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ELLINGHAM
M ETALURGIA E XTRATIVA
Sumário
1. Introdução ..................................................................................................... 2
2. Construindo o Diagrama de Ellingham ...................................................... 4
3. Diagrama de Ellingham na Prática .............................................................. 7
4. Diagramas de Ellingham para Diversos Compostos............................... 10
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Metalurgia Extrativa
Fundamentos
Título: Diagramas de Ellingham Capítulo: Fundamentos
Responsável: Rogério Vicente Cannoni Revisão: 001
Data: 09/08/2018 Obra: Metalurgia Extrativa
1. Introdução
A metalurgia extrativa é baseada em uma série de reações complexas e que podem
ocorrer simultaneamente, consequentemente uma análise termodinâmica de um processo
extrativo pode ser demorada e com grandes chances de ocorrerem erros durante essa análise.
Por este motivo há a necessidade de ordenar adequadamente os valores de energia livre
associadas às distintas reações possíveis, além de obter o conhecimento de como as variáveis
clássicas influem nestes sistemas extrativos.
A variável que é mais utilizada nas análises termodinâmicas de um processo extrativo é a
energia livre de Gibbs, que mediante uma determinação verifica-se se uma reação ocorre ou não.
Por outro lado, os processos extrativos são complexos, tanto devido às características das
matérias-primas quanto das condições de operação onde utilizam-se grandes pressões e
temperaturas que podem ultrapassar 2.000ºC. Estes fatos fazem com que distintas reações
ocorram simultaneamente dificultando saber qual reação é mais favorável em cada caso e em
cada condição.
Para facilitar a interpretação das análises termodinâmicas dos processos extrativos,
Ellingham, em 1944, publicou uma compilação de informações referentes à variação de energia
livre em condições padrão a respeito da temperatura para distintas reações de oxidação e de
sulfuração de metais. Na figura 01 é demonstrado o diagrama original publicado para a formação
de diferentes óxidos metálicos através das reações representadas pela equação 01.
𝑀𝑒( ) + 𝑂 ( ) → 𝑀𝑒𝑂 ( )
Eq. 01
Esta reação está plotada, em todos os casos, considerando 1 mol de oxigênio, a fim de
dispor, em um espaço reduzido, de uma ampla e valiosa informação termodinâmica que permite
poder determinar, entre muitas reações possíveis, a mais favorável.
Ellingham, além de determinar a influência da temperatura na energia livre de Gibbs,
também estabeleceu uma reação linear entre G0 e T, através da equação 02.
∆𝐺 = ∆𝐻 − 𝑇. ∆𝑆
Eq. 02
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Fundamentos
Título: Diagramas de Ellingham Capítulo: Fundamentos
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Onde:
G0 – Energia livre de Gibbs;
H0 – Variação da entalpia em condições padrão;
T – Temperatura (K);
S0 – Variação da Entropia em condições padrão.
Figura 1 – Diagrama de Ellingham para a formação de óxidos baseados em suas energias livres de
formação com a temperatura. Adaptado de ref. 1.
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Fundamentos
Título: Diagramas de Ellingham Capítulo: Fundamentos
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𝐶( ) + 𝑂 ( ) → 𝐶𝑂 ( )
Eq. 03
2𝐶𝑂( ) +𝑂 ( ) → 2𝐶𝑂 ( )
Eq. 04
2𝐶( ) + 𝑂 ( ) → 2𝐶𝑂( )
Eq. 05
Na equação 03, verificamos que há 1 mol de gás nos reagentes (O2) e 1 mol de gás nos
produtos (CO2), o que significa que a variação da entropia será praticamente zero, ou seja, S
0. Aplicando este valor na equação 02, teremos então G0 = H0, caracterizando uma linha
horizontal (linha 01), no Diagrama de Ellingham (figura 2).
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Na equação 04, verificamos que há 3 mols de gás nos reagentes (2CO + O2) e apenas 2
mols de gás nos produtos (2CO2), o que significa que está passando de um estado com mais
desordem para um estado com menos desordem, portanto há uma perda de entropia (S<0).
Aplicando-se esta condição na equação 02, obteremos G0 = H0 – T.(-S0) G0 = H0 + T.S0,
assim a linha que representa esta reação (linha 2) no diagrama de Ellingham será ascendente
(figura 03).
Na reação representada pela equação 05 verificamos que há 1 mol de gás nos reagentes
(2C) e dois mols de gás nos produtos (2CO), o que significa que estamos aumentando a desordem,
ou seja, aumentando a entropia (S0 > 0). Aplicando esta condição na equação 02 obteremos G0
= H0 – T.(+S0) G0 = H0 - T.S0, assim a linha que representa esta reação (linha 3) no
diagrama de Ellingham apresentará um direcionamento descendente (figura 04).
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Caso um determinado metal possui uma temperatura de fusão de 1.000 K, a linha que o
representa no Diagrama de Ellingham sofrerá uma flexão (linha 5), conforme demonstrado na
figura 07.
2𝑁𝑖 + 𝑂 → 2𝑁𝑖𝑂
Eq. 06
𝑆𝑖 + 𝑂 → 𝑆𝑖𝑂
Eq. 07
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Na figura 08 verificamos que em todo o intervalo da temperatura (eixo x), a linha que
representa a reação de oxidação do silício apresenta-se abaixo da linha que representa a reação
de oxidação do níquel. Isto significa que a reação de oxidação do silício é mais espontânea que a
reação de oxidação do níquel, pois é observado através do intervalo de energia livre de Gibbs
(eixo y), apesar de ambas serem espontâneas, que a reação de oxidação do silício ocorre com
mais facilidade do que a reação de oxidação do níquel.
Esta avaliação é geralmente aplicada da metalurgia extrativa com o intuito de avaliar-se
os métodos de obtenção dos distintos metais. Para exemplificar, consideraremos a uma
temperatura de 1.000K onde a a energia livre de Gibbs para a oxidação do silício é de – 750 kJ,
enquanto que a energia livre de Gibbs para a oxidação do níquel é de – 300 kJ (figura 08).
Se nosso objetivo é a obtenção do níquel, então devemos inverter a reação representada
pela equação 06, ou seja, reduziremos o óxido de níquel (equação 08).
2𝑁𝑖𝑂 → 2𝑁𝑖 + 𝑂
Eq. 08
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Como a reação resultante apresenta G0 < 0, então esta é espontânea, com isso podemos
dizer que para obtermos níquel é possível utilizar o silício como agente redutor.
Toda essa avaliação demonstra que para obtermos um determinado metal representado
por linhas localizadas na parte superior do Diagrama de Ellingham, podemos utilizar metais cujas
linhas estão localizadas na parte inferior do Diagrama de Ellingham. Outra conclusão é que quanto
mais baixa estiver localizada a linha de um metal, mais fácil será a redução dos metais com as
linhas localizadas na parte superior do Diagrama de Ellingham.
Portanto através dos Diagramas de Ellingham apresentados na figura 01, verificamos que
para reduzirmos metais como níquel, cobalto, cobre e zinco, podemos utilizar como redutores o
titânio, alumínio, magnésio e cálcio.
Além dos metais cujos Diagramas de Ellingham apresentam-se na parte inferior do gráfico,
verificamos que também poderíamos utilizar carbono como agente redutor de diversos metais,
dependendo da temperatura que aplicaremos ao processo produtivo.
A reação de oxidação do carbono gerando monóxido de carbono (Eq. 05), como
comentado anteriormente, possui um direcionamento descendente. Também verificamos no
Diagrama de Ellingham uma grande quantidade de linhas, representando os diversos metais, que
cruzam a linha que representa a oxidação do carbono (figura 09), o que indica que o carbono é
um excelente candidato para reduzir distintos metais.
Na figura 09, identificamos as diversas linhas com letras representando hipoteticamente
alguns metais. Nos processos metalúrgicos podem haver uma mescla de dois metais, como A e
D, portanto os seus óxidos serão representados por AO e DO respectivamente. Neste caso a
mescla dos óxidos desses dois metais pode ser representado apenas pela soma dos dois óxidos,
ou seja, AO + DO. Assim o carbono poderá ser utilizado para reduzir seletivamente o metal A, já
que a temperatura de redução do metal A será T1.
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A temperaturas entre T1 e T2 ocorrerá a redução do óxido AO pelo carbono sem que haja
a redução do óxido DO que se manterá em forma de óxido. A temperaturas maiores que T2 o
carbono reduzirá ambos os óxidos.
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Figura 10 – Diagramas de Ellingham com as linhas das reações do sistema Carbono - Oxigênio.
No Diagrama de Ellingham representado pela figura 10, podemos observar que as três
linhas se cruzam em um ponto que representa a temperatura de 705°C (978 K).
Combinando-se as reações representadas pelas equações 03 e 05, podemos determinar
uma nova reação de equilíbrio, denominada de reação de Boudouard (Eq. 10), que determina uma
relação entre as distintas espécies químicas do sistema C – O.
𝐶 + 𝐶𝑂 ↔ 2𝐶𝑂
Eq. 10
Na figura 10, verificamos que acima de 705 °C a reação desloca-se tendendo à formação
de monóxido de carbono, já que a reação mais favorável a esta temperatura é a representada pela
equação 05, enquanto que a temperaturas menores que 705°C, o dióxido de carbono possui uma
maior tendência de formação pois a reação representada pela equação 04 é favorecida.
Na prática esta discussão é aplicada a fim de determinarmos o melhor agente redutor para
o processo pirometalúrgico a cada temperatura. Portanto acima de 705 °C, o redutor a ser aplicado
é o carbono sólido e para temperaturas abaixo de 705 °C utiliza-se o monóxido de carbono.
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Os Diagramas de Ellingham podem ser aplicados em outros compostos além dos óxidos,
como para a formação de sulfetos (figura 11), através da reação entre o metal e um mol de enxofre
representado por S2, de acordo com a equação 11.
2𝑀 + 𝑆 → 2𝑀𝑆
Eq. 11
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2𝑂 + 𝑆 → 2𝑆𝑂
Eq. 12
A partir desta reação podemos utilizar dois Diagramas de Ellingham juntos, o de formação
dos óxidos e o de formação dos sulfetos. Assim, a qualquer temperatura, ao somar o G0 da
reação representada pela equação 12 com o ada reação representada pela equação 1, resultando
em um G0 da reação de formação do correspondente sulfeto (eq. 11), obtém-se a reação de
ustulação (eq. 13).
2𝑀𝑆 + 3𝑂 → 2𝑀𝑂 + 2𝑆𝑂
Eq. 13
2𝑀 + 𝐶𝑙 → 2𝑀𝐶𝑙
Eq. 14
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a. Nos diagramas de Ellingham são mostradas a direção em que ocorre o equilíbrio, mas não
é indicado a respeito das condições em que é alcançado, com isso observa-se em
qualquer diagrama de Ellingham de formação de óxidos, por exemplo, pode-se deduzir
com facilidade que a oxidação da maioria dos metais é espontânea em presença do
oxigênio atmosférico. Porém, na realidade, não ocorre desta forma e exceto para algumas
situações muito específicas, como o caso do sódio e em algumas ocasiões, o carbono,
quando esta oxidação espontânea não ocorre. A maioria dos metais, como alumínio,
magnésio e outros são muito reativos chegando a oxidarem-se superficialmente e em
quase todos os casos podem ser fundidos em presença de ar, sem sofrerem oxidação
severa. Em determinadas condições, como a presença de catalizadores, alguns metais
oxidam-se com violência. Em qualquer caso, estas situações não são previstas pelos
diagramas de Ellingham.
b. Supõe-se que tanto os metais como seus compostos possuem estequiometrias definidas.
Porém, na prática, utilizam-se matérias-primas que não atendem à esta suposição. É muito
usual utilizarmos matérias-primas complexas, que, como por exemplo, as substituições
atômicas de uns elementos por outros nas redes cristalinas dos sólidos são muito
frequentes, então obtém-se metais muito impuros contaminados por outros elementos
metálicos ou não metálicos. Um caso bem conhecido, são as esfaleritas (ZnS), nos quais
ocorrem quantidades altas de ferro, não somente substituindo o zinco na estrutura
cristalina mineral, mas também na forma de uma nova espécie mineralógica, a pirita.
c. Os diagramas de Ellingham não consideram a possível distribuição dos reagentes e dos
produtos de reação entre diferentes fases, por exemplo, formando dissoluções sólidas ou
líquidas. Na metalurgia extrativa por fusão, a aparição de escórias e a consequente fixação
de alguns óxidos metálicos do mineral nestas escórias, é muito frequente, porém, os
Diagramas de Ellingham não as consideram.
d. Não consideram a possível formação de compostos intermetálicos entre reagente e
produtos de reação.
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6. Referências Bibliográficas
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