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PERIGOSAS

Copyright© 2017 Andy Collins

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste


livro pode ser utilizada ou reproduzida sob
qualquer meio existente sem autorização por escrito
dos editores.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,
lugares e acontecimentos descritos são produtos de
imaginação do autor. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
conhecidência.

Capa: Dri K. K
Revisão: Alpha Books
Criação de e-book: Olivia Nayara
olivialivros@hotmail.com

Este livro segue as regras da Nova Ortografia da


Lingua Portuguesa.

NACIONAIS - ACHERON
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Dedicatória
Para todos que lutam por um sonho,
Para todos que desistem de um sonho,
Para todos que apenas mudam de sonho.
Andy Collins.

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Três horas e meia, foi esse o tempo que levei


para chegar ao aeroporto de Los Angeles, depois
que deixei Oliver na porta da Bree, em Bakersfield,
não olhei para trás. Levei o carro até a locadora
para devolver e fui direto para o aeroporto.
Agora, estou tentando tirar a minha mochila de
dentro do maldito compartimento de bagagem, que
por mais incrível que pareça, deve ter encolhido
durante o voo.
— Precisa de ajuda, senhor? — A comissária de
bordo parece se compadecer com a minha situação,
no mínimo ridícula, ou está com medo que eu
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danifique alguma coisa.


— Eu agradeço se você conseguir retirá-la. —
Aponto para minha mochila e em meros segundos,
ela está segurando o objeto, antes emperrado, bem
na minha frente.
— Obrigado — digo sem acreditar naquilo.
Que mochila filha da puta.
— É apenas uma questão de jeito, senhor. Já
estou acostumada.
Por fim, ela me deseja uma boa estadia e vai
ajudar outro pobre coitado que sofre do mesmo mal
que eu.
O avião já está praticamente vazio quando me
dirijo até a porta. Ligo meu celular e é como se um
espírito estivesse possuindo o aparelho. Ele começa
a tremer.
Sem parar.
Mensagens piscam na tela incessantemente.
Uma após a outra. Respiro fundo, eu sei que não
vou ignorar meu trabalho por muito tempo. Mas
qual é a desses caras que não sabem o significado
da palavra férias?
Três meses, foi o acordado. Noventa dias que
serão gastos para obter minhas repostas.
Rolo as mensagens em busca de uma especial.
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Helena sabia que eu viria, e me pediu para avisar


quando chegasse. Confiro o endereço mais uma
vez, ela mora em um apartamento na Bunker Hill,
em Downtown. Centro de Los Angeles, é a cara
dela.
Caminho pelo aeroporto e vejo que ainda tenho
tempo. O lugar está movimentado, mas sem Oliver
por perto é mais fácil passar despercebido. Olho em
volta para algumas lojas, uma em particular chama
minha atenção.
É uma barbearia, toco no meu cabelo e sorrio.
Há quanto tempo não o corto?
— Hora de algumas mudanças, Jason — falo
para mim mesmo e caminho em direção à
barbearia.
— Boa tarde, rapaz, veio fazer a barba? — Um
senhor por volta dos cinquenta anos me
cumprimenta na entrada. Olho para o espelho, sim,
ela precisa ser aparada.
— Quero aparar apenas um pouco, na verdade
eu quero cortar o cabelo.
— Tudo bem, não quer que tire muito, certo?
— Na verdade, eu quero que raspe.
— Todo? — O olhar que o senhor me dá é
impagável.
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— Não todo, pode deixá-lo assim? — pego meu


celular e mostro a foto de um corte moicano. O
homem olha várias vezes para o meu cabelo e para
a foto.
— Eu posso fazer isso, mas você tem um ótimo
cabelo, rapaz. Tem certeza disso? — Eu queria
responder-lhe que cansei do cara que vejo no
espelho. Mas me contenho.
— Eu tenho certeza absoluta.
— Existem algumas instituições que podem
comprá-lo, gostaria que embalasse e desse o
endereço para você? Conseguiria um bom dinheiro.
— Pode vendê-lo, eu não preciso do dinheiro.
— O velho sorri e me mostra a cadeira.
— Sou Herman, dono do lugar.
— Jason. — Aperto sua mão e sorrimos.
Assim que ele me prepara, ouço o som da
máquina sendo ligada. Fecho os olhos enquanto
sinto meus cabelos caírem. E junto com eles, o
velho Jason.
Uma hora depois, meus cabelos foram cortados,
minha barba aparada. E o que vejo no espelho me
assusta.
— Meu jovem, você está realmente assustador
— diz senhor Herman.
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Eu apenas sorrio.

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Atrasada! Como se isso fosse alguma novidade


na minha vida. Mas em minha defesa, eu não tenho
poderes para atrasar aviões.
Tommy deve estar uma fera. Gemo quando
olho mais uma vez o relógio. Aguardo minha
bagagem na esteira, e como se o universo
conspirasse contra, minha mala cor-de-rosa da
Penélope Charmosa é a última a passar.
Droga!
Pego minha mala sem me lembrar do peso e
quase a deixo cair. Que merda eu estava pensando
quando enfiei tanta coisa dentro dela? Ah sim,
precisava trazer o restante das minhas coisas da
casa dos meus pais.
Saio da área de desembarque e procuro algum
local para conectar meu celular. Além do voo
atrasar, meu celular morreu e eu não tinha uma
bateria sobressalente.
Eu até consigo ouvir a voz do Tommy na minha
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mente: você precisa comprar uma bateria


sobressalente, Leah, ou um carregador portátil.
Todo mundo tem isso.
Bem, eu não sou todo mundo.
Sento em uma cafeteria, ainda dentro do
aeroporto, e consigo uma tomada para carregar o
celular. Peço um café enquanto espero-o dar algum
sinal de vida.
A luz acende, e eu consigo respirar. Quando
termino o café, já estou preparada para o sermão de
Tommy. Faço a ligação.
— Desculpe, Tommy, meu voo atrasou e meu
celular morreu — consigo dizer antes mesmo que
ele diga o tradicional alô.
— Eu sabia que seu voo ia atrasar, espertinha,
deu no noticiário.
— E eu sofri à toa? — Não lembrava que
poderia ter saído no noticiário, mas acho que
ameaças de bombas não devem ser comuns nos
aeroportos de Seatlle. — Eu já desembarquei, onde
você está?
— Acabei de chegar e estou estacionando o
carro.
— Tudo bem, encontro você na entrada.
— Até mais, Tink.
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Tento não sorrir com o apelido ridículo que


ganhei há cinco anos. Foi quando o conheci, em
uma festa de Halloween, eu estava fantasiada de
Tinker Bell, e ele de Peter Pan, achamos a
coincidência tão engraçada que não nos
desgrudamos desde então.
Pago o café e pego a mala, que é ainda mais
ridícula do que o meu apelido, mas como foi
Tommy que me deu de presente, eu não posso ferir
seus sentimentos e dizer que não tenho mais idade
para usá-la.
Meu celular toca novamente, mas diferente da
alegria que senti quando ouvi a voz de Tommy, o
que sinto agora é apenas… tristeza.
— Leah?
— Oi, mãe.
— Você poderia ligar avisando que chegou
bem, Leah Renard. — Meu celular poderia
descarregar nesse exato momento, eu não me
importaria.
— Acabei de chegar, mamãe, e meu celular está
com pouca bateria.
— Sempre despreparada.
— E me orgulho disso, mamãe. Estou indo para
casa, depois nos falamos. — Ouço quando ela
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praticamente grita meu nome, mas não me


contenho, e desligo o celular.
E quando estou olhando para tela eu esbarro em
alguém. Droga, meu celular cai no chão com o
impacto.
— Você não olha por onde anda? — falo para o
cara que se abaixa para pegar meu aparelho.
— Me desculpe, mas acho que você também
estava bastante distraída. — Ele me entrega e eu
gemo. Quebrado.
— Mas que merda.
— Ele quebrou agora?
— Com certeza — falo sem acreditar, esse é o
quê? O terceiro aparelho em dois meses?
— Desculpe mesmo, eu pago pelo prejuízo. —
Finalmente eu tiro olho do meu finado aparelho e
olho para o rapaz, que eu preciso corrigir, não é um
rapaz.
É um homem, e dos grandes. Como se tivesse
saído direto de Guerra dos Tronos, com uma barba
espessa, e um corte moicano. Uma camisa simples
e um jeans desbotado. Sem tatuagens visíveis, o
que é uma pena, seria a perfeição.
— Não precisa. — Saio da minha análise do
guerreiro da Casa Lannister1.
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— Eu insisto, eu deveria ter prestado atenção.


— Acredite, não é a primeira vez que isso
acontece comigo. Como dizem: “jamais deux sans
trois” 2.
— Então, eu espero que essa terceira vez seja a
última.
— Veremos. — Sorrio e guardo o aparelho
moribundo.
— Leah! — Ouço um grito alto e meu sorriso
se alarga, Tommy.
— Preciso ir, mais uma vez, me desculpe. Tem
certeza que não quer que eu pague? — Ele pega
novamente a carteira.
— Certeza absoluta. — Ele sorri, e eu consigo
visualizar todas as possibilidades para o uso da sua
boca. E, caramba, a barba dele é loira, e ele tem
cílios loiros!!! Que pessoa tem isso?
Ele acena com a cabeça e vai em direção à
saída do aeroporto, e a única coisa que fica é a
visão da sua bunda naquele jeans.
— Quem era aquele cara que estava
conversando com você? — Tommy fala quando se
aproxima.
— Ninguém especial. — Ele torce os lábios não
acreditando na minha resposta. — Vamos, preciso
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passar em uma loja, meu celular espatifou.


— Eu acabei de falar com você, como isso
aconteceu? — Tommy encara meu celular, eu
também me faço a mesma pergunta.
— Uma longa história. Vamos, estou exausta.
Tommy pega minha bagagem e vamos para o
estacionamento, na saída vejo o Guerreiro
Lannister, ele está falando com alguém no celular
enquanto entra no táxi.
Uma viagem que levaria no máximo meia hora
se estendeu por três. Tommy tem um fraco por
tecnologia e quando paramos no shopping para
comprar um aparelho novo, eis que ele se
encontrou no próprio paraíso particular. O que nos
rendeu meu aparelho e um novo fone de ouvido
para ele.
— Eu odeio quando isso acontece — falo
quando Tommy estaciona na garagem do nosso
prédio. — Eu vou ter que configurar tudo
novamente.
— Não seja dramática, Tink, é só passar os
dados do antigo aparelho para o novo, isso só leva
alguns minutos.
— E é por isso que você vai fazer isso para
mim. — Coloco a sacola na mão dele assim que
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descemos do carro.
— Você não tem jeito.
— Mas você me ama, e ganhou fone de ouvido
novo, não reclame.
Tommy sorri e nós entramos no elevador.
Aperto o botão do décimo andar, e a coisa começa
a se mover.
— Como foi no banco? — pergunto
casualmente.
— Uma merda.
— Ah Tommy! — meu coração se aperta.
— Relaxa, Tink, eu não vou desistir. — Sorrio,
eu sei que ele não vai desistir do seu sonho.
Tommy é exatamente como eu. Persistente,
porém, incrivelmente azarado, e como se um só não
fosse o suficiente, o destino nos apresentou.
Eu chamo isso de carma.
O elevador abre e caminhamos em direção ao
meu apartamento. Então, eu paro. Na verdade, eu
congelo.
Qual a probabilidade disso estar realmente
acontecendo? Sentado no chão, em frente ao meu
apartamento, está o Guerreiro Lannister,
completamente alheio, distraído com o celular.
— Está me seguindo? — eu falo e ele levanta o
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olhar.
— Você está? — ele retorna a pergunta.
Tommy olha para nós dois e logo sua expressão
muda, e eu percebo que ele reconheceu o barbudo
do aeroporto.
— Está esperando alguém? — pergunto quando
ele se levanta.
— Uma amiga, mas não consigo falar com ela.
— É amigo da Helena? — Tommy pergunta.
— Posso dizer que sim.
— Estranho.
— Por quê? — eu e o barbudo perguntamos ao
mesmo tempo.
— Você não parece o tipo de amigo da Helena.
— Fico chocada com a resposta de Tommy, mas
parece que o cara não se abala.
— Eu imagino que não — ele diz.
— Eu acho que você perdeu o seu tempo,
Helena está viajando.
— Eu sei, mas ela retornaria hoje, não? — ele
pergunta parecendo confuso.
— Ela precisou estender um pouco a viagem,
algo sobre o trabalho — digo a ele.
— Você a conhece?
— Moro aqui. — Aponto para o apartamento
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que fica em frente. — A propósito, sou Leah. —


Estendo minha mão.
— Jason Willers — ele fala e apertamos as
mãos.
— E esse é Tommy. — Aponto para Tommy
que parece estar fazendo uma busca mental.
— Willers? De Oliver Willers? — Tommy fala
e eu perco o ar.
Puta merda.
— Somos irmãos. — Jason sorri enquanto
aperta a mão do Tommy.
Puta merda dupla!
— Bem, então eu acho que vou para um hotel.
Obrigado pela informação.
Jason pega a sua mochila e de repente, eu tenho
a pior ideia de toda a minha vida.
— Espera! — Ele para. — Quanto custa mais
ou menos o hotel?
— O quê? — Tommy pergunta perplexo.
— Quanto, mais ou menos, você pretende
gastar?
— Não sei, depende de quanto tempo vou ficar
aqui, quinze dias, um mês. Eu não decidi.
— Você é irmão de um dos maiores lutadores
de boxe. Não vai ficar em um lugar de baixo nível
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— falo mais para mim do que para qualquer um. —


O quê, uns dois mil por noite?
— Basicamente isso.
— Uau! — Tommy fala. E eu tenho que
concordar, é um baita uau.
— Tommy pode hospedar você pela metade do
preço — digo antes que me arrependa.
— O QUÊ? — Deus do céu, eu nunca vi os
olhos do Tommy tão abertos. Puxo-o para um canto
longe de Jason.
— É uma boa ideia, você precisa de grana, e ele
de um quarto. — Cruzo os braços.
— Nós não conhecemos esse cara, Leah.
— Olha, confia em mim, ok? Ele não parece
uma má pessoa.
— Eu não acredito nisso, Leah, é imprudente.
— Ele é amigo da Helena, eu vou ligar para ela
mais tarde e perguntar sobre ele. — Isso era uma
grande mentira, mas ele não precisava saber disso.
O fato é, eu o conheço, apenas não o reconheci
com todos esses músculos e cabelo moicano. Outro
fato que não precisava ser mencionado.
Eu estava muito ferrada.
— Tudo bem, garanta que ele não é um
psicopata que vai traficar meus órgãos e está tudo
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bem. — Voltamos na direção de Jason, que está


encostado na parede nos observando.
— Então, você topa?
— Eu não quero incomodar, prefiro ficar em
um hotel. — Não mesmo, eu penso.
— Helena pode demorar, e se você precisa
tanto falar com ela a ponto de estar sentado aí há
mais de duas horas, é porque é importante. Tommy
mora naquele apartamento. — Aponto em direção
ao apartamento no fim do corredor — Você terá
uma boa vantagem.
Jason avalia a situação por alguns minutos, olha
para Tommy e depois para mim.
— Vocês não são…
— Namorados? — interrompo sua pergunta —
Somos grandes amigos, nada mais, digamos que ele
gosta das mesmas coisas que eu.
— Ela quis dizer que sou gay — Tommy fala
dando de ombros.
— Ele tem um bom quarto de hóspedes e
lençóis de algodão egípcio. — Sorrio, Tommy
morre de ciúmes desses lençóis.
— Tudo bem, eu fico.
— Alguma exigência?
— Não.
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— Perfeito. Agora se não se importam, estou


atrasada para uma reunião.
— Leah, e a ligação que você ficou de fazer? —
Tommy pergunta aflito.
— Meu celular está com você, quando voltar da
reunião eu faço. Relaxe, Tommy, se ele matar você
eu saberei, então posso chamar a polícia.
Jason sorri, e eu me pego sorrindo de volta.
Olho para o relógio e constato o de sempre.
Atrasada.
— Droga, meninos, eu preciso ir de verdade.
Comportem-se.
Pego minha mala da mão de Tommy e abro a
porta do meu apartamento, basicamente atiro a
porcaria lá dentro e fecho novamente.
— Jason, uma pergunta.
— Sim?
— Como você entrou aqui? Quer dizer, há o
porteiro e temos uma boa segurança.
— Não é difícil encontrar um fã de boxe. — Ele
pisca e segue seu caminho com Tommy.
__________
1 - Casa Lannister – Referência à Série Guerra
dos Tronos.
2 - O que aconteceu duas vezes, provavelmente
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acontecerá uma terceira vez.

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Meu lado racional está gritando. Na verdade,


berrando. Eu não deveria ter aceitado essa proposta,
mas já estava cansado e furioso. Helena não me
avisou que sua viagem seria estendida. E eu não
havia reservado hotel.
Que merda eu estava pensando? Que me
hospedaria no apartamento dela?
— Onde está sua mala? — A voz de Tommy
desvia meus pensamentos.
— Só trouxe isso. — Mostro a minha mochila.
— Só espero que não tenha nenhuma arma aí
dentro. — Ouço-o murmurar.
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— Eu não quero incomodar, Tommy, posso ir


para um hotel — digo com sinceridade.
— Ouça, a Leah é como um tornado, inclusive
se surgir algum que ainda não foi nomeado eu o
batizaria de Leah. Ela é irresponsável, impulsiva,
não conhece limites e muito menos o significado da
palavra perigo.
— Parece que você acabou de descrever o meu
irmão.
— Ótimo, então, você já saberá com quem está
lidando. Não se deixe enganar pelo tamanho dela, o
que ela tem de pequena, tem de maluca.
Resumindo, ela não vai deixar você ir para um
hotel.
— Tudo bem.
— Não diga que eu não avisei. Apesar de que
eu acredito que a veremos pouco.
— Por quê?
— Trabalho. — Ele dá de ombros. — Venha,
vou mostrar o apartamento.
Tommy abre a porta e fico admirado com o
local. O lugar não é pequeno, pelo contrário, é
grande e confortável. Tem uma decoração clean,
branco e cinza, algumas esculturas. Tudo elegante e
caro.
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Eu conheço o caro.
— Por aqui, seu quarto é o primeiro à esquerda
— ele aponta para uma porta —, aqui é o banheiro,
e lá no fundo fica o meu quarto. Não se preocupe,
eu tenho um banheiro privativo.
— Tudo bem.
— Dentro do armário, têm roupas de cama
limpas, você pode pegar. Só não pense que vai ficar
com meus lençóis.
— Não preciso disso, Tommy, está tudo
perfeito. Obrigado.
— Tudo bem, contanto que você não me mate
durante o sono.
— Eu acho que quem está em desvantagem
aqui sou eu. Vocês sabem quem eu sou, mas eu não
faço ideia de quem são vocês. — Cruzo os braços e
Tommy suspira.
— Thomas Edward Halters — ele estende a
mão novamente —, herdeiro dos Hotéis Halters e
blá-blá-blá.
— Eu acho que não preciso dizer meu nome
novamente. — Sorrio e aperto sua mão.
— E a Leah, ela é… — Meu celular toca e
interrompe o discurso de Tommy.
— Desculpe, é o meu irmão.
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— Tudo bem, vou tomar um banho agora, se


precisar de alguma coisa me avise. — Ele sai do
quarto e eu atendo o telefone.
— Olá, Oliver. — Fecho a porta e sento na
cama.
— Já chegou a Los Angeles?
— Sim, há algumas horas, na verdade.
— Em que hotel você está?
— Não estou em um hotel, estou hospedado
com um amigo.
— Não sabia que tinha amigos em Los Angeles.
— Oliver parece confuso, sim, eu também não
sabia que tinha amigos aqui.
— É uma longa história. Como está Bree?
— Ainda relutante em ir morar comigo em
Seattle.
— Vocês acabaram de se reencontrar, Oliver,
dê um tempo. Você não pode querer que ela largue
tudo em vinte e quatro horas.
— Um ano, Jason, esperei a porra de um ano
inteiro para revê-la. Não precisamos pensar em
mais nada.
— Apenas vá com calma, ok? E a menina?
Como ela reagiu a você?
— Eu acho que tenho uma pequena grande fã.
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— Ouço-o sorrir e isso me anima. — Ela é linda,


Jason, uma verdadeira princesa.
— Então, irmão, é melhor não fazer nenhuma
merda.
— Eu não vou fazer.
— Estou confiando nisso — digo sorrindo.
— E a Helena? Vocês já se encontraram?
— Ainda não, ela continua viajando, vou ter
que esperar.
— Ok, você sabe que estarei por aqui, certo?
— Eu sei, mas eu preciso fazer isso sozinho.
— Tudo bem, a gente se fala.
— Tchau, Oliver.
Desligo o telefone e deito na cama, eu não tinha
percebido o quanto estava cansado, as horas no
avião e as horas esperando no corredor começaram
a cobrar seu preço. Tiro os sapatos e fecho os
olhos. O sono é mais que bem-vindo.
Acordo atordoado, o quarto está tomado pela
escuridão. Tateio a cama em busca do meu telefone
e toco no aparelho para conseguir alguma
iluminação. Instintivamente minha mão vai para o
meu cabelo, agora inexistente, meus dedos vagam
por uma cabeça praticamente careca.
Sorrio com a lembrança. Não lembro a última
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vez que agi assim, apenas sendo eu mesmo, sem


precisar tomar decisões, ou dar ordens. Sem ter que
lidar com seguranças ou prostitutas.
É verdade que desde que Bree foi embora, em
Vegas, Oliver nunca mais dormiu com outra
mulher. Cheguei a pensar que ele fosse
enlouquecer, mas nunca tinha visto meu irmão tão
focado.
Ele tinha apenas dois objetivos, ganhar o
campeonato novamente e reencontrar Bree. Eu fiz
todo trabalho para encontrá-la, o que não foi tão
difícil. Felizmente, ela forneceu o nome correto, e
como eu fiz a transferência do dinheiro para sua
conta, as coisas facilitaram bastante.
Viajei uma vez para Bakersfield, sem o
conhecimento do meu irmão, ele nunca me deixaria
ir sozinho. Mas eu queria confirmar pessoalmente
que aquele era o endereço correto. Não fiquei
surpreso quando a vi saindo de mãos dadas com
uma garotinha.
Desde então, eu fiz o que achava correto,
mantive uma distância segura, sem que elas
percebessem, e sem que Oliver soubesse. Eu sabia
que meu irmão se apaixonaria pela garota assim
que a visse, e que elas seriam dele. Eu apenas
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cuidei para que ficassem seguras até que ele


chegasse até elas.
Levanto e acendo a luz, o quarto é confortável e
agora eu sei o motivo. Pego uma toalha no armário
e uma roupa limpa na mochila. É óbvio que vou
precisar comprar algumas coisas, mas ainda não é
minha prioridade.
Conversar com Helena é.
Quando vou ao banheiro, o apartamento está
em silêncio, não tenho certeza se Tommy está em
casa, e não pretendo incomodar.
Entro no box e ligo o chuveiro. Quando entro, a
sensação é estranha. A água caindo pela minha
cabeça raspada quase faz cócegas.
Termino o banho e me seco, visto o jeans e vou
até a cozinha tentar comer alguma coisa. Mas o
apartamento não está mais em silêncio, há vozes
vindo da sala.
— Olá — Leah me cumprimenta assim que me
vê.
— Oi.
— Está com fome? — Ela adivinhou meus
pensamentos.
— Muita.
— Estávamos decidindo o que pedir. Você é
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um hóspede e não precisa comer a porcaria que o


Tommy cozinha logo no seu primeiro dia.
— Eu ouvi isso — Tommy grita da sala.
— Vamos lá, ele está com os cardápios. Você
pode pegar essas taças? — Ela aponta para o
balcão, há três taças de vinho, olho para sua mão e
noto a garrafa.
— Estão comemorando? — falo enquanto pego
a taça.
— Todos os dias devem ser comemorados —
ela fala e segue para a sala.
Tommy está sentado no chão olhando para a
mesa de centro. Nela, há vários panfletos de
restaurantes, ele parece indeciso.
— Queria tanto um Italiano — ele lamenta com
uma voz chorosa.
— Então, peça um — Leah diz sentando do
lado oposto a ele.
— Eu não como carboidratos à noite, você
sabe.
— Eu sei de coisas muito piores que você come
à noite — Leah diz, mas ele não se afeta — O que
você prefere? Têm muitas opções aqui.
Sento ao seu lado e olho as opções.
Definitivamente, deixa qualquer pessoa confusa.
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Há chinês, japonês, italiano, mexicano,


hamburguerias, comidas saudáveis.
— Eu vou de carpaccio.
— Jura? Você, tipo… — ela olha para o meu
corpo, ainda estou somente de jeans e a toalha no
pescoço. — Você não come muito?
— Anos convivendo com um atleta, eu sei o
que comer e a hora que posso comer.
— Gostei desse cara — Tommy fala — Eu vou
acompanhar você — diz ele e Leah bufa.
— Certo, podem me matar, então, vou
acompanhar vocês, mas eu quero sobremesa e
vocês pagam, eu me recuso a pagar por esse tipo de
comida.
Leah toma um gole do vinho e me estende a
taça, Tommy começa a ligar para o restaurante para
fazer os pedidos.
— Então, você dormiu bem?
— Dormi, obrigado. E a sua reunião, conseguiu
chegar a tempo?
— Eu sempre chego quando estou dirigindo. —
Ela pisca.
— Ela é louca — Tommy retorna à conversa.
— Ele acha que eu sou louca e eu acho que ele
precisa de um namorado novo.
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— Eu não preciso.
— E eu não sou louca. — Ela sorri.
— O que você faz? — pergunto para Leah.
— Corro — ela responde e eu fico confuso por
um momento. — Sou pilota.
— Pilota? — Ela corre, é pilota, minha ficha
cai. — Do tipo Stock Car ou motos?
— Do tipo Fórmula 1.
Seu sorriso é tão amplo, que sem perceber eu
estou sorrindo também. Ela disse isso de uma
maneira tão orgulhosa e natural. É contagiante.
— Uau. Eu nunca conheci uma pilota.
— É porque eu vou ser a primeira pilota da
minha equipe — ela fala de novo com orgulho.
— Leah é pilota de testes, e agora parece que
vai surgir alguma oportunidade e ela vai poder
correr de verdade.
— Isso é bom — digo.
— Isso é um sonho, meu sonho, e eu estou
quase alcançando.
— Um brinde a isso. — Tommy levanta a taça
— Apesar de que eu morro a cada corrida que ela
participa.
Eles sorriem e nós brindamos. A conversa flui
para assuntos cotidianos, eles me perguntam
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algumas coisas sobre meu trabalho com Oliver, e


Leah fala sobre o meu cabelo, ela menciona que
não me reconheceu por causa dele, ou pela falta
dele, no caso.
— Eu cortei quando cheguei aqui. É uma longa
história — falo sem entrar em detalhes, eu não
preciso dizer que estou buscando algumas
mudanças, não só na minha vida, mas em mim
mesmo.
Pouco tempo depois, nosso jantar chega. Uma
briga é travada para ver quem paga a conta, nesse
caso a briga é somente entre Tommy e eu, Leah
manteve sua palavra de que não iria pagar.
Acabo ganhando a discussão e pago a conta, é o
mínimo que posso fazer, e voltamos nossa atenção
para a refeição.
Tommy me conta um pouco sobre o seu
trabalho, ele é fotógrafo e disse que depois vai me
mostrar o estúdio.
— Ele faz umas fotos diferentes — Leah diz.
— Diferentes como? — pergunto curioso.
— Depois ele vai te mostrar, espero que você
não seja do tipo puritano. — Ela sorri travessa.
Terminamos nosso jantar e Tommy coloca os
pratos na lava-louça, Leah se despede avisando que
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precisa acordar cedo no dia seguinte, e eu vou para


o meu quarto.
Pego o celular e vejo que Oliver enviou uma
mensagem, na verdade é uma foto. Ele está com
Bree e Sky, estão sentados em um sofá. Como uma
família.
Mesmo tendo acordado há pouco tempo, o
cansaço me atinge e eu apenas tiro jeans e me jogo
na cama.
Uma coisa eu não posso reclamar, Tommy tem
uma excelente cama para os seus hóspedes.

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Quinze anos, eu tinha essa idade quando fiquei


nervosa assim durante um jantar. Mas meu
nervosismo não foi devido a porcaria de comida
que fui obrigada a comer, não. Jason estava apenas
de jeans, e com uma toalha enrolada no pescoço.
E, caramba, ele tem uma tatuagem, uma frase
na verdade. O que já era perfeito, no meu conceito,
não poderia ter ficado melhor.
Conversamos um pouco sobre tudo, e sobre
nada ao mesmo tempo. Ele não contou o motivo
que o trouxe aqui, muito menos tocamos no nome
de Helena, o que eu agradeci internamente. Ainda
teria que falar com Tommy sobre isso.
A reunião tinha sido melhor do que eu
esperava, em breve seria a primeira pilota da
equipe. Eu esperava por isso há anos, na verdade,
minha estadia aqui é só por causa disso.
Quando soube há alguns anos que a Tendance
Car, mais conhecida como TC Racer, estava
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contratando piloto de testes, e que não tinham


preferências de gênero, eu vi meu sonho
praticamente gritando na minha cara.
E eu fiz tudo que podia para estar aqui. Não me
arrependo, mas não é algo de que me orgulho. E
agora, é como se a vida cobrasse o seu preço e
dissesse: “Hey Leah, hora de acordar, criança, nem
tudo é como você quer”.
Olho para o teto e penso nas minhas
possibilidades, e nenhum cenário é bom. Pego meu
celular e envio uma mensagem para Helena.
L -Quando você volta?
A resposta é imediata, e fico surpresa.
H -Ainda não sei, estou trabalhando, Leah.
Dez dias? Quem sabe…
L -Preciso falar com você.
H – Quando eu voltar.
L – Não! Precisa ser logo.
H – QUANDO EU VOLTAR.
Acho que ela tentou dizer: vai se foder, mas é
educada demais para isso. Recado recebido,
desliguei meu aparelho e, finalmente, me entreguei
ao sono. Ou, quase isso, já que meus sonhos foram
cheios de músculos e tatuagens.
Depois de uma noite nada agradável, minha
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manhã começa com o pé esquerdo. Assim que saio


do apartamento eu esbarro nele. Jason Willers e
toda sua forma gigante, e por pouco, muito pouco,
meu celular não vai para a terra dos moribundos.
De novo.
— Bom dia — ele me cumprimenta. — Com
pressa? — Jason sorri quando vê minha absoluta
falta de jeito para trancar a porta.
Que porra que esse homem tem que me deixa
tão nervosa? Não pense nisso, Leah, apenas não
pense, se for para listar os motivos, comece com o
cabelo sexy e termine com seu velório. Porque ele
vai te matar quando descobrir tudo, ou pelo menos,
ele tem tamanho e força para fazer isso.
— Na verdade — olho para o meu relógio —,
eu ainda tenho algum tempo sobrando, pensei em ir
tomar um café.
— Não toma o seu café em casa?
— Às vezes, hoje não acordei muito disposta.
— Finalmente tranco a porta e solto um suspiro
aliviado. — Então, você quer me acompanhar?
— Eu…
— Oh, se você tiver um compromisso, eu
entendo.
— Não, na verdade… ok, tudo bem, vamos
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tomar esse café.


Jason vai ao meu lado durante todo trajeto, eu
sou praticamente um minion ao seu lado. O que não
é nada legal.
Dez minutos depois entramos em uma
delicatéssen, sentamos em uma mesa um pouco
afastada e, de repente, o menu nunca foi tão
interessante. Onde eu enfiei meu juízo quando o
convidei para vir aqui?
— Então, Leah, você é daqui mesmo?
— Não, sou de Seattle — falo naturalmente,
não é segredo de onde eu venho. Mas ele franze o
cenho.
— Sério?
— Sim.
— Eu sou de lá também. Na verdade, moro lá
ainda.
— Eu sei.
— Sabe? — Sua pergunta me deixa em maus
lençóis.
— Sim, todo mundo sabe sobre os irmãos
Willers.
— Sim, todos sabem — ele diz pensativo.
Nosso belo momento constrangedor é
interrompido pelos nossos pedidos. Jason não toca
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mais no assunto Seattle, eu fico aliviada.


— Você já decidiu quanto tempo irá ficar na
cidade? — pergunto.
— Ainda não, quero conhecer um pouco, eu
nunca fiquei tempo suficiente aqui para aproveitar.
— Temos um turista, então?
— Basicamente. E você, mora há quanto tempo
aqui?
— Não muito, três anos, eu acho. — Dou de
ombros.
— E você conhece a Helena todo esse tempo?
— Bem mais tempo do que eu gostaria —
resmungo.
— Interessante. — Ele sorri.
— Por quê?
— Você não parece o tipo de amiga da Helena
— ele repete as palavras de Tommy.
— Isso é porque ela é uma vadia na maior parte
do tempo. — O rosto dele se contrai. — Mas não
somos amigas íntimas, pelo menos.
— Helena é uma pessoa complicada.
— Acrescente egoísta e fútil.
— Você realmente não gosta dela, não é? — ele
pergunta sorrindo novamente.
— Apenas não nos damos bem.
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Jason não força mais, e eu muito menos.


Conversamos por mais alguns minutos quando me
dou conta da hora.
Atrasada!
— Droga, eu tenho que ir.
— Tudo bem. Eu preciso ir comprar algumas
coisas.
— Quer uma carona? Eu passo perto de
algumas lojas bem legais.
— Ok.
Logo depois, estou com um Jason muito
embasbacado olhando para o meu carro. Um
Bugatti Veyron, o príncipe que ganhei quando
completei vinte e um anos. Presente especial dos
meus pais, o tipo de presente que se dá quando
você quer compensar alguma coisa. E eles tinham
muito para compensar.
— Vamos dar um passeio Jason. — Eu sorrio.
— Belo carro — ele diz quando entra.
— Espere até baixar a capota. — Pisco e piso
no acelerador.
Dizer que Jason está nervoso é elogio, ele está
apavorado. O bom nesse cara é que ele não deixa
aparentar, o medo fica ali, nos seus olhos. Mas
percebo ao parar em frente ao shopping e encará-lo.
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— Você sabe mesmo como pilotar um carro.


— Você ainda não viu nada. — Sorrio e nos
despedimos.
Jason entra no shopping enquanto eu fico ali,
admirando a mesma coisa que a maioria das
mulheres em volta.
Ele era um homem para se respeitar, mesmo
não parecendo em nada com o cara que vi nas fotos
na internet. Aquele Jason era mais sério, vivia em
ternos caros, cabelo comprido e barba bem feita.
Esse cara que acabou de sair do meu carro é
diferente, é selvagem, quase como alguém a ser
domado. Alguém que faz minha pele esquentar,
mesmo sabendo o quanto isso é errado.

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O passeio até o shopping foi interessante. Para


dizer o mínimo. Leah guiou o carro graciosamente,
e ela nunca hesitava. Era como se o carro fizesse
parte dela, uma parte muito sexy, que me deixou
estranhamente excitado.
Em alguns momentos, me peguei pensando em
como seria vê-la em uma corrida de verdade. Um
sorriso aparece no meu rosto com a lembrança.
Já estava no shopping há alguns minutos, era
como voltar no tempo. Já que desde quando Oliver
começou a ter sucesso e a grana não era um
problema, a maior parte das nossas roupas vinha de
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patrocinadores, ou era entregue em casa.


Opções não eram problemas, e eu estava
acostumado à praticidade daqueles arranjos. Entrar
em uma loja e olhar as araras, não é nada atraente.
Mesmo com toda atenção das vendedoras.
Três horas depois, eu havia comprado dois
ternos — alguns hábitos nunca morrem —, quatro
camisas e dois jeans. Os ternos precisavam de
alguns ajustes, e fiquei de buscar depois.
Quando estou procurando algum local para
almoçar, meu celular toca. Fico confuso quando
olho o visor. É a Helena.
— Oi, Helena.
— Jason, desculpe por não estar aí, mas surgiu
um trabalho novo e…
— E você não pôde me avisar do atraso.
— Estou avisando agora, não seja rude.
— Você não conhece meu lado rude, Helena,
não me tente.
— Estou em Paris, ainda não sei quando volto,
mas aviso você assim que souber. Você está em
Seattle?
— Não, estou em Los Angeles, vou ficar aqui
até você voltar.
— Eu aviso você quando voltar, Jason, não
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precisa parar a sua vida.


— Eu parei a minha vida no dia que você disse
que estava grávida e depois sumiu, Helena — falo
com rancor.
— Eu… sinto muito, Jason, nós vamos
conversar quando eu voltar.
— Com certeza nós vamos. Você não vai fugir
dessa vez, Helena. — Não espero uma resposta.
Desligo a chamada e sento no banco mais próximo.
Isso é uma bagunça fodida.
Passo a mão na cabeça, tentando organizar
meus pensamentos. Dessa vez, eu vou conseguir o
quê vim buscar.
Almoço sozinho, meus pensamentos são minha
única companhia em meio a um restaurante lotado.
Poucas pessoas me notam, Los Angeles com sua
mágica Hollywoodiana faz isso com você, torna
invisível os mais chamativos. Meu visual é a última
coisa que preocupa as pessoas aqui.
Pego o tablet que comprei e configuro minha
conta. Nunca pensei que férias pudessem ser tão
monótonas.
Penso em ligar para Oliver, apenas para ter algo
para passar o tempo, mas eu sei como ele reagiria e,
então, esqueço a ideia. Minha única alternativa é
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voltar para o apartamento do Tommy.


Quando chego ao prédio, meu primeiro
pensamento é sobre Leah. Será que ela já voltou?
Abro a porta e encontro Tommy sentado na
sala, com o notebook na mesinha de centro.
— Você não tem um escritório ou algo assim?
— Aqui é o meu “algo assim” — ele diz sem
tirar os olhos da tela.
— Vou pegar uma bebida, posso?
— Fique à vontade, você está pagando. —
Tommy sorri e vou até a geladeira pensando por
que aceitei isso, já que poderia muito bem ter
ficado em um hotel.
— O que está fazendo? — pergunto enquanto
tomo um gole de água.
— Apenas editando algumas fotos. — Ele vira
a tela e me mostra o trabalho. Se ele esperava
choque, acho que falhou.
As fotos são de mulheres nuas, mas nada
vulgares, são sensuais. As poses e a luz cobrem
algumas partes, deixando-as apenas para
imaginação.
— Você faz um excelente trabalho, Tommy —
digo com sinceridade.
— Pena que meus pais não concordem com
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você — ele diz e vejo seu sorriso sumir.


— Eu sei o que é não ser aprovado pelos pais.
Sei o que é ser julgado e ter que dançar conforme a
banda toca.
— Do que está falando? Você é gay por acaso?
— ele pergunta divertido.
— Não, mas tive que safar meu irmão de
algumas surras por desobedecer às regras. Criei
uma certa paranoia com horários.
— Você é paranoico com horários, e a Leah
desconhece a palavra pontualidade. Vocês
formariam um belo par. — Ele se levanta e vai até
a geladeira, volta em seguida com duas cervejas.
— Obrigado — agradeço e pego a minha
garrafa. — Vocês dois são amigos há muito tempo?
— Um pouco, nos conhecemos em uma festa à
fantasia — ele parece se divertir com a lembrança
—, mas nossa amizade aumentou quando fui
deserdado.
— Você foi deserdado? — pergunto incrédulo.
— Ah sim, esse lugar — ele balança as mãos
em círculo —, foi um presente da minha mãe para o
filho não ficar totalmente sem teto.
— Entendo.
— E a Leah? Aquela menina é uma raridade. —
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Ele bebe um pouco mais e senta ao meu lado no


sofá. Quantas ele já bebeu? — Ela me ajudou sem
que eu soubesse, arrumou alguns trabalhos
aleatórios como fotógrafo.
— Ela parece ser especial.
— E ela é. Quando eu descobri, ela me mandou
ir se foder e disse para lidar com isso. Eu amo
aquela garota como a uma irmã. — Tommy encosta
a cabeça no sofá parecendo cansado.
— Ela parece gostar de você também — digo
com sinceridade. Pelo pouco que vi dos dois juntos,
o amor entre eles é mútuo.
— Sim, do jeito maluco dela, ela ama. Leah não
é de abraços e beijos, ela é o tipo de mulher que
dorme com os caras, mas nunca acorda com eles.
Se é que você me entende.
E eu entendo, eu vivi isso em primeira mão
com Oliver. Caralho, eu mesmo era assim. E que
cara hoje em dia não é?

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Meu dia no autódromo foi excelente, meu


tempo na pista foi um dos melhores e eu sabia que
não havia piloto que pudesse me superar.
Meu único obstáculo são alguns idiotas da
diretoria que ainda vivem no século passado e
acham que lugar de mulher não é atrás de um
volante.
Danem-se eles, estúpidos que não devem nem
saber como trocar de marcha.
Gabriel está com um sorriso radiante quando
entro no box e começo a abrir meu macacão.
— Bela corrida, Leah.
— Obrigada. — Pego uma garrafa de água.
— A diretoria e os investidores estão
encantados com seu desempenho. — Eu apenas
sorrio e continuo bebendo água.
É claro que estão encantados, venho
trabalhando duro para isso.
— Que tal sairmos hoje para comemorar?
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— Comemorar? Há alguma coisa para


comemorar? — Coloco a garrafa em cima da
bancada, olho em volta e ninguém parece prestar
atenção na nossa conversa.
Gabriel é o coordenador de equipes, e antes
disso, tivemos um lance. Que começava e
terminava em sexo. Em todos os locais possíveis.
— Com você, sempre há algo para comemorar
Leah. — Seus olhos vagam pelo meu corpo, e
fixam no meu decote. Meu macacão aberto revela
meu top, meu peito brilha com suor devido à
corrida, e eu sei que isso o deixa excitado.
Homens…
— Você está ultrapassando os limites aqui,
coordenador — enfatizo sua posição.
— Pensei que estivéssemos em uma pista de
corrida. Aqui é dever ultrapassar os limites, baby.
— Ele pisca e sai sorrindo.
Eu não me contenho e uma gargalhada me
escapa. Droga, eu amo o meu trabalho.
Arrumo minhas coisas e vou para casa. Meu
apartamento está uma bagunça e ainda nem
consegui desfazer minhas malas. Tremo só de
pensar na roupa suja que me espera.
Já é tarde quando finalmente guardo a mala
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vazia dentro do closet. Sento na a cama e pego a


caixa com fotos que trouxe da casa dos meus pais.
São minhas melhores lembranças, memórias que
são insubstituíveis.
— Por que as pessoas mudam tanto? — falo
sozinha segurando uma fotografia, nela estão meus
pais, eu e minha irmã. Uma família sorridente, que
hoje não passa de quatro estranhos.
Meu celular apita me avisando de uma
mensagem, é Tommy.
Peter Pan: Tink, festinha do pijama, topa?
Eu: Passo.
Peter Pan: Por queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeê?
Eu: Apenas cansada, dia longo.
Peter Pan: Jason e eu já tomamos algumas
cervejas, acho bom vc levantar essa bunda
cansada antes que eu conte o que vc guarda na
gaveta ;)
Eu: Golpe baixo, estou indo.
Peter Pan: Esperando.
Guardo as fotos novamente na caixa e vou para
o apartamento do Tommy. Mal chego à porta e
consigo ouvir música e risos. Ótimo, já estão
bêbados.
— Tink! Bem-vinda. — Tommy faz uma
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reverência e eu sorrio — Você leva a sério essa


coisa de festa do pijama, não?
Ele aponta para a minha roupa, um short de
dormir e uma regata. Ótimo.
— Eu disse que estava cansada.
— Aqui. — Tommy me entrega uma cerveja —
Jason foi ao banheiro, não deve demorar.
— O que vocês estão fazendo? — Sento no sofá
tomando um gole da cerveja.
— Basicamente, jogando conversa fora. Você
sabia que ele tem paranoia com horários? — Ele
sorri. — E você tem problemas em cumprir
horários, seria uma dupla perfeita.
Assim que Tommy termina seu monólogo,
Jason entra na sala. E nossa, Los Angeles deve
estar no centro do aquecimento Global, porque, de
repente, a sala esquentou uns dez graus.
Jason sorri quando me vê e ergue a sua cerveja,
eu faço a mesma coisa. Tento manter meus
pensamentos coerentes, enquanto observo-o ir até a
geladeira pegar outra garrafa.
Eu me sinto dentro de uma propaganda de
cerveja, mas em vez de mulheres seminuas, é um
cara seminu. Não que Jason estivesse com pouca
roupa, ele está de Jeans e uma camiseta cinza. Mas
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algo dentro da minha mente só consegue vê-lo sem


camisa.
Imediatamente eu olho para a garrafa na minha
mão e culpo a cerveja. Pensamentos pervertidos?
Culpem a Budweiser.
— Quantas mais será que ele aguenta? — Jason
pergunta ao se sentar ao meu lado. Olho para
Tommy e percebo que provavelmente ele já passou
dos limites.
— Com certeza nem uma a mais. — Meu
amigo está com a cabeça encostada no sofá, olhos
fechados, sussurrando algo sobre unicórnios.
É um bêbado fofinho.
— Estão bebendo há muito tempo?
— Não muito.
— E o passeio no shopping, produtivo?
— Eu odeio aquilo. — Jason sorri. — Já nem
me lembrava da última vez que entrei em uma loja
para fazer compras.
— Eu posso imaginar.
— E você?
— Dia cansativo, mas perfeito. Você conseguiu
falar com a Helena? — pergunto curiosa.
— Sim, ela me ligou mais cedo.
— Ela disse quando volta?
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— Não, ela está em Paris e ainda não tem uma


data para voltar.
Paris? Isso é uma surpresa.
— Tudo bem para você?
— Eu vim aqui em busca de algumas respostas,
Leah, e não vou sair sem elas. — seu tom é sério, e
meu peito aperta.
Eu tenho certeza que poderia dar essas
respostas.
— Eu espero que ela não demore.
— Eu também. — Bebemos o resto da nossa
cerveja em silêncio.
— Qual o lance do Tommy? — Jason pergunta
de repente.
— Playboy, rico e gay. Resumindo, não é do
tipo que o papai dele queria para assumir os
negócios. — Dou de ombros.
— E você? — Seu olhar é intenso, droga, ele
está realmente interessado.
— Patricinha rebelde e desbocada. — Dou meu
melhor sorriso.
— E? — ele instiga.
— Como Tommy, não era a filha que meus pais
gostavam de exibir.
— Às vezes, os pais podem ser uma droga —
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ele fala com conhecimento de causa.


— Principalmente, se eles forem como os meus
— falo erguendo a garrafa, Jason faz o mesmo
gesto e brindamos.
— Como está o seu irmão? — Ajeito as pernas
no sofá para ficar mais confortável, Tommy
continua de olhos fechados balbuciando sobre
unicórnios, só que agora eles voam.
— Oliver está curtindo umas férias em família
— ele responde e seu sorriso se alarga.
— Então, você está de férias também?
— Basicamente, mas já comprei um tablet e
conectei minha conta, é uma questão de dias, senão
horas, para começar a trabalhar novamente.
— Sério?
— Sim, sério.
— Precisamos mudar isso então, você não pode
trabalhar nas suas férias.
— O que você sugere?
— Vou pensar em algo. — Eu sorrio e viro para
olhar Tommy, sua cabeça está pendurada em um
ângulo nada confortável. Acho que seus unicórnios
voadores acabaram de tombar. — Você me ajuda?
— Aponto para Tommy.
Jason coloca nossas garrafas na cozinha e volta
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para me ajudar com Tommy. O cara parece pesar


uma tonelada, mas Jason ergue-o do sofá com
facilidade.
Ahh… eu vou virar a noite assistindo Guerra
dos Tronos, certeza.
Cada um segurando de um lado, levamos
Tommy para o quarto. Retiro seus sapatos quando o
deitamos na cama. Então eu o cubro.
— Não acha melhor tirar as roupas dele?
— Nem pensar, prefiro manter meus
pensamentos puros em relação ao meu amigo.
Jason ri e em seguida saímos do quarto. Ajudo
a organizar a bagunça que fizeram antes de eu
chegar, aliás, desconfio ter sido convidada apenas
para isso, porque no segundo que cheguei, Tommy
apagou.
— Tem certeza que não quer ficar mais um
pouco? — Jason pergunta me acompanhando até a
porta. Não é tarde, mas se tomar mais uma cerveja
eu não vou me responsabilizar pelos meus atos.
Culpa da Budweiser.
— Tenho, amanhã preciso estar cedo na pista
de corrida.
— Você sabe de alguma academia aqui por
perto?
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— Pensando em malhar? — Ele sorri.


— Apenas para distrair a mente.
— Amanhã passo o endereço para o celular do
Tommy. — Beijo seu rosto e vou em direção à
porta.
— Leah? — Viro e ele está atrás de mim —
Aqui. — Jason pega o celular da minha mão. —
Qual a senha?
— Calma, garoto, a gente mal se conhece e
você quer a senha do meu celular? Assim, sem um
beijo primeiro? — Meu sorriso morre quando
termino a piada. Jason me dá um sorriso torto e
mortalmente sexy.
Pego meu celular da mão dele e tremendo
digito a senha.
— Aqui. — Entrego e ele digita algo, ainda
sorrindo.
— Você pode enviar o endereço direto para o
meu aparelho agora. — Ele me entrega e segura
minha mão mais tempo do que o necessário.
— Vou lembrar disso.
— E o beijo? Como fica? — ele pergunta e eu
congelo. — Estou brincando com você, Leah. —
Jason sorri e eu fico completamente sem graça.
Quando um cara já me deixou sem graça?
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Culpa da Budweiser.
Nós nos despedimos e vou em direção ao meu
apartamento, quando abro a porta, não consigo
resistir, olho para a porta do apartamento do
Tommy e Jason está ali, encostado no batente com
os braços cruzados e com a droga do sorriso sexy.
Eu preciso de mais uma bebida, e sexo, e uns
dois episódios de Guerra dos Tronos, não
necessariamente nesta ordem.

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O som dos meus punhos batendo contra o saco


ecoa na sala. Leah me enviou cedo o endereço da
academia. Não consegui disfarçar o sorriso quando
vi sua mensagem.
Uma simples mensagem com o endereço e um
boa sorte no final. Simples e direta. Eu gosto disso.
Também não consegui conter a minha excitação
com nosso pequeno flerte de ontem. Porra, há
quanto tempo eu não faço isso? Apenas flertar com
uma mulher?
Pessoas como eu não flertam mais, basta apenas
um olhar, um gesto, e a mágica acontece.
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Mas com Leah, é tudo diferente. Ela não parece


deslumbrada, suas perguntas são reais, sobre
família, amigos e não como funciona na indústria
do entretenimento. E isso é bom, é bom pra
caralho.
No fim da tarde, quando termino o treino, pego
o celular e retorno a ligação do Oliver. Meu irmão
me ligou cinco vezes nas últimas duas horas.
— Alguma urgência? — digo assim que ele
atende.
— Preciso que você converse com a Bree. —
Ele é direto.
— Sério, Oliver? O que houve? — Pego a
toalha e enxugo o rosto.
— Sabe o que eu amo na Bree, Jason? A
teimosia dela, sério, eu nunca conheci uma mulher
tão obstinada.
— E qual é o problema?
— Ela está determinada a não ir morar comigo
— ele diz em tom de derrota.
— Oliver, você tem quase três meses pela
frente, ela vai ceder.
— Não, ela não vai. E eu estou tentando levar
as coisas devagar aqui, mas você sabe que ir
devagar nunca foi o meu forte. — Quando ele fala
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essas palavras minha mente vai para Leah.


— Dê tempo, Oliver, você acabou de chegar até
ela.
— Preciso que você me faça um favor assim
que possível.
— O quê?
— Providencie a papelada da Sky, quero
registrá-la como minha filha. — Suas palavras não
me surpreendem.
— Tudo bem, posso ver isso. A Bree concorda?
— Ela vai.
— Oliver…
— Eu vou devagar, Jason, estou dando a minha
palavra, mas gostaria que você adiantasse isso,
quando ela aceitar, basta assinarmos a papelada.
— Tudo bem.
— Elas são minhas, irmão, e eu não vou deixar
que ninguém faça qualquer mal às minhas meninas.
— Eu sei disso. Você quer mais alguma coisa?
— Apenas que você fale com ela quando
chegar a hora. — Percebo um sorriso na voz dele.
— Preciso desligar agora, Sky está aqui e vamos
treinar.
— Você vai o quê? — pergunto surpreso.
— Eu disse que tenho uma pequena grande fã
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— Oliver fala sorrindo — Até mais, irmão.


Desligo o telefone e vou tomar uma ducha.
Oliver consegue me deixar maluco apenas com um
telefonema. Definitivamente, ele não conhece o
termo ir devagar. Nem a Leah, as palavras do
Tommy me vêm à mente.
Um tornado.
Impulsiva.
Não conhece limites.
De repente, estou me tocando no chuveiro
pensando nas formas de fazê-la conhecer alguns
limites.
Minha libertação vem rápido, mas não o
suficiente. Apenas a lembrança me faz ficar duro
novamente. Não tenho tempo para isso, termino o
banho e volto para o apartamento.
É início da noite quando chego, estou com duas
sacolas de comida, mandei um texto para Tommy
avisando que levaria o jantar. Ele agradeceu e pediu
para guardar na geladeira, ele ficaria fora até tarde
trabalhando em um ensaio.
Quando o elevador para no nosso andar, o que
eu vejo me deixa perplexo. Leah está na porta do
apartamento dela, agarrada a um cara.
Ela está usando um vestido solto que dá amplo
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acesso às mãos dele. Suas pernas estão em volta da


cintura dele e as bocas estão coladas.
É estranho, e excitante.
Tento passar despercebido, mas é quase
impossível, já que tenho que passar bem na frente
deles para poder chegar até o apartamento do
Tommy.
Quando eu estou passando, os olhos dela abrem
e encontram os meus. Eu não consigo seguir,
nossos olhos travam uma batalha e sinto uma
vontade insana de retirar as mãos dele do corpo
dela e substituir pelas minhas.
O cara não percebe a minha presença, ou está
tão envolvido que não está ligando para plateia.
Isso me irrita. Ouço o gemido dela quando ele
pressiona-a com mais força contra a porta, os olhos
dela não fecham, estão focados em mim.
Decido sair antes que ele me note e a situação
fique constrangedora. Ou, o mais provável, antes
que eu a retire dos braços dele.
Largo a comida em cima do balcão da cozinha e
vou para o meu quarto. Uma chuveirada talvez
consiga me acalmar. Olho para o meu jeans e a
ereção é evidente.
Foda! Porra de banho nenhum vai me acalmar.
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Retiro a roupa e ligo o som do celular, fecho os


olhos e penso em Leah. O brilho dos seus olhos
quando me viu. O som do gemido dela, não era
para aquele babaca, ela gemeu olhando nos meus
olhos.
Estou me masturbando quando sinto a presença
dela no meu quarto. Ela não precisa falar nada, o
perfume dela entregou a sua presença.
Eu abro os olhos e vejo-a me encarando.

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— Gabriel, pare! — Afasto Gabriel com as


mãos. Ele para e me olha confuso.
— O que foi? — Estou ofegante, mas não do
tipo excitada, parece que não consigo respirar.
Abaixo as pernas e alinho o vestido. Gabriel se
afasta ainda confuso.
— Apenas não é uma boa hora — digo a
primeira coisa que me vem à cabeça.
— O que você quer dizer? Leah, estávamos
indo muito bem agora pouco.
— Eu sei, mas não me sinto bem — digo
esticando o braço tentando manter uma distância.
Droga, por que está difícil respirar?
— Tudo bem — ele levanta os braços em
rendição —, quando você se decidir, sabe onde me
encontrar.
Ele vai embora e eu fico parada na porta do
meu apartamento olhando para o final do corredor.
Para a porta do Tommy, a mesma porta em que
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Jason acabou de entrar, depois de me pegar aos


amassos com Gabriel.
Droga.
Tento ajeitar o cabelo e a roupa, tiro os sapatos
e vou para o apartamento do Tommy.
Aparentemente, Jason é como meu amigo, e não
tranca a maldita porta.
Entro no apartamento e vou até o quarto dele. O
lugar está em silêncio, mas há uma música, e um
gemido vindo do cômodo.
Jesus, com certeza são gemidos.
Eu sei que deveria ir embora, e eu sei o que vou
encontrar quando abrir a porta. Mas Deus me ajude
se eu não quero ver.
O olhar que ele me deu, era tão cheio de
luxúria. Nenhum homem olhou para mim com tanta
intensidade. E agora, eu estava envergonhada e
sentia que precisava me desculpar.
Assim que toco na maçaneta ouço outro
gemido, dessa vez mais grave. O som penetra nos
meus ouvidos e aperto as coxas. Caramba, eu
chegaria ao orgasmo apenas ouvindo-o gemer.
O pouco juízo que tenho me abandona quando
ele geme novamente, então eu estou dentro do
quarto, observando a cena mais erótica de toda
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minha vida.
Jason está deitado na cama, há somente duas
luzes acesas, o que deixa o cômodo mais sensual.
Ele está gemendo ofegante, e está se tocando.
— Se você não vai participar, essa é a hora de
sair. — Sua voz grossa causa arrepios na minha
espinha. Ela me pega de surpresa.
— Eu… eu… — Nada sai, não sei se estou
mais nervosa por ser pega observando, ou por estar
observando.
Jason levanta da cama e meus olhos vão direto
para o seu pau. Grande, grosso, e muito, muito
duro. E ele ainda está se tocando.
— O quê, Leah? O que você veio fazer aqui?
— Eu vim… — Meu Deus do céu, cadê as
palavras quando preciso usá-las? Se eu já estava
hipnotizada olhando suas mãos, definitivamente,
me perdi quando olhei em seus olhos.
— Você veio buscar algo que aquele babaca
não te deu? — Ele se aproxima e me encurrala na
parede.
— Vim pedir desculpas — consigo dizer.
— Pelo quê? Por me excitar? — ele fala e olha
para sua mão, os movimentos suaves e constantes
fazem meu pulso acelerar.
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— Não seja grosseiro.


— Quer saber como eu posso foder você, Leah?
— Ele para de se masturbar e suas mãos vão para a
parede. Uma de cada lado da minha cabeça.
Forçando-me a encontrar o seu olhar.
— Ele não fodeu você direito, não foi? — Ele
pressiona a sua ereção e eu choramingo. — Diga,
Leah, o que exatamente você veio fazer aqui? —
ele fala e passa a língua na minha orelha.
Meu corpo reage.
— Boa menina — ele diz quando inclino meu
corpo encostando meus seios no peito dele. Meu
vestido é fino, e meus mamilos estão duros, é claro
que ele sente. — Quero ouvir as palavras, Leah, o
que você veio fazer aqui?
Ele pressiona mais uma vez, sua boca agora no
meu pescoço. Eu não consigo respirar novamente,
mas dessa vez, eu não quero respirar.
— Eu vim ver você. — Minha voz é um
sussurro.
— Você já viu, e ainda está aqui. Por que,
Leah? — O cara é a porra de um jogador.
— Agora eu quero você. — Entro no jogo.
— E você me quer para fazer o quê? — As
mãos dele vão para as minhas coxas, eu gemo e
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deixo cair os sapatos que estavam na minha mão.


Eu nem lembrava que estava segurando-os.
— Eu quero que você me foda — consigo
sussurrar. Suas mãos param e ele me olha, seu olhar
é intenso, ele procura por algum tipo de hesitação.
Mas não vai encontrar.
Satisfeito com o que vê, Jason sorri. Seus dedos
exploram devagar a carne das minhas coxas, indo
direto para a calcinha.
— Você não irá precisar disso. — Ele começa a
baixar a peça.
Lentamente, minha calcinha faz o percurso até
o chão. Os dedos dele brincam com a minha pele,
sobem novamente.
Ele faz isso algumas vezes, me provocando.
Está me deixando cada vez mais excitada. Estou em
pé, com o corpo pressionado à parede, usando
apenas um vestido. E estou diante de um homem
exuberante e completamente nu, que substituiu os
dedos pela língua.
— Você vai me matar. — Sinto seu sorriso,
Jason beija cada pedaço da minha perna. Ele está
ajoelhado e dá beijos preguiçosos.
Quem diria que eu ficaria excitada com um cara
beijando meu joelho?
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Mas então, ele não é como qualquer cara. Jason


Willers, literalmente, está fodendo minha mente
agora, e eu estou implorando internamente para ele
foder o meu corpo.
O tempo para, sinto apenas seus lábios tocando
a minha pele. Se não fosse pela parede me
ancorando, eu já estaria no chão.
Jason não tem pressa, ele abre um pouco as
minhas pernas e tem livre acesso à parte interna da
coxa. É nesse momento que sinto sua língua.
Usando os dedos, ele pressiona meu clitóris,
esfregando em círculos lentos, enquanto sua língua
explora. Meus joelhos começam a ceder quando
sinto um orgasmo se formando.
Minhas mãos seguram seu ombro com força, e
meu quadril encontra um ritmo. Jason não para, e
no momento que ele morde meu clitóris e a dor
começa a surgir, eu explodo em um orgasmo
intenso, gritando o nome dele.
— Minha vez. — Jason levanta e vejo sua boca
ainda úmida por causa do meu orgasmo.
Ele tira meu vestido com facilidade, jogando
para longe.
— Quero você montando meu pau. — Ele
segura meu rosto com as mãos — Me mostre o
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quão rápido você consegue me levar, Leah.


Meu nome soa como música nesse momento.
Jason me ergue e caminha até a cama, sou como
um brinquedo nos braços dele. Ele me deita na
cama em seguida vai até a cômoda pegar um
preservativo.
Jason abre a embalagem, sem nem ao menos
tirar os olhos dos meus. Não é que eu esteja
envergonhada, mas estar nua na cama dele é algo
que jamais poderia imaginar. E o olhar dele em
mim é tão intenso e feroz, que eu não tenho certeza
se amanhã estarei arrependida ou implorando por
mais.
— Venha aqui. — Jason deita ao meu lado e
puxa o meu corpo para cima do dele.
Abro minhas pernas enquanto ele segura seu
pau, guiando para dentro da minha boceta. Assim
como ele, eu não tenho pressa, devagar eu vou
tomando-o, centímetro por centímetro, até que me
sinto totalmente preenchida.
— Porra, Leah. — Eu abro os olhos e minha
visão fica turva. Jason segura meu rosto e une
nossas bocas, ao mesmo tempo, seu quadril dá um
impulso para cima.
Ele me penetra profundamente. Eu o sinto
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inteiro dentro de mim. Meu gemido é o


combustível para ele intensificar nosso beijo.
Ele estoca mais três vezes e eu assumo o ritmo.
Rápido, assim como ele pediu. Nosso beijo é
quebrado quando ele joga a cabeça para trás.
Gemendo a cada vez que ele entra.
Jason fecha os olhos e seus lábios ficam
entreabertos. Suas mãos nas minhas coxas seguindo
meu ritmo. Meu prazer aumenta quando percebo
que ele vai gozar. Seu corpo tensiona e o meu o
segue. Gozamos juntos, em perfeita sincronia.
— Você tinha razão — ele fala ainda de olhos
fechados. Meu corpo ainda descansa em cima dele,
e minha mão traça as letras da tatuagem esculpida
no seu peito.
— Sobre? — pergunto sem me mover.
— Você sabe ficar no comando. — Não
consigo conter a risada. Jason também sorri me
abraçando e beijando minha cabeça. — Preciso ir
ao banheiro.
Eu me movo devagar, seu pau sai de dentro de
mim lentamente, assim como entrou. Seus olhos
estão focados nos meus novamente. Eu nunca me
senti tão ligada a alguém como agora. Quando eu
saio de cima, eu vejo quando ele suspira fechando
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os olhos.
Jason levanta, em seguida vai ao banheiro, eu o
espero terminar e aproveito para colocar as ideias
em ordem.
— E agora? — pergunto para mim mesma.
Sexo casual é o que eu faço, nunca foi
problema. Mas, eu também nunca tinha feito sexo
com Jason antes.
— Desligue esses pensamentos, Leah — Jason
diz assim que entra no quarto novamente.
— Quem disse que estou pensando?
— As rugas na sua testa — ele deita ao meu
lado —, não precisa pensar sobre isso.
— O que você quer dizer?
— Eu quero dizer — ele toca meu seio —, que
você não precisa surtar com isso.
— Eu não sou mulher que surta com sexo,
Jason.
— Alguma coisa está preocupando você.
— Sim, muitas coisas, mas não o sexo,
definitivamente não o sexo. — Levanto da cama e
começo a pegar minhas roupas, Jason continua me
olhando.
— Você pode dormir aqui — ele fala, seus
braços dobrados embaixo da cabeça, ele não se deu
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ao trabalho de se cobrir.
— O convite é tentador, mas eu ronco. —
Coloco o vestido.
— Acho que vai precisar disso. — Ele mostra a
calcinha que está na mão dele, ele levanta e
caminha na minha direção, sorri e fica de joelhos.
— O que… — não termino de falar, Jason está
colocando a minha calcinha. Ele ergue meu pé com
cuidado, e em poucos e tortuosos segundos minha
calcinha está no lugar e seus olhos estão nos meus.
— Foi um prazer, Leah. — Jason beija meu
queixo.
— Boa noite, Jason.
— Boa noite, Leah. — Abro a porta do quarto e
quando saio, ele me diz: — Eu não me importaria
com seus roncos, só para você saber.
Seu sorriso é radiante.
— Eu não ronco. Só para você saber. — Pisco e
saio do apartamento antes que fique tentada, ainda
mais, a passar a noite com Jason.

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Ouço quando ela fecha a porta do apartamento,


respiro fundo e vou para a cama. O cheiro dela está
em todo lugar, nos lençóis, no travesseiro. Porra, o
quarto todo está tomado pelo perfume dela.
Não esperava que ela viesse até aqui, não
depois do que eu vi. Ela largou o cara e veio até
aqui?
Se eu fosse um homem de dar nota para o sexo,
esse entraria para o nível dos não classificáveis. A
pilota doce e espevitada sabe mesmo como
comandar na cama.
A maneira que ela me fodeu. Porra! A mulher,
definitivamente, sabia o que estava fazendo. E
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agora eu me encontrava deitado na cama, com


meus pensamentos em cada curva daquele corpo.
Respiro fundo antes de fechar os olhos e cair em
um sono agitado.
Acordo com um som alto, na verdade uma
música alta e vozes agitadas. Pego a primeira calça
jeans que encontro e logo vou até a cozinha. Cruzo
os braços e encosto na parede. Leah e Tommy estão
cantando animados preparando o café da manhã.

I’m tired of trying to be normal


I’m always overthinking
I’m driving myself crazy3

Não posso deixar de sorrir, a música é a cara


deles. Alguns segundos passam até que Leah nota a
minha presença, ela quase deixa cair os ovos que
está segurando.
— Jason! — Ela pula colocando a mão no
peito.
— Desculpe, mas não queria atrapalhar a
performance. Música excelente, por sinal.
— Meu Deus, não acordamos você,
acordamos? — Tommy pergunta e logo depois
volta sua atenção para o fogão. Meus olhos não
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saem da pequena mulher que está na minha frente.


— Não — minto, mas Leah percebe e sorri. —
E por que tanta animação a essa hora? — pergunto
e me aproximo dela.
— Estamos comemorando — Leah responde
entregando os ovos para Tommy.
— Vocês sempre estão comemorando.
— Tommy conseguiu um contrato para um
ensaio em uma grande revista de moda. — O
orgulho é nítido na voz dela.
— Leah tem uma mania estranha de comemorar
tudo — Tommy fala.
— Tudo não, somente as notícias boas. — Seu
sorriso ilumina a cozinha. — Esse tipo de coisa não
acontece sempre, ou seja, qualquer notícia boa deve
ser comemorada.
— Mês passado ela fez uma festa porque cinco
gatos abandonados foram adotados — Tommy fala
enquanto cozinha.
— Como eu disse, notícias boas precisam ser
comemoradas. Aqui, Jason, você pode arrumar a
mesa? — Ela me entrega alguns pratos e eu pego
de bom grado.
Leah age naturalmente durante todo o café
“comemorativo”, conversando comigo e Tommy,
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ela não hesita em nenhum momento. É como se a


noite passada nunca tivesse existido. E se não fosse
o perfume dela ainda em meus lençóis,
provavelmente, eu pensaria ter sido um sonho.
Depois que Tommy vai para o quarto, ajudo
Leah com a louça. Ela está usando uma regata e um
short jeans que deixam todos os meus músculos
tensos. Sem contar a outra parte do meu corpo que
está começando a querer ficar rígida.
— Vai ficar me ignorando? — pergunto quando
termino de guardar os pratos.
— Não estou ignorando você, estávamos
conversando agora pouco.
— Não estou falando sobre isso.
— E do que você está falando especificamente?
— Ela enxuga as mãos e sorri.
— Que tal sobre como meu pau estava
enterrado profundamente em você ontem? — Seus
olhos se alargam e eu me aproximo — Ou, que tal
sobre como seus gemidos fizeram minha mente se
perder e eu nem sequer consegui lembrar o meu
nome? — Suas costas batem no balcão da pia.
— Jason — meu nome sai como um aviso, que
eu ignoro.
— Nervosa? — pergunto.
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— Eu nunca fico nervosa — ela responde


impertinente e minha mão vai para o peito dela, seu
coração bate freneticamente.
— Seu coração está acelerado.
— Ele sempre está. — Seu olhar é atrevido.
— Deixe-me reformular então — minha mão
desce para seu short e abro o botão, em seguida o
zíper desce. Minha mão vai para dentro da calcinha
dela. — Desculpe, não era nervosismo, excitação?
— Porra! — ela fala quando encosta a cabeça
no meu peito e eu enfio um dedo dentro dela.
— Excitada, com certeza. — Seus dedos
apertam meu braço, e ouço seus gemidos baixos.
Não vou além, retiro meu dedo e levo até minha
boca, ouço seu gemido em resposta. — Ainda vai
fingir que não aconteceu nada, Leah? — Começo a
fechar o botão do short dela.
— Você não é um homem com quem eu
arriscaria fingir alguma coisa, Jason — ela diz
tentando alinhar o cabelo.
— Mas? — Eu sentia que tinha um mas.
— Não está certo. — Ela se afasta — O que
aconteceu foi maravilhoso, mas não vai se repetir,
Jason.
— Poderia ter se repetido, nesse exato
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momento.
— Eu sei, mas…
— Somos adultos, Leah e até onde eu sei,
solteiros.
— E a Helena? — ela solta me pegando de
surpresa.
— O que tem ela? Vim aqui para ter uma
conversa com ela, e é o que vou ter.
— Jason, tem muita coisa que você…
— Crianças, estou indo trabalhar. — Tommy
entra na cozinha como um furacão — Alguém
morreu? — Ele olha para Leah e depois me encara.
— Não — falamos juntos.
— Nossa, já estão falando juntos, que meigo.
Me acompanha, Tink?
— Tudo bem.
— Vai passar o dia em casa? — Tommy
pergunta.
— Não sei, talvez eu trabalhe um pouco, as
coisas estão começando a ficar entediantes.
Tommy sorri com cautela e Leah não me olha,
eles saem do apartamento e em seguida ligo o tablet
e verifico meus e-mails. Trabalho foi o que sempre
me manteve focado, e agora não seria diferente.
__________
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3 - Estou cansado de tentar ser normal; sempre


estou pensando demais; estou me deixando louco.

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Tommy praticamente me arrasta para fora de


casa, minha cabeça ainda está nas palavras de
Jason, então eu saio aos tropeções.
— É impressão minha ou senti uma certa tensão
ali na cozinha? — ele pergunta enquanto espera o
elevador.
— É impressão minha ou você quer dar uma de
casamenteiro? — Cruzo os braços aguardando sua
resposta.
— Impressão sua, Tink. — A expressão dele
nem vacila, bastardo.
— Você mente muito mal, Tommy.
— E você esconde a sua atração muito mal,
Tink, os dois fazem isso mal, para falar a verdade.
— Do que você está falando?
— Do jeito que você praticamente come ele
com os olhos cada vez que ele aparece, ou do jeito
carinhoso que ele te olha quando você está
contando alguma coisa.
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Ping.
O barulho do elevador me assusta, e Tommy
apenas sorri antes de entrar na maldita coisa e me
dar apenas um aceno com a mão.
Droga, será que as minhas encaradas são tão
evidentes assim? Toda droga de mulher olha para
ele da mesma forma, por que diabos eu seria
diferente?
Puxo meu celular do bolso e envio uma
mensagem para Helena, é oficial, eu preciso saber
quando ela volta e não vou aceitar uma enrolação
como resposta.
Envio a mensagem e vou para o meu
apartamento. Há uma lista de artigos que preciso
estudar e algumas informações sobre modificações
que serão feitas no carro, e desde que meu treino de
hoje foi transferido para amanhã, resta apenas ficar
aqui trabalhando, ou encarando a porta do vizinho.
Agir como uma psicopata nunca foi tão
atraente.
Ao meio-dia minha campainha toca, prendo o
cabelo e vou até a porta. Minha surpresa é evidente
quando olho para o meu visitante.
— Gabriel — falo dando passagem, ele está
segurando duas sacolas que parecem ser de algum
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restaurante. Meu estômago protesta com a visão,


me lembrando que eu comi apenas o café da
manhã.
— Trouxe seu almoço — ele diz beijando meu
rosto.
— Não precisava.
— Não me diga que já comeu?
— Não comi, mas você não precisava trazer a
comida, Gabriel.
— Eu sei, mas precisava falar com você hoje,
depois do que aconteceu ontem. — Culpa é uma
cadela.
— Você já comeu? — Tento desviar o assunto
e pego as sacolas.
— Não, pensei que poderíamos almoçar juntos.
— Seu sorriso é enorme.
— Tudo bem. — Sorrio, mesmo que esteja
rezando para que esse almoço dure somente o
tempo necessário.
Arrumo tudo na mesa e logo estamos comendo.
Falar com Gabriel sempre foi fácil, temos os
mesmos gostos, trabalhamos na mesma empresa,
somos ambiciosos, e perfeitos na cama. Isso, até eu
ter dormido com Jason.
A maneira que fiquei excitada mais cedo, a
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forma com que ele me abordou na cozinha. O cara


sabia como usar as palavras e ele testou meu
raciocínio. Mas não é somente isso que me atrai,
sua personalidade é singular. Um homem e um
menino, brigando para ver quem fica no comando.
E ao longo desses dias, seu lado menino
prevaleceu, nas nossas conversas, na carona até o
shopping, nada do Jason de ternos, nada do cara
sério que sempre aparecia ao lado do irmão. Ele
soube como esconder bem esse lado, e
principalmente, nem um vestígio daquele Jason que
namorou a Helena.
— Você ouviu o que eu disse? — Gabriel
chama minha atenção, terminamos almoço e
estamos no sofá, ele estava explicando sobre as
modificações nos novos motores, ou algo do tipo.
— Desculpe, Gabriel, eu não estou me sentindo
bem.
— Não acha melhor procurar um médico? —
Seu tom é preocupado.
— Não precisa, somente um descanso e vou
estar nova, eu não dormi bem a noite passada, só
isso. — Eu não menti, depois que saí do quarto do
Jason, eu não consegui fechar os olhos.
Seu olhar, seus beijos, seu toque.
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Era tudo tão vívido na minha mente, minha pele


queimava apenas com a lembrança.
— Você parece estar distraída.
— Eu sei, mas vou descansar, prometo que
amanhã estarei nova para o treino.
— Tudo bem, essa é minha deixa para ir
embora, então.
— Gabriel, desculpe.
— Não precisa se desculpar, Leah. Apenas
descanse, e amanhã faça o seu trabalho.
— Eu farei. — Eu o acompanho até o elevador,
e quando as portas abrem, um Jason bastante suado
me olha com curiosidade.
Merda.
— Boa tarde — Gabriel o cumprimenta.
— Boa tarde.
— Nos vemos amanhã? — Gabriel segura
minha mão, eu apenas concordo com a cabeça e ele
faz algo que me deixa sem chão.
Gabriel beija minha boca, na frente do Jason.
Ele se afasta e entra no elevador, as portas
fecham e ficamos apenas Jason e eu no corredor.
Jason me olha e começa a caminhar para o
apartamento do Tommy. Sua bermuda de treino e
tênis me dizem que ele estava na academia. Isso e a
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camisa molhada de suor que gruda em cada


músculo, deixando evidente aquilo que eu tanto
gosto de admirar.
— Jason, espera. — Ele para no meio do
caminho. — Eu… você não vai falar nada? —
pergunto intrigada, ele apenas me encara sério.
— Não somos nada um do outro, Leah, não
preciso falar nada. — Ai.
— Eu sei, mas desculpe por isso.
— Você não precisa se desculpar, Leah, mas se
ele não sabe como foder você direito, não serei eu a
fazer isso.
— Agora você está sendo grosseiro.
— Apenas realista.
— Tudo bem, eu não deveria ter vindo falar
com você.
Viro com a intenção de voltar para o meu
apartamento quando sinto sua mão segurar meu
braço.
— Qual é a sua, Leah? — ele é direto.
— Qual é a minha?
— O que você quer? Quer transar comigo e
depois fingir que nada aconteceu, depois foder com
o amigo no seu apartamento?
— Jason, eu não transei com Gabriel.
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— Ele não parecia muito convencido disso.


— E nem você, pelo visto.
— Eu não vou ser seu brinquedo das horas
vagas, Leah. — Sua voz é rude e ele solta meu
braço.
Jason vai para o apartamento e bate a porta em
seguida. Posso jurar que sinto o chão tremer com o
impacto da porta.

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Tento ignorar a raiva que senti quando vi


aquele cara beijando a boca dela, uma boca que
algumas horas atrás estava bem envolvida com a
minha.
Não sou do tipo sentimental, ou que explode
por qualquer coisa, mas vê-la ali, sendo beijada por
outro fez meus pensamentos mais loucos virem à
tona. Mas quem diabos era ele afinal?
Abro a geladeira em busca de uma garrafa com
água, minha sede aumentou bastante desde que tive
que engolir o que vi.
Não gosto de competir, isso sempre foi coisa do
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Oliver, mas nunca estive em uma situação dessas.


Para ser sincero, eu sempre estive do lado oposto.
Eu era como a Leah.
Isso explica porque a maioria das mulheres me
odeia, incluindo Helena. Ser tratado como um nada
não é agradável, é a porra da coisa mais amarga que
eu já experimentei.
Deixo a garrafa em cima do balcão e saio
novamente, eu sei que devo um pedido de
desculpas pela forma como a tratei, e sei muito bem
como fazer isso.
Toco a campainha algumas vezes, cinco para
ser exato. E quando penso que ela deve ter saído, a
porta se abre e uma Leah com o cabelo molhado
segurando uma toalha me olha assustada.
— Aconteceu alguma coisa? — Ela olha para
fora de um lado para o outro.
— Eu preciso me desculpar com você — sou
direto.
— E precisava violentar minha campainha? Eu
tinha acabado de entrar no banho. — fala irritada.
— Vai me deixar entrar ou pretende que eu me
desculpe aqui mesmo no corredor? — Ela me
encara e olha em volta do apartamento, depois de
parecer satisfeita com o que vê, ela se afasta e eu
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entro fechando a porta em seguida.


— Tire a toalha — falo e ela franze a testa.
— Você disse que ia se desculpar, basta falar a
palavra mágica, não preciso ficar nua. — Ela cruza
os braços me desafiando, eu adoro isso.
Seu apartamento é grande, mas em termos de
decoração, é como se um furacão tivesse passado
por aqui. Pilhas de revistas em cima da mesa de
centro, alguns quadros da Frida Kahlo, gravuras de
algumas mulheres importantes da história.
Leah tem uma personalidade forte, e isso fica
evidente pela sua sala, mesmo com a confusão de
cores, tem certo charme. Mal posso esperar para
ver o quarto.
— Já que você não quer começar, tudo bem. —
Começo retirando minha camisa e vejo quando ela
segura sua toalha com mais força. — Seria legal
você nos levar para o quarto, a não ser que você
não se importe em usar a sala.
Leah pisca algumas vezes, vira e vai em direção
ao que eu acho que seja o quarto, eu a sigo tão
próximo quanto consigo, sem tocar nela.
— Aqui, senhor, o quarto. — Ela aponta para o
cômodo. E diferente da confusão da sala, seu
quarto é mais clean, as fotos na parede chamam
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minha atenção.
São três grandes fotografias, em uma ela está
dentro do carro de corrida, na outra está ao lado do
carro segurando o capacete, e na seguinte, apenas o
seu perfil olhando para a pista.
— São lindas. — Olho impressionado.
— Tommy — ela diz simplesmente como se
isso fosse o suficiente para justificar tanta
perfeição.
Sem perceber, estou tocando a foto do perfil,
seus lábios, seus olhos. Em todas, ela não olha para
a câmera, eu tenho certeza que ela não sabia que
estava sendo fotografada.
— Você é linda, Leah — digo sem tirar os
olhos da fotografia.
— Obrigada. — Ela parece constrangida, saio
do meu transe e observo a figura real. Ela está ao
meu lado, ainda segurando a toalha, mas não com a
mesma força de antes.
— Ainda vai segurar a toalha?
— E se eu quiser mantê-la?
— Não vou insistir, eu quero se você quiser.
— Mesmo sabendo que é errado?
— A não ser que aquele cara seja o seu
namorado, não vejo nada de errado com o que
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vamos fazer agora.


— Ele não é meu namorado.
— Bom. Então?
— Jason, vamos manter isso no quarto, ok? Eu
não sei lidar com crises de ciúmes. — Sua resposta
me faz sorrir.
— Não era crise de ciúmes, Leah.
— Não era?
— Nem de longe — chego mais perto dela e
abro a toalha —, mas, eu não sou tolo, muito menos
gosto de dividir.
— Egoísta, então? — Tento me concentrar no
que ela diz, mas seus seios são chamativos demais
para eu formar qualquer resposta coerente.
— Talvez. — Passo o dedo ao redor do mamilo,
Leah não tira os olhos dos meus, e eu me concentro
nas reações do corpo dela.
Seu mamilo enrijece ao meu toque, fazendo
meu pau se contorcer. Se ele falasse,
provavelmente estaria implorando pela mão dela ao
seu redor, ou a boca.
Ah… com certeza a boca.
— O que houve com aquele cara descontraído?
— Seu sorriso é travesso.
— Ah ele está aqui, mas ele também adorou
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transar com você. — Meu dedo passeia pelo espaço


entre os seios dela. — E ele quer repetir isso.
— Por quanto tempo?
— O tempo que quisermos. Agora, vá para a
cama.
Leah obedece e eu praticamente rosno em
resposta. Tiro os tênis e short em seguida, eu ainda
estou suado do treino, mas pela forma como seus
olhos percorrem meu corpo, ela parece não se
importar.
— Vire de costas. — Ela apenas ergue uma
sobrancelha, mas não fala nada.
Toco meu pau com a visão da bunda dela
empinada, sua cabeça encostada no travesseiro.
— Você tem noção das coisas que estão
passando pela minha cabeça agora, Leah?
— Espero que sejam quais as posições que você
irá me comer, Jason.
Jesus, eu amo essa boca suja.
— Ah querida, eu só espero que você não tenha
nada programado para o resto da tarde.
Eu me posiciono de joelhos na cama, e seguro
seus quadris, Leah empina ainda mais o corpo
quando sente meu pau brincando com seu clitóris.
Eu ainda não coloquei a camisinha, então, a
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sensação de sentir a pele dela é indescritível.


— Isso é algum tipo de tortura? — ela pergunta
gemendo como uma gata. Meu pau esfrega na sua
entrada, ela já está excitada o suficiente, o que
torna isso bem mais fácil.
— Garanto a você que estou sofrendo muito
mais aqui.
— Pare de sofrer, então — sua voz sai rouca e
tira o pouco de controle que eu ainda tinha.
Seguro o cabelo dela, elevando seu corpo; ela
também está de joelhos na cama, eu a posiciono
com o corpo colado na cabeceira.
— Preservativo? — pergunto olhando em volta,
eu não tenho nenhuma escondida na roupa da
academia.
— Gaveta. — Ela aponta para o criado-mudo
ao lado da cama e eu a encontro facilmente.
Quando o preservativo está no lugar, meu peito
pressiona suas costas e ela ofega, ela é mais baixa
do que eu, mesmo assim estou determinado a não
mudar de posição. Entro nela por trás, segurando
seu cabelo com uma das mãos, seu seio com a
outra. A cada estocada ela geme mais alto, e a cada
estocada eu sei que penetro mais fundo.
— Diga se estiver sendo demais. — Mordo sua
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orelha e ouço mais um gemido.


Então, eu não me seguro, meu aperto no seu
cabelo fica mais forte e minhas estocadas mais
rápidas, Leah grita quando aperto seu seio na minha
mão. Ela acompanha o ritmo e entro cada vez mais
fundo.
As mãos dela segurando a cabeceira da cama
mantêm nosso equilíbrio. Meu corpo está
irracional, sem freio.
— Puta merda — falo, mas tenho certeza que
ela não me ouve, porque eu sinto seus músculos
apertarem em volta do meu pau. — Grite meu
nome — ordeno quando começo a acelerar mais o
ritmo.
O corpo dela se eleva um pouco na última
estocada eu gozo ouvindo-a gritar meu nome.
Envolvo um braço na sua cintura, e sento na
cama com ela no meu colo, e eu ainda estou dentro
dela. Meu peito está suado e grudento, isso é
irrelevante, pois as costas dela estão grudadas nele,
e nossa respiração está na mesma sintonia. Leah
não fala nada, mas sua cabeça está encostada no
meu ombro.
— Tudo bem aí?
— Uhum — é só o que ela diz, seus olhos estão
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fechados.
— Esperava ganhar mais do que um uhum. —
Tiro o cabelo que está grudado na sua testa.
— Quando eu conseguir formar alguma frase eu
falo. — Seus olhos ainda estão fechados e percebo
o quanto ela é atraente.
— Já disse que você é linda?
— Uhum. — Ela sorri. Beijo o topo da sua
cabeça.
— Hora do banho?
— Acho que vou precisar de ajuda. — Sorrio e
ajudo-a a se levantar.
— O banheiro é ali. — Ela aponta para uma
porta, vou até lá e retiro o preservativo jogando no
lixo em seguida.
Volto para o quarto e a encontro esparramada
na cama. É uma bela visão, deitada abraçada a um
travesseiro, sua bunda à mostra para minha
apreciação.
Eu sempre apreciei mulheres com curvas, e
Leah é a perfeição, pequena e com curvas tão
perigosas quanto as que ela deve correr. E isso para
um homem é uma perdição.
— Ei moça, que tal um banho? — Toco no seu
cabelo e ela apenas geme em resposta.
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Estou sendo carregada para o banheiro por


Jason Willers. Um Jason Willers nu, diga-se de
passagem. E isso é tão bom, é o céu, para falar a
verdade.
Devo ter cochilado quando ele foi ao banheiro,
porque a última coisa que me lembro é ele me
chamando para um banho, minha resposta foi algo
como: dane-se o banho, mas acho que minha boca e
meu cérebro estavam desconectados e o que saiu
foram apenas gemidos.
Parece ser a única coisa que Jason consegue
arrancar de mim, gemidos, muitos deles. E talvez
alguns gritos.
Nada do que saía sobre ele na mídia poderia ser
verdade, o contido, sério e responsável dos irmãos
Willers era um puta pervertido na cama. Ele faz
meu mundo tremer.
E o que acabou de acontecer?
— Sexo — ele responde a minha pergunta
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enquanto lava meu cabelo.


Sim, estamos dentro da minha banheira, e Jason
está sentado atrás de mim, e lavando meus cabelos.
Então, percebo que minha pergunta saiu em voz
alta.
— Desculpe. — Sorrio com a gafe.
— Não há nada demais em gostar do que
acabamos de fazer, Leah.
— Não foi isso que eu quis dizer. — Gemo
quando seus dedos massageiam meu couro
cabeludo.
— Mas age como se fôssemos ser flagrados
pelo seu pai com uma pistola a qualquer momento.
— Acredite, meu pai pouco se importa com
quem eu transo.
— Eu não acredito nisso.
— Ah sim, a filha rebelde, lembra? Eu contei
isso. — Sinto seu corpo ficar tenso. — Ok,
mudança de assunto, o que você vai fazer amanhã?
— O que eu tenho feito desde quando eu
cheguei?
— Nada? — pergunto.
— Exatamente. — Sua afirmação faz uma
pontada de culpa se instalar no meu peito, Jason
está aqui esperando para falar com Helena, apenas
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isso.
— O que você acha de sairmos mais tarde? —
ele pergunta me pegando de surpresa.
— Não dá, tenho treino amanhã cedo. — Minha
alegria se esvai.
— E por que você quer saber sobre os meus
planos para amanhã?
— Pretendia convidar você para ir assistir ao
treino.
— Pretendia? — Ele para de massagear e nos
reorganizamos na banheira. Ela não é muito grande,
mas, pelo menos, não ficamos desconfortáveis.
— Gostaria? — pergunto indecisa, estamos de
frente um para o outro e a Leah corajosa resolveu
dar lugar para a Leah indecisa.
De onde saiu essa mulher? E por que ela tem
vontade que ele a veja correr?
— Eu não tenho nada melhor para fazer, então.
— Ele dá de ombros.
— Nossa, você é ótimo em motivar pessoas. —
Jogo um pouco de espuma nele.
— Estou brincando, irei com prazer.
Meu sorriso se expande e a indecisa Leah dá
lugar para uma Leah ansiosa. E eu não gosto
nenhum pouco dessas novas Leahs.
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O que era para ser somente um momento de


sexo, se estende até o meio da noite. Jason e eu
acabamos dormindo pelo resto da tarde e pedimos
pizza para o jantar.
Conversar com ele dá a impressão de que todos
os problemas viram fumaça. Seu sorriso e a forma
apaixonada com que ele fala do trabalho e do irmão
só provam o quanto ele é especial.
Quando ele vai embora, finalmente fico com
meus pensamentos. Pela forma carinhosa que ele
mencionou Oliver e a possível cunhada Bree,
Helena não conseguiu destruir a relação dos dois.
Ele também não tocou no nome dela, o que na
verdade não me surpreende. Jason quase nunca toca
no nome da Helena.
Com a lembrança do nome dela, pego meu
celular e verifico as mensagens, ela não me
respondeu a última, mas visualizou. A vaca e a sua
mania irritante de responder só quando tem
vontade.
Eu deveria ter dado uns bons socos nela quando
tive oportunidade.
Quando, enfim, fecho os olhos, percebo que
minha vida foi de: quero passar no teste para piloto,
para: quero passar mais tempo com Jason Willers.
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Acordo às cinco da manhã, meu corpo ainda


está dolorido do sexo de ontem. Antes de ir
embora, Jason me garantiu mais um orgasmo e me
prometeu que estaria hoje no treino. Ele iria com
Tommy e me encontrariam lá.
Às oito em ponto, já estava no box para o início
de uma reunião. Gabriel estava lá, e me tratou
como de costume. Aqui éramos colegas de
trabalho, e não misturávamos as coisas.
— Espero que você dê o seu melhor hoje, Leah
— ele diz quando finalizamos.
— Eu vou dar.
— Alguns patrocinadores assistirão, é uma boa
chance para você. Caso não consiga a vaga de
piloto, ainda pode colher bons frutos.
— Eu vou conseguir essa vaga, Gabriel — falo
fechando meu macacão.
— Eu sei que vai. Essa é minha garota. — Ele
sorri e me entrega o capacete.
Quando estou colocando, meu sorriso se
expande, e vejo Jason e Tommy, eles estão
próximos, e não sei por quanto tempo estão
esperando.
— Garota dele? — Tommy diz com desdém
quando Gabriel se afasta.
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— É só uma maneira de falar, Tommy, não


precisa fazer drama.
— Não estou fazendo drama, apenas não gosto
do Gabriel. — Sim, isso não é nenhuma novidade,
Tommy na verdade odeia Gabe, e acho que está
diminuindo esse ódio por educação, já que Jason
está aqui.
Ele não para de me olhar desde o momento que
percebo sua presença. Não menciona Gabriel. Mas
seus olhos, ah, eles dizem tudo.
— Que bom que veio. — Sou sincera, ele se
aproxima e em vez de falar, Jason me beija.
Não é um beijo possessivo, ou depravado. É um
beijo suave, gentil. Um beijo que diz que ele está
aqui. Meu coração desmorona com esse beijo.
— Acho que alguém vai ter que rever o
significado da palavra minha — Tommy diz
sorrindo e olha na direção de Gabe.
Jason apenas pisca e sai do box com Tommy,
olho em volta e todos estão me encarando. As
mulheres sorriem feito bobas, os caras fingem que
não viram nada, mas Gabriel, não há confusão nos
seus olhos, há entendimento.
Coloco o capacete e vou para a pista, ignoro a
presença de Jason e tento tirá-lo dos meus
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pensamentos. Mesmo que meus lábios ainda


estejam quentes por causa do beijo, minha
concentração está toda na pista.
É apenas um treino, mas meu coração diz que
vai ser muito mais do que isso.
Trinta voltas, esse é o total de hoje. E eu chego
em primeiro lugar.
Minha equipe está vibrando, até mesmo
Gabriel. Quando paro o carro ele é o primeiro que
vem me parabenizar.
— Ah garota, essa vai ser a nossa temporada.
— Suas palavras me fazem sorrir. É exatamente
isso que eu quero.
— Esse é o plano — respondo entregando meu
capacete.
— Então, aquele cara é o motivo de você ter me
parado na outra noite? — Gabriel pergunta quando
andamos para o box.
— Gabe, Jason é meu amigo. — Ele me olha,
em seguida olha para onde Tommy e Jason estão.
— Melhores amigos pelo que eu vi. — Fico
sem saber como responder, logo somos cercados
por toda equipe.
Só consigo me desvencilhar de todos uma hora
depois, Gabriel fica conversando com alguns
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patrocinadores, que estão bastante impressionados


com meu desempenho, mas minha vontade é
chegar a Tommy e Jason. Encontro os dois
conversando em uma lanchonete.
— Olha só, os senhores saudáveis estão no fast
food? — zombo puxando uma cadeira.
— Tink, você foi perfeita. Quase me matou do
coração, mas foi perfeita — Tommy fala entre uma
mordida e outra.
— Obrigada.
— Ele tem razão, não tinha ninguém melhor do
que você naquela pista, Leah. — Jason pega minha
mão e a beija.
— É para isso que estou aqui — digo, mas toda
minha alegria se esvai quando o conhecimento de
tudo que eu fiz me atinge.
Tudo o que eu sempre quis foi essa chance, e
não medi as consequências para conseguir. Certo e
errado? Não para mim, não para alcançar meu
sonho.
E agora, Jason me olha orgulhoso, sua mão
segurando a minha com firmeza, e eu estou me
sentindo um lixo.
Disfarço ao máximo meu mal-estar, Tommy é
uma excelente distração, ele tagarela o tempo todo
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com Jason, e isso me tira do centro da conversa.


Helena me enviou uma mensagem mais cedo, mas
eu ignorei, mesmo assim ainda não é hora de
responder. Se a vadia mimada pode me ignorar, eu
também posso.
— Jason, e Helena? Tem falado com ela?
Pensando no diabo. Penso comigo mesma
quando Tommy faz a pergunta para Jason, estamos
indo para o estacionamento, Tommy e Jason
vieram de táxi, então vamos todos juntos no meu
carro.
— Falei com ela ontem à noite. — Isso chama
minha atenção.
— Que horas? — a pergunta sai antes que eu
possa impedir, Jason saiu tarde da minha casa, foi
depois disso que ele falou com ela? Qual era a
porra do fuso horário em Paris mesmo?
— Logo depois que saí do seu apartamento. —
Ótimo, isso chama a atenção do Tommy.
— Vocês estão se pegando escondido?
— Não — falamos ao mesmo tempo.
— Já falei que isso é fofo, não é? — Tommy
sorri.
— Não estamos nos pegando — digo para ele.
— Estamos aproveitando o tempo — Jason diz
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e me olha, ele espera que eu responda alguma


coisa, mas decido não falar nada, ignoro as piadas
de Tommy durante o trajeto, Jason também, já que
fica o tempo todo no celular. Meu volante e a
música nos alto-falantes são bem-vindos.
— Quais são os planos? — pergunto para
Tommy e Jason quando estaciono o carro.
— Sou todo seu, Tink — Tommy responde.
— Tenho trabalho para fazer, chegaram alguns
contratos novos e Oliver quer que eu dê uma olhada
antes — Jason fala enquanto esperamos o elevador.
Uma parte de mim fica decepcionada, outra parte
deseja ficar a sós com Tommy.
— Tudo bem, nos vemos no almoço? —
pergunto distraída.
— Conte com isso. — Jason beija meus lábios
antes de seguir para o apartamento do Tommy, é
como se do nada fôssemos um casal.
— Rápido demais? — Tommy fala exatamente
o que estou pensando.
— Talvez — minto.
— Ah Tink, você pode enganar qualquer um,
mas eu sei que você quer fugir para as montanhas.
— Não quero fugir. — Abro a porta do meu
apartamento.
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— Então, por que você está com essa cara de


dor de barriga? Eu sei que você não consegue ficar
muito tempo no mesmo ambiente do cara com
quem está saindo. Você vai para cama com eles, e
logo em seguida os despacha.
— Não é nada disso, Tommy, Jason é diferente.
— Diferente? Eu preciso me sentar? — Como
meu amigo é dramático.
— Vem, eu preciso contar algumas coisas.
Tommy me olha assustado, eu sei que ele acha
que estou com receio dessa atitude repentina do
Jason, na verdade, eu estou um pouco, mas não é
isso que me apavora.
Meu objetivo sempre foi muito bem traçado, e
ter um relacionamento nunca esteve nos planos,
Gabriel sabe disso, por isso é fácil de lidar, e eu sei
que Jason só está aqui de passagem, mas eu sinto
que não será uma estadia tranquila.
A tempestade está chegando, e ela tem um
nome: Helena.
É a merda do efeito colateral.
— Então, o que você tem de tão assustador para
contar? — Tommy está sentado confortavelmente
no sofá.
— Jason ainda não sabe que Helena e eu somos
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irmãs.
— Eu meio que já tinha percebido isso, Tink,
mas e daí? Metade do seu círculo de amizade não
sabe, vocês duas não são as melhores amigas.
— Jason foi namorado da Helena, Tommy.
— Isso também é meio óbvio, o cara está aqui
esse tempo todo esperando-a voltar. Ou é um ex, ou
um traficante cobrando alguma dívida. Prefiro
sempre pensar na primeira opção. — Não consigo
conter o sorriso.
— Ele é o pai do filho dela. — Vejo os olhos do
meu amigo se alargarem, muito. Ele pisca algumas
vezes e eu sei o que ele está tentando fazer.
— Onde você quer chegar com isso, Leah?
— Ele vai ficar uma fera quando souber quem
eu sou — digo derrotada. — E vai ficar ainda mais
quando souber o que eu fiz, Tommy.
— E o quê, exatamente, você fez?
Olho para o meu amigo por alguns segundos,
meu celular vibra avisando que tenho uma
chamada. Olho o visor e o nome da Helena é o que
aparece na tela. Deixo o telefone de lado e decido
falar tudo que estou escondendo.
Tommy é meu melhor amigo, mas ninguém
além da minha família sabe o que realmente
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aconteceu.
Meia hora depois eu tenho um Tommy muito
calado, duas chamadas perdidas da Helena, e um
monte de vergonha acumulada.
— Ele vai ficar uma fera com você — meu
amigo diz. — Porra, eu estou uma fera com você,
Tink.
— Eu sei, Tommy, me desculpe.
— Isso é… — engulo em seco — baixo. Muito
baixo, Leah. — Tommy tem razão, e agora eu nem
consigo olhar em seus olhos.
— Eu agarrei a primeira chance que eu tive,
Tommy. — Tento me defender — Era meu sonho.
— Eu sei, ninguém melhor do que eu sabe o
que é correr atrás de um sonho, Leah, mas o que
você fez, é repugnante.
— Sei disso. — Cruzo minhas mãos com
nervosismo.
— Mas, eu sou seu amigo e a última pessoa que
poderia te julgar. Só que você tem que contar para
o Jason, sabe disso, não é?
— Eu sei.
— Tem que contar tudo, Leah, não só que você
é a irmã da Helena.
— Ela não vai dizer nada.
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— Ela não vai, mas você sim. Prometa que


você vai contar para ele?
— Tommy… — gemo.
— Prometa, Tink. Aquele cara é um homem
bom, e eu sei que ele gosta de você, e você também
gosta dele, ou não estaria tão arrasada só com o
simples pensamento de ele descobrir tudo.
— Ele é… diferente, acho.
— Como?
— Diferente do tipo que eu tive vontade de vê-
lo acordar — conto para Tommy o que está me
incomodando.
Na primeira noite em que transamos, senti algo
novo. Vontade de dormir com alguém. Eu queria
me enrolar nos braços do Jason até adormecer.
Queria sentir sua respiração acalmar até que ele
pegasse no sono. Eu queria observá-lo abrir os
olhos ao acordar.
Eu queria mais do que uma noite com Jason
Willers.
— Eu preciso de um tempo — digo para
Tommy, estou deitada no sofá com a cabeça no
colo dele.
— Aproveite enquanto a vaca da sua irmã ainda
está viajando, mas converse com ele antes dela
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chegar. Você sabe que a versão dela vai deixar


muito livro do Nicholas Sparks no chinelo.
— Vou fazer isso, obrigada por me ouvir,
Tommy. — Abraço suas pernas.
— Sempre aqui, Leah.
Tommy continua afagando meus cabelos e eu
esqueço meus problemas por alguns minutos.

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Desde que consigo me lembrar, sempre adorei


esportes. Oliver e eu costumávamos assistir a
muitos jogos, mas corridas de carro, eu nunca tinha
presenciado ao vivo.
E porra, foi emocionante.
O barulho dos carros na pista, a velocidade com
que passavam, não era possível distingui-los.
Completamente diferente do que assistimos na TV.
Ver Leah correr foi apenas a cereja no topo do
bolo. Ela estava linda e gostosa demais naquele
macacão. Não consegui conter a vontade de beijá-
la. E eu, provavelmente, não vou conseguir conter o
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desejo de pedir que ela use aquele uniforme quando


estivermos no quarto.
Enquanto ela e Tommy estão no apartamento
dela, vou para o meu quarto para ler alguns
contratos novos do Oliver. Meu irmão tem um
agente, mas tudo passa por mim, mesmo que Oliver
dê a palavra final, ele sempre me ouve. Ele é meu
ídolo, mas eu sou o seu braço direito.
E por ele ser meu ídolo, estou sentado há
algumas horas relendo sobre uma proposta de
contrato com uma famosa marca esportiva.
É um contrato vitalício, algo raro hoje em dia,
dado somente para atletas de ponta. Meu peito infla
de tanto orgulho. Esse é o meu irmão, foi para isso
que ele treinou. Todo foco, disciplina, ele é um
exemplo a ser seguido no boxe.
Mesmo com alguns tropeços, sua carreira é
nada menos que brilhante.
— Ei, cara, como estão as coisas? — pergunto
assim que ele atende.
— Acho que você pode me chamar de expert
em desenhos animados com pôneis — ele diz, e
consigo ouvir uma risada ao fundo. Bree, eu
suponho.
— Você pediu isso, agora aguenta, papai.
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— Não estou reclamando.


— Eu sei que não está. Ouça, estou com o
contrato daquela marca esportiva aqui.
— O vitalício?
— Sim, esse mesmo.
— O que você achou?
— Sinceramente? Regras demais, Oliver.
— Eu sei — ele diz, era um excelente contrato,
mas vinha amarrado a tantas cláusulas que não
tenho certeza se Oliver poderia cumprir.
— A não ser que você esteja disposto a virar
um monge. Talvez funcione.
— Em breve eu serei um cara casado e com
uma filha, isso deve ser melhor que um monge.
— Casado? Você a pediu em casamento? —
pergunto curioso.
— Ainda não. Mas vou pedir, ela vai aceitar,
fim da luta.
— Nunca duvidei da sua persistência. — Deixo
o contrato na cama e vou até a cozinha.
— E você? Como estão as coisas?
— Tudo bem. — Minha voz sai mais animada
do que eu gostaria.
— Pela animação você já conversou com a
Helena — ele não pergunta.
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— Não, ela ainda não voltou.


— Então, você está saindo com alguém?
— Você vai dar uma de pai agora?
— Eu sou seu irmão mais velho, em algum
momento eu preciso assumir as rédeas.
— Oliver, você não consegue controlar nem o
seu saldo bancário.
— Tem razão, mas ainda posso derrubar você,
irmãozinho.
Sorrio para sua ameaça, Oliver tenta descobrir
quem é a mulher que estou saindo, mas não
consegue muita coisa, a não ser a profissão. E
assim como eu, ele fica impressionado.
Conversamos mais sobre o contrato, e decidimos
resolver quando eu voltar para casa.
Quando desligo, noto uma mensagem de
Tommy avisando que pediram o almoço e que
estão me esperando. Agradeço por isso, meu
estômago ronca com a menção de comida.
Tomo uma chuveirada rápida e logo estou no
apartamento da Leah. Nosso almoço é tranquilo,
acompanhado de muita conversa, principalmente da
parte do Tommy, o cara parece ser uma máquina de
produzir assunto. É interminável.
Oliver iria detestá-lo, penso.
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Leah está um pouco distante. Sorri quando


necessário, responde quando solicitada, mas seus
olhos não estão como antes. Não vejo aquele
brilho, que é praticamente sua marca registrada.
— Você não quer me acompanhar em uma
sessão no final da tarde? — Tommy pergunta. Eu
olho para Leah e imediatamente sei a resposta.
— Acho que vou ficar por aqui.
— Por aqui, você quer dizer aqui — ele aponta
para o chão —, ou por aqui no meu apartamento?
— sua pergunta me faz sorrir.
— Responde você, Leah. — pergunto para
Leah.
— Eu? — ela responde assustada.
— Nossa, era muito melhor quando vocês se
pegavam escondido. Vou indo.
Tommy se despede e Leah começa a tirar os
pratos. Ela não fala nada e isso me incomoda.
— Qual o problema? — Pego meu prato e levo
para pia.
— Apenas cansada.
— Quer que eu vá embora?
— Não — ela não hesita — Topa assistir a um
filme? — mesmo sem o brilho nos olhos eu sei que
seu convite é sincero.
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— Tudo bem.
Ajudo Leah com a louça e em seguida vamos
para o quarto. Ela ajusta a TV e deita ao meu lado
na cama.
— Eu tenho direito de escolha? — pergunto
quando ela começa a passar pela lista de filmes.
— Acho que não, minha casa, minha cama,
minha TV.
— Isso pode ter volta, sabia?
— E como você pretende fazer isso? — ela me
desafia.
— Convidando você para minha casa.
— Sua casa? Em Seattle?
— Sim, você pode ir me visitar, não existe
nenhuma lei que proíba isso.
— Eu…
— Leah, é só um convite. Se você quiser me
visitar um dia, eu vou receber você.
— Eu sei disso.
— Não parece, você ficou branca.
— É só o cansaço — ela se justifica, mas eu
não acredito.
Ela coloca em um filme de ação, que tenho
certeza que foi escolhido de forma aleatória,
estendo meu braço trazendo seu corpo mais para
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perto. Não demora muito para que ela esteja


praticamente com o corpo grudado ao meu.
As pernas dela estão entrelaçadas nas minhas,
sua cabeça está descansando no meu peito, e seu
braço me envolve. É meio apertado, mas é uma
sensação maravilhosa, uma sensação que eu nunca
tive vontade de ter.
Adormeço no meio do filme e quando acordo,
Leah está na mesma posição. Saio da cama devagar
para não acordá-la e vou até o banheiro.
Quando saio olho meu celular e uma mensagem
me chama a atenção.
Helena: Acho que vou chegar antes do
previsto.
Helena: Você ainda está em Los Angeles?
Helena: Mando uma mensagem assim que
souber melhor sobre a data.
Respondo em seguida.
Jason: Ainda em LA, aguardo a sua
mensagem.
— Você não se desliga nunca desse celular? —
A voz de Leah me assusta.
— Era Helena.
— O que ela queria?
— Apenas dizer que vai voltar antes do
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previsto.
— Certo.
— Você vai me dizer qual é o problema? —
Sento na cama.
— Você topa ir comigo a um lugar? — ela
muda de assunto.
— E nesse lugar você vai me contar por que
está assim?
— Você não vai desistir, não é?
— Não até ver o que eu tanto gosto.
— E o que seria isso?
— Seus olhos brilhando.
Leah sorri, dessa vez um sorriso de verdade.
Ele dá vida ao seu rosto.
— Você tem meia hora para trocar de roupa e
me encontrar no estacionamento, Jason Willers.
— A senhorita é quem manda.
Beijo sua boca. Ela corresponde de imediato.
Sua mão na minha nuca, pressionando o suficiente
para me manter ali.
— Meia hora — ela fala quebrando nosso beijo.
— Eu vou terminar o que eu comecei.
— Eu nunca duvidaria disso — ela diz antes de
eu fechar a porta do quarto.
Como combinado, em meia hora estou
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encostado no carro na garagem esperando a Leah,


para variar, ela ainda atrasa dez minutos.
— Porque você estipula um horário se não vai
cumprir? — Aponto para o relógio assim que ela
aparece na garagem.
— Desculpe, estava em uma ligação com a
minha mãe.
— Momento tenso?
— Todos os momentos com a minha família
são tensos, nada que eu já não esteja acostumada. E
seu irmão? Tem falado com ele? — Leah destrava
as portas.
— Falei com ele mais cedo, está bastante
ocupado com a nova função de pai.
— Deve ser interessante. — Ela liga o carro.
— Oliver merece esse momento.
— E você? Não merece? — Leah vira o rosto e
me olha.
— Eu não sei, mas estou determinado a
descobrir.
Ela não fala mais nada, o som é ligado e logo
estamos na rua. Leah não fala durante todo o
trajeto, porém, logo eu reconheço.
— O que vamos fazer aqui?
— Você já gritou, Jason?
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— Que tipo de pergunta é essa? Claro que já.


— Leah estaciona o carro e desliga o motor.
— Estou perguntando se você já gritou, não um
grito qualquer, mas aquele grito que vem do fundo
da sua garganta, o tipo de grito que serve para
extravasar. Seus medos, desejos, frustrações. Esse
tipo de grito.
— Acho que não. — Ela abre a porta do carro e
eu a sigo — O que vamos fazer aqui?
— Eu vou fazer você gritar, Jason.
Leah aponta para um carro que está parado na
entrada da pista. Não é o carro que ela corre, é um
modelo parecido com o da Stock Car, com dois
lugares. Merda.
— Isso é alguma piada? Você vai nos matar.
— Confia em mim, ok?
Eu não acreditei nas palavras que saíram da
minha boca logo em seguida, creio que até ela
duvidou. Mas, aqui estou, sentado no banco do
carona de um carro de corrida, com uma pista à
nossa disposição, exceto por um detalhe.
Está escuro, apenas o farol do carro ilumina o
trajeto. Mesmo assim, aquele olhar determinado é
suficiente para me fazer confiar.
— Pronto? — Ela sorri.
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— Não? — respondo e seu sorriso se amplia.


O motor começa a surgir para vida, Leah ajusta
o farol, passa a marcha do carro e logo ele está se
movendo.
Corrigindo, o carro está voando. No sentido
literal da palavra.
100, 110, 240 km/h… Estamos rápidos demais,
o chão parece ter sumido, e eu não sei como ela
consegue dirigir com tão pouca luz. Então, quando
ela faz a terceira curva, seu objetivo é alcançado.
Estou gritando. Em plenos pulmões.
Pânico, alívio, raiva, frustração. Tudo saindo
em forma de estrondo. É tão estranho, minha vida
era fácil, simples. Era só seguir as regras, e agora
eu estou em um carro com uma mulher, que é quase
uma estranha, gritando tudo que está acumulado
dentro de mim.
Raiva do meu pai.
Raiva da Helena.
Raiva do meu irmão.
Sentimentos que eu julgava superados, mas
não. Eles estavam escondidos, prontos para me
sufocar.
— Tudo bem com você? — Leah me olha
apreensiva, ela completa duas voltas e agora
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estamos no meio do trajeto do que seria a terceira


volta.
— Acho que nunca estive melhor.
— Isso é bom.
Viro o rosto para olhar em seus olhos, ela me
olha com tanta intensidade que não resisto, libero o
cinto e seguro seu rosto com as duas mãos.
— Leah, você me fez gritar.
— Eu sou boa nisso.
— Não, você não está entendendo. Eu
realmente gritei.
— Era essa a intenção, não era? — Seus olhos
brilham divertidos. Ah, o brilho, aquela faísca está
lá.
— Estamos sozinhos aqui? — pergunto sem
tirar as mãos do seu rosto.
— Sim.
— Então, vai ser a minha vez de fazer você
gritar. Saia do carro. — Ela obedece, suas mãos
tremem quando ela tenta liberar o cinto de
segurança e eu ajudo.
— Você sabe que o capô está quente, não é? —
Olho o carro e avalio as minhas possibilidades.
— Sempre temos a lateral. —Leah sorri e
pressiono-a na porta. — Você não deveria ter vindo
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com esse jeans. — Começo abrindo sua calça, ela


sorri com a cena.
— E você também.
Tiro seu tênis, o jeans e a calcinha e jogo dentro
do carro, ela me ajuda retirando a blusa, e fica
apenas de sutiã. Ajoelho na sua frente, pego uma
perna e coloco sobre meu ombro.
— Apoie-se. — Leah se apoia na lateral do
carro e eu começo a lambê-la.
Ela geme alto quando minha língua toca seu
clitóris. O vazio da pista faz com que o som do seu
gemido fique mais alto, e isso me excita. A cada
toque da minha língua o corpo dela responde, seu
quadril movimenta devagar, implorando por algo a
mais.
Enfio um dedo ao mesmo tempo em que minha
língua trabalha, ela vai ficando cada vez mais
molhada, e eu praticamente posso beber cada gota
que vem dela. Leah geme e rebola devagar, meu
dedo entra e sai no mesmo ritmo da minha língua e
quando sei que ela está chegando perto, eu paro.
Retiro sua perna do meu ombro e pego um
preservativo na carteira, não tenho tempo para tirar
a roupa, abro meu jeans descendo apenas o
suficiente.
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— A camisa, tira, Jason. — Coloco o


preservativo e obedeço, eu sei que ela quer me
tocar e eu deixo, aproximando meu corpo do dela.
Leah passa a mão pelo meu abdômen, ela
explora meus mamilos, testando minhas reações,
meu pau pulsa cada vez que ela arranha.
— Vire-se. — Ela vira e se empina. Eu a
penetro com força.
Leah grita, e um sorriso surge no meu rosto.
— Minha vez de fazer você gritar — falo no
ouvido dela.
— Jason…
— O quê? — Saio do corpo dela.
— Faça-me gritar.
— Será um prazer.
Seguro sua bunda com as mãos e ajusto o
ângulo. Entro nela sem pressa, devagar e quando
ela começa a rebolar, eu faço o que ela me pediu.
Leah grita cada vez que eu a penetro, uma, duas,
três vezes. Cada vez mais forte que a outra, cada
grito maior que o outro, até que o grito dela se une
ao meu e estamos gozando juntos no meio de uma
pista de corrida escura.
— Você fica linda depois de um orgasmo. —
Beijo seu rosto depois de ajudá-la a se vestir.
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— E você está adorando ter sido a causa dele.


— Eu não vou mentir. — Pisco para ela e dou a
volta no carro. Dessa vez eu vou no banco do
motorista, Leah diz que perdeu temporariamente as
habilidades de andar, o que me faz rir ainda mais.
Deixamos o veículo no mesmo lugar, em
seguida vamos para o apartamento. Ela me deixa
dirigir o carro, depois de muita insistência, mas
relaxa quando percebe que seu carro está em boas
mãos.
— Você quer que eu peça nosso jantar? —
pergunto quando chegamos ao prédio.
— Qual a chance de você pedir um
hambúrguer?
— Zero.
— Droga. — Ela faz bico.
— Mas deixo você pedir uma sobremesa. —
Pisco e saímos do carro.
— Nossa, você deveria me carregar, sabia?
Acho que descobri músculos inexistentes no meu
corpo.
— Será um prazer senhorita. — Pego-a e jogo
por cima do ombro, Leah grita e bate nas minhas
costas.
— Você não poderia me carregar de um jeito
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mais delicado? — Ela começa a rir.


— Você não é delicada. — Bato na sua bunda e
ela protesta.
Ainda estou com ela no ombro quando
entramos no elevador. Uma senhora entra e Leah
não consegue se conter, ela sorri histericamente
quando a senhora sugere que não temos mais idade
para esse tipo de brincadeira.
— Ai meu Deus, Jason — ela fala com
dificuldade.
— Quieta, mulher, sou eu que mando. — Bato
novamente na bunda dela.
— Aiiii. Isso doeu sabia? — Ela bate na minha
mão.
— Leah, se continuar me batendo assim,
prometo que amanhã vou levar seu café na cama,
porque você não vai nem conseguir sair dela.
Leah explode em uma risada, a porta do
elevador se abre, então eu vou em direção ao
apartamento dela. Quando estou chegando perto, eu
congelo.
Na minha frente, há uma mulher fechando a
porta do apartamento da frente do da Leah, o
apartamento da Helena.
E quando ela vira e nos vê, meu estômago
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revira. Ela me olha da cabeça aos pés.


— Jason, você vai me pôr no chão? — Leah
pergunta ainda sorrindo.
— Jason? — a mulher pergunta.
— Helena — não estou perguntando, ela pode
estar um pouco mudada, mas nunca seria incapaz
de reconhecê-la.
Sinto o corpo da Leah enrijecer e a coloco no
chão, ela tira o cabelo do rosto e olha para Helena.
— Leah? — Helena parece confusa. — Isso é
algum tipo de piada? Alguma vingança idiota?
Olho por olho?
— Do que você está falando? — pergunto.
— De você, Jason, com a minha irmã. —
Helena cruza os braços e eu perco a fala.

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Jason me coloca no chão e eu mal posso


acreditar nos meus olhos. Quando éramos crianças,
Helena sempre foi minha heroína. Minha irmã
sempre foi a garota popular que todos amavam.
Meus pais estavam orgulhosos, ela estava brilhando
em sua carreira de modelo, e logo seria uma esposa
troféu de um herdeiro milionário, filho de algum
dos sócios do meu pai.
Foi para isso que fomos criadas, as filhas
perfeitas. Pena que eu nunca quis ser assim.
Jason fica atônito, e eu não devia estar muito
diferente. Helena está bem ali, na nossa frente, nos
encarando, como se não fôssemos dignos da sua
atenção.
— Jason, eu…
— Acho melhor não falar nada agora Leah —
ele me interrompe.
— Precisamos conversar.
— Sim — ele vira e me encara —, mas antes eu
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vou fazer aquilo que estou esperando faz um bom


tempo.
Ele vira e olha para a minha irmã, ela está de
tirar o fôlego, sua postura não vacila nenhum
instante, o que não é novidade.
— Antes que você me acuse de alguma coisa,
Jason, eu acabei de chegar — ela se defende.
— Vamos acabar logo com isso. — Jason se
afasta e vai na direção dela.
— Falamos depois, Leah — Helena fala e abre
a porta para Jason entrar. Ele nem olha para trás, e
isso dói mais do que eu imaginava.
Helena entra logo em seguida e eu fico sozinha
no corredor. Sem mais ter a quem recorrer, pego o
celular e ligo para Tommy.
— Oi, Tink — ele atende e sua alegria, pela
primeira vez, não me atinge.
— Tommy… eu… — Começo a chorar
— Ah merda, estou chegando.
Desligo o telefone e vou para o meu
apartamento, não consigo olhar para onde eles
entraram, dói demais saber que no final, é com ela
que ele quer ficar. Que cara não ia querer isso? Ela
foi namorada dele, eles têm um passado juntos, e eu
sou apenas a irmã mais nova e mentirosa.
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Estou sentada no sofá quando Tommy chega,


ele não fala nada, apenas senta ao meu lado e me
abraça. E nesse momento, um abraço é tudo que eu
preciso.
Minutos, ou talvez horas passam, e eu ainda
não tive coragem de abrir a boca, estou deitada no
sofá quando Tommy traz uma caneca com café.
— Como ele reagiu? — ele pergunta assim que
pego a caneca da sua mão.
— Eu não tive tempo de contar, Helena chegou.
— Você sabe que ela só vai contar o que for
conveniente, Leah, você vai ter que contar tudo.
— Eu sei, Tommy, e também sei que ele não
vai me perdoar.
— Você não pode afirmar isso.
— Eu vi a raiva nos olhos dele, e não era raiva
da Helena, era raiva de mim. — Tomo um pouco
do café.
— Eles estão no apartamento dela?
— Sim, e não tenho ideia do que está
acontecendo.
— Você precisa deixá-lo resolver as coisas com
ela primeiro, só depois ele terá cabeça para
conversar com você, Leah.
— Eu estraguei tudo com ele, Tommy.
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— Não estragou, Tink, eu não conheço um ser


humano melhor do que você, Jason seria burro
demais se não visse isso. — Meu amigo pega
minha mão e aperta com carinho.
Ficamos em silêncio enquanto eu penso nos
poucos momentos em que meu coração acelerou
sem que eu estivesse em uma pista de corrida.
Jason Willers entrou na minha vida por acaso,
ou por uma enorme ironia do destino. Ainda não
tivemos a chance de nos conhecer realmente,
nossos gostos, as coisas que fazem com que as
pessoas sintam-se confortáveis umas com as outras.
Mas eu não precisei conhecer seus pais, ou saber de
onde ele veio, nem que comida ele gostava.
Jason tem algo que poucos homens têm, seus
olhos transmitem confiança. Seu abraço conforta e
traz segurança. Seu beijo é um convite para o
paraíso. É como se ele dissesse: eu sou o perigo,
mas você estará segura.
É confuso, mas era uma aventura que eu estava
disposta a arriscar.
E ao vê-lo entrar no apartamento dela, sem nem
ao menos me olhar, algo em mim se quebrou, e eu
não tinha certeza se poderia ser consertado. Não
por qualquer pessoa.
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Nunca havia questionado minhas escolhas, não


até conhecê-lo pessoalmente. É claro que eu já o
tinha visto por fotos, afinal, quem nesse país não
sabe quem é Jason Willers? O irmão do grande
lutador Oliver Willers. Mas, eu o conhecia como
todas as outras pessoas, conhecia o irmão que a
mídia mostrava, conhecia o cara que fez minha
irmã tomar uma decisão idiota.
Helena me contou sobre a noite que o flagrou
com duas mulheres em uma festa, ela me disse que
havia dormido com Oliver naquele dia. Jason foi
atrás dela algumas vezes, mas ela não conseguia
perdoá-lo, eu também desconfiava que ela não
conseguia se perdoar. Mas minha irmã era egoísta
demais, ela nunca assumia sua culpa.
Quando ela descobriu a gravidez, foi um
choque. Eu vi o pânico em seus olhos quando
olhamos juntas para o teste. Eu sabia que nossos
pais tinham todos os defeitos do mundo, mas
jamais renegariam uma criança. Então, eu tive a
ideia que sei que se tornou a minha ruína.
— Tink? — Tommy fala e eu acordo. — Está
tudo bem?
— Sim, que horas são? — pergunto para o meu
amigo.
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— Duas da manhã — ele fala desolado.


— Droga, Tommy, desculpe te segurar aqui. —
Sento no sofá e arrumo o cabelo, meu amigo estava
sentado no mesmo lugar e eu dormi no seu colo.
— Não se preocupe com isso, ok? Não é como
se eu tivesse algo melhor para fazer. — Ele tenta
sorrir.
— Ele ainda está lá? — pergunto receosa.
— Acredito que sim. Não ouvi nenhum barulho
de porta abrindo.
— Eles têm muito sobre o que conversar —
falo derrotada. — É melhor você ir descansar. —
Levanto e Tommy me segue.
— Não quer mesmo que eu fique aqui?
— Não, Tommy, eu agradeço, mas vou esperar
tudo se acalmar e depois vou conversar com Jason.
— Tudo bem, eu aviso quando ele chegar a
casa.
— Obrigada. — Abraço meu amigo e fecho a
porta. Não sem antes olhar para a porta da frente.
Droga, Jason, você colocou minha vida em
ponto morto.

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Eu queria bater em alguém. Pela primeira vez


em anos eu realmente queria bater em alguém. Não
por causa da presença da Helena, mas saber que ela
e Leah eram irmãs, essa informação era a única
coisa que eu não estava preparado para ouvir.
— Já faz meia hora que você está sentado nesse
sofá, Jason, e não falou nada.
Helena fala e eu a encaro, ela está sentada em
uma poltrona a minha frente, eu estava com tanta
raiva que preferi ficar calado, tentando absorver o
que ouvi lá fora, tentando não correr para o
apartamento da frente e gritar com Leah por ter me
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enganado.
Eu sempre soube onde estava me metendo,
sempre fui o cara responsável que não se envolvia
em algo que não conhecia. Pesquisava sobre as
pessoas, não confiava cegamente.
Leah me enganou, e eu estou me sentindo um
idiota.
— Por que você nunca me disse que tinha uma
irmã? — pergunto.
— Então, vocês dois estão transando mesmo!
— não era uma pergunta.
— O que eu tenho com a Leah não é da porra
da sua conta, Helena.
— Essa vingança idiota não vai mudar nada do
que aconteceu, Jason.
— Eu não estou tentando me vingar de você,
caso você não tenha percebido eu nem ao menos
sabia que ela era sua irmã — digo com desdém.
— A última vez que eu soube que foi
imprudente foi quando estava com duas mulheres
no seu quarto — ela joga de volta.
Eu levanto do sofá e vou até a sua poltrona, me
inclino colocando os braços um de cada lado,
prendendo-a.
— Aquilo foi imprudente, e para sua
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informação foi mais recorrente do que você pode


imaginar.
— Você é nojento.
— E você é desprezível, o que nos coloca no
mesmo nível.
— Afaste-se — ela ordena e eu volto para o
sofá.
— O que você quer? — Helena pergunta.
— A verdade — digo simplesmente.
— Eu não tive o bebê.
— Por que me contou, já que pretendia não
seguir com a gravidez?
— Eu queria fazer você sofrer. Satisfeito? —
Ela sai da poltrona — Eu queria que o grande Jason
Willers tivesse o coração partido assim como eu
tive quando vi você com aquelas mulheres.
— Jura? Seu coração quebrou tanto que você
dormiu logo em seguida com o meu irmão? — Eu
também estava de pé.
— Eu odeio vocês dois por isso.
— Você está nos culpando por ter sido uma
vadia?
— Você não entende, não é? Tudo em vocês é
tão perfeito — ela agita suas mãos no ar —, os
incríveis irmãos Willers.
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— Onde você quer chegar?


— Em mim! — ela gritou — Eu me odiei a
cada minuto depois que saí do quarto do Oliver.
Odiei tanto que mal conseguia encarar você quando
foi me procurar. E vocês fizeram isso comigo.
— Oliver não forçou você.
— Mas também não me parou.
Paro para absorver suas palavras, e a
consciência de que ela está certa me abala. Helena
não está totalmente errada nisso, Oliver e eu somos
tão culpados quanto. Sem perceber, meus braços a
envolvem e ela chora.
— Eu não sabia quem era o pai — ela fala entre
soluços.
— Não importa. — Tiro o cabelo do seu rosto,
sua maquiagem está toda borrada — Vamos deixar
isso no passado, ok?
— Me perdoe, Jason, eu sei que eu deveria ter
conversado com você, mas estava com tanto medo.
— Eu sei. — E sabia, Helena nunca mentiu
sobre o que ela queria ser, sua carreira de modelo
sempre foi o que importou. — Eu também te devo
desculpas. — Beijo o topo da sua cabeça.
Caminho com ela até o sofá e sentamos. Helena
me abraça e eu retribuo. Ela parece uma criança
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frágil. Eu nunca a vi assim.


— Estou sujando toda sua blusa — ela diz
sorrindo, enxugando as lágrimas em seguida.
— Não importa.
— Onde você está hospedado? — ela se
recompõe.
— No apartamento do Tommy.
— Thomas? No final do corredor? — ela
pergunta espantada.
— Sim, no final do corredor.
— Não sabia que vocês se conheciam.
— Nós não nos conhecíamos.
— Leah? — Eu concordo com a cabeça —
Jason, sobre ela…
— Eu vou conversar com a Leah, quando for a
hora. Agora as coisas precisam se resolver entre
nós dois, Helena.
— Eu só peço para você escutá-la quando ela
for se explicar, ok?
— Eu vou.
— Você mudou bastante. — Ela passa a mão
no meu rosto.
— Isso é ruim? — ela sorri.
— Mudar faz parte da nossa evolução, não é?
— E há quem diga que você é fútil. — Ela sorri
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com a minha observação.


— Você fazendo piadas é mais estranho do que
seu novo corte de cabelo.
— Eu posso concordar com isso.
Helena sorri, em seguida pede licença para ir
lavar o rosto. Enquanto ela sai, sinto meu coração
ficar mais leve. Como se um peso de anos tivesse
saído das minhas costas, mesmo ela não sabendo de
quem era o bebê, é uma perda que ainda me
machuca, todos temos direito de escolha, e ela me
privou disso.
— Eu não tinha muita coisa no armário, mas fiz
um chá para nós dois. — Ela traz duas xícaras e eu
aceito.
Pelas próximas horas ficamos conversando, ela
me conta como está indo sua carreira e diz que logo
irá para Tóquio, e que provavelmente passará um
ano por lá. Eu fico orgulhoso em ver o quão longe
ela chegou.
— Eu cheguei a ver algumas lutas do Oliver —
ela diz.
— Ao vivo? — pergunto curioso.
— Sim, eu vi algumas lutas daquele torneio em
Vegas. Estava fazendo um trabalho para uma
revista quando vi vocês no Hotel.
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— E não pensou em dizer um oi?


— Não seria prudente, não naquela época. —
Ela sorri.
— Oliver me contou durante aquele torneio
sobre o que aconteceu com vocês.
— Ele é um bom homem, Jason, nunca duvide
disso. Hoje eu vejo tudo o que aconteceu e acho
que todos nós tivemos nossa parcela de culpa.
— O tempo fez bem a você, sabia?
— As meninas crescem, Jason. — Ela deixa a
xícara de chá na mesinha e se aproxima — E você?
Como você está?
— No momento? De férias.
— Não foi isso que eu perguntei. — Ela se
agacha na minha frente e passa a mão na minha
perna, subindo até chegar ao meu peito — Como
você está aqui?
Essa pergunta me pega de surpresa e fico sem
saber o que responder.
— As revistas só falam que finalmente o
lutador foi nocauteado. Fotos do Oliver com uma
mulher e uma criança estão fazendo a festa dos
tabloides. Então, me diga, e você?
— Helena — meu tom é de advertência, seguro
seu pulso.
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— Me diga, Jason, se eu beijasse você agora, eu


seria retribuída?
— Não — a negativa sai tão rápido da minha
boca que me assusta.
Helena está bem à minha frente, com um
sorriso nos lábios. Ela é a mulher que eu amei
durante anos. E, agora, que estamos sozinhos eu só
consigo sentir simpatia.
— Eu esperava que dissesse isso. — Ela levanta
e se senta ao meu lado — Não machuque a minha
irmã, Jason Willers, ou eu vou machucar você. —
Ela aponta para o meu peito.
— Então, vocês duas não se odeiam? —
pergunto.
— Nós somos irmãs, podemos nos odiar, mas
não gostamos de ver a outra sofrer. Estou errada?
Não, ela não estava. Mesmo com toda raiva que
senti do Oliver na época eu não o odiei, ele é meu
irmão e eu sempre farei o possível para vê-lo feliz.
— Ela mentiu, Helena — meu tom é amargo.
— Todos mentimos em algum momento, Jason,
às vezes para nos proteger, às vezes para proteger
quem amamos.
— Não é tão simples.
— Você tem ideia de quanto tempo as pessoas
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perdem complicando as coisas?


— Agora você falou como a Leah.
— Está no nosso DNA. Acostume-se com isso.
— Certo, então agora o jogo virou e você está
me dando conselhos amorosos.
— Para usá-los com a minha irmã.
— E pensar que você era uma cadela egoísta.
— Eu ainda sou, mas amo a minha irmã, e já
amei você.
Sorrimos, como sempre Helena não deixa de
me surpreender. Seu amor pela irmã superou
qualquer expectativa. Ela estava mudada, com
certeza, mas não a sua postura imponente ou sua
aparência, mas a forma carinhosa que falava sobre
Leah.
Eu nunca vi Helena se preocupar com alguém,
mais do que consigo mesma. E isso é uma
verdadeira surpresa.
Ficamos conversando por muito tempo, conheci
mais sobre Leah Renard em uma noite do que em
todo o período que passamos juntos.
Helena me contou histórias da infância delas, e
como ficaram distantes com o tempo, cada uma
com seus sonhos e desejos. Cada uma com sua
personalidade.
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Enquanto Helena era tudo que os pais


esperavam, Leah era praticamente responsável por
todos os cabelos brancos deles.
Quando, finalmente, nos despedimos, o sol já
está surgindo. Helena abre a porta do apartamento e
nós olhamos para a porta da Leah.
— Se eu a conheço bem, ela não dormiu a noite
toda. — Ela me olha — Quando estiver pronto vá
até ela, Jason.
— Obrigado pela conversa — é o que consigo
dizer.
Helena me abraça e beijo a sua cabeça. Ainda
estamos abraçados quando um barulho chama
nossa atenção, Tommy está saindo do apartamento
dele com uma bandeja na mão.
— Ora, ora se não é Thomas — Helena diz.
Tommy nos olha com espanto, mas logo se
recompõe.
— Cuidado para não morder a própria língua,
Helena, morrer envenenada não deve ser legal —
ele diz.
— Um dia, Thomas, eu mordo você — ela fala,
em seguida sorri para mim. — Eu acho que vou
descansar agora, nossa noite foi longa.
Ela pisca e entra. Eu não sei o motivo, mas algo
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me diz que essa rixa deles vai muito além do que


aparenta.
— Noite longa, hein? — ele diz parando em
frente à porta da Leah.
— Eu vou dormir, até mais.
— Você pode, pelo menos, me ajudar a abrir a
porta? — Ele aponta para a porta e olha para suas
mãos. Ele está segurando uma bandeja com o que
parece ser o café da manhã.
— Leah tem treino daqui a algumas horas, eu
vou forçá-la a comer algo — ele justifica.
Eu não falo nada, abro a porta sem olhar para
dentro, em seguida vou direto para o meu quarto.
Acordo logo depois do meio-dia, ainda vestido
com a roupa da noite anterior. Tiro tudo e vou para
o chuveiro, eu preciso tomar algumas decisões, mas
para isso tenho que sair desse apartamento.
Tommy não está em casa, o que torna tudo bem
mais fácil. Preencho um cheque com o valor das
diárias do hotel que eu pretendia me hospedar. Em
seguida, escrevo um bilhete explicando minha saída
e agradecendo por tudo, e deixo o meu cartão.
Eu nunca fui um cara de fugir, mas eu sei que
Tommy tornaria isso um pouco difícil,
principalmente quando ele visse o valor do cheque,
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que foi o equivalente a três meses de hospedagem.


Mando uma mensagem para o celular da Helena
informando onde vou me hospedar, em seguida
para Oliver.
Chamo um táxi quando chego à recepção, e
logo em seguida estou a caminho do Hilton.
Quando me instalo na suíte, Oliver me liga.
— Vi sua mensagem, por que foi para um
hotel? — ele pergunta preocupado.
— Conversei ontem com a Helena.
— E aí? Como foi?
— Acho que você precisa ligar para ela. —
Pego um copo com suco e vou até a varanda.
— Eu? — ele parece confuso.
— Você deve um pedido de desculpas para ela
também, Oliver.
— Tá de brincadeira.
— Não, acredite, eu estou tão surpreso quanto
você, mas ela está bem mudada e nós conversamos
bastante.
— Ela disse de quem era o bebê?
— Ela não tem certeza.
— Besteira.
— Oliver…
— Jason, você acreditou mesmo em tudo que
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ela disse?
— Passamos a noite conversando, e sim, eu
acreditei.
— Vocês não transaram?
— Pelo amor de Deus, Oliver, o que você pensa
que eu sou?
— Até um tempo atrás era o cara que amava a
mulher com quem passou a noite conversando.
— Eu estava enganado quanto a isso também
— eu admito.
— Uau.
— Acho que precisávamos apenas conversar,
deixar tudo esclarecido.
— É a pilota, então?
— Talvez, mas essa é uma questão que eu não
quero falar agora.
— Droga, você é cheio de segredos.
— Ligue para ela assim que possível, ok? Você
também vai se sentir melhor.
— Certo. Você pretende ficar por quanto
tempo?
— Eu não sei. — E não sabia, ainda tinha
muitas coisas para resolver, e havia uma voz lá no
fundo que me dizia que eu deveria ficar.
— Ok, mas a Bree quer que você venha, vamos
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passar um tempo juntos aqui antes de ir para


Seattle.
— Ela já aceitou?
— Quase lá. Ei, fale aqui com uma pessoa. —
Ouço o telefone ser passado para alguém. — Alô?
— uma voz de menina ocupa o lugar da voz do
meu irmão.
— Oi — eu digo sorrindo.
— Você é meu tio Jason? — ela pergunta
receosa.
— Sim, e você é a minha sobrinha Sky.
— Como você sabe? — ela pergunta aflita.
— Porque ninguém mais me chama de tio
Jason.
— Jura?
— Juro, como você está?
— Feliz. — Sinto que ela está sorrindo, e em
seguida Oliver está novamente na linha. — Bree a
chamou para o banho, ela é uma graça não é?
— Preciosa — respondo sinceramente.
— Eu estou feliz, irmão, pela primeira vez eu
sinto que não falta mais nada na minha vida.
— Eu fico feliz por isso.
— E eu quero isso para você, seja lá o que
aconteceu com a sua pilota, se você sentir por ela
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algo parecido com o que eu sinto pela Bree, você


não vai perdê-la.
— Não sei se é a mesma coisa — digo e
encosto na sacada, a vista é linda e começo a
admirar o pôr do sol.
— A primeira vez que transei com a Bree, foi
como se o meu corpo estivesse sendo consumido
por chamas, e a cada vez que os lábios dela
encostavam nos meus, as chamas se acalmavam.
Quando ela foi embora naquela noite, meu coração
não se partiu, porque eu sabia que iria encontrá-la
novamente, e eu estava determinado a mover céu e
terra para isso.
— Eu sei.
— O que você não sabe, irmão, é que eu
sempre soube que você cuidou delas por mim,
enquanto eu mantinha meu foco nas lutas, você
cuidou dos dois amores da minha vida, eu agradeço
a você por isso.
— Como você soube? — Meu irmão sorri.
— Não importa, mas agora, Jason Willers, está
na hora de cuidar de si mesmo.
— Está falando como um irmão mais velho.
— Eu sou seu irmão mais velho.
— E é meu melhor amigo — falo e olho
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novamente o horizonte. — A gente se vê em breve,


irmão.
Desligo o telefone e fico admirando a vista.
Oliver tem razão, cuidei por tanto tempo dele,
mantive os olhos até na Bree e na Sky. Por isso que
ele sempre esteve tão tranquilo, ele sabia que eu
estava cuidando delas.
Bastardo.

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Nenhuma ressaca do mundo pode ser


comparada a uma noite mal dormida, não que eu
tivesse ido a uma festa, mas passar uma noite
revirando pensamentos que variavam entre pedir
perdão ajoelhada, e Jason chutando minha bunda,
era no mínimo esgotante.
Assim que o dia amanheceu, Tommy trouxe
meu café da manhã, eu já estava preparada para ir
ao treino, mas ele não deixou que eu saísse antes de
comer.
Não perguntei pelo Jason, mas sabia que algo
estava errado. Tommy estava agindo como uma
mamãe galinha ao meu redor.
Quando saí para trabalhar, não olhei para a
porta da frente, mesmo que minha vontade fosse
esmurrar a porta e tirar Jason da cama da Helena,
eu sabia que não tinha esse direito.
No treino, eu estava totalmente desconcentrada,
forçando algumas paradas e fazendo meu pior
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tempo.
— O que há com você? — Gabriel pergunta
através do sistema de comunicação. Eu ainda estou
na pista.
— Nada, vou me concentrar.
— Pare o carro na próxima volta, Leah.
— Não, eu vou me concentrar.
— Isso é uma ordem, Leah Renard.
Termino a volta e paro o carro. Gabriel não me
olha com cara de bons amigos. Droga.
— O que houve ali? — Ele aponta para pista.
— Apenas um dia ruim, Gabriel.
— Eu quase não reconheci você na pista, Leah.
— Eu não me reconheci, está bem? — grito
chamando atenção de todos, passo a mão no cabelo
tentando colocar em ordem a bagunça do meu dia.
— Você tem duas semanas para voltar a ser
você mesma — Gabriel rosna e sai em seguida.
Ele está falando do teste, o dia em que o piloto
principal vai ser escolhido. Eu tremo diante das
possibilidades. E algo que eu nunca senti antes vem
à tona. Medo.
Medo de não conseguir a vaga.
Medo que Jason não me perdoe.
Medo de ser o fracasso que meus pais sempre
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disseram que eu ia ser.


Volto para casa somente no fim da tarde,
acompanhei o treino do restante dos pilotos, todos
foram muito melhores do que eu.
Assim que tomo banho, alguém bate na minha
porta. Quando atendo, qualquer vestígio de alegria
se esvai.
Helena está parada na minha frente.
— Não vai me deixar entrar? — ela pergunta.
— Não tenho escolha. — Afasto para que ela
possa entrar.
— Não vou demorar — ela fala e senta no sofá.
— Fique à vontade — falo com desdém.
— Que tal pararmos com essa animosidade,
para começar?
— Desculpe, não estou em um bom dia.
— O que você tem com Jason? — ela é direta.
— Nada.
— Eu não acho isso. Não pela forma que eu vi
você rindo na noite passada.
— Ouça, se quer me dizer para sair do seu
caminho diga de uma vez, eu não tenho nada com
Jason, pelo menos nada que chegue perto do que
vocês tiveram.
— Ele gosta de você — ela diz.
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— Acredito que não. — Não depois de saber


que menti, penso.
— Por que você acha que eu quero ficar com
ele, Leah?
— Não quer? — Fico confusa.
— Quando você parar de me atacar e começar a
me escutar, talvez enxergue o que está bem na sua
frente.
— Do que você está falando?
— Eu não quero ficar com ele, Leah, eu não
amo o Jason.
— Mas…
— Mas… Você, como sempre, tira conclusões
precipitadas, nós tivemos algo no passado, mas já
acabou, e você sabe muito bem disso. Os irmãos
Willers não me fizeram muito bem. — Ela sorri
contida.
— Eu pensei…
— Pensou errado.
— Pare de me interromper — digo irritada.
— Então, pare de ser idiota. — Helena levanta
e eu faço o mesmo — Ouça, eu sei que não fui
muito legal nesses últimos tempos.
— Adicione anos.
— Que seja, mas você é minha irmã, e eu amo
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você. Jason e eu conversamos e deixamos nosso


passado onde ele deve ficar, no passado.
— E?
— E, eu não contei nada sobre o que aconteceu,
Jason só sabe o que precisa saber, Leah, não
estrague o que vocês podem ter. Eu sei que você
gosta dele, e ele gosta de você.
— Eu não posso esconder isso dele.
— A decisão é sua, apenas saiba que eu só
quero a sua felicidade.
— Quem é você? E o que fez com a minha
irmã?
— Ei! Estou apenas tentando consertar algumas
coisas, ok? Não sou uma cadela completa.
— Tommy pode discordar.
— Se você pensa que vou pedir desculpas por
ter dormido com o namorado dele, está enganada.
Tommy não merecia aquele cara.
— Tommy não era bom o suficiente para ele?
— Não, ele não era bom o suficiente para o
Tommy.
Helena dá de ombros e em seguida me abraça,
eu ainda estou tentando assimilar tudo que ela
falou.
— Eu vou em breve para o Japão, que tal
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passarmos um tempo juntas?


— Seu tempo quer dizer muitas idas para salões
de belezas?
— Sim! — ela responde eufórica, eu gemo —
Pode convidar o Thomas, mas eu não vou pedir
desculpas.
— Vou tentar organizar meu tempo, minhas
manhãs estão todas ocupadas durante duas
semanas, o teste está se aproximando.
— Você vai conseguir a vaga, Leah. Eu
acredito em você. — Não percebo quando uma
lágrima cai. Ela nunca tinha dito isso antes.
— Não gosto dessa sua versão — digo
enxugando uma lágrima.
— Está vendo? Eu tento ser legal, mas as
pessoas não colaboram.
Sorrimos, Helena passa a noite comigo, ela me
conta que irá para o Japão antes do meu teste, mas
diz que vai estar pensando em mim, seus olhos
brilham quando ela menciona um modelo japonês
que ela conheceu, ele vai ser seu anfitrião durante a
sua estadia lá.
Só então eu percebo, ela não está interessada no
Jason, minha irmã está apaixonada por outra
pessoa.
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Nós nos despedimos à noite, e pela primeira vez


em muito tempo eu sinto que vou sentir a sua falta.
Na manhã seguinte, meu despertador é
substituído pela voz de Tommy.
— Finalmente, você abriu os olhos. — Ele
parece impaciente.
— Nossa, alguém morreu?
— Eu, do coração. — Ele mostra um cheque.
— Puta merda. — Esfrego os olhos para focar
melhor, Tommy está em cima da minha cama
segurando um cheque de valor exorbitante bem na
minha cara. Mas quando eu olho a assinatura, meu
peito dói, e entendo o que aquilo quer dizer.
Jason foi embora.
Lágrimas começam a cair antes mesmo que eu
perceba, e logo meu amigo esquece o cheque e
começa a me consolar.
— Não sei o que fazer, rasgo? — ele pergunta
quando me recomponho.
— Não, ele só deixou isso? — Tommy mostra
o bilhete e o cartão com os contatos do Jason, nele
tem o endereço anotado na parte do trás.
— Esse valor é muito alto — Tommy fala
chocado.
— Se ele deu para você, é porque quer que você
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fique com esse dinheiro.


— Não sei — Tommy fala indeciso.
Pego meu celular e ligo para Helena, ela não
demora a atender.
— Eu estava dormindo, Leah. — Essa é a
minha irmãzinha.
— Jason foi embora e deixou um cheque em
um valor muito alto para o Tommy. Ele não sabe o
que fazer.
— Coloque no viva-voz. — Eu obedeço. —
Tommy, seu acordo com ele era que ele ia pagar a
hospedagem, certo? Então, pare com esse mimimi e
aceite a grana. Jason pode pagar, acredite, isso não
é nada perto de quanto ele costuma gastar.
— Ouviu? — falo para Tommy e ele torce a
boca.
— Posso voltar a dormir? — Helena pergunta
— Ah, Tommy, pare de agir como um babaca,
aquele drogado por quem você imaginava estar
apaixonado ia te levar para o fundo do poço. De
nada.
Ela desliga e deixa Tommy e eu olhando
atônitos para o celular.
— Sua irmã sabe como fazer uma saída
dramática — ele diz — Mas, eu vou aceitar a
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sugestão, você sabe o que essa grana significa, não


sabe?
— Adeus bancos? Olá estúdio? — digo e um
sorriso surge no rosto do meu amigo.
Olho para o cheque novamente, ciente de que
Jason sabia que Tommy estava precisando dessa
grana, não era segredo que meu amigo estava
tentando um empréstimo para abrir um estúdio.
Como não me apaixonar por ele?
— Você está apaixonada pelo Jason? —
Tommy pergunta, merda.
— Pensei em voz alta, só isso.
— Engraçado, você nunca tinha pensando em
voz alta. — Tommy sorri. — Vou ligar para ele e
agradecer o cheque, o que acha?
— Acho que seria o correto.
— Tudo bem. — Ele pega o celular.
— NÃO! — grito e tomo o aparelho dele.
— O que foi?
— Faça isso quando estiver fora daqui, ok?
— E por quê?
— Porque eu não sei se aguento saber que ele
não perguntou por mim, ok? E eu tenho treino
daqui a pouco, meu tempo está uma merda e…
— Ok, já entendi.
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— Obrigada.
— Nossa, ele atropelou você, não foi?
— E como.
Meu amigo sorri, e vou para o banheiro. Não
demora para eu estar no carro indo em direção ao
autódromo. A conversa com Helena me deixou
mais leve, mas ainda assim, eu estava apreensiva
quanto a Jason.
Estaciono o carro na minha vaga habitual, e
vejo o carro de Gabriel se aproximar. Aguardo
enquanto ele estaciona, em seguida ele me nota.
— Tudo bem com você? — Ele está
preocupado.
— Melhorando.
— Eu sei do que você é capaz de fazer, garota,
e sei que não era você ontem.
— Desculpe, Gabe, isso não vai se repetir.
— Eu acredito nisso. Agora, vamos, temos um
recorde para bater.
Ele coloca o braço em meu ombro e relaxo.
Caminhamos juntos até o box, e sigo para o
vestiário. Lá, tiro meu jeans e visto algo mais
confortável. Uma legging de ginástica, é o que eu
geralmente uso embaixo do macacão para treinar, e
um top.
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Quando estou vestindo o macacão, ouço uma


batida na porta.
— Sim? — Abro e minha respiração para.
Jason está me encarando, seu braço apoiado no
batente, ele me olha sem dizer nada.
Afasto dando passagem, e ele tranca a porta
quando passa.
— Jason, eu vou entrar na pista em alguns
minutos, podemos conversar mais tarde se quiser,
mas agora eu realmente não tenho tempo — falo
angustiada, na verdade, eu não sei se entraria na
pista se ele me pedisse o contrário.
— Eu não falei nada.
— Hã? — não entendo.
— Eu disse que não falei nada, Leah, não disse
uma palavra e você começou a tagarelar sobre
conversar.
— Não foi para isso que veio aqui?
— Ainda não, mas eu precisava de uma coisa
antes de conversarmos.
— O quê? — pergunto ansiosa.
— Ver você nesse macacão. — Jason olha mais
uma vez, em seguida ele sai.
O baque na porta me assusta, trazendo maus
pensamentos de volta para realidade. Que tipo de
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encontro foi esse?


Se eu pensava que estaria relaxada para o
treino, minha tranquilidade foi junto com Jason.
Merda, é isso, o cara consegue me desestabilizar
das maneiras mais bizarras possíveis.
Vou para pista e faço o possível para ser eu
mesma, Gabriel está visivelmente desgostoso com
meu desempenho, eu não fui tão mal quanto ontem,
mas ele sabe que eu posso ser mais. Eu sei disso
também.
Na saída, Jason está encostado no meu carro, eu
me assusto ao vê-lo.
— Você foi ótima — ele diz quando me
aproximo.
— Acredite, aquilo não chega nem perto de
ótima. — A amargura na minha voz é perceptível.
— Você é boa no que faz, Leah, não duvide
disso.
— Eu sei que eu sou boa, ok? É por isso que eu
estou aqui, foi por isso que eu fiz tudo o que fiz,
Jason, para estar no lugar que eu estou hoje, e
agora… — um trovão me assusta — agora estou
jogando tudo isso pela janela.
— Do que você está falando? — Jason me
questiona, eu estava praticamente gritando no meio
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do estacionamento, mas um trovão soa e eu me


encolho.
— Fui eu que dei a ideia para a Helena tirar o
bebê — digo de uma vez e a chuva começa a cair.
E é mais do que bem-vinda, pois eu começo a
chorar em seguida.
— Você o quê? — ele me encara.
— Fui eu, ok? Eu vi no desespero dela uma
oportunidade de conseguir vir para cá, eu
aproveitei, me aproveitei de um momento frágil da
minha irmã. Fui eu que a levei ao médico, mas ela
não queria que o nome dela ficasse nos registros,
então usamos o meu nome, em troca, ela me ajudou
a conseguir um apartamento aqui e me livrar dos
questionamentos dos nossos pais.
— Você a chantageou?
— Sim, droga. Sim — grito.
— Deus, isso é…
— Repugnante? Eu sei — me aproximo dele
—, eu sabia que nossos pais jamais permitiriam que
ela tirasse o bebê, eu plantei a ideia na cabeça dela,
Jason, me desculpe.
Falo entre lágrimas e ele se afasta, a chuva que
cai não é suficiente para esconder a raiva em seu
rosto. Ele me olha com desprezo, e vai embora sem
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olhar para trás.


Entro no carro e choro até a tempestade passar,
tenho certeza que ele nunca irá me perdoar. Aquele
olhar me atormentará pelo resto da vida.
***
Duas semanas passaram desde a última vez que
o vi, pessoalmente, é claro. Jason estampou a
manchete de algumas revistas. Não era segredo que
um dos irmãos Willers estava na cidade, e quando
ele é visto constantemente na companhia de uma
famosa modelo, BUM, temos material de primeira
página.
Helena praticamente se mudou para o hotel que
ele estava hospedado. Passar mais tempo juntas?
Esquece, meu tempo estava comprometido com as
pistas de corrida e o dela, bem, o dela estava com
Jason, segundo a revista que eu estava segurando
no momento.
— Ah Tink, lendo essa porcaria de novo? —
Tommy pega a revista da minha mão. — Uau, eles
ficam bem juntos.
Eu lanço um olhar mortal e meu amigo se
encolhe. Mas não deixa de ser verdade, a foto foi
feita por algum paparazzi e pega os dois sorrindo
na varanda de uma suíte. Jason está usando apenas
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bermuda e Helena, um biquíni.


— Eu tenho que me arrumar. — Saio do sofá e
vou em direção ao quarto, hoje é meu grande dia e
eu não vou deixar que nada o estrague.
— Sua irmã viaja hoje? — Tommy grita.
— Não faço ideia — respondo, mas eu fazia,
Helena me enviou um texto me desejando boa sorte
e avisando que já estava no aeroporto.
Termino de me vestir e encontro Tommy a
postos, ele sorri e beija meu rosto.
— Eu amo você, Tink, e eu sei que você vai
arrasar — ele diz e suas palavras me acalmam.
— É para isso que estou aqui, não é? — eu digo
— Valeu a pena? — Tommy pergunta e eu
penso um pouco.
— É o que eu vou descobrir quando passar pela
bandeira quadriculada.
Fecho a porta e vamos para o autódromo.
Mesmo para um teste, hoje parece um dia de
evento, há muitas pessoas no lugar, e todos estão
alvoroçados.
— Chegou a minha pilota favorita. — Gabriel
me abraça. — Cabeça no lugar? — Ele segura meu
rosto com as duas mãos.
— Nunca — eu sorrio.
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— Essa é a minha garota. Vá trocar de roupa,


estamos apenas esperando você.
Gabriel beija meu rosto e vou em direção ao
vestiário. Lá eu me lembro da última vez que vi
Jason, eu não me permiti pensar nele durante esses
dias, na verdade eu não pensei nesse dia do
vestiário, particularmente.
Era como um capítulo na minha vida que havia
encerrado, minha consciência estava pesada pelos
meus atos, mas não por omiti-los dele, e isso era
um alívio.
Fecho meu macacão e olho para porta, é hora
de fazer tudo valer a pena.

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Eu vomitei, assim que pus os pés na suíte do


hotel, corri para o banheiro e vomitei. Já não me
lembrava da última vez que fiz isso. Mas eu não
consegui impedir.
Todas as palavras da Leah vinham na minha
cabeça e a cada vez eu vomitava com mais força.
Quando consegui me recompor, tomei um
banho quente e caí na cama, ainda incrédulo.
Eu conseguiria esquecer isso? Conseguiria
perdoar?
Eu poderia estar com meu filho em meus
braços, se não fossem suas ideias egoístas. Mesmo
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Helena não tendo certeza, um filho ou sobrinho,


não importava, uma criança é sempre uma bênção.
A doce, sincera e imprudente Leah Renard, não
era mais do que uma chantagista que passou por
cima de tudo para conseguir o que queria.
Deus, e pensar que fui lá porque queria vê-la.
Abraçá-la e passar a noite com ela. Que grande
idiota estou me saindo.
Vou até o bar e pego uma garrafa de cerveja,
estou tão enfurecido que não consigo me concentrar
em mais nada, a não ser entorpecer meu cérebro e
tentar esquecer tudo que ela me disse.
Às duas da manhã, eu já tinha esgotado as
cervejas do bar, e estava vasculhando o Google.
Fazendo algo que deveria ter feito desde quando a
conheci.
Leah era conhecida no mundo das corridas, e
mesmo que tivesse olhado na internet, nada ali
remetia ao seu parentesco com Helena, nem o
mesmo sobrenome elas usam.
São poucas fotos que ela parece acompanhada,
o cara que vi com ela na outra noite parece ser sua
companhia mais constante.
— Foda-se. — Fecho o laptop.
Deito novamente e fecho os olhos, as imagens
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que me vêm à mente são as fotos que vi no quarto


dela. Tão jovem, cheia de vida. Perfeita. Apago em
seguida e sonho com ela usando o macacão de
corrida.
Acordo com o som do meu celular, minha
cabeça lateja no ritmo da música, e logo me
arrependo de tê-la colocado como toque.
— Alô? — minha voz arranha na minha
garganta.
— Jason? — Olho no visor e vejo que é
Tommy.
— Oi, desculpe, atendi sem olhar.
— Sua voz está um trapo.
— Me diga uma novidade. — Passo a mão na
cabeça.
— Ouça, liguei para te agradecer. O cheque que
você deixou vai me ajudar de uma forma que você
nem imagina.
— Eu fico feliz que você não tenha rasgado.
— Ah, eu pensei nisso, acredite. Alguém me
convenceu do contrário.
— Que bom — digo sem muito entusiasmo,
porque sei quem foi que o convenceu.
— Ouça, se você quiser voltar e ficar aqui, por
mim tudo bem, você sabe que é um amigo.
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— Agora está convencido de que não vou te


matar?
— Cara, você tem que admitir que é bem
assustador. Mas era uma boa visão nesse
apartamento solitário.
— Obrigado, Tommy, mas eu preciso ficar só
por enquanto. Mas se quiser me visitar eu estou
hospedado no Hilton.
— Uau. Que bom que não se hospedou em
nenhum hotel da minha família, eu juro que não ia
visitá-lo.
Eu sorrio, conversamos por mais um tempo e
logo Tommy me diz que precisa ir trabalhar.
Os dias passam voando, minha rotina passou a
ser conversar com Oliver e Sky pelo Skype, e as
visitas de Helena, que praticamente passou a maior
parte do tempo aqui.
Saímos juntos para alguns restaurantes, boates.
Basicamente, estávamos nos divertindo. Tommy se
juntou a nós em uma noite, mas eu acho que era
para se certificar do tipo de relacionamento que eu
estava tendo com Helena.
Diferente do que estava saindo nas revistas,
Helena e eu éramos amigos, ela apenas sorria
quando lia as matérias e dizia que logo todos
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esqueceriam. Esse era o mundo do entretenimento e


já estávamos acostumados.
— Prometa que irá vê-la correr hoje? — ela me
pergunta quando a deixo no aeroporto.
— Não posso prometer isso.
— Jason, passei esses dias todos com você, eu
sei que está morrendo de vontade de vê-la.
— Você passou a me conhecer desde quando?
— Não se engane, Jason. Hoje é um dia
especial para ela.
— Um dia que ela conseguiu graças a uma
chantagem — falo ressentido.
— Você sabe que eu teria feito, mesmo que ela
não tivesse dado a ideia, não sabe? Ela apenas foi
mais rápida.
— Helena…
— Jason, eu nunca quis ser mãe, eu não teria o
bebê, é um fato. Eu tomei a decisão.
Ela beija meu rosto e segue para a sala de
embarque. Antes que eu perceba, estou pegando um
táxi e indo direto para o autódromo.
Assim que o táxi para meu celular toca. Olho na
tela e vejo o nome de Tommy, ele deve estar aqui.
— Acabei de chegar ao autódromo, onde você
está?
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— Na ambulância.
— O quê?
— Estou a caminho do hospital, Jason, a
Helena está com você? — ele pergunta aflito.
— Não, ela já embarcou, aconteceu alguma
coisa com você?
— Não, Jason, foi com a Leah. — Eu paro de
andar. — Ela sofreu um acidente grave e estamos
indo para o hospital.
— Merda. — Olho em volta e percebo o
alvoroço, há mais duas ambulâncias no local —
Qual hospital?
Tommy fica de me enviar o endereço por
mensagem, noto que o táxi que vim ainda não saiu,
eu corro para ele e entro novamente. Passo
apressado o endereço que Tommy enviou e peço
para que ele corra.
Quando chego ao hospital, encontro Tommy na
recepção. Ele está enxugando o rosto e levanta
assim que me vê.
— Graças a Deus você veio. Não tenho o
número dos pais dela, e não consegui falar com a
Helena.
— Como ela está?
— Nada bem, ela foi levada inconsciente. —
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Tommy parece arrasado, sento ao seu lado tentando


formar algum pensamento coerente.
— O que aconteceu?
— Um carro que estava na frente perdeu o
controle, Leah não conseguiu desviar, ela bateu
nele em cheio. — Olho para o seu rosto e vejo as
lágrimas rolarem.
— Não sei o que fazer — ele diz derrotado.
— Vamos esperar. Helena está no avião, não
vamos entrar em contato com os pais dela antes de
saber exatamente como ela está.
Mantenho o controle, e por mais de uma hora
ficamos sozinhos na sala de espera.
Uma enfermeira entra apenas para avisar que
Leah irá passar por uma cirurgia, e como não há
ninguém da família, eu me responsabilizo e assino
toda a papelada.
Tommy está devastado e mal consegue se
levantar, o cara que estava com ela na outra noite
chega e acabo conhecendo como seu coordenador
de equipe, ele e mais um homem ficam conosco
esperando por notícias.
Oito horas depois um médico aparece.
— Boa noite, quem é da família da Senhorita
Renard? — Todos nós nos entreolhamos e Tommy
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me empurra.
— A irmã dela está viajando e não
conseguimos contato com os pais.
— E você é?
— Ele é o namorado dela — Tommy diz ao
meu lado. — E eu sou o melhor amigo, e seu
vizinho.
— Somos da equipe de corrida dela — Gabriel
fala em seguida.
— Certo, vou ser breve. A cirurgia não teve
intercorrências, o braço precisou ser imobilizado,
mas a fratura da perna era o que mais nos
preocupava.
— Fratura na perna?
— Sim, ela teve uma fratura exposta, abaixo do
joelho, por isso a cirurgia demorou tanto, mas
usamos alguns pinos e logo ela estará nova.
— Ela vai poder correr? — Gabriel pergunta,
eu poderia socá-lo agora.
— Ela vai poder dirigir normalmente, no
momento ela está sedada, e vou mantê-la assim até
o inchaço na cabeça diminuir.
— Coma induzido? — questiono.
— Sim, coma induzido.
— Devemos nos preocupar?
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— Nossa prioridade era a perna, ela perdeu


muito sangue, e ainda havia outras lesões, pelos
exames não há nada de grave na cabeça, exceto o
inchaço, mas preciso manter o corpo e a mente dela
calmos para reduzi-lo, e só assim poderemos
analisar a extensão da lesão.
— Tudo bem.
— Ela será transferida agora, mais tarde um de
vocês poderá vê-la, mas apenas de longe — o
médico diz e sai da sala, eu o sigo.
— Doutor?
— Pois não.
— As acomodações, eu quero saber se ela está
tendo o melhor tratamento disponível.
— Senhor, sua namorada está tendo o melhor
tratamento da cidade. A equipe para qual ela
trabalha garante isso.
Dito isso ele se vai, volto para a sala de espera e
sento ao lado de Tommy. Ele me informa que
Gabriel e o outro cara já saíram, mas ficaram de
voltar amanhã.
— Se você quiser, pode ir descansar, eu não
vou sair daqui — ele diz.
— Eu sei que não vai, eu também não vou,
Tommy.
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— Obrigado por estar aqui, Jason.


— Eu não poderia estar em outro lugar — digo
com sinceridade.
Passamos a noite na sala de espera, Tommy que
foi vê-la quando ela foi transferida para UTI, ela ia
passar a noite lá. Ele voltou arrasado, afirmando
que nunca mais queria ver a amiga dele daquele
jeito.
Deixo uma mensagem para Helena informando
o que ocorreu, e o que o médico disse, prometi
deixá-la informada, e assim que amanhece, ligo
para o meu irmão.
— Preciso de você — digo assim que ele
atende.
— Estarei no próximo voo.
Oliver desliga e eu saio da sala. Tommy está
dormindo no sofá e eu vou até a porta da UTI, uma
enfermeira me para assim que me vê.
— Senhor, não pode entrar aqui.
— Desculpe, eu só queria saber como ela está.
— Qual a paciente? — Ela olha os prontuários
que estão na sua mão.
— Renard. Leah Renard. — Ela procura as
pastas até que encontra.
— A senhorita Renard está sedada, mas passou
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a noite bem, sem alterações.


— Eu posso vê-la? — Meus olhos devem estar
suplicantes, ela hesita um pouco.
— Apenas por alguns segundos, e da janela,
não pode entrar, ok?
— Tudo bem.
Ela me leva até outra sala, lá eu consigo ver a
cama através do vidro. Uma perna está um pouco
suspensa, e engessada. Há gesso também no braço,
e tubos, muitos tubos. Meu estômago revira com a
visão.
Eu mal a reconheço.
Encosto a testa no vidro e pela primeira vez
desde o ocorrido eu me permito chorar.
— Senhor, precisa ir agora. — A enfermeira me
olha com pena.
— Obrigado.
Enxugo as lágrimas e saio. Passo pela sala de
espera e não paro. Sinto uma vontade insana de
esmurrar alguma coisa, eu preciso de ar.
Lá fora o sol me cumprimenta, e eu praguejo.
Será que isso é destino? Justo agora que eu achei
que poderia viver algo bom eu posso perdê-la?
Sento na escada que dá acesso à rua e olho para
os carros, eu nunca precisei tanto do meu irmão
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como agora. Preciso de alguém para me manter


são.
— Você a viu, não foi? — Tommy pergunta
quando senta ao meu lado.
— Vi — é o que consigo responder, ele não fala
mais nada e ficamos ali apenas sentados olhando
para a rua.
— Sabe por que ela queria ser pilota? —
Tommy me tira da inércia.
— Não — respondo, minha relação com ela foi
breve, nunca tivemos conversas tão pessoais.
— Diversão. — Foco minha atenção nele. —
Ela achava divertido, sempre dizia que uma pessoa
sã jamais faria isso. — Tommy sorri. — Eu nunca
conheci alguém como ela, sabe? Eu confiaria
minha vida a ela.
— Eu também, nunca conheci ninguém igual.
— Olho para frente e paramos de falar.
Começo a relembrar as poucas vezes que
estivemos juntos, foram os momentos mais intensos
da minha vida. Quando fecho os olhos, consigo
ouvir suas risadas, sentir seu cheiro. A maneira que
ela sempre se atrasava, ou a forma como dispensou
meu dinheiro quando quebrei o telefone dela.
Leah é especial em muitas maneiras, e eu estava
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mais do que disposto a conhecer cada uma delas.


Durante a manhã o quadro dela continua
estável. Estamos almoçando no restaurante do
hospital quando recebo uma mensagem de Oliver,
ele já está aqui.
Não demora muito para o barulho habitual
começar, pessoas começam a olhar para a entrada e
eu sorrio, lá está meu irmão segurando a mão da
mulher que ele ama.
Bree sorri assim que me vê, eles vêm em nossa
direção e eu levanto para cumprimentá-los, Tommy
percebe a chegada deles e quase não consegue
conter o espanto.
— Como você está? — ele diz quando me
abraça.
— Segurando. — Oliver me abraça mais uma
vez e em seguida abraço a minha cunhada.
— Senti a sua falta — Bree fala.
— Espero que você esteja cuidando bem dele.
— Aponto para meu irmão.
— Ele é um pouco difícil de lidar. — Ela pisca
e sorri em seguida.
— Deixe-me apresentar vocês. Oliver, Bree
este é Tommy, um amigo meu e da Leah.
— É um prazer conhecê-lo. — Bree é a
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primeira a cumprimentá-lo, em seguida é a vez de


Oliver.
— O prazer é meu, estávamos almoçando, nos
acompanham? — Tommy pergunta apontando para
a mesa, Oliver explica que almoçaram no caminho,
mas sentam-se conosco.
— Já estamos instalados no mesmo hotel que
você está hospedado, eu trouxe algumas coisas que
achei que poderia precisar. — Oliver passa uma
mochila e agradeço, eu realmente preciso de roupas
limpas.
— Você poderia ir para casa, Tommy, trocar de
roupa e descansar um pouco — falo para Tommy e
ele pensa na proposta.
— Não quero deixá-la.
— Eu não vou sair daqui — digo.
— E nós vamos ficar aqui também, descanse,
ela vai precisar de você — Bree fala e Tommy
finalmente concorda.
Terminamos a refeição e vamos para sala de
espera. Tommy me avisa que logo estará de volta e,
em seguida, ele sai.
— Qual é o real estado dela? — Oliver
pergunta.
— Ainda não sei, ao que tudo indica ela está
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estável, mas os médicos preferem que ela fique


dormindo até o inchaço da cabeça diminuir.
— E a família? — Bree senta ao meu lado.
— Deixei uma mensagem na caixa de
mensagens da Helena, ela vai se encarregar de
avisar os pais.
— O que a Helena tem a ver com isso? —
Oliver está confuso.
— Elas são irmãs.
— Oh caralho! — Ele passa a mão no rosto —
Em que confusão você se meteu? — Oliver
pergunta, então eu começo a contar tudo para eles.
Bree e Oliver me escutam com atenção, em
nenhum momento eles me interrompem, o que é
um alívio. Contar tudo que aconteceu, a conversa
que tive com Helena e as confissões da Leah, está
me fazendo bem, como se um peso saísse das
minhas costas.
— Cara, eu pensei que eu me metia em
confusão. — Oliver coloca a mão no meu ombro.
— O que o seu irmão quer dizer, é que vamos
ficar aqui com você. — Bree sorri.
— Obrigado. A família dela não está aqui e
vocês foram as primeiras pessoas que pensei.
— Você gosta dessa garota então?! — A
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pergunta do meu irmão sai mais como uma


exclamação.
— Podemos dizer que sim.
— Homens — Bree bufa.
— E como está a Sky? Ela veio?
— Sky está com a Liv. Não seria prudente
trazê-la. Mas ela está ansiosa para conhecer você
— Bree fala e eu vejo o sorriso do meu irmão.
— Nossa, eu nunca mais quero vê-la chorar
daquele jeito. — Oliver passa a mão no rosto.
— Ela é uma criança, ela sempre vai fazer isso
quando sairmos sem ela.
— O que aconteceu? — pergunto. Bree me
explica que quando estavam arrumando as coisas
Sky pediu para vir, como não podia ela chorou
agarrada ao Oliver e pediu para que ele voltasse
logo, na verdade, ela o fez prometer que nunca ia
deixá-la.
— É por isso que ainda estou pensando na
proposta do seu irmão, Sky é uma criança, eu não
quero que uma decisão impulsiva a afete.
— Impulsiva? — Oliver levanta. — Eu esperei
um ano para ficar com você, Bree, isso não é nada
impulsivo. — Ele abaixa e beija seu rosto. —
Vocês são minhas, as duas, e eu não vou abrir mão
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de vocês, nunca.
Observo a interação dos dois, meu irmão está
diferente do cara ansioso que deixei na porta da
Bree há alguns dias, dias que parecem uma
eternidade.
Pouco tempo depois, somos interrompidos pela
enfermeira, ela informa sobre o quadro de Leah e
nós continuamos à espera.
À noite, eu já começo a sentir o cansaço, Oliver
manda Bree voltar para o hotel, e ela promete
voltar assim que amanhecer. Assim que ela vai
embora, vamos juntos para a cafeteria.
— Então, essa coisa toda entre você e essa
garota, é sério? — ele pergunta quando eu entrego
dois cafés.
— Eu não sei.
— Mas você está aqui, certo? — concordo — E
não pretende sair até vê-la bem?
— Exatamente.
— E depois?
— Depois o quê? — minha pergunta o faz
sorrir.
— Voltamos ao trabalho daqui uns dois meses,
até lá eu acredito que ela estará bem, e vocês, como
vão ficar?
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— Eu ainda não pensei nisso, Oliver, a única


coisa que tenho em mente é vê-la abrir os olhos.
— Então, eu tenho razão.
— Sobre o quê?
— Você gosta dela, mais do que gostaria.
Ele sorri e toma o café, olho para minha xícara
e começo a pensar no que realmente eu sinto por
ela. Há pouco tempo eu acreditava que meu
coração era da Helena, será mesmo que eu gosto da
Leah?
— Isso te sufoca, não é?
— Do que você está falando? — Meu irmão
está começando a me irritar.
— Não saber o que você sente, eu sei
exatamente o que é isso. Você não consegue
acreditar, por que aconteceu tudo muito rápido, não
é?
— Quase isso.
— Foi assim comigo e com a Bree. Ouça,
Jason, eu não sou o cara ideal para dar conselhos
aqui.
— Jura?
— Escute, babaca. — Ele coloca as duas mãos
em cima da mesa e me encara, seu olhar é sério. —
O que eu quero dizer é que sei que você está
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assustado, mas se posso te dar um conselho, seria


para ignorar o que te assusta, quem sabe assim
vocês teriam uma chance.
— Entendi.
— E perdoe a garota, as pessoas fazem coisas
estúpidas o tempo todo, somos prova disso.
Penso nas suas palavras por um momento,
esquecer o que me assusta, ok, perdoar? Minha
prioridade é vê-la bem, o que virá depois eu ainda
não sei.
Uma semana depois e eu ainda não saí do
hospital. Tommy, Oliver e Bree estão se revezando
para me fazer companhia. Quando recebeu o
recado, Helena praticamente surtou, conversamos
por um longo tempo e expliquei que nada me faria
sair daqui, então eu a mantinha atualizada.
Seus pais foram um caso à parte, Helena só
conseguiu falar com eles alguns dias depois e
mesmo assim, seria melhor nem ter falado. Eles
estavam em um cruzeiro pelo Atlântico e pelo que
pareceu, muito felizes em apenas receber as
notícias por telefone. Eles são patéticos.
Leah havia sido transferida para um quarto, o
que facilitou muito. Mesmo com todas as broncas
médicas, o quarto nunca ficava vazio, e às vezes
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todos nós estávamos juntos. O que deixava as


enfermeiras nada felizes.
— Falei com o médico lá fora, ele disse que
diminuiu a medicação é verdade? — Oliver
pergunta quando abre a porta, ele e Bree entram no
quarto. Deixo um livro que estava lendo de lado.
— Sim, ela vai começar a acordar em breve. —
Olho para Leah, ainda há alguns hematomas nos
braços, mas seu semblante não está tão ruim. Há
mais cor nas suas bochechas e pelo que a
enfermeira me disse, a cirurgia na perna está
cicatrizando muito bem.
— Ótimo, porque nós vamos sair um pouco.
— Oliver, eu não vou sair daqui.
— Vai sim, você não saiu desse hospital
nenhum dia, você está medonho, Jason, nós vamos
sair um pouco.
— Não se preocupe, eu vou ficar aqui com ela
— Bree me tranquiliza.
Olho para Leah, e em seguida vou até o
banheiro. Porra, eu estou realmente medonho, meu
cabelo está todo desordenado, minha barba grande
demais.
— Para onde vamos? — pergunto quando volto
para o quarto.
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— Primeiro a uma barbearia, depois para a


academia.
— Academia?
— Sim, eu fiz algumas ligações, temos um
ringue esperando por nós, irmãozinho. Pronto para
levar uns socos?
Oliver lança um olhar divertido. Ah, dar uns
socos é tudo que eu preciso nesse momento.

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Minha cabeça dói. Não me lembro da última


vez que senti uma dor semelhante, parece que bebi
demais e agora nem consigo me mexer. Meu corpo
está tão pesado, tento abrir os olhos, mas nada.
Por que meu corpo não me obedece?
Ouço uma voz feminina, um pouco longe, mas
acho que está falando com uma criança. Pelo tom,
ela está feliz.
Tento me acalmar e me concentrar, sinto
minhas pálpebras tremerem um pouco, e devagar
eu consigo abri-las.
Minha garganta está seca, e quando tento falar,
acho que sai mais parecido com um grunhido.
— Oh Deus, você acordou? — é a voz da
mulher, agora não está tão longe. Meus olhos
abrem devagar e o local parece um pouco escuro.
— Onde estou? — consigo dizer.
— Oh Meu Deus, ele vai ficar tão feliz — a
mulher fala novamente. — Eu vou chamar a
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enfermeira.
Ouço quando ela se afasta, tento virar o
pescoço, mas há algo nele, estou imóvel e não
consigo me mexer.
— Senhorita Renard? — outra mulher fala
agora, ela está bem próxima.
— Sim. — Minha garganta dói.
— Feche os olhos, por favor, nós vamos
acender as luzes e isso pode incomodá-la um pouco
— eu obedeço — Agora, devagar, abra-os
novamente.
Novamente eu obedeço, pisco várias vezes para
tentar focar a visão.
— Bem-vinda de volta, senhorita Renard. —
Uma mulher, que eu acredito ser uma enfermeira,
está sorrindo.
— O que aconteceu?
— A senhorita sofreu um acidente, eu vou tirar
isso do seu pescoço, logo um médico estará aqui.
A enfermeira me ajuda com o aparelho no
pescoço, e ajusta a cama inclinando mais um
pouco. É quando eu percebo que estou com um
braço e uma perna imobilizados.
— Puta merda — falo sem pensar
— Foi um grande susto que você nos deu. —
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Dessa vez escuto a mesma voz que ouvi ao acordar.


A mulher se aproxima e sorri. — Eu sou Bree.
Ela toca no meu braço e eu fico confusa, eu não
conheço essa mulher.
— Sou amiga do Jason. — Ela perece perceber
a minha confusão.
— Jason?
— Ah droga, você não lembra dele? — Seus
olhos se alargam.
— Não, quer dizer sim, eu lembro. — Minha
cabeça dói novamente.
— Aqui, senhorita, tome um pouco de água. —
A enfermeira segura um copo com um canudo e aos
poucos minha garganta vai melhorando.
Não demora para que o quarto encha de
pessoas, médicos, enfermeiros, todos estão aqui
para verificar meu estado.
Respondo algumas perguntas de praxe, nome,
data de nascimento, se eu me lembro do que
aconteceu.
Aos poucos minha memória vai retornando e eu
percebo que não estava sonhando. A batida, o som
do metal rasgando, os gritos que ouvi, nada daquilo
foi sonho. Ao ver meu nervosismo, o médico
orienta a enfermeira para me sedar.
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E quando meus olhos começam a fechar, eu o


vejo entrar no quarto.
Jason corre em minha direção, mas eu já não
consigo manter meus olhos abertos.
***
— O que houve? — abro os olhos e Jason está
sentado ao meu lado.
— Oi para você também. — Ele passa o dedo
pelo meu rosto.
— Você está bonito. — Ele sorri.
— Você nos dá um baita susto e é isso que tem
a dizer?
— Eu pensei que era tudo um sonho — sou
sincera.
— Já eu, achei que fosse um pesadelo. — Jason
aperta minha mão. — Como está se sentindo?
— Meu corpo está um pouco dolorido e minha
cabeça dói.
— Os médicos disseram que você poderia se
sentir assim.
— Por quanto tempo eu vou ficar usando isso?
— Aponto para o meu braço e em seguida para
minha perna, ela estava um pouco suspensa, e havia
um enorme curativo que ia do joelho até quase o
pé.
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— O gesso? Poucos dias.


— E a minha perna?
— Essa já vai precisar de mais cuidados. — Ele
olha para perna.
— Ah droga, isso ai é uma cicatriz não é? —
Olho assustada, eu odeio cicatriz, não por questão
de estética, mas me dá angústia só por olhar.
— Um cirurgião plástico cuidou disso, a
cicatriz será mínima, prometo. — Jason toca meu
rosto mais uma vez. — É muito bom ver você de
novo.
— Eu fiquei fora tanto tempo assim?
— Tempo suficiente para me deixar maluco. —
Aperto a mão dele mais uma vez e quando vou
falar algo, a porta abre.
— Ai meu Deus, Tink! — Tommy entra
segurando um grande buquê de flores.
— Tommy — sorrio. Meu amigo praticamente
se joga em cima de mim.
— Desculpe, está tudo bem? — eu concordo
com a cabeça — Nunca mais faça isso, mocinha!
Está me ouvindo? Sinceramente, não tenho
maturidade para lidar com isso de novo.
— Eu vou me comportar — digo enxugando
suas lágrimas.
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— Já avisamos Helena que você acordou, ela


pediu que independentemente da hora, ela queria
falar com você — meu amigo diz.
— Eu vou falar com ela.
Jason liga para Helena e conversamos um
tempo, ela me conta sobre meus pais, o que não é
nenhuma novidade, mas eu peço para avisá-los
sobre a minha melhora, definitivamente, não estou
com humor para falar com eles.
Mas, o que realmente me surpreende, é ver
Oliver e a namorada/ esposa no meu quarto. A
mulher que conheci quando acordei era Bree, ela se
apresentou como namorada do Oliver que,
imediatamente, tratou de corrigi-la e disse que ela
devia se acostumar com a ideia de ser sua esposa.
Resolvi chamá-la apenas de Bree.
Jason me deu um tempo a sós com Tommy, e
foi então que meu amigo começou a me atualizar
de tudo, era isso que eu amava em Tommy, ele me
conhecia tão bem e sabia que eu odiava rodeios.
Todos me tratavam como se eu fosse uma
criança. Ele não poupava detalhes, inclusive
contando que Jason não saiu do hospital, nenhum
dia.
Essa foi a melhor de todas as informações.
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— Acho que vou parar, você parece cansada —


Tommy me analisa.
— Acho que foram muitas informações. —
Dou um sorriso fraco.
— Jason vai querer me matar se souber que
cansei você.
— Eu não sei o que pensar sobre isso.
— Você nunca foi boa em pensar, Tink, é
melhor fazer aquilo que você é realmente boa.
— O que seria isso?
— Seja rápida — ele sorri.
Três dias depois o gesso do meu braço é
retirado, minha alta ainda não foi dada, mas de
acordo com a enfermeira, será em poucos dias.
Jason não saiu do meu quarto, mesmo com Bree se
oferecendo para ficar comigo durante a noite, ele
não aceitou.
E isso me enchia de medo, nosso tempo juntos,
quando eu estava acordada, se resumia a conversas
triviais e alguns filmes. A maior parte do tempo eu
dormia, mas sempre com a mão dele segurando a
minha.
Em nenhum momento falamos sobre o que
aconteceu da última vez que nos vimos.
— Conversei com seu médico hoje — Jason
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fala, já faz dez dias que estou acordada. —


Dependendo do resultado dos últimos exames, ele
vai te dar alta.
— Jura? — não consigo conter minha
empolgação.
— Sim, se tudo correr bem você vai para casa.
Como se sente? — Ele se senta na borda da cama.
— Eu poderia sair correndo de tão feliz.
— Você não pode forçar a perna.
— Mas você sempre pode me carregar. — Ele
para e me olha.
Nesses dez dias Jason foi carinhoso, atencioso,
sempre ao meu lado. Mas não passava disso,
nenhum carinho a mais, nenhum beijo. Éramos
amigos, apenas isso.
— Obrigada por ficar comigo, Jason, eu sei que
você tem as suas coisas e…
— Não pense que você sabe de alguma coisa,
Leah — seu tom não foi grosseiro. — Eu fiquei
aqui porque não suportava ficar longe.
Pisco quando sinto uma lágrima caindo.
— Eu fiquei aqui porque queria ver você bem.
— E agora? Agora que estou bem?
— Eu vou levá-la para casa, e vou cuidar de
você. — Suas palavras atingem meu coração como
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uma faca.
Na manhã seguinte, estou sendo empurrada em
uma cadeira de rodas, segurando um enorme buquê
de flores, e vários balões coloridos. Cortesia do
Tommy.
Oliver alugou um SUV para que pudesse se
locomover na cidade, ele ainda não havia ido
embora e Jason disse que seu irmão estava tendo
uma espécie de lua de mel adiantada.
— Pronta para ir para casa? — Jason pergunta
quando abre a porta do SUV.
— Como nunca estive. — Ele me carrega e me
ajuda a sentar no banco do passageiro. Em seguida
guarda nossas coisas e todas as tralhas que Tommy
mandou.
— Ele tem alguma fixação por balões? — Jason
rosna quando guarda o último.
Meia hora depois Jason está estacionando o
carro, ele abre a porta e parece apreensivo.
— Acho que eu deveria preparar você.
— Para o quê?
— Tommy e eu tivemos uma pequena
discussão.
— Sobre? — Fico apreensiva, raramente meu
amigo discute com alguém.
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— Ele queria dar uma festa de boas-vindas.


— E?
— E eu quero ficar a sós com você. Tudo bem?
Eu não respondo, mas a minha cabeça concorda
no mesmo instante. Desde que acordei, não tivemos
um tempo de qualidade a sós, o quarto vivia cheio
de pessoas, ou eu dormia.
Como ele informou, meu apartamento está
vazio, um perfume de limpeza paira no ar, e tudo
está impecavelmente organizado.
— Uau, quem mora aqui? — falo quando ele
me coloca no sofá.
— Bree me ajudou com isso, contratamos
algumas pessoas para deixar tudo organizado.
— Nossa, obrigada. — Eu fico impressionada.
— Quer ir para o quarto?
— Ainda não. — Jason assente.
— Não se preocupe, nossa paz não vai durar
muito, Tommy deve chegar a qualquer minuto.
Oliver e Bree vão passar aqui mais tarde.
— Jason. — Ele se aproxima — Obrigada por
tudo.
— Não precisa me agradecer. — Ele ajoelha e
passa o dedo no meu joelho machucado.
— Você não precisava fazer tudo isso.
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— Precisava sim.
— Por quê?
— Porque você é importante para mim, Leah.
— Jason toca meu rosto. — Eu estava com saudade
de ver esse brilho nos seus olhos.
— Eu estava com saudades de você me tocando
assim. — Fecho os olhos absorvendo seu toque. —
Você me perdoa? — minha voz sai fraca.
— Abra os olhos. — Eu obedeço — Eu não
gosto de mentiras, Leah, chantagem.
— Me desculpe.
— Ouça — ele coloca um dedo na minha boca,
fazendo com que eu me cale —, eu fiquei destruído
os dias que você estava em coma, e quando a Bree
me ligou informando que você tinha acordado meu
coração quase saiu pela boca. Não foi apenas
porque eu estava feliz, Leah, meu coração quase
explodiu porque ele voltou a bater, e bateu com
uma força que me assustou. Era tudo por você, para
você.
— Eu não sei o que dizer.
— Diga que vai me deixar cuidar de você, diga
que vamos viver um dia de cada vez.
— Um dia de cada vez — concordo.
— Sem mais mentiras?
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— Não tem mais segredos, Jason.


— E, principalmente, sem outros caras. — Seu
olhar se prende no meu e não contenho o sorriso.
— Sim, senhor “novo affair da supermodelo”.
— Então, você estava lendo as revistas?
— Algumas — confesso.
— Sem mentiras, Leah.
— Ok, li todas, cada maldita página, satisfeito?
— Jason mal deixa que eu termine de falar, ele
segura meu rosto com força e pressiona os lábios
nos meus.
Ele me beija até perder o fôlego, sua língua
massageando a minha, é o beijo mais intenso que já
tive. Minha mão vai direto para sua camisa, quero
tanto sentir a sua pele.
— Sua perna — ele consegue falar, mas não
interrompe o beijo.
— Você vai ser cuidadoso. — Beijo seu
pescoço.
— Eu não vou. — Ele morde minha orelha e eu
grito.
— Confio em você.
— Não deveria.
Jason para e analisa meu corpo, ele olha para o
sofá e me ajuda a deitar. Eu tiro a camisa, e meu
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sutiã chama a sua atenção.


— Rosa?
— Eu tenho que preservar alguma pureza. —
Inclino para retirar a peça.
— Deixe. — Jason me para. Sua atenção vai
para o meu short jeans, ele abre o botão com
cuidado e retira a peça, ele não encosta no local da
cirurgia. — Tem certeza que está bem?
— Não sinto dor. — O que é verdade, os
medicamentos ainda estavam fazendo efeito.
Jason ajoelha no chão e passa a mão na minha
boceta, eu fecho os olhos absorvendo todas as
sensações que os dedos dele me provocam. Ele
pega minha mão e coloca um dedo na boca, ele
chupa meu dedo ao mesmo tempo que faz
movimentos circulares no meu clitóris.
O que eu disse sobre dor? Porra, estou sentindo
muita dor, uma dor latejante, crescente. É a melhor
dor do mundo.
— Ai! — grito quando ele morde meu dedo.
Grito novamente quando a boca dele assume o
lugar das mãos, porra. Isso é o céu. Estou deitada
no sofá com um cara fazendo sexo oral em mim.
E não qualquer cara, Jason, o único que ocupou
meus pensamentos nos últimos dias.
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A mão dele aperta meu seio por cima do sutiã,


eu arfo. É demais, ele aperta com força suficiente
para fazer meu corpo estremecer, e quando ele
enfia a língua dentro de mim, eu tremo de verdade.
Meu corpo está lutando para ter o melhor
orgasmo da minha vida.
Protesto quando ele para, mas Jason não presta
atenção ao que sai da minha boca, ele olha para os
meus seios, praticamente pulando do sutiã.
— Merda — falo quando ele segura a peça com
as duas mãos, uma de cada lado. E depois ele parte
no meio, o barulho do tecido rasgando faz os olhos
dele brilharem.
E em dois puxões, eu tenho menos um sutiã no
meu guarda-roupa.
— Eu vou chupá-los tão bem, Leah, que você
não vai querer outra coisa — sua voz está tão
grossa, como se ele estivesse dopado.
Jason cumpre o que promete, sua boca devora
cada seio, com uma fome que parece insaciável.
Ele morde, chupa, lambe. A cada ação, meu corpo
reage, então ele enfia um dedo na minha boceta. É
o céu, e quando ele enfia o segundo, eu gozo, tão
forte, tão intensamente.
Cada palavrão, cada gemido, tudo para ele, por
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causa dele.
Jason Willers era uma droga viciante, e ele
tinha razão, eu não quero mais nada além da boca
dele nos meus seios.

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Depois de quase enlouquecer com a Leah no


sofá da sala, eu a levei para o quarto e a obriguei a
descansar. Fiz a limpeza nos seus ferimentos, e a
vesti com algo confortável. Ela sorriu quando a
deixei sem calcinha, justificando que assim eu
poderia chegar até ela a qualquer momento.
Pedi para Oliver fechar minha conta no hotel, e
trazer as minhas coisas para o apartamento da Leah.
Tommy era uma presença constante, e fazia
companhia para Leah quando eu não estava.
Oliver e eu criamos uma rotina, treinávamos
juntos todas as manhãs. E depois ele corria para o
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hotel para ficar com Bree e Sky. Sim, meu irmão


não aguentou a saudade e mandou trazer a menina,
que era uma luz no meio de toda essa confusão.
Sky era tão pequena quanto curiosa, e meu
irmão estava dominado pela garotinha de cabelos
cacheados.
Todos os dias, Helena e Leah conversavam, eu
preferi manter a distância e não me envolver no
relacionamento das duas. Inevitavelmente, ela
também falou com seus pais. Uma conversa fria
que a fez chorar até dormir.
Leah andava com a ajuda de uma muleta, ela
era determinada e seguia todas as recomendações,
estava ansiosa para se recuperar. Já eu, estava
nervoso com o fim das minhas férias.
— O que você acha de levarmos Sky ao cinema
hoje? — ela pergunta passando a mão no meu
peito, desde que ela voltou não transamos, não de
verdade.
Meu pau dói com vontade de estar dentro dela,
mas ainda tenho medo de machucá-la, nossa
criatividade tem feito horas extras.
— Acha que não vai ser muito cansativo?
— Jason, eu já estou bem, minha perna está
cada vez melhor, juro que não entendo todo esse
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seu medo. Você não ouviu o que o fisioterapeuta


falou?
— Ele falou alguma coisa? — digo fechando a
cara. O fato é que odeio o fisioterapeuta dela, foi o
Gabriel que o contratou e o cara toca nas pernas
dela mais do que eu acredito que seja necessário.
— Está com ciúmes?
— Não, ele apenas passa tempo demais com as
mãos nas suas pernas. — Beijo sua cabeça.
— Jason? — seu tom é receoso.
— Hum?
— Faz amor comigo? — Afasto seu corpo para
olhar seu rosto, seus olhos sempre tão decididos
parecem incertos, ansiosos.
Mulheres já me pediram para fodê-las, transar,
fazer sexo. Mas nenhuma delas havia falado dessa
forma. E eu nunca poderia imaginar que ouviria
esse pedido sair da boca da Leah.
— Feche os olhos.
Leah obedece e meus dedos vão para o seu
rosto, contornando cada centímetro dele, ela tem
um rosto tão delicado, é impressionante. As fotos
penduradas no seu quarto mostram exatamente o
que ela é. Uma mulher forte, mas que precisa ser
cuidada.
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Começo a beijar seu rosto, seu nariz, as


bochechas. Minhas mãos a seguram com carinho, e
vão para sua nuca, massageio até ouvir um gemido,
baixo, apreciativo.
— Jason. — Suas unhas cravam nas minhas
costas quando pairo em cima dela, estou mantendo
meu controle no limite por dois motivos: eu não
quero machucá-la, e eu, definitivamente, quero
fazer amor com ela.
— Mantenha seus olhos fechados, ok? Imagina
que estamos em uma dança e deixe-me conduzi-la.
Ela concorda com a cabeça, e sinto seu corpo
relaxando embaixo do meu. A camisa de algodão
que ela está usando vai até o joelho, e mesmo não
tendo nada de atraente, apenas a visão dela
embaixo de mim, confiante, faz o meu pau pulsar.
Saio de cima e retiro a camisa, a minha boxer
vai logo em seguida, eu vou idolatrar cada
centímetro do corpo dela e quero sentir todos os
momentos.
Ao toque das minhas mãos, sinto seu corpo
mais quente, posso sentir o cheiro da sua excitação.
Não tem nada mais atraente do que uma mulher
excitada.
O arrepio que eu vi no corpo dela me deixa à
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beira de perder o controle, sua boceta inchada


apenas esperando, e eu nem havia chegado nela.
Leah era gostosa demais para que eu deixasse
passar algum centímetro daquele corpo. E cada vez
que minha boca o explora, meu nome sai da boca
dela entre gemidos roucos e desconexos.
— Eu não estou disposto a sair dessa cama para
pegar um preservativo — falo enquanto beijo seu
pescoço.
— Eu não pretendo deixar você sair.
— Uma pílula do dia seguinte, tudo bem? — É
a única coisa que eu consigo pensar, sei que ela não
está tomando nenhum remédio.
— Tudo bem. — Ela vira o rosto beijando meu
pescoço.
— Me deixe cuidar de você — gemo em
resposta ao seu ataque.
— Vamos cuidar um do outro. — A resposta
dela tira qualquer pensamento coerente da minha
cabeça.
— Abra as pernas. — Eu ajudo com a perna
machucada afastando-a e a outra eu dobro para que
fique inclinada. — Me dê um motivo para não
lamber sua boceta agora.
— Eu não quero a sua boca, Jason.
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— Seu pedido é uma ordem.


Seguro meu pau e guio até estar completamente
dentro dela. Eu já tive muitas mulheres na vida,
mas nada se compara a estar dentro dela, fazer
amor com ela.
— Tente não mexer a perna. — Leah assente e
eu começo a movimentar, é lento, e tão torturante
que quando a minha boca encontra a dela, eu perco
o controle.
Meu quadril ganha força, impulsiono cada vez
mais forte até que ela morde meus lábios e estamos
gozando juntos.
Saio de cima dela e tento controlar a respiração,
a mão dela segura a minha e quando a olho, ela está
com os olhos ainda fechados.
— Leah?
— Hum — ela resmunga.
— Eu vou sentir sua falta — falo e vejo seus
olhos abrirem, nós evitamos falar sobre a minha
partida. Leah disse que odiava despedidas, que
seria muito melhor ela acordar e não me ver mais
em casa. Ela se sentiria mais confortável.
Mas eu não estava confortável com isso, muito
menos sabendo que minha partida seria amanhã.
— Sempre teremos os aviões não é? — ela soa
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incerta.
— Eu vou fazer funcionar — falo, mas também
com insegurança. A verdade é que é preciso muito
mais do que de dinheiro para manter um
relacionamento à distância, e eu não tinha certeza
se estávamos na mesma página.
— Está me pedindo em namoro, Jason Willers?
— Você correria para longe se eu estivesse?
— Não, minha perna não deixaria. — Ela sorri.
— Um dia de cada vez?
— Um dia de cada vez. — Beijo seus lábios e
ela fecha os olhos.

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Um dia de cada vez. Foi com essa frase que


adormeci depois que fizemos amor, e com essa
frase que vivemos durante esses meses.
Um dia de cada vez, uma esperança de cada
vez, um coração partido de cada vez.
Eu prometi a Jason que não mentiria mais, eu
não cumpri essa promessa. Menti para ele quando
disse que não gostava de despedidas, o que eu
queria realmente dizer era: não vá embora.
Eu sabia que as malas dele estavam prontas e
que ele partiria amanhã, eu o ouvi algumas vezes
ao telefone tentando adiar a partida, e isso só fez o
meu coração quebrar mais.
A vida dele estava em Seattle e a minha aqui, o
quão injusto era isso? Gabriel havia me enviado
uma mensagem avisando que gostaria de conversar
comigo. Não tivemos muito contato depois do
acidente, mas pelo que eu sabia o piloto ainda não
havia sido escolhido, e isso era um pouco de luz no
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meio da escuridão que seria a minha vida sem meu


Guerreiro Lannister.
Quando acordo, é fim da manhã. O cheiro
vindo da cozinha faz meu estômago roncar.
Descobri os talentos culinários do Jason logo que
ele se mudou para cá. Tommy reclamou e disse que
ele deveria ter feito isso também quando estava no
apartamento dele.
A verdade era que ele estava me mimando, não
só com orgasmos de perder o fôlego, mas com
comida e boa conversa.
Eu ainda não sabia qual era a sua cor favorita,
ou se ele gostava de animais. Mas nos divertíamos
com filmes de todos os gêneros, mesmo os
romances, quando ele sempre questionava tudo.
Eu amava esses momentos, quando ríamos
como loucos. E quando ele sorria, Deus, meu
coração pulsava tão forte, que se eu já não o tivesse
testado na pista de corrida, eu poderia sofrer um
ataque cardíaco.
— Você é atraído pelo cheiro da comida? —
falo para Tommy quando entro na cozinha. Minha
perna ainda não está cem por cento, mas a melhora
é visível e algumas vezes já consigo andar sem a
ajuda da muleta.
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— Falou a garota que engordou uns dez quilos.


— Ele aponta para minha direção.
— Não seja invejoso, Thomas. Foram só uns
três quilos. — Olho para o meu corpo, droga,
provavelmente Tommy tem razão.
— Adoro as suas curvas. — Jason beija meu
pescoço e Tommy abafa uma risada, ok, ele
carinhosamente acabou de confirmar o que Tommy
disse.
— Odeio vocês dois. — Jason puxa a cadeira e
me sento, a mesa já está posta e tudo parece
delicioso.
Nosso almoço não é diferente dos outros dias,
Tommy nos mantém atualizados sobre o seu
estúdio, Jason sorri orgulhoso e sempre auxilia
Tommy nas questões burocráticas.
À tarde, nós desistimos do cinema e Jason mais
uma vez me leva ao paraíso. Não sei se é por
estarmos praticamente nos despedindo, mas seus
toques estão mais carinhosos, quase melancólicos.
E quando a noite cai e o vejo cair no sono, eu
choro.
Acordo com um hálito quente no meu pescoço,
Jason está me beijando e sussurrando como eu sou
linda.
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— Acorda, dorminhoca. — Ele beija minha


clavícula. Estou nua debaixo dos lençóis, mas noto
que ele não.
— Qual o motivo de estar vestido? — Abro os
olhos e vejo que ele está arrumado.
— Fiz o seu café, não achei que seria legal
andar nu pela sua cozinha.
— Eu não vejo problemas. — Dou de ombros e
ele pega a bandeja.
— Você é uma pervertida. — Jason traz a
bandeja e coloca na minha frente, cubro os seios
com o lençol e olho para o café.
— Uau, você se superou. — Ele pega uma flor
que está dentro de um copo e coloca no meu
cabelo.
— Você merece isso, que alguém se supere
cada vez que for te agradar. — Engulo o nó que
surge na minha garganta, eu não deixei de notar
que ele mencionou alguém, e não ele.
— Obrigada.
— Vou encontrar com Oliver agora, mas logo
estarei de volta, ok?
— Tudo bem. — Eu relaxo um pouco, sei que
ele não vai se despedir, mas não iria embora
dizendo que vai voltar logo, iria?
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Jason sai e eu tomo o café, uma hora depois eu


consigo me vestir e estou abrindo a porta para
Gabriel.
— Gabe! — Ele me abraça.
— Você está ótima. — Seus olhos percorrem
meu corpo e eu bato em seu ombro.
— Olhos para cima, Gabriel. — Ele sorri.
— Vem, preciso conversar com você. —
Andamos até o sofá.
— O que tem de tão urgente?
— Você sabe que a vaga de piloto ainda não foi
preenchida, certo? — Meu coração dispara.
— Sei.
— E você sabe por quê?
— Não faço ideia.
— Eles querem você, Leah — puta merda.
— Eu consegui? — pergunto perplexa.
— Sim, garota, eles estão ansiosos pelo seu
retorno às pistas. — Tapo a boca com as mãos para
evitar um grito de surpresa, mas quando olho para a
porta, Jason está me encarando tão surpreso quanto
eu.
— Jason! — Ele me olha por mais um minuto,
fecha a porta e vai embora.
— O que deu nele? — Gabriel pergunta.
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— Ele foi embora — a afirmação sai da minha


boca e tem o gosto amargo. Eu sei que Jason ouviu
sobre a minha volta para as pistas de corrida, e eu
sei que essa foi a forma dele dizer que não vamos
funcionar.
***
Droga, eram três horas da tarde e eu estava
mancando na porcaria de uma sala de espera.
— Tommy, você tem certeza? — pergunto pela
décima vez, meu amigo me passou todas as
coordenadas, que segundo ele estão corretas.
— Tink, eu tenho certeza, o avião sai às três e
meia.
— E se ele pegou outro?
— Ele não pegou, falei com ele mais cedo e ele
me confirmou.
— Não estou vendo nenhum deles aqui. — Não
era possível, o aeroporto não estava tão cheio assim
e é claro que um lutador do tamanho do Oliver não
passaria despercebido.
— Já tentou os celulares?
— Caixa postal, todos eles — falo desanimada.
— Droga, Tink.
— Vou até o balcão de informação, mando
notícias.
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Pego minha mochila e minha muleta e saio da


sala de espera, vou até o guichê da companhia
aérea tentar obter alguma resposta.
— Pelo amor de Deus, basta me informar se
eles estarão nesse voo — grito com a atendente.
— Senhora, como informei nas três vezes
anteriores, não podemos passar esse tipo de
informação.
— Quanto? — pergunto.
— Não se trata disso, senhora.
— Senhorita! — berro — Desculpe, eu estou
nervosa.
— Sinto muito, senhorita, mas não posso ajudá-
la.
Saio do balcão e noto uma comoção na entrada
da sala de espera, algumas pessoas com celulares
na mão, seguranças e, entre eles, Oliver com Sky
no colo, e Jason e Bree logo atrás.
Deixo cair a muleta e corro em direção a eles.
Irresponsavelmente, eu corro em direção a eles.

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Estamos sendo escoltados para a sala de espera,


Oliver está uma fera comigo por estar atrasado.
Fora o fato de estarmos em um voo comercial,
coisa que ele detesta, Sky ficou assustada com a
aglomeração de pessoas.
— Eu poderia matar você por isso — ele
resmunga.
— Você também poderia ter confirmado o
jatinho — falo na defensiva. Eu fiquei de confirmar
o aluguel do jatinho, mas pela primeira vez eu me
distraí e meu trabalho acabou em segundo plano.
Leah era uma excelente distração, para dizer o
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mínimo, e só em pensar nela meu rosto se


contorce.
Nosso tempo juntos foi muito mais do que eu
poderia imaginar, o sorriso dela, a voz, a maneira
que ela adorava ver TV. Ela era muito mais que
luxúria, era um pacote de boas sensações que tinha
sexo como bônus. O melhor sexo.
— Poderia ao menos ligar a droga do celular?
— Oliver xinga novamente. — Onde você estava?
— Fui até o apartamento da Leah, para me
despedir — minha voz sai baixa e meu irmão me
olha. Ele ajusta Sky em seu colo e vai na frente,
sinto a mão de Bree no meu ombro.
— Você liga para ela assim que chegarmos —
minha cunhada me tranquiliza.
Eu sei que vou ligar, mesmo contra a minha
vontade, a raiva que senti quando vi a felicidade em
seus olhos com a possibilidade de voltar a correr.
Eu não sei se isso vai passar.
O som da angústia na voz dela quando saí de lá
ainda está nítido na minha cabeça.
— Jason! — ouço novamente a sua voz, mas
quando penso que estou alucinando olho para Bree,
ela parou e agora tá olhando para trás.
— Merda. — Vejo Leah correndo entre a
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multidão, praticamente sendo esmagada no meio de


tanta gente.
Corro na sua direção, tentando afastar as
pessoas para lhe dar passagem, ela está sem a droga
da muleta e está com uma careta de dor.
— Atrasado! — ela grita batendo no meu peito.
— Do que você está falando? — Seguro seus
pulsos, ela está me socando descontroladamente.
— Você. Está. Atrasado. — Olho atônito —
Você nunca se atrasa, Jason.
Leah puxa os pulsos e enxuga as lágrimas que
caem pelo seu rosto.
— Eu tenho um motivo para ter me atrasado. —
Minhas mãos vão para o seu rosto. — Eu fui me
despedir de você.
— Eu odeio despedidas — ela funga.
— Você está mentindo.
— Certo, eu odeio a ideia de me despedir de
você, ok? Satisfeito? — Ela cruza os braços.
— Muito, e agora? Veio se despedir?
— Não. — Ela pega a mochila que estava
pendurada no seu ombro e joga em cima de mim.
— O que é isso?
— Minhas coisas, eu vou com você — ela fala
como se não fosse nada demais.
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— Você o quê?
— Você é surdo, Jason? — Todo mundo no
aeroporto está nos observando. — Eu vou com
você, entendeu?
— Leah, não faça isso, sua carreira é aqui, e…
— Não, eu não aceitei a vaga.
— Você não aceitou?
— Jason — ela suspira — Antes de conhecer
você, quando eu imaginava meu futuro, era cheio
de carros, primeiros lugares, chuva de champanhe.
Mas, agora? — respiro fundo — Quando eu olho
para o meu futuro eu vejo você. Vejo o seu sorriso,
seus questionamentos infundados sobre os filmes
de romance, seus ternos caros. Você, Jason, é com
você que eu quero estar quando olho para o meu
futuro.
Ela para de falar e olha ao redor, ela não havia
notado que éramos o centro das atenções.
— Pode repetir isso?
— Foda-se você. — Ela sorri. Coloco a mochila
dela no chão e seguro na sua cintura.
— O que acha de ser carregada para dentro do
avião? — digo olhando em seus olhos.
— Eu não tenho passagem. — Ela começa a rir.
— Tem um jato particular esperando por nós.
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— Oliver aparece — Mexam suas bundas,


pombinhos.
Pego Leah no colo e, entre aplausos de uma
plateia muito animada, eu sussurro em seu ouvido.
— Um dia de cada vez?
— Um dia de cada vez. — Ela sorri. — E para
sempre — ela acrescenta.

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— Você está cavando um buraco no chão —


meu irmão fala ajustando o terno.
— Como se eu ligasse para a porra de um
buraco. — Abro o botão do colarinho, essa porcaria
de gravata vai me sufocar.
— Pare com isso, Oliver, você não está indo
para um julgamento.
Jason estava certo, eu não estava indo para um
julgamento, estava apenas caminhando para a porra
do “Até que a morte os separe”, não que isso
tivesse alguma importância, mas eu jamais abriria
mão de ver as minhas duas meninas caminhando
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até o altar.
— Elas estão atrasadas — falo novamente.
— Toda noiva se atrasa — Jason justifica.
— Principalmente se Leah estiver junto. — O
sorriso do meu irmão se alarga ao mencioná-la.
Quando saímos de Los Angeles, Leah veio a
reboque, com uma mochila na mão a garota deixou
para trás a carreira, os amigos, e seus sonhos, pelo
meu irmão, e ela não se arrependeu.
Dois meses depois que chegamos em Seattle,
eles anunciaram a gravidez, Jason ficou em êxtase e
Leah extremamente assustada. Mas, meu irmão
sempre mantinha tudo sob controle, inclusive o
temperamento dela.
Com a gravidez minha cunhada se transformou
em uma explosão hormonal, e formávamos uma
bela dupla.
Jason e eu resolvemos investir em outros
ramos, eu sabia que não poderia lutar para sempre,
então ficamos de olho no ramo automobilístico. E
como presente de aniversário, Leah ganhou a
sociedade em uma equipe de Fórmula 1.
Além de excelente pilota, ela se saiu muito bem
nos bastidores. Meu irmão estava orgulhoso.
Do passado, a única coisa que meu irmão fez
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questão de manter foi o carro dela, ele comprou


escondido quando Tommy vendeu, na mesma
época que vendeu o apartamento, e depois a
presenteou.
Leah queria matá-lo e beijá-lo ao mesmo
tempo. E mesmo depois de todas as juras e ameaças
de morte que ela proferiu quando estava dando à
luz ao Jace, ela ama Jason com tudo que tem. E
meu irmão a ama igualmente.
— Não se preocupe, Tommy enviou uma
mensagem, elas já devem estar chegando — a voz
de Jason soa despreocupada.
— Será que ela desistiu? — pergunto nervoso.
Porra, eu odiava esse nervosismo.
A última vez que fiquei nervoso assim foi
quando recebi os exames. Bree e eu estávamos
tentando ter um filho, foi ano passado e como eu
não era paciente fomos ao médico para saber o que
havia de errado.
O problema era simples, na verdade. O
problema era eu.
Eu era estéril. Incapaz de ter filhos. Foi como
uma avalanche, e se ela não estivesse ao meu lado
eu não saberia o que fazer.
Quando dei a notícia ao Jason, nós choramos.
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Choramos pelo filho que agora ele tinha certeza


que perdeu, choramos pelos filhos que eu sabia que
nunca poderia ter.
— Sabe, é engraçado ver você nervoso desse
jeito, mesmo depois desse tempo todo, com todas
as suas explosões, Bree disse que sim não foi? — a
voz de Jason me desperta das minhas lembranças.
— Eu lutei muito por esse maldito sim.
— Sei disso, e como sempre, você foi o
campeão. — Ele bate no meu ombro — Relaxa,
Oliver, elas já estão aqui.
Jason aponta para a porta da igreja, os
burburinhos dos convidados param e Tommy entra
segurando Jace, eu sei que as minhas meninas já
estão aí.
— Ei, campeão. — Pego Jace das mãos do
Tommy — Quando aquela porta abrir você vai me
prometer que vai proteger a nossa princesinha —
ele balbucia alguma coisa, ele mal consegue falar
papai e mamãe. — O tio Oliver vai te ensinar a
nocautear qualquer marmanjo que se aproximar da
nossa Sky.
Beijo a testa dele e entrego para Jason.
Quando a música de entrada começa a tocar,
meu coração acelera. Minhas mãos começam a
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tremer e eu tenho certeza que vou desmaiar.


— Relaxa Oliver, é um casamento.
Vejo Leah entrando ao lado de Liv, elas são as
damas de honra, em seguida, Sky entra sorridente,
com uma cesta na mão, jogando pétalas de rosas.
Assim que ela me vê, todo ensaio é esquecido,
Sky corre em minha direção e pula em meus
braços, beijo seu rosto e olho para frente.
Bree está entrando, eu nunca a vi tão linda. Seu
sorriso, a entrada lenta, sem hesitar, sem olhar para
os lados.
Ela olha apenas em minha direção, e nesse
momento eu respondo ao Jason.
— Não é um simples casamento, é a minha luta
final. O meu nocaute.

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Vocês conseguem definir a palavra amor?


Aos sete anos, minha professora do primário
nos deu essa tarefa, como se fosse algo fácil, na
verdade, à época foi fácil. Aos sete anos o amor era
simples, algo que sentia praticamente por todos a
minha volta.
Mas na minha definição, somente uma pessoa
me vinha à mente.
Sky, minha prima, que era quase cinco anos
mais velha, e que ao meu ver, era a definição
perfeita de amor. Aos sete anos era isso que eu
pensava, e prestes a fazer vinte, não havia mudado.
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Aos dezoito anos eu a beijei pela primeira vez,


foi quando ela estava prestes a entrar na sua
primeira luta oficial. Sky era a melhor lutadora que
eu conhecia, era destemida, curiosa e orgulhosa
demais.
Não foi o meu primeiro beijo, mas foi o único
que importou. Desde então, ela passou a me tratar
como um irmão mais novo, sempre me colocando
no meu lugar.
Mas o adolescente cresceu, e agora está mais do
que determinado a provar que o meu lugar é ao
lado dela, na cama dela.
Estou sentado no sofá da casa do meu tio, ele
viajou com a tia Bree e pediu para que eu ficasse
aqui, fazendo companhia para Sky, mesmo que ela
tenha vinte quatro anos, ele ainda a trata como uma
criança, e ela detesta. Mas só resta esperar, já que o
apartamento dela ainda não ficou pronto.
Culpa do destino, ou do meu tio Oliver que está
adiando ao máximo a partida dela.
Mudo novamente o canal da TV, nada ali me
agrada, então eu ouço o barulho de chaves, e
risadas.
— Merda! — xingo baixinho, eu sei que ela
não está sozinha.
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— Ei, Jace — ela fala quando me vê sentado no


sofá, ela tenta esconder a surpresa, mas acho que já
esperava por isso.
— Oi. — Olho para ela e ignoro o babaca com
a mão no seu ombro.
— E aí, irmãozinho. — O idiota tem a coragem
de me chamar de irmão.
— Max — cuspo o nome dele como se fosse
um palavrão e volto minha atenção para a TV.
— Estaremos lá em cima — o bastardo fala
puxando Sky, ela me lança um olhar e eu procuro
me conter.
Tento me concentrar no que está passando na
TV, olho até para a droga do meu celular, qualquer
coisa para evitar pensar que ela está na cama com
aquele merda.
Dez minutos depois, estou subindo os degraus.
De dois em dois.
— Sky. — Soco a porta. — Sky — chamo mais
uma vez.
— O que foi? — Ela abre a porta ao mesmo
tempo que abaixa blusa, merda, o pouco de pele
que vejo é suficiente.
— Sem caras — digo olhando para o bastardo
deitado na cama dela.
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— O quê?
— Sem caras, essas são as regras.
— Não me trate como uma criança, Jace
Willers — ela enfatiza o meu sobrenome, ela
sempre faz isso, para me lembrar que somos
primos, mas eu também jogo baixo.
— São as regras do seu pai, ou seria padrasto?
Sky Willers. — Vejo a fúria surgir nos olhos dela. É
isso aí.
— Saia, Max — ela diz ainda me encarando.
— Vou estar na festa, sabe onde me encontrar.
— Ele pega a camisa e passa pela porta. — A gente
se vê, irmãozinho.
— Idiota — praguejo.
— Não tanto quanto você. Qual é a sua, Jace?
— Ela entra no quarto e eu entro em seguida.
— Eu não vou ficar lá em baixo calado
enquanto um cara fode com a minha garota.
— Sua garota? Eu não sou sua garota, Jace,
somos primos, acorda!
— Não temos o mesmo sangue, por que você
não aceita isso de uma vez?
— Eu sou a filha do Oliver, seu tio, Jace. — Ela
coloca o dedo acusatoriamente no meu peito. Eu sei
que ela detesta quando eu digo que não temos o
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mesmo sangue, mas esse maldito parentesco parece


ser a única coisa que a afasta de mim.
— Quando você vai assumir o que sente por
mim?
— Não força, Jace.
— Não fuja, Sky. — Ela cai na cama e eu subo
em cima dela.
— Você não faria isso! — Passo a mão no seu
rosto, em seguida minha boca faz aquilo que eu
sempre desejei, eu a beijo, com o amor que eu
guardei durante todos esses anos. Nada nesse
mundo poderia se comparar ao que eu estou
sentindo agora.
— Seja minha, Sky. — Beijo seu pescoço e ela
geme — Eu sempre fui seu, ninguém me teve como
você tem, meu coração e meu corpo têm só uma
dona.
Beijo seu pescoço e minha mão vai para a barra
da sua camisa.
— Jace — ela me para — Você é virgem?
Droga.
Certamente ela não foi a primeira garota que eu
beijei, mas seria a primeira que eu iria transar. Eu
nunca passei de alguns amassos, e na faculdade
acredito que há uma aposta que diz que sou gay.
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Quando na verdade, meu corpo só quer uma


pessoa.
— Isso importa? — Passo a mão no seu rosto.
— Saia do meu quarto.
— Sky…
— Agora, Jace. Saia agora.
Seu tom deixa claro que ela não vai ceder, ela
poderia me derrubar com um soco se quisesse, eu
me levanto atordoado.
— Não vou fazer nada que você não queira.
Dito isso, eu saio do quarto batendo a porta e
me xingando mentalmente.
Meia hora depois, estou sentado novamente no
sofá da sala quando escuto seus passos na escada,
ela nem ao menos me olha ao sair de casa.
Peço uma pizza e sintonizo em um jogo, parecia
até estar interessante, mas o barulho do meu celular
me distrai.
— Jace! — Quase derrubo a fatia da minha mão
quando escuto a voz dela, é Sky e ela está
chorando.
— Onde você está? — entre soluços ela me
passa o endereço, não fica muito longe, por isso,
nem retiro o carro da garagem, e corro até lá.
É uma casa que fica a poucos quarteirões da
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casa dela, e pelo visto está acontecendo uma grande


festa.
Entro sem me importar com quem está aqui,
bebidas e cigarro, são as únicas coisas que consigo
identificar nesse mar de pessoas entorpecidas.
Encontro Sky sentada na escada, os olhos
vermelhos. Ela está tremendo segurando o celular
na mão, a alça do vestido está rasgada.
— Eu vou matá-lo. — Passo por ela e subo as
escadas, sinto que ela vem correndo tentando me
conter.
— Não, Jace, apenas vamos embora. — Viro e
a encosto na parede, dou uma boa olhada nela
novamente.
— Eu. Vou. Matá-lo.
Começo a abrir as portas dos quartos, uma por
uma, até encontrar quem eu quero, e eu não
demoro. Na terceira porta encontro o bastardo
sentado na cama, sem camisa e com as calças
abertas.
— Como você quer morrer, Max? — pergunto
e ele me olha, seu olhar me diz que ele está
drogado o suficiente, e isso me importa?
Porra nenhuma, eu vou arrancar o pau dele fora.
Então eu começo. Parto para cima dele socando
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com tanta força que sinto seus ossos estalarem a


cada batida do meu punho.
Um, dois, três.
Eu não paro, até ouvir o grito dela e a polícia
me algemando.

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Agradecimentos
Aos meus amigos, poucos, loucos e insubstituíveis.
À minha família, que me apoia, mesmo quando não
sabe do que se trata.
Aos leitores, essa série só existe por causa de
vocês.
Obrigada a todos.

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