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DIAGRAMAS DE

ELLINGHAM
M ETALURGIA E XTRATIVA

Rogério Vicente Cannoni


2018
Metalurgia Extrativa
Fundamentos
Título: Diagramas de Ellingham Capítulo: Fundamentos
Responsável: Rogério Vicente Cannoni Revisão: 001
Data: 09/08/2018 Obra: Metalurgia Extrativa

Sumário
1. Introdução ..................................................................................................... 2
2. Construindo o Diagrama de Ellingham ...................................................... 4
3. Diagrama de Ellingham na Prática .............................................................. 7
4. Diagramas de Ellingham para Diversos Compostos............................... 10

4.1 Diagramas de Ellingham de Formação dos Óxidos .......................................... 10


4.1.1 Sistema Carbono – Oxigênio no Diagrama de Ellingham........................................ 11

4.2 Diagramas de Ellingham de Formação dos Sulfetos ........................................ 13


4.3 Diagramas de Ellingham de Formação dos Cloretos ........................................ 15
4.4 Diagramas de Ellingham de Formação dos Carbonetos ................................... 17
4.5 Diagramas de Ellingham de formação de Outros Compostos .......................... 19

5. Desvantagens do Diagrama de Ellingham ............................................... 24


6. Referências Bibliográficas ........................................................................ 26

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Metalurgia Extrativa
Fundamentos
Título: Diagramas de Ellingham Capítulo: Fundamentos
Responsável: Rogério Vicente Cannoni Revisão: 001
Data: 09/08/2018 Obra: Metalurgia Extrativa

1. Introdução
A metalurgia extrativa é baseada em uma série de reações complexas e que podem
ocorrer simultaneamente, consequentemente uma análise termodinâmica de um processo
extrativo pode ser demorada e com grandes chances de ocorrerem erros durante essa análise.
Por este motivo há a necessidade de ordenar adequadamente os valores de energia livre
associadas às distintas reações possíveis, além de obter o conhecimento de como as variáveis
clássicas influem nestes sistemas extrativos.
A variável que é mais utilizada nas análises termodinâmicas de um processo extrativo é a
energia livre de Gibbs, que mediante uma determinação verifica-se se uma reação ocorre ou não.
Por outro lado, os processos extrativos são complexos, tanto devido às características das
matérias-primas quanto das condições de operação onde utilizam-se grandes pressões e
temperaturas que podem ultrapassar 2.000ºC. Estes fatos fazem com que distintas reações
ocorram simultaneamente dificultando saber qual reação é mais favorável em cada caso e em
cada condição.
Para facilitar a interpretação das análises termodinâmicas dos processos extrativos,
Ellingham, em 1944, publicou uma compilação de informações referentes à variação de energia
livre em condições padrão a respeito da temperatura para distintas reações de oxidação e de
sulfuração de metais. Na figura 01 é demonstrado o diagrama original publicado para a formação
de diferentes óxidos metálicos através das reações representadas pela equação 01.

𝑀𝑒( ) + 𝑂 ( ) → 𝑀𝑒𝑂 ( )

Eq. 01

Esta reação está plotada, em todos os casos, considerando 1 mol de oxigênio, a fim de
dispor, em um espaço reduzido, de uma ampla e valiosa informação termodinâmica que permite
poder determinar, entre muitas reações possíveis, a mais favorável.
Ellingham, além de determinar a influência da temperatura na energia livre de Gibbs,
também estabeleceu uma reação linear entre G0 e T, através da equação 02.

∆𝐺 = ∆𝐻 − 𝑇. ∆𝑆
Eq. 02

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Onde:
G0 – Energia livre de Gibbs;
H0 – Variação da entalpia em condições padrão;
T – Temperatura (K);
S0 – Variação da Entropia em condições padrão.

Figura 1 – Diagrama de Ellingham para a formação de óxidos baseados em suas energias livres de
formação com a temperatura. Adaptado de ref. 1.

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2. Construindo o Diagrama de Ellingham

Para utilizarmos o Diagrama de Ellingham devemos entender como é construído, o que


representa cada linha, além da sua direção e seu posicionamento no diagrama.
Primeiramente devemos entender que os Diagramas de Ellingham são representados por
retas, pois a entropia e a entalpia possuem uma variação muito baixa em relação à temperatura.
Podemos iniciar o entendimento do Diagrama de Ellingham conhecendo-se as reações
representadas pelas equações 03, 04 e 05.

𝐶( ) + 𝑂 ( ) → 𝐶𝑂 ( )

Eq. 03

2𝐶𝑂( ) +𝑂 ( ) → 2𝐶𝑂 ( )

Eq. 04

2𝐶( ) + 𝑂 ( ) → 2𝐶𝑂( )

Eq. 05

Na equação 03, verificamos que há 1 mol de gás nos reagentes (O2) e 1 mol de gás nos
produtos (CO2), o que significa que a variação da entropia será praticamente zero, ou seja, S 
0. Aplicando este valor na equação 02, teremos então G0 = H0, caracterizando uma linha
horizontal (linha 01), no Diagrama de Ellingham (figura 2).

Figura 02 – Representação do Diagrama de Ellingham para a formação do CO2 a partir do C.

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Na equação 04, verificamos que há 3 mols de gás nos reagentes (2CO + O2) e apenas 2
mols de gás nos produtos (2CO2), o que significa que está passando de um estado com mais
desordem para um estado com menos desordem, portanto há uma perda de entropia (S<0).
Aplicando-se esta condição na equação 02, obteremos G0 = H0 – T.(-S0)  G0 = H0 + T.S0,
assim a linha que representa esta reação (linha 2) no diagrama de Ellingham será ascendente
(figura 03).

Figura 03 – Representação do Diagrama de Ellingham para a formação do CO2 a partir do CO.

Na reação representada pela equação 05 verificamos que há 1 mol de gás nos reagentes
(2C) e dois mols de gás nos produtos (2CO), o que significa que estamos aumentando a desordem,
ou seja, aumentando a entropia (S0 > 0). Aplicando esta condição na equação 02 obteremos G0
= H0 – T.(+S0)  G0 = H0 - T.S0, assim a linha que representa esta reação (linha 3) no
diagrama de Ellingham apresentará um direcionamento descendente (figura 04).

Figura 04 – Representação do Diagrama de Ellingham para a formação do CO a partir do C.

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Com as representações gráficas das equações 03, 04 e 05 podemos compila-los em


apenas um gráfico (figura 05), onde poderemos avaliar as relações termodinâmicas entre as três
reações.

Figura 05 - Representação do Diagrama de Ellingham para diversas reações.

Os Diagramas de Ellingham são geralmente utilizados para representar a oxidação dos


metais, conforme a reação apresentada pela equação 01.
Nessa reação verificamos, verificamos que há 1 mol de gás nos reagentes (O2) e nenhum
mol de gás nos produtos, portanto há uma perda de entropia (S<0). Aplicando-se esta condição
na equação 02, obteremos G0 = H0 – T.(-S0)  G0 = H0 + T.S0, assim as linhas que
representam as reações de obtenção dos óxidos metálicos a partir dos seus óxidos (linha 4) no
diagrama de Ellingham geralmente apresentarão um direcionamento ascendente (figura 06).

Figura 06 - Representação do Diagrama de Ellingham para diversas reações do carbono e de


obtenção dos óxidos metálicos.

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Caso um determinado metal possui uma temperatura de fusão de 1.000 K, a linha que o
representa no Diagrama de Ellingham sofrerá uma flexão (linha 5), conforme demonstrado na
figura 07.

Figura 07 - Representação do Diagrama de Ellingham apresentando a flexão das linhas com a


temperatura de fusão dos metais.

3. Diagrama de Ellingham na Prática

Para entendermos a aplicação dos Diagramas de Ellingham tomaremos como exemplo as


reações de oxidação do níquel e do silício, representados pelas equações 06 e 07
respectivamente, e apresentadas na figura 08.

2𝑁𝑖 + 𝑂 → 2𝑁𝑖𝑂
Eq. 06

𝑆𝑖 + 𝑂 → 𝑆𝑖𝑂
Eq. 07

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Figura 08 – Diagramas de Ellingham para as reações de oxidação do Ni e Si.

Na figura 08 verificamos que em todo o intervalo da temperatura (eixo x), a linha que
representa a reação de oxidação do silício apresenta-se abaixo da linha que representa a reação
de oxidação do níquel. Isto significa que a reação de oxidação do silício é mais espontânea que a
reação de oxidação do níquel, pois é observado através do intervalo de energia livre de Gibbs
(eixo y), apesar de ambas serem espontâneas, que a reação de oxidação do silício ocorre com
mais facilidade do que a reação de oxidação do níquel.
Esta avaliação é geralmente aplicada da metalurgia extrativa com o intuito de avaliar-se
os métodos de obtenção dos distintos metais. Para exemplificar, consideraremos a uma
temperatura de 1.000K onde a a energia livre de Gibbs para a oxidação do silício é de – 750 kJ,
enquanto que a energia livre de Gibbs para a oxidação do níquel é de – 300 kJ (figura 08).
Se nosso objetivo é a obtenção do níquel, então devemos inverter a reação representada
pela equação 06, ou seja, reduziremos o óxido de níquel (equação 08).

2𝑁𝑖𝑂 → 2𝑁𝑖 + 𝑂
Eq. 08

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Então se somarmos ambas as equações 07 e 08,

𝑆𝑖 + 𝑂 → 𝑆𝑖𝑂 (- 750 kJ)


2𝑁𝑖𝑂 → 2𝑁𝑖 + 𝑂 (+ 300 kJ)
_________________________________________________

2𝑁𝑖𝑂 + 𝑆𝑖 → 2𝑁𝑖 + 𝑆𝑖𝑂 (- 450 kJ)


Eq. 09

Como a reação resultante apresenta G0 < 0, então esta é espontânea, com isso podemos
dizer que para obtermos níquel é possível utilizar o silício como agente redutor.
Toda essa avaliação demonstra que para obtermos um determinado metal representado
por linhas localizadas na parte superior do Diagrama de Ellingham, podemos utilizar metais cujas
linhas estão localizadas na parte inferior do Diagrama de Ellingham. Outra conclusão é que quanto
mais baixa estiver localizada a linha de um metal, mais fácil será a redução dos metais com as
linhas localizadas na parte superior do Diagrama de Ellingham.
Portanto através dos Diagramas de Ellingham apresentados na figura 01, verificamos que
para reduzirmos metais como níquel, cobalto, cobre e zinco, podemos utilizar como redutores o
titânio, alumínio, magnésio e cálcio.
Além dos metais cujos Diagramas de Ellingham apresentam-se na parte inferior do gráfico,
verificamos que também poderíamos utilizar carbono como agente redutor de diversos metais,
dependendo da temperatura que aplicaremos ao processo produtivo.
A reação de oxidação do carbono gerando monóxido de carbono (Eq. 05), como
comentado anteriormente, possui um direcionamento descendente. Também verificamos no
Diagrama de Ellingham uma grande quantidade de linhas, representando os diversos metais, que
cruzam a linha que representa a oxidação do carbono (figura 09), o que indica que o carbono é
um excelente candidato para reduzir distintos metais.
Na figura 09, identificamos as diversas linhas com letras representando hipoteticamente
alguns metais. Nos processos metalúrgicos podem haver uma mescla de dois metais, como A e
D, portanto os seus óxidos serão representados por AO e DO respectivamente. Neste caso a
mescla dos óxidos desses dois metais pode ser representado apenas pela soma dos dois óxidos,
ou seja, AO + DO. Assim o carbono poderá ser utilizado para reduzir seletivamente o metal A, já
que a temperatura de redução do metal A será T1.

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A temperaturas entre T1 e T2 ocorrerá a redução do óxido AO pelo carbono sem que haja
a redução do óxido DO que se manterá em forma de óxido. A temperaturas maiores que T2 o
carbono reduzirá ambos os óxidos.

Figura 09 – Diagramas de Ellingham apresentando a representação da oxidação do C e outros


metais.

4. Diagramas de Ellingham para Diversos Compostos

A seguir serão apresentados os principais Diagramas de Ellingham utilizados na


metalurgia extrativa, como os diagramas de formação dos óxidos, sulfetos e cloretos.

4.1 Diagramas de Ellingham de Formação dos Óxidos

Na figura 01, são demonstrados os Diagramas de Ellingham de formação de diversos


óxidos metálicos e que será a base para as discussões que serão apresentadas a seguir.

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A disposição das linhas correspondentes às reações de formação dos óxidos metálicos


nos Diagramas de Ellingham representam a afinidade dos distintos metais pelo oxigênio, ou seja,
na parte inferior do diagrama estão localizados os metais alcalinos e alcalinos terrosos,
principalmente o cálcio e o magnésio, indicando que são os metais mais facilmente oxidados na
atmosfera por todo o intervalo de temperatura indicado no diagrama e consequentemente os mais
difíceis de se obter a partir de suas matérias-primas oxidadas. Nesta região do diagrama encontra-
se também o alumínio.
Na região intermediária do diagrama estão localizados outros metais que formam óxidos
muito estáveis e difícil de se decompor, como o silício, titânio, vanádio, manganês, sódio e etc. Na
região superior do diagrama estão localizados os metais de maior interesse industrial como o ferro,
cobre, chumbo, zinco, estanho, níquel, cobalto, etc. Os óxidos destes metais apresentam uma
menor complexidade em seu processamento.
Em uma região mais acima do diagrama, aparecem os metais nobres que apresentam
uma reatividade perante o oxigênio muito baixa, ou em alguns casos, nula, como é o caso do ouro,
prata, platina, etc e por este motivo encontram-se na natureza no estado elementar.

4.1.1 Sistema Carbono – Oxigênio no Diagrama de Ellingham

As linhas do Diagrama de Ellingham correspondentes ao sistema carbono – oxigênio,


apresentam uma importância significativa pois são muito aplicadas nos processos de fusão
redutora. As três reações mais importantes neste sistema são representadas pelas equações 03,
04 e 05, apresentadas anteriormente.
Estas reações são representadas no Diagrama de Ellingham na figura 05, e mais
detalhadamente na figura 10.
Como comentado anteriormente, a linha representada pela equação 03 apresenta uma
inclinação praticamente nula apresentando-se como uma linha horizontal. Para a reação
representada pela equação 05, a linha apresenta uma inclinação negativa já que partindo-se de
um mol de gás (O2) e reagindo com um sólido (C), é produzido dois mols de gás (2CO). A inclinação
desta linha indica que com o aumento da temperatura há um aumento da capacidade redutora do
carbono sólido justificando sua ampla utilização em processos pirometalúrgicos. A linha que
representa a equação 04 apresenta uma inclinação positiva, ou seja, a capacidade redutora do
monóxido de carbono é reduzida com o aumento da temperatura.

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Figura 10 – Diagramas de Ellingham com as linhas das reações do sistema Carbono - Oxigênio.

No Diagrama de Ellingham representado pela figura 10, podemos observar que as três
linhas se cruzam em um ponto que representa a temperatura de 705°C (978 K).
Combinando-se as reações representadas pelas equações 03 e 05, podemos determinar
uma nova reação de equilíbrio, denominada de reação de Boudouard (Eq. 10), que determina uma
relação entre as distintas espécies químicas do sistema C – O.

𝐶 + 𝐶𝑂 ↔ 2𝐶𝑂
Eq. 10

Na figura 10, verificamos que acima de 705 °C a reação desloca-se tendendo à formação
de monóxido de carbono, já que a reação mais favorável a esta temperatura é a representada pela
equação 05, enquanto que a temperaturas menores que 705°C, o dióxido de carbono possui uma
maior tendência de formação pois a reação representada pela equação 04 é favorecida.
Na prática esta discussão é aplicada a fim de determinarmos o melhor agente redutor para
o processo pirometalúrgico a cada temperatura. Portanto acima de 705 °C, o redutor a ser aplicado
é o carbono sólido e para temperaturas abaixo de 705 °C utiliza-se o monóxido de carbono.

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4.2 Diagramas de Ellingham de Formação dos Sulfetos

Os Diagramas de Ellingham podem ser aplicados em outros compostos além dos óxidos,
como para a formação de sulfetos (figura 11), através da reação entre o metal e um mol de enxofre
representado por S2, de acordo com a equação 11.

2𝑀 + 𝑆 → 2𝑀𝑆
Eq. 11

No diagrama da figura 11, verificamos que há um agrupamento de linhas na parte superior,


indicando que estes compostos são menos estáveis que os correspondentes óxidos, como
observado na figura 01.
Neste diagrama destacam-se algumas particularidades como por exemplo a formação do
sulfeto de cobre (II), que é menos estável em relação ao sulfeto de cobre (I) a uma temperatura
mais baixa do que a formação do óxido de cobre (II) em relação ao óxido de cobre (I), mas o sulfeto
de cobre (I) mantém sua estabilidade até temperaturas mais altas do que a do óxido de cobre (I).
Isto é importante na formação de mates de cobre durante a operação de fusão.
Um outro exemplo é o cálcio, que apresenta uma grande afinidade pelo enxofre, ainda que
menor do que pelo oxigênio, portanto pode ser considerado um bom desoxidante e um bom
dessulfurante.
A partir do Diagrama de Ellingham (figura 11), também se conclui que o enxofre possui
muito pouca afinidade pelo hidrogênio e pelo carbono, pois as linhas de formação do H2S e do CS2
ocupam posições muito próximas a valores de energia livre de zero, o que explica porque esses
dois redutores não podem ser utilizados no processamento metalúrgico dos sulfetos.

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Figura 11 – Diagrama de Ellingham para a formação de sulfetos. Adaptado de ref. 2.

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No sistema S – C não há um composto similar ao monóxido de carbono além de não existir


uma reação do S0 positivo que permita um aumento do poder redutor do carbono sobre os
sulfetos conforme há o aumento da temperatura. Outra observação é que o CS2 é um composto
com formação endotérmica e com uma limitada estabilidade a todas as temperaturas. Devido às
estas razões, as aplicações comerciais de obtenção de metais por redução de seus sulfetos
praticamente não existem.
Podemos concluir então que é mais fácil extrair metais a partir dos óxidos do que dos
sulfetos, mas muitos minérios apresentam-se dessa forma. Nestes casos os minérios sulfetados
são preliminarmente ustulados em atmosfera oxidante para que os metais contidos em sua
composição possam ser extraídos. No diagrama da figura 11 há uma linha referente à reação de
formação do SO2, como a seguir:

2𝑂 + 𝑆 → 2𝑆𝑂
Eq. 12
A partir desta reação podemos utilizar dois Diagramas de Ellingham juntos, o de formação
dos óxidos e o de formação dos sulfetos. Assim, a qualquer temperatura, ao somar o G0 da
reação representada pela equação 12 com o ada reação representada pela equação 1, resultando
em um G0 da reação de formação do correspondente sulfeto (eq. 11), obtém-se a reação de
ustulação (eq. 13).
2𝑀𝑆 + 3𝑂 → 2𝑀𝑂 + 2𝑆𝑂
Eq. 13

4.3 Diagramas de Ellingham de Formação dos Cloretos

O Diagrama de Ellingham para a formação dos cloretos metálicos é demonstrado na figura


12. A formação dos cloretos metálicos é demonstrada através da equação 14.

2𝑀 + 𝐶𝑙 → 2𝑀𝐶𝑙
Eq. 14

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Figura 12 – Diagrama de Ellingham para a formação dos cloretos. Adaptado da ref.2.

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Os cloretos metálicos apresentam uma alta estabilidade com o aumento da temperatura e


ao compará-los aos óxidos metálicos, se observa que possuem ponto de fusão mais baixos e uma
maior volatilidade.
Um dos cloretos mais estáveis é o CCl4, o que indica que o carbono não é um bom agente
redutor para estes compostos. Outra observação verificada neste diagrama é que o hidrogênio
reduz um número significativo de cloretos, obtendo-se em sua reação, o cloreto de hidrogênio
(HCl). Esta reação ocorre somente se a atmosfera de operação apresentar uma relação PH2 / PHCl
for alta e a temperatura elevada. Como este processo é mais complicado e caro, industrialmente
utiliza-se a redução com outros metais a fim de obter-se principalmente o titânio e o zircônio, cujo
agente redutor é magnésio. Este processo é denominado Kroll. Geralmente a reação deste
processo é muito exotérmica e o consumo de calor muito baixo.

4.4 Diagramas de Ellingham de Formação dos Carbonetos

Os carbonetos são compostos estequiométricos cujas linhas de formação dos carbonetos


metálicos são demonstradas no Diagrama de Ellingham da figura 13. Neste diagrama pode-se
observar que as linhas que representam as reações de formação dos carbonetos metálicos
possuem um direcionamento praticamente horizontal, isto deve-se ao fato de que durante a
formação dos carbonetos o número de moléculas gasosas não varia, consequentemente a energia
livre de formação é praticamente constante com o aumento da temperatura, exceto quando há
uma mudança de estado no carboneto formado.
No Diagrama de Ellingham de formação dos carbonetos verifica-se que a energia livre de
formação dos carbonetos de níquel e cobalto é positiva, enquanto que a energia livre de formação
da cementita (Fe3C) torna-se negativa quando a temperatura se apresentar acima de 800 °C,
permanecendo muito baixa. A cementita apresenta-se como uma fase metaestável que se
decompõem em ferro e carbono. A energia livre de formação dos carbonetos de cromo, manganês,
silício e alumínio é negativa, mas relativamente baixa e a energia livre de formação dos carbonetos
de titânio e zircônio é muito alta.

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Figura 13 – Diagrama de Ellingham de Formação dos Carbonetos. Adaptado de ref. 3.

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4.5 Diagramas de Ellingham de formação de Outros Compostos

A seguir são apresentados os Diagramas de Ellingham de formação de outros compostos


como brometos (figura 14), fluoretos (figura 15), hidretos (figura 16), iodetos (figura 17) e nitretos
(figura 18).

Figura 14 – Diagrama de Ellingham de formação dos Brometos. Adaptado de ref. 5.

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Figura 15 – Diagrama de Ellingham de formação dos Fluoretos. Adaptado de ref. 5.

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Figura 16 – Diagrama de Ellingham de formação dos Hidretos. Adaptado de ref. 5.

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Figura 17 – Diagrama de Ellingham de formação dos Iodetos. Adaptado de ref. 5.

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Figura 17 – Diagrama de Ellingham de formação dos Nitretos. Adaptado de ref. 5.

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5. Desvantagens do Diagrama de Ellingham

Como foi apresentado anteriormente, os Diagramas de Ellingham são extremamente úteis


para poder discutir as possibilidades de realização de uma determinada reação, do ponto de vista
termodinâmico. Porém, há uma série de limitações, que destacaremos a seguir:

a. Nos diagramas de Ellingham são mostradas a direção em que ocorre o equilíbrio, mas não
é indicado a respeito das condições em que é alcançado, com isso observa-se em
qualquer diagrama de Ellingham de formação de óxidos, por exemplo, pode-se deduzir
com facilidade que a oxidação da maioria dos metais é espontânea em presença do
oxigênio atmosférico. Porém, na realidade, não ocorre desta forma e exceto para algumas
situações muito específicas, como o caso do sódio e em algumas ocasiões, o carbono,
quando esta oxidação espontânea não ocorre. A maioria dos metais, como alumínio,
magnésio e outros são muito reativos chegando a oxidarem-se superficialmente e em
quase todos os casos podem ser fundidos em presença de ar, sem sofrerem oxidação
severa. Em determinadas condições, como a presença de catalizadores, alguns metais
oxidam-se com violência. Em qualquer caso, estas situações não são previstas pelos
diagramas de Ellingham.
b. Supõe-se que tanto os metais como seus compostos possuem estequiometrias definidas.
Porém, na prática, utilizam-se matérias-primas que não atendem à esta suposição. É muito
usual utilizarmos matérias-primas complexas, que, como por exemplo, as substituições
atômicas de uns elementos por outros nas redes cristalinas dos sólidos são muito
frequentes, então obtém-se metais muito impuros contaminados por outros elementos
metálicos ou não metálicos. Um caso bem conhecido, são as esfaleritas (ZnS), nos quais
ocorrem quantidades altas de ferro, não somente substituindo o zinco na estrutura
cristalina mineral, mas também na forma de uma nova espécie mineralógica, a pirita.
c. Os diagramas de Ellingham não consideram a possível distribuição dos reagentes e dos
produtos de reação entre diferentes fases, por exemplo, formando dissoluções sólidas ou
líquidas. Na metalurgia extrativa por fusão, a aparição de escórias e a consequente fixação
de alguns óxidos metálicos do mineral nestas escórias, é muito frequente, porém, os
Diagramas de Ellingham não as consideram.
d. Não consideram a possível formação de compostos intermetálicos entre reagente e
produtos de reação.

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Metalurgia Extrativa
Fundamentos
Título: Diagramas de Ellingham Capítulo: Fundamentos
Responsável: Rogério Vicente Cannoni Revisão: 001
Data: 09/08/2018 Obra: Metalurgia Extrativa

e. A informação obtida é somente de natureza termodinâmica, mas nenhuma informação é


obtida referente à relação com o tempo, ou seja, não são apresentadas informações
cinéticas das reações metalúrgicas. Neste sentido, sabe-se que uma reação pode ser
muito favorecida termodinamicamente, mas para que seja aplicável necessita-se de
períodos muito extensos o que inviabiliza sua aplicação industrial.

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Fundamentos
Título: Diagramas de Ellingham Capítulo: Fundamentos
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Data: 09/08/2018 Obra: Metalurgia Extrativa

6. Referências Bibliográficas

1. Arteta, L. Wezendonik, T. Sun, Xiaohui, Kapteijin, Freek. Gascon, J. Metal Organic


Frameworks as Precursors for the Manufacture of Advanced Catalytic Materials. Materials
Chemistry Frontiers, 2017, 1, 1709;
2. Ballester, Antonio, Verdeja, Luis Felipe, Sancho, José, Metalurgia Extractiva, volume 1,
Fundamentos, Editorial Síntesis, Madri, Espanha, 2000;
3. Vignes, Alain. Extractive Metallurgy 1. Basic Thermodynamics and Kinetics. John Wiley &
Sons Inc., Hoboken, Estados Unidos, 2011;
4. Rosenqvist, Terkel. Principles of Extractive Metallurgy, Tapir Academic Press, Trondheim,
Noruega, 2004;
5. Howard, Stanley M. Ellingham Diagrams, SD School of Mines and Technology.

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