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TORNOZELO: ESTRUTURA ARTICULAR,

MUSCULAR, LESÕES E EXERCÍCIOS.

MAURO EDUARDO

APROFUNDAMENTO EM CINESIOLOGIA
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo abordar a articulação do tornozelo, falar
sobre suas especificidades, seus movimentos, possíveis lesões e exercícios
musculares para fortalecer esta que é uma das regiões mais importantes do
corpo, já que sustenta todo peso corporal e deve aliar resistência e flexibilidade.
O COMPLEXO ARTICULAR DO
TORNOZELO
A articulação do tornozelo, ou tíbio-tarsiana, é a articulação distal do
membro inferior. É uma diartrose, isto é, uma articulação móvel, também
chamada de sinovial e, sendo assim, possui todos os componentes necessários
para desempenhar este papel. Sua estrutura é formada principalmente pela
união de 3 ossos: a tíbia, a fíbula e o tálus, um dos 26 ossos do pé, antigamente
chamado de astrágalo. Além disso, possui 31 articulações e 20 músculos que lhe
são próprios.

Trata-se de uma articulação muito fechada, de bastante congruência,


que tem limitações importantes, pois quando se está em apoio monopodal,
suporta todo o peso do corpo, que pode inclusive estar aumentado pela energia
cinética, quando o pé entra em contato com o solo a certa velocidade. Por esse
motivo, torna-se problemático a criação de próteses tíbio-tarsianas totais, com
certa garantia de longevidade.

Do complexo articular do tornozelo, apenas 3 articulações


desempenham um importante papel na função biomecânica, são elas: tíbio-
társica, subtalar e as articulações transversais do tarso.

ARTICULAÇÃO
TÍBIO-TÁRSICA
A articulação tíbio-tarsiana é
considerada a “rainha” de todo o
complexo articular da parte posterior
do pé, pois deve receber o peso do
corpo, ajustar-se em superfícies
irregulares e permitir o
desenvolvimento progressivo
dinâmico do passo durante a marcha,
aliando assim a plasticidade do pé e a
potência dos ossos da perna.

É formada pela articulação da tíbia e fíbula com o dorso do tálus. Por ser
uma tróclea, sua superfície de encaixe é classificada como gínglimo ou
dobradiça, sendo uniaxial e permitindo apenas movimentos no plano sagital.
Considerada a forma óssea, os únicos movimentos possíveis realizam-se
anteroposteriormente. O eixo em torno do qual a movimentação ocorre estende-
se obliquamente da face póstero-lateral do maléolo fíbular à face ântero-medial
do maléolo tibial. A flexão e a extensão são os movimentos que ocorrem neste
eixo.

 Flexão é o movimento do pé no qual a superfície plantar se move


em direção caudal e posterior.

 Extensão é o movimento no qual a superfície dorsal do pé move-


se em direção anterior e cranial.

Originou-se muita confusão a respeito


da terminologia destes dois
movimentos da articulação do
tornozelo. Ocorre aparente
discrepância porque diminuir um
ângulo frequentemente associa-se
com flexão, enquanto que aumentá-lo
é associado com extensão. Trazer o pé
para cima para “dobrar o tornozelo”
parece ter a conotação de flexão,
enquanto que apontar o pé para baixo
para “retificar o tornozelo” conota
extensão. Porém, a termiologia hoje
usada e com ampla aceitação a fim de
evitar confusão dos termos são a Dorsiflexão para os movimentos de extensão
do tornozelo e Flexão Plantar para os movimentos de flexão.

Dorsiflexão Extensão

Flexão Plantar Flexão

Para medir os graus de amplitude de movimento do tornozelo, o joelho


deve estar flexionado. Com o joelho fletido, o tornozelo pode ser dorsifletido
cerca de 20º, já com o joelho estendido , essa amplitude diminui para 15º, isso
devido a maior ou menor tensão do músculo gastrocnêmio. A amplitude de
movimentação em flexão plantar do tornozelo é de aproximadamente 45º.
A estabilização do tornozelo

A estabilização do tornozelo se dá graças aos


ligamentos (estabilização passiva) e aos tendões dos
músculos (estabilização ativa) que por ali passam.
Quanto a estabilidade óssea, ela é melhor em dorsiflexão
que em flexão plantar. Em flexão plantar, a parte posterior
da tróclea, mais estreita, encontra-se “folgada”, fazendo
com que o tornozelo fique osseamente menos estável.

Já em dorsiflexão, a parte anterior da tróclea,


mais larga está muito bem encaixada dentro da “pinça”
(vista anteriormente, a articulação do tornozelo
assemelha-se a uma pinça plana, como uma chave
inglesa, formada pelas extremidades distais da tíbia e da
fíbula, que encobre uma superfície situada no dorso do
tálus) resultando em uma posição mais estável o
tornozelo.

A estabilização passiva se dá pela cápsula


articular e pelos ligamentos do tornozelo. A cápsula se fixa nas proximidades das
superfícies articulares dos três principais ossos da articulação tíbio-társica. Essa
cápsula é frouxa anterior e posteriormente, permitindo os movimentos de flexão
plantar e dorsiflexão. Ela ainda recebe a ajuda dos ligamentos colaterais,
reforçando a articulação.

O ligamento colateral lateral é formado


por três feixes, um anterior, um médio e um
posterior. Os feixes anteriores e posteriores
terminam no tálus, fixando-se diretamente aos
ossos da perna, no caso, a fíbula. Já o feixe médio
vai até o calcâneo, sendo, desse modo, envolvido
pelo jogo do tornozelo. É o ligamento que mais
frequentemente se distende na entorse do
tornozelo, por isso chamado de ligamento da
entorse.

O ligamento colateral medial é


também formado por três feixes, porém,
encontra-se em duas camadas, uma camada
superficial (em azul) com um feixe que termina
no osso navicular, no ligamento
calcaneonavicular plantar, no sustentáculo do
tálus.
Já a camada profunda (em laranja) do ligamento colateral medial é
formado por um feixe anterior e um posterior que termina no tálus.

A tensão dos ligamentos varia com a posição do tornozelo. Em


dorsiflexão, os feixes posteriores estão tensionados e os anteriores estão
relaxados. Na flexão plantar ocorre o contrário.

Devido à anatomia da articulação do tornozelo, existe uma maior


tendência a movimentos de supinação (movimento que orienta a planta do pé
medialmente, levantando a margem medial do pé) requerendo assim uma maior
ativação dos feixes anteriores, sobretudo dos feixes médios.

A estabilidade do tornozelo é completada pelas ações musculares


(estabilização ativa) que adaptam a pinça ao produzirem movimentos. Como já
foi dito anteriormente, em flexão plantar a estabilidade óssea é menos estável,
fazendo com que a articulação torne-se vulnerável a lesões. Nesse caso, o
tornozelo se estabiliza por um jogo de ações musculares, cujo efeito é duplo.

 A pinça se adapta a sua forma; a fíbula se abaixa. 4 músculos são


responsáveis por isso: Fibulares curto e longo, extensor longo do hálux e tibial
posterior. O abaixamento do maléolo lateral da fíbula melhora o encaixe dos
superfícies.
 A pinça aperta ativamente a tróclea; o extensor longo do hálux e o
tibial posterior provocam um aperto dos dois ossos. Com isso o abaixamento da
fíbula tensiona os ligamentos tibiofibulares. Essa tensão ocasiona uma
aproximação passiva automática dos dois ossos. Essa estabilização realiza-se
ao produzir-se uma flexão plantar ativa, quando se “sobe sobre a ponta dos
pés”.

ARTICULAÇÃO
SUBTALAR
A articulação subtalar é uma
articulação plana ou de
deslizamento modificada, formada
pela união do tálus com o calcâneo.
O tálus também se articula com o
navicular, e a articulação
talonavicular é envolvida nos
movimentos atribuídos à articulação
subtalar. Situada verticalmente no
mesmo nível da articulação tíbio-tarsiana e inferiormente disposta, a subtalar
permite mobilidade em direções mais numerosas que a tíbio-társica, nos três
planos do espaço (sagital, frontal, transverso) porém, com amplitude mais
reduzida.
Supinação e pronação são os seus movimentos principais, isto é, os
que possuem uma maior amplitude. A Supinação é a rotação do pé na qual a
planta do pé se move em direção medial. Já a Pronação é a rotação na qual
planta do pé se move em direção lateral.

Ná prática, em virtude da orientação e da forma das superfícies


articulares, os movimentos combinam-se automaticamente ao redor de um único
eixo, o eixo de henké. Esse eixo penetraria inferiormente pelo processo lateral
da tuberosidade do calcâneo e sairia superior, anterior e medialmente pelo colo
do tálus na sua parte medial. É, portanto, obliquo para cima, para a frente e
medialmente.

EIXO DE HENKÉ
Ao redor dele efetuam-se movimentos de Inversão e Eversão.

 Inverção é um movimento combinando supinação, adução e flexão


plantar.
 Everção é um movimento combinando pronação, abdução e
dorsiflexão.

A articulação subtalar é mantida pelo


conjunto de cápsulas e ligamentos. As cápsulas se
dividem em duas, uma posterior que se fixa ao
redor das superfícies e outra anteriormente, uma
cápsula comum com a da articulação transversa do
tarso. Já os ligamentos situam-se ao longo do túnel
do seio do tarso, formando uma dupla fileira, é o
ligamento talocalcâneo interósseo.

ARTICULAÇÕES
TRANSVERSAIS DO
TARSO
As articulações társicas
transversais são formadas pelas pelas
articulações do tálus com o navicular
(medialmente) e do calcâneo com o
cubóide (lateralmente). Tal como
ocorre na subtalar, os movimentos
combinados que se produzem são os
de inversão e eversão, porém, com maior amplitude, os movimentos de Adução
e Abdução são dominantes nessa articulação.
 Adução é o movimento do antepé em direção medial.
 Abdução é o movimento do antepé na direção lateral.

Esses movimentos podem ser aumentados ou confundidos com as


rotações do quadril ou do joelho, se o joelho estiver estendido. Nesse caso,
deve-se observar o deslocamento da tuberosidade da tíbia.

As duas articulações são mantidas por cápsulas distintas. No lado


medial, a cápsula é comum à da articulação subtalar. Lateralmente, uma cápsula
une o calcâneo ao cubóide. Além disso, numerosos ligamentos reforçam essa
articulação.

Desta maneira, pode-se concluir que o complexo articular do tornozelo


possui movimentos nos 3 planos: sagital, frontal e transverso.

Eixo Transversal XX’ - Movimentos de flexão e extensão.

Eixo Longitudinal da Perna Y – Movimentos de adução e abdução.

Eixo Longitudinal do Pé Z – Movimentos de supinação e pronação.


ESTRUTURA MUSCULAR DO
TORNOZELO
Como já foi visto anteriormente, o tornozelo exerce uma função
primordial na locomoção do ser humano. Além de sustentar o peso corporal do
indivíduo, deve adaptar-se para absorver forças e acomodar-se frente a
superfícies irregulares. Com essa quantidade de tensão, é melhor que o corpo
humano tenha um grande sistema de apoio muscular, ajudando os ligamentos a
estabilizar a articulação.
Vários músculos apóiam o tornozelo e o sistema esquelético do pé
inteiro. Eles são responsáveis pela atividade normal do tornozelo e por sua
estabilização ativa. Dois tipos musculares atuam sobre o pé e o tornozelo: os
músculos extrínsecos e os músculos intrínsecos.

 Músculos Extrínsecos são aqueles que se fixam em outros ossos que


aqueles do pé: tíbia, fíbula e fêmur (para o gastrôcnemio) . Todos
terminam nos ossos do pé. São todos poliarticulares, atuando sobre o
tornozelo e o pé. Seus tendões se arqueiam quando passam anterior ou
posteriormente ao tornozelo. Subdividem-se em 3 grandes grupos: os
anteriores, os laterais e os posteriores. Abordaremos mais sobre esse
grupo.

 Músculos intrínsecos são os mais curtos, só se fixam nos ossos do pé,


sobretudo do lado plantar. Formam , em parte, a massa carnosa da planta
do pé.

Músculos Extrínsecos do pé / região anterior

Três músculos longos encontram-se situados na região da anterior da


perna. Seus tendões curvam-se anteriormente ao tornozelo onde são manttidos
por uma “fita” ligamentrar: o retináculo inferior dos músculos extensores
(anular anterior do tarso). São eles: Tibial Anterior, extensor longo da hálux,
extensor longo dos dedos e fibular terceiro.

TIBIAL ANTERIOR:
Origem: Côndilo lateral da tíbia e ½ proximal da face
lateral da tíbia e membrana interóssea

Inserção: Cuneiforme medial e base do 1º metatarsal

Inervação: Nervo Fibular Profundo (L4 - S1)

Ação: Flexão dorsal e inversão do pé

EXTENSOR LONG
XTENSOR LONGO DODEDOS

EXTENSOR LONGO DO HÁLUX:

Origem: 2/4 intermediários da fíbula e membrana


interóssea

Inserção: Falange distal do hálux

Inervação: Nervo Fibular Profundo (L4 - S1)

Ação: Extensão do hálux, flexão dorsal e inversão do


EXTENSOR LONGO DOS DEDOS:

Origem: Côndilo lateral da tíbia, ¾ proximais da fíbula e


membrana interóssea

Inserção: Falange média e distal do 2º ao 5º dedos

Inervação: Nervo Fibular Profundo (L4 - S1)

Ação: Extensão da MF, IFP e IFD do 2º ao 5º dedos

FIBULAR TERCEIRO:

Origem: 1/3 distal da face anterior da fíbula


Inserção: Base do 5º metatarsal

Inervação: Nervo Fibular Profundo (L5 - S1)

Ação: Eversão do pé

Músculos Extrínsecos do pé / região lateral

Na região lateral da perna encontram-se dois músculos que se fixam na


face lateral da fíbula. São eles: Fibular Longo e Fibular Curto.

FIBULAR LONGO:

Origem: Cabeça, 2/3 proximais da superfície lateral da


fíbula e côndilo lateral da tíbia

Inserção: 1º metatarsal e cuneiforme medial

Inervação: Nervo Fibular Superficial (L4 - S1)

Ação: Flexão plantar e eversão do pé

FIBULAR CURTO:

Origem: 2/3 distais da face lateral da fíbula

Inserção: Base do 5º metatarsal


Inervação: Nervo Fibular Superficial (L4 - S1)

Ação: Flexão plantar e eversão do pé

Músculos Extrínsecos do pé / região posterior

O grupo posterior dos músculos da perna é o mais importante. Consta


de duas camadas. A camada mais profunda constitui-se três músculos situados
um ao lado do outro nas faces posteriores da tíbia e da fíbula. São eles: Flexor
longo dos dedos, Tibial Posterior e Flexor longo do Hálux.

FLEXOR LONGO
DOS DEDOS:

Origem: Face posterior da tíbia

Inserção: Falanges distais do 2º ao 5º dedo

Inervação: Nervo Tibial (L5 - S1)

Ação: Flexão plantar e inversão do tornozelo, flexão da


MF, IFP e IFD do 2º ao 5º dedos

TIBIAL POSTERIOR:

Origem: Face posterior da tíbia e 2/3 proximais da


fíbula e membrana interóssea

Inserção: 3 cuneiformes (medial , médio e lateral),


cubóide, navicular e base do 2º ao 4º metatarsais
Inervação: Nervo Tibial (L5 e S1)

Ação: Flexão plantar e inversão do pé

FLEXOR LONGO DO HÁLUX:

Origem: 2/3 distais da face posterior da fíbula e


membrana interóssea

Inserção: Falange distal do hálux

Inervação: Nervo Tibial (L5 - S2)

Ação: Flexão do hálux, flexão plantar e inversão do


tornozelo

A camada superficial do grupo muscular posterior é


constituída pelo músculo Plantar e pelo Tríceps Sural. Este músculo, o mais
forte da perna é formado por três partes musculares que tem uma mesma
inserção: o tendão do calcâneo (Tendão de Aquiles), o qual se insere na face
posterior do calcâneo. A parte mais profunda é ocupada pelo Sóleo. Este é
recorberto por partes mais superficiais: as cabeças medial e lateral do
Gastrocnêmio.

PLANTAR:

Origem: Côndilo lateral do fêmur

Inserção: Calcâneo

Inervação: Nervo Tibial (L4 - S1)

Ação: Auxilia o tríceps sural


SÓLEO:

Origem: 1/3 intermédio da face medial da tíbia e


cabeça da fíbula

Inserção: Calcâneo (tendão dos gastrocnêmios)

Inervação: Nervo Tibial ( L5 - S1)

Ação: Flexão plantar do tornozelo

GASTROCNÊMIO:

Origem: Côndilo medial e lateral do fêmur

Inserção: Calcâneo

Inervação: Nervo Tibial (S1 - S2)

Ação: Flexão do joelho e flexão plantar do tornozelo

Sendo assim, pode-se resumir as ações musculares sobre o tornozelo


da seguinte maneira:
LESÕES DO TORNOZELO
As lesões do tornozelo estão entre os mais comuns problemas vistos por
médicos em atendimento de emergência, sendo graduadas dependendo da
gravidade da lesão.As entorses podem envolver os ligamentos laterais,
ligamentos mediais e/ou a sindesmose.

Lesão do Complexo Ligamentar Lateral

O complexo ligamentar lateral é formado pelo ligamento talofibular


anterior (LTFA), pelo ligamento talofibular posterior (LTFP) e pelo ligamento
fibulocalcâneo (LFC). A maioria das entorses do tornozelo envolvem o complexo
ligamentar lateral.,comumente associadas a atividades esportivas,
especialmente em atletas entre 15 e 35 anos de idade. O paciente geralmente
relata uma lesão do tornozelo quando fazia um movimento de mudança de
direção.

As causas comuns são atividades esportivas, como futebol, saltos,


corridas, ou traumatismos quando caminhava ou descia uma escada. No exame
é facilmente localizado o ponto de dor sobre os ligamentos que foram
lesionados. Aumento de volume e equimose pode estar presentes no local. Os
exames radiográficos são úteis para identificar alguma lesão óssea, como uma
fratura.

As entorses do tornozelo são classificadas em três graus:

 Grau I envolve uma lesão microscópica do ligamento.


 Grau II envolve uma lesão macroscópica.
 Grau III uma completa ruptura do ligamento.
Tratamento

Lesões grau I e II ocorrem nos ligamentos LFC e LTFA e são tratadas


conservadoramente, com repouso, gelo, elevação da extremidade, medicações
anti-inflamatórias, por 24 à 72 horas. Após, avalia-se a estabilidade e inicia-se o
tratamento fisioterápico, com retorno gradual a atividade física.

Lesões grau III frequentemente apresentam ruptura dos LFC e do LTFA,


podendo tornar-se um tornozelo instável. O tratamento se faz da seguinte
maneira: imobilização por cerca de 6 semanas, quando então inicia-se um
programa de fisioterapia. Alguns autores preferem o tratamento cirúrgico em
determinados pacientes, especialmente atletas de alto nível. Aproximadamente
20% dos pacientes podem apresentar sintomas residuais de dor e instabilidade
após uma lesão do tornozelo.

Lesão crônica no tornozelo

A reabilitação é crítica, quanto mais um tornozelo sofreu uma entorse,


maiores são as possibilidades de sofrer de novo. Deverá ser recomendado
sapatos com apoio na zona do tornozelo, como meia-bota ou bota, se a pessoa
sofrer de tornozelo instável ou tiver um ciclo mecânico de pronação, deverá ser
acomodado em calçado com estabilidade. Devemos também nos certificar que o
pé não é demasiado largo para o sapato (o pé nunca pode ficar justo na caixa
dos dedos, permitindo uma expansão natural durante o exercício físico).

A dor recorrente ou persistente (crônica) no lado exterior (lateral) do


tornozelo desenvolve-se frequentemente após uma lesão. Entretanto, diversas
outras circunstâncias podem também causar a dor crônica do tornozelo.

Sintomas:
 Dor, geralmente no lado exterior do tornozelo. A dor pode ser tão intensa
que se tem dificuldade em andar ou que praticar desporto. Em alguns
casos, a dor é constante e persistente;
 Dificuldade que anda em terreno irregular ou em saltos altos;
 Um sentimento de instabilidade;
 Inchaço;
 Rigidez;
 Torções repetidas do tornozelo;

Possíveis causas para a dor crônica do tornozelo

A causa mais comum para uma dor persistente no tornozelo é a cura


incompleta depois de uma torção. Quando se torce o tornozelo, o(s)
ligamento(s) entre os ossos é esticado ou rasgado. Sem uma reabilitação
completa o(s) ligamento(s) ou os músculos circunvizinhos podem permanecer
fracos, tendo como resultado a instabilidade recorrente. Em consequência,
poderá sofrer mais facilmente lesões no tornozelo.

Outras causas da dor crônica do tornozelo incluem:


 Um ferimento dos nervos que passam através do tornozelo. Os nervos
podem ser esticados, rasgado, ferido por uma pressão direta, ou ser
comprimidos sob pressão;
 Um tendão rompido ou inflamado;
 Uma ruptura (fratura) num dos ossos que compõem a articulação do
tornozelo;
 Inflamação da membrana sinovial. (junto às cartilagens)
 O desenvolvimento de tecido de cicatriz no tornozelo após uma torção. O
tecido de cicatriz ocupa espaço encima da articulação, aplicando assim
pressão sobre os ligamentos.

Tratamento

O tratamento dependerá do diagnóstico final e deve ser personalizado


as necessidades individuais do paciente. Os métodos de tratamento tradicionais
(sem intervenção cirúrgica) e cirúrgicos podem ser usados. Os tratamentos
tradicionais incluem:

 Os medicamentos anti-inflamatórios tais como a aspirina ou ibuprofeno


para reduzir o inchaço e a inflamação ;
 A terapia física, incluindo exercícios sobre plano instável (proprioceptivo),
fortalecendo os músculos, e restaurando a escala do movimento;
 Uma cinta, ligadura ou outra peça de sustentação para o tornozelo;
 Numa fractura, imobilização para permitir que o osso cure.

Se a lesão o requerer, ou se o tratamento não trouxer melhorias de


relevo, o médico pode recomendar a cirurgia. Alguns procedimentos cirúrgicos
usam técnicas artroscopia; outros requerem uma cirurgia aberta. A reabilitação
pode tardar de 6 a 10 semanas para assegurar uma recuperação apropriada.

As opções cirúrgicas incluem:


 Remover os fragmentos soltos
 Limpar a articulação ou a superfície da articulação
 Reparar ou reconstruir os ligamentos ou os tendões
EXERCÍCIOS PARA FORTALECIMENTO
MUSCULAR DA ARTICULAÇÃO DO
TORNOZELO
Embora os exercícios para o fortalecimento do tornozelo sejam limitados
em comparação as demais articulações do corpo, continuam sendo um
importante aliado contra as lesões do tornozelo, além de melhorar o retorno
venoso ao coração e, também, ajudando a manter a harmonia entre os membros
inferiores e superiores.

Muitos indivíduos trabalham apenas a cadeia posterior da perna, como


flexão plantar em aparelhos específicos, mas acabam se esquecendo da parte
lateral e do grupamento anterior da perna. Um equilíbrio entre essas
musculaturas é fundamental para uma melhor estabilização do tornozelo.

Os exercícios a seguir dão ênfase a todas as partes da região do


tornozelo.

Exercícios para a região anterior da perna


Exercícios de Dorsiflexão

Sentado em uma cadeira ou em um banco, com o calcanhar apoiado no


chão e o joelho estendido, faça movimentos de flexionar e estender o tornozelo
levando os dedos em direção à canela e ao chão levemente, considerando o
movimento de ida e volta como uma repetição.

Este exercício também pode ser realizado com um peso segurado pelos
pés, no cross over com a polia baixa ou simplesmente com um elástico fazendo
resistência contra o movimento. É um excelente movimento para trabalhar o
músculo tibial anterior já que ele é composto por mais fibras de contração rápida
que o gastrocnêmio e 3x mais que o sóleo, além de dar uma aparência muito
mais impressionante a parte anterior da perna.
Exercícios para a região medial e lateral da perna

Exercícios de Inversão e Eversão:

D1 – Pernas esticadas e pés relaxados( peça para alguém segurar ou


amarre a faixa em um ponto fixo).

D2- Movimente o pé lentamente para dentro, fazendo força contra a


faixa e, logo após, volte o pé lentamente na posição inicial.

C1-Pernas esticadas e pés relaxados coloque a faixa nos dois pés.

C2- Movimente os pés lentamente para fora, fazendo força contra a faixa
e, logo após, volte os pés lentamente na posição inicial.

Exercício para a região posterior da perna

Exercícios de Flexão Plantar:

B1 – joelho esticado e tornozelo a 90º(segure a faixa criando uma


resistência contra a flexão).
B2 – Flexione lentamente o pé para baixo, forçando contra a faixa, logo
após, volte o pé na posição inicial.

Exercícios de Flexão Plantar em aparelhos específicos:

A execução do exercício de flexão plantar em aparelhos apresenta


algumas variações na posição de execução com o objetivo de diferenciar a
intensidade do trabalho dos músculos gastrocnêmios e sóleo, músculos que
formam o tríceps sural. As possibilidades de execução do movimento são em pé
e sentado. Em pé, a ativação é maior nos gastrocnêmios. Já sentado, a ativação
é maior nos sóleos. Isso acontece porque quando o joelho é flexionado, o
gastrocnêmio, que é um poliarticular, acaba relaxando e isso impossibilita a sua
maior ativação.
As rotações externa e interna do quadril são equivocadamente utilizadas
para alterar a ativação dos gastrocnêmios - cabeça lateral e cabeça medial-
devido à impossibilidade de realizar as rotações externa e interna do joelho com
estes em extensão. Isso fica evidenciado, uma vez que esse movimento não
altera a função dos gastrocnêmios - cabeça lateral e cabeça medial - no que se
refere aos aspectos mecânico e fisiológico.

Quando o exercício é realizado na posição sentada, existe a possibilidade


de executá-Io com rotação externa ou interna do joelho, Essa alteração
provocará mudança no comprimento muscular e no vetor de força dos
gastrocnêmios e permitirá uma maior ativação do gastrocnêmio medial quando o
joelho estiver em rotação externa e uma maior ativação do gastrocnêmio lateral
quando o joelho estiver em rotação interna,
BIBLIOGRAFIA
Músculos – Provas e Funções, Florence P. Kendall e Elizabeth Kendall
McCreary, 3ª Edição, Editora Manole.

Fisiologia Articular, A. I. Kapandji, Volume 2, Membros Inferiores, 5ª Edição,


Editora Manole.

Anatomía para El Movimiento, Blandine Calais-Germian, 1ª Edição, 1994,


Volume 1, Los Libros de La Liebre de Marzo S.I.

Anatomia para o Movimento, Blandine Calais-Germian, 3ª Edição, 2010 ,


Volume 1, Editora Manole.

Guia dos Movimentos de Musculação, Frédéric Delavier, 4ª Edição, 2006,


Editora Manole.

Cinesiologia e Musculação, Cláudia Silveira Lima e Ronei Silveira Pinto,


2007, Editora ArtMed.

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www.auladeanatomia.com/sistemamuscular/perna.htm

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