No ano de 2011, um fantástico evento foi registrado pelos astrônomos: um
tornado solar, produto de uma erupção de grandes proporções. Esse tornado girava a uma velocidade de 300 mil km/h e alcançou a surpreendente marca de 200 mil km de altitude. Um curioso meteoro penetrou na esfera solar e atingiu o olho desse tornado, desintegrando-se e espalhando estranhas substâncias no Astro-Rei – através da radiação, elas alcançariam a Terra. Cinco anos após esse fenômeno, em 2016, os efeitos da radiação contaminada começaram a surgir. Assim aconteceu na cidade de Salvador, na Bahia. Um jovem estudante de Engenharia Civil na UFBA passou por uma extraordinária metamorfose. Seu nome era José Ferreira, magro, de estatura mediana, olhos claros e cabelos fulvos. Agora, tinha 18 anos. O DNA do rapaz passou por uma série de mutações. Às bases comuns de adenina, citosina, guanina e timina, foi adicionada a famosa Base M, exclusiva dos mutantes. As alterações foram permanentes. A quantidade de testosterona e GH em seu organismo atingiram índices muito elevados. Em uma semana, alcançou os dois metros e chegou aos 200 quilos de pura musculatura, mantendo essas medidas. O esqueleto ficou potencialmente resistente a todo impacto. A miopia crônica de que sofria deu lugar a uma visão aquilina, a audição e o olfato desenvolveram-se bastante. O mais admirável ainda foi a sua força, pois ele tornou-se um verdadeiro besouro-hércules, capaz de levantar 850 vezes seu próprio peso, ou seja, quase 170 toneladas. Outra modificação maravilhosa ocorreu em relação à inteligência. Testes de QI indicaram um quociente em torno de 500! As mudanças na estrutura genética de José Ferreira pasmaram os seus pais. Eles o levaram a especialistas que logo associaram as alterações aos outros fenômenos de mutação que vinham acontecendo. Um deles explicou: - Quando a Base M se desenvolve, os resultados são imprevisíveis. Não se sabe com exatidão que mutações ocorrerão. A Base M talvez tenha origem alienígena e, por isso, é tão difícil de ser estudada. Dessa maneira, o frágil José Ferreira transformou-se em um super-herói. Era capaz de alcançar grandes velocidades: embora atingisse, em média, 1.000 ou 2.000 km/h na terra ou no ar (mais que a velocidade do som), ele podia alcançar, em algumas ocasiões, até 8 ou 10 mil km/h! Sua capacidade de voar resultou do desenvolvimento de habilidades para manipular a inércia e a gravidade, coisa um tanto incompreensível para os nossos padrões de conhecimento. O fato é que José Ferreira passou a combater o mal e os crimes em suas mais diversas manifestações. Um professor judeu da faculdade, o judeu, Abiram Ben Levi, que tinha muitos segredos e pertencia à Ordem Sagrada do Rei Salomão, apresentou o jovem a dois interessantes personagens, procedentes de outros mundos: eram os alienígenas Metraton e Ishtar, Tratava-se de um casal fisicamente idêntico a qualquer ser humano, mas com uma altura que ultrapassava os quatro metros e poderes muito superiores. A Ordem Sagrada do Rei Salomão era muito antiga e guardava arcanos insondáveis, mantendo diversas bibliotecas secretas espalhadas pelo mundo. Foi Metraton quem forneceu o traje especial para José vestir: um longo macacão vermelho provido de zíper, uma peça única e muito justa, feita em tecido sintético, impermeável e resistente ao fogo; luvas azuis; botas douradas do mesmo material; um cinto de ouro e, para finalizar, uma capa púrpura sobre os ombros – sinal distintivo de majestade. - O manto é um símbolo de realeza, amigo! – explicou Abiram – Parece que você é um mensageiro especial de Deus para ajudar a humanidade. Usar uma capa será um símbolo dessa missão. José Ferreira deixou seus cabelos dourados crescerem. Após as mutações, eles haviam ficado mais amarelos ainda. Ele também deixou a barba crescer um pouco, uma barba rala, mas muito elegante, que lhe acrescentava um toque a mais na imagem. Foi Matias também quem primeiro lhe chamou de “Capitão Emanuel”, nome bíblico. Quando pequeno, José recebera a curiosa alcunha de “Mané Pavio”, pois gostava de enrolar os cabelos com os dedos. A população, adaptando o nome, passou a chamá-lo de “Capitão Manolo”. Finalmente, o próprio Metatron, aproveitando o fato de José Ferreira ser soteropolitano e manipulando habilmente o significado dessa palavra, batizou-o de “Capitão Sóter”. O nome foi gravado sobre o peito direito. Metatron e sua companheira, a formosa Ishtar, orientavam o Capitão Sóter a partir de sua base secreta, uma ampla caverna, acessível através do subterrâneo do Mercado Modelo. Eles o conduziram, logo no início de suas atividades como super- herói, a uma ilha distante e exótica, perdida no Pacífico: a Ilha de Beemoth, governada por um monstro de milhares de anos, considerado o Rei dos Animais da Terra. Mas, a primeira tarefa do herói foi conter a ação de uma quadrilha criminosa que agia em Salvador, em bairros como Barbalho, Pelourinho e Liberdade. O chefão era um rico empresário que, depois de receber algumas pancadas do Capitão, passou seis meses hospitalizado e pensou até em doar sua fortuna para as Obras Sociais da Irmã Dulce. Todos do grupo foram parar atrás das grades. Um deles, contudo, impressionado pelo que acontecera (já que o herói deixara em ruínas o grande prédio onde se reuniam), foi internado completamente lunático no Juliano Moreira. Mas, o principal rival do Capitão Sóter seria uma mulher, Fúlvia Veloso, também afetada pela radiação, capaz de assumir a forma de alguns animais e alterar seu tamanho.