascimento da arte e da escrita.


Porto Alegre: Artmed, 2004.

LOWENFELD, V.; BRITTAIN, W.L. Desenvolvimento da capacidade criadora. São


Paulo, Mestre-Jou, 1977.

MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha


Telles. Didática do ensino da arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer
arte. São Paulo: FTD, 1998.

ZAGURY, Tania. O adolescente por ele mesmo. Rio de Janeiro: Record, 1996. p.
26

You might also like