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ANABATISMO DOUTRINAS BÁSICAS

O que fez os anabatistas diferentes? Em que os anabatistas acreditavam? Como


herdeiros da tradição anabatista precisamos compreender esse movimento histórico.
Precisamos ouvir de sua essência bíblica – a ênfase que procurávamos incorporar em
nossa confissão de fé.

Os primeiros anabatistas do século 16 desempenhavam um papel distinto: não eram


católicos nem protestantes, mas um terceiro poder separado. A realidade, agora
grandemente esquecida, deve ser enfatizada.

Certamente, os fundadores do anabatismo devem muito a Lutero e aos outros


reformadores protestantes. Em particular, a ênfase de Lutero na salvação – através da
fé pessoal, somente em Cristo, pela graça, como revelado na Escritura – preparou o
caminho. Mas em muitos outros pontos cruciais os anabatistas diferiam muito de Lutero
como Lutero diferia do catolicismo romano.

Enquanto damos a Lutero o que é devido, fazemos bem em lembrar algumas realidades
históricas. Lutero, como Calvino e Zwingli, veio a se opor severamente ao anabatismo.
De fato, dos 20.000 a 40.000 anabatistas martirizados nas primeiras décadas,
provavelmente mais foram massacrados por protestantes do que por católicos.

As diferenças entre anabatistas e reformadores eram mais profundas. Lutero, Calvino e


seus associados queriam a reforma da igreja medieval. Os anabatistas queriam a
restauração da Igreja do Novo Testamento.

Os reformadores olharam para o estado para defender o estabelecimento de uma


religião oficial. Os anabatistas, por outro lado, não procuravam apoio governamental.

Os reformadores afirmavam que todas as pessoas no reino deveriam se conformar à


religião oficial do estado. Os anabatistas, entretanto, bem antes dos filósofos terem
promovido a idéia, proclamavam liberdade religiosa e civil para todos.

Os reformadores retiveram muito da fusão igreja-estado católica daqueles dias. Os


anabatistas, que viam a si mesmos como estranhos e peregrinos no mundo, rejeitaram
qualquer fusão de fé com cidadania. A igreja da qual eles testificavam e pela qual
morreram era baseada em Jesus Cristo somente e não conhecia nenhuma fronteira de
estado.

Os reformadores endossaram especificamente massacres militares por soldados


cristãos. Os anabatistas, por outro lado, expressaram amor pelos seus perseguidores e
oraram por eles.
Os reformadores fragmentaram e compartimentalizaram a vida cristã. Lutero escreveu
“Como cristão, o homem tem que sofrer tudo e não resistir a ninguém. Como membro
do estado, o mesmo homem tem que lutar com alegria, enquanto viver.” Os anabatistas
rejeitaram tal dualismo ético.

O ponto foi estabelecido. Os anabatistas não eram parte da grande reforma protestante,
mas estabeleceram uma terceira opção. Eles sustentavam valores distintos.

Hoje, naturalmente, outros grupos aceitaram muito do que os anabatistas


redescobriram, e as diferenças entre anabatistas e protestantes diminuíram. Mas o
conjunto total das crenças e práticas anabatistas permanecem distintas. Apesar dos
herdeiros privilegiados dos anabatistas não terem praticado e pregado com freqüência
consistentemente, o anabatismo permanece a única harmonia dos princípios bíblicos
básicos.

Fazemos bem em chamar a nós mesmos de volta a base, apesar de sabermos que os
anabatistas não são os donos da verdade. Claramente, em outros pontos outros podem
nos ensinar muito. Nós , em tempo, apresentamos nossa compreensão anabatista, a
qual envolve 12 princípios básicos:

1. Uma elevada visão da Bíblia. Apesar de não cultuarmos a Bíblia em si mesma, o que
seria bibliolatria, os anabatistas aceitam “as Escrituras como a autorizada Palavra de
Deus e pelo Espírito Santo o guia infalível para conduzir o homem à fé em Cristo e guiá-
los na vida de discipulado cristão.” Os anabatistas insistiam que os cristãos deveriam
ser sempre guiados pela Palavra, a qual deve ser coletivamente discernida, pelo
Espírito.

2. Ênfase no Novo Testamento. Desde que Cristo é a suprema revelação de Deus, os


anabatistas fazem uma clara distinção funcional entre os igualmente inspirados Velho e
Novo Testamentos. Nós vemos um velho e um novo pacto. Nos lemos o Velho da
perspectiva do Novo e vemos o Novo como sendo o cumprimento do Velho. Onde os
dois diferem, o Novo prevalece, e por conseguinte a ética anabatista é derivada
primariamente do Novo Testamento.

3. Ênfase em Jesus como centro de tudo. Os anabatistas derivam a sua cristologia


diretamente da Palavra e enfatizam uma profunda entrega para levar Jesus seriamente
em toda a vida. Tal visão corre contrária à noções de que os mandamentos de Jesus
são difíceis demais para simples crentes, ou que a importância de Jesus repousa quase
somente em providenciar a salvação celestial. Antes, a salvação da alma é parte de
uma transformação maior.

4. A necessidade de uma igreja de crentes. Os anabatistas acreditam que a conversão


cristã, enquanto não necessariamente súbita e traumática, sempre envolve uma decisão
consciente. “A não ser que alguém nasça de novo, não pode ver o reino de Deus.”
Crendo que um infante não pode ter consciência, fé inteligente em Cristo, os anabatistas
batizam somente aqueles que vieram a ter uma fé pessoal e viva. O batismo voluntário,
juntamente com uma entrega a andar em completa novidade de vida e lutar pela pureza
na igreja, constituem a base da membresia na igreja.

5. A importância do discipulado. Tornar-se cristão envolve não apenas acreditar em


Cristo mas também discipulado. A fé se expressa em um viver santo. Em Cristo,
salvação e Ética vem juntas. Não apenas seremos salvos por Cristo, mas devemos
também segui-lo diariamente em obediência de vida. Assim, por exemplo, os
anabatistas desde o começo renunciaram aos juramentos. Eles determinaram falar a
verdade, “pois não poder haver graduações no falar a verdade.’” Os anabatistas
continuam a ensinar que a salvação nos faz seguidores de Jesus Cristo e que ele é o
modelo da maneira que devemos viver.

6. Insistência em uma igreja sem classes ou divisões. A igreja, o corpo de Cristo, tem
apenas uma cabeça. Embora reconheça uma diversidade de funções. Os crentes
anabatistas colocam de lado toda distinção racial, étnica, de sexo ou classe social
porque elas são suprimidas na igualdade e unidade do corpo.

7. Crença na igreja como uma comunidade de compromisso. Adoração conjunta, ajuda


mútua, fraternidade e responsabilidade mútua caracterizam esta comunidade. Um
anabatismo individualista ou centrado e si mesmo são termos contraditórios.

8. Separação do mundo. A comunidade dos transformados pertence ao reino de Deus.


Ela opera no mundo mas é radicalmente separada do mundo. A igreja dos peregrinos
da fé vê o mundo de pecado como um estranho ambiente com ética e objetivos
completamente diferentes. Este princípio inclui a separação da igreja do estado. Além
do mais, os anabatistas rejeitam qualquer forma de religião civil, seja esta o tradicional
corpo cristão ou a mais recente forma desenvolvida de nacionalismo cristão.

9. A igreja como uma contracultura visível. Como comunidade unida dos crentes toda
congregação anabatista é modelo de uma comunidade alternativa. Como comunidade
de compromisso funciona como uma autêntica contracultura.

10. Crê que o evangelho inclui uma entrega ao caminho da paz modelada pelo Príncipe
da Paz. Aqui os anabatistas diferem de muitos outros cristãos. Os anabatistas crêem
que o pacifismo não é uma opção, não é marginal, e não relacionado principalmente ao
militarismo. Na base da Escritura, os anabatistas renunciam a violência nas relações
humanas. Nós vemos a paz e a reconciliação – o caminho do amor – como estando no
coração do evangelho de Cristo. Deus deu a seus seguidores esta ética não como um
ponto a ponderar, mas como um mandamento a ser obedecido. Isto custou muito para
Jesus e deve ser também custoso para os seus seguidores. O caminho da paz é um
caminho da vida.

11. Entrega à servidão. Como Cristo veio ser servo de todos, os cristãos também devem
servir uns aos outros no nome de Cristo. Destarte, separação de um mundo de pecado
é balanceada por um testemunho prático de ajuda em uma sociedade carente e ferida.

12. Insistência na igreja como uma igreja missionária. Os anabatistas acreditam que
Cristo comissionou a igreja a ir por todo o mundo e por todas as sociedades e fazer
discípulos de todos os povos, batizando-os e ensinando-os a observar seus
mandamentos. O imperativo evangelístico é dado a todos os crentes.

Esses princípios constituem a essência do anabatismo. Embora a ênfase em cada


aspecto possa ser encontrada em outros lugares, a combinação de todas constituem a
singularidade do anabatismo.

A reforma protestante não foi longe o suficiente. Os primeiros anabatistas, embora longe
da perfeição, entregaram-se a nada menos que a restauração da igreja do Novo
Testamento. Nós, seus herdeiros, temos o privilégio de reenfatizar esses doze
princípios, em palavras e atos, aqui e agora.
Postado por Pastor Diego Bruno às 10:13

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