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aula 02 PATRIMÔNIO

AS ORIGENS DO MONUMENTO
FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS_PATOS_ JULIANA MATOS_ 2017.1
aula 02 PATRIMÔNIO

AS ORIGENS DO MONUMENTO
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Arte grega clássica na antiguidade


a.C d.C

800 500 338 146 27 476 1500

Período Período Período Império Idade Média


Arcaico Clássico Helenístico Romano
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AS ORIGENS DO MONUMENTO
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Arte grega clássica na antiguidade


• Átalo I, Rei de Pérgamo (Turquia) entre 241 e
197 a.C., mandou que se fizessem as primeiras
escavações conhecidas da história em busca de
objetos de arte decorativa da Grécia Clássica;
• As esculturas e objetos de arte decorativa da
Grécia motivavam interesse em função de sua
qualidade intrínseca;
• Assim como seus sucessores, copia em sua
capital, os grandes monumentos helênicos.
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Arte grega clássica na antiguidade


• Em 146 a.C., o interesse de Átalo II em objetos que
os romanos davam pouca importância, como uma
pintura de Aristides e algumas estátuas adquiridas a
alto preço, marca o nascimento simbólico do objeto
de arte e do ato de coleciona-los;
• Esses objetos começam a fazer parte da decoração
das casas dos patrícios;
• Marco Agripa pede que as obras entesouradas nos
templos sejam expostas nas ruas e outros espaços
públicos.
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Arte grega clássica na antiguidade


• Não existem princípios que
proíbam a destruição de edifícios
ou objetos antigos;
• Nem os bens móveis colecionados
(pinturas, esculturas, vasos), nem
os edifícios antigos admirados
(religiosos ou civis) são investidos
de valor histórico
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Arte grega clássica na antiguidade


• Todos os objetos que encantaram os atálidas e depois os romanos são de
origem grega e pertencem aos períodos clássico e helenístico;
• O valor desses não é atrelado a história (não buscam conferir
autenticidade) nem à antiguidade, mas demonstram a admiração por uma
civilização considerada superior. Simbolizam o refinamento grego;
• O processo era de apropriação: os fragmentos de arquitetura ou escultura
e objetos de decoração adquiriam um novo uso quando assimilados à
decoração.
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Arte grega clássica na antiguidade


• Os motivos dos colecionadores eram estranhos ao
prazer próprio da arte: “prestígio para os
conquistadores, esnobismo para os novos-ricos e
lucro de outros”;
• Preferências e escolhas não são orientadas por uma
visão do passado. Por isso, não se pode falar, ainda,
em monumento histórico;
• Falta a essa época o distanciamento da história,
apoiado num projeto deliberado de preservação.
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Restos antigos no período medieval


• Relação menos complexas com os monumentos;
• Invasões bárbaras dos séculos VI e VII
• O proselitismo cristão e a destruição dos monumentos:
• Anfiteatro de Treves, Anfiteatro de Mans e o templo de Tours destruídos
pelos monges teólogos;
• Grandes edifícios da antiguidade são transformados em pedreiras ou
desvirtuados;
• No século XI os arcos do Coliseu são fechados e ocupados por habitações
(que são alugadas), depósitos e oficinas, enquanto no centro se constrói
uma igreja e a fortaleza dos Frangipani.
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Restos antigos no período medieval


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Restos antigos no período


medieval
• Os arcos do Teatro de Pompéia
e de Marcellus são ocupados
por comerciantese tabernas;
• Os anfiteatros de Arles são
transformados em fortaleza,
com habitações sobre a
arquibancada e uma igreja no
centro;
• Nos arcos de triunfo são
erguidas torres de defesa.
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Restos antigos no período medieval


• Por outro lado, um grande número de edifícios
foi objeto de conservação deliberada pelo clero;
• Motivação econômica em tempos de crise:
política de reutilização do papa Gregório I e
continuada por Honório:
• Grandes residências patrícias são transformadas
em monastérios e igrejas
“Não destruam os templos pagãos, mas só os ídolos que neles
estão. Quanto aos edifícios, limitem-se a aspergi-los com água
benta e neles colocar seus altares e relíquias”
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Restos antigos no período medieval


• Além do interesse utilitário, existia o interesse intelectual e o respeito da
igreja, detentora dos saberes clássicos, ora valorizadas e horas
condenadas por paganismo;
• As obras antigas encantam pelas suas dimensões, refinamento, maestria
de execução e riqueza de materiais;
• Pro volta de 1155 é elaborado o primeiro guia dedicado aos
monumentos pagãos de Roma pelo cônego Benedictus de São Pedro;
• Mas ainda não se tinha a devida noção de distância histórica. Aos
clérigos dos séculos VIII a XII é imediatamente próximo.
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Restos antigos no período medieval


• Os objetos de admiração, no entanto, são inseridos e interpretados sob
uma perspectiva cristã sem a devida perspectiva histórica;
• Não desempenham, portanto, o papel de monumento histórico;
• Sua preservação é, de fato, uma reutilização, que pode ser global (com
ou sem reformas) ou fragmentada;
• Monumentos antigos eram cortados e os pedaços utilizados em novas
construções: Roma se torna, a partir do século VI, a maior fonte de
materiais prestigiosos para os novos santuários
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Restos antigos no período


medieval
• Carlo Magno manda trazer
de Roma os mármores e
colunas que iria utilizar em
Aix-la-Capelle;
• Desiderus, por sua vez, traz
colunas, bases e capitéis
para a construção da abadia
em Montecassino.
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Restos antigos no período


medieval
• Roma não é a única reserva
de fragmentos antigos,
Lyon, Provença, Nîmes e
Arles fornecerão igualmente
esculturas e colunas, como
aquelas utilizadas na
construção da Catedral de
Saint Germain d’Auxerre
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Restos antigos no período medieval


• Roma, detentora da maior concentração de edifícios antigos
famosos, foi a primeira a tomar distância em relação a sua
herança antiga e a situa-la num espaço histórico;
• A cultura clássica continuava sendo transmitida pelos patrícios;
• Os papas assumem a condição de herdeiros de Roma, primeiro
contra a tradição bizantina, depois contra a barbárie dos
invasores e, finalmente, contra a hegemonia dos imperadores
alemães.
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Restos antigos no período medieval


• Os papas assumem, assim, as responsabilidades tradicionais dos imperadores, no que diz
respeito às edificações:
• Substituição das basílicas constantinianas por modelos mais puros e refinados (inspirados na
arquitetura grega clássica);
• 408 d.C. – decreto favorecendo o uso secular dos templos a serem protegidos como
monumentos públicos;
• No século VI, diversos edifícios seculares são convertidos em igrejas:
Sala de audiência do administrador geral  Igreja de São Cosme e Damião
Sala cerimonial do século I  Igreja de Santa Maria de Ática
Senado do Fórum Romano  Igreja de Santo Adriano
609 – O Panteão è dedicado à Virgem Maria;
1162 – decreto do senado romano protege a coluna de Trajano.
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A contribuição dos Trecento


• Os humanistas e artistas dos trecento já contribuíram para a
conceituação da história como disciplina e da arte como
atividade autônoma, condições necessárias para que se
constitua o objeto que chamamos de monumento histórico;
• A abordagem literária de Petrarca de textos clássicos revela
uma antiguidade desconhecida e fulgurante que evidencia as
trevas da ignorância do ocidente cristão (“efeito Petrarca).
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A contribuição dos Trecento


• Pela primeira vez se torna claro o quanto a obscuridade
medieval contribuiu para que a antiguidade fosse ignorada e
suas obras-primas desvirtuadas;
• Os edifícios antigos adquirem um novo valor, enquanto
testemunhas de um passado e comprovação dos livros antigos;
• “São arrancados do uso banalizante do presente para fazer
brilhar a glória dos séculos que os edificaram”.
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A contribuição dos Trecento


• 1375 – Giovanni Dondi visita
Roma e a descreve:
“eu vi estátuas de bronze ou de mármore
preservadas até hoje e os numerosos
fragmentos dispersos de esculturas
quebradas, os arcos de triunfo grandiosos e
as colunas em que está esculpida a história
de ações notáveis, e outros monumentos
erigidos publicamente em honra de grandes
homens [...] aí estão as provas de grandes
homens...”
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A contribuição dos Trecento


• Nesse período, não apenas os letrados, mas também os
artífices, como pedreiros, escultores, pintores, etc, visitam
Roma e relatam as suas impressões, que independem do
valor simbólico das obras:
“Eles examinam de perto, e ficam estupefatos. Eu próprio conhecia um
escultor de mármore, um virtuoso nesse domínio, famoso entre aqueles
que a Itália possuía então [...]. Ele louvava o gênio dos autores dessas
figuras para além de toda a medida e concluía que, se essas esculturas
tivessem ao menos uma centelha de vida, elas seriam melhores que
aquelas que a natureza produz” (Dondi).
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A contribuição dos Trecento


• Na última década dos Trecento as duas abordagens (artística
e letrada) entram em síntese: os artistas (escultores e
arquitetos principalmente) investigam o universo formal
(efeito Brunelleschi) e os humanistas (historiadores) o
relaciona aos fatos históricos
“Os túmulos dos romanos e os vestígios da sua antiga magnificência que vemos
a nossa volta nos ensinaram a dar crédito aos testemunhos dos historiadores
latinos que, com toda certeza, de outro modo nos pareceriam menos críveis”
(Alberti)
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A contribuição dos Trecento


• Os primeiros amantes da arte antiga seriam influenciados pelas duas
correntes, entre eles o primeiro, Niccolo Niccoli;
• Colecionador de manuscritos, Niccoli passou a colecionar também
esculturas, e se tornou o catalizador que permitiu a multiplicação de
colecionadores – príncipes, eruditos e artistas – do Quatrocento italiano;
• Cada vez mais o diálogo entre artistas e humanistas se estabelece. Os
primeiros educando o olhar dos segundos e recebendo em troca, a
perspectiva histórica.
• É da articulação do mundo da arte com o dahistória que nasce o
monumento histórico
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A fase “antiguizante” no Quatrocento e o


nascimento do monumento histórico
• O monumento histórico nasce em 1420: Após a
Grande Cisma (1379-1417), quando Martinho V
restabelece a sede do papado na devastada Roma;
• A cidade encontra-se em estado de abandono e os
monumentos cobertos plantas e habitações;
• A antiguidade é, então, redescoberta à luz dos
textos e se dá aos monumentos romanos uma
dimensão histórica pela primeira vez;
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A fase “antiguizante” no Quatrocento e o nascimento do


monumento histórico
• Um novo clima intelectual se desenvolve em torno das ruinas
antigas, que confirmam o passado fabuloso de Roma;
• A princípio, apenas as obras e edifícios da Antiguidade são
colocados nessa perspectiva histórica, excluindo-se a produção
de todas as outras épocas;
• Testemunhos situam no ano de 1430 o despertar do olhar
distanciado e esteta, que possibilita ver os edifícios como
objetos de reflexão e contemplação.

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