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11) Hipocalcemia

A urgência no tratamento da hipocalcemia depende da natureza e gravidade dos


sintomas, além dos níveis séricos de cálcio. Os sintomas geralmente aparecem quando o
cálcio total é menor que 7,5 mg/dL ou o cálcio iônico menor que 2,8 mg/dL. Sintomas
graves como convulsões, laringoespasmo, broncoespasmo, falência cardíaca e estado
mental alterado requerem tratamento com cálcio EV, mesmo que a calcemia esteja
apenas levemente reduzida (7 a 8 mg/dL).
Antes do início do tratamento, colher amostra de sangue para dosagens de:
▪ Cálcio e cálcio iônico;
▪ Uréia e creatinina: para avaliação da função renal;
▪ PTH: caso a etiologia seja desconhecida.
▪ Magnésio: visa corrigir os casos de hipomagnesemia, pois a mesma compromete a
secreção e a ação de PTH;
▪ T4 livre e TSH: a manutenção do hipotireoidismo dificulta a correção da hipocalcemia;

1) Crise hipocalcêmica (tetania, convulsões, laringoespasmo):


A velocidade de infusão de cálcio deve ser lenta, superior a 10 minutos, e o cuidado
deve ser redobrado em pacientes digitalizados, pois a hipercalcemia predispõe à
intoxicação digitálica e arritmias. A infusão EV em bolus deve ser repetida até que cessem
os sintomas graves de hipocalcemia, momento em que se inicia a infusão EV contínua, já
que a administração em bolus somente eleva os níveis de cálcio sérico transitoriamente.
▪ 1 a 2 ampolas de gluconato de cálcio 10% (10 a 20 ml) EV em 20 minutos.
▪ Repetir o procedimento se os sintomas persistirem.
▪ Após controle dos sintomas, iniciar solução de gluconato de cálcio (0,93 mg/mL de
cálcio elementar) EV em bomba de infusão contínua (BIC).

2) Hipocalcemia for grave (cálcio total < 7,5 mg/dL):


▪ Gluconato de cálcio 10% (10 ampolas = 100 mL) +Soro fisiológico 900 ml em BIC.
Esta solução fornece (0,93 mg/mL de cálcio elementar). Iniciar 0,3 a 1,0 mg/kg/h de
cálcio elementar.
▪ 6 horas após início da infusão contínua de cálcio, repetir dosagens de: cálcio e
cálcio iônico para ajuste de taxa de infusão de cálcio.
o Se Ca > 8,5 mg/dL, reduzir infusão em 50%; se infusão < 15 mL/h,
suspender
o Se Ca entre 7,5 e 8,5 mg/dL; manter a mesma velocidade de infusão.
o Se Ca < 7,5 mg/dL, aumentar infusão até 1,0 mg/kg/h.
▪ Introduzir CaCO3 via oral como complemento da dieta com o objetivo de fornecer 2
a 3 g/d de cálcio elementar.
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▪ Iniciar calcitriol (1 cp = 0,25 mcg) em doses progressivamente decrescentes.


Dependendo dos valores da 25 hidroxi-vitamina D, a reposição de calcitriol pode
variar. Sugestão:
o 1º dia= 4cp 3x/d (12cp/d)
o 2º dia = 4 cp 2x/d (8 cp/d)
o 3º dia = 2cp 2x/d (4 cp/d)

3) Hipocalcemia moderada (cálcio total de 7,5 a 8,5 mg/dl):


▪ Introduzir CaCO3 via oral como complemento da dieta com o objetivo de fornecer 2
a 3 g/d de cálcio elementar.
▪ Iniciar calcitriol (1 cp = 0,25 mcg) 1 a 2 cp 12/12 h.

Pós-Operatório De Resseção De Adenoma De Paratireóide


- Na maioria dos casos, não há necessidade de infusão endovenosa contínua de
cálcio (as paratireoides remanescentes tendem a normalizar sua função
brevemente)
- Colher cálcio, cálcio iônico, fósforo, magnésio e creatinina 6 h e 12 h após o término
da cirurgia. Manter coletas a cada 12 h até normalização dos valores de cálcio.
- Se calcemia normal: introduzir CaCO3 via oral como complemento da dieta com o
objetivo de fornecer 1 a 3 g/d de cálcio elementar.
- Se o paciente receber alta antes do 4o PO e estiver normocalcêmico, associar
calcitriol 0,25 g/d. Neste caso, o retorno ambulatorial deve ser em uma semana
com dosagens de Ca, Cai, Cr, P, Mg, PTH, Cau e Pu 24 horas.
- Na presença de hipocalcemia, seguir fluxograma de hipocalcemia.
Pós-Operatório de Paratireoidectomia Total com Implante de Paratireoides
Neste caso, o paciente passará por um período de hipoparatireoidismo transitório até
que o implante (composto de fragmentos de paratireoides) possa produzir quantidades
sistêmicas suficientes de PTH. Em média, este período é de três semanas.
- No pós-operatório imediato: Gluconato de cálcio 10% (10 ampolas = 100 mL) +
Soro fisiológico 900 ml em bomba de infusão contínua (BIC). Velocidade inicial –
25ml/h. (esta solução fornece 0,93 mg/mL de cálcio elementar).
- Colher cálcio, cálcio iônico, fósforo, magnésio e creatinina 6 h e 12 h após o término
da cirurgia. Manter coletas a cada 6 h até normalização dos valores de cálcio.
- Quando houver normocalcemia e boa aceitação da dieta oral:
o Introduzir CaCO3 via oral como complemento da dieta com o objetivo de
fornecer 2 a 3 g/d de cálcio elementar.
o Iniciar calcitriol (1 cp = 0,25 mcg) em doses progressivamente decrescentes.
✓ 1º dia = 8cp/d
✓ 2º dia = 6 cp/d
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✓ a partir do 3º = 4 cp/d
o 6 horas após início da introdução de medicação oral, repetir dosagens de: cálcio
e cálcio iônico para ajuste de taxa de infusão de cálcio conforme esquema
descrito anteriormente. Considerar suspensão total de infusão 24 a 36 horas
após a introdução da medicação via oral
- Evitar manutenção de cálcio EV em BIC por mais do que três dias pelo risco de
flebite. Infusões com concentrações superiores a 2 mg/dL de cálcio elementar, em
acesso periférico, não são recomendadas pelo mesmo motivo.
- A infusão EV de cálcio também pode ser realizada sob a forma de cloreto de cálcio,
no entanto, como uma ampola de cloreto de cálcio 10% (10 ml) fornece 272 mg de
cálcio elementar, evita-se o seu uso em acesso periférico.

Pós-Operatório de Tireoidectomia Total


- Dosar cálcio total 12/12 horas;
- Manter o paciente internado por 3 dias;
1º PO: 1 g/dia de cálcio elementar na dieta;
2º PO: se o cálcio total diminuir em relação ao anterior, aumentar aporte de cálcio via
oral (2 a 3 g/dia de cálcio elementar);
3º PO: se cálcio total < 8,0 mg/dL ou sintomas de hipocalcemia, introduzir calcitriol 0,25
g/dia.
- A alta hospitalar deve ser condicionada a ausência de sintomas de hipocalcemia e
cálcio total > 8,0 mg/dL;
- Prescrição médica da alta hospitalar:
o Todos devem receber orientação para dieta com pelo menos 1 g/dia de cálcio
elementar.
o Manter suplementação de cálcio que o paciente necessitou durante a
internação.
o Se introduzido calcitriol, manter a dose até o retorno (de preferência em uma
semana).
Pós-Operatório de Tireoidectomia Parcial
▪ Fornecer 1 g/dia de cálcio elementar na dieta;
▪ Dosar cálcio total 12 horas após a cirurgia;
▪ A alta hospitalar deve ser condicionada a cálcio total > 8,0 mg/dL;
▪ Se houver queda de cálcio, seguir orientações do pós-operatório de tireoidectomia
total.
Informações sobre o uso de suplementos de cálcio
Os sais de cálcio são administrados em doses fracionadas e nos casos mais leves
são suficientes para a correção da hipocalcemia. O carbonato de cálcio é o mais utilizado
por ser o mais facilmente encontrado e o mais barato. Deve ser administrado com as
refeições, pois sua solubilização depende da acidez gástrica. A absorção do lactato e do
citrato de cálcio não é dependente da acidez gástrica podendo ser usada independente da
alimentação.
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De modo geral, as apresentações comerciais dos sais de cálcio dispõem de 500 ou


600 mg de cálcio elementar por comprimido, cápsula ou sachet e, o máximo recomendado
por refeição é de 1.200 mg. O consumo de laticínios deve ser incentivado a fim de reduzir
as necessidades de suplementação de cálcio, desde que não haja hiperfosfatemia.
Suplementos à base de cálcio fornecidos pelo HC
▪ 1 cp de cálcio sandoz F (lactogliconato + carbonato de cálcio) = 500 mg de Ca
elementar; absorção intestinal superior a do carbonato de cálcio, mas muitas vezes
falta no hospital.
▪ 1 cp de CaCO3 1250 mg = 500 mg de Ca elementar
▪ 1 colher de café de CaCO3 em pó = 500 mg de Ca elementar

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