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UNIVERSIDADE

FEDERAL DE VIÇOSA
Departamento de
Engenharia Florestal

Laboratório de
Celulose e Papel

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM TECNOLOGIA


DE CELULOSE E PAPEL

MÓDULO I – Produção Florestal

ENF 551 - MATÉRIAS PRIMAS FIBROSAS

Ana Márcia M. L. Carvalho

Viçosa, MG
Março/2005
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1)SILVICULTURA

1.1) Introdução

Entende-se por silvicultura, o ato de criar e desenvolver povoamentos


florestais, satisfazendo as necessidades de mercado.
A silvicultura brasileira pode ser considerada uma das mais ricas em todo o
planeta, tendo em vista a biodiversidade encontrada, as variações dos fatores edafo-
climáticos e a boa adaptação de materiais genéticos introduzidos. Entretanto, todas
estas vantagens podem também se manifestar como verdadeiras armadilhas,
quando o conjunto destes fatores não é devidamente analisado na tomada de
decisão.
Num país de extensões territoriais como as do Brasil, onde a variação
climática é muito grande, uma das tarefas mais difíceis é exatamente a escolha do
gênero e da espécie a serem cultivados.
Tomando como exemplo o gênero Eucalyptus, tem-se observado uma grande
variação de espécies: ao sul predomina espécies de maior tolerância ao frio, como
E. dunnii e nitens; já na região leste e centro oeste, a predominância ocorre com o E.
grandis, saligna e urophylla, ou híbridos destas espécies.
O sucesso de um empreendimento florestal depende estritamente de um bom
planejamento de projeto, levando-se em consideração os fatores acima
mencionados.

Fases do projeto:
• Elaboração de mapas
• Elaboração do projeto

1.2) Elaboração de mapas

A elaboração de mapas do projeto silvicultural é o primeiro passo a ser


seguido, devendo conter a área total do projeto, área útil de plantio, locações de
reservas legais, aceiros e estradas, entre outros.
A locação de estradas e carreadores é de fundamental importância, uma vez
que estes influenciarão nos custos de implantação, colheita, índice de
aproveitamento de área e custos de conservação de solos, que transcorrem por todo
o período do projeto.
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Esta etapa exige dos técnicos um acompanhamento minucioso em campo,
para adequações em termos de obstáculos naturais, declividade do terreno e
outras variáveis que podem influenciar nos custos da implantação florestal.

1.3) Elaboração do projeto

A elaboração de um projeto florestal merece a participação de técnicos de


formações multidisciplinares, para contemplar todos os aspectos cujas influências
definirão o sucesso do empreendimento.
Um projeto bem elaborado deve contemplar o início e o término do
estabelecimento do plantio, as definições das operações a serem executadas,
materiais genéticos e, por fim, um cronograma de atividades e orçamento bem
definido.

1.3.1) Definição do Material Genético

Este é o fator de maior importância em todo o projeto florestal, tendo como


base à complexidade dos fatores ambientais, descritos anteriormente e que devem
ser contemplados. Uma falha nesta fase pode comprometer todo o sucesso do
empreendimento e o futuro abastecimento de matéria-prima, que, por sua vez,
poderá comprometer o desempenho e talvez a sobrevivência da própria indústria.
A escolha do material genético está intimamente ligada à finalidade do
produto final a que se destina a madeira. Além disso, deve-se preocupar com a
implantação de espécies/procedências ou clones produtivos e adaptados à região a
que se destina, assegurando-se, assim, de possíveis perdas econômicas futuras,
pelo uso de um material genético inapropriado. Uma escolha errada pode até
mesmo inviabilizar o empreendimento. Alguns aspectos a serem considerados são
resultados experimentais, plantios comerciais, dados de literatura, indicação de
pesquisadores experientes e disponibilidade de sementes ou clones. Sempre que
possível, as sementes ou clones devem ser provenientes de locais com
características climáticas, edáficas e geográficas semelhantes à área em que se
pretende plantar. Sementes melhoradas devem ser preferidas, pois proporcionam
plantios mais homogêneos e produtivos. Clones com características de produção e
qualidade da madeira são preferidos, em relação às sementes.
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1.3.2) Produção de Mudas

Nas últimas décadas, a produção de mudas tem passado por profundas e


significativas evoluções. Há pouco tempo, a formação de mudas era essencialmente
realizada através de sementes e em recipientes de sacos plásticos ou outros de
qualidade ainda inferiores a este. Mais precisamente na década de oitenta, foram
introduzidas alternativas consideradas até então revolucionárias no sistema de
produção de mudas, principalmente as de eucalipto.
As principais inovações foram ocasionadas através de uma série de
automações nos viveiros florestais brasileiros, entre elas, a produção de mudas em
série através de viveiros modulados e compartimentalizados, em que cada fase do
crescimento ficou bem definida.
A automação dos viveiros possibilitou também a utilização de outros
recipientes, como os tubetes, resultando numa expressiva redução de custos,
rendimentos operacionais, além da grande melhoria na qualidade das mudas,
principalmente sob o aspecto de formação do sistema radicular e aspectos
fitossanitários, por possibilitar suas disposições a níveis mais elevados em relação
ao solo. Também na década de oitenta, sementes com alto grau de melhoramento
genético, tiveram suas contribuições no aumento da qualidade dos povoamentos
florestais. Ainda neste período, o processo da propagação vegetativa,
micropropagação e cultura de tecidos foram os destaques entre os fatores que mais
contribuíram para o incremento da produtividade.
A definição de um ou outro sistema de produção de mudas e a escolha do
material genético mais ou menos evoluído afetará substancialmente os custos do
projeto.

1.3.3) Preparo da Área

O início das operações de implantação de um projeto florestal apresenta


inúmeras variáveis, dependendo da espécie a ser cultivada e principalmente das
condições do relevo, solo e clima.
A abertura de carreadores e estradas normalmente é o início do processo,
vindo em seguida o desmatamento (ou limpeza da vegetação), o qual pode ser
representado pela vegetação nativa ou restos da cultura vegetal da própria espécie
em cultivo.
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A execução desta atividade requer máquinas pesadas, roçadas mecânicas,
manuais ou químicas, dependendo do grau de infestação da vegetação ou do grau
de mecanização que se pretende adotar.

1.3.4) Controle de Formigas

As formigas cortadeiras são as principais pragas no estabelecimento de um


povoamento florestal, com potencialidade de danos significativos inclusive durante
os anos de crescimento da floresta.
Após a limpeza de vegetação, enleiramento, roçadas ou trituração de
resíduos florestais, recomenda-se à espera de aproximadamente 30 dias para que o
combate às formigas seja iniciado, tempo suficiente para que os formigueiros se
restabeleçam e retornem às suas atividades normais.
Normalmente nas áreas propensas às infestações de formigas, ocorrem
diversas espécies e até gêneros diferentes, o que exige diferentes métodos,
processos e produtos para seu eficiente controle.
As formigas consideradas potencialmente mais críticas em termos de danos à
silvicultura brasileira, e que ocorrem em quase todos os estados, são as do gênero
Atta, comumente conhecidas como saúvas, e as Acromyrmex.
Vários métodos e produtos para o controle são normalmente utilizados, muito
embora os controles manuais com inseticidas granulados, atualmente à base de
sulfluramidas, são os mais empregados e recomendados, devido ao menor dano ao
meio ambiente e pela maior disponibilidade no mercado, o que os tornam mais
competitivos em termos de custos e porque sua distribuição no campo torna-se
bastante prática e com alto rendimento operacional, fazendo com que seu custo seja
viabilizado.
Outros produtos como os termonebulizáveis, são também empregados em
larga escala e com bastante sucesso em algumas regiões, principalmente onde a
infestação com espécies de saúva é muito elevada. Os custos, rendimento e
eficiência do controle, são largamente variável em função do grau de infestação,
sistema operacional e produto utilizado; por isso é fundamental um bom
planejamento técnico florestal.
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1.3.5) Preparo do Solo

Nesta operação incidem o preparo do solo propriamente dito e as operações


de sua conservação. O preparo tem por objetivo potencializar as condições
ambientais para o máximo aproveitamento de todos os recursos disponíveis ao
crescimento das mudas.
O preparo do solo com ênfase à conservação é feito com intuito da
preservação contra erosões, perda de nutrientes e retenção da água e matéria
orgânica, fundamentais e indispensáveis para a perpetuação da produtividade
florestal. Nesse caso, tanto o preparo quanto o plantio deverão ser efetuados
preferencialmente em curvas de nível.
Até tempos atrás uma ampla variedade de máquinas e equipamentos é
utilizada na efetivação desta operação, normalmente máquinas mais pesadas eram
as preferidas em solos mais argilosos e agregados, e máquinas mais leves ou de
menor potência para solos arenosos e com baixa estruturação. Atualmente a
recomendação é utilizar o mínimo de equipamentos pesados possível com pouco ou
nenhum revolvimento de solos, técnicas de cultivo mínimo são as preferidas.
Os custos desta operação são dependentes diretos do tipo de máquina a ser
usada e do grau de preparo necessário. Preparos manuais também podem ser
executados em situações nas quais a viabilização de máquinas fica comprometida.
Técnicas de cultivo mínimo quando adotadas reduzem consideravelmente os custos
dessa operação.

1.3.6) Adubação

A primeira adubação, também chamada de adubação de plantio,


normalmente é realizada concomitantemente ao preparo do solo ou sulcamento (no
caso do cultivo mínimo). No passado, as adubações em eucalipto com os elementos
N, P e K e formulações próximas de 10: 20: 10 eram quase que unanimidades nas
empresas florestais, mesmo sabendo que muitas delas eram localizadas em
condições completamente distintas. Contudo, com o passar dos anos e a introdução
de materiais clonais com comportamento e necessidades nutricionais diferenciados,
houve a necessidade de definição de novas formulações, combinações e dosagens,
considerando as inter-relações entre ambiente e material genético.
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Para a contemplação destas inter-relações, tem-se utilizado um conceito
bastante moderno, denominado de unidades de manejo químico (U.M.Q.).
Atualmente, na maioria das empresas florestais, as unidades de U.M.Q.
contemplam não somente as adubações à base dos nutrientes N, P, K, Ca e Mg,
como também leva em consideração as necessidades de diferentes micronutrientes,
como B, Zn, Cu e Mn, principalmente.
Outras adubações também empregadas são as denominadas de adubações
orgânicas, através do uso de resíduos industriais, como cinza de caldeiras de
biomassa, resíduos de clarificadores, lodo de estações de tratamento de efluente e,
em casos peculiares, resíduos do tratamento de lixo urbano.

1.3.7) Tratos Culturais

Durante a fase de formação do povoamento florestal são feitas tantas capinas


e roçadas quantas necessárias, sendo que a intensidade desses tratos culturais
varia em função da espécie daninha, sua agressividade e nível de infestação, bem
como da essência florestal implantada, cujo desempenho inicial depende do
espaçamento, da fertilização e das técnicas de implantação. Uma adequada escolha
da espécie, uma adubação acertada, a utilização de um adequado sistema de
preparo de solo, a escolha certa de um espaçamento, bem como o plantio de mudas
com elevado grau de qualidade, fazem com que haja melhor desenvolvimento da
floresta em formação e, conseqüentemente, reduzem o número de tratos culturais
necessários.
Normalmente, fazem-se 2 a 3 capinas no primeiro ano, 1 capina e 1 roçada
no segundo ano e 1 roçada no terceiro ano, quando então a floresta entra na fase de
custeio. As capinas podem ser manuais, mecanizadas ou químicas.
Em áreas acidentadas deve-se procurar capinar a linha de plantio e roçar a
entrelinha, para ajudar na conservação do solo. Nestes locais pode-se ainda fazer
uso de herbicidas.
O trato cultural mecanizado pode ser feito utilizando-se grades leves ou
roçadeiras. O uso de herbicidas na manutenção florestal, tem-se tornado uma rotina.
Com eles, evitam-se o uso excessivo de máquinas e o revolvimento do solo,
diminuindo, com isso, a erosão e compactação do mesmo. Podem ser usados
herbicidas pré e pós-emergentes. Normalmente, usam-se herbicidas pré-emergentes
aplicados na linha de plantio, logo após o mesmo, quando a área está limpa. A
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dosagem depende do tipo de planta indesejável que se quer controlar e do produto.
Para o uso de herbicidas pós-emergentes há necessidade de tomar precauções
para diminuir ou evitar as derivas. Têm-se utilizado protetores de derivas em
equipamentos costais e em barras para aplicação tratorizada. O aplicador de
produtos químicos deve seguir as recomendações do fabricante, em termos de
utilização de EPIs.

Tipos de Tratos Culturais:


• Coroamento: deve-se fazer logo após o plantio: ao redor da muda, faz-se a
limpeza.
• Capina: raspa-se a parte superficial do solo (plantas rasteiras são eliminadas).
• Roçadas: corta-se a vegetação mais alta.
• Gradeação: faz-se entre as linhas de plantio; é uma limpeza superficial.
•Herbicidas: o controle das ervas daninhas é normalmente executado com
utilização de herbicidas, podendo ser de pré ou pós-emergência. Os de pós-
emergência mais usados são à base de gliphosate e os de pré são os conhecidos
como oxifluorfen. Também outros meios são amplamente adotados nesta operação,
como as roçadas, gradagens e limpezas manuais.

1.3.8) Tratos Silviculturais

Visam uma melhoria das condições de crescimento de indivíduos isolados ou


alterações das condições ambientais em povoamentos para melhorar a estabilidade
biológica.

São funções dos Tratos Silviculturais:

•Proteção: evitar o ataque de insetos e danos físicos e proteção a temperaturas


extremas.
•Seleção: eliminar fenótipos desfavoráveis; selecionam-se as melhores árvores em
crescimento e desenvolvimento.
•Educação: controla o ambiente com intervenções rigorosas e criteriosas: retirada
de galhos, controle de densidade.
•Acessórias: melhoria visual do povoamento, melhoria do sítio.
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Tipos de Tratos Silviculturais:

•Poda (desrama): é a retirada de galhos de uma árvore item por objetivo a produção
da madeira de melhor qualidade, a melhoria no acesso à floresta e a redução de
risco de incêndios.
• Desbaste: são cortes parciais feitos em povoamentos imaturos, com objetivo de
estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar a produção de
madeira utilizável.
Proteção florestal:
Dois aspectos na proteção são vitais no desenvolvimento de um projeto florestal:
• o controle de pragas
• o controle de incêndios florestais

2) O MELHORAMENTO GENÉTICO FLORESTAL

2.1) Conceito

O melhoramento genético é uma ciência utilizada em plantas e animais para a


obtenção de indivíduos ou populações com características desejáveis, a partir do
conhecimento do controle genético destas características e de sua variabilidade.
O melhoramento genético foi iniciado no Brasil em 1903, com a introdução do
gênero Eucalyptus por Navarro de Andrade para a produção de dormentes para
estradas de ferro.
Em sua forma mais comum, o melhoramento florestal se dá através da
seleção de indivíduos superiores, identificados em plantações comerciais, os quais
podem ser vegetativamente multiplicados, ou restabelecidos em um delineamento
adequado para a comprovação de sua superioridade genética, para a produção de
sementes ou para a propagação comercial.
Esta comprovação de que os indivíduos selecionados (que formarão os
futuros plantios comerciais ou produzirão sementes para este fim) são
geneticamente superiores pode ser realizada através da implantação de testes de
progênies ou de testes clonais.
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As estratégias clássicas de conservação genética são amplamente utilizadas
no Brasil, porém verifica-se cada vez mais a necessidade do uso de estratégias
complementares que promovam a conservação dos recursos genéticos florestais
brasileiros, além de aumentar a produtividade.
Espera-se que a conservação e uso dos recursos genéticos florestais possam
através de programas de melhoramento genético contribuir para a diminuição das
pressões sobre os ecossistemas florestais e, ao mesmo tempo, aumentar a
capacidade de inserção e relevância do setor florestal no Brasil e no cenário
mundial, seja pela produção de fibras a partir de florestas de rápido crescimento,
seja pela contribuição das florestas nativas, a partir de produtos madeireiros e não-
madeireiros.
A silvicultura intensiva moderna teve início no Brasil no início do século
passado, com o estabelecimento das plantações florestais com espécies exóticas
para substituição da madeira das florestas nativas de difícil reposição,
principalmente com eucaliptos.
Apesar do primeiro programa de melhoramento genético de eucaliptos,
elaborado em 1941, ter sido considerado como um dos mais avançados para a
época, as sementes de eucaliptos de melhor qualidade genética disponíveis para
plantio, até a década de 1960, eram provenientes de parcelas experimentais ou
talhões desbastados, mas sem isolamentos contra polens não desejáveis. No
conceito atual, essas fontes de sementes seriam algo entre Área de Coleta de
Sementes-ACS e Área de Produção de Sementes-APS. De modo geral, os plantios
de eucaliptos originados dessas sementes apresentavam alta porcentagem de
híbridos (conhecidos como salalbas)
Os primeiros Pomares Clonais de Sementes - PCS's de eucaliptos e pinus
foram estabelecidos apenas a partir do final da década de 1960. Esses pomares
tinham como objetivo atender à demanda crescente de sementes, tanto quantitativo
como qualitativamente, para atender o programa de incentivos fiscais ao
reflorestamento. A taxa de plantio anual na época dos incentivos fiscais (1966 a
1986) chegou até 400 mil hectares por ano, o que correspondia a 800 milhões de
mudas ou em torno de duas toneladas de sementes de eucaliptos e pinus. As
árvores que compunham as APS's e PCS's eram selecionadas fenotipicamente nos
melhores talhões existentes ou em plantios experimentais.
No início da década de 1970 foram instalados os primeiros testes de
progênies e iniciadas a reintrodução de germoplasmas, com base genética
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apropriada, de espécies/procedências selecionadas. As atividades relacionadas com
a produção de sementes melhoradas de eucaliptos e pinus foram priorizadas nas
décadas de 1970 e 1980. Levantamentos da pesquisa florestal em andamento no
Brasil realizados pela Embrapa em 1978, 1980 e 1987 (Embrapa, 1987), mostram
que a maioria absoluta dos 2043 experimentos em andamento era da área de
melhoramento genético. Esses experimentos incluíam arboretos, bancos clonais,
ensaios de espécies, pomares de sementes, testes de procedências, testes de
progênies, clonagem, conservação genética etc.

Produtividade

A ocorrência do cancro basal, causado pelo fungo Cryphonectria cubensis,


em plantações de eucaliptos no Espírito Santo provocou a mudança mais
significativa observada na eucaliptocultura brasileira e mundial. Em 1979 a empresa
ARACRUZ Florestal estabeleceu a primeira floresta clonal no Brasil. Essas novas
florestas clonais eram resistentes ao fungo, homogêneos e apresentavam altos
ganhos em produtividade. Aperfeiçoamentos nas técnicas de propagação e seleção
incluíram, além do volume, características relacionadas com a qualidade da madeira.
A silvicultura clonal proporcionou ganhos de produtividades superiores a 200%.
Com o término dos incentivos fiscais aos reflorestamentos em 1986 inicia-se
outra fase na história da silvicultura intensiva no Brasil. Aliado à diminuição dos
investimentos no reflorestamento, observa-se um aumento das pressões dos
ambientalistas contra o sistema de monocultura usado nos reflorestamentos, e a
diminuição do preço internacional da celulose (principal produto industrializado do
reflorestamento), provocando reformulações significativas nas empresas florestais
para enfrentar a globalização da economia.
Esses fatos ocasionaram mudanças drásticas no setor de pesquisa florestal.
Nessa época, muitos grupos de pesquisa, principalmente ligados às empresas
florestais foram desativados. Para agravar ainda mais a crise na área de pesquisa
em melhoramento genético clássico, o mundo científico começa a tomar contato,
nesta última década, com a potencialidade de novas ferramentas proporcionadas
pela genética molecular. A disponibilidade de organismos geneticamente
modificados - OGM's, resistentes a um tipo de herbicida, começam a despertar o
interesse do setor florestal em obter florestas clonais formados com OGM's mais
produtivos, mais resistentes a fatores bióticos (doenças/pragas) e abióticos (geadas,
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déficit hídrico), que produzam melhor qualidade da madeira (maior rendimento em
celulose, menor teor de lignina, etc).
Apesar do desconhecimento das reais possibilidades de retorno do
investimento a curto e médio prazo, os recursos já escassos na área de
melhoramento florestal passaram a ser divididos com esses novos interesses,
principalmente pelo setor público, que tem priorizado o apoio a essa área na
formação de recursos humanos e capacitação de laboratórios em nível nacional.
Além da melhoria da produtividade e qualidade da madeira, dois outros
assuntos, altamente ligados ao melhoramento genético, têm despertado o interesse
do setor florestal: a) desenvolvimento florestal ecologicamente sustentável e b)
efeitos da mudança climática.
O desenvolvimento florestal ecologicamente sustentável é entendido como a
habilidade da floresta fornecer benefícios múltiplos em longo prazo, seu papel
central nos processos de sustentação da vida e seu valor para o meio ambiente. No
caso de florestas nativas, existe a expectativa que o manejo sustentável possa
garantir a perpetuação dos valores econômicos, ambientais e espirituais, sem causar
mudanças na estrutura e função do ecossistema florestal.
Existe, também, consenso sobre a crescente importância do estabelecimento
e manejo de plantações florestais em diferentes condições ambientais, para
diferentes finalidades. No entanto, há grupos que defendem que as plantações
florestais devem seguir a estrutura e função das florestas naturais, e outros mais
pragmáticos, onde a plantação florestal é vista como um agro-negócio que tem que
ser economicamente competitivo em relação a outras alternativas de investimentos.
O Brasil, a Nova Zelândia, o Chile e a África do Sul seguem esse último modelo.
As altas produtividades observadas nas plantações florestais nesses países
resultam da combinação de material genético selecionado (ações de melhoramento
genético) e condições ambientais favoráveis (disponibilidade de água, nutrientes e
luminosidade). O manejo sustentável dessas plantações se deve, portanto, a alguns
fatores chaves, como a manutenção da produtividade biológica a longo-prazo e a
manutenção da capacidade ambiental do sítio.
Alguns programas de melhoramento genético já estão incluindo a seleção de
material genético mais eficiente na utilização da água e nutrientes do solo, menos
sensíveis às mudanças climáticas (mais estáveis).
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Entre os aspectos observados nessa última década e que tem contribuído
para obtenção de melhores resultados nos programas de melhoramento florestal,
podemos destacar:
- uso de instrumental desenvolvido para o melhoramento genético animal e
adaptado para aplicações vegetais, visando à análise de dados experimentais e
seleção genética de árvores a serem usadas como produtoras de sementes ou
fornecedoras de material para clonagem massal;
- visão holística, decorrentes de participação de diferentes especialistas na
discussão e definição das estratégias de melhoramento, onde são considerados
desde as variações climáticas e de solo, a produção de mudas, a conservação do
solo, o método de plantio, o manejo do povoamento, a proteção contra pragas e
doenças, a colheita e as demandas qualitativas do mercado ou consumidor final.
- integração de aspectos de manejo e de melhoramento para a produção de
um produto final específico, com base no desenvolvimento de projetos
multidisciplinares.

2.2) Métodos

Na área florestal, existem três importantes formas de multiplicação vegetativa


dos indivíduos selecionados:
• Estaquia (método de propagação vegetativa por enraizamento de estacas): A
estaquia é uma das principais técnicas de propagação vegetativa de clones
selecionados que visam atender aos objetivos da silvicultura clonal, dada a sua
aplicabilidade operacional e levando-se em conta o custo de produção competitivo
em relação às demais técnicas de propagação assexuada. É o processo de
propagação que consiste em destacar de uma planta-matriz um órgão, ramo, uma
folha ou raiz e colocá-los em meio adequado para enraizamento e desenvolvimento
da parte aérea.
• Enxertia (união de partes de indivíduos através de seus tecidos, de modo que
a união seja seguida de crescimento vegetativo): enxertia é a arte de unir partes de
uma planta em outra que lhe sirva de suporte e de estabelecimento de comunicação
com o sistema radicular, de tal forma que as duas partes de plantas diferentes
passam a constituir uma só, embora genotipicamente cada uma delas mantenha a
sua individualidade.
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• Micropropagação (cultura de tecidos): A propagação de espécies florestais,
principalmente de eucalipto, por meio da cultura de tecidos ainda apresenta
problemas, alguns de solução imediata e ou que exigirão um trabalho de pesquisa
de médio ou longo prazo. A cultura de tecidos consiste, na realidade, no cultivo de
órgãos, tecidos ou células vegetais em meio nutritivo apropriado, em ambiente
asséptico. Baseia-se no fato, amplamente aceito, de que qualquer célula do
organismo vegetal é totipotente, isto é, encerra em seu núcleo toda informação
genética necessária à regeneração de uma planta completa; estando, portanto, apta
a dar origem, por si só, a uma nova planta, quando submetida a condições
apropriadas. As plantas lenhosas, em geral, apresentam certas dificuldades para
regeneração “in vitro”, em virtude de causas ainda obscuras. Todavia, as conquistas
neste sentido, nos últimos anos, permitem antever com otimismo a plena utilização
da técnica.
A escolha do método depende da finalidade da multiplicação e da fisiologia da
espécie com a qual se está trabalhando.

2.3) Seleção de Indivíduos

É a escolha de indivíduos ou populações, que apresentam caracteres


desejáveis para o melhoramento. Para uma maior garantia dos resultados, a seleção
dos indivíduos pode ser realizada através de:
• Seleção dentro de famílias, através de cálculos que utilizam o desvio do valor
individual em relação à média da família no bloco.
• Seleção entre famílias que utilizam o desvio da média de famílias em relação
à média geral do teste.
• Seleção combinada ou que utiliza ambos os desvios, no que se conhece
como seleção combinada.
• Seleção multi-efeito, que propicia a correção dos efeitos ambientais,
maximizando o ganho genético.
Com relação à seleção entre famílias e dentro das famílias, observou-se o
problema da existência de indivíduos excepcionais, em famílias não selecionadas, e
de indivíduos selecionados com valor inferior até mesmo ao pior indivíduo de outra
família. Portanto, a seleção será baseada em medidas genéticas e não fenotípicas
(que sofrem ação do ambiente).
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2.4) Teste de superioridade genética:

Grande atenção deve ser dada ao objetivo final da seleção. Para isso, são
realizados os seguintes testes:
• Testes de Progênie, que fornecem dados sobre valores genéticos (apenas a
variância aditiva é considerada). O teste de progênie avalia os pais pela comparação
do desempenho das suas descendências.
• Testes Clonais, que fornecem dados sobre valores genotípicos (a variância
dominante também é considerada). O teste clonal é a avaliação de um indivíduo ou
clone através da comparação de clones.
A importância destes conceitos está no fato de que pode haver grandes erros
no resultado esperado, se indivíduos selecionados para a reprodução sexuada
(pomar de sementes) forem utilizados para a clonagem, ou vice-versa.
A produtividade, a qualidade da madeira, a forma do fuste, a resistência a
pragas e doenças, bem como outras inúmeras características que podem alterar o
valor de uma floresta plantada, estão definidas já nas sementes, nos cromossomos.
Isto torna a produção de sementes a partir de pomares testados uma ferramenta
essencial.

2.5) Produção de sementes melhoradas

A propagação dos resultados obtidos com o melhoramento genético florestal


pode ocorrer através de sementes, ou através de estacas (clonagem) a partir do
material selecionado.
As sementes melhoradas podem ser obtidas das seguintes formas:

2.5.1) Área de coleta de sementes (ACS)

Povoamento comercial onde se coletam sementes dos melhores indivíduos


para utilização massal. Caracterizado por ser a mais simples forma de produção de
sementes melhoradas, implica em baixa intensidade de seleção (cerca de 1:10000).
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2.5.2) Área de produção de sementes – A.P.S.

Povoamento onde houve seleção e desbaste, removendo-se as árvores com


características de qualidade inferior, deixando-se apenas os melhores indivíduos
para o cruzamento. É a forma mais utilizada. A intensidade de seleção também é
baixa (1:10000).

2.5.3) Pomar de sementes clonal testado – P.S.C.T.

É uma plantação de árvores com genótipo selecionado através de um teste


clonal, estabelecido através da propagação vegetativa. Recebe um manejo
diferenciado para o florescimento e produção abundante de sementes, através de
tratos culturais específicos. Apresenta melhor resultado devido à maior intensidade
de seleção (cerca de 1:5000) e porque trabalha com a seleção genética, no lugar da
fenotípica. A dificuldade desta forma de produção para algumas espécies é a
enxertia.
Vantagens
• Os genótipos das árvores produtoras de semente são conhecidos e somente
são utilizados os superiores.
• O florescimento se inicia mais rapidamente em função da idade fisiológica.
• O pomar pode ser implantado em local mais conveniente, mais econômico e
mais produtivo.
Desvantagens
• Apenas um ciclo de seleção é obtido na operação.
• Há restrição da base genética.
• Existem possíveis dificuldades na propagação.
Contudo a possibilidade de cruzamentos entre indivíduos aparentados é
mínima e os genótipos superiores podem ser repetidos diversas vezes.

2.5.4) Pomar de sementes por muda – P.S.M.

É uma plantação de árvores selecionadas geneticamente através de um teste


de progênies, estabelecida através de mudas oriundas de sementes. Recebe um
manejo diferenciado para o florescimento e produção abundante de sementes,
através de tratos culturais específicos. Assim como o PSCT resulta em sementes de
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melhor qualidade que as ACS’s e APS’s, porque a seleção também é genética em
vez de fenotípica. Este tipo de pomar requer a existência de teste de progênie.
Vantagens
• Quando as características de interesse se manifestam em idade jovem.
• Quando a espécie floresce precocemente.
• Quando a propagação vegetativa é difícil.
Neste caso, têm-se dois ciclos de seleção em uma operação e é possível manter
uma base genética mais ampla, a partir de um maior número inicial de pais.
Desvantagens
Como o PSM surge a partir de desbastes em testes de progênie, torna-se
desvantajoso quando:
• A avaliação das progênies (teste) e a produção de sementes são dificilmente
obtidas no mesmo local e, como os testes de progênie são feitos para as seleções
originais, e não para os indivíduos que constituem o pomar, os genótipos dentro do
pomar de produção não são conhecidos.
Em função do delineamento do teste e dos desbastes realizados, existe o
problema de cruzamento entre parentes, principalmente quando se utiliza semente
de polinização aberta. Ocorre ainda que, se a espécie apresenta floração demorada,
este processo não pode ser acelerado como ocorre na enxertia e, ao contrário do
que ocorre na produção de sementes através de clones, um genótipo superior é
representado por somente uma árvore.

2.5.5) Desenvolvimento de pomares de sementes


18
2.5.6) Produção de estacas

Estacas são segmentos de folhas, ramos, secções do caule ou raiz, tratadas


com a finalidade de promover o enraizamento.
Muito comum no caso dos gêneros Eucalyptus e Populus, a propagação na
forma de estacas apresenta a vantagem de obtenção de maiores ganhos em pouco
tempo. Neste caso trabalha-se com a herdabilidade no sentido amplo, ou seja, sem
cruzamentos. Plantios comerciais estabelecidos a partir de estacas apresentam
maior homogeneidade, maior sobrevivência e maior produtividade.

2.6) Herdabilidade

Herdabilidade é a porção da variação fenotípica observada que ocorre em


função dos efeitos genéticos.
A estratégia de melhoramento pode ser definida em função:
• Da herdabilidade, a qual não é apenas uma propriedade do caráter.
• Da população.
• Das condições ambientais a que foram submetidos os indivíduos.
O valor da herdabilidade pode ser aumentado não somente pela introdução
de mais variação genética na população, mas melhorando as condições
experimentais, de modo a reduzir a contribuição da variação ambiental para a
variação fenotípica total.

2.6.1) Interação Genótipo x Ambiente

Um fator relevante quando se fala em melhoramento florestal é a interação


“genótipo x ambiente”. Um mesmo genótipo (por exemplo, estacas de uma mesma
matriz) pode apresentar comportamento inverso em dois ou mais ambiente. Este
fenômeno é conhecido como interação genótipo x ambiente e é indesejável em um
programa de melhoramento envolvendo mais de um local. A conseqüência negativa
deste fenômeno é justamente o erro que pode estar embutido na indicação de um
determinado material para ambientes diferentes.
19
2.7) Melhoramento genético florestal x agrícola

O melhoramento genético é uma atividade já consagrada na agricultura, que


permitiu a obtenção de resultados fantásticos em culturas anuais como o milho, a
soja e a cana-de-açúcar.
Entre estes resultados estão os aumentos da produtividade e a resistência a
doenças e o aumento do teor de brix. Tal sucesso se deve aos esforços para o
conhecimento e definição das melhores técnicas de melhoramento em função da
cultura com a qual se está trabalhando, e de condições favoráveis, como a floração
anual, o porte das plantas e facilidades na polinização, diferentemente do que se
encontra em espécies arbóreas.
Apesar das diferenças encontradas para as condições citadas na área
florestal, o melhoramento genético também é possível e vem sendo realizado desde
o início do século XX, em diferentes países e com diferentes espécies. Mas, mesmo
com as dificuldades inerentes às espécies arbóreas, como o tempo para a
maturidade fisiológica e a conseqüente floração, a distribuição das árvores nas
populações naturais e a dificuldade de coleta de sementes representativa da
variação existente, a altura das árvores, a variedade de agentes polinizantes,
dificuldades na propagação vegetativa, etc., o melhoramento vem sendo realizado e
os resultados já são visíveis.
A maioria dos trabalhos desenvolvidos no melhoramento genético florestal
visa o aumento volumétrico das árvores e a melhoria da retidão do fuste, mas
diversas outras características, principalmente voltadas à tecnologia da madeira, já
são também contempladas na seleção.
Em espécies utilizadas comercialmente, a determinação da variabilidade
genética para uso no melhoramento em características relacionadas à produção de
celulose, painéis de madeira e carvão se tornam interessantes devido à
possibilidade de ganhos em qualidade e quantidade significativos no produto final,
trazendo bons resultados econômicos e compensando o custo envolvido com a
pesquisa e a tecnologia aplicadas.
Como exemplo, o teor de lignina e o rendimento em celulose, a densidade da
madeira e seu poder calorífico, a presença de tiloses, o teor de cinzas, o teor de
extrativos, e muitas outras variáveis mostram a importância da condução de
pesquisas em anatomia e tecnologia da madeira paralelamente a programas de
melhoramento genético, otimizando o tempo e incrementando os resultados obtidos.
20
2.7.1) Melhoramento Genético Agrícola

Utiliza técnicas avançadas de biotecnologia, em função do amplo


conhecimento genético das principais culturas utilizadas, facilitadas pelas curtas
rotações e pela possibilidade de obtenção de vários ciclos de seleção em curto
espaço de tempo.

2.7.2) Melhoramento Genético Florestal

Através da seleção de famílias, procedências e indivíduos procuram explorar


a variabilidade natural das espécies, ainda pouco conhecidas em função da
amplitude de variação em que ocorrem.
O eucalipto, por exemplo, ocorre naturalmente na Austrália entre latitudes de
13 a 43o, altitudes que vão do nível do mar até 4.000 m, em regiões sem problemas
o

de déficit hídrico e outras aonde este déficit chega a 300 mm.


Basicamente, o resultado do melhoramento genético ocorre em função:
• Da variabilidade genética existente.
• Da intensidade de seleção a ser praticada (manuseada pelo homem).
• Da herdabilidade do caráter de interesse na espécie e condições disponíveis.
As principais espécies às quais o melhoramento genético florestal vem se
dedicando no mundo, são:
• Eucalyptus grandis
• Eucalyptus urophylla
• Eucalyptus saligna
• Pinus taeda
• Pinus caribaea var. hondurensis
• Pinus radiata
• Criptomeria japonica
• Acacia mearnsii, que vem sendo melhorada na África do Sul desde 1920.
21
3) VIVEIROS E PRODUÇÃO DE MUDAS

3.1) Viveiros florestais

3.1.1) Localização e caracterização

Entende-se por viveiro florestal um determinado local onde são concentradas


todas as atividades de produção de mudas florestais.
Para a escolha do local onde será instalado o viveiro, devem-se levar em
consideração os seguintes aspectos:

- Facilidade de acesso

É necessário que o acesso possibilite o fácil trânsito de caminhões, sendo


que todas as estradas deverão ser transitáveis mesmo em época de chuva. Os
custos de transporte, principalmente de mudas produzidas em recipientes, são
minimizados quando os viveiros situam-se a uma pequena distância da área de
plantio. Longos trechos de estrada podem trazer danos à qualidade fisiológica das
mudas e ocasionar perda de umidade do substrato.

- Suprimento de água

Durante todo o período, após a semeadura, há necessidade de abundância


de água para irrigação. Poderão ser utilizadas águas de rios, lagos e de origem
subterrânea, devendo ser evitada a introdução de algas ou sementes de ervas. A
água deve ter menos de 200 partes por milhão (ppm) de silte e cálcio e menos de 10
ppm de sódio e 0,5 ppm de boro.

- Área livre de Ervas Daninhas

Deverá existir contínua vigilância e erradicação das ervas daninhas efetuada


imediatamente após o seu aparecimento, quer sejam perenes ou anuais.
22
- Facilidade de obtenção da Mão de Obra

A vigilância quanto ao aparecimento de doenças precisa ser permanente.


Existem doenças cuja virulência pode ser tão intensa que provocam enormes danos
em pouco tempo, principalmente em mudas recém-formadas.

- Declividade da área

A declividade deve ser de 2%, no máximo, para não correr danos por erosão.
É importante salientar que os canteiros devem ser instalados em nível,
perpendiculares à movimentação da água. Áreas planas contribuem para o acúmulo
de água da chuva, principalmente quando o percentual de argila for maior que o
indicado.

- Área do Viveiro

O viveiro possui dois tipos de áreas:

- Áreas produtivas: é a soma das áreas de canteiros, sementeiras (quando for o


caso), casas de sombra, casas de vegetação e áreas de rustificação em que se
desenvolvem as atividades de produção.

- Áreas não produtivas: constitui-se dos caminhos, estradas e áreas construídas.


A extensão do viveiro será determinada em função de alguns fatores:
1. Quantidade de mudas para o plantio e replantio
2. Densidade de mudas/m2 (em função da espécie)
3. Espécie e seu período de rotação
4. Dimensões dos canteiros
5. Dimensões dos passeios (ou caminhos)
6. Dimensão das estradas (ou ruas)
7. Dimensão das instalações
8. Adoção, ou não, de área para adubação verde (no caso de viveiros em raiz nua)
A distribuição dos canteiros, caminhos, construções e principalmente o
acesso devem visar a melhor circulação e utilização da estrutura do viveiro.
23
- Luz

Deve-se levar em consideração à necessidade de luz solar, evitando na


locação do viveiro uma área inconveniente. O viveiro deve ser instalado em local
totalmente ensolarado. Se houver necessidade de sombra, pode-se lançar mão de
abrigos, como o sombrite. Em alguns casos, o sombreamento é necessário em
certos períodos. As espécies umbrófilas exigem proteção contra a luz solar. Os raios
solares concorrem para a rustificação dos tecidos, tornando as mudas mais robustas
e resistentes.
Em relação à exposição solar, deve-se colocar o comprimento dos canteiros
voltado para a face norte, acompanhando-os ao longo de sua extensão. Contudo, tal
medida para locação dos canteiros deve ser tomada, apenas se for possível, pois
existem outros critérios prioritários.

3.1.2) Tipos de viveiros

Considerando a duração, os viveiros podem ser classificados em:

- Viveiros Provisórios: temporários ou volantes são aqueles que visam uma


produção restrita; localizam-se próximos às áreas de plantio e possuem instalações
de baixo custo.
- Viveiros Permanentes: centrais ou fixos são aqueles que geralmente ocupam
uma maior superfície, fornecem mudas para uma ampla região, possuem instalações
definitivas com excelente localização. Requerem planejamento mais acurado; as
instalações são também permanentes e de maiores dimensões.

Com referência à proteção do sistema radicial, os viveiros são classificados


em:

- Viveiros com mudas em raiz nua: as mudas em raiz nua são as que não
possuem proteção do sistema radicial no momento de plantio. A semeadura é feita
diretamente nos canteiros e as mudas são retiradas para o plantio, tendo-se apenas
o cuidado de se evitar insolação direta ou, até mesmo, vento no sistema radicial. O
solo onde se desenvolvem as raízes permanece no viveiro. Após a retirada, são
ordenadas em grupos, com material úmido envolvendo as raízes, antes da
24
expedição para o plantio. Este tipo de viveiro é muito difundido no sul do Brasil para
Pinus spp.

- Viveiro com mudas em recipientes: apresentam o sistema radicial envolto por


uma proteção que é um substrato que o recipiente contém. Evidentemente, o
substrato vai para o campo e é colocado nas covas, com as mudas, protegendo as
raízes.

3.1.3) Topografia

O terreno deverá apresentar-se aplainado, recomendando-se um leve declive,


favorecendo o escoamento da água, mas sem que provoque danos por erosão. Para
áreas com elevada declividade, a alternativa mais plausível é a confecção de
patamares para a locação de canteiros. Os patamares devem ser levemente
inclinados e devem ter dispostas ao longo de sua extremidade manilhas em forma
de “U”, a fim de impedir o escoamento de água de chuvas fortes pelo talude,
provocando erosão. Além disto, é aconselhável seu revestimento com gramíneas
rasteiras.

3.1.4) Drenagem

Através da drenagem, provoca-se a infiltração da umidade gravitacional e a


retirada de água por meio de valetas que funcionam como drenos. Sua localização
mais usual é ao longo das estradas que circundam os blocos de canteiros. Os tipos
de canalizações passíveis de uso são:
- Vala Cega: composta de uma vala com pedras irregulares (a água corre pelos
espaços entre as pedras sendo possível o trânsito por cima da vala);
- Vala Revestida: composta de uma vala com revestimento de cimento, tijolos ou
outros materiais;
- Vala Comum: vala aberta ao longo do terreno (podendo ser vegetada ou não).
As dimensões das valetas variam conforme a necessidade de drenagem
aérea. Normalmente, a largura do fundo que é plano tem cerca de 40 a 60 cm e a
abertura de 70 a 80 cm. As paredes são inclinadas, na valeta aberta, para evitar seu
desmoronamento. A altura das valetas também é variável, oscilando em torno de 90
cm.
25
Se a área for plana, a altura deve variar, com a profundidade maior para o
lado externo, conduzindo a água para fora do viveiro. Sendo a área levemente
inclinada, a profundidade da valeta pode ser uniforme.

3.1.5) Quebra-vento

Para a proteção do viveiro de propagação de plantas, em locais de ventos


fortes, há necessidade de se plantarem árvores para formar uma cortina (quebra-
ventos), com o objetivo de minimizar a velocidade deles, podendo ser usadas várias
espécies: Eucalyptus, Pinus, Grevillea, Casuarina, Cupressus etc. Deve-se escolher
espécies adaptadas às condições do local e que não sejam utilizadas para a
produção de mudas no viveiro, tomando o cuidado para que a árvore usada como
quebra-vento não provoque sombra na área útil, plantando-a, no mínimo, a uma
distância equivalente à altura das árvores maiores. Escolha sempre espécies que
alcancem grandes alturas, para maior eficiência. Ao plantar, escolha mudas de
grande vigor e com o mesmo padrão de crescimento; dessa forma, a chance de
obter uma barreira homogênea, em termos de altura, passa a ser maior. Para a
formação mais rápida do quebra-vento, algumas operações podem ser vantajosas,
como: abertura de covas maiores, adubação de arranque bem balanceada,
adubações de cobertura freqüentes e irrigação. O quebra-vento deve ser plantado
no sentido perpendicular à direção do vento dominante.

3.1.6) Administração e controle

Para um melhor desempenho do viveiro, devem-se adotar alguns


procedimentos administrativos, sendo os mais importantes:
1. Planejamento da produção visando cobrir todas as fases do processo, em que
devem ser considerados o número de mudas a serem produzidas, as espécies e as
épocas mais adequadas para a produção.
2. Estoque de insumos e demais materiais necessários para a produção, tais como
embalagens, ferramentas e outros.
3. Disponibilidade de sementes necessárias ou locais definidos para coleta ou
compra.
4. Supervisão dos trabalhos distribuindo atribuições e obrigações ao pessoal.
26
5. Acompanhamentos periódicos através de relatórios em que figurem informações
sobre as espécies produzidas, atividades produtivas com seus rendimentos e custos
atualizados da produção.
Para facilitar a administração e o manejo dos viveiros, são necessárias as
seguintes instalações:
1. escritório
2. depósito para equipamento e ferramentas
3. depósito para produtos químicos
4. abrigo aberto nas laterais (para atividades que não podem ser executadas sob
chuva).

3.2) Produção de mudas

3.2.1) Produção de mudas sexuadamente

A produção de mudas de espécies florestais tem sido feita tanto pelo método
sexuado quanto pelo assexuado. O primeiro se refere à produção de mudas por
meio de sementes e o segundo, por meio de propagação vegetativa. Atualmente,
algumas empresas estão investindo em cultura de tecidos (micropropagação), já
com alguns resultados considerados bons.
No início das atividades do reflorestamento incentivado, um dos principais
problemas foi o suprimento de sementes de boa qualidade, em razão da
inexistência, na época, de pomares de produção de sementes no Brasil. Como
resultado, as mudas eram obtidas de sementes de qualidade aquém das desejáveis,
uma vez que a importação de material de boa qualidade e em grande quantidade
era difícil. Além disso, desconhecia-se o comportamento de espécies nas diferentes
regiões ecológicas. O plantio de mudas a partir de sementes de má qualidade
genética e de espécies e procedências não indicadas resultaram na formação de
povoamentos de baixa produtividade, levando os empresários florestais a buscar
alternativas mais viáveis, incrementando a propagação vegetativa.
Hoje, conhecendo-se o comportamento das espécies e das procedências,
principalmente de Eucalyptus e de Pinus, nas várias regiões ecológicas, e com a
existência de pomares produtores de sementes de boa qualidade, é viável a
produção de mudas por meio de sementes para a formação de povoamentos de alta
27
produtividade. No entanto, o método assexuado ganhou seu espaço, devido aos
excelentes resultados obtidos.

Canteiros e sementeiras
São vários os tipos de canteiros utilizados para a produção de mudas
florestais:
- Canteiro para raiz nua: dentre os tipos de canteiro utilizados para a produção de
mudas em raiz nua, os mais utilizados são os diretamente no solo e os canteiros
com anteparos laterais. A proteção lateral pode ser feita com vários materiais,
dependendo da disponibilidade de recursos e da facilidade de obtenção, podendo vir
a ser utilizados: madeira, bambu, tijolos, concreto etc.
- Canteiros para embalagens: devem apresentar uma largura que permita o
manuseio das mudas centrais (±1 metro de largura), o comprimento pode variar
sendo os mais adotados os de 10 a 20 metros. A instalação deve posicionar-se
longitudinalmente no sentido leste-oeste para permitir uma insolação uniforme. O
terreno deve ter um rebaixamento para o acomodamento das embalagens. Outra
possibilidade é a utilização do solo como bordadura, ou ainda a montagem de
molduras com materiais diversos, como tijolo, madeira, arame, taquara e concreto.
- Sementeiras: é o local onde as sementes são postas para germinarem e
posteriormente serem transplantadas para as embalagens (repicagem). Pode
apresentar-se em duas formas: fixas ou móveis. As fixas são sementeiras instaladas
em locais definitivos, geralmente visando produção de um número grande de mudas.
As móveis são sementeiras montadas em recipientes com drenagem e volume
compatível com as necessidades; podem ser feitas de madeira, plástico ou metal; e
tem a facilidade de serem transportáveis. Devido a esta característica, a sementeira
não pode ser muito grande, o que limita o número de mudas a serem produzidas. A
instalação de canteiros e sementeiras é acompanhada da necessidade da instalação
de um abrigo para a proteção das mudas recém repicadas ou plântulas. Deve-se
deixar um intervalo entre os canteiros ou sementeiras que permita o
desenvolvimento das atividades de produção.

Recipientes
A produção de mudas de espécies florestais em recipientes é o sistema mais
utilizado, principalmente por permitir melhor qualidade, devido a um controle mais
seguro da nutrição e proteção das raízes contra danos mecânicos e a desidratação,
28
além de propiciar um manejo mais adequado tanto no viveiro quanto no transporte e
no plantio.

1. Funções vitais dos recipientes:


a) Biológica: propiciar suporte de nutrição das mudas, proteger as raízes de
danos mecânicos e da desidratação, moldá-las em forma favorável para o
desenvolvimento das mudas, assim como maximizar a taxa de sobrevivência e o
crescimento inicial após o plantio.
b) Operacional: facilitar o manuseio no viveiro e no plantio.

2. Classificação dos recipientes:

a) Tubete de plástico rígido: Este recipiente é levemente cônico, de seção


circular ou quadrada, existindo várias dimensões no mercado. Os de seção circular
são providos de frisos longitudinais internos, em número de quatro ou seis,
direcionando as raízes laterais para baixo, ao fundo do recipiente, onde existe um
orifício para o escoamento do excesso de água e saída de raízes, promovendo sua
poda naturalmente pelo contato com o ar.
Nos tubetes de seção quadrada, as arestas internas do encontro das paredes
também direcionam as raízes laterais para baixo. A sua configuração evita o
crescimento das raízes em forma de espiral.
Os tubetes são acondicionados em suporte de isopor ou de plástico, providos
de orifícios onde se inserem os recipientes. Atualmente os de isopor não são mais
utilizados, principalmente por serem facilmente degradados e de difícil
armazenamento. Tais suportes, conhecidos mais usualmente por nome de bandejas,
são dispostos a uma altura de aproximadamente 80 cm do solo. Outras
possibilidades são o uso de placas de plástico rígido com orifícios, que são
colocados sobre fios estendidos ou de telas de arame presas em armações de
metalon, formando uma bandeja maior, também a uma altura aproximada de 80 cm.
A mudança gradativa do uso dos sacos plásticos para os tubetes de plástico
rígidos vem ocorrendo ao longo dos anos, trazendo, como uma das vantagens, a
mecanização das operações de produção de mudas.
Na produção de mudas foram testados vários modelos de tubetes, sendo o
mais utilizado o de seção circular, com quatro ou seis estrias internas, com
capacidade volumétrica de 50 cm3. A introdução deste sistema revolucionou ou
29
tradicionais viveiros, trazendo grandes avanços no processo de produção; outros
tamanhos de tubetes são adequados de acordo com as diferentes espécies
florestais.
As principais melhorias trazidas pelo tubete foram a redução de mão-de-obra,
dada à possibilidade de mecanização; a facilidade operacional do processo; e a
possibilidade de melhores condições de trabalho.
Os tubetes têm ainda as seguintes vantagens: uso em qualquer condição
climática, inclusive em casa de vegetação; redução da utilização de tratores com
carreta e de caminhões na área do viveiro; economia no transporte das mudas para
o campo; e maior rendimento na distribuição e no plantio.
Para se beneficiarem deste novo sistema, as empresas florestais investiram
no desenvolvimento de novos produtos, como: mesas de tela galvanizadas para
suporte dos tubetes; bandejas de plástico rígido; e máquinas para enchimento dos
recipientes, permitindo maior mecanização das operações de produção, assim como
na investigação de substratos orgânicos provenientes de resíduos florestais e
agroindustriais. Além disso, houve inovações nos sistemas de transporte de mudas
para o campo e no plantio.
A alteração mais expressiva ocorrida foi a forma organizacional do processo
produtivo, passando de processo estático, em que as bandejas ou telas com as
mudas permaneciam no mesmo local, em todas as fases de produção, para o
processo dinâmico, em que as mudas são deslocadas do lugar por causa de seu
crescimento e de suas exigências fisiológicas, obtendo melhor uso de irrigação, da
fertilização, do controle fitossanitário e da rustificação das mudas.
A sobrevivência das mudas produzidas em recipientes de tamanhos
reduzidos e abertos no fundo, como é o caso dos tubetes plásticos, depende da
aplicação de doses elevadas de nutrientes, de forma a compensar suas perdas por
lixiviação. Existem perdas de água e nutrientes da irrigação entre os tubetes, pois as
mudas são colocadas nas telas ou nas bandejas, intercalando-se linhas com e sem
recipientes ou, em uma mesma linha, alternando os tubetes, perdendo em média
80% da água de irrigação, durante e logo após a sua aplicação; as regras devem ser
freqüentes, principalmente em regiões mais quentes.
Em viveiros que usam tubetes, o custo de implantação é considerado
elevado, em comparação aos de saco plástico. Tubetes, telas ou bandejas
correspondem a 30% do custo de investimento da instalação de viveiros e a
estrutura de canteiros equivale a 25%. Este investimento justifica a necessidade de
30
manuseio e armazenamento adequados dos materiais plásticos, pois as suas
reposições aumentam o custo de produção de mudas.
É necessária uma área para armazenamento dos tubetes, das telas ou das
bandejas, quando estes materiais não estão sendo utilizados para a produção de
mudas. As bandejas plásticas têm sido mais empregadas que as de isopor, pela
durabilidade e pelo menor espaço para armazenamento.
Na produção de mudas de Eucalyptus grandis, a estruturação do sistema
radicular nos tubetes, utilizando como substrato o composto orgânico, foi melhor em
comparação com a das mudas produzidas em sacos plásticos, onde se usou a terra
de subsolo.
As vantagens dos tubetes justificam a sua grande utilização nas empresas
florestais, que necessitam produzir grandes quantidades de mudas em menor
tempo, com relativo baixo custo e no padrão de qualidade exigido. A mecanização
do processo de produção de mudas é uma exigência econômica e o futuro da
produção de mudas de espécies florestais faz com que a utilização do tubete de
plástico rígido ou a substituição por outro produto equivalente seja biodegradável.

b) Sacos plásticos: este recipiente já foi o mais utilizado no Brasil para


produção de mudas de Eucalyptus spp. e outras espécies florestais. Constitui-se em
uma sacola de polietileno de dimensões variadas. Seu uso começou a ser difundido
desde o momento em que a demanda de madeira teve aumento considerável,
provocando o uso de grandes áreas para os reflorestamentos e conseqüente
aumento na procura por mudas de espécies florestais. Teve sua ascensão com a lei
dos incentivos fiscais, em que a demanda por mudas foi bastante intensificada. Deve
ser provido de furos na sua porção inferior, para o arejamento e o escoamento do
excesso de umidade, e preferencialmente sanfonados.
A principal vantagem do saco plástico é o baixo preço, não requerendo mão-
de-obra especializada. Nos dias de hoje ainda é usado em viveiros menores, por
causa do preço e da disponibilidade, tendo como principais desvantagens o
enovelamento do sistema radicular, o que notadamente provoca um alto índice de
morte após o plantio; a terra tem que estar seca para seu enchimento, o que limita
os períodos de operação ou torna caro, caso queira realizá-lo a qualquer tempo; o
seu enchimento é manual, que, mesmo com maiores cuidados, traz problema de
ergonomia; a operação de plantio é onerada pela necessidade de retirada da
embalagem, devido a sua dificílima decomposição; a não retirada do recipiente no
31
momento do plantio promove o enovelamento no campo, gerando povoamentos com
pequena taxa de sobrevivência e baixa produtividade, com crescimentos
heterogêneos entre árvores; a utilização de grandes áreas no viveiro; e o alto custo
de transporte do viveiro para o campo.
Com a utilização dos sacos plásticos, deve-se ficar atento para que não seja
ultrapassado o período normal.

3. Vantagens do uso dos recipientes:


a) proteção das raízes
b) a época do plantio pode ser ampliada
c) melhor desenvolvimento inicial das mudas
d) melhor controle sobre a quantidade de sementes

4. Desvantagens do uso de recipientes


a) maior peso para o transporte
b) são mais difíceis de serem manuseados
c) exigem trabalho mais intensivo
d) custos mais elevados de produção

5. Características físicas do recipiente


a) Forma: deve evitar o crescimento das raízes em forma espiral,
estrangulada, como também a dobra da raiz;
b) Material: não deve desintegrar-se durante a fase de produção de mudas;
c) Dimensões: a altura e o diâmetro do recipiente devem variar conforme as
características da espécie e respectivo tempo no viveiro.

6. Tipos de recipientes mais usados no Brasil


No passado, o torrão paulista (mistura de solo argiloso, solo arenoso e
esterco curtido) foi muito utilizado para espécies de Eucalyptus sp.
Sabe-se que o tipo de recipiente influencia o desenvolvimento das mudas de
essências florestais. Assim vários trabalhos têm sido feitos com o intuito de se
estabelecer qual o melhor tipo.
Vários são os tipos de recipientes existentes no mercado, mas os sacos
plásticos até a pouco tempo eram os mais usados, em face de sua maior
disponibilidade e do menor preço. Além disso, manuseá-los nos viveiros era
32
bastante simples e de elevado rendimento, no caso de produção de mudas em
grande escala.
Várias pesquisas foram feitas, visando minimizar as desvantagens das
principais embalagens existentes no mercado. Assim, a atual substituição dos sacos
plásticos por tubetes de plástico rígido. Esses recipientes são bastante simples e o
seu uso foi implementado por praticamente todas as empresas florestais. Os tubetes
apresentam algumas vantagens em comparação com os sacos plásticos, a saber:
menor diâmetro (ocupando menor área no viveiro), menor peso, maior possibilidade
de mecanização das operações de produção de mudas; redução considerável no
custo de transporte e distribuição de mudas no campo, no plantio etc.

Semeadura Direta nos Recipientes

Uma das principais inovações introduzidas na produção de mudas em grande


escala foi a utilização da semeadura direta nos recipientes. Esse procedimento tem
sido o mais utilizado na maioria das empresas florestais que utilizam sementes. As
vantagens desse método são: eliminação da necessidade de confecção dos
canteiros para semeadura e posterior repicagem; dispensa dos aparatos para
sombreamento das mudas recém-repicadas; redução do prazo para produção das
mudas; produção de mudas mais vigorosas; diminuição das perdas de mudas por
doenças; produção de mudas com o sistema radicular de melhor conformação; e,
finalmente, produção de mudas a um menor custo.
Nesse processo, as embalagens devem estar encanteiradas ou colocadas em
bandejas ou telas, no caso dos tubetes. A semeadura é efetuada diretamente nelas
por meio de "seringas", quando se tratar de sementes pequenas, ou manualmente,
no caso de sementes maiores. Para o uso de tubetes, existe um sistema
automatizado de semeadura. Dependendo do tamanho da semente, logo após a
semeadura pode-se peneirar uma fina camada do substrato utilizado, sobre as
sementes, colocando, a seguir, uma cobertura morta. Essa cobertura tem, dentre
outras, a finalidade de proteger as sementes contra a incidência direta dos raios
solares e dos pingos d'água e conservar a umidade da camada superficial,
resultando em maior percentual de germinação das sementes. O tipo de cobertura
morta a ser colocada dependerá principalmente de sua disponibilidade na região
onde as mudas estão sendo produzidas. Entretanto, as mais utilizadas têm sido
33
casca de arroz, serragem e capim picado, que não deve estar em fase de
decomposição e, preferencialmente, estar desinfetado.

Substrato e preenchimento dos recipientes

A principal função do substrato é sustentar a planta e fornecer-lhe nutriente. É


composto de uma parte sólida (partículas minerais e orgânicas), contendo poros que
são ocupados por água e ar. O desenvolvimento e a eficiência do sistema radicular
são muito influenciados pela aeração do solo, que depende da quantidade e do
tamanho das partículas que definem a sua textura.
Na escolha de um meio de crescimento devem-se considerar as suas
características físicas e químicas, o comportamento da espécie a ser propagada e
os aspectos econômicos do processo.
O substrato ideal para a produção de mudas de espécies florestais é aquele
que apresenta uniformidade em sua composição, baixa densidade, porosidade, boa
capacidade de campo e troca catiônica, boa capacidade de retenção de água,
aeração e drenagem e isenção de pragas, organismos patogênicos e ervas
daninhas.

“Capacidade de Campo: (1) quantidade de água contida no solo, após ter sido drenado o excesso
de água gravitacional e após ter diminuído muito a velocidade do movimento descendente da água;
(2) retenção específica é um termo mais geral empregado nos estudos de água subterrânea. A
retenção específica é geralmente dada como uma percentagem de volume, ao passo que a
capacidade de campo é dada como percentagem de peso”.

Capacidade de Troca Catiônica (CTC): capacidade do complexo coloidal do solo para adsorver
cátions, expressa em Cmolc.kg –1”

O crescimento e a eficiência do sistema radicular são muito influenciados pela


aeração do solo, porque o crescimento é um processo que requer energia, obtida
das células das raízes, que, por meio de respiração, retiram o oxigênio do ar retido
nos interstícios existentes nas partículas sólidas do substrato.
A deficiência do oxigênio no substrato causa, muitas vezes, a paralisação do
crescimento radicular, com injúrias ou morte deste. Essa deficiência pode ser
induzida por inundação, baixa drenagem ou compactação do substrato.
Dentre os substratos que podem ser utilizados na produção de mudas de
espécies florestais, destacam-se a vermiculita, o composto orgânico, o esterco
bovino, a moinha de carvão, a terra de subsolo, a serragem, o bagaço de cana, as
acículas de Pinus e a turfa.
34
O substrato mais utilizado no preenchimento das embalagens plásticas tem
sido a terra de subsolo isenta de sementes de ervas daninhas e microorganismos
patogênicos. Essa característica elimina a necessidade de se proceder à sua
desinfestação, concorrendo para diminuir os custos de produção das mudas.
Geralmente, o subsolo contém níveis mais baixos de nutrientes, que podem,
entretanto, ser elevados facilmente aos teores desejados, por meio de fertilização
mineral. Quanto às propriedades físicas, o substrato deverá ser de preferência,
argilo-arenoso, a fim de que, retirado o saco plástico, no plantio, o bloco com a muda
não se desintegre facilmente, ocasionando perdas de mudas no campo.
Antes de ser colocada dentro dos sacos plásticos, a terra geralmente é
passada em peneiras de 1,00 m de largura, 2,0 m de comprimento e malhas de 1,50
cm. Para facilitar essa operação, as peneiras são instaladas em cavaletes, com
inclinação em torno de 45o.
Durante o transporte das embalagens já preenchidas nas moegas para o local
de encanteiramento, e mesmo por ocasião do próprio encanteiramento, é muito
comum a perda parcial do substrato. Conseqüentemente, o volume de terra do saco
plástico, na maioria das vezes, deve ser completado. A não observância de tal
procedimento resulta no fato de que, efetuada a irrigação dos canteiros, as bordas
dos sacos plásticos tendem a dobrar-se e permanecer nessa posição, impedindo a
germinação das sementes. Esse problema é corrigido pela colocação manual de
terra em cada embalagem, até que o volume total tenha sido completado. Na maioria
das vezes, o volume supera o desejado, verificando-se, então, a necessidade de
nivelar a terra até a altura de mais ou menos 0,5 cm abaixo da borda superior da
embalagem, evitando, assim, que as sementes caiam por causa da irrigação ou
mesmo germine na lateral, o que não é desejável.
O enchimento dos tubetes é feito através de um sistema semimecanizado,
que se inicia com a colocação dos tubetes nas bandejas e toda a operação de
enchimento e compactação é feita de forma mecanizada.
A produção de mudas florestais, principalmente de eucaliptos, por meio da
semeadura direta em tubetes, tendo a vermiculita como substrato, apresenta
algumas vantagens, mas não se consegue superar alguns problemas relacionados
principalmente com a nutrição das mudas e com a consistência do substrato em
torno das raízes. Para evitar perdas, as mudas deverão ir ao campo nos tubetes,
encarecendo o processo. Há vários outros substratos mais adequados a esse
método de produção de mudas, mostrando algumas vantagens em relação à
35
vermiculita, como: a) apresentam maiores teores de nutrientes; b) têm maior
capacidade de retenção de nutrientes aplicados por meio de fertilizantes químicos; c)
ocorrem em grande quantidade na natureza ou podem ser produzidos no próprio
viveiro; d) mostram maior consistência, com o sistema radicular bem agregado ao
substrato.
Apesar de a vermiculita apresentar algumas vantagens na melhoria da
qualidade dos solos e até na produção de mudas, estudos foram feitos, comparando
vários substratos, dentre eles a vermiculita, na produção de mudas de espécies
florestais.
Pesquisas têm demonstrado que, na produção de mudas de espécies
florestais, a vermiculita possui uma série de desvantagens, quando comparada com
os outros substratos. As misturas de vermiculita com 10% de esterco bovino ou
composto orgânico ou com 10% e 20% de terra de subsolo resultam em mudas de
maior crescimento em altura. Porém, com esses tratamentos as mudas não se
apresentaram com o sistema radicular bem agregado ao substrato, além de mostrar
sintomas de deficiência de boro e zinco.
A mistura de vermiculita e composto orgânico, na proporção de 60:40,
proporciona ótimo crescimento em altura, porém as mudas demonstram sintomas de
deficiências minerais, e o sistema radicular não fica bem agregado ao substrato. Em
trabalhos realizados, a mistura do composto orgânico com 20% de moinha de carvão
(com granulometria entre 1 e 3 mm) foi o melhor substrato e é o recomendado para
produção de mudas. O composto orgânico foi constituído de esterco bovino e capim-
gordura.
Na prática, o preenchimento dos tubetes tem sido feito com mistura de
substratos primários e secundários. O substrato primário trata-se de algum material
orgânico, que pode ser composto orgânico, húmus de minhoca, casca de eucalipto
ou pinus decomposta, etc, enquanto o substrato secundário trata-se de vermiculita,
casca de arroz carbonizada, cinza de caldeira de biomassa, etc. A mistura tem o
objetivo de agregar característica positiva dos substratos, amenizando as
características negativas.
Deve-se proceder a uma análise do solo que vai ser utilizado como substrato,
para ser constatada a necessidade de adubação e correção, obtendo-se, assim,
resultados satisfatórios no viveiro. Considera-se que toda a adubação e correção
excessiva, além de anti-econômica, torna-se prejudicial devido ao tempo para o
36
efeito. Quanto à adubação, pode-se considerar que seja efetuada posteriormente,
em época oportuna, inclusive com o adicionamento de matéria orgânica.
Atualmente, podem ser encontrados no comércio vários tipos de substratos já
preparados e prontos para o uso, facilitando a produção de mudas de espécies
florestais.

Adubação Mineral

A necessidade de se proceder à adubação mineral na produção de mudas


resultou da utilização de terra de subsolo (em vez de terriço) e do aumento
progressivo das áreas reflorestadoras anualmente pelas empresas florestais, bem
como da inexistência de fontes seguras de esterco ou matéria orgânica próxima dos
viveiros.
A utilização de matéria orgânica em viveiros florestais apresenta algumas
desvantagens em relação à terra de subsolo, quais seja infestação por ervas
daninhas e ocorrência de doenças causadas por agentes patogênicos. Portanto, a
adubação mineral é um tópico que merece atenção nessa discussão sobre produção
de mudas.
O efeito dos nutrientes, principalmente N, P e K, no crescimento de mudas de
eucaliptos tem despertado a atenção dos pesquisadores florestais. Vários trabalhos
de pesquisa têm sido feitos no sentido de se conhecer a melhor dosagem de adubos
para a produção de mudas de espécies florestais.
Os resultados dos experimentos em viveiros têm demonstrado que, para
Eucalyptus sp., a fertilização potássica é praticamente desnecessária na maioria dos
solos, tanto pelos efeitos sobre o crescimento das mudas, quanto pela sua
resistência à seca, quando levadas ao campo. O nível crítico de potássio para o
eucalipto está em torno de 10 mg dm-3, quantidade encontrada na maioria dos solos
utilizados. A aplicação de nitrogênio promove, de maneira geral, na produção de
mudas, aumentos significativos no crescimento em altura; entretanto, doses mais
elevada podem apresentar resultados inversos aos esperados. A adubação
fosfatada, de modo geral, resulta em maior crescimento das mudas.
O emprego de fertilizantes minerais na produção de mudas é, portanto,
prática usual nos viveiros florestais. Funciona também como valiosa ferramenta para
controlar o tamanho e o vigor das mudas, para que a empresa florestal possa ajustar
seu cronograma de plantio às condições climáticas peculiares da região.
37
Uma formulação baseada em pesquisas realizadas na década de 70, e ainda
utilizada por algumas empresas tem sido NPK (4-14-8), aplicada em mistura com
terra, na quantidade de 4 a 8 kg por m3 de terra de subsolo. Entretanto, trabalhos
mais recentes mostram que mudas de eucalipto exigem relativamente baixo teor de
potássio, indicando, provavelmente, que a aplicação de formulações completas de
NPK no viveiro não se justifica para boa parte dos subsolos utilizados.
A aplicação de fertilizantes sem análise prévia do subsolo utilizado no
preenchimento das embalagens pode resultar em produção de mudas de qualidade
inferior, em conseqüência da falta ou excesso de fertilizantes. Portanto, para evitar
desperdício de fertilizantes e para obter muda com as características desejadas
pelas empresas florestais, é imprescindível a análise do substrato. Ela será a base
para a recomendação de uma fórmula e de dosagens adequadas para a produção
de mudas. Entretanto, pelo fato de as técnicas atualmente disponíveis para a
determinação dos níveis de nutrientes nos solos terem sido desenvolvidas para
culturas agrícolas, é necessário que novos métodos sejam desenvolvidos
especificamente para essências florestais, para possibilitarem melhor interpretação
dos resultados da análise e posteriores recomendações para fertilização. Outro
aspecto que requer estudos são as exigências nutricionais de muitas espécies de
essências florestais, principalmente no que diz respeito aos níveis críticos dos
macronutrientes.
A aplicação de fertilizantes, visando à produção de mudas, na maioria das
vezes é executada mediante a incorporação do adubo à terra, antes da operação de
preenchimento das embalagens. Geralmente, essa prática produz bom resultado;
entretanto, em razão da dificuldade de homogeneizar de maneira adequada a
mistura solo-adubo, a ocorrência de diferenças de crescimento das mudas de uma
embalagem para a outra não pode ser descartada, verificando-se a necessidade de
posterior movimentação e classificação, readubando as menores, o que aumenta os
custos de produção.
A aplicação do adubo na água de irrigação deverá ser parcelada, sendo a
metade da dosagem antes da semeadura e metade após o raleio. Com isso, as
mudas têm melhor crescimento, maior uniformidade e menor custo, porque o
rendimento da aplicação na água de irrigação é maior que o da mistura com o solo,
além de diminuir significativamente a quantidade de adubo aplicada.
No caso do uso dos tubetes, pelo fato de que há necessidade de máquinas
para a mistura de substratos, tem sido usado fertilizante misturado ao substrato, com
38
boa homogeneidade. Assim é comum o uso de fertilizantes de liberação controlada,
compostos de vários nutrientes essenciais às plantas. Estes nutrientes são
encapsulados e apresentam liberação lenta, sendo melhor aproveitados pelas
mudas.

Organismos benéficos ao substrato

Rizobactérias e Rizobacterização do substrato

No solo ou no substrato de crescimento de plantas, existe normalmente um


grande número de microorganismos, incluindo bactérias, fungos, actinomicetos,
protozoários e algas. Entretanto, as bactérias são as mais abundantes, dado o seu
rápido crescimento e a habilidade de utilizar uma ampla gama de compostos como
fonte de carbono e nitrogênio. Este fato, aliado ao suprimento constante de
compostos orgânicos, fornecidos pelas raízes, possibilita a ocorrência de uma ampla
e diversificada população bacteriana na rizosfera.
A rizosfera é uma região onde ocorrem interações entre o solo, os
microorganismos e as plantas. Em virtude da presença de exudatos radiculares, a
rizosfera é uma região intensa atividade microbiana, onde predominam bactérias de
vida livre ou associada aos tecidos das plantas. Tais bactérias podem ser benéficas,
neutras ou deletérias às plantas hospedeiras, sendo as primeiras designadas de
“Plant Growth-Promoting Rhizobacteria – PGPR”. Este termo foi utilizado
inicialmente para descrever isolado de ocorrência natural de bactérias de vida livre
no solo, sendo a maioria pertencente aos gêneros Pseudomonas e Bacillus, que
apresentam a capacidade de colonizar as raízes de plantas e estimular o seu
crescimento. Atualmente, há outros gêneros que apresentam efeitos de PGPR,
como Azobacter, Arthrobacter, Clostridium, Hydrogenophaga, Enterobacter, Serratia
e Azospirillum.
Apesar dos efeitos de estímulo ao crescimento de planta mediado por
rizobactérias tenham sido bem estudados na área agronômica, no setor florestal
ainda são muito pouco exploradas, embora constitua uma tecnologia altamente
promissora, podendo propiciar ganhos de 15 a 30% e, em casos especiais, até
mesmo dobrar a biomassa produzida.
Estudos envolvendo promoção de crescimento por PGPR para espécies
arbóreas, do grupo das angiospermas, evidenciam basicamente o incremento na
39
biomassa de mudas inoculadas em relação a mudas não-inoculadas. Em
contrapartida, vários estudos têm sido conduzidos com gimnospermas,
principalmente coníferas do gênero Pinus, Picea, Tsuga e Pseudotsuga.
Os mecanismos envolvidos na promoção de crescimento mediado por
rizobactérias ainda não são totalmente esclarecidos. No entanto, entre eles se
incluem a síntese ou alteração nos níveis de fitohormônios, como ácido indolacético,
ácido giberélico, citocininas e etileno, a fixação assimbiótica de N2, o antagonismo
contra fitopatógenos e ácido cianídrico (HCN), bem como a solubilização de fosfato
mineral e outros nutrientes. Ademais, algumas rizobactérias descritas como PGPR
podem promover o crescimento indiretamente, por favorecerem a micorrização, a
nodulação e a fixação simbiótica de N2. Por exemplo, a co-inoculação de
rizobactérias de Bradyrhizobium japonicum em sementes de soja aumentou a massa
e o número de nódulos, dependendo do isolado empregado.
Estudos recentes, conduzidos no Laboratório de Patologia Florestal da UFV,
em cooperação com as principais empresas eucaliptocultoras nacionais, têm
mostrado que isolados de rizobactérias selecionados quando aplicados em
minijardim, proporcionam maior produção e predisposição dos brotos do
enraizamento. Além disso, certos isolados incorporados ao substrato podem
estimular o enraizamento de estacas e miniestacas de eucalipto, promovendo
incremento na biomassa e qualidade do sistema radicular, cujos ganhos nos índices
de enraizamento podem ultrapassar 100%, dependendo do clone e do isolado de
rizobactéria. Concomitantemente aos ganhos em enraizamento, obtêm-se também
maior incremento na biomassa aérea, inclusive para mudas seminais. No
biocontrole, alguns isolados têm efeito positivo para ferrugem (Puccinia psidii), via
indução de resistência sistêmica e outros no controle da podridão de miniestacas
(Botrytis cinerea, Cylindrocladium spp e Rhizoctonia spp.), anelamento da haste e
mancha foliar causada por Quambalaria eucalipti, via antibiose direta. O produto
biológico Rizolyptus®, contendo rizobactérias benéficas ao enraizamento,
crescimento de mudas e controle de doenças, encontra-se em fase de formulação
para sua disponibilização no mercado.
Principalmente no caso de coníferas, há necessidade de presença de
micorrizas, na maioria fungos específicos para uma ou mais espécies. Em viveiros
novos, há necessidade de se proceder a inoculação no solo previamente, cuidando
para não serem introduzidas bactérias, insetos, outros fungos, etc. A inoculação
40
poderá ser realizada utilizando-se solo de locais (reflorestamentos ou florestas
naturais) onde ocorra a espécie a ser produzida.
Conforme as características morfológicas e anatômicas, as raízes micorrízicas
dividem-se em dois grupos:
1. Ectomicorrizas: o fungo coloniza a superfície das raízes curtas, formando um
manto espesso ao seu redor. Podem ser vistas a olho nu, pois muitas formações são
brancas ou apresentam um colorido brilhante. Os esporos das ectomicorrizas são
transportados de formas diversas, sendo o vento o principal meio de propagação.
Dentre as espécies que apresentam este tipo de associação, estão Pinus spp. e
Eucalyptus spp.
2. Endomicorrizas: não provocam diferenciação morfológica nas raízes, não
podendo ser identificadas a olho nu. Sua presença é detectada por técnicas de
mudança de coloração de tecidos e exames microscópicos. Dentre as espécies que
apresentam este tipo de associação, estão: Eucalyptus spp. e muitas espécies de
culturas agronômicas, forrageiras, frutíferas, ornamentais. As espécies dos
Cerrados, da Floresta Amazônica, da Floresta Atlântica e da Floresta com Araucária
apresentam associação essencialmente endomicorrízica.

Vantagens do uso das Micorrizas


1. Aumento da área de absorção das raízes
2. Aumento da absorção de nutrientes, especialmente de fósforo
3. Aumento da longevidade de raízes infeccionadas
4. Maior resistência a extremos valores ácidos de pH
5. Maior proteção à infecção patogênica
6. Maior resistência à seca das mudas e às altas temperaturas do substrato
7. Maior poder de absorção de umidade

3.2.5) Semeadura

3.2.5.1.Quebra de dormência de Sementes

Este método consiste em restituir às sementes a umidade que elas perderam


durante o procedimento de sua retirada de frutos, cones ou secagem com fins de
adequação do teor de umidade para o armazenamento em câmara fria. Para Pinus
41
taeda, a quebra de dormência mais utilizada no País é a estratificação, mantendo as
sementes sempre úmidas, à temperatura de 2 a 5o, por cerca de 60 dias.

3.2.5.2.Época de Semeadura

O plantio é realizado principalmente no período das chuvas, para atingir altos


índices de sobrevivência. Outros fatores importantes a serem considerados na
época do plantio são a rotações das espécies no viveiro e a resistência das
espécies.

3.2.5.3.Profundidade de Semeadura

A semeadura não deve ser superficial, pois as sementes recebem intenso


calor do sol, não absorvendo umidade em quantidade adequada à germinação.
Também não deve ser profunda, pelo fato de que o peso do substrato constitui um
fator físico inibidor da emergência de plântulas.
A profundidade ideal deverá variar com as dimensões e o vigor das sementes.
Geralmente a profundidade não deverá ultrapassar de duas a três vezes a
espessura da semente.

3.2.5.4.Cobertura de Canteiros

Na produção de mudas de essências florestais, são utilizados inúmeros tipos


de materiais na cobertura de sementeiras, visando proteger as sementes contra a
ação direta dos raios solares, da água das chuvas, das regas e, também manter a
umidade necessária à emergência das plântulas.
Esta cobertura pode ser feita com uma camada de terra peneirada, serragem,
sepilho, areia, acículas cortadas, casca de arroz, cavacos de plaina, esteiras de
taquara, ramos de arbustos e árvores, feno, panos de algodão, filó de juta, ripados,
palha, terriço de folhas, esterco, lonas, joio, materiais plásticos, cana de açúcar,
esteiras de bambu etc.
A cobertura do solo após a semeadura apresenta uma série de vantagens
dentre elas as seguintes:
a - conserva a umidade e reduz o secamento e encostamento do solo;
b - evita a falta de germinação devido a redução da temperatura do solo;
42
c - controla a temperatura do solo, evitando grandes variações;
d - evita que sementes leves sejam levadas pelo vento;
e - dificulta o ataque de pássaros e outros animais, etc.

3.2.5.5.Abrigo de Canteiros

Entende-se por abrigo uma proteção colocada a uma altura variável,


usualmente até 50 cm, sobre a superfície de canteiros. A finalidade da proteção é
estimular a percentagem de emergência, atuando contra baixas temperaturas, no
inverno, e também protegendo contra forte insolação e intempéries com granizo e
chuvas fortes no verão.
Podem ser utilizados ripados de taquara e folhas de palmeira, sendo mais
usual a tela de poliolefina (sombrite), que apresenta diferentes percentagens de
sombreamento. Para espécies como o palmito (Euterpe edulis), é muito utilizado o
sombrite de 50%; para o jacarandá da Bahia (Dalbergia nigra), é recomendado
sombreamento entre 30 ou 50%; para a cupiúba (Goupia glabra), é recomendado o
sombreamento de 30%.

3.2.4. Irrigação

A quantidade de água aplicada num viveiro varia com a capacidade de


retenção de água do solo, precipitação anual, temperatura do ar, umidade relativa do
ar, vento, espécie e idade das mudas. A irrigação excessiva tende lixiviar os
nutrientes solúveis, especialmente N e K, reduzir a aeração, favorecer a ocorrência
de doenças e fungos, dificultar o desenvolvimento das raízes, tornarem as mudas
suculentas e pouco resistentes à seca e, finalmente, resulta no uso desnecessário
de água.
O canteiro deve ser mantido úmido até que as mudas tornem-se firmes. Uma
irrigação permanente e adequada concorrerá em muito para apressar uma
germinação uniforme. De preferência, devem-se aplicar irrigações leves e freqüentes
do que fortes e irregulares, e devem continuar até que as mudas tenham raízes de
5-8 cm de comprimento e que tenham iniciado o desenvolvimento de folhas
secundárias.
A água capilar praticamente não se movimenta no solo e que o crescimento
contínuo das raízes é fator essencial à absorção de água e dos sais minerais nela
43
dissolvidos. A água e os sais minerais dissolvidos que se acham em áreas não
penetradas pelas raízes, ainda que a poucos centímetros delas, são inaproveitáveis
pelas plantas. As plantinhas deverão receber regas abundantes, porém espaçadas
para permitir que o solo seque nos intervalos, até as proximidades do ponto de
murchamento. Nestas condições, as mudas, embora possam apresentar menor
crescimento das partes aéreas, por ocasião do transplante, apresentarão um
sistema radicular bem desenvolvido, conferindo às mudinhas maior probabilidade de
sobrevivência após o transplante no campo, principalmente se sobrevir um período
de estiagem.
Para as sementeiras ou canteiros em germinação, as regas devem ser
freqüentes até as mudas atingirem uma altura aproximada de cinco centímetros
(folhas formadas), sendo os melhores horários pela manhã ou no período final da
tarde. A irrigação no início das manhãs é recomendável em épocas e em locais frios,
para desmanchar o gelo formado por geadas. Regas ao final do dia contribuem para
que o substrato permaneça úmido por mais tempo, de modo que o potencial hídrico
das mudas mantenha-se com valores mais altos durante as noites.
É recomendado que após a emergência tenha alcançado seu ápice, o regime
de regas deva ser alterado, substituindo-se gradativamente a irrigação freqüente e
leve por outro regime de maiores intensidades e duração de rega. Substratos com
teores elevados de areia requerem maior freqüência que os de menores teores.
Deve-se tomar cuidado com o excesso da irrigação, pois isto poderá acarretar
as seguintes conseqüências:
a) diminuição da circulação de ar no substrato
b) lixiviação das substâncias nutritivas
c) aumento da sensibilidade das mudas ao ataque de fungos
Os trabalhos de irrigação poderão ser feitos com a utilização de mangueiras,
regadores ou aspersores, dependendo das condições de cada viveiro.

3.2.5. Repicagem

A repicagem é o transplante de uma plântula de um local para outro no


mesmo viveiro. Comumente, aproveita-se a oportunidade para refugar as plântulas
que apresentam algum tipo de deformação ou baixo vigor. Esta operação é
executada manualmente no Brasil, de um recipiente onde há duas plântulas para
44
outro recipiente onde nenhuma semente germinou. Não há tradição no país, do uso
desta operação em viveiro de mudas de raiz nuas.
A repicagem não deve ser efetuada ao sol e deve seguir os seguintes
procedimentos:
(a) Após o umedecimento da sementeira, retira-se a muda com o auxílio de
uma lâmina, evitando ocasionar danos ao sistema radicular.
(b) Enquanto não ocorre o transplante para a embalagem, as mudas devem
ficar em recipiente com água e a sombra.
(c) Com o tarugo cônico, o trabalhador do viveiro realiza movimentos
circulares, após introduzi-lo no substrato que preenche a embalagem, formando um
orifício para acomodar a muda.
(d) Se necessário, as raízes devem ser podadas para reduzir o volume
radicular, facilitando a acomodação da muda no recipiente. Poderá ser utilizada uma
lâmina afiada ou uma tesoura.
(e) Coloca-se a muda no orifício do recipiente com substrato, cuidando-se
para evitar a formação de bolsa de ar.

3.2.6) Raleios, Mondas e Danças

É prática comum, em viveiros florestais, colocar mais de uma semente por


recipiente, visando assegurar a presença de pelo menos uma muda em cada
embalagem. Portanto, grande parte dos recipientes apresentará mais de uma muda,
sendo necessária a realização de raleios, deixando apenas a muda mais vigorosa e
de melhor forma. Geralmente, tal operação é conduzida quando as mudas
apresentam de dois a três pares de folhas definitivas, adotando-se como critério para
a eliminação das mudas excedentes o índice de crescimento em altura e a
conformação do caulículo. Não há, ainda, nenhuma base científica para o uso da
altura na seleção das mudas por ocasião do raleio, uma vez que mudas altas,
médias e baixas de Eucalyptus grandis, quando levadas, concomitantemente, ao
campo, não apresentaram diferenças significativas em crescimento em altura, um
ano após a data do plantio. Eliminar as mudas menores por ocasião do raleio resulta
numa perda de cerca de 75% do total das sementes germinadas. Se fosse
comprovada a correlação entre o crescimento em altura e a carga genética das
mudas (posterior crescimento no campo), seria possível, então, promover a melhoria
do padrão dos povoamentos florestais, já na operação de raleio no viveiro.
45
Mesmo utilizando terra de subsolo, a germinação de sementes de ervas
daninhas sempre ocorre paralelamente à de sementes das espécies florestais. Para
eliminá-las, procede-se a monda, ou capina, executada manualmente, tantas vezes
quantas necessárias. Essa operação será mais bem conduzida após a irrigação dos
canteiros, pois facilitará a remoção das ervas daninhas, ocasionando menor dano ao
sistema radicular das mudas.
A movimentação, ou dança, das embalagens é feita sempre que necessário,
com a finalidade de efetuar a poda das raízes que porventura tiverem extravasado
as embalagens e penetrado no solo. Além disso, essa operação promove a
rustificação das mudas, resultando na redução da mortalidade por ocasião do
plantio. As mudas produzidas em tubetes dispensam esta movimentação, ou dança,
das embalagens.

3.2.7) Rustificação

A muda, para que seja considerada apta para ser levada ao campo, deve ser
sadia e ter um grau de resistência que lhe permita sobreviver às condições adversas
do meio.
A sua rustificação poderá ser feita de várias maneiras, tais como: aplicação
de NaCl em água de irrigação, na dosagem de 1 mg/planta/dia; poda da parte aérea,
com redução de 1/3 da porção superior; redução das folhas dos 2/3 inferiores das
mudas; constantes movimentações das mudas nos canteiros, por ocasião das
danças, das remoções, das seleções e das classificações; aplicação de
antitranspirante na época do plantio e cortes graduais da irrigação,
aproximadamente vinte dias antes da expedição das mudas para o plantio.
Mudas em viveiro, submetidas a um processo de rustificação contra a seca,
mediante tratamento com NaCl, podem estar capacitadas para desenvolver
potenciais hídricos muito baixos, o que lhes fornece maior força de absorção ao nível
da raiz. Em tratamentos com concentrações muito altas de cloreto de sódio não
poderia ser eliminado um provável efeito tóxico do cloreto sobre as mudas. Ao
proteger a folha contra a perda de água por meio de antitranspirante (solução
diluída, como, por exemplo, "Mobileaf" na concentração de 1:7 em água), chegar-se-
á, aparentemente, a certo equilíbrio hídrico na planta, o qual permite que ela ganhe
em crescimento no campo. Soluções muito concentradas de antitranspirante
46
parecem bloquear totalmente as funções de troca gasosa na folha. A poda da parte
aérea ou a redução da área foliar diminui a perda de água pela transpiração da
planta. Entretanto, sendo muito drástica, essa prática pode ter um efeito negativo,
que é a alteração do gradiente de potencial hídrico que se forma entre a folha e a
raiz. Tratamentos que promovam maior força de absorção de água ao nível da raiz
(sais) não poderiam ser adotados juntamente com outros que inibam a perda de
água na parte aérea (podas, antitranspirante etc). A movimentação das mudas no
viveiro e o corte gradual de irrigação no período que antecede o plantio são os
procedimentos mais usados no endurecimento das mudas no viveiro, por serem os
mais práticos e baratos.

3.2.8) Seleção

Os principais critérios adotados para essa operação, em viveiros florestais,


são o crescimento em altura e a conformação das mudas, as quais não devem
apresentar bifurcação nem tortuosidade. Não há trabalhos científicos que
comprovem a validade de tais técnicas, nem as observações empíricas têm
demonstrado seu valor econômico. Mudas de diferentes tamanhos igualam-se um
ano depois de plantadas no campo, o que sugere a ocorrência de perdas de ordem
econômica, em conseqüência do aproveitamento de menos de 20% do total de
sementes germinadas. Por outro lado, se for comprovado que mudas selecionadas
no viveiro mantêm sua superioridade na idade adulta, haverá grande economia de
tempo nos programas de melhoramento florestal, uma vez que árvores superiores
poderiam ser selecionadas já na fase de viveiro.
A seleção de mudas nos viveiros florestais é assunto que deve ser estudada
com maior atenção, a fim de evitar custos elevados, caso essa operação não seja
necessária.

3.2.9) Avaliação da qualidade das mudas

Vários parâmetros são utilizados para avaliar a qualidade das mudas de


espécies florestais e dentre eles destacam-se: altura da parte aérea, sistema
radicular, diâmetro do coleto, proporção entre as partes aérea e radicular, proporção
47
entre o diâmetro do coleto e a altura da parte aérea, pesos de matéria seca e verde
das partes aérea e radicular, rigidez da parte aérea, aspectos nutricionais etc.
Muitos desses parâmetros têm sido testados por meio da avaliação da
sobrevivência e do crescimento da muda no campo, e os resultados têm sido muito
variáveis, mesmo com mudas consideradas de alto padrão de qualidade morfológica
e plantadas em sítios favoráveis. Nenhum parâmetro deve ser usado como critério
único para classificação de mudas. Na realidade, há dependência entre os
parâmetros mencionados. Esses parâmetros sofrem acentuada influência das
técnicas de produção de mudas empregadas no viveiro, principalmente nos aspectos
densidade, poda de raízes, fertilidade do solo e disponibilidade hídrica nos tecidos
das mudas.
A deficiência hídrica do solo afeta mais o crescimento em diâmetro que o
crescimento em altura. Isso porque o diâmetro parece ser mais dependente da
fotossíntese que o crescimento em altura.
As raízes desenvolvem melhor em solos mais férteis; entretanto, nesses solos
o crescimento da parte aérea é ainda mais estimulado, resultando numa razão
raiz/parte aérea menor que a encontrada em solos mais pobres.
As características nas quais as empresas florestais se fundamentam, para
classificação da qualidade das mudas de eucaliptos, são baseadas na avaliação das
plantas pertencentes à unidade amostral, na qual são considerados os parâmetros:
altura média (entre 15 e 30 cm), diâmetro do coleto (2 mm), sistema radicular
(desenvolvimento, formação e agregação), rigidez da haste (amadurecimento das
plantas), número de pares de folhas (mínimo de três), aspecto nutricional (sintomas
de deficiência) e resistência a pragas e doenças (sanidade).

3.2.6) Doenças

As doenças em viveiros estão associadas principalmente a quatro fatores:


água, sombreamento, substrato e material propagativo. Devido às suas
características, o viveiro reúne condições de umidade, sombreamento e proximidade
das mudas que favorecem a instalação, o desenvolvimento e a disseminação de
doenças fúngicas.
48
Para o controle de doenças, podem ser utilizadas as seguintes medidas:

1. Medidas preventivas são tomadas antes do aparecimento das doenças e


estão associadas às técnicas de manejo do viveiro, que têm por finalidade a
melhoria das condições ambientais do viveiro.
2. As medidas curativas são tomadas após diagnosticado o aparecimento dos
sintomas da doença. A utilização de fungicidas torna-se indispensável.

As práticas adotadas para o controle de doenças são:

a) Melhoria das condições ambientais do viveiro: controle da irrigação,


semeadura, drenagem, insolação e adubação.
b) Desinfestação de substrato e recipiente: geralmente são utilizados produtos
que tenham como princípio ativo o brometo de metila.
c) Identificação dos agentes patógenos: é muito comum a ocorrência de
doenças associadas aos fungos dos gêneros: Cylindrocladium spp, Rhizoctonia spp.,
Pythium spp., Fusarium spp., Phytophtora spp.
d) Aplicação de fungicidas: geralmente utilizam-se 2 g de fungicida para 1L de
água com intervalo de 3 dias entre as aplicações. Dentre alguns fungicidas
utilizados, estão: Benomyl, Benlate e Captan 50.
e) Descarte de mudas atacadas: mudas que estejam contaminadas deverão
ser descartadas para evitar a contaminação das mudas vizinhas.

3.2.7. Qualidade das mudas

Um viveiro florestal deve sempre visar a produção de mudas sadias e


vigorosas para posterior utilização em plantios. Elas devem apresentar:
1. sistema radicular desenvolvido
2. raiz principal sem defeitos
3. parte aérea bem formada
4. caule ereto e não bifurcado
5. ramos laterais uniformemente distribuídos
6. folhas com coloração e formação normais
7. isenção de doenças
49
4) PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE EUCALIPTO

4.1) Introdução

A propagação de plantas é realizada de duas diferentes formas, ou seja,


sexual e assexual ou vegetativa. A propagação por sementes é um processo sexual,
pois envolve a união do gameta masculino, grão de pólen, com o gameta feminino,
óvulo, para formar a semente.
A propagação vegetativa ou assexual é de grande importância quando se
deseja multiplicar um genótipo que é altamente heterozigoto e que apresenta
características consideradas superiores, que se perdem quando propagadas por
sementes.
Cada planta, individualmente produzida por meio vegetativo, é, na maioria das
vezes, geneticamente idêntica à planta-mãe, constituindo, assim, o motivo maior de
sua aplicação.
Dentre os inúmeros meios de propagação vegetativa de plantas, o que mais
interessa à multiplicação dos eucaliptos é a estaquia e a miniestaquia, pois é, ainda,
a técnica de maior viabilidade econômica para o estabelecimento de plantios clonais,
permitindo a multiplicação de genótipos selecionados, em curto período de tempo.

4.2) Seleção e resgate de matrizes no campo

A primeira etapa da produção de mudas clonais envolve a seleção da matriz à


idade de corte. Entretanto, sabe-se que as melhores fontes de indivíduos para
clonagem são obtidas a partir de plantios de origem híbrida, selecionados em
parcelas experimentais ou talhões comerciais. A seleção da matriz é baseada em
características fenotípicas de interesse para o aumento da produtividade florestal e a
melhoria da qualidade da madeira como matéria-prima fabril. De modo geral, no
processo de seleção de matrizes consideram-se características como resistência a
enfermidades, forma retilínea e ausência de outras anormalidades no fuste,
capacidade de desrama natural, densidade básica da madeira, teor de lignina e de
extrativos etc. Obviamente, os critérios de seleção variam de acordo com o uso da
madeira.
As matrizes selecionadas e multiplicadas assexuadamente passam a
constituir os clones. Esse processo é também conhecido como resgate do material
50
superior. Para tanto, o primeiro passo após a seleção da matriz à idade de corte,
aproximadamente sete anos para celulose é a promoção do seu rejuvenescimento
para se obterem brotos fisiologicamente aptos ao enraizamento (juvenis). A forma
mais simples de reversão à juvenilidade em árvores adultas de eucalipto é a indução
de brotos basais. O processo normalmente empregado para estimular a emissão de
brotos juvenis envolve o abate das árvores. O corte é feito com motosserra, devendo
se tomar o cuidado para evitar danos à casca da cepa remanescente, o que pode
afetar a emissão de brotações. As brotações emitidas na cepa possuem
características morfológicas e fisiológicas de plantas juvenis, o que é fundamental
para a recuperação da competência ao enraizamento e para assegurar a
manifestação de todo o potencial genético da árvore selecionada.
Outra técnica de resgate de matrizes e que, na maioria das vezes surte bons
resultados, é o anelamento do caule. Em plantas no campo, faz-se uma incisão de
cerca de 1-2 cm de espessura em torno da circunferência do caule, na base da
árvore, a cerca de 10-15 cm de altura do solo. Para essa operação, pode-se usar um
facão devidamente afiado e, com o auxílio de um martelo, faz-se cuidadosamente o
anelamento em uma profundidade suficiente para romper a casca, mas sem,
contudo, danificar o lenho. Após aproximadamente 20 dias, é possível observar
brotações emitidas abaixo da incisão. Cuidados especiais devem ser tomados para o
combate a formigas, pois brotações são altamente atrativas para o seu ataque. A
capacidade de brotação da matriz pode variar de acordo com o genótipo da planta, a
época do ano, a luminosidade e a espessura e profundidade de corte. Em geral
espera-se melhor resposta ao anelamento no período de primavera e no verão,
quando as plantas apresentam maior atividade metabólica.
Existe também a possibilidade de resgate de matrizes no campo pelo uso do
fogo. Ao contrário do anelamento e diante os riscos de incêndios na floresta, o uso
do fogo requer maior cuidado e tempo em sua execução, mas também oferece bons
resultados. O desenvolvimento desse método baseou-se em observações de campo,
onde é comum o lançamento de brotações ao longo do caule de plantas de
eucalipto, nos plantios em que houve incêndio. Tal método é baseado no princípio
da degradação de auxinas pelo calor, de modo a desequilibrar a relação
auxinas/citocininas, o que promove a emissão de brotações na região do coleto.
Esta característica foi desenvolvida durante a própria evolução do gênero
Eucalyptus, que anualmente é submetido a incêndios em sua área de ocorrência
natural, tendo desenvolvido a capacidade de responder prontamente à ação do fogo,
51
emitindo brotações. Para sua execução, folhas e galhos secos de eucalipto
amontoados na base do tronco são protegidos com um abafador metálico em
formato de dois semicírculos justapostos e unidos, contendo uma abertura lateral
tipo fornalha, por onde acende o fogo. O tempo de tratamento varia de 10-20
minutos em temperatura aproximada de 70oC, de acordo com a espessura da casca
da espécie.
Após 45-50 dias, as brotações são coletadas, condicionadas em baldes ou
caixas com água e, dependendo da distância de transporte e das condições
ambientais, pulverizadas, periodicamente, com água para evitar perda de
turgescência. Preferencialmente, a coleta deve ser feita nas primeiras horas do dia
para diminuir a perda de água pelas brotações e o transporte, realizado em veículo
fechado e refrigerado. Quando cuidado, às vezes não considerado, é evitar o
amassamento das folhas durante o transporte, pois os ferimentos ou injúrias
mecânicas nas folhas constituem porta de entrada para fungos durante a fase de
enraizamento. Em seguida, as brotações são levadas ao galpão do viveiro para o
preparo de estacas, de aproximadamente 8-12 cm de comprimento, contendo um
par de folhas secionadas transversalmente ao meio, com os objetivos de reduzir a
área de transpiração e evitar o efeito “guarda-chuva”. Ao contrário do que ocorre
com várias espécies de plantas frutíferas, estaca de eucalipto sem folhas dificilmente
enraíza. A auxina produzidas nas folhas e gemas apicais é necessária ao
enraizamento, e os carboidratos resultantes da atividade fotossintética contribuem
para a rizogênese. Após o preparo, as estacas são tratadas com ácido indolbutírico
(AIB), para indução do enraizamento adventício. Depois de estaqueado em
substrato próprio, as estacas permanecem em casas de enraizamento, dotada de
sistema de irrigação intermitente. A água é nebulizada mediante o uso de bicos do
tipo nevoeiro, afim e manter a superfície foliar úmida, mas sem acúmulo excessivo
de água nas folhas e no substrato.
Após 25-30 dias, as mudas são transferidas para áreas de aclimatação à
sombra, dotadas de sombrite 50%, onde permanecem por cerca de 5-10 dias e, a
seguir, são mantidas em canteiros a céu aberto, para crescimento e rustificação, por
mais 40-50 dias. Decorrido esse período, efetuam-se a seleção e toalete das mudas,
tornando-as prontas para o plantio e o teste clonal.
52
4.3) Bases fisiológicas da iniciação de raízes nas estacas e miniestacas

4.3.1) Substâncias de crescimento nas plantas

Para a formação de raízes adventícias em estacas e miniestacas, é


necessária a presença de certos níveis de substâncias de crescimento natural na
planta, sendo umas mais favoráveis que outras. Há vários grupos de tais
substâncias, dentre eles as auxinas, as citocininas e as giberelinas. As auxinas são
as de maior interesse no enraizamento de estacas e miniestacas. Além dos grupos
citados, é provável que haja outras substâncias, de ocorrência natural, que
desempenham alguma função na formação de raízes adventícias.
A auxina de presença natural é sintetizada principalmente nas gemas apicais
e nas folhas jovens e, de maneira geral, move-se através da planta, do ápice para a
base. Dentre os compostos com atividades auxinícas têm-se: ácido indolacético,
ácido indolbutírico, ácido naftalenoacético e o ácido 2-4 diclorofenoxiacético,
comprovadamente indutores de enraizamento.
As citocininas são substâncias que estimulam a divisão celular e, quando em
níveis relativamente altos, há formação de gemas, no entanto inibem a formação de
raízes.
As substâncias reguladoras de crescimento das plantas, que formam o grupo
das giberelinas, parecem não ser necessárias para a formação de raízes adventícias
em estacas e miniestacas. Ao contrário, os testes realizados em diferentes espécies
de plantas mostram uma inibição do enraizamento. É possível que o efeito inibitório
das giberelinas no enraizamento de estacas e miniestacas seja causado pelo
estímulo ao crescimento vegetativo, que compete com a formação da raiz.

4.3.2). Efeito de folhas e gemas

É de grande importância no enraizamento de estacas e miniestacas, em


virtude da produção de auxinas e de outras substâncias que atuam no
enraizamento.
Há muitas provas experimentais de que a presença de folhas em estacas e
miniestacas exercem forte influência estimuladora da formação de raízes. Os
carboidratos, resultantes da atividade fotossintética das folhas, também contribuem
53
para a formação de raízes, embora os efeitos estimuladores de folhas e gemas se
devam, principalmente, à produção de auxina.
As estacas e miniestacas de eucalipto devem possuir no mínimo duas gemas
e duas folhas, caso contrário o enraizamento será prejudicado. Estacas e
miniestacas desfolhadas não chegam a enraizar.

4.3.3) Inibidores endógenos de enraizamento

As estacas e miniestacas de algumas plantas de difícil enraizamento, como


os eucaliptos, não chegam a formar raízes, em virtude da presença natural de
inibidores químicos. Em algumas plantas estes inibidores podem ser lixiviados,
colocando-se as estacas em água corrente, aumentando assim a capacidade de
enraizamento. Segundo os mesmos autores, a maior ou menor capacidade de
enraizar vai depender do balanço entre as substâncias promotoras e inibidoras do
enraizamento, que, de modo geral, é muito variável entre as espécies.

4.4) Fatores que afetam a propagação por estacas e miniestacas

Dentre os vários fatores de que depende o enraizamento de estacas e


miniestacas, destacam-se os fatores internos (estado fisiológico, tipo de propágulo,
idade, época de coleta, etc.) e os fatores externos, que podem ser mais bem
controlados pelo homem (substrato, temperatura, insolação, umidade).

4.4.1) Fatores Internos

4.4.1.1) Condição fisiológica da planta-mãe

Há consideráveis evidências de que a nutrição da planta-mãe exerce forte


influência sobre o desenvolvimento de raízes e ramos.
Estacas colhidas de uma mesma matriz e submetidas aos mesmos
tratamentos respondem diferentemente quanto à taxa de enraizamento, em
diferentes épocas do ano. Isto está diretamente ligado ao teor de carboidratos
armazenado na matriz.
54
O teor de carboidratos na planta-mãe deve ser alto e o de nitrogênio, baixo. O
teor de fósforo e de potássio tem efeito menor sobre o enraizamento de estacas e
miniestacas.
Os fatores que determinam a condição fisiológica são, ainda, relativamente
desconhecidos, muito embora sejam fundamentais, principalmente no domínio da
enzimologia para o controle do processo. Sabe-se, no entanto, que elevado nível de
reservas com uma elevada relação C/N favorece o enraizamento, desconhecendo-
se, todavia, o metabolismo dos hidratos de carbono.
As reservas parecem ser indispensáveis à sobrevivência do propágulo até o
enraizamento e posterior desenvolvimento. Mesmo nos casos em que há retenção
das folhas por parte do propágulo, as reservas a um nível conveniente não só
facilitam a emissão de raízes, como incrementam a fotossíntese. Acrescente-se que
boa parte desta se transfere para a base da estaca ou da miniestaca, contribuindo
para formação de primórdios radiculares .
Em plantas com difícil capacidade para enraizar podem-se usar tratamentos
para alterar artificialmente as condições fisiológicas da planta-mãe ou de partes
delas, como, por exemplo, o anelamento dos ramos. O anelamento provoca
aumento no nível de auxinas naturais acima do corte e uma diminuição abaixo.
Em eucalipto, testes mostram que a fertilização feita antes da colheita das
estacas tem efeito altamente significativo nos índices de enraizamento de várias
espécies, além de aumentar a velocidade de formação de raízes.

4.4.1.2) Idade da Planta-mãe

Em plantas que se propagam facilmente por estacas ou miniestacas, a idade


da planta-mãe tem pouca importância, porém, em plantas difíceis de enraizar, este
pode ser um fator relevante. Em geral, estacas tomadas de plantas jovens
(crescimento juvenil) enraízam com maior facilidade que estacas tomadas de ramos
mais velhos (crescimento adulto).
A idade fisiológica não coincide precisamente com a cronológica, uma vez
que a idade em que determinada espécie conserva a capacidade rizogência é muito
variável.
De qualquer forma, pode-se dizer que quanto mais juvenil for o material,
maior será o sucesso do enraizamento, quer expresso em percentagem, quer pela
55
rapidez de formação e, ainda, pela qualidade das próprias raízes, bem como pela
capacidade de crescimento da nova planta.
Em espécies de difícil enraizamento, como eucaliptos, é útil induzir as plantas
adultas a um estágio juvenil, feito por meio do corte da árvore e aproveitamento da
brotação das cepas para o enraizamento. O problema apresentado por material
adulto é o aparecimento ou a produção de substâncias inibidoras do enraizamento.

4.4.1.3) Fatores externos

Umidade
É fator de grande importância para o sucesso de um programa de propagação
vegetativa por meio de enraizamento de estacas e miniestacas.
A presença de folhas nas estacas e nas miniestacas é um forte estímulo para
a formação de raízes, no entanto, a perda de água pela transpiração pode levar as
estacas a morrerem antes que se formem as raízes. Portanto, alto grau de umidade
relativa do ar é necessário para evitar o ressecamento das estacas e miniestacas.
Em espécies que enraízam com facilidade, a rápida formação de raízes
permite que a absorção de água compense a quantidade perdida pela transpiração,
porém, em espécies que enraízam mais lentamente, deve-se reduzir a níveis bem
baixos a transpiração pelas folhas, até que se formem as raízes. Para contornar o
problema da transpiração, deve-se manter a umidade relativa do ar na região das
estacas ou miniestacas em torno de 80 a 100 %, conservando-se assim a
turgescência dos tecidos.
Pode-se obter esta umidade relativa com o uso de um sistema de
nebulização, ou umificador de ambiente, que proporciona a formação de uma fina
película de água na superfície da folha, reduzindo, assim, à transpiração e mantendo
uma temperatura relativamente constante na superfície das folhas das estacas.
A qualidade da água e seu pH, em torno de neutro, são de suma importância
para o sucesso do enraizamento. O uso de água poluída pode acarretar danos,
principalmente pelo ataque de fungos.
Dependendo das condições climáticas locais, há necessidade do uso de
estruturas de propagação, que podem variar desde as casas de sombra às estufas,
passando por módulos mistos.
56
Temperatura

A temperatura tem importante função regulatória no metabolismo das estacas


e miniestacas. Esta deve ser de tal forma, na base das estacas e miniestacas, que
forneça condições para que haja indução, desenvolvimento e crescimento das
raízes, como também para a manutenção e sobrevivência das folhas, gemas e
ramos.
A flutuação de temperatura é prejudicial à sobrevivência das estacas e
miniestacas e, conseqüentemente, para o seu enraizamento. Normalmente, é usado
o controle térmico por meio de aquecedores de ambiente ou de resistências, e cabos
elétricos para o aquecimento do substrato. Os mesmos autores recomendam, em
condições tropicais e subtropicais, manter a temperatura do ambiente variando de 25
a 300C e, no substrato, de 21 a 260C, para o enraizamento de estacas e miniestacas
de eucalipto.
Um diferencial de temperatura entre o substrato e o ar ambiente é vantajoso.
A temperatura do substrato deve ser mais elevada, pois proporciona maior atividade
na base da estaca, reduzindo, simultaneamente, a respiração e a perda de água
pela parte aérea, prolongando, assim, o seu bom estado fisiológico.
Este, talvez, seja o maior problema enfrentado pelos silvicultores brasileiros,
pois ao trabalhar com as estacas em recipientes, torna-se extremamente difícil
manter uma maior temperatura no substrato, em comparação com o ar ambiente.
Sistemas de aquecimento para estufas existem no mercado, no entanto, todos
apresentam problemas e, mesmo que apresentem resultados satisfatórios, não são
capazes de aquecer o substrato sem aquecer o ambiente.

Luz

A luminosidade fornecida às estacas e miniestacas durante o período de


enraizamento é de fundamental importância na emissão de raízes. No entanto, deve-
se atentar para o excesso de luz, que, no caso brasileiro, precisa ser reduzida. Neste
caso há necessidade de estruturas de sombreamento, que podem ser ripados ou
casas cobertas com sombrite (50% de sombra), para evitar a insolação excessiva
das estacas e miniestacas.
57
Substrato

O substrato, no qual são colocadas as estacas e miniestacas, influi no


sucesso do enraizamento e é função direta do sistema de irrigação a ser
empregado.
O substrato para enraizamento apresenta três funções, ou seja, sustentar as
estacas durante o período de enraizamento, proporcionar umidade e permitir
aeração em suas bases. O oxigênio é indispensável para atender à respiração
resultante dos processos de calejamento e emissão de raízes.
Há diferentes tipos de substrato que podem ser usados de forma isolada ou
em mistura com outros. Para se conhecer qual a melhor mistura para enraizamento
é aconselhável experimentá-la de acordo com as condições ambientais que se vai
trabalhar.
Os elementos mais freqüentemente usados são: vermiculita, turfa, serragem,
casca de arroz carbonizada, moinha de carvão, terriço e diversas misturas destes
constituintes. Não há consenso quanto ao melhor, e tal fato deve-se à espécie e às
condições em que se trabalha.

4.6) Tratamento das estacas e miniestacas

4.6.1) Estímulo hormonal

O objetivo de tratar estacas e miniestacas com reguladores de crescimento


(hormônios) é aumentar a porcentagem de estacas e miniestacas que formam
raízes, acelerar a formação destas, aumentar o número e a qualidade das raízes
formadas em cada estaca, bem como aumentar a uniformidade de enraizamento
Para espécies que apresentam fácil enraizamento não se justificam o gasto e
o trabalho de se fazer tratamento hormonal das estacas e miniestacas, porém, para
espécies difíceis de enraizar, estes tratamentos favorecem muito o enraizamento. Os
valores destes hormônios na propagação por estacas e miniestacas já estão bem
estabelecidos, com inúmeros trabalhos de pesquisa realizados em quase todas as
espécies vegetais de interesse econômico, embora não se conheça bem a natureza
do seu efeito. O incremento do enraizamento, segundo alguns estudiosos, parece
estar mais ligado à resposta fisiológica que desperta na estaca, que ao resultado
direto enquanto produto químico.
58
Dentre os reguladores de crescimento mais utilizados no enraizamento de
estacas e miniestacas temos o ácido indolacético (AIA), ácido indolbutírico (AIB), o
ácido naftalenoacético (ANA) e o 2-4 diclorofenoxiacético (2-4 D). Destes, parecem
ser o AIA e o AIB os mais eficientes no enraizamento, ao passo que o 2-4 D, em
altas concentrações, pode tornar-se tóxico para algumas plantas.
Às vezes as misturas de substâncias estimuladoras de enraizamento são
mais eficazes que os compostos isolados. Uma mistura de duas substâncias, em
algumas espécies, pode ser mais eficiente no enraizamento com maior porcentagem
de estacas e miniestacas enraizadas e mais raízes por estacas que quando se usam
substâncias separadas. Julga-se conveniente, às vezes, recorrer a mais de um
produto para explorar o efeito de sinergismo. Estas substâncias podem ser aplicadas
por dois processos distintos: imersão em solução e aplicação em pó. No caso de
aplicação por imersão, as bases das estacas e miniestacas são colocadas na
solução de concentração variada por certo período de tempo (24 ou 48 horas) e, em
seguida, levadas para o leito de enraizamento. Na aplicação em pó, as bases das
estacas são envolvidas pelo pó (hormônio e talco) e, em seguida, também levadas
para o leito de enraizamento.
A aplicação em pó apresenta algumas vantagens por ser fácil de usar e de
manter por um período maior o contato das estacas e miniestacas com hormônio,
porém, pode ser difícil de obter resultados mais uniformes, em razão da quantidade
variável de substâncias que se adere às estacas e miniestacas. Isto é determinado
em parte pelo teor de umidade da base das estacas e miniestacas e pela textura de
sua casca.
Em eucaliptos, o AIB tem apresentado mais eficiência na promoção de raízes
adventícias nas estacas, embora a mistura de AIB e AIA também apresentem bons
resultados. A concentração deste(s) hormônio(s) varia com a espécie e o local, mas,
normalmente, tem se situado entre 1.000 e 8.000 ppm. Em miniestacas e
microestacas, com alto grau de rejuvenescimento, muitas vezes, torna-se
desnecessário o uso de substâncias promotoras de enraizamento.
59
4.6.2) Tratamentos com fungicidas

Durante o período de enraizamento, as estacas, miniestacas e microestacas


estão expostas ao ataque de diversos fungos. Os tratamentos com fungicidas devem
proporcionar certa proteção, resultando maior sobrevivência e qualidade das raízes.
Porém, não se sabe se essa qualidade resulta da proteção dada ao ataque de
fungos ou do estímulo direto do fungicida para a iniciação de raízes ou se ambos os
fatores se combinam.
No caso de eucalipto, as estacas são tratadas com fungicidas logo após
serem preparadas, quando são suas bases mergulhadas em solução de Benlate (ou
outro fungicida) na concentração de 0,2%. No momento de aplicação do hormônio, a
base da estaca é novamente tratada com fungicida, desta vez o Captan (ou outro
fungicida), na concentração de 2%. Dentro da casa de vegetação, ou seja, durante o
período de enraizamento, aplicações preventivas de fungicidas devem ser feitas
semanalmente, de preferência com alternância de produtos não sistêmicos, para
evitar o aparecimento de resistência por parte dos fungos.
Em miniestacas e microestacas, que são produzidas em condições mais
assépticas, com maior velocidade de enraizamento, muitas vezes não há
necessidade do uso de fungicidas durante o processo de enraizamento.

4.6.3) Fertilização mineral

O enraizamento de estacas, miniestacas e microestacas de diversas espécies


tem sido estimulado pela aplicação de compostos nitrogenados. O boro estimula a
produção de raízes nas estacas e miniestacas, sendo provável que esse efeito seja
mais de estímulo ao crescimento das raízes que de iniciação das mesmas.
O método de fertilização mais utilizado pelas empresas que trabalham com
eucalipto consiste na aplicação de fertilizantes de liberação controlada, adubos
encapsulados, de liberação lenta dos nutrientes, misturados ao substrato.

4.7) Obtenção das brotações

O objetivo do enraizamento de estacas, miniestacas e microestacas é


propagar plantas que sejam superiores em características desejáveis, tais como:
volume, resistência a pragas e doenças, qualidade do fuste, quantidade de casca,
60
densidade da madeira, rendimento e qualidade da celulose, capacidade de
regenerar por brotação de cepas e taxa de enraizamento, dentre outros parâmetros
que variam de acordo com a finalidade da madeira produzida.
Uma vez selecionada a árvore ela é então cortada, com a finalidade de
produzir brotos. Esses brotos são colhidos em idades jovens para obter-se sucesso
no enraizamento. As brotações podem ser colhidas no campo, caso de árvores
selecionadas em plantios comerciais, ou no jardim clonal, que é uma segunda etapa.
O jardim clonal é resultado do plantio de clones já selecionados, normalmente com
espaçamentos diferenciados, podendo-se citar o 3,0 x 1,0; o 3,0 x 0,50; o 2,0 x 1,0;
o 1,5 x 1,5; o 1,0 x 1,0, chegando-se até 0,30 x 0,30 metros, quando se trata de
plantios em condições mais adequadas (canteiros). Nos espaçamentos maiores, os
cortes são, geralmente, realizados com idades mais avançadas, entre 9 e 12 meses,
já nos mais reduzidos, em torno de 3 meses, quando então aguarda-se a brotação.
Tratando-se de áreas produtoras de estacas, é necessário fazer um
tratamento especial, incluindo adubações balanceadas, irrigações e, se for o caso,
controle preventivo de pragas e doenças.
A colheita é feita com tesouras de poda, devendo-se ter o cuidado de deixar
um broto na cepa, em caso de jardim clonal, para evitar a morte da mesma. Sempre
que possível, procurar realizar a colheita de brotações nas primeiras horas da
manhã, período de menor temperatura e insolação, reduzindo-se as perdas de água
por transpiração da brotação.
As miniestacas são produzidas em mini-jardins clonais. A diferença entre o
jardim clonal e o mini-jardim clonal refere-se ao local em que os clones são
cultivados para a produção de estacas ou miniestacas. No jardim clonal, os clones
são plantados diretamente no solo, ao passo que no mini-jardim clonal, os clones
são cultivados em tubetes, de modo a obter brotações que serão cortadas e
transformadas em miniestacas. Às plantas doadoras de miniestacas denomina-se
minicepas. Os tratamentos, em termos de fertilização, proteção e colheita das
miniestacas, seguem os mesmos passos preconizados para a obtenção das
estacas.
São ainda usadas as microestacas, sendo que estas diferem das miniestacas
apenas no fato de que as plantas doadoras são produzidas em laboratório. Este tipo
de estacas está cada dia mais comum nos viveiros, pelo fato de que os clones
apresentam o processo de envelhecimento, necessitando ser rejuvenescidos em
61
laboratório, formando assim as denominadas microcepas, cultivadas em tubetes,
formando o microjardim clonal.

4.8) Transporte das brotações

Após a coleta dos brotos, os mesmos devem ser acondicionados em


recipientes contendo água ou então devem ser feitas pulverizações com água sobre
os mesmos, para manter a sua turgescência. Assim que os brotos são colhidos
deve-se transportá-los para o viveiro, protegendo-os contra ventos e luz solar direta,
quando houver necessidade de transporte a maiores distâncias. Quando chegar ao
viveiro, as brotações devem ser mantidas em locais sombreados e receberem
sistematicamente água pulverizada. No caso de minijardim ou microjardim clonal as
estacas são colhidas durante todo o dia, acondicionadas em caixas de isopor e
levadas para o estaqueamento.

4.9) Preparo das estacas

No viveiro, as brotações devem ser tratadas imediatamente, evitando demora,


transformando-as em estacas com, no mínimo, um par de folhas. Estas folhas
devem ser cortadas ao meio, para evitar o excesso de transpiração. Assim que as
estacas estejam preparadas, as mesmas devem ser tratadas com fungicidas e
hormônios e logo em seguida colocadas nos recipientes e conduzidas para a casa
de vegetação ou estufa.
As miniestacas e microestacas apresentam tamanhos menores, quando
comparadas com as estacas, desta forma elas apresentam um comprimento em
torno de 2 a 5 cm e contêm, também, um par de folhas, cortadas ao meio, com o
mesmo objetivo das estacas, sendo que estas estacas são preparadas pela própria
equipe que as coletam.

4.10) Desenvolvimento das mudas

As estacas permanecem na casa de vegetação por um período que varia


entre 20 e 45 dias, ao passo que as miniestacas e microestacas, normalmente,
permanecem menos tempo na casa de vegetação, algo em torno de 15 a 20 dias,
dependendo da região, da época do ano e da espécie trabalhada. Durante este
62
período devem ser feitas limpezas diárias na casa de vegetação, visando a retirada
de folhas caídas, bem das estacas mortas.
Quando as estacas, miniestacas e microestacas estiverem enraizadas, as
mesmas são levadas para a casa de aclimatação, onde permanecem por um
período de 15 a 30 dias. Após este período, as mudas são transferidas para um local
de pleno sol, onde completam seu desenvolvimento e recebem os tratamentos finais
antes de serem levadas ao campo. Nesta fase, normalmente são feitas duas
adubações de cobertura, de acordo com as necessidades das mudas.
Durante o período em que as mudas permanecem a pleno sol devem ser
feitas as toaletes, operações que objetivam retirar folhas velhas e ramificações
laterais, quando, então, as mudas ficam com apenas folhas novas e haste única.
Deve-se aproveitar, durante estas operações e separar as mudas por classes de
tamanho, para que recebam tratamentos diferenciados, em termos de fertilizações.
Antes de serem levadas ao campo, as mudas devem ser rustificadas, o que
se consegue pela suspensão das adubações e/ou pela redução da irrigação.
Normalmente, as mudas produzidas por enraizamento de estacas estão aptas a
serem plantadas quando atingem 70 a 90 dias de idade.

5) MANEJO DE REFLORESTAMENTO

5.1) Conceitos

O termo “manejo” pode ser definido como sendo o tratamento dispensado a


um povoamento florestal, o qual interfere nas condições ambientais em prol do
desenvolvimento da floresta, ou também como sendo a administração de uma
empresa florestal.
Assim sendo, o manejo nada mais é do que a execução de operações
durante o crescimento e maturação da floresta com o objetivo de incrementar a
produtividade, melhorar a qualidade e agregar valores à matéria-prima.
A administração ou planejamento florestal deve considerar:
• A definição dos objetivos da empresa.
• O planejamento da produção de cada povoamento.
• O planejamento da produção total da empresa.
Ao se efetuar um planejamento florestal, a disponibilidade e a qualidade da
matéria-prima, bem como as operações a serem realizadas, principalmente a idade
da colheita, devem ser bem dimensionadas, pois para cada finalidade emprega-se
63
um manejo diferenciado. Um equívoco muito comum é a implantação de
reflorestamentos antes da definição do destino e uso final da madeira. Neste caso,
ou são executados manejos inadequados, comprometendo a produtividade e a
qualidade do produto, ou as práticas excedem aos objetivos da produção,
desperdiçando-se dinheiro sem o retorno esperado.
Todo manejo causa conseqüências no ecossistema. Interferências que
parecem mínimas podem trazer conseqüências de grande porte para o sistema
produtivo florestal. Medidas semelhantes de manejo, em regiões diferentes, podem
causar conseqüências também diferentes ou até contrárias ao seu objetivo.
Os povoamentos florestais devem ser caracterizados sob a ótica da produção
atual, análise da produtividade potencial futura e determinação de medidas mais
convenientes para gerenciar e atingir a produção potencial.

5.2) Planejamento Estratégico

Esta é a principal função do gerente florestal ou empresário que dirige uma


empresa do ramo.
No setor florestal, o gerente de planejamento tem uma posição estratégica,
pois dele depende, a princípio, o abastecimento atual e futuro da indústria, com um
produto de longo tempo de obtenção e que está sujeito a várias interferências
ambientais.
O planejador florestal deve definir a área a ser plantada, o tempo de
maturação da madeira ou idade de colheita, a percentagem de abastecimento
próprio ou de terceiros, a oferta, a localização e os preços de mercado, para então
poder traçar, com segurança, sua própria estratégia e definir o custo da matéria-
prima a ser empregada na fábrica.

5.3) Material Genético

Em função dos fatores solo, clima e da destinação da matéria prima, as


espécies, bem como o grau de melhoramento genético destas espécies, são
fundamentais na agregação da qualidade e valor do produto final industrializado.
Deve ser observado que determinadas espécies selvagens ou pouco melhoradas
apresentam utilizações bastante genéricas e pouco rentáveis, enquanto que
espécies melhoradas poderão ter aplicações mais específicas, para usos mais
64
nobres e, portanto, com maiores retornos financeiros. Exemplo típico são as
espécies de eucalipto, que, quando empregadas sem grau de melhoramento,
apresentam restrições de uso. Entretanto, quando determinadas características são
melhoradas, a qualidade da madeira produzida permite uma infinidade de
aplicações.

5.4) Espaçamentos

O espaçamento, ou densidade de plantio é provavelmente uma das principais


técnicas de manejo que visa à qualidade e a produtividade da matéria-prima.
Deve ser definido em função dos objetivos do plantio, considerando-se que a
influência do espaçamento é mais expressiva no crescimento em diâmetro do que
em altura. O planejamento da densidade de plantio também deve visar a obtenção
do máximo de retorno por área. Se, por um lado, a densidade for muito baixa, as
árvores não aproveitarão todos os recursos como água, nutrientes e luz disponíveis
e, por conseqüência, haverá menor produção por unidade de área; mas por outro
lado, se a densidade de plantio for muito elevada, tais recursos não serão suficientes
para atender a demanda do povoamento, o que também repercutirá no decréscimo
de volume e na própria qualidade das árvores. Normalmente os plantios são
executados com espaçamentos variando entre 3x2 e 3x3 metros, os quais
favorecem os tratos culturais mecânicos. Empresas integradas destinam a madeira
dos primeiros desbastes para energia ou celulose, e as árvores remanescentes do
povoamento, com porte mais expressivo, são utilizadas para a fabricação de
serrados ou para a laminação.

5.5) Características dos Espaçamentos:

Espaçamentos maiores (densidade baixa)


• Produção em volume individual
• Menor custo de implantação
• Maior número de tratos culturais
• Maior conicidade de fuste
• Desbastes tardios
Espaçamentos menores (densidade alta)
• Produção em volume por hectare
65
• Rápido fechamento do dossel (menor número de tratos culturais)
• Menor conicidade do fuste
• Desbaste precoce

Quanto à forma dos espaçamentos, os quadrados ou retangulares são os


mais indicados e praticados, podendo ser bastante apertados para produção de
madeira para fins energéticos, ou mais amplos, quando se deseja matéria-prima
para fins de fabricação de papel e celulose ou serraria e laminados.

5.6) Operações do Manejo

A produção de um maciço florestal depende dos fatores genéticos das


espécies e sementes utilizadas, da capacidade do sítio e das técnicas de manejo
adotadas. Após o plantio, a produção florestal pode ser influenciada pelos fatores:
1. Melhoramento das condições ambientais, como adubações controle de
pragas e competição por ervas daninhas.
2. Diminuição da população original, através de desbastes, disponibilizando
melhores condições de luz, nutrientes e água às plantas.
3. Aprimoramento da qualidade das árvores, através da poda.

5.6.1) Tratos Culturais

Existem dois problemas imediatos após o plantio: a mortalidade das mudas e


o crescimento extremamente lento ou crescimento travado.
Algumas semanas após o plantio faz-se uma estimativa sobre o número das
mudas que estão mortas. Por exemplo, em um plantio onde uma em cada 5 mudas
está morta, significa que há uma porcentagem de sobrevivência de 80% ou uma
mortalidade de 20%. Se a mortalidade das plantas apresenta-se muito alta, é preciso
efetuar o replantio nos espaços livres. É necessário tomar cuidado com a demora do
replantio, pois certos atrasos podem causar às mudas replantadas desvantagens
permanentes em crescimento e desenvolvimento.
São vários os fatores que influenciam a sobrevivência das mudas no início do
plantio:
66
• A habilidade dos operários durante o plantio, a firmeza do solo ao redor das
raízes e a profundidade das covas.
• As condições meteorológicas após o plantio.
• A qualidade das sementes, mudas com raízes nuas ou mudas em
embalagem.
• Condições desfavoráveis do solo, como superfície alagada ou erosão.
• Ataque de formigas, cupins ou fungos.
• Competição de ervas daninhas.
• Danos causados por animais (criação intensiva, etc.).
As mudas destinadas ao replantio devem ser de boa qualidade, um pouco
maior que o normal e com raízes bem desenvolvidas.
O crescimento lento e deficiente, mesmo sem a ocorrência de pragas, pode
ocorrer em qualquer período. Normalmente acontece antes do fechamento do
dossel. Como aspectos visíveis: a má formação das acículas ou folhas e um
crescimento anual de 1 ou 2 cm; contudo, existem vários fatores podem causar esta
deficiência em crescimento e desenvolvimento:
• Seleção errada das espécies.
• Deficiência de nutrientes.
• Drenagem insuficiente do solo ou lixiviação excessiva.
• Problemas no solo, como compactação, erosão.
• Deficiência ou ausência da associação micorrízicas.
• Capinas insuficientes, criação intensiva de animais, e outras.
Através de uma correta adubação, pode-se conseguir melhorar as condições
dos solos empobrecidos ou compactados, enriquecer os solos, favorecer o
crescimento das mudas, aumentar a resistência das plantas contra fungos, insetos e
doenças. A adubação é recomendada, conforme os resultados das análises de solo
realizadas em laboratório e de acordo com as exigências da espécie selecionada.
67
5.6.1.1) Importância dos Nutrientes mais utilizados na Adubação em Plantios
Florestais

Nutriente Importância
É o elemento mais importante para a elaboração de
Nitrogênio (N) substâncias no interior da célula e na clorofila, sendo portanto
fundamental para os processos vitais da planta.

Mantém o crescimento das raízes, da inflorescência e das


Fósforo (P) sementes, favorece o processo de lignificação e é importante
para a atividade da microflora e microfauna do solo.

Influencia a atividade das enzimas, regula o balanço de água


Potássio (K) das plantas e é componente indispensável para a constituição
da celulose e do processo de lignificação.
Atua como regulador dos nutrientes das plantas, protege a
Cálcio (Ca) formação da clorofila, tem importância como elemento da
estrutura das plantas e é um bom desacidificador do solo.

Atua na formação das clorofilas e conseqüentemente tem


Magnésio (Mg)
influência na fotossíntese.

Em relação à limpeza do terreno, para evitar a competição de água, luz e


nutrientes pelo mato e por ervas daninhas, há o método manual, através de
coroamentos e roçado; o mecânico, através de gradeação superficial, e o químico,
através da aplicação de herbicidas.
Sempre que houver a competição por mato ou ervas daninhas, independente
da época, deve-se fazer a limpeza. Principalmente na época de crescimento
(primavera), o plantio deve estar isento destes problemas para facilitar e estimular
um bom desenvolvimento, sem a competição.

5.6.2) Desbastes

Os desbastes são executados com diferentes finalidades, entre elas: o


aumento da produção volumétrica, a melhoria da qualidade do produto final e para
acelerar o retorno dos investimentos, diminuindo os riscos do projeto.
Os métodos de desbaste são:
- Seletivo: tem por objetivo a seleção e a proteção das melhores árvores pela
eliminação da competição com as árvores vizinhas. São classificados em:
Desbastes baixos - visam a supressão apenas de árvores dominadas
(árvores que apresentam copas raquíticas comprimidas ou unilateralmente
desenvolvidas), sendo empregados com bastante freqüência em povoamentos de
68
Pinus. É a forma mais comum de desbaste seletivo. O resultado é um povoamento
com um estrato apenas de árvores dominantes e codominantes.
Desbastes altos - visam à retirada principalmente de árvores codominantes
(árvores que apresentam copas formadas, mas fracas, em desenvolvimento) dando
às dominantes melhores condições de sobrevivência e crescimento.
- Sistemático: neste desbaste não se levam em consideração a classe da
copa nem a qualidade das árvores a serem retiradas. Normalmente são retiradas
linhas inteiras de árvores; sendo assim, o peso do desbaste dependerá do número
de linhas retiradas.
- Seletivo-sistemático: neste caso corta-se, a cada número fixo de linhas,
uma linha inteira e nas linhas que ficam faz-se um desbaste seletivo, de onde se
retiram as piores árvores (finas, bifurcadas, quebradas).

5.6.2.1) Graus de intensidade dos desbaste

Desbaste baixo
Leve Elimina além das árvores doentes, as oprimidas.
Moderado Retira árvores doentes e dominadas.

Árvores doentes, dominadas e algumas dominantes e


Forte
codominantes.
O povoamento fica somente composto por árvores com boa forma
Muito forte de fuste e copa, com bom espaço para crescimento e com
distribuição simétrica no sítio.

Desbaste alto

São retiradas todas as árvores mortas, esmorecidas e


doentes. Além destas, eliminam-se algumas árvores das
Leve
classes dominantes, para aumentar o espaço vital dos
elementos deste grupo.

As árvores do corte final são em geral selecionadas.


Forte Beneficia um certo número de árvores de melhor
incremento do povoamento.

5.6.3) Podas

A poda, que também é designada por derrama, desrama ou derramagem, é a


supressão e o corte de galhos ou ramos ao longo do fuste, sendo uma alternativa
viável para obtenção de madeira e produtos de alta qualidade, sem ocorrência de
nós.
69
Nó é o ponto de inserção de um ramo no fuste da árvore. Nesse local as
fibras sofrem um desvio de direção, afetando o valor tecnológico da madeira pela
sua inserção, forma, sanidade e localização. Há vários tipos de nós, conseqüências
da não efetivação da poda, ou de podas bem ou mal conduzidas.

- Nó vivo: é aquele que faz parte da madeira em conseqüência de poda bem


conduzida. O corte do galho é rente à casca, permitindo uma boa cicatrização. A
madeira apresentará desenhos característicos que agregam beleza e valor
comercial.
- Nó soltadiço: nó aparentemente solto, mas que não é possível retirar com a
pressão dos dedos. Afeta negativamente a qualidade do produto.
- Nó morto ou solto: pode cair com a pressão dos dedos. Restringe o uso da
madeira para uso na indústria moveleira.

A poda pode ser natural, ou seja, ao longo do tempo, conforme fatores


genéticos e densidade do plantio, os galhos secam e caem. A desrama natural,
geralmente, bastante eficiente em florestas de eucalipto.
A desrama natural pode ser acelerada pelo manejo da densidade do
povoamento, embora com sacrifício do crescimento em diâmetro. O processo mais
simples consiste em desenvolver e manter um estoque inicial denso o que, além de
manter os galhos inferiores pequenos, causa-lhes também a morte. Geralmente, isso
representa o melhor meio para condução de povoamentos de eucalipto, pois não só
estimula a desrama natural, como também impede que os troncos se tornem curvos
e engalhados.
Já a poda artificial vem a ser a operação de corte dos galhos, objetivando a
produção de “madeira limpa”, ou seja, isenta de nós, em rotação mais curta que a
exigida com desrama natural, e também para prevenir a formação de nós soltos,
produzindo madeira com nós firmes, mas não necessariamente limpa.
A poda artificial, além de evitar a ocorrência de nós que desvalorizam a madeira,
também apresenta as seguintes vantagens:
• Evitar a presença de nós na madeira.
• Beneficiar o controle e combate a incêndios.
• Facilitar os trabalhos de relascopia e manejo.
Há, entretanto, alguns danos causados pela poda artificial: em galhos muito
grossos, pode ocorrer a formação de bolsas de resina, prejudicando a qualidade da
70
madeira, e na poda de galhos verdes poderá ocorrer o ataque de fungos e bactérias,
causando o apodrecimento das pontas dos galhos.
Quando a finalidade da madeira a ser obtida for para laminados, faqueados e
serraria, a poda se torna necessária. Já para madeiras destinadas para aglomerados
e fábrica de papel e celulose, a poda é dispensada.
O DAP é o fator decisivo para determinar o momento adequado para a
execução da poda. É indicado podar as melhores árvores em diâmetro, que
possuam:
• Fuste sem bifurcações.
• Galhos finos.
• Copa bem desenvolvida.
• Ausência de doenças ou pragas.
É importante ressaltar que a parte mais valiosa da madeira (seu volume) está
concentrada na parte inferior do fuste. Portanto, a altura da poda deve ser de no
mínimo 5 metros e não mais que 10 metros do solo.

5.6.3.1) Tipos de poda


- Poda seca: os galhos mortos e secos são eliminados. Pode ser realizada
em qualquer período do ano.
- Poda verde: os galhos vivos, na maior parte da área com sombra da copa
viva, são eliminados. É importante ressaltar que esta poda, realizada fortemente,
pode provocar perdas de crescimento na altura e no diâmetro da árvore; por isso,
deve atingir no máximo, um terço da copa viva. A melhor época para proceder esta
poda é a de menor crescimento vegetativo, em que a cicatrização é mais rápida.

5.6.3.2) Procedimento da Poda

Em função dos tipos de equipamentos (poda manual ou com máquinas), uma


árvore sempre deverá ser podada no sentido horário, com o intuito de ter o corte
mais perto possível da casca. O corte deve ser em um único golpe, para não
arrebentar o resto do galho.
71
5.7) Proteção Florestal

5.7.1) Pragas e Doenças

As pragas que representam a maior importância econômica são: as formigas


cortadeiras em primeira instância, que ocorrem e devem ser controladas durante
toda a fase do projeto; em segunda, no caso de plantios de eucalipto, pode-se
considerar os cupins, na fase mais juvenil, e as lagartas, como a Thyrinteina arnobia
na fase mais adulta, principalmente.
Outra praga comum e causadora de sérios problemas é causada pelo fungo
Puccina psidii Winter (ferrugem do eucalipto). A primeira ocorrência da ferrugem,
causando danos, aconteceu no Espírito Santo, nos anos 70, em plantios de
Eucalyptus grandis, com idade inferior a dez anos. Além de ocorrer em mudas de
viveiro, a ferrugem pode atingir também plantas jovens no campo até os dois anos
de idade, reduzindo a produtividade da cultura e podendo levar à morte os
indivíduos mais delibitados.
Em relação aos plantios de pinus, o macaco-prego (Cebus apella), vem
causando danos consideráveis. O macaco-prego ocorre em praticamente em toda a
América do Sul, a leste dos Andes, apresentando uma grande adaptabilidade às
condições ambientais e uma grande diversidade comportamental. Tem o hábito de
arrancar a casca das árvores para alimentar-se da seiva, que tem sabor doce. Ao
romper a casca, a árvore fica sem proteção e a circulação da seiva é interrompida. A
árvore fica extremamente debilitada e suscetível ao ataque da vespa-da-madeira,
que, em termos de danos econômicos, é uma das principais pragas. Outra praga
que vem causando danos é o pulgão (Cinara pinivora e Cinara atlantica) que hoje,
ocorre em várias regiões de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
O controle de formigas cortadeiras pode ser desenvolvido como citado
anteriormente, e para o controle de lagartas tem se usado muito o lagartecida
biológico, que tem como agente a bactéria Bacillus thuringiensis, cujos nomes
comerciais são o Dipel e o Bac control.

5.7.2) Incêndios Florestais

Entende-se por incêndio florestal todo fogo sem controle sobre qualquer vegetação,
podendo ser provocado pelo homem (intencionalmente ou por negligência), ou por
fonte natural (raio).
72
Anualmente, após as geadas, ocorre a estação seca, por um período crítico
que se estende do mês de julho até meados de outubro. Neste período a vegetação
torna suscetível a incêndios.
Os incêndios florestais, casuais ou propositados, são causadores de grandes
prejuízos, tanto no meio ambiente quanto ao próprio homem e a suas atividades
econômicas.
As causas dos incêndios podem variar bastante de região para região. No
Brasil, há 8 grupos de causas: raios, queimadas para limpeza, operações florestais,
fogos de recreação, o ocasionado por fumantes, por incendiários, estradas de ferro e
diversos.
Os incêndios, devido principalmente às condições meteorológicas, não
ocorrem com a mesma freqüência durante todos os meses do ano. Pode haver
também uma variação das épocas de maior ocorrência de incêndios entre as regiões
do país, devido às condições climáticas ou às diferenças nos níveis de atividades
agrícolas e florestais. Da mesma maneira, os incêndios não se distribuem
uniformemente através das áreas florestais. Existem locais onde as ocorrências de
incêndios é mais freqüente, como por exemplo, próximos a vilas de acampamentos,
margens de rodovias, estradas de ferro, proximidades de áreas agrícolas e
pastagens.
A proteção das florestas, bem como a de povoamentos florestais, torna-se
eficiente quando existe um planejamento prévio das atitudes e atividades a serem
tomadas ou implementadas nas diferentes situações que podem apresentar.
Quanto ao controle de incêndios florestais, o processo preventivo tem se
mostrado como o de maior eficiência, através de aceiros manuais e mecânicos,
gradagens internas ao povoamento e um bom sistema de vigilância; este, muito
praticado entre empresas florestais vizinhas, num sistema de cooperativismo.

6. SILVICULTURA DO EUCALIPTO (EUCALYPTUS SPP)

Eucalipto é uma planta originária da Austrália, onde existem mais de 600


espécies. A partir do início deste século, o eucalipto teve seu plantio intensificado no
Brasil, sendo usado durante algum tempo nas ferrovias, como dormentes e lenha
para as marias-fumaças e mais tarde como poste para eletrificação das linhas.
No final dos anos 20, as siderúrgicas mineiras começaram a aproveitar a
madeira do eucalipto, transformando-o em carvão vegetal utilizado no processo de
fabricação de ferro-gusa. A partir daí, novas aplicações foram desenvolvidas. Hoje
73
se encontra muito disseminado, desde o nível do mar até 2.000 metros de altitude,
em solos extremamente pobres, em solos ricos, secos e alagados.
Atualmente, do eucalipto, tudo se aproveita. Das folhas, extraem-se óleos
essenciais empregados em produtos de limpeza e alimentícios, em perfumes e até
em remédios. A casca oferece tanino, usado no curtimento do couro. O tronco
fornece madeira para sarrafos, lambris, ripas, vigas, postes, varas, esteios para
minas, mastros para barco, tábuas para embalagens e móveis. Sua fibra é utilizada
como matéria-prima para a fabricação de papel e celulose.

6.1) Produção de Mudas

A produção de mudas pode ser de duas maneiras: sexuada (com o uso de


sementes) ou assexuada (por propagação vegetativa).
Quando sexuada, deve-se considerar a disponibilidade de semente e de
recipiente. A semente pode ser obtida de árvores existentes na região ou compradas
em locais especializados e os recipientes devem ser sacos plásticos, apropriados ou
comuns, previamente furados. Para a implantação de reflorestamento de eucalipto, é
muito importante a escolha da espécie que se adapte ao local e aos objetivos
pretendidos, como por exemplo:
- Para lenha e carvão: espécies que dêem grande quantidade de lenha em prazo
curto (Eucalyptus grandis, Eucalyptus urophylla, Corymbia torelliana)
- Para papel e celulose: espécies que apresentem cerne branco e macio (Eucalyptus
grandis, Eucalyptus saligna, Eucalyptus urophylla)
- Para postes, moirões, dormentes e estacas: espécies com cerne duro (para resistir
ao tempo), (Corymbia citriodora, Eucalyptus robusta, Eucalyptus globulus)
- Para serrarias: espécies de madeira firme, em que não ocorram rachaduras
(Eucalyptus dunnii, Eucalyptus viminalis, Eucalyptus grandis)

6.2) Plantio

É necessária a adoção de um conjunto de medidas silviculturais, como, por


exemplo, a época do plantio (primavera ou início do verão, conforme a espécie),
preparo do solo, adubação (fertilização mineral em doses apropriadas) e tratos
culturais destinados a favorecer o crescimento inicial das plantas em campo.
74
Tomando-se como exemplo o preparo para fins de cultivo de eucalipto, este
tem apresentado uma ampla evolução nos últimos anos, passando desde o preparo
mais esmerado até o cultivo mínimo, muito difundido e utilizado atualmente no setor
florestal. Logicamente que, quando se generaliza o uso do equipamento ou o grau
de mecanização sem se levar em conta todas as variáveis e peculiaridades de cada
solo, clima e topografia, a probabilidade de dispêndio de dinheiro sem necessidade e
a degradação do solo são praticamente inevitáveis.
As espécies de Eucalyptus são altamente sensíveis à competição de ervas
daninhas (até aproximadamente de 1 a 1 ano e meio) e também ao ataques de
formigas (normalmente não suportam 3 ataques consecutivos).

6.2.1) Preparo do terreno

O preparo do terreno está relacionado com as características da área onde


será realizado o plantio. O preparo do solo para o plantio deve ser feito de maneira a
propiciar maior disponibilidade de água para a cultura, visto que o regime hídrico do
solo é um fator essencial para o crescimento da maioria das espécies de eucalipto.
Geralmente as operações são realizadas na seguinte ordem:
- construção de estradas e aceiros
- desmatamento e aproveitamento da madeira
- enleiramento ou encoivaramento
- queima das leiras
- desenleiramento
- combate à formiga
- revolvimento do solo
- sulcamento e/ou coveamento
As técnicas de cultivo mínimo e plantio consorciado têm sido adotadas por
muitas empresas a fim de diminuir os danos ambientais.

6.2.2) Espaçamento

Visando a produção de madeira para laminação, serraria e fina para papel e


celulose, geralmente são utilizados os espaçamentos de 3,0 x 2,5 (1.333 árvores/ha)
ou 3,0 x 2,0 (1.666 árvores/ha).
75
Com o advento dos plantios clonais, as empresas de celulose passaram a
adotar espaçamentos mais largos (como o de 3 m x 3 m), que suprem o maior
espaço aos genótipos idênticos.
Na mecanização e nas atividades de colheita, o aumento do espaçamento
torna-se uma necessidade visando condições mais adequadas à produção de
indivíduos com maiores dimensões, que levam a uma maior produtividade dos
equipamentos.

6.2.3) Métodos de Plantio

O plantio pode ser realizado através de dois métodos:


- Plantio manual: consiste inicialmente de balizamentos e alinhamento, abertura de
covas, distribuição de mudas e plantio propriamente dito.
- Plantio mecanizado: consiste de um trator que transporta as mudas e abre a cova
com um disco sulcador enquanto um operário distribui as mudas. Ao mesmo tempo,
duas rodas convergentes fecham o sulco. As mudas mal plantadas são arrumadas
por um operário que segue a máquina, sendo este processo utilizado para mudas de
raiz nua ou em tubetes.

6.3) Tratos Culturais

6.3.1) Limpeza

A limpeza é realizada até que as plantas atinjam um porte suficiente para


dominar a vegetação invasora e geralmente são feitas através de três métodos
principais:
- Limpeza manual: através das capinas nas entrelinhas ou de coroamento e por
roçadas na linha.
- Limpeza mecanizada: utilização de grades, enxadas rotativas e roçadeiras.
- Limpeza química: utilização de herbicidas.

6.3.2) Combate às formigas

O combate às formigas cortadeiras deve ser executado antes, durante e após


o plantio. Existem três fases de combate, quais sejam, combate inicial, repasse e
76
ronda. O combate inicial deve ser realizado após a limpeza da área, porém antes do
revolvimento do solo. O repasse é feito 60 dias após o combate inicial, de
preferência antes do plantio. Faz-se a ronda durante a operação de plantio e alguns
dias após o mesmo. Durante a fase de crescimento da floresta devem ser feitas
rondas sempre que necessário. Neste sentido é feito o monitoramento da infestação
de formigas cortadeiras. Deve ser feito o combate em toda a área a ser plantada,
nas reservas legais e permanentes e numa faixa de 200 metros de largura ao redor,
variando de acordo com o índice de infestação e as espécies de formigas existentes.
Podem ser usados pós-secos, líquidos termonebulizáveis e iscas granuladas,
seguindo a dosagem e a forma de aplicação recomendada pelo fabricante. Dos
produtos citados acima, os mais usados são as iscas granuladas, por sua facilidade
de manuseio, maior rendimento operacional (quando em áreas limpas) e baixa
toxicidade ao meio ambiente. A sua limitação de uso está nos períodos chuvosos,
podendo, neste caso, serem distribuídas em embalagens impermeáveis,
denominadas de porta-iscas, que são distribuídos sistematicamente em toda a área
a ser combatida.
As espécies mais comuns na região Sul são as dos gêneros Atta e
Acromyrmex, geralmente combatidas com iscas granuladas distribuídas nos
caminhos e olheiros.

6.3.3) Replantio

O replantio deverá ser realizado num período de 30 dias após o plantio,


quando a sobrevivência deste é inferior a 90%.

6.4) Tratos Silviculturais

6.4.1) Poda ou Desrama

Esta operação visa melhorar a qualidade da madeira pela obtenção de toras


desprovidas de nós. O controle do crescimento dos galhos, bem como sua
eliminação, é uma prática aplicada às principais espécies de madeira. Os nós de
galhos vivos causam menores prejuízos que os deixados por galhos mortos. Estes
constituem sérios defeitos na madeira serrada.
77
Ocasionalmente, as árvores também são podadas para prevenir a ocorrência
de incêndios florestais e para favorecer acesso aos povoamentos, durante as
operações de desbastes, inventário e combate à formiga.
São dois os tipos de desrama:
- Desrama natural: é bastante eficiente em floresta de eucalipto, sendo que
nenhuma medida especial deve ser tomada a fim de promovê-la. O processo mais
simples consiste em desenvolver e manter um estoque inicial denso, o que, além de
manter os galhos inferiores pequenos, causa-lhes também a morte.
- Desrama artificial: o objetivo mais tradicional desta prática é a produção de madeira
limpa ou isenta de nós em rotação mais curta que a exigida com desrama natural. A
desrama artificial pode ser feita também para prevenir os nós soltos, produzindo
desta forma madeira com nós firmes. Este esforço pode não oferecer recompensas
muito valiosas, porém envolve um período de espera menor.

6.4.2) Desbaste
Os desbastes são cortes parciais realizados em povoamentos imaturos, com
o objetivo de estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar a
produção da madeira utilizável. Nesta operação, removem-se as árvores
excedentes, para que se possa concentrar o potencial produtivo do povoamento
num número limitado de árvores selecionadas.
Para determinar a intervenção, é preciso conhecer-se o incremento médio
anual e corrente da floresta. Quando o incremento do ano passar a ser menor que o
médio até a idade correspondente à ultima medição, tendendo portanto a baixar a
média geral da produção da floresta, este seria o ano para a sua intervenção. Esta
análise é possível mediante a realização de inventários contínuos.
Nos desbastes, as vantagens em conseqüência da competição devem ser,
pelo menos em parte, preservadas. Assim, num programa de desbaste, para
rotações relativamente longas, o número de árvores deve ser reduzido
gradativamente, porém a uma taxa substancialmente mais rápida do que seria em
condições naturais.
A seleção das árvores a serem desbastadas é caracterizada da seguinte
forma:
- Posição relativa e condições de copa (dominantes)
- Estado de sanidade e vigor das árvores
- Características de forma e qualidade do tronco
78
O principal efeito favorável do desbaste é estimular o crescimento em
diâmetro das árvores remanescentes.
A variação no diâmetro das árvores induzidas pelos desbastes é muito ampla.
Desbastes leves podem não causar efeito algum sobre o crescimento, embora seja
possível, em razão dos desbastes pesados, conseguir uma produção constituída de
árvores com o dobro do diâmetro que, durante o mesmo tempo, elas teriam sem
desbastes.
Os desbastes também tendem a desacelerar a desrama natural e a estimular
o crescimento dos galhos. A única vantagem disso é que os galhos permanecem
vivos por mais tempo e, desse modo, reduz-se o número de nós soltos na madeira.

6.4.3) Métodos de desbaste

- Desbaste sistemático: Aplicados em povoamentos altamente uniformes, onde as


árvores ainda não se diferenciaram em classes de copas. Aplica-se em
povoamentos jovens não desbastados anteriormente. É mais simples e mais barato.
Permite mecanizar a retirada das árvores.
- Desbaste seletivo: Implica na escolha de indivíduos segundo algumas
características, previamente estabelecidas, variadas de acordo com o propósito a
que se destina a produção. As árvores removidas são sempre as inferiores,
dominadas ou defeituosas. Este método é mais complicado, porém permite melhor
resultado na produção e na qualidade da madeira grossa.

6.5) Exploração

6.5.1) Idade de corte

A condução dos talhões de eucalipto geralmente é realizada para corte aos 7,


14, e 21 anos. São 3 ciclos de corte para uma mesma muda original. De acordo com
a região e o tipo de solo, o ciclo de corte poderá ser menor (a cada 5 ou 6 anos).
Tudo está ligado ao objetivo da plantação de eucalipto (lenha, carvão, celulose,
mourões, poste, madeira de construção ou serraria).
79

6.5.2) Limpeza da área para corte

Quando o povoamento de eucalipto de um talhão atinge a idade para o


primeiro corte, deve-se efetuar a limpeza do local. A eliminação do mato ralo e da
capoeira existentes na área do eucalipto facilita os trabalhos de corte e retirada de
madeira. Depois da limpeza da área, mas antes de se efetuar o corte das árvores,
deve-se proceder a uma vistoria para controle das formigas, pois estas são muito
danosas e impedem a rebrota das cepas de eucalipto.

6.5.3) Capacidade de rebrota das cepas de eucalipto

A rebrota do eucalipto é variável conforme a espécie. As espécies E. saligna,


E. urophylla, C. citriodora apresentam boa rebrota; já as espécies E. grandis e E.
pilularis apresentam má brotação.

6.5.4) Época de corte

A capacidade de rebrota das cepas de eucalipto varia conforme a época.


Geralmente a sobrevivência dos brotos é maior quando se cortam as árvores na
época chuvosa (primavera).

6.5.5) Altura de Corte

A altura de corte em relação ao terreno define a percentagem de


sobrevivência das brotações. Deve-se cortar bem próximo do solo, deixando-se o
mínimo de madeira na cepa da árvore. O corte deverá ser chanfrado ou em bisel. As
espécies com boa brotação devem ser cortadas a uma altura média de 5 cm acima
do solo. As espécies com baixa capacidade de rebrota deverão ser cortadas a uma
altura de 10 a 15 cm da superfície do solo. Poderá ser feito a machado ou com
motosserra.
80

6.5.6) Diâmetro das cepas

O vigor das brotações do eucalipto está ligado com o diâmetro das cepas. O
número de brotos aumenta a medida que o diâmetro das cepas aumenta.

6.6) Manejo da Brotação

6.6.1) Limpeza das Cepas

Consiste em limpar-se ao redor das cepas de eucalipto, retirando-se a


galhada, folhas, casca, evitando o abafamento da brotação. Deve-se evitar que a
madeira cortada seja empilhada sobre as cepas. A entrada de caminhão para
retirada da madeira pode prejudicar as brotações. Não deve ser utilizado o fogo para
limpeza da área, pois este é inimigo das brotações do eucalipto.

6.6.2) Gradagens

O eucalipto é exigente em solo bem preparado. Por isso, nas áreas de


eucalipto em brotação devem ser realizadas gradagens entre as ruas de cepas. O
uso da grade de discos elimina as ervas daninhas e poda as raízes das cepas,
aumentando-lhes o vigor.

6.6.3) Desbrota das cepas

Quando os brotos apresentarem de 2,5 a 3 m de altura, ou seja, após 10 a 12


meses do corte das árvores, efetua-se a desbrota. Isso deve ser feito no período
quente e chuvoso, para garantir o crescimento da brotação. Conforme o tamanho da
cepa, deixa-se a seguinte quantidade de brotos:
- Cepas menores que 8 cm: apenas um broto.
- Cepas maiores que 8 cm: de 2 a 3 brotos.
81

6.6.4) Adubação para brotação

Na véspera do corte das árvores, aplica-se de 100 a 150 gramas de


fertilizantes por cepa, da fórmula 10:30: 10. A aplicação é feita nas entrelinhas do
eucalipto, em sulco ou a lanço. As cepas têm melhor brotação.

6.6.5) Interplantio

Consiste no plantio de mudas ao lado do tronco de eucalipto que não tenha


brotação. Por isso, de 2 a 3 meses após o corte das árvores, efetua-se um
levantamento das cepas não brotadas. Identificam-se os locais para o plantio.
Plantam-se mudas bem desenvolvida com 6 a 8 meses de idade,
especialmente produzidas no viveiro. Deve-se abrir covas bem grandes, durante a
estação chuvosa, ao lado das cepas mortas. O ideal é efetuar adubação de cova, a
base de 150 gramas da fórmula 10:30: 10.

6.7) Pragas e doenças

Doenças Causa Ação na planta Controle


Recobrir o solo ao
A insolação do período da
redor do tronco
tarde incide na areia e A maioria das árvores afetadas
com a vegetação
atinge, por reflexão, permanece viva e reage a essas
capinada; ou
Escaldadura porções basais no tronco, lesões por calejamento, formando
recomenda-se
do caule danificando as árvores cancros típicos. A área danificada é
nestas áreas
pelo efeito provocado por invadida por parasitas fracos que
espécies que
temperaturas aumentam a lesão.
possuam casca
excessivamente elevadas.
espessa.
Recomenda-se em
áreas de
Queima da folhagem do terço
Frio intenso com ocorrência de
Geada basal, ou terço basal-intermediário
ocorrência de geadas. geada o plantio de
ou de toda a copa.
espécies
resistentes.
Aterramento de parte do caule das
mudas ou plantas jovens. Em
Plantios e tratos
plantas tolerantes, ocorre
culturais bem
hipertrofiamento na porção do
feitos em áreas
caule aterrada e produção de
Plantios e tratos culturais sujeitas a
Afogamento novas raízes; em plantas
mal conduzidos, ou enxurradas;
do coleto intolerantes, as raízes iniciais vão
enxurradas. construção de
morrendo, as plantas ficam
terraços para
debilitadas e há o aparecimento de
contenção da
lesões necróticas causadas por
água.
patógenos fracos (Fusarium sp. e
Cylyndrocladium)
82
Em viveiros e casas de Controle na
Necroses ou manchas amareladas
Fitotoxidade vegetação, a aplicação de aplicação de
e esbranquiçadas nas superfícies
em mudas adubos, defensivos, inseticidas,
dos limbos.
acaricidas e inseticidas. herbicidas, etc.
Tecidos da casca e câmbio
são mortos ou calcinados.
Podem ocorrer cancros
típicos quando acontece a Controle de
Fogo Temperaturas elevadas. calcinação. Nas árvores que incêndios
não morrem, ocorre a florestais.
redução no ritmo de
crescimento.

Resposta a uma agressão


mecânica O seu controle
Por trincas ocasionadas ou
(estrangulamento por depende de uma
inchamento no tronco, há o
Gomose cipó, dano por insetos, proteção a
escorrimento anormal de uma
geada, fogo, seca e agressões
substância marrom.
ventos, fatores edafo- mecânicas.
climáticos adversos).
Gomose generalizada, coloração
Pau-preto preta da superfície da casca de Evitado com o
Reação da planta a
(gomose árvores adultas, resultante da plantio de plantas
fatores adversos do
mais exsudação de goma em vários resistentes a
ambiente.
intensa) pontos do tronco. Não causam a fatores adversos.
morte.

6.1) Principais doenças abióticas do Eucalipto


Ainda como doenças abióticas pode-se citar:

6.1.2) Déficit hídrico em eucalipto

A falta de água acarreta distúrbios fisiológicos no eucalipto, em viveiros a


falta de irrigação pode levar as mudas à murcha permanente.

Sintomas

Em eucaliptos de 0,5 a 1,5 anos, há seca dos ponteiros, de galhos, e da


haste principal; a necrose é em forma de V invertido em folhas ainda fixas;
folhas com sintomas de deficiência mineral (clorose marrom pálida); necroses
irregulares (trips); cancros pequenos; fendas e rugosidade na haste principal.

Eucaliptos com mais de 1,5 anos, são pouco afetados pelo déficit hídrico,
com exceção do Eucalyptus grandis. Em eucaliptos com mais de 5 anos, não
se apresentam sintomas externos.

Lesões foliares em forma de “V” invertido constituem os sintomas


marcadores de falta d’água, após a planta ter passado por um período de
83
murcha temporária. Tais lesões geralmente se iniciam no ápice do limbo e
progridem em direção à nervura principal, em conseqüência da perda de água
por transpiração, sem haver reposição em tempo hábil e em quantidade
necessárias para manter o potencial hídrico da planta. Se a falta d’água
persistir, a planta sofre murcha permanente, as folhas adquirem tonalidade
palha e a planta toda seca. No campo, a seca ou morte de árvores pode
ocorrer em reboleiras ou em plantas esparsas pelo talhão. Até os três anos de
idade, as plantas podem apresentar sintomas foliares de “V” invertido,
encarquilhamento foliar e seca de ponteiros de galhos e da haste principal no
terço superior ou em toda planta. Já, a partir do quarto ano, normalmente se
observam secamento da copa, trincamentos de casca e exudação de goma na
base do tronco. Plantas sob déficit hídrico, com sintomas de arroxeamento e
queima foliar em face à deficiência de nutrientes, principalmente fósforo e
potássio.

- Solos encharcáveis

Devido à retenção de água ou ao levantamento do lençol freático, ocorre a


deficiência de oxigênio para as raízes e microorganismos, elevando a
concentração de gás carbônico.

Sintomas

Plantas raquíticas que morrem prematuras. Ocorre a seca dos ponteiros


em galhos e na haste principal em árvores tolerantes. Há o lançamento de
folhas anormais em árvores adultas e vários sintomas de deficiência de
minerais. Excesso de folhas nos talhões, principalmente após o primeiro corte.

Em condições de umidade do ar excessivamente elevada, ocorre a


extrusão de células do mesófilo e, em conseqüência a formação de edemas
foliares, como resultado formam “bolhas” inicialmente branco-esverdeada e,
após a exposição ao meio ambiente, adquirem coloração ferrugínea e textura
corticosa.

Em viveiros, o excesso de umidade no substrato pode alterar o


desenvolvimento normal de raízes e induzir um desequilíbrio na absorção de
nutrientes, ocorrendo toxidade por ferro e manganês. O excesso de umidade
84
no substrato causa uma condição de anaerobiose, podendo as mudas
apresentar encarquilhamento e clorose, geotropismo negativo das raízes e
queima e secamento do ápice, reduzindo, conseqüentemente, o crescimento
da planta. O encharcamento excessivo do substrato pode ser diagnosticado,
mediante a compressão manual e observação do escorrimento abundante de
água entre os dedos.

No campo, a má drenagem do solo e, ou, afloramento do lençol freático


induz sintomas de clorose, arroxeamento e secamento da copa das plantas
afetadas, culminando com a morte da planta.

- Seca de ponteiros do eucalipto

Ocorre em regiões encharcadas, e onde a drenagem é insatisfatória ou


onde o lençol freático é muito alto.

Sintomas

Lesões na extremidade da haste principal e dos pontos de inserção dos


seus galhos e ramos; tais lesões podem causar anelamento e cancro. Esta
doença é caracterizada pela inserção dos galhos com a haste principal, e pela
inserção dos ramos e pecíolos.

Causas

Devido à ocorrência de um distúrbio fisiológico nas árvores de eucalipto,


aparecem como conseqüência a inserção dos galhos com a haste principal, e a
inserção dos ramos e pecíolos, predispondo as árvores ao ataque de fungos
parasitas facultativos.

Controle

Plantio de procedências ou clones de eucalipto tolerantes à doença.


85
Principais doenças abióticas do Eucalipto

Doença Características Ação Controle


Técnicas especiais de
Ocorre em locais que
produção de mudas e por
Tombamento de apresentam as meios químicos.
mudas (damping características: Na pré emergência parte
off) das sementes não
germinam. Produção em tubetes deve
Elevada umidade de solo e
receber prioridade em relação
Fungo: do ar decorrentes de
à semeadura direta em sacos
irrigação e chuvas muito Anelamento do coleto.
plásticos.
freqüentes.
Cylindrocladium
scoparium Lesão escura nas hastes.
Fumigação do substrato com
Viveiros instalados em
Brometo de Metila.
área sombreada e solos de Queda das hastes.
Rhizoctomia má drenagem
solani Em semeadura direta,
Anelamento das hastes, recomendam-se desbastes na
Elevada densidade de com as mudas
Pythiriumsp. fase em que as mudas tem de
mudas por área. murchando, morrendo e 4 a 7 cm de altura.
secando em pé.
Fusariumsp. Adubações orgânicas ou
Efetuar vistorias 2 vezes por
nitrogenadas em excesso.
semana (base e haste).
Podridão de
estacas
Ocorre em locais que
apresentam:
Fungo:

Elevada temperatura. Fumigação do substrato com


Lesão escura que se
Cylindrocladium brometo de metila, suspensão
alastra da base para o
sp. dos recipientes para evitar
Umidade excessiva. ápice da estaca.
contaminação vinda do chão.
Rhizoctonia sp.
Material vegetal
debilitado.

Manchas isoladas ou em
toda planta, com
Ocorrem freqüentemente aparência de talco. Pulverizações quinzenais de 35
em época de estiagem. gramas de Benomil/100 litros
Oidium Folhas com visível de água ou semanais de 250 g
encanoamento. de enxofre molhável/100 litros
de água.
Fungo: Geralmente ataca em
viveiros e em casa de Estrangulamento e No campo, as medidas de
Oidium sp. vegetação, mas não deformação dos limbos controle são dispensadas, uma
costuma causar muita mais novos. vez que só são atacadas as
preocupação. folhas jovens de C. Citriodora.
Morte dos rebentos
foliares.
Minúsculas pontuações Evitar plantios de espécies
verde claras ou vermelho suscetíveis à doença.
amareladas, com
Ferrugem do posterior
desenvolvimento de Pulverizações semanais com
eucalipto fungicidas.
Ocorrem em locais com urédias, seguidas de
umidade elevada e coloração amarelo-gema-
temperaturas baixas ou de-ovo. Seleção de espécies,
Fungo: procedências de clones
moderadas.
Raramente mata as ausentes de doença e que
Puccinia psidii plantas, exceto quando precocemente atingissem o
ataca com severidade crescimento em altura e
brotações novas após o desrama natural nos dois
corte raso. primeiros anos de vida.
86
Mortes esporádicas e
lesões basais em plantas
jovens. Na resistência
interprocedência, o
As plantas respondem à reflorestamento deve ser feito
doença formando uma com procedências
Cancro nova casca, resistente, moderadamente ou altamente
Geralmente ocorre em abaixo da infectada resistentes. Na resistência
Fungo: regiões com temperatura (sapatas). A casca se intraprocedência, são feitas
maior que 23oC e desgarra do tronco sob a plantações adultas
Cryphonectria precipitação anual maior forma de tiras. pesadamente infectadas de
cubensis ou igual a 1.200 mm, modo natural.
sendo uma doença típica Cancro típico, que se
de regiões tropicais. caracteriza por uma lesão Recomenda-se a utilização do
margeada por calos, maior número de clones
resultando em lesão possíveis nas plantações
profunda, matando o clonais, evitando estreitar
câmbio. demasiadamente a base
genética.
Quebra das árvores pelo
vento à altura das lesões.
Formação de um denso
micélio cor-de-rosa, que
Ocorre em ambientes com representa a
precipitação anual de sintomatologia típica da
1200 a 1500 mm. doença. Calda bordaleza.
Fungo:

Ataca plantas Os orgãos atacados se Utilização de espécies


Corticium
fisiologicamente ressecam e perdem a resistentes à doença E.
salmonicolor
debilitadas e que se sintomatologia Deglupta e E. torreliana
encontram inadaptadas característica da doença,
ecologicamente. resultando em áreas
necrosadas, escuras e
com calos.
Após o abate das árvores,
consumir a matéria-prima o
Estromas negros mais rápido.
Interferem negativamente O local de estocagem deverá
Fungo: na qualidade da celulose É caracterizado pela ser bem drenado, limpo e
produzida, isenta de presença de estromas capinado, e a estocagem, no
sujeira, pois os negros em crostas máximo de tempo de 2 meses.
Hypoxylon constituintes químicos do irregularmente elíticas, Manejar o pátio de forma que
mummularium processo Kraft não de marrons a negras, se utilize a madeira com no
conseguem dissolver os superfícies rugosas. máximo 3 meses de
Hypoxylon estômatos negros. estocagem.
stygium Limpar o pátio de forma a
diminuir a quantidade de
inóculos iniciais de fungo.

Outra doença biótica do eucalipto é a mancha da folha, a qual apresenta as


seguintes características conforme o fungo que a ataca:
- Culindrocladium sp. e Coniella fragarie: inicialmente apresentam colônias
esverdeadas e, posteriormente, azuladas. Ocorrem em clima tropical em épocas
chuvosas, atacando principalmente as espécies E. dunnii, E. grandis, E. Saligna.
Provoca perdas da fotossíntese (local transparente).
- Phaeoseptoria eucalypti: inicialmente ocorrem manchas marrons arroxeadas
agrupadas por todo limbo; posteriormente salpiques negros pela folha, até que esta
87
fique completamente necrosada. O controle é realizado com pulverizações químicas
com Mancozeb.
-Aulographina eucalypti: ocorrem manchas de marrons a pretas circulares,
coriáceas, pontuações negras e calosidade. Ocorre em regiões quentes, atacando
principalmente as espécies E. saligna, E. globulus, E. viminalis. Não há controle.

-Altenaria tenuissima: inicialmente manchas marrons avermelhadas e irregularmente


circulares, contornadas por halo marrom vermelho, no centro amarelo claro,
ocorrendo de 1 a 20 manchas por folha. Ocorre em regiões quentes, atacando
principalmente as espécies E. alba, E. grandis, E. globulus. O controle é realizado
através de adequado suprimento de macro e micronutrientes e pulverização com
Mancozeb.

-Trimmatostroma excentricum: manchas marrons escuras, coriáceas e várias por


folha. Em C. Citriodora

-Micosphaerella sp: manchas marrons claras, coriáceas e salpicadas de negro, no


viveiro e em campo, irregularmente circular. E. grandis, E. camaldulensis.

-Cercospora sp: ocorre em mudas passadas, maduras, manchas retangulares e


irregulares. E. grandis e E. dunnii.

6.8) Exigências e tolerâncias das espécies mais recomendadas nos Estados do


Paraná e de Santa Catarina

Fatores E.dunnii E.viminalis E.grandis E.saligna


Férteis, úmidos
Úmidos, bem Profundos e
Solos Úmidos e férteis mas, bem
drenados bem drenados
drenados.
Média tolerância
Tolerante,susceptível a Média tolerância
Geadas Tolerante a geadas
geadas tardias a geadas severas
severas
Deficiência
Baixa tolerância Baixa tolerância Baixa tolerância Baixa tolerância
hídrica
Reduzida ante
Capacidade de
Boa Boa deficiência Alta
rebrota
hídrica
Supera as
Crescimento Bom Bom Bom
demais espécies
Partes
Locais Altitude entre 500 metros Altitudes entre Partes superiores
superiores do
recomendados até 1000 metros 650 e 1.100 m do terreno
terreno
Procedências Telêmaco Borba-Pr/ Telêmaco Telêmaco Borba-
Canela-RS
indicadas* Canela-RS Borba-Pr Pr

*para plantios no centro sul do Paraná e Planalto Catarinense.


88
6.9) Considerações sobre o Cultivo dos Eucaliptos nos estados do Paraná e de
Santa Catarina

No sul do Brasil, o cultivo do eucalipto enfrenta problemas com o inverno e as


geadas severas. O uso de material genético adequado é fundamental, priorizando
espécies e procedências, que, entre outras características desejáveis, sejam
tolerantes ao frio e com boa capacidade de rebrota, o que possibilita a regeneração
dos talhões na eventualidade de ocorrência de geadas severas.
Para a região centro sul do Estado do Paraná e em Santa Catarina (região do
planalto catarinense), segundo o Zoneamento Ecológico para Plantios Florestais, as
espécies recomendadas são:

Observações Espécie Usos


Mais recomendadas para E. Madeira para serraria, laminação,construções,
regiões com invernos rigorosos viminalis caixotaria, escoras.
Madeira para serraria e laminação, papel (mais
E. dunnii
restrito; estudos mais apurados em andamento).
Recomendação de cuidados
Madeira para laminação, móveis, estruturas,
extras em regiões de invernos E.saligna
caixotarias, papel e celulose.
severos
Madeira para construções, laminação e serraria.
E.grandis Principal fonte de matéria-prima para celulose e papel
em São Paulo.

7. SILVICULTURA DO PINUS (PINUS SPP)

As espécies do gênero Pinus são amplamente utilizadas em reflorestamentos


no Brasil, devido principalmente ao seu rápido crescimento. A madeira do pinus é
usada em construções leves ou pesadas, na produção de laminados, compensados,
chapas de fibras e de partículas, na produção de celulose e papel, entre outros. O P.
elliottii também é muito utilizado para a extração de resina. O pinus também pode
ser utilizado na implantação de quebra ventos.
89

7.1) Produção de Muda

7.1.1) Sementes

As sementes podem ser obtidas das árvores existentes na região ou


compradas em locais especializados. Para maiores informações sobre a obtenção
de sementes de qualidade, ver Melhoramento Florestal.

7.1.2) Semeadura
Para o Pinus podem ser empregados três tipos de semeadura:
Em sementeiras: as sementes são espalhadas diretamente em sementeiras,
sendo que, após a germinação, as plântulas sofrerão uma repicagem e serão
transferidas para os recipientes onde continuarão seus processos de formação.
Em canteiros de mudas embaladas: as sementes são semeadas diretamente
em recipientes, podendo ser utilizados tubetes especiais, sacos plásticos, taquara,
entre outros.
Em canteiros de mudas de raiz nua: a semeadura é realizada diretamente nos
canteiros, onde as mudas permanecem sob cuidados no local até o plantio definitivo.
O método de raiz nua é indicado para locais onde ocorre boa distribuição
pluviométrica e temperaturas pouco elevadas, como no sul do Brasil. Esta prática é
realizada quando o plantio é mecanizado.
As mudas devem permanecer no viveiro até que atinjam uma altura entre 20 e
30 cm e um sistema radicular bem desenvolvido.

7.1.3) Substrato

Canteiros em raiz nua: em viveiros de raiz nua, o único substrato é o próprio


solo, que constitui o meio de desenvolvimento das raízes.
Canteiros com mudas em recipientes: o substrato mais utilizado é uma
mistura de materiais, devidamente decompostos. Os principais componentes desta
mistura são: turfa, cinza de caldeira, vermiculita, cascas de árvores e de arroz. A
adubação mineral é introduzida à mistura.
Inoculação de micorrizas em viveiros de Pinus spp.: A existência de uma
associação simbiótica entre determinados fungos e as raízes das espécies do
90
gênero Pinus é uma condição necessária para o sucesso do reflorestamento com
este gênero. Tal associação confere ao Pinus um sistema radicular com maior área
de absorção, permitindo suprimento maior e mais eficiente de nutrientes às árvores.
O material obtido por meio do solo e/ou “litter” de antigos reflorestamentos de
pinus é incorporado ao solo do viveiro, geralmente antes da semeadura. A
distribuição do material com o inoculo é feita sobre o substrato contido nos canteiros,
com posterior incorporação mecânica ou manual no solo, até a profundidade de 12 a
15 cm. A proporção de inoculo: o substrato para os recipientes deve ser na faixa de
1:10.
Acículas contidas no chão de povoamentos florestais adultos, ainda não
decompostas, são utilizadas por algumas empresas para cobertura dos canteiros,
visando, além da proteção das sementes em germinação, a introdução do inoculo
micorrízico.

7.2) Plantio

7.2.1) Preparo do terreno

Como o preparo do terreno está ligado com as características da área onde


será realizado o plantio, geralmente as operações são realizadas na seguinte ordem:
• Construção de estradas e aceiros
• Desmatamento e aproveitamento da madeira
• Enleiramento ou encoivaramento
• Queima das leiras
• Desenleiramento
• Combate à formiga
• Revolvimento do solo
• Sulcamento e/ou coveamento
As técnicas de cultivo mínimo e plantio consorciado têm sido adotados por
muitas empresas a fim de diminuir os danos ambientais.

7.2.2) Espaçamento

A escolha do espaçamento de plantio, na maioria dos planejamentos


florestais, tem sido fundamentada principalmente no uso final da madeira. O
91
espaçamento tem uma série de implicações do ponto de vista silvicultural,
tecnológico e econômico. Ele influencia as taxas de crescimento das plantas, a
qualidade das madeiras, a idade de corte, bem como as práticas de exploração e
manejo florestal e conseqüentemente os custos de produção.
A idade de corte e o espaçamento encontram-se também intimamente
relacionados, ou seja, os plantios em espaçamentos menores normalmente exigem
desbastes ou ciclos mais curtos de corte, pois a competição entre plantas ocorre
mais precocemente, antecipando a estagnação do crescimento. A percentagem de
árvores dominadas e mortas cresce com o avanço da idade, causando um aumento
da percentagem de falhas. Este fato ocorre com maior intensidade e mais
precocemente nos espaçamentos mais apertados. Um número elevado de árvores
dominadas pode refletir negativamente no volume da madeira, estabilizando e até
reduzindo o incremento médio anual.
Nos plantios de pinus, costumam ser utilizado o espaçamento de 3m x 2m e
2,5m x 2,5m.

7.2.3) Métodos de plantio

O plantio pode ser realizado através de dois métodos:


Plantio manual: consiste inicialmente no balizamentos e alinhamento, abertura
de covas, distribuição de mudas e plantio propriamente dito.
Plantio mecanizado: consiste de um trator que transporta as mudas e abre a
cova com um disco sulcador enquanto um operário distribui as mudas. Ao mesmo
tempo duas rodas convergentes fecham o sulco. As mudas mal plantadas são
arrumadas por um operário que segue a máquina, sendo este processo utilizado
para mudas de raiz nua.

7.2.4) Tratos Culturais

Os tratos culturais visam a manutenção dos povoamentos, sendo realizados


após o plantio até o fechamento do dossel de copas. Estes tratos têm como objetivo
reduzir a concorrência por nutrientes, a luz e a umidade impostas às plantas pela
vegetação invasora.
92
Para o gênero Pinus, estes tratos estendem-se normalmente até os dois ou
três anos, com variação para as diferentes espécies do gênero e sob diferentes
condições de clima e até de solo.

7.2.5) Limpeza

A limpeza é realizada até que as plantas atinjam um porte suficiente para


dominar a vegetação invasora. Geralmente são feitas através de três métodos
principais:
• Limpeza manual: através das capinas nas entrelinhas ou coroamento e por
roçadas na entrelinha.
• Limpeza mecanizada: utilização de grades, enxadas rotativas e roçadeiras.
• Limpeza química: utilização de herbicidas.
7.2.6) Combate a formigas

A prevenção ao ataque das formigas cortadeiras deve ser realizado


constantemente, através da vigilância e do combate na fase de preparo do solo, na
qual a localização e o próprio combate são facilitados.
As espécies mais comuns na região Sul são as dos gêneros Atta e
Acromyrmex, geralmente combatidas com iscas granuladas distribuídas nos
caminhos e olheiros.

7.2.7) Replantio

O replantio deverá ser realizado num período de 30 dias após o plantio,


quando a sobrevivência deste é inferior a 90%.

7.2.8) Tratos Silviculturais

7.2.8.1) Poda ou Desrama

Esta operação visa melhorar a qualidade da madeira pela obtenção de toras


desprovidas de nós. O controle do crescimento dos galhos, bem como sua
eliminação, é uma prática aplicada às principais espécies de madeira. Os nós de
93
galhos vivos causam menores prejuízos que os deixados por galhos mortos, sendo
que estes constituem sérios defeitos na madeira serrada.
Ocasionalmente as árvores também são podadas para prevenir a ocorrência
de incêndios florestais e para favorecer acesso aos povoamentos durante as
operações de desbaste, inventário e combate à formiga.

7.2.8.2) Desbaste

Os desbastes são cortes parciais realizados em povoamentos imaturos, com


o objetivo de estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar a
produção da madeira utilizável. Nesta operação, removem-se as árvores
excedentes, para que se possa concentrar o potencial produtivo do povoamento
num número limitado de árvores selecionadas.
Para determinar a intervenção, é preciso conhecer o incremento médio anual
e corrente da floresta. Quando o incremento do ano passar a ser menor que o médio
até a idade correspondente à ultima medição, (diminuindo portanto a média geral da
produção da floresta), este seria o ano para a sua intervenção. Esta análise é
possível mediante a realização de inventários contínuos.
Nos desbastes, as vantagens em conseqüência da competição devem ser,
pelo menos em parte, preservadas. Assim, num programa de desbaste, para
rotações relativamente longas o número de árvores deve ser reduzido
gradativamente, porém a uma taxa substancialmente mais rápida do que seria em
condições naturais.
A seleção das árvores a serem desbastadas é caracterizada da seguinte
forma:
• Posição relativa e condições de copa (dominantes)
• Estado de sanidade e vigor das árvores
• Características de forma e qualidade do tronco
O principal efeito favorável do desbaste é estimular o crescimento em
diâmetro das árvores remanescentes.
A variação no diâmetro das árvores induzidas pelos desbastes é muito ampla.
Desbastes leves podem não causar efeito algum sobre o crescimento, embora seja
possível, em razão dos desbastes pesados, conseguir uma produção constituída de
árvores com o dobro do diâmetro que, durante o mesmo tempo, elas teriam sem
desbastes.
94
Os desbastes também tendem a desacelerar a desrama natural e a estimular
o crescimento dos galhos. A única vantagem disso é que os galhos permanecem
vivos por mais tempo e, desse modo, reduz-se o número de nós soltos na madeira.

7.2.8. 2.1)Métodos de desbaste

a) Desbaste sistemático: aplicados em povoamentos altamente uniformes,


onde as árvores ainda não se diferenciaram em classes de copas, e se aplica em
povoamentos jovens não desbastados anteriormente. É mais simples e mais barato.
Permite mecanizar a retirada das árvores.
b) Desbaste seletivo: implica na escolha de indivíduos segundo algumas
características, previamente estabelecidas, variadas de acordo com o propósito a
que se destina a produção. As árvores removidas são sempre as inferiores,
dominadas ou defeituosas. Este método é mais complicado, porém permite melhor
resultado na produção e qualidade da madeira grossa.
c) Desbaste seletivo sistemático: este tipo de desbaste, além de favorecer as
melhores árvores, retirando-se a concorrência de árvores ruins, pode ainda com a
retirada de uma linha inteira, aumentar o volume retirado no desbaste e, com isto,
compensar os custos, aumentando-se a renda. Esta prática é utilizada em algumas
empresas do Sul do Brasil em plantios de Pinus spp.
De acordo com o peso dos desbastes, podem ser classificados em:
• Desbaste baixo: quando a relação entre o volume médio desbastado e o
volume médio antes do desbaste for menor que 1.
• Desbaste alto: quando a relação entre o volume médio desbastado e o
volume médio antes do desbaste for maior que 1.
• Desbaste neutro: Quando a relação entre o volume médio desbastado e o
volume médio antes do desbaste for igual a 1.

7.2.8.3) Exploração

A idade de corte refere-se ao tempo necessário para que uma floresta, ou


parte desta, cresça e produza ótima quantidade de madeira.
A definição técnica da idade de corte pode ser obtida em razão do
crescimento da floresta. Para isto, deve haver um acompanhamento por meio de
parcelas permanentes representativas, em que, de ano em ano são medidos o
95
diâmetro, a altura e o volume das árvores. Com isto, determina-se o incremento
médio anual (IMA) do volume da floresta, assim como o incremento corrente anual
(ICA). Quando o incremento do ano passar a ser menor que o médio até a idade
correspondente à última medição, tendendo, portanto, abaixar a média geral da
floresta, este seria o ano para a sua exploração.
Para fins industriais, as espécies do gênero Pinus geralmente são cortadas
em rotações que variam de 5 a 8 anos, por meio de cortes rasos ou parciais.

7.3) Pragas e doenças

7.3.1) Doenças

Controle
Doença Características Ação na Planta

Ocorre nas seguintes


Tombamento ou
condições:Elevada
damping-off Usar preventivo de fungicidas
umidade, irigação e
Fungo: Lesão fúngica na base da no primeiro mês de produção
chuvas freqüentesEm
Rhizothoctonia solani mudaNa pré-emergência de mudas.Evitar umidade
solos com má
Fusarium parte das sementes não excessiva no
drenagemElevada
monoliforme germinamAnelamento do substrato.Promover
densidade de
Fusarium colo das mudasQueda das arejamento satisfatório das
mudasAdubação
centricosum hastes mudas por meio de
nitrogenada em
Pythium debaryanum espaçamento adequado.
excesso

As mudas têm-se mostrado


Excessivo amarelecidas e até mortas.
enovelamento de Notam-se basidiocarpos
Asfixia de mudas
raízesExaustão dos marrons de escuros a negros,
Fungo: Aplicar a de calda
nutrientes do típicos do fungo
Telephora terrestris bordaleza.Aumentar o
substratoIrrigação basidiomiceto do gênero
Telephora espaçamento.Promover a
insuficiente das telphora, firmemente
caryophyllea ventilação.
plantasInterrupção do aderidos ou envolvendo as
Telephora fimbriata
fluxo de água e sais porções basais dos seus
minerais caules.

Proceder as desramas dos


povoamentos, proporcionando
A notoriedade de S. melhor arejamento.Remover
Anelamento de hastes de
Spinea como patógeno os órgãos desramados para
mudasApodrecimento de
de Pinus spp. Deve-se, evitar que se transformem em
raízes de árvores
sobretudo, aos surtos futuras fontes de noculo de
adultasCancros nas diversas
Seca das pontas de secas das pontas S. Spinea.Evitar o
alturas do fuste, sendo a
Fungo: em plantações de estabelecimento de plantações
penetração do fungo através
Sphaeropsis sapinea Pinus spp., de Pinus spp., em áreas
das feridas da desrama
previamente castigadas por chuvas de
artificial, azulamento da
danificadas por chuvas pedra ou por outras
madeira Seca das pontas dos
de pedra durante adversidades climáticas que
galhos ou da haste principal
verões chuvosos. afetem a espécie
plantada.Evitar os estresses
fisiológicos.

Acículas com lesões de


coloração amarelo-
Queima de acículas Ataca mudas amarronzada, medindo de 2
Fungo: enviveiradas e plantas a 5 mm de comprimento
Controlar com fungicidas.
Cylindrocladium no campo até quatro causando mais tarde o seu
pteridis anos de idade. anelamento. Posteriormente,
as acículas tornam-se
marrons pardas e caem.
96
Manifesta-se em plantas em
campo depois dos 6 – 8
meses, e é severa até os 10
anos de idade.A doença
Doença atrelada à
começa nas acículas basais
Pinus radiata, espécie
do tronco e progride, de
que mostrou-se não
Queima de Acícula ou modo ascendente, na copa.O
adaptável ao Brasil.É
Queima de principal dano é a perda de
considerada doença- Utilizar espécies resistentes à
Dotistroma incremento das árvores
modelo na Patologia doençaControlar com
Fungo: atacadas que está
Florestal, em vista dos fungicidas cúpricos
Dothistroma relacionada com a
estudos na sub-área
septospora intensidade de doença
de epidemologia e
refletida pela percentagem
controle químico em
de copa queimada ou
campo.
desfolhada.A partir de 80%
de folhagem afetada, a
planta tem paralização de
crescimento ou morre.

Geralmente ocorre na
primeira rotação, em
plantações de pinus
estabelecidas em Limpar a área a ser recém
Apodrecimento de raízes e de
áreas onde havia desmatada e arada para o
porções basais do tronco,
floresta natural ou plantio de pinus, recolhendo-
levando há maioria das vezes
reflorestamento com se os restos de raízes, tocos,
à morte.As árvores
espécies florestais troncos e galhos da vegetação
inicialmente exibem
folhosas com anterior, apodrecidos ou não e
Amareliose crescimento vagaroso,
reconhecida queimá-los ou destinados à
Fungo: tornam-se amarelecidas e
capacidade carbonização.Abrir trincheiras
Armillaria mellea apresentam exsudação de
multiplicadora de ou valas, isolando árvores
resina na base do tronco e
noculo do patógeno atacadas para que a doença
nas raízes.Queda acumulada
em regiões úmidas, não atinja as árvores vizinhas
de acículas, secamento de
com temperatura pelo contato das raízes.Evitar
terminais de galhos e
moderada.A doença o plantio de espécies
finalmente morte.
pode ser transmitida suceptíveis à doença.
de uma árvore para
outra através do
contato radicular.

Geralmente a doença é
observada a partir de um ano
A doença geralmente de idade no campo.No início Abrir trincheiras ou valas,
ocorre a partir de 1 ocorre amarelecimento de isolando árvores atacadas
Podridão de Raízes
ano de idade.A toda copa, com raízes já para que a doença não atinja
Fungo:
mortalidade ocorre mortas devido à presença de as árvores vizinhas pelo
Cylindrocladium
tanto em plantas resina cristalizada em suas contato das raízes.Evitar o
clavatum
esparsas ou em superfícies.A copa fica plantio de espécies suceptíveis
reboleiras. marrom-ferrugínea, devido à à doença.
mortalidade de
acículas.Morte da planta.

Inicialmente manchas
amareladas, diminutas, que
se expandem, envolvendo
Sua ocorrência se dá
todo o diâmetro da
por todo o Brasil, mas
Manchas de Acículas acícula.Posteriormente a Não há necessidade de
não causam grandes
Fungo: mancha necrosa-se e fica controle no campo.No Brasil
danos. As manchas
Davisomycella sp. com cor marrom ainda não há ocorrência em
causadas despertam
Lophodermiums sp. avermelhada, sendo que, a viveiros.
muito a atenção do
partir do ponto necrosado, a
observador.
acícula morre.Dos primeiros
sintomas à morte, demora-se
cerca de um ano.

7.3.2) Pragas

7.3.2.1) Macaco prego (Cebus apella)


O macaco-prego é uma espécie nativa do Brasil que tem causado prejuízos
aos reflorestamentos de pinus do país. Este animal ataca o terço superior da árvore
de pinus, descascando o tronco e alimentando-se da seiva, que tem sabor doce.
97
À medida que a superfície exposta pelo descascamento aumenta, aumenta
também a dificuldade de recobrimento do xilema por novos crescimentos da casca,
levando a deterioração da madeira e, no caso de anelamento, morte e queda da
copa.
As árvores atacadas ficam mais suscetíveis ao ataque da vespa da madeira,
uma praga de pinus que causa ainda mais prejuízos.
Para o controle do ataque do macaco, são recomendadas medidas como a
abertura da floresta e limpeza da área, de forma que o ambiente torne-se menos
atrativo aos animais.

7.3.2.2) Vespa da Madeira (Sirex noctilio)

7.3.2.2.1) A Praga da Vespa da Madeira em Reflorestamento de Pinus sp.

Atualmente, há cerca de seis milhões de hectares de plantações florestais no


Brasil, dos quais dois milhões com diferentes espécies do gênero Pinus. As espécies
de Pinus, na América do Sul, permaneceram por muito tempo isentas de pragas e
doenças. Entretanto, a partir dos anos 80, várias espécies de insetos e fungos foram
introduzidas no Continente, provocando sérios danos a reflorestamentos
implantados com essas espécies.
Assim, várias pragas ameaçam a viabilidade futura dos plantios de Pinus e
também a diversidade arbórea como um componente de programas de
reflorestamentos sul americanos. Entre elas está a vespa da madeira, Sirex noctilio:
ordem Hymenoptera, sub-ordem Symphyta, família Siricidae, subfamília Siricinae,
gênero Sirex Linnaeus, 1761. Este inseto está associado a um fungo, Amylostereum
areolatum, o qual é tóxico para certas espécies de Pinus.
Inseto nativo da Europa Central, Oriente Próximo e norte da África, o Sirex
noctilio, nos locais de origem, são consideradas como praga secundária em troncos
de Pinus. Entretanto, quando introduzida na Nova Zelândia, Tasmânia e Austrália,
causou danos em grandes áreas reflorestadas, notadamente nos plantios de Pinus
não desbastados e superestocados (mais de 1.600 a 1.700 plantas/ha), com idade
entre 15 a 20 anos, conseqüência de um manejo inadequado ou pela falta de
mercado para a madeira no início do século. Assim, foram iniciados na Nova
Zelândia e Austrália os programas de controle biológico da praga, desenvolvendo -
98
se estudos sobre seleção de hospedeiros ou gêneros específicos de parasitóides da
área de origem da vespa-da-madeira.
Na América do Sul, o Sirex noctilio foi registrado pela primeira vez, em 1980,
no Uruguai, e em 1988 foi constatada no sul do Brasil. Durante o primeiro encontro
de Grupo de Trabalho Permanente em Sanidade Vegetal, ocorrido em 1992, no
Brasil, os países do Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile e Uruguai), identificaram S.
noctilio como praga que oferecia ameaça às plantações de Pinus na América Latina.
A praga inicialmente constatada em povoamentos de Pinus taeda no Rio
Grande do Sul já em 1989 foi observada em Santa Catarina, e em 1994 foi
diagnosticada no Paraná. Atualmente, a S. noctilio está presente em
aproximadamente 250.000 hectares de Pinus spp., em cerca de 60 municípios dos
três estados do Sul do Brasil. No Paraná, a Secretaria de Estado da Agricultura e do
Abastecimento – (SEAB, 07/00), editou o mapeamento dos municípios com a
incidência da vespa da madeira.
Estima-se que as perdas causadas pela praga atinjam U$ 5 milhões/ano na
sua área de distribuição nos estados do RS, SC e PR.

7.3.2.2.2) A Biologia e Ecologia do Sirex noctilio

A maioria dos insetos adultos emerge, no Brasil, de novembro a abril, com


picos de emergência nos meses de novembro e dezembro. Os machos começam
emergir antes das fêmeas. A proporção entre machos e fêmeas é de 1,5 macho para
1,0 fêmea.
Após o período inicial de vôo, as fêmeas perfuram o tronco das árvores com
seu ovipositor e colocam seus ovos no alburno. Em cada local de oviposição, esses
insetos podem perfurar até 4 (quatro) galerias. As fêmeas maiores colocam de 300 a
500 ovos, em aproximadamente 10 dias. No Brasil, foi observado que o número
médio de ovos nos ovários das fêmeas dissecadas varia de 20 a 430, com média de
226 ovos. Durante as posturas, as fêmeas introduzem esporos (artrosporos) de um
fungo simbionte, Amylostereum areolatum, e uma secreção mucosa fitotóxica, que
são os causadores da toxicidade e da conseqüente morte das plantas. O fungo, que
serve de fonte de nutrientes para as larvas da praga, é responsável pela morte da
árvore e pela podridão na madeira.
Além disso, a qualidade da madeira é afetada pela atividade das larvas que
constroem galerias, pela penetração de agentes secundários que danificam a
99
madeira, limitando seu uso ou tornando-a imprópria para o mercado. Após a morte
da árvore, a madeira é degradada rapidamente e sua utilização deve ser feita no
máximo seis meses após ter sido atacada.
Os plantios mais susceptíveis ao ataque de S. noctilio geralmente têm entre
10 e 25 anos de idade e estão sob estresse. Povoamentos sem desbastes são mais
susceptíveis ao ataque do inseto do que os desbastados.
Os sintomas de ataque começam a aparecer logo após os picos populacionais do
inseto (novembro e dezembro), sendo mais visíveis após a revoada, a partir do mês
de março.
As características externas mais visíveis que denotam a presença de S.
noctilio são: progressivo amarelecimento da copa que depois se torna marrom
avermelhada, esmorecimento da folhagem, perda das acículas, respingos de resina
na casca (em função da perfuração para oviposição) e orifícios de emergência de
adultos. Os sintomas internos são: manchas marrons ao longo do câmbio, devido ao
fungo, e galerias feitas por larvas.

7.3.2.2.3) Programa Nacional de Controle à Vespa da Madeira (PNCVM)

É inevitável a disseminação dessa praga por todas as áreas com Pinus no


Brasil, visto que a praga pode dispersar-se naturalmente entre 30 e 50 km por ano, o
que requer medidas urgentes e eficazes para controlar, monitorar e retardar sua
dispersão.
A necessidade urgente de controle do inseto fez com que entidades
particulares e representativas ligadas ao setor madeireiro, bem como órgãos
públicos sensíveis ao problema, criassem em junho de 1989 o Fundo Nacional de
Controle à Vespa da madeira - FUNCEMA e o Programa Nacional de Controle à
Vespa da Madeira - PNCVM. O FUNCEMA, entidade civil sem fins lucrativos,
congregando aproximadamente 100 empresas do setor madeireiro dos três estados
do Sul do Brasil, tem como principal objetivo o aporte de recursos para o
desenvolvimento do “Programa Nacional de Controle da Vespa da Madeira”. O
Programa tem a incumbência de proporcionar estímulo imediato às atividades de
pesquisa, em convênio com a Embrapa Florestas, para geração e adaptação de
tecnologias, visando o monitoramento e o controle da praga.

7.3.2.2.4) Controle Biológico de Sirex noctilio


100

Experiências bem sucedidas onde a praga foi introduzida demonstram que o


controle biológico associado a medidas de prevenção é o método mais eficaz e
econômico para o combate de Sirex, principalmente por tratar-se de uma praga
exótica, introduzida sem o seu complexo de inimigos naturais. Para a implantação de
um programa semelhante, no Brasil, foram introduzidos o nematóide Deladenus
siricidicola e os parasitóides Ibalia leucospoides, Rhyssa persuasoria e Megarhyssa
nortoni, visando proporcionar uma maior estabilidade da praga com o seu
ecossistema.
O nematóide Deladenus siricidicola age por esterilização das fêmeas do Sirex
noctilio. Apresenta dois ciclos de vida: um de vida livre, alimentando-se do mesmo
fungo simbionte da vespa da madeira e outro de vida parasitária, dentro de larvas,
pupas e adultos de S. noctilio. Pelo fato de apresentar o ciclo de vida livre
alimentando-se do fungo Amylostereum areolatum, pode facilmente ser criado em
laboratório e liberado em campo, através de sua aplicação em árvores atacadas por
S. noctilio, podendo atingir níveis de parasitismo próximos a 100%.
AIbalia leucospoides é um endoparasitóide de ovos e larvas da vespa da madeira
dentro da árvore enquanto que a Rhyssa persuasoria e a Megarhyssa nortoni, pelo
fato de apresentarem um longo ovipositor, atacam larvas da vespa em estágios mais
avançados de desenvolvimento.
Quanto à dispersão destes parasitóides, a Ibalia leucospoides pode dispersar-
se rapidamente a longas distância (até 80 km) e, quando atinge áreas novas,
reproduze-se intensamente. Foi observado também que a I. leucospoides é mais
eficiente em locais secos. Rhyssa spp. e Megarhyssa spp. podem se dispersar por
todas as áreas infestadas por Sirex, de 7 a 18 km, respectivamente, do ponto de
liberação.
O complexo de parasitóides (Ibalia + Rhyssinae) pode eliminar até 70% da
população de S. noctilio em determinados locais. Entretanto, observou-se que,
usualmente, não atingem mais do que 40% da população, percentual este
insuficiente para evitar que os ataques da vespa da madeira atinjam níveis elevados,
mas que são importantes para manter o equilíbrio ecossistema/praga.
101
7.3.2.2.5) Medidas de Prevenção e Controle

Medidas de Prevenção e Controle através de operações silviculturais: Um


manejo florestal adequado, consorciado com medidas preventivas evitam o
alastramento da praga.
Sanidade florestal: restos de desbastes devem ser eliminados ou queimados
para que não sirvam de criadouro da praga.
Tratamento quarentário: secar toda madeira de Pinus, por 48 horas
(mínimo) a uma temperatura de 60ºC. As toras que não tenham sido secas em
estufa, não devem sair da região infectada.
Instalação de árvores-armadilha: procedimento simples. Em quatro grupos
de cinco árvores (cada 100 ha) é aplicado o herbicida Dicamba, a fim de se detectar
pontos estratégicos e probabilidades de ataques.
Inoculação de nematóides: o nematóide (Deladenus siricidicola), esteriliza
as fêmeas da vespa controlando em média 70% da população da praga.
Parasitóides: Ibalia leucospoides, Megarhyssa nortoni e Rhissa persuasoria;
espécies que matam as larvas da vespa-da-madeira.

Medidas de monitoramento instalação de árvores-armadilha


A utilização de árvores-armadilha, através do estressamento das árvores, é
uma técnica muito eficiente e utilizada principalmente para detectar a presença de
Sirex sp em níveis populacionais baixos proporcionar pontos para a liberação de
inimigos naturais. Além disso, a detecção nos estágios iniciais e de colonização de
Sirex noctilio permite o conhecimento da necessidade de realizarem-se desbastes
antes que a praga atinja níveis de dano.
A manutenção de um sistema de árvores-armadilha pode aumentar
significativamente a eficácia do controle biológico da vespa da madeira. A Embrapa
Florestas recomenda:
• O processo de instalação de árvores-armadilha deverá ser efetuado
anualmente, visto que há um progressivo decréscimo na atratividade à Sirex noctilio,
de um ano para outro.
• As árvores armadilhas devem ser instaladas no período de 15 de agosto a 30
de setembro.
102
A instalação das árvores-armadilha deve se dar em grupos de cinco árvores,
de preferência com DAP entre 10 e 20 cm, variando a distância entre grupos, de
acordo com o local onde a praga se encontra, tais como:
• em áreas onde o Sirex está presente, bem como em áreas distantes até 10
km do foco, instalar grupos de cinco árvores a cada 500 m;
• a uma distância de 11 a 50 km do foco, os grupos de árvores-armadilha
deverão ser espaçados a cada 1.000 m;
• acima de 50 km do foco, principalmente em áreas de fronteiras, os grupos
deverão ser distanciados a cada 10 km;
• em áreas onde o inseto está a mais de 200 km, a vigilância florestal é a
técnica mais adequada.
Os grupos de árvores-armadilha deverão ser revisados entre janeiro e maio,
para verificar-se a presença do ataque do inseto.
Assim que a Sirex noctilio for detectada na região, o número de grupos de
árvores-armadilha deve ser aumentado e estes devem ser instalados em plantações
susceptíveis, próximas as serrarias, nas principais rotas de transporte de madeira e
nas bordas de dispersão natural da praga. Também recomenda-se que, nas áreas
infestadas, realize-se a amostragem seqüencial, como forma de efetivar um
monitoramento mais detalhado.
Uma vez detectada a praga, nas árvores atacadas deve ser aplicado o
nematóide Deladenus siricidicola. Após o estabelecimento dos agentes de controle
biológico na região e do declínio da população de S. noctilio, os grupos de árvores-
armadilha devem ser instalados para monitorar a presença da praga e de seus
inimigos naturais. (Resolução 0215/96 – SEAB).

7.3.2.2.6) Medidas de controle biológico

Após a detecção de árvores atacadas, é necessário o início do processo de


controle biológico pela aplicação do nematóide Deladenus siricidicola. A Embrapa
Florestas, através do laboratório de Entomologia, tem mantido a criação massal
deste inimigo natural, assim como sua distribuição para inoculação no campo.
Algumas características desse processo:
• Os nematóides são distribuídos na forma de doses de 20 ml, contendo cada
uma cerca de um milhão de nematóides. Com cada dose, é possível tratar
103
aproximadamente 10 árvores, pois em cada árvore são inoculados em torno de
100.000 nematóides.
• Ao serem recebidas pelos produtores, ou pelo técnico inoculador, as doses
devem ser mantidas em geladeira, à temperatura entre 5º e 8ºC. Cada dose tem
validade de 7 dias.
• A temperatura ambiente, durante a inoculação, deverá estar entre 7º e 20ºC,
pois temperaturas superiores ou inferiores tendem a provocar a morte dos
nematóides. O inoculo deve ser armazenado e transportado em caixas de isopor
com gelo, à temperatura entre 5º a 15º C, não devendo nunca ser congelado.
• Outro cuidado técnico muito importante para o sucesso da aplicação de
nematóides é a atenção que deve ser dispensada para com o estado de
conservação do martelo vazador.

7.3.2.2.7) Ações Preventivas de Longo Prazo

As árvores resistentes a S. noctilio são aquelas que se mantêm - se sem


danos, apresentando crescimento vigoroso em bons sítios e talhões bem
manejados. Um controle mais efetivo de pragas pode ser obtido, a longo prazo, pela
aplicação de práticas silviculturais, criando razoável resistência floresta-inseto.
Assim, as perdas devidas a insetos podem ser reduzidas.

7.3.2.2.7) Medidas Quarentenárias e Recomendações

A Sirex noctilio pode dispersar-se naturalmente de 30 a 50 km por ano.


Contudo, o transporte de madeira das áreas atacadas para áreas onde ainda não
tenha sido detectada a sua presença aumenta a probabilidade de dispersão.
É provável que a S. noctilio foi introduzido no Brasil, vindo do Uruguai. Em
função disso, a fiscalização das áreas afetadas e a proibição do transporte de
madeira de áreas atacadas para outras são fundamentais para impedir o rápido
avanço da praga.
S. noctilio é essencialmente uma praga oportunista. Portanto, a prevenção
contra danos, é um problema de manejo, que pode ser aliviado pela vigilância dos
plantios e pela aplicação de tratos silviculturais adequados.
Como tratamento curativo, além da realização de desbastes fitossanitários, é
fundamental a utilização de agentes de controle biológico.
104

8) Colheita e Transporte

Entende-se por exploração florestal o conjunto de trabalhos executados para


a colheita da madeira, compreendendo o corte ou a derrubada, a extração, o
desgalhamento, o descascamento, o carregamento e o conseqüente transporte.
Pela necessidade de um número significativo de pessoas na operação e pelo alto
custo, que chega a 70% dos custos da madeira no pátio das empresas, a exploração
e o transporte florestal tornam-se grandes beneficiados no processo da evolução
tecnológica. Este avanço tecnológico ocorreu na década de 90, com a abertura das
importações em 1993. Como o Brasil representa o 6o maior mercado produtor de
madeira do mundo, os revendedores de equipamentos investiram significativamente
no País.

8.1) Sistemas de colheita de madeira

Na colheita de madeira, o sistema é definido como toda a cadeia de


produção, todas as atividades parciais desde a derrubada até o transporte para o
pátio da indústria consumidora.
Desta forma, existem basicamente 4 sistemas de colheita no que se refere à
matéria prima:
•Sistema de toras longas: no local do corte faz-se o desgalhamento e o
destopo da árvore. É um sistema desenvolvido para terrenos acidentados. Este
sistema pode ser considerado um dos mais baratos quando mecanizado, com alta
eficiência mecânica dos equipamentos quando comparado ao sistema de toras
curtas e com o menor custo por tonelada de madeira posta no pátio.
•Sistema de toras curtas: neste sistema todos os trabalhos complementares
ao corte (desgalhamento, destopo, toragem e descascamento quando necessários)
são realizados no próprio local onde a árvore foi derrubada. As toras produzidas são
de 1 a 6 metros dependendo do uso do índice de mecanização empregado. Entre as
vantagens deste sistema, estão a facilidade do deslocamento a pequenas distâncias
e a baixa agressão ao meio ambiente principalmente em relação aos solos.
105
•Sistema de árvores inteiras: A utilização deste sistema implica na remoção
da árvore inteira para fora do talhão, como operação subseqüente ao corte. No caso
de uma futura utilização da biomassa para energia ou processo, o sistema poderá
ser muito utilizado, devido à concentração dos restos das árvores em um
determinado local.
•Sistema de árvores completas: Retira-se a árvore completa inclusive com
as raízes. Somente nos casos em que as raízes sejam de valor comercial
interessante, como exemplo: tocos e raízes com alta concentração de resina ou
consideradas medicinais.

8.1.2) Corte

Incluem-se na fase de corte as operações de derrubada, desgalhamento,


traçamento e preparo da madeira para arraste e empilhamento.
Os principais equipamentos utilizados são:
•motosseras
•tratores derrubadores empilhadores “feller buncher”
•tratores derrubadores com cabeçotes processadores “harvesters”

8.1.3) Extração

As operações de extração podem ser feitas por arraste, baldeação ou


suspensa.
Deve haver condições topográficas favoráveis e a utilização do transporte
direto, em que o próprio caminhão do transporte principal entra floresta adentro. Em
terrenos pouco acidentados, um caminhão do tipo 4 x 4 “forwaders”, ou até tratores
agrícolas com carretas, atendem bem esta etapa da extração.
A extração pode ser dividida em extração mecanizada (com a utilização de tratores)
e não-mecanizada (com a utilização de animais como bois, da própria gravidade, ou
ainda utilizando-se rios).
Os meios de extração mais utilizados no Brasil são: manual, animal, guincho,
teleférico, trator agrícola modificado “mini-skidder”, trator florestal arrastador
“skidder”, trator agrícola com carreta e auto-carregável convencional “forwarder”.

8.1.4) Desgalhamento e Traçamento


106
Ocorre o desgalhamento e a retirada dos galhos remanescentes ao corte da
árvore, o traçamento e a redução da fuste em toras menores. As maneiras mais
comuns de desgalhamento são: manual com machado e motosserra, grade
desgalhadora e motosserra, cabeçote de harvester, e desgalhador e traçador
mecânico.

8.1.5) Descascamento

Tem-se por descascamento o ato da retirada do súber da árvore. Para se


obter energia da casca, foi intensificada os descascamentos nas fábricas. O trabalho
manual de descascamento tende a desaparecer, pois o trabalho é pesado e de
baixo rendimento; além disso, o mercado oferece bons descascadores mecânicos.
Sendo:
•Descascador mecânico portátil do tipo anelar, para descascamento no local
do corte.
•Descascador mecânico de tambor rotativo, que é um equipamento de
instalação mais onerosa, porém de manutenção mais simples, destinado a operar
principalmente no interior das indústrias.

8.1.6) Carregamento

O carregamento está ligado ao transporte primário ou principal. O transporte


primário é feito no local do corte no interior do talhão até o estaleiro a beira da
estrada e o transporte principal é aquele que ocorre do estaleiro à beira da estrada
até o pátio da indústria. Podemos citar os seguintes sistemas de carregamento:
Carregamento manual
•Gruas hidráulicas adaptadas a tratores agrícolas
•Carregadores frontais com máquinas a base de rodas
•Escavadeiras com garras
•Carregamento de acordo com o sistema de colheita de madeira empregado
•Carregamento do veículo na área de corte para baldeio
•Carregamento do veículo na área pré-determinada ou em pátios, para
transporte em longa distância
•Carregamento direto na área de corte para veículo que faz o transporte a
longa distância.
107
8.2) Transporte

Com o advento dos caminhões disponíveis no mercado, a exploração florestal


foi grandemente beneficiada com a introdução de caminhões 6 x 4 e 6 x 6, devido ao
fato de haver a necessidade da utilização de equipamentos que disponham de
grande potência e capacidade de carga.
O interesse dos revendedores e dos fabricantes de caminhões pelo ramo
florestal, alguns implementos foram desenvolvidos especialmente para atender o
transporte de madeira do talhão até a indústria consumidora.
O transporte de madeiras está atrelado às leis de transporte de cargas
vigentes no Brasil devendo obedecer as normas de carga máxima por eixo e
comprimento máximo dos implementos no caso de carretas. Para se obter um
transporte eficiente e com custo menor, deve-se otimizar o sistema todo, como
segue:
•Reconhecimento dos caminhos florestais a serem utilizados: escolher os que
apresentarem uma melhor relação entre distância e velocidade média.
•Realizar o processo de carregamento e descarregamento de maneira rápida
e precisa a fim de se reduzir o tempo de ciclo entre o carregamento no estaleiro e o
descarregamento na indústria.
•Utilizar o caminhão ou carreta com implemento adequado ao sistema de
colheita escolhido.
•Realizar um treinamento com o operador a fim de se obter o máximo de
produtividade sem danificar o caminhão.

8.2.1) Utilização dos equipamentos

A definição dos índices de mecanização nas diferentes fases do sistema de


colheita de madeira se faz com a elaboração de relações de custo-benefício entre os
diferentes tipos de equipamentos e sistemas. As principais fontes de análise para a
elaboração da relação custo-benefício são:
• Condições climáticas
• Produtividade
• Eficiência
• Disponibilidade mecânica
• Custo por unidade volumétrica de madeira em atividades equivalentes
108
• Assistência técnica
• Disponibilidade de peças e manutenção
• Impacto ambiental e danos à floresta remanescente
• Treinamento e segurança.
Define-se a utilização de equipamentos partindo-se das condições em que se
encontram os povoamentos e os objetivos da colheita, devendo-se levar em conta:
•o diâmetro médio das árvores
•o espaçamento entre linhas
•a declividade do terreno
•o tipo de solo
•a microtopografia
•as condições climáticas
•a destinação da madeira na indústria
A produtividade de um determinado equipamento é de fundamental
importância para o dimensionamento da frota, para realizar uma produção diária que
atenda às necessidades da indústria, sendo este assunto tratado em anexo.
O custo de produção por tonelada de madeira é de fundamental importância
na escolha dos equipamentos, sendo os custos fixos: os de rentabilidade do
investimento, o lucro que a empresa pretende obter e as condições em que a
empresa pretende recuperar os investimentos feitos. Os custos variáveis são: gasto
com equipamentos (pneus, lubrificantes, peças de reposição), manutenção, salários
dos operadores, encargos sociais, seguro, vigilância do equipamento entre outros.
Os equipamentos devem estar sempre em ordem, de forma a atender em tempo
integral as necessidades da empresa. Estas são divididas em:
•Disponibilidade operacional: está ligado em grande parte ao operador e às
condições de operação, como o tempo para as refeições, descanso, higiene
pessoal, mas também se deve somatizar o tempo gasto no deslocamento da
máquina até a área de trabalho.
•Disponibilidade mecânica: tempo em que o equipamento está indisponível
para o trabalho em função da sua manutenção, preventiva ou corretiva. O tempo de
disponibilidade mecânica tende a aumentar com o aumento das horas trabalhadas.
109
8.2.2) Danos ao povoamento remanescente
Este é um assunto de vital importância quando se pretende fazer uma
manutenção preventiva dos sítios de produção florestal. Os danos podem ser
evitados desde que seja feito o controle das atividades de colheita, de
conscientização e de treinamento de operadores.
Há a necessidade da quantificação das árvores remanescentes que ficarão
comprometidas, caso compactação do solo vá influenciar economicamente no
volume total de madeira esperada nos próximos desbastes ou no corte final.

8.3) Projeto de exploração florestal


Sendo um empreendimento geralmente de grande porte, que envolve grande
número de pessoas e equipamentos, um projeto de exploração florestal deve ser
realizado de maneira criteriosa para atender o anseio da empresa em questão e
principalmente para manter os custos os mais baixos.
Os passos que devem ser seguidos num projeto de exploração florestal são
os seguintes:
•Descrição sucinta da situação, na fazenda e nos percursos.
•Croquis ou mapas de situação.
•Caracterização da finalidade de uso do objeto da exploração.
•Fluxograma de cada “sub-projeto” (carregamento, definição de caminhos, definição
dos módulos de produção...).
•Quadro de programação da produção no povoamento.
•Descrição dos módulos de produção.
•Quadros-resumo dos sistemas adotados.
•Cálculo das densidades da malha viária atual e necessária (que precisa ser
implantada).
•Cálculos das distâncias de: arraste, máxima de arraste e médias de arraste.
•Dimensionamento dos módulos de produção.
•Descrição das necessidades, inclusive das eventuais empreitadas.
•Cálculo e croqui das áreas de estocagem: estaleiros e pátios.
•Descrição das benfeitorias atuais e construídas.
•Composição dos custos tabulados.
•Previsão da duração do projeto em meses.
•Análise do sistema.
110
O projeto ainda deve conter, um relatório circunstanciado, com descrição da
situação da fazenda onde será executado o projeto, bem como do percurso por onde
se processará o transporte do objeto da exploração:
•Espécie florestal, sua parte aproveitada, idade, tipo de corte, etc.
•Finalidade do uso, formas e dimensões da matéria-prima exigidas pelo consumidor.
•Justificar determinados procedimentos, se necessário.
•Quadro de programação da produção, qualitativamente e quantitativamente.
•Descrição sucinta do processo indústria (se necessário).
•Áreas da fazenda, do projeto e do plantio.
•Estruturas básicas: malha viária, hidrografia, construções civis, etc.
•Produção do objeto: m3, tonelada, estéreo, kg/ha.
•Distâncias de arraste e transporte, atuais.
•Outros elementos.
Os seguintes cálculos com descrição de cada operação:
•Densidade da malha viária, das distâncias de arraste, da produção tonelada/hora
dos equipamentos utilizados.
•Da área para estocagem mínima.
•Os cálculos dendrométricos necessários.
•Tempos do ciclo de transporte floresta/indústria e retorno indústria/floresta.
•Custos com o pessoal empregado: (salários, encargos sociais e administrativos).
•Custo da aquisição de equipamentos com os cálculos de depreciação e produção
de cada elemento.
•Outros elementos.

8.4) Segurança

Em todas as atividades humanas deve ser aplicado um Fator de Segurança


(FS) a fim de que, dentro dos limites de segurança, possa ser executado o trabalho.
É um valor numérico que se aplica À Capacidade Teórica de Trabalho (CTT),
de um determinado elemento para se estabelecer a Capacidade Efetiva de Trabalho
(CET), desse elemento ou meio de produção.
Para fator > 1 : CET = CTT * FS
Para fator < 1 : CET = CTT / FS
Por exemplo: a um cabo de aço, em solicitação dinâmica (arraste de toras)
deve-se aplicar um Fator de Segurança 5. Assim, se um determinado cabo de aço
111
tem a capacidade teórica de ruptura (limite de resistência à tração) igual a 30
toneladas, só podemos exigir um esforço de, no máximo, 6 toneladas.
O trabalho de exploração florestal, por utilizar um grande número de pessoas
e equipamentos como tratores agrícolas e motosseras, deve ser monitorado de
forma a ser realizado dentro de hierarquias que devem ser obedecidas para que não
ocorram acidentes no campo.
Exemplos de cargas sofridas pelos operários no meio florestal:
•Ao objeto de trabalho (árvore).
•Ao tipo de terreno.
•Aos meios de trabalho, tais como instrumentos e ferramentas.
•Nível de ruído a que está exposto.
•Nível de vibração do equipamento no qual trabalha o funcionário, entre
outros fatores levando-o a sofrer desgastes dos tipos físicos e psíquicos, que podem
levar a conseqüências como surdez e falta de concentração. Devido a estes
problemas, há a necessidade de manter uma equipe que conte pelo menos com um
Técnico de Segurança do Trabalho, um Médico do Trabalho e uma organização
interna de prevenção de acidentes como as CIPA's, que realizam treinamentos
periódicos nas funções de cada trabalhador, bem como treinamentos de
atendimento em primeiros socorros, entre outros.
Também é obrigação da empresa fornecer todos os equipamentos de
segurança pessoal (EPI’s), uma alimentação que atenda em percentuais calóricos as
necessidades do trabalhador, uma jornada de trabalho que não seja estafante e
outros.

8.5) Exemplos de estimativas de produção de alguns produtos florestais

Seguem alguns exemplos de estimativas de produção de produtos florestais.

Plantio de acácia negra, para a produção de tanino


•6,0 kg de casca/árvore (30% de tanino/peso seco).
•De 2.000 a 2.200 árvores/ha.
•De 2.000 a 13.000 Kg de casca/há (com 7 a 8 anos).
112
Resina de Pinus elliottii (em RS-SC-PR)
•Primeiras resinagens (CNR): 1,5 kg/ árvore/ estação.
•De 300 a 400 árvores resináveis/ha.
•Resina bruta: 78-80% de breu e 17-18% de terebentina.

Sementes de imbuia (Ocotea porosa), para comercialização


•De 20 a 25 kg de sementes/árvore
•Cerca de 300 sementes/kg

Essência de Corymbia citriodora


•De 1,5 a 2,0% de óleo essencial/peso de folhas.
•Praticamente 2,0 kg de óleo/100 kg de folhas verdes.
•Em relação ao peso seco de folhas secas, a porcentagem é bem maior.

Folhas de erva mate (Ilex paraguariensis)


•10 kg de erva fresca: 4 kg de erva cancheada (triturada), com 85% de folhas de
15% de paus.
•Pelo sistema tradicional de colheita, cada árvore pode fornecer, em média, 18 kg de
folhas (árvores com 8 anos em média).
•Povoamento plantado: espaçamento 4,0m x 4,0m.
•A colheita começa aos 5 anos.

Sementes de bracatinga (Mimosa scabrella)


•800 estéreos/alqueire com 6 - 7 anos.
•331 estéreos/ha com 6 - 7 ano.
•Rendimento médio no encarvoamento 2:1.

Madeira de eucaliptos
Seguem aqui alguns exemplos com coeficiente de empilhamento médio 1,65 (para
serviço manual):
1o. Média em Minas Gerais, sem adubação, considerando-se a seguinte
participação:
•Eucalyptus grandis 70%
•Eucalyptus saligna 20%
•Eucalyptus urophyla 10% (do povoamento)
113

Cortes Idade st/ha


0
1 8 anos 190,0
0
2 7 anos 180,0
30 6 anos 145,0
3 Cortes 21 anos 515
Média de: 24,52 st/ha/ano

20. Média no Paraná, região central, para Eucalyptus saligna:

Cortes Idade st/ha


0
1 8 anos 300,0
20 7 anos 266,0
0
3 6 anos 238,0
3 Cortes 21 anos 804,0
Média de 38,29 st/ha/ano

30. Eucalyptus viminalis


•1,0 kg de sementes fornece 100.000 mudas prontas para o plantio.
•10. Corte aos 7 anos (espaçamento inicial 2,0m X 2,0m).........198,0m3/ha.

•20. Corte aos 6 anos:....................................................................65,0m3/ha.

Madeira de Pinus
- Média no Paraná, região central, para Pinus elliottii e Pinus taeda (50% e
50%)

- Estimativa para celulose e serraria

Corte Idade (anos) Para Celulose (st) Para Serraria (m3)


10. 7 70.0 -
0
2 10 80.0 -
30 13 68.0 11.0
0
4 16 54.0 25.0
0
5 20 30.0 49.0
0
6 . Corte Raso 25 50.0 300.0

Σ 6 Cortes 25 352.0 385.0

Para Coeficiente de Empilhamento CE = 1,50 temos:


114
385,0 m3 x 1,50 = 577,5 st

577,5 st + 352,0 st = 929,5 st

Média: 37,18 st/ha/ano

Madeira de caxeta (Tabebuia cassinoides), com idade aproximada de 15


anos (Paraná)

•Produção em área de condução de rebrota (duas por toco).........16,2m3 /ha

•Produção por adensamento...........................................................51,0m3/ha

•Produção de 10 corte.....................................................................61.3m3/ha

8.6) Mecanização florestal mostra evolução

Em uma análise sobre o desenvolvimento tecnológico de máquinas e


equipamentos de colheita florestal no Brasil, nas últimas décadas, constata-se uma
evolução bem distinta em épocas que marcaram uma necessidade de aumento de
produtividade e otimização de custos. A partir do ano 2000 as máquinas mais
utilizadas pela maioria das empresas para corte e processamento passaram a ser os
novos modelos de cabeçotes e máquinas base, além de cavaqueadores. Para
extração os novos modelos de Forwarders, Clambunks, skilines e track skidder e
para carregamento os novos modelos de gruas florestais com joysticks e garras
montadas em escavadeiras.
O principal objetivo da mecanização florestal é a obtenção do menor custo de
produção no processo de colheita florestal, que é composto por corte, extração e
transporte. Entre os benefícios da mecanização estão: redução de mão de obra;
facilidade de gerenciamento do processo, aumento da produtividade, aumento da
qualidade, aumento da eficiência, redução dos custos operacionais, redução dos
impactos ambientais, possibilidade de operação 24 horas em condições climáticas,
redução dos acidentes de trabalho e melhores condições ergonômicas para o
trabalhador.
A tecnologia empregada nas máquinas atuais continua se desenvolvendo
com uma maior aplicação da mecatrônica, avanço na eletrônica e automação com a
115
introdução de novos sistemas de controle suportados por softwares e novas
unidades de monitoramento dos sistemas.
A absorção da alta tecnologia das máquinas pelos supervisores, mecânicos e
operadores, está diretamente ligada ao esforço realizado na capacitação desses
profissionais. Quando não é realizado este esforço a alta tecnologia se torna ociosa.
O foco principal do momento é o treinamento, priorizando a capacitação dos
mecânicos e supervisores de operação e manutenção. O realinhamento do foco é
fundamental na criação de condições para enfrentar os avanços tecnológicos
impostos pelo mercado.
Nos anos recentes houve uma identificação das competências necessárias
para ser operador, incluindo a mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes
profissionais necessárias ao desempenho de atividades, segundo padrões de
qualidade e produtividade requeridos pela natureza do trabalho. As competências
devem compreender aspectos como: capacidades técnicas, organizativas sociais e
metodológicas.
As capacidades técnicas permitem operar eficientemente objetos e variáveis
que interferem diretamente na criação do produto. Implicam o domínio de conteúdos
no âmbito do trabalho e de conhecimentos e habilidades.
Capacidades organizativas são as que permitem coordenar as diversas
atividades de trabalho, participar na organização do ambiente e administrar racional
e conjuntamente os aspectos técnicos, sociais e econômicos implicados, bem como
utilizar de forma adequada e segura os recursos materiais e humanos colocados a
disposição.
Sociais são as capacidades que permitem responder a relações e
procedimentos estabelecidos na organização do trabalho e integrar-se com eficácia,
em equipe horizontal ou vertical, cooperando com outras pessoas de forma
comunicativa e construtiva.
As capacidades metodológicas permitem à pessoas responder a situações
novas e imprevistas que se apresentam no trabalho, com relação a procedimentos,
seqüências, equipamentos e serviços, encontrar soluções apropriadas e tomar
decisões de forma autônoma.
Além disso, um dos requisitos importantes para operar o equipamento
florestal são as habilidades psicomotoras, de percepção sensorial e cognitiva. Outros
requisitos pessoais especiais importantes para operar o equipamento de colheita
florestal são: atenção concentrada, ritmo de trabalho, iniciativa, capacidade de
116
adaptação, inteligência não verbal, bom trato interpessoal, flexibilidade de
planejamento imediato, rapidez e exatidão de cálculo, autoconfiança e outros.
Além das características o operador precisa ter conhecimentos como:
sistemas de colheita florestal, micro planejamento e preservação do meio ambiente.
Precisa entender os princípios da mecânica, da hidráulica, da eletricidade, da
eletrônica e da mecatrônica, bem como ter capacidade de realizar pequenos reparos
e diagnosticar problemas nessas áreas. Na automação é necessário que saiba fazer
ajustes, regulagens e programação da máquina. É ideal que tenha conhecimento em
informática, logística, economia e finanças.
Estas referências, porém, devem ser usadas como estabelecimento de metas
progressivas ao colaborador, com o apoio da empresa. A implantação desse
conceito ainda é um desafio para a maioria das empresas.
A competência do operador deve ser avaliada através do estabelecimento de
critérios de desempenho que considerem a produtividade e a produção,
envolvimento com a manutenção da máquina, atitude adequada com a tecnologia da
mecanização florestal.

8.6.1) Logística e manutenção

A gestão de manutenção e operação para equipamentos mecatrônicos deve


considerar, em primeiro lugar, a integração dos departamentos de manutenção e
operação. Para articular os departamentos é preciso um planejamento prévio,
seguindo alguns critérios, entre eles a capacitação e treinamento dos envolvidos,
principalmente dos mecânicos, supervisores e operadores.
É preciso uma boa estrutura de campo com abastecimento ágil, um bom
estoque de peças, disponibilidade e rapidez de suprimento. São importantes
também a estrutura ferramental, o sistema de gestão de informações da operação e
a manutenção da colheita florestal e softwares de controle e monitoramento.
No planejamento de gestão de manutenção e operação de máquinas de
colheita florestal todo o planejamento deve ser realizado supondo que a máquina
está quebrada na área de colheita de maior distância e difícil acesso.

O sucesso do processo de mecanização da colheita florestal é a alta eficiência da


máquina. A logística de peças de reposição é um fator determinante neste processo.
117
O setor de logística deve contar com pessoas que possam administrar o
estoque de forma científica utilizando ponto de pedido, lote econômico de
ressuprimento, custo de ordem de compra, estoque de segurança, análise de retorno
do investimento em peças de reposição e outros.

8.6.2) Maquinário da última década.

Muitas empresas, principalmente as pequenas e médias ainda enfrentam


dificuldades para acompanhar os avanços tecnológicos, mas contam com exemplos
de empresas que superam essa fase com sucesso. De 1990 a 2000 a tecnologia
mais usada pela maioria das empresas para corte e processamento foi: feller
bunchers de discos - Delimbers Slachers e Harvesters de pneu e máquinas base de
esteiras com cabeçotes processadores. Para extração as Skidders e Forwarders e
para o carregamento as gruas florestais com Joysticks e Garras montadas em
ascavadeiras.
Neste período ocorreu a fabricação dos Forwarders Valmet 636 e Harvester
601 no Brasil com componentes nacionais e importados. Com a abertura de
mercado pelo governo brasileiro ocorreu um acréscimo no número de empresas que
passaram a utilizar equipamentos importados de alta tecnologia agregada na
colheita florestal.
Foram adotados os sistemas de madeira longa, tree lenght system oriundos
da América do Norte e o sistema de madeira curta Cut-to lenght dos países
Escandinavos. As máquinas eram de alta tecnologia, e seus conjuntos grua, motor,
transmissão hidrostática, bombas hidráulicas de vazão variável, comandos
hidráulicos de alta sensibilidade, solenóides pilotados por joystick hidráulicos e
eletrônicos, válvulas proporcionais com características de curso e corrente - força x
corrente e controles de pressão e vazão.
As tecnologias dos cabeçotes processados eram os sistemas
computadorizados de controle monitorados por unidades eletrônicas, sensores de
comprimento, diâmetro de avanço do sabre. Os cabeçotes também agregavam
sistemas de monitoramentos de falhas (Trouble shooting) e de medição de volume.
Neste cenário de evolução tecnológica os pesquisadores constataram que a
maioria dos operadores não absorveu a tecnologia, por causa da grande velocidade
da introdução das máquinas mecatrônicas de alta tecnologia no mercado. Isso
afetou o chamado sistema “homem-máquina”.
118
O desempenho das máquinas neste estágio necessitava da combinação
operativa entre homem e a máquina, com uma integração entre o operador e a
máquina para possibilitar todo o potencial de produtividade que a alta tecnologia
proporciona à máquina.
Até 1990, para corte e processamento, a maioria das empresas utilizam moto
serras, Feller Bunchers tipo triciclos de tesoura e de sabre com o auxílio de grades
para o desgalhamento. Para extração, os mais usados eram os tratores agrícolas
com pinças hidráulicas denominados Mini skidders e os tratores autocarregáveis.
Para o carregamento, as gruas florestais montadas em tratores agrícolas eram as
mais usadas.
A grande diferença das máquinas utilizadas até 1990 em relação as da última
década é que as mais recentes necessitaram novas formas de trabalhar e pensar,
exigindo uma nova postura do homem, uma mudança cultural.

8.6.3) Gap tecnológico

A desproporção entre tecnologia e conhecimento chama-se Gap tecnológico,


problema que teve origem na década passada e ainda é comum nos dias atuais. As
razões do Gap tecnológico são: velocidade do desenvolvimento tecnológico das
máquinas; velocidade do ciclo de mudança das máquinas de baixa tecnologia para
as de baixa tecnologia; máquinas não adaptadas às condições operacionais
brasileiras; sistema operacional com pouca informação sobre as máquinas;
treinamento da mão-de-obra com alto custo e grande tempo; baixo nível de
escolaridade e inexistência de centros de treinamentos adequados à nova realidade
entre outras.
As conseqüências do Gap tecnológico são: uma baixa na eficiência
operacional, na produtividade, na disponibilidade mecânica e na satisfação com a
mecanização. E, alta no custo de manutenção, no consumo de óleo diesel, no custo
operacional e na frustração com o processo de mecanização.
As características da operação com Gap tecnológico do processo de
mecanização florestal no Brasil demandaram uma mudança no perfil dos
operadores. A partir desse período iniciaram experiências na tentativa de definição
do perfil do operador. Houveram várias formas bem como a promoção dos
operadores de baixa tecnologia, contratação de técnicos para operar as máquinas,
assessoria de psicólogos e outros. Foi constatado que uma das variáveis do sucesso
119
no processo de mecanização da colheita florestal é o operador mantenedor
(operador ideal).
Porém, a introdução no mercado nacional de equipamentos florestais com
alta tecnologia gerou o GAP tecnológico em toda a pirâmide dos envolvidos no
processo de colheita florestal, incluindo supervisores, gerentes e diretores.
A primeira tentativa de redução deste problema ocorreu no topo da pirâmide,
através de uma busca dos conhecimentos da aplicação destas máquinas por parte
dos diretores e gerentes. Esses profissionais começaram a participar de seminários
e feiras nacionais e internacionais, como também na visitação de empresas
fabricantes e usuárias de equipamentos.
Logo surgiu a decisão de focar o operador, copiando o modelo operador
mantenedor, em vigor nos países Escandinavos naquele período, acreditando que
os fornecedores de equipamentos seriam suficientes para oferecer e realizar o
suporte de assistência técnica. Foi constatado que os operadores aprenderam a
operar num curto prazo de tempo. Porém, não solucionou os problemas de eficiência
operacional e disponibilidade mecânica. Isso porque não foi considerado que nos
países escandinavos naquele período estavam na terceira geração de operadores,
sendo empresas familiares e 60% dos operadores eram os próprios donos das
máquinas.

8.6.4) Tendências Tecnolóicas

Os fabricantes das máquinas usadas na colheita florestal no Brasil tendem a


dar continuidade de evolução e incorporação de sistemas de controle suportados por
softwares, além de avanços nos sistemas de auto diagnóstico Devem apresentar
melhorias também, na comunicação e nos controles com novos sistemas de
monitoramento das atividades das máquinas e nos sistemas de transmissão de
informações.
Estima-se uma evolução nos avanços tecnológicos da computação, da
eletrônica e de elementos de máquinas e hidráulica. Outra preocupação é a
integração das máquinas com a preservação do ambiente e a certificação. Para isso,
é preciso usar alguns cuidados como: óleo hidráulico biodegradável (vegetais e
sintéticos); alarmes preventivos contra incêndios; menores taxas de emissão de
gases poluentes, menor compactação do solo; maior qualidade no povoamento
remanescente, menor altura do toco, menos erosão e outras.
120
O cuidado com a saúde do operador também é fundamental, evitando danos
ao trabalhador e desperdício para a empresa. Por isso, a ergonomia das máquinas é
um fator preventivo fundamental. Detalhes como a redução dos ruídos, a melhoria
da climatização e iluminação, maior segurança através do monitoramento de
situações inseguras, como operações em declividades, tendem a decidir a escolha
de uma máquina para colheita florestal.

10) INDUSTRIALIZAÇÃO

10.1) A Industrialização de Produtos Madeireiros

A globalização da economia levou ao acirramento da concorrência entre as


empresas de base florestal. Cada qual passa a se preocupar e a tomar decisões no
sentido de tirar o máximo proveito da matéria-prima disponível e de otimizar o
processo produtivo. Os objetivos das empresas passam a ser o baixo custo e a alta
qualidade, definindo quem permanece no mercado.
O nível tecnológico na industrialização da madeira está diretamente ligado à
capacidade de investimento. A falta de capital implica no uso de sistemas e
equipamentos inadequados à obtenção de bons rendimentos e qualidade.
As principais deficiências são os desbitolamentos e umidade inadequada
(para lâminas e madeira serrada), que vão resultar em problemas de colagem no
acabamento superficial e no comprometimento do valor e das possibilidades
comerciais do produto. Por outro lado, o real conhecimento da matéria-prima pode
maximizar seu potencial de uso e minimizar os problemas no processo produtivo.
A qualidade da madeira é a soma de todas as características e propriedades
que afetam o rendimento em produtos finais e sua adequação para as aplicações
pretendidas. A qualidade final dos produtos pode ser afetada por características,
como: densidade, rigidez, estabilidade, presença de nós, cerne, bolsas de resina,
teor de lignina, teor de extrativos e outros.
121
10.2) Aspectos Básicos da Qualidade da Madeira

Base Florestal
É comum empresas trabalharem em segmentos de produtos e sistemas
produtivos adaptados a florestas pré-existentes, normalmente implantadas para
outras finalidades.
Os resultados são os baixos níveis de rendimento e da qualidade dos
produtos finais. É sempre importante chamar a atenção sobre o fato de que o custo
de produção é fortemente afetado pelo manejo da floresta e pela distância que as
toras devem percorrer até a unidade de produção.

Propriedades
É importante o entendimento da amplitude das variações das propriedades da
madeira encontradas entre e dentro dos diferentes gêneros (ex: Pinus, Eucalyptus,
Araucaria, etc.) e espécies. Essas variações são causadas, além do material
genético, pelas diferenças de manejo, idade de corte, porção a ser retirada da
árvore, etc.

Densidade
A densidade representa a quantidade de madeira em determinado volume.
A densidade básica é uma característica de qualidade de grande interesse, devido à
facilidade de determinação e pelo fato de estar diretamente associada à resistência,
retrações e estabilidade da madeira no caso de produtos sólidos, e no rendimento
em celulose, dependendo este, também, do teor de lignina.
Há uma significativa variação da densidade básica entre espécies, dentro das
espécies e mesmo dentro da árvore nos sentidos longitudinais e radiais. De forma
geral, pode-se dizer que a densidade é mais baixa em povoamentos jovens do que
em árvores maduras.
A densidade deve variar em função da utilização. No uso em compósitos, por
exemplo, prefere-se madeiras de baixa densidade, enquanto que, para piso,
demanda-se madeira de mais alta densidade e dureza.

Rigidez
Existe grande variação para a rigidez entre as espécies, a qual é alta em
madeira de eucalipto jovem.
122
Recentemente, tem sido dada importância à influência do baixo ângulo
microfibrilar para alta rigidez e baixa retração, particularmente em madeira juvenil. A
alta rigidez e o baixo peso são características que, em novos designs de móveis ou
mesmo em produtos engenheirados, levam ao aproveitamento mais eficiente dos
recursos.

Tensão de crescimento
Refere-se à tensão causada pelo rápido crescimento em algumas espécies, e
que se manifesta através do rachamento quando a madeira é cortada e a tensão
liberada.
Alguns gêneros apresentam altos níveis de tensão de crescimento, como o
gênero Eucalyptus, os quais se manifestam através das rachaduras de topo.
As tensões variam dentro das árvores, entre árvores de uma mesma espécie e entre
as espécies. As tensões também são afetadas pela taxa de crescimento.
A seleção genética e o manejo são técnicas utilizadas para minimizar este problema,
que causa perdas de rendimento e de dimensões dos produtos, devido ao nível de
distorção no processamento primário e na secagem.


É um tecido lenhoso resultante do rastro deixado por um ramo ou galho, cujos
caracteres diferem dos da madeira que o circunda. A presença de nós tem grande
influência no rendimento do processo.
O efeito dos nós depende do seu tamanho, número, distribuição,
característica (solto/vazado) e associa-se ao desvio de grã e à madeira de reação.
Também podem reduzir a resistência da madeira devido ao desvio de grã ao seu
redor.
As técnicas de manejo podem aumentar sensivelmente a proporção de
madeira clear. As operações de desrama elevam de forma significativa os custos de
produção, porém, devem ser consideradas por agregar valor em todo o processo
produtivo, influenciando desde o rendimento de madeira serrada em classes de
qualidade superior, até a redução de cortes a que se deve submeter a madeira para
seu aproveitamento.
123
Madeira juvenil e Medula
Nas coníferas (softwoods), a madeira em formação apresenta menor
densidade, resistência e rigidez. Essas características tornam obrigatório o
monitoramento, classificação e segregação da madeira quando utilizada para
estruturas.

Bolsa de Resina
É resultado de fogo, agressão mecânica e/ou biológica no câmbio ativo,
estando também associada com nós. Cuidados nas operações florestais minimizam
esse problema.

Cerne
A formação do cerne varia de acordo com o gênero e a espécie analisada, a
partir da deposição de extrativos, causando variação de cores, afetando a
durabilidade da madeira ou mesmo a colagem.
O cerne afeta indiretamente a permeabilidade da madeira e causa alterações
de comportamento na secagem, chegando a causar retrações e colapso em
algumas espécies.

10.4) Operações Florestais x Qualidade da Madeira

A qualidade da tora afeta os rendimentos no processamento e por


conseqüência os custos de produção. Neste aspecto, cuidados no abate, arraste,
operações de carregamento e descarregamento são relevantes.
No planejamento das operações de corte o correto direcionamento de queda,
o arraste e a redução das distâncias de empilhamento podem evitar ou minimizar
quebras e danos mecânicos e reduzir rachaduras, otimizando desta forma o
aproveitamento da madeira.
O carregamento e o descarregamento também são operações que podem
causar danos significativos quando realizadas por equipamentos ou formas
inadequadas.
A seleção e a classificação das toras por defeitos (tortuosidade, conicidade,
galhos, nós) e por dimensões facilita o processamento e o direcionamento do uso da
madeira.
124
Outras perdas comumente observadas são devido à manipulação inadequada
de estoques, alterando-se a ordem do material que foi primeiramente cortado e
enviado para o processamento. O resultado disso é o ataque fúngico (mancha azul)
no caso de coníferas; rachaduras no caso de toras de eucalipto, e perdas de
velocidade de processamento, já que a velocidade de corte acaba sendo reduzida
com a secagem das toras.

10.5) Características requeridas para os diferentes usos da Madeira

Madeira para construção


As características de qualidade requeridas para madeira de construção civil
são:
1. resistência
2. rigidez
3. retidão
4. estabilidade dimensional
5. isenção de empenamentos e defeitos
6. longos comprimentos
7. durabilidade

Produtos re-manufaturados
Esta terminologia refere-se a portas, estantes, reformas, parquês e pisos
laminados, bem como decks, estrutura de móveis, etc.
Nesta linha, a qualidade requerida da madeira é superior a da madeira para
construção. Existem grandes restrições a imperfeições, menor tolerância a
distorções e padrões exigentes de qualidade.
Dureza e usinabilidade são muito importantes para a qualidade do produto
final. Os longos comprimentos são menos importantes. A classe de qualidade inferior
pode ser direcionada para embalagens, decking ou pallets, onde a resistência é
muito importante.
Algumas propriedades de adesão tornam-se importantes quando as
utilizações finais são vigas laminadas, painéis, ou mesmo quando na composição de
compensados.

Madeira de uso aparente


125
São aquelas de qualidade superior, utilizadas para móveis, painéis
decorativos, pisos, lâminas de alta qualidade, torneados, etc. Cor, trabalhabilidade,
características de grã e, particularmente, estabilidade, tornam-se muito importantes.
Pouquíssimas imperfeições na superfície são admitidas. Fissuras ou outros
problemas oriundos da secagem são inadmissíveis, principalmente se a superfície
venha a sofrer tingimentos ou cobertura. As manchas causadas por ataques de
fungo são totalmente inaceitáveis.

Madeira para produtos reconstituídos


Resíduos da produção dos materiais citados anteriormente podem ser
utilizados, inclusive com altos níveis de aproveitamento.

Madeira para produção de carvão


A qualidade da madeira para a produção de carvão depende da densidade e
do teor de resina. Quanto maior a densidade e o teor de resina na madeira, maior é
o seu poder calorífico. Isso faz com que o pinus apresente maior poder calorífico que
o eucalipto.
A análise cautelosa de cada um desses fatores mencionados fará com que se
minimize os riscos de perdas de rendimento e qualidade além da maximização do
aproveitamento dos ativos florestais, gerando com isso mais recursos para
investimentos no processamento.
A qualidade da madeira irá sempre influenciar a industrialização dos produtos
madeireiros, de forma que o manejo da floresta, o melhoramento genético e as
pesquisas em tecnologia da madeira devem caminhar juntos para a obtenção de um
produto final de qualidade, agregando valor e incrementando as taxas de retorno do
empreendimento.

Madeira para produção de papel e celulose


A madeira utilizada como matéria-prima para produção de pasta celulósica no
Brasil provém de várias espécies de Eucalyptus e Pinus. A escolha destas espécies
para reflorestamento foi baseada principalmente em seu rápido crescimento.
As propriedades físicas e químicas também definem a qualidade da madeira
para este fim. As espécies cultivadas no Brasil apresentam madeira cuja massa
específica, a 15% de umidade, varia de 600 a 1.600 kg/m3, para o eucalipto, e de
400 a 520 Kg/m3 para o pinus.
126
A composição química da madeira é de aproximadamente 50% de celulose,
20% de hemiceluloses (polioses), de 15% a 35% de lignina e de até 10% de
constituintes menores.
Quanto maior o teor de lignina e de extrativos na madeira, menor será o
rendimento em celulose e a qualidade do papel produzido.

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