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Manual Teórico-Prático do Sistema Locomotor (Disciplina de Anatomia Patológica UFPR) 19

Condroma (Encondroma)
Qualquer idade (10-50) ou sexo(M=F), solitário ou múltiplo: encondromatoses (Doença de
Ollier no mesmo lado do corpo e Síndrome de Maffucci associados a hemangiomas). Acomete
ossos longos, das mãos e pés, localiza-se na epífise (restos da cartilagem epifisária) e na metáfise ou
diáfise onde se denomina encondroma. Possui comportamento benigno mas pode malignizar.
Clínica: aumento do volume na região afetada e fratura patológica.
Raio X: radiotransparente: insufla o osso, com pontos de calcificação.
Patologia
Macroscopia: massas translúcidas, nodulares, com cerca de 2 cm, cinza-azuladas,
lobuladas, centrais, erosão cortical e expansão óssea. Pode perfurar a cortical (raro) sendo neste
caso suspeito de malignidade.
Microscopia: ilhas de matriz cartilaginosa madura e condrócitos em lacunas,
orientados de forma normal, sem atipias ou mitoses Focos de necrose com calcificação e/ou
ossificação distrófica.
Tratamento: curetagem ou amputação.

Condrossarcoma
Pode ser primário (75% dos casos na faixa etária de 50 anos) ou Secundário ( Encondroma
e/ou Osteocondroma na faixa de 20 a 40 anos). Possui evolução lenta e seu prognóstico é melhor
em relação ao osteossarcoma. Localização: ossos longos, cintura pélvica e escapular atingindo
metáfise e/ou diáfise.
Clínica: Inchaço local e dor são sintomas comuns. Presença de uma massa tumoral por
meses ou anos pode ser evidenciada na história desses pacientes.
Raio X: lesão osteolítica, com limites imprecisos e focos de calcificação salpicada com
aspecto em "Grãos de Pipoca" e formação de Triângulo de Codman (osso cortical proliferado
reacional a expansão da neoplasia).
Patologia
Macroscopia: com poucos cm ou grandes massas osteolíticas, limites imprecisos e
focos de calcificação granular, focos de hemorragia, necrose central e espaçamento ou destruição
cortical.
Microscopia: ilhas de matriz cartilaginosa madura e condrócitos anaplásicos ( G1 a
G3 ou G1 a G4) com duas ou mais células por lacuna, células multinucleadas e células gigantes.
Cerca de 85% das lesões são Gl ou G2 com sobrevida de 80 a 90% em 5 anos. Quando são G3 ou
G4 fazem disseminação sistêmica em 70% dos casos.
Tratamento: ressecção cirúrgica.

Professora: Dr ª Rosimeri K. S. Baldin Monitor: Luciano Monte Serrat Prevedello


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Pe’ça 06 - Condrossarcoma do
terço proximal do úmero.

Úmero alterado. na sua porção


proximal, epifiso-metafisária, por tumor
nodular, que destrói a estrutura óssea neste
nível e extende-se para as partes moles. O
tumor tem aspecto lobulado, coloração
branco-acinzentada, com uma discreta
tonalidade azul, brilhante e firme. Nas
porções centrais, pequenas áreas de
cistificação e áreas amareladas, granulares
de calcificação “salpicada”. A porção
diafisária e distal do úmero encontra-se
preservada.

Peça 07- Condrossarcoma de


pelve

Segmento de pelve quase que


irreconhecível devido a extensa destruição
por tumor maligno nodular, que é
constituído por massa de aspecto lobulado,
brancacenta, brilhante e firme, com porção
central de coloração amarelada e friável,
constituindo área extensa de necrose
central. Nas porções periféricas, pequenos
pontos amarelados, granulares, decorrentes
de calcificação "salpicada". Aspecto típico
de condrossarcoma.

Lâmina O-04B Condrossarcoma bem diferenciado

Professora: Dr ª Rosimeri K. S. Baldin Monitor: Luciano Monte Serrat Prevedello


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O condrossarcoma é composto por massas nodulares, contendo deposiçao de


matriz cartilaginosa hialina, em meio a qual há condrócitos atpicos dentro de lacunas.
Notar a coloração discretamente basofilica da matriz cartilaginosa e as lacunas
distribuídas irregularmente (*) No interior das lacunas, células com variação no volume,
forma e cromaticidade nuclear caracterizando malignidade (**) Nota-se ainda tecido
conjuntivo denso envolvendo a neoplasia (***) e foco de calcificação distrófica (****).

Lâmina O-04B Condrossarcoma bem diferenciado

Fotomicrografia onde observa-se área periférica da neoplasia. Há tecido ósseo


neoformado (*) e tecido neoplásico infiltrativo, contendo matriz cartilaginosa e células
atípicas (**). Observa-se ainda calcificação (***) e tecido conjuntivo denso (****).

Professora: Dr ª Rosimeri K. S. Baldin Monitor: Luciano Monte Serrat Prevedello


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Tumor de células gigantes


Adultos jovens (20-40anos). predomínio feminino (M4:F5), acometendo a EPÍFISE dos
ossos longos (ao redor do joelho).
Clínica: dor, aumento de volume, limitação dos movimentos e fratura patológica.
Raio X: lesão lítica sem zona de esclerose ao redor dando o aspecto em "Bolhas de sabão".
Destroi o osso mas não destroi a cartilagem, se desviando e infiltrando a outra extremidade óssea
pelos tecidos periarticulares. Diagnóstico diferencial: "Tumor Marrom" (hiperparatireoidismo),
Granuloma reparador de células gigantes e condroblastomas.
Patologia
Macroscopia: tumor multilobular, vermelho-acastanhada, hemorragias extensas,
formação de cistos e focos de necrose amarelados. Cortical expandida, adelgaçada com focos de
erosão e infiltração dos tecidos ao redor.
Microscopia: há um duplo componente: (1)células mononucleadas, com núcleos
redondos ou ovóides e uniformes e (2) numerosas células gigantes multinucleadas com núcleo
semelhante ao das mononucleadas. Há focos de necrose e hemorragia. Quando há atipia nas células
mononucleadas geralmente são malignas.
Tratamento: Curetagem da lesão e Radioterapia. A recorrência é freqüente (25-50%).

Peça 9 - Tumor de células gigantes


de úmero proximal.

Úmero proximal, com tumor epifiso-


metafisário, nodular, fazendo expansão da
cortical e adelgaçamento com quase
completo desaparecimento da mesma. O
tumor ocupa a medular, e é composto por
tecido branco-acastanhado, com áreas de
necrose, hemorragia e de cistificação.
Encontra-se envolto por cápsula fibrosa, e
deforma a superfície articular. Na porção
distal do espécime, osso cilíndrico
desprovido da medular (artefato de
manuseio).

Professora: Dr ª Rosimeri K. S. Baldin Monitor: Luciano Monte Serrat Prevedello


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Lâmina O-02 Osteoclastoma (Tumor de Células Gigantes)

Observar que a neoplasia é constituída por dois padrões celulares distintos. Há as


células mononucleares, com núcleos centrais uniformes, que variam de redondos a
ovais, com cromatina delicada(*). Entre as células mononucleares, há a presença de
células gigantes, contendo múltiplos núcleos, de localização central, e que são
semelhantes aos núcleos das células mononucleares (**). Ausência de pleomorfismo
nuclear ou de mitoses atípicas.

Sarcoma de Ewing
Crianças e jovens (5-20 anos). com predomínio masculino. Origem desconhecida: células
mesenquimais primitivas? Neuroectodérmicas?. Atinge ossos longos e cintura pélvica, na porção
medular da metáfise e diáfise, podendo ser multicêntrico.
Clínica: febre, dor, aumento de volume, secreção purulenta, leucócitos e astenia (imitando a
osteomielite).
Raio X: lesões osteolíticas extensas na cavidade medular espessando a cortical o que dá o
aspecto em "casca de cebola". Invade partes moles onde faz grandes massas.
Patologia
Macroscopia: tumor mal delimitado, cinza-esbranquiçado, ocupando extensas áreas
medulares com elevação do periósteo, expansão da cortical e invasão de partes moles.

Professora: Dr ª Rosimeri K. S. Baldin Monitor: Luciano Monte Serrat Prevedello


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Microscopia: lençóis de células pequenas e redondas, pouco maiores que os


linfócitos, poucas mitoses e estroma escasso, formando "pseudo-rosetas". Apresentam glicogênio no
citoplasma (PAS+), retículo escasso e são positivas para enolase-neurônio-específica (imunohisto-
química)
Diagnóstico diferencial: osteomielite, neuroblastoma, linfoma, carcinoma indiferenciado e
reticulossarcoma
Tratamento: quimioterapia e radioterapia.

Lâmina- O-14 – Sarcoma de Ewing

Observa-se que a neoplasia é composta por


células pequenas, de arranjo compacto.
Ocupa a cavidade medular e apresenta um
crescimento infiltrativo entre os espaços
medulares, causando destruição das
trabéculas ósseas.

Lâmina- O-14 – Sarcoma de Ewing

Aumento maior evidenciando região de


interface entre a neoplasia (inferior) e o
tecido ósseo mineralizado cortical
(superior) apresentando um osteoclasto
destruindo a trabécula óssea.

Professora: Dr ª Rosimeri K. S. Baldin Monitor: Luciano Monte Serrat Prevedello


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Lâmina- O-14 – Sarcoma de Ewing

A neoplasia ao lado é composta por células


pequenas e arredondadas. Essas células
possuem citoplasma escasso e pouco
pleomorfismo nuclear.

Mieloma Múltiplo
Proliferação clonal de plasmócitos neoplásicos na medula óssea, provocando lesões
osteolíticas no esqueleto. Pacientes na 5ª década, podendo ser único ou múltiplos (mais freqüente).
Atinge coluna vertebral, costelas, crânio, pelve, fêmur, clavícula e escápula. Iniciando na cavidade
medular e se expandindo até corroer o osso da cortical. Com a disseminação atinge também
vísceras.
Clínica: dor óssea, fratura patológica, síndrome de hiperviscosidade, insuficiência renal,
infecções, etc. Aumento de imunoglobulinas no plasma, uma única e homogênea fração ou seus
fragmentos. Geralmente é uma IgG ou IgA mas também pode produzir apenas cadeias kapa ou
lambda que pode ser excretada na urina (devido ao baixo peso molecular) sendo então denominadas
de proteína de "Bence Jones”.
Raio X :lesões osteolíticas bem demarcadas com aspecto em "saca bocado". Em alguns
casos fazem desmineralização difusa.
Patologia
Macroscopia: massas gelatinosas, moles e vermelhas.
Microscopia: Aumento do número de plasmócitos na medula, representando de 10-
90% de suas células. Podem ser maduras ou imaturas (difíceis de diferenciar de linfócitos).
Tratamento: se for uma única lesão: curetagem e enxerto. Se forem múltiplas: QT.

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Lâmina O-13 – Mieloma Múltiplo

Ao lado, podemos observar que a neoplasia


é constituida por plasmócitos variando
desde o aspecto habitual até modificações
na forma do citoplasma e núcleo.

Lâmina O-13 – Mieloma Múltiplo

Os aspectos microscópicos da neoplasia


são melhor evidenciados aqui (maior
aumento). Os plasmócitos apresentam em
seu citoplasma substâncias hialinas
(cristalinas ou amorfas)

Metástase

Professora: Dr ª Rosimeri K. S. Baldin Monitor: Luciano Monte Serrat Prevedello


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Peça. 10 – Metástase de
carcinoma Renal em úmero, com
fratura patológica

Úmero proximal apresentando lesão


metáfiso-diafisária, localizada predomi-
nantemente na medular, mas também
fazendo destruição da cortical, de limites
imprecisos, de coloração branco-
acinzentada, lobulada, brilhante e macia,
com áreas de necrose, hemorragia e
cistificação. Nota-se invasão dos tecidos
adjacentes e fratura patológica, com desvio
de eixo do segmento distal. O exame
histopatológico revelou adenocarcinoma
renal metastático.

Professora: Dr ª Rosimeri K. S. Baldin Monitor: Luciano Monte Serrat Prevedello

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