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Capa: Dri K. K
Revisão: Alpha Books
Criação de e-book: Olivia Nayara
olivialivros@hotmail.com
NACIONAIS - ACHERON
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Dedicatória
Para todos que lutam por um sonho,
Para todos que desistem de um sonho,
Para todos que apenas mudam de sonho.
Andy Collins.
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Eu apenas sorrio.
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descemos do carro.
— Você não tem jeito.
— Mas você me ama, e ganhou fone de ouvido
novo, não reclame.
Tommy sorri e nós entramos no elevador.
Aperto o botão do décimo andar, e a coisa começa
a se mover.
— Como foi no banco? — pergunto
casualmente.
— Uma merda.
— Ah Tommy! — meu coração se aperta.
— Relaxa, Tink, eu não vou desistir. — Sorrio,
eu sei que ele não vai desistir do seu sonho.
Tommy é exatamente como eu. Persistente,
porém, incrivelmente azarado, e como se um só não
fosse o suficiente, o destino nos apresentou.
Eu chamo isso de carma.
O elevador abre e caminhamos em direção ao
meu apartamento. Então, eu paro. Na verdade, eu
congelo.
Qual a probabilidade disso estar realmente
acontecendo? Sentado no chão, em frente ao meu
apartamento, está o Guerreiro Lannister,
completamente alheio, distraído com o celular.
— Está me seguindo? — eu falo e ele levanta o
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olhar.
— Você está? — ele retorna a pergunta.
Tommy olha para nós dois e logo sua expressão
muda, e eu percebo que ele reconheceu o barbudo
do aeroporto.
— Está esperando alguém? — pergunto quando
ele se levanta.
— Uma amiga, mas não consigo falar com ela.
— É amigo da Helena? — Tommy pergunta.
— Posso dizer que sim.
— Estranho.
— Por quê? — eu e o barbudo perguntamos ao
mesmo tempo.
— Você não parece o tipo de amigo da Helena.
— Fico chocada com a resposta de Tommy, mas
parece que o cara não se abala.
— Eu imagino que não — ele diz.
— Eu acho que você perdeu o seu tempo,
Helena está viajando.
— Eu sei, mas ela retornaria hoje, não? — ele
pergunta parecendo confuso.
— Ela precisou estender um pouco a viagem,
algo sobre o trabalho — digo a ele.
— Você a conhece?
— Moro aqui. — Aponto para o apartamento
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Eu conheço o caro.
— Por aqui, seu quarto é o primeiro à esquerda
— ele aponta para uma porta —, aqui é o banheiro,
e lá no fundo fica o meu quarto. Não se preocupe,
eu tenho um banheiro privativo.
— Tudo bem.
— Dentro do armário, têm roupas de cama
limpas, você pode pegar. Só não pense que vai ficar
com meus lençóis.
— Não preciso disso, Tommy, está tudo
perfeito. Obrigado.
— Tudo bem, contanto que você não me mate
durante o sono.
— Eu acho que quem está em desvantagem
aqui sou eu. Vocês sabem quem eu sou, mas eu não
faço ideia de quem são vocês. — Cruzo os braços e
Tommy suspira.
— Thomas Edward Halters — ele estende a
mão novamente —, herdeiro dos Hotéis Halters e
blá-blá-blá.
— Eu acho que não preciso dizer meu nome
novamente. — Sorrio e aperto sua mão.
— E a Leah, ela é… — Meu celular toca e
interrompe o discurso de Tommy.
— Desculpe, é o meu irmão.
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— Eu não preciso.
— E eu não sou louca. — Ela sorri.
— O que você faz? — pergunto para Leah.
— Corro — ela responde e eu fico confuso por
um momento. — Sou pilota.
— Pilota? — Ela corre, é pilota, minha ficha
cai. — Do tipo Stock Car ou motos?
— Do tipo Fórmula 1.
Seu sorriso é tão amplo, que sem perceber eu
estou sorrindo também. Ela disse isso de uma
maneira tão orgulhosa e natural. É contagiante.
— Uau. Eu nunca conheci uma pilota.
— É porque eu vou ser a primeira pilota da
minha equipe — ela fala de novo com orgulho.
— Leah é pilota de testes, e agora parece que
vai surgir alguma oportunidade e ela vai poder
correr de verdade.
— Isso é bom — digo.
— Isso é um sonho, meu sonho, e eu estou
quase alcançando.
— Um brinde a isso. — Tommy levanta a taça
— Apesar de que eu morro a cada corrida que ela
participa.
Eles sorriem e nós brindamos. A conversa flui
para assuntos cotidianos, eles me perguntam
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Culpa da Budweiser.
Nós nos despedimos e vou em direção ao meu
apartamento, quando abro a porta, não consigo
resistir, olho para a porta do apartamento do
Tommy e Jason está ali, encostado no batente com
os braços cruzados e com a droga do sorriso sexy.
Eu preciso de mais uma bebida, e sexo, e uns
dois episódios de Guerra dos Tronos, não
necessariamente nesta ordem.
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minha vida.
Jason está deitado na cama, há somente duas
luzes acesas, o que deixa o cômodo mais sensual.
Ele está gemendo ofegante, e está se tocando.
— Se você não vai participar, essa é a hora de
sair. — Sua voz grossa causa arrepios na minha
espinha. Ela me pega de surpresa.
— Eu… eu… — Nada sai, não sei se estou
mais nervosa por ser pega observando, ou por estar
observando.
Jason levanta da cama e meus olhos vão direto
para o seu pau. Grande, grosso, e muito, muito
duro. E ele ainda está se tocando.
— O quê, Leah? O que você veio fazer aqui?
— Eu vim… — Meu Deus do céu, cadê as
palavras quando preciso usá-las? Se eu já estava
hipnotizada olhando suas mãos, definitivamente,
me perdi quando olhei em seus olhos.
— Você veio buscar algo que aquele babaca
não te deu? — Ele se aproxima e me encurrala na
parede.
— Vim pedir desculpas — consigo dizer.
— Pelo quê? Por me excitar? — ele fala e olha
para sua mão, os movimentos suaves e constantes
fazem meu pulso acelerar.
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os olhos.
Jason levanta, em seguida vai ao banheiro, eu o
espero terminar e aproveito para colocar as ideias
em ordem.
— E agora? — pergunto para mim mesma.
Sexo casual é o que eu faço, nunca foi
problema. Mas, eu também nunca tinha feito sexo
com Jason antes.
— Desligue esses pensamentos, Leah — Jason
diz assim que entra no quarto novamente.
— Quem disse que estou pensando?
— As rugas na sua testa — ele deita ao meu
lado —, não precisa pensar sobre isso.
— O que você quer dizer?
— Eu quero dizer — ele toca meu seio —, que
você não precisa surtar com isso.
— Eu não sou mulher que surta com sexo,
Jason.
— Alguma coisa está preocupando você.
— Sim, muitas coisas, mas não o sexo,
definitivamente não o sexo. — Levanto da cama e
começo a pegar minhas roupas, Jason continua me
olhando.
— Você pode dormir aqui — ele fala, seus
braços dobrados embaixo da cabeça, ele não se deu
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ao trabalho de se cobrir.
— O convite é tentador, mas eu ronco. —
Coloco o vestido.
— Acho que vai precisar disso. — Ele mostra a
calcinha que está na mão dele, ele levanta e
caminha na minha direção, sorri e fica de joelhos.
— O que… — não termino de falar, Jason está
colocando a minha calcinha. Ele ergue meu pé com
cuidado, e em poucos e tortuosos segundos minha
calcinha está no lugar e seus olhos estão nos meus.
— Foi um prazer, Leah. — Jason beija meu
queixo.
— Boa noite, Jason.
— Boa noite, Leah. — Abro a porta do quarto e
quando saio, ele me diz: — Eu não me importaria
com seus roncos, só para você saber.
Seu sorriso é radiante.
— Eu não ronco. Só para você saber. — Pisco e
saio do apartamento antes que fique tentada, ainda
mais, a passar a noite com Jason.
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momento.
— Eu sei, mas…
— Somos adultos, Leah e até onde eu sei,
solteiros.
— E a Helena? — ela solta me pegando de
surpresa.
— O que tem ela? Vim aqui para ter uma
conversa com ela, e é o que vou ter.
— Jason, tem muita coisa que você…
— Crianças, estou indo trabalhar. — Tommy
entra na cozinha como um furacão — Alguém
morreu? — Ele olha para Leah e depois me encara.
— Não — falamos juntos.
— Nossa, já estão falando juntos, que meigo.
Me acompanha, Tink?
— Tudo bem.
— Vai passar o dia em casa? — Tommy
pergunta.
— Não sei, talvez eu trabalhe um pouco, as
coisas estão começando a ficar entediantes.
Tommy sorri com cautela e Leah não me olha,
eles saem do apartamento e em seguida ligo o tablet
e verifico meus e-mails. Trabalho foi o que sempre
me manteve focado, e agora não seria diferente.
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Ping.
O barulho do elevador me assusta, e Tommy
apenas sorri antes de entrar na maldita coisa e me
dar apenas um aceno com a mão.
Droga, será que as minhas encaradas são tão
evidentes assim? Toda droga de mulher olha para
ele da mesma forma, por que diabos eu seria
diferente?
Puxo meu celular do bolso e envio uma
mensagem para Helena, é oficial, eu preciso saber
quando ela volta e não vou aceitar uma enrolação
como resposta.
Envio a mensagem e vou para o meu
apartamento. Há uma lista de artigos que preciso
estudar e algumas informações sobre modificações
que serão feitas no carro, e desde que meu treino de
hoje foi transferido para amanhã, resta apenas ficar
aqui trabalhando, ou encarando a porta do vizinho.
Agir como uma psicopata nunca foi tão
atraente.
Ao meio-dia minha campainha toca, prendo o
cabelo e vou até a porta. Minha surpresa é evidente
quando olho para o meu visitante.
— Gabriel — falo dando passagem, ele está
segurando duas sacolas que parecem ser de algum
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minha atenção.
São três grandes fotografias, em uma ela está
dentro do carro de corrida, na outra está ao lado do
carro segurando o capacete, e na seguinte, apenas o
seu perfil olhando para a pista.
— São lindas. — Olho impressionado.
— Tommy — ela diz simplesmente como se
isso fosse o suficiente para justificar tanta
perfeição.
Sem perceber, estou tocando a foto do perfil,
seus lábios, seus olhos. Em todas, ela não olha para
a câmera, eu tenho certeza que ela não sabia que
estava sendo fotografada.
— Você é linda, Leah — digo sem tirar os
olhos da fotografia.
— Obrigada. — Ela parece constrangida, saio
do meu transe e observo a figura real. Ela está ao
meu lado, ainda segurando a toalha, mas não com a
mesma força de antes.
— Ainda vai segurar a toalha?
— E se eu quiser mantê-la?
— Não vou insistir, eu quero se você quiser.
— Mesmo sabendo que é errado?
— A não ser que aquele cara seja o seu
namorado, não vejo nada de errado com o que
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fechados.
— Esperava ganhar mais do que um uhum. —
Tiro o cabelo que está grudado na sua testa.
— Quando eu conseguir formar alguma frase eu
falo. — Seus olhos ainda estão fechados e percebo
o quanto ela é atraente.
— Já disse que você é linda?
— Uhum. — Ela sorri. Beijo o topo da sua
cabeça.
— Hora do banho?
— Acho que vou precisar de ajuda. — Sorrio e
ajudo-a a se levantar.
— O banheiro é ali. — Ela aponta para uma
porta, vou até lá e retiro o preservativo jogando no
lixo em seguida.
Volto para o quarto e a encontro esparramada
na cama. É uma bela visão, deitada abraçada a um
travesseiro, sua bunda à mostra para minha
apreciação.
Eu sempre apreciei mulheres com curvas, e
Leah é a perfeição, pequena e com curvas tão
perigosas quanto as que ela deve correr. E isso para
um homem é uma perdição.
— Ei moça, que tal um banho? — Toco no seu
cabelo e ela apenas geme em resposta.
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isso.
— O que você acha de sairmos mais tarde? —
ele pergunta me pegando de surpresa.
— Não dá, tenho treino amanhã cedo. — Minha
alegria se esvai.
— E por que você quer saber sobre os meus
planos para amanhã?
— Pretendia convidar você para ir assistir ao
treino.
— Pretendia? — Ele para de massagear e nos
reorganizamos na banheira. Ela não é muito grande,
mas, pelo menos, não ficamos desconfortáveis.
— Gostaria? — pergunto indecisa, estamos de
frente um para o outro e a Leah corajosa resolveu
dar lugar para a Leah indecisa.
De onde saiu essa mulher? E por que ela tem
vontade que ele a veja correr?
— Eu não tenho nada melhor para fazer, então.
— Ele dá de ombros.
— Nossa, você é ótimo em motivar pessoas. —
Jogo um pouco de espuma nele.
— Estou brincando, irei com prazer.
Meu sorriso se expande e a indecisa Leah dá
lugar para uma Leah ansiosa. E eu não gosto
nenhum pouco dessas novas Leahs.
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irmãs.
— Eu meio que já tinha percebido isso, Tink,
mas e daí? Metade do seu círculo de amizade não
sabe, vocês duas não são as melhores amigas.
— Jason foi namorado da Helena, Tommy.
— Isso também é meio óbvio, o cara está aqui
esse tempo todo esperando-a voltar. Ou é um ex, ou
um traficante cobrando alguma dívida. Prefiro
sempre pensar na primeira opção. — Não consigo
conter o sorriso.
— Ele é o pai do filho dela. — Vejo os olhos do
meu amigo se alargarem, muito. Ele pisca algumas
vezes e eu sei o que ele está tentando fazer.
— Onde você quer chegar com isso, Leah?
— Ele vai ficar uma fera quando souber quem
eu sou — digo derrotada. — E vai ficar ainda mais
quando souber o que eu fiz, Tommy.
— E o quê, exatamente, você fez?
Olho para o meu amigo por alguns segundos,
meu celular vibra avisando que tenho uma
chamada. Olho o visor e o nome da Helena é o que
aparece na tela. Deixo o telefone de lado e decido
falar tudo que estou escondendo.
Tommy é meu melhor amigo, mas ninguém
além da minha família sabe o que realmente
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aconteceu.
Meia hora depois eu tenho um Tommy muito
calado, duas chamadas perdidas da Helena, e um
monte de vergonha acumulada.
— Ele vai ficar uma fera com você — meu
amigo diz. — Porra, eu estou uma fera com você,
Tink.
— Eu sei, Tommy, me desculpe.
— Isso é… — engulo em seco — baixo. Muito
baixo, Leah. — Tommy tem razão, e agora eu nem
consigo olhar em seus olhos.
— Eu agarrei a primeira chance que eu tive,
Tommy. — Tento me defender — Era meu sonho.
— Eu sei, ninguém melhor do que eu sabe o
que é correr atrás de um sonho, Leah, mas o que
você fez, é repugnante.
— Sei disso. — Cruzo minhas mãos com
nervosismo.
— Mas, eu sou seu amigo e a última pessoa que
poderia te julgar. Só que você tem que contar para
o Jason, sabe disso, não é?
— Eu sei.
— Tem que contar tudo, Leah, não só que você
é a irmã da Helena.
— Ela não vai dizer nada.
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— Tudo bem.
Ajudo Leah com a louça e em seguida vamos
para o quarto. Ela ajusta a TV e deita ao meu lado
na cama.
— Eu tenho direito de escolha? — pergunto
quando ela começa a passar pela lista de filmes.
— Acho que não, minha casa, minha cama,
minha TV.
— Isso pode ter volta, sabia?
— E como você pretende fazer isso? — ela me
desafia.
— Convidando você para minha casa.
— Sua casa? Em Seattle?
— Sim, você pode ir me visitar, não existe
nenhuma lei que proíba isso.
— Eu…
— Leah, é só um convite. Se você quiser me
visitar um dia, eu vou receber você.
— Eu sei disso.
— Não parece, você ficou branca.
— É só o cansaço — ela se justifica, mas eu
não acredito.
Ela coloca em um filme de ação, que tenho
certeza que foi escolhido de forma aleatória,
estendo meu braço trazendo seu corpo mais para
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previsto.
— Certo.
— Você vai me dizer qual é o problema? —
Sento na cama.
— Você topa ir comigo a um lugar? — ela
muda de assunto.
— E nesse lugar você vai me contar por que
está assim?
— Você não vai desistir, não é?
— Não até ver o que eu tanto gosto.
— E o que seria isso?
— Seus olhos brilhando.
Leah sorri, dessa vez um sorriso de verdade.
Ele dá vida ao seu rosto.
— Você tem meia hora para trocar de roupa e
me encontrar no estacionamento, Jason Willers.
— A senhorita é quem manda.
Beijo sua boca. Ela corresponde de imediato.
Sua mão na minha nuca, pressionando o suficiente
para me manter ali.
— Meia hora — ela fala quebrando nosso beijo.
— Eu vou terminar o que eu comecei.
— Eu nunca duvidaria disso — ela diz antes de
eu fechar a porta do quarto.
Como combinado, em meia hora estou
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enganado.
Eu sempre soube onde estava me metendo,
sempre fui o cara responsável que não se envolvia
em algo que não conhecia. Pesquisava sobre as
pessoas, não confiava cegamente.
Leah me enganou, e eu estou me sentindo um
idiota.
— Por que você nunca me disse que tinha uma
irmã? — pergunto.
— Então, vocês dois estão transando mesmo!
— não era uma pergunta.
— O que eu tenho com a Leah não é da porra
da sua conta, Helena.
— Essa vingança idiota não vai mudar nada do
que aconteceu, Jason.
— Eu não estou tentando me vingar de você,
caso você não tenha percebido eu nem ao menos
sabia que ela era sua irmã — digo com desdém.
— A última vez que eu soube que foi
imprudente foi quando estava com duas mulheres
no seu quarto — ela joga de volta.
Eu levanto do sofá e vou até a sua poltrona, me
inclino colocando os braços um de cada lado,
prendendo-a.
— Aquilo foi imprudente, e para sua
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ela disse?
— Passamos a noite conversando, e sim, eu
acreditei.
— Vocês não transaram?
— Pelo amor de Deus, Oliver, o que você pensa
que eu sou?
— Até um tempo atrás era o cara que amava a
mulher com quem passou a noite conversando.
— Eu estava enganado quanto a isso também
— eu admito.
— Uau.
— Acho que precisávamos apenas conversar,
deixar tudo esclarecido.
— É a pilota, então?
— Talvez, mas essa é uma questão que eu não
quero falar agora.
— Droga, você é cheio de segredos.
— Ligue para ela assim que possível, ok? Você
também vai se sentir melhor.
— Certo. Você pretende ficar por quanto
tempo?
— Eu não sei. — E não sabia, ainda tinha
muitas coisas para resolver, e havia uma voz lá no
fundo que me dizia que eu deveria ficar.
— Ok, mas a Bree quer que você venha, vamos
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tempo.
— O que há com você? — Gabriel pergunta
através do sistema de comunicação. Eu ainda estou
na pista.
— Nada, vou me concentrar.
— Pare o carro na próxima volta, Leah.
— Não, eu vou me concentrar.
— Isso é uma ordem, Leah Renard.
Termino a volta e paro o carro. Gabriel não me
olha com cara de bons amigos. Droga.
— O que houve ali? — Ele aponta para pista.
— Apenas um dia ruim, Gabriel.
— Eu quase não reconheci você na pista, Leah.
— Eu não me reconheci, está bem? — grito
chamando atenção de todos, passo a mão no cabelo
tentando colocar em ordem a bagunça do meu dia.
— Você tem duas semanas para voltar a ser
você mesma — Gabriel rosna e sai em seguida.
Ele está falando do teste, o dia em que o piloto
principal vai ser escolhido. Eu tremo diante das
possibilidades. E algo que eu nunca senti antes vem
à tona. Medo.
Medo de não conseguir a vaga.
Medo que Jason não me perdoe.
Medo de ser o fracasso que meus pais sempre
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— Obrigada.
— Nossa, ele atropelou você, não foi?
— E como.
Meu amigo sorri, e vou para o banheiro. Não
demora para eu estar no carro indo em direção ao
autódromo. A conversa com Helena me deixou
mais leve, mas ainda assim, eu estava apreensiva
quanto a Jason.
Estaciono o carro na minha vaga habitual, e
vejo o carro de Gabriel se aproximar. Aguardo
enquanto ele estaciona, em seguida ele me nota.
— Tudo bem com você? — Ele está
preocupado.
— Melhorando.
— Eu sei do que você é capaz de fazer, garota,
e sei que não era você ontem.
— Desculpe, Gabe, isso não vai se repetir.
— Eu acredito nisso. Agora, vamos, temos um
recorde para bater.
Ele coloca o braço em meu ombro e relaxo.
Caminhamos juntos até o box, e sigo para o
vestiário. Lá, tiro meu jeans e visto algo mais
confortável. Uma legging de ginástica, é o que eu
geralmente uso embaixo do macacão para treinar, e
um top.
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— Na ambulância.
— O quê?
— Estou a caminho do hospital, Jason, a
Helena está com você? — ele pergunta aflito.
— Não, ela já embarcou, aconteceu alguma
coisa com você?
— Não, Jason, foi com a Leah. — Eu paro de
andar. — Ela sofreu um acidente grave e estamos
indo para o hospital.
— Merda. — Olho em volta e percebo o
alvoroço, há mais duas ambulâncias no local —
Qual hospital?
Tommy fica de me enviar o endereço por
mensagem, noto que o táxi que vim ainda não saiu,
eu corro para ele e entro novamente. Passo
apressado o endereço que Tommy enviou e peço
para que ele corra.
Quando chego ao hospital, encontro Tommy na
recepção. Ele está enxugando o rosto e levanta
assim que me vê.
— Graças a Deus você veio. Não tenho o
número dos pais dela, e não consegui falar com a
Helena.
— Como ela está?
— Nada bem, ela foi levada inconsciente. —
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me empurra.
— A irmã dela está viajando e não
conseguimos contato com os pais.
— E você é?
— Ele é o namorado dela — Tommy diz ao
meu lado. — E eu sou o melhor amigo, e seu
vizinho.
— Somos da equipe de corrida dela — Gabriel
fala em seguida.
— Certo, vou ser breve. A cirurgia não teve
intercorrências, o braço precisou ser imobilizado,
mas a fratura da perna era o que mais nos
preocupava.
— Fratura na perna?
— Sim, ela teve uma fratura exposta, abaixo do
joelho, por isso a cirurgia demorou tanto, mas
usamos alguns pinos e logo ela estará nova.
— Ela vai poder correr? — Gabriel pergunta,
eu poderia socá-lo agora.
— Ela vai poder dirigir normalmente, no
momento ela está sedada, e vou mantê-la assim até
o inchaço na cabeça diminuir.
— Coma induzido? — questiono.
— Sim, coma induzido.
— Devemos nos preocupar?
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de vocês, nunca.
Observo a interação dos dois, meu irmão está
diferente do cara ansioso que deixei na porta da
Bree há alguns dias, dias que parecem uma
eternidade.
Pouco tempo depois, somos interrompidos pela
enfermeira, ela informa sobre o quadro de Leah e
nós continuamos à espera.
À noite, eu já começo a sentir o cansaço, Oliver
manda Bree voltar para o hotel, e ela promete
voltar assim que amanhecer. Assim que ela vai
embora, vamos juntos para a cafeteria.
— Então, essa coisa toda entre você e essa
garota, é sério? — ele pergunta quando eu entrego
dois cafés.
— Eu não sei.
— Mas você está aqui, certo? — concordo — E
não pretende sair até vê-la bem?
— Exatamente.
— E depois?
— Depois o quê? — minha pergunta o faz
sorrir.
— Voltamos ao trabalho daqui uns dois meses,
até lá eu acredito que ela estará bem, e vocês, como
vão ficar?
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enfermeira.
Ouço quando ela se afasta, tento virar o
pescoço, mas há algo nele, estou imóvel e não
consigo me mexer.
— Senhorita Renard? — outra mulher fala
agora, ela está bem próxima.
— Sim. — Minha garganta dói.
— Feche os olhos, por favor, nós vamos
acender as luzes e isso pode incomodá-la um pouco
— eu obedeço — Agora, devagar, abra-os
novamente.
Novamente eu obedeço, pisco várias vezes para
tentar focar a visão.
— Bem-vinda de volta, senhorita Renard. —
Uma mulher, que eu acredito ser uma enfermeira,
está sorrindo.
— O que aconteceu?
— A senhorita sofreu um acidente, eu vou tirar
isso do seu pescoço, logo um médico estará aqui.
A enfermeira me ajuda com o aparelho no
pescoço, e ajusta a cama inclinando mais um
pouco. É quando eu percebo que estou com um
braço e uma perna imobilizados.
— Puta merda — falo sem pensar
— Foi um grande susto que você nos deu. —
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uma faca.
Na manhã seguinte, estou sendo empurrada em
uma cadeira de rodas, segurando um enorme buquê
de flores, e vários balões coloridos. Cortesia do
Tommy.
Oliver alugou um SUV para que pudesse se
locomover na cidade, ele ainda não havia ido
embora e Jason disse que seu irmão estava tendo
uma espécie de lua de mel adiantada.
— Pronta para ir para casa? — Jason pergunta
quando abre a porta do SUV.
— Como nunca estive. — Ele me carrega e me
ajuda a sentar no banco do passageiro. Em seguida
guarda nossas coisas e todas as tralhas que Tommy
mandou.
— Ele tem alguma fixação por balões? — Jason
rosna quando guarda o último.
Meia hora depois Jason está estacionando o
carro, ele abre a porta e parece apreensivo.
— Acho que eu deveria preparar você.
— Para o quê?
— Tommy e eu tivemos uma pequena
discussão.
— Sobre? — Fico apreensiva, raramente meu
amigo discute com alguém.
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— Precisava sim.
— Por quê?
— Porque você é importante para mim, Leah.
— Jason toca meu rosto. — Eu estava com saudade
de ver esse brilho nos seus olhos.
— Eu estava com saudades de você me tocando
assim. — Fecho os olhos absorvendo seu toque. —
Você me perdoa? — minha voz sai fraca.
— Abra os olhos. — Eu obedeço — Eu não
gosto de mentiras, Leah, chantagem.
— Me desculpe.
— Ouça — ele coloca um dedo na minha boca,
fazendo com que eu me cale —, eu fiquei destruído
os dias que você estava em coma, e quando a Bree
me ligou informando que você tinha acordado meu
coração quase saiu pela boca. Não foi apenas
porque eu estava feliz, Leah, meu coração quase
explodiu porque ele voltou a bater, e bateu com
uma força que me assustou. Era tudo por você, para
você.
— Eu não sei o que dizer.
— Diga que vai me deixar cuidar de você, diga
que vamos viver um dia de cada vez.
— Um dia de cada vez — concordo.
— Sem mais mentiras?
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causa dele.
Jason Willers era uma droga viciante, e ele
tinha razão, eu não quero mais nada além da boca
dele nos meus seios.
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incerta.
— Eu vou fazer funcionar — falo, mas também
com insegurança. A verdade é que é preciso muito
mais do que de dinheiro para manter um
relacionamento à distância, e eu não tinha certeza
se estávamos na mesma página.
— Está me pedindo em namoro, Jason Willers?
— Você correria para longe se eu estivesse?
— Não, minha perna não deixaria. — Ela sorri.
— Um dia de cada vez?
— Um dia de cada vez. — Beijo seus lábios e
ela fecha os olhos.
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— Você o quê?
— Você é surdo, Jason? — Todo mundo no
aeroporto está nos observando. — Eu vou com
você, entendeu?
— Leah, não faça isso, sua carreira é aqui, e…
— Não, eu não aceitei a vaga.
— Você não aceitou?
— Jason — ela suspira — Antes de conhecer
você, quando eu imaginava meu futuro, era cheio
de carros, primeiros lugares, chuva de champanhe.
Mas, agora? — respiro fundo — Quando eu olho
para o meu futuro eu vejo você. Vejo o seu sorriso,
seus questionamentos infundados sobre os filmes
de romance, seus ternos caros. Você, Jason, é com
você que eu quero estar quando olho para o meu
futuro.
Ela para de falar e olha ao redor, ela não havia
notado que éramos o centro das atenções.
— Pode repetir isso?
— Foda-se você. — Ela sorri. Coloco a mochila
dela no chão e seguro na sua cintura.
— O que acha de ser carregada para dentro do
avião? — digo olhando em seus olhos.
— Eu não tenho passagem. — Ela começa a rir.
— Tem um jato particular esperando por nós.
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até o altar.
— Elas estão atrasadas — falo novamente.
— Toda noiva se atrasa — Jason justifica.
— Principalmente se Leah estiver junto. — O
sorriso do meu irmão se alarga ao mencioná-la.
Quando saímos de Los Angeles, Leah veio a
reboque, com uma mochila na mão a garota deixou
para trás a carreira, os amigos, e seus sonhos, pelo
meu irmão, e ela não se arrependeu.
Dois meses depois que chegamos em Seattle,
eles anunciaram a gravidez, Jason ficou em êxtase e
Leah extremamente assustada. Mas, meu irmão
sempre mantinha tudo sob controle, inclusive o
temperamento dela.
Com a gravidez minha cunhada se transformou
em uma explosão hormonal, e formávamos uma
bela dupla.
Jason e eu resolvemos investir em outros
ramos, eu sabia que não poderia lutar para sempre,
então ficamos de olho no ramo automobilístico. E
como presente de aniversário, Leah ganhou a
sociedade em uma equipe de Fórmula 1.
Além de excelente pilota, ela se saiu muito bem
nos bastidores. Meu irmão estava orgulhoso.
Do passado, a única coisa que meu irmão fez
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— O quê?
— Sem caras, essas são as regras.
— Não me trate como uma criança, Jace
Willers — ela enfatiza o meu sobrenome, ela
sempre faz isso, para me lembrar que somos
primos, mas eu também jogo baixo.
— São as regras do seu pai, ou seria padrasto?
Sky Willers. — Vejo a fúria surgir nos olhos dela. É
isso aí.
— Saia, Max — ela diz ainda me encarando.
— Vou estar na festa, sabe onde me encontrar.
— Ele pega a camisa e passa pela porta. — A gente
se vê, irmãozinho.
— Idiota — praguejo.
— Não tanto quanto você. Qual é a sua, Jace?
— Ela entra no quarto e eu entro em seguida.
— Eu não vou ficar lá em baixo calado
enquanto um cara fode com a minha garota.
— Sua garota? Eu não sou sua garota, Jace,
somos primos, acorda!
— Não temos o mesmo sangue, por que você
não aceita isso de uma vez?
— Eu sou a filha do Oliver, seu tio, Jace. — Ela
coloca o dedo acusatoriamente no meu peito. Eu sei
que ela detesta quando eu digo que não temos o
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Agradecimentos
Aos meus amigos, poucos, loucos e insubstituíveis.
À minha família, que me apoia, mesmo quando não
sabe do que se trata.
Aos leitores, essa série só existe por causa de
vocês.
Obrigada a todos.
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