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INTRODUÇÃO ÀS PARÁBOLAS DE JESUS

Introdução
Leitura: “E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? 11 Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós
é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; 12 Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância;
mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. 13 Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo,
não ouvem nem compreendem. 14 E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, E, vendo,
vereis, mas não percebereis. 15 Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus
olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure. 16 Mas,
bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. 17 Porque em verdade vos digo que muitos profetas e
justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram.”
“... 34 Tudo isto disse Jesus, por parábolas à multidão, e nada lhes falava sem parábolas; 35 Para que se cumprisse o que fora dito pelo
profeta, que disse: Abrirei em parábolas a minha boca; Publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.” (Mt. 13:10-17, 34-35)
Definição: Do grego παραβολή (parabolé). Que significa “pôr ao lado de”. Tem o objetivo de comparar, a fim de servir especificamente
como ilustração de alguma verdade ou ensino e um método didático de comparação.
 Existe entre 40 a 65 parábolas proferidas por Jesus. Os teólogos divergem entre si nas quantidades, mas o mais aceito gira em
torno de 40.

A História da interpretação das parábolas:


1. Antes de A. Jülicher (1888): em vez de interpretadas, as parábolas de Jesus têm sido alegorizadas, ou seja, são inseridos nas
parábolas elementos da teologia da igreja alheios ao sentido original pretendido por Jesus.
Um exemplo clássico é o de Agostinho em relação à parábola do bom samaritano:
“O homem é adão; Jerusalém é a cidade celestial; Jericó é a Lua, que representa nossa mortalidade; os salteadores são o diabo e
seus anjos, os quais arrancam do ser humano a imortalidade e o espancam quando induzem ao pecado; o sacerdote e o levita são
o sacerdócio e o ministério do AT; o bom samaritano é Cristo; o ato de curar as feridas é o refreamento do pecado; o óleo e o vinho
são o consolo da esperança e a disposição para o trabalho; o animal é a encarnação; a estalagem é a igreja, o dia seguinte é o
tempo depois da ressurreição de Cristo; o estalajadeiro é o apóstolo Paulo; os dois denários são os dois mandamentos do amor
ou a promessa desta vida e da vindoura (Agostinho. Qu Ev, 2.19)
2. Depois de Jülicher: “As parábolas são o desenvolvimento dos símiles (comparações explícitas que usa palavras do tipo “como”,
“semelhante a”, “à semelhança de”), ao passo que as alegorias são o desenvolvimento das metáforas. À semelhança das
metáforas, as alegorias não representam a realidade e têm de ser decodificadas. O propósito de Jesus não era obscurecer; por
isso, não podemos ver as suas parábolas como alegorias”
3. Década de 80: A crítica literária também tendia a destacar uma abordagem de leitura centrada no leitor, na qual o significado do
texto era determinado pela interação deste com o leitor. Essa abordagem é subjetiva demais e produz uma variedade de sentidos,
todos considerados corretos, permitindo o intérprete a ler os textos com tantas associações forem desejadas (ex.: a parábola do
filho pródigo pode ser lida à luz da psicanálise freudiana: o filho pródigo, o irmão mais velho e o pai refletem o id, o ego e o
superego). Com esse método é possível ler a parábola de forma igualmente legítima, entretanto as leituras subjetivas das
parábolas não são interpretações, são maneiras de recontar a história em um novo contexto. Para entendermos a mensagem de
Jesus precisamos fazer justiça ao contexto histórico em que as parábolas foram contadas.

Características das parábolas:


 Tendem a ser breves e simétricas;
 Omitem descrições desnecessárias
 É comum as motivações ficarem sem explicação, e as perguntas implícitas sem resposta;
 Costumam ser baseadas na vida cotidiana, mas não são necessariamente realistas
 Por causa do uso da hipérbole e de elementos improváveis, com freqüência são pseudosurrealistas e apresentam elementos
chocantes (ex.: Improvável que alguém contraísse uma dívida de 10 mil talentos – algumas dezenas de milhões de dólares)
 Despertam o pensamento (“Qual de vós...?”, “Que vos parece?”)
 Nos leva a julgar os acontecimentos nela relatados e com freqüência exige uma mudança no pensamento da pessoa (Ex.: O
samaritano é o próximo; o publicano, não o fariseu, é quem é o justo em ser atendido na oração...)
 “A regra da tensão final” exige que a interpretação se concentre no encerramento da parábola.
 A maioria das parábolas é teocêntrica, pois se concentra em Deus, seu reino e nas expectativas com respeito aos seres humanos.
 Quase sempre são convites a uma mudança de comportamento e ao discipulado.

Diretrizes para a interpretação das Parábolas:


 Analise a sequência, a estrutura e a fraseologia da parábola, incluindo-se os paralelos presentes nos outros Evangelhos.
 Na parábola, observe aspectos culturais ou históricos que proporcionam compreensão mais aprofundada (em Mt 13:23, a
declaração de que a semente boa rendeu 30, 60 vezes mais e 100 teria satisfeito um agritultor palestino ao máximo, pois um
rendimento de 10 ou 12 vezes mais seria uma colheita muito boa).
 Ouça as parábolas no contexto do ministério de Jesus.
 Procure ajuda no contexto.
 Observe como a parábola e sua forma editorial se enquadram no plano e nos propósitos do Evangelho que ela aparece.
 Identifique a função que tem a história como um todo para o ensino de Jesus e para os evangelistas. Pode haver mais de uma
variedade na parábola e várias correspondências com a realidade que ela reflete, no entanto, isso NÃO É UMA LICENÇA PARA
ALEGORIZAR.
 Apure o significado teológico da história (é coerente com os outros ensinos de Jesus?).
 Preste especial atenção ao final da parábola (é a parte mais importante da parábola)

O ensino das Parábolas


 O reino como algo presente (parábola do grande banquete em Lc 14:17 e as bodas em Mt 22:4 afirmam que tudo está pronto e
que os convidados já podem vir);
 O reino como algo futuro (parábolas que falam de juízo ou do senhor que volta para fazer o acerto de contas) com o propósito de
mudar a vida do ouvinte no presente e não simplesmente satisfazer uma curiosidade;
 Discipulado (como na parábola do construtor de uma torre e do rei que vai à guerra (Lc 14:28-32), as pessoas são aconselhadas a
considerar o custo, pois ser discípulo não é fácil) ou do servo e seu senhor (Lc 17:7-10) a respeito de obediência.
 O uso correto das riquezas (o rico insensato em Lc 12:16-21) ou o negligenciar atos de misericórdia.
 Oração (o amigo à meia noite – Lc 11:5-8; ou o Juiz incompassivo – Lc 18:1-8) fala do contraste entre a resposta humana a
alguns pedidos e a maneira de Deus responder à oração.

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