You are on page 1of 141

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciências


Faculdade de Geologia

Paulo Roberto Pizarro Fragomeni

Levantamento e estudo das ocorrências de grafita do Distrito Grafitífero Aracoiába-


Baturité, CE

Rio de Janeiro
2011
Paulo Roberto Pizarro Fragomeni

Levantamento e estudo das ocorrências de grafita do Distrito Grafitífero Aracoiába-


Baturité, CE

Tese apresentada, como requisito para obtenção do


título de Doutor, ao Programa de Pós-Graduação da
Faculdade de Geologia, da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro. Área de concentração: Tectônica,
Petrologia e Recursos Minerais.

Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Mello Pereira

Rio de Janeiro
2011
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/C

F811 Fragomeni, Paulo Roberto Pizarro.


Levantamento e estudo das ocorrências de grafita do
Distrito Grafitífero Aracoiába- Baturité, CE / Paulo Roberto
Pizarro Fragomeni. – 2011.
114 f.

Orientador: Ronaldo Mello Pereira.


Tese (Doutorado) – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Faculdade de Geologia.

1. Geologia econômica – Baturité (CE) - Teses. 2. Grafita –


Baturité (CE) – Teses. 3. Prospecção – Teses. 4.
Termogravimetria – Teses. I. Fragomeni, Paulo Roberto
Pizarro. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Faculdade de Geologia. III. Título.

CDU 553(813.1)

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta tese.

_________________________________________ _________________________

Assinatura Data
Paulo Roberto Pizarro Fragomeni

Levantamento e estudo das ocorrências de grafita do Distrito Grafitífero Aracoiába-


Baturité, CE

Aprovado em 23 de março de 2011


Banca Examinadora:

__________________________________________________________
Prof. Dr. Ronaldo Mello Pereira
Faculdade de Geologia da UERJ

__________________________________________________________
Prof. Dr. Ciro Alexandre Ávila
Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional-UFRJ

__________________________________________________________
Prof. Dr José Carlos Sicoli Seoane
Instituto de Geociências da UFRJ

________________________________________________
Prof. Dr. Paulo de Tarso Luiz Menezes
Faculdade de Geologia da UERJ

________________________________________________
Prof. Dr. Francisco José da Silva
Departamento de Geociências da UFRRJ

Rio de Janeiro
2011
A Mariângela, Paula e Sabrina,
pelo amor e dedicação inesgotáveis,
que nunca deixaram de me
incentivar.
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Ronaldo Mello Pereira, pelos ensinamentos geológicos, paciência,


dedicação e conselhos sempre úteis e precisos com que, sabiamente, orientou este trabalho.
Ao Prof. Ciro Alexandre Ávila pela especial atenção na leitura crítica e importantes
sugestões, dispensadas desde a fase de qualificação até o final desta tese.
Ao amigo Andre Prudente, cuja contribuição na confecção dos mapas e figuras foi de
fundamental importância nesta tese.
Ao Prof. Rene Rodrigues, sempre solícito, pela orientação e auxílio na utilização do
laboratório da UERJ.
Ao meu irmão geólogo Luiz Francisco P. Fragomeni, pelas proveitosas discussões e
agradáveis trabalhos de campo que dividimos.
Á Barbara S. Jardim e Moira de Toledo pela carinhosa ajuda na revisão e organização
do texto.
Aos meus professores Claudio de M. Valeriano, Jorge C. Della Fávera, Miguel Mane,
Monica da C. L. Heilbron, Paulo de Tarso L. Menezes e Sérgio de C. Valente, que
proporcionaram a atualização dos meus conhecimentos geológicos.
À minha família, pela compreensão e incentivo para que eu levasse este trabalho até o
fim.
RESUMO

FRAGOMENI, Paulo Roberto Pizarro. Levantamento e estudo das ocorrências de grafita do


Distrito Grafitífero Aracoiába-Baturité, CE. 2011. 97 f. Tese (Doutorado em Geologia)
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.

O Distrito Grafitífero Aracoiába-Baturité apresenta depósitos do tipo gnaisse grafitoso


(minério disseminado) e veio (minério maciço) com diferentes origens genéticas e com
características físicas e ambientes geológicos de formação próprios. O minério tipo gnaisse
grafitoso é de origem sedimentar, singenético, com teores de 1,5 a 8% de C, que se distribuem
ao longo de duas extensas faixas paralelas, hospedadas na Subunidade Baturité, que constitui
um importante metalotecto regional. A associação de grafita metamórfica disseminada em
metassedimentos da Sequência Acarápe constitui um geoindicador de antiga bacia sedimentar
neoproterozóica e, também, pode ser considerado como zona de geossutura resultante do
subsequente fechamento de um oceano primitivo. As rochas desta subunidade correspondem
na paleogeografia da Sequência Acarápe aos fácies de sopé de talude e de planície abissal. O
minério tipo veio (“fluido depositado”) é epigenético e, com teores entre 20% e 70% de C,
forma corpos tabulares e bolsões, controlados em escala local por estruturas de alívio (falhas,
fraturas, zonas de contato, eixos de dobras etc.) que permitiram a percolação de soluções
penumatolíticas relacionadas ao corpo plutônico de Pedra Aguda. As variações dos valores
das relações entre isótopos estáveis de carbono (δ13C) na grafita do minério disseminado são
de -26,72‰ a -23,52‰ e do minério maciço de -27,03‰ a -20,83‰, revelando sinal de
atividades biológicas (bioassinaturas) e permitem afirmar que a grafita das amostras acima
são derivadas de matéria orgânica. Foram apresentados os principais guias de prospecção para
grafita e testados os seguintes métodos geofísicos: Eletrorresistividade; GPR - Ground
Penetrating Radar; Magnetometria; VLF - Very Low Frequency; e Polarização Induzida
Espectral (IPS) / Resistividade (ER). A conjugação dos métodos de Polarização Induzida
Espectral (IPS) e Eletrorresistividade (ER) foi o que demonstrou a melhor eficiência. Com
relação à determinação do teor de carbono por termogravimetria (ATG), que é o método mais
utilizado para este elemento, verificou-se, que as faixas de queima atribuídas ao carbono no
minério do Distrito de Aracoiába-Baturité (340° a 570°C e de 570 a 1050°C) eram diferentes
das faixas do minério de Minas Gerais (“350°C a 650°C” e “650°C a 1.050°C). Esta
constatação indica a necessidade de se determinar previamente as faixas de temperatura para
cada região pesquisada.

Palavras-chave: Grafita. Bioassinaturas. Suturas de bacias. Grafita singenética. Grafita


epigenética. Prospecção. Análise termogravimétrica.
ABSTRACT

FRAGOMENI, Paulo Roberto Pizarro, Survey and study of graphite occurrences in the
Aracoiába-Baturité Graphite-bearing District, CE. 2011. 97f. Thesis (Doctorate in Geology)
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.

The Aracoiába-Baturité Graphite-bearing District has graphitic gneiss deposits (disseminated


ore) and vein (solid ore) with different genetic origins and their own physical characteristics
and geological environments. The graphite gneiss ore is of sedimentary, syngenetic origin,
with 1.5% to 8% C content, which is distributed along two long parallel belts, hosted in the
Baturité Sub-unit, which consists of a major regional metallotect. The association of
metamorphic graphite disseminated in metasediments of the Acarápe Sequence consists of a
geoindicator of an old Neo-Proterozoic sedimentary basin and also can be considered a geo-
suture zone, the result of the subsequent closing of a primitive ocean. The rocks of this sub-
unit correspond in the paleogeography of the Acarápe Sequence to the facies of the bottom of
a slope and of an abyssal plain. The vein ore (“deposited fluid”) is epigenetic and, with C
contents of between 20% and 70%, forms tabular bodies and pockets, controlled on a local
scale by relief structures (faults, fractures, contact zones, fold axes, etc.), which allowed
seepage of pneumatolithic solutions relating to the plutonic body of Pedra Aguda. The
variations in the values of the ratios between stable carbon isotopes (δ13C) in the graphite of
the disseminated ore are -26.72‰ to -23.52‰ and of the solid ore -27.03‰ to -20.83‰,
showing a sign of biological activities (biosignatures), and it can be said that the graphite of
the above samples is derived from organic matter. The main prospecting guides for graphite
were presented and the following geophysical methods tested: Electro-resistivity (ER);
Ground Penetrating Radar (GPR); Magnetometry; Very Low Frequency (VLF); and Spectral
Induced Polarization (SIP) / Electro-resistivity (ER). It was found that the combination of the
Spectral Induced Polarization (SIP) and Electro-resistivity (ER) methods proved the most
efficient. In relation to determining the carbon content using thermogravimetry (TG), which is
the most commonly used method for this element, it was found that the bands of burning
attributed to the carbon in the ore in the Aracoiába-Baturité District (340° to 570°C and from
570oC to 1050°C) were different from the bands of the ore in Minas Gerais (“350°C to
650°C” and “650°C to 1050°C”). This finding suggests the need to determine beforehand the
temperature ranges for each region studied.

Key words: Graphite. Biosignatures. Basin sutures. Syngenetic graphite. Epigenetic graphite.
Research. Thermogravimetric analysis.
6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Mapa de situação da área de estudo............................................................. 14


Figura 2 - Equipamento de IDS-Radar RIS Multifrequencial em Aracoiába............... 18
Figura 3 - Esboço de cenário paleogeográfico do fecho do Ciclo Brasiliano-Pan
Africano, mostrando os principais segmentos colidentes (placas,
microplacas, terrenos) e os principais tipos de faixas móveis gerados.
(Fonte: Almeida et al., 2000)....................................................................... 30
Figura 4 - Província Borborema - Fonte: Bizzi et al., 2003......................................... 31
Figura 5 - Mapas esquemáticos das divisões da Província da Borborema, com as
modificações propostas por Brito Neves et al. (2000) na subdivisão de
Santos (1988)................................................................................................ 33
Figura 6 - Divisão em terrenos tectono-estratigráficos da Subprovíncia Setentrional
da Borborema, com base na integração de dados geológicos e geofísicos
(Fonte: Campelo, 2009)................................................................................ 36
Figura 7 - Mapa Geológico Simplificado dos terrenos Ceará Central e Tauá (Fonte:
Arthaud, 2005). Principais zonas de cisalhamento: TBSZ, Sobral-Pedro
II/Transbrasiliano; TSZ, Tauá; SISZ, Sabonete-Inharé; SPSP, Senador
Pompeu; RGF, Rio Groaíras........................................................................ 40
Figura 8 - Mapa integrado da radiometria (CT) com a geologia da área de tese.......... 49
Figuras 9 e 10- Migmatitos com estruturas dobradas e flebíticas. Embasamento
paleoproterozóico na Fazenda da Laje......................................................... 50
Figura 11 - Fotomicrografia - Enderbito (metatonalito) Cristais de plagioclásio
subeudrais, quartzo interticial e placas de biotita (cores brilhantes) -
Amostra 10653, aumento 25X, nicóis cruzados. Embasamento
paleoproterozóico. Área da Fazenda da Laje............................................... 51
Figura 12 - Fotomicrografia - Metanorito. Cristais de plagioclásio, ortopiroxênio e
hormblenda - amostra 10657, aumento 25X, nicóis cruzados -
Embasamento paleoproterozóico. Área da Fazenda da Laje........................ 51
Figura 13 - Quartzito da Subunidade Aracoiába - na saída de Capistrano..................... 53
Figura 14 - Gnaisse finamente bandado e quartzito intercalado da Subunidade
Aracoiába..................................................................................................... 54
Figura 15 - Paragnaisse com intercalações de quartzito em frente de nappe -
Subunidade Aracoiába – Arredores da cidade de Capistrano...................... 54
Figura 16 - Fotomicrografia do plagioclásio-microclina-sillimanita-biotita gnaisse.
Bandas de sillimanita (azul) e biotita (marrom) e bandas claras ricas em
quartzo e feldspato. Amostra 10654, Nicóis cruzados 25x......................... 55
Figura 17 - Turbidito formado por lentes de quartzito (com feldspato, granada e
muscovita), intercaladas em ortoanfibolitos - Subunidade Baturité (Leito
do Rio Choró/Itãns)...................................................................................... 56
Figura 18 - Contato de “não conformidade” da Sequência Acarápe (Neoproterozóica)
com gnaisse (metanorito) do Embasamento Paleoproterozóico (Represa
da Fazenda da Laje)...................................................................................... 57
Figura 19 - Pico de Pedra Aguda, de composição granítica, na parte central do
Complexo Gabro-Diorítico Anelar de Pedra Aguda.................................... 59
Figura 20 - Esboço dos domínios geotectônicos sob o mapa radiométrico.................... 59
Figura 21 - Estrutura S/Z em anfibolito com intercalações de granada quartzito da
Subunidade Baturité, no leito do Rio Choro ............................................... 61
7

Figura 22 - Vista nos arredores da cidade de Capistrano da estrutura de nappe


colocando em contato estrutural diferentes conjuntos de rochas da
Subunidade Aracoiába. O conjunto e domínio de mar raso, com
predominância de paragnaisses com intercalações de quartzitos e
mármores (A) sobre o conjunto de biotita-gnaisse e anfibolitos de
domínio de talude (B)................................................................................... 62
Figura 23 - Biotita gnaisse grafitoso - minério singenético disseminado (6,54% C)
Fazenda Paraibano, Córrego Marzagão....................................................... 64
Figura 24 - Biotita gnaisse grafitoso - minério singenético disseminado (6,1% C),
Alvo Chereco................................................................................................ 64
Figura 25 - Mapa geológico do Alvo Chereco................................................................ 65
Figura 26 - Mapa geológico do Alvo Erom.................................................................... 66
Figura 27 - Fotomicrografia - Grafita flake dobrada, exibindo o pleocroismo de
reflexão (SE da foto) (amostra 1). Luz refletida. Polarizadores paralelos.
Objetiva 10x. Granulometria média: cerca de 0,7 mm................................ 67
Figura 28 - Fotomicrografia - Grafita flake orientada segundo a xistosidade geral da
rocha (amostra 1). Luz refletida. Polarizadores paralelos. Objetiva 10x.
Granulometria: cerca de 1,54 mm................................................................ 67
Figura 29 - Mapa dos jazimentos de grafita epigenética................................................ 71
Figura 30 e 31- Alvo Cava Sul. Veio de Grafita com minério maciço, epigenético (>70%
de C), com contato brusco com a rocha encaixante (migmatito) - Fazenda
da Laje.......................................................................................................... 72
Figura 32 - Minério fluido depositado - Vênulas de grafita preenchendo fraturas de
uma zona brechada, formando uma estrutura de stockwork. Alvo Cava
Sul................................................................................................................. 74
Figura 33 - Veio de feldspato e quartzo, cortando o corpo de minério de grafita
maciço no entorno do plúton granítico Pedra Aguda - Alvo Cava Sul,
Fazenda da Laje de Pedra............................................................................. 74
Figura 34 - Mapa do corpo de minério maciço Norte-Sul.............................................. 75
Figura 35 - Localização dos alvos de pesquisa - Distrito Grafitífero Aracoiába-
Baturité......................................................................................................... 76
Figura 36 - Mapa geológico e de serviços da Fazenda Riacho das Lajes....................... 79
Figura 37 e 38- Poços rasos na Fazenda da Laje de Pedra para identificação da litologia
subjacente............................................................................................................ 80
Figura 39 e 40- Abertura mecanizada e manual de trincheiras, no alvo Cava Sul................ 81
Figura 41 e 42- Levantamentos de GPR realizados na Fazenda da Laje com Sistemas
Ramac e com GPR IDS-Radar RIS Multifrequencial.................................. 82
Figura 43 e 44- Levantamento de SIP/ER no alvo Erom...................................................... 83
Figura 45 e 46- Sondagem rotativa do alvo Erom, com o método wire line......................... 85
Figura 47 - Seção geológica auxiliar utilizada na cubagem da reserva, com topografia
e mostrando a projeção dos furos de sondagem (FCC 14, FCC 15 e
FCC17) e o perfil final da lavra em vermelho............................................. 89
Figura 48 - Mapa de cargabilidade (IPS) do alvo Chereco............................................. 92
Figura 49 - Mapa de resistividade (ER) do alvo Chereco............................................... 93
Figura 50 - Mapa de cargabilidade (IPS) do alvo Erom................................................. 95
Figura 51 - Mapa de resistividade (ER) do alvo Erom................................................... 96
Figura 52 - Mapa geológico do alvo Madalena Sul........................................................ 98
Figura 53 - Mapa geológico do alvo Extensão Nordeste................................................ 99
Figura 54 - Foto da Cava Sul na fazenda Laje de Pedra................................................. 100
Figura 55 - Mapa geológico do alvo Cava Sul................................................................ 101
8

Figura 56 - Mapa geológico do alvo Norte-Sul.............................................................. 102


Figura 57 - Mapa geológico do alvo Juamirim............................................................... 104
Figura 58 - Mapa de cargabilidade (IPS) do alvo Juamirim........................................... 105
Figura 59 - Mapa de resistividade (ER) do alvo Juamirim............................................. 106
Figura 60 - Bolsão de minério maciço de grafite, encaixado em granada biotita
gnaisse. Alvo Juamirim, Fazenda Florêncio................................................ 107
Figura 61 - Mapa geológico do alvo Madalena Norte.................................................... 108
Figura 62 - Mapa de cargabilidade (IPS) do alvo Madalena Norte................................ 109
Figura 63 - Mapa de resistividade (ER) do alvo Madalena Norte.................................. 110
Figura 64 - Faixa das ocorrências de ortoanfibolito e grafita singenética...................... 113
Figura 65 - Seção hipotética representando a zona de mar raso onde sedimentou a
subunidade Aracoiába e a zona de mar profundo com a sedimentação das
subunidades Baturité I e II........................................................................... 116
Figura 66 - Curvas de análise térmica da amostra AP.150/15N..................................... 122
Figura 67 - Equipamento integrado de Magnetometria e VLF (Pedra Branca).............. 125
Figura 68 - Levantamento de IPS/ER na picada 150 do alvo Erom............................... 125
Figura 69 - Perfil de cargabilidade e resistividade da linha 100S do alvo Erom............ 127
9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quadro comparativo das relações δ13C em grafitas de diferentes origens


(matéria orgânica sedimentar, magmática e de reações minerais com
carbonato)..................................................................................................... 27
Tabela 2 - Divisões da Província da Borborema, Santos (1988) e Brito Neves et al.
(2000)........................................................................................................... 34
Tabela 3 - Análise modal de amostras de minério grafitoso do tipo disseminado........ 68
Tabela 4 - Estimativa volumétrica dos teores de grafita por faixa granulométrica....... 68
Tabela 5 - Teores médios do minério epigenético......................................................... 72
Tabela 6 - Composição mineralógica do minério do tipo epigenético.......................... 73
Tabela 7 - Picadas abertas nos alvos de pesquisa.......................................................... 78
Tabela 8 - Poços rasos abertos nos alvos de pesquisa................................................... 80
Tabela 9 - Trincheiras abertas nos alvos de pesquisa.................................................... 81
Tabela 10 - Teores de carbono determinados nas mesmas amostras por laboratórios
do CETEM e do CDTN................................................................................ 86
Tabela 11 - Reservas de grafita dos depósitos de Pedra Branca, Aracoiába................... 89
Tabela 12 - Diferentes assinaturas isotópicas do C......................................................... 119
Tabela 13 - Relação 13C/12C de amostras de grafita do Distrito Grafitífero Aracoiába-
Baturité......................................................................................................... 119
Tabela 14 - Comparação da relação 13C/12C entre amostras de grafita do Distrito
Grafitífero Aracoiába-Baturité e de diferentes origens genéticas................ 120
Tabela 15 - Amostra de campo analisada em 4 (quatro) diferentes laboratórios por
termogravimetria.......................................................................................... 121
Tabela 16 - Quadro comparativo das faixas de queima adotadas para os minérios
do norte de Minas Gerais e do Distrito Grafitífero Aracoiába-Baturité....... 122
10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................... 13
1 APRESENTAÇÃO............................................................................................. 13
1.1 Histórico................................................................................................................ 13
1.2 Localização e vias de acesso................................................................................ 14
1.3 Metodologia e atividades desenvolvidas............................................................ 15
1.3.1 Levantamento e análise da bibliografia................................................................. 15
1.3.2 Mapeamento geológico.......................................................................................... 15
1.3.3 Levantamento de campo e cadastramento das mineralizações.............................. 16
1.3.4 Geofísica................................................................................................................ 16
1.3.4.1 Eletrorresistividade (ER)....................................................................................... 17
1.3.4.2 GPR - Ground Penetrating Radar......................................................................... 17
1.3.4.3 Polarização Induzida Espectral (IPS) - Eletrorresistividade (ER)......................... 18
1.3.4.4 Magnetometria e VLF - Very Low Frequency…................................................... 19
1.3.5 Sondagens rotativas............................................................................................... 19
1.3.6 Análises laboratoriais............................................................................................. 19
1.3.6.1 Teor de carbono do minério grafitoso................................................................... 19
1.3.6.2 Isótopos de carbono............................................................................................... 20
1.3.7 Trabalhos de escritório e laboratório..................................................................... 20
2 MINERALIZAÇÕES DE GRAFITA (Estado da Arte)................................. 21
2.1 Origem dos depósitos de grafita......................................................................... 21
2.1.1 Desidrogenização progressiva da matéria orgânica durante o metamorfismo de
rochas sedimentares............................................................................................... 21
2.1.2 Fonte magmática, onde a precipitação da grafita ocorre devido às soluções
(fluidos magmáticos e/ou gases vulcânicos) ricas em carbono que infiltram CO2
nas rochas............................................................................................................... 21
2.1.3 Grafita originada por reações de minerais carbonáticos........................................ 22
2.2 Classificação genética dos depósitos de grafita................................................. 22
2.2.1 Depósitos de grafita singenéticos.......................................................................... 23
2.2.2 Depósitos de grafita epigenéticos.......................................................................... 23
2.2.3 Metamorfismo de contato de carvão (carvão grafitizado)..................................... 24
2.3 Isótopos estáveis de carbono............................................................................... 24
2.4 Grafita biogênica - geotermômetro e geoindicador.......................................... 27
2.4.1 Variação secular na geoquímica dos carbonatos sedimentares............................. 28
3 CONTEXTO GEOLÓGICO DA PROVÍNCIA BORBOREMA.................. 29
3.1 Histórico do conhecimento geológico................................................................. 29
3.2 Província Borborema (Estado da Arte)............................................................. 29
3.2.1 Divisão da Província Borborema........................................................................... 32
3.2.1.1 Subprovíncias da Borborema................................................................................ 36
3.2.1.1.1 Subprovíncia Setentrional...................................................................................... 37
3.2.1.1.2 Subprovíncia da Zona Transversal........................................................................ 37
3.2.1.1.3 Subprovíncia Externa ou Meridional..................................................................... 37
11

3.2.2 Terreno Ceará Central............................................................................................ 38


3.2.2.1 Grupamentos Tectônicos do TCC......................................................................... 39
3.2.2.1.1 Núcleo Arqueano................................................................................................... 41
3.2.2.1.2 Terrenos Acrescionários do Paleoproterozóico..................................................... 41
3.2.2.1.3 Sequência Supracrustal Neoproterozóica (Grupo Ceará)...................................... 43
3.2.2.1.4 Complexo Tamboril - Santa Quitéria.................................................................... 45
3.2.2.1.5 Granitos Brasilianos - Plutonismo granítico.......................................................... 46
4 GEOLOGIA DA ÁREA DO PROJETO: DISTRITO GRAFITÍFERO
ARACOIÁBA-BATURITÉ................................................................................ 47
4.1 Complexo Cruzeta / Unidade Mombaça............................................................ 47
4.2 Terrenos Acrescionários do Paleoproterozóico................................................ 47
4.3 Grupo Ceará........................................................................................................ 52
4.3.1 Sequência Acarápe - Subunidade Aracoiába......................................................... 53
4.3.2 Sequência Acarápe - Subunidade Baturité I.......................................................... 54
4.3.3 Sequência Acarápe - Subunidade Baturité II........................................................ 56
4.3.4 Contato da Sequência Acarápe / Embasamento paleoproterozóico...................... 57
4.4 Granitóides cinzentos da Supersuite Granitóide Tardi a Pós-Orogênica. 57
4.5 Complexo Gabro-Diorítico da Suíte Gabróide Pós-Orogênica....................... 58
4.6 Geologia Estrutural............................................................................................. 59
4.6.1 Contato entre unidades da Sequência Acarápe através de estrutura de nappe...... 61
5 GEOLOGIA DAS MINERALIZAÇÕES......................................................... 63
5.1 Mineralizações de grafita do Distrito Aracoiába-Baturité.............................. 63
5.1.1 Minério disseminado do tipo gnaisse grafitoso..................................................... 63
5.1.1.1 Faixas de ocorrência de gnaisse grafitoso na área do projeto................................ 69
5.1.1.1.1 Faixa de gnaisse grafitoso Chereco - Erom (I)...................................................... 69
5.1.1.1.2 Faixa de gnaisse grafitoso Fazenda Alvorada - Itans (II)...................................... 69
5.1.2 Minério maciço do tipo “veio”.............................................................................. 70
5.2 Trabalhos de prospecção e pesquisa geológico-tecnológica............................. 76
5.2.1 Mapeamento geológico e cadastramento de ocorrências....................................... 77
5.2.2 Mapeamento de detalhe......................................................................................... 78
5.2.3 Implantação de malhas de pesquisa....................................................................... 78
5.2.4 Abertura de poços e trincheiras............................................................................. 78
5.2.5 Levantamentos geofísicos..................................................................................... 82
5.2.5.1 Eletrorresistividade (ER)....................................................................................... 82
5.2.5.2 GPR - Ground Penetrating Radar......................................................................... 82
5.2.5.3 Polarização induzida espectral e eletro-resistividade............................................ 83
5.2.5.4 Magnetometria e VLF - Very Low Frequency...................................................... 84
5.2.6 Sondagem rotativa................................................................................................. 84
5.2.7 Análises químicas e caracterização do minério..................................................... 85
5.2.8 Cálculo de reservas................................................................................................ 87
5.2.9 Testes de beneficiamento mineral......................................................................... 90
5.2.10 Características dos alvos de minério disseminado................................................ 91
5.2.10.1 Alvo Chereco......................................................................................................... 91
5.2.10.2 Alvo Erom............................................................................................................. 94
12

5.2.10.3 Alvo Madalena Sul................................................................................................ 94


5.2.10.4 Alvo Extensão Nordeste........................................................................................ 97
5.2.11 Características dos alvos de minério maciço......................................................... 97
5.2.11.1 Alvo Cava Sul........................................................................................................ 97
5.2.11.2 Alvo Norte-Sul...................................................................................................... 100
5.2.11.3 Alvo Juamirim....................................................................................................... 103
5.2.11.4 Alvo Madalena Norte............................................................................................ 107
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 111
6.1 Contexto geológico............................................................................................... 111
6.2 Controle das mineralizações do Distrito Aracoiába-Baturité......................... 115
6.2.1 Controle paleogeográfico - geotectônico.............................................................. 115
6.2.2 Controles regionais e locais das ocorrências de grafita do Distrito de
Aracoiába-Baturité................................................................................................. 117
6.3 Comentários sobre as mineralizações de grafita............................................... 118
6.3.1 Origem do carbono das grafitas dos depósitos do Distrito Aracoiába-
Baturité................................................................................................................... 118
6.4 Considerações sobre a determinação dos teores de carbono........................... 120
6.4.1 Método analítico.................................................................................................... 120
6.5 Guias de prospecção e pesquisa.......................................................................... 123
6.5.1 Considerações sobre a prospecção geofísica realizada.......................................... 124
7 CONCLUSÕES.................................................................................................... 128
REFERÊNCIAS................................................................................................... 130
ANEXO A - Mapa geológico da área de estudo
13

INTRODUÇÃO

1 APRESENTAÇÃO

O presente trabalho constitui o resultado do estudo das ocorrências de grafita no


nordeste do estado do Ceará, especialmente nos municípios de Aracoiába e Baturité, com o
objetivo de apresentar as características e as gêneses destas mineralizações e sugerir um
modelo metalogênico-geotectônico.
Neste estudo também são abordados os resultados dos trabalhos de prospecção da
grafita na região, com destaque para certos parâmetros geológicos e geofísicos, que podem
balizar futuros trabalhos de pesquisa deste bem mineral.
A relevância deste tema deve-se principalmente à atual importância da grafita na
indústria mundial, com o enorme crescimento de sua utilização em segmentos nobres, como:
baterias para telefones celulares e outros eletro-eletrônicos portáteis; na produção de
automóveis híbridos; e em “célula a combustível” (fuel cells) para o revolucionário uso do
hidrogênio como combustível.

1.1 Histórico

As ocorrências de grafita desta região são conhecidas deste a década de 40, período da
Segunda Grande Guerra, quando houve uma procura intensiva deste bem mineral para a
indústria bélica, principalmente como lubrificante de esteiras (lagartas) de tanques de guerra e
carros de combate.
Na Fazenda da Laje, localidade de Pedra Branca, ainda há vestígios de escavações em
depósitos de minério maciço de grafita e de uma planta rudimentar de beneficiamento,
construída pelos pesquisadores ingleses. Como curiosidade, registra-se o fato de que o
proprietário desta fazenda possui uma caderneta de campo e um mapa, de um antigo geólogo
inglês, com o registro das escavações realizadas no ano de 1945.
Após a Segunda Grande Guerra, por décadas, essas ocorrências não suscitaram
interesse das empresas mineradoras e somente no ano de 2004 é que foram identificados
jazimentos de grande porte de minério disseminado, através de pesquisas sistemáticas
realizadas por empresas de mineração. Os trabalhos de pesquisa mineral efetuados foram
capitaneados pelo autor desta tese e permitiram bloquear reservas superiores a 1,8 milhões de
toneladas de grafita neste distrito grafitífero.
14

1.2 Localização e vias de acesso

O distrito grafitífero situa-se na mesoregião Norte Cearense, a 90 km a SSW da cidade


de Fortaleza, abrangendo os municípios de Aracoiába, Baturité, Capistrano e Itapiúna.
A área selecionada para o mapeamento cobriu a zona de influência das mineralizações,
bem como as principais estruturas e unidades geológicas relacionadas (Figura 1) e
corresponde a uma superfície de 1.000 km2 definida por um retângulo de 25 km x 40 km.

Figura 1 – Mapa de situação da área de estudo

O acesso pode ser feito de Fortaleza pela rodovia asfaltada CE-060, percorrendo-se 76
km a partir do Anel Viário da Pajuçara, em direção à sede do Município de Aracoiába. Da
cidade de Aracoiába, segue-se no rumo sul para o povoado de Pedra Branca por um percurso
de 18 km, em estrada macadamizada.
15

1.3 Metodologia e atividades desenvolvidas

Os trabalhos consistiram inicialmente na obtenção da maior quantidade possível de


informações sobre a área e sobre o tipo de minério em questão e, a seguir, foi confeccionado
um mapa geológico preliminar. Este mapa, que serviu de base para os primeiros trabalhos,
evoluiu para o mapa geológico final a partir do incremento dos novos dados de trabalhos de
campo efetuados.
Foram de grande valia para o presente projeto as informações disponibilizadas pela
empresa Expresso Leão Empreendimento e Participações Ltda. (ELEP), que realizou pesquisa
mineral na região. Mesmo sem cunho científico estes dados facilitaram e orientaram os
trabalhos de campo.

1.3.1 Levantamento e análise da bibliografia

O trabalho teve início com o levantamento e a análise de bibliografia disponível sobre


a área e sobre mineralizações de grafita em geral. Foram analisados também os dados do
Projeto Grafita Pedra Branca, disponibilizados pela mineradora ELEP, incluindo testemunhos
de sondagem, análises químicas, levantamentos geofísicos e mapas.
O levantamento da cartografia disponível incluiu: mapas geológicos básicos; imagens
dos satélites Landsat (imagens em pseudo color, virtual color e 2000) e Adeos (Advanced
Earth Observing Satellite – Embrapa); e levantamento aerogeofísico de magnetometria e
gamaespectrometria realizado pela LASA a serviço da Nuclebras em 1977 (altura do vôo
150m; espaçamento das linhas de vôo 500m).
Todas as informações bibliográficas reunidas foram organizadas para consulta e os
dados de imagem (mapas, levantamentos geofísicos e imagens de satélite) foram dispostos em
um banco de imagens informatizado em MapInfo Professional. Este aplicativo de
mapeamento é baseado na plataforma Microsoft Windows, e possibilita visualizar facilmente e
integrar diferentes imagens e dados de campo.

1.3.2 Mapeamento geológico

Para facilitar a compreensão do contexto geológico em que as mineralizações estão


inseridas e considerando a carência de informações sobre a geologia local, foi elaborado
um Mapa Geológico na escala 1:100.000, ressaltando os aspectos de interesse da pesquisa
(Anexo A). Este mapa foi feito a partir de dados de campo, com interpretação de imagens
16

de satélite (Landsat 2000, Landsat VC, Landsat PC), e de plantas aerogeofísicas


(radiometria e magnetometria), apoiado também pelas informações bibliográficas.

O levantamento aerogeofísico utilizado foi o do Projeto Nº 2027 da CPRM, de


magnetometria e gamaespectometria (intervalo AM de 1s; altura de vôo 150m;
espaçamento LV de 500m) realizado pela LASA – Engenharia e Prospecções S.A. para as
Empresas Nucleares Brasileiras S. A. – Nuclebras, no ano de 1977.

A base cartográfica utilizada (anexo I) foi extraída dos mapas topográficos na escala
1:100.000, executados pelo DSG em 1970: Folha de Baturité – SB.24-X-A-I e Folha de
Itapiúna – SB.24-X-A-VI. A área selecionada para o mapeamento cobriu a zona de influência
das mineralizações, bem como as principais estruturas e unidades geológicas relacionadas, e
corresponde a uma superfície de 1.000 km2, definida por um retângulo de 25 km x 40 km com
os seguintes vértices:
Vértice Latitude (S) Longitude (W)
NW 04º 25’ 17,6” 38º 58’ 15,3”
NE 04º 25’ 17,6” 38º 36’ 36,6”
SW 04º 38’ 46,1” 38º 58’ 15,3”
SE 04º 38’ 46,1” 38º 36’ 36,6”

1.3.3 Levantamento de campo e cadastramento das mineralizações

Durante o período de elaboração do presente estudo foram realizadas 5 (cinco)


etapas de campo para reconhecimento da geologia e, principalmente, de visita a todos os
corpos mineralizados conhecidos. Foram inspecionadas as amostras e os testemunhos de
sondagem da mineradora ELEP, e todas as informações foram registradas em planilha
Excell que permite a integração com o banco de imagens em Mapinfo.

Para melhor entendimento do contexto geológico, foram realizadas 15 (quinze)


descrições petrográficas em seções delgadas com luz transmitida e refletida. Também, foram
feitas estimativas volumétricas dos teores de grafita por faixa granulométrica em amostras de
minério, desagregadas com o devido cuidado para que não houvesse cominuição dos cristais
de grafita. Em 6 (seis) amostras de minério, foram realizadas determinações de isótopos de
carbono, com o objetivo de identificação da origem da mesma.

1.3.4 Geofísica
Em função da escassa informação disponível sobre aplicações de geofísica em
prospecção de grafita foram testados diferentes métodos, cujas respectivas metodologias serão
17

apresentas a seguir. Todos os levantamentos geofísicos apresentados foram realizados por


técnicos especializados, ficando as interpretações a cargo de geólogos-geofísicos que atuavam
em diversas empresas ou instituições.
O presente autor acompanhou todos os levantamentos de campo e teve participação
direta nas interpretações dos dados geofísicos, adequando as informações aos dados
geológicos levantados em cada área estudada.

1.3.4.1 Eletrorresistividade (ER)


O estudo geofísico por eletrorresistividade (ER) das rochas foi realizado em malha de
campo implantada na área da Fazenda Laje de Pedra, tendo utilizado para coleta dos dados de
campo os dispositivos de arranjo dos eletrodos pelos métodos Schulumberger e Wenner.
Sondagem elétrica vertical com arranjo Schlumberger – As seções geoelétricas foram
obtidas com o arranjo linear quadripolar, AB fixo = 200 m, MN = 20 m e X = 10m. Foram
prospectados 122 pontos ao longo das picadas situadas entre as picadas 300S e 50 N.
Mapeamento Elétrico Wenner – As melhores informações foram obtidas com leituras
de AB = 30m, a = 10m, x = 5m, com aquisição de dados pontuais à profundidade constante de
5,5 m.

1.3.4.2 GPR - Ground Penetrating Radar


O GPR é um método de investigação geofísica, por meio de ondas eletromagnéticas
de altas frequências (10-1000 MHz), empregado no estudo em detalhe da subsuperfície. Um
pulso de energia de alta frequência é irradiado para o subsolo por intermédio de uma antena
transmissora, sofrendo reflexões, refrações e difrações, sendo então captado por uma antena
receptora.
Na malha de pesquisa implantada na área da Fazenda da Laje de Pedra foram
efetuados 16 perfis de radar, totalizando 2.200 metros levantados lineares. Esta área, onde
afloram dois corpos de minério de grafita, foi escolhida para testar os desempenhos dos
diferentes métodos geofísicos.
Para definir o melhor desempenho do método para a detecção das camadas de
cascalheiros superficiais foram testados dois equipamentos nas mesmas linhas de picada.
Inicialmente foi testado o sistema IDS-Radar RIS Multifrequencial: 08 canais com Antenas
blindadas de 200 e 600MHz. Este equipamento percorreu a superfície do solo a uma altura
inferior a 5 centímetros e, para isso, foi necessária a retirada de qualquer obstáculo (pedras,
raízes e etc.) das picadas que pudesse atrapalhar o movimento do equipamento (Figura 2).
18

De forma a testar o método, foi feito um levantamento das mesmas linhas com um
novo equipamento Sistemas Ramac/GPR, com antenas não blindadas.

Figura 2 - Equipamento de IDS-Radar RIS Multifrequencial em Aracoiába

1.3.4.3 Polarização Induzida Espectral e Eletrorresistividade

A alta cargabilidade e baixa resistividade do minério de grafita indicaram a


experiência conjugada dos métodos de Polarização Induzida Espectral (IPS) e
Eletrorresistividade (ER), que foram executados pelo Laboratório de Pesquisas Geofísicas
Aplicadas da UFPR (STEVANATO et al., 2004).
Foi feita a polarização induzida espectral (SIP - Spectral Induced Polarization),
utilizando-se o arranjo dipolo-dipolo, com espaçamento entre os eletrodos de corrente e os de
potencial de 20 metros (AB=MN=20m).
Os levantamentos de SIP (resistividade, Tau, cargabilidade global e cargabilidade
Cole-Cole), no arranjo dipolo-dipolo, empregaram uma disposição eletródica dada por um par
de eletrodos de corrente AB e outros seis pares de eletrodos de potencial MN dispostos ao
longo de uma linha. Isto permitiu elaborar uma pseudoseção com seis níveis de profundidade
de investigação. A profundidade estimada de investigação variou de 4 a 87 metros.
Os levantamentos foram realizados em duas etapas, sendo: a primeira em áreas de
ocorrência de minério maciço (Fazenda Laje de Pedra, Madalena Norte e Fazenda Juamirim)
e a segunda em áreas de ocorrência de minério disseminado (Fazendas Chereco e Erom).
Os levantamentos foram feitos nas malhas de pesquisa, ao longo das linhas abertas
(picadas) na direção E-W, perfazendo mais de 7.000 m lineares.
19

1.3.4.4 Magnetometria e VLF - Very Low Frequency

Depois de concluída a pesquisa no Alvo Chereco foi realizado um sucinto


levantamento de Magnetometria e VLF, aplicados concomitantemente, para comparação de
seu desempenho em relação ao método IPS/ER. Foram realizados 4 (quatro) perfis ao longo
das picadas transversais ao corpo Chereco, com espaçamento entre as leituras de 20 metros.

1.3.5 Sondagens rotativas

Foram feitas duas campanhas de sondagem que ficaram a cargo das empresas Orcioli
Geólogos Associados Ltda. e Geosol Geologia e Sondagem Ltda. Ao todo foram efetuados 25
(vinte e cinco) furos assim distribuídos: 7 (sete) furos na Fazenda Laje de Pedra, 12 (doze) no
Alvo Chereco e 6 (seis) no Alvo Erom, totalizando 1800 metros de sondagem rotativa com
coroa diamantada, com diâmetros NX e BX.
A primeira campanha de sondagem foi realizada com diâmetro BX e pelo método
convencional, que consistiu na utilização do conjunto: coroa diamantada, barrilete
amostrador, haste e acessórios. Para cada coleta de amostra foi necessária a retirada de todo o
ferramental do furo.
Já na segunda campanha utilizou-se o método Wire Line, iniciando os furos com o
diâmetro NX e depois reduzindo para BX. Nesse sistema, após cada manobra de corte do
testemunho, somente o tubo interno do barrilete é alçado à superfície, por meio de cabo de
aço tracionado por guincho, passando por dentro das hastes de perfuração.
Todos os testemunhos foram guardados em caixas de madeira, apropriadas, com
indicação das respectivas metragens lineares.

1.3.6 Análises laboratoriais

1.3.6.1 Teor de carbono do minério grafitoso


As determinações dos teores de carbono foram realizadas por termogravimetria e
termodiferencial, pelos laboratórios do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear
/CNEN (CDTN) e do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM).
As análises termogravimétricas foram realizadas em um equipamento TA Instruments
- SDT 2960 nas seguintes condições de operação: taxa de aquecimento de 10°C/min até
1200°C, porta amostras de platina, alumina calcinada como referência, atmosfera de ar com
vazão de 100 ml/min. O preparo da amostra consistiu da moagem em gral de cerâmica e
secagem a 100°C em estufa a vácuo por 12 horas.
20

Durante a fase de pesquisa mineral as determinações dos teores de carbono seguiram


uma rotina padrão destes laboratórios, que distinguia dois tipos de materiais carbonosos, com
perda de massa exotérmica (libera calor) respectivamente nas faixas de temperatura “350°C-
650°C” e “650°C a 1.050°C”. Sendo a primeira relativa ao carbono de material orgânico
superficial e a grafita microcristalina e a segunda correspondendo a grafita cristalizada
(flocos) de maior interesse econômico.
Após a fase de pesquisa mineral, foram aferidos com maior precisão os limites dos
eventos endotérmicos na curvas de análise térmica do minério de Aracoiába-Baturité. Este
estudo foi realizado com o apoio do CETEM.

1.3.6.2 Isótopos de carbono


Para estudo da origem do carbono nos dois tipos de minério de grafita (maciço e
disseminado) que ocorrem na área de estudo, foram realizadas análises dos isótopos de
carbono em 6 (seis) amostras representativas. Estas análises foram feitas no laboratório da
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com o instrumental da LECO Corporation
(modelo CHN-600), utilizando a norma ASTM-D5373.
As amostras foram moídas a 200 mesh em gral de ágata. Em seguida, foram separadas
em alíquotas de 10 gramas e atacadas com HCl e HF, por um período de 24 horas. Após cada
ataque ácido, as amostras foram lavadas com H2O destilada e decantadas por um período de
48 horas.

1.3.7 Trabalhos de escritório e laboratório

Todas as informações obtidas foram reunidas e organizadas para consulta e os dados


de imagem (mapas, levantamentos geofísicos e imagens de satélite) foram dispostos em um
banco de imagens informatizado em MapInfo Professional. Este aplicativo de mapeamento é
baseado na plataforma Microsoft Windows, e possibilita visualizar facilmente e integrar
diferentes imagens e dados de campo.
Com base nos recursos acima descritos, foi possível elaborar um mapa geológico
esquemático, onde se pode visualizar a distribuição das mineralizações de grafita na região,
definir o contexto geológico regional e estabelecer os controles regionais e locais das
mineralizações.
21

2 MINERALIZAÇÕES DE GRAFITA (Estado da Arte)

2.1 Origem dos depósitos de grafita

A literatura especializada considera que o material grafitoso contido nas rochas pode
ser originado basicamente por três processos (SHARMA; KUMAR, 1998):
- Desidrogenização progressiva da matéria orgânica durante o metamorfismo de
rochas sedimentares;
- Fonte magmática, onde a precipitação da grafita ocorre devido às soluções (fluidos
magmáticos e gases vulcânicos) ricas em carbono que infiltram CO2 nas rochas;
- Grafitas que se originam das reações de minerais carbonáticos.

2.1.1 Desidrogenização progressiva da matéria orgânica durante o metamorfismo de rochas


sedimentares

Constitui a transformação de matéria orgânica de origem biológica em grafita (+ CO2,


CH4, H2 e água) através do metamorfismo (ITAYA, 1981). A matéria orgânica de origem
biológica foi depositada juntamente com sedimentos em bacias sedimentares, depois foi
rapidamente coberta por sedimentos e/ou águas estagnadas em ausência do oxigênio. A
seguir, esta matéria orgânica (querogênio) foi transformada em grafita sob metamorfismo em
altas pressões e temperaturas.
Os oceanos são considerados como a fonte deste carbono biogênico. Através de
estudos do ambiente de deposição das rochas hospedeiras e dos materiais orgânicos, conclui-
se que as bactérias e as algas eram as fontes mais prováveis para esta matéria orgânica.
Uma evidência da participação direta de materiais orgânicos associados com as
bactérias na formação da grafita diagenética, foi demonstrada por Tazaki et al. (1992). Eles
mostram que ocorre grafitização gradual ao longo das pilhas bacterianas, produzindo cristais
de forma cilíndrica. Este processo progressivo de mineralização do material orgânico mostrou
formas quase perfeitas da grafita.

2.1.2 Fonte magmática, onde a precipitação da grafita ocorre devido às soluções (fluidos
magmáticos e/ou gases vulcânicos) ricas em carbono que infiltram CO2 nas rochas

Neste caso a grafita é formada pelo carbono depositado por fluidos magmáticos e/ou
gases vulcânicos, ricos em CO2 e em CH4, produzindo grafita + H2O. O resfriamento das
misturas fluidas de C-O-H e/ou a diminuição do seu estado de oxidação também podem
causar a precipitação de grafita.
22

A grafita não é um mineral comum em rochas ígneas e raramente é abundante. Os


exemplos de origem magmática de maior destaque na bibliografia são os depósitos de grafita
associados a sulfeto nas rochas ultramáficas de Serranía de Ronda (Espanha) e Beni Bousera
(Marrocos). Estas ocorrências formam diques, bolsões e stockworks, e estão encaixadas em
rochas ultramáficas de fácies espinélio-lherzolito. Os veios são compostos por grafita, cromita
e sulfetos de Fe-Ni-Cu, sendo que a grafita é bem cristalizada e apresenta assinaturas de
isótopos leves de carbono (LUQUE et al., 1992).
As evidências de grafita de origem magmática nos complexos ultramáficos de
Stillwater e Bushveld também são consideradas relevantes. Segundo Mathez et al. (1989), a
grafita ocorre como mineral acessório em troctolitos e rochas ricas em olivina, e sua frequente
associação com cloro-apatita indica que foi gerada através de um enriquecimento na fase de
cristalização na presença de fluidos magmáticos ricos em compostos clorados (HCl e CH3Cl).
Nestes complexos as relações petrográficas e a presença da assembléia “forsterita-antigorita-
calcita-grafita” demonstram um equilíbrio das fases ricas em carbono durante a
serpentinização.

2.1.3 Grafita originada por reações de minerais carbonáticos

Trata-se da origem de material grafitoso pela transformação pós-deposicional de


sedimentos carbonáticos, através de percolações de fluidos metamórficos e destruição de
minerais carbonáticos. Nestes calcários, precipitados sob condições marinhas, predomina
fortemente o carbono inorgânico oxidado, sobre o carbono orgânico reduzido, contido na
matéria orgânica.
Como exemplos de ocorrências de material grafitoso, com origem considerada como
decorrente da transformação pós-deposicional de sedimentos carbonáticos, temos os seguintes
mármores grafíticos: dentro de supracrustais Arqueanas no sudoeste da Índia (SHARMA;
KUMAR, 1998) e no Isua Belt -3.8 Ga na Groenlândia Ocidental (LEPLAND et al., 2002); no
Complexo Grenville, no flanco leste das Montanhas Adirondack de Nova York; e na
sequência pré-cambriana de Mörtersdoff na Austria (WEIS et al., 1981).

2.2 Classificação genética dos depósitos de grafita

Quanto à relação genética com a rocha encaixante, os depósitos de grafita podem ter
sido formados em conjunto com a rocha hospedeira (singenéticos) ou introduzidos
23

posteriormente na rocha (epigenético). Estes dois tipos genéticos apresentam aspectos gerais
bastante distintos.

2.2.1 Depósitos de grafita singenéticos

As ocorrências singenéticas de grafita podem ser: estratiformes, dentro de séries


calciossilicatadas; disseminadas dentro de sequências terrígenas; e restitos grafitosos dentro
de rochas anatéticas. Estes depósitos ocorrem em rochas metassedimentares, como resultado
da transformação de matéria orgânica através de metamorfismo, e apresentam as seguintes
características:

ƒ Grafita normalmente cristalina, em flocos (flakes), ou microcristalina.


ƒ Ocorre disseminada em rochas metassedimentares, mais frequentemente em xistos e
gnaisses, podendo ocorrer também em rochas carbonáticas, formações ferríferas e
anfibolitos.
ƒ Os teores desses jazimentos são baixos, inferiores a 12% de C, e normalmente entre 2% e
8% de C.
ƒ Os corpos são estratiformes, geralmente de forma lenticular e de grandes dimensões,
podendo apresentar extensões superiores a 1000 m e larguras de dezenas de metros.
ƒ O contato dessas rochas grafitosas com as rochas encaixantes é normalmente gradacional
e não costuma ser brusco.
ƒ Mineralogia da ganga - Hospedados em paragnaisses: feldspato, quartzo, biotita,
clinopiroxênio, granada, sillimanita, cianita, sulfetos, clinozoizita, escapolita; Hospedadas
em rochas carbonáticas: calcita, clinopiroxênio, pirita, e outros sulfetos, dolomita,
anortita, clorita, clinozoizita, zoizita, granada – (SIMANDL; KENAN, 1997a).

2.2.2 Depósitos de grafita epigenéticos

A grafita epigenética tem sua origem decorrente da precipitação de carbono sólido


através de fluidos naturais com carbono, como CO, CO2 e CH4. A maioria das grafitas
“fluidos depositadas” ocorre em veios, em depósitos de substituição e como disseminações
em rochas plutônicas máficas e ultramáficas (LUQUE et al., 1998). Grande parte destes
depósitos é formada por fluidos de segregação metamórfica de depósitos singenéticos, com a
mobilização do carbono em terrenos metamórficos, sendo frequente a ocorrência de depósitos
de grafita epigenético associados a depósitos singenéticos.
24

As características deste tipo de depósito são as seguintes:

ƒ Grafita normalmente cristalina, em flocos (flakes), ou microcristalina.


ƒ Ocorre em veios discordantes, preenchendo fraturas e falhas, e pode também preencher
zonas de fraqueza concordantes com a foliação.
ƒ O minério é maciço, com teores elevados de carbono, variando de 20 a 70%.
ƒ Os corpos são normalmente tabulares, de reduzidas dimensões, com larguras que variam
de milímetros até poucos metros.
ƒ O contato com as rochas encaixantes é sempre brusco.
ƒ Mineralogia da Ganga - feldspato, quartzo, biotita, pirita e carbonatos.

2.2.3 Metamorfismo de contato de carvão (carvão grafitizado)

Rochas carbonosas podem ser convertidas em grafita microcristalina através de


metamorfismo de contato nas auréolas de plutons ígneos. Neste caso já havia um sedimento
carbonoso singenético, que foi transformado em grafita pelo metamorfismo termal e pela
influência de fluidos magmáticos.
As relações de isótopos indicam que as rochas ígneas não contribuem com carbono
adicional para as grafitas de depósitos de carvão grafitizado e que essa transformação se dá
principalmente pelo metamorfismo termal (DEGENS, 1969; VINOGRADOV;
KROPOTOVA, 1968).
Os melhores exemplos de carvão grafitizado são as ocorrências da Formação
Barranca, em Sonora nos Estados Unidos e da Série Ecca na África do Sul.
Um caso especial de sedimentos carbonosos grafitizados através de fluidos
magmáticos e metamorfismo termal é a Mina de Borrowdale, situada em Cumberland,
Inglaterra. Esta foi a primeira mina comercial de grafite no mundo, descoberta em 1504, e
está na parte mais inferior da série vulcânica de Borrowdale, de idade Ordoviciana (OLIVER,
1961; ALFAIATE, 1971 apud WEIS et al., 1981). A grafita ocorre como massas
arredondadas irregulares, nódulos, veios e concreções em lavas com alteração hidrotermal,
tufos, brechas e rochas intrusivas, na maior parte de composição andesítica (STRENS, 1965).

2.3 Isótopos estáveis de carbono

Os primeiros trabalhos visando à utilização de isótopos estáveis de carbono como um


sinal de atividades biológicas (bioassinaturas) foram do início da década de 40. Apenas na
década de 50 esta teoria foi reforçada devido ao progresso feito nas técnicas analíticas, que
25

13
levaram à descoberta de grandes variações nas relações C/12C entre os vários materiais
orgânicos de carbono e ao avanço nas geociências, que levou à melhor compreensão dos
processos biogeoquímicos em ambientes terrestres e marinhos, atuais e antigos.
12 13
Os isótopos estáveis de carbono C e o C são úteis para identificar a origem do
carbono porque preservam internamente à distinta assinatura isotópica do seu tempo de
formação. A matéria viva (bactérias e plantas) retoma o carbono da atmosfera através do CO2,
quebrando preferencialmente os laços mais fracos dos isótopos leves, promovendo uma
seleção isotópica com o enriquecimento do 12C em relação ao 13C.
A relação entre estes isótopos é expressa em variação de partes por mil (±‰),
comparando a amostra com o padrão de referência internacional para isótopos de carbono
(VPDB -Vienna Pee Dee Belemnite):

R Amostra – R PDB
13
δ C = -----------------------------
R PDB
onde R = 13C/12C

Obs.: O termo VPDB é a abreviatura para Viena Pee Dee Belemnite, que foi adotado
porque a amostra original de PDB foi de conchas (Australopithecus shells) de um
organismo extinto chamado um belemnite, coletado nas margens do Rio Pee Dee da
Carolina do Sul, EUA.

Diversos estudos comparativos das relações 13C/12C em grafitas de diferentes origens


(matéria orgânica sedimentar, magmática e de reações minerais com carbonato) permitiram
estabelecer as faixas de valores correspondentes para cada tipo genético. Dentre estes estudos,
destacam-se Brady et al. (1998), Hoefs; Frey (1976), Ohmoto (1986), Schidlowski (2001),
Schoell; Wellmer (1981) e Weis et al. (1981).

Carbono δ13C
Biogênico (1): -30 ‰ a -20 ‰
Sedimentar de carbonatos (2): -9,7 ‰ a 0 ‰
Magmático CO - (3): -7,0 ‰ a -5,0 ‰

Legenda: (1) Minérios singenéticos de grafita nos Estados Unidos, Alasca e


México (OHMOTO, 1986 e WEIS et al., 1981); (2) Grafita em mármores
Arqueanos - Montanhas Ruby Mountains, Montana, U.S.A. (BRADY et al.,
1998); (3) Grafita magmática derivada de monóxido de carbono (DOBNER et
al., 1978)

A temperatura não influencia no fracionamento isotópico de C, seja durante a


deposição ou durante o metamorfismo (KAUFMAN; KNOLL 1995), entretanto, eventos
26

metamórficos com expressiva circulação de fluidos podem acarretar reequilíbrios isotópicos.


Desta forma, o metamorfismo é responsável pela quebra dos compostos orgânicos,
originalmente presentes nas rochas, e pela volatilização de compostos de carbono na forma
CO, CO2 e CH4.
No caso da grafita epigenética, precipitada de um fluido metamórfico, a sua assinatura
isotópica depende de diversos fatores, incluindo as razões isotópicas do material fonte
(matéria orgânica, gases mantélicos e carbonatos), ou da interação entre diferentes fontes, do
tempo de duração das reações e das condições de pressão e temperatura (WEIS et al., 1981).
As grafitas singenéticas derivadas apenas de uma fonte (matéria orgânica) apresentam
normalmente a δ13C de -30 ‰ a -20 ‰, enquanto a relação δ13C de grafitas epigenéticas,
normalmente derivadas de mais de uma fonte, apresenta valores superiores, ou seja,
intermediários entre as diferentes fontes.

Singenético (δ13C) Epigenético (δ13C)


Sierra de Aracena-Espanha (1): –31.6 ‰ –21.4 ‰ –18.30 ‰ –17.70 ‰
New Jersey Highlands (2): –26,0 ‰ –22,0 ‰ –15,0 ‰

Legenda: (1) RODAS et al. (2000); (2) VOLKERT et al.(2000)

Nos exemplos (1) e (2) acima, onde as diferenças de valores de δ13C das grafitas
singenética e epigenética de um mesmo distrito grafitífero não são muito expressivas, tem
sido interpretado como decorrente de processo de devolatilização durante o metamorfismo,
envolvendo fluidos ricos de CO2. A degradação térmica de compostos orgânicos promove a
perda de hidrocarbonetos resultando na remoção preferencial de 12C (HOEFS; FREY 1976), e
13
o material carbonoso residual torna-se enriquecido em C se comparado aos compostos
volatilizados.
Quando há mistura de carbono, de um reservatório de carbono reduzido com carbono
de carbonato, os valores médios de δ13C e a sua faixa de variação são maiores.
Este caso é demonstrado na tabela 1, no exemplo (IVa , IVb e IVc), onde estão representadas
as faixas de valores de δ13C, das rochas da sequência Honey Brook Upland de Franklin
Pierce, EUA, formada por intercalações de gnaisses grafitosos (Pickering gnaisses) com
mármores (Mármore Franklin). Este exemplo mostra também a variação progressiva do δ13C
com o grau de metamorfismo (WILLIAM; VALLEY, 1990).
27

Gnaisse com grafita disseminada (IVa) δ13C = -29.6‰ a -17.4‰


Gnaisse grosso com início de anatexia (IVb) δ13C = -26.9‰ a -14.0‰
Gnaisse grosso com anatexia avançada (IVc) δ13C = -12,4‰ a - 8.9‰

13
Tabela 1 – Quadro comparativo das relações δ C em grafitas de diferentes origens (matéria
orgânica sedimentar, magmática e de reações minerais com carbonato)

2.4 Grafita biogênica - geotermômetro e geoindicador

A grafita biogênica tem sido usada cada vez mais como geotermômetro e
geoindicador da sedimentação, devido às suas características especiais e de poder ser
facilmente reconhecida (DISSANAYAKE et al., 2000). O fato de mostrar diferentes graus de
cristalinidade refletindo o grau de metamorfismo a que foi submetida, e de não retornar a um
estado inferior, mesmo sob condições metamórficas retrogradas, faz com que se torne um
bom geotermômetro. Por ocorrer apenas em ambientes geológicos específicos, ela tem sido
muito útil como um marcador de limite de bacias sedimentares antigas, bem como das
geossuturas resultantes dos subsequentes fechamentos desses oceanos.
Bons exemplos desta característica são os terrenos Pan-Africanos de fragmentos
crustais do Gondwana, que mostram as suturas do Moçambique Belt, passando pela África
Oriental, Madagascar, Sri Lanka e Antártica (PRADEEPKUMAR; KRISHNANATH 2000).
28

Outro exemplo importante está no Grupo Mashan da China Oriental, que é considerado como
o maior produtor de grafita do mundo (DISSANAYAKE et al., 2000).
No estado do Ceará, a faixa de ocorrência de grafita, que se estende desde o município
de Aracoiába até Itapiúna, é adjacente e paralela à Zona de Cisalhamento Senador Pompeu,
que tem sido considerada como uma faixa de geossutura. Esta zona de cisalhamento
transcorrente possui trend NE, cerca de 350 km de comprimento e 10-15 km de largura, e
prolonga-se na África com a denominação de Zona de Cisalhamento Ile-Ife (CABY et al.,
1991).

2.4.1 Variação secular na geoquímica dos carbonatos sedimentares

Com o uso do mecanismo da geoquímica isotópica do carbono, constatou-se que


periodicamente os valores de δ13CTDC (TDC=total dissolved carbon) variam conforme
diferentes razões entre o C orgânico e o C carbonático dos sedimentos, o que configura os
trends de variação secular do δ13C. Por exemplo, o aumento do carbono orgânico precipitado,
geralmente rico em 12C, resulta na diminuição de δ13C. Ao contrário, se houver predominância
de deposição de carbono carbonático enriquecido em 13C, resultará num registro de δ13C cada
vez mais positivo (SANTOS, 2000).
É importante ressaltar que a curva de variação secular do δ13C é correlata com a curva
de variação do nível global do mar, ou seja, calcários com δ13C mais negativos são
relacionados a níveis mais elevados, enquanto os mais positivos são atribuídos aos níveis mais
baixos do mar (VEIZER et al., 1980).
São frequentes as anomalias isotópicas ao longo do tempo geológico no total de
carbonatos precipitados de água do mar. Estas flutuações são denominadas “excursões” ou
“perturbações” e podem ser positivas ou negativas.
Excursões fortemente positivas podem ser percebidas em várias seções, no limite entre
o Pré-cambriano e o Cambriano, atribuídas ao aumento de produtividade orgânica e à razão de
soterramento de material orgânico (HOFFMAN et al., 1998).
O Ciclo orogenético Pan-Africano/Brasiliano (final do Pré-cambriano e início do
Paleozóico) é considerado um dos períodos de maior formação de crosta da história da Terra
(DISSANAYAKEL et al., 2000) e é muito significativo nos estudos de reconstrução do
Gondwana. Sua existência foi reconhecida em todos os fragmentos crustais do Gondwana,
demarcando as antigas bacias sedimentares e zonas de geossuturas nos locais de fechamento
dos oceanos, que são de particular importância neste estudo.
29

3 CONTEXTO GEOLÓGICO DA PROVÍNCIA BORBOREMA

3.1 Histórico do conhecimento geológico


Essa região foi mapeada originalmente na década de 70 pelo Projeto Fortaleza
(BRAGA et al., 1977) na escala 1:250.000, através do programa de mapeamento básico da
CPRM/DNPM. A partir desta época foram feitos importantes estudos geológicos, dentre os
quais se destacam os realizados pela equipe da CPRM (ALVES, 1984; BIZZI et al., 2001;
BRANDÃO, 1995; GOMES et al., 1981). Em 2003, a equipe da CPRM publicou o Mapa
Geológico do Estado do Ceará (CAVALCANTE et al., 2003), que constou de uma
atualização do mapeamento básico original feito na década de 70.

Os trabalhos mais recentes realizados na região foram os de Torres et al. (2005),


Torres et al. (2006) e Arthaud (2007), e tiveram grande importância no presente estudo em
função dos conhecimentos mais atualizados:

- O trabalho de Torres et al. (2006) foi realizado em uma área vizinha do presente
projeto e apresenta importantes dados geocronológicos e descrições das feições geológicas
e estruturais da sequência supracrustal neoproterozóica. Esta sequência, denominada por
eles de Sequência Acarápe, é hospedeira das mineralizações de grafita.

Por sua vez, Arthaud (2007), em sua tese de doutoramento mapeou uma área de 5.200
km2 na região central do Estado do Ceará, e desenvolveu estudos sobre a evolução
neoproterozóica do Grupo Ceará, desde a sedimentação até a colisão continental brasiliana.

3.2 Província Borborema (Estado da Arte)


A área de interesse deste projeto está inserida na porção norte da Província Tectônica
Neoproterozóica Borborema, mais especificamente no Domínio Central do Ceará
(ARTHAUD, 2007; FETTER et al., 2003).
O termo Província da Borborema foi originalmente usado em Almeida et al. (1977)
para definir a região oriental da plataforma Sul Americana, formada por um complexo
mosaico de cinturões de dobramentos, em domínios independentes separados por extensas
zonas de cisalhamento crustais. Esta província sofreu uma evolução geológica policíclica
complexa, sendo o resultado cumulativo de uma sucessão de orogenias continentais, iniciada
no Arqueano e encerrada no final do Neoproterozóico (Figura 3).
30

SL-WA = São Luís; West Africa; RN = Rio Grande do Norte;


CGT = Central Goiás Tocantins; SFCKA = São Francisco–Congo–Angola;
SFCKA = São Francisco–Congo–Angola; PR = Parnaíba;
CA = Amazonas;

Figura 3 - Esboço de cenário paleogeográfico do fecho do Ciclo Brasiliano-Pan


Africano, mostrando os principais segmentos colidentes (placas, microplacas,
terrenos) e os principais tipos de faixas móveis gerados. (Fonte: Almeida et al., 2000)

Na configuração atual da província se destaca um feixe de lineamentos regionais,


subverticais, observados em rochas supracrustais e do embasamento, e por uma rede em
escala continental de zonas transcorrentes dúcteis (Figura 4). Esta configuração foi formada
no final da orogenia Brasiliana/Panafricana (entre 660 e 570 Ma), dentro de uma placa
continental para acomodar a deformação imposta pela colisão final dos cratons de “São Luís -
Oeste da África” e “São Francisco”, no contexto de amalgamação do Gondwana Ocidental
(ARTHAUD, 2007).
31

Figura 4 - Província Borborema - Fonte: Bizzi et al. (2003)


32

3.2.1 Divisão da Província Borborema

Os primeiros estudos geológicos regionais que começaram a desvendar o arcabouço


geotectônico da Província da Borborema foram os da década de 70, quando tiveram início os
primeiros mapeamentos geológicos básicos executados pelo Serviço Geológico do Brasil -
CPRM. Na década de 80, os estudos evoluíram e alguns autores já propuseram a divisão da
Província da Borborema em sistemas de dobramentos, maciços, domínios e faixas - Brito
Neves (1975 e 1983); Jardim de Sá et al. (1988); Santos (1988) e Brito Neves (1984) dentre
outros.
No entanto, a grande evolução do conhecimento do arcabouço tectônico e dos eventos
que atuaram na Província Borborema deu-se a partir da década de 90, com o início das
datações geocronológicas (U-Pb e Sm-Nd) e dos levantamentos aerogeofísicos. Dentre estes
trabalhos destacam-se: Arthaud et al. (1998a), Brito Neves et al. (1995), Campos Neto et al.
(1994), Dantas et al. (1998), Fetter (1999), Jardim de Sá et al. (1992), Jardim de Sá (1994),
Santos (1996 e 1988), Santos; Medeiros (1998) e Van Schmus et al. (1995).
Posteriormente, Brito Neves et al. (2000) sintetizaram a essência do conhecimento
através de uma revisão dos artigos anteriores, considerando principalmente os novos dados
geocronológicos disponíveis. Nesta revisão foram individualizados três segmentos tectônicos
fundamentais, identificados como subprovíncias, os quais foram subdivididos em domínios,
terrenos ou faixas, com base no patrimônio litoestratigráfico, feições estruturais, dados
geocronológicos e assinaturas geofísicas. As principais modificações sugeridas podem ser
observadas na figura 5 e na tabela 2, através da comparação com a compartimentação da
Província da Borborema proposta por Santos (1988).
33

Figura 5 – Mapas esquemáticos das divisões da Província da Borborema, com as


modificações propostas por Brito Neves et al. (2000) na subdivisão de Santos (1988)

As principais alterações introduzidas por Brito Neves et al. (2000), comparando com a
subdivisão proposta por Santos (1988), estão expostas na figura 5 e são as seguintes:

Domínio Ceará Central


ƒ Foi criado o Domínio Ceará Central na área correspondente aos terrenos
Acaraú (TAC) e Ceará Central (TCC) de Santos (1988);
Domínio Rio Grande do Norte
ƒ Denominou-se Faixa Jaguaribe-W Potiguar (JWP) a área dos terrenos
Banabuiú (TBN) e Orós-Jaguaribe (TOJ), passando a ser incluída no Domínio
Rio Grande do Norte;
34

ƒ O Terreno S. José Campestre (TJC) passou a incluir também a área que era
considerada como Terreno Granjeiro (TGJ).

Domínio Externo ou Meridional


ƒ Adotou-se a denominação de Maciço Pernambuco-Alagoas ao invés de
“Terreno” Pernambuco-Alagoas;
ƒ Os terrenos Brejo Seco (TBS) - Monte Orebe (TMO) - Canindé-Marancó
(TCM) foram englobados no Terreno Pontal (TPO);
ƒ A Província da Borborema foi estendida para sul, passando a incluir o Terreno
Rio Preto (TRP) na Subprovíncia Externa.

Tabela 2 – Divisões da Província da Borborema, Santos (1988) e Brito Neves et al. (2000)

Foi proposta por Campelo (2009) a divisão dos limites de terrenos tectono-
estratigráficos da Subprovíncia Setentrional da Borborema com base na integração de recentes
35

dados geológicos e gravimétricos. Esta subdivisão adotou o conceito de “terrenos”, ao invés


de “domínios”.

A subdivisão proposta por Campelo (2009), para Subprovíncia Setentrional da


Borborema, resultou da investigação dos possíveis limites de terrenos tectono-estratigráficos,
com base em zonas de cisalhamento. Dentre estas, foram destacadas as seguintes: Zona de
Cisalhamento Patos (ZCP), Zona de Cisalhamento Sobral-Pedro II(ZCSPII), Zona de
Cisalhamento Picuí-João Câmara (ZCPJ), Zona de Cisalhamento Remígio-Pocinhos (ZCRP),
Zona de Cisalhamento Senador Pompeu (ZCSP), Zona de Cisalhamento Tauá (ZCT) e Zona
de Cisalhamento Portalegre (ZCPA). A partir destas zonas foram definidos os seguintes
terrenos, de oeste para leste: Terreno Noroeste do Ceará, Terreno Ceará Central, Terreno
Tauá, Terreno Orós-Jaguaribe, Terreno Seridó e Terreno São José do Campestre (Figura 6).
36

Figura 6 - Divisão em terrenos tectono-estratigráficos da Subprovíncia Setentrional da


Borborema, com base na integração de dados geológicos e geofísicos (Fonte: Campelo, 2009)

Neste trabalho de tese adotamos também o conceito de “terrenos”, abandonado a


terminologia informal de “domínio”, tendo em vista a divisão tectono-estratigráfica adotada e
a revisão conceitual sobre a análise de terrenos e sua aplicação à Província Borborema, que
apresentamos a seguir (item 6.1).

3.2.1.1 Subprovíncias da Borborema


Foram individualizados três segmentos tectônicos fundamentais na Província da
Borborema, identificados como subprovíncias. Estas são limitadas por duas importantes zonas
37

de cisalhamento brasilianas: Pernambuco (LPE) e Patos (LP), de direção E-W e dextrais, que
se destacam pelas suas grandes dimensões, com mais de 500 quilômetros de comprimento e 2
quilômetros de largura.

3.2.1.1.1 Subprovíncia Setentrional


Compreende a porção da Província Borborema situada a norte do Lineamento Patos e
limitada a norte pela borda retrabalhada do Cráton de São Luis. Brito Neves et al. (2000)
subdividiu, de NW para SE, nos domínios Médio Coreaú, Ceará Central e Rio Grande do
Norte. Contudo, mais recentemente, Campelo (2009) abandonou o termo “domínio” e dividiu
esta subprovíncia nos seguintes “terrenos”: Terreno Noroeste do Ceará, Terreno Ceará
Central, Terreno Tauá, Terreno Orós-Jaguaribe, Terreno Seridó e Terreno São José do
Campestre.
O Lineamento Patos é considerado um dos principais limites litosféricos, pois separa a
Província da Borborema em um setor norte, onde ocorrem importantes conjuntos de rochas
arqueanas, paleoproterozóicas e neoproterozóicas, e um setor sul no qual também ocorrem
terrenos mesoproterozóicos (SCHOBBENHAUS et al.,1975).

3.2.1.1.2 Subprovíncia da Zona Transversal


Trata-se de um segmento crustal de direção E–W, limitado a norte pelo Lineamento
Patos, a sul pelo Lineamento Pernambuco, a oeste pela Bacia do Parnaíba e a leste pelas
bacias costeiras. Configura-se, estruturalmente, como um sistema anastomosado de zonas de
cisalhamento transcorrente dextrais de direção E–W e sinistrais preferencialmente de direção
NE–SW.
Compõe-se, de NW para SE, pelos terrenos Piancó–Alto Brígida, Alto Pajeú, Alto
Moxotó e Rio Capibaribe, os quais foram amalgamados durante os eventos orogênicos
Cariris–Velhos (1,0 a 0,95 Ga) e Brasiliano (750 a 520 Ma).

3.2.1.1.3 Subprovíncia Externa ou Meridional


Compreende a porção da Província Borborema situada ao sul do Lineamento
Pernambuco e ao norte da borda do Cráton de São Francisco. Esta subprovíncia estende-se
para leste no Continente Africano ao norte do Cráton do Congo.
A Subprovíncia Externa encerra o Maciço Pernambuco–Alagoas mesoproterozóico, e
as faixas neoproterozóicas Riacho do Pontal e Sergipana.
38

3.2.2 Terreno Ceará Central

O Distrito Grafitífero Aracoiába-Baturité está inserido na Subprovíncia Setentrional da


Borborema, mais especificamente no Terreno Ceará Central de Campelo (2009). Este terreno
é limitado a noroeste pelo Lineamento Transbrasiliano-Kandi, que o separa do Terreno
Noroeste do Ceará; a noroeste, pela Província Costeira; a oeste, pelo Terreno Tauá e pela
Província Sedimentar do Parnaíba; e a sudeste pelo Lineamento Senador Pompeu-Ile Ife
(Figura 7).
Este terreno constitui-se, sobretudo, de um embasamento paleoproterozóico com
núcleo arqueano (Maciço Tróia-Pedra Branca) e uma extensa cobertura neoproterozóica. A
tectônica predominante neste terreno é tangencial, materializada por um empilhamento
complexo de nappes de idades variadas, seguida por uma intensa tectônica transcorrente.
Como registros estruturais desta tectônica destacam-se 4 (quatro) zonas de cisalhamento de
grande porte: Z.C. Sobral-Pedro II; Z.C. Senador Pompeu; Z.C. Tauá; e Z.C. Rio Groaíras.

Z.C. Sobral-Pedro II – Consiste em uma zona de cisalhamento de cinemática dextral,


com orientação N40ºE e espessura que pode chegar a 10 km. É considerado como um
importante segmento do Lineamento Transbrasiliano (SCHOBBENHAUS et al.,1975) que se
estende por cerca de 2700 km, do SW ao NE do Brasil, e cujo prolongamento na África é
conhecido como Lineamento Kandi (ARTHAUD et al., 1998b; BRITO NEVES et al., 2000; e
VAUCHEZ et al., 1995).

Z.C. Senador Pompeu – Cisalhamento transcorrente dextral, de trend NE, com


aproximadamente 350 km de comprimento por 10-15 km de largura. Controla a colocação de
alguns corpos graníticos, a exemplo do batólito granítico de Quixadá-Quixeramobim e
prolonga-se na África com a denominação de Zona de Cisalhamento Ile-Ife (CABY et al.,
1991).

Z.C. Tauá – Constitui uma faixa milonítica subvertical, com cerca de 4 a 6 km de


largura, que se estende por mais de 300 km na direção N10ºW na porção sudeste do TCC.
Apresenta uma movimentação sinistral, com um rejeito estimado em 30 a 35 km (NEVES,
1991).

Z.C. Rio Groaíras – É uma estrutura de quase 100 km de comprimento, com trend
N35ºW, com movimentação sinistral, de idade pós-ordoviciana, conforme evidencia o
39

deslocamento da ordem de 15 km do Granito do Pajé (ARTHAUD, 2007), sendo que este


apresenta uma idade de cristalização (U-Pb em zircão) de 460 Ma (TEIXEIRA, 2005).

3.2.2.1 Grupamentos Tectônicos do TCC

Os terrenos pré-cambrianos estão expostos em mais de 85% do Terreno Ceará Central,


consistindo em um embasamento paleoproterozóico com núcleo arqueano e uma extensa
cobertura neoproterozóica. As demais áreas apresentam coberturas sedimentares de idades
fanerozóica até o recente, sendo: sedimentos cenozóicos, na Província Costeira; e sedimentos
paleozóicos da Bacia da Sedimentar do Parnaíba (Grupo Serra Grande), no limite oeste.
A ocorrência de sedimentos do Grupo Rio Jucá, da bacia molássica eopaleozóica
tafrogênica do Cococi, situa-se dentro dos limites geográficos do Terreno Tauá, adjacente ao
TCC (Figuras 4 e 7). Alguns autores e mesmo o mapa geológico do Estado do Ceará (BIZZI
et al., 2003) consideram a Bacia Cococi como pertencente ao Terreno Orós-Jaguaribe.
O quadro evolutivo destes terrenos pré-cambrianos tem sido amplamente estudado
(CASTRO et al., 2003; CASTRO, 2004; FETTER, 1999; FETTER et al., 2000, 2003;
SANTOS et al., 2003, 2004). Fetter (1999) realizou diversas análises geocronológicas
sistemáticas pelos métodos Sm-Nd em rocha total e U-Pb em zircão por todo o Estado do
Ceará, subdividindo o TCC em quatro agrupamentos tectônicos, além dos Plutons Graníticos
Brasilianos:
- Núcleo Arqueano
- Terrenos Acrescionários do Paleoproterozóico
- Sequência Supracrustal Neoproterozóica (Grupo Ceará)
- Complexo Tamboril - Santa Quitéria
- Granitos Brasilianos
40

Figura 7 – Mapa Geológico Simplificado dos terrenos Ceará Central e Tauá (Fonte: Arthaud,
2005). Principais zonas de cisalhamento: TBSZ, Sobral-Pedro II/Transbrasiliano; TSZ, Tauá;
SISZ, Sabonete-Inharé; SPSP, Senador Pompeu; RGF, Rio Groaíras
41

3.2.2.1.1 Núcleo Arqueano


Corresponde a um remanescente de crosta arqueana e consiste de um terreno do tipo
granito-greenstone, denominado Complexo Cruzeta, o qual foi definido por Oliveira;
Cavalcanti (1993) e corresponde ao Maciço Tróia - Pedra Branca de Brito Neves (1975). Este
complexo distribui-se na porção sul do Terreno Ceará Central e é formado pelas unidades
Tróia, Pedra Branca e Mombaça.
Esta unidade tem sido considerada como neoarqueana com base nos estudos
geocronológicos (U-Pb convencional e Sm-Nd) realizados por Fetter (1999) que atribuem
idade de cristalização de ortognaisses TTG entre 2680 e 2860 Ma (neoarqueanas) e de
ortognaisses da Unidade Mombaça em 2150. No entanto, foram identificados remanescentes
de crosta paleoarqueana (ca. 3270 MA) relacionados ao Complexo Cruzeta no Ceará (SILVA
et al., 1997).

Unidade Tróia - Trata-se de um terreno do tipo granito-greenstone belt, formado por


rochas metavulcânicas básicas, metagabros, metadacitos e metariolitos interacamadados com
metassedimentos, representados por quartzitos, metacalcários, metachertes e formações
ferríferas bandadas. É considerado como um terreno juvenil desenvolvido em domínio
oceânico. As rochas metaultramáficas presentes nessa unidade constituem lentes boudinadas,
formadas principalmente por serpentinitos, clorita-talco xistos, clorititos, tremolititos e
piroxenitos.

Unidade Pedra Branca - Esta unidade ocorre intimamente associada à sequência


anterior e é constituída basicamente por ortognaisses TTGs primitivos (metaplutônicas calci-
sódicas), típicos de crosta juvenil gerada em ambiente de arco magmático.

Unidade Mombaça - Formada principalmente por ortognaisses graníticos a


granodioríticos, gnaisses diversos migmatitos, geralmente cinzentos, restos de paraderivadas
(metacalcários e rochas calcossilicáticas).

3.2.2.1.2 Terrenos Acrescionários do Paleoproterozóico


São representados por quatro grandes assembléias de rochas de idade
paleoproterozóica, denominados: (a) Complexo Gnáissico–migmatítico; (b) Suíte Madalena;
(c) Unidade Algodões (MARTINS et al., 1998); e (d) Faixa Orós–Jaguaribe (ARTHAUD,
2007).
42

Complexo Gnáissico–migmatítico - recobre grandes extensões na parte norte do


Estado do Ceará, sendo formada basicamente por ortognaisses tonalíticos a
granodioríticos, geralmente metamorfizados sob altas temperaturas, no fácies
anfibolito com variáveis graus de migmatização. Fetter et al. (2000) baseados em
dados geocronológicos que apontaram idades modelo TDM entre 2.42 e 2.48 Ga, com
valores positivos de εNd(t), sugerem sua evolução no Terreno Ceará Central como de
uma acresção de crosta juvenil paleoproterozóica.

Suíte Madalena - Constitui um conjunto de corpos de composição tonalítica (quartzo


diorito e diques de micro-diorito) intrusivos nos complexos Cruzeta e Gnáissico-
migmatítico. Apresentam idade U-Pb de ca. 2.200 Ma (CASTRO, 2004; FETTER,
1999; MARTINS et al., 1998; MARTINS, 2000;) e idades modelo TDM
compreendidas entre 2.300 e 2.450Ma, com εNd(t) geralmente pouco negativo ou
positivo (CASTRO, 2004; MARTINS, 2000), indicando que se trata de rochas juvenis
com leve contaminação crustal.

Unidade Algodões - Trata-se de uma unidade supracrustal que se distribui em torno


do Complexo Cruzeta, representando uma cobertura. É constituída essencialmente por
monótonas alternâncias de rochas anfibolíticas com leucognaisses, que podem
representar rochas tufáceas, quartzitos micáceos, às vezes conglomeráticos,
metagrauvacas e metarcósios, além de raras rochas calcissilicáticas. Pacotes espessos e
descontínuos de metariolitos são comuns na parte superior da unidade. A Unidade
Algodões foi submetida a condições de fácies anfibolito de alta temperatura (zona da
sillimanita) sem fusão parcial.

Suíte Metamórfica Algodões-Choró (SMAC) - agrega um conjunto de rochas


metamórficas de natureza paraderivada e ortoderivada, aflorante nos municípios de
Quixeramobim, Quixadá e Choró. Esta suíte é composta pelas seguintes unidades:

(a) Anfibolito Algodões: unidade composta essencialmente pelas rochas anfibolíticas,


com ou sem granada, de granulação diversa, formando camadas de espessura métrica a
decamétrica e extensão quilométrica, encontradas no distrito homônimo, no município
de Quixeramobim. Entre os anfibolitos, são encontradas camadas de hornblenditos de
granulação grossa, de extensão e espessura métricas.
43

(b) Metassedimentos Choró: um conjunto de rochas paraderivadas composto


essencialmente por biotita-gnaisses de granulação fina e coloração creme a cinza com
intercalações decamétricas de micaxistos com sillimanita e cianita, biotita-hornblenda
gnaisses com bandas quartzo-feldspáticas e micáceas, rochas cálciossilicáticas,
quartzitos finos a grossos e metaconglomerados polimíticos e monomíticos.

(c) Ortognaisses Cipó: corpos intrusivos nas unidades anteriores como stocks, diques e
folhas alinhadas na direção NE-SO (e.g., Serras do Veríssimo, da Conceição, Aguda,
Picos, Cipó, etc).

Os dados geocronológicos e isotópicos relativos à SMAC obtidos por Martins et al.


(1998) revelaram idades de 2.131 Ma (U-Pb) e 2.123 Ma (Pb-Pb evaporação) em
mono-zircões dos ortognaisses tonalíticos, de 2.172 Ma (U-Pb) e 2.183 Ma (Pb-Pb
evaporação) em mono-zircões dos ortognaisses graníticos, e de 2.054 Ma (U-Pb) em
diques de composição granítica.

3.2.2.1.3 Sequência Supracrustal Neoproterozóica (Grupo Ceará)


No TCC, esta sequência recobre tectonicamente as rochas mais deformadas e
metamorfizadas do Palaeoproterozóico. É formada principalmente por uma espessa sequência
de rochas paraderivadas - quartzito-pelito-carbonáticas (sequência QPC) - com intercalações
de metavulcânicas, metamorfizadas em alto grau e, comumente, migmatizadas. Predominam
metapelitos, com intercalações de estreitas camadas de quartzitos, mármores e rochas
calciossilicáticas. São frequentes também as intercalações de rochas metabásicas,
representadas principalmente por anfibolitos.
Esta sequência sofreu diferentes divisões em unidades, feitas por diferentes autores e
adotando critérios não muito claros, que ainda causam certa confusão na nomenclatura. Isso
se deve principalmente à dificuldade de se decifrar a evolução do contexto geológico regional
através dos registros em rochas que sofreram diferentes eventos tectônicos e metamorfismo
em alto grau. A seguir estão resumidas as principais divisões:

a) Martins (2000) considerou as sequências supracrustais neoproterozóicas


compostas por associações do tipo QPC (Grupo Ceará, Grupo Itatáia e
Grupo/Complexo Independência);
44

b) Cavalcante et al. (2003), no mais recente mapa geológico do Estado do Ceará,


dividiram o Grupo Ceará em 4 (quatro) unidades informais: Arneiroz,
Quixeramobim, Canindé e Independência.

c) Fetter et al. (2003) reconhecem no TCC um arco magmático continental


neoproterozóico (Arco magmático Santa Quitéria) e identificam:
- Sequência de retro-arco (SE do arco) - Grupo Independência;
- Sequências de frente-arco (NW do arco) - Grupo Martinópole.

d) Arthaud (2007) só reconhece na área de sua tese a Unidade Independência do


Grupo Ceará e a divide em 5(cinco) subunidades denominadas do topo para a base:
- Itatira, que compreende basicamente metapelitos ricos em
granada;
- Ematuba, que consiste de biotita gnaisse fortemente migmatizado;
- Guia, formada por metapelito, quartzito, carbonatos, com
anfibolitos derivados de sills ou derrames basálticos;
- Lázaro, representada por gnaisse migmatítico;
- São José dos Guerra, moscovita biotita gnaisses com feições
migmatíticas lit-par-lit.

e) Torres et al. (2006) descreveram no setor nordeste do TCC, nas proximidades da


área da presente tese, as feições geológicas e estruturais da sequência supracrustal
neoproterozóica, que denominaram de Sequência Acarápe. Nesta sequência, eles
descreveram dois subdomínios de rochas metassedimentares, com algumas
ocorrências de rochas metavulcânicas intercaladas:
- Subunidade Baturité - rochas metassedimentares terrígenas,
caracterizadas por metapelitos dominantes com alternâncias
centimétricas de metapsamitos (metaritmitos) contendo
intercalações de leitos de dimensões decimétricas a decamétricas
de quartzitos, anfibolitos, metagabros e metapiroxenitos.
Representa o fácies mais profundo na paleogeografia da Sequência
Acarápe.
- Subunidade Aracoiába - envolve xistos e paragnaisses com
intercalações lenticulares de mármores, quartzitos, rochas
45

metapelíticas, calciossilicáticas, metadaciticas e


metatraquiandesíticas subordinadas, geradas em ambiente
plataformal marinho raso.

Torres et al. (2006) não consideram as duas subunidades descritas como sequências
litoestratigráficas distintas, pois não apresentam discordância significativa, quer erosiva ou
tectonometamórfica. Sugerem que as subunidades Baturité e Aracoiába sejam originalmente
uma única sequência estratigráfica, com distintos tratos de sistemas deposionais: a primeira,
dominada por rochas metassedimentares aluminosas, em parte com características de
turbiditos, pode materializar tratos de sistemas transgressivos; a segunda é marcada pela
ocorrência de rochas carbonáticas, indicaria tratos de sistemas de mar alto. No detalhe, os
segmentos da Subunidade Baturité, caracterizados pelo domínio das rochas metapelíticas,
poderiam representar o fácies mais profundo na paleogeografia da sequência Acarápe,
enquanto o segmento dominado por carbonatos, com prováveis contribuições evaporíticas,
corresponderia a um sistema complexo de sabkha-plataformal marcado por sucessão de
ambientes de submaré a supramaré, representaria o fácies mais raso.
O contato entre o Grupo Ceará e o substrato Paleoproterozóico é considerado
tectônico, em função da ocorrência de “sola” milonítica e do contraste de grau metamórfico
entre suas rochas. Esse contato se dá por cavalgamento de baixo ângulo (nappes tectônicas)
do ciclo Brasiliano (CABY; ARTHAUD, 1986).
Recente estudo geocronológico realizado por Torres et al. (2006), próximo da área de
estudo nas rochas metassedimentares da Sequência Acarápe, cujos TDM variam entre 2,21 e
0,94 Ga aponta para fontes com proveniências distintas, uma paleoproterozóica e outra
neoproterozóica. Tal comportamento indica que a Sequência Acarápe deva ter sua origem ao
final do Pré-cambriano, visto acolher material neoproterozóico erodido por ocasião do
preenchimento da bacia.
Um metarriolito intercalado em metapelito com idade U–Pb em zircão de 0,77 ± 0,03
Ga foi interpretado por Fetter (1999) como um possível representante do rift precursor
formado antes da abertura da bacia oceânica e subsequentemente fechado durante a orogenia
Brasiliana.

3.2.2.1.4 Complexo Tamboril - Santa Quitéria


Constitui uma associação de rochas ortoderivadas de composição tonalítica a granítica,
gnaissificada ou não, tendo como característica mais marcante uma intensa migmatização,
46

com presença de anatexitos em vários graus de fusão. Apresenta com frequência enclaves de
anfibolitos e rochas calciossilicáticas.
Fetter et al. (2003), com base em dados de campo e análises geocronológicas,
interpretaram este complexo como um arco magmático continental neoproterozóico, formado
a partir da subducção de crosta oceânica durante convergência entre os blocos São Luís-Oeste
Africano e NW do Ceará.
As rochas dioríticas, granodioríticas e migmatíticas do Complexo Tamboril - Santa
Quitéria revelam idade U-Pb entre 665 e 614 Ma (FETTER et al., 2003).

3.2.2.1.5 Granitos Brasilianos - Plutonismo granítico


A orogenia Brasiliana é caracterizada na Província Borborema por importantes
eventos de plutonismo granítico associados a uma sucessão de pulsos magmáticos
(ARTHAUD, 2007):
Granitos cedo-colisionais apresentam idades de cristalização U-Pb em zircão
geralmente situadas entre ca. 630 e 620 Ma, sendo que o mais antigo datado no arco
magmático apresenta uma idade de cristalização de ca 660Ma (BRITO NEVES et al.,
2003).
Granitos sin-cinemáticos se dividem em dois grupos:
(a) granitos anatéticos aluminosos contemporâneos ao espessamento crustal, cuja
idade de cristalização é a mesma do metamorfismo brasiliano, em torno de 610/600
Ma.
(b) granitos sin-fase transcorrente, que apresentam idades de cristalização U-Pb
compreendidas entre ca. 580 e 590 Ma (NOGUEIRA, 2004). O Complexo Quixadá-
Quixeramobim pode ser considerado um exemplo deste tipo no TCC.
Granitos tardi-tectônicos apresentam idades em torno de 580 Ma (BRITO NEVES et
al., 2003; FETTER, 1999) e granitos pós-orogênicos associados às molassas tardi-
brasilianas têm idade de ca. 530 Ma (FETTER, 1999).
As intrusões mais jovens presentes no TCC caracterizam-se por formas semicirculares
a circulares de apenas alguns quilômetros de extensão, tipicamente pós-orogênicas, dentre os
quais se destacam Complexos Anelares de Taperuaba e Pedra Aguda. Granitos pós-
orogênicos de idade ordoviciana foram descritos recentemente com idades de cerca de 470
Ma (CASTRO, 2004) e 460 Ma (TEIXEIRA, 2005).
47

4 GEOLOGIA DA ÁREA DO PROJETO: DISTRITO GRAFITÍFERO


ARACOIÁBA-BATURITÉ

A área abordada neste projeto foi selecionada para ser mapeada geologicamente tendo
em vista a pouca informação atualizada existente, já que o seu mapeamento básico (escala
1:250.000) foi feito na década de 70 pelo Projeto Fortaleza (BRAGA et al., 1977). Este
mapeamento visou não só cobrir as mineralizações conhecidas de grafita, mas também as
principais estruturas regionais e unidades a elas relacionadas.
Ela corresponde a uma superfície de 1.000 km2 definida por um retângulo de 25 km x
40 km, conforme mostra o mapa geológico na escala de 1:100.000, apresentado no anexo A.
Esta área situa-se no canto nordeste do Terreno Ceará Central e a sua geologia é
composta basicamente por 5 (cinco) unidades litoestratigráficas:
- Complexo Cruzeta / Unidade Mombaça;
- Embasamento Paleoproterozóico;
- Sequência supracrustal metavulcano-sedimentar neoproterozóica;
- Granitóides cinzentos da Supersuite Granitóide Tardi a Pós-Orogênica
(Neoproterozóico Tardio);
- Complexo Gabro-Diorítico da Suíte Gabróide Pós-Orogênica.

4.1 Complexo Cruzeta / Unidade Mombaça

Esta unidade ocupa uma pequena porção da área, no canto sudoeste, representada por
ortognaisses graníticos a granodioríticos, gnaisses migmatíticos, geralmente cinzentos.
Verificou-se nesta unidade a ocorrência de gnaisse com intercalações centimétricas de
quartzitos, indicando uma origem paraderivada (WP 50 - SAD69; Zona 24M; 501819E
9482124N).
O Complexo Cruzeta na área é bordejado por rochas metassedimentares do Complexo
Ceará. Na bibliografia há referência às ocorrências de metacalcários e rochas
calciossilicáticas, como restos de rochas paraderivadas, contudo, não foram encontradas estas
litologias na área do projeto.

4.2 Terrenos Acrescionários do Paleoproterozóico

Esta unidade ocorre na área do projeto como corpos isolados, que afloram em
“janelas” erosivas no Grupo Ceará, distribuindo-se preferencialmente em uma faixa de
direção ENE. Na área do projeto esta unidade é constituída por ortognaisses, migmatitos,
48

metanoritos, corpos básicos xistificados e granulitos (enderbitos). Estruturalmente posiciona-


se em zonas antiformes, geralmente associados a zonas de falhamentos de empurrão e
apresentam estruturação complexa, com figuras de interferência tipo “domo-e-bacia” e
bumerangue. Essas figuras de interferência são muito nítidas no mapa radiométrico (Projeto
geofísico Nº 2027 CPRM-1977), onde os ortognaisses se destacam pela alta intensidade
radiométrica (Figura 8).
Os migmatitos ocorrem de forma predominante nesta unidade, sendo em geral do tipo
homogêneo com um amplo domínio do neossoma sobre o paleossoma, e apresentam de uma
maneira geral fácies de metatexitos, guardando como característica os elementos planares,
exibindo estruturas dobradas, flebítica, estromatolítica, e “schollen” como dominantes. Bons
afloramentos desta unidade estão expostos no leito do Riacho das Lajes de Pedras, próximo à
barragem do povoado de Pedra Branca (Figuras 9 e 10).
49

Figura 8 - Mapa integrado da radiometria (CT) com a geologia da área de tese


50

Figuras 9 e 10 - Migmatitos com estruturas dobradas e flebíticas. Embasamento paleoproterozóico


na Fazenda da Laje (WP - 137)

Geralmente são leucocráticos, de coloração cinza-clara, com granulação fina a média,


e estrutura gnáissica fina e localmente granular orientada. A predominância do neossoma é
muito grande sobre o paleossoma, e tem composição granítica, granodiorítica, localmente
grossa, pegmatítica e mais raramente quartzosa e aplítica. O paleossoma ocorre sob a forma
de finos leitos, manchas ou vênulas, exibindo composição mineralógica diorítica, anfibolítica
ou simplesmente biotítica. Os paleossomas são geralmente xistosos (biotítico ou anfibolítico)
ou de anfibólio biotita gnaisse. Na estrada da sede da Fazenda da Laje, próximo a Pedra
Branca, pode-se observar uma boa exposição de paleossoma constituído por granada biotita
gnaisse, mesocrático, granulação média, com estrutura gnáissica bandada.
Na Fazenda da Laje e arredores do povoado de Pedra Branca, as rochas dominantes
nesta unidade foram classificadas como enderbito e metanorito e nesta região a direção geral
da foliação é 50-60º NW.
O enderbito corresponde a uma rocha de cor cinza escura, granulação média, bandada,
caracterizada pela alternância de lâminas (1 a 5 mm) claras e descontínuas, constituídas por
plagioclásio e quartzo, e as camadas escuras também descontínuas formadas por biotita,
piroxênio e minerais opacos. Microscópicamente, o seu padrão textural é granolepidoblástico
(Figura 11), com mega cristais de plagioclásio rodeados por feixes de lamelas de biotitas cuja
orientação confere a rocha uma xistosidade em domínios. A composição mineralógica é a
seguinte: plagioclásio (54%) é oligoclásio-andesina; biotita (15%) apresenta cor avermelhada,
rica em Ti; quartzo (20%) é muitas vezes formado por aglomerados de quartzo; piroxênios
(10%) é anedral a subeudral, sendo que o ortopiroxênio é o hiperstênio; os minerais acessórios
(1%) são compostos por cristais de zircão, minerais óxidos de ferro e titânio.
51

Figura 11 - Fotomicrografia - Enderbito (metatonalito) Cristais de plagioclásio subeudrais, quartzo


interticial e placas de biotita (cores brilhantes) - Amostra 10653, aumento 25X, nicóis cruzados.
Embasamento paleoproterozóico. Área da Fazenda da Laje (WP - 137)

O metanorito tem cor marrom escura, grã fina, foliado, não magnético, mostrando
cristais de plagioclásio esbranquiçados a amarelados, cristais de hornblenda marrom escuro a
pretos, ortopiroxênio e plaquetas marrom avermelhadas de biotita (Figura 12).
Mineralogicamente é constituído por: plagioclásio (55%); ortopiroxênio (8%); hornblenda
(20%); biotita (14%); granada (2%); minerais opacos (1%), apatita e quartzo em quantidades
traço.

Figura 12 - Fotomicrografia - Metanorito. Cristais de plagioclásio, ortopiroxênio e hornblenda -


amostra 10657, aumento 25X, nicóis cruzados - Embasamento paleoproterozóico. Área da
Fazenda da Laje (WP - 137).
52

Os ortognaisses são leucocráticos, de coloração cinza clara, granulação média, bem


foliados, cuja orientação é dada pela biotita. Exibem resquícios de estruturas planares dos
tipos “schlieren”, nebulítica, bem como a cataclástica nas zonas de falhamento. A textura é
granolepidoblástica, onde o K-feldspato ocorre em percentagem equivalente ao plagioclásio
(oligoclásio), associado a quartzo xenomorfo, biotita em pequenas palhetas e hornblenda.
Como minerais acessórios ocorrem muscovita, sericita, zircão, apatita, clorita e titanita.
Esta unidade é considerada como paleoproterozóica com base em datações
geocronológicas descritas no item 3.2.2.1.2 deste trabalho.

4.3 Grupo Ceará

No item 3.2.2.1.3 são apresentadas as características e subdivisões do Grupo Ceará,


(Sequência Supracrustal Metavulcano-Sedimentar, neoproterozóica) por diferentes autores,
em suas respectivas áreas de estudo. Os conhecimentos geológicos no Terreno Central do
Ceará estão evoluindo no sentido de integrar estas diferentes subdivisões e correlacionar os
conjuntos litológicos com os paleo-ambientes e o contexto geotectônico.
Nos estudos da geologia na área do projeto, verificou-se que a subdivisão do Grupo
Ceará adotada por Torres et al. (2006), em área adjacente à da presente tese, podia
perfeitamente ser estendida para a área de estudo. Eles descreveram as feições geológicas e
estruturais desta sequência supracrustal neoproterozóica e a denominaram de Sequência
Acarápe. Nesta sequência, eles descreveram dois subdomínios de rochas metassedimentares,
que constituem uma mesma sequência estratigráfica, com distintos tratos de sistemas
deposionais: Subunidade Aracoiába, com rochas carbonáticas, com prováveis contribuições
evaporíticas, representaria o fácies mais raso; e a Subunidade Baturité, caracterizada pelo
domínio das rochas metapelíticas e turbiditicas, poderia representar o fácies mais profundo.
Arthaud (2007) na sua área de tese, limítrofe a do presente trabalho, também interpreta
a sedimentação do Grupo Ceará como de ambiente plataformal de margem passiva. E,
destaca-se aqui, a notável semelhança das características geológicas entre a sua Subunidade
Guia e a Sequência Acarápe da área de estudo, bem como a proximidade física das duas
unidades, sugerindo tratar-se do mesmo contexto geológico.
Na área do presente estudo, adjacente às áreas de Arthaud (2007) e Torres et al.
(2006), também foram identificados na Sequência Acarápe conjuntos litológicos que mostram
nitidamente a deposição em ambiente plataformal de margem do tipo passiva. Estes conjuntos
estão distribuídos segundo faixas paralelas de direção aproximada ENE, interpretados como
diferentes fácies na paleogeografia desta sequência (Anexo A).
53

Esta mudança de paleoambientes, de norte para sul, tem início com a Subunidade
Aracoiába (NPAar), de fácies de mar raso, passando por uma zona de talude continental
(NPAba-t) e depois para um ambiente de mar profundo (NPAba-mp), sendo estes últimos
considerados da Subunidade Baturité.

4.3.1 Sequência Acarápe - Subunidade Aracoiába


A Subunidade Aracoiába (NPAar) na área se destaca pela presença de mármores,
quartzitos e biotita ganisses bandados.
Os mármores em geral são puros, dolomíticos, de cor branca, grã fina a média e
formam lentes de espessuras métricas, que se estendem por dezenas de metros.
Os quartzitos ocorrem em forma de lentes, com espessuras variáveis decimétricas,
laminados, de cor bege clara, puros, com raros cristais de muscovita. No quilômetro 2 da
estrada que parte da cidade de Capistrano para o Povoado de Pedra Branca aflora uma camada
de 40 cm de espessura (Figura 13), intensamente dobrada, com diversas repetições no leito da
estrada.

Figura 13 - Quartzito da Subunidade Aracoiába - na saída de Capistrano


(WP24 - Zona 24M; 507843E; 9488562N)

Os gnaisses são finamente bandados, com leitos claros (1 a 5 cm) quartzo-feldspáticos,


constituídos basicamente por quartzo, biotita, feldspato, granada e sillimanita. No km 4,4 da
estrada de Aracoiába - Pedra Branca, há bons afloramentos deste paragnaisse (Figura 14 - do
WP 64 - Zona 24M; 521833E; 9512500N). Nos arredores de Capistrano, estes gnaisses
ocorrem intensamente deformados, com intercalações centimétricas de quartzito, com dobras
54

isoclinais de plano axial sub-horizontal, correspondendo a frentes de nappes (Figura 15 - WP


34 - Zona 24M; 513753E; 9491171N).

Figura 14 - Gnaisse finamente bandado e Figura 15 - Paragnaisse com intercalações de


quartzito intercalado da Subunidade Aracoiába quartzito em frente de nappe - Subunidade
(WP 64 - Zona 24M; 521833E; 9512500N) Aracoiába - Arredores da cidade de Capistrano
(WP34 - Zona 24M; 513753E; 9491171N)

4.3.2 Sequência Acarápe - Subunidade Baturité I

Esta subunidade foi individualizada a partir da identificação de uma faixa com


características próprias, onde já não aparecem rochas carbonáticas e quartzitos, típicos do
fácies de mar raso, e nem ortoanfibolitos e turbiditos, que são do fácies de mar profundo. Esta
faixa apresenta um alinhamento de ocorrências de corpos do embasamento paleoproterozóico,
aflorando em “janelas” erosivas, que indicam uma quebra na paleogeografia da bacia Acarápe
e, também, se caracteriza pela presença de sillimanita gnaisses, indicando metamorfismo de
alta pressão. Estes elementos permitiram a separação desta faixa e sua interpretação como
uma faixa de talude continental, que serviu de contraforte no evento compressional de
fechamento da bacia Acarápe.
As ocorrências de gnaisse grafitoso do cinturão “Chereco-Eron” situam-se nesta
unidade, mais especificamente nas proximidades do limite com a Subunidade Aracoiába
(fácies de mar raso), conforme se pode observar no mapa geológico (Anexo A).
As litologias mais comuns nesta unidade são: granada biotita grafita xisto, granada
biotita gnaisses, biotita quartzo xisto (metapelitos) e plagioclásio-microclina-sillimanita-
biotita gnaisse.
55

O granada biotita gnaisse, que é a rocha predominante nesta unidade, tem as seguintes
características: de cor cinza escuro, granulação média, bandada, apresentando alternância de
finas lâminas claras (5 a 10 mm) descontínuas, constituídas por plagioclásio e quartzo, e leitos
escuros, também descontínuos de biotita, granada e minerais opacos. Em microscopia
observa-se um padrão textural granolepidoblástico, com mega cristais de plagioclásio,
rodeados por feixes de lamelas de biotita cuja orientação confere à rocha uma xistosidade em
domínios. Mega cristais de granada associados ao plagioclásio, quartzo e biotita. Os cristais
de quartzo ocupam juntamente com as biotitas os espaços intersticiais deixados pelos
plagioclásios. K-Feldspatos são raros, mas presentes. A composição mineralógica resume-se
em: (40%) plagioclásio, (30%) biotita; (15%) granada; (14%) quartzo; e (1%) de minerais
acessórios que são compostos por cristais de zircão, óxidos de ferro, titânio e grafite.
O plagioclásio-microclina-sillimanita-biotita gnaisse, que ocorre no alvo Erom, é cinza
esbranquiçado, de grã média a fina, foliado, não magnético, formado por intercalações de
bandas claras, compostas de quartzo e feldspato e bandas escuras de biotita, cristais fibrosos
de sillimanita e palhetas de grafita (Figura 16). A composição mineralógica é a seguinte:
quartzo (40%); biotita (20%); sillimanita (17%); microclina (15%); plagioclásio (5%);
minerais opacos (3%); muscovita (tr); zircão (tr).

Figura 16 - Fotomicrografia do plagioclásio-microclina-sillimanita-biotita gnaisse. Bandas de


sillimanita (azul) e biotita (marrom) e bandas claras ricas em quartzo e feldspato. Amostra
10654, Nicóis cruzados 25X
56

4.3.3 Sequência Acarápe - Subunidade Baturité II

Esta subunidade cobre uma faixa com cerca de 4 km de largura que se estende a partir
do leste da área em direção oeste, fletindo para sul nos arredores da cidade de Jaguarão. Ela
distribui-se adjacente e ao sul da zona considerada como de talude continental.
As rochas dominantes neste fácies da subunidade Baturité são biotita granada gnaisses,
biotita granada grafita gnaisses, ortoanfibolitos e granada quartzitos (turbiditos).
Os anfibolitos amostrados na Fazenda Alvorada (WP 25: 24M; 527117E; 9497702N),
próximo do Povoado Lagoinha, revelam tratar-se de metagabros (ortoanfibolito), com textura
nematoblástica, exibindo cristais de hornblenda iso-orientados, em cujos espaços intersticiais
são observados cristais de plagioclásio. A composição mineralogia é formada por anfibólio
(hornblenda) 80%; plagioclásios (15%); ortopiroxênio (5%); titano-biotita, rutilo e minerais
opacos completam a mineralogia.
Um destaque neste conjunto de rochas de fácies de mar profundo constitui a presença
de turbididos no leito do rio Choró, próximo do Povoado de Itãns, (WP27: Zona 24M;
514326E; 9491881N), constituídos por intercalações centimétricas e decimétricas de
quartzitos branco, com granada e muscovita, intercalados em ortoanfibolitos (Figura 17).

Figura 17 - Turbidito formado por lentes de quartzito (com feldspato, granada e muscovita), interca-
caladas em ortoanfibolitos - Subunidade Baturité (Leito do Rio Choró/Itãns -WP-27)
57

4.3.4 Contato da Sequência Acarápe / Embasamento paleoproterozóico

Na represa da Fazenda da Laje (WP-137: Zona 24M; 523039E; 9502281N) pode-se


observar um raro afloramento do contato de “não conformidade” entre a Sequência Acarápe
(Supracrustal Metavulcano-Sedimentar Neoproterozóica) e o Embasamento (Terrenos
Acrescionários do Paleoproterozóico), cuja figura 18 (foto) mostra com muita evidência.
O gnaisse bandado sub-horizontalizado, com intercalações centimétricas de quartzito
feldspático e de lâminas grafitosas, pertencentes à Subunidade Aracoiába da Sequência
Acarápe, repousa sobre rochas gnáissicas (metanorito), subverticalizadas e com atitude
N75W.

Figura 18 - Contato de “não conformidade” da Sequência Acarápe (Neoproterozóica)


com gnaisse (metanorito) do Embasamento Paleoproterozóico (Represa da Fazenda da Laje)

4.4 Granitóides cinzentos da Supersuite Granitóide Tardi a Pós-Orogênica

O único corpo considerado na área do projeto como sendo desta Supersuite Granitóide
situa-se no sudeste da área, próximo da localidade de Milton Belo. Apresenta forma alongada
58

de direção N-S e dimensões aproximadas de 1 km x 3,5 km e constitui-se essencialmente de


biotita-granito, de coloração cinza clara, granulação média a fina, composto por microclina,
quartzo, plagioclásio e biotita.
No mais recente Mapa Geológico do Estado de Ceará (CAVALCANTE et al., 2003),
foram mapeados na área do projeto 5 (cinco) corpos plutônicos, considerados da unidade
Supersuite Granitóide Tardi a Pós-Orogênica, constituídos por biotita-granitos,
monzogranitos, sienitos, quartzomonzonitos e granitos porfiríticos. No entanto, durante esta
primeira fase do projeto verificou-se que apenas um desses corpos seria pertencente a essa
unidade e os outros constituiriam ortognaisses e granitos pertencentes ao embasamento
paleoproterozóico. No levantamento radiométrico (Figura 8), pode-se observar a relação entre
a faixa de embasamento paleoproterozóica, com alta intensidade radiométrica, e os corpos não
considerados como pertencentes ao plutonismo gerado no Ciclo Orogênico Brasiliano.

4.5 Complexo Gabro-Diorítico da Suíte Gabróide Pós-Orogênica

Esta unidade está representada pelo Complexo Gabro-Diorítico Anelar de Pedra


Aguda, localizado na parte norte da área do projeto, que apresenta forma elipsoidal, com eixo
maior medindo cerca de 10 km, orientado segundo a direção norte-sul. O contato com as
encaixantes é verticalizado, brusco e apresenta veios anelares de quartzo leitoso. Observam-se
grandes xenólitos de rocha migmatítica, provavelmente da unidade paleoproterozóica, na
ponta sul do complexo, nas proximidades do povoado de Pedra Branca.
Este complexo apresenta na sua zona de borda litologias de composição básica a
intermediária, representadas por gabros e dioritos, enquanto que a parte central é
dominantemente de composição granítica. O pico da Pedra Aguda, situado na parte central do
complexo (Figura 19), é formado por um granito de coloração cinza clara, grã média, com a
biotita orientada. Composto essencialmente por microclina, quartzo, plagioclásio e biotita, e
tendo como constituintes acessórios minerais opacos, epidoto e rutilo.
Souza et al. (1984) correlacionaram o Complexo Anelar de Pedra Aguda com outros
corpos intrusivos anelares do Ceará, principalmente com o de Taperuaba cuja idade isócrona
Rb/Sr foi de 540 ± 13 Ma, com razão inicial Sr87/Sr86 de 0,705 (HADAD, 1981), semelhante
aos complexos anelares da Província Nigéria-Niger, no oeste da África.
59

Figura 19 - Pico de Pedra Aguda, de composição granítica, na parte central


do Complexo Gabro-Diorítico Anelar de Pedra Aguda

4.6 Geologia Estrutural

A geologia estrutural da área foi interpretada na presente tese como condicionada a um


contexto geotectônico, que pode ser resumido em duas plataformas de comportamento
cratônico, uma a norte e outra a sul, separadas por um cinturão de dobramentos de direção
geral ENE de estruturação mais complexa. A figura 20 mostra o esboço destes domínios,
tendo ao fundo o mapa radiométrico que ressalta os respectivos limites.

Figura 20 - Esboço dos domínios geotectônicos sob o mapa radiométrico


60

Os domínios de comportamento rígido, com estruturação relativamente simples, são


recobertos basicamente pela unidade plataformal de mar raso da Sequência Acarápe
(Subunidade Aracoiába), sendo que na porção sudoeste do domínio sul aflora também o
embasamento arqueano (Complexo Cruzeta).
O Complexo Cruzeta, no domínio cratônico sudoeste, é constituído principalmente por
gnaisses bandados ortoderivados, com intercalações de boudins de rochas básicas. Suas
rochas são intensamente deformadas, apresentando bandamento gnáissico e clivagem de
fratura, com atitude variando de N80º W a N60º E e mergulho em torno de 40º para sul.
Nas áreas de ocorrência da Sequência Acarápe, dentro do domínio cratônico,
predominam paragnaisses com intercalações de mármores e quartzitos, com estruturas geradas
em deformação progressiva de natureza dúctil, com dobras intrafoliais e meso-dobras
apertadas e abertas, pouco inclinadas. Nos dois domínios a foliação em geral é paralela aos
contatos litológicos, suas direções acompanham os limites da borda da zona rígida e os
mergulhos variam de 30 a 45º para sul.
A faixa central da área do projeto, situada entre as zonas cratônicas, expressa uma
tectônica compressional, recortada por extensas nappes que envolvem a superposição de
rochas metassedimentares da cobertura neoproterozóica em rochas ortognaisses do
embasamento paleoproterozóico. Os anfibolitos e gnaisses são marcados por dobras
intrafoliais, apertadas a recumbentes e estruturas S/Z centimétricas a milimétricas, marcadas
principalmente em anfibolitos e gnaisses (Figura 21). O estilo de dobramento dominante é
isoclinal, com dobras de escala quilométrica, com planos axiais de baixo mergulho para ENE,
associadas à fase principal de transporte das nappes. Nesta zona de dobramentos são
frequentes também as falhas transcorrentes, perpendiculares as direções das nappes, com duas
direções principais, de N20º-30º W e N15º-25º E.
61

Figura 21 - Estrutura S/Z em anfibolito com intercalações de granada quartzito da


Subunidade Baturité, no leito do Rio Choro

No canto nordeste da área ocorrem duas extensas fraturas subverticais, de direções


N45ºW e N55ºW, respectivamente, discordantes das direções regionais de fraturamento,
sendo que a segunda se estende por mais 30 quilômetros e corta o Complexo Gabro-Diorítico
Anelar de Pedra Aguda.

4.6.1 Contato entre unidades da Sequência Acarápe através de estrutura de nappe

Ao sul da faixa de fácies de mar profundo da Subunidade Baturité (Anexo A), ocorre
uma zona de intensa deformação, com grandes estruturas de rods, mullions, empilhamento de
nappes e falhamentos de empurrão com vergência sul-norte. Este quadro tectônico resultou de
um regime de esforços compressivos, com direção do eixo sudeste-noroeste, certamente
responsável pelo fechamento da bacia sedimentar neoproterozóica Acarápe.
As estruturações do embasamento e das unidades alóctones diferem totalmente, pois, a
foliação regional do primeiro mergulha, em média, suavemente para SE, enquanto as das
nappes, também de baixo ângulo, mergulham para NW e as lineações de estiramento (NNE-
SSW no embasamento e NW-SE nas nappes) são quase perpendiculares (ARTAHUD, 2007).
A figura 22, a seguir, mostra uma estrutura de nappe, ao sul da cidade de Capistrano,
que coloca um pacote de gnaisses com intercalações quartzíticas de fácies plataformal (ao sul)
sobre as rochas de fácies de mar profundo (ao norte). Esta foto foi tirada na entrada da cidade
de Capistrano, olhando de sul para norte.
62

Figura 22 - Vista nos arredores da cidade de Capistrano da estrutura de nappe colocando em


contatoestrutural diferentes conjuntos de rochas da Subunidade Aracoiába. O conjunto e domínio de
mar raso, com predominância de paragnaisses com intercalações de quartzitos e mármores (A) sobre o
conjunto de biotita-gnaisse e anfibolitos de domínio de talude (B).
63

5 GEOLOGIA DAS MINERALIZAÇÕES

Os depósitos de grafita da região são dos tipos gnaisse grafitoso e veio, com diferentes
origens genéticas e com características físicas e ambientes geológicos de formação próprios.
As gêneses desses depósitos estão intimamente relacionadas à evolução tectono-termal
regional, onde: o tipo gnaisse grafitoso (minério disseminado) é de origem sedimentar, está
hospedado na Sequência Supracrustal Metavulcano-Sedimentar Acarápe com sua origem
relacionada a este cinturão metamórfico; e o tipo veio (minério maciço) foi depositado por
soluções hidrotermais (“fluido depositado”) relacionadas ao Complexo Gabro-Diorítico
Anelar de Pedra Aguda.

5.1 Mineralizações de grafita do Distrito Aracoiába-Baturité

5.1.1 Minério disseminado do tipo gnaisse grafitoso

Essas mineralizações correspondem a um minério disseminado com teores de 1,5 a 8%


de carbono, constituindo extensos corpos em forma lenticular, e formando jazimentos de
grandes dimensões, com centenas de metros de comprimento e dezenas de largura.
Encontram-se sempre encaixados concordantemente em uma sequência de gnaisses variados,
com intercalações de xistos, anfibolitos, quartzitos e rochas cálciossilicáticas (mármores
impuros) da Sequência Supracrustal Metavulcano-Sedimentar Acarápe (Figuras 23 e 24).
Trata-se aqui do minério mais importante, do ponto de vista econômico, em função
das suas grandes reservas. Os mapas dos corpos Chereco e Erom (Figuras 25 e 26) mostram a
forma e as dimensões destes tipos de mineralização.
A rocha apresenta-se semi-alterada, com coloração cinza-amarronzada e bem xistosa,
sendo constituída, principalmente, por mica (biotita), grafita, quartzo, felspatos e cianita-
sillimanita, com proporções menores de rutilo-leucoxênio, zircão e muscovita.
A textura é granolepidoblástica, onde os níveis mais xistosos, constituídos por biotita,
grafita, cianita e sillimanita, envolvem as partes quartzo-feldspáticas, geralmente em forma de
lentes. As fotomicrografias (Figuras 27 e 28) mostram os cristais de grafita (flake) dobrados e
orientados segundo a xistosidade da rocha.
64

Figura 23 - Biotita gnaisse grafitoso - minério singenético disseminado (6,54% C) - Fazenda


Paraibano, Córrego Marzagão, Baturité (UTM-SAD69 24M, 520352E, 9500728N)

Figura 24 - Biotita gnaisse grafitoso - minério singenético disseminado (6,1% C), Alvo Chereco,
Baturité (UTM-SAD69 24M, 523431E, 95007982N)
523.250 523.500

800178/00
9.501.000
0

SERRINHA-ESTRADA
SERRINHA-ESTRADA

CAVA
CAVA NORTE
NORTE 50
SERRINHA-AÇUDE
SERRINHA-AÇUDE

SEU CHICO
SEU CHICO CORPO NORTE-SUL
CORPO NORTE-SUL

ra
800034/01
800230/01 100

e d
ca
CORPO
CORPO TÔ

P
-50
-50
CAVA SUL
CAVA SUL ALVO FAZENDA
ALVO FAZENDA

n
150

a
DE PEDRA
LAGE DE
LAGE PEDRA ,,88
1100

Br

e
CHICO NERI
CHICO NERI

d
a
ANTÔNIO ALVES
ANTÔNIO ALVES

d r
00

s
ALVO MADALENA
ALVO MADALENA
200

Pe
800328/02
,,00

e
NORTE
NORTE
1111

a j
ALVO
ALVO MADALENA
MADALENA
ALVO JUAMIRIM
ALVO JUAMIRIM SUL
SUL

L
50
50
ALVO
ALVO EXTENSÃO
EXTENSÃO
250
NORDESTE
NORDESTE ,,33

s
1166 99,,66

a
ALVO EROM
ALVO EROM qbg

d
ALVO
ALVO CHERECO
CHERECO 100
100

300 alv

o
,,44 ,,00
2200 1100

Ri
qbg 150
150

350 ,,00
,99 1133
2222 77,,11
523.000 300
300
Æ Fcc6
Fcc6
200
200
400
,,55
2211 ,,44
Tcc16
Tcc16
Tcc5
Tcc5 Tcc2
Tcc2 1122 77,,66
350
350
Afloramento
450
250
250 Tcc1
Tcc1
Æ Fcc1
Fcc1
Tcc4
Tcc4
,,55
Æ
2255
Fcc8
Fcc8
88,,88 Æ ,,22
Figura 25 – Mapa geológico do Alvo Chereco

Fcc18
Fcc18

400
400 Tcc8
Tcc8
Tcc3
Tcc3
1177
,,33 1100

500
Tcc18
Tcc18 Cachimbo ÆFcc16
Fcc16
,,66
Æ 2288 ,,55 ,,11
1133 99,,44
Fcc3
Fcc3
xg Tcc14
Tcc14
1100
Æ Fcc15
Fcc15 Tcc15
Tcc15
9.500.750 Æ Fcc2
Fcc2 Æ Fcc14
Fcc14

550 Tcc6
Tcc6
,,55
Tcc7
Tcc7
2299 ,,99 bxg
Tcc17
Tcc17 1155 99,,66 88,,88 1100
,,55
Æ
Fcc13
Fcc13
qbg
600 Æ Fcc4
Fcc4 xg
,,88 bxg
2288 1188
,,77 ,,66 ,,22
Æ
Fcc12
Fcc12 1100 99,,99 1111

650
bgg Æ
Tcc12
Tcc12
Fcc5
Fcc5
Tcc19
Tcc19 ÆFcc17
Fcc17

,,88
Æ 2255,,22
Tcc10
Tcc10
2299 ,,66
99
TTcccc ,,88 1122
1111 ,,33
Tcc7W
Tcc7W
1133
TTcccc Fcc9
Fcc9
1100
700
Tcc13W
Tcc13W Tcc17W
Tcc17W
,,22
Tcc4
Tcc4
2288 ,,55 Tcc20
Tcc20
,,55
0D 3322 1122 ,,00 1133
,,22
15 1111
521.750
521.750

3355
,,55 Æ Fcc10
Fcc10

2200
,,66
bgg Tcc1
Tcc1
,,88
1155 1144
,,66
qbg Tcc3
Tcc3

D 3377
,,88
2288
..55 Æ Fcc11
Fcc11
,,33
100 1144 155
,,88
Tcc2W
Tcc2W

Tcc11
Tcc11
,,00 ,11
3355 1177, 1188
,,77
Malha de Pesquisa
,,88 ,,11
50
D 4400 2222
,,33
qbg 1188 450
450
450

500
500
500
500
500
550
550
550
550
550
550

D
D
D
D
000 D
D
111111000000000

00D D
D
D
D
55555000

ssseeeeee
BBBaaaaaasss
hhhaaaaaa BBB
LLLLLLiiiinniinnnnhhh
0
0E
000 EEE
EE
55
5 50
55

000 EEE
E
1111100000000

50
E Seções de Cubagem
0 50 100 m
150
150
150 100
100
100
100
100
100 50
50
50
50
50

ESCALA 1:1.000

E
100

150
E MAPA GEOLÓGICO E DE
SERVÍÇOS EXECUTADOS
LEGENDA Alagado
alv
alv m
D r e n a ge
Aluvião
Barragem
Açude
PROJETO GRAFITA
qbg
qbg Quartzo-Biotita-Gnaisse - apresenta localmente faixas métricas com cristais de grafita.
Æ FURO SONDAGEM
LOCAL DISTRITO e MUNICÍPIO ESTADO
xg
xg Xisto Grafitoso - com raras intercalações decimétricas de gnaisse. Estrada
TRINCHEIRA
CHERECO BATURITÉ CEARÁ
Biotita-Xisto Grafitoso - com láminas esparsas ricas em grafita. Edificações
bxg
bxg
EIXO ANOMALIA GEOFÍSICA
CARGABILIDADE/RESISTIVIDADE Cota ESCALA GEÓLOGO
bgg
bgg Biotita-Gnaisse Grafitoso - com intercalações métricas de xisto grafitoso. 35,0
PAULO ROBERTO PIZARRO FRAGOMENI
1:1.000 CREA-GO 1053/D

DESENHO: André Prudente Rosa em 11/06/2003 (CHERECO 3)


67

Fotomicrografias do gnaisse grafitoso do alvo CHERECO

Figura 27 - Fotomicrografia - Grafita flake dobrada, exibindo o pleocroísmo de reflexão


(SE da foto) (amostra 1). Luz refletida. Polarizadores paralelos. Objetiva 10x.
Granulometria média: cerca de 0,7 mm

Figura 28 - Fotomicrografia - Grafita flake orientada segundo a xistosidade geral da rocha


(amostra 1). Luz refletida. Polarizadores paralelos. Objetiva 10x. Granulometria: cerca de
1,54 mm
68

As descrições petrográficas de duas amostras deste tipo de minério do corpo Chereco


mostram que estas rochas são principalmente constituídas por quartzo, feldspato, cianita-
sillimanita, biotita, grafita e rutilo (Tabela 3).

Tabela 3 - Análise modal de amostras de minério grafitoso do tipo disseminado


Teores (%)
Amostra 1 Amostra 2
Quartzo 28 32
Feldspatos 25 31
Cianita-sillimanita 8 10
Biotita 23 15
Grafita 14 8
Rutilo-leucoxênio 2 4

Total 100 100

A grafita, embora disseminada, ocorre mais frequentemente nos níveis mais ricos em
biotita, onde pode ocorrer intercrescida com esta. Apresenta textura lamelar / tabular (flake).
As lamelas estão orientadas paralelamente à xistosidade geral da rocha, dobradas e exibem
forte pleocroismo de reflexão e “amarrotamento”, possivelmente, como resultado do
dobramento. São praticamente livres de inclusões, tendo sido observadas somente algumas
pequenas inclusões de rutilo (?), além de pequenas lentes de quartzo/feldspato (?) nos planos
de exfoliação.
Nas amostras 1 e 2, de minério disseminado, a grafita corresponde respectivamente a
14% e 8% do volume total das mesmas, e as variações granulométricas estão representadas a
seguir (Tabela 4).

Tabela 4 - Estimativa volumétrica dos teores de grafita por faixa granulométrica,


de duas amostras de minério grafitoso do tipo disseminado

Granulometria (mm) Teores de Grafita (%)


Amostra 1 Amostra 2
0,16-0,49 55 26
0,50-0,99 32 48
1,0-1,99 13 24
69

5.1.1.1 Faixas de ocorrência de gnaisse grafitoso na área do projeto

Na área do projeto foram identificadas duas faixas paralelas de ocorrência de rochas


grafitosas, muito xistosas que, em um primeiro contato, poderiam ser consideradas como
xistos. E, de fato, informalmente, para fins de mapeamento geológico de campo elas foram
denominadas de xisto grafitoso. Embora se tratem de rochas bastante xistosas e não
apresentarem o típico bandamento gnáissico, os teores de feldspatos variando entre 25%
(amostra 1) e 31% (amostra 2) e as relações de campo levam a considerá-las como gnaisses.
Na realidade essas rochas correspondem a gnaisses grafitosos e essas faixas foram
denominadas de “Chereco-Erom” e “Fazenda Alvorada-Itans”, que se estendem por
quilômetros na direção geral ENE, encaixadas concordantemente na Sequência Supracrustal
Metavulcano-Sedimentar Acarápe (Anexo A).

5.1.1.1.1 Faixa de gnaisse grafitoso Chereco - Erom (I)

Trata-se de uma extensa faixa grafitosa, com cerca de 50 metros de largura, que se
estende na direção sudoeste por mais de 8 (oito) quilômetros, com início nos arredores do
povoado de Pedra Branca ao leste estendendo-se para oeste.
Essa faixa é constituída por diferentes corpos de gnaisses grafitosos que podem ser
individualizados em campo e classificados como gnaisse grafitoso, granada biotita gnaisse
grafitoso e biotita gnaisse grafitoso. Eles estão encaixados em um quartzo biotita gnaisses,
que também pode conter um pouco de grafita associada, e constituindo estruturas antiformais
de padrão isoclinal, com os planos axiais levemente inclinados para sul (>70º), na direção dos
esforços. São nas porções apicais destas dobras, zonas mais susceptíveis às mineralizações,
que se encontram as litologias mais incompetentes, transformadas em gnaisses bem xistosos,
micro-dobrados e com concentrações de grafita. É nestas estruturas remanescentes que
aparecem aqui as mineralizações de grafita, em extensos corpos, dispostos de forma alinhada
e orientados na direção ENE. Os teores médios do minério destes corpos variam de 1,5 a 8,0
% de C e a grafita é do tipo flocos (flake), de fácil liberação.
Essa faixa corresponde a Subunidade Baturité que faz parte da Sequência Supracrustal
Metavulcano-Sedimentar Acarápe e foi gerada em ambiente de mar profundo, provavelmente
em zona de talude continental.

5.1.1.1.2 Faixa de gnaisse grafitoso Fazenda Alvorada - Itans (II)

Trata-se de uma extensa faixa de ocorrências de corpos de biotita gnaisse grafitoso,


intercalado em uma sequência de ortoanfibolitos e biotita gnaisses, com cerca de 50 metros de
70

largura, que se estende na direção WSW por mais de 10 (dez) quilômetros. Esta faixa tem
início na Fazenda Alvorada, nos arredores de Lagoinha, e se estende para sudoeste até o
Povoado de Itans. O minério desta faixa é bastante similar ao da Faixa Chereco-Erom,
contudo ele também se encontra relacionado à Subunidade Baturité e está associado ao fácies
mais profundo (sopé de talude e planície abissal) da paleogeografia da Sequência Acarápe.

5.1.2 Minério maciço do tipo “veio”

Foram cadastrados 12 (doze) corpos expressivos de minério maciço nos arredores do


Complexo Gabro-Diorítico Anelar de Pedra Aguda. Os mesmos foram denominados de: Cava
Sul, Corpo Norte-Sul, Madalena-Seu Chico, Juamirim, Seu Chico, Cava Norte, Serrote
Açude, Serrote Estrada, Tida, Chico Néri, Antonio Alves, Tô (Figura 29). Estes corpos
distribuem-se ao redor do corpo plutônico de Pedra Aguda, sendo que o mais afastado
(Juamirim) dista 2,5 km do plutão.
Os minérios maciços se caracterizam pelos altos teores de carbono, variando de 20% a
60%. Suas cores variam do cinza escuro ao negro e apresentam em quantidades variáveis
intercalações milimétricas brancas, orientadas, formadas por agregados de cristais de
feldspato (geralmente caulinizados). Ocorrem em corpos lenticulares ou tabulares, de
pequenas dimensões, e apresentam contato brusco com as rochas encaixantes, representadas
por ortognaisses paleoproterozóicos (Figuras 30 e 31). Feições do tipo stockwork também
podem ser observadas e, provavelmente, encontram-se associadas ao fraturamento hidráulico
resultante das pressões de fluidos hidrotermais gerados, em estágio pós-magmático, pelo
plutão de Pedra Aguda. A esses fluidos provavelmente deve-se a mobilização, transporte e
deposição da grafita associada aos corpos de gnaisses grafitosos.
72

Para referência dos teores de carbono frequentes neste tipo de minério, são
apresentados a seguir alguns resultados de análises químicas dos principais jazimentos
(Tabela 5).
Tabela 5 - Teores médios do minério epigenético

Alvos
Amostras C (%)
Cava Sul Cava Sul Pilha Garimpo 31,7
T1 188S/65E 40,0
Cava Sul Ponta Norte 22,1

Madalena Norte Madalena T 31,7


Madalena 2 22,5
Madalena 1 35,0

Juamirim JT-0/6E 20,5


JA-0/13E 33,0
JP-0/21 E 22,8
JÁ-0 (19E) 27,4
(*) Laboratório da CDTN/CNEN (Fonte: Boletim interno ELEP)

Figuras 30 e 31 - Alvo Cava Sul. Veio de Grafita com minério maciço, epigenético (>70% de C), com
contato brusco com a rocha encaixante (migmatito) - Fazenda da Laje (UTM-SAD69 24M, 523185E,
9502359N)
73

Mineralogicamente este tipo de minério (Tabela 6) mostra uma composição representada


por grafita, feldspato e quartzo, bem como quantidades subordinadas de goethita, biotita,
argilomineral, anfibólio, aluminossilicatos (sillimanita e/ou cianita), óxidos de titânio (rutilo e
leucoxênio), hematita, magnetita e illmenita:

Tabela 6 - Composição mineralógica do minério do tipo epigenético


Fração granulométrica -8# +35# -35# +65# -65# +100# -100# +325#
Minerais % Massa % Massa % Massa % Massa
Grafita 42 50 54 62
Feldspatos 33 24 19 17
Quartzo 15 15 14 9
Goethita 4 5 4 2
Argilomineral 2 1 3 5
Biotita 1 3 4 3
Anfibólio 1 1 <1 <1
Aluminossilicato 1 <1 1 1
Óxido de Ti <1 <1 <1 Raro
Clorita Muito raro Muito raro - -
Moscovita <1 Muito raro - -
Zircão Muito raro Muito raro - Muito raro
Turmalina Muito raro - - -
Hematita <1 Raro <1 Raro
Magnetita Muito raro Muito raro - -
Ilmenita Muito raro Muito raro <1 <1

Dois corpos que exemplificam muito bem este tipo de mineralização: o alvo Cava Sul,
com um minério formado por vênulas de grafita (stockwork) e associado a pegmatito, que mostra
o caráter tipicamente hidrotermal, cortando rocha gnáissica constituída por feldspato, quartzo e
biotita (Figuras 32 e 33); e o Norte-Sul, que preenche uma falha vertical e, consequentemente,
tem a forma tabular, com 2,0 m de largura e mais de 120 m de extensão (Figura 34).
74

Figura 32 - Minério fluido depositado - Vênulas de grafita preenchendo fraturas de uma zona
brechada, formando uma estrutura de stockwork. Alvo Cava Sul (UTM-SAD69 24M, 523185E,
9502359N)

Figura 33 - Veio de feldspato e quartzo, cortando o corpo de minério de grafita maciço no entorno
do plúton granítico Pedra Aguda - Alvo Cava Sul, Fazenda da Laje de Pedra (UTM-SAD69 24M,
523185E, 9502359N)
76

5.2 Trabalhos de prospecção e pesquisa geológico-tecnológica

Os trabalhos tiveram início com o estudo de duas ocorrências de grafita do tipo maciço
na Fazenda Laje de Pedra, chamadas Cava Sul e Cava Norte (Figura 35). Com os parâmetros
desta avaliação foi realizada uma pesquisa, que resultou na identificação de outros 3 (três)
corpos relevantes de grafita maciça (Norte-Sul, Juamirim e Madalena Norte) e outros 4
(quatro) de menor expressão (Seu Chico I, Tó, Chico Néri e Antonio Alves).
Os trabalhos foram concentrados inicialmente na Fazenda Laje de Pedra, onde se
situam as principais ocorrências de grafita maciça, que serviu de área piloto para teste de
técnicas de prospecção e experiências com diferentes métodos geofísicos (Radar, e
eletrorresistividade, VLF e IPS).

Figura 35 - Localização dos alvos de pesquisa - Distrito Grafitífero Aracoiába-Baturité


77

No decorrer da pesquisa regional, foi desenvolvido um programa de prospecção de


minério disseminado (gnaisse/xisto grafitoso), com base em analogia com os modelos de
outros jazimentos do mundo e considerando os conceitos geotectônicos locais. Este programa
identificou duas extensas faixas mineralizadas, denominadas aqui de Chereco-Erom e
Fazenda Alvorada-Itans, que pelas dimensões passaram a constituir os principais objetos da
pesquisa, conforme mostra o mapa da figura 35.
Os trabalhos de pesquisa mineral foram realizados na seguinte sequência:
- Mapeamento geológico e cadastramento de ocorrências
- Implantação da malha de pesquisa
- Aberturas de poços e trincheiras
- Geofísica / eletrorresistividade
- Geofísica / GPR - Ground Penetrating Radar
- Geofísica / Polarização Induzida Espectral e Resistividade
- Geofísica / magnetometria e VLF
- Sondagem rotativa
- Análises químicas e caracterização do minério

5.2.1 Mapeamento geológico e cadastramento de ocorrências

Inicialmente foi feito um levantamento da bibliografia e cartografia disponível sobre a


região e de informações geológicas sobre depósitos similares no mundo, dados de ordem
econômica e especificações de consumidores.
Foram adquiridas aerofotos na escala 1:35.000 e base planialtimétrica na escala
1:50.000 (Folhas de Baturité e Itapiúna – IBGE/Sudene), que permitiram a elaboração de um
mapa planialtimétrico na mesma escala das aerofotos.
Com as informações obtidas no estudo da bibliografia e com a fotointerpretação
geológica, foi elaborado um esboço, com ênfase à identificação de algum controle das
mineralizações que facilitassem a identificação de novas ocorrências.
Os trabalhos de campo tiveram início pelo cadastramento e investigação das
ocorrências conhecidas (Cava Sul, Cava Norte e Seu Chico) e envolveram caminhamentos,
principalmente ao longo das estradas e caminhos, realizados com auxílio de mapas e
aerofotos. Estes trabalhos de campo visaram, principalmente, reconhecer as possíveis
correlações entre os elementos geológicos e as ocorrências de grafita.
78

5.2.2 Mapeamento de detalhe

Durante a fase de pesquisa, não foi feito um mapeamento semi-regional da área,


partindo-se direto para os mapeamentos das áreas alvos. Pois, pelo estágio do conhecimento
na época, considerava-se o Grupo Ceará como unidade dominante, cujas diferentes litologias
não eram mapeáveis em escala menor do que 1:2.000. Assim, os mapas de detalhe estão
apresentados aqui dentro dos itens que descrevem as mineralizações.
O mapa geológico e de serviços da Fazenda Riacho das Lajes (Figura 36), feito na
escala 1:1.000, ilustra a carência de variedades litológicas representadas. Nesta fazenda se
situam três importantes mineralizações (Cava sul, Cava Norte e Norte-Sul), que foram alvos
de pesquisa de detalhe.

5.2.3 Implantação de malhas de pesquisa

Para amarrar os trabalhos de pesquisa nas áreas selecionadas foram feitas malhas
cartesianas de picadas, marcadas com topógrafo e com linhas de 100 em 100 metros e
piquetes de 50 em 50 metros, totalizando 21,6 km (Tabela 7). Depois foi necessário adensar o
número de linhas e de piquetes (20 em 20 metros) para facilitar o levantamento de Polarização
Induzida Espectral (SIP), que utilizou o espaçamento de 20 metros entre os eletrodos de
corrente e os de potencial (AB=MN=20m).

Tabela 7 - Picadas abertas nos alvos de pesquisa

Malhas de pesquisa Metragem implantada


Chereco 5.800
Erom 5.100
Fazenda da Laje de Pedra 6.400
Juamirim 2.300
Madalena Norte 2.000
Total 21.600

5.2.4 Abertura de poços e trincheiras

A escassez de afloramentos na região exigiu a abertura extensiva de poços de


pesquisa, já que não foi possível a utilização de trado manual para amostragem em função da
grande quantidade de blocos de quartzo rolados no solo, formando um capeamento
impenetrável por trado (denominado localmente de “chereco”). Estes poços foram rasos, com
profundidade média de 80 centímetros, ultrapassando apenas o horizonte de solo, para
verificação da rocha alterada (Figuras 37 e 38).
80

Figuras 37 e 38 - Poços rasos na Fazenda da Laje de Pedra para identificação da litologia subjacente

De um modo geral seguiu-se uma sistemática de abertura de poços rasos com


espaçamento de 50 em 50 metros nas malhas quadradas, adensando depois nas zonas de
contato ou de maior interesse geológico. Também, depois das campanhas de geofísica foram
feitas escavações para verificação de anomalias, sem orientação sistemática. Foram abertos no
total 400 (quatrocentos) poços rasos durante a pesquisa, distribuídos conforme mostra a tabela
8 e os mapas apresentados.
Nas áreas de ocorrência de minério disseminado, as aberturas de poços seguiram
principalmente os limites laterais dos corpos. As informações obtidas nesses poços foram
fundamentais para identificação dos alinhamentos dos corpos de grafite e, também, para o
planejamento das linhas do levantamento geofísico.

Tabela 8 - Poços rasos abertos nos alvos de pesquisa


Alvos de Pesquisa Poços de Pesquisa
Chereco 96
Erom 60
Fazenda da Laje de Pedra 210
Juamirim 20
Madalena Norte 6
Seu Chico I 1
Chico Néri 1
To 4
Serrote / Açude 2
Total 400

No caso da pesquisa em questão as informações dos poços não foram suficientes,


tornando necessária a abertura de trincheiras transversais, para melhor visualização das
estruturas das mineralizações e de seus contatos (Figuras 39 e 40).
81

Dessa forma, a abertura de trincheiras foi utilizada em diferentes fases da pesquisa,


mas principalmente como apoio ao mapeamento geológico e para verificação de anomalias
geofísicas (Radar, Eletrorresistividade e Polarização Induzida).

Figuras 39 e 40 - Abertura mecanizada (2 a


3m de profundidade) e manual de
trincheiras, no Alvo Cava Sul

Foi aberto um total de 56 trincheiras, totalizando cerca de 560 metros lineares, sendo
que 17 (dezessete) delas foram abertas com auxílio de retroescavadeira, para observações em
profundidades superiores a 2 (dois) metros (Tabela 9).

Tabela 9 - Trincheiras abertas nos alvos de pesquisa


Alvos de Pesquisa Trincheiras Abertas
Chereco 18
Erom 3
Fazenda da Laje de Pedra 22
Juamirim 7
Madalena Norte 2
Seu Chico I 1
To 3
Total 56
.
As trincheiras foram desenhadas, descritas em tabelas, georrenferenciadas e
transferidas diretamente para o banco de imagem em Mapinfo.
82

5.2.5 Levantamentos geofísicos

Devido à falta de afloramentos, foram realizados levantamentos geofísicos utilizando


diferentes métodos com o objetivo primordial de buscar anomalias que permitissem
diferenciar o corpo mineralizado em contraste com as rochas encaixantes.

5.2.5.1 Eletrorresistividade (ER)

O estudo geofísico por eletrorresistividade das rochas (ER) foi realizado na malha
implantada na Fazenda Laje de Pedra, tendo utilizado para coleta dos dados de campo os
dispositivos de arranjo dos eletrodos pelos métodos Schulumberger e Wenner.
O resultado deste levantamento não destacou a principal mineralização de grafite
maciço da Fazenda da Laje de Pedra, denominada para fins da pesquisa de corpo da Cava Sul.
Isso se deveu a água do lençol ser muito salgada e, portanto, muito condutiva. No entanto, em
três anomalias apontadas na Fazenda da Laje por este método, revelaram corpos novos de
minério maciço.

5.2.5.2 GPR - Ground Penetrating Radar

Devido ao fraco desempenho do levantamento de eletrorresistividade, foi necessário


buscar outro método indireto que orientasse a sondagem e as escavações. Foi selecionado o
GPR em função da referência de bom desempenho na delimitação das coberturas superficiais
e pela possibilidade de se identificar contrastes litológicos abaixo da cobertura de solo.
Este levantamento foi realizado através de 16 perfis, totalizando 2.200 metros lineares
levantados, na malha da área da Fazenda da Laje de Pedra (Figuras 41 e 42). Nesta área é que
foram testados os desempenhos dos diversos métodos geofísicos.

Figuras 41 e 42 - Levantamentos de GPR realizados na Fazenda da Laje com Sistemas Ramac e com
GPR IDS-Radar RIS Multifrequencial
83

Os resultados destes levantamentos não mostraram as espessuras dos níveis


superficiais de cascalho e nem os limites do bedrock em toda a área levantada conforme a
expectativa. Apenas em determinados locais este método apresentou melhor desempenho,
onde foi possível estimar a espessura das cascalheiras superficiais.

5.2.5.3 Polarização induzida espectral e eletrorresistividade

A alta cargabilidade e baixa resistividade do minério de grafite indicaram a


experiência conjugada dos métodos de Polarização Induzida Espectral (SIP) e
Eletrorresistividade (ER). Os resultados foram excelentes, mostrando com nitidez os
contrastes dos corpos grafitosos e tornaram estes métodos conjugados as principais
ferramentas na orientação da pesquisa.

Este levantamento investigou seis níveis em profundidade, de 8 a 35 metros, com


imageamento elétrico em duas dimensões (Figuras 43 e 44).

Figuras 43 e 44 - Levantamento de SIP/ER no alvo Erom.

Os levantamentos foram realizados em duas etapas, sendo: a primeira em áreas de


ocorrência do minério maciço (Fazenda Laje de Pedra, Madalena Norte e Juamirim) e a
segunda em áreas de ocorrência de minério disseminado (Fazendas Chereco e Erom). Estes
levantamentos nas ocorrências de minério maciço não apresentaram a mesma eficiência do
levantamento na área de ocorrência de minério disseminado (Chereco e Erom), confirmando o
fato do método de polarização induzida ser mais indicado para pesquisa de minérios
disseminados. Isso provavelmente devido aos menores portes dos corpos de minério maciço, a
complexidade estrutural, a maior variedade litológica e/ou ao comportamento geofísico dos
minérios.
84

5.2.5.4 Magnetometria e VLF - Very Low Frequency

Depois de concluída a pesquisa no Alvo Chereco foi realizado um levantamento de


Magnetometria e VLF para verificação de seu desempenho e comparação com o IPS/ER (vide
planta na página seguinte). Foram realizados 4 (quatro) perfis ao longo das picadas
transversais ao corpo Chereco, com espaçamento entre as leituras de 20 metros.
As vantagens da Magnetometria/VLF são a alta velocidade do levantamento e o seu
baixo custo. Contudo, o SIP/ER pode sofrer menor interferência de objetos metálicos do
campo, como: cercas de arame das fazendas; ferramentas abandonadas, composições de
sondagem enterradas, etc.
Os resultados deste levantamento não foram considerados na presente pesquisa. No
entanto, em virtude da sua rapidez e do seu baixo custo, estes métodos conjugados deverão ser
utilizados na fase regional dos próximos trabalhos de pesquisa para seleção de alvos.

5.2.6 Sondagem rotativa

Foram feitas duas campanhas de sondagem, que fizeram 7 (sete) furos no Alvo
Fazenda Laje de Pedra, 12 (doze) no Alvo Chereco e 6 (seis) no alvo Erom, totalizando 1.800
metros de sondagem rotativa com diâmetros NX e BX (Figuras 45 e 46).
Os furos na Fazenda da Laje de Pedra visaram o prolongamento do corpo Cava Sul,
sendo 6 (seis) inclinados de 45º a 60º e 1 (um) vertical; no Alvo Chereco foram realizados 4
(quatro) furos verticais e 8 (oito) inclinados de 60º; e no Alvo Erom todos os 6 (seis) furos
foram verticais.
A primeira campanha de sondagem foi programada com base nos elementos
geológicos com cerca de 50% de acerto, enquanto a segunda campanha com os furos
marcados com auxílio da geofísica (PIS/ER) apresentou 100% de acerto.
Os testemunhos dos furos de sonda, utilizados na cubagem das reservas, estão
guardados na residência de Pedra Branca da empresa de mineração, acondicionados em caixas
de madeira apropriadas. Eles foram descritos e auxiliaram na interpretação da geologia dos
diferentes corpos de minério atravessados.
85

Figuras 45 e 46 - Sondagem rotativa do alvo Erom, com o método wire line

5.2.7 Análises químicas e caracterização do minério

A complexidade da determinação do teor de carbono no minério de grafite exigiu uma


investigação criteriosa para se obter coerência dos resultados analíticos. Esta investigação
envolveu inicialmente 5 (cinco) laboratórios e culminou com a seleção dos laboratórios do
Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN) e do Centro de Tecnologia
Mineral (CETEM), que utilizam a termogravimetria e termodiferencial na determinação do
teor de carbono.
Mesmo nos dois laboratórios selecionados também ocorreu uma discrepância na
interpretação dos resultados, em virtude de existirem dois materiais carbonosos no minério,
com perda de massa exotérmica em duas faixas de temperatura “350°C-650°C” e “650°C a
1.050°C” e o CDTN considerou apenas o teor do carbono liberado na faixa “650°C a
1.050°C” (Tabela 10). Para maior segurança no cálculo de reservas, foi considerado apenas o
carbono liberado na faixa “650°C a 1.050°C” determinado pelo CDTN, com teores de
carbono menor.
Esta discrepância é muito relevante e poderá induzir a conclusões errôneas sobre a
viabilidade técnica e econômica do empreendimento mineral, caso não seja adotado o método
correto.
86

Tabela 10 - Teores de carbono determinados nas mesmas amostras por


laboratórios do CETEM e do CDTN

AMOSTRAS CETEM CDTN


. 350 a 650ºC 650 a 1050ºC % Carbono % Carbono
2a1 2,3 13,3 15,5 6,20
2a2 2,1 5,6 7,7 5,00
2a3 0,8 0,6 1,4 1,42
4a1 0,7 2,8 3,5 1,76
4a3 2,7 6,3 9,0 7,56
5a1b 2,5 1,2 3,7 1,47
5a2 1,0 2,8 3,8 3,21
5a3 0,7 1,7 2,4 2,80
9a1 1,1 5,8 6,9 7,30
9a1b 1,6 1,9 3,5 1,11
9a2 2,0 4,0 6,1 3,48
9a4b 1,9 15,0 17,0 6,88
9a5 2,5 7,3 9,8 6,47
13a1 1,5 1,0 2,5 1,00
13a1b 1,3 0,2 1,5 1,00
13a2 0,7 0,0 0,8 2,29
13a3 2,5 2,4 4,9 1,85
13a5 2,0 1,8 3,8 1,85
fe02a 1,0 0,9 1,9 1,61
fe02b 1,1 0,9 2,1 1,69
fcc02a 2,7 8,7 11,3 8,67
fcc02b 2,7 8,3 11,0 8,65

Durante a pesquisa foram realizadas descrições petrográficas por microscopia de seção


delgada por luz transmitida e/ou refletida, análises do concentrado de grafita por difração de
raio X, bem como estudos da composição granulométricas dos flocos de grafita. No entanto,
boa parte destes resultados ainda é considerada de acesso restrito, por cláusula de
confidencialidade contratualForam realizados 8 (oito) estudos de caracterização mineralógica
em amostras compostas dos minérios disseminado e maciço. A caracterização do minério
disseminado típico, que constitui o tipo de maior importância econômica deste jazimento, foi
feita após uma desagregação da amostra com pistilo de aço, cuidando-se para que não
houvesse cominuição dos cristais de grafita, e investigou-se o grau de liberação dos mesmos
nas seguintes faixas granulométricas:

Mesh Tyler mm
+10 +1,70
+14 +1,18
+28 +0,50
-28 +0,60
87

Faixa +10#

- Praticamente 100% dos grãos são mistos quartzo+feldspato+biotita+grafita.


- Grãos mistos de grafita+biotita em percentagem traço.
- Grafita liberada em percentagem traço.
Faixa +14#

- 74% dos grãos são mistos com quartzo+feldspato+biotita+grafita onde


quartzo+feldspato é a maior parte do grão.
- 25% dos grãos são mistos com quartzo+feldspato+biotita+grafita onde
grafita +biotita é a maior parte do grão.
- 1% de partículas constituídas por grafita+biotita (sem ou com muito pouco
quartzo+feldspato).
- Grafita liberada em percentagem traço.

Faixa +28#

- Grãos são mistos com quartzo+feldspato+biotita+grafita.


- 3% dos grãos são constituídos por grafita+biotita (sem ou com traço de
quartzo+feldspato).
- 2% dos grãos constituídos por quartzo+feldspato (sem ou com traço de
grafita+biotita).

Faixa -28#

- 14% de grafita liberada.


- 11% grafita+biotita.
- 10% quartzo liberado com traço biotita+grafita.
- 64% grãos mistos constituídos por quartzo+feldspato+grafita+biotita e
feldspato+grafita+biotita.

5.2.8 Cálculo de reservas


Os resultados da pesquisa foram sintetizados em mapas geológicos de detalhe, seções
das mineralizações estudadas, fichas descritivas, logs de sondagem e boletins de análises, e
serviram de base para a elaboração do estudo de exequibilidade de lavra. Estas informações
foram consolidadas no relatório final de pesquisa sendo apresentadas e aprovadas frente ao
DNPM - Departamento Nacional da Produção Mineral.
88

O cálculo de reservas foi realizado através do sistema de integração de seções


topográfico-geológicas transversais, que estão registradas nos mapas geológicos de detalhe
dos alvos e nas respectivas seções geológicas.
Como a área de ocorrência do minério de grafite é aflorante em quase toda extensão
dos alvos, aplicou-se a seguinte metodologia:
- Levantamento de seções geológicas auxiliares (seções de cubagem), com base no mapa
topográfico na escala 1:1.000, preparado através levantamento topográfico de campo .
- As áreas representadas nas seções topográficas e geológicas de cubagem (Figura 47),
correspondentes ao minério de grafite, foram obtidas através de dados geológicos como
ocorrências, atitudes (direção e mergulho das unidades litológicas), plotados e calculados
pelos programas de computação Mapinfo e AutoCad 14;
- Para o cálculo de reservas, foram utilizadas as áreas de influências dos blocos definidos
nas seções de cubagem, onde foram individualizadas as reservas medidas e inferidas do
minério de grafite.
- Considerou-se a densidade de 2,67 g/cm3 do minério de grafite (granada biotita xisto
grafitoso) "in situ", conforme determinação realizada pelo laboratório do CETEC - Centro
Tecnológico de Minas Gerais.
A pesquisa revelou uma jazida com reserva total 17.298.200 t de minério, 843.618
toneladas de grafita contida, com teor médio de 4,86% de carbono, englobando oito corpos de
minério (Tabela 11) que são facilmente lavráveis a céu aberto. As reservas foram divididas
em três classes totalizando os seguintes volumes de minério: medida de 221.797 t C; indicada
de 39.462 t C; e inferida de 582.358 t C.
89

Figura 47 - Seção geológica auxiliar utilizada na cubagem da reserva, com topografia e mostrando a
projeção dos furos de sondagem (FCC 14, FCC 15 e FCC17) e o perfil final da lavra em vermelho

Tabela 11 - Reservas de grafita dos depósitos de Pedra Branca, Aracoiába

ALVO TOTAL
Minério (t) C contido (t) %C

CHERECO 2.942.847 122.188 4,15%

EROM 3.775.816 92.184 2,44%

MADALENA SUL 2.770.684 110.069 3,97%

EXTENSÃO NORDESTE 7.235.048 457.226 6,32%

CAVA SUL 56.912 24.757 43,50%

NORTE-SUL 44.856 6.495 14,48%

MADALENA NORTE 294.281 21.569 7,33%

JUAMIRIM 168.757 9.130 5,41%

TOTAIS 17.289.200 843.618 4,88%


90

5.2.9 Testes de beneficiamento mineral

Os minérios são dos tipos maciço e disseminado, ambos de alta qualidade,


predominando cristais de grafita do tipo flocos (flake). Os testes de concentração foram
realizados em vários laboratórios (Cetec-Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais, no
CDTN-Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear; e Novofilme Energy and System
Components) e demonstraram que os cristais de grafita são de fácil liberação durante o
processo de beneficiamento, que é constituído pelas seguintes etapas britagem, moagem,
desagregação, ciclonagem e flotação, seguido por lixiviação e secagem.
Os corpos Chereco, Erom, Madalena Sul e Extensão NE são de minério disseminado,
com teores médios relativamente baixos (2,44 - 6,32% C), mas formando jazimentos de
grandes dimensões. Os demais, Cava Sul, Norte-Sul, Madalena Norte e Juamirim, referem-se
a depósitos de minério do tipo maciço, que apresentam alto teor de carbono fixo (5,41 e
43,50% C), mas em corpos de dimensões reduzidas. O minério maciço atinge em
determinados pontos até 70% de C, contudo os teores médios das “reservas lavráveis” ficam
mais baixos devido a diluição com a rocha encaixante.
O Setor de Tecnologia Mineral do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear
(CDTN) realizou um estudo de caracterização mineralógica e desenvolveu um estudo de
flotação em laboratório para verificar a viabilidade técnica de se recuperar a grafita.
Os resultados deste trabalho mostram que foi obtido um concentrado de grafite com
teor de 90,7% e recuperação de 87,2% de carbono, utilizando um circuito constituído da etapa
rougher, três etapas cleaner e duas scavenger.
O processamento mineral é baseado em operações tradicionais de fragmentação grossa
(britagem) em britador de martelos, seguida de fragmentação fina (moagem) em moinho de
barras em circuito fechado com um conjunto de ciclones. O minério é assim preparado para a
flotação, com a ajuda de um espumante (óleo de pinho) e um extender (querosene) em bancos
de células mecânicas organizadas no esquema de flotação de desbaste (rougher) seguido por
duas flotações de limpeza (cleaners). Prevê-se a remoagem dos concentrados de desbaste e da
primeira limpeza (cleaner) para liberar o mineral útil e obter um produto final de alto teor
(superconcentrado). O concentrado final é espessado, filtrado e secado para ser
comercializado. Os rejeitos, que são inertes, deverão ser cuidadosamente estocados numa
bacia evitando maiores problemas ambientais.
A empresa titular dos direitos minerais pretende desenvolver lavra a céu aberto, por
meios de bancos, onde será feito a “blocagem”, de acordo com o conhecimento dos teores de
grafita. O beneficiamento básico consiste na britagem, moagem, desagregação, ciclonagem e
91

flotação, seguido por lixiviação e secagem. A escala de produção inicial prevista é de 15.000
t/ano de concentrado de grafita, com teores na faixa de 85 a 96% de C. A lavra foi planejada
para uma vida útil de 15 (quinze) anos, com produção anual de 12.000 t de grafite contido no
concentrado, considerando apenas a reserva medida recuperável.

5.2.10 Características dos alvos de minério disseminado

O cinturão de xisto mineralizado Chereco-Erom foi dividido em 4 (quatro) alvos,


sendo que em 2 (dois) deles (Chereco e Erom) foram realizados trabalhos de detalhe com
identificação de reservas medidas. Nos 2 (dois) outros alvos (Madalena e Extensão Nordeste)
foram calculadas reservas inferidas de grafita, para execução de futuras pesquisas de detalhe.
Foram registradas outras ocorrências de menor expressão dentro dos alvos, que foram
selecionados para futuras pesquisas

5.2.10.1 Alvo Chereco

Trata-se de um segmento da Faixa Chereco-Erom de forma lenticular, constituído por


granada gnaisse grafitoso e biotita xisto grafitoso, que aflora por uma extensão de 400 metros
na direção N75ºE, com uma largura variável de até 60 metros.

No mapa geológico do Corpo Chereco (Figura 25), pode-se observar o seu


afloramento ao longo da malha de pesquisa, desde a linha –50, nas proximidades do Riacho
das Lages de Pedra, no lado ENE, estendendo-se para SWS até a linha 350.

O granada biotita xisto grafitoso, registrado no mapa apenas como “xisto grafitoso”, é
de cor cinza, e contém algumas intercalações decimétricas de gnaisse grafitoso. Ocupa a parte
NE do corpo, cobrindo mais de 70% da área de afloramento, onde foi medida uma reserva de
1.760.601 t deste tipo de minério com um teor médio de 5,66% de Carbono.

O outro corpo de minério deste alvo é constituído por um biotita xisto grafitoso, de
coloração cinza escura, apresentando localmente lâminas ricas em grafita, e que se destaca
pela maior quantidade de biotita em relação aos cristais de grafita. Ocupa uma pequena faixa
no canto SE, indo desde a picada –50 até a picada 200. Foi medida uma reserva de 1.182.245 t
deste tipo de minério com um teor médio de 1,91% de carbono.

A precisa delimitação da mineralização neste alvo foi facilitada pela geofísica, em


especial pelo método geofísico SIP–ER (Figuras 48 e 49). A interpretação integrada dos
94

mapas de cargabilidade e resistividade revelou com boa precisão a posição desta faixa
mineralizada, que foi comprovada através de afloramentos, trincheiras, poços e sondagens.

5.2.10.2 Alvo Erom

Trata-se de outro segmento da Faixa Chereco–Erom formado por um corpo de xisto


grafitoso que aflora por mais de 700 metros na direção N80ºE, com uma largura média de 40
metros. No mapa geológico do Corpo Erom, mostrados na figura 26, pode-se observar o seu
afloramento ao longo da malha de pesquisa, desde a linha Ø (zero), no limite leste com o Alvo
Madalena Sul, seguindo no rumo sudoeste até a linha 550, no final do açude da Fazenda
Erom.

O minério é do tipo disseminado, formado por um granada biotita quartzo xisto


grafitoso, de coloração cinza clara, onde a grafita ocorre em palhetas disseminadas com
formas lamelares e tabulares, que perfazem até 3% do volume total das amostras. A grafita é
do tipo flocos (flake), de fácil liberação, com as palhetas de tamanho variável, podendo atingir
até 0,5 mm.

A primeira programação de sondagem nesta área (furos FE-1 a 3) foi baseada nas
informações de geologia de campo, sem orientação da geofísica. Após o levantamento IPS/ER
(Figuras 50 e 51) foi feita nova programação de furos (FE-4 ao FE-7), que permitiu medir
uma reserva medida de 2.836.406 t de minério com teor médio de 2,39% de Carbono.

Nas áreas adjacentes aos alvos Chereco e Erom, mapeadas como biotita gnaisse
grafitoso (BBG), ocorrem concentrações grafitosas em estratos de largura variável de 1 a 10
metros e extensões superiores a 70 metros. Estas ocorrências serão pesquisadas
posteriormente para identificação de reservas adicionais de grafita.

5.2.10.3 Alvo Madalena Sul

Foi aqui denominado como Alvo Madalena Sul a faixa mineralizada e intermediária
entre os Alvos Chereco e Erom. O levantamento geofísico de SIP/ER revelou a extensão oeste
do corpo Chereco para sudoeste, na área da Fazenda Madalena. Esta indicação orientou a
abertura de poços de pesquisa, que confirmaram a continuidade da faixa mineralizada desde o
Alvo Chereco até o açude da Fazenda Erom.

Esta ocorrência de xisto grafitoso estende-se de leste para oeste, desde o piquete 450
da malha Chereco até o piquete –50 da malha Erom, perfazendo 1.024 metros de extensão, e
97

revelou uma reserva inferida de 2.770.684 t de minério com teor médio de 3,97% de carbono.
(Figura 52).

5.2.10.4 Alvo Extensão Nordeste

A faixa de minério de grafite Chereco-Erom ultrapassa o limite leste do alvo Chereco


e continua na direção nordeste, além do limite da área de pesquisa. As ocorrências de
minérios maciço e disseminado observados nas fazendas Chico Néri, João Alves e Tó
evidenciam o prolongamento nordeste deste cinturão (Figura 53). Este alvo apresenta uma
largura média de 40 metros e estende-se por 2.800 metros, desde o Rio das Lajes de Pedras na
seção -50 da malha Chereco.

A geologia da Extensão Norte mantém as características do alvo Chereco, formada


basicamente por uma seqüência de gnaisses variados, com intercalações de xistos, anfibolitos,
quartzitos e rochas cálcio-silicáticas. A unidade mineralizada é o mesmo granada biotita xisto
descrito no alvo Chereco. Nestas ocorrências a grafita aparece em palhetas disseminadas, com
formas lamelares, que perfazem mais de 10% do volume total das amostras.

Foram consideradas aqui as mesmas características geológicas do minério medido na


seção -50 da malha Chereco, adjacente a oeste, e foi inferida uma reserva de 7.235.048 t de
minério com o teor médio de 6,32% de carbono.

5.2.11 Características dos alvos de minério maciço

Foram pesquisados em detalhe apenas os 4 (quatro) principais alvos de minério


maciço, de um total de 12 conhecidos. Os principais são Cava Sul, Norte-Sul, Juamirim e
Madalena Norte.

5.2.11.1 Alvo Cava Sul

Trata-se de uma ocorrência conhecida deste a década de 40, com uma grande cava
aberta por antigos garimpeiros, que deixa uma boa exposição de minério maciço (Figura 54 -
foto).

Este corpo situa-se ao sul da Fazenda da Laje de Pedra, possui uma forma lenticular,
com 110m no eixo maior e com até 10 metros de largura, com atitude N70°W/60°N e é
SE
SE
SE
PROJETO GRAFITA NW
NW
NW
SE
SE
SE
SE NW
NW
NW
NW 9.502.000
9.502.000
9.502.000
-50 (n°11w) 9.502.000
9.502.000
9.502.000
40
40
40
40
40
LOCAL: CHERECO

525.000
525.000
526.000
526.000

525.000
525.000
526.000
526.000

525.000
526.000
BATURITÉ - CE
20
20
20
20
20
20

AFLORAMENTO
0
000
0

-20
-20
-20
-20
-20
QBG
QBG XG
XG QBG
QBG
BXG
BXG -40
-40
-40
-40
-40

-60
-60
-60
-60
-60 CHICO NERI
CHICO NERI
150
150
150
150 E
E
E
150 E
E 100
100
100
100 E
E
E
100 E
E 50
50
50
50 E
E
E
50 E
E 0
000
0 50
50
50
50 D
D
D
50 D
D
0 25 50 m

Escala Horizontal e Vertical

ANTONIO ALVES
ANTONIO ALVES

524.000
524.000
524.000
524.000
ALVO EXTENSÃO
NORDESTE

9.501.000
9.501.000
9.501.000
9.501.000
9.501.000 800178/00
800178/00
800178/00
800178/00
800178/00
800178/00

SERRINHA-ESTRADA
SERRINHA-ESTRADA
SERRINHA-ESTRADA
SERRINHA-ESTRADA
SERRINHA-ESTRADA
SERRINHA-ESTRADA

--5500 ((nn
CAVA
CAVA
CAVA
CAVA
CAVA NORTE
NORTE
NORTE
NORTE
NORTE
CAVANORTE
SERRINHA-AÇUDE
SERRINHA-AÇUDE
SERRINHA-AÇUDE
SERRINHA-AÇUDE

°°1111w
w))
SEU
SEU
SEU CHICO
CHICO
CHICO CORPO
CORPO
CORPO
CORPO
CORPO NORTE-SUL
NORTE-SUL
NORTE-SUL
NORTE-SUL
NORTE-SUL
CORPONORTE-SUL
SEU
SEU CHICO
CHICO
SEUCHICO
800034/01
800034/01
800034/01
800034/01
800034/01
800034/01
800230/01
800230/01
800230/01
800230/01
800230/01
800230/01
CORPO
CORPO
CORPO
CORPO
CORPO
CORPO



ALVO CAVA
CAVA
CAVA
CAVA
CAVA SUL
SUL
SUL
SUL
SUL
CAVASUL



ALVO
ALVO
ALVO
ALVO
ALVO FAZENDA
FAZENDA
FAZENDA
FAZENDA
FAZENDA
ALVOFAZENDA
LAGE
LAGE
LAGE
LAGE
LAGE DE
DE
DE
DE PEDRA
PEDRA
PEDRA
PEDRA
PEDRA
DEPEDRA
LAGEDE
CHERECO CHICO
CHICO
CHICO NERI
NERI
CHICO
CHICO NERI
NERI
NERI
CHICONERI
ANTÔNIO
ANTÔNIO
ANTÔNIO
ANTÔNIO
ANTÔNIO ALVES
ALVES
ALVES
ALVES
ALVES
ANTÔNIOALVES
ALVO
ALVO
ALVO
ALVO MADALENA
MADALENA
MADALENA
ALVOMADALENA
ALVO MADALENA
MADALENA 800328/02
800328/02
800328/02
800328/02
800328/02
800328/02
NORTE
NORTE
NORTE
NORTE
NORTE
NORTE
ALVO
ALVO
ALVOMADALENA
MADALENA
MADALENA
DOMÍNIO MIGMATITOS ALVO JUAMIRIM
ALVOJUAMIRIM SUL
SUL
SUL
ALVO
ALVO
ALVO JUAMIRIM
JUAMIRIM
JUAMIRIM SUL
SUL
SUL
ALVO
ALVO
ALVO
ALVO
ALVO EXTENSÃO
EXTENSÃO
EXTENSÃO
ALVOEXTENSÃO
EXTENSÃO
EXTENSÃO
Migmatitos de fácies metatexito, guardando elementos planares, exibindo estruturas dobrada, flebítica, NORDESTE
NORDESTE
NORDESTE
NORDESTE
NORDESTE
estromatolítica, e "schollen". Esta seqüência litológica é complexa, formada por rochas de alto grau de ALVO
ALVO EROM
EROM
EROM
ALVOEROM
ALVO
ALVO
ALVO EROM
EROM
metamorfismo, com hiperstênio, onde se destaca o enderbito como rocha dominante ALVO
ALVO
ALVO
ALVO CHERECO
CHERECO
CHERECO
ALVOCHERECO
CHERECO

DOMÍNIO GNAISSES E XISTOS

Formado basicamente por uma seqüência de gnaisses variados, com intercalações de xistos, anfibolitos,
quartzitos e rochas cálcio-silicaticas (mármores impuros).

FAIXA CHERECO-EROM
Faixa de ocorrência xistos e gnaisses mineralizados, formada principalmente por granada biotita xisto MAPA GEOLÓGICO
MINERAÇÃO LUNAR LTDA.
grafitoso, encaixados em gnaisses, constituindo estruturas antiformais de padrão isoclinal, com os planos
axiais levemente inclinados para sul (>70º). Nas porções apicais destas dobras, zonas mais susceptíveis
as mineralizações, encontram-se as litologias mais incompetentes, transformadas em xistos micro-dobrados PROJETO GRAFITA
com concentrações de grafita.
LOCAL DISTRITO e MUNICÍPIO ESTADO

Eixo
Eixo da
da anomalia
anomalia (geofísica
(geofísica de
de IPS ER)
IPS ee ER) Drenagem
Drenagem
EXTENSÃO NORDESTE CEARÁ
0 250 500 m BATURITE
Alvos
Alvos de pesquisa
de pesquisa
Estrada
Estrada GEÓLOGO
ESCALA
Alvos
Alvos de
de pesquisa
pesquisa de
de reservas
reservas inferidas
inferidas 1:10.000
PAULO ROBERTO PIZARRO FRAGOMENI
DNPM
DNPM 1:10.000 CREA-GO 1053/D

DESENHO: André Prudente Rosa em 25/05/2003 (EXTENSÃO NORDESTE)

Figura 53 – Mapa geológico do alvo Extensão Nordeste


100

encaixado em rochas migmatíticas (Figura 55). É formado por minério do tipo maciço, com
teores variando de 22% a 56% de carbono, com a cor variando do cinza escuro ao negro e
apresenta em quantidades variáveis intercalações milimétricas brancas, orientadas, formadas
por agregados de cristais de feldspato (geralmente caulinizados).

A delimitação do corpo foi feita através de 8 (oito) poços, 4(quatro) trincheiras e da


reabertura da cava garimpeira. Foi medida uma reserva de 47.426 t de minério com 43,50%
de C, totalizando 20.630 t de grafita.

Os levantamentos geofísicos (IPS, ER e GPR) nesta área de ocorrência de minério


maciço não apresentaram a mesma eficiência do levantamento na área de ocorrência de
minério disseminado. Isso, provavelmente, deve-se aos menores portes dos corpos, a
complexidade estrutural e/ou a grande variedade litológica.

Figura 54 - Foto da Cava Sul na fazenda Laje de Pedra

5.2.11.2 Alvo Norte-Sul

Este corpo situa-se ao sul da Fazenda Laje de Pedra e possui este nome por preencher
uma falha geológica de direção norte-sul (Figura 56).
103

O corpo foi descoberto por uma anomalia de Eletro Resitividade (> 25 ohm.m), tem forma
tabular, com extensão superior a 120 metros e largura de 2 metros na parte norte do corpo e
alarga-se para sul atingindo 10 metros. O corpo é vertical e a sua profundidade, indicada pela
geofísica (SPI/ER), é superior a 80 metros, no entanto, foi considerado apenas 10 metros no
cálculo da reserva medida.

A reserva medida mais a indicada foi calculada em 44.856 t de minério com teor
médio de 14,48% de C, correspondendo a 6.495 t de grafita.

5.2.11.3 Alvo Juamirim

Este alvo localiza-se na Fazenda Florêncio, localidade de Juamirim. O jazimento é


formado por um pacote de intercalações lenticulares de grafita maciça, com teor médio de
22,92% de C, encaixadas em rochas gnáissicas grafitosas com teor médio de 1,04% de C
(Figura 57). As intercalações apresentam espessuras decimétricas e são concordantes com as
rochas encaixantes, que tem atitude N80°W/25°N. Também são freqüentes as ocorrências de
grafita maciça em pequenos bolsões, de forma discóide e com 10 a 20 cm de comprimento
(Figura 60), distribuídos de forma esparsa na rocha encaixante.
Estas estreitas intercalações de grafite maciço com espessuras variáveis de 5 cm a 100
cm, não permitem as suas individualizações para a realização de lavra seletiva. Portanto, foi
considerado como minério, neste alvo, todo o pacote, incluindo a grafita maciça que
corresponde a 20% do minério (intercalações lenticulares e bolsões), e o restante
correspondente ao rocha encaixante, resultando no teor ponderado de 5,41% de carbono.
A reserva medida mais a indicada foi calculada em 168.757 t de minério com teor
médio de 5,41% de C, correspondendo a 9.130 t de grafita.

O contraste da cargabilidade e resistividade do minério (Figuras 58 e 59) facilitaram


sobremaneira a sua delimitação no campo, que foi feita com apoio de escavações (poços e
trincheiras). Neste alvo foi feita uma malha de picadas com 2.300 metros, abertos 20 poços e
7 trincheiras.
107

Figura 60 – Bolsão de minério maciço de grafite, encaixado em granada biotita gnaisse


alvo Juamirim, Fazenda Florêncio.

5.2.11.4 Alvo Madalena Norte

Trata-se de uma faixa com concentração de intercalações métricas de minério de


grafite maciço, com teores de 25,5% a 46,2% C, encaixadas em gnaisses (Figura 61). Esta
faixa estende-se por mais de 120 metros na direção N70ºW, apresenta uma largura media de
18 metros e uma profundidade inferida por geofísica (IPS/ER) em mais de 40 metros (Figuras
62 e 63). O forte mergulho das rochas para sul (> 80O), observado no campo foi confirmado
pela geofísica.

Nesta faixa mineralizada, as intercalações de minério maciço apresentam um teor


médio de 33,85% de C e formam 30% do corpo, sendo o restante de rochas encaixantes com
baixo teor de grafite (1,68% de C). Assim como ocorre no alvo Juamirim, as reduzidas
espessuras das intercalações de minério maciço não permitem suas individualizações para a
realização de lavra seletiva, portanto, tomou-se como teor desta faixa a média ponderada entre
o teor médio do minério e da rocha encaixante.

A reserva medida mais a indicada é de 294.281 t de minério com teor médio de 7,33%
de C, correspondendo a 21.569 t de grafita.
111

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos até aqui realizados tiveram como objetivo maior a identificação dos
controles geológicos das mineralizações de grafita da região de Aracoiába-Baturité, para
servirem de guia de prospecção de outros depósitos similares que porventura ocorram no
Estado do Ceará.
Os trabalhos tiveram início com o levantamento e a análise das informações
disponíveis sobre as ocorrências conhecidas, juntamente com as verificações efetuadas em
campo das áreas mineralizadas. A seguir foi feita uma interpretação destes dados com o
objetivo de encontrar elementos que pudessem indicar metalotectos / controles das
mineralizações dentro do contexto geológico regional.
A falta de mapeamentos geológicos atualizados e, principalmente, que tivessem sido
executados em escala semiregional, constituiu-se no grande desafio deste trabalho, e tentar
decifrar o contexto geológico regional para poder reconhecer ambientes geológicos favoráveis
à ocorrência de mineralizações de grafita foi uma das mais importantes metas a ser atingida.
Para tal, houve a necessidade de uma breve revisão de alguns conceitos,
particularmente o de “domínios e terrenos”, para que se pudesse ter uma melhor
contextualização geológica da área de estudo.

6.1 Contexto geológico

O conceito dos terrenos suspeitos surgiu na Cordilheira Americana na década de 70,


introduzido por Irwin em 1972 (MEDEIROS, 2000) em virtude da dificuldade de aplicação
dos modelos da tectônica de placas a subfaixas geologicamente separáveis.
Gibbons (1994) sintetizou o conceito dos terrenos suspeitos, ressaltando a presença de
falhas longitudinais como uma das características principais dos orógenos formados por
colagem de terrenos. Alguns autores preferem o uso do termo “terrenos deslocados”
(displaced terranes). Os limites de terrenos são sempre descontinuidades profundas, que são
falhas importantes, conhecidas ou interpretadas como tal; vários desses limites são marcados
por assembléias de xistos azuis, bem como espessas sequências de flysches turbidíticos
altamente deformados.
Os terrenos deslocados são chamados também de “terrenos transcorrentes”, quando
são justapostos a outros por falhamentos, predominantemente de rejeito direcional. Alguns
termos coletivos também são usados, tais como “família de terrenos”, “colagem de terrenos”,
“complexo de terrenos” e “superterrenos”. Superterreno é usado para descrever uma unidade
112

coletiva composta por mais de um terreno e tem a vantagem de ser análogo ao uso
litoestratigráfico de grupo e supergrupo.
A grande complexidade geológica da Província da Borborema, especialmente, com
relação à grande quantidade de áreas justapostas por zonas de cisalhamento, e ainda
apresentando internamente grandes falhamentos direcionais, levou Brito Neves et al. (2000) a
adotarem provisoriamente o termo “domínio” para classificar estas superfícies.
Brito Neves et al. (2000), na síntese dos conhecimentos geológicos da Província da
Borborema apresentada no Congresso Internacional de Geologia 2000, mantiveram o termo
informal de “domínio” para estas áreas, para que no futuro, com o avanço dos conhecimentos
geológicos, fossem enquadrados dentro do conceito de “terrenos” ou “superterrenos”.
A recente subdivisão proposta por Campelo (2009), com base no avanço dos
conhecimentos geológicos, justifica o abandono do termo informal de “domínio” e o uso da
terminologia de “terreno”, adotada internacionalmente.
No presente estudo foi adotado para a Subprovíncia Setentrional da Borborema, onde
se situa a área da tese, a divisão dos limites de terrenos tectono-estratigráficos proposta por
Campelo (2009) e descrita no capítulo 3.2.1. Esta divisão resultou da investigação das zonas
de cisalhamento como prováveis limites de terrenos, a partir dos recentes levantamentos
gravimétricos e dos atuais conhecimentos geológicos. Dessa forma, podem-se considerar as
grandes zonas de cisalhamento presentes no DCC como zonas de escapes ou ajustes laterais
entre blocos.

Almeida; Nogueira (1996) preconizam que a zona de cisalhamento de Senador


Pompeu representaria uma geossutura e, para tal, relacionaram a presença de glaucofâna
xistos, encontrados nas proximidades de Canindé e as rochas de fácies eclogito situadas na
região de Chorozinho e, particularmente no leito do rio Choró, como evidências de tal.

Tal idéia, entretanto, não encontra consonância no presente trabalho onde se considera
que a real posição da geossutura, resultado da colisão de microplacas, corresponderia àquela
constituída pela sequência de turbiditos e anfibolitos ortoderivados que englobam a faixa
grafitosa singenética do distrito grafitífero de Baturité-Aracoiába. Geograficamente, pode-se
verificar que as duas áreas citadas por Almeida; Nogueira (1996) de Canindé e a do rio Choró,
acompanham a faixa anfibolítica-grafitosa indicada na figura 64.

Com o estudo das principais ocorrências mundiais de grafita buscou-se definir um


contexto que permitisse determinar algum tipo de analogia com o quadro geológico da região
da presente tese. Esse estudo, resumido no item 3, mostra a estreita associação entre a
Figura 64 – Faixa das ocorrências de ortoanfibolito e grafita singenética
114

abundante matéria orgânica grafitizada e as camadas sedimentares nas bacias pré-cambrianas,


em especial de idade neoproterozóica.
Os principais distritos grafitíferos no mundo, como no Grupo Mashan do nordeste da
China, em Madagascar e no Sri Lanka representam claramente bacias sedimentares que foram
um repositório de matéria orgânica e que, finalmente, fecharam para dar lugar a um grande
cinturão mineralizado em grafita, de idade Pan-Africana (DISSANAYAKE;
CHANDRAJITH, 1999).
Esta associação de grafita metamórfica disseminada em metassedimentos tem sido
considerada e adotada como um útil geoindicador de antigas bacias sedimentares, bem como
das geossuturas resultantes dos subsequentes fechamentos desses oceanos primitivos
(DISSANAYAKE et al., 2000).
Algumas dessas zonas de geossuturas são denominadas de cinturões khondalíticos e
representam um significativo componente de terrenos de fácies granulito sendo os gnaisses
que ocorrem associados a essas faixas derivados de metassedimentos migmatisados. Na Índia
(Kerala) e na China (cráton do Norte da China), esses tipos metassedimentares são,
geralmente, portadores de grafita. Esses cinturões são geralmente caracterizados por gnaisses
aluminosos. Em Kerala (Cinturão Khondalítico Kerala) esses gnaisses são subdivididos em
dois conjuntos representados por granada biotita (± grafita) gnaisses e granada sillimanita
biotita (± grafita) gnaisses (WILDE et al., 1999). Já no cinturão granulítico arqueano e
proterozóico inferior da parte norte-central da China as rochas dominantes da suíte
khondalítica são sillimanita granada gnaisses, quartzo granada gnaisses e quartzo feldspato
gnaisses (CONDIE et al., 1992). No Brasil, cinturões khondalíticos foram identificados no
Rio de Janeiro (PEREIRA; GUIMARÃES, informação verbal; SANTOS, 2008) localizando-
se os granada gnaisses migmatíticos, ao qual estão relacionadas às faixas mineralizadas em
grafita, nas regiões de São Fidélis e de Santo Antônio de Pádua – Itaperuna.
Os protólitos pré-metamórficos das rochas khondalíticas de Kerala derivam de
quartzitos, arcósios e sedimentos pelíticos, provavelmente com unidades vulcânicas
intercaladas (CHACKO et al., 1988). Já na China, a petrologia e a geoquímica indicam que os
protólitos dos gnaisses aluminosos foram rochas sedimentares pelíticas e pelito-arenosas ricas
em alumina (ZHANG et al.,2000). Os análogos modernos dessas litologias caracterizadas pela
associação pelito-arcósio ocorrem em rifts intracratônicos e margens continentais rifteadas.
Da mesma forma, os gnaisses aluminosos portadores de grafita do Distrito de
Aracoiába-Baturité, particularmente os encontrados na subunidade Baturité I, também podem
ser comparados aos tipos encontrados nos cinturões khondalíticos de diversas partes do
115

mundo. Dessa forma, a subunidade Baturité I foi considerada na presente tese como fazendo
parte de um cinturão khondalítico.

6.2 Controle das mineralizações do Distrito Aracoiába-Baturité

6.2.1 Controle paleogeográfico - geotectônico


Para Arthaud (2007), na região do Domínio Ceará Central, em um intervalo de tempo
compreendido entre c.a 850 e c.a 750 Ma, ocorreu uma evolução crustal onde um fragmento
de crosta continental arqueana / paleoproterozóica (formada pelo Complexo Cruzeta, Suíte
Madalena e Unidade Algodões) sofreu um rifteamento e sobre esta crosta afinada houve, na
forma de uma sequência plataformal, a deposição dos sedimentos do Grupo Ceará. Ainda
segundo esse mesmo autor a evolução metamórfica da subunidade Guia (pertencente ao
Grupo Ceará e aqui correlacionada à subunidade Baturité II), iniciada em condições de fácies
eclogito e terminando em condições de fácies anfibolito de alta temperatura / baixa pressão e
passando por condições de fácies granulito de alta pressão, se processou em condições de
subducção de uma margem passiva. A existência dessa zona de subducção implica que o
rifteamento ocorrido entre 850 e 750 Ma levou à abertura de um domínio oceânico e que,
posteriormente, esse oceano seria fechado.
Em concordância com Arthaud (2007) assume-se, na presente tese, que a faixa
grafitosa do Distrito Aracoiába-Baturité representaria o remanescente de uma zona de
subdução e corresponderia a uma zona de sutura derivada do processo de fechamento de um
antigo oceano com uma consequente colagem continental (bloco Baturité a norte e bloco Caio
Prado a sul, denominações informais) durante a orogenia Pan-Africana.
Para Torres et al. (2006) as rochas metassedimentares da sequência estratigráfica
Acarápe apresentavam distintos tratos de sistemas deposionais: de mar raso (Subunidade
Aracoiába) e mar profundo (Subunidade Baturité). Arthaud (2007), por sua vez, também
interpreta a sedimentação do Grupo Ceará como de ambiente plataformal de margem passiva.
Na área da presente tese os conjuntos litológicos caracterizados da Sequência Acarápe
mostram nitidamente que a sedimentação se processou em ambiente plataformal de margem
do tipo passiva. Estes conjuntos estão distribuídos segundo faixas paralelas de direção
aproximada ENE, interpretados como diferentes fácies na paleogeografia desta sequência.
Esta mudança de paleoambientes, de norte para sul, tem início com a Subunidade
Aracoiába (NPAar), de fácies de mar raso, passando por uma zona de talude continental
(NPAba-t) e depois para um ambiente de mar profundo (NPAba-mp), sendo estes últimos
considerados da Subunidade Baturité.
116

Na Subunidade Baturité I os elementos determinados permitiram a separação desta


faixa e sua interpretação como uma faixa de sedimentação pelito aluminosa em zona de talude
continental, cujo embasamento constituído por rochas ortoderivadas serviu de contraforte no
evento compressional de fechamento da bacia Acarápe.
Dessa forma, ter-se-ía a interação entre rochas para (gnaisses aluminosos com grafita)
e ortoderivadas (metatonalito) em íntima associação. Um contato não tectônico foi constatado
na área do açude da Fazenda da Laje (WP-137: Zona 24M; 523039E; 9502281N) onde se
observa um raro afloramento do contato de “não conformidade” entre a Sequência Acarápe
(Supracrustal Metavulcano-Sedimentar Neoproterozóica) e o Embasamento (Terrenos
Acrescionários do Paleoproterozóico), mostrada com muita evidência na foto da figura 18.
O gnaisse bandado sub-horizontalizado, com intercalações centimétricas de quartzito
feldspático e de lâminas grafitosas, pertencentes à Subunidade Aracoiába da Sequência
Acarápe, representaria a sequência deposicional sedimentada sobre o talude continental
repousando sobre rocha ortognáissica (metatonalito), subverticalizada e com atitude N75oW,
que corresponderia ao embasamento paleoproterozóico.
Já a subunidade Baturité II, por suas características (presença de turbiditos, anfibolitos
ortoderivados), provavelmente corresponde a um fácies de mar profundo, em zona de
interação entre o sopé de talude continental e planície abissal. A sedimentação pelágica em
zona anóxica concentraria a matéria carbonosa que seria metamorficamente transformada em
grafita. Sendo assim, a sequência de anfibolitos representaria um remanescente de crosta
oceânica (Figura 65).

Figura 65 - Seção hipotética representando a zona de mar raso onde sedimentou a subunidade
Aracoiába e a zona de mar profundo com a sedimentação das subunidades Baturité I e II
117

6.2.2 Controles regionais e locais das ocorrências de grafita do Distrito de Aracoiába-Baturité

No trabalho realizado conseguiu-se identificar dois tipos de mineralização de grafita


presentes na região de Aracoiába-Baturité: grafita tipo“veio” e grafita “disseminada”, que
indicavam controles distintos e que foram estudados separadamente. A coincidência da
proximidade geográfica entre eles orientou os trabalhos iniciais na busca de um metalotecto
ou controle regional, que permitisse reconhecer dentro do Terreno Ceará Central um contexto
geológico regional e local favorável para a ocorrência destas mineralizações.
A faixa de ocorrência de mineralizações de grafita que se estende desde o Município
de Aracoiába e segue para oeste até a região de Canindé, acompanha exatamente a
Subunidade Baturité da sequência supracrustal neoproterozóica Acarápe (Item 6.1),
mostrando que esta subunidade constitui um importante metalotecto regional (Figura 65).
Aumentando a observação para uma escala semiregional, vê-se que as duas faixas de
ocorrências de minério singenético estão inseridas em conjuntos de rochas com seus
respectivos ambientes bem definidos na paleogeografia desta subunidade:

a) Faixa de gnaisse grafitoso Chereco - Erom pertencente à Subunidade


Baturité I, considerada como situada na zona de talude continental,
adjacente a fácies de mar raso (subunidade Aracoiába de caráter
plataformal) e que se encontra associada a rochas paraderivadas da
sequência supracrustal (Grupo Ceará) e rochas ortoderivadas (migmatitos,
enderbitos, metanoritos) dos terrenos acrescionários paleoproterozóicos
(Complexo Gnáissico – Migmatítico ?);

b) Faixa de gnaisse grafitoso Fazenda Alvorada - Itans pertencente à


Subunidade Baturité II, considerada como depositada na zona de sopé de
talude-planície abissal em fácies de mar profundo, principalmente associado
a ortoanfibolitos e a sequências, aqui interpretadas como turbdíticas.

No caso das mineralizações epigenéticas deste distrito é bastante evidente o


posicionamento de todas estas mineralizações em uma auréola de 2,5 km posicionada ao redor
do corpo plutônico de Pedra Aguda (Complexo Gabro-Diorítico Anelar de Pedra Aguda).
Mesmo com os intensos trabalhos de prospecção, realizados por empresas de mineração que
atuaram na região, não foram encontrados corpos de grafita epigenética fora da zona de
entorno (auréola) do plúton. Portanto, esta distância do corpo granítico parece definir uma
118

área de influência térmica e de seus fluídos para remobilização (a partir da grafita singenética)
e posterior deposição desse mineral nas falhas e fraturas.

Ao todo foram cadastrados 12 (doze) corpos expressivos de minério maciço no


entorno do Complexo Gabro-Diorítico Anelar de Pedra Aguda. Os mesmos foram
denominados de: Cava Sul, Corpo Norte-Sul, Madalena-Seu Chico, Juamirim, Seu Chico,
Cava Norte, Serrote Açude, Serrote Estrada, Tida, Chico Néri, Antonio Alves, Tó (Figura 29).
O corpo mais afastado (Juamirim) dista 2,5 km do plutão.

Nestas mineralizações, aumentando a observação para uma escala de maior detalhe,


verifica-se ainda um controle em escala local, dados pelas estruturas de alívio (falhas,
fraturas, etc.) que permitiram a percolação dos fluidos mineralizantes. Estes fluidos precisam
de espaços (zonas de contato, eixos de dobras, fraturas, etc.) de baixa pressão para percolar as
rochas e depois depositarem a grafita em zonas de menor temperatura. Os principais espaços
identificados que constituem os controles locais da grafita epigenética do Distrito de
Aracoiába-Baturité correspondem a fraturas de direções que variam de 60° a 80° NW, de
(Chico Neri - N75°W; Antônio Alves - N60°W/90°; Madalena -N80°W; Tô - N70°W: Norte-
Sul – NS), com exceção do Corpo Norte-Sul, e também se alojam segundo planos de foliação
(corpos Juamirim - N80°W/25°N e Cava Sul - N60°W/60°N).
Os corpos epigenéticos de grafita apresentam-se na forma lenticular ou tabular, têm
pequenas dimensões e fazem contato brusco com as rochas encaixantes. (Figuras 30 e 31).
Feições do tipo stockwork também podem ser observadas e, provavelmente, encontram-se
associadas ao fraturamento hidráulico resultante das pressões de fluidos hidrotermais gerados,
em estágio pós-magmático, pelo plutão de Pedra Aguda. A esses fluidos presumivelmente
deve-se a mobilização, transporte e deposição da grafita associada aos corpos de gnaisses
grafitosos.

6.3 Comentários sobre as mineralizações de grafita

6.3.1 Origem do carbono das grafitas dos depósitos do Distrito Aracoiába-Baturité


Com o objetivo de desvendar os controles regionais das mineralizações de grafita da
região de estudo, foi fundamental a identificação da origem do carbono, além do
conhecimento das características físicas dos corpos (forma, dimensões, tipo de contato,
encaixante, etc.) e do minério (maciço, disseminado, teor de carbono, mineralogia, etc.).
12 13
Os isótopos estáveis de carbono C e o C são úteis para identificar a origem do
carbono porque preservam internamente a distinta assinatura isotópica do seu tempo de
119

formação. A relação entre estes isótopos é expressa em variação de partes por mil (±‰),
comparando a amostra com o padrão de referência internacional para isótopos de carbono
(VPDB - Vienna Pee Dee Belemnite) conforme descrito no item 2.3.
13
Os diversos estudos comparativos das relações C/12C em grafitas de diferentes
origens (matéria orgânica sedimentar, magmática e de reações minerais com carbonato)
permitiram estabelecer as faixas de valores correspondentes para cada tipo genético (Tabela
12). Dentre estes estudos destacam-se Brady et al. (1998), Hoefs; Frey (1976), Ohmoto
(1986), Schidlowski (2001), Schoell;Wellmer (1981) e Weis et al., (1981).

Tabela 12 - Diferentes assinaturas isotópicas do C

Carbono δ13C
Biogênico -30 ‰ a -20 ‰
Sedimentar de carbonatos -9.7 ‰ a 0 ‰
Magmático -7.0 ‰ a -5.0 ‰

Para verificar a origem do carbono contido nos dois tipos de minérios (singenético e
hidrotermal) encontrados na área da presente tese, foram coletadas 6 (seis) amostras de grafita
retiradas das principais mineralizações conhecidas, que foram dosadas para determinação dos
12 13
isótopos estáveis Ceo C de carbono no laboratório de Geoquímica Orgânica da FGEL/
UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
As análises foram obtidas com o instrumental da LECO Corporation (modelo CHN-
600), utilizando a norma ASTM-D5373, conforme a metodologia descrita anteriormente no
item 1.3.6 sendo os resultados apresentados na tabela 13, a seguir:

Tabela 13 - Relação 13C/12C de amostras de grafita do Distrito Grafitífero Aracoiába-Baturité


SAD 69 SAD 69 SAD 69
Amostra δ 13C/12C C (%) Litologia
Zona Leste Norte
10666 -27,036 25 a 30 Minério Maciço - veio 24M 516711 9491967
10660 -21,162 50 Minério Maciço - veio 24M 523078 9502316
10659 -20,827 35 a 40 Minério Maciço - veio 24M 523036 9502271
10665 -26,719 2a3 Grafita Biotita Gnaisse 24M 517767 9492269
13
10664 As variações
-24,833 dos
7 valores δ C nos dois conjuntos
“Xisto” Grafitoso Manganesífero de amostras,
24M relativos
527117 aos dois tipos
9497702
10663 -25,397 5 a 6 Biotita “Xisto”
de minério (veio e disseminado) foram às seguintes:Grafitoso 24M 522525 9493871
10662 -23,247 6 Granada biotita grafita “xisto” 24M 523362 9500759
10661 -23,520 6 Granada biotita grafita “xisto” 24M 523496 9500812

As variações do δ13C determinadas para as amostras de grafita foram as seguintes:


minério disseminado (amostras 10661 a 10665): δ13C de -26,72‰ a -23,52‰ e minério
maciço (amostras 10659, 10660 e 10666): δ13C de -27,03‰ a -20,83‰ . Estes valores das
120

relações entre isótopos estáveis de carbono, todos com entre -30 ‰ e -20 ‰, revelam sinal de
atividades biológicas (bioassinaturas) e permitem afirmar que a grafita das amostras acima
13
são derivadas de matéria orgânica. A tabela 14 compara as relações C/12C de grafitas de
diferentes origens com a do Distrito Grafitífero Aracoiába-Baturité.

Tabela 14 - Comparação da relação 13C/12C entre amostras de grafita do Distrito Grafitífero


Aracoiába-Baturité e de diferentes origens genéticas

6.4 Considerações sobre a determinação dos teores de carbono

6.4.1 Método analítico

A dificuldade da determinação de um teor preciso de carbono no minério de grafita


exigiu uma investigação criteriosa, com o objetivo de se obter coerência e representatividade
dos resultados analíticos.
A escolha da termogravimetria (ATG), como o método mais apropriado para
determinação do teor de carbono em grafita, decorreu da indicação de químicos que atuam no
setor mineral e, posteriormente, constatou-se que este método é adotado pela maioria das
empresas produtoras e consumidoras de grafita.
Contudo, mesmo adotando o método analítico indicado, deparou-se na fase inicial com
um sério problema: amostras de um mesmo ponto, analisadas em laboratórios diferentes,
apresentavam resultados bastante diferentes (Tabela 15). Mesmo sub-amostras preparadas por
um mesmo laboratório, a partir de uma única amostra, também apresentavam resultados bem
diferentes em laboratórios diferentes.
121

Tabela 15 - Amostra de campo, homogeneizada, quarteada e analisada em 4 (quatro)


diferentes laboratórios por termogravimetria

TIPO DE MINÉRIO LOCAL Lab 1 Lab 2 Lab 3 Lab 4


%C %C %C %C
Maciço / Epigenético Alvo Cava Sul 31,7 56,63 51,55 47,69

Devido à importância dos teores de carbono na decisão sobre as viabilidades técnica e


econômica de um jazimento de grafita, foi realizada uma pesquisa detalhada sobre as causas
destas discrepâncias, tendo sido identificadas as seguintes:
- Tempo de espera insuficiente para a queima total do carbono;
- Queima sem injeção de oxigênio, provocando falta de oxigênio para queima total
do carbono;
- Não eliminação das águas de hidratação em goethita, caulinita e limonita;
- Utilização de diferentes faixas de temperatura de queima.

Nesta investigação o autor contou com a valiosa colaboração do Setor de


Caracterização Tecnológica e Ambiental do CETEM, que também definiu a metodologia
adequada para o processo de análise, proporcionando maior segurança dos resultados. Esta
metodologia está detalhadamente descrita no item 1.3.6.1.
Neste trabalho não foi possível conseguir informações técnicas das empresas que
atuam no setor de grafita, em função de política interna de sigilo industrial.
Durante a fase de pesquisa dos depósitos de grafita, as determinações dos teores de
carbono seguiram uma rotina padrão destes laboratórios, que distinguia dois tipos de materiais
carbonosos, com perda de massa exotérmica (libera calor) respectivamente nas faixas de
temperatura “350°C a 650°C” e “650°C a 1.050°C”. Sendo a primeira atribuída ao carbono de
material orgânico superficial e a grafita microcristalina, e a segunda faixa correspondendo à
grafita cristalizada (tipo flake) de maior interesse econômico.
Estas faixas de temperatura, adotadas inicialmente, seguiram experiências adquiridas
com minério de grafita do norte do Estado de Minas Gerais.
Depois de concluída a pesquisa mineral, através de discussões técnicas com
pesquisadores do CETEM, aventou-se a possibilidade das faixas de temperaturas adotadas na
pesquisa serem diferentes das faixas do minério da Província Grafitífera Aracoiába-Baturité.
A hipótese acima motivou uma nova pesquisa pelo CETEM, desenvolvida pelos
pesquisadores Reiner Neumann e Isabele Bulhões Aranha, que demonstrou serem diferentes
as faixas de temperatura indicadas para os minérios do Ceará e de Minas Gerais. Ou seja, os
limites dos eventos endotérmicos na curvas de análise térmica do minério do Ceará são de 340
122

a 570°C e de 570 a 1050°C, conforme mostra o gráfico de curvas de análise térmica (Figura
66).
Esta adequação de faixa de temperatura revelou uma variação de 7 a 10% nos teores
de carbono de uma mesma amostra (Tabela 16). Também, a constatação de que os minérios
dos dois distritos minerais possuem limites próprios dos eventos endotérmicos é inédita e de
suma importância para avaliação econômica de jazimentos de grafita.

— perda de massa (%); --- derivada da perda de peso (°C); -.-.-.- diferença de temperatura

Figura 66 - Curvas de análise térmica da amostra AP. 150/15N

Tabela 16 - Quadro comparativo das faixas de queima adotadas para os minérios


do norte de Minas Gerais e do Distrito Grafitífero Aracoiába-Baturité
Amostra % perda de massa
23 a 350 °C 350 a 650° C 650 a 1050° C
AP 150/15N 2.09 1,85 5,09

23 a 340 °C 340 a 570° C 570 a 1050° C


AP 150/15N 2.07 1,36 5,61

Ref.: Boletim de Análise: SCT 165/04 - CETEM

Amostra % perda de massa


23 a 350 °C 350 a 650° C 650 a 1050° C
AP 155/180N 3,34 2,5 6,1

23 a 340 °C 340 a 600° C 600 a 1050° C


AP 155/180N 3,31 2,09 6,54

Ref.: Boletim de Análise: SCT 166/04 - CETEM


123

6.5 Guias de prospecção e pesquisa

Este item agrega as informações obtidas na literatura especializada sobre os


guias de prospecção e pesquisa de grafita, com os resultados verificados durante os
trabalhos de prospecção de grafita no Estado do Ceará.

- Os terrenos com maior potencial para prospecção de grafita são de rochas


metassedimentares de alto grau metamórfico depositados em antigas bacias,
que constituem hoje geossuturas de fechamento de oceanos (DISSANAYAKE
et al., 2000). Especialmente em rochas com idade no limite entre o Pré-
cambriano e o Cambriano, devido à alta produtividade orgânica e à alta razão
de soterramento de material orgânico (HOFFMAN et al., 1998).

- A prospecção regional de minério de grafita deve inicialmente ser concentrada


em corpos de minério disseminado, uma vez que formam corpos de grandes
dimensões e, portanto, de mais fácil identificação. Os corpos de minério
maciço, do tipo fluído depositado, são em geral de pequeno porte e localizam-
se como satélites dos corpos de minério disseminado, conforme ocorre nos
depósitos: Aracoiába-Baturité; Digana no Sri Lanka (RAY, 2009); e Bogala no
Ceilão (ERDOSH, 1970).

- As auréolas de metamorfismo de contato de plutons intrusivos que cortam


rochas carbonosas são áreas com grande possibilidade de conter depósitos de
grafita do tipo fluido depositado. Este é o caso do distrito grafitífero em estudo,
onde os corpos epigenéticos distribuem-se em uma auréola de 2,5 Km ao redor
do corpo plutônico de Pedra Aguda. Outros exemplos similares são a Mina de
Borrowdale, na Inglaterra (WEIS et al., 1981); Serranía de Ronda na Espanha;
e Beni Bousera no Morrocos (CRESPO et al., 2006).

- Os jazimentos de grafita apresentam geralmente estreitos halos de alteração, de


difícil identificação através de geoquímica. Outro fator que dificulta a
utilização de prospecção geoquímica é a complexidade analítica do carbono e a
contaminação por matéria orgânica recente.

- Com relação à utilização de prospecção de grafita através de geofísica,


Simandl; Kenan (1997b) indicam os métodos Eletrorresistividade (ER),
124

Eletromagnéticos (EM); Potencial Espontâneo (EP) e Mapeamento


Audiomagnetotelurico (AMT). A grafita também pode ser localizada por
Polarização Induzida Espectral (IPS).

- As características especiais da grafita facilitam bastante a sua prospecção, pois


é um mineral de fácil identificação pela sua cor cinza chumbo, brilho metálico,
untuosidade e maciez (1-2 na escala mosh). As zonas de afloramento de grafita
apresentam superfícies extremamente escorregadias durante os períodos
chuvosos, devido à lubrificação causada pela grafita. Estes locais chamam
muito a atenção de proprietários rurais pelo perigo destes trechos das estradas
rurais (sem capeamento) e até pela dificuldade de equilíbrio dos animais no
campo. Um exemplo real foi a descoberta do depósito de Choró, situado na área
de estudo, a partir da investigação de um trecho muito escorregadio da estrada
que liga os povoados de Pedra Branca e Lagoinha.

6.5.1 Considerações sobre a prospecção geofísica realizada


Os trabalhos de geofísica na área de estudo da tese de doutoramento tiveram
início com a escolha do método mais indicado para o tipo de mineralização,
considerando as características da região.
As poucas informações disponíveis sobre o desempenho de métodos geofísicos
para prospecção de grafita fez com que fossem testados os seguintes métodos:
Eletrorresistividade; GPR - Ground Penetrating Radar; Magnetometria; VLF - Very
Low Frequency; e Polarização Induzida Espectral (IPS) / Eletrorresistividade (ER). A
metodologia utilizada nestes levantamentos está descrita no capítulo de metodologia
(item 1.3.4).
Foram escolhidos dois corpos aflorantes de minério de grafita para realização
dos testes, sendo: Alvo Cava Sul onde aflora o minério do tipo maciço e Alvo Chereco,
onde aflora o minério disseminado. Os melhores contrastes foram obtidos através dos
levantamentos com VLF e SIP/ER, sendo que os outros métodos não indicaram
contrastes litológicos relevantes e/ou indicaram falsas anomalias.
O VLF - Very Low Frequency, que é um método de baixo custo e que pode ser
aplicado com alta velocidade, mostrou com precisão o limite do corpo de gnaisse
grafitoso com a rocha encaixante (Figura 67 - foto). Contudo, ele não pode ser
utilizado regionalmente em função das interferências geradas por objetos metálicos da
125

superfície (cercas de arame farpado, ferramentas abandonadas, composições de


sondagem enterradas, etc.). A grande quantidade de cercas de arame na área de estudo
impediu a sua aplicação.

Figura 67 - Equipamento integrado de Magnetometria e VLF (Pedra Branca)

A alta cargabilidade e baixa resistividade do minério de grafita indicam a


conjugação destes dois métodos de Polarização Induzida Espectral (IPS) e
Eletrorresistividade (ER) como uma das mais importantes ferramentas na prospecção
de grafita. Os resultados do levantamento destes dois métodos integrados (Figura 68 -
foto) mostraram com nitidez os contrastes dos corpos grafitosos.

Figura 68 - Levantamento de IPS/ER na picada 150 do alvo Erom. Com a estação


de leitura no primeiro plano e os eletrodos de potencial ao fundo

Na região ocorrem rochas com alta cargabilidade e que não são grafitosas,
como é o caso, por exemplo, das rochas calciossilicáticas (de alta resistividade). Dessa
forma a aplicação concomitante dos dois métodos foi fundamental na pesquisa de
minério de grafita, pois apenas a cargabilidade não indicaria com segurança os corpos
de minério.
126

A aplicação desse método permitiu elaborar seções com 6 (seis) níveis de


profundidade de investigação, variando de 4 a 87 metros. Com a integração dessas
seções foram feitos os mapas de cargabilidade e resistividade dos 6 (seis) níveis de
profundidade.
O perfil da linha 100S do Alvo Erom (Figura 69) mostra as coincidências de
anomalias de cargabilidade e resistividade nos piquetes 100W, 20W e 80E, sugeridos
como pontos para sondagem. Especialmente nesse alvo onde há poucos afloramentos, a
geofísica foi fundamental, delineando claramente em subsuperfície o corpo
mineralizado, o que permitiu um acerto de 100% dos furos de sonda.
A importância do IPS/ER na pesquisa pode ser observada com clareza no alvo
Erom, onde os mapas de cargabilidade, resistividade (Figuras 50 e 51) expressam as
respectivas anomalias. O mapa geológico do alvo (Figura 26) mostra os limites do
corpo de minério grafitoso, revelado pela geofísica e comprovado pela sondagem.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Setor de Ciências da Terra
Departamento de Geologia
Laboratório de Pesquisas em Geofísica Aplicada

CENTRO POLITÉCNICO - CAIXA POSTAL 19.001 - CEP 81531-990 - CURITIBA - PARANÁ - BRASIL
Fone/Fax: (041) 361-3132 – Fax (041)266.2393 - http://www.geologia.ufpr.br - e-mail: lpga@geologia.ufpr.br

Figura 69 – Perfil de cargabilidade e resistividade da linha 100S do Alvo Erom


128

7 CONCLUSÕES

As informações obtidas através dos dados de campo e dos resultados de análises e


testes, interpretadas em consonância com o atual estágio de conhecimento dos principais
distritos grafitíferos mundiais e da geologia do Estado do Ceará, permitem concluir o
seguinte:
a) Os depósitos de grafita da região são dos tipos: gnaisse grafitoso (minério
disseminado) e veio (minério maciço).
b) O minério tipo gnaisse grafitoso é de origem sedimentar, singenético, com teores de
1,5 a 8% de carbono, constituindo extensos corpos em forma lenticular, e formando
jazimentos de grandes dimensões, com centenas de metros de comprimento e dezenas de
metros de largura. Estes corpos distribuem-se ao longo de duas faixas paralelas, de direção
geral NNW, denominadas aqui “Chereco-Erom” e “Fazenda Alvorada-Itãns”, com extensões
de 8 km e 10 km, respectivamente.
c) As faixas de ocorrências de corpos de minério singenético, estão hospedadas na
Subunidade Baturité, que constitui um importante metalotecto estratigráfico regional.

d) As rochas desta subunidade (paragnaisses com grafita e grafita associada a


turbiditos e anfibolitos ortoderivados) correspondem na paleogeografia (metalotecto
paleogeográfico) da Sequência Acarápe a fácies de talude - sopé de talude - planície abissal.

e) Os paragnaisses com grafita fazem parte de uma sequência aluminosa análoga às


encontradas nos cinturões khondalíticos da Índia e da China.

f) A associação de grafita metamórfica disseminada em metassedimentos da Sequência


Acarápe constitui um geoindicador de antiga bacia sedimentar neoproterozóica e, também,
pode ser considerado como zona de geossutura resultante do subsequente fechamento de um
oceano primitivo.
g) O minério tipo veio (“fluido depositado”) é epigenético e, na área de estudo,
apresenta teores entre 20% e 70% de carbono. Ocorre em corpos tabulares e em bolsões,
controlados em escala local por estruturas de alívio, tais como falhas, fraturas, zonas de
contato, eixos de dobras, etc. (metalotecto estrutural) que permitiram a percolação dos fluidos
mineralizantes. Estas mineralizações constituem remobilizações de grafita da faixa
singenética por soluções penumatolíticas relacionadas ao corpo plutônico de Pedra Aguda.
h) Foram cadastrados 12 (doze) corpos expressivos de minério maciço ao redor do
corpo plutônico de Pedra Aguda, denominados de: Cava Sul, Corpo Norte-Sul, Madalena-Seu
129

Chico, Juamirim, Seu Chico, Cava Norte, Serrote Açude, Serrote Estrada, Tida, Chico Néri,
Antonio Alves, Tó.
i) As variações do δ13C determinadas em amostras de grafita do minério disseminado
são de -26,72‰ a -23,52‰ e do minério maciço de -27,03‰ a -20,83‰. Estes valores das
relações entre isótopos estáveis de carbono, todos com valores entre -30 ‰ e -20 ‰, revelam
sinal de atividades biológicas (bioassinaturas) e permitem afirmar que a grafita das amostras
acima são derivadas de matéria orgânica.
j) Foram aqui descritos os principais guias de prospecção para grafita e testados os
seguintes métodos geofísicos: Eletrorresistividade; GPR - Ground Penetrating Radar;
Magnetometria; VLF - Very Low Frequency; e Polarização Induzida Espectral (IPS) /
Eletrorresistividade (ER). A conjugação dos métodos de Polarização Induzida Espectral (IPS)
e Eletrorresistividade (ER) foi o que demonstrou a melhor eficiência em função da alta
cargabilidade e baixa resistividade do minério de grafita.
k) Uma importante constatação neste estudo refere-se à metodologia de determinação
do teor de carbono por termogravimetria (ATG), que é o método mais utilizado para este
elemento. Verificou-se que as faixas de queima atribuídas ao carbono no minério do Distrito
de Aracoiába-Baturité (340 a 570°C e de 570 a 1050°C) eram diferentes das faixas do minério
de Minas Gerais (“350°C a 650°C” e “650°C a 1.050°C). Tal fato indica a necessidade de se
determinar previamente as faixas de temperatura para cada região pesquisada.
130

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, F.F.M.; HASUI, Y.; BRITO NEVES, B.B. Províncias estruturais brasileiras. In:
SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DO NORDESTE, 8, 1977, Campina Grande. Atas... Campina
Grande: SBG, 1977. 499p. p.363-391. (Boletim do Núcleo Nordeste da SBG, 8),
ALMEIDA, F.F.M., BRITO NEVES, B.B., CARNEIRO, C.D.R.. The origin and evolution of
the South American Platform. Earth Science Reviews, [S.l.], v.50, p. 77-111, 2000.

ARTHAUD, M. H. Tectônica de nappes e espessamento crustal brasiliano na região de


Madalena - Boa Viagem, Ceará Central. Exame de Qualificação, Instituto de Geociências,
Universidade de Brasilia, 2005. 76 p. (inédito)

______. Evolução Neoproterozóica do Grupo Ceará (Domínio Ceará Central, NE Brasil): da


sedimentação à colisão continental brasiliana. 2007. Tese (Doutorado em Geologia) – UNB,
Brasília, DF, 2007.

ARTHAUD, M.H., VASCONCELOS, A.M., OLIVEIRA, F.V.C., As seqüências


metassedimentares do Ceará Central. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 40,
1998, Belo Horizonte. Anais...Belo Horizonte: SBG, 1998. v.1, p.16.

ARTHAUD, M.H., VASCONCELOS, A.M., NOGUEIRA NETO, J.A., OLIVEIRA, F.V.C.,


PARENTE, C.V., MONIÉ, J.P., CABY, R., FETTER, A.H. Main Structural Features of
Precambrian Domains from Ceará (NE Brazil). In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON
PRECAMBRIAN AND CRATONS TECTONICS, 14., 1998, Ouro Preto, Abstracts…Ouro
Preto, 1998b. p.84-85.

BIZZI, L.A.; SCHOBBENHAUS, C.; GONÇALVES, J.H.; BEARS, F.J.; DELGADO, I.M.;
ABRAM, M.B.; LEÃO NETO, R.; MATOS, G.M.M.; SANTOS, J.O.S. (Coord.), Geologia,
Tectônica e Recursos Minerais do Brasil: Sistema de Informações Geográficas Brasília, DF.
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, 2001. Escala 1:2.500.000. 4 CDROM’s.

______. Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil: texto, mapas & SIG. Brasília:
CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2003. 692 p.

BRADY J. B., CHENEY J. T., AMY LARSON RHODES A. L., VASQUEZ A., GREEN C.,
DUVALL M., KOGUT A., Isotope geochemistry of Proterozoic talc occurrences in Archean
marbles of the Ruby Mountains, southwest Montana, U.S.A. Geological Materials Research.
[S.l.],. v1, n.2, p.14, 1998

BRAGA, A.P.G., PASSOS, C.A.B., SOUZA, E.M., FRANÇA, J.B., MEDEIROS, M.F. &
ANDRADE, V.A. Projeto Fortaleza: Relatório Final. Recife: DNPM/CPRM, 1977. 10.p.
Relatório técnico.

BRANDÃO, R.L., Mapa Geológico da Região Metropolitana de Fortaleza.. Fortaleza:


CPRM, 1995. v.1. Projeto Sistema de Informações para Gestão e Administração Territorial da
Região Metropolitana de Fortaleza. Texto Explicativo
131

BRITO NEVES, B.B., Regionalização Geotectônica do Pré-cambriano Nordestino. 1975.


198 p. Tese (Doutorado em Geologia) – Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 1975.

______. O mapa geológico do nordeste Oriental do Brasil, escala 1:1.000.000. 1983. 177 p.
Tese (Livre Docência) – Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo.
1983.

BRITO NEVES, B. B.; CORDANI, U. Tectonic evolution of South America during the Late
Proterozoic. Precambrian Research. Amsterdam, v. 53, n. 1, p.23-40, 1991.

BRITO NEVES, B. B.; SANTOS E. J.; VAN SCHMUS W.R.. Tectonic History of the
Borborema Province, Northeast Brazil. In: CORDANI U. G.; THOMAZ FILHO A.;
CAMPOS D.A. Tectonic Evolution of the South America . Rio de Janeiro: CPRM, 2000.
International Geology Congress of 2000.

BRITO NEVES, B. B.; PASSARELLI, C. R.; BASEI, M. A. S.; SANTOS, E. J. Idades U-Pb
em zircão de alguns granitos clássicos da Província Borborema. Geologia USP. São Paulo, v.
3, p. 25-38. 200.3 Série Científica

CABY, R.; ARTHAUD, M.H., Major Precambrian napes of the Brazilian belt, Ceará,
Northeast Brazil. Geology. [S.l.], v. 14, p. 871-874. 1986.

CABY, R.; SIAL, A. N.; ARTHAUD, M.; VAUCHEZ, A. Crustal evolution and the
brasiliano orogeny in Northeast Brazil. In: DALLMAYR, R. O.; LOCORCHER, J. P. (Ed.).
The West African Orogens and Circum Atlantic Correlatives. Berlin: Springer-Verlog, 1991.
p. 373-393.

CAMPELO R. C. Análise de terrenos na porção setentrional da Província Borborema, NE do


Brasil: integração de dados geológicos e gravimétricos. 2009. Dissertação (Mestrado em
Geologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009.

CAMPOS NETO, M.C.; BITTAR, S.M.B.; BRITO NEVES, B.B. Domínio Tectônico do Rio
Pajeú – Província Borborema:Orogêneses supostas no Ciclo Brasiliano/Pan-Africano.
CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 38., 1994, Camburiú. Boletim de Resumos
Expandidos... 1994. v.1, p.221-222.

CASTRO, N.A. Evolução geológica proterozóica da região entre Madalena e Taperuaba,


domínio tectônico Ceará Central (Província Borborema). 2004. 221 p. Tese (Doutorado em
Geologia) – Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

CAVALCANTE, J.C.; FERREIRA, C.A.; ARNESTO, R.C.G.; MEDEIROS, M.F.;


RAMALHO, R.; BRAUN, O.P.G.; BAPTISTA, M.B.; CUNHA, H.C.S. Mapa Geológico do
Estado do Ceará. Brasília: MME-DNPM, 1983. Escala 1:500.000.

CAVALCANTE, J.C.; VASCONCELOS, A.M.; GOMES, F.E.M. Mapa Geológico do Estado


do Ceará. In: ATLAS digital de Geologia e Recursos Minerais do Ceará: Geologia, Recursos
Minerais, Geoquímica, Geofísica, Geomorfologia, Sistema de Informações Geográficas-SIG.
:Brasília: MME-CPRM, 2003. Escala 1:500.000.
132

CHACKO, T.; KUMAR, G. R. R.; MEEN, J. K.; ROGERS, J. J. W., The Kerala Khondalite
Belt of Southern India: An Ensialic Mobile Belt. In:. ASHWAL, Lewis D (Ed). Workshop on
the Growth of Continental Crust. Houston: Lunar and Planetary Institute, 1988. LPI
Technical Report, v.88, n. 2, p.45-47.

CONDIE, K.C.; BORYTA, M.D.; LIU, J.; QIAN, X. The Origen of khondalites:
Geochemical evidence from the Archean to early Proterozoic granulite belt in the North
China craton. Precambrian Research. [S.l.], v. 59, n.3-4, p. 207-223. 1992.

CRESPO E.; LUQUE F.J.; RODAS M.; WADA H.; GERVILLA F. Graphite–sulfide deposits
in Ronda and Beni Bousera peridotites (Spain and Morocco) and the origin of carbon in
mantle-derived rocks. Gondwana Research. [S.l.], v.9, p. 279-290. 2006.

DANTAS, E. L., HACKSPECHER, P.C., VAN SCHMUS, W.R.; BRITO NEVES, B.B.
Archean accretion in the São José do Campestre Massif, Northeast Brazil. Revista Brasileira
de Geociências. Curitiba, v.28, n. 2, p.221-228, 1998.

DEGENS E.T. Geochemistry of stable carbon isotopes. In: EGLINTON, G.; MURPHY,
M.T.J. (Ed.). Organic Geochemistry [S.l.], p 304-329. 1969

DISSANAYAKE, C.B; CHANDRAJITH, R. Sri Lanka - Madagascar Gondwana linkage:


Evidence for a Pan-African mineral belt. J. Geol. [S.l.],v. 107, p. 223-235. 1999.

DISSANAYAKEL C.B.; ROHANA C.; BOUDOU J.P. Biogenic Graphite as a Potential


Geomarker: Application to Continental Reconstructions of Pan-African Gondwana Terrains.
Gondwana Research. [S;l.], v. 3, n. 3, p. 405-413. 2000.

DOBNER, A.; GRAF, W.; HAHN-WEINHEIMER P.; HIRNER A.: Stable carbon isotopes
of graphite from Bosnia Mine, Sri Lanka. Lithos, Oslo, v.11, n. 3, p. 251-255, 1978.

ERDOSH, G. Geology of Bogala Mine, Ceylon and the origin of vein-type graphite.
Mineralium Deposita, [S.l.], v.5, p.375-382, 1970.

FETTER, A.H. U/Pb and Sm/Nd geochronological constraints on the crustal framework and
geologic history of Ceará State, NW Borborema Province, NE Brazil: Implications for the
assembly of Gondwana. 1999. 164p. Tese (Doutorado) - University of Kansas, Kansas, 1999.

FETTER, A.H.; VAN SCHMUS, W.R.; SANTOS, T.J.S.; ARTHAUD, M.; NOGUEIRA
NETO, J.A. U-Pb and Sm-Nd geochronological constrains on the crustal evolution and
basement architecture of Ceará State, NW Borborema Province, NE Brazil: implications for
the existence of the paleoproterozóico supercontinent Atlantica. Revista Brasileira de
Geociências, Curitiba, v. 30, p. 102-106, 2000.

FETTER, A. H.; SANTOS, T.J.S.; VAN SCHIMUS, W.R; HACKSPACHER, P.C.; BRITO
NEVES, B.B.; ARTHAUD, M.H.; NOGUEIRA NETO, J.A.A.; WERNICK, E. Evidence for
Neoproterozoic Continental Arc Magmatism in the Santa Quitéria Batholith of Ceará State,
NW Borborema Province, NE Brazil: Implications for the Assembly of West Gondwana.
Gondwana Research, [S.l.], v. 6, n. 2, p. 265-273, 2003.
133

GIBBONS, W. Suspect terranes. In: HAN COCK, P.L.(Ed.). Continental deformation. [S.l]:
Pergamon Press, 1994. p.305-319 apud MEDEIROS, V. C. Programa Levantamentos
Geológicos Básicos do Brasil. Aracaju NE. Folha SC.24-X. Estados da Paraíba.
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Brasília, DF: CPRM, 2000. Escala 1:500.000.
(Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil).

GOMES, J.R.C.; GATTO, C.M.P.P.; SOUZA, G.M.C.; LUZ, D.S.; PIRES, J.L.; TEIXEIRA,
W., Geologia: Mapeamento Regional. In: PROJETO RADAMBRASIL. Folhas SB.24/25,
Jaguaribe/Natal; geologia, geomorfologia, pedologia,vegetação e uso da terra, Rio de Janeiro:
MME, 1981, p. 27-300. (Levantamento de Recursos Naturais, v. 23).

HOEFS, J.; FREY, M.. The isotopic composition of carbonaceous matter in a metamorphic
profile from the Swiss Alps. Geochimica et Cosmochimica Acta. [S.l.], v. 40, n. 8, p. 945-951.
1976.

HOFFMAN, P. F.; KAUFMAN, A. J.; HALVERSON, G. P.. Comings and goings of Global
glaciations on a Neoproterozoic Tropical Platform in Namibia. GSA Today, [S.l.], v. 8, n. 5, p.
1-10. 1998.

ITAYA, T. Carbonaceous material in pelitic shists of the Sanbagawa metamorphic belt in


central Shikoku, Japan. Lithos, [S.l.], v. 14, n. 3, p. 215-224. 1981.

JARDIM DE SÁ, E. F.; MACEDO, M.H. F.; REINHARDT A. F., KAWSHITA, K. Terrenos
proterozóicos na Província Borborema e a margem norte do Craton São Francisco. Revista
Brasileira de Geociências. Curitiba, v. 22, n. 4, p.472-408. 1992.

JARDIM DE SÁ, E. F.; MACEDO, M.H. F.; TORRES, H. H. F.; KAWSHITA, K.


Geocronology of metaplutonics in the evolution of supracrustal belts in the Borborema
Province NE Brazil. In: CONGRESSO LATINOAMERICANO DE GEOLOGIA, 7, 1988.
Belém, Anais ... Belém: SBG. Núcleo Norte, 1988. p.48-62.

JARDIM DE SÁ, E.F. A Faixa Seridó (Província Borborema, NE do Brasil) e o seu


significado geodinâmico na Cadeia Brasiliana/Pan-Africana. 1994. 803 p. Tese (Doutorado)
- Instituto de Geociências, Universidade de Brasília, Brasília, 1994.

KAUFMAN, A. J.; KNOLL, A. H. Neoproterozoic variations in the carbon isotopic


composition of seawater: stratigraphic and biogeochemical implications. Precambrian
Research. [S.l.], v. 73, p. 27-49. 1995.

LEPLAND, A.; VAN ZUILEN, M.; LAYNE, G. D.; ARRHENIUS, G. Graphite as a


biomarker in rocks of the 3.8 Ga Isua Supracrustal Belt. In: AMERICAN GEOPHYSICAL
UNION FALL MEETING, São Francisco, 2002. Abstract…São Francisco: AGU, 2002.

LUQUE, F.J.; PASTERIS, J.D.; WOPENKA, B.; RODAS, M.; E BARRENECHEA J.F., ,
Natural fluid-deposited graphite: mineralogical characteristics and mechanisms of formation.
American Journal of Science. [S.l.], v. 298, Jun, p. 471-498. 1998
LUQUE F. J.; RODAS M.; E GALÁN E. Graphite vein mineralization in the ultramafic rocks
of southern Spain: Mineralogy and genetic relationships. Journal Mineralium Deposita. [S.l.],
v.27, n.3, Jun, p. 226-233. 1992
134

MARTINS, G. Litogeoquímica e Controle Geocronológicos da Suíte Metamórfica Algodões-


Choró. 2000. 218 p. Tese (Doutorado)- Instituto de Geociências, UNICAMP, Campinas,
2000. 218 p.

MARTINS, G.; OLIVEIRA, E.P.; SOUZA FILHO, C.R.; LAFON, J.M. Geochemistry and
Geochronology of the Algodões Sequence, Ceará, NE Barzil: A Paleoproterozoic Magmatic
Arc in the Central Ceará Domain of the Borborema Province. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 40, Belo Horizonte. Anais…Belo Horizonte: SBG, 1998. p.
28.

MATHEZ E. A.; DIETRICH V. J.; HOLLOWAY J. R.; BOUDREA A. E. Carbon


Distribution in the Stiliwater Complex and Evolution of Vapor During Crystallization of
Stillwater and Bushveld Magmas. Journal of Petrology. Oxford, v. 30, n. 1, p. 153-173. 1989.

MEDEIROS, V. C.. Aracaju NE. Folha SC.24-X. Estados da Paraíba. Pernambuco, Alagoas,
Sergipe e Bahia. Brasília, DF: CPRM, 2000. Escala 1:500.000. (Programa Levantamentos
Geológicos Básicos do Brasil).

NEVES, S. P. Zona de cisalhamento Tauá, Ceará: Sentido e estimativa do deslocamento,


evolução estrutural e granitogênese associada. Revista Brasileira de Geociências. Curitiba, v.
21, n. 2, p.161-173. 1991.

NOGUEIRA, J.F. Estrutura, geocronologia e alojamento dos batólitos de Quixadá,


Quixeramobim e Senador Pompeu – Ceará Central. 2004. 123 p. Tese (Doutorado em
Geologia) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio
Claro, 2004.

OLIVEIRA, J.F; CAVALCANTI J.C. Mombaça Folha SB.24-V-D-V, Estado do Ceará.


Brasília, DF: DNPM/CPRM, 1993. 240 p. 2 mapas. Escala 1: 100.000. (Programa
Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil).

OHMOTO, H. Stable isotope geochemistry of ore deposits. Reviews in Mineralogy. [S.l.], v.


16, p. 491-560. 1986.

OLIVER R. L. The Borrowdale volcanic and associated rocks of the Scafell área, English
Lake District. Quarterly Journal of the Geological Society of London, [S.l.], v.117, p.377-417.
1961.

PARENTE, C.V.; ARTHAUD, M.H. O Sistema Orós-Jaguaribe no Ceará–NE do Brasil.


Revista Brasileira de Geociências, Curitiba, v. 25, n. 4, p. 297-306. 1995

PRADEEPKUMAR, A.P.; KRISHNANATH R. A Pan-African `Humite Epoch' in East


Gondwana: implications for Neoproterozoic Gondwana geometry. Journal of Geodynamics.
[S.l.], v. 29, p. 43-62. 2000.

RAY, J. S. Carbon isotopic variations in fluid-deposited graphite: evidence for


multicomponent Rayleigh isotopic fractionation. International Geology Review, [S.l.], v. 51,
n. 1, p. 45–57, Jan. 2009.
135

RODAS, M.; LUQUE, F. J.; BARRENECHEA, J. F.; FERNÁNDEZ-CALIANI, J. C.;


MIRAS, A.; FERNÁNDEZ- RODRÍGUEZ, C. Graphite occurrences in the low-
pressure/high-temperature metamorphic belt of the Sierra de Aracena (southern Iberian
Massif). Mineralogical Magazine. [S.l.], v. 64, n. 5, p. 801-814, Oct. 2000.

SANTOS, E. J. Contexto geotectônico regional, In: MEDEIROS, V. C. Aracaju, NE. Folha


SC. 24-X: Estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Brasília, DF: CPRM,
2000. 1 CD ROOM. Escala 1:500.000. (Programa de levantamentos Geológicos Básicos do
Brasil.)

SANTOS, E. J. Ensaio Preliminar sobre Terrenos e Tectônica Acrescionária na Província


Borborema. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 1996, Salvador.
Anais...Salvador: SBG, 1996. v. 39, p.:47-50.

SANTOS, E. J.; BRITO NEVES, B.B. Província Borborema. In: ALMEIDA, F. F. M.;
HASUI, Y. (Coord.). O Pré-Cambriano do Brasil. São Paulo: Edgard Blucher, 1984. 378p.

______. Petrogenegisis and Tectonic Setting of the Lagoa das Pedras Magmatism, Floresta,
State of Pernambuco, Província Borborema. Northeast Brazil, Anais da Academia Brasileira
de Ciências, v. 65, Supl 1, p. 131-139. 1993

SANTOS, T.J.S.; DANTAS, E.L.; ARTHAUD, M.H.; FUCK, R.A.; PIMENTEL, M.M.;
FETTER, A.H. Evidências de crosta juvenil neoproterozóica no Ceará. CONGRESSO
BRASILEIRA DE GEOLOGIA, 42., 2004, Araxá. Anais Digitais... Araxá: SBG, 2004. p.
1175-1176.

SANTOS, E.J.; MEDEIROS, V.C. (). New insights on Grenville age and Brasiliano Granitic
Plutonismo f the Transverse Zone, Borborema Province. NE Brazil. In: CONGRESSO
LATINOAMERICANO DE GEOLOGIA, 10.; CONGRESO NATIONAL DE GEOLOGIA
ECONOMICA, 6. 1998, Mar del Plata. Actas...Mar Del Plata, 1998. v. 2, p. 427-431.

SANTOS, V.H. Quimioestratigrafia Isotópica (C, Sr e Pb) em lentes de mármores nos


terrenos Rio Capibariba e Alto Moxotó, Zona Transversal da Província Borborema NE do
Brasil. 2000. 129 p.Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Pernambuco, Recife,
2000.

SANTOS, T.M.B. Petrologia, geoquímica e termocronologia das rochas granulíticas do


sector São Fidélis - Santo Antonio de Pádua (zona central da Faixa Ribeira, Rio de Janeiro,
SE do Brasil. 2008. 235 p. Tese (Doutorado em Geologia) - Universidade de Lisboa. Lisboa,
2008..

SANTOS, T.J.S.; SANTOS, A. A.; DANTAS, E.L.; FUCK, R.A. E PARENTE, C.V., - Nd
Isotopes and the Provenance of Metassediments of the Itataia Group, Northwest Borborema
Province, NE Brazil. In: SOUTH AMERICAN SYMPOSIUM ON ISOTOPE GEOLOGY, 4.,
2003, Salvador. Short Papers… Salvador, 2003. p. 286.

SCHIDLOWSKI, M. Carbon isotopes as biogeochemical recorders of life over 3.8 Ga of


earth history: evolution of a concept. Precambrian Research. [S.l.], v. 106, p. 117-134, 2001.
136

SCHIDLOWSKI, M.; EICHMANN, R.; JUNGE, C.E. Precambrian sedimentary carbonates:


carbon and oxygen isotope geochemistry and implications for the terrestrial oxygen budget.
Precambrian Research. [S.l.], v. 2 p. 1-69, 1975.

SCHOBBENHAUS, C.; RIBEIRO, C. L., OLIVA, L. A. et al. Carta Geológica do Brasil ao


Milionésimo: Folha Goiás (SD.22). Brasília: DNPM, 1975. 99 p.

SCHOELL, M.; WELLMER, F.W. Anomalous 13C depletion in early Precambrian graphites
from Superior Province, Canada. Nature, [S.l.], v. 290, p.696-699. 1981.

SHARMA, D. S.; KUMAR, B. Carbon isotope systematics of graphites from Dharwar craton,
southern India: Implications to their source and post-depositional alterations. Current Science.
[S.l.], v. 75, n. 4, p. 396-399, Aug, 1998. Research Communications.

SILVA L.C.; MCNAUGHTON, N.J., VASCONCELOS, A.M.; GOMES, J.R.C.;


FLETCHER, I.R. U-Pb SHRIMP ages southern state of Ceará, Borborema Province, Brazil:
Archean TTG accretion and proterozoic crustal rewoking, In: INTERNATIONAL.
SYMPOSIUM. ON GRANITES AND ASSOCIATED MINERALIZATIONS, 2, 1997,
Salvador. Extended Abstracts… Salvador: SBG, 1997. p. 280-281.

SIMANDL, G.J.; KENAN, W. M. Crystalline Flake Graphite. In: GEOLOGICAL Fieldwork.


Victoria: British Columbia Ministry of Employment and Investment, 1997a. Paper 1998-1, p.
24P-1 a 24P-3.

______. Microcrystaline Graphite. In: GEOLOGICAL Fieldwork. Victoria: British Columbia


Ministry of Employment and Investment. 1997b. Paper 1998-1, p. 240-1 a 240-3.

______. Vein Graphite in Metamorphic Terrains, In: GEOLOGICAL Fieldwork. Victoria:


British Columbia Ministry of Employment and Investment, 1997c. Paper 1998-1, p 24Q-1 to
24Q-3.

SOUZA. E. M. DE; BRAGA A.P.G.; NETTO, M. R. Geologia da Folha SB.24-X-A-IV


(Itapiúna) – CEARÁ, In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 33. 1984, Rio de
Janeiro. Anais...Rio de Janeiro, 1984. p. 2501-2511.

STEVANATO, R.; FERREIRA, F. J. F.; FRAGOMENI, P. R. P. Geofísica Aplicada à


Exploração Mineral de Grafita na Região de Aracoiaba-CE.- In: SIMPÓSIO BRASILEIRO
DE EXPLORAÇÃO MINERAL, 2004, Ouro Preto. Anais ... Ouro Preto, 2004.

STRENS, R. G. J. The graphite deposit of Seathwaite in Borrowdale, Cumberland.


Geological Magazine. [S.l.], v. 102; n. 5; p. 393-406, Sept. 1965.

TAZAKI, K.; FERRIS, E.G.; WIESE, R.G.; FYFE, W.S. Iron and graphite associated with
fossil bacteria in chert. Chem. Geol., [S.l.], v. 95, p. 313-325. 1992.

TEIXEIRA, M.L.A. Integração de dados aerogeofísicos, geológicos e isotópicos do limite


norte do Complexo Tamboril-Santa Quitéria – CE (Província Borborema). 2005. 91 p. Tese
(Doutorado em Geologia) - Instituto de Geociências, Universidade de Brasília, Brasília, DF,
2005.
137

TORRES, P.F.M.; PARENTE, C.V.; SIAL, A.N.; DANTAS, E.L.; FUCK, R.A.;
VERÍSSIMO, C.U.V.; ARTHAUD, M.H.; Aspectos geológicos, petrográficos e geoquímicos
dos mármores dolomíticos com nódulos de quartzo da seqüência metavulcano-sedimentar de
Acarape-CE, Revista Brasileira de Geociências, Curitiba, v. 36, n. 4, p. 748-760. 2006

TORRES, P.F.M.; PARENTE, C.V.; DANTAS, E.L.; ARTHAUD, M.H.; FUCK, R.A.;
NOGUEIRA NETO J.; CASTRO D.L.; VERÍSSIMO C.U.V. Sequência metavulcano-
sedimentar Acarápe,CE: aspectos geológicos e isótopos Sm/Nd – UFC - Revista de Geologia,
[S.l.], v. 19, n. 2, p. 163-176, 2006.

VAN SCHMUS, W.R.; BRITO NEVES, B.B.; HACKSPACHER, P. U/Pb and Sm/Nd
geochronologic studies of the Eastern Borborema Province, Northeastern Brazil: initial
conclusions. Journal of South American Earth Sciences, [S.l.], v.8, n.3/4, p.267-288. 1995

VAUCHEZ, A.; NEVES, S.; CABY, R.; CORSINI, M.; EGYDIO-SILVA, M.; ARTHAUD, M.;
AMARO, V. The Borborema shear zone system, NE Brazil. Journal of South American Earth
Sciences, [S.l.], v. 8, p. 247-266. 1995.

VEIZER, J.; HOLSER, W. T.; WIGULS, C. K. Correlation of 13C/12C and 34S/32S secular
variations. Geochimica et Cosmochimica. Acta, [S.l.], v. 44, p. 579-587. 1980.

VINOGRADOV, A.B.; KROPOTOVA, O. I. The isotopic fractionation of carbon in geologic


process. International Geological Review, [S.l.], n. 9/10, p. 497-506. 1968.

VOLKERT R.A.; CRAIG A.; JOHNSON C. A; TAMASHAUSKY A. V., , Mesoproterozoic


graphite deposits, New Jersey Highlands: geologic and stable isotopic evidence for possible
algal origins. Canadian Journal of Earth Sciences. [S.l.], v. 37, n.12, p. 1665–1675. 2000.

WILD, S.A; DORSETT-BAIN, H.L.; LENNON, R.G. Geological setting and controls on the
development of graphite, sillimanite and phosphate mineralization within the Jiamusi Massif:
An exotic fragment of Gondwanaland located in north-eastern China? Gondwana Research.
[S.l.], v. 2, n. 1, p. 21-46. 1999.

WEIS, P.L.; FRIEDMAN, I.; GLEASON, J.P. The origin of epigenetic graphite: evidence
from isotopes. Geochimica et Cosmochimica Acta. [S.l.], v. 45, p. 2325-2332. 1981.

WILLIAM A. C.; VALLEY J. W. Origin of graphite in the Pickering gneiss and the Franklin
marble, Honey Brook Upland, Pennsylvania Piedmont. Geological Society of America
Bulletin. [S.l.], v. 102, n. 6; p. 807-811, Jun. 1990.

ZHANG, J.; ZHANG, Z.; XU, Z.; YANG, J.; CUI, J. Discovery of khondalite series from the
western segment of Altyn Tagh and their petrological and geochronological studies. Science
in China (Series D), [S.l.], v. 43, n. 3, p. 308-316. 2000.

You might also like