You are on page 1of 150

Airton Souza - Brasil Jaime R.

Munguambe Junior - Moçambique


Alcídio Marques - Portugal Joana D'Arc - Brasil
Alexandre Moreira - Brasil Joanna Franko - Brasil
Alexandre Pedro - Brasil João Pedro Marques - Portugal
Ana Negrão - Portugal Jorge Mendes - Brasil
Alemão Art - Brasil Jorge Rebelo - Portugal
Antonio Porto - Portugal Jose Luis Bustamante - México
Ayam Ubráis Barco - Brasil José Nogueira - Brasil
Betti Timm - Brasil Jovenal Maloa - Moçambique
Carlos Saramago - Portugal Karoline Ferreira - Brasil
Cayman Moreira - Brasil Lovelly.Hanna - Indonésia
Celso Moraes Faria - Brasil Luis Roberto Perossi - Brasil
David Coelho - Portugal Luiz Carlos Barata Cichetto - Brasil
Delcidério do Carmo - Brasil Manoel Ferreira - Brasil
Denise Avila - Brasil Marco Cremasco - Brasil
Diego El Khouri - Brasil Marco Santos - Portugal
Diones Neto - Brasil Marcos Samuel Costa - Brasil
Eddy Khaos - Brasil Mario Fresco - Canadá/Portugal
Elena Ojea Campelo (Espanha) Menelaw Sete - Brasil
Emanuel R. Marques - Portugal Miriam Daher - Brasil
Everton Coraça - Brasil Monique Braghirolli - Brasil
Fabio da Silva Barbosa - Brasil Paula StroobaNts - Portugal
Fabiana Menassi - Brasil Paulo Reis - Brasil
Fabricio Schmidt - Brasil Renato Kress - Brasil
Fernando Fiorese - Brasil Renato Pittas - Brasil
Gazy Andraus - Brasil Rodrigo Motta - Brasil
Genecy Souza - Brasil Rojefferson Moraes - Brasil
Gigio Ferreira - Brasil Rosana Raven - Brasil
Giulia Moon - Brasil Samira Hadara - Brasil
Gonçalez Leandro - Brasil Sofia Ribeiro - Portugal
Hans Frederict Siahann - Indonésia Toni Le Fou - Brasil
Ian Rocha - Brasil Thiago Gomes (Goma) - Brasil
Inominável Ser - Brasil Victor Marcelo - Brasil
Ivan Silva - Brasil Vinicius Samios - Brasil / Japão
Vitor Hugo Souza - Brasil
PI² POLITICAMENTE INCORRETO AO QUADRADO
EDIÇÃO NUMERO 6 - 4/10/2013
WWW.REVISTAPI2.BLOGSPOT.COM
CONTATO: REVISTAPI2@GMAIL.COM
TELEFONE: (55 11) 96358-9727
CRIAÇÃO, DESIGNER E EDIÇÃO: LUIZ CARLOS BARATA CICHETTO
CAPA DESTA EDIÇÃO: ALCÍDIO MARQUES
Diretora de Comunicação e Idéias: JOANNA FRANKO
Criação da Fanpage: KAROLINE FERREIRA
Administradores da Fanpage: Barata, Joanna e Karoline
EDITORIAL A SEXTA EDIÇÃO
Pronto! Outra edição, a sexta, de PI². Acredito que
tenha notado que as referencias ao "sobrenome" da
revista têm desaparecido. Quando criei a
publicação, era com um o objetivo de ser um veiculo
para denunciar a imbecilidade e a alienação do
"politicamente correto" e, principalmente dar voz a
todos os artistas, escritores, poetas, artistas plásticos,
que procurassem um local para dar vazão à sua
criatividade.
Entretanto, a partir da terceira edição, percebi que fechar o leque nesse assunto, deixaria de fora obras
de arte genuínas e de inestimável valor. E assim foram aparecendo mais e mais e artistas de outras
partes do mundo. O numero 4 teve a capa especialmente criada pelo artista multimídia Edgar
Franco e é um marco na história da revista. Atingimos aí um patamar de 2.000 downloads e
visualizações, o que para uma revista feita e divulgada sem nenhuma espécie de apoio, a não ser dos
próprios participantes, é algo muito importante.

O quinto numero, lançado em Outubro de 2013, marcou a efetiva participação daquela que era
desde o principio considerada a madrinha e musa da PI², Joanna Franko. Já nessa edição, Joanna
arrebanhou uma série enorme de grandes artistas internacionais, fazendo com que chegássemos a, no
momento em que escrevo este texto, menos de dois meses depois, 10.000 downloads e visualizações.

O trabalho, até então concentrado apenas em minhas mãos tomou ares de uma espécie de
superprodução, pois com seu carisma e elegância, Joanna contatou dezenas de artistas ao redor do
mundo e trouxe às nossas páginas, matérias exclusivas e inéditas de artistas do Brasil, Portugal,
Espanha, Moçambique, México e até mesmo da Indonésia. Aliás, desse país localizado entre o
Sudeste Asiático e a Austrália e composto pelo maior arquipélago do mundo, Joanna nos trouxe,
além de poemas, uma matéria sobre o estado de pobreza de seus habitantes.

Aliás, falando em ilha, nossa Diretora de Comunicação e Idéias (espero que em sua simplicidade e
desejo de se manter longe de holofotes, ela aceite o "cargo" que lhe propus) trouxe a história de Vinicius
Samios, um brasileiro que foi o único aceito numa das mais tradicionais escolas de artes marciais do
Japão. A história e as fotos trazidas por Joanna são inéditas e exclusivas em todo o mundo.

E a irrequieta Joanna não parou: trouxe a criadora dos personagens "Lilica Ripilica e Tigor T.
Tigre", Giulia Moon, e uma série enorme de artistas plásticos e poetas dos países de língua
portuguesa: Moçambique e Portugal, além do México.
Entretanto, a maior surpresa, que posso admitir como o maior prêmio que poderia receber até agora,
foi o pedido para que o grande mestre das artes de Portugal Alcídio Marques criasse a capa do numero
6 da revista. Alcídio é um artista de renome em seu país e é dono de um carinho tanto para com suas
obras quanto para seu publico inigualáveis. Uma pessoa humilde, simples, cujo sorriso mesmo nas
fotos exalta uma alegria imensa no viver. E Alcídio fez mais do que apenas criar uma arte digital,
algo assim: pintou uma tela, que tem por motivo central a PI². Confesso que precisei de muito tempo
olhando a imagem para acreditar.

E então, os apresento com muito orgulho, humildade e prazer, mais uma edição de PI², onde sessenta
e nove artistas de várias partes do mundo desfilam suas obras numa galeria digital. E respondendo da
mesma forma a um amigo de Joanna que lhe perguntou onde pretendíamos chegar: a PI² pretende
chegar a todas as partes do mundo onde existam pessoas interessadas em ARTE, sob todas as formas
que pudermos levar, a todas as pessoas do mundo que buscam a arte independente dos critérios das
galerias de arte e de qualquer forma de controle. E isso gratuitamente, pois a revista é nua, livre e
desimpedida. Sem limites, sem fronteiras, sem bandeiras. "Pernas do Mundo".

Compartilhem, mostrem, leiam, vejam as 150 páginas desta edição. Porque o sucesso é sonhar e
fazer... E portanto estamos fazendo nosso sucesso! Grande abraço a todos e ... Vamos em frente.

Até o inicio de 2014, quando lançaremos a edição de primeiro aniversário.

Luiz Carlos Barata Cichetto,


Criador e Editor da PI²
ALCÍDIO MARQUES
Nu - 100 X 70

Ventre Nuclear 40x40x40x80

Artista plástico Português, Viseense, nascido no ano de 1961, mestre no seu estilo pictórico,
possui um vasto espólio de obras, muitas das quais premiadas.

A sua crença na arte supera cada fronteira e cada barreira de correntes e modas, do presente
e do passado, afirmando-se em virtude de uma força criadora particularmente fértil e singular.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
www.alcidiomarques.com
Leveza da Música - 100 X 81
Viseu Histórico 46x55

De uma extrema sensibilidade com uma riqueza profundamente espiritual e sincera, vivendo profissionalmente
num mundo pictório rico de imagens vivas e fortes., delineando uma estrutura de composição complexa. Com
uma criação própria de estilos e sinais, de cores particulares e únicas, Mestre no seu estilo próprio com uma
pintura abstrata e informal com uma notável força de imaginação real no espectro do expressionismo,
conseguindo imprimir nas suas obras um sentimento entre o sonho e a realidade.
a obra de alcídio Marques por joanna.franko

vejo a beleza
de um corpo nu
como sinto a leveza
dos raios de sol
que descortinam a noite
expondo a pele singela
ainda
nos tremores dos desejos
da madrugada..

VENTRE NUCLEAR
Não posso adiar
Ainda que a noite pese séculos sobre as costas
E a aurora indecisa demore
Não posso adiar para outro século a minha vida
Nem o meu amor
Nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração

* António Ramos Rosa, parte do poema Viagem


Através Duma Nebulosa

A BELEZA DA MÚSICA

...e a sombra que veio com


a lua,
junto ao vento a soprar
veio a frágil bailarina
na leveza da música
bailar!

VISEU HISTÓRICO

caminhos entre montanhas


Um olhar
colunas
que guardam tesouros
histórias de um povo
dinastias ,reis
tradição!
GAZY ANDRAUS
É mestre pela UNESP e doutor pela USP cuja tese “As histórias em quadrinhos como
informação imagética integrada ao ensino universitário” recebeu o prêmio de melhor
tese de 2006 pelo HQMIX. É professor da FIG/UNIMESP no ensino de graduação e
pós-graduação, atuando interdisciplinarmente em história em quadrinhos (HQ) de autor,
e editoração alternativa (fanzine). Escreve e publica artigos em congressos nacionais e
internacionais, bem como em livros. Pesquisador do Observatório de História em
Quadrinhos da ECA-USP, do Grupo de Interculturalidade e Poéticas da Fronteira da UFU
e do INTERESPE. É também autor e auto-editor de HQ autoral adulta de temática
fantástico-filosófica, tendo elaborado vários fanzines como Homo Eternus,
Convergência e Almahq.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
www.esegazy.blogspot.com
gazya@yahoo.com.br
JORGE REBELO
EMAUEL R. MARQUES

Portugal
--------------------------------------
sumesest@hotmail.com
ALEXANDRE MOREIRA
Max Alexandre Moreira ou simplesmente Alexandre Moreira, tenho 38 anos, sou
Consultor de Empresas e Artista Plástico, moro em Santarém - Para, pinto desde
adolescência, inspirados por muitos artistas da região e muitos gênios do mundo, com
isso acabei criando técnicas que misturam vários estilo, criam minhas próprias tintas,
com resinas e misturas orgânicas, criei uma forma de pigmentar minhas telas, onde as
tintas não misturam-se, mas sombreiam dando vida a obra, um amigo em relato me
definiu, que de modo tinha que conhecer meus pinceis e minhas tintas, e tenho certeza
que não decepcionei, hoje eu as conheço muito bem. Tenho um estilo desafiador,
inconstante, futurista, moderno, contemporâneo que difere de algumas e que me
colocaram entre as grandes obras.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
moreira_contabil.contabil@hotmail.com
reboco caído
Cracolândia Disneylândia

FÁBIO DA SILVA BARBOSA


Do Padre
Padre Eurípides já se impacientava. Os olhos passeavam pelas linhas da Bíblia, escorregando
rumo a discreta porta lateral da capela e de lá para o relógio. Já fazia um quarto de hora que
aguardava pela chegada de Eulálio.
- Ó senhor!
Depositou o livro sobre as coxas. A mão direita tateou, até achar o terço que repousava,
desengonçado, sobre o comprido banco de madeira. Fechou os olhos e começou a
murmurar alguma coisa, enquanto os dedos alisavam as contas do sagrado cordão. A porta
lateral rangeu. Padre Eurípides se levantou com um salto. A Bíblia caiu.
-A pontualidade é uma virtude muito apreciada - repreendeu o sacerdote, com ar severo.
-Desculpe, padre. Mamãe demorou a dormir.
-Não tem problema.- Estudou o rapaz de cima a baixo.- Venha. - Pediu com delicadeza,
estendendo os braços.
-Padre...
-Xxxiiiii... Não diga nada. Não é hora de falar - murmurou o padre, apertando Eulálio contra o
corpo.- Porque demorou tanto?
-Mamãe...
-Xxxiiiii... Não fale. Não fale - Apoiou a cabeça no ombro de sua querida tentação, tentando
capturar todo frescor juvenil que exalava de seu pescoço. A voz estremeceu, embriagada
pelo prazer. - Vamos para o altar.
-No altar?
-Não seja bobo - Sorriu, segurando a mão de Eulálio. - Vem.
Chegando no último degrau pôs-se de quatro, descobrindo as nádegas brancas.
-Vem, Eulálio! Vem!
Eulálio desviou o olhar. Deparou-se com o cristo crucicado.
-Vem, Eulálio! Vem!
Eulálio pousou as mãos tremulas sobre as nádegas ácidas do padre.
-Vem! Vem! - Padre Eurípides virou a cabeça, tando seu
objeto de desejo. A suplica em seus olhos lhe dava um ar
infantil.
-Ai, padre....
-Vem! Anda! Vem!
Eulálio abriu rapidamente o fechecler,
descendo a causa até os joelhos. O
membro, já meio endurecido, penetrou
sem diculdade no sacrossanto orifício.
Padre Eurípides foi sacudido por bizarros
frenesis. Começou a recordar os tempos
de seminário. Do padre Francis. De
como esse rigoroso mestre o introduziu
nos mistérios da fé.
-Ah...Padre Francis...Ah...
-?
-Xxxiiiii... Não fala... Não fala.... - As lembranças o embalavam. Como era bondoso o padre
Francis. Tão amigo. Tão paciente com os que ainda tinham tanto a aprender. - Vem Eulálio...
Eulálio... Eulálio e Eurípides... Vem... Ah...Padre Francis... Oh...
O ritmo dos corpos acelerava. Padre Eurípides apertava os olhos, misturando passado e
presente. Um estremecimento repentino jogou os corpos no chão. Após curto silêncio, os
lábios do padre se entreabriram, deixando escapar um gemidinho agudo.
-O dinheiro está no lugar de sempre. Cuidado quando for. Ninguém pode ver. - A voz do
padre saía ofegante.
Os olhos sacerdotais ainda estavam fechados. Eulálio aproveitou para apreciar um pouco
mais aquela criatura dantesca com que acabara tão bestialmente de se satisfazer. Não era só
o padre que sentia prazer naquela atividade. Ele próprio já sentia falta daqueles encontros
noturnos quando demoravam um pouco mais a acontecer. Mas o padre não poderia
desconar, pois inventaria de não pagar e dinheiro era muito bem vindo. Eulálio saiu em
silêncio. Ao pegar o pagamento, aproveitou para levar uma garrafa de vinho pela metade
que o sacerdote havia esquecido ali por perto. Ao passar pelo padre deitado no altar, pode
escutá-lo sussurrar o nome do rigoroso padre Francis, com doçura angelical. Atravessou a
porta por onde meia hora antes havia entrado. Subiu a rua tomando um gole do vinho,
pensando que teria de acordar cedo para levar sua velha mãe a igreja, assistir a missa do
santo padre Eurípides.
PÉS DO MUNDO DELCIDÉRIO DO CARMO
MARCO SANTOS
O Comércio da Mutilação Selvagem
2013
100x60 - Acrilico Sobre Tela

Identidade Perdida Desequilibrio Establecido


2013 2013
60x60 - Acrilico Sobre Tela 80x80 - Acrilico Sobre Tela

(1981 - Valença do Minho - Portugal)


A identidade artística de Marco Santos é definida pela sua obra, que reflecte as inquietudes
do artista, aquilo que desperta a curiosidade e o afã de expressar o que capta a atenção da
sua mente e que transmite através da criatividade. (Elena Ojea)
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
www.marco-santos.com
marcojsantos9@gmail.com
A Manipulação dos Media
2013
85x60 - Acrilico Sobre Tela
Derramai Meu Sangue, Meu Amigo Satan!!!

INOMINÁVEL SER
Sombras Vingadoras
ANTONIO PORTO

(A longa carreira de Antonio Porto tomou um curso amplo sobre temas e estilos. Esta
evolução contínua marcada por suas preocupações e busca constante de sua própria
identidade, após ter viajado até a Australia e passando uns tempos na Asia levou o para
o mundo da espiritualidade, o caminho para o ser humano que busca a paz e
tranquilidade da alma, o equilíbrio entre o mundo físico e a comunhão espiritual entre o
homem e o meio ambiente. (Elena Ojea)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
antonioporto1988@hotmail.com
PAULO REIS
Quadro: Cassandra Barney

Natural de Conselheiro Lafaiete, Minas


Gerais, Brasil. Mora em Sabará - Mg
------------------------------------------------------
ROSANA RAVEN

Brasil
----------------------------------------------------
rosana.raven@gmail.com
5 ideias (incômodas) sobre a

RENATO KRESS
resiliência
Você se considera "resiliente"? Se você anda atento à literatura de psicologia do trabalho
ou mesmo à literatura "motivacional" que abarrota as frentes das livrarias de grife,
provavelmente a sua resposta será um sonoro "sim", e é mesmo provável que esse "sim"
venha acompanhado de um sentimento quase heróico de orgulho da sua auto-imagem,
certo? Bem, vamos mostrar aqui cinco pontos de vista incomuns e provavelmente
incômodos sobre o "fenômeno" da resiliência, vamos mostrar o que ela é do ponto de vista
da sociologia do trabalho e da liderança estratégica. Um aviso aos mais sensíveis: Não
será nada "heróico".

Ideia número 1: A resiliência como resposta perversa


Acompanhando os discursos do mundo do trabalho e suas variações nas últimas duas
décadas o que se
pode perceber é que, para cada avanço em direção à valorização do ser humano, há uma
reação agressiva em direção à valorização do lucro pelo lucro e do ambiente de trabalho
como um espaço para a projeção de questões emocionais e psíquicas mal trabalhadas em
outros meios e contextos. O mundo do trabalho acaba se mantendo como um espaço para
purgarmos nossos demônios particulares, das mais diversas formas. Da mesma forma como
o mundo privado pode se tornar, também, um espaço para projetarmos nossas frustrações
do trabalho. É um simples deslocamento da energia que não flui numa área para uma outra
área onde ela, por algum motivo conjuntural, pode fluir.

Os vocábulos da moda se reestruturam e se adaptam com uma rapidez voraz para


esconder o fato simples e claramente visível de que as estruturas básicas de manipulação
e controle procuram arduamente se manter intactas. Em 2007 fiz um extenso trabalho sobre
o que até então era uma novidade no meio acadêmico brasileiro e na cultura
organizacional: o assédio moral.

Uma boa definição de assédio moral está na wikipédia: "Assédio moral é a exposição do
trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante
a jornada de trabalho e no exercício de suas funções. São mais comuns em relações
hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações
desumanas e antiéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigidas a um ou mais
subordinados, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a
organização."

Brasil - Diretor do Instituto ATENA


Criador dos treinamentos: A Jornada do
Herói, A Arte da Guerra Oriental, Métis:
Liderança estratégica.
------------------------------------------------------
www.liderancaeestrategia.blogspot.com.br
A essa época posturas humilhantes e degradantes de chefes sobre seus subordinados
começavam a ser criticadas e, quis crer, de forma otimista, um perfil um pouco mais humano e
centrado nas relações com o trabalho em si poderia começar a ser valorizado acima e à frente
das projeções das frustrações pessoais e psíquicas dos chefes sobre seus subordinados.
Cheguei a contabilizar casos em que uma situação de assédio moral foi julgada em favor do
assediado em uma grande empresa multinacional. Claro que o assediador foi demitido tão logo
tenha gerado ônus financeiro para a empresa.

Eis que então surge a "resiliência", adaptada de um conceito que pertence à física diretamente
para o comportamento humano. Aos olhos das relações de poderes entre empregados e
empregadores a "resiliência" veio salvar o empregador que assedia moralmente seu
empregado operando uma reversão da culpa! Agora, o empregado que não suportar a carga
desumana de cobranças, trabalhos, prazos, humilhações e constrangimentos diários não é
"resiliente" o suficiente para trabalhar naquela empresa. Percebe a reversão perversa?

Ideia número 2: A resiliência como adaptação superficial

Ao contrário do que lemos nos livros, artigos e manuais de recursos


humanos da moda, a "resiliência" não foi um conceito pensado para ser
usado em relação a seres humanos. É um conceito da física que significa
"propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é
devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica"
(Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa). Parte de um pressuposto
que pode ser aplicado a materiais inertes como a madeira, os metais e
outros corpos desprovidos de vida, principalmente de vida íntima e
psíquica.
Não é porque um superior hierárquico deixou fisicamente de gritar no ouvido de um subalterno
que a "pressão" oriunda daquela ação deixou de existir. Pelo contrário, a tendência é a de que
ela se repita diversas vezes na forma de lembranças e, se não enfrentadas e ressignificadas de
forma ativa ela vai se repetir em pesadelos, atos falhos e outros problemas de ordem
psicológica. Seres humanos não são materiais inertes e conceitos da física não se aplicam às
questões psíquicas nem à engenharia interna dos conflitos do trabalho.

Talvez alguém, acostumado aos meus textos e íntimo dos meus estudos, vá citar Jung e seu
extenso e incrível trabalho correlacionando a alquimia ao processo de individuação. É um
desafio interessante e adianto desde já que a alquimia tanto na sua raiz chinesa quanto na
sua raiz muçulmana, falava de transformações da matéria, de reestruturação íntima dos metais
e correlacionava diversas fases com as fases de maturação da psique do ser humano. É um
estudo mais profundo e mais delicado do que simplesmente forçar a resignação e a covardia
sob um rótulo de "resiliência" e vender isso como uma grande qualidade, um "santo remédio"
para as pressões psicológicas do mundo: "Seja "resiliente", suporte mais! Do contrário você é
um fraco, um inútil, um inepto para as exigências do mundo do trabalho!" Percebe a
perversidade do pensamento?
Ideia número 3: Você sabe o que é "resilir"?

O interessante das pesquisas em dicionário é que vamos descobrindo novas questões. Logo
abaixo do verbete "resiliência", temos o verbete "resilir" que é o verbo que, teoricamente, ligaria
o conceito à ação. Pois bem, mais uma vez o Aurélio não deu nenhum respaldo às teorias da
"resiliência heróica", aquela que vemos como uma grande qualidade nos best-sellers de
recursos humanos e relações de trabalho.

No dicionário o verbete "resilir" significa: "saltar para trás, retirar-se, desdizer-se". Não se parece
muito com a leitura positiva que se faz da resiliência, como uma forma heróica de resistência a
toda e qualquer pressão seja ela física, psicológica, emocional ou existencial oriunda das
relações de trabalho. Me parece mais com covardia e resignação mesmo.

Ideia número 4: A quem interessa a "resiliência" vista como


qualidade?

O que me leva a pensar: A quem interessa funcionários covardes demais para processar
empresas com políticas internas de assédio moral constante e institucionalizado? A quem
interessa que os empregados sejam vítimas de uma tripla perversidade que primeiro os
humilha diariamente, depois justifica a humilhação como uma forma de "treinamento da
resiliência" dos seus funcionários e, para completar o quadro, chantageia o funcionário que
queira lutar pelo seu direito de condições humanas no trabalho com ameaças de que ele será
visto como "persona non grata" entre as demais empresas do Mercado caso ele reivindique
administrativa ou judicialmente o seu direito de assegurar a sua dignidade pessoal?

Ideia número 5: Você vai resilir ou vai existir?

É preciso compreender que o mundo do trabalho é um mundo político, no sentido estrito do


termo, é um mundo onde várias forças estão operando para a consecução de uma causa, seja
ela materializada num serviço ou num produto. Claro que o interessante e o ideal é que haja
uma co-operação, que todos operem no mesmo sentido, tendo em vista a mesma finalidade
básica, mas esse ideal não pode nos cegar para o fato de que esse processo de convivência e
co-produção não está isento da possibilidade (comum demais, até) de gerar toda sorte de
conflitos que só podem ser eficazmente resolvidos se nenhuma das partes ficar eternamente
criando "agendas ocultas" (metas ocultas) completamente alheias à própria finalidade do
trabalho, porque dificilmente haverá quem defenda que a meta do trabalho seja destruir a
saúde mental, física e emocional do trabalhador.

O que me leva a questionar: você vai


resilir ou vai existir?
JOANA D’ARC
TONI, LE FOU

Brasil
------------------------------------------------------
toni.stardust@gmail.com
VICTOR DE OLIVEIRA MARCELO

Nome: Victor de Oliveira Marcelo


Cidade Natal: Volta Redonda - RJ
Cidade Atual: Pinheiral - RJ
Apenas um jovem inquieto, que só consegue sossegar através da arte!
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
victor.marcelo@outlook.com.br
MIRIAM DAHLER
A arte

JAIME RAFAEL MUNGUAMBE JUIOR


não é um espelho
para reectir o mundo,
mais sim
um martelo para forja-lo!
e s t r anho
É tão cio
o silên e me olha .
Olho-te u e
c om q do da tard
para que telha e igual vore
o ár
escapes -m
Sinto tronco de
do universo
a um épteis, f r a terno
criado pela pálpebra. e m r c e e l o vento s i c as.
s d e a p a 
A pálpebra gra feit met
que a ichão des uo, físi c a s e
n
que pisca a com aira contí das coisas
preguiçosamente, que p le diversa do c i o(...)
levanta p e a n ê n
na
i n d a go qu nte do sil
o voo contínuo no meu rosto. Me sso a po
e
atrav
O sorriso que pousa nos lábios,
é um pássaro em regresso
na pura invenção da máquina do sonho...

Jaime Rafael Munguambe Júnior, nasceu em Maputo, 27 de Outubro de 1991 é


estudante do curso superior de Serviço Social, na Universidade Eduardo Mondlane.
No limiar da sua mocidade teve como ponto de partida a música que foi apenas um
barco de travessia que o levou ao encontro da poesia noutra margem, começou a
manifestar os ritos literários quando descobriu as vestes que as palavras punham na
solidão do quarto silencioso através de leituras rudimentares espontâneas.
Até os dias de hoje escreve textos diários.
Contribui na “Gaveta”, jornal local., colabora na Revista de Literatura Moçambicana e
Lusófona “Literatas” onde trabalha como colaborador editorial espontaneamente, é
membro do Movimento Literário Kuphaluxa no Centro Cultural Brasil Moçambique, onde
exerce a função deliberada de gestor de actividades culturais ..
------------------------------------------------------
munguambe.jaime@gmail.com
MAGIA E PERDA: CONSIDERAÇÕES

GENECY DE SOUZA SILVA


SOBRE A MORTE SEGUNDO LOU REED
A morte sempre foi uma certeza e um mistério. A certeza se deve ao fato de que ela
poderá chegar em cinco minutos ou menos. Um tiro, uma queda, um choque elétrico; o
coração que para de repente. Motivos? Escolha um. E o mistério está no que há -- há? --
depois que ela acontece. Os religiosos procuram conforto na sua fé. Os materialistas
ateus são mais simplórios e diretos: é o m de tudo. O corpo, depois de um certo tempo,
será reduzido a um punhado de ossos, sete palmos abaixo da terra. Quem pode, manda
erguer um monumento a si próprio, como atestado da sua passagem pela Terra. E,
quanto aos que preferiram ir para o forno, resta ainda menos: o pó. Do pó ao pó. É o que
a Bíblia diz -- está em algum versículo entre o Gênesis e o Apocalipse --. Eu não
contesto, nem subscrevo.

E há os que se beneciam da dúvida. De ateus convictos quando jovens, bonitos e


saudáveis, vão se ligando ao Criador à medida em que a idade e as doenças apresentam
a fatura. O homem é um fraco, embora passe a vida toda demonstrando o contrário.
Filosoas mil, ervas, tai-chi-chuan, sexo tântrico, veganismo, e a última moda
gastronômica importada de Miami falham, assim, pura e simplesmente. E não adianta
procurar o Dr. Pitanguy, nem o Dr. Rey, pois, pele esticada não prorroga o tempo de vida.
Melhor gastar os seus dólares na melhoria da vida de quem precisa e está ao seu
alcance. Acredite, você vai morrer bem feliz e com pouco ou nenhum sentimento de
culpa.

A verdade é que somos ilhotas de vida cercadas de morte por todos os lados. Há quem
pense que a vida é um acidente. Ou uma concessão divina. E, quem sabe, vinda do
espaço sideral. Não tem jeito, eu e você seremos abraçados por ela um dia. Batamos na
madeira três vezes; que ela não tenha pressa. Enquanto a dita cuja não vem, o melhor a
fazer é viver e deixar viver.

São muitas as culturas que reverenciam ou


sacaneiam a morte, através de rituais
bizarros ou irreverentes à moda mexicana.
Mas, se focarmos na cultura que nos é mais
familiar -- a do Rock -- podemos crer que a
morte é um personagem quase sempre
onipresente. Morre-se de amor ou de ódio.
Ela é arroz de festa no universo do Heavy
Metal e seus subgêneros. Por outro lado,
muitos de nossos heróis e heroínas
baixaram à sepultura cedo demais.
Convenhamos: Janis Joplin, Jimi Hendrix,
Keith Moon, Jim Morrison, Kurt Cobain, John
Bohan, Raul Seixas, Chorão & Champignon,
Amy Winehouse, Cássia Eller, e outros &
outras facilitaram a coisa. É fato.
Vamos car no terreno do rock. Lou Reed, o amado e odiado compositor, guitarrista e cantor,
é um sobrevivente, isso é óbvio. Todavia, em 71 anos de vida ele ertou com a morte muitas
vezes. Ele percorreu o caminho do excesso. Presume-se que tenha encontrado o Palácio da
Sabedoria. De um modo ou de outro, o fundador do Velvet Underground viu muitos de seus
amigos & amigas sucumbirem sob as mais diversas condições, quase sempre tendo como
ponto comum as drogas e a violência. Cite-se também o HIV. Reed viveu sob todos os
extremos do ego e das bad trips. Sobreviveu para contar a história. Recentemente recebeu
um fígado usado, mas em bom estado. Não se pode especular se o autor de Heroin chegou a
esse ponto em decorrência de sua vida extremamente rock and roll, como se cada dia fosse o
último. Seja em sua fundamental Velvet Underground, ou em carreira solo, a morte é citada
com relativa frequência. Contudo, Lou Reed não é um cultuador do "desta para melhor",
apenas reete uma situação comum a todas as pessoas, tanto é que dedicou um álbum
inteiro ao tema.

Em 1992, já dono de biograa e discograa respeitáveis, Lou Reed lançou Magic And Loss, o
álbum conceitual cujo tema central é, claro, a morte. O álbum é dedicado a duas pessoas do
círculo íntimo do rock star: o compositor de R&B Doc Pomus (1) e uma certa Rita (2).
Também há um terceiro homenageado, não creditado no disco: Lincoln Swados (3) [irmão
da escritora Elizabeth Swados], amigo de Lou desde os tempos da Universidade de
Syracuse. Lincoln era portador de esquizofrenia, cuja morte violenta em 1989 sensibilizou
bastante o autor. No entanto, ao contrário do que o tema sugere, Reed não faz no álbum o
uso da morbidez, tampouco fez uso de lugares comuns típicos do Heavy Metal. Por outro
lado, pelo que se pode depreender, a morte não é nem tratada de forma reverente, mas sim
como uma certeza, um fato, que afeta qualquer pessoa que tenha perdido pessoas queridas,
não necessariamente apenas parentes.

As quatro primeiras canções de Magic and Loss deixam claro o propósito da fazer pensar,
considerar possibilidades óbvias, comparar situações nas quais nossos queridos & queridas -
- e até mesmo nossos desafetos -- pereceram. Ao longo de todo álbum, como é da natureza
de Lou Reed, há espaço para algum sarcasmo e pitadas de humor negro à moda do Velvet
Underground, o que torna o álbum um dos melhores lançamentos da década de 90.

Na faixa de abertura, "What's good -- The Thesis" [O que tem de bom -- A tese], Lou
questiona o sentida da vida: "A vida é como um refrigerante de maionese / E a vida é como o
cosmos sem espaço / E a vida é como bacon com sorvete / Isso é a vida sem você". Após
alguns versos, nos quais faz comparações absurdas, Reed conclui: "O que tem de bom? / O
que tem de bom? / Não muito mesmo / A vida é boa -- / Mas nem um pouco justa". Isto
resume na pergunta que fazemos, sempre que um dos nossos parte: Por quê logo ele, e não
aquele ditador lho da puta, que matou cinquenta mil de fome no ano passado?

Mais adiante, em "Power and glory -- The Situation" [Poder e glória -- A Situação], uma
constatação angustiante, cruel: "Vi um homem virar uma criança pequena / O câncer reduzi-
lo a pó / Sua voz enfraquecendo enquanto lutava pela vida / Com uma bravura que poucos
homens conhecem / Vi isótopos serem introduzidos em seus pulmões / Tentando deter o
avanço canceroso". É evidente o declínio do corpo ante a doença e a quimioterapia(?), que
vão minando dolorosamente as forças que ainda lhe restam. Impotência e irreversibilidade
da morte, juntas.
Em "Magician" [Mago], um homem lamenta-se em desespero ao mago [Deus? Um espírito?
Um anjo?] da sua condição: "Quero um pouco de magia que me mantenha vivo / Quero um
milagre, não quero morrer / Tenho medo de dormir e nunca mais acordar / De não mais
existir / (...) Por dentro sou jovem e lindo / Tanta coisa inacabada / (...) Doutor, o senhor não
é mago -- e eu não tenho fé / Preciso de mais do que a crença pode me dar agora / Quero
acreditar em milagres -- não apenas nos números / Preciso de um pouco da magia que me
leve daqui".

Já em "Sword of Damocles -- Externally" [Espada de Dâmocles - Externamente], o


personagem da mitologia grega, cuja gura simboliza a falibilidade do poder e das
consequências de uma decisão errada, ilustra bem uma situação que pode signicar a vida
ou a morte: "Vejo que a espada de Dâmocles está bem sobre tua cabeça / Estão tentando um
tratamento novo para te tirar da cama / Mas a radiação mata tanto o mal quanto o bem / Ela
não sabe diferenciar / Então para te curar eles precisam te matar / A espada de Dâmocles
sobre tua cabeça".

Nas faixas seguintes nada se perde. A narrativa ganha contornos elegíacos e constantes
convites à reexão, sob a forma de algum humor & alguma poesia. Não há mentira. Aos
poucos o título do álbum vai fazendo sentido. E, após todas as revelações, o ouvinte conclui
que a vida pode até ser boa, mas nem um pouco justa.
--------------------------------------------------------------------
(1) Doc Pomus (1925-1991): compositor norte-americano. Autor de muitos hits nos anos 50 e
60, gravados por Elvis Presley, The Drifters, entre outros.
(2) Rotten Rita [Kenneth Rapp] (? - 1991): transexual frequentador da Factory de Andy
Warhol.
(3) Lincoln Swados (? - 1991): Lou dedicou ao amigo as músicas Home of The Brave, do álbum
Legendary Hearts; My Friend George, de New Sensations; e Harry's Circumcision - Reverie
Gone Astray, presente em Magic and Loss.

O cara nasceu há 49 anos, num bairro paupérrimo de Manaus. É um despossuído. Não tem
diploma superior. Como estudou em péssimas escolas, quase tudo o que sabe foi adquirido de
modo empírico, e por conta própria. Trabalha pra caralho desde os 15 anos. Já foi office-boy,
soldado, gerente de loja, vendedor, comprador. Só profissões pobres. Caiu na besteira querer
tornar-se empresário de ramo de discos. Abriu loja. Além de se foder, ganhou uma deprê, meia
dúzia de desafetos e um longo período de desemprego. Também não tem (nem quer) um carro,
no entanto, mora em casa própria (pelo menos isso). Ficou órfão de mãe aos 37 anos. Não tem
relacionamento fixo com ninguém. Seus romances duram menos que o tempo de vida de uma
borboleta. Prefere assim. No entanto, se dá bem com 95% das mulheres. Abomina as frescas.

Atualmente trabalha no ramo contábil (mas não é contador), e por lá pretende ficar. Cansou de
aventuras e de se meter em roubadas.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
genecysouza@yahoo.com.br
MARCOS SAMUEL COSTA

Marcos Samuel Costa nasceu no dia 07/12/1994 na ilha do Marajó, Ponta de Pedras – Pará.
Poeta, escritor, musico, blogueiro, evangélico, sonhado. Ganhou seu primeiro concurso literário
(local) aos 15 anos. Publicou seu primeiro texto (em antologia) aos 16 anos. Aos 17 publicou o
livro “Pés no chão e sonhos no ar” poesia, pela Sant’mel Editora. E aos 18 foi aceito como
membro correspondente da academia de letras do sul e sudeste Paraense. Já participou de
mais de 15 antologias, e tem mais de 5 livros inéditos. E é estudante do ensino médio.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
samuelcostaspds@hotmail.com.br
(English)

HANS FREDERICT SIAHAAN


Look at wheat tree that growing on hotsun.
On fire ground.
suffering by cool evening breeze.
but still producing grain of goodness.
was nota better man than wheat. should be?

(Indonesian)

Lihat lah pohon gandum yang tumbuh di panas nya mentari


..diatas tanah yang membara.
diterpa dingin nya angin malam namun tetap menghasilkan bulir
kebaikan.
.bukankah manusia lebih baik dari gandum.
Seharusnya begitu

Work : as teacher at state High School .Pangkalan Berandan.North Sumatera.


Medan. Indonesia. Graduate: Chemistry Education. North Sumatera University. Medan
.Indonesia. I lived in small village .Pangkalan Susu. i am Christian. Merried with Hanna Luke
Elroy Sinaga. Have three sons; Hans Immanuel, Hans Augusta and Hans Tri. The people who
lived arround me are a farmer. they work at their land farm. Sawit Field ( Little Coco) and most of
them work at a rice field to produce rice as a main food. They 're consist of many tribes. likely
Batakish with a dance Javanish Gambar sisip 4 and aceh tooGambar sisip 5.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SEM FRONTEIRAS

INDONESIA
de uma iIha na Indonésia
By Joanna.Franko
Via Hans Frederict Siahann and Lovelly.Hanna
Petani yang termarjinalkan
Manusia sering memandang rendah profesi sebagi petani. Padahal kenyataannya, petanilah yang memberi
kehidupan untuk mereka. Bila petani tidak ada ,dapat berarti juga ketidak adanya sumber pangan. Petani
menanam, memanen, menyediakan pangan sebagai kebutuhan dasar manusia. Jasa yang sangat besar ini,
bahkan tidak disadari oleh petaninya sendiri. Mereka justru merasa rendah diri dengan profesi sebagi
petani. Mereka tidak bangga terhadap apa yang dilakukannya sebagai penyedia pangan umat manusia.

Hal ini terjadi karena pengaruh dari pengalaman-pengalaman masa lalu yang pernah dialami petani.
Kekejaman kolonial yang memerintah semena-mena, berhasil membentuk kondisi mental petani. Membuat
petani identik sebagai kaum rendahan, kaum tindasan. Keadaan petani seperti ini pun berlanjut ketika
pemerintah telah merdeka. Petani masih dimarjinalkan dari kehidupannya.

Kejadian-kejadian masa lalu, pengalaman-pengalaman yang dialami oleh petani, berpengaruh pada
bagaimana petani mengambil keputusan untuk bertindak. Kemudian tindakan ini membentuk bagaimana
petani bersikap. Pengalaman-pengalaman pahit yang terasa membuat petani tidak merasa dihargai. Ia
memandang rendah diri mereka sendiri. Tidak timbul rasa bangga dalam diri petani.

Dengan kenyataan seperti ini, kita sebagai penikmat hasil produksi tani, perlu menghormati petani,
menghargai apa yang telah mereka usahakan dalam menjamin ketersediaan pangan. Hal ini penting
dilakukan untuk menaikkan harga diri petani. Ketika harga diri petani naik, maka petani akan lebih percaya
dan berbangga diri dalam menekuni bidangnya. Ketika petani bangga menjalani profesinya, maka ia akan
berusaha sekuat mungkin untuk hasil yang terbaik bagi usaha taninya. Sehingga ketersediaan pangan
untuk kita pun tetap terjamin keberadaannya.

Tindakan-tindakan yang lebih lanjut oleh pemerintah yang berkuasa dapat dilakukan adalah dengan
memberikan motivasi-motivasi pada petani itu sendiri. Mengalokasikan dana yang cukup, infrastruktur,
pembelian hasil pertanian yang logis.Selain masyarakat juga harus disadarkan tentang pentingnya
kedudukan petani, petani pun perlu diberi kepercayaan diri,. Kegiatan operasional yang mungkin dilakukan
adalah dengan melalui penyadaran-penyadaran yang dapat diwujudkan dalam pemotivasian,
pembentukan kelompok tani, koperasi tani dan lain sebagainya yang mampu menunjang perubahan sikap
petani agar lebih positif dan mau mempertahankan serta meningkatkan hasil kerjanya.
Marginalized farmers
People often look down on the profession as a farmer . In reality, the peasants who gave life to them . If
farmers do not exist , it can also mean a lack of food sources . Farmers to plant , harvest , providing food as a
basic human need . These services are very large , even unconsciously by farmers themselves . They
actually feel inferior to the profession as a farmer . They are not proud of what he did as a human food
providers .

This occurs because of the inuence of past experiences I have ever experienced farmers . Cruelty of
colonial rule arbitrarily , managed to form a mental condition of farmers . Creating identical as the lowly
peasants , the oppression . Circumstances such as this farmer was continued when the government has
been independent . Farmers are still marginalized from life .

The events of the past , the experiences suffered by farmers , inuence how farmers make decisions to act .
Then the action established how farmers behave . Bitter experiences that seem to make the farmers do not
feel appreciated . He looked down on themselves. Not arise a sense of pride in themselves farmers .

With this reality , we as an audience of farm production , farmers need to respect , appreciate what they
have earned in ensuring food availability . It is important to raise the self-esteem of farmers . When self-
esteem rose growers , the farmers will have more condence and pride themselves in their eld to pursue .
When farmers underwent proud profession , then he will try as hard as possible for the best results for their
farm . So the availability of food for us was still assured of its existence .

Actions further by the ruling government can do is to provide the motivations of farmers themselves.
Allocate sufcient funds , infrastructure , purchase of agricultural products logis.Selain people should also
be made aware of the importance of the position of farmers , farmers also need to be given condence , .
Operations that may be done is through awareness - awareness that can be realized in a motivating ,
formation of farmers 'groups , cooperatives and other farmer who is able to support changes in farmers'
attitudes to be more positive and willing to maintain and improve their work .
Street Children
From: lovelly.hanna@gmail.com
To: Joanna.franko@hotmail.com

Issues of street children is a classic problem that has never been discussed.
Denition of Street Children itself is a group of school-aged children who are still living
without having the identity and residence or obvious. Their life moving from one place to
another without anyone knowing who their family Stigma attached about street children are
social problems, crime, sex-free. It is not entirely to blame, because the majority of street
children are a reection of poverty and failure to increase awareness about healthy living
and its Minimal attention of the competent authorities.

Similarly, the problem of crime. Many street children who undergo this profession as a
shortcut get their wish. Such as blackmail, stealing, or robbing. Although not all street
children have behavior like this, but the criminal case involving street children, street
children makes the stigma that is so synonymous with criminality etched.

Promiscuity was widely used as a part of the conversation when discussing these street
children. Free life, without septum and does not comply with the norms prevailing in the
society, the children in the streets was thinking in doing something. One is sex, which it may
very occur because in their social lives as the opposite sex has no limits. Street children
requires exemplary gure, not money.

They requires it to be used as an example of the gure, so that they can have a dream.

"From the dream, they'll discover who to turn dreams into something real. Our duty is to give
them the motivation to learn about himself.
Interpret in real life that they are useful for other.
PÁGINAS DE SABOR CLÁSSICO (?)

MANOEL FERREIRA
Tudo isto borrifado de uma inveja, um despeitozinho acre. Bem-aventurados os jegues que
zurram da estirpe em grande estilo e depois dão coices na própria, porque no Reino de Deus
receberão as graças da laia. Bem-aventurados aqueles que ostentam suas vaidades falsas,
rebolam pelas ruas e avenidas da cidade, olham de esguelha para os de condutas idôneas, de
baixo para cima para os pobres de espírito e miseráveis de alma, porque serão esquecidos por
sempre, poderão curtir o além sem interferências dos comentários dos vivos. Bem-
aventurados os medíocres e mesquinhos, porque, no além, cairão na gargalhada altissonante
de suas empáas de dignos e sérios; verão com primor que foram objetos de chacota de todos,
inclusive dos entes mais que queridos e amados, serviram de palhaços para as risadas e risos.
Bem-aventurados os limpos de algibeiras, porque, além de andarem mais leves no paraíso,
não as sujou na terra com as merdas do poder, do orgulho. Bem-aventurados os que nascem
nos, prolongam-se níssimos e morrem de uma nura sem precedentes, recebendo epitáo
na lápide de mármore mais do que digno dos amigos, inimigos, íntimos e conhecidos “Nasceu
no, prolongou-se níssimo, morreu de nura sem precedentes, um exemplo de dignidade e
honra”, porque gozarão no jardim do éden dos mais nos prazeres e felicidades. Bem-
aventurados os de nesse pura e inocente, porque além do bem e do mal irão derramar
lágrimas pujantes por haverem engolido tanto sapo seco, beijando e abraçando a todos com
agradecimentos os mais reais e verdadeiros, presenteando-lhes em todas as ocasiões de sua
vida, aniversário, conquistas, realizações, natal. Bem-aventurados os que nascem grossos,
porque morrerão nos, criança lhes carregarão o esquife na cabeça. Bem-aventurados os
canalhas que palitam os dentes sempre que comem o moral alheio com azeite e sal, porque no
inferno vão conhecer outros pratos mais deliciosos. Bem-aventurados os vencedores, porque
receberão dos contemporâneos e conterrâneos as digníssimas batatas com que se
alimentarão por sempre, e ainda no paraíso celestial conhecerão outros cardápios com as
mesmas. Bem-aventurados os vencidos, porque serão objetos de felicidades dos inimigos,
pena e dó dos amigos e íntimos, orações dos homens pedindo a Deus graças para se
libertarem, porque na terra despertou todos para os ensinamentos de Jesus. Bem-
aventurados os analfas de mãe e betos, porque no Juízo Final não saberão usar única palavra,
e São Pedro irá abrir-lhe as portas, porque não foram maculados com o sentido e poder das
palavras, nasceram puros, morreram puríssimos. Bem-aventurados os súcias que viveram de
prazer e felicidades numa sociedade de dúvidas e angústias, porque na morte degustarão a
angústia e desesperos por só o inferno lhes ser o destino inevitável. Bem-aventurados os
pobres de espírito, porque no céu serão conscientes da riqueza da alma. Bem-aventurados os
imbecis de alma e espírito, porque nas algibeiras do além saberão os efeitos, resultados da
imbecilidade sem precedentes em toda a história do mundo e da humanidade. Bem-
aventurados os bêbados de cachaça e outras bebidas, porque na paz indevassável dos
túmulos se sentirão sóbrios e lúcidos com o odor fétido do cadáver. Bem-aventurados os
mentirosos, porque de por baixo da árvore do conhecimento, no paraíso celestial, curtindo a
sabedoria da verdade, a verdade da sabedoria, saberão que a verdade no mundo era só farsa e
interesses escusos múltiplos. Bem-aventurados os políticos corruptos, os militares cafajestes,
autoridades escusas, porque no Reino do Céu receberão o troco dos espíritos que foram
lesados por eles. Bem-aventurados os juízes safados e caguinchos que condenaram e
enjaularam os inocentes, libertaram os criminosos e culpados, porque receberá de Ferluci
sursis por que os inocentes teriam de conhecer a animalidade da raça humana para serem
merecedores do inferno. Bem-aventurados os fracassados, porque na outra vida conhecerão o
sentido da vitória máxima do fracasso da vida na terra. Bem-aventurados os “oportunistas da
imortalidade”, porque a ausência de suas letras verdadeiras e dignas não corrompeu os
leitores que tinham sede e fome de conhecimento e verdade, de quem lhes indicassem
caminhos outros que não os que sempre trilharam na vida, e muito os deixaram perdidos,
confusos, os desvirtuaram das esperanças de ressurreição, redenção, da fé na vida, no mundo, na
existência, em Deus. Bem-aventurados os cínicos, porque não serão vítimas de contos-do-vigário
da verdade absoluta e perene; ela será objeto de mofa e que nela crê impiamente será considerado
por eles bobos da corte. Bem-aventurados os irônicos, porque duvidarão das boas intenções de que
o inferno está cheio, das más intenções de que o céu está entupigaitado, e quem acredita na
redenção será por eles olhados através do pincenez e com a ajuda de lupa. Bem-aventurados os
sarcásticos, porque rirão a bandeiras soltas de todas as morais sociais e religiosas, de salão e
relações íntimas; de todos os princípios que edicam, gloricam o ser humano. Bem-aventurados
os sátiros, porque em suas penas não passarão batidas as hipocrisias das crenças e esperanças na
conversão das mazelas e pitis dos homens e gerações desde agora até a consumação dos tempos.
Bem-aventurados os hipócritas, porque descansarão em leitos de ores no regaço suave e terno
dos túmulos de mármore branco com direito a um epitáo retirado do Evangelho de Judas. Bem-
aventurados o povo que erguer em praça pública bustos de bronze de todos os que desonraram
seus princípios e dignidades, pois que em breve, brevissamente, conhecerá os prazeres que
viveram os homens de Sodoma e Gomorra. Bem-aventurados os secretários de cultura que
mostrarem às comunidades o caminho irreversível para a insanidade ou para a perda do senso de
vida e relação entre os homens é assimilá-la a critério, e também que a cultura é prejudicial aos
interesses de uma comunidade digna de reconhecimento. Bem-aventurados os escritores que
defendem a unhas e dentes as ideologias dos poderosos, e condenam as esperanças de
conhecimento e verdade, porque suas letras serão húmus da mesmidade ideológica em todos os
tempos. Bem-aventurados os tablóides sensacionalistas, porque eles não deixam as merdas da
sociedade sejam esquecidas, os leitores precisam saber das sensacionalidades para cantarem no
puleiro de conhecedores da história de seu tempo. Bem-aventurados os tracantes de drogas,
porque contribuem para a concretização do Apocalipse. Bem-aventurados sois todos estes, quando
vos injuriarem e disserem todo o mal que re-presentam no mundo, são na vida e existência, por
meu respeito, por minha consideração e reconhecimento. Folgai e exultai todos vós identicados
nestas páginas de sabor clássico (?) com amor e carinho sem limites e precedências, não por ser
humano e compreensivo, entendo e bem a natureza e condição dos homens de todos os séculos e
milênios, desde os primórdios até a presente data, não sei o dia de amanhã, peço a Deus que não
mo re-vele, compreendo os instintos, mas porque sei a vida mesma, em sua plenitude terrena e
contingente, é deles, é o bom senso da modernidade; além disso, porque o vosso galardão é
engenhoso e copioso na terra; não haverá único homem que conteste, duvide, descone, que em
cima do muro sem saber se desça ou permaneça nele, todos em uníssono e em vozes altissonantes
irão endossar com caligraa nunca dantes vista ou imaginada. Não julgueis que venho acabar com
raça da ralé da humanidade, mostrar-lhe o que lhe espera no além, no inferno ou no céu, venho
para lhe gloricar, enar-lhe na cabeça a tiara de que são merecedores, enm “a posteridade é a
vingança dos que sofrem os desdéns do seu tempo”, porque o que seria do mundo sem eles, enm
precisamos todos de diversão e entretenimento, precisamos de matéria viva para as fofocas e
censuras, para nos justicar de nossas condutas espúrias, sentirmo-nos os supra-sumos das
criaturas de Deus. Não acrediteis em comunidades depravadas. Em verdades vos digo que todas
têm condições de remendo, e se não for com remendo com o mesmo tecido, será com outro que se
lhe assemelhe. Jesus pediu a todos os homens que amassem uns aos outros como Deus os ama a
todos. Pois eu vos digo com empáa: Comei-vos uns aos outros; mais interessante e esplendoroso é
comer do que ser comido; o fígado alheio é muito mais apetitoso que o próprio; o rabo alheio é
muito delicioso que o rabo mesmo; o bofe alheio é mais nutritivo que o próprio bofe. Também foi
dito aos homens: Não matareis a vosso irmão, nem a vosso maior inimigo, capital ou congênito,
para que não sejais castigados nem sejais encontrados mortos nalgum terreno baldio da periferia
da cidade pelo seu maior amigo ou ente mais que querido. Digo-vos que não é preciso matar a vosso
irmão para ganhardes o reino da terra; basta tirar-lhe o último tostão que lhe permitiria um “prato
feito” num botequim copo-sujo. Nunca jureis a verdade plena e absoluta, porque esta verdade,
além de imoral e indecente, é carne de pescoço ou músculo, duras de mastigar e serem digeridas
com facilidade; jurai sempre e a propósito de todas as coisas, porque os homens foram criados para
crer antes nos que juram falso, do que nos que nada juram. Políticos, se vós estiverdes fazendo as
contas do que conseguistes tirar dos vossos leitores em toda a vossa gestão, e vos lembrardes que o
povo anda meio desconado de vossas altas nanças, interrompei vossas contas, saís de casa, ides
ao encontro de vossos eleitores na rua, restituis-lhes a conança, e tirai-lhes o que eles ainda
levarem consigo para construirdes a vossa mansãozinha na Soares do Santos, de preferência bem
próximo do Hospital Imaculada Conceição. Não roubeis na cara da comunidade porque ela pode ir
contar à polícia, e aí as conseqüências serão funestas, além de não mais poderdes candidatar em
outras eleições, sereis sempre lembrados como ladrão cara-de-pau. Se tiverdes de roubar para
ostentar a tradição dos políticos, roubai às escondidas, e muito, para que não passeis para a história
como ladrãozinho barato. Quando quiserdes tapar um buraco, entendei-vos com um sujeito
engenhoso, um verdadeiro artista, que faça dez de três e quatro. Não quereis jamais guardar
vossos bens materiais na terra, onde a ferrugem e as traças, baratas, ratos os consomem, e donde
os ladrões os tiram e levam. Levai-os dentro do caixão, enm ninguém nunca os levou para a
sepultura, só o caixão os levou para lá. Jamais eis em ninguém. Em verdade vos digo, que cada um
de vós é capaz de comer o seu vizinho num prato de louça bem chic, de garfo e faca de prata, com
todas as etiquetas, e boa cara não quer dizer necessariamente bom negócio. Vendei sempre gatos
por lebres, as lebres estão em extinção, os gatos soltos pelas ruas, e ações ordinárias por
excelentes, a m que a terra se não despovoe das lebres, nem as péssimas ações pereçam nas
vossas mãos. Não julgais para não serdes julgados; não examineis as nanças dos outros para que
as vossas não sejais examinadas com maior perspicácia e acuidade, e não resulte os dois irem ver o
sol nascer quadrado, quando é melhor ninguém o ver assim, o esplendoroso é que ele seja bem
redondinho e emita os seus raios com transparência e nitidez. Podeis excepcionalmente amar a um
homem que vos tirastes da sarjeta e vos destes uma cadeira giratória nalguma repartição pública,
uma mesa cheia de deveres, responsabilidades, compromissos os mais diversos; não até o ponto de
o não deixar com as cartas na mão, se jogardes juntos o pôquer dos poderosos. Todos aqueles que
ouvem e lêem estas minhas palavras, nestas páginas de sabor clássico (?), e as observam com
perspicácia, vêem-lhes as entrelinhas com transparência e inteligência jamais imaginadas em todos
os livros da humanidade, serão comparados e reconhecidos, considerados e respeitados como
homens sábios, que edicaram sobre a rocha e resistiu aos ventos e tempestades, tsunamis; ao
avesso do homem sem consideração, que edicou sobre a areia, e ca a ver navios por toda a
eternidade até a consumação dos tempos...

Aqui acaba a minha mensagem que inventei especialmente para declamar, discursar em eventos
públicos, recitar nalguma tribuna, antes de dormir o meu sono de homem justo, de quem sempre se
preocupou com o destino da ralé da humanidade. Apesar de tudo, irmãos e irmãs em Cristo, não
res-pondo pelo papel, nem pelas doutrinas e teses que nas entre-linhas estão re-presentadas, nem
pelos equívocos de linguagem e estilo que porventura haja cometido, enm nada pensei e senti
enquanto estive a elaborar esta mensagem para a salvação e ressurreição da ralé da humanidade,
não signicando o meu desejo seja de se converterem, mas que tenham certeza e convicção de que
merecem consideração e respeito dos homens idôneos de caráter e personalidade, em primeira
instância manuscrito numa mesa de botequim, depois em caráter ocial os dedos de ambas as
mãos deslizaram rápidos nas teclas do computador. Só agora é que vou ler, ver e sentir o que está
registrado nestas quase duas páginas de sabor clássico (?).

Graduado em Letras e Filosofia pela UCMG, mestrado em Filosofia pela UFMG. Publicado três
livros por Editoras: Con.Tando (contos), Fumarc, Belo Horizonte, 1979, Ópera do Silêncio
(romance), Editora Armazém de Idéias, 2000, Alteridade do outro em Sartre, Grafica de
Diamantina, 2003. Escrevi nos seguintes jornais em Curvelo, Centro de Minas e E Agora? por
três anos. Publiquei em cadernos, feitos em copiadora, RAZÃO IN-VERSA, todas as edições
comercializadas em Curvelo.
DAVID COELHO

Obra de David Coelho


Torre de Vigia da Mãe Natureza II
FABRICIO SCHIMIDT
Meu nome é Fabricio Schmidt, nasci e cresci na Alemanha e moro no Brasil desde 2007. Eu sou
fotógrafo e artista visual e participei em eventos e exposições coletivas e individuais em
Blumenau, Timbó, Indaial, Pomerode, Florianópolis, Ribeirão Preto e Viena na Áustria.

Meu foco principal é a utilização e o processamento de fotos em fotomontagens, colagens e


instalações, mas também em processos alternativos de impressão. Um desses processos
alternativos de impressão, que eu uso, é a técnica de palimpsesto. Por exemplo, na série
“WIRRWARR 08/15” eu imprimi duas fotos, que eu tirei de uma moça em uma praia de Floripa ,
no papel usado como velho dinheiro (que não tem mais valor), uma mapa de Berlin, papel
gráfico, cartas e páginas de livros.

Assim eu quero mostrar como a vida é fugaz, que as coisas mas também as pessoas se mudam
durante a sua trajetória; que as coisas, mas também as pessoas tem várias camadas que são
colocadas sobre velhas camadas. Mas você sempre pode ver os rastros das camadas do
passado, nada fica esquecendo.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
www.mind-jacker.blogspot.com.br
fabricio-photoartist@hotmail.de
MARCO CREMASCO

Brasil
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
marcocremasco@gmail.com
EDDY KHAOS
Eddy Khaos nasceu em Santana de Parnaíba, São Paulo, em 1980. Graduado em Artes
plasticas e Logística, e capista e quadrinista faz vários freelances para varias editoras em
território nacional. Tem seus textos e ilustrações espalhados pela internet em diversas páginas,
seus poemas e contos, publicados em várias antologias. Recentemente criou uma editora que
lança livros em formato E-book para ajudar novos escritores.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
http://eddy-khaos.blogspot.com.br
eddykhaos@r7.com
RODRIGO MOTTA

Brasil
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
rodrigomottas@hotmail.com
MONIQUE BRAGHIROLLI

Brasil
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
moniquebraghirolli@hotmail.com
JOÃO PEDRO MARQUES
Portugal
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
www.jpmarts.tumblr.com
www.facebook.com/JPMArts
jpm.arts.pt@gmail.com
MENELAW SETE
Brasil. Jorge do Nascimento Ramos, nome artístico Menelaw Sete, 1964.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
menelaw7arte@gmail.com
LUÍS ROBERTO PEROSSI

Comecei fazendo fanzines ainda nos anos 90. Sempre tive a escrita como uma extensão da
minha própria alma. Escrevi um livro ainda inédito denominado Caos Sentimental Metropolitano,
sou professor, formado em letras, trabalho também como redator, tenho alguns projetos
musicais como o Cannibal Coffee, Lado Leste Alerta e The (fuck) Coffee makers is inta House,
além de ser editor chefe e redator do fanzine/blog/podcast Meus Amigos Bebem Muito Café.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
http://coffeealot.blogspot.com.br/
xcafeinadox@hotmail.com
A Estória do Sonho de

RENATO PITTAS
Raimundo Nonato!
Renato Pittas - Brasil
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
renatopittas@gmail.com
ALEXANDRE PEDRO
Alexandre Pedro é nascido em Itanhaém no ano de 1977, estudou em escolas públicas, vindo
a descobrir a Literatura somente na universidade: formou-se em Letras, em 2012, na cidade de
São Paulo, onde vive atualmente. Amante não envolvido da Literatura resolveu criar um blog,
Cárcere do Ser, que mantém até hoje, para dissertar sobre trabalhos de outros autores, até que,
ainda no curso de Letras, fora convidado pela faculdade a participar de um concurso de poesia,
no qual foi vencedor com três poemas de estreia, e então resolveu mergulhar na escrita,
escrevendo textos e publicando-os no Cárcere, que tem hoje 32.000 acessos. Sua escrita tenta
uma busca incessante de preencher com palavras o vazio da insatisfação, da exaltação, da
Loucura, da Morte, do Amor e até mesmo da Poesia, mas, quase sempre, é na omissão das
palavras que está a razão de seus textos.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
http://carceredoser.blogspot.com.br/
carceredoser@gmail.com
SAMIRA HADARA

Samira Hadara - Brasil


----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
elkhouriartes@hotmail.com
Uma carta de amor e revolução

AIRTON SOUZA
Bom dia Nega, aqui quem te escreves é o Negu. Tô te escreviando esta missiva, que
tens o destino de ti alcançar antes mesmo de mim (pelo menos é o que espero), a custa
de dois motivos importantes. O primeiro tu já deve de ter consentimento. É isso mesmo
que estais a imaginar neste teu íntimo aorado e bem conhecedor das regras do amor. É
que bateu uma imensa e desmedida sordade de ti. O outro motivo é porque eu não
poderia car parado vendo toda esta multidão de todos os tipos de gente nas ruas, car
acomodado naquela cabana a esperar dias melhores.

Ademais, tu no meio da multidão sorta é um perigo. Eu ti conheço bem e sei do que é


capaz. Tenho medo do que possa fazer. Ainda mais que tu nesses últimos tempos andou
lendo muitas poesias.

Hoje, já faz dois dias que saíste de casa. Saiu só pra comprar alguns tumates e um
punhado de farinha pro armoço e, só agora me manda um bilhete dizendo “vemprarua,
vê se traz uma dúzia de ores brancas e um litro de vinagre, assinado, tua Nega”. Eu
sem nada saber, liguei o rádio para ouvir as notícias do que estava a se suceder e, não
deu outra. Só ai, comecei a entender o porquê de tua ausência.

Já tô aqui, meio ao povo. Feliz viu em ver todos na rua. As cores diversas enfeitam
minhas pupilas quase incrédulas.

Em minhas mãos trago o que me pediu o vinagre e uma dúzia de ores brancas. Só te
peço que que tranquila, pois, deixei a cadela jurema e as crias todas bem
resguardadas, molhei as prantas e tranquei a porta e a janela de nosso recito direitinho
igual tu gosta.

Ando a perguntar por ti. Recebo notícias vagas que esta meio a multidão. A única coisa
que sei é que tu tá toda embrulhada em uma bandeira do Brasil. Mesmo assim, sinto o
teu cheiro e vou te encontrar sem demora.

Te trago boas novas, este grito de dor, deu no rádio, que já chegou a se espalhar por
todo o “brasilzão” de meu Deus. Até mesmo no exterior já nos dão as mãos a gritar
junto com nós outros brasileiros e povos diversos.

Além do vinagre e das ores brancas, tomei a liberdade de levar meu coração sem
cessar e sem cansar batucando em esperanças.

Espero logo-logo te encontrar meio aos nossos irmãos. Vê se te protege das balas de
borracha e dos lacrimogêneos que esses nossos outros irmãos, por instante abastardos,
estão a nos dar como consolo neste momento de sofrimento por dias melhores e, que
também servirão para eles as conquistas aqui alcançadas.

Um cheiro em teu cangonte. Aqui é teu Negu que muito tem orgulho de ti.
Airton Souza – Nasceu e vive em Marabá, no Pará. É licenciado em História e, formando em
Letras – pela UFPA – Universidade Federal do Pará. Atualmente é professor, escritor, contista,
articulista, poeta e artista visual. Já publicou 6 livros de poemas e pertence a ALSSP- Academia
de Letras do Sul e Sudeste Paraense é membro ainda da ALAF – Academia de Letras e Artes de
Fortaleza e da ALG – Academia de Letras de Goiás. Possui ainda 11 livros inéditos prontos
para ser publicados.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
souzamaraba@gmail.com
JOSE LUIS BUSTAMANTE
Jose Luis Bustamante - Mexico
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
www.joseluisbustamante.com
estudio@joseluisbustamante.com
Milhas de distância de teu coração

DIONES NETO
Algumas vezes apenas eu queria estar do lado de teu peito, apenas por um momento, se
houvesse uma estrela cadente que pudesse alcançar e segurá-la pela calda eu faria se
ela me levasse até você mesmo me queimando em suas fagulhas, mesmo que se me
surgisse uma longa estrada que me levasse até você, meus sonhos me alimentariam os
dias em que eu poderia passar necessidades, e minha esperança em te beijar me
simulariam o mel de teus lábios para matar minha sede deles, por mais que chegasse
exausto até você, e se por algum acaso houvesse outro caminho que me levasse a você
esse fosse chuvoso, esse eu tomaria sem dúvidas a chuva me banharia a alma, caindo
sobre mim e meu coração fraco que não consegue parar de sofrer por estar sangrando,
pois a outra metade você cruelmente levou de mim, e devo me completar, na sombra de
seu amor descansa meu eu, e esse amor é todo seu, sabes disso tão bem que não pensa
duas vezes antes de se despedir para que proves para mim mesmo e a ti que distâncias e
milhas são correntes que temos que quebrar, elas existem em nossa alma e em nossa
carne, nos prendendo e rasgando com ganhos juntos a elas, estou te ouvindo mas não
há som, estou perto, mas apenas em lembranças, estou vivo, mas apenas em
memórias, diga-me o que sente agora coração ferido, o que vê é o que sinto? E o que
sinto és o que quer? Então rumaremos nessa longa estrada de feridas expostas e choros
sem acalentos, e tudo isso me recompensa após uma longa jornada de milhas de
distância de teu coração, seu sorriso me paga toda dívida que tive contigo, me suaviza a
dureza com qual maltratei meu eu, mas você agora está aqui em meus braços onde
pertence e nunca deve sair, para todo e sempre, até que a morte... Nem mesmo ela, pois
nos repetiremos em outros corpos em outras mentes, você amor e eu sentimento,
somos eternos e outros nos louvarão com o calor da paixão.

Brasil
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
anakarolineft@gmail.com
Isso foi no distante ano de 1989...Faculdade de Letras da UFPA - Encontro

GIGIO FERREIRA
Nacional dos Estudantes de Letras (ENEL) ... palestras ...debates
...seminários ...pois bem, 60% da patota estava emaconhada ...quando
acabou o ENEL esses 60% descobriram que 60% das avaliações do
semestre seriam 60% do que foi exposto no encontro ...resultado: 60% da
patota se fodeu ...ao nal do curso 60% não se formaram ...e hoje 60 %
desses caras, encontro diariamente dirigindo táxis ...desse universo, 60 %
bebe prakaralho e fuma pra porra ...nessa louca estatística 60% já morreram
de cirrose hepática ....e outros estão na cadeia !!! Só eu Gigio Ferreira
continuo escreVENDO ...mas por ainda não ter publicado porra nenhuma
...60 % não acreditam que falo a verdade !!!! Vai saber ...os números são
mais carnavalizantes que a realidade .....

***

Abriu um dos sinos, lá fora o vento passeava ...a ermida berrava de dor de
dente ...foi pelo cheiro chamado a adentrá-la ...a música era dentro de um
tubo magro ...o coração ouvia os sons da lagartixa enrugada ...havia dois
crânios se beijando no altar ...era uma melodia árabe ...os olhos apenas se
olhavam ...estavam murchos dentro do cálice de vinho tinto ...todo sangue
estava sentado espiando as cadeiras vazias do templo coberto de ores
amarelas ... acres assobios das gaivotas fedendo...postou-se de joelhos
...recebeu a coroa de louro ...sua cabeça livre dos cabelos aceitou a
comenda vinda do espaço, ele passou parte da vida esperando a sua vez
...não sentiu medo, somente arrepios !!! a língua da mesa se alojou em sua
garganta ...era um beijo de despedida...apanhou o anel de prata e colocou a
adaga aada no peito ...girou no ar gelado de outono várias vezes a fumaça
dos vitoriosos ...as sombras se multiplicaram ...houve princípio de
murmúrios ...quando o cavalo risonho bem penteado se curvou diante
daquele homem alto ...relinchou agradecido ...e saíram lentamente da
cerimônia ...pisando os ossos rápidos ...folhas secas ...passarinhos mortos
...e no entanto , apesar dos avisos poéticos ...ele disparou ...incentivado
pelos raios solares ....a rosa se livrou dos espinhos ...a grama cresceu para os
lados ...o leite virou suco ...as árvores ..sementes, o amor ...palavras de
sorte , os lhos ...continuadores, os livros .... queimaduras ....e o que sumiu
transformou-se num rio ...com canoas que fecundam novas cidades !!!!!!
Gigio Ferreira
Ilha do Mosqueiro - Belém - Pará -Brasil.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
geovani-ferreira1@hotmail.com
BETI TIMM
Brasil
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
betitimm@gmail.com
pedagogia das ratoeiras

JORGE MENDES
estou aprendendo a ser líquido, viscoso, a andar debaixo d´água entre ratos de
cavanhaque e nuvens de enxofre. aprendendo a morrer todos os dias por 45 minutos
sentado no último banco da van. aprendendo a mover meu corpo no tráco sem deixar
resquícios, fósseis, ruínas. estou aprendendo a viver na invisibilidade. rasgando planos,
apagando vôos, indo dormir mais cedo com os fantasmas do controle-remoto. estou
aprendendo a cortar cabeças, puxar tapetes, queimar lmes pra car bonito na foto da
diretoria. estou aprendendo palavras que apodrecem sonhos. aprendendo a mentir e a
usar olhos de vidro que hipnotizam. estou aprendendo a sorri pru assassino, a tomar
banho de sol na varanda com as plantinhas. aprendendo a usar da dissimulação e do
pensamento positivo das redes sociais. aprendendo a ter heróis embalsamados e a
copular com cadáveres. aprendendo a fazer uso de comprimidos, arco-iris, armas letais,
venenos nos que me deixem passivo diante do horror e da estupidez. estou
aprendendo a beber com canalhas, a ter o coração de plástico impermeável e o coração
embalado à vácuo. estou aprendendo a ser hipócrita quando digo obrigado ou eu te
amo. aprendendo a roubar no jogo sujo dos católicos. aprendendo a contabilizar e a
acumular moedas. aprendendo a passar o m de semana na piscina com a família.
aprendendo a castrar e a domesticar sentimentos e bichinhos de estimação.
aprendendo a ter amigos com ns lucrativos. aprendendo a ter próteses e espelhos e
estratégias que me fazem sentir o senhor dos artifícios. estou aprendendo a ser de gelo,
dissimulado, e a ngir como todos ngem.
balada do inimigo
o inimigo aparece no espelho do banheiro todo dia pela manhã. o
inimigo tem os olhos de vidro que hipnotizam. o inimigo faz cálculos
mentais, arma esquemas, lustra o revólver, escreve poesias. o inimigo
só ganha por nocaute. o inimigo passeia pelo shopping de óculos
escuros. o inimigo faz uso do obscuro. o inimigo acredita
exclusivamente no medo. o inimigo seduz assassinos. o inimigo pratica
canibalismo, cultiva orquídeas lingüísticas. o inimigo cita os grandes de
frankfurt e passeia pelos bairros da periferia. o inimigo tem um alvo, um
álibi e um refrão de bolero pra casos de emergência e incêndios. o
inimigo é algoz, júri e juiz. o inimigo sentencia, aprisiona. o inimigo
liberta os demônios. o inimigo tem dentes de diamantes. o inimigo
inventa alquimias, corrompe o azul dos dias. o inimigo nunca esquece. o
inimigo sou eu e cada um de vocês.

hipócritas!
os hipócritas chegam sorrindo próteses dentárias, regurgitando arco-íris radioativos e orais
de bach. os hipócritas tomaram a cidade de assalto, estabeleceram o poder da mentira e da
falsidade calculada e depois foram pru bar comemorar a carnicina. os hipócritas são agora
os donos do mundo, os magnatas da impostura e aparecem todos os dias nas tvs com suas
caras católicas de iogurte desnatado. os hipócritas aprenderam a mentir sem desviar os
olhos e são bons na arte que praticam. os hipócritas passam os dias contabilizando moedas e
assassinatos e antes de dormir apagam as luzes das casas, beijam suas cruzes, rezam o pai
nosso e adormecem indiferentes e pétreos como bons lhos da puta que são.

São Vicente - São Paulo - Brasil


----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
jordenascimento@hotmail.com
QUINZE MICRONARRATIVAS

FERNANDO FIORESE
AO SOL
Neste mundo tem filhos de muitas mães, de muitas maldades. Na minha gente, então, pode-se contar
nos dedos da direita os que prestam. Isso não me causa espécie. Por favor dos céus, tenho uma régua
de filhos pra criar, esta dor nos quartos que não me larga e um tanque de roupa esperando. Tantos
afazeres afastam a gente das sombras.

DIAS DE NOJO
Você é impossível, moleque. O pai, três dias de morto, e vai pular carniça! Devia guardar luto. Ao
menos pros vizinhos. Ele era um estrupício, gente ruim mesmo. Mas pai é pai. Respeito merece,
mesmo que não faça as vezes. Só por umas semanas... Depois pode exibir essa alegria sem peias, esse
contentamento de quem esconjurou o diabo da casa do terço.

VIZINHANÇA
De primeiro, eu aborrecia muito com o olho esconso desse povo. Com o tempo a gente acostuma. E até
compreende: ninguém gosta de se avizinhar da morte.

À DIREITA
O diabo já fui eu. Tinha mesmo o pé do outro, mas nunca deixei faltar um nada dentro de casa.
Afundei no vício, me voltei pro fim e andava ruinhega das pernas. Imaculada foi muito positiva,
soube esperar nas dores. Nunca esmoreceu. Deus sabe onde colocar esta mulher.

AMIGO
Preto, maçom e espírita. Seus predicados afastam qualquer um. Até um santo atravessava a rua pra
não pisar na sua sombra. Eu não. Tenho cá minhas práticas.

LÍNGUA
A dona da pensão me contou. Era um homem sozinho, mas trazia as coisas no maior cuidado.
Desvelos de moça. O povo começou a falar... Até que ele deu na cara do Zé Maquinista. Agora
ninguém mais tem língua.

TIA
Chegou no noturno. Duas malas e uma valise. Ficou encostada lá em casa, cuidando de ninharias.
A gente mal reparava. Parecia uma cristaleira sem bibelôs. Um dia morreu, mas ninguém quis
mudar pro quarto dela, não.

SOLIDÃO
Esqueci de mim. A vida inteira só tive mãos pra marido, filho, cozinha. Olha o que eu ganhei: uma
casa vazia e essas agulhas de crochê.

OCORRÊNCIA
Relevei o mais que pude, doutor. E olha que eu já fui buscar o traste na zona, briguei com uma
vizinha de anos por causa dele – e até dei minha cama pra outra. Agora, eu só queria ver se a minha
mãe podia olhar as crianças e cuidar do enterro dele.
SONO
Morreu nada. Foi só visitar as almas. Voltou no meio do velório. A família não sabia o que dizer. A
infeliz foi dormir, como se nada tivesse acontecido.

TRAVESSIA
Em antes, eu olhava nos fundos do chão. Depois fui morar nas distâncias. Andei as léguas que Deus
deu pra me avizinhar das almas. Na Bíblia aprendi bonitas palavras, palavras que a boca não suja.

APARIÇÃO
Seja o que fosse, não é mais. Procura dormir. Coisa assim a gente deixa sossegada, até virar sonho.

UM OLHAR
Família, quando há, é assim. Primeiro, os batizados, as festas de um ano e primeira comunhão.
Depois, bailes de debutantes, casamentos, bodas. Por fim, os velórios. Aí, melhor é colocar distância.
Na idade em que estou, um olhar basta.

HONORINA
De tanto espichar o cabelo com ferro em brasa, ficou de miolo mole. Ao menos agora não se incomoda
mais com o pixaim. Nem aos vizinhos com aquela fedentina.

DO MAL
Começou cegando formiga com binga de cigarro. Todo mundo achava uma gracinha. Ninguém pra
botar freio. Deu no que deu.

As narrativas menores – minicontos,


microcontos ou nanocontos, conforme se
queira –, que compõem Breviário, estão
sendo publicadas semanalmente, desde o dia
10 de novembro de 2012 no blog Corpo Portáti
– http://corpoportatil.blogspot.com.br –,
salvo algum contratempo ou passatempo
mais ao gosto do autor.

Fernando Fiorese, poeta, escritor e ensaísta, reside Juiz de Fora (MG), onde exerce o magistério
superior na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Dentre outros
livros, publicou Corpo portátil: 1986-2000 (reunião poética, 2002), Dicionário mínimo: poemas
em prosa (2003), Murilo na cidade: os horizontes portáteis do mito (ensaio, 2003), Um dia, o
trem (poemas, 2008) e Aconselho-te crueldade (contos, 2010).
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
fernando.orese@acessa.com
CAYMAN MOREIRA
CELSO MORAES FARIA
Brasil
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
oslecsearom@hotmail.com
IAN ROCHA

Brasil
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
iancichetto1@gmail.com
www.ianrocha.carbonmade.com
Solilóquio da Noite

EVERTON J. CORAÇA
Mais uma noite sentado na varanda de
minha casa. A vizinhança encontra-se
silenciosa, sem mesmo os pássaros da noite
passarem rápidos como vultos, assim como
manda o cotidiano. O vento nos deixou. O
clima está quente e a tensão torna-se
predominante sobre a calmaria que agora
veste a roupa cinza do marasmo.

A única coisa que posso observar são os


insetos baterem nas luzes das lanternas.
Esses são insistentes, é como se suas vidas
dependessem disso.

Já são quase 2 da manhã, nada aconteceu.


Nada. Ajeito-me nesta cadeira rústica a cada
15 minutos, já não sou mais jovem, e isso já
se tornou um vício assim como o fumante
leva sua mão a boca involuntariamente. Não
sinto dores ou mal estar, é só uma simples e
incessante necessidade de mudança.

Não tenho saudades de minha juventude. O agora me preenche aos poucos. Sou
viciado nos instantes que passam. Não mais nas lembranças, mas em coisas que ainda
conseguem me surpreender. Não pergunto mais quais os motivos. Procuro coisas que
possam me surpreender, nem sempre as encontro. Desde imagens, até odores, sabores
e sensações.

Olho para a rua e a paisagem não se modica. Não há inteiração do cenário. Sinto-me
como uma peça que não se encaixa. Apenas passam guras de pessoas guardadas em
minhas lembranças. São tão estranhos quanto eu. Tem a busca e a procura de
signicados confortantes.

Neste exato momento um carro com um estranho cruzou minha frente. Não sei que
estava dentro dele e com certeza ele apenas me viu como mais um objeto assim como
as árvores ou as lixeiras na frente das casas que compõem o cenário, se é que me viu.
Não sei até que ponto esta pessoa tem sensibilidade para isso. Não a conheço.

O passado e o cotidiano dizem mais de uma pessoa que a sua própria aparência. As
palavras constroem lentamente o formato do rosto de todos nós.

Este cachorro na minha frente dorme de forma tranqüila. Já sucumbiu a solidão


noturna, não quer mais latir ou caçar. Coisas que a idade traz. Uma normal falta de
perspectiva.
Mais uma folha cai. Lentamente cai. Constrói o pouco do movimento no ar. É um movimento
anarquista, um objeto anarquista, pagará o preço por sua rebeldia e irá se decompor. Nesse
sentido tudo irá se decompor. Todos nós somos anarquistas, ou todos somos tradicionais?
Seguimos a meta da morte. Seguimos sem querer seguir, é a rota e a rotina.

É o imprevisível destino daquele que não mais tem corpo, onde tudo se confunde sobre os
sentimentos, sobre o passado, sobre o mundo e o futuro. Até parece que estou vivo.

Everton J. Coraça, nasceu em Itapira/SP, tem 34 anos, é professor de História, baixista e


vocalista da banda de Hard/Heavy Mr. Speed tem influências literárias clássicas como Voltaire,
Charles Baudelaire, Platão, Aristóteles, Dostoievski, Schopenhauer, Slavoj Zizek, Nietzsche,
Rousseau e Carlos Drummond de Andrade, entre outros.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
everton.coraca@hotmail.com
ALEMÃO ART
Anderson Ferreira Lemes, assisense conhecido como Alemão, é uma daquelas pessoas que a
natureza predestinou para ser um grande artista.

Anderson Ferreira Lemes nascido na cidade de Assis, leva o nome artístico de Ander Lemes. É
formado em Educação Artística e Habilidades em Artes Plasticas, professor, desenvolve o
graffiti e as artes plásticas desde 2004.

Seu início escolar foi inexpressivo devido a uma dislexia descoberta mais tarde. Sua falta de
atenção que o fazia passar o maior tempo das aulas desenhando nas carteiras e fazendo
“artes” nem um pouco apreciadas, quase resultou em sua expulsão aos 16 anos de idade.
Graças a um dos professores, que sugeriu autorizá-lo a pintar os muros do colégio, como
alternativa para estimular seu interesse pelos estudos, Alemão despertou-se para sua grande
missão, as artes plásticas e o grafite.

Como todo grande artista, seu início foi cheio de problemas adversos. Assis demorou para
reconhecer que aquele jovem não era um vândalo pichador de paredes, principalmente pelas
autoridades policiais, que o encaminharam por diversas vezes à delegacia, apreendendo os
sprays, câmera de fotografia e outros materiais usados para o trabalho, até mesmo quando
autorizado pelo proprietário.
Através de seu talento, a arte marginal em grafite se tornou conhecida e admirada pela
população assisense. Com isso, veio o reconhecimento que pode ser observado pela mídia
impressa e televisiva. Hoje, suas habilidades artísticas com o grafite estouraram em mais de 85
cidades no Brasil e estão impressionando até mesmo os europeus.

Os quadros da série “Bicicletas” ganhou notoriedade na internet, suscitando o interesse da


proprietária da galeria Valentino do Rio de Janeiro, que convidou-o para expor suas obras. Em
apenas dois meses, a galeria negociou todas as telas enviadas, um total de 25 telas. Com tal
difusão natural, vieram os convites para participar de exposições internacionais. As grandes
propostas foram surgindo, várias para divulgar sua arte para outros países, com exposições na
Suiça, França, Alemanha, Portugual, Irlanda, Argentina, Chile, Mexico, Japão, Estados Unidos
entre outros totalizando 25 países. Hoje, Alemão brilha na Europa, com direito uma pagina de
matéria em um dos jornais mais respeitados e famosos da Europa, La Stampa, com sede na
Itália, que faz apresentações sobre seu trabalho com uma bela descrição do artista. Suas
conquistas não param por ai, em Setembro, participará de exposição com ação solidária no
Museu mais famoso e respeitado do mundo, Louvre em París com sua arte que estará
disponível para venda em benefício do Hospital do Câncer Aristides Maltez Salvador - Bahia –
Brasil. Tendo o grafite como a arte mais democrática de todas, Alemão afirmou que seu objetivo
é fazer arte em diversos países, atualmente em viajem a Europa 30 grafites já foram realizados,
inclusive em um carro, em Domodossola – Itália.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
alemaoart@hotmail.com
PAULA STROOBANTS
Paula Stroobants, Portuguesa, 36 anos, Casada, 1 filha, Artista.
O meu trabalho define a minha expressão: doce, descomplexada, sensível, (un petit peu)
provocante, constituída de curvas e contracurvas. Gosto de fazer imergir, minimalismo, poesia e
nas minhas personagens, os actores a dialogar.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
arret012@gmail.com
Vida vida vida, onde você foi?

KAROLINE FERRIRA
Eu tinha uma vida como todas as outras. Tinha meus altos e baixos como qualquer um.

Mas em um dia, eu perdi o chão, a força e minha vida foram ceifadas de mim, por três
dias eu sobrevivi, entretanto eu não consegui ir além, eu perdi o resto da minha vida.

Levei duas facadas em meu peito e ambas estão cravadas pulsando junto do meu
coração, enquanto meu coração sangre vou tento uma hemorragia lenta e dolorosa.

O ar está rarefeito e o coração pesado. Respiro com diculdade, porém ainda resisto.
Não por muito tempo mais ainda posso car de joelhos, de pé, já cai faz tempo. Antes
uma traição amorosa que seria mais fácil de lidar, mas essa...

Anseio a verdade, mas a temo também. Depois de saber quem é quem, quem será eu?
Eu vou sobreviver? Como tirar as facas sem jorrar sangue? Como olhar para trás e vê
uma escuridão, como sair da caverna sem queimar os olhos na luz, diga-me Platão?
Como continuar a viver sem poder olhar para o lado e não sentir o vazio? E se não for
assim? E se eu tiver que olhar para outra pessoa? Se ela que me decepcionou? Será
mais fácil?

Para meu desespero tenho que esperar... Esconder... Guardar... Sofrer... Ser forte por
ela (Você prometeu de joelhos diante de seus pés olhando em seus olhos) ... A maior
provação em toda a minha vida. O grande sacrifício, a pregação da sua cruz, mas não
vai ter ressuscitação... Por que não haverá mais força, não haverá mais amor. E não
haverá vitórias, só me resta a derrota dos dois lados. E a dor será minha eterna
companhia forever and ever até que a morte leve meu corpo, pois minha alma já partiu.

Brasil
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
www.karolineferreira.blogspot.com.br
anakarolineft@gmail.com
IVAN SILVA
Brasil - Ivan Silva, o poeta, cartunista, artista plástico e músico. Tantos talentos só caberiam em
um interior criativo e sensível onde a barreira entre o subjetivo e o lúdico, dialogam entre si,
unindo os opostos entre o interior e o exterior do ser inquieto e guerreiro. (Nua Estrela)
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
betitimm@gmail.com
CARLOS SARAMAGO
Portugal. Carlos Saramago Nasceu em Abrantes em 972. Autodidacta, começa a pintar desde
muito cedo.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
saramagoartes@hotmail.com
VICTOR HUGO SOUZA
Nascido em São Bernardo do Campo, SP 1988, Paulista, reside atualmente em Corumbá,MS .
Pedagogo, Arte Educador e artista plástico autodidata, criador da Ghost Flowers camisas,
micro empresa que divulga e vende para varias partes do Brasil camisas com ilustrações feitas
a mão livre. Atua como curador em exposições de arte pela cidade, Participa de um coletivo de
artistas chamado Outros Olhares e grupo FALA ( Fabrica Artística Latino Americana).
Premiações:
2° Colocação no 2° J’ Fest’ Concurso de Painéis em 2003
1° Colocação no 3° J’ Fest’ Concurso de Painéis em 2004
2° Lugar no logo tipo: Soy Loco Por ti América Festival América do Sul
1° Lugar na Categoria Pintura no 4° Salão de Artes ‘’Horizontes das Artes’’ – Premio Cidade
Morena Homenagem a Masahiro Fujita em 2012
Artista selecionado para representar o Estado de Mato Grosso do Sul em um intercambio Rede
Brasis no estado de Rio Grande do Sul na cidade de Rio Grande, projeto FUNART.
Sobre os Trabalhos:
Os trabalhos ilustrativos envolvem técnicas de aquarela, grafite e mistura de óleo, decifrando
poéticas em cores e texturas, tem como referencia Alyssa Monks, Lucian Freud, Ghostco entre
outros artistas e fotógrafos contemporâneos.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
vitor.hugo.cure@gmail.com
DIEGO EL KHOURI
ESCRIVÃO TRAFICANTE
Pessoas pensantes pensam
no lar expulso do ventre
na paisagem que nunca se desnuda
no calor intenso dos trópicos
na cara banhada de sangue
dos indigentes na sala nobre do inferno.

Pessoas pensantes erram


na tenra infância dos amores
no destino recortado da aurora
na pintura multifacetada de cores
no leite branco que escorre lento de seus corpos
nos astros azuis que choram
na massicação idiota da mídia
no lado oposto onde ratos vivem.

Agora minha mulher, cabelo amarrado,


de calcinha e sutiã,
faz a comida que alimentará minha alma,
a limpeza que tranquilizará o norte;
no instante derradeiro da lua
ela tece cores bonitas no âmago do meu peito.

O cachorro Pingo, louco que é,


inutilmente tenta foder
e surpreendido fodido é
pela sua estrutura frágil e pequena
- me comovo com a poeira chata
que lambe seu corpo
nessa jacarepaguá de atribulações.

Canto, uma música baixinha no ônibus


- “como um rato de bueiro, como um gato de calçada" -,
indo para Quinta da Boa Vista
desenhar caras, dentes e pernas.

Sou o escrivão do presente, futuro, passado.


Scarlett O' Hara
que se perdeu na roda da vida.
Amante ardente... muitos olhos
grudaram em meu pênis
e nem em Santo Antônio de Goiás
quando nu lia meus versos
pude ver minha própria sombra...
“O silêncio é uma conssão”.
O meu se encontrou no ventre do lar
na aparição de pus e sangue
nessa família nojenta que me viu crescer.

Sou pai e mãe do meu destino


deus de braços abertos
cuspindo fel e poesia.

Reconhecemos diamantes
e pedras preciosas
pois, anjos encarnados,
somos diamantes e pedras preciosas
queiram ou não queiram.

Ao lado a tia punheteira


que me torturava
enquanto sofria de apendicite supurado
num quarto de apartamento anos atrás.

Edu Planchêz diz


que temos que ter mais tempo
para adorar as ores
“sentar na calçada sem qualquer preocupação,
saboreando amoras bem maduras...”

Estou sentado agora


num tapete de pregos
lendo “assim falou Zaratustra”
pela milésima vez
fumando o cigarro
que nunca mais fumarei,

pelo menos até a próxima estação


até o próximo limite da dor
até que alguém venha me socorrer
e me entregue todo dinheiro roubado
daquele velinho alí na porta do mercado
empurrando seu carrinho de compras.

Se a sombra vil atravanca meu caminho


por que não colocar o pé na frente
e trazer para dentro de meus olhos
as estradas cintilantes que outrora vi na infância?

Por que também não ferir pessoas


cuspir na porta do paraíso
mostrando a bundinha pra deus?
Eles sabem muito bem o que fazem
esses padres em passeatas
pela diminuição máxima do prazer...

Estou do lado oposto


disposto a tudo (!)
inclusive a negar o sangue
e o dna que me impuseram
sem meu consentimento.

Meu pau duro segui rme


e não posso voltar atrás
muito menos beijar as bocas carnudas
das mulheres doentes nas esquinas
grávidas da miséria persistente
e muito menos olhar pra trás e ver a cara
de parentes que me roubaram tudo
tudo tudo tudo tempos atrás.

Desconecto o cabo, desligo a tv;


não adianta cuspir sóis se a lâmpada queimou
a intensidade inconsequente
que me ensinou a viver.

Senhor e Senhora Cichetto,


Quadro de Diego El Khouri

elkhouriartes@hotmail.com
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
AYAM UBRAIS BARCO
Ayam Ubrais Barco, nascido em 01 de maio na cidade de Salvador e criado em Ipiaú, Ayam
Ubráis Barco fez-se gente e cantautor escutando canções indígenas, pregações espirituais,
cantador@s de movimentos populares e expoentes do roquenrol mundial trancafiado no quarto
e em naveganças pelas estradas do país.
Trabalhador da arte, além de cantautor, é artista plástico, trilheiro de filme e escrevedor de
poemas de encontro e despedida.
Começou a tocar e compor sabe-se lá quando não soube o que fazer com uma dor insuportável
alojada em seu peito por assuntos de amor e quando seu avô o perguntou se já havia feito o
pacto:
- ¿Que pacto, vô? ¿Aquele lá do diabo?
- ¡Não, seu bestaiado... ¡Aquele lá do Gongolô!
E assim fez e assim foi e assim é e assim será...
¡Partir O Mar Em Banda! é o fruto desse pacto e influências. Traz 11 canções autorais
intermediadas por ‘ligas’ que dão o caráter conceitual do disco.
Amar e lutar são os temas fundamentais das músicas: “¡O amor ainda vale o risco de se ir
buscar!” “¡É preciso lutar, é possível vencer!”...
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
mocaba16@hotmail.com
ELENA OJEA CAMPELO
O DECORRER DO TEMPO
O tempo passa,
Não se detém,
O relógio avança,
Incansável, impassível
Seguindo em frente.

Desejavas que parasse


Mas continua sem piedade
Tirando-te vida,
Diminuindo as tuas forças,
Enrugando a tua pele.
MORRER POR AMOR?
Castigo-te,
Agonizas querendo vence-lo
Porque te quero.
Mas é um duro rival,
Castigo-te
Não se deixa vender nem comprar
Porque és minha.
Não duvida, é letal.
Castigo-te
Porque o mereces.
Castigo-te
Para que aprendas.
LUTA O teu medo, a minha força
Caio, LEVANTA-TE! A tua dor, o meu poder
Não posso, SEGUE! O teu silêncio, a meu abrigo
Rendo-me, LUTA! A tua vida, a minha maior riqueza.

Que difícil fazer frente à vida Amo-te, amo-te tanto…


Que fácil cair no desalento, Não me deixes, não te vás,
Mas luta, luta sempre Não saberás estar sem mim,
Ainda quando não tenhas forças Tu não és nada,
Ainda quando não consigas respirar Nada vales
Ainda quando morras de dor Eu sou tudo para ti.
Ainda que seja na tua agonia, luta!
Sou o teu homem, o teu sustento
Não te rendas, não te afundes, Teu amante, teu maestro
Não ques pelo caminho O guarda da tua prisão,
Olha para adiante O executor da tua sentença,
Olha sempre enfrente Permanentemente comigo
Com determinação, com valentia! Eternamente sem mim.

Se morres, que seja lutando Mato-te para que não sofras


E os teus logros perdurarão A dor da minha ausência
Mais além da tua tumba.

Elena Ojea Campelo (Mondariz, Espanha), 1980. A concepção da poesia como um meio de
comunicação, como um grito de aquilo que vivemos, que criticamos e que amamos, uma
maneira de expressar ideias, conhecimentos, denuncias… uma maneira, ao fim e ao cabo de
contas historias, reais ou fictícias, vividas ou não, que nos marcam e precisamos fazer sair á luz
através da palavra.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
leniojea@yahoo.es
GIULIA MOON
GIULIA MOON é escritora e ilustradora paulistana. Rabiscou contos e desenhou mangás que
ficaram nas gavetas de sua adolescência até se tornar diretora de arte, ilustradora e redatora
em agências de propaganda. Veterana, já obteve vários prêmios na área, onde se tornou
conhecida pela criação dos personagens Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre.
Desde 2000, Giulia publicou várias coletâneas de contos, mas hoje é mais conhecida como a
autora da série de horror & fantasia da vampira japonesa Kaori. O primeiro volume, Kaori:
Perfume de Vampira, foi publicado em 2009 pela Giz Editorial. Em 2011, lançou Kaori 2:
Coração de Vampira. Em 2012, publicou uma aventura spin off da sua personagem no livro
Kaori e o Samurai Sem Braço, em edição especial totalmente ilustrada. Na concepção das artes
desse volume, onde mistura as suas ilustrações em estilo mangá com influências de gravuras
Ukyo-e e estampas tradicionais japonesas, aliou-se à amiga e designer Natalli Tami. O livro
Kaori e o Samurai Sem Braço venceu o Prêmio Argos, concedido pelos sócios do Clube de
Leitores de Ficção Científica do Brasil, como o melhor romance de Literatura Fantástica de
2012.
Para saber mais sobre Giulia: Site: http://www.giuliamoon.com.br

NATALLI TAMI é designer gráfico e diretora de arte. É adepta do faça-você-mesmo, fascinada


por qualquer sistema de impressão, pintores flamengos do século XVII, fotografia bem tirada,
desenho animado, música boa e cachorro fofo.
Portfolio: kool-thing.com
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
giuliamoon1@yahoo.com.br
“À sua volta, lembranças do passado o envolviam como uma névoa opressiva, trazendo-lhe imagens de saudosos
rostos amados. E ele sofria ao perceber, em cada um deles, a fria inexpressividade da morte. Então era assim o
inferno?”
“A mulher-raposa enrolou as mangas do quimono em torno dos braços e fez uma rápida demonstração do seu
bailado. Kaori teve que reconhecer que a kitsune era muito boa nisso.”
Kitsune (japonês) – raposa. No folclore japonês, as raposas são seres mágicos com o poder de criar ilusões e transformar-se em
humanos, geralmente para enganar viajantes. Elas são também consideradas criaturas benéficas, mensageiras do deus Inari.
“A fogueira ardia dentro da caverna do demônio Tenseki. A luz das chamas iluminava o rosto da mocinha, que
olhava calada para o oni, coisa que o deixava um pouco desapontado. Preferia as costumeiras donzelas histéricas
que gritavam e se descabelavam, enlouquecidas de medo frente à sua maldade e feiúra.”
Oni (japonês) – demônio.
“A mordida dolorida da menina kyuketsuki o perturbara de forma contundente. O coração de Kitarô martelava
no peito, angustiado. Um enorme vazio fora aberto na sua alma. Algo dentro dele gritava, queria ser devorado,
consumido até os ossos, por esta garota pálida.”
Kyuketsuki (japonês) – vampiro. Palavra composta de três ideogramas: kiu (sugador), ketsu (sangue), ki (demônio).
“O jinja inacabado, com a sua madeira apodrecida coberta de musgo e cogumelos, era o triste retrato de uma
união entre homens e deuses que não dera certo.”
Jinja (japonês) – templo xintoísta.
“Com o lado esquerdo do rosto pintado como uma mulher e o lado direito como um rapaz, o hábil Hanamaru
revezava-se nos papéis da esposa e do cunhado, trocando a lanterna de mão para iluminar ora um, ora o outro
lado do seu corpo.”
ROJEFFERSON MORAES
A DANÇA
De repente eu não tinha mais saco para aturar
meia dúzia de pessoas dentro do mesmo local,
foi me dando aquela vontade de car a sós
com uma garrafa de destilado, pensando,
escrevendo, conversando comigo mesmo,
coisas que há muito tempo não fazia. Não era
depressão, ou qualquer uma dessas síndromes
m o d e r n a s q u e fa ze m a s p e s s o a s s e
suicidarem, matar a família, não, não... Muito
menos vontade de projetar losoas abstratas
de um "eu" castrado pela mãe aos três anos de
idade. Eleonora, minha vizinha casta, me levou
a tomar essa decisão. Ela cava ouvindo essas
músicas pornofônicas quando a mãe saia para
a igreja e ia para o pátio dos fundos car
rebolando seminua sabendo que eu estava ali
do outro lado olhando para aquela revelação
de sua outra persona. A vida ainda tem suas
pequenas surpresas para os descrentes. E
agora as letras vão balbuciando vulvas róseas,
roxas, pálidas... A vida vai nos devorando do
avesso.

O ENCONTRO
Roberto sentou na beira da calçada. Na esquina trabalhadores dos Correios protestavam.
Suas contas nunca chegavam, Roberto e suas contas atrasadas, seus amores atrasados, sua
taras atrasadas. Sol a pino, sapato descolando. Ah! Se suas decepções lhe trouxessem
dinheiro. Trocados contados, desceu a Eduardo. Sua vida e a cidade torrando sob os
trópicos. Deu adeus para a cidade e foi namorar seus outros "eus" no mormaço.

Manaus - AM, Brasil


----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
pastpot@hotmail.com
FABIANA MENASSI
http://fabimenassi.wordpress.com/
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
fabi_menassi@yahoo.com.br
GONÇALEZ LEANDRO
Modelo: Raquel Eichelberger

Modelos: Renata Luiza, Pa Filgueiras


Arruda e Ali Ne.

Gonçalez-, professor de desenho, publicitário,cartunista no Jornal da Cidade - Baurú. Estúdio


em Bauru e Ourinhos.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ANA NEGRÃO
Sol posto
Vejo a criança velha a olhar-se ao espelho
recorda a lua guardada nos caminhos
quase todos surreais
quase todos inesperados
vejo barrigas cheias de fome
à espera das mães desesperadas
que vivem a sangue frio
o calor dos répteis
cactos
miragens por trás do sol posto
e os gritos asxiados
sempre preparados
para morrerem

amanhã...

Escrita
(im)perfeita
Assombro
palmilho léguas
o inferno derradeiro
invado as sensações
consumidas neste outono de prazer
o túnel interdito
abandonado à fúria possuída
desde a véspera do cio
que se prepara para romper
na madrugada fúnebre
onde os fantasmas despertam
num doce pecado
e a ti
te mascaram o desejo...

Portugal
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
http://inovnegrao.blogspot.pt/
pássaros da

DENISE ÁVILA
morte
pássaros vomitam
chumbo deglutido
em ácido atordoo
"polvorizam" mentes
desencarnam povos
reencarnam líderes
não dão chance
aos novos
aram seus sulcos
na terra sem pão
só prestam ouvidos
à voz sem razão
sujam de sangue
o manche com as mãos
atropelam as vidas
ceifadas por elas
e as almas que
veem nas suas janelas
Pergunta arfada
não lhes dizem mais nada "Será a água potável,
estão sem coração uoretada ao extremo,
vendida por água tratada,
responsável pela dormência,
fraqueza e subserviência,
das mentes em decadência
trazendo tanta demência e
fazendo com que esta gente
renegue a própria consciência,
negligenciando suas vidas,
abrindo tantas feridas,
reverenciando aparências?"

Eu, Denise Ávila, nascida em Pelotas, Rio Grande do Sul, residindo em Porto Alegre desde o ano
de 1979, sou estilista-modelista da área têxtil, professora de design e desenvolvimento de
peças do vestuário no sistema CAD - Informatizado Consultora de Moda. Embora todos os
cursos realizados, formações, onde me encontro mesmo é na poesia, na escrita. Com a minha
"poesia", participo de blogs e evento, tenho um grupo voltado à Literatura e Filosofia, Escritores
e Poetas Pensantes, onde divulgo e incentivo escritores novos e já consagrados, crio projetos
voltados para a cultura, conhecimento da vida e obra de poetas e poetisas consagrados
nacionalmente.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
deniseavila.poetisadocotidiano@gmail.com
JOVENAL MALOA
Saber escrever e saber viver sem ter vivido.
A maior tortura de não ter vivido e escrever como se tivesse.
Há um olhar feito de letras sabiamente vivas –
Nesta minha morta caligraa que respira tamanhã cegues, enxergo
Para além destes papeis sem vida, pois sim claramente enxergo a noção
de viver sem ter, de escrever defuntos versos sem ter neles morrido e
mal me odeio por isso e nem por aquilo –
Com isto espero ser vitalício.

1.
Apalpei escassos sorrisos em minha face
Havia lá tintas disfarçadas de maquiagem
Sim! Uma beleza articial assim pode-se dizer
E antes que a minha alma e consciência –
Ao degredo do meu desconhecimento me arrastasse
Despenhei, naufraguei a propósito –
de interromper essa viagem
Pois essa falsidade em mim já começava a me enlouquecer

Arranquei de mim essa máscara


Que a muito se vazia minha cara
Havia um demónio em mim feito anjo
Ou talvez uma deusa nascida dos ratos
Ao menos se essa beleza fosse única – arcanjo
Não estaria cá eu me rastejando aos prantos.

2.
Quando me vejo a morrer
Para além da tristeza falsa que vou deixar
Alegro-me por abrir o abismo em mim
Para este complexo caótico e vazio em meu ser
Festejando o caos sobre minha vida cheia de azar
Zelada morta deitada sobre o capim

Quando eu morrer sobre o chão que me zela –


O meu paraíso auto em mim se encera absoluto
Estarei para mim mesma pronta e com a certeza
Minha alcova será um sepulcro escuro – sem vela
Para clarear as minhas vidas e o no meu mudo-surdo espirito
Encontrarei paz neste inferno, quando o caos me inspirar leveza

E direi, Inspiro o caos e ele me inspira


O escuro não me expõe – nem me esconde
Da ao meu ser em alma espirito a liberdade
A indiferença é a minha inexistência na luz, e estar nele me aniquila.

3.
A pressa é inimiga da arte
Deus não construi-o o mundo em um dia!
Ser paciente a construi do caracter artístico faz parte
E assíduo a leitura do caracter dos leitores fazia.
As pirâmides não eram projectos do m-de-semana
A andrómeda e a via láctea não nasceram do nada
A paz deve ser praticada não é do nada que se emana
Sonhar e forçar ter o sonho é alterar a natureza da fada –
Sem pressa de fazer-te crer que vive-se dos sonhos mana.

Querer ser neste meu exacto momento escritura


Não! Não é o tempo e muito menos estou eu madura
Não! Não é o momento muito menos a hora
E não penses que compreenderás o meus textos –
Em uma só pobre de compreensão leitura!

4.
Substantivo feminino me transporta para o além
E neste acto de me ir um outro lugar relativamente afastado
Daquilo que em espirito desconheço e mal sou
Experimento esta ingestão cerebral que faz de mim –
Trilha de alucinação ou alucinações que fumo quando me convém
Ouvir o meu cérebro nestas ilusórias travessias pensando

Pensando nesta travessia redonda


Passeio oceânico contado desde que o navio pedestre –
Deixa o ventre inicial até retroceder ao colo meu maternal
E nesta pensada por ti, viagem de ida e volta
E neste meu turfe passo a clarear o meu transcender
Com pensares hipódromos, neste hipismo a lua da escrita.

5.
Há um ingrediente qualquer que tintura o meu cérebro,
E esta acção farmacêutica que em mim se emprega,
Com nalidade de diagnóstico, trata de aumentar (des)sanidade
Ou de prolaxia de doença deste verso loucamente tenebro.

Materializa em substância antes alma, entorpecendo-a


Alucinógeno-me e do parto orgasmos já nesta viagem excitante, e etc.
Governam por travessia oral, ou outros passageiros delírios
Mas que por sua vez dão carácter transitório –
A este novo, desalmado meu estado psíquico.

6.
Vómito orgasmos neste meu cio
Latidos agora não armam minha satisfação
Esta caligraa digital tornou-se motivo do meu delírio
E este vindouro soneto será o da tua ejaculação

É excitante mesmo sem o padrão na métrica


Não existe defeito nos nossos prazeres
Frenéticos movimentos do teu canguru sem estética
Faz-me por instante parapléctica e ao dizeres

Escrevinhando a palavra um só espirito no seu todo


Nós, eu e vós, talvez nós os derivados deste ritual
De sopas de letras nuas portadora de gozos alucinantes

E sensações feito poison para abstinência fatal


A quem diria que não estou satisfeita, com este animal
De poemas que só me deleitam razões para o absurdo –
Transcendendo soneto e dando suporte para faze-lo meu amante.
Abstinência ou abstenção total ou parcial de alimentação em determinados dias, por penitência ou prescrição religiosa ou médica,
estado de quem não come desde o dia anterior…, Privação ou abstenção de alguma coisa, desconhecimento de determinado assunto – E
eu que vou quebrando o meu, comer ou beber tendo estado até então em jejum, Ingerir alimentos antes do tempo estabelecido para
terminar o jejum (“Def. Dicionário Aurélio”).
Vou sorrindo e todo que ouso e que vejo dos vossos jejuns me é contrário assim como o definido, as atitudes dos crentes e os demais de
dizem ser, os ignorantes que fingem saber, todo isto é tão contrário ao que acho ser certo, e é! Senão, mal estaria eu cá a escrever estes
desertos miúdos que são blocos para construir a pirâmide deste meu sonho, sim! Fazer com quem acreditam que estou correcto, então
passo pensando nesta caligrafia contemporânea e citar as bases do meu descontentamento com isto.
Ato ou efeito de sacrificar (-se), oferta solene à divindade de produtos da terra e animais, oferta pessoal ou colectiva à divindade,
simbolizada na destruição de um bem ou na imolação de uma vítima, a morte de Cristo, a missa:
“— Introibo ad altare Dei, anunciou Padre António com a voz comovida e trémula com que sempre iniciava o sacrifício” (Inglês de
Sousa, O Missionário, Privação de coisa apreciada, Renúncia em favor de outrem, Abnegação, renúncia, desprendimento (“Def.
Dicionário Aurélio”).
Sorrir é meu constante estado de espirito, quando leio a oposição das coisas que as palavras dizem descrever, e como se assistisse-mos os
suspiros gelados da areia deste meu deserto se formando uma pirâmide, e eu contente até a alma que mal sei se existe começo assim a
criar oásis trechos deste minha ideia de querer ser aceito como um pensar certo…, e neste inicio de ter uma noção do que me é um jejum,
me ofereço na totalidade aos meus ideias, e como símbolo destruo todos rascunhos que vos são livros e me submeto meu cérebro imolado
como um agradecimento ao meu Deus, só não mato o cristo em mim pois percebo ainda que sou e mal não passo de mero pecador e por
ainda estar lúcido e saber que não me darão ao meu espirito a redenção, a salvação por isto com a minha santidade, por mais que eu o
escove nestes versos, já é visto que, e deu para notar que este escrito é a homília, este texto é a minha missa e agora o sermão é o vosso falso
jejum.
E sem nenhuma forma de escrita trémula mas sim comovida por um pensar já defunto, fico nestes versos estáticos e inconsciente já
provando da iniciação deste meu sacrifício, é duro privar o meu instinto escritor de rasurar parágrafos santos e donos de si, e essa
renuncia destrui tudo que me fazia alguém e que me fazia pensar em ser muitos para outros não serem, isto é que me é estar em jejum!
Abnegar-me, renunciar tudo que me faz viver e que sem este tudo não sou nada, então! Vamos nos desprender dessa estupida ideia que
jejuar e acordar pela manhã, rezar, passar o dia sem comer nada, sem beber nenhum que seja o líquido (“excepto a saliva”), depois
quebrar, não – não! Isto para alguns não é, não chega a ser, não deveria ser chamado de jejum e muito menos de um sacrifício, é visto
que isso de não comer e beber é uma doença destes dias contemporâneos – que para não atingir a obesidade mulheres e homens o fazem
como desportos e não um sacrifício, eu sim fiz um sacrifício apesar de ser letras, versos, parágrafos para alguns sem valor mais doeu-me
a alma que como já disse não sei se ela existe, fazê-lo.
Então vós assim como eu, que não pode construir a minha pirâmide e que ofertei a deriva de morrer desidratados os meus oásis pensares
a um vulto da minha desconhecida divindade, sacrifício meus irmãos, sacrifícios! Isso sim deveria definir o nosso jejum, se gostamos de
comer porcarias como hambúrgueres, cachorros-quentes, pizzas…,etc. o nosso sacrifício seria parar de comer e reflectir se devemos
continuar, jejum seria não assistir novelas, filmes, desenhos animados já que esses ultimamente de desenhos animados nada tem e as
novelas essas passaram para filmes pornográficos com um pouco de humor, mais criatividade nos seus personagens com mais roupas na
apresentação e como uma historia cativante, e muitos menos os nossos filmes ditos modernos ou contemporâneos – diria eu satânicos,
abomináveis se fosse um devoto e loucamente religioso…, sacrifício, se sacrificar e nele reflectir e não esse concurso hilário de quem fico
um mês desde que o dia é parido pela madrugada até a sua morte quando a noite fica prestes a tomar poder da vida do dia (“nesse ciclo
de matanças”) sem comer, sem beber – mas fica a assistir, beijar, fazer amor, sim fazer amor apesar de eu não saber como se faz, a dizer
palavrões, a ser injusto, mal-educado, a ser tudo isto e mais coisa alguma.
Quebrei o meu jejum pois como vem ou lêem estes parágrafos não deixei de escrever, sem a escrita não vivo, sem a poesia não me sinto
eu, sem pensar não crio distúrbio ao meu espirito e mal afirmo que tenho alma sem saber.
Meu jejum, meu jejum.

Feliz Jejum para todos, para todas as almas deste Mundo.


Arthur Dellarubia (“Heterónimo de Jovenal Maloa”)

Jovenal Maloa, natural da cidade de Nampula região ao norte de moçambique, filho de


Bernardino Jacob Maloa e Natália Camilo Silima, Jovem poeta e estudante da Engenharia e
Gestão Industrial na Faculdade de Engenharias da Universidade Eduardo Mondlane,
Moçambique (Cidade de Maputo)
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
jovenalmaloa@gmail.com
MARIO FRESCO

Ao longo da minha vida, tenho vindo a desenvolver um espírito artístico muito próprio baseado no constante
admirar de tudo o que me rodeia. E arredores!
Assim, apaixono-me por vários conceitos artísticos e crio diversas linhas estéticas a fim de expor os múltiplos
caminhos dos meus “EUS”
Seguir o instinto da Arte como linguagem universal é o que me interessa em cada peça.
Mário Fresco, nasceu em Toronto a 16 de Maio de 1976, ainda criança, veio para Portugal,
passando grande parte da sua vida no distrito de Coimbra, onde se tem inspirado para a
concretização da sua vasta obra, já referenciada em vários livros de Arte, com representações
em várias colecções particulares, nacionais e internacionais (França, Alemanha, Grécia, Itália,
Espanha, Estados Unidos da América, Canadá, Japão e China).

O artista Fresco, concluiu o curso de Desenhador Projectista na EPVL da Mealhada, frequenta o


curso de Comunicação e Design Multimédia na Escola Superior da Educação de Coimbra e tem
o curso de Acção Educativa, onde desenvolveu a elaboração de livros para crianças. Para
além da participação em vários ateliês de pintura, escultura, fotografia e apresentações
multimédia e colaboração na área de arquitectura, é membro activo de várias associações
onde realiza vários workshops entre outras actividades. Afirma-se como autodidacta visto que
demonstra uma grande paixão e interesse desde criança por todas as ramificações da Arte com
principal atracção para as artes plásticas.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
www.artmajeur.com/mariofresco
fresco.mario@gmail.com
A ÚLTIMA SÁTIRA

DENISE ÁVILA E MANOEL FERREIRA


Epígrafe
"...esbarrado na calçada, bêbado regurgitado volatiliza palavras sóbrias, depois de
escorregar num gole e se deglutir..." (Denise Ávila)

Em instantes de plena alucinação, aspirando as poeiras metafísicas das estradas do nada,


pergunto-me entre o sorriso ensandecido e as lágrimas sensaboronas do prazer e volúpia o
que seria da pinga se não fossem os pinguços. Espremo os miolos, reviro os olhos, trago a
fumaça re-versa de nicotinas e alcatrão, dou saltos escalafobéticos, tudo isso à busca de uma
resposta que não seja apenas razoável, plausível, mas que abarque todas as verdades, não
mais haja qualquer outra até a consumação dos tempos. E só encontro uma que me parece até
feliz, julgo-me satisfeito, sinto-me um gênio de cabelos desgrenhados, capote. "Não fossem os
pinguços, a pinga caria na prateleira do botequim para a con-templação das almas penadas".
Con-templo as palavras, a idéia e a mensagem na frase, re-versando-as de todos os modos e
estilos, caio-me na gargalhada, pois que nada mais ridículo que esta res-posta, se ninguém
bebe cachaça, se se quiser, pinga, por que alguém iria gastar tempo em fabricá-la?

Na pingudice de todas as horas, nada de me perguntar o que seria da pinga não fossem os
pinguços ou o que seriam dos pinguços não fosse a pinga... Nem me lembra que sou pinguço,
para me embebedar, encher o rabo todo, tenho de tomar todas e mais algumas de gorjeta,
gorjeta que escorre pelo queixo, molha a camisa, os olhos reviram-se, chamo urubu de meu
louro, dou nó em pingo dágua, isso para não dizer que me esbarrando na calçada, catando
cavaco, atolando a cara na merda dos cavalos puxadores de carroça, arrasto-me no terreno
baldio sem cerca de arame farpado, encosto-me no muro, e começo aquela velha ladainha que
me acompanha desde o primeiro pileque homérico: "Vou com Deus e Nossa Senhora pelos
mata-burros de estradas, o capeta atrás tocando viola, a cachaça minha de todos os dias soma
os noves fora do nada de mim, o nada dos noves fora de mim que nasceu sem razão,
prolonguei no mundo com a boca escancarada, um bafo de escorraçar todas as criaturas,
esperando a morte que até agora não chegou...", ouvindo os velhos aposentados parados,
olhando-me de olhos arregalados, assustados da silva e silveiras, como pode alguém beber
tanto, viver de pinga e nada mais, dizendo palavras que ninguém disse desde que a vida
começou a existir no mundo - na verdade, na verdade, o homem nasceu mesmo sem razão,
passa toda a vida sonhando, fantasiando uma verdade que nunca chega, felicidade que nunca
houve, alegria então que nunca mostrou a sua cara, são todos os homens idiotas, imbecis,
conversa pra boi dormir antes de o coveiro abrir a valeta de sete palmos, antes da morte, antes
de o caixão descer, amigos, parentes e conhecidos derramarem todas as lágrimas de crocodilo,
antes de pás de terra ser jogada por cima, e nada mais, nem mesmo existiu no mundo, a morte
leva até a vida que foi um dia...

Louco, doido, varrido, esquizofrênico, psicopata, esquizóide, escorregando no último gole que
o capeta deixou atrás, errando uma nota de sua viola, desanando todo o coro de diabos que
lhe seguia pela tarde de pálido crepúsculo, me deglutindo no clímax e êxtase do álcool,
sentando-me na cadeira do Olimpo qual Zeus que ria a bandeiras soltas de todos os normais e
sóbrios que acreditavam na redenção dos pecados, nos prazeres e felicidades do amor, na vida
eterna...

E vou seguindo bêbado, regurgitado, volatizando palavras sóbrias pelos becos sem saída, no
céu noturno estrelas e lua brilhando, inspirando amados e amantes a declinarem os versos
mais lindos, em nome do amor, amém nós tudo...
THIAGO GOMES
Assino meus trabalhos como Goma. Moro em São Paulo, em um bairro chamado Vila Joaniza,
fica na zona sul.
Sou Autodidata e no meu trabalho carrego muitas referencias da fauna e flora das ruas e das
pessoas que admiro, seja amigo, colega ou aquela/aquele artista fodão, alem do Grafiti, Skate,
Fanzines, quadrinho alternativo, Punk e tudo que tenha uma essência do D.I.Y!
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
nanquinbeat@yahoo.com.br
http://cargocollective.com/gooooma
SOFIA RIBEIRO
Nasceu em Lisboa, no dia 24 de Dezembro de 1965. Filha de poeta, desde sempre cresceu
numa atmosfera artística através da Galeria e Livraria dos seus pais, lugar onde conheceu
artistas ligados aos mais variados quadrantes da arte, nomeadamente literatura, música, teatro,
artes plásticas e cinema. Concluiu os estudos secundários na área de humanidades e a sua
curiosidade levou-a a seguir um percurso onde o restauro de antiguidades ocupou doze anos
da sua experiência profissional.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
soapribeiro@hotmail.com
JOSÉ NOGUEIRA
São Paulo - Brazil - Mail Art, Um dos fundadores do Raul Rock Club, Zineiro, Artista Plástico,
Fundador do Clube do Rádio
JOANNA.FRANKO
você
que se acha rei
olhando de cima !!!
é triste figura
um pobre louco
uma sombra de "Nero»
com sua lira Amanhece
desafinada, Lua de outono
seus versos toscos, Céu azul
se exibindo Infinita beleza
para uma "Roma» Dos tons da natureza
incendiada Invejo os raios de sol
em cinzas Ondulando as gotas de orvalho

Montanhas no horizonte
Abraçam a luz
Rios correm pro mar.
Quero
Um instante de espera, e
Encontrar meu "eu»
Sou a manhã que desperta.

Acróstico Dedicado a Alcídio Marques

Diretora de Comunicação e Idéias da Revista PI2.


----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
joanna.franko@hotmail.com
VINÍCIUS SAMIOS
UM BRASILEIRO QUE FAZ...
Vivendo em Tóquio, esse brasileiro nos fala da escola clássica de artes marciais
japonesas.

Joanna.Franko, de Tokyo, Especial para Revista Pi2 nº 6.

Vinícius Nikolaos Samios, 31 anos, brasileiro, nascido em Porto Alegre, vive em Tóquio.
Formado em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especializado
em Medicina Interna pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Atualmente cursando doutorado
em neurociências pela Universidade Waseda em Tóquio.
Atualmente o mestre chefe dessa escola é Risuke Otake, e mais uma vez eu me sinto muito
afortunado por ter sido aceito por ele como um esudante de tal escola, sendo atualmente o único
brasileiro estudando em seu dojo.

Meu interesse pelas artes marciais surgiu quando ainda era criança, ao assistir lmes e programas
infantís que destacavam artes marciais e super-heróis. Foi aos 10 anos que meus pais me
inscreveram em uma academia de karate, sendo então que pela primeira vez tive de fato contato
com uma arte marcial de verdade. Talvez pela pouca maturidade, deixei de praticar esta arte alguns
meses depois. No decorrer dos anos que seguiram, tive a oportunidade de experimentar uma série
de outras artes marciais, também por um período curto. Entre elas, tae-kwon-do, full-contact,
kempo, vale-tudo e kung-fu, sendo que esta última pratiquei por cerca de 4 anos, abandonando-a
após entrar na faculdade de medicina, especialmente por conta da alta demanda deste curso. No
entanto, nunca me senti satisfeito com o que procurava através das artes marciais e, foi ainda
enquanto praticava kung-fu que descobri que as artes marciais podiam dividir-se em diversos
segmentos, tendo diversas bases losócas e objetivos. No sistema de artes marciais chinesas,
onde inclui-se o kung-fu, costuma-se fazer uma divisão entre dois grandes grupos: as artes
marciais externas e as internas. O primeiro grupo, chamado externo, leva este nome pois tende a
dar ênfase a técnicas que dependem primariamente da força física do indivíduo, sendo assim
geralmente de aprendizado mais rápido e mais apropriados a praticantes jovens, ainda com grande
vigor físico. Já o segundo grupo, chamado interno, leva este nome especialmente por dar ênfase ao
cultivo da mente, sendo que suas técnicas normalmente caracterizam-se por movimentos que
demandam pouca energia física do praticante e ainda fazendo proveito da energia física
despendida por parte do agressor. Eu costumava escutar que este segundo grupo, o interno, era
superior, mais sosticado que o primeiro grupo, mas muito mais trabalhoso para ser aprendido.
Para termos de comparação, costuma-se dizer que após 2 anos de treino, um praticante de um
estilo externo é superior a um praticante de estilo interno, mas que após 10 anos de treino, o
praticante do estilo interno torna-se superior. Tendo escutado isso, tinha a determinação de que
ainda queria estudar algum dia um estilo interno de artes marciais. Ainda enquanto cursava a
faculdade de medicina, certa vez em meio a um período de sedentarismo, tive a oportunidade de
fazer uma aula experimental de uma arte marcial chamada Aikido. Tal arte, se classicada no
sistema interno/externo, claramente se encaixaria no sistema interno de artes marciais, apesar de
não ser chinesa, mas sim japonesa em origem. O aikido, escrito em japonês 合気道, é composto por
três caracteres que, se literalmente traduzidos, signicam algo como "o caminho (do) da
harmonização (ai) da energia (ki)". Ou seja, é através da prática de tornar-se consciente desta
energia e unir-se a ela, em oposição a contrapor-se a ela, que um indivíduo tem sucesso quando os
conitos surgem. Assim, por basear-se neste princípio, diz-se também que o aikido é a arte marcial
da paz, pois jamais incita o conito. Talvez desnecessário dizer também, mas conceitos como
caminho, harmonia e energia estão sujeitos às mais diversas interpretações, com as quais o
praticante vai entrando em contato à medida que pratica, podendo estender os benefícios desta
arte aos mais diversos aspectos de sua vida, desde carreira até família. Assim, após tal aula
experimental de que falei antes, nunca mais parei de praticar o aikido. Tendo terminado minha
especialização em medicina interna e após trabalhar por cerca de um ano em emergências e
enfermarias de hospitais nos arredores de Porto Alegre, decidi que queria continuar meus estudos,
mas dessa vez procurando unir o estudo acadêmico com o estudo marcial. Foi então que surgiu a
possibilidade de fazer isso no Japão, através de uma bolsa de estudos oferecida pelo governo
japonês. Foi quando vim para Tóquio em meados de 2011. Desde lá, faço meu estudo de
neurociência numa prestigiosa universidade chamada Waseda e também tenho o privilégio de
praticar aikido diariamente no Hombu Dojo, a sede central do aikido no mundo. O aikido, tal qual o
karate e o judo, é uma arte marcial moderna, fundada na primeira metade do século 20 por um
famoso mestre chamado Morihei Ueshiba. Conta-se que Ueshiba estudou diversos sistemas de
artes marciais clássicas japonesas, tendo obtido maestria nelas.
Do apanhado de tais artes, ele fundou o que hoje é conhecido como aikido. Há várias histórias
envolvendo a gura de Ueshiba. Sendo muito espiritualizado, conta-se que em certo período de sua
vida, Ueshiba teria atingido um grau de iluminação espiritual que o faria invencível perante qualquer
adversário. Alguns dos alunos diretos de Ueshiba contam também que, no exato instante em que
pansavam em atacá-lo, Ueshiba já havia percebido tal intenção e os desarmava antes mesmo que
pudessem iniciar qualquer movimento. Hoje em dia, a gura mais alta na hierarquia do aikido é o
neto de Morihei Ueshiba, Moriteru Ueshiba, sendo que ele e seu lho são os atuais responsáveis
pela administração do Hombu Dojo em Tóquio, local também criado pelo próprio fundador em
pessoa. Para os praticantes de aikido no mundo, o Hombu Dojo é uma espécie de local sagrado que
todos gostariam visitar em algum momento de sua vida. E para mim, ter treinado diariamente nesse
local pelos últimos 2 anos tem sido uma fantástica experiência de aprendizado, tanto em termos
marciais e culturais, como em termos de autodesenvolvimento.

Lá tenho estudado com alguns dos mais respeitados mestres de aikido da atualidade, além de estar
tendo a oportunidade de conhecer pessoas de todos os cantos do mundo. E desta forma, parece
que o aikido consegue cumprir a sua principal meta, que é a de unir as pessoas na terra. Porque o
caminho das artes marciais não tem m, tal qual a busca de um indivíduo pela verdade,
recentemente tive a sorte de ser aceito como aluno em um outra prestigiosa escola clássica de artes
marciais japonesas, o Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu (天真正伝香取神道流). Esta escola é
considerada como a escola mais antiga de artes marciais do Japão, e assim como a mãe de todas as
outras escolas no país. O seu sistema abrange o estudo de diversas armas, dando ênfase entretanto
à espada. Devido a seu imensurável valor, o Katori Shinto Ryu é considerado como tesouro nacional
pelo governo japonês. Atualmente o mestre chefe dessa escola é Risuke Otake, e mais uma vez eu
me sinto muito afortunado por ter sido aceito por ele como um esudante de tal escola, sendo
atualmente o único brasileiro estudando em seu dojo.

Hombu Dojo - Academia de Treino


Foto: Joanna.Franko
My interest for martial arts started when I was still a kid, when watching TV shows and movies that would highlight
martial arts and super-heroes. When I was 10 years old my parents put me in a karate gym, so that it was then when for the
first time I had any contact with a real martial art. Maybe because I was still too young, I stoped practicing that art after a few
months. During the following years I had the chance of experiencing a series of other martial arts, also for a short time
though. Among them, tae-kwon-do, full-contact, kempo, MMA and kung-fu, having practiced the last one for about 4
years, leaving it after starting medical school, specially due to the high time demand of that course. Never, however, I felt
satisfied with what I had learned so far from the martial arts and, still while practicing kung fu, I found out that the marial
arts could further split into many different systems, having diverse philosophical bases and purposes. In the system of
Chinese martial arts, where kung fu is included, a major division between 2 groups usually takes place: the external and the
internal martial arts. The first group, called external, gets this name for emphasizing techniques that primarily rely on the
physical power of the practitioner, being then easier to learn and more suitable for younger individuals, still full of physical
vigor. The second group on the other hand, called internal, gets that name specially for emphasizing the development of the
mind, with a set of techniques that usually require less physical power from the practitioner and still taking advantage of the
physical power yielded from the aggressor. I used to hear that the internal group of martial arts was superior, more
sophisticated than the external group, but much more demanding to be learned. As a simple comparison, it is usually said
that after 2 years of practice, en external style practitioner is superior than a internal style practitioner, but after 10 years of
practice the internal style practitioner becomes superior. Having heard that, I had as a conviction that one day I still would
have the chance of studying a internal style of martial arts. Still while in medical school, going through a sedentary period,
luckily a had the chance of doing a experimental class of a martial art called Aikido. This art, if evaluated from a
internal/external perspective, clearly would be classified as an internal martial art, in spite of not being Chinese, but
Japanese in origin. The name Aikido, written in Japanese as 合気道, is composed of three characters that, if literally
translated, would mean "the way (do) of harmonizing (ai) the energy (ki)". In other words, it is through the practice of
becoming aware of such energy that an individual may succeed when facing a conflict. Thus, for being based on such
principle, it is also said that Aikido is the martial art of peace, because it never promotes conflict. Maybe unnecessary to say,
but concepts as way, harmony and energy are subject to many different interpretations, with which the practitioner gets in
touch as the practice develops, feature that allows extending the benefits of that art to the many aspects of life, from career to
family for example. Thus, after that experimental class about which a talked before, I never ever stopped practicing Aikido.
Having finished the specialization in Internal Medicine, and after working for about 1 year in hospitals around Porto
Alegre, I decided that it would be a good thing to continue studying, but this time trying to bring together the academic study
and the martial study. It was when a chance of doing it in Japan appeared, through a scholarship offered by the Japanese
Government. And then I came to Tokyo, in the mid of 2011. Since then I´m doing a doctoral course in neuroscience in a
prestigious university called Waseda and in parallel I have the privilege of practicing Aikido daily at Hombu Dojo, the
world headquarters of Aikido. Aikido, such as Karate and Judo, is a modern martial art founded during the first half of the
20th century by a famous master called Morihei Ueshiba. It is said that Ueshiba mastered several systems of classical martial
arts. From those arts he founded what currently is known as Aikido. There are several tales involving the figure of Ueshiba.
Being very spiritual, it is said that during a certain period of his life, Ueshiba would have achieved some kind of
enlightenment that would make him invincible. Some of his direct students also tell that, at the very instant they thought of
attacking him, Ueshiba would have already realized and neutralized them before they could start any movement. Now a
days the highest figure in Aikido hierarchy is the grandson of Morihei Ueshiba, Moriteru Ueshiba, being him and his son
the current headmasters of the Hombu Dojo in Tokyo, place also founded by Morihei Ueshiba. For the Aikido practitioners
worldwide, the Hombu Dojo is a kind of sacred place that everyone would like to visit at least once in a lifetime. And for me,
having practiced there daily for the last 2 years has been a wonderful learning experience, martial and culture wise, as well as
in terms of self development. There I have studied under some of the most respected Aikido masters currently alive, besides
having the chance of meeting people from all over the world. And this way it seems that Aikido is able to acomplish it´s main
purpose, which is to unite the people on earth. Because the martial arts journey never ends, such as the search of an
individual for truth, most recently I was also fortunate enough to be allowed to join another prestigious classical Japanese
martial arts school, the Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu (天真正伝香取神道流). This school is considered the
oldest school of martial arts in Japan and, and as such, the mother of all other schools in that country. It´s system comprises
several weapons, giving emphasis however to the sword. Because of it´s immeasurable value the Katori Shinto Ryu has
been classified as a national treasure by the Japanese government. Currently the headmaster of that school is Risuke Otake,
and again, I feel very fortunate to have been accepted by him as a student in that school, being currently the only Brazilian
citizen studying at his dojo.
Vinicius Samios aplicando uma técnica de Aikido chamada Kokyu-ho.
Fotos: Joanna.Franko
Tempos Grossos

LUIZ CARLOS BARATA CICHETTO


Grossos tempos estes, em que o rabo abana o cachorro
Em que o pedido de um cigarro é um pedido de socorro
Que as ruas estão cheias de merda, de sangue e urina
E o importante é a vaidade, o dinheiro e a purpurina.

Grossos tempos estes, dos olhos borrifados de pimenta


Tempos coloridos articialmente com balas sabor menta
Em que ruas estão cheias de estudantes iletrados e burros
Pichando contra a parede e contra o vento dando murros.

Que tempos grossos são estes, do controle da existência


Da morte infantil e do aborto como forma de resistência?
Tempos em que precisamos da legislação sobre o viver
E em que a morte é uma desculpa de nosso sobreviver.

Enm, que grossos são estes tempos, de ódio disfarçado


De igualdade falsa, desigualdade real e ócio desgraçado?
Tempos das esmolas santas e do futebol que mata a fome
Em que pessoas não existem, apenas uma foto e um nome.

Memento Mori
Memento mori é uma expressão latina que signica ao pé-da-letra, "lembre-se
da morte".

Lembra-te da morte! Diariamente ao menos um momento


Recorda-te da tua mortalidade e do cheiro do excremento
Abraça-te a lembrança do volátil, do efêmero e do mortal
E joga-te na singularidade do tátil, do ardil de fato imortal.

Lembra-te dos que não tem dinheiro nem sede de poder


E pensa que o ter não é a razão de ser sem tudo a perder
Pois ao recordar-te da morte e do nada que ela te oferece
Saberás que tudo o que foi belo um dia fede e apodrece.

Lembra-te dos que nada tem e que em nada são diferentes


E recorda-te das dores dos que trabalham por seus parentes
Deixa que o Sol brilhe e não humilhe aqueles que não têm
Porque existência é o momento, o único dos que a mantém.

Lembra-te das mortes daqueles que te foram belos e caros


E não esqueça-te daqueles que vivos são espécimes raros
Perca-te no outro, ache-te em ti e encontre a vida na morte
E encontre tua força e grandeza naquele que é mais forte.
A Batalha da Poesia
É uma competição, uma batalha e uma guerra sem frontes
Somos soldados, não poetas, estamos morrendo aos montes
A tiros, a golpes de marreta na cabeça ou a golpes de sorte
E cavamos as nossas sepulturas enquanto fugimos da morte.

Seu ego não é maior nem menor que o seu desejo de vingança
E se não se perde se ganha, e não se dança conforme a dança
Uma guerra suja e desumana como são todas as lutas armadas
E mesmo que lutemos de mãos limpas são guerras desalmadas.

E então, querido poeta, que tem seu ego maior que a barriga
Aperte o seu gatilho antes, pois minha poesia é boa de briga
Ou morra em sua trincheira dourada antes do nascer da Lua
Que o dia é de Sol e à noite os gatos saem para andar na rua.

E não pense, querido poeta, que a guerra é produto da paz


A guerra é suja e a poesia é arma e não a alma, meu rapaz
Mas não acredite em lendas, porque essa batalha nunca tem m
E não peça perdão ou aceite desculpas pois as guerras são assim.

LIVROS DE BARATA CICHETTO


PEDIDOS: www.abarata.com.br

Poeta, Escritor, Webdesigner e Artesão. Criador e Editor da Revista Digital PI2. 15 Livros de
Poesia e 4 de crônicas e contos autoeditados pela Editor'A Barata Artesanal. 55 anos, casado
com Izabel Cristina Giraçol. 2 filhos.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
barata.cichetto@gmail.com
www.abarata.com.br
PI² é uma publicação de divulgação cultural gratuita. Caso tenha pago
de alguma forma pelo download, denuncie: revistapi2@gmail.com

Direitos Autorais
Todos os textos são de responsabilidade dos autores citados e têm
direitos autorais preservados de acordo com a Lei Desejando publicar,
entre em contato com autor.

Somos uma equipe. Agimos como uma equipe, publicando, curtindo,


compartilhando, respeitando seu trabalho.
Se você é parte dessa equipe, faça como nós: respeite, curta e
compartilhe.
Só as ações em conjunto podem engrandecer e elevar sua "obra".
(Joanna.Franko)
3 ANOS
2010/2013
33 TITULOS

You might also like