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Abstract Resumo
Objectives: to provide evidence of the pattern of Objetivos: levantar evidências sobre o perfil do
food consumption among Brazilian children attending consumo alimentar de crianças brasileiras assistidas
daycare centers. em creches.
Methods: the PubMed, LILACS and SciELO data- Métodos: foi realizada uma busca por estudos
bases were searched for observational studies observacionais nas bases de dados PubMed, LILACS
published between 1990 and 2013 using the terms e SciELO. Foram selecionados artigos publicados
“food consumption” AND “child day care centers”. entre 1990 e 2013, utilizando os termos “food
Results: fifty-eight articles were found, of which consumption” AND “child day care centers”.
21 were considered relevant to the present study. Resultados: foram identificados 58 artigos, dos
These included 18 cross-sectional and three longitu- quais 21 artigos foram considerados relevantes para
dinal studies. The studies tended i) to be concentrated o presente trabalho: 18 estudos transversais e três
in the Southeast region of the country; ii) to use direct longitudinais. A sistematização dos estudos destaca:
weighing of food and reference values from Dietary i) a concentração geográfica no Sudeste do país; ii) a
Reference Intakes to assess food consumption; iii) to apropriação da pesagem direta de alimentos e dos
present a preliminary overview, focused on the valores de referência das Dietary Reference Intakes
Southeast, of a pattern of consumption low on fruit na avaliação do consumo de alimentos; iii) um
and vegetables and with inadequate iron intake; iv) to panorama preliminar, com ênfase no Sudeste, do
provide results restricted to mean intake, owing to the consumo deficitário de legumes, frutas e vegetais, e
lack of use of methods appropriate for establishing da inadequação da ingestão dietética de ferro; iv) a
patterns of food intake. restrição dos resultados à ingestão média devido à
Conclusions: despite the paucity and geograph- insuficiência do uso de métodos apropriados ao esta-
ical dispersion of the studies, methodological similar- belecimento de padrões alimentares.
ities made it possible to suggest that there is a Conclusões: apesar da escassez e dispersão
predominant pattern of inadequate consumption of espaço-temporal dos estudos, as semelhanças
fruit and vegetables and food rich in iron, along with metodológicas possibilitam sugerir um panorama em
excessive consumption of protein and high sodium que predomina a ingestão dietética deficitária do
contents. grupo de frutas, legumes e verduras, e de alimentos
Key words Food consumption, Child nutrition, Child ricos em ferro; bem como a ingestão excessiva de
day care centers alimentos protéicos e de alto teor de sódio.
Palavras-chave Consumo de alimentos, Nutrição da
criança, Creches
http://dx.doi.org/10.1590/S1519-38292015000100002 Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 15 (1): 17-31 jan. / mar., 2015 17
Figueroa Pedraza D et al.
Introdução Métodos
A medida da dieta tem uma ampla aplicação em A revisão da literatura foi realizada a partir de um
vários campos de conhecimento na área de saúde.1 levantamento bibliográfico nas bases de dados
Os inquéritos alimentares possibilitam analisar a PubMed (National Library of Medicine, Bethesda,
associação da dieta com o estado nutricional e com a MD), LILACS (Literatura Latino-americana e do
situação de saúde. 2,3 O conhecimento gerado por Caribe em Ciências da Saúde) e SciELO (Scientific
meio dessa análise evidencia a situação da Electronic Library Online). Na busca utilizaram-se
adequação da ingestão alimentar e possibilita a os termos “food consumption” AND “child day care
definição de políticas públicas direcionadas a centers” e seus equivalentes em português e
garantia da promoção da saúde.1-3 espanhol. No caso das buscas no PubMed,
Diversos fatores interferem e tornam difícil o ato considerando a grande quantidade de registros fora
de registrar a ingestão de alimentos de um indivíduo, do foco da revisão, o descritor Brazil também foi
sem exercer influência sobre esse, dentre os quais a usado. Os estudos publicados a partir de 1990 foram
complexidade da dieta, os hábitos alimentares, a investigados, aceitando-se aqueles escritos em
memória do entrevistado, a cultura e a situação português, inglês e espanhol. A busca foi realizada
socioeconômica.2 Nas crianças, apresenta-se como em 09/02/2014 por dois revisores de forma indepen-
dificuldade adicional a incapacidade de reportar o dente.
consumo de alimentos, tornando-se imprescindível a Para o cômputo do total de estudos identificados,
participação dos seus responsáveis.2,4 foi verificada a duplicação dos mesmos entre as
Para muitas famílias as creches representam a bases de dados, sendo cada artigo contabilizado
oportunidade das crianças terem suas necessidades somente uma vez. A decisão sobre a inclusão dos
alimentares garantidas em um ambiente seguro, uma artigos incluiu duas etapas: i) triagem por meio da
vez que a alimentação representa uma das grandes leitura dos títulos e resumos, ii) leitura na íntegra.
responsabilidades dessas instituições.5 As crianças Na fase de triagem, foram eliminados estudos de
que frequentam creches devem receber, gratuita- intervenção, registros tipo livro ou tese, estudos rea-
mente, no mínimo, 30% das suas necessidades lizados fora do Brasil e artigos de revisão. Na fase
diárias de alimentos, como direito instituído por de leitura na íntegra, optou-se por incluir estudos que
meio do Programa Nacional de Alimentação analisaram indicadores de ingestão alimentar de
Escolar, 6 favorecendo à elas um desenvolvimento crianças brasileiras assistidas em creches (todos os
com saúde intelectual e física.5 Dessa forma, a avali- tipos de creches). Os estudos sem análise de indi-
ação do consumo alimentar desse grupo de indiví- cadores da ingestão alimentar foram excluídos.
duos representa uma atividade de grande Os estudos incluídos foram caracterizados
relevância.2,5 segundo autor e ano de publicação, objetivos, parti-
As creches são hoje uma realidade na vida de cipantes/ população, faixa etária, tamanho da
uma grande parcela das crianças brasileiras. A amostra e perdas, métodos de avaliação dietética
grande procura por estes serviços pode estar rela- utilizados, recomendações nutricionais para o diag-
cionada à crescente participação das mulheres no nóstico, e principais resultados. Os estudos de delin-
mercado de trabalho, 5 o que pode comprometer o eamento transversal foram avaliados em relação à
tempo dispensado ao cuidado dos filhos. 7,8 qualidade metodológica do tamanho da amostra.
Conforma-se, assim, um quadro de responsabili- Entretanto, decidiu-se por não excluir aqueles identi-
zação compartilhada entre os meios institucional e o ficados com problemas, considerando o interesse do
familiar com relação a alimentação infantil,5 numa presente trabalho nos métodos de avaliação do
relação complexa com perspectivas diferentes sobre consumo alimentar utilizados pelos autores.
o desenvolvimento e as suas necessidades, capazes
de comprometer o cuidado com a criança.9 Resultados
Observa-se, deste modo, que as crianças assis-
tidas em creches encontram-se inseridas numa Foram identificados 76 registros nas bases de dados
conjuntura de múltiplas influências familiares, pesquisadas, dos quais 18 estavam duplicados, tota-
sociais e ambientais, relacionadas, determinantes do lizando 58 registros que foram submetidos à triagem.
padrão alimentar.8 Face ao exposto, o objetivo deste Após análise dos títulos e resumos, foram excluídos
trabalho foi levantar evidências sobre o perfil do 25 registros que não preenchiam os critérios de
consumo alimentar de crianças brasileiras assistidas seleção. Posteriormente, com a leitura na íntegra dos
em creches. 33 artigos elegíveis, 12 foram excluídos por não
18 Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 15 (1): 17-31 jan. / mar., 2015
Consumo de alimentos em crianças
Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 15 (1): 17-31 jan. / mar., 2015 19
Figueroa Pedraza D et al.
encontrados, no mínimo, dois estudos com a citação A, 15,22,26,27 dois, 22,26 no Nordeste, revelaram um
da mesma Região: para proteína (acima das menor consumo dietético nas crianças de maior faixa
recomendações) no Sudeste; sódio (acima das etária e um15 relatou consumo acima das recomen-
recomendações) no Norte; ferro (abaixo das dações para a maioria das crianças. Para o micronu-
recomendações) no Sudeste e no Norte, e energia triente zinco, relatou-se prevalência moderada de
(abaixo das recomendações) no Sudeste. inadequação dietética.14
Dos estudos que enfocaram a vitamina
Figura 1
Fluxograma das fases de identificação, triagem e seleção de artigos sobre o consumo de alimentos de crianças
brasileiras assistidas em creches.
Número de registros analisados para decidir a Número de registros excluídos (estudos sem
sua elegibilidade (n=33) análise de indicadores da ingestão alimentar)
(n=12)
20 Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 15 (1): 17-31 jan. / mar., 2015
Tabela 1
Características dos artigos sobre o consumo de alimentos de crianças brasileiras assistidas em creches.
Autor, ano Objetivos Participantes/ Faixa Amostra Métodos de avaliação Recomendações Principais resultados
População etária (perdas) dietética* nutricionais para
o diagnóstico
Silva et al.,10 2013 Monitorar o estado Paraty (RJ) 2-4 anos 51 - PDA (três dias não consecu- - EAR (1997, 2002, - Aumento do consumo de energia, car-
nutricional (creche pública) (15) tivos) 2005, 2007) boidratos, proteínas, vitamina A, vitami-
- RA - AI (1997, 2002, na C e ferro
2005) - Redução discreta do consumo de cálcio
Tavares et al.,12 2012 Verificar o estado Manaus (AM) 24-72 meses 308 PDA (um dia) - EER (2002) - Crianças das creches públicas com
nutricional e o con- (creches públicas e - RA (complementar à ali- - EAR (2004) maior consumo de gorduras poli-insatu-
sumo alimentar privadas) mentação da creche) - UL (2004) radas, ácido graxo ômega-6, gordura
trans, vitamina C e sódio do que as cri-
anças das creches privadas
- Nos dois tipos de creches, proporção
elevada de crianças com consumo de vit-
aminas A e C, zinco e sódio acima do
limite superior
- Adequação da ingestão de ferro e con-
sumo de proteínas acima das recomen-
dações em todas as crianças
Bernardi et al.,13 2011 Avaliar a ingestão Caxias do Sul (RS) 2-6 anos 362 - PDA (três dias, na escola) - EAR (1998, 1999, Maior ingestão de alimentos contendo
alimentar de (escolas públicas e - RA (três dias, no domicílio, 2002) ferro, folato e vitamina C na escola, e de
micronutrientes no privadas) complementar à alimentação - AI (1998, 1999, cálcio, vitamina A e zinco no domicílio
domicílio e na escola da escola) 2002)
continua
PDA: Pesagem direta de alimentos; RA: Registro alimentar; R24h: Recordatório de 24 horas; HD: História dietética; QFCA: Questionário de frequência de consumo alimentar; AQA: Análise
química de alimentos; EAR: Estimated Average Requirement; AI: Adequate Intake; EER: Estimated Energy Requirement; UL: Upper Limit; IZCG: International Zinc Consultative Group; DRI: Dietary
Reference Intakes; PAINA: Pirâmide alimentar infantil norte-americana; OMS: Organização Mundial da Saúde; AAP: American Academy of Pediatrics; IVACG: International Vitamin A Consultive
Group; SBAN: Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição; RDA: Recommended Dietary Allowances; FAO/OMS: Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação/Organização Mundial da Saúde; - Não relatado; * Para o caso de pesagem direta dos alimentos e recordatório de 24 horas, a quantidade de dias de aplicação é somente
relatada quando a informação disponível no artigo.
Observações: Todos os estudos de delineamento transversal, a exceto Silva et al.,10 Barbosa et al.19 e Barbosa et al.,20 de delineamento longitudinal.
Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 15 (1): 17-31 jan. / mar., 2015
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Consumo de alimentos em crianças
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continuação
Tabela 1
Características dos artigos sobre o consumo de alimentos de crianças brasileiras assistidas em creches.
Figueroa Pedraza D et al.
Autor, ano Objetivos Participantes/ Faixa Amostra Métodos de avaliação Recomendações Principais resultados
População etária (perdas) dietética* nutricionais para
o diagnóstico
Figueroa Pedraza et Avaliar o estado Campina Grande, 6-72 meses 256 R24h IZCG (2004) Prevalência moderada de inadequação
al.,14 2011 nutricional relativo João Pessoa e Areia (21) dietética de zinco
ao zinco (PB)
(creches públicas)
Azevedo et al.,15 2010 Identificar o estado Recife (PE) 2-5 anos 344 - PDA EAR (2001) Consumo de vitamina A acima das
nutricional de vita- (creches públicas) - R24h recomendações para a maioria das cri-
mina A anças
Bernardi, et al.,16 2010 Estimar o consumo Caxias do Sul (RS) 2-6 anos 365 - PDA (na escola) - - As crianças consumiram maior quanti-
de energia e de (escolas públicas e (3) - RA (no domicílio, comple- dade de alimentos contendo energia,
macronutrientes no privadas) mentar à alimentação da lipídios e proteínas no domicílio
Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 15 (1): 17-31 jan. / mar., 2015
domicílio e na escola escola) - Apenas o consumo de carboidratos foi
e pesquisar difer- levemente superior no ambiente escolar
enças entre escolas em relação ao domiciliar
públicas e particu- - Consumo de carboidratos similar entre
lares as escolas públicas e privadas
Gomes et al.,17 2010 Avaliar o consumo Distrito Federal 4-82 meses 877 - PDA (três dias) DRI (2000) - Para todas as crianças com até 12
alimentar (creches filantrópi- (199) - R24h (três dias) meses de idade, o consumo das vitami-
cas) nas B6 e B12, proteína e zinco superou o
valor de referência
- Distribuição percentual de lipídios
abaixo do limite inferior para todas as
crianças
- Acima dos 13 meses, quase a totalidade
(93,2-100%) das crianças apresentou o
consumo usual acima das recomen-
dações para proteína, carboidratos, vita-
minas B1, B2, B6, B12, C, ferro e zinco
PDA: Pesagem direta de alimentos; RA: Registro alimentar; R24h: Recordatório de 24 horas; HD: História dietética; QFCA: Questionário de frequência de consumo alimentar; AQA: Análise
química de alimentos; EAR: Estimated Average Requirement; AI: Adequate Intake; EER: Estimated Energy Requirement; UL: Upper Limit; IZCG: International Zinc Consultative Group; DRI: Dietary
Reference Intakes; PAINA: Pirâmide alimentar infantil norte-americana; OMS: Organização Mundial da Saúde; AAP: American Academy of Pediatrics; IVACG: International Vitamin A Consultive
Group; SBAN: Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição; RDA: Recommended Dietary Allowances; FAO/OMS: Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação/Organização Mundial da Saúde; - Não relatado; * Para o caso de pesagem direta dos alimentos e recordatório de 24 horas, a quantidade de dias de aplicação é somente
relatada quando a informação disponível no artigo.
Observações: Todos os estudos de delineamento transversal, a exceto Silva et al.,10 Barbosa et al.19 e Barbosa et al.,20 de delineamento longitudinal.
continua
Tabela 1 continuação
Características dos artigos sobre o consumo de alimentos de crianças brasileiras assistidas em creches.
Autor, ano Objetivos Participantes/ Faixa Amostra Métodos de avaliação Recomendações Principais resultados
População etária (perdas) dietética* nutricionais para
o diagnóstico
Alves et al.,18 2008 Avaliar a Umuarama (PR) 4-6 anos 54 PDA - EAR (1999, 2002) - Consumo acima das recomendações:
antropometria e o (creches filantrópi- - AI (1999) proteína, sódio
consumo alimentar cas) - EER (1997) - Consumo abaixo das recomendações:
energia, lipídios, carboidratos, fibras, cál-
cio, ferro
Barbosa et al.,19 2007 Comparar a ade- Ilha de Paquetá (RJ) 2-3 anos 35 - PDA (dois dias) - EAR (2000, 2001, - No ato da matrícula: consumo
quação aparente da (creches filantrópi- - RA (dois dias) 2002) energético maior do que a necessidade
ingestão individual cas) - HD - AI (1999) média estimada
de nutrientes no ato - EER (2002) - Após seis meses: consumo energético
da matrícula e após dentro da normalidade; melhora no con-
seis meses sumo médio de ferro, vitamina C e de
fibras
Barbosa et al.,20 2006 Avaliar o consumo Ilha de Paquetá (RJ) 2-3 anos 20 - PDA (dois dias não consecu- PAINA - As crianças não atingiram as recomen-
alimentar no ato da (creches filantrópi- tivos) dações dos grupos do leite, legumes, fru-
matrícula e após seis cas) - RA (dois dias não consecu- tas e cereais em nenhum dos dois perío-
meses tivos) dos
- HD - Após seis meses: aumento do percentu-
al de crianças que atingiram a recomen-
dação para os grupos da carne, gorduras
e frutas; melhora do Índice de
Alimentação Saudável
continua
PDA: Pesagem direta de alimentos; RA: Registro alimentar; R24h: Recordatório de 24 horas; HD: História dietética; QFCA: Questionário de frequência de consumo alimentar; AQA: Análise
química de alimentos; EAR: Estimated Average Requirement; AI: Adequate Intake; EER: Estimated Energy Requirement; UL: Upper Limit; IZCG: International Zinc Consultative Group; DRI: Dietary
Reference Intakes; PAINA: Pirâmide alimentar infantil norte-americana; OMS: Organização Mundial da Saúde; AAP: American Academy of Pediatrics; IVACG: International Vitamin A Consultive
Group; SBAN: Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição; RDA: Recommended Dietary Allowances; FAO/OMS: Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação/Organização Mundial da Saúde; - Não relatado; * Para o caso de pesagem direta dos alimentos e recordatório de 24 horas, a quantidade de dias de aplicação é somente
Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 15 (1): 17-31 jan. / mar., 2015
relatada quando a informação disponível no artigo.
Observações: Todos os estudos de delineamento transversal, a exceto Silva et al.,10 Barbosa et al.19 e Barbosa et al.,20 de delineamento longitudinal.
Consumo de alimentos em crianças
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Tabela 1 continuação
Características dos artigos sobre o consumo de alimentos de crianças brasileiras assistidas em creches.
Autor, ano Objetivos Participantes/ Faixa Amostra Métodos de avaliação Recomendações Principais resultados
Figueroa Pedraza D et al.
Castro et al.,21 2005 Analisar o consumo Viçosa (MG) 24-72 meses 87 - PDA (três dias) - EAR (2000, 2001, - Consumo acima da necessidade média
alimentar, o ambi- - R24h (três dias) 2002) estimada: proteína
ente socioeconômico - QFCA - AI (1999) - Consumo abaixo da necessidade média
e o estado nutri- - EER (2002) estimada: vitamina A, vitamina C, ferro
cional - Prevalência de baixa ingestão energéti-
ca: 75,7%
- Prevalência de ingestão de cálcio
abaixo do valor da ingestão adequada:
92,8%
- Grupos de alimentos mais consumidos:
cereais e massas, leguminosas, leite e
derivados, doces e gorduras
- Grupo de alimentos menos consumidos:
Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 15 (1): 17-31 jan. / mar., 2015
frutas, hortaliças, raízes e tubérculos
Fernandes et al.,22 Estimar a prevalência Recife (PE) 6-59 meses 240 - PDA (um dia) EAR (2001) - Prevalência de ingestão de vitamina A
2005 da deficiência de vi- (creches públicas) (11) - R24h abaixo da adequação de 100%: 22,1%
tamina A com indi- - Consumo mediano de vitamina A infe-
cadores bioquímicos rior nas crianças entre 12 e 48 meses de
e dietéticos idade
- Os alimentos que mais contribuíram
para o consumo da vitamina A foram os
de origem animal
PDA: Pesagem direta de alimentos; RA: Registro alimentar; R24h: Recordatório de 24 horas; HD: História dietética; QFCA: Questionário de frequência de consumo alimentar; AQA: Análise
química de alimentos; EAR: Estimated Average Requirement; AI: Adequate Intake; EER: Estimated Energy Requirement; UL: Upper Limit; IZCG: International Zinc Consultative Group; DRI: Dietary
Reference Intakes; PAINA: Pirâmide alimentar infantil norte-americana; OMS: Organização Mundial da Saúde; AAP: American Academy of Pediatrics; IVACG: International Vitamin A Consultive
Group; SBAN: Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição; RDA: Recommended Dietary Allowances; FAO/OMS: Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação/Organização Mundial da Saúde; - Não relatado; * Para o caso de pesagem direta dos alimentos e recordatório de 24 horas, a quantidade de dias de aplicação é somente
relatada quando a informação disponível no artigo.
Observações: Todos os estudos de delineamento transversal, a exceto Silva et al.,10 Barbosa et al.19 e Barbosa et al.,20 de delineamento longitudinal.
continua
Tabela 1 continuação
Características dos artigos sobre o consumo de alimentos de crianças brasileiras assistidas em creches.
Autor, ano Objetivos Participantes/ Faixa Amostra Métodos de avaliação Recomendações Principais resultados
População etária (perdas) dietética* nutricionais para
o diagnóstico
Tuma et al.,23 2005 Elaborar um perfil Brasília (DF) 7-71 meses 263 - PDA - - Alto consumo de produtos lácteos,
nutricional - R24h arroz/macarrão, feijão, açúcar, pães e
- QFCA margarina
- Baixo consumo de peixes, vísceras,
sucos/chás e leite materno
- Menor consumo de energia, proteína,
cálcio, ferro e vitamina C nas crianças
entre 7 e 23 meses de idade
- Consumo acima das recomendações:
proteína, vitamina C
Spinelli et al.,24 2003 Verificar o São Paulo (SP) 6-18 meses 106 PDA - OMS (1985) - Consumo abaixo das recomendações:
consumo alimentar e - DRI (1997) ferro, fibras, energia
a adequação de - AAP (1993) - Consumo razoável segundo as
nutrientes recomendações: vitamina A
- Consumo regular: alimentos açucarados
- Consumo baixo: frutas e verduras
Holland e Szarfarc,25 Descrever a oferta, a São Paulo (SP) 3-4 anos 82 - PDA
2003 ingestão e a ade- (creches construídas - R24h (um dia, complemen- - - Grupo de alimentos menos consumidos:
quação de consumo e equipadas pelo tar à alimentação da creche) frutas, verduras e legumes
das refeições ofereci- município e de - Alimentos mais consumidos no jantar:
das nas creches e nos administração indire- arroz e feijão, complementado principal-
domicílios ta) mente com frango ou carne bovina
(ovos, salsichas e peixe foram menos fre-
quentes)
- Consumo de leite: 56% das crianças
- Prevalência de baixa ingestão energéti-
ca (ou risco): 47,6%
- Prevalência de alta ingestão energética
(ou risco): 8,5%
PDA: Pesagem direta de alimentos; RA: Registro alimentar; R24h: Recordatório de 24 horas; HD: História dietética; QFCA: Questionário de frequência de consumo alimentar; AQA: Análise
química de alimentos; EAR: Estimated Average Requirement; AI: Adequate Intake; EER: Estimated Energy Requirement; UL: Upper Limit; IZCG: International Zinc Consultative Group; DRI: Dietary
Reference Intakes; PAINA: Pirâmide alimentar infantil norte-americana; OMS: Organização Mundial da Saúde; AAP: American Academy of Pediatrics; IVACG: International Vitamin A Consultive
Group; SBAN: Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição; RDA: Recommended Dietary Allowances; FAO/OMS: Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação/Organização Mundial da Saúde; - Não relatado; * Para o caso de pesagem direta dos alimentos e recordatório de 24 horas, a quantidade de dias de aplicação é somente
relatada quando a informação disponível no artigo.
Observações: Todos os estudos de delineamento transversal, a exceto Silva et al.,10 Barbosa et al.19 e Barbosa et al.,20 de delineamento longitudinal.
continua
Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 15 (1): 17-31 jan. / mar., 2015
Consumo de alimentos em crianças
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Tabela 1 continuação
Características dos artigos sobre o consumo de alimentos de crianças brasileiras assistidas em creches.
Autor, ano Objetivos Participantes/ Faixa Amostra Métodos de avaliação Recomendações Principais resultados
Figueroa Pedraza D et al.
Araújo et al.,26 2001 Avaliar a adequação Teresina (PI) (creches 2-7 anos 462 - PDA - IVACG (1989) - Maior inadequação dietética de vitami-
de vitamina A nas públicas) (92) - QFCA (de vitamina A) - SBAN (1990) na A nas crianças de maior idade (7
refeições oferecidas anos)
em creches e identi- - Baixa frequência de consumo de vege-
ficar os principais ali- tais fontes de vitamina A
mentos fontes da vita-
mina A consumidos
pelas crianças na
creche e no domicílio - Consumo médio de energia, ferro, cál-
cio e vitamina A abaixo das recomen-
Cruz et al.,27 2001 Conhecer e Teresina (PI) 2-6 anos 390 PDA (cinco dias) SBAN (1990) dações nas crianças em período integral
avaliar o valor nutri- (creches públicas) nas creches
cional dos alimentos e - Consumo médio de energia, vitamina A
Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 15 (1): 17-31 jan. / mar., 2015
refeições servidos em e vitamina C abaixo das recomendações
creches nas crianças em período parcial nas
creches
- Consumo médio de energia com
tendência de aumento segundo a idade
da criança
- Consumo médio de proteína superior
aos valores recomendados
- Alimentos mais consumidos: alguns
tipos de frutas (banana, laranja, melan-
cia e maracujá), sucos industrializados,
tubérculos, abóbora, chuchu e beterra-
ba, caldo de feijão, frango, carne bovi-
na, carne enlatada, cereais e leite
- Raro consumo de frutas fontes de vita-
minas A e C
- Ausência de vegetais folhosos, soja,
peixe, fígado e miúdos na alimentação
PDA: Pesagem direta de alimentos; RA: Registro alimentar; R24h: Recordatório de 24 horas; HD: História dietética; QFCA: Questionário de frequência de consumo alimentar; AQA: Análise
química de alimentos; EAR: Estimated Average Requirement; AI: Adequate Intake; EER: Estimated Energy Requirement; UL: Upper Limit; IZCG: International Zinc Consultative Group; DRI: Dietary
Reference Intakes; PAINA: Pirâmide alimentar infantil norte-americana; OMS: Organização Mundial da Saúde; AAP: American Academy of Pediatrics; IVACG: International Vitamin A Consultive
Group; SBAN: Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição; RDA: Recommended Dietary Allowances; FAO/OMS: Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação/Organização Mundial da Saúde; - Não relatado; * Para o caso de pesagem direta dos alimentos e recordatório de 24 horas, a quantidade de dias de aplicação é somente
relatada quando a informação disponível no artigo.
Observações: Todos os estudos de delineamento transversal, a exceto Silva et al.,10 Barbosa et al.19 e Barbosa et al.,20 de delineamento longitudinal.
continua
Tabela 1 conclusão
Características dos artigos sobre o consumo de alimentos de crianças brasileiras assistidas em creches.
Autor, ano Objetivos Participantes/ Faixa Amostra Métodos de avaliação Recomendações Principais resultados
População etária (perdas) dietética* nutricionais para
o diagnóstico
Magalhães et al.,28 Avaliar a prevalência Viçosa (MG) (creches 3-6 anos 135 PDA RDA (1989) - Dietas adequadas em relação à vitami-
2001 de anemia e de defi- públicas) na A em 77% do valor recomendado
ciência de vitamina - Ferro biodisponível adequado para cri-
A anças entre 1 e 3 anos de idade
Yuyama et al.,29 1999 Determinar os cons- Manaus (AM) 1-6 anos NR AQA RDA (1989) - Alimentos mais consumidos: feijão,
tituintes nutricionais (creche filantrópica) leite com café, chá/sucos/refrigerantes,
e a adequação da arroz
alimentação - Consumo acima das recomendações:
sódio, cobre
- Consumo abaixo das recomendações:
potássio, energia, ferro e zinco
Nagahama et al.,30 Avaliar o estado Manaus (AM) 4-6 anos 250 - PDA FAO/OMS (1974) - Consumo acima das recomendações:
1990 nutricional (creche do SESI) (125) - R24h proteína
- Consumo abaixo das recomendações:
energia, lipídios, carboidrato, cálcio,
ferro, vitamina B1, vitamina B2, niacina,
vitamina C
- Consumo adequado às recomendações:
vitamina A, fósforo
PDA: Pesagem direta de alimentos; RA: Registro alimentar; R24h: Recordatório de 24 horas; HD: História dietética; QFCA: Questionário de frequência de consumo alimentar; AQA: Análise
química de alimentos; EAR: Estimated Average Requirement; AI: Adequate Intake; EER: Estimated Energy Requirement; UL: Upper Limit; IZCG: International Zinc Consultative Group; DRI: Dietary
Reference Intakes; PAINA: Pirâmide alimentar infantil norte-americana; OMS: Organização Mundial da Saúde; AAP: American Academy of Pediatrics; IVACG: International Vitamin A Consultive
Group; SBAN: Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição; RDA: Recommended Dietary Allowances; FAO/OMS: Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação/Organização Mundial da Saúde; - Não relatado; * Para o caso de pesagem direta dos alimentos e recordatório de 24 horas, a quantidade de dias de aplicação é somente
relatada quando a informação disponível no artigo.
Observações: Todos os estudos de delineamento transversal, a exceto Silva et al.,10 Barbosa et al.19 e Barbosa et al.,20 de delineamento longitudinal.
Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 15 (1): 17-31 jan. / mar., 2015
Consumo de alimentos em crianças
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dietética de vitamina A). Situação similar apresenta- a escassez de pesquisas e dispersão espaço-temporal
se com relação à ingestão acima das recomendações com concentração na Região Sudeste; ii) o uso pre-
para a proteína, marcadamente no Sudeste, e o sódio, ferencial da pesagem direta de alimentos e a incor-
no Norte. poração dos valores de referência das DRI como
Estes achados estão em sintonia com o perfil métodos de avaliação; iii) o consumo deficitário de
nacional, que indica modificações no padrão legumes, frutas e vegetais, ao menos nas Regiões
alimentar com aumento no consumo de alimentos Sudeste e Nordeste; iv) a escassez de resultados
industrializados e redução do consumo de frutas, sobre a adequação dietética de vitaminas e minerais
legumes e verduras. 47 Este perfil pode contribuir com indícios de dietas deficitárias em ferro, ao
para o desenvolvimento de obesidade, com reper- menos nas Regiões Sudeste e Norte; v) sinais de
cussões na saúde das crianças e maior risco de consumo acima das recomendações de proteína na
doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta, Região Sudeste e de sódio na Região Norte; vi) a
o que sinaliza a necessidade de promover a alimen- restrição dos resultados à ingestão média devido à
tação saudável, com o envolvimento da família, de insuficiência do uso de métodos apropriados ao esta-
órgãos governamentais e dos meios de comuni- belecimento de padrões alimentares.
cação. 48 Nesse contexto, o Programa Nacional de São necessários, portanto, investimentos em
Alimentação Escolar é essencial para o cumprimento pesquisa, visando o desenho e validação de instru-
das normas do Programa.49,50 mentos e questionários de frequência de consumo de
Os resultados deste estudo reforçam a carência alimentos, por exemplo, que tornem possível traçar
de inquéritos alimentares, especificamente no que se os hábitos alimentares e a adequação dietética de
refere a vitaminas e minerais, apontada anterior- micronutrientes de crianças. Ainda, considerando a
mente,51 limitando a adoção de medidas preventivas concentração da produção científica na Região
considerando os indicadores dietéticos como Sudeste do país, há necessidade de pesquisas dire-
primeira referência do risco de deficiências nutri- cionadas a melhorar o conhecimento sobre o
cionais.2 Os indícios de ingestão dietética deficitária consumo de alimentos das crianças brasileiras assis-
em ferro nas Regiões Sudeste e Norte do país, tidas em creches. Tais recomendações são impor-
encontrados, são comparáveis aos reportados em tantes, inclusive, para análises referentes à execução
estudo de base populacional com crianças pernam- do Programa Nacional de Alimentação Escolar.
bucanas menores de cinco anos.51
Conclui-se, a partir dos achados desta revisão: i)
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Recebido em 28 de agosto de 2014
Versão final apresentada em 29 de dezembro de 2014
Aprovado em 5 de janeiro de 2015
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