You are on page 1of 497

INTRODUÇÃO

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Linguagens, Códigos e suas
tecnologias e Redação que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:

1. Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevan-


tes para sua vida.

2. Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras
culturas e grupos sociais.

3. Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora
da identidade.

4. Compreender a Arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do
mundo e da própria identidade.

5. Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos,
mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produ-
ção e recepção.

6. Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva
da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.

7. Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.

8. Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da
organização do mundo e da própria identidade.

9. Entender os princípios/ a natureza/ a função/e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação, na


sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-os aos conhecimentos científicos,
às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se
propõem solucionar.

Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema
do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que
possa praticar seu conhecimento.
As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode com-
preender as habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE

Capítulo 1
Para além do horizonte ...................................................................................................................................................................................................01
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 2
Conectados(as) a outras línguas e “outras culturas” ..........................................................................................................................................08
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 3
Corpo, memória e encontros cotidianos..................................................................................................................................................................17
Camila Mairink Zangirolymo
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 4
Descobrindo as Artes: um atalho para uma nova linguagem.........................................................................................................................24
Maria do Carmo Arruda Leite

Capítulo 5
No reino das palavras .....................................................................................................................................................................................................36
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 6
O poder das palavras e das imagens..........................................................................................................................................................................46
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 7
Um ponto de vista ou a vista de um ponto? .........................................................................................................................................................55
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 8
Falantes da mesma língua...............................................................................................................................................................................................61
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 9
Facilidades e Desafios na era das Tecnologias.......................................................................................................................................................67
Sônia Querino S. Santos

Redação...................................................................................................................................................................................................................................75
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 1
PARA ALÉM DAS “FRONTEIRAS”

APLICAR AS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO E


DA INFORMAÇÃO NA ESCOLA, NO TRABALHO E EM
OUTROS CONTEXTOS RELEVANTES PARA SUA VIDA.

Sônia Querino S. Santos

Caro aluno (a), por meio dessa comunicação escrita,


estamos iniciando um processo de interação que supera
as fronteiras de tempo, espaço e favorece uma troca de sa-
beres. Para a arte do diálogo entre os seres humanos, des-
de os tempos mais antigos, faz-se uso de diversos meios.
Nos primeiros anos de vida, através do choro e outros ba- Figura 2
rulhos emitidos era possível identificar a necessidade do
bebê e, para facilitar essa interação nos ensinaram a nos Lembremos também, que algumas culturas se comu-
comunicar. nicam a partir dos sons de instrumentos, por exemplo: o
som do tambor (atabaque) é diferenciado para comunicar
o nascimento de uma criança, a festa de casamento ou
sepultamento. Ou seja, a partir desse código, as pessoas
pertencentes a essas sociedades não tem dificuldade em
interpretar e /ou decodificar os sinais, podemos então afir-
mar que a comunicação estreita os laços e, cumpre seu
objetivo.
No contexto da comunicação e sua importância em
nossas vidas estamos em constante mudança. E para tal,
as tecnologias invadem nosso cotidiano, por isso fala-se
que estamos vivendo em plena “sociedade tecnológica”.
O que significa dizer que as tecnologias estão em todo
lugar, já fazem parte de nossas vidas. Portanto, atividades
cotidianas mais comuns - dormir, comer, trabalhar, deslo-
carmo-nos para diferentes lugares – são possíveis graças
às tecnologias a que temos acesso.
A escrita hieroglífica [figura1] Mas... O que são tecnologias?
Convidamos você para consultar um dicionário de
Na antiguidade, por meio dos desenhos nas paredes, Língua Portuguesa e buscar o significado do termo Tec.
nossos antepassados deixaram registrados seus cotidia- no.lo.gi.a.
nos e, a Arqueologia faz uso desses registros e, traz para As tecnologias estão tão próximas e presentes, que
o nosso presente o passado. Chamamos de escrita hiero- nem percebemos mais que não são coisas naturais. Com
glífica o mais antigo sistema de escrita do mundo, usada a ajuda do conceito de tecnologia presente no dicionário,
principalmente para inscrições formais nas paredes de compreendemos que os talheres, pratos, panelas, fogões,
templos e túmulos. geladeiras, alimentos industrializados, TV em preto e bran-
Já a língua de sinais ou língua gestual se refere ao co, TV em cores, máquina de escrever, máquina fotográfi-
uso de gestos e sinais, em vez de sons na comunicação. É ca, computador, celulares e muitos outros produtos foram
muito utilizada como forma de entendimento entre pes- planejados e construídos para facilitar nossa sobrevivência.
soas com problemas auditivos. Cada país possue sua Imagine que na comunicação, através das mensagens
própria língua gestual. No Brasil, por exemplo, existe a de texto nos celulares ou nas conversas no messenger
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). (MSN) as palavras são substituídas por sinais e símbolos...
Contudo, isso não significa dizer que não possamos
viver sem elas, haja vista, em inúmeras culturas, principal-
mente as indígenas e africanas os alimentos são prepa-
rados e distribuídos em panelas de barro e em folhas de
árvores como a bananeira, mandioca...

1
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 3

É possível afirmar que em cada época há o predomínio de uma tecnologia. Assim tivemos a Idade da Pedra, do Bronze...
até chegarmos ao momento tecnológico atual. Nesse sentido, as novas tecnologias da informação e comunicação interfe-
rem em nosso modo de pensar, sentir, agir, de nos relacionarmos socialmente e adquirirmos conhecimentos.
Nesse sentido nos damos conta das várias linguagens utilizadas: linguagem verbal e não verbal. Mas... qual a nossa
compreensão de Linguagens? Leia o trecho abaixo.
“... no meu tempo, bastava um olhar e eu já sabia que meu comportamento não estava agradando meus pais... bastava
um olhar. Hoje, chama-se a atenção dos filhos e eles não estão nem aí... O mundo está de cabeça pra baixo.”
De acordo com a fala do Sr. Tomé, 48 anos, é possível compreender que a linguagem é o uso da língua com a finali-
dade de se comunicar. E desde pequeninos compreendemos que era possível se comunicar não apenas com a fala, não é
verdade?
Realmente nosso corpo fala, portanto, a linguagem pode ser verbal e não-verbal. Para a linguagem não-verbal iremos
utilizar outros meios comunicativos (placas sinalizadoras, história em quadrinhos, charges...) Por exemplo, a placa de sina-
lizadora do trânsito, as mãos indicando acordo ou desacordo; as figuras de identificação de “feminino” e “masculino”; o
apito do juiz numa partida de futebol; o cartão vermelho ou amarelo; a trilha sonora para determinado personagem; aviso
de “não fume” ou de “silêncio”...

Já para a linguagem verbal utilizamos o bilhete, cartas... faz-se uso de texto escrito que posteriormente será apresen-
tado no televisão, dramatizado no teatro, ou seja, o texto escrito é veiculado na mídia (rádio, televisão, teatro, cinema) e
muitas vezes, “ditam” a moda e “modificam” nosso cotidiano.
Portanto, registre essa informação: a linguagem pode ser ainda verbal e não-verbal ao mesmo tempo. Lembre-se das
propagandas televisivas, os outdoors, diálogos através do computador (msn, comunidades de relacionamentos, e-mails...).

DIVERSOS TIPOS DE LINGUAGEM PRESENTES EM NOSSO COTIDIANO

1)Texto publicitário

2
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

O texto publicitário é construído em função do ouvinte ou do leitor virtual. Provoca mudanças de atitudes em seu pú-
blico e, normalmente, trabalha a linguagem verbal e não-verbal (componentes visuais).
Muitas vezes, somos motivados a comprar um determinado produto não por que estamos precisando, mas por termos
sido convencidos pelas propagandas e anúncios.

2) Linguagem corporal (dança).


A linguagem corporal é uma ferramenta de comunicação. Nosso corpo fala de diversas maneiras. Por isso, devemos
tomar muito cuidado, pois muitas vezes a boca diz uma coisa, mas o corpo fala outra completamente diferente.

figura10

http://linguagemcorporal.com.br/index.php

3) Linguagem artística (pintura)

Quadro “Antropofagia”, de Tarsila do Amaral(figura11)

3
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

A Semana de Arte Moderna de 22, realizada entre 11 e A TV tem o poder de reunir os vizinhos e amigos para
18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, assistir o futebol e, principalmente, para acompanhar as
contou com a participação de escritores, artistas plásticos, novelas. Saiba que a teledramaturgia surgiu no Brasil na
arquitetos e músicos. década de 1950 e hoje é o produto televisivo mais popular
do país.
4) Linguagem musical.” A telenovela explorar em seus enredos, temas de fácil
“Nossa! Viajei com essa canção!”; aceitação como histórias de amor e conflitos familiares e
“Toda vez que escuto essa música recordo...” sociais.
Com os recursos dos sistemas de Comunicação é pos- E adquirem forte caráter mercadológico (Merchandi-
sível acessar a rede e ouvir uma determinada canção. sing) pela empatia que se estabelece entre o público e as
Observe a letra selecionada. personagens. Sabe como isso ocorre?
Veja, nas telenovelas são introduzidos anúncios de
produtos, marcas de carro, perfume... seja, durante as ce-
nas, como também nas vinhetas de abertura.
Outra forma de merchandising é a veiculação de men-
sagens de caráter educativo, de prevenção de doenças,
combate ao consumo de drogas...
Quer um exemplo?
Na telenovela “O Rei do Gado” em 1997, transmitida
pela Rede Globo, em vários momentos foi ressaltada a ne-
cessidade de os produtores vacinar o gado contra a febre
aftosa.
Então, que tal conferir essas informações no próximo
programa televisivo que tiver assistindo?
Que tal? Visitar nos sites de pesquisa na internet a his-
tória da televisão brasileira?
Sugestão: www. Google.com.br
E, para terminar...
Você sabe quando foi ao ar o primeiro programa de
televisão brasileira?
Essa revolução tecnológica aconteceu em 18 de se-
tembro de 1950, quando em São Paulo foi ao ar o primei-
ro programa da televisão brasileira. O Brasil seria, então, o
quarto país do mundo a ter televisão.

6) As mídias
As pessoas estão conectadas e a conectividade se dá
quando duas ou mais pessoas se aproximam interagem,
conversas ou colaboram. Com o auxílio dos telégrafos, rá-
dios, telefones ou das redes digitais de comunicação, essas
pessoas podem estar em lugares diferentes, distantes.

Mesmo para os que não conhecem ou nunca ouviram


essa canção é possível projetar em nossas mentes as ima-
gens cantadas nesses versos. Isso porque a linguagem mu-
sical favorece uma experiência inusitada, ou seja, ela nos
transporta do nosso cotidiano.
Que tal ouvir essa canção?
Se você tiver acesso ao computador visite o site: http://
letras.terra.com.br/guilherme-arantes/46315/

5)Linguagem televisiva (teledramaturgia)


Com programações variadas, mesmo em locais em re-
giões brasileira nos quais não há energia elétrica é possível
encontrarmos a televisão (movida à bateria).

4
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Assim sendo, por meio do que é transmitido pela tele- Ou seja, a partir da constatação de que os modernos
visão ou acessado pelo computador, as pessoas se “comu- meios de comunicação, especialmente a Internet, geram
nicam”, adquirem informações e transformam seus com- para o cidadão um diferencial no aprendizado e na inserção
portamentos (algumas se tornam “teledependentes” ou ao mercado de trabalho há cada vez mais, o reconhecimen-
“webdependentes” ...), ou seja, não conseguem sair de casa to e o empenho (educacional) de encontrar soluções para
antes de ligar a televisão ou rádio ou acessar a internet garantir tal acesso. Visto que, muitos não têm condições de
para saber as previsões do tempo para o dia. adquirir equipamentos e serviços para gerar este acesso.
Nesse sentido, é importante, caro aluno, que você Surge então, a necessidade de uma nova linha de edu-
compreenda que as novas Tecnologias da Informação e da cação que considere a alfabetização digital como o principal
Comunicação, sigla TCI, articulam várias formas eletrônicas caminho para inclusão social, pois uma pessoa alfabetizada
de armazenamento, tratamento e difusão da informação. no universo digital deverá ter condições de selecionar infor-
Elas evoluem constantemente e, com muita rapidez em to- mações na web, processar os dados, adquirir conhecimento
dos os instantes são criados novos produtos (telefones ce- e transmitir esses dados, fazendo uso, sobretudo no mundo
lulares, fax, softwares, vídeos, computador multimídia, in- do trabalho.
ternet, televisão interativa, realidade virtual, videogames...) Todavia, a realidade social vivenciada nas distintas re-
diferenciados e sofisticados. Consequentemente, na era da giões do Brasil nos revela que existem vários Brasis, ou seja,
informação, comportamentos, práticas, informações e sa- muito próximo a nós, convivemos com as construções em
beres se alteram com extrema velocidade. alvenarias e os casebres em madeiras. Nesses lugares há
Dentro deste contexto, considera-se que a inclusão di- famílias que estão batalhando por melhores condições de
gital é necessária a fim de possibilitar a toda a população, vida, de saneamento básico e por acesso à educação.
por exemplo, o usufruto dos mais variados serviços presta- Portanto, a falta de recursos mínimos à sobrevivência,
dos via Internet. bem como, a falta de educação escolar, entre outros itens
básicos como assistência médica e jurídica tem proporcio-
INCLUSÃO DIGITAL? nado uma sociedade de desiguais.
Estima-se que aproximadamente 80% da população
brasileira encontram-se excluída do usufruto das tecnolo-
gias da era digital. Basta nos perguntarmos: Quantos bra-
sileiros possuem computador pessoal em suas residências?
Quantos possuem linha telefônica?
Portanto, a desigualdade sócio-econômica desencadeia
a exclusão digital. Daí a necessidade que a inclusão digital
seja fruto de uma Política Pública, ou seja, fruto de ações
que promovam a inclusão e equiparação de oportunidades
a todos os cidadãos. Sobretudo, considerando a população
com baixa escolaridade, baixa renda, limitações físicas..., fa-
z-se necessário uma ação prioritária voltada às crianças e
jovens, pois constituem a próxima geração.

Inclusão digital e processo de educação


Figura 12 As escolas e universidades constituem componentes
essenciais à inclusão digital uma vez que diversos protago-
“... Levar os alunos ao laboratório de informática
nistas (professores, alunos, especialistas membros da comu-
da escola?
nidade) atuam em conjunto para o processo de construção
Talvez não seja uma boa ideia...
de conhecimento.
E se eles quebrarem?”
É também necessário que a inclusão digital esteja in-
tegrada aos conteúdos curriculares e isto requer um rede-
Estamos vivendo a ampliação das possibilidades de co-
senho do projeto pedagógico e grade curricular atuais de
municação e informação, por meio de equipamentos como
ensino fundamental e médio.
o telefone, a televisão e o computador. Porém, levando em
Ações de inclusão digital devem estimular parcerias en-
conta as diferenças sociais, quando nos referimos à inclu-
são digital produzimos, paralelamente, um universo de ex- tre governos (nas esferas federal, estadual e municipal), em-
cluídos dessas tecnologias de comunicação e informação. presas privadas, Organizações não Governamentais (ONGs),
Querido(a) aluno(a) o que vem a ser Inclusão Digital? escolas e universidades. Governos e empresas privadas de-
E como falar em inclusão digital quando muitos não têm vem atuar prioritariamente na melhoria de renda, suporte
energia elétrica nem água canalizada? à educação bem como tornar disponíveis equipamentos à
Essas questões são importantes. Então vamos discuti população.
-las passo a passo. Inicialmente, a inclusão digital tem por É ainda necessário o desenvolvimento de redes públicas
intuito gerar oportunidade de acesso na informação digital. que possibilitem a oferta de meios de produção e difusão
de conhecimento.

5
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Os indivíduos, que por condições de insuficiência de De acordo com o mapa, deverá usar guarda-chuva
renda, não têm como dispor de computador e linha tele- (A) apenas Paulo.
fônica em casa, poderiam ter a exclusão atenuada, caso (B) Paulo e Ana.
tenham acesso através de empresas, escolas ou centro de (C) apenas Carlos.
cidadãos. Esses recursos destinados prioritariamente àque- (D) Carlos e Ana.
les que não têm acesso em suas residências. Vale ressaltar
que este tipo de solução tem natureza paliativa, ou seja, ATIVIDADE 2:
não resolvem de imediato o problema. Adicionalmente, Quero me casar
poderíamos ainda considerar o uso do software livre em Na noite na rua
computadores o qual seria sem qualquer custo. No mar ou no céu
Entretanto, deve-se considerar a facilidade de opera- Quero me casar.
ção, suporte e manutenção existentes. Ademais, há ainda Procuro uma noiva
busca pelo sistema de telefonia fixa que pode e precisa ser Loura morena
expandido a fim de prover a população com esse serviço Preta ou azul
básico além de permitir que ela tenha acesso a Internet. Uma noiva verde
O Brasil tem condições de superar esse atraso. Todavia, Uma noiva no ar
para que isso de fato ocorra, é preciso começar a fazê-lo Como um passarinho.
hoje, ou melhor, ontem. Do contrário, as gerações seguin- Depressa, que o amor
tes continuarão com elevado índice de excluídos da era Não pode esperar!
digital. Carlos Drummond de Andrade
A inclusão digital tem um tripé que compreende: aces- Pelas suas características, esse texto é
so à educação, renda e tecnologia da informação e comu- (A) uma propaganda.
nicação (TCI). A ausência de qualquer um desses pilares (B) um poema.
significa deixar quase 90% da população brasileira perma- (C) um anúncio.
(D) uma notícia.
necendo na condição de analfabetos digitais.
Continue pensando sobre isso, pois atualmente a co-
ATIVIDADE 3:
municação virtual (por intermédio do computador...) está
presente em todas as atividades, desde a necessidade de
agendar uma consulta médica até mesmo em opinar sobre
as programações televisivas (esportes, novelas e notícias).

AGORA É A SUA VEZ!


ATIVIDADE 1: Paulo mora em Natal, Ana, em Fortale-
za, Carlos, em Teresina. Antes de sair de casa, essas pessoas
resolveram consultar o mapa meteorológico abaixo, publi-
cado em um jornal diário, para saber se deveriam ou não
levar um guarda-chuva.

O logotipo acima é da rede hoteleira Sun Hill, na Tai-


lândia. Ele trabalha formas que sugerem elementos da
paisagem ______________. Os traços dessas formas e os
das letras são ________________, evocando a imagem do
(a)_______________.

Qual a alternativa que completa as lacunas ?


(A) campestre, arredondados, lua.
(B) marítima, irregulares, mar.
(C) campestre, irregulares, vegetação.
(D) marítima, arredondados, sol.

6
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADE 4: PRA FIM DE PAPO!


Leia Caro Aluno

dia nublado Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
e no peito do sabiá • Reconhecer as linguagens como elementos integra-
sol do meio-dia dores dos sistemas de comunicação.
(RUIZ, Alice in Revista Entrelivros, setembro/05) • Identificar os diferentes recursos das linguagens, uti-
Haikai é uma forma de poesia vinda do Japão. Em ri- lizados em diferentes sistemas de comunicação e informa-
gor, compõe-se de dezessete sílabas, distribuídas em três ção.
versos, e não possui título. No haikai de Alice Ruiz, duas • Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos
palavras possuem sentidos contrários. São elas: sistemas de comunicação e informação para explicar pro-
(A) dia e peito. blemas sociais e do mundo do trabalho.
(B) sol e sabiá. • Relacionar informações sobre os sistemas de comuni-
(C) nublado e sol. cação e informação, considerando sua função social.
(D) sabiá e meio-dia. • Posicionar-se criticamente sobre os usos sociais que
se fazem das linguagens e dos sistemas de comunicação e
ATIVIDADE 5 informação.
Responda à pergunta abaixo, em seguida, utilize
uma modalidade de linguagem para expressar sua res- Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
posta: um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
Você acredita que os avanços tecnológicos e os vários
tipos de comunicação estão interligados? Faça uso de um
dos tipos de linguagem reforçando seu posicionamento à
pergunta anterior.
Portanto, você poderá usar os recursos da linguagem
escrita, corporal, musical... entre outros.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respos-
tas

ATIVIDADE 1
Alternativa correta: Letra B

ATIVIDADE 2
Alternativa correta: Letra B

ATIVIDADE 3
Alternativa correta: Letra D

ATIVIDADE 4
Alternativa correta: Letra C

ATIVIDADE 5
Pessoal

7
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 2 c) Que tal consultar o dicionário para tirar a dúvida?


d) No formato da mensagem é possível perceber a
CONECTADOS(AS) A OUTRAS LÍNGUAS intenção do emissor?
E “OUTRAS CULTURAS”
Alguns cuidados são importantíssimos.
CONHECER E USAR LÍNGUA(S) ESTRANGEIRA(S) MO- Não se prenda às palavras que você não conhece.
DERNA(S) COMO INSTRUMENTO DE ACESSO A INFORMA- Leia o texto até o fim. Não se precipite! Evite traduzir
ÇÕES E A OUTRAS CULTURAS E GRUPOS SOCIAIS. na íntegra.
Lembre-se dos “falsos amigos”.
Sônia Querino Santos e Santos Palavras escritas de forma semelhante, porém com sig-
nificados totalmente diferentes.
Caro aluno (a)
VAMOS PRATICAR:
Convido você a ler um trecho de uma conversa entre Veja o anúncio:
uma idosa de 58 anos e uma professora
CNN está presente en los campeonatos de fútbol
de la región y del resto del mundo y ofrece
una cobertura oportuna y detallada de otros
deportes como el boxeo, el automovilismo, el
baloncesto, el golf y el tenis.

De acordo com as orientações acima responda: qual o


tema abordado no anúncio?
a) Trata-se de uma mensagem sobre culinária
b) O trecho está chamando atenção para a mudança
de estação
c) A partir dos vocábulos percebe-se que o assunto é
sobre esportes
Se você, embora desconhecendo a língua espanhola,
fez uma leitura atenta deve ter percebido alguns vocábu-
los, inclusive em inglês, através dos quais conseguimos
identificar o assunto tratado. Portanto a alternativa correta
é a letra c. Parabéns!
“... os tempos mudaram professora, antigamente se Vamos à outra notícia. Dessa vez um recorte de Jornal.
podia trabalhar nas casas das patroas, agora... a gente não
sabe mexer nos microondas, DVD.... Dá até medo! A gen-
te não sabe falar direito, imagine ler aqueles livrinhos que Monday, April 27, 2009
vem na caixa junto aos aparelhos? Não dá não! Tá tudo
em inglês e a gente não compreende nada. Sabe? Outro Job Seeker News & Advice
dia, minha vizinha passou a maior vergonha. Nós tava en-
trando numa loja e na porta tava escrito PUSH então ela
puxava porta e.. nada, a porta não abria. Até que veio um
jovem e nos ensinou a empurrar pra dentro. Pois aquela
palavra PUSH não é pra puxar não e pra empurrar. Mas...
tava escrito PUSH. Tá vendo, agora até pra ser doméstica
a gente tem que estudar a língua dos estrangeiros...”No
recorte descrito acima, Dona Aparecida nos chama atenção
para a importância em conhecer a língua dos estrangeiros.
E então o que você pensa sobre isso?

Algumas dicas poderão auxiliar você na leitura de


um texto em outras línguas. Vamos ver?
a) A linguagem usada no texto está acompanhada
por signos lingüísticos (imagens)? Então faça uma leitura
atenta desses sinais. Ou seja, essa imagem se refere a que?
b) E o título ou subtítulo? Leia-o com atenção. Qual o
assunto?

8
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Career Information

An effective job search requires much more than sending out resumes.

O tema desse anúncio enfoca:


a) Informações sobre novos modelos de telefonia
b) A mulher liga para pedir informações na escola
c) Informações sobre emprego/trabalho
Certamente você conhece o vocábulo “job” isso favoreceu para você optar pela letra c. Parabéns!
E o restante da frase, você conseguiu traduzir?
O que fez você descartar as outras alternativas (a e b)?
Leia com atenção a tabela abaixo:

Português Espanhol Italiano Inglês

1 / 2 taza (té) de aceite 1 / 2 cup (tea) oil


1/2 xícara (chá) de
óleo 1 / 2 tazza (da tè) di olio
3 zanahorias medianas 3 medium carrots grated
3 cenouras médias 3 carote medie grattugiato
ralladas
raladas 4 uova
4 huevos 4 eggs
4 ovos 2 tazze (tè) di zucchero
2 tazas (té) de azúcar 2 cups (tea) sugar
2 xícaras (chá) de
açúcar 2 1 / 2 tazze (tè) di farina di
2 1 / 2 tazas (té) de harina 2 1 / 2 cups (tea) of wheat
2 1/2 xícaras (chá) de frumento
de trigo flour
farinha de trigo 1 cucchiaio (zuppa) di lie-
1 cucharada (sopa) de le- 1 spoon (soup) of baking
1 colher (sopa) de vito in polvere copertura
vadura en polvo de cober- powder coverage
fermento em pó Co- 1 cucchiaio (zuppa) di bur-
tura
bertura ro
1 cucharada (sopa) de 1 spoon (soup) of butter
1 colher (sopa) de 3 cucchiai (minestra) di
mantequilla
manteiga cioccolato in polvere o
3 cucharadas (sopa) de 3 spoons (soup) with choc-
3 colheres (sopa) de Nescau
chocolate en polvo o Nes- olate powder or Nescau
chocolate em pó ou 1 tazza (da tè) di zucchero
cau 1 cup (tea) sugar
Nescau
1 taza (té) de azúcar
1 xícara (chá) de açú-
car Se si desidera una siepe
Se desejar uma co- molinha mettere 5 cucchiai
If you want a hedge mo-
bertura molinha co- di latte
Si desea una cobertura linha put 5 tablespoons of
loque 5 colheres de
molinha poner 5 cuchara- milk
leite
das de leche

Embora descrita em outras línguas (espanhol, italiano e inglês) acreditamos que você não desistiu de observar as di-
ferenças na escrita, Não é mesmo?
Você percebeu que sempre há um termo ou outro que já vimos escritos por aí? Isso acontece porque fazemos parte de
uma sociedade que é fortemente marcada pela escrita. Portanto, não desista de ler mesmo quando parecer não entender
nada, pois se perseverar na leitura, você encontrará uma pista para compreender o que está lendo.
Nesse sentido, chamamos sua atenção para o seguinte: o conhecimento de outras línguas nos levará a conhecer outras
culturas, outros modos de ver a vida. Ouvir músicas em Espanhol e em Inglês, por exemplo, poderá ser uma boa dica!
Porém, deveremos permanecer atentos para o significado das palavras, lembre-se da situação descrita por dona
Aparecida no começo desse diálogo: “a dificuldade de entender que PUSH tem outro significado”. Pois, os “falsos ami-
gos” são aquelas palavras que por sua semelhança ortográfica e ou fonética parecem, à primeira vista, fácil de serem
entendidas, traduzidas ou interpretadas, mas que podem... nos conduzir a situações embaraçosas. Vamos conhecer
algumas em Espanhol?

cola: rabo ; polvo: pó; saco: paletó; um rato: um momento; vaso: copo; zurdo: canhoto; borracha: bêbada;

Embarazada: grávida.

9
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Como você pode conferir, estar “EMBARAÇADA” na 1. ( ) Marta pede desculpas por estar há vinte minu-
língua espanhola exige planejamento e outras responsa- tos atrasada
bilidades. 2. ( ) A recepcionista diz que o senhor Obama aca-
Acompanhe a história escrita em español: bou de sair
...Todos los años Bernardo iba solo a España a trabajo, 3. ( ) A recepcionista pergunta se Marta está vindo
pero de aquella vez resolvió que llevaría a su família. Esta- pelo anúncio
ban todos encantados con lãs calles y plazas pero cuando 4. ( ) Marta pede desculpas por estar há doze minu-
pasaban por uma pastelería los niños pidieron que comprara tos atrasada
golosinas. Rosa, su mamá dijo: Não, esses doces são esquisi-
tos! Olhem a placa: “Exquisitos dulces”... Se você retornou ao diálogo e realizou uma leitura
Pois é, as crianças (niños) deixaram de saborear as gu- “sem medo” com certeza percebeu que somente as afir-
loseimas, pois seus pais não sabiam que a palavra Exquisi- mativas 1 e 3 estão corretas. Interessante também perce-
tos é na verdade um falso amigo, ou seja, possui significado ber que numa situação como essa o conhecimento dos
bem diferente na língua espanhola. Exquisitos em Espanhol números em inglês foi decisivo para você excluir a alter-
significa: saborosos, ricos, gostosos. nativa 4.
Mas... você já percebeu que utilizamos várias palavras Marta é uma jovem que está tentando um novo em-
em nosso cotidiano que são originárias de outros idiomas? prego. Ela viu no jornal do metrô o anúncio para vaga
Por exemplo: jeans, hot-dog, diet, shorts… battom, sutiã…E de secretaria e, como vimos acima, já chegou ao local da
na informática? On line; internet; backup; e-mail; sites… entrevista. Portanto, vamos acompanhar o encontro dela
com o chefe Mr. OBAMA.
Vamos exercitar? The boss: All right, Mrs. Jackson. Did you bring your
Portanto, relacione as palavras às frases seguintes: curriculum with you?
a) BREAKFAST; Marta: Sure! Just a moment...
b) FOOT; The boss: Hum!... Tell me about your job experience.
c) TIME; Marta: Well, at the moment I´m not working.
d) BUSY The boss: Oh I see! Did you take any courses related
( ) Você raramente chega na hora to your profession?
Marta: Of course, I did. I thing I brought it…
( ) Ela nunca vai para casa a pé
The boss: Ah, very good! Can you show us your abili-
( ) Ele está frequentemente ocupado
ties to deal with computers?
( ) Eu sempre tomo um grande café da manhã
Você conseguiu identificar facilmente as frases corres-
De acordo com o trecho da entrevista é correto afir-
pondentes? Provavelmente, a partir do seu conhecimen-
mar que:
to dos vocábulos (foot e time) não tenha sido difícil você
1. ( ) Marta, embora esteja empregada, está procuran-
encontrar a sequência das frases. Compare no final desse
do um novo emprego para ampliar sua experiência.
capítulo a seqüência equivalente. Lembremos que estamos
Comentário: no diálogo aparece a frase “I´m not Wor-
no país do futebol (SOCCER) e, no corre-corre da vida, não king”. Portanto, essa afirmativa é falsa.
podemos perder tempo (TIME). 2. ( ) Durante a entrevista o chefe está com o curri-
O conhecimento de outra língua nos ajuda também no culum da Marta em mãos, pois ela já havia enviado por
mercado de trabalho. Quando saímos para procurar em- e-mail.
prego (JOB) se sabemos um pouco de inglês já somos vis- Comentário: A leitura atenta da frase “... your curricu-
tos com outros olhos (EYES). lum with you” justifica que essa afirmativa dois não seja
correta
Acompanhe o diálogo a seguir. 3. ( ) O chefe pergunta se ela fez cursos relacionados
Receptionist: Can I help you? Mrs… à profissão.
Marta: Jackson. Marta Jackson. Comentário: Relendo a frase: “Did you take any cour-
Receptionist: Are you coming for the announcement? ses related to your profession?” Afirmamos que a alterna-
Marta: That´s it! Oh, sorry, yes, madam. I apologize for tiva 3 está correta.
being late. Twenty minutes.
Receptionist: Ok. Let me see if Mr. Obama will see you, É importante destacar a importância em consultar um
just a moment! dicionário. Por meio desse, você pouco a pouco irá am-
Marta: Thank you ! pliando seu vocabulário. Portanto, consulte um dicionário
Receptionist: Mrs. Jackson, you may come in. bilíngüe, ou seja, português-inglês. Ao manusear o dicio-
Marta: Thank you. nário na busca do significado de uma palavra, você amplia
Imagino que você já tenha sido “apresentado” às pala- a busca de seu conhecimento e, consequentemente, o seu
vras (help you; sorry; minutes; moment; thank you) isso aju- saber.
da você na compreensão do texto apresentado em forma A motivação para a pesquisa brota exatamente des-
de diálogo. Então, marque com um X as alternativas que se sa prática habitual da curiosidade, ou seja, diante de uma
referem à situação descrita acima. “palavra nova”, não hesite em procurar seu significado.

10
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

As pessoas destemidas e desejosas em aprender não duvidam da importância de perguntar o significado e fazer uso
de sites de pesquisas, dicionários e, até mesmo, provocar um “diálogo interessado” com o grupo de amigos.
Portanto, como falantes da língua portuguesa e consciente da importância das línguas estrangeiras modernas, sempre
que possível consulte um dicionário, tire sua dúvida e amplie seu vocabulário.
Apresento a seguir um texto em Inglês que tem por objetivo mostrar a você que é possível fazer a leitura e compreen-
são de um texto em língua estrangeira, mesmo que não tenha um nível avançado de conhecimento da referida língua.
Para a compreensão do texto, você deverá aplicar as técnicas de leitura: Skimming; Scanning; Inferência; Prediction.
O que significa cada uma delas?
Não se preocupe, acompanhe a descrição abaixo:
☼ Skimming – Leitura rápida de um texto para se obter uma impressão global do assunto. Assim, é possível observar
informações visuais do texto como título, subtítulo, distribuição gráfica do texto, figuras, tabelas, entre outros.
É importante ficar atento aos detalhes.
☼Scanning – É importante ler as questões sobre o texto antes mesmo de ler o texto todo, visto que algumas respostas
podem estar contidas em informações nas próprias perguntas.
Essa técnica é também uma leitura rápida que permite encontrar informações específicas, sem recorrer à leitura linear
do texto, por isso, detalhes como citações em parênteses, grifadas e/ou em negrito, em letras maiúsculas, informações de
número ou uma palavra-chave também devem chamar a atenção do leitor.
Através dessa técnica, a interpretação e a compreensão do texto ficam mais fáceis. Orienta-se fazer a leitura das ques-
tões sobre o texto antes de aplicar as técnicas, assim se tornará mais fácil selecionar as informações necessárias para a
resolução dos exercícios.
Inferência - o objetivo aqui é deduzir o significado de uma palavra através do contexto (palavras vizinhas) e assim não
recorrer de imediato ao dicionário. Lemos aqui o que não está escrito de forma “clara” no texto.
Por isso, as palavras do texto, contexto e conhecimentos prévios do leitor devem ser considerados. Ah! Um exemplo de
inferência são as piadas, pois rimos exatamente daquilo que não está diretamente escrito no texto.
Prediction – Nesta estratégia de leitura, o leitor faz uso principalmente do seu conhecimento próprio, através de sua ex-
periência de vida, e também, através de informação lingüística e contextual. Cada palavra não pode ser lida de forma isolada.

Convite à leitura: TEXTO “TOO MUCH TV”


1. If a 4-year-old boy or girl watches a lot of television every day, he or she can become a bully in grade school. We
added bullying to the list of potential negative consequences of television in excess. Other negative consequences are:
obesity, inattention, and other types of aggression, the investigators write.
2. They noticed that toddlers who watch more TV than normal have 25% more chances to be called a bully by their
mother. The team of investigators looked at three potential causes of bullying: parental emotional support (spanking, family
mealtime, parent-child communication); early stimulation activities (recreational time, reading time, playtime); and the total
of TV watching, based on parental information.
Previous research demonstrates that these three factors participate in the development of bullies.
3. However, the risk of bullying can be prevented. The study discovered that 4-year-old kids who receive emotional
support since they are babies and have a stimulating home environment have a lower probability to turn into grade-school
bullies.
4. Specialists say that bullying may occur because of a lack of stimulation and emotional support at home. They say,
however, that some things can be done to potentially prevent this type of aggressive behavior.
(Adapted from an article by Frederick, J. Archives of Pediatrics and adolescent Medicine, april 2005; vol. 159)
Site visitado:<http://www.expoente.com.br/super_aulas/2008/PDF/INGLES.pdf>

Para verificar a compreensão do texto poderia ser solicitado indicar se cada uma das afirmações abaixo é verdadeira (V)
ou falsa (F). E, na mesma questão poderia ser pedido para indicar o parágrafo no qual você obteve a resposta.
Numa atividade como essa o nível de atenção é fundamental.

Parágrafo
Afirmações V F
1 2 3 4

a. As crianças que assistem muita TV desenvolvem comportamentos


X X
agressivos quando atingem a idade escolar
b. O ambiente familiar influencia, além da TV, para o desenvolvimento da
X X
criança “bully”
c. apoio emocional dos pais e atividade de estimulação precoces são con-
X X
sequências positivas em um ambiente onde a criança assiste muita TV.

11
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Caro aluno os exemplos anteriores querem fazer você entender que aprender uma segunda língua é uma forma de
conhecer outra cultura, bem como, uma forma de entender melhor o contexto que vivemos no mundo atualmente.
Lembre-se que uma das principais características do ser humano é a linguagem, pois é através da linguagem que o ser
humano constrói seus vínculos sociais e adquire conhecimento do mundo e da realidade de sua época.
Contudo, nossa relação com o idioma não é algo passivo. Isso se torna evidente, principalmente no Brasil. Pois, nas
várias regiões brasileiras perceberemos a riqueza da língua materna (português) com suas variantes regionais.
Então, a partir do conhecimento da língua materna (no nosso caso, a língua Portuguesa) é mais fácil compreender outro
idioma. Embora, haja palavras sem equivalência na língua portuguesa, mas que foram incorporadas ao nosso cotidiano.
Exemplos: abajur, do francês e sem equivalente em português e, outras palavras do inglês, como show, rock, hamburger,
jeans, shampoo, Microsoft, Word, Internet, yogurt, shorts.
Por ser um país com grande diversidade cultural, é compreensível que o Brasil sofra influências tanto em seu idioma,
quanto em seus costumes (dança, vestuários, culinária...).
Afinal a Língua Portuguesa está repleta de palavras derivadas de outros idiomas e de hábitos, por exemplo: “capoeira”,
“mungunzá”, “Axé”, “mandingas” trazida pelos escravos africanos; ou dos nomes de pratos culinários como o “omelete”,
que deriva do francês.
Como estamos nos referindo à nossa língua materna (Português) você poderia se perguntar: Em quais lugares é falada
a Língua Portuguesa?
O Português é a Lingua Oficial em oito países de quatro continentes, a saber: Angola; Brasil; Cabo Verde; Guiné Bissau;
Moçambique; Portugal ; São Tomé e Príncipe; Timor Leste.

Figuras extraídas do site: http://www.linguaportuguesa.ufrn.br/pt_3.php

12
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

No Brasil, antes da colonização portuguesa, a língua falada era o Tupi-Guarani. Porém, ainda hoje você pode encontrar
pequenos grupos que se comunicam utilizando as línguas de origens africanas (bantus e nagôs) e mesmo as línguas indí-
genas. Me refiro por exemplo aos grupos remanescentes de quilombo e grupos indígenas.
Das línguas indígenas, o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha),
bem como nomes próprios e geográficos. Portanto, a língua é dinâmica e continua sofrendo influência de outras línguas,
principalmente da língua inglesa.

Observe que facilmente reproduzimos frases como: “... vou deletar isso da minha cabeça”; “...não dê importância a isso,
ou melhor, minimize isso...”; nas quais se utiliza termos em inglês relacionados à linguagem da informática. Veja a tabela

Ferramenta destinada a evitar (ou minimizar) o recebimento de mensagens não solicitadas


Anti-spam
num serviço de correio eletrônico
Backup Cópia de segurança (de dados e/ ou programas) para outra mídia removível (cd, pendrive)

Banner Termo que significa “faixa” e designa propagandas veiculadas na web

Browser Programa navegador, software responsável pela visualização das páginas na internet
O termo equivale à convergência de todos os meios de comunicação: áudio, vídeo, telefo-
Ciberespaço
ne, televisão...
Clip-art Coleções de desenhos (ilustrações) para utilização em documentos digitais ou impressos

Combo Leitor de DVDs que também funciona como gravador de CDs


Chamamos de compactador o programa capaz de reduzir o tamanho dos arquivos para fins
Compactação
de armazenamento
Cursor O termo designa o ponteiro (“setinha”) do mouse

Desktop Termo que designa a área de trabalho do Windows

Download O ato de “baixar” um arquivo para o computador

Hardware Parte do computador que podem ser trocadas (gabinete, placa-mãe, monitor...)
Loja que aluga máquinas interligadas em redes para acesso à internet e outras utilizações
Lan House
semelhantes
On-line Significa que o computador está conectado à internet

Off-line Significa que não há nenhuma conexão à rede de internet

Username Nome ou apelido mediante o qual um usuário se “loga” e através do qual é identificado

13
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

É preciso se familiarizar com essas linguagens!


Como você sabe o desenvolvimento das tecnologias implementou uma série de serviços de comunicação via internet. A pa-
lavra “internet” vem de uma redução do inglês (INTERNETWORK), que traduzindo para nossa língua significa “ligação ou trabalho
em redes”. De modo geral as pessoas que estão conectadas podem trocar arquivos, dados e mensagens que são partilhadas por
meio de links (ligações) que se realizam através dos e-mails, blogs...
Nos blogs os internautas relatam os acontecimentos do dia-a-dia. BLOG é um livro digital, também compreendido como
diário de bordo. Visite alguns blogs e registre sua opinião sobre assuntos variados.
Já nos sites palavra originária do inglês que significa “local da internet” encontramos os hipertextos, normalmente acessados
com a sigla WWW (WORLD WIDE WEB) que significa “rede de alcance mundial.”.
Os hipertextos são textos-base que apresentam vínculo com outros textos. E o elemento que faz a ligação entre os hipertex-
tos são os links palavra também originária do inglês cujo significado é “elo” ou “ligação”.

O e-mail é um dos serviços disponíveis na internet. São constituídos de um login (usuário ou conta) acompanhada com o
símbolo “@” que vem do inglês at , que pode ser traduzido como “em determinado lugar”.
Já os sites são acompanhados do provedor: ig. hotmail, uol, terra... acompanhado por um tipo de domínio que pode ser
comercial (.com), educacional (.edu), governamental (.gov).
Provedor é o intermediário entre o nosso computador e a internet. Quando acessamos a internet, estamos na verdade aces-
sando um provedor que nos conecta com a internet. Ele funciona como as antigas telefonistas, para quem nossos avós tinham
que pedir para completar a ligação.
Domínio é o nome de uma área reservada num servidor Internet que indica o endereço de um website.
Recapitulando: todo endereço de site inicia-se com WWW.
Acompanhado do provedor e do domínio: http://www.terra.com.br
E os endereços de e-mails trazem o símbolo @ [arroba]
Nessa interação não podemos deixar do ORKUT que é um dos locais virtuais de relacionamentos disponibilizados na internet.
Através desse site novos amigos são adicionados, podemos ver os álbuns de fotos, enviar e receber recados (scraps), depoi-
mentos... além de criarem comunidades ou se afiliarem para um debate de ideias chamados fóruns de discussão.

14
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Portanto, faça uso dos recursos tecnológicos da rede e tenha acesso a um universo “sem fronteira”, bem como, a con-
teúdos formativos nas bibliotecas virtuais e sites interativos como youtube e outros.
Nos dias atuais o uso e acesso aos meios de comunicação e informação têm favorecido o encontro entre pessoas e
ampliado nosso conhecimento cultural. Além disso, o conhecimento das línguas estrangeiras modernas (LEM) facilita a
utilização dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, cujos comandos e manuais são apresentados em vários idiomas.
Nesse sentido, permanece o desafio. Pois, não é suficiente compreender a funcionalidade dos comandos (play e stop)
frequentemente utilizados em nossos eletroeletrônicos. É necessário aprofundar o conhecimento de uma segunda língua
(espanhol, inglês, francês, alemão...) também chamada língua meta, sem desprezar a língua materna, que em nosso caso,
é a língua portuguesa.
Acredite que o conhecimento, sobretudo em nível do domínio da escrita, quer dizer, aprender a escrever de acordo
com as normas gramaticais, abrirá portas e contribuirá para a aquisição de uma segunda língua.
Vale à pena destacar que os negros africanos possuem um vasto conhecimento das línguas estrangeiras. Sabe por quê?
Considerando que as famílias são constituídas por tribos diferenciadas, às vezes, a mãe é oriunda de uma nação africa-
na que se comunica entre si com uma língua africana e o pai, igualmente é oriundo de outro grupo social, que por sua vez,
se comunica entre si, por meio de outro idioma.
A essa altura você poderá se perguntar: “qual a língua utilizada para uniformizar a comunicação?”
Essa pergunta é importante e pertinente, pois a língua “oficial” adotada para as relações comerciais e/ou contato/ diá-
logo “fora” de casa, dependerá do país colonizador (Bélgica, França, Espanha, Portugal, Estados Unidos...).
Portanto, os negros africanos dominam no mínimo quatro idiomas. Quando pequenos eles aprendem em casa duas
línguas africanas, ou seja, a língua da mãe e a língua do pai.
Pois, o diálogo com a mãe acontece na língua materna da mãe e, o diálogo com o pai, ocorre na língua oriunda da
tribo do pai.
Contudo, quando a criança africana é alfabetizada, o processo de ensino aprendizagem acontece na língua local, ou
seja, língua falada pelos moradores daquela região. Porém, ao atingir a etapa da formação secundária (ensino médio) eles
aprendem e “adotam” a língua oficial do colonizador.
Nota-se, nesse breve recorte apresentado, que a criança de origem africana crescerá falando fluentemente (sem di-
ficuldade de compreensão para a escrita e para a fala) os idiomas relacionados à sua infância, adolescência e fase adulta.
Se pensarmos o universo cultural dos povos indígenas, iremos perceber um fenômeno bem semelhante. Pois, os in-
dígenas, também chamados “povos aborígenes” são oriundos de povos com códigos lingüísticos diferenciados e, com o
processo de colonização, eles “adotaram” a língua do colonizador.
Saliento mais uma vez, a partir dessa breve explanação sobre os negros africanos e os indígenas, a necessidade em
aprender uma segunda língua. E, ao destacar os idiomas (espanhol, inglês, francês...) estamos focalizando para as relações
comerciais, porém sem desprezar a importância em conhecer outras línguas e outras culturas.
AGORA É A SUA VEZ
Atividade 1
Retome a leitura do texto “TOO MUCH TV” trabalhado nesse capítulo e responda: O que acontece com as crianças
que assistem muita televisão:
a. Não suportam a emoção dos pais quando expostas a atividades de estimulação precoce?
b. Se tornam cruéis e violentas com crianças mais novas
c. Não vão mais a excursões ou passeios ao ar livre por não saberem se comportar
d. Batem em crianças que aprenderam a andar há pouco tempo
e. Possuem probabilidade baixa de se tornarem bullies

Atividade 2
Ainda de acordo com o texto “TOO MUCH TV”. Qual das opções abaixo NÃO foi citada no texto como consequência
do excesso de TV?
a. As crianças não aceitam o carinho e a estimulação dos pais
b. São chamadas de agressivas pelas mães
c. Se tornam obesas
d. Se tornam agressivas
e. Se tornam desatentas

Atividade 3
Assine a opção que contém uma estrutura válida para um endereço de e-mail de uma pessoa ( não jurídica) natural dos
Estados Unidos da América
a) camila@entreprise.org.br
b) camila@entreprise.eua.com
c) camila@entreprise.com.eua

15
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 4
People and Professions
Do you know the professions of the famous people below?
Link them and then, create simple sentences.
(1) Brazilian (a) singer ( ) ( ) Gabriel Garcia Marques
(b) scientist ( ) ( ) Madonna and Britney Spears
(2) English (c) actress
( ) ( ) David Beckham
( ) ( ) Bill Gates
(d) architect ( ) ( ) Bill and Hillary Clinton
(3) Colombian (e) writer ( ) ( ) Sophia Loren
(4) American (f) politician ( ) ( ) Oscar Niemeyer
(5) Italian (g) soccer player ( ) ( ) Stephen Hawking
(h) businessman

Example: Oscar Niemeyer is a Brazilian architect.


1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.

HORA DE CONFERIR o que aprendeu - Respostas


ATIVIDADE 1 (letra b)
ATIVIDADE 2 (letra a)
ATIVIDADE 3 (letra c)
ATIVIDADE 4 (produção de frases)
Respostas da sequência da atividade “vamos exercitar?”
A ordem das letras no sentido vertical, ou seja, de cima para baixo obedece à seguinte ordem: CBDA

PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:

• Reconhecer temas de textos em LEM e inferir sentidos de vocábulos e expressões neles presentes.
• Identificar as marcas em um texto em LEM que caracterizam sua função e seu uso social, bem como seus
autores/interlocutores e suas intenções.
• Utilizar os conhecimentos básicos da LEM e de seus mecanismos como meio e ampliar as possibilidades
de acesso a informações, tecnologias e culturas.
• Identificar e relacionar informações em um texto em LEM para justificar a posição de seus autores e inter-
locutores.
• Reconhecer criticamente a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade
cultural.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendi-
zagem e ele exige persistência...vamos lá!

16
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 3 As rodas de capoeira é uma expressão de linguagem


corporal bem próxima a nós. Aliás, há pouco tempo foi in-
CORPO, MEMÓRIA E ENCONTROS COTI- dicada pela Secretaria de Educação para fazer parte do cur-
rículo escolar, compondo a disciplina de educação física.
DIANOS Segundo a história, a capoeira praticada inicialmente
pelos negros africanos, escravizados no Brasil, enganava os
COMPREENDER E USAR A LINGUAGEM CORPORAL
COMO RELEVANTE PARA A PRÓPRIA VIDA, INTEGRA- “donos de escravos”, pois eles acreditavam que os escravos
DORA SOCIAL E FORMADORA DA IDENTIDADE estavam dançando, quando na verdade, os africanos atra-
vés dos passos da capoeira estavam, também, treinando
Camila Mairink Zangirolymo golpes para se defenderem.
Sônia Querino Santos e Santos

Quando encontramos com alguém pela primeira vez


guardamos uma lembrança dela, que pode ser um gesto ou
algo dito em uma conversa. Mas o que realmente nos fará ter
uma lembrança boa ou ruim é a expressão corporal que essa
pessoa nos transmitiu. Esse pode ser um critério para dizer se
a pessoa é legal, falsa, inteligente, educada ou mal educada.
Você sabia que muito antes da linguagem oral, o homem
usou a leitura de gestos da linguagem corporal para interpretar
atitudes e pensamentos expressos no comportamento humano?
Sim. A fala é a nossa principal forma de comunicação, no
entanto passou a fazer parte do nosso cotidiano há apenas
alguns anos. Pois é! Está na hora de valorizarmos mais a lin-
guagem corporal na comunicação, que por sua vez poderá Outra informação que você poderá conferir nas rodas
nos dizer muitas coisas que através da linguagem verbal não de capoeira em seu bairro ou outros espaços, se refere à le-
conseguimos dizer. tra cantada nas “rodas”, você poderá perceber que elas tra-
Sabia que a linguagem corporal é muita mais importante tam de questões sociais e, algumas vezes são “ladainhas”
do que imaginamos? sobre a vida cotidiana ou se referem ao amor (perdido, en-
Com a fala podemos contar muitas coisas que foram im- contrado, desiludido...). Veja como exemplo um trecho da
portantes em nossas vidas, momentos especiais ou momen- música “Marinheiro só”:
tos tristes, podemos cantar, podemos recitar poesias, entre “... Mais eu não sou daqui eu não tenho amor, eu
outras coisas que lembraremos durante a leitura do texto. sou da Bahia de São Salvador...”
Então recapitulando: a linguagem falada é conhecida por Considerando, portanto, a grande variedade da lingua-
“linguagem verbal” e o que o corpo demonstra por suas sen- gem corporal, são os skatistas. Você sabe reconhecê-los
sações e sentimentos, chamamos de linguagem corporal. nas ruas?
Com a linguagem corporal podemos nos comunicar de vá- A primeira impressão que eles nos passam é a sensa-
rias maneiras. Entre elas através da dança, mímicas e, até mes- ção de liberdade transmitida pelo esporte. Essa “tribo” ou
mo, é possível associar a linguagem verbal e corporal juntas. “grupo” possui seu próprio estilo com músicas, roupas, gí-
Veja que a figura a seguir trata do HIP HOP que foi cria- rias e a tão famosa linguagem corporal, considerada pelos
do em 1960 como força na reação de conflitos sociais, bus- dançarinos (hip hop e os skatistas) uma forma de expressão
cando se posicionar quanto à violência sofrida pelas classes no mundo.
menos favorecidas. Essa dança é a “voz da periferia” reivindi- A forma de se vestir dos skatistas virou moda nas gran-
cando espaços. Inclusive, existe um estilo pessoal que realça des cidades, mostrando a influência do estilo, no cotidia-
o caráter criativo e a cultura negra urbana contemporânea. no das pessoas que se identificam com os grupos (tribos).
Normalmente o vestuário é composto por calça jeans su-
per larga, camiseta grande, camisa de flanela xadrez, tênis
e o inseparável boné.
Realmente, a diversidade brasileira está presente em
diversas modalidades (hip-hop, skatistas, capoeira). Vale a
pena respeitar!

17
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

E a linguagem utilizada nos meios de comunicação?

Você já notou os muitos sinais da linguagem corporal?


Ok! Vimos anteriormente sob influência da música algumas diferentes formas de expressão (hip-hop; capoeira; skatis-
tas), ou seja, a dança vinculada à música, os diferentes estilos e a moda. Então... a televisão? Isso mesmo!
A televisão é o meio de informação que talvez tenha mais influência sob nossos comportamentos e sob as nossas
vestimentas (moda). Muitas vezes, em entrevistas na TV, nossos olhos nos fazem confiar no que vemos. Principalmente,
pela “maneira” em que o entrevistado está vestido. Associada à sua postura e ao seu jeito de falar, esses elementos podem
influenciar nossa avaliação prévia, antes mesmo de identificar o conteúdo que estão transmitindo. Essa é a força da mídia
que influência nossos pontos de vistas e argumentos.

18
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Vamos continuar avançando? Na sua cidade, em seu bairro ou quem sabe, você junto
Convido você, a aprender a decifrar alguns códigos e as com amigos já tenha participado desse tipo de linguagem,
diferenças culturais, pois sabemos o quanto são importantes chamada linguagem artística?
e o quanto influenciaram histórica e culturalmente as dife- Então, a linguagem artística, assim como as outras lin-
rentes formas de linguagem. guagens, também sofre alterações cotidianamente e, se
Com certeza você já assistiu a uma propaganda política observarmos bem, perceberemos que a arte sempre está
e já deve ter visto candidatos com expressões exageradas, relacionada com o momento em que vivemos. Através das
que não te demonstravam muita confiança. Então, neste caso linguagens artísticas percebemos os momentos marcantes
você usou a leitura da expressão corporal com o conheci- que estamos vivendo, bem como, as influências do passa-
mento que já possuía culturalmente. do em nosso cotidiano.
Aliás, na TV atores são bonitos e seus corpos esculturais. Assim sendo, por meio da linguagem verbal, visual,
Pois, sabem que precisam vender uma imagem “bonita”. Ou gestual, artística e das várias modalidades da linguagem
seja, os meios de comunicação ditam o padrão de beleza e escrita pintamos, estamos nos expressando, nos posicio-
de corpo perfeito. Você já tinha pensado nisso? nando no mundo que vivemos. Logo, essas expressões cul-
Busque em sua memória (suas lembranças) as propagan- turais e artísticas demonstram diferentes formas de expres-
das de bebida alcoólica que você assistiu na TV. Perceba os são e variam de um lugar para outro.
alertas veiculados na propaganda (diminuição de acidentes, Pense nas diferenças culturais que existem no Brasil,
bem como, a péssima combinação: jovens + consumo do ál- observe começando pelas regiões. São muitas as diversi-
cool). Esse e tantos outros exemplos confirmam para nós a dades, desde a culinária, ritmos musicais, maneiras de falar,
força de convencimento que tem os meios de comunicação. até mesmo na maneira de vestir-se.
Então afirmamos com convicção: O CORPO FALA Falando em diversidade cultural, sabe aquele GESTO
de OK que fazemos com as mãos?

Com certeza, o corpo fala! Lembra de quando éramos be-


bês? Já faz tanto tempo! Os bebês também se expressam através
do corpo, embora de maneira mais silenciosa e sem a capacidade Parece ser um gesto inocente não é mesmo? Basta fa-
de interpretar os sinais. Eles reagem ao que sente e, através da au- zer um círculo com o dedo indicador e o polegar, e esta-
dição, eles percebem o que acontece à sua volta, por isso eles po- mos expressando através desse gesto nosso consentimen-
dem se assustar ou achar engraçado determinados tipos de som. to (acordo, parceria...), como o ok em inglês.
Inclusive, pequenos sinais corporais já nos dizem quando o Pois é, mais as interpretações podem ser variadas!
bebê esta com fome, dor, insatisfeito ou sente a falta da mãe. Para os Venezuelanos (VENEZUELA) este sinal significa
Você já deve ter visto uma criança chorando bem forte para cha- uma ofensa, mas para os japoneses (JAPÃO) pode significar
mar a atenção da mãe. Nessa hora, não tem jeito, deixamos tudo dinheiro. Portanto, um “simples gesto” aceito num deter-
que estamos fazendo e damos atenção ao “pequeno chorão”. minado grupo social, sofre alteração de sentido em outras
Observe agora essa imagem. culturas e, por isso, não podem ser praticados. O mesmo
acontece com as palavras (lembra dos falsos amigos?), isto,
devido às diferenças culturais existentes nos países.
Com certeza você já escutou essas expressões popu-
lares:
* Arranque essa tristeza do peito”
* Não fique de queixo caído”
* Tire esse peso dos ombros”
* Vê se não me enche o saco”
Para compreender essas expressões precisamos ima-
ginar, ou seja, contextualizar essas situações. Aqui, com as
expressões mostradas, temos exemplos do uso da lingua-
gem verbal que se misturam a linguagem corporal. Pois se
não relacionarmos as duas formas de linguagem elas não
teriam sentido.

19
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Agora pense: Os atores do cinema mudo foram os primeiros a usar


Podemos arrancar a tristeza do peito? a linguagem corporal, cada gesto expressado correspondia
Nosso comportamento revela nossos sentimentos a uma informação sobre a emoção que estava sentindo. As
(alegrias, tristezas, dúvidas, frustrações e felicidade). Bom, expressões corporais, portanto, são ferramentas valiosas para
num só dia, são tantas as emoções... a comunicação, sempre observaremos o que o corpo tem a
• Quando encostamos a mão do lado esquerdo do pei- dizer.
to nos referimos ao coração, ou ao sentimento de afeto por Em algumas situações observamos que o corpo nos diz
alguém. alguma coisa com gestos da linguagem corporal, porém a
• Ao encostar a cabeça do lado esquerdo do peito de boca diz outra completamente diferente usando a lingua-
alguém e dar um sorriso, revelamos que confiamos na pes- gem verbal. Quando isso acontece automaticamente perce-
soa ou ainda que estamos felizes... bemos que alguma coisa está errada e logo pensamos em
•Mas, se ao invés de sorrir fizesse cara de triste, de- uma situação de mentira, ou de disfarçar o que se sente.
monstraria um coração que está triste. Nossas mãos possuem vida na comunicação, imagine tentar
O que seria “Ficar de queixo caído”, ou “Ficar de conversar com as mãos amarradas, esses movimentos que acon-
boca aberta”? tecem involuntariamente para reforçar o que está sendo pronun-
O ato de estar de boca aberta ou de queixo caído nos ciado por meio da linguagem oral, remete a expressividade, com-
remete a imaginar a algo que nos surpreende. Quando se preensão e também a emoção.
Além das diferenças históricas, culturais e sociais não po-
usa esta expressão vemos uso da linguagem corporal co-
demos nos esquecer das diferenças ambientais. Vamos ima-
nectada à linguagem verbal.
ginar um almoço na casa de um parente muito próximo
Você conseguiu identificar estas linguagens?
e querido por todos, que não possui atitudes exageradas e
Conhece outras expressões que usam a linguagem cor- diferentes das suas, nos sentimos a vontade, não nos coloca-
poral e expressões populares? mos em situação constrangedora.
O contrário nos aconteceria se fôssemos almoçar na casa
E O CINEMA MUDO? de uma pessoa desconhecida ou em um restaurante muito
elegante. Nossos gestos seriam diferentes, se nos adaptamos
a cada espaço físico, mudamos os nossos gestos, mudamos
as nossas palavras e as nossas expressões.
Alguns estudiosos afirmam que a leitura corporal é mais
acentuada no sexo feminino por possuir um nível de vaidade
maior que o dos homens. Na maioria dos casos o homem é o
receptor da linguagem corporal, ou seja, recebe a mensagem
da mulher. Sendo ela a emissora da mensagem, isso aconte-
ce em várias situações da vida social, muito mais que na vida
profissional.
Então, o ambiente determina algumas regras de com-
portamento que limitam a comunicação na linguagem cor-
poral, principalmente quando a linguagem é involuntária.
No campo profissional, tanto o homem quanto a mulher
Você se lembra ou ouviu falar do cinema mudo? devem limitar-se por que estão se adequando ao ambiente
Lembra do grande astro do cinema mudo chamado em questão.
Charlie Chaplin? Para os vendedores serem bem sucedidos no trabalho,
No cinema mudo observamos a linguagem do corpo tanto homens quanto mulheres deverão fazer o uso de uma
e à medida que vivenciamos novos acontecimentos no sé- linguagem clara e objetiva, transmitindo segurança ao cliente.
culo XXI, assistimos ao aparecimento de uma nova ciência: O próprio cliente emite sinais ao vendedor assim que chega
ao estabelecimento comercial. Você já deve estar imaginan-
a não verbal.
do quais são, pois com certeza já passou por essa situação.
O canal verbal é usado com a finalidade de fornecer in-
Você concorda que “quando conversamos com uma pes-
formações, enquanto que o canal não-verbal é usado para
soa que por meio da linguagem corporal nos transmite ca-
expressar atitudes pessoais e alguns casos como um subs- racterísticas amigáveis, calorosas com sorrisos durante uma
tituto para mensagens não verbais. conversa franca, sentimos confiança, alegria e boa vontade?”
As pessoas possuem entre si maneiras diferentes de se Continuando nossa conversa.
comportar e de se expressar, por meio de movimentos cor- Em uma partida de futebol temos clara a reação de tor-
porais ou pela fala. A postura corporal é relacionada com cedores e jogadores de um time, no momento de um gol
a segurança em si mesmo e a disposição entre as pessoas. ou quando a partida termina com um bom resultado. Exis-
Para ter credibilidade ou demonstrar sinceridade em tem torcedores que choram para expressar seu aborreci-
uma conversa é necessária uma forte ligação entre emissor mento ou se abraçam para expressar a felicidade que estão
e receptor da mensagem. sentindo. Elas se comunicam por intermédio de olhares,
Uma maneira de usar a linguagem corporal com credi- gritos, gestos ou símbolos.
bilidade é usando o olhar.

20
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

• Ao sentar-se, não deixe a pasta ou a bolsa sobre o


colo. Significa que você não está à vontade;
• Pés em direção ao entrevistador indicam que você
se interessa pela pessoa. Se eles estiverem voltados para a
porta, é a direção em que o corpo quer ir;
• Com braços cruzados no peito, você não quer mu-
dar a opinião e nem aceitar o que estão lhe falando;
• Morder a caneta e mexer no queixo mostra que a
pessoa está estimando a situação proposta;
• Mãos na frente da boca geralmente significam que
a pessoa deseja falar algo, mas não tem a oportunidade ou
Pensando em uma cultura de movimento, não pode- não sabe ao certo o quê;
mos no esquecer da linguagem de sinais (mais conhecida • Mãos cruzadas para trás: sinais que não se concor-
como LIBRAS). Essa modalidade de comunicação é utilizada da muito com o alvo da discussão;
pelos portadores de necessidades especiais, ou portadores de • Mãos fechadas: mostra insegurança, como se
deficiência auditiva. agarrasse algo para não cair;
Os lingüistas, especialistas em estudos sobre línguas, • Mãos abertas: concorda com a situação.
afirmam que cada país possui a sua língua gestual. No Bra- Se você tiver acesso à internet visite:
sil existe a Linguagem Brasileira de sinais (conhecida por LI- http://henriques.wordpress.com/2007/02/15/postura-
BRAS). Elas foram criadas espontaneamente por um grupo de corporal/
pessoas, e se aprimora da mesma forma que as línguas orais. A partir dessas dicas e de tantas outras que você já
Portanto, nenhuma língua é superior ou inferior à outra, cada deve ter vivenciado, podemos afirmar que a linguagem
uma se desenvolve e se expande com a necessidade de seus corporal associada à atuação profissional é um tema que
falantes. poderia gerar um outro material para estudo. Porém, algu-
Retomando: mas profissões não seriam “completas” sem a linguagem
A comunicação linguística é formada por signos lingüís- corporal.
ticos (escrita, imagens...) usados para transmitir seus pensa- Imagine bailarinos e atores sem expressividade.
mentos e idéias. Essa linguagem permite o autoconhecimen- Seria completamente sem sentido, você não acha?
to e a percepção de idéias e o progresso do homem. A comu- Esses profissionais têm como função transmitir através
nicação não lingüística é composta por signos não lingüísticos da dança ou o teatro, mensagens, idéias e emoções com o
(o sorriso, o aperto de mão e outros cumprimentos). uso de sua expressividade de gestos.
Portanto, também a linguagem corporal está sujeita à IN- Com certeza você já deve ter escutado ou visto na TV
TERPRETAÇÃO. Já havia pensado nisso? alguma pessoa falando sobre “Marketing”. Pois é, essa pa-
Ao cumprimentar alguém com um aperto de mão quem lavra agora está sendo usada para a admissão de funcioná-
segura forte, demonstra habilidade para liderança, mas se a rios em empresas, com critérios cada vez mais relacionados
mão estiver suada e escorregadia poderá transmitir nervosis- à comunicação não-verbal.
mo e insegurança. Esses profissionais analisam a aparência dos candida-
Se estiver de braços cruzados significa que está colocan- tos, observam a forma como estão vestidos para ver se são
do uma barreira, mas se os polegares apontarem para cima é adequados ao trabalho que irão desempenhar na empresa,
um bom sinal. Já sacudir os pés revela a ansiedade, como se alguns atributos físicos não escapam e o carisma torna-se
estivesse tentando fugir. uma vantagem para pessoas extrovertidas.
Que tal uma dica a ser utilizada quando você estiver num Na política acontece algo semelhante. Você já deve
processo de seleção para uma vaga de emprego? Por exem- ter notado. Há uma preocupação com os gestos e as ex-
plo, quais cuidados deveremos ter diante da pessoa que esti- pressões faciais e a postura que devem assumir diante das
ver nos entrevistando? pessoas. Isso os torna mais eficientes, nos passa uma boa
imagem e nos convence de suas habilidades.
Na medicina isso não deixa de acontecer, existem algu-
mas especialidades como a pediatria e a psiquiatria na qual
o discurso verbal fica comprometido ou porque a criança
não domina a linguagem corporal ou porque o paciente
apresenta, em função de enfermidades, idéias sem sentido.
O médico especialista necessita ainda recorrer às suas
habilidades específicas para interpretar os sinais não ver-
bais do paciente e tentar decifrar o que está acontecendo.
• Não gesticule muito, isto demonstra agitação e ner- Você concorda que todas as pessoas têm capacidade
vosismo; de interpretar a linguagem corporal?
• Ao cumprimentar alguém, se a mão dá um forte Além disso, todos os indivíduos podem emitir e rece-
aperto, é sinal de que não há restrições. ber estes sinais não verbais. Porém é importante levar em
• A mão frouxa é sinal de que a pessoa tem medo consideração outros fatores: motivação; atitude; experiên-
de ser envolvida; cia; conhecimento;

21
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

A atitude refere-se à maneira que as pessoas se posicionam, algumas vezes positivamente e outras negativamente em
situações de aprendizagem, que por sua vez dependerão das atitudes tomadas frente a situações vivenciadas.
O que falar da experiência?
Sabemos que é fundamental, quanto mais variedades temos, maiores serão as oportunidades de aprendizagem. Aqui podemos
dizer que a vida nos ensina, mesmo que não seja de nossa vontade aprender. Como na expressão: “ É errando que se aprende”.
Mas... Lembre-se: fazer uma análise do corpo é uma tarefa super complicada, pois já possuímos uma “compreensão”
parcial do nosso corpo. Nossas razões estão fora do alcance do outro, pois estão no nosso inconsciente.
Apesar de várias interpretações não existe uma leitura padrão que seja igual para todas as pessoas, a forma com que
cada pessoa se expressa é particular e deve ser respeitada. Por isso, não se esqueça que não se podem padronizar os gestos.

AGORA É SUA VEZ!

ATIVIDADE 1
1) Leia: Atualmente, as pessoas não hesitam em eleger os produtos culturais de sua preferência, livres de preconceitos
ou julgamentos. Assim, moças dançam ballet e jazz nas favelas, “dondocas” freqüentam forrós e bailes funk, rapazes ado-
tam o estilo country e praticam capoeira. Tal postura indica a
(A) inibição de valores humanos específicos.
(B) construção de uma estética artificial.
(C) homogeneização de comportamentos individuais.
(D) consideração à diversidade sociocultural.

ATIVIDADE 2
2) Extraída da Avaliação do ENCCEJA do ano de 2005
Observe a história em quadrinhos:
(Fonte: Angeli. Folha de S. Paulo, 25/4/93.)

A disposição das personagens frente a frente e o diálogo demonstram que entre os personagens há:
(A) aproximação e felicidade.
(B) afastamento e ternura.
(C) distanciamento e alegria.
(D) intimidade e incompreensão.

ATIVIDADE 3
3) “Como derrubar a ditadura da moda”. A Revista Veja publicou três reportagens que tratam de questões cotidianas,
informações sobre obesidade, saúde e padrões estéticos contemporâneos.
Reportagens da Veja:
“Malhação capitalista” http://veja.abril.com.br/070802/p-066.html
“Mutirão da fome” http://veja.abril.com.br/070802/p-o66.html
“Cheinhas e sem grife” http://veja.abril.com.br/070802/p-074.html
Você já fez alguma dieta radical para tentar ficar parecido com alguma pessoa famosa dos meios de comunicação?
Sabia que muitas pessoas se inspiram em atores e atrizes famosas em busca de um corpo perfeito? As três reportagens de
VEJA mostram exemplos das pressões que sofremos em nome da boa forma. Assim, o texto “Malhação Capitalista” informa
que muitas empresas investem na atividade física não apenas pensando no bem-estar dos funcionários, pois na verdade
buscam o aumento da produtividade. O “Mutirão da Fome” aborda uma comunidade que se lançou num regime coletivo.
E “Cheinhas e sem Grife” registra um caso extremo da ditadura da moda, poucas lojas são especializadas para este publico
especifico: as lojas mais badaladas ignoram a demanda das mulheres “redondinhas”, não comercializando roupas dos ta-
manhos considerados “grandes”. Muitos jovens passam por esse tipo de pressão, querem fazer parte da ditadura da moda
e não conseguem se incluir. Não podemos nos esquecer que a moda e o padrão de beleza variam de acordo com o tempo.

22
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Agora verifique seus conhecimentos: ATIVIDADE 5


No recém-lançado livro Meninas do Brasil (Ed. Cosac & Dizem que os gestos falam mais do que você imagina.
Naify, tel. [011] 3218-1469), Mari Stockler apresenta fotos Portanto, propomos que você pesquise os significados dos
que registram o estilo descompromissado das mulheres seguintes gestos nos respectivos países:
dos bailes funk e da periferia carioca. Elas não se preocu- a) Apertar a ponta da orelha. Que significa tem no
pam em expor gordurinhas localizadas ou marcas de celu- Brasil, na Índia e na Itália?
lite. Na sua opinião: b) Encostar a ponta do dedo polegar na ponta do
a) Elas demonstram uma boa aceitação de si mesmas, dedo indicador, formando um círculo. Que significado tem
o que indica uma relação tranqüila com sua imagem, seu esse gesto nos EUA, no Japão, na Turquia?
corpo e sua sensualidade e, nesse processo, inventam uma c) Apontar com o dedo polegar para cima, com os
moda própria, às vezes copiada pelas “patricinhas” quatro outros dedos fechados e encostados na palma da
b) Elas estão desinformadas sobre as regras da moda e mão. Qual o significado no Japão, na Alemanha, na Europa
não têm senso de ridículo e nos EUA?
c) Entre as meninas da periferia, a gordura é um atri-
buto valorizado HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas

ATIVIDADE 4 ATIVIDADE 1
4) Observe a imagem. (D) consideração à diversidade sociocultural.

ATIVIDADE 2
(D) intimidade e incompreensão.

ATIVIDADE 3
Alternativa a. As moças mais pobres da periferia, ain-
da que submetidas às pressões da moda e da publicidade,
incorporam, adaptam e transformam suas roupas e até seu
comportamento às condições econômicas e socioculturais.

ATIVIDADE 4
Alternativas b e c. Os padrões de beleza variam ao lon-
go do tempo e são diferentes em cada sociedade e cultura.

ATIVIDADE 5
a) Apertar a ponta da orelha. No Brasil é sinal de
aprovação; na Índia é uma forma de se desculpar ou de
mostrar arrependimento por falta ou erro cometido; na Itá-
lia indica que a pessoa apontada é homossexual.
a) Encostar a ponta do dedo polegar na ponta do
dedo indicador, formando um círculo. Nos EUA significa
que está tudo certo, positivo; no Japão significa valor fi-
Ela reproduz um quadro do pintor flamengo Peter Paul nanceiro, moeda, dinheiro; na Turquia significa que alguém
Rubens (1577-1640). Essas mulheres possuem característi- é homossexual.
cas físicas diferentes das mulheres de hoje, com isso per- Apontar com o dedo polegar para cima, com os quatro
cebemos que o padrão de beleza varia de acordo com a outros dedos fechados e encostados na palma da mão. No
época, portanto é contemporâneo. Japão significa o número 5 (cinco); na Alemanha significa
Você acha que: o número 1 (hum); na Europa e nos EUA significa pedido
a) Rubens tinha hábitos muito comuns com a nossa de carona.
época e gostava de retratar apenas mulheres gordinhas  E então, gostou?
b) A pintura de Rubens é um bom exemplo de como os Caso você queira aprofundar leia o livro: GESTOS - um
padrões estéticos se modificam ao longo do tempo manual de sobrevivência gestual, divertido e informativo
c) Na época de Rubens (na verdade, até o século XIX), para enfrentar a globalização. Autor: AXTELL, E. Roger. Edi-
a fome e a desnutrição eram ameaças mais graves à saúde tora Campus.
do que o excesso de peso. Por isso, a gordura era valoriza-
da, até mesmo em termos estéticos, pois estava associada
à idéia de sobrevivência e bem-estar

23
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

PRA FIM DE PAPO Capítulo 4


Caro Aluno,
DESCOBRINDO AS ARTES: UM ATALHO
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
- Identificar aspectos positivos da utiliza-
PARA UMA NOVA LINGUAGEM
ção de uma determinada cultura de movimento.
COMPREENDER A ARTE COMO SABER CULTURAL E
- Reconhecer as manifestações corporais
ESTÉTICO GERADOR DE SIGNIFICAÇÃO E INTEGRADOR
de movimento como originárias de necessidades cotidia-
DA ORGANIZAÇÃO DO MUNDO E DA PRÓPRIA IDEN-
nas de um grupo social.
TIDADE.
- Analisar criticamente hábitos corporais
do cotidiano e da vida profissional e mobilizar conheci-
Maria do Carmo Arruda Leite
mentos para, se necessário, transformá-los, em função das
necessidades cinestésicas.
- Relacionar informações veiculadas no co-
tidiano aos conhecimentos relativos à linguagem corporal,
atribuindo-lhes um novo significado.
- Reconhecer criticamente a linguagem
corporal como meio de integração social, considerando os
limites de desempenho e as alternativas de adaptação para
diferentes indivíduos.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude


um pouco mais, você está iniciando um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Caro aluno,
Após a leitura atenta da história em quadrinhos, certa-
mente você notou que o foco da mensagem está no erro
de interpretação do garoto Calvin. Quero chamar sua aten-
ção para esse “engano”, pois, foi em cima dele que Calvin
decidiu reavaliar seu gosto pela música clássica.
Volte ao quadrinho e observe que, quando Haroldo
apresenta para Calvin, a famosa abertura de 1812 (música
de Tchaikovsky, compositor russo do século XIX), o garoto
destaca a beleza da percussão, isto é, da forma que o som
é produzido.

No entanto, quando Haroldo revela que foram usados


canhões, o garoto Calvin imagina uma cena de guerra em
plena sala de concertos musicais. E, começa a considerar
que a música clássica possa ser mais dinâmica do que ima-
ginava.
Essa capacidade de imaginação e criatividade é uma
das condições necessárias para que aprendamos a utilizar
as expressões artísticas como meio de superarmos nossas
limitações individuais e termos acesso a universos mais
amplos e criativos.
A empolgação de Calvin resulta também do fato de
se identificar com situações de seu cotidiano. Contudo, só
poderemos desenvolver nossa criatividade e, aplicá-la a
situações reais, se formos capazes de contextualizar uma

24
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

questão, ou seja, compreendê-la e discuti-la a partir de É fato, no entanto, que o poder de alcance de uma mú-
nossos valores e preconceitos. E, como Calvin, termos a sica popular é infinitamente superior, se comparado à música
curiosidade de conhecer os motivos que levaram o artista clássica.
a representar a realidade usando a Arte como instrumento Por que você acha que isso acontece? Um dos fatores
de expressão. que contribui para isso é a facilidade da língua. Porém, você
E você, caro aluno, já conhece ou se interessou pela poderá destacar outros fatores.
música em questão? Amplie então seus conhecimentos. Apresento a seguir o poema de Camões que foi musi-
Sabe quem foi Tchaikovsky? cado pelo cantor Renato Russo, na década de 90. Trazer ao
Foi um compositor russo de música clássica e executou grande público um soneto clássico foi garantia de sucesso
essa “Abertura 1812” em comemoração ao aniversário do absoluto, principalmente entre os jovens da época, que pas-
czar – nome que se dava aos reis da Rússia - e também à saram a conhecer uma obra lusitana por meio de veículos de
expulsão do exército de Napoleão da Rússia. O forte impacto comunicação em massa.
sonoro da música se deve ao fato de que foram usados tiros Amor é fogo que arde sem se ver;
de canhões de verdade; Hoje se pode ter acesso a ela de um É ferida que dói e não se sente;
modo indireto, pois foi usada no contexto do filme “V de Vin- É um contentamento descontente;
gança” (cuja temática é a repressão e a tortura) e de modo É dor que desatina sem doer;
direto, ouvindo-a pela INTERNET. É um não querer mais que bem querer;
Agora, convido você a ler o texto a seguir: É solitário andar por entre a gente;
Theodora, de 5 anos, ouvia pela primeira vez uma mú- É nunca contentar-se de contente;
sica composta por Chico Buarque na década de 70. Intri- É cuidar que se ganha em se perder;
gada, correu até a avó e denunciou: “- Vó, o homem ta É querer estar preso por vontade;
falando vagabundo”. Isso não pode, é palavrão!” E a avó É servir a quem vence, o vencedor;
corrigiu: “- Não, meu bem, não é palavrão, vagabundo é É ter com quem nos mata lealdade.
uma pessoa que não trabalha!” Ao que a menina protestou: Mas como causar pode seu favor
“Não! Quem não trabalha é “desempregado”. Nos corações humanos amizade,
Veja que a reação das crianças, quando aprendem uma Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
nova palavra, é a de sempre contestar, discutir com um Luís de Camões (1524-1580)
adulto. Há aqui também um equívoco, um erro de inter- Você sabe o que é soneto?
pretação. Um soneto compõe-se de 14 versos que seguem a mes-
No entanto, parece que a criança, com sua liberdade ma métrica, isso significa que cada verso, ou cada linha do
criativa, está com a razão: sabemos que tanto atualmen- poema tem o mesmo número de sílabas poéticas; quando se
te quanto no passado, chamar alguém de “vagabundo” é agrupam em 4 linhas formam o que chamamos de quarteto,
extremamente ofensivo. Além disso, a garota teve outros quando se agrupam em 3, chamamos terceto. Assim, para
elementos, relacionados aos seus valores e preconceitos, formarmos um soneto agrupamos 2 quartetos e 2 tercetos.
para fazer sua interpretação, como considerar a entonação Há também os poemas com versos livres, nos quais o
usada pelo cantor, a sonoridade da palavra e a proibição artista não segue uma ordem para a contagem de sílabas e
(comum para sua idade) de que usasse palavrão. também não se preocupa com a rima.
A avó, diferentemente da neta, seguiu à risca a pro- Temas como os apresentados por Camões são tão pro-
posta dada pela música, na qual o cantor já inicia dando fundos que dificilmente um artista chegará a expressá-los
uma ordem direta: “Vai trabalhar vagabundo, vai trabalhar, completamente. Assim, apesar de não merecer créditos por
criatura”. Há também que se considerar que normalmente originalidade, o vocalista da banda Legião Urbana pode ter
as pessoas mais velhas atribuam ao trabalho um valor de despertado a compreensão de que o tema Amor faz parte de
nobreza e dignidade. Veja que, embora os dois universos nossa vida real e que, ao compreender a importância disso,
sejam legítimos, ao sustentarem suas posições individuais, acrescentamos à nossa própria vida Valor e Significado.
cria-se um equívoco interpretativo. Há vários exemplos históricos que mostram que quando
Diferentemente do quadrinho anterior, neste texto um artista é competente na representação de um modelo
ilustrativo temos em cena uma música popular brasileira, universal (como o Amor, o ciúme, a justiça), o valor de sua
sendo que o que mais chamou a atenção da criança foi Arte é tão autêntico que a obra ganha a Imortalidade. Sha-
a letra, mais especificamente o uso de uma determinada kespeare (poeta e dramaturgo inglês do século XVI) é outro
palavra. exemplo, pois suas peças ganham vida no palco até nossos
O desfecho mostra que a garota não aceitou a propos- dias, porque somos unidos pela Verdade das emoções que
ta de interpretação dada por sua avó, porém isso se deu a elas geram. Porém, “essa Verdade” nutre público e atores,
partir da língua utilizada, sendo que o ritmo da música teve desde que o público tenha sensibilidade e os atores apren-
pouca importância, pelo menos em um primeiro momento. dam a Arte de interpretar além da técnica.
Tanto no primeiro quadrinho quanto no texto ilustra- Você sabia que....
tivo, o que despertou a curiosidade das crianças foi aquilo O Teatro, originalmente da Grécia, passou por grandes
que ouviram com suas experiências de vida. Nesse aspecto, transformações ao longo da história, sendo que a mais radical
a música foi somente um veículo motivador da transfor- delas se deu na Idade Média, quando a Igreja Católica e os
mação. Então, o que importa que seja clássica ou popular? senhores medievais optaram por patrocinar os grandes pin-

25
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

tores, dando à arte de interpretar um caráter profano, religioso. Surge, assim, um teatro itinerante, hoje também conhecido
como teatro mambembe: andavam de cidade em cidade utilizando carroças, sempre em bandos, chamadas trupes, e os atores
e atrizes eram chamados saltimbancos; esse modo de se organizar deu origem a uma forma mais livre, tanto de apresentação
de peças por improviso quanto aos temas trabalhados, que não seguiam a ordem da Igreja, que era de encenar somente temas
cristãos. Os saltimbancos também deram origem ao Circo tal qual o conhecemos atualmente.
Observe quatro obras de Pablo Picasso produzidas em datas diferentes. A sequência escolhida procura captar diferen-
tes fases do pintor espanhol.

Os dados históricos são capazes de nos auxiliar a entender o cotidiano da produção artística analisada. Pois, as obras
foram produzidas em 1920, 1930 e a última, em 1937, portanto, no período entre Guerras.
“Guernica”, talvez a mais famosa obra do artista, foi produzida em plena Guerra civil espanhola (1936/1939). O quadro
leva o nome do povoado localizado ao norte da Espanha, com cerca de 6 mil habitantes e retrata exatamente o momento
em que houve o bombardeio pelos aviões alemães, em abril de 1937.
Assim, as figuras na praia em 1920 (primeiro quadro), são mecânicas e estão quase anestesiadas; em 1930 elas tendem
à robotização (veja o segundo e terceiro quadro), até estarem completamente dilaceradas pelo bombardeio citado.
Observe que o artista vai mudando suas figuras, porque o contexto histórico muda a ponto de o homem ser visto com-
pletamente sem inspiração, até o momento derradeiro, em que se transforma em simples alvo de Guerra.
• Você consegue encontrar alguma semelhança entre essas figuras e os grafites que visualizamos atualmente?
• E quanto a estes desenhos urbanos e à conscientização dos artistas que os produzem?
• Você poderia descrevê-los como inseridos em seu tempo histórico?
• Ou será que estão muito à frente?
Há em obras como as que aqui expomos muitos outros elementos que devem ser levados em consideração, no entan-
to, certamente você conseguiu fazer algumas aproximações porque Pablo Picasso iniciou, com o Cubismo, um novo modo
de percebermos a realidade de um objeto em uma obra de Arte, usando a simplificação e geometrização das figuras.
Agora compare as obras do pintor espanhol com alguns exemplos de obras brasileiras e veja a semelhança das técnicas
utilizadas e também a abordagem social que elas fazem:

26
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Você deve ter percebido que devemos atentar para dois aspectos quando observamos uma obra de Arte: a expressão
da Beleza e o contexto histórico.
Para entendermos um pouco destes dois aspectos, vamos fazer um passeio pelo tempo e apreciar uma famosa obra do
pintor italiano Leonardo da Vinci chamada “A Anunciação”, século XV:

É impossível tentar analisar uma obra como esta sem aproximar Arte e Religiosidade. Da Pré-História aos dias atuais
a Religiosidade moldou parte considerável das Artes e os artistas sempre dão novas expressões a esse tema tão antigo
quanto a própria Humanidade.
Só para citar um exemplo da atualidade. Se você não leu, certamente ouviu falar no enorme sucesso de vendas que
o livro “O Código da Vinci”, escrito pelo autor Dan Brown, alcançou. Observe que, apesar de o best-seller ser uma obra de
ficção, o que lhe garantiu sucesso de vendas foi a polêmica levantada sobre a vida de Cristo.
Leonardo da Vinci pintou em um período histórico conhecido como Renascimento (no qual o Homem se torna o centro
do Universo). Este é um período de reconstrução tanto artística quanto intelectual e, sua obra é imortal não só pela Beleza
e grandeza de sua técnica, mas porque é a expressão fundamental de todo pensamento religioso o Cristianismo, mais pre-
dominante da parte ocidental do mundo.
Portanto, perceber a expressão da Beleza nas Artes é captar o momento histórico da criação daquele artista, no qual
o novo contexto apresentado pode moldar nossa compreensão da Verdade para sempre sem que abandonemos nossos
referenciais antigos.
NA obra da ANUNCIAÇÃO, o pintor materializa o anjo Gabriel dando as bênçãos a Maria pela sua gravidez, imortali-
zando um texto bíblico pelo uso dos pincéis e técnicas humanísticas da época.
Note que, embora haja um contexto sócio-cultural correspondente a cada época e lugar, e o desafio enfrentado pelo
artista ao explorar novas verdades seja fazer uma ponte entre o tema e o contexto específico, ninguém, por menor que seja o
seu conhecimento sobre artes ou técnicas de pintura, consegue ficar indiferente diante de um quadro como “A Anunciação”.
Isso porque o pintor ultrapassou o tempo e o espaço, a razão e a emoção e inseriu no imaginário do homem uma cena
que lhe permite identificar-se com a Verdade.
O Renascimento e a influência da Igreja Católica moldaram nosso gosto pela Arte, a ponto de desenvolvermos uma
técnica chamada Barroca (séculos XVII e XIX) cujo maior representante foi Aleijadinho. Nesta expressão artística, cujos
destaques em nosso país são a escultura e a arquitetura, há a idéia de aproximar o homem do Divino, já que a vinda de
Cristo em uma forma humana mostrou o quanto podemos ser sua imagem e semelhança; este gosto e essa Verdade são
tão evidentes que acreditamos que as pessoas que possuem grande talento são abençoadas por Deus.

27
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Mas o que é Arte?


Num sentido amplo, podemos dizer que arte é toda a forma de expressão criativa do desejo do homem, e sua con-
seqüente manifestação em seu mundo, veremos que, embora haja uma tentativa de hierarquizá-la,isto é, colocando-a
em museus ou galerias, e haja, de fato, artistas com potenciais diferenciados, saberemos que o Homem comum sempre
buscou um meio de aproximação do Belo, algo que fosse capaz de fazer com que sua Realidade fosse menos dura e mais
colorida.
Nesse sentido, ao pensarmos na mais terrível crise histórica do mundo moderno, - a II Guerra Mundial – e tudo que ela
desencadeou, descobriremos que até nos campos de concentração nazistas e soviéticos homens e mulheres cantaram e
escutaram histórias; no período da Escravidão, no Brasil e na América criou-se cantigas, danças e folguedos; do banzo nas-
ceu o Blues e mais tarde influenciou o Jazz; das danças circulares dos negros em volta do fogo à criação do samba de roda,
tudo prova que qualquer manifestação artística nasce da necessidade do Homem de sair de sua condição de mortalidade
e acreditar que exista algo superior.
Nos tempos antigos os povos utilizavam máscaras, vestimentas especiais e adornos; as pinturas corporais são expres-
sões de Beleza na África e na Índia, e ritmos, músicas e danças são, para todos os povos do mundo, tentativas de aproxi-
mação do Divino.
No entanto, deve-se considerar que, para estes povos, a visão do que é Divino é diferente da visão dada pela Igreja
Católica: na África e na Índia, por exemplo, o uso de máscaras e adornos sagrados significa que o Divino já é o próprio
individuo que os usa porque o Sagrado se manifesta naquele que o busca. Assim, Deus não é exterior ao Homem, mas este
é sua própria manifestação.
Você se lembra de quando falamos sobre o Teatro e a perseguição da Igreja a tudo que não representava “aquilo” que
esta instituição entendia como “sagrado”?
Pois então, foi a partir da Idade Média que se consolidou um pensamento do que era permitido e que deveria ser apli-
cado como elemento artístico.
Sugiro que você assista ao filme “O Nome da Rosa”, baseado no livro do mesmo nome, de autoria de Umberto Eco,
escritor italiano. Nele pode-se ter uma noção da repressão que sofriam aqueles que contrariavam normas religiosas.
“...ABRAM ALAS QUE EU QUERO PASSAR...”
Foi também na Idade Média que surgiu um tipo de manifestação popular muito próxima do que conhecemos hoje
como carnaval. Esse nome significa “festa da carne”, pois eram os dias em que o povo poderia se desobrigar de suas tarefas
religiosas.
No entanto, com o tempo, o povo trazia temas religiosos para as festas e a Igreja também teve que colocar elementos
pagãos, isto é, não religiosos, em seus cultos: o batismo é um deles, pois, embora tivesse referência bíblica sobre o batismo
de Cristo por São João, este era reservado para as crianças da alta nobreza. No entanto, o homem do campo, sem conheci-
mento das escrituras, pois era analfabeto, apresentava a criança que nascia à natureza, sem nenhuma permissão da Igreja.
Ou seja, havia um conhecimento transmitido oralmente sobre o que deveria se fazer após o nascimento de um filho.
No Brasil, até a década de 80, todo católico tinha o compromisso de ir à Igreja receber as cinzas sagradas, na quarta-
feira, após o carnaval, para se purificar de seus pecados.
Por que você acha que até hoje a Quarta-feira de Cinzas é considerada feriado até o meio-dia?
Há, em nosso país, grande diversidade cultural e religiosa, no entanto, a religião católica continua sendo a religião ofi-
cial, capaz de continuar a moldar nosso cotidiano e gosto em relação àquilo que é artístico.
Você sabia que o carnaval em Veneza, na Itália, ainda conserva as características das apresentações teatrais que acon-
teciam na Grécia antiga?
Observe que, sendo a Itália o berço da Igreja, há juntamente com as grandes catedrais, como a de São Marcos, conside-
rada uma das maiores do mundo, vielas nas quais circulam mascarados com suas capas sombrias, representando os vícios
do homem; ou ainda sua euforia e desprendimento do mundo, com máscaras risonhas e até estranhas.
E o nosso carnaval? Por que você acha que se tornou uma festa tão alegre e popular, apesar das dificuldades enfren-
tadas pelo nosso povo?

28
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Que elementos cristãos temos ainda presentes em uma festa sem a menor pretensão religiosa?
Você já parou para pensar se as pessoas que fazem o carnaval têm diferentes opções religiosas?
Qual segmento social está presente no carnaval? Considere também as pequenas manifestações, como nos blocos de
rua de cidades do interior do país.
Como você sabe, embora tenha alguns elementos considerados artísticos (como a música, a dança e as alegorias), o
carnaval no Brasil se caracteriza como uma tradicional festa popular, assim como a Congada, a Folia de Reis, a farra do boi,
as festas juninas e tantas outras.
Isso acontece porque tais expressões nasceram da necessidade do homem trazer mais alegria para o seu cotidiano e
são tradicionais porque apresentam forte influência da Religião oficial, não sendo admitido grandes mudanças.

ARTE E BELEZA
Ao longo dos tempos escritores e críticos tentaram encontrar causas intelectuais, emocionais ou sócio-culturais para a
expressão estética, de beleza, no entanto, obras de valor significativo são capazes de mostrar que a Beleza está nos olhos
do observador, o indivíduo criativo.
Assim, o artista contemporâneo pode se sentir comprometido a criar uma comunicação entre a sua obra e o públic o e
deixar que este último tire suas próprias conclusões.
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado ganhou fama mundial ao retratar crianças e velhos em estado precário de
sua condição material, em pobres casebres e em campos de refugiados, vítimas da guerra.
Observe as fotos a seguir:

O que elas lhe transmitem?


Há beleza para além do sofrimento?
Agora leia a experiência do poeta Khalil Gibran acerca do Belo:
“E a Beleza não é um desejo, mas um êxtase
Não é uma boca sequiosa nem uma mão vazia que se estende,
Mas antes um coração inflamado e uma alma encantada.
Ela não é a imagem que desejais ver nem a canção que desejais ouvir,
Mas antes a imagem que contemplais com os olhos velados
E a canção que ouvis com os ouvidos tapados.
Não é a seiva por baixo da cortiça enrugada
Nem uma asa atada a uma garra,
Mas sim um jardim sempre em flor e
Uma multidão de anjos em vôo”.
(O Profeta, tradução de Mansour Challita – Rio de Janeiro: Associação cultural Gibran, 1980, p. 72 e 73)

29
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

TRADIÇÃO E MUDANÇA

Chamamos estas manifestações de Patrimônio cultural imaterial ou Patrimônio Inatingível. Pois, compreendemos por
Patrimônio Cultural o conjunto de bens materiais e imateriais de interesse para a memória do Brasil e de suas correntes cul-
turais formadoras, abrangendo os patrimônios arqueológico, arquitetônico, arquivístico, artístico, bibliográfico, científico,
ecológico, etnográfico, histórico, museológico, paisagístico, paleontológico e urbanístico, entre outros. E, por Patrimônio
cultural imaterial, o conjunto de práticas, representações, expressões, conhecimentos, técnicas e também instrumentos,
objetos, artefatos e lugares que a eles estão associados; comunidades, os grupos e, em alguns casos, indivíduos que se
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.
A Arte, portanto, é capaz de atitudes radicais em seus modos de expressão, envolvendo grandes mudanças, como
vimos em Pablo Picasso; e, é caracterizada também por transmitir um valor universal, como vimos em Leonardo da Vinci.
Nesse sentido, estabelecer um diálogo com as Artes estrangeiras e adaptar seus conceitos em temas nacionais foi a
proposta chamada Movimento Antropofágico, surgida a partir da Semana de Arte Moderna, em 1922.
O termo Antropofagia foi tirado de uma prática indígena na qual o prisioneiro de guerra era devorado pela tribo inteira,
cabendo a cada membro daquela comunidade comer uma parte do “prato”.
Assim, temas nacionais antes retratados de modo natural, ou seja, sem grandes mudanças, foram transformados em
um tipo de Arte até então jamais vista por público e crítica.
A rejeição ao movimento foi muito bem exemplificada no artigo famoso de Monteiro Lobato intitulado Paranóia ou
Mistificação, datado de 1917. Os desdobramentos da Semana influenciaram o modo de se pensar a Arte brasileira com-
pletamente.
Na poesia foi exemplo de quebra de tradição o uso dos versos livres e de temas abstratos, e na prosa o livro “Macunaí-
ma”, de Mário de Andrade, nos conta a história de um herói muito popular, “sem nenhum caráter”.
O maestro Villa Lobos trouxe elementos musicais do folclore brasileiro para suas obras e Tarsila do Amaral colocou
lendas, mistérios e cores do clima tropical brasileiro em suas pinturas, dando às nossas Artes um caráter Nacionalista.
Veja que esta quebra de padrão para a criação artística acontecia porque tais artistas não reconheciam a Arte até então
como valorizadora das expressões de nosso povo.
Vejamos, portanto, um pouco do que foi feito:

30
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Já em 1996, o tema da Bienal de Artes plásticas em São Paulo foi “Desmaterializar a obra de Arte no fim do Milênio” e os
artistas populares Zeca Baleiro e Zé Ramalho compuseram a música a seguir para homenagear o evento. Acompanhemos,
portanto:

Bienal
Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho

Desmaterializando a obra de arte do fim do milênio


Faço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta
Meu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista
calcado da revalorização da natureza morta
Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria,
“Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia
E muito mais feio que um hipopótamo insone”
Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno
Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana
Com a graça de Deus e Basquiat
Nova York, me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana
Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de pepsi e fanta uva
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina
Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da silibrina
Desintegro o poder da bactéria

Esses conceitos o ajudarão a entender um pouco melhor a brincadeira que a música nos propõe: já que há elementos
materiais em excesso, o Homem só pode ser visto como um produto em um meio no qual sua identidade é uma obra
incompleta.

31
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Observe como ele dialoga com os diferentes padrões estéticos e aponta uma distância entre público e Arte.
FUTURISMO – Movimento estético surgido na França e na Itália , em 1905, que cultuava a máquina, a velocidade e a
automatização da vida cotidiana dos novos tempos. O futurismo pregava também uma ruptura com os meios tradicionais
de relacionar as palavras em um período.
CUBISMO – Surgido na França por volta de 1907, propunha a decomposição das imagens em figuras geométricas,
representando todas as partes de um objeto no mesmo plano.
DADAíSMO- Também conhecido como movimento dadá, foi criado na cidade suíça de Zurique, em 1916, por um gru-
po de escritores e artistas que se opunham à Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). Embora a palavra “dada” em francês
signifique cavalo de brinquedo, sua utilização marca a falta de sentido que a linguagem pode ter.
SURREALISMO – Surgido na França, em 1924, é considerado o último movimento das chamadas vanguardas euro-
péias. Sua principal característica é a combinação do representativo, do abstrato e do psicológico – sobretudo, as imagens
desconexas dos sonhos.
Até hoje se usa o termo “surreal” para designar o que parece absurdo ou irreal. (Fonte: Revista do SESC, Junho de 2007).
A discussão proposta pela música pode ser ampliada se pesquisarmos um pouco mais sobre a Semana de Arte Moderna.
Em continuidade, apresento a você, caro aluno, uma menina que vem questionando nossa sociedade há alguns anos,
desde a década de 60, quando a TV começava a se popularizar e as tiras em quadrinhos tinham o compromisso de fazer
crítica social, a Mafalda:

Certa vez, Mafalda viu um policial passar, depois um operário. Depois um padre, e, logo em seguida, um gato. A menina
reconhece três profissões pelo uso do uniforme: um policial, um operário e um padre; mas, acabou questionando sua mãe,
perguntando em que setor da Democracia está o gato que passou por ela tranquilamente, com seus pêlos pretos.
Ora, se Democracia é o regime de governo que é baseado na vontade do povo, a quais setores ela se refere? Só pode-
mos concluir que é ao Estado, representado pelo policial; à Indústria, representada pelo operário, e à Igreja, representada
pelo padre.
E quanto ao gato, que sabemos que, nesse sentido, não está vinculado a nenhum setor, sendo, portanto um animal
livre? Aliás, é um gato de rua, sem dono. Há aqui a crítica evidente que o único que goza de total liberdade é o gato, que,
não sendo humano, não precisava vestir um uniforme e ser identificado com qualquer setor.
À época de Mafalda era evidente que certas práticas ou regras sociais limitavam a vida do Homem e o uso do uniforme
era uma delas; mas, e hoje?
Embora alguns padres usem batina nas ruas, como os franciscanos, pastores e outras ordens da Igreja católica não o
fazem; mesmo os policiais podem andar à paisana fora do horário de trabalho, então que critérios usamos para reconhe-
cermos o outro, ao caminharmos nas ruas?
Seria o tipo de roupa, de cabelo, ou o uso de piercings e tatuagens capazes de traduzir que tipos de opções aquelas
pessoas fizeram na vida? Ou o tipo de educação que tiveram? Como nos expressamos nessa imensa aldeia global?
E mais: como você se reconhece em meio a tanta diversidade?
Termino com uma frase pintada em grafiti desenhada em um muro na zona norte de São Paulo: “A Arte do povo e o
povo da Arte. Não a Arte do povo que faz Arte com o povo.” E, convido você a descobrir seus dons artísticos:
Solte sua criatividade com a montagem a seguir e tente escrever tudo que lhe vem à cabeça quando associa a letra da
música seguinte: seu ritmo (procure ouvi-la), as ilustrações que a acompanham, o momento histórico de sua criação e a
situação atual do Trabalhador em plena era da digitalização.
É importante que, em princípio, você se preocupe somente em anotar as suas impressões. Sinta-se desobrigado de
construir um texto formal, lembre-se que, quando falamos de criatividade, não há certo ou errado.

32
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Vai Trabalhar Vagabundo

Vai trabalhar, vagabundo, vai trabalhar, criatura


Deus permite a todo mundo uma loucura
Passa o domingo em família, segunda-feira beleza
Embarca com alegria na correnteza

Prepara o teu documento, carimba o teu coração


Não perde nem um momento, perde a razão
Pode esquecer a mulata, pode esquecer o bilhar
Pode apertar a gravata, vai te enfocar!
Vai te entregar! Vai te estragar! Vai trabalhar!
Vê se não dorme no ponto, reúne as economias
Perde os três contos no conto da loteria
Passa o domingo no mangue, segunda-feira vazia
Ganha no banco de sangue pra mais um dia

Cuidado com o viaduto, cuidado com o avião


Não perde mais um minuto, perde a questão
Tenta pensar no futuro, no escuro tenta pensar
Vai renovar teu seguro, vai caducar!
Vai te entregar! Vai te estragar! Vai trabalhar!

33
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Passa o domingo sozinho, segunda-feira a desgraça Na Música Popular Brasileira


Sem pai nem mãe, sem vizinho, em plena praça Zé Ramalho: Nascido em 1949 em Brejo da Cruz (PB),
Vai terminar moribundo,com um pouco de paciência começou a cantar em conjuntos de bailes inspirados na Jo-
No fim da fila do fundo da Previdência vem Guarda e no Rock inglês.
Parte tranqüilo, ó irmão, descansa na paz de Deus O interesse pelos violeiros e pela Literatura de Cordel
Deixaste casa e pensão só para os teus só nasceu em 1974, ao participar da trilha sonora do filme
A criançada chorando, tua mulher vai suar “Nordeste, cordel, repente e canção”. Sua obra é inspirada
Pra botar outro malandro no teu lugar tanto nos ritmos nordestinos quanto no Cinema, nas HQs,
Vai te entregar! Vai te estragar! Vai te enforcar! nos livros de ficção científica, nos seriados de TV, no rock e
Vai trabalhar! Vai trabalhar! Vai trabalhar! na mitologia. (Fonte: Site Sony BMG).
VAGABUNDO!!!! Zeca Baleiro é o nome artístico de José Ribamar Coelho
Santos; nasceu em São Luiz do Maranhão em 1966. É cantor
CURIOSIDADE ARTÍSTICA e compositor de MPB. Sua música deriva de muitos ritmos
Vamos às apresentações: Nas Artes Gráficas tradicionais brasileiros: samba, pagode, baião com elemen-
Calvin é um garoto norte-americano de seis anos que tos do rock, pop e música eletrônica, tudo com um modo
tem um tigre como animal de estimação chamado Haroldo. muito particular de tocar violão.
Criado por Bill Watterson em 1985, em plena era digital, Renato Manfredini Jr. (1960- 1966), cantor e composi-
não gosta de escola e tem muita dificuldade em aprender tor membro da banda “Legião Urbana” e do “Aborto Elétri-
Matemática;suas tiras foram publicadas até 1995. Bill Wat- co”, herdando desta última forte influência Punk. Em 1982 in-
terson sempre se recusou a comercializar suas criações, di- tegrou a banda mais famosa de sua carreira: “Legião Urbana”
zendo que colar imagens de Calvin e Haroldo em canecas, tornou-se nacionalmente reconhecida por seu estilo próximo
adesivos e camisetas desvalorizaria suas personalidades. ao pop e ao rock. Morreu pesando 45 kg, em conseqüência
Mafalda é argentina e é a típica garota dos anos 60: de complicações causadas pela AIDS, doença que nunca as-
questiona o fato de sua mãe ser dona de casa, sonha com sumiu publicamente.
um futuro no mercado de trabalho e adora os “Beatles”. No Cotidiano
Apesar de ter a mesma idade de Calvin, Mafalda vive Theodora é o outro nome dado a Nedege Leite Paschoal
na América do Sul e sente as influências da Guerra do Viet- Leão, que tem hoje 9 anos e é sobrinha da autora deste texto.
nã e a alteração dos valores nacionais em seu cotidiano. AGORA É COM VOCÊ!
Ela é de um tempo em que estávamos sentindo o ATIVIDADE 1 (Questão 38 da prova do ENEM 2008)
desenvolvimento de novas tecnologias, ouve notícias do Na obra Entrudo, de Jean Baptiste Debret (1768-1848),
mundo pelo rádio e se encanta com as maravilhas que a apresentada acima:
televisão nos trouxe. a) registram-se cenas da vida íntima dos senhores de en-
Suas tiras foram publicadas entre 1964 e 1980. Quino, genho e suas relações com os escravos.
seu autor, achou que deveria parar de publicá-la porque a b) identifica-se a presença de traços marcantes do movi-
“garota questionadora saíra de moda”. mento artístico denominado Cubismo.
c) identificam-se, nas fisionomias, sentimentos de angús-
tia e inquietações que revelam as relações conflituosas entre
senhores e escravos.
d) observa-se a composição harmoniosa e destacam-se
as imagens que representam figuras humanas.
e) constata-se que o artista utilizava a técnica do óleo
sobre tela, com pinceladas breves e manchas, sem delinear
as figuras ou as fisionomias.

ATIVIDADE 2 (Questão 2 ENEM 2007)


Sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que muito
influenciaria a Semana de Arte Modera, Monteiro Lobato es-
creveu, em artigo intitulado Paranóia ou Mistificação:
Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que
vêem as coisas e em conseqüência fazem arte pura, guar-
dados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concre-
tização das emoções estéticas, os processos clássicos dos
grandes mestres(...) A outra espécie é formada dos que vêem
anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias
efêmeras, sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, sur-
gidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva(...). Estas
considerações são provocadas pela exposição da Sra. Mal-
fatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma
atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de
Picasso e cia. (O Diário de São Paulo, setembro de 1917).

34
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Em qual das obras abaixo se identifica o estilo de Anita ATIVIDADE 4


Malfatti criticado por Monteiro Lobato no artigo? Esta obra, de autoria de Candido Portinari, pertence à
a) imagem de “Acesso a Monte Serrat – Santos escola:
b) imagem de “Vaso de flores” a) Barroca
c) imagem de “A Santa Ceia b) Classicista
d) imagem de “Nossa senhora auxiliadora e Dom c) Renascentista
Bosco d) Modernista.
e) imagem de “ A Boba”
ATIVIDADE 5
ATIVIDADE 3 O nome do quadro é “Retirantes”, portanto,podemos
identificá-la como uma pintura social por que:
a) mostra um grupo de revolucionários protestando.
b) as figuras retratadas representam os traços de sofri-
mento com a seca no nordeste. Ou seja, podemos associar
contexto histórico e adequação do tema, em que o artista
faz uma ponte entre público e obra.
Mafalda acabou de conhecer “O Pensador”, c) mostra um exemplo de união em família.
uma famosa escultura de Rodin. d) o autor se inspira em obras estrangeiras para retra-
tar uma realidade nacional.

HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas

ATIVIDADE 1
Alternativa correta: Letra E

ATIVIDADE 2
Alternativa correta: Letra E

ATIVIDADE 3
Alternativa correta: Letra B

ATIVIDADE 4
Alternativa correta: Letra D
No entanto, o identifica como o Deus da Telepatia por
que: ATIVIDADE 5
a) Reconhece na imagem que vê exatamente aquilo Alternativa correta: Letra B
que vive em seu cotidiano.
b) Recorre à sua imaginação para decifrar uma imagem PRA FIM DE PAPO!
que lhe sugere que a figura, com tanta expressividade, não
pode ser um homem comum, mas “um Deus capaz de ler Caro Aluno
os pensamentos”.
c) Quer confundir seu colega Felipe. Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
d) Já que não tem nenhuma referência por escrito, tem - Identificar em manifestações culturais individuais e/
a necessidade de dar uma explicação para a imagem que vê. ou coletivas, elementos estéticos, históricos e sociais;
- Reconhecer diferentes funções da Arte, do trabalho e
ATIVIDADE 4 e ATIVIDADE 5 referem-se ao quadro da produção dos artistas em seus meios culturais.
abaixo: - Utilizar os conhecimentos sobre a relação arte e rea-
lidade, para analisar formas de organização de mundo e de
identidades.
-Analisar criticamente as diversas produções artísticas
como meio de explicar diferentes culturas, padrões de be-
leza e preconceitos artísticos.
-Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter
-relações de elementos que se apresentam nas manifesta-
ções de vários grupos sociais e étnicos.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude


um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

35
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 5
NO REINO DAS PALAVRAS
ANALISAR, INTERPRETAR E APLICAR OS RECURSOS EXPRESSIVOS DAS LINGUAGENS, RELACIONANDO TEXTOS
COM SEUS CONTEXTOS, MEDIANTE A NATUREZA, FUNÇÃO, ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA DAS MANIFESTAÇÕES,
DE ACORDO COM AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E RECEPÇÃO.
Sônia Querino dos Santos e Santos

Caro aluno (a)


A inspiração para o título desse capítulo veio do poema “Procura da Poesia” de Carlos Drummond de Andrade. Você já
ouviu falar desse poeta? Note o jeito de “ver o mundo” no escritor-poeta - Carlos Drummond de Andrade.
Desfrute sua obra de arte.
Procura da poesia
Drummond
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
...
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície inata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um realize e consuma
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Que lindo poema! Você gostou?


Nossa conversa a partir de agora será sobre Literatura. O pensamento inicial quando se fala em Literatura são as “coi-
sas” escritas para o prazer e distração da alma. Por isso, Literatura é linguagem a serviço da invenção e do prazer. Nela
encontramos o Ser Humano por inteiro, pois combina os vários fatos da existência humana (dor, prazer, aventura, amor,
experiência, história, profissões...).
Na leitura de um texto literário chegamos a “ver” os personagens viajando, amando, pensando... isso porque o escritor
combina coisas diferentes e a linguagem fica mais atraente.
Acreditamos que a Literatura seja como a música, ou seja, ela exprime sentimentos, exige ações... tudo isso, para nos
brindar com o prazer de uma leitura. Portanto, num texto literário a linguagem literária nos provoca a encarar as palavras,
conversar com as palavras.
Sim, pois o escritor literário fala do mundo e, nesse mundo ele acrescenta fatos que nunca houve pessoas imaginárias,
ou seja, ele mistura o mundo real com o mundo da ficção.
O grande e “imortal” filósofo grego do século IV, chamado Aristóteles já dizia “A obra literária é a imitação da realida-
de”. Então, o escritor é também um “criador de mundos”, você se lembra do escritor Jorge Amado? Nossa! Algumas de suas
obras literárias viraram cenas na Televisão, por isso, quem não se lembra de “Gabriela Cravo e Canela”? E quem não cantou
as músicas do Cais da Bahia? São tantas as memórias deixadas por esse escritor.

36
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Os textos do memorável escritor baiano Jorge Amado Em uma casinha humilde


(falecido em agosto de 2001) nos fazem imaginar, mas também com mais quatro irmãozinhos
nos mostram a pobreza. São textos que, embora centrados em ali chegara o garoto
personagens sonhadoras e românticas, revelam também as- que o trouxera o destino
pectos duros e realistas da vida cotidiana. Assim, Jorge Amado
em sua “criação de mundo” mistura a realidade com a ficção e Naquela bela manhã
nos leva aos lugares desconhecidos através das palavras. de um domingo ensolarado
Dessa maneira, ao procurar as palavras “certas”, aquelas os vizinhos visitaram
com mais “expressividade”, aquelas que “parecem falar por si o mais novo abençoado
só” para compor um texto que inicialmente só existe na “minha [...] 1
cabeça”, nessa arte semelhante ao do garimpeiro, já notamos Nos textos em forma de poesia um recurso muito utiliza-
uma característica do texto que será chamado de texto literário. do, na escolha das palavras, prioriza dar ritmo e sonoridade ao
Nesse sentido é possível afirmar que a subjetividade (a ma- texto, esse recurso é chamado de rima. No poema o estudante
neira de ver e sentir) do escritor passa a ser uma marca registra- e a utopia, vamos destacar as rimas?
da nos textos literários. Na primeira estrofe do poema destacamos: pantaneiro-di-
Portanto, a obra do escritor é fruto de sua imaginação, ou nheiro;
seja, o escritor capta a realidade através de seus sentimentos. Sua Na segunda estrofe: natureza-beleza;
matéria-prima é a palavra, com uma predominância da função Na quarta estrofe: ensolarado-abençaodo.
poética na linguagem escrita, por isso chamada obra literária. É importante destacar também que o estilo individual do
Para escrever um texto, o escritor tem que escolher a for- autor dos textos literários sofre a influência do momento histó-
ma. A essa escolha atribuímos o nome de estilo. Portanto, as rico, tanto que, é possível identificar características semelhantes
obras literárias se classificam em gêneros literários (poesia e em obras produzidas na mesma época por autores diferentes.
prosa). Esses gêneros por sua vez, contêm outros gêneros. Esses estilos semelhantes são chamados de estilos de época.
Os gêneros da poesia são: lírico, épico e dramático. Portanto, será chamado de período literário cada segmen-
O gênero lírico exprime as sensações interiores ou as vi- to determinado de uma época em que predominou um estilo
vências de um eu que sofre, que ama ou que simplesmente se literário. No Brasil, os estilos estão classificados em: Literatura
encanta. de informação; Barroco; Arcadismo; Romantismo; Realismo/
O gênero épico narra grandes acontecimentos heróicos da Naturalismo/Parnasianismo;Simbolismo;Pré-Modernismo e
história nacional. O melhor exemplo em nossa língua está em Modernismo e Literatura dos dias atuais.
“Os Lusíadas” de Camões (considerado como o maior poeta
de língua portuguesa). Porém, as mais célebres epopéias são Algumas características desses estilos literários:
a Ilíadas e a Odisséia de Homero (século VIII a.C). Caso você •A Literatura de Informação é marcada por relatos dos
tenha acesso à internet, acesse o site:www.vidaslusofonas.pt/ cronistas e viajantes a respeito da descoberta e conquista de
homero.htm “novas terras”, ou seja, são documentos que descrevem a nova
No gênero dramático, a ação caracteriza a cena teatral. O colônia de Portugal (Brasil), seus habitantes (indígenas) e re-
drama contemporâneo, de que Shakespeare (poeta e drama- gistram as características da terra (flora e fauna), dos nativos
turgo inglês) foi o primeiro grande modelo, caracteriza-se pela (as características física, cultural dos habitantes) contribuindo,
exploração psicológica das paixões. dessa maneira, para o crescente interesse pelas riquezas natu-
rais da colônia.
POESIA Portanto, entre os comerciantes e militares, havia aqueles
O texto em forma de poesia divide-se em pequenos agru- que vinham para conhecer e dar notícias sobre essas novas ter-
pamentos chamados de estrofes. Apresentamos a seguir uma ras, como o escrivão Pero Vaz de Caminha, que acompanhou a
poesia da literatura de cordel que é um tipo de poesia popu- expedição de Pedro Álvares Cabral, em 1500 .
lar. Nesse tipo de poesia, os autores (chamados de cordelistas) •O estilo Barroco traduz uma tentativa em harmonizar te-
recitam seus versos às vezes acompanhados de viola, ou de- mas opostos (dualidade): bem e mal; Deus e Diabo, céu e terra;
clamam seus versos de forma empolgante e animada, desta- pureza e pecado; alegria e tristeza; Portanto, a literatura Barroca
cando as rimas da poesia. Acompanhe o poema O estudante possui como características o exagero emocional, o pessimis-
e a utopia. mo, o uso de jogo de palavras e jogo de ideias, a dualidade e
a religiosidade. E, seus principais autores são: Padre Antônio
O estudante e a utopia Vieira e Gregório de Matos.
Literatura de Cordel Valdecir dos Santos, Naviraí, PB. •Nos textos do Arcadismo temos como característica o
Numa pequena cidade bucolismo (valorização da vida campestre e pastoril) e o come-
do estado pantaneiro ço de uma visão crítica sobre a situação política do país, pois
de uma família humilde muitos dos participantes da Conjuração Mineira – movi-
muito pobre sem dinheiro mento mineiro de independência no século XVIII - foram
poetas arcadistas. Alguns poetas em destaque: Cláudio
Nascia um lindo menino Manuel da Costa; Basílio da Gama; Alvarenga Peixoto, Frei
bonito por natureza Santa Rita Durão.
que todos admiravam 1 extraído do site: www.pucrs.br/mj/poema-
por sua rara beleza cordel-48.php

37
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

•Talvez seja importante fazer uma distinção entre os *objetivismo: negação do subjetivismo romântico, ho-
termos romantismo e Romantismo. A palavra “romantis- mem volta-se para fora, o não-eu;
mo” caracteriza-se por uma atitude emotiva diante das *universalismo que substitui o personalismo anterior;
coisas, portanto, o comportamento romântico pode ocor- *materialismo que leva à negação do sentimentalismo
rer em qualquer época da história. Já o termo Roman- e da metafísica;
tismo designa uma tendência geral da vida e da arte, um *autores são antimonárquicos e defendem os ideais
estilo literário e artístico delimitado no tempo. E, de acor- republicanos;
do com o tema principal, os romances Românticos no *nacionalismo e volta ao passado histórico são deixa-
dos de lado para enfatizar o presente, o contemporâneo;
Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos
*determinismo influenciando o homem e a obra de arte
ou regionalistas: 2
por três fatores: meio, momento e raça (hereditariedade).
No romance indianista, o índio era o foco da litera-
O Romance realista propriamente dito, no Brasil, foi
tura, pois era considerado uma autêntica expressão da na- mais bem cultivado por Machado de Assis nos quais a nar-
cionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo rativa estão preocupadas com análises psicológicas dos
da pureza e da inocência, representava o homem não cor- personagens e fazem críticas à sociedade a partir do com-
rompido pela sociedade, o não capitalista,. portamento desses personagens.
Junto com tudo isso, o indianismo expressava os cos- •O Parnasianismo ocorreu durante a prosa realista,
tumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos sendo, portanto, o correspondente poético ao Realismo. O
romances excelentes documentos históricos. Parnasianismo iniciou suas manifestações no final da dé-
Os romances urbanos tratam da vida na capital e re- cada de 1870, estendendo-se até a Semana da Arte Mo-
latam as particularidades da vida cotidiana da burguesia, derna, em 1922. O Parnasianismo é um movimento que
cujos membros se identificavam com os personagens. Os acontece paralelamente ao Realismo. Contudo, as temá-
romances faziam sempre uma crítica à sociedade através ticas das obras parnasianas mantiveram-se isolados dos
de situações corriqueiras, como o casamento por interesse acontecimentos históricos. Isto se dá, pelo próprio estilo
ou a ascensão social a qualquer preço. do movimento que é descritivo e sem preocupação social
Por fim, o romance regionalista Os romances regio- ou psicológica.
nalistas criavam um vasto panorama do Brasil, represen-
Características do Parnasianismo:
tando a forma de vida e individualidade da população
*objetividade temática, oposto ao sentimentalismo ro-
de cada parte do país. A preferência dos autores era por
mântico;
regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam
*impassibilidade e impessoalidade;
sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico *volta à Antiguidade Clássica, com ênfase nos povos
afetar suas condições de vida. Greco-Romanos;
Principais escritores românticos brasileiros: *extrema valorização da forma: uso frequente dos so-
Gonçalves Dias autor da famosa Canção do Exílio; netos;
Álvares de Azevedo o maior romântico da Segunda *procura de rimas ricas, raras e perfeitas;
Geração Romântica autor de A Lira dos Vinte Anos, Noite
na Taverna e Macário; Autores em destaque Realismo-Naturalismo
Castro Alves:grande representante da Geração Con- Raul Pompéia: uma das principais obras é Ateneu
doeira, escreveu, principalmente, poesias abolicionistas Aluisio de Azevedo: duas grandes obras são O cortiço
como o Navio Negreiro; e O caboclo
Joaquim Manuel de Macedo, romancista urbano es- Adolfo Caminha: talvez o mais audaz dos naturalistas,
creveu A Moreninha e também O Moço Loiro; é muito conhecido pela obra O bom crioulo (1895).

•Realismo/ Naturalismo/Parnasianismo Autores do Parnasianismo


Apesar de se parecerem, o Realismo e o Naturalismo Olavo Bilac: muito conhecido por suas poesias e con-
têm diferenças. O mais importante autor realista e maior tos.
Raimundo Correia : também grande poeta, uma de
escritor do Brasil foi Machado de Assis.
suas maiores obras é o livro “Sinfonias” (1883).
As principais características são: a apresentação do ho-
mem como produto do meio no Naturalismo, a linguagem •Pré-modernismo e Modernismo/Literatura dos
mais próxima da falada, a não-idealização da mulher (mais dias atuais
sensual que anteriormente apresentada) e vários outros Chamamos de Pré-Modernismo a essa fase de tran-
rompimentos com o Romantismo. Portanto, as caracterís- sição literária entre as escolas anteriores e a ruptura dos
ticas do realismo estão intimamente ligadas ao momento novos escritores com as mesmas. Os principais escritores
histórico e às novas formas de pensamento: pré-modernistas são: Euclides da Cunha, Lima Barreto,
Monteiro Lobato, Graça Aranha e Augusto dos Anjos.
2 O texto a seguir é uma adaptação do texto As Embora vários autores sejam classificados como pré-
informações sobre o ROMANTISMO foram retiradas do modernistas, este não se constituiu num estilo ou escola
site: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo) literária, dado a forte individualidade de suas obras.

38
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO Retomando as preocupações nacionalistas do Roman-


Ruptura com o passado: Os autores adotaram inova- tismo, porém rejeitando o caráter idealizador e sentimen-
ções que feriam o academicismo. tal, os modernistas buscaram produzir um nacionalismo
Regionalismo: A realidade rural brasileira é exposta crítico, recuperação de alguns traços do caráter do homem
sem os traços idealizadores do Romantismo. A miséria do brasileiro até então tratados negativamente, como a pre-
homem do campo é apresentada de forma chocante. guiça e a sensualidade.
Literatura-denúncia: os livros são escritos em tom de O Brasil selvagem, primitivo, “pré-civilizacionais”, a fi-
denúncia da realidade brasileira. O Brasil oficial (cidades da gura do índio desmistificado assume, nesse contexto, gran-
Região Sul, belezas do litoral, aspectos positivos da civiliza- de importância, na medida em que representa a reação
ção urbana) é substituído por um Brasil não-oficial (sertão nacional ao ataque estrangeiro. Por outro lado a temática
nordestino, caboclos interioranos, realidade dos subúr- urbana tem muita força: o cinema, a velocidade, a multidão
bios). são representações da modernidade que aparecem com
Os principais pré-modernistas foram: freqüência.
Euclides da Cunha, com Os Sertões, onde aborda de Autores:
forma jornalística a Guerra de Canudos; a obra, dividida em Mário de Andrade(1893- 1945); Oswald de Andrade
três partes (A Terra, O Homem e A Luta), procura retratar (1890-1954); Manuel Bandeira (1886-1968); Antônio de
um dos maiores conflitos do Brasil. Alcântara Machado (1901 - 1935); Guilherme de Almeida
Graça Aranha, com Canaã, retrata a imigração alemã (1890 - 1969); Cassiano Ricardo (1895 - 1974); Menotti del
para o Brasil. Picchia  (1892- 1988);Raul Bopp (1898 - 1984); Ronald de
Lima Barreto, que faz uma crítica da sociedade urbana Carvalho (1893 - 1935);
da época, com Triste Fim de Policarpo Quaresma e Recorda-
ções do Escrivão Isaías Caminha; Modernismo - 2o. tempo – prosa
Monteiro Lobato, com Urupês e Cidades Mortas, retra- A primeira característica foi uma tendência à politiza-
ta o homem simples do campo numa região de decadên- ção em graus mais acentuados do que tinham aconteci-
cia econômica. Ele também foi um dos primeiros autores do no Modernismo em 1922. Se na “fase heróica “tinham
de literatura infantil, desse modo, transmitindo ao público apresentado como preocupação fundamental uma revolu-
infantil valores morais, conhecimentos sobre o Brasil, tradi-
ção estética, a geração artística surgida nos anos 30 volta-
ções, nossa língua. Destáca-se no gênero conto. E foi, tam-
se para uma literatura participativa, de intromissão na vida
bém, um dos escritores brasileiros de maiores prestígios.
política”.
Valdomiro Silveira, com Os Caboclos, e Simões Lopes
Os modernistas do primeiro tempo continuavam a
Neto, com Lendas do Sul e Contos Gauchescos, precursores
produzir Mário de Andrade, foi decisiva para esses novos
do regionalismo, retratam a realidade do sul brasileiro.
rumos que o próprio movimento assumiu. Mário defendia
Augusto dos Anjos que, segundo alguns autores, tra-
uma postura artística de acompanhamento das reivindica-
zia elementos pré-modernos, embora no aspecto linguísti-
ções populares, contribuindo para esse processo de politi-
co tenda para o realismo-naturalismo, em seus Eu e Outras
Poesias. zação a que se fez referência. Oswald de Andrade, Manuel
Duas tendências básicas podem ser notadas entre os Bandeira e todos os outros também continuavam atuantes.
autores da época: a) Conservadora – Percebida na pro- Algumas conquistas do primeiro tempo do Modernis-
dução poética de Olavo Bilac e de Cruz e Sousa. A poesia mo continuavam como: a crítica social, a concisão, a co-
é elaborada dentro dos moldes de perfeição, obediente a loquialidade. O regionalismo era uma tendência já antiga,
normas e presa a temas alheios à realidade brasileira. b) mas os modernistas diferenciaram através da prática de um
Inovadora – Presente nas obras de Euclides da Cunha, Lima regionalismo crítico, voltado para as discussões dos pro-
Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato, Afonso Arinos. blemas sociais.
As várias realidades do Brasil são expostas, e o leitor Os principais temas dessa corrente literária foram: a
começa a perceber que vive em um país de contrastes, ou seca, a fome, a miséria, o arcaísmo das relações de traba-
seja, a linguagem “pomposa” e artificial começa a perder lho, a exploração do camponês, a opressão do coronelis-
terreno para uma expressão mais simples, fiel à fala cotidia- mo, a reação dos cangaceiros. Um livro será de orientação
na. Nesse aspecto, Lima Barreto é o legítimo representante nessa época: Os sertões, de Euclides da Cunha.
das classes iletradas. Autores:
•Modernismo e Literatura atuais Graciliano Ramos (1892-1953); José Lins do Re-
Costuma-se dividir o Modernismo Brasileiro em três go(1901-1957);Jorge Amado (1912-2001);Érico Veríssi-
períodos. A primeira: de 1922 a 1930; a segunda: de 1930 a mo(1905-1975); Rachel de Queiroz (1910-2003);José Amé-
1945 e a terceira: de 1945 até a atualidade. Apesar das suas rico de Almeida(1887-1980).
diferenças internas, os modernistas tinham muitas coisas
em comum como: liberdade formal, linguagem coloquial, Modernismo - 2o. tempo - poesia
tematização do cotidiano, valorização do humor. Eles rejei- A poesia do período continua muita das propostas do
taram toda e qualquer estética anterior, para estabelecer, Modernismo de 1922, como a coloquialidade, a concisão,
desde um ponto zero, os rumos da arte brasileira que se a liberdade formal, a temática do cotidiano, porém, apre-
faria a partir deles. sentam diferenças.

39
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

A poesia do segundo tempo apresenta uma consolida- CANTIGA DE AMOR


ção das conquistas modernistas. Os radicalismos típicos da “ A dona que eu sirvo e que muito adoro
chamada “fase heróica”, foram pouco a pouco abandona- Mostrai-ma, ai Deus! Pois que vos imploro,
dos, em nome de um equilíbrio formal, que chegou resga- Senão, daí-me a morte.
tar algumas formas poéticas tradicionais, como o soneto. Essa que é a luz deste olhos meus por quem sempre
O Nacionalismo que predominava antes foi substituído por choram, mostrai-ma, ai Deus!
uma tendência universalizante. Essa que entre todas fizestes formosa, mostra-ma, ai
A arte participativa politizada ganha força, nesse con- Deus! Onde vê-la eu possa, senão, daí-me a morte.
texto, uma poesia social, com muitas referências diretas a A que fizeste amar mais que tudo, mostrai-ma e onde
fatos e dados contemporâneos, como se pode perceber possa com ela falar, senão, daí-me a morte.”
em poemas de Carlos Drummond de Andrade. Cresceu
também outro tipo de prática poética: a poesia metafísica, (Versão atualizada de uma cantiga de Bernardo de
espiritualizante e mística, que aparece em obras de Cecília Bonaval- Século XII)
Meireles, Vinícius de Moraes, Jorge de Lima e Murilo Men- Anote!
des. Eu-lírico ou eu-poético é a voz que fala no poema.
Autores Destacaremos a seguir algumas características mais
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987); Cecília comuns da cantiga de amor. Vamos juntos?
Meireles (1901-1964);Vinícius de Moraes(1913-1980); Jor- EU-LÍRICO: masculino. A mulher é chamada de dona e
ge de Lima(1893-1953); Murilo Mendes(1901-1975) o homem de senhor.
AMBIENTE: palaciano (palácio), pois os poemas retra-
Modernismo - 3o. tempo tam o ambiente da corte.
Nesta fase pode-se perceber um enfraquecimento da AMOR CORTÊS: predominando a VASSALAGEM AMO-
tendência participativa que tinha predominado no período ROSA, ou seja, o comportamento do poeta com sua dama
anterior. é semelhante ao do vassalo com o senhor. Predomina tam-
Mas a característica forte do terceiro período é a rele- bém, a EXPRESSÃO SUBJETIVA, ou seja, o poeta nunca re-
vância que nele adquiriu o fantástico, o além-real, aquilo vela o nome da dona.
que está por trás da realidade aparente, e que nem sem- TEMÁTICA: amor impossível. As cantigas retratam um
pre os sentidos podem captar. O psicologismo presente amor impossível, pois a mulher a quem o eu-lírico se dirige
na obra de Mário de Andrade marcaria o regionalismo de é sempre comprometida ou pertencente a uma classe so-
Graciliano Ramos quanto à literatura urbana, alcançaria nos cial mais elevada.
anos seguintes grandes proporções.  REFRÃO: o refrão além de produzir de prece, revela
Finalmente, um aspecto a ser salientado é a extrema também a natureza musical da cantiga.
valorização da palavra. A reflexão em torno do instrumento CANTIGA DE AMIGO
de trabalho do escritor, suas possibilidades e limitações, “Ai, flores, ai flores do verde pinheiro, se por acaso sa-
ocupam espaço importante na produção literária do pe- beis
ríodo, seja como elemento subjacente à composição, seja novidades do meu amigo, ai Deus, onde está ele?
com temática primordial.  Ai flores, ai flores do verde ramo, se por acaso sabeis
O caráter regionalista tem no terceiro tempo atinge novidades do meu amado, ai Deus, onde está ele?
dimensões mais amplas e universais. O autor que se desta- Se sabes novidades do meu amigo, aquele que mentiu
ca, nesse terreno é Guimarães Rosa. E a prosa psicológica, no
fundamentou-se na pesquisa interior, em manifestações que prometeu para mim, ai Deus, onde está ele?
artísticas cada vez mais complexas e instigantes. O exem- Se sabeis novidades do meu amado , aquele que men-
plo mais próximo é a obra de Clarice Lispector.  tiu
no que jurou, ai Deus, onde está ele?”
Autores: (Versão atualizada de uma cantiga de D. Dinis).
Guimarães Rosa (1908-1967); Clarice Lispector(-
1925-1977);João Cabral de Melo Neto(1920-1999)3 O autor deste um dos mais famosos trovadores portu-
Após essa breve caracterização dos estilos literários. gueses, d. Dinis, que foi rei de Portugal entre 1261 e 1325.
Que tal uma viagem no tempo? Convido você a ler um Continuando: Algumas características mais comuns na
poema do Trovadorismo (literatura portuguesa) que data cantiga de amigo:
do final do século 12. Os poemas naquela época eram fei-
tos para ser cantados, por isso, recebiam o nome de can- EU-LÍRICO: feminino. Assume o ponto de vista da mu-
tigas. Geralmente, eram cantigas de amor e cantigas de lher (solteira e livre das convenções do casamento)
amigo. AMBIENTE: campestre/rural;
AMIGO: namorado/amante;
Mulher dirige-se diretamente para o ser amado;
3 Site pesquisado: http://www.profabeatriz.hpg. TEMÁTICA: saudade do amado.
ig.com.br/literatura/modernismo.htm. AMOR CARNAL/FÍSICO. A cantiga põe em evidência o
amor físico

40
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Portanto, na arte da “garimpagem”, ou seja, buscando a perfeição na forma de expressão, os escritores dos textos lite-
rários escolhem seus estilos e revelam para nós as mudanças no contexto histórico.
Como vimos nos exemplos acima, nas cantigas de amor e amigo há uma forte presença de um contexto feudal. Refi-
ro-me ao Feudalismo, você viu isso em História, lembra? Naquela época havia uma forte influência da Igreja Católica na
organização da Sociedade.
Apresentaremos a seguir uma outra opção de estilo poético. Trata-se da opção pelo soneto (composição de forma
fica: 2 quartetos e 2 tercetos). Entre os sonetos mais conhecidos e eternizado em nossa língua estão os sonetos de Camões.
Estamos falando de Luís Vaz de Camões. Sua obra pode ser dividida em: poesia lírica (em que o amor e o destino do
homem são temas constantes); poesia épica (em que recria a história do povo português) e teatro (escrito à maneira me-
dieval – Auto de Filodemo - e à maneira clássica (Anfitriões).
Vamos ler um trecho do Soneto: Alma minha gentil?
Observe a disposição dos versos. Eles estão agrupados em 04 linhas (quartetos) e três linhas (tercetos).

ALMA MINHA GENTIL


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,


Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te


Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,


Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou

A quem o eu-lírico se dirige?


Já na primeira linha e no título do soneto você percebe que o eu-lírico se dirige à mulher amada, que morreu.
Que pedido faz o eu-lírico?
Na primeira linha do segundo terceto perceberemos que o eu-lírico solicita que a amada rogue a Deus que o leve para
junto dela.
PROSA
Diferentemente da poesia, os textos em prosa estão agrupados por parágrafos. Ou seja, outro estilo escolhido pelos
escritores na construção do texto literário é a prosa. Ela reúne várias modalidades narrativas (romance, novela, conto, crô-
nica).
Destacaremos a Literatura Informativa do Brasil, também conhecida como Literatura de viagem, a mais conhecida é a
Carta de Caminha.

TRECHO DA CARTA DE CAMINHA


...A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem co-
bertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas, e nisso tem tanta inocência como
tem em mostrar a cara...
Como você pôde notar esse trecho da carta registra o primeiro choque cultural sofrido pelos portugueses.
A que fato se deve esse choque?
Isso mesmo, à nudez dos nativos.
Releia o trecho e responda: que palavra do trecho reforça a idéia de “choque”? O que essa palavra designava na época?
E, qual palavra suaviza esse choque?
A idéia de choque é reforçada no termo “vergonhas” que designava os órgãos sexuais do corpo humano. Em contra-
posição, a palavra inocência suaviza esse choque.
A Literatura faz parte da história. Por isso, relaciona-se com o momento histórico em que o texto foi criado. Nesse
sentido, o poema seguinte, um dos mais conhecidos de nossa tradição literária, foi escrito em Coimbra, Portugal em 1843,
intitulado Canção do Exílio.
Ao lado colocamos uma versão contemporânea do poema. Leia-os com atenção.

41
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Comentário- Você pôde perceber:


No poema de Gonçalves Dias o eu-lírico assume o papel de exilado. Observe também a utilização de palavras que
fazem referência ao universo natural. Possivelmente, o poeta procurou simbolizar as grandezas do país por meio de sua
exuberante natureza, comparando-a com a natureza de Portugal (local do exílio).
Outra observação importante é que, enquanto Gonçalves dias idealiza o país, o poeta contemporâneo Eduardo Alves
da Costa apresenta uma visão crítica e pessimista da realidade brasileira.
Relacionando Literatura e momento histórico, destacamos que os avanços científicos da segunda metade do século
XIX permitiram explicar fenômenos considerados desvendados. Nesse contexto surgiu a arte realista, através da qual a arte
procura expressar o mundo de maneira objetiva deixando em segundo plano a subjetividade e o sentimentalismo.
Portanto, interpretando a vida por meio de métodos parecidos com os das ciências exatas, o escritor dessa época pro-
curará também provocar discussão sobre a realidade social e contribuir para modificá-la.
Nossa Literatura começa a distanciar-se um pouco das características da literatura européia, com algumas variações
locais. Um exemplo que podemos perceber no romance “Memórias de um Sargento de Milícias” de Manuel Antônio de
Almeida (poeta do Romantismo), no qual, encontramos o surgimento de novas maneiras de encarar e expressar a realidade.
Leia a descrição da heroína do romance, Luisinha:

[...] Era alta, magra, pálida; andava com o queixo enterrado no peito, trazia as pálpebras sempre baixas e olhava
a furto; tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava-lhe apenas até o pescoço, e como andava mal
penteada [...] uma grande porção caía-lhe sobre a testa e olhos como viseira.

A diferença que há entre a caracterização dessa personagem e das heroínas tipicamente românticas é que Luisinha não
é a mulher ideal que todo homem deseja.

Outro trecho

[...] Esteve a ponto de chegar-se para a menina, desenterrar-lhe o queixo do peito, e chama-la quatro ou cinco
vezes de estúrdia e feia. Afinal cismou um pouco e murmurou um – que me importa!- que pretendia ser desprezo,
e que era senão despeito.

42
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Mais uma vez, podemos ver as diferenças de atitude Na multiplicidade dos teus ramos,
de Leonardo e a de um herói tipicamente romântico, pois Pelo muito que em vida nos amamos,
enquanto as personagens masculinas do Romantismo são Depois da morte inda teremos filhos!
movidas pela educação, respeito e nobreza de caráter; Leo- No poema Vozes da Morte de Augusto dos Anjos (pré-
nardo é impaciente e movido pelo ciúme. modernista), note que o conflito nasce da luta entre o desejo
A essa altura você poderia se perguntar: quais os ele- e as forças que o desejo não pode vencer: o amor, a idade, o
mentos de uma obra literária? desejo de ser imortal.
Esse é o tipo de pergunta que não quer calar, principal- Outro elemento presente na obra literária é o Narrador.
mente quando o assunto é Literatura. Registre essa infor- Esse é a “voz” que vai contando a história. Há casos em que
mação: Em toda obra literária você encontrará os seguintes o narrador conta uma intriga ocorrida consigo mesmo; nes-
elementos: PERSONAGEM; AÇÃO; CONFLITO; NARRADOR; sas situações ele usa formas de primeira pessoa (eu me, mim,
TEMPO; ESPAÇO e outros recursos. comigo, meu, minha...), esse tipo nós classificamos de nar-
Vamos detalhar um a um? rador-personagem. Há outro tipo de narrador, chamado de
Quando falamos em personagem na obra literária es- narrador de 3ª pessoa. Esse sabe de tudo até mesmo o que
tamos nos referindo à construção de uma figura anima- se passa na mente dos outros, porém permanece anônimo e
da, vida. Pode ser um bicho ou ser humano. Quem não se quase nunca diz eu.
lembra da cachorra Baleia da obra Vidas Secas (1938) de Leia um trecho da obra de Graciliano Ramos (poeta mo-
Graciliano Ramos (poeta modernista)? dernista), Vidas Secas.
Quem não se lembra do gigante Adamastor, descrito
em Os Lusíadas, de Camões? “Fabiano sentou-se desanimado na ribanceira do
A ação é o que o personagem faz ou o que fazem com bebedouro, carregou lentamente a espingarda com
ela. Então a ação poderá ser: psicológica (quando vivida na chumbo miúdo e não socou a bucha, para a carga
intimidade): física (quando provocar qualquer alteração em espalhar-se e alcançar muitos inimigos. Novo tiro, novas
torno da personagem; intriga (são várias ações juntas). quedas, mas isto não deu nenhum prazer a Fabiano.
Acompanhe na poesia de Drummond esses elementos Tinha ali comida para dois ou três dias; se possuísse
(personagens e ação). O título da poesia é Quadrilha munição, teria comida para semanas e meses.”
Quadrilha
Às vezes, o tempo da ação pode ser diferente do tempo
João amava Teresa que amava Raimundo
da narração. Com relação ao tempo numa narrativa dizemos
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que pode ser: cronológico (marcado pelo ritmo do relógio)
que não amava ninguém.
ou psicológico (é um tempo que ignora o relógio e está mais
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento
preocupado em registrar as sensações e vivências interiores
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
dos personagens).
Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J.Pinto Fer-
E o espaço é como se fosse um cenário, podendo se divi-
nandes
dir em: urbano ou rural, regional ou universal. Às vezes, numa
que não tinha entrado na história.
mesma narrativa encontramos lugares abertos (natureza) e fe-
chados (ambientes).
Portanto, toda obra possui uma ou mais personagens,
Convido você a dar mais um salto nesse capítulo chamado
sendo que cada personagem sempre possui um grau de
no “REINO DAS PALAVRAS”. Em 2008 comemoramos 100 anos
atividade própria. E, as várias ações juntas formam uma in-
da morte de um importante escritor brasileiro. Sabe de quem
triga (ou enredo) da obra. O poema de Drummond- Qua-
estamos falando?
drilha- é um belo exemplo de intriga.
Isso mesmo! Estamos nos referindo à Machado de Assis.
Outro elemento é o conflito, esse nasce da ação provo-
Ele foi o mais importante escritor brasileiro, sua obra com-
cada por interesses diferentes. Vamos a outro poema:
preendeu vários gêneros, como a crônica, a crítica, o teatro, a
Vozes da Morte
poesia, o conto e o romance.
Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Desfrute esse poema de Machado. Ou, quem sabe, ofere-
Tamarindo de minha desventura,
ça-o a um Amigo.
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!
BONS AMIGOS
Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem
Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
pedir.
E a podridão, meu velho! E essa futura
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Ultrafatalidade de ossatura,
Amigo a gente sente!
A que nos acharemos reduzidos!
Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o
Não morrerão, porém, tuas sementes!
olhar.
E assim, para o Futuro, em diferentes
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,
Amigo a gente entende!

43
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o É bom músico e bom homem; todos os músicos gos-
ombro pra chorar. tam dele. Mestre Romão é o nome familiar; e dizer familiar
Porque amigo sofre e chora. e público era a mesma coisa em tal matéria e naquele tem-
Amigo não tem hora pra consolar! po. “Quem rege a missa é mestre Romão” — equivalia a
esta outra forma de anúncio, anos depois: “Entra em cena o
Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verda- ator João Caetano”; — ou então: “O ator Martinho cantará
de ou te apontam a realidade. uma de suas melhores árias.”
Porque amigo é a direção. Era o tempero certo, o chamariz delicado e popular.
Amigo é a base quando falta o chão! Mestre Romão rege a festa! Quem não conhecia mestre Ro-
mão, com o seu ar circunspecto, olhos no chão, riso triste, e
Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros. passo demorado? Tudo isso desaparecia à frente da orques-
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade. tra; então a vida derramava-se por todo o corpo e todos os
Ter amigos é a melhor cumplicidade! gestos do mestre; o olhar acendia-se, o riso iluminava-se: era
outro. Não que a missa fosse dele; esta, por exemplo, que ele
Há pessoas que choram por saber que as rosas têm rege agora no Carmo é de José Maurício; mas ele rege-a com
espinho, o mesmo amor que empregaria, se a missa fosse sua Acabou
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm a festa; é como se acabasse um clarão intenso, e deixasse o
rosas! rosto apenas alumiado da luz ordinária.
Machado de Assis Ei-lo que desce do coro, apoiado na bengala; vai à sa-
http://www.pensador.info/autor/Machado_de_Assis/ cristia beijar a mão aos padres e aceita um lugar à mesa
do jantar. Tudo isso indiferente e calado Jantou, saiu, ca-
Os estudiosos da obra de Machado de Assis destacam minhou para a rua da Mãe dos Homens, onde reside, com
algumas técnicas presentes na prosa machadiana (quando um preto velho, pai José, que é a sua verdadeira mãe, e
estudamos um autor atribuímos essa expressão): que neste momento conversa com uma vizinha — Mestre
Romão lá vem, pai José, disse a vizinha — Eh! eh! adeus,
Intertextualidade: a citação de obras de grandes es-
sinhá, até logo Pai José deu um salto, entrou em casa, e es-
critores. Com esse recurso Machado reforça e ilustra o que
perou o senhor, que daí a pouco entrava com o mesmo ar
está escrevendo. Há citações das fontes inglesas, sobretu-
do costume. A casa não era rica naturalmente; nem alegre.
do, na exploração do humor.
Não tinha o menor vestígio de mulher, velha ou moça, nem
Paródia: é a ironização de frases, comportamentos,
passarinhos que cantassem, nem flores, nem cores vivas ou
textos.
jocundas. Casa sombria e nua. O mais alegre era um cravo,
Digressão: é o modo ziquezague de narrar. Isso faz
onde o mestre Romão tocava algumas vezes, estudando.
com que aumentem os temas e ocorrências casuais.
Sobre uma cadeira, ao pé, alguns papéis de música; nenhu-
Eufemismo: é o abrandamento de uma informação ma dele.. Ah! se mestre Romão pudesse seria um grande
dolorosa por meio de uma expressão delicada. compositor. Parece que há duas sortes de vocação, as que
Terminaremos esse capítulo com um dos contos cur- têm língua e as que a não têm. As primeiras realizam-se; as
tos e perfeitos da literatura brasileira. Nele, Machado de- últimas representam uma luta constante e estéril entre o
monstra surpreendente capacidade de síntese. Quanto a impulso interior e a ausência de um modo de comunicação
mestre Romão, a personagem principal, sua grandeza está com os homens. Romão era destas.
não só no que ele foi (um homem simples e um regente Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si
sem igual), mas no modo como recebeu a morte (sereno, muitas óperas e missas, um mundo de harmonias novas e
embora frustrado) e no fato de haver sido o pivô de uma originais, que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta
grande ironia. era a causa única da tristeza de mestre Romão. Natural-
Cantiga de Esponsais mente o vulgo não atinava com ela; uns diziam isto, outros
Machado de Assis aquilo: doença, falta de dinheiro, algum desgosto antigo;
Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Car- mas a verdade é esta: — a causa da melancolia de mestre
mo, ouvindo uma daquelas boas festas antigas, que eram Romão era não poder compor, não possuir o meio de tra-
todo o recreio público e toda a arte musical. Sabem o que é duzir o que sentia. Não é que não rabiscasse muito papel e
uma missa cantada; podem imaginar o que seria uma missa não interrogasse o cravo, durante horas; mas tudo lhe saía
cantada daqueles anos remotos. informe, sem idéia nem harmonia. Nos últimos tempos ti-
Não lhe chamo a atenção para os padres e os sacris- nha até vergonha da vizinhança, e não tentava mais nada E,
tães, nem para o sermão, nem para os olhos das moças entretanto, se pudesse, acabaria ao menos uma certa peça,
cariocas, que já eram bonitos nesse tempo, nem para as um canto esponsalício, começado três dias depois de ca-
mantilhas das senhoras graves, os calções, as cabeleiras, sado, em 1779.
as sanefas, as luzes, os incensos, nada. Não falo sequer da A mulher, que tinha então vinte e um anos, e morreu
orquestra, que é excelente; limito-me a mostrar-lhes uma com vinte e três, não era muito bonita, nem pouco, mas
cabeça branca, a cabeça desse velho que rege a orquestra, extremamente simpática, e amava-o tanto como ele a ela.
com alma e devoção Chama-se Romão Pires; terá sessenta Três dias depois de casado, mestre Romão sentiu em si al-
anos, não menos, nasceu no Valongo, ou por esses lados. guma coisa parecida com inspiração. Ideou então o canto

44
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

esponsalício, e quis compô-lo; mas a inspiração não pôde os olhos pela janela para o lado dos casadinhos. Estes con-
sair. Como um pássaro que acaba de ser preso, e forceja tinuavam ali, com as mãos presas e os braços passados nos
por transpor as paredes da gaiola, abaixo, acima, impa- ombros um do outro; a diferença é que se miravam agora,
ciente, aterrado, assim batia a inspiração do nosso músico, em vez de olhar para baixo Mestre Romão, ofegante da
encerrada nele sem poder sair, sem achar uma porta, nada. moléstia e de impaciência, tornava ao cravo; mas a vista do
Algumas notas chegaram a ligar-se; ele escreveu-as; obra casal não lhe suprira a inspiração, e as notas seguintes não
de uma folha de papel, não mais. soavam — Lá... lá... lá.. Desesperado, deixou o cravo, pe-
Teimou no dia seguinte, dez dias depois, vinte vezes gou do papel escrito e rasgou-o. Nesse momento, a moça
durante o tempo de casado. Quando a mulher morreu, ele embebida no olhar do marido, começou a cantarolar à toa,
releu essas primeiras notas conjugais, e ficou ainda mais inconscientemente, uma coisa nunca antes cantada nem
triste, por não ter podido fixar no papel a sensação de feli- sabida, na qual coisa um certo lá trazia após si uma linda
cidade extinta — Pai José, disse ele ao entrar, sinto-me hoje frase musical, justamente a que mestre Romão procurara
adoentado — Sinhô comeu alguma coisa que fez mal.. — durante anos sem achar nunca. O mestre ouviu-a com tris-
Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica.. O boticário teza, abanou a cabeça, e à noite expirou.
mandou alguma coisa, que ele tomou à noite; no dia se- Fonte: www.dominiopublico.gov.br
guinte mestre Romão não se sentia melhor. É preciso dizer
que ele padecia do coração: — moléstia grave e crônica. Pai AGORA É SUA VEZ
José ficou aterrado, quando viu que o incômodo não cede-
ra ao remédio, nem ao repouso, e quis chamar o médico — ATIVIDADE 1
Para quê? disse o mestre. Isto passa O dia não acabou pior; 1) No conto “Cantigas de Esponsais” há uma digressão
e a noite suportou-a ele bem, não assim o preto, que mal estratégica que nos mostra, sobretudo a vida popular. Que
pôde dormir duas horas. A vizinhança, apenas soube do papel tem essa digressão na arquitetura do conto?
incômodo, não quis outro motivo de palestra; os que en-
tretinham relações com o mestre foram visitá-lo. E diziam- ATIVIDADE 2 (retirada da prova do ENEM)
lhe que não era nada, que eram macacoas do tempo; um O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”
acrescentava graciosamente que era manha, para fugir aos do poeta romântico Castro Alves:
capotes que o boticário lhe dava no gamão, — outro que Oh! Eu quero viver, beber perfumes
eram amores Mestre Romão sorria, mas consigo mesmo Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh´alma adejar pelo infinito,
dizia que era o final — Está acabado, pensava ele Um dia de
Qual branca vela n´amplidão dos mares.
manhã, cinco depois da festa, o médico achou-o realmente
No seio da mulher há tanto aroma...
mal; e foi isso o que ele lhe viu na fisionomia por trás das
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
palavras enganadoras: — Isto não é nada; é preciso não
-Árabe errante, vou dormir à tarde
pensar em músicas.. Em músicas! justamente esta palavra
Á sombra fresca da palmeira erguida.
do médico deu ao mestre um pensamento Logo que ficou
Mas uma voz responde-me sombria:
só, com o escravo, abriu a gaveta onde guardava desde
Terás o sono sob a lájea fria.
1779 o canto esponsalício começado. Releu essas notas ar- ALVES, Castro, Os melhores poemas de castro Alves. Sel.
rancadas a custo e não concluídas. E então teve uma idéia De Ledo Ivo. São Paulo: global; 1983.
singular: — rematar a obra agora, fosse como fosse; qual- Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o
quer coisa servia, uma vez que deixasse um pouco de alma inconformismo do poeta com a antevisão da morte pre-
na terra — Quem sabe? Em 1880, talvez se toque isto, e matura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece
se conte que um mestre Romão.. O princípio do canto re- na palavra
matava em um certo lá; este lá, que lhe caía bem no lugar, a) embalsamada
era a nota derradeiramente escrita. Mestre Romão ordenou b) infinito
que lhe levassem o cravo para a sala do fundo, que dava c) amplidão
para o quintal: era-lhe preciso ar. Pela janela viu na jane- d) dormir
la dos fundos de outra casa dois casadinhos de oito dias, e) sono
debruçados, com os braços por cima dos ombros, e duas
mãos presas. ATIVIDADE 3
Mestre Romão sorriu com tristeza — Aqueles chegam, Não faças versos sobre acontecimentos.
disse ele, eu saio. Comporei ao menos este canto que eles Não há criação nem morte perante a poesia
poderão tocar.. Sentou-se ao cravo; reproduziu as notas e Diante dela, a vida é um sol estático.
chegou ao lá... — Lá, lá, lá.. Nada, não passava adiante. E Não aquece nem ilumina.
contudo, ele sabia música como gente — Lá, dó... lá, mi... lá, Uma das constantes na obra poética de Carlos Drum-
si, dó, ré... ré... ré.. Impossível! nenhuma inspiração. Não exi- mond de Andrade, como se verifica nos versos acima é:
gia uma peça profundamente original, mas enfim alguma a) a locução do homem social
coisa, que não fosse de outro e se ligasse ao pensamento b) o negativismo destrutivo
começado. Voltava ao princípio, repetia as notas, buscava c) a violação e desintegração da palavra
reaver um retalho da sensação extinta, lembrava-se da mu- d) o questionamento da própria poesia
lher, dos primeiros tempos. Para completar a ilusão, deitava e) o pessimismo lírico

45
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADE 4 Capítulo 6
“A poesia deixa de ser apenas um lamento senti-
mental murmurado em voz baixa para ser também um O PODER DAS PALAVRAS E DAS IMAGENS
grito de protesto político ou reivindicação social.”
O fragmento acima se refere a dois momentos da poe- COMPREENDER E USAR OS SISTEMAS SIMBÓLICOS
sia romântica brasileira que podem ser definidos, respecti- DAS DIFERENTES LINGUAGENS COMO MEIOS DE OR-
vamente, como: GANIZAÇÃO COGNITIVA DA REALIDADE PELA CONSTI-
a)1ª geração romântica- 2ª geração romântica TUIÇÃO DE SIGNIFICADOS, EXPRESSÃO, COMUNICA-
b) ultra-romantismo- condoreirismo ÇÃO E INFORMAÇÃO
c) indianismo- poesia social
d) geração condoreira-geração “mal do-século” Sônia Querino Santos e Santos

ATIVIDADE 5
A canção “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”
compostos pelo rei Roberto Carlos da Jovem Guarda nos
anos 1970 é considerada
a) Uma canção de amor.
b) Uma canção de protesto.
c) Uma exaltação à natureza.
d) Uma canção sarcástica.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respos-
tas
ATIVIDADE 1 - O papel é o de transformar o conto não
numa mensagem particular e isolada sobre a vida de um
músico do passado, mas nos colocar em contato com al-
guns conflitos universais do ser humano (desejar o que não
está no alcance do nosso talento; achar-se menos do que
realmente se é; autocompreensão da velhice e da doença... Figura 1 comuniquese.wikidot.com/tres-funcoes-basicas-...
ATIVIDADE 2 - LETRA E: sono
ATIVIDADE 3 - LETRA E: o pessimismo lírico Caro aluno (a)
ATIVIDADE 4 - LETRA C: indianismo- poesia social Embora o índice de analfabetismo seja marcante no
ATIVIDADE 5 - LETRA A: uma canção de amor. Brasil, a linguagem escrita está em toda parte e de diferen-
tes modos. Algumas acompanhadas por símbolos (imagens
e outros recursos), cuja função é dar sentido à linguagem.
PRA FIM DE PAPO...
Muitas vezes não percebemos que também na lingua-
Caro Aluno
gem falada há um esquema que favorece a compreensão
das pessoas envolvidas na conversa, ou seja, há uma or-
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
ganização a partir de algumas variáveis: o assunto, tipo de
- Identificar categorias pertinentes para
situação, papéis dos participantes e o tipo de linguagem. E,
a análise e interpretação do texto literário e reconhecer os
na interação dessas variáveis cria-se um movimento (avan-
procedimentos de sua construção.
ço e recuo) do conteúdo debatido.
- Distinguir as marcas próprias do texto Sabe quando a conversa parece não avançar?
literário e estabelecer relações entre o texto literário e o Pode ser que as pessoas envolvidas estejam se “atro-
momento de sua produção, situando aspectos do contexto pelando” na conversa. Ou, pode acontecer que na ansie-
histórico, social e político. dade de participar misturam os assuntos e... aí ninguém se
- Relacionar informações sobre concep- entende mesmo!
ções artísticas e procedimentos de construção do texto Portanto, para a comunicação falada seguimos um es-
literário com os contextos de produção, para atribuir signi- quema através do qual a conversa se torna envolvente e os
ficados de leituras críticas em diferentes situações. interessados ao assunto discutido argumentam, apresen-
- Analisar as intenções dos autores na tam seus pontos de vista favoráveis e desfavoráveis e... na
escolha dos temas, das estruturas, dos estilos, gêneros dis- empolgação as horas passam.
cursivos e recursos expressivos como procedimentos argu- Consequentemente, quando nos referimos à lingua-
mentativos. gem escrita, é igualmente importante, ordenar o assunto e
- Reconhecer a presença de valores so- estabelecer relações, utilizando-se dos recursos argumen-
ciais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio tativos na sustentação de seus pontos de vista.
literário nacional. Lembre-se que um texto não é um amontoado desor-
ganizado palavras. Mesmo porque, se não levarmos em
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude conta as relações de uma frase com outra que compõem
um pouco mais, você está iniciando um processo de apren- o texto corremos o risco de atribuir um sentido oposto ao
dizagem e ele exige persistência...vamos lá! pretendido.

46
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Mas... Há vários tipos de textos? Dona Vassoura ficou inquieta, pensou, pensou...
Sim, pois os textos nascem de acordo com o contexto, - Sozinha aqui pelo menos vou ter um companheiro, nada
nesse sentido, quanto mais lemos, mais adquirimos vocabu- tenho a perder, até que ele é bem simpático pois já o vi algu-
lário e facilidade para escrever. Essa escrita recebe o nome mas vezes brincando na água.
genérico de redação. Portanto, há basicamente, três modos Mais tarde a noitinha dona Vassoura chamou dona Pazi-
de organização de um texto: o narrativo, o descritivo e o nha e disse-lhe:
dissertativo. - Bem diga a ele que aceito, mas como será o que vamos
Vamos falar de cada um deles. fazer?
- Não se preocupe nós vamos arranjar tudo para o casa-
•NARRAÇÃO mento.
Narrar é contar uma história que pode ser real ou ima- E assim foi.
ginária. Cabe lembrar que em nosso cotidiano encontramos Fizeram, primeiro, a lista dos padrinhos e convidados.
textos narrativos, ou seja, contamos e ou ouvimos histórias - Ouça dona Vassoura, os padrinhos de seu casamento
o tempo todo. serão: o senhor Balde e eu. As daminhas serão as Flanelinhas
Na narração utilizamos verbos de ação e, antes de narrar que estão todas felizes pelo evento.
um fato ou história é importante decidir se você vai ou não - O senhor Papel Higiênico ficou de enfeitá-la e fará uma
fazer parte da narrativa. grinalda bem linda, ele prometeu.
Vamos ao exemplo? - O ambiente será todo perfumado pois, os Senhores
“...Quando desci da lotação vi um pacote perto de um ca- Desinfetantes se incumbirão de fazê-lo. - No mais, todos os
chorro vira-lata. Na curiosidade, me aproximei e peguei o pa- outros moradores deste armário vão contribuir. Os senhores
cote; comecei a abrir. Lá estava bem enroladinho com jornais Panos de Chão, os Tapetes, até o Sr Desentupidor irá colaborar.
velhos um envelope com um montão de dólares... nossa!...” - Pelo jeito já está tudo combinado, não é mesmo dona
Pazinha?
O narrador faz parte da história e optou por fazer a nar- - É sim. Vamos marcar para a próxima noite, certo?
rativa em 1ª pessoa. Os verbos da narrativa conjugados em - Sim, combinado.
1ª pessoa são: desci, vi, aproximei, peguei, comecei. A noite veio e o casamento foi realizado com muita simpli-
As narrativas mais conhecidas são: romance, novelas e cidade. Dona vassoura toda enfeitada. O noivo, Senhor Rodo,
contos. Nos romances a narrativa é longa e envolve bastan- com a ajuda do Senhor Pano de Chão, estava muito bem en-
tes personagens. De acordo com o tema, os romances mais rolado, muito elegante.
conhecidos são: de amor, de aventura, policial, ficção... Os convidados estavam felizes e a festa foi até de madru-
Nas novelas, lembra de “A Favorita”, apresentada pela gada.
rede globo? Nas cenas apresentadas havia uma série de ca- No dia seguinte, quando foi aberto o armário, estava tudo
sos paralelos e vários momentos de suspenses. E, quantas diferente!
vezes aquelas cenas foram motivos de conversas entre nós, - O que aconteceu aqui? Pensou a dona da casa...
Hein? A vassoura toda enfeitada de papel higiênico, o rodo fora
Como estamos nos referindo aos textos narrativos, não do lugar...
podemos deixar de lado, as historinhas infantis. Elas são Fechou a porta do armário e esqueceu o assunto, mas que
exemplos de textos narrativos. era estranho era...
Lá dentro os convidados começavam acordar da festa de
Leia: O CASAMENTO DA VASSOURA ontem, ou seja, do casamento da Vassoura...
de Marlene B. Cerviglieri Fonte: http://www.contos.poesias.nom.br/ocasamentoda-
Ali guardadinha estava a vassoura num cantinho do vassoura/ocasamentodavassoura.htm
armário. Às vezes a tiravam e dançava muito pela casa ou
quintal, ficando até tonta de tanto ir pra lá e pra cá. Mas de- COMENTÁRIOS: quando ouvimos ou lemos uma história,
pois ficava no cantinho até tristonha mesmo. Um dia, porém, criamos a imagem mental dos personagens e do cenário da
ouviu uma vozinha que a chamava: narrativa. Para tanto, interpretamos os “não-ditos”, nas entre-
- Dona Vassoura, oh dona vassoura está me ouvindo? linhas. Nesse sentido podemos afirmar que a história se com-
- Sou eu, a dona Pazinha aqui do outro lado. pleta com a participação do ouvinte ou do leitor.
- Sim, estou ouvindo - disse a Vassoura até meio assus- •DESCRIÇÃO
tada. A Descrição é a apresentação falada ou escrita daquilo que
- Tenho um recado para a senhora, do senhor Rodo. você viu. Na Descrição ou texto descritivo se faz um retrato por
- De quem? escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto.
- É do senhor Rodo. A classe de palavras mais usada é o adjetivo (termos que
- Ele mandou lhe dizer que gostaria de casar com a se- expressam qualidade, estado ou modo de ser a pessoa ou ob-
nhora! jeto). Na descrição de pessoas é importante apresentar as ca-
- O que devo responder a ele? racterísticas físicas (gorda, magra, ruiva, negra) e, na descrição
- Ora - disse a Vassoura, pega de surpresa - Eu casar de um ambiente a paisagem deve ser bem detalhada (ex:
com o senhor Rodo? na rua tinha uma placa que dizia que era proibida a entrada
- É sim. Pense e depois me dê a resposta, é só me cha- de pessoas estranhas). Já na descrição de um objeto é bom
mar. lembra a cor, a forma e outros detalhes.

47
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Um exemplo? Leia o trecho abaixo: esse fato aconteceu com um jovem de 15 anos.
“... uns amigos meus me chamaram pra ir no shopping. Tava tudo “mara” aí né? uma “gambé marenta” de olho claro e
tal, cabelo preto, toda estilosa, pediu meus documento. Aí falei: para quê? Não tamos fazendo nada... Ela falou: tô de olho em
vocês já faz tempo. Tão procurando o quê? AH! Eu fiquei “p” da vida e não mostrei nada. Então vim parar aqui nas mãos dos
homens! Caramba, não fiz nada!..”
COMENTÁRIO: Se você leu atentamente deve ter percebido que o trecho acima foi escrito de acordo com a linguagem
falada por esse jovem de 15 anos: (ir “no” shopping; tava tudo mara; fiquei “p”...).
Destaco aqui a importância em você perceber que a linguagem utilizada em nosso dia-a-dia, como o uso de gírias
ou outras expressões devem ser evitadas quando você estiver redigindo uma redação, seja ela, na narrativa, descritiva ou
argumentativa. Isso porque, na redação você deverá seguir as regras gramaticais e ortográficas exigidas para a escrita.
Pense sobre isso!

•DISSERTAÇÃO
Já os textos dissertativos encontram posicionamentos pessoais e exposição de idéias. A intenção de quem escreve é a
argumentação, apresentada de forma lógica e coerente, a fim de defender um ponto de vista.
Geralmente, um texto dissertativo está dividido em três partes: 1) Introdução; 2) Desenvolvimento; 3) Conclusão.
• Na introdução você deverá definir a questão e situar o problema, ou seja, você vai apresentar os fun-
damentos ou alguma teoria sobre aquele assunto e fornecer as ideias.
• No desenvolvimento você irá defender a ideia apresentada na introdução, para isso você poderá fazer
comparações, ligações com outro assunto, tudo para comprovar a ideia inicial.
• Para concluir, ou seja, no encerramento de sua dissertação que deve ser breve e marcante, você poderá
usar expressões: “É assim que...” “Dessa maneira...”.
Veja abaixo um texto dissertativo, apresentado numa avaliação do ENEM e aprovada com nota máxima. Leia-a! E acre-
dite que a próxima poderá ser a sua!

Ler para compreender


Vivemos na era em que para nos inserir no mundo profissional devemos portar de boa formação e informação.
Nada melhor para obtê-las do que sendo leitor assíduo, quem pratica a leitura está fazendo o mesmo com a
consciência, o raciocínio e a visão crítica.
A leitura tem a capacidade de influenciar nosso modo de agir, pensar e falar. Com a sua prática freqüente, tudo
isso é expresso de forma clara e objetiva. Pessoas que não possuem esse hábito ficam presas a gestos e formas
rudimentares de comunicação.
Isso tudo é comprovado por meio de pesquisas as quais revelam que, na maioria dos casos, pessoas com ativa
participação no mundo das palavras possuem um bom acervo léxico e, por isso, entram mais fácil no mercado
de trabalho ocupando cargos de diretoria.
Porém, conter um bom vocabulário não torna-se (sic) o único meio de “vencer na vida”. É preciso ler e
compreender para poder opinar, criticar e modificar situações.
Diante de tudo isso, sabe-se que o mundo da leitura pode transformar, enriquecer culturalmente e socialmente
o ser humano. Não podemos compreender e sermos compreendidos sem sabermos utilizar a comunicação de
forma correta e, portanto, torna-se indispensável a intimidade com a leitura.

Então... aí vai umas dicas a serem levadas em conta quando você estiver fazendo sua redação, seja ela, narrativa, des-
critiva ou dissertativa.
DICAS:
1) Leia com atenção “redobrada” o que está sendo pedido.
2) Não confunda o tema da redação com o título.
3) O tema da redação está no enunciado da questão, já o título é criação sua.
4) Ao escrever sobre um tema polêmico (exemplo: política, religião, esporte...) não seja radical, ou seja, não apresente
seu ponto de vista de maneira violenta e comprometedora;
5) Fique atento para a “força das palavras”, lembre-se que existe uma profunda diferença entre a linguagem falada e
a linguagem escrita, portanto, evite gírias e palavras vulgares, os famosos palavrões!
6) Evite frases longas. Prefira as frases curtas.
7) Evite usar “chavões”, provérbios populares. Exemplo: “filho de peixe, peixinho é”; “quem fere com fogo, com fogo
será ferido”... são palavras desgastadas pelo uso, então, use sua imaginação!
E, lembre-se: “Não há textos exclusivamente narrativos, descritivos ou dissertativos”. Porém, no seu texto será percebi-
do o predomínio de um dos três modos sobre os demais.

48
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Recordando: Os textos são caracterizados por um conjunto de frases em harmonia de sentido, ou seja, com coerência
e com funções específicas: informar, emocionar, recordar, convocar. Portanto, será no contexto que as frases ganharão
sentidos diversos e apropriados.
Uma outra coisa muito importante que devemos ter em mente é a intenção da comunicação, seja na linguagem verbal
ou não verbal. Às vezes uma gravura ou um gesto “falam” mais que mil palavras!
Então, é preciso abrir os olhos para o contexto e para a intenção da comunicação.
Acompanhe a tabela e veja geralmente em quais textos cada função é mais destacada:

Função informativa textos jornalísticos e didáticos

Função literária conto, novela, poema, obra teatral

Função apelativa textos publicitários: aviso, anúncio, cartaz...


predomínio do envolvimento do emissor. Uso
Função expressiva
do pronome pessoal e verbo na 1ª pessoa “eu”

•FUNÇÃO INFORMATIVA

Na função informativa a intenção do texto é comunicar o objeto da mensagem ou a situação nela apresentada. Os
textos científicos, jornalísticos e didáticos são exemplos dessa função de linguagem.
Os textos jornalísticos apresentam diferentes seções: informação, sociedade, economia, cultura, esporte, espetáculos,
entretenimentos.... As mais comuns são as notícias, as entrevistas, as reportagens... Elas possuem características próprias. e
cumprem certos padrões de apresentação: letra legível, diagramação cuidada, inclusão de gráficos ilustrativos que é funda-
mental para as explicações do texto...
Quando possível comprove essas informações nos jornais escritos ou nas páginas de jornais questão nos sites. Não
perca a oportunidade em utilizar o computador como fonte de pesquisa e conhecimento.

49
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

As notícias constam de três partes diferenciadas: o título, a introdução e o desenvolvimento. É normal que este texto
use a técnica da pirâmide invertida, ou seja, a disposição das informações está em ordem decrescente de importância.
Dessa maneira, os fatos mais interessantes são utilizados para abrir o texto jornalístico, enquanto os de menor relevância
aparecem na sequência.
Lembre-se: o título cumpre a função de atrair a atenção do leitor. A linguagem é em 3ª pessoa. E é um texto que se
caracteriza por usar sempre da objetividade e veracidade.
Já a entrevista focaliza um tema atual, embora a conversação possa enveredar para outros temas.

•FUNÇÃO LITERÁRIA
Na função literária há uma preocupação com a estética (uso de metáforas, rimas, musicalidade, comparações...) que
atribuem “beleza” à escrita. É interessante observar a forma dos poemas. Há estrofes de quatro versos (quadra) muito usa-
das em poesia sertaneja e na literatura de cordel.

50
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Zé da Luz
E nesta constante lida
Na luta de vida e morte
O sertão é a própria vida
Do sertanejo do Norte
Três muié, três irimã,
Três cachorra da mulesta
Eu vi nun dia de festa
No lugar Puxinanã.
Respeitando o estilo de cada poeta na rima da poesia, observe a rima do poema acima: a primeira linha com a terceira,
e a segunda com a quarta, ou a primeira com a quarta e a segunda com a terceira.

•FUNÇÃO EXPRESSIVA
Ferreira Goulart (não há vagas) eu-lírico e o sentimento do coletivo
Nos poemas, além da função literária encontramos as funções expressivas, conhecidas por eu-lírico. Mas, cuidado,
quando nos referimos a eu-lírico não nos referimos somente ao sentimento individual do poeta como vimos no capitulo
anterior, às vezes, o eu-lírico pode expressar um problema social.
Um exemplo muito próximo é a produção dos Rapers, é um eu-lírico que se assume como “porta-voz” da sua comu-
nidade.
Leia três poemas de Fernando Pessoa. É marcante nesse poeta a utilização de “heterônimos”, ou seja, o poeta portu-
guês, Fernando Pessoa assina suas obras(poesias) atribuindo para si outros nomes: Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto
Caieiro.
Nesse caso, o eu-lírico está identificado com realidades diferentes Que você poderá comprovar a partir da leitura dos
poemas de Fernando Pessoa apresentados a seguir.

SE DEPOIS DE EU MORRER... BREVE O DIA LISBOA


Alberto Caieiro Ricardo Reis Álvaro de Campos

Se, depois de eu morrer, quiserem es- Lisboa com suas casas 


crever a minha biografia, De várias cores, 
Não há nada mais simples. Lisboa com suas casas 
Tem só duas datas --- a da minha nas- De várias cores, 
cença e a da minha morte. Lisboa com suas casas 
Entre uma e outra todos os dias são De várias cores ... 
meus. À força de diferente, isto é monótono. 
Como à força de sentir, fico só a pensar. 
Sou fácil de definir. Breve o dia, breve o ano, Se, de noite, deitado mas desperto, 
Vivi como um danado. breve tudo. Na lucidez inútil de não poder dormir, 
Amei as coisas sem sentimentalidade Não tarda nada sermos. Quero imaginar qualquer coisa 
nenhuma. Isto, pensado, me de a E surge sempre outra (porque há sono, 
Nunca tive um desejo que não pudes- mente absorve E, porque há sono, um bocado de sonho), 
se realizar, porque nunca ceguei. Todos mais pensamentos. Quero alongar a vista com que imagino 
Mesmo ouvir nunca foi para mim se- O mesmo breve ser da Por grandes palmares fantásticos, 
não um acompanhamento de ver. mágoa pesa-me, Mas não vejo mais, 
Compreendi que as coisas são reais e Que, inda que mágoa,é Contra uma espécie de lado de dentro de pál-
todas diferentes umas das outras; vida.2 pebras, 
Compreendi isto com os olhos, nunca   Que Lisboa com suas casas 
com o pensamento. De várias cores. 
Compreender isto com o pensamento Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa. 
seria achá-las todas iguais. A força de monótono, é diferente. 
Um dia deu-me o sono como a qual- E, à força de ser eu, durmo e esqueço que exis-
quer criança. to. 
Fechei os olhos e dormi. Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo, 
Além disso fui o único poeta da Na- Lisboa com suas casas 
tureza.1 De várias cores.3

51
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

•FUNÇÃO APELATIVA

Nos discursos, sermões e propaganda a intenção da escrita está em convencer o receptor, então, a função de lingua-
gem usada é a função apelativa.
Os textos publicitários informam sobre o que se vende com intenção de criar no ouvinte, ou telespectador a necessi-
dade de comprar. Neles, é tão forte o grau de convencimento que algumas vezes não lembramos o produto em si, nem a
utilidade:
“... meu marido vai comprar um aparelho de barbear muito bom que a gente viu no Faustão.”
Realmente a “propaganda é a alma do negócio”!
Mas, no final, Quem paga a conta?
Talvez por isso, esteja alto o índice de pessoas com o nome “sujo na praça”, melhor dizendo, pessoas com restrições no
nome (problemas no SERASA e SPC).
Então... Antes de consumir é melhor refletir se realmente há necessidade em adquirir tal produto apresentado em
propagandas.

COMPRAS NA INTERNET?
Aliás, hoje em dia, não precisamos sair de casa. Basta acessar os sites da internet e, encontraremos várias maneiras
fáceis para comprar determinado produto. E o pior, em alguns casos, as pessoas pagam pelo produto e não recebem o
produto que compraram. Às vezes o “barato sai caro”. Prevenir é melhor que remediar.
Então... você tem acesso à internet? Já comprou alguma vez pelo site? Como foi sua experiência? Você indicaria para
alguém? Pense nisso e, se achar interessante converse sobre isso com um amigo. Assim, você amplia seu conhecimento
sobre um assunto que está na “moda”: comprar pelo computador.
Essas são realmente as “facilidades” do mundo atual, mas sem dúvida, o uso abusivo dos cartões de créditos e outros
financiamentos tem “tirado” o sono de muita gente...

•FUNÇÃO ENTRETENIMENTO E CRÍTICA

__________
1 www.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/pessoa.html
2 http://www.jornaldepoesia.jor.br/fp400.html
3 http://www.jornaldepoesia.jor.br/facam47.html

52
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

E, para finalizar, não podemos deixar de lembrar a função de entretenimento e crítica. Como você já sabe a linguagem
pode ser verbal e não verbal ao mesmo tempo. Nesse sentido, a linguagem em quadrinhos permite ao leitor fazer uso da
imaginação na interpretação do texto.
Com os avanços da tecnologia, as charges podem ser acessadas em sites específicos e funcionam como instrumento de crítica,
reflexão e formação de opinião. A historinha acima você poderá ter acesso através do endereço: http://www.falamenino.com.br/.
Portanto, de acordo com o início desse capítulo, embora numa sociedade na qual a escrita está em toda parte, veja que
os recursos gráficos-visuais cumprem a função de transmitir a mensagem.
Nas figuras abaixo, o objetivo da mensagem é facilmente interpretado por qualquer pessoa, seja ela escolarizada ou não.

FIGURA 1 FIGURA 2

Na figura 2, por exemplo, qual frase você escreveria para explicar a mensagem?
Acredito que as frases podem até ser diferentes na escrita, porém o conteúdo da frase seria semelhante, ou seja, todas
as frases que possam vir a ser escritas se referindo à figura 2 trarão a indicação das escadas em casos de incêndio.
Então, para interpretar bem um texto, seja ele escrito ou não, é importante se perguntar sobre o contexto em que foi
escrito ou elaborada a mensagem. Se alguém perguntar o que é contexto, você tranquilamente dirá que é a relação entre
o texto e a situação em que ele ocorre. Por isso, o contexto pode ser (social,cultural, estético, político...). Isso não significa
afirmar que um determinado texto só possui um contexto.
Às vezes um determinado assunto tem repercussão em várias áreas, nesse sentido é correto afirmar que os contextos se
misturam.Portanto, um assunto poderá ter uma conotação social e política ao mesmo tempo. Ou uma determinada reporta-
gem sobre questões de estéticas pode apresentar um contexto religioso.
Logo, o ler um texto devemos em primeiro lugar prestar atenção em seu conteúdo informativo fundamental, ou seja, o
tema central. Em seguida você deverá observar nos parágrafos seguintes as ideias secundárias. Para identificar o contexto
ou os contextos observe os verbos que aparecem no texto, bem como, os recursos utilizados para unir os parágrafos.
O mais interessante é você identificar o núcleo centrar da mensagem e, antes de começar a escrever pensar sobre o
assunto; verificar se há ulgum termo que você desconhece. Portanto, o dicionário é sempre bem-vindo.
Leia atenta os enunciados em seguida pense no tipo de texto a ser produzido. Entre esses fatores, dois são fundamentais:
a finalidade do texto e o interlocutor, ou seja, a quem o texto se destina.
• Motoristas reivindicam aumento salarial
Comentário: Nesse enunciado percebemos dois contextos: o social (relacionado ao ato de reivindicar ou seja, recla-
mar por melhorias de vida) e o contexto político (um direito garantido pelas Leis Trabalhistas ao trabalhador) bem como, a
associação do trabalhar em sindicatos de ligados à sua área de atuação. Para você desenvolver, com sucesso,um texto com
essa temática, o primeiro passo poderia ser consultar o dicionário para saber o que significa reivindicação. E cuidado não é
reinvidicação.
• O Congresso investiga denúncia sobre envolvimento de Deputados no desvio da verba pública
Comentário: nesse caso o contexto político sobressai, porém com implicações históricas e sociais, pois o dinheiro pú-
blico não deve ser destinado para fins pessoais. Contudo, casos semelhantes sempre aconteceram em nossa História, o que
não significa dizer que não devam ser corrigidos, portanto, ao escrever sobre um tema polêmico como esse você deveria
destacar por exemplo, o papel político do Congresso em zelar pelo Patrimônio Nacional.
• Cresce o número de casos de Endometriose em Adolescentes
Comentário: o tema central focalizado no anúncio tem incidência na área da saúde, portanto, é de domínio social,
político. Porém, o desconhecimento da palavra “Endometriose” poderá dificultar sua escrita. Então, a pesquisa prévia sobre
o que iremos escrever, bem como, acompanhar as notícias veiculadas nos meios de comunicação, ajudará a nos manter
informados.
Pois, para o desenvolvimento do enunciado não basta abordar sobre adolescência, uam vez que o foco central está em
“algo” que afeta a adolescência. Aproveite o exemplo e consulte um site de busca para saber o que é Endometriose.
• Líder Religioso acusado de pedofilia
Comentário: mais uma vez podemos afirmar que os contextos se cruzam. Pois, o tema presente no enunciado é de
preocupação social, política e religiosa. O termo “pedofilia” pode ser buscado no dicionário justamente para ajudar a am-
pliar nossos conhecimentos. Contudo, em uma redação com essa, você deverá evitar palavras pejorativas e que expressem
“juízo de valor” quanto à religião. Nesse caso, importa atender à solicitação para a escrita demonstrando argumentos sobre
a questão central “pedofilia”.

53
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

• Cresce o número de jovens vítimas de acidentes 3) Para o parágrafo central do rascunho, também cha-
de trânsito. mado tópico frasal o aluno pretendia se guiar por essa
Comentário: os contextos se entrelaçam, ou seja, para ideia escrita: “A vitória de Barack Obama como presidente
“resolver” ou diminuir o índice de incidência de casos des- dos Estados Unidos acena para mudanças de paradigmas,
critos no enunciado, os órgãos competetentes precisarão sobretudo nas relações interraciais”.
investir em medidas sócio-educativas aos motoristas e pe- 4) O aluno nos parágrafos secundários apresentaria
destre até mesmo investir em políticas punitivas aos en- sua opinião sobre o tema previsto (Eleição nos EUA), bem
volvidos em situações como essa. Observe que ao escrever como, a importância desse evento num contexto mundial,
sobre uma temática desse tipo você poderá recorrer aos ou seja, a mudança social, histórica e política vivenciada
dados estátísticos entre outros recursos de argumentação. nos EUA e sua influência direta com os demais países. Ain-
E evitar os famosos “jargões” sobretudo os que estão dire- da nos parágrafos secundários, ele iria falar sobre as rela-
cionados aos condutores de veículos. ções interraciais, sem desviar-se do tema (eleição nos EUA);
• Produtos de depilação provocam câncer de pele 5) na conclusão: ele destacou a importância da vitória do
Comentário: Pode parecer um tema exclusivamente Primeiro Negro como Presidente dos EUA.
estético e “feminino”. Nesse sentido, cuidado ao escrever E então, você acha que a partir desse rascunho José con-
sobre um assunto como esse para não cair nas frases de seguiu redigir a redação dissertativa-argumentativa?Que tal
“efeito de sentido”, por exemplo: “isso acontece com as você tentar redigir a sua? Lembramos que a Eleição nos EUA
mullheres porque elas...”. foi um assunto muito divulgado nos meios de comunicação e
Note que a temática câncer de pele é um assunto sério, quem sabe não poderá ser a proposta de redação em concur-
o qual pode ser debtido considerando vários aspectos e sos públicos ou outros processos seletivos?
enfoques. Por isso, é importante ler sobre vários assuntos, Ai vão algumas dicas:
ou seja, manter-se informado. Quero dizer com isso que: Atribua um título criativo.
“não existe assunto exclusivo para mulheres ou exclusivo Cuidado: não confunda o tema com o título da sua re-
dação.
para homens”. O que importa na hora de desenvolver um
O título deverá ser de sua própria autoria.
texto escrito é exatamente o seu grau de conhecimento
O texto deverá apresentar no mínimo 12 linhas e no má-
de “mundo”. Então... Seja uma pessoa “antenada”, ou seja,
ximo 30 linhas
uma pessoa que acompanha os avanços tecnológicos que
nos favorecem rapidez e interação de informação. AGORA É A SUA VEZ!
Vamos exercitar? ATIVIDADE 1
Se fosse solicitado para você escrever uma redação Relacione as frases abaixo de acordo com as funções
dissertativa argumentativa a partir da figura abaixo, quais de linguagem.
os passos você trilharia? A- informativa; B- Literária; C- emotiva
( ) Quando estive em sua casa convivi com sua ausência
( ) Tatiana não desapontou a mim, nem a você
( ) Naquele momento não supus que um caso tão insig-
nificante pudesse provocar desavença entre pessoas razoá-
veis (Graciliano Ramos)

ATIVIDADE 2
Para convencer o público quanto à importância de um
produto de estética que você está revendendo, que tipo de
função de linguagem você utiliza para convencer o cliente e
garantir a venda do seu produto?

ATIVIDADE 3 (ENCCEJA 2006)


O ouvinte imagina visualmente aquilo que o ______está
transmitindo. O imaginar é algo personalizado, único, pessoal,
Tema: Eleição nos EUA intransferível. O ouvinte ouve a voz e a partir de experiências
pessoais constrói a forma física, reelabora os seus desejos. Já
a _____________ oferece algo pronto. É mais impositiva.
Avalie os passos assumidos por um estudante de 29
Ricardo Alexino Ferreira. Internet:<radio.unesp.br>.
anos em aulas preparatórias para concursos:
O texto acima compara dois meios de comunicação
1) Ele a partir da figura atribuiu um título: O Primeiro
e informação, que são:
Negro Presidente;
A o telegrama e a revista impressa.
2) O aluno destacou que esse evento implica mudan-
B o jornal impresso e a Internet.
ças nos contextos: histórico, social e político não só dos
C o rádio e a televisão.
EUA, mas do mundo;
D o telefone e a carta.

54
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADES 5 (ENCCEJA 2006) Capítulo 7


O comércio eletrônico deve faturar R$ 140 milhões
com o dia das Mães (...). O valor representa aumento de UM PONTO DE VISTA OU A VISTA DE
50% em relação aos R$ 92 milhões registrados no ano pas-
sado. Os R$ 140 milhões referem-se às vendas realizadas
UM PONTO?
entre 29 de abril e 13 de maio. A lista de produtos favoritos
CONFRONTAR OPINIÕES E PONTOS DE VISTA SOBRE
é composta por CDs,
AS DIFERENTES LINGUAGENS E SUAS MANIFESTAÇÕES
livros, câmeras digitais e telefones celulares.
Folha Online Informática, 5/5/2006.
Sônia Querino dos Santos e Santos
Com base nas informações oferecidas no texto acima é
correto afirmar que
Caro aluno (a)
A os produtos mais vendidos para o dia das mães fo-
A interrogação acima quer chamar sua atenção para
ram do setor vestuário.
um aspecto aparentemente freqüente, que é defender uma
B o comércio eletrônico vem tendo mais participação
opinião ou um ponto de vista. Algo que em nosso dia-a-dia
em nossa economia.
fazemos com tranqüilidade, pois muitas vezes, nos posicio-
C os consumidores preferem comprar pela Internet
namos diante de acontecimentos, fatos, notícias... emitindo
eletrodomésticos.
nossa opinião de forma convincente a ponto de fazer com
D o ano passado foi mais vantajoso para o comércio
que outros mudem “para nosso lado”.
pela
Às vezes, a notícia que passou no Jornal Nacional, por
exemplo, as cenas das novelas, o comercial... são motivos
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas
para uma longa discussão no trabalho, na escola, no ônibus.
Inclusive, nos agarramos em frases do tipo: “... eu res-
ATIVIDADE 1
peito a opinião de vocês, mas... eu penso assim.”; “sobre
Sequência correta: C- A- B
esse assunto eu tenho minha opinião formada”...
E aí nos lembramos do cantor e filósofo Raul Seixas.
ATIVIDADE 2
Suas músicas eram verdadeiros protestos. Você lembra de
Função Apelativa
alguma?
Segue alguns trechos de músicas do Raul, vamos tentar
ATIVIDADE 3
descobrir a mensagem que ele queria transmitir?
Alternativa correta: LETRA C
Metamorfose Ambulante
Raul Seixas
ATIVIDADE 4
Composição: Paulo Coelho / Raul Seixas
Alternativa correta: LETRA B
...É chato chegar
A um objetivo num instante
PRA FIM DE PAPO!
C Eu quero viver
aro Aluno
Nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Ao final deste capítulo você deve ser capaz de:
Formada sobre tudo
 
Do que ter aquela velha opinião
- Reconhecer, em textos de diferentes gê-
Formada sobre tudo...4
neros, temas, macroestruturas, tipos, suportes textuais, for-
COMENTÁRIO: Entre tantas opiniões sobre o trecho
mas e recursos expressivos.
acima podemos perceber que o cantor aponta para uma
- Identificar os elementos que concorrem
sociedade em constante mudança. Embora haja uma ten-
para a progressão temática e para a organização e estrutu-
dência de que todos tenham a “mesma opinião” Raul rejeita
ração de textos de diferentes gêneros e tipos.
essa ideia afirmando que ELE PREFERE SER ESSA METAMOR-
- Analisar a função predominante (infor-
FOSE AMBULANTE. O que você pensa dessa afirmação?
mativa, persuasiva etc.) dos textos, em situações específi-
A intenção em trazer esse exemplo é para mostrar a
cas de interlocução, e as funções secundárias, por meio da
você, caro aluno, que existem várias maneiras de expressar
identificação de suas marcas textuais.
um posicionamento pessoal, seja no vestuário (lembremos
- Relacionar textos ao seu contexto de pro-
que os trajes de diferentes grupos, revelam sua ideologia,
dução/recepção histórico, social, político, cultural, estético.
ou melhor sua forma de ver o mundo), na estética (cortes
- Reconhecer a importância do patrimônio
e penteados de cabelo)...como também através da música.
lingüístico para a preservação da memória e da identidade
Aliás muitas vezes cantarolamos músicas em outros
nacional.
idiomas e não sabemos o que querem dizer. Isso porque
somos fascinados pelas melodias e... esse aspecto mais crí-
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
tico, ou seja, o que tal música está denunciando, muitas
um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
vezes, passa sem ser percebido.
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
4 http://letras.terra.com.br/raul-seixas/48317/

55
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Então, é importante aprender inglês e não “papagaiar” Talvez Raul Seixas estevisse apontando para a desva-
o idioma. lorização no mundo do trabalho, por exemplo. Veja que
Vamos a outro trecho do Raul? todas as profissões são importantes, no entanto, umas são
“... essa noite eu tive um sonho de sonhador: maluco super-valorizadas e outras, em contrapartida, são desvalo-
que sonho eu sonhei. O dia em que terra parou...” rizadas ao extremo.
O Dia em que a Terra Parou Quer um exemplo bem próximo do nosso dia-a-dia?
Raul Seixas Pense nas pessoas que realizam trabalhos manuais em
Composição: Raul Seixas / Claudio Roberto nossas casas, escolas, e outros locais de trabalho. Algumas
Essa noite eu tive um sonho (faxineiros, porteiros...) são tratadas com indiferença ou
de sonhador consideradas inferiores por exercerem esses serviços. Aliás,
Maluco que sou, eu sonhei serviços necessários ao nosso bem-estar.
Com o dia em que a Terra parou Então? Raul Seixas chama à atenção para as diversida-
com o dia em que a Terra parou des de funções sociais e atuações no mundo, pois todas
estão interligadas e deveriam ser valorizadas.
Foi assim Você com certeza tem pontos de vistas diferentes dian-
No dia em que todas as pessoas te dos trechos das músicas destacadas, ou até mesmo, ao
Do planeta inteiro ler o comentário acima não concorda com o ponto de vista
Resolveram que ninguém ia sair de casa apresentado. Se isso aconteceu é sinal que você já desen-
Como que se fosse combinado em todo volveu a capacidade pessoal de argumentação crítica.
o planeta E então, que tal você colocar no papel seu ponto de
Naquele dia, ninguém saiu saiu de casa, ninguém vista a respeito dos trechos das músicas destacadas? Será
um ótima oportunidade para você desenvolver a habilida-
O empregado não saiu pro seu trabalho de de escrever um texto argumentativo crítico. Vamos lá?
Pois sabia que o patrão também não tava lá Faça sua parte, exercite-se...
Dona de casa não saiu pra comprar pão Nosso assunto nesse capítulo é sobre o ponto de vista.
Pois sabia que o padeiro também não tava lá Portanto, se todo texto (oral, escrito, gráfico...) tem uma
E o guarda não saiu para prender
intenção, como descobrir o que está por trás das palavras,
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
dos desenhos, das letras das músicas, dos poemas... dos
e o ladrão não saiu para roubar
discursos?
Pois sabia que não ia ter onde gastar
Como reconhecer as estratégias de convencimento uti-
...
lizadas nos diversos meios de comunicação e linguagem?
E nas Igrejas nem um sino a badalar
Um simples outdoors, um folheto, um quadro, uma ca-
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
ricatura... de inúmeras maneiras há sempre alguém tentan-
E os fiéis não saíram pra rezar
do “vender” seu produto, “vender sua ideia”, nos convencer
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar dos seus pontos de vistas...
Pois sabia o professor também não tava lá Tudo isso é natural numa sociedade em que a comu-
E o professor não saiu pra lecionar nicação se renova de forma tão rápida. Tudo isso é natu-
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar ral quando pensamos que através dos variados meios de
... linguagens conseguimos transmitir nossos objetivos a um
O comandante não saiu para o quartel número sempre maior de pessoas.
Pois sabia que o soldado também não tava lá Pretendemos chamar sua atenção para descobrir esses
E o soldado não saiu pra ir pra guerra interesses que estão “por trás” da produção oral (sermão,
Pois sabia que o inimigo também não tava lá discurso...), da produção escrita (folhetos, cartas, história
E o paciente não saiu pra se tratar em quadrinhos...), da produção gráfica (quadros, pintu-
Pois sabia que o doutor também não tava lá ras...). Pois, a todo instante estamos LENDO o MUNDO.
E o doutor não saiu pra medicar O que significa dizer que de diversos modos somos
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar5 convidados a TOMAR PARTIDO, nos POSICIONAR, dizer
COMENTÁRIO: Mais uma vez, respeitando os vários o que pensamos, ARGUMENTAR, ou seja, com palavras e
pontos de vista, destacamos alguns elementos conside- gestos apresentar MEU PONTO DE VISTA.
rados críticos e que estão presentes na letra dessa músi- Assim sendo, no contexto social que vivemos são mui-
ca. Possivelmente os autores desse texto escrito (música) tos os interesses. Então é preciso aprender a identificá-los.
tinham a intenção em demonstrar a importância da di- Convido você a um exercício de interpretação.
versidade na sociedade. Um precisa do outro, ou seja, se A partir das figuras abaixo você tentará identificar o
“em comum acordo” todos decidirem parar, realmente a tema enfatizado, ou seja, você irá observar as figuras e bus-
terra pára. car perceber a intenção da comunicação que está imbutida
na figura. Veja o exemplo da figura 1. Entre as alternativas
5 http://letras.terra.com.br/raul- (a/b/c) qual é aquela que melhor corresponde à situação
seixas/48325/ demonstrada?

56
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

FIGURA 1 FIGURA 3

a) Desfile de carros; a) uma campanha a favor que as crianças tomem al-


b) Enchentes; cool;
c) trânsito congestionado. b) a indicação para ingerir bebidas;
E então, você conseguiu identificar? c) o problema do alcoolismo.
Leia o comentário abaixo: Comentário sobre a figura 3
Comentário sobre a figura 1: Ao escrever um texto argumentativo sobre o tema
O interesse dessa mensagem é dirigida à toda a so- dessa figura, você pode fazer referência do recurso gráfico
ciedade focalizando uma problemática social que são os utilizado. Afirmando, por exemplo, que a temática preci-
alagamentos nos centros urbanos e, consequentemente os sa ser levada à sério, pois está levando à morte jovens
problemas acarretados, entre esses os altos índices de con- e adolescentes privados de se realizar profissionalmente,
gestionamentos. afetivamente... Ou seja, siga suas intuições e... registre seu
Portanto, ao escrever um texto argumentativo-crítico posicionamento crítico. Isso é argumentar.
você poderia destacar que tais problemas são provocados
pela falta de reciclagem dos lixos, pela falta de planejamen- FIGURA 4
to urbano entre outros.
O importante antes de escrever é pensar sobre o tema,
lembra das dicas do capítulo 6?

Observe a figura 2 :

a) um novo estilo de sapatos com saltos altos


b) a denúncia à prostituição de menores
c) uma indicação de saltos para as noites na cidade
COMENTÁRIO: o tema dessa figura deseja trazer para
a discussão a denúncia à prostituição de menores. Nesse
Escolha a alternativa que melhor se adapta à imagem. caso, outra dica é você fazer uso das conquistas e todo
a) Engarrafamento; trabalho realizado em vista de enfrentar esse problema so-
b) Descuido dos motoqueiros. cial. Entre as conquistas está o Estatuto da Criança e do
Então? Adolescente (ECA).
Comentário sobre a figura 2:
A partir desse recorte é possível provocar a sociedade
a refletir sobre as leis de trânsito, a importância do uso do
capacete... entre outros aspectos que você perceber per-
tinentes em seu texto argumentativo. Inclusive pode citar
falas de outros sobre o tema que pretende argumentar.

57
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

FIGURA 5 Comentário sobre a figura 6


Como você pode perceber nessa imagem, a frase
“quem bate na mulher machuca a família toda” não deixa
dúvidas sobre a intenção da mensagem. Em seu texto ar-
gumentativo, mais uma vez, você pode citar os dados es-
tatísticos sobre a violência no lar; as conquistas com a Lei
Maria da Penha e os desafios para denunciar a violência.
Algumas vezes a mulher agredida tem vergonha de denun-
ciar, vergonha de contar para outros que apanha ou é es-
pancada em casa. Você conhece a frase: “... briga de marido
e mulher, ninguém mete a colher?”.
Um tema dessa natureza, embora complexo traz à tona
a necessidade de promover campanhas de coincientiza-
ção para toda a sociedade. Sobretudo, a necessidade de
enfatizar que em situações de violência no lar, todos são
a) a transporte de madeiras; prejudicados, principalmente as crianças e jovens em idade
b) o replantio de árvores derrubadas; escolar, pois, há casos em que o rendimento escolar do
c) denúncia ao desmatamento; estudante sofre alterações.
COMENTÁRIO: o tema da figura cinco, desmatamento, Após os exemplos citados, concluimos que “ todos sa-
você poderia discutir sobre os interesses dos empresários, bemos, à nossa maneira, “argumentar” ou mostrar nosso
“poderosos” em acumular capitais no estrangeiro em troca entendimento sobre um determinado assunto”. Porém,
do trabalho escravo daqueles que executam esses serviços. para apresentar seu ponto de vista é interessante ter um
Ou seja, discutir o tráfico de seres humanos no passado conhecimento prévio (anterior). Nesse sentido, há vários
(escravidão de pessoas) fazendo um paralelo com o tráfico tipos de argumentos.
de madeira (vida do planeta)
Há situações em que “a posição social ocupada” fala
FIGURA 6
mais alto.

Por exemplo, “... aqui eu sou o chefe, portanto, tem que


ser do meu jeito.”

Há casos em que a “força da religião” pode convencer


o público:

“... tá na bíblia, sempre haverá pobres e miséria no


mundo”.

Porém, não deixemos de lado os dados estatísticos.

a) um convite a uma peça infantil;


b) um alerta contra a violência doméstica;

58
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

5.Dispor a fazer, a praticar; decidir, determinar:


A prática religiosa nem sempre persuade o bem.
6.Determinar a vontade de; convencer:
Ninguém conseguiu persuadir o teimoso.
7.Mostrar a conveniência de; aconselhar, indicar;
apontar:
Os conselheiros persuadiram a assinatura da paz.

AGORA É A SUA VEZ!


ATIVIDADE 1

Esses, convencem de acordo com os interesses...


Para nos tornarmos convincentes (persuasivos) é pre-
ciso ter clareza sobre o objetivo da nossa mensagem. Pois,
os modos através do qual iremos transmitir nosso conteú-
do desempenha papel fundamental no processo, pois é
importante conquistar a simpatia de quem vai ser persua-
dido desde o início. Tanto que, através da postura corpo-
ral, dos gestos e do tom de voz, é possível conseguirmos
obter confiança e credibilidade.
A empatia facilita muito o processo persuasivo.
• O conteúdo da persuasão deve ser comunicado
numa linguagem adequada ao tipo de pessoa que esta-
mos tentando persuadir.
• Por exemplo, pessoas simples preferem que fa-
lemos numa linguagem simples, e as pessoas cultas, são
mais sensíveis a uma linguagem intelectual.
• Alem disto, é preciso atingir o lado emocional
destas pessoas, falando de coisas agradáveis, como tam-
bém estimulando suas paixões. A texto acima é uma propaganda de um perfume mas-
Estes são excelentes modos de persuadir. culino. A palavra que indica que o perfume é novo é:
Para persuadir é necessário mostrar-se próximo ao in-
(A) fragance.
terlocutor, desenvolver empatia e simpatizar com as idéias
(B )dunhill.
de quem vai ser persuadido.
(C) men.
Quando um texto busca sensibilizar o lado emocional
(D )new.
de seu público alvo, utilizando uma linguagem adequada
a este público, de forma clara e objetiva, ele pode ser con-
ATIVIDADE 2
siderado persuasivo, pois tem grande chance de alcançar
A mãe diz para a criança:
os objetivos da persuasão, que é fazer as pessoas agirem. 
— Se você tomar seu banho bem direitinho, lavar
Mas o que é persuadir?
os cabelos e as orelhas e depois me deixar cortar suas
De acordo com o dicionário é: unhas, à noite vamos tomar um sorvete de creme com
1.Levar a crer ou a aceitar: calda de chocolate.
“Uma ocasião, ardendo ele em febre, a mulher o per- Essa maneira de se expressar indica que a mãe tenta
suadiu de que estava perfeitamente bom” (José de Alen- convencer a criança,
car, Sonhos d’Ouro, p. 176). (A) fazendo ameaças.
2.Decidir (a fazer algo); convencer; induzir: (B) oferecendo vantagens.
“entre os refugos da filial, havia uma porção de frascos (C) demonstrando tristeza.
de perfumes franceses, já pelo meio, a evaporarem. Não (D) usando autoridade.
consegui persuadir a freguesia a levá-los, nem mesmo por
preço irrisório.” (Ciro dos Anjos, Explorações no Tempo, p. ATIVIDADE 3
212). Leia o seguinte aviso colocado em uma empresa.
3.Mover, induzir, aconselhar: ATENÇÃO
Persuadiu os rebeldes à rendição. Com autorização do diretor da empresa, a partir de ama-
4.Fazer adquirir certeza; obrigar a convencer-se: nhã, o horário de entrada dos funcionários será meia hora
Os últimos acontecimentos persuadiram o governo do mais cedo e o horário de saída será meia hora mais tarde.
estado de calamidade. Arquimedes Silva
Verbo transitivo direto Chefe de Departamento

59
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

O aviso pode ser interpretado pelos funcionários como (...) Esquina da Avenida Desembargador Santos Neves
(A) uma consulta sobre a mudança de horários. com Rua José Teixeira, na Praia do Canto, área nobre de
(B) uma ordem a ser cumprida. Vitória. A.J., 13 anos, morador de Cariacica, tenta ganhar
(C) uma idéia a ser discutida. algum trocado vendendo balas para os motoristas. (...)
(D) um questionamento sobre a disponibilidade dos “Venho para a rua desde os 12 anos. Não gosto de tra-
funcionários. balhar aqui, mas não tem outro jeito. Quero ser mecânico”.
A Gazeta, Vitória (ES), 9 de junho de 2000.
ATIVIDADE 4
As crianças do interior do Brasil se vestem de anjos Entender a infância marginal significa entender porque
para comparecer às procissões e festas da Igreja Católica. um menino vai para a rua e não à escola. Essa é, em es-
A pintora Tarsila do Amaral reproduz no quadro Anjos, sência, a diferença entre o garoto que está dentro do carro,
de 1924, uma dessas cenas onde se vêem rostos amorena- de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para
dos, representando, com isso, a vender chiclete ou pedir esmola. E essa é a diferença entre
(A) pobreza do mundo religioso. um país desenvolvido e um país de Terceiro Mundo.
(B) tristeza do povo religioso. Gilberto Dimenstein. O cidadão de papel. São Paulo,
(C) mistura de povos no Brasil. Ática, 2000. 19a. edição.
(D) variedade de crenças no Brasil.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas
ATIVIDADE 5
Com base na leitura da charge, do artigo da Constitui- ATIVIDADE 1
ção, do depoimento de A.J. e do trecho do livro O cidadão Alternativa correta é a letra: D
de papel, redija um texto em prosa, do tipo dissertati-
vo-argumentativo, sobre o tema: Direitos da criança e do ATIVIDADE 2
adolescente: como enfrentar esse desafio nacional? Alternativa correta é a letra: B
Ao desenvolver o tema proposto, procure:
*utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões ATIVIDADE 3
feitas ao longo de sua formação. Alternativa correta é a letra: B
*selecione, organize e relacione argumentos, fatos e
opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando ATIVIDADE 4
propostas para a solução do problema discutido em seu Alternativa correta é a letra: C
texto.
* lembre-se de que a situação de produção de seu tex- ATIVIDADE 5 (ENEM- 2000)
to requer o uso da modalidade escrita culta da língua. redação

PRA FIM DE PAPO


C
aro Aluno

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:

• Reconhecer, em textos de diferentes gêneros, recur-


sos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de
criar e mudar comportamentos e hábitos.
• Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, as-
suntos, recursos lingüísticos etc, identificando o diálogo
entre as idéias e o embate dos interesses existentes na so-
ciedade.
• Inferir em um texto quais são os objetivos de seu pro-
dutor e quem é seu público-alvo, pela identificação e análi-
se dos procedimentos argumentativos utilizados.
• Reconhecer no texto estratégias argumentativas em-
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegu- pregadas para o convencimento do público, tais como a inti-
rar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o midação, sedução, comoção, chantagem, entre outras.
direito à saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao • Reconhecer que uma intervenção social consistente exi-
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, ge uma análise crítica das diferentes posições expressas pelos
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, diversos agentes sociais sobre um mesmo fato.
discriminação,exploração, crueldade e opressão”.
Artigo 227, Constituição da República Federativa do Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
Brasil. um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
(Angeli, Folha de S. Paulo , 14.05.2000) dizagem e ele exige persistência...vamos

60
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 8 formal. Logo não há regras gramaticais. Mas, para atingir


seu objetivo o falante utiliza-se da entonação de voz, ges-
FALANTES DA MESMA LÍNGUA tos comunicativos, como também do volume de voz.
Quando comunicamos uma notícia triste todo nosso
COMPREENDER E USAR A LÍNGUA PORTUGUESA corpo se envolve, até os traços em nosso rosto se altera.
COMO LÍNGUA MATERNA, GERADORA DE SIGNIFICA- O timbre de voz é diferente, tudo muda, inclusive, usamos
ÇÃO E INTEGRADORA DA ORGANIZAÇÃO DO MUNDO frases na tentativa de amenizar a dor. Por exemplo: “ ele
E DA PRÓPRIA IDENTIDADE. passou dessa pra melhor, fazer o quê?”
Por meio da linguagem escrita podemos transmitir,
Sônia Querino Santos e Santos sentimentos e emoções. Faremos isso, substituindo os sus-
piros apaixonados por palavras certeiras que transmitam o
Caro aluno qual a sua opinião a respeito dessa frase? que sentimos.
Então na linguagem escrita devemos organizar as pa-
lavras de maneira que tenham sentido e coerência. As pa-
lavras estarão, portanto, organizadas em frases, parágrafos
e separadas por sinais de pontuação corretos.

Então, falamos de uma maneira e escrevemos de


outra?

Sim. A linguagem falada ou coloquial não obedece aos


padrões gramaticais exigidos para a linguagem escrita. Po-
rém, é preciso deixar bem claro que cada uma (linguagem
falada ou linguagem escrita) não é melhor ou pior que a
outra. Cada uma tem sua aplicação.

Para escrever bem precisaremos:


1) Conhecer o assunto. Tenha sempre em mente “é
melhor escrever bem sobre algo simples, do que besteiras
sobre algo que não conhecemos”
2) Vocabulário. Lembre-se a importância da leitura,
como critério para a escrita. Leia jornais, revistas, livros, em-
balagens, bulas, manuais de celulares... Tudo o que quiser,
pois não há leitura inútil.
3) Conhecimento das regras gramaticais. Não desa-
nime, pois as leituras realizadas te ajudarão no conheci-
mento das normas gramaticais.
Será mesmo que o povo brasileiro fala a mesma lín- Registre essa informação:
gua?
Convido você a ler as linhas que se seguem e depois, Escrever é antes de tudo pensar sobre.
tirar suas próprias conclusões. Vamos lá? Assim, voltamos ao primeiro ponto, conhecer o assun-
A linguagem falada também conhecida como colo- to, ou seja, conhecer o tema, pois uma vez definido o tema
quial, é a maneira mais comum, de nos expressar em nosso sobre o qual teremos que escrever, começamos a pensar
dia-a-dia, por isso, é também chamada de linguagem in- sobre o tema, a arrumar em nossas mentes os argumentos

61
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

e... o passo seguinte será colocar a caneta pra trabalhar, ou O período que traz a idéia principal sobre o tema é
iremos direto ao computador e fazemos uso de uma fer- chamado de tópico frasal, os demais são chamados de pe-
ramenta do sistema de informática chamada WORD (que ríodos secundários (esses apresentam os argumentos, posi-
significa “palavra” em inglês). Boa sorte! cionamentos sobre o tema)
É preciso começar hoje e amanhã teremos menos difi- Portanto, o parágrafo é composto por vários períodos.
culdade. Acredite! E, o texto composto por vários parágrafos, todos eles reuni-
dos ao redor do tema, ou assunto que se pretende escrever.
Um exemplo de tema: A violência Mas... atenção! Os períodos secundários do parágrafo
Então procure elaborar na sua mente o que pensa so- não deverão referir-se a outros assuntos, para não correr o
bre a violência. Fique bem atento aos caminhos do seu risco de se perder ou naufragar no caminho, deixando de
pensamento sobre esse assunto. Mas... tome cuidado, às lado a idéia principal do tema discutido.
vezes são tantos os pensamentos que não conseguimos
arrumá-lo. Conhece a famosa frase: “Não sei por onde co- Recapitulando:
meçar”? 1)FRASES OU ORAÇÕES
Uma dica para não se perder nos pensamentos é anotar. 2) ORAÇÕES AGRUPAGAS = PERÍODOS
Comece então a escrever ao lado do tema - nesse caso, 3) PERÍODO com IDÉIA PRINCIPAL = TÓPICO FRASAL
violência - os termos mais fortes que resumem seus pen- 4) PERÍODOS SECUNDÁRIOS
samentos. Veja que alguns voltam com mais força, então... 5) PARÁGRAFOS (VÁRIOS PERÍODOS) que compõem o
pode ser seu ponto de apoio, ou melhor, pode ser o sinal TEXTO.
por onde começar, pois assim você terá mais argumentos Na linguagem escrita geralmente fazemos uso do dis-
na escrita sobre o tema. Então com certeza seu texto vai curso direto ou indireto. No discurso direto apresenta-se a
se desenvolver (desenrolar) com facilidade. Porém, chegará fala das personagens, respeitando as variedades regionais,
a hora de finalizar sua escrita, então, lá vai outra dica: ne- cultura e classe social, ou seja, quem fala é ela e não o autor.
nhum tema pode ser totalmente esgotado. Então, pense Havia dois policiais na viatura. Deram sinal para parar
sempre no que você quer transmitir. Pense sobre isso e... o carro. Um eles gritou: “esvaziem o carro com as mãos no
ESCREVA. Com certeza você terá contribuído para que ou- cucurucu
tros possam avançar na arte da escrita. Nos olhamos, sem saber o que fazer.
Caro aluno, não existe um método a ser indicado para O outro policial repetiu: Isso mesmo, mãos sob a ca-
você que quer começar a escrever. O que há são dicas e, beça!
talvez a mais importante seja a simplicidade da escrita. Já no discurso indireto, o autor reproduz o que foi fala-
Uma vez que você sabe qual o tema deverá escrever e, do com suas próprias palavras. Acompanhe: ...os bombeiros
após ter organizado seus pensamentos, inicie sua constru- pediram que todos saíssem do parque, pois havia ameaça
ção fazendo uso dos tijolos (palavras), levante as paredes de incêndio.
(parágrafos) e logo o edifício (texto) estará de pé, com fra- Como ficaria no discurso direto?
ses curtas e bem sinalizadas. O policial pediu: “saíam todos do parque, há ameaça
Na elaboração dos parágrafos as orações/frases cum- de incêndio.”
prem um papel fundamental, elas são constituídas a partir Note que na passagem da frase do discurso indireto
do agrupamento de palavras com sentido completo, por para o discurso direto houve uma mudança no verbo pedir.
isso, deve ser sinalizada, ou seja, deve terminar com uma Geralmente, no discurso indireto o verbo está na 3ª pessoa.
pausa bem definida, um ponto, ou acompanhadas pelos Vamos recordar?
sinais de exclamação, reticências ou ponto de interrogação. 1ª pessoa- quem fala – eu
Que tal uma distinção entre frases e oração? 2ª pessoa- com quem fala- tu
Um exemplo de frase:Socorro!; Devagar!; Bom dia!; Boa 3ª pessoa- de quem se fala- (ele ou ela)
tarde! Observe que a frase é a unidade da linguagem falada E, como estamos numa sociedade em que “cada um
ou escrita suficiente por si mesma para estabelecer comu- tem seu estilo”, que tal falarmos das figuras de estilos utili-
nicação. A frase, portanto, pode ser formada por uma sim- zadas na escrita?
ples palavra, uma expressão, uma oração ou um período. Elas atribuem “beleza” ao texto escrito. São elas:
Pode a frase ter, ou não, verbo. •ALUSÃO: utilizamos essa figura de estilo de linguagem
Já a oração é a frase formada em torno de um verbo. quando pretendemos fazer uma rápida referência. Ex: Ela é
Exemplo: Andréia estuda informática na Microlins. Quan- uma moça fina, sua educação vem de berço. (o vocábulo
to ao período, esse se constitui de duas ou mais orações. berço quer significar família)
Exemplo: “Rubião fitou um pé que se mexia disfarçadamen- •COMPARAÇÃO: utilizada na ênfase de uma caracterís-
te” (Machado de Assis). Aqui encontramos duas orações: 1) tica ou aspecto destacado. Ex: Seus olhos estavam verme-
“Rubião fitou um pé”; 2) “que se mexia disfarçadamente”. lhos, vermelhos como uma bola de fogo.
Recapitulando: As frases também podem ser chamadas •METÁFORA: destaca a comparação, porém em senti-
de orações, que agrupadas formam o período. O período do figurado, ou seja, fazemos uso de termos ou expressões
poderá ser simples (quando formado por uma oração) ou e atribuímos outro significado. Nesse Caso, é importante
período composto (formado por mais que uma oração). sempre observar o contexto. Ex: As folhas estavam tão vi-
Tudo bem? çosas que pareciam sorrir.

62
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

•ANTÍTESE: quando usamos expressões opostas. Ex: eu prefiro o sol da manhã, já meu amado adora o frio da noite.
•GRADAÇÃO: utilizado para dar sensação de intensidade crescente. Ex: Após ter sido abandonada no altar, ela emagre-
ceu e adoeceu. Tamanha a sua tristeza que veio a morrer.
•HIPÉRBOLE: como figura de estilo na linguagem escrita pretende exagerar nas características ou aspecto de algo. Ex:
Estou devendo milhões de dinheiro na padaria.
•PERÍFRASE: consiste no emprego de uma palavra ou grupo de palavras para substituir um nome (seja de pessoa ou de
objeto). Ex: O “cabeça branca” da Bahia substituiu o nome do aeroporto 02 de julho. Ex: cabeça-branca substitui o nome do
então governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, ou simplesmente ACM.
•EUFEMISMO: são expressões ou palavras que suavizam uma notícia desagradável ou triste. Ex: Meu padrinho descan-
sou. (quer significar: morreu)
•PROSOPOPÉIA: atribuímos características humanas a objetos, fatos ou coisas Ex: o mercado de bolsa de valores estava
nervoso.
•SINONÍMIA: consiste em repetir uma frase utilizando palavras diferentes, porém com o mesmo sentido. Ex: Que que-
res? Que desejas? Que anseias?
•RETICÊNCIA: enquanto figura de linguagem, consiste na ausência de uma ou mais palavras na frase com a intenção
de deixar provocar um suspense. Ex: Então... não precisa decorar os estilos de linguagem, pois eles são recursos utilizados
para o enriquecimento do texto.
Portanto, convidamos você a utilizar os estilos de linguagem na produção de seus textos (seja ele narrativo descritivo
ou dissertativo).
E, por falar em enriquecimento, sabe que outro aspecto que torna a língua portuguesa muito bonita e rica são as varia-
ções regionais. Imagine que o saboroso pão francês, lá em Salvador-Bahia é chamado de pão cacetinho.
Visualize a cena:
“...o Sr. José Carlos chega na padaria sábado pela manhã meio sonolento e pede: por favor eu quero duas varas bem
torradinhas.”
O quê? Isso mesmo, lá em Salvador-Bahia, “vara”, no contexto descrito acima, se refere ao pão baguete de São Paulo.
Leia a seguir o diálogo de Ana e Adriana
- Bah! Esse pinhão tá dos deuses!
- Ixi! Eu não gosto disso não, prefiro amendoim cozido!
- Credo! Amendoim cozido, que louco!
- Festa junina sem amendoim cozido, não é festa junina!
- Tchê. Festa junina tem que ter pinhão!
No diálogo entre Ana, nascida em Salvador e Adriana natural de Rio Grande do Sul percebemos as diferenças no modo
de se expressar de uma e de outra. Inclusive, há palavras bem características que uma explica para a outra seu significado.
Por que será que isso acontece?
Então caro aluno, vale a pena fazer um “tour” pelo Brasil afora e iremos descobrir nossa língua materna e suas características.
Você sabe como surgiram as diferenças (ou variações de linguagem) do português brasileiro? Acompanhe a matéria
publicada na Revista Super Interessante de abril do ano 2000.

Saiba como surgiram as diferenças regionais do português brasileiro


1) Tupi importado: A Amazônia fala de um modo bem diferente do vizinho Nordeste. A razão para isso é que lá quase
não houve escravidão de africanos. Predominou a influência do tupi, língua que não era falada pelos índios da região,
mas foi importada por jesuítas no processo de evangelização.
2) Minha tchia: O litoral nordestino recebeu muitos escravos negros, enquanto o interior encheu-se de índios
expulsos da costa pelos portugueses. Isso explica algumas diferenças dialetais. No Recôncavo Baiano, o “t” às vezes é
pronunciado como se fosse “tch”. É o caso de “tia”, que soa como “tchia”. Ou de “muito”, freqüentemente pronunciado
“mutcho’”. No interior, predomina o “t” seco, dito com a língua atrás dos dentes.
3) Chiado europeu: Quando a família real portuguesa mudou-se para o Rio, em 1808, fugindo de Napoleão, trouxe
16.000 lusitanos. A cidade tinha 50 mil habitantes. Essa gente toda mudou o jeito de falar carioca. Data daí o chiado no
“s”, como em “festa”, que fica parecendo “feishta”. Os portugueses também chiam no “s”.
4) Tu e você: Os tropeiros paulistas entraram no Sul no século XVIII pelo interior, passando por Curitiba. O litoral sulista
foi ocupado pelo governo português na mesma época com a transferência de imigrantes das Ilhas Açores. A isso se
deve a formação de dois dialetos. Na costa, fala-se “tu”, como é comum até hoje em Portugal. No interior de Santa
Catarina, adota-se o “você”, provavelmente espalhado pelos paulistas.
5) Porrrrta: Até o século passado, a cidade de São Paulo falava o dialeto caipira, característico da região de Piracicaba.
A principal marca desse sotaque é o “r” muito puxado. A chegada dos migrantes, que vieram com a industrialização,
diluiu esse dialeto e criou um novo sotaque paulistano, fruto da combinação de influências estrangeiras e de outras
regiões brasileiras.
(Fonte: Super Interessante, abril 2000, p.49)

63
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Considerar as variações na linguagem sejam elas regio- Vamos recapitular?


nais (região norte, sul...) ou grupais (movimentos populares Sugiro que você retome pausadamente a leitura e
juvenis) deve favorecer ao reconhecimento dessas diferen- perceba que todo texto carrega uma intenção (um motivo
ças como fator de riqueza no nosso idioma. Então, nada pelo qual foi escrito), um contexto (onde se desenrola a
justifica classificar de forma diminutiva o modo de falar de história) e os argumentos ou a visão de mundo (a maneira
uma região ou de outra, não há espaço para preconceitos e de ver o mundo) de quem escreveu.
estereótipos. Pois, as variações de linguagem ocorrem por Será possível, também, perceber o tipo de discurso
várias circunstâncias (históricas, geográficas e sociais). utilizado (direto, indireto, ou direto e indireto ao mesmo
No aspecto histórico destacamos que os tempos mudam e tempo); bem como, na construção dos parágrafos, o estilo
a língua, por ser dinâmica, também sofre alterações e algumas da escrita (narrativa, descritiva, dissertativa) e, as figuras
palavras desaparecem de uso ou são substituídas por outras. de linguagens utilizadas (metáforas, antíteses, perífrase...).
Nesse sentido, algumas expressões usadas por nossos Atenção!
pais durante sua infância e adolescência foram substituídas Aprendemos a ESCREVER... lendo
por outras. E a INTERPRETAR... interpretando.
Quanto ao aspecto geográfico: nas várias regiões do Num texto narrativo, por exemplo, você identificará
Brasil, por exemplo, notamos uma variedade na linguagem se o narrador (aquele que narra a história) participa como
falada, característica do lugar, como também, há uma di- personagem. Nesses textos o enredo da história, ou me-
ferença na pronúncia das vogais (algumas pronunciadas lhor, a sequência dos fatos se dá de maneira crescente.
de forma mais aberta) e no uso dos pronomes (eu, tu ele, Sabe aquele momento que o “clima esquenta”? Pois é.
nós, vós,eles). No Norte e Nordeste, por exemplo, é muito Esse é o clímax da narrativa e..., com um pouco mais de
comum o uso do pronome tu e o verbo conjugado na 2ª calma chegaremos ao desfecho.
pessoa do singular. Tu fostes; Tu falastes. Quando tu irás Diante de uma narrativa, observe como o narrador si-
a São Paulo? tua a história (o ambiente, a época). Há algum conflito en-
As circunstâncias sociais estão diretamente associadas tre as personagens? Alguns personagens são classificados
à classe social, como também à faixa etária. Pois, a lingua-
de protagonistas, outros de vilão. No decorrer na leitura
gem de um adolescente, independente de morar no centro
tente identificar um e outro.
ou na periferia da cidade, é bem diferente dos idosos, se-
Com relação aos fatos, é possível identificar a exis-
jam esses da cidade ou do campo.
tência de fatos menores no desenrolar da história? E o
“... perguntei pra minha filha se Henrique era seu na-
ambiente (rural, urbano) está descrito com “riquezas” de
moradinho. Ela me respondeu: Não mãe, nós estamos fi-
detalhes ou apenas citado?
cando, é só isso.”
A narrativa sinaliza para o tempo no qual se passa o fato?
Portanto, não há uma maneira de se expressar, em uma
determinada região do país, melhor ou pior que em outra. Há uma descrição cronológica, ou seja, o narrador situa um
As diferenças regionais estão diretamente ligadas com fato de cada vez, ou seja, primeiro um, depois o outro e assim
os aspectos históricos, por exemplo, a proximidade da por diante?
região sul com os países de língua espanhola favoreceu Na fala das personagens, há predominância de qual
ao uso da linguagem cotidiana que embora o sujeito se discurso?
apresente na 2ª pessoa do singular (pronome pessoal tu) o E para terminar, você descobriu o foco narrativo?
verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular. Exemplo: “Tu Sim. Estou me referindo ao motivo pelo qual o texto foi
faz pra mim umas broas de milho que depois nós acerta o escrito. Esses são alguns passos importantes quando você
pagamento”. estiver diante de qualquer texto.
O exemplo acima demonstra um linguajar do cotidia- E, para terminar quero chamar sua atenção, mais uma
no, no qual as pessoas não estão preocupadas com as re- vez, para a variedade de produção escrita que está ao nos-
gras gramaticais. Pois, gramaticalmente a frase seria escrita so redor: repare nas paredes e muros onde você mora, nos
da seguinte maneira: “Tu fazes para mim uma broas de mi- transportes (ônibus, lotação, trem, metrô), nos outdoors...
lho que depois nós acertaremos o pagamento.” Ela está em toda parte, cheias de significados, dando seu
Igualmente, nos bairros periféricos nas nossas cidades recado, apresentando sua crítica, denunciando as injusti-
há um uso mais frequente de gírias ou expressões que ser- ças e... apontando para novos horizontes. Então? Você ler
vem como apoio de linguagem. Um exemplo: Você “tá ti- e apenas ler? OU Ler e entende? Ou Ler e se questiona?
rando uma” com minha cara? Ou ler e se pergunta, por quê?
A expressão “tá tirando uma” quer significar “gozação”. Seja qual for seu estágio, não desanime a “vida é a arte
Atenção: Evite utilizar essas expressões características do encontro, embora haja, tantos desencontros pela vida”
da linguagem falada, também chamada de linguagem co- Vinicius de Moraes. As palavras escritas, faladas e desenha-
loquial, num texto escrito, que por sua vez deverá seguir às das estão aí. Escute-as e dialogue com elas.
regras gramaticais da Língua Portuguesa, ou seja, ao redi-
gir um texto deveremos seguir aos padrões da linguagem
“formal” e não da linguagem “coloquial”.
Ao considerar os aspectos destacados sobre lingua-
gem escrita, convidamos você para se exercitar na inter-
pretação de alguns textos.

64
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ! O homem acabou confessando que tinha aparecido um


Vamos aos textos? periquitinho verde sim, de rabo curto, não sabia que chama-
va tuim. Ofereceu comprar, o filho dele gostara tanto, ia ficar
ATIVIDADE 1 desapontado quando voltasse da escola e não achasse mais
Texto 1 o bichinho. “Não senhor, o tuim é meu, foi criado por mim”.
TUIM  CRIADO NO DEDO Voltou para casa com o tuim no dedo.
Ruben Braga Pegou uma tesoura: era triste, uma judiação, mas era
João-de-barro é um bicho bobo que ninguém pega, preciso: cortou as asinhas. Assim ele poderia andar solto no
embora goste de ficar perto da gente; mas de dentro da- quintal, e nunca mais fugiria.
quela casa de joão-de-barro vinha uma espécie de choro, Depois foi lá dentro fazer uma coisa que estava pre-
um chorinho fazendo tuim, tuim, tuim... cisando fazer, e, quando voltou para dar comida ao tuim,
A casa estava num galho alto. Um menino subiu até perto. viu só algumas penas verdes e as manchas de sangue no
Depois, com uma vara de bambu, conseguiu tirar a casa sem
cimento.
quebrar e veio baixando até o outro menino apanhar. Dentro,
Subiu num caixote para olhar por cima do muro e ain-
naquele quartinho que fica bem escondido depois do corredor
da viu o vulto do gato ruivo que sumia.
de entrada para o vento não incomodar, havia três filhotes, não
Interpretando...
de joão-de-barro, mas de tuim.
De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim 1. Podemos dizer que o narrador da crônica acima:
é capaz de ser o menor. Tem bico redondo e rabo curto a) É o menino, já adulto, rememorando um episódio
e é todo verde, mas o macho tem umas penas azuis para triste de sua infância.
enfeitar. Três filhotes, cada um mais feio que o outro ainda b) É observador, sempre neutro e afastado.
sem penas, os três chorando. O menino levou-os para casa, c) É pai do menino, personagem secundária, que dá
inventou comidinhas para eles; um morreu, outro morreu, conselhos sábios.
ficou um. d) Manifesta-se explicitamente apenas no início da crô-
Em geral a gente cria em casa é casal de tuim, espe- nica, ao nos passar seus conhecimentos sobre pássaros.
cialmente para se apreciar o namorinho deles. Mas aque- e) É o próprio Rubem Braga quando criança.
le tuim macho foi criado sozinho e, como se diz na roça, 2. Aponte o fragmento do texto em não ocorre um lin-
criado no dedo. Passava o dia solto, esvoaçando em volta guajar popular ou infantil:
da casa da fazenda, comendo sementinhas de imbaúba. Se a) De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim
aparecia uma visita, fazia-se aquela demonstração; era o é capaz de ser o menor.
menino chegar na varanda e gritar para o arvoredo: tuim, b) Em geral a gente cria em casa é casal de tuim...
tuim, tuim! Às vezes demorava, a visita achava que aquilo c)  ...não sabia que chamava tuim...
era brincadeira do menino, de repente surgia a ave, vinha d) Aquilo encheu de medo o coração do menino.
certinho pousar no dedo do garoto. e) “Tem gaiola para vender?”
Houve um conselho de família, quando acabaram as
férias: deixar o tuim, levar o tuim para São Paulo? Volta- ATIVIDADE 2
ram para a cidade com o tuim, o menino toda hora dando Texto 2
comidinha a ele na viagem. O pai avisou: “Aqui na cidade FORÇA DE VONTADE
ele não pode andar solto; é um bicho da roça e se perde, o Ruben Braga
senhor está avisado”. Refugou o copo de vinho que eu lhe oferecia; depois
Aquilo encheu de medo o coração do menino. Fechava também não quis aceitar um cigarro. Não bebia, não fuma-
as janelas para soltar o tuim dentro de casa, andava com
va, não tinha nenhum vício. Tinha uma cara gorda e mole
ele no dedo, ele voava pela sala; a mãe e a irmã não apro-
de padre, e falava com precisão sobre o custo da vida em
vavam, o tuim sujava dentro de casa.
São Paulo.
Soltar um pouquinho no quintal não devia ser perigo-
Contou-me, por exemplo, que seu pai, homem de 80
so, desde que ficasse perto; se ele quisesse voar para longe,
era só chamar, que voltava. Mas uma vez não voltou. De anos, que mora na Quarta Parada, vai toda semana com-
casa em casa, o menino foi indagando pelo tuim: “Que é prar carne em Mogi das Cruzes, onde é mais barata e mais
tuim?” - perguntavam pessoas ignorantes. “Tuim?” bem servida.
Que raiva! Pedia licença para olhar no quintal de cada -- Lá em casa comemos boa carne todo dia -- disse ele
casa, perdeu a hora de almoçar e ir para a escola, foi para com ênfase.
outra rua, para outra. Não, não era casado -- morava com os pais, que sus-
Teve uma idéia, foi ao armazém de “seu” Perrota: “Tem tentava com seu trabalho. “Aliás -- me disse subitamente,
gaiola para vender?” Disseram que tinha. “Venderam algu- com um brilho nos olhos e as mãos trêmulas como quem
ma gaiola hoje?” Tinham vendido uma para uma casa ali toma coragem para fazer uma confissão sensacional --
perto. aliás este foi o primeiro ideal que me propus a realizar na
Foi lá, chorando, disse ao dono da casa: “Se não pren- vida. E realizei. Agora estou realizando o último dos meus
deram o meu tuim, então por que o senhor comprou gaiola três ideais.”
hoje?”  (...)

65
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

E então me explicou que seu sistema era este: para ATIVIDADE 3


cumprir cada um de seus três ideais, pusera ele mesmo um Texto 3
obstáculo diante de cada um. Como tinha desde criança O operário em construção
muita vontade de ir ao Rio, resolvera não o fazer enquanto Vinicius de Moraes
não cumprisse seu ideal número 3 - isto é, enquanto não ...Mas ele desconhecia
visitasse pelo menos um país estrangeiro. O mesmo fizera Esse fato extraordinário:
em relação aos outros dois ideais. Por um momento tive a Que o operário faz a coisa
impressão de que ia me contar qual tinha sido a promessa E a coisa faz o operário.
que fizera em relação aos outros dois ideais -- mas creio De forma que, certo dia
que achou que já se abrira demasiado comigo. Talvez o À mesa, ao cortar o pão
desanimasse minha cara meio sonolenta depois do vinho O operário foi tomado
tinto do almoço, naquele dia quente. De uma súbita emoção
Pouco depois ele seguiu, com o grupo de turistas, para vi- Ao constatar assombrado
sitar as quedas e ir ao lado argentino. Só o vi depois do jan- Que tudo naquela mesa
tar e, como eu estava muito bem disposto, me aproximei dele. – Garrafa, prato, facão –
Eu estava numa roda em que se bebia alegremente uma boa Era ele quem os fazia
“caña” paraguaia e insisti para que viesse tomar um cálice: -- Ele, um humilde operário,
“Afinal você deve estar contente hoje, precisa comemorar. Você Um operário em construção.
realizou o terceiro e último ideal de sua vida -- e em duplicata: Olhou em torno: gamela
visitou dois países estrangeiros!” Banco, enxerga, caldeirão
Embora ele recusasse o convite, sentei-me um mo- Vidro, parede, janela
mento a seu lado. Casa, cidade, nação!
-- Sim -- disse ele. -- Eu provei minha força de vontade: Tudo, tudo o que existia
realizei tudo o que prometera a mim mesmo um dia. E foi duro: Era ele quem o fazia
tive de passar muitas necessidades e me esforçar muito. Quando Ele, um humilde operário
eu era rapazinho, não tinha força de vontade. Mas hoje tenho a Um operário que sabia
prova de que qualquer homem pode ter muita força de vontade.
Exercer a profissão.
É uma coisa formidável.
Voltei para a roda, onde se bebia e se contavam anedo-
INTERPRETANDO...
tas. Logo depois resolvemos todos sair para dar uma volta
1) Lendo do poema, percebe-se que o operário
de carro. Convidei o homem da força de vontade -- ha-
a) achava-se injustiçado
via um lugar no carro. Ele não aceitou. Ficou ali no saguão
b) não tinha idéia do alcance do seu trabalho
do hotel -- e quando voltei para apanhar minha lanterna,
c) procurava dar o melhor de si
surpreendi a expressão de seu rosto: estava sério, triste e
ao mesmo tempo com um ar tão aparvalhado e tão vazio d) trabalhava em condições adversas
como quem não tivesse coisa alguma a fazer na vida e aca-
basse de descobrir isto. 2) O assombro do operário decorre do fato de este
a) não ter valorizado devidamente seu trabalho
INTERPRETANDO... b) ter ficado surpreso com a própria emoção
1). “Tinha uma cara gorda e mole de padre...” c) não reconhecer sua humildade
Aponte, entre as características da personagem, aquela d) não se achar capaz de ter emoções
que não condiz diretamente com a descrição acima:
a) Não bebia. 3) A oração “ao cortar o pão” pode ser substituída, sem
b) Não fumava. alteração de sentido, por:
c) Não tinha nenhum vício. a) a fim de cortar o pão
d) Não era casado. b) para cortar o pão
e) Não tinha força de vontade quando rapazinho. c) visto que cortou o pão
2) Podemos dizer, quanto ao narrador da crônica aci- d) assim que cortou o pão
ma, que:
a) Trata-se de um narrador observador, que não parti- (as questões foram selecionadas do material de Lín-
cipa da história. gua Portuguesa e Literatura, Ensino Médio- Instituto de
b) Trata-se do personagem protagonista do texto. Educação ANNA VASQUEZ., p.9-10
c) Trata-se um narrador personagem, mas cuja função
primordial é observar e ouvir a personagem principal. ATIVIDADE 4
d) Trata-se de um narrador onisciente, pois sabe tudo o Identifique o tema do fragmento extraídos dos poe-
que se passa na mente das personagens. mas barrocos:
e) Trata-se de um narrador implícito, pois apenas apa- Esta razão me obriga a confiar
rece para comentar as ações da personagem principal. Que, por mais que pequei neste conflito,
Conferir: Os melhores contos de Ruben Braga http:// espero em vosso amor de me salvar. (Gregório de Ma-
fredb.sites.uol.com.br/braga.html tos)

66
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADE 5 Capítulo 9
Identifique o tema do fragmento abaixo:
Arrependido estou decoração
Decoração vos busco, daí-me abraços FACILIDADES E DESAFIOS NA ERA DAS
Abraços, que me rendam vossa luz. (Gregório de Matos)
TECNOLOGIAS
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas ENTENDER OS PRINCÍPIOS / A NATUREZA/ A FUN-
ÇÃO/ E O IMPACTO DAS TECNOLOGIAS DA COMUNI-
ATIVIDADE 1 CAÇÃO E DA INFORMAÇÃO, NA SUA VIDA PESSOAL E
Texto 1 - 1) d 2) d SOCIAL, NO DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO,
ASSOCIANDO-OS AOS CONHECIMENTOS, CIENTÍFICOS,
ATIVIDADE 2 ÀS LINGUAGENS QUE LHES DÃO SUPORTE, ÀS DEMAIS
Texto 2 - 1) e 2) c TECNOLOGIAS, AOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E AOS
PROBLEMAS QUE SE PROPÕEM SOLUCIONAR.
ATIVIDADE 3
Texto 3 - 1) b 2) a 3) d Sônia Querino S. Santos

ATIVIDADE 4 Caro aluno, nesse capítulo falaremos sobre as novas


Tema: apelo à religião tecnologias de informação e comunicação sem as quais se-
ria “impossível”, de maneira tão rápida, “fazer amigos” ou
ATIVIDADE 5 encurtar as distâncias com tamanha rapidez.
Tema: Arrependimento

PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:

- Identificar, em textos de diferentes gêneros, as varie-


dades lingüísticas sociais, regionais e de registro, e reco-
nhecer as categorias explicativas básicas da área, demons-
trando domínio do léxico da língua.
- Reconhecer, em textos de diferentes gêneros, as mar-
cas lingüísticas que singularizam as diferentes variedades
e identificar os efeitos de sentido resultantes do uso de Com as Novas Tecnologias da Informação e Comuni-
determinados recursos expressivos. cação (NTICs) a espera por determinados serviços foi redu-
- Identificar pressupostos, subentendidos e implícitos zida a quase zero. O que significa dizer, que a expectativa
presentes em um texto ou associados ao uso de uma varie- pelo carteiro ou até mesmo a espera por chegar em casa
dade lingüística em um contexto específico. para “saber” o que está acontecendo... “quase” não existe
- Analisar, em um texto, os mecanismos lingüísticos mais. Principalmente, se vivemos em São Paulo. O que tam-
utilizados na construção da argumentação. bém não significa afirmar que nas periferias dessa cidade o
- Identificar a relação entre preconceitos sociais e usos acesso às NTICs aconteça de maneira tão facilitada.
da língua, construindo, a partir da análise lingüística, uma
visão crítica sobre a variação social e regional.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude


um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos

Contudo, temos que reconhecer que são inúmeras as


políticas do Estado em vista de favorecer à população o
acesso aos modernos meios de comunicação e informa-
ção. Por exemplo: os serviços de acesso à internet gratuito
disponibilizados nas agências de correios, nas estações de
metrô, nos serviços de atendimento ao trabalhador (pou-
pa-tempo...) entre outros.

67
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Todavia, ao elencar essas “facilidades” igualmente não usamos destes recursos tecnológicos para agilizar a comu-
podemos deixar de avaliar também os desafios, pois as tec- nicação, e assim recorremos a signos linguísticos para tro-
nologias estão cada vez mais rápidas e complexas. car informações, como por exemplo ao invés de escrever a
Os meios de comunicação tradicionais como rádio e palavra “você” escreve-se apenas “vc”.
TV, se multiplicaram, os celulares se popularizaram e os Diferentemente, num exame escolar ou processo sele-
novos modelos oferecem cada vez mais opções de “con- tivo para uma vaga de emprego ou outra finalidade utili-
vergência de serviços”. zar-se, no texto escrito, as modalidades de escritas permi-
tidas em ambientes virtuais como o msn, provavelmente
não iremos conseguir o sucesso esperado. Pois, nos textos
escritos precisamos seguir aos critérios das regras grama-
ticais e ortográficas convencionais da língua materna (em
nosso caso, a língua portuguesa).

Eras revolucionárias para a divulgação da língua

• A escrita:

Geralmente, classificamos por “convergência de servi-


ços” as várias opções de serviços tecnológicos agrupadas
num mesmo aparelho, por exemplo, nos atuais aparelho
de telefonia celular, além de atender e realizar chamadas é
possível enviar mensagens escritas (torpedos); ouvir músi-
cas; registrar e capturar imagens (fotografar e filmar); gra-
var dados (gravador); acessar às programações da TV; ter
acesso aos dados bancários...
Portanto, as NTICs dinamizam o lucro no comércio,
A história nos informa que o mais antigo sistema de
pois a cada dia são novos modelos e novas opções para
escrita terá nascido por volta do ano de 3100 a. C. no Sul da
nos manter conectados e “atualizados”.
Mesopotâmia, como resultado do processo de assimilação
A internet, nesse sentido, se tornou a maior base de
entre os povos sumérios e os povos semitas da Arábia.
dados do mundo. “Encontra-se de tudo na internet”, ou O suporte era a massa mole de argila (placas de barro),
seja, para os que navegam na internet, os chamados in- na qual eram escritos e gravados, com a ajuda de um esti-
ternautas, parece não haver limites. Pois, o “universo” da lete, os símbolos gráficos para depois serem cozidas como
comunicação e a informação cabe na “palma das mãos”, ou as peças de cerâmica (cf. a figura)
melhor, nos pequenos aparelhos (chips) que, por sua vez, Em todos os estados da Mesopotâmia se escrevia
nos interligam a computadores em rede. com caracteres cuneiformes (do latim cuneus, que signifi-
A tecnologia avança! Mas, como transformar tanta in- ca cunha, o objeto que auxiliava na escrita), originalmente
formação em conhecimentos significativos para a própria constituídos por desenhos de objetos, não só sobre as pla-
vida? E, como participar ativamente desse cenário? A edu- cas de argila, mas também sobre peças de marfim e peque-
cação pela comunicação a distância pode se tornar uma nas tábuas de madeira.
metodologia poderosoa de ensino e aprendizagem? Inicialmente concebido para responder a propósitos
Caro aluno, até pouco anos atrás, existia a era dos administrativos (leis, éditos, contabilidade dos comercian-
blogs: se você não tinha um blog, onde pensa que poderia tes e dos Estados), não demorou muito e, passou a ser uti-
ir? Logo em seguida, estourou o “msnmania”. Depois, foi a lizado para exprimir o pensamento do homem.
vez das comunidades virtuais (orkuts) ... A escrita mesopotâmica era uma escrita complexa,
Por isso, já não dizemos: “Pode ser que eu lhe tele- composta por 2000 sinais cuneiformes originais, muito
fone hoje à noite”. Passamos a dizer: “Nos encontraremos embora somente 200 ou 300 fossem utilizados constante-
no msn”. Portanto, nossos amigos são nossos “contatos”. mente. Ao fim de algum tempo, deixou de ser escrita em
Mesmo que apareça “off-line”, “ocupado” ou “on line”. O colunas – escrita vertical - para passar a apresentar-se em
importante é estar conectado. linhas – escrita horizontal – legível da esquerda para a di-
Além de conseguirmos ultrapassar barreiras físicas e reita. A escrita cuneiforme manteve-se vigente até ao co-
geográficas, pois conversamos a qualquer hora e com pes- meço da nossa era.
soas de praticamente qualquer lugar, é possível conversar
com vários ao mesmo tempo, por isso a escrita fica preju-
dicada e acabamos não escrevendo corretamente quando

68
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

• A evolução da impressão: Mas com a impressora de tipos móveis, o livro popu-


Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram larizou-se definitivamente, tornando-se mais acessível pela
tabuletas de argila ou de pedra. A seguir veio o khartés (vo- redução enorme dos custos da produção em série.
lumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhe- Com o surgimento da prensa desenvolveu-se a técnica
cido), que consistia em um cilindro de papiro, facilmente da tipografia, da qual dependia a confiabilidade do texto e
transportado. a capacidade do mesmo para atingir um grande público.
O “volumen” era desenrolado conforme ia sendo lido, e Entretanto, mesmo não obedecendo a essas caracte-
o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não rísticas, surgiu em fins do século XX o livro eletrônico, ou
no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita). Algumas seja, o livro num suporte eletrônico, o computador. Ainda
vezes um mesmo cilindro continha várias obras, sendo cha- é cedo para dizer se o livro eletrônico é um continuador do
mado então de tomo. O comprimento total de um “volu- livro típico ou uma variante, mas como mídia ele vem ga-
men” era de 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro nhando espaço, o que de certo modo amedronta os aman-
chegava a 6 centímetros. tes do livro típico - os bibliófilos.
O papiro consiste em uma parte da planta, que era li- Existem livros eletrônicos disponíveis tanto para com-
berada, livrada (latim libere, livre) do restante da planta - daí putadores de mesa quanto para computadores de mão, os
surge a palavra liber libri, em latim, e posteriormente livro palmtops. Uma dificuldade que o livro eletrônico encontra
em português. Os fragmentos de papiros mais “recentes” é que a leitura num suporte de papel é cerca de 1,2 vez
são datados do século II a.C.. mais rápida do que em um suporte eletrônico, mas pesqui-
sas vêm sendo feitas no sentido de melhorar a visualização
dos livros eletrônicos.
Então... considerando a importância das tecnologias,
você poderá perguntar-se:
• O que são as Novas Tecnologias de Informação
e Comunicação (NTICs)?
São as tecnologias e métodos para comunicar surgidas
desde a segunda metade da década de 1970 e, principal-
mente, nos anos 1990.

•Qual a finalidade das NTICs?


A maioria delas se caracteriza por agilizar o conteúdo
Aos poucos o papiro é substituído pelo pergaminho,
da comunicação, por meio da digitalização e da comunica-
extraído de couro bovino ou de outros animais. A vantagem
ção em redes (mediada ou não por computadores) para a
do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tem-
captação, transmissão e distribuição das informações (tex-
po.
Quanto ao “volumen” também foi substituído pelo có- to, imagem estática, vídeo e som).
dex (uma compilação de páginas) não mais um rolo. O uso
do formato códice e do pergaminho era complementar, pois • O que é considerado NTICs?
era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que • os computadores pessoais (PCs, personal compu-
de papiro. ters);
Uma conseqüência fundamental do códice é que ele faz • as câmeras de vídeo e foto para computador ou
com que se comece a pensar no livro como objeto, identifi- webcams;
cando definitivamente a obra com o livro. • a gravação doméstica de CDs e DVDs;
Acredita-se que o sucesso da religião cristã se deve em • os diversos suportes para guardar e portar dados
grande parte ao surgimento do códice, pois a partir de então como os disquetes discos rígidos ou hds, cartões de me-
tornou-se mais fácil distribuir informações em forma escrita. mória, pendrives, zipdrives e assemelhados;
Mas a invenção mais importante, já no limite da Idade • a telefonia móvel (telemóveis ou telefones celula-
Média, foi a impressão, no século XIV. Consistia originalmen- res);
te da gravação em blocos de madeira do conteúdo de cada • a TV por assinatura;
página do livro; os blocos eram mergulhados em tinta, e o • TV a cabo;
conteúdo transferido para o papel, produzindo várias cópias. • TV por antena parabólica;
Em 1405 surgia na China, por meio de Pi Sheng, a má- • o correio eletrônico (e-mail);
quina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que • as listas de discussão (mailing lists);
provocaria uma revolução cultural moderna foi desenvolvida • a internet;
por Johannes Gutenberg. • a world wide web (principal interface gráfica da in-
No Ocidente, em 1455, Johannes Gutenberg inventa a ternet);
prensa com tipos móveis reutilizáveis de metal que substi- • os websites e home pages;
tuiram os de madeira, o primeiro livro impresso nessa técni- • os quadros de discussão (message boards);
ca foi a Bíblia em latim. Houve certa resistência por parte dos • o streaming (fluxo contínuo de áudio e vídeo via
copistas, pois a impressora punha em causa a sua ocupação. internet);

69
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

• as tecnologias digitais de captação e tratamento Em algumas instituições os encontros presenciais (alu-


de imagens e sons; no- professor) é totalmente substituído pelos encontros
• a captura eletrônica ou digitalização de imagens on-line (chats, sala de conversas, msn). Sendo assim, novos
(scanners); problemas no âmbito educacional vão surgindo e ganhan-
• a fotografia digital; do relevância.
• o vídeo digital; Para exemplicar: Os alunos de hoje alegam que não
• o cinema digital (da captação à exibição); conseguiram enviar os trabalhos porque caiu a conexão,
• o som digital; ou porque o computador “deu pau”. Em contrapartida, os
• a TV digital e o rádio digital; professores também podem alegar que devido a proble-
• as tecnologias de acesso remoto (sem fio ou wire- mas no sistema, por problemas com o computador(PC) ou
less); outros atributos não foi possível lançar as notas.
Neste sentido, de modo geral as novas tecnologias estão Isso demonstra que situações como essas, há uns vinte
associadas à interatividade, à quebra com o modelo comu- anos atrás era raro de acontecer. Isso significa que o mun-
nicacional, pois, com as NTICs todos aqueles que integram do da informática “fascina” jovens e adultos, pois todos es-
redes de conexão fazem parte do envio e do recebimento tão convencidos que as novas tecnologias da informação e
das informações. Portanto, as NTICs estão relacionadas a comunicação avançam e se renovam com muita rapidez e a
uma revolução informacional e, oferecem uma infra-estrutra inclusão digital se impõe no mundo atual, sob risco de nos
de comunicação que permite a interação em rede de seus sentir excluídos e analfabetos digitais.
integrantes.
• Estamos inseridos num contexto de Revolução na era
•Como as NTICs contribuem para o mundo dos negó- da Informação?
cios? No final do século XIX, o mundo sofreu forte influência
As novas tecnologias parecem favorecer a tendência devido à conjunção de todas as ciências, que começaram
para as empresas terem fronteiras cada vez menos demar- a fundir-se, iniciando um período de rotação dos usos e
cadas em relação ao seu meio ambiente, a trabalharem cada costumes, giros desenfreados para todos os sentidos.
vez mais “em rede” com outras empresas e, dentro delas, os A física, química, matemática, medicina, biologia, geo-
seus colaboradores também trabalharem cada vez mais “em grafia, história, literatura, enfim, todos os ramos do conhe-
rede”. cimento humano, sofreram mudanças radicais com novas
Isso só é possível pela maior facilidade e rapidez de aces- descobertas ou fusões de conhecimentos antigos agrega-
dos a novos dispositivos recém inventados, no campo das
so à informação, bem como, a integração e automatização
Ciências Exatas podemos destacar coisas como a eletrici-
dos processos de negócios (pagar uma conta bancária ou
dade, explosivos, tecelagem e metalurgia, mas é claro que
comprar pelo computador), como também a possibilidade
nos demais campos, como o das Ciências Biológicas e Hu-
em participar nas salas de discussão sobre assuntos variados
manas também ocorreu.
(chats) e ter acesso a dados oficiais disponibilizados nos sites
O surgimento de todas essas novidades, especifica-
do governo...
mente a partir da década de 70, (com grande concentração
nos EUA), é atribuído a uma dinâmica específica de difusão
•Quais as consequências para a educação? e sinergia tecnológicas, decorrentes dos progressos alcan-
As novas tecnologia de comunicação levam a educação çados nas duas décadas anteriores.
a uma nova dimensão. Esta nova dimensão terá que encon- Além disso, houve influência de aspectos institucionais,
trar uma lógica dentro do “caos de informações” , porém econômicos e culturais.
sem perder o foco do processo de ensinar a aprender. As Na década de 80, em um processo autônomo de rees-
tele-conferências, por exemplo, não deveriam substituir o truturação do sistema capitalista (neoliberalismo), o nível
professor, bem como, os sites de busca (google) não deverá tecnológico alcançado exerceu papel fundamental na rees-
substituir o uso da pesquisa em livros. truturação econômica-organizacional.
Com relação ao processo educacional, o uso de giz ou O desenvolvimento dessas tecnologias contribuiu para
de apresentações em Powerpoint pelo professor tem impor- a formação de meios de inovação, dentro dos quais as apli-
tância e faz a diferença. Porém, antes de fazer uso das novas cações interagem em processo de “tentativa e erro”, exi-
tecnologias na sala de aula, é necessário explorar o potencial gindo a concentração espacial dos núcleos tecnológicos de
das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), pois empresas e instituições, com uma rede auxiliar de fornece-
a proposta pedagógica, ou seja, o conteúdo a ser ministrado dores e capital de risco como apoio.
é mais importante do que os recursos técnicos.
Todavia, não estamos justificando a resistência dos pro- •Quais as bases dessa Era da Informação?
fessores às TICs. Se faz necessário trabalhar os professores de Parece coerente dizer que conhecimentos científicos/
forma a motivar para o uso das ferramentas disponíveis, ou tecnológicos, instituições adequadas, empresas e mão-de
seja, alguns precisarão ser “alfabetizados” para a era digital. -obra qualificada são as bases da Era da Informação. Por
Portanto, os cursos oferecidos na modalidade a distância outro lado, deve-se considerar que o ingrediente primor-
com o uso de tecnologias, embora sejam fascinantes exigem dial não é um cenário cultural ou institucional específico,
de professores e alunos certas habilidades com as ferra- mas a unificação das informações com a produção indus-
mentas disponíveis na internet. trial e aplicações comerciais.

70
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Portanto, é possível afirmar que foi o Estado quem deu início à revolução da tecnologia da informação, já que a inter-
face entre os programas de macropesquisa promovidos pelos governos e a inovação descentralizada em uma cultura de
criatividade tecnológica é que permitiu o florescimento das tecnologias da informação e comunicação globalizadas.

• Podemos afirmar que com as NTICs é um divisor de águas da geração anterior para a atual?
A tecnologia passa a permear toda a atividade humana, aplicando sua lógica de redes em qualquer sistema ou conjunto
de relações, circunstância que cresce significativamente. Uma vez que o critério da informação está baseado na flexibilida-
de, ou seja, permite não somente que processos, mas também organizações e instituições, se modifiquem fundamental-
mente, tornando possível inverter as regras que as estruturam sem destruir a organização.
Em todo caso, a tendência é a convergência de tecnologias específicas em um sistema integrado, resultante da lógica
compartilhada na geração de informação.
Em síntese, o sistema informacional evolui em direção a uma rede aberta de múltiplos acessos, cuja abrangência,
complexidade e disposição em forma de rede são seus principais atributos. Portanto, aqueles que não têm domínio das
linguagens e ferramentas presentes no mundo das NTICs são chamados de “analfabetos digitais”.
Quais são as linguagens?
Estamos nos referindo às várias linguagens de programação, elas estão voltadas à comunicação cada vez mais rápidas e
atraentes. Então, o acesso e os tipos de visualização nos sites dependem diretamente da linguagem de programação usada.
No início da internet, por exemplo, utilizava-se como “código fonte” gerador de programa e interações na rede o
HTML. Seguido do Visual Basic (VB); DELPH... os mais recentes são ASP e PHP. Esses são exemplos de linguagens de pro-
gramação utilizadas no suporte dos efeitos “atraentes” da mensagem escrita, que por sua vez, passou a ser audio-visual e
interativa (WEB CAM).
Quais são esses efeitos atraentes? Por exemplo, no aplicativo WORD o comando para negritar ou sublinhar... são pos-
síveis, graças aos códigos de efeitos utilizados na linguagem de programação da empresa Microsolft.
Portanto, “as NTICS chegaram para “solucionar” problemas que antes não existiam.” Estamos diante de uma frase
crítica, pois as empresas criam programas, virús e antídotos, também chamadas anti-virús e nesse circuito há um enorme
“capital de giro”, ou seja, lucro para as empresas em, contrapartida, os usuários diante das rápidas mudanças dos aplicativos
buscam constantemente novos equipamentos com maior potencial.
Porém, a cada dia, notamos ser “impossível” tentar acompanhar e atender às buscas, visto que, a cada instante é criado
novos virús, novos aplicativos e novas linguagens... que possibilitam acesso ou a exclusão digital?
Foi pensando nisso que trouxemos as seguintes dicas para facilitar seu trabalho no word. Assim, quando o mouse
falhar você não ficará na mão.
O word é o editor de textos mais utilizado do mundo. É uma ferramenta indispensável para criar e compartilhar do-
cumentos. Por isso, conhecer esse programa é fundamental para todos que disputam uma vaga no mundo do trabalho.

BARRA DE FERRAMENTAS
As barras de ferramentas têm por função agilizar a execução dos comandos mais utilizados no Word.
Para ir até as Barras de Ferramentas, você deverá primeiramente pressionar a tecla ALT ou F10 uma vez, que ativará a
Barra de Menus.
Na seqüência pressione  as teclas Ctrl + TAB que o levará até a Barra de Ferramentas Padrão.
Acionando mais uma vez o Ctrl + TAB, estará na Barra de Ferramentas de Formatação. Para retornar uma barra acima,
pressione as teclas Ctrl + Shift + TAB.
Veja os botões da Barra de Ferramentas Padrão:

71
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Nesta barra, a comunicação não verbal é que ajuda o usuário a utilizá-las. Por exemplo, o símbolo da “tesoura” significa “recor-
tar”, o símbolo da “impressora” significa imprimir, e sai por diante...
Outra Barra de Ferramentas importante é a de Formatação. Como o próprio nome indica, ela é utilizada para forma-
tarmos o documento.

Repare que ela nos traz o tipo e o tamanho da letra, bem como a organização do texto no papel.
Atalhos para Formatação
Para aumentar o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl ]
Para diminuir o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl [
Para alterar o tamanho da fonte Ctrl Shift P digite o número desejado e tecle enter.
Para aumentar o tamanho da fonte em 2 em 2 pontos Ctrl shift >
Para diminuir o tamanho da fonte em 2 em 2 pontos Ctrl Shift <
Para alterar o tipo da fonte Ctrl Shift F Para copiar o formato: Ctrl Shift C
Para colar o formato: Ctrl Shift V Para intercalar letras maiúsculas, iniciais maiúsculas e todas minúsculas: Shift F3
Para converter todas as letras de maiúsculas para minúsculas e vice-versa: Ctrl Shift A
Para remover a formatação dos caracteres, basta selecionar as palavras e teclar Ctrl + barra de espaços.
F4 - Repete o último comando executado, caso tenha a necessidade de aplicá-lo várias vezes a mesma ação poderá
utilizar este recurso.
Atalhos para os principais estilos de formatação:
• Negrito - Ctrl + N
• Itálico - Ctrl + I
• Sublinhado - Ctrl + S
• Subscrito - Ctrl =
• Sobrescrito - Ctrl Shift =
Informações retiradas do site: www.fundacaobradesco.org.br

E, para concluir essa abordagem, convido você a avaliar algumas situações, que há tempos idos, não faziam parte dos
problemas sociais. Me refiro à pedofilia, ao acesso de sites pronográficos, à interação nas programações televisivas e ra-
diofônicas (radios), à pirataria...
Como resolvê-los visto que estamos inseridos e “alfabetizados” ao uso das NTICS?
Perceba que essa temática é altamente atualizada, bem como, consequência dos avanços tecnológicos até aqui refe-
ridos.
É de fator decisivo que não podemos viver isolados e “ignorantes” ao uso dessas NTICS, porém os desafios modernos
exigem um posicionamento crítico.
Talvez não seja necessário proibir o uso do computador ou o acesso à rede de internet, mas os atuais tempos exigem
que jovens e adultos estejam conectados à NTICS, principalmente os adultos, visto que os “mais jovens” possuem maior
facilidade com relação ao manuseio das NTICS.
Portanto, ao intervir nas programações televisivas, por exemplo: participar das inquetes do “globo repórter” ou até
mesmo, na participação das atividades interativas chamadas de “bola mucha e bola cheia”- programação do “Fantástico
- estamos contuibuindo diretamente com as audiências das empresas que monopolizam a rede televisiva o que significa
dizer, nos tornamos “celebridades instantâneas” e aumentamos o capital de giro dos empresários envolvidos.
Longe de esgotar o debate, sinalizo alguns pontos que poderão ser debatidos por você, caro leitor, nas rodas de ami-
gos e/ou vir a ser tema de texto escrito num processo seletivo a uma vaga de emprego ou inserção no “mundo das letras”,
como a universidade.
Então... não perca tempo!
Faça uso das NTICS com atualização constante e discernimento quanto aos problemas sociais modernos que estão
diretamente associados ao uso indiscriminado das NTICS.

72
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ!

ATIVIDADE 1
Leia:

Bioinformática é parte essencial da genética atual


Toda a pesquisa da moderna biologia molecular
não seria possível sem a computação. Os programas
de computador permitem a comparação das
seqüências descobertas com padrões genéticos já
conhecidos e armazenados em bancos de dados
disponíveis na Internet. O volume de dados é tão
grande que fazer a comparação “manualmente” tornasse
cada dia mais inviável. Para se ter uma idéia, a
quantidade de informação guardada no maior banco
de dados internacional de seqüências genéticas, o
GenBank, quase dobra a cada ano.
(Texto adaptado. Fonte: Com Ciência. Revista Eletrônica de Jornalismo
Científico. Agosto/2005)

De acordo com o texto, a informática tornou-se essencial para os estudos de genética porque
(A) amplia as possibilidades de o pesquisador trocar de emprego.
(B) viabiliza a comparação de grande quantidade de informações.
(C) mantém as informações sob o controle de grupos de pesquisas.
(D) dispensa a contratação de cientistas para o trabalho de campo.

ATIVIDADE 2

Leia:

Doação de órgãos via Web levanta polêmica


No Colorado, realiza-se hoje o primeiro
transplante de rim no qual doador e receptor se
conheceram pela Internet. A cirurgia marcará o final
feliz de uma história que poderia ter um desfecho bem
diferente. Mesmo assim, a doação de órgãos e a
busca de doadores via Web causa polêmica e é uma
questão que está longe de ser resolvida.
A busca de doadores por meio da Internet
é um assunto que preocupa os médicos há muito
tempo. Eles temem que a escassez de órgãos
disponíveis e as longas listas de espera tornem os
transplantes um bazar cibernético e um leilão em que
vence a melhor oferta, não o doente mais
necessitado.
(Texto adaptado. Fonte: Sessão Informática do grupo Terra, in
www.terra.com.br, 20/10/2004)

As expressões destacadas sugerem que a busca de doadores de órgãos pela Internet pode virar uma prática proibida
pela legislação brasileira (Lei 9.394/97). Essa prática é a
(A) realização de transplantes. (B) venda e compra de órgãos.
(C) doação voluntária de córneas. (D) criação de listas de espera.

73
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADE 3 PRA FIM DE PAPO!


As grandes cidades possuem câmeras de vídeo insta- Caro Aluno
ladas em suas vias principais, cuja finalidade é acompanhar
o trânsito e Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
(A) reduzir o estresse dos motoristas.  - Reconhecer a função e o impacto social
(B) calcular o número exato de veículos. das diferentes tecnologias de comunicação e informação.
(C) auxiliar no controle do tráfego. - Identificar, pela análise de suas lingua-
(D) registrar os índices de poluição. gens, as tecnologias de comunicação e informação.
- Associar as tecnologias de comunica-
ATIVIDADE 4 ção e de informação aos conhecimentos científicos, aos
A previsão do tempo, divulgada pelos meios de co- processos de produção e aos problemas
municação, é feita a partir de dados coletados em todo o - Relacionar as tecnologias de comuni-
mundo por meio de cação e informação ao desenvolvimento das sociedades e
(A) rádio. ao conhecimento que elas produzem.
(B) repórteres. - Reconhecer o poder das tecnologias de
(C) satélites. comunicação como formas de aproximação entre pessoas/
(D) fotógrafos. povos, organização e diferenciação social.

ATIVIDADE 5 Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude


Para as alternativas corretas atribua a letra (V) e para as um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
alternativas falsas a letra (F) dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
a) ( ) Para diminuir o tamanho da fonte em 1 ponto
Ctrl ]
b) ( ) Para aumentar o tamanho da fonte em 1 ponto
Ctrl [
c) ( ) Para colar o formato: Ctrl Shift V
d) ( ) Para intercalar letras maiúsculas, iniciais maiúsculas
e todas minúsculas: Shift F3
e) ( ) Para converter todas as letras de maiúsculas para mi-
núsculas e vice-versa: Ctrl Shift A
f) ( ) Para Negrito - Ctrl +S
g) ( ) Para Itálico - Ctrl + I
h) ( ) Para Sublinhado - Ctrl + S

HORA DE CONFERIR

ATIVIDADE 1
Alternativa correta: letra b

ATIVIDADE 2
Alternativa correta: letra b

ATIVIDADE 3
Alternativa correta: letra c

ATIVIDADE 4
Alternativa correta: letra c

ATIVIDADE 5
a) ( F )
b) ( F )
c) ( V )
d) ( V )
e) ( V )
f) ( F )
g) ( V )
h) ( V )

74
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

REDAÇÃO • Conquista da qualidade de vida, preservando  a


dignidade humana, a natureza e o meio ambiente.
ENSINO MÉDIO • Formar cidadãos, formar indivíduos capazes de
partilhar a sociedade, suprindo suas necessidades vitais, cul-
Caro aluno, turais, sociais e políticas; assim, construindo uma nova or-
Em sua prova de Linguagens, Códigos e suas tecno- dem social. 
logias haverá uma proposta de redação que irá solicitar a (Fonte: http://educacaoecidadania.vilabol.uol.com.br/
construção de um texto do tipo dissertativo-argumentativo. index.html)
O tema deste texto poderá ser de ordem social, científi- • A criança é a nossa esperança?
ca, cultural ou política. Na prova, você encontrará textos de Texto de apoio: Crianças – O elo da esperança
apoio para o tema sugerido. As crianças são nossa maior esperança de mudar este
Agora vamos às dicas para você se preparar na elabora- mundo imperfeito - que a nossa e as gerações anteriores
ção de um bom texto!
criaram. É a razão para acreditarmos que vale a pena lu-
tarmos contra a apatia e o descaso das pessoas em geral,
Dicas para o seu texto:
1. Boa letra; evite escrever com letra pequena ou de políticos, empresários, religiosos, trabalhadores, enfim, todos
difícil entendimento para quem irá ler e corrigir o seu texto. que ficam no discurso vago e não assumem seu papel neste
2. A média de escrita pode ficar entre quatro a seis momento importante de transformação.
parágrafos; cinco linhas para cada parágrafo, assim sua re- O desconforto de constatar que fomos muito longe nes-
dação ficará entre 20 e 25 linhas, o que está ótimo! sa aventura de autodestruição e consumismo não basta para
3. Fique atendo ao tema sugerido, escreva sobre o mudar o estado das coisas. Revoltamo-nos quando, na frente
que você conhece daquele assunto, não desvie do que foi da televisão, assistimos os telejornais e presenciamos fome,
pedido. guerra, violência urbana, corrupção, descaso com a saúde,
4. Não deixe a parte de redação em branco, se você abandono dos princípios básicos da ética e, principalmente,
tem pouco conhecimento sobre o assunto, escreva pelo me- o desrespeito à vida em geral.
nos 2 parágrafos, normalmente redações com até 5 linhas Mas a maior de todas essas violências é destruirmos a
são anuladas. nossa última esperança de mudarmos tudo isso: a violência
5. Não escreva palavrões, não faça riscos ou desenhos sexual contra a criança, a pedofilia e a mais covarde de todas
que não estejam acompanhados de textos, caso contrário a as violências, a mais vil - o suicídio coletivo do que sobrou de
redação será anulada. digno e bom em nós.
6. Se você não sabe como escrever uma palavra, tente Quando assistimos a adultos violentarem sexualmente
buscar outra que seja similar e tenha o mesmo significado.
crianças inocentes, que não têm capacidade de autodefesa,
7. Não copie trechos do texto de apoio.
seres inocentes desprovidos de malícia, constatamos que es-
8. Busque uma sequência de idéias, siga a seguinte
estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao final sas pessoas desceram na escala mais baixa da racionalidade
leia novamente todo o texto que você escreveu e crie um humana e se transformaram em monstros. A prostituição in-
título para ele. fantil é a maior vergonha da sociedade moderna.
Uma sociedade que não respeita suas crianças nunca
O que é um texto dissertativo-argumentativo? será sustentável. Se quisermos construir um mundo melhor
Na elaboração do texto em questão é importante ter temos que defendê-las acima de tudo, e não permitir que
um conhecimento prévio sobre o assunto abordado. Pois, nossa maior esperança seja destruída por mentes doentes.
argumentar não significa escrever a partir de “eu acho”. Nossa cultura moderna encheu-se de atividades, várias
Compreendeu? Por isso, visite os capítulos 6 e 7 do livro do distrações que ocupam nossas vidas e não nos permitem ver
aluno de Linguagens, Códigos e suas tecnologias do Ensino que a verdadeira alegria está no olhar inocente e no sorriso
Médio. maroto de uma criança. Elas são nossa reserva moral e serão
os adultos de amanhã, e se queremos reverter esse mundo
Temas sugeridos: irracional de hoje temos que prepará-las para corrigir nossos
Desenvolva uma redação dissertativo-argumentativa erros.
para cada tema abaixo. Todos os governantes deveriam dedicar um percentual
• Educação: Caminho da cidadania, responsabili- importante dos seus recursos para a educação de nossas
dade de todos
crianças. Se quisermos crescer como sociedade e conquis-
tar um patamar de civilidade é necessário planejar o futuro
Texto de apoio: Educação e cidadania
A educação é:  dessas crianças para que elas possam mudar esse caos em
• Direito de todos e dever do estado e da família que vivemos.
• Deve ser promovida e incentivada com a colabora- Falar de futuro é falar de nossas crianças, e falar das
ção da sociedade, visando pleno desenvolvimento da pessoa, crianças é falar de esperança. As melhores mentes de hoje,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação as mais preparadas, deveriam estar envolvidas na  educação
para o trabalho.  e orientação dessas crianças para que, futuramente, corrijam
  A cidadania é: as distorções desta sociedade desigual e violenta de hoje.

75
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

As crianças são o elo mais frágil da corrente que é a nos- O Brasil não é um país pobre, mas possui uma popu-
sa sociedade multirracial, onde as diferenças são marcantes, lação pobre, devido à má distribuição de renda e riqueza,
onde os adultos não superam resolver suas diferenças - e, sendo que se pode considerar a desigualdade social como
pior, a aprofundarão - onde com o passar dos anos compro- um dos principais determinantes da pobreza no Brasil.
metemos fortunas e nada construímos que tenha valido a Entretanto, há quem pense que a experiência brasileira é
pena, onde as pessoas se indagam quais são os valores a se- rica em programas e projetos para atenuar as desigualdades
rem seguidos, onde a sensação dominante é de impunidade regionais e sociais. Mesmo que a maioria delas não tenha
e falta de justiça. É nessa sociedade que teremos de preservar obtido os resultados esperados, há exemplos de políticas so-
e preparar nossas crianças, de todas as raças, para mudar o ciais que estão tendo impacto favorável: o salário mínimo,
que nunca deveria ter existido. a aposentadoria rural, a bolsa-escola, a renda mínima e a
Criança, esperança de um mundo melhor. reforma agrária. No entanto, essas iniciativas não têm sido
(Fonte: www.blograizes.com.br/criancas-o-elo-da-es- suficientes para resolver os problemas das desigualdades no
peranca.html. Adaptado) Brasil.
Propõe-se instituir um design que respeite a vida e in-
• Desigualdade social corpore os desafios, a realidade e a necessidade de promo-
Texto de apoio: A desigualdade social ver mudanças, pois não se pode continuar refém de toda
Promover a cidadania é de fato o caminho para resol- situação desumana. Um fator que se apresenta como utó-
ver, pelo menos dentro dos limites aceitáveis, os problemas pico, mas realizável e com urgência, é a melhor distribuição
da desigualdade social brasileira. Não que estas questões da riqueza, fundamental para sanar ou diminuir as grandes
possam ser consideradas aceitáveis, mas porque são muitos desigualdades brasileiras.
séculos e situações que provocaram essa realidade. (Fonte: http://pt.shvoong.com/social-scien-
Para entender a origem de tais disparidades no Brasil é ces/1619576-desigualdade-social/. Adaptado)
necessário introduzir uma perspectiva mais ampla, abran- • Desemprego
gendo o passado histórico, sem desconsiderar as dimensões Texto de apoio: Tatuagem pode barrar emprego
continentais do país. A família, as solidariedades intergera- Boa apresentação, afirmam consultores em recursos hu-
cionais e as políticas sociais debatem-se com este desafio, manos, continua fazendo a diferença no processo de seleção
procurando encontrar as melhores soluções e as respostas de emprego. A primeira impressão, lembram os especialistas,
mais adequadas à diversidade dos problemas inerentes. é a que fica para os que selecionam os candidatos. Discrição
Encontra-se no mundo um contraste alarmante, en- é, portanto, a recomendação para quem quer conquistar um
quanto milhões de pessoas passam fome, uma minoria usu- lugar ao sol sem abrir mão do jeito de ser. Quanto mais for-
frui do progresso e da tecnologia que a sociedade oferece.
mal a área de atuação, menor o espaço para o alternativo.
A reclamação contra o caráter ineficiente do Estado é
Ou seja, apesar de o preconceito e a discriminação estarem
geral e os benefícios coletivos do Estado são pequenos e de
cada vez mais fora de moda, as empresas são estruturadas
pouca qualidade diante de tão ampla desigualdade social.
segundo padrões. E, para quem quer ingressar em uma ins-
O Brasil, desde seu descobrimento, traz consigo esta de-
tituição, não há como fugir deles.
plorável marca da desigualdade social.
A herança das diferenças sociais, da escravidão, do pre-
Quanto mais formal o segmento, como por exemplo,
conceito, do racismo, data do descobrimento e foi deixada
pelos então proprietários de terras e governantes que trou- instituições financeiras, escritórios e hospitais, mais explíci-
xeram para a nova terra os marginalizados portugueses, os tas são as restrições. No caso de piercings, até que se conhe-
africanos que escravizaram e humilharam, os italianos e ou- çam os códigos que regem a instituição, o melhor a fazer
tros imigrantes que não eram vistos com bons olhos pelos é retirá-los durante a entrevista e, se for o caso, depois de
senhores feudais. Daí a origem da desigualdade social brasi- admitido, durante o expediente. “Já as tatuagens, se estive-
leira que permanece e se expandiu de tal forma que chega a rem em local visível, nuca, braços ou pernas, é melhor não
ser quase irremediável nos dias atuais. exibi-las, usando uma blusa de gola alta e mangas compri-
Mesmo considerando-se os movimentos ascendentes na das”, orienta Adriana Evangelista, assistente de gestão em
escala social - os imigrantes são um exemplo eloqüente disso políticas públicas do Sistema Nacional de Emprego (Sine).
-, a grande massa não teve condições de impor às elites uma (Fonte: Trecho retirado de www.cartaderh.com.br)
distribuição menos desigual dos ganhos do trabalho. Nem
logrou, eficazmente, exigir do Estado o cumprimento de seus Texto de apoio: Desemprego, informalidade e baixa es-
objetivos básicos, entre os quais se inclui, na primeira linha, colaridade excluem 19 milhões de jovens brasileiros
a educação. As seqüelas desse feito representam imenso Desemprego, informalidade e baixa escolaridade ex-
obstáculo para uma repartição menos iníqua da riqueza e cluem socialmente 19 milhões de brasileiros entre 15 e 19
perduram até hoje. anos, ou seja, mais da metade do total de jovens do país (34
Também, desde o início do processo de desenvolvimen- milhões). Desses, 6,5 milhões não trabalham nem estudam,
to brasileiro, encontra-se outro fator evidente: o crescimento o que representa 1 a cada 5 jovens. No recorte 15 a 17 anos,
econômico, que tem gerado condições extremas de desigual- apenas metade está no Ensino Médio. 4 milhões de jovens
dades espaciais e sociais, manifestas entre regiões, estados, saem da escola sem completar o Ensino Fundamental.
meio rural e o meio urbano, entre centro e periferia e entre (Fonte: Trecho retirado de http://aprendiz.uol.com.br/
as raças. content/cujubruduh.mmp)

76
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Texto de apoio: Preconceito influencia desemprego de negros no país


O preconceito racial e a baixa escolaridade são os responsáveis pela alta taxa de desempregados negros no país. A pes-
quisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconomicos (DIEESE), divulgada em 2007 em Porto Alegre,
mostra que o desemprego em geral reduz à medida que as pessoas vão atingindo altos níveis de estudo, como o ensino médio
completo e o ensino superior. No entanto, mesmo na universidade, existe diferença entre negros e não-negros quanto à pos-
sibilidade de emprego e à remuneração.
Os negros recebem salários menores em todas as regiões metropolitanas pesquisadas. Salvador, capital da Bahia, con-
centra a maior diferença: o salário do negro chega a apenas 52,9% do não-negro. Porto Alegre representa a menor diferença,
mas mesmo assim o salário médio do negro está em R$ 705,00 e o, dos não-negros, R$ 1.052,00. Essa comparação mostra,
segundo o estudo, o preconceito racial existente ainda na sociedade, já que são avaliados grupos com a mesma escolaridade.
(Fonte: Trecho retirado de www.reformaagraria.org/node/288)

• O papel da mulher na sociedade


Texto de apoio: A importância da mulher na sociedade
Enfrentando diversas discriminações e adaptações em relação aos “afazeres puramente femininos”, como cuidar de casa e
da família, a mulher conseguiu superar suas dificuldades e ainda administrar seu tempo a favor de suas atividades, para que
as questões familiares não entrem em conflito com questões profissionais e sociais. A mulher ainda é alvo de grande discrimi-
nação por aqueles que ainda acreditam que “lugar de mulher é no fogão” e por isso enfrenta o grande desafio de mostrar que
apesar de frágil é ainda forte, ousada e firme na tomada de decisões, quando necessário.
A mulher tem marcado as últimas décadas mostrando que competência no trabalho também é um grande marco femini-
no. Apesar de ser taxada como sexo frágil, a mulher tem se mostrado forte o bastante para encarar os desafios propostos pelo
mercado de trabalho com convicção e disposição. A fragilidade da mulher, ou melhor, a sensibilidade da mulher tem grande
colaboração nas influências humanas que se tenta propagar na atualidade, pois, como é sabido, o mundo passa por transfor-
mações rápidas e desastrosas que precisam de mudanças imediatas. A mulher consegue transmitir a importante e dura tarefa
de mudar hábitos com a clareza e a delicadeza necessária para despertar o envolvimento de cada indivíduo e a importância
da mudança de cada um.
O avanço feminino frente à política e economia ainda mostra a força da mulher em perceber e apontar os problemas
tendo sempre boas formas de resolvê-los assim como os indivíduos do sexo masculino, o que evidencia o erro de descriminar
e diminuir o sexo feminino privando-o a apenas poucas tarefas (domésticas).
A realidade vista pelo crescimento do espaço feminino tem sido percebida pela participação das mesmas em diferentes
áreas da sociedade que lhe conferem direitos sociais, políticos e econômicos, assim como os demais indivíduos do sexo oposto.
(Fonte: Texto de Gabriela Cabral - Equipe Brasil Escola)

77
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Exercite sua redação nos espaços a seguir!

1 __________________________________________________________________________________________________________________________

2 __________________________________________________________________________________________________________________________

3 __________________________________________________________________________________________________________________________

4 __________________________________________________________________________________________________________________________

5 __________________________________________________________________________________________________________________________

6 ___________________________________________________________________________________________________________________________

7 __________________________________________________________________________________________________________________________

8___________________________________________________________________________________________________________________________

9 ___________________________________________________________________________________________________________________________

10 _________________________________________________________________________________________________________________________

11 _________________________________________________________________________________________________________________________

12 _________________________________________________________________________________________________________________________

13 _________________________________________________________________________________________________________________________

14 _________________________________________________________________________________________________________________________

15 _________________________________________________________________________________________________________________________

16 _________________________________________________________________________________________________________________________

17 _________________________________________________________________________________________________________________________

18 _________________________________________________________________________________________________________________________

19 _________________________________________________________________________________________________________________________

20 _________________________________________________________________________________________________________________________

21 _________________________________________________________________________________________________________________________

22 _________________________________________________________________________________________________________________________

23 _________________________________________________________________________________________________________________________

24 _________________________________________________________________________________________________________________________

25 _________________________________________________________________________________________________________________________

26 _________________________________________________________________________________________________________________________

27 _________________________________________________________________________________________________________________________

28 _________________________________________________________________________________________________________________________

29 _________________________________________________________________________________________________________________________

30 _________________________________________________________________________________________________________________________

78
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

1 __________________________________________________________________________________________________________________________

2 __________________________________________________________________________________________________________________________

3 __________________________________________________________________________________________________________________________

4 __________________________________________________________________________________________________________________________

5 __________________________________________________________________________________________________________________________

6 ___________________________________________________________________________________________________________________________

7 __________________________________________________________________________________________________________________________

8___________________________________________________________________________________________________________________________

9 ___________________________________________________________________________________________________________________________

10 _________________________________________________________________________________________________________________________

11 _________________________________________________________________________________________________________________________

12 _________________________________________________________________________________________________________________________

13 _________________________________________________________________________________________________________________________

14 _________________________________________________________________________________________________________________________

15 _________________________________________________________________________________________________________________________

16 _________________________________________________________________________________________________________________________

17 _________________________________________________________________________________________________________________________

18 _________________________________________________________________________________________________________________________

19 _________________________________________________________________________________________________________________________

20 _________________________________________________________________________________________________________________________

21 _________________________________________________________________________________________________________________________

22 _________________________________________________________________________________________________________________________

23 _________________________________________________________________________________________________________________________

24 _________________________________________________________________________________________________________________________

25 _________________________________________________________________________________________________________________________

26 _________________________________________________________________________________________________________________________

27 _________________________________________________________________________________________________________________________

28 _________________________________________________________________________________________________________________________

29 _________________________________________________________________________________________________________________________

30 _________________________________________________________________________________________________________________________

79
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

1 __________________________________________________________________________________________________________________________

2 __________________________________________________________________________________________________________________________

3 __________________________________________________________________________________________________________________________

4 __________________________________________________________________________________________________________________________

5 __________________________________________________________________________________________________________________________

6 ___________________________________________________________________________________________________________________________

7 __________________________________________________________________________________________________________________________

8___________________________________________________________________________________________________________________________

9 ___________________________________________________________________________________________________________________________

10 _________________________________________________________________________________________________________________________

11 _________________________________________________________________________________________________________________________

12 _________________________________________________________________________________________________________________________

13 _________________________________________________________________________________________________________________________

14 _________________________________________________________________________________________________________________________

15 _________________________________________________________________________________________________________________________

16 _________________________________________________________________________________________________________________________

17 _________________________________________________________________________________________________________________________

18 _________________________________________________________________________________________________________________________

19 _________________________________________________________________________________________________________________________

20 _________________________________________________________________________________________________________________________

21 _________________________________________________________________________________________________________________________

22 _________________________________________________________________________________________________________________________

23 _________________________________________________________________________________________________________________________

24 _________________________________________________________________________________________________________________________

25 _________________________________________________________________________________________________________________________

26 _________________________________________________________________________________________________________________________

27 _________________________________________________________________________________________________________________________

28 _________________________________________________________________________________________________________________________

29 _________________________________________________________________________________________________________________________

30 _________________________________________________________________________________________________________________________

80
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

1 __________________________________________________________________________________________________________________________

2 __________________________________________________________________________________________________________________________

3 __________________________________________________________________________________________________________________________

4 __________________________________________________________________________________________________________________________

5 __________________________________________________________________________________________________________________________

6 ___________________________________________________________________________________________________________________________

7 __________________________________________________________________________________________________________________________

8___________________________________________________________________________________________________________________________

9 ___________________________________________________________________________________________________________________________

10 _________________________________________________________________________________________________________________________

11 _________________________________________________________________________________________________________________________

12 _________________________________________________________________________________________________________________________

13 _________________________________________________________________________________________________________________________

14 _________________________________________________________________________________________________________________________

15 _________________________________________________________________________________________________________________________

16 _________________________________________________________________________________________________________________________

17 _________________________________________________________________________________________________________________________

18 _________________________________________________________________________________________________________________________

19 _________________________________________________________________________________________________________________________

20 _________________________________________________________________________________________________________________________

21 _________________________________________________________________________________________________________________________

22 _________________________________________________________________________________________________________________________

23 _________________________________________________________________________________________________________________________

24 _________________________________________________________________________________________________________________________

25 _________________________________________________________________________________________________________________________

26 _________________________________________________________________________________________________________________________

27 _________________________________________________________________________________________________________________________

28 _________________________________________________________________________________________________________________________

29 _________________________________________________________________________________________________________________________

30 _________________________________________________________________________________________________________________________

81
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

82
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

83
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

84
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

85
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

86
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

87
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

88
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

89
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

90
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

91
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

EXAME NACIONAL PARA CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS


DE JOVENS E ADULTOS (ENCCEJA )

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

GABARITO OFICIAL

01 - A 02 - B 03 - B
04 - C 05 - D 06 - A
07 - B 08 - A 09 - C
10 - C 11 - D 12 - D
13 - B 14 - A 15 - A
16 - B 17 - A 18 - A
19 - C 20 - D 21 - C
22 - C 23 - D 24 - C
25 - D 26 - C 27 - B
28 - B 29 - B 30 - D

92
INTRODUÇÃO

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Matemática e suas tecnologias
que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:

1.Compreender a Matemática como construção humana, relacionando o seu desenvolvimento com a transfor-
mação da sociedade.

2.Ampliar formas de raciocínio e processos mentais por meio de indução, dedução, analogia e estimativa, utili-
zando conceitos e procedimentos matemáticos.

3.Construir significados e ampliar os já existentes para os números naturais, inteiros, racionais e reais.

4. Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade- e agir sobre ela.

5. Construir e ampliar noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de proble-
mas do cotidiano.

6.Construir e ampliar noções de variação de grandeza para a compreensão da realidade e a solução de problemas
do cotidiano.

7. Aplicar expressões analíticas para modelar e resolver problemas, envolvendo variáveis socioeconômicas ou
técnico-científicas.

8. Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando pre-
visão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.

9. Compreender o caráter aleatório e não determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos
adequados para medidas e cálculos de probabilidade, para interpretar informações de variáveis apresentadas em
uma distribuição estatística.

Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema
do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que
possa praticar seu conhecimento.
As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode com-
preender as habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE

Capítulo 1
Matemática em construção?..........................................................................................................................................................................................01
Eliane Matesco Cristovão

Capítulo 2
Lógica e argumentação: da prática à matemática................................................................................................................................................14
Eliana Junqueira Barbosa Costa

Capítulo 3
Os números que usamos.................................................................................................................................................................................................31
Luzia de Fátima Barbosa

Capítulo 4
Geometria plana e espacial ...........................................................................................................................................................................................39
Davi Martinez Rissetti

Capítulo 5
Os sistemas de medidas...................................................................................................................................................................................................56
Luzia de Fátima Barbosa

Capítulo 6
Grandezas e proporcionalidade: olhando para o cotidiano.............................................................................................................................64
Fernando Luis Pereira Fernandes

Capítulo 7
Em (quase) tudo tem relação! ......................................................................................................................................................................................78
Fernando Luis Pereira Fernandes

Capítulo 8
Gráficos e tabelas no dia-a-dia ..................................................................................................................................................................................86
Eliane Matesco Cristovão
Silvio César Cristovão

Capítulo 9
Matemática não-exata? Estudo das possibilidades e chances ......................................................................................................................94
Fernando Luis Pereira Fernandes
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 1 A palavra trigonometria (do grego trigōnon “triân-


gulo” + metron “medida”) significa medida das partes de
MATEMÁTICA EM CONSTRUÇÃO? um triângulo. Não se sabe ao certo se o conceito da me-
dida de ângulo surgiu com os gregos ou se eles, por con-
COMPREENDER A MATEMÁTICA COMO CONSTRU- tato com a civilização babilônica, adotaram suas frações
ÇÃO HUMANA, RELACIONANDO O SEU DESENVOLVI- sexagesimais, ou seja, a divisão em sessenta partes, para
MENTO COM A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE. representar as partes do ângulo, que é dividido, assim
como a hora, em minutos e segundos. Os gregos fizeram
Eliane Matesco Cristovão um estudo sistemático das relações entre ângulos - ou
arcos - numa circunferência e os comprimentos de suas
DO FUNDO DO BAÚ...1 cordas. Os hindus também contribuíram muito para a
construção desse conceito!
A Matemática, como é ensinada em muitas escolas, pa- No século IV da nossa era, a Europa Ocidental entrou
rece um amontoado de regras que precisam apenas ser em crise com as invasões dos bárbaros germânicos e com a
decoradas e aplicadas. Muitas vezes nos perguntamos se queda do Império Romano. O centro da cultura começou a
quem inventou todas essas regras não tinha o que fazer, se deslocar para a Índia, que revolucionou a trigonometria
não é mesmo? com um conjunto de textos denominados Siddhanta, que
Mas, felizmente, não é bem assim! A Matemática sur- significa sistemas de Astronomia.
giu da necessidade de interpretar a natureza e seus fenô- O que chegou até nós foi o Surya Siddhanta, que quer
menos. O objetivo deste capítulo é ajudá-lo a compreendê dizer Sistemas do Sol e é um texto épico, de aproximada-
-la como uma construção humana e a entender que seus mente 400 d.C, escrito em versos e em sânscrito.
cálculos e regras surgiram da necessidade do homem de A importância do Surya, para nós, é que ele abriu novas
resolver problemas. perspectivas para a Trigonometria por não seguir o mesmo
Muitos fenômenos da natureza só puderam ser inter- caminho de Ptolomeu, um grego que relacionava as cordas
pretados matematicamente após o desenvolvimento de de um círculo com os ângulos centrais correspondentes.
áreas da Matemática que pareciam nem ter relação com
tais fenômenos.

Ilustração 1 - Representação antiga das Ilustração 2 - O “jiva” hindu


órbitas dos planetas
No Surya, a relação usada era entre a metade da corda
e a metade do ângulo central correspondente, chamada
Uma área importante da matemática onde isso ocorreu por eles de jiva. Isto possibilitou a visão de um triângulo
foi a TRIGONOMETRIA. A origem da trigonometria é in- retângulo na circunferência, como na Figura a seguir:
certa. Entretanto, pode-se dizer que o início de seu desen- Os hindus definiam o jiva como sendo a razão entre o
volvimento se deu principalmente devido aos problemas cateto oposto e a hipotenusa.
gerados pela Astronomia, Agrimensura e Navegações, por
volta do século IV ou V a.C., com os egípcios e babilônios.
Jiva
1 Para compor esta seção, foram utilizadas
imagens e informações dos sites: Ficou confuso, com tantos símbolos? Não se preocupe,
http://ecalculo.if.usp.br/historia/historia_trigonometria. vamos aprofundar o estudo da trigonometria no triângulo,
htm mas adiante!
http://pt.wikipedia.org/wiki/Papiro
http://www.clarku.edu/~djoyce/trig/model.jpg
h t t p : / / w w w. p r o f 2 0 0 0 . p t / u s e r s / a m m a / a f 3 3 / t r f 1 /
histtrigon.pdf

1
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 3 - Papiro Rhind, Museu de Londres

Registros muito antigos sobre o estudo da trigonometria foram encontrados também em papiros. Papiro, do latim
papyrusé, é originalmente, uma planta perene, e também o meio físico, precursor do papel, usado para a escrita durante a
Antigüidade.
Um dos mais famosos papiros que tratavam de matemática é conhecido como Papiro Rhind.
O lápis e o papel foram ferramentas de evolução da humanidade, e seu uso chegou a ser criticado, com alegações de
que estas ferramentas prejudicariam o desenvolvimento do raciocínio das pessoas.

Hoje em dia já não é possível falar em Matemática pensando apenas em ferramentas como o lápis e o papel. Com o
avanço da tecnologia, muito do que utilizamos na Matemática pode ser processado por programas de computador. Um
programa muito utilizado são as planilhas eletrônicas.
Uma planilha eletrônica é um tipo de programa de computador que utiliza tabelas para realização de cálculos ou apre-
sentação de dados. Cada tabela é formada por uma grade composta de linhas e colunas. Existem no mercado diversos
aplicativos de planilha eletrônica. Os mais conhecidos são Microsoft Excel, Lotus123 e OpenOffice.org Calc.
Veja uma ilustração do Excel:

Ilustração 4 - Interface do Excel

Um dos objetivos principais de uma planilha eletrônica é a automação, ou seja, o cálculo automático de seus dados,
principalmente de suas operações matemáticas que são chamadas de fórmulas.
Na história da humanidade, mesmo antes de se efetuar registros, a busca de soluções para os problemas foi o início da
construção do conhecimento matemático. E até hoje, a cada novo desafio, o conhecimento matemático evolui.

2
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

POR FALAR EM DESAFIOS, VAMOS AGORA PENSAR EM UM DELES...


Para contextualizar a situação hipotética que vamos propor, leia o artigo a seguir, retirado de um site2 em 20/04/2009

FIAT AUTOMÓVEIS ADQUIRE EQUIPAMENTOS DE PRODUÇÃO

NAPRO forneceu e instalou, para linha de produção da FIAT,


equipamentos da mais avançada tecnologia para análise
de gases, opacidade e comunicação direta com injeção
eletrônica.
São 19 anos fornecendo equipamentos para linha de
produção. Atualmente a produção de veículos na FIAT
Brasil é de mais de 3000 veículos por dia, isto significa que
diariamente 3000 veículos são testados e diagnosticados
pelos equipamentos JET da NAPRO.
Estes equipamentos foram especialmente desenvolvidos
para suportar o ritmo acelerado de produção onde não pode
haver paradas técnicas. A preparação da amostra da parte
de análise de gases é de tecnologia super avançada, sendo a
mesma utilizada pela NASA na nave ATLANTIS.

Jonas trabalha na linha de produção de uma empresa que fabrica peças de automóveis. Ele controla o número de
peças de câmbio montadas em seu setor. O câmbio é a peça que permite a mudança de marchas e é composto por várias
engrenagens. Em outro setor são produzidas 42 engrenagens por hora, sendo todas destinadas à montagem dos câmbios.
Assim, nesse mesmo tempo, para não haver acúmulo de estoque, o setor de Jonas precisa utilizar as 42 engrenagens para
montar 7 peças de câmbio. A partir destas informações responda:
Supondo que o ritmo seja sempre respeitado para manter a harmonia entre os dois setores, num dia em que o setor de
engrenagens produziu 966 peças, quantas peças de câmbio terão sido montadas no setor de Jonas?
Para resolver este desafio você utilizará outra idéia muito antiga e importante da matemática: a PROPORCIONALIDADE!

ASSIM OU ASSADO?

Ilustração 5 câmbio de automóvel

Para resolver este problema, utilizaremos o seguinte raciocínio: o setor de Jonas monta 7 peças enquanto são produzi-
das 42 engrenagens. Dividindo 42 por 7, obtemos a razão entre o número de engrenagens e o número de peças de câmbio
onde elas são encaixadas, ou seja, são 6 engrenagens por peça.
Se foram produzidas, em um dia, 966 engrenagens, podemos calcular o número de peças de câmbio dividindo este
número por 6. Temos então 966 : 6 = 161 peças de câmbio3.
É... o Jonas não pode descuidar da linha de produção... deve ser uma correria!
Mas ainda poderíamos utilizar, para resolver este mesmo problema, uma regra prática, bastante útil quando estamos
resolvendo problemas de proporcionalidade, chamada de regra de três. Você já deve conhecer esta regra... Mas, vamos
recordá-la:
2 http://www.napro.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=139:fiat&catid=76:noticias
3 Imagem retirada de: http://bloglog.globo.com/FCKeditor/UserFiles/Image/cambio.jpg

3
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Engrenagens Câmbios

42.x = 966.7 então 42.x = 6762

x = peças de câmbio.

Se com 42 engrenagens são montados 7 câmbios, com 966 engrenagens, serão montados 161 câmbios. Isso é uma
proporção! Mas a Matemática não é utilizada apenas para resolver problemas que envolvem este tipo de proporcionali-
dade.
Vamos retomar nossa discussão sobre a trigonometria para percebermos que há outras formas de pensar proporcio-
nalmente. Além disso, veremos que muitas outras ciências podem relacionar-se com a Matemática.
Para explorar este conceito matemático, nada melhor do que nos envolvermos com a interpretação e resolução de
problemas, certo? Afinal, eles são a origem de todo conhecimento produzido pela humanidade.
Ao estudarmos, é através da resolução de problemas que podemos também ir construindo nosso próprio conhecimen-
to matemático.
PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 4
1) Trigonometria. Vamos supor que você queira calcular a altura de um prédio, sem subir nele, é claro! Será que é
possível fazer esse cálculo?
Sim! É possível, e para isso, precisaremos entender melhor o que é trigonometria, assunto que começamos a tratar na
introdução deste capítulo. Vimos que a trigonometria era utilizada pelos egípcios e babilônios para resolver problemas de
triângulos. Pois bem, vamos conhecer algumas características de um triângulo especial: o triângulo retângulo.
Um triângulo retângulo é aquele que possui um ângulo reto (de 90°). Os lados de um triângulo retângulo recebem
nomes especiais. Estes nomes são dados de acordo com a posição em relação ao ângulo reto. O lado oposto ao ângulo
reto é a hipotenusa. Os lados que formam o ângulo reto (adjacentes a ele) são os catetos.

Termo Origem da palavra

Cateto Cathetós: (perpendicular)

Hipotenusa Hypoteinusa: Hypó(por baixo) + teino(eu estendo)

Para padronizar o estudo da Trigonometria, adotaremos as seguintes notações:

Letra Lado Triângulo Vértice = Ângulo Medida

a Hipotenusa A = Ângulo reto   A=90°

b Cateto B = Ângulo agudo B<90°

c Cateto C = Ângulo agudo C<90°

4 Sites consultados:
http://teodolito2a.blogspot.com/2008/09/introduo-teodolito.html
http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/trigonom/trigon1/mod114.htm#trig01
http://www.profezequias.net/trigonometria.html
http://tutomania.com.br/artigo/tabela-trigonometrica

4
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Os catetos recebem nomes especiais de acordo com a sua posição em relação ao ângulo sob análise. Chamamos de
cateto oposto, aquele que está em uma posição oposta ao ângulo, ou seja, não está compondo aquele ângulo. O outro é
chamado de cateto adjacente (adjacência = estar próximo, estar encostado) e é aquele que ajuda a compor o ângulo.
Sendo assim, o nome oposto ou adjacente, depende do ângulo que vamos considerar. Para facilitar, observe o triângulo
ABC da figura a seguir, com  = 90° (reto), e seus ângulos agudos e (Estas são letras gregas, também utilizadas para
indicar ângulos, que lemos assim: Alfa e Beta).

É importante saber que:

Ilustração 6 - Triângulo retângulo

a) Em relação ao ângulo , temos:


c é o cateto oposto; b é o cateto adjacente.
b) Em relação ao ângulo , temos:
b é o cateto oposto;
c é o cateto adjacente.

No nosso exemplo inicial, se estivermos operando com o ângulo C, então o lado oposto, indicado por c, é o cateto
oposto ao ângulo C e o lado adjacente ao ângulo C, indicado por b, é o cateto adjacente ao ângulo C.

Ângulo Lado oposto Lado adjacente

C c cateto oposto b cateto adjacente

B b cateto oposto c cateto adjacente

A trigonometria utiliza os valores encontrados quando dividimos dois destes lados dos triângulos. Essa divisão entre
os lados é chamada de razão.
As razões trigonométricas básicas relacionam as medidas dos lados do triângulo retângulo e seus ângulos e qualquer
que sejam as medidas desses lados, o que determina a razão entre eles é o ângulo.
Para comprovar isso, você pode fazer um teste bem simples. Com uma régua, meça os lados do triângulo abaixo, esco-
lha duas de suas medidas e, com auxilio de uma calculadora, calcule o resultado da divisão entre eles.

5
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Registre o valor que você encontrou.

Agora, partindo do mesmo desenho, ou seja, sem mudar o ângulo, vamos ampliar os lados:

Ilustração 7 - Triângulo ampliado

Meça novamente os mesmos lados que havia escolhido na figura anterior, agora de cada triângulo maior, e calcule o
resultado da divisão entre eles.
Dá sempre o mesmo resultado, certo? Isso significa que a razão entre os lados, não depende do tamanho do lado e
sim da medida do ângulo.
As três razões básicas mais importantes da trigonometria são: seno, cosseno e tangente. Elas são obtidas combinando
os lados de três formas para dividir. O ângulo é indicado pela letra x.

Razão Notação Definição


medida do cateto oposto a x
seno sen(x)
medida da hipotenusa
medida do cateto adjacente a x
cosseno cos(x)
medida da hipotenusa
medida do cateto oposto a x
tangente tg(x)
medida do cateto adjacente a x

Como o valor das razões trigonométricas varia de acordo com o ângulo, podemos utilizar uma tabela de valores para
resolver problemas como o proposto no início dessa seção. Vamos retomar isso mais adiante.

Ilustração 8 – Teodolito

6
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Quando falamos de problemas reais como o que foi daria muito trabalho e para facilitar nossa vida, existem as
proposto anteriormente, é necessária a utilização de um tabelas trigonométricas, que já nos dão o valor das razões
instrumento que permita medir o ângulo que vamos preci- para que possamos, a partir delas, calcular as medidas que
sar. Este instrumento é chamado teodolito. nos faltam.
O teodolito, é um instrumento capaz de medir ângu- Aqui temos um fragmento de tabela trigonométrica,
los, muito usado por agrimensores, engenheiros e topógra- que pode ser encontrada em qualquer livro de Matemática
fos no cálculo de distâncias inacessíveis. Este instrumento do Ensino Médio, ou na internet, se você tiver acesso:
ótico mede ângulos horizontais e verticais com suas duas
escalas circulares graduadas em graus.
Voltemos agora ao problema, acrescentando os deta-
lhes necessários.
Para calcular a altura de um prédio, o topógrafo colo-
cou seu teodolito na praça em frente. Ele mediu a distância
do prédio ao teodolito com uma trena e encontrou 27 m.
Mirando o alto do prédio, ele verificou, na escala do teo-
dolito, que o ângulo formado por essa linha visual com a
horizontal é de 58 graus.
Se a luneta do teodolito está a 1,7 m do chão, qual é a
altura do prédio?
Solução: Na figura a seguir,  AB = CD = 1,7 m é a altura
do instrumento e CE = (x + 1,7) m é a altura total do prédio,
resultante da soma da altura que vamos calcular, referente
ao cateto oposto x, com a altura do instrumento.

Ilustração 10 - Tabela

Podemos observar, pela tabela, que a tangente de 58º


vale, aproximadamente, 1,6.

E temos que:

Ilustração 9 - esquema Resolvendo a equação, pela operação inversa, teremos:


x = 1,6 . 27 = 43,2m
Este é o esquema feito após a medição do ângulo de
Para chegarmos a altura total do prédio, basta acres-
visada do prédio, realizada com o teodolito, cuja luneta
centar agora a altura do instrumento de medição:
está a 1,7m de altura, que estava posicionado no ponto A..
43,2 + 1,7 = 44,9 m de altura
Observe que a medida que queremos saber (x), corres-
ponde ao cateto oposto. Além disso, temos a medida do Você gostou da idéia de utilizar a trigonometria para
cateto adjacente, correto? medir distâncias inacessíveis? Mas ter um teodolito como o
Sendo assim, temos que pensar: qual das razões rela- dos agrimensores é difícil, não é mesmo? Que tal construir
ciona estes dois lados do triângulo? É a tangente, certo? um teodolito caseiro?
Então,utilizamos a tangente de 58º, que é a razão entre É possível construir um teodolito com materiais bem
seu cateto adjacente (AC) e seu cateto oposto (x). simples como uma placa de madeira, um pote de plástico
Poderíamos, então, desenhar um triângulo retângulo redondo, xerox de um transferidor, um canudo ou haste de
com um ângulo de 58º e calcular a razão entre seus catetos antena, um pedaço de arame, cola e fita adesiva:
para utilizar neste problema e descobrir o valor do cateto
que falta. Esta seria uma maneira interessante de resolver o
problema, comparando as medidas encontradas no nosso
desenho com as medidas obtidas pela medição. Mas isso

7
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 11 - Imagens de um teodolito caseiro

O xerox do transferidor será colado na madeira. Sobre ele, colamos a tampa do pote. Sobre o pote, colamos com a fita
adesiva o canudo ou haste e, na lateral desse pote, fazemos dois furinhos para que o pedaço de arame possa atravessá-lo,
passando pelo centro. Esse arame ajudará a girar o pote.
Ao ser encaixado na tampa, o pote poderá girar, permitindo que você meça o ângulo de visada.

Ilustração 12 – Medição

Na horizontal ou na vertical, basta alinhar a indicação 0° do transferidor com um dos pontos do objeto que você quer
e girar a mira até avistar o outro ponto. O ponteiro indicará de quantos graus é a variação.
Com um teodolito como este, você pode medir a altura de qualquer objeto e até mesmo a largura de um rio, sem
atravessá-lo!
Achou interessante essa idéia de medir a largura do rio sem atravessá-lo? Essa é uma situação que pode acontecer com
você? Vamos ver como fazer isso.

2) Trigonometria. Suponha que você está localizado em um ponto, na margem do rio, representado por B, na figura5
a seguir. Coloque uma estaca nesse ponto. Na outra margem, localize um ponto de observação, como uma pedra, ou uma
árvore. Em seguida, ande na margem do rio, formando um ângulo de 90º com a linha imaginária que ligava você e o ponto
de observação, do outro lado do rio. Escolha um lugar para parar, coloque outra estaca e meça a distância que você andou.
Nessa segunda estaca, apóie o teodolito, agora posicionado na horizontal, aponte a marca de zero grau para o ponto onde
você colocou a primeira estaca e depois o gire até avistar o ponto de observação, que está do outro lado do rio. Pronto,
você tem um ângulo e a medida de um lado. Basta calcular a largura do rio!

5 Adaptada de: http://www.prof2000.pt/users/amma/recursos_materiais/rec/7_ano/testes/04-05/P7D4_04-


05_ficheiros/image017.jpg

8
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 13 - Largura do rio

Suponhamos que a medida encontrada de B até C tenha sido de 40 metros. E que o ângulo seja de 30º. Novamente
podemos usar a tangente, pois queremos saber a largura do rio, que corresponde ao cateto oposto ao ângulo e sabemos
a distância percorrida na margem do rio, que corresponde ao outro cateto.
Sendo assim temos:

Voltando à tabela trigonométrica, podemos observar que tg de 30º = 0,577. Vamos representar a largura do rio por x.

Resolvendo a equação, pela operação inversa, teremos:


x = 40 . 0,577 = 23,08 m. Essa é a largura do rio!
Interessante esta aplicação da trigonometria, não é mesmo? Agora você pode ajudar um amigo, ou um parente, se
algum deles precisar dessa informação!
3) Proporcionalidade. Voltado ao assunto inicial do texto, a proporcionalidade, vamos analisar uma situação em que
saber proporção nos ajuda a tomar decisões economicamente melhores. Você já deve ter reparado que um mesmo produto
varia de preço, de acordo com a capacidade da embalagem. Como você decide qual a melhor opção de compra? Será que
basta comprar o mais barato? Você deve saber que não!
Quando compra refrigerante, por exemplo, você já fez a conta de quanto custa cada ml de uma latinha e de uma gar-
rafa de dois litros, do mesmo refrigerante?
Para fazer essa conta basta dividir o preço pela quantidade de ml de cada embalagem. Assim você estará calculando a
razão entre o preço e volume, que corresponde, nesse caso, ao valor cobrado por ml.
Tomemos como exemplo a coca-cola, um dos refrigerantes mais consumidos no país. Uma garrafa de dois litros (2000
ml) custa, em média, R$ 2,89. Portanto, você estará pagando R$ 0,000445 por ml. Já a latinha, de 350 ml, não sai por menos
de R$ 1,15.
Calculando a razão entre o preço e o volume, descobriremos que cada ml custa: R$ 0,0042857. Olhando assim, parece
quase igual, mas repare que no custo da garrafa as casas decimais possuem um zero a mais, isso significa que o preço do
ml, na latinha é muito maior!
Para comprovar isso, façamos um caminho inverso. Vamos multiplicar o preço de cada ml do refrigerante em lata por
2000, e veremos quanto custariam dois litros desse refrigerante:
0,0042857 . 2000 = 8,57
Isso mesmo! R$ 8,57 por dois litros de refrigerante, se você comprar este refrigerante em latas de 350 ml...
Parece absurdo, mas é a lei do mercado: vende-se mais barato o produto na embalagem maior, pois esta forma está
economizando embalagem!
Com certeza a embalagem de 2 litros é bem mais vantajosa. Mas será que esta embalagem é sempre a melhor opção?
E se você for almoçar sozinho? Pense nisso!!!

9
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S6


Muitas outras ciências como a Física, a Química e a Biologia, entre outras, fazem uso de conceitos matemáticos.
O conceito de trigonometria, por exemplo, que surgiu pela necessidade de resolver problemas relativos ao estudo dos triângulos,
passouaserestudadodeformamaisamplapararepresentarfenômenosperiódicos.Nanaturezaháumainfinidadedefenômenosfísicos
ditosperiódicos,ouseja,sãofenômenosqueserepetemsemalteraçãoalgumacadavezqueocorreemumtempodeterminado(período).
Como exemplo podemos usar os movimentos das marés, da radiação eletromagnética, da luz solar e dos pêndulos, todos esses
fenômenos são periódicos.
Pense, por exemplo, na variação do tamanho da sua sombra, ao longo de um dia. Se pensarmos em uma semana, o
que vai acontecer? Essa variação vai se repetir, sete vezes, certo? Isso é outro exemplo de fenômeno periódico e pode ser
representado por um gráfico. Tente imaginar como seria...
Um fenômeno periódico, aplicado à biologia, é o ciclo menstrual feminino. Analise o gráfico a seguir e você perceberá
que este fenômeno mensal, pode ser representado matematicamente:

Ilustração 14 - Ciclo Menstrual

As diversas fases são determinadas pela quantidade de vários hormônios no corpo. A figura ao lado mostra os níveis
dos hormônios estrógeno e progesterona durante os ciclos. Note que o nível dos hormônios em função do tempo é perió-
dico, ou seja, a cada 28 dias, reinicia-se o ciclo de variação dos hormônios.
Em nosso dia-a-dia, podemos usar essa idéia de fenômenos cíclicos para prever situações futuras. No caso do ciclo
menstrual, por exemplo, é possível prevenir uma gravidez, usando um método complementar à camisinha, que pode furar!
Se a mulher observar o dia em que se iniciou a sua menstruação, ela saberá que no 14º dia, após esta data, está em
seu período fértil, a ovulação, portanto, três dias antes desta data e três dias depois, o risco de uma gravidez é bem maior.
Para saber mais sobre isso, basta procurar um médico e conversar sobre o assunto!

AGORA É A SUA VEZ...

Atividade 17 Se um fenômeno é sabidamente periódico, podemos prever com relativa facilidade o que ocorre em mo-
mentos não observados. O gráfico ao lado mostra a temperatura de um congelador que não é aberto.

Ilustração 15 - Ciclo de temperaturaDescubra o período (de quanto em quanto tempo começa a repetir).

6 Sites consultados para esta seção: http://www.ensinomedio.impa.br/materiais/tep/cap4.pdf


7 Adaptada de: http://www.vanzolini-ead.org.br/pecem/mat/index_m1s1.htm

10
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Em seguida responda: Qual é, aproximadamente, a temperatura às 12h e 30 min?


a.( ) -19º
b.( ) -16 º
c.( ) -21º

Para responder as próximas questões, utilize a tabela trigonométrica apresentada anteriormente neste mesmo
capítulo.

Ilustração 16 – Esquema

Atividade 2) Uma escada de 10m toca em um muro num ponto a 5m do solo. Determine o ângulo x que a escada
forma com o solo.

Ilustração 17 - Representação do Problema

Atividade 3) Uma torre vertical, construída sobre um plano horizontal, tem 65 metros de altura. Três cabos de aço,
esticados, ligam o topo da torre até o plano, formando com o mesmo, um angulo de 60°, como representamos na foto ao
lado8. Qual é o comprimento de cada cabo?

8 Imagem retirada de:http://www.geocities.com/augusto_areal/aerea_vertical.jpg

11
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 4) (Adaptado de ENCCEJA-EM) Desejando saber qual a altura do morro que tinha à sua frente, um topó-
grafo colocou-se com seu teodolito a 200m do morro. Ele sabe que a altura do teodolito é de 1,60m. Posiciona o aparelho
que lhe fornece a medida do ângulo de visada de parte do morro: 30°. Calcule essa medida!

Ilustração 18 – esquema atividade 4

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU...

1) A alternativa correta é b. Como o período é de aproximadamente 25 minutos, a temperatura às 12h30 é a mesma


que às 12h55, que por sua vez é a mesma que às 13h20, ou seja, -16º.

2) Fazendo o desenho da escada e do muro, teremos a seguinte situação:

Repare que a escada é a hipotenusa e que o muro representa o cateto oposto ao ângulo que nos interessa. Sendo
assim, podemos utilizar o seno, que é a razão entre o cateto oposto e a hipotenusa:

então temos:

Observando a tabela trigonométrica veremos que 30º é o ângulo cujo valor do seno é 0,5. Portanto, o ângulo que a
escada forma com o solo é de 30º.

Portanto, o ângulo que a escada forma com o solo é de 30º.

12
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

3) Novamente temos um problema envolvendo a hipotenusa e o cateto oposto, certo?

Repare que o cabo é a hipotenusa e que a torre representa o cateto oposto ao ângulo dado.

Sendo assim, temos: então:

Observando a tabela trigonométrica veremos que o seno de 60º vale aproximadamente 0,87. Portanto, temos:

4) Consultando a tabela trigonométrica podemos verificar que tg 30° = 0,57.

Assim, no triângulo TPM temos:

O que nos permite calcular h = 200 x 0,57 = 114


Sendo assim, podemos concluir que o morro tem: 114 + 1,60 = 115,60 m de altura.

PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: 


H1 - Identificar e interpretar, a partir da leitura de textos apropriados, diferentes registros do conhecimento
matemático ao longo do tempo.
H2 - Reconhecer a contribuição da Matemática na compreensão e análise de fenômenos naturais, e da pro-
dução tecnológica, ao longo da história.
H3 - Identificar o recurso matemático utilizado pelo homem, ao longo da história, para enfrentar e resolver problemas.
H4 - Identificar a Matemática como importante recurso para a construção de argumentação.
H5 - Reconhecer, pela leitura de textos apropriados, a importância da Matemática na elaboração de propos-
ta de intervenção solidária na realidade.
Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do
ENCCEJA, no final da apostila.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está iniciando um processo de aprendi-
zagem e ele exige persistência...vamos lá!

13
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 2
LÓGICA E ARGUMENTAÇÃO: DA PRÁTICA À MATEMÁTICA
AMPLIAR FORMAS DE RACIOCÍNIO E PROCESSOS MENTAIS POR MEIO DE INDUÇÃO, DEDUÇÃO, ANALOGIA E
ESTIMATIVA, UTILIZANDO CONCEITOS E PROCEDIMENTOS MATEMÁTICOS.

Eliana Junqueira Barbosa Costa

DO FUNDO DO BAÚ ...


E o homem começou a pensar ... Queria saber e, principalmente, o saber. Assim, ele passou a observar o desconhecido
que o cercava: buscava solução para perguntas para as quais os seus conhecimentos ainda não tinham respostas.
Desta forma, pela observação do universo que o cercava e que sentia, o homem começou a raciocinar e a tirar as suas
conclusões em função daquilo que já conhecia.
A partir de suas próprias observações, o homem deduzia e criava as suas suposições ou hipóteses sobre determina-
do fato e, no caso de repetição desse acontecimento, acreditava ser uma verdade. Algumas crenças que o homem criou
passaram a ser para ele uma verdade, porque eram comprovadas pela experiência. E esta verdade tornava-se, então, o
conhecimento sobre aquele assunto.
E o pensamento humano evoluía, a partir dos novos conhecimentos. E, cada vez mais, as necessidades humanas exi-
giam novas formas de pensar.
Pensemos. A globalização dos conhecimentos, os avanços da tecnologia e das ciências têm provocado, no cotidiano
das sociedades e das atividades humanas, constantes transformações. E o que este contexto vem a exigir do ser humano?
Muito simples: um raciocínio lógico e ágil.
No nosso dia a dia, mesmo sem perceber, estamos raciocinando a todo instante. Quando atravessamos uma rua, ou
lemos uma notícia no jornal ou assistimos aos noticiários pela televisão, e, até mesmo, em discussões informais com fami-
liares e amigos, estamos permanentemente “ligados” em atos de pensar, refletir e argumentar.
“E os números governam o mundo”, raciocinou Platão, filósofo grego que viveu no período de 428 a 348 a.C.

Ilustração 19

Observe bem a “tira”. Em que a Matemática poderia ajudar o Guarani a se livrar do rebaixamento, segundo o pensa-
mento do Bobrinha? Qual o raciocínio poderia ser utilizado?
Pensemos. O Campeonato Paulista de Futebol de 2009 foi disputado por 20 times, e cada time deveria jogar 19 par-
tidas. O Guarani já disputara 18 partidas e perdera 12, ficando com 36 pontos perdidos. Os outros 4 times que estavam
na mesma situação para o descenso – rebaixamento para a 2ª divisão – também já tinham disputado 18 partidas, tendo
perdido 10 partidas e empatado 5, ficando com 35 pontos perdidos. Como para todos faltava disputar 1 partida, o Guarani
tinha que torcer para que acontecesse uma série de combinação de resultados, em que várias eram as possibilidades.
E, ao Guarani somente restava agarrar-se a números, suar muito a camisa e torcer.
E o que a Matemática tinha a ver com tudo isto? Para saber como e por que somente a Matemática poderia salvar o
Guarani do descenso, a resposta está no tópico “Hora de conferir o que aprendeu”. Lá, você também vai conferir se o Gua-
rani escapou do descenso no Campeonato Paulista de Futebol de 2009.

9 Extraído do Correio Popular, Caderno C, de 03.04.09.

14
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

O ser humano convive diariamente com a Matemáti- Pense: o ano tem 12 meses. Se há 13 pessoas reunidas
ca. Em grande parte, vivemos a Matemática de forma di- para a ceia, então com certeza pelo menos duas nasce-
dática, para adquirirmos conhecimentos, mas, na maioria ram no mesmo mês. Portanto, a resposta é a alternativa
das vezes, a Matemática aparece de forma imperceptível. “b”.
Analise o problema abaixo e veja o que você respon- E o raciocínio, o que seria?
deria. Inúmeras são as definições existentes, mas podemos
Théo comprou um saquinho com bolinhas de gude, defini-lo como uma ferramenta do pensamento, com a qual
18 azuis e 18 verdes. Quantas bolinhas, no mínimo, Théo as idéias são trabalhadas e organizadas a partir de uma ló-
deve retirar do saquinho para ter certeza de que pelo me- gica, para que seja possível alcançar uma conclusão.
nos duas sejam da mesma cor? Assim funciona o raciocínio: um início, um desenvolvi-
a) 35 mento e uma conclusão.
b) 18 O início pode ser uma questão, da seguinte forma:
c) 3 Qual dos números não pertence à série seguinte?
d) 19 1 – 2 – 5 – 10 – 13 – 26 – 29 – 48
e) 8 Agora, no desenvolvimento, tente encontrar o número
que não pertence à série acima, antes de olhar a resolução.
Chegamos à resposta desta questão por puro raciocí- Vamos juntos. A lei de formação da sequência segue o
nio lógico. Vejamos: ao retirar a primeira bolinha, ela pode seguinte raciocínio lógico:
ser de qualquer cor. A segunda bolinha poderá ser da 1. os números de ordem par – o segundo, o quarto,
mesma cor ou de uma cor diferente. Mas a terceira será, o sexto e o oitavo – são o dobro do seu antecessor. Veja: o
obrigatoriamente, da cor de uma das bolinhas retiradas dobro de 1 é 2, o dobro de 5 é 10, o dobro de 13 é 26 e o
anteriormente. Portanto, Théo deverá retirar, no mínimo, dobro de 29 é 58;
3 bolinhas. 2. os números de ordem ímpar – (o terceiro, o quinto
A necessidade de criar, transformar, inovar, é desejo e o sétimo) – são o seu antecessor mais 3. Veja: 2 + 3 = 5; 10
natural do ser humano. Para isto, somos obrigados a ra- + 3 = 13, e 26 + 3 = 29.
ciocinar, seja pela intuição, pela indução, pela dedução, Portanto, o número 48 não pertence à sequência – con-
pela analogia, pela estimativa, dentre outras formas de clusão.
pensar da mente humana. Essas formas de raciocínio se- O raciocínio está ligado diretamente ao pensamento e
rão detalhadas ainda neste Capítulo. aos nossos cinco sentidos – audição, olfato, paladar, tato e
Alguém já deve lhe ter perguntado: “Mas isto é lo- visão –, que constituem a nossa ligação com o mundo que
gicamente correto?” “Você tem argumentos lógicos que nos cerca.
comprovem o que você está dizendo?” Além dos cinco sentidos, o raciocínio está também in-
E qual foi a sua reação? Espanto? Descontentamen- timamente ligado a um outro sentido: o inexplicável “sexto
to? Raiva, por estar sendo questionado? E, diante dessa sentido”.
situação, você apresentou razões, provas ou fatos que Mas, “sexto sentido”, o que seria? Uma definição sim-
comprovassem que aquilo que você estava expondo era ples seria aquela intuição, premonição ou simplesmente
verdade? uma sabedoria interior, cuja origem é indecifrável.
Agora, se você respondeu à pergunta de forma cor- A intuição tem a sua importância, mas é necessário que
reta – dita “com pé e cabeça” –, você sabia que estava ela tenha uma fundamentação, pois, do contrário, ela pode
apresentando uma argumentação com lógica? nos levar a conclusões equivocadas. A intuição, portanto,
Mas o que seria a lógica? não pode ser colocada, unicamente, como uma verdade
Pensemos da seguinte forma: a lógica pode ser de- “verdadeira”, pois ela é baseada em hipóteses, que exigem
finida como um instrumento do raciocínio, ou seja, um uma comprovação, uma fundamentação convincente: a ar-
processo de organização do raciocínio que nos possibilita gumentação.
aplicar métodos e procedimentos para distinguir os argu- E o que seria a argumentação?
mentos válidos dos não válidos. A argumentação pode ser definida como os conceitos e
Analise a seguinte situação: uma família está reunida conhecimentos que se têm sobre uma situação ou fato em
para a ceia de Natal. Na sala, encontram-se 13 pessoas. análise e que possam comprovar a verdade das hipóteses.
Das afirmações abaixo, qual é a necessariamente verda- Ao se concluir que as hipóteses são verdadeiras, chega-se,
deira? então, a uma conclusão correta e que convence.
a) Pelo menos uma das pessoas tem menos de 20 E diante dos problemas, como o homem utiliza o seu
anos. raciocínio?
b) Pelo menos duas pessoas fazem aniversário no Vejamos: abra um jornal ou uma revista. Gráficos, nú-
mesmo mês. meros, porcentagens, tabelas, estimativas, enchem-nos de
c) Pelo menos uma pessoa nasceu num dia ímpar. informações, cuja leitura exige um conhecimento matemá-
d) Pelo menos uma pessoa nasceu em julho ou tico e um domínio, por mínimo que seja, da linguagem ma-
agosto. temática.
E como a Matemática nos auxilia na resolução de pro-
blemas?

15
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

No contexto em que atualmente vivemos, todas as No cruzamento de três avenidas, a quantidade neces-
áreas da atividade humana buscam na Matemática a fonte sária de semáforos é 3.
para a resolução de seus mais difíceis problemas. Mas para
a solução de tantas questões, o ser humano tem que pos-
suir conhecimentos e habilidades para que possa pensar,
raciocinar e agir matematicamente.
Aqui, aparece a face investigativa da Matemática.
Ao se defrontar com uma situação-problema, o homem
coloca o seu raciocínio “a trabalhar” e busca estruturar
uma sequência de ações que lhe permitam compreender
a questão. Compreendida a questão, o homem avalia os
seus conhecimentos sobre o assunto, elabora um conjunto
de possíveis soluções, adota aquela solução por ele julgada
como a correta para resolver o problema, e, finalmente, ob-
serva se os resultados esperados foram alcançados. Ilustração 3
E se você estivesse diante de uma situação-problema
como a citada a seguir, como você a resolveria? No cruzamento de quatro avenidas, a quantidade ne-
O Departamento de Trânsito de uma cidade deverá cessária de semáforos é 6.
adquirir semáforos para instalar nos cruzamentos de suas
avenidas. Qual é a maior quantidade de aparelhos que o
departamento deverá adquirir para os cruzamentos, em
pontos diferentes, de cinco avenidas? Lembre-se de que
o cruzamento é o ponto de intersecção onde as avenidas
se cruzam.

ASSIM OU ASSADO
Em Matemática, utilizam-se modelos para a solução de
muitas situações-problema. Na questão sobre os semáfo-
ros, você utilizou algum modelo? Pense que um modelo
pode ser uma tentativa de solução por manuseio de obje-
tos que possam representar a situação.
Para o problema acima, tente com lápis, canudos, pali-
tos etc., antes de ver a resolução.
Ilustração 4
Resolução
Finalmente, como resolução do problema, no cruza-
Vamos por partes: a quantidade necessária de semáfo- mento de cinco avenidas, a quantidade necessária de se-
ros no cruzamento de duas avenidas é 1. máforos é 10.

Ilustração 2
Ilustração 5

Com o exposto acima, você conseguiu visualizar al-


guma relação entre o número de avenidas e o número
máximo de semáforos para os cruzamentos existentes na
cidade?
Agora, você, como técnico do Departamento de Trân-
sito daquela cidade, deverá apresentar um estudo para a
instalação de semáforos no cruzamento de dez avenidas.

16
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Com os dados acima, complete a tabela abaixo.

Número de
avenidas 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Número de
semáforos 1 3 6 10

Veja a solução no tópico “Hora de conferir o que aprendeu”.

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES ... RESOLVIDOS! UFA! ...


1) Analisemos a afirmação: todo ângulo externo de um triângulo é igual à soma dos dois ângulos internos situados no
lado oposto a ele. A afirmação é verdadeira?
Vamos lá. Partindo das hipóteses de que ABC é um triângulo e α é um ângulo externo, devemos provar a tese de que
. Observe que uma letra maiúscula com um acento circunflexo indica um ângulo. Assim, α é igual à soma do
ângulo A com o ângulo B.

Ilustração 6

Sabemos que:

a) a soma dos ângulos internos de um triângulo é 180º: = 180º.

b) a soma de um ângulo externo com o seu ângulo interno é 180º: α + = 180º.

Das igualdades acima vem:

α+ =

Agora, vamos transportar, do primeiro membro para o segundo membro da equação, o , que vai com a operação
inversa da adição: a subtração.

α=

Pelo método do cancelamento, .

Logo α = . c.q.d.

O problema apresentado acima é um teorema, que podemos definir como um enunciado que, para ser admitido ou
ser aceito como verdadeiro, necessita de demonstração.
Essa demonstração, em Matemática, é uma maneira de argumentar, processo em que partimos de hipóteses para che-
garmos a uma tese, a qual nada mais é que o teorema proposto. A expressão c.q.d. significa “como queríamos demons-
trar” e é utilizada nos finais de uma demonstração, como forma de comprovar que os argumentos utilizados são válidos.
2) Um paisagista foi contratado para fazer o jardim de uma residência. O jardim deverá ter a forma de um triângulo.
O proprietário exige que o jardim seja gramado no meio e que folhagens sejam plantadas ao longo de duas laterais do
gramado.

17
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

O paisagista realizou a medição do jardim e chegou às medidas representadas no desenho abaixo. Quais deverão ser,
então, as medidas dos ângulos externos das áreas onde serão plantadas as folhagens?

Ilustração 7

Resolução

Ilustração 8

Então, temos:

A soma do ângulo externo 2x com o ângulo interno adjacente é igual a 180º.

2x + = 180º

= 180º - 2x

Pelo teorema do ângulo externo, vem:

2x – 40º = x + 5º + 180º - 2x

2x – x + 2x = 40º + 5º + 180º

3x = 225º

x=

x = 75º.

Logo, como os ângulos externos são 2x e 2x – 40º, temos:

2x = 2 . 75º = 150º e

2x – 40º = 2 . 75º - 40º = 150º - 40º = 110º

Portanto, o ângulo da direita terá 150º e o da esquerda, 110º.

Vamos verificar o nosso raciocínio lógico.

18
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

3) Na sequência abaixo, há uma certa “regra” para se chegar a uma conclusão. Tente encontrá-la, para chegar à conclu-
são de quantos losangos terá a sétima figura.

Ilustração 9

Resolução
Na primeira figura, temos 5 losangos; na segunda, 9 losangos, e, na terceira, 13 losangos. A “regra” é: há um acréscimo
de 1 losango em cada extremidade da figura, isto é, a cada figura, há um acréscimo de 4 losangos. Portanto, a quarta figura
terá 17 losangos; a quinta, 21 losangos; a sexta, 25, e, finalmente, a sétima terá 29 losangos.

4) Pedro saiu de casa e fez compras em quatro lojas, cada uma num bairro diferente. Em cada uma
gastou a metade do que possuía e, ao sair de cada uma das lojas pagou R$2,00 de estacionamento.
Se no final ainda tinha R$8,00, que quantia tinha Pedro ao sair de casa?

a) R$ 220,00
b) R$ 204,00
c) R$ 196,00
d) R$ 188,00

Qual o raciocínio que você utilizaria para resolver essa questão? Você resolveria a partir das alternativas? É um caminho.
Mas, vamos raciocinar de outra forma.
Vamos pensar: que tal iniciarmos a resolução do fim para o começo? Da seguinte maneira:
. 4ª loja: R$8,00 que sobraram, mais R$2,00 do estacionamento = R$ 10,00, que é a metade do que foi gasto na 3ª loja.
. 3ª loja: R$10,00 vezes 2 = R$20,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$22,00, que é a metade do que foi gasto na 2ª loja.
. 2ª loja: R$22,00 vezes 2 = R$44,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$46,00, que é a metade do que foi gasto na 1ª loja.
. 1ª loja: R$46,00 vezes 2 = R$92,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$94,00, que é a metade do que Pedro tinha.
Finalmente, R$94,00 vezes 2 = R$188,00, que é a quantia que Pedro tinha ao sair de casa. Portanto, a alternativa correta é
a letra “d”.
Outra forma de resolução:
Pedro tinha x reais.
. 1ª loja: se Pedro tinha x reais, gastou metade do que tinha e mais R$2,00 de estacionamento, então gastou

no total .

. 2ª loja: gastou metade de mais R$2,00 de estacionamento. Ficou com .

. 3ª loja: gastou metade de mais R$2,00 de estacionamento. Ficou com .

. 4ª loja: gastou metade de mais R$2,00 de estacionamento.

Ficou com .

Como sobraram R$8,00, vem: .

19
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Logo, Pedro tinha R$188,00 ao sair de casa. COLOCANDO OS PINGOS NOS IS


Qual das formas acima você achou mais fácil? Utilizan- Vamos recordar: em qualquer tipo de situação que nos
do o raciocínio lógico ou resolvendo algebricamente? Você exija um raciocínio lógico, para alcançarmos uma conclusão
teria outra forma de resolver essa questão? Tente. utilizamos, mesmo sem perceber, a indução, a dedução, a
analogia, a estimativa, dentre outras formas de raciocínio.
5) Duas secretárias devem endereçar 720 correspon-
dências cada uma. A primeira é mais rápida e endereça 18 Raciocínio e premissa
envelopes a cada 5 minutos. A segunda endereça 12 enve- Para utilizarmos o raciocínio por indução e dedução, é
lopes a cada 5 minutos. Após a primeira secretária acabar a necessário que saibamos o significado de premissa: pre-
sua tarefa, quantas horas a segunda secretária ainda deve missa é um fato, um conceito ou uma expressão que servirá
trabalhar para concluir o trabalho? de base para se chegar a uma conclusão.
Exemplo:
a) Todo homem é mortal. (premissa maior)
Luís é homem. (premissa menor)
Logo, Luís é mortal. (conclusão)
b)
Raciocínio por indução
O raciocínio por indução possibilita alcançar uma
c) 2 h
conclusão sobre determinado fato ou assunto, partindo,
sempre, do particular para o geral.
A premissa da indução consiste na percepção de que
d) fenômenos similares repetidos ocorrerão sempre da mes-
ma forma.
As conclusões alcançadas pelo método da indução per-
e) 5 h mitem uma certeza pela evidência, principalmente quando
o número de acontecimentos semelhantes é significativo.
Exemplo:
Resolução Eu torço pelo São Paulo.
Como é pedido o tempo em horas, uma forma de re- Meu irmão torce pelo São Paulo.
Meu vizinho torce pelo São Paulo.
solução seria calcularmos a quantidade de envelopes que
Logo, todo mundo torce pelo São Paulo.
as secretárias conseguem endereçar por minuto. Assim, a Neste exemplo, não temos um número significativo de
primeira secretária endereça 18 envelopes divididos por 5 ocorrências. Consideramos apenas três observações, o que
não nos leva a uma conclusão confiável.
minutos = 3,6 envelopes por minuto. Então, para endereçar Vamos a outra indução que parte de premissas verda-
720 envelopes, ela gastará 720 : 3,6 = 200 minutos. deiras e resulta em uma conclusão falsa.
Seguindo o mesmo raciocínio, a segunda secretária O número 17 é primo.
Logo, todo número ímpar, de dois algarismos, é primo.
endereça 12 envelopes divididos por 5 minutos = 2,4 enve- Portanto, 27 também é um número primo.
lopes por minuto. Dessa forma, para endereçar 720 enve- Lembre-se de que número primo é todo número que
pode ser dividido somente por ele mesmo e por 1.
lopes, ela gastará 720 : 2,4 = 300 minutos.
Desta forma, embora 27 seja um número ímpar e com
No momento em que a primeira secretária acaba a sua dois algarismos, ele não é um número primo, pois, além
tarefa, a diferença para a segunda é de 100 minutos, ou seja, de ser divisível por 1 e por 27, ele também é divisível por
3 e por 9.
300 minutos menos 200 minutos = 100 minutos. Assim, 100 Concluímos, portanto, que, embora as premissas sejam
verdadeiras, a conclusão de que o número 27 é primo é
minutos é igual a 1 hora e 40 minutos. Como a hora tem
falsa.
60 minutos, dividimos esses minutos em três partes de 20
Raciocínio por dedução
minutos, ou seja, cada 20 minutos representam da hora. O raciocínio por dedução consiste, a partir de premis-
sas que constituem uma verdade, em se chegar a uma nova
Logo, 40 minutos representam da hora. Portanto, conclusão também verdadeira, como aceitação de que as
premissas são verdadeiras.
1 hora e 40 minutos corresponde a 1 hora e da hora.
O raciocínio por dedução permite uma conclusão
sobre determinado fato ou assunto, partindo, sempre, do
Assim, a resposta é a alternativa “b”.
geral para o particular.

20
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Por exemplo, todo número ímpar pode ser escrito da Raciocínio por estimativa
forma 2n + 1, para qualquer n inteiro: 21 é um núme- O raciocínio por estimativa é utilizado em situações nas
ro ímpar quais não é exigido um resultado exato, ou seja, quando
Logo, o número 21 pode ser escrito como 2n + 1, se n trabalhar com um valor aproximado é suficiente para aqui-
for igual a 10, ou seja, lo que desejamos. Por exemplo, quando queremos saber a
2 x 10 + 1 = 21 medida de um objeto, seja a largura, o comprimento ou a
Veja outro exemplo: altura, e não queremos medi-lo diretamente, estimamos o
Todo homem é mortal. seu comprimento. Quando queremos achar o resultado de
João é homem. Logo, João é mortal. uma operação aritmética, sem realizá-la, chegamos a um
resultado aproximado.
Raciocínio por analogia Em nosso cotidiano, como uma grande parte das infor-
mações numéricas que recebemos não está precisamente
O raciocínio por analogia consiste numa comparação
exata, as decisões devem ser tomadas com base em valores
entre duas relações, isto é, transportar uma situação já co-
aproximados.
nhecida para uma nova situação, como no exemplo abaixo.
O raciocínio por estimativa é, portanto, a capacida-
Leia a seguinte adaptação de uma lenda indiana: cinco
de de, mentalmente e com rapidez, efetuar cálculos com
homens cegos encontram um elefante. Como eles jamais valores aproximados e decidir se o resultado obtido tem
tinham visto um, começaram a apalpá-lo, buscando enten- precisão suficiente para o objetivo pretendido.
der e descrever esse novo fenômeno. O primeiro homem Em vários ramos de atividades, profissionais utilizam
agarrou a tromba e conclui: é uma cobra. O segundo exa- medidas e processos de estimativa para o seu trabalho,
mina uma das pernas do elefante e descreve: é uma árvore. por exemplo, costureiras, pedreiros, marceneiros, dentre
O terceiro descobre a cauda do elefante e anuncia: é uma outros.
corda. O quarto sentiu a presa e disse que era uma lança. No raciocínio por estimativa, o saber e os conceitos
E o quinto homem cego, depois de descobrir a lateral do matemáticos são fundamentais para dar validade aos re-
elefante, conclui que é, depois de tudo, uma parede. sultados alcançados.
Em um raciocínio por analogia sobre determinado Agora, resolva a questão a seguir, com base em um
fato, as pessoas procuram relacionar as características des- raciocínio por estimativa.
se fato com as características de outra situação que lhes é Um veículo percorre uma distância de 120 km em uma
conhecida ou que tenham experimentado. É um campo de hora. Qual o tempo aproximado que ele gastará para per-
comparações, em que a compreensão do novo fato leva a correr uma distância de 180 km?
um novo conhecimento, que pode ser verdadeiro ou não. Vamos lá. Qual a sua estimativa de tempo? Mais ou
Um outro exemplo de raciocinar por analogia é o caso menos, do que 1 hora e 40 minutos?
de um brasileiro, descendente de japoneses, que pretende Antes de ver a resolução, escreva o tempo que você
imigrar para o Japão, pois entende que, como outros des- estimou. Lembre-se de que é um cálculo por estimativa.
cendentes foram bem-sucedidos naquele país, pelas mes- Agora, vamos conferir a sua estimativa, utilizando a re-
mas razões ele também terá sucesso. E será que ele terá o gra de três:
mesmo sucesso?
Raciocine: 10 vezes 10 é igual a 100. Então, quanto é 1 hora = 60 minutos. Então:
R$10,00 vezes R$10,00?
Por analogia ... Conseguiu? Não? Você está certo, pois 120 km ― 60 minutos
não é possível multiplicar dinheiro por dinheiro. A opera-
180 km ― x
ção R$10,00 vezes R$10,00 é impossível, pois não sabería-
mos quantas vezes multiplicar a quantia de R$10,00. Um
valor monetário somente pode ser multiplicado por um minutos. Portanto, 90 : 60 = 1
número real.
Em uma comparação entre essas três formas de racio-
cínio, podemos perceber que, na dedução, a conclusão hora e 30 minutos.
alcançada é a confirmação do que está contido nas pre-
missas, isto é, se as premissas constituem uma verdade, a Veja esta situação: sempre vemos em noticiários ou
conclusão sempre será verdadeira; na indução e na analo- artigos a informação: “o público presente ao evento é es-
gia, nem sempre – isto é, provavelmente – a verdade con- timado em 30.000 pessoas”. Ora, como os profissionais
tida nas premissas leva a uma conclusão que também seja da imprensa chegam a essa conclusão? Vamos raciocinar:
verdadeira. esses profissionais sabem, de antemão, que a área ocupa-
Não se esqueça: a validação de um raciocínio passa, da pela multidão é de, aproximadamente, 120.000 metros
necessariamente, pela confirmação de sua veracidade ou quadrados, e que cada metro quadrado pode comportar
de seu acerto. até quatro pessoas. Com essas informações, eles realizam
Lembre-se: o raciocínio lógico está diretamente ligado uma simples operação de divisão de 120.000 metros qua-
ao pensar matemático. drados por 4 pessoas, que dá uma estimativa de 30.000
pessoas. Entendeu?

21
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Uma outra forma de raciocínio está ligada aos diagramas, que são representações em que cada conjunto é definido
pela região limitada por uma linha fechada. Essas representações são conhecidas como diagramas de Venn, ou de Venn-Eu-
ler – pronuncia-se “ven-óiler”. John Venn foi um filósofo e matemático britânico que viveu de 1834 a 1883.
Essas representações são circunferências entrelaçadas, de acordo com o número de conjuntos analisados. A parte co-
mum entre os conjuntos denomina-se intersecção, na qual aparecem os elementos comuns a todos os conjuntos.
Veja os exemplos a seguir.
1) Uma editora estuda a possibilidade de relançar o primeiro número das revistas em quadrinhos Homem-Aranha,
Superman e Mandrake. Para isto, efetuou uma pesquisa de mercado e concluiu que, em cada 1000 pessoas consultadas,
600 já leram Mandrake; 400 leram Superman; 300 leram Homem-Aranha; 200 leram Mandrake e Superman; 150 leram
Mandrake e Homem-Aranha; 100 leram Superman e Homem-Aranha; 20 leram as três revistas. Calcule:
a) O número de pessoas que leu apenas uma das revistas.
b) O número de pessoas que não leu nenhuma das três revistas.
c) O número de pessoas que leu duas ou mais revistas.

Resolução
O preenchimento do diagrama inicia-se pela colocação do número de elementos da intersecção entre os três conjun-
tos. Após, coloca-se o número de elementos da intersecção entre dois conjuntos, para, finalmente, colocar o número de
elementos de cada conjunto. Ao colocar o número de elementos de um conjunto, não podemos esquecer de descontar
os da intersecção.

Ilustração 10

Assim,

a) O número de pessoas que leu apenas uma das revistas é:


270 + 120 + 70 = 460

b) O número de pessoas que não leu nenhuma das três revistas é:


x = 1000 – 870 = 130.

c) O número de pessoas que leu duas ou mais revistas é


180 + 20 + 130 + 80 = 410.

22
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

2) Em uma empresa, 60% dos funcionários lêem a revista A, 80% lêem a revista B, e todo funcionário é leitor de pelo
menos uma dessas revistas. Qual o percentual de funcionários que lê as duas revistas?
Resolução

Seja x o valor procurado. Desenhando um diagrama de Venn-Euler e utilizando-se do fato de que a soma das parcelas
percentuais resulta em 100%, temos a equação: 60 - x + x + 80 - x = 100. Daí, vem que, 60 + 80 - x = 100. (PUC 1999)

Ilustração 11

Logo, x = 140 - 100 = 40, e, assim, o percentual procurado é 40%.


3) Dos 50 alunos de uma classe, todos corintianos ou palmeirenses, 32 são rapazes, 23 são palmeirenses e apenas cinco
moças torcem para o Corinthians. O número de elementos do conjunto de pessoas dessa classe que são corintianas ou
moças é:
a) 28
b) 32
c) 36
d) 40
e) 42

Resolução
Neste tipo de problema, não é possível uma resolução pelo diagrama de Venn, pois não temos intersecção entre os
dados. Usamos, então, uma tabela.

Corintianos Palmeirenses Total

Rapazes

Moças

Total

Preenchimento da tabela
O total de alunos é 50. Se 32 são rapazes, 50 – 32 = 18 moças. Se apenas 5 moças são corintianas, então 18 – 5 = 13.
Portanto, 13 são palmeirenses. Temos ao todo 23 palmeirenses. Como 13 são moças, 23 – 13 = 10. Então 10 rapazes são
palmeirenses. E o restante, 32 – 10 = 22, são rapazes corintianos.

Corintianos Palmeirenses Total

Rapazes 22 10 32

Moças 5 13 18

Total 27 23 50

23
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

O problema pede o número de pessoas corintianas ou O objetivo do passatempo é desenvolver o raciocínio


moças, ou seja, pede a união. Logo, 22 + 5 + 13 = 40 pes- lógico, a concentração e a memória do jogador. O desafio
soas. A alternativa correta é a “d”. consiste no preenchimento de cada quadrado de uma grade,
Os diagramas de Venn são utilizados também para de- com um número entre 1 e 9, mas com a regra de não repeti-
terminar a validade de um argumento. Lembre-se de que ção de quaisquer números em uma fileira ou coluna, tanto na
o argumento consiste de duas premissas e uma conclusão. grade menor como na grade maior, que compõem o enigma.
Exemplos:
1ª premissa: todos os cientistas são estudiosos.
2ª premissa: alguns cientistas são inventores.
Conclusão: logo, alguns estudiosos são inventores.

Ilustração 12
Pelo diagrama, vemos que a argumentação é válida,
porque os conjuntos mantêm uma intersecção.
1ª premissa: todo brasileiro é artista. Ilustração 14 10
2ª premissa: Pedro é um artista.
Conclusão: Logo, Pedro é brasileiro. Como jogar
Complete os quadrados vazios, com números de 1 a 9,
sem repetir quaisquer nú-
meros em uma fileira ou coluna, tanto da grade menor,
3 x 3, como da grade maior, 9 x 9.

AGORA É A SUA VEZ

1) Considere três números ímpares acima de 3 e calcule


os seus quadrados. Em seguida, subtraia um dos quadrados
obtidos dos outros dois quadrados e responda:11
a) Os resultados são divisíveis por 8?
b) Podemos concluir que subtraindo um dos quadrados
de todos os números ímpares obtém-se um número divisível
por 8?

Ilustração 13 2) Quantos 9 existem entre 0 e 100?

Pelo diagrama, vemos que a argumentação não é vá- 3) Dada a sequência de números 2, 6, 10, 14, 18, 22, ...:
lida, pois Pedro pode ser ou não brasileiro. Os conjuntos a) Complete a sequência até 30.
são disjuntos, isto é, não possuem elementos comuns. b) Investigue se 94 é um elemento da sequência. Descre-
va como chegou à sua conclusão.
Sudoku – Uma forma de desenvolver o raciocínio c) Investigue se 76 é um elemento da sequência. Descre-
lógico va como chegou à sua conclusão.
Atualmente, um passatempo tem atraído a atenção de d) Cada elemento, a partir do segundo, tem uma relação
todas as faixas etárias: o Sudoku, um jogo de lógica e racio- com o seu antecessor e seu sucessor. Qual é esta relação?
cínio, que apresenta um desafio mental e exige um senso e) Qual a lei de formação da sequência?
matemático para a sua resolução. Esse passatempo tam-
bém foi apresentado no Capítulo 2 da apostila do Ensino 10 Extraído do site www.somatematica.com.br.
Fundamental. 11 www.clickeducação.com.br

24
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

4) No esquema abaixo, tem-se o algoritmo da adição de dois números naturais, em que alguns algarismos foram subs-
tituídos pelas letras A, B, C, D e E.

Determinando-se corretamente o valor dessas letras, então


A + B – C + D – E é igual a:
a) 25
b) 19
c) 17
d) 10
e) 7

5) Considere a sequência C, E, G, F, H, J, I, K, M, L, N, P ... Se o alfabeto usado é o oficial, que tem 26 letras, então, de
acordo com esse critério, a próxima letra dessa sequência deve ser:
a) R
b) Q
c) O
d) U
e) T

6) Considere que a sucessão de figuras abaixo obedeça a uma lei de formação:

Ilustração 15

O número de circunferências que compõem a 100ª figura dessa sucessão é:


a) 5.151
b) 5.050
c) 4.950
d) 3.725
e) 100

7) Uma população utiliza três marcas diferentes de detergente: A, B e C. Feita uma pesquisa de mercado, colheram-se
os resultados tabelados abaixo.
Observação: utilize o diagrama de Venn-Euler para visualizar o problema.

Nenhuma
Marcas A B C AeB AeC BeC A, B e C
delas
Número de
109 203 162 25 28 41 5 115
consumidores

Pode-se concluir que o número de pessoas que consomem ao menos duas marcas é:
a) 99
b) 94
c) 90
d) 84
e) 79

25
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

8) Numa escola mista, existem 42 meninas, 24 crianças ruivas, 13 meninos não ruivos e 9 meninas ruivas. Pergunta-se:
a) Quantas crianças existem na escola?
b) Quantas crianças são meninas ou são ruivas?
Observação: utilize uma tabela para resolver o problema. Na horizontal, meninos e meninas, e na vertical, ruivos e não
ruivos.

9) Classifique os argumentos abaixo, de válido ou não válido. Utilize o diagrama para visualizar o problema.
a) Todos os brasileiros são artistas.
Pedro é brasileiro.
Logo, Pedro é um artista.

b) Todos os automóveis bons são caros.


Todos os automóveis importados são caros.
Logo, todos os automóveis importados são bons automóveis.

10) Resolva o passatempo, com as regras do Sudoku, utilizando algarismos de 1 a 4.

a) b)

Ilustração 16 - Sudoku

HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU


1) a) Sim. Todos os resultados são números divisíveis por 8.
b) Pela dedução, sim, mas não podemos concluir com certeza que todos os números obtidos sejam divisíveis por
8, pois o número de casos considerados é muito pequeno.

2) Existem 20 algarismos 9 entre 0 e 100. Para chegar a essa conclusão, encontramos 9 números, cuja unidade é 9: 9,
19, 29 ..., 89. Contamos, ainda, as dezenas 90 a 99, encontrando 11 algarismos 9, na dezena, sendo que, no 99, o algarismo
9 aparece na unidade e na dezena.

3) a) 2, 6, 10, 14, 18, 22, 26, 30.


b) Como a sequência aumenta de 4 em 4 unidades, e todos os elementos da sequência, quando divididos por 4, tem
resto 2, temos que 94 : 4 = 23, com resto 2. Logo, o número 94 é um elemento da sequência.
c) Seguindo o raciocínio análogo aplicado na alternativa “b”, temos que o número 76 não pertence à sequência, pois
74 : 4 = 19, com resto 0.
d) Cada número, a partir do segundo, é 4 unidades maior que o seu antecessor – 6 + 4 = 10 ... – , e 4 unidades menor
que o seu sucessor – 14 -4 = 10 ... .
e) 4n – 2, para n ≥ 1.

4) A = 5; B = 7; C = 3; D = 9; E = 1. Então, A + B – C + D – E = 5 + 7 – 3 + 9 – 1 = 17. Logo, a alternativa correta é a


letra “c”.

5) Analisando a sequência, observamos que o G ocupa o lugar do F; o J ocupa o lugar do I, e o M ocupa o lugar do L. A
próxima letra a ser utilizada é o O, que, pela regra da sequência, tem o seu lugar ocupado pelo P. Então, o O passa a ocupar
o lugar do P. A alternativa correta é a letra “c”.

26
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

6.) O número de circunferências forma a sequência 1, 3, 6, 10, 15 ... Como queremos encontrar o número de circunfe-
rências que compõem a 100ª figura, faremos com um processo análogo ao que se segue:
1=1
3=1+2
6=1+2+3
10 = 1 + 2 + 3 + 4
15 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5
Então, a 100ª figura será x = 1 + 2 + 3 + 4 + ... + 97 + 98 + 99 + 100. Note que a soma dos termos equidistantes dos
extremos é igual à soma dos extremos.

Isto é, 1 + 100 = 2 + 99 = 3 + 98 = 4 + 97 = ... = 101.

Logo, . Portanto, a alternativa correta é a letra “b”.

7. Alternativa “d”.
“Ao menos duas marcas” quer dizer que podem ser 2 ou mais marcas.
Logo:
23 + 20 + 36 + 5 = 84. Portanto, 84 pessoas consomem ao menos 2 marcas.

Ilustração 17

8.

Meninos Meninas Total


Ruivos 15 9 24
Não ruivos 13 33 46
Total 28 42 70

a) Na escola existem 28 meninos e 42 meninas. Então 28 + 42 = 70 crianças.


b) O número de crianças que são meninas ou são ruivas é 9 + 33 + 15 = 57.
9) a) Argumento válido
b) Argumento não válido, porque não podemos concluir se os automóveis
importados são bons automóveis, pois os conjuntos são disjuntos.

27
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

10. a) b)

4 2 1 3 3 1 2 4

1 3 4 2 4 2 3 1

2 4 3 1 2 4 1 3

3 1 2 4 1 3 4 2

Solução do problema do Guarani


O Campeonato Paulista de Futebol da 1ª Divisão de 2009 foi disputado por 20 times. Os times jogaram entre si. Cada
time disputou 19 jogos. A cada vitória, os times ganhavam 3 pontos; a cada derrota, perdiam 3 pontos, e, em caso de em-
pate, perdiam 1 ponto. Ao final do campeonato, os 4 times com o maior número de pontos perdidos seriam rebaixados
para a 2ª divisão do campeonato. Caso ocorresse um empate em número de pontos perdidos entre 5 ou mais times,
seriam rebaixados os 4 times que tivessem o maior número de derrotas.
Na ocasião em que o Bobrinha conversou com a sua professora, todos os times já tinham disputado 18 partidas. Faltava
uma rodada para o final do campeonato. O Guarani tinha perdido 12 partidas e não conseguira nenhum empate, ficando
com 36 pontos perdidos – 12 derrotas vezes 3 pontos = 36 pontos perdidos.
Os outros quatro times também estavam na zona de rebaixamento: os times A, B, C e D, com 35 pontos perdidos –
todos com 10 derrotas e 5 empates. Para esses, então, 10 vezes 3 = 30, e 5 vezes 1 = 5, num total, portanto, de 30 + 5 =
35 pontos perdidos.

A situação da tabela para os times, em pontos perdidos, era a seguinte:

Jogos Número de Número de


Times Pontos perdidos
disputados empates derrotas
A 18 5 10 35
B 18 5 10 35
C 18 5 10 35
D 18 5 10 35
Guarani 18 0 12 36

As possibilidades de o Guarani escapar ou não do descenso eram as seguintes:

1) Vitória do Guarani e de qualquer outro time: o Guarani ficaria entre os quatro rebaixados, pois um time permane-
ceria com 35 pontos perdidos.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 0 35
B 35 0 35
C 35 0 35
D 35 0 35
Guarani 36 0 36

28
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

2) Vitória do Guarani e derrota dos times A, B, C e D: o Guarani escaparia do rebaixamento, pois ficaria com os 36
pontos perdidos e os demais 4 times com 38 pontos perdidos.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 0 36

3) Vitória do Guarani e empate de qualquer um dos outros times: todos os times ficariam com 36 pontos perdidos,
mas, o Guarani, por ter o maior número de derrotas – 12, contra 10 dos demais times –, estaria rebaixado.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +1 36
B 35 +1 36
C 35 +1 36
D 35 +1 36
Guarani 36 0 36

4) Derrota do Guarani e dos times A, B, C e D: o Guarani estaria rebaixado.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 +3 39

5) Empate do Guarani e derrota dos times A, B, C e D: o Guarani não seria rebaixado.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 +1 37

29
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

6) Empate do Guarani e dos demais 4 times: o Guarani seria rebaixado, pois ficaria com 37 pontos perdidos e os de-
mais com 35 pontos perdidos.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +1 36
B 35 +1 36
C 35 +1 36
D 35 +1 36
Guarani 36 +1 37

Então, para o Guarani escapar do descenso, as possibilidades possíveis eram a 2 e a 5.


E o que aconteceu?
Coitado do Bobrinha: o Guarani perdeu a última partida; ficou com 39 pontos perdidos; não escapou do descenso, e
caiu para a 2ª divisão do Campeonato Paulista de Futebol.

Solução do exercício dos semáforos, do tópico “Assim ou Assado”

Número de avenidas 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Número de semáforos 1 3 6 10 15 21 28 36 45

Solução do Sudoku – Ilustração 2

Ilustração 18 - Resposta Sudoku


Caso você queira desafios para o seu raciocínio, acesse a página http://www.abril.com.br//pagina/sudoku_jogo_online.
shtml, na Internet. Lá, você encontrará as regras e muito mais sobre o Sudoku. Na página http://www.e-sudoku.com.br,
você também poderá jogar. Bom divertimento!

30
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

PRA FIM DE PAPO! Capítulo 3


Caro Aluno
OS NÚMEROS QUE USAMOS...
Ao final deste Capítulo, você deverá ser capaz de:
H1 - Identificar e interpretar conceitos e procedimen- CONSTRUIR SIGNIFICADOS E AMPLIAR OS JÁ EXIS-
tos matemáticos expressos em diferentes formas. TENTES PARA OS NÚMEROS NATURAIS, INTEIROS, RA-
H2 - Utilizar conceitos e procedimentos matemáticos CIONAIS E REAIS.
para explicar fenômenos ou fatos do cotidiano.
H3 - Utilizar conceitos e procedimentos matemáticos
para construir formas de raciocínio que permitam aplicar Luzia de Fatima Barbosa
estratégias para a resolução de problemas.
H4 - Identificar e utilizar conceitos e procedimentos DO FUNDO DO BAÚ...
matemáticos na construção de argumentação consistente. No dia-a-dia deparamo-nos com diversas informações
H5 - Reconhecer a adequação da proposta de ação so- que são transmitidas por meio de números. Essas informa-
lidária, utilizando conceitos e procedimentos matemáticos. ções podem aparecer em tabelas, gráficos e textos.
Desta forma, precisamos estar preparados para en-
Para verificar se você dominou as habilidades trabalha- frentar e compreender situações envolvendo informações
das neste capítulo, procure resolver as questões da prova numéricas relacionadas a medidas, comparações, dados de
do ENCCEJA, no final da apostila. pesquisa etc12.
Esses números estão organizados, na matemática, sob
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu- forma de conjuntos. E esses conjuntos numéricos, na for-
de um pouco mais, você está construindo um processo de ma como estão organizados hoje, são resultados de uma
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá! evolução científica que foi se ajustando às necessidades do
homem na sociedade.
Que tal um pouco de história?

Sistema Indo-arábico
Tratava-se de um sistema posicional decimal. Siste-
ma posicional porque um mesmo símbolo representava
valores diferentes dependendo da posição que se encon-
trava. Por exemplo: o algarismo 4 nos números: 14 e 41.
No número 14 o 4 ocupa a casa das unidades e seu valor
posicional é 4; já no número 41, o 4 ocupa a casa das deze-
nas e seu valor posicional é 40. Sistema decimal, pois era
composto por 10 algarismos: 0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9.
Esse sistema posicional decimal, criado pelos hindus,
corresponde ao nosso atual sistema de numeração, já es-
tudado por você nas séries anteriores. Por terem sido os
árabes os responsáveis pela divulgação desse sistema, ele
ficou conhecido como sistema de numeração indo-arábico.
Os dez símbolos utilizados para representar os núme-
ros, denominam-se algarismos indo-arábicos. São eles: 0,
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Veja, no quadro13 a seguir, as principais mudanças
ocorridas nos símbolos indo-arábicos, ao longo do tempo.

12 Texto adaptado do livro: Matemática Ensino


Médio, Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz. Editora
Saraiva, São Paulo, 2007.
13 Retirado de: http://www.matematicasociety.
hpg.ig.com.br/sistema_de_numeracao.htm. Acessado
em: 17/maio/2009.

31
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

• Quantos anos você tem?


• Qual o número do seu calçado?
• Qual o número do seu telefone?
• Qual a temperatura de hoje?
• Qual o número da sua casa ou apartamento?
• Qual o preço daquela mercadoria?
• Qual a porcentagem de pessoas que vivem sem
saneamento básico no Brasil?
Perceba que, para muitas informações os números são
de extrema importância. Leia as notícias a seguir14:
“Dois terços da população mundial em 2025 não terão
   acesso à água potável se nada for feito para evitar a escas-
sez, ou seja, 5,5 bilhões de pessoas poderão não ter acesso à
Ilustração 1 água limpa!”
Podemos perceber que essa notícia foi expressa em
Observação: quantidade não inteira.
• Observe que, inicialmente, os hindus não utilizavam o E mais,
zero. A criação de um símbolo para o nada, ou seja, o zero “O Brasil tem água potável suficiente para abastecer
foi uma das grandes invenções dos hindus. cinco vezes a população da Terra. Mas, a distribuição pelo
Mas como os números foram organizados em conjun- território nacional não é equilibrada.”
tos? E ainda, você sabia que:
O primeiro conjunto criado foi dos números naturais. “O Brasil detém 12% de toda a água superficial
Com eles era possível contar e representar quantidades. do planeta?
Esse conjunto é composto pelos números 0,1,2,3,4,5... . Os rios que compõem as 12 regiões hidrográficas brasi-
Mas, imagine que se queira representar temperaturas leiras carregam água suficiente para satisfazer as necessida-
abaixo de zero, andares abaixo do térreo, saldos negativos des do país por 57 vezes. Mas aqui também existe grande
numa conta de banco. Como representar essas situações desequilíbrio: 74% da água brasileira concentra-se na região
com números? Surgem então os números negativos, que da Amazônia.”
junto com os números naturais formam o conjunto dos nú- Vimos nestas notícias, valores expressos ora em núme-
meros inteiros. ros inteiros ora em racionais, ou seja, números fracionários.
Pois é, com essas necessidades surgem então os nú-
meros inteiros. As relaçoes comerciais e outras interven- ASSIM OU ASSADO?
ções, deram um impulso no desenvolvimento desse con- Vamos voltar ao problema da água descrito anterior-
junto. Nele temos os números positivos e negativos, como: mente?
-3, -2, -1, 0, +1, +2, +3. Como foi fornecida a população do planeta que ficará
Mas será que esses números eram suficientes? sem água, seria possível calcularmos a população total do
Pense em situações que necessitam de números não planeta em 2025?
-inteiros... representação de valores em dinheiro; medidas E no caso do Brasil, como ficaríamos?
em receitas de bolo; medidas de comprimento, entre ou- Veja os dados fornecidos a seguir:
tras. Segundo informações, dois terços da população do
Bom, com a necessidade de representar esses valores, planeta em 2025 corresponderão a 5,5 bilhões de pessoas.
surgem os números fracionários que junto com os núme- Você saberia calcular quanto deve ser a população total do
ros inteiros formam o conjunto dos números racionais. planeta em 2025?
Esse conjunto é formado por todos os números que po- É simples! Veja:
dem ser representados por frações. Primeiro, calculamos quantos por cento equivalem
Ao longo deste capítulo, vamos conhecer números que dois terços...
são expressos por frações e ainda números que não são Bom, fazendo a divisão: 2÷3= 0,66666666....(se preferir
possíveis de se representar de tal forma. Esses últimos são use a calculadora para efetuar esses cálculos). Para encon-
chamados de números irracionais. trar o valor, em porcentagem, basta multiplicar por 100,
então, podemos usar aproximadamente 66%.
Então, vamos lá? Acompanhe...
Mas, por que multiplicar por 100? Lembre-se que 2÷3
Afinal de contas, onde usamos esses números? 0,66. Como 0,66 pode ser escrito na forma decimal
Bom, se pararmos para pensar nas diversas situações
do cotidiano, vamos verificar que, para muitas, usamos os
números naturais para representá-las, já em outras, pre- , então equivalem a 66%.
cisamos dos números inteiros. E ainda, existirão aquelas
que só se podem representar com os números racionais ou 14 Informações retiradas da Revista Atualidades-
irracionais. Vejamos a seguir. Vestibular. Editora Abril, p. 190-195. 2008.

32
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

E agora, se estamos querendo encontrar a população PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES...


total, então estamos procurando o equivalente a 100%. En- RESOLVIDOS! UFA....
tendeu?
Pois bem, usando uma regra de três simples, temos 1) No Brasil, a reciclagem de lixo ainda está longe do
que: ideal, mas aos poucos está melhorando. Por exemplo: 35%
66% 5,5 bilhões das embalagens de vidro já estão sendo recicladas15.
100% x a) De acordo com o exemplo dado, para cada 800 to-
neladas de embalagens de vidro, quantas toneladas são
Portanto, temos a seguinte igualdade: recicladas?
b) Determine as porcentagens de material reciclado
com base nas informações dadas.
• Papelão: em 250 t são recicladas 175 t.
• Latas de alumínio: para cada 420 t são recicladas
252 t.
Resolvendo temos: c) 15% dos plásticos rígidos são reciclados. Isso sig-
66x = 5,5.100 nifica, em média, que 300 t são recicladas em um total de
66x = 550 quantas toneladas?
Depois de ler o problema com atenção, vamos resol-
vê-lo?
x= 8,33 a) Seguindo as informações do enunciado do proble-
ma, temos que 35% das embalagens de vidro já são re-
cicladas, então temos que calcular quantas toneladas (em
Ou seja, a população total do planeta em 2025, equiva- 800 t) equivalem a 35%. Você se lembra como resolver
lerá a aproximadamente 8,3 bilhões de pessoas. problemas deste tipo? Acompanhe:
Outra forma de resolver esta questão é pensarmos o Usando a regra de três simples, temos?
seguinte: 800 t 100%
Como temos dois terços da população e queremos a x 35%
população total, sabemos que faltam um terço dela. Por-
tanto, se multiplicarmos essa quantia por 2, estaremos cal- Como são grandezas diretamente proporcionais, te-
culando um terço dessa população. Em seguida multipli- mos:
camos por 3 para obtermos a população total procurada,
acompanhe:

+ = 1 (população total). Calculando...

Agora, basta fazer a multiplicação...


5,5 ÷ 2 = 2,75 100x = 800 . 35
2,75 . 3 = 8,25 100x = 28 000

Portanto, como já calculado anteriormente, a popula-


ção é de aproximadamente 8,25 bilhões de pessoas.
Agora que você já sabe como interpretar determinadas x= = 280
informações, vamos observar o que diz a outra informação.
Em relação ao Brasil, segundo a notícia, 74% da água
existente está na região da Amazônia. Qual será a porcen- Portanto, 35% das embalagens de vidro correspondem
tagem da água que está distribuída no restante do país? a 280 toneladas.
Bom, temos que:
74% da água Amazônia b) Nesse item, basta aplicarmos a regra de três nova-
x Restante do país mente.
250 100 %
Como no total nos temos 100%, então: 75 x%
100 – 74 = 26% da água existente no Brasil abastece o
restante do país.
Espero que você tenha entendido o significado des-
sas informações numéricas e que as mesmas tenham feito
você refletir no uso responsável de água, tendo consciência 15 Atividade retirada e adaptada do livro
da importância de se economizar água no dia-a-dia. Matemática- volume único- Luiz Roberto Dante. Editora
Pronto para resolvermos mais alguns problemas? Ática-2008

33
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Observe que, em todos os problemas, foi necessá-


rio aplicar algum conhecimento matemático já estudado,
como foi o caso da regra de três simples. Espero que você
Escrevendo a igualdade: temos:
tenha recordado tal regra e entendido sua aplicação.
Além disso, nas informações tratadas, os números na-
250x = 175.100
turais, inteiros e racionais estavam presentes. Assim sendo,
vamos acompanhar agora a formação e características de
250x = 17 500
cada conjunto citado.

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S17


Os Números Naturais
x= = 70 O conjunto dos números naturais é um conjunto infi-
nito e também um conjunto ordenado, já que, dados dois
números naturais quaisquer, é sempre possível dizer se são
Assim, vemos que 70% do papelão são reciclados. iguais ou se um é menor ou maior que o outro.
Em relação às latas de alumínio, use o mesmo procedi- A representação do conjunto dos números Naturais é
mento e resolva. A resposta será 60%. a seguinte:
E, atenção! Ao tentar resolver, você poderá checar se N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...}
realmente está entendendo. Além desse, podemos representar o conjunto dos na-
turais sem o zero usando o asterisco, veja:
c) Se 15 % equivalem a 300 toneladas, então: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6,...}
15% 300 t
100% xt Os Números Inteiros
Tal como o conjunto dos naturais, esse conjunto tam-
bém é ordenado.
Escrevendo a igualdade: temos: No conjunto dos números inteiros, quanto mais afasta-
do do zero está um número negativo, menor ele é. E quan-
15x = 100.300 to mais afastado do zero está um número positivo, maior
15x = 30 000 ele é. Qualquer número negativo é menor que o zero ou
que um número positivo.
O conjunto dos Números Inteiros é representado pela
x= = 2 000 letra .

Temos 2000 toneladas de plásticos rígidos. = {..., -2, -1, 0, 1, 2, 3, ...}


2) Quantos números racionais existem entre 1 e 2?16
Vamos pensar sobre isso? Note que o conjunto dos números inteiros é formado
É estranho pensar quantos números existem entre dois por todos os números NATURAIS mais todos os seus repre-
números inteiros consecutivos, não é mesmo? Pois quan- sentantes negativos.
do pensamos nos números naturais ou inteiros, sabemos Como no conjunto dos naturais, podemos representar
responder essa pergunta, basta conhecer o intervalo que todos os inteiros sem o ZERO, veja:
se quer, e ainda entre dois números consecutivos, que é o * = {..., -2, -1, 1, 2, ...}
caso, não existe nenhum número natural ou inteiro. Além disso, podemos destacar os seguintes subcon-
Bom, se voltarmos e pensarmos um pouco... números juntos de .
racionais são aqueles que podem ser escritos na forma de Z* = {..., -3,-2,-1,1,2,3,...}: conjunto dos números inteiros
uma fração... então, comece a pensar em quantas frações não-nulos.
ou números decimais existem entre 1 e 2? Z+ = {0,1,2,3,...}:conjunto dos números inteiros não –
Podemos pensar que existe o 1,2, por exemplo. Mas negativos.
o 1,3 também. Bom, se for assim teremos também o 1,22; Z- = {...,-3,-2,-1,0}:conjunto dos números inteiros não
1,23; 1,3; 1,44, 1,9; 1,9999...e assim por diante. Você con- -positivos.
seguiria escrever todos os números racionais entre 1 e 2? Z+* = {1,2,3,...}:conjunto dos números inteiros positivos.
Começou a perceber que se continuarmos iríamos Z-* = {...,-3,-2,-1}: conjunto dos números inteiros nega-
conseguir outros números racionais entre 1 e 2? Por isso, tivos.
dizemos que entre eles existem infinitos números racionais. 17 Adaptado de http://www.tutorbrasil.com.br/
O que achou? Já tinha pensado sobre isso?
estudo_matematica_online/conjuntos/conjuntos.php.
16 Exercício adaptado do Livro Matemática no Acessado em 17/maio/2009; e informações do livro:
Ensino Médio de Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Matemática Ensino Médio, Kátia Stocco Smole e Maria
Diniz. Editora Saraiva. 2007. Ignez Diniz. Editora Saraiva, São Paulo, 2007.

34
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Os Números Racionais
Já foi mencionado no início deste capítulo que os números racionais podem ser expressos por meio de uma fração.
Pois bem, vamos acompanhar:
O conjunto dos números racionais (representado por ) é definido por:

Ou seja, número racional é todo número que pode ser escrito na forma , com a e b inteiros, b ≠ 0.

Veja alguns exemplos:

; 8,5; -11 = ; ; ; +45 = ; -5 =

Nessa divisão de números inteiros, ao dividirmos o numerador pelo denominador, podemos obter números com dife-
rentes características, por exemplo:
Se dividirmos 10 por 2, obteremos 5, ou seja, 10/2 = 5. (número inteiro)
Se dividirmos 25 por 2, obteremos 12,5, ou seja, 25/2 = 12,5. (decimal finito)
Agora, se dividirmos 25 por 3? O que acontece?

Vejamos: = 8,333... Essa divisão resultou em um número infinito de casas decimais, com um algarismo ou um

grupo de algarismos que se repetem infinitamente numa representação decimal periódica. A esses números chamamos

dízimas periódicas e a fração que gerou essa dízima é chamada de fração geratriz.

Mas se todo número racional pode ser expresso por meio de uma fração, como encontrar a fração que gerou a dízima
0,232323...? Ou seja, qual a sua fração geratriz?
É simples, basta seguir alguns passos:
1° Escreva: x = 0,232323...
2° Como o período da dízima (o número ou grupo que se repete) é composto por dois algarismos, multiplique essa
expressão por 100. Vale ressaltar que se o período tivesse três algarismos, a expressão seria multiplicada por 1000 e assim
por diante...
Então temos que: 100 x = 23,232323...
3° Subtraia essa expressão pela primeira, assim:
100 x = 23,232323...
- x = 0,232323...
99x = 23,000000...

Observe que como depois da vírgula vamos ter infinitas casas decimais que são iguais, então depois da vígula teremos
infinitos zeros.
Assim, temos que:

99x = 23, ou seja, se queremos obter o valor de x, temos:

x= . Pronto, a fração é a fração geratriz da dízima periódica 0,232323... .

Então agora você já conhece todas as formas que pode apresentar um número racional, sendo que em todas elas é
possível escrever o valor em forma de uma fração, ou seja, numa divisão de números inteiros.

35
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Os Números Irracionais Alguns números irracionais especiais18:


Durante muito tempo, ao medir comprimentos, pen- • Número Áureo
sou-se que o número encontrado seria sempre um racio- A proporção áurea ou número de ouro ou número áu-
nal. Descobriu-se, porém, que isso nem sempre ocorria. reo ou ainda proporção dourada é uma constante irracional
Veja, por exemplo, o problema a seguir: denotada pela letra grega Φ (phi) e com o valor aproximado
Como medir a diagonal do quadrado, utilizando seu de 1,618.
lado como unidade de medida? É um número que há muito tempo é empregado na arte.
Também é chamada de: razão áurea, razão de ouro, divina
proporção, proporção em extrema razão, divisão de extre-
ma razão. Vamos acompanhar algumas curiosidades sobre
o número áureo.19
Em algumas partes do corpo humano, podemos encon-
tramos a proporção áurea.
Veja a imagem abaixo. Ela representa a mão humana
com suas medidas proporcionais

Ao procurar solucionar esse problema, descobriu-se


que há medidas que não podem ser expressas como divisão
entre dois interios, ou seja, que não representam números ra-
cionais. Esses números têm, portanto, representação decimal
não-periódica. Com isso surgem os irracionais.
Voltemos à situação anterior: vamos supor que o quadra-
do tem 1 unidade de comprimento de lado, então temos que:

Ilustração 2

A altura do corpo humano e a medida do umbigo até o chão;


A altura do crânio e a medida da mandíbula até o alto da cabeça; A
medida da cintura até a cabeça e o tamanho do tórax; A medida do
ombro à ponta do dedo e a medida do cotovelo à ponta do dedo;
O tamanho dos dedos e a medida da dobra central até a ponta;
Para fazer o cálculo, vamos descrever o triângulo: A medida do seu quadril ao chão e a medida do seu joelho até
ao chão; Se você dividir essas medidas, o valor encontrado será
de aproximadamente 1,618, ou seja, o valor de Φ (phi). Veja esta
imagem:

Pelo teorema de Pitágoras, temos que:


d² = 1² + 1 ² (só relembrando, o teorema de Pitágo-
ras diz o seguinte: o quadrado da medida da hipotenusa
(diagonal) é igual à soma dos quadrados dos catetos - no
triângulo retângulo).
Continuando... d² = 1 + 1, então: d² = 2 d=
Com o auxílio de uma calculadora, podemos verificar Ilustração 3
que = 1,414213562...
Observe que esse número tem infinitas casas decimais, 18 Informações retiradas e adaptadas do site:
porém não-periódicas. Esse não tem como ser escrito na http://pt.wikipedia.org/wiki/Propor%C3%A7%C3%A3o_
forma de uma fração, e, portanto, esse número é chamado %C3%A1urea. Acessado em 17/maio/2009.
de irracional. Representamos o conjunto dos números 19 Informações e imagens retiradas e
irracionais pelo símbolo . adaptadas do site: http://www.matematica-na-veia.
São exemplos de números irracionais: , , blogspot.com/2008/03/phi-razo-area-e-curiosidades-
... matemticas.html. Acessado em 17/maio/2009.

36
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Uma imagem que podemos também observar a pre- AGORA É A SUA VEZ...
sença da proporção áurea é a do “Homem Vitruviano”,
obra de Leonardo Da Vinci Atividade 1. Classifique cada sentença em verdadeira
• Número π (V) ou falsa (F).
Na matemática, pi, representado pela letra grega π, é o nú- a) Todo número natural é inteiro.
mero que representa o resultado da divisão entre o comprimento b) Todo número inteiro é racional.
de uma circunferência e o seu diâmetro. Veja a figura abaixo20: c) Todo número racional é real.
d) Todo número real é irracional.
e) O número zero é racional.
f) Número racional é todo número que pode ser coloca-
do na forma a/b, com b não-nulo.

Atividade 2. Descubra diferentes modos de se repre-


sentar – 16.

Atividade 3. Represente na reta numérica abaixo os


seguintes números:

Ilustração 4 a) -

Assim, podemos escrever o número π como sendo a

b) -
divisão (como ilustrados na figura acima). Portanto, te-

mos que: π = ou ainda, π = . c) – 0,5

Observe que por essa igualdade escrevemos a equa-


d) -
ção que calcula o comprimento de uma circunferência,
dada por: C= 2πr. Esse número π tem valor aproximado de
3,1415926535..., usa-se como valor aproximado 3,14.
Atividade 4. Indique quais das frações abaixo repre-
Os Números Reais sentam dízimas periódicas:
A reunião de todos os conjuntos numéricos estudados até
agora completa um conjunto que chamaremos de Números a)
Reais (R). O diagrama a seguir21 mostra como esse conjunto se
forma.

b)

c)

d)
Ilustração 5

Atividade 5. Qual é a medida do lado de um quadrado


com 10 000 m² de área? E com 1000 m² de área?
20 Imagem e informações retiradas e adaptadas do
Livro do professor-Matemática - 9° ano- Editora Positivo-1° Atividade 6. Qual a maior distância que uma pessoa
volume-2009 pode andar em linha reta numa sala retangular cujas di-
21 Imagem adaptada do Livro do professor- mensões são 6 m por 10 m?
Matemática - 9° ano- Editora Positivo-1° volume-2009

37
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 7. Considere os números -3 e 3. Responda: PRA FIM DE PAPO!


a) Quais números naturais estão entre eles?
b) Quais números inteiros estão entre eles? Caro Aluno,
c) Quais números racionais?
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
Atividade 8. Em uma festa compareceram dos H1 - Identificar, interpretar e representar os números
convidados. Determine o número total de convidados sa- naturais, inteiros, racionais e reais.
bendo que 60 deles faltaram. H2 - Construir e aplicar conceitos de números naturais,
inteiros, racionais e reais, para explicar fenômenos de qual-
Atividade 9. Indique quais entre as equações abaixo quer natureza.
têm solução, considerando que x . H3 - Interpretar informações e operar com números
a) 2x – 5 = 0 naturais, inteiros, racionais e reais, para tomar decisões e
b) x + 9 = 4 enfrentar situações-problema.
c) 3x + 9 = 0 H4 - Utilizar os números naturais, inteiros, racionais
d) 7x – 8 = 10 e reais, na construção de argumentos sobre afirmações
e) 3x + 4 = 6 quantitativas de qualquer natureza.
H5 - Recorrer à compreensão numérica para avaliar
Atividade 10. Quantos subconjuntos de têm o 0 propostas de intervenção frente a problemas da realidade.
como elemento? Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU das neste capítulo, procure resolver as questões da prova
1. a) V do ENCCEJA, no final da apostila.
b) V
c) V Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-
d) F de um pouco mais, você está construindo um processo de
e) V aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!
f) F

2. Resposta pessoal

3. Na reta

4. c

5. 100 m; 10 m.

6. 2 m.

7. a) 0, 1 e 2
b) -2, -1, 0, 1 e 2
c) infinitos

8. 140 convidados.

9. a) não
b) sim
c) sim
d) não
e) não

10. infinitos.

38
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 4 Quando se fala no esquadro, esses profissionais se re-


ferem à questão do ângulo obtido no encontro de duas
paredes. Dizemos que duas paredes formam um ângulo
GEOMETRIA PLANA E ESPACIAL reto, isto é, sua medida é de 90º.
Na construção de um cômodo de uma casa, as paredes
opostas ficam geralmente a uma mesma distância uma da
UTILIZAR O CONHECIMENTO GEOMÉTRICO PARA outra, pode-se afirmar neste caso que as duas paredes são
REALIZAR A LEITURA E A REPRESENTAÇÃO DA REALI- paralelas. Assim como cada uma delas é perpendicular ao
DADE E AGIR SOBRE ELA. chão e ao teto, por formar, com eles, um ângulo reto.
Durante o estudo da geometria plana, utilizaremos al-
gumas expressões que já são conhecidas desde o ensino
Davi Martinez Rissetti fundamental. Você já deve ter ouvido falar em ponto ou
reta, não é? Na história da matemática as palavras ponto e
reta foram representadas de diversas formas de uma civi-
DO FUNDO DO BAÚ... lização para a outra.
Você já deve ter ouvido falar em expressões do tipo: Os egípcios, por exemplo, ficaram conhecidos como
“está no prumo” ou “está fora de esquadro” em ambientes da estiradores de corda, porque utilizavam uma corda (re-
construção civil. O prumo é uma ferramenta utilizada por pe- presentando a reta) com nós (representando os pontos).
dreiros para identificar se a estrutura construída está alinhada Assim, adquiriram um conhecimento prático que envolvia
ou não. Veja abaixo uma figura ilustrando um fio de prumo: noções de área, perímetro, volume e ângulo.
Além destas duas expressões conhecidas, acrescenta-
remos uma nova: plano. Um plano pode ter diversas defi-
nições, veja a seguir:
• Um objeto geométrico;
• Uma região geográfica com superfície plana;
• Um conjunto de propostas resultantes de um pro-
cesso de planejamento, econômico, urbano, regional, etc.,
que visam a determinado objetivo;
• Um plano de saúde;
Ilustração 1 • Ou até o nome de uma cidade.
Já a expressão “está fora de esquadro” é utilizada Dentre estas, as únicas que podem nos ajudar a com-
quando queremos dizer que algo não está localizado onde preender o significado da palavra plano são as duas pri-
deveria. Por exemplo, um torcedor que vai a um estádio
meiras. A primeira, pois diz claramente a respeito de qual
de futebol e descobre que o gol está fora de esquadro, ou
tipo de plano trataremos neste estudo. Já a segunda, por-
seja, um pé da trave está mais próximo do outro pé.
que nos dá a idéia intuitiva de que um plano é um objeto
geométrico sem uma extensão definida.
Isto quer dizer que você pode, por exemplo, definir
o tampo de sua mesa como um plano ou a capa de seu
livro como um plano. Sem que com isso você fuja das
características de um plano geométrico. Veja o seguin-
te problema onde temos as três estruturas (ponto, reta e
plano) presentes:

Ilustração 2

Na construção civil, este tipo de equívoco pode acon-


tecer e causar danos muito graves para a continuação de
uma obra. Daí a existência de instrumentos que auxiliam
os pedreiros, engenheiros e arquitetos a identificar esses
deslizes. Mas o que representam matematicamente estas
situações?

39
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

PROBLEMA 4.1

Ilustração 3
Quais são as medidas das frentes dos lotes “2” e “3” que estão voltadas para a
Rua Jatobá e cujos fundos são perpendiculares a Rua Jasmin?

ASSIM OU ASSADO?
Para resolver este exercício devemos recuperar a idéia de retas paralelas que vínhamos trabalhando desde o ensino
fundamental: “duas linhas são paralelas quando estiverem em um mesmo plano e não possuírem pontos comuns, mesmo
se prolongadas”. Sendo assim, as linhas que dividem os lotes são paralelas entre si.
Além de serem paralelas entre si, estas mesmas retas que dividem os lotes são perpendiculares à rua Jasmin, isto quer
dizer que elas formam um ângulo reto (90º) com a Rua Jasmin.
Quando temos um conjunto de retas paralelas diferentes e todas pertencentes ao mesmo plano (região onde está
localizado o loteamento), dizemos que estas retas constituem um feixe de paralelas. As retas que representam as frentes e
os fundos dos loteamentos constituem retas transversais ao feixe de paralelas.
O que mais podemos retirar de informações relevantes do enunciado ou da figura deste exercício? Um dos primeiros
matemáticos que se debruçou sobre um problema parecido foi Tales de Mileto (um dos sete sábios da antiga Grécia). Entre
tantas descobertas atribuídas a ele, existe uma que nos será muito útil no nosso estudo da geometria plana.
Vamos entender o raciocínio de Tales observando as ilustrações a seguir:

Ilustração 4 Ilustração 5

40
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Se dividíssemos o segmento que liga os pontos A e B em quatro partes, assim como mostra a ilustração 5, observaría-
mos que o segmento que liga os pontos A’ e B’ também ficaria dividido em quatro partes.
Neste caso, podemos dizer que a razão (ou seja, divisão) entre as distâncias de cada parte é igual. Tales de Mileto de-
monstrou a existência de uma igualdade entre essas razões. Logo, o Teorema de Tales é dado por:

Ilustração 6

Com este raciocínio, podemos encontrar o valor das frentes dos lotes “2” e “3”, proposto no problema 4.1 da seguinte
forma. Considere a seguinte figura:

Ilustração 7

Como pode notar, a única diferença é que nomeamos os pontos com as letras do alfabeto para facilitar nosso raciocí-
nio. As letras A, B, C, D, E dividem um lado do terreno em 4 partes (neste caso, não necessariamente iguais). Sendo assim:
o segmento AB possui 15,40 metros; o segmento BC possui 13,50 metros; e o segmento CD possui 12 metros. Estes seg-
mentos correspondem às frentes de cada lote.
Do outro lado do terreno, temos as letras F, G, H, I, J que dividem este lado em 4 partes (também não necessariamente
iguais). Sendo assim: o segmento FG possui 16,30 metros; o segmento GH possui uma medida x desconhecida até o mo-
mento; assim como o segmento HI também possui uma medida y desconhecida até este instante.
Aplicando o teorema de Tales, dividimos a resolução em duas partes. Começando pela 1ª parte, temos que:

Ilustração 8

41
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Sendo assim, o lote “2” possui a frente medindo 14,34 metros, enquanto que o lote “3” possui a frente medindo 12,76
metros.
Esta descoberta levou Tales a encontrar uma característica fundamental para a semelhança de triângulos. Acompanhe
a explicação abaixo:

Ilustração 9 Ilustração 10

Na ilustração 9 o triângulo ABC é semelhante ao triângulo ADE, pois o lado BC do primeiro e DE do segundo são para-
lelos e eles possuem os três ângulos congruentes (acompanhe na Ilustração 10).
A semelhança de triângulos indica que um triângulo pode ser obtido de outro através de uma simples ampliação ou
redução de sua imagem. Mas como saber quando existe uma ampliação e quando existe uma redução? E quando não for
nem uma e nem outra?
De acordo com Tales, existe uma razão entre os lados proporcionais, que é chamada de razão de semelhança. Esta razão
é um número obtido da divisão dos lados proporcionais de cada triângulo. Em outras palavras, observe a figura abaixo:

Ilustração 11

O segmento AD com 5,0 centímetros é proporcional ao segmento AB com 2,5 centímetros, bem como o segmento AE
(7,0 cm) corresponde ao segmento AC (3,5 cm) ou até mesmo o segmento DE (8,0 cm) corresponde ao segmento BC (4,0
cm).
Se dividirmos cada um dos lados proporcionais, ou seja, AD dividido por AB, AE dividido por AC e DE dividido por BC,
encontraremos em todos os casos o valor 2. Este valor indica que o segundo triângulo (ADE) é uma ampliação do primeiro
triângulo (ABC).
Assim, se o resultado da divisão dos lados correspondentes for igual a 1, dizemos que os triângulos são congruentes
(ou iguais).
Caso ele seja maior do que 1, teremos uma ampliação da figura original e se for menor do que 1, nós teremos uma
redução da figura original. Veja a ilustração abaixo:

42
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 12

Sabendo disso, fica fácil de você identificar em seu dia-a-dia se um triângulo é parecido (aumentado/diminuído) ou
igual a outro triângulo. Imagine a seguinte situação do dia-a-dia de uma construção:

PROBLEMA 4.2
Você será responsável por construir as janelas de uma casa – em formato de triângulo – e estas janelas devem ser
iguais. Como pode ter certeza de que a construção foi bem feita?

Para saber, na prática, se a construção foi bem feita basta você medir os respectivos lados de cada triângulo e encon-
trar a razão entre eles. Se ela der igual a 1 o seu objetivo foi cumprido com êxito, mas se ela der maior ou menor do que 1
deverá refazer ou checar com o arquiteto responsável se esta diferença não desagradará ao cliente.
Caso você queira ampliar ou reduzir um triângulo existente, basta você multiplicar cada medida dos seus lados por um
número maior do que 1 (ampliar) ou por um número menor do que 1 (reduzir).
Este processo de semelhança, além de ser muito útil em nosso dia-a-dia, é um conceito principal da Geometria, pois
permitirá a compreensão das relações entre as medidas dos lados de um triângulo retângulo. Veja a situação a seguir:

PROBLEMA 4.3
Imagine uma grande corda dividida por nós. Quantos triângulos retângulos diferentes você poderá representar
com toda essa corda, de tal forma que em seus vértices sempre haja um nó?

Já deu para perceber que este problema não possui uma única solução. Pegue esta corda e separe de modo que em
cada pedaço haja sempre múltiplos de 12 nós, tais como 24, 36, 48, etc. Um dos triângulos possíveis com 12 nós, é o triân-
gulo formado com 3, 4 e 5 nós em seus respectivos lados.
Por volta de 1.700 a.C. foram encontradas, na Babilônia, tabelas contendo listas de ternas de números com a proprie-
dade de que um dos números quando elevado ao quadrado era igual à soma dos quadrados dos outros dois.
Exemplo: considere os números naturais 1², 2², 3², 4², 5²,... O exemplo mais famoso deste fato é justamente a Terna
Pitagórica, pois 3² + 4² = 5².
Os pitagóricos, aproveitando as listas dos babilônios, estudaram durante muitos anos a relação destas ternas com o
triângulo retângulo, cujos lados têm comprimentos a, b e c. De modo que encontraram a relação: a² = b² + c². E que ficou
conhecida como o Teorema de Pitágoras22.

22 Pitágoras (570 - 496 a.C.) foi um filósofo e matemático originário da ilha de Samos, no mar Egeu (costa da
Ásia Menor) que na época pertencia à Grécia. Retirado do site: http://www.filosofia.com.br

43
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 13 Ilustração 14

A partir desta relação é possível descobrir se um triângulo é retângulo ou não, pois se os lados respeitarem a igualdade
do teorema de Pitágoras então este é um indício que eles formam um triângulo retângulo.
Entretanto, conforme dito no inicio desse capitulo, os pedreiros tem uma maneira de afirmar que, duas paredes estão
no esquadro. Se você esticar 60 cm de uma corda, do encontro das duas paredes para a extremidade, e fazer o mesmo, mas
esticando 80 cm, a distância entre as duas extremidades será de 1m (100m)! Por quê?

Ilustração 15 Ilustração 16

Para resolver este tipo de problema, usando a matemática, podemos aplicar o Teorema de Pitágoras no triângulo da
ilustração 16. Os catetos medem 60 cm e 80 cm e a hipotenusa é aquela que desejamos encontrar, assim:

Ilustração 17

Como pôde perceber até agora, a geometria está intimamente ligada com muitas questões do nosso cotidiano e a
partir dela, podemos descobrir caminhos mais fáceis para resolver os problemas do dia-a-dia ou até encontrar explicações
científicas para caminhos que já existem.
Para você ter uma idéia, através do Teorema de Pitágoras é possível recuperarmos o estudo de Áreas das figuras planas.
Acompanhe a ilustração a seguir:

44
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Na ilustração acima, podemos ver que o retângulo está


dividido em 24 quadrados com 1 centímetro de lado. Logo,
a área de cada quadradinho é de 1 centímetro quadrado.
Portanto, a área do retângulo será de 24 cm².
No entanto, vale ressaltar que a base e a altura de-
vem ser medidas na mesma unidade, caso contrário devem
ser feitas às transformações necessárias para que estejam
sempre na mesma unidade.

Diagonais

Ilustração 18

De acordo com a ilustração acima, a área do quadrado


maior é igual à soma das áreas dos outros dois quadrados
(25 = 16 + 9). O lado do quadrado maior indicará a medida
da hipotenusa, da mesma forma que os lados dos outros
quadrados indicarão as respectivas medidas dos catetos.
Pelo teorema de Pitágoras temos 5² = 4² + 3², com 5²
= 25, 4² = 16 e 3² = 9. Assim a área do quadrado será ob-
tida sempre que multiplicarmos dois de seus lados. Como Ilustração 20
o quadrado é um retângulo em particular, então podemos
dizer que o cálculo da área do retângulo seja feito da mes-
ma forma, com a diferença que os lados não terão a mesma Estas idéias de equivalência e soma de áreas são muito
medida. úteis quando usamos figuras planas para preencher um es-
Mas, e para encontrarmos a área de um paralelogra- paço vazio, tal como é feito na construção de um mosaico.
mo? Lembremos que a área de um polígono é medida em Podemos, por exemplo, construir um mosaico através
metros quadrados (m²) ou num dos submúltiplos do me- de triângulos, de tal forma que não haja espaços vazios
tro quadrado, como, por exemplo, o quilômetro quadrado entre eles e nem sobreposição de figuras. Observando que
(km²) e o centímetro quadrado (cm²). Recordemos que a é necessário encaixar os ângulos formando um ângulo de
1m² é a área de um quadrado com 1 metro de lado. medida 180º, para dar meia-volta ou um ângulo de 360º
E por este motivo, teremos que a área de um retângulo para dar uma volta inteira.
(que é um tipo de paralelogramo) será igual ao produto da O pintor Alfredo Volpi (nascido na Itália e emigrado
medida da base pela altura. Veja figura abaixo: junto com seus pais, em 1897, para o Brasil) gostava de
misturar tintas, criar novas cores e utilizar formas geomé-
tricas em suas pinturas. Exemplo disto são as suas bandei-
rinhas multicoloridas, fase onde ocorreu a maior contribui-
ção de Volpi para a arte moderna brasileira.
Veja acima uma de suas pinturas como exemplo de um
mosaico23.
Além da arte, podemos encontrar mosaicos formados
bem mais próximos do nosso dia-a-dia. Basta olharmos
para o piso de casas, lojas, shoppings, etc. Todos eles são
compostos por ladrilhos em formas geométricas.

23 Obra do pintor brasileiro Alfredo Volpi (1896 –


Ilustração 19 1988)

45
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Os artistas que criam esses ladrilhos sabem que polígonos possuem muitos lados. No ensino fundamental, trabalhamos
com a composição de área dos polígonos utilizando triângulos. O mesmo pode ser feito para se estudar as relações entre
os lados de alguns polígonos. Veja a ilustração a seguir:

Ilustração 21

O quadrado acima está dividido ao meio pelo segmento AC. Este segmento é chamado de diagonal, pois liga vértices
que não estão em seguida um do outro.
Além disso, cada um dos triângulos deste quadrado é um triângulo retângulo e, portanto, podemos dizer também que
a diagonal AC é a hipotenusa de um dos triângulos retângulos.
Assim:

Ilustração 22

Esta é a fórmula para se calcular a medida da diagonal de um quadrado com lados medindo L. Por exemplo, se o qua-
drado tiver lado medindo 8 centímetros, então a diagonal medirá . Como a raiz quadrada de 2 é aproximadamente
igual a 1,41 então temos que a diagonal mede aproximadamente 11,28 centímetros.
A diagonal pode ser aplicada em diversos contextos, mas o mais próximo do nosso dia-a-dia diz respeito ao tamanho
dos televisores. Veja a situação a seguir:

PROBLEMA 4.4
Como posso confirmar se as polegadas de um televisor estão corretas?

Segundo o INMETRO24, do adquirir um “televisor de 20 polegadas”, por exemplo, o consumidor poderia supor que a
tela do aparelho possui uma diagonal de 20 x 2,54 = 50,8cm. Isto porque, 1 polegada equivale a 2,54 cm. Essa medida,
entretanto, é a do tubo de imagem.
Ainda segundo relatório divulgado pelo INMETRO, em casa, ao efetuar a medição da tela visível, na diagonal, o consu-
midor obteria um valor aproximado de 48,0cm.
Essa diferença de 2,8cm a menos do que o esperado se torna maior à medida que se aumenta o tamanho da tela. Em
“televisores de 29 polegadas”, a diferença pode chegar a aproximadamente 5,0cm.
Entretanto, o instituto afirma que “os televisores de plasma ou LCD (telas de cristal líquido) possuem outro tipo de pro-
jeto e construção. E nestes modelos, o “tamanho” informado, em polegadas, corresponde à dimensão correta da diagonal
da tela”.

24 Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro - é uma autarquia federal,
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Retirado do site http://www.inmetro.gov.
br/inmetro/oque.asp.

46
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Este é um dos exemplos onde encontramos o termo diagonal em nosso dia-a-dia. Um outro seria, o problema de se
verificar se duas paredes estão dentro de um esquadro. A diagonal formada entre as extremidades de cada linha é a hipo-
tenusa de um triângulo retângulo e, portanto, pode ser facilmente calculada através do teorema de Pitágoras.
Aqui se encerra o estudo de Geometria Plana e a partir daqui você aplicará os conceitos vistos até o momento durante
o estudo da Geometria Espacial.

Geometria Espacial
No ensino fundamental trabalhamos com um poliedro bem conhecido de todos: o Cubo. Citamos também outros
como: Tetraedro, Octaedro, Icosaedro. Agora, vamos nos aprofundar um pouco mais nestes outros poliedros e conhecer
outros sólidos geométricos importantes tais como: Cone e Cilindro.
Em nosso dia-a-dia encontramos muitos objetos com o formato de sólidos geométricos: um vaso de plantas, um copo
de lápis, uma latinha de refrigerante, uma bola de futebol, dados, entre tantos outros. Veja as figuras a seguir:

Ilustração 23 Ilustração 24 Ilustração 25

O grupo formado pelos poliedros possui a característica de possuírem somente faces planas. Além das faces, cada po-
liedro possui também outras duas estruturas primárias: aresta e vértice. A aresta é a linha que contorna cada uma das faces.
E o vértice é o ponto de encontro de duas ou mais arestas. Observe a ilustração abaixo:

Ilustração 26

47
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Dentro do grupo dos poliedros, podemos ainda separa-los em outros dois grupos: PRISMAS e PIRÂMIDES. Veja abaixo
um exemplo de cada grupo:

PRISMAS: tem duas bases e três ou mais faces laterais

Ilustração 27

PIRÂMIDES: tem somente uma base e três ou mais faces laterais

Ilustração 28

Como as faces dos poliedros são formadas por polígonos, é possível calcularmos a área das faces usando apenas o
conhecimento obtido até o momento. Ou seja, se quisermos calcular a área das faces de algum prisma (área total), basta
encontrarmos a área de cada figura plana: triângulo, quadrado, retângulo, pentágono, etc. O mesmo acontecendo para as
pirâmides. Veja o exemplo a seguir:

Ilustração 29

48
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Exemplo:
Dado o prisma a seguir, se quisermos calcular a área total do mesmo, teremos que calcular a área de cada uma das
faces e depois somá-las:
As bases ABCD e EFGH são compostas por quadrados, portanto basta usarmos a fórmula para o cálculo de área de um
quadrado (A = lado × lado) e multiplicar por 2, pois são duas áreas com o mesmo valor:
Área de cada base = 4 × 4 = 16cm²
Área das bases = 16 × 2 = 32cm²
Já as faces ADEH, ABEF, BCFG e CDGH são compostas por retângulos, portanto basta usarmos a fórmula para o cálculo
de área de um retângulo (A = base × altura) e multiplicarmos por 4, pois são 4 faces com o mesmo valor:

Área de cada face = 4 × 8 = 32cm² Área das faces = 32 × 4 = 128cm²

Área total = 128cm² + 32cm² = 160cm².

Mas o cálculo de volume em poliedros requer cuidado, pois teremos formas diferentes de encontrar o volume tanto
nos prismas quanto nas pirâmides.
Acompanhe o exercício a seguir para compreender melhor qual é o processo de cálculo do volume de um prisma:

PROBLEMA 4.5
Em uma residência existem ainda algumas caixas de água em formato cúbico.
Imagine que saibamos quais são as dimensões das arestas desta caixa de água.
E calcule o volume de água que pode ser armazenado dentro da mesma.
Como a nossa caixa de água possui o formato de um cubo (ou seja, um tipo de prisma), vamos recordar com era o
processo usado por nós para calcular o volume deste prisma:

“Assim, temos uma fórmula para o cálculo de volume: V = X×Y×Z (onde X,


Y, e Z são respectivamente o comprimento, a largura e a altura).”

Neste caso, ficará fácil calcular o volume desta caixa de água, pois sabemos as dimensões (comprimento, largura e al-
tura) da mesma. Agora, olhando atentamente para esta fórmula, podemos encontrar uma relação que nos será de extrema
importância para o cálculo de volume em prismas, e consequentemente, em pirâmides.
O comprimento e a largura formam a base de qualquer prisma. Sendo assim, podemos reformular esta expressão in-
dicando o valor da área da base:
V = Área da Base × Altura
Esta será a nova maneira de se calcular o volume de um prisma. Mas por quê?
Considere a base como sendo uma folha de papel, destas que usam nas impressoras, a qual é colocada sobre uma
em cima da outra, até atingir uma altura escolhida. O volume nada mais é do que a soma das alturas de cada uma dessas
folhas, ou o mesmo que a multiplicação da altura de uma folha pela quantidade de folhas que estão empilhadas. Veja a
ilustração a seguir:

Ilustração 30

49
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

A pilha de folhas acima, possui 31 folhas. Se conside-


rarmos cada folha com 1 milímetro de altura (para facilitar
os cálculos), nós teremos uma pilha com 31 milímetros de
altura. Logo, o volume desta pilha seria a soma da área
das 31 folhas. Que pode ser obtido multiplicando a área da
base pela altura da pilha.
Em todos os prismas, podemos usar este raciocínio
para o cálculo do volume formado por estes sólidos geo-
métricos.
Porém, no caso das pirâmides teremos que aplicar um
raciocínio um pouco mais elaborado, mas optamos por
uma experiência que pode ajudar a resolver o problema.
Veja na ilustração25 abaixo:

Ilustração 33

a) 10m
b) 50m
c) 26m
d) 32m
e) 45m
Ilustração 31 Solução da atividade 1:Para resolver esta atividade bas-
Imagine uma pirâmide e um prisma (tal como da figu- ta usar o Teorema de Tales: . Multiplicar o número
ra acima) que possam ser completados com algum líquido
colorido. Essa pirâmide possui uma base com o mesmo ta- 30 por 13 e multiplicar o 15 por x, obtendo uma equação do
manho da base do prisma. Ambos terão também a mesma
altura em relação à base. Se enchermos somente a pirâmi- tipo 15x = 390. Esta equação dará como resultado x = 26m.
de e depois despejarmos o conteúdo dela no prisma, des-
cobriremos por experimentação que o volume inteiro da
Resposta: Alternativa C.
pirâmide caberá dentro de 1/3 do volume total do prisma.
Faça em casa!
Podemos concluir então, que o volume de qualquer pi- Atividade 2: Uma árvore de 4,5 metros de altura – com
râmide é dado por: uma copa aproximadamente esférica – recebendo a luz do Sol
em um determinado horário do dia, projeta uma sombra de
5,0 metros de comprimento no chão. Ao mesmo tempo, um
rapaz de 1,7 metros de altura – em pé ao lado desta mesma
árvore – tem a sua sombra projetada no chão com um com-
primento desconhecido. Qual das alternativas a seguir mais se
Ilustração 32 aproxima do comprimento da sombra do rapaz:

Sendo assim, fecharemos o nosso estudo de Geome-


tria Espacial aplicando alguns conceitos trabalhados até
agora em exercícios ligados ao nosso dia-a-dia.

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES...


RESOLVIDOS! UFA....

Atividade 1: André, Denise, Beto e Eliane combinaram


de se encontrar na casa de Carolina. Para isto, cada um
faria o caminho em linha reta até a residência dela. Beto
percorreu 15 metros em seu trajeto, enquanto que Eliane
percorreu 13 metros. Sabendo que André deverá percor- Ilustração 34
rer 30 metros, qual distância que Denise percorrerá em seu a) 1,2 metros
trajeto? b) 3,5 metros
c) 0,80 metros
25 Imagem retirada do site: www.educ.fc.ul.pt/ d) 1,9 metros
icm/icm99/icm21/actividades.htm

50
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Solução da atividade 2: a) 4 metros


Para resolver esta atividade, considere os dois triângu- b) 3,5 metros
los a seguir: c) 2,8 metros
d) 6 metros

Solução da atividade 3:
Para resolver esta atividade, vamos considerar o triân-
gulo retângulo formado e já desenhado na figura e aplicar
o teorema de Pitágoras. A medida de 5 metros diz respeito
à medida da hipotenusa, a medida de 3 metros diz respei-
to a medida de um dos catetos. O que devemos descobrir
é quanto vale o outro cateto, logo:
Ilustração 35

Como os ângulos dos vértices C e F são congruentes e


ambos os triângulos possuem um ângulo reto nos vértices
B e E, então podemos dizer que os triângulos ABC e DEF
são semelhantes. Daí a relação de semelhança deve ser:

Ilustração 38

Resposta: Alternativa A.

Atividade 4: Alberto contratou um pedreiro para cons-


truir uma piscina em sua casa. Seus planos são de construí
Ilustração 36 -la em um formato de uma caixa retangular, e de mesma
profundidade. As medidas seriam: 6m, 16m e 1,50m. Sua
Resposta: Alternativa D. intenção é de revesti-la com uma lona, ao invés de utilizar
azulejos, por ser mais barato. Além disso, deseja colocar
Atividade 3: Considere uma escada com 5 metros de um ladrilho – de 40cm×40cm – antiderrapante ao redor
comprimento apoiada em uma parede. O pé da escada se en- da piscina para evitar tombos e escorregões. Pergunta-se:
contra a 3 metros desta parede. A alternativa que indica a dis- a) Quantos metros quadrados de ladrilho serão neces-
tância entre o ponto de apoio da escada na parede e o chão é: sários para a borda da piscina?
b) Quantos metros quadrados de lona serão necessá-
rios para revesti-la, por completo?
c) Qual a capacidade total da piscina (em m³) após a
construção?
d) Se cada ladrilho custa hoje, algo em torno de R$
25,00 por m². Quanto custará para Alberto colocar ladrilho
em volta de toda a borda da piscina?

Solução da atividade 4:
Para resolver esta atividade, vamos recordar que uma
piscina possui profundidade, logo esta caixa retangular a
que o enunciado se refere nada mais é do que um prisma
de base retangular, tal como mostra a figura a seguir:

Ilustração 37

51
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 39

a) O ladrilho citado no enunciado do exercício tem o formato de um quadrado, tal como o quadrado a seguir:

Ilustração 40

Este quadrado possui área de: A = 0,4 × 0,4 = 0,16m².


Para preencher a borda da piscina devemos considerar a seguinte visualização de sua borda:

Ilustração 41

O perímetro desta piscina é de 16 + 6 + 16 + 6 = 44 metros. O que resultará na seguinte quantidade de ladrilhos: 44 ÷


0,4 = 110 ladrilhos. Se tomarmos os 4 ladrilhos de cada canto da piscina, então teremos 114 ladrilhos. Como cada ladrilho
possui uma área de 0,16 m². Então teremos 0,16 × 114 = 18,24 m² de ladrilho para recobrir toda a sua borda.
b) Para encontrarmos a área de lona necessária para recobrir toda a piscina. Devemos encontrar a área de cada parede
e do chão da piscina. Observe figura a seguir:

Ilustração 42

52
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

As áreas de cada região, representadas pelas paredes (2, 3, 4, 5) e pelo chão (1), estão calculadas a seguir, repare que
algumas são iguais (porque será?):

Ilustração 43

O total de lona necessário será a soma destas áreas, portanto, 162 m².
c) Para calcular o volume total da piscina, basta lembrarmos que se trata de um prisma de base retangular e para isto
usaremos a fórmula para o cálculo de volume de prismas. Logo, V = 96 × 1,5 = 144 m³.
d) Se cada ladrilho custa hoje R$ 25,00 por metro quadrado. E sabemos pela letra A que usaremos 18,24 metros qua-
drados de ladrilho. Portanto, o total gasto com ladrilhos será de: 25 × 18,24 = 456 reais.

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


Como vimos, durante nosso estudo, a geometria espacial pode ser entendida como uma ampliação da geometria
plana. E quando possível, nós podemos transferir os raciocínios do espaço para o plano. No entanto, o ideal é que você
adquira os conhecimentos da geometria espacial manipulando concretamente cada um dos formatos e trabalhando com
as visualizações da geometria em seu dia-a-dia. Pois este tipo de exercício ajudará você a identificar quando se trata da
plana ou da espacial.
Por exemplo, quando dizemos que duas ou mais retas podem ser paralelas, perpendiculares ou concorrentes estamos
considerando este raciocínio feito em um plano. Isto porque, duas retas paralelas no espaço somente serão consideradas
paralelas se não possuírem intersecção e estiverem contidas em um mesmo plano. Veja as figuras a seguir:

Ilustração 44 Ilustração 45

Na ilustração 45 podemos verificar que o segmento AB somente será paralelo ao segmento HG quando tivermos o
plano destacado em cinza que contém os dois segmentos. O mesmo raciocínio pode ser feito para retas perpendiculares
e concorrentes.
No entanto, no espaço podemos considerar também a existência de retas reversas, que são chamadas assim quando
não possuírem intersecção e não existir um único plano que as contenha. Observe a figura a seguir:

Ilustração 46

53
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

No caso da ilustração 46, serão reversos os segmentos FG e CD.


Entretanto, existem muitos teoremas da geometria plana que se aplicam ao estudo da geometria espacial. É o caso, por
exemplo, dos teoremas de Tales e Pitágoras. Tales de Mileto, um dos sete sábios da Grécia, foi o fundador da escola Jônica,
uma escola de pensamento dedicada à investigação da origem do universo e de outras questões filosóficas, entre elas a
natureza. A ele foram atribuídas muitas descobertas matemáticas. Acredita-se que seus resultados tenham sido obtidos
mediante alguns raciocínios lógicos e não apenas por experimentação, observação ou até mesmo a intuição.
Esta capacidade de raciocinar logicamente fez com que ele descobrisse uma forma de provar a semelhança ou até
mesmo a congruência entre as figuras geométricas.
Na linguagem usual dizemos que duas coisas são semelhantes quando elas se parecem ou quando possuem proprie-
dades em comum. Assim, dizemos que pessoas, animais e prédios são semelhantes. Não entre si, pois não existem carac-
terísticas que nos permitem dizer que um prédio é semelhante a um cachorro, não é?
Sendo assim, dizemos que dois objetos são semelhantes quando tiverem a mesma forma. E serão congruentes quando
tiverem a mesma forma e o mesmo tamanho. Por exemplo, um quadrado e um triângulo não serão semelhantes e muito
menos congruentes, enquanto que dois quadrados poderão ser semelhantes ou até mesmo congruentes.

Ilustração 47

Pitágoras nasceu na Grécia e ao que tudo indica recebeu instrução matemática e filosófica de Tales. Viajou pelo Egito, Ba-
bilônia e Índia e ao retornar para a Grécia, fundou a Escola Pitagórica, dedicada a estudos religiosos, científicos e filosóficos. A
ele foram atribuídas várias descobertas a respeito das propriedades dos números inteiros e do teorema que leva o seu nome.
Em determinadas situações, o teorema de Pitágoras nos possibilita trabalhar com a geometria plana enquanto estudamos a
geometria espacial. Por exemplo, quando desejamos encontrar o valor da diagonal de um cubo, podemos aplicar o teorema de
Pitágoras. Veja figura a seguir:

Ilustração 48

O estudo de geometria plana deste ponto de vista ajuda você a construir e a entender como utilizar as ferramentas
básicas para compreender, estudar e investigar mais sobre a geometria espacial.
No cálculo de áreas, vimos que pode ser aplicado o mesmo raciocínio usado no plano, só que para cada face de um
poliedro (veja a atividade número 4). O volume seria então, seguindo esta mesma linha de pensamento, a soma das áreas
de cortes finíssimos ao longo de um sólido.
Encerra-se aqui nosso estudo de geometria no ensino médio. Agora você encontrará alguns exercícios que servirão
de preparação para as provas que virão bem como para que você possa verificar se assimilou os conceitos trabalhados na
geometria.

54
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ... Atividade 9. Qual o volume de uma pirâmide que pos-
Atividade 1. Calcule a altura de uma torre de trans- sui um quadrado com 10 cm de lado em sua base e uma
missão de ondas para celular, sabendo que um homem altura de 9 cm?
com 1,75 metros de altura está a 8,4 metros de distância
do pé da torre e que a sombra do homem projetada no Atividade 10. O perímetro26 de um quadrado é 20 cm.
chão mede 4,2 metros. Determine a medida de sua diagonal. Use

Atividade 2. Em uma empresa existe uma escada de HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU!
acesso para o refeitório dos funcionários. Esta escada feita 1) Altura da torre igual a 5,25 metros.
de concreto possui 7 metros de comprimento na horizontal 2) O comprimento aproximado da rampa de acesso é
e 4 metros de altura. Como forma de se adequar à lei de de 8,1 metros.
acessibilidade cujo primeiro artigo diz: “Esta Lei estabelece 3) O outro lado mede 10,8 centímetros.
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessi- 4) A área é igual a .
bilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobi- 5) A área da frente da casa é de 122,5m².
lidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obs- 6) A pirâmide possui 5 vértices, 5 faces e 8 arestas.
táculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na 7) O volume é de 2,25 metros cúbicos.
construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte 8) Serão pintados 10,5 metros quadrados da caixa de
e de comunicação.” A empresa contratou os serviços de um água.
engenheiro para construir uma rampa de acesso junto com 9) O volume da pirâmide será de 300cm³.
a mesma, mas sem destruir a escada existente e sem mexer 10) A medida da diagonal será de 5,6 centímetros.
em suas dimensões. Calcule o comprimento desta rampa.
PRA FIM DE PAPO!
Atividade 3. Se um dos lados de um retângulo mede Caro Aluno,
10 cm. Qual deve ser a medida do outro lado para que a
área deste retângulo seja igual a área do retângulo cujos
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
lados medem 9cm e 12cm?
H1 - Identificar e interpretar fenômenos de qualquer
natureza expressos em linguagem geométrica.
Atividade 4. Qual é a área de um retângulo cuja base
H2 - Construir e identificar conceitos geométricos no
mede S e a diagonal mede D?
contexto da atividade cotidiana.
H3 - Interpretar informações e aplicar estratégias geo-
Atividade 5. A frente de uma casa tem a forma de um
métricas na solução de problemas do cotidiano.
quadrado com um triângulo retângulo isósceles em cima.
Se um dos catetos do triângulo mede 7 metros, qual é a H4 - Utilizar conceitos geométricos na seleção de ar-
área da frente desta casa? gumentos propostos como solução de problemas do co-
tidiano.
H5 - Recorrer a conceitos geométricos para avaliar pro-
postas de intervenção sobre problemas do cotidiano.

Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-


das neste capítulo, procure resolver as questões da prova
do ENCCEJA, no final da apostila.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-


de um pouco mais, você está construindo um processo de
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Ilustração 49

Atividade 6. Quantos vértices, faces e arestas a pirâ-


mide a seguir possui?

Atividade 7. Qual é o volume de uma caixa de água


(em forma de paralelepípedo) com as seguintes dimen-
sões: 1 metro de comprimento; 1,5 metros de largura e 1,5
metros de altura?

Atividade 8. Quantos metros quadrados serão neces-


sários para pintar toda a caixa de água do exercício anterior 26 Perímetro: soma da medida de todos os lados
por fora, incluindo a tampa e o fundo? de uma figura

55
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 5 como sendo a distância entre o seu nariz e a ponta de seu


braço esticado. Informações como esta provavelmente não
OS SISTEMAS DE MEDIDAS carecem de verdade, pois a maioria dos padrões da Idade
Média era realmente criada pelos soberanos, primeiros in-
CONSTRUIR E AMPLIAR NOÇÕES DE GRANDEZAS E teressados nas medidas dos valores de seus reinos.28
MEDIDAS PARA A COMPREENSÃO DA REALIDADE E A Mas afinal, o que é medir? Bom, medir é comparar
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DO COTIDIANO. grandezas.
Mas o que são grandezas? Grandeza é tudo aquilo que
Luzia de Fatima Barbosa pode ser medido, como comprimento, o tempo, a massa, a
temperatura, a velocidade.
Ilustração 1: Jarda
DO FUNDO DO BAÚ... Com o passar dos anos, com o desenvolvimento da
Como você já deve ter acompanhado em estudos an- sociedade, o homem começa a padronizar as unidades de
teriores, o ato de medir começou há muito tempo atrás. medidas como forma de possibilitar relações entre os di-
Quando ainda não existiam formas padronizadas de ferentes povos, para isso criou-se o Sistema Internacional
unidades de medida, o homem desenvolveu muitas técni- de Unidades (SI) que estabelece algumas unidades de base
cas e habilidades para isso, a partir de suas necessidades. relacionadas a algumas grandezas que iremos conhecer ao
Muitas civilizações utilizavam partes do corpo como longo desse capítulo.
unidades de medida como os pés, os palmos, os braços e Portanto, você vai recordar muitas unidades de medi-
as polegadas, entre outros. das já estudadas, como é o caso do sistema métrico deci-
Vamos acompanhar um pouco de história?27 mal, que foi adotado por vários países e no Brasil desde o
Os egípcios usavam também o cúbito como unidade fim do século XIX que é utilizado para medir comprimen-
de comprimento, que era a distância do cotovelo até a tos. Essas e outras unidades já estudadas irão te ajudar a
ponta do dedo médio. Assim, para evitar confusão provo- entender esse capítulo.
cada por conta da diferença do tamanho entre uma pessoa Bons estudos!
e outra, os egípcios fixaram o cúbito padrão de 52,4 centí- Vejamos algumas situações...
metros, construídos em barras de pedra ou madeira. • Qual é a sua idade?
Acompanhe também a história da jarda... • Qual a distância entre a Terra e o Sol em anos-luz?
• Qual a temperatura de hoje?
• Qual a largura da sala de estar da sua casa?
• Como medir a velocidade de um carro em movi-
mento?
• Como medir o diâmetro de um átomo?
E você já pensou também que em um computador, a
capacidade de armazenamento de dados, como por exem-
plo: no disco rígido, no modem e na placa de vídeo tam-
bém são medidos? E que a unidade de medida usada nes-
se caso é o byte?
Também, podemos citar o decibel-dB (décima parte do
bel) que é usada como unidade de medida do nível de in-
tensidade sonora.
Para que essas situações pudessem ser medidas e
comparadas, foram surgindo unidades padrões que iremos
estudar adiante.

ASSIM OU ASSADO?
Se formos pensar nas diversas situações descritas an-
teriormente, poderíamos pensar, que unidades de medi-
da usar para cada uma delas e ainda, qual instrumento de
Várias versões existem para explicar o aparecimento da medida utilizar. Como por exemplo: a régua, o metro, o
jarda: no norte da Europa, supõe-se que era o tamanho da transferidor, o velocímetro e outros.
cinta usada pelos anglo-saxões e no sul seria o dobro do Veja que para cada grandeza que vai ser medida existe
comprimento do cúbito dos babilônios. Seu valor também um instrumento diferente e próprio para tal.
pode ter sido determinado por Henrique I (reinou na Ingla- Vejamos algumas situações:
terra de 1100 a 1135), que teria fixado o seu comprimento
28 Informações retiradas do site: http://www.fisica.
27 Adaptado do Livro: A Conquista da Matemática, net/unidades/pesos-e-medidas-historico.pdf. Acessado
5ª série. Editora FTD. São Paulo. 2002. em 10 de maio de 2009.

56
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Vamos pensar um pouco no tempo... Potências de 10


1) Um fenômeno foi observado desde o instante 2h • Expoente maior que 0.
30min até o instante 7h 45min. Quanto tempo durou o O expoente da potência de base 10 é positivo e igual
fenômeno? ao número de casas deslocadas, quando a vírgula é deslo-
Observe que as unidades de medida que aparecem cada para a esquerda. Acompanhe alguns exemplos:
nessa situação são: horas e minutos, e a grandeza que está 420 = 4,2 . 10²
sendo medida é o tempo. 52 000 = 5,2 . 104
Então para sabermos a duração total do fenômeno po- Note que foi o que fizemos no resultado do exercício
demos subtrair do tempo final o inicial, acompanhe: anterior.
7h45min – 2h30min, como temos horas e minutos, temos:
7h – 2h= 5h • Expoente menor que 0.
45min – 30 min=15min O expoente da potência de base 10 é negativo e igual
Portanto o tempo de duração foi de 5h15min. ao número de casas deslocadas, quando a vírgula é deslo-
Veja que horas e minutos foram calculados separada- cada para a direita. Veja os exemplos:
mente, e assim faremos em cada situação, quando se trata 0,056 = 56 . 10-3
de unidades de medidas, não podemos misturar num mes- 0,00012 = 1,2 . 10-4
mo cálculo unidades diferentes, entendeu?
Vamos resolver alguns problemas!
2) Em Astronomia29, a distância que a luz percorre no
período de um ano é chamada de ano-luz. Assim, quantos
PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES...
metros têm um ano-luz sabendo que a velocidade da luz é
RESOLVIDOS! UFA....
de 300 000 km/s ou, 300 000 000 m/s?
Neste caso as unidades de medida envolvidas são:
ano-luz, quilômetros por segundo, metros por segundos e 1) Um livro possui 200 folhas, que totalizam uma es-
a grandeza que vai ser calculada é a distância. pessura de 2 cm. A massa de cada folha é de 1,2 g e a
Acompanhe... massa de cada capa do livro é de 10 g. Vamos calcular qual
Vamos considerar o ano com 365 dias. é a massa total do livro e ainda, qual a espessura de cada
Como a velocidade da luz está em metros por segundo, ou folha.
seja, a luz percorre a distância de 300 000 000 metros em 1 se- Verifique que estamos trabalhando, nesse caso, com
gundo, temos que ter um ano (365 dias), expresso em segundos. duas unidades de medida: de comprimento e de massa.
Veja: Então vamos pensar em cada caso separado:
Como cada dia tem 24 horas, cada hora 60 minutos e Se cada folha “pesa” 1,2 gramas então nas 200 folhas
cada minuto 60 segundos. Podemos obter este tempo pela temos:
multiplicação desses valores: 1,2 . 200 = 240 gramas
365.24.60.60 = 31 536 000 segundos em um ano. Agora devemos somar as duas capas: 10 + 10= 20 gra-
Então: se a velocidade da luz é de 300 000 000 m/s, mas
pela regra de três, temos No total: 240 + 20 = 260 gramas.
300 000 000 1s Quanto à espessura, temos que dividir a espessura to-
x 31 536 000 s tal, 2 centímetros, pelo número de folhas, assim: 2 ÷ 200
x.1 = 300 000 000.31 536 000 = 0,01 centímetros.
x = 9 460 800 000 000 000 Portanto, a espessura de cada folha é 0,01 cm.
Portando, a distância que tem um ano-luz é 9 460 800
000 000 000 metros. 2) Uma sala possui 5.400 mm de comprimento. Es-
Observe que este valor é muito grande, para isso, exis- creva esse comprimento em metros e em quilômetros, e
te na matemática uma escrita que resolve este tipo de si- diga qual é a unidade de medida mais conveniente para
tuação, chamada notação científica, que permite expressar
medir a sala.
números muito grandes ou muito pequenos, usando po-
Escrevendo em metros, temos que:
tências de base 10, ou seja, potências cuja base é o número
Se cada metro tem 1.000 milímetros, então:
dez, como por exemplo: 102, 104, 10-3. Veja como fica a
5.400 ÷ 1.000 = 5,4 m.
escrita do valor encontrado:
9 460 800 000 000 000 = 9,4608 . 1015 metros. No caso de quilômetros, temos a cada 1 quilômetro
• Observe que o expoente 15 representa as quinze ca- 1.000 metros, então em 5,4 metros:
sas decimais que a vírgula foi deslocada para a esquerda. 5,4 ÷ 1.000 = 0,0054 km.
Explorando um pouco mais30.... Observe que, nesse caso, a unidade mais conveniente
é o metro, pois transmite com mais clareza o comprimento
29 Informações adaptadas do Caderno do Professor, da sala.
7ª série, volume 1-2009, Uma proposta curricular para o
Estado- Governo do Estado de São Paulo. 3) Uma parede tem 7 m de comprimento por 2,75 m
30 Informações adaptadas do Livro: Física, de de altura. Com uma lata de tinta é possível pintar 10 m²
Paulo Ueno. Série Novo Ensino Médio. Volume Único. de parede. Quantas latas de tinta serão necessárias para
Editora Ática. 2006 pintar essa parede?

57
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Bom, temos que nos recordar neste problema do cálculo de área, você se lembra?
Pois bem, neste caso a parede tem a forma retangular, então a área é dada por: A= base x altura.
Portanto:
A= 7 . 2,75= 19,25 m²
Como uma lata é suficiente para pintar 10 m², temos que duas latas pintam 20 m². Então para pintar 19,25 m², duas
latas são suficientes.

4) Um disquete de computador mede 3 polegadas. Sabendo que 1 polegada corresponde a 2,54 centímetros, qual
é a medida do disquete em centímetros?
Neste exercício temos que fazer a conversão de unidades: de polegadas para centímetros.
Acompanhe:
1 polegada 2,54 centímetros
3 polegadas x
Para efetuar os cálculos, vamos usar no lugar de 3 , a sua representação decimal, ou seja, 3,5 polegadas.
Então, usando regra de três simples:
1.x = 3,5 . 2,54
x= 8,89
Portanto, a medida do disquete é 8,89 centímetros.

5) Sabemos que há televisores de vários tamanhos e estes são indicados por polegadas. E você sabia que essa medida
refere-se à medida da diagonal da tela?
De acordo com essa informação, vamos calcular:
a) Qual a medida, em centímetros, da diagonal de um televisor de 14 polegadas?
Devemos fazer a conversão das unidades.
Se 1 polegada corresponde a 2,54 centímetros, então:
1 polegada 2,54 centímetros
14 polegadas x
Usando a regra de três simples:
1.x = 14 . 2,54
x= 35,56
Portando, a medida é 35,56 centímetros.

b) Agora é com você! Calcule a medida, em centímetros, da diagonal de um televisor de 20 polegadas.


A resposta será 50,8 centímetros.
Depois de resolver este exercício, uma sugestão é que você calcule a medida da diagonal do televisor de sua casa. Depois
do cálculo, você pode medir, com o auxílio de uma régua, a diagonal do seu televisor, confirmando a medida encontrada.
Lembre-se que essas formas de conversão e equivalência você poderá encontrar em livros do Ensino Fundamental.

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


Como já foi comentado no início deste capítulo, com o passar do tempo, as civilizações foram padronizando os siste-
mas de medidas. Assim, surgiu o Sistema Internacional de Unidades (SI).
Você sabia que... O Brasil adotou o SI em 1962? A Resolução n° 12 de 1988 do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial (Conmetro) ratificou a adoção do SI no País e tornou seu uso obrigatório em todo o território nacional31.
Vamos acompanhar as tabelas32 a seguir que mostra as sete unidades base, cada uma correspondente a uma grandeza:

Grandeza Unidade Símbolo


Comprimento Metro M
Massa Quilograma Kg
Tempo Segundo S
Intensidade de corrente elétrica Ampère A
Temperatura termodinâmica Kelvin K
Quantidade de matéria Mol mol
Intensidade luminosa Candela Cd

31 Adaptado do Livro: Física História & Cotidiano, de José Roberto Bonjorno [et al.] São Paulo: FTD, 2003.
32 Adaptado do Livro: Física História & Cotidiano, de José Roberto Bonjorno [et al.] São Paulo: FTD, 2003.

58
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Hoje em dia são muito usadas unidades correspondentes a múltiplos e submúltiplos dessas unidades e outras, como
por exemplo:

Grandeza Nome Símbolo Valor em unidade do SI

quilômetro Km 1 km = 1000 m
decímetro dm 1 dm = 0,1 m
Comprimento
centímetro cm 1 cm = 0,01 m
milímetro mm 1 mm = 0,001 m

Minuto Min 1 min = 60 s


Tempo hora h 1h = 60 min = 3600 s
dia d 1 d = 24 h = 86 400 s

Grau °
1°= rad

Ângulo plano minuto ’


1’ = °= rad

segundo ”

1” = ’= rad

Volume Litro ℓ ou L 1ℓ = 1 dm³ = 10-3 m³

Tonelada T 1 t = 1000 kg
Massa
Grama G 1 g = 0,001 kg

Note que, nesta última tabela, temos várias unidades que conhecemos, como as unidades de comprimento, tempo,
volume e massa, que foram derivadas de suas relações com aquelas unidades padrões do Sistema Internacional.
A seguir, vamos acompanhar algumas unidades de medidas.

Comprimentos, áreas e volumes...


Como medidas de comprimento, conhecemos o metro como unidade padrão e, com relação a ele, os múltiplos e sub-
múltiplos, como mostra o quadro a seguir:

Múltiplos Unidade Submúltiplos


quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
Km hm dam M dm cm mm
1000 m 100 m 10 m 1m 0,1 m 0,01 m 0,001 m
Agora imagine que se queira medir coisas menores do que a espessura de uma folha de papel? Pois então, hoje em dia já
existe a nanotecnologia, que envolve o estudo de matérias no nível dos átomos e das moléculas. Temos que essa dimensão é
da ordem de 0,000 000 001 metro, ou seja, 10-9m, portanto o nano significa a bilhonésima parte de uma unidade de medida.
Bom, e o que fazer para determinar distâncias muito grandes?
Para isso temos o ano-luz, que é a distância que a luz percorre em um ano, sabendo que a velocidade da luz no vácuo
é de, aproximadamente, 300 000 km/s, que serve para determinar, por exemplo, a distância entre uma estrela e a Terra.

59
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Relações entre unidades


Vamos relacionar as unidades de medidas de comprimentos, áreas e volumes. Acompanhe:
A unidade de medida padrão para comprimento é o metro. Logo, a unidade padrão para cálculos de superfície é o
metro quadrado, que é a medida correspondente à superfície de um quadrado de 1 metro de lado. Veja a figura:

Logo, o cálculo da área fica 1m.1m = 1 m².

Assim, tendo formado uma figura tridimensional com a medida de 1 m de aresta, temos:

Ilustração 2

Calculando o volume, obtemos: 1m.1m.1m = 1 m³.


Relacionando volume e capacidade, destacamos que:
O volume de um cubo de 1 dm de aresta, que é 1 dm³, equivale a 1 litro.
Na figura, como temos um volume de 1 m³, então:

1 m³ = 1000 dm³ = 1000 litros

E ainda podemos destacar as seguintes relações:


Se 1 m é igual a 10 dm, então 1 m³ é igual a 1000 dm³.
E mais, se 1 m equivale a 100 cm, então 1 m³ equivale a 1000 000 cm³.
Como fizemos a relação que existe entre as unidades de medida de volume com a capacidade, vejamos alguns múlti-
plos e submúltiplos do litro:

Múltiplos Unidade Submúltiplos


Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro centilitro mililitro
Kl Hl Dal L Dl cl ml
1000 l 100 l 10 l 1l 0,1 l 0,01 l 0,001 l

Medindo arcos de circunferência...33

33 Textos adaptados do livro: Matemática Ensino Médio, de Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz, Editora

60
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Um arco de circunferência é formado por um segmen- Temos que:


to qualquer da circunferência, limitado por dois de seus 1) um grau corresponde a 60 minutos, ou seja, divi-
pontos distintos. Veja na figura a seguir, o arco menor AB, dindo-se um arco de 1° em 60 partes iguais, cada um dos
limitado pelos pontos A e B; o ponto D está localizado no arcos corresponde a um arco de um minuto (1’). (utilizare-
arco maior, denotado por ADB (frequentemente usa-se mos o símbolo 60’).
três letras para representar o arco maior). 2) Por sua vez, um minuto corresponde a 60 segun-
dos, ou seja, dividindo-se um arco de 1’ em 60 partes
iguais, cada um desses arcos corresponde a um arco de
um segundo (1”) (utilizaremos o símbolo 60’’).
Concluindo: 1° = 60’ e 1’ = 60 “
Portanto, se tivermos um arco de medida expressa em
graus, minutos e segundos, teremos a seguinte represen-
tação:
Exemplo: 25°30’50”
Veja outro exemplo: Escrever 18,5° usando os submúl-
Ilustração 3 tiplos.
Temos que: 18,5° = 18° + 0,5°
Se A coincide com B, temos um arco de uma volta ou Bom, se um grau corresponde a 60’, então a metade de
um arco nulo. um grau corresponde a 30’. Então a medida desse ângulo
Todo arco de circunferência tem um ângulo central que pode ser expressa por 18° 30’.
o subtende.
O Radiano
No exemplo acima temos:
O arco de 1 radiano é o arco cujo comprimento
Arco menor: Arco: AB é igual à medida do raio da circunferência que o
Ângulo central: AÔB contém.

Arco maior: Arco ADB Podemos dizer que um arco de um radiano (1 rad) é
Ângulo central AÔB um arco cujo comprimento retificado é igual ao raio da cir-
cunferência, ou seja, se temos um ângulo central de medi-
Contudo, temos que a medida de um arco é a medida da um radiano, então ele subtende um arco de medida um
do ângulo central que o subtende, independentemente do radiano (lembre que a medida do arco é igual à medida do
raio da circunferência que contém o arco. Como unidade ângulo central) e comprimento de 1 raio. Assim, se temos
de medida do arco usa-se o grau e o radiano. Já o com- um ângulo central de medida 2 radianos, então ele sub-
primento do arco, é a medida linear do arco, sendo usadas tende um arco de medida 2 radianos e comprimento de 2
como unidades de medida o metro e o centímetro. raios. Agora, se tivermos um ângulo central de medida α
Explorando um pouco mais essas medidas de arco... radianos, então ele subtende um arco de medida α radia-
Existem dois tipos de medições desses arcos: a medida nos e comprimento de α raios. Assim, ℓ = α r se a medida
linear, que consiste em medir o comprimento entre suas α do arco for dada em radianos.
extremidades e a medida angular, que consiste em calcu- Relacionando o comprimento ℓ e a medida α (em
lar a medida do ângulo central correspondente a esse arco. graus) do arco, temos que:
As unidades usadas para determinar esse ângulo são o
grau e o radiano. Vejamos com mais detalhes essas uni- α= , ou seja, α é o número de vezes que r “cabe” em ℓ.
dades de medida.
Vale ressaltar que a medida angular de um arco, em
O grau
radianos, só é numericamente igual ao comprimento desse
O grau é definido pela divisão da circunferência em
360 partes iguais. Cada uma dessas partes equivale a um arco se r = 1.
grau (1°), portanto, em uma circunferência temos 360°.
Podemos conhecer também os múltiplos e submúlti- E ainda: ℓ = . 2πr, pois = . Com α em
plos do grau, que servem para os casos em que a medida
de um ângulo não for um número inteiro de grau, ou seja,
a medida é menor que um grau inteiro. São eles: o minuto radianos, temos: ℓ = αr, pois = .
e o segundo.
Fazendo a conversão de graus para radianos, temos:

Saraiva, São Paulo, 2007 e Matemática, de Luiz Roberto


Dante, Editora Ática, São Paulo, 2008.

61
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Medida em graus Medida em radianos


a α
180 π

E assim serão feitas as conversões, ou seja, usando a regra de três simples.

AGORA É A SUA VEZ...

Atividade 1: Transforme:
a) 3m + 400 cm em centímetros;
b) 140 mm em metros;
c) 80 g em quilogramas;
d) 1h + 30 min em segundos;

Atividade 2. Usando uma régua, como você mediria a espessura de uma folha de um livro com a maior precisão possível?

Atividade 3. Pense em alguns acontecimentos... Faça uma lista de fatos relacionando as unidades que foram usadas
para marcar esse tempo, tais como: dias, meses, semanas, anos, séculos... analise o fato que diferentes acontecimentos
exigem uma unidade diferente.

Atividade 4. Qual é a distância entre a Terra e o Sol, em anos-luz, sabendo-se que essa distância expressa em metros
é de, aproximadamente, 150 000 000 000?

Atividade 5. Converter em radianos:


a) 45°
b) 72°
c) 36°
d) 135°
e) 240°
f) 600°

Atividade 6. Converter em graus:

a) rad

b) rad

c) rad

Atividade 7. Qual a capacidade, em metros cúbicos, de um recipiente de 300 ℓ.

Atividade 8. Dê os seguintes valores em unidades do SI.


a) 8 km
b) 6 min
c) 7 h
d) 4 t
e) 3200 g

Atividade 9. Calcule, em radianos, a medida do ângulo central correspondente a um arco de comprimento 15 cm


contido numa circunferência de raio 3 cm?

Atividade 10. Considere essas informações e depois responda34.


A capacidade de armazenamento de dados em disquetes, CDs e em memória de computadores é medida em bytes.

34 Atividade retirada do Livro: Matemática-Projeto Araribá (5ª série). Editora responsável: Juliane Matsubara
Barroso. Organizadora: Editora Moderna.2006.

62
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Conheça algumas relações entre unidades de medida HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU
de armazenamento de dados usadas na informática.
1 Kilobyte ou Kbyte ou KB é igual a 1 024 bytes. 1. a) 700 cm
1 Megabyte ou Mbyte ou MB é igual a 1 024 Kilobytes. b) 0,14 m
1 Gigabyte ou Gbyte ou GB é igual a 1 024 Megabytes. c) 0,08 kg
1 Terabyte ou Tbyte ou TB é igual a 1 024 Gigabytes. d) 5400 s
A capacidade de armazenamento de dados de um dis-
quete é de 1,44 MB e a de um CD é de 740 MB. Quantos 2. Medindo a espessura do livro (exceto as capas) e
disquetes seriam necessários para armazenar todos os da- dividindo o resultado pelo número de páginas.
dos de um CD?
3. Resposta pessoal. Pesquisa.
Atividade 1135. Nas olimpíadas, uma das provas de ci-
clismo é chamada “estrada contra o relógio”. Nela, os ciclis- 4. 0,0000158 anos-luz ou, em notação científica, 1,58
tas largam um de cada vez, em intervalos de 90 segundos, . 10-5 anos-luz.
para percorrer uma distância de 45 800 metros. Quem faz
o menor tempo ganha a corrida.
a) Se o primeiro ciclista sair às 9h 45min 24s, a que 5. a) rad
horas sairão o segundo e o terceiro ciclistas?
b) Associe o tempo dos três primeiros colocados ao
respectivo lugar no pódio: b) rad
• Fábio demorou 1 hora, 1 minuto e 57 segundos
para completar a prova;
• César demorou 3719 segundos; c) rad
• João demorou 61 minutos e 58 segundos.

Atividade 12. Um condomínio compra água de uma


empresa para encher duas piscinas, com capacidade para d) rad
36000 litros e 15000 litros. Essa empresa sempre leva a
água em caminhões-pipa com capacidade de 10 m3. Quan-
tos caminhões são necessários para levar a água ao con-
domínio? e) rad

Atividade 13. Elias quer construir uma piscina em seu


sítio, numa área retangular de 3 metros de largura e 5 me- f) rad
tros de comprimento. Qual deverá ser a profundidade des-
sa piscina se ele que caibam 30000 litros de água? Lembre-
se! O cálculo do volume de um paralelepípedo é dado pela 6. a) 30°
fórmula: V = a . b . c (onde a representa o comprimento, B
representa a largura e c representa a altura, ou a profundi- b) 120°
dade, no caso da piscina).
c) 18°
Atividade 14. O carnaval de Olinda atrai todo ano mais
de 1 milhão de foliões para as ruas e ladeiras dessa cidade 7. 0,3 m³
pernambucana. Mais de 500 agremiações – entre blocos,
troças, afoxés, maracatus, clubes de bonecos e escolas de 8. a) 8 000 m
samba – animam esses foliões.
Considerando que uma das ruas ocupadas por esses b) 360 s
foliões tem aproximadamente 100 metros de comprimen-
to e 15 metros de largura, estime quantos foliões podem
ocupar essa rua. c) 25 200 s
Obs.: Para fazer a estimativa de uma multidão, existe
um padrão internacional de contagem: Considera-se que 4 d) 4000 kg
pessoas ocupam uma área de 1 m2. Então, em uma área de
10.000 m2, por exemplo, há 40.000 pessoas. e) 3,2 kg

35 As atividades 11 a 14 foram retiradas e/ou 9. 5 rad.


adaptadas do Livro: Matemática-Projeto Araribá (5ª
série/6º ano). Editora responsável: Juliane Matsubara 10. 514 disquetes.
Barroso. 2ª Edição – São Paulo: Moderna, 2007.

63
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

11. a) 2º ciclista: às 9h 46min 54s; 3º ciclista: às 9h 48 Capítulo 6


min 24s
GRANDEZAS E PROPORCIONALIDADE:
b) Fábio (1º lugar), João (2º lugar) e César (3º lugar)
OLHANDO PARA O COTIDIANO
12. 6 caminhões
CONSTRUIR E AMPLIAR NOÇÕES DE VARIAÇÃO DE
13. 2 metros de profundidade GRANDEZA PARA A COMPREENSÃO DA REALIDADE E A
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DO COTIDIANO.
14. 6000 foliões.
Fernando Luis Pereira Fernandes
PRA FIM DE PAPO!
Caro Aluno, DO FUNDO DO BAÚ
Que tal começarmos com uma aula falando de comida?
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: Aí vai uma receita de Bolo Gelado!

H1 - Identificar e interpretar registros, utilizando a no- Bolo gelado36


tação convencional de medidas. 12 porções
H2 - Estabelecer relações adequadas entre os diversos Ingredientes
sistemas de medida e a representação de fenômenos natu- 4 ovos
rais e do cotidiano. 2 xícaras de açúcar
H3 - Selecionar, compatibilizar e operar informações 3 xícaras de farinha de trigo
métricas de diferentes sistemas ou unidades de medida na 1 copo de suco de laranja ( 250ml)
resolução de problemas do cotidiano. 1 colher de sopa de fermento em pó
H4 - Selecionar e relacionar informações referentes a
estimativas ou outras formas de mensuração de fenôme- Para a cobertura:
nos de natureza qualquer, com a construção de argumen- 1 garrafa pequena de leite de coco
tação que possibilitem sua compreensão. 1 garrafa de leite ( utilize a mesma garrafa do leite de coco
H5 - Reconhecer propostas adequadas de ação sobre a como medida)
realidade, utilizando medidas e estimativas. 1 lata de leite condensado
1 pacote de coco ralado sem açúcar
Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-
das neste capítulo, procure resolver as questões da prova Modo de Preparo
do ENCCEJA, no final da apostila. 1. Na batedeira bata as claras em neve
2. Acrescente o açúcar e bata por mais uns 3 minutos
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu- 3. Coloque as gemas, o trigo, o suco e continue batendo
de um pouco mais, você está construindo um processo de até formar uma massa homogênea
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá! 4. Por último ponha o fermento, bata por mais 40 se-
gundos na menor velocidade da batedeira
5. Despeje a massa numa forma média e untada
6. Asse em forno pré-aquecido em temperatura média
por aproximadamente 40 minutos ou até dourar

Cobertura:
1. Misture bem numa tigela o leite de coco, o
leite e o leite condensado
2. Reserve
3. Assim que o bolo tiver assado, retire do for-
no e fure toda a sua superfície com garfo ou faca, assim a
cobertura penetrará bem
4. Com o bolo ainda quente e já furado despe-
je a cobertura sobre ele
5. Salpique o coco ralado por cima
6. Leve à geladeira por aproximadamente 3
horas
36 Receita extraída de http://tudogostoso.uol.com.
br/receita/2313-bolo-gelado.html. Data: 07 de Fevereiro
de 2009.

64
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

7. Corte o bolo em quadradinhos do tamanho que preferir e embrulhe com papel alumínio
8. Conserve na geladeira
9. Se o leite tiver fresquinho o bolo pode durar até 1 semana, isso se não acabarem com ele bem antes
Observe no início da receita o seu rendimento. Caso quisesse aumentar o número de porções para 24, qual seria a
quantidade de ingredientes para o bolo completo?
E se desejasse fazer a metade da receita, quantas porções e qual a quantidade de ingredientes necessários para a pro-
dução?
Qual a relação entre a quantidade de xícaras de açúcar e o número de ovos?
Bom, é simples querer fazer um bolo com 24 porções. Afinal, a receita anterior indica que o rendimento é de 12 por-
ções. Para se produzir uma receita com 24 porções, basta multiplicar por 2 todos os ingredientes. E para produzir 6 porções,
é só dividir a quantidade de ingredientes por 2. Assim, temos:

Quantidade de ingredientes para 24 porções: Quantidade de ingredientes para 12 porções


8 ovos 2 ovos
4 xícaras de açúcar 1 xícara de açúcar
6 xícaras de farinha de trigo 1 1/2 xícara de farinha de trigo
2 copos de suco de laranja ( 500ml) 1/2 copo de suco de laranja ( 125ml)
2 colheres de sopa de fermento em pó 1/2 colher de sopa de fermento em pó
Para a cobertura: Para a cobertura:
2 garrafas pequenas de leite de coco 1/2 garrafa pequena de leite de coco
2 garrafas de leite ( utilize a mesma garrafa do leite de coco 1/2 garrafa de leite ( utilize a mesma garrafa do leite de coco
como medida) como medida)
2 latas de leite condensado 1/2 lata de leite condensado
2 pacotes de coco ralado sem açúcar 1/2 pacote de coco ralado sem açúcar

Também é questionada a relação da quantidade de xícaras de açúcar e o número de ovos. Note que, na receita princi-
pal, são 2 xícaras de açúcar para 4 ovos.
Essa análise pode ser feita também com as outras receitas: para a receita de 24 porções, são 4 xícaras de açúcar para 8
ovos e, na de 6 porções, é uma xícara para 2 ovos.
O que você notou nas quantidades em cada uma das relações anteriores?
Veja que a relação entre a quantidade de açúcar e o número de ovos, independente da quantidade empregada, é sem-
pre a mesma: o número de ovos é sempre o dobro da quantidade de xícaras de açúcar (ou o contrário, a quantidade de
xícaras de açúcar representa a metade da quantidade de ovos).
Podemos escrever essas conclusões em uma tabela, para verificando a relação entre a quantidade de açúcar e ovos:

Rendimento 12 Rendimento 24 Rendimento 6


Ingredientes
porções porções porções
Açúcar 2 4 1
Ovos 4 8 2

Utilizando uma linguagem matemática, podemos reescrever os valores que estão na tabela na forma de fração:

Uma outra situação...

65
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Veja a reportagem retirada do site UOL Empregos37

CONCURSO DA PRF: MT TEM 509 CANDIDATOS/VAGA; NO PA SÃO 434


05/09/2008 - 16h58
Da Redação
Em São Paulo
O Cespe (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos) divulgou nesta sexta (5) a concorrência no concurso da PRF
(Polícia Rodoviária Federal). Em Mato Grosso, são 74.318 candidatos para 146 vagas: 509,03 inscritos para cada
posto em disputa. Para as 194 vagas do Pará, estão inscritos 84.363: 434,86 candidatos/vaga.
O número total de candidatos -- 158.681 -- já havia sido anunciado, junto com os locais de prova, na terça (2). O
exame está marcado para o próximo dia 14, às 14h.
A seleção oferece 340 vagas no cargo de policial rodoviário federal (ensino médio). O salário inicial é de R$ 5.238,94.
A prova será realizada nas capitais dos Estados da região Norte e do Centro-Oeste, na cidade de Santarém (PA) e no
Distrito Federal.

Decisão da Justiça
O exame foi suspenso em dezembro de 2007, dois dias antes da aplicação, por suspeita de fraude. Neste ano, a Polícia
rescindiu o contrato com o NCE (Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro), então
organizador do concurso, e repassou a execução para o Cespe. Estavam inscritos mais de 122 mil candidatos.
As inscrições para o concurso foram reabertas em 28 de julho e se encerraram em 13 de agosto, obedecendo à decisão
da 2ª Vara Federal em Cuiabá (MT). A Justiça atendeu pedido do MPF (Ministério Público Federal), que, por meio de
ação civil pública, identificou irregularidades na seleção.
No edital de abertura, a polícia pedia, como requisito para tomar posse do cargo, apresentação de certidão negativa
de protesto de título em um período de cinco anos e teste de gravidez para as mulheres. Agora, a Polícia ainda pede
certidões, mas não mais negativas.

Nova avaliação.
As provas objetivas e de redação terão a duração de quatro horas e 30 minutos. Os exames, obedecendo ao primeiro
edital, terão 80 questões de múltipla escolha.
A primeira fase do concurso público terá ainda exame de capacidade física, exames médicos e avaliação psicológica.
A segunda fase será o curso de formação profissional.
É recomendável confirmar datas e horários para se prevenir de alterações posteriores à publicação deste texto.
Outros dados podem ser obtidos no site da instituição organizadora, o Cespe.

Após a leitura da reportagem, fica claro o que significa 504 candidatos/vaga? O que representa? Como se obtém esse
valor?

ASSIM OU ASSADO?
Na reportagem anterior, é questionando o significado de 504 candidatos/vaga. Em um concurso para o estado de Mato
Grosso do Sul, com 74.318 candidatos, disputando 146 vagas, quando relacionamos as grandezas quantidade de candidatos
e quantidade de vagas, obtemos:

Essa relação é chamada de razão. Nesse caso, temos a razão entre o numero de candidatos e o numero de vagas dis-
poníveis. Uma razão é uma fração, que representa também uma divisão. Então temos:
74318: 146 509,027

Esse número representa o número de candidatos disputando uma vaga! Realmente, esse concurso foi muito disputado!

Na primeira situação proposta no capítulo, vimos a relação entre a quantidade de açúcar e ovos na receita do Bolo
37 Retirado de http://noticias.uol.com.br/empregos/ultnot/2008/09/05/ult880u7352.jhtm. Data 07 de Fevereiro
de 2009.

66
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Gelado. A relação também é uma razão, pois há uma comparação entre as grandezas (tudo o

que pode ser medido) referentes à quantidade de açúcar e à quantidade de ovos.

Quando estabelecemos uma igualdade entre duas razões, podemos afirmar que há uma proporção.
Um exemplo de proporção é:
38
Observe a promoção anunciada por um feirante:
“Aproveite! Quatro carambolas por apenas 3 reais”.
Calcule o preço de:
a) 6 carambolas
b) 10 carambolas
c) 15 carambolas

Onde há a proporção? Primeiramente, vamos identificar a razão , isto é, a relação entre

a quantidade de carambolas e o valor a ser pago, em reais. No problema, o feirante diz que são 4 carambolas por 3 reais.

Assim, a razão é: (Lê-se: quatro para três). Agora, caso uma pessoa queira comprar 6 carambolas, temos a seguinte
situação:

Quantidade de Carambolas 4 6

Valor a Pagar (em Reais) 3 ?

Note que é preciso descobrir quanto a pessoa pagará por 6 carambolas. Usando o raciocínio de proporção, sabemos
que, ao comprar 2 carambolas, uma pessoa pagaria R$ 1,50 ( afinal, é a metade!) Assim, por 6 carambolas, uma pessoa
pagará, no total, R$ 4,50. Será que não haverá outras maneiras para representar essa situação? Nesse capítulo, veremos
diversas situações em que o cálculo que realizamos agora, não será tão simples assim...

Podemos interpretar da tabela anterior que temos duas razões: .

Como a relação entre elas é constante, podemos afirmar que . Uma propriedade interessante que ocorre

com as proporções é a existência de uma constante de proporcionalidade.

O que seria isto?

38 Problema retirado de Matemática – 6ª série: Coleção Idéias e Relações. Autores: Cláudia Miriam Tosatto,
Edilaine do Pilar F. Peracchi e Voleta Stephan. Editora Positivo, 2005, 2ª Edição.

67
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Note que o valor 1,50 é multiplicado por 4, para encontrar 6, e o mesmo ocorre com o 3, que ao ser multiplicado por
1,50, obtém 4,50. Isso sempre acontece em relações de proporcionalidade direta. Veremos a seguir o que isto significa.
Em uma indústria, certa máquina produz 250 peças por hora. Quantas horas essa mesma máquina terá de trabalhar
para produzir 1500 peças?
Vamos dispor as informações em uma tabela, relacionando as grandezas quantidade de peças e tempo:

Quantidade de Peças Tempo (H)


250 1
1500 ?

Alguns questionamentos... Se eu aumentar a quantidade de peças o que deve acontecer com o tempo? Vai levar mais
ou menos tempo para produzir 1500 peças?
Como levará mais tempo, podemos afirmar que a relação entre a produção de peças e o tempo é de uma proporciona-
lidade direta, ou ainda, que as grandezas quantidade de peças e tempo são diretamente proporcionais. Podemos encontrar
o tempo necessário para produzir 1500 por diversas maneiras. Uma delas é verificar por quanto devo multiplicar 250 para
obter 1500:

Quantidade de Peças tempo


250 1
1500 ?

Logo, o tempo necessário para produzir 1500 peças será de 6 horas. Mas, não é a única forma de encontrar o tempo...
Podemos, a partir de uma propriedade existente nas proporções, a qual chamamos de Regra de Três, obter o mesmo re-
sultado.
Reescrevemos os valores presentes na tabela, dispostos em frações (ou razões):

Chamamos de Regra de Três, pois temos três valores e estamos à procura do 4 º valor, o qual representamos por x (o
número a ser descoberto).
O procedimento é “multiplicar os valores em cruz”, isto é, multiplicamos os valores extremos e os valores dos meios.
Como isso funciona?

A seguir, efetuamos a equação:


250 . x = 1500 . 1
250x = 1500

x=

x=6

Agora, um outro problema que envolve proporcionalidade:


O premio da Loteria Federal está acumulado em R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais). Determine os valores a se-
rem recebidos por acertador caso o número de ganhadores seja:
a) 2
b) 5
c) 10

68
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

A partir da tabela a seguir, poderemos descobrir quanto cada um dos ganhadores receberá:

Quantidade de Ganhadores Valor do Prêmio (em reais)


1 12 000 000
2 ?

O que acontecerá com o prêmio, caso dobre a quantidade de ganhadores?


O valor do prêmio para cada um dos premiados será a metade do valor principal. Ao contrário da proporcionalidade
direta, nesse caso, quando uma das grandezas aumenta, a outra diminui na mesma proporção.
Assim, o prêmio será de R$ 6.000.000,00 para cada um.
Isso ocorrerá com os demais valores: para 5 ganhadores, teremos R$ 12.000.000,00 5. Logo, o valor a ser recebido
por premiado é de R$ 2 400 000.
Mas, será que é possível utilizar a regra de três em uma proporcionalidade inversa?
A partir da tabela anterior, montamos a proporção:

Ao resolver, utilizando a multiplicação em cruz, temos:


1 . x = 2 . 12 000 000
x = 24 000 000
Note que o valor encontrado está incorreto, pois resolvemos o problema anteriormente e tínhamos encontrado o re-
sultado 6.000.000.
O que será que está errado?
Como a proporcionalidade que estamos tratando é inversa (lembre-se, quando uma das grandezas aumenta, a outra
diminui na mesma proporção), é preciso inverter a ordem de um dos parâmetros. Logo, a proporção que era

ficará assim:

Resolvendo a proporção, utilizando a Regra de Três, temos:


2 . x = 1 . 12 000 000
2x = 12 000 000
x = 12 000 000

Assim, podemos utilizar a regra de três quando a proporcionalidade for inversa. A proporcionalidade inversa também
pode ser chamada por grandezas inversamente proporcionais.
Apesar das situações apresentadas serem referentes à proporcionalidade, nem tudo tem proporção. Por exemplo, uma
criança que possui uma idade de 9 anos possui uma altura de 1,35m. Quando ela tiver 18 anos, qual será a sua altura?
Note que, no problema, somos levados a pensar que, ao dobrar a idade (de 9 anos para 18), encontraremos uma altura
que corresponda ao dobro da sua altura atual (de 1,35m para 2,70m), o que seria um absurdo.
Imagine a altura dessa pessoa quando tivesse seus 81 anos...

69
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Porcentagem
A porcentagem, já estudada no Ensino Fundamental, pode ser interpretada como sendo uma razão. Sabe-se que a
porcentagem é uma razão entre a parte e o todo (os 100%).
Por exemplo, quando você se depara com a seguinte manchete:
“ De cada três matérias produzidas no Congresso, apenas uma tem relevância39”, qual será a porcentagem de
matérias que não tem relevância para o país?
Como há uma matéria relevante para cada três matérias produzidas, têm-se duas matérias irrelevantes. Para encontrar
a porcentagem que essas matérias irrelevantes representam, é preciso relacioná-las como razão:

Duas matérias em um total de três matérias é o mesmo que (dois para três).

Entendemos que o total (isto é, 100%) seriam as três matérias.

Matérias Porcentagem
3 100
2 X

Utilizando a Regra de três, temos:

3x = 2 . 100
3x = 200

x=

x = 66,66...%

Logo, a porcentagem é de aproximadamente 66,6%.


Entretanto, não é a única maneira de encontrar a porcentagem a partir de uma razão. Como a razão entre as matérias
irrelevantes e o total de matérias produzidas é de 2 para 3, podemos dividir 2 por 3.
2 : 3 = 0,66...
Se ignorarmos as demais casas decimais do número 0,66... (0,66), podemos reescrevê-lo como sendo 0,66 =

. Assim, corresponde a 66%, isto é, em um grupo de 100 matérias produzidas pelo Congresso Nacional,

aproximadamente 66 não têm relevância para o país.

A seguir, a manchete de uma outra reportagem trata da crise econômica mundial, iniciada no final do ano de 2008:
“Crise afeta oito em cada dez empresas brasileiras, diz pesquisa da CNI40”

Podemos utilizar o mesmo raciocínio para encontrar a porcentagem. Se, de cada 10 empresas, 8 são afetadas pela crise,

é o mesmo que 8 está para 10, ou ainda .

39 Notícia extraída de http://www.jusbrasil.com.br/noticias/1009055/de-cada-tres-materias-produzidas-no-


congresso-apenas-uma-tem-relevancia - Arquivo capturado em 02 de Maio de 2009.

40 Notícia extraída de http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1040260-9356,00-CRISE+AF


ETA+OITO+EM+CADA+DEZ+EMPRESAS+BRASILEIRAS+DIZ+PESQUISA+DA+CNI.html Arquivo capturado em
02 de Maio de 2009.

70
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Como corresponde a ( = ) são frações equivalentes! Observe que o numerador e o denomina-

dor foram multiplicados por 10), descobrimos que 80 % das empresas brasileiras foram afetadas pela crise.

É claro que também é possível obter a porcentagem a partir da regra de três:

Empresas Porcentagem
10 100
8 X

10x = 8 . 100

10x = 800

x=

x = 80%

No cotidiano, encontramos diversas situações que envolvam grandezas proporcionais e porcentagem. Mais ainda,
quando envolve cálculos no comércio e no mercado financeiro, pois a partir da porcentagem, é possível calcular os juros
cobrados quando se realiza o financiamento de mercadorias, ou ainda, para saber o rendimento obtido a partir de investi-
mento realizado na caderneta de poupança.
Um exemplo disso é o problema a seguir:
(CESU/2007) Luis aplicou R$ 2.500,00 à taxa de 2% ao mês, durante 5 meses. Considerando um regime de juros simples,
ele receberá, de juros,
a) R$ 145,00
b) R$ 300,00
c) R$ 350,00
d) R$ 250,00

No problema, aparece a expressão “juros simples”. Quando se trata desse tipo de juros, o rendimento é calculado a
partir do capital inicialmente investido.
O capital é de C = 2500, os juros são de 2% ao mês e o tempo em que o dinheiro ficará investido é de 5 meses.
Calculemos 2% de 2500.

2% de 2500 = . 2500 =

= 50

Assim, renderá R$ 50,00 por mês. Em um total de 5 meses, o rendimento obtido foi de
5 . R$ 50,00 = R$ 250,00
Resposta: Alternativa D.
Entretanto, não é bem assim que os juros são calculados na maior parte das vezes. A caderneta de poupança é um
exemplo disso.
Vamos supor que uma pessoa investiu R$ 3000,00 na caderneta e o rendimento mensal seja de 1% ao mês.
Ao final do primeiro mês, o valor que constará na caderneta será de:

1% de 3000 = . 3000 =

Assim, 3000 + 30 = 3030,00

71
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

No final do segundo mês, os juros serão calculados pelo valor total que estiver na poupança, isto é, do valor investido
mais os juros do 1º mês:

1% de 3030 = . 3030 =

Também podemos calcular 1% de 3030, fazendo 0,01 . 3030 = 30,30

(LEMBRE-SE! 1% = )

Assim, os juros obtidos no 2º mês foram de R$ 30,30.


Note que, diferente do primeiro exemplo, nesse caso, os juros não são valores fixos, pois muda o capital calculado.
Observe a tabela a seguir com alguns valores, após 4 meses de investimento:

Período Capital (C) Juros (J) Montante (C + J)


Mês inicial 3000 0,01.300 = 30,00 3030,00
Final do 1º mês 3030,00 0,01 . 3030 = 30,30 3060,30
Final do 2º mês 3060,30 0,01 . 3060,30= 30,603 3090,903
Final do 3º mês 3090,903 0,01 . 3090,903 = 30,90903 3121,81203

Como o Montante representa o capital somado com os juros, podemos escrever uma fórmula:
Como esse cálculo é realizado com juros sobre juros, chamamos de juros compostos.
Note que há um fator de aumento, que é constante, no cálculo dos juros compostos.
Para encontrar 3030 basta calcular 3000.(1 + 0,01) = 3000.(1,01)
Para encontrar 3060,3 basta calcular 3000.1,01.(1,01) = 3000 (1,01)2
Para encontrar 3090,903 é só calcular 3000.(1,01).(1,01)2 = 3000(1,01)3.
Assim, podemos dizer que o cálculo do montante no caso de juros compostos pode ser feito a partir da fórmula:
M = C(1 + i)t
Se a caderneta de poupança fosse corrigida pelo regime de juros simples, o investidor obteria menor rendimento.
Abaixo, a tabela apresenta os juros em cada um dos regimes:

Período (tempo) Juros Simples Juros compostos


Capital: 3000,00 30,00 30,00
1º mês 30,00 30,30
2º mês 30,00 30,603
3º mês 30,00 30,90903

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....


1) Sabe-se que, no preparo de pão caseiro, para cada 0,5 kg de farinha de trigo, utiliza-se 2 xícaras de óleo.
Pergunta-se: caso seja utilizado 2,5 kg de farinha, quantas xícaras de óleo são necessárias?
Podemos analisar o problema, comparando as grandezas farinha de trigo e óleo. Para preparar a receita, se aumentar
a quantidade de farinha de trigo, necessariamente deverá aumentar a quantidade de óleo, seguindo a proporcionalidade.
Veja a tabela:

Farinha de trigo (Kg) Óleo (xícaras)


0,5 2
2,5 x

Primeira maneira de resolver é procurar encontrar quantas vezes aumentou a quantidade de farinha (de 0,5 para 2,5).
Note que 0,5 . 5 = 2,5kg.
Assim, multiplicamos 2 por 5, obtendo 10 xícaras de óleo.
Uma outra maneira de resolver o problema é reescrever a tabela acima na forma de Regra de Três.

72
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Como as grandezas são diretamente proporcionais, A partir da regra de três, temos:


podemos multiplicar em “cruz”:
0,5 . x = 2,5 . 2
0,5 . x = 5

x= 25 . x = 320 . 100

Resposta: 5 xícaras de óleo. 25x = 32000


2) Em uma empresa, a razão entre funcionários do sexo
masculino e feminino é de 2: 3 (Lê-se dois para três). x=
O que significa 2: 3?
Se, nessa empresa tiver 60 mulheres, haverá quantos x = 1280
funcionários do sexo masculino? No problema, a razão re-
fere-se aos “funcionários do sexo masculino e feminino”, Resposta: A renda mensal da família é de R$ 1280,00.
sendo 2:3. Assim, para cada 2 funcionários homens, tem-se 4) Em alguns programas de televisão, existem quadros
3 funcionários de sexo feminino. que apresentam a reforma e /ou a construção de uma casa
Se houver 60 mulheres, podemos encontrar a quanti- em um intervalo de tempo muito pequeno. Para isso, é pre-
dade de homens a partir da tabela: ciso um “batalhão” de pedreiros, serventes, encanadores e
eletricistas para executar o serviço rapidamente.
Homens Mulheres Suponhamos que, para construir uma casa de pequeno
2 3 porte, 3 pedreiros levem 60 dias para construí-la. Caso, o
dono queira agilizar a sua construção, exigindo que a cons-
x 60 trução seja realizada em 15 dias, quantos pedreiros são ne-
cessários para o trabalho?
Se a quantidade de homens depende da razão 2: 3, Nesse problema, devemos analisar qual é o compor-
novamente podemos encontrar o número de homens que tamento das grandezas envolvidas. Estamos relacionando
são funcionários dessa empresa por duas maneiras: “número de pedreiros” e “dias de trabalho”.
Se aumentarmos a quantidade de pedreiros, levará
1º) Como a quantidade de mulheres aumentou 20 ve-
menos tempo para a construção. É claro que isso será uma
zes (3. 20 = 60), podemos seguir o mesmo raciocínio para
situação ideal, imaginando que todos trabalhem a mesma
os homens ( 2 . 20 = 40).
quantidade de tempo e no mesmo ritmo.
Assim, há nessa empresa 40 homens.
A partir da tabela e da montagem da regra de três,
veremos como resolver o problema que envolve grandezas
2º) Podemos, também resolver por Regra de Três:
inversamente proporcionais:

Dias de trabalho Número de pedreiros


60 3
3 . x = 60 . 2 15 x

3 x = 120

x=
Como as grandezas são inversas, antes de resolver, faze-
x = 40 mos a “inversão” de uma das frações: escolhi a segunda fração.

3) Se 25 % da renda mensal de uma família é destinada


ao pagamento do aluguel, qual será a renda mensal dessa
família, sabendo que o aluguel é de R$ 320,00?
No problema fica evidente que 25 % da renda dessa
família corresponde a R$ 320,00. Assim, estamos buscando Agora, podemos resolver, aplicando o procedimento da re-
encontrar a renda total da família, isto é, 100%: gra de três, multiplicando em cruz:
15 x = 60 . 3
15 x = 180
Porcentagem Renda em R$
25% 320 x=
100% x
x = 12

73
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

5) Observe o mapa do estado do Paraná abaixo e as distâncias entre algumas de suas cidades:

Ilustração 1 - Mapa do Estado do Paraná41

Conforme está indicado no canto inferior esquerdo do mapa, cada 1 cm no mapa representa 78 km de distância na
realidade. Essa escala também pode vir indicada da seguinte forma: 1: 7.800.000 (significa que, para cada 1 cm do mapa
corresponde, na realidade a 7.800.000 cm ou a 78 km).
Conforme indicado no mapa, a distância entre Cascavel e Curitiba é de 56 mm. Qual seria a distância real entre as duas
cidades?
Como cada cm do mapa representa 78 km na realidade, podemos estabelecer uma proporção entre as medidas do
mapa e as distâncias reais. Sabendo que a distância dada entre as duas cidades, no mapa está em milímetros, transforma-
remos esses valores para centímetros:

Distância no Mapa (cm) Distância Real (km)


1 78
5,6 x

Como as grandezas envolvidas são diretamente proporcionais, podemos aplicar a Regra de Três:

1 . x = 5,6 . 78
x = 436,8 km
Podemos afirmar que, em linha reta, a distância entre as cidades de Cascavel e Curitiba é de, aproximadamente 436,8
km.
No mapa, temos aproximações e essas distâncias correspondem em linha reta. Ao pensarmos na distância ao ser per-
corrida de carro ou de ônibus, isso muda, pois o caminho das rodovias não é retilíneo.
Ao verificarmos no site do DNIT42 (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de transportes), a distância aproximada
entre as duas cidades é de 498 km. Apesar da diferença de mais de 60 km, temos uma aproximação razoável, podendo
diminuir essa diferença com um mapa que utilize uma escala mais detalhada e adequada.
6) A densidade demográfica é a razão entre o número de habitantes de determinada região e a área que essa popu-
lação está inserida. Esse é um dos cálculos usados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para saber se
uma região é povoada.
Segundo dados do último censo demográfico do IBGE em 2000, a população de alguns dos estados do Brasil e a sua
área territorial são43:

41 Mapa extraído de Matemática: Pensar & Descobrir, de José Ruy Giovanni e José Ruy Giovanni Jr. 6ª série.
Nova edição. – São Paulo: FTD, 2005, p. 251.
42 http://www1.dnit.gov.br/rodovias/distancias/distancias.asp
43 Tabela adaptada do livro Matemática: Pensar & Descobrir, de José Ruy Giovanni e José Ruy Giovanni Jr.
6ª série. Nova edição. – São Paulo: FTD, 2005.

74
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Estados População Superfície (área em km2)


Amazonas 2.813.085 1.570.946
Ceará 7.418.476 145.711
Mato Grosso do Sul 2.074.877 357.139
Santa Catarina 5.349.580 95.285
São Paulo 36.969.476 248.176

Dos estados que constam na tabela, qual deles é o mais populoso? E o mais povoado? E o estado menos povoado?
Para saber qual é o estado mais populoso, basta conferir aquele que possui a maior população. Nesse caso, São Paulo
possui a maior população (36.969.476 habitantes).
Para encontrar o estado mais povoado, é preciso encontrar a densidade demográfica de cada um deles, isto é, a razão
entre a população de cada estado e a área de seu território.

Densidade Demográfica =

Amazonas: habitantes/km2

Ceará: habitantes/km2

Mato Grosso do Sul: habitantes/km2

Santa Catarina: habitantes/km2

São Paulo: habitantes/km2

Assim, podemos dizer que São Paulo também representa, dentre os estados presentes na tabela, aquele que possui a
maior densidade demográfica, isto é, o maior número de habitantes por km2. Logo, São Paulo é um estado bem povoado.
Já o estado do Amazonas possui a menor densidade demográfica, isto é, é o estado menos povoado dos cinco citados
na tabela. Apesar de possuir população superior ao do estado de Mato Grosso do Sul, possui um território quase cinco
vezes maior! Por isso, um estado pouco povoado!

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


Nesse capítulo, tratamos de grandezas e da idéia de razão, que percorreu todo o trabalho aqui desenvolvido. Seja na
definição de proporção (que é uma igualdade entre duas razões), seja pela idéia de grandezas diretamente ou inversamen-
te proporcionais, ou ainda pela porcentagem, procuramos apresentar exemplos e variadas formas de resolução.
O que gostaríamos de enfatizar é a importância de identificar se há ou não uma relação de proporcionalidade entre
grandezas. Caso não exista relação de proporcionalidade, de nada adiantará aplicar a regra de três ou outro procedimento
para resolver o problema.
Para o cálculo de juros, em especial dos juros simples não foi apresentada fórmula para a resolução de problemas, pois
a maneira pela qual usamos para calcular a porcentagem é a mesma já utilizada anteriormente, em outros exemplos.
Também é possível seguir um raciocínio semelhante ao cálculo dos juros compostos, mas, não consideramos conve-
niente resolver problemas desse tema sem a utilização de uma fórmula.

75
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ44 Atividade 7. (CESU/SP – 2007) É muito comum nas


grandes cidades as pessoas receberem anúncios de casas,
Atividade 1. Se para produzir 4 kg de queijo são ne- carros e apartamentos nas ruas e cruzamentos de avenidas.
cessários 25 litros de leite, para se produzir 32 kg de queijo Observe uma delas:
serão necessários quantos litros de leite? Apartamento com 2 quartos e garagem
Preço à vista: R$ 60.000,00
Atividade 2. A escala da planta de uma casa é 1 : 100 Com apenas 20% do valor do imóvel,
(isto é, cada cm da planta corresponde a 100 cm ou 1 m da
medida real). Quais são as dimensões de um quarto que na
planta figurava com 3 cm por 4 cm?

Atividade 3. Em um supermercado, uma garrafa de 1,5


litro de refrigerante custa R$ 1,90 e a garrafa de 2 litros
do mesmo refrigerante vale R$ 2,70. Qual é a compra mais
vantajosa para o consumidor?

Você recebe as chaves!

Ilustração 346

Com as informações fornecidas, determine o valor ne-


cessário para receber as chaves do imóvel. Assinale a alter-
nativa correta.
a) R$ 6.000,00
Ilustração 245 b) R$ 12.000,00
c) R$ 13.500,00
Atividade 4. Um automóvel que percorre uma velo- d) R$ 17.500,00
cidade de 80 km/h percorre certo trajeto em duas cidades
em 1h 30min. Se ele aumentar a sua velocidade para 120 Atividade 8. (CESU/SP - 2007) Considere que, no ano
km/h, ele fará o mesmo percurso em quanto tempo? de 2006, os rendimentos de certa pessoa totalizaram R$
36.000,00 e que, ao fazer a sua declaração de Imposto de
Atividade 5. Cinco torneiras completamente abertas Renda, ela observou que parte desse total estava isenta de
enchem um tanque em 1h 20 min. Quantas torneiras são tributação e sobre o restante deveria pagar 20% de im-
necessárias para encher o mesmo tanque em 50 minutos? posto. Se a quantia a ser paga de imposto era R$ 5.500,00,
então o valor da parte isenta de tributação seria:
Atividade 6. Com o litro da gasolina custando R$ 2,51, a) R$ 7.250,00
Mariana abasteceu o carro com aproximadamente 40 L b) R$ 7.500,00
de gasolina. Se o litro da gasolina custasse R$ 2,60, com a c) R$ 8.250,00
mesma quantia de dinheiro, Mariana abasteceria seu carro d) R$ 8.500,00
com aproximadamente quantos litros de gasolina?
Atividade 9. Se uma empresta a quantia de R$ 1000,00
44 As atividades foram extraídas e/ou adaptadas a 12% ao ano de juros simples por um período de 4 anos,
dos livros Matemática: escola e realidade: ensino quanto receberá de juros?
fundamental, de Roberto Matsubara. 1ª Edição, IBEP,
Atividade 10. Um capital de R$ 3000,00 foi aplicado
2005; Projeto Radix: matemática, 6ª série, de Jackson a juros compostos de 2% ao mês durante 3 meses. Qual o
da Silva Ribeiro e Elizabeth Soares. 1ª Edição, Scipione, montante no final desse período?
2006;
45 http://www.alagoas24horas.com.br/legba/
admin/temp/Thumbs/1/3/%7B13197f40-232a-4b05-
9c09-96885892664b%7D_refrigerantes02_190x316. 46 http://www.galmo.com.br/imagens/produtos/
jpg motello-f.jpg

76
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU... PRA FIM DE PAPO!


1) 200 litros Caro Aluno
2) Dimensões de 3 m por 4 m.
3) Uma possível estratégia para a resolução do proble- Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
ma é a seguinte: sabendo que 1,5 litro de refrigerante vale H1 - Identificar grandezas direta e inversamente pro-
R$ 1,90, podemos descobrir quanto custa apenas 1 litro porcionais e interpretar a notação usual de porcentagem.
dessa quantidade. A partir da regra de três temos: H2 - Identificar e avaliar a variação de grandezas para
explicar fenômenos naturais, processos socioeconômicos e
da produção tecnológica.
Capacidade de refrigerante
Preço (R$) H3 - Resolver problemas envolvendo grandezas direta
(em litros)
e inversamente proporcionais e porcentagem.
1,5 1,90 H4 - Identificar e interpretar variações percentuais de
1 x variável socioeconômica ou técnico-científica como impor-
tante recurso para a construção de argumentação consis-
tente.
H5 - Recorrer a cálculos com porcentagem e relações
entre grandezas proporcionais para avaliar a adequação de
propostas e intervenção na realidade.
1,5 . x = 1. 1,90
Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-
das neste capítulo, procure resolver as questões da prova
1,5 . x = 1,90
do ENCCEJA, no final da apostila.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-


x=
de um pouco mais, você está construindo um processo de
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!
x = 1,266666...

Podemos dizer que o preço de 1 litro de refrigerante seria de,


aproximadamente, R$ 1,27.
Quanto custaria 2 litros do refrigerante? Basta multi-
plicar por 2:
1,27 . 2 = 2,54
Assim, concluímos que o valor por litro do refrigeran-
te é mais barato na embalagem de 1,5 litro, sendo mais
vantajoso para o consumidor comprar o refrigerante dessa
capacidade. Afinal de contas, o preço do refrigerante de 2
litros é de R$ 2,70.

4) 60 minutos

5) 8 torneiras

6) 38,6 litros

7) B

8) C

9) R$ 480,00

10) R$ 3183,62

77
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 7 d) Note que, ao montarmos o cálculo que representa


o valor a ser recebido pelo vendedor, a expressão sempre
EM (QUASE) TUDO TEM RELAÇÃO! tem a mesma estrutura!
S(15000) = 0,03 . 15000 = 500
S(25000) = 0,03 . 25000 = 750
APLICAR EXPRESSÕES ANALÍTICAS PARA MODE- S(30000) = 0,03 . 30000 = 1000
LAR E RESOLVER PROBLEMAS, ENVOLVENDO VARIÁ-
VEIS SOCIOECONÔMICAS OU TÉCNICO-CIENTÍFICAS. Note que há um padrão ou regularidade nas expressões
apresentadas anteriormente, tendo alguns valores que se
Fernando Luís Pereira Fernandes repetem e outros deles variando... Há uma variação do valor
vendido e do salário final, mas os demais números perma-
NO FUNDO DO BAÚ... necem constantes.
No mundo em que vivemos, percebemos que há rela- Podemos, a partir dos cálculos realizados e após a iden-
ções em quase tudo! Por exemplo, por que será que uma tificação de características como a que acabamos de co-
crise econômica, que ocorre há milhares de quilômetros de mentar, partir de uma expressão com números para uma
expressão com letras. Chamamos essa ultima de expressão
distância do solo brasileiro pode nos causar tanto transtor-
algébrica ou lei de formação.
no? Mesmo que indiretamente, somos atingidos, seja pelo
Se substituirmos o valor vendido pela letra V e o salário
aumento de preço de algum alimento no supermercado,
a ser recebido por S, temos: S = 0,03 . V
seja pelo desemprego, caso o emprego seja em uma em-
Não é tão complicado como parecia no início... Nesse
presa que dependa da exportação de seus produtos... En-
tipo de problema, é importante perceber o que varia nos
fim, vivemos num mundo globalizado.
cálculos e o que permanece constante!
A Matemática existe para isso, para colaborar na análi-
A situação que você acabou de acompanhar refere-se a
se e busca de soluções para situações desses tipos. Há um
um problema que envolve função, isto é, havia uma relação
ramo dessa disciplina que estuda mais especificamente as entre o valor vendido de mercadorias e o salário a ser rece-
relações entre grandezas: as Funções. bido, por comissão. Podemos afirmar que o valor vendido
Há inúmeros significados para a palavra função47. Há, de mercadorias e o salário representam as variáveis inde-
pelo menos, dez significados no minidicionário Aurélio48! pendente e dependente, respectivamente. O que isto signi-
Entretanto em nosso estudo, consideraremos função como fica? O valor vendido depende do salário? Ou o salário que
uma relação de dependência. Veremos mais adiante, essa depende do valor vendido?
idéia de dependência para compreender o tema: Leia o Como o valor do salário depende do valor vendido, a
problema a seguir: variável “salário” representa a variável dependente e “valor
Um vendedor ganha seu salário a partir das vendas que vendido” representa a variável independente.
realiza em uma loja de departamentos. O valor a receber Esse problema teria uma fórmula diferente caso dissés-
corresponde a 3% do valor vendido no mês. Quanto receberá semos que ele recebe um salário fixo de R$ 400,00 mais uma
de salário, caso ele tenha vendido em um mês: comissão de 3% sobre o valor das mercadorias vendidas.
a) R$ 15000,00 A expressão seria: S = 0,03 . V + 400.
b) R$ 25000,00 Para representar uma função, existem várias formas.
c) R$ 30000,00 Uma delas foi realizada há pouco: a obtenção de uma ex-
d) Você notou alguma regularidade nos cálculos reali- pressão analítica, ou expressão matemática, ou ainda, fór-
zados nos itens a, b e c? Seria possível obter uma expressão mula.
matemática que represente a relação entre o valor de ven- Temos como representar também a partir de uma tabela
das e o salário? ou na forma gráfica.
Para essa última faremos uma breve explicação sobre o
ASSIM OU ASSADO? plano cartesiano, sua origem e características.
Seguindo as questões apresentadas no problema an-
terior, apresentamos uma maneira de obter os valores para Localizando um ponto no plano...
os salários: Quando nos referimos à questão da localização, te-
a) Salário (15000) = 3% de 15000 = 0,03 . 15000 = mos como necessidade dois parâmetros para localizar. Por
500,00 exemplo: se eu dissesse que marcaria um encontro com um
b) Salário (25000) = 3% de 24000 = 0,03 . 24000 = amigo meu, em São Paulo na Avenida Paulista, ele teria que
750,00 percorrer quase três quilômetros, referentes à extensão da
c) Salário (30000) = 3% de 30000 = 0,03 . 30000 = avenida para me encontrar. Dessa forma, torna-se necessá-
1000,00 rio um outro parâmetro para facilitar a localização: dizer que
será em frente ao FIESP ou do MASP (Museu de Arte de São
47 Paulo), ou em alguma esquina.
48 Dicionário Aurélio, de Aurélio, Buarque de Isso também ocorre na localização dada por um apare-
Holanda, 4ª. Edição Revista e Ampliada. Rio de Janeiro: lho GPS, ou de um país em relação às coordenadas geográ-
Nova Fronteira, 2000. ficas (latitude e longitude).

78
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Um matemático do século XVII, René Descartes, reelaborou a Geometria Euclidiana a partir de um olhar algébrico:
surgia a Geometria Analítica. A Geometria Euclidiana leva esse nome por conta de Euclides, matemático grego, que viveu
por volta do ano 300 a.C.
A geometria organizada por ele nos Elementos, obra que sistematiza toda a Geometria Plana a partir do uso de teore-
mas e demonstrações que não tinham o uso da Álgebra para justificar. A construção geométrica, a partir do uso da régua e
compasso era usual. Com Descartes, foi um avanço relacionar a Geometria à Álgebra, abrindo possibilidades de desenvol-
vimento de outras áreas e ciências.
Abaixo, encontra o sistema de eixos cartesianos. Leva esse nome em homenagem ao seu criador, Descartes. Ele apre-
senta dois eixos perpendiculares (formam ângulo reto) e atribui valores às partes desse eixo:

Ilustração 1 - Plano Cartesiano49

Ao eixo horizontal, ele atribui o nome de abscissa (ou de eixo x) e ao eixo vertical, o nome de ordenada (ou eixo y).
Assim, a localização de um ponto no plano se dá da seguinte maneira:
Por exemplo, gostaríamos de localizar os pontos A(2,3) e B(3,2). O ponto A está indicando no eixo horizontal (eixo X) o valor
2 e, no eixo vertical (eixo Y), está indicando o valor 3.
Acompanhando a localização do ponto B, o valor indicado no eixo horizontal (X) é 3 e o valor no eixo vertical (Y) é apre-
sentado o valor 2. Como pode acompanhar abaixo no plano cartesiano, os dois pontos referem-se a “lugares” diferentes
no plano.

Ilustração 2

Assim, o ponto A(2,3) é diferente do ponto B(3,2), afinal os pontos ocupam diferentes posições no plano. Desta forma, quando
temos a localização de um ponto no plano cartesiano, é preciso tomar o cuidado de não trocar as coordenadas referentes ao eixo
x e ao eixo y. Para representar um ponto no plano, a partir de uma convenção matemática, que sempre indicamos primeiramente
o valor referente ao eixo horizontal (X) e depois, indica-se o valor do eixo vertical (Y).
49 Imagem extraída de www.somatematica.com.br/fundam/paresord.phtml.

79
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Conhecendo o plano cartesiano, podemos representar de outra maneira aquele problema inicial, sobre o vendedor que
ganhava um salário sobre o valor vendido em mercadorias.
A partir da organização dos dados em uma tabela e a obtenção de uma fórmula, podemos elaborar um gráfico que
mostra a relação do salário recebido e o número de dias trabalhados.

Valor Vendido (R$) Fórmula: S = 0,03 V Salário


15000 0,03 . 15000 500
25000 0,03 . 25000 750
30000 0,03 . 30000 1000

Para construir o gráfico, será preciso relacionar as informações que temos com o plano cartesiano... Como os dias re-
presentam a variável independente, eles serão relacionados ao eixo x e o salário será relacionado ao eixo y, por representar
a variável dependente. Para construir o gráfico, será necessário escrevermos esses valores como pontos do plano. Assim,
caso o vendedor não vendesse nenhum real, não receberia salário.
Ao vender R$ 15000,00, ele recebe R$ 500,00 de salário. Temos como um ponto do plano (15000 ; 500), isto é, tem
valor de x é igual a 15000 e valor de y igual a 500. Ao vender R$ 25000,00 tem um salário de R$ 750,00. Logo, o ponto a ser
representado no plano é (25000; 750).
Nesse problema, os valores de x e de y, só podem ser números maiores que zero, pois não haveria como ter um salário
negativo, ou ainda um valor de venda abaixo de zero.

Ilustração 3 - Gráfico de uma Função

E a fórmula? O que fazer com ela?


Na indústria calçadista, há uma fórmula muito utilizada, a que relaciona o número do calçado e o tamanho do pé, em
centímetros. Como chegaram nessa regra?
Para que todas as indústrias pudessem utilizar o mesmo padrão de numeração de calçados, foi preciso que houvesse
um acordo para normatizar esse processo, isto é, foi necessário firmar um acordo que padronizasse as unidades de medidas
e fôrmas para se produzir calçados com a mesma referência. Mas, cada país ou região pode adotar uma forma diferente de
numeração. As medidas utilizadas nos EUA e na Europa são diferentes do Brasil. Observe em seu calçado ou na língua de
seu tênis. Lá, aparecem os números do calçado em outros países.

Bom a fórmula seria a seguinte: , onde P representa o tamanho do pé, em centímetros, e N o nú-
mero do calçado.

Suponhamos que uma pessoa com pé de medida 24 cm. Qual seria, aproximadamente, a medida de seu calçado?

Resolução: Substituindo P por 24 cm na expressão , temos:

Assim, uma pessoa que tem o pé medindo 24 cm, calçará um calçado de tamanho 37.
Isso que acabamos de fazer chamamos de valor numérico de uma expressão algébrica. Determinamos o valor de um
dos parâmetros, trocando o outro por um número.

80
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... b) Note que o aumento da distância percorrida leva a


RESOLVIDOS! UFA.... um aumento do consumo de combustível na mesma pro-
1.50 Um veículo roda 10 km com um litro de gasolina e porção. Se o consumo dobrar, teremos o dobro da distân-
seu tanque comporta 40 litros. cia a ser percorrida; se triplicarmos o consumo de combus-
a) Copie e complete a tabela: tível, levará ao triplo da distância e assim por diante.

Litros KM rodados c) Se a relação anterior entre litros e quilômetros ro-


dados é ou não uma função? Primeiramente comentare-
0 mos a relação de dependência: a distância a ser percorrida
0,5 depende do número de litros (ou o contrário? Será que
1 o consumo de litros está dependendo da distância?). Na
verdade, os litros representam a variável independente. O
1,5
que vem a ser isso? Variável, porque os valores para os li-
2 tros variam, não é o mesmo sempre. Independente, porque
4 esses valores foram escolhidos por nós, não é o resultado
10 de uma operação ou de uma relação existente com os qui-
lômetros rodados.
25 Quando consideramos, então, os quilômetros rodados
40 como sendo a variável dependente, isso significa que essa
x variável depende da quantidade de litros. Além disso, para
ser função é preciso que, ao escolher um valor para litros,
b) O que acontece com os quilômetros rodados à me- não se encontre dois (ou mais) valores para a distância.
dida que aumentamos o consumo de litros de combustível? Seria impossível essa situação, tendo em vista o consumo
médio do automóvel, não é?
c) A relação entre quilômetros rodados e litros de gasolina
gastos é uma função? Por quê? d) Ao observar uma regularidade nas expressões obti-
das no cálculo dos quilômetros rodados, temos:
d) Use x para representar a quantidade de combustí- y = 10 . x, onde x representam os litros consumidos e y,
vel, em litros, e y para representar os quilômetros rodados. os quilômetros rodados.
Observe a tabela e indique uma sentença matemática que
represente a relação entre x e y.

e) Como seria o gráfico que relaciona x e y?

Resolução:

a) Sabendo que o automóvel consome 1 litro a cada 10


km, em média, 0,5 litro será consumido ao percorrer 5 km. e)
Utilizando esse raciocínio, completamos a tabela:

Litros KM rodados
0 0 Ilustração 4 - Gráfico de uma Função
0,5 10 . 0,5 = 5
2. (CESU/2007) - adaptada - Uma companhia de telefo-
1 10.1 = 10
nes celulares oferece a seus clientes duas opções: na primeira
1,5 10.1,5 = 15 opção, cobra R$ 38,00 pela assinatura mensal e mais R$ 0,60
2 10 . 2 = =20 por minuto de conversação; na segunda, não há taxa de as-
4 10.4 = 40 sinatura, mas o minuto de conversação custa R$ 1,10. Sobre
a opção mais vantajosa, em termos de custo para 1 hora de
10 10 . 10=100 conversação mensal pode-se dizer que:
25 10.25 = 250 a) a primeira opção é a mais vantajosa, pois cobrará o
40 10.40 = 400 valor menor;
b) não há diferença entre o valor cobrado pelos diferen-
x
tes planos;
c) a segunda opção é mais vantajosa, pois cobrará o me-
50 Problema extraído e adaptado do livro nor valor.
Matemática no Ensino Médio, de Kátia Stocco Smole e d) não é possível determinar qual das duas é mais van-
Maria Ignez Diniz, p. 94-95. Editora Saraiva. 2007 tajosa em termos de custo.

81
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Nessa situação problema, é necessário encontrar duas 4. Em uma corrida de táxi, cobra-se R$ 4,00 de ban-
funções, pois cada um dos planos relaciona o valor a ser deirada, que é uma taxa fixa, mais R$ 1,50 por quilometro
pago e o tempo de conversação, de maneiras diferentes. rodado.
Apresentaremos duas maneiras de encontrar o valor a a) Encontre o valor pago por uma corrida de 10 km.
ser pago. A primeira delas é resolver sem o uso de fórmulas. b) Caso uma pessoa tenha R$ 22,00 em seu bolso, quan-
Para o primeiro plano, o valor a ser pago para a companhia tos quilômetros seria possível percorrer?
telefônica será de: 38,00 + 60 . 0,60 = 38,00 + 36,00 = 74,00. Se o valor por quilômetro rodado é de R$ 1,50 , temos
Para o segundo plano, o valor a ser pago será de 1,10 10 . 1,50 = R$ 15,00.
. 60 = 66,00. Como há o valor fixo (bandeirada) de R$ 4,00, pagaria
Assim, o plano que oferece o mesmo serviço por um um total de R$ 19,00.
preço menor é o segundo plano. No item b, é uma situação inversa da proposta no item
Resposta: Alternativa C. a, pois pede-se qual a distância a ser percorrida sabendo
que uma pessoa tem disponível para pagar R$ 22,00 pela
3. O gráfico abaixo relaciona a velocidade de um auto- corrida.
móvel em relação ao tempo: Podemos seguir dois caminhos: o primeiro é realizar os
cálculos pelo caminho inverso. Primeiro, subtraia R$ 4,00
de R$ 22,00, obtendo R$ 18,00.
Desses R$ 18,00, cada R$ 1,50 corresponde a 1 quilô-
metro rodado, assim, para encontrar o total de quilôme-
tros, basta realizar a divisão 18 por 1,50, obtendo 12 km.
Outra maneira é utilizar a expressão matemática que
relaciona o valor a ser pago pela corrida e a distância per-
corrida pelo táxi.
Nesse caso, a expressão seria P = 4,00 + 1,50 .x, onde x
representa a distância (em km) e P, o preço.
Substituindo P por 22 na expressão anterior, temos:
P = 4,00 + 1,50 .x
22 = 4,00 + 1,50 .x
Ilustração 5 - Gráfico Relação Distância e Tempo
Realizando a resolução da equação:
22 – 4,00 = 1,50 . x
Qual é a expressão matemática (ou a fórmula) que re-
18 = 1,50 . x
presenta esse gráfico?
Primeiramente, podemos analisar o que está sendo re-
lacionado e quais são as variáveis independente e depen-
dente. Podemos afirmar que a distância percorrida depende
do tempo. Assim, a distância seria a variável dependente e o
tempo, a variável independente.
Sendo assim, podemos montar uma tabela que relacio-
na o tempo e a distância:
COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S
Bom, após ter contato com os diferentes modelos e
Tempo (h) Distância (km) exemplos de função, consideramos interessante conceituar
1 85 o que ele significa. Concluindo o nosso estudo referente ao
2 170 conceito inicial de função, podemos definir que:
3 255
Função é a relação especial entre duas
Como podemos encontrar uma expressão que relaciona as grandezas variáveis, onde para cada
duas variáveis? Você se lembra do primeiro exemplo tratado nes- valor da primeira grandeza está associado um
se capítulo? Procuramos desenvolver os cálculos que levariam a único valor da segunda.
transformação do tempo, encontrando o resultado da distância.
Se em 1 hora, o automóvel percorre 85 km, em duas Acreditamos que o mais importante no estudo de fun-
horas, vemos que percorreria 170km. ções é que, além de compreender o seu significado, se
Assim, para expressar a partir de uma fórmula, podería- possa interpretar uma função através de uma expressão
mos montar a seguinte seqüência: matemática, de uma tabela ou de um gráfico, ou ainda,
D (1) = 85 . 1 = 85 estabelecer relação entre eles.
D (2) = 85 . 2 = 170 A obtenção de uma expressão analítica é possível a
D (3) = 85 . 3 = 255 partir da organização dos cálculos realizados no problema.
Desta forma, caso usemos a letra t para tempo, temos a É só você retomar os exemplos desse capítulo que contém
expressão: D = 85 . t a busca pela expressão matemática.

82
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

A forma gráfica é, também, de fundamental importância, pois ao ter uma compreensão sobre função, isso colaborará
também em uma interpretação de gráficos, que encontramos em notícias nos jornais, na televisão etc.
Consideramos importante retomar a idéia de plano cartesiano, assunto importante para compreendermos como é
realizada a construção de um gráfico. Mas, não se preocupe! Haverá um capítulo específico para o estudo de análise de
gráficos.

AGORA É A SUA VEZ51...

Atividade 1. Pedro, desejando se locomover da Barra a Itapuã, bairros de Salvador, resolveu pegar um táxi. A tarifa
do táxi apresentava um preço fixo (bandeirada) de R$ 3,00 mais um valor adicional de R$ 0,30 (trinta centavos) para cada
quilômetro rodado. Sabendo que a distância entre esses dois bairros é de, aproximadamente, 30 quilômetros, responda:
a) Qual o valor da tarifa após o táxi ter percorrido uma distância de 7 quilômetros?
b) Quantos quilômetros o táxi tinha percorrido quando o valor no taxímetro foi de R$ 8,70?
c) Quantos reais Pedro pagou pela viagem?

Atividade 2. Nos quadros a seguir estão as contas de luz e água de uma mesma residência. Além do valor a pagar, cada
conta mostra como calculá-lo, em função do consumo de água (em m3) e de eletricidade (em KWh). Observe que, na conta
de luz, o valor a pagar é igual ao consumo multiplicado por um certo fator. Já na conta de água, existe uma tarifa mínima
e diferentes tarifas para cada faixa de consumo:

Companhia de Eletricidade
Fornecimento.....................................................................................Valor (R$)
401 KWh X 0,13276000.........................................................53,23

Companhia de Saneamento
Tarifas de água/m3
Faixas de Consumo Tarifa Consumo Valor - R$
Até 10 5,50 Tarifa mínima 5,50
11 a 20 0,85 7 5,95
21 a 30 2,13
31 a 50 2,13
Acima de 50 2,36
Total: R$ 11,45

I. Suponha que no próximo mês dobre o consumo de energia elétrica dessa residência. O novo valor da conta será de:
a) R$ 55,23
b) R$ 106,46
c) R$ 802,00
d) R$ 100,00
e) R$ 22,90

II. Suponha agora que dobre o consumo de água. O novo valor da conta será de:
a) R$ 22,90
b) R$ 106,46
c) R$ 43,82
d) R$ 17,40
e) R$ 22,52

51 A atividades 2 foi retirada do livro Matemática - Volume único, de Manoel Paiva. 2ª edição. Editora Moderna,
2004.

83
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 352. O salário fixo mensal de um segurança é de R$ 560,00. Para aumentar sua renda, ele faz plantões em uma
boate, onde recebe R$ 60,00 por noite de trabalho.
a) Se em um mês, o segurança fizer 3 plantões, que salário receberá?
b) Qual é o número mínimo de plantões necessários para gerar uma renda superior da R$ 850,00?
c) Qual será a expressão matemática que relaciona o salário final (y) quando ele realiza x plantões?

Atividade 4. (UF-CE) Um vendedor recebe, a título de rendimento mensal, um valor fixo de R$ 160,00 e mais um adi-
cional de 2% das vendas por ele efetuadas no mês. Com base nisso, responda:
a) Qual o rendimento desse vendedor em um mês no qual o total de vendas feitas por ele foi de R$ 8350,00?
b) Qual a função (fórmula) que expressa o valor do seu rendimento mensal em função de sua venda mensal?

Atividade 5. (ENEM/2008) A figura abaixo representa o boleto de cobrança da mensalidade de uma escola, referente
ao mês de junho de 2008.

Ilustração 6 - Boleto bancário

Se M(x) é o valor, em reais, da mensalidade a ser paga, em que x é o número de dias em atraso, então:
a. ( ) M(x) = 500 + 0,4x.
b. ( ) M(x) = 500 + 10x.
c. ( ) M(x) = 510 + 40x.
d. ( ) M(x) = 510 + 0,4x.
e. ( ) M(x) = 500 + 10,4x.

Atividade 6. Supondo que um cliente atrasou em 5 dias o pagamento da mensalidade, representada pelo boleto da
atividade anterior. Quanto ele teria que pagar para quitar seus débitos com a escola?

Atividade 7. (Adaptado do ENEM/2007) O gráfico a seguir, obtido a partir de dados do Ministério do Meio Ambiente,
mostra o crescimento do número de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção.
Se mantida, pelos próximos anos, a tendência linear de crescimento, mostrada no gráfico, o número de espécies amea-
çadas de extinção em 2011 será igual a:

52 Problema retirado/adaptado de Matemática: ciência e Aplicações, 1ª série: ensino médio, matemática /


Gelson Iezzi... [et al]. 2ª Edição – São Paulo: Atual, 2004.

84
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 7 - Gráfico PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno
a. ( ) 493
b. ( ) 498 Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
c. ( ) 538 H1 - Identificar e interpretar representações analíticas
d. ( ) 699 de processos naturais ou da produção tecnológica e de fi-
e. ( ) 700 guras geométricas como pontos, retas e circunferências.
H2 - Interpretar ou aplicar modelos analíticos, envol-
HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU... vendo equações algébricas, inequações ou sistemas linea-
res, objetivando a compreensão de fenômenos naturais ou
1) a) R$ 5,80 processos de produção tecnológica.
b) 19 quilômetros H3 - Modelar e resolver problemas utilizando equa-
c) R$ 12,00 ções e inequações com uma ou mais variáveis.
H4 - Utilizar modelagem analítica como recurso impor-
2) I – b tante na elaboração de argumentação consistente.
II - c H5 - Avaliar, com auxílio de ferramentas analíticas, a
adequação de propostas de intervenção na realidade.
3) a) R$ 560,00 + 3 . R$ 60,00 = 560,00 + 180,00 = R$
740,00 Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-
b) 850,00 – 560,00 = 290,00 das neste capítulo, procure resolver as questões da prova
290,00 60,00 4,833... do ENCCEJA, no final da apostila.

Isto significa que precisaria de, aproximadamente 4,83 Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-
plantões. Logo, arredondamos o número para 5 plantões. de um pouco mais, você está construindo um processo de
c) Y = 560,00 + 60 . X aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

4) a) R$ 327,00
b) S: salário
V: vendas

S = 160 + . V ou S =

160 + 0,02 . V ou S = 160 + .V

5) A alternativa correta é d. O boleto prevê uma multa


de 10 reais, pelo atraso, além da cobrança de mais 40 cen-
tavos de juros por cada dia de atraso. Sendo assim o cliente
teria que pagar 510 reais e mais 0,4 (ou 40 centavos) por
cada dia (x).

6) Substituindo na lei da função:


M(x) = 510 + 0,4x
M(5) = 510 + 0,4 . 5
M(5) = 510 + 2
M(5) = 512 reais

7) Haviam 239 espécies em extinção em 1983 e este


número passou para 461 em 2007, portanto houve um au-
mento de 222 espécies ao longo desse período. Repare no
gráfico que, de 1983 a 2007, há 6 intervalos de 4 anos. Sen-
do assim, podemos afirmar que a cada intervalo aumentou
em 37 o número de espécies (basta dividir 222 por 6). Até
2011, haverá mais um intervalo de 4 anos, então a previsão
é que o número de espécies ameaçadas seja de 461 + 37 =
498. Isso ocorrerá se continuarmos a agir da mesma forma,
poluindo o meio ambiente, consumindo cada vez mais e
não nos importando com os animais!

85
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 8
GRÁFICOS E TABELAS NO DIA-A-DIA.

INTERPRETAR INFORMAÇÃO DE NATUREZA CIENTÍFICAE SOCIAL OBTIDAS DA LEITURA DE GRÁFICOS E TABE-


LAS,REALIZANDO PREVISÃO DE TENDÊNCIA, EXTRAPOLAÇÃO, INTERPOLAÇÃO E INTERPRETAÇÃO.

Eliane Matesco Cristovão


Silvio César Cristovão

DO FUNDO DO BAÚ...
Há algum tempo, algo em torno de poucos séculos (hahaha...), o homem já vem se utilizando de gráficos e tabelas para
realizar estudos estatísticos sobre situações recorrentes em nosso dia-a-dia. Populações estimadas (densidade demográ-
fica), quantidade de jovens em relação à quantidade de idosos, índice de pobreza e/ou riqueza de um povo, quantidade
de chuvas de uma região (índice pluviométrico), nível de emprego de um país, entre outros, são exemplos de situações
frequentemente expostas em livros, jornais e revistas na forma de gráficos e/ou tabelas e que sempre estão associados à
Estatística.
Historicamente, temos conhecimento de registros egípcios que datam de 5000 a.C., que mostravam a quantidade de
presos de guerra em relação à população de determinadas regiões. Já em 2238 a.C. o imperador chinês Yao ordenou um
recenseamento, isto é, refazer as contagens de Censo, com fins agrícolas e comerciais. Em 600 a.C. no Egito, cada pessoa
deveria declarar ao governo sua profissão e a fonte de renda, caso contrário seria condenada à pena de morte. Até mesmo
Jesus Cristo, segundo conta a Bíblia, em Lucas 2, 1-2, nasceu em Belém, na Judéia, durante um recenseamento solicitado
pelo imperador César Augusto.

Ilustração 1 - Gráficos da Escravidão

Aqui no Brasil, o primeiro censo data de 1872, feito por José Maria da Silva Paranhos, conhecido como Visconde do Rio
Branco. Em 1936 temos a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1972, surge o primeiro com-
putador brasileiro, que ajuda a dar um grande salto no campo da estatística, quando os programas utilizados já permitiam
a criação de uma grande variedade de gráficos e tabelas, como este53.
Como se pode notar, os gráficos e tabelas aparecem em vários momentos da história humana e, certamente, continua-
rão a fazer parte desta história, que continua a ser construída diariamente.

53 Disponível em: http://www.unb.br/face/eco/cpe/TD/252Oct02FVersiani.pdf

86
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 2 - Gráfico taxa de fecundidade

Nos meios de comunicação podemos dizer que os gráficos54 e tabelas são instrumentos bastante utilizados para re-
tratar nossa realidade, principalmente pelo fato de possibilitarem a transmissão de um grande volume de informações de
modo sintético e de fácil interpretação.
Portanto, a leitura e interpretação de gráficos e tabelas compõem, sem dúvida, um assunto de importância fundamental
para vivermos e agirmos de forma consciente e crítica em uma sociedade como a nossa, que não se vê mais sem a influên-
cia dos números.

Vamos analisar alguns exemplos de tabelas e gráficos...


A seguir, por exemplo, é possível notar que a população brasileira, de acordo com este gráfico revisado em 2008 pelo
IBGE, tende a atingir 225 milhões de habitantes em 2040. Contudo, em 2050, estima-se que a população já tenha começado
a diminuir. Você conseguiria dizer qual era a população aproximada em 1990? Vamos lá! Esta é fácil!

Ilustração 3 – Gráfico evolução da população

54 Disponível em: http://www.scielo.br/img/revistas/spp/v17n3-4/a08grf03.gif

87
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Conferindo a resposta da questão do gráfico55 acima, percebemos que a população brasileira aproximada era de 150
milhões de habitantes. Parece muita gente, mas imagine um país com 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. Pois é! Este país
é a China, de acordo com o censo de 2005, o qual nem por isso, deixou de ser um dos países que tiveram altos índices de
crescimento econômico e de qualidade de vida.
É muito comum encontrarmos uma tabela como a que representamos em seguida. Ela permite que se obtenha rapida-
mente o valor que uma pessoa deverá pagar, de acordo com a quantidade de cópias que tirou em um estabelecimento56
que possua máquinas de fotocópia. Para construí-la, utilizamos um conceito matemático que você já revisou no capítulo 1:
Proporcionalidade! Isso acontece porque o valor a ser pago é proporcional ao número de cópias que retiramos. Mas nem
sempre é assim! Às vezes, ao ultrapassarmos um certo número de cópias, passamos a pagar um preço menor por folha!

Nº de cópias Valor R$
1 0,08
2 0,16
3 0,24
4 0,32
5 0,40
6 0,48
7 0,56
8 0,64
9 0,72
10 0,80

(ENCCEJA) Independente de preferências políticas ou ideológicas, a simples observação de uma tabela nos permite fa-
zer uma análise de diferentes situações de governos. Não entraremos na discussão das causas e nem do contexto histórico
de cada época, mas os números indicam importantes diferenças entre as prioridades de cada governante.

55 Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/foto/0,,15999576-EX,00.jpg


56 Imagem obtida em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/images/20051027-xerox.jpg

88
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Em 2001, a inflação estava por volta dos 10% a.a. (lê-se “dez por cento ao ano”, que é o aumento de inflação durante
o período de um ano). Você se lembra de quanto era a inflação anual nos anos 90? A tabela acima o auxiliará a recordar
aqueles tempos:
Podemos observar na tabela que a inflação nesses vinte e dois anos teve seus altos e baixos. Só para você ter uma idéia,
um refrigerante que custa hoje R$ 2,00, com uma inflação de 1.000% a.a., depois de um ano estaria custando R$ 20,00.
Depois de mais um ano, estaria custando R$ 200,00, chegando ao absurdo de custar R$ 2.000,00, após mais um ano. Parece
loucura, mas já foi assim.

Ilustração 6 - Tabela Nutricional

Esta outra tabela57, encontrada nos rótulos de quase todos os produtos alimentícios, representa um assunto cada vez
mais pesquisado pelos consumidores quando estão fazendo compras.
Felizmente, as pessoas estão mais preocupadas com a melhoria da qualidade de vida. Isto pode começar pelo acom-
panhamento dos valores calóricos ingeridos diariamente.
Observe que há sempre a preocupação de informar a que quantidade do alimento se refere a tabela. Neste caso, temos
a informação nutricional de uma porção de 30 gramas de uma barrinha de cereal. Segue uma extensa lista com valor ener-
gético dessa porção (105 calorias), além de valores de carboidratos, proteínas, gorduras, entre outros.
Atente para o item gordura trans, substância criticada pela classe médica nutricionista por estar associada a problemas
cardíacos, obesidade, câncer, entre outros males altamente prejudiciais à saúde. Aqui ela não teve chance de aparecer.
Ops! Mas não se esqueça que não basta comer com qualidade.
Ilustração 6 - Tabela Nutricional

É preciso associar isso a atividade física periódica, com orientação profissional.


Como vimos nos exemplos anteriores, conseguimos executar leituras e interpretações acerca dos gráficos e tabelas
observando as variáveis apresentadas nos mesmos. Porém, também podemos criá-los a partir de dados que se relacionam:
a distância percorrida por um veículo em função do tempo gasto a cada trecho, o número de acertos numa prova em fun-
ção do desempenho dos alunos em cada questão, a quantidade de combustível consumido em função da distância que se
percorre, o crescimento populacional em função de um período de tempo (meses, anos), entre outros.
Se precisar montar um gráfico ou uma tabela, utilize seus conhecimentos e pesquise também em livros para fazer um
bom trabalho!
57 http://blogdadieta.files.wordpress.com

89
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

ASSIM OU ASSADO...
Observando a tabela abaixo (adaptada de ENCCEJA-EM), como podemos completá-la com o valor que está faltando?

Taxa de Natalidade no Brasil


Região Sul Nordeste Centro-Oeste Norte Sudeste
Taxa de 19% 21% 29% 18%
Natalidade
Fonte: Adaptação dos dados do IBGE, 2002.

Ilustração 7 - Tabela taxa de natalidade

Primeiramente, não podemos esquecer que o total referente à taxa de natalidade no Brasil deverá ser igual a 100%, pois
estamos considerando o total de nascidos no ano de 2002. Assim, se somarmos os valores conhecidos, teremos 76% dos
nascidos divididos entre as regiões Sul, Centro-Oeste, Norte e Sudeste, cabendo ao Nordeste a 2ª maior taxa de natalidade
no Brasil: exatamente 24%.
Pesquisas mostram que quanto maior a taxa de natalidade, maior será o índice de pessoas com baixa renda, enquanto,
do outro lado, quanto menor for essa taxa, maior será o índice de desenvolvimento econômico.
PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....
1. Hábitos de consumo de água (Adaptado de ENCCEJA/EM). Se não houver uma conscientização das pessoas do
mundo inteiro, futuramente passaremos por uma crise de falta de água potável de proporções inimagináveis. Para solucionar
o problema, os governantes deverão tomar medidas como o racionamento. Países mais desenvolvidos já estão fazendo um
levantamento dos hábitos de consumo de água, a fim de tomarem providências antecipadas.

Ilustração 8 - Gráfico hábitos de consumo

Se você fosse o dirigente de um país preocupado com o gasto de água e dispusesse de um gráfico idêntico ao apre-
sentado, que medidas poderia propor para haver economia de água? Assinale a alternativa mais adequada.
(a) Propor à nação que bebesse menos água para ajudar na economia.
(b) Solicitar que as pessoas armazenassem água em suas residências para um eventual racionamento.
(c) Solicitar pesquisas no setor hidráulico para criar dispositivos econômicos no setor de descargas de água.
(d) Fazer uma campanha para as pessoas deixarem as caixas d’água abertas para aproveitar as águas da chuva.
Veja algumas análises em que talvez você tenha pensado.
A alternativa (a) seria uma resposta inválida, pois, pelo gráfico, esse tipo de consumo se encaixaria na categoria “ou-
tros”, que corresponde a um consumo insignificante se comparado com os demais.
A alternativa (b) seria uma proposta que não acarretaria economia de água, sendo que provavelmente haveria um au-
mento do consumo, pois, fora os gastos normais, haveria um gasto de estocagem de água.
A alternativa (c) poderia proporcionar dispositivos mais econômicos no consumo das descargas sanitárias. Podemos
observar no gráfico que, em quase todos os países, o maior consumo de água é para esse fim; logo, dispositivos hidráulicos
mais econômicos proporcionariam uma economia no consumo de água, sendo então a alternativa correta.
A alternativa (d) não é uma atitude correta, pois já vimos nos jornais e nas campanhas de combate a epidemias que
deixar abertas caixas d´água ou lugares que acumulem água parada favorece a proliferação de mosquitos transmissores
de doenças, como dengue e malária.

90
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

2. (ENEM 2008) Desmatamento. O gráfico abaixo mostra a área desmatada da Amazônia, em km2, a cada ano, no período
de 1988 a 2008.

Ilustração 9 - Gráfico desmatamento

Analisando os dados apresentados no gráfico, tente responder às questões:


a) em que ano ocorreu o maior desmatamento?
b) qual o período em que a área desmatada a cada ano manteve-se constante?
c) aproximadamente, qual a área desmatada em 1991?
Observamos que em 1995 a área desmatada chegou a 30.000 km2. Já no período entre os anos de 1998 a 2001 a área
desmatada a cada ano foi aproximadamente a mesma, cerca de 18.000 km2, enquanto em 1991 tivemos 10.000 km2 de área
desmatada, um dos menores índices encontrados no gráfico.

3. Relação entre tempo e temperatura. Observe atentamente o gráfico58 abaixo:

Ilustração 10 - Gráfico temperatura e índice pluviométrico


58 Disponível em: http://www.scielo.br/img/revistas/cr/v38n8/a26fig04.gif

91
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Agora, vamos analisar estas questões.


• Quais são as variáveis presentes neste gráfico?
• As barras se referem à qual dessas variáveis?
• Qual foi o mês com a maior quantidade de chuvas?
• Qual a temperatura máxima atingida no mês de fevereiro?
Como se pode notar, temos três variáveis presentes aqui: a temperatura, indicada pelas colunas claras e escuras, o índi-
ce pluviométrico (quantidade de chuvas), indicada pela linha que percorre o período de oito meses, que é o tempo utilizado
para realização do estudo. As barras se referem à temperatura (máxima – escura e mínima – clara). Em novembro tivemos
a maior quantidade de chuvas e em fevereiro a temperatura máxima foi aproximadamente 18ºC.

COLOCANDO OS PINGOS OS I’S


(ENCCEJA-EM) Você já deve ter ouvido ou visto em algum jornal algo como: “O dólar teve uma alta de 2,35% em relação
ao real”, ou “A gasolina vai aumentar R$ 0,15”, ou ainda “A Bolsa de Valores teve uma queda de 1,55%”. A diferença entre o
preço do dólar no dia anterior e hoje, ou do preço da gasolina, é chamada de variação.
O conceito de variação é muito utilizado nas interpretações de gráficos e tabelas. Ele nos permite quantificar as mu-
danças, ou seja, determinar o quanto algo mudou entre dois momentos. Costumamos chamar também o tempo que de-
correu entre dois momentos de período. Vamos trabalhar um pouco com estes dois conceitos.
Rita montou uma tabelinha marcando seu peso dos 20 aos 26 anos. Ela informou também que aos vinte anos estava
com o peso ideal.

Idade (anos) 20 21 22 23 24 25 26
Peso (kg) 50 52 60 70 70 55 51

Ilustração 11 - Tabela idade x peso

Observe que, dos 20 aos 21 anos, ela engordou 2kg; logo, durante o período de 20 a 21, ela teve uma variação de 2kg
em seu peso. Do mesmo modo, seu peso também variou dos 21 aos 22 anos, dos 22 aos 23 anos, dos 23 aos 24 anos etc.
Vamos montar/completar uma tabelinha com as variações do peso de Rita e tentar encontrar os valores das variações
de peso durante esses períodos.

Período (anos) Variação (kg)


20 - 21 2
21 - 22 8
22 - 23
23 - 24
24 - 25
25 - 26

Ilustração 12 - Tabela variação de peso

Na construção dessa tabela, talvez você tenha encontrado duas dificuldades que normalmente aparecem quando fa-
lamos de variação. A primeira dificuldade que pode ter surgido foi no período de 23 a 24 anos, pois nesse período o peso
de Rita não mudou, ou seja, poderíamos dizer que não variou.
Quando estivermos verificando variações e observarmos que entre duas leituras não houve nenhuma mudança, indi-
caremos a variação pelo valor zero.
Logo, no caso de Rita, a variação dos 23 aos 24 anos é 0. Outra dificuldade que você talvez tenha encontrado pode ter
sido em distinguir quando Rita estava engordando ou emagrecendo.
Como iremos diferenciar estas variações? Lembre-se de que estamos estudando a variação do peso. O fato de engordar
significa ganhar peso. Ganhar nos faz lembrar de algo positivo, o que nos leva a tratar intuitivamente essa variação com
um valor positivo. Já emagrecer, significa perder peso, logo podemos indicar essa variação por valores negativos, pois ex-
pressam uma perda de peso. Por exemplo, dos 25 aos 26 anos ela teve uma variação de -4, ou seja, perdeu 4 quilos. Agora,
então, anote os dados de sua tabela59 com valores positivos e negativos, caso não tenha feito.
59 Valores que completam a tabela: 10, 0, -15, -4, respectivamente.

92
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ...

1. (ENEM/2007) Aumento de produtividade. Nos


últimos 60 anos, verificou-se grande aumento da produti-
vidade agrícola nos Estados Unidos da América (EUA). Isso
se deveu a diversos fatores, tais como expansão do uso de
fertilizantes e pesticidas, biotecnologia e maquinário es-
pecializado. O gráfico a seguir apresenta dados referentes
à agricultura desse país, no período compreendido entre
1948 e 2004.

Admitindo-se que essas duas quantidades possam ser


estimadas, respectivamente, pela área abaixo da parte da
curva correspondente à faixa de luz visível e pela área abai-
xo de toda a curva, a eficiência luminosa dessa lâmpada
seria de aproximadamente:
a. 10%.
b. 15%.
c. 25%.
d. 50%.
e. 75%.

3. (ENEM 2006) O gráfico ao lado foi extraído de ma-


téria publicada no caderno Economia & Negócios do Jornal
O Estado de São Paulo, em 11/06/2006. É um título ade-
Ilustração 13 – Gráfico de produtividade quado para a matéria jornalística em que esse gráfico foi
apresentado:
a. Brasil: inflação acumulada em 12 meses menor que a
Com base nessas informações, pode-se considerar fa-
dos EUA.
tor relevante para o aumento da produtividade na agricul-
b. Inflação do terceiro mundo supera pela sétima vez a
tura estadunidense, no período de 1948 a 2004:
do primeiro mundo.
a. o aumento do uso da terra.
c. Inflação brasileira estável no período de 2001 a 2006.
b. a redução dos custos de material.
d. Queda no índice de preços ao consumidor no perío-
c. a redução do uso de agrotóxicos.
do 2001-2005.
d. o aumento da oferta de empregos.
e. EUA: ataques terroristas causam hiperinflação.
e. o aumento do uso de tecnologias.
4. (ENEM 2006) Os gráficos 1 e 2 mostram, em mi-
2. (ENEM/2008) A passagem de uma quantidade lhões de reais, o total do valor das vendas que uma empre-
adequada de corrente elétrica pelo filamento de uma lâm- sa realizou em cada mês, nos anos de 2004 e 2005.
pada deixa-o incandescente, produzindo luz. O gráfico a Como mostra o gráfico 1, durante o ano de 2004, hou-
seguir mostra como a intensidade da luz emitida pela lâm- ve, em cada mês, crescimento das vendas em relação ao
pada está distribuída no espectro eletromagnético, esten- mês anterior. A diretoria dessa empresa, porém, conside-
dendo-se desde a região do ultravioleta (UV) até a região rou muito lento o ritmo de crescimento naquele ano. Por
do infravermelho. A eficiência luminosa de uma lâmpada isso, estabeleceu como meta mensal para o ano de 2005 o
pode ser definida como a razão entre a quantidade de crescimento das vendas em ritmo mais acelerado que o de
energia emitida na forma de luz visível e a quantidade to- 2004. Pela análise do gráfico 2, conclui-se que a meta para
tal de energia gasta para o seu funcionamento. 2005 foi atingida em:
a. janeiro, fevereiro e outubro.
b. fevereiro, março e junho.
c. março, maio e agosto.
d. abril, agosto e novembro.
e. julho, setembro e dezembro.

93
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU... Capítulo 9


1. Resposta correta: letra B
2. Resposta correta: letra C MATEMÁTICA NÃO-EXATA? ESTUDO
3. Resposta correta: letra A
4. Resposta correta: letra D
DAS POSSIBILIDADES E CHANCES
INTERPRETAR INFORMAÇÃO DE NATUREZA CIEN-
PRA FIM DE PAPO!
TÍFICA E SOCIAL OBTIDAS DA LEITURA DE GRÁFICOS
Caro Aluno
E TABELAS, REALIZANDO PREVISÃO DE TENDÊNCIA,
EXTRAPOLAÇÃO, INTERPOLAÇÃO E INTERPRETAÇÃO.
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
H1 - Reconhecer e interpretar as informações de natu- Fernando Luís Pereira Fernandes
reza científica ou social expressas em gráficos ou tabelas.
H2 - Identificar ou inferir aspectos relacionados a fenô-
menos de natureza científica ou social, a partir de informa- DO FUNDO DO BAÚ...
ções expressas em gráficos ou tabelas. Tenha certeza que estudar esse capítulo será muito in-
H3 - Selecionar e interpretar informações expressas em teressante, pois veremos quais são as chances de ganhar
gráficos ou tabelas para a resolução de problemas. na loteria! Afinal, quem nunca fez uma “fezinha”? Jogar na
H4 - Analisar o comportamento de variável expresso loteria e torcer para que o mais novo milionário seja você!
em gráficos ou tabelas, como importante recurso para a Pois é, há muita matemática em um simples jogo de aposta.
No verso dos bilhetes da Loteria Federal são apresen-
construção de argumentação consistente.
tados, além do percentual de arrecadação a ser distribuído
H5 - Avaliar, com auxílio de dados apresentados em
pelo Governo Federal em investimentos na área de Edu-
gráficos ou tabelas, a adequação de propostas de interven-
cação, Esporte e Cultura, as chances de ser premiado. Em
ção na realidade. 
alguns jogos, a chance de ganhar é muito pequena, mas
existe!
Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-
Como será calculada a chance de um bilhete ser pre-
das neste capítulo, procure resolver as questões da prova
miado?
do ENCCEJA, no final da apostila. Quantas são as possibilidades de jogos a serem feitas
no jogo da quina?
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu- Bom, a quantidade não deve ser tão pequena assim,
de um pouco mais, você está construindo um processo de mas antes de resolvermos esse problema, que tal pensar-
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá! mos em uma situação onde os cálculos sejam semelhantes
e mais simples?
Suponhamos que, em um certo jogo semelhante ao da
loteria tivéssemos apenas 10 números (de 01 a 10) e esco-
lhêssemos apenas dois desses números para concorrer ao
prêmio. Quais são e quantas são as possibilidades existen-
tes para o preenchimento do bilhete?

ASSIM OU ASSADO?
Nesse caso, teremos que organizar todas as jogadas
possíveis.
Jogadas
01 - 02
01 - 03 02 - 03
01 - 04 02 - 04 03 - 04
01 - 05 02 - 05 03 - 05
01 - 06 02 - 06 03 - 06
01 - 07 02 - 07 03 - 07
01 - 08 02 - 08 03 - 08
01 - 09 02 - 09 03 - 09
01 - 10 02 - 10 03 - 10 ...

Note que, na primeira coluna constam as jogadas pos-


síveis com o número 01. São nove possibilidades até aí.
Na segunda coluna, constam as possibilidades com a de-
zena 02 e como já havia saído a jogada 01-02, foi retirada
a jogada 02-01, que é a mesma. Agora, pensando nesse
processo de obtenção de possibilidades, até atingirmos o
número 10, quantas jogadas diferentes podem ser feitas?

94
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Total de jogadas: 9 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 3 + 2 +1 = 45
Assim, o total de jogadas possíveis seria de 45 jogadas para essa loteria. Uma loteria como essa, deixaria mais pessoas
felizes!
Agora, vejamos um outro problema um pouco diferente, mas que trata de possibilidades:
Suponha que você quisesse mudar o visual da sala de sua casa, pintando cada parede de uma cor diferente: amarelo,
verde, laranja e branco. Quantas possibilidades de pintura poderiam ser realizadas, sabendo que duas paredes não seriam
pintadas da mesma cor?
Vamos pensar no problema, imaginando as paredes:

1ª parede 2ª parede 3ª parede 4ª parede


1ª combinação amarelo verde laranja branco
2ª combinação amarelo verde branco laranja
3ª combinação amarelo laranja verde branco
4ª combinação amarelo laranja branco verde
5ª combinação amarelo branco laranja verde
6ª combinação amarelo branco verde laranja

Bom, se a primeira parede for pintada de amarelo, teremos seis combinações diferentes! Se usarmos o mesmo racio-
cínio para as demais, teremos:
Para facilitar a escrita, utilizamos a primeira letra de cada cor para mostrar as possibilidades.
B: branco
A: amarelo
L: laranja
V: verde
BALV LAVB VALB
BAVL LABV VABL
BLAV LVBA VLAB
BLVA LVAB VLBA
BVLA LBVA VBAL
BVAL LBAV VBLA

No total, teremos 24 possibilidades. Mas, será que não haveria uma maneira mais simples para descobrirmos a quanti-
dade de possibilidades, sem escrever todas, uma por uma? Observe...
Na tabela abaixo, cada retângulo representa uma parede e o total de possibilidades de cores para cada uma delas
(lembre-se, não pode repetir as cores!). Se não pode repetir as cores das paredes, então teremos 4 possibilidades de cores
para a primeira parede. Sabendo que uma das cores já foi utilizada, então, teremos três cores disponíveis para a segunda
parede, para a terceira parede, duas cores e para a última parede, uma cor.

1ª parede 2ª parede 3ª parede 4ª parede


4 3 2 1

O raciocínio utilizado para resolver esse problema é chamado princípio multiplicativo, encontrando 4 . 3 . 2 . 1 = 24
possibilidades diferentes. Mas, por que multiplicar?
Quando observamos todas as possibilidades de cores nas quatro paredes, vemos que há 6 possibilidades diferentes
quando fixamos uma das cores. Por exemplo, se a 1ª parede fosse pintada de branco, as possibilidades seriam: BALV, BAVL,
BLAV, BLVA, BVLA e BVAL. Como são quatro cores diferentes, multiplicamos 6 por 4, obtendo 24 como resultado. Caso não
tivesse a 1ª parede, o total seria 6 possibilidades, pois, 3 . 2 . 1 = 6. Como está sendo considerada mais uma parede, haverá
um total de 24 possibilidades.
Também podemos interpretar esse problema, a partir da árvore de possibilidades. O raciocínio para a elaboração desse
esquema é semelhante ao que foi dito sobre o princípio multiplicativo. Ao escolher a cor branca (B), tem-se como ramos
dessa árvore as demais cores: amarelo (A), verde (V) e laranja(V). A partir de cada uma dessas três cores surgirão mais dois
ramos da árvore, justamente as cores que ainda não foram utilizadas e assim por diante, até esgotar o total de cores.

95
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Veja como ficou a árvore de possibilidades construída a partir da cor da primeira parede, supondo que essa seja branca:

Ilustração 1 - Árvore de possibilidades

Se esse procedimento for usado para as demais cores, teremos um total de 24 possibilidades.
Agora, retornando ao primeiro problema, a respeito da loteria que possui um total de 10 números e são sorteados
apenas dois... Por que o resultado final não seria 10 . 9 = 90, ao contrário de 45?
Lembre-se que, no caso da loteria, sortear os números 01 e 02 é o mesmo que sortear 02 e 01, pois a ordem não im-
porta nesse caso. Assim, todos os pares de números que poderiam repetir seriam eliminados, caindo pela metade o número
de possibilidades. Nesse caso, o principio aplicado seria o da soma.
Entretanto, na situação das cores das paredes, o problema tem um outro propósito. Pintar a primeira parede de branco
e a segunda de verde não é o mesmo que pintar a primeira parede de verde e a segunda de branco. Como saber qual o
cálculo a ser realizado? Ter atenção na interpretação do problema, se a ordem importa ou não na obtenção das possibi-
lidades.

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....


1. Por que há alguns anos, o sistema de emplacamento de veículos no Brasil mudou, das placas amarelas, as quais
tinham duas letras e quatro algarismos para a placa cinza, com três letras e quatro algarismos?
No emplacamento antigo como no emplacamento atual, os algarismos e as letras podem ser repetidos. Sabendo que
são 10 algarismos possíveis (de 0 a 9) e são 26 letras possíveis (todas as letras do alfabeto), tínhamos no sistema antigo:

26 26 10 10 10 10
LETRA LETRA ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO

Total: 26 . 26 . 10 . 10 . 10 . 10 = 6.760.000 placas diferentes.


No sistema atual, temos uma letra a mais, aumentando o número de placas diferentes. Veja:

26 26 26 10 10 10 10
LETRA LETRA LETRA ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO

Total: 26 . 26 . 26 . 10 . 10 . 10 . 10 = 175.760.000 placas.


Com o sistema atual de emplacamento, seria possível emplacar 175.760.000 veículos, quase o valor aproximado da
população brasileira.
2. 60Numa lanchonete, há 5 tipos de sanduíche, 4 tipos de refrigerante e 3 tipos de sorvete. De quantas maneiras dife-
rentes podemos tomar um lanche composto de 1 sanduíche, 1 refrigerante e 1 sorvete?
Nesse caso, podemos utilizar vários instrumentos para resolver o problema: elaborando uma tabela, uma árvore de
possibilidades, ou ainda, resolvendo diretamente pelo princípio multiplicativo.
Utilizaremos a árvore de possibilidades. Os cinco sanduíches denominaremos de S1, S2, S3, S4 e S5. Faremos o mesmo
com os quatro refrigerantes (R1, R2, R3 e R4) e os três sorvetes (usaremos s1, s2 e s3).
Na árvore de possibilidades abaixo constam apenas as possibilidades com o S1 (sanduíche 1).

60 Problema extraído de Matemática: Volume Único –Ensino Médio, de Luiz Roberto Dante, Editora Ática,
2005.

96
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 2 - Árvore de possibilidades e o Princípio Multiplicativo

Como são cinco sanduíches, teremos um total de 5 . 12 = 60 lanches diferentes.


Caso o cálculo seja realizado sem o uso da árvore de possibilidades, também encontraremos 60 lanches.

5 4 3
sanduíches refrigerantes sorvetes

Total: 5 . 4 . 3 = 60 lanches diferentes.

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


O que vimos até o momento sobre o cálculo de possibilidades foi o uso do princípio aditivo e o princípio multiplicativo.
Nos atentaremos, em especial, ao princípio multiplicativo, também conhecido como Princípio Fundamental da Contagem,
constituindo parte da área da Matemática conhecida como Análise Combinatória. Nesse princípio, em geral, busca-se o
total de possibilidades e utiliza a multiplicação como meio de obter o resultado.
Por exemplo, quando buscamos encontrar quantos números de quatro algarismos distintos (diferentes) podemos obter
com os algarismos 1, 2, 3, 4 e 5, consideramos que o número 1245 é diferente do número 1254, pois a ordem dos algaris-
mos interfere no resultado, obtendo mais um número.
Se os algarismos precisam ser distintos, ou seja diferentes, não poderemos repeti-los.
Pelo princípio multiplicativo, obtém-se: 5 . 4 . 3 . 2 = 120 possibilidades. Agora, se pudéssemos repetir os algarismos,
teríamos o seguinte resultado: 5. 5. 5. 5 = 625 possibilidades.

AGORA É A SUA VEZ...

Atividade 1. Quantos números naturais de três algarismos podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5 e 6?

Atividade 2. Quantos números de três algarismos distintos (diferentes) existem?

Atividade 3. Um hacker sabe que a senha de acesso a um arquivo secreto é um número natural de cinco algarismos
distintos e não-nulos (diferentes de zero). Com o objetivo de acessar esse arquivo, o hacker programou o computador para
testar, como senha, todos os números naturais nessas condições. O computador vai testar esses números um a um, demo-
rando 5 segundos em cada tentativa. O tempo máximo para que o arquivo seja aberto é:
a) 12h 30 min
b) 11h 15min 36s
c) 21h
d) 12h 26min
e) 7h

Atividade 4. Um jantar constará de três partes: entrada, prato principal e sobremesa. De quantas maneiras diferentes
ele poderá ser composto, se há como opções oito entradas, cinco pratos principais e quatro sobremesas?

97
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 5. As atuais placas de licenciamento de automóveis constam de sete símbolos, sendo três letras, escolhidas
dentre as 26 do alfabeto, seguidas de quatro algarismos. Quantas placas distintas podem ter o algarismo zero na 1ª posição
reservada aos algarismos?

Atividade 6. Uma prova consta de dez testes de múltipla escolha. De quantas maneiras distintas a prova pode ser
resolvida, se cada teste tem cinco alternativas distintas?

PROBABILIDADE
O estudo da Probabilidade se originou a partir da observação dos chamados jogos de azar. Era o início do estudo de
uma parte da Matemática que lida com o provável e não com a exatidão.
Nos tempos da Idade Antiga, os fenícios (povo que viveu na região do atualmente Líbano) já faziam avaliações de se-
guros de produtos relacionados à atividade comercial da época, basicamente marítima. Isso continuou até a Idade Média,
quando no século XVI foi iniciado um processo de organização desse assunto por matemáticos, constituindo a teoria de
Probabilidade, analisando especialmente, os jogos de azar.

Ilustração 3 - Naipes do baralho

Ilustração 4 - Carta Sete de Copas

Ilustração 5 - Carta Ás de Espada61


61 www.portaldapalavra.com.br/ilustracoes/NAIPE.jpg

98
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Partindo da idéia dos jogos, é proposto um problema que relaciona cartas de baralho.
Em um baralho completo (52 cartas), qual é a probabilidade (chance) de um jogador, ao retirar uma carta do baralho,
ter em mãos:
a) uma carta de espadas?
b) um sete de copas?

ASSIM OU ASSADO?
Em Probabilidade, definimos o experimento a ser analisado como sendo o evento. Nesse caso, no item a o evento é
“retirar uma carta de espadas” e no item b, o evento é “retirar um sete de copas”. O espaço amostral apresenta todas as
possibilidades, isto é, representa o conjunto de todos os resultados possíveis para esse evento, partindo de um experimen-
to aleatório. Entenda o termo aleatório como sendo um experimento que ocorreu por acaso, sem intervenção ou, como se
chama na linguagem de jogos, sem vícios.
Vamos analisar o problema anterior sob o olhar da probabilidade:

Espaço Amostral: conjunto formado pelas 52 cartas do baralho.


No item a, questiona-se qual seria a probabilidade (chance) de retirar uma carta de espadas. Bom, é preciso identificar
quantas são as cartas de espadas que há no baralho (eliminamos o coringa):
• 13 cartas de paus
• 13 cartas de espadas
• 13 cartas de copas
• 13 cartas de ouros.
Podemos afirmar que há 13 cartas de espadas, em um total de 52 cartas no baralho. Então, a chance de retirar uma
carta de espadas é de 13 em 52, ou seja,
P(carta de espadas):

Entretanto, utiliza-se sempre o resultado da fração simplificada, ou ainda, na forma de porcentagem. Assim, o único
número que divide 13 e 52, ao mesmo é 13.

Então, a probabilidade de retirar uma carta de espadas do baralho é de . Como você já viu em estudos anteriores, é

possível representar uma fração na forma decimal e na forma de porcentagem. Nesse caso, temos a fração

= 0,25 = = 25%

No item b, é preciso ver quantas cartas sete de copas há no baralho. Sabendo que há, apenas uma carta desse tipo no
baralho, temos:

P(sete copas):

http://repolhopolis.blogspot.com/2005/01/elogio-ao-baralho-vocs-j-pensaram-em.html
http://umdenosdois.blogspot.com/2008_03_02_archive.html

99
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Analisando os dois resultados, vemos que a chance de encontrar uma carta de espadas é muito maior que uma carta
sete de copas.
Para calcular a probabilidade de ocorrer um determinado evento utilizaremos sempre a seguinte escrita e notação:
P(evento): probabilidade de ocorrer tal evento

Agora, pensando nos problemas que vimos sobre possibilidades, no início desse capítulo, poderíamos, por exemplo,
analisar o problema resolvido, o qual trata do sistema de emplacamento de veículos no Brasil sob o olhar da probabilidade.
Caso eu queira saber a chance de encontrarmos em nossas ruas um veículo que termine com o número nove, como
fazer esse cálculo?
Primeiramente, seria necessário saber qual é o evento e o espaço amostral. O evento é “placas com final nove” e o
espaço amostral seria o total de placas possíveis, que já descobrimos ao calcular o total de placas no novo sistema de em-
placamento, com três letras e quatro algarismos, lembra?
Assim, temos no espaço amostral as 175.760.000 placas.
Os possíveis finais das placas são 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 (são dez algarismos diferentes). Se há a mesma quantidade
de placas para cada final diferente, podemos afirmar que a probabilidade de encontrar uma placa com final nove seria de
0,1 ou 10%. Por quê?
Veja: se seguirmos o raciocínio anterior, teremos 17.576.000 placas com final nove (175.760.000 dividido por 10).
P(placas com final nove):

Logo, a probabilidade de encontrar uma placa com final nove é de ou 10%.

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....

1. Um dado é lançado e observa-se o número da face voltada para cima. Qual a probabilidade de esse número ser:
a) menor que 3?
b) maior ou igual a 3?
Temos como espaço amostral os elementos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, que são os números das faces do dado.
No item a, temos:
P(face menor que 3) =

Como é possível simplificar a fração , temos:

100
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

No item b, o evento é “número maior ou igual a 3”.

Logo,

P(face maior ou igual a 3) =

2. Joga-se uma moeda duas vezes sucessivamente. Qual é a probabilidade de observarmos:


a) aparecer duas caras?
b) aparecer uma cara e uma coroa, independente da ordem?
Primeiramente, vamos construir uma tabela que apresente o espaço amostral ao realizar o experimento. Chamamos de
K e C, cara e coroa, respectivamente e como são dois lançamentos, apresentamos as possibilidades encontradas quando a
moeda é lançada:

Lançamentos Cara (K) Coroa (C)


Cara (K) (K,K) (K,C)
Coroa (C) (C, K) (C,C)

No item a, no evento “apresente duas caras”, ao observarmos a tabela, só haverá 1 possibilidade em um total de 4
possibilidades presentes no espaço amostral.

P(duas caras) =

No item b, o evento “apresente uma cara e uma coroa” traz duas possibilidades em um total de 4. Assim,

P(cara e coroa, independente da ordem) =

Uma curiosidade...
Você lembra que, no início dessa unidade, comentamos que descobriríamos quais são as nossas chances quando jo-
gamos na Quina ou na Mega Sena?
Utilizamos o princípio multiplicativo para saber o total de jogos diferentes e a probabilidade para saber as chances de
uma pessoa acertar e levar o prêmio máximo na Mega Sena. O que há de diferente nessa questão é a mudança da quanti-
dade de elementos no espaço amostral. Acompanhe:
Para saber a probabilidade de uma pessoa acertar a primeira dezena na Mega Sena será:

P(1ª dezena) =

Como uma dezena já foi acertada, agora terão, no espaço amostral, as 59 dezenas restantes e o número de dezenas
possíveis reduz para 5, pois uma já foi sorteada.

P(2ª dezena) =

101
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Utilizando o mesmo raciocínio, teremos como probabilidade para acertar a 3ª dezena:

P(3ª dezena) =

P(4ª dezena) =

P(5ª dezena) =

P(6ª dezena) =

Dessa forma, para saber a probabilidade de uma pessoa ganhar na Mega Sena, é necessário que ela acerte todas as
dezenas. O seu cálculo utiliza o princípio multiplicativo:

P(ganhar na Mega Sena) =

Isso significa que a chance de uma pessoa ganhar na Mega Sena é de 1 em mais de 50 milhões! Não é a toa que, em
diversos concursos, o prêmio acumula...

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


Vamos retomar alguns conceitos que foram contemplados nesse tópico?
Em Probabilidade, temos o evento e o espaço amostral. O evento é o experimento que está sendo observado. Por
exemplo, se eu estiver jogando dois dados, qual a chance de sair um número maior que 4? O evento é “sair um número
maior que 4”. Mas, para encontrar a probabilidade, é preciso saber quantas são as situações favoráveis de ocorrer e as
situações possíveis.
O espaço amostral é o conjunto de todas as situações possíveis de acontecer. No nosso exemplo, o espaço amostral
tem como elementos os números das seis faces do dado. As situações favoráveis estão relacionadas ao evento. Se estou
procurando a chance de sair um número maior que 4, para isso, é uma situação favorável sair o número 5 ou o número 6.
Calculando a probabilidade, temos:

P(número maior que 4) =

Logo, a probabilidade de sair um número maior que 4 é .

102
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ...

Atividade 7. Um experimento é composto de duas etapas: primeiro, uma moeda é lançada e, em seguida, um dado é
lançado. Construa o espaço amostral correspondente a esse experimento.

Atividade 8. Uma urna contém três bolas vermelhas e uma bola branca. Retiramos, sucessivamente, duas bolas dessa
urna. Construa o espaço amostral correspondente, se a extração é feita:
a) com reposição (a bola retirada retorna à urna para a próxima retirada)
b) sem reposição (A bola não retorna à urna após a retirada)

Atividade 9. Um dado é lançado e se observa o número da face voltada para cima. Determine os seguintes eventos:
a) ocorre múltiplo de 2
b) ocorre número primo.

Atividade 10. Ao atirar num alvo, a probabilidade de uma pessoa acertá-lo é . Qual é a probabilidade de errar?

Atividade 11. No lançamento de duas moedas, a probabilidade de se obterem uma cara e uma coroa é:
a) 25%
b) 30%
c) 40%
d) 50%
e) 75%

Atividade 12. Uma urna contém exatamente mil etiquetas, numeradas de 1 a 1000. Retirando uma etiqueta dessa urna,
qual é a probabilidade de obtermos um número menor que 51?

UM POUCO DE ESTATÍSTICA...
Há, no Brasil, pesquisas realizadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que buscam acompanhar
o desenvolvimento econômico, social e humano em nosso país. Quando é realizado o grande Censo Demográfico, o qual
ocorre geralmente a cada dez anos, a idéia é entrevistar domicílio por domicílio. Seria possível fazer esse recenseamento
anualmente, pensando na população brasileira, superior a 180 milhões de habitantes? Seria inviável, pensando no tempo e
no investimento necessário para isso.
Entretanto, governo, empresas e instituições que tenham interesses em descobrir a opinião da população ou a situação
em que uma população específica vive, tornam isso possível, mesmo sem realizar a entrevista um a um. Chamamos esse
procedimento na Estatística de amostragem. É escolhida parte da população que possua as características necessárias ou
requisitos mínimos exigidos para o que está sendo procurado ou investigado.
Por exemplo: o IBGE gostaria de saber como está a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 25 anos e que residem
na zona urbana.
Como seria muito complicado entrevistar todos os jovens nessa faixa etária em todo o país, acaba-se escolhendo algu-
mas regiões do país (geralmente, nos grandes centros metropolitanos) e, de maneira aleatória, entrevistam os jovens nas
ruas ou até mesmo em residências, caso haja jovens com essas características nos domicílios. Apesar de não ser o número
exato ou mais próximo do total de jovens (população), o IBGE terá uma idéia de como está a situação da empregabilidade
dos jovens nessa faixa etária. Isso é importante para o Governo, tendo em vista que ao ter essas informações em mãos, ele
pode atuar sobre as possíveis causas de desemprego, mobilizando suas forças de maneira a inverter tal situação (escolari-
dade, formação profissional, experiência etc).
Tendo em vista as pesquisas de opinião, suponhamos que uma delas tenha sido realizada em uma certa cidade, com
o objetivo de saber a opção de voto para prefeito dos eleitores para a próxima eleição. Foram entrevistadas 800 pessoas.
Veja a opinião dos eleitores entrevistados:

Candidato Votos
Zé da Silva 140
João Moreira 246
Alberto Campos 130
Paulo Tadeu 284

Qual seria o percentual de votos de cada candidato?

103
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

ASSIM OU ASSADO?
Quando nos deparamos com os resultados das pesquisas, não encontramos o número de eleitores que optou por um
candidato ou outro. Seja na televisão ou nos jornais impressos, encontramos essas informações com um tratamento espe-
cial: a porcentagem.
Para isso, utilizaremos os termos frequência absoluta e frequência relativa. A frequência absoluta nos mostra o
número absoluto, sem qualquer tipo de tratamento dado a esse resultado. É o número encontrado pelas pessoas que
realizaram a pesquisa, no problema, representa quantas vezes (ou, qual foi a frequência que) um dos candidatos foi citado.
A frequência relativa, como o nome já diz, apresenta a frequência que certo candidato foi citado, mas relacionando
o número absoluto ao total de votos (100%). Para isso, faremos um cálculo de porcentagem, para descobrir a frequência
relativa:

Candidato Votos Frequência Absoluta Frequência Relativa

Zé da Silva 140 140 = 0,175 = 17,5%

João Moreira 246 246 = 0,3075 = 30,75%

Alberto Campos 130 130 = 16,25%

Paulo Tadeu 284 284 = 0,355 = 35,5%

TOTAL 800 800 1 = 100%

Assim, o resultado da pesquisa, utilizando a porcentagem seria:


Zé da Silva: 17,5%
João Moreira: 30,75%
Alberto Campos: 16,25%
Paulo Tadeu: 35,5%
É, parece que a disputa entre João Moreira e Paulo Tadeu vai ser acirrada!

MAIS OU MENOS QUANTO?


Nessa parte do estudo, você encontrará métodos que buscam saber a tendência dos dados em análise. Cada um deles
tem uma característica própria e, quando usado no problema certo, nos dá uma melhor interpretação do mesmo. Vejamos
o exemplo a seguir:
Em uma empresa com 15 funcionários, sabe-se que 8 deles ganham 4 salários mínimos, 3 deles ganham 8 salários
mínimos e o restante, 13 salários mínimos. Qual será a melhor forma de saber se há um equilíbrio entre os salários pagos
aos funcionários dessa empresa?
Os métodos que utilizaremos serão a média, a mediana e a moda.
A média aritmética dos salários seria a soma de todos os salários dividida pelo total de funcionários. Assim, saberemos
qual seria o salário médio por funcionário:

Média salarial =

104
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Nesse caso, podemos simplificar esse cálculo, utilizando a média aritmética ponderada, sem a necessidade de mos-
trar o salário de cada funcionário:

Média salarial =

Pela média aritmética, vemos que o salário médio é de 7,2 salários mínimos.

Buscando saber qual seria o salário que está localizado no meio, utilizamos a mediana. Para isso, organizamos em
ordem crescente os salários dos funcionários:

Nesse caso, o salário que está no meio é o 8º número, que é o 4. Assim, podemos dizer que o salário mediano é de 4
s. m. (salários mínimos)
Pela moda, buscamos aquele salário que apareceu com a maior frequência. Nesse caso, o salário representado pela
moda é de 4 s.m., pois o 4 apareceu 8 vezes.
Comparemos os diferentes métodos... Será que os salários pagos por essa empresa aproximam-se de um equilíbrio
entre os funcionários ou a desigualdade é muito grande?
Se considerássemos apenas a média, veríamos que a média salarial é de 7,2 salários mínimos. Entretanto, os outros dois
métodos mostram que não é bem assim que acontece. Pela mediana e pela moda, os valores são de 4 salários mínimos.
Considerando, por exemplo, pela moda, mostra que a maioria recebe 4 s. m., enquanto uma minoria ganha acima de 10
s.m. Seria injusto?
Você sabia62...

No Brasil, que cerca de 10% da população mais pobre vive com 0,8% da renda nacional, enquanto
10 % dos mais ricos detêm cerca de 45 % da renda do pais. Precisamos tomar cuidado com as
estatísticas, nem sempre o que elas apresentam representa a situação da realidade!
Você sabia que a renda per capita (média entre a riqueza produzida pelo país e a população) do
brasileiro está por volta de R$ 13000,00 ao ano, segundo o Banco Central do Brasil? Você acha que,
ao dividir a riqueza igualitariamente entre todos os habitantes, cada um receberia esse montante? Isto
é, em um mês recebia cerca de R$ 1083,00?

62 Adaptado de http://integracao.fgvsp.br/BancoPesquisa/pesquisas_n5_2001.htm e http://www.pnud.org.br/


pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=2390&lay=pde . Arquivos capturados em 28/3/2009.

105
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....


1. 63O gráfico seguinte mostra a distribuição de frequência das notas obtidas pelos alunos da 2ª série do ensino médio
numa prova de Matemática:

Ilustração 6 - Gráfico

Determine:
a) a nota média desses alunos
b) a mediana da distribuição
c) a moda dessa distribuição
Vamos organizar uma tabela de frequências, pois facilitará o cálculo da média.

Notas Frequência (nº de alunos)


4 6
5 8
6 11
7 10
8 8
9 5
10 2

Para o cálculo da média, usaremos a média ponderada das notas, tendo como pesos a frequência de alunos:

M=

M=

A média das notas foi de 6,58.

63 Problema extraído de Matemática: Volume Único, de Manoel Paiva, Editora Moderna, 2003, p.263.

106
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

No item b, pede-se a mediana da distribuição. Como temos 50 termos, o valor da mediana será obtido a partir da média
aritmética entre o 25º termo e o 26º termo:

Mediana = = 6,5

No item c, pede-se a moda. Observando o gráfico ou a tabela, vemos que a maior frequência foi na nota 6. Logo, a
moda é 6,0.

Cada um dos métodos de medida de tendência central, isto é, qual seria o termo que está situado no centro da se-
quência em análise, mostra que esses dados não possuem uma variação tão grande, pois nos três métodos, os resultados
obtidos estão próximos de 6,0.

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


Vamos sintetizar as idéias vistas nesse tópico?
Média: é o quociente (resultado da divisão) entre a soma de todos os fatores presentes e o total de fatores. Existe a
média aritmética e a média ponderada. A média ponderada difere da aritmética, quando identificamos que há ponderação
ou pesos para os fatores que estão presentes. Um exemplo para esse tipo de média é o cálculo da média de notas na escola.
Se um professor aplicou três provas em uma certa disciplina, tendo cada uma delas, respectivamente, os pesos 1, 2 e 3, e
as notas das provas 1, 2 e 3 são: 5,0, 6,5 e 3,0, calcula-se a média ponderada:

Logo, a média das notas desse aluno será de 5,0. Note que o número 6 no denominador representa a soma dos pesos
de cada uma das provas!

Mediana: os dados são organizados em ordem crescente e identificamos o termo do meio. É importante lembrar que,
caso tenha uma quantidade par de elementos, você irá calcular a média aritmética entre os dois termos que se encontram
no centro. Por exemplo, se no problema anterior, o qual tratava de uma empresa com 15 funcionários, tivesse 14 funcioná-
rios: 2 recebendo 4 s.m., 5 recebendo 7 s.m. e os demais recebendo 10 s.m., teríamos que encontrar a mediana, calculando
a média aritmética entre o 7º e o 8º termos da sequência abaixo:

Posição 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º


s.m. 4 4 7 7 7 7 7 10 10 10 10 10 10 10

A mediana será de salários mínimos

Moda: busca-se o elemento que aparece com maior frequência. Verificamos o termo que aparece com maior frequên-
cia. Caso apareçam dois elementos com a maior frequência, dizemos que a amostra é bimodal (tem duas modas).

107
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ...64

Atividade 13. Os conteúdos de vinte latas de leite em pó apresentaram as seguinte massas, em kg:
0,48 0,50 0,51 0,48 0,49
0,49 0,51 0,51 0,50 0,49
0,50 0,52 0,48 0,49 0,50
0,49 0,50 0,51 0,48 0,49

Organize esses dados numa tabela e encontre os valores para a frequência absoluta e relativa.:

Classe (massa em kg) Frequência Absoluta Frequência relativa


0,48
0,49
0,50
0,51
0,52
Total

Atividade 14. A tabela mostra a altura H, em cm, de uma planta em função do tempo t, em dias:

Altura (H) 0 2 3,6 4,8 5,6 6,2


Tempo (t) 0 1 2 3 4 5

a) Qual foi o crescimento médio da planta em cada um desses cinco dias?


b) Estime a altura da planta 3,5 dias depois de seu nascimento. Explique o processo que você utilizou para a estimativa.

Atividade 15. Calcule a média, mediana e a moda do seguinte conjunto de valores:


11 8 15 19 6 15 13 21

Atividade 16. Uma companhia aérea, a pedido de um engenheiro da aeronáutica registrou os tempos de dez vôos (até
a parada total) entre São Paulo e Rio de Janeiro. Os tempos registrados (em minutos são dados a seguir):
48 – 51 – 49 – 51 – 50 – 50 – 53 – 52 – 48 – 50
a) Calcule o tempo médio de vôo entre as duas cidades.
b) Calcule o tempo mediano de vôo.

Atividade 17. Com o objetivo de verificar o comportamento do consumidor, um órgão de defesa do consumidor re-
gistrou o seguinte número de queixas ao longo de 10 dias:
58 – 39 – 63 – 60 – 95 – 48 – 56 – 72 – 75 – 80
Determine a média e a mediana do número de queixas recebidas.

64 As atividades que constam nesse capítulo foram extraídas e/ou adaptadas de Matemática: Volume Único,
de Gelson Iezzi et al, Editora Atual, 1997 e Matemática: Volume Único, de Manoel Paiva, Editora Moderna, 2003.

108
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU

1) 216

2) 648

3) c

4) 160

5) 158.184.000

6) Aproximadamente 3,85%

7) C: cara; C:coroa; Faces do dado: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.


Espaço amostral: {(C,1), (C, 2), (C,3), (C,4), (C,5), (C,6), (K,1), (K,2), (K,3), (K,4), (K,5), (K,6)}

8) a) com reposição: E.Amostral = {(V,B), (V,V), (B,V), (B,B)}


b) sem reposição: E. Amostral = {(V,B), (V,V), (B,V)}
9) a) {2, 4, 6}
b) {2, 3, 5}

10)

11) d

12)

13)

Classe (massa em kg) Frequência Absoluta Frequência relativa


0,48 4 20%
0,49 6 30%
0,50 5 25%
0,51 4 20%
0,52 1 5%
Total 20 100%

14) a) 1,24 cm
b) Média entre 4,8 e 5,6 cm: 5,2 cm.

15) Média: 13,5; Mediana: 14; Moda: 15

16) a) 50,2 minutos b) 50 minutos

17) Média: 64,6; Mediana: 61,5

109
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno,

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:


H1 - Identificar, interpretar e produzir registros de informações sobre fatos ou fenômenos de caráter aleatório.
H2 - Caracterizar ou inferir aspectos relacionados a fenômenos de natureza científica ou social, a partir de informações
expressas por meio de uma distribuição estatística.
H3 - Resolver problemas envolvendo processos de contagem, medida e cálculo de probabilidades.
H4 - Analisar o comportamento de variável, expresso por meio de uma distribuição estatística como importante recurso
para a construção de argumentação consistente.
H5 - Avaliar, com auxílio de dados apresentados em distribuições estatísticas, a adequação de propostas de intervenção
na realidade.

Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do
ENCCEJA, no final da apostila.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

110
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

111
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

112
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

113
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

114
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

115
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

116
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

117
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

118
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

EXAME NACIONAL PARA CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS


DE JOVENS E ADULTOS (ENCCEJA )

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

GABARITO OFICIAL

01 - A 02 - B 03 - B
04 - C 05 - D 06 - A
07 - B 08 - A 09 - C
10 - C 11 - D 12 - D
13 - B 14 - A 15 - A
16 - B 17 - A 18 - A
19 - C 20 - D 21 - C
22 - C 23 - D 24 - C
25 - D 26 - C 27 - B
28 - B 29 - B 30 - D

119
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

120
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

121
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

122
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

123
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

124
INTRODUÇÃO

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Ciências da Natureza e suas
Tecnologias que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais da sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:

1. Compreender as ciências como construções humanas, relacionando o desenvolvimento científico ao longo da


história com a transformação da sociedade.

2. Compreender o papel das ciências naturais e das tecnologias a elas associadas, nos processos de produção e
no desenvolvimento econômico e social contemporâneo.

3. Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos relevantes
para sua vida pessoal.

4. Associar alterações ambientais a processos produtivos e sociais, e instrumentos ou ações científico-tecnológi-


cos à degradação e preservação do ambiente.

5. Compreender organismo humano e saúde, relacionando conhecimento científico, cultura, ambiente e hábitos
ou outras características individuais.

6. Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los a diferentes contextos.

7. Apropriar-se de conhecimentos da física para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e pla-
nejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.

8. Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e
planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.

9. Apropriar-se de conhecimentos da biologia para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e
planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.

Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada capítulo é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução de exercícios para que você possa ampliar seu conheci-
mento.
As respostas podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode compreender as
habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE

Capítulo 1
O SER HUMANO CONSTRUINDO A CIÊNCIA.........................................................................................................................................................01
José Luis de Souza

Capítulo 2
O PAPEL DA TECNOLOGIA NO NOSSO MUNDO.................................................................................................................................................10
José Luis de Souza

Capítulo 3
TECNOLOGIA TODO O DIA ...........................................................................................................................................................................................28
José Luis de Souza

Capítulo 4
OS CAMINHOS DA HUMANIDADE ...........................................................................................................................................................................40
José Luis de Souza

Capítulo 5
A SAÚDE NO BRASIL ........................................................................................................................................................................................................56
José Luis de Souza

Capítulo 6
A METODOLOGIA CIENTÍFICA.......................................................................................................................................................................................78
José Luis de Souza

Capítulo 7
A FÍSICA E A ATUALIDADE .............................................................................................................................................................................................90
José Luis de Souza

Capítulo 8
QUÍMICA, NATUREZA E TECNOLOGIA.................................................................................................................................................................... 108
José Luis de Souza

Capítulo 9
MEIO AMBIENTE E BIODIVERSIDADE .................................................................................................................................................................... 123
José Luis de Souza
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 1 Dizemos que um corpo, um objeto ou um ser vivo está


em movimento se ele mudar a sua posição, de acordo com
O Ser Humano Construindo a Ciência um ponto de referência, com o passar do tempo. Por outro
lado, se ele não muda sua posição, dizemos que está em
COMPREENDER AS CIÊNCIAS COMO CONSTRU- repouso. Para nós parece tudo muito simples, mas provar
ÇÕES HUMANAS, RELACIONANDO O DESENVOLVI- isso nas épocas mais remotas da humanidade não foi tão
MENTO CIENTÍFICO AO LONGO DA HISTÓRIA COM A fácil.
TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE. Quando empurramos um objeto sobre uma mesa, é
lógico, que ele só se movimenta enquanto estamos exer-
José Luis de Souza cendo uma força sobre ele. Se a força cessar, ou seja, se
parar de empurrá-lo, ele logo pára. Tal observação levou
Você já imaginou se não houvesse nenhuma das des- o filósofo grego Aristóteles a estabelecer a seguinte con-
cobertas que a ciência fez nas últimas décadas, como seria clusão:
a nossa vida? Provavelmente, a população mundial seria
menor, por causa das doenças. Haveria pouco ou quase “Um corpo só permanece em movimento se uma
nada de contato com outras pessoas de diferentes países, força estiver atuando sobre ele”.
pela falta do telefone, avião, internet, carro e uma série de
avanços que permitiram que o homem, ao longo dos anos, Esta interpretação, de Aristóteles, formulada no século
pudesse chegar ao nível tecnológico atual. Nossa, da até IV a.C. (e que não esta completamente correta como ve-
medo de pensar se não houvesse luz elétrica em casa! Ima- remos mais adiante), foi aceita até um fenômeno cultural
gine a escuridão! chamado de Renascimento na Europa (séc. XVII).
Mas para o homem concretizar muitos dos seus so- O desenvolvimento da Ciência é fruto do modo de
nhos, foi necessário vencer vários obstáculos. Foram obs- pensar de uma época, da cultura de uma região e do de-
táculos culturais, como as diferentes linguagens e códigos senvolvimento tecnológico que o homem possui. Até o sé-
existentes entre os vários povos. A força da natureza, as culo XVII existia o pensamento de que a Terra era finita, e
próprias limitações humanas, as distâncias em terra, no ar e que em determinado ponto do planeta não era mais possí-
na água, enfim, uma cadeia de fatores que embora difíceis, vel avançar. O que se observava sobre os movimentos era
não barraram a busca pelo conhecimento. que tudo que se movia tendia a parar. Tudo o que estava
O homem demorou centenas de anos para descobrir e suspenso tendia a cair e ficar em repouso no solo. Portanto
provar que a Terra era redonda. Há 50 anos um computa- o estado natural de um corpo deveria ser o repouso e o
dor ocupava uma sala inteira e tinha menor capacidade de movimento era uma interferência externa sobre ele.
cálculo que uma calculadora atual comum. Hoje temos má- Então, à partir do Renascimento observações de al-
quinas que exploram outros planetas, podemos levar um guns cientistas e pensadores começaram a mostrar que o
notebook para qualquer lugar sem ter que ligá-lo à rede mundo não era uma coisa fechada e limitada. Com as des-
elétrica e podemos nos comunicar com o mundo inteiro, cobertas de Galileu Galilei, que utilizou uma luneta para
através dele, com a internet sem fio. Tudo isso aconteceu observar o céu e os corpos celestes, o mundo passou a ser
muito rapidamente e só foi possível porque muitos cientis- entendido como uma coisa que, se não infinita, também
tas, homens e mulheres comuns estudaram, observaram, não se conseguia definir a sua extensão.
fizeram experimentos e acumularam um enorme conheci- Galileu dizia que o estudo sobre os movimentos re-
mento ao longo da história. queria experiências mais cuidadosas. Após a realização de
Algumas das grandes descobertas foram muito impor- várias delas, percebeu que sobre um livro que é empurra-
tantes para a saúde, para melhorar nosso modo de vida e do, por exemplo, existe a atuação de uma força denomina-
para nos dar maior conforto. Outras, como a bomba atômi- da de Força de Atrito, e que tal força é sempre contrária à
ca, prejudicaram muito a humanidade e causaram a morte tendência do movimento dos corpos. Assim, ele percebeu
de milhares de pessoas, mesmo que os princípios usados que se não houvesse a presença do atrito, o livro não pa-
na sua construção fossem desenvolvidos com intenções raria se cessasse a aplicação da força, ao contrário do que
muito diferentes. pensava Aristóteles.
Saber como a Ciência funciona é importante para en- As conclusões de Galileu podem ser sintetizadas da
tender como ela pode contribuir para a melhoria das con- seguinte maneira:
dições de vida da humanidade e também para julgar os
bons e maus usos que a sociedade faz dela e do conheci- Se um corpo estiver em repouso, é necessária a
mento científico. aplicação de uma força para que ele possa alterar
o seu estado de repouso. Uma vez iniciado o mo-
O MUNDO EM MOVIMENTO vimento e depois de cessada a aplicação da força,
o corpo permanecerá em movimento retilíneo uni-
Podemos dizer que o mundo está em movimento, que forme indefinidamente desde que ele esteja livre
um carro está em movimento, até que uma tartaruga está da ação das forças de atrito, peso ou gravidade.
em movimento, mas...o que é movimento?

1
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Os experimentos de Galileu levaram à conclusão de As primeiras fontes artificiais de luz usavam o mesmo
uma propriedade física da matéria chamada inércia. Se- princípio, a combustão. Alguma coisa precisava ser quei-
gundo essa propriedade, se um corpo está em repouso, mada para poder iluminar. Foram inventados, lampiões a
ou seja, se a resultante das forças que atuam sobre ele for óleo, lampiões a gás, lamparinas, velas, etc. A combustão é
nula, ele tende a ficar em repouso. E se ele está em movi- uma reação química entre o oxigênio do ar e o combustí-
mento ele tende a permanecer em movimento na mesma vel, ou seja, o material que é queimado. Para se obter uma
velocidade e sempre em linha reta (movimento retilíneo boa iluminação era necessário usar um material que quei-
uniforme). masse bem, que reagisse bem com o oxigênio. Muitos de
Anos mais tarde, após Galileu ter estabelecido o con- nossos avós devem ter utilizado estas fontes de luz e vivido
ceito de inércia, Sir Isaac Newton formulou as leis da dinâ- em cidades onde as ruas eram iluminadas por lampiões a
mica (Área da Física que estuda as causas do movimento) gás ou óleo.
denominadas de “as três leis de Newton”. Newton concor- A descoberta e o domínio da energia elétrica permiti-
dou com as conclusões de Galileu e utilizou-as em suas leis. ram a Thomas Alva Edison, em 1880, construir a primeira
A Primeira Lei de Newton Também chamada de Lei da lâmpada incandescente utilizando uma haste de carvão
Inércia apresenta o seguinte enunciado: muito fina que aquecendo até próximo ao ponto de fusão,
com a passagem de corrente elétrica através dela, passa a
emitir luz. Agora pense você em duas coisas: tudo o que
Na ausência de forças, um corpo em repouso con- aquece muito queima, não queima? Já percebeu que den-
tinua em repouso, e um corpo em movimento, tro da lâmpada não tem ar? Edison precisou dominar uma
continua em movimento retilíneo uniforme (MRU). série de conhecimentos para que a lâmpada desse certo.
Com o conhecimento sobre combustão ele sabia que o
A partir dessas idéias é possível entendermos como carvão na presença de ar queimaria. Logo ele criou um en-
uma sonda espacial do tamanho de um automóvel pode voltório de vidro, retirou todo o ar de dentro e selou. Sem
viajar bilhões de quilômetros pelo espaço sem levar muito ar a haste não queimava.
combustível. Como o espaço é vazio, não há nada que im- As lâmpadas com vácuo interno foram comercializadas
peça o movimento da nave. durante muito tempo, mas tinha um inconveniente, eram
muito frágeis e quebravam facilmente, pois, já que não ti-
EM BUSCA DA LUZ nha nada dentro, estavam sujeitas à pressão atmosférica.
Hoje estas lâmpadas são preenchidas com um gás inerte,
como o nitrogênio, que não provoca combustão, isso dimi-
E Deus disse: “Que exista a luz!” E a luz começou nuiu muito a sua fragilidade.
a existir. Deus viu que a luz era boa. E Deus sepa-
rou a luz das trevas: à luz Deus chamou “dia“, e QUE LÍNGUA É ESSA?
às trevas Deus chamou noite. Você percebeu que há pouco usamos a palavra com-
bustão ao invés de queima e gás inerte para nos referirmos
Gênesis1 a um gás que não queima ou não reage com o combustí-
É assim que a Bíblia narra o surgimento da luz, do dia vel? Não se assuste, não vai ter que aprender outro idioma!
e da noite. Não vamos discutir aqui o surgimento da luz e Mas vai ter que se acostumar com termos de outra lingua-
outros fenômenos naturais com base nas crenças religio- gem, diferente daquela linguagem natural que aprende-
sas e nem julgar se são verdadeiras ou falsas. Não vamos mos desde criança e que usamos para nos comunicar no
contrapor religião e Ciência. Vamos discutir apenas o que dia a dia.
a Ciência consegue provar de maneira convincente e ver A ciência é construída por várias pessoas em diversas
como o homem pode se beneficiar desses conhecimentos. partes do mundo, que falavam línguas diferentes e tinham
Com a descoberta do fogo o homem percebeu que costumes diferentes. Ao longo da história foi necessário
entre outras tantas utilidades, ele poderia aliviar a escuri- criar vários códigos para que essas informações fossem en-
dão noturna e assim se manter mais seguro de ataques de tendidas e utilizadas por todos, surgiu então a “linguagem
cientifica”.
predadores ou de grupos inimigos que por ventura ten-
Para entendermos a combustão de um gás como o
tassem invadir o seu território. Hoje queremos nossas ruas
metano, por exemplo, precisamos saber de alguns princí-
iluminadas, pois, após milênios, as vias iluminadas ainda
pios básicos, que veremos a seguir.
nos dão a sensação de maior segurança. O homem primiti-
Todas as substâncias e toda a matéria são formadas
vo encerrava as suas atividades diárias com o cair da noite, por minúsculas partículas chamadas de átomos, para re-
a sociedade moderna, contudo, não encerra nunca e o que presentá-los utilizamos as letras iniciais dos seus nomes na
torna possível esta atividade frenética é a possibilidade de forma maiúscula.
se iluminar todos os ambientes. Mas vale a pena destacar Ex:
novamente, o caminho percorrido pela Ciência para que Oxigênio – O Hidrogênio - H
hoje toda a sociedade possa (em tese) se beneficiar da Luz. Nitrogênio – N Carbono - C

1 Bíblia Sagrada, Edição Pastoral Ed. Paulus.

2
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Quando é necessário usamos a primeira e a segunda letra, sendo que a segunda sempre deve ser minúscula:

Ex:
Níquel – Ni Lítio – Li Cobalto – Co

Às vezes utilizamos as primeiras letras dos nomes dos átomos em latim e isso pode nos causar certa estranheza, mas
temos que lembrar que se estudam estes elementos desde a Idade Média quando as línguas e códigos eram diferentes.
Ex:
Sódio – Na – (Natrium)
Enxofre – S – (Súlfur)
Chumbo – Pb – (Plumbum)

Quando juntamos dois ou mais átomos, iguais ou diferentes, formamos uma substância. As substâncias são represen-
tadas por fórmulas que contêm os tipos e quantidades de átomos existentes na substância.
A água, por exemplo, é representada pela fórmula H2O. Significa que na substância existem dois átomos de hidrogênio
e um de oxigênio. O gás carbônico é representado pela fórmula CO2. Significa que existem dois átomos de oxigênio e um
de carbono nesta substância. Observe, o número que representa a quantidade de um determinado átomo está à direita
dele e em tamanho menor. Quando o número aparece grande e na frente da fórmula significa que temos duas vezes a
quantidade de átomos da fórmula inteira.

Ex: 2 CO2 – significa que estamos falando de dois átomos de carbono e 4 de hidrogênio. Para entendermos melhor
vamos representar os átomos com esferas e associá-las às fórmulas:

Oxigênio Hidrogênio

H 2O Dois átomos de hidrogênio e um átomo de Oxigênio

2 H 2O Quatro átomos de hidrogênio e dois átomos de oxigênio

Figura 1.1 – Representação dos átomos de oxigênio e hidrogênio e da molécula de água.

Agora que podemos entender parte da linguagem cientifica vamos voltar a falar da combustão. Vamos usar como exemplo
o gás metano (CH4). Já dissemos anteriormente que a reação de combustão ocorre entre um combustível e oxigênio. Para repre-
sentarmos o que acontece escrevemos da seguinte forma:
CH4(g) + O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g)
Gás Gás Gás Água no estado
Metano oxigênio carbônico gasoso

3
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Esta forma de escrita é chamada de Equação química. vel, o desgaste dos recursos naturais será ainda mais insu-
Ela possui duas partes separadas por uma seta, que indica portável. “Ao ritmo do seu consumo atual, a Humanidade
que a reação está ocorrendo. Do lado esquerdo estão os precisará de dois planetas no início da década 2030 para
reagentes em suas devidas quantidades e proporções. Do responder às suas necessidades”, assinala hoje o Fundo
lado direito aparecem os produtos da reação nas quanti- Mundial para a Natureza (WWF).
dades que se formam. Note também que um índice (uma A pressão da Humanidade sobre os recursos naturais
letra pequena) do lado direito mostra o estado físico da do planeta mais do que duplicou nos últimos 45 anos de-
substância que participa ou que se forma na reação. Esta vido ao crescimento demográfico e ao aumento do con-
equação está nos dizendo que, proporcionalmente, uma sumo individual. Esta exploração esgota os ecossistemas
molécula da substância metano reage com uma molécula e o lixo resultante dessa utilização acumula-se no ar, na
do gás oxigênio formando uma molécula de gás carbônico terra e na água.
e duas de água. O desflorestamento, a degradação da qualidade do
A combustão transformou as moléculas que formam ar, da água, o declínio da biodiversidade e o desregra-
o gás metano em gás carbônico e água. Mas observe que mento climático provocado por emissões de gases com
os átomos que formavam essas moléculas não foram alte- efeito estufa, põem cada vez mais em perigo o bem-estar
rados. O número total de átomos no primeiro membro da e o desenvolvimento de todas as nações. 2
equação é igual ao número total de cada átomo no segun- De qualquer modo a ciência avançou bastante na área
do membro. Se o número de átomos é igual à soma das de combustíveis para tentar diminuir essa influencia nega-
massas dos reagentes também é igual à soma das massas tiva. No primeiro semestre de 2009 a Agência de Proteção
dos produtos. Portanto, durante uma reação química não Ambiental Americana certificou o primeiro automóvel do
há aumento nem diminuição da massa total. Essa afirma- mundo movido à célula de hidrogênio dando a ele o titulo
ção é conhecida como Lei da Conservação da massa ou de carro verde mundial. Este automóvel, que tem mesmo
principio de Lavoisier. desempenho e autonomia que um automóvel conven-
Quando um reagente é liquido, como o álcool, por cional, venceu 20 outros concorrentes, ou seja, a huma-
exemplo, podemos até pensar que a massa foi perdida,
nidade já não dependente do combustível fóssil nem de
pois o álcool desaparece. Essa aparente perda de massa
biocombustíveis, que emitem gás carbônico e monóxido
é explicada pelo fato de que os gases e o vapor de água
de carbono, para movimentar automóveis.
produzidos na combustão se espalham pela atmosfera. No
De qualquer forma uma tomada de consciência so-
entanto, essa reação ainda libera energia, que também não
bre a situação do planeta do qual fazemos parte e ao
é perdida. Parte da energia é transformada em luz, a outra
qual estamos intimamente ligados, tem sido alavancada
parte é transformada em calor. Observe a equação a seguir
com iniciativas no sentido da preservação ambiental e do
que representa a combustão do álcool. As setas ascenden-
uso racional dos recursos naturais. São exemplos dessas
tes indicam o que está sendo liberado para o ambiente veja
que mesmo assim o principio de Lavoisier é mantido. ações, a coleta seletiva e a reciclagem do lixo (principal-
mente papel e metais), a utilização do óleo de soja usado
para produção de biodiesel, campanhas para economia e
uso racional da água.

CIÊNCIA E SAÚDE

Cuidar ou não da saúde ambiental do planeta será


nos próximos anos, mais uma opção da humanidade, que
uma limitação tecnológica para que isso ocorra. É bem
verdade que foram instrumentos desenvolvidos pela área
Mas...e se precisarmos do dobro da energia liberada tecnológica que causaram boa parte dos danos ambien-
nessa combustão? Então precisamos usar o dobro dos rea- tais que presenciamos hoje. Mas a ciência já avançou o
gentes e obteremos também o dobro dos produtos. Isso suficiente para produzir, tanto os alertas de que o rumo
é garantido pela Lei das proporções definidas ou Lei de da humanidade deve ser mudado, como os instrumentos
Proust. para esta mudança e para muitas outras.
O homem já tem capacidade hoje de tratar doenças
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E RECURSOS antes de elas aparecerem. E tem feio isso através da ge-
NATURAIS nética, que começou a ser estudada por Charles Darwin e
por Gregor Mendell no século XIX. De acordo com estes
A humanidade necessita de recursos naturais em quan- estudiosos os seres vivos são fruto das suas interações
tidade muito maior (30% a mais) do que a capacidade de com o ambiente. De uma geração para outra de indiví-
reposição desses recursos pelo globo terrestre. E o que é duos de determinada espécie podem ocorrer alterações
pior: nem por isso ela tem um nível satisfatório de vida. genéticas (alterações no DNA da célula) que se traduzem
Basta ver que há 1,4 bilhão de pessoas vivendo abaixo do em novas características físicas e biológicas. Se estas ca-
nível de pobreza para concluir que, se superarmos esse ní- 2 www. apea.pt

4
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

racterísticas favorecerem a sobrevivência da espécie ela No primeiro semestre de 2009 ocorreram vários casos
será transmitida às novas gerações e surgirá uma nova de meningite na região metropolitana de Salvador. Como
espécie. Se não for, o novo indivíduo não será viável, não todos nós sabemos as condições dos hospitais públicos
estará apto para a sobrevivência e será eliminado natu- são ruins no país inteiro e quando o atendimento cresce,
ralmente pelo ambiente. Esta teoria é conhecida como fica pior ainda. Na falta do pronto atendimento como se
seleção natural. poderia avaliar se uma pessoa teria possibilidade de estar
com essa doença?
A meningite é uma inflamação em uma membrana
Os genes são pedaços de uma molécula chama- (uma pele muito fina) que envolve o cérebro, ela pode ser
da ácido desoxirribonucléico – DNA - que, em provocada por bactérias como os Meningococos ou por vírus
geral, se encontra no núcleo da célula. O DNA como o Haemofilus. Se a inflamação é ao redor do cérebro é
está presente e define as características de to- de se esperar que ela cause dores de cabeça e é este mes-
dos os seres vivos. mo o primeiro sintoma. Ao se observar uma pessoa com
dores de cabeça deve-se verificar se ela também tem febre
Talvez a espécie humana seja a única que contraria esta alta e constante. O cérebro e a medula espinhal (que fica
teoria. Os avanços da ciência no campo da medicina possi- dentro da coluna vertebral) estão interligados, fazendo com
bilitaram a sobrevivência de um número cada vez maior de que a inflamação também cause na pessoa uma dificulda-
indivíduos com características genéticas que só permitem de para dobrar o pescoço, chamada de rigidez de nuca. Os
seu bem-estar quando os efeitos delas são devidamente médicos fazem um teste muito simples: pedem para que
controlados através de drogas e outros tratamentos. São se encoste o queixo no peito. Se a pessoa não consegue é
exemplos os diabéticos e hemofílicos, que só sobrevivem e mais um sinal de que ela pode estar doente. Prosseguindo
levam vida relativamente normal ao receberem suplemen- nesta investigação, deve-se observar se a pessoa tem man-
tação de insulina ou do fator VIII da coagulação sanguí- chas avermelhadas no corpo e se houver ela deve ser levada
nea respectivamente. Esses fatos permitem afirmar que os imediatamente a um pronto socorro.
avanços da medicina podem diminuir os efeitos da seleção No hospital é retirado um líquido existente no interior
natural sobre as populações. Isso porque os tratamentos da medula chamado líquor. Este líquido deve ser transpa-
de doenças como o diabetes, por exemplo, apesar de não rente, e se ao invés disso estiver turvo (com aspecto lei-
curarem a doença, prolongam a vida das pessoas. toso) a pessoa deve ser internada para tratamento. Mas a
E a ciência vai mais além, quem já não ouviu falar so- investigação não termina aí, para se tratar a doença é ne-
bre terapia genética, células tronco e mapeamento ge- cessário saber que tipo de microorganismo a está causan-
do. O líquor então é colocado em um pequeno recipiente
nético? Uma reportagem publicada na revista Época em
com uma gelatina nutritiva para que os microorganismos se
20/04/2009 explica que já é possível fazer o “mapeamento”
multipliquem e possam ser observados ao microscópio. Só
genético, ou seja, determinar através da seqüência de ge-
depois disso é que se tem certeza sobre o tratamento que
nes que formam o DNA, se uma pessoa tem a possibilida- será eficiente. É preciso ficar bem claro que só um médico
de de desenvolver câncer, problemas de visão, obesidade, pode fazer o diagnóstico de uma doença séria como esta,
problemas cardiovasculares, etc. Não se pode mudar as ca- mas com um conhecimento mínimo nós mesmos podemos
racterísticas genéticas de um individuo e evitar as tendên- observar os primeiros sintomas e encaminhar a pessoa sus-
cias ao desenvolvimento de certas doenças, mas tendo co- peita da doença ao hospital. Nos casos em que os sintomas
nhecimento dessas tendências o individuo pode se cuidar já são conhecidos os pacientes têm atendimento prioritário.
e interagir melhor com o ambiente para que as tendências Quando surgem muitos casos em uma mesma região
não se confirmem e assim evite a doença. são as autoridades sanitárias que precisam usar o método
Estudos recentes também têm usado células tronco de observação das Ciências. Precisam determinar as causas
para devolver o movimento a quem teve uma lesão na me- e, se for necessário, fazer uma campanha de vacinação para
dula óssea e ficou paraplégico. Estas células são capazes prevenir novos casos da doença.
de se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo hu- E por falar em vacinas, elas têm sido as grandes res-
mano, ao serem injetadas no local da lesão elas se desen- ponsáveis pela prevenção de vários tipos de doenças há
volvem e regeneram os tecidos da medula “consertando” o várias décadas. Já na virada do século XIX para o século XX
local que foi danificado. (por volta de 1900) o químico Louis Pasteur utilizou seus co-
Assim como Darwin e Mendell todas as pessoas que nhecimentos científicos, o grande desenvolvimento indus-
trabalham com as Ciências da Natureza têm uma metodo- trial, cultural, econômico e tecnológico gerado na Europa
logia a ser seguida para que seus estudos e descobertas juntamente com o desenvolvimento do microscópio para
possam ser considerados corretos. Ela está baseada princi- mostrar que os fungos se propagam por meio de formas
palmente na observação paciente e atenta de um proble- microscópicas (seus esporos) e que as bactérias, sempre in-
ma para que se encontre a sua solução. Não é nada com- visíveis a olho nu, se reproduzem a partir de outras bacté-
plicado, vários profissionais como médicos, engenheiros e rias. Mas uma das grandes descobertas, que revolucionaria
professores seguem essa metodologia. Nós também pode- a saúde no planeta, proporcionando grandes avanços na
mos segui-la em situações onde a nossa interferência pode qualidade de vida da população, foi a descoberta da peni-
ser decisiva para vida de outra pessoa. cilina por Alexander Fleming, bacteriologista do St. Mary’s
Hospital, de Londres em 1920.

5
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Vacinas são medicamentos que contem pedaços de


microorganismos ou os próprios microorganismos
atenuados responsáveis por determinada doença.
Como estão enfraquecidos eles não conseguem se
instalar num organismo vivo, mas fazem com que
este organismo desenvolva defesas e resistência
contra a doença.

Hoje temos vacinas disponiveis para se combater di-


versas doencas, entre elas, os tipos de meningites diferen-
tes que podem nos deixar doentes.

VENCENDO DESAFIOS E DISTÂNCIAS

A ciência sempre foi impulsionada por desafios, neces-


Figura 1.2 - Alexander Fleming, sidades e desejos dos seres humanos. Entre estas necessi-
bacteriologista que desenvolveu a penicilina. dades estava a comunicação. O mundo aumentava rápido
de tamanho com as grandes navegações, a descoberta de
Ele já vinha há algum tempo pesquisando substâncias novas terras e novos continentes. A população também
capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias crescia e ficava cada vez mais difícil se comunicar de um
ponto distante ao outro. Uma descoberta que começou
nas feridas infectadas. Essa preocupação se justificava pela
por acaso revolucionou e melhorou muito a comunicação
experiência adquirida na Primeira Grande Guerra (1914-
no século XIX, o telefone.
1918), na qual muitos combatentes morreram em conse- Na tarde do dia 2 de junho de 1875, Graham Bell e
qüência da infecção em ferimentos profundos. Em um dos Thomas Watson puseram-se a fazer experiências para veri-
seus experimentos Fleming reparou que numa determina- ficar o funcionamento do telégrafo harmônico. Cada um foi
da cultura de bactérias, contaminada por uma determinada para uma sala, no sótão da oficina de Bell. Watson, em uma
espécie de fungos, as bactérias não se desenvolviam.3 Este delas, tratava de ligar os diversos eletroímãs, enquanto Bell,
fungo foi identificado, estudado e com ele foi preparado o na outra, observava o comportamento dos eletroímãs de
primeiro antibiótico, a Penicilina. seu aparelho que deveriam vibrar estimulados pelo apare-
De qualquer modo nem sempre a ciência é bem aceita. lho de Watson.
O médico Oswaldo Cruz foi o pioneiro no estudo das mo-
léstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Fun-
dou em 1900 o Instituto Soroterápico Nacional no bairro de
Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto
Oswaldo Cruz que é respeitado internacionalmente.
No período da Republica o Rio de Janeiro sofria com
uma epidemia de varíola. Oswaldo Cruz convenceu o go-
verno da época que a doença só poderia ser controlada
através da vacinação em massa da população. A campanha
de vacinação obrigatória foi colocada em prática em no-
vembro de 1904. Embora seu objetivo fosse positivo, ela
foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns ca-
sos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam
as pessoas à força, provocando revolta. Essa recusa em ser Figura 1.3 - Reconstituição artística de Bell escutando os
vacinado acontecia porque grande parte das pessoas não sons do receptor do telégrafo harmônico, em 18755
conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus
efeitos. Estourou então um movimento de caráter popular Como acontecera muita outras vezes, a coisa não fun-
na cidade do Rio de Janeiro contra a campanha de vacina- cionou e para piorar, a lâmina de um dos transmissores não
ção obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a va- vibrava quando ligada à pilha. Como essa lâmina parecia
ríola. Esta revolta ficou conhecida como Revolta da Vacina.4 estar presa, Watson começou a puxá-la e soltá-la para ver
se assim, ela começava a vibrar como deveria. Nisso, Bell
ouve uma forte vibração no aparelho que estava em sua
3 Fonte: http://usuarios.cultura.com.br/ sala, dá um grito e vai correndo perguntar a Watson o que
ele havia feito.
jmrezende/penicilina.htm
4 Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Oswaldo_
Cruz 5 Fonte:www.museudotelefone.org.br

6
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Dando uma olhada na lâmina que estava com proble- vas tecnologias com entusiasmo e ao mesmo tempo com
ma, Bell viu que um parafuso estava muito apertado, im- certa apreensão, ou seja, medo das mudanças. Foi assim
pedindo que o contato elétrico gerado entre a lâmina e que as pessoas reagiram e ainda reagem frente à televi-
o eletroímã fosse rompido, isso causava a interrupção da são de plasma, ao computador, ao telefone celular e mais
transmissão de pulsos elétricos para a outra sala. Intrigado, recentemente à Internet. Esta última veio acrescentar mais
Bell começou a quebrar a cabeça imaginando o que havia algumas opções de escolhas em nossas vidas e até encur-
acontecido. De repente, compreendeu que, quando a lâ- tar grandes distâncias no planeta como um todo. Pode ser
mina de aço vibrou diante do eletroímã, ela produziu uma agradável ver alguém que está distante através do moni-
corrente elétrica na bobina e essa corrente elétrica produ- tor, ouvir música, enviar documentos, ler livros e até marcar
ziu a vibração no aparelho que estava na outra sala. uma viagem utilizando o computador. A máquina nos pro-
O princípio da física que explicava esse fenômeno não porcionou uma interação nunca antes vista pelas pessoas.
era novo. Michael Faraday já havia demonstrado, quarenta Com a invenção do telefone a humanidade resolveu
anos antes, que o movimento de um pedaço de ferro perto uma parte do seu problema de comunicação, mas ainda
de um eletroímã podia criar vibrações elétricas do mesmo precisava resolver o problema da saudade das pessoas que
tipo. Porém, apesar desse fenômeno já ser conhecido, foi só estavam longe. Uma viagem de navio entre a Europa e a
nesse dia que Bell percebeu que poderia usá-lo para fazer América, por exemplo, demorava meses nos navios a vapor.
o que tanto queria: transmitir a voz através da eletricidade. Além disso o homem tinha um velho desejo, voar
como os pássaros. Esse desejo se manifestou na antiguida-
de através da lenda de Ícaro que construiu uma asa usando
penas e cera e conseguira voar, só que voou tão alto e tão
perto do sol que o calor derreteu a cera das suas asas. Leo-
nardo Da Vinci, séc. XV, também realizou diversos estudos
tentando alçar vôo.
O homem acreditava que para voar precisaria de asas
como as dos pássaros. Mas com muitos estudos e obser-
vações ele percebeu que ao bater as asas os pássaros for-
çavam o ar para baixo enquanto seus corpos eram jogados
para cima em reação à forca exercida sobre o ar. O segredo
talvez não fosse as asas e sim fazer com que o ar jogasse
um objeto para cima. Ao perceber isso e que o ar quente
era mais leve (ou menos denso) que o ar frio, o homem foi
capaz de criar várias formas de voar, todas tendo como
Figura1.4 - Os primeiros diagramas do telefone, desenha-
principio a reação à resistência do ar.
dos por Bell em junho de 1875.6
Por exemplo, os balões dirigíveis eram impulsionados
Nesse mesmo dia, antes de ir para casa, Bell deu ins- para cima porque o ar frio, mais denso, empurra para cima
truções a Watson para que construísse um novo aparelho, o ar quente contido no seu interior. As asas dos aviões em-
adaptando o antigo dispositivo, com a finalidade de captar purram o ar para baixo quando eles ganham velocidade,
as vibrações sonoras do ar e produzir vibrações elétricas. em reação os aviões decolam. Na verdade Newton já havia
Estava assim inventado o primeiro telefone da história. percebido, muito antes da invenção do avião, que os movi-
mentos dos corpos de um modo geral se sustentam em vir-
INTERNET? QUE COISA É ESSA? tude das forças de reação. As conclusões de Isaac Newton
deram a origem a sua terceira lei, a lei da ação e reação:

Quando um corpo recebe uma força ele reage


com outra força de mesma direção, mesma inten-
sidade e sentido oposto.

Vale lembrar que “direção” na linguagem da física pode


ser horizontal ou vertical e os sentidos para cima, para bai-
xo, para direita ou esquerda.
Apesar dos entendimentos de Newton sobre a física
envolvida no vôo, coube a Santos Dumont resolver a equa-
ção que tirasse um objeto mais pesado que o ar do solo.
Muitos anos depois, Bell nem imaginaria as contribui- A invenção e aperfeiçoamento do avião encurtaram as dis-
ções que sua descoberta traria ao mundo atual. Mas nem tâncias entre as pessoas possibilitando maior integração
tudo é assimilado pelas pessoas rapidamente, como tudo cultural, comercial e econômica entre as várias partes do
que se realiza no decorrer da vida, o mundo recebe as no- mundo.
6 Fonte:www.museudotelefone.org.br

7
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS – POR QUE NUNCA É SUFICIENTE?

Leia atentamente o trecho de um artigo de Adriano M. Branco, engenheiro e administrador, publicado no jornal O
Estado de São Paulo intitulado O Mundo dos Desperdícios:

- Um pequeno produtor de milho de Minas Gerais, entrevistado, disse ter, habitualmente, perdas de 70%. São os
carunchos, os ratos, a umidade, o transporte, etc., etc., que causam isso.
Espantada, a jornalista perguntou: “Mas o senhor não pode melhorar o seu processo de armazenamento e trans-
porte?” Ao que ele respondeu: “Fica muito caro.” E ela retrucou: “Para isso você conta com o financiamento do
Banco do Brasil.” A resposta foi triste: “Aí eu perco minha terra...”
Esse pequeno produtor - e as nossas grandes safras dependem muito dos pequenos produtores - encontrava,
afinal, o seu equilíbrio econômico. Perdia 70% de sua safra, mas conseguia sobreviver, sem o risco de empenhar
a sua terra para se modernizar. A famosa “viabilidade econômica”, acoplada à “taxa interna de retorno”, estava
resolvida.
O sitiante perdia 70% de seu produto, a Ceasa jogava fora 80 toneladas de alimentos todos os dias. Mas, no frigir
dos ovos, estava tudo nos conformes. (Por falar em ovos, o município de Bastos, o maior produtor do Brasil, perdia
10% de sua produção de ovos por falta de pavimentação de uma estrada de 15 quilômetros que, quando feita,
reduziu as perdas para 2%...). Tudo estava na conformidade de um conceito econômico que não leva em conta as
perdas ambientais.
Veja que, se o pequeno agricultor perdesse só 10% de seu milho, ele poderia realizar a mesma produção em um
terço da área, consumindo um terço dos fertilizantes, da água e da própria força de trabalho. Nossos descenden-
tes, beneficiados porque o mundo não acabou, agradeceriam.
Os milhares de toneladas de alimentos que se perdem na Ceasa, nos transportes, etc., etc., significam demandas
feitas à natureza, sem nenhum retorno.
Resolver esses problemas da produtividade nacional não é apenas uma questão econômica, mas, acima de tudo,
um “problema ético”, como bem demonstrou o cientista Samuel Murgel Branco em seu livro: Meio Ambiente, Uma
Questão Moral.

Este trecho do artigo nos mostra que não basta ter a tecnologia e o desenvolvimento científico ao nosso favor para
que possamos satisfazer e superar nossas necessidades. É preciso também haver uma mudança de cultura, é preciso que
a sociedade de um modo geral tenha conhecimento e educação para acompanhar e poder se beneficiar deste desenvol-
vimento.
O Brasil apresenta uma produtividade agrícola 27% menor em relação a obtida pelos americanos. Isso significa que
precisamos de mais terras cultiváveis, consumimos mais fertilizantes e mais defensivos agrícolas, poluímos mais nossos
solos e águas subterrâneas, produzimos mais lixo e temos que nos livrar dele, ou seja, estamos consumindo rapidamente
nosso solo e nossos recursos para produzir menos.
Ao longo dos anos, o lixo em particular passou a ser uma questão de interesse global. E os problemas são os mesmos
de um lado a outro do globo: o destino do lixo e seu acondicionamento inadequado têm trazido graves problemas a todas
as nações. As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter sobre a saúde humana e sobre
o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens).
O “lixo” é uma grande diversidade de resíduos sólidos de diferentes procedências, dentre eles, o resíduo sólido urbano
gerado em nossas residências.
Nos dias atuais, com a maioria das pessoas vivendo nas cidades e com o avanço mundial da indústria provocando mu-
danças nos hábitos de consumo da população, vem-se gerando um lixo diferente daquele que se produzia há 50 anos, em
quantidade e diversidade. Até mesmo nas zonas rurais encontram-se frascos e sacos plásticos acumulando-se devido a for-
mas inadequadas de descarte. Em um passado não muito distante a produção de resíduos era de algumas dezenas de quilos
por habitante/ano; no entanto, hoje, países altamente industrializados como os Estados Unidos produzem mais de 700 kg/
hab/ano. No Brasil, o valor médio verificado nas cidades mais populosas é da ordem de 180 kg/hab/ano.
O avanço da tecnologia para reciclagem do lixo tem um papel importante tanto ambiental como social. Ambiental por-
que evita que materiais que levariam centenas de anos para se decompor sejam enterrados no solo. Social porque existem
diversas cooperativas de trabalhadores que encontram na coleta, separação e processamento do lixo reciclável uma forma
de conseguir renda e viver com dignidade.

O LIXO NA FORMA DE GÁS


Em cidades como São Paulo, e outras de grande população, a presença, no ar, de produtos resultantes da queima de
combustíveis utilizados nos veículos de transporte, juntamente com as emissões das chaminés das indústrias, é uma das
principais causas da poluição, do lixo na forma de gases, jogados no ar.

8
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Na maior parte do tempo, invisível, mas sempre pre- Todos os trabalhos envolvidos nessas mudanças, des-
sente, a poluição atmosférica é um fator extremamente cobertas e desenvolvimento de tecnologia seguiram pa-
importante na degradação da qualidade de vida das popu- drões, metodologias, etapas, pesquisas, etc. Mas não pense
lações urbanas. Em São Paulo por exemplo pesquisadores você, que foram somente estes fatores que levaram estes
do Departamento de Poluição Atmosférica da Faculdade homens na busca destas descobertas. Houve também mui-
de Medicina da USP mostraram que, quando aumenta o ta persistência, força, trabalho, estudo, horas mal dormidas,
nível da poluição do ar, o que acontece principalmente no frustrações (... nem tudo dava certo!). Mas uma coisa pode
inverno, cresce em até 12% a taxa de mortalidade por pro- ter certeza, além de muito conhecimento, foram movidos
blemas respiratórios entre os idosos e sobe em até 20% o por um espírito de mudanças, para promover mais qualida-
número de internações hospitalares de crianças. No perío- de de vida à sociedade como um todo.
do em que a pesquisa aconteceu (1996 - 1997), a capital
recebia, anualmente, 3 milhões de toneladas de poluentes, AGORA É A SUA VEZ!
sendo 90% emitidos por gases dos veículos motores. O
Atividade 1
principal poluente é o monóxido de carbono (CO), do qual
A amônia (NH3) é uma substância gasosa a tempera-
foram emitidas quase 2 milhões de Toneladas.7 De posse
tura ambiente. Ela pode ser produzida através da reação
desses dados a prefeitura de São Paulo instituiu algumas
entre duas moléculas do gás nitrogênio (N2) e três molé-
medidas para diminuir a concentração de poluentes na ci-
culas do gás hidrogênio (H2). Esta reação dá como produto
dade: duas moléculas do gás amônia. Assinale a alternativa que
- Criou os corredores de ônibus para que estes cir- mostra corretamente a equação que representa a síntese
culem mais rápido e estimulem seu uso pela população da amônia.
que anda de carro. (A) N2(s) + H2 (g) → NH3 (g)
- Limitou o trafego de veículos pequenos como car- (B) N2(g) + H2 (g) → NH3 (g)
ros e caminhonetes no centro da cidade. (C) N2(s) + 3H2 (S) → 2NH3 (g)
- Ampliou as linhas de metrô que funcionam com (D) N2(g) + 3H2 (g) → 2NH3 (g)
energia elétrica.
- Instituiu o rodízio municipal para diminuir o nú- Atividade 2
mero de carros e melhorar o trânsito. Sobre invento de Graham Bell e o mundo atual, pode-
Nos dias de hoje há uma tendência de queda nesses mos relacionar:
níveis de poluentes devido a entrada em circulação de no- (A) o combate às bactérias.
vos motores e o uso obrigatório de catalisadores nos es- (B) a diminuição das distâncias no globo terrestre,
capamentos dos veículos. Contudo sabemos que não é tão aproximando mais as pessoas.
simples, os carros são menos poluentes mas a frota urbana (C) não proporcionou nenhuma vantagem, pois atual-
cresce sem parar. mente utilizamos o email.
A compreensão da problemática do lixo e a busca de (D) é uma tecnologia ultrapassada, pois hoje podemos
sua resolução pressupõem mais do que a adoção de tec- utilizar o aparelho celular que não tem nada haver com o
nologias. Uma ação na origem do problema exige reflexão invento dele.
não sobre o lixo em si, no aspecto material, mas quanto ao
seu significado simbólico, seu papel e sua contextualização Atividade 3
social e cultural.8 Em 1864, o cientista Louis Pasteur comprovou que os
Bom! Agora você começou a entender e até pensar de microrganismos estavam presentes no ar e inventou a pas-
teurização, isto é, o processo pelo qual se eliminam os mi-
modo cientifico, refletindo cada vez mais, podemos perce-
crorganismos presentes no alimento por meio da elevação
ber quantas mudanças foram feitas pelo homem, através
da temperatura e de um rápido resfriamento. Atualmente,
da ciência no seu cotidiano.
utiliza-se a pasteurização, a fervura e o salgamento para:
É importante que você se familiarize com a linguagem
(A) melhorar o sabor dos alimentos.
e o trabalho dos cientistas, buscando explicar assuntos tão (B) facilitar o cozimento dos alimentos.
importantes como a origem da vida, o aparecimento das (C) auxiliar a digestão dos alimentos.
espécies, a estrutura e as propriedades da matéria, a or- (D) reduzir a contaminação nos alimentos.
ganização do Universo, a natureza da luz e tantos outros.
Freqüentemente, esses assuntos não acabam com a apre- Atividade 4
sentação de uma teoria que consiga explicar o que está Quando os pesquisadores anunciam a descoberta de
sendo estudado. Novas descobertas, revisão de estudos já um novo remédio, a sociedade pode ficar tranqüila, pois:
completados e a troca de informação sobre os estudos e (A) a doença pode ser considerada erradicada no mundo.
experiências podem resultar em novas teorias, que expli- (B) por ser pesquisada por cientistas, rapidamente,
cam melhor ou que completam as que já existiam. pode ser aprovada sua utilização pela população.
(C) o remédio será testado apenas em algumas pes-
7 (Notícias FAPESP, no 21, Junho de1997). soas, que não tem nenhum problema de saúde.
8 Lixo:conseqüências, desafios e soluções, (D) serão feitos testes padronizados para averiguar sua
Geila Santos Carvalho segurança e eficácia.

9
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 5 Capítulo 2
(ENCEEJA 2005) De Thomas Malthus, estudioso da de-
mografia, Darwin adotou uma idéia crucial: nem todos os
indivíduos que nascem conseguem sobreviver e se repro- O Papel da Tecnologia no nosso Mundo
duzir em função das limitações de alimento e espaço. Dar-
win estendeu esse conceito a todas as espécies. Assim, a COMPREENDER O PAPEL DAS CIÊNCIAS NATU-
superabundância de filhotes, como no caso de alevinos de RAIS E DAS TECNOLOGIAS A ELAS ASSOCIADAS, NOS
salmão, dá origem à competição, sobrevivendo só os mais PROCESSOS DE PRODUÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO
bem adaptados. ECONÔMICO E SOCIAL CONTEMPORÂNEO.
National Geographic - Brasil/ Nov. 2004, pág. 55, com
adaptações. José Luis de Souza
De acordo com o texto, podemos afirmar que ele se
refere
à evolução com base na:
(A) migração.
(B) explosão demográfica.
(C) seleção natural.
(D) deriva genética

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!


1-D
2-B
3-D
4-D
5–C
Figura 2.1 – Aparelho de telefone celular.
PRA FIM DE PAPO!
O aparelho que você está vendo na figura se transfor-
Este capítulo abordou as seguintes habilidades: mou, na última década, no sonho de consumo de milhares
de pessoas. Mais do que uma ferramenta de comunicação
• Identificar transformações de idéias e termos cien- ele é um dos símbolos da revolução tecnológica que a
tífico-tecnológicos ao longo de diferentes épocas e entre humanidade presenciou à partir da década de 50 do século
diferentes culturas. passado.
• Utilizar modelo explicativo de determinada ciência Apesar da comunicação móvel ser conhecida desde o
natural para compreender determinados fenômenos. início do século XX, somente em 1947 passou a ser desen-
• Associar a solução de problemas de comunicação, volvida pelo Laboratório Bell, nos Estados Unidos. A pri-
transporte, saúde, ou outro, com o correspondente desen- meira chamada de um telefone celular foi realizada em 3
volvimento científico e tecnológico. de abril de 1973, em Nova York (EUA), por Martin Cooper,
• Confrontar diferentes interpretações de senso co- então gerente geral da Motorola. O aparelho utilizado pe-
mum e científicas sobre práticas sociais, como formas de sava cerca de um quilo e media 25 cm de comprimento por
produção, e hábitos pessoais, como higiene e alimentação. 7 cm de largura, com uma bateria que se esgotava após 20
• Avaliar propostas ou políticas públicas em que co- minutos de conversa.
nhecimentos científicos ou tecnológicos estejam a serviço Os aparelhos comerciais pesavam meio quilo e os as-
sinantes pagavam 20 mil dólares para entrar no sistema.
da melhoria das condições de vida e da superação de desi-
O telefone celular que usamos hoje pesa por volta de
gualdades sociais.
cento e cinqüenta gramas, e tem dimensões de 10 cm de
comprimento, 5 cm de largura e 1cm de espessura. Este pe-
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
queno aparelho pode armazenar uma grande quantidade
um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
de dados, tocar música, gravar sons, tirar fotografias e fazer
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
filmagens, navegar na internet, ser localizado com GPS via
satélite e além de tudo...serve para fazer e receber chama-
das telefônicas. Tudo isso se deve ao acúmulo de conheci-
mento gerado por centenas de mentes e principalmente ao
desenvolvimento que a tecnologia de informática sofreu
nos últimos anos.
Você deve se lembrar ou deve ter ouvido falar dos ve-
lhos toca discos onde se colocava um LP, um disco de vinil
cheio de sulcos que fazia uma agulha vibrar quando ras-
pava sobre ele e essas vibrações eram traduzidas em sons.

10
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Em seguida vieram as fitas cassete, onde as gravações eram Será que é possível resolver esta equação onde desen-
magnéticas, registradas pelo ajuste magnético de partículas volvimento e ambiente poderão conviver em harmonia?
compostas por ferro e cromo. Por fim vieram os CDs, lidos Talvez sim com muito esforço e estudos, mas com certe-
por um feixe de raios lazer que ao incidir no disco sofre inter- za não será resolvido sem os conhecimentos das Ciências
ferência da sua superfície e ao atingir um detector transfere Naturais e nem sem pessoas qualificadas para utilizar este
as informações gravadas neste disco e agora, os famosos pen conhecimento. Você será uma delas!
drives e cartões de memória podem gravar centenas de mú-
sicas digitalizadas e outros tipos de dados. ONDAS POR TODOS OS LADOS
Perceba que em pouco tempo as chamadas “mídias”
passaram do armazenamento físico de dados, para o mag- Você já percebeu que hoje em dia muitas pessoas e
nético e do magnético para o digital. A tecnologia envolvida talvez até você mesmo use uma chave com controle re-
neste desenvolvimento se baseia na informática, nas teleco- moto para abrir e fechar o carro? O portão da casa ou da
municações e na robótica. garagem do prédio também são abertos e fechados assim.
No século XVIII, a utilização das primeiras máquinas Quando seu telefone sem fio toca, você pega o controle
representou uma profunda transformação na produção de remoto para abaixar o volume da TV ou do rádio para po-
bens manufaturados em relação às técnicas artesanais da der atender. E mesmo o seu rádio e TV; como as imagens e
Idade Média. Hoje em dia, as transformações do modo de sons chegam até eles?
vida da sociedade estão baseadas na informação, no conhe- Tudo isso é possível graças à utilização das ondas ele-
cimento e na capacidade de transformá-los em objetos para tromagnéticas. Essas ondas são perturbações (oscilações)
consumo. Isso é tão forte que o momento pelo qual passa- causadas voluntária ou involuntariamente em campos
mos atualmente é conhecido como Era da Informação. magnéticos, elas transportam sinais através do ambiente
A utilização de robôs nas linhas de montagem das indús- sem a necessidade de fios, podem atravessar paredes e até
trias, por exemplo, aumentou espantosamente a produtivida- o espaço, por isso podemos dizer que elas estão em todos
de, atendendo ao rápido aumento do consumo que temos os lugares. Para você ter uma idéia de como viajam rápido,
hoje. Seria impossível, apenas com a habilidade manual dos elas se deslocam no ar a uma velocidade de 300.000 Km/s.
seres humanos, produzir tantos aparelhos pequenos e delica- Quando você liga seu rádio esperando ouvir sua músi-
dos em tão curto espaço de tempo e em quantidade suficiente ca favorita saiba que a estação de rádio que você quer ou-
para suprir a demanda por eles. Mas sem o desenvolvimento vir opera em uma determinada freqüência. Esta freqüência
da informática, a robótica pouco avançaria, visto que tanto os é o número de oscilações que a onda eletromagnética rea-
movimentos dos robôs como o projeto para desenvolvê-los liza por segundo. Por exemplo, uma rádio que opera em
são realizados por sistemas de informática especializados. 90 quilohertz (kHz), transmite sua programação com uma
O desenvolvimento da informática exigiu também o rápido onda que produz 90.000 oscilações por segundo. Isso não
desenvolvimento da tecnologia de comunicações. A quantida- acontece somente com o rádio, mas também com a televi-
de e a transmissão das informações acontecia tão rápido que são, o celular, e outros aparelhos.
foi necessário inventar instrumentos, que fizessem sua troca e
transporte também extremamente rápidos. Um exemplo disso
Freqüência é o número de oscilações que a onda
é a fibra ótica utilizada em linhas telefônicas que além de trans-
eletromagnética realiza por segundo.
mitir a fala das pessoas, transmitem também dados, imagens,
músicas, textos, etc. São essas fibras que tornam viável a rede
Para evitar confusões existe uma faixa de freqüência para
mundial de computadores, a internet. Através dela, de casa ou
cada tipo de serviço. Você não ouve rádio tentando sintonizar
do trabalho, podem-se movimentar contas bancárias, acessar
informações em computadores do outro lado do planeta ou um canal de TV, nem ouve a conversa de um celular quando
conversar com diversas pessoas ao mesmo tempo. liga o rádio. As ondas não se confundem porque têm tama-
Assim como na revolução industrial do século XVIII, as má- nhos ou comprimentos diferentes. Observe as figuras a seguir:
quinas atuais substituíram milhares de empregados nas linhas de
montagem, produção e serviços nas grandes cidades. Hoje você
usa um cartão magnético para gerenciar sua conta bancária. Não
necessita mais do gerente, do recepcionista, do caixa do banco,
porque além do serviço por telefone fixo, pode utilizar também
o celular e a internet para resolver seus problemas bancários. Até
tarefas simples como a do cobrador de ônibus estão sendo reali-
zadas por máquinas deixando muitas pessoas sem trabalho.
O que gerou melhoria na qualidade de vida para milhões
de pessoas também criou um grande problema social ele-
vando muito a taxa de desemprego deixando milhares de
pessoas de fora da economia formal. O meio ambiente tam-
bém sofreu com esta corrida tecnológica, pois muitas das
matérias primas utilizadas na produção desta tecnologia não
são biodegradáveis e vários dos processos de produção são Figura 2.2 – Representação esquemática de duas ondas
altamente poluentes. com freqüências e comprimentos diferentes.

11
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Perceba através das ondas mostradas na figura que é possível caber mais ou menos oscilações no espaço de 1 segundo.
Onde cabem mais, elas aparecem mais vezes porque são mais curtas, dizemos que elas apresentam maior freqüência. Elas
carregam mais energia que as ondas mais longas que cabem menos vezes no espaço de um segundo, ou seja, as ondas
longas têm menor freqüência e transportam menos energia. Portanto, os aparelhos de comunicação que operam em
regiões distantes dos centros urbanos e muito isoladas utilizam as ondas curtas, pois tendo maior energia podem se
propagar por distâncias maiores.
Existe um grupo bem grande dessas ondas viajando pelo ar com a mesma velocidade. O que elas possuem de dife-
rente são o comprimento e a freqüência. Este grupo de ondas é chamado de espectro eletromagnético.

Figura 2.3 – Representação do espectro eletromagnético mostrando comparações entre os comprimentos das ondas e
objetos mais próximos do cotidiano. 9

Espera um pouco, tem um jeito sim de ondas de rádio se confundirem no espaço! Isso tem sido percebido principal-
mente na comunicação de aviões com as torres de controle. Existem rádios clandestinas que transmitem a programação
em faixas de freqüência não autorizadas pelo governo. Quando a freqüência coincide com aquela utilizada pelos aviões
elas interferem e, se forem mais intensas, ouve-se a rádio e não as vozes da comunicação entre pilotos e controladores
de vôo. Criar e operar rádios piratas são ações criminosas e muito perigosas, não ouça! E se você conhecer alguma,
denuncie, pratique sua cidadania.

PROTEJA - SE DAS ONDAS, SE PRECISAR!


Muitas pessoas se incomodam quando as empresas de telefonia instalam antenas para retransmissão dos sinais
(ondas) de celulares próximos as suas casas. Elas ficam preocupadas com a possibilidade de que essas ondas possam
causar algum dano à saúde.
Podemos verificar no espectro eletromagnético que as ondas usadas em comunicações fazem parte do grupo
que tem as freqüências mais baixas. Dissemos a pouco que quanto menor a freqüência da onda, menos energia ela
transporta (por isso, é comum se dizer que é mais “fraca’). Esse grupo é conhecido por ondas de radiofreqüência, ra-
diodifusão ou simplesmente ondas de rádio. Mas será que existe mesmo perigo nas ondas de rádio, TV, microondas e
celulares? No caso das radiações de baixa freqüência emitidas por esses aparelhos e outros transmissores de ondas de
radiofreqüência, acredita-se que elas não causem tantos problemas, pois são menos energéticas. Isso não quer dizer
que não sejam causa de preocupações, pois também podem ter efeitos sobre o organismo humano e sobre o ambiente.
Este é um assunto polêmico, ou seja, há opiniões muito diversas sobre os efeitos e as intensidades dos danos que
essas ondas podem causar à nossa saúde. Algumas pesquisas que foram feitas com várias faixas e intensidades de
ondas indicaram que ficar muito tempo próximo a fontes de radiofreqüência pode provocar sensação de cansaço, mu-
danças de comportamento, perda de memória, mal de Parkinson, mal de Alzheimer e até câncer. De qualquer modo a
OMS (Organização Mundial da Saúde) fixa alguns limites para a distância e tempo de exposição a essas ondas. Portanto
se a antena retransmissora da empresa de telefonia estiver dentro dessas recomendações, a vizinhança pode ficar um
pouco mais tranqüila.
E as ondas de alta freqüência? Devemos nos preocupar com elas? A Ciência diz que sim. Os raios-X e os raios gama
fazem parte dos grupos de maior freqüência e também os mais energéticos e mais penetrantes nos materiais, elas podem
provocar danos muito graves à saúde por terem muita energia, sendo capazes de penetrar nas coisas e nas pessoas rompendo
ligações químicas nas moléculas dentro das células. O câncer é um dos efeitos produzidos dessa maneira.
9 ( fonte: www.ufpa.br)

12
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

De qualquer forma, todas essas radiações de freqüência superior às da luz visível têm muitos usos clínicos e industriais.
Pois é! Como se pode ver, estamos em um campo polêmico mesmo! Os benefícios da utilização das ondas são certos, mas
os riscos… são riscos e, por isso, devem ser conhecidos, reduzidos e, quando possível, eliminados10.
Neste ponto a tecnologia também nos ajuda. Vejamos, como funciona o forno de microondas, um equipamento bastante
conhecido hoje em dia nas cozinhas (principalmente nas cozinhas de quem tem crianças pequenas em casa), que utiliza uma
determinada faixa de freqüência. A microonda utilizada por todos os aparelhos é bem curta e possui uma freqüência padrão de
2.450 kHz. Estas ondas têm o comprimento das ligações químicas que mantém os átomos de hidrogênio e oxigênio da água
unidos. Ao ligar o forno essa onda faz com que as moléculas de água contidas nos alimentos se agitem. Essa agitação é trans-
ferida para as demais partículas que compõem os alimentos, aumentando sua temperatura.
As microondas são refletidas por metais, logo, não atravessam as paredes do forno, mas elas podem atravessar o vidro, a
porcelana e o papel. A microonda não atravessa a porta de vidro do forno, porque ela possui, em sua parte interna, uma rede
metálica que reflete a microonda, não é genial?!
Voltando aos controles remotos, eles utilizam ondas que geram a radiação infravermelha, a mesma que também é usada em
sistemas de alarmes. O que você pode não saber é que todos os corpos quentes emitem este tipo de radiação. O sol é a maior fonte
dela, mas os corpos dos seres vivos, a chama do fogão e lâmpadas também são capazes de emiti-la. Os controles remotos emitem
um raio infravermelho que é captado por um sensor e traduzido em impulsos elétricos que fazem os aparelhos funcionar.

AS ONDAS NA MEDICINA

O RAIO X
Os raios X são muito úteis à medicina. Eles servem para detectar fraturas e problemas nos ossos e outros órgãos do corpo.
Veja por quê.
Os raios X são absorvidos pelos ossos, mas atravessam tecidos menos densos. Então, se uma parte do corpo for exposta aos
raios X e estes forem captados em um filme fotográfico, os ossos aparecem como regiões mais claras (que não foram atraves-
sadas pelos raios) em fundo escuro (as regiões que foram atravessadas). Essa imagem é chamada radiografia e é usada para
detectar fraturas e outros problemas.

Figura 2.4: Radiografia de uma mão esquerda11

A exposição freqüente aos raios X é perigosa. As pessoas que trabalham com essa radiação devem se proteger com
aventais de chumbo ou ficar atrás de paredes especiais durante a radiografia. A sala de exame onde o aparelho se localiza
não tem móveis, possui paredes metálicas, revestidas de chumbo e o técnico sai da sala para acionar o aparelho.

OS RAIOS GAMA

Os raios gama são as ondas com freqüência mais alta produzidas por materiais radioativos. Por terem grande poder
de penetração, podem destruir as células dos organismos. Mas, usados sob condições controladas, são capazes de destruir
também certos tumores, sem danificar as células sadias. É o tratamento conhecido como radioterapia usado para tratar
certos tipos de câncer.
Outro uso dos raios gama na medicina é a obtenção de imagens do interior do corpo. Um composto contendo
elemento radioativo é administrado ao paciente e, após certo tempo, um aparelho detecta a radiação gama emitida
por esse elemento radioativo, processa os dados colhidos e constrói a imagem. Um dos exames que utiliza esse
processo é chamado de cintilografia.
10 FALCÃO, Daniela. Ondas eletromagnéticas poluem o ar das cidades. Folha de S. Paulo, São Paulo, 22 nov.
2000. Caderno Equilíbrio, p. 10-12.
11 HTTP://Educar.SC.USP.br

13
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 2.6: Imagem obtida pelo


Figura 2.5: Paciente submetido à radioterapia.1
método da cintilografia.2

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

A radiação ultravioleta é produzida quando elétrons mudam de nível de energia nos átomos. O Sol é uma
grande fonte de radiação ultravioleta. Ela é muito importante para nosso organismo, pois auxilia no processo de
síntese da vitamina D. A radiação ultravioleta é usada na medicina em exames diagnósticos e também na odon-
tologia, com a finalidade de endurecer as resinas utilizadas nas restaurações dentárias. Por outro lado, a radiação
ultravioleta é um agente cancerígeno, que aumenta a possibilidade de desenvolvimento de câncer de pele nas
pessoas que se expõem à radiação solar com freqüência.

ÍNDICE ULTRAVIOLETA (LUV)

O índice Ultravioleta (índice UV ou IUV) foi desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde em conjunto com a
Organização Meteorológica Mundial como parte de um esforço internacional para promover a divulgação da informação
sobre os riscos da exposição ao sol.
O IUV é uma medida da intensidade da radiação ultravioleta incidente sobre a superfície da Terra. É uma escala de
valores relacionados ao fluxo de radiação ultravioleta e aos seus efeitos sobre a pele humana.
Para o cálculo do IUV é imprescindível levar em consideração alguns elementos, tais como:
• concentração de ozônio: principal responsável pela absorção de radiação UV;
• posição geográfica da localidade: quanto mais distante da linha do equador, menor o fluxo de radiação UV;
• altitude da localidade: quanto mais alta a localidade, maior a quantidade de energia ultravioleta incidente na su-
perfície;
• horário do dia: cerca de 70% a 80% da radiação UV incide entre as 9 h e 15 h; portanto deve-se evitar tomar sol
por longos períodos nesses horários;
• estação do ano: no verão, a quantidade diária de energia de UV por área é maior que no inverno;
• condições atmosféricas: presença de nuvens e partículas em suspensão na atmosfera diminuem a quantidade de
radiação UV;
• tipo de superfície: dependendo do tipo de superfície, a radiação UV pode ser mais ou menos refletida

14
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

POR QUE VEMOS OS OBJETOS A luz branca, que citamos agora a pouco e que provém
do Sol é, na verdade, a junção de todas as cores do arco-íris.
O que acontece quando a luz do sol atravessa a água da
chuva é o mesmo que acontece quando um feixe dessa luz
atravessa um prisma, um aquário com água, um vidro ou
plástico transparente. Ao trocar de meio de propagação (o
meio por onde ela viaja), percebemos sua decomposição nas
cores do arco-íris. Este fenômeno é chamado de refração.

Figura 2.7 – O órgão da visão. Os cílios e pálpebras


servem para a proteção dos olhos.

O que nos torna capazes de enxergar os objetos? Por


que a folha de uma árvore é verde? Como se formam as
sombras?
Algumas propriedades da luz explicam esses fenôme-
nos. A luz apresenta um comportamento duplo, em certas
situações ela se comporta como partículas e tem o photon
(pequenos pacotes de energia) como unidade básica. Em
outros momentos ela se comporta como uma onda eletro- Figura 2.8 – Decomposição da luz branca ao passar pela
magnética. De qualquer forma só conseguimos enxergar água da chuva e por um prisma de vidro.12
os objetos que enviam luz até nossos olhos. Alguns deles
emitem essa luz, isto é, são fontes de luz: o Sol e outras es- A luz vermelha, que possui freqüência menor, é a que
trelas, uma lâmpada, uma vela, uma lanterna. Eles também sofre menor desvio, enquanto que a violeta, de maior fre-
qüência, é a que desvia mais no espectro luminoso.
são chamados de corpos luminosos ou com luz própria.
Mas, como já dissemos, a luz não é capaz de atraves-
Mas a maioria dos corpos que conhecemos não emite
sar paredes ou anteparos opacos. O espelho, por exemplo, é
luz. Por que, então, eles podem ser vistos? uma película de prata sobre uma chapa de vidro que lhe dá
Ao incidir sobre um corpo, a luz pode: suporte. A onda de luz que incide sobre o espelho atravessa
• ser refletida; o vidro, mas quando atinge a prata é totalmente refletida, ou
• ser absorvida; seja, volta para o mesmo meio de propagação de onde veio.
• atravessar o corpo. Se, contudo, a luz branca incidir sobre uma parede pin-
tada de azul, todas as ondas de freqüências diferentes da
azul serão absorvidas. Apenas a luz com a freqüência da
Quando a luz bate em uma parede branca, por exem- cor azul será refletida. Assim percebemos as cores.
plo, uma parte da luz é refletida, isto é, volta para o am-
biente, como uma bola jogada contra a parede. Outra parte AS ONDAS E O CORPO HUMANO
é absorvida, isto é, transformada em outra forma de ener-
gia, como o calor. Dizemos então que a parede é um corpo Agora você já pode reunir os conhecimentos da física
opaco: não conseguimos enxergar através dela, já que ne- com os da biologia e ter uma idéia geral de por que vemos
nhuma luz consegue atravessá-Ia. Por causa da reflexão da os objetos.
luz, os planetas, os satélites e a maioria dos objetos podem Os olhos têm muitas funções importantes. Eles fazem
ser vistos. Esses corpos, por não possuírem luz própria, são um trabalho incrível que nós nem percebemos, mas só de-
chamados corpos iluminados. Eles podem ser vistos, en- pois desse trabalho é que enxergamos as coisas.
tão, porque refletem a luz do ambiente. Observe os objetos ao seu redor. Cada um deles reflete
Agora pense e responda: por que é possível ver os ob- ou emite luz. Enquanto você está observando, a luz refle-
jetos através dos óculos ou do vidro de vitrines? tida entra através da pupila atravessa uma série de partes
A resposta é que a luz atravessa bem esses materiais. A do globo ocular (córnea, cristalino, meios líquidos) e chega
lente, o vidro da vitrine, a água pura, o ar e certos plásticos até a retina, no fundo do seu olho. Essa luz, depois de pas-
são materiais transparentes. sar por vários processos no fundo do olho, continua como
Muitos vidros são irregulares e interferem na passagem sinal elétrico. Esses sinais elétricos vão para a parte de trás
da luz fazendo com que ela seja espalhada, portanto não do cérebro, o centro de visão, onde a imagem é interpreta-
podemos ver nitidamente o que está do outro lado, vemos da, e é a partir daí que você vê estas figuras! Isso acontece
apenas sombras e contornos. Materiais que se comportam muito rapidamente. Mesmo assim, no mesmo instante em
desta forma são chamados de translúcidos. que você olha, é capaz de enxergar tudo com perfeição.
12 www.trekearth.com

15
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 2.9: Representação simplificada do processo da visão.

Figura 2.10 – Representação da anatomia do olho humano.13

Muitos instrumentos foram produzidos utilizando os conhecimentos sobre o comportamento da luz, os óculos utili-
zados por inúmeras pessoas para corrigir defeitos da visão, telescópios e microscópios. Inspirados no funcionamento dos
olhos, os físicos e engenheiros fizeram experiências, e depois de muito estudo fabricaram a máquina fotográfica e a câmera
de vídeo. No entanto, por mais que esses aparelhos se modernizem, jamais serão tão perfeitos quanto o seu olho! Mas
funcionam de forma parecida. Observe:

Figura 2.11: Formação da imagem no olho humano e em uma máquina fotográfica analógica.14

13 www.dhnet.org.br
14 www.coepiaui.com.br

16
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Ops! Mas a imagem está de ponta cabeças, por que então Leia os versos de uma música do cantor Lulu Santos:
enxergamos as coisas da forma direita? Isso acontece porque “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia...
os sistemas de lentes que diminuem a imagem para que ela Tudo passa, tudo sempre, passará...
chegue até o cristalino fazem com que ela se inverta. Quando A vida vem em ondas como o mar...
o cérebro recebe os impulsos desta imagem ele se encarrega Num indo e vindo infinito.”
de endireitar e por isso vemos as coisas corretamente. Eles falam de uma onda que se propaga na água, por-
Às vezes nossos olhos têm algum problema, fica doente tanto um meio material. Você acha possível que esta onda
ou envelhece e não consegue mais formar uma imagem nítida. seja do mesmo tipo das ondas de rádio? Se pensou que
Os distúrbios de refração, causados por problemas no não, acertou!
cristalino ou na córnea, são problemas de visão que são corri- As ondas, de um modo geral, possuem uma proprieda-
gidos com o uso de óculos ou lentes de contato, e até mesmo de muito conhecida: elas são capazes de transportar ener-
com cirurgia refrativa na córnea, em alguns casos. Podem vir gia sem transportar matéria. Em outras palavras, em sua
ou não associados a doenças oculares mais graves, que serão propagação, as ondas transportam energia sem carregar
avaliadas pelo médico oftalmologista. Cada caso abaixo pode os objetos por onde passam. Observe que, ao recebermos
vir puro ou associado a outro distúrbio de refração. São eles: uma informação de origem sonora (e isso ocorre de manei-
• Miopia - Os portadores de miopia têm dificuldade para en- ra constante no nosso dia-a-dia), nós não somos empur-
xergar longe. Em alguns casos, a visão também é ruím para perto. rados na direção de propagação da onda. Simplesmente
• Hipermetropia - Os portadores de hipermetropia têm sentimos a energia sonora ressoar nos nossos tímpanos.
dificuldades para enxergar perto. Em graus maiores, a dificul- O som é a impressão resultante da vibração de cor-
dade pode ser também para longe. pos que alcança nosso ouvido por meio de ondas elás-
• Presbiopia - Também chamado de vista cansada, co- ticas. Como o som é uma onda elástica, precisa de um
mum após os 40 anos. Como a elasticidade da lente do meio material para a sua propagação. Em conseqüên-
olho diminui com o decorrer do tempo, a capacidade de cia, ele não se propaga no vácuo.
focalização de objetos próximos se reduz com o envelhe-
cimento da pessoa, causando um problema semelhante
à hipermetropia. Os portadores têm dificuldades para en- As ondas que precisam de um meio material para
xergar perto, principalmente para leitura de letras pequenas, se propagar são chamadas de ondas mecânicas
para costurar, para colocar a linha no buraco da agulha e para ou elásticas.
escrever. Frequentemente estas pessoas afastam os objetos
para que possam enxergar melhor. A maioria das pessoas O som se propaga no ar por meio de ondas elásti-
que nunca usou óculos, nem nunca precisou usar, cairá neste cas longitudinais, com uma velocidade de 340 m/s (ou
grupo após os 40 anos de idade, com algumas exceções. A 340 metros a cada segundo) a 15°C. A velocidade de
dificuldade para perto tende a piorar com a idade. propagação varia de acordo com o meio material no
• Astigmatismo - É um defeito existente na curvatura do qual ele se propaga e também com o aumento de tem-
cristalino, resultando em dificuldade para enxergar em deter- peratura. Por exemplo, na água, a velocidade do som a
minada posição e não em outra. É corrigido com lentes de 20°C de temperatura é de 1480 m/s.
óculos chamadas “cilíndricas”. O ouvido humano percebe vibrações sonoras quando
elas têm freqüência compreendida entre o limite mínimo
ONDAS SONORAS de 20 Hz e máximo de 20000 Hz. Vibrações de freqüência
Mas e o som? Ah o som também é uma onda! Mas não inferior a 20 Hz são chamadas de infra-sons, enquanto
uma onda eletromagnética como descrevemos até agora, ele que as vibrações acima de 20000 Hz são consideradas
é uma onda mecânica, como aquela que podemos gerar na ultra-sons. O nosso ouvido não é sensível às vibrações
água quando jogamos uma pedra dentro dela. caracterizadas por infra-sons e ultra-sons, portanto, não
são audíveis. Certos animais, como: golfinho, cachorro e
morcego conseguem perceber sons de freqüência supe-
rior a 20000 Hz.
Quantas vezes alguém já chegou para você quando
estava ouvindo música e pediu para abaixar o som? No es-
tudo da acústica pela física a altura representa uma coisa
totalmente diferente do sentido que usamos no dia a dia.
Você sabe que há vozes mais agudas e vozes mais gra-
ves e também notas musicais mais agudas e notas mais
graves. Essa característica que nos permite distinguir sons
agudos de graves é a altura do som. A altura de um som
está relacionada com a freqüência da onda sonora: quanto
maior a freqüência, maior a altura, ou seja, mais agudo é o
som. Como você viu, a orelha humana capta sons que vão
Figura 2.12: Perturbação causada na água após o lançamento
de 20 hertz, que correspondem a sons muito graves, até 20
de um objeto sólido.15
quilohertz, que são os sons mais agudos.
15 www.vamosinteragir.wordpress.com

17
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Em nosso cotidiano, estamos acostumados a pedir para que uma pessoa fale mais alto ou mais baixo. Mas, como você
acabou de ver, nos meios científicos, e também musicais, a altura do som indica se ele é grave ou agudo. Assim, ao pedir
que uma pessoa fale mais alto, estamos pedindo que ela fale com voz mais aguda. Na realidade em situações como essa
onde queremos que ela fale mais “baixo”, queremos que ela fale com menor intensidade. Ou deveríamos pedir à pessoa
que fale mais forte, ou mais fraco. Esquisito né?
A intensidade do som depende da amplitude da vibração das partículas por onde a onda passa: quanto maior a ampli-
tude, maior a intensidade, ou seja, mais forte é o som.

Figura 2.13: Diagrama representando os elementos de uma onda.

A amplitude (a) é a distância entre o pico ou crista e o eixo que divide a


onda em duas partes simétricas.

A intensidade corresponde também à quantidade de energia transportada: quanto maior a energia da onda que chega
até nossos ouvidos, mais intenso será o som que recebemos. Só que essa energia se distribui pelo espaço e, quanto mais
distante da fonte, menor a amplitude da vibração das partículas e menor a energia que chega aos nossos ouvidos, ou seja,
menor a intensidade do som.
No Sistema internacional de medidas (S.I.) a unidade de intensidade do nível sonoro (N) é o bel, representado
por (B) em homenagem a Graham Bell, inventor do telefone. Na prática, o bel tornou-se uma unidade de medida
muito grande, por isso, é comum utilizar-se uma medida dez vezes menor, o decibel representado por (dB). (N =
10 dB) é a menor Intensidade sonora que o ouvido humano consegue perceber, enquanto que ( N = 120 dB ) cor-
responde ao limite máximo. Acima disso, a sensação sonora torna-se dolorosa. Uma idéia prática. do que significa
120 dB é o barulho das turbinas de um avião a jato durante a decolagem.
Observe na tabela a seguir o nível aproximado da intensidade do som medido próximo da fonte emissora:

Intensidade em
Fonte emissora
decibéis (dB)
Tique taque de relógio, sussurro, respiração normal 10
Conversa em tom normal 60
Aspirador de pó 70
Rua com tráfego intenso 80
Liquidificador em velocidade máxima 90
Britadeira, buzina, carro com o escapamento aberto, danceteria 110
Avião a jato a 100m de distância, show de rock “pesado” 120
Decolagem de jato 150

A audição humana consegue diferenciar nitidamente o som de um violão e de uma guitarra, por exemplo, isto porque
eles possuem timbres diferentes. Timbre é a qualidade que permite distinguir dois ou mais sons de mesma altura e mesma
intensidade emitidos por diferentes fontes sonoras.
Assim como fizemos com o olho podemos associar física e biologia para entendermos o mecanismo da audição.

18
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O ruído excessivo não afeta apenas a audição. Ele tam-


bém pode provocar estresse, insônia, problemas emocio-
nais, problemas no coração, problemas na circulação do
sangue e hipertensão (“pressão alta”).
Quanto maior a intensidade sonora, menor o tempo
em que a exposição pode causar alguma perda de audição.
Considera-se seguro, por exemplo, em ambientes indus-
triais, ficar exposto oito horas por dia a um ruído máximo
de 85 decibéis. Para intensidades maiores, o tempo de ex-
posição tem de ser progressivamente reduzido. Há leis que
limitam o número de horas que determinados profissionais
podem trabalhar por dia em função da intensidade sonora a
que os trabalhadores ficam expostos.
Acima de 120 decibéis, sentimos uma sensação doloro-
sa, e há risco até de lesões permanentes. Mas mesmo inten-
sidades menores podem causar problemas, dependendo do
Figura 2.14: Representação esquemática do aparelho tempo que se fica exposto ao som. Então ...cuide-se.
auditivo.
UTILIZANDO A REFLEXÃO DO SOM
O chamado pavilhão auricular é constituído por te- As ondas sonoras também são refletidas ao atingi-
cido cartilaginoso. Ele capta os sons do ambiente e os rem um obstáculo, ou refratadas ao passarem de um
direciona para o canal auditivo (B) que conduz o som na meio para outro, obedecendo às mesmas leis que estu-
direção da orelha média onde se encontra o tímpano damos anteriormente em ótica.
(C). O canal auditivo possui pêlos e glândulas produto- A reflexão é particularmente importante, pois possui varia
utilidades. Quando uma onda sonora atinge uma superfície,
ras de cera que evitam a entrada de microorganismos.
uma parte é absorvida e outra é refletida. Imagine então que
O tímpano recebe os estímulos sonoros e os trans-
você dê um grito e o som se choque contra um obstáculo (uma
mite para três ossos minúsculos (I – estribo, martelo e
parede, um prédio, um morro) que reflita bem o som e ele volte
bigorna) que também fazem a transmissão das vibrações
para você. Nesse caso, pode acontecer um fenômeno interes-
para o vestíbulo (F). Ele contém um material liquido que
sante conhecido como eco: você vai ouvir seu grito de novo.
transmite os estímulos para a cóclea (E) onde eles serão
Mas não é sempre que acontece o eco. Veja por quê.
transformados por células especiais em sinais elétricos.
Nós só podemos distinguir um som de outro se hou-
Existe uma técnica cirúrgica que implanta um apa-
ver entre ambos um intervalo de tempo de pelo menos um
relho na cóclea de pessoas com deficiência auditiva. A décimo de segundo (0,1 segundo). Menos que isso, vamos
função do chamado implante coclear é enviar os sinais ouvir um único som: o segundo som aparece como uma
externos diretamente a esta parte da orelha interna continuação do primeiro. Agora, sabendo que a velocidade
para que a pessoa possa ouvir o som. do som nas temperaturas usuais está em torno de 340 m/s,
A partir da cóclea os sinais elétricos são conduzi- você poderia calcular a distância mínima que deve existir en-
dos pelo nervo auditivo (G) para o cérebro, onde será tre você e o obstáculo que vai refletir o som para haver eco?
interpretado. Veja como o cálculo pode ser feito: para haver eco, o
Algumas partes do aparelho auditivo não têm exata- som tem de levar pelo menos 0,1 segundo para ir e para vol-
mente a função de audição. São os casos dos canais semi- tar. Então a distância total percorrida nesse intervalo pode
circulares (H), que têm a função de equilíbrio e a tuba au- ser calculada por uma fórmula simples da cinemática (parte
ditiva (D) que equaliza a pressão entre o interior da orelha da física que estuda os movimentos):
e o ambiente externo. Sabe aquela sensação de ouvido en- ΔS = v x Δt. (traduzindo, a distância ΔS é igual a veloci-
tupido quando você desce a serra para ir à praia? É a tuba dade v vezes o tempo Δt)
auditiva que, quando você mexe o maxilar, trabalha para Logo, a distância total será. ΔS = 340 . 0,1 = 34 m. Mas
igualar a pressão e eliminar a sensação de entupimento. essa é a distância total que o som percorre, isto é, a distância
Você pode perceber que este aparelho é bem de- para ir e voltar. Logo, a superfície que vai refletir o som pre-
licado. É preciso cuidar dele principalmente no que se cisa estar à pelo menos 17 metros de distância, para que o
refere à intensidade do som que você ouve. Por isso evi- som percorra 17 metros na ida e 17 metros na volta.
te locais muito barulhentos e não ouça música com o som Esta fórmula pode ser utilizada em outras situações que
muito alto (forte). Se, por exemplo, você está usando fones envolvem tempo, distância e velocidade. Ela pode ser de-
de ouvido e outra pessoa também consegue ouvir o que senvolvida matematicamente e assumir outras formas para
seu aparelho está tocando é sinal de que o som está muito calcular a diferentes variáveis como:
forte e pode causar algum dano à sua audição. ● v = ΔS / Δt - velocidade = distância dividida pelo
É importante também que o governo fiscalize os locais tempo
de trabalho para verificar se as leis que limitam o tempo de ● Δt = ΔS / v - e que o tempo = a distância dividida
exposição ao ruído estão sendo cumpridas. pela velocidade.

19
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O eco é de fundamental importância para os morcegos. Como são criaturas com grau de visibilidade extremamente
limitada, eles conseguem perceber os obstáculos à sua frente através da emissão de ultra-sons. Os morcegos emitem, pela
boca ou narinas, ondas com freqüência variável que chegam a até 150 kHz, ou seja, na faixa do ultra-som. Com o intervalo
de tempo decorrido entre o som emitido e o refletido, ele consegue localizar presas e evitar obstáculos durante o vôo no
escuro. Consegue, inclusive, identificar a dimensão e a forma dos objetos.
A vantagem do ultra-som é que ele pode ser emitido de forma mais concentrada e dirigida, como um raio de luz sobre
um obstáculo, sem se espalhar tanto quanto o som. O ser humano se vale da tecnologia para emitir e captar ultra-sons.
O mesmo principio é usado nos sonares de navios para encontrar cardumes de peixes, recifes, submarinos e também na
procura por depósitos de petróleo. Estes instrumentos foram muito úteis na descoberta do posto petrolífero de Tupi, no
litoral Sul de São Paulo que te teve sua produção iniciada em 1 de maio de 2009.
Golfinhos também emitem e captam ultra-sons para se deslocar em profundidades onde há pouca luz ou à noite. Emi-
tem também uma ampla faixa de sons para se comunicar entre si.
Na faixa de 1 a 10 MHz, o ultra som é usado também para fazer ultra-sonografia, com aparelhos que permitem observar
os órgãos do corpo e diagnosticar algumas doenças ou para examinar o desenvolvimento do feto durante a gravidez. Por
esse exame, é possível examinar órgãos que não são bem visualizados por raios X. A ultra-sonografia é usada também em
fisioterapia, para acelerar a cura de lesões nas articulações.

Figura 2.15 – Imagem obtida em um exame de ultrassonografia16

ENCHENTES JÁ MATARAM 15 PESSOAS NO NORDESTE

“Em oito estados do nordeste 15 pessoas já morreram e ao menos 80 mil estão fora de casa em razão das chuvas
que começaram em abril.”

“O estado mais atingido é o Maranhão, onde há 24.129 desalojados, agora instalados na casa de amigos e parentes,
e 15.557 desabrigados, levados para abrigos temporários. Foram seis mortes no estado - a maioria por desabamen-
tos.”

“O meteorologista Eládio Barros da Silva, do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), diz que em todas as capi-
tais da região - com exceção de Aracaju e Maceió – Choveu mais do que o esperado em abril.” (da Folhapress)

Correio Popular

Campinas, sábado, 2 de maio de 2009.

O texto que você acabou de ler são trechos de uma reportagem que fala sobre o excesso de chuvas nas regiões norte
e nordeste do país.
A água é um bem indispensável e essencial à existência da vida. Boa parte da água que precisamos está suspensa na
atmosfera junto com o ar que respiramos. Sob determinadas condições atmosféricas esta umidade pode se concentrar em
determinadas regiões do planeta e provocar um grande excesso de chuvas. É isto que estava ocorrendo no momento da
reportagem. Um fenômeno conhecido como La Niña provoca o resfriamento das águas do oceano pacifico. A evaporação
diminui e os ventos frios e secos não conseguem avançar sobre o continente. Quando avançam essas frentes frias não con-
seguem provocar chuvas na região Sul e ainda seguram o ar úmido próximo ao equador, fazendo com que toda a chuva
caia por lá.

16 www.e-familynet.com

20
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O excesso de chuva causa enchentes, deslizamentos e ná-la. O problema não se limita às grandes cidades. Afeta
várias outras situações que castigam a população. Mas não é também regiões mais afastadas e não terá solução sem a
o clima o único responsável pelas catástrofes que ocorrem. O participação e conscientização da sociedade.
homem tem grande parcela de culpa. Vamos discutir um pouco Para que você entenda o que estamos querendo dizer
sobre as influências do clima e do homem nesses acontecimentos. vamos usar como exemplo medidas utilizadas na cidade de
As cidades e regiões brasileiras crescem sem planeja- São Paulo para tentar diminuir o problema das enchentes.
mento. Nas cidades, as regiões menos valorizadas ficam às Foram construídas enormes “piscinas” em vários pontos da
margens de rios e córregos, conseqüentemente a população cidade, que permanecem vazias a maior parte do tempo.
mais pobre é empurrada para lá. Por outro lado o desenvolvi- Quando chove a água escoa para estas piscinas, diminuindo
mento impermeabiliza o solo com asfalto e concreto. Quando o volume que vai para os rios que cortam a cidade. Outra
a chuva cai, a água não tem por onde infiltrar e escorre para medida foi a retirada do lixo dos leitos desses rios. Quem
os leitos dos rios, já açoreados por todo tipo de material que é passava há algum tempo pelas marginais dos rios Pinheiros,
jogado dentro dele ( lixo, esgoto doméstico e industrial, terra Tietê e Tamanduateí podia ver guindastes formando mon-
proveniente de terraplanagem e de erosões provocadas pela tanhas de material retirado do fundo enquanto que redes
retirada da vegetação nativa). Tanto entulho diminui a vazão seguravam o lixo que passava flutuando por alguns locais.
dos rios. Sem ter para onde ir, a água acumula e ocupa as re- Com certeza essas medidas ajudam, embora não resolvam o
giões mais baixas às margens dos rios causando as enchentes. problema porque a população continua jogando entulho no
Nas regiões que ficam longe dos centros urbanos não rio e nas regiões próximas à ele que, conseqüentemente, a
há impermeabilização dos solos, mas as pessoas procuram água das chuvas irão levar para seu leito.
morar próximo aos rios porque dependem da água dele para Observe que existe uma parte do lixo que flutua e ou-
sua sobrevivência. Quanto mais gente, mais próximos dos rios tra que afunda, porque isso acontece? Você pode pensar: o
essas pessoas vão ficando. Quando chove o nível do rio sobe que é leve flutua e o que é pesado afunda oras! Mas não é
naturalmente e invade as regiões que ficam às suas margens. bem assim, alguns navios pesam centenas de toneladas e
Na verdade ele não invade as casas das pessoas, as pessoas é mesmo assim não afundam. Como explicar então?
que invadiram seu leito quando o nível estava baixo. O que flutua e o que afunda?
Alguns rios que possuem grande vazão de água ganharam Para avaliarmos se um objeto vai afundar ou não preci-
represas e lagos artificiais usados para gerar energia elétrica. samos saber a sua densidade. Mas densidade não é aquela
Quando chove muito as comportas dessas represas são fechadas “coisa” dos colchões? É também, mas as Ciências Naturais
consideram a densidade como sendo a relação entre a
evitando que o rio suba e alague as cidades às suas margens.
massa e o volume de um corpo ou objeto. Você já deve
Um caso onde isso aconteceu foi noticiado em uma repor-
ter ouvido aquela pergunta: O que pesa mais, um quilo de
tagem da Band News no dia 02/05/2009. A represa de Boa Espe-
penas ou um quilo de chumbo? É claro que ambos têm o
rança no Piauí estava sendo mantida com uma vazão pequena
mesmo peso, só que você precisa de muito mais penas do
devido ao excesso de chuva que já vinha fazendo o Rio Longá
que chumbo para completar um quilo. Dizemos então que
subir, ameaçando a cidade de Barras que fica às suas margens.
o chumbo é mais denso, pois a sua massa ou peso ocupa
Com a grande quantidade de chuva a represa atingiu a capacida-
um espaço (volume) pequeno. Voltando a “coisa” do col-
de máxima e as comportas tiveram de ser abertas sob o risco de
chão, existem colchões fabricados com espumas de maior
rompimento da barragem, o que poderia ocasionar a morte de e menor densidade. Os de maior têm uma espuma mais
muitas pessoas que vivem ao longo do rio. O aumento da vazão resistente com mais material por unidade de volume, por-
fez com que o rio subisse e invadisse vários bairros da cidade. tanto agüentam mais peso. Eles devem ser escolhidos de
Mas o que é essa vazão de que estamos falando? É a acordo com o peso de quem vai utilizá-los.
quantidade de água que passa em certo ponto por unidade Mas como fazer para avaliar se um objeto afunda ou flu-
de tempo. Pense em um metro cúbico (1 m3) de água como tua sobre um liquido? Precisamos comparar as densidades
sendo uma caixa quadrada (com lados de um metro) cheia de dos dois. Por exemplo, um litro de água, quando colocado na
água, o que equivale a 1.000 litros. Uma vazão de um metro balança pesa 1,0 Kg. Dizemos então que ela possui uma den-
cúbico por segundo (1m3/s) significa que, a cada segundo, sidade de 1,0 Kg/L (um quilograma por litro). Se colocarmos
1.000 litros de água passam por um certo local, correspon- butanodiol (um tipo de álcool) nessa água o que deve acon-
dendo ao volume de uma caixa de água dessas. No caso que tecer? Um litro de butanodiol pesa 1,080 Kg, portanto sua
estamos comentando, as comportas da represa de Boa Espe- densidade é 1,080 Kg/L. você pode perceber que a densidade
rança deixam passar milhares de metros cúbicos por segun- dele é maior, então ele deve ir para o fundo.
do, isso dá uma idéia do dano que esta água poderia causar.
Sabe aquele “reloginho” que tem na frente da sua casa
Toda vez que duas substâncias estiverem mistura-
de onde sai um cano e um registro? Ele é chamado de hidrô-
das, aquela que tiver a maior densidade ficará na
metro e também mede a vazão de água que você consome.
parte de baixo da mistura.
Mas como esta quantidade é pequena a vazão é medida
em m3 por mês.
A densidade é uma propriedade específica da matéria,
Como você pode perceber a questão das enchentes
ela pode ser usada para diferenciá-las, pois materiais dife-
que vemos nos noticiários é muito complexa e necessita de
rentes possuem densidades diferentes.
um planejamento de curto e de longo prazo para solucio-

21
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A PRESSÃO A coluna é maior nas partes mais baixas, portanto exer-


Dissemos à pouco que a represa de Boa Esperança ce maior pressão.
teve de abrir as comportas porque corria risco de se rom- Essa variação de pressão atmosférica é percebida por
per. Quando uma estrutura dessas é construída se faz uma muitas pessoas quando elas sobem ou descem uma serra,
previsão de quanta pressão de água ela pode agüentar. A pois ficam com uma sensação auditiva diferente. Ao descer
pressão é a força que a água pode fazer por unidade de uma montanha, a pessoa está indo para um local de maior
área das paredes da represa. Toda a matéria, seja ela na pressão atmosférica (onde a quantidade de ar é maior e por-
forma de líquido, gás ou sólido que possui massa, exerce tanto tem um peso maior), a qual age sobre as membranas
pressão. Você por exemplo exerce pressão sobre a super- dos tímpanos que existem no interior das nossas orelhas.
fície a qual está apoiado. Vamos supor que uma pessoa O corpo de algumas pessoas demora certo tempo para
que pesa 60 Kg esteja parada na fila de um supermercado, equilibrar a pressão do interior da orelha com a pressão
e que os dois pés dela ocupem uma área de 300 cm2. Para atmosférica, por isso elas têm essa sensação de incômodo
descobrir a pressão exercida por esta pessoa sobre o solo e surdez quando descem rapidamente uma serra.
devemos distribuir sua massa pela área que ela está apoia- Se lembrarmos o que estudamos sobre o aparelho
da. Fazemos isso dividindo a massa pela área. auditivo vamos perceber que a parte responsável por este
Pressão = massa / área equilíbrio de pressão é a tuba auditiva.
Pressão = 60 Kg / 300 cm2 O valor da pressão atmosférica ao nível do mar é
Pressão = 0,2 Kg/cm2 ou 200 g / cm2 normalmente utilizado como uma unidade de pressão,
Assim como fizemos no capitulo anterior com a forma denominada 1 atmosfera ou 1 atm. Essa unidade cor-
da velocidade media, podemos inverter esta equação para responde à pressão exercida por uma coluna de mer-
calcular a variável desejada, observe: cúrio (símbolo químico Hg) de 76 cm (ou 760 mm) de
altura ao nível do mar. Podemos, portanto, estabelecer
Massa = pressão x área ou área = a seguinte relação: 1 atm = 760 mm de mercúrio (760
massa / pressão mmHg). Na praia, a coluna de ar é maior do que em uma
montanha. Em 1643, Torricelli colocou mercúrio - que, ape-
sar de ser um metal, é líquido à temperatura ambiente -
Para entendermos como líquido e gases exercem pressão
num tubo de 1 metro de altura. Em seguida mergulhou o
precisamos nos lembrar como suas partículas estão dispostas.
tubo em um recipiente também com mercúrio. Observou,
Nos líquido as partículas podem “escorrer” umas sobre as ou-
então, que um pouco do metal contido no tubo desceu
tras, portanto ele exercerá pressão sobre todos os pontos da
para o recipiente, mas parou de descer quando atingiu a
parede do recipiente que os contém e também sobre corpos
marca dos 76 centímetros. Veja o esquema na figura 2.17.
imersos nele. Já as partículas dos gases têm uma liberdade maior
O instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica
porque estão mais distantes umas das outras, assim elas se chocam
foi chamado de barômetro. A figura a seguir mostra uma
com as paredes dos recipientes e corpos. Quanto maior a quantida-
representação do primeiro barômetro construído
de desses choques maior será a pressão exercida pelo gás.
A atmosfera também exerce pressão sobre a superfície da
Terra e sobre todos os objetos envolvidos por ela (pela atmos-
fera). Essa pressão é chamada pressão atmosférica. A pressão
atmosférica se deve ao peso da massa de ar sobre a superfície
do planeta e sobre qualquer corpo em contato com o ar. Sendo
assim, quanto maior a coluna de ar sobre um local, maior o peso
e, conseqüentemente, maior a pressão. No topo de uma mon-
tanha de 3 000 metros de altitude, a coluna de ar, medida
desse ponto até o limite superior da atmosfera, exerce me-
nor pressão do que uma coluna de ar que vai desde o sopé
desta mesma montanha até o mesmo limite da atmosfera.

Figura 2.17: Representação do barômetro de Torricelli.

O inverso desse fenômeno ocorre quando tomamos


refrigerante com canudinho. Ao sugarmos pelo canudo, re-
tiramos parte do ar de dentro dele. Com isso a pressão do
ar no interior do canudo fica menor do que a pressão at-
Figura 2.16 – Representação de colunas de ar que exercem mosférica sobre o refrigerante. Assim, o refrigerante é em-
pressão sobre diferentes níveis de relevo. purrado pela pressão atmosférica para dentro do canudo.

22
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Esses dois fenômenos confirmam a existência da pressão atmosférica, demonstrada pela primeira vez em pesquisas dos
cientistas italianos Evangelista Torricelli (1608-1647) e Vincenzo Viviani (1622-1703). Existem barômetros de diversos tipos.
Além da pressão eles podem ser usados para determinar a altitude de determinado lugar. Como a temperatura e a
umidade do ar também alteram a pressão atmosférica, os barômetros são usados em estações meteorológicas para ajudar
a prever mudanças no tempo.

UTILIZANDO A PRESSÃO DOS LÍQUIDOS


Até agora você sabe que a pressão é o efeito de uma força distribuída pela sua área de aplicação, e que os líquidos
também possuem essa capacidade. Ela pode ser usada para muitas finalidades em máquinas hidráulicas e até na distribui-
ção de água nas nossas cidades. Para entender como isso é feito precisamos conhecer dois princípios da física. O primeiro
é o Principio dos Vasos Comunicantes. Se dois recipientes contendo um líquido estiverem interligados por um tubo, o
líquido existente dentro deles tenderá a se nivelar. Observe a figura a seguir:

Figura 2.18 – Representação de recipientes interligados contendo líquidos.

A figura a representa um tubo interligando dois recipientes contendo um liquido, observe que, apesar de eles serem de
tamanhos diferentes, o líquido dentro deles fica no mesmo nível. Se mais um pouco desse liquido for adicionado (figura b) ele
novamente se nivelará (figura c). Isso ocorre porque a pressão externa é a mesma nos dois lados e empurra o liquido com a
mesma força em ambos os recipientes.
De posse do conhecimento desse comportamento dos líquidos, as empresas de distribuição de água constroem reser-
vatórios em pontos altos da cidade e uma única bomba (a) é capaz de enchê-lo. Observe a figura. A partir daí a água escoa
por canos (b) para as áreas mais baixas da cidade sem a necessidade de mais gasto de energia. O reservatório consegue
abastecer os locais que estão abaixo da sua altura ou, no máximo, na mesma altura que ele. É por isso que prédios com
muitos andares necessitam de bombas para encherem suas próprias caixas d’água.

Figura 2.19 - Representação de um reservatório de abastecimento de água.

Para entender o outro principio você pode fazer um experimento. Tampe uma garrafa de plástico com uma rolha e
aperte. É lógico que a pressão da água vai fazer com que a rolha salte e a garrafa transborde. Mas como se você faz força
nos lados da garrafa e não de baixo para cima, na direção da rolha? Observando experimentos assim o cientista Blaise
Pascal descobriu que “a pressão exercida sobre um líquido é transmitida para todos os pontos dele” (Principio de Pascal).
Agora observe a figura a seguir para entendermos como essa transmissão de pressão faz com que um macaco hidráulico
funcione:

23
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 2.20 – Representação simplificada de um macaco hidráulico.

A bomba empurra ar para dentro de um pistão contendo óleo. A pressão exercida pelo ar faz com que o óleo se com-
prima e escoe para dentro de um tubo estreito com uma pressão muito grande. Esse tubo conduz o óleo para dentro de
um pistão com uma área muito maior. A pressão é então transmitida para todos os pontos dentro deste pistão, mas a força
sobre ele se tornará maior pois a área onde a pressão é exercida também será maior. Por exemplo, se essa área interna do
pistão for 50 vezes maior que a do tubo que está injetando o óleo, a força sobre ele também será 50 vezes maior. Portanto
estes dispositivos podem ser considerados multiplicadores de forças.

NECESSIDADE DOS RECURSOS ENERGÉTICOS


Sem dúvida a energia que mais usamos hoje em dia é a elétrica e ela pode ser considerada a base de toda a revolução tecnológica que discu-
timos no início deste capítulo. Existem diversas maneiras de se produzir e até acumular este tipo de energia e deve-se a Thomas Edison (1847-1931)
o projeto das primeiras instalações para a geração de energia elétrica. Essas instalações foram as primeiras usinas termoelétricas da história, que
transformavam o calor obtido à partir da combustão do carvão e do petróleo em energia elétrica. Nas usinas termoelétricas existem turbinas
que se movem com o vapor que sai com alta pressão da água aquecida (de modo semelhante ao que acontece em uma panela de
pressão) e aciona os geradores. Portanto a fonte que coloca as turbinas em movimento é o calor (daí o nome: termo=calor).

Figura 2.21 – Representação esquemática de uma usina termelétrica17

Mas a realidade energética do nosso país é muito diferente daquela em que Tomas Edison construiu as termelétricas.
Temos aqui no Brasil poucas usinas que funcionam com carvão vegetal, óleo diesel ou gás natural. A empresa Votoran-
tin utiliza pneus para gerar energia para produção de cimento. Mas você sabe que todos esses combustíveis “soltam” muita
fumaça (monóxido de carbono) por mais que se utilizem filtros e são poluentes gerando danos sérios ao ar atmosférico.
Observe a tabela a seguir que mostra a comparação entre matriz energética (todas as fontes de energia utilizadas no
país) brasileira e a mundial.

Energia Brasil (%) Mundo (%)


Petróleo e Derivados 43,2 34,9
Biomassa 27,2 11,5
Eletricidade 13,6 2,3
Gás Natural 7,5 21,0
Carvão 6,6 23,5
Urânio 1,9 6,8

Tabela 2.1 – Tabela comparativa das principais fontes de energia elétrica e no Brasil e no mundo. 18
17 fonte: http://www. educar.sc.usp.br
18 REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A

24
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Podemos verificar através dela que no Brasil a participa- O álcool produzido pela cana-de-açúcar é o principal
ção da biomassa é muito grande se comparada com outros exemplo de reaproveitamento de biomassa utilizado no Brasil.
países do mundo. Nossa dependência do petróleo ainda é Esses combustíveis podem ser obtidos e renovados em curtos
maior que em outros países, mas eles usam muito gás natural espaços de tempo e têm contribuído cada vez mais para a for-
e carvão que são bastante poluentes. A hidrelétrica é a forma mação da matriz energética nacional.
de geração mais comum de eletricidade utilizada aqui (cerca O biodiesel também ganhou destaque nos últimos anos,
de 90% da energia elétrica gerada vem desse tipo de usina), porque ao contrário do álcool, é adequado para utilização em
porque nosso país tem várias regiões muito ricas em “água”, motores de máquinas pesadas. Quando misturado ao óleo die-
graças ao grande número de rios que possui. Esse potencial sel comum ele diminui significativamente a emissão de poluen-
vem sendo utilizado desde primeiras décadas do século XX tes. O biodiesel é fabricado através da reação química entre o
quando foram construídas as primeiras usinas hidroelétricas. etanol e óleos vegetais em condições especiais. Sua fabricação
Contudo o desenvolvimento crescente do país e a melhoria é vantajosa porque é possível utilizar vários tipos de óleo (milho,
das condições de vida da população causaram um grande soja, canola, babaçu, dendê, mamona, entre vários outros), até
aumento da demanda por energia elétrica. Acompanhe no óleo de soja usado serve.
gráfico a seguir que a demanda de energia aumenta junto Esta flexibilidade tem sido alvo de criticas por várias entidades,
com o crescimento da população. nacionais e internacionais que temem que a atividade agrícola no
mundo avance sobre áreas de mata nativa, passe a produzir grãos
para a produção de óleo e deixe de produzir alimentos.
Com o crescimento acelerado da população mundial é pre-
ciso encontrar maneiras de produzir cada vez mais alimentos.
Mas o sacrifício das nossas florestas não é o caminho para este
crescimento. No Brasil apenas 3% da área cultivada é utilizada
para a produção de biomassa que pode ser destinada à produ-
ção de energia (cana e soja), os outros 97% são para produção
de alimentos. Veja bem que estamos falando de área plantada,
portanto sobra muita terra no país para outros fins.
O caminho para se produzir alimentos, biomassa e ainda
preservar nossos recursos naturais pode estar no aumento da
produtividade nas áreas produtivas já existentes. Produtividade
significa produzir mais em menos espaço.
Figura 2.22 – Aumento da demanda de energia em tonelada A experiência do aumento da produtividade já foi utilizada
equivalente de petróleo por habitante (Tep). com muito sucesso no plantio de cana-de-açúcar.
O avanço na utilização do álcool combustível exigiu que
O Tep é uma unidade padrão de comparação entre matri- a cultura da cana de açúcar se desenvolvesse para produzir
zes energéticas de varias localidades. O aumento da população em quantidade suficiente para abastecer as usinas. Institutos
e a melhoria dos índices de desenvolvimento humano (IDH) faz federais de pesquisa como a EMBRAPA desenvolveram varie-
com que a população tenha condições e necessidades cada vez dades de cana de açúcar resistentes a pragas naturais capazes
maiores de utilização de equipamentos elétricos e eletrônicos. de produzir mais, em espaços menores e com porcentagens
Deste modo o Tep cresce proporcionalmente ao crescimento e de açúcar muito maiores nos seus caules.
desenvolvimento da população. Devido a esse crescimento as O álcool anidro (a significa sem e hidro refere-se à
usinas hidrelétricas existentes operam quase que no limite. Esta água) se tornou uma ótima alternativa a utilização dos de-
situação é muito agravada quando o regime de chuvas não rivados de petróleo como a gasolina porque é renovável e
ajuda e o nível de água das barragens diminui. polui menos. Isso nós já discutimos. O que não discutimos
A construção de usinas hidrelétricas causa um impacto foi a projeção que ele deu ao Brasil no exterior em termos de
muito grande sobre o meio ambiente e não parece ser nes- política energética. Ele também possibilitou um grande de-
te momento uma opção atraente nem aconselhável. Então senvolvimento tecnológico, acadêmico, social e econômico,
as termelétricas e termonucleares têm sido apontadas como pois gerou milhares de empregos e renda para vários níveis
saída para auxiliar a produção e evitar os famosos “apagões” da população. Hoje já é possível utilizar o bagaço e folhas
de energia. Contudo a intenção é que essas novas usinas uti- secas como combustível para gerar energia nas usinas ter-
lizem, de preferência, a biomassa e de forma sustentável. moelétricas ou nas próprias usinas de açúcar e álcool em cal-
A Biomassa é um tipo de combustível originado de fon- deiras para aquecer a água. Portanto ele tem sido usado de
tes animais e principalmente vegetais. Lenha, álcool, sobras forma sustentável, sem esgotar os recursos naturais. Se por
de atividades agrícolas como o bagaço de cana ou a casca de um lado o problema da cultura dessa biomassa foi em grande
arroz, óleos vegetais, esterco, carvão vegetal e lixos residen- parte resolvido, por outro os trabalhadores da colheita da cana
ciais ou industriais são exemplos de biomassa renovável que tiveram seu mercado de trabalho muito diminuído pela me-
podem ser transformados em energia útil. canização. Este problema tem sido combatido com a criação
de cooperativas para que esses trabalhadores encontrem
DEFINIÇÃO DE NOVAS ESTRATÉGIAS PARA O GÁS , outras fontes de renda. Entre as atividades desenvolvidas
Flavio Fernandes , Edmilson Moutinho dos Santos publicado nessas cooperativas estão as oficinas de artesanato, cursos
em bgf.com.br. de alfabetização e qualificação profissional.

25
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Em resumo, a Sociedade deve sim investir no uso da Atividade 4


biomassa para produção de energia, desde que ela seja (ENCEEJA 2005) Em uma cidade, seu sistema de abas-
usada com conhecimento aliado ao bom senso. Desde que tecimento de água foi projetado usando uma grande caixa
ela traga desenvolvimento social e econômico. Desde que d’água e funciona atendendo com eficiência a todos os con-
ela não interfira na produção de alimentos e que principal- sumidores. Com a construção de um novo conjunto habita-
mente sua produção seja feita de maneira sustentada e não cional em um nível 3m mais alto em relação ao plano da cida-
destrua o ambiente. de, a distribuidora de água só poderá atender à nova ligação
do conjunto se:
AGORA É A SUA VEZ! (A) aumentar o volume da caixa d’água e diminuir a sua
altura.
Atividade 1 (B) a altura da caixa d’água for superior à do conjunto.
(ENCEEJA 2006) As estações de rádio e TV transmitem (C) aumentar o volume da caixa d’água mantendo sua
suas programações por meio de ondas eletromagnéticas altura.
diferentes umas das outras para que elas possam ser dis- (D) a altura da caixa d’água ficar a mesma.
tinguidas e para minimizar interferências. Duas caracterís-
ticas das ondas que, de forma equivalente, distinguem as Atividade 5
ondas eletromagnéticas de várias estações são: (ENCEEJA 2002) De acordo com a Organização Mundial de
(A) a velocidade e a refração. Saúde, o limite de intensidade sonora para o ouvido humano é
(B) a difração e a amplitude. de 65 dB (decibéis). Ruídos acima de 85 dB aumentam o risco de
(C) a freqüência e o comprimento de onda. comprometimento auditivo. Sons acima de 130 dB podem rom-
(D) a amplitude e o comprimento de onda. per o tímpano e causar surdez. Quanto maior o tempo de exposi-
ção a sons intensos, maior o risco de danos auditivos e de outros
Atividade 2 problemas como a pressão alta, insônia e problemas digestivos.
(ENCEEJA 2005) Leia o texto a seguir: A intensidade sonora do trânsito de uma grande avenida
COMO FUNCIONA O SITEMA DE ALARME QUE EVITA na cidade varia de 80 a 90 dB. Um jornaleiro que passa o dia
O FURTO EM LOJAS inteiro em sua banca, na avenida, fica submetido a esse ruído
Ele é acionado por sensores que ficam quase invisíveis constantemente. Pode-se supor que esse jornaleiro:
nos produtos. Alguns desses aparelhinhos são finos como (A) não corre risco algum quanto à sua saúde auditiva.
uma folha de papel e têm o circuito ativado por ondas de (B) corre um sério risco de rompimento de seus tímpanos.
alta freqüência, cerca de 8MHz.Quando algum cliente “se (C) corre o risco de adquirir pressão alta e insônia.
esquece” de pagar o produto, o sensor colado no produto (D) passa o dia todo com dor de ouvido.
interage com aquelas grandes barras verticais que ficam
nas portas das lojas, acionando o alarme. Atividade 6
Revista Mundo Estranho - Abril/2004, com adaptações. (ENCEEJA 2002) Usamos muitos produtos na forma de
As ondas emitidas por estes sensores são: spray, como inseticidas, desodorantes, tintas, vernizes etc. De-
(A) eletromagnéticas. pois de algum tempo de uso, quando “apertamos” o spray e
(B) sonoras. não sai mais nada, podemos afirmar que:
(C) radioativas. (A) a pressão no interior da lata é menor que a do exterior.
(D) mecânicas. (B) a pressão no interior da lata é igual à do exterior.
(C) a pressão no interior da lata é maior que a do exterior.
Atividade 3 (D) não há pressão no interior da lata.
(ENCEEJA 2005) Quando um objeto é iluminado, ele
absorve algumas cores do espectro da luz incidente e refle- Atividade 7
te outras. A cor com que o objeto é visto será determinada (ENCEEJA 2002) Voçorocas são grandes “buracos” cravados
pelas cores que ele reflete. no solo pela ação erosiva das águas das chuvas. Há 10 mil anos,
Baseado no exposto acima, analise as afirmações abai- formaram-se muitas voçorocas no Sudeste brasileiro devido à
xo: mudança do clima seco e frio para o clima quente e úmido. Como
I - Um objeto branco iluminado com uma luz verde a vegetação, naquela época, ainda era rara, as chuvas fortes pro-
reflete a cor azul.
vocaram essas erosões. Atualmente, embora o Sudeste esteja sob
II - Um objeto vermelho iluminado com uma luz branca
clima quente e úmido e domínio de florestas, formam-se muitas
reflete a cor vermelha.
voçorocas, principalmente no vale do Rio Paraíba do Sul.
III - Um objeto preto é aquele que absorve todas as
Pode-se atribuir esse fenômeno atual, principalmente:
cores.
(A) ao aumento das queimadas para utilização de áreas
IV - Um objeto de vidro transparente azul tem essa cor
de pastoreio.
porque reflete todas as cores.
(B) ao desmatamento acelerado provocado pelo uso hu-
As afirmativas corretas são:
mano nos sucessivos ciclos econômicos do Brasil.
(A) I e II.
(C) às grandes mudanças climáticas globais causadas pe-
(B) I e III.
las atividades humanas no planeta.
(C) II e III.
(D) ao aumento natural da intensidade e magnitude das
(D) III e IV.
chuvas fortes de verão que atingem essa área.

26
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 8
(ENCEEJA 2002) Se for necessário transmitir urgentemente uma notícia para uma população isolada numa região dis-
tante, o ideal será enviá-la através de uma emissora de rádio que utilize:
(A) ondas FM (freqüência modulada).
(B) ondas AM (amplitude modulada).
(C) ondas curtas.
(D) ondas médias.

Atividade 9
(ENCCEJA) – 2006) O chamado sal light é aquele que contém parte do NaCl substituído por KCl, sendo indicado para as
pessoas que devem reduzir o teor de sódio em sua alimentação diária. A tabela seguinte compara algumas características
desses dois sais.

solubilidade densidade cor adquirida pela chama do


sal aspecto
em água a a 20 oC fogão quando o sal é
20 oC pulverizado sobre ela.


1,0 g / 2,8 mL 2,17 g/cm3
NaCl cristalino amarelo intenso
de água
branco


1,0 g /2,8 mL 1,98 g/cm3 lilás a violeta
KCl cristalino
de água
branco

Para verificar se, em certo sal light, parte do cloreto de sódio foi realmente substituído por cloreto de potássio, basta:
(A) determinar a densidade, que deve estar entre 1,98 g/cm3 e 2,17 g/cm3.
(B) determinar a solubilidade em água, que deve ser de 1,0 g / 2,8 mL de água.
(C) observar o aspecto, que deve ser de um pó cristalino branco.
(D) observar a cor adquirida pela chama do fogão, que deve ser amarelo intenso.

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!


1–C
2–A
3–C
4–A
5–C
6–A
7–B
8–C
9–A

PRA FIM DE PAPO!


Este capítulo abordou as seguintes habilidades:
• Identificar diferentes ondas e radiações, relacionado-as aos seus usos cotidianos, hospitalares ou industriais.
• Relacionar as características do som a sua produção e recepção, e as características da luz aos processos de forma-
ção de imagens.
• Analisar variáveis como pressão, densidade e vazão de fluidos para enfrentar situações que envolvam problemas
relacionados à água, ou ao ar, em processos naturais e tecnológicos.
• Comparar exemplos de utilização de tecnologia em diferentes situações culturais, avaliando o papel da tecnologia
no processo social e explicando transformações de matéria, energia e vida.
• Analisar propostas de intervenção nos ambientes considerando as dinâmicas das populações, associando garantia
de estabilidade dos ambientes e da qualidade de vida humana a medidas de conservação, recuperação e utilização auto-
sustentável da biodiversidade.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

27
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 3 Leia o texto a seguir:


“Quando entrei para a Universidade no final dos anos 80,
usava um computador de última geração que mostrava só
Tecnologia Todo o Dia letras verdes. Para acrescentar um ç em uma palavra eu preci-
sava apertar três teclas ao mesmo tempo. E salvava meu texto
IDENTIFICAR A PRESENCA E APLICAR AS TECNOLO- em um disquete enorme, parecido com o CD de hoje, só que
GIAS ASSOCIADAS ÀS CIÊNCIAS NATURAIS EM DIFE- ele não conseguia guardar a quantidade de informações que
RENTES CONTEXTOS RELEVANTES PARA A SUA VIDA cabe em uma calculadora de bolso. Foi uma evolução quando
PESSOAL. surgiu o disquetinho 3 ½, que por sinal também já não se usa
mais. Bons tempos aqueles em que no final de semana pe-
José Luis de Souza gava a Variant 70 do meu pai e saia com a turma pela noite.
O carro era meio quadrado, o motor 1600 esquentava, fazia
Ao começar a estudar este capítulo você deve estar pen- 8 Km/L de gasolina, mas a lataria era forte e não amassava
sando em se preparar bem para uma prova, melhorar seus com nada, só enferrujava um pouco se ficasse muito na chuva,
conhecimentos, trocar de emprego ou conseguir uma pro- mas nada que atrapalhasse a diversão. Saiamos para a festa
moção e um melhor salário. Mas com certeza não deve es- ouvindo música no toca fitas e no baile, o DJ mandava ver
tar pensando na quantidade de conhecimento envolvido na com as vitrolas que trocavam os discos de vinil sozinhas. É...
produção deste caderno até que ele chegasse às suas mãos. bons tempos aqueles”.
Do plantio da árvore utilizada para se extrair a celulose até Trecho do texto “Bons tempos da juventude”.
a confecção do papel existe uma cadeia produtiva enorme. Você pode, dependendo da sua idade, ter usado alguns
A impressão também possui a sua complexidade, pois é ne- dos aparelhos citados no texto, mas consegue identificar
cessário escolher o tipo de tinta e o papel mais adequados. quais deles estão em uso nos dias de hoje? Apenas o CD,
O texto é transferido para fotolitos, que funcionam como mas que já está caindo no desuso dando lugar aos pendrives
os negativos de uma fotografia pra que se possa transportar e cartões de memória. Os computadores usam telas de plas-
as imagens de um local para outro, daí para prensas impres- ma ou cristais líquidos. Todos esses aparelhos foram mudan-
soras, máquinas pesadas que cortam o papel e encadernam. do com o tempo, mudaram na aparência, ficaram mais du-
A diagramação e escrita do texto levaram horas para ráveis e eficientes. Por exemplo, o automóvel era de lataria
serem pesquisadas e preparadas em computadores, que já bastante rígida, mas durava pouco, enferrujava em menos
tivemos a oportunidade de discutir e você já sabe que tem de dois anos; o formato pouco aerodinâmico e motor de
uma grande quantidade de tecnologia envolvida. baixa eficiência faziam aproximadamente 8 km por litro, hoje
Se é difícil imaginar o trabalho que deu produzir seu ca- podem fazer até 20 com álcool ou gasolina. E o que dizer da
derno de estudo imagine como é difícil organizar todos es- beleza do carro? O “bonito” também muda com o tempo.
ses processos produtivos em indústrias que trabalham com Todas essas coisas foram inventadas, construídas e me-
materiais e culturas industriais tão diferentes! Isso é possível lhoradas para aumentar a capacidade de ação do homem
porque a cadeia produtiva de um modo geral inventou uma em todos os sentidos: algumas para tornar as nossas ativi-
linguagem própria, uma série de códigos que permitem a dades de trabalho mais eficientes; outras para nos dar maior
comunicação entre pessoas, das pessoas com as máquinas e conforto e prazer. Pense numa lista de coisas que você uti-
porque não, das máquinas com as pessoas. Essa linguagem liza normalmente em um dia para fazer as suas atividades.
faz com que o desenvolvimento tecnológico evolua tão rápi- Observe que cada uma dessas coisas que você utiliza é para
do que precisamos estar atentos e atualizados para não per- lhe ajudar, ou seja, elas aumentam os resultados de suas
der o “bonde” da história. Então, não vamos perder tempo! ações. Todas essas coisas foram inventadas, desenvolvidas e
Se você tem menos de 30 anos nunca deve ter visto um construídas baseadas em resultados de pesquisas científicas
bonde, a não ser em parques ou museus. Ele foi um dos e tecnológicas e assim, freqüentemente, são chamadas de
principais meios de transporte no inicio do século XX e per- “objetos” tecnológicos.
der o bonde significava que se chegaria atrasado a algum Se, por um lado, toda essa tecnologia que existe hoje
compromisso. Os primeiros corriam sobre trilhos, como os proporciona a melhoria da qualidade de vida, por outro, ela
trens, mas eram puxados por cavalos. Em seguida passaram mudou os valores sociais. Muitas vezes se valoriza a posse,
a funcionar com motores elétricos e finalmente perderam a quantidade de bens e dinheiro ao invés de outros valo-
espaço para veículos com motores a combustão porque po- res baseados no caráter e na ética. Quem ainda não viu na
diam circular por rotas independentes dos trilhos. TV o comercial de uma “van” coreana onde os proprietários
Por outro lado você deve saber muito bem o que sig- dizem que o carro é grande e que vêem tudo “de cima”,
nifica deletar alguma coisa ou dar reset em uma máquina. ou seja, associam o respeito ao tipo de carro que dirigem e
Essas palavras pertencem à língua inglesa e significam “apa- não ao tipo de pessoa que são. É uma grande inversão de
gar” e “recomeçar”, respectivamente. Ambas são usadas na valores.
linguagem de computador que é, hoje, utilizada por inúme- Para a utilização consciente e correta de todos esses
ras pessoas. Muitas delas, embora desconheçam o idioma produtos tecnológicos, que fazem parte de nosso dia-a-dia,
inglês, já têm palavras como essas fazendo parte de seus é necessário compreender, além dos conhecimentos técni-
vocabulários. O que acontece é que esses novos termos co-científicos neles envolvidos, os aspectos éticos e sociais
vão sendo decorados e incorporados com significados pró- relacionados com a sua produção, comercialização e utili-
prios. zação.

28
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A COMUNICAÇÃO E OS SEUS SIGNIFICADOS

A criação e o desenvolvimento de novas tecnologias geram também novas palavras e expressões ou dão significados
diferentes a palavras já existentes. Várias representações são veiculadas como meio de informação. São códigos, símbolos
ou cores que atingem a todos os níveis sociais, dos mais bem informados aos mais humildes.
Você já observou o rótulo que vem junto com seu botijão de gás? Se não observou olhe a figura que vem a seguir:

a b

Figura 3.1 – Rótulo de botijão de gás doméstico que fornece informações técnicas e de segurança sobre o produto.

Ele alerta para o fato do gás ser um produto altamente inflamável. Um produto inflamável é aquele que reage facil-
mente com oxigênio e se converte em chamas. Nesse caso, o fogo é a queima da substância, ou seja, a produção de calor,
luz e material gasoso. Fique atento, por exemplo, às traseiras de caminhões-tanque que transportam produtos químicos e
caminhões-baú com produtos perecíveis ou com carga viva. Você verá que muitos outros símbolos existem e que estão lá
para nossa própria segurança.
O código de barras é outro meio de comunicação presente na grande totalidade dos produtos que consumimos. Ele é
um conjunto de linhas verticais e espaços, estreitos e largos, que são combinados para representar um código de números
que identifica um produto. Existem diversos tipos de códigos de barras. Os códigos que seguem o padrão internacional
geralmente são de 13 dígitos, podendo variar, dependendo do espaço, até 8 dígitos.
Em estabelecimentos comerciais, associa-se ao código do produto um preço catalogado num computador. Além do
computador, é necessário um equipamento de leitura óptica para completar as operações, como fornecer o preço da mer-
cadoria ou descontá-la do estoque. Se isso é vantajoso para o comerciante, para o consumidor acarreta até certa dificulda-
de para saber o preço, pois no código de barra não aparece o valor da mercadoria.
Portanto devemos ficar atentos, todos os estabelecimentos são obrigados a colocar o preço de cada produto bem
visível ao consumidor. Na dúvida, procure um leitor de código de barras para saber o preço certo e, em último caso recuse
o produto no caixa se o preço estiver errado.

29
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

INFORMAÇÃO EM CORES TENSÃO E CORRENTE ELÉTRICA


A indústria farmacêutica também se utiliza de códigos
que deixam claro para o consumidor o risco do produto Agora observe a figura a seguir:
que está comprando. Essa informação vem através das co-
res da “tarja” inscrita na embalagem do produto. Tarja ver-
melha indica o uso apenas com prescrição médica e tarja
preta, venda com retenção da receita médica para que o
paciente não possa comprar outro sem retornar ao médico.
As cores, como forma de linguagem, não são escolhi-
das aleatoriamente, elas expressam em si mesmas signi-
ficados. O vermelho, por exemplo, para nós é associado
à perigo, o amarelo à um estado de atenção e o verde à
calma. Esses significados, porém não são universais, de-
pendem da cultura de um povo.
Aqui no Brasil, quando vamos presentear uma menina
recém nascida levamos presentes em tons de rosa. Quan-
do é um menino levamos azul. Na cultura norte Americana
essas cores são invertidas.
Uma das formas mais comuns de comunicação é feita Figura 3.2 – Etiqueta de informação de um aparelho eletro-
através de pequenos textos que devem ser escritos com doméstico.
linguagem simples de forma que o consumidor entenda o
que está lendo. Eles são usados em diversos produtos para Ela traz o código de barras onde podemos identificar o
informar ingredientes componentes nutricionais em ter- país de origem e a empresa que produziu o produto como
mos de quantidade de massa e de valor calórico, as subs- já discutimos anteriormente. Mas a informação que está
tâncias que os compõem, posologias, indicações de uso, em destaque é a tensão elétrica em que o aparelho deve
contra-indicações e precauções ou mesmo especificações ser ligado. Ela é de extrema importância porque no Brasil,
técnicas, etc. temos redes elétricas residenciais em 127 V e 220 V.
Ao estudarmos as Ciências Naturais precisamos com- Se um equipamento projetado para funcionar em 127
preender os significados científicos dos símbolos ou ter- V, como este mostrado na figura, for ligado na tensão de
mos que ela nos apresenta para uma efetiva comunicação. 220 V, o circuito aquece e ele “queima”. A tensão elétrica
Mas precisamos ficar atentos e ter consciência de que em de uma rede está associada à sua capacidade de fornecer
nosso cotidiano utilizamos muitas palavras com significado energia a um determinado aparelho.
muito diferente do científico. A rede elétrica no Brasil e em muitos outros países tem
Peso e massa são os principais exemplos disso. Obser- freqüência de 60Hz (hertz), você se lembra o que isso signi-
ve que, nas embalagens da maioria dos produtos, a quan- fica? Se não lembra faça uma breve revisão, isso vai ajudar
tidade de massa é apresentada como peso (por exemplo, a caminhar mais rápido, pois significa que esse aparelho foi
em um pacote de sabão em pó podemos ler: peso líquido projetado para funcionar nessa freqüência.
1Kg). Na linguagem científica, Kg (quilograma) é a medida Quando conectamos um aparelho à tomada, uma cor-
de massa, ou seja, da quantidade de matéria existente em rente elétrica (a quantidade de carga elétrica que atravessa
um corpo. Peso é a força gravitacional com que a Terra atrai uma área do fio condutor, por unidade de tempo) começa-
a massa do sabão em pó para sua superfície e é medida em rá a passar por ele. A unidade que mede a corrente elétrica
N (Newton). é o ampère (A).
Assim como a linguagem (como fator cultural), pode se A potência dos aparelhos de um modo geral é medida
modificar com o tempo, os termos da linguagem cientifica em watts (W). O seu valor informa a quantidade de ener-
também podem sofrer alterações para que ela fique mais gia que ele consome em um segundo de funcionamento.
adequada ao nível de desenvolvimento em que se apre- No exemplo da lavadora de onde foi retirada a etiqueta da
senta. De qualquer modo, precisamos estar atentos para figura, o consumo não está expresso em W, mas fica bem
o surgimento de termos novos e modificação de antigos, claro o quanto o usuário vai gastar em quilowatts por hora
pois na era da comunicação, saber trabalhar bem com ela (kW/h) com o funcionamento do aparelho. Veja só, você
é fundamental. poderia até calcular quanto custa lavar suas meias!
Muitas outras informações podem ser obtidas com a
simples leitura das etiquetas fixadas, geralmente na parte
de trás ou de baixo do aparelho, e que vão fazer com que
você o utilize com segurança e garanta maior durabilida-
de. Há também os manuais de instruções que trazem in-
formações mais detalhadas. É uma forma do fabricante se
comunicar diretamente com o consumidor e dar a ele mais
segurança na utilização do equipamento comprado.

30
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

CALCULANDO O CONSUMO DE ENERGIA


Qual lâmpada consome mais energia, uma de 40 W ou uma de 100 W? Se respondermos esta pergunta sem pensar,
provavelmente erraremos a resposta, pois não é possível responde-la corretamente com essas informações.
A potência é apenas uma das características de um eletrodoméstico e sozinha não determina a quantidade de energia
consumida.
Se a pergunta fosse qual das duas lâmpadas consome mais energia quando acesa por 5 horas, então poderíamos dizer
que é a lâmpada de 100 W. E se a lâmpada de 40 W ficar acesa por 10:00 h e a de100 W por por 4:00 h ? Nesse caso, as
duas têm o mesmo consumo, que é de 400 Wh (ou 0,4 kWh). Assim podemos concluir que o consumo de energia de um
aparelho depende da sua potência e do tempo do seu uso.
Energia consumida = potência x tempo
Observe na tabela a seguir a simulação de consumo mensal de alguns dos principais aparelhos existentes em uma
residência:

Consumo médio mensal dos principais aparelhos

Número estima-
Potência média Tempo médio de Consumo médio
Aparelho do de dias de
em W uso por dia mensal em kW/h
uso por mês

Chuveiro elétrico 3500 30 1 hora 105


Ferro elétrico 1000 12 1 hora 12
Geladeira 200 30 10 60
Lâmpada 100 30 5 15
TV colorida (20 polegadas) 90 30 5 13,5

Tabela 3.1 – Tabela indicando o consumo mensal em kW/h de alguns eletrodomésticos.

Se na sua região a companhia de fornecimento de energia cobra R$ 0,30 por kW/h então nesta simulação se gastará,
em um mês, só com o chuveiro:
Valor mensal = 105 kWh x R$ 0,30
Valor mensal = R$ 31,50
Agora que você já sabe como calcular a quantidade de energia consumida por um eletrodoméstico, pode construir
uma tabela como esta e verificar onde você pode diminuir o consumo para economizar na sua conta de energia.

CIRCUITOS ELÉTRICOS EM CASA


Em casa, usamos a tensão elétrica de 127 V e/ou 220 V, dependendo da cidade em que moramos, já dissemos isso à pouco.
Assim, o que varia nos circuitos instalados em uma residência são a fiação e os equipamentos elétricos que existem dentro dela.
Se você olhar para o poste na frente da sua casa verá que chegam três fios da rede externa. Dois deles conduzem a
corrente com uma tensão de 110 a 127 V, o terceiro é neutro, não possui corrente.

Figura 3.3 – Chegada dos fios da rede externa até a residência.

31
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Deste modo podemos escolher a tensão interna a ser A sobrecarga e até incêndios podem ser gerados quan-
utilizada. Apesar de chegarem os três fios, nós usamos ape- do muitos fios passam pelo mesmo conduíte (aquele tubo
nas dois. Se ligarmos os dois fios “energizados” teremos a amarelo ou preto que os fios passam por dentro) e há
tensão de 220 V. Se escolhermos ligar um energizado e um aquecimento do conjunto (fios + conduíte). Por medida de
neutro teremos uma tensão de 110 V. Podemos ainda usar segurança, os fios da rede elétrica devem passar por dentro
um circuito misto com tensões diferenciadas para apare- de conduítes, embutidos nas paredes das construções.
lhos diferentes. Isso mostra a necessidade de se planejar a distribuição
de lâmpadas e de aparelhos elétricos quando se constrói
ou se reforma a casa, utilizando-se fios apropriados e cir-
cuitos separados para cada aparelho. É fundamental que se
use apenas um aparelho elétrico em cada tomada. Se há
vários aparelhos ligados e a fiação elétrica esquenta, uma
parte da energia elétrica está se convertendo em calor, que
não é utilizado em lugar nenhum. Isso representa energia
elétrica medida no relógio de luz sem que seja aproveitada.
A cozinha, por exemplo, precisa ter vários circuitos in-
dependentes, um para cada aparelho: torneira elétrica, ge-
ladeira, microondas e acendedor de fogão, etc.

RESISTÊNCIA ELÉTRICA
Queimou a resistência do chuveiro! Quantas vezes esta
frase já gerou preocupação ainda mais se você estiver no
meio do banho em um dia frio! A resistência, a passagem
Figura 3.4 – Quando de distribuição de energia com três de corrente elétrica em alguns aparelhos como ferro de
tomadas e duas tensões diferentes. passar, chuveiros e aquecedores é desejável, mas em cir-
cuitos e fios elétricos ela pode causar grandes inconvenien-
Numa instalação elétrica, os fios de ligação são de co- tes. Vejamos o porquê.
bre e apresentam resistência (ainda que pequena) à con-
dução de eletricidade. Quanto mais longo o fio, maior é
a resistência para a passagem da corrente. Quando os
aparelhos ficam longe da fonte de energia ou da tomada
o aumento do comprimento deve ser compensado com
o aumento do diâmetro (também chamado de bitola) do
fio, para que a resistência permaneça, aproximadamente, a
mesma. Portanto os fios que alimentam a casa devem ser
de maior diâmetro que os fios internos para que a corrente
possa passar sem muita resistência. A unidade usada para
medir a resistência elétrica de fios e circuitos é o Ohm re- Figura 3.5 – Representação esquemáticas da corrente elétri-
presentado pela letra grega (Ω). ca atravessando um fio condutor.
Quando fios muito finos são usados e estão ligados a
muitas tomadas, com várias lâmpadas e máquinas elétricas A passagem da corrente elétrica pode ser representa-
ocorre sobrecarga: a energia elétrica requerida chega ao da de forma simplificada como na figura 3.6. Os elétrons,
sistema, mas ele se aquece demais. Este aquecimento pro- com carga negativa, podem encontrar maior ou menor di-
voca a diminuição no fornecimento de eletricidade à casa ficuldade para passar pelos átomos do material condutor.
pois ela é perdida na forma de calor. Por um tempinho as Quando encontra muita dificuldade eles causam o aqueci-
luzes ficam fracas, piscando, até a chamada queda do sis- mento desse material.
tema, que é a sua interrupção total.
Você já reparou que a eletricidade antes de entrar em Elétrons são partículas minúsculas e móveis exis-
casa passa por uma caixa localizada do lado de fora dela? tentes nos átomos que formam a matéria. Essas
É nessa caixa que fica o medidor de corrente onde é regis- partículas possuem carga negativa e massa quase
trado o consumo de energia, conferido a cada mês pelo inexistente, dizemos que a sua massa é desprezível.
funcionário da companhia distribuidora.
Ligado a essa caixa, agora já dentro de casa, há um Quanto mais fino for o fio, maior a dificuldade no fluxo
quadro de distribuição (figura 3.5) com dispositivos que dos elétrons, portanto maior será a resistência e o calor
servem para proteger a rede elétrica. Esses dispositivos são produzido. O tipo de material também influencia a resis-
os disjuntores ou os fusíveis, sensíveis a um grande aumen- tência, o cobre é melhor condutor que ferro. Essa dificulda-
to de corrente elétrica. Se isso acontecer, eles fazem a in- de é medida em ohms (Ω) a unidade usada para quantificar
terrupção do fornecimento. Você já presenciou alterações a resistência elétrica como já citamos anteriormente.
no fornecimento de energia em casa? Se lembra como foi?

32
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A resistência dos fios de cobre utilizados nas ligações elétricas residenciais, por exemplo, é bem menor do que a das
resistências dos aparelhos elétricos, onde há fios do mesmo cobre muito finos e outros dispositivos de alta resistência.
Uma lâmpada de 60W/110V (ilumina com uma potência de 60W e uma tensão de 110V) com fio de tungstênio tem
resistência de 202 Ω, e um ferro de passar roupa de 1000W/110V tem 12Ω. Essas resistências são altas propositalmente
para que a corrente produza calor ao atravessar material.
Por outro lado, um metro de fio de cobre de ligação elétrica de diâmetro 2,5mm2 tem resistência de 0,0068Ω e no de
10mm2, a resistência é de 0,0017Ω, ou seja, 4 vezes menor pois os elétrons possuem muito mais espaço para deslocamento
sem choques com as partículas do material. Se compararmos a resistência do fio de cobre de ligação com a resistência da
grande maioria dos aparelhos elétricos ele será aproximadamente 10 mil vezes menos resistente à passagem da corrente.
Embora a resistência do fio de cobre seja muito pequena, a potência que ele dissipa depende da corrente que irá pas-
sar por ele. A potência dissipada num fio de 10m de comprimento e espessura de 2,5mm2, quando é percorrido por uma
corrente de 10A, é da ordem de 7W. Se a corrente é de 40A (4 vezes maior que a de 10A) a potência dissipada será 16 vezes
maior, pois a potência varia com o quadrado da corrente de acordo com a expressão:
P = R x I2

Onde P é a potência, R a resistência e I a intensidade da corrente, ou seja, a potência será 112 W. Nesse caso, com
certeza, o fio ficará aquecido e poderá ser a origem de um incêndio.

Ampère é a unidade de medida usada para representar a intensidade da corrente


que atravessa um fio ou circuito elétrico.

Se esse fio for trocado por um equivalente de espessura 10mm2, a potência dissipada nesse novo fio será quatro vezes
menor. Lembre-se: quanto maior o diâmetro do fio, menor a resistência. Se 10mm2 é 4 vezes maior que 2,5mm2 então a
resistência no fio de 10 será 4 vezes menor que no fio de 2,5 mm2.
Vejamos como podemos trabalhar com essas grandezas na prática:
Um resistor de 470Ω é percorrido por uma corrente de 10A. Qual será a potencia elétrica dissipada por ele?
P = R . I2 → P = 470 . 102 → P =47.000W ou 47 KW
Qual seria a potência dissipada pelo mesmo resistor se a corrente dobrar?
P = R . I2 → P = 470 . 202 → P =188.000W ou 188 KW

TIPOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS


“Todo final de ano era aquela correria, quando o Natal se aproximava a gente reunia a família tirava da caixa a velha
árvore de natal, as bolinhas de vidro coloridas e o pisca-pisca. A gente enroscava o pisca na árvore, pendurava as bolinhas e
na ora de colocar o fio na tomada...Nada! Sempre tinha uma lâmpada queimada.”
Trecho do texto “Bons tempos da juventude”.
Você já percebeu que quando queima uma lâmpada de um pisca-pisca de árvore de natal todo ele para de funcionar?
Mas na sua casa você usa inúmeros aparelhos elétricos, incluindo as lâmpadas, e quando uma delas queima todo o resto
continua funcionando. Nos dois casos estamos falando de circuitos elétricos. A diferença está em como os dispositivos
estão ligados em cada circuito. É essa diferença que iremos discutir agora.
Para que um dispositivo elétrico funcione a corrente elétrica deve entrar por um lado dele (um pólo), atravessá-lo e sair
por outro pólo que fará com que a corrente retorne à rede.

Figura 3.6 – Lâmpadas ornamentais. As setas representam o caminho percorrido pela corrente elétrica.

Observe que na figura 3.6 todas as lâmpadas estão ligadas umas às outras, a corrente elétrica vai passando de uma lâm-
pada para outra em seqüência até que retorne aos fios da rede. Por isso, se uma lâmpada queimar, o caminho da corrente
elétrica será interrompido e todas as outras também deixarão de funcionar. Observe o que ocorre de forma simplificada
na figura 3.7.

33
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 3.7 – Lâmpadas ornamentais ligadas em série.

O circuito onde os dispositivos elétricos são montados em seqüência como no caso


do pisca-pisca é chamado de Circuito em série.

Agora observe a figura 3.8:

Figura 3.8 – Representação de uma caixa de distribuição de energia.

Na figura 3.8 você pode verificar que existe um par de fios base (com corrente de 110V) e um neutro. A geladeira e
a TV têm seus dois pólos ligados diretamente a este par de fios de modo que se um aparelho queimar, os outros podem
continuar funcionando. Do mesmo modo o chuveiro e o ferro elétrico também se ligam a um par de fios, só que os dois
fios são base. Porém os aparelhos são independentes entre si.
Quando os aparelhos têm seus pólos ligados diretamente aos fios da rede, independentes uns dos outros, chamamos
o circuito de Circuito em paralelo.

Figura 3.9 – Lâmpadas ornamentais ligadas em paralelo.

Novamente de maneira simplificada podemos observar na figura 3.9 b que a corrente entra por um dos fios e, mesmo
com o fio da lâmpada intermediária rompido, ela passa pelas outras duas lâmpadas fazendo com que elas acendam.

34
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O primeiro tipo de circuito (em série) apresenta os seguintes comportamentos durante a passagem da eletricidade:

- Cada dispositivo que compõe este circuito possui uma resistência, todas elas somadas representam a resistência total
do circuito ou resistência equivalente. Se precisarmos calcular a resistência total podemos usar a expressão:
Rt = R1+R2+R3 ...+Rn

Onde Rt representa a resistência total ou equivalente e Rn o número de resistências do circuito.

- As lâmpadas apresentarão brilhos diferentes dependendo da quantidade delas que estejam ligadas. Uma brilha mais,
duas brilham menos, e assim por diante.
Quando o circuito é montado em paralelo a resistência equivalente é calculada somando-se os inversos das resistências
existentes.
1 = 1 + 1 + 1 +...+ 1
Rt R1 R2 R3 Rn

Se os dispositivos ligados forem lâmpadas, todas apresentarão o mesmo brilho porque, nesse caso, suas resistências
não são somadas.
Vejamos um exemplo onde um enfeite luminoso possui 4 lâmpadas, cada uma com 2Ω de resistência. Que resistência
total este enfeite possui?
1=1+1+1+1
Rt R1 R2 R3 R4
1=1+1+1+1
Rt 2 2 2 2
1=2 → Rt = 0,5 Ω
Rt

De um modo geral os circuitos são montados de forma mista, contendo dispositivos elétricos ligados em série e para-
lelo.

USANDO CORRETAMENTE OS PRODUTOS TECNOLÓGICOS

Muitos consumidores, quando compram um aparelho eletrônico, têm o costume de chegar em casa, tirá-lo da caixa
e colocá-lo logo na tomada para desfrutar do seu funcionamento. Este procedimento levado pela ansiedade pode muitas
vezes causar muitas dores de cabeça como a queima do aparelho ou mau funcionamento. Para evitá-las os fabricantes
enviam um manual de instalação e operação junto com o aparelho onde informam a tensão a ser usada, os cuidados com
manutenção, limpeza do aparelho, os recursos e a lista das oficinas de assistência técnica autorizadas. Pense bem, o simples
fato de você colocar um aparelho na tomada errada pode acarretar a perda da garantia do produto.
Não é raro também um consumidor adquirir um determinado produto por um alto valor, com vários recursos tecnoló-
gicos, ficar com ele por muito tempo e nunca usar tudo o que ele tem para oferecer. A simples leitura do manual de instru-
ções e um pouco de paciência podem evitar que você desperdice dinheiro com vários aparelhos sendo que todas as suas
necessidades podem ser atendidas por apenas um e que talvez você já possua. Por exemplo, existem aparelhos de telefone
celulares que possuem câmera fotográfica e filmadora integradas, rádios, gravadores e tocadores de música. Se você preci-
sa de todos esses recursos pode ter um aparelho desses e deixar todos os outros com apenas uma ou duas funções na loja!
Outra fonte de desperdício está na aquisição dos eletrodomésticos. Os mais modernos custam um pouco mais, mas de um
modo geral trazem um selo que indica o menor consumo de energia, o selo PROCEL. Comprar um aparelho mais barato sem este
selo pode significar que você gastará pouco na aquisição do produto, mas gastará muito com o uso dele durante sua vida útil.
A utilização correta de um produto tecnológico não é importante apenas pela economia financeira, mas também por-
que a energia elétrica utilizada por eles tem de ser gerada em usinas que de alguma forma exercem algum impacto nega-
tivo sobre o meio ambiente, então é nosso dever usá-la corretamente e sem desperdício. Além disso, todos os aparelhos
que usamos serão descartados um dia. Quanto mais utilizamos, mais lixo produzimos, como a maior parte deles é feita de
plástico poderão ficar até 100 anos no solo antes de se decomporem. Muitos deles usam baterias ou pilhas que contêm
componentes altamente poluentes.

O QUE SÃO PILHAS E BATERIAS


As pilhas e as baterias são mini usinas portáteis, que transformam energia química em energia elétrica. Podem se
apresentar sob várias formas (cilíndricas, retangulares, botões, etc.) conforme a finalidade a que se destinam. Elas possuem
determinadas substâncias químicas que, quando reagem entre si, produzem energia elétrica, ou seja, fazem funcionar o
relógio, o celular, o brinquedo, etc.

35
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O problema é que essas substâncias químicas presentes nas pilhas e baterias são ALTAMENTE TÓXICAS, e podem
fazer mal a homens e animais. Por isso, elas vêm se tornando o centro das atenções dos ecologistas e da sociedade como
um todo.
Uma pilha comum contém pelo menos três metais pesados: zinco, chumbo e manganês. A pilha alcalina contém ainda
o mercúrio. Além dos metais pesados, as pilhas e baterias possuem ainda elementos químicos perigosos, como o cádmio,
cloreto de amônia e negro de acetileno.
As pilhas são classificadas de acordo com seus sistemas químicos, podendo haver em cada um deles mais de uma
categoria. As categorias são representadas por letras, que normalmente vêm impressas nas pilhas. Além disso, as pilhas
podem ser recarregáveis ou não, sendo divididas em primárias (não recarregáveis) e secundárias (recarregáveis).

Tipos de Pilhas:PRIMÁRIAS Código Uso Comum


Zinco/carvão - Propósitos gerais
Alcalina de manganês L Propósitos gerais
Lítio C Relógios e equipamentos fotográficos
Óxido de mercúrio N,M Aparelhos auditivos e equipamentos fotográficos
Óxido de prata S,S Relógios eletrônicos e calculadoras
Zinco/ar A,P Aparelhos auditivos
Tipos de Pilhas:SECUNDÁRIAS Código Uso Comum
Ferramentas eletro portáteis sem fio e propósitos ge-
Níquel/cádmio (recarregável)
rais
Chumbo-ácido (recarregável) Eletro portáteis, brinquedos, etc.

Figura 3.2 – Classificação das pilhas de acordo com seus sistemas químicos e suas aplicações.

O perigo ocorre quando se joga uma pilha ou bateria fora, no lixo comum, pois há o risco desses metais pesados e
elementos químicos perigosos entrarem na cadeia alimentar humana, causando sérios danos à saúde.
As duas formas mais comuns de destinação final do lixo são aterro sanitário e usina de compostagem para transfor-
mação em adubo. A pilha, quando jogada fora no lixo comum, vai para um aterro sanitário, que fica a céu aberto. Uma
vez exposta ao sol, vento, chuva e umidade, as pilhas e baterias se oxidam e rompem o invólucro de proteção. Os metais
pesados e elementos químicos perigosos saem misturados a um líquido que acaba contaminando todo o lixo ao redor,
podendo atingir o lençol freático local. Além disso, muitos aterros sanitários ficam próximos de rios e córregos, que
também acabam sendo contaminados por essas substâncias químicas tóxicas. Portanto, elas chegam à cadeia alimentar
humana via irrigação da agricultura ou pela ingestão da água ou alimento contaminado. Na usina de compostagem, as
pilhas são misturadas no composto orgânico que está sendo formado, girando no biodigestor por 48 horas. Algumas são
amassadas e moídas, e se rompem, despejando os metais pesados por todo o composto. Na saída do tubo giratório do
biodigestor há uma rede que impede a passagem das pilhas. O lixo moído é disposto em montes a céu aberto, sendo
remexido semanalmente, por três meses. Neste período, ocorrem novos vazamentos e os metais pesados e outras subs-
tâncias químicas tóxicas se misturam ao composto, que será usado como adubo depois.
Existem usinas de compostagem em algumas cidades do interior de São Paulo que utilizam trituradores, aumentando
substancialmente as chances de contaminação, pois todo o conteúdo da pilha mistura-se ao composto orgânico.

COMPOSIÇÃO DAS PILHAS


Uma pilha clássica consiste de um pino de carbono (carvão poroso) imerso em uma mistura úmida de cloreto de amô-
nia (NH4Cl), cloreto de zinco (ZnCl2) e dióxido de manganês (MnO2). Uma peça de metal é colocada no topo do pedaço
de carvão e é um dos contatos da pilha. Muito material isolante separa o carvão e sua cabeça de metal da casca da pilha,
que no fundo, não passa de um “copo”, feito de zinco, que suporta todo o conteúdo.
A química que ocorre entre o zinco da casca da pilha e a mistura úmida, preta, do seu interior é bastante complexa,
mas podemos mencionar o que acontece quando, por exemplo, colocamos a pilha numa lanterna, e ligamos o contato.
Quando ligamos a lanterna, nós completamos um circuito. Um circuito, como já vimos, é o caminho por onde passam
os elétrons. O circuito permite aos elétrons saírem da casca de zinco, viajando até a lâmpada por uma parte do circuito
que é construído dentro da lanterna - em geral uma placa metálica que serve de condutora - viaja pela lâmpada, o que
faz a lâmpada se acender, voltam à pilha através do contato metálico no topo do carvão, atravessam o carvão e vão pro-
vocar reações químicas pela pasta úmida negra dentro da pilha. O que acabamos de descrever é uma corrente elétrica, ou
seja, a passagem de elétrons através de um circuito. É essa eletricidade que move nossos relógios, rádios e lanternas. Nas
pilhas de lítio, nas alcalinas, de mercúrio e de outros tipos, é sempre a casca de metal que é a fornecedora dos elétrons. E
é basicamente isso que acontece na pilha.

36
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A casca metálica cede elétrons ao interior quando o circuito é fechado. No interior da pilha carbono-zinco, a mistura
cloreto de zinco/dióxido de manganês serve para “repor” o zinco gasto pela casca, e assim dar longa vida à pilha; mas os
processos químicos são complicados, e a pilha finalmente perde o poder de gerar corrente elétrica, e... gasta. A tendên-
cia dos elétrons se moverem de um ponto a outro em um circuito, ou POTENCIAL, é medida em Volts, em homenagem a
Alessandro Volta, o físico italiano que em 1800 desenvolveu a pilha de Volta, que era uma camada sucessiva de discos de
prata (ou cobre), papel molhado com uma solução salina, e discos de zinco. A voltagem das pilhas comuns é muito baixa
(1,5 Volts), para nos causar qualquer dano. Mesmo as baterias de automóvel, que podem gerar centenas de Ampères, têm
um potencial pequeno (12V) que não pode, em condições normais, causar nenhum dano sério. Da mesma forma, uma alta
voltagem que libera um número insignificante de ampères também não causa danos. Tente arrastar os pés num carpete
num dia bem seco, se carregue bem de eletricidade estática, e então toque em alguém, vai sair faísca, você irá liberar mi-
lhares de volts, mas o choque vai ser pequeno (o susto na outra pessoa vai ser proporcionalmente grande!). A alta voltagem
pode, entretanto, causar danos em equipamentos sensíveis, como destruir os dados do seu computador, estragar fitas
magnéticas, etc.

Na eletricidade estática as cargas ficam acumuladas e em repouso no corpo, elas não se movi-
mentam de forma organizada como na corrente elétrica.

CONHECENDO SEUS DIREITOS


E quando você faz tudo certo ao ligar o seu aparelho e mesmo assim ele não funciona? Reclame!! Quando você com-
pra em uma loja devidamente instalada e regulamentada você tem uma garantia contra defeitos e mal funcionamento do
produto, durante alguns dias você pode devolvê-lo, se não estiver satisfeito, ou trocá-lo por outro igual mas que funcione
direito. Mesmo passada a garantia da loja, o manual que você recebe junto com o seu aparelho informa o tempo de garan-
tia, ou seja, o tempo mínimo que seu aparelho deve funcionar sem qualquer problema. Por isso não compre produtos sem
procedência conhecida nem produtos piratas, você perde todos os seus direitos.
Mesmo quando o produto não tem qualquer eletrônica envolvida este direito pode e deve ser exercido.
Para defender-se dos abusos que podem ter ocorrido na compra de algum produto ou contrato de um serviço, o pri-
meiro passo do consumidor é informar-se de seus direitos consultando o Código de Defesa do Consumidor, que detalha
quais são os seus direitos nas relações de consumo. Poderá, também, iniciar o processo procurando orientação no Procon
de sua cidade ou recorrendo a uma organização não governamental como o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consu-
midor) e outras associações civis existentes em vários Estados ou municípios, como a Comissão de Defesa do Consumidor,
da OAB.
Em janeiro de 2009 alguns consumidores perceberam que uma determinada marca de molho de tomate, vendida em
vários estabelecimentos comerciais, continha em suas embalagens uma quantidade menor de produto do que o rotulo
informava. Eles procuraram o Procom e o IDEC para que seus direitos fossem respeitados. A empresa responsável pela fa-
bricação e distribuição do produto foi obrigada a ressarcir esses consumidores e foi intimada a retirar de circulação os lotes
de produtos com peso abaixo do anunciado.
Também em 2009, no inicio do mês de junho o Ministério Publico Federal informou varias empresas que comercializam
carne de que elas estavam adquirindo produtos de frigoríficos que abatiam gado criado em áreas invadidas e devastadas
da Amazônia. Os consumidores foram orientados a não comprar estes produtos e as empresas cancelaram todas as enco-
mendas destes frigoríficos. Também são direitos do consumidor saber a origem dos produtos que consome e um dever não
colaborar com a destruição dos nossos recursos naturais.
Conhecer os direitos e buscá-los na defesa do consumidor, seja de forma individual ou coletiva, são ações necessárias
para regular as relações entre consumidor, comerciante e fabricante, elementos essenciais do exercício da cidadania.

AGORA É A SUA VEZ!

Atividade 1
(ENCCEJA 2006) O dono de uma padaria resolveu ampliar os seus negócios e instalar três novos fornos elétricos iguais a
um que já está instalado, cuja potência nominal é de 3 kW. Um eletricista, chamado para dimensionar a fiação para suportar
a carga adicional, sugeriu trocar a bitola (diâmetro) dos fios que ligam o quadro de força específico dos fornos até o local
onde fica o “relógio” marcador do consumo de energia. Para uma instalação correta, a nova bitola de fio deve ser capaz de
suportar uma corrente elétrica, no mínimo, igual
(A) à da instalação atual.
(B) a duas vezes à da instalação atual.
(C) a três vezes à da instalação atual.
(D) a quatro vezes à da instalação atual.

37
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 2
(ENCCEJA 2005) A instalação elétrica de uma residência utiliza um circuito elétrico em paralelo, em que todos os equi-
pamentos têm a mesma tensão. Quando o equipamento é ligado ocorre uma variação na corrente elétrica do circuito, que
é diretamente proporcional à potência (P) do aparelho. Observe a figura:

Indique, em ordem crescente, as variações nas correntes elétricas causadas por estes eletrodomésticos:
(A) A, B, C, D.
(B) B, A, C, D.
(C) D, C, A, B.
(D) D, C, B, A.

Atividade 3
(ENCCEJA 2005) A energia elétrica vem facilitar a vida cotidiana, permitindo o uso das diversas tecnologias. Umas das
formas de obtenção dessa energia são as pilhas, utilizadas em diversos aparelhos. Elas possuem materiais de perigosa e
demorada interação com o meio ambiente e, por isso, não devem ser misturadas ao lixo comum. Para uma pessoa descartar
pilhas usadas, consideram-se as seguintes propostas:
I - Procurar informações sobre onde devem ser depositadas.
II - Devolvê-las ao fabricante para o seu destino adequado.
III - Jogá-las em terreno baldio quando descarregadas.
IV - Enterrá-las em profundidade correta.
Estão corretas as propostas:
(A) I e II
(B) II e III
(C) I e IV
(D) III e IV

Atividade 4
(ENCCEJA 2002) Uma família, com o intuito de economizar energia, mudou toda a rede elétrica de sua residência para
220V e trocou todas as lâmpadas incandescentes de 127V por outras incandescentes de mesma potência, mas que agora
funcionam em 220V. Esse procedimento, em relação à tentativa de economizar energia elétrica, foi:
(A) adequado, pois a potência diminui, diminuindo o consumo.
(B) inadequado, pois a potência aumenta, aumentado o consumo.
(C) adequado, pois a potência aumenta, diminuindo o consumo.
(D) inadequado, pois a potência permanece a mesma, sem reduzir o consumo.

38
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 5
(ENCCEJA 2002) Em manuais de instruções de aparelhos elétricos de alta potência, uma das principais recomendações
é a seguinte:
Não utilize em hipótese alguma pinos ‘T’, benjamins ou similares para ligação de outros aparelhos na mesma tomada
de força. Isso pode ocasionar um aquecimento prejudicial e até queima das instalações.
Esse aquecimento prejudicial na fiação da rede junto à tomada deve-se ao aumento excessivo da
(A) corrente elétrica.
(B) tensão elétrica.
(C) resistência elétrica.
(D) tensão e corrente.

Atividade 6
(ENCCEJA 2002) Atualmente é possível encontrar no mercado geladeiras com selo de Economia de Energia do Procel
(Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica). Observe os modelos apresentados na tabela:

MODELO 1993 MODELO NOVO 2001 REDUÇÃO MENSAL

Consumo mensal:47kWh Consumo mensal: 27kWh 20 kWh

Um consumidor está diante da seguinte situação: uma geladeira nova custa aproximadamente R$ 600,00 e uma antiga,
cerca da metade do preço (R$ 300,00).
Considerando que se mantenha constante o valor do kWh igual a R$ 0,25, o custo adicional de compra de uma gela-
deira do modelo novo será recuperado pela economia nas contas de luz ao longo de:
(A) 2 anos.
(B) 3 anos.
(C) 4 anos.
(D) 5 anos.

Atividade 7
(ENCCEJA 2005) Com base nos dados da tabela, analise os itens abaixo:

Potência total (W) Uso diário (h) Consumo mensal (W)

Televisão 80 6 14.400
Iluminação (10 lampadas) 400 8 96.000
Ferro de passar 1200 2 72.000
Microondas 1100 0,2 6.600
Chuveiro elétrico 4.400 0,5 66.000
Liquidificador 270 0,1 810
geladeira 70 12 25.200

I - Se o liquidificador e o microondas não forem utilizados por um mês, a economia energética equivalerá a de deixar
a televisão ligada por 6hs.
II - Se o ferro elétrico for utilizado apenas 40horas por mês, a economia de energia será de 24kW.
III - Se o número de lâmpadas for reduzido pela metade, o consumo de energia das lâmpadas equivalerá ao de deixar
o chuveiro elétrico ligado por 5 horas.
Das afirmações acima,
(A) apenas I está correta.
(B) apenas II está correta.
(C) I e II estão corretas.
(D) II e III estão corretas.

39
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! Capítulo 4


1-D
2-B
3-A OS CAMINHOS DA HUMANIDADE
4-D
5-A ASSOCIAR ALTERAÇÕES AMBIENTAIS A PROCES-
6-D SOS PRODUTIVOS E SOCIAIS, E INSTRUMENTOS OU
7-B AÇÕES CIENTÍFICO-TECNOLÓGICAS A DEGRADAÇÃO E
PRESERVAÇÃO DO AMBIENTE.
PRA FIM DE PAPO!
Este capítulo abordou as seguintes habilidades: José Luis de Souza

Olhe ao seu redor, se você está em casa, quanta coisa


• Utilizar terminologia científica adequada para des-
você já comprou até hoje; e quanta coisa você ainda pensa
crever situações cotidianas apresentadas de diferentes for-
em comprar. Já parou para pensar de onde veio tudo isso
mas.
que você já tem? De onde virá o que você ainda terá e
• Interpretar e dimensionar circuitos elétricos do-
para onde vão todas estas coisas quando você não precisar
mésticos ou em outros ambientes, considerando informa-
mais? Os governos de vários países incentivaram o consu-
ções dadas sobre corrente, tensão, resistência e potência.
mo para movimentar as indústrias e a economia evitando
• Relacionar informações para compreender ma-
assim a recessão que pegou o mundo de surpresa a partir
nuais de instalação e utilização de aparelhos ou sistemas do final do ano de 2008. Porém para movimentar essas in-
tecnológicos de uso comum. dústrias é necessária uma grande quantidade de recursos
• Comparar diferentes instrumentos e processos que são retirados da natureza, os chamados recursos na-
tecnológicos para identificar e analisar seu impacto no tra- turais.
balho e no consumo e sua relação com a qualidade de vida. Destes recursos naturais, alguns são renováveis, outros
• Selecionar procedimentos, testes de controle ou não. A palavra “recurso” significa algo a que se possa re-
outros parâmetros de qualidade de produtos, conforme correr para a obtenção de algum produto ou energia. O
determinados argumentos ou explicações, tendo em vista homem recorre aos recursos naturais para satisfazer suas
a defesa do consumidor. necessidades de alimentação, produção de energia e de
bens materiais diversos.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu- No Ecossistema Planeta-Terra há uma troca constante
de um pouco mais, você esta construindo um processo de de recursos naturais entre os seres vivos. A flora (vegetais)
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá! e a fauna (animais) são exemplos de recursos naturais re-
nováveis: uma planta ou animal podem ser reproduzidos
“teoricamente”, de forma infinita, a partir de seus “pais”.
Os minerais, como por exemplo, os minérios de ferro e de
alumínio estão classificados como recursos naturais não re-
nováveis. Outro exemplo é o petróleo e, se são não renová-
veis é porque, um dia, irão se esgotar no Planeta.
O fato de um recurso natural ser considerado renová-
vel, como a água, não significa que seja infinito. O mundo
possui aproximadamente 7 bilhões de pessoas que ne-
cessitam de tais recursos. Alguns consomem mais, outros
consomem menos, de qualquer forma, temos que procurar
maneiras para que os bens naturais sejam utilizados, sem
desperdício e assim possam ser aproveitados por todos.
O problema não está só na extração e utilização dos
recursos, está também no seu processamento e transfor-
mação em bens de consumo. Para isso se faz necessária
uma grande quantidade de energia, muitas delas baseadas
na geração de calor que jogam uma grande quantidade
de resíduos na atmosfera. Quando essa quantidade cresce
demais temos o surgimento da poluição, que afeta nossa
saúde e de todos os demais seres vivos.
Uma grande quantidade de água também é utilizada
nesses processos de produção, quando ela volta ao am-
biente, na maior parte das vezes volta poluída e prejudica
todo o equilíbrio dos ecossistemas. Mas será que precisa
ser assim. Tudo o que o ser humano toca precisa se trans-
formar em lixo e poluição?

40
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O lixo é matéria prima fora do lugar. A reciclagem e A produção primária de alumínio requer imensa ener-
a coleta seletiva são fatores de combate ao desperdício e gia como já dissemos. Também resulta em gases causado-
à poluição. Várias doenças de origem ambiental têm seu res do efeito estufa, que contribuem para o aquecimento
início no descarte de plásticos, pilhas e outros produtos no global. De acordo com o Instituto Internacional de Alumí-
meio ambiente. nio, a fabricação de novos estoques do metal libera 1% das
Depois de muito trabalho, muita luta e empenho de vá- emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa de ori-
rias organizações aumentou a percentagem de reciclagem gem humana. Uma das principais prioridades do setor é re-
mundial do papel. E só depois que as empresas passaram duzir essas emissões por meio de medidas de limitação, re-
a pagar pela coleta é que as latas de alumínio começaram ciclagem ampliada e o uso de alumínio em veículos, aviões,
a ser reaproveitadas, pelo menos em sua maior parte. O embarcações e trens. De fato, o uso de componentes leves
PET - o plástico duro das garrafas dos refrigerantes - que de alumínio em veículos é um dos avanços mais significa-
entope os rios e provoca inundações, também tem sido tivos no projeto e fabricação de automóveis. Cada quilo de
amplamente reaproveitado. Muitas das embalagens que
material mais pesado substituído por alumínio resulta em
usam este plástico têm duas camadas, a interna de material
22 quilos a menos de emissões de dióxido de carbono ao
virgem e a externa de material reciclado.
longo do ciclo de vida do veículo.21
Vamos discutir um pouco, neste capitulo, quais são as
Outra aplicação promissora é o uso do alumínio em
conseqüências da utilização de alguns dos recursos natu-
rais mais importantes e como podemos sugerir ações para carros movidos por células combustíveis. Pesquisadores
que a produção de bens industrializados não cause o esgo- da Universidade Purdue descobriram recentemente que o
tamento e desequilíbrio dos nossos ecossistemas. alumínio pode ser usado para produzir hidrogênio com-
bustível de forma eficiente. O processo começa com grãos
A UTILIZAÇÃO E O DESTINO DO ALUMÍNIO de alumínio, que são misturados ao elemento químico gá-
Discutimos no capítulo anterior a importância do alu- lio em forma líquida para produzir a liga alumínio-gálio.
mínio nas várias esferas da atividade humana. Discutimos Quando a água é adicionada, o metal reage com o oxigê-
também que a forma mais conhecida do alumínio é a me- nio e forma um gel. O processo também produz gás hidro-
tálica, aquela que usamos nos utensílios de cozinha, portas, gênio, que pode ser recolhido e usado para alimentar uma
janelas, embalagens de bebidas e de alimentos. célula combustível.
Surpreendentemente, a maior parte do alumínio que Inovações como essa ampliarão a demanda por alu-
já foi produzido continua em uso ainda hoje. Isso acontece mínio que já pode ser considerado um dos metais mais
porque o metal pode ser reciclado repetidamente sem per- importantes na história da civilização humana. Quando os
der a qualidade. A maior parte que termina reciclada vem arqueólogos e antropólogos do amanhã refletirem sobre a
de uma entre três fontes: latas de bebidas usadas, compo- sociedade dos séculos 19, 20 e 21 podem dar ao período
nentes de velhos automóveis e aparas recolhidas durante a o nome de Idade do Alumínio, colocando-o ao lado das
fabricação de produtos de alumínio.19 idades da Pedra, Bronze e Ferro como um dos mais signi-
A reciclagem de latas de alumínio é um dos grandes ficativos períodos no desenvolvimento cultural humano.22
sucessos do movimento moderno da sustentabilidade. O Talvez por causa disto ele seja tido como inofensivo,
primeiro programa nacional de reciclagem de latas foi ini- mas a exposição a altas concentrações pode causar proble-
ciado em 1968, e hoje cerca de 66 bilhões de latas são reci- mas de saúde principalmente quando na forma de íons em
cladas a cada ano apenas nos Estados Unidos.20 que ele é solúvel em água.
Ela é um processo de ciclo fechado, o que significa que A absorção do alumínio pode acontecer através da co-
o novo produto feito depois do processo de reciclagem é mida, do ar e contato com a pele. A ingestão por muito
idêntico ao antigo. Há seis etapas na reciclagem de latas
tempo em concentrações altas pode levar a sérios proble-
em ciclo fechado:
mas de saúde como: demência, danos ao sistema nervoso
1. As latas velhas de alumínio são levadas a um pon-
central, perda de memória, surdez, fortes tremores, dores
to de coleta de alumínio.
musculares, cólicas, fraqueza, inapetência e impotência. O
2. Elas são fragmentadas em pequenos pedaços.
3. Os pedaços são levados a uma fornalha ardente. alumínio tem sido frequentemente associado ao aumento
4. O alumínio derretido se resfria e endurece em for- dos casos do Mal de Alzheimer.
ma de lingotes retangulares. A inspiração de alumínio em pó em fábricas onde este
5. Os lingotes são processados em formas de chapas elemento é utilizado no processo de produção pode levar
finas de alumínio. à fibrose pulmonar e outros danos ao pulmão. Este efeito
6. As chapas são usadas para produzir novas latas. é complicado pela presença, no ar, de sílica e óxido de fer-
Boa parte da inovação no setor de alumínio se relacio- ro. Ele pode também penetrar nos rins e causar danos às
na à melhora da eficiência na produção e reciclagem. funções renais.

21 fonte: Instituto Internacional de Alumínio (em


19 fonte: World Book inglês)
20 fonte: Alcoa (em inglês) 22 ciencia.hsw.uol.com.br

41
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

FALANDO DA RECICLAGEM
No ano de 2007, somente a etapa de coleta (a compra das latas usadas) injetou R$ 523 milhões na economia nacional,
volume financeiro equivalente ao de empresas que estão entre as maiores do país.
Aproximadamente 96,5% da produção nacional de latas foram recicladas naquele ano. Mais uma vez os números bra-
sileiros superam os de países industrializados como Japão e EUA. Observe a tabela a seguir:23

2003 2004 2005 2006 2007


Argentina 80 78 88,1 89,6 90,5
Brasil 89 97,5 96,2 94,4 96,5
Europa 48 48 52 57,7 N/D
EUA 50 51,2 52 51,6 53,8
Japão 81,8 86,1 91,7 90,9 92,7

Tabela 5.1 - Índice de Reciclagem das Latas de Alumínio (%)24

O material é recolhido e armazenado por uma rede de aproximadamente 130 mil sucateiros, responsáveis por 50% do
suprimento de sucata de alumínio à indústria. Outra parte é recolhida por supermercados, escolas, empresas e entidades
filantrópicas. Através de ações como essas é possível aliar o desenvolvimento tecnológico como o uso do metal à melhoria
das condições de vida da população, pois a reciclagem do alumínio já produzido trás com ela a preservação dos recursos
naturais e do ambiente, economia de energia, produto de boa qualidade e propriedades físicas e ainda renda para a po-
pulação.
Agora podemos responder a pergunta que fizemos no inicio do capítulo: é possível sim que o ser humano se aproprie
de recursos naturais sem transformá-los em lixo. Adiante veremos mais alguns exemplos.
GARRAFAS RECICLADAS
Quem pode imaginar um dia quente de verão sem um bom suco ou refrigerante? Já percebeu que quase todos vêm
embalados em garrafas plásticas? Até a água de côco tem sido embalada com garrafas deste tipo! Mas quem consegue
se imaginar vestindo uma blusa que já foi uma garrafa de refrigerante? Pois é...isso já existe e passa cada vez mais a fazer
parte da nossa realidade.
Mas antes de discutirmos os materiais plásticos das garrafas precisamos ter uma idéia da sua natureza. São necessários
alguns conceitos de química que ainda não discutimos neste caderno. Se você sentir alguma dificuldade estude o Capitulo
8 e depois volte a estudar este, pode ficar mais fácil.
O PET, assim como outros tipos de plásticos são compostos orgânicos, não que sejam produzidos por algum organis-
mo, são chamados orgânicos porque são formados por moléculas longas (cadeias) com vários átomos de carbono ligados
em seqüência. Chamamos a química relacionada ao carbono de Química Orgânica.
Como o carbono é a unidade fundamental dos compostos orgânicos, torna-se necessário um conhecimento um pouco
mais profundo sobre esse elemento. Ele pode fazer 4 ligações covalentes, portanto os compostos orgânicos são molecula-
res, não são condutores de corrente elétrica, têm baixos pontos de fusão e de ebulição.
A capacidade que alguns átomos de mesmo elemento têm de se ligarem entre si é característica de alguns elementos,
tais como enxofre, nitrogênio, oxigênio e fósforo. No entanto essa capacidade para o carbono é tão grande que já se co-
nhecem cadeias carbônicas com milhares de átomos de carbono ligados entre si. Isso é possível porque eles podem fazer
essas ligações de três formas diferentes.
Observe as representações dessas ligações através das fórmulas eletrônica e estrutural plana mostradas a seguir:
Fórmula eletrônica – representa um elemento químico através do seu símbolo e os átomos da sua última camada atra-
vés de pontos.
Fórmula estrutural plana – representa as ligações químicas através de traços.

23 CEMPRE.org.br
24 Fonte: ABAL; ABRALATAS

42
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Quando dois átomos se ligam através de um único par ele-


trônico, a ligação recebe o nome de ligação simples.

Quando dois átomos se ligam através de dois pares eletrô-


nicos, a ligação recebe o nome de ligação dupla.

Quando dois átomos se ligam através de três pares eletrôni-


cos, a ligação recebe o nome de ligação tripla.

Em algumas situações pode ocorrer a ligação de um átomo de outro elemento entre dois carbonos, se isso ocorrer ele
será chamado de heteroátomo.

Figura 4.1 - Fórmula estrutural da molécula da essência de Jasmim

Observe a fórmula estrutural da molécula da essência de jasmim. Ela tem dois átomos de oxigênio, um deles está entre
carbonos, é um heteroátomo. O outro está ligado a um carbono só, não pode ser considerado heteroátomo.
E aquele hexágono que tem na molécula? Ele é uma representação da substância chamada benzeno. Neste tipo de
representação cada vértice contém um átomo de carbono. Veja 3 representações diferentes da mesma substância.

43
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 4.2 – Diferentes representações da molécula do composto benzeno.

As cadeias carbônicas também podem ser representadas de uma maneira mais simplificada usando apenas traços.

Cada átomo de carbono das extremidades tem as 4 valências ocupadas. Portanto a estrutura acima também pode ser
representada como:

Observe que, apesar de não aparecerem nas primeiras representações, os átomos de hidrogênio existem juntamente
com os de carbono completando a sua valência.
Outra coisa que podemos notar é que a primeira cadeia, a do n-butano, segue uma seqüência simples de átomos, po-
demos chamá-la de cadeia linear. A segunda possui uma bifurcação e é chamada de cadeia ramificada.
Algumas dessas cadeias podem ser fechadas como a do benzeno que mostramos há pouco. Nestes casos a cadeia é
chamada de cíclica.
Agora observe a molécula da essência de jasmim e a molécula do gás n-butano. O que elas possuem de diferente? A
primeira tem o oxigênio no meio da cadeia, a segunda possui apenas átomos de carbono e hidrogênio. Substâncias que
possuem apenas esses dois tipos de átomos são chamadas de hidrocarbonetos.
No cap 3 mostramos uma etiqueta de botijão de gás da marca butano, que é também o nome de um dos gases lique-
feitos de petróleo presentes na mistura de gases que usamos nas nossas casas. A molécula do butano é mostrada a seguir
junto com a de etileno.

44
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Estas duas moléculas apresentam diferenças quanto ao tipo de ligação. A de etileno apresenta uma ligação dupla. As
moléculas com ligações duplas e triplas são classificadas como insaturadas. Já aquelas que possuem apenas ligações sim-
ples são classificadas como saturadas.
Moléculas insaturadas podem ser unidas umas às outras através de reações chamadas de polimerização, dando origem
a uma grande família de compostos, a dos polímeros.
Os polímeros em particular são materiais compostos por macromoléculas. Essas macromoléculas são cadeias formadas
pela repetição de uma unidade básica, chamada mero. Daí o nome: poli (muitos) + mero. Por isso a unidade básica é cha-
mada de monômero (mono) + mero ou seja 1 mero.
Os monômeros são dispostos um após o outro, como pérolas num colar. Uma macromolécula assume formato muito
semelhante ao de um cordão. Logo, pode-se fazer a seguinte analogia: as moléculas de um polímero estão dispostas de
uma maneira muito semelhantes a um novelo de lã. É difícil extrair um fio de um modelo de lã. Também é difícil remover
uma molécula de uma porção de plástico, pois as cadeias “seguram-se” entre si.
Por exemplo, o polietileno (ou, abreviadamente, PE) - plástico extremamente comum usado, por exemplo, em saqui-
nhos de supermercados- é composto pela repetição de milhares de unidades da molécula básica do etileno (ou eteno):

onde n normalmente é superior a 10.000. Ou seja, uma molécula de polietileno é constituída da repetição de 10.000
ou mais unidades de etileno.
O parâmetro n é definido como sendo o Grau de Polimerização do polímero, ou seja, o número de meros que cons-
titui a macromolécula.
Alguns polímeros podem ser constituídos da repetição de dois ou mais meros. Neste caso, eles são chamados co-
polímeros. Por exemplo, a macromolécula da borracha sintética SBR é formada pela repetição de dois meros: estireno e
butadieno:

Para enfatizar que um polímero é formado pela repetição de um único mero, ele é denominado homopolímero.

COMO SE DIVIDEM OS POLÍMEROS

Há diversas maneiras de se dividir os polímeros. A classificação conforme as características mecânicas talvez seja a mais
importante. Ela decorre, na verdade, da configuração específica das moléculas do polímero.
Sob este aspecto, os polímeros podem ser divididos em termoplásticos, termorrígidos (termofixos) e elastômeros (bor-
rachas).
- Termorrígidos (Termofixos): São rígidos e frágeis, sendo muito estáveis a variações de temperatura. Uma vez pron-
tos, não mais se fundem. O aquecimento do polímero acabado promove decomposição do material antes de sua fusão,
tornando sua reciclagem complicada.
- Elastômeros (Borrachas): Classe intermediária entre os termoplásticos e os termorrígidos: não podem ser fundidos,
mas apresentam alta elasticidade, não sendo rígidos como os termofixos. Reciclagem complicada pela incapacidade de fusão.
- Termoplásticos: São também chamados plásticos, e são os mais encontrados no mercado. Podem ser fundidos e
moldados diversas vezes, alguns podem até dissolver-se em vários solventes. Logo, sua reciclagem é possível, característica
bastante desejável atualmente. Sob temperatura ambiente, podem ser maleáveis, rígidos ou mesmo frágeis. Exemplos:
polietileno (PE), polipropileno (PP), policarbonato (PC), poliestireno (PS), poli(cloreto de vinila) (PVC), poli(metilmetacrilato)
(PMMA), poli(tereftalato de etileno) (PET).

45
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O PET foi desenvolvido em 1941 pelos químicos ingleses Whinfield e Dickson. Mas as garrafas produzidas com este
polímero só começaram a ser fabricadas na década de 70, após cuidadosa revisão dos aspectos de segurança e meio am-
biente.
O material, que é um poliéster termoplástico (que pode ser moldado com o calor), tem como características a leveza, a
resistência e a transparência, ideais para satisfazer a demanda do consumo doméstico de refrigerantes e de outros produ-
tos, como artigos de limpeza e comestíveis em geral. A evolução do mercado e os avanços tecnológicos têm impulsionado
novas aplicações para o PET reciclado, das cordas e fios de costura, aos carpetes, bandejas de ovos e frutas e até mesmo
novas garrafas para produtos não alimentícios, já que esta aplicação ainda não é permitida pela ANVISA (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária).
Sua reciclagem, além de desviar lixo plástico dos aterros, utiliza apenas 0.3% da energia total necessária para a produ-
ção da resina virgem. E tem a vantagem de poder ser reciclado várias vezes sem prejudicar a qualidade do produto final.
No Brasil, aproximadamente 53% das embalagens pós-consumo são efetivamente recicladas, totalizando 230.000 to-
neladas das 432.000 produzidas. As garrafas são recuperadas principalmente através de catadores, além de fábricas e da
coleta seletiva operada por municípios.
O volume de PET reciclado no Brasil segue crescendo: em 2007, o crescimento foi de 18,6% em relação a 2006, exce-
dendo mesmo as previsões mais otimistas de ano anterior, que indicavam crescimento máximo de 6 a 7%.
Em se tratando da reciclagem do PET, perdemos apenas para o Japão que recicla 62%.

Posição País Índice de Reciclagem


1º Japão 62,0%
2º Brasil 51,3%
3º Europa 38,6%
4º Argentina 27,1%
5º Austrália 27,0%
6º EUA 23,5%
7º México 11,0%

Tabela 4.2 – Índices mundiais de reciclagem de PET.25

Atualmente, o maior mercado para o PET pós-consumo no Brasil é a produção de fibra de poliéster para indústria têxtil
(multifilamento), onde será aplicada na fabricação de fios de costura, forrações, tapetes e carpetes, etc. Outra utilização
muito freqüente é na a fabricação de cordas e cerdas de vassouras e escovas (monofilamento). Outra parte é destinada à
produção de filmes e chapas para boxes de banheiro, placas de trânsito e sinalização em geral. É possível utilizar os flocos
da garrafa na fabricação de resinas usadas na produção de tintas e também resinas insaturadas, para produção de adesivos
e resinas poliéster.
As aplicações mais recentes estão na extrusão de tubos para esgoto predial, cabos de vassouras e na injeção para fa-
bricação de torneiras.
Hoje, 30% dos mais de 5 mil municípios brasileiros não contam com nenhum tipo de coleta e apenas cerca de 200
municípios possuem um sistema de coleta seletiva. Esse sistema proporciona material mais limpo, livre de contaminações,
e consequentemente, a sucata assim coletada tem maior valor.
Outro benefício é trazer os trabalhadores dos lixões para cooperativas organizadas, e mais uma vez a reciclagem tem
um papel social importantíssimo, a geração de renda para a parcela mais humilde da população.
As indústrias devem investir em informação e tecnologia. Levar ao grande público o conhecimento sobre a reciclabili-
dade dos materiais, instruindo sobre como proceder para o correto descarte das embalagens.
Elas devem também desenvolver as tecnologias que permitam materiais mais fáceis de reciclar, inofensivos e inertes
para proteção do meio ambiente e desenvolver os mercados para os produtos reciclados.
A população deve descartar corretamente seus materiais recicláveis, depositando as embalagens usadas em contêi-
neres adequados ou doá-las para catadores e/ou entidades que as aceitem em doação. O cidadão comum tem o dever
de começar, em sua casa, o trabalho de separar o lixo dos materiais recicláveis, pois ele não vive isolado, é parte de uma
comunidade que precisa se comprometer com a manutenção e melhoria da saúde do planeta.
Cada um de nós tem o trabalho de ir aos mercados para adquirir produtos que vêm embalados em plástico, papel,
vidro e metais. Cabe a nós, portanto, o primeiro passo para fazer com que os materiais sigam seu caminho de retorno para
a indústria recicladora.
25 Fonte: ABIPET

46
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

COMO ACONTECE A RECICLAGEM DO PET Os computadores, que a princípio pareciam poder co-
O PET pode ser reciclado de três maneiras diferentes: locar em risco a “vida útil” desse material, hoje até contri-
1 - Reciclagem química. Utilizada também para outros buem com a maior utilização do mesmo a partir das impres-
plásticos, separa os monômeros do PET, fornecendo ma- sões dos conteúdos presentes neles. Sendo assim, torna-se
téria-prima para solventes e resinas, entre outros produtos. extremamente claro para todos a importância que o papel
2 - Reciclagem energética. O calor gerado com a quei- tem hoje em dia e também as diversas formas que podemos
ma do produto pode ser aproveitado na geração de ener- utilizá-lo. O difícil, porém, é imaginarmos como é feita a pro-
gia elétrica (usinas termelétricas), alimentação de caldei- dução do papel nas grandes indústrias e todo o processo que
ras e altos-fornos. O PET tem alto poder calorífico, o que acaba transformando grandes plantações de eucalipto (no
significa que sua chama gera altas temperaturas. Como é caso do Brasil) em, por exemplo, cadernos utilizados por alu-
formado na sua maior parte por átomos de carbono e não nos nas escolas.
exala substâncias tóxicas quando queimado a exemplo do O processo inicia-se com o corte das árvores usadas como
carvão e combustíveis derivados do petróleo que possuem matéria-prima para a fabricação (no Brasil, os eucaliptos são
enxofre e nitrogênio como contaminantes. as principais árvores) seguido pelo transporte de todas, ainda
3 - Reciclagem mecânica. Praticamente todo o PET re- com casca, até as fábricas. Após serem descarregadas, as toras
ciclado no Brasil passa pelo processo mecânico, que pode são processadas em descascadores e depois conduzidas aos
ser dividido em: picadores, local onde são transformadas em cavacos, peque-
RECUPERAÇÃO: Nesta fase, as embalagens que seriam nos pedaços, para que sejam mais facilmente processados. A
atiradas no lixo comum ganham o status de matéria-prima, polpa pode ser obtida por um processo mecânico, onde os
o que de fato, são. As embalagens recuperadas serão sepa- troncos são prensados contra pedras de moer na presença de
radas por cor e prensadas. A separação por cor é necessária água. Mas o processo mais comum é o químico.
para que os produtos que resultarão do processo tenham No processo químico, os cavacos vão para digestores, re-
uniformidade de cor, facilitando assim, sua aplicação no cipientes que suportam alta pressão interna, onde se subme-
mercado. A prensagem, por outro lado, é importante para tem a uma ação química do licor branco forte (soda cáustica
que o transporte das embalagens seja viabilizado. Como já mais sulfeto de sódio) e do vapor d´água, com o objetivo de
sabemos, o PET é muito leve. dissociar a lignina (adesivo natural) existente entre as fibras e
REVALORIZAÇÃO: As garrafas são moídas, ganhando a madeira. A celulose industrial se resume a essas fibras libe-
valor no mercado. O produto que resulta desta fase é o flo- radas.
co da garrafa. Pode ser produzido de maneiras diferentes e, Após essa operação, a celulose sofre refino, que dará as
os flocos mais refinados, podem ser utilizados diretamente qualidades exigidas do papel através da moagem das fibras.
como matéria-prima para a fabricação dos diversos produ- Para a fabricação de certos tipos de papel, a polpa deve ser
tos que o PET reciclado dá origem na etapa de transforma- branqueada. No processo de branqueamento, ela é tratada
ção. No entanto, há possibilidade de valorizar ainda mais com peróxido de hidrogênio, dióxido de cloro, oxigênio e
o produto, produzindo os grãos de PET reciclado. Desta soda cáustica em cinco estágios diferentes, com seus respec-
forma o produto fica muito mais condensado, otimizando tivos filtros lavadores. O branqueamento é a etapa em que
o transporte e o desempenho na transformação. as empresas mais utilizam cloro e organocloros, substâncias
TRANSFORMAÇÃO: Fase em que os flocos, ou o gra- poluentes que, ao serem lançadas nos rios, por exemplo, con-
nulado, será transformado num novo produto, fechando taminam a água e os peixes, causando prejuízos para o ecos-
o ciclo. Os transformadores utilizam PET reciclado para sistema e para as pessoas que utilizam essas águas.
fabricação de diversos itens, inclusive novas garrafas para Outras operações podem ser executadas durante a for-
produtos não alimentícios. mação da polpa, como o tingimento (são colocados corantes
para se obter a cor desejada), a correção do pH (normalmen-
O PAPEL NA SOCIEDADE E NA RECICLAGEM te a celulose fica em água alcalina, cuja alcalinidade deve ser
Quando pensamos na palavra Papel. O que vem na parcial ou totalmente neutralizada com sulfato de alumínio) e
nossa cabeça? Provavelmente, muitos logo se lembrariam outros aditivos (ingredientes acrescentados à polpa para me-
de revistas, jornais, panfletos, lenços e poderiam pensar até lhorar a qualidade do papel). Quando a polpa chega à caixa
em bulas de remédio, guardanapos, calendários. Professo- de entrada da máquina de papel, contém grande quantidade
res já se preocupariam com as inúmeras provas e trabalhos de água por isso a mistura é lançada sob a forma de um jato
dos seus alunos que eles sempre têm que corrigir. Médicos fino e uniforme sobre uma tela metálica móvel. A ação fil-
se lembrariam das várias receitas que sempre entregam a trante dessa tela, combinada a um sistema de vácuo, extrai
seus pacientes. Trabalhadores de cartórios não se esquece- a maior parte da água contida na polpa e as fibras acabam,
riam da enorme quantidade de documentos que passam assim, formando a folha de papel. A folha ainda é prensada
por suas mãos diariamente. Comerciantes não deixariam entre rolos, para que seja removida mais água.
de se lembrar dos cheques recebidos e das notas fiscais Após todos esses processos, a folha atravessa a seção de
emitidas, em troca, para seus clientes. Trabalhadores dos secagem, onde passa por enormes cilindros de ferro que es-
correios certamente iriam pensar nas incontáveis cartas tão normalmente aquecidos com vapor. Ao papel passar por
que vêem todos os dias. Empresários, em suas agendas esses cilindros, a água restante na folha é extraída através
sempre lotadas. Candidatos ao vestibular, nos formulários da evaporação. No final da máquina, o papel é enrolado
que preenchem durante o ano todo para conseguir con- em grandes mandris (rolo jumbo), que são rebobinados e
correr a vagas em algumas universidades. divididos em rolos menores.

47
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

1 - Os troncos são descascados

2 – Picados

3 - Digestores: cozimento em soda cáustica

4 - Celulose e água

5 - Prensagem e secagem

6 – Bobina

Figura 4.3 – Charge mostrando uma representação da linha produtiva do papel.

Dali, eles vão para a seção de acabamento. Nesta seção, o papel, pronto para o uso, é cortado em folhas de formato
-padrão (A4, ofício II, etc.) e são embaladas.
Atualmente, em praticamente todas as fábricas, a produção é totalmente automatizada, sem contato manual.
O resultado de todo esse processo pode ser encontrado em papelarias, livrarias, escritórios, em nossa própria casa e em
praticamente todos os lugares. Mas o que nós não podemos esquecer é que esses papéis, mesmo depois de serem usados,
não chegam a um fim, não se tornam totalmente inúteis e descartáveis, apenas encerram uma etapa de sua utilização. O que
temos que lembrar é que existe a reciclagem, o reaproveitamento desse papel, aparentemente, sem mais nenhuma função.
Hoje em dia, há um aumento de preocupação com o meio ambiente e a reciclagem é uma forma de preservar os recur-
sos naturais como a matéria-prima, energia e água, diminuir a poluição durante a produção do papel e minimizar a quantia
de lixo enviada para os aterros. Somado a isso, ainda temos o fator econômico, já que a produção do papel reciclado acaba
saindo mais barata do que a produção de papel a partir da madeira, o que traz vantagens para as indústrias.
A pasta celulósica, normalmente provinda da madeira processada química ou mecanicamente, também pode provir
da reciclagem do papel. No processo de reciclagem, as aparas (papéis coletados em comércio, residências, escolas e ou-
tras instituições e rebarbas do processamento do papel em fábricas e gráficas) são misturadas à água e desintegradas em
pulpers (liquidificadores gigantescos). Utilizando limpadores e telas, são afastados da mistura os contaminantes (plástico,
metal, polietileno, etc.). A polpa reciclada é muito utilizada na fabricação de papel-cartão, papel-jornal e também para fa-
bricar papéis utilizados em lares, como papel higiênico, guardanapo e papel-toalha.
O papel continua muito presente em nossas vidas e nós continuamos muito dependentes dele. Ainda que, a cada dia,
a tecnologia se aprimore mais e, aos poucos, vá criando novos instrumentos e artifícios que poderiam acabar substituindo
o papel temos a certeza que essa “independência” não virá em um futuro tão próximo. E, pelo menos até chegar o dia em
que ninguém mais irá usufruir das várias utilidades do papel, a química continuará nos ajudando na fabricação e no apri-
moramento das técnicas de produção do mesmo.
Em todas as etapas e processos de fabricação do papel e até na reciclagem, podemos perceber a presença e a interfe-
rência marcante da química. A mesma química que polui os rios pode despoluí-los, tornar possível a reciclagem e, conse-
quentemente, ajudar na preservação da natureza.26
O PAPEL QUE PODE SER RECICLADO
A reciclagem de papel é antiga. Ao longo dos anos, o material mostrou ser fonte acessível de matéria-prima limpa. Com
a conscientização ambiental, para a redução da quantidade de lixo despejado em aterros e lixões a céu aberto, os sistemas
de reciclagem de papel evoluíram. As campanhas de coleta seletiva se multiplicaram e aumentou a ação dos catadores nas
ruas, que têm no papel usado uma fonte de sustento.
Cerca 38,1% do papel que circula no País retorna à produção através da reciclagem. Esse índice corresponde à aproxi-
madamente 817 mil toneladas de papel de escritório.
No Brasil, existem 22 categorias de aparas - o nome genérico dado aos resíduos de papel, industriais ou domésticos,
classificados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo - IPT e pela Associação Brasileira de Celulose e Papel -
BRACELPA. As aparas mais nobres são as “brancas de primeira”, que não têm impressão ou qualquer tipo de revestimento.
As aparas mistas são formadas pela mistura de vários tipos de papéis.
A intensidade do processo de reciclagem de papel é acentuadamente diferente, de acordo com as regiões brasileiras
onde se realiza. Nas regiões Sul e Sudeste, onde se concentram as principais indústrias do País, as taxas de recuperação são
relativamente altas, observe o gráfico a seguir:

26 Adaptação do texto “O PAPEL DA E NA SOCIEDADE” da aluna Mariana Gianjoppe dos Santos da 1ª


Série Ensino Médio do Colégio: Colégio Ser Universitário Jundiaí - Jundiaí, SP

48
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 4.4 – Taxa, em %, de reciclagem de papel no Brasil.

O papel de escritório é o nome genérico dado a uma variedade de produtos usados em escritórios, incluindo papéis
de carta, blocos de anotações, copiadoras, impressoras, revistas e folhetos. A qualidade é medida pelas características de
suas fibras. Papéis de carta e de copiadoras são normalmente brancos, mas podem ter várias cores. A maioria dos papéis
de escritório é fabricada a partir de processos químicos que tratam a polpa da celulose, retirada das árvores. Entretanto,
papel jornal é feito com menos celulose e mais fibras de madeira, obtidas na primeira etapa da fabricação do papel, e por
isso é de menor qualidade.
Em 2007, no Brasil, o consumo per capita brasileiro de papel de escritório foi um dos mais baixos do mundo, registran-
do apenas 44 quilos por habitante ao longo de um ano; enquanto nos Estados Unidos o mesmo índice foi de 288 quilos
por habitante ao longo de um ano.
O lixo derivado do papel de escritório é formado por diferentes tipos de papéis, forçando os programas de reciclagem
a priorizar a coleta de algumas categorias mais valiosas, como o papel branco de computador. Embora tenham menor valor,
os papéis mesclados, contendo diferentes fibras e cores, são também coletados para reciclagem. Os papéis para fins sani-
tários (toalhas e higiênicos) não são encaminhados para reciclagem. O mesmo ocorre com papéis vegetais, parafinados,
carbono, plastificados e metalizados.
No Brasil, a disponibilidade de aparas de papel é grande. Mesmo assim, as indústrias precisam periodicamente fazer
importações de aparas para abastecer o mercado. Quando há escassez da celulose e o conseqüente aumento dos preços
do reciclado, as indústrias recorrem à importação de aparas em busca de melhores preços. No entanto, quando há maior
oferta de celulose no mercado, a demanda por aparas diminui, abalando fortemente a estrutura de coleta, que só volta a
se normalizar vagarosamente.
As caixas feitas em papel ondulado também são facilmente recicláveis, consumidas principalmente pelas indústrias de
embalagens, responsáveis pela utilização de 64,5% das aparas recicladas no Brasil. Dados recentes mostram que 34,52%
das aparas foram consumidas para fabricação de embalagens de alimentos e 15,57% destinados a chapas de papel ondu-
lado. O papel ondulado é o material que atualmente mais usa material reciclado no País.

Região Toneladas Porcentagem reciclada


Sudeste 1.089121 48,32
Sul 677.421 30,05
Nordeste 206.523 9,16
Centro-Oeste 156.966 6,96
Norte 112.343 4,98
Tabela 4.3 - Estimativas da distribuição geográfica da expedição de produtos de papel ondulado por região.

49
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A liderança da região sudeste se deve principalmente sas para compensar os danos ambientais que causam. A
à grande atividade industrial e no setor de serviços, mas Companhia Mineradora Vale anunciou em 2009 que zerou
também à crescente conscientização da população de que o seu “footprint”, o que significa que ela reflorestou uma
é preciso preservar nossas áreas verdes usando formas al- área maior que aquela que devastou nas suas atividades
ternativas de produzir os materiais que consumimos. de mineração. Quando várias alternativas como essas são
usadas em conjunto, os benefícios são ainda maiores.
O QUE FAZER PARA MANTER A NOSSA ÁGUA? Outro risco à saúde dos mananciais é a presença de
Como discutimos até aqui, toda a rede produtiva e de substâncias e produtos nos efluentes (água descartada pela
reciclagem utiliza a água em seus processos industriais. A indústria), que podem ser usados como fontes de nutrien-
interferência humana pode provocar alterações sérias no tes (alimentos) por microorganismos presentes nos rios, la-
delicado equilíbrio ambiental de nosso planeta. Daí a ne- gos e açudes. É o que acontece também com o lançamento
cessidade de conhecimento, de planejamento e de cons- de esgoto (industrial e residencial) que é rico em matéria
cientização antes de serem executadas obras e outras ativi- orgânica.
dades que posam interferir na natureza. A matéria orgânica, do ponto de vista ambiental, é
A água é a única substância que existe, em circunstân- tudo aquilo que pode ser consumido por microorganismos,
cias normais, nos estados sólido, líquido e gasoso na Natu- como restos de alimentos, fezes, flores, restos de animais,
reza. A coexistência destes três estados significa que exis- etc. Esses microorganismos (principalmente bactérias),
tam transferências contínuas de água de um estado para quando dispõem de uma grande quantidade de nutrien-
outro; esta seqüência fechada de fenômenos pelos quais a tes, acabam se multiplicando intensa e rapidamente. Como
água passa do globo terrestre para a atmosfera é chamado muitos deles são aeróbios (precisam de oxigênio para viver)
de ciclo hidrológico ou simplesmente ciclo da água. ou facultativos (vivem tanto na presença como na ausência
O vapor de água obtido da transpiração dos seres vi- de oxigênio), para se desenvolverem e se multiplicarem eles
vos e da evaporação atinge um certo nível da atmosfera acabam consumindo praticamente todo o oxigênio dissol-
em que ele se condensa, formando as nuvens. Nas nuvens, vido na água, que é essencial à vida de uma enorme varie-
o vapor de água forma gotículas, que permanecem em dade de seres aquáticos.
suspensão na atmosfera. Estas gotículas, agregam-se for- Com isso, ocorre a morte por asfixia de peixes e de to-
mando gotas maiores que se precipitam, ou seja, chove. dos os seres aeróbios, provocando um desequilíbrio eco-
A chuva pode seguir dois caminhos, ela pode infiltrar-se e lógico. Os próprios microorganismos aeróbios morrem, já
formar um aqüífero ou um lençol freático ou pode simples- que também precisam de oxigênio para viver. Os faculta-
mente escoar superficialmente até chegar a um rio, lago ou tivos, bem como os anaeróbios (que podem viver privados
oceano, onde o ciclo continua. de oxigênio), passam a fermentar a matéria orgânica que
A água potável é aquela que na linguagem comum sobrou. A água, então, escurece, passa a desprender gases,
chamamos de água pura e que, para ser bebida por nós, fica oleosa e com mau cheiro. Esse fenômeno é conhecido
deve ser clara, fresca e inodora. É a água livre de materiais como estabilização do resíduo (ou eutrofização) e é bas-
tóxicos e microorganismos (bactérias, protozoários) pre- tante usado em estações de tratamento de esgoto (ETEs)
judiciais a nossa saúde. A água potável é encontrada em para minimizar os efeitos do esgoto antes que seja jogado
pequena quantidade em nosso planeta, e não está dispo- nos rios.
nível infinitamente. Por ser um recurso limitado, seu consu- A quantidade de oxigênio necessária para estabilizar
mo deve ser planejado. O planejamento da utilização dos toda a matéria orgânica é conhecida como Demanda Bio-
recursos hídricos deve ser adequado às características do química de Oxigênio (DBO). Portanto, DBO é o termo usa-
manancial (fonte) e às diversas finalidades a que se destina do para se referir à quantidade mínima de oxigênio usada
a água. É importante que se garanta água em quantidade pelos microorganismos durante o consumo (estabilização)
suficiente e qualidade recomendável aos diversos tipos de de uma determinada quantidade de matéria orgânica. A
consumo. concentração de oxigênio (O2) dissolvido nas águas super-
ficiais de rios, lagos, igarapés, quando estes se encontram
OS IMPACTOS DA PRODUÇÃO SOBRE A ÁGUA E ao nível do mar (pressão igual a 1 atm) e a 25°C, é de
O AR aproximadamente 8 a 9 mg de oxigênio para cada litro de
A ciência e a tecnologia têm apresentado várias alter- água (8 a 9 mg/L).
nativas para diminuir os impactos ambientais causados pe- Usando essas informações, veja como é possível deter-
los processos de produção de papel e celulose e de outras minar o impacto que um determinado efluente, ou esgoto,
tantas atividades industriais. A reciclagem do papel permite pode causar ao ser lançado em um rio cuja concentração de
uma redução de até 65% no descarte de poluentes na água oxigênio é de 8mg/L.
e de 26% no ar, em comparação à fabricação a partir da ce- Vamos imaginar que 50 litros de um determinado
lulose virgem. Além da reciclagem, as indústrias têm usado efluente (rico em matéria orgânica) que foi jogado nesse rio
processos de branqueamento alternativos à utilização de precisam, para serem estabilizados, de 40mg de oxigênio
compostos clorados. O uso de oxigênio para o branquea- para cada litro de efluente (ou seja, DBO de 40mg/L). Fazen-
mento das fibras é uma dessas alternativas que não causa do as contas, veremos que: Se cada litro de efluente precisa
grandes impactos ambientais. O reflorestamento, também de 40mg de oxigênio para ser estabilizado, 50 litros desse
é uma alternativa que tem sido usada por várias empre- efluente precisará de 50L x 40mg = 2000mg de oxigênio.

50
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Como o rio possui apenas 8mg desse gás em cada li- as moléculas continuam a deixar o líquido, mas outras mo-
tro, serão necessários 250L de água desse rio para conseguir léculas retornam do vapor para a fase líquida. A condição
atingir os 2000mg de oxigênio para que os microorganismos na qual estes dois processos opostos ocorrem à mesma ve-
presentes nele consigam destruir toda a matéria orgânica locidade é chamada de equilíbrio dinâmico.
presente nos 50L de efluente.
Para que você possa entender melhor os problemas am-
bientais envolvendo a água, causados pelo setor industrial
em geral e pelas pessoas individual e coletivamente, vamos
investigar mais profundamente esse assunto, começando
por conhecer algumas propriedades que fazem a água ser
tão importante para a vida.
Os gases conseguem se dissolver apenas em pequenas
quantidades nos líquidos como a água. O que pode facilitar
um pouco a dissolução é o movimento quando o rio corre
e a baixa temperatura. Quando os rios como o do exemplo
acima recebem muito esgoto eles acabam açoreando, sua
profundidade e velocidade diminuem, a menor quantidade Figura 4.6 – Representação do equilíbrio dinâmico entre a
de água aquece mais rapidamente e o problema da falta de fase liquida e a gasosa.28
oxigênio se agrava ainda mais.
Outros fatores importantes são aqueles que interferem A pressão exercida por um vapor puro em equilíbrio
na evaporação. As partículas dos líquidos, como as dos gases, com a sua fase líquida é chamada de pressão de vapor de
não têm todas a mesma energia cinética (grau de movimen- equilíbrio (ou, comumente, apenas pressão de vapor) e é
to). As partículas mais energéticas podem escapar da super- determinada unicamente pela natureza do líquido e pela
fície do líquido para a fase gasosa. temperatura do sistema em equilíbrio. Em soluções, a ten-
dência da partículas escaparem da superfície da solução
para a fase de vapor é reduzida em relação ao componente
puro. Considere como um exemplo uma solução de etanol
em água. Dois fatores contribuirão para uma diferença na
tendência ao escape (e assim na pressão de vapor):
- as moléculas de etanol e de água na superfície da so-
lução terão menor tendência a sair do liquido que aquela
que teriam no líquido puro.
- a solução conterá agregados moleculares de etanol-água
que “segurarão” uma certa fração das moléculas que, de outro
modo, estariam disponíveis para passar ao estado de vapor.
Na água existente no ambiente ocorre o mesmo, quan-
do algum poluente é misturado ele muda o regime natural
de evaporação da água.
Esse vapor d’água é que torna o ar úmido e forma as
Figura 4.5 – Representação de partículas com energia sufi- nuvens ao se condensar. Ao precipitar (chover), a água re-
ciente para escapar do liquido.27 torna para a forma líquida e o fenômeno da evaporação
recomeça, formando o ciclo da água como já citamos an-
À medida que a temperatura é aumentada, aumenta teriormente. Esse ciclo pode ser afetado por vários fatores,
também a porcentagem de partículas de alta energia, e, por- entre eles a poluição das águas, que pode diminuir sua taxa
tanto, a tendência de vaporização aumenta. Num recipiente de evaporação e, conseqüentemente, a umidade do ar e
aberto, um líquido evapora a uma velocidade determinada quantidade de chuvas na região.
pela temperatura, pela área superficial (em contato com o ar), Resumindo, a taxa de evaporação da água depende ba-
pela pressão externa, pela velocidade de remoção de vapor sicamente de dois fatores:
(por ex., por uma corrente de ar que passa sobre a superfície • energia do sol: que aquece a água e o solo, sendo
do líquido), e pelas características fundamentais do líquido que este contribui para o aquecimento da água. Nos dias
em questão. Como a temperatura é uma medida da energia mais frios a água evapora menos, deixando o ar mais seco;
cinética média, e como as partículas mais energéticas são as • presença de poluentes solúveis: essas substân-
que escapam mais freqüentemente, a temperatura do líqui- cias, quando dissolvidas na água, provocam um fenômeno
do é diminuída pela evaporação. chamado abaixamento da pressão máxima de vapor, que
Se o líquido estiver num frasco fechado, pode parecer pode ser entendido como uma diminuição da capacidade
que a evaporação cessou enquanto ainda havia líquido pre- de evaporar da água. Quanto maior a concentração desses
sente. Experiências cuidadosas mostraram que em tais casos, poluentes nos rios e lagos menor é a taxa de evaporação
da água.
27 Rod O’Connor, Fundamentos de Quimica, Ed. 28 Rod O’Connor, Fundamentos de Quimica, Ed.
Harper & Row do Brasil. Harper & Row do Brasil.

51
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A pressão máxima de vapor é a grandeza usada para medir o grau de volatilidade de uma substância.
Quanto mais volátil for um líquido, maior é sua pressão máxima de vapor, em uma determinada tem-
peratura.

Em outras palavras, quanto menores as forças de atração entre as partículas (átomos, moléculas) que
compõem uma substância volátil, como a água, menor é a dificuldade que as partículas terão para
escapar da fase líquida, em forma de vapor, e maior sua volatilidade. A adição de substâncias solúveis
(soluto), no líquido, altera o comportamento das partículas dele (do líquido), aumentando, possivel-
mente, a atração entre as partículas e diminuindo a volatilidade.

Uma das conseqüências decorrentes do abaixamento da pressão máxima de vapor causada pela poluição das águas
é a alteração da temperatura ambiente de uma determinada região. A umidade do ar desempenha um papel importante,
sendo um dos reguladores da temperatura ambiente. Em regiões onde a umidade do ar é baixa, a temperatura (média) am-
biente tende a ser maior, durante o dia, do que em outra região localizada em posições geográficas semelhantes. À noite,
acontece o inverso: a temperatura será menor na região com baixa umidade do ar, ou seja, a amplitude térmica (diferença
entre as temperaturas máxima e mínima) é aumentada. Contudo, a umidade do ar não é o único fator que contribui para
“estabilizar” a temperatura ambiente. As correntes marítimas, o relevo, a vegetação, o tipo de ocupação dos espaços físicos
(urbanização), entre outros fatores, também têm um papel decisivo.
A baixa umidade do ar também influencia diretamente a saúde das pessoas, pois acelera o processo de desidratação
das células e tecidos, o que obriga as pessoas a beberem mais líquidos para repor a água perdida. É responsável, também,
pela sensação incômoda de ressecamento dos olhos, nariz e boca, aumento dos casos de alergia e respiratórios e aumento
da concentração de poluentes atmosféricos.
Outro efeito da poluição das águas sobre as sociedades refere-se à agricultura, à pecuária e à produção de alimentos.
A maioria das lavouras são irrigadas com água dos rios, lagos e igarapés, sem um tratamento prévio. Sendo assim, se essa
água estiver poluída com substâncias tóxicas e/ou com microorganismos patogênicos, a qualidade dos produtos obtidos
dessas lavouras pode estar comprometida. Como, no Brasil, a fiscalização dos alimentos não é das mais eficientes, é possí-
vel que muitos alimentos vegetais disponíveis nos mercados, mercearias e restaurantes estejam contaminados com subs-
tâncias tóxicas, cujos efeitos sobre a saúde da população podem ir desde uma simples indisposição ou mal-estar (a curto
prazo) até problemas mais graves, como problemas cardíacos, distúrbios neurológicos, problemas renais e hepáticos, entre
outros (a médio e longo prazos), devido ao consumo regular desses alimentos.
A questão é que não são apenas os alimentos vegetais que podem ser afetados pela poluição das águas; os peixes,
frutos do mar e até mesmo o gado leiteiro e de corte também podem. O gado é afetado quando come ração e pastagem
contaminadas. A partir daí, a carne e seus derivados, bem como o leite e seus derivados, passam a ser veículos de contami-
nação. Já os peixes e os frutos do mar podem ser afetados pela poluição das águas de duas maneiras:
- direta: quando as substâncias tóxicas e/ou os microorganismos patogênicos são absorvidos direto da água;
- indireta: quando os peixes e os frutos do mar se alimentam de seres contaminados.
Diante de tudo o que foi discutido aqui, o fato incontestável é que a poluição da água pode afetar, em maior ou menor
grau, a saúde de todos os seres vivos, portanto as medidas de reciclagem, diminuição de resíduos e conservação discutidas
devem servir de incentivo para que possamos ajudar e propor novas maneiras de contribuir com essas ações.

AGORA É SUA VEZ!

Atividade 1
(ENCCEJA – 2006) Para secar um par de tênis após sua lavagem, as pessoas em geral abrem o calçado ao máximo, pu-
xando sua lingüeta para fora, e retiram suas palmilhas e cordões antes de colocá-lo para secar. Com esse procedimento, o
tênis seca mais rapidamente do que se estivesse com as palmilhas, com os cordões e com a lingüeta para dentro porque:
(A) essas partes do tênis são feitas com materiais diferentes.
(B) o tênis se aquece mais quando têm suas partes separadas.
(C) a permeabilidade do tênis em contato com a água diminui.
(D) aumenta a superfície total do tênis em contato com o ar.

Atividade 2
(ENCCEJA – 2006) Observando o ciclo da água na natureza ilustrado na figura acima, avalie as seguintes afirmações:
I As chuvas caem no continente e não retornam mais ao mar.
II Nuvens se formam no mar pela evaporação da água do oceano e do continente.
III Quando a água das chuvas atinge a terra, escoa pela superfície, alimentando diretamente os rios, e infiltra-se no solo,
alimentando os lençóis subterrâneos.

52
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Estão corretas as afirmações:


(A) I e II, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I, II e III.

Atividade 3
(ENCCEJA – 2006) Segundo dados do IBGE, 80% do lixo gerado no Brasil é depositado em lixões a céu aberto, sendo
apenas uma pequena parte dele entregue para as usinas de reciclagem.

S. Grippi Lixo, reciclagem e sua história: guia para as prefeituras brasileiras.


Rio de Janeiro: Interciência. 2001.
Analisando-se o gráfico acima, conclui-se que a região brasileira que mais investe em reciclagem é a:
(A) Nordeste.
(B) Sudeste.
(C)Sul.
(D) Centro-Oeste.

Atividade 4
(ENCCEJA – 2005) Com a produção e utilização de utensílios plásticos, nota-se que há uma preocupação com o tempo
de sua degradação. O processo de reciclagem aparece como uma das soluções para diminuir a agressão ao meio ambiente,
reaproveitando os plásticos usados. O processo de reciclagem de plásticos é importante porque:
I) diminui o desperdício de matéria-prima.
II) impede que novos produtos plásticos sejam fabricados.
III) exclui gastos de energia para fabricar novos produtos.
IV) reduz o impacto do lixo nas cidades.
Estão corretas:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) III e IV.
(D) I e IV.

Atividade 5
(ENCCEJA – 2005) Para produzir leite em pó, uma indústria deve desidratá-lo (retirar a água), e isso é feito por meio
da vaporização (passagem da fase líquida para a de vapor). Para tanto, o leite pode ser aquecido até entrar em ebulição
(ferver), mas isto apresenta um inconveniente: sob pressão de 1 atm (atmosfera), o leite entra em ebulição acima de 100ºC
e, nessa temperatura, algumas proteínas são destruídas, reduzindo a qualidade do leite em pó produzido. A saída para que
ocorra a vaporização da água contida no leite sem que as proteínas sejam destruídas é:

53
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

(A) manter a pressão igual à atmosférica, mantendo inalterado o ponto de ebulição.


(B) aumentar a pressão em relação à atmosférica, diminuindo o ponto de ebulição.
(C) diminuir a pressão em relação à atmosférica, mantendo inalterado o ponto de ebulição.
(D) diminuir a pressão em relação à atmosférica, diminuindo o ponto de ebulição.

Atividade 6
(ENCCEJA – 2005) Os microrganismos responsáveis pela decomposição orgânica são extremamente importantes para a
natureza e para o equilíbrio ecológico. Decompondo a matéria orgânica, esses organismos devolvem ao ambiente componentes
químicos essenciais, completando, assim, o ciclo da vida. Porém, quando ocorre grande decomposição em espaços limitados,
principalmente na água, há um aumento excessivo de nutrientes (eutrofização), ocasionando a diminuição da taxa de oxigênio
e, conseqüentemente, a morte de muitos organismos aeróbios.
Fonte: BRANCO, Samuel Murgel. ÁGUA, Origem, uso e preservação. 2ª edição. Editora Moderna. Pág. 70
O processo de eutrofização em rios e lagos pode ser provocado por atividades humanas. Um exemplo disso seria:
(A) o lançamento de esgoto doméstico não tratado.
(B) o tratamento de água potável para a população.
(C) o lançamento de pneus de borracha.
(D) a canalização de águas pluviais.

Atividade 7
(ENCCEJA – 2002) O esquema mostra, de maneira simplificada,o que acontecia há alguns anos no processo que vai desde a
extração do minério de alumínio até o destino final das latinhas de refrigerante:

A atualização desse esquema deve considerar a reciclagem do alumínio. Para tanto, deve-se colocar na seqüência do pro-
cesso acima as fases:
(A) Consumidor → Coletor → Fábrica de latinhas
(B) Lixo → Coletor → Mineração de bauxita
(C) Consumidor → Coletor → Fábrica de refrigerante
(D) Lixo → Consumidor → Produção de alumínio

Atividade 8
(ENCCEJA – 2002) O uso de fontes renováveis de energia é recomendável porque, mesmo com o passar dos anos, essas
fontes não se esgotam e podem continuar a ser utilizadas. Esse é um dos fatores a favor do uso de:
(A) hidrelétricas e termelétricas movidas a petróleo.
(B) hidrelétricas e coletores solares.
(C) termelétricas movidas a petróleo ou a gás natural.
(D) coletores solares e usinas nucleares.

Atividade 9
(ENCCEJA) – 2006) Tem sido desenvolvida no Brasil tecnologia para a produção de plásticos biodegradáveis, ainda que em
pequena escala. Entre esses plásticos, estão os polihidroxialcanoatos (PHA), que são polímeros produzidos por certas bactérias
do solo a partir de carboidratos como o açúcar de cana. Algumas características desses polímeros estão descritas a seguir.
- Sua durabilidade no ambiente é de alguns meses, que é pouco tempo, quando comparado aos polímeros derivados do
petróleo, que chega a uma centena de anos.
- O custo é maior do que o dos polímeros obtidos do petróleo, pois a escala de produção ainda é pequena. Entretanto,
quando surgiram, os polímeros derivados do petróleo também tinham custo maior do que os dos materiais que substituíram.
Considerando essas características, pode-se prever que, em um futuro próximo, se houver aumento da escala de produção, os PHA
poderão substituir, de forma vantajosa, os polímeros atualmente utilizados na fabricação de diversos produtos, como, por exemplo,
(A) sacos de lixo e embalagens descartáveis.
(B) pára-choques e estofamentos de veículos.
(C) lentes e armações de óculos corretivos.
(D) tintas e vernizes para fachadas de residências.

54
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 10
(ENCCEJA) – 2006) O polietileno, plástico muito utilizado, é obtido pela polimerização do etileno. Essa polimerização
pode ser representada por:

(n = número muito grande)

O poliestireno, outro plástico muito utilizado, é obtido pela polimerização do estireno, cuja fórmula é a seguinte:

Sabendo-se que a polimerização do estireno é semelhante à do etileno, conclui-se que o poliestireno pode ser repre-
sentado por:

(A)

(B)

(C)

(D)

________ _

55
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 11 Capítulo 5
(ENCCEJA) – 2005) O ácido tartárico (DIHIDROXIBUTA-
NODIÓICO), com a fórmula estrutural:
A Saúde no Brasil
COMPREENDER ORGANISMO HUMANO E SAÚDE,
RELACIONANDO CONHECIMENTO CIENTÍFICO, CULTU-
RA, AMBIENTE E HÁBITOS OU OUTRAS CARACTERÍSTI-
CAS INDIVIDUAIS.

José Luis de Souza

Você já se perguntou se dispõe de uma saúde comple-


é encontrado nas uvas e é de grande utilização na fa- ta? Costumamos pensar que ter saúde é estarmos livres de
bricação de vinhos, por ser um acidulante orgânico natu- qualquer doença. Porém é mais do que isso. Ela é um bem
ral. Baseando-se nas informações acima, indique a fórmula pessoal, em harmonia com o ambiente e todos nós devemos
molecular do ácido tartárico: contribuir para que ela aconteça.
(A) C4H2O6 A saúde é muito mais do que prevenção e tratamento de
(B) C4H6O6 doenças, é também boa alimentação, condições de educa-
(C) C4H5O ção, moradia, trabalho seguro e saudável. Busque na sua me-
(D) C4HO mória uma recordação de um final de semana com amigos,
um jogo de futebol ou de vôlei, uma boa conversa, piscina,
HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! praia e muita gargalhada. Isso não foi muito bom para seu
1-D corpo e para sua mente? Pois saiba que isso também faz par-
2-C te da boa saúde. Portanto o nosso bem estar é uma questão
3-B de informação e atitude no trabalho, no lazer, nos hábitos
4-D alimentares e no dia a dia.
5-D Sobre saúde o estatuto da criança e do adolescente diz:
6-A “Titulo II
7-A Dos direitos Fundamentais
8-B Art. 7° A criança e o adolescente têm direitos a proteção à
9-A vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais pú-
10 - A blicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio
11 - B e harmonioso, em condições dignas de existência”.29
Criado mais recentemente, o Estatuto do Idoso garante
PRA FIM DE PAPO! os mesmos direitos à saúde para as pessoas com mais de 60
Este capítulo abordou as seguintes habilidades: anos. Mas estes estatutos não seriam necessários se a própria
constituição fosse respeitada.
• Identificar e descrever processos de obtenção, uti- Em países como os Estados Unidos a saúde é respon-
lização e reciclagem de recursos naturais e matérias primas. sabilidade do próprio cidadão. No Brasil o Estado, nas suas
• Compreender a importância da água para a vida várias esferas, deveria garantir a todos o acesso a essa saúde
em diferentes ambientes em termos de suas propriedades de boa qualidade. Pois aqui ela é um direito garantido pela
químicas, físicas e biológicas, identificando fatos que cau- Constituição, logo, trata-se de atitude que não deve ser to-
sam perturbações em seu ciclo. mada apenas por nós cidadãos, mas também pelo Estado
• Analisar perturbações ambientais, identificando que tem a obrigação, assegurada pela Constituição, de for-
fontes, transporte e destinos dos poluentes e prevendo necer estas condições de saúde para a população. Para isso
efeitos nos sistemas naturais, produtivos e sociais. é necessária muita informação sobre ela, que deve ser obtida
• Relacionar atividades sociais e econômicas - co- corretamente e com exatidão.
mércio, industrialização, urbanização, mineração e agro-
pecuária - com as principais alterações nos ambientes O QUE É A SAÚDE
brasileiros, considerando os interesses contraditórios en- A saúde é um aspecto tão importante na vida do ser hu-
volvidos. mano que a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou
um artigo exclusivamente relacionado a ela na Declaração
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu- Universal dos Direitos Humanos em 1948. Este artigo diz:
de um pouco mais, você esta construindo um processo de “Toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá! lhe assegurar, e à sua família, a saúde e o bem-estar, principal-
mente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à
assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais neces-
29 Estatuto da criança e do adolescente.

56
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

sários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, - Indicadores Demográficos – são aqueles que infor-
na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda mam: o número total da população; a composição por se-
de meios de subsistência por circunstâncias independentes xos (quantos são os homens e quantas são as mulheres); a
da sua vontade”.30 taxa de crescimento (quanto a população cresce em deter-
Para tratar deste artigo foi criada pela própria ONU a minado período); o coeficiente de mortalidade (de cada mil
Organização Mundial de Saúde (OMS) que tenta promover habitantes, quantos morrem em determinado período); a
as ações necessárias para que esses direitos sejam respei- esperança de vida ao nascer , isto é, qual o número médio
tados em todos os países que fazem parte da organização. de anos que se espera que um recém-nascido possa viver;
Não fique confuso ou confusa porque dissemos a pou- a proporção de idosos na população (de toda a população,
co que a saúde também é questão de atitude. Dissemos quantos têm mais de sessenta anos), etc.
isso porque existem situações que dependem apenas de - Indicadores socioeconômicos – Esses indicadores
você, outras podem contar com o seu esforço, mas depen- mostram a taxa de analfabetismo, a escolaridade da po-
dem de condições externas e outras que não dependem pulação (quantos anos de estudo), a proporção de pobres
de você. Por exemplo, você não pode instalar um posto de (quantos, do total da população, vivem sem condições de
saúde ou um hospital no seu bairro. Mas pode organizar atendimento de suas necessidades básicas), a taxa de de-
um grupo grande de moradores ou um abaixo assinado semprego, a taxa de trabalho infantil etc.
para reivindicar o direito de ter esses serviços disponíveis. - Indicadores de mortalidade – nos informam as causas
Também não pode exigir que uma empresa lhe ofereça um das mortes de crianças e em que quantidades acontecem,
bom emprego com ótimo salário, mas pode estudar, se como por exemplo, por diarréia e por infecção respiratória
qualificar e se esforçar para conseguir um. Você não pode aguda; as taxas de mortalidade por doenças do aparelho
gastar o pouco dinheiro que tem em muitas atividades de circulatório e por acidente de trabalho, entre outras.
lazer, mas pode reunir os amigos ou brincar com seus filhos - Indicadores de Doenças e Fatores de risco – Nos in-
em uma praça ou parque sem gastar nada. Talvez você não formam quanto à incidência de doenças evitáveis por vaci-
possa ir a um supermercado e encher o carrinho com tudo nação (sarampo, tétano, poliomielite, febre amarela etc.); o
avanço de doenças transmissíveis (AIDS, tuberculose, den-
o que tem de mais caro por lá, mas pode, se tiver infor-
gue, malária etc.) e a ocorrência de doenças relacionadas
mação, escolher os alimentos mais saudáveis e necessários
ao trabalho, entre outras. Esses dados informam também o
para uma boa nutrição. Comer bem não depende tanto de
número de crianças vacinadas no primeiro ano de vida; os
dinheiro, depende mais do seu bom senso, criatividade e
locais onde há redes de abastecimento de água; onde há o
conhecimento. Tudo isso fará uma grande diferença na sua
encaminhamento adequado do esgoto; onde há coleta de
qualidade de vida, na sua saúde e na daqueles que você
lixo, etc.
gosta e que estão a sua volta.
É importante salientar que estes indicadores todos são
Você viu que muita coisa se pode fazer, se organize,
dados estatísticos de um país ou de uma região dentro dele.
faça uma lista, separe as coisas que dependem só de você, Muitas vezes eles escondem contrastes difíceis de serem
as coisas que dependem em parte e aquelas que não de- entendidos. Enquanto as regiões Sudeste e Sul do Brasil go-
pendem. Poderá ter uma ótima surpresa vendo o quanto zam de um status de países de primeiro mundo com baixos
você pode fazer pela sua saúde! índices de analfabetismo e mortalidade infantil, serviços de
Mesmo com a organização que sugerimos e com tudo saúde de boa qualidade e farta alimentação, as regiões nor-
o que dissemos, sabemos que não é fácil cuidar do nosso te, nordeste e centro-oeste apresentam uma qualidade de
bem estar. Escolher um plano de saúde, organizar as nos- vida muitas vezes deplorável onde se morre de fome, sede
sas carteiras de vacinação e dos nossos filhos, saber que e com falta de simples saneamento básico.
locais são mais adequados e mais seguros para freqüentar- Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Aplica-
mos. Imagine então o trabalho que dá organizar isso num da) há 53 milhões de brasileiros que estão abaixo da linha
município estado ou país. É necessária muita informação, de pobreza (não têm dinheiro suficiente para cobrir suas
que deve ser obtida corretamente e com exatidão. despesas com alimentação, moradia, vestuário e transpor-
Você já deve ter ouvido falar do IBGE (Instituto Brasi- te). Dentre esses, há 23 milhões que são considerados indi-
leiro de Geografia e Estatística), este órgão governamental gentes. Metade deles vive no Nordeste. O Piauí é o estado
é um dos responsáveis por conseguir essas informações. em pior situação (57% da população está incluída nesse
Seus agentes batem de casa em casa, fazem várias pergun- grupo). É considerada indigente a pessoa que ganha até um
tas e depois calculam uma série de índices que são mos- dólar por dia. É uma situação comparada a muitos países da
trados em tabelas e gráficos. Esses índices são a tradução África mais pobres que o nosso. Porém neste nosso país, há
para a língua matemática das condições de saúde da po- comida sobrando. Calcula-se que cerca de 39.000 tonela-
pulação, que ajudam os governos a planejarem as ações das de comida são desperdiçadas diariamente, o que daria
para melhorar o serviço. Eles são chamados de indicadores para alimentar 19 milhões de pessoas. Como explicar então
da saúde. Entre eles podemos encontrar: a existência de tantas pessoas abaixo da linha de pobreza?
Daqui a pouco você mesmo vai poder dar a resposta,
por enquanto aqui vai uma pergunta: Você sabia que de
30 ONU. Declaração Universal dos Direitos toda a renda gerada no país, os 10% mais pobres têm aces-
Humanos. XXV-1, 1948. so apenas a 1% e os 10% mais ricos usufruem de 46,7%

57
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

dela? Mas só este dado ainda é insuficiente para respon- o mapa da figura 5.1 parece ser ideal. Mas se precisarmos de
der à pergunta. Ficará mais fácil se discutirmos um pouco parâmetros numéricos esse tipo de representação ficará com-
sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de vá- plicada. Como cidadãos devemos saber estudar esses gráficos
rias regiões do país. e tabelas, extrair informações deles para podermos cobrar dos
O IDH é um índice criado pelo Programa das Nações poderes públicos as ações necessárias ao nosso bem estar.
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e calculado para A figura mostrada a seguir apresenta um gráfico com-
diversos países desde 1990. Originalmente proposto para parativo da evolução dos IDHs por região no período de
medir a diferença entre países, foi adaptado para ser apli- 1991 a 2005.
cado também a Estados e municípios. O índice vai de 0
a 1 — quanto mais perto do 1, maior o desenvolvimento
humano. O cálculo é feito pela média simples de três com-
ponentes:
- IDH de Longevidade (indicador de longevidade), me-
dida da esperança de vida ao nascer;
- IDH de Educação (indicador de nível educacional),
medido pela combinação da taxa de alfabetização de pes-
soas de 15 anos ou mais (com peso 2) e da taxa bruta de
matrículas nos três níveis de ensino (fundamental, médio e
superior) em relação à população de 7 a 22 anos de idade
(com peso 1). Para regiões, Estados e municípios do Brasil,
usa-se a taxa de freqüência escolar;
- IDH de Renda (indicador de renda), medido pelo PIB
real per capita em dólares. Para regiões, Estados e municí-
pios do Brasil, usa-se a renda familiar per capita.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos Estados Figura 5.2 – Indicação do IDH por região brasileira.
brasileiros mostra um país partido ao meio. Os números, refe-
rentes a 2005, mas que só foram publicados em 2007, revelam Nele, temos duas linhas principais, os eixos: um vertical,
que todos os 11 melhores IDHs são de unidades da Federação onde estão colocados os valores (no caso, os valores de IDH)
do Sul, Sudeste e Centro-Oeste – com destaque para o Dis- e outro horizontal, onde estão colocados os diferentes anos
trito Federal, na primeira colocação. Já os piores são os nove em que a pesquisa foi realizada. Para cada ano, corresponde
Estados nordestinos, segundo um recente relatório da ONU.31. um valor de IDH e isso significa um ponto no gráfico. Por
exemplo, em 1995 o IDH na região sudeste foi de aproxima-
damente 0,750. Em 2003, este índice subiu para praticamen-
te 0,800 e assim por diante. O conjunto das informações de
todos os anos pesquisados está representada por uma linha
continua cinza.
Podemos perceber através dele, imediatamente, que de
um modo geral o IDH melhorou em todas as regiões bra-
sileiras, mas ainda é o menor nas regiões norte e nordeste.
“Sem dúvida, o documento mostra um Brasil dividido.
Isso se dá por conta da concentração de renda e da ativida-
de econômica em termos geográficos. A produção ainda é
muito mais concentrada no Sudeste e no Sul”, afirma Renato
Baumann, coordenador-geral da publicação que apresen-
tou estes dados. O estudo, lançado em 2007 em Brasília, é o
primeiro a trazer uma série histórica, ano a ano (de 1991 a
Figura 5.1 – Mapa da federação mostrando os estados bra- 2005), do IDH dos Estados e das regiões do Brasil.
sileiros por classificação de IDHs.32 O melhor índice, o do Distrito Federal, é de 0,874, igual
ao da Hungria e superior ao de países como Argentina e
A linguagem matemática pode mostrar esses índices de Emirados Árabes Unidos. A capital da Federação é líder
maneiras diferentes, como tabelas e gráficos de vários tipos. no ranking em todos três sub-índices que compõem o in-
A finalidade das informações é que irá indicar como serão exi- dicador elaborado pelo PNUD, mas o destaque fica para a
bidas. Para saber a localização dos estados pelos seus índices, renda per capita: o índice relativo à renda (0,824) é muito
superior ao do segundo colocado nesse quesito (São Paulo,
31 Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho com 0,768). O IDH-Educação (o componente de instrução
Decente – A experiência brasileira recente, lançado por do índice) do Distrito Federal é maior que o da Itália, Suíça e
três agências da ONU: CEPAL (Comissão Econômica Alemanha – esse item, no entanto, mede freqüência à escola
para América Latina e Cari be), OIT (Organização e alfabetização, e não qualidade do ensino. Seu IDH Lon-
Internacional do Trabalho) e PNUD - WWW.pnud.org.br gevidade (que leva em conta a expectativa de vida) supera
32 WWW.pnud.org.br o de Omã e Argentina, por exemplo.

58
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O segundo lugar no IDH é de Santa Catarina (o Estado que mais melhorou no ranking de 1991 até 2005, ganhando três
posições), com 0,840. Em seguida vem São Paulo (que registrou o segundo menor crescimento desde 1991), com 0,833.
Na ponta debaixo, Alagoas, que tinha o pior IDH em 1991, continuou na mesma posição em 2005, com 0,677. Da
mesma forma, Maranhão, Piauí e Paraíba não deixaram de ser o segundo, terceiro e quarto piores, respectivamente. Entre
todos os índices que compõem o IDH, Alagoas só não tem a pior posição no quesito renda — o IDH-Renda do Maranhão
é menor.

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
O que faz uma população ou uma pessoa se desenvolver como cidadã é o nível de conhecimento que ela tem sobre a
sociedade em que vive. Observe o gráfico de barras mostrado a seguir sobre a situação da educação no Brasil.

Figura 5.3 – Taxa de alfabetização da população entre 15 e 24 anos (em %).

Para nós brasileiros o gráfico mostra um dado alarmante: o Brasil é o pior país em índice de analfabetismo entre nossos
vizinhos da America do Sul e de fato (um dado que o gráfico não mostra) é também terceiro pior da América Latina, atrás
apenas do Haiti e da Guatemala. De acordo com a ONG Alfalit, os níveis de analfabetismo no Brasil chegam a 11,4%, núme-
ro que só não é pior que o do Haiti (41,7%) e da Guatemala (30,9%). Entre os países com menor porcentagem de pessoas
que não sabem ler estão Chile, Argentina e Uruguai.33
Mas não basta apenas que uma pessoa saiba ler e escrever para que ela possa ser considerada alfabetizada, ela precisa
também ser capaz de interpretar, entender e ser capaz de formar opinião sobre o assunto que está lendo. Caso o individuo
não consiga fazer isso ele é considerado um analfabeto funcional, ou seja, sabe ler mas não entende o que está lendo.
Se a situação que o gráfico anterior mostrou já parecia crítica, vamos apresentar um ainda mais alarmante. Observe o
próximo gráfico:

Figura 5.4 – Percentuais de analfabetismo funcional no Brasil por regiões (2005 – 2006).34

33 Reportagem veiculada no Jornal zero hora de Porte Alegre em18/06/09


34 WWW.geografiaparatodos.com.br

59
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Eles mostram um grande número de analfabetos funcionais. Mostra também que os índices mais altos de analfabetos
funcionais estão no Norte e Nordeste do país, o que não é coincidência, já que são as regiões com IDHs mais baixos. Pes-
soas mal instruídas não se qualificam para bons empregos. Sem bons empregos a renda permanece sempre baixa. Com
renda baixa o IDH não melhora. Regiões de baixos IDHs não atraem empresas, nem comércio e nem investimentos, por
conseqüência não se investe em educação de boa qualidade e temos um circulo vicioso que só pode ser quebrado com a
melhoria dessa educação.
Esses dados, agora em conjunto, podem explicar porque existem tantas pessoas abaixo da linha da pobreza no Brasil.
Entre as conseqüências dessa condição de vida deficiente podemos mencionar os altos índices de mortalidade infantil
nessas regiões onde o IDH é baixo e índices de analfabetismo são altos. Observe o gráfico a seguir:

Figura 5.5 – Gráfico comparativo do coeficiente de mortalidade infantil entre os estados brasileiros – dados de 2005.35

Se compararmos os dados apresentados nas figuras 5.4 e 5.5 podemos verificar que há uma relação entre a baixa es-
colarização e o alto índice de mortalidade infantil. A falta de escolarização da mãe, que por esse motivo tem menos acesso
a informações, pode ser um dos fatores responsáveis por um aumento nessa taxa. Pode-se concluir, portanto, que há a
possibilidade de haver uma relação entre maior número de mães analfabetas em uma determinada região e um aumento
na taxa de mortalidade infantil.
Segundo o Ministério da Saúde, as principais causas de morte das crianças de até um ano no país são: pneumonia,
desnutrição, complicações do parto e pós-parto e diarréia. Verificamos, então, que existem outros fatores, além da pouca
escolaridade da mãe, que podem provocar essas mortes. A diarréia, por exemplo, pode estar associada à falta de sanea-
mento básico. Já a desnutrição surge como conseqüência da baixa renda da população.
Entre as principais causas de morte citadas anteriormente, quais delas estão relacionadas à falta de atendimento médi-
co e de medicamentos? Provavelmente, algumas regiões carentes do país são mais deficientes nesses atendimentos, o que
também influencia as taxas de mortalidade infantil observadas.
Mas esses gráficos todos que analisamos não trazem só noticias ruins. Se observarmos com atenção perceberemos
que todos eles apresentam uma melhoria progressiva nos índices. O Relatório Anual do Unicef “Situação Mundial da In-
fância 2009”, divulgado em Johanesburg, África do Sul, em Janeiro de 2009 mostrou que o Brasil vem há anos reduzindo
progressiva e continuadamente o principal indicador do Unicef para a infância, a taxa de mortalidade de crianças menores
de 5 anos (TMM5).

35 DATASUS/MS/SVS/DASIS – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos - SINASC

60
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O gráfico a seguir registra as TMM5 de 2001 a 2007, Micróbios podem também se associar a outros seres
segundo o Unicef. vivos como os insetos para atingirem distâncias maiores.
O vírus que causa a Dengue é transmitido através de um
mosquito, a fêmea pica uma pessoa infectada, suga seu
sangue e o vírus se aloja no corpo dela. Quando essa fêmea
pica outra pessoa ele é transferido para um novo hospe-
deiro.
Quando um micróbio invade nosso corpo, pode causar
infecções nos mais diferentes órgãos. Relacionaremos a se-
guir algumas formas de contágio de doenças infecciosas e
os modos de prevenção.

DOENÇAS PARASITÁRIAS E INFECCIOSAS MAIS


COMUNS
O parasitismo é uma relação entre seres de espécies
diferentes, na qual um deles (o hospedeiro) fornece ao ou-
tro (o parasita) energia e habitat (moradia). O parasitismo
Figura 5.6 - Taxas de mortalidade de crianças pode ser externo (ectoparasitismo) ou afetar o hospedei-
menores de 5 anos (TMM5) de 1990 a 2007. ro internamente (endoparasitisrno). Como exemplos de
(valores estimados para cada grupo de 1000 ectoparasitas podem citar: piolhos, pulgas, carrapatos e
crianças nascidas vivas). sanguessugas. São exemplos de endoparasitas: plasmó-
dios, solitárias e lombrigas. O parasita pode ter mais de um
Esta diminuição pode estar relacionada com a dimi- hospedeiro. Neste caso, um deles, o que abriga as formas
nuição do analfabetismo (como mostra a figura 5.4) e o Iarvares ou jovens do parasita denomina-se hospedeiro
aumento do IDH (como mostra a figura 5.2). intermediário; o que abriga o parasita adulto é o hospe-
deiro definitivo.
OS TIPOS DE DOENÇAS
Comentamos a pouco que além dos indicadores de
saúde, outros fatores podem causar a morte. Entre eles es-
tão algumas doenças que poderiam ser evitadas com sa-
neamento básico, e outras com campanhas de vacinação.
Para saber o tipo de tratamento mais adequado precisa-
mos saber como ela é causada. Várias delas são provocadas
por microrganismos existentes no ar, na água ou no solo.
Muitos até podem ser usados na fabricação de produtos
industrializados como medicamentos e alimentos. Existem
outros que vivem dentro do nosso organismo e, para falar Figura 5.7 – Exemplo da relação de parasitismo entre a
a verdade, a maioria deles é essencial aos processos que solitária, o porco e o ser humano.
existem na natureza. Mas outros podem nos causar sérias
doenças. Entre eles estão os vírus, as bactérias, os fungos e A transmissão do parasita ao hospedeiro pode ocorrer
os protozoários. de duas maneiras:
Um número muito grande de doenças pode ter como - Diretamente: Pelo contato direto do indivíduo infes-
causa a presença de algum desses micróbios no corpo; eles tado com o individuo sadio, onde contágio se dá através de
podem atacar diferentes órgãos. Alguns micróbios, como pus, tosse, espirro, etc.
os que causam a “gripe suína” (Influenza A H1N1), os res- - Indiretamente: pelo contato com utensílios (talheres,
friados ou a pneumonia, preferem as vias aéreas (nariz, gar- copos, xícaras), roupas ou objetos contaminados, por pi-
ganta, brônquios e pulmões); outros como os que causam cadas de insetos, através de ar, água e plasma sanguíneo
a cólera preferem os intestinos. Os que causam a hepatite contaminados, de objetos cirúrgicos mal esterilizados, etc.
preferem o fígado e os que causam a caxumba se alojam A penetração, o crescimento e a multiplicação de para-
nas glândulas produtoras de saliva. sitas microscópicos no corpo do hospedeiro denominam-
Como são muito pequenos e não possuem um meio se infecção. As infecções têm um período de incubação,
eficiente para locomoção própria, alguns podem se espa- que vai desde a penetração do parasita até o aparecimento
lhar através água, do ar ou alimentos. O vírus H1N1 que dos primeiros sintomas da doença, e que é mais ou menos
causa a gripe suína, por exemplo, se espalha rapidamente constante para cada tipo de infecção. O período de incuba-
através do ar, por isso as pessoas usam máscaras quando ção da caxumba, por exemplo, é de 18 a 20 dias; o da gripe,
têm suspeita da doença, para evitar o contágio. E por falar de 24 a 72 horas; para a raiva, esse período varia entre 20 e
em meios de transmissão, a água mal tratada e os alimen- 60 dias e na hanseníase (lepra) vai de 2 a 4 anos.
tos que ficam sem refrigeração ou em más condições de A invasão do organismo do hospedeiro por parasitas
conservação são os principais responsáveis por casos de macroscópicos (vermes, carrapatos, piolhos. etc.) é chama-
intoxicação. da de infestação.

61
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

VIROSES podendo ser transmitido diretamente de pessoa a pessoa


Viroses são infecções causadas por vírus. Trata-se de ou por meio de alimentos contaminados. Grande fator para
seres tão rudimentares e (ultramicroscópios) que, incapa- a redução da incidência da moléstia são as campanhas de
zes de realizar todas as funções vitais, necessitam de um vacinação promovidas pelas secretarias de saúde dos go-
meio celular, onde agem como parasitas obrigatórios. Ao vernos. A vacina Sabin imuniza em larga escala grandes
se multiplicarem dentro da célula, utilizam o próprio ma- massas de população.
terial da célula, lesando-a. Alguns vírus foram obtidos na - Sarampo: virose extremamente contagiosa, deter-
forma cristalizada e, por isso, puderam ser estudados em minando imunidade duradoura. Inicia-se por sensações
laboratórios. Constituem-se de uma capa protéica envolven- de arrepios, febre, dor de cabeça, fotofobia (sensibilidade
do DNA ou RNA. Essa capa de proteína pode assumir formas à luz) e conjuntivite, secreção catarral com tosse rouca e
variadas, dando ao vírus uma forma característica: esférica, erupções na mucosa bucal. Posteriormente surgem peque-
oval, cilíndrica, poliédrica, etc. A figura a seguir mostra a nas manchas vermelhas espalhadas na pele e a febre cai.
relação entre um vírus e uma bactéria, para que se tenha Em seguida ocorre uma descamação. O sarampo pode ter
uma idéia aproximada de seu tamanho. graves complicações, como a broncopneumonia, que em
alguns casos levam à morte. Por isso, é importante vacinar
as crianças contra essa virose.
- Rubéola (sarampo alemão): infecção em geral benig-
na, caracterizada por febre e erupções na pele semelhan-
tes ao sarampo, porém com pápulas (elevações na pele)
mais vivas que desaparecem dentro de uma semana sem
provocar descamação. Nas gestantes, no primeiro trimes-
tre da gravidez, é considerada doença grave, pois pode ser
transmitida ao feto causando-lhe lesões cardíacas, ceguei-
ra, surdo-mudez e retardamento mental.
- Herpes (cobreiro): erupção aguda de vesículas agru-
padas sobre base avermelhada na pele da região genital,
nos lábios ou ao longo do trajeto de algum nervo.
- Caxumba: infecção que ataca as glândulas salivares,
Figura 5.8 - esquema de vírus e bactéria vistos através de inflamando-as e produzindo inchaço nas porções laterais
microscópio eletrônico.36 superiores do pescoço.
- Febre amarela: virose transmitida ao homem por
Dentre as viroses, podemos citar as seguintes: certas variedades de mosquitos, especialmente o Aedes
- Hepatite: causa inchaço do fígado, acompanhado aegipti. Caracteriza-se por febre elevada (40°C), dores de
de apatia e febre, urina escura, fezes descoradas e icteri- cabeça e da coluna vertebral, fotofobia, icterícia, albuminú-
cía (amarelecimento da pele, e da porção branca do globo ria (eliminação da proteína albumina pela urina), diarréia e
ocular). vômitos escuros.
- Raiva ou Hidrofobia: virose que ataca o sistema ner-
voso de certos animais, incluindo o homem. É transmiti- VERMINOSES
da principalmente por cães e gatos. No Brasil, a raiva dos Verminoses são infestações causadas por vermes. Ver-
animais herbívoros (que se alimentam de plantas) é trans- me na verdade é um nome genérico usado para identi-
mitida por um gênero de morcegos hematófagos (que se ficar alguns animais invertebrados com características se-
alimentam de sangue, do gênero Desmodus). Há dois qua- melhantes, podemos dividi-los em platelmintos e nema-
dros clínicos da hidrofobia: a furiosa e a paralítica. Tanto em telmintos. Os platelmintos são vermes achatados. Existem
um quanto em outro caso, ocorre uma paralisia dos mús- platelmintos que vivem no mar, em água doce e em solos
culos da deglutição, impedindo o animal de ingerir líquidos úmidos, portanto não afetam os seres humanos. No en-
(daí o nome hidrofobia). Ela geralmente é transmitida pela tanto, muitos são parasitas e habitam outros seres vivos
mordida de um animal doente. causando as doenças.
- Poliomielite (paralisia infantil): virose que ataca o sis-
tema nervoso, provocando paralisia de extensão variável.
Atinge principalmente as crianças, pois grande parte dos
adultos já adquiriu imunidade. As primeiras manifesta-
ções da doença são febre, dor de garganta, dor de cabe-
ça, vômitos e rigidez da nuca, evoluindo depois para per-
turbações paralíticas. O vírus costuma estar presente nas
secreções faríngeas e nas fezes dos indivíduos infectados,

36 Apostila preparatória para exame supletivo I.E.


Anna Vasquez – Biologia – Ensino Médio.

62
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 5.9 – Foto do platelminto planária37 e esquema representativo das suas principais estruturas38.

Platelmintos de vida livre, como as planárias, alimentam-se de pequenos animais vivos ou mortos. Sua boca fica loca-
lizada na parte ventral do corpo (parte de baixo) e serve também para eliminar os restos não aproveitados, pois não existe
ânus. As espécies parasitas retiram seu alimento do hospedeiro. Alguns deles como, a tênia não, não apresentam boca nem
intestino, e absorvem nutrientes por toda a superfície corporal.
Alguns vermes desse grupo como as planárias e tênias são hermafroditos (possuem os dois órgão sexuais), outros
como os esquistossomos possuem sexos separados. Entre as doenças causadas por platelmintos podemos citar:
- Esquistossomose ou barriga-d’água: causada pelo platelminto Schistosoma mansoni. O conhecimento dessa parasito-
se deve-se aos professores Pirajá da Silva e Adolfo Lutz. Na fase adulta, o verme habita o sistema hepático do homem doen-
te. O macho possuindo uma fenda no corpo (canal ginecóforo) aloja a fêmea de tal forma que sua reprodução é bastante
facilitada. Após o acasalamento os vermes abandonam o sistema e migram para o intestino. Nas veias da mucosa Intestinal
as fêmeas realizam a postura, isto é, deposital os ovos e, por rompimento dos capilares, os ovos caem no intestino e são
eliminados com as fezes. Adquire-se essa doença nas águas existentes em córregos, ribeirões, rios, lagoas, poças, etc.. mas
nunca em águas salgadas. O mal é transmitido por um caramujo de água doce, Biomphalaria ou Planorbis, cuja concha,
enrolada em espiral é achatada no sentido lateral.
Os ovos do esquistossomo, ao caírem na água, transformam-se numa pequena larva (miracidio) (1), que penetra no ca-
ramujo(2): aí se desenvolve, transformando-se em outra larva, a cercaria (3) que volta à água, onde aguarda a oportunidade
de penetrar no homem, através da pele. As cercarias, caindo na circulação sangüínea do homem (4), chegam às veias do
fígado, onde se desenvolvem (5). Quando se tornam vermes adultos, juntam-se aos pares, reproduzem-se e migram para
os vasos do intestino grosso, onde as fêmeas realizam a postura conforme a figura a seguir:

Figura 5.10 – Ciclo de vida do Schistosoma mansoni.

37 WWW.ser.com.br
38 www.johnson.emcs.net,

63
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Pode-se evitar a disseminação da esquistossomose promovendo a construção de fossas, a fim de evitar o lançamento
de fezes ao ar livre; realizando o tratamento sistemático dos indivíduos doentes; destruindo os caramujos com o uso de
certas drogas, como o sulfato de cobre e a cal; evitando que pessoas sadias entrem em contato com águas contaminadas.
- Teníase e cisticercose são parasitoses causadas pelos vermes platelmintos Taenia solium (parasita do porco e do ho-
mem) e Taenia saginata (parasita do boi e do homem), conhecidos por solitárias. O corpo da tênia ou solitária constitui-se
de cabeça (escólex - 1) pescoço (colo) e estróbilo, uma fita alongada e achatada, formada por numerosos segmentos (pro-
glotes) (2). Em cada proglote há os sistemas genitais masculino e feminino, ocorrendo neles, quando maduros, a reprodu-
ção e a formação de ovos (3). Cada proglote da extremidade livre, quando repleto de ovos, desprende-se e sai juntamente
com as fezes. Se estas ficarem expostas ao ambiente, poderão ser ingeridas pelo porco ou gado junto com a vegetação
(4). No intestino deste, os ovos evoluem para embriões providos de seis ganchos (na Taenia solium) (5), que atravessam
as paredes do intestino e, através da corrente circulatória, alojam-se nos músculos, envolvendo-se de uma membrana
protetora e formando um quisto (cisticerco) (6). O porco com os cisticercos é portador de uma doença conhecida como
cisticercose. Se o homem vier a comer carne mal cozida desse porco, receberá os cisticercos, que perdem a membrana
envolvente, fixam-se na parede de seu intestino delgado e crescem formando novos segmentos. Dessa forma o homem
adquire a teníase. Veja a figura a seguir:

Figura 5.11 – Ciclo de vida da Taenia.

O homem pode também infestar-se ingerindo água ou hortaliças contaminadas por ovos de tênia. Nesse caso, em seu
intestino, os ovos evoluem para embriões que, da maneira já descrita, ganham a circulação, indo alojar-se no cérebro ou em
outros órgãos do sistema nervoso, determinando a formação de tumores que podem causar graves lesões, levando muitas
vezes o indivíduo à morte. É a cisticercose.
O ciclo da Taenia saginata é semelhante, com a diferença de que seu hospedeiro intermediário é o boi.
Os nematelmintos têm o corpo cilíndrico, alongado e com as extremidades afiladas, podem ser encontrados nos
mesmos ambientes que os platelmintos e ,como eles, têm tamanhos variados. Alguns chegam a ter mais de um metro,
enquanto outros são microscópicos. As espécies parasitas geralmente têm o corpo revestido por camadas resistentes,
protegendo-os de ambientes hostis.
Esses vermes já possuem boca por onde o alimento entra. Ele é parcialmente digerido no intestino formado por um
tubo e a digestão se completa dentro das células. Os restos não digeridos são eliminados pelo ânus.
Geralmente os nematelmintos apresentam sexos separados sendo a fêmea maior que o macho, a reprodução é
sexuada.
São doenças causadas por nematelmintos:
- Filariose ou elefantíase: parasitose causada pelo verme Wuchereria bancrofti. O verme adulto habita os vasos e gân-
glios linfáticos do indivíduo parasitado causando hipertrofia (aumento) de certos órgãos (testículos, seios, membros, etc.).
Nos membros inferiores o inchaço é tão grande que produz um aspecto semelhante ao de uma pata de elefante (daí o
nome elefantíase). Sua transmissão é feita por mosquitos dos gêneros Aedes Anopheles e Culex.

64
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

- Ascaridíase ou lombriga: parasitose causada pelo RIQUETSIOSES


verme nematelminto Ascaris lumbricóides. O indivíduo pa- Riquetsioses são infecções causadas por riquétsias,
rasitado contém lombrigas em seu intestino. Através da re- microrganismos bacteriformes muito pequenos (0,3 a 0,5
produção, a fêmea produz numerosos ovos, no interior dos mícra). Parasitas do tubo digestivo de artrópodes (insetos,
quais se desenvolvem larvas. Esses ovos, eliminados com as aracnídeos, crustáceos, etc); algumas espécies podem pa-
fezes, poderão contaminar a água e os alimentos sólidos. rasitar vertebrados, incluindo o homem. Como exemplos
O homem, ingerindo esse material contaminado, poderá deste último caso, citam-se:
adquirir esses ovos. Em seu intestino, as larvas abandonam
a casca, atravessam a parede intestinal, caem na circulação Existem discussões mais aprofundadas sobre for-
e chegam aos pulmões. Daí sobem pelo trato respiratório, mas das bactérias e artrópodes no capitulo 6.
atingindo a faringe. Posteriormente, caminham pelo esôfa-
go e estômago; chegando ao intestino, completam a evo-
- Tifo exantemático: infecção causada pela Ricketsia
lução, transformando-se em vermes adultos. O indivíduo
prowaseki. Transmitida pelo piolho. Caracteriza-se por fe-
com ascaridíase sofre de anemia e perturbações digestivas.
bre elevada, dores nos rins, angina (dores no peito), agita-
- Amarelão, ancilostomose ou anemia dos mineiros:
ção nervosa e manchas generalizadas.
parasitose causada pelos vermes nematelmintos Necator
- Febre maculosa: infecção causada pela Ricketsia ric-
americanus e Ancilostoma duodenale. Esses vermes são
ketsil. Transmitida ao homem por carrapatos dos gêneros
bem menores do que o Ascaris, medindo cerca de 1 a 1,5
Amblyoma e Dermacenter. Caracteriza-se por febre alta,
cm de comprimento. Apresentam dentículos quitinosos
perturbações mentais, dores musculares e articulares, vô-
com os quais dilaceram a parede do intestino fazendo-o
mitos e manchas generalizadas.
sangrar, a fim de se alimentarem.
PROTOZOOSES
Protozooses são infecções causadas por protozoários.
Daquelas em que não ocorrem hospedeiros intermediários,
podemos discutir como exemplo:
- Tricomoníase ou tricomonose: infecção causada pelo
protozoário flagelado Trichomonas vaqinalis. Caracteriza-
se, na mulher, pela eliminação de um fluxo vaginal (Ieu-
corréia) com coceira e ardor na vagina. No homem pode
apresentar-se com sinais de uretrite.
- Giardíase: infecção causada pelo protozoário flagela-
do Giardia lamblia. Caracteriza-se por alterações intestinais
Figura 5.12– Foto exibindo os dentículos de quitina
(diarréias), dores abdominais, falta de apetite e emagreci-
(material semelhante ao das cascas de insetos) do
mento.
Necator americanus.39
- Amebíase: infecção causada pelo protozoário En-
tamoeba histolytica. Produz diarréias com eliminação de
Como conseqüência, o indivíduo parasitado fica anê-
muco juntamente com as fezes. A transmissão é feita por
mico, tornando-se pálido. Daí o nome de amarelão dado
água e alimentos contaminados.
à doença. Sua contaminação se faz através de larvas que
Das protozooses em que ocorrem hospedeiros inter-
penetram pela pele dos pés, e seu ciclo evolutivo é seme-
mediários podemos citar:
lhante ao do Ascaris. Não andando descalço evita-se a pe-
- Doença de Chagas, chagase ou tripanossomíase:
netração de larvas desses vermes.
doença causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma
cruzi que destrói principalmente as fibras musculares car-
MICOSES
díacas, caracterizando a fase aguda da moléstia.
Micoses são infecções causadas por fungos em animais
A parasitose pode aumentar e atingir tais proporções
e plantas. Nos animais, as micoses podem afetar a pele,
que provoca a morte do hospedeiro.
o couro cabeludo, as cavidades naturais do corpo (boca,
Na fase crônica da moléstia, há perturbações cardíacas,
vagina e ânus) e órgãos internos, como, por exemplo, os
principalmente o aumento do volume do coração (cardio-
pulmões. As mais freqüentes são actinomicose, aspergi-
megalia).
lose, candidíase (sapinho) e micose interdigital (frieira ou
pé-de-atleta, caracterizada por coceira intensa, surgimen-
to de um liquido com consistência oleosa, escamação da
pele). Nos vegetais há fungos que causam doenças, como
ferrugens e carvões, que atacam principalmente sementes
de cereais.

39 WWW.parasitoliga.com

65
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 5.13 – Ciclo de vida do Trypanosoma cruzi.

Sua transmissão é feita pelo inseto Triatoma infestans (barbeiro).


No sangue e no tecido cardíaco dos portadores de tripanossomíase encontram-se numerosos tripanossomos. Ao picar
um indivíduo portador, geralmente à noite, o barbeiro recebe, juntamente com o sangue da vítima, as formas infectantes
(1). Os parasitas multiplicam no intestino médio do vetor que poderá infectar outras pessoas ou animais (2).
Ao picar outro indivíduo sadio o inseto defeca no momento da picada, eliminando fezes com protozoários (3).
Espontaneamente a pessoa coça o local da picada e produz escoriações na pele, por onde os tripanossomos podem
penetrar (4). Dessa forma, o indivíduo pode ficar contaminado e adquirir a chagase. Dentro do hospedeiro, o tripanossoma
invade células perto do local da inoculação,- onde o inseto defecou-, multiplicam-se e, em seguida, são liberados na circu-
lação sangüínea (5). No local da picada do barbeiro fica um inchaço avermelhado (chagoma de inoculação), que desapa-
rece com o tempo. A replicação (reprodução) do protozoário só recomeça quando os parasitas entram em outra célula (de
vários tipos de tecidos) ou são ingeridos por outro vetor (6).
A medida profilática mais importante contra a chagase é a melhoria das condições de habitação, pois é nas frestas de
paredes de barro ou palha que o barbeiro se abriga.
- Leishmania tegumentar americana ou úlcera-de-bauru: doença causada pelo protozoário flagelado Leishmania brasi-
liensis, tendo como hospedeiro intermediário o inseto PhIebotomus intermedius (mosquito-palha ou birigui).

Figura 5.14 – Ciclo de vida do Leishmania brasiliensis.

66
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O mosquito pica um indivíduo doente geralmente à noite, ingere sangue com as leishmânias (1), as quais evoluem
em seu tubo digestivo (2). Após um período de incubação (uma semana), o flebótomo (mosquito palha) pode transmitir o
parasita, ao picar outras pessoas sadias (3).
Com a picada do inseto no hospedeiro definitivo, a leishmânia é inoculada na derme, desenvolve-se e reproduz-se no
interior das células do tecido conjuntivo subepidérmico (4).

A pele é formada por duas camadas. A primeira, a epiderme, é superficial, visível e formada principalmente
por células, estando em contato com o meio ambiente. É a parte sobre a qual a maioria dos seres humanos
constrói a sua imagem corpórea. Apesar da espessura fina, estudos microscópicos e ultramicroscópicos
revelam a real constituição da epiderme. São cinco camadas celulares prensadas. Nessas camadas existem:

- queratinócitos – células que impermeabilizam a pele;

- melanócito - produtora de um pigmento escuro (melanina) que dá cor à pele.

- células de Langerhans - apresentam células imunológicas, como linfócitos

A segunda camada, a derme, está abaixo da epiderme. Todos os elementos da pele são produzidos pela
derme. Por isso, essa parte é considerada a mais importante. Setenta por cento do seu peso bruto é for-
mado por proteínas alongadas, denominadas fibras colagéneas. Essas fibras conferem grande resistência
à derme.

A intensa reprodução do parasita e conseqüente invasão de novas células produz inicialmente, uma mancha averme-
lhada que progride numa ulceração (5). Após o aparecimento de lesões cutâneas, ou seja, lesões na pele, a ulceração se
manifesta na mucosa do nariz, da boca, da faringe, laringe. O ataque a essas mucosas produz graves lesões, que dificultam
deglutição, leva o paciente à morte.
Previne-se a leishmaniose com a colocação de telas nas habitações, uso de mosquiteiros em berços e aplicação de
inseticidas.
- Malária ou impaludismo: doença infecciosa do homem e de outros animais, causada por protozoários esporozoários
do gênero Plasmodium. No Brasil é transmitida ao homem através da picada do inseto Anopheles darlingi.
O ciclo vital do plasmódio se desenvolve em parte no tubo digestivo do inseto (ciclo sexuado) e em parte no sangue
humano (ciclo assexuado). Não se preocupe em entender o ciclo de reprodução neste momento. Ele será melhor explicado
no capitulo seguinte.
O indivíduo com malária possui, no sangue, formas reprodutivas do plasmódio. No tubo digestivo do inseto, essas for-
mas transformam-se em gametas. Após a fecundação, formam-se ovos, que se instalam na parede do estômago do inseto.
Os ovos se multiplicam produzindo formas infectantes do protozoário as quais se espalham pelo corpo do inseto atingindo
inclusive as glândulas salivares. Como o inseto, ao sugar o sangue do hospedeiro, primeiramente injeta saliva (que contém
uma substância anticoagulante para que o o hospedeiro sangre mais tempo e o inseto possa se alimentar), introduz com
ela as formas infectantes do plasmódio.
Os insetos transmissores do plasmódio são fêmeas, pois os machos são herbívoros. O combate à malária é feito por
substâncias derivadas do quinino e o extermínio do vetor (mosquito) é feito por inseticidas ou derramando óleo na super-
fície de águas estagnadas, nas quais se desenvolvem as larvas do mosquito. De tempos em tempo elas vão à tona para se
abastecerem de ar; impedidas de respirar por causa da camada de óleo na superfície, elas morrem.

Quinino substância de sabor amargo extraído da árvore Chichona e com propriedades


antitérmicas, analgésicas e antimaláricas.

BACTERIOSES

Bacterioses são infecções causadas por bactérias. São resistentes a temperaturas elevadas (mas não prolongadas) e
muito baixas, e a muitos agentes químicos. Os principais tipos morfológicos de bactérias são: cocos (esférica bacilos (alon-
gadas), espirilos (espiraladas) e vibriões (em forma de uma espira) e serão mostradas de modo mais completo no capítulo
seguinte. No quadro abaixo, está a descrição das principais bacterioses.

67
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

AGENTES
BACTERIOSE PRINCIPAIS SINTOMAS NO HOMEM
CAUSADORES
Período primário: Cancro (úlcera) no órgão sexual. Período
Sífilis secundário: placas nas mucosas cutâneas (da pele);
Treponema pallidum
(espirilo) Período terciário: ulcerações e lesões arteriais e venosas
causando paralisias gerais e progressivas.

Febre (40ºC ou mais), respiração difícil, enrijecimento da


Tétano Clostridium tetani coluna vertebral; rigidez da nuca, tronco e membros, con-
vulsões.

Inflamação e ulceração do intestino; febre cíclica (ascen-


são, estabilidade, declínio); distúrbios nervosos e intesti-
Febre tifóide Salmonella typhose nais (diarréia), pequenas manchas róseas no abdome. As
complicações da doença são a perfuração intestinal e sub-
seqüentes hemorragias.

Vômitos, violentas dores abdominais, diarréia (20 a quase


Vibrio comma (vibrião
Cólera 100 evacuações diárias), desidratação extrema, suor vis-
colérico)
coso.
Dores no tórax, tosse, expectoração muitas vezes sangui-
Tuberculose pulmo- Micobacterium tuber- nolenta, dispinéia (falta de ar), febre principalmente ao cair
nar culosis da tarde, suores, anorexia (falta de apetite), emagrecimen-
to.
Manchas esbranquiçadas ou róseas indolores devido às le-
Micobacterium Leprae
Hanseníase (lepra) sões dos nervos, nódulos; bolhas, perfurações, paralisias e
(bacilo de Hansen)
deformidades do corpo.

Formação de pus espesso e esverdeado na uretra causan-


do dor ao urinar. Posteriormente pode desaparecer a dor e
Blenonagia ou gonor- Neisseria gonorreae surgir uma gota de pus matinal todos os dias no canal uri-
réia (gonococo) nário. Como complicações podem ocorrer estreitamento da
uretra, cistite (inflamação da bexiga), prostatite (inflamação
da próstata) e artrite (inflamação nas articulações).

Perturbações digestivas (vômitos e diarréias), sintomas


neurológicos (paralisias dos nervos óticos, da musculatura
Botulismo Clostridium botulinum
da faringe e da laringe). É transmitida através de conservas
deterioradas.

Febre, Icterícia, hemorragia pulmonar, vômito de sangue,


sangramento pelo nariz, inchaço do fígado, insuficiência re-
Leptospirose Leptospira
nal. A contaminação é feita pela urina de animais infectados
(geralmente ratos e camundongos).
Fortes dores de cabeça, rigidez da nuca, contração dos
Neisseria meningitidis
Meningite músculos ao redor das vértebras, febre, vômitos e, algumas
(meningococo
vezes, diarréia.
Calafrios, elevação súbita da temperatura, respiração rápi-
Diplococcus pneumo-
Pneumonia da, dor em forma de pontadas nas costas, tosse com ex-
niae
pectoração sanguinolenta ou cor de ferrugem.

Tabela 5.1 – Relação de bacterioses, seus causadores e principais sintomas.

68
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A OMS estima que essas doenças causam milhões de Pedimos novamente que você volte ao texto, verifique
mortes por ano no mundo todo e que outras milhões de desta vez as formas de prevenção contra as doenças cau-
pessoas ficam inválidas por causa delas. sadas por bactérias...pronto? Elas podem ser combatidas
No inicio deste capitulo descobrimos que ter saúde principalmente com bons hábitos de higiene e tentando
não é uma atitude individual ela deve ser promovida por evitar contato com pessoas ou objetos contaminados. Es-
todos, então para se livrar das doenças causadas pelos sas doenças podem ser tratadas com o uso de antibióticos,
insetos, por exemplo, não basta que você mantenha seu só que isso tem um lado bom e um lado ruim! O lado bom
quintal limpo, sua caixa d’água tampada e nenhum local é que se o tratamento for bem feito a doença será elimina-
com água limpa parada. É preciso que toda a comunidade da. Por outro lado se o tratamento for mal feito e o doente
faça isso, porque senão, o mosquito criado na casa do seu pára de tomar a medicação antes do previsto as bactérias
vizinho da esquina pode infectar você na sua casa limpa. mais resistentes sobreviverão, se reproduzirão e tornarão a
Mas algumas atitudes podem ser tomadas por você doença mais difícil de ser curada.
sim. A manutenção da boa higiene pode evitar que você
seja contaminado por uma série de doenças, são pequenas DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO
ações como: Você já ouviu falar de silicose? É uma doença que ataca
- Lavar as mãos ao sair do banheiro. principalmente trabalhadores de mineradoras ou aqueles
- Lavar frutas e verduras em água corrente e tratada. que estão constantemente expostos a materiais que pro-
- Não deixar lixo acumulado perto de casa. duzem muita poeira. O pó entra pelas vias respiratórias e
- Não deixar alimentos por muito tempo na geladeira, se aloja nos pulmões prejudicando o seu funcionamento.
etc. Este é apenas um exemplo de doença causada por uma
Manter a sua carteirinha de vacinação em dia, e a dos atividade profissional. Existem várias outras profissões que
seus familiares, também é uma boa maneira de ficar livre podem ser insalubres (prejudiciais a saúde). São aquelas
de doenças. Algumas delas são combatidas quase que ex- em que trabalhadores ficam constantemente expostos ao
clusivamente através das vacinas, um exemplo é o tétano. barulho excessivo sem os devidos equipamentos de prote-
Quando a bactéria do tétano se instala no nosso corpo ção. Esta exposição pode causar a perda da audição com
causa infecções gravíssimas, mas ela é facilmente evitada o tempo. Outros fatores em excesso que são considerados
tomando uma dose da vacina a cada dez anos. insalubres são: umidade, radiação, temperaturas muito bai-
Puxa vida, mas se existem micróbios no ar, no solo, na xas ou muito altas, agentes químicos entre outros.
água, em todos os lugares podemos ficar doentes a qual- Entre os agentes químicos mais nocivos, isto é, perigo-
quer momento? Não é bem assim, esses micróbios pre- sos, está o chumbo. Ele pode ser absorvido pelas vias aé-
cisam de certas condições para que se desenvolvam e se reas quando se respira fumaça ou poeira contendo o metal.
reproduzam. A idade, o sexo e a situação geral do corpo Pode também ser ingerido junto com alimentos contami-
são fatores que interferem muito. Você pode, por exemplo, nados ou através do contato.
ter o vírus da gripe no seu organismo e não ficar gripado. O chumbo, presente no sangue da pessoa contamina-
Assim que a resistência do seu corpo diminui por algum da, impede a incorporação do ferro que entra na formação
motivo este vírus se reproduz rapidamente e aí sim provo- de uma substância vermelha, a hemoglobina. Essa subs-
ca a gripe. tância é uma molécula complexa, (uma proteína) com um
Nos idosos, que já possuem o organismo mais enfra- átomo de ferro no centro e que faz parte do glóbulo ver-
quecido essa doença se instala com mais facilidade e é por melho. Sua função é se fixar à moléculas de oxigênio e gás
isso que existe no Brasil a campanha para que todo idoso carbônico. Quando o chumbo está presente, é ele quem se
seja vacinado uma vez por ano. liga à proteína e não o ferro, sendo assim forma-se uma
Agora, se você se alimenta bem e corretamente, pratica substância diferente da hemoglobina e que não consegue
atividades físicas e têm hábitos saudáveis as chances de transportar o oxigênio nem o gás carbônico.
algum micróbio se instalar no seu corpo e provocar uma As hemácias ou glóbulos vermelhos são as células san-
doença são bem menores e mesmo depois de instalada güíneas que o sangue humano tem em maior quantidade,
o acesso a agentes de saúde como hospitais, médicos e como a hemoglobina está dentro dela, ambas dão a cor
medicamentos adequados podem evitar o agravamento da vermelha ao sangue. As hemácias têm a forma de disco e
doença. não apresentam núcleo.
De qualquer modo é muito importante que você tenha O gás oxigênio que é transportado para todas as célu-
conhecimento dos vários tipos de doenças e dos fatores las do corpo, é captado do ar pelos pulmões e transferido
que as causam para poder se prevenir, afinal a prevenção é para o sangue. Esse sangue segue para o coração e é bom-
o melhor tratamento! beado para o corpo onde será distribuído para as células
E você pode começar já, volte ao texto, verifique a de todos os tecidos do organismo.
melhor forma de prevenção contra doenças causadas por
vírus... verificou? As vacinas são a melhor forma porque, Os tecidos são conjuntos de células iguais com
uma vez instalado no corpo, o vírus não pode ser morto funções específicas, bem definidas e que formam
por nenhum medicamento, apenas o sistema de defesa do nossos órgãos. Ex: tecido nervoso, tecido ósseo,
organismo pode eliminá-lo, portanto é melhor tomar a va- tecido muscular, etc.
cina para preparar seu corpo antes da “invasão”.

69
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Após utilizar o oxigênio para queimar glicose e pro- Mas o sangue tem outras funções além do transporte
duzir energia (esse processo é chamado de respiração ce- de gases. O plasma (a parte liquida) transporta sais mine-
lular) a célula libera o gás carbônico que é absorvido pe- rais e outras substâncias importantes até as células como
las hemácias do sangue que retorna ao coração e agora é nutrientes e hormônios e retira delas substâncias tóxicas
bombeado para o pulmão. No pulmão o gás carbônico é como a uréia.
liberado e oxigênio absorvido novamente fechando o ciclo Os glóbulos brancos, também chamados de leucócitos,
que pode ser acompanhado na figura 5.15: são células sangüíneas maiores que os glóbulos vermelhos;
no entanto estão presentes no sangue em um número
muito menor que as hemácias: entre 6.000 e 10.000 por
mm3 em condições normais. Essas células têm a função de
nos defender de agentes estranhos ao organismo, como
bactérias, vírus e substâncias tóxicas.
Há glóbulos brancos de vários tipos. Diferem uns dos
outros pelo tamanho, pela forma de seus núcleos e pelo
modo como atuam. Alguns fagocitam, isto é, englobam, di-
gerem e destroem microorganismos. Outros fabricam an-
ticorpos, proteínas que neutralizam a ação de outras pro-
teínas estranhas ao organismo, denominadas antígenos.
É por isso que o número de glóbulos brancos no sangue
aumenta quando microorganismos penetram no corpo.
As plaquetas são fragmentos celulares muito menores
que os leucócitos e as hemácias. A quantidade normal de
plaquetas no sangue é de aproximadamente 300.000 por
mm3. O tempo de duração delas é curto: de 5 a 9 dias.
Mas são essenciais quando temos um ferimento, elas evi-
tam perdas de sangue porque fazem parte da coagulação
sangüínea.
Quem trabalha no campo ou na roça, carpindo ou cor-
tando cana, também está exposto a um certo grau de in-
salubridade. Além da dor nas costas, estes trabalhadores
podem receber cortes com a foice ou o podão e picadas de
cobras ou escorpiões.
Nas indústrias e oficinas, são outros os acidentes e os
males decorrentes das condições do trabalho. Em escritó-
rios, os problemas podem decorrer, por exemplo, do uso
de móveis e posturas inadequadas ou de sistemas impró-
prios de condicionamento de ar. Um ambiente saudável e
seguro para o trabalhador é garantido pela Consolidação
das Leis Trabalhistas (CLT), instituída, em 1º de maio de
Figura 5.15 – Circulação do sangue dos pulmões até o co- 1943, como lei básica do direito do trabalho.
ração (circulação pulmonar) e do coração até o resto do No que se refere à INSALUBRIDADE, a lei diz:
corpo (circulação sistêmica). “NR- 15 - Serão consideradas atividades ou operações
insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou mé-
Quando não consumimos alimentos ricos em ferro todos de trabalho, exponham os empregados a agentes no-
(carnes vermelhas, feijão, verduras com folhas escuras) em civos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em
quantidade suficiente, a quantidade de glóbulos vermelhos razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de
pode diminuir por falta de matéria prima (ferro) para a pro- exposição aos seus efeitos.
dução de hemoglobina causando a anemia. A eliminação ou neutralização da insalubridade ocor-
Além da anemia podemos citar entre as conseqüên- rerá:
cias da contaminação por chumbo os problemas renais, I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente
problemas neurológicos e problemas nos ossos, pois o do trabalho dentro dos limites de tolerância;
metal causa a diminuição do nível de vitamina D no san- II - com a utilização de equipamentos de proteção in-
gue. Essa vitamina é responsável pela absorção do cálcio, dividual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do
fazendo com que ele saia do sangue e penetre nos teci- agente agressivo aos limites de tolerância.
dos (ossos e dentes). Os dois últimos problemas citados Artigo 192 - O exercício de trabalho em condições in-
acabam sendo muito graves em crianças, pois afetam o salubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo
crescimento e os efeitos neurológicos nessa idade podem Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional
ficar para o resto da vida, como a dificuldade de aprendi- respectivamente de 40%, 20%, e 10% do salário mínimo da
zagem, menor desenvolvimento mental e diminuição da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio
audição, entre outros. ou mínimo”.

70
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Se você trabalha em alguma dessas condições e não recebe o adicional por isso, e nem usa os Equipamentos de Pro-
teção Individuais (EPI’s) necessários, então deve conversar com seu empregador, pois sua saúde está em risco e você deve,
zelar por ela, afinal sua saúde e seu maior bem.

DE ONDE VEM A COR DOS NOSSOS OLHOS?


As células guardam, no seu núcleo, todas as nossas características. Lá dentro existe uma proteína, o DNA que, com
certeza, você já ouviu falar em algum noticiário, filme, novela ou jornal.
Ele é um código formado por vários genes, que armazenam as características, dos nossos pais, avós e todas as outras que nosso
corpo apresenta interna e externamente. Elas são traduzidas, se manifestam em nós e também passamos para nossos filhos.

Figura 5.16 – Micrografia de uma dupla hélice Figura 5.17 – modelo de uma dupla hélice de
de DNA 3 DNA 4

Os seres humanos tem 23 pares de cromossomos (longas seqüências de DNA) em cada uma de suas células. A célula
com número total de pares é chamada de diplóide ou 2n. Nos gametas formados por meiose, esse número é reduzido pela
metade, e assim, óvulos e espermatozóides tem um cromossomo de cada par, ou seja, 23 cromossomos.

Meiose é a forma de reprodução celular onde a célula se divide ao meio gerando duas
células filhas com metade dos cromossomos da célula original. Essas novas células são
chamadas de haplóide ou n.

Dependendo da combinação desses cromossomos características físicas e biológicas serão definidas, uma vez que eles
são diferentes. O sexo de um indivíduo, por exemplo, é definido pela existência de cromossomos X e Y, chamados cromos-
somos sexuais, que forma o par número 23 na célula. No sexo masculino, o mesmo par apresenta cromossomos X e Y (XY).
No feminino o par apresenta dois cromossomos X (XX).
Observe, no esquema a seguir, as possíveis combinações de cromossomos sexuais no momento da concepção:

Figura 5.18 - Combinações de cromossomos sexuais de um casal heterozigoto no momento da concepção. As células sexuais
dos pais se dividem pelo processo de meiose, em duas células filhas com metade dos cromossomos (haplóides). Ao se recom-
binarem formam novas células que darão origem aos descendentes.

71
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Outras características como a cor dos olhos são defini-


das por outros pares de cromossomos (ou outros alelos).
Nesses alelos os cromossomos podem ser dominantes,
ou seja, aqueles que determinam preferencialmente uma
característica (são representados por letras maiúsculas) ou
podem ser recessivos, eles só determinarão a característica
se houverem dois idênticos no par (são representados por
letras minúsculas). Fica mais fácil de entender se usarmos
um exemplo.
Um par de alelos determina a cor dos olhos de uma
pessoa. Esse par pode ser representado por letras. Letras Figura 5.20 – Embrião em inicio de multiplicação das células
iguais representam um par de alelos homozigotos, isto é, tronco 40
um par de alelos que determinam a mesma característica.
Letras diferentes representam um par de alelos heterozi- Leia o texto a seguir:
gotos, ou seja, que determinam características diferentes.
Nos seres humanos a cor castanha predomina sobre a cor Liberdade de pesquisa X limites de intervenção so-
clara (azul ou verde). Sendo assim os alelos para castanho bre a vida
são dominantes e aqueles para cores claras são recessivos. As academias de ciências de 66 países, entre elas a bra-
Vamos identificar um homem e uma mulher, ambos hete- sileira, assinaram um documento em que defendem a libera-
rozigotos (Aa), e por conseqüência ambos com olhos cas- ção das pesquisas com células-tronco embrionárias, área tida
tanhos, mas com alelos recessivos para olhos claros. Em atualmente como uma das mais promissoras da ciência. Em
um possível casamento entre os dois, de que cor poderiam tese, as células-tronco extraídas de embriões têm o potencial
ser os olhos dos seus filhos? Observe o esquema a seguir: de se transformar em qualquer tipo de tecido do organismo.
Ainda não existe nenhum tratamento desenvolvido a partir de
células-tronco embrionárias em nenhum país do mundo. Mas
elas são um instrumento valioso para a compreensão da bio-
logia humana. Mais que a promessa de tratamentos, os cien-
tistas também enxergam nessas células uma ferramenta para
a realização de experimentos de ciência básica. A partir delas,
os pesquisadores podem entender como células idênticas,
sem função específica, se transformam em todos os tecidos
do corpo humano, dos neurônios cerebrais ao tecido do fíga-
do ou do pâncreas. “A Lei de Biossegurança nos deu o direito
de fazer as mesmas pesquisas feitas no exterior. Nos deu o
direito de não sermos apenas espectadores”, diz a geneticista
Mayana Zatz, pró-reitora de pesquisa da Universidade de São
Paulo. “Ter presenciado sua aprovação foi um dos momentos
Figura 5.19 – Genótipos dos possíveis descendentes de pais mais emocionantes da minha vida.” Devem ser usados nessas
heterozigotos. pesquisas embriões congelados a mais de três anos e aqueles
que são inviáveis.
São possíveis 3 combinações diferentes entre os alelos: “Eu não fui um montinho de células pré-humano” disse
AA – olhos castanhos, Aa – olhos castanhos e aa – olhos a bioquímica Lenise Martins Garcia opositora do projeto de
claros uso dos embriões. “Fui gerada, graças a Deus, por um ato
de amor dos meus pais.” “Não há nem como saber com
As características externas de um indivíduo são certeza se os embriões são inviáveis. Há crianças sadias que
denominadas fenótipos (ex: olhos castanhos). Já as vieram de embriões congelados havia muito tempo”, diz. Os
características genéticas são denominadas genóti- opositores afirmam que as pesquisas também poderiam ser
pos (ex: alelos AA). feitas com células retiradas do sangue do cordão umbilical
ou da medula dos pacientes, chamadas de células tronco
adultas. Essas pesquisas têm gerado entusiasmo, mas não
Muitas dessas células são capazes de se transformar
eliminam a necessidade das pesquisas com embriões.
em qualquer tipo de tecido do corpo humano, são as cha-
Texto extraído de reportagem da revista Época
madas células tronco, que muitos cientistas têm estuda-
30/04/2007
do e prometem ser a solução de muitos dos problemas e
Esta reportagem expõe a polêmica envolvida em decor-
doenças que nos atingem.
rência do desenvolvimento da genética. Ela é a ciência que
estuda o material existente no núcleo das nossas células e
tenta, através da sua manipulação, encontrar soluções para
vários problemas biológicos.
40 ( fonte:http://outrapolitica.files.wordpress.com)

72
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A genética está mais presente nas nossas vidas do que Como você pode perceber o método obtém células-
podemos perceber. Você já ouviu falar em alimentos trans- tronco sem usar um embrião. Como afirmaram alguns
gênicos? São alimentos como a soja e o milho que tiveram cientistas na reportagem, isso já evita uma grande polê-
sua seqüência genética modificada para produzir substân- mica, além disso, não há risco de rejeição do tecido por
cias que as protegem contra pragas ou que as fazem produ- parte do sistema imunológico do paciente como ocorre
zir mais. A soja esteve no centro de uma grande discussão nos transplantes de órgãos.
entre produtores e ambientalistas, pois a planta modificada Infelizmente estas técnicas ainda estão em estudo e
geneticamente apresentava uma produtividade muito maior são feitos apenas tratamentos experimentais. Mas talvez
que a soja comum, era muito mais resistente ao ataque de num futuro próximo ela possa ser usada em beneficio de
pragas e era o tipo preferido pelos produtores. Os ambien- toda a população que dela necessite.
talistas argumentavam que como são mais resistentes, a A despeito das permissões e proibições, benefícios
soja transgênica acabaria por contaminar lavouras vizinhas e prejuízos, a manipulação de genes e células humanas
de soja natural e causar a sua extinção. Além disso não se deve seguir o padrão ético de uma sociedade. A comu-
conheciam os riscos que os alimentos produzidos com esta nidade mundial ainda discute a validade e o direito de
soja poderiam oferecer ao ser humano. Depois de muitas
utilizar técnicas de clonagem dos embriões humanos, o
consultas a especialistas e estudos, a soja transgênica foi li-
impacto que a genômica pode ter no ambiente a na bio-
berada pela Comissão Nacional de Biossegurança para co-
diversidade e o direito de comercializar produtos trans-
mércio e hoje faz parte da nossa alimentação.
gênicos, aqueles que são obtidos a partir de organismos
A discussão mostrada na reportagem que transcreve-
mos em parte, deu direito a cientistas brasileiros de utiliza- alterados pela engenharia genética.
rem embriões humanos não viáveis para reprodução, rea-
lizar clonagens terapêuticas (sem finalidade reprodutiva) e DA CÉLULA AO ORGANISMO
várias outras técnicas de manipulação celular com finalidade Todos nós já fomos, um dia, uma única célula, a célula
de se produzir tratamentos. Mas não dá o direito de produ- ovo ou zigoto que dão origem ao embrião. A célula ovo
zir seres humanos através de uma clonagem (produção de se forma pela união de duas outras células: o espermato-
um descendente a partir da célula adulta de um organismo). zóide, produzido pelo homem e o óvulo produzido pela
A clonagem parece ser uma técnica recente, mas não é. mulher. Mas será que todo mundo se dá conta disso?
Quando retiramos um galho de uma planta e produzimos Várias pesquisas mostram que tem aumentado os ca-
uma muda, teremos uma planta idêntica à primeira, ou seja, sos de gravidez na adolescência e diminuído a idade das
um clone da primeira. O que é recente é a aplicação dessa adolescentes grávidas. A gravidez ocorre geralmente en-
técnica em animais e seres humanos. Porém a finalidade não tre a primeira e a quinta relação e o parto normal já é a
é produzir outro ser humano e sim tecidos sadios que pos- principal causa de internação de brasileiras entre 10 e 14
sam substituir partes doentes do corpo. Por isso dizemos anos41.
que é uma técnica terapêutica. As principais causas da gravidez são: o desconheci-
O diabetes, por exemplo, é a incapacidade que o pân- mento de métodos anticoncepcionais, ou a dificuldade de
creas adquire de produzir insulina, um hormônio que pro- usá-los, pois a educação dada à adolescente faz com que
move a retirada da glicose que circula no sangue para que ela não queira assumir que tem uma vida sexual ativa e
ela seja aproveitada pelas células. Através da clonagem tera- por isso não usa os métodos ou usa aqueles de baixa efi-
pêutica poderia se retirar o núcleo de uma célula adulta do ciência (coito interrompido e tabelinha) porque esses não
paciente e inserir dentro de um óvulo que teve seu próprio deixam “rastros”. O uso de drogas e bebidas alcoólicas
núcleo removido. A célula é então ativada e reprogramada, entre as jovens também comprometem a contracepção.
como se fosse uma célula tronco embrionária. A partir daí Isso tudo ocorre entre adolescentes, mas também
vários processos fazem com que ela se desenvolva, se multi- entre adultos que nem se quer conhecem o próprio cor-
plique e se transforme no tecido que forma o pâncreas. Este
po. Entre os que conhecem, muitos têm informações in-
tecido pode ser então implantado no paciente e, substituin-
corretas. Você deve ter obtido muitas informações sobre
do o tecido doente do pâncreas, restabelecer a sua função.
reprodução quando estudou os assuntos do ensino fun-
Todo o desenvolvimento do tecido, desde a troca do nú-
damental. Vamos tentar obter mais algumas informações
cleo do óvulo, é feito em meio de cultura, fora de qualquer
organismo vivo. importantes a respeito da reprodução.
Muitas espécies de mamíferos apresentam funções
reprodutoras parecidas com as do homem. Mas o ser hu-
Uma cultura é um gel nutritivo onde se adiciona mano é o único animal que não se relaciona sexualmente
tudo o que uma célula precisa para se manter viva apenas para a reprodução. Com isso ele acaba se tornan-
e se reproduzir. Meios de cultura também são usa- do responsável pelo próprio corpo e pelo corpo do seu
dos em exames laboratoriais onde se coloca uma parceiro ou parceira.
amostra de um material contaminado com vírus,
bactérias ou fungos e espera-se o seu crescimento
41 Gravidez na Adolescência, Maria Sylvia de
e multiplicação para que possa ser identificado.
Souza Vitalle e Olga Maria Silverio Amâncio, Revista
eletrônica Psiqweb, Psiquiatria Geral - SBPC.

73
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A nossa capacidade de procriar, que ocorre por volta dos 14 anos, vem antes do amadurecimento emocional. Ela
surge junto com muitas dúvidas e conflitos com os padrões sociais e religiosos do nosso país. O adolescente perde a li-
berdade de conversar com os pais e prefere esclarecê-las com amigos, o que acaba trazendo mais dúvidas, comportamento
inadequado, busca de satisfação de forma errada e por muitas vezes, a gravidez e doenças.
A maturidade sexual deve vir acompanhada da maturidade emocional onde a cumplicidade de um casal deve ser
suficiente para um proteger o outro em todos os sentidos, inclusive no que se refere à prevenção de doenças e de uma
possível gravidez. Esta prevenção pode ser realizada através de alguns métodos contraceptivos:
- Métodos naturais ou comportamentais – São os mais aceitos por entidades religiosas, mas são os que apresentam
maior porcentagem de falhas. São exemplos: a tabelinha onde se controla o período fértil no ciclo menstrual, o teste de
muco cervical que surge na vagina no período fértil, o coito interrompido e a temperatura basal, que fica um pouco mais
elevada no período de ovulação.
- O DIU, dispositivo intra uterino – é colocado dentro do útero por um ginecologista. Ele é feito de cobre e sua função
é impedir que o embrião se fixe as paredes do útero. Ao liberar partículas deste metal também prejudica o movimento dos
espermatozóides.

Figura 5.21 – DIU – Dispositivo intra uterino.42

- Métodos hormonais – Estes métodos “enganam” o organismo da mulher impedindo a sua ovulação, é um
método com pouca chance de falhas desde que seja usado corretamente. Existem vários tipos de anticoncepcionais
hormonais: orais como a pílula anticoncepcional e a pílula do dia seguinte, injetáveis, implantes e adesivos.
- Métodos definitivos – São aqueles realizados cirurgicamente onde um pequeno corte é feito na tuba uterina
da mulher para impedir a passagem dos óvulos ou nos canais deferentes do homem para impedir a passagem dos
espermatozóides (vasectomia).
- Métodos químicos – São os chamados espermicidas, substâncias que matam os espermatozóides ou impedem
o seu movimento. Podem ser injetados na vagina ou usados em associação com outros métodos como o diafragma
por exemplo.
- Métodos de barreira – Eles impedem o contato do esperma com o colo do útero onde ele encontraria a passagem
para fecundar o óvulo. Entre eles estão;

Figura 5.22 – Métodos anticoncepcionais de barreira:


A) Camisinha masculina, B) Camisinha feminina e C) Diafragma.43

Estes últimos, principalmente as camisinhas são particularmente importantes e têm sido alvos de várias campanhas
de prevenção porque são eficientes tanto na contracepção quanto na transmissão de doenças sexualmente transmissíveis
(DSTs).

42 Guia de planejamento familiar da prefeitura municipal de Campinas.


43 Guia de planejamento familiar da prefeitura municipal de Campinas.

74
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ!

Atividade 1
(Encceja 2006) A vaginose bacteriana é uma patogenia causada por um desequilíbrio ecológico da flora vaginal, na
qual as bactérias protetoras (Lactobacilus acidophilus) são substituídas por outras bactérias, provocando um corrimento
de odor fétido.
Carlos Antônio da Costa. Ginecologia, n.º 4,
Ano I, jul./2003 (com adaptações).
Para se evitar o aparecimento de corrimentos vaginais, deve-se:
I - fazer higiene externa, diariamente, com sabonete neutro.
II - comer iogurtes com lactobacilos.
III - usar o preservativo — camisinha — nas relações sexuais.
Estão corretos os procedimentos:
(A) I e II, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I, II e III.

Atividade 2
(Encceja 2005) Em uma certa comunidade, para cada quatro crianças nascidas, uma era albina (ausência de pigmenta-
ção da pele). Na maioria dos casos, essas crianças tinham pais com pigmentação de pele normal. Considere as informações
abaixo, que procuram explicar
o que ocorre com essas crianças:
I - Trata-se de uma característica congênita adquirida durante a gestação.
II - Trata-se de uma característica recessiva, já que os pais são normais.
III - Trata-se de uma característica herdada somente do pai.
IV - Trata-se de uma característica genética e os pais devem ser portadores do alelo albino.
Estão corretas
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e IV.
(D) III e IV.

Atividade 3
(Encceja 2002) Pesquisas realizadas na França mostraram que um aumento de 10% do número de médicos por habi-
tante provoca uma redução de 0,3% na mortalidade da população. Em compensação, uma diminuição de 10% no consumo
de lipídeos (gorduras) reduz a mortalidade em 2,5%.
Adaptado de WALDMANN, Maurício e SCHNEIDER, Dan.
Guia ecológico doméstico. São Paulo: Editora Contexto, 2000.
De acordo com o texto, pode-se afirmar que:
(A) investir no atendimento médico da população é mais eficaz do que mudar os hábitos de alimentação.
(B) embora os hábitos saudáveis de alimentação devam ser praticados, pouco resolvem quando o desafio é reduzir a
mortalidade.
(C) para melhorar a saúde da população, é mais vantajoso prevenir que remediar.
(D) se o objetivo é reduzir a mortalidade, a melhor receita é aumentar o número de médicos.

Atividade 4
(Encceja 2006) Quando um tipo vírus penetra o nosso organismo, o nosso sistema imunológico reage, produzindo
anticorpos, os quais tem a tarefa de destruir os vírus invasores.
As vacinas são, na verdade, soluções que contêm determinados vírus atenuados (enfraquecidos) ou mesmo mortos
que levarão o nosso sistema imunológico a produzir anticorpos contra o vírus infectante. Quando uma pessoa que já foi
vacinada contra um determinado tipo de vírus for contaminada pelo mesmo vírus, a doença:
(A) se desenvolverá de qualquer forma, pois as vacinas feitas com vírus mortos não funcionam.
(B) não se desenvolverá na primeira infecção, somente nas próximas contaminações.
(C) se desenvolverá de forma mais rápida, pois já havia uma quantidade de vírus no organismo.
(D) não se desenvolverá, porque os anticorpos já existentes combaterão o vírus logo que entrar no organismo.

75
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 5
(Encceja 2006) Lavar as mãos com sabonete reduz significativamente a proliferação da pneumonia e da diarréia, as duas
principais causas de morte no mundo em crianças menores de 5 anos. Esses resultados foram obtidos de estudos financia-
dos por uma empresa de produtos de beleza e limpeza, no Paquistão, onde os pesquisadores examinaram 900 domicílios.
Analise os dados da pesquisa na tabela abaixo.

Quantidade de casos em 100 pessoas/semana

n.º de casos quando as


Doença n.º de casos sem
mãos são lavadas com
lavar as mãos
sabão comum

pneumonia 2,20 4,40

diarréia 1,91 4,06

Lancet. Scientific American, ano 4, n.º 42 (com adaptações).


A tabela mostra que:
(A) o hábito de lavar as mãos foi suficiente para reduzir em mais de 50% os casos de diarréias infantis.
(B) o sabonete foi mais eficiente para evitar a pneumonia e a diarréia.
(C) os dados da pesquisa servem exclusivamente para influenciar a compra do produto produzido pela empresa.
(D) o uso de sabonete foi insuficiente para diminuir os casos das doenças na população estudada.

Atividade 6
(Encceja 2002) Para evitar problemas de choque anafilático em transfusões sangüíneas, entre outros fatores, deve-se
verificar o fator Rh das pessoas envolvidas: pessoas com fator Rh- não podem receber sangue Rh+; por sua vez, pessoas com
Rh+ podem receber sangue Rh- e Rh+.
O quadro seguinte indica fenótipos e genótipos em relação ao fator Rh.

Tipo sanguíneo Fenótipo Genótipo


Grupo Rh + (Rh positivo) R R ou R r
Grupo Rh – (Rh negativo) rr

Um casal tem três filhos e duas filhas, a mulher com Rh+ e o marido com Rh-. Desconhecendo-se o grupo sanguíneo
dos filhos, numa situação de urgência que exija transfusão de sangue, pode-se considerar que, por medida de segurança,
no que se refere ao fator Rh:
(A) todos os três filhos podem doar sangue tanto para o pai quanto para a mãe.
(B) os filhos podem doar sangue para o pai e apenas as duas filhas podem doar sangue para a mãe.
(C) todos os filhos e filhas podem doar sangue para a mãe, mas não para o pai.
(D) apenas os filhos podem doar sangue ao pai, mas não para a mãe.

Atividade 7
(Encceja 2002) Para prevenir doenças como ascaridíase e giardíase, uma das medidas mais recomendadas é
(A) a vacinação das crianças em idade escolar.
(B) a higienização dos alimentos, em geral.
(C) a cloração da água distribuída às residências.
(D) o controle sistemático dos insetos que as transmitem.

76
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 8
(Encceja 2002) Os resultados do exame de sangue do Antônio são:

Número de elementos / mm3

Glóbulos brancos
Glóbulos vermelhos Plaquetas
Função: defesa do
Função: transporte de oxigênio Função: coagulação do sangue
organismo

3.800.000
Antônio 2.800.000 8.100

Valores Normais 4.600.000 a 6.200.000 4.300 a 10.000 1.500.000 a 5.000.000

Esses resultados indicam que Antônio pode ter


(A) pressão alta.
(B) anemia.
(C) baixa resistência a infecções.
(D) dificuldade de coagulação.

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!


1-B
2-C
3-C
4-D
5-A
6-C
7-B
8-B

PRA FIM DE PAPO!

Este capítulo abordou as seguintes habilidades:

• Interpretar e relacionar indicadores de saúde e desenvolvimento humano, como mortalidade, natalidade, longevi-
dade, nutrição, saneamento, renda e escolaridade, apresentados em gráficos, tabelas e/ou textos.
• Reconhecer os mecanismos da transmissão da vida e prever a manifestação de características dos seres vivos, em
especial, do ser humano.
• Associar os processos vitais do organismo humano (defesa, manutenção do equilíbrio interno, relações com o
ambiente, sexualidade, etc.) a fatores de ordem ambiental, social ou cultural dos indivíduos, seus hábitos ou outras carac-
terísticas pessoais.
• Avaliar a veracidade e posicionar-se criticamente diante de informações sobre saúde individual e coletiva relacio-
nados a condições de trabalho e normas de segurança.
• Analisar propostas de intervenção social considerando fatores biológicos, sociais e econômicos que afetam a qua-
lidade de vida dos indivíduos, das famílias e das comunidades.
• Analisar aspectos éticos, vantagens e desvantagens da biotecnologia (transgênicos, clones, melhoramento genéti-
co, cultura de células), considerando as estruturas e processos biológicos neles envolvidos.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

77
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 6
A Metodologia Cientifica

ENTENDER MÉTODOS E PROCEDIMENTOS PRÓPRIOS DAS CIÊNCIAS NATURAIS E APLICÁ-LOS EM DIFERENTES


CONTEXTOS.

José Luis de Souza

Método, entre outras coisas, significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo. O que dizer
então do método científico? Poderia se dizer que é o caminho seguido pelo cientista quando ele está em busca de “verdades”
científicas.
O método científico é composto dos seguintes elementos:
- Caracterização - Quantificações, observações e medidas. Uma observação pode ser simples, isto é, feita a olho nu, ou
pode exigir a utilização de instrumentos apropriados.
- Hipóteses – Explicações possíveis das observações e medidas.
- Previsões - Deduções lógicas das hipóteses. As hipóteses precisam ser válidas para observações feitas no passado, no
presente e no futuro.
- Experimentos - Testes dos três elementos anteriores.
- Descrição - O experimento precisa ser replicável (capaz de ser reproduzido).
- Controle - Para maior segurança nas conclusões, toda experiência deve ser controlada. Experiência controlada é aque-
la que é realizada com técnicas que permitem descartar as variáveis que podem interferir e modificar o resultado.
- Explicação das Causas - Na maioria das áreas da Ciência é necessário que haja causalidade, ou seja, é preciso saber o
que provocou o surgimento de um determinado efeito. Nessas condições são vistos como importantes no entendimento
científico:
* Identificação das Causas,
* Correlação dos eventos - As causas precisam se correlacionar com as observações,
* Ordem dos eventos - As causas precisam preceder, no tempo, os efeitos.
Todos nós, vez ou outra, nos comportamos como cientistas. Ser cientista não é possuir um rótulo, mas sim ter uma
atitude científica; por outro lado, mesmo aquele que se diz cientista, muitas vezes assume atitudes não científicas e pe-
netra em terrenos apoiados em regras próprias ou, até mesmo, sem regras. O rótulo é freqüentemente utilizado quando
queremos nos referir às pessoas que se utilizam de seus talentos científicos como meio de vida: seriam então os cientistas
profissionais.
Pensamento Científico para fazer um simples pão de queijo.

Pão de queijo no liquidificador


• 3 xícaras (chá) de polvilho doce
• 100g de queijo ralado
• 3 ovos
• 1/2 xícara (chá) de óleo
• 1 xícara (chá) de leite
• 1 colher (chá) de fermento em pó
• sal a gosto
1 - Bater tudo no liquidificador e por em forminhas untadas
com óleo
2 - Só assar

Figura 6.1- Receita de pão de queijo.44

44 Livro de receitas Açúcar união. 1998

78
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

sintética.
Imagine um cozinheiro fazendo pão de queijo. Antes Eles obviamente se reproduzem, mas diferentemen-
de qualquer coisa, ele precisa seguir vários procedimentos, te de células, que crescem, duplicam seu conteúdo para
etapas, ter conhecimento de culinária, ter os ingredientes então dividirem-se em duas células filhas. Os vírus repli-
certos, equipamentos, fazer medidas de volume e peso, cam-se através de uma estratégia completamente dife-
etc. Caso ele não siga algumas das etapas corretamente, rente: eles invadem células, espalham os componentes da
provavelmente, sua receita não agradará a todos. Muito ou partícula viral; esses componentes então interagem com o
pouco sal pode ser um problemão, principalmente na área material interno da célula hospedeira, modificando o me-
de alimentos! tabolismo celular para a produção de mais vírus. Ele não
No pensamento cientifico tudo começa semelhante a possui um reino especifico na classificação dos seres vivos
uma simples receita, no qual cada cientista segue padrões, e alguns cientistas até defendem a sua não classificação
para criar evidências fortes, provar suas observações, e tal- como ser vivo.
vez, por em prática suas hipóteses levantadas. Exemplos de doenças causadas por vírus incluem a
Na área da saúde a demonstração da relação causal caxumba, raiva, rubéola, sarampo, hepatite, dengue, polio-
entre microrganismos e patologias consiste basicamente mielite e febre amarela. Também há a gripe, que é causada
nos seguintes passos: por uma variedade de vírus; a varicela ou catapora, varíola;
- Definição do problema; meningite viral e AIDS, que é causada pelo vírus HIV. Re-
- Recolhimento de dados; centemente foi mostrado que o câncer cervical (câncer de
- Proposta de uma hipótese; colo uterino) é causado, ao menos em parte, pelo papilo-
- Realização de uma experiência controlada, para testar mavirus (que causa papilomas ou verrugas), representando
a validade da hipótese; a primeira evidência significante em humanos para uma
- Análise dos resultados; ligação entre câncer e agentes virais.
- Interpretação dos dados, o que serve para a formula- A AIDS - sigla em inglês que significa Acquired Immune
ção de novas hipóteses; Deficiency Syndrome - ou síndrome da imunodeficiência
- Publicação dos resultados em monografias, disserta- adquirida, em português - SIDA é transmitida pelo vírus
ções, teses, artigos ou livros aceitos por universidades e/ou HIV - sigla em inglês de Human Immunodeficiency Vírus
reconhecidos pela comunidade científica. (ou vírus da imunodeficiência humana, em português).
Vale à pena notar que esta seqüência de ações é ape- Como todo vírus, esse também precisa de uma célula
nas um exemplo, não sendo obrigatória a existência de to- viva para se reproduzir. Essas células, no caso da AIDS, são
dos esses passos. Na verdade, na maioria dos casos não as que cuidam da defesa do nosso organismo contra a in-
se segue todos eles. O método científico requer acima de vasão de organismos estranhos, os leucócitos.
tudo inteligência, imaginação e criatividade. Os vírus da AIDS também são atacados pelos leucó-
citos, mas, com o tempo, alguns tipos deles (como os lin-
ACUMULANDO CONHECIMENTO fócitos T) são destruídos e o organismo fica desprotegido
Temos discutido muito neste caderno sobre o assunto contra a agressão de outros vírus ou bactérias, chamados
saúde e agora, abordando o método cientifico tocaremos então de oportunistas. Assim, o indivíduo infectado fica
imunodeficiente, permitindo o aparecimento de infecções
novamente no assunto.
variadas (pneumonia, encefalite, etc), que geralmente le-
Uma grande parte das doenças mais comuns é causa-
vam o paciente à morte. Sem saber que está contamina-
da por microorganismos. O tratamento delas depende da
da, a pessoa pode contagiar muitas outras. Quando a AIDS
identificação do agente causador e de como ele foi parar
surgiu e era pouco conhecida, um único doador de sangue
no corpo do paciente. Para realizar esta tarefa é necessária
contaminado provocava a doença em dezenas de outras.
uma grande quantidade de conhecimento. Tome cuidado,
Os vírus não podem ser combatidos com antibióticos,
as informações discutidas aqui servem para que nós pos-
este tipo de medicação não tem ação contra eles. As únicas
samos nos cuidar melhor e sabermos como evitar diversas drogas que conseguem algum resultado são as anti-retro-
doenças. Elas não são suficientes para fazermos diagnós- virais, que impedem a multiplicação dos vírus.
ticos e decidirmos que medicamento tomar, só o médico A vacina seria o meio mais eficaz de se combater a
tem conhecimento suficiente para isso. AIDS, mas não se consegue produzir uma vacina eficiente
porque o vírus sofre mutação muito rápido. Como o sis-
O VÍRUS tema imunológico precisa ter uma defesa especifica para
Os vírus não são constituídos por células, embora de- cada tipo de microorganismo, ele não consegue combater
pendam delas para a sua multiplicação. Eles tipicamente o novo vírus.
consistem de uma cápsula de proteína que armazena e
protege o material genético viral. Contido nele também A CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
está o mecanismo pelo qual o vírus invade seu próximo O desenvolvimento da vida na Terra gerou uma infini-
hospedeiro. dade de seres vivos na superfície, nos ambientes aquáticos
Vírus não têm qualquer atividade metabólica quando e até sob o solo. Para estudar toda essa diversidade foi pre-
está fora da célula hospedeira: eles não podem captar nu- ciso separá-los de acordo com suas características comuns.
trientes, utilizar energia ou realizar qualquer atividade bios- Um organismo poder ser classificado de acordo com

79
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

a sua espécie, gênero, família, ordem, classe, filo e reino. consideradas vegetais primitivos.
Você já viu a palavra “espécie” diversas vezes, mas o Protista - Seres unicelulares eucariontes (que possuem
que ela realmente significa? núcleo individualizado) Apresentam características de vege-
Pense, por exemplo, no cavalo e na égua. Eles podem tal e animal. Representados por protozoários, como a ameba,
acasalar e dar origem a um descendente fértil, isto é, que o tripanossomo (causador do mal de Chagas) o plasmódio
também pode gerar seus próprios descendentes. Dizemos, (agente da malária), a euglena (um tipo de alga).
por isso, que cavalos e éguas são animais que pertencem a Fungi - Seres eucariontes uni e pluricelulares. Já foram
uma mesma espécie. Podemos, então, definir: classificados como vegetais, mas sua membrana possui quiti-
na, molécula típica dos insetos e que não se encontra entre as
plantas. São heterótrofos (não produzem seu próprio alimen-
Espécie é um conjunto de organismos semelhan- to), por não possuírem clorofila. Têm como representantes as
tes entre si, capazes de se cruzar e gerar descen- leveduras, o mofo e os cogumelos.
dentes férteis. Plantae ou Metafita - São os vegetais, desde as algas ver-
des até as plantas superiores. Caracterizam-se por ter as cé-
Espécies mais aparentadas entre si do que com quais- lulas revestidas por uma membrana de celulose e por serem
quer outras formam um gênero. O gato-do-mato, encon- autótrofas (sintetizam seu próprio alimento pela fotossíntese).
trado em todas as florestas do Brasil, pertence a espécie Existem cerca de 400 mil espécies de vegetais classificados.
Leopardus wiedii; a nossa jaguatirica, o maior entre os Animali ou Metazoa - São organismos multicelulares e
pequenos felinos silvestres brasileiros, pertence à espécie heterótrofos (não produzem seu próprio alimento), pois são
Leopardus pardalis; e o gato-do-mato-pequeno, o me- aclorofilados – não possuem clorofila -. Englobam desde as
nor dos pequenos felinos silvestres brasileiros, pertence esponjas marinhas até o ser humano.
à espécie Leopardus tigrinus. Todos esses animais são de Observe a figura a seguir que mostra a classificação dos
espécies diferentes, porque não são capazes de cruzar-se Reinos de acordo com a evolução:
entre si gerando descendentes férteis. Mas como estas es-
pécies são mais aparentadas entre si do que com quais-
quer outras, elas formam um gênero chamado Leopardus.
A onça pintada, outro mamífero que pode ser encontrado
na maior parte das Américas do sul e central têm o nome
cientifico Phantera Onca, portanto ela pertence a um gê-
nero diferente (gênero Phantera) da jaguatirica e do gato
do mato.
De qualquer modo todos eles se parecem com ga-
tos, têm essa característica em comum, logo, pertencem à
mesma família a Felidae.
Para que os especialistas conseguissem um grau maior
de organização na classificação dos seres vivos foram cria-
dos outros níveis. Por exemplo famílias de animais com
características semelhantes pertencem a mesma ordem.
Os Felidae pertencem à ordem Carnívora. Todos os ani-
mais carnívoros podem ser classificados na classe Mamalia
ou dos mamíferos. Os mamíferos pertencem a um gru-
po maior ou filo cordados como os peixes, aves, répteis
e mamíferos. A última categoria que reúne os filos que Figura 6.2 – Representação dos reinos dos seres vivos por or-
possuem características em comum é o reino. Os cordados dem evolutiva.45
pertencem ao reino animal.
Uma observação deve ser feita: os VÍRUS são seres que
Resumindo os graus de classificação: são classificados à parte, sendo considerados como seres sem
reino. Isto acontece devido às características únicas que eles
apresentam, como a ausência de organização celular, ausên-
Espécie - Gênero - Família - Ordem - Classe
cia de metabolismo próprio para obter energia, reproduz-se
- Filo - Reino
somente em organismo hospedeiro, entre outras. Mas eles
possuem a faculdade de sofrer mutação, a fim de adaptar-se
Reino é o grupo mais abrangente da classificação ao meio onde se encontram.
dos seres vivos. Grande parte dos pesquisadores aceitam,
atualmente, cinco reinos: O REINO MONERA
Monera - Seres unicelulares (formados por uma úni- O reino monera é composto pelas bactérias e ciano-
ca célula), procariontes (células sem núcleo organizado, o bactérias (algas azuis). Elas podem viver em diversos locais,
tipo mais simples de célula existente). São as bactérias e como na água, ar, solo, dentro de animais e plantas, ou ainda,
as algas cianofíceas ou cianobactérias (algas azuis), antes 45 bp2.blogger.com/

80
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

como parasitas.
AS BACTÉRIAS
A maioria se seus representantes são heterótrofos (não conseguem produzir seu próprio alimento), embora existam
também algumas bactérias autótrofas (produzem seu alimento, via fotossíntese, por exemplo). Existem bactérias aeróbias,
ou seja, que precisam de oxigênio para viver, as anaeróbias obrigatórias, que não conseguem viver em presença do oxigê-
nio, e as anaeróbias facultativas, que podem viver tanto em ambientes oxigenados ou não. As formas físicas das bactérias
podem ser de quatro tipos: cocos, bacilos, vibriões, e espirilos. Os cocos, podem se agrupar, e formarem colônias. Grupos
de dois cocos formam um diplococo, enfileirados formam estreptococos, e em cachos, formam estafilococo.

Figura 6.3 – Representação de diversas formas físicas de bactérias

Por serem os seres vivos mais primitivos da Terra, eles também são os que estão em maior número. Por
exemplo, em um grama de solo fértil pode haver 2,5 bilhões de bactérias e 50 mil algas.

AS ALGAS AZUIS OU CIANOBACTERIAS


Esses seres são chamados assim por causa da cor azul esverdeada que possuem. Essa cor é chamada ciano.
São organismos fotossintetizantes, que produzem seu próprio alimento e oxigênio. Muitos seres aquáticos se
alimentam das cianobacterias. Elas também são importantes fixadoras de nitrogênio no solo e na água.

ESTRUTURA CELULAR
As bactérias e cianobactérias não têm núcleo organizado, elas são procariontes, ou seja, o DNA fica es-
palhado na parte liquida da célula, no citoplasma. Por isso, o filamento de material genético é fechado, sem
pontas, para que nenhuma enzima comece a digerir o DNA. Possuem uma parede celular bastante rígida. Para
se locomoverem, as bactérias contam com os flagelos, que são pequenos cílios que ficam se mexendo, (igual ao esperma-
tozóide humano, só que muito mais simples). Também podem possuir Fímbrias, que são microfibrilhas protéicas que saem
da parede celular. As fímbrias podem ser vistas nas duas micrografias do lado esquerdo da figura a seguir:

81
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 6.4 – micrografias de e-coli (à esquerda) e de bactérias flageladas.46


Existem as fímbrias sexuais, que servem para troca de material genético durante a reprodução e também auxiliam as
bactérias patogênicas (parasitas) a se fixarem no hospedeiro.
A Cápsula, camada que envolve externamente a bactéria, formada por polissacarídeos, serve para a alimentação (fagocitose),
proteção contra desidratação, e também para que o sistema imunológico hospedeiro (no caso das parasitas) não a reconheça.
A fagocitose é um processo pelo qual os seres unicelulares obtêm seus alimentos os linfócitos do sangue englobam
corpos estranhos ao organismo fazendo assim a defesa dele.

Figura 6.5 – A figura A47 mostra uma representação esquemática de uma célula em fagocitose.
A figura B48 é uma micrografia de um linfócito também em fagocitose.

REPRODUÇÃO
A reprodução das bactérias ocorre de forma assexuada e sexuada. A assexuada é a mais
comum, feita por bipartição (divisão binária, ou cissiparidade), onde a célula bacteriana cresce,
têm seu material genético duplicado, e então, a célula se divide, dando origem a outra bacté-
ria, geneticamente igual.
Observe a figura a seguir:

Figura 6.6 - Reprodução assexuada por bipartição: bactérias49

A forma sexuada pode ser realizada de três formas:


- conjugação, que consiste em uma bactéria transferir material genético para outra, e vice-versa, através das fímbrias;
- transdução: é a troca de genes feita através de um vírus, que invade uma célula, incorpora seu material genético, e o
transmite para outras bactérias;
- transformação: as bactérias podem incorporar ao seu DNA fragmentos de materiais genéticos dispersos no ambiente.
Este tipo de reprodução sexuada é o responsável pelas mutações nas bactérias e na maioria dos seres vivos. Quando
essas mutações são benéficas para o ser vivo ocorre o que chamamos de evolução.
As bactérias também podem originar esporos, em condições ambientes desfavoráveis à reprodução (altas ou baixas
temperaturas, presença de substâncias tóxicas, etc). Eles são pequenas células bacterianas, com uma parede celular espes-
sa, pouca água e um material genético. Elas são capazes de ficar milhares de anos nestes ambientes, esperando por uma

46 www.iep.uminho.pt
47 clientes.netvisao.pt/freiremj/img/fagocitose.jpg
48 www.biologo.com.br/.../fagocitose_gif
49 www.ufmt.br/bionet/conteudos/

82
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

condição do ambiente melhor.


De um modo geral as bactérias vivem agrupadas for- Figura 6.7 - Tripanossoma cruzi, protozoário responsável
mando colônias visíveis a olho nu. Cada tipo de bactéria pela doença de chagas (A) 50 e ameba em fagocitose (B)51.
forma um tipo diferente de colônia e através dela pode-se - Protozoários ciliados – que se deslocam ou obtêm
identificar a bactéria. alimentos por meio de cílios.
A IMPORTÂNCIA DAS BACTÉRIAS - Protozoários esporozoários – não possuem estrutura
As bactérias também têm sua importância no meio am- especial para locomoção, mas utilizam de flexões ou desliza-
biente, assim como qualquer ser vivo: mento do corpo.
- Decomposição: atuam na reciclagem da matéria, devol- Muitos protozoários são parasitas do homem causando
vendo ao ambiente moléculas e elementos químicos reutilizá- diversas doenças.
veis por outros seres vivos.
- Fermentação: algumas bactérias são utilizadas nas in- OS FUNGOS
dústrias para produzir iogurte, queijo, etc (derivados do leite). Os fungos, também conhecidos como cogumelos, são
- Indústria farmacêutica: na fabricação de antibióticos e organismos uni ou pluricelulares, que não possuem clorofila,
vitaminas. os pigmentos fotossintetizantes. Seu corpo é formado por di-
- Genética: com a alteração de seu DNA, pode-se fazer versos filamentos, as hifas, que agrupadas formam estruturas
produtos de interesse dos seres humanos, como insulina. chamadas de micélios. Sua reprodução normalmente envolve
- Fixação do Nitrogênio: retiram o nitrogênio do ar e o a participação de esporos, como ocorre entre as plantas. Estes
fixa no solo, servindo de alimentação para as plantas. esporos são gerados dentro de cápsulas chamadas de corpos
Muitas doenças que acometem o homem e outros se- de frutificação que “brotam” nas hifas. Embora eles se repro-
res vivos são causadas por certas bactérias patogênicas (do duzam como as plantas, armazenam glicogênio e apresentam
grego pathos= sofrimento), discutiremos algumas delas no nutrição heterótrofa, como os animais.
próximo capitulo. Enquanto os animais são heterótrofos por ingestão, os
As bactérias podem causar outras enfermidades, como fungos são heterótrofos por absorção.
as contraídas por intoxicação alimentar. É o caso do bo- Pelas, diferenças que apresentam tanto em relação aos
tulismo, freqüentemente fatal, que é provocado por uma vegetais como aos animais, modernamente os fungos são en-
potente toxina produzida pela bactéria Clostridium botu- quadrados num reino “somente deles”: o reino Fungi
linum, organismo anaeróbio que pode se desenvolver em O ramo da Biologia que se encarrega do estudo das
alimentos enlatados diversos. Algumas bactérias, como as
aproximadamente 10 000 espécies de fungos conhecidas
dos gêneros Shigella e Salmonella, também contaminam
chama-se Micologia.
alimentos diversos e provocam inflamações no estômago e
Na espécie humana são conhecidas diversas micoses,
no intestino, as quais são acompanhadas de febre, vômitos,
doenças causadas por fungos. Entre elas podemos considerar:
diarréias e podem levar o indivíduo à morte.
- o sapinho ou a candidíase, causada pelo fungo Candida
Essas doenças exigem um imediato tratamento médico, que
albicans;
inclui o uso de medicamentos. As doenças bacterianas são passí-
veis de serem tratadas com antibióticos ao contrário das viroses. - a frieira ou pé-de atleta, provocada pelo fungo Tinea
pedis;
ALGAS E PROTOZOÁRIOS - a blastomicose sul-americana, micose grave que pode
É um Reino de seres vivos que reúne os protozoários, orga- ocasionar a morte por lesões na pele e em órgãos internos,
nismos heterotróficos que podem obter seus alimentos por ab- como os pulmões;
sorção ou por ingestão; e algas fotossintetizantes. No geral, são - a dermatose pitiríase (do grego pityron = farelo), ca-
organismos eucariontes (têm núcleo organizado), unicelulares, racterizada pela produção de escamas epiteliais que se esfa-
coloniais ou multicelulares e não possuindo tecidos verdadeiros. relam.
Note que falamos de algas novamente mas preste atenção, des- Na fabricação do álcool e de bebidas alcoólicas, como o
ta vez elas possuem núcleo organizado, diferente das algas azuis. vinho e a cerveja, é fundamental a participação dos fungos
Os protozoários são simplificadamente classificados em: do gênero Saccharomyces, que realizam fermentação alcoó-
- Protozoários amebóides (sarconídeos) – deslocando-se lica, convertendo açúcar em álcool etílico. Em julho de 2009
e capturando alimentos através de pseudópodes (falsos pés). uma empresa americana atuando no Brasil iniciou a produção
- Protozoário flagelado - locomoção e obtenção de ali- de óleo diesel a partir da cana de açúcar utilizando fungos
mentos por meio de batimento flagelar. modificados geneticamente.
Esses fungos, conhecidos também como leveduras, são
anaeróbicos facultativos, já que realizam respiração aeróbica
em presença de gás oxigênio e fermentação na ausência des-
se gás. Por isso, na fabricação do vinho, por exemplo, evita-se
o contato do suco de uva com o ar; assim, em vez de realizar
a respiração aeróbica, o fungo processa a fermentação alcoó-
lica, liberando álcool etílico e permitindo a obtenção do vinho.
Na indústria de antibióticos, os fungos também têm pa-

50 www.iep.uminho.pt
51 www.todabiologia.com/citologia/fagocitose.jpg

83
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

pel de destaque. Afinal, foi do Penicillium notatum que Alexander Fleming, em 1929, extraiu a penicilina, antibiótico respon-
sável pela salvação de milhares de vidas durante a Segunda Guerra Mundial. Hoje, muitos outros antibióticos largamente
aplicados são conseguidos a partir de culturas de fungos.
O gênero Penicillium, além de abranger espécies fornecedoras de penicilina, compreende outras que são indispensá-
veis na manufatura de queijos como o roquefort e o camembert
Os liquens resultam da associação entre algas unicelulares (azuis ou verdes) e fungos (principalmente ascomicetos).
Nessa interação, as algas constituem os elementos produtores, isto é, sintetizam matéria orgânica e fornecem para os fun-
gos parte do alimento produzido; estes, com suas hifas, envolvem e protegem as algas contra a desidratação, além de lhes
fornecer água e sais minerais.
Denomina-se mutualismo à interação biológica onde as duas espécies são beneficiadas, como as algas e os fungos
que constituem o líquen.

CONHECIMENTO E DIAGNÓSTICO
Quando um médico recebe um paciente com queixas em seu consultório, ele invariavelmente vai aplicar o pensamento
cientifico para descobrir qual é o problema do paciente, pois tem conhecimento para isso. Ele precisa então conhecer o
problema para poder formular uma hipótese sobre a existência ou não da doença e faz isso através de uma breve entrevista
e exames clínicos.
De posse dessas informações preliminares ele passa para a parte dos experimentos, pede alguns exames laboratoriais
de tecidos (como Sangue), secreções (como urina) e excretas (como fezes). De posse dos resultados o médico formula sua
hipótese.
No caso da gripe suína, por exemplo, que se espalhou pelo mundo no primeiro semestre de 2009 (se transformou
em pandemia) faz parte do conhecimento do problema saber se os sintomas um paciente apresenta estão entre aqueles
causados pelo vírus H1N1. Os sintomas atribuídos a essa gripe suína que está atualmente provocando alarme em toda a
população mundial principalmente são:

• Febre • Calafrios
• Dores no corpo • Dor de cabeça
• Nariz entupido • Corisa
• Dor de garganta • Alterações intestinais, diarréia (às vezes).
• Tosse seca

Se o paciente apresenta estes sintomas então se passa para a fase de recolhimento de dados e se procura saber se este
ele esteve em locais ou países onde existem casos da doença ou teve contato com pessoas doentes. Se as respostas forem
positivas então se pode formular a hipótese de que a pessoa esteja contaminada.
Para testar a validade da hipótese neste caso passa-se para a fase da experiência controlada em laboratório. Só se
consegue a certeza isolando-se o vírus influenza tipo A, analisando amostras respiratórias dos pacientes (secreções de nariz
e laringe durante as primeiras 24-72 horas ou até 10 dias em crianças), e de sangue para identificar anticorpos específicos
que atacam este vírus.
Vamos supor que os resultados dos testes e analises clinicas tenham dado o resultado mostrado na tabela a seguir:

Exame Positivo Negativo


Febre x
Calafrios x
Dores no corpo x
Dor de cabeça x
Nariz entupido x
Coriza x
Dor de garganta x
Diarréia x
Tosse seca x
Secreção x (sem vírus)
Sangue x (sem anticorpos)

Tabela 6.1– Resultados de exames clínicos (hipotéticos). Representam um conjunto de dados


sistematizados para diagnostico de uma enfermidade.

De posse de todos esses resultados se faz uma análise minuciosa, tiram-se conclusões e confirma-se a hipótese inicial
(o paciente está com a doença) ou formula-se uma nova hipótese (o paciente tem outra enfermidade) que será identificada

84
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

através de outros experimentos. No caso dos resultados não fizer nenhuma atividade física e não gastar esta ener-
mostrados na tabela vários dos sintomas da gripe H1N1 gia ela ficará acumulada na forma de gordura que de fato
estão presentes, contudo os testes experimentais e defi- é necessária em vários processos químicos que ocorrem no
nitivos não apresentaram os traços do vírus, portanto esta organismo, mas muita gordura pode entupir nossas veias,
hipótese deve ser descartada. trazer doenças do coração e pressão alta.
Caso a hipótese seja confirmada os dados devem A carne tem proteína, este nutriente é importante por-
ser publicados, pois o vírus se espalha pelo ar ou conta- que será utilizado para a construção e reposição de tecidos
to podendo atingir várias pessoas. De qualquer forma o e outras substâncias necessárias ao organismo. Por isso
tratamento deve ser feito já na fase hipotética da doença. os atletas que fazem musculação precisam ingerir muita
Algumas drogas antivirais são usadas na prevenção e tra- proteína para que seus músculos se desenvolvam. A carne
tamento da doença, tentando impedir a replicação do vírus também tem o mineral ferro, que é importante para que o
dentro do corpo humano. O resultado é a diminuição da organismo produza uma substância existente nos glóbu-
agressividade da infecção com a terapia. los vermelhos do sangue, a hemoglobina, responsável pelo
Para maior eficácia, é necessário começar sua utilização transporte do oxigênio absorvido nos pulmões, através da
nos dois primeiros dias de sintomas. Por outro lado, o uso respiração, até as células.
indiscriminado desses remédios pode induzir a mais muta- O queijo além de proteína e gordura possui cálcio, um
ções e a efeitos colaterais com riscos desnecessários. mineral muito importante para manter os ossos e dentes
saudáveis. Aliás, as mulheres gestantes precisam manter
NÓS SOMOS O QUE COMEMOS – AS FUNÇÕES uma dieta rica em leite e seus derivados que possuem cál-
DOS ALIMENTOS
cio. Se o organismo não encontra esse mineral disponível
Ainda mantendo nosso foco na área da saúde po-
ele irá retirá-lo dos ossos e dos dentes da gestante para
demos perceber através de noticiários que a sociedade
formar o esqueleto do bebê. Mulheres na menopausa tam-
brasileira tem apresentado problemas de saúde que não
bém precisam ter uma dieta rica em cálcio porque a mu-
possuía há alguns anos atrás e que são típicas de países
industrializados. Entre elas podemos citar a obesidade, hi- dança no ciclo hormonal favorece a perda desse mineral
pertensão, vários tipos de câncer, infartos, entre outros. Al- deixando os ossos fracos, é a osteoporose.
gumas dessas doenças estão intimamente ligadas à forma A folha de alface além de possuir sais minerais possui
como a população vem se alimentando e a hábitos de vida fibras, elas são importantes porque estimulam os movi-
que estão sendo incorporados. Não é só a falta de comida mentos dos intestinos, as fezes ficam mais consistentes e
que nos causa problemas de saúde, a alimentação de for- mais fáceis de serem eliminadas.
ma errada e maus hábitos podem prejudicar em muito o A maionese até possui alguma proteína na sua for-
nosso organismo. mulação, pois é feita com ovos, mas a quantidade de óleo
A multiplicação das nossas células revela uma das fun- (e conseqüentemente gordura) usada na sua preparação
ções do alimento: ele serve de matéria-prima para a cons- faz com que este alimento seja extremamente prejudicial
trução do corpo. se consumido em excesso.
A construção do corpo não pára: muitas partes conti- E por fim o refrigerante, se você ler o rótulo de um
nuam sendo renovadas por toda a vida. Células da epider- deles para verificar a composição, verá que só informam a
me envelhecem, se desprendem da pele e são substituídas quantidade de carboidrato e ela está por volta de 125 g.
por outras, novas. Cerca de 200 bilhões de glóbulos ver- Porém ele está na forma de polissacarídeo, o nosso popular
melhos do sangue são destruídos por dia e substituídos açúcar, o resto do refrigerante é água.
por novos. Quando sofremos um ferimento na pele, é do O problema é que durante o dia uma pessoa ingere o
alimento que tiramos as substâncias necessárias para repa- açúcar de varias fontes e não apenas do refrigerante. Para
rar a região ferida. retirar este excesso de açúcar do sangue o pâncreas tem
O crescimento e a renovação do corpo, as contrações que produzir muita insulina, a substância responsável por
musculares, a manutenção de uma temperatura constante, essa tarefa. Se essa sobrecarga for prolongada ele pode
tudo isso precisa de energia. Essa energia é fornecida pe- deixar de produzir esse hormônio, a pessoa adquire então
los alimentos. o diabetes que é a falta da insulina no sangue.
Porém alimentação é diferente de nutrição, alimento é
tudo aquilo que comemos para matar nossa fome. Mas co-
mer muito não significa que estamos ingerindo tudo o que Hormônios são substâncias que agem no controle
o corpo precisa para funcionar bem. Se você comer lanche e regulação de vários processos do organismo.
na hora do almoço ao invés de uma refeição completa você
estará se alimentando ou se nutrindo? Vamos pegar como Agora voltamos à pergunta: você está se alimentan-
exemplo um Cheese salada (X-salada) com pão, queijo, do ou se nutrindo? O pão e o açúcar serão armazenados
hambúrguer, maionese, uma folha de alface e mais um re- na forma de gordura se você não gastar energia, o queijo,
frigerante. O pão contém carboidrato, um nutriente impor- maionese e a carne possuem gorduras que poderão entu-
tante que depois de digerido será usado nas nossas célu- pir suas artérias. Então você pode até matar sua fome, com
las para produzir energia, ele é conhecido como alimento o lanche, mas seu corpo continuará pedindo os nutrientes
energético. O problema é que se você trabalhar sentado,

85
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

necessários, para seu bom funcionamento (vitaminas, proteínas, minerais, fibras, aminoácidos, etc.). Desta forma o melhor
é perder um pouco mais de tempo, mas fazer uma refeição mais equilibrada com verduras, carne, arroz, feijão, frutas e
legumes.
A DIGESTÃO
Os alimentos que ingerimos não estão pontos para serem absorvidos pelo corpo. Eles são formados por partículas
muito grandes que precisam ser quebradas. O processo de “desmonte” dessas partículas é chamado de digestão.
O Sistema digestório é formado pelo tubo digestório e por várias glândulas que produzem substâncias necessárias à
digestão.
O tubo digestório, que é o caminho por onde o alimento passa, é formado pela boca, faringe, esôfago, estômago, in-
testino delgado e intestino grosso.
O alimento entra no tubo digestório pela boca, onde é triturado pelos dentes e misturado com a saliva que é produzi-
da por três pares de glândulas, as glândulas salivares. Esta saliva contém água, muco lubrificante e uma enzima chamada
ptialina ou amilase salivar capaz de digerir o amido de pães, biscoitos, etc.

As enzimas são substâncias capazes de acelerar


vários processos e reações químicas do organismo.

Ao longo deste tubo várias outras enzimas são misturadas ao bolo alimentar, decompondo os alimentos para que os
nutrientes possam ser absorvidos pelo corpo.
Tudo o que foi digerido no processo descrito acima está disponível para ser usado pelo nosso organismo. E se não for?
Nesse caso os nutrientes serão eliminados ou acumulados na forma de gordura para uma necessidade futura.
Porém o estilo de vida predominante, principalmente nas cidades, consome cada vez menos energia, portanto cada
vez mais gordura tem ficado acumulada deixando a população em média com o peso cada vez maior. Observe o gráfico a
seguir:

Figura 6.8 - Gráfico mostrando como a obesidade da população tem aumentado nos últimos 30 anos.52

De fato dados da pesquisa “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Tele-
fônico (Vigitel)”, realizada recentemente pelo Ministério da Saúde mostrou que o percentual de obesos passou de
11,4% em 2006 para 12,9% em 2007 entre os brasileiros.
A pesquisa considerou como obesas as pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 30. O IMC é
calculado dividindo-se o peso (em quilos) pela altura (em metros) elevada ao quadrado.
Quem tem IMC igual ou maior que 25, mas inferior a 30, é considerado com excesso de peso. Segundo a pesquisa,
52 Saúde.hsw.uol.br/obesidade-e-desnutricao1.htm

86
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

43,3% das pessoas estavam nessa faixa em 2007, quando a crianças são vítimas ainda mais vulneráveis. As porções ser-
pesquisa foi realizada. vidas aos pequenos fregueses em lanchonetes e cantinas
O excesso de peso é mais comum entre os homens, são cada vez mais vistosas e atraentes, mas também são
segundo o estudo. Os dados mostram que, em 2007, 49,2% maiores e mais calóricas. A televisão tem uma força extraor-
deles estavam com IMC acima de 25, enquanto o índice dinária neste campo: “Mãe compra estes salgadinhos! Olha,
entre as mulheres ficou em 37,8%. mãe, o hambúrguer com uma montanha de batatas fritas
O estudo do Ministério da Saúde também mostrou que está em promoção” e por aí vai.
apenas 15,5% das pessoas entrevistadas costumavam fazer No supermercado a criança se deslumbra com os cho-
atividade física suficiente, ou seja, pelo menos 30 minutos colates da páscoa, com o panetone do Natal, com os novos
diários de atividade de intensidade leve ou moderada em tipos de sorvetes, com o enorme tamanho da barra de cho-
cinco ou mais dias da semana ou 20 minutos diários de ati- colate! Este assunto é tão sério que a ONG “Intenational
vidade física de intensidade vigorosa em três ou mais dias Association for Study of Obesity” lançou uma campanha na
da semana. Os homens costumam praticar mais exercícios União Européia para proibir anúncios atraentes de produ-
que as mulheres – 19,3%, contra 12,3% no sexo feminino. tos que possam causar excesso de peso às crianças.
Já 29,2% é o percentual de pessoas que não praticam Todo adulto compara a infância do filho com o tempo
qualquer atividade física no lazer, não realizam esforços fí- em que ele próprio era criança. É comum fazer-se compa-
sicos intensos no trabalho, não se deslocam para o trabalho rações do tipo: “No meu tempo de criança corríamos atrás
a pé ou de bicicleta e não são responsáveis pela limpeza da bola e dos balões, jogávamos bola na rua, andávamos
pesada de duas casas. de bicicleta pelo bairro, vivíamos praticando esportes”.
Entre os entrevistados, 22,9% disseram ter tido diag- Hoje os jogos eletrônicos prendem a criança em casa. Elas
nóstico médico prévio de hipertensão arterial e 5,3% de ficam horas e horas jogando o hipnótico “game”, comendo
diabetes. salgadinhos, batatas fritas e pipoca. Todos sabemos que o
O problema da obesidade tem sido sentido entre as fato de passar horas na frente de uma televisão está direta-
crianças de forma grave e alarmante. O número de crian- mente relacionado com excesso de peso infantil.
ças com excesso de peso em muitos países industrializados Mas essa não é opção da criança. É uma característi-
TRIPLICOU nas últimas duas décadas. A obesidade infantil ca da vida atual. O fato de parte substancial da população
passou a ser não só um problema de saúde pública como viver em espaços residenciais restritos, sem acesso a par-
gerou outros fatores graves entre crianças e jovens: o desa- ques, sem praticar esportes nos clubes, sem andar pelas
juste social e distúrbios emocionais. ruas, faz com que a criança se acostume com a inatividade.
No Brasil, de acordo com levantamento do IBGE, 10% Com toda informação que obtivemos sobre os alimen-
das crianças e adolescentes têm sobrepeso e 7,3% (cerca de tos, sobre as causas da obesidade e sobre o método cien-
um milhão e meio de crianças e adolescentes) são obesas. tifico você poderia imaginar uma solução para diminuir a
Em geral são as camadas de classe média baixa as que obesidade infantil? Existem muitas pessoas pensando nisso
apresentam maior índice de obesidade infantil, onde o e algo já está sendo feito, no Rio de Janeiro o prefeito
maior lazer ainda é a farta mesa dos restaurantes de fast proibiu que as crianças de Escolas Públicas tivessem acesso
food. a alimentos “engordativos” substituindo-os por frutas, su-
Não há dúvida que pais obesos tendem a gerar crianças cos naturais e preparações menos calóricas. Tal exemplo foi
obesas, seja por direta influência genética seja, por exem- seguido por Florianópolis, Belo Horizonte e Porto Alegre. É
plo, de maus hábitos alimentares. um bom começo e sem dúvida irá ajudar na prevenção à
Com o problema instalado é normal e compreensível obesidade infantil. É preciso ainda que escolas, professores
que se busque os motivos, os culpados, a origem de tudo. e programas educativos na televisão invistam em divulgar,
Claro que a causa número 1 é o excesso de alimentação, de uma forma apropriada à idade, os princípios de Nutri-
principalmente aquela sob forma de comidas pré-prepara- ção Saudável. A informação é um caminho eficiente tam-
das, com excesso de gordura e muito carboidrato. Vivemos bém para os pequenos.
em uma sociedade onde os pais, por trabalharem demais,
têm pouco ou nenhum tempo para supervisionar o preparo AGORA É A SUA VEZ!
da alimentação e as refeições de seus filhos. Muitas crian-
ças ficam “livres” para escolher alimentos fast food (pizza), Atividade 1
fáceis de preparar (pipoca) e doces, bolos, chocolates, sor- (Encceja 2005) O número de pessoas diabéticas vem
vetes, refrigerantes disponíveis na geladeira. crescendo muito nos último anos. Estima-se que atualmen-
Na escola as guloseimas supercalóricas estão disponí- te há no Brasil 10 milhões de pessoas acometidas desse
veis na cantina, favorecendo a gulodice, entupindo a crian- mal. O diabetes surge de uma alteração no metabolismo
ça com salgadinhos, batata frita e embutidos gordurosos. da glicose, açúcar obtido dos alimentos, especialmente os
Mesmo as crianças que têm o privilégio de receber em casa ricos em carboidratos.
uma educação alimentar adequada dificilmente conseguem Marcos trabalha no comércio e tem pouco tempo dis-
resistir ao apelo de experimentar o que a “turma” está co- ponível para o almoço. Por esse motivo e por questões
mendo e bebendo. Imagine as que não têm supervisão dos econômicas, ele prefere fazer diariamente uma refeição rá-
pais? pida e de baixo custo na lanchonete mais próxima e dispõe
Não é fácil resistir. Se os adultos já não conseguem, as das seguintes opções:

87
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

I - Salada de legumes, arroz integral e peixe.


II - Hambúrguer, batata frita e suco de frutas.
III - Sopa de legumes sem massa com torradas.
IV - Macarrão, bife e refrigerante.
Considerando que Marcos tem histórico da doença na família poderá ter maior probabilidade de adquirir o diabetes a
longo prazo ao se alimentar com mais freqüência das opções:
(A) I e III.
(B) II e IV.
(C) III e II.
(D) IV e I.

Atividade 2
(Encceja 2006) Cachaça, vinho e cerveja são bebidas muito apreciadas que têm coloração, sabor e aroma característi-
cos. Na produção dessas bebidas, sob a ação de microrganismos, os carboidratos da cana-de-açúcar, da uva e do malte
são convertidos em etanol em concentrações que variam de bebida para bebida. O conjunto de transformações que leva à
obtenção do etanol com liberação de CO2 é conhecido como:
(A) alcoolização.
(B) fermentação.
(C) pasteurização.
(D) condensação.

Atividade 3
(Encceja 2005) Nas tabelas abaixo, estão informações nutricionais de dois tipos de amendoim.

Tipo A
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL– Porção de 20g
Quantidade por porção VD* (%)
Valor Calórico 110kcal 4
Proteínas 5g 10
Gorduras Totais 9g 11
Gorduras Saturadas 0g 0
Colesterol 0mg 0
Ferro 0,70mg 5
Sódio 410mg 17
* Valores diários de referência com base em uma dieta de 2.500 Kcal.

Tipo B
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL– Porção de 10g
Quantidade por porção VD* (%)
Valor Calórico 60kcal 2
Proteínas 3g 6
Gorduras Totais 5g 6
Gorduras Saturadas 1g 4
Colesterol 0mg 0
Ferro 0,20mg 1
Sódio 0mg 0
* Valores diários de referência com base em uma dieta de 2.500 Kcal.

88
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Analisando as informações, pode-se concluir que


(A) o amendoim do tipo A tem maior valor calórico que o amendoim do tipo B.
(B) tanto o amendoim do tipo A quanto o do tipo B estão isentos de colesterol.
(C) tanto o amendoim do tipo A quanto o do tipo B apresentam as mesmas concentrações de sal.
(D) tanto o amendoim do tipo A quanto o do tipo B estão isentos de gordura.
Atividade 4
(Encceja 2002) Embalagens de alimentos congelados contêm as seguintes recomendações:
Mantenha congelado ou, depois de descongelado, não congele novamente.
Para algumas pessoas, isso não passa de um “truque de vendedor”, para estimular maior consumo.Para esclarecer essa
questão, consulte no quadro seguinte o número de bactérias presentes em alimentos congelados após 12 meses de con-
gelamento e após 24 horas de descongelamento.

Bactérias por grama


Produto Congelado Após descongelamento

Ensopado de carne 390 1.400.000


Bife 390 1.400.000
Cenouras escaldadas 3.000 5.800.000
Costeletas de porco 1.300 8.700.000

Em relação à polêmica se as recomendações nas embalagens de congelados devem ou não ser atendidas, os dados da
tabela:
(A) não contribuem para que se opte com segurança por uma ou outra possibilidade.
(B) indicam que as recomendações dos rótulos devem ser atendidas.
(C) não permitem descartar a opinião de que se trata de truque de vendedor.
(D) mostram que as recomendações valem para carnes e não para vegetais.

Atividade 5
(Encceja 2002) Estatísticas de Saúde:
Nos anos 90, a obesidade atingia 8% das crianças brasileiras. Atualmente, o índice chega a 15%. Em menos de uma
década, a obesidade infantil pode bater na casa dos 20%.
Revista Educação, ano 28, abril de 2002.
Foram analisados os lanches consumidos habitualmente por um grupo de crianças, obtendo-se os seguintes resultados:

Lanche I Lanche II
Calorias 540 Kcal Calorias 862 Kcal
Gordura total 15 g Gordura total 45 g
Colesterol 8 mg Colesterol 128 mg
Fibras 6g Fibras. 3g
Vitamina C 18 mg Vitamina C 5 mg

O lanche que mais contribui para confirmar as previsões de aumento de obesidade é o:


(A) I, porque tem mais vitamina C e mais colesterol.
(B) I, porque tem menos fibras e menos colesterol.
(C) II, porque tem menos vitamina C e menos fibras.
(D) II, porque tem mais calorias e mais gorduras.

Atividade 6
(Encceja 2002) Receita de pão caseiro salgado,
Ingredientes:
- 2 tabletes de fermento biológico
- ½ copo de água morna

89
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

- 1 colher de sopa de açúcar Capítulo 7


- 1 pitada de sal
- 2 colheres de sopa de óleo
A Física e a Atualidade
- 1 ovo
APROPRIAR-SE DE CONHECIMENTOS DA FÍSICA
- farinha de trigo para dar consistência à massa
PARA COMPREENDER O MUNDO NATURAL E PARA
Observe que a receita é de pão salgado e, ainda assim,
INTERPRETAR, AVALIAR E PLANEJAR INTERVENÇÕES
ela leva açúcar. Isto se justifica porque o açúcar:
CIENTÍFICO-TECNOLÓGICAS NO MUNDO CONTEMPO-
(A) diminui o sabor mais forte que o fermento dá ao
RÂNEO.
pão.
(B) é a fonte energética para os microorganismos.
José Luis de Souza
(C) contribui para dar sabor ao pão.
(D) aumenta a acidez do pão.
AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS E O TEMPO.
Nosso planeta é praticamente uma esfera que gira ao
Atividade 7
redor do próprio eixo e ao redor do Sol. Você já deve ter ou-
Os cientistas seguem padrões estabelecidos pela co-
vido falar que estes movimentos são chamados de rotação
munidade cientifica, com o intuito de:
e translação respectivamente. Mas se lembra o que eles ge-
(A) ter aprovação garantida de sua hipótese pela co-
ram? A rotação, por exemplo, é responsável pelo dia e pela
munidade cientifica.
noite. Indiretamente também é responsável pelas horas.
(B) ser reconhecido por outros cientistas.
Mas será que o relógio de um brasileiro marca, no mes-
(C) provar para a sociedade, que ele pode concretizar
mo instante, o mesmo horário que o relógio de um japo-
suas idéias.
nês?
(D) economizar recursos e provar a viabilidade de suas
Você sabia que se telefonar para um morador da Indo-
hipóteses.
nésia durante o dia, provavelmente irá acordá-lo? No mo-
mento em que seu relógio marca meio dia, o relógio desse
HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!
morador estará marcando um horário próximo à meia noite.
1-D
A diferença entre a marcação dos relógios, de acordo com o
2-B
país ou região da Terra em que estamos, é conhecida como
3-B
fuso horário.
4-B
Os relógios são apenas dispositivos elétricos ou me-
5-D
cânicos usados para medir o tempo. Os elétricos mostram
6-B
as medidas através de pulsos magnéticos que fazem um
7-A
dispositivo eletrônico interno disparar sinais que são tradu-
zidos em números. Os mecânicos possuem ponteiros que
PRA FIM DE PAPO!
descrevem um movimento circular a cada 12:00, 1:00 ou
0:01 h, dependendo da velocidade do ponteiro. Tanto um
Este capítulo abordou as seguintes habilidades:
quanto outro relógio usa eventos regulares, que se repetem
sempre com o mesmo tempo. Usamos a unidade de tempo
• Relacionar informações apresentadas em
adequada dependendo da rapidez com que acontece o que
diferentes formas de linguagem e representação usadas
estamos querendo medir. Em outras épocas da história já se
nas Ciências, como texto discursivo, gráficos, tabelas, rela-
usou as estações do ano e as fases da Lua.
ções matemáticas ou linguagem simbólica.
Mas para podermos entender o que é fuso horário te-
• Analisar e prever fenômenos ou resulta-
mos que recordar como ocorre a rotação da Terra.
dos de experimentos científicos organizando e sistemati-
Como já sabemos a Terra gira no sentido de ocidente
zando informações dadas.
para oriente (oeste para leste, olhe o globo na figura a se-
• Selecionar, em contextos de risco à saúde
guir). Ela efetua uma volta completa em 23 horas e 56 minu-
individual e coletiva, normas de segurança, procedimentos
tos. Este tempo é a duração do dia astronômico ou sideral.
e condições ambientais a partir de critérios científicos.
Antigamente as pessoas usavam a hora solar, ou seja,
• Avaliar a adequação a determinadas fi-
a hora que era fornecida pela posição do Sol no céu para
nalidades de sistemas ou produtos como águas, medica-
“acertar os relógios”.
mentos e alimentos a partir de suas características físicas,
A partir de 1884, foi estabelecido através de um acordo
químicas ou biológicas.
internacional um sistema de tempo padrão em que se apli-
• Selecionar métodos ou procedimentos
cou o fuso horário, ou hora legal.
próprios das Ciências Naturais que contribuam para diag-
A Terra é uma esfera de 360°. Dividindo por 24 horas,
nosticar ou solucionar problemas de ordem social, econô-
teremos 15°, o que corresponde a uma hora ou um fuso .
mica ou ambiental.
Portanto a Terra está dividida em 24 fusos de 15° cada e
dentro de cada um deles está associada uma das 24 horas
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-
do dia. As linhas que delimitam os fusos são chamadas de
de um pouco mais, você esta construindo um processo de
meridianos.
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

90
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 7.1 – Divisão do globo terrestre em meridianos. Em destaque o meridiano de Greenwich.53

Ficou estabelecido que o meridiano de Greenwich seria o meridiano principal ou inicial, portanto a 0°. Se caminharmos
em direção a leste de Greenwich, adiantamos os relógios; se viermos em direção a oeste, atrasamos os relógios. Observe
a figura a seguir:

Figura 7.2 – Planisfério mostrando os meridianos que dividem os vários fusos horários.54

Países com grande extensão territorial (de leste a oeste) possuem muitos fusos horários, é o caso do Brasil que possui
4 fusos.
Como vimos a pouco todos os relógios de um mesmo fuso, delimitado por dois meridianos, deveriam marcar a mes-
ma hora. De um meridiano a outro os relógios deveriam ter uma hora de diferença. Entretanto, para facilitar as atividades
comerciais, os limites de fusos foram adaptados às fronteiras ou aos limites regionais de países extensos, como é o caso
do Brasil.

53 Passo a passo: no caminho do saber, - São Paulo – Difusão cultural do Livro.


54 Novo Atlas geográfico do estudante/Gisele Girardi, Jussara Vaz Rosa. – São Paulo: FTD, 2005.

91
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 7.3 – Limites dos 4 fusos horários brasileiros.

Na figura podemos verificar que Fernando de Noronha, ilha que fica a leste de Pernambuco, apresenta 2 horas a menos
em relação ao horário do Meridiano de Greenwich que passa pela Inglaterra, mais precisamente pelo observatório nacio-
nal. As cidades de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro ficam no segundo fuso, com 3 horas de defasagem. Manaus fica no
terceiro com 4 horas e Rio Branco no estado do Acre com uma diferença de 5 horas em relação ao horário Inglês.
A medida em graus (de 0° a 180°) que vai de um ponto qualquer da Terra até o Meridiano de Greenwich é chamada de
longitude. Portanto são 180 meridianos a leste e 180 a oeste, perfazendo um total de 360° ou 360 meridianos de 1° cada.
Além dos meridianos, para efeito de referência global temos também os paralelos. Como o nome diz são linhas imaginárias
traçadas paralelamente a linha do equador que divide o globo terrestre em dois hemisférios. A distância entre elas é chamada
de latitude e é medida em graus (de 0° a 90°), que vai de um ponto qualquer da Terra até a linha do equador. Portanto o pólo
norte está localizado a 90° de latitude norte e o pólo sul 90° de latitude sul. Dois desses paralelos, além do equador, têm grande
importância e possuem nomes especiais, são o trópico de câncer no hemisfério norte e o trópico de capricórnio no hemisfério sul.

Figura 7.4 – Figura indicando as orientações de latitude e longitude assim como os principais paralelos:

Trópico de câncer, Trópico de Capricórnio e Equador.55


Veja agora um exemplo de como usamos as coordenadas geográficas para localizar a cidade de Brasília no globo

Brasília (Brasil)

Latitude: 15° 46’ Sul (Lê –se: quinze graus e quarenta seis minutos de latitude sul)

Longitude: 47° 55’ Oeste de Greenwich (Lê – se: quarenta e sete graus e cinqüenta e cinco minutos de longitude
oeste)

55 Passo a passo: no caminho do saber, - São Paulo – Difusão cultural do Livro.

92
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Quanto tempo você leva para chegar em casa? de seus motores, o combustível que ele utiliza, sua eficiência
Agora que você já sabe qual a origem do tempo e a rela- e economia, os materiais de que são feitos, a sua segurança
ção que ele tem como o movimento da Terra, vamos falar sobre e conforto.
alguns aparelhos que você pode ter em sua casa e que apa- Os combustíveis usados são particularmente impor-
rentemente não têm nada a haver com isso. Por exemplo, uma tantes nos dias de hoje, devido ao rápido esgotamento
batedeira, um ventilador, uma furadeira. Repare que todos eles, dos derivados do petróleo, como a gasolina e o diesel e
apesar de estarem executando tarefas diferentes, produzem também aos seus efeitos sobre o ambiente.
algum movimento. Nesses três exemplos, todos possuem mo- Em termos energéticos, a eficiência ou rendimento de
tores elétricos. Esse tipo de motor transforma a energia elétrica um veículo está associada à razão entre a energia con-
em movimento, que está relacionado com uma outra forma de sumida por ele e o trabalho útil de transporte que rea-
energia, que chamamos de energia mecânica. Que outras má- liza. Este trabalho depende da carga (peso) que carrega
quinas você pode pensar bem rápido que geram movimento? ao percorrer uma certa distância. Quanto menos energia
Carros, aviões, trens, navios, caminhões, pois é, nessa nossa vida consumir para transportar um peso, mais eficiente ele é.
agitada parece que tudo lembra movimento, mas...você se lem- Mas o que seria melhor para o transporte e o movi-
bra do que Newton falava sobre movimento? mento dos veículos, passageiros e cargas então? Quan-
O movimento é a mudança de posição de um corpo ou do comparamos um automóvel de passeio a um ônibus,
objeto com o passar do tempo. Se este objeto muda de po- podemos ver que cada um tem suas vantagens: em uma
sição em um tempo curto, podemos dizer que ele se move cidade, um automóvel pode ser mais rápido e ágil (quando
com grande velocidade. Ao contrário se ele demora muito o trânsito permite) ou dar mais liberdade aos seus passa-
para mudar sua posição dizemos que ele se move com uma geiros (por exemplo, na escolha do trajeto). Mas, pensan-
velocidade baixa. do no coletivo da cidade, o ônibus tem a vantagem de
Ops, ficou confuso? Então vamos separar: transportar um número de pessoas muito maior. Um trem
de carga, comparado a um caminhão, além de ser capaz
Movimento é a mudança de posição com o de transportar uma carga maior, polui menos o ambiente
passar do tempo. e não atrapalha o trânsito nas estradas de rodagem. Ago-
ra, faça a sua avaliação!
Velocidade é a rapidez com que essa mudança Voltando a falar do movimento em si, como podemos
de posição é realizada. avaliar se um objeto está se movendo com maior ou me-
nor velocidade? Vamos supor que você saia da sua cidade
A espécie humana tem verdadeiro fascínio pela velocida- em um ônibus direto, desses que não param em várias ci-
de. Faz competições para ver quem é mais o rápido e constrói dades, para visitar um parente que mora em uma locali-
veículos que desenvolvem velocidades cada vez maiores. Mas dade que fica a 300 quilômetros de distância. Este ônibus
até onde isso é bom? leva uma hora (1:00 h) para percorrer os primeiros 100
Viagens longas que antigamente eram feitas de navio po- quilômetros, mais uma hora para chegar até o quilômetro
diam durar meses. Hoje em dia se faz uma viagem do Brasil 200 e mais uma hora para chegar ao destino. Portanto este
para a Europa em questão de horas com aviões a jato. Por ônibus percorreu distâncias iguais em tempos iguais, ou
este lado a humanidade ganhou muito em agilidade e, con- seja, 100 quilômetros a cada hora, podemos dizer que sua
seqüentemente, aumentou seu ritmo de desenvolvimento e velocidade foi de 100 quilômetros por hora (100 km/h).
interação cultural entre os vários povos. Mas você estava sentado no banco da frente e viu que
Por outro lado podemos ler estatísticas após cada feriado o velocímetro às vezes marcava 120 km/h, em outros mo-
prolongado sobre o número de mortes causadas nas estradas mentos 80 km/h, esse ônibus até parou no pedágio. Qual
por causa do excesso de velocidade. Veículos mais velozes velocidade está certa? A resposta é: todas. Quando olha-
podem encurtar o tempo das viagens, fazer escoar mais rápi- mos a velocidade no velocímetro do ônibus descobrimos
do a produção agrícola, transportar com maior agilidade bens a velocidade que ele está no momento, e a chamamos de
industriais e matéria prima para as fábricas.
velocidade instantânea. Ao avaliarmos apenas a distância
Mas a imprudência dos condutores desses veículos, a
que o veículo percorre e o tempo que ele leva para percor-
péssima condição de conservação de estradas de rodagem,
rê-la estamos medindo a velocidade média desse veiculo.
ferrovias e aeroportos pode transformar a velocidade em uma
Neste caso não importa se ele parou, acelerou ou diminuiu
implacável inimiga. Podemos somar a isso o número crescen-
a velocidade durante o trajeto.
te de veículos que deixam as fábricas e ganham as ruas das
Resumindo:
grandes cidades. Muito carro para pouca rua gera enormes
congestionamentos, lentidão de tráfego e stress dos condu-
tores, o que piora a saúde e a qualidade de vida da população. Velocidade instantânea é aquela que o veículo ou
Para se ter uma idéia, a velocidade média de um automóvel um objeto qualquer está num determinado momento.
em São Paulo é de 15 Km/h e olhe que lá se encontra uma das
frotas mais modernas e com os carros mais velozes do país. Velocidade média é a relação entre o tempo que o
Sendo assim, vários fatores vão influenciar a qualidade de veículo ou objeto leva para cumprir um determinado
um meio de transporte além da velocidade que pode atingir: percurso e o tamanho deste percurso.
a carga que é capaz de transportar, a potência e o rendimento

93
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Você percebeu que até agora ninguém aqui falou em curva? Nesta etapa de estudos dos movimentos vamos consi-
derar apenas que eles ocorrem em linha reta e com velocidade constante, é claro que existem outros que exigem maiores
complexidades para estudo, por enquanto ficaremos com esses, os Movimentos Retilíneos Uniformes - MRU.
Já discutimos no capítulo 2 uma maneira simples de calcular a velocidade média (Vm) de um objeto móvel, dividindo a
distância (d ou ΔS) que ele percorre pelo tempo que ele leva (t ou Δt), ou em termos matemáticos:
Vm = d ou Vm = d/t ou ainda Vm = ΔS/ Δt
t

Você se lembra quando falamos que a energia gasta na sua residência era medida em quilowatt hora (kWh)? Pois para
medir velocidades também utilizamos unidades adequadas. No caso que usamos como exemplo essa unidade foi quilô-
metro por hora (km/h). Se discutirmos outro exemplo onde a distância seja medida em metros e o tempo em segundos a
unidade ficaria metros por segundo (m/s). Então você pode se perguntar: não tem uma unidade fixa para velocidades? A
resposta é não, ela vai depender do movimento que estamos estudando.
Quando os cientistas estudam astronomia eles usam unidades que para nós são totalmente estranhas. Por outro lado
existem áreas das ciências que trabalham com unidades muito pequenas usadas em microbiologia e eletrônica,
Observe algumas delas:

Unidade Dimensão
Unidade astronômica 150 milhões de Km
Ano luz 9,5 trilhões de Km
Parsec 3,26 anos luz
milímetro 0,001 m
micrometro 0,000 001 m
nanômetro 0,000 000 001 m

Tabela 7.1 – Unidades usadas pelas ciências e comparação com dimensões mais comuns no cotidiano.

Para que você possa comparar, unidade astronômica é equivalente a distância entre o Sol e a Terra. Já a estrela mais
próxima, Alfa Centauri, está a 4,3 anos luz de distância da Terra.
Uma célula de glóbulo branco mede 10 mícrons e a molécula de DNA 100 nanometros.
Vamos olhar com atenção duas das grandezas que estudamos até agora, tempo e velocidade:
t = 10:00 h v = 5 km/h
Percebe alguma diferença? O tempo precisa de apenas uma variável para ser expresso, no caso, hora (h), pois ele é uma
grandeza escalar. Já a velocidade precisa de duas, a distância (km) e o tempo (h). Grandezas que necessitam de mais de
uma variável para ser expressa são chamadas de grandeza vetorial.
Qualquer movimento ficará completamente expresso apenas se indicarmos:
a) Intensidade ou módulo - é a quantificação, isto é, quanto é capaz de cumprir distancias maiores ou menores
(quanto maior for a velocidade, maior será a sua intensidade);
b) Direção - para os movimentos retilíneos, é a reta suporte na qual a velocidade atua, pode ser vertical, horizontal
ou inclinada;
c) Sentido - é a orientação do deslocamento na direção indicada:
- para direções verticais e inclinadas o sentido pode ser ascendente ou descendente.
- para direções horizontais o sentido pode ser para direita ou para a esquerda.
As grandezas vetoriais também podem ser representadas matematicamente por um vetor, que é um segmento de
reta orientado (uma seta) com todas as características descritas anteriormente.
Observe o movimento descrito na figura 7.4 a seguir:

94
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Considere que A seja o ponto inicial do movimento e Nele colocamos os valores dos espaços no eixo vertical
B o ponto final. Com qual velocidade média o automóvel (S) e dos tempos no eixo horizontal (t). Cada deslocamento
cumpriu este trajeto? do móvel durante o movimento está relacionado com um
Para calcular essa velocidade precisamos saber o tem- tempo gerando um ponto no gráfico. O conjunto de todos
po total em que foi cumprido o percurso e o tamanho dele, esses pontos até que o móvel chegue ao seu destino forma
ou seja, a distância percorrida. Podemos calcular da seguin- uma reta (chamamos de curva). Quando a curva é ascen-
te forma: dente – aponta para cima - o movimento é progressivo.
Quando ela aponta para baixo o movimento é retrogrado.
Distância = posição final – posição inicial Ainda podemos, através do gráfico, descrever o mo-
ΔS = Sfinal – Sinicial vimento que um móvel realiza, observe a figura a seguir:
ΔS = 90 – 0
ΔS = 90 km

tempo = tempofinal – tempoinicial


Δt = t final – t inicial
Δt = 1:00 – 0
Δt = 1:00 h

Conhecendo as duas grandezas podemos agora rela-


cioná-las:
Vm = ΔS / Δt = 90 / 1 = 90 km/h
Figura 7.7 – Gráfico de S x t descrevendo o movimento de
Ainda não terminamos, descobrimos a intensidade. um móvel.
Pelo desenho podemos observar que o automóvel se des-
loca na direção horizontal e para a direita. Então o movi- Podemos perceber que de 0 a 20 minutos o espaço ou
mento se dá a 90 Km/h na horizontal e para a direita. distância está crescendo, portanto o movimento é progres-
Note que o valor numérico das posições aumenta du- sivo. Entre 20 e 50 minutos o espaço não varia, portanto
rante o trajeto, podemos dizer ainda que este movimento o móvel está parado. De 50 a 60 minutos os espaços são
foi progressivo. Caso esses valores diminuíssem diríamos
decrescentes, o movimento é retrogrado e ainda podemos
que seria retrógrado.
dizer que o móvel voltou ao local de origem, ou seja, para
O ponto onde t e s possuem valor zero é chamado de
o espaço 0.
origem dos movimentos. De um modo geral quando um
móvel se move no sentido crescente dos espaços, a velo-
ACELERAÇÃO
cidade é positiva e o movimento progressivo. Quando ele
As indústrias automobilísticas frequentemente utilizam
se move no sentido decrescente a velocidade fica negativa
como propaganda de seus carros a rapidez com que eles
e o movimento se torna retrógrado. O sinal negativo aqui
saem do repouso e atingem uma determinada velocidade.
não tem aquele sentido da matemática, ele indica apenas o
sentido do movimento. Você já deve ter ouvido a frase: “De 0 a 100 km/h em 5
Podemos ainda representar um movimento através de segundos”. Essa relação entre o tempo e variação da ve-
gráficos como mostrado a seguir: locidade é chamada de aceleração. Ela também pode ser
calculada se conhecermos a velocidade inicial do automó-
vel (ou outro móvel qualquer), a velocidade final e o tempo
em que essa variação ocorreu. Mas para realizar os cálculos
as unidades devem ser compatíveis. Se a velocidade está
em km/h não podemos usar segundos nos cálculos. Existe
uma maneira bem simples de transformarmos velocidades
de km/h para m/s para acertar as unidades, que é multipli-
cando ou dividindo o valor numérico por 3,6.

Figura 7.6 – Gráfico de S x t descrevendo um movimento


retilíneo uniforme.

95
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Se fizermos a conversão de 100 km/h para m/s teremos: Percebeu que a força, aceleração e a massa estão re-
V m/s = 100 : 3,6 = 27,8 m/s lacionadas? Pois é, Newton também e formulou a segunda
a = ∆v / ∆t = 27,8 / 5 = 5,56 lei da dinâmica: A força é proporcional ao produto da mas-
sa pela aceleração.
Isso que dizer que a cada segundo a velocidade au- F=m.a
menta 5,56 m/s ou Essa equação é conhecida como equação fundamental
a = 5,56 m/s = 5,56 m/s2 da dinâmica.
s A unidade que se usa para representar a grandeza for-
ça é o Newton (N). Uma força de 1N é equivalente a massa
Os movimentos onde existe a variação da velocidade de 100g quando atraída pela gravidade da Terra.
com o tempo são chamados de Movimentos Retilíneos A força também é uma grandeza vetorial. Poderíamos
Uniformemente Variados - MRUV. E Também podem ser representar uma força de 3N, horizontal e com sentido de
representados por gráficos como fizemos com o Movimen- esquerda para a direita com o seguinte vetor:
to Uniforme. Observe o gráfico a seguir:

QUE TRABALHO!
Diz-se em Física que se realiza um Trabalho toda vez
que uma força provoca um deslocamento. Esse trabalho
pode ser representado pelas letras W (work) ou τ (tau). Va-
mos fazer o seguinte: Se você empurrar um móvel da sua
sala com 20 Kg de massa, por uma distância de 2m, com
aceleração de 1m/s, quanto trabalho estará realizando?
Primeiro é preciso calcular a força que você usou:
F=m.a
F = 20 . 1 = 20N
Figura 7.8 – Gráfico de v x t mostrando um movimento Agora podemos calcular o trabalho:
retardado entre 0 e 2s e acelerado entre 2 e 4s. W = F . d (ou ∆S)
W = 20 . 2 = 40J (Joule)
No instante t = 0 ele possui uma velocidade de 10 m/s No (S.I.) a unidade de medida para trabalho é dada por
(lembre-se de que o sinal indica apenas o sentido do movi- Joule.
mento). Seguindo a curva até o instante t = 2s percebemos Agora... Você pode realizar este trabalho tranquilamen-
que a velocidade diminuiu e ele pára, ou seja ele estava te ou, se estiver atrasado, com maior rapidez. A rapidez
freando (sua aceleração foi negativa). Um movimento va- com que se realiza um trabalho é definida como potência,
riável com aceleração negativa é chamado de retardado. A que é a relação entre o trabalho realizado e o tempo que
partir de t = 2s a velocidade voltou a aumentar, ou seja o se levou para realizá-lo.
móvel está acelerando, portanto a aceleração foi positiva. P=W/t
O movimento variável onde a aceleração é positiva chama- Quando uma máquina realiza um trabalho rapidamen-
se movimento acelerado. te ela dissipa uma potência maior do que outra que leva
um maior tempo. Um automóvel com motor 2.0 consegue
COLOCANDO CORPOS EM MOVIMENTO realizar um trabalho para elevar a velocidade de 0 a 100
Quando você empurra um móvel na sua casa durante Km/h mais rapidamente que um de motor 1.0.
aquela limpeza de final de semana você o coloca em movi- Podemos considerar também que entre dois carros
mento, não é? Se ele entrou em movimento sua velocidade com motor de mesma potência, realizará um trabalho mais
aumentou, ele foi acelerado, portanto ele teve um movi- rápido aquele que tiver a carroceria mais leve.
mento variado. Se for a cadeira da cozinha que é leve, você
movimenta com facilidade. Já o sofá da sala é um proble- O TRABALHO DA GRAVIDADE
ma, precisa de mais Força. Quando soltamos qualquer objeto, ele é atraído pela
força gravitacional da Terra e se choca contra o solo. Quan-
Força é qualquer ação capaz de alterar a to mais alto ele estiver, maior será a velocidade com que
velocidade de um corpo ou causar nele ele chegará ao solo, isso significa que ele é acelerado. O
uma deformação. valor da aceleração da gravidade é constante e tem valor
9,8 m/s2. Para cálculos de pouca precisão admite-se a utili-
zação de 10 m/s2.

96
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Podemos fazer para a gravidade todas as considera- A quantidade de movimento pode ser calculada, pois
ções que fizemos até agora para o movimento acelerado ela é proporcional ao produto da massa m de um corpo por
com algumas poucas modificações. No caso da queda, a sua velocidade v. Podemos até comparar quantidades de
distância percorrida por um corpo ou objeto deve ser subs- movimentos de corpos diferentes. Um caminhão de 4 tone-
tituída pela altura. ladas movendo-se a 5 quilômetros por hora, por exemplo,
Vamos supor como exemplo a queda de um vaso de tem a mesma quantidade de movimento que um carro de 2
massa 2kg, de uma altura de 10 m e levando 5s na queda. toneladas se movendo a 10 quilômetros por hora.
A Força com que ele é atraído nesse caso é chamada No sistema internacional de medidas (S.I.) a unidade
de peso, mas podemos calcular da mesma forma: para quantidade de movimento é dada em quilograma x
F = Peso (P) = m . a metro por segundo (kg. m/s). A quantidade de movimento
P = 2 . 20 = 20N de um corpo pode ser calculada desde que sejam conheci-
Da mesma forma podemos calcular o trabalho subs- das a massa e a velocidade desse corpo, observe a expres-
tituindo a força pelo peso e a distância por altura que é são a seguir:
representada pela letra h: Q = m.v onde: Q = quantidade de movimento
W=P.h M = massa (sempre em quilogramas)
W = 20 . 10 = 200J V = velocidade (em metros por segundo)
E a potência dissipada na queda. Mas preste atenção,
porque a letra que representa peso e potência é a mesma: Observe como podemos determinar qual deve ser a
P = W/t velocidade de um automóvel para que ele tenha a mesma
P = 200 / 5 = 40 W (watts é uma homenagem ao inven- quantidade de movimento que um caminhão que se movi-
tor da máquina a vapor) menta com velocidade de 36 Km/h. Considere o automóvel
com massa igual a 1500 kg e o caminhão com massa 4500 kg.
A CONSERVAÇÃO DO MOVIMENTO Como o enunciado diz, o automóvel e o caminhão de-
Em física acredita-se que a energia não é a única gran- vem ter a mesma quantidade de movimento então:
deza que se conserva nos fenômenos físicos. Também se Q automóvel = Q caminhão
conserva a quantidade de movimento, assim como a massa m automóvel . v automóvel = m caminhão . v caminhão
se conserva nos fenômenos químicos. 1500 . v automóvel = 4500 . 36
Sempre que um corpo ganha movimento, algum outro v automóvel = 162000 / 1500
deve perder igual quantidade de movimento. Jogue uma v automóvel = 108 km/h
bola contra outra igual, em repouso. Se a segunda bola é
atingida em cheio e o choque for perfeitamente elástico, Esses princípios da física são de extrema importância
ela sai com toda a quantidade de movimento, ficando a para a indústria automobilística, pois são usados na avalia-
outra parada. Você já deve ter visto isso em jogos de bi- ção da segurança dos automóveis
lhar. Se você atinge a bola branca com o taco ela ganha Numa batida de carro nos preocupamos em primei-
movimento, ao atingir outra bola da mesa, a branca perde ro lugar se há alguém machucado e, em seguida, qual foi
velocidade, enquanto a outra bola sai velozmente. o estrago no carro, se houve danos na estrutura ou não.
A perda de quantidade de movimento da bola bran- Existe uma relação entre essas duas coisas. Os carros que
ca é igual à quantidade de movimento ganha pela outra amassam mais são mais seguros que aqueles que não
bola. Quantidade de movimento nunca é criada ou des- amassam. As leis da física que estamos estudando podem
truída. Essa é a lei da conservação da quantidade de explicar o porquê.
movimento. Vamos começar com o que é preciso quando parar-
Os cientistas acreditam que existe atualmente no Uni- mos algo que está em movimento. Uma situação muito co-
verso a mesma quantidade de movimento que há um bi- mum em nossa vida é parar o carrinho do supermercado
lhão de anos. Quando você dá um tiro de espingarda, a para pegar algum produto que vamos comprar. É mais fácil
quantidade de movimento para frente, positiva, da bala, é parar o carrinho de compras quando ele ainda está vazio.
igual à quantidade de movimento para trás, negativa, da Com o aumento da massa, fica cada vez mais difícil pará-lo.
espingarda. Só conseguimos fazendo força durante certo tempo, pois
A soma das duas, positiva e negativa, é nula, como era ele não pára imediatamente.
nula a quantidade de movimento antes do tiro. O tiro não Para uma mesma velocidade, quanto maior a massa,
produz nenhuma quantidade de movimento (se lembrou maior será a quantidade de movimento. Para interromper,
da ação e reação?). cessar, um movimento, temos que mudar sua quantidade
A lei que exprime a conservação da quantidade de mo- (m.v), até que ela seja zero.
vimento é válida qualquer que seja o número de objetos, e A segunda Lei de Newton afirma que se a quantidade
independe de suas dimensões. Ela se aplica tanto às partí- de movimento (m.v) de um corpo foi alterada, então uma
culas fundamentais (que são muito menores que o átomo) força (F) foi exercida durante um intervalo de tempo (t).
quanto às colisões de veículos e às galáxias. Ela é válida Esses conceitos científicos explicam o que já sabemos
quer os corpos permaneçam unidos após o choque, quer intuitivamente com o carrinho do supermercado. Em ter-
se separem depois de se tocarem. mos matemáticos, isso se escreve:
F.t = m.(v final – v inicial)

97
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Para uma mesma variação da quantidade de movimen- Podemos dizer então que entre a Terra e o carrinho
to, quanto maior a força, menor será o tempo que a força está associada uma forma de energia denominada Ener-
terá de agir; se a força diminuir à metade, o tempo será gia Potencial gravitacional (Ep). Isto é, quanto mais alto
dobrado, mantendo a mesma variação da quantidade de estiver o carrinho em relação ao solo, maior será a ener-
movimento. Na batida de carro, a relação entre a defor- gia potencial gravitacional acumulada nele. Chamamos de
mação do carro e a gravidade dos ferimentos dos ocupan- potencial porque ela está armazenada e pronta para ser
tes está ligada ao tempo que demora a colisão. Num carro transformada em outra modalidade de energia.
com estrutura muito rígida, que não amassa, o tempo de Agora vem a descida, quando o carrinho começa a
colisão é muito pequeno e a força será grande. Se a lataria descer pela ação da gravidade, toda a energia acumulada
deformar bastante e o carro amassar muito, o tempo de começa a ser convertida em outra forma de energia que é
colisão será aumentado, pois com a demora até que amas- aquela associada ao movimento, ela é chamada de Energia
se a estrutura, a força será menor. Na batida, geralmente, a Cinética (Ec). Quanto maior a energia acumulada, maior a
velocidade do carrinho quando ele terminar a descida.
velocidade final (vf ) é zero e a velocidade inicial (vi) é a que
Mas não é só na queda que podemos avaliar a ener-
o carro estava antes da colisão. Assim, a expressão pode
gia cinética de um corpo, quando temos o movimento na
ser simplificada para:
direção horizontal também haverá a presença dela. Neste
F = - m . vi
caso ela será proporcional a massa do corpo e a velocidade
t que ele estiver no momento que estamos estudando. Essa
relação pode ser mostrada através da equação:
O sinal negativo indica que a força é oposta à velocida-
de inicial. Veja que um carro indeformável teria uma colisão
instantânea e a força seria infinita! Ec = m . v2
2
AS MANIFESTAÇÕES DE ENERGIA
Outra modalidade de energia surge quando compri-
mimos uma mola. Mais uma vez estamos transferindo para
ela certa quantidade de energia. Essa energia que fica ar-
mazenada na mola é chamada de Energia Potencial Elás-
tica. Ao soltar essa mola ela pode impulsionar um objeto
transformando a energia potencial elástica em energia
cinética.
A energia química também é uma forma de energia
potencial, associada aos elementos que formam cada subs-
tância. Durante a combustão (queima) da gasolina, por
exemplo, essa energia é transformada em energia térmica.
QUE CALOR!
“Em apenas 1 segundo, o volume de vapor que se for-
ma sobre os rios e plantas da floresta Amazônica equivale
a quase 200 mil toneladas. Isso é mais do que o próprio rio
Amazonas despeja no mar em qualquer momento: 160 mil
toneladas por segundo. Lado a lado, essas duas grandes cor-
Figura 7.9 – Montanha russa 56 rentes de água criam imponente sistema de circulação tão
essencial à sobrevivência da maior floresta do mundo quan-
Observando a figura da montanha-russa podemos to as artérias para o corpo humano. Mas o espetáculo dessas
pensar: “De onde vem a energia que se transforma no mo- forças perde todo o brilho e grandeza quando comparado
vimento do carrinho?” Acabamos de discutir que a quan- com a sua fonte de energia - o Sol.
tidade de movimento nunca é perdida e que ela também Vista da superfície do astro-rei, a Terra é um irrisório
não surge do nada. Você também estudou que a gravidade grão de areia girando à remota distância de 150 milhões de
puxa todos os corpos para o solo fazendo com que eles quilômetros. Mesmo assim, a ínfima parcela de luz e calor
acelerem na descida. que efetivamente alcança o planeta - em vez de perder-se
Se a gravidade puxa os corpos para baixo, alguma em outras direções no espaço - é suficiente para dar vida
energia deve ser gasta para levá-los para cima, portanto e movimento aos oceanos, ventos, florestas, a cada um e a
algum trabalho deve ser realizado para isso. todos os organismos.
Este trabalho realizado sobre o carrinho será maior, Essa energia, que os antigos atribuíam aos deuses, hoje
pode ser calculada com precisão. Equivale à eletricidade que
quanto maior for a altura a qual o carrinho será levado pois:
seria gerada por 10 bilhões de hidrelétricas do porte de Itai-
W = P . h ou W = m . g . h
pu.”
E a energia gasta nesse trabalho não será perdida, es-
(Extraído e adaptado do artigo de Flávio Dieguez, re-
tará acumulada no carrinho.
vista
56 (fonte: http://gracielialine.floguxo.com.br)

98
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Superinteressante, versão em CD-ROM.)


O exemplo do Sol, evidenciado no texto, mostra que o calor ou a energia térmica pode realizar trabalho. Trata-se de
uma importante fonte de energia, responsável por grandes transformações na Terra. O calor em física não é tratado como
sensação térmica como estamos acostumados no nosso dia-a-dia, mas sim como a transferência de energia de um corpo
para outro. Esse fluxo vai de um corpo com maior energia para um corpo com menor energia e nunca no sentido contrário.
Desta forma nunca podemos dizer que um cubo de gelo passa frio para nossas mãos, mas sim que nossas mãos perdem
energia para o gelo. A transferência de energia entre dois corpos acontece até que ambos possuam a mesma quantidade
ou (como se diz em física) que atinjam o Equilíbrio térmico.
Essa propagação de energia pode acontecer de formas diferentes dependendo do estado físico do meio de transfe-
rência.

PROPAGAÇÃO POR CONDUÇÃO


Na cozinha, quando usamos uma colher de metal para mexer o conteúdo de uma panela, percebemos que em pouco
tempo ela se aquece, podendo até queimar nossa mão. Isso acontece porque o calor se propaga através da colher de metal
e nos atinge. Costuma-se usar colher de pau nessas situações, porque a propagação do calor é mais intensa nos metais do
que na madeira.
Esse processo de propagação do calor através das moléculas do meio é chamado de condução.
Os materiais em geral apresentam diferentes condutibilidades térmicas, ou seja, alguns conduzem melhor o calor que outros.
Os metais costumam ser bons condutores de calor, enquanto o isopor, a lã de vidro, a borracha, o amianto e a madeira
são maus condutores; podemos até dizer que são isolantes térmicos (não conduzem calor).
As paredes das geladeiras são forradas com lã de vidro para evitar que entre calor dentro delas. As paredes dos fornos
também são forradas com lã de vidro, só que para evitar que o calor saia.
Os agasalhos que usamos em dias frios também são feitos de isolantes térmicos, como a lã. Assim, o calor produzido
pelo nosso corpo não escapa para a atmosfera, e nos sentimos aquecidos.
A tabela abaixo apresenta os valores padrões da condutividade térmica de alguns materiais. A energia térmica trans-
mitida está expressa em quilocalorias (kcal) em relação à diferença de temperatura em graus Celsius (°C), e a espessura em
metros (m) em relação à área em metros quadrados (m2) e tempo em segundos (s). Para facilitar a apresentação, simplifica-
mos metro e metro quadrado, restando apenas a unidade no denominador. (kcal. m/oC.m2.s) = (kcal/oC.m.s).

VALORES TÍPICOS DA CONDUTIVIDADE TÉRMICA DOS MATERIAIS.

Material Condutividade Material Condutividade Material Condutividade


Condutor térmica Isolante térmica Isolante térmica
(Sólido) (kcal/ºC.m.s) (Sólido) (kcal/ºC.m.s) (Gás) (kcal/ºC.m.s)
Prata 0,099 Gelo 0,0004 Hidrogênio 0,000033
Cobre 0,092 Concreto 0,0002 Ar 0,0000057
Alumínio 0,049 Vidro 0,0002 Oxigênio 0,0000056
Latão 0,026 Cortiça 0,00004
Aço 0,011 Madeira 0,00002
Chumbo 0,0083 Amianto 0,00002

Tabela 7.2 – Os valores mostram o valor da condutividade térmica de alguns materiais.

Quanto menor o valor maior a dificuldade na propagação do calor. 57


A grandeza que utilizamos para medir calor é a caloria (cal). Imagine que peguemos 1 g de água à temperatura de 14,5
°C e a elevemos a 15,5 °C. Para isso é preciso fornecer certa quantidade de calor à água. Essa certa quantidade recebe o
nome de uma caloria (1 cal).
Comparemos agora o aquecimento, por exemplo, da água e do ferro. Se tomarmos 1 g de cada e elevarmos sua tem-
peratura em 1°C, precisaremos de 1 cal para a água e de 0,12 cal para o ferro. Concluímos então que diferentes substân-
cias requerem quantidades diferentes de calor para sofrer a mesma variação de temperatura; mesmo que tenham massas
iguais. Essa quantidade é chamada de calor especifico (c). Observe a seguir uma tabela com valores de calor específicos
de materiais comuns nos nossos dia-a-dia.

57 Fonte: Resnick, R., Halliday, D., Física: Parte I (1967).

99
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Substância Calor específico (cal/g. °C)


água líquida 1
gelo 0,5
latão 0,092
prata 0,056
ouro 0,032
cobre 0,094
ferro 0,12
alumínio 0,22

Tabela 7.3 - Tabela com valores de calor específicos de materiais comuns nos nossos dia-a-dia.

AS CALORIAS DOS ALIMENTOS


Na embalagem de um biscoito podem-se ler as seguintes informações:

Informação nutricional: porção de 40 g (5 unidades)


valor calórico 170 kcal colesterol 0 mg
carboidratos 26,0 g fibra alimentar 1,0 g
proteínas 3,0 g cálcio 33 mg
gorduras totais 6,0 g ferro 0,60 mg
gorduras saturadas 2,0 g sódio 340 mg

Tabela 7.4 - Tabela com valores nutricionais impressos em uma embalagem de biscoito.

Carboidratos, proteínas, gorduras... a embalagem mostra algumas substâncias químicas necessárias ao organismo.
Essas substâncias são chamadas nutrientes.
Na primeira coluna da tabela estão os nutrientes e as quantidades existentes em uma porção que corresponde a 40g.
Na primeira linha desta coluna, está a energia, que é medida em quilocalorias. Caloria é definida como a energia necessária
para aquecer em 1 grau (Celsius) a quantidade de 1 grama de água como acabamos de ver. Mas é, também, a unidade
usada para medir a quantidade de energia que os alimentos fornecem ao nosso organismo.
Uma das maneiras de saber a quantidade de calorias de um alimento é queimá-lo em um aparelho especial chamado
calorímetro, que informa a energia liberada sob a forma de calor. Como a caloria é uma unidade muito pequena. Seus
valores são expressos em grupos de 1000. O biscoito do exemplo mostrado na tabela que acabamos de apresentar possui
170.000 calorias a cada 40 g consumidas, por isso a unidade usada em nutrição é a quilocaloria (kcal).

1kcal = 1000 calorias.

As outras colunas da tabela usam como unidade de medida o grama. O grama é uma fração do quilograma, uma uni-
dade usada regularmente em compras, receitas culinárias e embalagens.

1kg = 1.000 gramas

A caloria é usada também para medir a quantidade de energia utilizada em uma determinada atividade física ou qualquer
outra que uma pessoa possa realizar em casa, no trabalho, na escola, etc. É de acordo com essas atividades que um nutricionista
indica a dieta de um paciente para que ele não consuma mais calorias do que o seu corpo pode gastar nas atividades que realiza.

PROPAGAÇÃO POR CONVECÇÃO


Podemos observar o fenômeno da convecção no funcionamento de uma geladeira. Existe um motivo para que o con-
gelador esteja sempre na parte superior dela. O congelador esfria o ar, que se torna mais denso e tende a descer. Enquanto
desce, ele retira calor dos alimentos que encontra. Nesse tempo, o ar quente das partes inferiores da geladeira tende a
subir. Em contato com o congelador, ele esfria e o processo continua. Podemos então dizer que a convecção é o processo
de transmissão de calor através do deslocamento de massas de fluidos (líquidos ou gases).
Nos radiadores de automóveis também temos um exemplo de convecção. A água quente do motor; por ser menos
densa, tende a subir para o radiador, onde esfriará. Voltando ao motor, já mais fria, ela o resfriará, voltará a se aquecer e o
processo terá seguimento.

100
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

PROPAGAÇÃO POR IRRADIAÇÃO


A luz e o calor do Sol percorrem milhões de quilômetros até alcançar a Terra. Este calor não poderia se propagar no
espaço sideral por condução ou convecção, pois esses são processos que se dão através da matéria, ou seja, através das
moléculas do meio. Do Sol à Terra o calor e a luz se propagam por irradiação, isto é, por meio de ondas. Quando estamos
na praia em um dia claro de verão, podemos sentir o calor irradiado pelo Sol sendo absorvido por nossa pele. Se após essa
exposição procurarmos uma sombra, imediatamente sentiremos a diferença.
Não é somente o Sol que irradia calor, podemos perceber a irradiação de calor em outras situações como, por exemplo,
o calor que vem de um fomo aceso quando nos aproximamos dele; o irradiado por uma fogueira ou pelo motor de um
automóvel em funcionamento.
A rigor, todos os objetos irradiam calor o tempo todo. Seu corpo o está irradiando neste exato momento. O processo
de respiração celular, que envolve a combustão da glicose, libera calor, o qual mantém nossa temperatura.
A estufa de plantas é um interessante exemplo de irradiação de calor. A luz do Sol atravessa o vidro, que é praticamente
opaco ao calor, e atinge as plantas e os demais objetos da estufa. Essa luz que entra na estufa é absorvida pelas plantas (e
pelos demais objetos) e irradiada novamente em forma de calor, o qual, por sua vez, é contido pelo vidro. Assim, conse-
gue-se uma temperatura maior no interior da estufa, favorecendo o crescimento de certas plantas, que em temperaturas
menores não apresentariam o mesmo desenvolvimento.

A TEMPERATURA
Mas como fazemos então se quisermos dizer que um objeto está “quente”? Nesse caso precisamos primeiro entender
o que é temperatura.
No capitulo 4 comentamos que para um líquido evaporar, suas partículas devem se agitar com energia suficiente para
poder “escapar” do restante do liquido. Pois é essa mesma agitação que as Ciências definem como temperatura.

Temperatura é o grau de energia cinética contida


em um corpo ou objeto.

Desse modo, um corpo “quente” é aquele que possui, alta temperatura ou muita energia cinética contida nas suas
partículas.

POR QUE ISOPOR NOS VIADUTOS?


Nos líquidos as partículas podem escapar e mudar de estado físico facilmente, mas nos sólidos as partículas dos mate-
riais estão mais fortemente unidas e isso não acontece. De qualquer forma elas acabam se afastando um pouco umas das
outras devido à agitação e o material aumenta de volume. Esse fenômeno é chamado de dilatação.
Se você nunca percebeu, observe: entre um bloco e outro dos viadutos, pontes e passarelas existe uma placa de isopor.
Todo mundo sabe que é um material frágil, portanto não está lá para dar resistência à construção. Da mesma forma que
entre uma barra e outra dos trilhos de trem são deixados pequenos espaços.

Figura 7.10 – Figura mostrando espaços para dilatação entre os viadutos e trilhos.58

Tudo isso é feito porque os materiais estão sujeitos a grandes variações de temperatura, quando se aquecem dilatam,
quando se esfriam ocorre uma contração. Se não houver o espaço, nem a placa de isopor, o viaduto trinca e os trilhos en-
tortam. Viu como a física faz parte do nosso dia-a-dia?

58 Ciências (Ensino fundamental) Sezar. Sasson, Sezar, Paulo Sergio Bedaque Sanches, Cesar da Silva
Junior – 20 ed – São Paulo: Saraiva, 2005.

101
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

SERÁ QUE É FEBRE? Podemos relacionar essas 3 escalas discutidas através das
Muitas das grandezas físicas dos corpos variam com a expressões matemáticas:
temperatura além do comprimento de uma barra metálica.
Do mesmo modo, o volume de um gás contido em um balão
elástico também varia com a temperatura. A pressão exercida
por um gás contido em um recipiente de volume constante
constitui outro exemplo de grandeza física que varia.
Essa relação entre as três propriedades foi usada com muito
engenho na construção de geladeiras e refrigeradores. Um gás TROCA DE CALOR
confinado em um sistema metálico de cobre é comprimido por Uma grande parte dos processos industriais utilizam altas
um compressor elétrico que se liquefaz, perde calor e é jogado temperaturas durante a produção ou essa temperatura é ge-
para um tubo dentro do aparelho. Ao retornar para o estado rada como resultado do processo. De qualquer modo ela tem
gasoso ele retira a energia do ambiente deixando o interior re- de ser reduzida para que a produção não pare. As usinas nu-
frigerado. Outra vez ele é jogado para fora do aparelho, sendo cleares, por exemplo, produzem o calor para vaporizar água e
liquefeito novamente reiniciando o processo. assim movimentar as turbinas dos geradores. Os reatores que
Outro exemplo onde a propriedade que os corpos apre- abrigam o combustível precisam ser resfriados, o que também
sentam de mudar de volume, quando se modifica a tempe- é feito pela passagem de água. Contudo o fluxo de água ne-
ratura, pode ser usada é para produção de termômetros. Eles cessário para que o resfriamento seja eficiente deve ser cuida-
são aparelhos capazes de medir essa grandeza, já que nossos dosamente calculado para que não ocorra superaquecimento.
sentidos de tato não são precisos nem confiáveis para me- A quantidade de calor que a água e outras substâncias podem
di-la. receber ou perder pode ser calculado através da expressão:
Os termômetros de mercúrio, muito comuns em labora-
tórios, clínicas médicas e mesmo em casa, funcionam basea- Q = m . c .∆T
dos na dilatação do metal mercúrio. Digamos, por exemplo,
que precisamos medir a temperatura corporal de uma pessoa Onde: m = massa em gramas.
para ver se ela está com febre. Colocamos o termômetro sob C = calor especifico da substância.
as axilas ou na boca e aguardamos alguns minutos para que ∆T = variação da temperatura.
o corpo e o termômetro entrem em equilíbrio térmico. A va-
riação de temperatura, para mais ou para menos, sofrida pelo
mercúrio, vai fazer com que seu volume varie. Com isso, ele
sobe ou desce em um tubo bem fino onde está contido. A
temperatura é lida na escala de temperaturas que fica próxi-
ma ao tubo, indicando o seu valor numérico correto.
No século XVII, o físico e astrônomo sueco Anders Cel-
sius escolheu valores arbitrários de temperatura para a fusão
e para a ebulição da água, que seriam usados como padrões
na medição de temperatura.
A escala Celsius adota para a temperatura de fusão da
água, ao nível do mar, O valor arbitrário de 0 grau (hoje 0°C).
Arbitrário mesmo, pois poderia ter adotado 30 ou 70 que Figura 7.11 – Torres de resfriamento de água resultante de
também serviria para medir a temperatura. processos industriais e caldeiras.59
A temperatura de ebulição da água, também ao nível
do mar, foi fixada em 100 graus (100°C), valor tão arbitrário Como um exemplo podemos calcular a massa de água
como o escolhido para a fusão. Do mesmo modo que a escala necessária para refrigerar um sistema que libera 80.000
Celsius adota 100, poderia ter adotado 35 ou 456, ou outro kcal de um processo produtivo. A água está inicialmente a
número qualquer. 20°C e deve atingir no máximo 60°C para que não ocorra
Outra escala, muito usada em países de língua inglesa, muitas perdas com evaporação.
utiliza valores diferentes para os pontos de fusão (32°F) e ebu- A variação de temperatura ∆T nesse caso será:
lição (212°F) da água, é a escala Fahrenheit. Mas como ambas ∆T = Tf –Ti = 60 – 20 = 40°C
se baseiam nas propriedades físicas de uma substância são Onde Tf é a temperatura final e Ti a temperatura inicial.
Sabendo que o calor específico da água é 1 cal/g .°C
chamadas de escalas relativas.
usamos a relação:
Uma terceira escala, a Kelvin, é bastante utilizada no meio
Q = m . c . ∆T
cientifico e mede o grau de agitação das partículas. Quando
80 000 000 = m . 1 . 40
elas estão totalmente paradas a escala mede 0K (ou zero ab-
80 000 000 / 40 = m
soluto). Quanto maior a energia cinética (energia relacionada
m = 2 000 000 g
ao movimento) contida no corpo maior a temperatura regis-
Considerando a densidade da água 1,0 kg/L seriam ne-
trada na escala. A escala Kelvin é chamada de escala absoluta
cessários 2 000 litros de água.
e de acordo com ela a água funde quando tiver uma energia
equivalente 273 Kelvin (273K). 59 Portal ibta.com.br

102
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

CALOR E TRABALHO
A tecnologia criou ao longo da história uma infinidade de máquinas que tinham como finalidade transformar calor em
trabalho. Os teares mecânicos da Revolução industrial, os navios e locomotivas a vapor e até hoje, os automóveis que ainda
são movidos por motores a combustão. Com certeza os motores de hoje são mais eficientes do que as antigas máquinas no
aproveitamento da energia. Mesmo assim esse aproveitamento é limitado por barreiras que a Física pode explicar. A área
dela que trata desses estudos é a termodinâmica.
O motor de combustão interna, também chamado de motor à explosão, é muito conhecido em nossa sociedade. Os
carros, motos, trens, navios, aviões utilizam motores à explosão, que podem empregar combustíveis como o diesel, a ga-
solina, o querosene e o álcool, gás natural, entre outros.
Eles apresentam uma câmara de combustão, onde ocorre a explosão de uma mistura de ar e combustível vaporizado,
transformando energia química em energia térmica. A explosão gera gases que, aquecidos, se expandem e empurram um
pistão móvel, que faz girar uma “manivela”, que por sua vê movimenta um eixo, e assim transforma a energia térmica em
trabalho mecânico.
O processo se repete, com a expulsão dos gases queimados e admissão de ar e combustível seguida de sua compres-
são, para que ocorra uma nova explosão. Dessa forma, a energia térmica produzida na explosão da mistura gasosa é trans-
formada em movimento. Veja a seguir o esquema bem simplificado do pistão de um motor à explosão.

Figura 7.12 – Representação simplificada de pistões existentes em motores a explosão


gerando o movimento de uma manivela.

O trabalho realizado pelo gás na sua expansão pode ser obtido através da expressão:
W = P . ∆V
Nesta expressão W representa o trabalho, P a pressão do gás e ∆V a variação do volume.
Este raciocínio é válido considerando que toda a energia seja transformada em movimento, mas parte dela é perdida
no próprio funcionamento da máquina e para o ambiente. A 1ª Lei da Termodinâmica nos diz:
A variação de energia interna de um sistema é igual à quantidade de calor menos o trabalho que é efetivamente rea-
lizado.
Em expressão matemática:
∆U = Q – W
Onde ∆U é a variação da energia interna.
Então podemos concluir que é impossível construir uma máquina térmica capaz de converter integralmente em traba-
lho o calor à ela fornecido (2ª Lei da Termodinâmica).
De fato os motores de combustão interna são pouco eficientes no aproveitamento de calor. Um motor a gasolina apre-
senta aproximadamente 25% de eficiência e um movido a óleo diesel por volta de 45%.
Uma forma de calcularmos essa eficiência desde que sejam conhecidas as energias fornecidas e as efetivamente apro-
veitadas é através da expressão:
η = Q2 / Q1
η é o símbolo que representa a eficiência, Q1 a energia fornecida e Q2 a energia aproveitada.

UMA BREVE DISCUSSÃO SOBRE ENERGIA


Todas essas máquinas que a tecnologia criou nos permitem, ainda, alcançar sonhos que o trabalho animal jamais nos
possibilitaria, como a conquista do espaço. Conseguimos fazer algo que nenhum outro animal na Terra consegue, que é
escapar da ação da gravidade terrestre e sair do nosso planeta. As mesmas máquinas, no entanto, também são utilizadas
para desmatar, criando desertos; gerando desemprego e muita poluição atmosférica; sendo empregadas para fins bélicos;
modificando equilíbrios naturais que existem há séculos. Enfim, novas soluções... novos problemas!

103
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Infelizmente a civilização é altamente dependente delas e para fazê-las funcionar é necessária muita energia, em gran-
de parte energia elétrica. Cada fonte dela que criamos e utilizamos gera um custo ambiental que precisamos minimizar
ao máximo. Só é possível fazer isso conhecendo seus impactos, usando de maneira adequada e otimizando seu consumo.
Este é o principal desafio que nossa civilização está enfrentando. E para que nós também possamos participar deste desafio
mostramos um quadro com diversas maneiras de produção de energia em larga escala:

Geração de Custo por Argumentos favoráveis Argumentos desfavoráveis


η
energia elétrica kWh ($) (benefícios) (prejuízos)

As placas fotovoltaicas precisam de Precisam de regiões com bastante sol du-


pouca manutenção, têm vida útil rante o ano; as células utilizam materiais
Fotovoltáica de 20 anos, podem ser transportadas, danosos ao ambiente em sua fabricação,
10% 0,75
(obtida pela luz podem ser utilizadas em sistemas de como metais pesados e não podem ser re-
solar) pequeno e de grande porte, podem ope- cicladas; as baterias utilizadas com os acu-
rar paralelamente com sistemas de cor- muladores precisam ser trocadas periodica-
rente alternada. mente após alguns anos.

Pode ser instalada em qualquer local,


Vários impactos negativos devido à quei-
utiliza muitos tipos de combustíveis re-
ma de combustíveis; emissão de
nováveis e não renováveis, combustão
cinzas e de gases que colaboram para o
interna ou combustão externa; seu fun-
aumento do efeito estufa devido à
cionamento independe de fatores na-
Termoelétrica 33% 0,15 emissão de CO, CO2, SO2; aumento da
turais como sol, chuva ou vento, pode
temperatura da água dos rios que são
ser acionada a qualquer momento,
utilizados para o sistema de refrigeração;
pode ser utilizada em sistemas de pe-
infra-estrutura complexa para o transpor-
queno, médio e grande porte. É confi-
te de combustível até a usina
ável e pode ser utilizada em geradores
geradora e alto custo com manutenção.
de emergência.
Fonte renovável de energia, utiliza o
vento, não queima combustível, não
Deve ser instalado em regiões com bas-
produz lixo, pode ser utilizada em
Eólica 42% 0,10 tante vento; produz poluição sonora;
pequenos sistemas (de 50W a 2kW)
morte de aves que colidem com as pás
e também em sistemas de médio e
do gerador; poluição visual.
grande porte (de alguns kW até alguns
MW).
Mudanças da fauna e flora devido à
Fonte renovável de energia, utiliza a
inundação causada pelo represamen-
água dos rios, não queima combustí-
to d’água; a decomposição de material
vel, não produz lixo, pode ser utiliza-
orgânico submerso emite gás metano e
da em sistemas de pequeno e grande
Hidrelétrica 80% 0,08 CO2, que contribuem para o aumento
porte; a represa atrai investimentos
do efeito estufa; deslocamento de popu-
em lazer, apresenta a melhor relação
lações ribeirinhas, destruição de terras
custo/benefício do ponto de vista fi-
produtivas e florestas; desvio do curso
nanceiro. O Brasil tem um grande po-
dos rios; requer um investimento inicial
tencial hídrico ainda inexplorado.
muito alto.

Fonte não renovável, utiliza metais pesa-


dos na sua fabricação. Polui o solo pois
Pilhas e bate- Utilização versátil, indispensável em
- - não tem forma adequada de descarte. O
rias equipamentos pequenos e portáteis
reaproveitamento dos seus componentes
é caro e feito em pequena escala.

Tabela 7.5 – Fontes de energia, seus custos e benefícios60.

60 Adaptado de SILVEIRA, S.; REIS, L.B.(Org.). Energia elétrica para o desenvolvimento sustentável:
Introdução de uma visão multidisciplinar (2001) e de GOLDEMBERG, J. Energia. meio ambiente e desenvolvimento
(2001)

104
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

No mundo, a maior parte da produção de energia elétrica Contribuem para a economia de energia elétrica as re-
é gerada pelas usinas termoelétricas convencionais, que fun- comendações
cionam com a queima de combustíveis fósseis como carvão, (A) I e II.
diesel, óleo, biomassa ou gás natural. São as mais importan- (B) I e IV.
tes, pois geram cerca de 77% da energia elétrica mundial, e (C) II e III.
para isso liberam cerca de 2 bilhões de toneladas de CO2 por (D) III e IV.
ano.
As geradoras termoelétricas são responsáveis por cerca Atividade 2
de um terço de toda emissão de monóxido de carbono (CO) (Encceja 2006) João quer viajar de trem desde a estação
no mundo, ou seja, 190 milhões de toneladas de CO lançadas Brás em São Paulo até a estação de Jundiaí, no mesmo es-
na atmosfera . A termoelétrica tem rendimento de 33%, signi- tado. Ele procurou na Internet e encontrou no sítio da com-
ficando que, da energia térmica que ela recebe, somente 33% panhia de trem a informação que consta no quadro abaixo.
serão transformadas em elétrica.
A geração hidrelétrica não produz nenhum poluente du-
rante sua operação, apenas a energia do movimento da água
é utilizada para girar a turbina, mas as usinas hidrelétricas
produzem grandes quantidades de CO2 devido à necessidade
de se criar uma represa para seu funcionamento: por inundar
grandes áreas de mata, as árvores submersas morrem e co-
meçam a se decompor, gerando grandes quantidades de CO2
que são liberadas para o ar nos lagos das represas.
As hidrelétricas tem muitos argumentos favoráveis, mas
tem o problema social de deslocar as famílias que moram nas
margens dos rios que formarão o lago da represa. As áreas
inundadas são grandes, deslocando muitas pessoas, obrigan-
do-as a mudar sua forma de sustento. Estima-se que até hoje
já foram atingidas cerca de 200 mil famílias.
Você pode concluir que nenhum sistema de geração é auto-
suficiente. Eles devem ser usados em conjunto dependendo da
finalidade e do consumo necessário. Assim como as termoelétri-
cas e termonucleares se somam às hidrelétricas para completar
a oferta de eletricidade, outros sistemas podem ser agregados.
Especialmente em hospitais, clubes e hotéis, a água para banho
e para a lavanderia pode ser pré-aquecida por coletores solares,
que são constituídos de tubos escuros expostos ao sol.
Mesmo as residências podem fazer uso desse método,
economizando gás ou eletricidade em seus sistemas de aque-
cimento de água. Nota: Este roteiro de viagem é gerado de forma
Em regiões isoladas, o sistema fotovoltaico tem sido utili- automática, de acordo com as estações informa-
zado, juntamente com pequenos geradores eólicos, que tam- das. O tempo estimado de viagem é baseado no
bém funcionam durante à noite, ou com pequenos geradores regime normal de operação, e não leva em conta
termoelétricos, tornando pequenas comunidades auto-sufi- fatos eventuais que possam gerar atrasos.
cientes em produção de energia elétrica. Apesar do sistema
fotovoltaico apresentar um custo elevado, ele permite que Em um período de regime normal de operação, sendo
regiões economicamente inviáveis para a rede de distribuição a distância entre as duas estações igual a 120 km, o valor
de energia recebam eletrificação. aproximado do módulo da velocidade média desenvolvida
no percurso é de:
AGORA É A SUA VEZ! (A) 75 km/h.
(B) 65 km/h.
Atividade 1 (C) 55 km/h.
(Encceja 2006) O manual de utilização de um refrigerador (D) 50 km/h.
recomenda:
I armazene os alimentos em embalagens apropriadas, Atividade 3
tais como sacos plásticos ou recipientes com tampas; (Encceja 2006) Colocar uma panela com água para fer-
II não coloque alimentos quentes no refrigerador; aguar- ver em um fogão é uma tarefa diária para quem cozinha.
de até que estejam à temperatura ambiente;
Entretanto, poucos se dão conta de que se pode economi-
III evite quantidades excessivas e períodos longos de
zar uma fração apreciável de gás, energia elétrica ou lenha
abertura das portas;
— dependendo do tipo de fogão —, se a panela permane-
IV mantenha seu refrigerador vazio e operando por pelo
cer tampada até a fervura. Essa economia provém:
menos duas horas antes de abastecê-lo com alimentos.

105
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

(A) da melhor distribuição do calor ao redor da panela.


(B) da redução do movimento de convecção da água no interior da panela.
(C) da energia que deixa de ser perdida para o ar com a evaporação da água.
(D) do aumento da capacidade de condução do calor quando se tampa a panela.

Atividade 4
(Encceja 2005) Há diversas situações em que é necessário o uso residencial de dispositivos geradores de energia elétri-
ca como alternativa à rede de distribuição pública. Alguns desses dispositivos são:
I Geradores a óleo diesel ou gasolina: convertem a energia térmica da queima de combustíveis em energia elétrica.
II Geradores eólicos: a energia do vento é convertida em energia elétrica.
III Geradores hidráulicos: uma roda d’água é acoplada a um dínamo, que gera energia elétrica.
IV Geradores eletroquímicos (pilhas e baterias): reações químicas geram energia elétrica. Alguns podem ser recarregá-
veis; outros não.
O uso de cada um desses dispositivos tem vantagens e desvantagens. Identifique a linha da tabela abaixo que associa
corretamente os dispositivos às suas características.

não geram funcionam da mesma


Geram resíduos
resíduos forma, independente -
poluidores os
opção poluidores os mente do local,tempo,
dispositivos
dispositivos clima e época do ano, os
dispositivos
(A) II e III I e IV II e III
(B) II e III I e IV I e IV
(C) I e IV II e III I e IV
(D) I e IV II e III II e III

Atividade 5
(Encceja 2005) O motor elétrico de um elevador de automóvel foi dimensionado para ser capaz de levantar um carro
em 40 s. Se quiséssemos levantar o carro em 20 s, seria suficiente um motor com:
(A) a mesma potência do anterior.
(B) o dobro da potência do anterior.
(C) o triplo da potência do anterior.
(D) o quádruplo da potência do anterior.

Atividade 6
(Encceja 2005) Quatro novos empregados de uma empresa que constrói estradas de ferro souberam que ela iria cons-
truir uma nova ferrovia. Conversando sobre a finalidade das juntas de dilatação (espaço deixado entre os trilhos), surgiram
opiniões diferentes entre eles:
- Adão: acha desnecessário a existência das juntas de dilatação porque não acredita que, com o calor, os trilhos au-
mentem de tamanho.
- Bento: acha que o trilho aumenta de tamanho porque ele sente calor quando está quente e se encolhe quando está
frio.
- Carlos: acha que o trilho aumenta de tamanho porque as partículas do ferro crescem quando está quente e que di-
minuem quando está frio.
- Diogo: acha que o trilho aumenta de tamanho, com o calor, porque as partículas de ferro vibram mais, e diminuem
com o frio, porque vibram menos.
A interpretação cientificamente correta é a de:
(A) Adão.
(B) Bento.
(C) Carlos.
(D) Diogo.

106
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 7
(Encceja 2005) Uma fábrica de motocicleta, antes de lançar um novo modelo no mercado, realizou um teste de desem-
penho conforme o gráfico:

Analisando o gráfico, o movimento realizado pela motocicleta nos trechos I, II, III, IV, e V, foi, respectivamente:
(A) acelerado, acelerado, retardado, retardado e acelerado.
(B) retardado, acelerado, acelerado, acelerado e retardado.
(C) acelerado, retardado, acelerado, retardado e acelerado.
(D) retardado, acelerado, retardado, acelerado e retardado.

Atividade 8
(Encceja 2002) Suponha que uma indústria de panelas disponha de três materiais, X, Y e Z, para utilizar na fabricação
de panelas. Os valores de condutividade térmica desses materiais estão apresentados na tabela. Valores baixos de condu-
tividade técnica indicam bons isolantes:

Material Industrializado Condutividade térmica (kcal/oC.m.s)


X 7x10-2
Y 1x10-3
Z 9x10-6

Para produzir uma panela com cabo, a indústria deve utilizar


(A) Z para a panela e Y para o cabo.
(B) X para a panela e Z para o cabo.
(C) Y para a panela e X para o cabo.
(D) X para a panela e Y para o cabo.

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!


1 - C 2-B
3 - C 4-C
5 - B 6-D
7 - D 8-B

PRA FIM DE PAPO!


Este capítulo abordou as seguintes habilidades:
• Descrever e comparar características físicas e parâmetros de movimentos de veículos, corpos celestes e outros
objetos em diferentes linguagens e formas de representação.
• Reconhecer grandezas significativas, etapas e propriedades térmicas dos materiais relevantes para analisar e com-
preender os processos de trocas de calor presentes nos sistemas naturais e tecnológicos.
• Utilizar leis físicas para prever e interpretar movimentos e analisar procedimentos para alterá-los ou avaliá-los, em
situações de interação física entre veículos, corpos celestes e outros objetos.
• Comparar e avaliar sistemas naturais e tecnológicos em termos da potência útil, dissipação de calor e rendimento,
identificando as transformações de energia e caracterizando os processos pelos quais elas ocorrem.
• Analisar diversas possibilidades de geração de energia para uso social, identificando e comparando as diferentes
opções em termos de seus impactos ambiental, social e econômico.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

107
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 8 Os dados experimentais eram observados em nível


macroscópico, isto é, era conhecido o comportamento de
Química, Natureza e Tecnologia amostras suficientemente grandes, que podiam ser vis-
tas, manipuladas, etc. Faltava, contudo, uma análise em
APROPRIAR-SE DE CANHECIMENTOS DA QUÍMICA nível microscópico, que pudesse descrever o comporta-
PARA COMPREENDER O MUNDO NATURAL E PARA mento de uma amostra de tamanho muito pequeno.
INTERPRETAR, AVALIAR E PLANEJAR INTERVENÇÕES Mas como estudar a estrutura da matéria e ter co-
CIENTÍFICO-TECNOLÓGICAS NO MUNDO CONTEMPO- nhecimentos sobre o mundo atômico? Isso foi possível
RÂNEO. através de observações experimentais e pela construção
de modelos (como a teoria atômica de Dalton) que fos-
José Luis de Souza sem capazes de explicar os dados obtidos.
No ano de 1808, John Dalton propôs uma teoria vi-
Quando olhamos o mundo a nossa volta, presenciamos sando esclarecer algumas dúvidas sobre o comportamen-
dezenas, centenas, milhares de reações químicas ocorren- to da matéria. A “Teoria Atômica de Dalton” dizia que:
do sem que nos demos conta disso. • A matéria é formada por átomos, que são par-
Por exemplo, uma planta que faz fotossíntese durante tículas minúsculas, não podendo ser subdivididas nem
o dia para poder crescer, um alimento em cozimento sen- transformadas em outros átomos.
do transformado pelo calor ou mesmo um sabão agindo
• Todos os átomos de um mesmo elemento são
sobre a roupa e removendo a sujeira. Olhando para isso
iguais, possuem a mesma identidade química.
com olhos científicos, percebe-se que as coisas estão em
• Os átomos de elementos diferentes possuem
constante transformação, que podem ser explicadas pelo
propriedades químicas e físicas diferentes.
estudo da combinação de seus vários componentes, ou
• Um composto é uma combinação de átomos de
seja, como esses componentes se juntam ou se separam, e
dois ou mais elementos que se unem, cada átomo con-
por quê. Juntar ou separar componentes implica formação
servando sua identidade.
de novos produtos. O ato de juntá-los ou separá-los cons-
tituem reações químicas. Como você acabou de ler, o modelo atômico de Dal-
A função da Química é justamente essa: estudar as ton mostra a matéria formada por átomos que são esfe-
transformações que ocorrem à nossa volta e as causas de- ras rígidas e indestrutíveis. Mas como explicar fenômenos
las. Esse estudo é feito observando-se o comportamento elétricos? Havia a necessidade, então, de um modelo atô-
dos componentes que constituem os materiais. mico que incluísse a natureza elétrica da matéria.
O interesse em dominar o conhecimento das trans- J.J. Thomson, em 1887, propôs um novo modelo, onde
formações pode ser observado desde a pré-história. O o átomo seria formado por uma esfera de carga elétrica
homem descobriu o fogo e, a partir desta descoberta, positiva, com elétrons “grudados” em sua superfície (esse
aprendeu como cozinhar seus alimentos, extrair pigmentos modelo ficou conhecido como “modelo do pudim de pas-
de vegetais e utilizar plantas como remédios. Começou a sas”).
perceber que, juntando dois materiais poderia produzir um
terceiro, com propriedades totalmente diferentes dos an-
teriores. Com o aumento do seu conhecimento, foi capaz
de produzir cerâmicas, tintas, perfumes, vidros, metais, etc.
Dominando os processos de transformação, o homem
passou a se interessar também pela constituição dos mate-
riais de que se utilizava. A primeira idéia sobre como todas
as coisas são formadas, a primeira teoria sobre a constitui-
ção da matéria, foi formulada pelos filósofos gregos Leu-
cipo e Demócrito, que viveram no século V a.C. (478 a.C.).
Segundo essa teoria, toda a matéria seria formada por pe-
quenos grãos ou partículas, maciças e indivisíveis, as quais
deram o nome de átomo (a = não, tomo = divisível). Figura 8.1 – Modelo atômico de Tomson
No início do século XIX, algumas perguntas sobre o
comportamento da matéria ainda não encontravam res- Após a descoberta do elétron, a partícula dotada de
postas. Por exemplo: carga negativa, foram feitas novas experiências. Eugene
• Por que há poucos elementos diferentes e milha- Goldstein descobriu uma outra partícula de massa 1836
res de compostos? vezes maior que a massa do elétron e de carga elétrica
• Por que um composto se decompõe em substân- positiva: o próton.
cias mais simples (elementos) e os elementos não sofrem Então, ficou provado que o átomo NÃO é indivisível.
decomposição, produzindo novas espécies de matéria? O modelo de J. J. Thomson, contudo ainda era incomple-
• Por que numa transformação química, em am- to, pois não considerava a existência dos prótons.
biente fechado, não ocorre variação de massa?
• Por que um composto apresenta sempre a mesma
composição, independentemente da sua origem? Em 1911, Ernest Rutherford, outro pesquisador que

108
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

tentava explicar a estrutura do átomo, concluiu que: Quando eletricamente neutro, o átomo perde elétrons
- O átomo tem mais espaço vazio do que preenchido. e passa a apresentar um excesso de prótons e, portanto,
- Quase toda a massa do átomo encontra-se no nú- adquire carga positiva transformando-se num íon positivo
cleo com carga positiva (prótons). chamado de cátion.
- Na eletrosfera (região ao redor do núcleo) estão os Por outro lado, o mesmo átomo eletricamente neutro
elétrons de massa muito menor que os prótons. pode ganhar elétrons, com esse excesso, passa a apresen-
- O raio total do átomo é muito maior do que apenas o tar carga negativa, transformando-se num íon eletrica-
raio do núcleo sozinho. mente negativo, um ânion.
Esse modelo atômico de Ruthertord ficou conhecido Já discutimos como o átomo é formado e que exis-
como “modelo planetário”, pois no átomo os elétrons gi- tem átomos, diferentes, mas como reconhecer a diferença
ram em torno do núcleo assim como os planetas giram em entre eles? A diferença é dada pelo número atômico (Z),
torno do Sol. Dois anos depois, em 1913, Niels Bohr com- o número de prótons presentes no seu núcleo e pelo nú-
pletou o modelo de Rutherford com os seguintes postu- mero de Massa (A), a soma do número de prótons (Z) e de
lados: nêutrons (N) presentes no átomo.
- Nos átomos, os elétrons giram ao redor do núcleo Como exemplo observe o seguinte elemento químico:
em trajetórias circulares, chamadas de camadas (ou níveis), Elemento químico: Flúor
sendo que cada camada possui um certo valor de energia. Símbolo do elemento: F
- Um elétron pode sair de um nível de energia e pas- número atômico (Z): 9
sar para outro nível de energia maior: para fazer isso, ele número de massa (A): 19
“pega” energia externa (luz, calor, etc.). Assim, dizemos que número de prótons: 9
temos um elétron no estado excitado. número de elétrons (e-) :9
número de nêutrons: 19 - 9 = 10
Então podemos observar as seguintes relações entre
as partículas subatômicas:
A=Z+N Z=A-N N=A-Z

obs:
- Para um átomo eletricamente neutro Z = e-

Os átomos que possuem um mesmo número atômico


Figura 8.2 – (a) átomo recebendo energia, (b) elétron sal- (mesma quantidade de prótons dentro do núcleo) dizem
tando para um nível mais externo (átomo excitado), (c) respeito a um mesmo elemento químico, todos esses
elétron retornando ao estado fundamental após liberar átomos possuem as mesmas propriedades químicas.
energia. Para cada um dos elementos químicos conhecidos
foi dado um nome e um símbolo (uma abreviação de seu
- O elétron pode voltar ao nível de onde saiu, liberando nome). Já discutimos isso no capitulo 1, você se lembra?
energia. É o retorno ao estado fundamental. Assim, podemos saber (Z) e (A), além do número de
Dentre as partículas que formam o átomo, os elétrons nêutrons de todos os átomos de elementos químicos di-
possuem carga negativa, os prótons positiva e os nêutrons ferentes da mesma maneira que fizemos com o exemplo
não possuem carga, mas possuem massa como os prótons. anterior.
No átomo, o número de elétrons na eletrosfera é igual Com tantos elementos foi necessário organizá-los
ao número de prótons no núcleo. Por exemplo, o átomo para facilitar o estudo dos compostos formados por eles
de sódio tem 11 prótons e 11 elétrons. Desta forma, a car- e suas reações químicas, deste modo todos os elemen-
ga total do átomo será nula, pois a carga positiva de cada tos conhecidos foram organizados em ordem crescente
próton será compensada pela carga negativa do elétron de seus números atômicos e agrupados segundo as se-
correspondente. Podemos dizer que nesta situação o áto- melhanças existentes entre suas propriedades químicas e
mo estará eletricamente neutro. físicas numa tabela chamada de Tabela Periódica.
Em determinadas situações, os átomos podem ganhar Existem diferentes modelos de tabela, todos contêm
ou perder elétrons, o que acarreta a perda da neutralidade, os mesmos elementos químicos, o que muda de um mo-
pois os números de prótons e elétrons já não serão mais delo para outro é a quantidade e a forma como as infor-
iguais. Temos então o surgimento de partículas eletrica- mações são apresentadas. Em cada tabela existe uma le-
mente carregadas que são chamadas de Íons. genda para que você possa localizar essas informações.
Quando temos um íon, observam-se diferenças entre Na que apresentamos aqui você pode ver a legenda no
o número de elétrons e o número de prótons. LEMBRE-SE: canto inferior esquerdo, vamos mostrá-la separadamente
a existência de um íon deve-se exclusivamente a variação juntamente com o quadro do elemento flúor que usamos
do número de elétrons e nunca a uma variação no número
como exemplo:
de prótons.

109
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 8.3 – Legenda da Tabela periódica dos elementos químicos.

Confira os dados que mostramos no exemplo: O flúor é representado pelo símbolo F, possui nove prótons (Z=9), massa
19 e na tabela aparece uma informação a mais, ele é gasoso nas condições ambientes (25°C e 1 atmosfera).

Figura 8.4 – Tabela periódica dos elementos químicos. A legenda, do lado inferior esquerdo indica
quais informações são fornecidas e as suas localizações.

110
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

As linhas horizontais dessa tabela são chamadas de períodos e mostram os elementos químicos em ordem crescente
de seus números atômicos. Ainda, o número do período onde o elemento se encontra mostra o número de camadas que
foram preenchidas pelos elétrons desse elemento. Exemplo: o elemento cálcio (Ca) encontra-se no quarto período (quarta
linha de cima para baixo), então o Ca possui quatro camadas ocupadas por seus elétrons é a quarta camada que também
é chamada de camada de valência.

A camada mais externa de um átomo ocupada por pelo menos um elétron é chamada de camada de valência.

Figura 8.5 – Representação da camada de valência.

Temos na tabela sete períodos identificados por números de 1 à 7.

As colunas verticais são chamadas de famílias ou grupos. Em cada coluna temos elementos químicos que apre-
sentam semelhanças em suas propriedades químicas, pois têm o mesmo número de elétrons na camada de valência. As
famílias podem ser identificadas com nomes indicados pelo seu primeiro elemento ou por nomes especiais. Assim, temos
as famílias:

Nomenclatura usual Nomes especiais IUPAC


1A Metais Alcalinos (menos H) 1
2A Metais Alcalino-terrosos 2
3A Família do Boro 13
4A Família do Carbono 14
5A Família do Nitrogênio 15
6A Calcogênios 16
7A Halogênios 17
Zero ou 8A Gases Nobres 18

Tabela 8.1 – Nomenclatura das famílias da tabela periódica

A IUPAC (International Union for Pure and Applied Chemistry) é um orgão internacional que regulamenta a química em
todo o mundo. Ela indica uma nomenclatura oficial mais recente, numerando as famílias de 1 (família 1A) até 18 (família 0).
Continuamos ainda a usar a nomenclatura não oficial devido à praticidade que ela oferece na indicação das propriedades
químicas dos átomos.
Os elementos das famílias A são chamados de elementos representativos. Todos os elementos da família 1A apresen-
tam apenas 1 elétron na camada de valência, os elementos da família 2A apresentam 2 elétrons na camada de valência e
assim por diante. Isso é válido apenas para os elementos que se encontram em uma família A.
Já os elementos das famílias B são chamados de elementos de transição e de transição interna. Esses elementos não
apresentam uma regularidade na variação de propriedades como se observa nos elementos representativos.
Esses elementos existentes na tabela se combinam e formam uma infinidade de substâncias que compõem o mundo
como conhecemos.
Vamos entender o modo pelo qual os átomos se unem para formar moléculas. Os átomos da maioria dos elementos
químicos não existem isoladamente, por exemplo, átomos de oxigênio podem ser encontrados ligados a outros átomos
iguais a ele (O2) ou ligados a átomos de outros elementos (CO, SO2, etc.). Porém, não é possível encontrar átomos de oxi-
gênio “sozinhos” (O).
Apenas os gases nobres (grupo zero) são encontrados “sozinhos”, isto é, sem estarem ligados a outros átomos. Isso
ocorre porque os gases nobres possuem oito elétrons em sua camada de valência, o hélio (He) é uma exceção com dois
elétrons na última camada (o He só tem elétrons na primeira camada, então essa camada é também a última). Então, um
átomo estará estável quando tiver oito elétrons em sua camada de valência.
Os átomos que não possuem esses oito elétrons se unem uns aos outros, fazem ligações químicas, de modo a conse-
guir essa estabilidade. Tentam desse modo, atingir a configuração estável dos gases nobres (Regra do Octeto).
Os elementos H, Li, Be e B são exceções, estarão estáveis com dois elétrons em sua camada de valência, adquirindo a
configuração do gás nobre hélio (He).

111
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Os elétrons disponíveis para as ligações químicas são Todo composto iônico, ou seja, formado através de
os elétrons da camada de valência. Precisamos observar uma ligação iônica é sólido, quando for puro, nas condi-
quantos elétrons existem nessa camada para prever por ções ambiente de temperatura e pressão (25 °C e 1 atm). É
qual mecanismo este átomo irá se estabilizar. preciso submeter estes elementos a uma temperatura mui-
Vamos considerar como exemplo átomos do ele- to alta para que eles entrem em fusão, porém a maioria
mento sódio, de numero atômico 11 (11Na) e de cloro deles é muito solúvel em água.
(17Cl ). O sódio pertence à família 1A portanto tem um elé- Vamos pensar agora no que acontece quando um áto-
tron na última camada, seria preciso receber mais 7 elé- mo de cloro (Cl) se liga a outro átomo de cloro (Cl)? Pode
trons para completar sua camada, uma coisa muito impro- haver ligação iônica entre os dois? A resposta é NÃO.
vável de acontecer. O cloro pertence à família 7A e possui Ocorre uma ligação chamada covalente entre os dois
7 elétrons na última camada, se receber mais um elé- átomos de cloro, pois os dois possuem sete elétrons na
tron de algum outro elemento químico, completa sua última camada. Não podendo doá-los eles compartilham
camada de valência formando o octeto. Nenhum dos seus elétrons. O resultado é uma molécula de cloro. Veja:
dois está estável, mas se houver uma transferência de 1
elétron do sódio (Na) para o cloro (Cll), os dois átomos
alcançarão a estabilidade.
O sódio fica estável porque a camada onde estava o
elétron doado fica vazia, portanto a camada mais inter-
na passa a ser a última e ela possui os 8 elétrons neces-
sários à estabilidade. Observe a figura:

Figura 8.7 – Representação da formação de uma molécula


de cloro.

Representamos apenas a camada de valência porque


é nela que as transferências acontecem. Conte os elétrons
dos átomos de cloro. Ambos têm 7 não é mesmo? Ago-
ra observe que na molécula cloro formada há um par de
Figura 8.6 – Representação esquemática de um átomo de elétrons que faz parte das duas eletrosferas, portanto ele
sódio mostrando a distribuição dos elétrons nas camadas deve participar da contagem para ambos os átomos. Agora
da eletrosfera. conte quantos elétrons tem em cada um dos átomos da
molécula do Cl2.. Ambos têm 8, portanto estão estáveis.
Acabamos de formar dois tipos de íons: o cátion e o Os metais, como vimos, possuem tendência a doar
ânion. Os íons Na+1 e Cl -1 possuem cargas elétricas con- seus elétrons de valência, portanto nenhum deles pode
trárias, por isso se atraem: essa atração mantém dois íons aceitá-los para fazer a ligação. Desta formas os elétrons
unidos, formando a substância NaCl. ficam livres para circularem pelas eletrosferas de todos os
Lembre-se ele tinha o mesmo numero de partículas átomos próximos.
positivas e negativas que se anulavam, perdeu uma nega-
tiva, portanto sobrou uma positiva sem ser anulada e por
isso o átomo se transformou em um cátion.
O cloro também tinha o mesmo numero de partícula po-
sitivas e negativas, ganhou uma negativa que também não
pode ser anulada, portanto se transformou em um ânion.
Essa interação entre os dois átomos é chamada de li-
gação iônica e ocorre sempre que um elemento precisando
doar seus elétrons, se “junta” a outro elemento que precise
receber esses elétrons.
O composto formado após a ligação química é eletri-
camente neutro. Figura 8.8 – Representação dos elétrons
Note que os elementos que tendem a doar seus elé- com liberdade de movimento nas eletrosferas de átomos
trons estão nas famílias: metálicos adjacentes.
1A doam 1 elétron
2A doam 2 elétrons Átomos de metais que se encontram unidos em um
3A doam 3 elétrons “mar de elétrons” livres formam a ligação metálica. Esse
Esses elementos são os metais. Já os elementos que tipo de ligação não é explicada pela regra do octeto, válida
tendem a receber esses elétrons encontram-se nas famílias: para as ligações iônicas e covalentes.
5A - ganham 3 elétrons Quando um material é formado por mais de um tipo de
6A - ganham 2 elétrons átomo metálico ele é chamado de liga metálica. São mis-
7A - ganham 1 elétron turas sólidas como o ouro 18 Quilates, bronze, latão e aço.

112
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Todas essas informações parecem muito distantes da rubi e a safira, por exemplo, são formas impuras de Al2O3
nossa realidade e difíceis de entender. Mas não é bem as- contendo os íons Cr3+ e Fe3+, que conferem às gemas as co-
sim. Vamos discutir um pouco sobre a presença do alumínio res vermelha e amarela, respectivamente.
nas nossas vidas diárias e veremos como essas e muitas ou-
tras informações químicas estão sempre presentes. Óxido de alumínio é uma substância onde o me-
tal está combinado com oxigênio. Ex: Al2O3.
A UTILIZAÇÃO E O DESTINO DO ALUMÍNIO
Já discutimos neste caderno a importância da recicla-
O minério de importância industrial para obtenção do
gem do alumínio, agora discutiremos algumas das suas
alumínio metálico e de muitos compostos de alumínio é a
propriedades para abordarmos conceitos químicos impor-
bauxita, que se forma em regiões tropicais e subtropicais por
tantes.
ação do intemperismo (chuva, vento, calor, frio) sobre alu-
O alumínio pode ser considerado um elemento bastan-
minossilicatos (compostos de alumínio e silício combinados).
te “popular”, pois está presente em quase todas as esferas
Apesar de ser freqüentemente descrita como o minério
da atividade humana. As inúmeras aplicações em diversos
de alumínio, a bauxita não é uma espécie mineral propria-
setores da indústria (transportes: automóveis, aeronaves,
mente dita, mas um material heterogêneo formado de uma
trens, navios; construção civil: portas, janelas, fachadas;
mistura de vários compostos de alumínio.
eletro-eletrônico: equipamentos elétricos, componentes
As principais reservas de bauxita, que correspondem a
eletrônicos e de transmissão de energia; petroquímica, me-
um total de 55 a 75 bilhões de toneladas, são encontradas
talurgia e outros) e a freqüente presença no nosso dia-a-
na América do Sul (33%), África (27%), Ásia (17%) e Oceania
dia (móveis, eletrodomésticos, brinquedos, utensílios de
(13%), sendo que as três maiores localizam-se na Guiné (1a),
cozinha, embalagens de alimentos, latas de refrigerantes,
no Brasil (2a) e na Austrália (3a)63.
produtos de higiene, cosméticos e produtos farmacêuticos)
Estima-se que a reserva total deva ser suficiente para a
ilustram bem a sua importância econômica no mundo con-
demanda de alumínio no século XXI. Cerca de 85 a 90% da
temporâneo. A própria reciclagem de embalagens de alu-
produção mundial desse mineral é usada na obtenção da
mínio, setor no qual o Brasil se destaca, tem papel relevante
alumina (Al2O3) que é, então, destinada à indústria do alu-
do ponto de vista econômico, social e ambiental.
mínio metálico. Os 10 a 15% restantes têm ampla aplicação
A forma mais conhecida do alumínio é a metálica, o
industrial para a manufatura de materiais refratários (pois
metal já foi considerado tão raro e precioso que chegou a
a alumina tem alto ponto de fusão, 2.000°C), abrasivos ( o
ser exibido ao lado de jóias da coroa e utilizado em lugar do
coríndon, um óxido do alumínio tem sua dureza ultrapas-
ouro em jantares da nobreza no século XIX.
sada apenas pelo diamante), diversos produtos químicos,
Os compostos não metálicos de alumínio, por outro
cimento com alto teor de alumina e outros.
lado, servem a humanidade há mais de 4000 anos. Os egíp-
O Brasil, além de possuir grandes reservas (especial-
cios já os empregavam em tinturarias e os gregos e os ro-
mente na região de Trombetas, no Pará, e em Minas Gerais),
manos também os usavam para fins medicinais, na Antigüi-
é também um dos maiores produtores do minério, ocupan-
dade. Dentre as principais aplicações dos compostos não
do lugar de destaque no cenário mundial.
metálicos de alumínio, destacam-se o sulfato de alumínio
O primeiro uso da bauxita para produzir alumina e alumí-
[Al2(SO4)3] no tratamento para obtenção de água potável, o
nio metálico em escala industrial no país foi feita pela Elquisa
hidróxido de alumínio [(Al(OH)3] no tingimento de tecidos,
(hoje, Alcan) durante a Segunda Grande Guerra, em 1944. A
na indústria de medicamentos, a alumina (Al2O3) em mate-
produção nacional de bauxita aumentou desde então, e che-
riais refratários como tijolos, cerâmicas) e catalisadores.61,62
gou recentemente a cerca de 13 milhões de toneladas/ano,
O alumínio não ocorre na forma elementar, na forma de
colocando o Brasil entre os quatro principais produtores. Os
átomos isolados na natureza. Devido à alta afinidade pelo
maiores produtores mundiais são: Austrália, Guiné, Brasil e
oxigênio, ele é encontrado como íon Al 3+, na forma combi-
Jamaica, com um total de 70% da produção mundial.
nada, em rochas e minerais. Embora constitua apenas cerca
O que faz com que o alumínio tenha uma aplicabili-
de 1% da massa da Terra, é o primeiro metal e o terceiro
dade tão grande são as suas propriedades, ele é um metal
elemento químico mais abundante da crosta (cerca de 8,3%
em massa), ou seja, da superfície que pode ser economica- leve, macio e resistente. Possui um aspecto cinza prateado,
mente explorada pelo homem. Outros elementos abundan- fosco e não é tóxico na forma metálica. O alumínio não é
tes são: Oxigênio = 45,5%; Silício = 25,7%; Ferro = 6,2% e um material magnético, e não cria faíscas quando exposto
Cálcio = 4,6%; outros = 9,7%. ao atrito. Por tudo isso ele pode ser usado em áreas como:
O alumínio é encontrado em rochas ígneas (aquelas - Transporte: Como material estrutural em aviões, bar-
provenientes de vulcões) e muitas pedras preciosas contêm cos, automóveis, tanques, blindagens e outros.
este metal, algumas são formadas pelo próprio óxido. O
63 “PREPARAÇÃO DE COMPOSTOS DE
61 Kauffman, G. B.; Adams, M. L.; Educ. Chem. ALUMÍNIO A PARTIR DA BAUXITA: CONSIDERAÇÕES
1990, 36. SOBRE ALGUNS ASPECTOS ENVOLVIDOS EM
62 Evans, K. A. Em Industrial Inorganic Chemicals: UM EXPERIMENTO DIDÁTICO”. Vera R. Leopoldo
Production and Uses; Thompson, R., ed.; The Royal Constantino*, Koiti Araki, Denise de Oliveira Silva
Society of Chemistry; Cambridge, 1995, cap. 11, p. 277- e Wanda de Oliveira, Quim. Nova vol. 25 no.3 São
349. Paulo,May 2002.

113
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

- Embalagens: Papel de alumínio, latas, tetrapack e outras.


- Construção civil: Janelas, portas, divisórias e grades.
- Bens de uso comum: Utensílios de cozinha e ferramentas.
- Como recipientes criogênicos até - 200 ºC e, no sentido oposto, para a fabricação de caldeiras.
- Transmissão elétrica: Ainda que a condutibilidade elétrica do alumínio seja 60% menor que a do cobre, o seu uso em
redes de transmissão elétricas é compensado pela sua grande leveza e maleabilidade, permitindo maior distância entre as
torres de transmissão e reduzindo, desta maneira, os custos da infra-estrutura. Vale pena lembrar aqui que cobre e alumínio
são formadas por ligações metálicas. Como vimos os elétrons dessas ligações ficam livres no “mar de elétrons”. Isso explica
a grande condutibilidade elétrica desses metais pois corrente elétrica significa elétrons em movimento. Podemos ressaltar
ainda que ela depende do material. Observe a tabela a seguir:

Metais C
Cobre 95
Alumínio 60
Zinco 27
Prata 100

Tabela 8.2 – C = condutibilidade elétrica relativa à prata, para a qual se fixou o valor 100.64
Portanto a escolha de um material condutor para utilização comercial não depende apenas da sua condutibilidade, mas
também de outras propriedades e do valor que esse material possui no mercado.
Apesar de existir em grande quantidade o alumínio é um recurso não renovável. Além disso, sua produção a partir da
bauxita e outros minérios consome uma quantidade muito grande de energia elétrica. A bauxita é purificada pela reação com
hidróxido de sódio, resultando em hidróxido de alumínio que pode ser representado pela formula Al(OH)3. O aquecimento
produz o óxido de alumínio (Al2O3), que sofre redução eletrolítica para produzir o alumínio puro. Como a eletrólise do Al2O3
puro é impraticável, pois o seu ponto de fusão, 2060 °C é superior à do próprio alumínio, 2056°C, só foi possível tornar o
processo economicamente industrial quando se descobriu o fundente adequado para o Al2O3, o mineral criolita (AlF3 . 3 NaF)
que reduz o ponto de fusão para algo em torno de 960 °C.

Eletrólise é a quebra das partículas de uma substância a partir da passagem de corrente elétrica.

Em média, duas toneladas de bauxita resultam em uma tonelada de óxido de alumínio e duas deste óxido, em uma de
alumínio. Nessa proporção você pode imaginar a quantidade de minério que deve ser usado para produzir todo o alumínio
que nossa sociedade consome! Considerando que o minério é parte do solo e que acima dele existe vegetação e todo um
ecossistema sua exploração causa enormes danos ao ambiente se for feito de forma indiscriminada.
As reações eletrolíticas para a produção do metal são realizadas na chamada cuba eletrolítica. Ela é normalmente de
aço com revestimento interno de grafite, que atua como catodo (aonde os elétrons da corrente elétrica chegam). O anodo
(local aonde os elétrons da corrente elétrica saem do sistema) também é de grafite.
A reação total, decorrente da passagem da corrente elétrica, que ocorre no forno, consiste então na redução da alumina,
liberando o alumínio que é depositado no catodo, e na oxidação do carbono do anodo devido ao oxigênio liberado no processo.
2 Al 2O3  Δ
4 Al + 3 O2
AlF3 . 3 NaF

Redução é uma reação química onde o íon (átomo eletricamente carregado com carga positiva ou negativa)
recebe elétrons e se transforma na forma metálica.

Al +3 (forma iônica)+ 3 elétrons Al 0 (forma metálica)

O fenômeno oposto, quando o átomo perde elétrons, é chamado de oxidação.

Al 0(forma metálica) Al +3 (forma iônica)+ 3 elétrons

(É isso que acontece quando aparece um pó branco nas janelas e objetos de alumínio)

64 Adaptada de: Ensino de Química: dos fundamento à pratica. Vol 1. SENP. SE/SP 1988

114
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O alumínio sai das cubas no estado líquido, a aproxi- ácido mais comum na natureza. A fermentação do suco de
madamente 850ºC, e é então transportado para a fundição, frutas pode vir a produzir ácido acético. Quando utilizamos
onde são ajustadas a sua composição química e forma física. nossos músculos em excesso sentimos dores provocadas
pela liberação de ácido lático.
Com tamanha freqüência em nosso ambiente, não é
de se espantar que os ácidos e bases tenham sido estuda-
dos por tantos séculos. Os próprios termos são medievais:
“Ácido” vem da palavra latina “acidus”, que significa azedo.
Inicialmente, o termo era aplicado ao vinagre, mas outras
substâncias com propriedades semelhantes passaram a ter
esta denominação.
“Álcali”, outro termo para bases, vem da palavra ará-
bica “alkali”, que significa cinzas. Quando cinzas são dis-
solvidas em água, esta se torna básica, devido à presença
de carbonato de potássio. A palavra “sal” já foi utilizada
exclusivamente para referência ao sal marinho ou cloreto
de sódio, mas hoje tem um significado muito mais amplo.
Veremos de que forma podemos classificar substâncias
como ácidos ou bases, as principais propriedades destes
grupos e o conceito de pH.
Os íons hidrônio e hidróxido
Entre as propriedades da água, há uma de particular
interesse no estudo de ácidos e bases: a auto-ionização.
Duas moléculas de água podem interagir e produzir dois
íons: um cátion, o hidrônio ou hidroxônio (H3O+), e um
ânion, o hidróxido ou hidroxila (OH-). Observe a reação
Figura 8.9 – Representação de uma cuba eletrolítica para a usando a fórmula estrutural das moléculas:
produção de alumínio metálico.65
(Água) (Água) (hidrônio) (hidroxila)
O processo é consumidor intensivo de energia elétrica. H—O—H + H—O—H → H—O—H+ + OH-
Para cada tonelada de alumínio produzido são gastos cerca │
de 14000 kWh de eletricidade. Isso demonstra a importân- H
cia da reciclagem, uma vez que são necessários apenas 700
kWh para refundir a mesma quantidade do metal. Podemos representar também na forma de uma equa-
ção química convencional:
AS SUBSTÂNCIAS E AS SUAS FUNÇÕES H2O + H2O → H3O+ + OH-
Durante o texto que você leu até aqui apareceram pa-
lavras como óxidos e hidróxidos. O que elas significam? Ou de forma mais simplificada:
Essas duas palavras, juntamente com ácidos e sais formam H2O
o grupo das funções de substâncias químicas inorgânicas H2O → H+ + OH-
mais importantes da química.
Já tivemos oportunidade de estudar neste material os Esta é uma reação onde ocorre uma transferência de
processos de digestão. Algumas enzimas digestivas agem próton de uma molécula de água para outra.
no estômago, que precisa ter uma certa “acidez” para que
elas funcionem. Esta acidez é proporcionada pelo ácido Vamos nos referir aqui ao íon H+ como próton.
clorídrico. Isso faz sentido se lembrarmos que o H possui
As funções mais importantes da química, os ácidos um próton e um elétron, quando ele perde o
e bases, são os grandes pilares de toda a vida de nosso elétron sobra apenas o próton.
planeta, bem como da maioria das propriedades do reino
mineral. Íons carbonatos e bicarbonatos (ambos básicos)
A compreensão da auto-ionização da água é o ponto
estão presentes na maior parte das fontes de água e de ro-
de partida para os conceitos de ácidos e bases aquosos.
chas, junto com outras substâncias básicas como fostatos,
Um dos primeiros conceitos de ácidos e bases que leva-
boratos, e amônia. Você sabia que vulcões podem gerar
vam em conta o caráter estrutural das moléculas foi de-
águas extremamente ácidas pela presença de HCl e SO2?
senvolvido no final do século 19, por Svante Arrhenius, um
A fotossíntese das plantas pode alterar a acidez da água
químico sueco. Ele propôs que os ácidos eram substâncias
nas vizinhanças por produzir CO2, a substância geradora de
cujos produtos da ionização (formação dos íons) em água
incluíam o íon hidrogênio (H+) e bases as que produziam o
65 www.aluminiocba.com.br/.../processos/ íon hidróxido (OH-) quando sofriam dissociação.
cuba_1.gif

115
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Exemplo da ionização de um ácido: HBr → H+ + Br-


Exemplo da dissociação de uma base: KOH → K+ + OH-
Este conceito, embora utilizado até hoje, tem sérias limitações:
1) só pode ser empregado a soluções aquosas;
2) o íon H+, de fato, sequer existe em solução aquosa;
3) não pode ser aplicado para outros solventes.
4) segundo este conceito, somente são bases substâncias que possuem OH- em sua composição.
Este conceito é verdadeiro para o NaOH, mas outras substâncias, como a amônia (NH3), não são bases de acordo com
o conceito de Arrhenius.
Em 1923, J.N. Bronsted, em Copenhagen (Dinamarca) e J.M. Lowry, em Cambridge (Inglaterra) independentemente
sugeriram um novo conceito para ácidos e bases. Segundo eles, ácidos são substâncias capazes de doar um próton em
uma reação química. E bases, compostos capazes de aceitar um próton numa reação. Este conceito ficou conhecido como
“definição de Bronsted”. Esta nova definição é bem mais ampla, pois explica o caráter básico da amônia, observe:
NH3 + H2O → NH4+ + OH-
Observe que um próton deixou a molécula de água, restando apenas a hidroxila e foi aceito pela molécula de amônia,
portanto ela é uma base.
Em água, alguns ácidos são melhores doadores de prótons do que outros, enquanto que algumas bases são melhores
receptoras de prótons do que outras.
Por exemplo: uma solução aquosa de HCl diluída consiste, praticamente, de íons cloreto e hidrônio, uma vez que quase
100% das moléculas do ácido são ionizadas. Por isso, este composto é considerado um ácido de Bronsted forte.
H2O
HCl → H+ + OH-
Por outro lado, uma solução diluída de ácido acético contém apenas uma pequena quantidade de íons acetato e hidrô-
nio - a maior parte das moléculas permanece na forma não ionizada.
H2O
CH3COOH → H+ + CH3COOH-

Este composto é, portanto, considerado um ácido fraco.


Desta forma podemos considerar que a força dos ácidos é dada pelo grau de ionização (α) do ácido em questão. Ela é
equivalente a porcentagem das moléculas dissolvidas na água que se ionizaram:
α = número de moléculas ionizadas
número de moléculas dissolvidas
Para α:
> 50 % - o ácido é considerado forte. Ex: HCl, HNO3
5% a 50% - o ácido é considerado moderado. Ex: H3PO4, HF
< 5% - o ácido é considerado fraco. Ex: H2CO3, HCN

MEDINDO A ACIDEZ DAS SOLUÇÕES.


As quantidades ou concentrações de íons H+ ([H+]) de em uma solução aquosa são muito pequenas, deste modo
utiliza-se valores expressos em potência de dez com expoente negativo para representá-las (ex: 1,0 . 10 -2 ). Para explicar
expressões matemáticas com esses expoentes o químico dinamarquês Sorensen propôs uma forma mais prática com o
auxilio de logaritmos, criou-se então a nova grandeza denominada potencial.
O potencial hidrogeniônico de uma solução é representado pelo pH e definido como sendo:
pH = - log [H+]
Da mesma forma o potencial hidroxiliônico é definido:
pH = - log [OH-]

116
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Verificou-se que os valores que abrangem praticamente todos os ácidos e bases conhecidos se encontravam em um
intervalo entre 0 e 14. Deste modo montou-se uma escala como a que mostramos a seguir:

Figura 8.10 – Escala de pH.

Interpretamos esta escala da seguinte forma: quanto mais próximo de 1 estiver o valor do pH, mais acida será a solução.
Quanto mais próximo de 14, mais alcalina ela será. Quanto o valor for exatamente 7 esta solução será neutra.
Como exemplo vamos calcular o pH do vinagre considerando que ele seja uma solução que contenha uma concentra-
ção de 1,0 x 10-3 mol/L de íons H+.
pH = - log [H+] = - log [1,0 x 10-3] = 3
Olhando na escala podemos classificá-la como ácida.

Mol é uma grandeza que corresponde a 6,082 .


1023 partículas, no nosso caso íons H+ ou OH-.

INDICADORES DE PH
O pH pode ser determinado indiretamente pela adição de um indicador de pH na solução em análise.

Indicadores são substâncias que mudam de cor de


acordo com o pH de uma solução.

A cor do indicador varia conforme o pH da solução. Um indicador de pH muito usado em laboratórios é o chamado
papel de tornassol (papel de filtro impregnado com a substância tornassol). Este indicador apresenta uma ampla faixa de
viragem (mudança de cor), servindo para indicar se uma solução é nitidamente ácida (quando ele fica vermelho) ou nitida-
mente básica (quando ele fica azul).
Existem também indicadores naturais. Plantas como amora, hibisco, repolho roxo e hortênsias possuem substâncias
com essas características. As flores das hortênsias têm cores que podem variar em tons de rosa e azul, dependendo do tipo
de solos e dos fertilizantes utilizados. Isso acontece porque certas substâncias na flor apresentam cor azul em contato com
ácidos e cor rosa em contato com bases.
Os indicadores mais usados em laboratórios são geralmente artificiais e suas cores em função do meio são:

Ácido Base
Tornassol Rosa Azul
Fenolftaleína Incolor vermelho
Vermelho de metila Vermelho Amarelo
Alaranjado de metila Vermelho Amarelo
Azul de bromotimol Amarelo Azul

Tabela 8.3 – Indicadores de uso comum e suas cores nos meios ácido e básico.

117
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

OS NOMES DOS ÁCIDOS


Primeiro é preciso classificar o ácido, eles são divididos em dois grupos: • ácidos sem oxigênio: hidrácidos.
• ácidos com oxigênio: oxiácidos.
Hidrácidos: Nos ácidos sem oxigênio a nomenclatura é bem simples, é só seguir a seguinte regra:
Ácido ........ nome do elemento.......... ídrico
Os nomes dos hidrácidos são formados acrescentando-se a terminação ídrico às primeiras letras do nome do elemento
químico.
Exemplos: HCl – ácido clorídrico, HBr – ácido bromídrico, HI – ácido iodídrico
Oxiácidos: Os nomes dos ácidos com oxigênio são dados a partir das reações de ionização dos mesmos e dos ânions
que elas geram. A reação de ionização é aquela onde os hidrogênios da molécula do ácido se “desprendem” tornando a
solução ácida.
A seguir mostramos uma tabela com os ânions gerados pelos principais ácidos:

Principais ânions oxigenados:


Sulfato SO4 2-
Fosfato PO4 3-
Carbonato CO3 2-
Nitrato NO3-
Sulfito SO3 2-
Nitrito NO2-
Fosfito PO3 3-

Tabela 8.4 – Nomenclatura de alguns ânions e suas fórmulas.


Como exemplo vamos escrever a reação de ionização do ácido H2CO3.
H2CO3 → 2 H+ + CO3-2

De acordo com a tabela o ânion CO3-2 é chamado de carbonato, a partir desse nome estabelecemos uma comparação
seguindo o quadro:
Tabela de sufixos para Oxiácidos:

Ânions Sufixo
ITO oso
ATO ico

Como a terminação de carbonato é ATO, a nomenclatura para o ácido do qual este ânion é gerado será Ácido carbô-
nico (sufixo – ico):
H2CO3 → 2 H+ + CO3-2
Ácido carbônico carbonato
Veja mais exemplos:
H2SO3 → H+ + SO3-
Ácido sulfito
sulfuroso
HNO2 → H+ + NO-2
Ácido nitroso nitrito
Como se vê, o ânion sulfito dá origem ao Ácido sulfuroso, e o ânion nitrito ao Ácido nitroso.
No nosso texto sobre alumínio falamos sobre seus sais e seus óxidos, precisamos agora descobrir também o que sig-
nificam estas duas outras funções.
A nomenclatura das bases é bem mais simples, basta iniciar o nome com as palavras hidróxido de e em seguida adicio-
nar o nome do átomo que forma a base.
Ex: NaOH – hidróxido de sódio
Mg(OH)2 – hidróxido de magnésio – popularmente chamado de leite de magnésia quando está em suspensão
aquosa.

OS SAIS
Sal é o grupo de substâncias iônicas que possuem um cátion diferente de H+ e um ânion diferente de OH-.
Os sais podem tanto existir na natureza como o sal de cozinha ou cloreto de sódio (NaCl), como podem ser preparados
em laboratório reagindo-se um ácido e uma base em solução aquosa. Observe a equação a seguir:
HCl + NaOH → NaCl + H2O

118
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Nesta reação tanto o ácido quanto a base estão dissolvidos, portanto ambos se “quebraram” gerando íons livres.

Esses íons se re-combinam dando origem à um sal e água. A solução resultante não possui nem os íons H+ nem OH-
livres, portanto se torna neutra, sendo assim a reação é chamada de Reação de neutralização.

Nomenclatura dos principais sais:


NaCl – cloreto de sódio Al2(SO4)3 - sulfato de alumínio
KCl - cloreto de potássio BaSO4 – sulfato de bário
KI – iodeto de potássio CaCO3 - carbonato de cálcio
BaCO3 - carbonato de bário NaHCO3 - bicarbonato de sódio
CaF2 - fluoreto de cálcio CaSO(4) – sulfato de cálcio

Tabela 8.5 – Nomenclatura de alguns sais e suas fórmulas.

ÓXIDOS
A cada momento que você respira está em contato com milhões de moléculas de óxidos. Quando inspira o ar contem
molécula de vapor de H2O. Quando expira, seus pulmões liberam CO2 para o ambiente. O que essas moléculas têm em
comum é a presença de apenas dois tipos diferentes de átomos na molécula. São compostos binários e como possuem
oxigênio são chamados de óxidos.

Óxido é o grupo de substâncias binárias (com dois tipos de elementos


químicos) nas quais, um dos elementos é o oxigênio.

Os gases de enxofre (SO2, SO3) e nitrogênio (NO2) emitidos por fábricas, usinas a base de carvão ou petróleo, carros e
outros veículos podem se combinar com o vapor da água do ar e formar ácidos como os mostrados a seguir:
H2O + SO3 → H2SO4 Ácido sulfúrico
H2O + SO2 → H2SO3 Ácido sulfuroso
H2O + NO2 → HNO3 Ácido nítrico

Por isso podem ser classificados como óxidos ácidos.


A chuva ácida pode alterar o pH do solo, prejudicando o crescimento das plantas e danificar diretamente as folhas e
outras partes dos vegetais. Também pode alterar o pH de rios e lagos, causando a morte de peixes e outros organismos
aquáticos. Na cidade ela corrói o metal de veículos e portões. Muitos monumentos existentes nas cidades e em cemitérios
sofrem com a ação da chuva ácida. O mármore é formado por carbonato de cálcio (um sal). Quando reage com o ácido
sulfúrico da chuva forma sulfato de cálcio, como mostra a reação a seguir:
CaCO3 + H2SO4 → CaSO4 + H2O + CO2
Como o sulfato de cálcio formado é solúvel em água ele é arrastado pela chuva.
Alguns óxidos reagem com água formando bases, são os chamados óxidos básicos. A cal virgem usada na construção
civil é uma exemplo de óxido básico.
CaO + H2O → Ca(OH)2 - cal apagada, Cal extinta, Água de cal
Existem óxidos que não reagem com água, por isso não formam ácidos ou bases, eles são chamados de neutros. Só
existem três óxidos neutros o CO, NO e N2O. O fato de não reagirem com água, com ácidos ou com bases não significa que
não reajam com nenhum outro tipo de substancia. O NO pode reagir com O2 do ar formando NO2.

CATALISADORES
Certamente você Já ouviu falar que os carros possuem um acessório no escapamento chamado catalisador, usado para
diminuir a emissão de gases potencialmente poluentes. Um catalisador é uma substância ou material que atua numa reação
ou processo químico, alterando sua velocidade seja positiva ou negativamente.
Se forem misturadas apenas as substâncias H2 e O2, não haverá reação de formação de água. Entretanto, se for intro-
duzida uma grade de platina no sistema, a reação se tornará praticamente instantânea, sem que a grade sofra qualquer
alteração.
Nesse processo, dizemos que a platina é um catalisador, ou seja, uma substância que apresenta a propriedade de au-
mentar a velocidade da reação, sem que seja consumida no processo.

119
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O MECANISMO GERAL DA CATÁLISE


Para que uma reação química ocorra, não basta que os reagentes estejam em contato, é preciso que suas partículas se
choquem umas contra as outras e que esses choques possuam a energia necessária para que se forme um novo produto. A
união dessas partículas, por uma fração de segundo, com energia suficiente para que a reação ocorra é chamada de com-
plexo ativado e essa energia é chamada de energia de ativação (E. ativ.). Após a formação do produto a energia diminui
novamente e a reação se completa. Observe a figura 8.11 (A).
Os químicos chamam de catálise o fenômeno do qual participa um catalisador. Na catálise, o aumento da velocidade
com que essa reação se completa é explicado pelo fato de o catalisador gerar um caminho alternativo para que ela ocorra
com menor consumo de energia.

Figura 8.11 – Gráficos mostrando a variação de energia durante uma reação química sem catalisador (8.11A) e com catali-
sador (8.11B)

Em outras palavras, o catalisador torna a reação mais fácil. Lembrando que a energia de ativação é um obstáculo para
a ocorrência da reação, fica evidente o principal papel do catalisador: ele facilita a reação porque diminui a energia de ati-
vação (Figura 8.11 (B)).

Tipos de catálise: homogênea e heterogênea


Dependendo do número de fases presentes, as catálises classificam-se em:
- Catálise homogênea
O catalisador e os reagentes formam um sistema homogêneo, ou seja, constituem uma única fase. É o caso, por exem-
plo, do que ocorre no processo de decomposição da água oxigenada. Esse fenômeno pode ser observado ao passarmos
o medicamento em um ferimento. Ocorre imediatamente o desprendimento de oxigênio que tem a propriedade de matar
alguns microorganismos e por isso é usado como anticéptico. Observe a equação a seguir:
catalase
H2O2(l) → H2O(l) + ½ O2(g)

Neste caso a água oxigenada ou peróxido de hidrogênio (H2O2) tem a sua decomposição acelerada pela presença de
uma enzima existente no sangue, a catalase. Como ambos formam uma mistura com uma única aparência dizemos que a
catalise é homogênea.
- Catálise heterogênea
O catalisador e os reagentes formam um sistema com duas ou mais fases. Nesses processos geralmente o catalisador
é sólido.
MnO2
H2O2(l) → H2O(l) + ½ O2(g)
Neste exemplo o oxido de manganês (um pó marrom) é usado para decompor a água oxigenada. Na mistura podemos
distinguir os dois reagentes portanto temos duas fases e a catalise é chamada de heterogênea.

120
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ!

Atividade 1
(ENCCEJA) – 2002) As chuvas ácidas que causam danos às plantações, lagos e monumentos históricos são causadas
pelos gases SOx e NOx.
Os gráficos abaixo mostram as emissões de óxidos de enxofre (SOx) e nitrogênio (NOx), produzidos na geração de1000
megawatts de energia pelas usinas. Elas utilizam: carvão, gás natural, petróleo residual, madeira e material radioativo.

Dentre as usinas, a que mais contribui para o agravamento do fenômeno das chuvas ácidas é a que utiliza:
(A) carvão mineral.
(B) petróleo residual.
(C) madeira.
(D) material radioativo.

Atividade 2
(ENCCEJA) – 2006) O brometo de metila, H3ClBr , é um gás que age como inseticida e fumegante, utilizado para trata-
mento de solo, controle de formigas e fumigação de produtos de origem vegetal. O Brasil está implantando um programa
que pretende eliminar até o final de 2006 o uso desse produto na agricultura, pois, de acordo com pesquisas, o brometo de
metila contribui para a diminuição da camada de ozônio. O efeito do brometo de metila é devido ao fato de que:
(A) essa substância acelera a capacidade de fotossíntese dos vegetais, o que aumenta o consumo de ozônio na atmos-
fera.
(B) essa substância, em contato com o vapor de água, produz metanol, que reage com o ozônio para formar água e
dióxido de carbono.
(C) suas moléculas são decompostas pela radiação solar em átomos de bromo livres (Br•), que transformam o ozônio
em oxigênio gasoso.
(D) essa substância, ao atingir a estratosfera, provoca o deslocamento do ozônio para camadas mais baixas, por ser um
gás muito estável.

Atividade 3_________
(ENCCEJA) – 2006) A combustão da gasolina nos motores de automóveis produz uma série de gases como dióxido de
carbono, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos. Na camada mais baixa da atmosfera, ou seja, na
troposfera, tais gases participam de diversas reações químicas que geram outras substâncias poluentes, como o ozônio que
é gerado a partir de hidrocarbonetos e de óxidos de nitrogênio.
Com o uso de conversores catalíticos (catalisadores) nos escapamentos, todos esses gases são convertidos em dióxido
de carbono, vapor de água e nitrogênio. Sendo assim, o emprego desses conversores
(A) diminui a formação de ozônio na troposfera.
(B) elimina a emissão de gases-estufa para a atmosfera.
(C) diminui os buracos da camada de ozônio da estratosfera.
(D) elimina a poluição do ar causada por veículos automotores.

121
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 4 HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!


(ENCCEJA) – 2002) Muitas pessoas associam a palavra 1-A
ácido a substâncias químicas que corroem materiais e que 2-C
são prejudiciais à saúde. Para mostrar que tal associação 3-A
é equivocada, basta lembrar que são classificados como 4-A
ácidos: 5-D
(A) vinagre e suco de laranja. 6-A
(B) bicarbonato de sódio e vaselina.
(C) sal de cozinha e açúcar. PRA FIM DE PAPO!
(D) sabão e detergente.
Este capítulo abordou as seguintes habilidades:
Atividade 5
(ENCCEJA) – 2002) As figuras I e II representam duas • Reconhecer e utilizar códigos e nomenclatura da
diferentes idéias ou modelos para os átomos, constituintes química para caracterizar materiais, substâncias e transfor-
da matéria, surgidos há cerca de um século. mações químicas e para identificar suas propriedades.
• Caracterizar materiais, substâncias e transforma-
ções químicas, identificando propriedades, etapas, rendi-
mentos e taxas de sua obtenção e produção; implicações
sociais, econômicas e ambientais.
• Identificar implicações sociais, ambientais e/ou
econômicas na produção ou no consumo de eletricidade,
dos combustíveis ou recursos minerais, em situações que
envolvam transformações químicas e de energia (a partir
de petróleo, carvão, biomassa, gás natural, e dispositivos
como pilhas e outros tipos de baterias).
• Relacionar a importância social e econômica da
eletricidade, dos combustíveis ou recursos minerais, iden-
tificando e caracterizando transformações químicas e de
energia envolvendo fontes naturais (como petróleo, car-
vão, biomassa, gás natural, e dispositivos como pilhas e
A representação hoje aceita para o átomo se parece outros tipos de baterias), identificando riscos e possíveis
mais com: danos decorrentes de sua produção e uso.
(A) o modelo I, sendo constituído por uma massa posi- • Analisar propostas de intervenção ambiental apli-
tiva na qual estão dispersas cargas pontuais negativas. cando conhecimento químico, observando riscos e benefí-
(B) o modelo I, sendo constituído por um núcleo neu- cios.
tro denso, no qual circulam cargas negativas e positivas. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
(C) o modelo II, sendo constituído por um núcleo neu- um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
tro, com cargas positivas e negativas orbitando à sua volta. dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
(D) o modelo II, sendo constituído por um núcleo po-
sitivo denso, com cargas negativas orbitando à sua volta.

Atividade 6
(ENCCEJA) – 2002) Para retirar a camada de ferrugem
(óxido hidratado) que se forma sobre objetos de ferro, eles
podem ser mergulhados em uma solução diluída de ácido
sulfúrico (incolor), por alguns minutos, e, em seguida, lava-
dos em água corrente para retirar a solução salina amare-
lada e o ácido que ainda resta.
A representação que melhor resume a reação que
ocorre na limpeza desses objetos, segundo o enunciado, é:
(A) óxido + ácido → sal.
(B) base + ácido → óxido.
(C) sal + óxido → ácido.
(D) sal + ácido → base.

122
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 9
Meio Ambiente e Biodiversidade
APROPRIAR-SE DE CONHECIMENTOS DA BIOLOGIA PARA COMPREENDER O MUNDO NATURAL E INTERPRE-
TAR, AVALIAR E PLANEJAR INTERVENÇÕES CIENTÍFICO-TECNOLÓGICAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO.

José Luis de Souza

Segundo o dicionário Aurélio “diversidade” significa variedade, diferença. Quem está acostumado a viajar por este
nosso país já percebeu que ele possui grandes diferenças de norte a sul. São diferenças climáticas, culturais, urbanísticas,
biológicas e até de fuso horário. Se observarmos o mundo como um todo, vamos perceber que em várias partes dele o cli-
ma é muito parecido com o nosso, mas os animais e plantas nem tanto. Como isso é possível? Precisamos discutir algumas
características do nosso planeta para podermos entender toda a diversidade que nosso país nos oferece.
Já discutimos no capitulo 7 como o movimento de rotação da Terra está relacionado com a medida do tempo. Discuti-
mos também como os meridianos nos ajudam a definir as horas em várias partes do mundo.
O outro movimento da Terra que é importante trazer à lembrança agora é o de translação. É o movimento que ela faz
ao redor do Sol e que é o responsável pelas estações do ano.
Observe a figura 9.1 a seguir que mostra a órbita (percurso) da Terra ao redor do sol.

Figura 9.1 - Orbita de translação da Terra ao redor do Sol. Estão indicadas


na figura as estações referentes ao hemisfério sul 66

Note também que o eixo do planeta é inclinado, o sol vai bater mais forte na parte de cima e mais fraco na parte de
baixo. Portanto quando na parte de cima (hemisfério norte) for verão, na parte de baixo (hemisfério sul) será inverno.
No lado oposto do movimento podemos verificar que a parte sul agora recebe mais energia, portanto na época do ano
em que a Terra está nesta posição ela é mais quente. Mas note também que em ambas as posições a parte compreendida
entre os trópicos se encontra bem iluminada, portanto tem temperatura quente ou amena e condições atmosféricas mais
agradáveis na maior parte do ano. Às condições atmosféricas mais freqüentes de uma região do planeta damos o nome
de Clima.
A temperatura mais alta favorece a adaptação de uma quantidade maior de seres vivos, portanto a biodiversidade nas
regiões entre os trópicos é maior. Passaremos agora a discutir a variação da biodiversidade em diferentes regiões em fun-
ção do clima e da latitude que ela apresenta.
O biociclo terrestre compreende seis grandes ecossistemas: tundra, taiga, florestas decíduas, florestas tropicais, campos
e desertos. As características mais marcantes desses diferentes grandes ecossistemas são fornecidas principalmente pelo
tipo de vegetação que apresentam.

66 (Fonte: http:// nautilus.fis.uc.pt)

123
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A tundra seja, possuem todos os órgãos vegetativos (raiz, caules e


A tundra é o ambiente terrestre situado ao redor do folhas), aqueles que a planta não pode viver sem um deles,
pólo norte (acima de 65° de latitude norte). Possui inverno porém não produzem flores, aliás flores são órgãos repro-
longo e rigoroso e verão curto, que dura de dois a três me- dutores e não vegetativos.
ses. Nesse ambiente, predominam as geleiras. Os animais, Na época do verão, o gelo, que recobre parte do solo,
em geral, apresentam coloração branca, o que os faz serem derrete completamente, dando origem à muitos lagos.
confundidos com o meio onde vivem. Eles migram no in- Durante o inverno, parte da fauna entra em hibernação
verno para fugir do frio ou encontrar alimento. ou emigra em busca de melhores condições de sobrevivên-
No verão, com o degelo de parte da neve, o solo fica cia. Ela é formada por insetos, castor, alce, lebre, lince, lobo,
encharcado formando lagoas e pântanos. Aparece, então, marta, urso pardo e urso negro.
alguma vegetação, formada principalmente por musgos, li- A taiga compreende áreas do Canadá, da Sibéria, dos
quens e gramíneas. Os musgos são vegetais inferiores, não Estados Unidos e da Península Escandinava, formada pela
possuem vasos condutores para transporte de seiva e nem Noruega, Suécia e Dinamarca.
raízes para fixação, por isso não crescem muito e só vivem
em locais muito úmidos. Os líquens, são associações bioló- FLORESTAS DECÍDUAS
gicas entre musgos e algas. As florestas decíduas são florestas temperadas onde
Observe a localização da tundra a seguir: as árvores perdem as folhas no inverno. Este biociclo já
apresenta vegetais superiores, vascularizados e com to-
dos os órgãos possíveis (raiz, caule, folhas, flores e frutos).
Encontra-se principalmente nas regiões situadas entre os
paralelos 30° e 60°, no hemisfério Norte: leste dos Estados
Unidos, Europa e China.

Figura 9.2 – Distribuição dos biociclos taiga e tundra ao


redor do globo terrestre.67

As temperaturas muito baixas não favorecem a eva-


poração e, portanto não favorece também a formação de Figura 9.3 – Distribuição dos biociclos Florestas decíduas e
chuvas. Um ambiente parecido com o da tundra também Florestas tropicais ao redor do globo terrestre.68
existe nos pontos mais elevados da crosta terrestre, como
nas cordilheiras do Himalaia e dos Andes, independente- Nesse ambiente, as quatro estações do ano são bem
mente da latitude. determinadas. A quantidade de energia radiante do Sol é
Encontramos poucos insetos neste ambiente e entre maior que na taiga. Isso explica o maior desenvolvimento
os animais encontramos grandes mamíferos como, rena, da flora e da fauna, pois há mais evaporação e mais chuva,
caribú, lobo-do-ártico e urso-polar que são homeotérmi- além de grande quantidade de folhas e outros materiais
cos, possuem a temperatura do corpo sempre constante. que, decompostos por bactérias e fungos do solo, funcio-
Não encontramos répteis como cobras e lagartos porque nam como adubo natural.
eles têm sangue frio, são chamados de pecilotérmicos e Percebemos animais como cervos, marmotas, raposas,
a temperatura dos seus corpos são muito parecidas com a muitos pássaros, serpentes e anfíbios. Perceba que neste
do ambiente, portanto eles congelariam num local tão frio. ambiente já ocorre a presença dos animais pecilotérmicos
como répteis e anfíbios.
A TAIGA
A taiga é o ambiente terrestre que vem em seguida à FLORESTAS TROPICAIS
tundra (por volta de 60° de latitude norte) e recebe mais As florestas tropicais desenvolvem-se em toda a faixa
energia solar. Apresenta, portanto, temperatura mais ele- terrestre situada entre os trópicos, região da Terra que re-
vada. Nesse ambiente desenvolvem-se extensas florestas cebe maior quantidade de energia radiante, como se pode
de pinheiros, as coníferas (chamadas assim por causa do verificar na figura 9.4. Por esse motivo, é o ambiente terres-
seu órgão reprodutor na forma de cone), que permanecem tre que melhores condições oferece para o desenvolvimen-
verdes o ano todo. As coníferas são vegetais superiores, ou to da flora e da fauna.

67 Coleção Novo Pensar, Demetrio Gowdak e 68 Coleção Novo Pensar, Demetrio Gowdak e
Eduardo Martins – São Paulo – FTD Eduardo Martins – São Paulo – FTD

124
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

As florestas tropicais mais extensas se localizam na ba- As plantas que vivem nos desertos são adaptadas a per-
cia do rio Amazonas, na bacia do rio Congo (África) e em der o mínimo de água e aproveitar o máximo das chuvas,
grande parte do sudeste da Ásia. que raramente caem. São denominadas plantas xerófitas.
A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical rema- Entre elas, destacam-se os cactos, com caules espessados,
nescente do mundo. No Brasil, ocupa uma área de aproxi- para armazenar água, e folhas transformadas em espinhos,
madamente 3,7 milhões de quilômetros quadrados, quase para evitar o excesso de transpiração.
40% do território brasileiro, mas ao todo se espalha por
oito países além do Brasil, e no nosso país a Amazônia re-
presenta três quintos da nossa disponibilidade de água
doce, tamanha é a quantidade de rios e igarapés existentes
nesta região.
A variedade de formas de vida vegetal e animal é tão
grande que a Amazônia abriga 50% da biodiversidade
mundial.

CAMPOS
Os campos têm localização variada no biociclo terrestre.
São ambientes onde predominam as gramíneas e, portanto, Figura 9.5 – Distribuição do biociclo deserto ao redor do
favoráveis ao desenvolvimento da pecuária e da agricultura. globo terrestre.70
Eles podem estar em regiões temperadas ou regiões tro-
picais. Os campos são conhecidos por nomes diferentes con- Os poucos animais que aí são encontrados geralmente
forme o país ou o continente em que se encontram. Assim, apresentam cor de areia, audição muito boa e uma série de
são denominados pradarias nos Estados Unidos e no Canadá, adaptações para resistir à falta de água, como, por exem-
pampas no Brasil e na Argentina e estepes na Rússia. plo, tegumento (um revestimento que cobre o corpo) im-
permeável, vida noturna e capacidade de armazenar água.

OS BIOMAS BRASILEIROS
O Brasil possui uma grande extensão em termos de latitude,
portanto apresenta uma grande diversidade climática e biológica.
Há duas grandes florestas tropicais em território brasileiro:
a Floresta Amazônica e a Floresta ou Mata Atlântica. A primeira
ocupa também os países vizinhos ao norte (Guiana, Suriname,
Venezuela, Colômbia e Peru); a segunda é exclusiva do território
nacional. Sendo florestas tropicais, são quentes e úmidas duran-
te todo o ano. As plantas têm a possibilidade de crescer e de se
reproduzir durante diferentes épocas do ano, ao contrário das
florestas temperadas, que florescem apenas na primavera.
Figura 9.4 – Distribuição do biociclo Campos ao redor do A Floresta Atlântica, no passado, cobria uma extensa
globo terrestre.69 área, acompanhando o litoral, do Rio Grande do Norte ao
Rio Grande do Sul.
Nos campos de regiões tropicais, os períodos de seca
são mais longos e eles são cobertos por gramíneas altas
e árvores bem distantes umas das outras. São chamados
campos arborizados, como as savanas, na África, e os cer-
rados, no Brasil.
Em ambas as regiões a fauna é variadíssima e, como
nas demais regiões tropicais, cada uma das muitas espé-
cies é representada por grupos de poucos indivíduos (ao
contrário das espécies de regiões frias, cada uma delas com
muitos indivíduos, pois são poucas que agüentam condi-
ções tão rigorosas vivendo isoladamente).

DESERTOS Figura 9.6 – Comparação entre a cobertura original da


Os desertos têm localização variada no biociclo terres- mata atlântica (A) e a mata
tre e ocupam quase 1/5 da superfície do nosso planeta. O remanescente nos dias atuais (B).71
maior de todos é o Saara, na África, com superfície avaliada
em 7,5 milhões de quilômetros quadrados. 70 Coleção Novo Pensar, Demetrio Gowdak e
Eduardo Martins – São Paulo – FTD
69 Coleção Novo Pensar, Demetrio Gowdak e 71 Fonte: Domínio da Mata Atlântica conforme
Eduardo Martins – São Paulo – FTD Decreto 750/93. http://www.sosmataatlantica.org.br.

125
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Hoje ocupa menos de 8% do espaço original e continua A devastação trouxe a ameaça de extinção dos seres vivos
ameaçada pelas cidades que crescem sem planejamento, que lá habitavam, como a gralha-azul. Essas aves são fa-
pelas atividades agrícolas, pela construção de estradas e mosas por seu comportamento: enterram as sementes co-
tudo mais que faz parte da vida humana atual. letadas, os pinhões como forma de guardar alimento, mas
Há séculos a floresta vem sofrendo a exploração de muitos brotam antes de a ave reencontrá-Ios, colaborando
madeira, palmito, xaxim ou orquídeas sem a preocupação para a disseminação das plantas.
de reposição. A extinção da vida animal e vegetal, decor- Tem havido pouco reflorestamento com os pinheiros
rente da sua devastação, é de difícil avaliação, já que ainda típicos, pois só com cinqüenta anos se tornam bons para
não se dispõe de dados completos sobre a sua biodiversi- corte e comercialização. Assim, são plantados eucaliptos ou
dade.72 outro tipo de pinheiro, o Pinus sp., de crescimento mais rá-
As áreas preservadas desse bioma ocorrem, em sua pido. Essas espécies exóticas acabam por tomar o lugar das
maior parte, em regiões montanhosas e de difícil acesso, nativas descaracterizando toda a biodiversidade natural.
onde é possível apreciar a grandiosidade da mata sempre
verde.
Espécies exóticas – São animais ou vegetais inse-
As plantas, muito numerosas, são adaptadas à abun-
ridos no ambiente pela ação do homem.
dância de chuva, o que oferece condições à existência de
muitas epífitas, como orquídeas bromélias, e musgos, que Espécies invasoras – são aquelas que migram es-
vivem também sobre rochas e o solo dos barrancos. pontaneamente para uma região se adapta e se
espalha pelo ambiente.
Epifitismo é o nome da relação ecológica entre
seres vivos onde uma das espécies se beneficia O PANTANAL
da relação e a outra vive indiferente a ela. As Famoso mundialmente pela fantástica riqueza de sua
orquídeas se fixam nos troncos de arvores que, fauna de aves e mamíferos o Pantanal Mato-grossense é a
ao crescerem, levam junto as orquídeas para o maior área alagável do planeta. Situado na região Centro
alto onde elas podem captar mais energia solar -Oeste do país, com cerca de 140 000 quilômetros quadra-
para sua fotossíntese. dos, é um local onde facilmente são encontrados animais
como o jacaré, o lobo guará, o tamanduá-bandeira e aves
A árvore do pau-brasil, que deu nome ao nosso país, é como o tuiuiú - o símbolo do Pantanal. Entre os primatas,
nativa dessas matas. vivem no pantanal o macaco-prego e o bugio. Assim como
Sobre o solo há muitos arbustos, como antúrios e sa- a onça, vários outros felinos são atraídos para este ecossis-
mambaias de muitos tipos. Durante os meses de março e tema pela abundância de presas.
abril (tempo da quaresma), chamam a atenção as quares- O Pantanal é delimitado pelo planalto brasileiro, ao les-
meiras, árvores de porte médio que abrem flores roxas, te, pelas chapadas mato-grossenses, ao norte, e também
oferecendo ao espectador uma vista do verde pintado de por uma cadeia de morros e terras altas do sopé andino, a
roxo, misturado ao amarelo das acássias, árvores superio- oeste. A localização estratégica, associada às características
res, vascularizadas, ou seja, com vasos condutores de seiva do relevo, faz do Pantanal o local com a maior concentra-
e de grande porte. ção de fauna das Américas. Já foram catalogadas mais de
Lendo com atenção o texto verificamos que existem na 262 espécies de peixes, 1100 tipos de borboletas, oiten-
mata atlântica vegetais de vários tamanhos e alturas, o que ta espécies de mamíferos e cinqüenta de répteis. Animais
faz que ela seja fechada e de difícil penetração. À essas di- como o jaburu, o cabeça-seca e o maguari utilizam as ár-
ferentes alturas damos o nome de estratos, portanto tanto vores locais como hábitat, enquanto garças ficam nos re-
a floresta atlântica quanto a amazônica possuem vários es- mansos. É muito comum avistar no local dezenas de araras
tratos. Uma enorme biodiversidade de animais tem essas -azuis e.diversas aves de rapina (carnívoras como o gavião).
matas como hábitat. Por ser uma das mais exuberantes e diversificadas re-
A Floresta Atlântica, como outras florestas, não é ho- servas naturais da Terra, a área foi reconhecida pela Unes-
mogênea. Ocupa regiões mais quentes e mais frias con- co, em 2000, como Reserva da Biosfera. Sua principal ca-
forme as características específicas de relevo e de posição racterística é a dependência que quase todas as espécies
geográfica, onde variam as condições físicas, como solo, de plantas e animais possuem do fluxo das águas. Todos
por exemplo, e a diversidade de seres vivos. Mas é comum os anos, de outubro a abril, as chuvas aumentam o volume
os terrenos que abrigaram a Floresta Atlântica serem fér- das águas dos rios, que transbordam seus leitos e inundam
teis, bons para a agricultura. a planície pantaneira.
Na região Sul do Brasil, principalmente, a Floresta Ao final do período das chuvas, de junho a setembro,
Atlântica se torna muito rica em pinheiros, formando-se as as águas baixam lentamente e voltam ao seu curso natu-
conhecidas Florestas com Araucárias ou pinhais. Atualmen- ral, deixando nutrientes e matéria orgânica suficientes para
te, resta apenas 0,3% das áreas primitivas cobertas pelas a fertilização do solo e alimento em abundância para mi-
araucárias, pinheiro-do-paraná e outras espécies de árvo- lhares de aves aquáticas (muitas migratórias), que se aglo-
res utilizadas na construção civil e na produção de móveis. meram formando imensos ninhais e iniciam a reprodução
antes das espécies de outros ecossistemas brasileiros.
72 http://www.sosmataatlantica.org.br

126
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

CERRADOS A caatinga no interior dos estados nordestinos locali-


Este biociclo apresenta Clima Tropical Úmido com pre- za-se em uma região, se não tão seca quanto um deserto,
cipitações elevadas (1800 a 2000 mm anuais), porém com é quase. A vegetação resistente está associada à pequena
um período curto de seca e temperatura média anual de disponibilidade de água, como nos desertos, com o pre-
25oC. domínio de arbustos espinhosos, como o xiquexique e o
Nos planaltos do cerrado, nascem rios que alimentam mandacaru. As arvores da caatinga possuem raízes profun-
os rios Tocantins, Araguaia, São Francisco, Paraná e Pa- das que buscam umidade próximo ao lençol freático, deste
raguai. Os rios que chegam aos terrenos baixos do Mato modo podem sobreviver a longos períodos de seca.
Grosso e Mato Grosso do Sul formam o bioma pantanal. Do mesmo modo que nos desertos mais secos, a vida
Por meio das águas, os biomas vizinhos se integram. na caatinga cumpre alternância: verde, durante a época de
No pantanal, onde há áreas inundáveis, vive uma rica fau- chuvas, e ressecada, durante as secas. Segundo os pesqui-
na aquática. A fauna terrestre é uma continuidade daquela sadores, a biodiversidade da caatinga é ainda menos co-
existente no cerrado, com predomínio das aves. nhecida do que a da Floresta Amazônica. Mesmo assim, já
Cerrado e pantanal constituem dois focos de tensão conta com diversos seres vivos ameaçados de extinção e
quanto à qualidade ambiental, gerando movimentos de até desaparecidos da natureza, como a ararinha-azul, avis-
preservação tanto de cientistas quanto de agricultores tada pela última vez no ano 2000.
preocupados com o desenvolvimento sem degradação. A ocupação humana na caatinga se fez, principalmen-
Cerca de 70% da população brasileira vive nos litorais e te, pela pecuária, atividade que predominou também nos
nos domínios da Floresta Atlântica, que foi sendo ocupada campos sulinos, conhecidos como pampas - nome indíge-
e destruída ao longo de vários séculos. Já no Brasil central, na que significa área plana.
durante muito tempo, o cerrado permaneceu inalterado na
maior parte de sua extensão, que cobre 22% do território PAMPAS
nacional, só menor que a Amazônia brasileira. É um ambiente de clima subtropical. Ao contrário da
O cerrado ocupa, no Brasil central, a quase totalidade caatinga, que é um ecossistema exclusivamente brasileiro,
dos estados de Goiás. Tocantins, Mato Grosso e Mato Gros- o pampa estende-se do Rio Grande do Sul aos países vizi-
so do Sul; grande parte de Minas Gerais, Piauí e Maranhão nhos, rumo ao sul. Sua vegetação predominante de gramí-
e parcelas dos estados de Bahia, São Paulo e Paraná. Há neas faz dele uma pastagem natural, habitada originalmen-
ainda cerrado no Pará, no Amapá, em Roraima e no sul do te por emas, onças e vários roedores.
estado do Amazonas. Com todo esse tamanho, o clima do Por sua localização no globo terrestre, o pampa apre-
cerrado é variável, mas, em geral, tem estações de chuva e senta temperaturas amenas. Sua biodiversidade não é
de seca distintas. comparável à dos demais biomas brasileiros, mas seu solo
O cerrado é um bioma com as mesmas características é fértil, o que o tornou um lugar adequado para grandes
das savanas, que também existem na África, na Austrália, plantações e para a pecuária.
na América do Sul e no Peru. A paisagem mais comum do
Como os outros biomas, o pampa não é homogêneo,
cerrado é uma formação aberta de árvores e os arbustos
e isso pode ser percebido nas áreas por onde passam os
baixos, em meio a uma camada de gramíneas rasteiras,
córregos e se formam os banhados, com matas de árvores
com grande variedade de espécies.
variadas, destacando-se as araucárias.
Também pode ter vegetação quase só de ervas com
muitos tipos de gramínea (os campos limpos), ou mais
MANGUES
densa onde predominam árvores com cerca de 3 a 5 me-
Outro ecossistema muito presente no litoral brasileiro
tros e com grossas cascas nos troncos, os cerradões.
é o manguezal. Formam-se onde rios deságuam no ocea-
Algumas matas de cerrado acompanham os cursos de
no, em grandes áreas úmidas ou inundadas. Recebe per-
rios, sendo chamadas de matas ciliares. Há pouco mais de
três décadas descobriu-se como preparar o solo dos cer- manentemente tanto água doce como água do mar duran-
rados para o plantio. A partir daí, vem sendo ocupado por te as enchentes diárias das marés cheias.
plantações. A ocupação do cerrado tem sido tão intensa Vindos dos campos e das matas vizinhas, diversos ma-
que ele está quase totalmente fragmentado por áreas de míferos e aves visitam os manguezais em busca de alimen-
cultivo e estradas em meio a “ilhas” preservadas. to, principalmente à noite.
O cerrado é uma das 25 áreas do mundo consideradas Um outro grupo de animais passa toda sua vida nos
mais críticas com relação à conservação, por causa da rá- manguezais, desde os o nascimento até a fase adulta. São
pida deterioração a que vem sendo submetido pela ação principalmente ostras (moluscos) e caranguejos (artrópo-
humana. des crustáceos). As ostras fixam-se, em grande número,
nos troncos e nas raízes aéreas das árvores. Entre os caran-
CAATINGA guejos, destacam-se: aratu-marinheiro e o aratu (ou maria
Apresenta clima Semi-árido com precipitação anual in- -mulata), que vivem toda a fase adulta andando entre as
ferior a 400 mm. As chuvas são irregulares ao longo do ano regiões mais baixas das árvores ou se enterrando no solo
e apresenta período de longa estiagem (até 7 meses). A lodoso. Alimentam-se de folhas e de polpa vegetal, além
média de temperatura anual fica em torno de 26°C. de algas que se fixam nos caules das árvores.

127
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Nos manguezais, o solo é um lodo escuro, riquíssimo - As matas de igapó apresentam o solo sempre enco-
em detritos, que chega dos ambientes vizinhos ou do mar. berto pela água dos braços de rios e lagoas.
Ele representa um desafio à vida vegetal. Apenas algumas - As matas de várzea são formadas nas margens ala-
espécies da flora estão adaptadas às limitações do solo. gadas dos rios durante as cheias, quando eles recebem a
Sendo mole e úmido, não oferece boa sustentação para as água de degelo da cordilheira dos Andes.
plantas, tornando difícil também a entrada de ar para que - As matas de terra firme distribuem-se em regiões
as raízes respirem. Quanto ao problema da sustentação, aonde nem as águas das cheias chegam.
uma boa adaptação são as abundantes raízes do tipo esco- Essas condições determinam, em cada tipo de mata, a
ra, característica do mangue-vermelho, uma das principais ocorrência de plantas e de animais exclusivos.
árvores do manguezal. Já a siriúba, ou mangue-branco, é Com as cheias, as terras às margens dos rios recebem
dotada de raízes respiratórias, que se projetam para cima muitos detritos. Quando as águas baixam, as várzeas tor-
da superfície do solo e possuem aberturas onde entra o ar, nam-se férteis e são aproveitáveis temporariamente para
contendo o gás oxigênio para a sua respiração. a agricultura. Porém, essas áreas correspondem a apenas
O intenso emaranhado de raízes fornece esconderijo a 2% do total de terras. Por este motivo maioria dos povos
uma variada fauna aquática, que vive tanto nos mangue- indígenas da floresta habita as várzeas.
zais como no mar. Vários peixes e camarões chegam pela Nas matas de terra firme, a fertilidade do solo depen-
maré alta e encontram o lugar propício para a desova e de da ação dos organismos detritívoros e decompositores,
para suas primeiras fases de vida. Por isso, esse ecossiste- facilitada pelo calor e pela umidade constantes. Na floresta
ma é considerado o berçário dos mares. não falta alimento a bactérias, fungos e animais detritívo-
Ainda há diversos trechos de manguezais e restingas ros (uma enorme e ainda pouco conhecida diversidade de
no Brasil, desde o Norte até o estado de Santa Catarina, insetos, caramujos e vermes).
mas são constantemente diminuídos ou alterados pela Até para a sua fixação, as grandes árvores não depen-
ação humana. A ocupação do espaço para moradia ou em- dem só do solo, pois são auxiliadas pelo entrelaçamento
preendimentos e a construção de estradas levam à devas- das copas de árvores vizinhas. É muito difícil cortar uma
tação direta dos manguezais. Além disso, os manguezais árvore: se não há cuidado especial, ao serrar uma, várias
e as águas do litoral vêm sofrendo constante perturbação são derrubadas juntas.
por derramamento de petróleo. Esse líquido primeiro co- Ao aproximar nossa visão deste grande tapete verde
bre a superfície do mar, como um lençol escuro, impedin-
percebemos que aquelas árvores, que do alto pareciam
do a passagem de luz e, assim, impossibilita a fotossíntese
todas iguais, na verdade são todas diferentes. Na floresta
realizada pelas algas microscópicas marinhas, alimento de
amazônica, as grandes árvores se distribuem de tal forma
peixes.
que é difícil encontrar vários indivíduos de uma mesma
A poluição das águas tem outras causas, já que esgo-
espécie próximos. O que poderia ser uma explicação para
tos domésticos e industriais são constantemente lançados
este fato? Estas grandes árvores atingem até 60 metros de
nos rios, chegam ao mar e se dispersam, causando prejuí-
altura, como uma maçaranduba ou uma castanheira. Ima-
zos imediatos e a longo prazo, pois muitas substâncias não
gine o tamanho de suas flores. E os frutos que contêm as
se degradam e vão se acumulando no ambiente.
sementes? Devem ser grandes também, não é? Agora ima-
ECOSSISTEMAS DA AMAZÔNIA gine que tipo de animal faz a polinização (leva os grãos de
A Amazônia apresenta clima Equatorial Úmido com pólen de uma planta para outra) destas flores. E a dispersão
precipitações elevadas e bem distribuídas ao longo do ano das sementes desses frutos grandes? Provavelmente, você
(superiores a 2500mm), não possui estação seca e as tem- imaginou animais grandes que percorrem extensas áreas,
peraturas são praticamente constantes (acima de 25°C). por exemplo: morcegos, roedores, macacos, aves, etc.
A região amazônica possui duas estações apenas, o E embaixo destas árvores? Como é a floresta vista de
inverno e o verão. Diz um dito popular da região: no ve- dentro? Dentro da floresta, aquilo que parecia um tape-
rão, chove todo dia, no inverno, chove o dia todo. Toda te verde quando visto de cima, parece mais um telhado
essa água alimenta os inúmeros rios que formam a Bacia verde. Sob este telhado o ambiente é sombreado, quen-
Amazônica. Supõe-se que a ausência dessa floresta traria te e úmido. Neste ambiente desenvolve-se uma enorme
enorme mudança na distribuição das chuvas no mundo diversidade de “microambientes”, relacionados com varia-
todo, mas não afetaria tanto os estoques de gás oxigênio ções de luz, umidade, tipos de solo e com a diversidade de
da atmosfera, pois a floresta tanto produz quanto consome organismos.
o gás oxigênio. Os seres que mais contribuem para a reno- A exemplo da mata atlântica a floresta amazônica pos-
vação do oxigênio do ar estão nos oceanos, são as algas sui árvores de diversas alturas (diversos estratos). As mais
unicelulares. altas chegam a 60 metros. Logo abaixo destas, aparecem
Vista do alto, essa floresta tropical parece uma almofa- árvores de aproximadamente 40 metros. Esta é a parte ar-
da verde, entrecortada por rios, braços de rios e lagoas. Po- bórea da floresta. Abaixo deste “estrato” arbóreo, aparece
rém, não é um bioma homogêneo: há vários ecossistemas uma enorme diversidade de árvores jovens, palmeiras e
no bioma da Amazônia. De modo esquemático, podem ser plantas arbustivas; este é o estrato arbustivo. E, embaixo
identificados três tipos de mata: de igapó, de várzea e de deste, ainda existem as plantas herbáceas, que cobrem o
terra firme. chão da floresta amazônica. Sobre todos estes estratos,

128
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

penduram-se diversos tipos de cipó. Antes do solo, ainda Muitos alertas têm acontecido sobre o desmatamento
existe uma camada de folhas e restos de animais mortos na Amazônia e recentemente ele tem dado sinais de desa-
sobre o chão florestal, a serapilheira, que abriga uma infini- celeração com programas de manejo sustentável e maior
dade de microorganismos, acumula umidade e distribui a fiscalização por parte dos órgãos oficiais.
água lentamente para o solo. Os sistemas agroflorestais (SAFs) também representam
Agora imagine as águas das chuvas passando por este uma boa alternativa de produção para as propriedades
“filtro” florestal. Antes de atingir o solo e se encaminhar familiares na região amazônica, principalmente no que se
para os rios, a água vai se dispersando no caminho, através refere à conservação florestal, à diversificação de produtos
dos diversos estratos da floresta. Quando chega ao solo, já que podem ser comercializados e à geração de renda.
não tem mais força para provocar grandes perdas de solo Nestes sistemas, são cultivadas várias espécies de valor
por erosão. Que simples conclusão podemos tirar disso? econômico em uma mesma área obedecendo às “regras”
A floresta armazena água, e com isso se mantém úmida e impostas pelo ambiente florestal. Ou seja, levando em con-
aquecida. Além disso, protege o solo de perdas por erosão. sideração a estrutura e o funcionamento deste ecossiste-
E a luz? Como fica a distribuição da luz neste ambiente? ma, são cultivadas várias espécies arbóreas, arbustivas e
Já vimos que a região equatorial é a que recebe mais herbáceas.
luz no planeta. Por isso, a produtividade vegetal (fotossín- Este sistema de manejo também é indicado para re-
tese) nestas áreas é muito alta. A floresta ainda melhora o cuperação de áreas degradadas, por propiciar controle de
aproveitamento dessa luz, se dividindo em estratos. É de erosão e melhorias do solo, contribuindo ainda para manu-
se esperar que os estratos superiores recebam mais luz do tenção de sua umidade e fertilidade. Na Amazônia, existem
que os inferiores. E você já pensou nas adaptações que as diversos SAFs em atividade, desenvolvidos por comunida-
plantas de cada estrato apresentam? As plantas que rece- des indígenas, caboclas e ribeirinhas, especialmente para
bem menos luz possuem adaptações nas folhas, elas são fins de subsistência. São vários os produtos utilizados em
largas e o número de estômatos (poros por onde entra a sistemas agroflorestais, entre palmeiras (açaí, bacaba, pu-
luz para a fotossíntese) existem em número muito maior punha, babaçu e dendê), castanha-dobrasil, e várias frutas,
que as folhas daquelas espécies que recebem luz em abun- como cupuaçu, acerola, guaraná e banana. A introdução de
dância. espécies arbóreas e arbustivas para utilização madeireira e
E você já pensou em quantos organismos vivem nas para uso múltiplo também está sendo aproveitada nesses
árvores da floresta ou dependem de alguma maneira delas sistemas.
para viver? Um dos princípios que torna os Sistemas Agroflores-
Além da enorme diversidade vegetal, a fauna terres- tais eficientes em áreas de floresta é o da manutenção
tre arborícola, que vive nas árvores, e aquática é varia- dos processos de produção e decomposição de maté-
díssima, com inúmeros tipos de sagüis e macacos, pre- ria orgânica na floresta. Ou seja, estes sistemas mantêm
guiças, sapos e pererecas, peixes, répteis (cobras, lagar- a biomassa vegetal viva em quantidade semelhante a da
tos, jacarés, tartarugas) e mamíferos aquáticos, como o floresta e mantêm também os microorganismos que vivem
peixe-boi e o boto-cor-de-rosa. Contudo, eles não estão no solo fazendo a decomposição da matéria orgânica. Os
espalhados igualmente pela floresta e há muitas espécies microorganismos são essenciais para o meio ambiente e
que habitam territórios pequenos. Não é tão fácil vê-Ias, contribuem para a estabilidade de ecossistemas por serem
pois muitas têm hábitos noturnos, ficando escondidas e os principais agentes da ciclagem de nutrientes. O estudo
quietas durante o dia. dos microorganismos é de grande importância prática. O
A exuberância da floresta levou os primeiros visitan- entendimento de suas atividades em ambientes naturais é
tes europeus a crer que a Amazônia teria um solo muito extremamente importante para a agricultura e conservação
fértil, podendo ser o celeiro do mundo. A verdade é que no tocante ao aumento da produção de biomassa.
a agricultura e a pecuária são inadequadas à maior parte Já tivemos oportunidade de estudar neste caderno a
da região, pois a fertilidade do solo é mantida e aprovei- importância dos microorganismos, mas não é demais fa-
tada pela própria floresta. Em grande parte da Amazônia, zermos aqui uma rápida revisão. Os microrganismos são
os solos são pouco profundos e muito ricos em areia. Sem de grande importância também na indústria alimentícia
a proteção da mata, o esgotamento do solo é rápido, pois (iogurte, queijo, pão, vinagre, enzimas), alcooleira (bebidas
é levado pelas chuvas, restando um terreno arenoso muito e combustível), farmacêutica (antibióticos, hormônios, vita-
parecido com um deserto, ressecado pela grande insolação minas) e na de compostos orgânicos e pesticidas naturais.
da região. Outra aplicação do conhecimento sobre os microor-
Além disso, o desmatamento logo afeta as áreas vi- ganismos é na recuperação de áreas degradadas. Algumas
zinhas. As faixas desmatadas tornam-se barreiras para espécies de vegetais da Amazônia de rápido crescimento
os animais, levando ao aumento da sua competição pelo (chamadas de leguminosas) possuem em suas raízes as-
alimento e pelo abrigo nos locais preservados. Em conse- sociações específicas com bactérias e fungos que ajudam
qüência, diminuem suas populações. A degradação dos na fixação de nitrogênio no solo. Estas bactérias e fungos
terrenos à beira dos lagos e dos rios altera as condições aceleram o processo de liberação de nutrientes e por isso,
de reprodução da vida aquática e contribui também para a estas árvores leguminosas são muito utilizadas em fases
erosão dos terrenos nas margens e para o acúmulo de solo iniciais de reflorestamentos.
no fundo dos rios, ao que se dá o nome de assoreamento.

129
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A CONVIVÊNCIA ENTRE OS SERES VIVOS


Diante de tamanha diversidade os seres vivos dentro de cada ecossistema interagem com seres da mesma espécie
(população), ou com seres de espécies diferentes na comunidade onde vivem.

População – grupo de indivíduos da mesma espécie.

Comunidade – grupo de indivíduos de espécies diferentes.

Ecossistema – conjunto que engloba os fatores bióticos (seres vivos) e abióticos (não vivos) de um ambiente.

Já pensou na complexa rede de interações entre os organismos que vivem na floresta? As relações alimentares que os
seres vivos estabelecem entre si? Como uma planta obtém seu alimento por exemplo. Nós sabemos que ela faz fotossíntese
e usa os elementos do solo para produzir o seu próprio alimento. Por isso, são chamadas de produtores. Existe também
na floresta aqueles seres que se alimentam, consomem apenas plantas, são os animais herbívoros. Eles são considerados
consumidores primários ou de primeira ordem. Podem ser consideradas como exemplos as capivaras, os ratos, os
insetos, alguns macacos e pássaros que se alimentam somente de plantas. Há animais que se alimentam de outros ani-
mais são os casos de os sapos, os lagartos, alguns macacos e cobras, eles podem ser considerados então consumidores se-
cundários. No topo desta seqüência de seres vivos que se alimentam uns dos outros e que chamamos de cadeia alimentar,
estão os consumidores terciários (carnívoros): onças, gaviões e algumas corujas. Cada um desses níveis que mencionamos
é denominado nível trófico.

Figura 9.7 – Cadeia alimentar. Ilustração de Cecília Iwashita 73

Também podemos representar a cadeia alimentar da seguinte forma:

Planta → gafanhoto → sapo → cobra → coruja

Nesta representação podemos perceber que a direção das flechas indica o caminho percorrido pela energia de um
grupo de seres vivos a outro. A cadeia alimentar está mostrando que parte da energia química conseguida pelo vegetal
na fotossíntese foi transferida para os insetos, quando estes se alimentaram. Quando os sapos comem os insetos, parte da
energia química do corpo desses insetos é transferida para os sapos. Apenas uma parte da energia é transferida de um ser
vivo para outro, pois cada um deles gasta um pouco nas suas atividades vitais: respiração, reprodução, busca de alimento,
crescimento etc. De qualquer modo há sempre um aumento de matéria de um nível trófico para o seguinte.
Quando um ser vivo pode ser consumido por mais de um predador a cadeia alimentar apresenta uma bifurcação dan-
do origem à teia alimentar mostrada na figura 9.9 a seguir. Observe que a planta serve de alimento tanto para o pássaro,
quanto para a lagarta (os dois consumidores primários). Se o pássaro se alimentar da lagarta ele poderá ser considerado
um consumidor secundário.

73 “Ciencias da Natureza”, Antonio Lembo e Helvio Moises, 5ª serie, IBEP.

130
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

São relações harmônicas intra-específicas as que


ocorrem entre indivíduos da mesma espécie, não existindo
desvantagem nem benefício para nenhuma das espécies
consideradas. Podemos considerar como exemplos as co-
lônias e as sociedades.
a) Colônias - Agrupamento de indivíduos da mesma
espécie que revelam profundo grau de interdependência
Figura 9.8 – Esquema representativo de uma teia alimentar. e se mostram ligados uns aos outros, sendo-lhes impossí-
vel a vida quando isolados do conjunto, podendo ou não
Quando todos esses seres vivos morrem seus corpos ocorrer divisão do trabalho.
são decompostos e toda a sua matéria volta para o solo. As cracas, os corais e as esponjas vivem sempre em co-
Os responsáveis por essa decomposição são os fungos e lônias. Há colônias com divisão de trabalho. É o que pode-
as bactérias, eles são chamados, logicamente, de decom- mos observar com colônias de medusas de cnidários (cara-
positores. Você pode observar na figura 3.2 que além da velas): há alguns indivíduos especializados na reprodução e
reciclagem da matéria também há o retorno da energia ab- outros no deslocamento da colônia (que é esférica) na água.
sorvida pelos vegetais para o ambiente. b) Sociedades - As sociedades são agrupamentos de
indivíduos da mesma espécie que têm plena capacidade
de vida isolada mas preferem viver na coletividade. Os in-
divíduos de uma sociedade têm independência física uns
dos outros. Pode ocorre, entretanto, um certo grau de di-
ferenciação de formas entre eles e de divisão de trabalho,
como acontece com as formigas, as abelhas e os cupins.
Nos diversos insetos sociais a comunicação entre os dife-
rentes indivíduos é feita através de substâncias químicas
chamadas ferormônios. Eles são usados na demarcação de
territórios, atração sexual, transmissão de alarme, localiza-
ção de alimento e organização social.
A relação intra-específica desarmônica pode ser con-
siderada uma competição entre os indivíduos da mesma
espécie, quando concorrem pelos mesmos fatores am-
Figura 9.9 – Cadeia alimentar mostrando o fluxo de energia bientais, principalmente espaço, reprodução e alimen-
e aumento da matéria na seqüência de níveis tróficos. Ilus- to. Essa relação determina a densidade das populações
tração de Cecília Iwashita 74 envolvidas. O Canibalismo é um exemplo deste tipo de
relação. Canibal é o indivíduo que mata e come outro da
Em uma cadeia alimentar, os animais que matam ou- mesma espécie. Ocorre com escorpiões, aranhas, peixes,
tros para se alimentar são chamados de predadores e planárias, roedores, etc. Na espécie humana, quando exis-
aqueles que servem de alimento são as presas. te, recebe o nome de antropofagia (do grego anthropos,
Muitos desses animais desenvolveram mecanismos de homem; phagein, comer).
defesa durante a sua evolução para poderem escapar dos Quando as relações ocorrem entre organismos de es-
predadores. Eles possuem a cor do corpo ou textura da pécies diferentes, elas são chamadas de inter-especificas e
pele parecida com o ambiente onde vivem, deste modo também podem ser harmônicas ou desarmônicas.
eles ficam praticamente invisíveis no seu ambiente natural. As harmônicas Compreendem:
Este fenômeno é chamado de mimetismo. Por exemplo, a) Comensalismo - É uma associação em que uma das
existem espécies de mariposas e borboletas que possuem espécies — a comensal — é beneficiada, sem causar be-
manchas arredondadas nas asas. Quando suas asas estão nefício ou prejuízo ao outro. A rêmora é um peixe dotado
abertas as manchas se parecem com dois olhos, dando a de ventosa com a qual se prende ao ventre dos tubarões.
impressão de que o animal é muito maior do que é afugen- Juntamente com o peixe-piloto, que nada em cardumes ao
tando o predador. redor do tubarão, ela aproveita os restos alimentares que
Podemos classificar as relações entre seres vivos ini- caem na boca do seu grande “anfitrião”. A Entamoeba coli
cialmente em dois grupos: as intra-específicas, que ocor- é um protozoário comensal que vive no intestino humano,
rem entre seres da mesma espécie, e as interespecíficas, onde se nutre dos restos da digestão.
entre seres de espécies distintas. É comum diferenciar-se b) Epifitismo - É a associação em que apenas uma es-
as relações em harmônicas ou positivas e desarmônicas ou pécie se beneficia, procurando abrigo ou suporte no corpo
negativas. Nas harmônicas não há prejuízo para nenhuma de outra espécie (hospedeiro), sem prejudicá-lo. Já citamos
das partes associadas, e nas desarmônicas há. exemplos de plantas epífitas existentes nas florestas atlân-
tica e equatorial, lembra?
c) Mutualismo - Associação na qual duas espécies
envolvidas são beneficiadas, porém, cada espécie só con-
74 “Ciencias da Natureza”, Antonio Lembo e segue viver na presença da outra. Entre exemplos destaca-
Helvio Moises, 5ª serie, IBEP. remos.

131
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

• Liquens • Pássaro-palito e crocodilo


Os liquens constituem associações entre algas unicelu- O pássaro-palito penetra na boca dos crocodilos, nas
lares e ceros fungos. As algas sintetizam matéria orgânica margens do Nilo, alimentando-se de restos alimentares e
e fornecem aos fungos parte do alimento produzido. Esses, de vermes existentes na boca do réptil. A vantagem é mú-
por sua vez, retiram água e sais minerais do substrato, for- tua, porque, em troca do alimento, o pássaro livra os cro-
necendo-os às algas. Além disso, os fungos envolvem com codilos dos parasitas.
suas hifas o grupo de algas, protegendo-as contra desi- Obs.: A associação ecológica verificada entre o pássa-
dratação. ro-palito e o crocodilo africano é um exemplo de mutua-
• Cupins e protozoários lismo, quando se considera que o pássaro retira parasitas
Ao comerem madeira, os cupins obtêm grandes quan- da boca do réptil. Mas pode ser também descrita como
tidades de celulose, mas não conseguem produzir a celu- exemplo de comensalismo; nesse caso o pássaro atua reti-
lase, enzima capaz de digerir a celulose. Em seu intestino rando apenas restos alimentares que ficam situados entre
existem protozoários flagelados capazes de realizar essa os dentes do crocodilo.
digestão.Assim, os protozoários se valem em parte do ali- • Anu e gado
mento do inseto e este, por sua vez, se beneficia da ação O anu é uma ave que se alimenta de carrapatos exis-
dos protozoários. Nenhum deles, todavia, poderia viver tentes na pele do gado, capturando-os diretamente. Em
isoladamente. troca, o gado livra-se dos indesejáveis parasitas.
• Ruminates e microorganismos Relações interespecíficas desarmônicas entre espécies
Na pança ou rúmen dos ruminantes também se en- diferentes, em uma mesma comunidade, apresentam ni-
contram bactérias que promovem a digestão da celulose chos ecológicos (a forma como vivem no ambiente) iguais
ingerida com a folhagem. É um caso idêntico ao anterior. ou muito semelhantes, desencadeando um mecanismo de
• Bactérias e raízes de leguminosas disputa pelo mesmo recurso do meio, quando este não é
No ciclo do nitrogênio, bactérias do gênero Rhizobium suficiente para as duas populações.
produzem compostos nitrogenados que são assimilados Esse mecanismo pode determinar controle da densi-
pelas leguminosas, por sua vez, fornecem a essas bacté- dade das duas populações que estão interagindo, extinção
rias a matéria orgânica necessária ao desempenho de suas de uma delas ou, ainda, especialização do nicho ecológico.
a) Amensalismo ou Antibiose - Relação no qual uma
funções vitais.
espécie bloqueia o crescimento ou a reprodução de ou-
d) Protocooperação
tra espécie, denominada amensal, através da liberação de
Trata-se de uma associação bilateral, entre espécies di-
substâncias tóxicas. Exemplos:
ferentes, na qual ambas se beneficiam; contudo, ela não é
• Os fungos Penicillium notatum eliminam a penici-
obrigatória, podendo cada espécie viver isoladamente.
lina, antibiótico que impede que as bactérias se reprodu-
A atuação dos pássaros que promovem a dispersão
zam.
das plantas comendo-lhes os frutos e evacuando as suas
• As substâncias secretadas por dinoflagelados
sementes em local distante, bem como a ação de insetos
Gonyaulax, responsáveis pelo fenômeno “maré vermelha”,
que procuram o néctar das flores e contribuem involunta- podem determinar a morte da fauna marinha.
riamente para a polinização das plantas são consideradas • A secreção e eliminação de substâncias tóxicas pe-
exemplos de protocooperação. Como exemplos citaremos: las raízes de certas plantas impede o crescimento de outras
• Caramujo paguro e actínias espécies no local.
Também conhecido como bernardo-eremita, trata-se b) Parasitismo - O parasitismo é uma forma de rela-
de um crustáceo marinho que apresenta o abdômen longo ção desarmônica mais comum do que a antibiose. Ele ca-
e mole, desprotegido de exoesqueleto. A fim de proteger racteriza a espécie que se instala no corpo de outra, dela
o abdômen, o bernardo vive no interior de conchas vazias retirando matéria para a sua nutrição e causando-lhe, em
de caramujos. Sobre a concha aparecem actínias ou anê- conseqüência, danos cuja gravidade pode ser muito variá-
monas-do-mar (celenterados), animais portadores de ten- vel, desde pequenos distúrbios até a própria morte do indi-
táculos urticantes. Ao paguro, a actínia não causa qualquer víduo parasitado. Dá-se o nome de hospedeiro ao organis-
dano, pois se beneficia, sendo levada por ele aos locais mo que abriga o parasita. De um modo geral, a morte do
onde há alimento. Ele, por sua vez, também se beneficia hospedeiro não é conveniente ao parasita. Mas, a despeito
com a eficiente “proteção” que ela lhe dá. disso, muitas vezes ela ocorre.
c) Predatismo - Predador é o indivíduo que mata e
Exoesqueleto – Esqueleto que fica na parte externa devora outro, chamado presa, pertencente a espécie di-
do organismo vivo. Os insetos e crustáceos como ferente. Os predadores são geralmente maiores e menos
o camarão possuem exoesqueleto, são as cascas numerosos que suas presas, sendo exemplificadas pelos
existentes em volta do corpo. Ambos podem ser animais carnívoros.
classificados como artrópodes (animais com pernas As duas populações - de predadores e presas - geral-
articuladas). Outros exemplos de artrópodes são as mente não se extinguem e nem entram em superpopula-
aranhas, escorpiões e centopéias. ção, permanecendo em equilíbrio no ecossistema. Para a
espécie humana, o predatismo, como fator limitante do
crescimento populacional, tem efeito praticamente nulo.

132
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Algumas espécies se adaptam a condição de presas e ramos mais altos e dão origem a descendentes com pesco-
desenvolvem formas de sobreviver aos predadores são for- ços mais compridos). Este conceito errado (da herança dos
mas especiais de adaptações ao Predatismo: caracteres adquiridos) ficou conhecido como Lamarckismo,
• Mimetismo em honra de um dos seus principais proponentes, Jean
Mimetismo é uma forma de adaptação revelada por -Baptiste Lamarck (1744–1829). Contudo, a sugestão que
muitas espécies que se assemelham bastante a outras, dis- estruturas corporais usadas frequentemente tornam-se
so obtendo algumas vantagens. mais desenvolvidas, enquanto que estruturas não usadas
A cobra falsa-coral é confundida com a coral-verdadei- deterioram-se, não é suportada por qualquer evidência.
ra, muito temida, e, graças a isso, não é importunada pela A informação que faltava para explicar o surgimen-
maioria das outras espécies. Há mariposas que se asseme- to de novas características em descendentes foi forneci-
lham a vespas, e mariposas cujo colorido lembra a feição do pelo trabalho pioneiro em genética de Gregor Mendel
de uma coruja com olhos grandes e brilhantes. (1822–1884). As experiências de Mendel em cruzamentos
de ervilheiras demonstraram que a hereditariedade funcio-
A ORIGEM DA BIODIVERSIDADE na embaralhando e recombinando “fatores” (o que agora
Citamos nos textos até aqui a existência de uma infi- conhecemos como genes) durante a reprodução sexual. Os
nidade de seres vivos que vão de animais microscópicos genes são as unidades básicas de hereditariedade nos se-
a seres superiores como os mamíferos e o homem. Eles res vivos. Eles contêm a informação biológica que dirige o
podem conviver no mesmo ambiente como podem estar desenvolvimento físico e o comportamento do organismo.
isolados por centenas de quilômetros, mas terem muitas É este embaralhar do código genético que assegura que
características em comum. O Brasil tem emas e siriemas não há dois indivíduos que sejam cópias exatas um do ou-
vivendo livremente no cerrado, a África possui avestruzes. tro. A fusão da teoria de Darwin com a compreensão da
Ambas são aves rasteiras com os corpos pesados e maiores hereditariedade levou a uma compreensão clara dos me-
que as asas, por isso não voam. Por que aves com as mes- canismos que provocam evolução.
mas características foram parar em lugares tão distantes e
adquiriram formas cores próprias? ENCERRANDO
Desde a origem da vida, a evolução transformou a pri- Você deve ter percebido neste capitulo a diversida-
meira espécie (o ancestral comum de todos os seres vivos) de de conhecimentos necessários para entender o nosso
num enorme número de espécies diferentes. mundo.
A evolução ocorre através de mudanças nos genes, as Para manter nossa saúde são necessários conhecimen-
“instruções para “construir” os organismos. Quando um tos sobre seres microscópicos, métodos científicos e sobre
ser vivo se reproduz, pequenas mudanças aleatórias nos o corpo humano entre muitos outros.
seus genes fazem com que o seu descendente seja dife- Para manter o ambiente preservado para a gerações
rente dele próprio. Por vezes estas mudanças aumentam a futuras são necessários diversos equipamentos e conheci-
probabilidade de um descendente sobreviver o tempo su- mentos tecnológicos, como satélites para monitorar nos-
ficiente para se reproduzir; e assim, os genes responsáveis sas matas, aviões e automóveis para controlar os incêndios
por essa característica benéfica são transmitidos aos filhos, que a ameaçam e principalmente a ética, bom senso e ci-
tornando-se mais comuns na próxima geração. As mudan- dadania que você completa quando adquire todo o conhe-
ças que não ajudam os organismos, ao se reproduzirem, cimento discutido neste caderno.
poderão torná-los mais raros ou serão eventualmente eli- Esperamos ter ajudado nesse seu caminho para uma
minados da população. plena cidadania.
O aumento ou diminuição da abundância relativa de
um gene devida à sua aptidão é chamada de seleção natu- AGORA É A SUA VEZ!
ral. Através da seleção natural, populações de organismos
vão mudando lentamente ao longo do tempo à medida Atividade 1
que se vão adaptando a mudanças no seu ambiente. (ENCCEJA – 2002) O reflorestamento de interesse eco-
O mecanismo que levou a estas mudanças permane- nômico com uma única espécie vegetal está sendo aper-
ceu pouco claro até à publicação do livro A Origem das feiçoado pela utilização de clones (mudas geneticamente
Espécies em 1859 por Charles Darwin (1809–1882), deta- idênticas). Sendo obtidos de uma única árvore-mãe, os clo-
lhando a teoria da evolução por seleção natural. O trabalho nes são vantajosos pois:
de Darwin levou rapidamente à aceitação da evolução pela (A) garantem a variabilidade e aumentam as chances
comunidade científica. de sobrevivência da espécie.
Essa teoria lançou a fundação para a teoria evolutiva (B) são mais resistentes às pragas que atacam as árvo-
moderna. No entanto, faltava uma explicação adequada res adultas da espécie.
para a fonte de variação nas populações. Como muitos dos (C) possuem características previamente definidas.
seus antecessores, Darwin deduziu incorretamente que as (D) garantem a biodiversidade.
características hereditárias eram produto do ambiente, as-
sumindo que as características adquiridas durante a vida
de um organismo podem ser passadas à descendência
(por exemplo, girafas esticam-se para alcançar folhas nos

133
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 2
(ENCCEJA – 2005) Existem várias ameaças à biodiversidade da floresta amazônica, como a expansão das grandes
plantações de soja do sul do Pará, a extração indiscriminada de madeira e o crescimento da população. Dentre as opções
abaixo, a que apresenta a melhor proposta diante de uma utilização auto-sustentável da biodiversidade é
(A) transferir a comunidade local para uma área maior para que a floresta se desenvolva naturalmente, sem confronto.
(B) delimitar e conservar a floresta em uma determinada área para que não acabe.
(C) utilizar alternativas para que a população use os recursos da floresta de forma equilibrada.
(D) delimitar o espaço para plantações e a moradia da população.

Atividade 3
(ENCCEJA – 2005) Nos Estados do Tocantins e do Maranhão, a taxa do desmatamento chegou a 68,3% em 2000 (WWF
-Brasil). A supressão da floresta pode causar desequilíbrios entre populações de presas e predadores.
O gráfico relaciona o crescimento populacional de uma espécie de presa e de predador em um determinado sistema.

Analisando o gráfico, elaboram-se as seguintes afirmações:


I - Presa e predador viviam em equilíbrio antes do desmatamento.
II - Após o desmatamento, a presa aumentou a capacidade de fugir do predador.
III - O predador se tornou mais eficiente após o desmatamento.
IV - A população de predadores foi extinta após o desmatamento.
Assinale a opção que contenha as proposições corretas.
(A) II e IV.
(B) I e IV.
(C) II e III.
(D) I e III.

Atividade 4
(ENCCEJA – 2005)

GENANDSZNAJDER, do 2ª ed. Ciências - O planeta terra.


Analisando o quadrinho e as relações existentes entre os animais, podemos afirmar que entre a ave e o mamífero há
uma relação de:
(A) parasitismo.
(B) predatismo.
(C) mutualismo.
(D) comensalismo.

134
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 5
(ENCCEJA – 2002) A principal praga da lavoura de milho no Brasil é a lagarta-do-cartucho, que causa os maiores estragos
logo nos trinta dias após a plantação e segue causando mais prejuízos durante todo o desenvolvimento do milho. Em geral, a
lagarta-do-cartucho é combatida com grandes quantidades de inseticidas. Nos últimos anos, os inseticidas vêm sendo substi-
tuídos, com muito sucesso, por lotes de joaninhas, marimbondos ou microvespas, criados em laboratórios. Soltos nos milharais,
esses animais atacam as lagartas nos primeiros dias após a eclosão dos ovos, matando-as.
Sobre esse método alternativo de combate às pragas da lavoura, foram feitos os seguintes comentários:
I. além de garantir a produção do milho, o método não produz poluição ambiental;
II. os animais introduzidos podem fugir ao controle dos agricultores e causar futuramente prejuízos até então desconhe-
cidos;
III. o método reduz em muito a produção do milho, pois os inseticidas, além de matar as lagartas, funcionam como fertilizantes.
Com base no que se sabe hoje sobre o assunto, é correto o que se afirma apenas em
(A) I.
(B) II.
(C) I e II.
(D) II e III.

Atividade 6
(ENCCEJA – 2002) Na escolha de vegetais para cultivo, é preciso pensar não apenas nas vantagens econômicas. Culturas
adequadas ao tipo de solo e outros fatores do ambiente são propícios à sua conservação e, portanto, representam a manuten-
ção do patrimônio dos agricultores.
Considere o cultivo de:
I. eucalipto, árvore que exige água abundante;
II. leguminosas, que ajudam a fertilidade do solo;
III. palma e milheto, resistentes à seca, a primeira, para alimentação do gado, e a segunda, para extração de óleo.
Um pequeno agricultor, em área de caatinga, deveria plantar, de preferência,
(A) palma e milheto, apenas.
(B) leguminosas, palma e milheto.
(C) eucalipto e leguminosas.
(D) eucalipto, apenas.

Atividade 7
(ENCCEJA – 2002) O cerrado brasileiro apresenta uma cobertura vegetal de arbustos com raízes superficiais e árvores
dispersas com raízes profundas. No período de seca, os arbustos secam e muitas vezes pegam fogo, enquanto as árvores não
secam e até produzem flores e frutos.
Uma explicação para esse fato é que
(A) as árvores consomem toda a água disponível nesse período, não deixando nada para os arbustos.
(B) a superfície do solo fica seca e as raízes profundas das árvores buscam água nos rios subterrâneos.
(C) as árvores do cerrado não precisam de água para produzir flores e frutos.
(D) o fogo atinge a parte rasteira da vegetação, mas não queima as árvores.

Atividade 8
(ENCCEJA – 2002) O esquema abaixo representa as relações alimentares observadas numa área doPantanal mato-gros-
sense.

135
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Selecione a melhor descrição das relações alimentares PRA FIM DE PAPO!


esquematizadas.
(A) Plantas aquáticas servem de alimento para lamba- Este capítulo abordou as seguintes habilidades:
ris, pacus e capivaras. Piranhas alimentam-se de lambaris
e pacus. Já as ariranhas alimentam-se de pacus e piranhas. • Identificar e descrever diferentes representações
(B) Plantas aquáticas servem de alimento para lambaris, de fenômenos biológicos a partir de textos e imagens.
ariranhas e pacus. As capivaras sobrevivem alimentando-se • Associar características gerais e adaptações dos
de ariranhas, lambaris, pacus e plantas aquáticas. grandes grupos de animais e plantas com o seu modo de
(C) Os lambaris, os pacus e as capivaras são herbívoros. vida e seus limites de distribuição nos diferentes ambien-
As ariranhas se alimentam de vegetais e piranhas que, por tes, em especial nos ambientes brasileiros.
sua vez, se alimentam de lambaris e pacus. • Comparar argumentos em debate, ao longo do
(D) Plantas aquáticas servem de alimento para lambaris tempo, sobre a evolução dos seres vivos.
e ariranhas. Já os lambaris, pacus e capivaras se alimentam • Avaliar propostas de alcance individual ou coleti-
de piranhas e ariranhas. vo, identificando aquelas que visam à preservação e à im-
plementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.
Atividade 9
(ENCEEJA 2006) A Lei de Gestão de Florestas Públicas, Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-
de 2 de março de 2006, estabelece as regras para o uso de um pouco mais, você esta construindo um processo de
sustentável de florestas públicas nacionais. Entre os prin- aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!
cípios que ela adota, estão a proteção dos ecossistemas
e o estabelecimento de atividades que promovam o uso
racional das florestas. Para atender a esses princípios, uma
madeireira instalada na Amazônia deve:
(A) explorar primeiro as terras em volta das nascentes
dos rios.
(B) abrir caminhos largos na floresta e remover grande
número de árvores cortadas.
(C) cortar todas as árvores existentes em uma área an-
tes de iniciar a exploração de outra.
(D) manter pelo menos 20% das árvores adultas como
matrizes de sementes para novas plantações.

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!


1-C
2-C
3-C
4-C
5-C
6-B
7-B
8-A
9-D

136
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

137
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

138
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

139
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

140
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

141
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

142
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

143
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

EXAME NACIONAL PARA CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS


DE JOVENS E ADULTOS (ENCCEJA )

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

GABARITO OFICIAL

01 - C 02 - C 03 - C
04 - B 05 - B 06 - A
07 - C 08 - D 09 - C
10 - C 11 - A 12 - C
13 - A 14 - A 15 - A
16 - A 17 - C 18 - C
19 - A 20 - C 21 - B
22 - A 23 - C 24 - C
25 - B 26 - B 27 - A
28 - D 29 - A 30 - A

144
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

145
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

146
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

147
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

148
INTRODUÇÃO

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Ciências Humanas e suas
tecnologias que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:

1. Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.

2. Compreender a gênese e a transformação das diferentes organizações territoriais e os múltiplos fatores que
neles intervêm, como produto das relações de poder.

3. Compreender o desenvolvimento da sociedade como processo de ocupação de espaços físicos e as relações


da vida humana com a paisagem.

4. Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as
às práticas de diferentes grupos e atores sociais.

5. Compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação cons-


ciente do indivíduo na sociedade.

6. Perceber-se integrante e agente transformador do espaço geográfico, identificando seus elementos e inte-
rações.

7. Entender o impacto das técnicas e tecnologias associadas aos processos de produção, ao desenvolvimento
do conhecimento e à vida social.

8. Entender a importância das tecnologias contemporâneas de comunicação e informação e seu impacto na


organização do trabalho e da vida pessoal e social.

9. Confrontar proposições a partir de situações históricas diferenciadas no tempo e no espaço e indagar sobre
processos de transformações políticas, econômicas e sociais.

Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência
tema do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que
possa praticar seu conhecimento.
As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode
compreender as habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE

Capítulo 1
HISTÓRIA, MEMÓRIA E CULTURA................................................................................................................................................................................01
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori

Capítulo 2
AS TRANSFORMAÇÕES DO TRABALHO HUMANO.............................................................................................................................................16
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori

Capítulo 3
MODOS DE VER A PRODUÇÃO NO BRASI..............................................................................................................................................................27
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori

Capítulo 4
ADMINISTRANDO CONFLITOS: O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS...........................................................................38
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori

Capítulo 5
DEMOCRACIA E CIDADANIA..........................................................................................................................................................................................51
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori

Capítulo 6
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE..................................................................................................................................................................61
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori

Capítulo 7
INFLUÊNCIA DA TÉCNICA E DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE.....................................................................................................................72
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori

Capítulo 8
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS............................................................................................................................................................................................85
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori

Capítulo 9
DIFERENTES REPRESENTAÇÕES PARA UMA MESMA HISTÓRIA....................................................................................................................94
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 1
HISTÓRIA, MEMÓRIA E CULTURA.

COMPREENDER OS ELEMENTOS CULTURAIS QUE CONSTITUEM AS IDENTIDADES.

HISTÓRIA

A História é uma ciência que não se resume apenas ao estudo do passado. É uma das áreas do conhecimento que bus-
ca entender o Homem, como agente e construtor da sua historicidade, as relações estabelecidas por ele na sociedade e
suas manifestações culturais. É na verdade a totalidade das ações humanas do passado e do presente. Pode ser entendida
basicamente de três formas: como relato narrado, isto é, os fatos contados por alguém que vivenciou o momento; como
conjunto de ações e fatos ocorridos na vida dos seres humanos, ou como estudo dos fatos e ações humanas.
Dependendo do ponto de vista que se tem sobre as manifestações humanas, a interpretação dos movimentos sociais,
passam a ter um significado. Por isso, um mesmo fato ou acontecimento histórico pode ter interpretações diferentes, difi-
cultando a imparcialidade dos indivíduos que tendem a aceitar como verdadeiras as ações ou fatos que estejam próximos
a sua realidade. Ou seja, um mesmo fato pode ter interpretações diferentes, vejamos, por exemplo, a pintura de Victor
Meirelles, que retrata a Primeira Missa no Brasil em 26 de abril de 1500, no litoral sul da Bahia.

Reprodução

Como se sabe, as imagens não representam a realidade, mas foram muito utilizadas para demonstrar a fácil conversão
indígena ao catolicismo. Trata-se de um documento histórico muito importante, pois Victor Meirelles nasceu em 1832 em
Florianópolis, Santa Catarina, portanto para produzir essa obra teve de utilizar registros da época, dentre eles as cartas de
Pero Vaz de Caminha, que fazia parte da tripulação de Pedro Alvares Cabral, ao Rei de Portugal. Sua pintura representa
o ideário europeu da época dos grandes descobrimentos em relação aos povos que já habitavam a região, conforme a
trecho da carta de Caminha:
“E quando veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles (os índios) se levantaram
conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado: e então tornaram-se a assentar como nós... e em tal maneira
sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção.” - Carta de Caminha a El-Rei, 1º de maio de 1500.

1
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Portanto, o conhecimento das relações entre portugueses e indígenas tinham como base os documentos oficiais por-
tugueses. Com o passar do tempo novas interpretações sobre esse mesmo fato passaram a surgir através dos vestígios
deixados pelos indígenas que habitavam o litoral brasileiro em 1500, possibilitando um olhar diferenciado sobre o contato
entre essas duas civilizações, indígena e européia, tão distantes. Percebe-se então que, o estudo da História possibilita
perceber a pluralidade cultural humana através de documentos, registros e outras pistas - vestígios - deixadas pelas pes-
soas que viveram em outras épocas. São Fontes Históricas que estão presentes até hoje, e que permitem conhecer o que
foi produzido ou modificado pela humanidade, ao mesmo tempo, que resgata a memória e preserva a cultura.

Reconstrução do Crânio de Luzia apresenta a provável feição


de um dos fósseis humanos mais antigos do Continente
Americano, datado de mais ou menos 11.500 anos, foi
Fontes Históricas encontrado em 1975 numa caverna do Estado de Minas
Vestígios do passado que foram produzidos Gerais. Outras descobertas, como as pinturas rupestres
pelo Homem e que existem ainda no presente encontradas no Estado do Piauí, no Parque Nacional da
revelando muito sobre uma sociedade. Serra da Capivara (será discutido mais para frente) e os
Uma escultura, ou uma ossada ou mesmo, Sambaquis na Ilha de Piacaguera em Paranaguá, litoral
inscrições em paredes podem apresentar do Paraná, são fontes históricas que demonstram não só
característica singulares de uma sociedade. a diversidade de materiais pré-históricos no Brasil, como
também a existência de habitantes nessas regiões anterior
a chegada dos portugueses, portanto construtores de uma
História Brasileira legítima e única. Resgatar a pré-história
brasileira possibilita compreender melhor os movimentos que
levaram a construção da sociedade, do passado indígena e
da identidade brasileira, independente da História européia.

Fonte www.versus.ufrj.br Fonte http://www.infoescola.


com/Modules/Articles/Images/18-aaf454fdff.jpg Fonte: http://
www.ilhadocaju.com.br/pagina%20PT/noticias/pintura.jpg

Todas as pessoas são agentes e construtoras das suas histórias de vida, o que as tornam únicas. Ao resgatá-las e con-
tá-las apóiam-se nas vivências, sentimentos e relacionamentos estabelecidos na sociedade a que pertencem. Buscam na
memória os fatos passados para apresentar sua história e a partir desse resgate, preservar características culturais que sem-
pre estiveram presentes em suas lembranças. Por sermos seres humanos temos muitas coisas comuns, porém pela própria
realidade de vida de cada um, língua, espaço físico e crenças o que prevalece é a diversidade.
Entender essa diversidade, o que existe em comum ou não entre os povos, como o Homem se relaciona e quais os
fenômenos culturais humanos é um dos objetivos das ciências humanas em geral. Parte desse estudo cabe ao historiador
que busca entender o Homem, suas relações sociais, culturais e suas mudanças ou permanências, em diversos lugares do
mundo e nos mais variados tempos.
O tempo, então, devido à possibilidade de estabelecer relações entre o passado, o presente e o futuro, passa a ser a
matéria prima do historiador, e as relações humanas um dos principais objetos de estudo.

2
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

“seja qual for nosso Em 1845 o imperador brasileiro, D. Pedro II, decretou que o contato com
conceito de História e os índios no Brasil deveria ocorrer pela catequese e pela civilização, por
tempo, não podemos serem eles considerados selvagens aos olhos do colonizador. A partir de
esquecer o problema de 1988, o Artigo 231, da constituição Brasileira assegurou aos índios alguns
que o tempo não é somente direitos, dentre eles: o direito de terem seus costumes, língua, crenças,
sua medida, senão que tradições, organização social e direitos sobre a terra.
é parte intrínseca da vida Nota Pública sobre caso de tortura a indígenas tupinambá
humana, de maneira que o 22 de junho de 2009.
tempo histórico é também No dia 19 de junho de 2009, a Folha de São Paulo noticiou o caso de
seu conteúdo. A atividade tortura, praticado por agentes da Polícia Federal, nos cinco indígenas
humana transforma o Tupinambá que tradicionalmente ocupam suas terras localizadas nos
tempo e fá-lo humano. municípios de Buerarema, Una e Ilhéus, no sul do estado da Bahia.
Nesse sentido a linha do Este não é um caso isolado. Em outubro de 2008, essa mesma comunidade
tempo estabelece a relação Tupinambá foi violentamente atacada pela Polícia Federal, o que causou
entre o tempo e seus indignação na sociedade nacional e motivou, inclusive, uma campanha da
conteúdos”. Anistia Internacional. Infelizmente não há notícia de que qualquer agente
- Huerta - da PF tenha sido responsabilizado pelos excessos e pelas ilegalidades
dos atos cometidos naquela ocasião. Em decorrência disso, criou-se
um clima de impunidade, o que resultou neste crime hediondo agora
divulgado.
(retirado do site oficial: /www.direitos.org.br)

Apesar de todas as sociedades terem uma forma de marcar e contar o tempo, não o fazem da mesma maneira. A ci-
vilização Maia, por exemplo, contavam o tempo de acordo com a posição dos astros – estrelas e planetas - no céu. Assim,
marcavam as estações do ano e o melhor período para plantio. O tempo da natureza foi utilizado por muitas sociedades
nos primeiros tempos de existência da humanidade.
Atualmente, no Brasil, mantém-se o calendário Gregoriano, feito pelo Papa Gregório XIII (1502 – 1585), baseado entre
outras coisas no nascimento de Cristo, daí a própria nomenclatura a.C., para fatos anteriores ao nascimento de Cristo dado
como ano zero, e d. C. para fatos posteriores ao nascimento de Cristo. Esse modelo de construção temporal convencionou
a classificação da História em períodos determinados por marcos históricos considerados relevantes para a mudança da
humanidade: Pré-História, História Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. Hoje, após vários debates essa periodi-
zação modificou-se muito, pois nem todas as civilizações passaram pelos mesmos acontecimentos, ao mesmo tempo, que
justificassem a mesma divisão. Se para a França, a Revolução Francesa de 1789 modificou profundamente a estrutura polí-
tica européia a partir do momento que propunha o fim da Monarquia, no Brasil a transição da Monarquia para a República
só ocorreu em 1889.

MEMÓRIA
A busca pelo passado faz com que a memória seja resgatada e possibilita a preservação da cultura, dos patrimônios
e da identidade da sociedade. Através da memória individual ou coletiva temos conhecimento do nosso meio cotidiano,
práticas e gestos, assim, podemos fazer associações com as situações do passado, dar sentido ao conjunto das nossas ex-
periências adquiridas e principalmente, ter consciência do papel que exercemos no mundo que nos cerca.

Vila Rica, início do século XIX, aquarela sobre lápis de Thomas Ender

3
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Vila Rica

Fonte: www.skyscrapercity.com

Minas Gerais é um dos Estados brasileiros que permite resgatar grande parte do passado colonial, escravocrata e
religioso brasileiro. Observando as imagens anteriores podemos notar, perfeitamente, as mudanças estruturais do seu
território. Por outro lado, se buscarmos sua História, entenderemos também a estrutura social que se formou com a desco-
berta das primeiras pedras de ouro, entre 1693-1698, os interesses econômicos e, principalmente, os conflitos sociais com
sua descoberta. O resgate à memória dessa região auxilia o historiador a entender os movimentos que possibilitaram sua
construção social e cultural abrindo espaço para uma investigação documental mais detalhada.
A História trabalha junto com a memória, porém o que a torna rigorosa e investigativa é a maneira como interpreta
e analisa o conteúdo das “memórias”. Quando se trata de recolher as lembranças das pessoas, é preciso separar o fato
ocorrido do imaginário individual ou coletivo, identificar as distorções, analisar as versões e confrontar com os documentos
existentes. Nesse momento, a História assume uma postura investigativa e assume seu caráter científico.

CULTURA
Cultura diz respeito a padrões de comportamento assumidos por uma determinada sociedade ou grupo social espe-
cífico, é algo que se constrói com o convívio e o relacionamento entre os indivíduos que partilham do mesmo meio, das
mesmas crenças e valores. É transmitida por meio da aprendizagem e independe do grau de escolaridade. Uma dança, uma
música, um esporte, uma comida típica são exemplos de manifestações culturais e auxiliam na construção da identidade
de muitas culturas.
Por muito tempo era comum acreditar que havia culturas superiores ou inferiores, como se houvesse algum método de
classificação para o desenvolvimento cultural dos povos. No caso brasileiro, essa percepção mostrou-se bem verdadeira,
durante o processo de colonização. Por muito tempo foi aceita a idéia de que os índios tivessem tido participação inexpres-
siva na construção da identidade nacional. Eram vistos como coadjuvantes da nossa história e dependentes dos estímulos
externos dos europeus para se manifestarem. Sua participação limitava-se aos interesses dos colonizadores prevalecendo
sempre a relação de dominação.
Em geral, quando os índios eram citados na História mostrava-se os momentos de confronto, quando suas comunida-
des pretendiam negar uma situação de subserviência (submissão), o que era encerrado com guerras em que saíam sempre
derrotados, possibilitando cada vez mais a ocupação territorial do território que lhes pertencia. Sem possibilidade de re-
sistência passavam por um processo de aculturação que lhes retirava a identidade, a cultura e, nos casos mais extremos, a
extinção étnica, isto é, a extinção de seus povos. Tudo em nome da chamada, “civilização”.
Hoje, busca-se demonstrar que não há culturas “superiores” nem “inferiores”, mas que o mundo é composto por
diversidades culturais que o tornam extremamente rico. A tendência é o estudo comparativo na tentativa de estabelecer
semelhanças e diferenças entre os variados padrões culturais. Não se pode negar a influência indígena na construção cul-
tural brasileira, nem tão pouco a africana, mesmo que reduzidos a condição de escravidão esses povos foram capazes de
reconstruir significados e fortalecer sua identidade. Não se pode também exaltar a européia, pois todas tiveram sua parte
na construção sócio-cultural brasileira e muitas permanecem até hoje em dia.

4
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Arte Indígena.
Urna Funerária Marajoara.
A Ilha de Marajó foi habitada por vários
povos desde, provavelmente, 1100 a.C.
Os povos que viviam nessa região foram
divididos em 5 fases arqueológicas. A
fase Marajoara é a quarta na sequência
da ocupação da ilha e que apresenta as
criações mais interessantes.

Painel de azulejo português na Igreja do


Colégio de Santo Antônio em Belém do Pará.
A temática é voltada para o episódio da vida
de Santo Antônio e São Francisco
www.ceramicanorio.com

Johan Moritz Rugendas, pintor alemão de cenas


brasileiras, chegou ao Brasil em 1858 a fim de
coletar material para pinturas e desenhos sobre
o cotidiano brasileiro.

Fonte: www.diaadia.pr.gov.br

A INFLUÊNCIA DO MEIO AMBIENTE


A ocupação territorial no Brasil é um processo que ainda ocorre atualmente, em determinadas áreas. Desde a descober-
ta, o Brasil tem uma constante, que é o desmatamento de áreas verdes para a ocupação da atividade econômica humana.
As capitanias hereditárias, o plantio de cana-de-açúcar, os quilombos, os bandeirantes, a descoberta de ouro, diaman-
te, a guerra contra o Paraguai, as expansões das cidades, da pecuária e da agricultura são os principais fatores que contri-
buíram na ocupação do território brasileiro, durante mais de cinco séculos.
É evidente que, em muitos lugares, alguma coisa teve que dar o seu lugar para que os fatores apontados anteriormente
pudessem ocorrer. O desmatamento, é um dos fatores envolvidos. Junto ao desmatamento, temos a perda da fauna e flora
deste local, sendo que tais fatos são difíceis de dimensionar. Há, também, a questão da população nativa, os índios, que
foram catequizados ou escravizados, sendo expulsos de seus territórios originais e, muitas vezes, submetidos à maneira de
viver dos seus colonizadores.

5
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

O relevo corresponde às formas assumidas pelo terreno (planícies,


planaltos, depressões, etc.) após serem moldadas pela atuação de
agentes internos e externos sobre a crosta terrestre. Os agentes
internos são as forças tectônicas (terremotos e vulcanismo). Os
agentes externos são: as chuvas, ventos, rios, gelo, etc., que
alteram o terreno, durante milhões de anos de influência naquela
região, já alterada pelos agentes internos.

Existe um importante fator para a ocupação do território brasileiro. Estamos falando do relevo da região para onde os
colonizadores iam e, posteriormente, os brasileiros vão.
Mas por que o relevo é um fator importante? Sua importância reside em alguns fatores chaves para o explorador do
século XVI e, também, ao empresário do século XXI. O explorador, na figura dos bandeirantes, precisava ficar próximo a rios
para manter suas explorações, por causa da água potável, transporte e alimentação.
A formação do rio, desde a sua nascente, seu percurso e a sua foz (quando chega a um lago e/ou oceano) é determi-
nada pelo relevo. As nascentes de rios são, em sua maioria, formadas em topos de montanha com muita vegetação.
Já o empresário pode, em função dos conhecimentos atuais, determinar se uma área tem ou não possibilidade de
conter recursos naturais, como ferro, petróleo, bauxita e outros. Ao pesquisar uma região, ele pode descobrir qual é a sua
formação geológica, ou seja, determinar se pode ou não existir aquele recurso que procura. Diante destas colocações, po-
demos deduzir que existem diversos tipos de relevos, e por conta disto uma classificação foi feita.
No Brasil, temos a classificação por cotas altimétricas, ou seja, o tipo de relevo estava relacionado com a altitude no qual
estava localizada, que foi criada pelo Prof. Aroldo de Azevedo e, levemente alterada por seu discípulo, o Prof. Aziz Ab’Sáber. Isso
aconteceu durante as décadas de 40 e 50. A última proposta de alteração da classificação do relevo brasileiro ocorreu em 1995,
onde o Prof. Jurandyr L. S. Ross parte da análise de imagens de radar obtidas no período de 1970 a 1985 pelo projeto Radam Brasil.
Os próximos quadros mostrarão a classificação do Relevo Brasileiro, proposta pelos três professores já mencionados.
Veremos que é possível notar a evolução da compreensão territorial nas três análises, porém o que é importante observar
é que o relevo brasileiro tem uma formação muito antiga e desgastada. Isso é resultado da falta de atividades recentes do
agente interno (forças tectônicas) em eras geológicas, e dos ciclos climáticos (erosão através dos agentes externos, como
a chuva, o vento, o sol e outros).

Aroldo de Azevedo: É a primeira Aziz Ab’Sáber: A segunda classificação,


classificação feita do relevo brasileiro, nele, o onde passou a se considerar planalto como
planalto é um terreno levemente acidentado, uma área, mais ou menos plana, onde
com mais de 200 metros de altitude. A os processos de erosão – destruição do
Planície tem uma superfície plana, com solo - (agentes externos) superam os de
altitude inferior a 200 metros. sedimentação. E planície o contrário, a
sedimentação supera a erosão.

6
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Antes do último quadro, do Prof. Jurandyr Ross, temos que entender o que é terreno sedimentar e terreno cristalino,
conforme a classificação feita pelo Prof. Aziz Ab’Saber. Nesta classificação, há uma distinção de planície e planalto por
meios dos processos de erosão, sendo que na planície, houve maior acúmulo de sedimentação, enquanto o planalto só
ocorreu a erosão. Assim, o terreno sedimentar fora formado, ao longo de milhões de anos, através do acúmulo de resí-
duos (partículas minerais) do processo de erosão, em depressões. Junta-se, também, matéria orgânica (plantas e animais)
em decomposição nesta formação. Já o terreno cristalino, foi formado através das ações dos agentes internos (as forças
tectônicas, vulcanismo e terremotos) que já sofreram as ações dos agentes externos, tendo assim, sua configuração original
alterada. São terrenos que formam as cadeias de montanhas, onde há uma altitude média superior a 400m.

Jurandyr L.S. Ross: É a mais complexa das análises de relevo brasileiro. Ele levou em conta as classificações
anteriores e, através de imagens de radar obtidas pelo Projeto Radam Brasil, pode levar em consideração
outros fatores para a nova classificação. Os fatores são: estrutura geológica (a formação e os solos presentes),
o clima e a ação dos agentes externos (erosão) na formação dos meios ambientes de cada área.

7
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Esta formação antiga é observada através das baixas altitudes encontradas por todo território brasileiro. Sinal de pouca
atividade interna, ou seja, não há encontros de placas tectônicas, que ocasionam terremotos e cria novas e altas cadeias de
montanhas, como a Cordilheira dos Andes. Cordilheira é uma cadeia de montanhas, como podemos ver na figura ao lado.
A parte próxima a costa é o caminho que esta cordilheira percorre. O relevo pode ajudar na determinação dos limites físicos
dos municípios, estados e países. Especialmente rios, pois eles se tornam numa barreira natural à ocupação humana. Os
países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) estão delimitados através da Bacia Platina.
Porém, isto não é uma regra. Muito da divisão política interna brasileira vêm da época da colonização, com a desco-
berta e a implantação das capitanias hereditárias. Na época, o conhecimento do relevo brasileiro era precário e as divisões
foram feitas através dos interesses da Coroa Portuguesa para incentivar a colonização e exploração econômica de seu novo
território.

Fonte: http://thewrittenworld.files.wordpress.com/2008/06/nasa_anden.jpg

Cordilheira dos Andes

Mas o que seria uma divisão política? Esta divisão política se dá em duas esferas. A primeira seria a esfera internacional,
onde em um determinado território, há a presença de um povo que divide certos fatores culturais em comum, como língua,
costumes, origens, apoiadas pela história de formação de seu país (importantes marcos, como a sua independência, heróis
e guerras) e outros. Esta seria a divisão política internacional e o Brasil localiza-se no continente sul-americano.
A outra esfera seria a nacional, ou seja, a organização política dentro de um país. Neste caso, há grandes variações de
organização de país para país. Neste caso, o Brasil está organizado através de estados que são, em alguns casos, as antigas
capitanias hereditárias (figura ao lado).
Porém, com a expansão territorial e a independência brasileira, a divisão política apresentou outros fatores e interesses.
Isto levou a uma nova configuração da divisão política, com 26 estados e o distrito federal. Este é o formato atual, alcançado
através da Constituição de 1988, que determinou a criação do estado de Tocantins.

Retirado e adaptado de: http://pt.wikipedia.


org/wiki/Ficheiro: Americas_ (orthographic_ Você consegue identificar onde estão os
projection).svg estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro?
Mostra a divisão política do Continente As linhas brancas por trás das ilustrações
Americano. representam os estados atuais brasileiros.

Pela próxima imagem, você poderá ver o mapa da divisão política atual dos estados brasileiros, inclusive, as principais
cidades em cada estado. Desta forma, esperamos que possa comparar com a figura anterior e verificar a influência da
presença das capitanias com as atuais divisões políticas dos estados. Não se esqueça que houve a expansão territorial que
trouxe novos territórios para o Brasil, o que levou a criação de novos estados, além da limitação anterior.

8
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Perceba, ainda, que dentro dos estados há uma divisão menor, porém é aquela com a qual você pode se relacionar
mais. Esta divisão são os municípios. Sua formação também é variada, muitas vezes foi criado para servir de entreposto para
os viajantes ou por determinação política, como foi o caso de Brasília. Há, também, casos de municípios criados para dar
suporte a uma determinada empresa, que está explorando os recursos naturais de uma região.
Com isso, o Brasil possui 5 grandes regiões, sendo elas: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Elas são divididas
através dos aspectos naturais presentes pelo território, proposto pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
como clima, relevo, vegetação e hidrografia (com exceção do Sudeste, em virtude de seu desenvolvimento industrial e
urbano, aspectos da ação humana). Veja, a seguir, um mapa com a divisões por região do Brasil e compare com o mapa
anterior para identificar os Estados de cada região.

9
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Fonte: http://www.mochileiro.tur.br/
Contudo, para explorar estes recursos naturais, as empresas interessadas precisam seguir determinações que visam
diminuir o impacto negativo de suas atividades no meio-ambiente. Este é o caso do município de São João do Piauí, no
Estado do Piauí.
Neste município, foi encontrada a segunda maior reserva de níquel do Brasil. Este é um minério com alto valor comer-
cial e que irá atrair, o quanto antes, empresas interessadas em explorá-lo. Além disso, parte deste município está no Parque
Nacional Serra da Capivara (ver o próximo quadro). Isso é uma ótima oportunidade para conciliar dois importantes fatores:
o desenvolvimento econômico daquela região, com a preservação de um Patrimônio Cultural da Humanidade.

Fotos do Parque Nacional da Serra da Capivara. Neste lugar é onde se encontra o mais importante sítio
arqueológico brasileiro. Já foram encontrados esqueletos humanos, pinturas rupestres e cerâmicas
(de mais de 8.960 anos). Os estudos indicam presença de um denso povoamento pré-histórico. Por
estes motivos, a UNESCO (sigla em inglês para Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura) atestou que este Parque faz parte do Patrimônio Cultural da Humanidade.
Atualmente, o Parque implementou um projeto para o desenvolvimento econômico e social, que visa
educar e preparar as comunidades carentes próximas, para atuar no mercado de trabalho que o
próprio Parque oferecerá, como obras de infra-estrutura, manejo adequado e turismo ecológico e
cultural.
Para maiores informações, acessar os sites: http://www.fumdham.org.br/ e http://360graus.terra.com.
br/ecoturismo/default.asp?did=6650&action=reportagem.

10
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

No caso do Piauí, este empenho ajuda a melhorar o seu desempenho frente a outros estados. Conforme o ranking do
IDH dos Estados em 2005, o Piauí está na 25º posição, na frente apenas de Maranhão e Alagoas.
Possui população de 3.032.421 distribuída em uma área de 251.529,19 km², segundo o Censo de 2007 do IBGE, o que
resulta em uma densidade demográfica de 12,06 habitantes por km². Isto representa um estado pouco povoado, ou seja,
existem poucos habitante por km² de terra,
Com estas informações, podemos tirar algumas conclusões. Este Estado não apresenta um desenvolvimento industrial
muito avançado, sendo sua principal atividade econômica a exploração da terra, através da agricultura, com destaque para
a Cana-de-Açúcar, Soja, Arroz e Algodão, e da pecuária extensiva, com bovinos, suínos e caprinos.

Densidade Demográfica: É uma maneira de determinar se um país é muito ou pouco


povoado, através da divisão da sua população pela quantidade total de terras que
possui. Um país muito povoado não é, exatamente, um país populoso.

A pecuária bovina foi a primeira atividade econômica do Piauí. Assim, tem grande peso na tradição cultural histórica do
Estado, com o folclore e costumes regionais que foram influenciados por esta atividade.
Além da agricultura e da pecuária, o Piauí tem destaque para os recursos naturais de grande valor comercial, com gran-
des jazidas descobertas, como as de mármore, de amianto, de ardósia e de níquel.
Um importante fator é a grande presença de água no subterrâneo artesiano, o que possibilitaria irrigar grandes áreas
para plantações e, também, levar esta água paras as regiões que enfrentam secas (que podem chegar até oito meses) du-
rante o ano. Esta região se localiza mais ao sul do Estado, longe da pequena costa para o Oceano Atlântico, que lhe garante
um clima mais úmido.

Fonte: http://www.brazadv.com/images/mapa_biomas.gif

11
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Por conta das prolongadas secas, a vegetação varia em Um elemento em comum é a Festa Junina. Esta festivi-
caatinga e cerrado no interior e sul do Estado. E, próximo dade está espalhada por todo o Brasil, mas mesmo assim,
ao litoral, temos a Mata de Cocais e Floresta, em função do apresenta algumas diferenças entre as regiões. Ela foi in-
clima mais úmido. troduzida pelos imigrantes portugueses e teve a sua pi-
E é desta forma que vários fatores, como o clima, o tada de mistura no Brasil com fogos de artifícios, tradição
relevo e a sua formação histórica têm um papel único na chinesa, e a dança marcada (quadrilhas), que é de tradição
cultura local de cada Estado. francesa. Ainda tem a fogueira, tradição em qualquer Festa
O Brasil é um país de proporções continentais, mas há Junina.
certos fatores que se apresentam com mais semelhanças Em São Paulo, especialmente em seu interior, as festas
nos pontos mais distantes entre si e outros que não exis- são organizadas por clubes, igrejas, associações de bairro,
tem além das suas próprias fronteiras. colégios, sindicatos, empresas e prefeituras. É a época da
colheita do milho, por isso há grande presença do mesmo
nas comidas relacionadas a ela, como: pamonha, cural, mi-
lho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho e outros.
Também há arroz doce, bolo de amendoim, broa de fubá,
cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente e outros.
Já no Nordeste, a festa ganha uma expressão diferen-
te. Ela está muito mais relacionada ao fator religioso, com
homenagem a três santos católicos: São João, São Pedro
e Santo Antônio. O fator religioso está relacionado a um
problema sério dos habitantes do Nordeste, especialmen-
te do Sertão e Agreste: a seca.
Os habitantes aproveitam este momento para agrade-
cer aos santos às chuvas que já caíram e para pedir, tam-
bém, que a seca não seja tão forte. Além disso, tais festas
garantem uma renda extra para as cidades, pois é cada
vez maior o fluxo de visitantes (brasileiros e estrangeiros)
que vão ao nordeste para acompanhar de perto estas fes-
tividades.
Um costume típico do Rio Grande do Sul, o chimarrão,
é uma bebida servida quente que acompanha o gaúcho
A imagem acima é a da Rosa dos Ventos. É nos locais onde ele se faz presente, sendo:
através dessa figura que podemos visualizar os “O símbolo da paz, da concórdia, do completo enten-
pontos cardeais e colaterais. Ambos se dividem dimento – o mate! Todos os presentes tomaram o mate.
Não se creia, todavia, que cada um tivesse sua bomba e sua
em quatro, totalizando 8 diferentes pontos. N, cuia própria; nada disso! Assim perderia o mate toda a sua
L, S e O são os pontos cardeais e representam mística significação. Acontece com a cuia de mate como à
o Norte, Leste, Sul e Oeste, respectivamente. tabaqueira. Esta anda de nariz em nariz e aquela de boca
Já NE, SE, SO e NO são os pontos colaterais em boca.
e representam o Nordeste, Sudeste, Sudoeste Primeiro sorveu um velho capitão. Depois um jovem,
um pardo decente – o nome do mulato não se deve escre-
e Noroeste, respectivamente. A sua função é ver; depois eu, depois o “spahi”, depois um mestiço de ín-
de localização e orientação para as diversas dio e afinal um português, todos pela ordem. Não há nis-
atividades humanas. Por isso que há uma so, nenhuma pretensão de precedência, nenhum senhor e
subdivisão entre cardeais e colaterais, para criado; é uma espécie de serviço divino, uma piedosa obra
aumentar a precisão da direção. Foi largamente cristã, um comunismo moral, uma fraternidade verdadei-
ramente nobre, espiritualizada! Todos os homens se tor-
utilizado nas grandes navegações e ainda é nam irmãos, todos tomam o mate em comum!” (Viagem
utilizado, mesmo com o advento do GPS. Tais pelo Sul do Brasil, 1.º, 191. Rio de Janeiro, 1953)
pontos nunca mudam de posição, basta colocar Esta bebida se adaptou bem ao clima dos Estados do
ou visualizar a Rosa dos Ventos nos mapas, Sul por apresentar as estações do ano mais definidas e
que é possível identificar os pontos cardeais e estar mais longe da linha do Equador, que representa lati-
tudes maiores e, por isso, a influência da radiação solar é
os lugares aos quais qualquer texto se refere menor, e o frio é mais intenso naquela região.
tendo um mapa como referência. O relevo é baixo, com 70% abaixo dos 300m de alti-
tude. Isso é mais um fator que contribui para o clima mais
frio, pois as massas de ar frio que vêm do Pólo Sul não
encontram barreiras naturais para avançar.

12
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

O QUILOMBO DOS PALMARES tes, em comum, à comunidade, ao estado ou à Nação. As


Como destaque para a questão histórica e social, te- instituições e organizações internacionais levaram o termo
mos o Quilombo dos Palmares. A questão dos quilombos patrimônio a uma dimensão planetária ao criar a catego-
surgiu com a fuga dos escravos que vieram da África para ria patrimônio histórico da humanidade. Essa categoria
regiões desconhecidas do território brasileiro. O escravo remete a possibilidade de diálogo entre diferentes cultu-
fugia do seu senhor, buscando uma vida melhor, onde ele ras e supõe que, apesar de profundas divergências, pos-
pudesse desfrutar de sua liberdade e, também, cultivar os sam estabelecer parâmetros e critérios comuns. Com isso,
seus valores e a sua cultura. reconhecem que elementos pertencentes a sociedades e
O Quilombo dos Palmares foi o mais famoso de todos, culturas particulares são importantes para a humanidade,
ao resistir durante mais de um século. Ele é considerado como herança comum.
como o símbolo moderno da resistência dos escravos a KERSTEN, Márcia Scholz de Andrade. Os rituais do
sua condição humilhante. tombamento e a escrita da História. Curitiba: UFPR/Im-
Este quilombo se localizava na Serra da Barriga, no prensa Oficial do Paraná, 2000. P. 32-3
atual Estado de Alagoas. A Serra da Barriga faz parte do a) Qual a influência da Revolução Industrial na exis-
Planalto do Borborema (veja o perfil da área, no quadro tência do conceito de patrimônio histórico?
a seguir), que é um terreno cristalino submetido a ações b) De acordo com a autora o patrimônio histórico
erosivas do clima quente e úmido da região Nordeste. faz reviver no presente aspectos do passado, explique o
porque dessa afirmação.
c) De que forma o patrimônio histórico pode auxiliar
no diálogo entre as culturas?

SUGESTÃO PARA PESQUISA


A origem do samba.
O samba é um gênero musical e um tipo de dança
tipicamente brasileiro. Uma das nossas principais manifes-
tações culturais populares por excelência e transformou-
se em símbolo de identidade nacional. Portanto faz parte
do nosso patrimônio histórico.
Apesar da altitude média de 400m, já que alcança pi- a) Origem
cos de mais de 1.000m, o Planalto tornou-se uma barreira b) Os ritmos
à passagem da umidade para o interior de alguns Estados c) Os instrumentos
do Nordeste (eles são: Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio d) Os tipos de samba
Grande do Norte), formando assim, uma área úmida pró- e) O primeiro samba
xima ao Oceano Atlântico e uma área seca, após o planal- f) Apresentar algumas letras e músicas
to até as proximidades da bacia de algum rio importante,
como o Parnaíba ou o São Francisco. Esta área úmida é AGORA É A SUA VEZ!
conhecida como Zona da Mata e a área da seca tem duas 1- Poesia, Resíduos de Carlos Drummond de Andrade
denominações: Agreste (zona de transição) e o Sertão. “Mas de tudo fica um pouco.
Atualmente, a área onde ficava o Quilombo tem um Da ponte bombardeada,
município chamado União dos Palmares e está localizado de duas folhas de grama,
dentro da Zona da Mata de Alagoas, ou seja, o Quilombo do maço
sobrevivia através da plantação de alimentos para a sua - vazio - de cigarros, ficou um pouco.
subsistência e eventuais trocas, graças as regulares chu-
vas. Ainda assim, o município tem sua principal atividade Pois de tudo fica um pouco.
econômica ainda voltada à agricultura, com destaque para Fica um pouco de teu queixo
a cana-de-açúcar. no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
TEXTO COMPLEMENTAR um pouco ficou, um pouco
O termo patrimônio histórico teve por base o concei- nos muros zangados,
to de monumento histórico que surgiu na Europa a partir nas folhas, mudas, que sobem.
da segunda metade do século XIX, de onde se difundiu Ficou um pouco de tudo
progressivamente. A Revolução Industrial emprestou a no pires de porcelana,
esse conceito uma abrangência universal. Enquanto pro- dragão partido, flor branca,
cesso irreversível, a industrialização, com seu constante ficou um pouco
movimento transformador, tornou necessário guardar o de ruga na vossa testa,
passado que se perdia rapidamente. Daí o processo do pa- retrato.”
trimônio. Essa expressão faz reviver, no presente, aspectos
do passado. Além disso, determina elementos pertencen-

13
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

A partir da leitura do poema, responda: Carta de Veneza, Art. 1.o. Internet: <portal.iphan.gov.
a) Que nome damos ao conjunto de vestígio deixados br>.
pelo homem? A Carta de Veneza, de 1964, é um documento interna-
b) Qual a importância desses vestígios? Retire da poe- cional sobre a conservação e o restauro de monumentos e
sia dois exemplos de vestígios deixados pelo homem. localidades, que serve de parâmetro para a formulação de
políticas de preservação do patrimônio histórico no Brasil
2- Junho é o mês de São João, Santo Antônio e São e no mundo. Com base no artigo sobre monumentos his-
Pedro. Por isso, as festas que acontecem em todo o mês de tóricos, é correto afirmar que:
junho são chamadas de “Festa Joanina”, especialmente em a) o monumento histórico se restringe ao patrimônio
homenagem a São João.  O nome Joanina teve origem, se- arquitetônico.
gundo alguns historiadores, nos países europeus católicos b) as criações modestas são monumentos de menor
no século IV. Quando chegou ao Brasil foi modificado para valor social e econômico.
junina. Trazida pelos portugueses, logo foi incorporada aos
c) as produções culturais significativas são considera-
costumes dos povos indígenas e negros miscigenando-se
das monumentos.
à nossa cultura.
d) monumentos históricos são testemunhos do passa-
a) Podemos afirmar que esse é um valor cultural do
do que perderam seu significado cultural.
povo brasileiro? Retire do texto o parágrafo que demonstra
a mistura entre os valores culturais da nossa sociedade.
b) É correto afirmar que uma pessoa, pelo fato de não HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!
freqüentar a escola, não possuí cultura? Por quê? Exercício referente ao texto complementar:
a) Com o rápido desenvolvimento tecnológico e com
3- (ENCCEJA 2006) A festa do Divino foi instituída em as mudanças por ele proporcionadas houve a necessidade
Portugal nos primeiros anos do século XIV pela rainha Isa- de preservar o passado para que ele fosse conhecido pelas
bel, mulher de D. Diniz, quando construiu a igreja do Espíri- gerações futuras.
to Santo em Alenquer. No Brasil, popularizou-se no século b) Porque possibilita a preservação dos mais variados
XVI e é celebrada ainda no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas aspectos culturais de um povo com o passar do tempo.
Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Amazonas, Espí- c) Na troca de conhecimento entre as características
rito Santo e Goiás, com missa cantada, procissão, leilão de culturais.
prendas e as manifestações folclóricas peculiares de cada
região. Na preparação da festa realiza-se uma folia, com Exercício 1:
a bandeira do Divino, para arrecadar fundos e são arma- a) Fontes históricas.
dos coretos, palanques e um trono para o imperador do b) Os vestígios deixados pelos homens são pistas que
Divino. Trata-se de uma criança ou adulto que, durante a permitem conhecer os vários aspectos que construíram
festa, exerce poderes majestáticos, chegando até a libertar uma sociedade. Um pires e um retrato.
presos comuns em algumas regiões de Portugal e do Brasil.
Internet: <www.terrabrasileira.net/folclore/ regioe- Exercício 2:
s/6ritos/divino.html>. a) Sim, (...) logo foi incorporado aos costumes dos po-
De acordo com o texto, sobre a festa do Divino, con- vos indígenas e negros miscigenando-se à nossa cultura.
clui-se que: b) Não, cultura independe do grau de escolarização,
a) foi criada no Brasil em homenagem à rainha Isabel é algo que se constrói com o convívio e o relacionamento
de Portugal. entre os indivíduos que partilham do mesmo meio, das
b) é herança da cultura européia cristã trazida pelos
mesmas crenças e valores.
colonizadores.
c) descaracterizou-se ao incorporar manifestações fol-
Exercício 3:
clóricas.
Resposta B.
d) servia para arrecadar fundos ao imperador em Por-
tugal.
Exercício 4:
4- Qual a diferença entre país populoso e povoado? O termo “populoso” se refere à população absoluta,
ou seja, o número total de habitantes. O Brasil é o quinto
5- Relacione os estados brasileiros por região. país mais populoso do mundo, atrás da China, Índia, Es-
tados Unidos e Indonésia. Isso significa que a população
6- (ENCCEJA 2006) A noção de monumento histórico absoluta do Brasil é bastante elevada.
compreende, além da obra arquitetônica em si, os sítios Já o termo “povoado” considera também a distribui-
urbanos e rurais, testemunhos de uma civilização deter- ção das pessoas no território, ou seja, a densidade demo-
minada de uma evolução significativa, e de fato histórico. gráfica (número de habitantes por km2). Entre os países
Compreende as grandes criações e, também, as obras mo- mais povoados do mundo, podemos citar Cingapura, Ban-
destas, que, através do tempo, adquiriram valor cultural gladesh, Taiwan, Coréia do Sul, Holanda e Japão.
significativo.

14
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Exercício 5:
Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Tocantins, Pará, Rondônia e Roraima.
Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba.
Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Sudeste: Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Centro-Oeste: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

Exercício 6:
C

PARA SABER MAIS


Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais.
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular - www.cnfcp.gov.br
Filme: Com que roupa? Diretor: Ricardo van Steen.
O samba, “Com que roupa?”, deu origem a este filme. Noel Rosa o compôs entre brigas de bar, más notícias sobre sua
saúde e desencontros com a namorada.

PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:


• Interpretar historicamente fontes documentais de naturezas diversas.
• Analisar a produção da memória e do espaço geográfico pelas sociedades humanas.
• Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
• Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre um determinado aspecto da cultura.
• Valorizar a diversidade do patrimônio cultural e artístico, identificando suas manifestações e representações em
diferentes sociedades.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendi-
zagem e ele exige persistência...vamos lá!

15
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 2
AS TRANSFORMAÇÕES DO TRABALHO HUMANO
COMPREENDER A GÊNESE E A TRANSFORMAÇÃO DAS DIFERENTES ORGANIZAÇÕES TERRITORIAIS E OS
MÚLTIPLOS FATORES QUE NELES INTERVÊM, COMO PRODUTO DAS RELAÇÕES DE PODER.

Fazer um estudo histórico é implicar em periodizar, ou seja, estabelecer um recorte de tempo-espaço. Tradicionalmen-
te, como já vimos, a História foi dividida em períodos e a cada período foi atribuído um marco histórico, acontecimentos
considerados relevantes, para alguns historiadores, e que determinaram mudanças substancias na passagem de uma época
para outra. Não ocorrem de forma isolada, estão relacionados a várias ações ou reações humanas que determinam mudan-
ças estruturais na sociedade. Por não ocorrerem ao mesmo tempo, ou com as mesmas características em todas as culturas
não podem ser considerados absolutos, mas apresentam o desenvolvimento dos povos, a sua construção sócio-cultural e
o seu relacionamento com o mundo.

A CONSTRUÇÃO HUMANA
Atribui-se à Pré-história o início da longa caminhada evolutiva do Homem, datada de cerca de três milhões de anos.
Nela encontramos toda a base para entender o desenvolvimento físico e mental do Homem, bem como os caminhos trilha-
dos em seu processo de humanização. Das várias espécies que conviviam juntas na pré-história, sobreviveu a que melhor
se adaptou ao meio ambiente fazendo da natureza sua aliada. É importante destacar que essa adaptação não estava ligada
a um ou a outro ambiente específico, mas a qualquer ambiente.

O convívio e as relações estabelecidas


entre os primeiros homens determinaram
organizações produtiva, política e social
necessárias à sobrevivência do grupo. Sendo
um ser histórico, que toma decisões por
si mesmo, conhecedor da sua realidade à
medida que constrói sua existência, fazendo
dos obstáculos desafios, o homem transmite,
pela memória resguardada, suas experiências
e tradições ao grupo, fazendo cultura e criando
técnicas que serão também transmitidas por
vias simbólicas, ou mesmo através da fala, das
pinturas rupestres e da escrita.
Fonte: www.colegioweb.com.br

Essa humanização ocorreu sempre que as condições ambientais exigiram. Enquanto os hominídeos, durante o Período
Paleolítico e Paleolítico Inferior, ou Idade da Pedra Lascada, aproximadamente de 5.000.000 a 25.000 a.C, eram simples ca-
çadores e coletores, a dependência pela natureza era extremamente grande. A partir do momento que a natureza, devido
às condições climáticas e ambientais, modificou o ambiente ou, deixou de fornecer os bens necessários à sobrevivência, os
bandos passaram a se organizar de forma produtiva, isto é, começaram a produzir seus alimentos para preservar a existên-
cia da sua espécie, tornando as relações e a organização mais complexas. Há, portanto, uma verdadeira Revolução Agrícola
e produtiva denominada Revolução Neolítica, aumentando o domínio do Homem sobre a natureza e a necessidade de
formas administrativas que garantissem a produção e a sobrevivência dos grupos.
O nomadismo característico das sociedades caçadoras e coletoras, em muitos casos, abre espaço para a sedentariza-
ção – habitação fixa - e cada indivíduo passa a ser proprietário dos seus instrumentos e ferramentas produtivas e a divisão
do trabalho acontece naturalmente, de acordo com a possibilidade produtiva de cada um. Apesar de toda mudança, que
permitiu o domínio dos meios produtivos, o espaço em que viviam ainda era coletivo.
O desenvolvimento da técnica possibilitou o aumento do número de animais, da produção agrícola e, principalmente,
da população. As comunidades e as famílias aumentaram com a fixação e exploração do solo e passaram a se preocupar
cada vez mais com suas posses e acumulação de riquezas. A sociedade antes comunitária estrutura-se em uma nova ordem
familiar, baseada na propriedade privada e na divisão em classes. Conseqüentemente, ocorre o surgimento de um poder
central para legitimar esse novo regime de propriedade: o Estado.

16
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Neolítico ou Idade da Pedra Polida


Tem início cerca de 10.000 a.C. e termina com o
Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada. surgimento da escrita, cerca de 4.000 a.C.
Tem início com o surgimento dos primeiros Principais características:
hominídeos e termina por volta de 10.000 anos a.C. • Sedentarização
Principais características: • Instrumentos mais elaborados
• Nomadismo • Produtores e criadores
• Produção rudimentar de instrumentos de • Início da fabricação de artefatos com metais
trabalho
• Caçadores e coletores
• Domínio do fogo

Fonte: www.fisicanet.com.ar

Fonte: entrandonahistoria.blogspot.com

O SURGIMENTO DO ESTADO

Cidade-Estado aqui entendida como unidades independentes e autônomas. Com


características culturais e religiosas comuns que estabeleciam relações comerciais,
porém poderiam unir ou guerrear entre si conforme a necessidade.

Atribui-se ao Antigo Oriente Próximo, região da Mesopotâmia, que compreende o Médio Oriente como Iran, Iraque,
Turquia, Síria, Líbano, Israel e Egito chegando até a Pérsia, o surgimento das primeiras cidades que o mundo conheceu.
A existência de planícies irrigadas por grandes rios garantiam não só o desenvolvimento da agricultura, proporcionado
pelo regime de cheias periódicas que deixavam uma camada de húmus (fertilizante natural), como também, facilitava o
transporte de matérias primas e criação de animais, o que possibilitou a ocupação e o desenvolvimento dessa região até o
surgimento das primeiras cidades-Estado.

Principais cidades-Estado da Mesopotâmia:


Ur, Uruk , Lagash e Nippur.

Fonte: http://galeria.blogs.sapo.pt/arquivo/Sumeria_entre_3500_e_3000_aC.jpg

17
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Houve o desenvolvimento do comércio (inicialmente A Grécia não se constituía como uma Nação ou um rei-
a base de troca), os cidadãos passaram a ser classificados no. Ela era um conjunto de cidades-Estado, conhecidas por
conforme a função que exerciam na sociedade, as relações Pólis, independentes que tinham características comuns e
tornaram-se mais complexas com a divisão do trabalho e que estabeleciam relações sem que houvesse unidade polí-
o acúmulo de riquezas. Toda essa dinâmica exigia a coope- tica entre elas. O Estado aqui conheceu diferentes formas de
ração entre as pessoas que ali se fixaram para a execução poder: a Monarquia, Democracia, Tirania. O cidadão grego
dos mais variados trabalhos e, para a administração, e a era normalmente um proprietário de terras e escravos e so-
existência de um poder centralizado que mantivesse o con- mente ele possuía direitos políticos. Não cabia ao cidadão
trole sobre todas as tarefas. discutir assuntos privados na Pólis, nela o cidadão deveria
Articulam-se assim, as relações de poder, soberania, exaltar a cultura, o pensamento e tudo o mais que fosse con-
regulamentação e dominação, surge então o Estado. A siderado de ordem pública. Havia um grande desprezo pelo
idéia de Estado, seu conceito e relação com o poder não escravo, pela mulher e pela criança, considerados inferiores
ocorre assim que as cidades são formadas, aparece a partir por serem ligados a vida privada.
do Renascimento, quando as pessoas passam a refletir so- Roma, por sua vez, era uma única e grande cidade-Es-
bre a relação entre governados e governantes. tado, apesar de não haver parentesco direto com os gre-
gos, a estrutura política romana era muito semelhante à
da pólis grega devido à influência das colônias gregas na
Renascimento: movimento artístico, científico e Magna Grécia, localizada atualmente ao sul da Itália. Ini-
cultural que teve início no final da Idade Média e cialmente, os grandes proprietários de terras, conhecidos
que buscava resgatar os princípios da Antiguidade por patrícios, tomavam conta da vida política de Roma. O
Clássica (Greco-romanos). Exaltando o Homem e o restante da população, excluído da vida política era conhe-
racionalismo. cido por plebeu, camada social que sustentava a economia
romana com seu trabalho sem, no entanto, participar da
vida política. Além destes havia também os clientes, agre-
Em todas as civilizações encontraremos sistemas polí- gados à família dos patrícios, prestando serviços em troca
ticos nos quais o Estado se apóia sobre princípios jurídicos de pequenos privilégios.
ou religiosos, defendidos por governos eleitos livremente O Estado aqui conheceu basicamente três formas de
ou impostos pela força. Em qualquer caso, nenhuma socie- administração, inicialmente a Monarquia (IV a.C.), com a
dade pode prescindir de um estado que garanta a ordem oligarquia agrária no poder, a República (VI a.C. – I a.C.) fun-
e a segurança necessária para permitir as relações transpa- damentada no poder do Senado e Império (I a.C. – III a.C.)
rentes entre os indivíduos. (Héctor Leguizamón) fundamentado no poder do Imperador.
Nem todas as civilizações possuíam o mesmo modelo Com a queda do Império Romano, inaugura-se o perío-
para administração do Estado. No caso do Egito, o Estado do da História denominado Idade Média, uma nova estrutu-
era Teocrático, ou seja, o chefe era visto como represen- ra social, política e econômica, o Feudalismo, que substituiu
tante dos deuses, ou mesmo como o próprio deus, na Ter- o escravismo Greco-romano, pela servidão. A exploração
ra. Como no Egito a religião e o Estado caminhavam juntos, do trabalho servil levou a total subordinação da população
cabia ao Faraó, chefe supremo e incontestável, a adminis- rural, pois mantinha os trabalhadores presos a terra e a vá-
tração desses dois setores, a fim de manter o equilíbrio do rias obrigações em impostos e serviços, em troca da permis-
universo. são do uso da terra e da proteção militar. Por estarem sem-
Na Mesopotâmia apesar da religião e o Estado tam- pre atrelados as obrigações para com os senhores feudais,
bém estarem juntos, a identidade era dada pela cidade, (camada dominante, proprietária das terras que poderiam
vista como o elemento unificador da sociedade, e não ao ser membros do alto clero ou nobres guerreiros) muitas ve-
governante como acontecia no Egito com o Faraó. Eram zes os servos morriam sem jamais saírem do mesmo lugar.
também politeístas, mas os deuses não assumiam caracte- Houve, então, uma descentralização do Estado e o po-
rísticas animais como no Egito, e a cada cidade cabia um der concentrou-se na mão do senhor feudal, proprietário
deus protetor. As terras eram consideradas propriedade do feudo (latifúndio) que era a unidade produtiva indepen-
dos deuses e administradas pelo patesi, chefe militar e re- dente e com características próprias. Economicamente, o
ligioso, ao homem caberia servir aos deuses não só com sistema feudal caracterizou-se pela produção agrícola para
produção, mas com a construção dos zigurates, templos consumo local, comércio reduzido, basicamente feito a base
religiosos. da troca de produtos e a quase inexistente utilização de
No Ocidente, as cidades-Estado foram características moeda. Com a crise do sistema feudal, período que vai do
predominantes, principalmente nas civilizações greco-ro- século X ao XV chamado de Baixa Idade Média, houve o de-
manas, consideradas a base histórica e cultural ocidental senvolvimento do comércio, proporcionado pelo excedente
devido à grande influência cultural que exerceu nas civili- produtivo – aquilo que não era destinado ao consumo - e
pelo Movimento Cruzadista, e a vida urbana renasceu. Sur-
zações subseqüentes. A própria língua portuguesa deriva
giram os burgos (fortificações que abrigavam os comercian-
do latim, idioma utilizado pelos romanos e os conceitos de
tes e onde viviam os chamados burgueses) que se tornaram
filosofia e democracia, desenvolvidos pelos gregos, forne-
grandes centros produtivos, e as corporações de ofícios
ceram modelos iniciais para o estudo do Homem em so-
para estabelecer um equilíbrio entre a oferta e a procura
ciedade.
de produtos e a manutenção da qualidade dos mesmos.

18
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

A sociedade torna-se mais complexa e a necessidade do Estado centralizador volta a existir. A diversidade regional e
política passam a ser um obstáculo ao desenvolvimento do comércio, pois os senhores interferiam nas transações comer-
ciais. Não havia unidade monetária – moeda, dinheiro – legal ou mesmos pesos e medidas na Europa. Para os comerciantes
europeus, burguesia, um poder centralizado que impusesse regras e normas facilitaria as transações comerciais e suprimiria
os poderes locais dos senhores feudais. Ocorre então, a formação das monarquias centralizadas.

MODOS DE VER A PRODUÇÃO E SUAS RELAÇÕES COM A FORMAÇÃO SOCIAL.


Tanto no Egito, quanto na Mesopotâmia, a agricultura desponta como principal atividade produtiva e a servidão cole-
tiva como modo-de-produção, característico do Antigo Oriente Próximo. Nesse sistema os indivíduos exploravam a terra
comunitariamente e serviam ao Estado.
Sendo o Estado o maior proprietário das terras, através do pagamento de impostos se torna, então, responsável pelo
controle produtivo, pelas construções e pela cobrança destes impostos. Nesse sistema produtivo, o camponês, através de
trabalho compulsório, é aquele que faz parte da grande massa de trabalhadores braçais, garantindo a produção e susten-
tando o Estado, porém possuía poucos privilégios. Na hierarquia social, o camponês não têm participação política, e na
relação de poder, está submetidos à vontade das classes ricas.
Se no Oriente predominava a servidão coletiva, no Ocidente, no período da Antiguidade Clássica (por volta do séc. XII a.C.
a séc. III d.C.) em que se desenvolveram as culturas Greco-romanas, o modo-de-produção era predominantemente escravista.

Fonte: carbonocatorze.blogspot.com

Modo-de-produção
Forma como se organiza a
produção de riquezas numa
sociedade. Um conjunto de
relações econômicas, mas
também sociais, políticas e
culturais, intimamente ligadas
entre si e interferindo uma nas
outras.

Fonte: www.freiluisdesousa.pt Fonte: histemoda.blogspot.com

A escravidão fez parte de quase todo o processo evolutivo do Homem, não surgiu com os gregos ou com os romanos, existiu
também, no Antigo Oriente Próximo, espalhou-se pelo Ocidente, chegou até as sociedades modernas e no Brasil, onde persistiu
oficialmente até a Idade Contemporânea, mais precisamente até 1888, quando foi assinada a Lei Áurea pela Princesa Isabel.
O trabalho escravo, conforme se apresentava na sociedade Greco-romana, tinha pouco em comum com a escravidão
no período do Brasil colônia. Na Antiguidade Clássica o escravo era normalmente um prisioneiro de guerra ou um cidadão
que contraiu dívidas sem possibilidade de pagá-las, era visto como um simples instrumento de trabalho, e em alguns casos
poderia até recorrer por maus tratos. No Brasil colonial a escravidão foi fruto de uma relação econômica que vinha a aten-
der não só as necessidades produtivas, mas também as comerciais da época. A economia colonial dependeu, quase que ex-
clusivamente, da mão-de-obra escrava, a princípio indígena, e posteriormente africana, devido ao lucrativo tráfico negreiro.

19
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Porém, durante a Alta Idade Média, as relações de servidão Isto teria acontecido há 15 bilhões de anos atrás, porém
tornaram o Homem preso a terra. A sociedade estava dividi- ainda hoje há reflexos dessa explosão. Uma das evidências que
da em dois grupos sociais determinados pelo nascimento, se- buscam comprovar esta teoria é a procura por determinar se
nhores (nobres ou membros do clero) e servos. Contudo, havia o universo está crescendo ou diminuindo em tamanho, o que
grande diferença entre a condição de servo na Idade Média e provaria que ele não é estável, logo, não se manteria igual du-
de servo do Antigo Oriente Próximo, e também grande dife- rante o tempo todo. Porém, como explicar o motivo da explo-
rença entre a condição de escravo na civilização greco-romana, são dessa esfera, densa e quente, para começar?
quanto no período do Brasil colonial. Este é um debate que não tem previsão de acabar, pois
O servo medieval, não era escravo como o da Antiguidade, existem e existirão diversas controvérsias. Contudo, isso não im-
ou como os africanos trazidos para o Brasil séculos mais tarde, pois pede de tentar entender como surgiu o planeta Terra, pois esta
ele estava preso a terra, não podia ser negociado, ou seja, não era é uma compreensão importante para a sua formação geológica.
uma mercadoria, pois mesmo quando ocorria a transferência da O primeiro passo é entender o tempo no qual a Terra é forma-
propriedade do feudo a um outro senhor, os servos permaneciam. da. Anteriormente foi falado que o Big Bang ocorreu há 15 bilhões
Neste período, a igreja cristã tornou-se a instituição feudal de anos atrás. Qual é a sua referência para 15 bilhões de anos atrás?
mais poderosa de toda a Idade Média graças a sua incalculável Para ajudar nessa questão, veja o calendário cósmico no
riqueza e a hegemonia ideológica exercida na sociedade. Sua quadro, desenvolvido por um importante cientista e astrôno-
influência atingia os senhores feudais (a nobreza do país) e o mo: Carl Sagan.
seu representante máximo, o Rei. O símbolo dessa influência
eram as obrigações que a nobreza tinha com o clero e, princi- Calendário Cósmico: O modo mais didático que
palmente, na coroação do Rei, ocorria somente com a presença
conheço para expressar essa cronologia cósmica
e permissão do representante máximo da igreja cristã no país.
Porém, o aumento populacional experimentado pelos paí- é imaginar a vida de quinze bilhões de anos do
ses, junto com as cruzadas – guerra e conquista de povos e ter- universo (ou pelo menos sua forma atual desde
ritórios, bem como do solo sagrado, em nome do Deus católico a Grande Explosão) condensada em um ano. Em
-, permitiu o crescimento de uma nova classe dentro dessas vista disso, cada bilhão de anos da história da Terra
sociedades, os comerciantes. corresponderia a mais ou menos 24 dias de nosso
O ímpeto comercial, presente no auge da época Clássica ano cósmico, e um segundo daquele ano a 475
(com Grécia e Roma) havia sido substituído com a auto-suficiên- revoluções reais da Terra ao redor do Sol.
cia que o feudo possibilitava. Porém, a capacidade do feudo era Datas anteriores a Dezembro
limitada para suprir as necessidades da crescente população, que
Grande Explosão 1º de janeiro
foi obrigada a se aventurar pelo mundo. As cruzadas, e também
as outras guerras, permitiram o movimento de soldados e mer- Origem da Via Láctea 1º de maio
cenários em países com grandes riquezas comerciais, tais como Origem do Sist. Solar 9 de setembro
ouro, prata, tapetes e outros. Isto, foi realizado com a permissão Formação da Terra 14 de setembro
e o incentivo do Clero, em função da expansão islâmica que che- Origem da Vida (Terra) 25 de setembro
gou à Europa, especialmente na Espanha e, também, com os Reis,
interessados para aumentar suas posses. (...) Dezembro
Tais transformações, especialmente ascomerciais da Baixa Ida- Primeiros Dinossauros 24 de dezembro
de Média (X d.C.- XV d.C.) levaram a transição do sistema feudal Primeiros Mamíferos 26 de dezembro
para o sistema mercantil, as mudanças nas relações de trabalho
Extinção Dinossauros 28 de dezembro
também ocorreram. As corporações de ofício proporcionaram mo-
dificação no processo produtivo. Surgiram as oficinas produtivas Primeiros Primatas 29 de dezembro
controladas pelo mestre artesão que detinha os meios e os mo- Primeiros Humanos 31 de dezembro
dos-de-produção, e que passa a trabalhar diretamente com seus
oficiais, trabalhadores assalariados. Surgem os jornaleiros, indiví- 31 de dezembro
duos que passam a trabalhar por jornadas de trabalho, a sociedade Primeiros Humanos 22h30min
antes estamental (sem mobilidade e organizada pelo nascimento) Império Romano;
tornou-se dividida em classes e a riqueza determinada não só pela Nascimento de Cristo 23h59min56s
terra, mas também pela moeda. Assim, os reinos e a divisão política Cruzadas 23h59min58s
da Europa começarama se estruturar, tomando a forma de organi-
Renascimento Europa 23h59min59s
zação político-econômica que nós já aprendemos.
(Adaptado de SAGAN, Carl. Os dragões do Éden.)
ONDE E QUANDO TUDO COMEÇOU
A teoria mais aceita, atualmente, diz que o universo come- Neste calendário, podemos ver que o planeta Terra só
çou com uma grande explosão, no qual todos os materiais que surge em 14 de setembro, ou seja, muito tempo depois do
compõem todos os objetos presentes em galáxias, estrelas e pla- Big Bang. E, para surgir os primeiros seres humanos, foi so-
netas existiam em uma quente e densa esfera. Com a explosão, mente no último dia do calendário cósmico.
conhecida como Big Bang (do inglês: Grande Explosão), liberou- Uma vez entendido este calendário, avançamos na for-
se desta esfera estes materiais que, com a mesma explosão, em- mação da Terra. Este, também, é um campo com muita dis-
purrou-as para todos os lugares. cussão e controvérsias.

20
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Portanto, iremos tratar apenas daquela que é mais aceita atualmente: a teoria da condensação. Nela, diz-se que a Terra
e os outros planetas do Sistema Solar formaram-se através da condensação da matéria cósmica, ou seja, pedaços de rochas,
de gelo, de gases que estavam presentes pelo universo, começaram a se juntar, numa grande nuvem, constituindo o Sol (na
parte com mais gases) e os planetas, nas partes com maior concentração de rocha e gelo.
Isto teria ocorrido a 4,6 bilhões de anos atrás. Ao decorrer do tempo, a atividade do Sol sobre os planetas era direta e
forte, levando as rochas formadoras do planeta a se derreterem. O níquel e ferro, em grande quantidade naquele momento,
se fundiram e formaram o núcleo da Terra, enquanto na superfície flutuavam oceanos de rocha incandescente.
Depois, em torno de 4,0 bilhões de anos atrás, a crosta terrestre começou a adquirir forma, sendo que, no princípio, havia
grande número de pequenas plaquetas sólidas, que flutuavam na rocha fundida.
Porém, com o passar de milhões de anos, a crosta terrestre se tornou mais espessa, e os vulcões que entraram em erupção
começaram a emitir gases, que formaram a atmosfera. Assim, quando o vapor de água finalmente se condensou, formaram-se
os lagos, rios e oceanos.
Então, por volta de 3,5 bilhões de anos atrás, a maior parte da crosta terrestre já estava formada, porém a configuração
era muito diferente da atual. Não obstante, a Terra continuou e continuará em transformação.
A crosta terrestre está dividida em enormes placas – as placas tectônicas sobre as quais falaremos mais adiante -, cujas
bordas estão em constante atrito, resultando em diversas modificações. Sendo assim, os continentes estão sempre em movi-
mento, em função das forças provenientes do núcleo da Terra.
Não é possível citar as placas tectônicas sem falar da teoria da Deriva dos Continentes, que apesar de ter sido constituída no
século XVI, ela só ganhou força no século XX, com sua publicação por um meteorologista alemão, conhecido como Alfred Wegener.
Nesta teoria, o autor constrói sua argumentação através de elementos morfológicos, paleoclimáticos, paleontológicos e
litológicos, resumindo, através de elementos que demonstravam haver inúmeras evidências de similaridades entre os conti-
nentes. Dentre elas, podemos citar a presença de um mesmo réptil terrestre, já extinto, de nome Cinognatus, na América do
Sul e na África (se você reparar no contorno da costa leste da América do Sul e na costa oeste da África notará que há um
encaixe entre os continentes). Há, também, outro animal extinto chamado Lystrosaurus que aparece na África, Índia e Antár-
tida, reforçando a tese.
Além disso, nos locais de possíveis encaixes entre os continentes, existem, também, similaridades na estrutura geológica.

21
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Na figura acima, é possível verificar como teria sido a evolução da derivação (mudança) dos continentes ao longo de
milhões de anos. Foi Wegener quem sugeriu que antes só existia um super continente, de nome Pangéia. Com o passar
dos tempos, o mesmo foi se quebrando e se afastando, em função de terremotos ocasionados pela força do magma no in-
terior da terra. Note que a configuração do Planeta Terra está em constante alteração, porém para realizar esta observação
é necessário milhões e milhões de anos.
Um fato interessante de se notar é a Índia. No período Pérmico, ela aparece entre o que seria a África, a Antártida e
a Oceania mais ao lado. Nos períodos Triássico, Jurássico e Cretácio, ela se movimenta ‘fugindo’ desses três continentes,
porém se aproximando da Ásia. Por fim, no presente, vemos que ela se junta ao continente asiático, numa região onde há
inúmeros dobramentos modernos (ver quadro a seguir).

Fonte: http://www.culturabrasil.pro.br/imagens/

Placas Tectônicas: A palavra tectônica deriva do radical grego tektoniké, que significa ‘arte de construir’.
A imagem demonstra as diversas placas que formam a crosta terrestre e, também, o resultado de sua
movimentação (orogênese), o processo no qual há a formação de montanhas ou cadeias de montanhas,
nas áreas onde há atrito e/ou separação das placas tectônicas. Estes encontros são os momentos onde
há terremotos e os dobramentos modernos. Há, também, a formação de vulcões nessas regiões, ou seja,
surge uma ruptura na crosta terrestre que permite o magma (material no qual as placas tectônicas se
movimentam) sair.

Dobramentos Modernos: Este nome é dado às formações recentes (em termos geológicos – no fim da
era Mesozóica e início da era Cenozóica – que trabalharemos no item seguinte) de montanha ou cadeias
de montanhas, ocasionados pela movimentação e choque das placas tectônicas. Os exemplos são: os
Andes, o Himalaia, as Rochosas, os Alpes e outros. Em função de sua formação recente, estas montanhas
e suas cadeias apresentam grande instabilidade, ocorrendo à ação de terremotos e vulcões, gerando e
destruindo novas montanhas. Também, essas montanhas apresentam elevadas altitudes e pouco desgaste
ocasionado pela a ação da erosão.

22
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

AS ERAS GEOLÓGICAS • Era Mesozóica


Após a formação da Terra, temos o começo das eras É a era posterior à paleozóica e a antecessora da ceno-
geológicas. Mas o que seriam essas eras geológicas? No zóica. É bastante conhecida como a Idade dos Répteis por
intuito de criar uma metodologia para estudar todas as causa do aparecimento dos dinossauros neste período, além
transformações pelas quais o planeta atravessou, foram es- de moluscos e outros. O clima do planeta neste período era
tipulados algumas Eras, Períodos e Épocas que determina- quente, uniforme e tendia para o resfriamento dos pólos.
vam certas mudanças físicas ou mudanças na composição Já se podia observar a formação dos continentes do sul
da vida animal e vegetal. (ver no quadro da Pangéia, os períodos Triássico, Jurássico
Assim, cada grande momento de transformação nas e Cretáceo). Seu período de duração foi entre 140 e 160
estruturas geológicas do planeta, está representado nela, milhões de anos. Durante estes períodos ocorrem grandes
bem como, os eventos concomitantes a essas mudanças, transformações no cenário do planeta como a extinção dos
especialmente na parte da vida animal e vegetal. Segue, a dinossauros, a proliferação dos ancestrais dos moluscos, que
seguir, um breve resumo das Eras, da parte geológica e da também foram extintos, o surgimento das aves, peixes, ma-
vida animal e vegetal: míferos e plantas angiospermas.

• Era Pré-Cambriana • Era Cenozóica


É a era mais antiga que se conhece, não podendo afir- É a era posterior à mesozóica que se iniciou a 60 milhões
mar com precisão o seu início, mas acredita-se que esta se de anos. Marca o surgimento da vida humana sobre a Terra e o
prolongou por 4 bilhões de anos. Esta data se fez conhe- aperfeiçoamento das espécies já existentes. Observa-se a for-
cida através de estudos baseados na radioatividade, que mação de Alpes, Andes e do Himalaia a partir da grande mo-
consegue detectar a perda de partículas em átomos ins- vimentação vulcânica e o grande número de mamíferos que
táveis. Também marca o início da vida no planeta que são passam a dominar a Terra após a extinção dos dinossauros. Os
mostrados em fósseis de 2 bilhões de anos originados de mamíferos se espalham com facilidade em todo o território.
algas, medusas, bactérias e etc. É importante observar que cada Era comporta milhões
de anos. Isso acontece devido ao longo período de matu-
ração e de transformação dos elementos para a sustenta-
Para relembrar... ção da vida. Uma vez normalizado, as mudanças passaram a
ocorrer com uma maior velocidade, mas ainda sim, em uma
Briófitas: São plantas que não possuem escala de tempo enorme (milhões de anos).
um sistema vascular, ou seja, não têm caule
e folhas. Assim, se desenvolvem em locais A VIDA
A seguir, vemos uma imagem que representa as Eras
úmidos e com proteção à luz solar. Ex.: musgos.
Geológicas relacionadas, especialmente, na parte da Evolu-
ção Biológica e outros fatores, como a glaciação, a orogêne-
Pteridófitas: Possuem um sistema vascular, se e a paleogeografia. Com ela, podemos acompanhar qual
com caule e folhas. Porém não possuem foi o caminho percorrido, dos primeiros vestígios de vida, há
sementes, reproduzindo através de esporos, 3,5 bilhões de anos, até os dias atuais.
como as briófitas. Ex.: samambaias. As mudanças que ocorreram, com o resfriamento da
crosta, a formação da atmosfera, dos oceanos, das grandes
Gimnospermas: São plantas vasculares e com florestas, contribuíram para o desenvolvimento da vida nos
seus diversos estágios e nas suas diversas relações.
sementes, porém não há proteção, ou seja, Um exemplo interessante está relacionado aos dinos-
não há polpa. As sementes ficam envoltas de sauros e os primeiros mamíferos. Os dinossauros surgiram
uma estrutura cônica, parecida com a pinha. no período Triássico, caracterizando uma nova Era: a Meso-
Ex.: Araucária. zóica. Já os primeiros mamíferos só foram surgir no período
Cretáceo, na mesma Era.
Angiospermas: São plantas vasculares, com
as suas sementes protegidas por frutos ou
flores. Ex.: roseira, feijão e outros.

• Era Paleozóica
É a era posterior à pré-cambriana e antecessora da era
mesozóica. Neste período que durou entre 325 e 280 mi-
lhões de anos, surgiram os primeiros animais invertebra-
dos, isto é, sem esqueleto interior. Neste período rodeado
de transformações está registrada a existência da grande
extinção de espécies que chegou a 90%. Também se pode
destacar a formação da Pangéia, no período Pérmico, a
partir de vários blocos de rochas menores que se colidiram.

23
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Durante este período, houve a dominância dos dinossauros. Contudo, após milhões de anos, esta dominância acabou e,
com ela, acabou-se mais uma Era e, claro, iniciou-se outra: a Era Cenozóica. O domínio da mesma está representado pelos
mamíferos (período no qual ocorreu uma grande diversificação de espécies). Uma delas foi o surgimento dos primeiros
hominídeos.
A imagem ao lado mostra a evolução final dos hominídeos, conhecida como homo sapiens. Esta foi a espécie que me-
lhor se adaptou à natureza, conseguindo garantir a sua sobrevivência perante os desafios da natureza e das outras espécies.
Assim, no período Holocénico, o domínio no planeta ficou restrito a uma espécie de mamíferos, o homo sapiens.

24
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

TEXTOS COMPLEMENTARES AGORA É A SUA VEZ!


1. Trabalho escravo no Brasil.
“Durante minha gestão no Ministério, as denúncias 1- “O Homem transforma a natureza com ferramentas
provinham do interior do Piauí, do Maranhão, do Pará, do que foram produzidas por ele [...] podemos dizer que dá
Amazonas e do Mato Grosso. fragilidade nasceu sua força”.
Havia também situações de desrespeito até no estado a) O que o autor quis dizer com a frase:”...da fragili-
de São Paulo, principalmente relativas ao pessoal que tra- dade nasceu à força”?
balhava na extração de resinas – de árvores – no sudoeste b) Qual a importância, para o ser humano, da cons-
paulista, na região do Pontal do Paranapanema, onde a or- trução dos instrumentos de trabalho?
ganização era menor e as cidades praticamente inexistiam.
Os trabalhadores trabalhavam embrenhados no mato e o 2- Defina modo-de-produção, e diferencie escravidão
trabalho escravo acontecia. de servidão.
Algumas características podem ser citadas. Além de
não haver organização dos trabalhadores, ou seja, sindi-
3- De que forma o modo-de-produção pode interferir
catos, há muita ignorância. Trata-se de pessoas que não
na formação social?
são da região, normalmente contratadas em outros locais.
A essas pessoas é prometida uma recompensa em termos
4- (Enem 2008) Ao visitar o Egito do seu tempo, o his-
de rendimento, que as atrai e que sempre funciona como
estímulo para continuar na região. toriador grego Heródoto (484 – 420/30 a.C.) interessou-
A organização do trabalho, que é rudimentar, precisa se por fenômenos que lhe pareceram incomuns, como as
de feitor, do carrasco, para manter a disciplina. O trabalho cheias regulares do rio Nilo. A propósito do assunto, escre-
tem de ser feito e a pessoa não pode fugir dele. A discipli- veu o seguinte:
na é obtida por débitos que o trabalhador mantém com o “Eu queria saber por que o Nilo sobe no começo do ve-
barracão, pela passagem adquirida para seu deslocamento rão e subindo continua durante cem dias; por que ele se re-
até o local de trabalho, por algum adiantamento que lhe foi trai e a sua corrente baixa, assim que termina esse número
fornecido anteriormente. de dias, sendo que permanece baixo o inverno inteiro, até
“A partir daí, é obrigado a exercer suas funções de um novo verão.
acordo com o que, aparentemente, era um contrato verbal Alguns gregos apresentam explicações para os fenôme-
estabelecendo tais condições – derrubar tantos hectares de nos do rio Nilo. Eles afirmam que os ventos do noroeste pro-
mata, ou exercer algum tipo de atividade desse naipe.” vocam a subida do rio, ao impedir que suas águas corram
DEPOIMENTO DE WALTER BARELLI e RUTH VILELA para o mar. Não obstante, com certa freqüência, esses ventos
Fonte: http://www.scielo.br/pdf/ea/v14n38/v14n38a02.pdf deixam de soprar, sem que o rio pare de subir da forma habi-
2. Filosofia e educação: contra a servidão tual. “Além disso, se os ventos do noroeste produzissem esse
“La Boétie, no século XVI, diferenciou obediência e efeito, os outros rios que correm na direção contrária aos
servidão. Na primeira, um povo é vencido e conquistado ventos deveriam apresentar os mesmos efeitos que o Nilo,
pela força, o conflito resolve-se pela coerção das armas. O mesmo porque eles todos são pequenos, de menor corrente.”
enigma encontra-se no lado oposto, na servidão, quando Heródoto. História (trad.). livro II, 19-23. Chicago:
‘se vê um número infinito de pessoas não a obedecer, mas Encyclopedia Britanica Inc. 2.ª ed. 1990, p. 52-3 (com
a servir’. Não se submetem por medo da morte – pois se adaptações).
prontificam ‘a apresentar-se corajosamente à morte’, a dar Nessa passagem, Heródoto critica a explicação de al-
sua vida por um príncipe, um partido ou uma causa qual- guns gregos para os fenômenos do rio Nilo. De acordo
quer. Na servidão, o próprio impulso de autoconservação com o texto, julgue as afirmativas abaixo.
se esvai. Se medo há, ‘este não é medo da morte física; é
I Para alguns gregos, as cheias do Nilo devem-se ao
medo da indeterminação que nos habita [...] e que tem sua
fato de que suas águas são impedidas de correr para o mar
fonte em nossa liberdade’. Pensar é o contrário de servir:
pela força dos ventos do noroeste.
‘não pensar não significa não querer pensar, mas querer
II O argumento embasado na influência dos ventos do
não pensar’. Servir é, portanto, fruto de um esforço’...”
Baseado nos textos responda: noroeste nas cheias do Nilo sustenta-se no fato de que,
a) Relacione os textos. O que leva pessoas a se su- quando os ventos param, o rio Nilo não sobe.
bordinarem a outras? III A explicação de alguns gregos para as cheias do
b) De que forma o autor diferencia obedecer de servir? Nilo baseava-se no fato de que fenômeno igual ocorria
c) No seu entender, o que faz com que um povo com rios de menor porte que seguiam na mesma direção
aceite a condição de escravidão ou de servidão dos ventos.
É correto apenas o que se afirma em:
SUGESTÃO PARA PESQUISA A I.
Formação das cidades. B II.
Busque identificar as cidades européias que ainda pos- C I e II.
suem características das estruturas feudais e compará-las D I e III.
com suas estruturas atuais. E II e III.

25
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

5- A liberdade não depende da classe social. O amo pode reter seu escravo, mas não pode obrigá-lo a pensar algo que
não queira. Conforme o texto:
a) A liberdade é indivisível e não depende da classe social.
b) A liberdade para pensar não é uma escolha e independe da classe social
c) O pensamento independe da liberdade e da classe social.
d) O pensamento não é uma escolha.
e) A classe social determina o pensamento dos indivíduos.

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!

Exercício referente aos textos complementares:


a) A ignorância, a falta de organização e a ilusão.
b) Obedecer acontece através da coerção e servir acontece por vontade própria.
c) Resposta pessoal

Exercícios
1- a) Que o ser humano para sobreviver teve de criar ou construir seus próprios meios de defesa.
b) A partir das suas construções passou a dominar a natureza.
2- Forma como se organiza a produção de riquezas numa sociedade. Na escravidão os indivíduos são propriedade de
um senhor funcionando como instrumento de trabalho. Na servidão o indivíduo estabelece uma relação diferenciada, não
podendo ser trocado ou comercializado
3- A partir do momento que pode proporcionar riquezas e relações de domínio.
4- Resposta A
5- Resposta C

PARA SABER MAIS


Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais.
Filme: O Nome da Rosa. Diretor: Jean Jacques Annaud
Filme: Cleópatra. Diretor: Joseph L. Mankiewicz

PRA FIM DE PAPO!

Caro Aluno

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:


• Interpretar diferentes representações do espaço geográfico e dos diferentes aspectos da sociedade.
• Identificar os significados históricos das relações de poder entre as nações.
• Analisar os processos de transformação histórica e seus determinantes principais.
• Comparar o significado histórico da constituição dos diferentes espaços.
• Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na
transformação da realidade histórico-geográfica.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

26
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 3
MODOS DE VER A PRODUÇÃO NO BRASIL
COMPREENDER O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE COMO PROCESSO DE OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS
FÍSICOS E AS RELAÇÕES DA VIDA HUMANA COM A PAISAGEM.

As transformações no modo-de-produção e a necessidade da organização produtiva modificaram as relações na Euro-


pa, a partir do século XV. O modo de vida rural foi substituído pelo urbano e houve total retomada do comércio devido à
concentração das pessoas na cidade. Grande parte dessa mudança ocorreu em função do modo de viver da burguesia, clas-
se comerciante, e das necessidades mercantis imposta pelas novas estruturas política, com a centralização do Estado atra-
vés do absolutismo monárquico; social, com a sociedade dividida em classes; e econômica, através do mercantilismo.

Mercantilismo:
Conjunto de práticas comerciais que propõe a grande Absolutismo:
arrecadação de metais e pedras preciosas. Poder centralizado nas mãos do
Características: rei validado pela igreja. O rei passa
• Estado interfere na economia. a ser a personificação do próprio
• Balança comercial favorável, ou seja, exportar mais do Estado. Foi uma forma de governo
que importar. predominante na Europa entre os
• Protecionismo, fortalecimento da economia reprimindo a séculos XVI e XVIII.
concorrência.

Fonte: cafehistoria.ning.com

As idéias mercantilistas modificaram as estruturas econômicas européia, a partir do século XV e, consequentemente, transfor-
maram também o padrão mundial de consumo, de ocupação do solo, o modo-de-produção e o de sobrevivência. Suas práticas
comerciais exigiam cada vez mais produtos o que demandava cada vez mais mão-de-obra e matérias-prima para produção. Como
conseqüência, o trabalho escravo passa a ser uma prática e a busca constante por novos mercados, especiarias e novas terras, uma
febre. Quanto mais a população crescia maiores eram as necessidades comerciais e a busca por riquezas. As exigências ultrapassa-
ram o campo material e ocuparam também o campo das idéias, à medida que as cidades se desenvolviam a busca por conhe-
cimento científico e artístico e por novas técnicas produtivas crescia na mesma proporção levando às descobertas científicas
que fizeram os Homens atravessarem o oceano em busca de novas terras.
Vimos florescer então, na Europa, o movimento Renascentista, que teve como princípios a valorização do Homem (humanismo),
das artes e da ciência através da construção de um novo saber cujo centro fosse a racionalidade. Esse modo de viver tinha como
modelo as concepções da Antiguidade Clássica, Greco-romana, e proporcionou uma interpretação também diferenciada do mundo.
A religiosidade, que por muito tempo dominou o modo de pensar e de agir das pessoas, passa a ser contestada pela racionalidade,
e as descobertas científicas vão levar à Expansão Marítima e, consequentemente, aos grandes “descobrimentos” e a europeização
do mundo, ou seja, ao primeiro processo de globalização, quando as atividades mercantis passam a ocorrer em escala mundial.
Diante desse quadro, estruturou-se uma nova ordem socioeconômica denominada por alguns estudiosos de capi-
talismo comercial ou capitalismo mercantil, com a acumulação progressiva de riquezas que abriram caminho para a
industrialização dos séculos XVIII e XIX.

27
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Economia Globalizada: As viagens que levaram a


ocupação de novas terras; a conquista de povos, até
então desconhecidos; e ao estabelecimento de rotas
comerciais em vários pontos do planeta. A Europa passa
a dominar a economia mundial e imperar sobre as demais
regiões.

Até 1492 a Europa pode ser interpretada como mera periferia do mundo muçulmano. Com poucas cidades, riqueza
escassa, população relativamente pequena, arte e ciência submetidas ao domínio da igreja. O Império Árabe dominava as
principais rotas de comércio, o Mar Mediterrâneo e os conhecimentos náuticos. Somente após os grandes descobrimentos,
no período denominado Idade Moderna, com a ocupação de novos territórios, com descobrimento de novas rotas comer-
ciais e com a submissão dos povos conquistados que essa condição européia mudou.
De periferia passa a ocupar uma posição mais central no cenário mundial, eurocentrismo. Europa como centro do
universo, e geradora de todo o conhecimento que deveria ser imitado pelos povos conquistados e para que se desenvol-
vessem precisavam ser “civilizados” seguindo o padrão europeu.

AS MUDANÇAS COM A EXPANSÃO MARÍTIMA.


Desafiar os oceanos não foi coisa fácil, não implicava só no conhecimento científico, mas também, em grande inves-
timento e nem todos os reinos europeus possuíam condições financeiras para tanto. Além disso, havia um grande medo
do Oceano, ambiente hostil, cercado por mistérios, contos e fantasias. Portugal e Espanha foram os pioneiros na expansão
marítima. Alguns fatores contribuíram muito para isso, dentre eles temos, a localização geográfica - Península Ibérica (em
destaque no mapa ao lado) – e o fato de que não estavam em guerra como França e Inglaterra, a chamada Guerra dos Cem
Anos, portanto podiam investir em tecnologia e já haviam consolidado sua monarquia.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Iberian_map_europe.svg

28
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

O BRASIL NO CONTEXTO DAS GRANDES NAVEGAÇÕES.


Vendo apenas a História européia, tem-se a impressão de que o Brasil, ou mesmo o resto do mundo, estava parado
no tempo esperando a chegada dos europeus para fazerem parte da História mundial. Essa idéia faz com que esqueçamos
nossa própria origem, interferências e participação na História Mundial. Quem somos nós no contexto mundial? Somos
fruto de construções, miscigenações e interações entre povos diferentes e no caminhar da nossa existência formamos o que
denominamos civilização, povo ou Nação brasileira, contribuindo para a construção de uma História Universal.
Enquanto a Europa movimentava-se para ocupar novas terras e ampliar seus domínios, na América outros povos faziam
sua existência com características, culturas, modo-de-vida e de produção próprios, os índios. Foram os portugueses quem
ocuparam as terras brasileiras. Chegaram em 1500, com a esquadra de Pedro Álvares Cabral, e implantaram seu modelo
europeu de administração. O Brasil tronou-se colônia de Portugal, cabendo a ele, através do pacto colonial, fornecer a
matéria-prima necessária para o desenvolvimento do modelo mercantilista instaurado na Europa, portanto os portugueses
esperavam encontrar ouro e pedras preciosas nas regiões ocupadas. Como isso não ocorreu, as terras brasileiras deixaram
de ser o principal interesse dos colonizadores, que chegaram no Brasil em 1500, mas só foram ocupá-lo de fato em 1530.
Calcula-se que a população indígena no Brasil, também conhecidos como brasilíndios, no momento da chegada dos
portugueses girava em torno de 6 milhões. Hoje encontramos apenas 200 mil. São várias as teorias que tentam justificar
a origem dessas comunidades no território brasileiro, a mais aceita é a que grupos humanos aos poucos e em sucessivas
levas migraram do Oriente e atravessaram o Estreito de Bering.

Os primeiros grupos humanos a chegar atingiram o Alaska e atravessaram a América. Com o passar do tempo foram
se espalhando pelo continente, formando suas comunidades com características específicas influenciadas pelo território
que dominavam. Há teorias que exploram as possibilidades de alguns bandos terem chegado ao Brasil através do Oceano
Atlântico, vindos da África. Porém, são teorias que permanecem ainda em estudos.
No caso brasileiro, podemos notar a existência de comunidades ainda em primitivo estágio de desenvolvimento, os in-
dígenas viviam da caça, da pesca e da agricultura, os grupos lingüísticos eram os mais variados, foi com os Tupis que Cabral
estabeleceu o primeiro contato, e foram eles a primeira mão-de-obra explorada no Brasil. Em parte, o extermínio dessas
comunidades ocorreu devido a essa exploração. A organização produtiva no Brasil necessitava de mão-de-obra, Portugal
era um reino que não ultrapassava muito mais do que um milhão de habitantes, não havia população suficiente para enviar
para fora do país. A opção foi pela escravização da população local.
Além da mortandade causada pela escravidão, tanto na perseguição quanto na imposição de trabalho pesado, aqueles
que sobreviviam eram obrigados a assumir o modo de vida dos europeus. Esta imposição dava-se através da catequização,
imposta pelo colonizador e pelos jesuítas, forçando as comunidades indígenas a abandonarem suas origens e raízes para
assumir a cultura européia, resultando na desintegração de suas culturas. Esse processo é chamado de aculturação.
Se por um lado, a catequização, auxiliou na consolidação de uma civilização mestiça no Brasil, por outro, através da
imposição do catolicismo, fazia com que as comunidades indígenas aceitassem sua condição de submissos.

29
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Inicialmente, os índios retiravam das matas o pau-bra-


sil, produto que determinou o primeiro ciclo econômico
brasileiro. O pau-brasil interessava ao comércio europeu
pela tinta em tom avermelhado que era retirada dele para
tingir tecidos, a princípio o escambo (troca de produtos ou
serviços por quinquilharias) era a forma de pagamento.
Ele era encontrado na floresta que é conhecida, atual-
mente, como Mata Atlântica. A presença da árvore era verifi-
cada a partir do Rio de Janeiro até o estado do Rio Grande do
Norte, passando por Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe,
Pernambuco e Paraíba. A retirada dessa árvore foi tão intensa
que se tornou difícil de encontrar na natureza, impedindo a
sua exploração.
Contudo, por ser uma exploração de um tipo de árvore
só, não houve uma devastação sistemática da Mata Atlântica.

Fonte: http://www.jornaldosamigos.com.br/
mata_atlantica.jpg

A devastação observada no Nordeste ocorreu em fun-


ção da exploração da cana, do advento das cidades e, pos-
teriormente, das usinas que produzem álcool combustível
e açúcar.
Em São Paulo, a cana-de-açúcar poderia ter penetrado
mais, contudo não havia sido explorado o interior do Brasil.
Sendo assim, concentrou-se no litoral a produção de cana,
com muitos prejuízos à Mata Atlântica. Porém, neste Esta-
do, há uma diferença: há terras cultiváveis além da Serra
do Mar. Ao contrário do Nordeste, onde a Serra da Borbo-
rema é um obstáculo para a entrada de frentes úmidas no
interior do Estado de Pernambuco (e os outros), o mesmo
não ocorre em São Paulo. Há outras frentes úmidas, vindas
A foto ao lado representa a árvore na sua idade adulta. do Sul, que conseguem penetrar e tornar o solo produtivo.
Com a introdução da cana-de-açúcar, ocorre o segun- Tanto que a Mata Atlântica cobria quase a totalidade de
do ciclo econômico brasileiro, a necessidade de mão-de-o- São Paulo e dos Estados do Sul, conforme a figura anterior.
bra aumenta ainda mais, as comunidades indígenas foram Estas características permitiram uma expansão da agri-
amplamente utilizadas para suprir a carência produtiva, po- cultura pelo Estado de São Paulo, com preferência ao Café
rém a fraca resistência dos índios com relação as doenças e, posteriormente, a cana-de-açúcar se torna novamente
trazidas pelo europeu determinou o extermínio de grande importante (principalmente na Ditadura Militar, com o pro-
parte da população. Além disso, a necessidade de espaço grama do Proálcool).
para produção, que deslocava ou dizimava comunidades in-
teiras fizeram com que ocorresse o desaparecimento quase
que completo dos grupos indígenas, principalmente daque- Proálcool ou Programa Nacional do Álcool:
les que viviam no litoral. Desenvolvido durante a ditadura militar, tinha
Comparado com o pau-brasil, a cana-de-açúcar foi dife- como objetivo diminuir/eliminar a dependência
rente. A atividade já era mais extensiva, retirando terras de in- brasileira do petróleo como combustível para
dígenas, como já foi visto, e com a destruição de porções da automóveis, frente ao crescente valor do
Mata Atlântica, especialmente em Pernambuco e São Paulo. mesmo. Para tanto, foi escolhido a cana-de-
Em Pernambuco a destruição ficou na Zona da Mata, açúcar para se obter o etanol, o combustível
região onde ocorrem chuvas com freqüência. Esta Zona da
Mata se estende por quase todo o litoral nordestino, com
que substituiria o petróleo.
seu limite na Serra da Borborema. Seu solo é fértil, conhecido
como massapé, permitia alta produtividade na produção de
açúcar. No engenho, havia partes em que o Senhor usava a Hoje em dia, não existe quase nada da Mata Atlântica
terra para produzir alimento para consumo próprio, como: em São Paulo. Cidades e fazendas (das mais diversas cultu-
milho, mandioca, feijão e frutas e, também, de pasto para ras) levaram ao fim dela. Sobrando alguns pontos de pre-
gado. Na próxima figura, vemos a atual situação da Mata servação, onde sobrevive um pouco da sua fauna e flora.
Atlântica, comparada com a situação da mesma na época
do descobrimento

30
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

duto conhecido e necessário na Europa, e os portugueses


“PF vai responsabilizar pistoleiros” por conflito
já produziam nas colônias africanas. Faltava ainda resolver
em terra indígena de Roraima, diz Tarso dois problemas, um com a mão-de-obra, já que o trabalho
HUDSON CORRÊA enviada da Folha de S.Paulo à indígena não se mostrou eficiente, e outro com a forma de
Vila do Surumu (RR) 07/05/2008. ocupação territorial para o plantio.
Entre 1534 e 1536, as terras brasileiras foram dividias
O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem em Capitanias Hereditárias e doadas a seus respectivos
--dentro da fazenda onde índios foram feridos senhores, chamados de donatários. No total foram 15 lotes
anteontem na reserva Raposa/Serra do Sol em de terras, latifúndios, e em cada um deveria funcionar um
Roraima-- que a Polícia Federal vai “responsabilizar engenho. Desses lotes, apenas dois se tornaram de fato
produtivos, um em São Vivente, outro em Pernambuco. O
os pistoleiros” que feriram os índios. Escoltado por
engenho era a unidade produtiva, nele ocorria a vida da
ao menos 20 policiais e protegido por helicóptero que colônia, desde a preparação dos produtos que seriam en-
fazia sobrevôos em círculos com um atirador na porta, caminhados à metrópole até os demais produtos necessá-
Tarso chegou, foi cercado por índios e disse: “Estamos rios à sobrevivência da Capitania. Exigia um grande núme-
aqui para fazer uma investigação e responsabilizar as ro de trabalhadores, daí a opção pelo trabalho escravo, a
pessoas que causaram esse incidente grave. Confiem princípio o indígena nativo e posteriormente, o africano.
no trabalho da PF e da Força Nacional”.
O tráfico de escravos africanos
“O senhor quem é?”, perguntou o líder macuxi Além do fato dos jesuítas protegerem os indígenas com
a catequese, outro fator favorecia o tráfico de escravos afri-
Djacir Merequior da Silva. “Sou ministro da Justiça
canos, seu lucrativo comércio. A coroa portuguesa não con-
do país”, disse Tarso. “Como é o nome do senhor?”, seguia controlar a compra e venda dos índios, pois o apri-
disse Djacir. “Tarso Genro”, respondeu o ministro, sionamento deles nem sempre era declarado, já o escravo
que veio de helicóptero de Boa Vista, desceu em Vila africano entrava no país pelo porto o que proporcionava o
do Surumu e foi ao local onde os índios montaram monopólio (controle) sobre o tráfico, além disso, muitas ve-
20 barracas anteontem. Tarso pediu calma aos índios, zes os escravos eram trocados por produtos produzidos no
mas ouviu que eles vão recuperar a terra “na lei ou Brasil, como tabaco, algodão ou mesmo aguardente, o que
na marra”. Cerca de cem indígenas permanecem na garantia maior lucro. Foi a mão-de-obra escrava que possi-
bilitou a implantação da indústria canavieira.
fazenda.
Os Navios Negreiros eram também chamados de tum-
beiros, porque transportavam os escravos nas piores con-
dições, causando a morte de muitos no caminho. Chegan-
O índice de mortalidade entre os indígenas após o
do ao Brasil eram expostos e ofertados em praças públicas.
contato com os europeus na América foi muito grande.
Doenças como gripe, sarampo e varíola dizimaram comu-
nidades inteiras. Ainda hoje, várias populações indígenas
sofrem com as péssimas condições de saúde, devido ao
precário atendimento a que estão sujeitos, por estarem à
margem do sistema social. Além da questão saúde, outros
problemas aparecem com grande freqüência, como por
exemplo o direito a terra. Os conflitos pela ocupação das
terras demarcadas para ocupação indígenas fazem parte
até hoje da História brasileira.

CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL COLO-


NIAL
Por medo de perder as terras brasileiras, Portugal pas-
sa a organizar expedições exploradoras com o objetivo de Fonte: Rugendas, Biblioteca Municipal de São Paulo
fundar feitorias e expulsar os contrabandistas de madeira
que freqüentavam o litoral brasileiro. Havia necessidade de CICLO DO OURO: TERCEIRO CICLO ECONÔMICO
colonizar definitivamente as terras já ocupadas o que não NO BRASIL
era tarefa fácil, devido à extensão do território. Era preci- O ouro foi encontrado no Brasil no final do século XVII,
so muito investimento, grande número de trabalhadores em Minas Gerais, os bandeirantes, indivíduos que se infil-
e principalmente de um produto que fosse conhecido, lu- travam no interior do Brasil buscando, além de reconhecer
crativo e de fácil adaptação ao clima e ao solo. A cana-de o território e procurar ouro, aprisionar índios para comer-
-açúcar atendia a quase todas as exigências, já era um pro- cializá-los como escravos. A atuação desses bandeirantes
foi fundamental para a ocupação do interior brasileiro.

31
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Dessa forma realizava-se o grande sonho português, pois


a produção açucareira já se apresentava em crise. Com a
descoberta do ouro a população brasileira que no final do
século XVII compreendia cerca de 300 mil pessoas, cresceu
para 3 300 000 no final do século XVIII. Multiplicaram-se
os povoados e cidades, surgiram os mais variados serviços
e a sociedade enriqueceu abrindo espaço para o surgi-
mento de uma vida urbana.
A ocupação e o povoamento da região obrigaram a
abertura de estradas e caminhos que ligassem o interior
ao litoral, ou seja, a região das minas ao porto do Rio de
Janeiro, com isso um novo eixo econômico surgiu e deter-
minou a transferência da capital, que antes era Salvador,
para o Rio de Janeiro em 1763. A integração econômica
das várias regiões foram favorecidas pelas tropas de mula
que cruzavam o interior para levar não só o ouro mais as
mercadorias para comércio. Vila Rica (hoje atual Ouro Pre-
to) tornou-se a principal cidade das minas e declarada ca-
pital de Minas Gerais.
A descoberta do ouro proporcionou também a inten-
sificação do comércio, ampliação do mercado consumi-
dor e a sociedade passou a contar com um número muito CICLO DO CAFÉ: QUARTO CICLO ECONÔMICO DO
maior de artesãos, comerciantes, pequenos proprietários, BRASIL
funcionários públicos e profissionais liberais. Os minera- Durante o Império e os primeiros tempos da República, a
principal riqueza brasileira era o café. Entrou no Brasil no início
dores ricos enviavam seus filhos para as universidades
do século XVIII, pela região norte, trazido das Guianas. Espa-
européias e a sociedade passou a contar com um núme-
lhou-se pelo território nacional e o seu cultivo ganhou força nos
ro maior de intelectuais, trazendo uma nova mentalidade
subúrbios do Rio de Janeiro, próximo ao vale do Paraíba. Em
que serviriam mais tarde para abalar as estruturas políticas
1880, sua produção era a maior do mundo, essa expansão física
brasileiras.
e econômica ocorreu devido a crescente demanda externa e a
Apesar da presença de alguns homens livres, ou mes-
disponibilidade de recursos internos como mão-de-obra, terras
mo de escravos forros, aqueles que conseguiam a Carta
e meios de transporte subutilizados das lavouras canavieiras e
de Alforria, a mão-de-obra permanecia escrava, as condi-
também, dos recursos da mineração e do tráfico de escravos.
ções de trabalho eram péssimas e a vigilância constante.
A expectativa de vida daqueles que trabalhavam nas mi-
nas era baixa devido às doenças a que estavam sujeitos.
Muitos não ultrapassavam 12 anos de atividade e as fugas
eram constantes, o que proporcionou a existência de vá-
rios quilombos em Minas Gerais.
Desde a descoberta das primeiras pedras de ouro pe-
los bandeirantes, nunca mais se parou de procurar ouro.
Ainda hoje, milhares de pessoas – garimpeiros – vivem de
forma perigosa como mergulhadores de rios para extração
do ouro, ou mesmo nas encostas dos morros ou barrancos
na tentativa de encontrar o metal. As mortes não são raras
devido aos abusos cometidos em nome da extração. Além
disso, temos as doenças e a degradação do meio ambien-
te devido a utilização inadequada de produtos químicos,
como o mercúrio utilizado na separação entre ouro e im-
purezas. As invasões de terras indígenas são consideradas
as principais causas do alto índice de mortandade nesse
setor.

32
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

O plantio de café, que começou no Rio de Janeiro, en- Até antes do advento da ferrovia, o transporte de car-
controu logo sua limitação: Os produtores sofriam com a fal- gas no Brasil era feito com mulas e burros, através de es-
ta de espaço para expandir suas plantações. Então, os novos tradas carroçáveis. Estima-se que, em Santos, chegavam anual-
produtores começaram a levá-lo para outros lugares, com mente 200 mil animais transportando café e outros produtos
grande destaque para o interior paulista, sul de Minas Gerais, agrícolas e retornavam com as mercadorias importadas para
Espírito Santo e, posteriormente, Norte do Paraná. São Paulo e outras regiões.
Esta região detinha o clima adequado para a produção A ferrovia só ganhou destaque através do empresário Iri-
de café, com temperaturas medianas (entre 18º a 25º), um neu Evangelista de Souza (1813-1889), conhecido como Barão
inverno não muito rigoroso e um verão não muito forte, chu- de Mauá, que conheceu na Inglaterra as fábricas, fundições de
vas regulares (seca de no máximo de 3 meses), uma altitude ferros e a ferrovia (elementos presentes na Revolução Industrial),
mínima de 500 metros e um solo fértil. Estas características e decidiu trazer a industrialização para o Brasil. Sua iniciativa foi
estão presentes em todos os estados citados, porém um fator agraciada com a construção do primeiro trecho de ferrovia, ligan-
faz a diferença, a terra roxa. do a Praia de Estrela, na Baía de Guanabara à Raiz da Serra de
Assim, com a maior procura pelo café no exterior, a pro- Petrópolis, conhecida como a Estrada de Ferro de Petrópolis.
dução de café disparou no interior paulista, substituindo a ca- Contudo, as construções de ferrovias no Brasil atendiam
na-de-açúcar onde ela já havia alcançado e expandiu as terras aos interesses dos produtos de café (produto que financiava
cultiváveis paulistas, através da devastação da Mata Atlântica. as ferrovias, junto com o Estado brasileiro), renegando o trans-
Essa expansão levou à criação de novas cidades, o que porte intermunicipal e interestaduais de pessoas e mercadorias.
transformou terrenos, antes naturais, em pequenas cidades, A lógica das ferrovias era de buscar o café nas principais
onde a economia local girava em torno das grandes fazendas, fazendas produtoras e encaminhar o produto aos portos para
que estavam ligadas aos maiores centros através da ferrovia. serem exportados. Isso tornava as ferrovias menos eficientes,
pois eram necessários diversos desvios até o destino final.
As ferrovias garantiram a continuidade da produção e ex-
portação do café brasileiro, dando-lhes uma grande vantagem
logística, porém as regiões produtivas do Brasil se mantiveram
longe uma da outra e com difícil acesso. A utilização de carro-
ças, através de precárias estradas, impedia um maior intercâm-
bio entre as cidades, de pessoas e mercadorias e a ferrovia era
a solução ideal para a época.

ANO EXTENSÃO (KM)


1854 16,10
1873 1.011,70
Terra Roxa: é um tipo de solo bastante fértil, ca- 1884 6.116,00
racterizado por ser o resultado de milhões de anos
de decomposição de rochas de um derrame vulcâ- 1888 9.200,00
nico. É caracterizado pela sua aparência vermelho- 1889 9.538,00
-roxeada inconfundível, devido a presença de mi-
1922 29.000,00
nerais.
No Brasil, esse tipo de solo aparece nas porções 1940 34.207,00
ocidentais dos estados do Rio Grande do Sul, San- 1953 37.200,00
ta Catarina, Paraná, São Paulo, sul e sudoeste de
Minas Gerais e sudeste do Mato Grosso do Sul,
A evolução das ferrovias no BR.
destacando-se, sobretudo nos últimos três estados
- São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul-
por sua qualidade. Assim, o sucesso das lavouras cafeeiras fez com que as
O nome terra roxa é dado a esse tipo de solo, de- oligarquias agrárias mantivessem seu poder principalmen-
vido aos imigrantes italianos que trabalhavam nas te quanto à ocupação das terras que ocorria ou por meio da
posse ou mesmo da força. Os abusos da ocupação da terra
fazendas de café, referindo-se ao solo com a deno-
por posse eram constantes, foi necessário criar um mecanismo
minação Terra rossa, já que rosso em italiano sig- para regulamentação, fiscalização e demarcação da proprie-
nifica vermelho. E, devido a similaridade entre essa dade. Em 1850 foi criada e aprovada pela Assembléia Geral
palavra, e a palavra “roxa”, o nome “Terra roxa” do Império a Lei de Terras, que regulava a destinação das
acabou se consolidando. terras devolutas (ociosas) que só poderiam ser adquiridas
legalmente por compra.

33
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Na prática, a lei não impediu a invasão e a “grilagem”


Escravidão branca em São Paulo
de terras devolutas pelo país afora. Como consequência
direta ocorreu o aumento e a concentração de terras nas
mãos de uma elite que dificultava tanto as classes mais po- Será exagero, diante de tudo isso (dívidas,
bres, quanto os pequenos proprietários de terem acesso castigos, prisões, multas em dinheiro, etc.),
a terra. Com isso reforçou-se o predomínio da agricultura dizer-se que os colonos se acham sujeitos a uma
de exportação o que prejudicava o abastecimento interno. nova espécie de escravidão, mais vantajosa para
Essa herança colonial ainda se manifesta em algumas re- os patrões do que a verdadeira, pois recebem
giões brasileiras. os europeus por preços bem mais moderados
do que os dos africanos, sem falar no fato de o
trabalho dos brancos ser mais proveitoso que o
História e Meio Ambiente
dos negros?
Um dos problemas com o plantio de café foi o des- Estou certo de que [...] não exagerei em nada
matamento e a ocupação desenfreada da Mata na minha conclusão: os colonos sujeitos a esse
Atlântica. Nas plantações no Rio de Janeiro, por sistema de parceria não passam de pobres
exemplo, os terrenos de cultivo mais antigo não coitados miseravelmente espoliados, de perfeitos
eram replantados, mas sim abandonados, e novas escravos, nem mais nem menos.
faixas de terra eram então limpas para manter a
(Thomas Davatz. Memórias de um colono no Brasil. Belo
produção. Quanto mais o café avançava maior era Horizonte, 1980,p.140)
o rastro de terras e montanhas devassadas.
A escravidão remete a um triste passado da História
brasileira, e a condição de escravo nunca foi aceita de for-
O enriquecimento proporcionado pelo café no sécu- ma passiva pelos negros. Foram várias as formas de resis-
lo XIX fez do Brasil um país que balançava entre o velho, tência à escravidão, suicídios, insurreições, assassinatos de
conservando a herança colonial, e o novo tentando acom- senhores e principalmente as fugas individuais ou coletivas
panhar a modernidade capitalista e burguesa. Por um lado com a formação dos Quilombos. Alguns autores classificam
buscava acompanhar os avanços tecnológicos para im- essas lutas como um dos primeiros movimentos nativis-
plantar a indústria, por outro, mantinha valores decaden- tas, pois apesar de não revelarem uma tomada de cons-
tes do passado como a escravidão negra. Aliás, esse era o ciência nacional, nem reivindicarem a integração social, em
ponto fraco do processo produtivo cafeeiro. suas manifestações isoladas evidenciaram os interesses de
A produção cafeeira era extensiva e necessitava de for- uma população nascida no Brasil que lutava contra os inte-
ça braçal, não da técnica. O tráfico de escravos foi suspenso resses metropolitanos.
em 1850 ameaçando cada vez mais a produção. A opção Os quilombos eram comunidades negras livres, au-
era tentar trazer escravos inter-regionais ou atrair mão-de to-suficientes, que produziam gêneros agrícolas para seu
-obra imigrante. O declínio escravista, sobretudo a partir próprio sustento ou mesmo para pequeno comércio. Cons-
de 1870, com o crescimento dos movimentos abolicionis- tituiu-se com grande sucesso, o que fazia dessa estrutura
tas, proporcionou a entrada do imigrante europeu (tam- uma ameaça cada vez maior aos senhores de engenho,
bém conhecido como colono). Sua adaptação no Brasil não pois estimulava cada vez mais a fuga de escravos e a for-
foi nada fácil, além da exploração da sua força de trabalho mação de outros quilombos. O mais conhecido entre os
teve de enfrentar a dura realidade imposta pela mentalida- quilombos foi o de Palmares, no território de Alagoas, o
de escravista que perdurava no fazendeiro. qual já citamos em capítulo anterior, que tinha como prin-
Nem só de açúcar, café e ouro viveu o Brasil. A borra- cipal líder Zumbi, na luta em defesa da sua comunidade
cha, o algodão, o tabaco e o gado contribuíram profunda- conseguiu resistir várias vezes aos ataques do colonizador.
mente para o desenvolvimento de nossa região. O extremo Após diversos cercos mal-sucedidos, o bandeirante paulis-
sul do Brasil produzia a carne na forma de charque, a cria- ta, Domingos Jorge Velho, destruiu o Quilombo de Palma-
ção de gado foi providencial para a interiorização do Brasil, res, em 20 de novembro de 1695, data em que atualmente
se comemora o dia da Consciência Negra.
e o charque (ou carne seca) compunha parte da alimenta-
Desde 1870, havia um interesse internacional pela abo-
ção dos escravos. O sertão nordestino, não possuía solo
lição (fim) da escravidão, e o Brasil destacava-se como o
apto para produzir a cana-de-açúcar, o que fez com que único país independente da América a manter o regime
optasse, também, pelo gado. escravista. Internamente a escravidão também gerava vá-
Na Bahia a produção de tabaco também foi significa- rios conflitos entre aqueles que não aceitavam perder sua
tiva, pois era utilizado como moeda de troca para adquirir mão-de-obra e aqueles que lutavam contra a manutenção
escravos (escambo). do escravismo. Os movimentos abolicionistas passaram a
ocorrer nas mais variadas formas, panfletagens, artigos em
jornais e ações diretas como o grupo de caifazes, que inva-
diam as senzalas, alojamentos dos escravos, libertando-os
ou mesmo planejando sua fuga.

34
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Após muita pressão externa, principalmente dos ingleses que necessitavam ampliar seu mercado consumidor; e interna
com a dificuldade de abastecimento de mão-de-obra escrava interprovincial, ocorre o fim da escravidão no dia 13 de maio
de 1888, conforme já pontuamos no capítulo anterior quando a Princesa Isabel assina a Lei Áurea.

O GADO
Este animal, no começo da exploração brasileira, era visto como um elemento complementar nas fazendas, servindo de
força de tração – puxando carroças e material para arar o solo - e de alimento para consumo próprio.
Inicialmente, a presença de gado aconteceu na Bahia e, depois, para os demais Estados do Nordeste. A abundância de
chuva, na Zona da Mata, permitia a criação de pastos onde o gado se alimentava. Porém, com o incremento na produção da
cana-de-açúcar e a necessidade de mais terras para plantar, os gados foram levados ao interior do Nordeste, mas sempre
próximos aos rios, onde há pasto e água para sua sobrevivência.
Contudo, o clima do sertão nordestino não é muito adequado para o gado, mesmo quando estão próximos aos rios. É
por isso que, com o passar do tempo, outras regiões começaram a criar gado, obtendo mais sucesso. Também, não haveria
de ser diferente, já que no nordeste temos uma mudança do clima tropical semi-árido, com uma vegetação pobre em ali-
mentação (caatinga), para um clima sub-tropical úmido e/ou tropical úmido, com uma vegetação abundante e rica para a
alimentação de gado (campos naturais – campanha gaúcha e campos de vacaria no Mato Grosso do Sul.
Porém, o gado é um argumento a mais para justificar a destruição de uma vegetação natural. A prática atual no Brasil
é a extensiva, ou seja, grandes pedaços de terra para uma grande quantidade de gado, se alimentando através do pasto.
Quando há necessidade de mais espaço, a primeira coisa que acontece é a destruição da floresta próxima ou da própria
fazenda, para alimentar os animais.
Não obstante, tal prática extensiva é pior para a produção de gado para corte – aquele que nós compramos no frigorí-
fico. É uma técnica antiga, rudimentar, que não aproveita os conhecimentos obtidos durante anos e anos de estudo desses
animais, para melhorar a não só a sua alimentação – através de ração –, mas também sua saúde e controle.

UMA REFLEXÃO

As principais rodovias existentes no Brasil passam por São Paulo ou estão dentro de São Paulo. Este fato é em função
da produção industrial brasileira se concentrar no estado, um mercado consumidor forte, possuir grandes plantações agrí-
colas e criação de gado e, por fim, possuir um planalto relativamente plano após a serra do mar, o que diminui o custo de
construção.

35
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Portanto, temos as rodovias estaduais no sentido Interior Embaixo do “cascalho cego” estão 24 toneladas de
(SP-Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto), com destaque para ouro numa área de cem hectares, segundo estimativa do
o sistema Anhanguera-Bandeirantes (reprodução de antigas Departamento Nacional de Produção Mineral de 2004. Ex-
rotas dos bandeirantes) e, no sentido litoral (SP-Santos), o trair essa fortuna depende de máquinas, pois o ouro não
sistema Anchieta-Imigrantes. Essas rodovias representam o está ao alcance das mãos de garimpeiros.
que aconteceu com o transporte ferroviário no Estado e no “Se você perguntar, 95% das pessoas querem sair de lá
Brasil. Ele foi substituído pelo o uso de rodovias e caminhões [Serra Pelada], mas não têm condições”, diz o candidato do
como os meios de transporte preferenciais de mercadorias PT, Luiz Rezende, 44.
(carros e ônibus para pessoas). Os trechos citados anterior- Já Wenderson Chamon, 33, o Chamonzinho (PMDB),
mente, possuíam uma importante malha ferroviária que es- disse que não quer falar sobre Serra Pelada. Ele tenta se
coava a produção de café do interior do Estado. esquivar da disputa pelo controle da Coomigasp, a coope-
Não obstante, temos as rodovias federais que chegam rativa de garimpeiros de Serra Pelada.
a São Paulo, tais como: a Fernão Dias (SP – Belo Horizonte O direito de mineração na área de cem hectares, será
– Brasília); a Dutra (SP – Rio de Janeiro) e; Régis Bittencourt da Coomigasp, que reúne mais de 45 mil associados no
(SP – Curitiba – Florianópolis – Porto Alegre). país.
Podemos ver na imagem anterior, portanto, o mapa com O ex-prefeito e fundador da Coomigasp, Sebastião
todas as rodovias existentes e em projeto no Brasil. É possí- Moura (DEM), 73, o major Curió, é a maior influência elei-
vel observar que, há ligações entre quase todos os estados toral local. Ele foi cassado em julho passado acusado de
com fronteiras, tendo exceção alguns estados do Norte, em compra de votos. Curió comandou Serra Pelada por ordem
função da Floresta Amazônica. Estes são estados onde há o do governo, na década de 80. Curionópolis foi batizada
domínio de outro meio de transporte, o fluvial (especialmen- com esse nome em homenagem a ele. Para a prefeitura, o
te na Amazônia, em função da grande bacia hidrográfica da candidato dele é Alexei da Silva (PDT), 40, que prega “levar
região). Isso acontece por causa da maneira extremamente vida digna” aos garimpeiros.
complicada, com altos custos financeiros e ambientais, de Após o prefeito ser cassado, assumiu o poder o verea-
construir uma rodovia na Floresta Amazônica. dor Cassiano Bezerra, 42, (PSB), eleito por via indireta pela
Esta solução começou a ser implantada em outros lu- Câmara. Disse que seu primeiro projeto é atender Serra
gares, especialmente em São Paulo e no Sul do país, que se Pelada.
utilizam da Bacia Platina (Bacia do Paraná e do Uruguai) para a) Localize num mapa a Serra Pelada.
transporte de mercadorias agrícolas, através de hidrovias b) Em 1980, a região de Serra Pelada alcançou seu
(mais importantes são o Rio Tietê e o Paraná). período de maior produção. Faça um paralelo entre a situa-
Junto com as ferrovias, as hidrovias apresentam a me- ção da região em 1980 e hoje.
lhor forma de transporte de mercadorias, tendo em vista a
relação custo/benefício final. Uma composição de trem ou SUGESTÃO PARA PESQUISA:
várias barcaças sendo rebocadas retiram um número expres- O que restou dos quilombos?
sivo de caminhões das estradas e das cidades. Contribuem Atualmente podemos encontrar cerca de 724 comu-
para a diminuição na poluição atmosférica, com o trânsito e nidades negras identificadas como remanescentes de qui-
a preservação das estradas e ruas. lombos. Entretanto nem todas foram reconhecidas pelo
governo. Busque identificar algumas delas levando em
LEITURA COMPLEMENTAR conta a região, a população, a organização produtiva e os
18/09/2008 - 08h49 costumes.
Voto de garimpeiro é decisivo em Serra Pelada
AGORA É A SUA VEZ!
HUDSON CORRÊA - enviado especial da Folha a Curio-
nópolis (PA) 1- De que forma atualmente podemos perceber as
Serra Pelada virou uma favela sobre toneladas subterrâ- interações culturais entre os povos que ocuparam o terri-
neas de ouro, mas os votos de seus moradores, a maioria ex- tório brasileiro?
garimpeiros, são decisivos nas eleições de Curionópolis (PA).
Por isso, os candidatos a prefeito disputam a preferência do 2- Leia o trecho do poema de Castro Alves, “O Navio
povoado de ex-garimpeiros. Negreiro” e responda.
Cerca de 6.000 pessoas, segundo a prefeitura, vivem em “Era um sonho dantesco...O tombadilho
Serra Pelada. É mais de um terço da população de Curionó- Que das luzernas avermelha o brilho.
polis. Distrito do município, a serra reuniu, no início da déca- Em sangue a se banhar.
da de 80, 116 mil homens atrás de ouro. “No morro tiravam Tinir de ferros... estalar de açoites...
as folhas do chão e achavam as pedras de ouro. Então, veio Legiões de homens negros como a noite,
um cascalho cego e não acharam mais nada”, diz Sebastião Horrendos a dançar...
Ferreira da Silva, 78, o Trovão, garimpeiro que chegou por Negras mulheres, suspendendo às tetas
lá em abril de 1980 e hoje vive em um barraco de madeira Magras crianças, cujas bocas pretas
coberto de palha, moradia semelhante à de outros ex-ga- Rega o sangue das mães
rimpeiros do local. Outras moças, mas nuas e espantadas,

36
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

No turbilhão de espectros arrastadas, HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!


Em ânsia e mágoa vãs!”
a) Quais são as condições enfrentadas pelos negros Exercício relacionado ao texto complementar:
nos navios negreiros?
b) Que fatores fizeram com que o africano fosse es- Exercício 1:
cravizado? Pessoal
c) Quais foram as formas de resistência à escravidão?
d) 12 Exercício 2:
a) As piores possíveis. Sofriam todos os tipos de
3- A identidade negra não surge da tomada de cons- maus-tratos, fome e muitos morriam a caminho, fazendo
ciência de uma diferença de pigmentação ou de uma di- com que os navios fossem chamados de tumbeiros.
ferença biológica entre populações negras e brancas e(ou) b) O principal foi lucrativo tráfico de escravos, porém
negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histó- a fraca resistência dos índios as doença dos europeus, a
rico que começa com o descobrimento, no século XV, do catequização e a dificuldade do controle português sobre
continente africano e de seus habitantes pelos navegadores o aprisionamento também contribuíram.
portugueses, descobrimento esse que abriu o caminho às c) Suicídios, assassinatos, fugas e formação de qui-
relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à lombos.
escravidão e, enfim, à colonização do continente africano e
de seus povos. Exercício 3:
K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversida- D
de e a identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educa-
ção: reflexões e experiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, Exercício 4:
p. 37. C
Com relação ao assunto tratado no texto anterior, é
correto afirmar que:
PARA SABER MAIS
a) a colonização da África pelos europeus foi simul-
Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas
tânea ao descobrimento desse continente.
sugestões para que você aprenda ainda mais.
b) a existência de lucrativo comércio na África levou
Filme: Lucíola. Diretor: Alfredo Sternhein.
os portugueses a desenvolverem esse continente.
Filme: Inocência. Diretor: Walter Lima Jr.
c) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao
início da escravidão no Brasil.
PRA FIM DE PAPO!
d) a exploração da África decorreu do movimento de
expansão européia do início da Idade Moderna.
e) a colonização da África antecedeu as relações co- Caro Aluno
merciais entre esse continente e a Europa.
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
4- (ENCCEJA 2006) Considere as seguintes leis: • Identificar diferentes representações cartográficas
Lei n.o 4.151, de 4 de setembro de 2003 — institui nova de um mesmo espaço geográfico.
disciplina sobre sistemas de cotas para ingresso nas univer- • Analisar o papel dos recursos naturais na produ-
sidades públicas estaduais e dá outras providências. ção do espaço geográfico, relacionando transformações
Lei n.o 4.528 — institui nos currículos do ensino funda- naturais e intervenção humana.
mental e médio o ensino de História e Cultura Afrobrasileira. • Correlacionar a dinâmica dos fluxos populacionais
Lei n.o 2.589, de 26 de dezembro de 2002 — dispõe e a organização do espaço geográfico.
sobre a reserva de vagas aos vestibulandos índios na Uni- • Correlacionar textos analíticos e interpretativos
versidade Federal do Mato Grosso do Sul. sobre diferentes processos histórico-geográficos.
Muitas vezes o Brasil é visto, tanto aqui como no exte- • Confrontar formas de interações culturais, sociais,
rior, como um país com uma convivência harmoniosa entre econômicas, ambientais, em diferentes circunstâncias his-
as etnias, sobretudo quando as imagens divulgadas mos- tóricas.
tram o carnaval e jogos de futebol. As leis mencionadas aci-
ma e promulgadas nos últimos anos indicam que Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-
a) a idéia de convivência harmoniosa é verdadeira e es- de um pouco mais, você esta construindo um processo de
sas leis: acabam suscitando preconceito contra minorias. aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!
b) há uma tendência para se inibir o racismo legalizado
no Brasil.
c) os movimentos contra discriminações e preconcei-
tos têm avançado bastante no Brasil e as leis reforçam essa
tendência.
d) o Brasil está entre os países do mundo com os me-
nores índices de violação de direitos humanos, por isso es-
sas leis tornam-se desnecessárias.

37
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 4 Imperialismo: É um movimento internacional


do capitalismo industrial, que busca dominar
ADMINISTRANDO CONFLITOS: O PAPEL os locais onde há matéria-prima, através da
DAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS política, da economia e de suas forças armadas
(marinha e exército), ao estabelecerem acordos
Compreender a produção e o papel histórico das ins- que penalizavam o país produtor da matéria-
tituições sociais, políticas e econômicas, associando-as às
prima.
práticas dos diferentes grupos e atores sociais
Nacionalismo: Movimento oriundo da
O final do século XIX ficou marcado pela importância burguesia, como forma de integrar o país sob
crescente dada aos intercâmbios (trocas) de produtos obri- uma nação, ou seja, ao direcionar a valorização
gando o mundo a fixar cada vez mais normas que regu- da cultura daquele povo, através de símbolos
lassem o comércio, estimulassem o acúmulo de capital e como bandeira, hino e a história de fundação,
enriquecessem o Estado. Alguns eventos em particular ti- o povo passa a se identificar como ser que faz
veram grande influência nesse processo, a Revolução Fran- parte da nação e passa a defendê-la dos seus
cesa (1789), que proporcionou durante mais de cem anos, inimigos.
um novo olhar sobre a política, a economia e as estruturas
sociais em todo o mundo ocidental, fazendo surgir o povo
Os interesses capitalistas, as idéias imperialistas e o na-
como massa em ação; a Revolução Industrial impondo um
cionalismo, juntos, geraram vários impasses e elementos
novo modelo produtivo e econômico fazendo surgir o pro-
desagregadores da paz mundial e, em 1914, conduziram
letariado como classe social e o Imperialismo impulsio-
à Primeira Guerra Mundial, que se manteve até 1918. As
nando a expansão do capitalismo.
conseqüências dela alteraram a balança de poder financei-
ro, com as potências européias em débito com os EUA. Os
Capitalismo: Sistema político-econômico empresários norte-americanos aproveitaram, também, a
guerra para expandir seu comércio com estes países, atra-
organizado através da propriedade privada dos
vés da exportação de diversos produtos. Isso levou a um
meios de produção. Assim, há uma divisão de
entusiasmo na economia dos EUA que, ao enfrentarem di-
classes, entre os capitalistas (donos dos meios) ficuldades, acabou por desestruturar o arranjo financeiro
e os proletários – operários – (donos da força de do capitalismo internacional, onde ocorreu a crise de 29.
trabalho), o que resulta em conflitos de interesses Momento este, aproveitado para aumentar a difusão
das classes. das idéias marxistas, pois em 1917 ocorreu a Revolução
Socialismo: Sistema político-econômico Bolchevique na Rússia e a transformou na antiga União So-
organizado através da propriedade pública (na viética, que hoje é configurada pela CEI (veja sobre a CEI
figura do Estado) dos meios de produção. Ao na parte “Povo Civilizado Que Promove Guerras!”, ao longo
contrário do capitalismo, não há divisão de classes, deste capítulo), sendo o primeiro país a adotar o socialismo
portanto não há conflito de interesse entre o povo como orientação política e econômica.
(uma vez que tudo é dele também).

Esses fatores reunidos fizeram com que o mundo no


século XX estivesse sujeito à supremacia econômica capi-
talista, dependente de algumas potências européias, prin-
cipalmente da Inglaterra que buscava manter e ampliar
o domínio sobre suas colônias e equipar-se militarmente
resguardando-se do poderio de outras nações que já des-
pontavam como possíveis potências, caso da Alemanha e
dos Estados Unidos.
A Ásia e a África, devido ao imperialismo, passaram a
ser áreas disputadas pelas potências que surgiam, algumas
nações européias passaram a exigir autogoverno, outras
como a Polônia, Irlanda e povos do antigo império Austro
-Húngaro – hoje dividido em vários países da Europa, den-
tre eles: a Áustria, Hungria, República Checa, Eslováquia,
Eslovênia, Croácia, Bósnia Herzegovina e partes menores
de outros países, como: Itália, Romênia, Polônia e Ucrânia
– lutavam pela independência intensificando cada vez mais
o militarismo europeu.

38
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Como já vimos, ocorreu uma desestruturação capitalis-


Nazismo: do alemão National Sozialismus, foi
ta, em 1929. Ela fora marcada pelo crash da Bolsa de Nova
organizado pelo Partido Nazista, sob o comando York. Este crash foi resultado de uma virada de expectativas
de Adolf Hitler. Possuía as mesmas características dos operadores na bolsa, em vista da desaceleração econô-
de um governo totalitário, onde havia o culto ao mica observada nos EUA. Isto potencializou a queda da eco-
líder, promulgação de ideais de raça superior (a nomia norte-americana, que, na época, já era a maior eco-
ariana), polícia repressiva e perseguição política. nomia mundial, superando a economia britânica e a alemã.
Porém, teve um agravante: incorporou-se o Esta desaceleração econômica ocorreu em virtude da
elemento do racismo, principalmente contra os Primeira Guerra Mundial, pois as economias européias, em
judeus. Este elemento, elevado durante a guerra, especial a Alemanha, França e Inglaterra, ficaram fragilizadas
levou ao holocausto. por conta do esforço necessário para pagar a guerra (produ-
Fascismo: foi um movimento político italiano, ção de armamentos, munições, alimentos para os soldados,
etc). E, também, estas economias sofreram com a destruição
liderado por Benito Mussolini, com características
de fábricas, fazendas e a perda de recursos humanos, por
totalitárias. O termo fascismo vem de fascio, que conta do conflito.
significa feixe (símbolo de poder na Roma Antiga, Os EUA, por outro lado, entraram depois neste conflito
o feixes de varas, que representava a união do e, assim, conseguiram emprestar grande somas de dinheiro
povo em torno do Estado). O objetivo era trazer ao e exportarem materiais essenciais (como comida, armamen-
Estado Italiano mais poder, através da liderança tos, munição e outros) aos países em guerra, especialmente
carismática, do corporativismo, nacionalismo, a França e Inglaterra. Outro fator importante foi à diminui-
militarismo e a expansão territorial através de ção do interesse dos países em guerra por qualquer outro
guerras. assunto além da guerra, o que permitiu uma expansão da in-
Totalitarismo: movimento político do início do fluência norte-americana, especialmente na América Latina.
Século XX, com a presença simultânea em alguns
países europeus, onde tal país era dominado Crash: termo utilizado para representar
politicamente por um único partido (tanto de uma forte queda nos valores das ações
esquerda – União Soviética ou de direita – Itália negociadas em bolsa.
e Alemanha). Nele ocorria censura aos meios
Super-Produção: Momento ocorrido
de comunicação, o culto à personalidade (do
líder), burocratização do estado, propaganda
na economia norte-americana, onde as
política patriótica e intensa repressão daqueles empresas aumentaram a sua produção,
que discordavam desses ideais. Estas são as baseadas em falsas premissas de
características idênticas aos países totalitários. crescimento econômico.
Havia diferenças, entre elas: Esquerda: abolição Sub-consumo: Ocorreu simulta-neamente
da propriedade privada, coletivização dos com a super-produção e a desaceleração
meios de produção agrícola e industrial, ideais da economia norte-americana, em virtude
socialistas e repressão a religião; Direita: apoio do aumento do desemprego e dos erros
da burguesia industrial, corporativismo na relação dos empresários.
entre estado-trabalhadores, sindicatos estatais,
ideais capitalistas, apoio à religião e valores Então, ao término da primeira guerra mundial, a posição
tradicionais da família. político-econômica dos EUA fortaleceu. Seus produtos inva-
diram o mercado europeu e nos mercados dos países que
A reação aos problemas provocados pela crise de 1929, os europeus detinham influência (colônias). Os empréstimos
somada ao medo da propagação dos ideais marxistas, le- realizados durante a guerra geravam, agora, retorno finan-
varam a uma nova dinâmica em diversos países, o que faz ceiro, o que permitiu aos EUA aumentarem seus gastos.
emergir um sentimento nacionalista mais forte, identificado Porém, os governos europeus utilizaram de políticas
pelo Nazismo na Alemanha e Fascismo na Itália, e o Totali- protecionistas, ou seja, taxaram a entrada dos produtos im-
tarismo. Os desacordos ficam mais constantes culminando portados, inclusive dos norte-americanos, para aumentar a
em outro conflito mundial: A Segunda Grande Guerra de produção interna de cada país, permitindo aumentar a recu-
1939 a 1945. Como resultado desses conflitos, na segun- peração de sua economia.
da metade do século XX, uma geopolítica bipolarizada, Isto obrigaria aos empresários norte-americanos a um
edifica-se tendo Estados Unidos, capitalista, numa ponta, e replanejamento de suas atividades econômicas, contudo
União Soviética, socialista, em outra. não foi o que aconteceu, pois o setor financeiro manteve
Ufa! Avançamos muito em pouco tempo, vamos pon- uma perspectiva otimista com relação ao crescimento eco-
tuar com mais calma, agora, a crise de 1929, a Primeira e nômico. Isto levou a uma procura maior por ações e empre-
Segunda Guerra Mundial. sas interessadas em abrir o seu capital (vender as ações, em
busca de financiamento).

39
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

A partir de então, aquilo que era produzido não era


totalmente vendido, o que aumentou o estoque das fá- A Declaração do Direito do Homem e do
bricas. Isto, o aumento dos estoques, é uma notícia ruim Cidadão teria grande repercussão no
para a economia, pois indica que o ritmo de crescimento mundo inteiro. “Este documento é um
econômico está diminuindo. Mesmo assim, as empresas manifesto contra a sociedade hierárquica de
continuavam a produzir, acumulando estoques, porém ob- privilégios nobres, mas não um manifesto
tinham lucro através das suas operações financeiras.
Esta situação se manteve até agosto de 1929, como
a favor de uma sociedade democrática e
podemos ver na figura a seguir, que demonstra a evolução igualitária. ‘Os homens nascem e vivem
do índice da Bolsa de Nova York, neste ano. Esta queda livres e iguais perante as leis’, dizia seu
provocou pânico dos investidores e dos empresários, que primeiro artigo; mas ele também prevê a
tiveram que voltar a realidade, que era: a economia não existência de distinções sociais, ainda que
crescia e haviam enormes estoques de produtos.
‘somente no terreno da utilidade comum’. A
Assim, o PIB dos EUA teve queda de 45%, o desempre-
go chegou aos 30% e a bolsa caiu 90%.O efeito seguinte propriedade privada era um direito natural,
foi à contaminação das economias dos outros países, pois sagrado, inalienável e inviolável.
o comércio e os investimentos dos EUA caíram fortemente.
HOBBSBAW, Eric. A era das
revoluções, Rio de Janeiro, Paz e
Terra, 1997. P.77

Essas condições, somadas as crises econômicas, a pobre-


za e a falta de organização do Estado, que gastava mais do
que arrecadava, proporcionaram o surgimento da Revolução
Francesa de 1789, pois o povo, buscando garantir seus direi-
tos e acabar com os privilégios da nobreza assume seu papel
de agente histórico. Os camponeses chegaram a invadir e
incendiar castelos e a massacrar elementos da nobreza, num
período conhecido como Grande Medo. Era a atuação das
massas populares nas ruas na luta por conquistas sociais e
políticas no campo com o produtor pobre e com a burguesia
na Assembléia Nacional (1789-1792). O resultado dessa ação
foi a aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e
Um desses países foi o Brasil. O país possuía dívidas do Cidadão que estabelecia igualdade para todos perante a
externas e dependência na compra de determinados pro- lei, garantia a propriedade privada e resistência à opressão.
dutos que não eram fabricados aqui. Na outra ponta, o Em 1791, a Assembléia Nacional vota a Primeira Cons-
principal item exportado era o café. Contudo, o saldo desta tituição da França. Divide os poderes em executivo, legisla-
conta sempre foi irregular antes da crise e, com ela, tornou- tivo e judiciário, estabelece o voto censitário, ou seja, deter-
se definitivamente negativo para o Brasil. minado pela renda e proíbe as greves e as associações de
A repercussão da crise no Brasil levou a uma mudança trabalhadores, essas restrições às classes populares separam
na organização política do país, com o fim da política “café- definitivamente a burguesia do povo, fazendo da França um
com-leite” (onde São Paulo – café – e Minas Gerais – leite – Estado burguês. Por ironia, o povo que havia participado do
dominavam o cenário político), surgiu uma nova liderança, processo revolucionário volta a sua condição anterior, isto é,
Getúlio Vargas – que iremos tratar nos próximos capítulos. sem privilégios. A Revolução Francesa inventou, literalmente,
o Estado moderno com o princípio de que a autoridade está
O POVO E A REVOLUÇÃO FRANCESA numa idéia, num sistema de leis aceito por todos e que o
Apesar de a Revolução Francesa ter sido uma revolução próprio estado deve respeitar.
burguesa é inegável a participação do povo no movimento
revolucionário. A sociedade pré- revolucionária do Antigo O PROLETARIADO NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Regime, ou Absolutista, estava dividida em três estamen- Os séculos XVI e XVII foram marcados pela Revolução
tos, ou estados definidos, e determinada pelo nascimen- Comercial, devido à grande circulação de mercadorias inten-
to: primeiro estado composto pelo clero, segundo estado sificando o desenvolvimento do capitalismo conforme vimos
composto pelos nobres e terceiro estado e grande maioria no capítulo anterior. A partir da segunda metade do século
pelo restante do povo, sendo, apesar de estar em maior XVIII, a acumulação de capitais vindos da atividade comercial
número, que o terceiro estado não possuía privilégios e ar- vai proporcionar o desenvolvimento do setor produtivo. Com
cava com a carga tributária que sustentava o Estado. Havia isso, grandes mudanças, tanto de ordem econômica quanto
extrema desigualdade social, a lei não era igual para to- social vão desarticular os restos das relações e práticas feu-
dos nem tão pouco os seres humanos eram considerados dais ainda existentes e definir a implantação do modo-de
iguais. -produção capitalista.

40
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

A mecanização industrial iniciou-se na Inglaterra com a indústria têxtil (tecidos), devido ao fato de ter sido ela o reino
que mais acumulou capital durante a fase do capitalismo comercial. A produção têxtil tinha amplos mercados coloniais,
portanto o lucro com essa produção era garantido. O surgimento da mecanização industrial alterou profundamente as
relações sociais e produtivas, substituindo a manufatura – trabalho manual - pela maquinofatura – trabalho feito pelas
máquinas industriais -, fazendo com que o trabalhador artesão fosse perdendo sua função e desaparecendo.
Porém, para as máquinas funcionarem, o que era necessário? Energia, claro, mas de onde ela vinha? A solução era o
vapor, que era obtido através do aquecimento de uma grande quantidade de água através da queima de carvão, gerando
o vapor necessário para o funcionamento das máquinas.
Este era, portanto, um fator importante para a localização das primeiras grandes indústrias, ou seja, estar próximo das
minas de carvão. Porém, somente este fator não explica a revolução causada pela máquina na produção na sociedade. Era
necessário, também, que houvesse pessoas interessadas em trabalhar nas fábricas, pois os antigos artesões não atenderiam
a demanda.
Para tanto, fora utilizado na mão de obra o antigo camponês, agora, servo dos senhores feudais nos feudos, os quais,
neste momento, trocavam a colheita de subsistência por ovelhas para vender a lã às indústrias. Aqueles que foram expulsos
de suas terras foram para as cidades e lá, para sobreviver, aceitaram os cansativos trabalhos nas fábricas.
Observe as imagens anteriores, há grande diferença entre as estruturas produtivas nas atividades artesanais medievais
e na industrial do século XIX.
Enquanto na figura da esquerda o artesão, possuidor de habilidade criativa e produtiva, cuida da pequena produção
sendo, ele mesmo, o trabalhador e o dono dos meios de produção e dos frutos do seu trabalho. Na figura da direita, o
trabalho industrial impõe ao trabalhador operário, longas jornadas de trabalho, grande produção, salário (pois o trabalho
é visto como mercadoria), sujeição à maquina e alienação.
Nessa estrutura sócio-econômica ocorre a definitiva separação entre capital, representado pelo dono dos meios e mo-
dos-de-produção, e trabalho, representado pelo operário, ou proletário, que por não terem mais posse das suas ferramen-
tas ou máquinas de trabalhar passam a vender seu único produto, sua força de trabalho em troca de salário. A exploração
desenfreada desses operários, que são submetidos à baixa remuneração e a péssimas condições de trabalho em favor do
enriquecimento dos proprietários, proporcionará a criação de organizações trabalhistas como as trade unions (sindicatos)
que se mostravam preocupados com a nova ordem social.
Por fim, o capitalista precisava vender a sua produção. Naquele momento, o mercado interno estava adequado à oferta
dos artesões e os novos trabalhadores assalariados não possuíam a renda necessária para consumir além daquilo que era
absolutamente necessário para a sua sobrevivência. Logo, a exportação – envio da mercadoria para outros países - e a
grande quantidade de mercados dominados pela Inglaterra, foi a solução encontrada.

www.vitruvius.com.br

http://www.planetaeducacao.com.br/novo/imagens/artigos/historia/revolucao_industrial_03.jpg

Era necessária, portanto, uma confiável estrutura de transportes e de comunicações, para que os negócios fluíssem
sem maiores dificuldades. Estradas terrestres teriam que possuir uma infra-estrutura melhor, as fluviais (importantes vias
de comércio para os ingleses) tiveram portos que foram melhorados, permitindo um fluxo estável e seguro dos produtos.
Este é um movimento cíclico, ou seja, um gera e puxa o outro. Quanto mais produção, maior é a necessidade por ope-
rários, maior é a necessidade por mercados, maior é a necessidade de transporte (de mercadorias e pessoas) e maior é a
necessidade de matérias-primas. As cidades começaram a ganhar a forma atual, onde a grande e não pensada aglomeração
de milhares de pessoas trazem problemas à própria cidade.

41
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

A Revolução Industrial estabeleceu a definitiva supre- O IMPERIALISMO POSSIBILITANDO A EXPAN-


macia burguesa, acelerou o êxodo rural – migração do ho- SÃO DO CAPITALISMO
mem do campo para a cidade -, proporcionou o inchaço
urbano e a formação da classe operária fixando as bases
do progresso científico e do aperfeiçoamento constante de
novos produtos e tecnologias. Por outro lado, proporcio- 22/11/2007 - 21h48
nou o desenvolvimento da medicina, dos meios de comu- DRT encontra trabalho infantil em lavoura de
nicações e da mundialização. Como conseqüência também laranja de SP
abriu caminho para o colonialismo, a luta de classes e o
imperialismo, bases para o mundo Contemporâneo. A DRT (Delegacia Regional do Trabalho) em São
Paulo fiscalizou esta semana oito propriedades
Mundialização: É um conceito que propõe a no interior do Estado, nas cidades de Engenheiro
discussão de como a organização política e Coelho, Cosmópolis e municípios vizinhos. Segundo
econômica se dá no mundo atual. A idéia é que o Ministério do Trabalho, foram encontrados
as trocas comerciais afetam questões culturais “graves problemas nas lavouras de laranja”. Numa
de cada país, ao criarem novas formas de das fazendas os fiscais encontraram crianças de até
organização dentro deles e, assim expulsando 12 anos trabalhando na colheita em companhia dos
as formas que os países chegaram, pelo seu
pais, o que é proibido pela legislação brasileira.
desenvolvimento.
Luta de Classes: é um conceito marxista, que “Fazia muito tempo que não encontrávamos uma
tenta explicar como ocorrem as mudanças nos situação tão grave”, comentou o auditor fiscal
sistemas políticos, ou seja, porque a Europa
e coordenador do grupo, Roberto Martins de
saiu do Feudalismo para o Capitalismo? Para
Figueiredo. Na maioria das fazendas fiscalizadas,
Marx, a explicação está no surgimento de uma
além da falta de registro, a equipe identificou
nova classe, neste exemplo são os burgueses.
A atuação dos burgueses, ao acumularem problemas no transporte dos trabalhadores --como
capital com o comércio, indústria e finanças, ônibus com falta de documentação, sem freios, em
levaram-no a possuir um papel de dominância péssimo estado de conservação e, em alguns casos,
na política. Contudo, para Marx, a história está motoristas sem habilitação--, falta de equipamentos
sempre em movimento, pois com tais atividades de proteção para os trabalhadores, não fornecimento
econômicas, os burgueses necessitam de de água potável, falta de abrigo para refeições, de
operários que, então, formaram uma nova sanitários, além de outras irregularidades.
classe e terão, também, um lugar privilegiado
na história. Outro problema constatado pelos fiscais foi o uso
de sacas com peso até 30% maior que o permitido
pela legislação, “isso aumenta o risco de doenças
e representa prejuízo aos trabalhadores, que são
remunerados por saca colhida”, explica Figueiredo.
Os proprietários e os responsáveis pela colheita
serão notificados e autuados pelas infrações
cometidas. “No caso de reincidência, essas
fazendas poderão ser interditadas pelo ministério”,
afirmou.

A expansão do imperialismo do século XIX avançou o


processo de mundialização da ordem capitalista atingindo
a Ásia, a África e a América Latina. Os países industrializa-
dos, principalmente a Inglaterra, numa política mais agres-
siva, passaram a partilhar os continentes asiáticos e africa-
nos com o intuito de obter mercado consumidor para seus
produtos manufaturados e matéria-prima para seu desen-
volvimento industrial e bélico (militar).

42
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Além disso, as potências européias necessitavam de A Primeira Grande Guerra (1914 – 1918) envolveu to-
espaço para o excedente populacional e novas áreas para das as grandes potências do mundo ocidental da época,
investimentos onde pudessem ser estabelecidas bases es- caracterizou-se pelo conflito bélico fazendo com que cada
tratégicas que garantissem a segurança financeira de seus Estado assumisse o controle absoluto da sua economia e
investimentos. Essa nova realidade abriu espaço para o de- voltasse seus esforços para a guerra. Todos os cidadãos fo-
senvolvimento do capitalismo financeiro que submetiam ram recrutados para participar ou do exército ou da produ-
as atividades produtivas e comerciais às instituições finan- ção industrial para a guerra.
ceiras devido aos empréstimos, financiamentos, ou mesmo
ao controle acionário.
Os defensores do imperialismo, também chamado de
neocolonialismo, afirmavam que o modelo administrativo Neocolonialismo: é o movimento de que
europeu garantiria melhores condições de vida às regiões retomou a idéia de colonizar o continente
que o incorporavam. O imperialismo era visto por muitos africano, no meio do século XIX. Com a expansão
como uma “missão civilizadora”, pois cabia ao “homem industrial ocorrendo outros países, a rivalidade
branco” a missão de levar a “civilização” aos povos que, ressurgiu e os mercados (para comprar matéria-
pelo olhar europeu, ainda estava em estágio primitivo de prima e vender a produção) diminuíram com as
desenvolvimento, portanto necessitava da ajuda de povos ações protecionistas. Assim, para evitar novos
já “civilizados”. “Era o fardo do homem branco” caracte-
conflitos, fora acertado a partilha do continente
rizando, portanto, uma dominação que podia ocorrer de
africano, durante a Conferência de Berlim 1884-
duas formas: ou por meio de administração direta, com a
ocupação dos principais cargos governamentais por indi- 85, que permitiu a exploração econômica das
víduos da metrópole; ou indireta, através de acordos ou colônias agora divididas conforme os interesses
alianças entre agentes metropolitanos e a elite local. e a importância econômica de cada nação. Este
foi um dos fatores que levaram a Primeira Guerra
POVO “CIVILIZADO” QUE PROMOVE GUERRAS! Mundial, com o descontentamento com a divisão
A partir do século XX, diante da opressão imperialista feita e o crescimento que cada país experimentou
imposta aos continentes asiáticos, africanos e latinos, des- durante os anos seguintes à partilha.
mascarou-se a farsa civilizatória criada pelos europeus, isto
é, o discurso da missão civilizadora se perdeu, principal-
mente com os conflitos pelas disputas territoriais e com a
eclosão das duas grandes guerras mundiais. Nas duas fases de conflito, guerra de movimento e
guerra de trincheiras, cada país defendia palmo a palmo o
território conquistado e as inovações tecnológicas garan-
tiam um poder de destruição até então inatingível. Entre as
inovações tecnológicas podemos citar os tanques de guer-
ra, os encouraçados, os submarinos, os obusses de grosso
calibre e a aviação.
A Segunda Grande Guerra (1939 – 1945), marcada pelo
totalitarismo, fascismo na Itália e nazismo na Alemanha,
determinou a definitiva negação ao caráter civilizatório eu-
ropeu ou de qualquer outra grande potência da época.

Holocausto: extermínio proposto pelo


regime nazista alemão a pessoas
pertencentes aos grupos indesejados para
o Estado. Foto de um alojamento num
campo de concentração.
Fonte: www.eb23-p-francisco-soares.rcts.pt

As matanças empreendidas em escalas fenomenais,


principalmente de civis com o uso de armas químicas e ou-
tras tecnologias mais refinadas e a destruição de várias ci-
dades fez com que a idéia eurocentrista, que ainda perma-
necia, fosse extremamente criticada em todos os campos
das ciências humanas, da política e da ideologia.

43
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Guerra de Trincheira: Conhecida como a segunda fase da Primeira Guerra Mundial, onde as
linhas de defesa de cada nação envolvida no conflito, cavam milhares de trincheiras (túneis)
onde a infantaria ficavam para defender ou partir para o ataque. Havia pouca alteração no
ganho e perda de território, pois era uma posição que privilegiava a defesa.

Guerra de Movimento: Conhecida como a primeira fase da Primeira Guerra Mundial, onde as
linhas de defesa e ataque possuíam grande mobilidade, levando a altos ganhos e perdas de
território, conforme a batalha ocorria.

Obus(ses): É uma peça da artilharia de um exército regular. Semelhante a um canhão, porém


sua finalidade é atacar uma área, não um alvo em específico. Guerra de Trincheira: Conhecida
como a segunda fase da Primeira Guerra Mundial, onde as linhas de defesa de cada nação
envolvida no conflito, cavam milhares de trincheiras (túneis) onde a infantaria ficavam para
defender ou partir para o ataque. Havia pouca alteração no ganho e perda de território, pois era
uma posição que privilegiava a defesa.

Muitos historiadores afirmam que a Segunda Guerra foi uma continuidade da Primeira Guerra, e surgiu devido ao
revanchismo e o nacionalismo exacerbado pelos países “vencidos”, que não concordavam com o desfecho proposto pelo
Tratado de Versalhes, que conheceremos melhor adiante. A Alemanha, considerada culpada pela eclosão da Primeira
Guerra, foi a que mais reagiu às determinações do tratado.
O revanchismo e o nacionalismo desenvolvidos pela Alemanha, após o Tratado de Versalhes, sentindo-se injustiçada
pelas determinações, configurou o Nazismo que proporcionou o extermínio em massa de milhões de judeus, ciganos, de-
ficientes, homossexuais comunistas e militares. Calcula-se que cerca de 50 milhões de pessoas tenham sido exterminadas.
Os campos de concentração, para onde eram enviados os judeus, proliferavam em grande escala e o extermínio chegou
a proporções tão grandes que os corpos precisavam ser incinerados. Com o fim da Segunda Grande Guerra uma nova or-
dem mundial se estabeleceu, a Europa perde sua posição de eixo do poder, já que saiu da guerra destruída, dando espaço
para duas novas potencias: Washington – EUA - e Moscou – União Soviética (URSS) -. Inauguravam-se dois pólos opostos
de poder, um com bases no capitalismo (EUA) e outro com base no socialismo (URSS) estabelecendo novo conflito, só que
agora ideológico e sem confronto direto, conhecido como Guerra Fria.
O Brasil posicionou-se a favor dos aliados, Inglaterra, França e Estados Unidos na II Guerra Mundial, apesar da postura
de indefinição inicial do governo de Getúlio Vargas que ora pendia ao Eixo, Alemanha, por acompanhar tendências totali-
tárias e manteve essa postura também no decorrer da Guerra Fria.

44
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

“A Segunda Guerra Mundial mal terminara


quando a humanidade mergulhou no que
se pode encarar, razoavelmente, como uma
Terceira Guerra Mundial muito peculiar. Pois,
como observou o grande filósofo Thomas
Hobbes, ‘a guerra consiste não só na batalha,
ou no ato de lutar: mas num período de tempo
em que a vontade de disputar pela batalha é
suficientemente conhecida’. A Guerra Fria entre
Estados Unidos e União Soviética, que dominou
o cenário internacional na segunda metade do
breve século XX, foi sem dúvida um desses
períodos”.
HOBBSBAW, Eric. A era dos extremos:
o Breve século XX: 1914-1991. Rio de
Janeiro, Paz e Terra, 1997. P.224

Fonte: http://galeria.blogs.sapo.pt/
O quadro ao lado consegue transmitir a idéia do que Mapa da Europa durante a Guerra Fria. Na área em
foi a Guerra Fria, que perdurou até o desmantelamento da vermelho, influência da União Soviética. E na área
União Soviética. Isto começou com a queda do muro de em azul, influência dos EUA.
Berlim – muro erguido pela União Soviética na cidade de
Berlim, que fora capturada e divida pelos Aliados, após a
Segunda Guerra Mundial, considerada a expressão máxi-
ma da separação do mundo capitalista e socialista –, em O mapa ao lado mostra claramente como ficou a divi-
1989 e, em 1991, definiu-se o seu fim, com a criação da são de influências pós-segunda guerra mundial.
CEI (Comunidade dos Estados Independentes). Comu- E, como era de se esperar, houve um acirramento entre
nidade formada por suas antigas repúblicas, com exceção as duas partes. Os países sob a influência dos EUA recebe-
da Lituânia, Estônia, Letônia e, agora, Geórgia que o seu ram ajuda financeira, no que ficou conhecido como Plano
parlamento aprovou a separação em 2009. Marshall, para reorganizarem suas economias, uma ma-
Sobraram, então, ainda 10 repúblicas associadas, sen- neira de evitar novos conflitos.
do elas: Armênia, Azerbaijão,  Bielorrússia, Cazaquistão,  Esta ajuda fazia parte da Doutrina Truman (Presidente
Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Ucrânia  e  Uz- dos EUA da época) que visava aumentar a influência nor-
bequistão. te-americana (capitalista), impedindo a expansão da União
Não obstante, o surgimento desta bipolaridade veio Soviética (socialista) na Europa e no mundo. Ela buscava
após a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, pois havia a contenção da influência socialista, não somente através
uma divisão ideológica entre os vencedores. A busca pela de ajuda econômica, mas também de guerras, como as da
vitória, que levou a união dessas diferentes ideologias, tor- Coréia e do Vietnã.
nou-se uma motivação passageira. O que importava, neste O Plano Marshall serviria para qualquer país que sofreu
momento, era a divisão final das áreas que Hitler-Musso- com os efeitos da Segunda Guerra Mundial, veja a frase do
lini-Hiroito (Alemanha, Itália e Japão, respectivamente) ha- criador deste plano:
viam conquistado durante sua expansão. “A política dos Estados Unidos não é dirigida con-
Aquelas terras que foram alvo de batalhas vitoriosas tra um país ou uma ideologia, mas contra a fome, a
(através da expulsão dos alemães) por tropas da União So- pobreza, o desespero e o caos. Quem tentar bloquear
viética ficaram sob a sua influência política e econômica. O a reconstrução de outros países não pode esperar aju-
mesmo aconteceu com as terras em que os Estados Uni- da”. Discurso de George Marshall em 5 de junho de 1947,
dos, Inglaterra e os demais aliados foram vencedores. referindo-se ao bloco comunista do Leste Europeu, que
realmente foi excluído da ajuda ao exterior, aprovada em
3 de abril de 1948.
Bastava, portanto, cada país apresentar uma lista com
os danos sofridos e com estimativas daquilo que esperava
ser necessário para reconstruir. Contudo, os países sob in-
fluência da União Soviética não puderam utilizar-se deste
recurso, pois consideravam este ato como uma guerra eco-
nômica dos EUA.

45
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Além disso, estava previsto a criação de organismos O sistema de mandatos estabelecido, revezamento de
internacionais, como a OTAN (Organização do Tratado do países membros e convidados, somado a dificuldade em
Atlântico Norte), para auxiliar na defesa militar destes paí- se chegar a definição de algum problema (algumas ques-
ses sob a influência dos EUA. Neste caso, houve uma con- tões exigiam a unanimidade de votos dos países membros,
trapartida soviética com a criação do Pacto de Varsóvia, inicialmente 9, posteriormente 15 e, também, outras ques-
garantindo a defesa militar dos países sob a influência da tões exigiam o consentimento unânime de toda a assem-
União Soviética. bléia), levou a várias indefinições e, assim, chegou ao fim.
Na luta pela dominação política e econômica mundial, Apesar do fracasso em arbitrar as disputas, desta ini-
o Brasil ficou sempre ao lado dos EUA, de maneira explícita ciativa surgiu a Organização das Nações Unidas (ONU).
ou implícita. Os interesses econômicos estavam sempre em E, com ela, lições foram aprendidas para evitar um fracasso
voga e havia a defesa dessa aliança em todos os níveis da semelhante ao da Liga das Nações (logo da ONU na ima-
sociedade. Contudo, no governo de Jânio Quadros, surgiu gem ao lado).
a idéia de Política Externa Independente (PEI), onde o A próxima imagem, do mapa mundo, mostra todos os
Brasil passou a estabelecer relações comerciais e diplomá- países que estavam vinculados a ONU no ano de 2008. Exis-
ticas com quaisquer países que desejavam fazê-lo pacifica- tem algumas exceções, no caso da Antártica, não há confi-
mente, fugindo assim, das exigências dos dois pólos anta- guração de país, é um espaço internacional para pesquisas,
gônicos para submeter-se à suas influências. regulado através do Tratado da Antártica. E outros, como
Houve um regresso a um alinhamento específico aos o Saara Ocidental, que está em disputa com Marrocos e a
EUA, quando ocorreu a ditadura, porém durante o gover- Frente Polisário; Taiwan, que é considerada uma província
no Médici, a PEI retornou com o nome de Pragmatismo da China e Kosovo, considerada província da Sérvia.
Responsável, onde os interesses nacionais colocavam-se a
frente dos demais.

ORGANISMOS INTERNACIONAIS
O Tratado de Versalhes foi imposto ao perdedor da
Primeira Guerra Mundial, no caso, a Alemanha em 1919.
Nele, foi assinado um armistício, do latim arma (arma) e sti-
tium (parar), onde a Alemanha aceitou a responsabilidade
pela guerra, concordando em pagar reparações aos países
vencedores e a sofrer restrições tanto territoriais quanto no
que dizia respeito ao tamanho de seu exército.
Na época, a quantia a ser paga foi estabelecida em 33
bilhões de dólares, ainda ocorreu perda territorial para a
França – a região de Alsácia-Lorena é devolvida à França,
que já fora motivo de guerras anteriores entre as duas na- Fonte: http://www.onu-brasil.org.br/
ções – e as suas colônias na África. Por fim, a última limita-
ção imposta foi que a capacidade dos alemães de fabricar
armas (como navios e aviões) estavam limitadas à cotas A ONU agrega várias organizações internacionais,
menores dos exércitos inglês e francês. como as já citadas anteriormente, além da UNESCO (Or-
Outro fato importante, deste Tratado, foi o estabele- ganização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
cimento da Liga das Nações. Ela agiria como um árbitro e a Cultura), a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a
das disputas entre nações, com o objetivo de evitar guerras Infância), o FMI (Fundo Monetário Internacional) e outras
na mesma escala e destruição da Primeira Guerra Mundial. importantes organizações sociais.
Hoje se sabe que tal Liga fracassou, pois não conseguiu
prevenir a Segunda Guerra Mundial, que fora mais destru-
tiva que a primeira.
Contudo, outras importantes organizações internacio-
nais surgiram na mesma época, dentre elas: a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), Tribunal Permanente da
Justiça Internacional (atual Tribunal Internacional de Justi-
ça) e Organização da Saúde (atual Organização Mundial da
Saúde [OMS]) que estavam ligadas a Liga das Nações.
Porém, a Liga não englobava todos os países do mun-
do naquela época. A União Soviética fora deixada de lado,
pois era um país socialista (só entrou em 1934). Os EUA,
cujo Presidente, Woodrow Wilson, fora o idealizador deste
organismo internacional, vetou, através do Senado, a sua
participação. Assim como a Alemanha e a Turquia também
não participaram (entraram 1925 e 1934, respectivamente).

46
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:United_Nations_Members.PNG

Desde a sua criação, após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, a ONU atua com alguns dos mesmos ideais da Liga
das Nações e outros que se tornaram fundamentais aos povos, que são: (1) Manter a Paz Mundial; (2) Proteger os Direitos
Humanos; (3) Promover o Desenvolvimento Econômico e Social das nações; (4) Estimular a autonomia dos povos depen-
dentes; e (5) Reforçar os laços entre todos os estados soberanos.
Para manter-se operacional e cumprir com seus objetivos, a ONU depende do financiamento dos países membros. São
doações voluntárias, determinadas pela capacidade de cada país pagar e, também, num teto máximo de doação por país
– para não criar dependência do mesmo.

Fonte: http://www.info.planalto.gov.br/exec/inf_fotografia.cfm?diafoto=29&mesfoto=5&anofoto=2008

47
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

No ano de 2008/2009, seu orçamento está previsto em 4,86 bilhões de dólares, para o funcionamento regular e, tam-
bém, financiar as missões de manutenção de paz, a qual o Brasil realiza no Haiti. Os soldados que atuam nessas missões
utilizam o capacete (ou boina) na cor azul e, por isso, são chamados de Boinas Azuis, como podemos ver na próxima foto.
Há, atualmente, críticas à atuação da ONU nos conflitos do Século XXI. Especialmente, quando se trata da Invasão do
Iraque, pelos norte-americanos, em 2003. A ONU mediava desde o final da Guerra do Golfo, na década de 90, com o Go-
verno de Saddam Hussein, a supervisão para impedir o desenvolvimento de armas para destruição em massa. Contudo,
após o ataque de 11 de setembro, os EUA decidiram agir, com a ajuda de alguns países aliados, pela invasão do Iraque,
mesmo sem o consentimento do Conselho de Segurança (órgão interno da ONU, no qual os membros – China, EUA, França,
Inglaterra e Rússia – possuem o direito de veto sobre as decisões da Assembléia). Isso levou a um desprestígio da entidade,
mesmo se comprovando, posteriormente, que não havia nenhum tipo de armas de destruição em massa em solo iraquiano.

TEXTO COMPLEMENTAR

24/02/2008 - 08h00

DIREITO DE VOTO FEMININO COMPLETA 76 ANOS NO BRASIL; SAIBA MAIS SOBRE ESSA CONQUISTA

da Folha Online
Faz só 76 anos que a mulher brasileira ganhou o direito de votar nas eleições nacionais. Esse direito foi obtido por meio
do Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932. Mesmo assim, a conquista não foi completa. O código permitia
apenas que mulheres casadas (com autorização do marido), viúvas e solteiras com renda própria pudessem votar.
As restrições ao pleno exercício do voto feminino só foram eliminadas no Código Eleitoral de 1934. No entanto, o
código não tornava obrigatório o voto feminino. Apenas o masculino. O voto feminino, sem restrições, só passou a ser
obrigatório em 1946.

Reprodução

Alzira Soriano foi eleita prefeita de Lajes (RN) em 1928

O direito ao voto feminino começou pelo Rio Grande do Norte. Em 1927, o Estado se tornou o primeiro do país a per-
mitir que as mulheres votassem nas eleições.
Naquele mesmo ano, a professora Celina Guimarães --de Mossoró (RN) se tornou a primeira brasileira a fazer o alis-
tamento eleitoral. A conquista regional desse direito beneficiou a luta feminina da expansão do “voto de saias” para todo
o país.

48
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

MULHERES NO PODER
A primeira mulher escolhida para ocupar um cargo eletivo é do Rio Grande do Norte. Foi Alzira Soriano, eleita prefeita
de Lajes, em 1928, pelo Partido Republicano. Mas ela não terminou o seu mandato. A Comissão de Poderes do Senado
anulou os votos de todas as mulheres.

Reprodução

Carlota Pereira de Queiroz foi eleita deputada federal em 1933

Em 3 de maio de 1933, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz foi a primeira mulher a votar e ser eleita deputada
federal. Ela participou dos trabalhos na Assembléia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935.
A primeira mulher a ocupar um lugar no Senado foi Eunice Michiles (PDS-AM), em 1979. Suplente, ela assumiu o posto
com a morte do titular do cargo, o senador João Bosco de Lima. As primeiras mulheres eleitas senadoras, em 1990, foram
Júnia Marise (PRN-MG) e Marluce Pinto (PTB-RR). Suplente de Fernando Henrique Cardoso, Eva Blay (PSDB-SP) assumiu o
mandato dele quando o tucano se tornou ministro do ex-presidente Itamar Franco.
Em 1994, Roseana Sarney (pelo então PFL) foi a primeira mulher a ser eleita governadora, no Maranhão. Em 1996, o
Congresso Nacional instituiu o sistema de cotas na Legislação Eleitoral --que obrigava os partidos a inscreverem, no míni-
mo, 20% de mulheres nas chapas proporcionais. No ano seguinte, o sistema foi revisado e o mínimo passou a ser de 30%.
A primeira mulher ministra de Estado foi Maria Esther Figueiredo Ferraz (Educação), em 1982. Hoje, as mulheres não
só estão à frente de vários ministérios como há uma Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres --chefiada por Nilcéa
Freire, que tem status de ministra.
Apesar do avanço feminino na política, o Brasil ainda não teve nenhuma mulher eleita presidente. Entre as ministras
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está Dilma Rousseff (Casa Civil), cotada como possível candidata do PT à Presidência
da República, em 2010. Outra ministra, Marta Suplicy (Turismo) é a favorita dentro do PT para disputar a Prefeitura de São
Paulo nas eleições de outubro de 2008. Seu nome também é cotado para a eleição para o governo de São Paulo, em 2010.
a) Faça uma pesquisa sobre o direito ao voto no Brasil durante o Primeiro Império.
b) Você acha que o Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932, que permitia o voto feminino era demo-
crático? Justifique sua resposta.

SUGESTÃO PARA PESQUISA:


Procure identificar dois movimentos operários no Brasil em épocas diferentes, apresentando o que houve em comum
entre eles.

AGORA É A SUA VEZ!


1- Qual a importância do povo na Revolução Francesa? Qual a participação política do povo atualmente no Brasil?
2- De que forma o imperialismo impulsionou o capitalismo?
3- (ENEM 2007) Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou um plano de partilha da Palestina que
previa a criação de dois Estados: um judeu e outro palestino. A recusa árabe em aceitar a decisão conduziu ao primeiro
conflito entre Israel e países árabes. A segunda guerra (Suez, 1956) decorreu da decisão egípcia de nacionalizar o canal,
ato que atingia interesses anglofranceses e israelenses. Vitorioso, Israel passou a controlar a Península do Sinai. O terceiro
conflito árabe-israelense (1967) ficou conhecido como Guerra dos Seis Dias, tal a rapidez da vitória de Israel.

49
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemo- PRA FIM DE PAPO!


ravam o Yom Kippur (Dia do Perdão), forças egípcias e sírias Caro Aluno
atacaram de surpresa Israel, que revidou de forma arrasa-
dora. A intervenção americano-soviética impôs o cessar- Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
fogo, concluído em 22 de outubro. • Identificar registros em diferentes práticas dos di-
A partir do texto anterior, assinale a opção correta. ferentes grupos sociais no tempo e no espaço.
a) A primeira guerra árabe-israelense foi determina- • Analisar o papel do direito (civil e internacional) na
da pela ação bélica de tradicionais potências européias no estruturação e organização das sociedades.
Oriente Médio. • Analisar a ação das instituições no enfrentamento
b) Na segunda metade dos anos 1960, quando ex- de problemas de ordem econômico- social.
plodiu a terceira guerra árabe-israelense, Israel obteve rá- • Comparar diferentes pontos de vista sobre situa-
pida vitória. ções ou fatos de natureza histórico-geográfica, identifican-
c) A guerra do Yom Kippur ocorreu no momento em do os pressupostos de cada interpretação e analisando a
que, a partir de decisão da ONU, foi oficialmente instalado validade dos argumentos utilizados.
o Estado de Israel. • Reconhecer alternativas de intervenção em confli-
d) A ação dos governos de Washington e de Mos- tos sociais e crises institucionais que respeitem os valores
cou foi decisiva para o cessar-fogo que pôs fim ao primeiro humanos e a diversidade sociocultural.
conflito árabeisraelense.
e) Apesar das sucessivas vitórias militares, Israel Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-
mantém suas dimensões territoriais tal como de um pouco mais, você esta construindo um processo de
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!
HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!

Exercício referente ao Texto Complementar:


Respostas pessoais

Exercício 1
Unindo-se à burguesia viabilizou o processo revolucio-
nário.
No caso brasileiro há necessidade de maior conheci-
mento dos indivíduos em relação ao exercício do voto. In-
felizmente muitos ainda são conduzidos a votar não pelas
propostas partidárias, mas por interesses individuais.

Exercício 2
As potências européias necessitavam de espaço para o
excedente populacional e novas áreas para investimentos
onde pudessem ser estabelecidas bases estratégicas que
garantissem a segurança financeira de seus investimentos.
Essa nova realidade abriu espaço para o desenvolvimento
do capitalismo financeiro que submetiam as atividades
produtivas e comerciais às instituições financeiras devido
aos empréstimos, financiamentos, ou mesmo ao controle
acionário.

Exercício 3
B

PARA SABER MAIS


Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas
sugestões para que você aprenda ainda mais.
Filme: Tempos Modernos de Charles Chaplin. Diretor:
M. Night Shyamalan
Filme: For all. Diretor: Luís Carlos Preste
Filme: Adeus Lênin. Diretor: Wolfgang Becker

50
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 5 Essa característica inglesa é fruto também do desen-


volvimento econômico proposto pela Revolução Indus-
DEMOCRACIA E CIDADANIA. trial, que determinou a exploração do trabalho das clas-
ses operárias, que insatisfeitos, passaram a exigir seus
COMPREENDER E VALORIZAR OS FUNDAMEN- direitos, obrigando a formação de um Parlamento que
TOS DA CIDADANIA, FAVORECENDO UMA ATUA- pudesse garantir os direitos dos cidadãos, fossem eles
ÇÃO CONSCIENTE DO INDIVÍDUO NA SOCIEDADE patrões ou empregados.
No Brasil, diante da realidade social ainda com men-
Em todo e qualquer processo de construção de cida- talidade escravocrata, elitista e agrária que, até o século
dania existe uma dinâmica entre os direitos civis, políticos e XX, favorecia a concentração de terras e o favorecimen-
sociais que é própria de cada momento histórico e determi- to das elites, a construção da cidadania seguiu um cami-
nado pela importância que cada sociedade atribui a esses nho mais complexo, ora assimilando padrões europeus,
direitos, isso ocorre desde a existência das primeiras socie- ora padrões norte americanos de construção social para
dades primitivas que já estabeleciam normas cujos mem- a cidadania, mas que pela fragilidade dos direitos civis,
bros do grupo aprendiam a respeitar. Com o desenvolvi- desrespeitava os direitos políticos.
mento das civilizações essas normas passaram a ser fixadas O fim da escravidão no Brasil foi umas das principais
na forma de leis e deveriam garantir o convívio do grupo. conquistas sociais. Nas primeiras décadas do século XIX,
Em grande parte as leis tinham sua origem e sua força nas começa a apontar no Brasil a idéia de “cidadão brasilei-
crenças religiosas, atualmente, à medida que as relações so- ro”, todo homem livre nascido no Brasil, independente
ciais tornaram-se mais complexas o valor de uma lei passou da cor, retirando dessa classificação tanto o português
a depender não só da confiança que a sociedade deposita que se opunha a independência, quanto os escravos
nela, mas também do quanto ela permite ao cidadão exer- nascidos ou não fora do Brasil, as mulheres, as crianças e
cer sua cidadania. o imigrante europeu. A escravidão que por praticamente
A cidadania na Antiguidade Clássica, para os gregos e quatro séculos na História brasileira determinou a exis-
os romanos, era uma condição restrita a poucos. Nem todos tência de valores que negavam a igualdade dos homens,
tinham o direito de participar da sociedade como cidadão. foi uma realidade que esteve presente em todo o terri-
Em Atenas, por exemplo, apenas os filhos de atenienses tório e em todas as camadas sociais brasileiras, portanto
eram considerados cidadãos, portanto gozavam de direitos excluía o caráter de cidadão não por questões raciais,
políticos. Mulheres, crianças, estrangeiros e escravos não mas por questão de propriedade.
partilhavam dos privilégios oferecidos pela pólis. A Demo- Esta concentração de terras ocorre desde o período
cracia, instituída pelas reformas de Clístenes, denominado colonial brasileiro, quando a Coroa Portuguesa criou as
o “pai da Democracia” na cidade-Estado de Atenas, era um capitanias hereditárias e as repassou para aqueles que
sistema político do qual participavam todos os cidadãos possuíam dinheiro para explorá-las. Como havia muita
atenienses, adultos, filhos de pai e mãe ateniense, porém terra a ser explorada, os donatários – nome de quem
esse grupo constituía uma minoria. recebeu as capitanias – também podiam dividir as terras
Durante o governo de Péricles (461-429 a.C.) a demo- concedidas com pessoas que tivessem dinheiro para ex-
cracia ateniense atingiu sua plenitude por meio do estabe- plorá-las junto – conhecidos como sesmeiros.
lecimento dos princípios de isonomia, igualdade de direito Apesar das dificuldades iniciais para ocupação e de-
ao acesso da palavra nas Assembléias e da isocracia, uma senvolvimento das áreas produtivas, o clima favorável e
democracia direta, onde todo o cidadão tinha direito de o crescente tráfego de escravos, permitiram que o Bra-
comparecer a Assembléia. O governo passou a ser do “povo sil evoluísse para se tornar uma grande potencia agrá-
e pelo povo”. Porém, não podemos esquecer que o concei- ria, tendo destaque inicialmente com a cana-de-açúcar,
to de e cidadania era específico para aquela época e região a borracha, o fumo e, posteriormente, com o café. Nos
e que a cidadania era, ainda, um privilégio de poucos. dias atuais, a soja se tornou no grande produto agrícola
Na Inglaterra, a partir do século XVIII, por exemplo, exportado pelo Brasil.
distinguiam-se três dimensões básicas da cidadania: a do O incremento desta atividade econômica contri-
direito civil, todos aqueles que asseguram a vida, a liber- buiu para aumentar ainda mais a concentração de ter-
dade, a igualdade, a manifestação de pensamentos e uma ras. Além de possuir maiores recursos financeiros para a
sociedade garantida e regida por leis; a dos direitos políti- plantação e maquinários, os grandes proprietários sem-
cos aqueles que permitem a participação dos indivíduos no pre possuíram fortes vínculos com a política, sendo eles,
governo da sua comunidade, auxiliando na criação de leis muitas vezes, os próprios legisladores e/ou governadores.
que protegem o indivíduo também dos abusos do próprio Isso trouxe inúmeros fatores que aumentaram a concen-
Estado e o direito a voto como instrumento principal de tração de terras, tais como: a Lei da Terra (ver capítulo 3).
representação popular; e os direitos sociais, mais atuantes
no século XX, que pretendiam garantir as condições de vida
e trabalho do cidadão, tendo como princípio para garantia
dos direitos sociais a educação, a saúde e o trabalho.

51
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Hectare: é uma unidade de medida Reforma Agrária: pode se tornar uma maneira
de área igual a 100 ares (100 m², ou de melhorar diversos problemas sociais do Brasil,
seja, 100x100). Equivale a um campo dentre eles: diminuir o inchaço populacional
de futebol profissional, cuja medida nas cidades, melhorar a condição de vida e
máxima é 90x120 metros. a produção de alimentos para as grandes
regiões. Isso ocorreria através da utilização de
terras improdutivas por aqueles interessados
a usá-las. O governo federal compraria essas
Os efeitos são visíveis ainda hoje. Existem no Brasil, terras e as repassaria a esses interessados,
aproximadamente 50.000 propriedades rurais com menos
com certos direitos e obrigações, para tornar
de 1 hectare. Essas propriedades respondem por 25.827,00
hectares por todo o país. Por outro lado, existem cerca de
produtivas essas terras, gerando retornos à
75 propriedades, com área superior a 100.000,00 hectares, família, sociedade e ao estado (arrecadação de
totalizando 24.047,67 hectares por todo o país. Nota-se, impostos).
portanto, que a maior quantidade de terra está restrita as
mãos de poucos.
Também, com a evolução do agronegócio, houve o Cidadania e Direito
aprofundamento da monocultura extensiva – plantio de O Direito é um conjunto de normas que apontam o
um único produto -, através da utilização de maior quan- que é permitido numa sociedade, ele se interessa
tidade de máquinas (para plantar, colher e limpar), pes- mais concretamente pelas normas sociais que
ticidas e fertilizantes. Apesar dessa evolução a produção dependem da consciência de cada um. Ficam fora
ainda continua buscando, preferencialmente, o mercado do Direito as normas morais que dependem da
externo. Assim, a concentração de terra aumentou e tende consciência de cada um. Nas primeiras civilizações,
a aumentar mais. as leis vinham de uma tradição. Somente a partir
Para o país, no sentido puramente econômico, essa do século XVIII entendeu-se que as leis de uma
sociedade correspondem à razão considerada
evolução do agronegócio é importante, pois a atividade
como normalmente aceitável. Por isso a busca por
tem melhor rentabilidade, maior cuidado com a terra, au-
normas universais.
mento do investimento na produção e, também gera, atra-
vés da exportação da produção, melhora nas contas da
balança comercial e através da arrecadação dos impostos.
Toda esta concentração gerou graves problemas so- Uma das primeiras manifestações na tentativa de cons-
ciais. O aumento no valor das terras e a falta de apoio trução da cidadania, no Brasil, ocorreu com a elaboração
para a produção agrícola de subsistência levou ao aumen- da nossa I Constituição, a Constituição do Império em
to da migração para as cidades – êxodo rural ou migração 1824, que propôs, pela primeira vez, estabelecer direitos
-. Havia aqueles que buscavam, também, uma melhora civis e políticos no país. Porém, essa Constituição fazia uma
no padrão de vida, deslumbrados com as possibilidades distinção entre sociedade civil e sociedade política. Essa
dentro das cidades. Com a industrialização, expandiu-se distinção aparecia com a evidente divisão da sociedade,
fortemente o mercado de trabalho para pessoas que não em cidadão ativos, aqueles que possuíam além dos direitos
possuíam qualificação técnica, porém não foi suficiente civis, os direitos políticos, e os outros que possuíam apenas
para atender a nova oferta de trabalhadores. os direitos civis e ocorria por que o direito de ser eleito
Os governos municipais, estaduais e federal não pos- ou de eleger era determinado de forma censitária, ou seja,
suíam uma rede de garantias sociais (educação, saúde, conforme a renda.
transporte e outros) adequada ao aumento populacional Com a Proclamação da República em 1889, foi promul-
produzido pela migração. Portanto, aqueles que não en- gada a segunda Constituição brasileira, e a Primeira Cons-
contravam emprego, tinham que buscar alternativas para tituição Republicana, em 24 de fevereiro de 1891, estabele-
sobreviverem. cendo como forma de governo o regime representativo,
Assim, dos vários problemas que as grandes cidades em que o povo exerce o poder indiretamente, através de
brasileiras sofrem, atualmente, como: violência, desorgani- seus representantes, eleitos em pleitos diretos por todos os
zação, habitações precárias (favelas, invasões), saneamen- cidadãos do sexo masculino e maiores de 21 anos. Adotou
to básico, saúde, educação e outros decorrem da pequena o Presidencialismo, então o presidente eleito, também de
capacidade que elas tiveram ao absorver esta nova mão- forma direta, exerceria o poder por quatro anos. Depois
de-obra. dessa, mais cinco Constituições foram elaboradas na tenta-
tiva de garantir a cidadania aos brasileiros.
A garantia da cidadania implica também numa série
de conquistas estabelecidas pela sociedade. O voto sem
dúvida é uma forma de legitimar conquistas, mas não o
único. Muitas conquistas ocorreram através de lutas, mani-

52
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

festações e conflitos e acabaram se tornando leis. Algumas ras da monarquia se organizar, com destaque para a abso-
universais, como a Lei dos Direitos Humanos, e algumas lutista e a constitucional. A monarquia absolutista ocorreu
mais localizadas, como por exemplo, no Brasil o Estatuto em vários países europeus, especialmente durante o Re-
da Criança e do Adolescente, Lei Federal número 8.069, nascimento, onde a figura do Rei ganhou força política e
promulgada em 13 de julho de 1990, que tem por objetivo econômica (através da proteção à burguesia), assim ele se
melhorar a situação da criança e do adolescente no Brasil, tornou absoluto, ou seja, não havia regras ou restrições a
coibindo a violência doméstica, trabalhista, sexual, escolar para qualquer ato que fosse dele. Contudo, especialmente
ou qualquer outra forma de violência que venha a preju- na Inglaterra, surgiu a monarquia constitucional, ou seja, o
dicar as condições de vida da criança ou do adolescente. Rei não usufruía tanta liberdade para realizar seus atos. Ha-
via um conselho constituído de lordes e do clero que, atra-
Declaração Universal dos Direitos Humanos vés da Magna Carta, regulavam as suas ações. Neste caso,
o Rei se torna um Chefe de Estado, representando a sua
10/12/1948
nação perante as demais e liderando o povo, por exemplo.
A presente Declaração Universal dos Diretos Neste caso, a evolução foi a constituição de um parlamen-
Humanos como o ideal comum a ser atingido to (poder legislativo – onde se fazem as leis) através do
por todos os povos e todas as nações, com o voto da população. Países como Inglaterra, Espanha, Sué-
objetivo de que cada indivíduo e cada órgão cia, Holanda, Japão, Jordânia e Malásia são os exemplos
da sociedade, tendo sempre em mente esta de monarquias constitucionais atuais. E a Arábia Saudita e
Declaração, se esforce, através do ensino e Suazilândia são as Monarquias Absolutas de agora.
da educação, por promover o respeito a esses • República é uma forma de governo no qual a coi-
direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas sa pública (Res publica do latim) é organizada através da
progressivas de caráter nacional e internacional, população, geralmente através do voto. Por coisa pública,
por assegurar o seu reconhecimento e a sua entende-se os governos federal, estaduais, municipais e os
seus serviços básicos de proteção e social. Para simplifi-
observância universais e efetivos, tanto entre os
car o comando de todos esses serviços, é eleito um repre-
povos dos próprios Estados-Membros, quanto sentante geral do povo, no caso o presidente, que pode
entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. acumular os cargos de: Chefe de Estado (indivíduo que re-
Artigo I presenta o país no exterior, bem como comanda as forças
Todas as pessoas nascem livres e iguais em armadas) e Chefe do Governo (indivíduo que comandará
dignidade e direitos. São dotadas de razão e o poder executivo – onde se cumprem as leis – e nomear
consciência e devem agir em relação umas às os seus ministros para auxiliá-lo). A diferença entre acumu-
outras com espírito de fraternidade. lar ou não estes cargos está no sistema de governo. Se a
República for parlamentarista, o poder legislativo escolhe
um representante (Primeiro Ministro, Premiê ou Chance-
Garantir a cidadania significa garantir não só os direi- ler) para exercer as funções executivas, isto é, escolhem um
tos aos cidadãos, mas também dar a oportunidade para Chefe de Governo. Caso a República seja presidencialista,
que eles exerçam seus deveres. Em quase todas as platafor- o presidente acumula as funções. Atualmente, temos como
mas políticas dos partidos que disputam o poder no Brasil, exemplo de países com República Presidencialista o Brasil,
o discurso da necessidade de garantia de educação, saúde EUA, Chile e México. Países com República Parlamentarista
e de trabalho dignos aparecem como prioritários, mas qual a Alemanha, Itália e outros.
educação, qual saúde e que tipo de trabalho podem ou • Comunismo pode ser considerado como a pri-
não ser considerados dignos? meira forma de organização política das primeiras socie-
A Constituição Federal Brasileira de 1988 prevê a re- dades humanas. Segundo Karl Marx, o que caracteriza o
tomada das eleições diretas já na próxima eleição, acordo comunismo é a ausência do estado, das classes sociais e as
este estabelecido com o final da ditadura e o primeiro pre- necessidades de todas as pessoas estão supridas. As pri-
sidente civil, eleito indiretamente. A república é comanda- meiras sociedades humanas eram tribos nômades, onde
da por um presidente, eleito pelo povo diretamente, assim não havia classes e todos ajudavam conforme podiam, sen-
como os demais representantes do legislativo. do recompensados (comida e roupas) da mesma maneira.
Porém, existem diferentes formas de governo, isto é, Contudo, na evolução humana, houve a sedentarização
como o poder é instituído no país e as relações entre o go- através da agricultura, o que tornou a propriedade privada
verno nacional, regionais e locais com a população. E mes- mais forte, através da defesa daquilo que você produziu
mo dentro de uma forma de governo, existem variações e dos meios de produzir. Surgiu, então, uma organização
de construções entre elas. Veremos algumas delas a seguir: para ajudar nessa defesa, o Estado. O mesmo Karl Marx
• Monarquia é uma forma de governo no qual exis- diz que o comunismo é a etapa final da evolução das or-
te a figura de um Rei ou Rainha, que personalizam a nação ganizações políticas e econômicas, onde as características
perante as demais. Estas mesmas figuras dão continuidade supracitadas retornariam, porém o progresso alcançado
à manutenção ao poder através de seus filhos, que se tor- manteria e seria expandido, conforme as necessidades das
nam Rei ou Rainha após a morte ou a abdicação de seus pessoas. Não há registro de um país realmente comunista
pais. No decorrer dos tempos, ocorreram diferentes manei- durante toda a história humana.

53
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

DIREITOS CIVIS Já o Brasil apresenta alguns importantes dados para


Retirar do indivíduo o direito de exercer a cidadania averiguar as condições de vida da sua população. E, destes
favorece a exclusão social. Exercer a cidadania é mais do dados, podemos tirar algumas conclusões sobre quais são
que simplesmente votar, é ter plena consciência do seu pa- os efeitos da concentração de renda e da desigualdade ve-
pel na sociedade, conhecimento dos seus direitos e deve- rificada entre os Estados da Nação.
res e a sua liberdade de expressar seus sentimentos e suas
vontades.
Relembrando...
A riqueza material produzida pelos países capitalistas
não é distribuída de forma equilibrada daí o brutal abismo Produto Interno Bruto (PIB): representa
entre as sociedades dos países ricos e a dos países pobres. a soma (em valores monetários) de todos
Calcula-se que cerca de 80% da riqueza produzida no mun- os bens e serviços finais produzidos numa
do esteja concentrada nas mãos de 15% da população do determinada região ou país.
planeta, que vive nos países ricos. Enquanto isso, o restante
da população do planeta enfrenta os mais variados proble-
mas. Fome, desamparo a saúde, descaso para com a edu- Primeiro, vamos discutir tais indicadores: (1) Renda per
cação, falta de moradia e saneamento básico, desemprego capita é a renda (dinheiro a receber) média de cada brasi-
e baixos salários. leiro. Isso é obtido através da simples divisão do Produto
Evidentemente, esse desnível econômico, afeta os de- Interno Bruto (PIB) pelo total da população. (2) Índice de
mais setores sociais e reflete na expectativa de vida da desemprego é o indicador da parcela da população eco-
população. Nas últimas décadas, o desnível entre países nomicamente ativa (a partir de 10 anos, conforme meto-
ricos e pobres tem se ampliado rapidamente. Estudos re- dologia do IBGE) que está procurando oportunidades de
centes apontam que a renda dos 20% mais ricos era em emprego. (3) Índice de analfabetismo demonstra o per-
torno de 74 vezes maior que a dos 20% mais pobres. Essa centual da população que não sabe ler e escrever. (4) Ex-
diferença, conforme alguns analistas colocam, tende a au- pectativa de vida mostra, em média, quantos anos a po-
mentar devido a própria dinâmica do mundo globalizado. pulação vive. (5) Mortalidade infantil está relacionada ao
número de crianças mortas, no seu primeiro ano de vida,
por qualquer razão possível.
De uma maneira geral, países desenvolvidos, como
EUA, Japão, Alemanha e outros, apresentam algumas ca-
racterísticas em comum como, boas oportunidades de
trabalho, bons sistemas de saúde e educação e acesso a
informações básicas, o que possibilita as seguintes carac-
terísticas: uma renda per capita alta, índice de desemprego
relativamente baixo, baixo índice de analfabetismo (próxi-
mo ao zero), alta expectativa de vida e baixa mortalidade
infantil.
Podemos comparar os dados brasileiros com os de ou-
tro, porém por ser o Brasil um país muito grande separa-
remos esses dados por Estados no intuito de alcançar uma
melhor avaliação. A única exceção é o desemprego, pois
No final do século XX, no Japão, as esse item é mais específico em alguns Estados brasileiros;
pessoas viviam, em média, 80 anos; nas regiões metropolitanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
já em Serra Leoa, país pobre da Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife, através do IBGE.
Veja a tabela a seguir:
África, a expectativa de vida era de
36 anos.

Somado a todos os fatores que contribuem para a ma-


nutenção da pobreza mundial, ainda temos os meios de
comunicação influenciando muitas sociedades com valores
culturais externos. Grande parte da moderna tecnologia de
comunicação de massa (filmes, revistas, televisão, jornais,
CDs e DVDs), projetando valores que interessam às socie-
dades capitalistas ou às elites locais a fim de favorecer e
ampliar o consumo, o individualismo, a ruptura de tradi-
ções locais e o lucro desenfreado.

54
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Rio Grande Mato Grosso


  São Paulo Amazonas Bahia
do Sul do Sul

Renda Per Capita R$ 19.548,00 R$ 14.310,00 R$ 11.829,00 R$ 10.599,00 R$ 6.922,00

Analfabetismo 4,60% 5,00% 7,90% 9,00% 21,40%

Expectativa de Vida 74,2 anos 75,0 anos 71,6 anos 73,8 anos 72,0 anos
15,5 por mil 13,5 por mil 25,9 por mil nas- 18,0 por mil 38,7 por mil
Mortalidade Infantil
nascidos nascidos cidos nascidos nascidos

Além disso, o IBGE aponta que o desemprego averiguado em 2008 foi de 7,89% no Brasil. No mês de abril de 2009,
sentindo os efeitos da crise financeira de 2008, a taxa de desemprego averiguada pelo Instituto chegou em 8,9%.
Vemos, portanto, uma grande diferença entre os Estados. Cada um representa uma macro-região brasileira, São Paulo está
no Sudeste, Rio Grande do Sul, no Sul, Amazonas no Norte, Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste e a Bahia no Nordeste.
São Paulo é o Estado que se destaca na renda per capita e no analfabetismo, ficando um pouco atrás do Rio Gran-
de do Sul na expectativa de vida e mortalidade infantil. O destaque negativo é a Bahia, com alto nível de analfabetismo,
mortalidade infantil e baixa renda. Tais dados dão uma mostra de como está a vida do brasileiro e os principais problemas
enfrentados em cada estado.
Apesar da alta renda per capita em São Paulo, este dado não mostra a concentração de renda existente no Estado, nem
tão pouco, o distanciamento entre as camadas “ricas” e as “pobres”. A concentração de riquezas atinge pequena parte da
população fazendo com que haja um grande distanciamento entre as classes sociais brasileiras. Em relação à educação e
a mortalidade infantil percebemos que a região sudeste é mais desenvolvida em comparação com as demais regiões. Já a
Bahia, possui graves problemas no setor educacional e, também, no controle da mortalidade infantil. A realidade do interior
da Bahia, onde as famílias geram muitos filhos e dependem da agricultura para sobreviver, traduz-se nos dados da tabela
anterior.
A seguir, veja a tabela da comparação do Brasil com outros países:

Brasil Argentina EUA Japão Alemanha África do Sul


Renda Per Capita
10.326,00 13.308,00 46.272,00 33.577,00 39.650,00 10.600,00
(US$)
Analfabetismo 10,00% 2,80% 1,00% 1,00% 1,00% 17,60%
Expectativa de
72,7 75,3 78,2 82,6 79,4 49,3
Vida (em anos)
Mortalidade In- 23,6 por mil 13,4 por mil 6,37 por mil 2,6 por mil 4,08 por mil 44,8 por mil
fantil nascidos nascidos nascidos nascidos nascidos nascidos

Através do quadro, note-se a disparidade entre os números dos países desenvolvidos como EUA, Japão e Alemanha
em relação aos demais.
Dentre os países analisados, encontramos a África do Sul, um país de maioria negra controlado por uma minoria branca
e que possui índices baixos de expectativa de vida e mortalidade infantil, com alta taxa de analfabetismo. Essa situação per-
mitiu por muito tempo que as comunidades negras não tivessem voz em seu próprio país. Ainda hoje esse continente sofre
as conseqüências da política neocolonial imposta pelos países europeus. Veremos, a seguir, um pouco mais da história da
África do Sul e você poderá entender melhor estes números.

ÁFRICA DO SUL
Como se vê, não é incomum os meios de comunicação influenciarem as sociedades na tomada de decisões que podem
alterar os rumos de suas construções históricas, muitas vezes fazendo com que o mundo tenha contato com realidades
tão cruéis que obrigam uma postura daqueles que nele vivem. Daí as manifestações pacifistas ou mesmo um protesto em
relação às agressões da humanidade contra o meio ambiente ou mesmo contra o próprio Homem. Foi o caso do Regime
Apartheid, na África do Sul, sistema que vigorou até o ano de 1990, quando o presidente de Estado sul-africano Frederik
Willen de Klerl tomou várias medidas e colocou fim ao Apartheid.  A opinião pública mundial colaborou muito para o fim
desse sistema, e os meios de comunicação se consolidaram como uma forte ferramenta contra a sua manutenção.

55
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Apartheid (significa “vidas separadas” em africano) era um regime segregacionista – divisor - que negava aos negros
da África do Sul o direito de exercer cidadania, ou seja, seus direitos sociais, econômicos e políticos.  Embora a segregação
existisse na África do Sul desde o século XVII, quando a região foi colonizada por ingleses e holandeses, o termo passou
a ser usado legalmente em 1948. No regime do apartheid, o governo era controlado pelos brancos de origem européia
(holandeses e ingleses), que criavam leis e governavam apenas para os interesses dos brancos. Aos negros eram impostas
várias leis, regras e sistemas de controles sociais. 

Principais leis do Apartheid:


Proibição de casamentos entre brancos e negros - 1949.
Obrigação de declaração de registro de cor para todos sul-afriacanos (branco, negro ou
mestiço) - 1950.
Proibição de circulação de negros em determinadas áreas das cidades 1950
Determinação e criação dos bantustões (bairros só para negros) – 1951
Proibição de negros no uso de determinadas instalações públicas (bebedouros, banheiros
públicos) – 1953
Criação de um sistema diferenciado de educação para as crianças dos bantustões – 1953

Dentre as medidas que deram fim ao Apartheid estava a libertação de Nelson Mandela, preso desde 1964 por lutar
com o regime de segregação. Em 1994, Mandela assumiu a presidência da África do Sul, tornando-se o primeiro presidente
negro do país.
Texto adaptado de: http://www.suapesquisa.com/o_que_e/apartheid.htm
Todas as instabilidades políticas deste país, somada à disseminação da AIDS, contribuíram para alcançar os números
da tabela anterior com a comparação entre os países. O Apartheid é uma herança ainda muito presente na sua sociedade,
criando barreiras para a integração com os brancos e, também, para os problemas sociais.
Na Segunda Grande Guerra o rádio foi um grande divulgador das idéias nazistas na Alemanha; e no Brasil, durante o
governo de Getúlio Vargas, era através do rádio que havia a divulgação das plataformas políticas governamentais. Atual-
mente um dos maiores meios de divulgação em massa é a internet, através dela qualquer pessoa pode ter acesso a todos
os acontecimentos do mundo.

56
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Regulamentação dos direitos trabalhistas no Brasil: uma tentativa de conciliação entre


o capital e o trabalho (1937-1945)
Inara dos Santos Betat
Fonte: http://www.bdtd.ufes.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=235
http://www.bdtd.ufes.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=236
O tema que motivou este estudo é a questão social trabalhista no Brasil, no período em que
vigorou o Estado Novo. Para melhor compreensão desse problema, parte-se de uma releitura
de sua evolução histórica, a partir do final da década de 1920, até o final do Estado Novo, 1945,
período proposto para este estudo. As reivindicações operárias por melhores condições de
trabalho, salários e, portanto, por melhores condições de vida, remontam a década de 1930,
quando eram tratadas, simplesmente, como “um caso de polícia”. O tratamento da questão
social começou a mudar a partir de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas à presidência.
A montagem de todo um aparato estatal para regular as relações entre o capital e o trabalho,
teve como preocupação primeira acalmar os conflitos de ordem social que se alastravam,
especialmente nos grandes centros urbanos do país, afim de dar prosseguimento a objetivos
mais amplos, como o de promover o desenvolvimento da indústria no país. Ao longo da década
de 1930, gradativamente, foi sendo regulamentado todo um conjunto de leis trabalhistas que,
mais tarde, em 1943, no final do Estado Novo, foram sistematicamente organizadas num
único documento, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). As leis trabalhistas trouxeram
garantias reais aos trabalhadores, mas, em contrapartida, passaram a existir várias medidas
que tolheram a liberdade de expressão dos trabalhadores, e que foram entendidas pelo governo
como necessárias para que o processo de industrialização se materializasse.

Se durante a Guerra do Vietnã, entre 1959 e 1975, o mundo ficou chocado com a ação das tropas norte americana,
fazendo com que o próprio povo americano se voltasse contra a guerra através das imagens transmitidas pela televisão,
hoje com a informação em tempo real e o acesso às informações com maior velocidade, podemos entender o quanto a
Guerra do Golfo e a ocupação do Iraque pelas tropas americanas influenciaram as eleições presidências nos Estados Unidos
em 2009.
Vivemos num mundo marcado por grandes contrastes. De um lado podemos contemplar grupos com realidades bem
homogêneas – parecidas -, apesar de restrito, desfruta de todos os benefícios que o capital pode oferecer, são os incluídos,
que podem comer em bons restaurantes, fazer compras em shoppings, freqüentar escolas particulares, ter automóveis,
computadores e celulares tornado-se, assim, padronizados e inseridos nesse mundo globalizado. De outro, aqueles que
dividem as mazelas sociais, que sofrem pela falta de atendimento médico, pela fome, pelo descaso, porque muitas vezes
nem escola freqüentam, na verdade são eles um exército de excluídos.

A fome deixa de ser um fato isolado ou ocasional e passa a ser um dado generalizador e
permanente. Ela atinge 800 milhões de pessoas espalhadas por todos os continentes. Quando
os progressos da medicina e da informação deveriam autorizar uma redução substancial dos
problemas de saúde, sabemos que 14 milhões de pessoas morrem todos os dias, antes do
quinto ano de vida.
Dois bilhões de pessoas sobrevivem sem água potável. (...) O fenômeno dos sem-teto,
curiosidade na primeira metade do século XX, hoje é um fato banal, presente em todas as
grandes cidades do mundo. O desemprego é algo tornado comum. (...) A pobreza também
aumenta. No fim do século XX havia mais 600 milhões de pobres do que em 1960; e 1,4 bilhões
de pessoas ganham menos de um dólar por dia. (...) O fato, porém, é que a pobreza, tanto
quanto o desemprego, são considerados como algo natural, inerente a seu próprio processo.
Junto ao desemprego e à pobreza absoluta, registre-se o empobrecimento relativo de camadas
cada vez maiores graças à deteriorização do valor do trabalho.
Milton Santos. Por uma outra globalização, Rio de Janeiro, Record, 2000. P.59

57
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

O Vietnã é um país localizado no Sudeste Asiático e como podemos ver na imagem, tem vizinhos como a China, Laos
e Camboja. Seus vizinhos tiveram um importante papel durante a Guerra, pois era através deles que o esforço de guerra se
fazia possível. Da China, vinham armamentos e conhecimento técnico. Do Laos e Camboja, era por onde ocorriam movi-
mentações dos Vietcongues (tropa paramilitar com o suporte do Vietnã do Norte – na época) através da trilha Ho Chi Minh,
ou seja, por onde eles conseguiam suprimentos e mantimentos.

Retirado e Adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:LocationofVietnam.png

Essa movimentação só era possível por causa da extensa vegetação em comum, a floresta tropical. Ela proporcionava
uma cobertura natural aos combatentes. Além disso, por estar localizado numa região com o clima de monções – ventos
sazonais que trazem chuva intensa e prolongada, caracterizando a estação de chuvas – há inúmeros rios e deltas (ramifi-
cações dos rios para deságue quando perto de mares e oceanos) por todo o país. Isso obrigou o Vietnã a construir várias
pontes, para poder interligar o país através de uma via terrestr

Vietnã: 42 mil pessoas já morreram em explosões de bombas inativas


http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/090729/mundo/vietn___explos__o_guerra_hist__ria
Qua, 29 Jul, 04h51
HANÓI (AFP) - Mais de 42.000 vietnamitas já foram vítimas de explosões de bombas inativas datando
da época da guerra, segundo estatísticas locais.
A maioria dos acidentes acontece com agricultores que tentam recuperar o metal e a pólvora para tentar
revendê-los, e com crianças que brincam com os obuses desconhecendo seu perigo.
O conflito chegou ao fim em 1975, mas livrar o território dessas armas levará centenas de anos, estima o
vice-ministro da Defesa, general Nguyen Huy Hieu.
O último desses acidentes, agora em julho, aconteceu com quatro homens - um professor e três agricultores
que tentavam desmontar um engenho ao longo da antiga pista Ho Chi Minh, utilizada pelos comunistas
do Vietnã do Norte para abastecer as tropas que combatiam no sul do país durante a guerra contra os
americanos. A pista havia sido bombardeada pelos Estados Unidos.(...)”

Após essa guerra sem vencedores, o Vietnã foi totalmente afetado. Os bombardeiros norte-americanos despejaram mi-
lhares de bombas convencionais e químicas, destruindo as estruturas de geração de energia, de produção de água potável,
as cidades, as bases inimigas, as poucas indústrias e partes da floresta onde se imaginavam serem rotas de transporte. Os
próprios soldados Vietnamitas do Norte causaram grande destruição na parte do Vietnã do Sul, ao conquistá-lo.
E, mesmo com o apoio da China e da Rússia, o esforço requerido para guerrear trouxe problemas para o desenvolvi-
mento posterior da economia do país. A divisão interna, que surgiu na repartição entre Vietnã do Norte e do Sul, quando
ainda era colônia da França, trouxe diferentes concepções e atitudes para a vida, que traziam novas dificuldades. Assim, o
Vietnã permaneceu como um país essencialmente agrário, com forte influência da pesca – por conta da grande extensão de
seu litoral –, também, com milhares de bombas inativas – veja a notícia a seguir – por todo o seu território e com o número
de quase 2 milhões de mortos, entre civis e militares.

58
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

LEITURA COMPLEMENTAR AGORA É COM VOCÊ!


Eleições no EUA
05/11/2008 - 10h33 1- Por que o processo de reconhecimento do direito
OBAMA É PRIMEIRO PRESIDENTE NEGRO DOS EUA à cidadania foi mais complexo no Brasil
EM VOTAÇÃO QUE MUDOU MAPA ELEITORAL
Colaboração para a Folha Online 2- Quais as principais consequências para uma socie-
dade quando os direitos à cidadania lhe são negados?

Morry Gash/A 3- Escreva, com suas palavras, o que você entende por:
a) Monarquia;
b) República;
c) Comunismo.

4- (ENCCEJA 2006)
1850 – Aprovação da Lei de Terras, que impediu agri-
cultores de origem italiana se tornarem proprietários.
1988 – A reforma agrária foi incluída na nova Constitui-
ção. Artigo 184 – Compete à União desapropriar por inte-
Democrata Barack Obama resse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que
cumprimenta eleitores em discurso não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e
justa indenização (...).
da vitória no Grant Park
De 1990 a 1999, foram assentadas, em terras desapro-
priadas pelo Estado, 500 mil famílias, em várias regiões do
país. Esse número tem aumentado nos últimos anos. Anali-
O democrata Barack Obama afirmou na noite desta ter- sando os trechos acima, é correto afirmar que:
ça-feira que nos Estados Unidos tudo é possível. O discur- a) a estrutura fundiária brasileira sofreu profundas mo-
so foi apropriado à sua vitória como o primeiro presidente dificações e o trabalhador rural passou a ter direito de pos-
negro dos EUA eleito em uma votação de participação re- se sobre o solo cultivado.
corde e que mudou o tradicional mapa eleitoral americano b) o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-
como a Virgínia, que não votava em um democrata nos Terra) perde a razão quando reivindica terras porque a
últimos 40 anos.
Constituição já garante a posse de terras a esses trabalha-
Obama, que ressaltou em seu discurso que os EUA po-
dores.
dem mudar sua história, criou um novo capítulo na política
americana com uma vitória esmagadora, marcada pela par- c) houve conquistas recentes na luta da sociedade pela
ticipação de quase 66% dos 153,1 milhões eleitores regis- reforma agrária, que busca um melhor crescimento econô-
trados para as eleições presidenciais deste ano. mico e justiça social.
Segundo as estimativas do site Real Clear Politics, isso d) o trabalhador rural foi excluído de seus direitos
significa a maior taxa de participação desde 1908, quando constitucionais no decorrer de nossa história.
restrições impediam alguns americanos de votar. A por-
centagem bateria também o recorde histórico recente, de HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!
1960, quando 64,9% do eleitorado foi às urnas na disputa
entre John Kennedy e Richard Nixon. Nas eleições de 2004, Exercício referente ao Texto Complementar:
o número de registrados era de 142,1 milhões, das quais 1- A grande insatisfação norte americana, pela atua-
63,8% compareceram às urnas. ção do presidente Republicano George Bush, a crise eco-
“Foi uma longa campanha, mas, nesta noite, por causa nômica e os escândalos causados pelas guerras e ocupa-
do que nós fizemos neste dia, neste momento definidor, a ções no Oriente Médio.
mudança chegou à América”, disse Obama, 47, a mais de 2- Por todo o contexto racista que envolveu a história
200 mil apoiadores que acompanharam sua festa da vitória da sociedade norte americana.
no Grant Park, em Chicago.
A partir da leitura do texto responda:
Exercício 1:
1- No seu entender, por que houve a adesão em
Por causa da realidade social ainda com mentalidade
massa das eleições nos EUA?
2- Por que o fato da eleição de um presidente negro escravocrata, elitista e agrária que, até o século XX, favo-
nos EUA causou tanta polêmica? recia a concentração de terras e o favorecimento das eli-
tes, a construção da cidadania seguiu um caminho mais
SUGESTÃO PARA PESQUISA: complexo, ora assimilando padrões europeus, ora padrões
- Vida e luta de Nelson Mandela na África do Sul e de norte americanos de construção social para a cidadania,
Mahatma Gandhi na Índia. mas que pela fragilidade dos direitos civis, desrespeitava
- Diferença entre comunismo e socialismo. os direitos políticos.

59
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Exercício 2:
A exclusão social e a miséria.

Exercício 3:
Resposta pessoal, mas vale observar como os itens foram tratados neste capítulo.
Exercício 4:

PARA SABER MAIS


Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas sugestões para que você aprenda ainda mais.
Filme: Gandhi. Diretor: Richard Attenborough
Filme: Mandela – A luta pela Liberdade. Diretor: Bille August
Filme: Fomos heróis. Diretor: Randall Walace

PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:


• Identificar o papel dos diferentes meios de comunicação na construção da cidadania e da democracia.
• Analisar as conquistas sociais e as transformações ocorridas nas legislações em diferentes períodos históricos.
• Analisar o papel dos valores éticos e morais na estruturação política das sociedades.
• Relacionar criticamente formas de preservação da memória social.
• Identificar referenciais que possibilitem erradicar formas de exclusão social.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

60
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 6
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE: UM OLHAR CRÍTICO.
PERCEBER-SE INTEGRANTE E AGENTE TRANSFORMADOR DO ESPAÇO GEOGRÁFICO, IDENTIFICANDO
SEUS ELEMENTOS E INTERAÇÕES.

A partir do século XVI, a ciência realizou grande progresso. Seus avanços foram sentidos nos mais variados setores.
Avançou-se, infinitamente mais nos últimos 400 anos que nos anteriores. A quantidade de aplicações técnicas que mudam
a vida dos seres humanos, as descobertas, a rapidez com que as informações chegam e saem da vida das pessoas é fruto do
progresso das pesquisas científicas. Se o critério para afirmar que a humanidade melhorou for apenas o avanço da produ-
ção científica e tecnológica podemos estar seguros em afirmar que sim, porém se olharmos as relações estabelecidas entre
os indivíduos e o meio ambiente a partir do progresso científico não saberemos responder com exatidão.
As primeiras sociedades humanas faziam uso do tempo da natureza para produzir seus alimentos, portanto havia um
grande respeito pela sua dinâmica. Seu conhecimento era fundamental para o plantio, colheita e armazenamento dos
alimentos, portanto o processo de evolução do homem está intimamente ligado ao aproveitamento do meio ambiente. A
fabricação dos utensílios deu à humanidade a possibilidade de melhor aproveitamento dos recursos naturais disponíveis na
natureza. Sem o domínio da natureza seria muito difícil ao homem sobreviver. Porém, o que é dominar a natureza?

Um dos maiores
problemas sociais
é o êxodo rural.
O abandono do
campo em busca de
melhores condições
de vida na cidade
contribui para a
situação de pobreza
e exclusão social no
Brasil.

Durante o século XIX o pensamento humano em relação a natureza era de domínio, pois ela servia para atender a ne-
cessidade humana, portanto deveria ser dominada. O Homem tinha o direito de retirar da natureza tudo o que fosse neces-
sária para seu sustento e ela a obrigação de se manter para suprir constantemente as necessidades humanas. Atualmente,
esse domínio da natureza tem como conseqüência a extinção de vários animais, o desmatamento, as queimadas e muitas
outras conseqüências obrigando o homem a reciclar seus recursos.
Mas você sabe o que é reciclar? Este é um importante fator, que ganhou muito espaço na sociedade mundial atual.
A sociedade de consumo (veja neste capítulo a seguir), configurada pelo desenvolvimento capitalista, evidenciou um
problema importante, a capacidade do planeta Terra para fornecer aquilo que é essencial para a nossa sobrevivência e
manutenção do nosso estilo de vida.

61
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Reservas mundiais de petróleo cobrem 40


anos de necessidades, segundo a Repsol.
Da Redação 07/07/2009 África 21 - DF

Brasília - A empresa espanhola de petróleo


Repsol YPF estima que as reservas
petrolíferas mundiais existentes atenderão
às necessidades de fornecimento durante 40
anos e as reservas de gás durarão 60 anos.
As novas áreas de exploração, como os
blocos “offshore” [shore=costa; off=fora:
longe da costa – tradução livre]no Brasil e na
Sibéria, contribuirão para as reservas futuras,
disse nesta terça-feira (7) o diretor-geral
do departamento de “upstream” [up=subir;
FONTE: http://www.institutorecicle.org.br/
stream=fluxo; extração – tradução livre]
da Repsol, Nemesio Fernandez Cuesta.
Entretanto, as descobertas a nível mundial de
É importante lembrar que nem sempre o lixo vai, real-
petróleo e gás poderão registrar este ano a
mente, para os aterros sanitários. Em muitos casos, por
maior queda desde 1992, referiu segunda-feira conta da falta de um serviço eficaz e da educação dada à
num relatório a Sanford C. Bernstein & Co. população, os lixos são simplesmente jogados em rios e la-
Este ano foram descobertos três bilhões de gos; às vezes são simplesmente largados em algum canto,
barris de equivalente petróleo nas reservas próximos as suas casas (terreno baldio). Essa ação ocasiona
provadas e prováveis de hidrocarbonetos, diversos problemas para toda a sociedade. Além de atrair
de acordo com o relatório da empresa. As animais que transmitem doenças, ocasionar enchentes, de-
gradar a vida animal (tanto do rio, lago e locais próximos) e
informações são da Bloomberg. aumentar os custos para a limpeza, o próprio lixo demora
em se decompor naturalmente, veja o quadro ao lado:
Fonte: http://africa21.achanoticias.com.br/noticia.kmf?
cod=8647076&indice=0&canal=402
Existe, também, a reciclagem de material orgânico.
Quando se come uma fruta ou um legume, é necessário
prepará-lo antes. Para tanto, além de lavá-lo, deve-se cor-
tar aquilo que não é comestível. Assim, essas sobras podem
A limitação dos recursos naturais é evidente, especial-
retornar ao solo, preciosos nutrientes, garantindo-lhes uma
mente a dos minerais como: ferro, bauxita, ouro e outros.
ótima fertilidade.
O que mais chama atenção é a limitação das reservas mun-
diais de petróleo.
CIÊNCIA E PROGRESSO
O petróleo e o gás, quando utilizados para fins de ge-
Atualmente somos capazes de nos comunicar com
ração de energia (automóveis, termoelétricas e outros), são
qualquer ponto do planeta graças ao desenvolvimento
exemplos de recursos naturais cuja a possibilidade de rea-
tecnológico que busca satisfazer os desejos de interação
proveitamento é inexistente. Uma vez feito o seu uso, be-
da humanidade. Esse intercâmbio ocorre por um simples
neficiando a atividade econômica humana, seus elementos
“clicar” no computador, com um simples toque no celu-
resultantes retornam a natureza.
lar, ou mesmo ligando a TV. Essa comunicação estabelece
Porém, o petróleo também serve de matéria-prima
um intercâmbio entre as idéias, os sentimentos e objetivos
para outros setores da economia, com destaque para a
entre as pessoas do mundo inteiro. Uma carta com infor-
petroquímica. Com ele são produzidos, principalmente, os
mações importantes que poderiam levar dias para ser lida,
plásticos que são utilizados para diferentes embalagens.
hoje são lidas em tempo real. São facilidades conquistadas
Este material (plásticos) pode e deve ser reaproveitado.
pela tecnologia, porém qual o impacto dessas facilidades
E é essa a essência da reciclagem: reutilizar aquilo que for
no meio ambiente?
possível, diminuindo ao máximo a necessidade de retirar
da natureza tais elementos, reduzindo a produção de lixo
aliviando, assim, a necessidade de aterros sanitários.

62
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

CERRADO BRASILEIRO

Estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos vivam ali. Essa riqueza
biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo comércio ilegal. O cerrado é o sistema am-
biental brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali cerca de
20 milhões de pessoas. Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como de-
semprego, falta de habitação, poluição, entre outros. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na
região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o
desgaste e a erosão dos solos. Na economia, também se destaca a agricultura mecanizada de soja,
milho e algodão, que começa a se expandir principalmente a partir da década de 80. Nos últimos 30
anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerra-
do. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.

O Cerrado é uma vegetação original brasileira, porém possui similaridades com a vegetação da Savana Africana. Cons-
titui-se, predominantemente, por uma vegetação caducifólia, plantas que perdem as folhas em épocas muito frias ou secas
do ano, arbustiva, de raízes profundas, galhos retorcidos e casca grossa (que retém mais água). Esta formação está plena-
mente adaptada ao clima tropical típico, ou seja, com chuvas abundantes no verão e inverno bastante seco.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b9/
Cerrado_ecoregion.jpg

63
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Ela é o segundo bioma – uma determinada região que Isto leva a importantes mudanças nas áreas afetadas
apresenta o mesmo tipo de clima e vegetação – brasileiro, com pelo desmatamento. O solo da Floresta é pobre e não
mais de 2 milhões de km² espalhados por oito estados, confor- agüenta radiação solar intensa, ou seja, sem a proteção da
me pode ser visto na figura ao lado (parte contornada em ama- copa das árvores, o solo se degrada e torna-se inútil para
relo). O Cerrado apresenta um relevo acidentado, com poucas qualquer atividade econômica. O que leva a mais desmata-
áreas planas, apresentando elevação máxima de 1.400 metros, mento, pois o produtor rural precisa de espaço para a pas-
aproximadamente. Por ter clima tropical sua temperatura média tagem do gado e/ou para o plantio de soja, por exemplo.
é de 25ºC, com variações entre máxima de 40ºC e mínima de
10ºC. No inverno, as chuvas são escassas e retornam no começo
da primavera permanecendo até o final o começo do outono. Segue a relação dos biomas que existem
no Brasil.

Amazônia – o maior bioma brasileiro,


ocupando mais de 4 milhões de km² (49,29%
do território brasileiro). Está localizada no
Norte do Brasil, abrangendo 9 estados.
Cerrado – segundo maior bioma, ocupa mais
de 2 milhões de km² (23,92% do território
brasileiro). Estende-se por 11 estados e o
distrito federal.
Mata Atlântica – terceiro bioma brasileiro,
com mais de 1 milhão de km² (13,04%
do território).Sua presença é visto em 15
estados.
Caatinga – quarto bioma brasileiro, com
mais de 800 mil km² (9,92% do território).
Presente em 10 estados.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/
f6/Amazon_rainforest.jpg Pampa – quinto bioma brasileiro, com mais
de 170 mil km² (2,07% do território). Presença
no estado do Rio Grande do Sul.
O solo do Cerrado possui baixa fertilidade natural, com Pantanal – sexto bioma brasileiro, com mais
altas quantidades de alumínio e baixas quantidades de nu- de 150 mil km² (1,76% do território). Presença
trientes, como fósforo, cálcio, potássio, matéria orgânica e ou- nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso
tros. Isto faz com que o solo possua pH ácido, ou seja, um solo do Sul.
naturalmente pobre para a exploração comercial. As longas
secas e as torrentes chuvas de verão, associadas às pastagens,
monoculturas e o reflorestamento de eucalipto (na década de
60), levaram a uma alta degradação do solo. A importância dada para as atividades econômicas, ao
Observando os mapas anteriores, podemos notar tam- invés da preservação de um importante ecossistema é o
bém que o Cerrado faz fronteira com a Floresta Amazônica. desafio para os próximos séculos, especialmente o século
Comparando os dois mapas podemos perceber os limites XXI, onde encontramos um mundo globalizado, com ino-
do Cerrado e a parte que se encontra a Floresta Amazônica. vações tecnológicas cada vez mais utilizadas para oferecer
Esta proximidade fez com que muitos dos produtores novos produtos e ampliar o mercado consumidor. Nota-
agrícolas e, também, os pecuaristas do Cerrado, procuras- mos isso em nosso dia a dia com o lançamento de produ-
sem novas terras para desenvolver e expandir suas ativida- tos novos que acabam “criando a necessidade” através das
des econômicas. intensas campanhas publicitárias, porém o Homem não
A expansão agropecuária para o norte, em direção a está alheio à natureza. Como ser vivo também recebe dela
Amazônia foi grande e rápida. Tais produtores não se preo- uma ordem a respeitar na sua existência. Isso significa que
cuparam com os impactos das suas atividades econômicas. não podemos fazer tudo o que queremos. A natureza é um
Cresceu-se assim o desmatamento, através da ocupação conjunto que nos envolve e do qual fazemos parte, é um
ilegal de terras (em áreas protegidas e sem autorização). vínculo que nos une ao mundo e que orienta nossa forma
Assim, vemos o crescimento do desmatamento da sua de viver nele. Daí a preocupação atual, tão presente e ex-
área, alcançando a cifra de 350 mil km², no total, a um rit- plícita nos meios de comunicação com a ecologia e com a
mo de 20 hectares por minuto, 30 mil por dia e 8 milhões economia sustentável.
por ano. A noção do desastre ecológico causado pelo des-
matamento fica ainda mais agravante sabendo que a Flo-
resta abriga 30% de espécies de flora e fauna conhecida

64
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

organizações não-governamentais (ONGs), que surgiram,


Economia sustentável: aquela em que alertando para as complicações resultantes do descaso para
as decisões de desenvolvimento, políticas com o meio ambiente. Através de várias manifestações, in-
e práticas não destruam os recursos do centivavam ações que boicotavam empresas e países que
não respeitavam a dinâmica da natureza.
planeta Terra e sejam implementadas com
A proposta de economia sustentável deve permear to-
respeito às várias culturas do mundo. dos os setores sociais e suas ações e decisões devem procu-
Sustentabilide é a capacidade de usar rar respeitar práticas que não destruam os recursos do pla-
os recursos naturais e, de alguma forma, neta. Realizadas com respeito às várias culturas do mundo,
devolvê-los ao planeta através de práticas satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
ou técnicas desenvolvidas para este fim. capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas pró-
Note que são conceitos muito próximos, prias necessidades.
pois a economia sustentável depende da A efetivação de projetos politicamente corretos em re-
sustentabilidade. lação à natureza ocorrerá se uma mudança geral de com-
Adaptado: http://www.ecologiaurbana.com.br/ portamento e estilo de vida, principalmente no que se refere
sustentabilidade/o-que-e-sustentabilidade/ a padrões de consumo e produção, acontecer Através da
compreensão da complexidade do ambiente e das conse-
qüências do mau uso de seus recursos, podem favorecer a
Hoje em dia, ainda, a idéia de consumo relacionada à manutenção dos aspectos biológicos, físicos, sociais e cul-
riqueza existe na cabeça de muitas pessoas em todos os turais, existentes no meio ambiente, criando um modo de
países no mundo. Os meios de comunicação e a própria interpretar os diferentes elementos existentes no espaço em
sociedade através das propagandas e do convívio, fazem que vive o Homem, a fim de que futuramente realizem uma
com que as pessoas venham a ter constantemente a neces- utilização mais criteriosa e prudente dos recursos naturais.
sidade de adquirir produtos diariamente. Daí o surgimento
constante de máquinas que facilitaram o trabalho domés- TECNOLOGIA, CONSUMO E PRODUÇÃO.
tico, como geladeiras, freezers, microondas, lava-louça,
lava-roupa, batedeira, etc...; ou as possibilidades de lazer,
com a expansão do rádio e da televisão, culminando na
popularização do carro como meio de transporte principal.
Todos esses fatores, somados, permitiu o desenvolvimento
da idéia ilusória de que a qualidade de vida das pessoas
está relacionada às facilidades permitidas pelo avanço e
desenvolvimento da tecnologia.
As máquinas prometiam facilitar a vida das pessoas,
e sem dúvida em muitos casos cumpriram sua promessa.
Porém, a que preço? E sob quais condições? Ainda eram
questões sem respostas. A visão simplista e limitada de que
o desenvolvimento econômico traz consigo apenas os be-
nefícios do desenvolvimento logo se modificou trazendo à
tona os diversos problemas sociais e econômicos do cres-
cimento desordenado.
E quanto aos processos que levavam às construções
das máquinas? A forma como eram extraídas as maté-
rias-primas necessárias para a construção e operação das
máquinas? A infra-estrutura (energética e rodoviária) exis-
tente para a utilização delas? Os processos de fabricação
dos alimentos? O que fazer com aquilo que já não é mais
necessário ou que quebrou? Foram idéias que passaram a Uma das características da sociedade contemporânea
que possibilitam a globalização é a velocidade das comu-
ser questionadas e implicavam diretamente no conceito de
nicações. Computadores, linhas telefônicas e satélites fazem
sustentabilidade. O domínio do mundo sobre o meio-am-
com que a informação percorra o mundo todo rapidamente
biente, que se consolidou durante as revoluções industriais,
intensificando a reorganização das forças produtivas econô-
levando a idéia de que a natureza tinha como única função
micas mundiais.
prover aquilo que era necessário e de valor comercial para
Portanto, a globalização pode ser observada em diferen-
os humanos, passou a sofrer represálias da própria nature-
tes aspectos e setores mundiais, no crescimento do comér-
za que passou a demonstrar seu desgaste. cio mundial, no aumento do fluxo financeiro, na produção
As sociedades, ao constatarem que a contínua ativi- mundializada e na criação de blocos econômicos macror-
dade econômica predatória, desenfreada, sem a devida regionais. Sendo essa rede formada por todo o mundo, as
preocupação com suas conseqüências, estava levando à decisões de nações ou empresas influentes podem afetar a
destruição de diversos ecossistemas, apoiaram algumas vida de todas as pessoas que nele vivem.

65
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Então, montou-se a estrutura para permitir o livre co-


Blocos Econômicos Regionais mércio entre esses países que formavam a CEE. Mas, tam-
Área de livre comércio ou Zona de livre bém, surgiu outro acordo não-comercial entre os mesmos
países, para criar outros laços em comum, como por exem-
comércio: um acordo entre Estados destinado a
plo, a Euratom – Tratado que constitui a Comunidade Euro-
eliminar as restrições tarifárias e não-tarifárias que péia da Energia Atômica. Este acordo surgiu para fomentar
incidem sobre a circulação de mercadorias entre a cooperação no desenvolvimento e utilização de energia
os integrantes. Trata-se de um acordo limitado à nuclear para os países-membros, através do estabelecimen-
to de normas de segurança e proteção, além de incentivar a
esfera comercial. indústria de materiais e equipamentos nucleares.
União Aduaneira: Trata-se também de um acordo Os demais países europeus que não participaram des-
limitado à esfera comercial, mas define duas metas: ses movimentos criaram, também, uma área de livre co-
mércio entre si. Tal área ficou conhecida como Associação
a eliminação das restrições tarifárias e a fixação de
Européia de Livre Comércio (AELC) e possuía Reino Unido,
uma tarifa externa comunitária. Essa tarifa externa Portugal, Áustria, Dinamarca, Noruega, Suécia e Suíça como
consiste em um imposto de importação comum países-membros.
cobrado sobre mercadorias que vêm de países Porém, a AELC perdera importância frente ao avanço
da CEE e, também, dos níveis de interações que passaram
externos ao bloco. Obviamente, um integrante de a surgir entre os seus países-membros. Em 1973, houve um
determinada união aduaneira não pode se associar tratado de livre comércio entre a AELC e a CEE. Neste mes-
a outro tratado econômico que projete a eliminação mo ano, Reino Unido e Dinamarca se transferiram para a
CEE, com a adesão extra da Irlanda. Este fato marca o pri-
de restrições comerciais. meiro ingresso de países na CEE, desde a sua criação.
Mercado Comum: Usa das regras da união Espanha, Grécia e Portugal entraram para a CEE na dé-
aduaneira, mas não se contenta com elas. Ele tem cada de 80, período posterior ao de seus Estados consoli-
darem-se como democráticos. .Esta mesma década marca o
por objetivo assegurar, além da livre circulação de
processo de transformação da proposta da CEE que de livre
mercadorias, a livre circulação de capitais, serviços comércio passa a praticar o mercado comum, com o es-
e pessoas, através das fronteiras políticas dos tabelecimento de políticas de desenvolvimento econômico
países integrantes. Dessa forma, não se restringe para os membros integrantes mais atrasados. Estas políti-
cas fizeram-se necessárias, pois o ideal de mercado comum
à esfera comercial, invadindo os domínios da considerava que o mesmo só poderia funcionar com mem-
legislação industrial, ambiental, financeira e bros que tivessem o mesmo nível sócio-econômico.
educacional. Em 1993, entrou em vigor o Tratado de Maastricht,
onde a CEE foi substituída pela União Européia (UE), e
Adaptado: http://www.cefetsp.br/edu/eso/blocosregionalizacao.
quando surgiram e foram estabelecidas metas para os me-
html canismos de integração para a formação do mercado co-
mum europeu. Assim, os países-membros se submeteram à
Comunidade Européia através da criação de instituições su-
A idéia de blocos econômicos macrorregionais se desen- pra-nacionais do Parlamento Europeu, Conselho da União
volveu especialmente após a Segunda Guerra Mundial, com Européia, Comissão Européia, Tribunal de Contas Europeu
a bipolarização mundial, sobre a qual já falamos em capítu- e o Tribunal de Justiça. Além de, também, definirem uma
los anteriores. Os dois protagonistas da Europa Continental política externa e de segurança interna em comum.
(Alemanha e França) levaram a criação da Comunidade Eu- O fato de maior impacto na vida diária foi criação do
ropéia do Carvão e do Aço (CECA). Ela tinha como objetivo Euro, a moeda da UE, gerida através do Banco Central Eu-
integrar as indústrias de carvão e aço dos países participan- ropeu. Isto significa que todos os países que aderiram ao
tes, que eram: Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Euro, tiveram que se adequar a certas regras para suas con-
Luxemburgo. Porém, este acordo estava restrito à apenas a tas públicas, para garantir a estabilidade da nova moeda.
organização econômica das indústrias desses países. Este fenômeno não foi exclusivo da Europa. No con-
O estabelecimento de uma área livre de comércio tinente americano, vimos surgir o NAFTA, MERCOSUL,
entre países, o Benelux (acordo entre Bélgica, Holanda e COMUNIDADE ANDINA DE NAÇÕES (CAN) e, também,
Luxemburgo), possibilitou que as mercadorias dos países houve uma proposta para todo o continente: a ALCA.
integrantes desse bloco tivessem maior liberdade (tarifária O NAFTA – North American Free Trade Agreement (Tra-
e sanitária) para o comércio entre eles. Esta idéia foi ex- tado Norte-Americano de Livre Comércio) é um tratado de
pandida para outros lugares como, Itália, Alemanha e Fran- livre comércio entre os EUA, Canadá e México. Os EUA e
ça, com a criação da Comunidade Econômica Européia Canadá sempre tiveram fortes ligações econômicas e so-
(CEE). A intenção era criar um mercado único para todos ciais. A grande fronteira entre os países, juntamente com
os países, contudo a idéia ainda era muito nova, pois não a similaridade cultural e de formação, proporcionou esta
existiam laços entre os países que pudessem dar base e ligação. Contudo, o México, é um país mais latino, apresen-
sustentação para a criação deste mercado. tando maiores desigualdades sociais.

66
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Ao contrário da UE, o NAFTA não quer estabelecer um Por fim, a CAN é formada pela Bolívia, Colômbia, Equa-
mercado comum, sob a gerência e controle de instituições dor e Peru, sendo que a Venezuela deixou de ser membro.
supra-nacionais. A intenção do mesmo é apenas se tornar Este acordo pretende criar uma área de livre comércio e de
uma área de livre comércio, onde a circulação de mercado- livre trânsito entre seus países-membros. Porém, por não
rias (apenas) entre os países-membros possuísse vantagem possuir peso econômico e político, a maioria dos seus paí-
sobre os demais. ses está associada de alguma forma ao MERCOSUL e, inclu-
A grande diferença econômica entre seus membros, sive, existe a possibilidade do surgimento de um tratado de
fez com que a indústria mexicana fosse destruída em fun- livre comércio entre os dois blocos.
ção do capital norte-americano. Contudo, a sua produção Vemos, portanto, que os tais blocos econômicos são
aumentou, por conta da mudança de indústrias para o seu a união comercial de países próximos, que apresentam al-
país, buscando vantagens como: mão-de-obra mais barata guma similaridade, através de um sistema alfandegário ou
e legislação ambiental praticamente nula. união aduaneira em comum. Também há grandes diferen-
Já o MERCOSUL é uma iniciativa que se aproxima mais ças nessas uniões, como é o caso do NAFTA e da UE. O
da UE. Seus países integrantes são a Argentina, Brasil, Pa- MERCOSUL estaria em transição entre esses dois blocos,
raguai e Uruguai. Há a busca pela criação de um mercado mas sem avançar muito na direção da UE.
comum, com instituições supranacionais similares à UE, Mesmo assim, existe uma instituição internacional que
como o Parlamento. arbitra, isto é, resolve as disputas comerciais entre países e,
As barreiras para a livre circulação de mercadorias, também, entre blocos econômicos. Estamos nos referindo
pessoas e capitais sofreram transformações, tornando esta à Organização Mundial de Comércio (OMC) que surgiu
circulação mais fácil e menos onerosa – custosa -. Estabele- na década de 90, em substituição ao Acordo Geral de Ta-
ceu-se, também, uma política comum de tarifas para mer- rifas e Comércio (GATT – sigla em inglês), criado após a
cadorias importadas de outros países, o que originou uma Segunda Guerra Mundial.
união aduaneira. A criação o GATT serviu para equilibrar acordos e nor-
Contudo, o nível de integração entre as economias mas entre o comércio dos países capitalistas, através da
continua pequeno e sujeitos às variações políticas internas harmonização das políticas aduaneiras dos países mem-
de cada país. A industrialização é mais forte no Brasil e na bros. Contudo, não era uma instituição permanente, sen-
Argentina. Já Paraguai e Uruguai permanecem países for- do convocada apenas para as reuniões e lá, tendo que
temente agrícolas, porém sem condições de competirem discutir os assuntos que ocorreram na sua ausência. Já a
com o forte mercado do agronegócio brasileiro. A livre cir- OMC manteve essa mesma postura, acrescentando a sua
culação de mercadorias não é eficaz, pois os governos dos permanência durante a falta de reuniões, estabelecendo-se
países-membros, quando pressionados pelos setores de como um fórum internacional para a resolução de diversos
sua economia, retomam práticas protecionistas. problemas no comércio.
Apesar disso, o comércio entre os países continuam a
crescer. Contudo, o Brasil leva grande vantagem em rela-
ção aos demais, obtendo contínuos superávits – lucros - no
comércio, o que gera reinvidicações dos países-membros
para a adoção de medidas compensatórias.

ALCA: Foi proposta pelos EUA para todos


os países do continente americano, com
exceção de Cuba, para formar uma grande
área de livre comércio, nos mesmos moldes do
NAFTA. Proposta esta que perdeu força com a
continuidade dos subsídios para a agricultura
e aço (mercados onde a América Latina é
forte) nos EUA, com a eleição de George W.
Bush para presidente e, também, pela grande
impopularidade que esta idéia levou os países
latino-americanos.

67
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Capital especulativo
Capital especulativo são recursos financeiros alocados sem a intenção de gerar lucro via trabalho ou
produção. É diferente do capital de produção, onde o investimento é feito diretamente em pessoas,
equipamentos e outros bens, de modo que o trabalho gere valor, e o valor gere lucro. Já o capital
especulativo é aquele que compra ‘um sistema’ esperando sua valorização, e vende logo após.
O volume de dinheiro que gira diariamente pelos bancos e pelas bolsas de valores e mercados
de investimentos em busca de lucro rápido pode ser devastador para alguns países. A entrada
e saída de capitais especulativos num país são determinadas pela sua estabilidade política ou
econômica, ao primeiro sinal de crise, os investidores retiram rapidamente seus investimentos
do país e aplicam em outro cujas vantagens se mostram mais seguras. Essas entradas e saídas
de capital especulativo, em países economicamente frágeis, têm como conseqüência direta crise
financeira que afeta todo o quadro social.
Adaptado de: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20060722152104AAUKdHx

BOLSAS DE VALORES SENTEM IMPACTO NORTE-AMERICANO, GOVERNO GARANTE


TRANQÜILIDADE NO BRASIL
Edla Lula
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A variação dos índices dos mercados de capitais mostra que a semana terminou em clima de
nervosismo, reflexo da crise financeira que chegou os Estados Unidos. Segundo o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, o Brasil passa com tranqüilidade pela situação econômica.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que meses atrás vinha alcançando recordes de pontuação,
caiu 0,4% na semana. E o câmbio, alvo de sucessivas queixas do setor produtivo brasileiro por
causa da desvalorização do dólar norte-americano, subiu 2,63%, encerrando a semana a R$ 1,95.

A crise se intensificou nos Estados Unidos porque vários credores do setor imobiliário deixaram de pagar suas
dívidas. Eles estão no grupo do subprime, um tipo de mercado que não exige garantias como comprovante de
renda. Como se trata de uma operação de alto risco, os empréstimos são feitos a taxas bastante elevadas. O
retorno para o investidor é bom, mas arriscado.
Os bancos, que emprestaram muito para mutuários, não estão recebendo de volta. Em conseqüência, as
instituições e os investidores do mundo inteiro que emprestam aos bancos também não recebem. E sofrem o
efeito dominó. Ainda não há números oficiais sobre o tamanho do calote. “Por isso é muito difícil avaliar a
profundidade da crise”, ponderou o economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini.
Nos dois últimos dias, bancos centrais de vários países colocaram mais de US$ 300 bilhões para ajudar os
bancos a manterem seus empréstimos, já que os investidores estão tirando seu dinheiro do mercado de crédito
para aplicarem em outros setores mais seguros, como ouro ou títulos públicos. O ministro da Fazenda, Guido
Mantega, afirmou que a turbulência não afetou o Brasil. Ao contrário. Segundo ele, ao final da crise, os
investidores podem até apostar no país, que oferece investimentos mais seguros.

G1 - 22/12/08 - 13h56 - Atualizado em 22/12/08 - 13h56


Crise provoca demissões nas montadoras da Europa
Empresas cortam mão-de-obra para reajustar a produção.
Fiat e Peugeot podem se unir para recuperar fôlego.
Priscila Dal Poggetto Do G1, em São Paulo
A queda nas vendas de veículos já era esperada na Europa, pois o mercado europeu já apresentava retração há anos. O
que justifica tal tendência é o alto custo de se manter o carro – em cidades como Londres, por exemplo, é cobrado pedágio para
transitar na região central -, a qualidade do transporte público e o uso de meios alternativos como bicicletas e motocicletas.
O impacto da crise econômica e financeira agravou esta desaceleração. De janeiro a novembro, as vendas na região regis-
tram queda de 7,1%, com 13,79 milhões de unidades. O baixo desempenho levanta a questão de um plano europeu de ajuda,
similar ao que é negociado nos Estados Unidos (...)
Como em qualquer país, as montadoras são grandes geradores de emprego e renda. Para a Europa, perder postos de
trabalho tem um peso ainda maior, já que a entrada de mão-de-obra estrangeira na região aumentou as dificuldades na
obtenção de emprego. Com o agravamento da crise econômica mundial, o setor tem anunciado demissões, férias coletivas e
redução da produção em diversas unidades espalhadas pelo mundo.

68
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

No Brasil, as interferências do mercado globalizado se mostram bem presentes. Se hoje estamos inseridos no modelo
globalizado sofremos a influência constante dele tanto de forma positiva, quando obtemos um crescimento econômico nos
últimos dez anos em torno de 5%, quanto negativa quando não possuímos infra-estrutura para suportar esse crescimento.
Grande parte da produção industrial e do comércio mundial está sob controle de empresas transnacionais ou multi-
nacionais determinando um novo processo de divisão do trabalho. As transnacionais têm a possibilidade de possuir filiais
no mundo inteiro permitindo dividir suas fases de produção. Esse modelo produtivo leva em conta algumas características
que determinam maior ou menor lucro na produção, dentre elas notamos: o custo da mão-de-obra, a qualificação profis-
sional, a carga tributária, a existência de infra-estrutura, incentivos fiscais, leis ambientais, etc.

Multinacional é um termo que está entrando em desuso, pois passa a idéia de uma
empresa de várias nacionalidades (multi = vários), o que não existe. Uma empresa pode contar
com inúmeras filiais pelo mundo, com uma variedade enorme de funcionários, atuando em diversos
tipos de mercado, contudo a empresa continua a ter uma sede, possuí uma cultura, projeta isso
internamente e tem responsabilidade para os seus donos.
Transnacional é o termo que está substituindo o termo multinacional, pois coloca a idéia
que a empresa se baseia na organização internacional, nos mais diversos locais, para viabilizar seu
negócio. Além disso, dá a idéia que a própria sede (dono) é de diversos locais, pois o seu capital
está concentrado nas diversas bolsas pelo mundo.

INSTITUIÇÕES EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE


Atualmente, a conscientização em relação à preservação do meio ambiente aparece de forma mais efetiva. Novos pro-
gramas têm surgido e buscam ressaltar a importância da participação de um número cada vez maior de empresas e pes-
soas que pensam os problemas ambientais também de forma globalizada para que deixem de se preocupar apenas com
os problemas que as rodeiam. Exemplo disso é o novo programa europeu de ação em meio ambiente: “Ambiente 2010: o
nosso futuro, a nossa escolha”, que incide em quatro principais domínios de ação: alteração climática, saúde e ambiente,
natureza e biodiversidade e gestão dos recursos naturais. Para a Comissária do Ambiente Margot Wallström, a política
ambiental é uma das histórias de maior sucesso da União Européia, que já possibilitou a melhoria de várias regiões. Apesar
das dificuldades ela pretende difundir seu projeto para o mundo todo.
Antes de governos adotarem uma política de proteção ao meio-ambiente, existiram e existem diversas organizações
civis, conhecidas como ONGs, - algumas delas já até mencionamos neste capítulo - que começaram a luta para conscienti-
zação dos problemas causados pela ação humana.
O grande destaque dessas organizações é o Greenpeace. Organização esta que existe já há quase 4 décadas, na luta
contra qualquer atitude que destrua a natureza. Há, também, outras organizações com o mesmo objetivo, como a World
Wide Fund for Nature (WWF) [tradução livre: Fundo Mundial para a Natureza].
Ao atacar atitudes que possam prejudicar o meio-ambiente, elas evidenciam aquilo que consideram como elementos
destruidores, por exemplo: agrotóxicos (no caso do DDT, pesticida que ganhou destaque após a segunda guerra mundial
por ser barato e eficiente no combate do mosquito causador da malária e tifo, porém causava doenças como o câncer e
interferia na cadeia alimentar dos pássaros) e alimentos transgênicos (discussão recente sobre os benefícios e malefícios
que a alteração dos genes de determinadas plantas pode causar nos seres humanos e no meio-ambiente).
E, em sintonia com a idéia de economia sustentável, divulgam as qualidades naturais que possuem os alimentos obti-
dos sem a utilização destes meios químicos ou genéticos, o alimento orgânico.

69
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

TRABALHO INFANTIL
Veja, a seguir, uma notícia de 2007 falando sobre este problema:

Trabalho infantil na China se agrava, diz ONG


da Efe, em Hong Kong 05/09/2007 - 10h51
O problema do trabalho infantil na China é agravado pela pobreza, por brechas legais e por erros no sistema
educacional rural, denuncia a ONG CLB (China Labour Bulletin), com sede em Hong Kong, em seu relatório
de setembro.
O documento “Mãos Pequenas: um relatório sobre o trabalho infantil na China”, chega pouco depois da
divulgação de casos de crianças que trabalhavam em regime de escravidão em fábricas de tijolos.
O estudo, baseado em dados recolhidos em 2005, diz que as indústrias eletrônica, têxtil, alimentícia, de
plásticos e de brinquedos são as que mais utilizam a mão-de-obra infantil --especialmente de meninas, que
são menos escolarizadas.
A análise da CLB aborda tanto o problema da demanda de mão-de-obra infantil, ligada a uma questão
salarial, de maior cooperação e maior produtividade que os adultos em alguns trabalhos; quanto o do
fornecimento da mesma, relacionado à educação.
Segundo um estudo de 2006 do governo chinês, um terço dos imigrantes rurais chineses ganhava menos de
500 yuans (US$ 66) mensais; em torno de 40% entre 500 e 800 yuans, e só menos de um terço ganhava mais
de 800 yuans por mês.
As crianças ouvidas para o estudo recebiam de 300 a 600 yuans mensais.
A CLB afirma que a China investe em educação apenas 2,7% do seu PIB (Produto Interno Bruto) --menos
da metade do valor recomendado pela ONU. Isso faz com que nas regiões mais pobres do país os pais sejam
responsáveis por pagar a educação dos filhos, sem ou com muito pouca ajuda do Estado.
A porcentagem de abandono nas escolas primárias de alguma destas áreas chega a 40%, número muito
superior aos 2,5% alegados pelas autoridades de Educação.
O estudo lembra que as crianças não sabem como defender seus interesses e, portanto obtêm pagamentos
geralmente inferiores, trabalham mais horas e vivem em condições piores que os adultos.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u325883.shtml

Além do crescimento de problemas ambientais enfrentados na China e no Sudeste Asiático, acentua-se um novo antigo
fator: o trabalho infantil. O rápido desenvolvimento econômico dessas regiões levou a situações enfrentadas na Inglaterra,
durante a sua Revolução Industrial, mas que hoje já foram superadas naquele país, ou seja, a utilização da mão-de-obra
infantil, associada às grandes quantidades de horas trabalhadas e a sua precária situação embora já não seja mais uma
realidade em alguns lugares é algo muito presente em outros.
Este é um problema que cada país industrializado já passou ou passa, não só a Inglaterra e a China. E, também, é um
problema que tende a diminuir conforme ocorre o desenvolvimento de outras áreas dentro do país, especialmente através
da conscientização da sociedade que tal prática é prejudicial ao próprio desenvolvimento sócio-econômico.
Apesar disso, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que existam 218 milhões de crianças, entre 5 e 17
anos, que executam trabalhos inadequados e que dois terços dessas crianças trabalham em condições críticas (exploração
na agricultura, horas excessivas e até escravidão).
E, grande parte dessa estatística está localizada na África, América Latina e na Ásia, com uma importante exceção: o
Japão.
O país passou por sua fase de grande desenvolvimento, através da expansão industrial vivenciada nas décadas de 60 e
70. Ultrapassou todos os países europeus, na questão econômica, ficando atrás apenas dos EUA. Durante este desenvolvi-
mento, o forte investimento em educação permitiu a evolução da ciência e da tecnologia, lhes garantindo a sua posição de
destaque atual. Este investimento foi realizado em todas as partes da educação, seja a da mais básica (creches) até a mais
alta (universidades).
Conseqüentemente, as crianças japonesas foram o alvo desta política, tornando a educação aquilo que as motivava.
Portanto, o trabalho infantil no Japão é, atualmente, praticamente nulo.

70
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

LEITURA COMPLEMENTAR: 4- (ENCCEJA 2006) Com a Nova Ordem Mundial, uma


Perigos da Internet’ nova forma de atuação internacional tem se destacado e
Matéria Folha de São Paulo: Pelados 2.0 expandido no espaço mundial. Calcula-se que, hoje, exis-
julho 16, 2009 tam cerca de 10 milhões desse tipo de instituições deno-
Reproduzo, abaixo, matéria originalmente publicada minadas ONG não apenas no Brasil como em todo mundo,
em 15 de julho de 2009 no jornal Folha de São Paulo, inti- das quais 50 mil têm, pelo menos, uma ação internacio-
tulada “Pelados 2.0″, para a qual fui entrevistado. nal. O dinamismo e a atuação na sociedade dessas orga-
Pelados 2.0 nizações têm sido, em alguns casos, mais eficiente que o
Fotos e vídeos caseiros de momentos íntimos caem na Estado. O sucesso das organizações acima mencionadas,
internet e surpreendem vítimas desavisadas quando comparado à atuação do Estado, deve-se:
DANIELA ARRAIS a) a um grupo de pessoas com poder de decisão sobre
DA REPORTAGEM LOCAL as regras e leis de um território.
Tudo era uma brincadeira ou um registro de momen- b) a atuação sempre associada ao governo, que simpa-
tos que diziam respeito, apenas, a duas pessoas. De re- tiza com causas comunitárias.
pente, você acessa a internet, checa seu e-mail ou perfil c) a sua organização sem fins lucrativos, que conta com
em redes sociais e se depara com uma surpresa: fotos ou o trabalho voluntário de seus militantes.
vídeos monstrando a sua intimidade estão ao alcance de d) aos altos investimentos em pesquisa científica para
um clique. se evitarem catástrofes naturais e suas implicações.
Quem já fotografou ou filmou a si mesmo em poses ou
movimentos sensuais e sexuais está sujeito a virar atração 5- (ENCCEJA 2006) A fronteira entre os Estados Unidos
na internet. Com a disseminação da tecnologia, fica cada e o México é um dos mais movimentados corredores de
vez mais comum encontrar na rede imagens de anônimos imigração do mundo. Atualmente, quase 10% da popula-
em situações que ultrapassam as quatro paredes -nem ção americana é constituída por imigrantes e os mexicanos
sempre por vontade própria. representam 27% desse contingente. A fronteira entre os
Uma leva de celebridades, como Paris Hilton, Vanessa
dois países, em alguns pontos, chega a ser protegida por
Hudgens e Daniella Cicarelli, já teve fotos e vídeos divulga-
arame farpado. O fluxo migratório entre os dois países ci-
dos na internet sem autorização. Ganharam os holofotes,
tados no texto é atribuído a muitos fatores, entre os quais
é claro, mas também tiveram que recorrer à Justiça para
podemos apontar:
retirar o conteúdo do ar -quase sempre, sem sucesso.
a) o descompasso ou desigualdade econômica e de-
O fenômeno é chamado de sexting nos Estados Uni-
mográfica entre os dois países.
dos. O neologismo diz respeito à junção de sex (sexo) e
b) as ações do governo americano de incentivo à en-
texting (troca de mensagens por celular) e já é assunto de
trada de empregados para as fazendas agrícolas do sul do
uma pesquisa publicada no fim de 2008 mostra que um em
país.
cada cinco jovens norte-americanos com idades entre 13 e
19 anos já enviou pelo celular algum tipo de foto ou vídeo c) a atração exercida pelas terras abertas a novas áreas
de si mesmo nu ou seminu. Entre os jovens adultos, de 20 de colonização no oeste americano.
a 26 anos, o fenômeno é ainda maior: um terço declarou já d) a política do governo americano de oferecer aos
ter feito sexting. mexicanos o green card, conhecido documento para per-
Nas mãos de pessoas erradas, esse tipo de conteúdo manência nos Estados Unidos.
pode virar um grande problema. Imagine só se um ex-na-
morado divulga na internet fotos e vídeos do antigo par- HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!
ceiro para se vingar ou manchar sua reputação? A prática
existe e já ganhou denominação: “revenge porn” (porno- Exercício referente ao Texto Complementar:
grafia da vingança, em tradução livre). 1- Pessoal.
A partir da leitura do texto, responda:
1- Identifique outras formas em que a internet apare- Exercício 1:
ce ferindo os direitos individuais da pessoa. É aquela em que as decisões de desenvolvimento, po-
líticas e práticas não destruam os recursos do planeta Terra
SUGESTÃO PARA PESQUISA: e sejam implementadas com respeito às várias culturas do
Pesquise saber a origem das expressões Primeiro Mun- mundo.
do e Terceiro Mundo e porque se classifica o Brasil como
um país emergente. Exercício 2:
Suas conseqüências não foram suficientemente ava-
AGORA É COM VOCÊ! liadas, mas podemos notar a grande alteração no modo
1- O que significa economia sustentável? de vida de população mundial. Normalmente as mudanças
2- Quais os principais efeitos da globalização? não se traduzem em ganhos sociais principalmente em paí-
3- Faça um resumo das principais características do ses pobres.
NAFTA e da União Européia.

71
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Exercício 3: Capítulo 7
União Européia – Começou como Comunidade Econô-
mica Européia (CEE) prevendo o livre comércio, mas aca- INFLUÊNCIA DA TÉCNICA E DA TECNO-
bou cedendo ao mercado comum. Possui instituições Su- LOGIA NA SOCIEDADE
pra-nacionais e uma moeda própria, o Euro.
Nafta – Tratado de livre comércio. ENTENDER O IMPACTO DAS TÉCNICAS E TECNO-
LOGIAS ASSOCIADAS AOS PROCESSOS DE PRODU-
Exercício 4: ÇÃO, O DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO E
C A VIDA SOCIAL.

Exercício 5: O trabalho é uma necessidade vital e está relaciona-


A do diretamente ao capital. Mostra, desde a sua origem, a
capacidade humana de organização e interação entre os
PARA SABER MAIS. indivíduos para a realização de um objetivo comum. Desde
Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas o início, para sobreviver, a humanidade precisou aprender
sugestões para que você aprenda ainda mais. a transformar a natureza em sua aliada através do trabalho
Filme: Japão: Uma viagem no Tempo (BRA, 1986), Dir. desenvolvendo técnicas que facilitassem e melhorassem a
Walter Salles Jr. produção. Para os gregos, o trabalho representava a mi-
Filme: Diários de Motocicleta, Dir Walter Salles. séria do Homem, portanto era delegado aos escravos, aos
Homens livres cabiam as discussões e reflexões de caráter
PRA FIM DE PAPO! público na ágora (praça pública, local onde acontecia a
Caro Aluno vida). Na Idade Moderna, o trabalho foi visto como a alie-
nação do Homem e atualmente, apresenta-se como um
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: componente a mais. Da mesma forma que uma indústria
• Identificar em diferentes fontes os elementos que necessita de matéria-prima e maquinário necessita tam-
compõem o espaço geográfico. bém de trabalhadores.
• Relacionar sociedade e natureza, reconhecendo
suas interações na organização do espaço, em diferentes INFLUÊNCIA DA TÉCNICA E DA TECNOLOGIA NO
contextos histórico-geográficos. TRABALHO.
• Relacionar as implicações socioambientais do uso Como vimos, a Revolução Industrial aperfeiçoou os
das tecnologias em diferentes contextos histórico-geográ- métodos produtivos resultando na invenção e no desen-
ficos. volvimento de máquinas industriais. As ferramentas e al-
• Discutir ações sobre as relações da sociedade com gumas funções, antes exercidas por operários, foram subs-
o ambiente. tituídas pelas máquinas, modificando também as relações
• Propor formas de atuação para conservação do de trabalho. Desenvolveu-se, então uma das principais
meio ambiente e desenvolvimento sustentável. oposições sociais entre os empresários, detentores dos
meios e modos de produção e os operários, trabalhadores
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu- assalariados das empresas. Os empresários, para desen-
de um pouco mais, você esta construindo um processo de volver suas empresas necessitavam de liberdade econô-
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!
mica, ampliação dos mercados consumidores e de mão-
de-obra barata. A idéia era pagar o menor salário possível
explorando a máxima capacidade do trabalho operário,
isto é, pagar pouco por muito trabalho. Algumas indústrias
estabeleciam jornadas de trabalho de até 15 horas diárias.
A Revolução Industrial consolidou o capitalismo nas
sociedades em que se instalou. Aos poucos as indústrias
passaram a disputar com o comércio a condição de princi-
pal setor de acumulação de riquezas e durante sua etapa
de evolução, determinou o desenvolvimento das técnicas
produtivas e das relações de consumo. Podemos identifi-
car ao menos três momentos importantes de desenvolvi-
mento da indústria:

72
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

O relevo é variado, com o domínio de planícies e vales


1- (1760-1860) I Revolução Industrial, limitada
(3/4 do território) e um grande conjunto de montanhas co-
à Inglaterra, destacando a produção de
nhecido como Montes Urais.
tecidos, introdução do tear mecânico, e Sua economia, durante o século XIX, era predominan-
aperfeiçoamento das máquinas a vapor. temente rural, mais de 80% da população morava no cam-
2- (1860-1900) Revolução Industrial po vivendo sob regime de servidão com técnicas produ-
espalhando-se pela Europa Central e tivas rudimentares e produção agrícola insuficiente para
Oriental, utilização do aço, aproveitamento atender a população. A miséria do campo, as péssimas
da energia elétrica e dos combustíveis condições de vida dos trabalhadores, os abusos de siste-
petrolíferos. Caracterizando um processo ma czarista e da administração governamental e o contato
conhecido como a II Revolução Industrial. com as novas correntes políticas que surgiam na Europa
3- A partir do século XX, avanços tecnológicos Ocidental, levaram a uma série de descontentamentos po-
pulares e lutas operárias que resultaram em ações de cará-
influenciando o mundo da produção,
ter revolucionário, dando fim ao czarismo e instaurando o
valorização das idéias traduzidas pelas
Socialismo na Rússia em 1917.
novas tecnologias, microcomputadores,
celulares, ipods, iphones. Alguns
Czarismo:Dava-se ao monarca russo o nome de
historiadores costumam determinar esse
Czar em lugar de rei. Dois fatores contribuíram
período como a III Revolução Industrial.
profundamente para o fim do czarismo na Rússia.
Um foi a influência da idéias políticas européias
Nem todos os países passaram pelo mesmo proces- que serviram para o surgimento do Partido
so de industrialização, e desenvolvimento tecnológico. Na Operário Social-Democrata, inspirado no conjunto
Rússia, por exemplo, esse processo ocorreu por volta de de idéias desenvolvidas por Karl Marx (marxismo)
1894, depois que os países pioneiros, Inglaterra, França, e centradas na crítica à exploração capitalista
Alemanha e Bélgica, já haviam se consolidado, e dependeu e na defesa do socialismo; o outro, a II Guerra
muito de apoio externo. Os principais centros industriais Mundial, que obrigava a população, já em estado
localizavam-se nas regiões urbanas mais populosas como de pobreza e com produção precária, produzir
Moscou, São Petersburgo, Odessa e Kiev. Nessa região, para manter os soldados na guerra.
uma classe operária formou-se com aproximadamente 3
milhões de pessoas, que recebiam, por jornadas de traba- Após a Revolução de 1917 e, especialmente, após a
lho muito longas, salários miseráveis. Segunda Guerra Mundial, a Rússia, agora União Soviética,
expandiu o seu território de tal forma, que chegou a ter 1/6
das terras disponíveis na Terra (mais de 22 milhões de km²).
Foi neste período que ela alcançou a sua maior extensão
territorial, com mais de quinze repúblicas e 390 milhões
de pessoas. Não obstante, no período anterior ao da Re-
volução, no tempo dos Czares, houve também a expansão
territorial, através da expulsão dos mongóis e, também, a
anexação da Sibéria (parte mais ao norte do país).

Contudo, com o desmantelamento da União Soviéti-


ca, as repúblicas anexadas durante a Revolução Socialista,
tornaram-se independentes. Mesmo com a formação da
Comunidade dos Estados Independentes (ver capítulo
4), houve retração – diminuição - territorial e, também, po-
pulacional. O senso de 2007 apontava a população da Rús-
sia em torno de 142 milhões de habitantes. O acordo que
tentava manter a influência russa sobre as antigas nações
Este país, atualmente, é um gigante territorial, sendo amigas não obteve sucesso, pois não havia como compe-
o maior em extensão de terra, com um pouco mais de 17 tir com a União Européia e os EUA (última superpotência),
milhões de km² (veja foto ao lado). Localiza-se na parte com sua força econômica, política e militar.
superior (Norte) da Ásia e ainda tem uma parte mais ao
leste da Europa, também. Sua capital, Moscou, fica na parte
européia do país. Assim, por causa desses fatores, o clima
russo apresenta baixíssimas temperaturas (ponto habitável
onde ocorre a menor temperatura no planeta: círculo polar
ártico -65ºC), predominando o clima temperado.

73
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

O avanço industrial caminhou junto com a pesquisa cientifica, servindo, também, de laboratório para as mais diversas
proposições. O objetivo, claro, era tornar a máquina mais produtiva e menor. Preocupações com gasto de energia, poluição
e outros não existia na época.
Este aumento da produção, causado por conta da melhor produtividade das máquinas, incrementou as inter-relações
produtivas. O empresário, para atender a sua necessidade produtiva, tinha que buscar matéria-prima fora do seu limite
territorial. As importações tornaram-se comuns, no caso da Inglaterra, com o desenvolvimento da indústria têxtil, o algodão
era importado – trazido - de outros países.
Atualmente, isto é muito fácil. O nosso nível de comunicação está muito avançado, pois temos telefones, faxes, internet,
celulares e outros. Até a língua está deixando de ser um problema, através da universalização do inglês.
Um dos primeiros meios de comunicação global surgiu em meados do século XIX. Ele era o telégrafo (ver imagem ao lado).
Este aparelho era capaz de enviar mensagens em códigos a qualquer distância, desde que houvesse cabos ligando os
dois pontos. Esta foi a primeira revolução de comunicação que aconteceu no mundo. Por muito tempo o meio de comu-
nicação eram as cartas, que demoravam meses para chegar aos seus destinos. Um dos primeiros países a adotar o telégrafo
no século XIX foi a Inglaterra e o expandiu a todo seu Império. Para os EUA o telégrafo foi fundamental na expansão para
o Oeste de seu território, diminuindo as distâncias e o tempo de comunicação.

Essa inovação permitiu diminuir as distâncias entre qualquer lugar do mundo. A segunda revolução, neste mesmo
sentido, foi a invenção do telefone que, também, necessitava de longas linhas, operadores e aparelhos específicos para
fazer a ligação. A grande vantagem do telefone era a sua facilidade na operação, pois não havia necessidade de conhecer
um código, como o código Morse, para se comunicar com outro alguém.
Bastava, apenas, tirar o telefone do gancho, pedir à operadora para ligar para determinada pessoa e aguardar para uma
conversa comum.

Código Morse
É um sistema de representação de letras, números e sinais de pontuação através de um sinal codificado
enviado intermitentemente. Foi desenvolvido por Samuel Morse e Alfred Vail em 1835, criadores do telégrafo
elétrico (importante meio de comunicação a distância), dispositivo que utiliza correntes elétricas para controlar
eletroímãs que funcionam para emissão
Portanto, com o desenvolvimento de tecnologias de comunicação mais avançadas, o uso do código morse é
agora um pouco obsoleto, embora ainda seja empregado em algumas finalidades específicas, incluindo rádio
faróis
Código morse é o único modo de modulação feito para ser facilmente compreendido por humanos sem ajuda de
um computador, tornando-o apropriado para mandar dados digitais em canais de voz. Este sistema representa
letras, números e sinais de pontuação apenas com uma seqüência de pontos, traços, e espaços.
Ele é transmitido usando apenas dois estados — ligado e desligado — é uma estranha forma de código digital.
O código morse internacional é composto de seis elementos:
4. Sinal curto, ponto ou ‘dit’ (·)
5. Sinal longo, traço ou ‘dah’ (-)
6. Intervalo entre caracteres (entre pontos e traços)
7. Intervalo curto (entre letras)
8. Intervalo médio (entre palavras)
9. Intervalo longo (entre frases)
Adaptado : http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_morse

74
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Resolvido o problema da comunicação, outro proble-


ma surge à frente: o transporte. Até então, a força animal
era o principal meio de locomoção terrestre dos produtos.
Cavalos, mulas e bois, puxando charretes, levavam as maté-
rias-primas para os locais de produção e, depois, levavam a
produção para os locais de consumo e/ou transporte.
Existiam distâncias que não eram superadas via terra,
portanto a utilização de navios fazia-se necessário. Um país
que possuísse rios navegáveis, também os utilizava para o
transporte interno das mercadorias (Inglaterra, por exem-
plo).
Os navios, elementos fundamentais de comunicação e
transporte entre as metrópoles e colônias, foram evoluindo
lentamente durante os séculos, desde o Renascimento. Eles
se tornaram maiores, carregavam mais mercadorias, mais O avanço das técnicas de produzir ferro em larga esca-
canhões e mais homens, contudo ainda eram feitos de ár- la, com o avanço das máquinas a vapor, alterou profunda-
vore e precisavam do vento para se movimentar. mente os meios de guerrear e de transporte no século XIX.
O surgimento da produção de ferro em larga esca- Permitiu que cidades, até então, distantes uma das outras,
la levou a especulações sobre a utilização do mesmo em pudessem criar laços que inexistiam antes. Novas formas
navios, visando uma proteção maior na batalha. Contudo, de relações se estabeleceram, o comércio interno dos paí-
era inviável um navio de metal à vela. O peso tornava pra- ses foi extremamente beneficiado, com o aumento na cir-
ticamente impossível e perigosa essa combinação. Então, culação das pessoas e das mercadorias.
com a evolução e, posteriormente, adaptação dos motores Como já vimos, um dos fatores que ajudaram na lo-
a vapor, utilizados na Revolução Industrial nos navios, eles calização das primeiras indústrias, foi a proximidade das
agora podiam utilizar o ferro para construir os navios sem matérias-primas com a fábrica. Esse foi um fator importan-
maiores problemas. te na Primeira Revolução Industrial. O mesmo não ocorre
Somados, estes elementos elevaram a confiabilidade do na Segunda Revolução Industrial, pois a situação era outra.
transporte marítimo, o tempo para realizarem as viagens e a Existiam, agora, meios de realizar o transporte de ma-
capacidade e diversidade da carga a ser transportada. teriais mais pesados, para mais longe e mais rápido. E, tam-
bém, existia uma nova maneira de coordenar este processo
de transporte e resolver problemas em distância. O trem a
vapor e o telégrafo facilitaram a vida dos empresários, que
não se viam mais obrigados a construir uma fábrica próxi-
ma a minas de carvão. É por isso que empresas começaram
a surgir próximas aos centros consumidores e, também,
eram empresas de perfil diferente.

Partilha da África
Também conhecida como a Corrida a África
A foto é de uma fragata francesa, chamada La Gloire, ou ainda Disputa pela África, foi a prolifera-
exemplo dos primeiros navios feitos com chapas de ferro ção de reivindicações europeias conflitan-
e madeira, o que permitia o uso de velas ainda (como me- tes ao território africano, entre a década de
dida de segurança), porém é possível visualizar a chaminé, 1880 e a Primeira Guerra Mundial em 1914,
entre os mastros, do motor a vapor. que envolveu principalmente as nações da
Foi também, nessa época, que surgiu o trem, como França e Reino Unido, embora também
alternativa para o transporte terrestre. Novamente, a as- participasse do conflito a Itália, Bélgica,
sociação entre ferro e máquina a vapor, criou um meio de Alemanha, Portugal, Espanha e, em menor
transporte em larga escala nunca visto antes. As antigas intensidade, Estados Unidos. Essas dispu-
estradas de terra ou pedra, por onde animais e humanos
tas sobre a África esteve entre os principais
passavam tranquilamente, começaram a serem substituí-
das, gradualmente, por estradas de trilhos, com locomoti- fatores que deram origem à Primeira Guer-
vas e vagões de passageiros e cargas. ra Mundial.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Partilha_
da_%C3%81frica

75
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Por fim, com a soma dos fatores comunicação e transporte – interno e externo -, as configurações das cidades e dos
negócios evoluíram, conforme expandia o capitalismo. As possibilidades de manter um negócio em diversos países eram
reais, assim como as possibilidades de concorrentes se organizarem de forma a determinar o controle de um mercado
mundial, fazendo acordos explícitos ou implícitos, principalmente para fixação de preços ou cotas de produção (famosos
“cartéis”).
Entramos, assim, numa nova era do capitalismo. Houve um avanço tecnológico grande, o que gerou novas maneiras de
relacionamento e, também, possibilitou aumentar o domínio de outros povos (partilha da África) sem necessitar de grandes
quantidades de homens e material. O objetivo final continuava igual, ou seja, aumentar a acumulação de capital e, para isso,
houve apoio dos países para suas próprias empresas, tendo em vista o aumento da rivalidade entre eles.

TECNOLOGIA E INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL


Basicamente a conjugação de dois fatores determinou o surgimento de numerosas indústrias no Brasil, a Grande
Depressão de 1929, com a queda expressiva nas exportações – envio de mercadorias para outros países -, e a redução
do comércio internacional advindo também da crise. As pequenas empresas passaram a utilizar a tecnologia disponível
comprando no exterior apenas equipamentos indispensáveis para a produção de bens de consumo. A característica básica
do desenvolvimento tecnológico brasileiro era de atraso, com máquinas antiquadas, produtos de baixa qualidade e a pro-
dução dificultada pelas péssimas condições das estradas e dos transportes, tornando as regiões brasileiras cada vez mais
distantes. Essas características dominaram o Brasil durante todo o período de governo de Getúlio Vargas.
Se por um lado o processo de acumulação de riquezas concentrou-se na industrialização, por outro, as técnicas eram
insuficientes, limitando-se, portanto, à estas dificuldades para que se implantasse a indústria de bens de produção no Bra-
sil, . Dependia-se muito de equipamentos e tecnologias externas para a produção nacional. Por outro lado, nosso sistema
educacional se preocupava mais com a formação de mão-de-obra barata para a produção do que com a formação de
profissionais especializados.
Da mesma forma ocorreu nos países latino-americanos que conseguiram estabelecer uma importante base industrial
em sua economia, como é o caso da Argentina e do México.
Na época da crise de 1929, a Argentina era um dos países mais ricos do mundo, com uma importante produção de
carne bovina de exportação. As rendas obtidas por esta atividade, durante os anos anteriores, permitiram uma grande
acumulação de dinheiro em poucas mãos, processo semelhante ao Brasil com o café, e que levou a construção de uma
infra-estrutura básica no país, especialmente na capital, Buenos Aires, e em ligações com as regiões pecuárias.

A Grande Depressão de 1929: um aprofundamento.


Durante a Primeira Guerra Mundial, os EUA foram os principais fornecedores de alimentos para os
países europeus em conflito. Com o fim da guerra e a retomada da produção nos países europeus,
os Estados Unidos enfrentaram um sério problema devido à super safra: queda dos preços dos
produtos, agravando a crise do produtor agrícola deixando a lavoura sem capital. Em 1919, a
agricultura representava 22,9% do produto Nacional Bruto Norte Americano, com a crise, em 1929
apenas 12,7%. Da mesma forma ocorreu com a produção industrial, na década de 1920, a produção
industrial, também associada à guerra cresceu profundamente, mas os salários não acompanhavam
esse crescimento.
A América entrou em um ciclo inflacionário, levando a uma séria crise de super produção com
subconsumo, isto é, muito produto no mercado para poucos compradores. Além da queda do
consumo interno, houve também a queda do consumo externo. A Europa, grande consumidora
norte americana, estava se refazendo da guerra e deixa de consumir produtos externos na tentativa
de solucionar os problemas, o que causou a ampliação do crédito – facilidades financeiras - para
estimular a compra dos produtos estocados. Os trabalhadores foram induzidos a acreditar que
podiam consumir com a obtenção de crédito, outros comprometiam seus salários com aplicações
na bolsa de valores. Na manhã de 24 de outubro, as ações norte americanas não possuíam valor
algum, todos queriam vendê-las ao mesmo tempo. Esse dia ficou conhecido como “quinta-feira
negra”. A crise que se assolou nos EUA levou junto vários outros países subdesenvolvidos. A crise
tornou-se mundial. Apenas a antiga União Soviética, isolada em seus planos qüinqüenais pós
revolucionário, não foi afetada.

76
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Já o México, em função de sua proximidade com os Contudo, um importante problema, a falta de recursos
EUA, tinha acesso a um importante mercado consumidor naturais em seu território, levou os japoneses a buscarem
a custos menores e, também, ao capital norte-americano. os mesmos no exterior. Esta busca era para suprir as ne-
cessidades internas, evitando um estrangulamento na pro-
dução e crescimento econômico. Isso os levou a guerrear
Valor agregado: quando se comercializa com diversos países da Ásia (China, Rússia, Coréia e outros)
um produto, o mesmo pode ou não passar o que, no eclodir da Segunda Guerra Mundial, levou-os a
por um processo de transformação, apoiar o eixo (Alemanha, Japão e Itália).
A derrota frente aos norte-americanos fora dura, os ja-
este processo agrega valor ao produto
poneses defenderam bravamente todas as suas possessões
comercializado. Então, um produtor de grão
conquistadas, gerando um número grande de mortos e fe-
de soja pode tanto vender o grão in natura ridos, tanto para o inimigo como para si. Porém, a estrutura
quanto fabricar o óleo de soja. Ao fazer o óleo industrial permaneceu quase que intacta, com exceção de
de soja fez com que seu produto passasse Hiroshima e Nagasaki – cidades bombardeadas pela bom-
por um processo de transformação que ba atômica e foram completamente destruídas.
agregasse um valor, isto é, que o tornasse Mesmo assim, depois da Guerra, a economia japonesa
diferenciado e mais rentável. É possível precisava ainda dos recursos naturais de antes. Porém, des-
ter um alto valor agregado – grandes e/ou ta vez, os japoneses não travaram guerras de conquistas,
complexas transformações no produto -, mas preferiram o comércio. E, então, para gerar os recursos
como se pode ter um baixo valor agregado, necessários para manter sua economia em funcionamen-
poucas e/ou mais simples transformações to, eles adaptaram um modelo de exportação, com uma
no produto. mão-de-obra barata e qualificada, suprimindo o con-
sumo interno, investimento em tecnologia e educação,
para produzir produtos de maior valor agregado, com
Assim, o surgimento das primeiras indústrias nestes destaques para os eletrônicos (rádios, televisão e outros) e,
três países sempre esteve ligado aos proprietários de ter- posteriormente, os automóveis.
ras, que começaram a estar mais presentes nas grandes ci- A configuração do país como um exportador de produ-
dades. A educação, fundamental para o desenvolvimento tos de maio valor agregado possibilitou a consolidação do
japonês (ver a seguir), nunca foi um fator importante para país como a segunda maior economia do mundo, na dé-
os donos das fábricas, numa estratégia de longo prazo. A cada de 80 e alavancou os países da região, os chamados
produção, inicialmente, era voltada para o consumo da re- Tigre Asiáticos, através do investimento de capital próprio
gião e de produtos de baixo valor agregado, porém de uso e da expansão do modelo de país exportador com mão-
diário, como a indústria têxtil (roupas e sapatos). de-obra barata e qualificada. Os grandes exemplos são a
Um caso que vale a pena estudar é o do Japão, pois Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e outros. Atualmente, há
mostrará a evolução de um pequeno país, sem grandes outros países da Ásia que estão copiando o mesmo mode-
atrativos naturais, com pouca área disponível para agricul- lo, entre eles estão Tailândia, Indonésia, Vietnã e Malásia.
tura e de grande instabilidade geológica (área de dobra- A China faz parte da primeira leva de Tigres Asiáticos,
mento moderno e vulcanismo, que pode levar a terremo- junto com a Coréia do Sul. Porém, devido à invasão japo-
tos, maremotos e outros) para a potência atual. nesa e os acontecimentos durante a ocupação, ainda existe
O país não possuía os atrativos dos grandes impérios uma inimizade grande entre os países, que afeta as rela-
comerciais dos séculos XVI à XIV. Inclusive, o Japão, era fe- ções econômicas entre eles. Por isso a maior parte das em-
chado ao comércio externo até o meio do século XIV, após presas multinacionais ou transnacionais na China, pertence
os EUA conseguirem fechar um tratado de comércio. Até aos EUA e à Europa.
então, o país tinha uma estrutura semelhante ao feudalis- Contudo, apesar dessas diferenças de formação, a
mo da Europa, com o domínio dos senhores feudais e dos economia no Brasil gera, também, produtos de maior va-
seus ‘cavaleiros’ samurais. lor agregado. Existem diversos centros de excelências em
Este tratado comercial transformou a sociedade japo- tecnologia no Brasil, com grande destaque para o estado
nesa, o que levou ao fim da sua estrutura feudal. A influên- de São Paulo e a ligação que existe com as universidades
cia do ocidente cresceu e foi assimilada pela população e,
estaduais.
mais importante, deu os meios para o imperador retornar
Por exemplo, em Campinas, interior de São Paulo, exis-
o controle político-econômico do país (armas avançadas).
te o CpQD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Assim, começou a Era Meiji (significa governo ilustra-
Telecomunicações , que é um importante centro tecnológi-
do), onde o imperador determinou maciços investimentos
co voltado para as telecomunicações. Neste mesmo local,
na criação de infra-estrutura (portos, ferrovias e outros),
também, existe o Laboratório Nacional de Luz Síncroton
de fábricas e para a educação, que agora era universal
(único no hemisfério Sul), importante ferramenta para pes-
e voltada para a qualificação de mão-de-obra. Nesta
época, não havia barreira para a entrada de tecnologia e quisas em diversos campos. Ambos estão localizados ao
produtos estrangeiros. lado da Unicamp, importante universidade estadual que
concentra muitas das pesquisas de ponta, no Brasil.

77
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Há, também, em São José dos Campos, o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), que engloba o Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA), que foi o berço da Embraer, na briga pelo terceiro lugar em tamanho de companhia de aviões comerciais
do mundo, atrás da Airbus e Boeing. Além disso, ela serve como ponto de apoio para todo o setor de indústria aeroespacial
brasileira.
Isto só foi possível devido ao grande incentivo realizado pelo Estado brasileiro, durante décadas. Houve uma concen-
tração de esforços no ensino superior (universidades), atrasando os investimentos nos ensinos fundamental e médio. Esta
opção caracteriza a situação brasileira com estes desequilíbrios de excelências em algumas áreas da tecnologia e total
atraso em outras. Chegamos ao ponto de, inclusive, investir em áreas em que o nível superior não é necessário, apenas um
técnico seria mais que suficiente.
Nesta área ocorre outro problema que atrapalha o desenvolvimento do país, o desemprego estrutural. Para entender
melhor, é preciso entender o que é estrutural e o que é conjuntural:
CONJUNTURAL: são os fatores envolvidos no curto prazo, que acabam interferindo no funcionamento esperado das
coisas, por exemplo: você não consegue ligar a sua televisão, pois a chuva que caiu momentos antes cortou o cabo de
energia.
ESTRUTURAL: tomando o exemplo anterior, você não conseguiria ligar a sua televisão, pois não existe gerador, postes
de luz e cabos. Ou seja, não há luz na sua casa. Pode-se dizer que a dimensão dos fatores envolvidos aqui, têm uma dimen-
são maior do que aqueles envolvidos no conjuntural.
Assim, o desemprego estrutural está relacionado com a diminuição da produtividade da atividade de um trabalhador
na empresa. Não é uma crise que diminuiu o faturamento da empresa momentaneamente e forçou a demissão deste tra-
balhador, mas aquela atividade deixou de ser economicamente viável, por conta de novos processos e tecnologias. Se no
primeiro caso o trabalhador, quando da melhora nos ganhos financeiros da empresa, poderá ser recontratado, no segundo
caso, não, pois a atividade deixa de existir. Por exemplo, uma máquina que enrola cem carretéis de barbante, em menos
tempo, certamente deixará alguém desempregado dessa atividade para sempre.
Mas como se pode evitar essa situação? Impedir a utilização de máquinas na produção? Acabar com a nossa depen-
dência da energia elétrica? A solução nunca é simples e imediata, como já apontamos anteriormente. Uma melhor qualifica-
ção técnica deverá produzir um profissional mais capacitado para perceber as tendências do mercado de trabalho fazendo
com que possa buscar novos rumos para a sua própria carreira, evitando uma situação como essa.

A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E ECONÔMICA NOS EUA.


O Brasil sempre é citado quando se trata de agricultura, devido ao seu tamanho, a fertilidade de seu solo, as condições
climáticas e inúmeros outros fatores que favorecem a expansão dos cultivos no Brasil, tornando-o referência em diversas
culturas. Apesar disso, não foi no país que se desenvolveu um outro conceito de produção agrícola, a agroindústria.
Neste caso, iremos falar dos EUA. Assim como o Brasil, os EUA possuem um país continental, maior do que o nosso, se
contabilizarmos todos os seus territórios. O solo não é tão fértil quanto o brasileiro, em especial aqueles que possuem terra
roxa, porém não inviabiliza os cultivos. O clima não é tão favorável, mas também não atrapalha muito.

78
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

A grande diferença está na adoção de técnicas específicas, com inspiração nas indústrias, para todo o processo da pro-
dução agrícola. A associação de pesquisa e conhecimento a este processo permitiu que melhores sementes fossem produ-
zidas, que o solo fosse mais bem preparado – através de fertilizantes –, que as máquinas facilitassem o serviço de aragem,
de plantio e de colheita, que criassem locais propícios de armazenamento –silos - e, por fim, que todo este processo fosse
acompanhado por técnicos, engenheiros e administradores, especializados na produção, transporte e comercialização des-
ta produção no mercado interno e externo.
O resultado de todo este processo é uma produtividade altíssima, como podemos ver no gráfico anterior, que mostra
a evolução da área plantada e a produtividade das mesmas.
Todo este processo requer uma grande quantidade de capital disponível, para dar continuidade ao aumento da pro-
dutividade. Aqueles produtores que não conseguiram acompanhar este ritmo preferiram vender suas terras para outros
produtores, o que levou a uma grande concentração de terras nas mãos de poucos. Esta concentração de terra e de um de-
terminado produto agrícola na mesma região foi classificada como ‘belt’ (cinturão, já que a tradução da palavra é “cinto”).
Tais cinturões são grandes áreas de monoculturas, altamente mecanizadas e o produto produzido tem grande apelo
comercial e adequado ao clima da região.
Contudo, este conceito não se aplica somente a agricultura. Existem diversos tipos de cinturões para demarcar uma
determinada área, onde ocorre a concentração de um fator em comum. Vejamos mais algumas dessas áreas:

FONTE: www.wikipedia.com
Este é o Cinturão do Milho (Corn Belt) dos EUA. É uma sub-região do Grain Belt e sua
produção destina-se para ração de animais para o gado leiteiro, cujo Belt está logo aci-
ma do mesmo. Assim como, é a região mais propícia para o plantio de milho.

FONTE: www.wikipedia.com
Este é o Cinturão do Sol (Sun Belt). Esta é a região que apresenta o maior crescimen-
to econômico e demográfico dos últimos anos. Ela percorre o Sul e o Sudoeste dos
EUA, onde se verifica indústrias recentes (de tecnologia principalmente) e, também,
agricultura.

79
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

FONTE: www.wikipedia.com
Este é o Cinturão da Bíblia (Bible Belt). É a área de maior concentração de po-
pulação protestante dos EUA, muito em função da relação entre protestantes e o
período colonial norte-americano

FONTE: www.wikipedia.com
Este é o Cinturão dos Grãos (Grain Belt) dos EUA. Aqui se concentra uma enorme
produção de grãos e soja dos EUA e do mundo. Em funções das pradarias e do cli-
ma, essa é uma área de alta produtividade e, também, próxima ao transporte fluvial,
pelos Grandes Lagos.

80
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

FONTE: www.wikipedia.com
Este é o Cinturão da Ferrugem ou Manufatura (Rust or Manufacturing Belt). É nesta região
onde se localiza as primeiras indústrias dos EUA (automobilística, siderurgia, metalúrgica,
alimentícia e etc.). Estão próximos às matérias-primas e do consumidor.

Essa é uma maneira específica de localizar e determinar uma região por suas características em comum, onde a popu-
lação, em geral, compartilha e está ligada a mesma atividade econômica, política e cultural.
É importante, também, entender que isso não representa a verdade por completo daquela região. Isso não impede de
surgir uma indústria no Cinturão de Milho que não esteja ligada a produção daquele produto, como por exemplo, aviões,
contudo é pouco provável que isso aconteça.
Os belts de produção agrícola dos EUA contam com subsídios fiscais do governo federal para manterem a sua produ-
ção em determinado nível, com o objetivo de manter a rentabilidade da colheita. A mesma prática ocorre na Europa, es-
pecialmente na França, onde os produtos agrícolas possuem força política, conseguindo subsídios de seu governo federal
para manter a produção rentável e, também, em ordem de preservar o estilo de vida que levam.
Além de subsídios, existem outras maneiras de impedir a entrada da produção agrícola de outros países, como o Brasil,
em seu mercado interno. Através de barreiras não-fiscais, como a sanitária, os governos acusam a produção externa que
teriam doenças e/ou agrotóxicos já banidos pelos órgãos sanitários de cada país.
Essa é uma situação na qual os países com foco na produção agropecuária ficam em desvantagem comercial. Na Or-
ganização Mundial do Comércio, as últimas rodadas para definirem um novo marco para o comércio mundial, com menos
restrições alfandegárias (impostos), esbarrou na relutância destes países a cortarem os subsídios dado aos seus produtos
agrícolas. Este empecilho permanece e, até 2009, nada foi resolvido.

81
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Europa suspende importação de carne bovina brasileira.


30/01/2008
O bife brasileiro vai ser provisoriamente banido dos pratos portugueses e europeus, depois da sus-
pensão pela União Européia (UE) das importações de carne bovina do Brasil, anunciada em Bruxe-
las.
A UE decidiu suspender a partir de amanhã (31) a importação de carne devido à insuficiência de ga-
rantias sanitárias e de qualidade dadas pelo maior país sul-americano, anunciou fonte oficial na capi-
tal belga.
Brasília tinha sido avisada em dezembro de 2007 de que, a partir de 31 de janeiro deste ano, a impor-
tação de carne bovina seria suspensa, caso não fosse exclusivamente proveniente de pastos selecio-
nados que respeitassem as regras sanitárias em vigor na UE.
As autoridades brasileiras propuseram um conjunto de 2.600 propriedades, que não foram aceitas
pelas instâncias comunitárias, de acordo com o comissário europeu para a Saúde, Markos Kyprianou.
A mesma fonte precisou que a suspensão das importações é temporária, mas, para ser levantada,
cada uma das propriedades constantes da lista das autoridades brasileiras terá de ser alvo de uma
cuidadosa inspeção e verificação da documentação legal.
Em novembro de 2007, veterinários europeus que visitaram o Brasil identificaram “várias deficiências
graves nos sistemas de verificação e nas condições sanitárias”, especificamente em três estados bra-
sileiros atingidos por um surto de febre aftosa.
Um princípio defendido pela União Européia é de que os animais têm de fazer uma quarentena antes
de ser abatidos. Os animais oriundos de certas explorações deverão cumprir uma quarentena de 90
dias num território aprovado pela UE, a que se soma um outro período de 40 dias na exploração an-
tes do abate, num total de 130 dias.
A listagem das explorações será estabelecida com base na informação fornecida pelas autoridades
brasileiras competentes e a UE reserva-se o direito de fazer inspeções, através dos seus serviços
veterinários.
O Brasil é o primeiro exportador mundial de carne bovina, com 2,3 milhões de toneladas por ano
(US$ 4,5 bilhões em 2007), um terço do total mundial. Mas o conflito com a UE já se arrasta há dois
anos, depois de o alarme ter sido dado pelo Reino Unido e pela Irlanda.
O britânico Neil Parish, presidente da Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu, que anda
há pelo menos um ano e meio empenhado na suspensão da importação de carne bovina brasileira,
precisamente devido ao surto de febre aftosa, saudou a decisão comunitária, que classificou de “sinal
dado ao governo” de Luiz Inácio Lula da Silva.
Padraig Walshe, presidente da Federação dos Agricultores Irlandeses (IFA), condenou as autoridades
brasileiras por terem feito “ouvidos de mercador” à UE.
E concluiu que “o Brasil não está à altura de controlar o surto de febre aftosa, os movimentos dos
animais e a sua verificação, nem de cumprir os necessários requisitos sanitários”.
FONTE: http://www.cabecadecuia.com/noticias/17716/europa-suspende
-importacao-de-carne-bovina-brasileira-.html

Esta é uma situação peculiar, especialmente para os países que propagam os ideais do liberalismo e o neoliberalismo
econômico, como os EUA. Vamos entender um pouco melhor o que são esses dois ideais:
Liberalismo: é uma corrente de pensamento político-econômico que surgiu no final do século XVIII, principalmente
através das idéias de Adam Smith, no seu livro “A Riqueza das Nações”. Nele, Smith busca explicar os motivos que diferen-
ciam o desenvolvimento econômico verificado na Inglaterra, com os demais países europeus e, também, tenta explicar o
funcionamento daquilo que ficou conhecido como mercado. Para tanto, ele diz que é o egoísmo do padeiro que o leva a
produzir pães para a venda (pois almeja o lucro para sobreviver) e não um outro sentido qualquer. Isto seria a “mão invisí-
vel” do mercado em ação.
Tendo em mente o egoísmo de cada pessoa como o fator motivador para movimentar a economia, Smith percebeu que
o Estado agia de maneira a criar empecilhos que impediam o arranjo perfeito entre produtores, trabalhadores e consumi-
dores, ao legislar e criar situações que não se sustentavam, a não ser com a presença dele. Assim, chegou-se a conclusão
que o Estado não podia interferir nos assuntos econômicos, ficando restrito às funções de defesa (contra inimigos externos)
e a justiça (ordem interna).

82
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Neoliberalismo: é a evolução do pensamento liberal, 11 e o tripulante Neil Armastrong que se consagra como
que ganhou muita força durante a década de 80, com a o primeiro homem a pisar na Lua. Atualmente esses co-
eleição de Ronald Reagan, nos EUA e Margaret Thatcher, na nhecimentos servem os mais amplos setores industriais no
Inglaterra. Esses dois personagens da história foram eleitos mundo: telecomunicações, meteorologia, observação mili-
com promessas eleitorais de diminuir o peso do estado na tar, medicina, etc. Podemos notar, portanto que o avanço
sociedade, através da redução de impostos, privatizações, tecnológico influenciou em todos os setores produtivos
redução do poder dos sindicatos e desregulamentações mundiais.
da economia. Ou seja, eles voltaram a apostar no mercado 1- De que forma a corrida espacial contribuiu para o
para criar o desenvolvimento econômico. desenvolvimento tecnológico?
Teoria keynesiana: outra corrente de pensamento
político-econômico que ganhou força durante a crise de SUGESTÃO PARA PESQUISA:
1929. Seu principal autor, John Maynard Keynes, difere do Busque conhecer os avanços tecnológicos da Medicina
pensamento liberal ao defender, em momentos de reces- nos séculos XX e XXI e se atendem todas as classes so-
são – baixo crescimento econômico -, a intervenção do Es- ciais.
tado na economia. Em seu livro “Teoria Geral do Emprego,
Juros e Moeda”, publicado em 1936, o autor inverte a análi- AGORA É A SUA VEZ!
se feita pelos liberais, ou seja, ao invés de privilegiar o lado
da oferta - daquilo que é produzido -, defende estimular a 1- Apresente as fases da Revolução Industrial.
demanda, isto é, defende que é preciso pensar em consu-
mir a produção para geração de emprego. 2- Explique os principais fatores que levaram ao de-
A exceção, neste caso, foi que alguns setores da eco- senvolvimento tecnológico no Brasil.
nomia continuaram em poder do Estado, especialmente
setores de regulamentação financeira (Banco Central) e, 3- São Paulo, 18 de agosto de 1929. Carlos [Drum-
também, para combater os monopólios (considerada uma mond de Andrade], Achei graça e gozei com o seu entu-
falha no funcionamento do mercado). Vemos, portanto, siasmo pela candidatura Getúlio Vargas – João Pessoa. É.
que o neoliberalismo aceita que existem falhas no mer- Mas veja como estamos... trocados. Esse entusiasmo devia
cado, que se tornaram evidentes durante o percorrer da ser meu e sou eu que conservo o ceticismo que deveria
história. Inclusive, além de aceitar tais intervenções, acre- ser de você. (...). Eu... eu contemplo numa torcida apenas
ditavam na gerência pública de serviços essenciais, como simpática a candidatura Getúlio Vargas, que antes deseja-
saúde e educação. ra tanto. Mas pra mim, presentemente, essa candidatura
No Brasil, o neoliberalismo ganhou força após a elei- (única aceitável, está claro) fica manchada por essas pazes
ção de Collor, onde começara a abertura comercial e al- fragílimas de governistas mineiros, gaúchos, paraibanos
gumas privatizações. Neste mesmo momento, foi lançado (...), com democráticos paulistas (que pararam de atacar o
um documento que ficou conhecido como Consenso de Bernardes) e oposicionistas cariocas e gaúchos. Tudo isso
Washington. Este era um documento com recomendações não me entristece.
de políticas públicas para os países da América Latina, vi- Continuo reconhecendo a existência de males necessá-
sando à adoção de políticas com viés neoliberal, buscando rios, porém me afasta do meu país e da candidatura Getú-
o seu desenvolvimento econômico. lio Vargas. Repito: única aceitável. Mário [de Andrade]
Ao defender a liberalização do comércio, os países de- Renato Lemos. Bem traçadas linhas: a história do
senvolvidos querem aumentar a participação de suas in- Brasil em cartas pessoais. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2004,
dústrias, que são mais competitivas, em mercados antes p. 305.
restritos devido à alta tributação de importação. Ao mesmo Acerca da crise política ocorrida em fins da Primeira
passo, impedem qualquer movimento para liberar a entra- República, a carta do paulista Mário de Andrade ao mineiro
da de produtos agrícolas em seus países, pois perdem em Carlos Drummond de Andrade revela:
competitividade para a produção agrícola em países me- a) a simpatia de Drummond pela candidatura Vargas
nos desenvolvidos. e o desencanto de Mário de Andrade com as composições
políticas sustentadas por Vargas.
LEITURA COMPLEMENTAR: b) a veneração de Drummond e Mário de Andrade
Chegada do Homem a Lua é reflexo do avanço tecno- ao gaúcho Getúlio Vargas, que se aliou à oligarquia cafeeira
lógico imposto também pelas guerras. A Guerra Fria ins- de São Paulo.
taurou um processo de rivalidades tecno-científicas entre c) a concordância entre Mário de Andrade e Drum-
Estados Unidos e antiga União Soviética, culminando na mond quanto ao caráter inovador de Vargas, que fez uma
corrida espacial. Um dos marcos dessa corrida foi o lança- ampla aliança para derrotar a oligarquia mineira.
mento do primeiro satélite artificial, o Sputinik, em 1957. d) a discordância entre Mário de Andrade e Drum-
Quatro anos depois um novo triunfo soviético, em 1961, mond sobre a importância da aliança entre Vargas e o pau-
lança a nave espacial Vostok I, tripulada por Yuri Gagárin, lista Júlio Prestes nas eleições presidenciais.
que se tronou o primeiro astronauta a fazer o vôo em torno e) o otimismo de Mário de Andrade em relação a Ge-
da Terra. O pioneirismo russo acirrou ainda mais a corrida túlio Vargas, que se recusara a fazer alianças políticas para
espacial, Estados Unidos, em 1969 envia à Lua a Apollo vencer as eleições.

83
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

4- (ENCCEJA 2006) Em 1986, ano com o maior número PRA FIM DE PAPO!
de contratados na indústria automobilística, havia 157 mil Caro Aluno
trabalhadores para produzir 1 milhão de veículos. Em 2004,
101 mil trabalhadores, produziram 2,2 milhões de automó- Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
veis de qualidade muito superior. Fenômeno semelhante • Identificar e interpretar registros sobre as formas
ocorreu em outros setores da atividade produtiva porque a de trabalho em diferentes contextos históricos geográficos,
humanidade vive os impactos do uso cada vez mais pene- relacionando-os a produção humana.
trante da tecnologia na produção industrial. • Analisar as formas de circulação da informação, da
Época, n.º 411, 13/4/2006 (com adaptações). riqueza e dos produtos em diferentes momentos da his-
Considerando o texto acima, é correto afirmar que: tória.
a) a indústria automobilística representa um setor eco- • Comparar diferentes processos de produção e
nômico alheio aos avanços tecnológicos. suas implicações sociais e espaciais.
b) a qualificação da mão-de-obra inibe o impacto das • Identificar vantagens e desvantagens do conheci-
novas tecnologias no emprego. mento técnico e tecnológico
c) o avanço da tecnologia na produção favoreceu a • produzido pelas diversas sociedades em diferen-
contratação de trabalhadores. tes circunstâncias históricas.
d) a introdução das novas tecnologias aumentou a • Reconhecer as diferenças e as transformações que
quantidade e a qualidade dos produtos. determinaram as várias formas de uso e apropriação dos
espaços agrários e urbanos.
HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
Exercício referente ao Texto Complementar: um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
Através da abertura que proporcionou ao desenvolvi- dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
mento das telecomunicações diminuindo a distância entre
as pessoas, no avanço da medicina e na automação pro-
dutiva.

Exercício 1:
Em (1760-1860) I Revolução Industrial, produção de
tecidos, introdução do tear mecânico, e aperfeiçoamen-
to das máquinas a vapor. (1860- 1900) utilização do aço,
aproveitamento da energia elétrica e dos combustíveis pe-
trolíferos. Caracterizando um processo conhecido como a
II Revolução Industrial. A partir do século XX, avanços tec-
nológicos, valorização das idéias traduzidas pelas novas
tecnologias, microcomputadores, celulares, ipods, iphones.
Alguns historiadores costumam determinar esse período
como a III Revolução Industrial.

Exercício 2:
A Grande Depressão de 1929, com a queda expressi-
va nas exportações, e a redução do comércio internacional
advindo também da crise e a redução do comércio interna-
cional advindo também da crise.

Exercício 3:
A

Exercício 4:
D

PARA SABER MAIS


Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas
sugestões para que você aprenda ainda mais.
Filme: A batalha de Argel .Diretor: Gillo Pontecorvo.
Filme: Apocalypse now. Diretor: Francis F. Coppola.
Filme: Memórias de uma gueixa. Diretor: Rob Marshall

84
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 8

TÉCNICAS E TECNOLOGIAS

ENTENDER A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS DE COMUNICAÇÃO E INFORMA-


ÇÃO E SEU IMPACTO NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E DA VIDA PESSOAL E SOCIAL.

O desenvolvimento das técnicas de produção, acelerado a partir da Revolução Industrial, levou a um aumento da
disponibilidade de produtos e serviços para faixas cada vez maiores da população. Atualmente estamos repletos de inúme-
ras ofertas de produtos e serviços automatizados e de forma constante, aparecem novidades do mundo digital. Podemos
encontrar os mais variados produtos, desde “máquinas espertas” que se comunicam com as pessoas ensinando-as a ma-
nuseá-las, até as chamadas “casas inteligentes” que fazem a vontade de seus moradores conforme os gostos habituais de
seus moradores. Essa relação entre o homem e a máquina demonstra a tendência futura não da substituição das atividades
humanas pela maquinaria, mas a existência de uma união entre elas determinando as mudanças nos padrões sociais de
comunicação, interação, cultura e consumo.

Casa Inteligente Relação homem máquina

TÉCNICA DE PRODUÇÃO
Entende-se por técnica de produção a combinação dos diversos meios e materiais de produção que melhorem o pro-
cesso produtivo, ou seja, quando um novo processo de produção determinará o uso de meios que, combinados, melhorem
a técnica, a fim de torná-la mais produtiva com o menor preço de produção.
Para tanto, o desenvolvimento dessas novas técnicas de produção era possível graças a acumulação de capital, obtida
através dos lucros dos empresários, ao longo dos anos. Pois, era através desta acumulação que era possível sustentar a
pesquisa, a produção de novos materiais e o seu posterior teste para averiguar sua viabilidade.
Assim, este aumento nos volumes produzidos e comercializados trouxe diversas novas necessidades às indústrias e
empresas em geral.
Além de desenvolver o processo produtivo em si com a finalidade de gerar mais produtos e diminuir preços, surgiu a
necessidade de controlar esse crescimento, estudar a melhor maneira de se distribuir essa produção e, com o tempo, de se
entender como o público consumidor de determinado produto se comportava diante da possibilidade de comprá-lo frente
à opção oferecida pelos concorrentes.
Essa evolução deu origem a uma série de matérias de estudo presentes em nossos dias como a Contabilidade, o Mar-
keting, a Logística entre muitas outras.
Para tratar todas essas dimensões do conhecimento associadas à produção começaram a ser desenvolvidas novas tecnolo-
gias de suporte que, com o tempo, ganharam tremenda importância no mundo dos negócios e acabaram entrando de forma
definitiva no dia-a-dia das pessoas mudando não só o mundo profissional, mas também a vida pessoal e social do mundo.
Os primeiros controles feitos à mão começaram a tomar cada vez mais tempo e esforço dentro das organizações. Isso
fomentou o desenvolvimento de novas tecnologias que pudessem otimizar o trabalho.
Foi o desenvolvimento da eletrônica que acabou por trazer as novas ferramentas de trabalho e controle. O surgimento
das tecnologias digitais passou a permitir que a geração, controle e disseminação das informações pudessem ser feitas de
forma muito mais rápida, eficiente e sem erros, gerando todas as condições para que a produtividade do trabalho fosse
multiplicada muitas vezes.

85
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

A globalização tem na Internet sua gran-


Tecnologia da Informação (TI)
de rede. Com uma face voltada ao caráter
mercantil com a pretensão de ligar todos os
Pode ser definida como um conjunto de
mercados, e outra face, voltada para a gra-
todas as atividades e soluções que contém
tuidade, isto é, exposição livre. Pois bem,
recursos de computação. Possui várias
para além do livre fluxo de capitais e de in-
aplicações e estão ligadas às mais diversas
formações, há um detalhe nessa Rede: ela
áreas. Sua utilização depende do mercado,
tem um centro de convergência. Nos Es-
da cultura e das atividades empresarias e
tados Unidos, os domínios da Internet não
a utilização de seus recursos determina a
precisam de um último ponto e duas letras
competitividade das empresas.
designadoras do país. Todos os domínios
terminam em “.com”, em “.org” e assim por
As tecnologias de informação não ficaram limitadas diante. E isto sinaliza uma diferença entre
apenas aos controles. Elas invadiram as linhas de produ- os atores do cenário mundial. No “sistema-
ção aumentando a eficiência de máquinas e praticamente -mundo” de Wallerstein os atores não são
zerando os erros de produção. Um impulso que passou a
iguais. E essa é uma variável das mais im-
gerar quantidades, até então inimagináveis, de produtos,
o que permitiu também uma redução de custos, preços e,
portantes.
por conseqüência, acesso das pessoas a uma vida melhor.
Todo esse processo não se deu, porém, sem uma mu- O próprio celular é uma revolucionária maneira de te-
dança radical nos processos de trabalho e nos perfis dos lecomunicação, ao acabar com a utilização de fiação para
trabalhadores necessários para executá-lo. realizar as ligações. Isto só foi possível com o desenvol-
Trabalhadores que antes se valiam apenas de força fí- vimento da tecnologia wireless (sem fio), iniciada com o
sica para executar um determinado trabalho foram subs- rádio, no final do século XIX e, também, do satélite, a partir
tituídos por outros com formação mais completa e que da Segunda Guerra Mundial.
tivessem conhecimento suficiente para operar as novas Ao adicionar tecnologia na produção e, também, nos
tecnologias que surgiam. controles administrativos, criou-se um enorme mercado
Esse processo de substituição, sempre trazido pelo de trabalho e, também, comercial, a ser explorado, tendo
surgimento de quaisquer novas tecnologias, nunca é em vista a mudança das necessidades provocadas pelo seu
indolor. uso. Porém, ao mesmo tempo, a tecnologia tornou diversas
Um grande número de trabalhadores sem preparo ocupações obsoletas, inclusive algumas que foram criadas
passa a ser deslocado para funções menos importantes para atender a sua própria demanda.
onde a remuneração é menor e a disputa por um posto de Este vai-e-vem obriga uma constante atualização por
trabalho é muito mais acirrada. Muitas vezes esse proces- parte de diversos profissionais, tendo como objetivo man-
so gera um mercado paralelo e informal de pessoas que ter sua empregabilidade atual. O estudo tornou-se extre-
buscam ocupar-se para conseguir a subsistência antes de mamente importante, na hora de procurar uma ocupação.
pensar em ter um emprego e uma carreira. Assim, vemos crescer e desaparecer diversos setores da
Em paralelo ao avanço das tecnologias de informação economia, conforme a tecnologia se expande.
houve a transformação das tecnologias de comunicação. Sendo assim, o encontro das tecnologias de informá-
Partindo da invenção do telefone em 1872, por Grah- tica com as de telecomunicações moldou o mundo como
am Bell, toda uma infra-estrutura se desenvolveu para hoje o conhecemos.
transformar a comunicação entre pessoas em algo cada Ao permitir que sistemas de informação de qualquer
vez mais fácil e comum. lugar estivessem interligados trocando dados, a comunica-
Para a construção desta infra-estrutura, foi necessário ção criou as condições para a globalização das economias,
o desenvolvimento de novas máquinas eletrônicas, linhas do trabalho, da cultura e do entretenimento – diversão, la-
de transmissão e postos onde operadores de telefone co- zer -.
nectavam as ligações das pessoas. Criou-se, portanto, uma Já que as informações podem ser compartilhadas ins-
nova forma de organização do trabalho e de conhecimen- tantaneamente, o capital pode atuar de forma otimizada
to, com grande especificidade, porém em constante alte- fluindo entre os países. Com isso passa a ser possível que
ração. uma organização construa fábricas em diversos pontos de
Novas formas de melhorar a telecomunicação foram planeta de modo a ter o melhor desempenho possível de
surgindo, com o advento de melhores formas de trans- acordo com as características de cada país em que se ins-
missão (linha de cobre e, posteriormente, fibra óptica) e a tala.
evolução dos retransmissores das ligações, com o advento Não é por outro motivo que hoje podemos ver as
de servidores analógicos, substituindo milhares de opera- montadoras de veículos, são assim chamadas pois são res-
dores. A mesma evolução criava e destruía empregos, con- ponsáveis pela montagem dos veículos usando partes e
forme a tecnologia evoluía. peças que são produzidas em diversos países para montar
um determinado modelo de automóvel.

86
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Essa mundialização da economia cria uma interdepen- Assim, ter acesso a esses dados passou a ser funda-
dência entre as nações que passam a beneficiar-se umas mental para o desenvolvimento dos países e cada vez
das outras em momentos de crescimento da economia, mais os governos passaram a investir na disseminação
mas podem, por outro lado, ser afetadas em momentos da informação e do acesso a ela. Hoje é possível medir o
de crise. Ao gerar, recolher e organizar as informações de grau de desenvolvimento de uma sociedade pelo nível de
forma eficaz, as novas tecnologias abriram espaço para acesso que ela possui a informação. Os meios de comu-
toda uma nova economia baseada no valor da informação. nicação passam a ser interativos e todo o modo de vida
A partir do momento em que a Internet (rede mundial moderno é hoje completamente diferente do que era há
de computadores conectados entre si) passou a agregar poucas gerações.
imensos volumes de informação e disponibilizá-los de Cada vez é mais difícil conceber a vida das pessoas
forma praticamente gratuita, o valor de saber transformar sem acesso à comunicação e informação. O telefone ce-
essa informação em conhecimento e novos avanços pas- lular é o exemplo mais claro dessa mudança.
sou a ser enorme. Isso passou a ser o motor da economia Toda essa tecnologia disponível para cada vez mais
e os avanços do conhecimento humano passaram a ser pessoas aponta para novos formatos nas relações traba-
muito mais rápidos do que nas gerações anteriores. lhistas e na produtividade das pessoas.
Atualmente, não existe uma forma de organizar as in- Se por um lado as exigências para que uma pessoa
formações dos milhões de páginas (sites) que existem, nos consiga se inserir no mercado de trabalho são cada vez
diversos servidores espalhados pelo mundo de internet. maiores, tornando indispensáveis o estudo e o conheci-
Os próprios donos dessas páginas fazem uma organização mento das tecnologias de informação, por outro passam
através de marcadores, especificando o que aquela página a ser possíveis novas formas de trabalho já que ao ter
especifica contêm. acesso aos dados que precisa em qualquer lugar, um tra-
Contudo, muitas vezes, estes marcadores não são sufi- balhador moderno pode trabalhar longe do escritório ou
cientes para realmente determinar se o conteúdo daquela da fábrica que o emprega, desempenhando suas funções
página é relevante ou não, de acordo com a sua pesquisa. com produtividade mesmo estando em casa.
Este problema ocorre desde o surgimento da internet Novas funções passam a ser possíveis já que ao do-
e, na mesma época, surgiram páginas específicas, conhe- minar determinados temas, um profissional pode “ven-
cidas como páginas de buscas, para tentar encontrar uma der” esse conhecimento para qualquer um que tenha in-
solução adequada. O Yahoo! foi uma das primeiras em- teresse em qualquer lugar do globo.
presas de internet que criou um buscador que trazia as
páginas, conforme as informações providas.
No Brasil, uma das primeiras empresas a criar um bus- A biologia atual é, provavelmente, a ciência
cador foi o Cadê?, que o Yahoo! acabou comprando, no que propõe o maior número de debates
começo deste século. éticos demonstrando que a definição de
Porém, a empresa que teve mais sucesso nessa ques- vida não é ainda muito clara. Manipulação
tão foi o Google. Com uma proposta diferente, uma pá-
genética, experiências com embriões,
gina específica para buscas, limpa de anúncios, notícias
eutanásia e aborto são assuntos que
e outras distrações, transformou-se no líder mundial em
buscas. Ao contrário de seus concorrentes, como o Yah- geram muita discussão e não chegam a um
oo!, eles desenvolveram um algoritmo matemático que, consenso.
constantemente, visita milhares de páginas, realizando
a leitura delas, atualizando seu banco de dados e, nesse
processo, permitindo um arranjo de informações mais Outras áreas do conhecimento também puderam
eficaz e rápido. acelerar seu desenvolvimento a partir do aumento da ca-
Isto, aliado a um modelo de negócio diferenciado, pacidade de processamento à disposição dos pesquisa-
ajudou o Google a transformar a publicidade na internet, dores e da facilidade de troca de informações entre esses
criando um modelo onde o anunciante remunera por cli- mesmos pesquisadores pelo mundo.
que realizado no seu link, ou seja, no caminho que irá dire- Uma das áreas mais beneficiadas por esse avanço
cionar o consumidor a sua página. Antes disso, o conceito foi a da engenharia genética. Ao dominar essa ciência
de publicidade online era de quantas pessoas visualizam o o homem passa a ter o poder de alterar geneticamente
anúncio, como se fosse um Outdoor nas páginas. plantas e animais para aumentar a produtividade da la-
O sucesso do Google se estendeu para vários segmen- voura e da agropecuária criando geneticamente novos
tos da internet, controlando serviços de correio eletrônico insumos – produtos - para seu consumo. Os cientistas
(e-mail), redes de relacionamento (orkut), blogs e outros. conseguiram mapear todo o genoma humano e esse ad-
A empresa se tornou, também, uma das mais valorizadas vento abre a possibilidade de em pouco tempo ser possí-
no mercado de capitais de Nova York, com valor de mer- vel a cura de doenças que até hoje não eram dominadas
cado superior há inúmeras empresas da economia real, pelo homem.
contudo, o seu papel mais importante, ainda, é o da busca
de informação.

87
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

A engenharia genética é uma ciência que tem possibilitado a realização de várias descobertas genéticas. Por sua
relação direta ou indireta com o meio ambiente, não poder deixar de ter a atenção dos ambientalistas e estudiosos do
direito ambiental e da sociedade em geral, que se mostra insegura com suas descobertas.
Muito se discute sobre a validade desses procedimentos e da sua agressão sobre os princípios de muitas religiões.
Caberá à sociedade decidir como lidar com esses avanços que a tecnologia proporcionou.

AS FERRAMENTAS E A POPULARIZAÇÃO DA INTERNET


O crescimento da utilização da internet é um fato constante ao longo de mais de uma década. Antes da sua popula-
rização, ela foi uma ferramenta criada pelos militares norte-americanos para garantir que, em caso de guerra nuclear, as
informações chegassem onde deveriam independente do caminho que ela teria que percorrer.
Em meados da década de 90, a internet sai do restrito mundo militar e as pessoas comuns passam a ter acesso a ela.
Páginas com notícias, empresas online, desenvolvimento de páginas pessoais ganham um tremendo impulso com esta
popularização e, também, com a atenção dada a este novo mercado que, no final da mesma década, provocou uma forte
valorização (seguida por uma abrupta queda) da Bolsa de Valores de Nova Iorque, especializada neste mercado, a Nasdaq.
A sensação deste novo meio de comunicação, impulsionou o investimento em qualquer projeto que aparecia. O inves-
timento irrestrito, mesmo em operações que não apresentavam lucro, cresceu e tornou-se insustentável, provocando uma
forte retração desses investimentos, tendo efeito, inclusive, na economia real.
Porém, apesar desse problema, a internet continuou a crescer e voltou a atrair investidores, agora mais realistas a ela.
Assim, surgiram blogs, redes sociais (orkut, facebook, myspace e outros), microblogs, vídeos online e outras ferramentas que
mudaram a utilização da internet e, também, das empresas de comunicação (jornais impressos, televisões, revistas e outros).
Isto só foi possível em função do crescente aumento do uso de usuários em todo o mundo. Segundo um levantamento
realizado pela Escola de Negócios da Universidade de Navarra, da Espanha, publicado em 2009, o número de usuários che-
ga a 1,6 bilhões de pessoas em todo o mundo. Veja, a seguir, a notícia sobre o dado falado neste parágrafo:

Brasileiro bate novo recorde de navegação na web 14/07/09

Em junho, o tempo de navegação por usuário cresceu 10,6% em relação ao mês anterior e alcan-
çou 44 horas e 59 minutos, entre pessoas que usam a internet no trabalho ou em residências.
Navegaram em pelo menos um desses ambientes 33,2 milhões de pessoas, número 3,9% menor
que os 34,5 milhões de maio. A informação é de pesquisa do Ibope Nielsen Online.
O número de pessoas com acesso à internet em casa ou no trabalho é de 44,5 milhões. Consi-
derando somente os internautas residenciais, o tempo de navegação aumentou 8,1% e atingiu a
marca inédita de 27 horas e 48 minutos por pessoa, superando o pico de 26 horas e 15 minutos
que havia sido registrado em março de 2009.
O número de internautas ativos em residências manteve estabilidade em relação ao mês anterior
e permaneceu em cerca de 25,6 milhões. A quantidade de pessoas que moram em domicílios em
que há a presença de computador com internet é de 40,2 milhões.
Entre as dez subcategorias com maior tempo de navegação por pessoa, portais registrou o maior
aumento, ao crescer 22% em relação ao mês de maio, seguida por Ferramentas de Internet, que
cresceu 20%, e por e-mail, que cresceu 16%.
Entre os dez países em que é realizada a pesquisa, o Brasil continua com o maior tempo por
usuário, tanto na navegação em páginas quanto no tempo total, incluindo programas online.
Fonte: http://www.adnews.com.br/internet.php?id=91035

Podemos ver que o Brasil está na quinta posição neste ranking, atrás de China, EUA, Japão e Índia. Podemos ver que
são países populosos, em especial China e Índia, com 1,330 bilhões e 1,132 bilhões de pessoas respectivamente e, também,
países com grande destaque no campo da economia, com altas e constantes taxas de crescimento econômico ano após
ano. Os outros dois países, EUA e Japão, também são populosos, porém não alcançam os números mencionados, com
população de 303 milhões e 127 milhões de pessoas. A diferença está no fato de que eles são países desenvolvidos, com a
primeira e segunda maior economia do mundo.
O Brasil ganha destaque por apresentar uma grande população, com quase 200 milhões de habitantes, porém não é
uma economia desenvolvida e, também, não apresentou as constantes e altas taxas de crescimento verificadas na China e
na Índia. Mesmo assim, apresenta um aumento constante no número de usuários.
O próximo gráfico é interessante, pois demonstra , além do crescimento do número de usuários, outro fator importan-
te que é o tempo que cada pessoa fica online por mês. Neste quesito, o Brasil se destaca, sendo o país onde os usuários
passam a maior parte do tempo conectado.

88
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

FONTE: www.ibope.com.br

Contudo, há diversos problemas a serem enfrentados na questão do acesso da população à internet.


Por exemplo, a Coréia do Sul, de acordo com a notícia a seguir, tem a impressionante marca de 100% dos acessos atra-
vés da Banda Larga. Isto garante qualidade, acesso contínuo e ininterrupto à internet, sem se preocupar com o tamanho
da conta telefônica no mês seguinte.

Brasil já é o quinto em número de usuários de Internet


23 de junho de 2009.
O Brasil alcançou a quinta posição no ranking mundial em número de pessoas que acessam a internet, de acordo com estudo
realizado pela consultoria Everis, em parceria com Escola de Negócios da Universidade de Navarra, da Espanha. Segundo
o levantamento, um em cada dez dos cerca 1,6 bilhão de internautas existentes no mundo vive na América Latina, metade
dos quais no Brasil.
Dos 44 países avaliados pela empresa entre 2000 e 2008, nove tiveram aumento no número de usuários, a um ritmo
superior a 40% por ano. Brasil, Colômbia, Cuba e Paraguai são os países latinos entre eles. No geral, Paquistão e Marrocos
apresentaram crescimento mais veloz, de 57,5% e 56,2% ao ano, respectivamente.
Os países que concentram um número maior de usuários de internet em todo o mundo são China (285 milhões), Estados
Unidos (234,4 milhões), Japão (89 milhões) e Índia (86,2 milhões). Somados à Alemanha, o país europeu com maior
número de usuários (61,9 milhões), esses países correspondem a mais da metade do total mundial de internautas ativos, ou
seja, cerca de 833 milhões (51,4%).
Na relação entre abrangência de internet e o Produto Interno Bruto (PIB), países como o Brasil, Colômbia e Peru
apresentaram índices bem acima do esperado. O contrário acontece com Argentina, Chile, México, Uruguai e, em especial,
Venezuela que, comparativamente a seus PIBs, apresentaram baixo número de usuários.
O estudo também revelou que, no ano passado, 62% dos acessos à internet no mundo foram feitos por meio de banda larga.
Nesse quesito, a América Latina apresentou a maior porcentagem média, de 79,2%, sendo que em primeiro lugar ficou a
Colômbia (88,8%), seguido de Venezuela (85,4%), Brasil (84,9%), Uruguai (80,1%), México (80%) e Argentina (72,4%).
Entre os países avaliados, 19 têm mais de 90% das conexões de banda larga. A Coréia tem 100%, Suíça, França, Estados
Unidos e Portugal têm 99% ou mais e Espanha, 96,8%. O Chile é o único país latino-americano nessa categoria, com 97,5%
de suas conexões feitas por banda larga.
Fonte: http://www.tiinside.com.br/News.aspx?ID=135158&C=265

89
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Para isso, terá que ocorrer muito investimento na infra-estrutura das cidades brasileiras, especialmente pelas empresas
telefônicas, de televisão a cabo e, uma novidade, das empresas de energia (regulamentada pela a ANATEL – Agência Nacio-
nal de Telecomunicações – em abril de 2009), para criar melhores condições de acesso, barateando o custo da banda larga,
que atualmente é extremamente caro, em compar ação com os demais países.
Há, também, os problemas oriundos da própria utilização da internet pelos usuários, que contraem vírus e tem progra-
mas instalados sem o seu consentimento e/ou o seu completo entendimento que realmente o programa faz. Isto resulta em
grandes prejuízos para o usuário e, também, para as empresas que possuem serviços online como os bancos, principalmente.
Por fim, há o grave problema da falta de privacidade das informações expostas na internet. Ao guardar tais informa-
ções, como senhas de banco, contas, documentos digitalizados e material intelectual (artigos, pesquisas, desenhos e ou-
tros) muitas vezes o usuário não sabe qual é a segurança para evitar o acesso de outras pessoas.

Cracker: é um termo utilizado para designar aquele que quebra um sistema de segurança, com o objetivo de
obter vantagens para si ou para outros.
Hacker: ao contrário do cracker, ele busca alterar a programação de um programa legal, buscando melhorias
em sua funcionabilidade. Os hackers contribuíram para o melhoramento de programas livres (gratuitos), como
o Linux e outros.

Mesmo em caso de uma segurança mais alta, não existe total garantia de inviolabilidade das informações. A atuação de
hackers e crackers ganharam notoriedade conforme a dependência da internet aumenta na vida de cada um. Porém, estas
ações não passam despercebidas das autoridades policiais, que tiveram que criar uma parte específica para atuar contra
essa nova ameaça chamada de Delegacia de Repressão a Crimes Cometidos por Meios Eletrônicos, conforme podemos ver
na próxima notícia:

Hacker é indiciado por invadir banco de dados da Telefônica e divulgar informações em SP


Publicada em 20/08/2008 às 15h33m
SÃO PAULO - O programador Vinicius Camacho Pinto, de 28 anos, mais conhecido entre os internautas como K Max,
foi indiciado na noite desta quarta-feira por invadir e divulgar informações do banco de dados da Telefônica. A invasão foi
descoberta pela Delegacia de Repressão a Crimes Cometidos por Meios Eletrônicos do Deic (Departamento de Investigações
sobre Crime Organizado). O programador negou em entrevista ao site da revista IDG Now!, especializada em tecnologia e
internet, ter baixado informações pessoais dos clientes da empresa.
Segundo a polícia, as informações foram divulgadas na internet. De acordo com a assessoria de imprensa do Deic, o hacker
não ficará preso, já que não houve flagrante.
Os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do programador em Itapevi, na Grande São Paulo. Segundo o
delegado José Mariano de Araújo Filho, o hacker invadiu o sistema de cadastro da Telefônica.
A partir do site da empresa, ele conseguiu acessar dados pessoais dos clientes. Depois disponibilizou as informações quem
estivesse interessado - disse o Araújo Filho.
O delegado informou que o programador também “seqüestrou” comunidades do site de relacionamento Orkut. Outra ação do
hacker aconteceu durante a Campus Party - evento de tecnologia - realizado em 2008, de acordo com a polícia. Ele impediu
que alguns participantes tivessem acesso sites como YouTube e Google, diz a polícia.
Segundo a polícia, K Max teria admitido todas as invasões. A equipe apreendeu computadores pessoais e CDs e o material
será periciado. O programador foi indiciado pelo crime de divulgação de segredos qualificado e a pena é de um a quatro anos
de prisão.
Em entrevista ao site da revista IDG Now!, Vinícius Camacho disse que ao contrário da alegação da Telefônica que houve
quebra de sigilo dos clientes, ele descobriu uma falha no sistema da empresa. Vinícius afirmou que quatro informações
consultadas (nome, endereço, telefone e CPF do cliente) eram reproduzidas parcialmente. Ao buscar os dados de um cliente
Speedy pelo CPF, o buscador devolvia pela metade informações como número de telefone ou nome que comprovavam o
acesso ao banco de dados.
A Telefônica diz que quebrei o sigilo dos clientes, quando na verdade é o contrário: foi o que ela fez quando ao criar um site
com uma falha de segurança. Descobri uma falha e, para provar que a falha existe, criei uma prova de conceito - disse Vinícius.
Para provar falta de segurança no banco de dados da empresa, no começo de julho, o programador criou um site em que os
usuários podiam confirmar informações pessoais de clientes do serviço Speedy, explorando a falha de segurança.
É preciso definir o que é invasão. Como estão falando, parece que entrei pra roubar e destruir - afirmou o programador.
Ele afirmou à revista não ter baixado nenhuma informação pessoal.
Tenho certeza que fui 100% ético e prestei um serviço à Telefônica e aos seus clientes.
Fonte: http://oglobo.globo.com/cidades/sp/mat/2009/08/20/hacker-indiciado-por-invadir-banco-de-dados-da-
telefonica-divulgar-informacoes-em-sp-757492867.asp

90
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

ONDE SE LOCALIZAM? mercado interno e, também, o externo. As privatizações


No mundo, são várias as regiões onde há produção dos que aconteceram dos serviços de telecomunicações impul-
equipamentos que permitiram uma verdadeira revolução sionaram ainda mais estes investimentos, pois a demanda
das comunicações observadas, a partir dos anos 90. Servi- para o mesmo era enorme e não era atendida pelas em-
dores, roteadores, computadores, celulares, fibras ópticas e presas estatais.
os mais diversos softwares foram os principais atores dessa Para compreender melhor, uma linha de telefone fixa
revolução. O desenvolvimento destes equipamentos está na TELESP, antiga empresa de telefonia do Estado de São
atrelado às diversas soluções criadas, no decorrer do tem- Paulo, a atual Telefônica, custava por volta de R$ 1.000,00
po, para as necessidades dos militares de diferentes países, e ainda tinha uma enorme fila de espera para consegui-la.
porém com destaque dos EUA. Já sabemos que a internet Atualmente, se um consumidor desejar uma linha te-
foi criada pelos militares norte-americanos, com vistas a lefônica fixa, ele pode decidir qual empresa que ele quer,
uma possível guerra nuclear com a União Soviética. o quanto ele pretende gastar, sendo que o custo de aqui-
Contudo, a integração comercial que ocorreu a partir sição e o tempo para obter a linha são mínimos. Contudo,
dos anos 90, permitiu que a produção destes equipamen- o serviço ainda apresenta baixa qualidade, com diversos
tos fosse descentralizada, expandida, aproveitando fatores problemas que os consumidores lesados reclamam ao
de produção competitivos nos mais diversos países, como PROCON – Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor
mão-de-obra barata, mercado consumidor importante e –, cujo dever é registrar, intermediar e resolver estes pro-
incentivo (subsídios) de diferentes governos. blemas entre as empresas e os consumidores.
Anteriormente, criou-se uma política de reserva de Em Campinas, no estado de São Paulo, existe um im-
mercado para a área de informática no Brasil, com o ob- portante pólo tecnológico de telecomunicações, pela exis-
jetivo de criar uma indústria nacional na área, através da tência do CNpQ, da Unicamp e das diversas pequenas e
sobretaxa dos componentes eletrônicos e, também, do médias empresas que surgiram para atender a esta deman-
produto finalizado (computador, monitor e impressoras). da. Assim, empresas como a Motorola, Samsung e a Alca-
Esta reserva de mercado atrasou a popularização do com- tel-Lucent, instalaram-se aqui para a produção dos compo-
putador para as famílias brasileiras e, também, não obteve nentes e montagem de diversos celulares.
sucesso na criação de uma indústria nacional.

Zona Franca de Manaus (ZFM): É uma


área da cidade de Manaus localizada no
Estado do Amazonas, cuja criação ocorreu
em 1967, com o objetivo de estimular a
industrialização da cidade e da sua área
e ampliar o mercado de trabalho. Ela é
uma área de livre comércio, ou seja, não
se aplicam ou são menores os impostos
de importação para a compra de produtos
no exterior. Além disso, há isenção e
descontos de impostos federais e estaduais.
Atualmente, abriga mais de 500 empresas,
dos ramos de tecnologia, informática
e motos, gerando aproximadamente
quinhentos mil empregos e, assim, evita a Fonte:http://www.guanabara.
utilização dos recursos naturais da floresta info/2008/05/evolucao-dos-
para a subsistência de famílias, diminuindo celulares-2/
a degradação da Floresta Amazônica.
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) abriga,
Mesmo assim, o Brasil conseguiu atrair investimentos também, empresas como a Dell, IBM, Sanmina e outras que
na área da microeletrônica, o que permitiu a instalação de estão envolvidas na produção de peças e montagem de
fábricas de montagem de computadores, aproveitando do computadores e outros aparelhos eletrônicos.
tamanho do seu mercado consumidor e da mão-de-obra Essas são empresas de tecnologia, que precisam rea-
barata como importantes fatores de atração. As regiões lizar altos investimentos para assegurar uma posição de
onde ocorreram os investimentos foram o Estado de São
destaque entre as demais empresas. Podemos ver, ao lado,
Paulo, a Zona Franca de Manaus e o Rio Grande do Sul.
a evolução dos celulares ao longo de duas décadas, desde
Com o crescimento das telecomunicações, especialmente
1985. O mesmo pode ser feito com o computador e a sua
a parte da telefonia celular, um novo ciclo de investimen-
evolução desde o seu lançamento.
tos ocorreram para a produção desta mercadoria para o

91
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

A concorrência na área é grande, porém leva há uma Em 2007, o faturamento das empresas de informática
concentração das empresas, pois o capital necessário para presentes no PIM foi de 7,58 bilhões de reais, valor que re-
tais investimentos é alto. A exceção fica por conta da parte presenta uma queda de quase 20% em comparação com o
do software, ou seja, dos programas que fazem o celular e ano anterior, segundo dados da Superintendência da Zona
o computador funcionarem. Franca de Manaus (Suframa). No mesmo período, o setor
Este é um mercado em crescimento, acompanhando a de informática como um todo, segundo dados da Abinee,
evolução da tecnologia, porém aberto para várias pessoas cresceu quase 7%. Este ano, o crescimento da indústria de
que podem, através de conhecimentos obtidos de graça TI deve ser de 11%, com receitas previstas de 34,89 bilhões
na internet, fazer programas ou páginas que podem atrair de reais. No polo, o segmento faturou, até setembro, 5,46
a atenção de empresas maiores e, também, fazer sucesso bilhões de reais.
por si mesmos.
COMPENSAÇÃO
LEITURA COMPLEMENTAR: Ao mesmo tempo, outros setores da indústria ganha-
Empresas de tecnologia perdem interesse pela Zona ram força na região, principalmente o de motocicletas. De
Franca de Manaus acordo com dados da Suframa, de 2006 para 2007 o fatu-
Rodrigo Caetano, do COMPUTERWORLD ramento do setor duas rodas subiu quase 27%, chegando
12-01-2009 a 11,54 bilhões de reais e uma participação de 27,21% na
Em 2003, informática respondia por 24% do faturamen- receita total do polo. Este ano, o segmento já faturou 10,95
to no Polo Industrial de Manaus. Em 2008, participação caiu bilhões de reais.
mais da metade. A indústria eletroeletrônica ainda representa a maior
O Polo Industrial de Manaus (PIM) deixou de ser atra- parte do faturamento, com 28,74% do total. Mas este por-
tivo para as empresas de Tecnologia da Informação. Difi- centual está em queda acelerada. Em 2005, o valor chegou
culdades logísticas e incentivos fiscais pouco interessantes, a ser de 35,57%. Por outro lado, o setor de duas rodas, que
principalmente por conta do dólar baixo dos últimos anos, há três anos era responsável por 16% das receitas, hoje já
estão fazendo com que o setor de bens de informática caia responde por 27,21%.
vertiginosamente em participação no faturamento do polo. Hugo Valério, diretor da área de informática da Abi-
Em 2003, o segmento era responsável por quase 24% nee, afirma que Manaus não deixou de ser atrativa. “Nós
da receita total de todas as empresas com produção em Ma- vivemos em um país bastante plural. Cada estado tem seus
naus. A partir de 2004, este porcentual foi caindo gradativa- anseios e direito a ter sua indústria, não podemos impor
mente e deve ficar em cerca de 13% em 2008. A produção nada”, afirma.
de computadores na região deve ficar estável este ano, em Com a crise e a desvalorização da moeda brasileira,
comparação com o ano passado. Resultado que contrasta a perspectiva é que haja mais investimentos por parte do
com os 20% de crescimento registrado pelo mercado de PCs setor eletroeletrônico, principalmente das empresas de TI,
em geral, segundo dados da Associação Brasileira da Indús- por conta da maior competitividade que o país ganha em
tria Eletroeletrônica (Abinee). termos de custos e exportações. Manaus, porém, ainda deve
Para Humberto Barbato, presidente da Abinee, o movi- seguir fora da rota. “É cedo para afirmar, o câmbio ainda
mento reflete algumas escolhas feitas pelos estados em re- está muito volátil, e talvez caiba rever alguns incentivos
lação ao tipo de indústria que pretendem incentivar. “Cada para o setor”, afirma Almeida.
estado tem o direito de ter a sua indústria”, afirma o presi- Para o PIM, ver as empresas de TI perdendo participa-
dente. “Os investimentos vão acontecer onde o setor está. ção não representa queda no faturamento. Pelo contrário.
Não acredito que haverá novas razões para investir em Ma- Até setembro, a receita total do polo foi de 40,26 bilhões
naus”, completa. de reais, o que representa alta de 11,5% em comparação
Um dos motivos para o setor ter perdido o interesse em com o mesmo período do ano passado. Se as projeções do
Manaus está na desvalorização do dólar, que se manteve Conselho de Administração da Suframa (CAS) de faturar 30
abaixo de dois reais até setembro, quando teve início a crise bilhões de dólares este ano forem realizadas, será um novo
financeira que abalou os mercados do mundo inteiro. “Esta recorde na história da indústria manauara.
queda barateou muito as importações. Com isso, os incenti- Agora, para o setor de TI, os incentivos fiscais são uma
vos para produzir em Manaus não compensavam as dificul- demanda antiga. Mas, ao que parece, a força do segmento
dades de logística e infra-estrutura”, explica Julio Gomes de não é suficiente para fazer o governo colaborar. Se o texto
Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvol- proposto pela Comissão Especial da Reforma Tributária da
vimento Industrial (IEDI). Câmara dos Deputados for aprovado, em votação que deve
O setor de TI é muito dependente de importações, prin- ser realizada em março do ano que vem, a carga de impos-
cipalmente de semicondutores. Segundo dados da Abinee, a tos para o setor de software pode aumentar em até 16%, já
importação de chips cresceu 28% este ano, em comparação que inclui a cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de
com 2007. A importação de componentes de informática, Mercadorias e Serviços) sobre a comercialização de progra-
em geral, aumentou ainda mais: 40%. Também de acordo mas de computador.
com a associação, o setor nacional de componentes foi um Fonte: http://pcworld.uol.com.br/noticias/2009/01/12/
dos poucos que registraram queda no faturamento (5%) este empresas-de-tecnologia-perdem-interesse-pela-zona-
ano. franca-de-manaus/

92
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

A partir da leitura do texto responda: Exercício 2:


a) Qual o motivo para que as empresas de tecnologia Moldou o mundo como hoje o conhecemos, e permitiu
tenham perdido o interessa na Zona Franca de Manaus? que sistemas de informação de qualquer lugar estivessem
Isso representa queda no faturamento do PIM – Pólo In- interligados entre si trocando dados. A comunicação criou
dustrial de Manaus? Porquê? as condições para a Globalização das economias, do traba-
b) Existem outros setores ganhando força na região? lho, da cultura e do entretenimento.
Quais?
Exercício 3:
SUGESTÃO PARA PESQUISA: B
Busque saber como eram os primeiros computadores e
quais as mudanças e impactos que causaram na sociedade. PARA SABER MAIS
Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nossas
AGORA É A SUA VEZ! sugestões para que você aprenda ainda mais.
1- O que são técnicas de produção? Filme: Eu Robô, baseado no livro Isaac Asimov, 2004.
2- Quais as vantagens do encontro entre as tecnolo- Direção Alex Proyas.
gias de informática e as de telecomunicações? Filme: Hacker – Piratas de Computador, 1995. Direção
3- (ENCCEJA 2006) Em virtude da mecanização do Iain Softley.
campo e da urbanização — processos iniciados desde o
advento da Revolução Industrial —, a porcentagem da PRA FIM DE PAPO!
C
população ocupada no setor primário (atividades rurais) aro Aluno
tende a diminuir no mundo inteiro. Também o setor se-
cundário (indústria), que foi talvez o grande empregador Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
de mão-de-obra durante a maior parte do século XX, en- • Identificar e interpretar formas de registro das no-
contra-se atualmente num ritmo de diminuição até mesmo vas tecnologias de comunicação e informação do trabalho
e da vida social
mais acelerado que o setor primário.
• Interpretar fatores que permitam explicar o im-
J. W. Vesentini. Geografia-série Brasil. Editora Ática
pacto das novas tecnologias no processo de desterritoriali-
(com adaptações).
zação da produção industrial e agrícola
O argumento que justifica as idéias do texto é:
• Analisar a mundialização da economia e aos pro-
a) a expansão do setor terciário com prestação de ser-
cessos de interdependência acentuados pelo desenvolvi-
viços muito variados e boa remuneração tem atraído o tra-
mento de novas tecnologias
balhador.
• Comparar as novas tecnologias e as modificações
b) o desemprego no mundo atual é causado, sobretu-
nas relações da vida social e no mundo do trabalho.
do, pela mecanização e automação. • Relacionar alternativas para enfrentar situações
c) a diminuição do emprego é causada pela emigração decorrentes da introdução de novas tecnologias no setor
da mão-de-obra qualificada para outros países. produtivo e na vida cotidiana, respeitando os valores hu-
d) atualmente, os trabalhadores migram do setor se- manos e a diversidade sociocultural.
cundário da economia para o setor primário, devido ao
processo de mecanização industrial. Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU! dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Exercício referente ao Texto Complementar:


a) O motivo são as dificuldades logísticas e incenti-
vos fiscais pouco interessantes, principalmente por conta
do dólar baixo dos últimos anos. Não representa queda no
faturamento. Pelo contrário. Até setembro, a receita total
do polo foi de 40,26 bilhões de reais, o que representa alta
de 11,5% em comparação com o mesmo período do ano
passado. Se as projeções do Conselho de Administração
da Suframa (CAS) de faturar 30 bilhões de dólares este ano
forem realizadas, será um novo recorde na história da in-
dústria manauara.
b) Sim, motocicleta e eletroeletrônica.

Exercício 1:
A combinação dos diversos meios e materiais de pro-
dução que melhorem o processo produtivo.

93
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 9 UM POUCO SOBRE TERRORISMO


Mas o que é terrorismo? É um método que envolve a
DIFERENTES REPRESENTAÇÕES PARA utilização de violência física ou psicológica, contra algo es-
tabelecido – governo ou organizações não-governamen-
UMA MESMA HISTÓRIA.
tais – por parte de algum grupo com o intuito de alcançar
seus objetivos, que podem variar conforme seja a situação.
CONFRONTAR PROPOSIÇÕES A PARTIR DE SITUA-
ÇÕES HISTÓRICAS DIFERENCIADAS NO TEMPO E NO Vemos, por exemplo, o ataque terrorista de 11 de
ESPAÇO E INDAGAR SOBRE PROCESSOS DE TRANS- setembro de2001. Qual foi o intuito de atacar as Torres
FORMAÇÕES POLÍTICAS, ECONÔMICAS E SOCIAIS. Gêmeas do World Trade Center? O que aqueles prédios
representavam ao mundo e, também, o que a cidade de
A partir do momento que o indivíduo nasce tem sua Nova Iorque representa?
vida voltada ao aprendizado e à convivência com o grupo A tradução de World Trade Center é, literalmente,
para adaptar-se ao meio a que pertence. Pensando dessa Centro de Comércio Mundial. Os prédios estavam locali-
forma, entende-se que a finalidade teórica da sociedade é zados na cidade norte-americana que melhor representa
possibilitar ao indivíduo aprender/desenvolver suas apti- o sistema capitalista, que domina o mundo após a queda
dões humanas para benefício do grupo a que pertence. da União Soviética, exportando os ideais capitalistas para
todo o mundo. Ou seja, os terroristas pretendiam atacar o
ideal capitalista e tudo aquilo que ele representa (modo
Iluminismo, também conhecido como de vida, os costumes, os valores morais cristãos e a sua ex-
“Século das Luzes”, desenvolveu-se pansão pelo mundo), mostrando a sua fragilidade perante
na Europa no século XVIII. Atendia aos aquilo que eles acreditam que seja correto, que seja ver-
interesses daqueles que desejavam dadeiro. Que, no caso, é a fé islâmica, ditada pelo Corão.
mais liberdade política e econômica. Os É da natureza do capitalismo se expandir. O mesmo
pensadores iluministas defendiam a razão está sempre à procura de novos mercados, novas mer-
como princípio de tudo, a não-intervenção cadorias e novas maneiras de acumular mais capital. Os
do Estado na economia, a igualdade jurídica países de fé islâmica já foram importantes comerciantes,
entre os homens, a liberdade religiosa antes e durante o renascimento cultural europeu. Porém,
e de expressão. As idéias Iluministas não conseguiram acompanhar o ritmo da evolução das
influenciaram várias revoluções de caráter técnicas e idéias que acometeu a Europa e, posteriormen-
nacional ou mesmo nativistas. Dentre elas te, os EUA.
a Revolução Francesa, a Independência A intromissão do ocidente, através das nações capi-
dos Estados Unidos da América e a talistas, em busca de mercados e produtos, levou a um
Inconfidência Mineira no Brasil.
movimento de defesa da cultura islâmica, em busca do
resgate da sua religiosidade, pois estava ameaçada diante
Para os gregos, na Antiguidade Clássica, a sociedade da cultura capitalista. O descontentamento da população
existe quando os homens se vêem obrigados a unir seus
frente à perda desses valores por parte dos seus gover-
esforços para fazer da natureza um ambiente menos hos-
nadores deu a justificativa para este ressurgimento, que
til. Aristóteles, filósofo grego, afirmava que o indivíduo era
nasceram de formas mais radicais.
um ser político, portanto seria impossível para ele viver fora
Mesmo assim, os países capitalistas continuavam a se
da sociedade; contrária à opinião dos gregos a mentalidade
intrometer na política interna destes países, pois necessi-
moderna tende a considerar a sociedade como uma ameaça
tavam, principalmente, do petróleo para suas economias.
aos indivíduos. Rousseau (1712-1778), filósofo do iluminis-
Posto assim, os problemas internos de cada país existam,
mo, afirmava que a desigualdade social e o aparecimento da
propriedade privada, fizeram com que os mais fortes tives- segundo os revolucionários, por conta dessa intromissão
sem a possibilidade do domínio, o que transformou a socie- capitalista e que, portanto, deveriam expulsar os capitalis-
dade em egoísta e ambiciosa; Thomas Hobbes (1588-1679), tas dos seus países, assim como se livrar dessas influências.
filósofo inglês, já afirmava que o homem não tende a viver Somado, portanto, ao fato de grande parte da popu-
em sociedade naturalmente, ele nasce a aprende a controlar lação ser pobre, mesmo com altas reservas de petróleo,
a violência, não é um ser pacífico como afirmava Rousseau. criou-se condições para o surgimento de lideranças e ter-
A tentativa de entender as sociedades e seus movimen- roristas dispostos a morrer por seu país, ao criarem condi-
tos sempre existiu, principalmente por que historicamente ções psicológicas para atrapalhar o funcionamento normal
não existe sociedade que não tenha conflitos e esses con- de uma economia capitalista. Antes de 11 de setembro, os
flitos são provocados, principalmente, pela desigualdade e ataques ocorriam, especialmente, em Israel, pois era um
pela injustiça. Os movimentos sociais demonstram o que a país próximo e capitalista, que obteve auxílio financeiro e
sociedade é capaz de fazer para transformar-se levando tan- militar dos países ocidentais, principalmente os EUA.
to aos desenvolvimentos científicos, tecnológicos e huma- É importante, também, entender que não é somente
nos, quanto a situações caóticas em busca desses mesmos naquela região que existem terroristas. Veremos, mais pra
desenvolvimentos, como a miséria, as crises e a guerra. frente, o surgimento de guerrilheiros terroristas na Améri-
ca do Sul, especificamente na Colômbia.

94
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

O fenômeno das guerrilhas ocorreu nos principais países da América Latina, como Argentina, Brasil, Chile e México,
durante as décadas de 1960 e 1970. Porém, tal fenômeno só fora possível com o apoio de Cuba, único país do continente
americano que se transformou em uma república socialista, e que tentava, ao treinar novos guerrilheiros nestes países, criar
mais uma nação socialista na América. As guerrilhas, inclusive, coincidem com o surgimento de ditaduras em tais países
(Argentina, Brasil e Chile), com a exceção do México – que já era uma ditadura – com o apoio dos EUA.

ATENTADOS À SOCIEDADE

O Oriente Médio, sempre foi palco de muitos


conflitos relacionados a ocupação da terra,
religiões e administração política milenares.
Além dessas questões as imensas reservas
de petróleo fazem dessa região uma das
áreas mais tensas do globo.

Os atentados terroristas não são um aspecto novo no mundo. Nem tiveram início no dia 11 de setembro de 2001, com
os ataques ao complexo World Trade Center, em Nova Iorque nos Estados Unidos da América. Ocorrem há muito tempo
e se manifestam das mais variadas formas no Mundo Contemporâneo. Esse atentado em particular, causou uma grande
comoção em vários países do mundo e passou a ser a bandeira de condenação aos atos terroristas. O atentado foi atribuído
ao grupo Al Quaeda fundado em 1989, pelo saudita Osama Bin Laden, e combate a interferência do Ocidente, principal-
mente a norte-americana, no mundo islâmico.
Esse fato gerou várias discussões em relação aos propósitos desse ataque e as tentativas de justificativas para um con-
tra-ataque, além disso, gerou uma série de conflitos sociais entre o ocidente e o oriente generalizando a ação terrorista a
todos os árabes e muçulmanos, que passaram a ser vistos por muitos como perigosos. Essas generalizações quase sempre
trazem injustiças e exclusões sociais. Em represália, Estados Unidos invade o Afeganistão com o intuito de capturar Osama
Bin Laden, mas as dificuldades geográficas, as guerras civis e as baixas-norte americanas, cessaram a invasão.

Mujahidin: é a forma plural da palavra


mujahid, que em árabe significa
combatente e é também traduzido
como “combatente santo”. Contudo, o
termo está relacionado à luta em geral,
que pode ser pela pátria, sua tribo, sua
ideologia e outros. Quando aplicado
à religião, são as pessoas que estão
dispostas a sacrificar sua vida, em
nome da sua religião e de seu Deus.

A história deste país, o Afeganistão, é importante para entender o fracasso na captura de Osama Bin Laden por parte
dos EUA. Seu povo já superou duas invasões de países mais fortes que eles. O primeiro foi o Império Britânico, que durante
todo o século XIX esteve presente em seu território, com vitórias e derrotas e, por fim, foi expulso no começo do século
XX, após o final da Primeira Guerra Mundial. E, posteriormente, a União Soviética, que invadiu o país no final da década
de 1970, e manteve o domínio das principais vias de comunicação e transporte, inclusive as principais cidades, porém não
conseguiram vencer os guerreiros afegãos, os mujahidin, que ficavam nas montanhas e eram supridos e treinados pelos
EUA, Arábia Saudita, Paquistão e outros países. Esta invasão terminou 10 anos depois, com a retirada dos soviéticos, por
conta da agitação política interna em seu país.
O mapa a seguir mostra a posição do país, no mapa mundi, abaixo e no canto inferior esquerdo e, também, de seus
vizinhos com que fazem fronteira. O detalhe é que, na época no qual a Índia ainda era uma colônia inglesa, não havia sepa-
ração entre ela e o Paquistão. O país está localizado na Ásia Central, e possui uma extensa cadeia montanhosa, sendo que
85% de seu território é formado por montanhas. O ponto mais alto no país atinge a altitude de 7.485 metros acima do nível
do mar. Nos restantes 15% de seu território, apresenta planícies no norte e no sudoeste e, também, depressões.

95
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Retirado e adaptado da fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:LocationAfghanistan.svg

O clima tem características de continental, ou seja, com alta variação de temperatura no dia, pois não há presença de
lagos ou oceanos como agentes de moderação climática, isto é, que amenizam a temperatura, por isso possuem verões
quentes e invernos frios. Há uma falta crônica de água doce, com estoques limitados e, por fim, a cadeia montanhosa do
país é instável, apresentando abalos sísmicos (terremotos), conforme ocorre movimentação nas placas tectônicas.
Tais características geográficas e climáticas, e o fato de as montanhas estarem localizadas nas diversas fronteiras, em
especial com o Paquistão, tornou difícil a ação dos militares ingleses, soviéticos e, agora, dos norte-americanos, neste país.

Montanhas do Afeganistão, conhecidas como Tora-Bora, na fronteira


com o Paquistão. Local onde presume-se que Osama Bin Laden esteja
escondido.
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL102030-5602,00.html

Estima-se que existam milhares de quilômetros, dentro dessas cadeias de montanhas, de esconderijos que foram cria-
dos desde o início da sedentarização de populações humanas no Afeganistão e que foram expandidas durante as diversas
guerras que ocorreram no país.
Podemos concluir, então, que este país sofreu com os interesses dos países estrangeiros. Especialmente, após a Guerra
Fria, que destruído pela invasão soviética e com uma facção militar experiente e com recursos financeiros, através da venda
da papoula (para produção de heroína), pôde enfim dominar politicamente o país e introduzir um regime islâmico mais
rígido (fundamentalista).
Este regime foi imposto pelos Talibãs, representantes da etnia mais populosa do país. Foram responsáveis pelo domí-
nio do Afeganistão após a guerra civil que ocorreu ao final da dominação soviética. O país, então, tornou-se um centro de
instabilidade política para os países com que faz fronteira, com acusações de provocação das populações minoritárias de
muçulmanos em algumas regiões, como a Caxemira na Índia e na Chechênia, região da Rússia.

96
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Antes e depois da destruição.


Fonte: http://www.guimet.fr/tresorsafghans/
afgha/contexte/contexte.html

Um dos atos deste regime, que ganhou projeção na mídia internacional, antes dos atentados de 11 de setembro, foi a des-
truição das imagens do Buda, esculpidas nas montanhas no Vale de Bamiyan, a 240 km de Cabul, capital do país. Tais imagens
são fruto de trabalho de monges budistas que habitavam a região até serem expulsos por povos islâmicos.
A destruição fora imposta pelo Talibã, pois as imagens do Buda eram consideradas idolatria, um pecado imperdoável na
visão islâmica, por considerar uma arrogância e egoísmo dos seres humanos ao tentarem recriar a imagem de Deus.

CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE

Os hebreus ou israelitas, conquistaram a Palestina por vol-


ta de 1200 a.C., depois de sairem do Egito, onde viveram
por alguns séculos. Após sucessivas invasões um progres-
sivo processo de dispersão da população judaica passou a
ocorrer, porém a grande maioria do povo ainda permanecia
na Palestina. Foi habitada também por populações helenís-
ticas romanizadas; e, em 395, quando da divisão do Império
Romano, tornou-se uma província do Império Romano do
Oriente.
A região foi conquistada em 638 pelos árabes, periodo de
expansão do islamismo, e passou a fazer parte do mundo
árabe sempre em constantes lutas com os lutas entre gover-
nos muçulmanos rivais. Entre 1517 a 1918, a Palestina foi
incorporada ao imenso Império Otomano (ou Império Turco).
As comunidades israelitas, no início do século XX, passaram
a vivier em meio à população predominantemente árabe,
possibilitando a existência de vários outros árabes. Durante
a Primeira Guerra Mundial A Palestina passou então a ser
administrada pela Grã-Bretanha, mediante mandato conce-
dido pela Liga das Nações.

Os conflitos entre árabes e israelenses ocorrem desde a libertação do povo hebreu por Moisés, e a ocupação da Pales-
tina, a chamada Terra Santa. No início do século, os conflitos se intensificaram com a criação do Estado de Israel em 1949,
pós Segunda Guerra Mundial, dividindo a região entre duas grandes áreas: a judaica e a palestina. Atualmente os conflitos
permanecem, principalmente entre os grupos que defendem a luta pela criação do Estado Palestino e aqueles que preten-
dem manter as possessões territoriais.

97
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

GUERRA ENTRE IRÃ E IRAQUE


Ocorre pela disputa da região do Chatt-El-Arah, pequeno rio na confluência dos rios Tigre e Eufrates, que liga o Iraque
ao Golfo Pérsico. O fim do conflito contou com a ação da ONU. Como conseqüência desse conflito, tivemos um grande de-
senvolvimento da produção de armas, o que favoreceu o poder bélico do Iraque no Oriente Médio, projetando a liderança
de Saddam Hussein (ligado ao grupo sunita) no mundo árabe.
Ambos são países de imensa importância histórica, tanto para o desenvolvimento humano, quanto para o desenvolvi-
mento cultural. O Iraque foi o berço da civilização suméria, uma das civilizações mais antigas que se tem notícia. O Irã, por
sua vez, foi o berço da civilização persa, que dominou grande parte da Ásia, do Oriente Médio e chegou a duelar com a
Grécia por um longo período, quando a mesma encontrava-se no auge, no século V a.C..

Retirado e Adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:LocationIran.svg

O Irã, conforme o mapa anterior mostra, possui fronteiras com o Iraque, Turquia, Armênia, Arzebaijão, Turcomenistão
e Paquistão. Possui, ainda, ligação com o Golfo Pérsico, ao sul e, também, ao norte, há o Mar Cáspio.

Mar Cáspio: faz fronteiras com Irã, Arzebaijão,


Turcomenistão, Cazaquistão e Rússia. É o maior
lago da Terra, em área e volume, com 371 mil km².
Ele é abastecido pelos rios Volga e Ural, sendo eles
responsáveis pela manutenção de seu nível de água.
Há presença significativa de petróleo, em seu solo e,
também, é o habitat natural do esturjão, um peixe do
qual é obtido o caviar, através de suas ovas. Veja a
imagem obtida da Nasa.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Caspian_Sea_from_orbit.jpg

98
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

O país é cercado por cadeias montanhosas, com exceção da sua parte costeira, ao sul. O seu ponto mais alto é ao
norte, com 5.671 metros de altitude com relação ao nível do mar. É, também, uma área instável, sujeita a ação de vulcões
e terremotos. O centro do país é um planalto, onde existem dois grandes desertos desabitados. Seu clima é árido, com
poucas chuvas inclusive no inverno, sendo que a exceção fica por conta da área próxima ao Mar Cáspio, onde existe um
clima subtropical.
A capital, Teerã, localiza-se próximo ao Mar Cáspio e possui uma grande população. O país foi agitado por uma Revolução Islâmica,
no final da década de 1970, onde o governo do Xá – título de Rei dos persas, atual Irã – Mohammad Reza Pahlavi, que era apoiado pelas
potências ocidentais, como EUA e Inglaterra, fugiu do país com o retorno do Aiatolá – o mais alto representante da hierarquia do Islã –
Rudollah Khomeini.
O governo do Xá era em favor do ocidente, com muita liberdade de capital e de pessoas que vinham do ocidente para
investir em seu país. Ele queria modernizar o país, porém mantinha-se firme no poder, perseguindo a oposição formada por
cleros xiitas e, também, daqueles que defendiam a democracia. Com o passar do tempo, o Xá foi se configurando como um
ditador, o que se traduziu em perda de apoio por partes da sociedade iraniana.
Então, com o apoio do clero xiita, o Aiatolá Khomeini, como ficou conhecido, se tornou o chefe do governo, após a
fuga do Xá, e criou-se a república islâmica do Irã, que seguia os preceitos do Islamismo. A crítica ao Xá, tornou-se crítica
também aos seus apoiadores do Ocidente, com diversos episódios de atrito político entre Irã e EUA, o que levou ao final
das relações diplomáticas e econômicas entre eles, durante a Guerra Irã-Iraque.

Retirado e adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Aral_Sea_1989-


2008.jpg
A imagem acima mostra o Mar Aral em duas datas diferentes. Ele já foi o quarto
maior lago do mundo, contudo encontra-se em processo de desertificação
avançado. Ele está próximo ao Mar Cáspio, que, a partir da década de 1970,
inverteu o ritmo de perda de água, aumentando em 2,5 metros o seu nível. A
construção de canais rudimentares, para a irrigação de plantações próximas,
levou a uma contínua retirada de água, num processo ineficiente, apresentando
enormes perdas, o que elevou a salinidade da água e acabou com a fauna e
flora do local, levando ao fim diversas cidades que dependiam da exploração
econômica deste mar.

99
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

À semelhança do Iraque, o Irã é um país com forte produção e exportação de petróleo. Para tanto, utiliza-se da proxi-
midade que há entre as suas principais reservas e o Golfo Pérsico para a sua exportação. Assim, o Golfo Pérsico é uma das
principais rotas para a exportação do petróleo, o que faz com que seja extremamente monitorado por diversos países com
interesse econômico naquela região.
A dependência da economia iraniana do petróleo aumentou após a revolução islâmica, pois os investidores e os turistas
ocidentais não eram mais bem vindos. Atualmente, o Irã exporta petróleo, frutos secos, tapetes, gado e especiarias, impor-
tando alimentos, maquinários, ferro, aço e outros.
Por fim, temos o arranjo político do país, que possuí particulares, em relação aos países do mundo. Há uma eleição
direta, que elege um presidente, um parlamento e uma assembléia de peritos.
Conforme pode-se observar, é a assembléia de peritos quem elege um líder supremo. O mandato deste líder é vitalício,
ou seja, somente após a sua morte que ocorre outra eleição. O Aiatolá Khomeini morreu em 1989 e foi substituído pelo o
Aiatolá Khamenei. Ele exerce a função de Chefe de Estado, ou seja, é o Comandante das Forças Armadas, nomeia o chefe
do poder judiciário, da segurança interna e seis membros do Conselho dos Guardiães e, ainda, possui o poder de demitir o
presidente, caso ele não esteja governando de acordo com a constituição.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Esquema_governo_Irão.png

O Conselho dos Guardiães possui o poder de vetar os candidatos que vão para a eleição direta do povo, ou seja, pode
controlar quem ele quer que concorra a algum cargo público. Por fim, o presidente, junto do parlamento, nomeiam o poder
executivo do país.

100
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

GUERRA DO GOLFO
Ocorre em conseqüência da invasão do Kuwait, por Saddam Hussein, em 1990. Buscando maior domínio e projeção no
mundo árabe, Saddam Hussein dominou o Kuwait. As potências lideradas por EUA e apoiadas pela ONU exigiram a deso-
cupação da região, porém Saddam Hussein manteve-se firme em seu propósito. A união entre as potências deslocou um
aparato militar maior que o da II Guerra Mundial. Através da ação “Tempestade de Areia”, mais de 31 toneladas de bombas
contra os 450 mil soldados iraquianos foram lançadas, além de ataques diretos sobre Bagdá. Terminada a investida militar,
foram estabelecidas várias sanções econômicas e embargos sobre suas importações de petróleos e, principalmente, obri-
gou o Iraque a eliminar seus arsenais bélicos e mísseis de longo alcance.
O Iraque, conforme observamos no mapa a seguir, tem fronteiras com a Jordânia, Turquia, Síria, Arábia Saudita, Kuwait
e com o Irã, sendo esta última a sua maior fronteira.

Retirado e adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:LocationIraq.svg

Retirado e adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/


Ficheiro:Tigr-euph.png

101
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Há, ainda, uma pequena ligação com o mar, ao sul, entre o Kuwait e o Irã, que o liga ao Golfo Pérsico, entrada para o
Oceano Índico. Mesmo assim, o país apresenta um clima continental, com verões quentes e secos e invernos frios. O norte
do país é montanhoso, tendo o ponto mais elevado a 3.600 m de altitude, em relação ao nível do mar. Nestas montanhas
é onde se localizam as nascentes dos principais rios deste país, o Tigres e o Eufrates, conforme pode ser visto no mapa ao
lado:
A região localizada entre estes rios é extremamente fértil, inclusive, é onde há os vestígios da civilização suméria. A ca-
pital do Iraque, Bagdá, localiza-se próxima ao Rio Tigres, no ponto onde os rios mais se aproximam, porém não se juntam,
no centro do país.
O Iraque passou a ter destaque na mídia internacional quando, na década de 1970, Saddam Hussein assumiu o poder.
Ele era integrante da parte sunita do país (minoria, pois a maioria são os xiitas e ainda existe uma pequena população de
curdos, ao norte do país), porém se manteve no poder até a invasão de seu país pelos norte-americanos e seus aliados,
em 2003.
No decorrer de seu governo, o Iraque participou da guerra contra o Irã, e da invasão ao Kuwait, no qual foram expulsos
pelas forças norte-americanas e seus aliados, no começo da década de 1990. Desde então, o país foi submetido a pressões
da ONU, com o intuito de diminuir a vocação militar do país, através do controle das suas exportações, revertidas em com-
pras de alimentos e remédios e não mais armas.
O principal produto de exportação iraquiano é o petróleo, o que, inclusive, gerou as diversas disputas territoriais men-
cionadas anteriormente. Alguns países, como o Iraque e Irã, se armaram através da exploração do petróleo e, também, fize-
ram o seu esforço de guerra contando com as receitas futuras da sua exportação. Com isso, outras áreas de sua economia e
sociedade foram deixadas de lado, inclusive o investimento no aumento da exploração e refino do petróleo, o que atrasou
a recuperação da sua economia.

30/12/2006 - 01h41
Saddam Hussein é enforcado na manhã de sábado em Bagdá
O ditador iraquiano Saddam Hussein, 69, morreu enforcado por volta às 6h da manhã deste sábado (1h da
manhã em Brasília), na Zona Verde de Bagdá, região fortemente protegida da capital iraquiana em cumprimento
à sentença determinada pela Justiça daquele país em 5 de novembro. A condenação foi dada a Saddam por sua
participação nos assassinatos de 148 xiitas da cidade de Dujail depois do fracasso de um complô para matá-lo
em 1982, assim como na tortura e a deportação de centenas de moradores de Dujail.
Saddam Hussein governou o Iraque de 1979 a 2003, quando caiu durante a invasão americana ao país.
Conseguiu fugir, mas foi capturado e respondeu a processos por genocídios, acusado pelos EUA de desenvolver
armas de destruição em massa. Um tribunal de apelações de Washington rejeitou ontem o pedido formulado
pelos advogados do ex-presidente do Iraque para impedir a sua execução. Os advogados de Saddam Hussein
solicitaram a um tribunal dos Estados Unidos que o ex-presidente iraquiano não passasse da custódia americana
às mãos de oficiais iraquianos. Com isso, esperavam deter a execução, informaram fontes judiciais.
As ruas de Bagdá foram tomadas pela comemoração, conforme mostrou a rede de TV “CNN”. Iraquianos que
afirmavam ter sofrido sob o regime ditatorial de Saddam Hussein diziam que este era um dia de “comemoração,
Justiça e vingança”.
Enterro
Raghad Saddam, a filha mais velha do ditador iraquiano, pediu que seu pai seja enterrado em Sana, capital
do Iêmen, após sua execução, informou a rede de televisão “Al Jazira”. Segundo a emissora, que cita “fontes
iemenitas”, Raghad pediu ao governo iemenita que “intervenha para que Saddam Hussein seja enterrado em
Sana”. Raghad vive na Jordânia desde a queda do regime de seu pai, em abril de 2003. Ela quer que o corpo
seja enterrado no Iêmen de forma provisória, para ser levado de volta ao Iraque após “a saída das tropas de
ocupação do país”, acrescentaram as fontes. Saddam Hussein foi ditador no Iraque de 1979 a 2003, quando os
Estados Unidos invadiram o país e depuseram-no.
Durante esse período, o Iraque protagonizou três guerras.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u103274.shtml

Mesmo assim, havia a contínua suspeita de desenvolvimento de armas de destruição em massa (bomba atômica,
química e biológica) por parte dos iraquianos o que, após o atentado de 11 de setembro, tornou-se a preocupação e a
justificativa dos norte-americanos para a invasão, pois acreditavam que os terroristas pudessem se apossar de tais armas,
tornando um próximo ataque terrorista muito pior.
Contudo, após a invasão no Iraque, nenhuma arma de destruição em massa foi descoberta. Isto tornou a administração
Bush, nos EUA, extremamente fragilizada internacionalmente.

102
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

SUNITAS E XIITAS Existem indícios de atuações da FARC nos países da re-


Os Xiitas (em árabe, Shiat Ali, “partido de Ali”) constituem o gião, especialmente após a morte do nº2 do seu comando,
segundo maior ramo de seguidores do Islamismo. Eles repre- Raúl Reyes, em solo Equatoriano, em 1º de março de 2008
sentam 16% da população islâmica no mundo. Já os Sunitas, e, nos dias 26, 27 e 28 de julho de 2009, quando se confir-
constituem o maior ramo de seguidores do Islamismo, repre- mou que lanças-foguetes vendidos à Venezuela na década
sentando 84% de toda a população islâmica. Apesar dessa di- de 1980 pela Suécia, foram encontrados em posse dos guer-
ferença, ambos os ramos estão espalhados por todos os países rilheiros da FARC.
do mundo, com forte ligação religiosa entre si. O país possui fronteiras com o Brasil, Peru, Equador, Ve-
A diferença entre os ramos citados anteriormente está no nezuela e Panamá. E, muitas dessas fronteiras, são em áreas
problema da sucessão que aconteceu após o falecimento do de cobertura da Floresta Amazônica, o que impede um con-
profeta da religião Islã, Maomé. Com a sua morte, em 632 d.C., trole eficaz das mesmas. Para um grupo guerrilheiro, tal si-
uma parte da população acreditou que ele havia escolhido tuação é perfeita, pois pode agir com mais segurança, em
como sucessor seu genro e primo, Ali ibn Abu Talib. Porém, o função da proteção da cobertura da floresta. Este é um fator
sucessor eleito de Maomé foi Abu Bakr, o novo califa. Aqueles importante de sucesso para os diversos grupos guerrilheiros:
que apoiavam Ali acreditavam ser um erro a eleição de Abu poder se ocultar na paisagem natural da sua área de atuação.
Bakr e, assim, aprofundou-se a divisão. Os mujahidin, guerrilheiros muçulmanos, só foram exitosos
Deste desentendimento, as diferenças entre os seguidores des- na invasão soviética, porque contavam com as contínuas cadeias
ses dois ramos aumentaram com o decorrer do tempo. Ambos os montanhosas que o Afeganistão possuía. A Floresta Amazônica
grupos se baseiam no Alcorão, porém os Sunitas utilizam, também, tem este mesmo efeito para os guerrilheiros da FARC.
o livro Suna, baseado na vida de Maomé, para ajudar em questões Outro importante fator que garante a atuação das guer-
que o Alcorão não esclarece. Além disso, os Sunitas consideram os rilhas é a presença de população local pobre e longe das
Xiitas como um grupo rebelde e herege, mas dentro do Islã. atuações dos setores do seu governo. Assim, a guerrilha
A grande diferença está na questão da representação po- exerce um papel de estado, ao recrutar pessoas interessadas
lítica de cada um e isto tem raízes no desentendimento com ou até mesmo forçá-las a trabalhar em sua causa, direta ou
relação ao sucessor de Maomé. Os Sunitas acreditam que o indiretamente.
seu líder tem que ser escolhido através da escolha da popu- Então, apesar de possuir uma boa renda per capita, e ter
lação, sem qualquer ligação com a família do profeta Maomé. a quarta maior economia da América Latina, o país possui
Os Xiitas, por outro lado, buscam em seus líderes, uma ligação desigualdade na distribuição desta renda, problema crônico
direta com a família de Maomé, pois acreditam que somente dos países da América Latina, o que traduz em pouca pre-
seus descendentes teriam o conhecimento, a sabedoria e o en- sença do Estado nos departamentos (como são chamados os
tendimento para conduzir seu povo. estados colombianos) mais pobres. O destaque da sua eco-
nomia está na produção e exportação do café e do petróleo.
GUERRILHAS NA COLÔMBIA
A América do Sul presenciou alguns grupos de terroristas, LEITURA COMPLEMENTAR:
que se organizavam com guerrilhas. Esse é um tipo de luta 10 ANOS DA QUEDA DO MURO DE BERLIM, GLOBA-
assimétrica, ou seja, em que um lado representa a parte estabe- LIZAÇÃO
lecida, o governo, o povo que o defende, suas forças armadas e E REGRAS DO COMÉRCIO MUNDIAL
de segurança interna e, de outro lado, representa a parte reivin- Publicado na Revista SBPM – Sociedade Brasileira
dicante – reclamante -, que deseja a ocorrência de mudanças de Pesquisa de Mercado. Maio 2000. Ano III, nº 11, pp.
radicais na parte estabelecida. 32-37.
Ao contrário da parte estabelecida, os guerrilheiros não Agenor Gasparetto1
contam com o dinheiro obtido através da tributação legal para Em 9 de novembro de 1989, há 10 anos, o governo
o seu financiamento, apesar de, muitas vezes, obterem dinhei- da então Alemanha Oriental, comunista, decidia abrir suas
ro através de contribuições forçadas nos mesmos moldes dos fronteiras e destruir o Muro de Berlim, precipitando o co-
impostos. Contudo, sua principal fonte de financiamento geral- lapso dos regimes do leste europeu. Para muitos, esse fato
mente são ilícitas, como a produção, refino e venda de drogas. encerrou definitivamente a 2ª Guerra Mundial, já que esse
Também contam com o financiamento de instituições políticas Muro era parte da herança desse conflito, e da Guerra Fria
internacionais, alinhadas ideologicamente ou religiosamente a entre as superpotências militares de então: Estados Unidos
elas. e a ex-URSS. Precipitadamente, o historiador norte-ame-
Vemos guerrilheiros espalhados por todos os continentes ricano Francis Fukoyama viu nisso o “fim da história”, com
da Terra. No continente americano, por exemplo, a Colômbia o domínio absoluto do mercado e do ideário neoliberal. Já
possui uma guerrilha conhecida com FARC – Forças Armadas o sociólogo alemão Robert Kurz2 via nesse fato não esse
Revolucionárias da Colômbia – que já existe há mais de 40 anos. fim, mas o início do colapso do que ele chamou “sistema
A FARC é uma instituição de cunho político, com inspiração mundial de mercadorias”, que teria tido no Leste Europeu
comunista, que deseja implantar o socialismo em seu país. Para a sua versão estatizante, mas que seria parte integrante do
tanto, utiliza-se de táticas terroristas, como seqüestros e vio- sistema maior, o capitalismo. Esse começou a entrar em
lência contra os cidadãos, membros do governo e instituições colapso nessa região, como também entrara em outras re-
políticas para obter êxito. Eles se financiam através dos paga- giões periféricas. De um lado, portanto, esse fato foi inter-
mentos dos resgates dos seqüestrados e, também, através da pretado como o “fim das ideologias”, já que restava apenas
produção, refino e distribuição de cocaína. uma após a queda desse Muro.

103
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

De outro, a interpretação de que o que ruiu não foi ape- Exercício 1


nas um muro famigerado e o sistema comunista, mas uma Pessoal, porém a resposta deve contemplar a idéia de
fração do próprio sistema mundial e que esse processo aca- que a finalidade teórica da sociedade é possibilitar ao indi-
bará arrastando no curso do tempo todo o sistema. víduo aprender suas aptidões humanas para benefício do
Com o fim desse Muro e o colapso do sistema comunis- grupo a que pertence.
ta do Leste Europeu, estatizado e de planejamento centrali-
zado, começou a soprar mais forte o vento da globalização, Exercício 2
sem barreiras, e esse, no âmbito dos fluxos financeiros mais Pessoal, porém a resposta deve supor toda forma de
livres do que nunca, ameaça converter-se em um furacão, coação, opressão, laceração, imposição a uma sociedade
situado num horizonte próximo, sendo que algumas de suas através da força ideológica, bélica ou política que suprima
rajadas desestabilizantes já se fizeram sentir em vários qua- a possibilidade de ação de uma sociedade
drantes deste Globo, ao longo dos últimos anos. É como se
sempre houvesse “uma bola da vez”. Em vez do céu azul do
Exercício 3
“fim das ideologias”, pairam nele grossas nuvens de incerte-
E
zas, prenunciadoras de tempestades. O final de século revela
um panorama de mudanças e muitas incertezas, ainda que
PARA SABER MAIS
a queda do referido Muro tenha sugerido um mar de águas
tranqüilas. Nesse sentido, o historiador inglês Eric Hobsba- Se você gostou do tema deste capítulo, veja as nos-
wn3 afirma que “um dos riscos atuais é que o capitalismo te- sas sugestões para que você aprenda ainda mais.
nha perdido seu sentimento de medo. Aceitam-se níveis de Filme: Stalin. Diretor: Ivan Passer
desigualdade antes não tolerados”4 . Filema: O último Imperador. Diretor: Bernardo Berto-
1- Apresente duas conseqüências mundiais com a lucci.
“queda do Muro de Berlim”? Livro: Cem Anos de Solidão – Gabriel García Marques.
2-De que forma a queda do muro influenciou o mundo
capitalista? PRA FIM DE PAPO!
Caro Aluno
SUGESTÃO PARA PESQUISA:
Faça uma pesquisa sobre o posicionamento de outros Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
países em relação a ocupação norte-americana no Iraque. • Identificar os instrumentos para ordenar os even-
tos históricos, relacionando-os a fatores geográficos, so-
AGORA É A SUA VEZ! ciais, econômicos, políticos e culturais.
1- O que você entende por movimentos sociais e • Analisar as interferências ocorridas em diferentes
como eles interferem no convívio entre as pessoas? grupos sociais, considerando as permanências ou transfor-
2- O que você entende por ato terrorista? mações ocorridas.
3- Existe uma regra religiosa, aceita pelos praticantes • Interpretar realidades histórico-geográficas, a par-
do judaísmo e do islamismo, que proíbe o consumo de car- tir de conhecimentos sobre economia, as práticas sociais e
ne de porco. Estabelecida na Antiguidade, quando os judeus culturais.
viviam em regiões áridas, foi adotada, séculos depois, por • Confrontar as diferentes escalas espaço/temporais
árabes islamizados, que também eram povos do deserto. a partir de realidades históricas e geográficas.
Essa regra pode ser entendida como: • Posicionar-se criticamente sobre os processos de
A) uma demonstração de que o islamismo é um ramo
transformações políticas, econômicas, culturais e sociais.
do judaísmo tradicional.
B) um indício de que a carne de porco era rejeitada em
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-
toda a Ásia.
de um pouco mais, você esta construindo um processo de
C) uma certeza de que do judaísmo surgiu o islamismo.
D) uma prova de que a carne do porco era largamente con- aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!
sumida fora das regiões áridas.
E) uma crença antiga de que o porco é um animal im-
puro.

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!

Exercício referente ao Texto Complementar:


a) O colapso dos regimes do leste europeu e fim da
Guerra Fria.
b) Através da possibilidade da dissiminação do capi-
talismo. Nesse sentido, o historiador inglês Eric Hobsbawn3
afirma que “um dos riscos atuais é que o capitalismo tenha
perdido seu sentimento de medo. Aceitam-se níveis de desi-
gualdade antes não tolerados”

104
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

105
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

106
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

107
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

108
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

109
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

110
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

111
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

112
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

113
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

EXAME NACIONAL PARA CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS


DE JOVENS E ADULTOS (ENCCEJA )

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

GABARITO OFICIAL

01 - A 02 - A 03 - A
04 - B 05 - A 06 - C
07 - A 08 - D 09 - A
10 - D 11 - A 12 - B
13 - B 14 - B 15 - A
16 - B 17 - C 18 - B
19 - B 20 - B 21 - B
22 - C 23 - A 24 - D
25 - B 26 - D 27 - A
28 - A 29 - B 30 - B

114
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

115
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

116

You might also like