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APRESENTAÇÃO
Este texto tem por objetivo dar minha colaboração para o
projeto “Resgate das raízes do povo“, bem como atender a um
desejo pessoal de transmitir aos netos e bisnetos algumas
informações sobre a vida de nossos antepassados.
EDUCAÇÃO
No campo a situação de ensino era ruim. Não havia escolas
públicas. A maioria das crianças crescia analfabeta.
Meu pai junto com o vizinho Valentim Prussak, pagava uma
mensalidade a um engenheiro florestal polones para nos ensinar
a ler e escrever.
Mais tarde, um grupo de descendentes poloneses fez uma
sociedade e fundaram uma escola. Eles ainda tinham certos
preconceitos, atitude que jamais levou a alguma coisa positiva.
Tentou-se passar a escola para a responsabilidade da prefeitura.
No entanto a prefeitura só aceitava enviar um professor se o
colonos transferissem para a mesma todos os direitos sobre o
predio da escola, com o que os colonos não concordavam. Os
colonos decidiram continuar a pagar a mensalidade ao professor.
Cada pai (eram cerca de trinta) pagaria certo valor por cada
aluno. Mas muitos pais de alunos eram pobres e atrasavam o
pagamento, outros não pagavam.
Meu irmão, João, depois de fazer um curso de dois anos em
Curitiba, assumiu como professor e deu um novo impulso a
escola durante um ano.
Em uma viagem a Curitiba, meu iemão se encontou com um
empresário de Massaranduba que lhe ofereceu o triplo do que
ganhava aqui e lá se foi ele... E a escola acabou.
A casa da escola foi vendida e o dinheiro revertido em beneficio
da construçao da capela.
Mais tarde na gestão do prefeito ALINOR VIEIRA CORTE, foi
construído uma escola pública que solucionou definitivamente o
problema de ensino primário na localidade . Meu irmão voltou e
lecionou durante 28 anos, até se aposentar, na escola que tinha
passado para a responsabilidade do estado.
A RELIGIÃO E COSTUMES
É conhecida a profunda fidelidade dos poloneses ao catolicismo.
Meus pais não fugiram a regra, e ás vezes, até exageravam no
rigor ao cumprimento dos preceitos religiosos e morais que
herdaram .
Mulher com saia curta, manga curta ou cabelos cortados: tudo
era pecado. Dizia-se que no inferno haveria fogo para queimar as
mocinhas que usava saia acima dos joelhos. E ai do namorado
que fosse pego, beijando a namorada nos lábios.
A presença na missa era obrigatória e cumprida a rigor.
Na impossibilidade do comparecimento, a pessoa ou a familia
era obrigada a rezar o terço e a ladainha de joelhos, pois em
outra posição significava falta de devoção.
Existia um jejum para a comunhão que era rigorosamente
respeitado.
Não importava se a viagem era longa ou cansatyiva até a igreja e
se a missa era tarde. Nada se colocava na boca até a hora de
receber a hostia
Praticava-se a abstinencia todas as quartas e sextas feiras
São João São Pedro Santo Antônio: haviam vários dias santos.
O fervor religioso fez com que um dos meus irmão Gabriel, fosse
ao seminário e se tornasse padre da Ordem dos Franciscanos
Estudou por dois anos na Bélgica e foi professor no seminário de
Agudos São Paulo, onde faleceu prematuramente, com 56 anos
de idade.
Um neto de Leonardo, Galdino Zella também se tornou padre na
mesma congregação e vive ho em Curitiba.
Três netas de Leonardo se tornaram Freiras, Marta, Natália e
Lucia.
DESCENDENCIA
Calcula-se que os descendentes de Leonardo e Maria wzorek
ultrapassam a casa dos 300 pessoas (hoje em 1993).
Eles ocupam vários setores de atividades, com professores,
profissionais liberais, profissionais técnicos, empresários,
religiosos, mar a maioria dedica-se a agricultura
Da nossa família de 10 irmãos restam (hoje 1993) apenas 4. Eu, o
mais novo, com 74 anos, depois Leonor, 76, Vitória 78 e Vicente
89.
Assim aos poucos vamos cedendo o lugar para a quarta geração
que já despontou e crava suas raízes, perfeitamente adaptada e
miscegenada nesse calderão de valorosas nacionalidades, como
a espanhola, a portuguesa, a italiana e a alemã que povoam esta
terra que nossos antepassados adotaram.
COMENTÁRIOS FINAIS
No campo material, às vezes, fico preocupado com o desânimo e
com as queixas que fazemos, hoje em dia, contra a crise.
Apesar de existirem problemnas que não podemos resolver, a
vida hoje, a nossa região, nos oferce mais conforto e
oportunidades que no passado.
Na agricultura, por exemplo, trabalhava-se de sol a sol, com os
braços e cavalos. Hoje há máquinas, tratores, caminhões,
estradas.
A escola, tão difícil naquela época, hoje está disponível.
Por isso, acho que com vontade e esforço, as novas gerações
tem mesmo nos períodos de crise como o que enfrentamos
agora, condições de conseguir uma vida material e cultural cada
vez mais digna.
No lado espiritual, sou crítico da decadência dos costumes que
vemos hoje em dia.
Fico imaginando se, por acaso, minha mãe, por acaso,
ressuscitasse, hoje visse um capítulo de uma novela da Rede
Globo ou, assistindo uma missa, visse com que naturalidade
alguma pessoas recebem a Sagrada Comunhão, sem o devido
preparo. Acho que não resistiria ao susto e morreria de novo.
Se por um lado a igreja promove encontros, cursos de batismo,
crisma e de noivado, procurando conscientizar os cristãos, de
outro lado, a imprensa escrita, o rádio e a televisão estão
corrompendo a sociedade, e com ela, a família cristã.
Porém não se deve ser pessimista. Este projeto que a Diocese
promove, por exemplo, é um marco na luta contra estes outros
males que, durante séculos, a igreja sempre combateu e venceu.
Comunidade de Santo Antônio
Rio de Areia de baixo
Canoinhas – SC 07/07/1993 FELIX WZOREK
1922 Familia Wzorek a esquerda Leonardo Wzorek , a seguir
Aleixo Wzorek seu irmão , outros não conseguiu-se levantar