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A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

DISCUSSÃO CONCEITUAL E METODOLÓGICA


REVOLUÇÃO é um movimento histórico de ruptura que leva à mudanças estruturais
em uma dada sociedade.
OBS: Alguns autores enfatizam o caráter dominantemente político desse fenômeno.
Como exemplo tomamos Hector Bruit que define uma revolução como um fenômeno
político e social de mudança radical na estrutura social; um confronto entre a classe que
detém o poder do Estado e as classes que se acham excluídas desse poder. Revolução é,
assim, um confronto de classes. Todavia, esse conceito pode ser aplicado a diferentes
áreas da vida humana.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – Conjunto das transformações tecnológicas, econômicas


e sociais ocorridas, inicialmente, na Inglaterra, a partir da segunda metade do século
XVIII e rapidamente estendidas a outros países da Europa ocidental e, depois, fora dela.
Internacionalizada, a Revolução Industrial elevou-se à condição de fenômeno mundial,
consolidando definitivamente o modo de produção capitalista.
OBS: Cabe destacar que o conceito de revolução se aplica a esse fenômeno tendo-se em
vista as profundas transformações socioeconômicas dele decorrentes. Contudo,
quando analisado do ponto vista estritamente tecnológico não se trata realmente de um
movimento revolucionário, na medida que as transformações ocorridas a partir de
meados do século XVIII, resultaram de um processo evolutivo anterior, e que se
estende até os dias atuais. Isto posto, torna-se mais correto, neste caso, classificá-lo
como uma “evolução industrial”.

A EVOLUÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO FABRIL:


1) Corporações de Ofício – Atividade produtiva de caráter artesanal e origem medieval,
na qual o produtor direto é dono dos meios de produção e do produto final do seu
trabalho, podendo ser auxiliado por um grupo pequeno de pessoas. São utilizadas
ferramentas rudimentares e quase não existe divisão do trabalho, sendo o artesão
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responsável pela execução de todas as etapas do processo produtivo. A produção é
limitada física e institucionalmente, não permitindo a geração de produtos em escala.
2) Sistema Doméstico ou Domiciliar (Putting-out System) – Burguês (comerciante)
fornece as matérias-primas aos camponeses-artesãos, que em suas casas, durante as
horas vagas e utilizando suas próprias ferramentas irão produzir certos bens que o
burguês se compromete a comprar.
3) Manufatura – Estabelecimento fabril em que a técnica de produção é ainda
artesanal, mas o trabalho é desempenhado por um grande número de operários sob a
direção de um empresário. Em tal estrutura predomina a divisão do trabalho, o que
possibilita um aumento substancial da produtividade e, conseqüentemente, uma
produção maior em relação ao artesanato. Observa-se a proletarização do produtor
direto que foi expropriado dos seus meios de produção (resultado dos enclosures,
corporações tornaram-se cada vez mais exclusivas, produtor autônomo não conseguia
competir com o ritmo imposto pelas manufaturas, etc.), restando-lhe apenas a venda de
sua força de trabalho como forma de sobreviver. Assim, o trabalhador e o próprio
trabalho foram alienados. Domesticação da classe trabalhadora através da
promulgação das Leis dos Pobres (Poor Law), também conhecidas como Leis
Sanguinárias.
4) Maquinofatura – Mecanização do esforço produtivo, assegurando uma produção em
escala crescente. Nela o trabalhador estava submetido ao regime de funcionamento da
máquina e à gerência direta do empresário.
OBS: No processo de industrialização, dois princípios básicos foram, e ainda hoje são
fundamentais: 1°- a busca constante de novas fontes de energia; 2° - sua aplicação em
máquinas capazes de produzir bens.

O PIONEIRISMO INGLÊS NA INDUSTRIALIZAÇÃO


Fatores responsáveis pela precocidade do fenômeno industrial inglês:
 Revolução Inglesa do século XVII – O processo revolucionário inglês do século XVII
(Revolução Puritana de 1640 e Revolução Gloriosa de 1688) garantiu que a burguesia
assumisse o controle do aparelho de Estado, passando a geri-lo segundo seus
interesse particulares (exemplo: Corn Laws), além de assegurar a necessária
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estabilidade política ao desenvolvimento econômico (promulgação da Declaração dos
Direitos – Bill of Rights – consolidando o modelo monárquico parlamentarista
inglês).
 Conquista dos mercados mundiais – O avanço dos ingleses sobre os mercados
mundiais e, sobretudo coloniais — por meios pacíficos, diplomáticos ou militares —
foi brutal no século XVIII. Sua hegemonia naval dava-lhes o controle dos mares e, por
decorrência, do mercado mundial. A primeira indústria mecanizada foi a da
tecelagem do algodão; como 90% desses tecidos destinavam-se ao exterior e isto
representava 50% da exportação global da Inglaterra, é possível perceber o papel
determinante do mercado externo, especialmente colonial, no arranque industrial
desse país. Mas isso não é tudo, pois do mercado externo veio também a maior parte
dos capitais, originários do tráfico de escravos e do comércio colonial ou com
metrópoles colonialistas, como Portugal.
OBS: Provavelmente 50% do ouro extraído das minas brasileiras terminou no Banco da
Inglaterra. Não há provas de que esse capital tenha sido investido diretamente na
indústria, mas é certo que foi investido em obras de infra-estrutura (estradas, portos,
canais).
 Disponibilidade de capital – A abundância de capitais associada à existência de um
sistema bancário eficiente, com mais de quatrocentos bancos provinciais em 1790,
explica a baixa taxa de juros, o que significava dinheiro barato para os empresários.
 Grande disponibilidade de recursos naturais notadamente carvão mineral e
minério de ferro, matérias-primas indispensáveis ao abastecimento das indústrias
em processo de acelerada expansão.
 Revolução Agrícola – Somatório da adoção de novas técnicas de produção
(introdução de novo maquinário, abandono das formas tradicionais de rotação de
culturas, redução do trabalho manual nas operações agrícolas, etc.), da aceleração
do movimento dos cercamentos (criando um reservatório da mão-de-obra barata) e
da mudança nas atitudes dos proprietários de terras (desenvolvimento de um espírito
empreendedor voltado para a obtenção do lucro, levou ao surgimento do “fazendeiro
profissional”) criaram as condições para a Revolução Industrial.
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 Transformação substancial da estrutura agrária após a Revolução Inglesa – Com a


gentry (grupo social difuso e complexo que pode ser, grosso modo, identificado
como uma pequena nobreza rural, composta por proprietários de porte médio) no
poder os cercamentos dispararam, autorizados por Atos do Parlamento. A divisão das
terras coletivas entre os antigos proprietários foi feita de modo a beneficiar os grandes
possuidores de terra. As antigas parcelas de terra exploradas pelos camponeses (yeomen
– arrendatários de terra, livres e numerosos) foram reunidas num único lugar e
cercadas, mas as propriedades eram tão diminutas que não garantiam sua
sobrevivência; eles transformaram-se por isso em proletários rurais. Disto resultou a
quebra da dualidade de vida dos camponeses, isto é, o fato de serem ao mesmo
tempo agricultores e artesãos. Duas conseqüências importantes resultaram desse
acontecimento: 1) Diminuiu a oferta de trabalhadores no sistema doméstico rural,
exatamente no momento em que o mercado ganhava maior impulso, tornando-se
indispensável à adoção de uma nova estrutura de produção capaz de atender às
necessidades do mercado. 2) A proletarização das relações de trabalho no campo
abriu espaço para o investimento de capital na agricultura, resultando disso a
especialização da produção, o avanço técnico e o crescimento da produtividade.
Em decorrência desses fatores a população cresceu, o mercado consumidor se ampliou
e sobrou mão-de-obra para os centros industriais.

PRINCIPAIS AVANÇOS TECNOLÓGICOS

O processo de mecanização na Inglaterra começou na indústria têxtil do algodão,


na tecelagem e na fiação. Na segunda metade do século XVIII aceleraram-se as
invenções. É preciso lembrar que as invenções não são o fruto de atos individuais ou do
mero acaso. São o resultado de problemas concretos colocados para homens práticos,
freqüentemente sem formação científica.

 Em 1733, John Kay inventa a lançadeira volante.


 Em 1767 James Hargreaves inventa a “spinning janny”, que permitia a um só artesão
fiar 80 fios de uma única vez.

 Em 1768 James Watt inventa a máquina a vapor.


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 Em 1769 Richard Arkwright inventa a “water frame”, tear muito econômico por ser
movida a água, mas seus fios eram muito grossos.

 Em 1779 Samuel Crompton inventa a “mule”, uma combinação da “water frame” com
a “spinning jenny” com fios finos e resistentes.

 Em 1783 Henry Cort inventou o método de obtenção de ferro chamado pudlagem,


pelo qual a liga em fusão de ferro e carbono era descarbonizada por meio de um jato de
ar passado pela liga ainda em fusão.

 Em 1785 Edmond Cartwright inventa o tear mecânico.

Conclui-se, portanto, que o ritmo da mecanização foi completamente desequilibrado, o


que se explica pela inexistência de intervenção do Estado e pelo fato de os empresários
conduzirem o processo de acordo com seus interesses. Mas, acima de tudo, explica-se pelo
fato de a mecanização ter começado nos bens de consumo e não nos bens de produção, o
que seria muito mais racional, mas absolutamente impossível na primeira revolução
industrial da História.

DESDOBRAMENTOS SOCIAIS
A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida da classe
trabalhadora e transformando radicalmente as estruturas da sociedade. Como resultado
desse processo temos:
 Intenso deslocamento da população rural para as cidades, com enormes
concentrações urbanas.
OBS: Londres atingiu um milhão de habitantes em 1800.
 A produção em larga escala e dividida em etapas irá distanciar cada vez mais o
trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá dominar apenas
uma etapa da produção.
 Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi o surgimento do
proletariado urbano (classe operária), como classe social definida e impiedosamente
explorada (vivendo em condições deploráveis em cortiços e submetido a salários
irrisórios com longas jornadas de trabalho).
 O desenvolvimento das ferrovias irá absorver grande parte da mão-de-obra
masculina adulta, provocando em escala crescente a utilização de mulheres a e
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crianças como trabalhadores nas fábricas têxteis e nas minas. (David Copperfield de
Charles Dickens, Germinal de Émile Zola)
OBS: Na indústria têxtil do algodão, em 1835, as mulheres representavam mais de 50%
da massa trabalhadora. Em certos trabalhos empregavam-se crianças de até seis anos de
idade.
 O agravamento dos problemas sócio-econômicos, com o desemprego e a miséria,
foram acompanhados de outros problemas como a prostituição e o alcoolismo.
 Os trabalhadores reagiam das mais diferentes formas, destacando-se o movimento
“ludista” (o nome vem de Ned Ludlan), caracterizado pela destruição das máquinas
por operários, e o movimento “cartista”, organizado pela “Associação dos Operários”,
que exigia melhores condições de trabalho e o fim do voto censitário.
 Destaca-se ainda a formação de associações denominadas “trade-unions”, que
evoluíram lentamente em suas reivindicações, originando os primeiros sindicatos
modernos.
 O aprofundamento da dicotomia entre capital e trabalho resultante da Revolução
Industrial, é representado socialmente pela polarização entre burguesia e
proletariado. Esse antagonismo define a luta de classes típica do capitalismo,
consolidando esse sistema no contexto da crise do Antigo Regime.

A SEGUNDA FASE DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E OS PAÍSES CAPITALISTAS


DA SEGUNDA GERAÇÃO (Estados Unidos, Alemanha, Japão, Bélgica, Itália, etc.)
Características recorrentes a todos esses processos:
1a) Queima de etapas;
2a) “Via Prussiana”;
3a) Vantagens relativas e temporárias obtidas com os ganhos de produtividade do trabalho.

OBS: A Inglaterra, sendo a primeira nação a se industrializar, teve todas as condições que
lhe permitiram fazê-lo em regime de livre-concorrência, isto é, de franco liberalismo.
Após a Inglaterra, é lógico, nenhum país poderia mais dispor de condições idênticas, pois
já existia a concorrência dos produtos ingleses. Sendo assim, o protecionismo passou a
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ser essencial a todos aqueles que desejassem desenvolver sua própria indústria, se
quisessem poupá-la da competição dos produtos britânicos.

O CASO DOS ESTADOS UNIDOS


O processo de industrialização dos Estados Unidos pode ser dividido em duas
etapas principais, separadas pela Guerra Civil. Costuma-se, porém, denominar de
"Revolução Industrial" apenas a parte do processo posterior à Guerra Civil, quando sua
aceleração atingiu proporções gigantescas.
No final do século XVIII e início do XIX os Estados Unidos estavam ainda em
considerável dependência econômica face à antiga metrópole, de modo que as lutas
desse período levaram ao estabelecimento das primeiras fábricas, a fim de suprir o
mercado interno com os produtos cuja importação da Inglaterra se tornara quase
impossível.
Fatores que concorreram para desenvolvimento industrial norte-americano:
1) existência de uma vasta "fronteira" interior, cuja conquista e povoamento no decurso
do século XIX possibilitaram a absorção do excedente populacional interno, assim
como a entrada de milhões de imigrantes.
OBS: Com isso a oferta de mão-de-obra, embora não fosse bastante escassa para frear
o crescimento industrial, jamais foi superior à demanda, o que possibilitou salários
relativamente elevados. Daí a constante preocupação dos empresários com a redução
dos custos da produção através da economia de mão-de-obra, o que só foi possível com
uma utilização intensiva da máquina.
2) A importância assim assumida pela mecanização orientou inventores e empresários
no sentido de uma crescente padronização de peças e equipamentos, simplificando e
barateando o uso das máquinas.
OBS: Com isso verificou-se uma expansão precoce do setor de máquinas-ferramentas,
bastando lembrar que, por volta de 1859, muitas já eram exportadas para a Inglaterra
(setor têxtil).
3) Das máquinas para a indústria têxtil passou-se a outros setores da maquinaria
pesada e às locomotivas em particular - o que foi favorecido pelo grande surto
ferroviário a partir de meados do século. Com o advento do aço, da eletricidade e do
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automóvel, surgiram setores novos e dinâmicos, os quais, ao lado da produção de
equipamentos para a agricultura, mineração, indústria petrolífera, etc, permitiram o
vertiginoso crescimento verificado após 1880.
4) Após a Guerra Civil, com a implantação de uma política de tarifas fortemente
protecionista, a indústria encontrou as condições ótimas para sua expansão, chegando ao
clímax a Revolução Industrial.
OBS: Em 1890 a produção industrial superava a produção agrícola e em 1900 seu
valor já era o dobro da segunda, multiplicando-se essa diferença a partir daí. Fato
semelhante pode ser verificado quanto à urbanização.

O CASO JAPONÊS
Teve como ponto de partida a chamada "Revolução Meiji", ou seja, a queda do
regime "shogunal" e sua substituição pela autoridade imperial. Tal mudança e as
transformações que lhe deram origem e que se lhe seguiram permitem caracterizar aquela
revolução como de caráter burguês, pois, embora a burguesia mercantil fosse ainda
débil e a industrial, quase inexistente, o fato é que a partir daí as relações de tipo
capitalista, sob o impulso estatal, desenvolveram-se com grande rapidez no Japão.
A antiga aristocracia feudal, através de seus setores mais progressistas que
assumiram o controle da burocracia estatal, teve seus direitos senhoriais abolidos (o
que representou a libertação da mão-de-obra, fator imprescindível ao desenvolvimento
capitalista) e convertidos os direitos feudais em rendas e, mais tarde, títulos da dívida
pública, os quais, depositados nos bancos recém-criados, lhes deram a condição de seus
maiores acionistas.
A base familiar tradicional, ramificada e hierarquizada, transferiu-se ao campo
econômico-financeiro, dando origem, progressivamente, a uma economia concentrada,
em mão de um número reduzido de famílias, cada qual controlando um grande número
de empresas bastante diversificadas que constituem os Zaibatsu.
Durante os primeiros tempos, o Estado assumiu as tarefas empresariais mais
urgentes, dada a carência de empresários e de capital. A burocracia de jovens samurais
promoveu uma elevada taxa de reinvestimento, erguendo-se assim fábricas e estaleiros,
construindo-se estradas e ferrovias e estabelecendo-se modernos sistemas de
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comunicação. Simultaneamente, a educação mereceu atenções especiais, importando-se
também técnica e técnicos estrangeiros e promovendo-se a ida de jovens ao exterior a
fim de estudarem.
Os investimentos estatais foram possíveis em grande parte porque o camponês, em
troca da supressão dos direitos senhoriais, se viu compelido a pagar ao Estado o
equivalente a 1/3 de sua colheita em dinheiro.
OBS: Até 1900 esse imposto representou 80% dos recursos fiscais disponíveis.
A agricultura avançou bastante nesse período, principalmente em termos de
produtividade, beneficiando-se também do crescimento do mercado interno. A parte
excedente da população rural dirigiu-se para as cidades, daí a abundância de mão-de-
obra disponível para a industrialização.
OBS: O declínio continuado da pequena propriedade acelerou mais ainda essa
tendência.
A industrialização japonesa, dadas as peculiaridades de que se revestiu, pôde prescindir
de grandes capitais externos. A mecanização, porém, progrediu lentamente. O
artesanato e a pequena indústria predominaram até 1929 com uma imensidade de
pequenas empresas espalhadas pelas cidades e pelos campos.
Entre 1855 e 1890 o Estado resolveu vender ao capital privado as empresas já
suficientemente rentáveis, de modo a obter recursos para novos investimentos em
setores deficitários.
OBS: Calcula-se que, em 1893, cerca de 84% da população japonesa eram ainda rurais e
apenas 6% viviam em cidades de mais de 100 mil habitantes. Em 1913, 72% da
população ainda eram rurais. Tais índices, portanto, diferem em muito dos
correspondentes aos Estados Unidos e à Inglaterra, aproximando-se da situação da
Rússia pré-revolucionária.

O CASO ALEMÃO
A industrialização da Alemanha foi mais tardia, dado seu esfacelamento político e,
sobretudo a persistência de relações do tipo feudal ou semifeudal em muitas de suas
áreas potencialmente mais ricas. Apenas na Renânia houve o que se poderia chamar de
industrialização mais precoce, com base nos têxteis e numa certa burguesia.
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O estabelecimento do Zollverein, sob o controle prussiano, a partir de 1833,
permitiu oferecer aos poucos um mercado unificado à produção de origem alemã e mais
ainda um início de barreira protecionista à concorrência dos produtos de origem
britânica, especialmente.
A partir de 1860 acelera-se a construção das ferrovias, complementando a "União
Aduaneira", com o que se abrem novas possibilidades para a exploração dos recursos
minerais e para a instalação de novas fábricas. Assim é que de 1860 a 1880 a
industrialização acelera-se de modo vertiginoso, pressionando no sentido da unificação
política, de tal modo que, por volta de 1880/90, a indústria alemã já estava entrando de
maneira decidida no caminho da concentração monopolística.
Tal processo de industrialização, bem mais rápido do que todos os outros havidos na
Europa, beneficiou-se, além do mais, do fato de ter-se iniciado quando chegava ao fim a
chamada "primeira revolução industrial" e tinha início a denominada "segunda
revolução industrial", isto é, queimando etapas, começando por onde os seus
antecessores estavam agora chegando, os alemães entraram diretamente na era do aço,
da eletricidade e da indústria química, ao contrário dos ingleses, que começaram pelo
ferro, carvão e tecidos.
Favorecida pela conjuntura internacional, a nova indústria alemã parte logo para a
indústria pesada — de bens de produção — onde tende a deslocar os britânicos de
suas posições.
Convém notar finalmente que a Alemanha não constitui um exemplo de
industrialização através do liberalismo econômico, pois coube ao Estado prussiano de
início e ao alemão, mais tarde, um papel decisivo nesse processo.
OBS: A bem dizer, só a Inglaterra pode ser tomada como exemplo de industrialização
em regime de livre concorrência privada. Nos demais países, em geral, a participação do
Estado, maior ou menor, foi decisiva.
Na Alemanha, por exemplo, coube ao Estado impulsionar as empresas no sentido da
concentração de tipo monopolista, a fim de permitir um elevado grau competitivo aos
seus produtos no mercado internacional. É uma indústria que já nasce praticamente sob
o signo dos monopólios, os famosos cartéis.
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Sugestão para Leitura:


DEANE, Phyllis. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982.
HOBSBAWM, Eric. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. São Paulo: Forense
Universitária, 2000.
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções: Europa: 1789 - 1848. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1997.
IGLÉSIAS, Francisco. A Revolução Industrial. São Paulo: Brasiliense, 1981.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1986.

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