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TECNOLOGIAS AMBIENTAIS
Gerson Reichardt Cezar Junior (IC), Jordana Dorca dos Santos (PQ), Michael Custodio
Machado (IC), Ana Carla Fernandes Gasques (PQ), e-mail: reichardt_@hotmail.com
Faculdade Integrado de Campo Mourão
Universidade Estadual de Maringá
INTRODUÇÃO
Faz-se necessário avançar na gestão dos recursos hídricos com a consolidação da
descentralização e da governabilidade com a abordagem de bacias hidrográficas, a interação
entre disponibilidade/demanda de recursos hídricos com a população da bacia hidrográfica e a
atividade econômica e social, considerando-se o ciclo hidro social, é também fundamental e
de grande alcance para o futuro (TUNDISI, 2008). Não só as mudanças do clima futuras
representam risco, mas a variabilidade climática também; é só lembrar as secas da Amazônia,
do Nordeste, do Sul e do Sudeste do Brasil nos últimos dez anos, que têm afetado a economia
regional e nacional, o impacto das variações e mudanças do clima pode ser acrescentado por
outros fatores não ambientais, como os aspectos políticos e sociais, e todos juntos podem
gerar um custo elevado para a sociedade (MARENGO, 2008).
Assim, as mudanças climáticas no Brasil ameaçam intensificar as dificuldades de acesso à
água, é urgente o aprofundamento dos estudos sobre os cenários climáticos, vulnerabilidade e
impactos sociais e ambientais e, em especial, as estratégias de adaptação da sociedade
(OBERMAIER, 2013). Estudos de apontam para incremento dos índices de aridez e hídrico e
redução para o índice de umidade no semiárido, até o final do século (GHEYI, 2012). A falta
de água, racionamento, tarifas diferenciadas, aumento do mercado de água engarrafada, perda
de áreas públicas, jardins e pomares - sem que ainda o acesso seja universal terão a
consequência de sempre: redução do acesso e aumento do custo para os mais pobres e “mal”
Localizados, o ciclo da água precisa de gestão como bem comum, do qual depende a saúde da
população urbana atual e futura (BUENO & PERA, 2014). Desse modo, o presente trabalho
teve por objetivo apresentar informações sobre a escassez de água em áreas urbanas com
população superior a um milhão de habitantes.
MATERIAL E MÉTODOS
Esta pesquisa classifica-se como exploratória e descritiva. Este tipo de pesquisa tem como
objetivo proporcionar maior familiaridade com um problema, com vistas a torná-lo mais
explícito ou a construir hipóteses (GIL, 2010). Foram consultados artigos científicos sobre o
tema em plataformas como o Scielo e o Google acadêmico pubicados no período de 2007 a
2017, além de sites de notícias das cidades estudadas. Sendo as palavras-chaves buscadas na
coleta de dados: escassez, Brasil, alterações climáticas, recursos hídricos. As regiões
analisadas foram capitais com mais de um milhão de habitantes segundo dados coletados no
IBGE.
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Para o levantamento dos dados de preciptação anual média foram consultados boletins do
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (INPE/CPTEC) e a base de dados do
Instituto Nacional de Meteorologia (INEMT) no período de 2007 à 2017. A partir do banco de
dados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Diretoria de Pesquisas – DPE,
Coordenação de População e Indicadores Sociais – COPIS, foi levantado as capitais as quais
possuíam população superior à marca de 1milhão de habitantes no ano de 2016.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Abaixo são apresentadas 14 capitais que possuem população superior à marca de 1milhão de
habitantes no ano de 2016 (Figura 1, em ordem crescente de população).
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas – DPE, Coordenação de População e Indicadores Sociais – COPIS.
Observa-se que as cidades com maior número de habitantes são São Paulo-SP e Rio de
Janeiro-RJ, enquanto as demais cidades possuem população abaixo de dois milhões de
habitantes.
Para COHEN (2015), primeiros sinais de crise hídrica em São Paulo surgiram em
meados de 2004, onde a estrutura dos reservatórios parecia insuficiente para suprir as
necessidades da demanda existente, ficando a cidade bastante dependente do sistema
da Cantareira, assim sendo no ano de 2014 houve o esgotamento do sistema que
atendia 8,8 milhões de pessoas, levando São Paulo a maior crise hídrica dos últimos
80 anos, efeito da falta de chuva ocorrida em 2014 onde no primeiro trimestre choveu
menos da metade do volume esperado, porem desde 2013 a chuva estava abaixo da
média na região, o oposto que ocorria em meados de 2011 onde o sistema operava a
um nível superior a 100%.
Segundo dados do jornal O Estadao (05/11/2015), em 2015 o Rio de Janeiro enfrentou
a pior crise hídrica dos últimos 80 anos, acarretando no terceiro ano seguido com
baixos níveis em seus reservatórios, aonde dos quatro reservatórios existentes dois já
chegam a seu volume morto, em média, estavam com 5,94% do volume útil, conforme
dados da Agência Nacional de Águas (ANA). Segundo MOTHA (2015), Belo
Horizonte no ano de 2015 teve o pior nível de água nos reservatórios que abastecem
grande parte da regiao metropolitana da história, segundo dados da (Companhia de
Abastecimento de Minas Gerais)- Copasa chegando a ficar abaixo de 30% da
capacidade total dos reservatórios.
Região Centro-Oeste: a pluviosidade média anual de Brasilia é igual a 1494,59 mm
INMET, 2017). Assim como a pluviosidade media de Goiânia é igual a 1624,45 mm.
Em Brasília, foi gerado aumento no valor do recurso, a partir de 2017 a necessidade de
racionamento, situação atípica para a população, fatores que influenciaram para essa
situação, foram condições climática, e aumento do consumo, crescimento
demográfico, ocupação irregular de áreaspróximas de abastecimento e o baixo
investimento em obras de ampliação dos sistemas de captação, sendo considerada uma
crise sem precedentes na história de Brasília (AMADOR, 2017). Na região de Goiânia
também foi constatado a falta de água em meados de 2016 tendo com os agravantes na
região, o desvio ilegal dos leitos dos rios que abastecem a cidade assim como a
extração do recurso por caminhões bombas não autorizados, a falta de fiscalização e
de investimento estrutural do sistema e no setor de segurança comprometem o
abastecimento da população, o qual se encontra comprometido pelo baixo índice de
chuvas ocorridas (BORGES, 2017; SANTANA, 2016).
Região Norte: a pluviosidade média anual de Manaus como sendo de 2410.34 mm,
assim como a pluviosidade media de Belemé igual a 3454,55 mm (INMET, 2017). A
região norte, embora localizada na região amazônica, apresenta os piores indicadores
de saneamento do Brasil, onde 55,7% dos domicílios não são abastecidos por rede
geral de água (IBGE, 2008). O município de Belém apresentou quatro anos abaixo da
média, mas sem grandes variações de preciptação. Segundo dados do amazonia.org
27/03/2015 em Manaus, cerca de 626.571 pessoas nao recebem o abastecimento
devido ao fato de suas tubulações não estarem ligadas a rede de abastecimento da
empresa que presta serviço, sendo privatizado há mais de 15 anos. Em estudos
realizados por Giatti (2007) a região possui os maiores gastos com internações por
doenças relacionadas ao saneamento ambiental, diretamente relacionado às condições
precárias de abastecimento de água.
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Região Nordeste: a pluviosidade média anual de Salvador igual a 1662,21 mm, assim como
a pluviosidade media de Fortaleza é de 1463,26 mm, de Recifeigual a 2241,98 mm, Maceió de
1889,69 mm e São Luís igual a 1942,73 mm. Pode-se afirmar que todos os municípos
analisados apresentam pelo menos tres anos com precitação abaixo da média (Figura 2).
Segundo a revista VEJA 04/12/2016 à região enfrenta a crise hídrica mais longa da história,
onde nesse período se encontravam secos 138 dos 506 açudes existentes os quais forneciam
água para a população. Segundo DANTAS (2016) apenas 51 dos 2.346 açudes entre Paraíba e
Rio Grande do Norte não estão secos, no Ceara oito em cada dez reservatórios estão com
menos de 10% da sua capacidade máxima. De acordo com portal de noticias Portal Brasil
26/09/2016, o volume de água nos reservatórios na região nordeste atingiram a marca de 22%
caracterizando assim o agravamento da crise hídrica da região segundo dados do Instituto
Nacional do Semiárido (INSA) apenas 14% dos reservatórios se encontram acima de 50% de
sua capacidade, segundo informações da ANA - Agência Nacional de Águas Segundo dados
do Monitor de Secas do Nordeste, ferramenta coordenada pela ANA, não há mais áreas da
região sem estiagem, mesmo que em níveis mais baixos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do levantamento de dados e das observações realizadas constatou-se que na região
sul, os casos ocorridos de falta de abastecimento nas capitais com população superior a um
milhão de habitantes foi devido a problemas de distribuição ou de processos executivos que
envolvem as empresas responsáveis e não devido a falta de recurso hídrico. Enquanto a região
Sudeste se mostrou altamente impactada com os extremos hidrológicos, a região centro oeste,
também apresentou histórico de seca, agravado por uma expansão populacional, ocupação de
áreas irregulares e baixo investimento em infraestrutura e fiscalização por parte das empresas
envolvidas e do governo. Ao analisar a região Nordeste, constatou-se que a mesma enfrenta
uma grave crise hídrica sendo em 2016 classificada como a pior crise hídrica da historia da
região, com seca de grande parte dos açudes e fontes de abastecimento dessa região, tendo
como principal motivo a baixa quantidade de precipitação ocorrida no local, a qual já é
classificada como um fenômeno natura do local. Por fim, a região norte se caracteriza por ser
uma das regiões mais afetadas se encontrando em estado critico região onde ocorre baixo
índice de precipitação agravado por um déficit estrutural muito grande, baixo investimento
onde foram optadas por iniciativas privadas que não surtiram o efeito esperado, mantendo a
região em estado critico. Apesar da disponibilidade hídrica brasileira, observa-se a
necessidade de uma gestão eficaz assim como investimento em infraestruturas para garantir o
abastecimento e o tratamento da água com qualidade fazendo com que a mesma chegue aos
lares da população.
REFERÊNCIAS
A Crise Hídrica no Nordeste. Revista Veja. 04 dez. 2016.
AMADOR, G. J. Crise hídrica no DF era uma situação inimaginável em março de 2016. Metrópoles.
14 fev. 2017.
Assembléia Legislativa do Paraná. ALEP. Falta de água Em Curitiba e Rm Também é Culpa da
Sanepar. Disponível em:< http://www.alep.pr.gov.br/sala_de_imprensa/noticias/falta-de-agua-em-
curitiba-e-rm-tambem-e-culpa-da-sanepar-1> Acesso em: 10 mar. 2017.
BORGES, F. Fazendeiro é indiciado por retirar água de forma irregular do Rio Araguaia.
G1GO.Góias. 06 mar. 2017.
COHEN, O. O fundo do poço da crise hídrica em São Paulo. Revisa Exame. São Paulo. 17 out. 2015.
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