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PC-PI

Polícia Civil do Estado do Piauí

Agente de Polícia Civil 3ª Classe


Edital Nº 002/2018

AB026-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Polícia Civil do Estado do Piauí - PC-PI

Cargos: Agente de Polícia Civil 3ª Classe

(Baseado no Edital Nº 002/2018)

• Língua Portuguesa
• Noções de Lógica
• Noções de Informática
• Conhecimentos Gerais
• Noções de Direito Administrativo
• Noções de Direito Constitucional
• Noções de Direito Penal
• Noções de Direito Processual Penal
• Legislação Especial e Suas Alterações
• Legislação Estadual

Autor
Rodrigo Gonçalves

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação / Editoração Eletrônica


Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Thais Regis

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Julia Antoneli
Karoline Dourado

Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. ........................................................................................................ 83
2. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.......................................................................................................................................... 85
3. Domínio da ortografia oficial. ........................................................................................................................................................................ 44
4. Domínio dos mecanismos de coesão textual. ......................................................................................................................................... 86
4.1 Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de se-
quenciação textual.............................................................................................................................................................................................. 88
4.2 Emprego de tempos e modos verbais................................................................................................................................................ 07
5. Domínio da estrutura morfossintática do período. ............................................................................................................................... 07
5.1 Emprego das classes de palavras.......................................................................................................................................................... 07
5.2 Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração....................................................................................... 63
5.3 Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração. .................................................................................... 63
5.4 Emprego dos sinais de pontuação. ..................................................................................................................................................... 50
5.5 Concordância verbal e nominal. ........................................................................................................................................................... 52
5.6 Regência verbal e nominal. ..................................................................................................................................................................... 58
5.7 Emprego do sinal indicativo de crase.................................................................................................................................................. 71
5.8 Colocação dos pronomes átomos. ...................................................................................................................................................... 07
6. Reescrita de frases e parágrafos do texto.................................................................................................................................................. 88
6.1 Significação das palavras. ........................................................................................................................................................................ 76
6.2 Substituição de palavras ou de trechos de texto. .......................................................................................................................... 88
6.3 Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto.............................................................................................. 88
6.4 Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade........................................................................................ 88

Noções de Lógica
1) Entendimento da estrutura lógica das relações arbitrárias entre pessoas, lugares, coisas, eventos fictícios; dedução
de novas informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas re-
lações............................................................................................................................................................................................................................. 01
2) Resolução de situações-problema. ............................................................................................................................................................. 01
3) As questões desta prova poderão tratar das seguintes áreas: estruturas lógicas, lógicas de argumentação, diagramas
lógicos........................................................................................................................................................................................................................... 09

Noções de Informática
Conceitos básicos de operação de microcomputadores. ........................................................................................................................ 01
Noções básicas de operação de microcomputadores em rede local.................................................................................................. 01
Operação do sistema operacional Windows 7 e MS-Windows XP: uso de arquivos, pastas e operações mais frequentes,
uso de aplicativos e ferramentas, uso dos recursos da rede e Painel de controle. ....................................................................... 01
MS Word 2007 – Utilização de janelas e menus; Barras de Ferramentas; Faixa de opções; Estilos; Operações com arquivos;
Layout da página; Impressão de documentos e configuração da impressora; .............................................................................. 21
Edição de textos; Voltar e repetir últimos comandos; exibição da página (características e modos de exibição); Utilização
de cabeçalhos e rodapés; Formatação no Word; ........................................................................................................................................ 21
Criação e manipulação de tabelas e textos multicolunados; Correspondências; Revisão; Referências; Proteção de
documentos e utilização das ferramentas. .................................................................................................................................................... 21
Operação da planilha MS-Excel 2007: Utilização de janelas e menus; Barra de ferramentas; Operações com arquivos:
Layout da página; Confecção, formatação e impressão de planilhas; Comandos copiar, recortar, colar, inserir, voltar e
repetir; Revisão; Gráficos; Características e modos de exibição; Utilização de cabeçalhos e rodapés; Dados; Utilização
de mesclagem de células, filtro, classificação de dados. ......................................................................................................................... 21
Operação do apresentador MS- Power Point 2007: conceitos básicos; principais comandos aplicáveis às lâminas;
modelos de apresentação; ferramentas diversas, temas e estilos. ...................................................................................................... 21
Noções de utilização do MS Internet Explorer 8 – Manutenção dos endereços Favoritos; Ferramentas; Utilização do
Histórico; Noções de navegação em hipertexto. ........................................................................................................................................ 55
Segurança da informação e procedimentos de segurança. ................................................................................................................... 64
Procedimentos de backup.................................................................................................................................................................................... 01
SUMÁRIO

Conhecimentos Gerais

1) Relações políticas e socioeconômicas no espaço mundial. ............................................................................................................... 01


2) Disputas interimperialistas e transformações do espaço capitalista. ............................................................................................ 02
3) Formações dos blocos de poder................................................................................................................................................................... 03
4) Caracterização dos sistemas político-econômicos contemporâneos e suas áreas de influência e disputas; Globalização
e Fragmentação do espaço. ................................................................................................................................................................................ 05
5) Conflitos étnicos, políticos e religiosos atuais. ....................................................................................................................................... 05
6) Organismos Internacionais. ............................................................................................................................................................................ 08
7) Questão Ambiental: degradação e conservação no âmbito nacional e internacional. ........................................................... 09
8) Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo..................................................................................................................................... 10

Noções de Direito Administrativo

1) Direito administrativo como direito Público. Objeto do direito administrativo. ....................................................................... 01


2) Princípios gerais do direito administrativo. ............................................................................................................................................. 01
3) Personalidade de direito público. Conceito de pessoa administrativa. ........................................................................................ 05
4) Classificação dos órgãos e funções da administração pública. ....................................................................................................... 06
5) Competência administrativa: conceito e critérios de distribuição. Avocação e delegação de competência. ................ 07
6) Poderes e atos administrativos. .................................................................................................................................................................... 08
7) Centralização e descentralização da atividade administrativa do Estado. ................................................................................... 18
8) Administração pública direta e indireta..................................................................................................................................................... 18

Noções de Direito Constitucional


1) Direitos e garantias fundamentais: direitos e garantias individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade. ............................................................................................................................................................................. 01
2) Direitos sociais: nacionalidade, cidadania e direitos políticos. ......................................................................................................... 31
3) Poder executivo: forma e sistema de governo, chefia de estado e chefia de governo. ......................................................... 47
4) Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública, organização da Segurança Pública. ............... 51
5) Ordem social: base e objetivos da ordem social, família, criança, adolescente e idoso......................................................... 54

Noções de Direito Penal


1) Crimes contra a pessoa..................................................................................................................................................................................... 01
2) Crimes contra o patrimônio............................................................................................................................................................................ 08
3) Crimes contra a Administração Pública...................................................................................................................................................... 18
4) Sujeito ativo e passivo da infração penal................................................................................................................................................... 19
5) Tipicidade, ilicitude, culpabilidade e punibilidade................................................................................................................................. 20
6) Erro de tipo e erro de proibição.................................................................................................................................................................... 22
7) Imputabilidade penal......................................................................................................................................................................................... 23
8) Concurso de pessoas......................................................................................................................................................................................... 24

Noções de Direito Processual Penal

1) Inquérito policial; notitia criminis.................................................................................................................................................................. 01


2) Ação penal; espécies.......................................................................................................................................................................................... 04
3) Jurisdição; competência.................................................................................................................................................................................... 09
4) Da Prova.................................................................................................................................................................................................................. 11
5) Prisão em flagrante............................................................................................................................................................................................. 16
6) Processos dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos.......................................................................................... 21
SUMÁRIO

Legislação Especial e Suas Alterações

1) Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha) ....................................................................................................................................................... 01


2) Abuso de autoridade (Lei n.° 4.898/65)...................................................................................................................................................... 06
3) Tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes (Lei n.° 11.343/2006)................................................................... 08
4) Crimes hediondos (Lei n.° 8.072/90)............................................................................................................................................................ 17
5) Crimes de tortura (Lei n.° 9.455/97)............................................................................................................................................................. 19
6) Crimes contra a administração pública (Lei n.° 8.429/92)................................................................................................................... 20
7) Estatuto do desarmamento (Lei n.º 10.826/2003) e Decreto n.° 5.123/2004.............................................................................. 28
8) Declaração Universal dos Direitos Humanos............................................................................................................................................ 33

Legislação Estadual

Legislação e suas alterações posteriores: 1. Constituição do Estado do Piauí. ............................................................................... 01


2. Lei Complementar Estadual nº 13, de 03 de janeiro de 1994 - Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do
Piauí. ............................................................................................................................................................................................................................. 10
3. Lei Complementar Estadual nº 37, de 09 de marco de 2004 - Estatuto da Policia Civil do Estado do Piauí................... 26
LÍNGUA PORTUGUESA

Letra e Fonema.......................................................................................................................................................................................................... 01
Estrutura das Palavras............................................................................................................................................................................................. 04
Classes de Palavras e suas Flexões..................................................................................................................................................................... 07
Ortografia.................................................................................................................................................................................................................... 44
Acentuação................................................................................................................................................................................................................. 47
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 50
Concordância Verbal e Nominal......................................................................................................................................................................... 52
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................... 58
Frase, oração e período.......................................................................................................................................................................................... 63
Sintaxe da Oração e do Período......................................................................................................................................................................... 63
Termos da Oração.................................................................................................................................................................................................... 63
Coordenação e Subordinação............................................................................................................................................................................. 63
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 71
Colocação Pronominal............................................................................................................................................................................................ 74
Significado das Palavras......................................................................................................................................................................................... 76
Interpretação Textual............................................................................................................................................................................................... 83
Tipologia Textual....................................................................................................................................................................................................... 85
Gêneros Textuais....................................................................................................................................................................................................... 86
Coesão e Coerência................................................................................................................................................................................................. 86
Reescrita de textos/Equivalência de Estruturas............................................................................................................................................. 88
Estrutura Textual........................................................................................................................................................................................................ 90
Redação Oficial.......................................................................................................................................................................................................... 91
Funções do “que” e do “se”................................................................................................................................................................................100
Variação Linguística...............................................................................................................................................................................................101
O processo de comunicação e as funções da linguagem......................................................................................................................103
LÍNGUA PORTUGUESA

PROF. ZENAIDE AUXILIADORA PACHEGAS BRANCO

Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina. Especialista pela Universidade Estadual Paulista
– Unesp

LETRA E FONEMA

A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:
amor – ator / morro – corro / vento - cento

Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.

Fonema e Letra
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.

- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
- o fonema /sê/: texto
- o fonema /zê/: exibir
- o fonema /che/: enxame
- o grupo de sons /ks/: táxi

- O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.


Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1 2 3 4 5 6 7 12 3 45 6

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho


1 2 3 4 12345

- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

- A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.


Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234

Classificação dos Fonemas


Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entrea- 1) Ditongo


berta. As vogais podem ser:
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-
- Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
/o/, /u/. - Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal:
sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
- Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na- - Decrescente: quando a vogal vem antes da semivo-
sais. gal: pai (a = vogal, i = semivogal)
/ã/: fã, canto, tampa - Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
/ ẽ /: dente, tempero - Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na-
/ ĩ/: lindo, mim sais: mãe
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum 2) Tritongo

- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, É a sequência formada por uma semivogal, uma vo-
bola. gal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba.
Pode ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tri-
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, tongo nasal.
bola.
3) Hiato
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
- Fechadas: mês, luta, amor pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
- Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das pa- de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia
lavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”). (po-e-si-a).

2) Semivogais Encontros Consonantais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vo-
Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma gal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
só emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas Existem basicamente dois tipos:
são chamados de semivogais. A diferença fundamental en- 1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r”
tre vogais e semivogais está no fato de que estas não de- e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
sempenham o papel de núcleo silábico. a-tle-ta, cri-se.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: 2-) os que resultam do contato de duas consoantes
pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão Há ainda grupos consonantais que surgem no início
forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,
história, série. psi-có-lo-go.

3) Consoantes Dígrafos

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expi- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
rada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca- crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verda- quatro letras.
deiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em portu- Há, no entanto, fonemas que são representados, na es-
guês, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: crita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. letras.

Encontros Vocálicos Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ fo-


ram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas
semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante para representar um único fonema (di = dois + grafo = le-
reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em tra). Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos
sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o triton- que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos:
go e o hiato. consonantais e vocálicos.

2
LÍNGUA PORTUGUESA

Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
xc /se/ exceção

Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

Fonemas Letras Exemplos


/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
un corcunda

* Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/:
guitarra, aquilo. Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” repre-
senta um fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há
dígrafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo) .
** Dica: Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /agua/ nós
pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo [aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”]. Portanto: 8 letras e 6 fonemas).

Dífonos

Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos), existem letras que representam dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos
de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
1-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
BRAS – FAFIPA/2014) Em todas as palavras a seguir há um
dígrafo, EXCETO em
(A) prazo. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista
(B) cantor. de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos
(C) trabalho. em seus menores elementos (partes) possuidores de sen-
(D) professor. tido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por
três elementos significativos:
1-)
(A) prazo – “pr” é encontro consonantal In = elemento indicador de negação
(B) cantor – “an” é dígrafo Explic – elemento que contém o significado básico da
(C) trabalho – “tr” encontro consonantal / “lh” é dígrafo palavra
(D) professor – “pr” encontro consonantal q “ss” é dí- Ável = elemento indicador de possibilidade
grafo
RESPOSTA: “A”. Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
2-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI- contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
BRAS – FAFIPA/2014) Assinale a alternativa em que os itens tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
destacados possuem o mesmo fonema consonantal em to- tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar
das as palavras da sequência. claro”.
(A) Externo – precisa – som – usuário.
MORFEMAS = são as menores unidades significativas
(B) Gente – segurança – adjunto – Japão.
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
(C) Chefe – caixas – deixo – exatamente.
(D) Cozinha – pesada – lesão – exemplo.
Classificação dos morfemas:
2-) Coloquei entre barras ( / / ) o fonema representado
Radical, lexema ou semantema – é o elemento por-
pela letra destacada:
tador de significado. É através do radical que podemos for-
(A) Externo /s/ – precisa /s/ – som /s/ – usuário /z/
mar outras palavras comuns a um grupo de palavras da
(B) Gente /j/ – segurança /g/ – adjunto /j/ – Japão /j/ mesma família. Exemplo: pequeno, pequenininho, pequenez.
(C) Chefe /x/ – caixas /x/ – deixo /x/ – exatamente O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um
/z/ mesmo radical denomina-se família de palavras.
(D) cozinha /z/ – pesada /z/ – lesão /z/– exemplo /z/
RESPOSTA: “D”. Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (sufi-
3-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE xo), prever (prefixo), infiel.
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “Seja Sangue
Bom!” Na sílaba final da palavra “sangue”, encontramos Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob-
duas letras representando um único fonema. Esse fenôme- têm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos,
no também está presente em: amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à medida
A) cartola. que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
B) problema. plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também
C) guaraná. ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D) água. (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
E) nascimento. concluir que existem morfemas que indicam as flexões das
palavras. Estes morfemas sempre surgem no fim das pala-
3-) Duas letras representando um único fonema = dí- vras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desi-
grafo nências nominais e desinências verbais.
A) cartola = não há dígrafo
B) problema = não há dígrafo • Desinências nominais: indicam o gênero e o número
C) guaraná = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) dos nomes. Para a indicação de gênero, o português cos-
D) água = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) tuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/
E) nascimento = dígrafo: sc menina. Para a indicação de número, costuma-se utilizar
RESPOSTA: “E”. o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos
nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assu-
me a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências Palavras primitivas: aquelas que, na língua portugue-
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há desinências sa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
que indicam o modo e o tempo (desinências modo-tem-
porais) e outras que indicam o número e a pessoa dos ver- Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
bos (desinência número-pessoais): sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.

cant-á-va-mos: Palavras simples: aquelas que possuem um só radical:


cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência mo- azeite, cavalo.
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicati-
vo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primei- Palavras compostas: aquelas que possuem mais de
ra pessoa do plural) um radical: couve-flor, planalto.
* As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
cant-á-sse-is: mentos ligados por hífen.
cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência mo-
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjunti- Processos de Formação de Palavras
vo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
pessoa do plural) Na Língua Portuguesa há muitos processos de forma-
ção de palavras. Entre eles, os mais comuns são a derivação,
Vogal temática a composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibridismo.
Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge Derivação por Acréscimo de Afixos
sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o radical
às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (deri-
é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao vadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A deri-
tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as de- vação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
sinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vo-
gais temáticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e (da 2.ª
acréscimo de prefixo.
conjugação = escrever) e –i (3.ªconjugação = partir).
In feliz des leal
• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando
Prefixo radical prefixo radical
átonas finais, como em mesa, artista, perda, escola, base,
combate. Nestes casos, não poderíamos pensar que essas
terminações são desinências indicadoras de gênero, pois Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
mesa e escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. acréscimo de sufixo.
A estas vogais temáticas se liga a desinência indicadora
de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados Feliz mente leal dade
em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não Radical sufixo radical sufixo
apresentam vogal temática.
Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
• Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que ca- simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese formam-
racterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de se principalmente verbos.
conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a per-
tencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática En trist ecer
é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal Prefixo radical sufixo
temática -i pertencem à terceira conjugação.
Em tard ecer
Interfixos prefixo radical sufixo

São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- Outros Tipos de Derivação


tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes-
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por Há dois casos em que a palavra derivada é formada
exemplo: sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. regressiva e a derivação imprópria.
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por re-
Formação das Palavras dução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
de substantivos derivados de verbos.
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva- janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
das, palavras simples, palavras compostas. (substantivo) – deriva de pescar (verbo)

5
LÍNGUA PORTUGUESA

Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é ob- Fontes de pesquisa:


tida pela mudança de categoria gramatical da palavra pri-
mitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas somente http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
na classe gramatical. formacao-de-palavras-i.htm
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê” SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
deriva da conjunção porque) coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
do verbo olhar). ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
** Dica: A derivação regressiva “mexe” na estrutura da Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
palavra e geralmente transforma verbos em substantivos: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
caça = deriva de caçar, saque = deriva de sacar.
A derivação imprópria não “mexe” com a palavra,
apenas faz com que ela pertença a uma classe gramatical Questões sobre Estrutura das Palavras
“imprópria” da qual ela realmente, ou melhor, costumeira-
mente faz parte. A alteração acontece devido à presença de 1-) (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN-
outros termos, como artigos, por exemplo: CIA SOCIAL – CEPERJ/2014) A palavra “infraestrutura” é for-
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a fun- mada pelo seguinte processo:
cionar como substantivo devido à presença do artigo “o”) A) sufixação
Composição B) prefixação
C) parassíntese
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais D) justaposição
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de E) aglutinação
composição: justaposição e aglutinação.
1-) Infra = prefixo + estrutura – temos a junção de um
Justaposição: ocorre quando os elementos que for- prefixo com um radical, portanto: derivação prefixal (ou
mam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapos-
prefixação).
tos: para-raios, corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira,
girassol.
RESPOSTA: “B”.
Composição por aglutinação: ocorre quando os ele-
mentos que formam o composto aglutinam-se e pelo me-
2-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
nos um deles perde sua integridade sonora: aguardente
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014)
(água + ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna +
alta), vinagre (vinho + acre). O vocábulo “entristecido”, presente na terceira estrofe, é
um exemplo de:
Outros processos de formação de palavras: a) palavra composta
b) palavra primitiva
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir c) palavra derivada
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. d) neologismo

Abreviação – é a redução de palavras até o limite per- 2-) en + triste + ido (com consoante de ligação “c”) =
mitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneu- ao radical “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufixo
mático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). “ido”, ou seja, “entristecido” é palavra derivada do processo
de formação de palavras chamado de: prefixação e sufixa-
* Observação: ção. Para o exercício, basta “derivada”!
- Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini- RESPOSTA: “C”.
ciais: p. ou pág. (para página), sr. (para senhor).
- Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras ini-
ciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas impuras),
que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras);
DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (siglas impu-
ras).
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego)
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)

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LÍNGUA PORTUGUESA

de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS E SUAS FLEXÕES
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
característica do ser e se relaciona com o substantivo, con- de madeira lígneo
cordando com este em gênero e número. de mestre magistral
de ouro áureo
As praias brasileiras estão poluídas.
de paixão passional
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de pâncreas pancreático
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de porco suíno ou porcino
Locução adjetiva dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma de sonho onírico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição + de velho senil
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vento eólico
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio de vidro vítreo ou hialino
(paixão desenfreada). de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observe outros exemplos:
* Observação: nem toda locução adjetiva possui um
de águia aquilino adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por
de aluno discente exemplo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
de anjo angelical Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de ano anual
de aranha aracnídeo O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
de boi bovino como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
de cabelo capilar ou do objeto).
de cabra caprino
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles:
de criança pueril
de dedo digital Estados e cidades brasileiras:
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo Alagoas alagoano
de farinha farináceo Amapá amapaense
de fera ferino Aracaju aracajuano ou aracajuense
de ferro férreo Amazonas amazonense ou baré
de fogo ígneo Belo Horizonte belo-horizontino
de garganta gutural Brasília brasiliense
de gelo glacial Cabo Frio cabo-friense
de guerra bélico Campinas campineiro ou campinense
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:

Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a
moça norte-americana.

* Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

Número dos Adjetivos

Plural dos adjetivos simples

Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substan-
tivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, en-
tão, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.

Veja outros exemplos:


Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Composto Observe que:


a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas pectivamente.
o último elemento concorda com o substantivo a que se b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande
invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, e mais pequeno. Por exemplo:
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen- Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- mentos.
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará duas qualidades de um mesmo elemento.
invariável. Veja:
Camisas rosa-claro. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe-
Ternos rosa-claro.
rioridade
Olhos verde-claros.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Superlativo
* Observação:
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer O superlativo expressa qualidades num grau muito ele-
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in- vado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relativo e
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vestidos apresenta as seguintes modalidades:
cor-de-rosa. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
- O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. senta-se nas formas:
1-) Analítica: a intensificação é feita com o auxílio
Grau do Adjetivo de palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por
exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a inten- 2-) Sintética: nesta, há o acréscimo de sufixos. Por
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
o comparativo e o superlativo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Comparativo
benéfico - beneficentíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais características bom - boníssimo ou ótimo
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igual- comum - comuníssimo
dade, de superioridade ou de inferioridade.
cruel - crudelíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade difícil - dificílimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da doce - dulcíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão. fácil - facílimo
fiel - fidelíssimo
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
rioridade Analítico Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
No comparativo de superioridade analítico, entre os um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe- Essa relação pode ser:
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do 1-) De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
que” ou “mais...que”.
todas.
2-) De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
todas.
rioridade Sintético

Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de * Note bem:


superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, an-
grande/maior, baixo/inferior. tepostos ao adjetivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- Renato fala menos alto do que João.
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de superioridade:
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma fala mais alto do que João.
popular é constituída do radical do adjetivo português + o 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. melhor que João.
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- Grau Superlativo
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
– cheíssimo. O superlativo pode ser analítico ou sintético:
- Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
Fontes de pesquisa: fala muito alto.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
php modo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- * Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nho, etc.) são comuns na língua popular.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. A criança levantou cedinho. (muito cedo)

Advérbio Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


bio pode ser de:
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
O ônibus chegou.
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo,
O ônibus chegou ontem.
aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro,
afora, alhures, aquém, embaixo, externamente, a distância,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sen-
à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à es-
tido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo,
querda, ao lado, em volta.
de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
advérbio. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio fim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes,
(bem) imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessiva-
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um adje- mente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
tivo (claros) vez em quando, de quando em quando, a qualquer momen-
to, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescen- Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,
tar ideia de: acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à
Tempo: Ela chegou tarde. toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse
Lugar: Ele mora aqui. modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado,
Modo: Eles agiram mal. a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em
Negação: Ela não saiu de casa. “-mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, pa-
Dúvida: Talvez ele volte. cientemente, amorosamente, docemente, escandalosamen-
te, bondosamente, generosamente.
Flexão do Advérbio Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efeti-
vamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
porém, admitem a variação em grau. Observe: Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel-
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
Grau Comparativo Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, as-
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo saz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo,
que o comparativo do adjetivo: de muito, por completo, extremamente, intensamente, gran-
- de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- demente, bem (quando aplicado a propriedades graduá-
nato fala tão alto quanto João. veis).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somen- Locução Adverbial


te, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Brando, o
vento apenas move a copa das árvores. Quando há duas ou mais palavras que exercem função
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expres-
Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante a sar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinaria-
adolescência. mente por uma preposição. Veja:
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos meus dentro, por aqui, etc.
amigos por comparecerem à festa. afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em
* Saiba que: geral, frente a frente, etc.
- Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei em dia, nunca mais, etc.
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível. * Observações:
- Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, - tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-
em geral sufixamos apenas o último: Por exemplo: O aluno cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:
respondeu calma e respeitosamente. Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido De repente correram para a rua. (verbo)

Há palavras como muito, bastante, que podem apare- - Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
cer como advérbio e como pronome indefinido. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e - O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. bio: Cheguei primeiro.

* Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio - Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia, adverbial desempenham na oração a função de adjunto
sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio.
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
pois “muitos” não dá!). = advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
dade e de tempo, respectivamente.
2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei
muitos capítulos) = pronome indefinido Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
Advérbios Interrogativos php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes Saraiva, 2010.
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Interrogação Direta Interrogação Indireta SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava. Artigo
Por que choras? Não sei por que choras.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. se como o termo variável que serve para individualizar ou
Donde vens? Pergunto donde vens. generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Quando voltas? Pergunto quando voltas. (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”).

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Artigos definidos – São aqueles usados para indicar Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
seres determinados, expressos de forma individual: sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Roma.
muito.
- antes de pronomes de tratamento:
Artigos indefinidos – São aqueles usados para indicar Vossa Senhoria sairá agora?
seres de modo vago, impreciso: Exceção: O senhor vai à festa?
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas! - após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.

* Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Fontes de pesquisa:


numeral “ambos”: http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm
Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
* Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso Saraiva, 2010.
do artigo, outros não: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCO-
NI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed.
* Quando indicado no singular, o artigo definido pode Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
indicar toda uma espécie: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho dignifica o homem. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
* No caso de nomes próprios personativos, denotando
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso Conjunção
do artigo:
Marcela é a mais extrovertida das irmãs. Além da preposição, há outra palavra também invariá-
O Pedro é o xodó da família. vel que, na frase, é usada como elemento de ligação: a con-
junção. Ela serve para ligar duas orações ou duas palavras
* No caso de os nomes próprios personativos estarem de mesma função em uma oração:
no plural, são determinados pelo uso do artigo: O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
Os Maias, os Incas, Os Astecas... São Paulo.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
* Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to-
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele Morfossintaxe da Conjunção
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
dos. (qualquer classe)
Classificação da Conjunção
* Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
facultativo: De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
Preparei o meu curso. Preparei meu curso. conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
* A utilização do artigo indefinido pode indicar uma pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso-
ideia de aproximação numérica: lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de
O máximo que ele deve ter é uns vinte anos. sentido que cada um dos elementos possui. Já no segundo
caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção de-
* O artigo também é usado para substantivar palavras pende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais:
Não sei o porquê de tudo isso. Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
* Há casos em que o artigo definido não pode ser Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
usado:
- antes de nomes de cidade e de pessoas conhecidas: Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
O professor visitará Roma. quentemente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”.
Já em:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Espero que eu seja aprovada no concurso! As conjunções subordinativas subdividem-se em inte-


Não conseguimos separar uma oração da outra, pois a grantes e adverbiais:
segunda “completa” o sentido da primeira (da oração prin-
cipal): 1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos uma elas introduzida completa ou integra o sentido da principal.
oração subordinada substantiva objetiva direta (ela exerce Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou seja,
a função de objeto direto do verbo da oração principal). as orações subordinadas substantivas. São elas: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
Conjunções Coordenativas
2. Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
São aquelas que ligam orações de sentido completo exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acor-
e independente ou termos da oração que têm a mesma do com a circunstância que expressam, classificam-se em:
a) Causais: introduzem uma oração que é causa da
função gramatical. Subdividem-se em:
ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como
1) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
(= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e não),
que, porquanto, já que, desde que, etc.
não só... mas também, não só... como também, bem como, Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
não só... mas ainda.
A sua pesquisa é clara e objetiva. b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
Não só dança, mas também canta. ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua
realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se
2) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto,
pressando ideia de contraste ou compensação. São elas: etc.
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
obstante.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São
3) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que se que, a menos que, sem que, etc.
realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez.
** Dica: você deve ter percebido que a conjunção con-
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
dicional “se” também é conjunção integrante. A diferença é
clara ao ler as orações que são introduzidas por ela. Acima,
4) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
ela nos dá a ideia da condição para que recebamos um
que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração:
logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por Não sei se farei o concurso...
isso, assim. Não há ideia de condição alguma, há? Outra coisa: o
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não verbo da oração principal (sei) pede complemento (objeto
ficou nervosa. direto, já que “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto,
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. a oração em destaque exerce a função de objeto direto da
oração principal, sendo classificada como oração subordi-
5) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração nada substantiva objetiva direta.
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: d) Conformativas: introduzem uma oração que expri-
que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. me a conformidade de um fato com outro. São elas: confor-
Não demore, que o filme já vai começar. me, como (= conforme), segundo, consoante, etc.
Falei muito, pois não gosto do silêncio! O passeio ocorreu como havíamos planejado.

Conjunções Subordinativas e) Finais: introduzem uma oração que expressa a fina-


lidade ou o objetivo com que se realiza a oração principal.
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas São elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que),
que, etc.
dependente da outra. A oração dependente, introduzida
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora-
ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado f) Proporcionais: introduzem uma oração que expres-
quando ela chegou. sa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência do
O baile já tinha começado: oração principal expresso na principal. São elas: à medida que, à proporção
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) que, ao passo que e as combinações quanto mais... (mais),
ela chegou: oração subordinada quanto menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto
menos... (menos), etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- Fontes de pesquisa:
seiam. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
php
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
nais à medida em que, na medida que e na medida em que. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração Saraiva, 2010.
principal. São elas: quando, enquanto, antes que, depois que, Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição
A briga começou assim que saímos da festa.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
h) Comparativas: introduzem uma oração que expres- ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
sa ideia de comparação com referência à oração principal. guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual,
rente de uma situação particular, um momento ou um con-
que nem, que (combinado com menos ou mais), etc.
texto específico. Exemplos:
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que ção
(tendo como antecedente na oração principal uma palavra
como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. O significado das interjeições está vinculado à maneira
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-
exame. do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que
for utilizada. Exemplos:
Atenção: Muitas conjunções não têm classificação úni- Psiu!
ca, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de acor- contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua
do com o sentido que apresentam no contexto (grifo ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando!
da Zê!). Ei, espere!”

O bom relacionamento entre as conjunções de um Psiu!


texto garante a perfeita estruturação de suas frases e pa- contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
rágrafos, bem como a compreensão eficaz de seu conteú- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!”
do. Interagindo com palavras de outras classes gramaticais
essenciais ao inter-relacionamento das partes de frases e Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
textos - como os pronomes, preposições, alguns advérbios puxa: interjeição; tom da fala: euforia
e numerais -, as conjunções fazem parte daquilo a que se
pode chamar de “a arquitetura textual”, isto é, o con- Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
junto das relações que garantem a coesão do enunciado. puxa: interjeição; tom da fala: decepção
O sucesso desse conjunto de relações depende do conhe-
cimento do valor relacional das conjunções, uma vez que As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
estas interferem semanticamente no enunciado.
tristeza, dor, etc.
Dessa forma, deve-se dedicar atenção especial às con-
Ah, deve ser muito interessante!
junções tanto na leitura como na produção de textos. Nos
textos narrativos, elas estão muitas vezes ligadas à expres-
b) Sintetizar uma frase apelativa.
são de circunstâncias fundamentais à condução da história, Cuidado! Saia da minha frente.
como as noções de tempo, finalidade, causa e consequên-
cia. Nos textos dissertativos, evidenciam muitas vezes a li- As interjeições podem ser formadas por:
nha expositiva ou argumentativa adotada - é o caso das a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
exposições e argumentações construídas por meio de con- b) palavras: Oba! Olá! Claro!
trastes e oposições, que implicam o uso das adversativas e c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!
concessivas. Ora bolas!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Interjeições 3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-


frase” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Por
Comumente, as interjeições expressam sentido de: exemplo:
Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Aten- Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique quieto!
ção! Olha! Alerta!
Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Miau!
Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-
Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! Âni- quá!, etc.
mo! Adiante!
Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! 5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do “oh!” exclamativo
Essa não! Chega! Basta! e não a fazemos depois do “ó” vocativo. Por exemplo:
Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Deus! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Desculpa: Perdão!
Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! Fontes de pesquisa:
Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.
Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Quê! php
Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! Pô! coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ora! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! Numeral
Silêncio: Psiu! Silêncio!
Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determi-
* Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis,
nada sequência.
isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau
como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo,
* Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso espe-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
cífico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Não
se trata de um processo natural desta classe de palavra, a expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. trata de numerais, mas sim de algarismos.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
Locução Interjetiva vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma dúzia, par, ambos(as), novena.
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! Classificação dos Numerais
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-
tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise - Cardinais: indicam quantidade exata ou determina-
dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha- da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm
me Deus!, Quem me dera! sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, dé-
cada, bimestre.
* Observações:
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. - Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ou
Por exemplo: alguma coisa ocupa numa determinada sequência: primei-
Ué! (= Eu não esperava por essa!) ro, segundo, centésimo, etc.
Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe.)
* Observação importante:
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas
gramaticais podem aparecer como interjeições. Por exem- são classificadas como adjetivos, não ordinais.
plo:
Viva! Basta! (Verbos) - Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou
Fora! Francamente! (Advérbios) seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais
Ordinais Cardinais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri- - Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se
plas do medicamento. refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/ para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
duas terças partes. Sua utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O arti-
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. go só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo:
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau Ambos esses ministros falarão à imprensa.
nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como: Função sintática do Numeral
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade! O numeral tem mais de uma função sintática:
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= - se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o
segunda divisão de futebol) numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer
papel de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto
Emprego e Leitura dos Numerais direto ou indireto.
- Os numerais são escritos em conjunto de três alga- Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.
rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de Objeto direto = cinco casas
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma Núcleo do objeto direto = casas
separação através de ponto ou espaço correspondente a Adjunto adnominal = cinco
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456. Objeto indireto = de duas
- Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
Núcleo do objeto indireto = duas
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

* Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por


dois zeros, usa-se o “e”:
Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

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LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: Dicas sobre preposição


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.
php - O “a” pode funcionar como preposição, pronome
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: nino.
Saraiva, 2010. A matéria que estudei é fácil!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
Preposição termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Preposição é uma palavra invariável que serve para Irei à festa sozinha.
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Entregamos a flor à professora!
normalmente há uma subordinação do segundo termo em *o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição.
relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
e possuem valores semânticos indispensáveis para a com- lugar e/ou a função de um substantivo.
preensão do texto. Nós trouxemos a apostila. = Nós a trouxemos.

Tipos de Preposição Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas


por meio das preposições:
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi-
vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, Destino = Irei a Salvador.
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, Modo = Saiu aos prantos.
Lugar = Sempre a seu lado.
atrás de, dentro de, para com.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes
Causa = Chorei de saudade.
gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, ex-
Instrumento = Escreveu a lápis.
ceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
Posse = Vi as roupas da mamãe.
Autoria = livro de Machado de Assis
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
Companhia = Estarei com ele amanhã.
lendo como uma preposição, sendo que a última palavra é Matéria = copo de cristal.
uma (preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado Meio = passeio de barco.
de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, Origem = Nós somos do Nordeste.
em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por Conteúdo = frascos de perfume.
causa de, por cima de, por trás de. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a
outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gê- * Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo-
nero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela. cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre-
positiva por trás de.
* Essa concordância não é característica da preposição,
mas das palavras às quais ela se une. Fontes de pesquisa:
Esse processo de junção de uma preposição com outra http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
palavra pode se dar a partir dos processos de: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. Combinação: união da preposição “a” com o artigo Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocá- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
bulos não sofrem alteração. Saraiva, 2010.
2. Contração: união de uma preposição com outra pa- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
lavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
o = do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = da- Pronome
quele, em + isso = nisso. Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
3. Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” prepo- panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
sição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do forma.
pronome “aquilo”). O homem julga que é superior à natureza, por isso o
homem destrói a natureza...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Utilizando pronomes, teremos: Pronome Reto


O homem julga que é superior à natureza, por isso ele
a destrói... Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten-
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos ça, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores.
(homem e natureza).
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
Grande parte dos pronomes não possuem significados nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos gurado:
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes - 1.ª pessoa do singular: eu
têm por função principal apontar para as pessoas do dis- - 2.ª pessoa do singular: tu
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação - 3.ª pessoa do singular: ele, ela
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, - 1.ª pessoa do plural: nós
- 2.ª pessoa do plural: vós
os pronomes apresentam uma forma específica para cada
- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
pessoa do discurso.
* Atenção: esses pronomes não costumam ser usa-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. dos como complementos verbais na língua-padrão. Frases
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
fala] mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem me até aqui”.
se fala]
* Observação: frequentemente observamos a omissão
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- as próprias formas verbais marcam, através de suas desi-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência nências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto:
através do pronome seja coerente em termos de gênero Fizemos boa viagem. (Nós)
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Pronome Oblíquo

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
sa escola neste ano. tença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordância * Observação: o pronome oblíquo é uma forma va-
adequada] riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- dica a função diversa que eles desempenham na oração:
dância inadequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
tônicos.
Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono
São aqueles que substituem os substantivos, indicando São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes fraca: Ele me deu um presente.
“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di- Tabela dos pronomes oblíquos átonos
rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à - 1.ª pessoa do singular (eu): me
pessoa ou às pessoas de quem se fala. - 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Observações: - As preposições essenciais introduzem sempre prono-


- O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en- reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
acompanhar diretamente uma preposição, o pronome forma:
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Não há mais nada entre mim e ti.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
diretos como objetos indiretos. Não há nenhuma acusação contra mim.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como Não vá sem mim.
objetos diretos.
* Atenção: Há construções em que a preposição, ape-
- Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com- sar de surgir anteposta a um pronome, serve para introdu-
binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- zir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos,
mas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. pronome, deverá ser do caso reto.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem: Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Trouxeste o pacote? Não vá sem eu mandar.
Sim, entreguei-to ainda há pouco.
Não contaram a novidade a vocês? * A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
Não, no-la contaram. está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
No Brasil, essas combinações não são usadas; até mes- mim!
mo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
- A combinação da preposição “com” e alguns prono-
* Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
especiais depois de certas terminações verbais.
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
- Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a
companhia.
terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
Ele carregava o documento consigo.
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo
- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
dizer + a = dizê-la
Ela veio até mim, mas nada falou.
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de)
- Quando o verbo termina em som nasal, o pronome
assume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: inclusão, usaremos as formas retas:
viram + o: viram-no Todos foram bem na prova, até eu! (=inclusive eu)
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
tem + as = tem-nas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
Pronome Oblíquo Tônico todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos Estávamos com vós outros quando chegaram as más
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. notícias.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Ele disse que iria com nós três.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
forte. Pronome Reflexivo
Quadro dos pronomes oblíquos tônicos:
- 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
- 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
- 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco expressa pelo verbo.
- 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Quadro dos pronomes reflexivos:
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas - 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me lembro disso.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As - 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Conhece a ti mesmo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. * Observações:


Guilherme já se preparou. * Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Ela deu a si um presente. tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados em
Antônio conversou consigo mesmo. relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Se-
nhor Ministro, compareça a este encontro.
- 1.ª pessoa do plural (nós): nos.
Lavamo-nos no rio. ** Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua
- 2.ª pessoa do plural (vós): vos. Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com pro-
Vós vos beneficiastes com esta conquista. priedade.

- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. - Os pronomes de tratamento representam uma for-
Eles se conheceram. ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Elas deram a si um dia de folga. tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
* O pronome é reflexivo quando se refere à mesma supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
** É pronome recíproco quando indica reciprocidade - 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
de ação: jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
Nós nos amamos. com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
Olhamo-nos calados. vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa.
Pronomes de Tratamento Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente.
soa. Alguns exemplos:
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
teus cabelos. (errado)
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
blica (sempre por extenso) ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de Pronomes Possessivos
igual categoria São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
de direito (coisa possuída).
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do
cerimonioso singular)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
NÚMERO PESSOA PRONOME
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre- singular primeira meu(s), minha(s)
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- singular segunda teu(s), tua(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados
singular terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma plural primeira nosso(s), nossa(s)
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou plural segunda vosso(s), vossa(s)
literária.
plural terceira seu(s), sua(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Note que: A forma do possessivo depende da pessoa *Em relação ao tempo:


gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam - Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribui- relação à pessoa que fala:
ção naquele momento difícil. Esta manhã farei a prova do concurso!

* Observações: - Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-


- A forma “seu” não é um possessivo quando resultar rém relativamente próximo à época em que se situa a pes-
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, soa que fala:
seu José. Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!

- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta-


- Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos-
mento no tempo, referido de modo vago ou como tempo
se. Podem ter outros empregos, como:
remoto:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Naquele tempo, os professores eram valorizados.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 *Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala-
anos. rá ou escreverá):
- Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará:
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, or-
tografia, concordância.
- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência - Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
trouxe sua mensagem? fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja-
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- mos!
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
anotações. - Este e aquele são empregados quando se quer fa-
zer referência a termos já mencionados; aquele se refere
ao termo referido em primeiro lugar e este para o referido
- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí-
por último:
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe
os passos. (= Vou seguir seus passos) Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
- O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- aquele [Palmeiras])
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para ou
que não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos
lugares. Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo],
Pronomes Demonstrativos aquele [Palmeiras])

São utilizados para explicitar a posição de certa palavra - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser invariáveis, observe:
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
*Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
* Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa que fala:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
Este material é meu.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis- gênero quando têm caráter reforçativo:
tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe:
- tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
* Note que: tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
- Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne-
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en- nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em outras, quantas.
primeiro lugar.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação algo, cada.
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ral é feito em seu interior).
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo) - Todo e toda no singular e junto de artigo significa
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Pronomes Indefinidos Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- Trabalho todo dia. (= todos os dias)
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
-plantadas. cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Cada um escolheu o vinho desejado.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu-
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des-
Indefinidos Sistemáticos
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
guém, outrem, quem, tudo. sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Algo o incomoda? afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Quem avisa amigo é. negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser e qualquer, que generaliza.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Essas oposições de sentido são muito importantes na
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
Cada povo tem seus costumes. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
Certas pessoas exercem várias profissões. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
de que fazem parte:
* Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
vos, ora pronomes indefinidos adjetivos: prático.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, pessoas quaisquer.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), *Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. que se refere à unidade. Repare:
Nenhum candidato foi aprovado.
Menos palavras e mais ações. Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é nu-
Alguns se contentam pouco. meral)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Relativos - O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com


o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
São aqueles que representam nomes já mencionados quente (o ser possuído, com o qual concorda em gênero
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo”
as orações subordinadas adjetivas. equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Existem pessoas cujas ações são nobres.
um grupo racial sobre outros. (antecedente) (consequente)
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
= oração subordinada adjetiva). *interpretação do pronome “cujo” na frase acima: ações
das pessoas. É como se lêssemos “de trás para frente”. Ou-
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” tro exemplo:
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra Comprei o livro cujo autor é famoso. (= autor do livro)
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- ** se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
me demonstrativo o, a, os, as. nome:
Não sei o que você está querendo dizer. O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem se a)
expresso.
Quem casa, quer casa. - “Quanto” é pronome relativo quando tem por an-
tecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
Observe: tudo:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os Emprestei tantos quantos foram necessários.
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, (antecedente)
quantas. Ele fez tudo quanto havia falado.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. (antecedente)

Note que: - O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sem-


- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, pre precedido de preposição.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs- É um professor a quem muito devemos.
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu (preposição)
antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an-
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
qual) casa onde morava foi assaltada.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ou em que.
quais) Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que lavras:
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To- - como (= pelo qual) – desde que precedida das pala-
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por vras modo, maneira ou forma:
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: Não me parece correto o modo como você agiu semana
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual passada.
me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio - quando (= em que) – desde que tenha como antece-
de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou dente um nome que dê ideia de tempo:
encantado: o sítio ou minha tia?). Bons eram os tempos quando podíamos jogar videoga-
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas me.
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-
se o qual / a qual) - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste es-
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou porte.
de ser poeta, que era a sua vocação natural. = O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode -lugares: Alemanha, Portugal


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de -sentimentos: amor, saudade
gente que conversava, (que) ria, observava. -estados: alegria, tristeza
-qualidades: honestidade, sinceridade...
Pronomes Interrogativos -ações: corrida, pescaria...

São usados na formulação de perguntas, sejam elas di- Morfossintaxe do substantivo


retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações), diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
quanto (e variações). do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou
Com quem andas?
indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcio-
Qual seu nome?
nar como núcleo do complemento nominal ou do aposto,
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como
Sobre os pronomes: núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos
como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos ad-
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função verbiais - quando essas funções são desempenhadas por
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo grupos de palavras.
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Classificação dos Substantivos
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar. Substantivos Comuns e Próprios

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” Observe a definição:


exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função Cidade: s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas ca-
de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para oposição aos bairros).
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos comum.
de preposição. Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
eu estava fazendo. homem, mulher, país, cachorro.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim Estamos voando para Barcelona.
o que eu estava fazendo.
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
Fontes de pesquisa: pécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42. que designa os seres de uma mesma espécie de forma par-
php ticular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Substantivos Concretos e Abstratos
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
Saraiva, 2010. existe, independentemente de outros seres.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observação: os substantivos concretos designam se-
res do mundo real e do mundo imaginário.
Substantivo
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, Brasília.
as quais denominam todos os seres que existem, sejam Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenôme- ma.
nos, os substantivos também nomeiam:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que enxoval roupas


dependem de outros para se manifestarem ou existirem.
Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode falange soldados, anjos
ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes- fauna animais de uma região
soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser
feixe lenha, capim
para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um subs-
tantivo abstrato. flora vegetais de uma região
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- frota navios mercantes, ônibus
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
girândola fogos de artifício
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). horda bandidos, invasores
médicos, bois, credores,
Substantivos Coletivos junta
examinadores

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou- júri jurados
tra abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
malta malfeitores ou desordeiros
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- manada búfalos, bois, elefantes,
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, matilha cães de raça
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan- molho chaves, verduras
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de multidão pessoas em geral
seres da mesma espécie (abelhas).
insetos (gafanhotos,
nuvem
mosquitos, etc.)
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, pinacoteca pinturas, quadros
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
quadrilha ladrões, bandidos
da mesma espécie.
ramalhete flores
Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas repertório peças teatrais, obras musicais
alcateia lobos réstia alhos ou cebolas
acervo livros romanceiro poesias narrativas
antologia trechos literários selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
bando desordeiros ou malfeitores tropa muares, soldados
banca examinadores turma estudantes, trabalhadores
batalhão soldados vara porcos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos Substantivos Uniformes: apresentam uma única forma,


Substantivos Simples e Compostos que serve tanto para o masculino quanto para o feminino.
Classificam-se em:
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra. - Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo se
O substantivo chuva é formado por um único elemento faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fêmea”: a
ou radical. É um substantivo simples. cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
- Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
Substantivo Simples: é aquele formado por um único pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a víti-
elemento. ma, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja - Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in-
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e a
colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
em ema ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sis-
tema, o sintoma, o teorema.
Substantivos Primitivos e Derivados
- Existem certos substantivos que, variando de gênero,
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ne- variam em seu significado:
nhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O subs- o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz)
tantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se originou o cabeça (líder) e a cabeça (parte do corpo)
a partir da palavra limão. o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou- o coma (sono mórbido) e a coma (cabeleira, juba)
tra palavra. o lente (professor) e a lente (vidro de aumento)
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclusão)
Flexão dos substantivos o praça (soldado raso) e a praça (área pública)
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora)
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
meninão / Diminutivo: menininho - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Flexão de Gênero masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
* Exceções: barão – baronesa, ladrão- ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja - Substantivos terminados em -or:
estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Um Natal inesquecível
Os reis da praia - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Uma cidade sem passado final por -a: elefante - elefanta
As tartarugas ninjas
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca

Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mulher, pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
poeta – poetisa, prefeito - prefeita czar – czarina, réu - ré

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. * Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções,
nomes de cidades são femininos.
Sobrecomuns: A histórica Ouro Preto.
Entregue as crianças à natureza. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe:
Outros substantivos sobrecomuns: o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
criatura.
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibi-
ção de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do cor-
Comuns de Dois Gêneros: po), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza
(resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital (ci-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? dade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração
A distinção de gênero pode ser feita através da análise da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento,
cês - repórter francesa pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
dois gêneros. (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
aceitam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
(remador), a voga (moda).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo

Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o do plural é o “s” final.
proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Simples - Flexionam-se os dois elementos, quando formados


de:
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon feitos
- cânones. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
mens
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
em “ns”: homem - homens.
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- formados de:
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e al-
to-falantes
* Atenção: O plural de caráter é caracteres.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re-
cos
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul formados de:
e cônsules. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
duas maneiras: lo-vapor e cavalos-vapor
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis substantivo + substantivo que funciona como determi-
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-re-
Observação: a palavra réptil pode formar seu plural de lógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espa-
duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). da - peixes-espada.

- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de - Permanecem invariáveis, quando formados de:
duas maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses ca-rolhas
2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. * Casos Especiais

- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural o louva-a-deus e os louva-a-deus


de três maneiras.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
1- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2- substituindo o -ão por -ães: cão - cães o bem-me-quer e os bem-me-queres
3- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos o joão-ninguém e os joões-ninguém.

- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: Plural das Palavras Substantivadas


o látex - os látex.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Plural dos Substantivos Compostos classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
- A formação do plural dos substantivos compostos Pese bem os prós e os contras.
depende da forma como são grafados, do tipo de palavras O aluno errou na prova dos noves.
que formam o composto e da relação que estabelecem en- Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, gi- * Observação: numerais substantivados terminados
rassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmeque- em “s” ou “z” não variam no plural: Nas provas mensais con-
res. segui muitos seis e alguns dez.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Diminutivos Singular Plural


Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final Corpo (ô) corpos (ó)
e acrescenta-se o sufixo diminutivo. esforço esforços
fogo fogos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos forno fornos
animai(s) + zinhos = animaizinhos fosso fossos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
imposto impostos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
olho olhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
osso (ô) ossos (ó)
tren(s) + zinhos = trenzinhos
ovo ovos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
poço poços
flore(s) + zinhas = florezinhas porto portos
mão(s) + zinhas = mãozinhas posto postos
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
tijolo tijolos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
pai(s) + zinhos = paizinhos * Observação: distinga-se molho (ô) = caldo (molho
pé(s) + zinhos = pezinhos de carne), de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
pé(s) + zitos = pezitos
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
Plural dos Nomes Próprios Personativos
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
sempre que a terminação preste-se à flexão. - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Os Napoleões também são derrotados. - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
As Raquéis e Esteres. singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- Aqui morreu muito negro.
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. improvisadas.

Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- Flexão de Grau do Substantivo


do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré- Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
quiens. as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:

Observe o exemplo: - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-


Este jogador faz gols toda vez que joga. do normal. Por exemplo: casa
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
Plural com Mudança de Timbre
do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
Certos substantivos formam o plural com mudança de
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
fonético chamado metafonia (plural metafônico).
cador de aumento. Por exemplo: casarão.

30
LÍNGUA PORTUGUESA

- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificação dos Verbos


do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo Classificam-se em:
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- - Regulares: são aqueles que apresentam o radical
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. inalterado durante a conjugação e desinências idênticas às
de todos os verbos regulares da mesma conjugação. Por
Fontes de pesquisa: exemplo: comparemos os verbos “cantar” e “falar”, conju-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php gados no presente do Modo Indicativo:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- canto falo
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: cantas falas
Saraiva, 2010.
canta falas
Verbo cantamos falamos
cantais falais
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o cantam falam
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre * Dica: Observe que, retirando os radicais, as desi-
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno nências modo-temporal e número-pessoal mantiveram-se
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer). idênticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se
repetirá o fato (desde que o verbo seja da primeira conju-
Estrutura das Formas Verbais gação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo.
Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do ver-
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar bo andar). Viu? Fácil!
os seguintes elementos:
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
(radical fal-) * Observação: alguns verbos sofrem alteração no ra-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in- dical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: de: corrigir/corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo.
fala-r. São três as conjugações: Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - fonema permanece inalterado.
E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
gação completa. Os principais são adequar, precaver, com-
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo)
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) putar, reaver, abolir, falir.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número (sin- - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, nor-
gular ou plural): malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (in- principais verbos impessoais são:
dica a 3.ª pessoa do plural.)
* haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
* Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados se ou fazer (em orações temporais).
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, pois a Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Exis-
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar tiam)
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
* fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Faz invernos rigorosos na Europa.
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Era primavera quando o conheci.
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento Estava frio naquele dia.
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
no radical, mas sim na terminação verbal (fora do radical):
opinei, aprenderão, amaríamos.

31
LÍNGUA PORTUGUESA

* Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qual-
quer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá conjugação
completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

* São impessoais, ainda:


- o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

- os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.

- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético,
tornando-se, tais verbos, pessoais.

- o verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
miar, latir, piar).

* Observação: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

* Observação: todos os sujeitos apontados são oracionais.

- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso

32
LÍNGUA PORTUGUESA

Eleger Elegido Eleito


Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escrever/
escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui) e
ir (fui, ia, vades).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das
formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

33
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Subjuntivo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo


Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.doPreté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

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LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

35
LÍNGUA PORTUGUESA

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: A garota
penteou-me.

* Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.


Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

36
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Infinitivo
1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substan-
tivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

* Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!

Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

3-) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o resul-
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos
saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Tempos do Modo Indicativo


- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

2. Tempos do Modo Subjuntivo


- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.

Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou de-
sejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Modo Indicativo

Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

38
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

39
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de nú-
mero e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

40
LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

- o verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

41
LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: 3-) (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. – VUNESP/2014) Considere o trecho a seguir.
php Já __________ alguns anos que estudos a respeito da
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- utilização abusiva dos smartphones estão sendo desen-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. volvidos. Os especialistas acreditam _________ motivos para
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- associar alguns comportamentos dos adolescentes ao uso
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: prolongado desses aparelhos, e _________ alertado os pais
Saraiva, 2010. para que avaliem a necessidade de estabelecer limites aos
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- seus filhos.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res-
pectivamente, com:
Questões sobre Verbo (A) faz … haver … têm
(B) fazem … haver … tem
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – (C) faz … haverem … têm
2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é: (D) fazem … haverem … têm
A) Houveram eleições em outros países este ano. (E) faz … haverem … tem
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos. 3-) Já FAZ (sentido de tempo: não sofre flexão) alguns
D) Fazem três anos que não tiro férias. anos que estudos a respeito da utilização abusiva dos
E) Esse homem possue muitos bens. smartphones estão sendo desenvolvidos. Os especialistas
acreditam HAVER (sentido de existir: não varia) motivos
1-) Correções à frente: para associar alguns comportamentos dos adolescentes ao
A) Houveram eleições em outros países este ano = uso prolongado desses aparelhos, e TÊM (concorda com o
houve termo “os especialistas”) alertado os pais para que avaliem
C) Tinha chego atrasado vinte minutos = tinha chegado a necessidade de estabelecer limites aos seus filhos.
D) Fazem três anos que não tiro férias = faz três anos Temos: faz, haver, têm.
RESPOSTA: “A”.
E) Esse homem possue muitos bens = possui
RESPOSTA: “B”.
Vozes do Verbo
2-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
FE/2014) Complete as lacunas com os verbos, tempos e
ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
modos indicados entre parênteses, fazendo a devida con-
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
cordância.
que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
• O juiz agrário ainda não _________ no conflito porque
as vozes verbais:
surgiram fatos novos de ontem para hoje. (intervir - preté-
rito perfeito do indicativo) - Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
• Uns poucos convidados ___________-se com os vídeos ação expressa pelo verbo:
postados no facebook. (entreter - pretérito imperfeito do
indicativo) Ele fez o tra-
• Representantes do PCRT somente serão aceitos na balho.
composição da chapa quando se _________ de criticar a sujeito agente ação objeto
atual diretoria do clube, (abster-se - futuro do subjuntivo) (paciente)
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A-) interveio - entretinham - abstiverem - Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
B-) interviu - entretiveram - absterem ação expressa pelo verbo:
C-) intervém - entreteram - abstêm
D-) interviera - entretêm - abstiverem O trabalho foi feito p o r
E-) intervirá - entretenham - abstiveram ele.
sujeito paciente ação agente
da passiva
2-) O verbo “intervir” deve ser conjugado como o ver-
bo “vir”. Este, no pretérito perfeito do Indicativo fica “veio”, - Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
portanto, “interveio” (não existe “interviu”, já que ele não agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
deriva do verbo “ver”). Descartemos a alternativa B. Como
não há outro item com a mesma opção, chegamos à res-
posta rapidamente!
RESPOSTA: “A”.

42
LÍNGUA PORTUGUESA

O menino feriu-se. Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

* Observação: não confundir o emprego reflexivo do Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
verbo com a noção de reciprocidade: tancialmente o sentido da frase.
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro) O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Formação da Voz Passiva
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
A voz passiva pode ser formada por dois processos: (Voz Passiva)
analítico e sintético. Sujeito da Passiva Agente da Passi-
va
1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte ma-
neira: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo: assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os Observe:
alunos pintarão a escola) - Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
* Observação: o agente da passiva geralmente é acom- mestres.
panhado da preposição por, mas pode ocorrer a constru-
ção com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada - Eu o acompanharei.
de soldados. Ele será acompanhado por mim.
- Pode acontecer de o agente da passiva não estar ex- * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
** Saiba que:
ção das frases seguintes:
- com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Fontes de pesquisa:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- php
tivo) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Questões

2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, segui- RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
do do pronome apassivador “se”. Por exemplo: instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
Abriram-se as inscrições para o concurso. (A) que o instituto Endeavor traz;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (B) que o instituto Endeavor trouxe;
(C) trazida pelo instituto Endeavor;
* Observação: o agente não costuma vir expresso na (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
voz passiva sintética. (E) que traz o instituto Endeavor.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa tere- Regras ortográficas
mos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o tem-
po verbal no pretérito – assim como na passiva). O fonema s
RESPOSTA: “B”.
S e não C/Ç

2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 - palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-
adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão /
muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inver-
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal: são / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir
A) consideravam. - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
B) consideram. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
C) considerem. sentir - sensível / consentir – consensual.
D) considerarão.
E) considerariam.
SS e não C e Ç
2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então na
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou
ativa teremos UM: muitos o consideram o maior marato-
nista de todos os tempos. -meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
RESPOSTA: “B”. - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / com-
prometer - compromisso / submeter – submissão.
3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014) *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal re- trico / re + surgir – ressurgir.
sultante deverá ser *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
(A) terei glosado plos: ficasse, falasse.
(B) seria glosada
(C) haverá de ser glosada C ou Ç e não S e SS
(D) será glosada
(E) terá sido glosada vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju-
3-) “vou glosar uma observação de Machado de Assis” çara, caçula, cachaça, cacique.
– “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na pas- sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
siva: uma observação de Machado de Assis será glosada uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
por mim. esperança, carapuça, dentuço.
RESPOSTA: “D”. nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
após ditongos: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):
ORTOGRAFIA marte - marciano / infrator - infração / absorto – absorção.

O fonema z
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
S e não Z
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
grafados segundo acordos ortográficos. sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é fose.
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti- seste.
mologia (origem da palavra). nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
empresa / difundir – difusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui- CH e não X


sinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
verbos derivados de nomes cujo radical termina com mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.
As letras “e” e “i”
Z e não S
Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo: “i”, só o ditongo interno cãibra.
macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos com
gem não termine com s): final - finalizar / concreto – con- “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói,
cretizar. possui, contribui.
consoante de ligação se o radical não terminar com “s”:
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal * Atenção para as palavras que mudam de sentido
quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (super-
Exceção: lápis + inho – lapisinho. fície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
/ emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estân-
O fonema j cia, que anda a pé), pião (brinquedo).

G e não J * Dica:
- Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ges- grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
so. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ela-
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- referência até mesmo para a criação de dicionários, pois
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. traz a grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na
Internet, o endereço é www.academia.org.br.
Exceção: pajem.
Informações importantes
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, - Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
litígio, relógio, refúgio. equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, lampar/relampadar.
mugir. - Os símbolos das unidades de medida são escritos
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plu-
gir. ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
depois da letra “a”, desde que não seja radical termina- 120km/h.
do com j: ágil, agente. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
- Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
J e não G haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. quatro segundos).
palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
manjerona. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
palavras terminadas com aje: ultraje. vertical ($).

O fonema ch Fontes de pesquisa:


http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
X e não CH tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
xucro. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, lagar- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
tixa. Saraiva, 2010.
depois de ditongo: frouxo, feixe. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Exceção: quando a palavra de origem não derive de


outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Hífen ** O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi- Lembrete da Zê!
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos Ao separar palavras na translineação (mudança de li-
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a nha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se- hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). -inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima
linha escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
tográfica: Não se emprega o hífen:

1. Em palavras compostas por justaposição que formam 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
para formarem um novo significado: tio-avô, porto-ale- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
grense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda- -fei- religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
ra, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, microrradiografia, etc.
azul-escuro.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
-menina, erva-doce, feijão-verde. trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
cola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
sumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de- segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, ta, etc.
etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- to, benquerer, benquerido, etc.
per- quando associados com outro termo que é iniciado
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. - Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. pressuposto, propor.
- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. -humano, super-realista, alto-mar.
- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, Fontes de pesquisa:
geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
super-homem. tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
termina com a mesma vogal do segundo elemento: micro
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões Armandinho, personagem do cartunista Alexandre


Beck, sabe perfeitamente empregar os parônimos “cestas”
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) “sestas” e “sextas”. Quanto ao emprego de parônimos, da-
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que das as frases abaixo,
todas as palavras estão corretas: I. O cidadão se dirigia para sua _____________ eleitoral.
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial. II. A zona eleitoral ficava ___________ 200 metros de um
B) supracitado – semi-novo – telesserviço. posto policial.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som. III. O condutor do automóvel __________ a lei seca.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto. IV. Foi encontrada uma __________ soma de dinheiro no
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor. carro.
V. O policial anunciou o __________ delito.
1-) Correção:
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta Assinale a alternativa cujos vocábulos preenchem cor-
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo retamente as lacunas das frases.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi- A) seção, acerca de, infligiu, vultosa, fragrante.
droelétrica, ultrassom B) seção, acerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto C) sessão, a cerca de, infringiu, vultosa, fragrante.
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes- D) seção, a cerca de, infringiu, vultosa, flagrante.
trutura E) sessão, a cerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
RESPOSTA: “A”.
3-) Questão que envolve ortografia.
I. O cidadão se dirigia para sua SEÇÃO eleitoral. (setor)
2-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) II. A zona eleitoral ficava A CERCA DE 200 metros de um
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que
posto policial. (= aproximadamente)
todas as palavras estão corretas:
III. O condutor do automóvel INFRINGIU a lei seca. (re-
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.
lacione com infrator)
B) supracitado – semi-novo – telesserviço.
IV. Foi encontrada uma VULTOSA soma de dinheiro no
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
carro. (de grande vulto, volumoso)
D) contrarregra – autopista – semi-aberto.
V. O policial anunciou o FLAGRANTE delito. (relacione
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.
com “pego no flagra”)
2-) Correção: Seção / a cerca de / infringiu / vultosa / flagrante
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta RESPOSTA: “D”.
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi-
droelétrica, ultrassom
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto ACENTUAÇÃO
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes-
trutura
RESPOSTA: “A”.
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por
UFAL/2014) isso, vamos às regras!

Regras básicas – Acentuação tônica

A acentuação tônica está relacionada à intensidade


com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sí-
laba tônica. As demais, como são pronunciadas com menos
intensidade, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
das como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a última sílaba. Ex.: café – coração – Belém – atum – caju –
papel

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai


na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – sapato
– passível

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LÍNGUA PORTUGUESA

Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está ** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos esti-
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano verem em uma palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu)
– médico – ônibus ainda são acentuados: dói, escarcéu.

Há vocábulos que possuem mais de uma sílaba, mas Antes Agora


em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos. assembléia assembleia
idéia ideia
Os acentos
geléia geleia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”, jibóia jiboia
“u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras represen- apóia (verbo apoiar) apoia
tam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público.
paranóico paranoico
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
aberto: herói – médico – céu (ditongos abertos).
Acento Diferencial
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: tâma-
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
ra – Atlântico – pêsames – supôs .
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
e/ou tempos verbais. Por exemplo:
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmen-
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
te abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em
de Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: mülle-
tivo do mesmo verbo).
riano (de Müller)
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
gais nasais: oração – melão – órgão – ímã
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
Regras fundamentais
Os demais casos de acento diferencial não são mais
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
Palavras oxítonas:
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes gramati-
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
cais são definidos pelo contexto.
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
Polícia para o trânsito para realizar blitz. = o primeiro
pó(s) – Belém.
“para” é verbo; o segundo, preposição (com relação de fi-
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
nalidade).
- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
** Quando, na frase, der para substituir o “por” por
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
“colocar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex: Faço isso por
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
você. / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Paroxítonas:
Regra do Hiato:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is: táxi – lápis – júri
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, for a se-
- us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
gunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
- l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
acento. Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
fórceps
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
- ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, Lu-iz,
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
sa-ir, ju-iz
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
** Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Re-
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
pare que esta palavra apresenta as terminações das paro-
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
xítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
Observação importante:
Regras especiais:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
palavras paroxítonas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Antes Agora Questões

bocaiúva bocaiuva 1-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – AUDITOR FISCAL


feiúra feiura TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – CETRO/2014 - adaptada) Assi-
nale a alternativa que contém duas palavras acentuadas
Sauípe Sauipe
conforme a mesma regra.
(A) “Hambúrgueres” e “repórter”.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
(B) “Inacreditáveis” e “repórter”.
abolido:
(C) “Índice” e “dólares”.
(D) “Inacreditáveis” e “atribuídos”.
Antes Agora (E) “Atribuídos” e “índice”.
crêem creem
1-)
lêem leem
(A) “Hambúrgueres” = proparoxítona / “repórter” = pa-
vôo voo roxítona
enjôo enjoo (B) “Inacreditáveis” = paroxítona / “repórter” = paro-
xítona
** Dica: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos (C) “Índice” = proparoxítona / “dólares” = proparoxí-
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais tona
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. (D) “Inacreditáveis” = paroxítona / “atribuídos” = regra
Repare: do hiato
1-) O menino crê em você. / Os meninos creem em você. (E) “Atribuídos” = regra do hiato / “índice” = proparo-
2-) Elza lê bem! / Todas leem bem! xítona
3-) Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que RESPOSTA: “B”.
os garotos deem o recado!
4-) Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! 2-) (SEFAZ/RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à – FUNDATEC/2014 - adaptada)
tarde! Analise as afirmações que são feitas sobre acentuação
As formas verbais que possuíam o acento tônico na gráfica.
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
portuguesa.
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
Antes Depois rios’ e ‘país’ não é a mesma.
apazigúe (apaziguar) apazigue III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente.
averigúe (averiguar) averigue IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em si-
tuação de uso, quanto à flexão de número.
argúi (arguir) argui Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa B) Apenas II e IV.
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo C) Apenas I, II e IV.
vir) D) Apenas II, III e IV.
E) I, II, III e IV.
A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles 2-)
obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm. I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
Fontes de pesquisa: portuguesa = teremos “transito” e “especifico” – serão ver-
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao. bos (correta)
htm II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- rios’ e ‘país’ não é a mesma = vários é paroxítona terminada
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. em ditongo; país é a regra do hiato (correta)
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente = há um
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: hiato, por isso a acentuação (da - í) = incorreta.
Saraiva, 2010. IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em
situação de uso, quanto à flexão de número = “vêm” é uti-
lizado para a terceira pessoa do plural (correta)
RESPOSTA: “C”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dois pontos (:)


PONTUAÇÃO
1- Antes de uma citação
Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que 2- Antes de um aposto


servem para compor a coesão e a coerência textual, além Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. tarde e calor à noite.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
depende, em certos momentos, da intenção do autor do Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente a rotina de sempre.
relacionados ao contexto e ao interlocutor.
4- Em frases de estilo direto
Principais funções dos sinais de pontuação
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
Ponto (.)

1- Indica o término do discurso ou de parte dele, en- Ponto de Exclamação (!)


cerrando o período.
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
2- Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- susto, súplica, etc.
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de pe- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
ríodo, este não receberá outro ponto; neste caso, o ponto
de abreviatura marca, também, o fim de período. Exemplo: 2- Depois de interjeições ou vocativos
Estudei português, matemática, constitucional, etc. (e não Ai! Que susto!
“etc..”) João! Há quanto tempo!

3- Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do Ponto de Interrogação (?)


ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) vedo)

4- Os números que identificam o ano não utilizam pon- Reticências (...)


to nem devem ter espaço a separá-los, bem como os nú-
meros de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. 1- Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis,
canetas, cadernos...
Ponto e Vírgula ( ; )
2- Indica interrupção violenta da frase.
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos
dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
mal... pega doutor?
(VIEIRA)

2- Separa partes de frases que já estão separadas por 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, mon- depois, o coração falar...
tanhas, frio e cobertor.
Vírgula (,)
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. Não se usa vírgula
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; * separando termos que, do ponto de vista sintático,
Caminhada na praia; ligam-se diretamente entre si:
Reunião com amigos. - entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

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LÍNGUA PORTUGUESA

- entre o verbo e seus objetos: Fontes de pesquisa:


O trabalho custou sacrifício aos http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
realizadores. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
V.T.D.I. O.D. O.I. la.htm
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere-
Usa-se a vírgula: ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Para marcar intercalação: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
dância, vem caindo de preço.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão Questões
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- 1-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014)
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
querem abrir mão dos lucros altos.

- Para marcar inversão:


a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
chadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982.

- Para separar entre si elementos coordenados (dis-


postos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

- Para marcar elipse (omissão) do verbo:


Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

- Para isolar: (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Se-


- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei- gundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontuação
ra, possui um trânsito caótico. está correta em:
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. A) Hagar disse, que não iria.
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bi-
Observações: fes e lagostas, aos vizinhos.
- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas:
são latina et cetera, que significa “e outras coisas”, seria dis- para Hagar e Helga
pensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Ha-
ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. gar à Helga.
precedido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc. E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
- As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você 1-) Correções realizadas:
falou isso para ela?! A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre ver-
bo e seu complemento (objeto)
- Temos, ainda, sinais distintivos: B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bi-
1-) a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- fes e lagostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e
ração de siglas (IOF/UPC); seu complemento (objeto)
2-) os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção para Hagar e Helga.
aos parênteses, principalmente na matemática; D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Ha-
3-) o asterisco ( * ) = usado para remeter o leitor a gar à Helga.
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
nome que não se quer mencionar. los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
RESPOSTA: “E”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRA- Concordância Verbal


BALHO – CESPE/2014 - adaptada)
A correção gramatical do trecho “Entre as bebidas al- É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
coólicas, cervejas e vinhos são as mais comuns em todo seu sujeito.
o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula
logo após a palavra “vinhos”. a) Sujeito Simples - Regra Geral
( ) CERTO ( ) ERRADO O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
em número e pessoa. Veja os exemplos:
2-) Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predi- A prova para ambos os cargos será aplicada
cado, a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo às 13h.
do sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separado 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
entre pontuações. Exemplos:
O Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
RESPOSTA: “CERTO”.
Casos Particulares
3-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014) Em
apenas uma das opções a vírgula foi corretamente empre- 1) Quando o sujeito é formado por uma expressão par-
gada. Assinale-a. titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas. um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- no singular ou no plural.
plexas. A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
fundamental. proposta.
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque-
na parte do território. Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda-
3-) los destruiu / destruíram o monumento.
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. = correta
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas = não se Observação: nesses casos, o uso do verbo no singular
separa sujeito do predicado (o sujeito está no final). enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- destaque aos elementos que formam esse conjunto.
plexas = não se separa sujeito do predicado.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e fun- 2) Quando o sujeito é formado por expressão que in-
damental = não se separa sujeito do predicado. dica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de,
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque- perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo con-
na parte do território. = não se separa sujeito do predicado corda com o substantivo.
RESPOSTA: “A”. Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas
Olimpíadas.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Observação: quando a expressão “mais de um” asso-
ciar-se a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é
obrigatório: Mais de um colega se ofenderam na discussão.
Os concurseiros estão apreensivos. (ofenderam um ao outro)
Concurseiros apreensivos.
3) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
No primeiro exemplo, o verbo estar encontra-se na ral, a concordância deve ser feita levando-se em conta a
terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve
os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreen- ficar no singular; com artigo no plural, o verbo deve ficar
sivos” está concordando em gênero (masculino) e núme- o plural.
ro (plural) com o substantivo a que se refere: concurseiros. Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gê- Estados Unidos possui grandes universidades.
nero correspondem-se. Alagoas impressiona pela beleza das praias.
A correspondência de flexão entre dois termos é a con- As Minas Gerais são inesquecíveis.
cordância, que pode ser verbal ou nominal. Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou *Quando “um dos que” vem entremeada de substanti-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, vo, o verbo pode:
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pes- o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que faça o
soa do plural) ou com o pronome pessoal. mesmo).
Quais de nós são / somos capazes? b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? poluídos (noção de que existem outros rios na mesma con-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- dição).
vadoras.
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Observação: veja que a opção por uma ou outra forma verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém Vossa Excelência está cansado?
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- Vossas Excelências renunciarão?
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e 9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. acordo com o numeral.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver Deu uma hora no relógio da sala.
no singular, o verbo ficará no singular. Deram cinco horas no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Soam dezenove horas no relógio da praça.
Algum de vós fez isso. Baterão doze horas daqui a pouco.

5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra re-
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve lógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
concordar com o substantivo. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soa quinze horas o relógio da matriz.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito. 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% do eleitorado aceita a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
1% dos alunos faltaram à prova. verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer indi-
cando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da nature-
Quando a expressão que indica porcentagem não é za. Exemplos:
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nú- Havia muitas garotas na festa.
mero. Faz dois meses que não vejo meu pai.
25% querem a mudança. Chovia ontem à tarde.
1% conhece o assunto.
b) Sujeito Composto
Se o número percentual estiver determinado por artigo
ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles: 1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo,
Os 30% da produção de soja serão exportados. a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
6) O pronome “que” não interfere na concordância; já o
“quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do singular. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fui eu que paguei a conta. Sujeito
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
Sou eu quem faz a prova. maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma-
Não serão eles quem será aprovado. neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu- terceira (eles). Veja:
mir a forma plural. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Primeira Pessoa do Plural (Nós)
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: quando o sujeito é composto, formado 5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um
(ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do mesmo grau de importância e a palavra “com” tem sentido
plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no muito próximo ao de “e”.
lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em O professor com o aluno questionaram as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su- Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
jeito mais próximo. ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Faltaram coragem e competência. O pai com o filho montou o brinquedo.
Faltou coragem e competência. O governador com o secretariado traçou os planos para
o próximo semestre.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
O professor com o aluno questionou as regras.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
Observação: com o verbo no singular, não se pode
4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez
cia é feita no plural. Observe: que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
Abraçaram-se vencedor e vencido. adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como se
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. houvesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Casos Particulares “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos “O professor questionou as regras com o aluno.”
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. *Casos em que se usa o verbo no singular:
A coragem e o destemor fez dele um herói. Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
do me satisfaz. mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
verbo ficará no plural.
3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de acor- Nordeste.
do com o valor semântico das conjunções: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe- tícia.
sia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi- feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
ção”. Já em:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Juca ou Pedro será contratado.
na vida das pessoas.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no 1) O Verbo e a Palavra “SE”
singular. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
de particular interesse para a concordância verbal:
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. b) quando é partícula apassivadora.
Um ou outro compareceu à festa. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
Nem um nem outro saiu do colégio. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no ceira pessoa do singular:
singular: Um e outro farão/fará a prova. Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos: Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Construiu-se um posto de saúde. Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Construíram-se novos postos de saúde. Duas semanas de férias é muito para mim.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas. d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará o
** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivadora verbo.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente transformar No meu setor, eu sou a única mulher.
a frase para a voz passiva. Se a frase construída for “com- Aqui os adultos somos nós.
preensível”, estaremos diante de uma partícula apassivado-
ra; se não, o “se” será índice de indeterminação. Veja: Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre-
Precisa-se de funcionários qualificados. dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo
Tentemos a voz passiva: concorda com o pronome sujeito.
Funcionários qualificados são precisados (ou precisos)? Eu não sou ela.
Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice de inde- Ela não é eu.
terminação do sujeito.
Agora: e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
Vendem-se casas. titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta! SER concordará com o predicativo.
Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu A grande maioria no protesto eram jovens.
passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per- O resto foram atitudes imaturas.
cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).
2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
sujeito.
b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
Quando o sujeito ou o predicativo for: sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
concorda com a pessoa gramatical: crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
A esperança dos pais são eles, os filhos. CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural: Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Quando o verbo SER indicar ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
tros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas denun-
ciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) Adjetivo anteposto aos substantivos: ** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
- O adjetivo concorda em gênero e número com o a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de advérbio,
substantivo mais próximo. portanto, invariável; se houver coerência com o segundo,
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. função de adjetivo, então varia:
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad-
vérbio
- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. ** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansan-
do)
b) Adjetivo posposto aos substantivos: 7) Quando um único substantivo é modificado por dois
- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as cons-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural se truções:
houver substantivo feminino e masculino). a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espanhola
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. e a portuguesa.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e portu-
Observação: os dois últimos exemplos apresentam guesa.
maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se
refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi Casos Particulares
flexionado no plural masculino, que é o gênero predomi-
nante quando há substantivos de gêneros diferentes. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido
- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
A beleza e a inteligência feminina(s). adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem
O carro e o iate novo(s). possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo).
É proibido entrada de crianças.
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: Em certos momentos, é necessário atenção.
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substan- No verão, melancia é bom.
tivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água É preciso cidadania.
é bom para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.

b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
modificado por um artigo ou qualquer outro determinati- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
vo: Esta água é boa para saúde. como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os Esta salada é ótima.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as A educação é necessária.
muito felizes. São precisas várias medidas na educação.

5) Nas expressões formadas por pronome indefinido Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + te
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino sin-
gular: Os jovens tinham algo de misterioso. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- Seguem anexas as documentações requeridas.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a que A menina agradeceu: - Muito obrigada.
se refere: Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Cristina saiu só. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Cristina e Débora saíram sós. Estamos quites com nossos credores.

Observação: quando a palavra “só” equivale a “somen-


te” ou “apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto,
invariável: Eles só desejam ganhar presentes.

56
LÍNGUA PORTUGUESA

Bastante - Caro - Barato - Longe Questões

Estas palavras são invariáveis quando funcionam como 1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA
advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan- E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS-
do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu- TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar
merais. satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro- Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
nome adjetivo) concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) Excelência”.
As casas estão caras. (adjetivo) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) 1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
Meio - Meia masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar
a) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi de tratamento, apenas).
meia porção de polentas. RESPOSTA: “ERRADO”.
b) Quando empregada como advérbio permanece in- 2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
variável: A candidata está meio nervosa. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados
** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”,
saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a
candidata está um pouco nervosa”.
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver-
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão,
Alerta - Menos
deveria ser
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
sempre invariáveis.
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no eleva-
Os concurseiros estão sempre alerta.
dor.
Não queira menos matéria!
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no eleva-
* Tome nota! dor.
Não variam os substantivos que funcionam como ad- (E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
jetivos:
Bomba – notícias bomba 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”, in-
Chave – elementos chave direto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais não
Monstro – construções monstro gosto.
Padrão – escola padrão RESPOSTA: “E”.

Fontes de pesquisa: 3-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Considerada a


http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. substituição do segmento grifado pelo que está entre pa-
php rênteses ao final da transcrição, o verbo que deverá perma-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- necer no singular está em:
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: (A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os pes-
Saraiva, 2010. quisadores)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ruína dessa sociedade... (as mudanças do clima)
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- (C) No sistema havia também uma estação... (várias es-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. tações)
(D) ... a civilização maia da América Central tinha um
método sustentável de gerenciamento da água. (os povos
que habitavam a América Central)
(E) Um estudo publicado recentemente mostra que a
civilização maia... (Estudos como o que acabou de ser pu-
blicado).

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) 1-) Verbos Intransitivos


(A) ... disse (disseram) (os pesquisadores)
(B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (con- Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
tribuíram) (as mudanças do clima) importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
no singular - Chegar, Ir
(D) ... a civilização maia da América Central tinha (ti- Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
nham) (os povos que habitavam a América Central) biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
(E) Um estudo publicado recentemente mostra (mos- indicar destino ou direção são: a, para.
tram) (Estudos como o que acabou de ser publicado). Fui ao teatro.
RESPOSTA: “C”. Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
- Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome último jogo.
(regência nominal) e seus complementos.
2-) Verbos Transitivos Diretos
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
Os verbos transitivos diretos são complementados por
A regência verbal estuda a relação que se estabelece objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
entre os verbos e os termos que os complementam (obje- para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regência, o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
o que corresponde à diversidade de significados que estes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
verbos podem adquirir dependendo do contexto em que bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
forem empregados. formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con- lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
tentar. São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agra- donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
do ou prazer”, satisfazer. admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
dar a alguém”. eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido daquilo que está sen- Amam aquele rapaz. / Amam-no.
do dito. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Observação: os pronomes lhe, lhes só acompanham
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. adjuntos adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite às crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
A voluntária distribuía leite com as crianças. reira)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- mor)
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). 3-) Verbos Transitivos Indiretos

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
formas em frases distintas. regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-

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LÍNGUA PORTUGUESA

ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são Informar
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- Informe os novos preços aos clientes.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos preços)
lhe, lhes.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: as construções:
- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
iguais para todos.
bre eles)
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
Observação: a mesma regência do verbo informar é
tos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientifi-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. car, prevenir.

- Responder - Tem complemento introduzido pela pre- Comparar


posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
quem” ou “ao que” se responde. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Respondi ao meu patrão. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondemos às perguntas. uma criança.
Respondeu-lhe à altura.
Pedir
Observação: o verbo responder, apesar de transitivo Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
voz passiva analítica: pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen- Pedi-lhe favores.
te.
Objeto Indireto Objeto Direto
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
tos introduzidos pela preposição “com”.
Antipatizo com aquela apresentadora. Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover- tantiva Objetiva Direta
nam para uma minoria privilegiada.
Saiba que:
4-) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos - A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- licença estiver subentendida.
que, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto
indireto relacionado a pessoas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
Agradeço aos ouvintes a audiência. vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Objeto Indireto Objeto Direto
Preferir
Paguei o débito ao cobrador. Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Objeto Direto Objeto Indireto
direto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado: Prefiro trem a ônibus.
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Observação: na língua culta, o verbo “preferir” deve
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito,
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é
Paguei minhas contas. / Paguei-as. dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- CHAMAR


cado - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen- má-la.
to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
guístico muito importante, pois além de permitir a correta
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi-
estão: cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
AGRADAR A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
- Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Aquele comerciante agrada os clientes.
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar CUSTAR
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento in- - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
troduzido pela preposição “a”. valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
O cantor não agradou aos presentes. Frutas e verduras não deveriam custar muito.
O cantor não lhes agradou.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
*O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
O cantor desagradou à plateia. duzida de infinitivo.

ASPIRAR Muito custa viver tão longe da família.


- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi- Verbo Intransitivo Oração Subordinada
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Custou-me (a mim) crer nisso.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi- Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
rávamos a ele) tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- *A Gramática Normativa condena as construções que
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. pessoa: Custei para entender o problema. = Forma
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= As- correta: Custou-me entender o problema.
piravam a ela)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
ASSISTIR
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
ciar, estar presente, caber, pertencer. econômicas.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Essa lei assiste ao inquilino. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.
*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de NAMORAR
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
conturbada cidade. anos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

OBEDECER - DESOBEDECER Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-


- Sempre transitivo indireto: brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Todos obedeceram às regras. alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
Ninguém desobedece às leis. gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
*Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
PROCEDER Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter momentos é sujeito)
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto SIMPATIZAR - ANTIPATIZAR
adverbial de modo. - São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
As afirmações da testemunha procediam, não havia Não simpatizei com os jurados.
como refutá-las. Simpatizei com os alunos.
Você procede muito mal.
Importante: A norma culta exige que os verbos e ex-
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- pressões que dão ideia de movimento sejam usados com
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido a preposição “a”:
pela preposição “a”) é transitivo indireto. Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
O avião procede de Maceió. Cláudia desceu ao segundo andar.
Procedeu-se aos exames. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
O delegado procederá ao inquérito.
Regência Nominal
QUERER
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter É o nome da relação existente entre um nome (subs-
vontade de, cobiçar. tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
Querem melhor atendimento. nome. Essa relação é sempre intermediada por uma prepo-
Queremos um país melhor. sição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos. um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
VISAR nomes correspondentes: todos regem complementos in-
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi- troduzidos pela preposição a. Veja:
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo. Obedecer a algo/ a alguém.
O gerente não quis visar o cheque. Obediente a algo/ a alguém.

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Se uma oração completar o sentido de um nome, ou
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
O ensino deve sempre visar ao progresso social. completiva nominal (subordinada substantiva).
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
nal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,


exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
to, transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: para-
lela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões

1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta da
língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo


A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. = prefiro viajar (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
de ônibus a dirigir sujeito e predicado.
B) Eu esqueci do seu nome. = Eu me esqueci do seu O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
nome em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
C) Você assistiu à cena toda? = correta tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
D) Ele chegou na oficina pela manhã. = Ele chegou à frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
oficina pela manhã que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
E) Sempre obedeço as leis de trânsito. = Sempre obe- a declaração do que se atribui ao sujeito.
deço às leis de trânsito Quando o núcleo da declaração está no verbo (que in-
RESPOSTA: “C”. dique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signi-
ficativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predi-
MÉDICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o se- cado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
guinte trecho para responder à questão. que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta imuno- (predicado verbal)
lógica melhor a essa medida, similar _______________ . A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
A alternativa que completa, corretamente, o texto é: cleo é “fácil” (predicado nominal)
(A) das mulheres
(B) às mulheres Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
(C) com das mulheres por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
(D) à das mulheres completo. O período pode ser simples ou composto.
(E) ao das mulheres
Período simples é aquele constituído por apenas uma
oração, que recebe o nome de oração absoluta.
2-) Similar significa igual; sua regência equivale à da
Chove.
palavra “igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (su-
A existência é frágil.
bentendido: resposta imunológica) das mulheres.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
RESPOSTA: “D”.
Período composto é aquele constituído por duas ou
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Termos essenciais da oração
TERMOS DA ORAÇÃO
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem orações
formadas exclusivamente pelo predicado. O que define a
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo que es-
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por tabelece concordância com o verbo.
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato- O candidato está preparado.
riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou Os candidatos estão preparados.
muito ontem à noite.
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
(sem a presença de verbos), feita a partir de seus elementos estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu no singular: candidato = está).
sentido global: A função do sujeito é basicamente desempenhada por
- frases interrogativas = o emissor da mensagem for- substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora-
mula uma pergunta: Que dia é hoje? ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras
- frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz palavras substantivadas (derivação imprópria) também po-
um pedido: Dê-me uma luz! dem exercer a função de sujeito.
- frases exclamativas = o emissor exterioriza um estado Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
afetivo: Que dia abençoado! tantivo)
- frases declarativas = o emissor constata um fato: A Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
prova será amanhã. plo: substantivo)

63
LÍNGUA PORTUGUESA

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: 1-) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
sujeito. Bateram à porta;
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado nistro.
pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é * Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
possível identificar claramente a que se refere a concor- ou composto:
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte- Os meninos bateram à porta. (simples)
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Estão gritando seu nome lá fora.
Trabalha-se demais neste lugar. 2-) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- verbos que não apresentam complemento direto:
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Precisa-se de mentes criativas.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Vivia-se bem naqueles tempos.
sublinhei os núcleos dos sujeitos: Trata-se de casos delicados.
Nós estudaremos juntos. Sempre se está sujeito a erros.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma indeterminação do sujeito.
derivação imprópria, transformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre- sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
sos de orações sem sujeito com:
senta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.
1-) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Está trovejando.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
2-) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Está tarde.
desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.
* Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segun- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
da do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os prono- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
mes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
na desinência verbal “-mos” do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- do sujeito numa oração é o seu predicado.
nência verbal “-ais” Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós * Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós cado.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer - As questões estavam fáceis!


ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito simples = as questões
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = estavam fáceis
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermina- Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
do de duas maneiras: Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento

64
LÍNGUA PORTUGUESA

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no- duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
também se as palavras que formam o predicado referem- verbal e outro nominal.
se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
de opinião. o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
Predicado
Termos integrantes da oração
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
direta ou indiretamente ao verbo. complemento nominal são chamados termos integrantes da
A cidade está deserta. oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a diretamente, sem a presença de preposição, ou indireta-
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo mente, por intermédio de preposição.
do sujeito).
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo mente ao verbo.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano. Queremos sua ajuda.
Estudei muito hoje!
O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Compraste a apostila?
te:
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro-
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
cessos.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da Vossa Senhoria.
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, - para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do a crise)
sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como ele- retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele rela- Gosto de música popular brasileira.
cionadas. Necessito de ajuda.
* A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. O termo que integra o sentido de um nome chama-se
complemento nominal, que se liga ao nome que comple-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- ta por intermédio de preposição:
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao “necessária”
sujeito ou ao complemento verbal (objeto). Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por in- Termos acessórios da oração e vocativo
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
termo a que se refere. Os termos acessórios recebem este nome por serem
1- O dia amanheceu ensolarado; explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
2- As mulheres julgam os homens inconstantes. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo
– este, sem relação sintática com outros temos da oração.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o lor na oração, em:
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a mundo.
pé àquela velha praça. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
adverbial são: tudo forma o carnaval.
- assunto: Falavam sobre futebol. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- causa: As folhas caíram com o vento. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- companhia: Ficarei com meus pais.
- concessão: Apesar de você, serei feliz. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
- dúvida: Talvez ainda chova. relação sintática com outro termo da oração. A função de
- fim: Estudou para o exame. vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
- instrumento: Fez o corte com a faca. substantivos, numerais e palavras substantivadas esse pa-
- intensidade: Falava bastante.
pel na linguagem.
- lugar: Vou à cidade.
João, venha comigo!
- matéria: Este prato é feito de porcelana.
Traga-me doces, minha menina!
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. Questões

O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- 1-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função UFAL/2014 - adaptada)
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais
e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substan-


tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predi-
cativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ad-
junto adnominal)

O poeta português deixou uma obra inacabada. O cartaz acima divulga a peça de teatro “Quem tem
O poeta deixou-a inacabada. medo de Virginia Woolf?” escrita pelo norte-americano
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do Edward Albee. O termo “de Virginia Woolf”, do título em
objeto)
português da peça, funciona como:
A) objeto indireto.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
B) complemento nominal.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto adnominal se
relaciona apenas ao substantivo. C) adjunto adnominal.
D) adjunto adverbial.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, E) agente da passiva.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um ter-
mo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda- 1-) O termo complementa a palavra “medo”, que é
feira, passei o dia mal-humorado. substantivo (nome – nominal). Portanto é um complemen-
to nominal. O verbo “ter” tem como complemento verbal
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo (objeto) a palavra “medo”, que exerce a função sintática de
“ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo objeto direto.
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira RESPOSTA: “B”.
passei o dia mal-humorado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) Coordenadas Assindéticas


... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com- São orações coordenadas entre si e que não são liga-
plemento que o da frase acima está em: das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos-
(A) A Rota da Seda nunca foi uma rota única... tas.
(B) Esses caminhos floresceram durante os primórdios Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
da Idade Média.
(C) ... viajavam por cordilheiras... Coordenadas Sindéticas
(D) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
(E) O maquinista empurra a manopla do acelerador. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en-
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor-
2-) Acompanhar é transitivo direto (acompanhar quem denativa, que dará à oração uma classificação. As orações
ou o quê - não há preposição): coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos:
A = foi = verbo de ligação (ser) – não há complemento, aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicati-
mas sim, predicativo do sujeito (rota única); vas.
B = floresceram = intransitivo (durante os primórdios =
adjunto adverbial); ** Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
C = viajavam = intransitivo (por cordilheiras = adjunto Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
adverbial); cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
D = cair = intransitivo; só... como, assim... como.
E = empurra = transitivo direto (empurrar quem ou o Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
quê?) Comprei o protetor solar e fui à praia.
RESPOSTA: “E”.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
Período Composto por Coordenação principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
O período composto se caracteriza por possuir mais de Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
uma oração em sua composição. Sendo assim: Li tudo, porém não entendi!
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração) Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas seja...seja.
orações) Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
orações). principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer Passei no concurso, portanto comemorarei!
entre as orações de um período composto: uma relação de A situação é delicada; devemos, pois, agir.
coordenação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am- de, pois (anteposto ao verbo).
bas, estruturas individuais, como é o exemplo de: Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. mingo.
(Período Composto) Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar. Período Composto Por Subordinação
2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são independen- Quero que você seja aprovado!
tes. Tal período é classificado como Período Composto Oração principal oração subordinada
por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- Observe que na oração subordinada temos o verbo
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
Sindéticas. do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver-
bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.

67
LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos modificar o período acima. Veja: * Atenção: Observe que a oração subordinada subs-
tantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim,
Quero ser aprovado. temos um período simples:
Oração Principal Oração Subordinada É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- a função de sujeito.
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordi- principal:
nada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, - Verbos de ligação + predicativo, em construções do
desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí- claro - Está evidente - Está comprovado
pio) chamamos orações reduzidas ou implícitas. É bom que você compareça à minha festa.
* Observação: as orações reduzidas não são introdu-
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se,
zidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
eventualmente, introduzidas por preposição.
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
1-) Orações Subordinadas Substantivas

A oração subordinada substantiva tem valor de subs- - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- importar - ocorrer - acontecer
grante (que, se). Convém que não se atrase na entrevista.

Não sei se sairemos hoje. Observação: quando a oração subordinada substanti-


Oração Subordinada Substantiva va é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na
3.ª pessoa do singular.
Temos medo de que não sejamos aprovados.
Oração Subordinada Substantiva b) Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
do verbo da oração principal:
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem Todos querem sua aprovação no concurso.
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, Objeto Direto
como).
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
O garoto perguntou qual seu nome. querem isso)
Oração Subordinada Subs- Oração Principal oração Subordinada Substantiva
tantiva Objetiva Direta

Não sabemos quando ele virá. As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
Oração Subordinada Substan- (desenvolvidas) são iniciadas por:
tiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
Classificação das Orações Subordinadas Substanti-
vas
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
Conforme a função que exerce no período, a oração
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
subordinada substantiva pode ser:
a) Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
É fundamental o seu comparecimento à reu- não sei por que ela fez isso.
nião.
Sujeito c) Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental que você compareça à
reunião. Meu pai insiste em meu estudo.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Objeto Indireto
tiva Subjetiva

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LÍNGUA PORTUGUESA

Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste 2-) Orações Subordinadas Adjetivas
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Objetiva Indireta valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
Observação: em alguns casos, a preposição pode estar a função de adjunto adnominal do antecedente.
elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
Objetiva Indireta minal)

d) Completiva Nominal = completa um nome que O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
pertence à oração principal e também vem marcada por “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
preposição. construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:

Sentimos orgulho de seu comportamento. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Complemento Nominal Oração Principal Oração Subordinada
Adjetiva
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
timos orgulho disso.) Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Oração Subordinada Substantiva adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Completiva Nominal feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- uma função sintática na oração subordinada: ocupa o pa-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto pel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso,
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma sujeito).
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Observação: para que dois períodos se unam num
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
período composto, altera-se o modo verbal da segunda
segundo, um nome.
oração.
e) Predicativa = exerce papel de predicativo do sujei-
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
to do verbo da oração principal e vem sempre depois do
conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
verbo ser.
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Nosso desejo era sua desistência. Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é
Predicativo do Sujeito equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
era isso)
Oração Subordinada Substantiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativa apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Observação: em certos casos, usa-se a preposição ex- das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
pletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
que não fui bem na prova. (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- particípio).
mo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome re-
Oração subordinada lativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito per-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo feito do indicativo. No segundo, há uma oração subordina-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) da adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo
e seu verbo está no infinitivo.
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! (:)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que caracteri- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
zam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas minha vida.
maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especifi-
cam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração
que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o ante-
“Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
cedente, que já se encontra suficientemente definido. Estas
nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1: é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
passava naquele momento. pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Oração obtendo-se:
Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
vida.
No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o uni- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
mas sim àquele que estava passando naquele momento. preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Exemplo 2: Observação: a classificação das orações subordinadas


O homem, que se considera racional, muitas vezes age adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos
animalescamente. adjuntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa pela oração.
Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo
Orações Subordinadas Adverbiais
em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explici-
ta uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
“homem”. a) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
** Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicati- que se declara na oração principal. Principal conjunção su-
va é separada da oração principal por uma pausa que, na bordinativa causal: porque. Outras conjunções e locuções
escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que causais: como (sempre introduzido na oração anteposta à
a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as ora- oração principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto
ções explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm que.
sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Já que você não vai, eu também não vou.
3-) Orações Subordinadas Adverbiais
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce sindética explicativa é que esta “explica” o fato que aconte-
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. ceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta
Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, a “causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela
causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem se subordina. Repare:
introduzida por uma das conjunções subordinativas (com
1-) Faltei à aula porque estava doente.
exclusão das integrantes, que introduzem orações subor-
2-) Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
dinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a con-
junção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro que o
acontece com as coordenadas sindéticas). fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de estar
doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a oração
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. sublinhada relata um fato que aconteceu depois, já que
Oração Subordinada Adverbial primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram vermelhos.
b) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal. São in-
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adver- troduzidas pelas conjunções e locuções: que, de forma que,
bial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que, tan-
que indicam uma circunstância referente, via de regra, a to...que, tamanho...que.
um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
exata compreensão da circunstância que exprime. (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)

70
LÍNGUA PORTUGUESA

Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
cretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- nativa final: a fim de. Outras conjunções finais: que, porque
da de Infinitivo) (= para que) e a locução conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um fato. As
orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
que deve ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
se realizar - o fato expresso na oração principal. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: à
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio-
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me-
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais),
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me-
certamente o melhor time será campeão. nos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
mos.
d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradição ou
um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
ligada ao contraste, à quebra de expectativa. Principal con- expresso na oração principal, podendo exprimir noções de
junção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam- simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal
bém a conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con-
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locu-
Só irei se ele for. ções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com:
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
Irei mesmo que ele não vá.
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
Fontes de pesquisa:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con-
se-periodo-e-oracao
cessiva.
Observe outros exemplos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Embora fizesse calor, levei agasalho. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

e) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais CRASE


comparativas estabelecem uma comparação com a ação
indicada pelo verbo da oração principal. Principal conjun-
ção subordinativa comparativa: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
Você age como criança. (age como uma criança age) idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro-
*geralmente há omissão do verbo. nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com
o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
f) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para a acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às
execução do que se declara na oração principal. Principal quais.
conjunção subordinativa conformativa: conforme. Outras O uso do acento indicativo de crase está condicionado
conjunções conformativas: como, consoante e segundo (to- aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e no-
das com o mesmo valor de conforme). minal, mais precisamente ao termo regente e termo regido.
Fiz o bolo conforme ensina a receita. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm complemento regido pela preposição “a”, e o termo regido
direitos iguais. é aquele que completa o sentido do termo regente, admi-
tindo a anteposição do artigo a(s).

71
LÍNGUA PORTUGUESA

Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
tratada recentemente. verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:
Após a junção da preposição com o artigo (destacados - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pres-
entre parênteses), temos: sas, à vontade...
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
recentemente. de...
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, clas-
sifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referi- * Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
mos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome Eu adoro a noite!
demonstrativo aquela (àquela). Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Observação importante: Alguns recursos servem de preposição.
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não da
crase. Eis alguns: Casos passíveis de nota:
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase *a crase é facultativa diante de nomes próprios femini-
está confirmada. nos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. *também é facultativa diante de pronomes possessivos
femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expres- *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja ficará
são “voltar da”, há a confirmação da crase. aberta até as (às) dezoito horas.
Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
Não me esqueço da viagem a Roma.
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão por
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
mais vividos.
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
a queima de fogos a distância.
está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou arremessado à distância de cem metros.
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?) - De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade -,
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) faz-se necessário o emprego da crase.
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifica- Ensino à distância.
do, ocorrerá crase. Veja: Ensino a distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” * Em locuções adverbiais formadas por palavras repeti-
Irei à Salvador de Jorge Amado. das, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
* A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Eu o seguirei passo a passo.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
gente exigir complemento regido da preposição “a”. Casos em que não se admite o emprego da crase:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) * Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Iremos àquela reunião. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
* Antes de verbos no infinitivo.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian- Ele estava a cantar.
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança) Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Antes de numeral. Questões


O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países. 1-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
FE/2014) Assinale a alternativa que preenche corretamente
Observação: as lacunas da frase a seguir.
- Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio- Quando________ três meses disse-me que iria _________
nando como uma locução adverbial feminina – ocorrerá Grécia para visitar ___ sua tia, vi-me na obrigação de ajudá
crase: Os passageiros partirão às dezenove horas. -la _______ resgatar as milhas _________ quais tinha direito.
A-) a - há - à - à - às
- Diante de numerais ordinais femininos a crase está B-) há - à - a - a – às
confirmada, visto que estes não podem ser empregados C-) há - a - há - à - as
sem o artigo: As saudações foram direcionadas à primeira D-) a - à - a - à - às
aluna da classe. E-) a - a - à - há – as
- Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quan- 1-) Quando HÁ (sentido de tempo) três meses disse-
do essa não se apresentar determinada: Chegamos todos
me que iria À (“vou a, volto da, crase há!”) Grécia para vi-
exaustos a casa.
sitar A (artigo) sua tia, vi-me na obrigação de ajudá-la A
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto ad-
(ajudar “ela” a fazer algo) resgatar as milhas ÀS quais tinha
nominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaus-
direito (tinha direito a quê? às milhas – regência nominal).
tos à casa de Marcela.
Teremos: há, à, a, a, às.
- não há crase antes da palavra “terra”, quando essa RESPOSTA: “B”.
indicar chão firme: Quando os navegantes regressaram a
terra, já era noite. 2-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
Contudo, se o termo estiver precedido por um deter- VUNESP/2014)
minante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de tra-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. balho para proceder _____ medidas necessárias _____ exu-
O astronauta voltou à Terra. mação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart,
sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de
- não ocorre crase antes de pronomes que requerem o Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente morreu
uso do artigo. de causas naturais, ou seja, devido ____ uma parada cardía-
Os livros foram entregues a mim. ca – que tem sido a versão considerada oficial até hoje –, ou
Dei a ela a merecida recompensa. se sua morte se deve ______ envenenamento.
(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,-
Observação: Pelo fato de os pronomes de tratamento governo-cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jan-
relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, go,1094178,0.htm 07. 11.2013. Adaptado)
o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede, no
caso de o termo regente exigir a preposição. Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. cunas da frase devem ser completadas, correta e respecti-
vamente, por
*não ocorre crase antes de nome feminino utilizado em (A) a ... à ... a ... a
sentido genérico ou indeterminado: (B) as ... à ... a ... à
Estamos sujeitos a críticas. (C) às ... a ... à ... a
Refiro-me a conversas paralelas. (D) à ... à ... à ... a
(E) a ... a ... a ... à
Fontes de pesquisa:
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.
2-) A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de
html
trabalho para proceder a medidas (palavra no plural, ge-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. neralizando) necessárias à (regência nominal pede prepo-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- sição) exumação dos restos mortais do ex-presidente João
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Goulart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exu-
Saraiva, 2010. mação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presi-
dente morreu de causas naturais, ou seja, devido a uma
(artigo indefinido) parada cardíaca – que tem sido a versão
considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se deve a
(regência verbal) envenenamento. A / à / a / a
RESPOSTA: “A”.

73
LÍNGUA PORTUGUESA

3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram lhe disse isso?
uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade
de Tikal, na Guatemala. 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
O a empregado na frase acima, imediatamente depois se ofendem!
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso o
segmento grifado seja substituído por: 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
(A) Uma tal ilação. Que Deus o ajude.
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
(D) Emitir uma opinião desse tipo. reto ou sujeito expresso:
(E) Semelhante resultado. Eu lhe entregarei o material amanhã.
Tu sabes cantar?
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento grave Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
antes de artigo) verbo. A mesóclise é usada:
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (antes
de palavra no plural e o “a” no singular) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
vação precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
(verbo no infinitivo) em prol da paz no mundo.
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pala- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
vra masculina) lizará”:
RESPOSTA: “C”. realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma palavra
que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria. Veja:
Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanha-
ria nessa viagem).
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
pronomes oblíquos átonos na frase. ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
possíveis:
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função
de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: 1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
OBlíquo = OBjeto! Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- era minha intenção machucá-la.
vem ser observadas na linguagem escrita.
3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A inicia período com pronome oblíquo).
próclise é usada: Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h.
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, no concurso, mudo-me hoje mesmo!
jamais, etc.: Não se desespere!
b) Advérbios: Agora se negam a depor. 5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem posta fazendo-se de desentendida.
tudo!
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es- Colocação pronominal nas locuções verbais
forçou. - após verbo no particípio = pronome depois do verbo
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportuni- auxiliar (e não depois do particípio):
dade. Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. Eu me tenho deliciado com a leitura!

74
LÍNGUA PORTUGUESA

- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indireto.
Como temos a presença do “que” – independente de sua
- quando há um fator para próclise nos tempos com- função no período (pronome relativo, no caso!) – a regra
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo): que a re-
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocupar conhecem.
(e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.

Observações importantes: 2-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substitui-


ção do elemento grifado pelo pronome correspondente foi
Emprego de o, a, os, as realizada de modo INCORRETO em:
1) Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
pronomes: o, a, os, as não se alteram. (B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
Chame-o agora. (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
Deixei-a mais tranquila. (D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na
2) Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: 2-)
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu = cor-
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. reta
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = correta
3) Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, (C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, na, (D) que desviava a água = que lhe desviava = que a
nos, nas. desviava
Chamem-no agora. (E) supriam a necessidade = supriam-na = correta
Põe-na sobre a mesa. RESPOSTA: “D”.

* Dica: 3-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que significa cruzando os desertos do oeste da China − que con-
“antes”! Pronome antes do verbo! tornam a Índia − adotam complexas providências
Ênclise – “en”... lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, em In- Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
glês – que significa “fim, final!). Pronome depois do verbo! grifados acima foram corretamente substituídos por um
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo pronome, respectivamente, em:
Pronome Oblíquo – função de objeto (A) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
(B) cruzando-lhes - que contornam-na - as adotam
Fontes de pesquisa: (C) cruzando-os - que lhe contornam - adotam-lhes
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao (D) cruzando-os - que a contornam - adotam-nas
-pronominal-.html (E) lhes cruzando - que contornam-a - as adotam
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-) Não podemos utilizar “lhes”, que corresponde ao
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- objeto indireto (verbo “cruzar” pede objeto direto: cruzar
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: o quê?), portanto já desconsideramos as alternativas “B”
Saraiva, 2010. e “D”. Ao iniciarmos um parágrafo ( já que no enunciado
temos uma oração assim) devemos usar ênclise: (cruzan-
Questões do-os); na segunda oração temos um pronome relativo (dá
para substituirmos por “o qual”), o que nos obriga a usar
1-) (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – ADMINIS- a próclise (que a contorna); “adotam” exige objeto direto
TRAÇÃO - CESGRANRIO/2014) Em “Há políticas que reco- (adotam quem ou o quê?), chegando à resposta: adotam-
nhecem a informalidade”, ao substituir o termo destacado nas (quando o verbo terminar em “m” e usarmos um pro-
por um pronome, de acordo com a norma-padrão da lín- nome oblíquo direto, lembre-se do alfabeto: jklM – N!).
gua, o trecho assume a formulação apresentada em: RESPOSTA: “D”.
A) Há políticas que a reconhecem.
B) Há políticas que reconhecem-a.
C) Há políticas que reconhecem-na.
D) Há políticas que reconhecem ela.
E) Há políticas que lhe reconhecem.

75
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou


SIGNIFICADO DAS PALAVRAS perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.);
livre (adj.) e livre (verbo).
Semântica é o estudo da significação das palavras e
das suas mudanças de significação através do tempo ou - Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
em determinada época. A maior importância está em dis- rém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor-
Sinônimos rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto (medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi-
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando, priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
em determinado enunciado (aguardar e esperar). (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
afundar).
Observação: A contribuição greco-latina é responsá-
vel pela existência de numerosos pares de sinônimos: ad- Hiperonímia e Hiponímia
versário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem
hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipô-
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
nimo uma palavra de sentido mais específico; o hiperôni-
mo, mais abrangente.
Antônimos
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipôni-
mo, criando, assim, uma relação de dependência semânti-
São palavras que se opõem através de seu significado:
ca. Por exemplo: Veículos está numa relação de hiperoní-
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; mia com carros, já que veículos é uma palavra de significa-
mal - bem. do genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é
um hiperônimo de carros.
Observação: A antonímia pode se originar de um pre- Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- repetição desnecessária de termos.
ticomunista; simétrico e assimétrico.
Fontes de pesquisa:
Homônimos e Parônimos http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
tonimos,-homonimos-e-paronimos
- Homônimos = palavras que possuem a mesma grafia SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. Podem coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ser Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
a) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- Saraiva, 2010.
rentes na pronúncia: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
rego (subst.) e rego (verbo); ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
colher (verbo) e colher (subst.); XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por-
jogo (subst.) e jogo (verbo); tuguesa – 2ªed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
providência (subst.) e providencia (verbo). Denotação e Conotação

b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Exemplos de variação no significado das palavras:
ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li-
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); teral)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
censo (recenseamento) e senso ( juízo); figurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)

76
LÍNGUA PORTUGUESA

As variações nos significados das palavras ocasionam Polissemia


o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
Denotação um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados dentro
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando de seu próprio campo semântico.
apresenta seu significado original, independentemente Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconheci- algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em
do e muitas vezes associado ao primeiro significado que consideração as situações de aplicabilidade. Há uma infini-
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da dade de exemplos em que podemos verificar a ocorrência
palavra. da polissemia:
A denotação tem como finalidade informar o receptor O rapaz é um tremendo gato.
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca- O gato do vizinho é peralta.
ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor- Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medi- Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
camentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, sobrevivência
por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pe- O passarinho foi atingido no bico.
daço de madeira. Outros exemplos:
O elefante é um mamífero. Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
As estrelas deixam o céu mais bonito! computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
Conotação de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes in- formato quadriculado que têm.
terpretações, dependendo do contexto em que esteja inse-
rida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que vão Polissemia e homonímia
além do sentido original da palavra, ampliando sua signifi-
cação mediante a circunstância em que a mesma é utiliza- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
da, assumindo um sentido figurado e simbólico. Como no comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomei quando duas ou mais palavras com origens e significados
pau no concurso). distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- monímia.
tos no receptor da mensagem, através da expressividade e A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em polissemia porque os diferentes significados para a pala-
conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu- vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra
blicitários, entre outros. Exemplos: polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto,
Você é o meu sol! o texto de uma canção ou a caligrafia de um determinado
Minha vida é um mar de tristezas. indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão in-
Você tem um coração de pedra! terligados porque remetem para o mesmo conceito, o da
escrita.
* Dica: Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado Polissemia e ambiguidade
com o sentido que consta no dicionário.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
Fontes de pesquisa: interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota- ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
cao/ ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: temente são felizes.
Saraiva, 2010. Neste caso podem existir duas interpretações diferen-
tes:

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LÍNGUA PORTUGUESA

As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli- Observação: toda metáfora é uma espécie de compa-
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada. ração implícita, em que o elemento comparativo não apa-
rece.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela Seus olhos são como luzes brilhantes.
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre- O exemplo acima mostra uma comparação evidente,
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan- através do emprego da palavra como.
te saber qual o contexto em que a frase é proferida. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co- ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
micidade. Repare na figura abaixo: qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta
é a verdadeira metáfora.

Observe outros exemplos:


1) “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Pessoa)
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a
fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar


(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- algum.
cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que
indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente
mas duas seriam:
inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é
Corte e coloração capilar
tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de
ou
terra que leva a lugar algum.
Faço corte e pintura capilar
A Amazônia é o pulmão do mundo.
Fontes de pesquisa:
Em sua mente povoa só inveja.
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
htm Metonímia
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: É a substituição de um nome por outro, em virtude de
Saraiva, 2010. existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pode acontecer dos seguintes modos:
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
Figura de Linguagem, Pensamento e Construção Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (=
Figura de Palavra As lâmpadas iluminam o mundo).
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes
A figura de palavra consiste na substituição de uma da cruz. (= Não te afastes da religião).
palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, 4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso
seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja Havana. (= Fumei um saboroso charuto).
por uma associação, uma comparação, uma similaridade. 5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Só-
Estes dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - crates tomou veneno).
permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras: 6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu
a metáfora e a metonímia. trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
duzo).
Metáfora 7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em 8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfo-
lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em vir- nes foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
tude da circunstância de que o nosso espírito as associa dos jogadores).
e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da 9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apres-
palavra fora de seu sentido normal. sadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).

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LÍNGUA PORTUGUESA

10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e so- Fontes de pesquisa:


frem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.
mundo). php
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
chamadas, não apenas uma mulher). Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
(= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). Saraiva, 2010.
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (=
Alguns astronautas foram à Lua). Antítese
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança pen-
derá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). Consiste no emprego de palavras que se opõem quan-
to ao sentido. O contraste que se estabelece serve, essen-
Saiba que: Sinédoque se relaciona com o conceito de cialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos
extensão (como nos exemplos 9, 10 e 11, acima), enquanto que não se conseguiria com a exposição isolada dos mes-
que a metonímia abrange apenas os casos de analogia ou mos. Observe os exemplos:
de relação. Não há necessidade, atualmente, de se fazer “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
distinção entre ambas as figuras. O corpo é grande e a alma é pequena.
“Quando um muro separa, uma ponte une.”
Catacrese Não há gosto sem desgosto.

Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Paradoxo ou oximoro
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, É a associação de ideias, além de contrastantes, contra-
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar ditórias. Seria a antítese ao extremo.
algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
“asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da Ouvimos as vozes do silêncio.
mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
Eufemismo
Perífrase ou Antonomásia
É o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre
ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera,
Trata-se de uma expressão que designa um ser através
desagradável ou chocante.
de alguma de suas características ou atributos, ou de um
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor.
fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por
(= morreu)
outro ou por uma expressão que facilmente o identifique: O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
atraindo visitantes do mundo todo. Faltar à verdade. (= mentir)
A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão) Ironia
Observação: quando a perífrase indica uma pessoa, É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que
recebe o nome de antonomásia. Exemplos: as palavras ou frases expressam, geralmente apresentando
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida pratican- intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construí-
do o bem. da para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jo- passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emis-
vem. sor.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mí-
nima.
Sinestesia Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
estão por perto.
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- O governador foi sutil como um elefante.
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
cruzamento de sensações distintas. Hipérbole
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = au-
ditivo; áspero = tátil) É a expressão intencionalmente exagerada com o intui-
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte- to de realçar uma ideia.
cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
O concurseiro quase morre de tanto estudar!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Prosopopeia ou Personificação Elipse

É a atribuição de ações ou qualidades de seres anima- Consiste na omissão de um ou mais termos numa ora-
dos a seres inanimados, ou características humanas a seres ção e que podem ser facilmente identificados, tanto por
não humanos. Observe os exemplos: elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto
As pedras andam vagarosamente. pelo contexto.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um A catedral da Sé. (a igreja catedral)
cego que guia. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao está-
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. dio)
Chora, violão.
Zeugma
Apóstrofe
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo português)
chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginá- Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só mo-
rio ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de dernos. (só havia móveis)
pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidên-
cia com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Silepse
Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? A silepse é a concordância que se faz com o termo que
“Pai Nosso, que estais no céu” não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma
Deus, ó Deus! Onde estás? concordância anormal, psicológica, porque se faz com um
termo oculto, facilmente identificado. Há três tipos de si-
Gradação lepse: de gênero, número e pessoa.

Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e femi-


Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
nino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descenden-
faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
te (anticlímax). Observe este exemplo:
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor
com seus olhos claros e brincalhões...
intenso.
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se refere ao
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a
céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. cidade de Porto Velho).
Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem decres-
cente de intensidade. Outros exemplos: 2) Vossa Excelência está preocupado.
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
amor”. (Olavo Bilac) soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu- Excelência.
se.” (Padre Antônio Vieira)
Silepse de Número - Os números são singular e plural.
Fontes de pesquisa: A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5. concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas
php com a ideia que nele está contida. Exemplos:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de Salvador.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010. Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
As figuras de construção (ou sintática, de sintaxe) tos das orações (que se encontram no singular, procissão
ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por
maior expressividade que se dá ao sentido. isso que os verbos estão no plural.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan-
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um pleonasmo vicioso:
desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con- Vi aquela cena com meus próprios olhos.
corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que Vamos subir para cima.
está inscrita no sujeito. Exemplos: Ele desceu pra baixo.
O que não compreendo é como os brasileiros persista-
mos em aceitar essa situação. Anáfora
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins É a repetição de uma ou mais palavras no início de vá-
públicos.” (Machado de Assis) rias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coe-
rência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar de-
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei- terminado elemento textual. Os termos anafóricos podem
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), muitas vezes ser substituídos por pronomes.
mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe-
os agricultores e os cariocas). cia.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
Polissíndeto / Assíndeto ba.” (Padre Vieira)
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- Anacoluto
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
período composto. No período composto por coordena- Consiste na mudança da construção sintática no meio
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A da frase, ficando alguns termos desligados do resto do pe-
oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
ríodo. É a quebra da estrutura normal da frase para a intro-
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
dução de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação
dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
sintática com as demais.
figuras de construção:
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Morrer, todo haveremos de morrer.
1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela repe-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
tição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O meni-
no resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausên- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
cia, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer-
no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos: cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma in-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) terrupção na sequência lógica do pensamento.

Pleonasmo Observação: o anacoluto deve ser usado com finalida-


de expressiva em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é real- Hipérbato / Inversão
çar a ideia, torná-la mais expressiva.
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
Nesta oração, os termos “o problema da violência” e sujeito venha depois do predicado:
“lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. As- Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor
sim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pro- venceu ao ódio)
nome “lo” classificado como objeto direto pleonástico. Ou- Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
tro exemplo: Eu cuido dos meus problemas)
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto * Observação da Zê!
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já
que, na ordem direta, teríamos:
Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado re-
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo- tumbante de um povo heroico”.
nástico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos:


“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”

Onomatopéia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade:


Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

Questões
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIOTECO-
NOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de linguagem
figurada denominada
(A) metonímia.
(B) eufemismo.
(C) hipérbole.
(D) metáfora.
(E) catacrese.

1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo
campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
RESPOSTA: “D”.

2-) (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS/2014) Identifique a


figura de linguagem presente na tira seguinte:

A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia

82
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais Normalmente, numa prova, o candidato deve:
suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar al-
guma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da 1- Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” gumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
no lugar de “que morreram por nós”. procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
RESPOSTA: “D”. tempo).
2- Comparar as relações de semelhança ou de diferen-
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ ças entre as situações do texto.
UFAL/2014) 3- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. uma realidade.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de 4- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, 5- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- vras.
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato,
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local Condições básicas para interpretar
alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso Fazem-se necessários:
em: 22 jan. 2014. - Conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
O texto cita que o dito popular “está tão quente que - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de texto) e semântico;
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de lin-
guagem? Observação – na semântica (significado das palavras)
A) Eufemismo. incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
B) Hipérbole. ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
C) Paradoxo. gem, entre outros.
D) Metonímia.
E) Hipérbato. - Capacidade de observação e de síntese;
- Capacidade de raciocínio.
3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para
representar o calor excessivo que está fazendo. A figura
Interpretar / Compreender
que é utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a
hipérbole.
Interpretar significa:
RESPOSTA: “B”.
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Compreender significa
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - o texto diz que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - é sugerido pelo autor que...
e decodificar). - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ção...
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - o narrador afirma...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- Erros de interpretação
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto original e analisada separadamente, poderá ter contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
um significado diferente daquele inicial. quer por conhecimento prévio do tema quer pela imagi-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- nação.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de cita- - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o en-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir tendimento do tema desenvolvido.
daí, localizam-se as ideias secundárias - ou fundamenta- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
ções -, as argumentações - ou explicações -, que levam ao trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
esclarecimento das questões apresentadas na prova. cadas e, consequentemente, errar a questão.

83
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação - Muitos pensam que existem a ótica do - Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa geralmente mantém com outro uma relação de continua-
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração ção, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito bem
é o que o autor diz e nada mais. essas relações.
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que a ideia mais importante.
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. - Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono- resposta – o que vale não somente para Interpretação de
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se Texto, mas para todas as demais questões!
vai dizer e o que já foi dito. - Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi-
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
Observação – São muitos os erros de coesão no dia - Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do mados vocábulos relatores, porque remetem a outros vo-
verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer cábulos do texto.
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- Fontes de pesquisa:
cedente. http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- gues/como-interpretar-textos
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
a saber: ra-voce-interpretar-melhor-um.html
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
te, mas depende das condições da frase. tao-117-portugues.htm
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) Questões
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
- como (modo) BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔ-
- onde (lugar) NICA – IADES/2014)
- quando (tempo)
- quanto (montante) Gratuidades
Exemplo: Crianças com até cinco anos de idade e adultos com
Falou tudo QUANTO queria (correto) mais de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Para os menores, é exigida a certidão de nascimento e, para
aparecer o demonstrativo O). os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar um
documento de identificação aos funcionários posicionados
Dicas para melhorar a interpretação de textos no bloqueio de acesso.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candidatos
na disputa, portanto, quanto mais informação você absorver Conforme a mensagem do primeiro período do texto,
com a leitura, mais chances terá de resolver as questões. assinale a alternativa correta.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa (A) Apenas as crianças com até cinco anos de idade
a leitura. e os adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
- Leia, leia bem, leia profundamente, ou seja, leia o tex- Metrô-DF.
to, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias. (B) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma adultos com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF.
conclusão). (C) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de
- Volte ao texto quantas vezes precisar. idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as ao Metrô-DF.
do autor. (D) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso
compreensão. livre ao Metrô-DF.
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de (E) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com
cada questão. até cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. acesso livre ao Metrô-DF.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Dentre as alternativas apresentadas, a única que 3-) Recorramos ao texto: “Localizada às margens do
condiz com as informações expostas no texto é “Somente Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adultos lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha
com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As infor-
RESPOSTA: “C”. mações contidas nas demais alternativas são incoerentes
com o texto.
2-) (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – FGV/2014 - RESPOSTA: “A”.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” a declaração do
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à im-
prensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um TIPOLOGIA TEXTUAL
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substância
– mas a forma conta”. (...)
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mes- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
ma dois sentidos, que são que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
(A) o barulho e a propagação. interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
(B) a propagação e o perigo. em um texto escrito.
(C) o perigo e o poder. É de fundamental importância sabermos classificar os
(D) o poder e a energia.  textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
(E)  a energia e o barulho.   dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
2-) Ao comparar a declaração do Papa Francisco a um
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de mostrar
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo afora.
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém
Você pode responder à questão por eliminação: a segun-
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou
situações corriqueiras que classificamos os nossos textos
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a al- naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis-
ternativa A! sertação.
RESPOSTA: “A”.
As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-
3-) (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PÚ- tos de ordem linguística
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM CONTABI-
LIDADE – IADES/2014 - adaptada) Os tipos textuais designam uma sequência definida
Concha Acústica pela natureza linguística de sua composição. São observa-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de lógicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
Brasília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969
e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. demarcados no tempo do universo narrado, como também
Foi o primeiro grande palco da cidade. de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa- outros: Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. De-
cultura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, pois de muita conversa, resolveram...
com adaptações.
- Textos descritivos – como o próprio nome indica,
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
compatível com o texto. acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
(A) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Os- verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito
car Niemeyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a asa da
no Setor de Clubes Esportivos Norte. graúna...”
(B) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF
em 1969. - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
(C) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que assunto ou uma determinada situação que se almeje de-
hoje é a Secretaria de Cultura do DF. senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-
(D) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura cer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02
do DF. de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena
(E) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília. de perder o benefício.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma


modalidade na qual as ações são prescritas de forma se- COESÃO E COERÊNCIA
quencial, utilizando-se de verbos expressos no imperativo,
infinitivo ou futuro do presente: Misture todos os ingredien-
te e bata no liquidificador até criar uma massa homogênea.
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos
- Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão
se pelo predomínio de operadores argumentativos, revela- do que é dito, ou lido. Estes mecanismos linguísticos que
dos por uma carga ideológica constituída de argumentos estabelecem a coesão e retomada do que foi escrito - ou
e contra-argumentos que justificam a posição assumida falado - são os referentes textuais, que buscam garantir
acerca de um determinado assunto: A mulher do mundo a coesão textual para que haja coerência, não só entre os
contemporâneo luta cada vez mais para conquistar seu es- elementos que compõem a oração, como também entre a
paço no mercado de trabalho, o que significa que os gêneros sequência de orações dentro do texto. Essa coesão tam-
estão em complementação, não em disputa. bém pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado
em conhecimentos anteriores que os participantes do pro-
cesso têm com o tema.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
ginária - composta de termos e expressões - que une os
diversos elementos do texto e busca estabelecer relações
GÊNEROS TEXTUAIS de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego de di-
ferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substi-
tuição, associação), sejam gramaticais (emprego de prono-
mes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases,
São os textos materializados que encontramos em orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decor-
nosso cotidiano; tais textos apresentam características só- re daí a coerência textual.
cio-comunicativas definidas por seu estilo, função, com- Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
posição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe-
culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão
piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc. textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
A escolha de um determinado gênero discursivo de- prejudica o entendimento do texto. Construído com os ele-
pende, em grande parte, da situação de produção, ou seja, mentos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
a finalidade do texto a ser produzido, quem são os locu- Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado
tores e os interlocutores, o meio disponível para veicular o não se constrói com um amontoado de palavras e orações.
texto, etc. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência
e independência sintática e semântica, recobertos por unida-
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a es- des melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.
feras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exem- Não se deve escrever frases ou textos desconexos – é
plo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, edito- imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as frases
riais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica estejam coesas e coerentes formando o texto. Relembre-se
são comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enci- de que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre
clopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência. os elementos que compõem a estrutura textual.

Fontes de pesquisa: Formas de se garantir a coesão entre os elementos


http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex- de uma frase ou de um texto:
tual.htm
1. Substituição de palavras com o emprego de sinôni-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
mos - palavras ou expressões do mesmo campo associa-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: tivo.
Saraiva, 2010. 2. Nominalização – emprego alternativo entre um ver-
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa / desgaste / desgastante).
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. 3. Emprego adequado de tempos e modos verbais:
Embora não gostassem de estudar, participaram da aula.
4. Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre-
posições, artigos:
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com Questões


base na maior especificidade do significado de um deles.
Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais gené- * As questões abaixo também envolvem o conteúdo
rico). “Conjunção”. Eu as coloquei neste tópico porque abordam
6. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de - inclusive - coesão e coerência.
sentido mais amplo com outros de sentido mais específico.
Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com 1-) (SEDUC/AM – ASSISTENTE SOCIAL – FGV/2014) As-
gato. sinale a opção que indica o segmento em que a conjunção
7. Substitutos universais, como os verbos vicários.
e tem valor adversativo e não aditivo.
* Ajuda da Zê: verbo vicário é aquele que substitui (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
outro já utilizado no período, evitando repetições. Geral- da população na escolha dos governantes,...”.
mente é o verbo fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Faço porque preciso. O “faço” foi empregado no lugar de derno e dinâmico, no cotejo com a restrita experiência elei-
“estudo”, evitando repetição desnecessária. toral anterior”.
(C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de conec- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
tivos, como pronomes, advérbios e expressões adverbiais, buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quan- de hoje”.
do, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida (D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
é facilmente identificável (Exemplo.: O jovem recolheu-se ela na história nacional, inventou o que mais perto se pode
cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O ter- chegar de um Estado de Bem-Estar num país de renda mé-
mo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
dia”.
relação entre as duas orações).
(E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta de
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao políticas públicas social-democratas”.
próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de
progressão textual, dada sua característica: são elementos 1-)
que não significam, apenas indicam, remetem aos compo- (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
nentes da situação comunicativa. = adição
Já os componentes concentram em si a significação. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: derno e dinâmico”. = adição
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indi- (C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
cam os participantes do ato do discurso. Os pronomes de- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
monstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
como os advérbios de tempo, referenciam o momento da de hoje”. = adição
enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade
(D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento
(presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns ela na história nacional”. = adição
dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo (E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
ano, depois de (futuro).” está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta =
adversativa (dá para substituirmos por “mas”)
A coerência de um texto está ligada: RESPOSTA: “E”.
- à sua organização como um todo, em que devem es-
tar assegurados o início, o meio e o fim;
- à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um texto 2-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/
técnico, por exemplo, tem a sua coerência fundamentada DF – ANALISTA DE APOIO À ASSISTÊNCIA JURÍDICA –
em comprovações, apresentação de estatísticas, relato de FGV/2014) A alternativa em que os elementos unidos pela
experiências; um texto informativo apresenta coerência se conjunção E não estão em adição, mas sim em oposição, é:
trabalhar com linguagem objetiva, denotativa; textos poé- (A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
ticos, por outro lado, trabalham com a linguagem figurada,
fazer justiça com as próprias mãos...”
livre associação de ideias, palavras conotativas.
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas
Fontes de pesquisa: instituições:...”
http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/ (C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos
COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html anarquistas e mais nos fascistas italianos...”
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática (D) “...desprezando o passado e a tradição...”
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa (E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. velocidade e do progresso...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) A Ordem dos Termos na Frase


(A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
fazer justiça com as próprias mãos”. = adição Leia novamente a frase contida no item 2. Note que
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
instituições”. = adição Todavia, há diferentes maneiras de se organizar gramatical-
(C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos mente tal frase, tudo depende da necessidade ou da von-
anarquistas e mais nos fascistas italianos”. = ideia de opo- tade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, porém,
sição acrescentado ênfase a algum dos seus termos. Significa di-
(D) “...desprezando o passado e a tradição”. = adição zer que, ao escrever, podemos fazer uma série de inversões
(E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da e intercalações em nossas frases, conforme a nossa von-
velocidade e do progresso”. = adição tade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos
RESPOSTA: “C”. transmitir uma ideia, do nosso estilo. Por exemplo, pode-
mos expressar a mensagem da frase 2 da seguinte maneira:

No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-


sando desemprego.
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE
ESTRUTURAS Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a
alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que,
para obter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um o que mais nos auxilia na organização de um período, pois
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmen- facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula
te devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos
e, posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo, frases complexas. Com isto, “entregamos” frases bem orga-
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem nizadas aos nossos leitores.
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e a
experiência de vida antecedem o ato de escrever. O básico para a organização sintática das frases é a or-
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos dem direta dos termos da oração. Os gramáticos estrutu-
escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é ne- ram tal ordem da seguinte maneira:
cessário saber ordenar as ideias em frases bem estrutura-
das. Logo, não basta conhecer bem um determinado as- SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL + CIR-
sunto, temos que o transmitir de maneira clara aos leitores. CUNSTÂNCIAS
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso alia- A globalização + está causando + desemprego + no
do para organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Brasil nos dias de hoje.
Para tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sin-
taxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramá- Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem to-
tica que estuda a disposição das palavras na frase e a das das contêm todos estes elementos, portanto cabem algu-
frases no discurso, bem como a relação lógica das frases mas observações:
entre si”; ou em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistu-
ra”, isto é, saber misturar as palavras de maneira a produ- 1) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
zirem um sentido evidente para os receptores das nossas normalmente são representadas por adjuntos adverbiais
mensagens. Observe: de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quan-
do queremos recordar algo ou narrar uma história, existe
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está La- a tendência a colocar os adjuntos nos começos das frases:
tina América causando.
2) A globalização está causando desemprego no Brasil e “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas mi-
na América Latina. nhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e ou-
tros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…”
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de Observações:
“uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação a) tais construções não estão erradas, mas rompem
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de com a ordem direta;
maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de b) é preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui-
língua portuguesa inteirados da situação econômica e cul- tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por
tural do mundo atual. exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri-
burgo. São quatro horas agora;

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Outras frases são construídas com verbos intransiti- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
vos, que não têm complemento: As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
O menino morreu na Alemanha. (sujeito + verbo + ad- quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
junto adverbial) vo, por isto são também isoladas por vírgula.
A globalização nasceu no século XX. (idem)
d) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos complemento.
existentes nelas.
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
Levando em consideração a ordem direta, podemos no Brasil…
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal ora-
haverá a necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo ção é apenas um comentário à parte entre o complemento
disto: verbal e os adjuntos).
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
América Latina. Observação: a simples negação em uma frase não exi-
ge vírgula: A globalização não causou desemprego no Brasil
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração e na América Latina.
por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re- 3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a,
gra básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” colocação da vírgula.
causam desemprego…
(três núcleos do sujeito) No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego…
A globalização causa desemprego no Brasil, na América No fim do século XX, a globalização causou desemprego
Latina e na África. no Brasil…
(três adjuntos adverbiais)
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
A globalização está causando desemprego, insatisfação se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito.
e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá-
(três complementos verbais) tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas
vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais
2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa- que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais,
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
complemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou
seja, não devemos separar com vírgula os termos da ora- Quando o século XX estava terminando, a globalização
ção. Veja exemplos de tal incorreção: começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos países
pobres.
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, go no Brasil.
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
a regra básica nº 2 para a colocação da vírgula. Dito em Observação: quanto à equivalência e transformação de
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases estruturas, um exemplo muito comum cobrado em provas
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com é o enunciado trazer uma frase no singular e pedir a passa-
vírgulas. Vejamos: gem para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sécu- mudança de tempos verbais.
lo XX, causa desemprego no Brasil.
Fonte de pesquisa:
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu-
sujeito e o verbo. dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/

Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
ral, está causando desemprego no Brasil e na América Lati-
na.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA TEXTUAL
1-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014
- adaptada)
Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática
necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
de leitores. tamos as ações que interferem na realidade e organização
Embora alguns desses senhores afortunados ocasional- de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
mente emprestassem seus livros, eles o faziam para um nú- mento transformado em texto.
mero limitado de pessoas da própria classe ou família. Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.) sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabe- lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
lecidas no texto, substituindo-se Embora (2.º parágrafo) por dizer, por meio da comunicação.
(A) Contudo. Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
(B) Desde que. dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
(C) Porquanto. dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
(D) Uma vez que.
(E) Conquanto. Introdução

1-) “Embora” é uma conjunção concessiva (apresenta Caracterizada pela entrada no assunto e a argumenta-
uma exceção à regra). A outra conjunção concessiva é “con- ção inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa eta-
quanto”. pa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu
RESPOSTA: “E”. tamanho raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém,
em textos mais curtos, essa proporção não é equivalente.
2-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – Neles, a introdução pode ser o próprio título. Já nos textos
VUNESP/2014 - adaptada) Considere o trecho: “Se o senhor mais longos, em que o assunto é exposto em várias pági-
não se importa, vou levar minha sobrinha ao dentista, mas nas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma par-
posso quebrar o galho e fazer sua corrida”. Esse trecho está te precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários
corretamente reescrito e mantém o sentido em: parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm
(A) Uma vez que o senhor não se importe, vou levar mi- de 25 a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.
nha sobrinha ao dentista, assim que possa quebrar o galho
e fazer sua corrida. Desenvolvimento
(B) Já que o senhor não se importa, vou levar minha so-
brinha ao dentista, porque posso quebrar o galho e fazer A maior parte do texto está inserida no desenvol-
sua corrida. vimento, que é responsável por estabelecer uma ligação
(C) À medida que o senhor não se importe, vou levar entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
minha sobrinha ao dentista, logo que possa quebrar o galho elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
e fazer sua corrida. tentam e dão base às explicações e posições do autor. É ca-
(D) Caso o senhor não se importe, vou levar minha so- racterizado por uma “ponte” formada pela organização das
brinha ao dentista, no entanto posso quebrar o galho e fazer ideias em uma sequência que permite formar uma relação
sua corrida. equilibrada entre os dois lados.
(E) Para que o senhor não se importe, vou levar minha O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
sobrinha ao dentista, todavia posso quebrar o galho e fazer determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
sua corrida. que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
2-) “Se o senhor não se importa, vou levar minha so- clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
brinha ao dentista, mas posso quebrar o galho e fazer sua Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o es-
corrida” critor já deve ter uma ideia clara de como será a conclusão.
O primeiro período é introduzido por uma conjunção Daí a importância em planejar o texto.
condicional (“se”); o segundo, conjunção adversativa. As Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
conjunções apresentadas que têm a mesma classificação, mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido em
respectivamente, e que, por isso, poderiam substituir ade- capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apresentar-
quadamente as destacadas no enunciado são “caso” e “no se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
entanto”. Acredito que, mesmo que você não saiba a clas- Os principais erros cometidos no desenvolvimento são
sificação das conjunções, conseguiria responder à questão o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está
apenas utilizando a coerência: as demais alternativas não relacionado ao autor tomar um argumento secundário que
a têm. se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra
RESPOSTA: “D”. em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O

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LÍNGUA PORTUGUESA

segundo caso acontece quando quem redige tem muitas


ideias ou informações sobre o que está sendo discutido, REDAÇÃO OFICIAL
não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul-
dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha
lógica de raciocínio.
Pronomes de tratamento na redação oficial
Conclusão
A redação oficial é a maneira utilizada pelo poder públi-
Considerada como a parte mais importante do texto, co para redigir atos normativos. Para redigi-los, muitas regras
é o ponto de chegada de todas as argumentações elabo- fazem-se necessárias. Entre elas, escrever de forma clara, con-
radas. As ideias e os dados utilizados convergem para essa cisa, sem muito comprometimento, bem como um uso ade-
parte, em que a exposição ou discussão se fecha. quado das formas de tratamento. Tais regras, acompanhadas
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma de uma boa redação, com um bom uso da linguagem, asse-
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou seja, guram que os atos normativos sejam bem executados.
possui atributos de síntese. A discussão não deve ser en- No Poder Público, nós nos deparamos com situações em
cerrada com argumentos repetitivos, como por exemplo: que precisamos escrever – ou falar – com pessoas com as
“Portanto, como já dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em quais não temos familiaridade. Nestes casos, os pronomes de
conclusão...”. tratamento assumem uma condição e precisam estar adequa-
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve dos à categoria hierárquica da pessoa a quem nos dirigimos.
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das E mais, exige-se, em discurso falado ou escrito, uma homoge-
características de textos bem redigidos. neidade na forma de tratamento, não só nos pronomes como
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões fi- também nos verbos. No entanto, as formas de tratamento
cam muito longas: não são do conhecimento de todos.
Abaixo, seguem as discriminações de usos dos pronomes
- O problema aparece quando não ocorre uma explo- de tratamento, com base no Manual da Presidência da Repú-
ração devida do desenvolvimento, o que gera uma invasão blica.
das ideias de desenvolvimento na conclusão.
- Outro fator consequente da insuficiência de funda- São de uso consagrado:
mentação do desenvolvimento está na conclusão precisar
de maiores explicações, ficando bastante vazia. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
- Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no tex- a) do Poder Executivo
to em que o autor fica girando em torno de ideias redun- Presidente da República, Vice-Presidente da República, Mi-
dantes ou paralelas. nistro de Estado, Secretário-Geral da Presidência da República,
- Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeitamen- Consultor-Geral da República, Chefe do Estado-Maior das For-
te dispensáveis. ças Armadas, Chefe do Gabinete Militar da Presidência da Re-
- Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu- pública, Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República,
são, o autor acaba se perdendo na argumentação final. Secretários da Presidência da República, Procurador – Geral da
República, Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
Em relação à abertura para novas discussões, a con- Distrito Federal, Chefes de Estado – Maior das Três Armas, Ofi-
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguintes ciais Generais das Forças Armadas, Embaixadores, Secretário
fatores: Executivo e Secretário Nacional de Ministérios, Secretários de
- Para não influenciar a conclusão do leitor sobre temas Estado dos Governos Estaduais, Prefeitos Municipais.
polêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto.
- Para estimular o leitor a ler uma possível continuidade b) do Poder Legislativo:
do texto, o autor não fecha a discussão de propósito. Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos
- Por apenas apresentar dados e informações sobre o Deputados e do Senado Federal, Presidente e Membros do Tri-
tema a ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o as- bunal de Contas da União, Presidente e Membros dos Tribunais
sunto. de Contas Estaduais, Presidente e Membros das Assembleias
- Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o autor Legislativas Estaduais, Presidente das Câmaras Municipais.
enumera algumas perguntas no final do texto.
c) do Poder Judiciário:
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o au- Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal, Presi-
tor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica dente e Membros do Superior Tribunal de Justiça, Presidente e
é um roteiro, em que estão presentes os planejamentos. Membros do Superior Tribunal Militar, Presidente e Membros do
Naquele devem estar indicadas as melhores sequências a Tribunal Superior Eleitoral, Presidente e Membros do Tribunal
serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais enxuto Superior do Trabalho, Presidente e Membros dos Tribunais de
possível. Justiça, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Fede-
rais, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais,
Fonte de pesquisa: Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho,
http://producao-de-textos.info/mos/view/Caracter%- Juízes e Desembargadores, Auditores da Justiça Militar.
C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/

91
LÍNGUA PORTUGUESA

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas A Impessoalidade


aos Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer
go respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Ex- alguém que comunique; b) algo a ser comunicado; c) alguém
celentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. que receba essa comunicação. No caso da redação oficial,
E mais: As demais autoridades serão tratadas com o vo- quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele
cativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador. o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atri-
O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento buições do órgão que comunica; o destinatário dessa comu-
“Digníssimo” fica abolida para as autoridades descritas acima, nicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
afinal, a dignidade é condição primordial para que tais cargos órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.
públicos sejam ocupados. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve
Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento, ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais
mas titulação acadêmica de quem defende tese de douto- decorre:
rado. Portanto, é aconselhável que não se use discriminada- a) da ausência de impressões individuais de quem comu-
mente tal termo. nica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assina-
do por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do
As Comunicações Oficiais Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim,
uma desejável padronização, que permite que comunicações
1. Aspectos Gerais da Redação Oficial elaboradas em diferentes setores da Administração guardem
entre si certa uniformidade;
O que é Redação Oficial b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação,
com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma- sempre concebido como público, ou a outro órgão público.
neira pela qual o Poder Público redige atos normativos Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do homogênea e impessoal;
Poder Executivo. c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalida- universo temático das comunicações oficiais restringe-se a
de, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, for- questões que dizem respeito ao interesse público, é natural
malidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos que não caiba qualquer tom particular ou pessoal.
decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A admi- Desta forma, não há lugar na redação oficial para impres-
nistração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer sões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali- mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publi- da interferência da individualidade que a elabora.
cidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
administração pública, claro que devem igualmente nortear a que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais con-
elaboração dos atos e comunicações oficiais. tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impes-
Não se concebe que um ato normativo de qualquer na- soalidade.
tureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou im-
possibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos A necessidade de empregar determinado nível de lingua-
do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto le- gem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do
gal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro,
pois, necessariamente, clareza e concisão. de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos
Fica claro também que as comunicações oficiais são ne- de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta
cessariamente uniformes, pois há sempre um único comuni- dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públi-
cador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações cos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empre-
ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigi- gada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expe-
dos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou dientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com
instituições tratados de forma homogênea (o público). clareza e objetividade.
A redação oficial não é necessariamente árida e infensa à As comunicações que partem dos órgãos públicos fede-
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar rais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão
com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâ- brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de
metros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa da- uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dú-
quele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência vida de que um texto marcado por expressões de circulação
particular, etc. restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jar-
Apresentadas essas características fundamentais da re- gão técnico, tem sua compreensão dificultada.
dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada Ressalte-se que há necessariamente uma distância en-
uma delas. tre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâ-
mica, reflete de forma imediata qualquer alteração de cos-

92
LÍNGUA PORTUGUESA

tumes, e pode eventualmente contar com outros elementos Concisão e Clareza


que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, A concisão é antes uma qualidade do que uma caracte-
etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis rística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue trans-
por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lenta- mitir o máximo de informações com um mínimo de palavras.
mente as transformações, tem maior vocação para a perma- Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se
nência e vale-se apenas de si mesma para comunicar. tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se es-
Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua creve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pron-
finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, to. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.
que o padrão culto é aquele em que se observam as regras O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao
da gramática formal e se emprega um vocabulário comum princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de
ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não
que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação se deve, de forma alguma, entendê-la como economia de
oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens subs-
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos tanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, pas-
essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos sagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
os cidadãos. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi-
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a sim- cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita
plicidade de expressão, desde que não seja confundida com imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não
pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios - a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpre-
da língua literária. tações que poderia decorrer de um tratamento personalista
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um dado ao texto;
“padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão - o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de
culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá pre- entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de
ferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obe- circulação restrita, como a gíria e o jargão;
decida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas - a formalidade e a padronização, que possibilitam a im-
isso não implica, necessariamente, que se consagre a utiliza- prescindível uniformidade dos textos;
ção de uma forma de linguagem burocrática. O jargão buro- - a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
crático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre linguísticos que nada lhe acrescentam.
sua compreensão limitada. É pela correta observação dessas características que se
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável relei-
situações que a exijam, evitando o seu uso indiscriminado. tura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais,
Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário de trechos obscuros e de erros gramaticais provém, principal-
próprio à determinada área, são de difícil entendimento por mente, da falta da releitura que torna possível sua correção.
quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cui- A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa
dado, portanto, de explicitá-los em comunicações encami- com que são elaboradas certas comunicações quase sempre
nhadas a outros órgãos da administração e em expedientes compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de
dirigidos aos cidadãos. um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há as-
suntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se,
Formalidade e Padronização pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio- Pronomes de Tratamento
nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto Concordância com os Pronomes de Tratamento
de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tra- Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indi-
tamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao reta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordân-
correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento cia verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segun-
para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a for- da pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem
malidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfo- se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira
que dado ao assunto do qual cuida a comunicação. pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que in-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne- tegra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria
cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administra- nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
ção federal é una, é natural que as comunicações que expede Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a
sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa:
exige que se atente para todas as características da redação “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. so...”).
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o
o texto definitivo e a correta diagramação do texto são in- gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que
dispensáveis para a padronização. se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satis- corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
feito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa de rodapé;
Senhoria deve estar satisfeita”. - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
No envelope, o endereçamento das comunicações diri- man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
gidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se- - é obrigatório constar a partir da segunda página o
guinte forma: número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
A Sua Excelência o Senhor impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
Fulano de Tal gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas
Ministro de Estado da Justiça páginas pares (“margem espelho”);
70.064-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura;
A Sua Excelência o Senhor
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
Senador Fulano de Tal
distância da margem esquerda;
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm;
Senhor Ministro, - deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha
Fechos para Comunicações em branco;
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sub-
lidade de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os linhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor-
modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re- das ou qualquer outra forma de formatação que afete a
gulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, elegância e a sobriedade do documento;
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
e uniformiza-los, este Manual estabelece o emprego de so- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de para gráficos e ilustrações;
comunicação oficial: - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
da República: Respeitosamente, x 21,0 cm;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
rarquia inferior: Atenciosamente, arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elabora-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do gos;
Ministério das Relações Exteriores. - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
vem ser formados da seguinte maneira:
Identificação do Signatário
tipo do documento + número do documento + pala-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
vras-chaves do conteúdo
República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer
o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Aviso e Ofício
(espaço para assinatura)
Nome Definição e Finalidade
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
(espaço para assinatura) o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
Nome para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí-
Ministro de Estado da Justiça cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa também com particulares.
página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Forma e Estrutura
Forma de diagramação Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
seguinte forma de apresentação: destinatário, seguido de vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente


Excelentíssimo Senhor Presidente da República da República por um Ministro de Estado.
Senhora Ministra Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
Senhor Chefe de Gabinete Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por to-
dos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as de interministerial.
seguintes informações do remetente:
– nome do órgão ou setor; Forma e Estrutura - Formalmente, a exposição de mo-
– endereço postal; tivos tem a apresentação do padrão ofício. A exposição de
– telefone e e-mail. motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas for-
mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
Observação: Estas informações estão ausentes no exclusivamente informativo e outra para a que proponha al-
memorando, pois se trata de comunicação interna - des- guma medida ou submeta projeto de ato normativo.
No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
tinatário e remetente possuem o mesmo endereço. Se o
plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presiden-
Aviso é de um Ministério para outro Ministério, também
te da República, sua estrutura segue o modelo antes referido
não precisa especificar o endereço. O Ofício é enviado para para o padrão ofício.
outras instituições, logo, são necessárias as informações do
remetente e o endereço do destinatário para que o ofício Mensagem
possa ser entregue e o remetente possa receber resposta.
Definição e Finalidade - É o instrumento de comunica-
Memorando ção oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder
Definição e Finalidade Legislativo para informar sobre fato da Administração Pública,
O memorando é a modalidade de comunicação entre expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem legislativa, submeter ao Congresso Nacional matérias que de-
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível dife- pendem de deliberação de suas Casas, apresentar veto, enfim,
rente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de inte-
eminentemente interna. resse dos poderes públicos e da Nação.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em- Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá
etc. a serem adotados por determinado setor do serviço a redação final.
público. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela ra- - encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
pidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. mentar ou financeira;
Para evitar desnecessário aumento do número de comu- - encaminhamento de medida provisória;
nicações, os despachos ao memorando devem ser dados - indicação de autoridades;
no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em - pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre-
folha de continuação. Este procedimento permite formar sidente da República ausentarem-se do País por mais de 15
dias;
uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
- encaminhamento de atos de concessão e renovação de
transparência à tomada de decisões e permitindo que se
concessão de emissoras de rádio e TV;
historie o andamento da matéria tratada no memorando.
- encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
terior;
Forma e Estrutura - mensagem de abertura da sessão legislativa;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do - comunicação de sanção (com restituição de autógrafos);
padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário - comunicação de veto;
deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Ex: - outras mensagens.

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Forma e Estrutura - As mensagens contêm:


Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
horizontalmente, no início da margem esquerda;
Exposição de Motivos b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem
Definição e Finalidade - Exposição de motivos é o ex- esquerda (Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Fede-
pediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Pre- ral);
sidente para: c) o texto, iniciando a 2,0 cm do vocativo;
a) informá-lo de determinado assunto; b) propor algu- d) o local e a data, verticalmente a 2,0 cm do final do
ma medida; ou c) submeter a sua consideração projeto de texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a
ato normativo. margem direita.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre- Forma e Estrutura - Um dos atrativos de comunica-
sidente da República, não traz identificação de seu signa- ção por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
tário. interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto,
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma
Telegrama comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrôni-
Definição e Finalidade - Com o fito de uniformizar a co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, organização documental tanto do destinatário quanto do
passa a receber o título de telegrama toda comunicação remetente.
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Para os arquivos anexados à mensagem, deve ser utili-
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir- que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja nimas sobre seu conteúdo.
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
justifique sua utilização. Em razão de seu custo elevado, esta firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
forma de comunicação deve pautar-se pela concisão. na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
Forma e Estrutura - Não há padrão rígido, devendo- Valor documental - Nos termos da legislação em vi-
se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis gor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor
nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet. documental, e para que possa ser aceito como documento
original, é necessário existir certificação digital que ateste
Fax a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
Definição e Finalidade - O fax (forma abreviada já Elementos de Ortografia e Gramática
consagrada de fac-símile) é uma forma de comunicação
que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento Problemas de Construção de Frases
da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens
urgentes e para o envio antecipado de documentos, de A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas,
cujo conhecimento há premência, quando não há condi- principalmente, pela construção adequada da frase, “a me-
ções de envio do documento por meio eletrônico. Quando nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
necessário o original, ele segue posteriormente pela via e Celso Pedro Luft.
na forma de praxe. A função essencial da frase é desempenhada pelo pre-
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi-
pia do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre
modelos, deteriora-se rapidamente.
que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome
de período, que terá tantas orações quantos forem os ver-
Forma e Estrutura - Os documentos enviados por fax
bos não auxiliares que o constituem.
mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
É conveniente o envio, juntamente com o documento
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, con- de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
forme exemplo a seguir: Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função
[Órgão Expedidor] de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e
[setor do órgão expedidor] complemento adverbial). Função acessória desempenham
[endereço do órgão expedidor] os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da
Destinatário:____________________________________ oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ que desempenham as outras funções, ou deslocados para
Remetente: ____________________________________ o início da oração.
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
No de páginas: ________ No do documento:____________ mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
Observações:___________________________________
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Correio Eletrônico
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
Definição e finalidade - O correio eletrônico (“e-mail”), orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa
por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na princi- (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode
pal forma de comunicação para transmissão de documen- ocorrer em ordem diversa):
tos.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)

96
LÍNGUA PORTUGUESA

O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.

2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
junto adverbial) Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
manhã de terça-feira). Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
(adjunto adverbial). Frases Fragmentadas
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
tores). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico na
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. dire-
literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
to - obj. indireto - (adj. Adv.)
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
Exemplo:
ao Deputado - (no Congresso). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Nacional. Depois de ser longamente debatido.
verbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional, depois de ser longamente debatido.
Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa re-
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) cebeu a aprovação do Congresso Nacional.

6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
verbial) metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas
O problema - será - resolvido - prontamente. as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente subme-
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, tido ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as
as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na cons- áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
trução de períodos, as várias funções podem ocorrer em or-
dem inversa à mencionada, misturando-se e confundindo-se. Erros de Paralelismo
Não interessa aqui análise exaustiva de todos os padrões exis- Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
tentes na língua portuguesa. O que importa é fixar a ordem “consiste em apresentar ideias similares numa forma gramati-
normal dos elementos nesses seis padrões básicos. Acrescen- cal idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se
te-se que períodos mais complexos, compostos por duas ou em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos.
mais orações, em geral podem ser reduzidos aos padrões bá- Vejamos alguns exemplos:
sicos (de que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios eco-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- nomizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas.
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis-
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des-
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, a
ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes na
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
construção de frases, registrados em documentos oficiais. planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
Sujeito possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe- a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemen- volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
to, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto,
construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. redução de despesas.
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- como reduzidas de infinitivo:
tadas, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
tadas, (...).
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. coordenação de orações subordinadas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não um médico.
ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- Novamente, a não repetição dos termos comparados
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). confunde. Alternativas para correção:
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
transformá-la em frase simples, substituindo as orações redu- taria.
zidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu- Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
rança, inteligência e ambição. do que os Ministérios do Governo.
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- “demais”) acarretou imprecisão:
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, que os outros Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. que os demais Ministérios do Governo.
Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
de correção é transformá-la em duas frases simples, com o mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi- possam gerar equívocos de compreensão.
ma capital, encontrou-se com o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que com:
não contém nenhum “que” anterior.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem - pronomes pessoais:
sólida formação acadêmica. Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida cretariado.
formação acadêmica. Ou então, caso o entendimento seja outro:
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: neração deste.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o pro- - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
grama. Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior, ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
aqui podemos suprimir a conjunção: do, mas isso não o surpreendeu.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas pre- Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
cipitadas, que comprometam o andamento de todo o progra- acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
ma. Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
Erros de Comparação
federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara-
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na lín-
- pronome relativo:
gua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A
costumava trabalhar.
ausência indevida de um termo pode impossibilitar o enten-
dimento do sentido que se quer dar a uma frase: Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambigui-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um dade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gê-
médico. nero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais,
A omissão de termos provocou uma comparação indevi- as quais, que marcam gênero e número.
da: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o mava trabalhar.
salário de um médico. Se o entendimento é outro, então:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu- dos pronomes de tratamento apresentados nas alternati-
mava trabalhar. vas, o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, en-
tão, os itens A, C e E. Agora recorramos ao pronome ade-
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da quado a ser utilizado para deputados. Segundo o Manual
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: de Redação Oficial, temos:
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
funcionário. b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. (...).
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este RESPOSTA: “D”.
indisciplinado.
2-) (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SER-
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora VIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CESPE/2014)
chamou o médico. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi respondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de
chamado por uma senhora. acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
pública.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
Fontes de pesquisa:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_pu-
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
blicacoes_ver.php?id=2
cargos públicos.
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/reda-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cao-oficial-para-concursos.html
2-) Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
Questões forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
dignidade é condição primordial para que tais cargos públi-
1-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) cos sejam ocupados.
Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
de Redação da Presidência da República, no qual expres- cial_publicacoes_ver.php?id=2
sões foram substituídas por lacunas. RESPOSTA: “ERRADO”.

Senhor Deputado 3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO


Em complemento às informações transmitidas pelo te- – CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas di-
legrama n.º 154, de 24 de abril último, informo _____ de que recionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso
as medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acor-
ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo do com as hierarquias do destinatário e do remetente.
procedimento administrativo de demarcação de terras in- ( ) CERTO (
dígenas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de ) ERRADO
1991 (cópia anexa).
(http://www.planalto.gov.br. Adaptado) 3-) Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes
A alternativa que completa, correta e respectivamen- para todas as modalidades de comunicação oficial:
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
da língua portuguesa e atendendo às orientações oficiais da República: Respeitosamente,
a respeito do uso de formas de tratamento em correspon- b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
quia inferior: Atenciosamente,
dências públicas, é:
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
A) Vossa Senhoria … tua.
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra-
B) Vossa Magnificência … sua.
dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
C) Vossa Eminência … vossa.
Redação do Ministério das Relações Exteriores.
D) Vossa Excelência … sua. RESPOSTA: “CERTO”.
E) Sua Senhoria … vossa.

1-) Podemos começar pelo pronome demonstrativo.


Mesmo utilizando pronomes de tratamento “Vossa” (mui-
tas vezes confundido com “vós” e seu respectivo “vosso”),
os pronomes que os acompanham deverão ficar sempre na
terceira pessoa (do plural ou do singular, de acordo com o
número do pronome de tratamento). Então, em quaisquer

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LÍNGUA PORTUGUESA

Não encontramos as pessoas que saíram.


FUNÇÕES DO “QUE” E DO “SE” • pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar
como pronome substantivo ou pronome adjetivo.
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando
for pronome substantivo, a palavra que exercerá as fun-
A palavra que em português pode ser: ções próprias do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto
Interjeição: exprime espanto, admiração, surpresa. indireto, etc.)
Nesse caso, será acentuada e seguida de ponto de Que aconteceu com você?
exclamação. Usa-se também a variação  o quê! A pala-
vra que não exerce função sintática quando funciona como • pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse
interjeição. caso, exerce a função sintática de adjunto adnominal.

Quê! Você ainda não está pronto? Que vida é essa?


O quê! Quem sumiu?
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Substantivo: equivale a alguma coisa. caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
Nesse caso, virá sempre antecedida de artigo ou outro vra que pode relacionar tanto orações coordenadas quan-
determinante, e receberá acento por ser monossílabo tô- to subordinadas, daí classificar-se como conjunção coorde-
nativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como
nico terminado em e. Como substantivo, designa também
conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que
a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra que for
recebe o nome da oração que introduz. Por exemplo:
substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa
Venha logo, que é tarde. (conjunção coordenativa ex-
classe de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto,
plicativa)
predicativo, etc.) Falou tanto que ficou rouco. (conjunção subordinativa
consecutiva)
Ele tem certo quê misterioso. (substantivo na função
de núcleo do objeto direto) Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a
palavra que recebe o nome de conjunção subordinativa
Preposição: liga dois verbos de uma locução verbal integrante.
em que o auxiliar é o verboter.
Equivale a de. Quando é preposição, a palavra que não Desejo que você venha logo.
exerce função sintática.

Tenho que sair agora. A palavra se 


Ele tem que dar o dinheiro hoje.
A palavra se, em português, pode ser:
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
frase, sem prejuízo algum para o sentido. Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Nesse caso, a palavra que  não exerce função sintáti- caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
ca; como o próprio nome indica, é usada apenas para dar vra se pode ser:
realce. Como partícula expletiva, aparece também na ex- * conjunção subordinativa integrante: inicia uma ora-
pressão é que. ção subordinada substantiva.
Perguntei se ele estava feliz.
Quase que não consigo chegar a tempo. * conjunção subordinativa condicional: inicia uma ora-
Elas é que conseguiram chegar. ção adverbial condicional (equivale a caso).
Advérbio:  modifica um adjetivo ou um advérbio. Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Equivale a quão. Quando funciona como advérbio, a pala-
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
vra que exerce a função sintática de adjunto adverbial; no
frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a pa-
caso, de intensidade.
lavra se não exerce função sintática. Como o próprio nome
indica, é usada apenas para dar realce.
Que lindas flores!
Passavam-se os dias e nada acontecia.
Que barato!
Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos
Pronome: como pronome, a palavra que pode ser: verbos pronominais. Nesse caso, o se não exerce função
• pronome relativo: retoma um termo da oração an- sintática.
tecedente, projetando-o na oração consequente. Equivale Ele arrependeu-se do que fez.
a o qual e flexões.

100
LÍNGUA PORTUGUESA

Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede ob- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o es-
jeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passi- tilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado
va sintética. É também chamada de pronome apassivador. controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para
Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira
apassivar o verbo. errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma
um estigma.
Vendem-se casas. Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
Aluga-se carro. gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais
Compram-se joias. representam as variações de acordo com as condições so-
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a ciais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito Dentre elas destacam-se:
indeterminado. Não exerce propriamente uma função sin-
tática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín-
de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa gua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do
do singular. tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão
da ortografia, se levarmos em consideração a palavra far-
Trabalha-se de dia. mácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, con-
Precisa-se de vendedores. trapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fun-
damenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome fragmento exposto:
pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do su-
jeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblí-
quo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mesmo), Antigamente
podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e
eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
* objeto direto
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
Ele cortou-se com o facão.
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arras-
* objeto indireto
tando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
Ele se atribui muito valor.
Carlos Drummond de Andrade
* sujeito de um infinitivo
Comparando-o à modernidade, percebemos um voca-
“Sofia deixou-se estar à janela.”
bulário antiquado.
* Texto adaptado por Por Marina Cabral Variações regionais: São os chamados dialetos, que
são as marcas determinantes referentes a diferentes re-
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/classi- giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
ficacao-das-palavras-que-e-se.htm em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade es-
tão os sotaques, ligados às características orais da lingua-
gem.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Variações sociais ou culturais: Estão diretamente li-


gadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também
ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como
exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
A linguagem é a característica que nos difere dos de- As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer-
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores,
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissiona-
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano e, so- lismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando
bretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissio-
Dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os nais da área de informática, dentre outros.
níveis da fala, que são basicamente dois: o nível de formali-
dade e o de informalidade. Vejamos um poema sobre o assunto:
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo Vício na fala
geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma ma- Para dizerem milho dizem mio
neira que falamos. Este fator foi determinante para a que Para melhor dizem mió
a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Para pior pió

101
LÍNGUA PORTUGUESA

Para telha dizem teia Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
Para telhado dizem teiado pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o
E vão fazendo telhados. das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami-
Oswald de Andrade gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas
perfeitamente normais construções do tipo:
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/varia- Eu não vi ela hoje.
coes-linguisticas.htm Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Níveis de linguagem Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua é um código de que se serve o homem para
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
funcionais: O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons- alteram:
titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu- Eu não a vi hoje.
nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem Deixe-me ver isso!
aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo- Eu te amo, sim, mas não abuses!
rando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
Norma culta:
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza-
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do
à causa do ensino.
ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas esco-
las e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâ- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
mica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Estou preocupado. (norma culta) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô preocupado. (língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
mas da língua culta. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
sair daqui bem depressa.)
O conceito de erro em língua: O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
seu posto.)
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu
a norma culta. tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um formas então legítimas impido, despido e desimpido, que
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de
praia, vestido de fraque e cartola. usar.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário


escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe- O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E AS
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que FUNÇÕES DA LINGUAGEM.
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
da língua popular para a língua culta”.
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada con- Comunicação
forme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma
culta. A comunicação constitui uma das ferramentas mais im-
portantes que os líderes têm à sua disposição para desem-
Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem: penhar as suas funções de influência. A sua importância é
tal que alguns autores a consideram mesmo como o “san-
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos eco- gue” que dá vida à organização. Esta importância deve-se
nômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada. essencialmente ao fato de apenas através de uma comuni-
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação cação efetiva ser possível:
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, - Estabelecer e dar a conhecer, com a participação de
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade membros de todos os níveis hierárquicos da organização,
mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural, os objetivos organizacionais por forma a que contemplem,
estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e não apenas os interesses da organização, mas também os
a evoluções. interesses de todos os seus membros.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importân-
cia. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a lín- - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
gua falada com base na língua escrita, considerada supe- bros de todos os níveis hierárquicos da organização, a es-
rior. Decorrem daí as correções, as retificações, as emendas, trutura organizacional, quer ao nível do desenho organiza-
a que os professores sempre estão atentos. cional, quer ao nível da distribuição de autoridade, respon-
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- sabilidade e tarefas.
trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
ou inferioridade, que em verdade inexiste. bros de todos os níveis hierárquicos da organização, de-
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na lín- cisões, planos, políticas, procedimentos e regras aceites e
gua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de respeitadas por todos os membros da organização.
línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de diale-
tos, consequência natural do enorme distanciamento entre - Coordenar, dar apoio e controlar as atividades de to-
uma modalidade e outra. dos os membros da organização.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que - Efetuar a integração dos diferentes departamentos e
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a permitir a ajuda e cooperação interdepartamental.
que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Ne-
nhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível - Desempenhar eficazmente o papel de influência atra-
sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, vés da compreensão e atuação em conformidade satisfa-
processam-se lentamente e em número consideravelmente ção das necessidades e sentimentos das pessoas por forma
menor, quando cotejada com a modalidade falada. a aumentar a sua motivação.
Importante é fazer o educando perceber que o nível da
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com Elementos do Processo de Comunicação
a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- Para perceber desenvolver políticas de comunicação
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia eficazes é necessário analisar antes cada um dos elemen-
e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não tos que fazem parte do processo de comunicação. Assim,
fala com uma criança como se estivesse em uma missa, as- fazem parte do processo de comunicação o emissor, um
sim como uma criança não fala como um adulto. Um enge- canal de transmissão, geralmente influenciado por ruídos,
nheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível um receptor e ainda o feedback do receptor.
de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum
professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e - Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação):
na sala de aula. representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre seja, quem inicia o processo de comunicação. A codificação
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o coti- da mensagem pode ser feita transformando o pensamento
diano, a que já fizemos referência. que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos
que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem.

103
LÍNGUA PORTUGUESA

- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação parte do emissor, nomeadamente com o fato de se tor-
entre o emissor e o receptor e representa o meio através narem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e
do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande as novas explicações para melhor compreensão após a sua
variedade de canais de transmissão, cada um deles com transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que
vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida
emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor-
meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação
a televisão, entre outros. e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri-
queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda
- Receptor da mensagem: representa quem recebe e possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar
descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção prever as reações/feedback à sua mensagem.
que a descodificação da mensagem resulta naquilo que Como principais vantagens da comunicação escrita,
efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um
diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados registro e de permitir uma maior atenção à organização
diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir
tores para a mesma mensagem. políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam-
bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten-
- Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e
tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em análises diversas. Como principais desvantagens destacam-
qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter- se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o
nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco- feedback imediato, não permite correções ou explicações
dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal
de transmissão utilizado e consoante as características do Comunicação Oral
emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité-
rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do No caso da comunicação oral, a sua principal caracte-
tipo de codificação. rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a
comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra-
- Retro-informação (feedback): representa a resposta vações). Esta característica explica diversas das suas prin-
do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee-
utilizada como uma medida do resultado da comunicação. dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor
Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica-
missão. ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por
  exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais,
Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande
dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta-
ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos
considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável
as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto-
locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.
oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre Como principais desvantagens da comunicação oral
“dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qual-
como suporte e apoio à comunicação oral. quer registro e, consequentemente, não se adequando a
Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica- mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte
ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na do receptor.
sociedade em geral e nas organizações em particular, por
ser a única que permite a transmissão de ideias complexas Gêneros Escritos e Orais
e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que
mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discur-
sivas constituem as estruturas e as funções sociais (narra-
Comunicação Escrita tivas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas
de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser consi-
A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje derados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites,
predomina, nas organizações burocráticas que seguem atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comé-
os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max dias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevis-
Weber. A principal característica é o fato do receptor estar tas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, ins-
ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente truções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias.
do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por São textos que circulam no mundo, que têm uma função

104
LÍNGUA PORTUGUESA

específica, para um público específico e com características Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,
próprias. Aliás, essas características peculiares de um gêne- exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
ro discursivo nos permitem abordar aspectos da textualida- palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclo-
de, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, pédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de tex-
técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes tos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico,
ao gênero em questão. relatório oral de experiência.
Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas
de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescri-
exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc. ções.
Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes Aspectos tipológicos: Descrever ações.
e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Capacidade de linguagem dominante: Regulação mú-
Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também iden- tua de comportamentos.
tificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tan- Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de mon-
tos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa tagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de
sociedade. uso, comandos diversos, textos prescritivos.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguís-
ticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los
dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e esti-
los composicionais. Funções da Linguagem
Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Fic-
cional. Quando se pergunta a alguém para que serve a lingua-
Aspectos tipológicos: Narrar. gem, a resposta mais comum é que ela serve para comuni-
Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação car. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas
através da criação da intriga no domínio do verossímil. transmitir informações. É também exprimir emoções, dar
Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fá- ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve
bula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cien- a linguagem?
tífica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou his- - A linguagem serve para informar: Função Referencial.
tória engraçada, biografia romanceada, romance, romance
histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivi- “Estados Unidos invadem o Iraque”
nha, piada.
Domínios sociais de comunicação: Documentação e Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos so-
memorização das ações humana. bre um acontecimento do mundo.
Aspectos tipológicos: Relatar. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na
Capacidade de linguagem dominante: Representação memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pes-
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. soas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, so-
Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de expe- mos prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer
riência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe
anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os.
reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, re- Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender
lato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia. ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como apren-
Domínios sociais de comunicação: Discussão de proble- demos desde as mais banais informações do dia a dia até
mas sociais controversos. as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas
Aspectos tipológicos: Argumentar. filosóficos mais avançados.
Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, re- A função informativa da linguagem tem importância
futação e negociação de tomadas de posição. central na vida das pessoas, consideradas individualmente
Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite co-
diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, nhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de conhecimentos e a transferência de experiências. Por
de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), meio dessa função, a linguagem modela o intelecto.
resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, É a função informativa que permite a realização do
ensaio. trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender.
Domínios sociais de comunicação: Transmissão e cons- A função informativa costuma ser chamada também de
trução de saberes. função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
Aspectos tipológicos: Expor. que as palavras revelem da maneira mais clara possível as
Capacidade de linguagem dominante: Apresentação coisas ou os eventos a que fazem referência.
textual de diferentes formas dos saberes.

105
LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem
Função Conativa. a importância que lhes seria atribuída pela proximidade
com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos
“Vem pra Caixa você também.” para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa
valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a nossa competência na conquista amorosa.
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom
Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem
adotar esse comportamento, formulou-se um convite com nossa, não raro inconscientemente.
uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a Emprega-se a expressão função emotiva para designar
forma vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de a utilização da linguagem para a manifestação do enuncia-
venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta dor, isto é, daquele que fala.
quando se usa você.
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer de- - A linguagem serve para criar e manter laços sociais:
terminadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sen- Função Fática.
tir determinadas emoções, a ter determinados estados de
alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode- __Que calorão, hein?
se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, __Também, tem chovido tão pouco.
emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente __Acho que este ano tem feito mais calor do que nos
a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende outros.
a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, __Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor.
num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
os preconceitos contra a mulher. Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram
Não se interfere no comportamento das pessoas ape- num elevador e devem manter uma conversa nos poucos
nas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, ape-
influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e nas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou pare-
seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem cer hostil.
como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se Quando estamos num grupo, numa festa, não pode-
usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos mos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros.
produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expres- Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso,
sas pela linguagem também servem para fazer fazer. quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se
Com essa função, a linguagem modela tanto bons ci- histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas.
dadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo, A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, não seja manter os laços sociais. Quando encontramos al-
e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem guém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não que-
questionar. remos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem está doente, se está com problemas.
quando esta é usada para interferir no comportamento A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo
das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma social.
sugestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja
latino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo). entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time
de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa
- A linguagem serve para expressar a subjetividade: que as pessoas não entendam bem o significado da letra
Função Emotiva. do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o
importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes
“Eu fico possesso com isso!” da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação função fática para indicar a utilização da linguagem para
com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetiva- estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um fa-
mos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. lante e seu interlocutor.
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, - A linguagem serve para falar sobre a própria lingua-
desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas ve- gem: Função Metalinguística.
zes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usan-
intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O do o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegan-
Fernando tem mudado o país”. Essa maneira informal de se te usar palavrões”, não estamos falando de acontecimen-
referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de tos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a

106
LÍNGUA PORTUGUESA

própria linguagem. É o que chama função metalinguística. Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitaria-
A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos mente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada
sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo para informar, para influenciar, para manter os laços sociais,
tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos etc. No segundo, para produzir um efeito prazeroso de des-
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos co- coberta de sentidos. Em função estética, o mais importante
mentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que é como se diz, pois o sentido também é criado pelo ritmo,
não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc.
que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/,
de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Paro-
/k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
diando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica,
vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não
E o bosque estala, move-se, estremece...
podem pescar”.
Da cavalgada o estrépito que aumenta
- A linguagem serve para criar outros universos. Perde-se após no centro da montanha...

A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássi-
mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: cos.
mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa Observe-se que a maior concentração de sons oclu-
púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem ex- sivos ocorre no segundo verso, quando se afirma que o
pressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para barulho dos cavalos aumenta.
consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligi- Quando se usam recursos da própria língua para acres-
dos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras centar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se
vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o que estamos usando a linguagem em sua função poética.
galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e am-
bos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra Para melhor compreensão das funções de linguagem,
realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o torna-se necessário o estudo dos elementos da comuni-
amor nunca diminui e assim por diante.
cação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era de-
- A linguagem serve como fonte de prazer: Função
Poética. senvolvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta
- alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido outro escuta em silêncio, etc).
e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de Exemplo:
prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras
para delas extrairmos satisfação. Elementos da comunicação
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”,
diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase sha- - Emissor - emite, codifica a mensagem;
kespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emí- - Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
lio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gor- - Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
da se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez - Código - conjunto de signos usado na transmissão e
o seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco recepção da mensagem;
quebrar por excesso de fundos”. - Referente - contexto relacionado a emissor e recep-
A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel tor;
comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está - Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
empregado em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa
“capital”, “dinheiro”.
teoria sofreu uma modificação, pois, chegou-se a conclu-
são que quando se trata da parole, entende-se que é um
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diver-
veículo democrático (observe a função fática), assim, admi-
sas, com significados diferentes, nesta frase do deputado
Virgílio Guimarães: te-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diá-
logo interativo):
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e - locutor - quem fala (e responde);
quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata - locutário - quem ouve e responde;
uma dor de consciência e bata em retirada.” - interlocução - diálogo
(Folha de S. Paulo)

107
LÍNGUA PORTUGUESA

As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


faciais etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. SOBRE: LÍNGUA PORTUGUESA
As atitudes e reações dos comunicantes são também
referentes e exercem influência sobre a comunicação 1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al-
Lembramo-nos: ternativa correta quanto à concordância, de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no (A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade
“eu” do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta social está no centro dos debates atuais.
função está, por norma, a poesia lírica. (B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
- Função apelativa (imperativa): com este tipo de men- lação aos efeitos da desigualdade social.
sagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que este (C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
assuma determinado comportamento; há frequente uso mais pobres é um fenômeno crescente.
do vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é (D) A má distribuição de riquezas tem sido muito
frequentemente usada por oradores e agentes de publici- criticado por alguns teóricos.
dade. (E) Os debates relacionado à distribuição de rique-
- Função metalinguística: função usada quando a lín- zas não são de exclusividade dos economistas.
gua explica a própria linguagem (exemplo: quando, na aná-
lise de um texto, investigamos os seus aspectos morfossin- Realizei a correção nos itens:
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so-
táticos e/ou semânticos).
cial está = estão
- Função informativa (ou referencial): função usada
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver-
quando o emissor informa objetivamente o receptor de
gem
uma realidade, ou acontecimento.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção
mais pobres é um fenômeno crescente.
dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti-
textos publicitários (centra-se no canal de comunicação). cado = criticada
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensa- (E) Os debates relacionado = relacionados
gem com figuras de estilo, palavras belas, expressivas, rit-
mos agradáveis, etc. RESPOSTA: “C”.
Também podemos pensar que as primeiras falas cons- 2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
cientes da raça humana ocorreu quando os sons emitidos guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase
evoluíram para o que podemos reconhecer como “interjei- – Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
ções”. As primeiras ferramentas da fala humana. ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em:
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo (A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes
que mais profundamente distingue o homem dos outros americanos consomem em média 357 calorias, diárias
animais. dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes
Podemos considerar que o desenvolvimento desta fun- americanos consomem, em média 357 calorias diárias
ção cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a dessa fonte.
libertação da mão, que permitiram o aumento do volume (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes
do cérebro, a par do desenvolvimento de órgãos fonadores americanos consomem, em média, 357 calorias diárias
e da mímica facial dessa fonte.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes
Devido a estas capacidades, para além da linguagem americanos, consomem em média 357 calorias diárias
falada e escrita, o homem, aprendendo pela observação de dessa fonte.
animais, desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos sur- (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
dos em diferentes países, não só para melhorar a comuni- americanos, consomem em média 357 calorias diárias,
cação entre surdos, mas também para utilizar em situações dessa fonte.
especiais, como no teatro e entre navios ou pessoas e não
animais que se encontram fora do alcance do ouvido, mas Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada
que se podem observar entre si. ou faltante:
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X)
diárias dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias
dessa fonte.

108
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes Distribuímos = regra do hiato


americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des- (A) sócio = paroxítona terminada em ditongo
sa fonte. (B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome
(D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes oblíquo. Nunca!)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (C) lúcidos = proparoxítona
diárias dessa fonte. (D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui”
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes – oxítona: cons-ti-tui)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
diárias, (X) dessa fonte.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – A concordância verbal está plenamente observada na
FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de frase:
concordância verbal na frase: (A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e
a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e
nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas
visibilidade social. públicas.
b) As duas tábuas em que se comprimem o famige- (B) Sempre deverão haver bons motivos, junto
rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos, àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino
como “compro ouro”. religioso, para se reservar essa prática a setores da ini-
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa ciativa privada.
a exposição pública a que se submetem os guardadores (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex-
de carros. to, contra os que votam a favor do ensino religioso na
d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na escola pública, consistem nos altos custos econômicos
propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de- que acarretarão tal medida.
monstração de mau gosto. (D) O número de templos em atividade na cidade
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve- proporção maior do que ocorrem com o número de es-
lhos carros-placa. colas públicas.
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Fiz as correções entre parênteses: como a regulação natural do mercado sinalizam para
a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu- as inconveniências que adviriam da adoção do ensino
gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri- religioso nas escolas públicas.
mida a visibilidade social.
b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime) (A) Provocam = provoca (o posicionamento)
o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô- (B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver
nicos, como “compro ouro”. (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto,
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a contra os que votam a favor do ensino religioso na escola
exposição pública a que se submetem os guardadores de pública, consistem = consiste.
carros. (D) O número de templos em atividade na cidade de
d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros- São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor-
-placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma ção maior do que ocorrem = ocorre
demonstração de mau gosto. (E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como
e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in- a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve-
teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da- niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas
queles velhos carros-placa. escolas públicas.

RESPOSTA: “C”. RESPOSTA: “E”.

4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) 6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú-
mesma regra que distribuídos. blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para
(A) sócio (A) embaixadores.
(B) sofrê-lo (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
(C) lúcidos (C) prefeitos municipais.
(D) constituí (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(E) órfãos (E) vereadores.

109
LÍNGUA PORTUGUESA

(...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
(abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
dência da República (1991). tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece- põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
-detail.php?id=393)
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “E”.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
A frase que admite transposição para a voz passiva é:
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa-
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
grado.
ciedade como tais. (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo grande diversidade de fenômenos.
passará a ser, corretamente, (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so-
(A) perceba. ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
(B) foi percebido. ficação.
(C) tenham percebido. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
(D) devam perceber. da vida (...).
(E) estava percebendo. (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência.
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e do.
princípios... (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
grande diversidade de fenômenos.
RESPOSTA: “A” - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
explicada pelo conceito...
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
ta na frase: vida (...).
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
valores que determinam as escolhas dos governantes, e da falsa consciência.
para conferir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes RESPOSTA: “B”.
devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
cípios que regem a prática política. 10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA-
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda- TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
deiro regime democrático, em que se respeita tanto as vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista
liberdades individuais quanto as coletivas. ambiental Geraldo Motta.
(D) As instituições fundamentais de um regime de- Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis- nhados devem sofrer as seguintes alterações:
criminadas de um único poder central. (A) entrar − vira
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados (B) entrava − tinha visto
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes (C) entrasse − veria
opiniões existentes na sociedade. (D) entraria − veria
(E) entrava − teria visto
Fiz os acertos entre parênteses:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
ria = entrasse / veria.
rir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- RESPOSTA: “C”.
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

110
RACIOCÍNIO LÓGICO

1 Conceitos básicos de raciocínio lógico: proposições; valores lógicos das proposições; sentenças abertas; número de
linhas da tabela verdade; conectivos; proposições simples; proposições compostas. 2 Tautologia....................................... 01
Lógica de argumentação....................................................................................................................................................................................... 09
Diagramas lógicos e lógica de primeira ordem............................................................................................................................................ 13
Equivalências.............................................................................................................................................................................................................. 19
Leis de demorgan..................................................................................................................................................................................................... 23
Sequëncia lógica....................................................................................................................................................................................................... 26
Princípios de contagem e probabilidade........................................................................................................................................................ 30
Operações com conjunto...................................................................................................................................................................................... 37
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais............................................................................ 42
Porcentagem.............................................................................................................................................................................................................. 63
RACIOCÍNIO LÓGICO

PROF. EVELISE LEIKO UYEDA AKASHI Vamos ver alguns princípios da lógica:
Especialista em Lean Manufacturing pela Pontifícia
Universidade Católica- PUC Engenheira de Alimentos pela
I. Princípio da não Contradição: uma proposição não
Universidade Estadual de Maringá – UEM. Graduanda em
pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
Matemática pelo Claretiano.
II. Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição
“ou” é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se
sempre um desses casos e nunca um terceiro caso.
1 CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO
LÓGICO: PROPOSIÇÕES; VALORES LÓ- Valor Lógico das Proposições
GICOS DAS PROPOSIÇÕES; Definição: Chama-se valor lógico de uma proposição a
SENTENÇAS ABERTAS; NÚMERO DE verdade, se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se
LINHAS DA TABELA VERDADE; CONECTIVOS; a proposição é falsa (F).
PROPOSIÇÕES SIMPLES; PROPOSIÇÕES
COMPOSTAS. 2 TAUTOLOGIA. Exemplo
p: Thiago é nutricionista.
V(p)= V essa é a simbologia para indicar que o valor
lógico de p é verdadeira, ou
Proposição V(p)= F
Definição: Todo o conjunto de palavras ou símbolos
que exprimem um pensamento de sentido completo. Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou fal-
so, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem valor
Nossa professora, bela definição! lógico falso.
Não entendi nada!
Classificação
Vamos pensar que para ser proposição a frase tem que
fazer sentido, mas não só sentido no nosso dia a dia, mas Proposição simples: não contém nenhuma outra pro-
também no sentido lógico. posição como parte integrante de si mesma. São geral-
Para uma melhor definição dentro da lógica, para ser mente designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r,s...
proposição, temos que conseguir julgar se a frase é verda- E depois da letra colocamos “:”
deira ou falsa.
Exemplo:
Exemplos: p: Marcelo é engenheiro
(A) A Terra é azul. q: Ricardo é estudante
Conseguimos falar se é verdadeiro ou falso? Então é
uma proposição. Proposição composta: combinação de duas ou mais
(B) >2 proposições. Geralmente designadas pelas letras maiúscu-
las P, Q, R, S,...
Como ≈1,41, então a proposição tem valor lógico
falso. Exemplo:
P: Marcelo é engenheiro e Ricardo é estudante.
Todas elas exprimem um fato. Q: Marcelo é engenheiro ou Ricardo é estudante.

Agora, vamos pensar em uma outra frase: Se quisermos indicar quais proposições simples fazem
O dobro de 1 é 2? parte da proposição composta:
Sim, correto?
Correto. Mas é uma proposição? P(p,q)
Não! Porque sentenças interrogativas, não podemos
declarar se é falso ou verdadeiro. Se pensarmos em gramática, teremos uma proposição
composta quando tiver mais de um verbo e proposição
Bruno, vá estudar. simples, quando tiver apenas 1. Mas, lembrando que para
É uma declaração imperativa, e da mesma forma, não ser proposição, temos que conseguir definir o valor lógico.
conseguimos definir se é verdadeiro ou falso, portanto, não
é proposição. Conectivos
Agora vamos entrar no assunto mais interessante: o
Passei! que liga as proposições.
Ahh isso é muito bom, mas infelizmente, não podemos Antes, estávamos vendo mais a teoria, a partir dos co-
de qualquer forma definir se é verdadeiro ou falso, porque nectivos vem a parte prática.
é uma sentença exclamativa.

1
RACIOCÍNIO LÓGICO

Definição - Disjunção Exclusiva


Palavras que se usam para formar novas proposições,
a partir de outras. Extensa: Ou...ou...
Símbolo: ∨
Vamos pensar assim: conectivos? Conectam alguma
coisa? p: Vitor gosta de estudar.
Sim, vão conectar as proposições, mas cada conetivo q: Vitor gosta de trabalhar
terá um nome, vamos ver?
p∨q Ou Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de tra-
-Negação
balhar.

-Condicional
Extenso: Se...,então..., É necessário que, Condição ne-
Exemplo cessária
p: Lívia é estudante. Símbolo: →
~p: Lívia não é estudante.
Exemplos
q: Pedro é loiro. p→q: Se chove, então faz frio.
¬q: É falso que Pedro é loiro. p→q: É suficiente que chova para que faça frio.
p→q: Chover é condição suficiente para fazer frio.
r: Érica lê muitos livros. p→q: É necessário que faça frio para que chova.
~r: Não é verdade que Érica lê muitos livros. p→q: Fazer frio é condição necessária para chover.

s: Cecilia é dentista. -Bicondicional


¬s: É mentira que Cecilia é dentista. Extenso: se, e somente se, ...
Símbolo:↔
-Conjunção
p: Lucas vai ao cinema
q: Danilo vai ao cinema.

p↔q: Lucas vai ao cinema se, e somente se, Danilo vai


ao cinema.
Nossa, são muitas formas de se escrever com a con-
junção. Referências
Não precisa decorar todos, alguns são mais usuais: “e”, ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica mate-
“mas”, “porém” mática – São Paulo: Nobel – 2002.

Exemplos
p: Vinícius é professor.
q: Camila é médica. Questões
p∧q: Vinícius é professor e Camila é médica.
p∧q: Vinícius é professor, mas Camila é médica. 01. (IFBAIANO – Assistente em Administração –
p∧q: Vinícius é professor, porém Camila é médica. FCM/2017) Considere que os valores lógicos de p e q são
V e F, respectivamente, e avalie as proposições abaixo.
- Disjunção I- p → ~(p ∨ ~q) é verdadeiro
II- ~p → ~p ∧ q é verdadeiro
III- p → q é falso
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q é falso
p: Vitor gosta de estudar.
q: Vitor gosta de trabalhar Está correto apenas o que se afirma em:

p∨q: Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de traba- (A) I e III.


lhar. (B) I, II e III.
(C) I e IV.
(D) II e III.
(E) III e IV.

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. (TERRACAP – Técnico Administrativo – QUA- 05. (EBSERH – Médico – IBFC/2017) Sabe-se que p,
DRIX/2017) Sabendo-se que uma proposição da forma q e r são proposições compostas e o valor lógico das pro-
“P→Q” — que se lê “Se P, então Q”, em que P e Q são pro- posições p e q são falsos. Nessas condições, o valor lógico
posições lógicas — é Falsa quando P é Verdadeira e Q é Fal- da proposição r na proposição composta {[q v (q ^ ~p)] v r}
sa, e é Verdadeira nos demais casos, assinale a alternativa cujo valor lógico é verdade, é:
que apresenta a única proposição Falsa.
(A) falso
(A) Se 4 é um número par, então 42 + 1 é um número (B) inconclusivo
primo. (C) verdade e falso
(B) Se 2 é ímpar, então 22 é par. (D) depende do valor lógico de p
(C) Se 7 × 7 é primo, então 7 é primo. (E) verdade
(D) Se 3 é um divisor de 8, então 8 é um divisor de 15.
(E) Se 25 é um quadrado perfeito, então 5 > 7. 06. (PREF. DE TANGUÁ/RJ – Fiscal de Tributos – MS-
CONCURSOS/2017) Qual das seguintes sentenças é clas-
03. (IFBAIANO – Assistente Social – FCM/2017) sificada como uma proposição simples?
Segundo reportagem divulgada pela Globo, no dia
17/05/2017, menos de 40% dos brasileiros dizem praticar (A) Será que vou ser aprovado no concurso?
esporte ou atividade física, segundo dados da Pesquisa Na- (B) Ele é goleiro do Bangu.
cional por Amostra de Domicílios (Pnad)/2015. Além disso, (C) João fez 18 anos e não tirou carta de motorista.
concluiu-se que o número de praticantes de esporte ou de (D) Bashar al-Assad é presidente dos Estados Unidos.
atividade física cresce quanto maior é a escolaridade.
(Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/menos-
07.(EBSERH – Assistente Administrativo –
de-40-dos-brasileiros-dizem-praticar-esporte-ou-ativida-
IBFC/2017) Assinale a alternativa incorreta com relação
de-fisica-futebol-e-caminhada-lideram-praticas.ghtml.
aos conectivos lógicos:
Acesso em: 23 abr. 2017).
Com base nessa informação, considere as proposições
p e q abaixo: (A) Se os valores lógicos de duas proposições forem
falsos, então a conjunção entre elas têm valor lógico falso.
p: Menos de 40% dos brasileiros dizem praticar esporte (B) Se os valores lógicos de duas proposições forem
ou atividade física falsos, então a disjunção entre elas têm valor lógico falso.
q: O número de praticantes de esporte ou de atividade (C) Se os valores lógicos de duas proposições forem
física cresce quanto maior é a escolaridade falsos, então o condicional entre elas têm valor lógico ver-
dadeiro.
Considerando as proposições p e q como verdadeiras, (D) Se os valores lógicos de duas proposições forem
avalie as afirmações feitas a partir delas. falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
falso.
I- p ∧ q é verdadeiro (E) Se os valores lógicos de duas proposições forem
II- ~p ∨ ~q é falso falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
III- p ∨ q é falso verdadeiro.
IV- ~p ∧ q é verdadeiro
08. (DPU – Analista – CESPE/2016) Um estudante de
Está correto apenas o que se afirma em: direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou
sua própria legenda, na qual identificava, por letras, algu-
(A) I e II. mas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e
(B) II e III. as vinculava por meio de sentenças (proposições). No seu
(C) III e IV. vocabulário particular constava, por exemplo:
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV. P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
04. (UFSBA - Administrador – UFMT /2017) Assinale R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclu-
a alternativa que NÃO apresenta uma proposição.
são no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
(A) Jorge Amado nasceu em Itabuna-BA.
(B) Antônio é produtor de cacau.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não re-
(C) Jorge Amado não foi um grande escritor baiano.
(D) Queimem os seus livros. cordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue
o item que se segue.

3
RACIOCÍNIO LÓGICO

A proposição “Caso tenha cometido os crimes A e B, 02. Resposta:.E.


não será necessariamente encarcerado nem poderá pagar Vamos fazer por alternativa:
fiança” pode ser corretamente simbolizada na forma (P∧- (A) V→V
Q)→((~R)∨(~S)). V
( )Certo ( )Errado
(B) F→V
09. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Administrador - V
PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere-se a seguinte
proposição: “Se chove, então Mariana não vai ao deserto”. (C)V→V
Com base nela é logicamente correto afirmar que: V
(A) Chover é condição necessária e suficiente para Ma-
riana ir ao deserto. (D) F→F
V
(B) Mariana não ir ao deserto é condição suficiente
para chover.
(E) V→F
(C) Mariana ir ao deserto é condição suficiente para
F
chover.
(D) Não chover é condição necessária para Mariana ir
03. Resposta: A.
ao deserto.
p∧q é verdadeiro
~p∨~q
10. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi-
nistração – PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere- F∨F
se a seguinte proposição: F
p∨q
P: João é alto ou José está doente. V∨V
V
O conectivo utilizado na proposição composta P cha-
ma-se: ~p∧q
(A) disjunção F∧V
(B) conjunção F
(C) condicional
(D) bicondicional 04. Resposta: D.
As frases que você não consegue colocar valor lógico
(V ou F) não são proposições.
RESPOSTAS Sentenças abertas, frases interrogativas, exclamativas,
imperativas
01. Resposta: D.
I- p → ~(p ∨ ~q) 05. Resposta: E.
(V) →~(V∨V) Sabemos que p e q são falsas.
V→F q∧~p =F
F q∨( q∧~p)
F∨F
II- ~p → ~p ∧ q F
F→F∧V Como a proposição é verdadeira, R deve ser verdadeira
F→F para a disjunção ser verdadeira.
V
06. Resposta: D.
III- p → q A única que conseguimos colocar um valor lógico.
V→F A C é uma proposição composta.
F
07. Resposta: D.
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q Observe que as alternativas D e E são contraditórias,
~(F∨F) →V∧V portanto uma delas é falsa.
V→V Se as duas proposições têm o mesmo valor lógico, a
→V bicondicional é verdadeira.

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

08. Resposta: Errado. -Negação


“...encarcerado nem poderá pagar fiança”. p ~p
“Nem” é uma conjunção(∧) V F
F V
09. Resposta: D.
Não pode chover para Mariana ir ao deserto. Se estamos negando uma coisa, ela terá valor lógico
oposto, faz sentido, não?
10. Resposta: A. - Conjunção
O conectivo ou chama-se disjunção e também é repre-
sentado simbolicamente por ∨ Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se
eu tiver as duas coisas, certo?
Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só
Tabela-verdade
chocolate.
Com a tabela-verdade, conseguimos definir o valor
E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois.
lógico de proposições compostas facilmente, analisando
cada coluna.
p q p ∧q
Se tivermos uma proposição p, ela pode ter V(p)=V ou V V V
V(p)=F V F F
F V F
p F F F
V
F -Disjunção

Quando temos duas proposições, não basta colocar só Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o co-
nectivo “ou”.
VF, será mais que duas linhas.
Eu comprei bala ou chocolate.
p q Eu comprei bala e também comprei o chocolate, está
V V certo pois poderia ser um dos dois ou os dois.
V F Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma
F V forma se eu comprei apenas chocolate.
F F Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará
certo.
Observe, a primeira proposição ficou VVFF
E a segunda intercalou VFVF.
Vamos raciocinar, com uma proposição temos 2 possi- p q p ∨q
bilidades, com 2 proposições temos 4, tem que haver um V V V
padrão para se tornar mais fácil! V F V
As possibilidades serão 2n,
F V V
Onde:
n=número de proposições F F F
p q r -Disjunção Exclusiva
V V V
V F V Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei
chocolate OU comprei bala.
V V F
Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mesmo
V F F tempo.
F V V
F F V p q p∨q
V V F
F V F
V F V
F F F F V V
F F F
A primeira proposição, será metade verdadeira e me-
tade falsa.
A segunda, vamos sempre intercalar VFVFVF.
E a terceira VVFFVVFF.
Agora, vamos ver a tabela verdade de cada um dos
operadores lógicos?

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Condicional A proposição ~(p∧p) é tautologia, pelo Princípio da


não contradição. Está lembrado?
Se chove, então faz frio.
Princípio da não Contradição: uma proposição não
Se choveu, e fez frio pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
Estamos dentro da possibilidade.(V)
P ~p p∧~p ~(p∧p)
Choveu e não fez frio V F F V
Não está dentro do que disse. (F) F V F V
Não choveu e fez frio.. A proposição p∨ ~p é tautológica, pelo princípio do
Ahh tudo bem, porque pode fazer frio se não chover, Terceiro excluído.
certo?(V)
Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é
Não choveu, e não fez frio verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses
Ora, se não choveu, não precisa fazer frio. (V) casos e nunca um terceiro caso.
p q p →q
V V V P ~p p∨~p
V F F V F V
F V V F V V
F F V
Esses são os exemplos mais simples, mas normalmente
-Bicondicional conseguiremos resolver as questões com base na tabela
verdade, por isso insisto que a tabela verdade dos opera-
Ficarei em casa, se e somente se, chover. dores, têm que estar na “ponta da língua”, quase como a
tabuada da matemática.
Estou em casa e está chovendo.
A ideia era exatamente essa. (V) Veremos outros exemplos

Estou em casa, mas não está chovendo. Exemplo 1


Você não fez certo, era só pra ficar em casa se choves- Vamos pensar nas proposições
se. (F) P: João é estudante
Q: Mateus é professor
Eu sai e está chovendo. Se João é estudante, então João é estudante ou Ma-
Aiaiai não era pra sair se está chovendo. (F) teus é professor.
Não estou em casa e não está chovendo. Em simbologia: p→p∨q
Sem chuva, você pode sair, ta? (V)
P Q pVq p→p∨q
p q p ↔q V V V V
V V V V F V V
V F F F V V V
F V F F F F V
F F V
A coluna inteira da proposição composta deu verda-
Tentei deixar de uma forma mais simples, para enten- deiro, então é uma tautologia.
der a tabela verdade de cada conectivo, pois sei que será
difícil para decorar, mas se você lembrar das frases, talvez Exemplo 2
fique mais fácil. Bons estudos! Vamos às questões!
Com as mesmas proposições anteriores:
Tautologia João é estudante ou não é verdade que João é estu-
dante e Mateus é professor.
Definição: Chama-se tautologia, toda proposição com- p∨~(p∧q)
posta que terá a coluna inteira de valor lógico V.
Podemos ter proposições SIMPLES que são falsas e se P Q p∧q ~(p∧q) p∨~(p∧q)
a coluna da proposição composta for verdadeira é tauto- V V V F V
logia. V F F V V
Vamos ver alguns exemplos. F V F V V
F F F V V

6
RACIOCÍNIO LÓGICO

Novamente, coluna deu inteira com valor lógico verda-


deiro, é tautologia.

Exemplo 3
Se João é estudante ou não é estudante, então Mateus
é professor.

P Q ~p p∨~p p∨~p→q
V V F V V
V F F V F
F V V V V
F F V V V

Deu uma falsa e agora?


Não é tautologia.
Completando a tabela, se necessário, assinale a opção
que mostra, na ordem em que aparecem, os valores lógi-
cos na coluna correspondente à proposição S, de cima para
Referências baixo.
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemá- (A) V / V / F / F / F / F / F / F
tica – São Paulo: Nobel – 2002. (B) V / V / F / V / V / F / F / V
(C) V / V / F / V / F / F / F / V
(D) V / V / V / V / V / V / V / V
Questões (E) V / V / V / F / V / V / V / F

01. (TRT 7ªREGIÃO – Conhecimentos Básicos – CES- 03. (UTFPR – pedagogo – UTFPR/2017) A operação
PE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P lógica descrita pela tabela verdade da função Z, cujos ope-
A empresa alegou ter pago suas obrigações previden- randos são p e q, é:
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga-
mento; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.
A quantidade mínima de linhas necessárias na tabela-
verdade para representar todas as combinações possíveis
para os valores lógicos das proposições simples que com-
põem a proposição P do texto CB1A5AAA é igual a:

(A) 32.
(A) Conjunção.
(B) 4.
(B) Disjunção.
(C) 8.
(C) Disjunção exclusiva.
(D) 16. (D) Implicação.
(E) Bicondicional.
02. (SERES/PE – Agente de Segurança Penitenciária 04. (POLITEC/MT – Papiloscopista – UFMT/2017)
– CESPE/2017) A partir das proposições simples P: “Sandra Considere a tabela-verdade abaixo, em que nas duas pri-
foi passear no centro comercial Bom Preço”, Q: “As lojas meiras colunas encontram-se os valores-verdade de duas
do centro comercial Bom Preço estavam realizando liquida- proposições A e B. Considere que V é usado para proposi-
ção” e R: “Sandra comprou roupas nas lojas do Bom Preço” ção verdadeira e F para proposição falsa.
é possível formar a proposição composta S: “Se Sandra foi
passear no centro comercial Bom Preço e se as lojas desse
centro estavam realizando liquidação, então Sandra com-
prou roupas nas lojas do Bom Preço ou Sandra foi passear
no centro comercial Bom Preço”. Considerando todas as
possibilidades de as proposições P, Q e R serem verdadei-
ras (V) ou falsas (F), é possível construir a tabela-verdade da
proposição S, que está iniciada na tabela mostrada a seguir.

7
RACIOCÍNIO LÓGICO

Assinale a sequência que completa correta e respecti- 08. A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre ver-
vamente a tabela com os valores-verdade de x, y, z, t. dadeira, independentemente das valorações de P e Q como
verdadeiras ou falsas.
(A) V, F, V, V ( )certo ( )errado
(B) V, F, F, F
(C) F, V, V, F
(D) F, V, F, V 09. Tendo como referência essa situação hipotética,
julgue o item que se segue.
05. (AGREBRA – Técnico em Regulação – IBFC/2017)
A sentença P→S é verdadeira.
Assinale a alternativa correta. O valor lógico do bicondicio-
nal entre duas proposições é falso se:
( )certo ( )errado
(A) os valores lógicos das duas proposições forem fal-
sos .
(B) o valor lógico de cada uma das proposições for ver- 10. Tendo como referência essa situação hipotética,
dade. julgue o item que se segue.
(C) o valor lógico da primeira proposição for falso.
(D) o valor lógico da segunda proposição for falso. A sentença Q→R é falsa.
(E) somente uma das proposições tiver valor lógico fal- ( )certo ( )errado
so.

06. (PREF. DE SÃO JOSÉ DO CERRITO/SC – Assitente 11. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere as
Social – IESES/2017) Assinale a alternativa INCORRETA so- seguintes proposições:
bre lógica proposicional:
I) p ∧ ~p
(A) A disjunção inclusiva é falsa apenas quando ambas II) p → ~p
as proposições são falsas. III) p ∨ ~p
(B) A negação de uma proposição é falsa se ela for ver-
IV) p →~q
dadeira, e vice-versa.
(C) A conjunção é verdadeira apenas quando ambas as
proposições são verdadeiras. Assinale a alternativa correta.
(D) A implicação ou condicional é falsa quando ambas
as proposições são falsas. (A) Somente I e II são tautologias.
(B) Somente II é tautologia.
07. (PREF. DE TANGUÁ/RJ – Fiscal de Tributos – MS- (C) Somente III é tautologia.
CONCURSOS/2017) A tabela-verdade da proposição (p (D) Somente III e a IV são tautologias.
->q) ^r <->(p^~r) possui: (E) Somente a IV é tautologia.

(A) 4 linhas
(B) 8 linhas 12 (FUNDAÇÃO HEMOCENTRO DE BRASILIA/DF – Ad-
(C) 16 linhas ministração – IADES/2017) Assinale a alternativa que apre-
(D) 32 linhas senta uma tautologia.

(DPU – Analista – CESPE/2016) Um estudante de di- (A) p∨(q∨~p)


reito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou (B) (q→p) →(p→q)
sua própria legenda, na qual identificava, por letras, algu- (C) p→(p→q∧~q)
mas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e (D) p∨~q→(p→~q)
as vinculava por meio de sentenças (proposições). No seu (E) p∨q→p∧q
vocabulário particular constava, por exemplo:

P: Cometeu o crime A.
Respostas
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclu-
são no regime fechado. 01. Resposta: C.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança. P: A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não denciárias.
recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafian- Q: apresentou os comprovantes de pagamento.
çável. R: o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue Número de linhas: 2³=8.
os itens que se seguem.

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. Resposta: D. -Bicondicional


A proposição S é composta por: (p∧q)→(r∨p) p q p ↔q
V V V
P Q R p∧q r∨p S(p∧q)→(r∨p) V F F
V V V V V V F V F
F F V
V V F V V V
V F V F V V 09. Resposta: Errado
Apesar da tendência de falar que é verdadeira, pois fala
V F F F V V que o crime B é inafiançável, logo A é pode optar por pagar
F V V F V V a fiança, não é correto, pois não sabemos sobre o crime A,
F V F F F V se ele é inafiançável ou não.
F F V F V V
10. Resposta: Errado.
F F F F F V Se temos V(Q)=V
Para a proposição Q→R ser falsa, R deve ser falso.
03. Resposta: A. Mas, se o crime B é inafiançável, então R é verdadeiro,
É uma conjunção, pois só é verdadeira quando as duas tornando Q→R verdadeira, por isso está errado.
proposições são verdadeiras.
11. Resposta: C.
04. Resposta:A. P ou a própria negação é tautologia.
A B ¬A ¬A ou B
V V F V 12. Resposta: A.
V F F F Antes de entrar em desespero que tenha que fazer to-
F V V V das as tabela verdade, vamos analisar:
F F V V Provavelmente terá uma alternativa que tenha uma
proposição com conectivo de disjunção e a negação:
05. Resposta: E. p∨~p
p q p ↔q Logo na alternativa A, percebemos que temos algo pa-
V V V recido.
V F F Para confirmar, podemos fazer a tabela verdade:
F V F P Q ~p q∨~p p∨(q∨~p)
F F V V V F V V
V F F F V
06. Resposta: D. F V V V V
A condicional é falsa, apenas quando a primeira for F F V V V
verdadeira e a segunda falsa.

07. Resposta: B.
São três proposições: 2³=8 LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
08. Resposta: Certo.
Analisando as duas tabelas, qualquer valor lógico que
colocarmos dará verdadeiro. Argumentos
Exemplo:
V(P)=V Um argumento é um conjunto finito de premissas (pro-
V(Q)=V posições ), sendo uma delas a consequência das demais.
V(~P)=F Tal premissa (proposição), que é o resultado dedutivo ou
V(~Q)=F consequência lógica das demais, é chamada conclusão. Um
V(P→Q)=V argumento é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q
V(~Q→~P)=V OBSERVAÇÃO: A fórmula argumentativa P1 ∧ P2 ∧ ...
V((P→Q)↔((~Q→(~P))==V ∧ Pn → Q, também poderá ser representada pela seguinte
forma:
-Condicional
p q p →q
V V V
V F F
F V V
F F V

9
RACIOCÍNIO LÓGICO

Argumentos válidos Se Antônio é inocente então Carlos é inocente


Carlos é inocente, pois sendo a primeira verdadeira, a
Um argumento é válido quando a conclusão é verda- condicional só será verdadeira se a segunda proposição
deira (V), sempre que as premissas forem todas verdadeiras também for.
(V). Dizemos, também, que um argumento é válido quando
a conclusão é uma consequência obrigatória das verdades Então, temos:
de suas premissas. Pedro é inocente, João é culpado, Antônio é inocente
e Carlos é inocente.
Argumentos inválidos

Um argumento é dito inválido (ou falácia, ou ilegítimo Questões


ou mal construído), quando as verdades das premissas são
insuficientes para sustentar a verdade da conclusão. Caso a
01. (PREF. DE SALVADOR – Técnico de Nível Supe-
conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências geradas
rior – FGV/2017) Carlos fez quatro afirmações verdadeiras
pelas verdades de suas premissas, tem-se como conclusão
sobre algumas de suas atividades diárias:
uma contradição (F).
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
Métodos para testar a validade dos argumentos
(IFBA – Administrador – FUNRIO/2016) Ou João é cul- ▪ Almoço, ou vou à academia.
pado ou Antônio é culpado. Se Antônio é inocente então ▪ Vou ao restaurante, ou não almoço.
Carlos é inocente. João é culpado se e somente se Pedro é ▪ Visto bermuda, ou não vou à academia.
inocente. Ora, Pedro é inocente. Logo:
Certo dia, Carlos vestiu uma calça pela manhã.
(A) Pedro e Antônio são inocentes e Carlos e João são
culpados. É correto concluir que Carlos:
(B) Pedro e Carlos são inocentes e Antônio e João são
culpados. (A) almoçou e foi à academia.
(C) Pedro e João são inocentes e Antônio e Carlos são (B) foi ao restaurante e não foi à academia.
culpados. (C) não foi à academia e não almoçou.
(D) Antônio e Carlos são inocentes e Pedro e João são (D) almoçou e não foi ao restaurante.
culpados. (E) não foi à academia e não almoçou.
(E) Antônio, Carlos e Pedro são inocentes e João é cul-
pado. 02. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário-
FGV/2017) Sabe-se que:
Resposta: E.
Vamos começar de baixo pra cima. • Se X é vermelho, então Y não é verde.
• Se X não é vermelho, então Z não é azul.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado. • Se Y é verde, então Z é azul.
Se Antônio é inocente então Carlos é inocente
João é culpado se e somente se Pedro é inocente Logo, deduz-se que:
Ora, Pedro é inocente
(V) (A) X é vermelho;
(B) X não é vermelho;
Sabendo que Pedro é inocente,
(C) Y é verde;
João é culpado se e somente se Pedro é inocente
(D) Y não é verde;
João é culpado, pois a bicondicional só é verdadeira se
(E) Z não é azul.
ambas forem verdadeiras ou ambas falsas.

João é culpado se e somente se Pedro é inocente 03. (PC/AC – Agente de Polícia Civil – IBADE/2017)
(V) (V) Sabe-se que se Zeca comprou um apontador de lápis azul,
Ora, Pedro é inocente então João gosta de suco de laranja. Se João gosta de suco
de laranja, então Emílio vai ao cinema. Considerando que
(V)
Emílio não foi ao cinema, pode-se afirmar que:
Sabendo que João é culpado, vamos analisar a primeira
(A) Zeca não comprou um apontador de lápis azul.
premissa
(B) Emílio não comprou um apontador de lápis azul.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
(C) Zeca não gosta de suco de laranja.
Então, Antônio é inocente, pois a disjunção exclusiva só
(D) João não comprou um apontador de lápis azul.
é verdadeira se apenas uma das proposições for.
(E) Zeca não foi ao cinema.

10
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (UFSBA – Administrador – UFMT/2017) São da- É correto concluir que, nesse dia, Carlos:
dos os seguintes argumentos:
ARGUMENTO 1 (A) correu e andou;
(B) não correu e não andou;
P1: Iracema não gosta de acarajé ou Iracema não é so- (C) andou e não teve companhia;
teropolitana. (D) teve companhia e andou;
P2: Iracema é soteropolitana. (E) não correu e não teve companhia.
C:
07. (PREF. DE SÃO PAULO – Assistente de Gestão de
Políticas Públicas – CESPE/2016) As proposições seguin-
ARGUMENTO 2
tes constituem as premissas de um argumento.
P1: Se Aurélia não é ilheense, então Aurélia não é pro-
dutora de cacau. • Bianca não é professora.
P2: Aurélia não é ilheense. • Se Paulo é técnico de contabilidade, então Bianca é
C: professora.
• Se Ana não trabalha na área de informática, então
ARGUMENTO 3 Paulo é técnico de contabilidade.
P1: Lucíola é bailarina ou Lucíola é turista. • Carlos é especialista em recursos humanos, ou Ana
P2: Lucíola não é bailarina. não trabalha na área de informática, ou Bianca é professora.
C:
Assinale a opção correspondente à conclusão que tor-
ARGUMENTO 4 na esse argumento um argumento válido.
P1: Se Cecília é baiana, então Cecília gosta de vatapá.
P2: Cecília não gosta de vatapá. (A) Carlos não é especialista em recursos humanos e
C: Paulo não é técnico de contabilidade.
(B) Ana não trabalha na área de informática e Paulo é
Pode-se inferir que técnico de contabilidade.
(C) Carlos é especialista em recursos humanos e Ana
(A) Lucíola é turista.
trabalha na área de informática.
(B) Cecília é baiana.
(D) Bianca não é professora e Paulo é técnico de con-
(C) Aurélia é produtora de cacau. tabilidade.
(D) Iracema gosta de acarajé. (E) Paulo não é técnico de contabilidade e Ana não tra-
balha na área de informática.
05. (COPERGAS/PE – Auxiliar Administrativo –
FCC/2016) Considere verdadeiras as afirmações a seguir: 08. (PREF. DE SÃO GONÇALO – Analista de Contabi-
lidade – BIORIO/2016) Se Ana gosta de Beto, então Beto
I. Laura é economista ou João é contador. ama Carla. Se Beto ama Carla, então Débora não ama Luiz.
II. Se Dinorá é programadora, então João não é con- Se Débora não ama Luiz, então Luiz briga com Débora. Mas
tador. Luiz não briga com Débora. Assim:
III. Beatriz é digitadora ou Roberto é engenheiro.
IV. Roberto é engenheiro e Laura não é economista. (A) Ana gosta de Beto e Beto ama Carla.
(B) Débora não ama Luiz e Ana não gosta de Beto.
A partir dessas informações é possível concluir, corre- (C) Débora ama Luiz e Ana gosta de Beto.
tamente, que : (D) Ana não gosta de Beto e Beto não ama Carla.
(E) Débora não ama Luiz e Ana gosta de Beto.
(A) Beatriz é digitadora.
09. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador –
(B) João é contador.
PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Considerem-se verda-
(C) Dinorá é programadora.
deiras as seguintes proposições:
(D) Beatriz não é digitadora.
(E) João não é contador. P1: André não gosta de chuchu ou Bruno gosta de be-
terraba.
06. (MPE/RJ – Analista do Ministério Público – P2: Se Bruno gosta de beterraba, então Carlos não gos-
FGV/2016) Sobre as atividades fora de casa no domingo, ta de jiló.
Carlos segue fielmente as seguintes regras: P3: Carlos gosta de jiló e Daniel não gosta de cenoura.
- Ando ou corro.
Assim, uma conclusão necessariamente verdadeira é a
- Tenho companhia ou não ando.
- Calço tênis ou não corro. seguinte:
Domingo passado Carlos saiu de casa de sandálias.

11
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) André não gosta de chuchu se, e somente se, Daniel 03. Resposta: A.
gosta de cenoura. Considerando que Emílio não foi ao cinema:
(B) Se André não gosta de chuchu, então Daniel gosta
de cenoura. Se João gosta de suco de laranja, então Emílio vai ao
(C) Ou André gosta de chuchu ou Daniel não gosta de cinema.
cenoura. F F
(D) André gosta de chuchu ou Daniel gosta de cenou- Zeca comprou um apontador de lápis azul, então João
ra. gosta de suco de laranja.
F F
10. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016)
Considere que as seguintes proposições sejam verdadeiras. 04. Resposta: A.
Vamos analisar por alternativa, pois fica mais fácil que
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. analisar cada argumento.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. OBS: Como a alternativa certa é a A, analisarei todas as
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. alternativas, para mostrar o porquê de ser essa a correta.
• Quando Fernando está estudando, não chove.
• Durante a noite, faz frio. (A) Lucíola é turista.
Eu acho mais fácil fazer sempre com as premissas ver-
Tendo como referência as proposições apresentadas, dadeiras.
julgue o item subsecutivo. ARGUMENTO 3
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estu- P1: Lucíola é bailarina ou Lucíola é turista.
dando. F V
certo errado P2: Lucíola não é bailarina.(V)

Respostas (B) Cecília é baiana


P1: Se Cecília é baiana, então Cecília gosta de vatapá.
V F
01. Resposta: B.
P2: Cecília não gosta de vatapá.
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
▪ Almoço, ou vou à academia.
Mas se Cecília não gosta de vatapá a P2 seria incorreta,
V f
por isso não é essa alternativa.
▪ Vou ao restaurante, ou não almoço.
V F
(C) Aurélia é produtora de cacau
▪ Visto bermuda, ou não vou à academia. P1: Se Aurélia não é ilheense, então Aurélia não é pro-
F V dutora de cacau.
F F
02. Resposta: D. P2: Aurélia não é ilheense.
Vamos tentar fazendo que X é vermelho para ver se Aurélia seria ilheense.
todos vão ter valor lógico correto.
(D) Iracema gosta de acarajé.
• Se X é vermelho, então Y não é verde. P1: Iracema não gosta de acarajé ou Iracema não é so-
V V teropolitana.
• Se Y é verde, então Z é azul. F V
F F/V P2: Iracema é soteropolitana.(F)
• Se X não é vermelho, então Z não é azul. Também entrou em contradição.
F F/V
05. Resposta: B.
Se x não é vermelho: Começamos sempre pela conjunção.
• Se X é vermelho, então Y não é verde. IV. Roberto é engenheiro e Laura não é economista.
F V V V
• Se Y é verde, então Z é azul.
F F I. Laura é economista ou João é contador.
F V
• Se X não é vermelho, então Z não é azul.
V V II. Se Dinorá é programadora, então João não é con-
tador.
F F

III. Beatriz é digitadora ou Roberto é engenheiro.


V/F V

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. Resposta: D. (A) na bicondicional, as duas deveriam ser verdadeiras,


- Calço tênis ou não corro. ou as duas falsas
F V (B) como a primeira proposição é verdadeira, a segun-
da também deveria ser.
- Ando ou corro. (D) Como a primeira é falsa, a segunda deveria ser ver-
V F dadeira.
- Tenho companhia ou não ando.
V F 10.Resposta: Errado
Resumindo: ele calçou sandálias, andou e teve com-
panhia. • Durante a noite, faz frio.
V
07. Resposta: C.
• Bianca não é professora.(V) • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
• Se Paulo é técnico de contabilidade, então Bianca é F F
professora.
F F • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
• Se Ana não trabalha na área de informática, então V V
Paulo é técnico de contabilidade.
F F • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
• Carlos é especialista em recursos humanos, F F
V
ou Ana não trabalha na área de informática, ou Bianca • Quando Fernando está estudando, não chove.
é professora. V/F V
F F Portanto, Se Maria foi ao cinema, então Fernando es-
tava estudando.
08. Resposta: D. Não tem como ser julgado.
Sabendo que Luiz não briga com Débora
Se Débora não ama Luiz, então Luiz briga com Débora.
F F DIAGRAMAS LÓGICOS E LÓGICA DE
. Se Beto ama Carla, então Débora não ama Luiz PRIMEIRA ORDEM
F F
Se Ana gosta de Beto, então Beto ama Carla.
F V
As questões de Diagramas lógicos envolvem as pro-
09 Resposta: C. posições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja solução
Vamos começar pela P3, pois é uma conjunção, assim requer que desenhemos figuras, os chamados diagramas.
é mais fácil definirmos o valor lógico de cada proposição.
Para a conjunção ser verdadeira, as duas proposições Definição das proposições
devem ser verdadeiras.
Portanto: Todo A é B.
Carlos gosta de jiló.
Daniel não gosta de cenoura. O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo
P2: Se Bruno gosta de beterraba, então Carlos não gos- elemento de A também é elemento de B.
ta de jiló.
Carlos não gosta de jiló. (F) Podemos representar de duas maneiras:
e par a condicional ser verdadeira a primeira também deve
ser falsa.
Bruno gosta de beterraba. (F)

P1: André não gosta de chuchu ou Bruno gosta de be-


terraba.
A segunda é falsa, e para a disjunção ser verdadeira, a
primeira é verdadeira.
André não gosta de chuchu. (V).
Vamos enumerar as verdadeiras:
1- Carlos gosta de jiló.
2-Daniel não gosta de cenoura.
3-Bruno não gosta de beterraba Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como
4-André não gosta de chuchu ficam os valores lógicos das outras?

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

Pensemos nessa frase: Toda criança é linda. a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen-
tos em comum.
Nenhum A é B é necessariamente falsa.
Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar
que TODA criança é linda? Por isso é falsa.

Algum A é B é necessariamente verdadeira


Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são
lindas.

Algum A não é B necessariamente falsa, pois A está


contido em B.
Alguma criança não é linda, bem como já vimos impos-
sível, pois todas são.
b) Todos os elementos de A estão em B.
Nenhum A é B.

A e B não terão elementos em comum.

c) Todos os elementos de B estão em A.

Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver como


ficam os valores lógicos das outras?

Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase ex-


trema, mas assim é bom para entendermos..hehe)

Todo A é B é necessariamente falsa.


Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?

Algum A é B é necessariamente falsa.


Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.

Algum A não é B necessariamente verdadeira.


Algum cachorro não é gato, ah sim espero que todos
d) O conjunto A é igual ao conjunto B.
não sejam mas, se já está dizendo algum vou concordar.

Algum A é B.

Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em


comum com o conjunto B.

Temos 4 representações possíveis:

14
RACIOCÍNIO LÓGICO

Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como c) Não há elementos em comum entre os dois conjun-
ficam os valores lógicos das outras? tos
Frase: Algum copo é de vidro.

Nenhum A é B é necessariamente falsa


Nenhum copo é de vidro, com frase fica mais fácil né?
Porque assim, conseguimos ver que é falsa, pois acabei de
falar que algum copo é de vidro, ou seja, tenho pelo menos
1 copo de vidro.

Todo A é B , não conseguimos determinar, podendo ser


verdadeira ou falsa (podemos analisar também os diagra-
mas mostrados nas figuras a e c)
Todo copo é de vidro.
Pode ser que sim, ou não.
Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver
Algum A não é B não conseguimos determinar, poden- como ficam os valores lógicos das outras?
do ser verdadeira ou falsa(contradiz com as figuras b e d) Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior
Algum copo não é de vidro, como não sabemos se to- Frase: Algum copo não é de vidro.
dos os copos são de vidros, pode ser verdadeira.
Nenhum A é B é indeterminada (contradição com as
Algum A não é B. figuras a e b)
O conjunto A tem pelo menos um elemento que não Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se
pertence ao conjunto B. todos não são de vidro.

Aqui teremos 3 modos de representar: Todo A é B , é necessariamente falsa


Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo
a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen- não era.
tos em comum
Algum A é B é indeterminada
Algum copo é de vidro, não consigo determinar se tem
algum de vidro ou não.

Quantificadores são elementos que, quando associa-


dos às sentenças abertas, permitem que as mesmas sejam
avaliadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, passam a ser
qualificadas como sentenças fechadas.

O quantificador universal

O quantificador universal, usado para transformar sen-


tenças (proposições) abertas em proposições fechadas, é
indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer que seja”,
“para todo”, “para cada”.
b) Todos os elementos de B estão em A.
Exemplo:
(∀x)(x + 2 = 6)
Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6” (fal-
sa).
É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a
afirmação ser verdadeira.

O quantificador existencial

O quantificador existencial é indicado pelo símbolo


“∃” que se lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe
um”.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos: 02. (TRT - 20ª REGIÃO /SE - Técnico Judiciário –


(∃x)(x + 5 = 9) FCC/2016) que todo técnico sabe digitar. Alguns desses
Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (verda- técnicos sabem atender ao público externo e outros desses
deira). técnicos não sabem atender ao público externo. A partir
Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem...claro dessas afirmações é correto concluir que:
que existe algum número que essa afirmação será verda-
deira. (A) os técnicos que sabem atender ao público externo
não sabem digitar.
Ok?? Sem maiores problemas, certo? (B) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
terno não sabem digitar.
Representação de uma proposição quantificada (C) qualquer pessoa que sabe digitar também sabe
atender ao público externo.
(∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15) (D) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
Quantificador: ∀ terno sabem digitar.
Condição de existência da variável: x ∈ N . (E) os técnicos que sabem digitar não atendem ao pú-
Predicado: x + 3 > 15. blico externo.

(∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)] 03. (COPERGAS – Auxiliar Administrativo –


Quantificador: ∃ FCC/2016) É verdade que existem programadores que não
Condição de existência da variável: não há. gostam de computadores. A partir dessa afirmação é cor-
Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”. reto concluir que:

Negações de proposições quantificadas ou funcionais (A) qualquer pessoa que não gosta de computadores é
Seja uma sentença (∀x)(A(x)). um programador.
Negação: (∃x)(~A(x)) (B) todas as pessoas que gostam de computadores não
são programadores.
Exemplo (C) dentre aqueles que não gostam de computadores,
(∀x)(2x-1=3) alguns são programadores.
Negação: (∃x)(2x-1≠3) (D) para ser programador é necessário gostar de com-
putador.
(E) qualquer pessoa que gosta de computador será um
bom programador.
Seja uma sentença (∃x)(Q(x)).
Negação: (∀x)(~Q(x)).
04. (COPERGAS/PE - Analista Tecnologia da Infor-
(∃x)(2x-1=3)
mação
Negação: (∀x)(2x-1≠3)
- FCC/2016) É verdade que todo engenheiro sabe ma-
temática. É verdade que há pessoas que sabem matemática
Questões e não são engenheiros. É verdade que existem administra-
dores que sabem matemática. A partir dessas afirmações é
01. (UFES - Assistente em Administração – possível concluir corretamente que:
UFES/2017) Em um determinado grupo de pessoas:
(A) qualquer engenheiro é administrador.
• todas as pessoas que praticam futebol também pra- (B) todos os administradores sabem matemática.
ticam natação, (C) alguns engenheiros não sabem matemática.
• algumas pessoas que praticam tênis também prati- (D) o administrador que sabe matemática é engenhei-
cam futebol, ro.
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam (E) o administrador que é engenheiro sabe matemática.
natação.
05. (CRECI 1ª REGIÃO/RJ – Advogado – MSCON-
É CORRETO afirmar que no grupo CURSOS/2016) Considere como verdadeiras as duas pre-
missas seguintes:
(A) todas as pessoas que praticam natação também
praticam tênis. I – Nenhum professor é veterinário;
(B) todas as pessoas que praticam futebol também pra- II – Alguns agrônomos são veterinários.
ticam tênis.
(C) algumas pessoas que praticam natação não prati- A partir dessas premissas, é correto afirmar que, neces-
cam futebol. sariamente:
(D) algumas pessoas que praticam natação não prati- (A) Nenhum professor é agrônomo.
cam tênis. (B) Alguns agrônomos não são professores.
(E) algumas pessoas que praticam tênis não praticam (C) Alguns professores são agrônomos.
futebol. (D) Alguns agrônomos são professores.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. (EMSERH - Auxiliar Administrativo – FUN- (C) Mirian é escrevente


CAB/2016) Considere que as seguintes afirmações são (D) Mirian não é escrevente.
verdadeiras: (E) se Arnaldo é escrevente, então Arnaldo é primo de
Mirian
“Algum maranhense é pescador.”
“Todo maranhense é trabalhador.”
10. (DPE/MT – Assistente Administrativo –
Assim pode-se afirmar, do ponto de vista lógico, que: FGV/2015) Considere verdadeiras as afirmações a seguir.
(A) Algum maranhense pescador não é trabalhador • Existem advogados que são poetas.
(B) Algum maranhense não pescar não é trabalhador • Todos os poetas escrevem bem.
(C) Todo maranhense trabalhadoré pescador
(D) Algum maranhense trabalhador é pescador
Com base nas afirmações, é correto concluir que
(E) Todo maranhense pescador não é trabalhador.
(A) se um advogado não escreve bem então não é poe-
07. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Assistente Ad- ta.
ministrativo – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2015) Em certa (B) todos os advogados escrevem bem.
comunidade, é verdade que: (C) quem não é advogado não é poeta.
(D) quem escreve bem é poeta.
- todo professor de matemática possui grau de mestre; (E) quem não é poeta não escreve bem.
- algumas pessoas que possuem grau de mestre gos-
tam de empadão de camarão;
- algumas pessoas que gostam de empadão de cama- Respostas
rão não possuem grau de mestre.
01. Resposta: E.
Uma conclusão necessariamente verdadeira é:

(A) algum professor de matemática gosta de empadão


de camarão.
(B) nenhum professor de matemática gosta de empa-
dão de camarão.
(C) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
gosta de matemática.
(D) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
não é professor de matemática.

08. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2015) Se todo estudante de uma disciplina A é tam-
bém estudante de uma disciplina B e todo estudante de
uma disciplina C não é estudante da disciplina B, e ntão é 02. Resposta: D.
verdade que: Podemos excluir as alternativas que falam que não sa-
bem digitar, pois todos os técnicos sabem digitar.
(A) algum estudante da disciplina A é estudante da dis-
ciplina C.
(B) algum estudante da disciplina B é estudante da dis-
ciplina C.
(C) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
disciplina C.
(D) nenhum estudante da disciplina B é estudante da
disciplina A.
(E) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
disciplina B.

09. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2015) Considere verdadeira a seguinte afirmação:
“Todos os primos de Mirian são escreventes”.

Dessa afirmação, conclui­se corretamente que


(A) se Pâmela não é escrevente, então Pâmela não é
prima de Mirian.
(B) se Jair é primo de Mirian, então Jair não é escre-
vente.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. Resposta: C. 07. Resposta: D.

Podemos ter esses dois modelos de diagramas:

(A) não está claro se os mestres que gostam de empa-


dão são professores ou não.
(B) podemos ter o primeiro diagrama
04. Resposta: E. (C) pode ser o segundo diagrama.

08. Resposta: C.
O diagrama C deve ficar para fora, pois todo estudante
de C não é da disciplina B, ou seja, não tem ligação nenhuma.

05. Resposta: B.
Alguns agrônomos são veterinários e podem ser só
agrônomos.
Assim, os estudantes da disciplina A, também não fa-
zem disciplina C e vice-versa.

09. Resposta: A.

06. Resposta: D.

Como Pâmela não é escrevente, ela está em um diagra-


ma a parte, então não é prima de Mirian.
Analisando as alternativas erradas:

(B) Todos os primos de primo são escrevente.


(C) e (D) Não sabemos se Mirian é escrevente ou não.
(E) Não necessariamente, pois há pessoas que são es-
creventes, mas não primos de Mirian.

18
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Resposta: A. Regra de Absorção


Se o advogado não escreve bem, ele faz parte da área p→p∧q⇔p→q
hachurada, portanto ele não é poeta.
p q p∧q p→p∧q p→q
V V V V V
V F F F F
F V F V V
F F F V V

Condicional

Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são


as mais pedidas nos concursos
A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas-
verdades idênticas

p ~p q p∧q p→q ~p∨q


V F V V V V
V F F F F F
Referências
F V V F V V
Carvalho, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série Pro-
F V F F V V
vas e Concursos, 2010.
Exemplo
p: Coelho gosta de cenoura
q: Coelho é herbívoro.
EQUIVALÊNCIAS
p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é her-
bívoro.
~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é her-
bívoro
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção p∨~q
Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente
equivalente ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se
as tabelas-verdade dessas duas proposições são IDÊNTI- p q ~p ~q ~p→~q p∨~q
CAS. V V F F V V
Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguinte V F F V V V
notação: F V V F F F
P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..) F F V V V V

Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha, Equivalência fundamentais (Propriedades Funda-
mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas. mentais): a equivalência lógica entre as proposições goza
das propriedades simétrica, reflexiva e transitiva.
Regra da Dupla negação
~~p⇔p 1 – Simetria (equivalência por simetria)
a) p ∧ q ⇔ q ∧ p
p q p∧q q∧p
p ~p ~~p
V F V V V V V
F V F V F F F
F V F F
São iguais, então ~~p⇔p F F F F

Regra de Clavius b) p ∨ q ⇔ q ∨ p
~p→p⇔p p q p∨q q∨ p
V V V V
p ~p ~p→p V F V V
V F V F V V V
F V F F F F F

19
RACIOCÍNIO LÓGICO

c) p ∨ q ⇔ q p b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)
p q p∨q q∨p
V V F F q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∨ (p
p q r
V F V V ∨r ∨ r) q ∨r ∨ r)
F V V V V V V V V V V V
F F F F V V F V V V V V
V F V V V V V V
d) p ↔ q ⇔ q ↔ p V F F F V V V V
p q p↔q q↔p F V V V V V V V
V V V V F V F V V V F V
V F F F F F V V V F V V
F V F F F F F F F F F F
F F V V
3 – Idempotência
Equivalências notáveis: a) p ⇔ (p ∧ p)
Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas
1 - Distribuição (equivalência pela distributiva) colunas com p:
a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
p p p∧p
V V V
q p ∧ (q p∧ p (p ∧ q) ∨ (p
p q r F F F
∨r ∨ r) q ∧r ∧ r)
V V V V V V V V b) p ⇔ (p ∨ p)
V V F V V V F V
V F V V V F V V p p p ∨p
V F F F F F F F V V V
F V V V F F F F F F F
F V F V F F F F
F F V V F F F F 4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se
F F F F F F F F outra condicional equivalente à primeira, apenas inverten-
do-se e negando-se as proposições simples que as com-
b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) põem.

p q r
q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∧ (p Da mesma forma que vimos na condicional mais acima,
∧r ∧ r) q ∨r ∨ r) temos outros modos de definir a equivalência da condicio-
V V V V V V V V nal que são de igual importância
V V F F V V V V
V F V F V V V V 1º caso – (p → q) ⇔ (~q → ~p)
V F F F V V V V p q ~p ~q p → q ~q → ~p
F V V V V V V V V V F F V V
F V F F F V F F V F F V F F
F F V F F F V F F V V F V V
F F F F F F F F F F V V V V
2 - Associação (equivalência pela associativa) 2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p)
a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)
p q ~p ~p → q ~q ~q → p
V V F V F V
q p ∧ (q p (p ∧ q) ∧ (p
p q r p∧q V F F V V V
∧r ∧ r) ∧r ∧ r)
V V V V V V V V F V V V F V
V V F F F V F F F F V F V F
V F V F F F V F
3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p)
V F F F F F F F
F V V V F F F F p q ~q p → ~q ~p q → ~p
F V F F F F F F V V F F F F
F F V F F F F F V F V V F V
F F F F F F F F F V F V V V
F F V V V V

20
RACIOCÍNIO LÓGICO

5 - Pela bicondicional Questões


a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição
p q p ↔ q p → q q → p (p → q) ∧ (q → p) 01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU-
V V V V V V NESP/2017) Uma afirmação equivalente para “Se estou fe-
liz, então passei no concurso” é:
V F F F V F
F V F V F F (A) Se passei no concurso, então estou feliz.
F F V V V V (B) Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(C) Não passei no concurso e não estou feliz.
b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q) (D) Estou feliz e passei no concurso.
p
~q → ~p → (~q → ~p) ∧ (E) Passei no concurso e não estou feliz.
p q ↔ ~q ~p
~p ~q (~p → ~q)
q 02. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere a
V V V F F V V V frase:
V F F V F F V F Se Marco treina, então ele vence a competição.
F V F F V V F F A frase equivalente a ela é:
F F V V V V V V
(A) Se Marco não treina, então vence a competição.
c) (p ↔ q) ⇔ (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q) (B) Se Marco não treina, então não vence a competição.
p p (C) Marco treina ou não vence a competição.
~p ∧ (p ∧ q) ∨ (~p (D) Marco treina se e somente se vence a competição.
p q ↔ ∧ ~p ~q
~q ∧ ~q) (E) Marco não treina ou vence a competição.
q q
V V V V F F F V
V F F F F V F F 03. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CES-
F V F F V F F F PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
F F V F V V V V
próximo item.
Do ponto de vista da lógica sentencial, a proposição P é
6 - Pela exportação-importação
equivalente a “Se pode mais, o indivíduo chora menos”.
[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)]
( ) Certo
p q r p ∧ q (p ∧ q) → r q → r p → (q → r) ( ) Errado
V V V V V V V
V V F V F F F 04. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário – FGV/2017)
V F V F V V V Considere a sentença: “Se Pedro é torcedor do Avaí e Marce-
V F F F V V V la não é torcedora do Figueirense, então Joana é torcedora
F V V F V V V da Chapecoense”.
F V F F V F V Uma sentença logicamente equivalente à sentença dada é:
F F V F V V V
(A) Se Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
F F F F V V V
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha-
pecoense.
Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)
(B) Se Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torce-
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha-
Chama-se proposições associadas a p → q as três pro- pecoense.
posições condicionadas que contêm p e q: (C) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
– Proposições recíprocas: p → q: q → p do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense.
– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q (D) Se Joana não é torcedora da Chapecoense, então
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torcedora do Fi-
gueirense.
Observe a tabela verdade dessas quatro proposições: (E) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
q do Figueirense e Joana é torcedora da Chapecoense.
p→ ~p → ~q →
p q ~p ~q →
q ~q ~p 05. (IBGE – Analista Censitário – FGV/2017) Considere
p
V V F F V V V V como verdadeira a seguinte sentença: “Se todas as flores são
V F F V F V V F vermelhas, então o jardim é bonito”.
F V V F V F F V É correto concluir que:
F F V V V V V V
(A) se todas as flores não são vermelhas, então o jardim
Observamos ainda que a condicional p → q e a sua não é bonito;
recíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO (B) se uma flor é amarela, então o jardim não é bonito;
(C) se o jardim é bonito, então todas as flores são ver-
EQUIVALENTES.
melhas;

21
RACIOCÍNIO LÓGICO

(D) se o jardim não é bonito, então todas as flores não Respostas


são vermelhas;
(E) se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor 01. Resposta: B.
não é vermelha. p→q⇔~q→~p
p: Estou feliz
06. (POLITEC/MT – Papiloscopista – UFMT/2017) q: passei no concurso
Uma proposição equivalente a Se há fumaça, há fogo, é: A equivalência ficaria:
Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(A) Se não há fumaça, não há fogo.
(B) Se há fumaça, não há fogo. 02. Resposta: E.
(C) Se não há fogo, não há fumaça. Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou
(D) Se há fogo, há fumaça. “~p∨q”
P: Marcos treina
07. (DPE/RR – Técnico em Informática – INAZ DO Q: ele vence a competição
PARÁ/2017) Diz-se que duas preposições são equivalen- Marcos não treina ou ele vence a competição
tes entre si quando elas possuem o mesmo valor lógico. A
sentença logicamente equivalente a: “ Se Maria é médica, 03. Resposta: Certo.
então Victor é professor” é: Uma dica é que normalmente quando tem vírgula é
condicional, não é regra, mas acontece quando você não
(A) Se Victor não é professor então Maria não é médica acha o conectivo.
(B) Se Maria não é médica então Victor não é professor
(C) Se Victor é professor, Maria é médica 04. Resposta: C.
(D) Se Maria é médica ou Victor é professor Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou
(E) Se Maria é médica ou Victor não é professor “~p∨q”
~p: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
08. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador – dora do Figueirense
PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma proposição lo- ~q→~p: Se Joana não é torcedora da Chapecoense,
então Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
gicamente equivalente a “se eu não posso pagar um táxi,
do Figueirense
então vou de ônibus” é a seguinte:
~p∨q: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
dora do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense.
(A) se eu não vou de ônibus, então posso pagar um táxi
(B) se eu posso pagar um táxi, então não vou de ônibus
05. Resposta: E.
(C) se eu vou de ônibus, então não posso pagar um táxi
Equivalência: p→q⇔~q→~p
(D) se eu não vou de ônibus, então não posso pagar
Para negar Todos:
um táxi Pelo menos faz o contrário, ou seja, no nosso caso,
pelo menos uma flor não é vermelha
09. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi- ~p: Pelo menos uma flor não é vermelha
nistração – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma pro- Se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor
posição logicamente equivalente a “todo ato desonesto é não é vermelha.
passível de punição” é a seguinte:
06. Resposta: C.
(A) todo ato passível de punição é desonesto. Nega as duas e troca de lado.
(B) todo ato não passível de punição é desonesto. Se não há fogo, então não há fumaça.
(C) se um ato não é passível de punição, então não é
desonesto. 07. Resposta: A.
(D) se um ato não é desonesto, então não é passível Nega as duas e troca de lado.
de punição. Se Victor não é professor, então Maria não é medica.

10. (TJ/PI – Analista Judiciário – FGV/2015) Conside- 08. Resposta: A.


re a sentença: “Se gosto de capivara, então gosto de javali”. Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p
~p∨q
Uma sentença logicamente equivalente à sentença Nesse caso, como temos apenas condicional nas alter-
dada é: nativas.
Nega as duas e troca
(A) Se não gosto de capivara, então não gosto de javali. p: não posso pagar um táxi
(B) Gosto de capivara e gosto de javali. q: vou de ônibus
(C) Não gosto de capivara ou gosto de javali. ~p: Posso pagar um táxi
(D) Gosto de capivara ou não gosto de javali. ~q: Não vou de ônibus
(E) Gosto de capivara e não gosto de javali. Se não vou de ônibus, então posso pagar um táxi

22
RACIOCÍNIO LÓGICO

09. Resposta: C.
Vamos pensar da seguinte maneira:
Se todo ato é desonesto, então é passível de punição
Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou “~p∨q”
Nesse caso, as alternativas nos mostram condicional.
Se um ato não é passível de punição, então não é desonesto.

10. Resposta: C.
Lembra da tabela da teoria??
p q p→q ~p ~p∨q
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

Então
p: Gosto de capivara
q: Gosto de javali

Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p, mas não temos essa opção.
Portanto, deve ser ~p∨q
Não gosto de capivara ou gosto de javali.

Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.

LEIS DE DEMORGAN

Negação de uma proposição composta


Definição: Quando se nega uma proposição composta primitiva, gera-se outra proposição também composta e equi-
valente à negação de sua primitiva.
Ou seja, muitas vezes para os exercícios teremos que saber qual a equivalência da negação para compor uma frase, por
exemplo.

Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)


Para negar uma conjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo conjunção pelo conectivo disjunção.
~(p ∧ q) ⇔ (~p ∨ ~q)
p q ~p ~q p∧q ~(p ∧ q) ~p ∨ ~q
V V F F V F F
V F F V F V V
F V V F F V V
F F V V F V V

Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)


Para negar uma disjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo-disjunção pelo conectivo-conjunção.
~(p ∨ q) ⇔ (~p ∧ ~q)

p q ~p ~q p∨q ~(p ∨ q) ~p ∧ ~q
V V F F V F F
V F F V V F F
F V V F V F F
F F V V F V V

23
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resumindo as negações, quando é conjunção nega as duas e troca por “ou”


Quando for disjunção, nega tudo e troca por “e”.
Negação de uma disjunção exclusiva
~(p ∨ q) ⇔ (p ↔ q)
p q p∨q ~( p∨q) p↔q
V V F V V
V F V F F
F V V F F
F F F V V

Negação de uma condicional


Famoso MANE
Mantém a primeira e nega a segunda.
~(p → q) ⇔ (p ∧ ~q)
p q p→q ~q ~(p → q) p ∧ ~q
V V V F F F
V F F V V V
F V V F F V
F F V V F F

Negação de uma bicondicional


~(p ↔ q) = ~[(p → q) ∧ (q → p)] ⇔ [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]
~[(p → q) ∧ [(p ∧ ~q) ∨
P Q p ↔ q p → q q → p p → q) ∧ (q → p)] p ∧ ~q q ∧ ~p
(q → p)] (q ∧ ~p)]
V V V V V V F F F F
V F F F V F V V F V
F V F V F F V F V V
F F V V V V F F F F

Dupla negação (Teoria da Involução)


De uma proposição simples: p ⇔ ~ (~p)
P ~P ~ (~p)
V F V
F V F

b) De uma condicional: Definição: A dupla negação de uma condicional dá-se da seguinte forma: nega-se a 1ª parte da
condicional, troca-se o conectivo-condicional pela disjunção e mantém-se a 2a parte.
Demonstração: Seja a proposição primitiva: p → q nega-se pela 1a vez: ~(p → q) ⇔ p ∧ ~q nega-se pela 2a vez: ~(p
∧ ~q) ⇔ ~p ∨ q
Conclusão: Ao negarmos uma proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição resultante será equivalente
à sua proposição primitiva. Logo, p → q ⇔ ~p ∨ q

Questões
01. (CORREIOS – Engenheiro de Segurança do Trabalho Júnior – IADES/2017) Qual é a negação da proposição
“Engenheiros gostam de biológicas e médicos gostam de exatas.”?
(A) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(B) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos gostam de exatas.
(C) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos gostam de exatas.
(D) Engenheiros gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(E) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos não gostam de exatas.

02. (ARTES - Agente de Fiscalização à Regulação de Transporte - Tecnologia de Informação - FCC/2017) A afirma-
ção que corresponde à negação lógica da frase ‘Vendedores falam muito e nenhum estudioso fala alto’ é:
(A) ‘Nenhum vendedor fala muito e todos os estudiosos falam alto’.
(B) ‘Vendedores não falam muito e todos os estudiosos falam alto’.
(C) ‘Se os vendedores não falam muito, então os estudiosos não falam alto’.
(D) ‘Pelo menos um vendedor não fala muito ou todo estudioso fala alto’.
(E) ‘Vendedores não falam muito ou pelo menos um estudioso fala alto’

24
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (IGP/RS – Perito Criminal 0 FUNDATEC/2017) A Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas obriga-
negação da proposição “Todos os homens são afetuosos” ções previdenciárias, mas não apresentou os comprovantes
é: de pagamento.
(A) Toda criança é afetuosa. A proposição Q, anteriormente apresentada, está pre-
(B) Nenhum homem é afetuoso. sente na proposição P do texto CB1A5AAA.
(C) Todos os homens carecem de afeto. A negação da proposição Q pode ser expressa por:
(D) Pelo menos um homem não é afetuoso.
(E) Todas as mulheres não são afetuosas.
(A) A empresa não alegou ter pago suas obrigações
04. (TRT – Analista Judiciário – FCC/2017) Uma afir- previdenciárias ou apresentou os comprovantes de paga-
mação que corresponda à negação lógica da afirmação: mento.
todos os programas foram limpos e nenhum vírus perma- (B) A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
neceu, é: denciárias ou não apresentou os comprovantes de paga-
mento.
(A) Se pelo menos um programa não foi limpo, então (C)A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
algum vírus não permaneceu. denciárias e apresentou os comprovantes de pagamento.
(B) Existe um programa que não foi limpo ou pelo me-
(D) A empresa não alegou ter pago suas obrigações
nos um vírus permaneceu.
(C) Nenhum programa foi limpo e todos os vírus per- previdenciárias nem apresentou os comprovantes de pa-
maneceram. gamento.
(D) Alguns programas foram limpos ou algum vírus
não permaneceu.
(E) Se algum vírus permaneceu, então nenhum progra- 09. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afir-
ma foi limpos. mação:
Ontem trovejou e não choveu.
05. (TRF 1ª REGIÃO – cargos de nível superior – CES- Uma afirmação que corresponde à negação lógica des-
PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a aprovação
de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5 ta afirmação é
contra, um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Bas- (A) se ontem não trovejou, então não choveu.
ta um de nós mudar de ideia e a decisão será totalmente (B) ontem trovejou e choveu.
modificada.” (C) ontem não trovejou ou não choveu.
Considerando a situação apresentada e a proposição (D) ontem não trovejou ou choveu.
correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item. (E) se ontem choveu, então trovejou.
A negação da proposição pode ser corretamente ex-
pressa por “Basta um de nós não mudar de ideia ou a deci-
são não será totalmente modificada”. 10. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afir-
Certo Errado mação:
Se sou descendente de italiano, então gosto de macar-
06. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CES- rão e gosto de parmesão.
PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho-
Uma afirmação que corresponde à negação lógica des-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
ta afirmação é
próximo item.
A negação da proposição P pode ser expressa por (A) Sou descendente de italiano e, não gosto de macar-
“Quem não pode mais, não chora menos” rão ou não gosto de parmesão.
Certo Errado (B) Se não sou descendente de italiano, então não gos-
to de macarrão e não gosto de parmesão.
07. (CFF – Analista de Sistema – INAZ DO PARÁ/2017) (C) Se gosto de macarrão e gosto de parmesão, então
Dizer que não é verdade que “Todas as farmácias estão não sou descendente de italiano.
abertas” é logicamente equivalente a dizer que: (D) Não sou descendente de italiano e, gosto de ma-
carrão e não gosto de parmesão.
(A) “Toda farmácia está aberta”. (E) Se não gosto de macarrão e não gosto de parme-
(B) “Nenhuma farmácia está aberta”. são, então não sou descendente de italiano.
(C) “Todas as farmácias não estão abertas”.
(D) “Alguma farmácia não está aberta”.
(E) “Alguma farmácia está aberta”. Respostas
08. (TRT 7ª REGIÃO – Conhecimentos básicos cargos 01. Resposta: A.
1, 2, 7 e 8 – CESPE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P Nega as duas e muda o conectivo para ou
A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
|Engenheiros não gostam de biológicas OU médicos
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga-
não gostam de exatas.
mento; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.

25
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. Resposta: E.
Nega as duas e coloca ou. SEQUËNCIA LÓGICA
Vendedores não falam muito
Para negar nenhum, devemos colocar pelo menos e a
afirmativa
Pelo menos um estudioso fala muito. As sequências lógicas aparecem com frequências nas
provas de concurso. São vários tipos: números, letras, figu-
OBS: Se fosse Todos a negação seria pelo menos 1 es- ras, baralhos, dominós e como é um assunto muito abran-
tudioso não fala muito. gente, e pode ser pedido de qualquer forma, o que ajudará
nos estudos serão as práticas de exercícios e algumas dicas
03. Resposta: D. que darei. Em cada exemplo, darei algumas dicas para toda
Para negar todos, colocamos pelo menos um... vez que você visualizar esse tipo de questão já ajude a ana-
E negamos a frase. lisar que tipo será. Vamos lá?
Pelo menos um homem não é afetuoso.
Sequência de Números
04. Resposta:B.
Pode ser feita por soma, subtração, divisão, multipli-
Negação de Todos: Pelo menos um (existe um, alguns)
e a negação: cação.
Pelo menos um programa não foi limpo. Mas lembre-se, se estamos falando de SEQUÊNCIA, ela
Negação de nenhum : pelo menos um e a afirmação. vai seguir um padrão, basta você achar esse padrão, alguns
Pelo menos um vírus permaneceu. serão mais difíceis, outro beeem fácil e não se assuste se
Ou achar rápido, não terá uma “PEGADINHA”, será isso e pon-
Alguns vírus permaneceram. to.
Vamos ver alguns tipos de sequências:
05. Resposta: Errado.
CUIDADO! -Progressão Aritmética
O basta traz sentido de condicional. 2 5 8 11
Se um de nós mudar de ideia, então a decisão será
totalmente modificada. Progressão aritmética sempre terá a mesma razão.
Portanto, mantém a primeira e nega a segunda (MANÈ) No nosso exemplo, a razão é 3, pois para cada número
Basta um de nós mudar de ideia e a decisão não será seguinte, temos que somar 3.
totalmente modificada.
-Progressão Geométrica
06. Resposta: Errado. 9 18 36 72
Negação de uma condicional: mantém a primeira e
nega a segunda. E agora para essa nova sequência?
Se somarmos 9, não teremos uma sequência, então
07. Resposta: D. não é soma.
Para negar todos: pelo menos uma, alguma, existe uma O próximo que tentamos é a multiplicação,9x2=18
Alguma farmácia não está aberta. 18x2=36
36x2=72
08. Resposta: A.
Opa, deu certo?
Nega as duas e troca por “e” por “ou”
Progressão geométrica de razão 2.
A empresa não alegou ter pago suas obrigações previ-
denciárias ou apresentou os comprovantes de pagamento.
-Incremento em Progressão
09. Resposta: D. 1 2 4 7
Negação de ontem trovejou: ontem não trovejou
Negação de não choveu: choveu Observe que estamos somando 1 a mais para cada nú-
Ontem não trovejou ou choveu. mero.
1=1=2
10. Resposta: A. 2+2=4
Negação de condicional: mantém a primeira e nega a 4+3=7
segunda.
Negação de conjunção: nega as duas e troca “e” por “ou” -Série de Fibonacci
Vamos fazer primeiro a negação da conjunção: gosto 1 1 2 3 5 8 13
de macarrão e gosto de parmesão. Cada termo é igual à soma dos dois anteriores.
Não gosto de macarrão ou não gosto de parmesão.
-Números Primos
Sou descendente de italiano e não gosto de macarrão 2 3 5 7 11 13 17
ou não gosto de parmesão. Naturais que possuem apenas dois divisores naturais.

26
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Quadrados Perfeitos Resolução


1 4 9 16 25 36 49 Primeiro tentamos número de sílabas ou letras.
Números naturais cujas raízes são naturais. Letras já não deu certo.

Exemplo 1 Galo=4
Pato=4
(UFPB – Administrador – IDECAN/2016) Considere a Carneiro=8
sequência numérica a seguir: Cobra=4
3, 6, 3, 3, 2, 5/3, 11/9. . . Jacaré=6
Não tem um padrão
Sabendo-se que essa sequência obedece uma regra de
formação a partir do terceiro termo, então o denominador Número de sílabas
do próximo termo da sequência é: Está dividido em 2 e 3 e sem padrões
(A) 9.
(B) 11. Começadas com as letras dos meses?não...
(C) 26. Difícil...
(D) 27. São animais, então:

Resolução Galo e pato são aves


Quando há uma sequência que não parece progressão Cobra e jacaré são répteis
aritmética ou geométrica, devemos “apelar” para soma os O carneiro é mamífero, se estão aos pares, devemos
dois anteriores, soma 1, e assim por diante. procurar outro mamífero que no caso é o boi
No caso se somarmos os dois primeiros para dar o ter- Resposta: A.
ceiro: 3+6=9
Para dar 3, devemos dividir por 3: 9/3=3 Exemplo 2
Vamos ver se ficará certo com o restante (IBGE - Técnico em Informações Geográficas e Esta-
6+3=9 tísticas – FGV/2016) Considere a sequência infinita
9/3=3
3+2=5 IBGEGBIBGEGBIBGEG...
5/3
Opa...parece que deu certo A 2016ª e a 2017ª letras dessa sequência são, respec-
Então: tivamente:
(A) BG;
(B) GE;
(C) EG;
(D) GB;
(E) BI.

Resposta: E.
Resposta: D.
É uma sequência com 6
Sequência de Letras Cada letra equivale a sequência
Sobre a sequência de Letras, fica um pouco mais difícil I=1
de falar, pois podem ser de vários tipos. B=2
Às vezes temos que substituir por números, outras ana- G=3
lisar o padrão de como aparecem. Vamos ver uns exemplos? E=4
G=5
Exemplo 1 B=0
(AGERIO – Analista de Desenvolvimento – FDC/2015)
Considerando a sequência de vocábulos: 2016/6=336 resta 0
galo - pato - carneiro - X - cobra – jacaré 2017/6=336 resta 1
Portanto, 2016 será a letra B, pois resta 0, será equiva-
A alternativa lógica que substitui X é: lente a última letra

(A) boi E 2017 será a letra I, pois resta 1 e é igual a primeira


(B) siri letra.
(C) sapo
(D) besouro
(E) gaivota

27
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sequência de Figuras 02. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITU-


Do mesmo modo que a sequência de letras, é um tema TO AOCP/2017) Uma máquina foi programada para dis-
abrangente, pois a banca pode pedir a figura que convém. tribuir senhas para atendimento em uma agência bancária
alternando algarismos e letras do alfabeto latino, no qual
(FACEPE – Assistente em Gestão de Ciência e Tecno- estão inclusas as letras K, W e Y, sendo a primeira senha
logia – UPENET/2015) Assinale a alternativa que contém o número 2, a segunda a letra A, e sucessivamente na se-
a próxima figura da sequência. guinte forma: (2; A; 5; B; 8; C; ...). Com base nas informações
mencionadas, é correto afirmar que a 51ª e a 52ª senhas,
respectivamente, são:
(A) 69 e Z.
(B) 90 e Y.
(C) T e 88.
(A) (D) 77 e Z.
(E) Y e 100.

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  Na


(B) figura abaixo, encontram-se representadas três etapas da
construção de uma sequência elaborada a partir de um
triângulo equilátero.

(C)

(D)

Na etapa 1, marcam-se os pontos médios dos lados


(E) do triângulo equilátero e retira-se o triângulo com vértices
nesses pontos médios, obtendo-se os triângulos pretos. Na
etapa 2, marcam-se os pontos médios dos lados dos triân-
gulos pretos obtidos na etapa 1 e retiram-se os triângulos
com vértices nesses pontos médios, obtendo-se um novo
Resposta: B. conjunto de triângulos pretos. A etapa 3 e as seguintes
Primeiro risco vai na parte de baixo, depois do lado mantêm esse padrão de construção.
E depois 2 riscos e assim por diante.
Então nossa figura terá que ter 3 riscos, mas a B ou D? Mantido o padrão de construção acima descrito, o nú-
É a B, pois o risco de cima, tem que ser o maior de mero de triângulos pretos existentes na etapa 7 é
todos.
(A) 729.
Questões (B) 1.024.
01. ( TRE/RJ - Técnico Judiciário - Operação de (C) 2.187.
Computadores – CONSULPLAN/2017) Os termos de uma (D) 4.096.
determinada sequência foram sucessivamente obtidos se- (E) 6.561.
guindo um determinado padrão:
04. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Ob-
(5, 9, 17, 33, 65, 129...) serve a sequência: 43, 46, 50, 55, 61, ...

O décimo segundo termo da sequência anterior é um O próximo termo é o:


número (A) 65.
(B) 66.
(A) menor que 8.000. (C) 67.
(B) maior que 10.000. (D) 68.
(C) compreendido entre 8.100 e 9.000. (E) 69.
(D) compreendido entre 9.000 e 10.000.

28
RACIOCÍNIO LÓGICO

05. (TRT 24ª REGIÃO – Analista Judiciário – (A) 5.


FCC/2017) Na sequência 1A3E; 5I7O; 9U11A; 13E15I; (B) 4.
17O19U; 21A23E; . . ., o 12° termo é formado por algaris- (C) 6.
mos e pelas letras (D) 7.
(A) EI. (E) 8.
(B) UA.
(C) OA. 10. (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) A se-
(D) IO. quência numérica (99; 103; 96; 100; 93; 97; ...) possui deter-
(E) AE. minada lógica em sua formação. O número corresponden-
te ao décimo elemento dessa sequência é:
06. (EBSERH – Assistente Administrativo –
IBFC/2017) Considerando a sequência de figuras @, % , &, (A) 91
(B) 88.
# , @, %, &, #,..., podemos dizer que a figura que estará na
(C) 87
117ª posição será:
(D) 84
(A) @
(B) %
(C) & Respostas
(D) #
(E) $ 01. Resposta: C.
Os termos tem uma sequência começando por 2²+1
07. (IF/PE – Técnico em Eletrotécnica – IFPE/0217) Portanto, para sabermos o 12º termo, fazemos
Considere a seguinte sequência de figuras formadas por 213+1=8193
círculos:
02. Resposta: D.
A 51ª senha segue a sequência ímpar que são: (2, 5,
8,...)
51/2=25 e somamos 1, para saber qual posição ocupa-
rá na sequência. Portanto será a 26
A26=a1+25r
Continuando a sequência de maneira a manter o mes- A26=2+25⋅3
mo padrão geométrico, o número de círculos da Figura 18 é: A26=2+75=77
(A) 334.
(B) 314. A 52ª senha ocupará a posição 26 também, mas na se-
(C) 342. quência par, ou seja, a 26ª letra do alfabeto que é a letra Z.
(D) 324.
(E) 316. 03 Resposta:C
É uma PG de razão 3 e o a1 também é 3.
08. (CODEBA – Guarda Portuário – FGV/2016) Para
passar o tempo, um candidato do concurso escreveu a si-
gla CODEBA por sucessivas vezes, uma após a outra, for-
mando a sequência:
C O D E B A C O D E B A C O D E B A C O D ... 04. Resposta: D.
Observe que de 43 para 46 são 3
A 500ª letra que esse candidato escreveu foi: 50-46=4
55-50=5
(A) O 61-55=6
(B) D Portanto, o próximo será somando 7
(C) E 61+7=68
(D) B
(E) A 05. Resposta: D.
A partir do 5º termo começa a repetir as letras, por-
09. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VU- tanto:
NESP/2016) A sequência ((3, 5); (3, 3, 3); (5; 5); (3, 3, 5); 12/5=2 e resta 2
...) tem como termos sequências contendo apenas os nú- Assim, será igual ao segundo termo, IO.
meros 3 ou 5. Dentro da lógica de formação da sequência,
cada termo, que também é uma sequência, deve ter o me- 06. Resposta: A.
nor número de elementos possível. Dessa forma, o número 117/4=29 e resta 1
de elementos contidos no décimo oitavo termo é igual a: Portanto, é igual a figura 1 @

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RACIOCÍNIO LÓGICO

07. Resposta: D.
Figura 1:1 PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E
Figura 2:4 PROBABILIDADE
Figura 3:9
Figura 4:16
O número de círculos é o quadrado da posição
Figura 18: 18²=324
Análise Combinatória
08. Resposta: A.
É uma sequência com 6 letras: A Análise Combinatória é a área da Matemática que
500/6=83 e resta 2 trata dos problemas de contagem.
C=1
O=2 Princípio Fundamental da Contagem
D=3
E=4 Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrên-
B=5 cia de um evento composto de duas ou mais etapas.
A=0 Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a
decisão E2 pode ser tomada de n2 modos, então o número
Como restaram 2, então será igual a O. de maneiras de se tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.
09. Resposta: A. Exemplo
Vamos somar os números:
3+5=8
3+3+3=9
5+5=10
3+3+5=11
Observe que
os termos formam uma PA de razão 1.
a18=?
a18=a1+17r
a18=8+17
a18=25
O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(cal-
Para dar 25, com o menor número de elementos possí-
veis, devemos ter (5,5,5,5,5) ças). 3(blusas)=6 maneiras

10. Resposta: A. Fatorial


A princípio, queremos ver a sequência com os termos
seguidos mesmo, o que seria: É comum nos problemas de contagem, calcularmos o
99+4=103 produto de uma multiplicação cujos fatores são números
103-7=96 naturais consecutivos. Para facilitar adotamos o fatorial.
96+4=100
100-7=93
Alternando essa sequência, mas se conseguirmos vi-
sualizar uma outra maneira, ficará mais fácil.
Arranjo Simples
Observe que os termos ímpares (a1,a3,a5...)formam
uma PA de razão r=-3 Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a
Os termos pares (a2,a4,a6..) formam uma PA de razão p, toda sequência de p elementos distintos de E.
também r=-3

Como a10 é par, devemos tomar como base a sequên-


cia par, mas para isso, vamos lembrar que se estamos tra-
tando apenas dela, a10=a5
Pois, devemos transformar o a2 em a1 e assim por
diante.
A5=a1+4r
A5=103-12
A5=31

30
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
de 2 algarismos distintos podemos formar? Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Per-
mutações. Como temos uma letra repetida, esse número
será menor.
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E

Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos,
podemos formar subconjuntos com p elementos. Cada sub-
conjunto com i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos
que podemos formar a partir de um grupo de 5 alunos.
Solução
Observe que os números obtidos diferem entre si:
Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
Cada número assim obtido é denominado arranjo sim-
ples dos 3 elementos tomados 2 a 2. Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados
Indica-se p a p, também é representado pelo número binomial .

Binomiais Complementares
Permutação Simples Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma
Chama-se permutação simples dos n elementos, qual- dos denominadores é igual ao numerador são iguais:
quer agrupamento(sequência) de n elementos distintos de
E.
O número de permutações simples de n elementos é
indicado por Pn.
Relação de Stifel

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução Triângulo de Pascal
A palavra tem 8 letras, portanto:

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n ob-
jetos, dos quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são
iguais a C etc.

31
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) Seis livros


diferentes estão distribuídos em uma estante de vidro, con-
forme a figura abaixo:

Binômio de Newton
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da Considerando-se essa mesma forma de distribuição,
forma , com n∈N. Vamos desenvolver alguns bi- de quantas maneiras distintas esses livros podem ser orga-
nômios: nizados na estante?
(A) 30 maneiras
(B) 60 maneiras
(C) 120 maneiras
(D) 360 maneiras
(E) 720 maneiras

04. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação


– UTFPR/2017) Em um carro que possui 5 assentos, irão
Observe que os coeficientes dos termos formam o viajar 4 passageiros e 1 motorista. Assinale a alternativa
triângulo de Pascal. que indica de quantas maneiras distintas os 4 passageiros
podem ocupar os assentos do carro.
(A) 13.
(B) 26.
(C) 17.
(D) 20.
(E) 24.

Questões 05. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação –


UTFPR/2017) A senha criada para acessar um site da inter-
01. (UFES - Assistente em Administração – net é formada por 5 dígitos. Trata-se de uma senha alfanu-
UFES/2017) Uma determinada família é composta por pai, mérica. André tem algumas informações sobre os números
por mãe e por seis filhos. Eles possuem um automóvel de e letras que a compõem conforme a figura.
oito lugares, sendo que dois lugares estão em dois ban-
cos dianteiros, um do motorista e o outro do carona, e os
demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão no
automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão um
dos dois bancos dianteiros. O número de maneiras de dis-
por os membros da família nos lugares do automóvel é
igual a:
Sabendo que nesta senha as vogais não se repetem e
(A) 1440 também não se repetem os números ímpares, assinale a
(B) 1480 alternativa que indica o número máximo de possibilidades
(C) 1520 que existem para a composição da senha.
(D) 1560 (A) 3125.
(E) 1600 (B) 1200.
(C) 1600.
02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) To- (D) 1500.
mando os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números (E) 625.
pares de 4 algarismos distintos podem ser formados?
06. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSUF-
(A) 120. GO/2017) Uma empresa de limpeza conta com dez faxi-
(B) 210. neiras em seu quadro. Para atender três eventos em dias
(C) 360. diferentes, a empresa deve formar três equipes distintas,
(D) 630. com seis faxineiras em cada uma delas. De quantas manei-
(E) 840. ras a empresa pode montar essas equipes?

32
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) 210 04. Resposta: E.


(B) 630 P4=4!= 4⋅3⋅2⋅1=24
(C) 15.120
(D) 9.129.120 05. Resposta: B.
Vogais: a, e, i, o, u
07. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/ Números ímpares: 1,3,5,7,9
IAUPE – 2017) No carro de João, tem vaga apenas para
3 dos seus 8 colegas. De quantas formas diferentes, João
pode escolher os colegas aos quais dá carona?
(A) 56
(B) 84
(C) 126 5⋅5⋅4⋅4⋅3=1200
(D) 210
(E) 120 06. Resposta: D.

08. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/


IAUPE – 2017) Num grupo de 15 homens e 9 mulheres,
quantos são os modos diferentes de formar uma comissão Como para os três dias têm que ser diferentes:
composta por 2 homens e 3 mulheres? __ __ __
(A) 4725 210⋅209⋅208=9129120
(B) 12600
(C) 3780 07. Resposta: A.
(D) 13600
(E) 8820

09. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Um


torneio de futebol de várzea reunirá 50 equipes e cada
equipe jogará apenas uma vez com cada uma das outras. 08. Resposta: E.
Esse torneio terá a seguinte quantidade de jogos:
(A) 320.
(B) 460.
(C) 620.
(D) 1.225.
(E) 2.450.

10. (IFAP – Engenheiro de Segurança do Trabalho 09. Resposta: D.


– FUNIVERSA/2016) Considerando-se que uma sala de
aula tenha trinta alunos, incluindo Roberto e Tatiana, e que
a comissão para organizar a festa de formatura deva ser
composta por cinco desses alunos, incluindo Roberto e Ta-
tiana, a quantidade de maneiras distintas de se formar essa 10. Resposta: D.
comissão será igual a:
(A) 3.272. Roberto Tatiana __ ___ ___
(B) 3.274.
(C) 3.276. São 30 alunos, mas vamos tirar Roberto e Tatiana que
(D) 3.278. terão que fazer parte da comissão.
(E) 3.280. 30-2=28

Respostas

01. Resposta: A.
P2⋅P6=2!⋅6!=2⋅720=1440
Experimento Aleatório
02. Resposta: C.
__ ___ __ __ Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é im-
6⋅ 5⋅ 4⋅ 3=360 previsível, por depender exclusivamente do acaso, por
exemplo, o lançamento de um dado.
03. Resposta: E.
P6=6!=6⋅5⋅4⋅3⋅2⋅1=720

33
RACIOCÍNIO LÓGICO

Espaço Amostral Note que


Num experimento aleatório, o conjunto de todos os
resultados possíveis é chamado espaço amostral, que se
indica por E.
No lançamento de um dado, observando a face volta- Exemplo
da para cima, tem-se: Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas
E={1,2,3,4,5,6} coloridas. Sabe-se que a probabilidade de ter sido retira-
No lançamento de uma moeda, observando a face vol- da uma bola vermelha é Calcular a probabilidade de ter
tada para cima: sido retirada uma bola que não seja vermelha.
E={Ca,Co}
Solução
Evento
É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, vimos que são complementares.
E={1,2,3,4,5,6}
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}:
Ocorrer um número par, tem-se {2,4,6}.

Exemplo Adição de probabilidades


Considere o seguinte experimento: registrar as faces Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E,
voltadas para cima em três lançamentos de uma moeda. finito e não vazio. Tem-se:

a) Quantos elementos tem o espaço amostral?


b) Descreva o espaço amostral. Exemplo
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de
Solução se obter um número par ou menor que 5, na face superior?
a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lan-
çamento, há duas possibilidades. Solução
E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
2x2x2=8 Sejam os eventos
b) E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(- A={2,4,6} n(A)=3
C,R,R),(R,R,R)} B={1,2,3,4} n(B)=4

Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amos-
tral E com n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento
com n(A) amostras.

Probabilidade Condicional
Eventos complementares É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A ocorreu o evento B, definido por:
um evento de E. Chama-se complementar de A, e indica-se
por , o evento formado por todos os elementos de E que
não pertencem a A.
E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
A={2}

34
RACIOCÍNIO LÓGICO

Eventos Simultâneos 06. (PREF. DE PIRAUBA/MG – Assistente Social –


Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espa- MSCONCURSOS/2017) A probabilidade de qualquer uma
ço amostral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por: das 3 crianças de um grupo soletrar, individualmente, a pa-
lavra PIRAÚBA de forma correta é 70%. Qual a probabili-
dade das três crianças soletrarem essa palavra de maneira
errada?
Questões (A) 2,7%
(B) 9%
01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Em (C) 30%
cada um de dois dados cúbicos idênticos, as faces são nu- (D) 35,7%
meradas de 1 a 6. Lançando os dois dados simultaneamen-
te, cuja ocorrência de cada face é igualmente provável, a 07. (UFTM – Tecnólogo – UFTM/2016) Lançam-se si-
probabilidade de que o produto dos números obtidos seja multaneamente dois dados não viciados, a probabilidade
um número ímpar é de:
de que a soma dos resultados obtidos seja nove é:
(A) 1/4.
(A) 1/36
(B) 1/3.
(B) 2/36
(C) 1/2.
(D) 2/3. (C) 3/36
(E) 3/4. (D) 4/36

02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária 08. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO
- MSCONCURSOS/2017) A uma excursão, foram 48 pes- AOCP/2016) Um empresário, para evitar ser roubado, es-
soas, entre homens e mulheres. Numa escolha ao acaso, a condia seu dinheiro no interior de um dos 4 pneus de um
probabilidade de se sortear um homem é de 5/12 . Quan- carro velho fora de uso, que mantinha no fundo de sua
tas mulheres foram à excursão? casa. Certo dia, o empresário se gabava de sua inteligência
(A) 20 ao contar o fato para um de seus amigos, enquanto um
(B) 24 ladrão que passava pelo local ouvia tudo. O ladrão tinha
(C) 28 tempo suficiente para escolher aleatoriamente apenas um
(D) 32 dos pneus, retirar do veículo e levar consigo. Qual é a pro-
babilidade de ele ter roubado o pneu certo?
03. (UPE – Técnico em Administração – UPE- (A) 0,20.
NET/2017) Qual a probabilidade de, lançados simulta- (B) 0,23.
neamente dois dados honestos, a soma dos resultados ser (C) 0,25.
igual ou maior que 10? (D) 0,27.
(A) 1/18 (E) 0,30.
(B) 1/36
(C) 1/6 09. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Em
(D) 1/12 uma urna há quinze bolas iguais numeradas de 1 a 15. Re-
(E) ¼ tiram-se aleatoriamente, em sequência e sem reposição,
duas bolas da urna.
04. (UPE – Técnico em Administração – UPE-
NET/2017) Uma pesquisa feita com 200 frequentadores
A probabilidade de que o número da segunda bola re-
de um parque, em que 50 não praticavam corrida nem ca-
tirada da urna seja par é:
minhada, 30 faziam caminhada e corrida, e 80 exercitavam
corrida, qual a probabilidade de encontrar no parque um (A) 1/2;
entrevistado que pratique apenas caminhada? (B) 3/7;
(A) 7/20 (C) 4/7;
(B) 1/2 (D) 7/15;
(C)1/4 (E) 8/15.
(D) 3/20
(E) 1/5 10. (CASAN – Advogado – INSTITUTO AOCP/2016)
Lançando uma moeda não viciada por três vezes consecu-
05. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR – Perito Criminal – tivas e anotando seus resultados, a probabilidade de que a
IBFC/2017) A probabilidade de se sortear um número face voltada para cima tenha apresentado ao menos uma
múltiplo de 5 de uma urna que contém 40 bolas numera- cara e ao menos uma coroa é:
das de 1 a 40, é: (A) 0,66.
(A) 0,2 (B) 0,75.
(B) 0,4 (C) 0,80.
(C) 0,6 (D) 0,98.
(D) 0,7 (E) 0,50.
(E) 0,8

35
RACIOCÍNIO LÓGICO

Respostas 09. Resposta: D.


Temos duas possibilidades
01. Resposta: A. As bolas serem par/par ou ímpar/par
Para o produto ser ímpar, a única possibilidade, é que Ser par/par:
os dois dados tenham ímpar:
Os números pares são: 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14

02. Resposta: C.
Como para homens é de 5/12, a probabilidade de es- Ímpar/par:
colher uma mulher é de 7/12
Os números ímpares são: 1, 3, 5, 7, 9, 11 ,13, 15

12x=336
X=28
A probabilida de é par/par OU ímpar/par
03. Resposta: C.
P=6x6=36
Pra ser maior ou igual a 10:
4+6
5+5
5+6 10. Resposta: B.
6+4
São seis possibilidades:
6+5
Cara, coroa, cara
6+6

Cara, coroa, coroa


04. Resposta: A.
Praticam apenas corrida: 80-30=50
Apenas caminhada:x
X+50+30+50=200
70
P=70/200=7/20 Cara, cara, coroa

05. Resposta: A.
M5={5,10,15,20,25,30,35,40}
P=8/40=1/5=0.2
Coroa, cara, cara
06. Resposta:A.
A probabilidade de uma soletrar errado: 0,3
__ __ __
0,3⋅0,3⋅0,3=0,027=2,7%
Coroa, coroa, cara
07. Resposta: D. Coroa, cara, coroa
Para dar 9, temos 4 possibilidades
3+6
6+3
4+5
5+4

P=4/36

08. Resposta: C.
A probabilidade é de 1/4, pois o carro tem 4 pneus e o
dinheiro está em 1.
1/4=0,25

36
RACIOCÍNIO LÓGICO

A Relação de inclusão possui 3 propriedades:


OPERAÇÕES COM CONJUNTO Exemplo:
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
Representação
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina,
2, 3, 4, 5} boca aberta para o maior conjunto.
-Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando es-
ses elementos temos: Subconjunto
B={3,4,5,6,7} O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de
- por meio de diagrama: A é também elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}

Operações

União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro
formado pelos elementos que pertencem pelo menos um
dos conjuntos a que chamamos conjunto união e represen-
tamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou x B}
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-se


de conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.

Igualdade
Interseção
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado
exatamente os mesmos elementos. Em símbolo: pelos elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é
representada por : A∩B.
Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}

Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisa-


mos saber apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência

Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação


que o elemento pertence (∈) ou não pertence (∉) Exemplo:
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5} A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
0∈A A∩B={d,e}
2∉A
Diferença
Relações de Inclusão Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que
Relacionam um conjunto com outro conjunto. a cada par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), definido por:
⊃(contém), (não contém) A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o
complementar de B em relação a A.

37
RACIOCÍNIO LÓGICO

A este conjunto pertencem os elementos de A que não mens que são altos e não são barbados nem carecas. Sa-
pertencem a B. be-se que existem 5 homens que são barbados e não são
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são
A\B = {x : x∈A e x∉B}. carecas e não são altos e nem barbados. Dentre todos es-
ses homens, o número de barbados que não são altos, mas
são carecas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

B-A = {x : x∈B e x∉A}. Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre come-


çamos pela interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e
por fim, cada um

Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do
conjunto A menos os elementos que pertencerem ao con-
junto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto for-
mado pelos elementos do conjunto universo que não per-
tencem a A.

Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas


homens carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6

Fórmulas da união
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)
-n(A∩C)-n(B C)

Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés


de fazer todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula,
o resultado é mais rápido, o que na prova de concurso é
interessante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você en-
tender melhor e perceber que, dependendo do exercício é
melhor fazer de uma forma ou outra.

(MANAUSPREV – Analista Previdenciário –


FCC/2015) Em um grupo de 32 homens, 18 são altos, 22
são barbados e 16 são carecas. Homens altos e barbados
que não são carecas são seis. Todos homens altos que são Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e
carecas, são também barbados. Sabe-se que existem 5 ho- não são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens
que são carecas e não são altos e nem barbados

38
RACIOCÍNIO LÓGICO

Então o número de barbados que não são altos, mas


são carecas são 4.
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula,
ficou grande devido as explicações, mas se você fizer tudo
no mesmo diagrama, mas seguindo os passos, o resultado
sairá fácil.

(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015)


Suponha que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo
de perito criminal:

1) 80 sejam formados em Física;


2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
5) 23 sejam formados em Química e Física;
6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
Sabemos que 18 são altos 7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Bio-
logia.

Considerando essa situação, assinale a alternativa cor-


reta.

(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são


físicos nem biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Física.
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são for-
mados apenas em Física e em Biologia.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecio-
nados, a probabilidade de ele ter apenas as duas forma-
ções, Física e Química, é inferior a 0,05.
Quando somarmos 5+x+6=18
X=18-11=7 Resolução
Carecas são 16
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de
candidatos que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n(F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩-
Q)-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88

Resposta: A.

7+y+5=16
Y=16-12
Y=4

39
RACIOCÍNIO LÓGICO

Questões 05. (SAP/SP – Agente de Segurança Penitenciária –


MSCONCURSOS/2017) Numa sala de 45 alunos, foi feita
01. (CRF/MT - Agente Administrativo – QUA- uma votação para escolher a cor da camiseta de formatura.
DRIX/2017) Num grupo de 150 jovens, 32 gostam de mú- Dentre eles, 30 votaram na cor preta, 21 votaram na cor
sica, esporte e leitura; 48 gostam de música e esporte; 60 cinza e 8 não votaram em nenhuma delas, uma vez que não
gostam de música e leitura; 44 gostam de esporte e leitu- farão as camisetas. Quantos alunos votaram nas duas cores?
(A) 6
ra; 12 gostam somente de música; 18 gostam somente de
(B) 10
esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao escolher ao
(C) 14
acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele não (D) 18
gostar de nenhuma dessas atividades?
06. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-
(A) 1/75 sor – FGV/2017) Na assembleia de um condomínio, duas
(B) 39/75 questões independentes foram colocadas em votação para
(C) 11/75 aprovação. Dos 200 condôminos presentes, 125 votaram a
(D) 40/75 favor da primeira questão, 110 votaram a favor da segunda
(E) 76/75 questão e 45 votaram contra as duas questões.

02. (CRMV/SC – Recepcionista – IESES/2017) Sabe- Não houve votos em branco ou anulados.
se que 17% dos moradores de um condomínio tem gatos,
22% tem cachorros e 8% tem ambos (gatos e cachorros). O número de condôminos que votaram a favor das
duas questões foi:
Qual é o percentual de condôminos que não tem nem ga-
(A) 80;
tos e nem cachorros? (B) 75;
(C) 70;
(A) 53 (D) 65;
(B) 69 (E) 60.
(C) 72
(D) 47 07. (IFBAIANO – Assistente em Administração –
FCM/2017) Em meio a uma crescente evolução da taxa de
03. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017) obesidade infantil, um estudioso fez uma pesquisa com um
Em uma pesquisa sobre a preferência entre dois candida- grupo de 1000 crianças para entender o comportamento
tos, 48 pessoas votariam no candidato A, 63 votariam no das mesmas em relação à prática de atividades físicas e aos
candidato B, 24 pessoas votariam nos dois; e, 30 pessoas hábitos alimentares.
não votariam nesses dois candidatos. Se todas as pessoas Ao final desse estudo, concluiu-se que apenas 200
crianças praticavam alguma atividade física de forma regu-
responderam uma única vez, então o total de pessoas en-
lar, como natação, futebol, entre outras, e apenas 400 crian-
trevistadas foi: ças tinham uma alimentação adequada. Além disso, apenas
100 delas praticavam atividade física e tinham uma alimen-
(A) 141. tação adequada ao mesmo tempo.
(B) 117. Considerando essas informações, a probabilidade de
(C) 87. encontrar nesse grupo uma criança que não tenha alimen-
(D) 105. tação adequada nem pratique atividade física de forma re-
(E) 112. gular é de:
(A) 30%.
04. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário – INSTITU- (B) 40%.
TO AOCP/2017) Para realização de uma pesquisa sobre a (C) 50%.
preferência de algumas pessoas entre dois canais de TV, (D) 60%.
canal A e Canal B, os entrevistadores colheram as seguintes (E) 70%.
informações: 17 pessoas preferem o canal A, 13 pessoas
08. (TRF 2ª REGIÃO – Analista Judiciário – CONSUL-
assistem o canal B e 10 pessoas gostam dos canais A e
PLAN/2017) Uma papelaria fez uma pesquisa de mercado
B. Assinale a alternativa que apresenta o total de pessoas entre 500 de seus clientes. Nessa pesquisa encontrou os se-
entrevistadas. guintes resultados:

(A) 20 • 160 clientes compraram materiais para seus filhos que


(B) 23 cursam o Ensino Médio;
(C) 27 • 180 clientes compraram materiais para seus filhos que
(D) 30 cursam o Ensino Fundamental II;
(E) 40 • 190 clientes compraram materiais para seus filhos
que cursam o Ensino Fundamental I;

40
RACIOCÍNIO LÓGICO

• 20 clientes compraram materiais para seus filhos que Respostas


cursam o Ensino Médio e Fundamental I;
• 40 clientes compraram materiais para seus filhos que 01. Resposta: C.
cursam o Ensino Médio e Fundamental II;
• 30 clientes compraram materiais para seus filhos que
cursam o Ensino Fundamental I e II; e,
• 10 clientes compraram materiais para seus filhos que
cursam o Ensino Médio, Fundamental I e II.
Quantos clientes da papelaria compraram materiais,
mas os filhos NÃO cursam nem o Ensino Médio e nem o
Ensino Fundamental I e II?

(A) 50.
(B) 55.
(C) 60.
(D) 65.

09. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suple-


mentar – FUNCAB/2016) Foram visitadas algumas resi-
dências de uma rua e em todas foram encontrados pelo
menos um criadouro com larvas do mosquito Aedes ae- 32+10+12+18+16+28+12+x=150
gypti. Os criadouros encontrados foram listados na tabela X=22 que não gostam de nenhuma dessas atividades
a seguir: P=22/150=11/75

P. pratinhos com água embaixo de vasos de planta. 02. Resposta: B.


R. ralos entupidos com água acumulada.
K. caixas de água destampadas

Número de criadouros
P 103
R 124
K 98
PeR 47
PeK 43
ReK 60
P, R e K 25
9+8+14+x=100
De acordo com a tabela, o número de residências vi- X=100-31
sitadas foi: X=69%
(A) 200.
(B) 150. 03. Resposta: B.
(C) 325.
(D) 500.
(E) 455.

10. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016) Na


zona rural de um município, 50% dos agricultores cultivam
soja; 30%, arroz; 40%, milho; e 10% não cultivam nenhum
desses grãos. Os agricultores que produzem milho não cul-
tivam arroz e 15% deles cultivam milho e soja.
Considerando essa situação, julgue o item que se se-
gue.
Em exatamente 30% das propriedades, cultiva-se ape-
nas milho.
( )Certo ( )Errado 24+24+39+30=117

41
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. Resposta: A. 10. Resposta: errado


N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
N(A∪B)=17+13-10=20

05. Resposta: C.
Como 8 não votaram, tiramos do total: 45-8=37
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
37=30+21- n(A∩B)
n(A∩B)=14

06. Resposta: A.
N(A ∪B)==200-45=155
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
155=125+110- n(A∩B)
n(A∩B)=80

07. Resposta: C.
Sendo x o número de crianças que não praticam ativi-
dade física e tem uma alimentação adequada
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
1000-x=200+400-100
X=500 O número de pacientes que apresentaram pelo menos
P=500/1000=0,5=50% dois desses sintomas é:
Pois pode ter 2 sintomas ou três.
08. Resposta:A. 6+14+26+32=78
Sendo A=ensino médio
B fundamental I
C=fundamental II
X=quem comprou material e os filhos não cursam en-
sino médio e nem ensino fundamental RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO
n(A∪B∪C) =n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B) PROBLEMAS ARITMÉTICOS,
-n(A∩C)-n(B∩C) GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS.
500-x=160+190+180+10-20-40-30
X=50

09. Resposta: A. Números Naturais


Os números naturais são o modelo mate-
mático necessário para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unida-
de, obtemos o conjunto infinito dos números naturais.

- Todo número natural dado tem um sucessor


a) O sucessor de 0 é 1.
b) O sucessor de 1000 é 1001.
c) O sucessor de 19 é 20.

Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero.

- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um


antecessor (número que vem antes do número dado).
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente
de zero.
38+20+42+18+25+22+35=200 residências a) O antecessor do número m é m-1.
Ou fazer direto pela tabela: b) O antecessor de 2 é 1.
P+R+K+(P∩R∩K)-( P∩R)- (R∩K)-(P∩K) c) O antecessor de 56 é 55.
103+124+98+25-60-43-47=200 d) O antecessor de 10 é 9.

42
RACIOCÍNIO LÓGICO

Expressões Numéricas 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o núme-


Nas expressões numéricas aparecem adições, subtra- ro decimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
ções, multiplicações e divisões. Todas as operações podem
acontecer em uma única expressão. Para resolver as ex-
pressões numéricas utilizamos alguns procedimentos:

Se em uma expressão numérica aparecer as quatro


operações, devemos resolver a multiplicação ou a divisão
primeiramente, na ordem em que elas aparecerem e so-
mente depois a adição e a subtração, também na ordem
em que aparecerem e os parênteses são resolvidos primei-
ro.
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vír-
Exemplo 1 gula, mas lembrando que a dízima deve ser periódica para
10 + 12 – 6 + 7 ser número racional.
22 – 6 + 7 OBS: período da dízima são os números que se repe-
16 + 7 tem, se não repetir não é dízima periódica, e sim números
23 irracionais, que trataremos mais a frente.

Exemplo 2
40 – 9 x 4 + 23
40 – 36 + 23
4 + 23
27

Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25 Representação Fracionária dos Números Decimais
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar
Números Inteiros com o denominador seguido de zeros.
 Podemos dizer que este conjunto é composto pelos O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
números naturais, o conjunto dos opostos dos números um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.
naturais e o zero. Este conjunto pode ser representado por:

Z-{...,-3,-2,-1,0,1,2,3...}
Subconjuntos do conjunto  :
1)Z*={...-3,-2,-1, 1, 1, 2, 3...}
2) Z+={0,1,2,3,...}
3) Z-={...,-3,-2,-1}

Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que
pode ser expresso na forma , onde a e b são inteiros
quaisquer, com b≠0 2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, en-
São exemplos de números racionais: tão como podemos transformar em fração?
-12/51 Exemplo 1
-3 Transforme a dízima 0, 333... em fração.
-(-3) Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízi-
-2,333... ma dada de x, ou seja
X=0,333...
As dízimas periódicas podem ser representadas por Se o período da dízima é de um algarismo, multiplica-
fração, portanto são consideradas números racionais. mos por 10.
Como representar esses números? 10x=3,333...
E então subtraímos:
Representação Decimal das Frações 10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
Temos 2 possíveis casos para transformar frações em X=3/9
decimais X=1/3

43
RACIOCÍNIO LÓGICO

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de Representação na reta


período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .
Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99 INTERVALOS LIMITADOS
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou
Números Irracionais iguais a e menores do que b ou iguais a b.
Identificação de números irracionais
- Todas as dízimas periódicas são números racionais.
- Todos os números inteiros são racionais.
- Todas as frações ordinárias são números racionais.
- Todas as dízimas não periódicas são números irra- Intervalo:[a,b]
cionais. Conjunto: {x∈R|a≤x≤b}
- Todas as raízes inexatas são números irracionais.
- A soma de um número racional com um número irra- Intervalo aberto – números reais maiores que a e me-
cional é sempre um número irracional. nores que b.
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um
número racional.
-Os números irracionais não podem ser expressos na
forma , com a e b inteiros e b≠0.
Intervalo:]a,b[
Exemplo:  -  = 0 e 0 é um número racional. Conjunto:{x∈R|a<x<b}
- O quociente de dois números irracionais, pode ser
um número racional. Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores
que a ou iguais a a e menores do que b.
Exemplo:  :  =  = 2  e 2 é um número racional.
- O produto de dois números irracionais, pode ser um
número racional.

Exemplo:  .  =  = 7 é um número racional. Intervalo:{a,b[


Conjunto {x∈R|a≤x<b}
Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um nú- Intervalo fechado à direita – números reais maiores
mero natural, se não inteira, é irracional. que a e menores ou iguais a b.

Números Reais

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}

INTERVALOS IIMITADOS

Semirreta esquerda, fechada de origem b- números


reais menores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b}

Fonte: www.estudokids.com.br

44
RACIOCÍNIO LÓGICO

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ím-
reais menores que b par, resulta em um número negativo.
.

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}
5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos pas-
Semirreta direita, fechada de origem a – números reais sar o sinal para positivo e inverter o número que está na
maiores ou iguais a a. base. 

Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}

Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais


maiores que a. 6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o
valor do expoente, o resultado será igual a zero. 

Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x>a}

Potenciação Propriedades
Multiplicação de fatores iguais 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de
2³=2.2.2=8 mesma base, repete-se a base e  soma os expoentes.

Casos Exemplos:
24 . 23 = 24+3= 27
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1. (2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma


base. Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio Exemplos:


número. 96 : 92 = 96-2 = 94

3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multi-


plica-se os expoentes.
Exemplos:
3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, (52)3 = 52.3 = 56
resulta em um número positivo.

4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores eleva-


dos a um expoente, podemos elevar cada um a esse mes-
mo expoente.

(4.3)²=4².3²

45
RACIOCÍNIO LÓGICO

5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente,


podemos elevar separados. De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * , então:

a na
n =
b nb
Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação O radical de índice inteiro e positivo de um quociente
indicado é igual ao quociente dos radicais de mesmo índi-
ce dos termos do radicando.

Raiz quadrada números decimais

Técnica de Cálculo Operações


A determinação da raiz quadrada de um número torna-
se mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado em
números primos. Veja: 

Operações

Multiplicação

Exemplo

Divisão
64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-


se” um e multiplica.

Exemplo

1 1
3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
1
Observe: 2 2 2

Adição e subtração
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * , então:

n
a.b = n a .n b Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.

O radical de índice inteiro e positivo de um produto


indicado é igual ao produto dos radicais de mesmo índice
dos fatores do radicando.

Raiz quadrada de frações ordinárias


1 1
2  2 2 22 2
=  = 1 =
Observe: 3 3 3
32

46
RACIOCÍNIO LÓGICO

Caso tenha: (A) José


(B) Isabella
(C) Maria Eduarda
(D) Raoni
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária -
Racionalização de Denominadores MSCONCURSOS/2017) O valor de √0,444... é:
Normalmente não se apresentam números irracionais (A) 0,2222...
com radicais no denominador. Ao processo que leva à eli- (B) 0,6666...
minação dos radicais do denominador chama-se racionali- (C) 0,1616...
zação do denominador. (D) 0,8888...
1º Caso:Denominador composto por uma só parcela
04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-
NESP/2017) Se, numa divisão, o divisor e o quociente são
iguais, e o resto é 10, sendo esse resto o maior possível,
então o dividendo é:
(A) 131.
(B) 121.
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas. (C) 120.
(D) 110.
(E) 101.

05. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) As expres-


Devemos multiplicar de forma que obtenha uma dife- sões numéricas abaixo apresentam resultados que seguem
rença de quadrados no denominador: um padrão específico:

1ª expressão: 1 x 9 + 2

2ª expressão: 12 x 9 + 3
Questões
3ª expressão: 123 x 9 + 4
01. (Prefeitura de Salvador /BA - Técnico de Nível
Superior II - Direito – FGV/2017) Em um concurso, há ...
150 candidatos em apenas duas categorias: nível superior
e nível médio. 7ª expressão: █ x 9 + ▲
Sabe-se que: Seguindo esse padrão e colocando os números ade-
quados no lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª
• dentre os candidatos, 82 são homens; expressão será
• o número de candidatos homens de nível superior é (A) 1 111 111.
igual ao de mulheres de nível médio; (B) 11 111.
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mu-
(C) 1 111.
lheres.
(D) 111 111.
O número de candidatos homens de nível médio é: (E) 11 111 111.
(A) 42.
(B) 45. 06. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Durante um
(C) 48. treinamento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio
(D) 50. comercial informou que, nos cinquenta anos de existência
(E) 52. do prédio, nunca houve um incêndio, mas existiram muitas
situações de risco, felizmente controladas a tempo. Segun-
02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária do ele, 1/13 dessas situações deveu-se a ações criminosas,
- MSCONCURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, enquanto as demais situações haviam sido geradas por di-
Isabella e José foram a uma prova de hipismo, na qual ga- ferentes tipos de displicência. Dentre as situações de risco
nharia o competidor que obtivesse o menor tempo final. geradas por displicência,
A cada 1 falta seriam incrementados 6 segundos em seu − 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inade-
tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria Eduarda fez quadamente;
1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni fez − 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas;
1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a − 1/3 deveu-se a vazamentos de gás; e
colocação, é correto afirmar que o vencedor foi: − as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar.

47
RACIOCÍNIO LÓGICO

De acordo com esses dados, ao longo da existência 02. Resposta: D.


desse prédio comercial, a fração do total de situações de Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o
risco de incêndio geradas por descuidos ao cozinhar cor- vencedor.
responde à
(A) 3/20. 03. Resposta: B.
(B) 1/4. Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
(C) 13/60. X=0,4444....
(D) 1/5. 10x=4,444...
(E) 1/60. 9x=4

07. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional Nível Técnico


I - Técnico em Eletrônica – NCUFPR/2017) Assinale a al-
ternativa que apresenta o valor da expressão

(A) 1.
(B) 2.
(C) 4.
(D) 8. 04. Resposta: A.
(E) 16. Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número
11 que é igua o quociente.
08. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRV- 11x11=121+10=131
GO/2017) Qual o resultado de ?
05. Resposta: E.
(A) 3 A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111
(B) 3/2
(C) 5 06. Resposta: D.
(D) 5/2

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


Gerado por descuidos ao cozinhar:
sor – FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b .

Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a:


(A) 1;
(B) 2;
Mas, que foram gerados por displicência é 12/13(1-
(C) 3;
(D) 4; 1/13)
(E) 6.

10. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


sor – FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de deter-
minada empresa tem o mesmo número de mulheres e de 07.Resposta: C.
homens. Certa manhã, 3/4 das mulheres e 2/3 dos homens
dessa equipe saíram para um atendimento externo.

Desses que foram para o atendimento externo, a fração


de mulheres é

(A) 3/4;
(B) 8/9;
(C) 5/7; 08. Resposta: D.
(D) 8/13;
(E) 9/17.
Respostas

01.Resposta: B.
150-82=68 mulheres 09. Resposta: C.
Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 2-2(1-2N)=12
são de nível médio. 2-2+4N=12
Portanto, há 37 homens de nível superior. 4N=12
82-37=45 homens de nível médio. N=3

48
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Resposta: E. Ângulo Raso:


Como tem o mesmo número de homens e mulheres:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Dos homens que saíram:

Saíram no total

Ângulo Reto:
- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendi-
culares.

Ângulos
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas
semirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome
de lados do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.

Triângulo

Elementos

Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que
liga um vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo in-


tercepta o lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da


bissetriz de um ângulo do triângulo que liga um vértice a
um ponto do lado oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.
Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do
que 90º.

49
RACIOCÍNIO LÓGICO

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vér- Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.
tice a um ponto da reta suporte do lado oposto e é perpen-
dicular a esse lado.
Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Triângulo equilátero: três lados iguais.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpen-


dicular a esse segmento pelo seu ponto médio.
Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do


triângulo que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes.
Triângulo retângulo: tem um ângulo reto.

Classificação
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso.
Quanto aos lados
Triângulo escaleno:três lados desiguais.

50
RACIOCÍNIO LÓGICO

Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos Polígono


Chama-se polígono a união de segmentos que são
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é me- chamados lados do polígono, enquanto os pontos são cha-
nor que a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao mados vértices do polígono.
maior ângulo opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS

Quadrilátero é todo polígono com as seguintes pro-


priedades:

- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Trapézio: É todo quadrilátero que tem dois paralelos. Diagonal de um polígono é um segmento cujas extre-
midades são vértices não-consecutivos desse polígono.

- é paralelo a

- Losango: 4 lados congruentes


- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Número de Diagonais

Ângulos Internos
A soma das medidas dos ângulos internos de um polí-
- Observações: gono convexo de n lados é (n-2).180
Unindo um dos vértices aos outros n-3, conveniente-
- No retângulo e no quadrado as diagonais são con- mente escolhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das
gruentes (iguais) medidas dos ângulos internos do polígono é igual a soma
- No losango e no quadrado as diagonais são per- das medidas dos ângulos internos dos n-2 triângulos.
pendiculares entre si (formam ângulo de 90°) e são bisse-
trizes dos ângulos internos (dividem os ângulos ao meio).

Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base


maior, b é a medida da base menor e h é medida da altura.
2- Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da
base e h é a medida da altura.
3- Retângulo: A = b.h

4- Losango: , onde D é a medida da diagonal


maior e d é a medida da diagonal menor.
5- Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

51
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ângulos Externos Casos de Semelhança


1º Caso:AA(ângulo-ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de
vértices correspondentes, então esses triângulos são con-
gruentes.

A soma dos ângulos externos=360°

Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais,
então a razão de dois segmentos quaisquer de uma trans-
versal é igual à razão dos segmentos correspondentes da
outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que
são válidas as seguintes proporções:
2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes
proporcionais e os ângulos compreendidos entre eles con-
gruentes, então esses dois triângulos são semelhantes.

Exemplo

3º Caso: LLL(lado-lado-lado)
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes
proporcionais, então esses dois triângulos são semelhan-
tes.

Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os
seus ângulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas
medidas, e os lados correspondentes forem proporcionais.

52
RACIOCÍNIO LÓGICO

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo

Considerando o triângulo retângulo ABC.

Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²


Dividindo os membros por c²

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado


triangulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos
Temos: são:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h:altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipo-
tenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes en-
tre os diversos segmentos desse triângulo. Assim:
Fórmulas Trigonométricas
1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da
Relação Fundamental hipotenusa pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.
Existe uma outra importante relação entre seno e cos-
seno de um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

53
RACIOCÍNIO LÓGICO

2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipo-


tenusa pela altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das pro-


jeções dos catetos sobre a hipotenusa.

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos


quadrados dos catetos (Teorema de Pitágoras).

Posições Relativas de Duas Retas


Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo
plano. Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem
também não estar no mesmo plano. Nesse caso, são deno-
minadas retas reversas. Questões
Retas Coplanares 01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previden-
ciários- VUNESP/2017) Um terreno retangular ABCD,
a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum com 40 m de largura por 60 m de comprimento, foi dividi-
do em três lotes, conforme mostra a figura.

-Duas retas concorrentes podem ser:

1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto.

Sabendo-se que EF = 36 m e que a área do lote 1 é


864 m², o perímetro do lote 2 é
(A) 100 m.
(B) 108 m.
(C) 112 m.
(D) 116 m.
2. Oblíquas:r e s não são perpendiculares. (E) 120 m.

02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)


Considere um triângulo retângulo de catetos medindo
3m e 5m. Um segundo triângulo retângulo, semelhante
ao primeiro, cuja área é o dobro da área do primeiro, terá
como medidas dos catetos, em metros:
(A) 3 e 10.
(B) 3√2 e 5√2 .
(C) 3√2 e 10√2 .
b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são (D) 5 e 6.
coincidentes. (E) 6 e 10.

54
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, encontra-se representada uma cinta estica-
da passando em torno de três discos de mesmo diâmetro
e tangentes entre si.

A área do quadrilátero BCQP, da figura acima, é

(A) 25√5.
(B) 50√2.
(C) 50√5.
Considerando que o diâmetro de cada disco é 8, o (D) 100√2 .
comprimento da cinta acima representada é (E) 100√5.

(A) 8/3 π + 8 . 06. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária


(B) 8/3 π + 24. - MSCONCURSOS/2017) O triângulo retângulo em B, a
(C) 8π + 8 . seguir, de vértices A, B e C, representa uma praça de uma
(D) 8π + 24. cidade. Qual é a área dessa praça?
(E) 16π + 24.

04. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, ABCD é um quadrado de lado 10; E, F, G e H
são pontos médios dos lados do quadrado ABCD e são os
centros de quatro círculos tangentes entre si.

(A) 120 m²
(B) 90 m²
(C) 60 m²
(D) 30 m²

07. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) A figura, com dimensões indicadas em cen-
tímetros, mostra um painel informativo ABCD, de formato
retangular, no qual se destaca a região retangular R, onde
x > y.

A área da região sombreada, da figura acima apresen-


tada, é

(A) 100 - 5π .
(B) 100 - 10π .
(C) 100 - 15π .
(D) 100 - 20π .
(E) 100 - 25π .

05. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  No


cubo de aresta 10, da figura abaixo, encontra-se represen-
tado um plano passando pelos vértices B e C e pelos pon-
tos P e Q, pontos médios, respectivamente, das arestas EF
e HG, gerando o quadrilátero BCQP. 

55
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sabendo-se que a razão entre as medidas dos lados Se a área de R1 é 54 m², então o perímetro de R2 é,
correspondentes do retângulo ABCD e da região R é igual em metros, igual a
a 5/2 , é correto afirmar que as medidas, em centímetros, (A) 54.
dos lados da região R, indicadas por x e y na figura, são, (B) 48.
respectivamente, (C) 36.
(D) 40.
(A) 80 e 64. (E) 42.
(B) 80 e 62.
(C) 62 e 80. Respostas
(D) 60 e 80.
(E) 60 e 78. 01. Resposta: D.

08. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) O piso de um salão retangular, de 6 m de
comprimento, foi totalmente coberto por 108 placas qua-
dradas de porcelanato, todas inteiras. Sabe-se que quatro
placas desse porcelanato cobrem exatamente 1 m2 de
piso. Nessas condições, é correto afirmar que o perímetro
desse piso é, em metros, igual a
(A) 20.
(B) 21.
(C) 24.
(D) 27.
(E) 30.

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


sor – FGV/2017) O proprietário de um terreno retangular
resolveu cercá-lo e, para isso, comprou 26 estacas de ma-
deira. Colocou uma estaca em cada um dos quatro cantos
do terreno e as demais igualmente espaçadas, de 3 em 3
metros, ao longo dos quatro lados do terreno.
O número de estacas em cada um dos lados maiores
do terreno, incluindo os dois dos cantos, é o dobro do nú-
mero de estacas em cada um dos lados menores, também
incluindo os dois dos cantos.
A área do terreno em metros quadrados é: 96h=1728
(A) 240; H=18
(B) 256;
(C) 324; Como I é um triângulo:
(D) 330; 60-36=24
(E) 372. X²=24²+18²
X²=576+324
10. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário- VU- X²=900
NESP/2017) A figura seguinte, cujas dimensões estão X=30
indicadas em metros, mostra as regiões R1 e R2 , ambas Como h=18 e AD é 40, EG=22
com formato de triângulos retângulos, situadas em uma Perímetro lote 2: 40+22+24+30=116
praça e destinadas a atividades de recreação infantil para
faixas etárias distintas. 02. Resposta: B.

56
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. Resposta: C
Para saber a área, primeiro precisamos descobrir o x.

17²=x²+8²
Lado=3√2 289=x²+64
Outro lado =5√2 X²=225
X=15
03. Resposta: D.
Observe o triângulo do meio, cada lado é exatamente
a mesma medida da parte reta da cinta. 07. Resposta: A.
Que é igual a 2 raios, ou um diâmetro, portanto o lado
esticado tem 8x3=24 m
A parte do círculo é igual a 120°, pois é 1/3 do círculo,
como são três partes, é a mesma medida de um círculo. 5y=320
O comprimento do círculo é dado por: 2πr=8π
Y=64
Portanto, a cinta tem 8π+24

04. Resposta: E.
Como o quadrado tem lado 10,a área é 100.
5x=400
X=80

08. Resposta: B.
108/4=27m²
6x=27
X=27/6
O perímetro seria

O ladao AF e AE medem 5, cada um, pois F e E é o


ponto Médio
09. Resposta: C.
X²=5²+5² Número de estacas: x
X²=25+25 X+x+2x+2x-4=26 obs: -4 é porque estamos contan-
X²=50 do duas vezes o canto
X=5√2 6x=30
X é o diâmetro do círculo, como temos 4 semi círculos, X=5
temos 2 círculos inteiros.
Temos 5 estacas no lado menor, como são espaçadas
A área de um círculo é
a cada 3m
4 espaços de 3m=12m
Lado maior 10 estacas
9 espaços de 3 metros=27m
A=12⋅27=324 m²

A sombreada=100-25π 10. Resposta: B.

05. Resposta: C.
CQ é hipotenusa do triângulo GQC.
01. CQ²=10²+5²
CQ²=100+25
CQ²=125
CQ=5√5 9x=108
A área do quadrilátero seria CQ⋅BC X=12
A=5√5⋅10=50√5 Para encontrar o perímetro do triângulo R2:

57
RACIOCÍNIO LÓGICO

Volume

Cones
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α,
Y²=16²+12² um ponto V que não pertence ao plano.
Y²=256+144=400 A figura geométrica formada pela reunião de todos os
Y=20 segmentos de reta que tem uma extremidade no ponto V
Perímetro: 16+12+20=48 e a outra num ponto do círculo denomina-se cone circular.

Cilindros
Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de
centro O contido num deles, e uma reta s concorrente com
os dois.
Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião
de todos os segmentos paralelos a s, com extremidades no
círculo e no outro plano.

Classificação

-Reto:eixo VO perpendicular à base;


Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângu-
lo em torno de um de seus catetos. Por isso o cone reto é
também chamado de cone de revolução.
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é
denominado cone equilátero.

Classificação
Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando
as geratrizes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é
equilátero.
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Área
Área da base: Sb=πr²

58
RACIOCÍNIO LÓGICO

Área Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião


de todos os segmentos paralelos a r, com extremidades no
Área lateral: polígono R e no plano β.

Área da base:

Área total:

Volume

Pirâmides
As pirâmides são também classificadas quanto ao nú-
mero de lados da base.

Assim, um prisma é um poliedro com duas faces con-


gruentes e paralelas cujas outras faces são paralelogramos
obtidos ligando-se os vértices correspondentes das duas
Área e Volume faces paralelas.

Área lateral: Classificação


Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares
Onde n= quantidade de lados às bases
Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base.

Prismas
Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R
contido em α e uma reta r concorrente aos dois.

Classificação pelo polígono da base

-Triangular

59
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Quadrangular Volume
Paralelepípedo:V=a.b.c
Cubo:V=a³

Demais:

01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  Um


cilindro reto de altura h tem volume V. Para que um cone
reto com base igual a desse cilindro tenha volume V, sua
altura deve ser igual a
(A) 1/3h.
(B) 1/2h.
(C) 2/3h.
(D) 2h.
E assim por diante... (E) 3h.

Paralelepípedos 02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária –


Os prismas cujas bases são paralelogramos denomi- MSCONCURSOS/2017) Qual é o volume de uma lata de
nam-se paralelepípedos. óleo perfeitamente cilíndrica, cujo diâmetro é 8 cm e a al-
tura é 20 cm? (use π=3)
(A) 3,84 l
(B) 96 ml
(C) 384 ml
(D) 960 ml

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-


NESP/2017) Inicialmente, um reservatório com formato
de paralelepípedo reto retângulo deveria ter as medidas
indicadas na figura.

Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces


quadradas.

Em uma revisão do projeto, foi necessário aumentar


em 1 m a medida da largura, indicada por x na figura, man-
Prisma Regular tendo-se inalteradas as demais medidas. Desse modo, o
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regu- volume inicialmente previsto para esse reservatório foi au-
lares, o prisma é dito regular. mentado em
As faces laterais são retângulos congruentes e as bases
são congruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...) (A) 1 m³ .
(B) 3 m³ .
Área (C) 4 m³ .
Área cubo: (D) 5 m³ .
Área paralelepípedo: (E) 6 m³ .
A área de um prisma:
Onde: St=área total 04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-
Sb=área da base NESP/2017) A figura mostra cubinhos de madeira, todos
Sl=área lateral, soma-se todas as áreas das faces late- de mesmo volume, posicionados em uma caixa com a for-
rais. ma de paralelepípedo reto retângulo.

60
RACIOCÍNIO LÓGICO

07. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017)


Um recipiente na forma de um prisma reto de base quadra-
da, com dimensões internas de 10 cm de aresta da base e
25 cm de altura, está com 20% de seu volume total preen-
chido com água, conforme mostra a figura. (Figura fora de
escala)

Se cada cubinho tem aresta igual a 5 cm, então o volu-


me interno dessa caixa é, em cm³ , igual a
(A) 3000.
(B) 4500.
(C) 6000.
(D) 7500. Para completar o volume total desse recipiente, serão
(E) 9000. despejados dentro dele vários copos de água, com 200 mL
cada um. O número de copos totalmente cheios necessá-
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- rios para completar o volume total do prisma será:
GO/2017) Frederico comprou um aquário em formato de (A) 8 copos
paralelepípedo, contendo as seguintes dimensões: (B) 9 copos
(C) 10 copos
(D) 12 copos
(E) 15 copos

08. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSU-


FG/2017) figura a seguir representa um cubo de aresta a.

Estando o referido aquário completamente cheio, a sua


capacidade em litros é de:
(A) 0,06 litros.
(B) 0,6 litros.
(C) 6 litros.
(D) 0,08 litros.
(E) 0,8 litros.

06. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU- Considerando a pirâmide de base triangular cujos vér-
NESP/2017) As figuras seguintes mostram os blocos de tices são os pontos B, C, D e G do cubo, o seu volume é
madeira A, B e C, sendo A e B de formato cúbico e C com dado por
formato de paralelepípedo reto retângulo, cujos respecti- (A) a³/6
vos volumes, em cm³, são representados por VA, VB e VC. (B) a³/3
(C) a³/3√3
(D) a³/6√6

09. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017)


De um reservatório com formato de paralelepípedo reto re-
tângulo, totalmente cheio, foram retirados 3 m³ de água.
Após a retirada, o nível da água restante no reservatório fi-
cou com altura igual a 1 m, conforme mostra a figura.

Se VA + VB = 1/2 VC , então a medida da altura do


bloco C, indicada por h na figura, é, em centímetros, igual a
(A) 15,5.
(B) 11.
(C) 12,5.
(D) 14.
(E) 16

61
RACIOCÍNIO LÓGICO

Desse modo, é correto afirmar que a medida da altura


total do reservatório, indicada por h na figura, é, em me-
tros, igual a
(A) 1,8. 180h=2250
(B) 1,75. H=12,5
(C) 1,7.
(D) 1,65.
(E) 1,6. 07. Resposta: C.

10. (PREF. DE ITAPEMA/SC – Técnico Contábil – MS- V=10⋅10⋅25=2500 cm³


CONCURSOS/2016) O volume de um cone circular reto, 2500⋅0,2=500cm³ preenchidos.
cuja altura é 39 cm, é 30% maior do que o volume de um Para terminar de completar o volume:
cilindro circular reto. Sabendo que o raio da base do cone 2500-500=2000 cm³
é o triplo do raio da base do cilindro, a altura do cilindro é: 2000/200=10 copos
(A) 9 cm
(B) 30 cm
(C) 60 cm 08. Resposta: A.
(D) 90 cm A base é um triângulo de base a e altura a

Respostas

01. Resposta:
Volume cilindro=πr²h

Para que seja igual a V, a altura tem que ser igual a 3h

09. Resposta: E.
V=2,5⋅2⋅1=5m³
02. Resposta: D Como foi retirado 3m³
V= πr²h 5+3=2,5⋅2⋅h
V=3⋅4²⋅20=960 cm³=960 ml 8=5h
H=1,6m
03. Resposta:E.
V=2⋅3⋅x=6x
Aumentando 1 na largura 10. Resposta: D.
V=2⋅3⋅(x+1)=6x+6 Cone
Portanto, o volume aumentou em 6.

04. Resposta:E.
São 6 cubos no comprimento: 6⋅5=30
São 4 cubos na largura: 4⋅5=20
3 cubos na altura: 3⋅5=15
V=30⋅20⋅15=9000
Cilindro
05. Resposta: C. V=Ab⋅h
V=20⋅15⋅20=6000cm³=6000ml==6 litros V=πr²h
Como o volume do cone é 30% maior:
06. Resposta:C. 117πr²=1,3 πr²h
VA=125cm³ H=117/1,3=90
VB=1000cm³

62
RACIOCÍNIO LÓGICO

(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala


PORCENTAGEM de aula com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está
com gripe. Se x% das meninas dessa sala estão com gripe,
o menor valor possível para x é igual a
(A) 8.
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, (B) 15.
seu símbolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que (C) 10.
a encontramos nos meios de comunicação, nas estatísticas, (D) 6.
em máquinas de calcular, etc. (E) 12.
Os acréscimos e os descontos é importante saber por-
que ajuda muito na resolução do exercício. Resolução
45------100%
Acréscimo X-------60%
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um deter- X=27
minado valor, podemos calcular o novo valor apenas multi- O menor número de meninas possíveis para ter gripe
plicando esse valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. é se todos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2
Se o acréscimo for de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim meninas estão.
por diante. Veja a tabela abaixo:
Fator de
Acréscimo ou Lucro
Multiplicação
10% 1,10 Resposta: C.
15% 1,15
20% 1,20 Questões
47% 1,47
67% 1,67 01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária
  - MSCONCURSOS/2017) Um aparelho de televisão que
    Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 te- custa R$1600,00 estava sendo vendido, numa liquidação,
mos:  com um desconto de 40%. Marta queria comprar essa te-
levisão, porém não tinha condições de pagar à vista, e o
vendedor propôs que ela desse um cheque para 15 dias,
Desconto pagando 10% de juros sobre o valor da venda na liquida-
No caso de haver um decréscimo, o fator de multipli- ção. Ela aceitou e pagou pela televisão o valor de:
cação será: (A) R$1120,00
Fator de Multiplicação =  1 - taxa de desconto (na for- (B) R$1056,00
ma decimal) (C) R$960,00
Veja a tabela abaixo: (D) R$864,00
Fator de
Desconto 02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) A equipe
Multiplicação
10% 0,90 de segurança de um Tribunal conseguia resolver mensal-
25% 0,75 mente cerca de 35% das ocorrências de dano ao patrimô-
34% 0,66 nio nas cercanias desse prédio, identificando os criminosos
60% 0,40 e os encaminhando às autoridades competentes. Após uma
90% 0,10 reestruturação dos procedimentos de segurança, a mesma
equipe conseguiu aumentar o percentual de resolução
Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:  mensal de ocorrências desse tipo de crime para cerca de
63%. De acordo com esses dados, com tal reestruturação,
a equipe de segurança aumentou sua eficácia no combate
Chamamos de lucro em uma transação comercial de ao dano ao patrimônio em
compra e venda a diferença entre o preço de venda e o (A) 35%.
preço de custo. (B) 28%.
Lucro=preço de venda -preço de custo (C) 63%.
(D) 41%.
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem (E) 80%.
de duas formas:
03. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Três ir-
mãos, André, Beatriz e Clarice, receberam de uma tia he-
rança constituída pelas seguintes joias: um bracelete de
ouro, um colar de pérolas e um par de brincos de diamante.
A tia especificou em testamento que as joias não deveriam

63
RACIOCÍNIO LÓGICO

ser vendidas antes da partilha e que cada um deveria ficar (A) R$ 4,20.
com uma delas, mas não especificou qual deveria ser dada (B) R$ 5,46.
a quem. O justo, pensaram os irmãos, seria que cada um (C) R$ 10,70.
recebesse cerca de 33,3% da herança, mas eles achavam (D) R$ 12,60.
que as joias tinham valores diferentes entre si e, além disso, (E) R$ 18,00.
tinham diferentes opiniões sobre seus valores. Então, deci-
diram fazer a partilha do seguinte modo: 06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE-
GO/2017) Joana foi fazer compras. Encontrou um vestido
− Inicialmente, sem que os demais vissem, cada um de R$ 150,00 reais. Descobriu que se pagasse à vista teria
deveria escrever em um papel três porcentagens, indican- um desconto de 35%. Depois de muito pensar, Joana pa-
do sua avaliação sobre o valor de cada joia com relação ao gou à vista o tal vestido. Quanto ela pagou?
valor total da herança. (A) R$ 120,00 reais
(B) R$ 112,50 reais
− A seguir, todos deveriam mostrar aos demais suas (C) R$ 127,50 reais
(D) R$ 97,50 reais
avaliações.
(E) R$ 90 reais
− Uma partilha seria considerada boa se cada um deles
07. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-
recebesse uma joia que avaliou como valendo 33,3% da
NESP/2017) A empresa Alfa Sigma elaborou uma previsão
herança toda ou mais. de receitas trimestrais para 2018. A receita prevista para o
primeiro trimestre é de 180 milhões de reais, valor que é
As avaliações de cada um dos irmãos a respeito das 10% inferior ao da receita prevista para o trimestre seguin-
joias foi a seguinte: te. A receita prevista para o primeiro semestre é 5% inferior
à prevista para o segundo semestre. Nessas condições, é
correto afirmar que a receita média trimestral prevista para
2018 é, em milhões de reais, igual a
(A) 200.
(B) 203.
(C) 195.
Assim, uma partilha boa seria se André, Beatriz e Clari- (D) 190.
ce recebessem, respectivamente, (E) 198.
(A) o bracelete, os brincos e o colar.
(B) os brincos, o colar e o bracelete. 08. (CRM/MG – Técnico em Informática- FUN-
(C) o colar, o bracelete e os brincos. DEP/2017) Veja, a seguir, a oferta da loja Magazine Bom
(D) o bracelete, o colar e os brincos. Preço:
(E) o colar, os brincos e o bracelete. Aproveite a Promoção!
Forno Micro-ondas
04. (UTFPR – Técnico de Tecnologia da Informação De R$ 720,00
– UTFPR/2017) Um retângulo de medidas desconhecidas Por apenas R$ 504,00
foi alterado. Seu comprimento foi reduzido e passou a ser
2/ 3 do comprimento original e sua largura foi reduzida e Nessa oferta, o desconto é de:
passou a ser 3/ 4 da largura original. (A) 70%.
Pode-se afirmar que, em relação à área do retângulo (B) 50%.
(C) 30%.
original, a área do novo retângulo:
(D) 10%.
(A) foi aumentada em 50%.
(B) foi reduzida em 50%.
09 (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) Consi-
(C) aumentou em 25%.
dere que uma caixa de bombom custava, em novembro, R$
(D) diminuiu 25%. 8,60 e passou a custar, em dezembro, R$ 10,75. O aumento
(E) foi reduzida a 15%. no preço dessa caixa de bombom foi de:
(A) 30%.
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- (B) 25%.
GO/2017) Paulo, dono de uma livraria, adquiriu em uma (C) 20%.
editora um lote de apostilas para concursos, cujo valor uni- (D) 15%
tário original é de R$ 60,00. Por ter cadastro no referido
estabelecimento, ele recebeu 30% de desconto na compra. 10. (ANP – Técnico em Regulação de Petróleo e De-
Para revender os materiais, Paulo decidiu acrescentar 30% rivados – CESGRANRIO/2016) Um grande tanque estava
sobre o valor que pagou por cada apostila. Nestas condi- vazio e foi cheio de óleo após receber todo o conteúdo de
ções, qual será o lucro obtido por unidade? 12 tanques menores, idênticos e cheios.

64
RACIOCÍNIO LÓGICO

Se a capacidade de cada tanque menor fosse 50% 200+180=380 milhões para o primeiro semestre
maior do que a sua capacidade original, o grande tanque 380----95
seria cheio, sem excessos, após receber todo o conteúdo de x----100
(A) 4 tanques menores x=400 milhões
(B) 6 tanques menores
(C) 7 tanques menores Somando os dois semestres: 380+400=780 milhões
(D) 8 tanques menores 780/4trimestres=195 milhões
(E) 10 tanques menores

Respostas 08. Resposta: C.

01. Resposta:B.
Como teve um desconto de 40%, pagou 60% do pro-
duto. Ou seja, ele pagou 70% do produto, o desconto foi de
1600⋅0,6=960 30%.
Como vai pagar 10% a mais:
960⋅1,1=1056 OBS: muito cuidado nesse tipo de questão, para não
errar conforme a pergunta feita.

02. Resposta: E.
63/35=1,80 09. Resposta: B.
Portanto teve um aumento de 80%. 8,6(1+x)=10,75
8,6+8,6x=10,75
8,6x=10,75-8,6
03. Resposta: D. 8,6x=2,15
Clarice obviamente recebeu o brinco. X=0,25=25%
Beatriz recebeu o colar porque foi o único que ficou
acima de 30% e André recebeu o bracelete.
10. Resposta: D.
50% maior quer dizer que ficou 1,5
04. Resposta: B. Quantidade de tanque: x
A=b⋅h A quantidade que aumentaria deve ficar igual a 12 tan-
ques
1,5x=12
X=8
Portanto foi reduzida em 50%

05. Resposta: D.
Como ele obteve um desconto de 30%, pagou 70% do
valor:
60⋅0,7=42
Ele revendeu por:
42⋅1,3=54,60
Teve um lucro de: 54,60-42=12,60

06. Resposta: D.
Como teve um desconto de 35%. Pagou 65%do vestido
150⋅0,65=97,50

07. Resposta: C.
Como a previsão para o primeiro trimestre é de 180
milhões e é 10% inferior, no segundo trimestre temos uma
previsão de
180-----90%
x---------100
x=200

65
RACIOCÍNIO LÓGICO

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES A probabilidade de sair um múltiplo de 8 é a probabi-


SOBRE: RACIOCÍNIO LÓGICO lidade de ocorrer o evento B ={8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64;
72; 80; 88; 96}.
01. (Banco do Brasil - Assistente Técnico-Adminis-
trativo - FCC/2014) Como: n(B) = 12 múltiplos de 8 entre 1 e 100 e n(S) =
Considere que há três formas de Ana ir para o tra- 100 números naturais, então, tem-se:
balho: de carro, de ônibus e de bicicleta. Em 20% das
vezes ela vai de carro, em 30% das vezes de ônibus e em
50% das vezes de bicicleta. Do total das idas de carro,
Ana chega atrasada em 15% delas, das idas de ônibus,
chega atrasada em 10% delas e, quando vai de bicicle-
ta, chega atrasada em 8% delas. Sabendo-se que um Sendo A = {3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39;
determinado dia Ana chegou atrasada ao trabalho, a 42; 45; 48; 51; 54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90;
probabilidade de ter ido de carro é igual a
93; 96; 99}, e B = {8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64; 72; 80; 88; 96},
A) 20%.
então AB será dado por: A∩B = {24, 48, 72, 96}
B) 40%.
C) 60%.
Portanto, a probabilidade de P (A∩B) será de:
D) 50%.
E) 30%.

Imagine que Ana vá ao trabalho 100 vezes. Como são


20% de carro, 30% de ônibus e 50% de bicicleta então temos:
20 idas de carro.
30 idas de ônibus
50 idas de bicicleta Onde n(A∩B) representa os 3 múltiplos simultâneos de
Das 20 idas de carro Ana chega atrasada em 15% das 3 e 8, compreendidos entre 1 e 100.
vezes (3 idas).
Das 30 idas de ônibus Ana chega atrasada em 10% das Então, P(A∩B)=P(A)+P(B)-P(A∩B) =
vezes (3 idas).
33 12 4 41
Das 50 idas de bicicleta Ana chega atrasada em 8% das + − = = 41%!
vezes (4 idas). 100 100 100 100
Assim, Ana chega atrasa da em 3+3+4 = 10 vezes.
Sabendo que Ana chegou atrasada a probabilidade de RESPOSTA: “A”.
ela ter ido de carro é:
P = 3/10 = 30% que é a divisão das idades de carro (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces-
atrasada pelo total de atrasos. pe/2014) Em geral, empresas públicas ou privadas uti-
lizam códigos para protocolar a entrada e a saída de
RESPOSTA: “E”. documentos e processos. Considere que se deseja gerar
códigos cujos caracteres pertençam ao conjunto das
02. (Ministério da Fazenda - MI - Assistente Técni- 26 letras de um alfabeto, que possui apenas 5 vogais.
co administrativo - Cespe/UnB/2013) Sorteando-se um Com base nessas informações, julgue os itens que se
número de uma lista de 1 a 100, qual a probabilidade seguem.
de o número ser divisível por 3 ou por 8?
A) 41%
03. (TCU – Analista de controle externo - UNB/CES-
B) 44%
PE/2014) Se os protocolos de uma empresa devem con-
C) 42%
ter 4 letras, sendo permitida a repetição de caracteres,
D) 45%
E) 43% então podem ser gerados menos de 400.000 protocolos
A probabilidade de sair um número divisível por 3 (ou distintos.
múltiplo de 3) é a probabilidade de ocorrer o evento A = ( ) CERTA ( ) ERRADA
{3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39; 42; 45; 48; 51; Se os protocolos de uma empresa devem conter 4 le-
54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90; 93; 96; 99}. tras, sendo permitida a repetição de caracteres, então po-
Como: n(A) = 33 múltiplos de 3 entre 1 e 100 e n(S) = dem ser gerados menos de 400.000 protocolos distintos.
100 números naturais, então, tem-se: Para cada “casa” citada anteriormente, podemos locar
26 letras, pois e permitida a repetição das letras, formando,
assim:
26 x 26 x 26 x 26 = 456.976 códigos distintos

RESPOSTA: “ERRADA”.

66
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- 07. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
pe/2014) Se uma empresa decide não usar as 5 vogais A quantidade de maneiras distintas para se formar a câ-
em seus códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sen- mara de vereadores dessa cidade é igual a 30!/(9!×21!).
do permitida a repetição de caracteres, então e possível ( ) CERTA ( ) ERRADA
obter mais de 1000 códigos distintos.
( ) CERTA ( ) ERRADA Para a escolha dos 9 vereadores dos 30 candidatos, fa-
remos uma combinação simples dos 30 candidatos escolhi-
Se uma empresa decide não usar as 5 vogais em seus dos 9 a 9, pois aqui, a ordem de escolha não altera o agru-
códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sendo permitida pamento formado, já que, ao ser escolhidos, por exemplo,
a repetição de caracteres, então e possível obter mais de um agrupamento de 9 pessoas, essas mesmas pessoas não
1000 códigos distintos. poderão ser escolhidas novamente, mesmo em outra or-
Como não serão permitidas as vogais, então teremos dem.
21 letras para obtenção dos códigos.
Observação: será permitida a REPETIÇÃO das letras, ex- ! !! 30! 30!
cluindo as vogais. !! = = = !
!! ! − ! ! 9! 30 − 9 ! 9! 21!
21 letras (código formado por uma letra)=21 códigos
21 x 21 (código formado por duas letras)=441 códigos
RESPOSTA: “CERTA”.
21 x 21 x 21 = 9.261 códigos
Assim sendo, serão obtidos:
21 + 441 + 9.261 = 08. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Sabendo-se que um eleitor vota em apenas um candi-
RESPOSTA: “ERRADA”. dato a vereador, é correto afirmar que a quantidade de
maneiras distintas de um cidadão escolher um candida-
05. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- to é superior a 50.
pe/2014) O número total de códigos diferentes forma- ( ) CERTA ( ) ERRADA
dos por 3 letras distintas e superior a 15000.
( ) CERTA ( ) ERRADA Só existem 30 candidatos, logo não tem como haver 50
formas distintas de escolher um candidato.
O número total de códigos diferentes formados por 3
letras distintas e superior a 15000. RESPOSTA: “ERRADA”.
26x25x24=15600 códigos
09. (VALEC - Assistente Administrativo – FEM-
RESPOSTA: “CERTA”. PERJ/2012) Uma “capicua” é um número que escrito
de trás para a frente é igual ao número original. Por
(TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012) Nas exemplo: 232 e 1345431 são “capicuas”. A quantidade
eleições municipais de uma pequena cidade, 30 candi- de “capicuas” de sete algarismos que começam com o
datos disputam 9 vagas para a câmara de vereadores. algarismo 1 é igual a:
Na sessão de posse, os nove eleitos escolhem a mesa A) 400
diretora, que será composta por presidente, primeiro e B) 520
segundo secretários, sendo proibido a um mesmo par- C) 640
lamentar ocupar mais de um desses cargos. Acerca des- D) 1000
sa situação hipotética, julgue os itens seguintes. E) 1200
06. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Considerando-se os algarismos de 0 a 9 (0; 1; 2; 3; 4; 5;
A quantidade de maneiras distintas de se formar a mesa
6; 7; 8; 9), podemos formar a seguinte quantidade de “capi-
diretora da câmara municipal é superior a 500.
cuas” de sete algarismos, que inicia-se com o algarismo 1.
( ) CERTA ( ) ERRADA
Após serem escolhidos os 9 candidatos, esses forma- 1 x 10 x 10 x 10 x 1 x 1 x 1=10x10x10=1000 capicuas
rão a mesa diretora, que será composta por um presiden-
te, primeiro e segundo secretários, ou seja, por 3 desses RESPOSTA: “D”.
integrantes. A escolha será feita pelo arranjo simples de
9 pessoas escolhidas 3 a 3, já que a ordem dos elementos 10. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
escolhidos altera a formação da mesa diretora. PERJ/2012) Uma rodovia tem 320 km. A concessionária
da rodovia resolveu instalar painéis interativos a cada
!!! = 9.8.7 = 504!!"#$%&!!"#$"%$&#!!"!!"#$!!"!!"#$%&#'! 10 km, nos dois sentidos da rodovia. Em cada sentido,
o primeiro painel será instalado exatamente no início
da rodovia, e o último, exatamente ao final da rodo-
RESPOSTA: “CERTA”. via. Assim, a concessionária terá de instalar a seguinte
quantidade total de painéis:

67
RACIOCÍNIO LÓGICO

A) 32 3º ano: foram desmatados 10% da floresta remanes-


B) 64 cente (72%), logo, sobraram 72% – 10% de 72%.
C) 65 72% – 10% de 72%. = 72% – 7,2% = 64,8% de floresta
D) 66 não desmatada.
E) 72 Portanto, foram desmatados 100% – 64,8% = 35,2%
Tem-se a seguinte sequência numérica:
marco zero: 1º painel. RESPOSTA: “A”.
marco 10 km: 2º painel.
marco 20 km: 3º painel. 12. (BRDE – Analista de sistemas - AOCP/2012)
... Quantos subconjuntos podemos formar com 3 bolas
Marco 320 km : n-ésimo painel. azuis e 2 vermelhas, de um conjunto contendo 7 bolas
azuis e 5 vermelhas?
Obtendo-se a seguinte sequência numérica dada pela A) 250
progressão aritmética (PA): B) 5040
C) 210
!! = 0 D) 350
!"(0; !10; !20;!. . . ; !320) ! = 10 ! E) 270
!! = 320 Podemos interpretar esse enunciado da seguinte for-
ma: “de um conjunto de 7 bolas azuis e 5 bolas vermelhas,
Sendo a fórmula que define o termo geral de uma PA quantos agrupamentos de 3 bolas azuis e 2 bolas verme-
dada por an= a1+(n – 1).r, teremos: lhas podemos formar”?
Nesse caso tem-se uma combinação simples de 7 bo-

320 las azuis escolhidas 3 a 3 permutando-se com a combina-


ção simples de 5 bolas vermelhas escolhidas 2 a 2.
320=0+ !−1 .10→ =!−1→! =1+32=33! Lembramos que, formamos agrupamentos por com-
10 binação, quando a ordem dos elementos escolhidos não
altera o agrupamento formado. Por exemplo, um agru-
pamento formado pelas bolas vermelhas V1 V2 V3 será
n = 33 painéis, em apenas um dos sentidos da rodovia. idêntico a qualquer outro agrupamento formado por essas
Para o sentido inverso têm-se mais 33 painéis o que mesmas bolas, porém e outra ordem. Logo, a ordem desses
totaliza: elementos escolhidos não altera o próprio agrupamento.
33 + 33 = 66 painéis, ao todo.
76554
RESPOSTA: “D”. !!!.!!! = . . . . = 35.10 = 350!!"#$%!&'()*+!
32121
11. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
PERJ/2012) Num certo ano, 10% de uma floresta foram RESPOSTA: “D”.
desmatados. No ano seguinte, 20% da floresta rema- (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
nescente foi desmatada e, no ano seguinte, a floresta UnB/2013) Conta-se na mitologia grega que Hércules,
remanescente perdeu mais 10% de sua área. Assim, a em um acesso de loucura, matou sua família. Para ex-
floresta perdeu, nesse período, a seguinte porcenta- piar seu crime, foi enviado a presença do rei Euristeu,
gem de sua área original: que lhe apresentou uma serie de provas a serem cum-
A) 35,2% pridas por ele, conhecidas como Os doze trabalhos de
B) 36,4% Hércules. Entre esses trabalhos, encontram-se: matar o
C) 37,4% leão de Neméia, capturar a corça de Cerinéia e captu-
D) 38,6% rar o javali de Erimanto. Considere que a Hércules seja
E) 40,0% dada a escolha de preparar uma lista colocando em or-
dem os doze trabalhos a serem executados, e que a es-
Considerando-se o total inicial da floresta, antes do 1º colha dessa ordem seja totalmente aleatória. Além dis-
desmatamento, igual a 100% teremos, após os desmata- so, considere que somente um trabalho seja executado
mentos sucessivos, o seguinte percentual de floresta des- de cada vez. Com relação ao número de possíveis listas
matado: que Hércules poderia preparar, julgue os itens subse-
1º ano: foram desmatados 10% do total (100%), logo, quentes.
sobraram 90% de floresta não desmatada.
2º ano: foram desmatados 20% da floresta remanes- 13. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
cente (90%), logo, sobraram 90% – 20% de 90%. UnB/2013) O número máximo de possíveis listas que
90% – 20% de 90%. = 90% – 18% = 72% de floresta Hercules poderia preparar e superior a 12x10!
não desmatada. ( ) CERTA ( ) ERRADA

68
RACIOCÍNIO LÓGICO

O número máximo de possíveis listas que Hercules po- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
deria preparar e superior a 12x10!. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
“Considere que a Hercules seja dada a escolha de pre- ainda sobram 10 posições a serem permutadas.
parar uma lista colocando em ordem os doze trabalhos a Ou seja:
serem executados, e que a escolha dessa ordem seja total- 10 x 72 x 42 x 20 x 6
mente aleatória”. Portanto, teremos 10 x 72 x 42 x 20 x 6, um valor supe-
Seja a lista de tarefas dada a Hercules contendo as 12 rior e diferente de 72x42 x 20 x 6
tarefas representada a seguir. Lembrando que a ordem de
escolha ficara a critério de Hercules. RESPOSTA: “ERRADA”.
Então, permutando (trocando) as tarefas de posição,
vai gerar uma nova sequencia, ou seja, uma nova ordem da 16. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
realização de suas tarefas, assim, o numero de possibilida- UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con-
des de Hercules começar e terminar suas tarefas será dada tendo os trabalhos “ capturar a corça de Cerineia” e “
pela permutação dessas tarefas. capturar o javali de Erimanto” nas ultimas duas posi-
12x11x10x9x8x7x6x5x4x3x2x1 ou simplesmente: ções, em qualquer ordem, e inferior a 6! x 8!.
12! = 12 x 11 x 10! ( ) CERTA ( ) ERRADA
Como 12x11x10! e diferente de 12x10!.
O número máximo de possíveis listas contendo os tra-
RESPOSTA: “ERRADA”. balhos “ capturar a corça de Cerinéia” e “ capturar o javali
de Erimanto” nas ultimas duas posições, em qualquer or-
14. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ dem, e inferior a 6! x 8!.
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” e
tendo o trabalho “matar o leão de Neméia” na primeira “capturar o javali de Erimanto” nas duas ultimas posições, e
posição é inferior a 240 x 990 x 56 x 30. lembrando que essas tarefas podem ser permutadas entre
( ) CERTA ( ) ERRADA si, pois são colocadas em qualquer ordem, assim, restaram
10 posições a serem permutadas.
O número máximo de possíveis listas contendo o tra- 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1.x.x
balho “matar o leão de Neméia” na primeira posição é infe- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
rior a 240 x 990 x 56 x 30. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
Fixando a tarefa “matar leão de Neméia” na primeira podendo ser permutadas entre si, ainda, sobram 10 posi-
posição, vão sobrar 11 tarefas para serem permutadas nas ções a serem permutadas.
demais casas: Ou seja:
x._._._._._._._._._._._=x.11! 90 x 8! x 2 que equivale a 180 x 8!
Sendo X a posição já ocupada pela tarefa “matar leão Sendo 180 um valor inferior a 6! (6! = 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x
de Nemeia”. 1 = 720), logo o valor
Reagrupando os valores, temos: 180 x 8! será inferior a 6! x 8!, tornando este item CER-
24 x 990 x 56 x 30. TO.
Portanto, inferior a 240 x 990 x 56 x 30, tornando este
item ERRADO. RESPOSTA: “CERTA”.

RESPOSTA: “ERRADA”. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/


UnB/2013) Considere que em um escritório trabalham
15. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ 11 pessoas: 3 possuem nível superior, 6 tem o nível mé-
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- dio e 2 são de nível fundamental. Será formada, com
tendo os trabalhos “capturar a corça de Cerinéia” na esses empregados, uma equipe de 4 elementos para
primeira posição e “ capturar o javali de Erimanto” na realizar um trabalho de pesquisa. Com base nessas in-
terceira posição e inferior a 72 x 42 x 20 x 6. formações, julgue os itens seguintes, acerca dessa equi-
( ) CERTA ( ) ERRADA pe.

O número máximo de possíveis listas contendo os tra- 17. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
balhos “capturar a corça de Cerinéia” na primeira posição e UnB/2013) Se essa equipe for formada somente com
“ capturar o javali de Erimanto” na terceira posição e infe- empregados de nível médio e fundamental, então ela
rior a 72 x 42 x 20 x 6. poderá ser formada de mais de 60 maneiras distintas.
Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” na pri- ( ) CERTA ( ) ERRADA
meira posição e “capturar o javali de Erimanto” na terceira
posição, restam 10 tarefas a serem permutadas nas demais Se essa equipe for formada somente com empregados
posições, assim, temos que: de nível médio e fundamental, então ela poderá ser forma-
X . 1 . x . 2 . 3 . 4 . 5 . 6 . 7 . 8 . 9 . 10 da de mais de 60 maneiras distintas.

69
RACIOCÍNIO LÓGICO

Das 11 pessoas, 3 são de nível superior(S), 3 nível mé- Como o afirmado neste item, diz que existirão mais de
dio(M), e 2 são de nível fundamental(F) 40 maneiras distintas para a formação das equipes.

Sendo a equipe formada apenas pelos funcionários de RESPOSTA: “ERRADA”.


escolaridade de nível Médio e Fundamental teremos ape-
nas 3 possibilidades de formação das equipes: 19. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
UnB/2013) Formando-se a equipe com dois emprega-
1ª POSSIBILIDADE: Somente 1 funcionário de nível dos de nível médio, e dois de nível superior, então essa
Fundamental e os demais de nível médio. equipe poderá ser formada de, no máximo, 40 manei-
ras distintas.
!!! .!!! = 2!/1!(2-1)!.6!/3!(6-3)!=40 equipes distintas ( ) CERTA ( ) ERRADA
!
2ª POSSIBILIDADE: com 2 funcionários de nível Funda- Formando-se a equipe com dois empregados de nível
mental e os demais de nível médio. médio, e dois de nível superior, então essa equipe poderá
ser formada de, no máximo, 40 maneiras distintas.
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas Formando-se as equipes com 2 empregados de nível
Médio e 2 de Nível Superior, então teremos apenas 1 pos-
3ª POSSIBILIDADE: Uma equipe formada por funcioná- sibilidade de formação de equipes, já que excluímos todos
rios apenas de Nível Médio. os funcionários de nível Fundamental.
!!! .!!! ! = 3!/2!(3-2)!.6!/2!(6-2)!=45 equipes distintas
!!! !. = 6!/4!(6-4)!=15 equipes distintas
De acordo com a afirmativa do item seriam de, no má-
Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida- ximo, 40 equipes distintas.
des anteriores, encontramos:
40 + 15 + 15= 70 equipes distintas RESPOSTA: “ERRADA”.
Como o item afirma que a equipe poderá ser formada
20. (USP – VESTIBULAR - FUVEST/2012) Considere
por mais de 60 maneiras distintas.
todas as trinta e duas sequências, com cinco elementos
cada uma, que podem ser formadas com os algarismos
RESPOSTA: “CERTA”.
0 e 1. Quantas dessas sequências possuem pelo menos
três zeros em posições consecutivas?
18. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
a) 3
UnB/2013) Se essa equipe incluir todos os empregados
b) 5
de nível fundamental, então ela poderá ser formada de
c) 8
mais de 40 maneiras distintas. d) 12
( ) CERTA ( ) ERRADA e) 16
Se essa equipe incluir todos os empregados de nível Utilizando os algarismos 0 e 1 e, considerando as se-
fundamental, então ela poderá ser formada de mais de 40 quências com 5 elementos, temos:
maneiras distintas. I) 5 sequências com exatamente 3 zeros em posições
consecutivas (00010, 00011, 01000 e 11000)
1ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de II) 2 sequências com exatamente 4 zeros em posições
nível fundamental e os demais de nível Superior. consecutivas (00001 e 10000)
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.3!/2!(3-2)!=3 equipes distintas III) 1 sequência com 5 zeros (00000)
Portanto, o número de sequências com pelo menos
três zeros em posições consecutivas é 5 + 2 + 1 = 8
2ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários RESPOSTA: “C”.
nível fundamental e os demais de nível médio.
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas 21. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2012) De
uma urna contendo 10 bolas coloridas, sendo 4 bran-
cas, 3 pretas, 2 vermelhas e 1 verde, retiram-se de uma
3ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de vez 4 bolas .Quantos são os casos possíveis em que apa-
nível fundamental e os demais de nível médio ou superior. recem exatamente uma bola de cada cor?
Como a urna contém 4 bolas brancas, existem 4 maneiras
!!! .!!! .!!! !1
= 2!/2!(2-2)!.6!/1!(6-1)!.3!/1!(3-1)!=18 possíveis de retirar uma bola branca; analogamente, 3 pretas,
equipes distintas 2 vermelhas e 1 verde. Assim, pelo Princípio Fundamental da
Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida- Contagem, o número de casos possíveis em que aparecem
des, teremos: exatamente uma bola de cada cor é 4 . 3 . 2 . 1 = 24
3 + 15 + 18 = 36 equipes distintas RESPOSTA: “C”.

70
INFORMÁTICA BÁSICA

Conceitos, utilização e configuração de hardware e software em ambiente de microinformática. Sistema Operacional


Windows (XP/7/8). Conceitos, utilização e configuração de hardware e software em ambiente de microinformática. Uso
dos recursos, ambiente de trabalho, arquivo, pastas, manipulação de arquivos, formatação, localização de arquivos,
lixeira, área de transferência e backup. .......................................................................................................................................................... 01
Microsoft Office 2003/2007/2010 (Word, Excel e Power Point): Conceitos, organização, utilização, configuração e uso
dos recursos: gerenciamento de arquivos, pastas, diretórios, planilhas, tabelas, gráficos, fórmulas, funções, suplementos,
programas e impressão. ....................................................................................................................................................................................... 21
Protocolos, serviços, tecnologias, ferramentas e aplicativos associados à Internet e ao correio eletrônico. Conceitos dos
principais navegadores da Internet. ................................................................................................................................................................ 55
Conceito de software livre. .................................................................................................................................................................................. 60
Conceitos de segurança da informação aplicados a TIC.Cópia de segurança (backup): Conceitos. ..................................... 64
Conceitos de ambiente de Redes de Computadores................................................................................................................................. 70
INFORMÁTICA BÁSICA

Prof. Ovidio Lopes da Cruz Netto

- Doutor em Engenharia Biomédica pela Universidade Mogi das Cruzes – UMC.


- Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade Mogi das Cruzes – UMC.
- Pós Graduado em Engenharia de Software pela Universidade São Judas Tadeu.
- Pós Graduado em Formação de Docentes para o Ensino Superior pela Universidade Nove de Julho.
- Graduado em Engenharia da Computação pela Universidade Mogi das Cruzes – UMC

CONCEITOS, UTILIZAÇÃO E CONFIGURAÇÃO DE HARDWARE E SOFTWARE EM


AMBIENTE DE MICROINFORMÁTICA.
SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS (XP/7/8).
CONCEITOS, UTILIZAÇÃO E CONFIGURAÇÃO DE HARDWARE E SOFTWARE EM
AMBIENTE DE MICROINFORMÁTICA.
USO DOS RECURSOS, AMBIENTE DE TRABALHO, ARQUIVO, PASTAS,
MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS, FORMATAÇÃO, LOCALIZAÇÃO DE ARQUIVOS,
LIXEIRA, ÁREA DE TRANSFERÊNCIA E BACKUP.

1. Conceitos e fundamentos básicos de informática

A Informática é um meio para diversos fins, com isso acaba atuando em todas as áreas do conhecimento. A sua utiliza-
ção passou a ser um diferencial para pessoas e empresas, visto que, o controle da informação passou a ser algo fundamen-
tal para se obter maior flexibilidade no mercado de trabalho. Logo, o profissional, que melhor integrar sua área de atuação
com a informática, atingirá, com mais rapidez, os seus objetivos e, consequentemente, o seu sucesso, por isso em quase
todos editais de concursos públicos temos Informática.
1.1. O que é informática?
Informática pode ser considerada como significando “informação automática”, ou seja, a utilização de métodos e téc-
nicas no tratamento automático da informação. Para tal, é preciso uma ferramenta adequada: O computador.
A palavra informática originou-se da junção de duas outras palavras: informação e automática. Esse princípio básico
descreve o propósito essencial da informática: trabalhar informações para atender as necessidades dos usuários de maneira
rápida e eficiente, ou seja, de forma automática e muitas vezes instantânea.
Nesse contexto, a tecnologia de hardwares e softwares é constantemente atualizada e renovada, dando origem a equi-
pamentos eletrônicos que atendem desde usuários domésticos até grandes centros de tecnologia.

1.2. O que é um computador?


O computador é uma máquina que processa dados, orientado por um conjunto de instruções e destinado a produzir
resultados completos, com um mínimo de intervenção humana. Entre vários benefícios, podemos citar:
: grande velocidade no processamento e disponibilização de informações;
: precisão no fornecimento das informações;
: propicia a redução de custos em várias atividades
: próprio para execução de tarefas repetitivas;
Como ele funciona?
Em informática, e mais especialmente em computadores, a organização básica de um sistema será na forma de:

Figura 1: Etapas de um processamento de dados.

1
INFORMÁTICA BÁSICA

Vamos observar agora, alguns pontos fundamentais com arquivos dos mais diferentes formatos de compressão,
para o entendimento de informática em concursos públi- tais como: ACE, ARJ, BZ2, CAB, GZ, ISO, JAR, LZH, RAR, TAR,
cos. UUEncode, ZIP, 7Z e Z. Também suporta arquivos de até
Hardware, são os componentes físicos do computador, 8.589 bilhões de Gigabytes!
ou seja, tudo que for tangível, ele é composto pelos peri- Chat  é um termo da língua inglesa que se pode tra-
féricos, que podem ser de entrada, saída, entrada-saída ou duzir como “bate-papo” (conversa). Apesar de o conceito
apenas saída, além da CPU (Unidade Central de Processa- ser estrangeiro, é bastante utilizado no nosso idioma para
mento) fazer referência a uma ferramenta (ou fórum) que permite
Software, são os programas que permitem o funciona- comunicar (por escrito) em tempo real através da Internet.
mento e utilização da máquina (hardware), é a parte lógica Principais canais para chats são os portais, como Uol,
do computador, e pode ser dividido em Sistemas Operacio- Terra, G1, e até mesmo softwares de serviços mensageiros
nais, Aplicativos, Utilitários ou Linguagens de Programação. como o Skype, por exemplo.
O primeiro software necessário para o funcionamento Um e-mail hoje é um dos principais meios de comuni-
de um computador é o Sistema Operacional (Sistema Ope- cação, por exemplo:
racional). Os diferentes programas que você utiliza em um
computador (como o Word, Excel, PowerPoint etc) são os canaldoovidio@gmail.com
aplicativos. Já os utilitários são os programas que auxiliam
na manutenção do computador, o antivírus é o principal Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba quer dizer
exemplo, e para finalizar temos as Linguagens de Progra- na, o gmail é o servidor e o .com é a tipagem.
mação que são programas que fazem outros programas, Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrônicas
como o JAVA por exemplo. em um único computador, sem necessariamente estarmos
Importante mencionar que os softwares podem ser conectados à Internet no momento da criação ou leitura do
livres ou pagos, no caso do livre, ele possui as seguintes e-mail, podemos usar um programa de correio eletrônico.
características: Existem vários deles. Alguns gratuitos, como o Mozilla Thun-
• O usuário pode executar o software, para qualquer derbird, outros proprietários como o Outlook Express. Os dois
uso. programas, assim como vários outros que servem à mesma
• Existe a liberdade de estudar o funcionamento do finalidade, têm recursos similares. Apresentaremos os recur-
programa e de adaptá-lo às suas necessidades. sos dos programas de correio eletrônico através do Outlook
• É permitido redistribuir cópias. Express que também estão presentes no Mozilla Thunderbird.
• O usuário tem a liberdade de melhorar o progra- Um conhecimento básico que pode tornar o dia a dia
ma e de tornar as modificações públicas de modo que a com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos de
comunidade inteira beneficie da melhoria. teclado para a realização de diversas funções dentro do
Entre os principais sistemas operacionais pode-se des- Outlook. Para você começar os seus estudos, anote alguns
tacar o Windows (Microsoft), em suas diferentes versões, atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta apertar
o Macintosh (Apple) e o  Linux  (software livre criado pelo Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada mensagem
finlandês Linus Torvalds), que apresenta entre suas versões aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso em considera-
o Ubuntu, o Linux Educacional, entre outras. ção inclua os atalhos de teclado na sua rotina de estudos e
É o principal software do computador, pois possibilita vá preparado para o concurso com os principais na cabeça.
que todos os demais programas operem. Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para pro-
Android  é um Sistema Operacional desenvolvido pelo fissionais que compartilham uma mesma área é o compartilha-
Google para funcionar em dispositivos móveis, como Smar- mento de calendário entre membros de uma mesma equipe.
tphones e Tablets. Sua distribuição é livre, e qualquer pessoa Por isso mesmo é importante que você tenha o conhe-
pode ter acesso ao seu código-fonte e desenvolver aplicati- cimento da técnica na hora de fazer uma prova de con-
vos (apps) para funcionar neste Sistema Operacional. curso que exige os conhecimentos básicos de informática,
iOS, é o sistema operacional utilizado pelos aparelhos pois por ser uma função bastante utilizada tem maiores
fabricados pela Apple, como o iPhone e o iPad. chances de aparecer em uma ou mais questões.
O calendário é uma ferramenta bastante interessante
2. Conhecimento e utilização dos principais softwares do Outlook que permite que o usuário organize de forma
utilitários (compactadores de arquivos, chat, clientes de completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas, com-
e-mails, reprodutores de vídeo, visualizadores de imagem) promissos e reuniões de maneira organizada por dia, de
forma a ter um maior controle das atividades que devem
Os compactadores de arquivos servem para transfor- ser realizadas durante o seu dia a dia.
mar um grupo de arquivos em um único arquivo e ocu- Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permi-
pando menos memória, ficou muito famoso como o termo te que você compartilhe em detalhes o seu calendário ou
zipar um arquivo. parte dele com quem você desejar, de forma a permitir
Hoje o principal programa é o WINRAR para Windows, que outra pessoa também tenha acesso a sua rotina, o que
inclusive com suporte para outros formatos. Compacta em pode ser uma ótima pedida para profissionais dentro de
média de 8% a 15% a mais que o seu principal concorrente, uma mesma equipe, principalmente quando um determi-
o WinZIP. WinRAR é um dos únicos softwares que trabalha nado membro entra de férias.

2
INFORMÁTICA BÁSICA

Para conseguir utilizar essa função basta que você entre em Calendário na aba indicada como Página Inicial. Feito isso,
basta que você clique em Enviar Calendário por E-mail, que vai fazer com que uma janela seja aberta no seu Outlook.
Nessa janela é que você vai poder escolher todas as informações que vão ser compartilhadas com quem você deseja,
de forma que o Outlook vai formular um calendário de forma simples e detalhada de fácil visualização para quem você
deseja enviar uma mensagem.
Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que trabalha dentro de uma empresa tem uma assinatura própria para
deixar os comunicados enviados por e-mail com uma aparência mais profissional.
Dessa forma, é considerado um conhecimento básico saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que este con-
teúdo pode ser cobrado em alguma questão dentro de um concurso público.
Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de seus estudos do conteúdo básico de informática para a sua pre-
paração para concurso. Ao contrário do que muita gente pensa, a verdade é que todo o processo de criar uma assinatura é
bastante simples, de forma que perder pontos por conta dessa questão em específico é perder pontos à toa.
Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão de Opções.
Lá você vai encontrar o botão para E-mail e logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde você deve clicar. Feito isso,
você vai conseguir adicionar as suas assinaturas de maneira rápida e prática sem maiores problemas.
No Outlook Express podemos preparar uma mensagem através do ícone Criar e-mail, demonstrado na figura acima, ao
clicar nessa imagem aparecerá a tela a seguir:

Figura 2: Tela de Envio de E-mail

Para: deve ser digitado o endereço eletrônico ou o contato registrado no Outlook do destinatário da mensagem. Cam-
po obrigatório.
Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico ou o contato registrado no Outlook do destinatário que servirá para ter
ciência desse e-mail.
Cco: Igual ao Cc, porém os destinatários ficam ocultos.

Assunto: campo onde será inserida uma breve descrição, podendo reservar-se a uma palavra ou uma frase sobre o
conteúdo da mensagem. É um campo opcional, mas aconselhável, visto que a falta de seu preenchimento pode levar o
destinatário a não dar a devida importância à mensagem ou até mesmo desconsiderá-la.
Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é equivalente à folha onde será digitada a mensagem.
A mensagem, após digitada, pode passar pelas formatações existentes na barra de formatação do Outlook:
Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma
criadora do Mozilla Firefox).
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que
funciona como uma página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e
senha. Desta forma, o usuário ganha mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está
instalado para acessar seu e-mail.

3
INFORMÁTICA BÁSICA

A popularização da banda larga e dos serviços de e-mail com grande capacidade de armazenamento está aumentan-
do a circulação de vídeos na Internet. O problema é que a profusão de formatos de arquivos pode tornar a experiência
decepcionante.
A maioria deles depende de um único programa para rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você vai necessitar do
QuickTime, da Apple. Outros, além de um player de vídeo, necessitam do “codec” apropriado. Acrônimo de “COder/DECo-
der”, codec é uma espécie de complemento que descomprime - e comprime - o arquivo. É o caso do MPEG, que roda no
Windows Media Player, desde que o codec esteja atualizado - em geral, a instalação é automática.
Com os três players de multimídia mais populares - Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você dificilmente
encontrará problemas para rodar vídeos, tanto offline como por streaming (neste caso, o download e a exibição do vídeo
são simultâneos, como na TV Terra).
Atualmente, devido à evolução da internet com os mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais, há uma
grande demanda por programas para trabalhar com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta a isso, também há
no mercado uma ampla gama de ferramentas existentes que fazem algum tipo de tratamento ou conversão de imagens.
Porém, muitos destes programas não são o que se pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão em seu
uso ou na manipulação dos recursos existentes. Caso o que você precise seja apenas um programa para visualizar imagens
e aplicar tratamentos e efeitos simples ou montar apresentações de slides, é sempre bom dar uma conferida em alguns
aplicativos mais leves e com recursos mais enxutos como os visualizadores de imagens.
Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis de se
utilizar dos editores, para você que não precisa de tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um tratamento especial
para as suas mais variadas imagens.
O Picasa está com uma versão cheia de inovações que faz dele um aplicativo completo para visualização de fotos e
imagens. Além disso, ele possui diversas ferramentas úteis para editar, organizar e gerenciar arquivos de imagem do com-
putador.
As ferramentas de edição possuem os métodos mais avançados para automatizar o processo de correção de imagens.
No caso de olhos vermelhos, por exemplo, o programa consegue identificar e corrigir todos os olhos vermelhos da foto
automaticamente sem precisar selecionar um por um. Além disso, é possível cortar, endireitar, adicionar textos, inserir efei-
tos, e muito mais.
Um dos grandes destaques do Picasa é sua poderosa biblioteca de imagens. Ele possui um sistema inteligente de ar-
mazenamento capaz de filtrar imagens que contenham apenas rostos. Assim você consegue visualizar apenas as fotos que
contém pessoas.
Depois de tudo organizado em seu computador, você pode escolher diversas opções para salvar e/ou compartilhar
suas fotos e imagens com amigos e parentes. Isso pode ser feito gravando um CD/DVD ou enviando via Web. O programa
possui integração com o PicasaWeb, o qual possibilita enviar um álbum inteiro pela internet em poucos segundos.
O  IrfanView  é um visualizador de imagem muito leve e com uma interface gráfica simples porém otimizada e fácil
de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade com este tipo de programa. Ele também dispõe de alguns recursos
simples de editor. Com ele é possível fazer operações como copiar e deletar imagens até o efeito de remoção de olhos ver-
melhos em fotos. O programa oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e alteração de cores em sua imagem
por meio de apenas um clique.
Além disso sempre é possível a visualização de imagens pelo próprio gerenciador do Windows.

3.Identificação e manipulação de arquivos

Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar arquivos, ícones ou outras pastas.
Arquivos – são registros digitais criados e salvos através de programas aplicativos. Por exemplo, quando abrimos a
Microsoft Word, digitamos uma carta e a salvamos no computador, estamos criando um arquivo.
Ícones – são imagens representativas associadas a programas, arquivos, pastas ou atalhos. As duas figuras mostradas
nos itens anteriores são ícones. O primeiro representa uma pasta e o segundo, um arquivo criado no programa Excel.
Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.
Clicando com o botão direito do mouse sobre um espaço vazio da área de trabalho, temos as seguintes opções, de
organização:

4
INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 3: Organizar ícones

-Nome: Organiza os ícones por ordem alfabética de nomes, permanecendo inalterados os ícones padrão da área de
trabalho.
-Tamanho: Organiza os ícones pelo seu tamanho em bytes, permanecendo inalterados os ícones padrão da área de
trabalho.
-Tipo: Organiza os ícones em grupos de tipos, por exemplo, todas as pastas ficarão ordenadas em sequência, depois
todos os arquivos, e assim por diante, permanecendo inalterados os ícones padrão da área de trabalho.
-Modificado em: Organiza os ícones pela data da última alteração, permanecendo inalterados os ícones padrão da área
de trabalho.
-Organizar automaticamente: Não permite que os ícones sejam colocados em qualquer lugar na área de trabalho.
Quando arrastados pelo usuário, ao soltar o botão esquerdo, o ícone voltará ao seu lugar padrão.
-Alinhar à grade: estabelece uma grade invisível para alinhamento dos ícones.
-Mostrar ícones da área de trabalho: Oculta ou mostra os ícones colocados na área de trabalho, inclusive os ícones
padrão, como Lixeira, Meu Computador e Meus Documentos.
-Bloquear itens da Web na área de trabalho: Bloquea recursos da Internet ou baixados em temas da web e usados na
área de trabalho.
-Executar assistente para limpeza da área de trabalho:
Inicia um assistente para eliminar da área de trabalho ícones que não estão sendo utilizados.
Para acessar o Windows Explorer, basta clicar no botão Windows, Todos os Programas, Acessórios, Windows Explorer,
ou usar a tecla do Windows+E. O Windows Explorer é um ambiente do Windows onde podemos realizar o gerenciamento
de arquivos e pastas. Nele, temos duas divisões principais: o lado esquerdo, que exibe as pastas e diretórios em esquema
de hierarquia e o lado direito que exibe o conteúdo das pastas e diretórios selecionados do lado esquerdo.
Quando clicamos, por exemplo, sobre uma pasta com o botão direito do mouse, é exibido um menu suspenso com
diversas opções de ações que podem ser realizadas. Em ambos os lados (esquerdo e direito) esse procedimento ocorre,
mas do lado esquerdo, não é possível visualizar a opção “Criar atalho”, como é possível observar nas figuras a seguir:

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INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 4: Windows Explorer – botão direito

A figura a cima mostra as opções exibidas no menu suspenso quando clicamos na pasta DOWNLOADS com o botão
direito do mouse, do lado esquerdo do Windows Explorer.
No Windows Explorer podemos realizar facilmente opções de gerenciamento como copiar, recortar, colar e mover,
pastas e arquivos.

-Copiar e Colar: consiste em criar uma cópia idêntica da pasta, arquivo ou atalho selecionado. Para essa tarefa, pode-
mos adotar os seguintes procedimentos:
1º) Selecione o item desejado;
2º) Clique com o botão direito do mouse e depois com o esquerdo em “copiar”. Se preferir, pode usar as teclas de
atalho CTRL+C. Esses passos criarão uma cópia do arquivo ou pasta na memória RAM do computador, mas a cópia ainda
não estará em nenhum lugar visível do sistema operacional.
3º) Clique com o botão direito do mouse no local onde deseja deixar a cópia e depois, com o esquerdo, clique em
“colar”. Também podem ser usadas as teclas CTRL + V, para efetivar o processo de colagem.
Dessa forma, teremos o mesmo arquivo ou pasta em mais de um lugar no computador.

-Recortar e Colar: Esse procedimento retira um arquivo ou pasta de um determinado lugar e o coloca em outro. É como
se recortássemos uma figura de uma revista e a colássemos em um caderno. O que recortarmos ficará apenas em um lugar
do computador.
Os passos necessários para recortar e colar, são:
1º) Selecione o item desejado;
2º) Clique com o botão direito do mouse e depois com o esquerdo em “recortar”. Se preferir, pode usar as teclas de
atalho CTRL+X. Esses passos criarão uma cópia do arquivo ou pasta na memória RAM do computador, mas a cópia ainda
não estará em nenhum lugar visível do sistema operacional.
3º) Clique com o botão direito do mouse no local onde deseja deixar a cópia e depois, com o esquerdo, clique em
“colar”. Também podem ser usadas as teclas CTRL + V, para efetivar o processo de colagem.

Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, podemos clicar
com o botão direito do mouse sobre eles e depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma vez sobre o objeto
desejado e depois pressionar o botão delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão para lixeira o que foi excluído,
sendo possível a restauração, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo, um arquivo enviado para a lixeira, pode-
mos, após abri-la, restaurar o que desejarmos.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 5: Restauração de arquivos enviados para a lixeira

A restauração de objetos enviados para a lixeira pode ser feita com um clique com o botão direito do mouse sobre o item de-
sejado e depois, outro clique com o esquerdo em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente o arquivo para seu local de origem.

Outra forma de restaurar é usar a opção “Restaurar este item”, após selecionar o objeto.

Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho muito grande, são excluídos sem irem antes para a Lixeira. Sempre
que algo for ser excluído, aparecerá uma mensagem, ou perguntando se realmente deseja enviar aquele item para a Lixeira,
ou avisando que o que foi selecionado será permanentemente excluído. Outra forma de excluir documentos ou pastas sem
que eles fiquem armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shift+Delete.
No Linux a forma mais tradicional para se manipular arquivos é com o comando chmod que altera as permissões de
arquivos ou diretórios. É um comando para manipulação de arquivos e diretórios que muda as permissões para acesso
àqueles, por exemplo, um diretório que poderia ser de escrita e leitura, pode passar a ser apenas leitura, impedindo que
seu conteúdo seja alterado.

4. Backup de arquivos

O Backup ajuda a proteger os dados de exclusão acidentais, ou até mesmo de falhas, por exemplo se os dados originais
do disco rígido forem apagados ou substituídos acidentalmente ou se ficarem inacessíveis devido a um defeito do disco
rígido, você poderá restaurar facilmente os dados usando a cópia arquivada.

4.1. Tipos de Backup


Fazer um backup é simples. Basta copiar os arquivos que você usa para outro lugar e pronto, está feito o backup. Mas e
se eu alterar um arquivo? E se eu excluir acidentalmente um arquivo? E se o arquivo atual corrompeu? Bem, é aí que a coisa
começa a ficar mais legal. É nessa hora que entram as estratégias de backup.
Se você perguntar a alguém que não é familiarizado com backups, a maioria pensará que um backup é somente uma
cópia idêntica de todos os dados do computador. Em outras palavras, se um backup foi criado na noite de terça-feira, e
nada mudou no computador durante o dia todo na quarta-feira, o backup criado na noite de quarta seria idêntico àquele
criado na terça. Apesar de ser possível configurar backups desta maneira, é mais provável que você não o faça. Para enten-
der mais sobre este assunto, devemos primeiro entender os tipos diferentes de backup que podem ser criados. Estes são:
• Backups completos;
• Backups incrementais;
• Backups diferenciais;
• Backups delta;
O backup completo é simplesmente fazer a cópia de todos os arquivos para o diretório de destino (ou para os dis-
positivos de backup correspondentes), independente de versões anteriores ou de alterações nos arquivos desde o último
backup. Este tipo de backup é o tradicional e a primeira ideia que vêm à mente das pessoas quando pensam em backup:
guardar TODAS as informações. Outra característica do backup completo é que ele é o ponto de início dos outros métodos
citados abaixo. Todos usam este backup para assinalar as alterações que deverão ser salvas em cada um dos métodos.
Este tipo consiste no backup de todos os arquivos para a mídia de backup. Conforme mencionado anteriormente, se os
dados sendo copiados nunca mudam, cada backup completo será igual aos outros. Esta similaridade ocorre devido ao fato
que um backup completo não verifica se o arquivo foi alterado desde o último backup; copia tudo indiscriminadamente

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INFORMÁTICA BÁSICA

para a mídia de backup, tendo modificações ou não. Esta O armazenamento deve ser sempre levado em con-
é a razão pela qual os backups completos não são feitos o sideração, onde o administrador desses backups deve
tempo todo Todos os arquivos seriam gravados na mídia se preocupar em encontrar um equilíbrio que atenda
de backup. Isto significa que uma grande parte da mídia adequadamente às necessidades de todos, e também
de backup é usada mesmo que nada tenha sido alterado. assegurar que os backups estejam disponíveis para a
Fazer backup de 100 gigabytes de dados todas as noites pior das situações.
quando talvez 10 gigabytes de dados foram alterados não Após todas as técnicas de backups estarem efetiva-
é uma boa prática; por este motivo os backups incremen- das deve-se garantir os testes para que com o passar
tais foram criados. do tempo não fiquem ilegíveis.
Já os backups incrementais primeiro verificam se o
horário de alteração de um arquivo é mais recente que o 4.3. Recomendações para proteger seus backups
horário de seu último backup, por exemplo, já atuei em
uma Instituição, onde todos os backups eram programa- Fazer backups é uma excelente prática de seguran-
dos para a quarta-feira. ça básica. Agora lhe damos conselhos simples para que
A  vantagem  principal em usar backups incrementais você esteja a salvo no dia em que precisar deles:
é que rodam mais rápido que os backups completos. A 1. Tenha seus backups fora do PC, em outro escri-
principal desvantagem dos backups incrementais é que tório, e, se for possível, em algum recipiente à prova
para restaurar um determinado arquivo, pode ser neces- de incêndios, como os cofres onde você guarda seus
sário procurar em um ou mais backups incrementais até documentos e valores importantes.
encontrar o arquivo. Para restaurar um sistema de arquivo 2. Faça mais de uma cópia da sua informação e as
completo, é necessário restaurar o último backup completo mantenha em lugares separados.
e todos os backups incrementais subsequentes. Numa ten- 3. Estabeleça uma idade máxima para seus backups,
tativa de diminuir a necessidade de procurar em todos os é melhor comprimir os arquivos que já sejam muito
backups incrementais, foi implementada uma tática ligeira- antigos (quase todos os programas de backup contam
mente diferente. Esta é conhecida como backup diferencial. com essa opção), assim você não desperdiça espaço
Os backups diferenciais, também só copia arquivos al- útil.
terados desde o último backup, mas existe uma diferen- 4. Proteja seus backups com uma senha, de manei-
ça, ele mapeia as alterações em relação ao último backup ra que sua informação fique criptografada o suficiente
completo, importante mencionar que essa técnica ocasio- para que ninguém mais possa acessá-la. Se sua infor-
na o aumento progressivo do tamanho do arquivo. mação é importante para seus entes queridos, imple-
Os backups delta sempre armazena a diferença entre mente alguma forma para que eles possam saber a se-
as versões correntes e anteriores dos arquivos, começan- nha se você não estiver presente.
do a partir de um backup completo e, a partir daí, a cada
novo backup são copiados somente os arquivos que foram 5. Conceitos básicos de Hardware (Placa mãe, me-
alterados enquanto são criados hardlinks para os arquivos mórias, processadores (CPU) e disco de armazenamen-
que não foram alterados desde o último backup. Esta é a to HDs, CDs e DVDs)
técnica utilizada pela Time Machine da Apple e por ferra- Os gabinetes são dotados de fontes de alimenta-
mentas como o rsync. ção de energia elétrica, botão de ligar e desligar, botão
de reset, baias para encaixe de drives de DVD, CD, HD,
4.2. Mídias saídas de ventilação e painel traseiro com recortes para
A fita foi o primeiro meio de armazenamento de dados encaixe de placas como placa mãe, placa de som, vídeo,
removível amplamente utilizado. Tem os benefícios de custo rede, cada vez mais com saídas USBs e outras.
baixo e uma capacidade razoavelmente boa de armazena- No fundo do gabinete existe uma placa de metal
mento. Entretanto, a fita tem algumas desvantagens. Ela está onde será fixada a placa mãe. Pelos furos nessa placa é
sujeita ao desgaste e o acesso aos dados na fita é sequen- possível verificar se será possível ou não fixar determi-
cial por natureza. Estes fatores significam que é necessário nada placa mãe em um gabinete, pois eles têm que ser
manter o registro do uso das fitas (aposentá-las ao atingirem proporcionais aos furos encontrados na placa mãe para
o fim de suas vidas úteis) e também que a procura por um parafusá-la ou encaixá-la no gabinete.
arquivo específico nas fitas pode ser uma tarefa longa. Placa-mãe, é a placa principal, formada por um con-
Ultimamente, os drives de disco nunca seriam usados junto de circuitos integrados (“chip set“) que reconhece
como um meio de backup. No entanto, os preços de ar- e gerencia o funcionamento dos demais componentes
mazenamento caíram a um ponto que, em alguns casos, do computador.
usar drives de disco para armazenamento de backup faz Se o processador pode ser considerado o “cérebro”
sentido. A razão principal para usar drives de disco como do computador, a placa-mãe (do inglês  motherboard)
um meio de backup é a velocidade. Não há um meio de representa a espinha dorsal, interligando os demais pe-
armazenamento em massa mais rápido. A velocidade pode riféricos ao processador.
ser um fator crítico quando a janela de backup do seu cen- O disco rígido, do inglês hard disk, também conhe-
tro de dados é curta e a quantidade de dados a serem co- cido como HD, serve como unidade de armazenamento
piados é grande. permanente, guardando dados e programas.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Ele armazena os dados em discos magnéticos que mantêm a gravação por vários anos, se necessário.
Esses discos giram a uma alta velocidade e tem seus dados gravados ou acessados por um braço móvel composto por
um conjunto de cabeças de leitura capazes de gravar ou acessar os dados em qualquer posição nos discos.
Dessa forma, os computadores digitais (que trabalham com valores discretos) são totalmente binários. Toda informação
introduzida em um computador é convertida para a forma binária, através do emprego de um código qualquer de arma-
zenamento, como veremos mais adiante.
A menor unidade de informação armazenável em um computador é o algarismo binário ou dígito binário, conhecido
como bit (contração das palavras inglesas binarydigit). O bit pode ter, então, somente dois valores: 0 e 1.
Evidentemente, com possibilidades tão limitadas, o bit pouco pode representar isoladamente; por essa razão, as infor-
mações manipuladas por um computador são codificadas em grupos ordena- dos de bits, de modo a terem um significado
útil.
O menor grupo ordenado de bits representando uma informação útil e inteligível para o ser humano é o byte (leia-se
“baite”).
Como os principais códigos de representação de caracteres utilizam grupos de oito bits por caracter, os conceitos de
byte e caracter tornam-se semelhantes e as palavras, quase sinônimas.
É costume, no mercado, construírem memórias cujo acesso, armazenamento e recuperação de informações são efetua-
dos byte a byte. Por essa razão, em anúncios de computadores, menciona-se que ele possui “512 mega bytes de memória”;
por exemplo, na realidade, em face desse costume, quase sempre o termo byte é omitido por já subentender esse valor.
Para entender melhor essas unidades de memórias, veja a imagem abaixo:

Figura 6: Unidade de medida de memórias

Em resumo, a cada degrau que você desce na Figura 3 é só você dividir por 1024 e a cada degrau que você sobe basta
multiplicar por 1024. Vejamos dois exemplos abaixo:

Transformar 4 gigabytes em kilobytes: Transformar 16422282522 kilobytes em terabytes:


4 * 1024 = 4096 megabytes 16422282522 / 1024 = 16037385,28 megabytes
4096 * 1024 = 4194304 kilobytes. 16037385,28 / 1024 = 15661,51 gigabytes
15661,51 / 1024 = 15,29 terabytes.

USB é abreviação de “Universal Serial Bus”. É a porta de entrada mais usada atualmente.


Além de ser usado para a conexão de todo o tipo de dispositivos, ele fornece uma pequena quantidade de energia. Por
isso permite que os conectores USB sejam usados por carregadores, luzes, ventiladores e outros equipamentos.

A fonte de energia do computador ou, em inglês é responsável por converter a voltagem da energia elétrica, que chega
pelas tomadas, em voltagens menores, capazes de ser suportadas pelos componentes do computador.

Monitor de vídeo
Normalmente um dispositivo que apresenta informações na tela de LCD, como um televisor atual.
Outros monitores são sensíveis ao toque (chamados de touchscreen), onde podemos escolher opções tocando em
botões virtuais, apresentados na tela.

Impressora
Muito popular e conhecida por produzir informações impressas em papel.
Atualmente existem equipamentos chamados impressoras multifuncionais, que comportam impressora, scanner e fo-
tocopiadoras num só equipamento.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Pen drive é a mídia portátil mais utilizada pelos usuá- ... RISC são arquiteturas de carga-armazenamento, en-
rios de computadores atualmente. quanto que a maior parte das arquiteturas CISC permite
Ele não precisar recarregar energia para manter os da- que outras operações também façam referência à memória.
dos armazenados. Isso o torna seguro e estável, ao contrá- Possuem um clock interno de sincronização que define
rio dos antigos disquetes. É utilizado através de uma porta a velo- cidade com que o processamento ocorre. Essa velo-
USB (Universal Serial Bus). cidade é medida em Hertz. Segundo Amigo (2008):
Em um computador, a velocidade do clock se refere ao
Cartões de memória, são baseados na tecnologia flash, número de pulsos por segundo gerados por um oscilador
semelhante ao que ocorre com a memória RAM do com- (dispositivo eletrônico que gera sinais), que determina o
putador, existe uma grande variedade de formato desses tempo necessário para o processador executar uma instru-
cartões. ção. Assim para avaliar a performance de um processador,
São muito utilizados principalmente em câmeras foto- medimos a quantidade de pulsos gerados em 1 segundo e,
gráficas e telefones celulares. Podem ser utilizados também para tanto, utilizamos uma unidade de medida de frequên-
em microcomputadores. cia, o Hertz.

BIOS é o Basic Input/Output System, ou Sistema Básico


de Entrada e Saída, trata-se de um mecanismo responsável
por algumas atividades consideradas corriqueiras em um
computador, mas que são de suma importância para o cor-
reto funcionamento de uma máquina.
Se a BIOS para de funcionar, o PC também para! Ao
iniciar o PC, a BIOS faz uma varredura para detectar e iden-
tificar todos os componentes de hardware conectados à
máquina.
Só depois de todo esse processo de identificação é que
a BIOS passa o controle para o sistema operacional e o
boot acontece de verdade.

Diferentemente da memória RAM, as memórias ROM Figura 7: Esquema Processador


(Read Only Memory – Memória Somente de Leitura) não
são voláteis, mantendo os dados gravados após o desliga- Na placa mãe são conectados outros tipos de placas,
mento do computador. com seus circuitos que recebem e transmite dados para
As primeiras ROM não permitiam a regravação de seu desempenhar tarefas como emissão de áudio, conexão à
conteúdo. Atualmente, existem variações que possibilitam Internet e a outros computadores e, como não poderia fal-
a regravação dos dados por meio de equipamentos espe- tar, possibilitar a saída de imagens no monitor.
ciais. Essas memórias são utilizadas para o armazenamento Essas placas, muitas vezes, podem ter todo seu hard-
do BIOS. ware reduzido a chips, conectados diretamente na placa
mãe, utilizando todos os outros recursos necessários, que
O processador que é uma peça de computador que não estão implementa- dos nesses chips, da própria mo-
contém instruções para realizar tarefas lógicas e matemá- therboard. Geralmente esse fato implica na redução da ve-
ticas. O processador é encaixado na placa mãe através do locidade, mas hoje essa redução é pouco considerada, uma
socket, ele que processa todas as informações do compu- vez que é aceitável para a maioria dos usuários.
tador, sua velocidade é medida em Hertz e os fabricantes No entanto, quando se pretende ter maior potência de
mais famosos são Intel e AMD. som, melhor qualidade e até aceleração gráfica de imagens
O processador do computador (ou CPU – Unidade e uma rede mais veloz, a opção escolhida são as placas off
Central de Processamento) é uma das partes principais do board. Vamos conhecer mais sobre esse termo e sobre as
hardware do computador e é responsável pelos cálculos, placas de vídeo, som e rede:
execução de tarefas e processamento de dados. Placas de vídeo são hardwares específicos para traba-
Contém um conjunto de restritos de células de memó- lhar e projetar a imagem exibida no monitor. Essas placas
ria chamados registradores que podem ser lidos e escritos podem ser onboard, ou seja, com chipset embutido na
muito mais rapidamente que em outros dispositivos de placa mãe, ou off board, conectadas em slots presentes
memória. Os registra- dores são unidades de memória que na placa mãe. São considerados dispositivos de saída de
representam o meio mais caro e rápido de armazenamento dados, pois mostram ao usuário, na forma de imagens, o
de dados. Por isso são usados em pequenas quantidades resultado do processamento de vários outros dados.
nos processadores. Você já deve ter visto placas de vídeo com especifica-
Em relação a sua arquitetura, se destacam os modelos ções 1x, 2x, 8x e assim por diante. Quanto maior o número,
RISC (Reduced Instruction Set Computer) e CISC (Complex maior será a quantidade de dados que passarão por se-
Instruction Set Computer). Segundo Carter [s.d.]: gundo por essa placa, o que oferece imagens de vídeo, por
exemplo, com velocidade cada vez mais próxima da reali-

10
INFORMÁTICA BÁSICA

dade. Além dessa velocidade, existem outros itens importantes de serem observados em uma placa de vídeo: aceleração
gráfica 3D, resolução, quantidade de cores e, como não poderíamos esquecer, qual o padrão de encaixe na placa mãe que
ela deverá usar (atualmente seguem opções de PCI ou AGP). Vamos ver esses itens um a um:
Placas de som são hardwares específicos para trabalhar e projetar a sons, seja em caixas de som, fones de ouvido ou
microfone. Essas placas podem ser onboard, ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou offboard, conectadas em slots
presentes na placa mãe. São dispositivos de entrada e saída de dados, pois tanto permitem a inclusão de dados (com a entrada
da voz pelo microfone, por exemplo) como a saída de som (através das caixas de som, por exemplo).
Placas de rede são hardwares específicos para integrar um computador a uma rede, de forma que ele possa enviar e
receber informações. Essas placas podem ser onboard, ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou offboard, conecta-
das em slots presentes na placa mãe.
Alguns dados importantes a serem observados em uma placa de rede são: a arquitetura de rede que atende os tipos
de cabos de rede suportados e a taxa de transmissão.

6. Periféricos de computadores

Para entender o suficiente sobre periféricos para concurso público é importante entender que os periféricos são os
componentes (hardwares) que estão sempre ligados ao centro dos computadores.
Os periféricos são classificados como:
Dispositivo de Entrada: É responsável em transmitir a informação ao computador. Exemplos: mouse, scanner, microfo-
ne, teclado, Web Cam, Trackball, Identificador Biométrico, Touchpad e outros.
Dispositivos de Saída: É responsável em receber a informação do computador. Exemplos: Monitor, Impressoras, Caixa
de Som, Ploter, Projector de Vídeo e outros.
Dispositivo de Entrada e Saída: É responsável em transmitir e receber informação ao computador. Exemplos: Drive de Dis-
quete, HD, CD-R/RW, DVD, Blu-ray, modem, Pen-Drive, Placa de Rede, Monitor Táctil, Dispositivo de Som e outros.

SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS

Windows assim como tudo que envolve a informática passa por uma atualização constante, os concursos públicos em
seus editais acabam variando em suas versões, por isso vamos abordar de uma maneira geral tanto as versões do Windows
quanto do Linux.
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um software, um programa de computador desenvolvido por pro-
gramadores através de códigos de programação. Os Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares, são consi-
derados como a parte lógica do computador, uma parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada apenas quando o
computador está em funcionamento. O Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é o primeiro a ser instalado
na máquina.
Quando montamos um computador e o ligamos pela primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algumas rotinas
presentes nos chipsets da máquina. Para utilizarmos todos os recursos do computador, com toda a qualidade das placas
de som, vídeo, rede, acessarmos a Internet e usufruirmos de toda a potencialidade do hardware, temos que instalar o SO.
Após sua instalação é possível configurar as placas para que alcancem seu melhor desempenho e instalar os demais
programas, como os softwares aplicativos e utilitários.
O SO gerencia o uso do hardware pelo software e gerencia os demais programas.
A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits e 64 bits está na forma em que o processador do computador
trabalha as informações. O Sistema Operacional de 32 bits tem que ser instalado em um computador que tenha o proces-
sador de 32 bits, assim como o de 64 bits tem que ser instalado em um computador de 64 bits.
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows, segundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais memória que
as versões de 32 bits do Windows. “Isso ajuda a reduzir o tempo despendi- do na permuta de processos para dentro e para
fora da memória, pelo armazenamento de um número maior desses processos na memória de acesso aleatório (RAM) em
vez de fazê-lo no disco rígido. Por outro lado, isso pode aumentar o desempenho geral do programa”.

Windows XP

O Windows XP foi lançado em 2001 e ele era um sistema operacional bastante completo e confiável, por isso pode-se
dizer que ele foi uma versão muito bem sucedida, importante mencionar que o encerramento do seu suporte foi em abril
de 2014.

11
INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 8: Tela de login do Windows XP

Figura 9: Desktop do Windows XP

12
INFORMÁTICA BÁSICA

Ele foi sucessor de uma versão considerada fracassada Comparando o Windows XP com o Windows 7
que foi o Windows Me (Millennium Edition), lançado em
2000, e é considerado por muitos o principal responsável Estabilidade
em recuperar a confiança dos clientes Microsoft. Seu lança-
mento foi dia 25 de outubro de 2001 e chamou a atenção O Windows 7 é muito mais estável do que o Windo-
por trazer uma nova interface gráfica e eliminar os proble- ws XP, e isso acontece por diversos motivos. Inicialmente
mas de estabilidade encontrados no ME. ele foi desenvolvido para dar maior proteção à memória,
A interface gráfica do Windows XP ficou conhecida por isolando-a de problemas externos. Exemplo clássico: você
ser muito mais intuitiva e agradável, afinal as janelas cinzas, instala um novo driver de placa de vídeo, e ele trava pois
e barras quadradas foram substituídas por uma interface tem um bug. Enquanto o Windows XP trava por completo
colorida, com padrão azul, e botões mais arredondados e (ou o computador é reiniciado), o Windows 7 se recupera
visíveis. Outra grande novidade foi o botão iniciar, que fi- normalmente do travamento utilizando um driver padrão
cou maior, com mais atalhos e possibilidades de fixar pro- de vídeo, e isso não afeta os demais programas abertos.
gramas, mudança essa que permaneceu até o Windows 7. O Windows 7 vem com o Monitor de Confiabilidade.
Outros aspectos visuais trazidos pelo Windows XP, fo- Ele monitora constantemente o computador, salvando in-
ram as novas camadas e efeitos para o desktop, além de formações importantes quando há alguma falha de aplica-
apresentar um papel de parede padrão que viria a se tor- tivo ou do Windows, e com isso o usuário tem um pano-
nar icônico. Os usuários poderiam ainda travar a barra de rama geral que permite concluir que aplicativo ou driver
tarefas e evitar que houvesse mudanças das configurações está causando problemas. Isso é possível pois ele monitora
no espaço. a data de instalação de drivers e programas, execução de
O XP foi apresentado ainda em diferentes edições, aplicativos, updates do Windows, travamento de progra-
além de estar disponível em 32 e 64 bits. A versão Home mas, e tudo mais que possa afetar a estabilidade do sis-
Edition era voltada para o uso doméstico e trazia ferra- tema operacional - e com isso é fácil concluir quando um
mentas mais simples para o usuário comum. Já a edição novo programa ou driver está causando problemas no sis-
Professional tinha como público empresas e usuários com tema operacional. O Monitor de Confiabilidade também
conhecimentos avançados. Houve ainda uma versão Media tem a opção de verificar soluções para todos os problemas
Center Edition, mas esta nunca foi colocada à venda e era listados.
entregue somente sob encomenda. Além disso, o Windows 7 também vem com a opção
Em relação as funcionalidades, o grande destaque foi o de restauração de sistema e drivers, permitindo que você
suporte a dispositivos Plug and Play, famoso plugar e usar retorne a um status ou driver anterior ao atual caso este
que acabou com etapas burocráticas de instalação, não exi- apresente algum problema.
gindo que o computador fosse desligado ao remover um Por fim, o NTFS (tipo de partição) do Windows 7 é mais
dispositivo externo, como um pendrive. completo e avançado do que o do Windows XP, pois é o
Outra novidade na funcionalidade foi a tecnologia mesmo utilizado no Windows Server 2008. Quando ocorre
ClearType, que facilitava a visualização de textos em tela algum problema em disco ou na partição do Windows XP,
LCD, novidades na época. Além disso, ele melhorou o con- por exemplo, o sistema operacional tenta corrigi-lo (às ve-
sumo de energia para a utilização em dispositivos móveis zes durante horas) via chkdsk no próximo boot. O NTFS do
como notebook e tablets, e incluiu a possibilidade de ini- Windows 7, por outro lado, utiliza o self-healing (auto-cor-
cializar a máquina mais rapidamente e hibernar. reção) e o problema é reparado imediatamente sem que o
Além disso, passou a dar suporte às redes Wireless e usuário sequer saiba disso. Além disso, ele permite corrigir
DSL, melhorando a alternância entre contas de usuários, problemas em arquivos de sistema (como o Win32k.sys) -
permitindo que o indivíduo acesse outra conta sem fechar algo que o Windows XP não consegue. Neste item Windo-
seus programas abertos. Além disso, introduziu a funcio- ws 7 x Windows XP, o Windows 7 ganha.
nalidade de assistência remota, o que possibilitou que pes-
soas conectadas à Internet pudessem assumir o controle Usabilidade
da máquina para realizar suporte técnico ou auxiliar uma
tarefa. O Windows 7 facilita o dia-a-dia das pessoas com novi-
Quanto as atualizações e até mesmo o encerramen- dades que tornam as tarefas mais rápidas e eficientes. Entre
to do suporte, pode-se dizer que o XP teve três grandes elas estão:
atualizações, que ficaram conhecidas como Service Packs. - Central de Contas do Usuário (UAC) que protege o
O primeiro foi lançado no dia 9 de setembro de 2002, adi- usuário sem incomodá-lo
cionando o suporte ao formato USB 2.0 e a possibilidade - Pesquisa integrada ao sistema operacional
de definir padrões de programas. O SP2 chegou em 6 de - Bibliotecas, que organizam os arquivos e facilitam o
agosto de 2004 com foco na segurança do sistema. Já o seu uso em rede local
SP3 foi distribuído em 6 de maio de 2008 com correções de - Aero Snap, que ao arrastar uma janela para a lateral
segurança e melhoras no desempenho. da tela, esta é automaticamente expandida e ocupa meta-
No dia 8 de abril de 2014, a Microsoft encerrou o su- de da tela (ou tela cheia se for arrastada para cima)
porte ao Windows XP SP3, não oferecendo mais atualiza- - Aero Peek, que torna as janelas transparentes para
ções ou correções de segurança para o sistema. você visualizar ou acessar rapidamente o desktop

13
INFORMÁTICA BÁSICA

- Aero Shake, que ao chacoalhar uma janela faz com Custo Benefício
que todas as demais sejam automaticamente minimizadas
O Windows XP foi inaugurado em 2001, ou seja, para
Essas melhorias na usabilidade não devem ser descon- hardwares equivalentes da época, os requisitos mínimos
sideradas ou vistas como “frescura”, pois elas podem eco- do Windows XP são inferiores até mesmo aos smartpho-
nomizar dezenas de horas de trabalho por ano! Mais uma nes mais simples de hoje em dia: Pentium 233 MHz, 64MB
vantagem para o Windows 7 na comparação Windows 7 x RAM e 1,5GB de espaço em disco! É preciso dizer mais?
Windows XP. O Windows 7 funciona muito bem até mesmo em
hardware limitado, como netbooks com 1GB RAM e pro-
Segurança cessador de 1GHz, além de estar preparado para utilizar
todo potencial das tecnologias atuais:  processadores
Há um mundo de diferença entra a segurança do multi-core, muita memória RAM, discos SSD, drive de
Windows XP e a do Windows 7. Embora algumas pessoas Blu-Ray, USB 3.0, placas de vídeo caseiras que processam
achem que basta instalar um navegador atual para se man- 3 trilhões de cálculos por segundo (quatro placas dessas
ter seguro na web, nada mais ilusório: estes mesmos nave- trabalhando juntas superam o total de cálculos por se-
gadores não conseguem proteger o usuário se eles estão gundo do supercomputador mais rápido do planeta de
sendo executados em um sistema operacional com capaci- 2001 - e ele tinha 8.192 processadores!), e tecnologias
dade de proteção limitada. O navegador não impede ata- que utilizamos atualmente e que seriam consideradas
ques remotos nem ataques que utilizam vulnerabilidades coisas de ficção científica quando o Windows XP foi cria-
existentes no sistema operacional. do.
Além disso, vulnerabilidades no Windows 7 são muito Na prática não existem motivos razoáveis para um
menos perigosas do que a mesma vulnerabilidade no Win- computador utilizar o Windows XP ao invés do Windows
dows XP, pois o Windows 7 tem diversas proteções adicio- 7.
nais que diminuem o poder de ação dos malwares. Entre
elas estão ASLR, PatchGuard, UAC, PMIE e outras tecnolo-
gias que bloqueiam e impedem ataques externos por vias Windows 7
desconhecidas. Além disso, o antivírus gratuito da Micro-
soft (MSE – Microsoft Security Essentials) pode ser utilizado
por qualquer pessoa que tenha Windows Original, prote- Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta:
gendo-a contra malwares. 1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito
em computador e clique em Propriedades.
Hardware e performance 2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema.
“Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7,
Atualmente muitos computadores e notebooks vêm você precisará de um processador capaz de executar uma
com 4GB de memória RAM ou mais - e o Windows XP não versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um siste-
aproveita isso. ma operacional de 64 bits ficam mais claros quando você
Tanto o Windows XP quanto o Windows 7 “enxergam” tem uma grande quantidade de RAM (memória de acesso
até 4GB RAM nas suas versões 32-bits - mas ao contrário aleatório) no computador, normalmente 4 GB ou mais.
do XP, o Windows 7 tem versões 64-bits perfeitamente uti- Nesses casos, como um sistema operacional de 64 bits
lizáveis, isto é, o mercado lançou programas e periféricos pode processar grandes quantidades de memória com
que funcionam perfeitamente no Windows 7, mas não para mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema de 64 bits
o Windows XP. poderá responder melhor ao executar vários programas
Embora exista uma versão 64-bits do Windows XP, pra- ao mesmo tempo e alternar entre eles com frequência”.
ticamente ninguém a usa pois não há drivers para periféri- Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é
cos nem programas que aproveitam o seu potencial. reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
E um detalhe que poucos sabem é que o limite de 4GB caso, é possível instalar:
de memória se aplica à soma da memória RAM + memória - Sobre o Windows XP;
da placa de vídeo + memória dos periféricos PCI + ACPI + - Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista
tudo mais que esteja instalado no computador que utilize (Win Vista), também 32 bits;
memória (exceto pendrive, disco rígido e cartões de me- - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
mória, obviamente). - Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
Isso significa que se você utiliza  uma poderosa placa - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
de vídeo de 2GB de memória (algo relativamente comum) - Win 7 em um computador e formatar o HD durante
no Windows XP, este acessará menos de 2GB de memória a insta- lação;
RAM independentemente da quantidade de memória RAM - Win 7 em um computador sem SO;
instalada no computador. E quanto menos memória RAM, Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual
menos performance o computador terá. A solução é utili- tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
zar um sistema operacional completo de 64-bits como o chave do produto, que é um código que será solicitado
Windows 7. durante a instalação.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Vamos adotar a opção de instalação com formatação Criação de pastas (diretórios)


de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft Corpo-
ration:
- Ligue o seu computador, de forma que o Windows
seja inicia- lizado normalmente, insira do disco de instala-
ção do Windows 7 ou a unidade flash USB e desligue o seu
computador.
- Reinicie o computador.
- Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer
isso, e siga as instruções exibidas.
- Na página de Instalação Windows, insira seu idioma
ou outras preferências e clique em avançar.
- Se a página de Instalação Windows não aparecer e o
programa não solicitar que você pressione alguma tecla,
talvez seja necessário alterar algumas configurações do sis-
tema. Para obter mais informações sobre como fazer isso,
consulte Inicie o seu computador usando um disco de ins-
talação do Windows 7 ou um pen drive USB.
- Na página Leia os termos de licença, se você aceitar
os termos de licença, clique em aceito os termos de licença
e em avançar.
- Na página que tipo de instalação você deseja? clique Figura 8: Criação de pastas
em Personalizada.
- Na página onde deseja instalar Windows? clique em Clicando com o botão direito do mouse em um espaço
op- ções da unidade (avançada). vazio da área de trabalho ou outro apropriado, podemos
- Clique na partição que você quiser alterar, clique na encontrar a opção pasta.
opção de formatação desejada e siga as instruções. Clicando nesta opção com o botão esquerdo do mou-
- Quando a formatação terminar, clique em avançar. se, temos então uma forma prática de criar uma pasta.
- Siga as instruções para concluir a instalação do Win-
dows 7, inclusive a nomenclatura do computador e a confi-
guração de uma conta do usuário inicial.

Conceitos de pastas, arquivos e atalhos, manipula-


ção de arquivos e pastas, uso dos menus

Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar Figura 9: Criamos aqui uma pasta chamada “Trabalho”.
arquivos, ícones ou outras pastas.
Arquivos– são registros digitais criados e salvos atra-
vés de programas aplicativos. Por exemplo, quando abri-
mos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a salvamos
no computador, estamos criando um arquivo.
Ícones– são imagens representativas associadas a pro-
gramas, arquivos, pastas ou atalhos.
Atalhos–são ícones que indicam um caminho mais
curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.

Figura 10: Tela da pasta criada

Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la e


agora criaremos mais duas pastas dentro dela:

Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o


procedimento botão direito, Novo, Pasta.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Área de trabalho:

Figura 11: Área de Trabalho

A figura acima mostra a primeira tela que vemos quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome de área de
trabalho, pois a ideia original é que ela sirva como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e documentos para dar
início ou continuidade ao trabalho.
Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra de tarefas, que traz uma série de particularidades, como:

Figura 12: Barra de tarefas

1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato com todos os outros programas instalados, programas que fazem
parte do sistema operacional e ambientes de configuração e trabalho. Com um clique nesse botão, abrimos uma lista, cha-
mada Menu Iniciar, que contém opções que nos permitem ver os programas mais acessados, todos os outros programas
instalados e os recursos do próprio Windows. Ele funciona como uma via de acesso para todas as opções disponíveis no
computador.
Através do botão Iniciar, também podemos:
-desligar o computador, procedimento que encerra o Sistema Operacional corretamente, e desliga efetivamente a
máquina;
-colocar o computador em modo de espera, que reduz o consumo de energia enquanto a máquina estiver ociosa, ou
seja, sem uso. Muito usado nos casos em que vamos nos ausentar por um breve período de tempo da frente do compu-
tador;
-reiniciar o computador, que desliga e liga automaticamente o sistema. Usado após a instalação de alguns programas
que precisam da reinicialização do sistema para efetivarem sua insta- lação, durante congelamento de telas ou travamentos
da máquina.
-realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com nome e senha de outro usuário, tendo assim um ambiente com
características diferentes para cada usuário do mesmo computador.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 13: Menu Iniciar – Windows 7

Na figura a cima temos o menu Iniciar, acessado com um clique no botão Iniciar.
2) Ícones de inicialização rápida: São ícones colocados como atalhos na barra de tarefas para serem acessados com
facilidade.
3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de idioma que está sendo usada pelo teclado.
4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones são configurados para entrar em ação quando o computador é
iniciado. Muitos deles ficam em execução o tempo todo no sistema, como é o caso de ícones de programas antivírus que
monitoram constante- mente o sistema para verificar se não há invasões ou vírus tentando ser executados.
5) Propriedades de data e hora: Além de mostra o relógio constantemente na sua tela, clicando duas vezes, com o
botão esquerdo do mouse nesse ícone, acessamos as Propriedades de data e hora.

17
INFORMÁTICA BÁSICA

Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho mui-


to grande, são excluídos sem irem antes para a Lixeira.
Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma mensa-
gem, ou perguntando se realmente deseja enviar aquele
item para a Lixeira, ou avisando que o que foi selecionado
será permanentemente excluído. Outra forma de excluir
documentos ou pastas sem que eles fiquem armazenados
na Lixeira é usar as teclas de atalho Shift+Delete.

A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro


cantos da tela para proporcionar melhor visualização de
outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão
esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e com
ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado (canto
direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).

Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos


Figura 14: Propriedades de data e hora que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora, está marcada.
deter- minarmos qual é o fuso horário da nossa região e
especificar se o relógio do computador está sincronizado
automaticamente com um servidor de horário na Internet.
Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe, que vi-
mos na figura 26. Quando ele começa a mostrar um horário
diferente do que realmente deveria mostrar, na maioria das
vezes, indica que a bateria da placa mãe deve precisar ser
trocada. Esse horário também é sincronizado com o mes-
mo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, pode-
mos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e de-
pois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma vez
sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão dele-
te, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão para li-
xeira o que foi excluído, sendo possível a restauração, caso
haja necessidade. Para restaurar, por exemplo, um arquivo
enviado para a lixeira, podemos, após abri-la, restaurar o
que desejarmos.
Figura 16: Bloqueio da Barra de Tarefas

Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar:


Através do clique com o botão direito do mouse na bar-
ra de tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, podemos
acessar a janela “Propriedades da barra de tarefas e do
menu iniciar”.

Figura 15: Restauração de arquivos enviados para a lixeira

A restauração de objetos enviados para a lixeira pode


ser feita com um clique com o botão direito do mouse so-
bre o item desejado e depois, outro clique com o esquerdo
em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente o arquivo
para seu local de origem.

Outra forma de restaurar é usar a opção “Restaurar


este item”, após selecionar o objeto.

18
INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 19: Barra de Ferramentas

Painel de controle

O Painel de Controle é o local onde podemos alte-


rar configurações do Windows, como aparência, idioma,
configurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele
é possível personalizar o computador às necessidades do
usuário.
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Botão
Figura 17: Propriedades da barra de tarefas e do menu Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encontramos
iniciar as seguintes opções:
- Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do sis-
Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros: tema e da segurança”, permite a realização de backups e
restauração das configurações do sistema e de arquivos.
-Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela seja Possui ferramentas que permitem a atualização do Sistema
posicionada em outros cantos da tela que não seja o infe- Operacional, que exibem a quantidade de memória RAM
rior, ou seja, impede que seja arrastada com o botão es- instalada no computador e a velocidade do processador.
querdo do mouse pressionado. Oferece ainda, possibilidades de configuração de Firewall
-Ocultar automaticamente a barra de tarefas – oculta para tornar o computador mais protegido.
(esconde) a barra de tarefas para proporcionar maior apro- - Rede e Internet: mostra o status da rede e possibi-
veitamento da área da tela pelos programas abertos, e a lita configurações de rede e Internet. É possível também
exibe quando o mouse é posicionado no canto inferior do definir preferências para compartilhamento de arquivos e
monitor. computadores.
- Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover har-
dwares como impressoras, por exemplo. Também permite
alterar sons do sistema, reproduzir CDs automaticamente,
configurar modo de economia de energia e atualizar drives
de dispositivos instalados.
- Programas: através desta opção, podemos realizar a
desinstalação de programas ou recursos do Windows.
- Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui alte-
ramos senhas, criamos contas de usuários, determinamos
configurações de acesso.
- Aparência: permite a configuração da aparência da
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela, menu
iniciar e barra de tarefas.
- Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para
Figura 18: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu Iniciar alterar data, hora, fuso horário, idioma, formatação de nú-
meros e moedas.
Pela figura acima podemos notar que é possível a apa- - Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o compu-
rência e comportamento de links e menus do menu Iniciar. tador às necessidades visuais, auditivas e motoras do usuá-
rio.

Computador

Através do “Computador” podemos consultar e aces-


sar unidades de disco e outros dispositivos conectados ao
nosso computador.

19
INFORMÁTICA BÁSICA

Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em Com- Charms Bar


putador. A janela a seguir será aberta: O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa e
esse recurso possibilita “esconder” algumas configurações
e aplicações. É uma barra localizada na lateral que pode ser
acessada colocando o mouse no canto direito e inferior da
tela ou clicando no atalho Tecla do Windows + C. Essa fun-
ção substitui a barra de ferramentas presente no sistema
e configurada de acordo com a página em que você está.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus-
ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial e
em seguida escolha a cor da tela. O usuário também pode
selecionar desenhos durante a personalização do papel de
parede.

Redimensionar as tiles
Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou-
tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão di-
reito na divisão entre eles e optando pela opção menor.
Você pode deixar maior os aplicativos que você quiser des-
Figura 20: Computador tacar no computador.

Observe que é possível visualizarmos as unidades de dis- Grupos de Aplicativos


co, sua capacidade de armazenamento livre e usada. Vemos Pode-se criar divisões e grupos para unir programas
também informações como o nome do computador, a quanti- parecidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos po-
dade de memória e o processador instalado na máquina. dem ser renomeados.

Windows 8 Visualizar as pastas


A interface do programas no computador podem ser
É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado a
Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celula- lado. Para passar de um painel para outro é necessário usar
res, etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente no a barra de rolagem que fica no rodapé.
layout, que acabou surpreendendo milhares de usuários
acostumados com o antigo visual desse sistema. Compartilhar e Receber
A tela inicial completamente alterada foi a mudança Comando utilizado para compartilhar conteúdo, enviar
que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas as uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na opção Com-
aplicações do computador que ficavam no Menu Iniciar e partilhar e depois escolha qual meio vai usar. Há também a
também é possível visualizar previsão do tempo, cotação opção Dispositivo que é usada para receber e enviar con-
da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as pequenas teúdos de aparelhos conectados ao computador.
miniaturas que aparecem em sua tela inicial para ter acesso
aos programas que mais utiliza. Alternar Tarefas
Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro de Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os pro-
uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer um gramas abertos no desktop e os aplicativos novos do SO.
painel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizando uma Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma lista na
das pastas e não encontre algum comando, clique com o lateral esquerda que mostra os aplicativos modernos.
botão direito do mouse para que esse painel apareça.
A organização de tela do Windows 8 funciona como o Telas Lado a Lado
antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com imagens Esse sistema operacional não trabalha com o concei-
animadas. Cada mosaico representa um aplicativo que está to de janelas, mas o usuário pode usar dois programas ao
instalado no computador. Os atalhos dessa área de traba- mesmo tempo. É indicado para quem precisa acompanhar
lho, que representam aplicativos de versões anteriores, ficam o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do computa-
com o nome na parte de cima e um pequeno ícone na parte dor.
inferior. Novos mosaicos possuem tamanhos diferentes, co-
res diferentes e são atualizados automaticamente. Visualizar Imagens
A tela pode ser customizada conforme a conveniência do O sistema operacional agora faz com que cada vez que
usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela, mas po- você clica em uma figura, um programa específico abre e
dem ser encontrados clicando com o botão direito do mouse isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar isso é preci-
em um espaço vazio da tela. Se deseja que um desses apli- so ir em Programas – Programas Default – Selecionar Win-
cativos apareça na sua tela inicial, clique com o botão direito dows Photo Viewer e marcar a caixa Set this Program as
sobre o ícone e vá para a opção Fixar na Tela Inicial. Default.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Imagem e Senha Windows 10 Education – Baseada na versão Enterprise,


O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao é destinada a atender as necessidades do meio educacional.
invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso, aces- Também tem seu método de distribuição baseado através da
se a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo em se- versão acadêmica de licenciamento de volume.
guida clique em More PC settings. Acesse a opção Usuários Windows 10 Mobile – Embora o Windows 10 tente ven-
e depois clique na opção “Criar uma senha com imagem”. der seu nome fantasia como um sistema operacional único, os
Em seguida, o computador pedirá para você colocar sua smartphones com o Windows 10 possuem uma versão espe-
senha e redirecionará para uma tela com um pequeno tex- cífica do sistema operacional compatível com tais dispositivos.
to e dando a opção para escolher uma foto. Escolha uma Windows 10 Mobile Enterprise – Projetado para smart-
imagem no seu computador e verifique se a imagem está phones e tablets do setor corporativo. Também estará dis-
correta clicando em “Use this Picture”. Você terá que dese- ponível através do Licenciamento por Volume, oferecendo
nhar três formas em touch ou com o mouse: uma linha reta, as mesmas vantagens do Windows 10 Mobile com funcio-
um círculo e um ponto. Depois, finalize o processo e sua nalidades direcionadas para o mercado corporativo.
senha estará pronta. Na próxima vez, repita os movimentos Windows 10 IoT Core – IoT vem da expressão “Internet
para acessar seu computador. das Coisas” (Internet ofThings). A Microsoft anunciou que ha-
verá edições do Windows 10 baseadas no Enterprise e Mobile
Internet Explorer no Windows 8 Enterprise destinados a dispositivos como caixas eletrônicos,
Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da página terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento
inicial, você terá acesso ao software sem a barra de ferra- para o varejo e robôs industriais. Essa versão IoT Core será
mentas e menus. destinada para dispositivos pequenos e de baixo custo.
Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Micro-
7.2. Windows 10 soft indica como requisitos básicos dos computadores:
• Processador de 1 Ghz ou superior;
O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 que • 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para 64bits);
• Até 20GB de espaço disponível em disco rígido;
veio para tentar manter o monopólio da Microsoft no mun-
• Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600 ou maior.
do dos Sistemas Operacionais, uma das suas missões é fi-
car com um visual mais de smart e touch.
MICROSOFT OFFICE 2003/2007/2010
(WORD, EXCEL E POWER POINT):
CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO, UTILIZAÇÃO,
CONFIGURAÇÃO E USO DOS RECURSOS:
GERENCIAMENTO DE ARQUIVOS, PASTAS,
DIRETÓRIOS, PLANILHAS, TABELAS,
GRÁFICOS, FÓRMULAS, FUNÇÕES,
SUPLEMENTOS, PROGRAMAS E IMPRESSÃO.

O Microsoft Word é um processador de texto que cria


textos de diversos tipos e estilos, como por exemplo, ofí-
Figura 21:Tela do Windows 10 cios, relatórios, cartas, enfim, todo conteúdo de texto que
atende às necessidades de um usuário doméstico ou de
O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes versões uma empresa.
(com destaque para as duas primeiras): O Microsoft Word é o processador de texto integrante
Windows 10 – É a versão de “entrada” do Windows 10, dos programas Microsoft Office: um conjunto de softwares
que possui a maioria dos recursos do sistema. É voltada aplicativos destinados a uso de escritório e usuários do-
para Desktops e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Sur- mésticos, desenvolvidos pela empresa Microsoft.
face 3. Os softwares da Microsoft Office são proprietários e
Windows 10 Pro – Além dos recursos da versão de en- compatíveis com o sistema operacional Windows.
trada, fornece proteção de dados avançada e criptografa-
da com o BitLocker, permite a hospedagem de uma Co- 10.1. Word 2003
nexão de Área de Trabalho Remota em um computador, As versões do Microsoft Word era quase sempre a
trabalhar com máquinas virtuais, e permite o ingresso em mesma, e todas elas oriundas do WordPad, a versão 2003
um domínio para realizar conexões a uma rede corporativa. foi a última versão a moda antiga, vamos dizer assim, ela
Windows 10 Enterprise – Baseada na versão 10 Pro, é era formada por menus e uma barra de ferramentas fixa
disponibilizada por meio do Licenciamento por Volume, mais voltada para a parte de formatação de texto, e as de-
voltado a empresas. mais funções ficavam dívidas em menus, conforme mostra
a figura 28.

21
INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 28: Tela do Microsoft Word 2003

Também é possível personalizar a sua barra de ferramentas clicando com o botão direito e selecionando novos painéis,
que vão desde Contagem de Palavras e Desenho até Visual Basic e Formulários. O problema é que, conforme você adiciona
novas funções, a interface começa a ficar cada vez mais carregada e desorganizada.
Uma das características foi a mudança do logotipo do Office duas ferramentas que estrearam no Office 2003, foram: In-
foPath e o OneNote. O OneNote é uma caderneta eletrônica de anotações e organizador que toma notas como aplicação
do texto, notas manuscritas ou diagramas, gráficos e de áudio gravado, o Office 2003 foi a primeira versão a usar cores e
ícones do Windows XP.

10.2. Word 2007

O Word 2007 certamente é um marco nas atualizações, pois ele trouxe a grande novidade das abas, e consequente-
mente o fim dos menus, e ao clicar em cada aba, abre uma barra de ferramenta pertinente a aquela aba, a figura 29 mostra
a guia início e suas respectivas ferramentas, diferente de antes que tínhamos uma barra de ferramentas fixa. Devido ao cos-
tume das outras versões no início a versão 2007 foi muito criticada, outra mudança significativa foi a mudança da extensão
do arquivo que passou de DOC para DOCX.

Figura 29: Guia Início do Microsoft Word 2007

Na guia início é onde se encontra a maioria das funções da antiga interface do Microsoft Word. Ou seja, aqui você pode
mudar a fonte, o tamanho dela, modificar o texto selecionado (com negrito, itálico, sublinhado, riscado, sobreposto etc.),
deixar com outra cor, criar tópicos, alterar o espaçamento, mudar o alinhamento e dar estilo. Tudo isso agora é dividido
em grandes painéis.
Definitivamente, a versão do Microsoft Word 2007 trouxe muito mais organização e padrões em relação as ver-
sões anteriores. Todas as ficaram categorizadas e mais fáceis de encontrar, bastando se acostumar com a interface. 
A melhor parte é que não fica tudo bagunçado, e que as ferramentas mudam conforme as escolhas das abas.

22
INFORMÁTICA BÁSICA

10.3. Word 2010, 2013 e detalhes gerais

Figura 30: Tela do Microsoft Word 2010

As guias foram criadas para serem orientadas por tarefas, já os grupos dentro de cada guia criam subtarefas para as
tarefas, e os botões de comando em cada grupo possui um comando.
As extensões são fundamentais, desde a versão 2007 passou a ser DOCX, mas vamos analisar outras extensões que
podem ser abordadas em questões de concursos na Figura 27.

Figura 31: Extensões de Arquivos ligados ao Word

As guias envolvem grupos e botões de comando, e são organizadas por tarefa. Os Grupos dentro de cada guia que-
bram uma tarefa em subtarefas. Os Botões de comando em cada grupo possuem um comando ou exibem um menu de
comandos.
Existem guias que vão aparecer apenas quando um determinado objeto aparecer para ser formatado. No exemplo da
imagem, foi selecionada uma figura que pode ser editada com as opções que estiverem nessa guia.

23
INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 32: Indicadores de caixa de diálogo

Indicadores de caixa de diálogo – aparecem em alguns grupos para oferecer a abertura rápida da caixa de diálogo do
grupo, contendo mais opções de formatação.

As réguas orientam na criação de tabulações e no ajuste de parágrafos, por exemplo.


Determinam o recuo da primeira linha, o recuo de deslocamento, recuo à esquerda e permitem tabulações esquerda,
direita, centralizada, decimal e barra.
Para ajustar o recuo da primeira linha, após posicionar o cursor do mouse no parágrafo desejado, basta pressionar o
botão esquerdo do mouse sobre o “Recuo da primeira linha” e arrastá-lo pela régua .
Para ajustar o recuo à direita do documento, basta selecionar o parágrafo ou posicionar o cursor após a linha desejada,
pressionar o botão esquerdo do mouse no “Recuo à direita” e arrastá-lo na régua .
Para ajustar o recuo, deslocando o parágrafo da esquerda para a direita, basta selecioná-lo e mover, na régua, como
explicado anteriormente, o “Recuo deslocado” .
Podemos também usar o recurso “Recuo à esquerda”, que move para a esquerda, tanto a primeira linha quanto o res-
tante do parágrafo selecionado .
Com a régua, podemos criar tabulações, ou seja, determinar onde o cursor do mouse vai parar quando pressionarmos
a tecla Tab.

Figura 33: Réguas


Grupo edição:

Permite localizar palavras em um documento, substituir palavras localizadas por outras ou aplicar formatações e sele-
cionar textos e objetos no documento.
Para localizar uma palavra no texto, basta clicar no ícone Localizar , digitar a palavra na linha do localizar e clicar no
botão Localizar Próxima.
A cada clique será localizada a próxima palavra digitada no texto. Temos também como realçar a palavra que deseja-
mos localizar para facilitar a visualizar da palavra localizada.
Na janela também temos o botão “Mais”. Neste botão, temos, entre outras, as opções:
- Diferenciar maiúscula e minúscula: procura a palavra digitada na forma que foi digitada, ou seja, se foi digitada em
minúscula, será localizada apenas a palavra minúscula e, se foi digitada em maiúscula, será localizada apenas e palavra
maiúscula.

- Localizar palavras inteiras: localiza apenas a palavra exatamente como foi digitada. Por exemplo, se tentarmos localizar
a palavra casa e no texto tiver a palavra casaco, a parte “casa” da palavra casaco será localizada, se essa opção não estiver
marcada. Marcando essa opção, apenas a palavra casa, completa, será localizada.

- Usar caracteres curinga: com esta opção marcada, usamos caracteres especiais. Por exemplo, é possível usar o carac-
tere curinga asterisco (*) para procurar uma sequência de caracteres (por exemplo, “t*o” localiza “tristonho” e “término”).

Veja a lista de caracteres que são considerados curinga, retirada do site do Microsoft Office:

24
INFORMÁTICA BÁSICA

Para localizar digite exemplo

Qualquer caractere ? s?o localiza salvo e


único sonho.

Qualquer * t*o localiza tristonho e


sequência de término.
caracteres
<(org) localiza
organizar e
O início de uma palavra < organização,
mas não localiza
desorganizado.
(do)> localiza medo e
O final de uma palavra > cedo, mas não localiza
domínio.

Um dos caracteres [] v[ie]r localiza vir e ver


especificados
[r-t]ã localiza rã e sã.
Qualquer caractere [-] Os intervalos devem
único neste intervalo estar em ordem
crescente.
Qualquer caractere F[!a-m]rro localiza
único, exceto [!x-z] forro, mas não
os caracteres no localiza ferro.
intervalo entre
colchetes
Exatamente n ca{2}tinga localiza
ocorrências do {n} caatinga, mas não
caractere ou catinga.
expressão anterior
Pelo menos n
ocorrências do {n,} ca{1,}tinga localiza
caractere ou catinga e caatinga.
expressão anterior
De n a m ocorrências do 10{1,3} localiza 10,
caractere ou {n,m} 100 e 1000.
expressão anterior
Uma ou mais
ocorrências do @ ca@tinga localiza
caractere ou catinga e caatinga.
expressão anterior

O grupo tabela é muito utilizado em editores de texto, como por exemplo a definição de estilos da tabela.

Figura 34: Estilos de Tabela

25
INFORMÁTICA BÁSICA

Fornece estilos predefinidos de tabela, com formata- Grupo Ilustrações:


ções de cores de células, linhas, colunas, bordas, fontes e
demais itens presentes na mesma. Além de escolher um
estilo predefinido, podemos alterar a formatação do som-
breamento e das bordas da tabela.
Com essa opção, podemos alterar o estilo da borda, a sua
espessura, desenhar uma tabela ou apagar partes de uma ta-
bela criada e alterar a cor da caneta e ainda, clicando no “Esco-
lher entre várias opções de borda”, para exibir a seguinte tela:

Figura 36: Grupo Ilustrações

1 – Inserir imagem do arquivo: permite inserir no teto


uma imagem que esteja salva no computador ou em outra
mídia, como pendrive ou CD.
2 – Clip-art: insere no arquivo imagens e figuras
que se encontram na galeria de imagens do Word.
3 – Formas: insere formas básicas como setas, cubos,
elipses e outras.
4 – SmartArt: insere elementos gráficos para comu-
nicar informações visualmente.
5 – Gráfico: insere gráficos para ilustrar e comparar da-
dos.
Figura 35: Bordas e sombreamento
Grupo Links:
Na janela Bordas e sombreamento, no campo “Defini-
ção”, escolhemos como será a borda da nossa tabela: Inserir hyperlink: cria um link para uma página da Web,
- Nenhuma: retira a borda; uma imagem, um e – mail. Indicador: cria um indicador
- Caixa: contorna a tabela com uma borda tipo caixa; para atribuir um nome a um ponto do texto. Esse indicador
- Todas: aplica bordas externas e internas na tabela pode se tornar um link dentro do próprio documento.
iguais, conforme a seleção que fizermos nos demais cam- Referência cruzada: referência tabelas.
pos de opção;
- Grade: aplica a borda escolhida nas demais opções da Grupo cabeçalho e rodapé:
janela (como estilo, por exemplo) ao redor da tabela e as
bordas internas permanecem iguais. Insere cabeçalhos, rodapés e números de páginas.
- Estilo: permite escolher um estilo para as bordas
da tabela, uma cor e uma largura. Grupo texto:
- Visualização: através desse recurso, podemos definir
bordas diferentes para uma mesma tabela. Por exemplo, po-
demos escolher um estilo e, em visualização, clicar na borda
superior; escolher outro estilo e clicar na borda inferior; e as-
sim colocar em cada borda um tipo diferente de estilo, com
cores e espessuras diferentes, se assim desejarmos.
A guia “Borda da Página”, desta janela, nos traz recur-
sos semelhantes aos que vimos na Guia Bordas. A diferença
é que se trata de criar bordas na página de um documento
e não em uma tabela. Figura 37: Grupo Texto
Outra opção diferente nesta guia, é o item Arte. Com
ele, podemos decorar nossa página com uma borda que 1 – Caixa de texto: insere caixas de texto pré-formata-
envolve vários tipos de desenhos. das. As caixas de texto são espaços próprios para inserção
Alguns desses desenhos podem ser formatados de textos que podem ser direcionados exatamente onde
com cores de linhas diferentes, outros, porém não permi- precisamos. Por exemplo, na figura “Grupo Texto”, os nú-
tem outras formatações a não ser o ajuste da largura. meros ao redor da figura, do 1 até o 7, foram adicionados
Podemos aplicar as formatações de bordas da página através de caixas de texto.
no documento todo ou apenas nas sessões que desejar- 2 – Partes rápidas: insere trechos de conteúdos reu-
mos, tendo assim um mesmo documento com bordas em tilizáveis, incluindo campos, propriedades de documentos
uma página, sem bordas em outras ou até mesmo bordas como autor ou quaisquer fragmentos de texto pré-forma-
de página diferentes em um mesmo documento. do.

26
INFORMÁTICA BÁSICA

3 – Linha de assinatura: insere uma linha que serve


como base para a assinatura de um documento.
4 – Data e hora: insere a data e a hora atuais no docu-
mento.
5 – Insere objeto: insere um objeto incorporado.
6 – Capitular: insere uma letra maiúscula grande no iní-
cio de cada parágrafo. É uma opção de formatação decora-
tiva, muito usada principalmente, em livros e revistas. Para
inserir a letra capitular, basta clicar no parágrafo desejado e
depois na opção “Letra Capitular”. Veja o exemplo:

Neste parágrafo foi inserida a letra capitular

Guia revisão:
Grupo revisão de texto:
Figura 39: Verificar ortografia e gramática
Figura 38: Grupo revisão de texto
A verificação ortográfica e gramatical do Word, já bus-
1 – Pesquisar: abre o painel de tarefas viabilizando pes- ca trechos do texto ou palavras que não se enquadrem
quisas em materiais de referência como jornais, enciclopé- no perfil de seus dicionários ou regras gramaticais e or-
dias e serviços de tradução. tográficas. Na parte de cima da janela “Verificar ortografia
2 – Dica de tela de tradução: pausando o cursor sobre e gramática”, aparecerá o trecho do texto ou palavra con-
algumas palavras é possível realizar sua tradução para ou- siderada inadequada. Em baixo, aparecerão as sugestões.
tro idioma. Caso esteja correto e a sugestão do Word não se aplique,
3 – Definir idioma: define o idioma usado para realizar podemos clicar em “Ignorar uma vez”; caso a regra apre-
a correção de ortografia e gramática. sentada esteja incorreta ou não se aplique ao trecho do
4 – Contar palavras: possibilita contar as palavras, os texto selecionado, podemos clicar em “Ignorar regra”; caso
caracteres, parágrafos e linhas de um documento. a sugestão do Word seja adequada, clicamos em “Alterar” e
5 – Dicionário de sinônimos: oferece a opção de alte- podemos continuar a verificação de ortografia e gramática
rar a palavra selecionada por outra de significado igual ou clicando no botão “Próxima sentença”.
semelhante.
6 – Traduzir: faz a tradução do texto selecionado para Se tivermos uma palavra sublinhada em vermelho, indi-
outro idioma. cando que o Word a considera incorreta, podemos apenas
7 – Ortografia e gramática: faz a correção ortográfica clicar com o botão direito do mouse sobre ela e verificar se
e gramatical do documento. Assim que clicamos na opção uma das sugestões propostas se enquadra.
“Ortografia e gramática”, a seguinte tela será aberta: Por exemplo, a palavra informática. Se clicarmos com
o botão direito do mouse sobre ela, um menu suspenso
nos será mostrado, nos dando a opção de escolher a pala-
vra informática. Clicando sobre ela, a palavra do texto será
substituída e o texto ficará correto.

Grupo comentário:

Novo comentário: adiciona um pequeno texto que ser-


ve como comentário do texto selecionado, onde é possível
realizar exclusão e navegação entre os comentários.

27
INFORMÁTICA BÁSICA

Grupo controle:

Figura 40: Grupo controle

1 – Controlar alterações: controla todas as alterações feitas no


documento como formatações, inclusões, exclusões e alterações.
2 – Balões: permite escolher a forma de visualizar as
alterações feitas no documento com balões no próprio do-
cumento ou na margem.
3 – Exibir para revisão: permite escolher a forma de exi-
bir as alterações aplicadas no documento.
4 – Mostrar marcações: permite escolher o tipo de mar-
cação a ser exibido ou ocultado no documento.
5 – Painel de revisão: mostra as revisões em uma tela
separada.

Grupo alterações:

Figura 42: Imprimir

As opções que temos antes de imprimir um arquivo


estão exibidas na imagem acima. Podemos escolher a im-
pressora, caso haja mais de uma instalada no computa-
dor ou na rede, configurar as propriedades da impressora,
podendo estipular se a impressão será em alta qualidade,
Figura 41: Grupo alterações econômica, tom de cinza, preto e branca, entre outras op-
ções.
1 – Rejeitar: rejeita a alteração atual e passa para a pró-
xima alteração proposta. Escolhemos também o intervalo de páginas, ou seja,
2 – Anterior: navega até a revisão anterior para que seja se desejamos imprimir todo o documento, apenas a pá-
aceita ou rejeitada. gina atual (página em que está o ponto de inserção), ou
3 – Próximo: navega até a próxima revisão para que um intervalo de páginas. Podemos determinar o número
possa ser rejeitada ou aceita. de cópias e a forma como as páginas sairão na impressão.
4 – Aceitar: aceita a alteração atual e continua a nave- Por exemplo, se forem duas cópias, determinamos se sai-
gação para aceitação ou rejeição. rão primeiro todas as páginas de número 1, depois as de
número 2, assim por diante, ou se desejamos que a segun-
Para imprimir nosso documento, basta clicar no botão da cópia só saia depois que todas as páginas da primeira
do Office e posicionar o mouse sobre o ícone “Imprimir”. forem impressas.
Este procedimento nos dará as seguintes opções:
- Imprimir – onde podemos selecionar uma impresso- Word 2013
ra, o número de cópias e outras opções de configuração
antes de imprimir. Vejamos abaixo alguns novos itens implementados na
- Impressão Rápida – envia o documento diretamente plataforma Word 2013:
para a impressora configurada como padrão e não abre Modo de leitura: o usuário que utiliza o software para a
opções de configuração. leitura de documentos perceberá rapidamente a diferença,
- Visualização da Impressão – promove a exibição do pois seu novo Modo de Leitura conta com um método que
documento na forma como ficará impresso, para que pos- abre o arquivo automaticamente no formato de tela cheia,
samos realizar alterações, caso necessário. ocultando as barras de ferramentas, edição e formatação.

28
INFORMÁTICA BÁSICA

Além de utilizar a setas do teclado (ou o toque do dedo nas telas sensíveis ao toque) para a troca e rolagem da página
durante a leitura, basta o usuário dar um duplo clique sobre uma imagem, tabela ou gráfico e o mesmo será ampliado,
facilitando sua visualização. Como se não bastasse, clicando com o botão direito do mouse sobre uma palavra desco-
nhecida, é possível ver sua definição através do dicionário integrado do Word.
Documentos em PDF: agora é possível editar um documento PDF no Word, sem necessitar recorrer ao Adobe Acro-
bat. Em seu novo formato, o Word é capaz de converter o arquivo em uma extensão padrão e, depois de editado, sal-
vá-lo novamente no formato original. Esta façanha, contudo, passou a ser de extensa utilização, pois o uso de arquivos
PDF está sendo cada vez mais corriqueiro no ambiente virtual.
Interação de maneira simplificada: o Word trata normalmente a colaboração de outras pessoas na criação de um
documento, ou seja, os comentários realizados neste, como se cada um fosse um novo tópico. Com o Word 2013 é
possível responder diretamente o comentário de outra pessoa clicando no ícone de uma folha, presente no campo de
leitura do mesmo. Esta interação de usuários, realizada através dos comentários, aparece em forma de pequenos balões
à margem documento.
Compartilhamento Online: compartilhar seus documentos com diversos usuários e até mesmo enviá-lo por e-mail
tornou-se um grande diferencial da nova plataforma Office 2013. O responsável por esta apresentação online é o Office
Presentation Service, porém, para isso, você precisa estar logado em uma Conta Microsoft para acessá-lo. Ao terminar
o arquivo, basta clicar em Arquivo / Compartilhar / Apresentar Online / Apresentar Online e o mesmo será enviado para
a nuvem e, com isso, você irá receber um link onde poderá compartilhá-lo também por e-mail, permitindo aos demais
usuários baixá-lo em formato PDF.
Ocultar títulos em um documento: apontado como uma dificuldade por grande parte dos usuários, a rolagem e
edição de determinadas partes de um arquivo muito extenso, com vários títulos, acabou de se tornar uma tarefa mais
fácil e menos desconfortável. O Word 2013 permite ocultar as seções e/ou títulos do documento, bastando os mesmos
estarem formatados no estilo Títulos (pré-definidos pelo Office). Ao posicionar o mouse sobre o título, é exibida uma
espécie de triângulo a sua esquerda, onde, ao ser clicado, o conteúdo referente a ele será ocultado, bastando repetir a
ação para o mesmo reaparecer.
Enfim, além destas novidades apresentadas existem outras tantas, como um layout totalmente modificado, focado
para a utilização do software em tablets e aparelhos com telas sensíveis ao toque. Esta nova plataforma, também, abre
um amplo leque para a adição de vídeos online e imagens ao documento. Contudo, como forma de assegurar toda esta
relação online de compartilhamento e boas novidades, a Microsoft adotou novos mecanismos de segurança para seus
aplicativos, retornando mais tranquilidade para seus usuários.
O grande trunfo do Office 2013 é sua integração com a nuvem. Do armazenamento de arquivos a redes sociais, os
softwares dessa versão são todos conectados. O ponto de encontro deles é o SkyDrive, o HD na internet da Microsoft. 
A tela de apresentação dos principais programas é ligada ao serviço, oferecendo opções de login, upload e download
de arquivos. Isso permite que um arquivo do Word, por exemplo, seja acessado em vários dispositivos com seu conteúdo
sincronizado. Até a página em que o documento foi fechado pode ser registrada. 
Da mesma maneira, é possível realizar trabalhos em conjunto entre vários usuários. Quem não tem o Office instalado
pode fazer edições na versão online do sistema. Esses e outros contatos podem ser reunidos no Outlook.
As redes sociais também estão disponíveis nos outros programas. É possível fazer buscas de imagens no Bing ou baixar
fotografias do Flickr, por exemplo. Outro serviço de conectividade é o SharePoint, que indica arquivos a serem acessados e
contatos a seguir baseado na atividade do usuário no Office.
O Office 365 é um novo jeito de usar os tão conhecidos softwares do pacote Office da Microsoft. Em vez de comprar
programas como Word, Excel ou PowerPoint, você agora pode fazer uma assinatura e desfrutar desses aplicativos e de
muitos outros no seu computador ou smartphone.
A assinatura ainda traz diversas outras vantagens, como 1 TB de armazenamento na nuvem com o OneDrive, minutos
Skype para fazer ligações para telefones fixos e acesso ao suporte técnico especialista da Microsoft. Tudo isso pagando
uma taxa mensal, o que você já faz para serviços essenciais para o seu dia a dia, como Netflix e Spotify. Porém, aqui estamos
falando da suíte de escritório indispensável para qualquer computador.

Veja abaixo as versões do Office 365

Figura 43: Versões Office 365

29
INFORMÁTICA BÁSICA

10.4. LibreOffice Writer


O LibreOffice (que se chamava BrOffice) é um software livre e de código aberto que foi desenvolvido tendo como base
o OpenOffice. Pode ser instalado em vários sistemas operacionais (Windows, Linux, Solaris, Unix e Mac OS X), ou seja, é
multiplataforma. Os aplicativos dessa suíte são:
• Writer - editor de texto;
• Calc - planilha eletrônica;
• Impress - editor de apresentações;
• Draw - ferramenta de desenho vetorial;
• Base - gerenciador de banco de dados;
• Math - editor de equações matemáticas.

- O LibreOffice trabalha com um formato de padrão aberto chamado Open Document Format for Office Applications
(ODF), que é um formato de arquivo baseado na linguagem XML. Os formatos para Writer, Calc e Impress utilizam o mesmo
“prefixo”, que é “od” de “Open Document”. Dessa forma, o que os diferencia é a última letra. Writer → .odt (Open Docu-
ment Text); Calc → .ods (Open Document Spreadsheet); e Impress → .odp (Open Document Presentations).
 
Em relação a interface com o usuário, o LibreOffice utiliza o conceito de menus para agrupar as funcionalidades do
aplicativo. Além disso, todos os aplicativos utilizam uma interface semelhante. Veja no exemplo abaixo o aplicativo Writer.
 

Figura 44: Tela do Libreoffice Writer

 
O LibreOffice permite que o usuário crie tarefas automatizadas que são conhecidas como macros (utilizando a lingua-
gem LibreOffice Basic). 
 
O Writer é o editor de texto do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odt (Open Document Text). As prin-
cipais teclas de atalho do Writer são:
 

30
INFORMÁTICA BÁSICA

 Figura 45: Atalhos Word x Writer

11. Utilização dos editores de planilhas (Microsoft Excel e LibreOffice Calc)

O Excel é uma poderosa planilha eletrônica para gerir e avaliar dados, realizar cálculos simples ou complexos e rastrear
informações. Ao abri-lo, é possível escolher entre iniciar a partir de documento em branco ou permitir que um modelo faça
a maior parte do trabalho por você.
Na tela inicial do Excel, são listados os últimos documentos editados (à esquerda), opção para criar novo documento
em branco e ainda, são sugeridos modelos para criação de novos documentos (ao centro).
Ao selecionar a opção de Pasta de Trabalho em Branco você será direcionado para a tela principal, composta pelos
elementos básicos apontados na figura 106, e descritos nos tópicos a seguir.

11.1. Excel 2003

No começo da sua vida, o Excel tornou-se alvo de um processo judicial de marca registrada por outra empresa que já
vendia um pacote de software chamado “Excel” na indústria financeira. Como resultado da disputa, a Microsoft foi solicitada
a se referir ao programa como “Microsoft Excel” em todas as press releases formais e documentos legais. Contudo, com o
passar do tempo, essa prática foi sendo ignorada, e a Microsoft resolveu a questão quando ela comprou a marca registrada
reservada ao outro programa. Ela também encorajou o uso das letras XL como abreviação para o programa; apesar dessa
prática não ser mais comum, o ícone do programa no Windows ainda é formado por uma combinação estilizada das duas
letras, e a extensão de arquivo do formato padrão do Excel até a versão 11 (Excel 2003) é .xls, sendo .xlsx a partir da versão
12, acompanhando a mudança nos formatos de arquivo dos aplicativos do Microsoft Office.
Foi a última versão ao modo antigo com menus e uma caixa de ferramenta fixa como podemos ver na Figura 46

31
INFORMÁTICA BÁSICA

 Figura 46: Tela Excel 2003

Uma inovação marcante do Excel 2003 são as células em forma de lista: com elas fica mais fácil analisar e gerenciar
dados relacionados, ordenando-os como preferir com um simples clique do mouse. Para transformar qualquer intervalo de
células em uma lista.

11.2. Excel 2007

Poder utilizar um formato XML padrão para o Office Excel 2007 foi uma das principais mudanças do Excel 2007, além
das mudanças visuais em relações as abas e os grupos de trabalho já citados na versão 2003 do Word
Esse novo formato é o novo formato de arquivo padrão do Office Excel 2007. O Office Excel 2007 usa as seguintes
extensões de nome de arquivo: *.xlsx, *.xlsm *.xlsb, *.xltx, *.xltm e *.xlam. A extensão de nome de arquivo padrão do Office
Excel 2007 é *.xlsx.
Essa alteração permite consideráveis melhoras em: interoperabilidade de dados, montagem de documentos, consulta
de documentos, acesso a dados em documentos, robustez, tamanho do arquivo, transparência e recursos de segurança.
O Excel 2007 permite que os usuários abram pastas de trabalho criadas em versões anteriores do Excel e trabalhem
com elas. Para converter essas pastas de trabalho para o novo formato XML, basta clicar no Botão do Microsoft Office e
clique em Converter Você pode também converter a pasta de trabalho clicando no Botão do Microsoft Office e em Salvar
Como – Pasta de Trabalho do Excel. Observe que o recurso Converter remove a versão anterior do arquivo, enquanto o
recurso Salvar Como deixa a versão anterior do arquivo e cria um arquivo separado para a nova versão.
As melhoras de interface que podem ser destacadas são:

• Economia de tempo, selecionando células, tabelas, gráficos e tabelas dinâmicas em galerias de estilos predefinidos.
• Visualização e alterações de formatação no documento antes de confirmar uma alteração ao usar as galerias de
formatação.
• Uso da formatação condicional para anotar visualmente os dados para fins analíticos e de apresentação.
• Alteração da aparência de tabelas e gráficos em toda a pasta de trabalho para coincidir com o esquema de estilo
ou a cor preferencial usando novos Estilos Rápidos e Temas de Documento.
• Criação de um tema próprio para aplicar de forma consistente as fontes e cores que refletem a marca da empresa
que atua.
• Novos recursos de gráfico que incluem formas tridimensionais, transparência, sombras projetadas e outros efeitos.

Em relação a usabilidade as fórmulas passaram a ser redimensionáveis, sendo possível escrever mais fórmulas com mais
níveis de aninhamento do que nas versões anteriores.

32
INFORMÁTICA BÁSICA

Passou a existir o preenchimento automático de fórmula, auxiliando muito com as sintaxes, as referências
estruturadas: além de referências de célula, como A1 e L1C1, o Office Excel 2007 fornece referências estrutu-
radas que fazem referência a intervalos nomeados e tabelas em uma fórmula.
Acesso fácil aos intervalos nomeados: usando o gerenciador de nomes do Office Excel 2007, podendo or-
ganizar, atualizar e gerenciar vários intervalos nomeados em um local central, as tabelas dinâmicas são muito
mais fáceis de usar do que nas versões anteriores.
Além do modo de exibição normal e do modo de visualização de quebra de página, o Office Excel 2007
oferece uma exibição de layout de página para uma melhor experiência de impressão.
A classificação e a filtragem aprimoradas que permitem filtrar dados por cores ou datas, exibir mais de 1.000
itens na lista suspensa Filtro Automático, selecionar vários itens a filtrar e filtrar dados em tabelas dinâmicas.
O Excel 2007 tem um tamanho maior que permite mais de 16.000 colunas e 1 milhão de linhas por planilha,
o número de referências de célula aumentou de 8.000 para o que a memória suportar, isso ocorre porque o
gerenciamento de memória foi aumentado de 1 GB de memória no Microsoft Excel 2003 para 2 GB no Excel
2007, permitindo cálculos em planilhas grandes e com muitas fórmulas, oferecendo inclusive o suporte a vá-
rios processadores e chipsets multithread.

1 1 . 3 . E xc e l 2 0 1 0 , 2 0 1 3 e d e t a l h e s g e r a i s

  F i g u r a 4 7 : Te l a P r i n c i p a l d o E x c e l 2 0 1 3

Barra de Títulos:

A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da pasta de trabalho na janela. Ao iniciar
o programa aparece Pasta 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

33
INFORMÁTICA BÁSICA

Faixa de Opções:

Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções. Os coman-
dos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade e, para
melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

 Figura 48: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido:

A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela e pode ser configurada com os botões de
sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

 Figura 49: Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Adicionando e Removendo Componentes:

Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas de acesso rápido podemos clicar com o botão
direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será exibida uma janela com a opção de Adicionar à
Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.

Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. Na janela apre-
sentada temos várias opções para personalizar a barra, além da opção Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os
comandos do Excel.

 Figura 50: Adicionando componentes à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

34
INFORMÁTICA BÁSICA

Para remoção do componente, selecione-o, clique com o botão direito do mouse e escolha Remover da Barra de Fer-
ramentas de Acesso Rápido.

Barra de Status:

Localizada na parte inferior da tela, a barra de status exibe mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas.
Nela encontramos o recurso de Zoom e os botões de “Modos de Exibição”.

 Figura 51: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela podemos
ativar ou desativar vários componentes de visualização.

 Figura 52: Personalizar Barra de Status

Barras de Rolagem: Nos lados direito e inferior da região de texto estão as barras de rolagem. Clique nas setas para
cima ou para baixo para mover a tela verticalmente, ou para a direita e para a esquerda para mover a tela horizontalmente,
e assim poder visualizar toda a sua planilha.

Planilha de Cálculo: A área quadriculada representa uma planilha de cálculos, onde você fará a inserção de dados e
fórmulas para colher os resultados desejados.
Uma planilha é formada por linhas, colunas e células. As linhas são numeradas (1, 2, 3, etc.) e as colunas nomeadas com
letras (A, B, C, etc.).

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INFORMÁTICA BÁSICA

 Figura 53: Planilha de Cálculo

Cabeçalho de Coluna: Cada coluna tem um cabeçalho, que contém a letra que a identifica. Ao clicar na letra, toda a
coluna é selecionada.

 Figura 54: Seleção de Coluna

Ao dar um clique com o botão direito do mouse sobre o cabeçalho de uma coluna, aparecerá o menu pop-up, onde as
opções deste menu são as seguintes:

-Formatação rápida: a caixa de formatação rápida permite escolher a formatação de fonte e formato de dados, bem
como mesclagem das células (será abordado mais detalhadamente adiante).
-Recortar: copia toda a coluna para a área de transferência, para que possa ser colada em outro local determinado e,
após colada, essa coluna é excluída do local de origem.
-Copiar: copia toda a coluna para a área de transferência, para que possa ser colada em outro local determinado.
-Opções de Colagem: mostra as diversas opções de itens que estão na área de transferência e que tenham sido recor-
tadas ou copiadas.
-Colar especial: permite definir formatos específicos na colagem de dados, sobretudo copiados de outros aplicativos.
-Inserir: insere uma coluna em branco, exatamente antes da coluna selecionada.
-Excluir: exclui toda a coluna selecionada, inclusive os dados nela contidos e sua formatação.
-Limpar conteúdo: apenas limpa os dados de toda a coluna, mantendo a formatação das células.
-Formatar células: permite escolher entre diversas opções para fazer a formatar as células (será visto detalhadamente
adiante).
-Largura da coluna: permite definir o tamanho da coluna selecionada.
-Ocultar: oculta a coluna selecionada. Muitas vezes uma coluna é utilizada para fazer determinados cálculos, necessá-
rios para a totalização geral, mas desnecessários na visualização. Neste caso, utiliza-se esse recurso.
-Re-exibir: reexibe colunas ocultas.

Cabeçalho de Linha: Cada linha tem também um cabeçalho, que contém o número que a identifica. Clicando no ca-
beçalho de uma linha, esta ficará selecionada.

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INFORMÁTICA BÁSICA

 Figura 55: Cabeçalho de linha

Célula: As células, são as combinações entre linha e colunas. Por exemplo, na coluna A, linha 1, temos a célula A1. Na
Caixa de Nome, aparecerá a célula onde se encontra o cursor.

Sendo assim, as células são representadas como mostra a tabela:

 Figura 56: Representação das Células

Caixa de Nome: Você pode visualizar a célula na qual o cursor está posicionado através da Caixa de Nome, ou, ao
contrário, pode clicar com o mouse nesta caixa e digitar o endereço da célula em que deseja posicionar o cursor. Após dar
um “Enter”, o cursor será automaticamente posicionado na célula desejada.

Guias de Planilhas: Em versões anteriores do Excel, ao abrir uma nova pasta de trabalho no Excel, três planilhas já
eram criadas: Plan1, Plan2 e Plan3. Nesta versão, somente uma planilha é criada, e você poderá criar outras, se necessitar.

Para criar nova planilha dentro da pasta de trabalho, clique no sinal + ( ). Para alternar entre as
planilhas, basta clicar sobre a guia, na planilha que deseja trabalhar.

Você verá, no decorrer desta lição, como podemos cruzar dados entre planilhas e até mesmo entre pastas de trabalho
diferentes, utilizando as guias de planilhas.

Ao posicionar o mouse sobre qualquer uma das planilhas existentes e clicar com o botão direito aparecerá um menu
pop up.

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INFORMÁTICA BÁSICA

 Figura 57: Menu Planilhas

As funções deste menu são as seguintes:


-Inserir: insere uma nova planilha exatamente antes da planilha selecionada.
-Excluir: exclui a planilha selecionada e os dados que ela contém.
-Renomear: renomeia a planilha selecionada.
-Mover ou copiar: você pode mover a planilha para outra posição, ou mesmo criar uma cópia da planilha com todos
os dados nela contidos.
-Proteger Planilha: para impedir que, por acidente ou deliberadamente, um usuário altere, mova ou exclua dados im-
portantes de planilhas ou pastas de trabalho, você pode proteger determinados elementos da planilha (planilha: o principal
documento usado no Excel para armazenar e trabalhar com dados, também chamado planilha eletrônica. Uma planilha
consiste em células organizadas em colunas e linhas; ela é sempre armazenada em uma pasta de trabalho.)ou da pasta de
trabalho, com ou sem senha (senha: uma forma de restringir o acesso a uma pasta de trabalho, planilha ou parte de uma
planilha. As senhas do Excel podem ter até 255 letras, números, espaços e símbolos. É necessário digitar as letras maiúscu-
las e minúsculas corretamente ao definir e digitar senhas.). É possível remover a proteção da planilha, quando necessário.
-Exibir código: pode-se criar códigos de programação em VBA (Visual Basic for Aplications) e vincular às guias de pla-
nilhas (trata-se de tópico de programação avançada, que não é o objetivo desta lição, portanto, não será abordado).
-Cor da guia: muda a cor das guias de planilhas.
-Ocultar/Re-exibir: oculta/reexibe uma planilha.
-Selecionar todas as planilhas: cria uma seleção em todas as planilhas para que possam ser configuradas e impressas
juntamente.

Selecionar Tudo: Clicando-se na caixa Selecionar tudo, todas as células da planilha ativa serão selecionadas.

 Figura 58: Caixa Selecionar Tudo

Barra de Fórmulas: Na barra de fórmulas são digitadas as fórmulas que efetuarão os cálculos.
A principal função do Excel é facilitar os cálculos com o uso de suas fórmulas. A partir de agora, estudaremos várias de
suas fórmulas. Para iniciar, vamos ter em mente que, para qualquer fórmula que será inserida em uma célula, temos que ter

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INFORMÁTICA BÁSICA

sinal de “=” no seu início. Esse sinal, oferece uma entrada Dividir: Para realizarmos a divisão, procedemos de for-
no Excel que o faz diferenciar textos ou números comuns ma semelhante à subtração e multiplicação. Clicamos no
de uma fórmula. primeiro número, digitamos o sinal de divisão que, para o
Excel é a “/” barra, e depois, clicamos no último valor. No
Somar: Se tivermos uma sequência de dados numé- próximo exemplo, usaremos a fórmula =B3/B2.
ricos e quisermos realizar a sua soma, temos as seguin-
tes formas de fazê-lo: Máximo: Mostra o maior valor em um intervalo de
células selecionadas. Na figura a seguir, iremos calcular a
maior idade digitada no intervalo de células de A2 até A5.
A função digitada será = máximo(A2:A5).
Onde: “= máximo” – é o início da função; (A2:A5) – re-
fere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver qual
é o maior valor. No caso a resposta seria 10.

 Figura 59: Soma simples Mínimo: Mostra o menor valor existente em um inter-
valo de células selecionadas.
Usamos, nesse exemplo, a fórmula =B2+B3+B4. Na figura a seguir, calcularemos o menor salário digi-
Após o sinal de “=” (igual), clicar em uma das células, tado no intervalo de A2 até A5. A função digitada será =
digitar o sinal de “+” (mais) e continuar essa sequência mínimo (A2:A5).
até o último valor. Onde: “= mínimo” – é o início da função; (A2:A5) – refe-
Após a sequência de células a serem somadas, clicar re-se ao endereço dos valores onde você deseja ver qual é
no ícone soma, ou usar as teclas de atalho Alt+=. o maior valor. No caso a resposta seria R$ 622,00.
A última forma que veremos é a função soma digi-
tada. Vale ressaltar que, para toda função, um início é Média: A função da média soma os valores de uma
fundamental: sequência selecionada e divide pela quantidade de valores
dessa sequência.
= nome da função ( Na figura a seguir, foi calculada a média das alturas de
quatro pessoas, usando a função = média (A2:A4)
Foi digitado “= média (”, depois, foram selecionados os
1 - Sinal de igual. valores das células de A2 até A5. Quando a tecla Enter for
2 – Nome da função. pressionada, o resultado será automaticamente colocado
3 – Abrir parênteses. na célula A6.
Todas as funções, quando um de seus itens for
Após essa sequência, o Excel mostrará um pequeno alterado, recalculam o valor final.
lembrete sobre a função que iremos usar, onde é possí-
vel clicar e obter ajuda, também. Usaremos, no exemplo Data: Esta fórmula insere a data automática em uma
a seguir, a função = soma(B2:B4). planilha.
Lembre-se, basta colocar o a célula que contém o
primeiro valor, em seguida o dois pontos (:) e por último
a célula que contém o último valor.

Subtrair: A subtração será feita sempre entre dois


valores, por isso não precisamos de uma função espe-
cífica.
Tendo dois valores em células diferentes, podemos Figura 60: Exemplo função hoje
apenas clicar na primeira, digitar o sinal de “-” (menos)
e depois clicar na segunda célula. Usamos na figura a Na célula C1 está sendo mostrado o resultado da fun-
seguir a fórmula = B2-B3. ção =hoje(), que aparece na barra de fórmulas.
Multiplicar: Para realizarmos a multiplicação, pro-
cedemos de forma semelhante à subtração. Clicamos Inteiro: Com essa função podemos obter o valor intei-
no primeiro número, digitamos o sinal de multiplicação ro de uma fração. A função a ser digitada é =int(A2). Lem-
que, para o Excel é o “*” asterisco, e depois, clicamos no bramos que A2 é a célula escolhida e varia de acordo com
último valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula a célula a ser selecionada na planilha trabalhada.
=B2*B3.
Outra forma de realizar a multiplicação é através da Arredondar para cima: Com essa função, é possível
seguinte função: arredondar um número com casas decimais para o número
=mult(B2;c2) multiplica o valor da célula B2 pelo mais distante de zero.
valor da célula C2. Sua sintaxe é: = ARREDONDAR.PARA.CIMA(núm;núm_
dígitos)

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INFORMÁTICA BÁSICA

Onde:
Núm: é qualquer número real que se deseja arredondar.
Núm_dígitos: é o número de dígitos para o qual se deseja arredondar núm.

Figura 61: Início da função arredondar para cima

Veja na figura, que quando digitamos a parte inicial da função, o Excel nos mostra que temos que selecionar o num,
ou seja, a célula que desejamos arredondar e, depois do “;” (ponto e vírgula), digitar a quantidade de dígitos para a qual
queremos arredondar.
Na próxima figura, para efeito de entendimento, deixaremos as funções aparentes, e os resultados dispostos na coluna
C:
A função Arredondar.para.Baixo segue exatamente o mesmo conceito.

Resto: Com essa função podemos obter o resto de uma divisão. Sua sintaxe é a seguinte:
= mod (núm;divisor)
Onde:
Núm: é o número para o qual desejamos encontrar o resto.
divisor: é o número pelo qual desejamos dividir o número.

Figura 62: Exemplo de digitação da função MOD

Os valores do exemplo a cima serão, respectivamente: 1,5 e 1.

Valor Absoluto: Com essa função podemos obter o valor absoluto de um número. O valor absoluto, é o número sem
o sinal. A sintaxe da função é a seguinte:
=abs(núm)
Onde: aBs(núm)
Núm: é o número real cujo valor absoluto você deseja obter.

Figura 63: Exemplo função abs

Dias 360: Retorna o número de dias entre duas datas com base em um ano de 360 dias (doze meses de 30 dias). Sua
sintaxe é:
= DIAS360(data_inicial;data_final)
Onde:
data_inicial = a data de início de contagem.
Data_final = a data a qual quer se chegar.
No exemplo a seguir, vamos ver quantos dias faltam para chegar até a data de 14/06/2018, tendo como data inicial o
dia 05/03/2018. A função utilizada será =dias360(A2;B2)

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INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 64: Exemplo função dias360

Vamos usar a Figura abaixo para explicar as próximas funções (Se, SomaSe, Cont.Se)

Figura 65: Exemplo (Se, SomaSe, Cont.se)

Função SE: O SE é uma função condicional, ou seja, verifica SE uma condição é verdadeira ou falsa.

A sintaxe desra função é a seguinte:


=SE(teste_lógico;“valor_se_verdadeiro”;“valor_se_falso”)
=: Significa a chamada para uma fórmula/função
SE: função SE
teste_lógico: a pergunta a qual se deseja ter resposta
“valor_se_verdadeiro”: se a resposta da pergunta for verdadeira, define o resultado “valor_se_falso” se a resposta da
pergunta for falsa, define o resultado
Usando a planilha acima como exemplo, na coluna ‘E’ queremos colocar uma mensagem se o funcionário recebe um
salário igual ou acima do valor mínimo R$ 724,00 ou abaixo do valor mínimo determinado em R$724,00.

Assim, temos a condição:

SE VALOR DE C3 FOR MAIOR OU IGUAL a 724, então ESCREVA “ACIMA”, senão ESCREVA “ABAIXO” MOSTRA O RE-
SULTADO NA CÉLULA E3

Traduzindo a condição em variáveis teremos:

Resultado: será mostrado na célula C3, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Teste lógico: C3>=724
Valor_se_verdadeiro: “Acima”

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INFORMÁTICA BÁSICA

Valor_se_falso: “Abaixo” Traduzindo a condição em variáveis teremos:

Assim, com o cursor na célula E3, digitamos: Resultado: será mostrado na célula D17, portanto é
=SE(C3>=724;”Acima”;”Abaixo”) onde devemos digitar a fórmula
Para cada uma das linhas, podemos copiar e colar as Intervalo para análise: C3:C10
fórmulas, e o Excel, inteligentemente, acertará as linhas e Critério: “FEMININO”
colunas nas células. Nossas fórmulas ficarão assim: Intervalo para soma: D3:D10
E4 =SE(C4>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E5 =SE(C5>=724;”Acima”;”Abaixo”) Assim, com o cursor na célula D17, digitamos:
E6 =SE(C6>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E7 =SE(C7>=724;”Acima”;”Abaixo”) =SomaSE(D3:D10;”feminino”;C3:C10)
E8 =SE(C8>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E9 =SE(C9>=724;”Acima”;”Abaixo”) Função CONT.SE: O CONT.SE é uma função de con-
E10 =SE(C10>=724;”Acima”;”Abaixo”) tagem condicionada, ou seja, CONTA a quantidade de re-
gistros, SE determinada condição for verdadeira. A sintaxe
Função SomaSE: A SomaSE é uma função de soma desta função é a seguinte:
condicionada, ou seja, SOMA os valores, SE determinada
condição for verdadeira. A sintaxe desta função é a seguin- =CONT.SE(intervalo;“critérios”)
te:
= : significa a chamada para uma fórmula/função
=SomaSe(intervalo;“critérios”;intervalo_soma) CONT.SE: chamada para a função CONT.SE
intervalo: intervalo de células onde será feita a análise
=Significa a chamada para uma fórmula/função dos dados
SomaSe: função SOMASE “critérios”: critérios a serem avaliados nas células do
intervalo: Intervalo de células onde será feita a análise “intervalo”
dos dados
“critérios”: critérios (sempre entre aspas) a serem ava- Usando a planilha acima como exemplo, queremos
liados a fim de chegar à condição verdadeira saber quantas pessoas ganham R$ 1200,00 ou mais, e
intervalo_soma: Intervalo de células onde será verifi- mostrar o resultado na célula D14, e quantas ganham
cada a condição para soma dos valores abaixo de R$1.200,00 e mostrar o resultado na célula D15.
Para isso precisamos criar a seguinte condição:
Exemplo: usando a planilha acima, queremos somar
os salários de todos os funcionários HOMENS e mostrar R$ 1200,00 ou MAIS:
o resultado na célula D16. E também queremos somar os SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MAIOR
salários das funcionárias mulheres e mostrar o resultado na OU IGUAL A 1200, ENTÃO
célula D17. Para isso precisamos criar a seguinte condição: CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D14
HOMENS:
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MASCULI- Traduzindo a condição em variáveis teremos:
NO, ENTÃO
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO Resultado: será mostrado na célula D14, portanto é
INTERVALO D3 ATÉ D10 onde devemos digitar a fórmula
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D16 Intervalo para análise: C3:C10
Critério: >=1200
Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Assim, com o cursor na célula D14, digitamos:
Resultado: será mostrado na célula D16, portanto é
onde devemos digitar a fórmula =CONT.SE(C3:C10;”>=1200”)
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: “MASCULINO” MENOS DE R$ 1200,00:
Intervalo para soma: D3:D10 SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR ME-
Assim, com o cursor na célula D16, digitamos: NOR QUE 1200, ENTÃO
=SOMASE(D3:D10;”masculino”;C3:C10) CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
MULHERES: MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D15
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR FEMINI-
NO, ENTÃO Traduzindo a condição em variáveis teremos:
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO IN-
TERVALO D3 ATÉ D10 Resultado: será mostrado na célula D15, portanto é
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D17 onde devemos digitar a fórmula

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INFORMÁTICA BÁSICA

Intervalo para análise: C3:C10


Critério: <1200

Assim, com o cursor na célula D15, digitamos:

=CONT.SE(C3:C10;”<1200”)

Observações: fique atento com o > (maior) e < (menor), >= (maior ou igual) e <=(menor ou igual). Se tivéssemos
determinado a contagem de valores >1200 (maior que 1200) e <1200 (menor que 1200), o valor =1200 (igual a 1200) não
entraria na contagem.

Formatação de Células: Ao observar a planilha abaixo, fica claro que não é uma planilha bem formatada, vamos
deixar ela de uma maneira mais agradável.

Figura 66: Planilha sem Formatação

Vamos utilizar os 3(três) passos apontados na Figura abaixo:

Figura 67: Formatando a planilha

O primeiro passo é mesclar e centralizar o título, para isso utilizamos o botão Mesclar e Centralizar , entre outras opções
de alinhamento, como centralizar, direção do texto, entre outras.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 68: Formatando a planilha (Passo 1)

Em seguida, vamos colocar uma borda no texto digitado, vamos escolher a opção “Todas as bordas”, podemos mudar
o título para negrito, mudar a cor do fundo e/ou de uma fonte, basta selecionar a(s) célula(s) e escolher as formatações.

Figura 69: Formatando a planilha (Passo 2)

Para finalizar essa etapa vamos formatar a coluna C para moeda, que é o caso desse exemplo, porém pode ser realizado
vários outros tipos de formatação, como, porcentagem, data, hora, científico, basta clicar no dropbox onde está escrito geral
e escolher.

Figura 70: Formatando a planilha (Passo 3)

O resultado final nos traz uma planilha muito mais agradável e de fácil entendimento:

Figura 71: Planilha Formatada

Ordenando os dados: Você pode digitar os dados em qualquer ordem, pois o Excel possui uma ferramenta muito
útil para ordenar os dados.
Ao clicar neste botão, você tem as opções para classificar de A a Z (ordem crescente), de Z a A (ordem decrescente) ou
classificação personalizada.
Para ordenar seus dados, basta clicar em uma célula da coluna que deseja ordenar, e selecionar a classificação crescente
ou decrescente. Mas cuidado! Se você selecionar uma coluna inteira, nas versões mais antigas do Excel, você irá classificar
os dados dessa coluna, mas vai manter os dados das outras colunas onde estão. Ou seja, seus dados ficarão alterados. Nas
versões mais novas, ele fará a pergunta, se deseja expandir a seleção e dessa forma, fazer a classificação dos dados junto
com a coluna de origem, ou se deseja manter a seleção e classificar somente a coluna selecionada.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Filtrando os dados: Ainda no botão temos a opção FILTRO. Ao selecionar esse botão, cada uma das colunas da nos-
sa planilha irá abrir uma seta para fazer a seleção dos dados que desejamos visualizar. Assim, podemos filtrar e visualizar
somente os dados do mês de Janeiro ou então somente os gastos com contas de consumo, por exemplo.

Grupo ferramentas de dados:


- Texto para colunas: separa o conteúdo de uma célula do Excel em colunas separadas.
- Remover duplicatas: exclui linhas duplicadas de uma planilha - Validação de dados: permite especificar valores invá-
lidos para uma planilha. Por exemplo, podemos especificar que a planilha não aceitará receber valores menores que 10.
- Consolidar: combina valores de vários intervalos em um novo intervalo.
- Teste de hipóteses: testa diversos valores para a fórmula na planilha.

Gráficos: Outra forma interessante de analisar os dados é utilizando gráficos. O Excel monta os gráficos rapidamente
e é muito fácil. Na Guia Inserir da Faixa de Opções, temos diversas opções de gráficos que podem ser utilizados.

Figura 72: Gráficos

Utilizando a planilha da Concessionária Grupo Nova, teremos o seguinte gráfico escolhido:

Figura 73: Gráfico de Colunas – 3D

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INFORMÁTICA BÁSICA

Redimensione o gráfico clicando com o mouse nas bordas para aumentar de tamanho. Reposicione o gráfico na pá-
gina, clicando nas linhas e arrastando até o local desejado.
Importante mencionar que o conceito do Excel 365 é o mesmo apontado no Word, ou seja, fazem parte do Office
365, que podem ser comprados conforme figura 39.

11.4. LibreOffice Calc

O Calc é o software de planilha eletrônica do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .ods (Open Docu-
ment Spreadsheet). 
O Calc trabalha de modo semelhante ao Excel no que se refere ao uso de fórmulas. Ou seja, uma fórmula é iniciada
pelo sinal de igual (=) e seguido por uma sequência de valores, referências a células, operadores e funções.
Algumas diferenças entre o Calc e o Excel:
Para fazer referência a uma interseção no Calc, utiliza-se o sinal de exclamação (!). Por exemplo, “B2:C4!C3:C6” retor-
nará a C3 e C4 (interseção entre os dois intervalos). No Excel, isso é feito usando um espaço em branco (B2:C4 C3:C6).

Figura 74: Exemplo de Operação no Calc

 Para fazer referência a uma célula que esteja em outra planilha, na mesma pasta de trabalho, digite “nome_da_plani-
lha + . + célula. Por exemplo, “Plan2.A1” faz referência a célula A1 da planilha chamada Plan2. No Excel, isso é feito usan-
do o sinal de exclamação ! (Plan2!A1).

 Menus do Calc
Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF.
Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substituir,
Cortar, Copiar e Colar.
Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Tela Inteira e Navegador.
Inserir - contém comandos para inserção de novos elementos no documento como células, linhas, colunas, planilhas,
gráficos.
Formatar - contém comandos para formatar células selecionadas, objetos e o conteúdo das células no documento.
Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Atingir meta, Rastrear erro, etc.
Dados - contém comandos para editar os dados de uma planilha. É possível classificar, utilizar filtros, validar, etc.
Janela - contém comandos para manipular e exibir janelas no documento.
Ajuda - permite acessar o sistema de ajuda do LibreOffice.

12. Utilização do Microsoft PowerPoint.

12.1. PowerPoint 2003

Na tela do PowerPoint 2003 o usuário tem a sua disposição: - barra de título, barra de menu, barra de ferramenta, pai-
nel de anotações, painel do slide, barra de status, painel de estrutura de tópicos. Confira a tela do PowerPoint na figura 75:

46
INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 75: Tela do PowerPoint 2003

1- Aqui aparecerá o título do PowerPoint e o nome da apresentação que está sendo editada. Caso o arquivo não
tenha nome, aparecerá o nome e o número das apresentações, como no exemplo da figura acima apresentação 1.
2- Esta é a principal ferramenta do PowerPoint, nela você encontrará vários menus. Para acessá-los é só clicar sobre a
mesma, ou através do teclado pressionando a tecla ALT junto coma letra do nome do comando no referido menu. Exemplo:
para acessar o menu arquivo, pressione ALT e a letra A que se encontra sublinhada
3- A barra de ferramentas possui vários botões que servem para acelerar a execução de alguns recursos do Power-
Point
4- Este é o local de trabalho no qual o texto é digitado.
5- Este painel permite adicionar anotações ou informações e até mesmo, elementos gráficos que você deseja com-
partilhar com o público.
6- Com este painel você poderá organizar e desenvolver o conteúdo da apresentação, assim, inserir fotos, desenhos,
clip-arts e muito mais, para que sua apresentação seja mostrada da melhor maneira. Você só tem a ganhar com os recursos
que o PowerPoint dispõe, principalmente para apresentação de trabalhos escolares e trabalhos pessoais.
7- Esta fornece o número de slides, o tipo de visualização e o idioma.
Como existiu a mudança de formato, a versão 2003 foi a última a ser PPT, para poder abrir apresentações feitas na
versão 2007 ou superior, você pode baixar o pacote de compatibilidade do Microsoft gratuitos para Word, Excel e Power-
Point. Seus conversores ajudam que seja possível abrir, editar e salvar uma apresentação que você criou em versões mais
recentes do Office.
Depois que você instalar as atualizações e conversores, todas as apresentações de versões do PowerPoint mais recentes
que 2003 são convertidos automaticamente quando você abri-los, para que você possa editar e salvá-los.

12.2. PowerPoint 2007

A versão 2007 passa a ter o formato PPTX, diferente das anteriores que eram PPT, essa nova versão lida muito melhor
com vídeos e imagens. Um documento em branco do PowerPoint 2003 (formato PPT) apenas com uma imagem de 1 MB
chega a ocupar 5 MB, já no formato PPTX, este mesmo arquivo ocupa cerca de 1,1 MB.

47
INFORMÁTICA BÁSICA

O PowerPoint 2007 trouxe uma importante opção que se encarrega de compactar imagens automaticamente a fim de
reduzir o tamanho total do documento. Para tal, abra a aba Formatar do programa e clique na opção Compactar Imagens.
Neste momento o usuário escolhe se deseja compactar uma única imagem da apresentação ou se pretende aplicar o
efeito a todas as figuras. Clique em Opções para acessar escolher o nível de qualidade e compactação das imagens de seu
arquivo, além disso foi possível começar a tratar imagens.
O PowerPoint 2007 passou a oferecer mais gráficos tridimensionais, permitindo apresentações com melhor visual, diferentemente do seu
antecessor 2003, PowerPoint 2007 utiliza o Microsoft Office Fluent interface de usuário (UI). Esta UI categoriza grupos e guias relacionados, tor-
nando mais fácil para os usuários a encontrar os comandos e recursos do PowerPoint . Além disso, a Fluent UI inclui uma função de visualização
ao vivo , para rever alterações de formatação antes de finalizá-los , bem como galerias de efeitos pré- definidos, layouts , temas e “Estilos Rápidos”. 
Os temas do PowerPoint 2007 possuem características de “Estilos Rápidos”, estilos esses que não existem no Power-
Point 2003, com o PowerPoint 2003, a formatação de um documento exige a escolha de estilo e opções de cores para
gráficos, textos, fundos e até mesmo tabelas.
A versão 2007 do PowerPoint 2007 possuem opções de compartilhamentos mais flexíveis do que as de seu antecessor
de 2003. Um exemplo claro disso é que na versão 2007 os usuários podem acessar o Microsoft Office SharePoint Server
2007 para integrar as apresentações com o Outlook 2007, bem como o compartilhamento de apresentações utilizando o
que chamamos de “Bibliotecas de Slides”.
Em relação as tabelas e gráficos, ao contrário do PowerPoint 2003, a versão 2007 armazena as informações dos gráficos
no Excel 2007, ao invés de armazenar esses dados em folhas de dados do gráfico.

12.3. PowerPoint 2010, 2013 e detalhes gerais

Na tela inicial do PowerPoint, são listadas as últimas apresentações editadas (à esquerda), opção para criar nova apre-
sentação em branco e ainda, são sugeridos modelos para criação de novas apresentações (ao centro).
Ao selecionar a opção de Apresentação em Branco você será direcionado para a tela principal, composta pelos elemen-
tos básicos apontados na figura abaixo, e descritos nos tópicos a seguir.

Figura 76: Tela Principal do PowerPoint 2013

48
INFORMÁTICA BÁSICA

Barra de Títulos: A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da apresentação na janela. Ao iniciar
o programa aparece Apresentação 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções:Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de
Opções. Os comandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de
atividade e, para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Figura 77: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido: A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela
e pode ser configurada com os botões de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

Adicionando e Removendo Componentes: Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas de
acesso rápido podemos clicar com o botão direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será exibi-
da uma janela com a opção de Adicionar à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.

Figura 78: Adicionando itens à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. É aberto o menu
Personalizar Barra de Ferramentas de Acesso Rápido, que apresenta várias opções para personalizar a barra, além da opção
Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do PowerPoint.
Para remoção do componente, no mesmo menu selecione-o. Se preferir, clique com o botão direito do mouse sobre o
ícone que deseja remover e escolha Remover da Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.

Barra de Status: Localizada na parte inferior da tela, a barra de status permite incluir anotações e comentários na sua
apresentação, mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom e os
botões de ‘Modos de Exibição’.

Figura 79: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela podemos
ativar ou desativar vários componentes de visualização.
Durante uma apresentação, os slides do PowerPoint vão sendo projetados no monitor do computador, lembrando os
antigos slides fotográficos.
O apresentador pode inserir anotações, observações importantes, que deverão ser abordadas durante a apresentação.
Estas anotações serão visualizadas somente pelo apresentador quando, durante a apresentação, for selecionado o Modo
de Exibição do Apresentador (basta clicar com o botão direito do mouse e selecionar esta opção durante a apresentação).

49
INFORMÁTICA BÁSICA

Modelos e Temas Online: Algumas vezes parece impossível iniciar uma apresentação. Você nem mesmo sabe como
começar. Nestas situações pode-se usar os modelos prontos, que fornecem sugestões para que você possa iniciar a criação
de sua apresentação. A versão PowerPoint 2013 traz vários modelos disponíveis online divididos por temas (é necessário
estar conectado à internet).

Figura 80: Modelos e temas online

Para utilizar um modelo pronto, selecione um tema. Em nosso exemplo, vamos selecionar ‘Negócios’. Aparecerão vários
modelos prontos que podem ser utilizados para a criação de sua apresentação, conforme mostra a figura abaixo.

Figura 81: Apresentações Modelo ‘Negócios’

Procure conhecer os modelos, clicando sobre eles. Utilize as barras de rolagem para rolar a tela, visualizar as possi-
bilidades, e possivelmente escolher um modelo, dentre as inúmeras possibilidades fornecidas, para criar apresentações
profissionais com muita agilidade.
Ao escolher um modelo, clique no botão ‘Criar’ e aguarde o download do arquivo. Será criado um novo arquivo em
seu computador, que você poderá salvar onde quiser. A partir daí, basta customizar os dados e utilizá-lo como SUA APRE-
SENTAÇÃO.
Tanto o layout como o padrão de formatação de fontes, poderão ser alterados em qualquer momento, para atender
às suas necessidades.

Apresentação de Slides:

Antes de começarmos a trabalhar em um novo slide, ou nova apresentação, vamos entender um pouco melhor como
funciona uma apresentação. Escolha um modelo pronto qualquer, faça o download, e inicie a apresentação, assim:

50
INFORMÁTICA BÁSICA

Na barra ‘Modos de exibição de slides’, localizada na barra de status, clique no botão ‘Modo de Apresentação de Slides’.
Dê cliques com o mouse para seguir ao próximo slide. Ao clicar na apresentação, são exibidos botões de navegação,
que permitem que você siga para o próximo slide ou volte ao anterior, conforme mostrado abaixo. Além dos botões de
navegação você também conta com outras ferramentas durante sua apresentação.

Figura 82: Botões de Navegação e Outras Ferramentas

Exibição de Slides:Vamos agora começar a personalizar nossa apresentação, tendo como base o modelo criado. Se
ainda estiver com uma apresentação aberta, termine a apresentação, retornando à estrutura. Clique, na faixa de opções, no
menu ‘EXIBIÇÃO’.

Alternando entre os Modos de Exibição

Modo Normal: No modo de exibição ‘Normal’, você trabalha em um slide de cada vez e pode organizar a estrutura
de todos os slides da apresentação.

Figura 83: Modo de Exibição ‘Normal’.

Para mover de um slide para outro clique sobre o slide (do lado esquerdo) que deseja visualizar na tela, ou utilize as
teclas ‘PageUp’ e ‘PageDown’.

Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: Este modo de visualização é interessante principalmente durante a cons-
trução do texto da apresentação. Você pode ir digitando o texto do lado esquerdo e o PowerPoint monta os slides pra você.

Classificação de Slides: Este modo permite ver seus slides em miniatura, para auxiliar na organização e estruturação
de sua apresentação. No modo de classificação de slides, você pode reordenar slides, adicionar transições e efeitos de ani-
mação e definir intervalos de tempo para apresentações eletrônicas de slides.

51
INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 84: Classificação de Slides

Para alterar a sequência de exibição de slides, clique no slide e arraste até a posição desejada. Você também pode ocul-
tar um slide dando um clique com o botão direito do mouse sobre ele e selecionando ‘Ocultar Slide’.

Alterando o Design:

O design de um slide é a apresentação visual do mesmo, ou seja, as cores nele utilizadas, tipos de fontes, etc. O Power-
Point disponibiliza vários temas prontos para aplicar ao design de sua apresentação.
Para inserir um Tema de design pronto nos slides acesse a guia ‘Design’ na Faixa de Opções. Clique na seta lateral para
visualizar todos os temas existentes.
Clique no tema desejado, para aplicar ao slide selecionado. O tema será aplicado em todos os slides.
Variantes->Cores e Variantes->Fontes: ainda na guia ‘Design’ podemos aplicar variações dos temas, alterando cores e
fontes, criando novos temas de cores. Clique na seta da caixa ‘Variantes’ para abrir as opções. Passe o mouse sobre cada
tema para visualizar o efeito na apresentação. Após encontrar a variação desejada, dê um clique com o mouse para aplicá-la
à apresentação.

Figura 85: Variantes de Temas de Design

Variantes->Efeitos: os efeitos de tema especificam como os efeitos são aplicados a gráficos SmartArt, formas e ima-
gens. Clique na seta do botão ‘Efeitos’ para acessar a galeria de Efeitos. Aplicando o efeito alteramos rapidamente a apa-
rência dos objetos.

Layout de Texto:

O primeiro slide criado em nossa apresentação é um ‘Slide de título’. Nele não deve ser inserido o conteúdo da palestra
ou reunião, mas apenas o título e um subtítulo pois trata-se do slide inicial.
Clique no quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adicionar um título’, e escreva o título de sua apresentação. A
apresentação que criaremos será sobre ‘Grupo Nova”.
No quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adicionar um subtítulo’ coloque seu nome ou o nome da empresa em
que trabalha, ou mesmo um subtítulo ligado ao tema da apresentação.
Formate o texto da forma como desejar, selecionando o tipo da fonte, tamanho, alinhamento, etc., clicando sobre a
‘Caixa de Texto’ para fazer as formatações.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Clique no botão novo slide da guia ‘PÁGINA INICIAL’. Será criado um novo slide com layout diferente do anterior. Isso
acontece porque o programa entende que o próximo slide não é mais de título, e sim de conteúdo, e assim sucessivamente
pra a criação da sua apresentação.

Layouts de Conteúdo:

Utilizando os layouts de conteúdo é possível inserir figura ou cliparts, tabelas, gráficos, diagramas ou clipe de mídia
(que podem ser animações, imagens, sons, etc.).
A utilização destes recursos é muito simples, bastando clicar, no próprio slide, sobre o recurso que deseja utilizar.
Salve a apresentação atual como ‘Ensino a Distância’ e, sem fechá-la, abra uma nova apresentação. Vamos ver a utili-
zação dos recursos de Conteúdo.
Na guia ‘Início’ da Faixa de Opções, clique na seta lateral da caixa Layout. Será exibida uma janela com várias opções.
Selecione o layout ‘Título e conteúdo’.
Aparecerá a caixa de conteúdo no slide como mostrado na figura a seguir. A caixa de conteúdos ao centro do slide
possui diversas opções de tipo de conteúdo que se pode utilizar.
As demais ferramentas da ‘Caixa de Conteúdo’ são:

• Escolher Elemento Gráfico SmartArt


• Inserir Imagem
• Inserir Imagens Online
• Inserir Vídeo

Explore as opções, utilize os recursos oferecidos para enriquecer seus conhecimentos e, em consequência, criar apre-
sentações muito mais interessantes. O funcionamento de cada item é semelhante aos já abordados.

Agora é com você!


Exercite: crie diversos slides de conteúdo, procurando utilizar todas as opções oferecidas para cada tipo de conteúdo.
Desta forma, você estará aprendendo ainda mais utilizar os recursos do PowerPoint e do Office.

Animação dos Slides: A animação dos slides é um dos últimos passos da criação de uma apresentação. Essa é uma
etapa importante, pois, apesar dos inúmeros recursos oferecidos pelo programa, não é aconselhável exagerar na utilização
dos mesmos, pois além de tornar a apresentação cansativa, tira a atenção das pessoas que estão assistindo, ao invés de dar
foco ao conteúdo da apresentação, passam a dar fico para as animações.

Transições: A transição dos slides nada mais é que a mudança entre um slide e outro. Você pode escolher entre diver-
sas transições prontas, através da faixa de opções ‘TRANSIÇÕES’. Selecione o primeiro slide da nossa apresentação e clique
nesta opção.

Escolha uma das transições prontas e veja o que acontece. Explore os diversos tipos de transições, apenas clicando
sobre elas e assistindo os efeitos que elas produzem. Isso pode ser bastante divertido, mas dependendo do intuito da
apresentação, o exagero pode tornar sua apresentação pouco profissional.

Ainda em ‘TRANSIÇÕES’ escolha como será feito o avanço do slide, se após um tempo pré-definido ou ‘Ao Clicar com
o Mouse’, dentro da faixa ‘INTERVALO’. Você também pode aplicar som durante a transição.

Animações: As animações podem ser definidas para cada caixa de texto dos slides. Ou seja, durante sua apresentação
você pode optar em ir abrindo o texto conforme trabalha os assuntos.

Neste exemplo, selecionaremos o Slide 3 de nossa apresentação para enriquecer as explicações. Clique um uma das
caixas de texto do slide, e na opção ‘ANIMAÇÕES’ abra o ‘PAINEL DE ANIMAÇÃO’.

Figura 86: Animações

Escolheremos a opção ‘Flutuar para Dentro’, mas você pode explorar as diversas opções e escolher a que mais te agra-
dar. Clique na opção escolhida. No Painel de Animação, abra todas as animações clicando na seta para baixo.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 87: Abrindo a lista do Painel de Animações

Cada parágrafo de texto pode ser configurado, bastando que você clique no parágrafo desejado e faça a opção de
animação desejada. O parágrafo pode aparecer somente quando você clicar com o mouse, ou juntamente com o anterior.
Pode mantê-lo aberto na tela enquanto outros estão fechados, etc.

Em nosso exemplo, vamos animar da seguinte forma: os textos da caixa de texto do lado esquerdo vão aparecer juntos
após clicar. Os textos da caixa do lado direito permanecem fechados. Ao clicar novamente, os dois parágrafos aparecerão
ao mesmo tempo na tela.

Passo a passo:
Com a caixa de texto do lado esquerdo selecionada, clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo, mostrado no Painel
de Animações;
selecione o 2º parágrafo e selecione ‘Iniciar com anterior’;
selecione a caixa de texto do lado direito e aplique uma animação;
no Painel de Animações clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo da caixa de texto
selecione o 2º parágrafo da caixa de texto e selecione ‘Iniciar com anterior’.

12.4. Impress
É o editor de apresentações do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odp (Open Document Presentations).
 
- O usuário pode iniciar uma apresentação no Impress de duas formas:
• do primeiro slide (F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do primeiro slide
• do slide atual (Shift + F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do slide atual.
 
- Menu do Impress:
• Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF;
• Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substituir,
Cortar, Copiar e Colar;
• Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Apresentação de Slides,
Estrutura de tópicos e Navegador;
• Inserir  - contém comandos para inserção de novos slides e elementos no documento como figuras, tabelas e
hiperlinks;
• Formatar - contém comandos para formatar o layout e o conteúdo dos slides, tais como Modelos de slides, Layout
de slide, Estilos e Formatação, Parágrafo e Caractere;
• Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Compactar apresentação e Player de mídia;
• Apresentação de Slides - contém comandos para controlar a apresentação de slides e adicionar efeitos em obje-
tos e na transição de slides.

54
INFORMÁTICA BÁSICA

PROTOCOLOS, SERVIÇOS, TECNOLOGIAS,


FERRAMENTAS E APLICATIVOS ASSOCIADOS
À INTERNET E AO CORREIO ELETRÔNICO.
CONCEITOS DOS PRINCIPAIS NAVEGADORES
DA INTERNET.

O objetivo inicial da Internet era atender necessidades militares, facilitando a comunicação. A agência norte-americana
ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PROJECTS AGENCY e o Departamento de Defesa americano, na década de 60, criaram
um projeto que pudesse conectar os computadores de departamentos de pesquisas e bases militares, para que, caso um
desses pontos sofresse algum tipo de ataque, as informações e comunicação não seriam totalmente perdidas, pois estariam
salvas em outros pontos estratégicos.
O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma conexão a longa distância e possibilitava que as mensagens fossem
fragmentadas e endereçadas ao seu computador de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da informação pode-
ria ser realizado por várias rotas, assim, caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados poderiam seguir por outro
caminho garantindo a entrega da informação, é importante mencionar que a maior distância entre um ponto e outro, era
de 450 quilômetros.
No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as barreiras de distância, passando a interligar e favorecer a troca de
informações de computadores de universidades dos EUA e de outros países, criando assim uma rede (NET) internacional
(INTER), consequentemente seu nome passa a ser, INTERNET.
A evolução não parava, além de atingir fronteiras continentais, os computadores pessoais evoluíam em forte escala
alcançando forte potencial comercial, a Internet deixou de conectar apenas computadores de universidades, passou a co-
nectar empresas e, enfim, usuários domésticos.
Na década de 90, o Ministério das Comunicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil trouxeram a Internet para
os centros acadêmicos e comerciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando conta de todos os setores sociais até atingir a
amplitude de sua difusão nos tempos atuais.
Um marco que é importante frisar é o surgimento do WWW que foi a possibilidade da criação da interface gráfica dei-
xando a internet ainda mais interessante e vantajosa, pois até então, só era possível a existência de textos.
Para garantir a comunicação entre o remetente e o destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido como o pai
da internet criou os protocolos TCP/IP, que são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMISSION CONTROL PROTOCOL
(Protocolo de Controle de Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo de Internet) são conjuntos de regras que
tornam possível tanto a conexão entre os computadores, quanto ao entendimento da informação trocada entre eles.
A internet funciona o tempo todo enviando e recebendo informações por isso o periférico que permite a conexão com
a internet chama MODEM, porque que ele MOdula e DEModula sinais, e essas informações só podem ser trocadas graças
aos protocolos TCP/IP.

Protocolos Web

Já que estamos falando em protocolos, citaremos outros que são largamente usados na Internet:

-HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para trocar
informações na Internet. Quando digitamos um site, automaticamente é colocado à frente dele o http://
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br
Onde:
http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermídia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter texto,
som, imagem, filmes e links.
-URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão de recursos, serve para endereçar um recurso na web, é como
se fosse um apelido, uma maneira mais fácil de acessar um determinado site
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde:

55
INFORMÁTICA BÁSICA

Faz a solicitação de um arquivo de


http:// hipermídiaparaaInternet.
Estipulaqueesse recursoestánarede mundialdecomputa
www dores(veremosmais sobre www emumpróximotópico).
Éo endereçodedomínio.Um endereçode
novaconcursos domíniorepresentarásua empresaou seu
espaçonaInternet.
Indicaqueo servidorondeesse siteestá
.com hospedado é de finalidadescomerciais.

.br Indicaqueo servidorestáno Brasil.

Encontramos, ainda, variações na URL de um site, que demonstram a finalidade a organização que o criou, como:
.gov - Organização governamental
.edu - Organização educacional
.org - Organização
.ind - Organização Industrial
.net - Organização telecomunicações
.mil - Organização militar
.pro - Organização de profissões
.eng – Organização de engenheiros

E também, do país de origem:


.it – Itália
.pt – Portugal
.ar – Argentina
.cl – Chile
.gr – Grécia

Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos que se trata de um site hospedado em um servidor dos Estados
Unidos.
-HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Semelhante ao HTTP, porém permite que os dados sejam transmitidos
através de uma conexão criptografada e que se verifique a autenticidade do servidor e do cliente através de certificados
digitais.

-FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de transferência de arquivo, é o protocolo utilizado para poder subir os ar-
quivos para um servidor de internet, seus programas mais conhecidos são, o Cute FTP, FileZilla e LeechFTP, ao criar um site,
o profissional utiliza um desses programas FTP ou similares e executa a transferência dos arquivos criados, o manuseio é
semelhante à utilização de gerenciadores de arquivo, como o Windows Explorer, por exemplo.

-POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto dos Correios permite, como o seu nome o indica, recuperar o seu
correio num servidor distante (o servidor POP). É necessário para as pessoas não ligadas permanentemente à Internet,
para poderem consultar os mails recebidos offline. Existem duas versões principais deste protocolo, o POP2 e o POP3, aos
quais são atribuídas respectivamente as portas 109 e 110, funcionando com o auxílio de comandos textuais radicalmente
diferentes, na troca de e-mails ele é o protocolo de entrada.

IMAP (Internet Message Access Protocol): É um protocolo alternativo ao protocolo POP3, que oferece muitas
mais possibilidades, como, gerir vários acessos simultâneos e várias caixas de correio, além de poder criar mais
critérios de triagem.

-SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protocolo padrão para envio de e-mails através da Internet. Faz a
validação de destinatários de mensagens. Ele que verifica se o endereço de e-mail do destinatário está corretamente
digitado, se é um endereço existente, se a caixa de mensagens do destinatário está cheia ou se recebeu sua mensa-
gem, na troca de e-mails ele é o protocolo de saída.

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INFORMÁTICA BÁSICA

-UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP). Permi- temos uma relação de alguns deles:
te que a apli- cação escreva um datagrama encapsulado - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
num pacote IP e trans- portado ao destino. É muito comum etc.).
lermos que se trata de um protocolo não confiável, isso - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
porque ele não é implementado com regras que garantam - Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
tratamento de erros ou entrega. PCX, etc.).
- Negócios e Utilitários
Provedor - Apresentações

O provedor é uma empresa prestadora de serviços que INTRANET: A Intranet ou Internet Corporativa é a im-
oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces- plantação de uma Internet restrita apenas a utilização interna
sário conectar-se com um computador que já esteja na In- de uma empresa. As intranets ou Webs corporativas, são re-
ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per- des de comunicação internas baseadas na tecnologia usada
mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet. na Internet. Como um jornal editado internamente, e que
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada pode ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e de-
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, partamentos, mesclando (com segurança) as suas informações
que é a conexão física que interliga o provedor de acesso particulares dentro da estrutura de comunicações da empresa.
com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como O grande sucesso da Internet, é particularmente da
backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no Bra- World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
sil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse uma ave- evolução da informática nos últimos anos.
nida de três pistas e os links como se fossem as ruas que Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
estão interligadas nesta avenida. interliga- dos através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
de transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza-
os dados. ram o acesso à informação através de redes de computa-
Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo). dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de
Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso, que usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de
fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso e um informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi-
endereço eletrônico na Internet. ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe-
queno, que permitem a qualquer organização ou empresa,
Home Page sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
Pela definição técnica temos que uma Home Page é nante explosão na informação disponível na Internet, que
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de compu- segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
tadores rodando um Navegador (Browser), que permite o Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
acesso às informações em um ambiente gráfico e multimí- que tem interessado um número cada vez maior de em-
dia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de informações presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
dentro das Home Pages. sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
O endereço de Home Pages tem o seguinte formato: advento e disseminação promete operar uma revolução
http://www.endereço.com/página.html tão profunda para a vida organizacional quanto o apare-
Por exemplo, a página principal do meu projeto de cimento das primeiras redes locais de computadores, no
mestrado: final da década de 80.
http://www.ovidio.eng.br/mestrado
O que é Intranet?
PLUG-INS
O termo “intranet” começou a ser usado em meados de
Os plug-ins são programas que expandem a capacida- 1995 por fornecedores de produtos de rede para se refe-
de do Browser em recursos específicos - permitindo, por rirem ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias
exemplo, que você toque arquivos de som ou veja filmes projetadas para a comunicação por computador entre em-
em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas de soft- presas. Em outras palavras, uma intranet consiste em uma
ware vêm desenvolvendo plug-ins a uma velocidade im- rede privativa de computadores que se baseia nos padrões
pressionante. Maiores informações e endereços sobre plu- de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na
g-ins são encontradas na página: tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP,
etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft- as razões para este sucesso, estão o custo de implantação
ware/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indi- relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos
ces/ programas de navegação na Web, os browsers.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Objetivo de construir uma Intranet Mecanismos de Buscas

Organizações constroem uma intranet porque ela é Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente exatamente o que você queria pode trazer algumas horas
para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis- de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os algorit-
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital mos de busca sejam sempre revisados e busquem de certa
com conhecimentos das operações e produtos da empresa. forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça, lançar
mão de alguns artifícios para que sua busca seja otimizada
Aplicações da Intranet poupará seu tempo e fará com que você tenha acesso a
resultados mais relevantes.
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu- Os mecanismos de buscas contam com operadores
nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no en-
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala. tanto, pode não interessar e você, caso não seja um prati-
De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet cante de SEO. Contudo alguns são realmente úteis e estão
vai ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os listados abaixo. Realize uma busca simples e depois apli-
diversos profissionais de uma empresa. Mas em algumas que os filtros para poder ver o quanto os resultados podem
áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo: sem mais especializados em relação ao que você procura.
- Marketing e Vendas - Informações sobre produtos,
listas de preços, promoções, planejamento de eventos; -palavra_chave
- Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de Retorna um busca excluindo aquelas em que a pa-
Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades de lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca
membros das equipes, situações de projetos; por  computação,  provavelmente encontrarei na relação
- Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste- dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computação“.
mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), manuais Contudo, se eu fizer uma busca por computação -ciência ,
de qualidade; os resultados que tem a palavra chave ciência serão omi-
- Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apostilas, tidos.
políticas da companhia, organograma, oportunidades de tra-
balho, programas de desenvolvimento pessoal, benefícios. +palavra_chave
Para acessar as informações disponíveis na Web corpo- Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de
rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado. uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga
Afinal, o esforço de operação desses programas se resume ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com-
quase somente em clicar nos links que remetem às novas putação, terei como retorna uma gama mista de resulta-
páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- dos. Caso eu queira filtrar somente os casos em que ciên-
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa cias aparece, e também no estado de SP, realizo uma busca
complexa e exige a presença de profissionais especializa- do tipo computação + ciência SP.
dos. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet,
sua diversidade de funções e a quantidade de informações “frase_chave”
nela armazenadas. Retorna uma busca em que existam as ocorrências dos
A intranet é baseada em quatro conceitos: termos que estão entre aspas, na ordem e grafia exatas
- Conectividade - A base de conexão dos computa- ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma busca do
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta da palavra
qualquer tipo de informação digital entre si; FAZER, verá resultados em que a frase idêntica foi empre-
- Heterogeneidade - Diferentes tipos de computado- gada.
res e sistemas operacionais podem ser conectados de for-
ma transparente; palavras_chave_01 OR palavra_chave_02
- Navegação - É possível passar de um documento a Mostra resultado para pelo menos uma das palavras
outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por
facilitam o acesso não linear aos documentos; exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas re-
- Execução Distribuída - Determinadas tarefas de aces- levantes sobre pelo menos um dos dois temas- nesse caso,
so ou manipulação na intranet só podem ocorrer graças à como as duas palavras chaves são populares, os dois resul-
execução de programas aplicativos, que podem estar no tados são apresentados em posição de destaque.
servidor, ou nos microcomputadores que acessam a rede
(também chamados de clientes, daí surgiu à expressão que filetype:tipo
caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servidor). Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de
- A vantagem da intranet é que esses programas são extensão especificada. Por exemplo, em uma busca  fi-
ativa- dos através da WWW, permitindo grande flexibilida- letype:pdf jquery  serão exibidos os conteúdos da palavra
de. Determinadas linguagens, como Java, assumiram gran- chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos de
de importância no desenvolvimento de softwares aplicati- extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT, DOC
vos que obedeçam aos três conceitos anteriores.

58
INFORMÁTICA BÁSICA

palavra_chave_01 * palavra_chave_02 Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo


Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o * um navegador considerado pelos especialistas e possui uma
indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados em interface bem bonita, apesar de ser um navegador da
que os termos inicial e final aparecem, independente do Apple existem versões para Windows.
que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo facebook
* msn e veja o resultado na prática.

15. Navegadores de internet: Internet Explorer, Mozilla


Firefox, Google Chrome.

Navegadores: Navegadores de internet ou browsers


são programas de computador especializados em visuali- Figura 91: Símbolo do Safari
zar e dar acesso às informações disponibilizadas na web,
até pouco tempo atrás tínhamos apenas o Internet Explorer Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o na-
e o Netscape, hoje temos uma série de navegadores no vegador padrão do Windows. Como o próprio nome diz,
mercado, iremos fazer uma breve descrição de cada um é um programa preparado para explorar a Internet dando
deles, e depois faremos toda a exemplificação utilizando o acesso a suas informações. Representado pelo símbolo do
Internet Explorer por ser o mais utilizado em todo o mun- “e” azul, é possível acessá-lo apenas com um duplo clique
do, porém o conceito e usabilidade dos outros navegado- em seu símbolo.
res seguem os mesmos princípios lógicos.

Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con-


sequentemente um dos melhores navegadores existentes.
Outra vantagem devido ser o navegador da Google é o
mais utilizado no meio, tem uma interface simples muito
fácil de utilizar. Figura 92: Símbolo do Internet Explorer

16. Transferência de arquivos pela internet

FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferência


de Arquivos) é uma das mais antigas formas de interação
na Internet. Com ele, você pode enviar e receber arquivos
Figura 88: Símbolo do Google Chrome para, ou de computadores que se caracterizam como ser-
vidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito de arquivo
Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente na- texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não texto (Binários
vegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de não ter – código 8 bits). Há uma diferença interessante entre en-
uma interface tão amigável, porém é um dos navegadores viar uma mensagem de correio eletrônico e realizar trans-
mais rápidas e com maior segurança contra hackers. ferência de um arquivo. A mensagem é sempre transferida
como uma informação textual, enquanto a transferência de
um arquivo pode ser caracterizada como textual (ASCII) ou
não-textual (binário).
Um servidor FTP é um computador que roda um pro-
grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é ca-
paz de se comunicar com outro computador na Rede que
Figura 89: Símbolo do Mozilla Firefox o esteja acessando através de um cliente FTP.
  FTP anônimo versus FTP com autenticação existem
Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada, é a
desempenho, porém especialistas em segurança o consi- conexão anônima, na qual não é preciso possuir um user-
dera o navegador com menos segurança. name ou password (senha) no servidor de FTP, bastando
apenas identificar-se como anonymous (anônimo). Neste
caso, o que acontece é que, em geral, a árvore de diretório
que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do sistema. Isto
é muito importante, porque garante um nível de segurança
adequado, evitando que estranhos tenham acesso a todas
as informações da empresa. Quando se estabelece uma co-
Figura 90: Símbolo do Opera nexão de “FTP anônimo”, o que acontece em geral é que a
conexão é posicionada no diretório raiz da árvore de dire-
tórios. Dentre os mais comuns estão: pub, etc, outgoing e
incoming. O segundo tipo de conexão envolve uma auten-

59
INFORMÁTICA BÁSICA

ticação, e portanto, é indispensável que o usuário possua Uma forma de atender a necessidade de comunicação
um username e uma password que sejam reconhecidas entre ker- nel e aplicativo é a chamada do sistema (System
pelo sistema, quer dizer, ter uma conta nesse servidor. Nes- Call), que é uma interface entre um aplicativo de espaço de
te caso, ao estabelecer uma conexão, o posicionamento usuário e um serviço que o kernel fornece.
é no diretório criado para a conta do usuário – diretório Como o serviço é fornecido no kernel, uma chamada
home, e dali ele poderá percorrer toda a árvore do sistema, direta não pode ser executada; em vez disso, você deve
mas só escrever e ler arquivos nos quais ele possua. utilizar um processo de cruzamento do limite de espaço do
Assim como muitas aplicações largamente utilizadas usuário/kernel.
hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema No Linux também existem diferentes run levels de ope-
operacional UNIX, que foi o grande percursor e responsá- ração. O run level de uma inicialização padrão é o de nú-
vel pelo sucesso e desenvolvimento da Internet.  mero 2.
Como o Linux também é conhecido por ser um sis-
Algumas dicas tema operacional que ainda usa muitos comandos digi-
1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o nú- tados, não poderíamos deixar de falar sobre o Shell, que
mero de conexões simultâneas para evitar uma sobrecarga é justamente o programa que permite ao usuário digitar
na máquina. Uma outra limitação possível é a faixa de ho- comandos que sejam inteligíveis pelo sistema operacional
rário de acesso, que muitas vezes é considerada nobre em e executem funções.
horário comercial, e portanto, o FTP anônimo é tempora- No MS DOS, por exemplo, o Shell era o command.com,
riamente desativado. através do qual podíamos usar comandos como o dir, cd
2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites e outros. No Linux, o Shell mais usado é o Bash, que, para
espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site sendo usuários comuns, aparece com o símbolo $, e para o root,
acessado. aparece como símbolo #.
3. Antes de realizar a transferência de qualquer arquivo Temos também os termos usuário e superusuário. En-
verifique se você está usando o modo correto, isto é, no quanto ao usuário é dada a permissão de utilização de
caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e no caso de arqui- comandos simples, ao superusuário é permitido configurar
vos binários (.exe, .com, .zip, .wav, etc.), o modo é binário. quais comandos os usuários po- dem usar, se eles podem
Esta prevenção pode evitar perda de tempo. apenas ver ou também alterar e gravar dire- tórios, ou seja,
4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um servi- ele atua como o administrador do sistema. O diretório pa-
dor de FTP em seu computador. Isto pode permitir que um drão que contém os programas utilizados pelo superusuário
amigo seu consiga acessar o seu computador como um para o gerenciamento e a manutenção do sistema é o /sbin.
servidor remoto de FTP, bastando que ele tenha acesso ao /bin - Comandos utilizados durante o boot e por usuá-
número IP, que lhe é atribuído dinamicamente. rios comuns.
/sbin - Como os comandos do /bin, só que não são
utilizados pelos usuários comuns.
Por esse motivo, o diretório sbin é chamado de superu-
CONCEITO DE SOFTWARE LIVRE. suário, pois existem comandos que só podem ser utilizados
nesse diretório. É como se quem estivesse no diretório sbin
fosse o administrador do sistema, com permissões espe-
ciais de inclusões, exclusões e alterações.
O Linux é um sistema operacional inicialmente basea-
do em comandos, mas que vem desenvolvendo ambientes Comandos básicos
gráficos de estruturas e uso similares ao do Windows. Ape- Iniciaremos agora o estudo sobre vários comandos que
sar desses ambientes gráficos serem cada vez mais adota- podemos usar no Shell do Linux:
dos, os comandos do Linux ainda são largamente empre- -addgroup - adiciona grupos
gados, sendo importante seu conhecimento e estudo. -adduser - adiciona usuários
Outro termo muito usado quando tratamos do Linux é -apropos - realiza pesquisa por palavra ou string
o kernel, que é uma parte do sistema operacional que faz a -cat - mostra o conteúdo de um arquivo binário ou tex-
ligação entre software e máquina, é a camada de software to
mais próxima do hardware, considerado o núcleo do sis- -cd - entra num diretório (exemplo: cd docs) ou retor-
tema. O Linux teve início com o desenvolvimento de um na para home
pequeno kernel, desenvolvido por Linus Torvalds, em 1991, cd <pasta> – vai para a pasta especificada. exem-
quando era apenas um estudante finlandês. Ao kernel que plo: cd /usr/bin/
Linus desenvolveu, deu o nome de Linux. Como o kernel -chfn - altera informação relativa a um utilizador
é capaz de fazer gerenciamentos primários básicos e es- -chmod - altera as permissões de arquivos ou diretó-
senciais para o funcionamento da máquina, foi necessário rios. É um comando para manipulação de arquivos e dire-
desenvolver módulos específicos para atender várias neces- tórios que muda as permissões para acesso àqueles. por
sidades, como por exemplo um módulo capaz de utilizar exemplo, um diretório que poderia ser de escrita e leitura,
uma placa de rede ou de vídeo lançada no mercado ou até pode passar a ser apenas leitura, impedindo que seu con-
uma interface gráfica como a que usamos no Windows. teúdo seja alterado.

60
INFORMÁTICA BÁSICA

-chown - altera a propriedade de arquivos e pastas


(dono)
-clear – limpa a tela do terminal
-cmd>>txt - adiciona o resultado do comando (cmd)
ao fim do arquivo (txt)
-cp - copia diretórios ‘cp -r’ copia recursivamente
-df - reporta o uso do espaço em disco do sistema de
arquivos
-dig - testa a configuração do servidor DNs
-dmesg - exibe as mensagens da inicialização (log)
-du - exibe estado de ocupação dos discos/partições
-du -msh - mostra o tamanho do diretório em mega-
bytes Figura 24: Prompt “ftp”
-env - mostra variáveis do sistema
-exit – sair do terminal ou de uma sessão de root. -mount – montar partições em algum lugar do sistema.
-/etc – É o diretório onde ficam os arquivos de confi- -mtr - mostra rota até determinado IP
guração do sistema -mv - move ou renomeia arquivos e diretórios
-/etc/skel – É o diretório onde fica o padrão de arqui- -nano – editor de textos básico.
vos para o diretório Home de novos usuários. -nfs - sistema de arquivos nativo do sistema operacio-
-fdisk -l – mostra a lista de partições. nal Linux, para o compartilhamento de recursos pela rede
-find - comando de busca ex: find ~/ -cmin -3 -netstat - exibe as portas e protocolos abertos no sis-
-find – busca arquivos no disco rígido. tema.
-halt -p – desligar o computador. -nmap - lista as portas de sistemas remotos/locais
-head - mostra as primeiras 10 linhas de um arquivo atrás de portas abertas.
-history – mostra o histórico de comandos dados no -nslookup - consultas a serviços DNs
terminal. -ntsysv - exibe e configura os processos de inicialização
-ifconfig - mostra as interfaces de redes ativas e as in- -passwd - modifica senha (password) de usuários
for- mações relacionadas a cada uma delas -ps - mostra os processos correntes
-iptraf - analisador de tráfego da rede com interface -ps –aux - mostra todos os processos correntes no sis-
gráfica baseada em diálogos tema
-kill - manda um sinal para um processo. Os sinais sIG- -ps -e – lista os processos abertos no sistema.
TErm e sIGKILL encerram o processo. -pwd - exibe o local do diretório atual. o prompt pa-
-kill -9 xxx – mata o processo de número xxx. drão do Linux exibe apenas o último nome do caminho do
-killall - manda um sinal para todos os processos. diretório atual. para exibir o caminho completo do diretório
-less - mostra o conteúdo de um arquivo de texto com atual digite o comando pwd. Linux@fedora11 – é a versão
controle do Linux que está sendo usada. help pwd – é o coman-
-ls - listar o conteúdo do diretório do que nos mostrará o conteúdo da ajuda sobre o pwd. A
-ls -alh - mostra o conteúdo detalhado do diretório informação do help nos mostra-nos que pwd imprime o
-ls –ltr - mostra os arquivos no formado longo (l) em nome do diretório atual.
ordem inversa (r) de data (t) -reboot – reiniciar o computador.
-man - mostra informações sobre um comando -recode - recodifica um arquivo ex: recode iso-8859-
-mkdir - cria um diretório. É um comando utilizado na 15.. utf8 file_to_change.txt
raiz do Linux para a criação de novos diretórios. -rm - remoção de arquivos (também remove diretórios)
-rm -rf - exclui um diretório e todo o seu conteúdo
Na imagem a seguir, no prompt ftp, foi criado o diretó- -rmdir - exclui um diretório (se estiver vazio)
rio chamado “myfolder”. -route - mostra as informações referentes às rotas
-shutdown -r now – reiniciar o computador
-split - divide um arquivo
-smbpasswd - No sistema operacional Linux, na versão
samba, smbpasswd permite ao usuário alterar sua senha
criptografada smb que é armazenada no arquivo smbpass-
wd (normalmente no diretório privado sob a hierarquia de
diretórios do samba). os usuários comuns só podem exe-
cutar o comando sem opções. Ele os levará para que sua
senha velha smb seja digitada e, em seguida, pedir-lhes sua
nova senha duas vezes, para garantir que a senha foi digi-
tada corretamente. Nenhuma senha será mostrada na tela
enquanto está sendo digitada.

61
INFORMÁTICA BÁSICA

-su - troca para o superusuário root (é exigida a senha) Distribuição Linux é um sistema operacional que uti-
-su user - troca para o usuário especificado em ‘user’ liza o núcleo (kernel) do Linux e outros softwares. Exis-
(é exigida a senha) tem várias versões do Linux (comerciais ou não): Ubuntu,
-tac - semelhante ao cat, mas inverte a ordem Debian, Fedora, etc. Cada uma com suas vantagens e
-tail - o comando tail mostra as últimas linhas de um desvantagens. O que torna a escolha de uma distribui-
arquivo texto, tendo como padrão as 10 últimas linhas. Sua ção bem pessoal.
sintaxe é: tail nome_do_arquivo. Ele pode ser acrescentado Distribuições são criadas, normalmente, para aten-
de alguns parâmetros como o -n que mostra o [numero] der razões específicas. Por exemplo, existem distribui-
de linhas do final do arquivo; o – c [numero] que mostra ções para rodar em servidores, redes - onde a segurança
o [numero] de bytes do final do arquivo e o – f que exibe é prioridade - e, também, computadores pessoais.
continuamente os dados do final do arquivo à medida que Assim, não é possível dizer qual é a melhor distri-
são acrescentados. buição. Pois, depende da finalidade do seu computador.
-tcpdump sniffer - sniffer é uma ferramenta que
“ouve” os pacotes Sistema de arquivos: organização e gerenciamen-
-top – mostra os processos do sistema e dados do pro- to de arquivos, diretórios e permissões no Linux
cessador.
-touch touch foo.txt - cria um arquivo foo.txt vazio; Dependendo da versão do Linux é possível encon-
também altera data e hora de modificação para agora trar gerencia- dores de arquivos diferentes. Por exemplo,
-traceroute - traça uma rota do host local até o destino no Linux Ubuntu, encontramos o Nautilus, que permite
mostrando os roteadores intermediários a cópia, recorte, colagem, movimentação e organização
-umount – desmontar partições. dos arquivos e pastas. No Linux, vale lembrar que os
-uname -a – informações sobre o sistema operacional dispositivos de armazenamento não são nomeados por
-userdel - remove usuários letras.
-vi - editor de ficheiros de texto Por exemplo, no Windows, se você possui um HD na
-vim - versão melhorada do editor supracitado máquina, ele recebe o nome de C. Se possui dois HDs,
-which - mostra qual arquivo binário está sendo cha- um será o C e o outro o E. Já no Linux, tudo fará parte de
mado pelo shell quando chamado via linha de comando um mesmo sistema da mesma estrutura de pastas.
-who - informa quem está logado no sistema

Não são só comandos digitados via teclado que pode-


mos executar no Linux. Várias versões foram desenvolvidas
e o kernel evoluiu muito. Sobre ele rodam as mais diversas
interfaces gráficas, baseadas principalmente no servidor de
janelas XFree. Entre as mais de vinte interfaces gráficas cria-
das para o Linux, vamos citar o KDE.

Figura 26: Linux – Fonte: O Livro Oficial do Ubuntu

As principais pastas do Linux são:


/etc - possui os arquivos gerais de configuração do
sistema e dos
programas instalados.
/home – cada conta de usuário possui um diretório
salvo na pasta home.
/boot – arquivos de carregamento do sistema, in-
cluindo configuração do gerenciador de boot e o kernel.
Figura 25: Menu K, na versão Suse – imagem obtida de /dev – onde ficam as entradas das placas de disposi-
http://pt.wikibooks. org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_in- tivos como rede, som, impressoras.
terface_gr%C3%A1fica_KDE /lib – bibliotecas do sistema.
/media – possui a instalação de dispositivos como
Um dos motivos que ainda desestimula várias pes- drive de CD, pen drives e outros.
soas a adotarem o Linux como seu sistema operacional é a /opt – usado por desenvolvedores de programas.
quantidade de programas compatíveis com ele, o que vem /proc – armazena informações sobre o estado atual
sendo solucionado com o passar do tempo. Sua interface do sistema.
familiar, semelhante ao do Windows, tem ajudado a au- /root – diretório do superusuário.
mentar os adeptos ao Linux.

62
INFORMÁTICA BÁSICA

O gerenciamento de arquivos e diretórios, ou seja, Administração de usuários e grupos no Linux


copiar, mover, recortar e colar pode ser feito, julgando que
estamos usando o Nautilus, da seguinte forma: Antes de iniciarmos, entendamos dois termos:
- Copiar: clique com o botão direito do mouse sobre o - superusuário: é o administrador do sistema. Ele
arquivo ou diretório. O conteúdo será movido para a área tem acesso e permissão para executar todos os coman-
de transferência, mas o original permanecerá no local. dos.
- Recortar: clique com o botão direito do mouse sobre - usuário comum: tem as permissões configuradas
o arquivo ou diretório. O conteúdo será movido para a área pelo superusuário para o grupo em que se encontra.
de transferência, sendo removido do seu local de origem. Um usuário pode fazer parte de vários grupos e um
- Colar: clique com o botão direito do mouse no local grupo pode ter vários usuários. Dessa forma, podemos
desejado e depois em colar. O conteúdo da área de trans- atribuir permissões aos grupos e colocar o usuário que
ferência será colado. desejamos que tenha determinada permissão no grupo
Outra forma é deixar a janela do local de origem do ar- correspondente.
quivo aberta e abrir outra com o local de destino. Pressio-
nar o botão esquerdo do mouse sobre o arquivo desejado Comandos básicos para grupos
e movê-lo para o destino.
- Para criar grupos: sudo groupadd nomegrupo
Instalar, remover e atualizar programas - Para criar um usuário no grupo: sudo useradd –g
nomegrupo nomeusuario
Para instalar ou remover um programa, considerando o - Definir senha para o usuário: sudo password no-
Linux Ubuntu, podemos utilizar a ferramenta Adicionar/Re- meusuario
mover Aplicações, que possibilita a busca de drives pela In- - Remover usuário do sistema: sudo userdel no-
ternet. Esta ferramenta é encontrada no menu Aplicações, meusuario
Adicionar/Remover.
Na parte superior da janela encontramos uma linha de Permissões no Linux
busca, na qual podemos digitar o termo do aplicativo dese-
jado. Ao lado da linha de pesquisa temos a configuração de Vale lembrar que apenas o superusuário (root) tem
mostrar apenas os itens suportados pelo Ubuntu. acesso irrestrito aos conteúdos do sistema. Os outros
O lado esquerdo lista todas as categorias de progra- dependem de sua permissão para executar comandos.
mas. Quando uma categoria é selecionada sua descrição é As permissões podem ser sobre tipo do arquivo, per-
mostrada na parte de baixo da janela. Como exemplos de missões do proprietário, permissões do grupo e per-
categorias podemos citar: Acessórios, Educacionais, Jogos, missões para os outros usuários.
Gráficos, Internet, entre outros. Diretórios são designados com a letra ‘d’ e arquivos
comuns com o ‘-‘.
Manipulação de hardware e dispositivos Alguns dos comandos utilizados em permissões
são:
A manipulação de hardware e dispositivos pode ser ls – l Lista diretórios e suas permissões rw- permis-
feita no menu Locais, Computador, através do qual aces- sões do proprietário do grupo
samos a lista de dispositivos em execução. A maioria dos r- permissões do grupo ao qual o usuário pertence
dispositivos de hardware instalados no Linux Ubuntu são r- -permissão para os outros usuários
simplesmente instalados. Quando se trata de um pen drive, As permissões do Linux são: leitura, escrita e exe-
após sua conexão física, aparecerá uma janela do geren- cução.
ciador de arquivos exibindo o conteúdo do dispositivo. É - Leitura: (r, de Read) permite que o usuário apenas
importante, porém, lembrar-se de desmontar corretamente veja, ou seja, leia o arquivo.
os dispositivos de armazenamento e outros antes de en- - Gravação, ou escrita: (w, de Write) o usuário pode
cerrar seu uso. No caso do pen drive, podemos clicar com criar e alterar arquivos.
o botão direito do mouse sobre o ícone localizado na área - Execução: (x, de eXecution) o usuário pode execu-
de trabalho e depois em Desmontar. tar arquivos.
Quando a permissão é acompanhada com o ‘-‘, sig-
Agendamento de tarefas nifica que ela não é atribuída ao usuário.

O agendamento de tarefas no Linux Ubuntu é realiza- Compactação e descompactação de arquivos


do pelo agendador de tarefas chamado cron, que permite Comandos básicos para compactação e descom-
estipular horários e intervalos para que tarefas sejam exe- pactação de arquivos:
cutadas. Ele permite detalhar comandos, data e hora que gunzip [opções] [arquivos] descompacta arquivos
ficam em um arquivo chamado crontab, arquivo de texto compacta- dos com gzip.
que armazena a lista de comandos a serem aciona- dos no gzexe [opções] [arquivos] compacta executáveis.
horário e data estipulados. gunzip [opções] [arquivos] descompacta arquivos.
zcat [opções] [arquivos] descompacta arquivos.

63
INFORMÁTICA BÁSICA

Backup A Segurança da Informação se refere à proteção exis-


tente sobre as informações de uma determinada empresa
Comandos básicos para backups ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informações corporati-
tar agrupa vários arquivos em somente um. vas quanto aos pessoais. Entende-se por informação todo
compress faz a compressão de arquivos padrão do conteúdo ou dado que tenha valor para alguma organiza-
Unix. ção ou pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito
uncompress descomprime arquivos compactados ou exibida ao público para consulta ou aquisição.
pelo com- press. Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não
zcat permite visualizar arquivos compactados pelo de ferramentas) para definir o nível de segurança que há e,
compress. com isto, estabelecer as bases para análise de melhorias ou
pioras de situações reais de segurança. A segurança de cer-
ta informação pode ser influenciada por fatores comporta-
mentais e de uso de quem se utiliza dela, pelo ambiente ou
infraestrutura que a cerca ou por pessoas mal-intenciona-
das que têm o objetivo de furtar, destruir ou modificar tal
informação.
A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availabi-
lity) — Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade
— representa as principais características que, atualmen-
te, orientam a análise, o planejamento e a implementação
da segurança para um certo grupo de informações que se
almeja proteger. Outros fatores importantes são a irrevo-
gabilidade e a autenticidade. Com a evolução do comércio
eletrônico e da sociedade da informação, a privacidade é
também uma grande preocupação.
Portanto as características básicas, de acordo com os
Figura 27: Centro de controle do KDE imagem obtida padrões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as seguin-
de http:// tes:
pt.wikibooks.org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_interfa- - Confidencialidade – especificidade que limita o aces-
ce_ so a informação somente às entidades autênticas, ou seja,
gr%C3%A1fica_KDE àquelas autorizadas pelo proprietário da informação.
- Integridade – especificidade que assegura que a in-
formação manipulada mantenha todas as características
autênticas estabelecidas pelo proprietário da informação,
CONCEITOS DE SEGURANÇA DA incluindo controle de mudanças e garantia do seu ciclo de
INFORMAÇÃO APLICADOS A TIC. vida (nascimento, manutenção e destruição).
CÓPIA DE SEGURANÇA (BACKUP): - Disponibilidade – especificidade que assegura que a
CONCEITOS. informação esteja sempre disponível para o uso legítimo,
ou seja, por aqueles usuários que têm autorização pelo
proprietário da informação.
- Autenticidade – especificidade que assegura que a
Segurança da informação: procedimentos de segu- informação é proveniente da fonte anunciada e que não foi
rança alvo de mutações ao longo de um processo.
- Irretratabilidade ou não repúdio – especificidade que
A Segurança da Informação refere-se às proteções assegura a incapacidade de negar a autoria em relação a
existentes em relação às informações de uma determi- uma transação feita anteriormente.
nada empresa, instituição governamental ou pessoa. Ou
seja, aplica-se tanto às informações corporativas quanto Mecanismos de segurança
as pessoais.
Entende-se por informação todo e qualquer conteú- O suporte para as orientações de segurança pode ser
do ou dado que tenha valor para alguma corporação ou encontrado em:
pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou Controles físicos: são barreiras que limitam o contato
exposta ao público para consulta ou aquisição. ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que as-
Antes de proteger, devemos saber: segura a existência da informação) que a suporta.
- O que proteger; Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou limi-
- De quem proteger; tam o acesso à informação, que está em ambiente contro-
- Pontos frágeis; lado, geralmente eletrônico, e que, de outro modo, ficaria
- Normas a serem seguidas. exibida a alteração não autorizada por elemento mal-in-
tencionado.

64
INFORMÁTICA BÁSICA

Existem mecanismos de segurança que sustentam os   Hoje, a criptografia pode ser considerada um méto-
controles lógicos: do 100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e
proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes e
- Mecanismos de cifração ou encriptação: Permitem a tentativas de invasão.
modificação da informação de forma a torná-la ininteligível Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’ são
a terceiros. Utiliza-se para isso, algoritmos determinados e usados para expressar o tamanho da chave, ou seja, quanto
uma chave secreta para, a partir de um conjunto de dados mais bits forem utilizados, mais segura será essa criptogra-
não criptografados, produzir uma sequência de dados crip- fia.
tografados. A operação contrária é a decifração. Um exemplo disso é se um algoritmo usa um chave de
- Assinatura digital: Um conjunto de dados criptogra- 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para decodi-
fados, agregados a um documento do qual são função, ficar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a 256. As-
garantindo a integridade e autenticidade do documento sim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas de combi-
associado, mas não ao resguardo das informações. nações e decodificar a mensagem, que mesmo sendo uma
- Mecanismos de garantia da integridade da informa- tarefa difícil, não é impossível. Portanto, quanto maior o
ção: Usando funções de “Hashing” ou de checagem, é ga- número de bits, maior segurança terá a criptografia.
rantida a integridade através de comparação do resultado
do teste local com o divulgado pelo autor. Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves
- Mecanismos de controle de acesso: Palavras-chave, simétricas e as chaves assimétricas
sistemas biométricos, firewalls, cartões inteligentes. Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que é usa-
- Mecanismos de certificação: Atesta a validade de um da para a codificação e decodificação. Entre os algoritmos
documento. que usam essa chave, estão:
- Integridade: Medida em que um serviço/informação é - DES (Data Encryption Standard): Faz uso de chaves de
autêntico, ou seja, está protegido contra a entrada por intrusos. 56 bits, que corresponde à aproximadamente 72 quatrilhões
- Honeypot: É uma ferramenta que tem a função de de combinações. Mesmo sendo um número extremamente
proposital de simular falhas de segurança de um sistema e elevado, em 1997, quebraram esse algoritmo através do mé-
obter informações sobre o invasor enganando-o, e fazen- todo de ‘tentativa e erro’, em um desafio na internet.
do-o pensar que esteja de fato explorando uma fraqueza - RC (Ron’sCode ou RivestCipher): É um algoritmo muito
daquele sistema. É uma espécie de armadilha para invaso- utilizado em e-mails e usa chaves de 8 a 1024 bits. Além
res. O HoneyPot não oferece forma alguma de proteção. disso, ele tem várias versões que diferenciam uma das ou-
- Protocolos seguros: Uso de protocolos que garantem tras pelo tamanho das chaves.
um grau de segurança e usam alguns dos mecanismos citados. - EAS (AdvancedEncryption Standard): Atualmente é um
dos melhores e mais populares algoritmos de criptogra-
Mecanismos de encriptação fia. É possível definir o tamanho da chave como sendo de
128bits, 192bits ou 256bits.
A criptografia vem, originalmente, da fusão entre duas - IDEA (International Data EncryptionAlgorithm): É um
palavras gregas: algoritmo que usa chaves de 128 bits, parecido com o DES.
• CRIPTO = ocultar, esconder. Seu ponto forte é a fácil execução de software.
• GRAFIA= escrever  As chaves simétricas não são absolutamente seguras
Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em có- quando referem-se às informações extremamente valiosas,
digos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam uma principalmente pelo emissor e o receptor precisarem ter
mensagem ininteligível, e permite apenas que o destinatá- o conhecimento da mesma chave. Dessa forma, a trans-
rio que saiba a chave de encriptação possa decriptar e ler a missão pode não ser segura e o conteúdo pode chegar a
mensagem com clareza. terceiros.
Permitema transformação reversível dainformação de
forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se para isso, Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a pú-
algoritmos determinados e uma chave secreta para,a partir blica. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave pública
de um conjunto de dados não encriptados,produzir uma para codificar e a chave privada para decodificar, conside-
continuação de dados encriptados. A operação inversa é a rando-se que a chave privada é secreta. Entre os algoritmos
desencriptação. utilizados, estão:
- RSA (Rivest, ShmirandAdleman): É um dos algoritmos
Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave de chave assimétrica mais usados, em que dois números
privada. primos (aqueles que só podem ser divididos por 1 e por
  eles mesmos) são multiplicados para a obter um terceiro
A chave pública é usada para codificar as informações, valor. Assim, é preciso fazer fatoração, que significa desco-
e a chave privada é usada para decodificar.   brir os dois primeiros números a partir do terceiro, sendo
Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para um cálculo difícil. Assim, se números grandes forem utili-
‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não zados, será praticamente impossível descobrir o código. A
tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o chave privada do RSA são os números que são multiplica-
emissor e receptor original possui. dos e a chave pública é o valor que será obtido.

65
INFORMÁTICA BÁSICA

- ElGamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é um problema matemático que o torna mais seguro. É muito usado
em assinaturas digitais.

Segurança na internet; vírus de computadores; Spyware; Malware; Phishing; Worms e pragas virtuais e Apli-
cativos para segurança (antivírus, firewall e antispyware)

Firewall é uma solução de segurança fundamentada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um con-
junto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de
dados podem ser realizadas. “Parede de fogo”, a tradução literal do nome, já deixa claro que o firewall se enquadra em
uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, consiste basicamente em bloquear tráfego de dados indesejados e liberar
acessos desejados.
Para melhor compreensão, imagine um firewall como sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é necessário
obedecer a determinadas regras, como se identificar, ser esperado por um morador e não portar qualquer objeto que possa
trazer riscos à segurança; para sair, não se pode levar nada que pertença aos condôminos sem a devida autorização.
Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de ações maliciosas: um malware que utiliza determinada porta para
se instalar em um computador sem o usuário saber, um programa que envia dados sigilosos para a internet, uma tentativa
de acesso à rede a partir de computadores externos não autorizados, entre outros.
Você já sabe que um firewall atua como uma espécie de barreira que verifica quais dados podem passar ou não. Esta
tarefa só pode ser feita mediante o estabelecimento de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo usuário.
Em um modo mais restritivo, um firewall pode ser configurado para bloquear todo e qualquer tráfego no computador
ou na rede. O problema é que esta condição isola este computador ou esta rede, então pode-se criar uma regra para que,
por exemplo, todo aplicativo aguarde autorização do usuário ou administrador para ter seu acesso liberado. Esta autoriza-
ção poderá inclusive ser permanente: uma vez dada, os acessos seguintes serão automaticamente permitidos.
Em um modo mais versátil, um firewall pode ser configurado para permitir automaticamente o tráfego de determina-
dos tipos de dados, como requisições HTTP (veja mais sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear outras, como conexões
a serviços de e-mail.
Perceba, como estes exemplos, que as políticas de um firewall são baseadas, inicialmente, em dois princípios: todo trá-
fego é bloqueado, exceto o que está explicitamente autorizado; todo tráfego é permitido, exceto o que está explicitamente
bloqueado.
Firewalls mais avançados podem ir além, direcionando determinado tipo de tráfego para sistemas de segurança inter-
nos mais específicos ou oferecendo um reforço extraem procedimentos de autenticação de usuários, por exemplo.
O trabalho de um firewall pode ser realizado de várias formas. O que define uma metodologia ou outra são fatores
como critérios do desenvolvedor, necessidades específicas do que será protegido, características do sistema operacional
que o mantém, estrutura da rede e assim por diante. É por isso que podemos encontrar mais de um tipo de firewall. A
seguir, os mais conhecidos.

Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primeiras soluções de firewall surgiram na década de 1980 baseando-se em
filtragem de pacotes de dados (packetfiltering), uma metodologia mais simples e, por isso, mais limitada, embora ofereça
um nível de segurança significativo.
Para compreender, é importante saber que cada pacote possui um cabeçalho com diversas informações a seu respeito,
como endereço IP de origem, endereço IP do destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Firewall então analisa estas
informações de acordo com as regras estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja para sair ou para entrar na máquina/
rede), podendo também executar alguma tarefa relacionada, como registrar o acesso (ou tentativa de) em um arquivo de
log.
O firewall de aplicação, também conhecido como proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma solução
de segurança que atua como intermediário entre um computador ou uma rede interna e outra rede, externa normalmente,
a internet. Geralmente instalados em servidores potentes por precisarem lidar com um grande número de solicitações, fire-
walls deste tipo são opções interessantes de segurança porque não permitem a comunicação direta entre origem e destino.
A imagem a seguir ajuda na compreensão do conceito. Perceba que em vez de a rede interna se comunicar direta-
mente com a internet, há um equipamento entre ambos que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e entre o proxy e
a internet. Observe:

66
INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 93: Proxy

Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar pelo proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, estabelecer
regras que impeçam o acesso de determinados endereços externos, assim como que proíbam a comunicação entre com-
putadores internos e determinados serviços remotos.
Este controle amplo também possibilita o uso do proxy para tarefas complementares: o equipamento pode registrar
o tráfego de dados em um arquivo de log; conteúdo muito utilizado pode ser guardado em uma espécie de cache (uma
página Web muito acessada fica guardada temporariamente no proxy, fazendo com que não seja necessário requisitá-la
no endereço original a todo instante, por exemplo); determinados recursos podem ser liberados apenas mediante auten-
ticação do usuário; entre outros.
A implementação de um proxy não é tarefa fácil, haja visto a enorme quantidade de serviços e protocolos existentes
na internet, fazendo com que, dependendo das circunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou exija muito trabalho de
configuração para bloquear ou autorizar determinados acessos.
Proxy transparente: No que diz respeito a limitações, é conveniente mencionar uma solução chamada de proxy trans-
parente. O proxy “tradicional”, não raramente, exige que determinadas configurações sejam feitas nas ferramentas que
utilizam a rede (por exemplo, um navegador de internet) para que a comunicação aconteça sem erros. O problema é, de-
pendendo da aplicação, este trabalho de ajuste pode ser inviável ou custoso.
O proxy transparente surge como uma alternativa para estes casos porque as máquinas que fazem parte da rede não
precisam saber de sua existência, dispensando qualquer configuração específica. Todo acesso é feito normalmente do clien-
te para a rede externa e vice-versa, mas o proxy transparente consegue interceptá-lo e responder adequadamente, como
se a comunicação, de fato, fosse direta.
É válido ressaltar que o proxy transparente também tem lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «normal» é ca-
paz de barrar uma atividade maliciosa, como um malware enviando dados de uma máquina para a internet; o proxy trans-
parente, por sua vez, pode não bloquear este tráfego. Não é difícil entender: para conseguir se comunicar externamente, o
malware teria que ser configurado para usar o proxy “normal” e isso geralmente não acontece; no proxy transparente não
há esta limitação, portanto, o acesso aconteceria normalmente.

Limitações dos firewalls


Firewalls têm lá suas limitações, sendo que estas variam conforme o tipo de solução e a arquitetura utilizada. De fato,
firewalls são recursos de segurança bastante importantes, mas não são perfeitos em todos os sentidos, seguem abaixo
algumas dessas limitações:

- Um firewall pode oferecer a segurança desejada, mas comprometer o desempenho da rede (ou mesmo de um com-
putador). Esta situação pode gerar mais gastos para uma ampliação de infraestrutura capaz de superar o problema;
- A verificação de políticas tem que ser revista periodicamente para não prejudicar o funcionamento de novos serviços;
- Novos serviços ou protocolos podem não ser devidamente tratados por proxies já implementados;
- Um firewall pode não ser capaz de impedir uma atividade maliciosa que se origina e se destina à rede interna;
- Um firewall pode não ser capaz de identificar uma atividade maliciosa que acontece por descuido do usuário - quando
este acessa um site falso de um banco ao clicar em um link de uma mensagem de e-mail, por exemplo;
- Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou atacantes experientes podem tentar descobrir ou explorar brechas de
segurança em soluções do tipo;
- Um firewall não pode interceptar uma conexão que não passa por ele. Se, por exemplo, um usuário acessar a internet
em seu computador a partir de uma conexão 3G (justamente para burlar as restrições da rede, talvez), o firewall não con-
seguirá interferir.

67
INFORMÁTICA BÁSICA

SISTEMA ANTIVÍRUS.

Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus, spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca precisou
formatar seu computador?
Os vírus representam um dos maiores problemas para usuários de computador. Para poder resolver esses problemas,
as principais desenvolvedoras de softwares criaram o principal utilitário para o computador, os antivírus, que são progra-
mas com o propósito de detectar e eliminar vírus e outros programas prejudiciais antes ou depois de ingressar no sistema.
Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de programas de software que são implementados sem o consentimento
(e inclusive conhecimento) do usuário ou proprietário de um computador e que cumprem diversas funções nocivas para
o sistema. Entre elas, o roubo e perda de dados, alteração de funcionamento, interrupção do sistema e propagação para
outros computadores.
Os antivírus são aplicações de software projetadas como medida de proteção e segurança para resguardar os dados e o
funcionamento de sistemas informáticos caseiros e empresariais de outras aplicações conhecidas comunmente como vírus
ou malware que tem a função de alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos computadores.
Um programa de proteção de vírus tem um funcionamento comum que com frequência compara o código de cada
arquivo que revisa com uma base de dados de códigos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode determinar se trata
de um elemento prejudicial para o sistema. Também pode reconhecer um comportamento ou padrão de conduta típica
de um vírus. Os antivírus podem registrar tanto os arquivos encontrados dentro do sistema como aqueles que procuram
ingressar ou interagir com o mesmo.
Como novos vírus são criados de maneira quase constante, sempre é preciso manter atualizado o programa antivírus
de maneira de que possa reconhecer as novas versões maliciosas. Assim, o antivírus pode permanecer em execução duran-
te todo tempo que o sistema informático permaneça ligado, ou registrar um arquivo ou série de arquivos cada vez que o
usuário exija. Normalmente, o antivírus também pode verificar e-mails e sites de entrada e saída visitados.
Um antivírus pode ser complementado por outros aplicativos de segurança, como firewalls ou anti-spywares que cum-
prem funções auxiliares para evitar a entrada de vírus.
Então, antivírus são os programas criados para manter seu computador seguro, protegendo-o de programas malicio-
sos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar dados de seu computador.
Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre escolha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers estão usando
este mercado para enganar pessoas com falsos softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa seu computador vul-
nerável aos ataques.
E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado ao baixar programas de segurança em sites desconhecidos, e
divulgue, para que ninguém seja vítima por falta de informação.
Os vírus que se anexam a arquivos infectam também todos os arquivos que estão sendo ou e serão executados. Alguns
às vezes recontaminam o mesmo arquivo tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um espaço considerável
(que é sempre muito precioso) em seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre os espaços do programa origi-
nal, para não dar a menor pista de sua existência.
Cada vírus possui um critério para começar o ataque propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apagados,
o micro começa a travar, documentos que não são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mostram mensagens
chatas, outros mais elaborados fazem estragos muitos grandes.

Existe uma variedade enorme de softwares antivírus no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-o sempre
atualizado. Isso porque surgem vírus novos todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência deles para proteger
seu sistema operacional.
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços de atualização automática. Abaixo há uma lista com os antivírus
mais conhecidos:
Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br - Possui versão de teste.
McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Possui versão de teste.
AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga e outra gratuita para uso não comercial (com menos funcionali-
dades).
Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoftware.com.br - Possui versão de teste.
É importante frisar que a maioria destes desenvolvedores possuem ferramentas gratuitas destinadas a remover vírus
específicos. Geralmente, tais softwares são criados para combater vírus perigosos ou com alto grau de propagação.

68
INFORMÁTICA BÁSICA

Figura 94: Principais antivírus do mercado atual

Tipos de Vírus

Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia” (Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permitem a inva-
são de um computador alheio com espantosa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso artefato militar fabri-
cado pelos gregos espartanos. Um “amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de grego”, que seria um aplicati-
vo qualquer. Quando o leigo o executa, o pro- grama atua de forma diferente do que era esperado.
Ao contrário do que é erroneamente informado na mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele não se re-
produz e não tem nenhuma comparação com vírus de computador, sendo que seu objetivo é totalmente diverso. Deve-se
levar em consideração, também, que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classificam como tal. A expressão “Tro-
jan” deve ser usada, exclusivamente, como definição para programas que capturam dados sem o conhecimento do usuário.
O Cavalo de Tróia é um programa que se aloca como um ar- quivo no computador da vítima. Ele tem o intuito de
roubar informações como passwords, logins e quaisquer dados, sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando a
máquina contaminada por um Trojan conectar-se à Internet, poderá ter todas as informações contidas no HD visualizadas
e capturadas por um intruso qualquer. Estas visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve dentro de um com-
putador alheio sabe as possibilidades oferecidas.

Worms (vermes) podem ser interpretados como um tipo de vírus mais inteligente que os demais. A principal diferença entre
eles está na forma de propagação: os worms podem se propagar rapidamente para outros computadores, seja pela Internet, seja
por meio de uma rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de maneira discreta e o usuário só nota o problema quando o
computador apresenta alguma anormalidade. O que faz destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de propagação. O
worm pode capturar endereços de e-mail em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema de envio de e-mails) próprios
ou qualquer outro meio que permita a contaminação de computadores (normalmente milhares) em pouco tempo.

Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não serem necessariamente vírus, estes três nomes também represen-
tam perigo. Spywares são programas que ficam«espionando» as atividades dos internautas ou capturam informações sobre
eles. Para contaminar um computador, os spywares podem vir embutidos em softwares desconhecidos ou serem baixa- dos
automaticamente quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso.
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, destina-
dos a capturar tudo o que é digitado no teclado. O objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas.
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram» navegadores de Internet, principalmente o Internet Explorer.
Quando isso ocorre, o hijacker altera a página inicial do browser e impede o usuário de mudá-la, exibe propagandas em
pop-ups ou janelas novas, instala barras de ferramentas no navegador e podem impedir acesso a determinados sites (como
sites de software antivírus, por exemplo).
Os spywares e os keyloggers podem ser identificados por programas anti-spywares. Porém, algumas destas pragas são
tão peri- gosas que alguns antivírus podem ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus. No caso de hijackers,
muitas vezes é necessário usar uma ferramenta desenvolvida especialmente para combater aquela praga. Isso porque os hi-
jackers podem se infiltrar no sistema operacional de uma forma que nem antivírus nem anti-spywares conseguem “pegar”.

Hoaxes, São boatos espalhados por mensagens de correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de computa-
dor. Uma mensagem no e-mail alerta para um novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na rede e que infectará
o micro do destinatário enquanto a mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar em determinada tecla ou link.

69
INFORMÁTICA BÁSICA

Quem cria a mensagem hoax normalmente costuma dizer Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network –
que a informação partiu de uma empresa confiável, como MAN) – quando a distância dos equipamentos conec-
IBM e Microsoft, e que tal vírus poderá danificar a máquina tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de
do usuário. Desconsidere a mensagem. 10km. Ex.: TV à cabo;
Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network – WAN)
– rede que faz a cobertura de uma grande área geográ-
fica, geralmente, um país, cerca de 100 km;
CONCEITOS DE AMBIENTE DE REDES DE Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re-
COMPUTADORES. des espalhadas pelo mundo podendo ser interconectadas
a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem maio-
res, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet;
Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area
Redes de Computadores refere-se à interligação por Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos
meio de um sistema de comunicação baseado em trans- eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento.
missões e protocolos de vários computadores com o ob- Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio
jetivo de trocar informações, entre outros recursos. Essa para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para
ligação é chamada de estações de trabalho (nós, pontos grandes distâncias.
ou dispositivos de rede).
Atualmente, existe uma interligação entre computado- Topologia de Redes
res espalhados pelo mundo que permite a comunicação Astopologias das redes de computadores são as estru-
entre os indivíduos, quer seja quando eles navegam pela turas físicas dos cabos, computadores e componentes.
internet ou assiste televisão. Diariamente, é necessário utili- Existem as topologias físicas, que são mapas que mos-
zar recursos como impressoras para imprimir documentos, tram a localização de cada componente da rede que
reuniões através de videoconferência, trocar e-mails, aces- serão tratadas a seguir. e as lógicas, representada pelo
sar às redes sociais ou se entreter por meio de jogos, etc. modo que os dados trafegam na rede:
Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails, Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas es-
basta ter um tablet ou smartphone com acesso à internet tão interconectadas por pares através de um roteamen-
nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens, o to de dados;
crescimento das redes de computadores também tem seu Topologia de Estrela – modelo em que existe um
lado negativo. A cada dia surgem problemas que preju- ponto central (concentrador) para a conexão, geral-
dicam as relações entre os indivíduos, como pirataria, es- mente um hub ou switch;
pionagem, phishing - roubos de identidade, assuntos polê- Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em
micos como racismo, sexo, pornografia, sendo destacados automação industrial e na década de 1980 pelas redes
com mais exaltação, entre outros problemas. Token Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores são
Há muito tempo, o ser homem sentiu a necessidade entreligados formando um anel e os dados são propagados
de compartilhar conhecimento e estabelecer relações com de computador a computador até a máquina de origem;
pessoas a distância. Na década de 1960, durante a Guerra Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri-
Fria, as redes de computadores surgiram com objetivos mi- meiras conexões feitas pelas redes Ethernet.Refere- se a
litares: interconectar os centros de comando dos EUA para computadores conectados em formato linear, cujo cabea-
com objetivo de proteger e enviar de dados. mento é feito em sequencialmente;
Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas
Alguns tipos de Redes de Computadores estão interligadas por um mesmo canal através de pacotes
Antigamente, os computadores eram conectados em endereçados (unicast, broadcast e multicast).
distâncias curtas, sendo conhecidas como  redes locais.
Mas, com a evolução das redes de computadores, foi ne- Cabos
cessário aumentar a distância da troca de informações en- Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura fí-
tre as pessoas. As redes podem ser classificadas de acor- sica utilizada para conectar computadores em rede, estan-
do com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet, DSL, Token ring, do relacionados a largura de banda, a taxa de transmissão,
etc.), a  extensão geográfica (LAN, PAN, MAN, WLAN, padrões internacionais, etc. Há vantagens e desvantagens
etc.), a topologia (anel, barramento, estrela, ponto-a- para a conexão feita por meio de cabeamento. Os mais uti-
-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por cabo de lizados são:
fibra óptica, trançado, via rádio, etc.). Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por
Veja alguns tipos de redes: sua velocidade, pode ser feito sob medida, comprados
Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se em lojas de informática ou produzidos pelo usuário;
comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Blue- Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância
tooth; maior na transmissão de dados, apesar de serem flexí-
Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em veis, são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento
que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala, ISA, suporte não encontrado em computadores mais
um prédio ou um campus de universidade; novos;

70
INFORMÁTICA BÁSICA

Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes
de difícil instalação. São velozes e imunes a interfe- e arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona
rências eletromagnéticas. como um tipo de ponte na camada de  rede do modelo
Após montar o cabeamento de rede é necessário OSI (Open Systens Interconnection - protocolo de inter-
realizar um teste através dos  testadores de cabos, ad- conexão de sistemas abertos para conectar máquinas de
quirido em lojas especializadas. Apesar de testar o fun- diferentes fabricantes), identificando e determinando um IP
cionamento, ele não detecta se existem ligações incor- para cada computador que se conecta com a rede.
retas. É preciso que um técnico veja se os fios dos cabos Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de dados
estão na posição certa. na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os ro-
teadores estáticos, capaz de encontrar o menor caminho
Sistema de Cabeamento Estruturado para tráfego de dados, mesmo se a rede estiver conges-
Para que essa conexão não prejudique o ambiente tionada; e os  roteadores dinâmicos que encontram ca-
de trabalho, em uma grande empresa, são necessárias minhos mais rápidos e menos congestionados para o
várias conexões e muitos cabos, sendo necessário o ca- tráfego.
beamento estruturado.
Através dele, um técnico irá poupar trabalho e tem- Modem: Dispositivo responsável por transformar a
po, tanto para fazer a instalação, quanto para a remoção onda analógica que será transmitida por meio da linha te-
da rede. Ele é feito através das tomadas RJ-45 que pos- lefônica, transformando-a em sinal digital original.
sibilitam que vários conectores possam ser inseridos
em um único local, sem a necessidade de serem conec- Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes de
tados diretamente no hub. computadores, como por exemplo, envio de arquivos ou
Além disso, o sistema de cabeamento estruturado e-mail. Os computadores que acessam determinado servi-
possui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os dor são conhecidos como clientes.
cabos das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um
concentrador de tomadas, favorecendo a manutenção Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunicação
das redes. Eles são adaptados e construídos para serem entre os computadores da rede. Cada arquitetura de rede
inseridos em um rack. depende de um tipo de placa específica. As mais utilizadas
Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto são as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em anel).
do cabeamento de rede, em que a conexão da rede é
pensada de forma a realizar a sua expansão.

Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o ca-


beamento de rede. Ele poderá transformar os sinais re-
cebidos e enviá-los para outros pontos da rede. Ape-
sar de serem transmissores de informações para outros
pontos, eles também diminuem o desempenho da rede,
podendo haver colisões entre os dados à medida que
são anexas outras máquinas. Esse equipamento, nor-
malmente, encontra-se dentro do hub.

Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar


todos os dados da rede e compartilhá-los entre as ou-
tras estações (máquinas). Nesse momento nenhuma ou-
tra máquina consegue enviar um determinado sinal até
que os dados sejam distribuídos completamente. Eles
são utilizados em redes domésticas e podem ter 8, 16,
24 e 32 portas, variando de acordo com o fabricante.
Existem os  Hubs Passivos, Ativos, Inteligentes  e  Empi-
lháveis.

Bridges: É um repetidor inteligente que funciona


como uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede,
além de relacionar diferentes arquiteturas.

Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub,


mas que funciona como uma ponte: ele envia os dados
apenas para a máquina que o solicitou. Ele possui mui-
tas portas de entrada e melhor performance, podendo
ser utilizado para redes maiores.

71
INFORMÁTICA BÁSICA

EXERCÍCIOS 5) (CRM-PI 2016 - Quadrix – Médico Fiscal) Em um


computador com o sistema operacional Windows insta-
1 ) ( L I Q U I G Á S 2012 - C E S G R A N R I O - A S S I S- lado, um funcionário deseja enviar 50 arquivos, que jun-
T E N T E A D M I N I S T R AT I VO ) Um computador é um tos totalizam 2 MB de tamanho, anexos em um e-mail.
equipamento capaz de processar com rapidez e Para facilitar o envio, resolveu compactar esse conjunto
segurança grande quantidade de informações. de arquivos em um único arquivo utilizando um softwa-
Assim, além dos componentes de hardware, os re  compactador. Só não poderá ser utilizado nessa ta-
computadores necessitam de um conjunto de soft- refa o software: 
wares denominado: a) 7-Zip.
a. arquivo de dados. b) WinZip.
b. blocos de disco. c) CuteFTP.
c. navegador de internet. d) jZip.
d. processador de dados. e) WinRAR.
e. sistemaoperacional.
6) (MPE-CE 2013 - FCC - Analista Ministerial - Direi-
2) (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁ- to) Sobre manipulação de arquivos no Windows 7 em
RIO – ADMINISTRATIVA) As características básicas português, é correto afirmar que,
da segurança da informação — confidencialidade, a) para mostrar tipos diferentes de informações so-
integridade e disponibilidade — não são atributos bre cada arquivo de uma janela, basta clicar no botão
exclusivos dos sistemas computacionais. Classificar na barra de ferramentas da janela e escolher
a. Certo o modo de exibição desejado.
b. Errado b) quando você exclui um arquivo do disco rígido,
ele é apagado permanentemente e não pode ser pos-
3) (TRE/CE 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO teriormente recuperado caso tenha sido excluído por
– JURÍDICA) São ações para manter o computador engano.
protegido, EXCETO: c) para excluir um arquivo de um pen drive, basta
a. Evitar o uso de versões de sistemas ope- clicar com o botão direito do mouse sobre ele e selecio-
racionais ultrapassadas, como Windows 95 ou 98. nar a opção Enviar para a lixeira.
b. Excluir spams recebidos e não comprar d) se um arquivo for arrastado entre duas pastas
nada anunciado através desses spams. que estão no mesmo disco rígido, ele será compartilha-
c. Não utilizar firewall. do entre todos os usuários que possuem acesso a essas
d. Evitar utilizar perfil de administrador, pre- pastas.
ferindo sempre utilizar um perfil mais restrito. e) se um arquivo for arrastado de uma pasta do dis-
e. Não clicar em links não solicitados, pois co rígido para uma mídia removível, como um pen drive,
links estranhos muitas vezes são vírus. ele será copiado.

4) (Copergás 2016 - FCC – Técnico Operacional 7) (SUDECO 2013 - FUNCAB - Contador) No sistema
Segurança do Trabalho) A ferramenta Outlook : operacional Linux,o comando que NÃO está relacionado
a) é um serviço de e-mail gratuito para geren- a manipulação de arquivos é:
ciar todos os e-mails, calendários e contatos de a) kill
um usuário. b) cat
b) 2016 é a versão mais recente, sendo compa- c) rm
tível com o Windows 10, o Windows 8.1 e o Win- d) cp
dows 7. e) ftp
c) permite que todas as pessoas possam ver o
calendário de um usuário, mas somente aquelas 8) (IBGE 2016 - FGV - Analista - Análise de Sistemas
com e-mail Outlook.com podem agendar reuniões - Desenvolvimento de Aplicações - Web Mobile) Um de-
e responder a convites. senvolvedor Android deseja inserir a funcionalidade de
d) funciona apenas em dispositivos com Win- backup em uma aplicação móvel para, de tempos em
dows, não funcionando no iPad, no iPhone, em ta- tempos, armazenar dados automaticamente. A classe da
blets e em telefones com Android. API de Backup (versão 6.0 ou superior) a ser utilizada é a:
e) versão 2015 oferece acesso gratuito às fer- a) BkpAgent;
ramentas do pacote de webmail Office 356 da Mi- b) BkpHelper;
crosoft.] c) BackupManager;
d) BackupOutputData;
e) BackupDataStream.

72
INFORMÁTICA BÁSICA

9) (Prefeitura de Cristiano Otoni 2016 - INAZ do 14) (IF-PA 2016 - FUNRIO - Técnico de Tecnologia da
Pará - Psicólogo) Realizar cópia de segurança é uma Informação) São dispositivos ou periféricos de entrada de
forma de prevenir perda de informações. Qual é o um computador:
Backup que só efetua a cópia dos últimos arquivos que
foram criados pelo usuário ou sistema? a) Câmera, Microfone, Projetor e Scanner.
a) Backup incremental b) Câmera, Mesa Digitalizadora, Microfone e Scanner.
b) Backup diferencial c) Microfone, Modem, Projetor e Scanner.
c) Backup completo d) Mesa Digitalizadora, Monitor, Microfone e Projetor.
d) Backup Normal e) Câmera, Microfone, Modem e Scanner.
e) Backup diário
15) (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO-
10) (CRO-PR 2016 - Quadrix - Auxiliar de Departa- GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) Acerca dos ambientes Linux e
mento) Como é chamado o backup em que o sistema Windows, julgue os itens seguintes.2No sistema operacio-
não é interrompido para sua realização? nal Windows 8, há a possibilidade de integrar-se à denomi-
a) Backup Incremental. nada nuvem de computadores que fazem parte da Internet.
b) Cold backup. a)Certo
c) Hot backup. b)Errado
d) Backup diferencial.
e) Backup normal 16) (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTI-
CA) Alguns programas do computador de Ana estão muito
11) (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrati- lentos e ela receia que haja um problema com o hardware
vo) Um funcionário precisa conectar um projetor mul- ou com a memória principal. Muitos de seus programas
timídia a um computador. Qual é o padrão de conexão falham subitamente e o carregamento de arquivos gran-
que ele deve usar? des de imagens e vídeos está muito demorado. Além disso,
a) RJ11 aparece, com frequência, mensagens indicando conflitos
b) RGB em drivers de dispositivos. Como ela utiliza o Windows 7,
c) HDMI resolveu executar algumas funções de diagnóstico, que
d) PS2 poderão auxiliar a detectar as causas para os problemas e
e) RJ45 sugerir as soluções adequadas.
Para realizar a verificação da memória e, em seguida do
12) (SABESP 2014 - FCC - Analista de Gestão - Ad- hardware, Ana utilizou, respectivamente, as ferramentas:
ministração) Correspondem, respectivamente, aos ele- a)Diagnóstico de memória do Windows e Monitor de
mentos placa de som, editor de texto, modem, editor desempenho.
de planilha e navegador de internet: b)Monitor de recursos de memória e Diagnóstico de
conflitos do Windows.
a) software, software, hardware, software e hardwa- c)Monitor de memória do Windows e Diagnóstico de
re. desempenho de hardware.
b) hardware, software, software, software e hard- d)Mapeamento de Memória do Windows e Mapea-
ware. mento de hardware do Windows.
c) hardware, software, hardware, hardware e soft- e)Diagnóstico de memória e desempenho e Diagnósti-
ware. co de hardware do Windows.
d) software, hardware, hardware, software e soft-
ware. 17) (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECU-
e) hardware, software, hardware, software e softwa- ÇÃO DE MANDADOS) Beatriz trabalha em um escritório de
re. advocacia e utiliza um computador com o Windows 7 Profes-
sional em português. Certo dia notou que o computador em
13) (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrati- que trabalha parou de se comunicar com a internet e com
vo) Um computador à venda em um sítio de comércio outros computadores ligados na rede local. Após consultar
eletrônico possui 3.2 GHz, 8 GB, 2 TB e 6 portas USB. um técnico, por telefone, foi informada que sua placa de rede
Essa configuração indica que: poderia estar com problemas e foi orientada a checar o fun-
a) a velocidade do processador é 3.2 GHz. cionamento do adaptador de rede. Para isso, Beatriz entrou
b) a capacidade do disco rígido é 8 GB. no Painel de Controle, clicou na opção Hardware e Sons e, no
c) a capacidade da memória RAM é 2 TB. grupo Dispositivos e Impressoras, selecionou a opção:
d) a resolução do monitor de vídeo é composta de a) Central de redes e compartilhamento.
6 portas USB. b) Verificar status do computador.
c) Redes e conectividade.
d) Gerenciador de dispositivos.
e) Exibir o status e as tarefas de rede.

73
INFORMÁTICA BÁSICA

18) (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTICA) No console do sistema operacional Linux, alguns comandos
permitem executar operações com arquivos e diretórios do disco.
Os comandos utilizados para criar, acessar e remover um diretório vazio são, respectivamente,
a) pwd, mv e rm.
b) md, ls e rm.
c) mkdir, cd e rmdir.
d) cdir, lsdir e erase.
e) md, cd e rd.

19) (TRT 10ª 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA) Acerca dos conceitos de sistema operacional
(ambientes Linux e Windows) e de redes de computadores, julgue os itens.3Por ser um sistema operacional aberto, o Li-
nux, comparativamente aos demais sistemas operacionais, proporciona maior facilidade de armazenamento de dados em
nuvem.
a) certo
b) errado

20) (TJ/RR 2012 - CESPE - AGENTE DE PROTEÇÃO) Acerca de organização e gerenciamento de informações, arquivos,
pastas e programas, de segurança da informação e de armazenamento de dados na nuvem, julgue os itens subsequen-
tes.1Um arquivo é organizado logicamente em uma sequência de registros, que são mapeados em blocos de discos. Em-
bora esses blocos tenham um tamanho fixo determinado pelas propriedades físicas do disco e pelo sistema operacional,
o tamanho do registro pode variar.
a) certo
b) errado

21) (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - RH) Paulo utiliza em seu trabalho o edi-
tor de texto Microsoft Word 2010 (em português) para produzir os documentos da empresa. Certo dia Paulo digitou um
documento contendo 7 páginas de texto, porém, precisou imprimir apenas as páginas 1, 3, 5, 6 e 7. Para imprimir apenas
essas páginas, Paulo clicou no Menu Arquivo, na opção Imprimir e, na divisão Configurações, selecionou a opção Imprimir
Intervalo Personalizado. Em seguida, no campo Páginas, digitou
a) 1,3,5-7 e clicou no botão Imprimir.
b) 1;3-5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora.
c) 1−3,5-7 e clicou no botão Imprimir.
d) 1+3,5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora.
e) 1,3,5;7 e clicou no botão Imprimir.

22) (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO DE MANDADOS) João trabalha no departamento finan-
ceiro de uma grande empresa de vendas no varejo e, em certa ocasião, teve a necessidade de enviar a 768 clientes inadim-
plentes uma carta com um texto padrão, na qual deveria mudar apenas o nome do destinatário e a data em que deveria
comparecer à empresa para negociar suas dívidas. Por se tratar de um número expressivo de clientes, João pesquisou
recursos no Microsoft Office 2010, em português, para que pudesse cadastrar apenas os dados dos clientes e as datas em
que deveriam comparecer à empresa e automatizar o processo de impressão, sem ter que mudar os dados manualmente.
Após imprimir todas as correspondências, João desejava ainda imprimir, também de forma automática, um conjunto de
etiquetas para colar nos envelopes em que as correspondências seriam colocadas. Os recursos do Microsoft Office 2010
que permitem atender às necessidades de João são os recursos
a) para criação de mala direta e etiquetas disponíveis na guia Correspondências do Microsoft Word 2010.
b) de automatização de impressão de correspondências disponíveis na guia Mala Direta do Microsoft PowerPoint 2010.
c) de banco de dados disponíveis na guia Correspondências do Microsoft Word 2010.
d) de mala direta e etiquetas disponíveis na guia Inserir do Microsoft Word 2010.
e) de banco de dados e etiquetas disponíveis na guia Correspondências do Microsoft Excel 2010.

23) (TCE/SP 2012 - FCC - AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA II) No editor de textos Writer do pacote BR Office, é
possível modificar e criar estilos para utilização no texto. Dentre as opções de Recuo e Espaçamento para um determinado
estilo, é INCORRETO afirmar que é possível alterar um valor para
a) recuo da primeira linha.
b) recuo antes do texto.
c) recuo antes do parágrafo.
d) espaçamento acima do parágrafo.
e) espaçamento abaixo do parágrafo.

74
INFORMÁTICA BÁSICA

24) (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PROGRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito do Excel, para ordenar, por
data, os registros inseridos na planilha, é suficiente selecionar a coluna data de entrada, clicar no menu Dados e, na lista
disponibilizada, clicar ordenar data.
a) certo
b) errado

25) (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) A planilha abaixo foi criada utilizando-se o
Microsoft Excel 2010 (em português).

A linha 2 mostra uma dívida de R$ 1.000,00 (célula B2) com um Credor A (célula A2) que deve ser paga em 2 meses
(célula D2) com uma taxa de juros de 8% ao mês (célula C2) pelo regime de juros simples. A fórmula correta que deve ser
digitada na célula E2 para calcular o montante que será pago é
a) =(B2+B2)*C2*D2.
b) =B2+B2*C2/D2.
c) =B2*C2*D2.
d) =B2*(1+(C2*D2)).
e) =D2*(1+(B2*C2)).

26)(MINISTÉRIO DA FAZENDA 2012 - ESAF - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO) O BrOffice é uma suíte para
escritório gratuita e de código aberto. Um dos aplicativos da suíte é o Calc, que é um programa de planilha eletrônica e
assemelha-se ao Excel da Microsoft. O Calc é destinado à criação de planilhas e tabelas, permitindo ao usuário a inserção
de equações matemáticas e auxiliando na elaboração de gráficos de acordo com os dados presentes na planilha. O Calc
utiliza como padrão o formato:
a) XLS.
b) ODF.
c) XLSX.
d) PDF.
e) DOC.

27) (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Após ministrar uma palestra sobre Segurança
no Trabalho, Iracema comunicou aos funcionários presentes que disponibilizaria os slides referentes à palestra na intranet
da empresa para que todos pudessem ter acesso. Quando acessou a intranet e tentou fazer o upload do arquivo de slides
criado no Microsoft PowerPoint 2010 (em português), recebeu a mensagem do sistema dizendo que o formato do arquivo
era inválido e que deveria converter/salvar o arquivo para o formato PDF e tentar realizar o procedimento novamente. Para
realizar a tarefa sugerida pelo sistema, Iracema
a) clicou no botão Iniciar do Windows, selecionou a opção Todos os programas, selecionou a opção Microsoft Office
2010 e abriu o software Microsoft Office Converter Professional 2010. Em seguida, clicou na guia Arquivo e na opção Con-
verter. Na caixa de diálogo que se abriu, selecionou o arquivo de slides e clicou no botão Converter.
b)abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint 2010, clicou na guia Ferramentas e, em seguida, clicou na opção
Converter. Na caixa de diálogo que se abriu, clicou na caixa de combinação que permite definir o tipo do arquivo e selecio-
nou a opção PDF. Em seguida, clicou no botão Converter.
c)abriu a pasta onde o arquivo estava salvo, utilizando os recursos do Microsoft Windows 7, clicou com o botão direito
do mouse sobre o nome do arquivo e selecionou a opção Salvar como PDF.

75
INFORMÁTICA BÁSICA

d)abriu o arquivo utilizando o Microsoft Power- 31) (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO-
Point 2010, clicou na guia Arquivo e, em seguida, cli- GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito de redes de compu-
cou na opção Salvar Como. Na caixa de diálogo que tadores, julgue os itens subsequentes. Lista de discussão é
se abriu, clicou na caixa de combinação que permite uma ferramenta de comunicação limitada a uma intranet,
definir o tipo do arquivo e selecionou a opção PDF. ao passo que grupo de discussão é uma ferramenta geren-
Em seguida, clicou no botão Salvar. ciável pela Internet que permite a um grupo de pessoas a
e)baixou da internet um software especializado troca de mensagens via email entre todos os membros do
em fazer a conversão de arquivos do tipo PPTX para grupo.
PDF, pois verificou que o PowerPoint 2010 não possui a) Certo
opção para fazer tal conversão. b) Errado

28) (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ADMINISTRA- 32) (CEITEC 2012 - FUNRIO - ADMINISTRAÇÃO/CIÊN-
DOR) Em um slide em branco de uma apresentação CIAS CONTÁBEIS/DIREITO/PREGOEIRO PÚBLICO) Na inter-
criada utilizando-se o Microsoft PowerPoint 2010 net o protocolo_________ permite a transferência de men-
(em português), uma das maneiras de acessar alguns sagens eletrônicas dos servidores de _________para caixa
dos comandos mais importantes é clicando-se com o postais nos computadores dos usuários. As lacunas se
botão direito do mouse sobre a área vazia do slide. completam adequadamente com as seguintes expressões:
Dentre as opções presentes nesse menu, estão as que a) Ftp/ Ftp.
permitem b) Pop3 / Correio Eletrônico.
a) copiar o slide e salvar o slide. c) Ping / Web.
b) salvar a apresentação e inserir um novo slide. d) navegador / Proxy.
c) salvar a apresentação e abrir uma apresentação e) Gif / de arquivos
já existente.
d) apresentar o slide em tela cheia e animar obje- 33) (CASA DA MOEDA 2012 - CESGRANRIO - ASSIS-
tos presentes no slide. TENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - APOIO ADMINISTRA-
e) mudar o layout do slide e a formatação do pla- TIVO) Em uma rede local, cujas estações de trabalho usam
no de fundo do slide. o sistema operacional Windows XP e endereços IP fixos em
suas configurações de conexão, um novo host foi instalado
29) (TRT 11ª 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO e, embora esteja normalmente conectado à rede, não con-
- JUDICIÁRIA) Em um slide mestre do BrOffice.org segue acesso à internet distribuída nessa rede.
Apresentação (Impress), NÃO se trata de um espaço Considerando que todas as outras estações da rede es-
reservado que se possa configurar a partir da janela tão acessando a internet sem dificuldades, um dos motivos
Elementos mestres: que pode estar ocasionando esse problema no novo host é
a) Número da página.
b) Texto do título. a) a codificação incorreta do endereço de FTP para o
c) Data/hora. domínio registrado na internet.
d) Rodapé. b) a falta de registro da assinatura digital do host nas
e) Cabeçalho. opções da internet.
c) um erro no Gateway padrão, informado nas proprie-
30) (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE dades do Protocolo TCP/IP desse host.
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - RH) No Microsoft Inter- d) um erro no cadastramento da conta ou da senha do
net Explorer 9 é possível acessar a lista de sites visi- próprio host.
tados nos últimos dias e até semanas, exceto aqueles e) um defeito na porta do switch onde a placa de rede
visitados em modo de navegação privada. Para abrir desse host está conectada.
a opção que permite ter acesso a essa lista, com o
navegador aberto, clica-se na ferramenta cujo dese- 34) (CASA DA MOEDA 2012 - CESGRANRIO - ASSIS-
nho é TENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - APOIO ADMINISTRA-
a) uma roda dentada, posicionada no canto supe- TIVO) Para conectar sua estação de trabalho a uma rede
rior direito da janela. local de computadores controlada por um servidor de do-
b) uma casa, posicionada no canto superior direi- mínios, o usuário dessa rede deve informar uma senha e
to da janela. um[a]
c) uma estrela, posicionada no canto superior di- a) endereço de FTP válido para esse domínio.
reito da janela. b) endereço MAC de rede registrado na máquina cliente.
d) um cadeado, posicionado no canto inferior di- c) porta válida para a intranet desse domínio.
reito da janela. d) conta cadastrada e autorizada nesse domínio.
e) um globo, posicionado à esquerda da barra de e) certificação de navegação segura registrada na in-
endereços. tranet.

76
INFORMÁTICA BÁSICA

35) (CÂMARA DOS DEPUTADOS 2012 - CESPE - ANA- Está correto o que se afirma em
LISTA LEGISLATIVO - TÉCNICA LEGISLATIVA) Com relação
a redes de computadores, julgue os próximos itens.5Uma a) II, apenas.
rede local (LAN — local area network) é caracterizada por b) I e II, apenas.
abranger uma área geográfica, em teoria, ilimitada. O al- c) II e III, apenas.
cance físico dessa rede permite que os dados trafeguem d) I, II e III, apenas.
com taxas acima de 100 Mbps. e) I, II, III e IV.
a) certo
b) errado 40) (MPE/PE 2012 - FCC - ANALISTA MINISTERIAL - IN-
FORMÁTICA) Sobre Cavalo de Tróia, é correto afirmar:
36) (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO -
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Com relação à certifica- a) Consiste em um conjunto de arquivos .bat que não
ção digital, julgue os itens que se seguem.O certificado necessitam ser explicitamente executados.
digital revogado deve constar da lista de certificados re- b) Contém um vírus, por isso, não é possível distinguir
vogados, publicada na página de Internet da autoridade as ações realizadas como consequência da execução do
certificadora que o emitiu. Cavalo de Tróia propriamente dito, daquelas relacionadas
a) Certo ao comportamento de um vírus.
b) Errado c) Não é necessário que o Cavalo de Tróia seja executa-
do para que ele se instale em um computador. Cavalos de
37) (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - Tróia vem anexados a arquivos executáveis enviados por
ADMINISTRATIVA) Acerca de segurança da informação, e-mail.
julgue os itens a seguir. O vírus de computador é assim d) Não instala programas no computador, pois seu úni-
denominado em virtude de diversas analogias poderem ser co objetivo não é obter o controle sobre o computador,
feitas entre esse tipo de vírus e os vírus orgânicos. mas sim replicar arquivos de propaganda por e-mail.
a) Certo e) Distingue-se de um vírus ou de um worm por não
b) Errado infectar outros arquivos, nem propagar cópias de si mesmo
automaticamente.
38) (MPE/PE 2012 - FCC - TÉCNICO MINISTERIAL - AD-
MINISTRATIVO) Existem vários tipos de vírus de computa-
dores, dentre eles um dos mais comuns são vírus de ma- GABARITO
cros, que:
a) são programas binários executáveis que são baixa- 1-E/ 2-A/ 3- C/ 4- B/ 5-C/ 6-E / 7-A / 8-C / 9-A / 10-C/
dos de sites infectados na Internet. 11-C / 12-E / 13-A / 14-C / 15-A / 16-A / 17-D / 18-C /
b) podem infectar qualquer programa executável do 19-B / 20-A / 21-A / 22-A / 23-C / 24-B / 25-D/ 26-B/
computador, permitindo que eles possam apagar arquivos 27-D / 28-E / 29-B / 30-C / 31-B / 32-B / 33-C / 34-D/
e outras ações nocivas. 35-B / 36-A / 37- A / 38-C / 39-B / 40-E
c) são programas interpretados embutidos em docu-
mentos do MS Office que podem infectar outros documen-
tos, apagar arquivos e outras ações nocivas.
d) são propagados apenas pela Internet, normalmente
em sites com software pirata.
e) podem ser evitados pelo uso exclusivo de software
legal, em um computador com acesso apenas a sites da
Internet com boa reputação.

39) (SABESP 2012 - FCC - ANALISTA DE GESTÃO I - SIS-


TEMAS)Sobre vírus, considere:
I. Para que um computador seja infectado por um ví-
rus é preciso que um programa previamente infectado seja
executado.
II. Existem vírus que procuram permanecer ocultos,
infectando arquivos do disco e executando uma série de
atividades sem o conhecimento do usuário.
III. Um vírus propagado por e-mail (e-mail borne vírus)
sempre é capaz de se propagar automaticamente, sem a
ação do usuário.
IV. Os vírus não embutem cópias de si mesmo em ou-
tros programas ou arquivos e não necessitam serem expli-
citamente executados para se propagarem.

77
INFORMÁTICA BÁSICA

ANOTAÇÕES

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CONHECIMENTOS GERAIS

1) Relações políticas e socioeconômicas no espaço mundial. ............................................................................................................... 01


2) Disputas interimperialistas e transformações do espaço capitalista. ............................................................................................ 02
3) Formações dos blocos de poder................................................................................................................................................................... 03
4) Caracterização dos sistemas político-econômicos contemporâneos e suas áreas de influência e disputas; Globalização
e Fragmentação do espaço. ................................................................................................................................................................................ 05
5) Conflitos étnicos, políticos e religiosos atuais. ....................................................................................................................................... 05
6) Organismos Internacionais. ............................................................................................................................................................................ 08
7) Questão Ambiental: degradação e conservação no âmbito nacional e internacional. ........................................................... 09
8) Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo...................................................................................................................................... 10
CONHECIMENTOS GERAIS

econômica agravou a situação política e social dos


1-RELAÇÕES POLÍTICAS E SOCIOECONÔMICAS soviéticos, enfim a defasagem tecnológica e enormes
NO ESPAÇO MUNDIAL. gastos militares foram determinantes para o declínio
do socialismo na URSS e em outras nações, atualmente
apenas alguns países adotam o socialismo, como
China, Vietnã, Coréia e Cuba.
O sistema político-econômico que orienta
a organização de uma sociedade e seu espaço, Nova ordem mundial: o mundo multipolar
estabelece as relações entre os indivíduos no processo
de produção. Os dois sistemas são Capitalismo e Depois do período bipolar que dividia o mundo em
Socialismo. dois lados distintos, surge uma nova realidade no qual não
O Capitalismo surgiu durante a Revolução Industrial. mais duas nações são potências e dois regimes político-
As características desse regime político-econômico são econômicos são aplicados, pois agora existe a hegemonia
de economia de mercado em que o próprio determina do capitalismo em nível global, o mundo multipolar
a trajetória da circulação, dos preços, da produção. corresponde aos países que lideram a direção do planeta,
Monopólio é quando uma empresa ou mais domina a o primeiro é os EUA, maior potência econômica e militar,
oferta de um determinado seguimento. segunda potência é o Japão e a terceira são os países da
Cartel é quando um conjunto de empresas de Europa desenvolvida.
uma determinada área da economia tem objetivo de Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/
monopolizar ou dominar o mercado enfraquecendo geografia/sistemas-politicoeconomico.htm
os seus concorrentes, e a livre concorrência é a busca
de lucros, o predomínio da propriedade privada Existem diversas formas de se regionalizar o espaço
é a principal característica, e principalmente, uma geográfico, haja vista que as regiões nada mais são do que
sociedade dividida em classes. as classificações observadas pelo intelecto humano sobre
o espaço geográfico. Assim, existem regiões adotadas
O Capitalismo e a organização da sociedade subjetivamente pelas pessoas no meio cotidiano e regiões
elaboradas a partir de critérios científicos, que obedecem
Esse sistema não tem sido capaz de assegurar a pré-requisitos e conceitos de ordem natural ou social.
uma convivência harmônica entre os seres humanos e
a natureza. A difícil relação capital versus trabalho, a A regionalização socioeconômica do espaço mundial
devastação da natureza, o aumento das desigualdades é, pois, uma forma de realizar uma divisão entre os
sociais e a perda de valores são pontos negativos do diferentes países com base no nível de desenvolvimento
capitalismo. no âmbito do capitalismo contemporâneo. Basicamente,
trata-se de uma atualização da chamada “Teoria dos
O sistema socialista Mundos”, que regionalizava o planeta com base em países
de primeiro mundo (capitalistas desenvolvidos), segundo
Em 1917, na Rússia, uma Revolução derrubou o mundo (de economia planificada ou “socialistas”) e
Governo Monarquista, provocando a socialização dos terceiro mundo (capitalistas subdesenvolvidos). No caso
meios de produção, isso significa que todas as empresas da regionalização socioeconômica, considera-se apenas
industriais ou rurais passam a ser administradas pelo a existência do primeiro e terceiro mundos, haja vista que
estado, tudo é dividido entre todos, favorecendo o a perspectiva socialista ou planificada não possui mais
surgimento de uma sociedade sem divisão de classes, abertura no plano internacional após a queda do Muro
a economia controlada pelo estado é denominada de de Berlim.
planificada.
Essa regionalização classifica os países em dois
A queda do socialismo principais grupos: de um lado, os países do norte
desenvolvido; de outro, os países do sul subdesenvolvido.
O socialismo real, caracterizado pelo excessivo Por isso, muitos chamam essa divisão de regionalização
controle do estado não direcionou corretamente os norte-sul.
rumos do mercado e do processo de industrialização
e comercialização, além de focalizar as atividades
industriais na produção bélica, deixando de lado a
produção de bens de consumo, isso deixou a URSS
sem competitividade. Em 1980, uma intensa crise

1
CONHECIMENTOS GERAIS

Posto isso, considera-se que a maior parte dos países


ricos encontra-se situada nas terras emersas posicionadas 2) DISPUTAS INTERIMPERIALISTAS E
mais ao norte do globo, enquanto os países pobres TRANSFORMAÇÕES DO ESPAÇO CAPITALISTA.
estão majoritariamente no sul. No entanto, essa divisão
não segue à risca a delimitação cartográfica do planeta,
havendo aqueles países centrais no hemisfério sul, como
é o caso da Austrália, e países periféricos no hemisfério O mundo de hoje continua sua marcha consumido
norte, a exemplo da China. em meio de agudas e insolúveis contradições, localizadas
em posições distintas e opostas, de quem aspira manter
É importante observar que, além de ser muito o status quo devido aos enormes benefícios que este
abrangente, essa forma de regionalização do espaço lhes outorga, e de quem luta para que as coisas mudem
geográfico mundial possui uma série de limitações. A – de maneira total e definitiva – em benefício dos
principal delas é a de não evidenciar a heterogeneidade trabalhadores e dos povos.
existente entre os países de um mesmo grupo na
classificação. Os países do norte desenvolvido, por A riqueza que o planeta encerra e as incalculáveis
exemplo, apresentam-se com as mais diversas perspectivas, utilidades que seu aproveitamento e exploração
havendo aqueles considerados como “potências”, a produzem com o trabalho e o conhecimento
exemplo dos Estados Unidos, da Alemanha e outros, e desenvolvido pela humanidade, provocam que aqueles
aqueles considerados limitados economicamente ou que que se apropriam delas mantenham permanentes
sofrem crises recentes, tais como Portugal, Grécia, Rússia disputas e conflitos para ser os principais beneficiários
e Itália. em sua partilha. Assim se explicam as lutas, os conflitos
Já entre os países do sul subdesenvolvido, políticos e até bélicos que enfrentam os Estados
também existem evidentes distinções. Por um lado, há imperialistas, por trás dos quais tentam alinhar todos os
aqueles países pouco ou não industrializados, como países e povos do mundo. As guerras no Oriente Médio
economias centradas no setor primário basicamente, (Síria, Irã, Iraque, Palestina), Europa Oriental (Ucrânia),
e, por outro lado, aqueles países ditos “emergentes” Ásia (Iêmen, Paquistão, Afeganistão), África (Sudão do
ou “subdesenvolvidos industrializados”, tais como o Sul, Nigéria, República Democrática do Congo) são
BRICS (exceto a Rússia), os Tigres Asiáticos e outros. manifestações das contradições interimperialistas ou
Alguns deles, como a China, possuem economias agressões imperialistas.
muito avançadas em termos de produção e geração Ao mesmo tempo, e contra o domínio imperialista
de riquezas, porém sofrem com condições sociais e sua partilha de zonas de influência, desenvolve-se
limitadas, má distribuição de renda, analfabetismo, a luta dos trabalhadores e dos povos que resistem a
pobreza e problemas diversos. continuar na condição de vítimas do sistema capitalista-
Entender a dinâmica do espaço mundial, mesmo imperialista que os explora e os oprime através dos
que em uma perspectiva específica, é uma tarefa mais diversos mecanismos. Assim vemos também
bastante complicada, de forma que as generalizações um mundo no qual as contradições entre os donos
tendem ao erro. No entanto, a regionalização norte- do capital e os que unicamente possuem a força de
sul é importante no sentido de nos dar uma orientação trabalho se aguçam, tomando forma nos transcendentes
geral sobre o nível de desenvolvimento social e combates que desenvolvem os trabalhadores da cidade
econômico dos países e das populações nas diferentes e do campo, os camponeses, a juventude, os povos
partes do planeta. Assim, constrói-se uma base sobre originários, os povos negros, as mulheres em cada um
a qual é possível nos aprofundarmos em termos de de nossos países.
estudos e conhecimentos para melhor caracterizar as
relações socioespaciais no plano político e econômico Nosso continente expressa de maneira viva e clara
internacional. estes fenômenos. Nele se trava uma guerra surda entre
os donos do capital financeiro, que tecem suas redes
Fonte:https://brasilescola.uol.com.br/geografia/ sobre nossos países para crescer seus dividendos.
regionalizacao-socioeconomica-espaco-mundial.htm Capitais americanos, chineses, alemães, japoneses,
russos, ingleses, franceses, canadenses e de outras
potências percorrem a geografia americana para se
valer de nossas riquezas naturais e explorar a força
de trabalho de seus homens, mulheres, jovens e até
crianças.

2
CONHECIMENTOS GERAIS

A hegemonia que durante as últimas décadas Expressamos nossa solidariedade com os


detêm os capitais ianques na região sente o peso do trabalhadores, os camponeses, a juventude, as mulheres,
acelerado crescimento dos investimentos chineses, enfim… com quem luta por seus direitos, pelo pão, por
que tiveram e têm como principais aliados para sua justiça, por liberdade. Particularmente, expressamos
presença os governos denominados progressistas; os nossa solidariedade com a luta anti-imperialista do
monopólios agrupados na União Europeia participam povo curdo contra o Estado Islâmico fascista; e assim
desta lide promovendo, principalmente, a assinatura de como também com a resistência do povo palestino.
Tratados de Livre Comércio. Somos revolucionários, anti-imperialistas,
Aqueles que enaltecem esses investimentos antifascistas; somos lutadores consequentes contra o
chineses o fazem em nome de uma suposta política domínio dos donos do capital e estamos nas lutas dos
soberana e antiestadunidense, mas em realidade povos que se puseram de pé para libertar a humanidade.
estão provocando um processo de renegociação da
dependência, mas de nenhuma maneira rompem as Fonte: http://pcrbrasil.org/as-lutas-
redes do controle externo. O capital financeiro por sua interimperialistas-e-as-tarefas-dos-povos/
natureza é espoliador: não existe capital financeiro que
chegue para garantir o desenvolvimento, o bem-estar,
e menos ainda para libertar os povos.
O sistema capitalista-imperialista é um só e seu 3) FORMAÇÕES DOS BLOCOS DE PODER.
domínio cobre todo o planeta, o que não impede que
uma ou outra potência adote políticas específicas em
função de seus interesses: estabelecem acordos, alianças, Os blocos econômicos são associações criadas entre
constituem blocos; em uns lados se coligam e em os países, a fim de estabelecer relações econômicas entre
outros, entre eles mesmos, se confrontam; fenômenos si. Eles surgiram do reflexo da constante competição de
que as organizações políticas revolucionárias devem economias que estão sempre buscando o crescimento.
ter presente e entendê-los para o impulso de nossa Além disso, é um movimento cada vez mais comum no
atividade e luta. mercado mundial para aguentar o ritmo acelerado dos
Anos, décadas de história, confirmam que o países.
domínio total do capital traz consigo exploração,
opressão, discriminação, destruição da natureza. A Essa união acontece por interesses mútuos e
libertação dos povos exige necessariamente acabar pela possibilidade de crescimento em grupo. Esse
com a dominação imperialista, liquidar o poder dos crescimento passou a ser bem visto porque logo se
donos do capital. Combater o imperialismo, seja da cor percebeu que, por mais forte que fosse uma economia,
que for, os representantes e lacaios de seus interesses ela não poderia competir de igual para igual com
econômicos e políticos em cada um dos países, as grupos de economias unidas entre si.
classes dominantes nativas, são tarefas simultâneas que
andam de mãos dadas, indispensáveis para o triunfo da O que são Blocos Econômicos?
revolução e da luta pelo socialismo. Bloco econômico é uma união de países com
Entendemos a necessidade inevitável de desenvolver interesses mútuos de crescimento econômico e, em
a consciência anti-imperialista dos trabalhadores, alguns casos, se estende também à integração social.
da juventude e dos povos em geral, de maneira que Tem como uma das ideias principais garantir uma
essas bandeiras estejam presentes em todos e cada um maior integração entre países e trazer a facilitação do
de seus combates. Assim, nas ações, irá se forjando comércio. Os blocos econômicos começaram a surgir
uma frente anti-imperialista de caráter internacional, no fim da década de 40, após a 2ª Guerra Mundial.
indispensável para o triunfo da revolução social em Nesse período, a Europa estava devastada por causa
cada um dos países e em nível mundial. da guerra e também era fortemente influenciada pelo
Os desafios que os revolucionários da América Latina mercado norte-americano, que estava em processo de
e do mundo enfrentam no caminho para conquistar uma crescimento econômico e, portanto, poderia ameaçar
sociedade de liberdade, em que os trabalhadores da as economias europeias.
cidade e do campo sejam os donos e protagonistas de
seu próprio destino, expõe-nos também a necessidade O primeiro bloco econômico nasceu em 1944 com
de trabalhar pela unidade local e internacional dos a criação da BENELUX formada por Bélgica, Holanda e
povos e pela unidade das organizações políticas e Luxemburgo. Seu objetivo era ajudar os países-membros
sociais que lutam pelos mesmos objetivos. a se recuperarem da guerra. Após ele, principalmente
depois da Guerra Fria, outros foram criados.

3
CONHECIMENTOS GERAIS

Classificação dos Blocos CEI


São definidos quatro estágios ou tipos de blocos: Há ainda na Europa, a Comunidade dos Estados
Independentes (CEI), que foi criada em 1991. Ela é
Área de Livre Comércio: o primeiro seria a formada pelos países Armênia, Cazaquistão, Belarus,
determinação de uma área de livre comércio, que Federação Russa, Moldávia, Quirquistão, Tadjiquistão,
significa que produtos produzidos por um país podem Ucrânia, Uzbequistão, Azerbaidjão e Turcomenistão
entrar em países que têm esse acordo de livre comércio (membro associado).
com ele, isento de taxas e burocracias tradicionais de
uma importação normal; Mercosul
O Mercosul é um bloco que foi criado em 1992,
União Aduaneira: numa segunda fase, de sendo formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e
interesses mais amplos, a união aduaneira apresenta Uruguai. A Venezuela entrou no bloco em 2012, mas
a implementação de condutas de comércio, além de existem outros em processo de adesão e associados. O
regras para comércios com países que não fazem parte objetivo da Mercosul é trazer uma integração política,
dessa união. econômica e social entre os países participantes, auxiliar
Mercado Comum: a terceira parte é a criação de um no aumento da qualidade de vida e fortalecer o vínculo
mercado comum, que implica numa integração maior entre os cidadãos do bloco.
entre as economias e regras de comércio interno e
externo, além de englobar a passagem de mercadorias, Nafta
pessoas e capital entre esses países de forma livre. O Tratado Norte-Americano de Livre Comércio
(NAFTA) foi criado oficialmente em 1994 e é formado
União Econômica e Monetária: o estágio máximo de por México, Estados Unidos e Canadá. O principal
ligação é o de união econômica e monetária, que é um objetivo do bloco é manter políticas comuns com
mercado comunitário, mas com o diferencial de ter uma relação a barreiras alfandegárias, leis financeiras,
moeda comum em circulação nos países que compõem padrões e acesso aos mercados dos países-membros.
esse grupo. Comunidade Andina de Nações - Pacto Andino
A Comunidade Andina de Nações foi criada em
Esses estágios são baseados nas fases ou categorias
1969, formada pela Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
vividas pelos blocos, mas há uma ordem obrigatória
Tem como foco a integração comercial e o acesso dos
para sua criação. O bloco que seguiu todos os passos
mercados. É um dos principais parceiros dos Estados
citados foi a União Europeia, mas outros já formados
Unidos.
não seguiram necessariamente essa ordem.
APEC
O Mercosul, por exemplo, é classificado como
A Cooperaçao Econômica da Ásia e do Pacífico
união aduaneira; a União Europeia já atingiu o nível de
(APEC) foi criada em 1993, na Conferência de Seattle,
união econômica e monetária. Aliás, esses passos são nos Estados Unidos e é formada por países das
baseados na formação desse bloco. Américas, da Oceania e a Ásia.
Principais Blocos Econômicos Globalização
União Europeia Todo esse movimento de união de países, às
Na Europa existe a União Europeia que é um bloco vezes perto geograficamente outras vezes não, só é
formado por 28 países. Ele surgiu pela necessidade possível pelas seguidas formas que o homem achou de
dos países de se unirem após a destruição causada aproximar pessoas distantes. Os avanços no setor da
pela 2ª Guerra Mundial. Ele contém economias fortes comunicação possibilitaram esse contato e fizeram com
que conseguiram resistir a diversas crises econômicas que os indivíduos conhecessem e vivessem culturas e
mundiais. Sua moeda comum é o Euro, mas existem costumes diferentes de outras regiões que, antes desses
aqueles que não aderiram à moeda. Ainda que a avanços, eram improváveis de se conhecer.
Grécia, Espanha e outros países tenham passado por Outro fator importante foram os avanços do setor
sérias dificuldades, o fato de estarem inclusos na União de transportes. Aviões com capacidade e comodidade
Europeia os deu proteção e inclusive apoio financeiro cada vez maior deram a chance de mais e mais pessoas
quando foi preciso. realizarem viagens para lugares distintos, gastando um
tempo menor do que anos anteriores. Isso é o chamado
efeito da globalização que integra países e aproxima
nações.
Fonte: http://blocos-economicos.info/

4
CONHECIMENTOS GERAIS

A lista de Conflitos Étnicos é enorme. Para


o continente europeu podemos citar: o Conflito
4) CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS
POLÍTICO-ECONÔMICOS CONTEMPORÂNEOS nos Bálcãs, que colocou em choque as várias
E SUAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA E DISPUTAS; nacionalidades que compunham a Iugoslávia, levando
GLOBALIZAÇÃO E FRAGMENTAÇÃO DO ao seu esfacelamento; o processo de independência
ESPAÇO. da Bósnia, que colocou croatas, sérvios e muçulmanos
em conflito, resultando em uma limpeza étnica dos
não sérvios na região; a Guerra do Kosovo, onde a
população que ansiava por direitos para a população
Prezado Candidato , o tema acima supracitado , de origem albanesa foi massacrada; a Questão Basca,
já foi abordado em tópicos anteriores. no qual um povo com identidade e cultura própria no
norte da Espanha luta por sua independência; a Questão
Irlandesa, que deseja conquistar a independência da
Irlanda em relação ao Reino Unido; e os Conflitos no
5) CONFLITOS ÉTNICOS, POLÍTICOS E Cáucaso, que geram disputam entre as cerca de 50
RELIGIOSOS ATUAIS.
etnias que vivem na região.

No continente Asiático há, por exemplo, o Conflito


Os Conflitos Étnicos envolvem questões religiosas,
territoriais, políticas e culturais. O embate entre grupos Étnico na Caxemira, onde há resquícios do fim do
ou comunidades com características diferenciadas imperialismo inglês que colocam em confronto as
muitas das vezes resulta em genocídio. etnias da região. O Sri Lanka é uma ilha habitada por
Os Conflitos Étnicos são antigos na história da diversas etnias que enfrentam-se, principalmente,
humanidade. Ainda na pré-história, segundo alguns por questões religiosas. A Indonésia vivencia a
antropólogos, os Neandertais foram extintos em função opressão que uma maioria muçulmana impõe sobre
de um conflito causado por diferenças étnicas contra uma minoria católica. O mesmo tipo de confronto
os Homo sapiens. Assim, vários outros povos também ocorre nas Filipinas. A China enfrenta os movimentos
sofreram com aniquilações no decorrer do tempo. separatistas em aproximadamente 40% do território
Na Idade Média, foram vários os conflitos ocorridos por causa das diferenças culturais e da insatisfação
por interesses de um reino dominar o outro que com as exigências impostas com a revolução socialista.
possuía origens culturais diferentes. Houve também as E, por fim, os Curdos representam o maior povo sem
Cruzadas, um dos casos mais emblemáticos do período. Estado no mundo. Vivendo no Oriente Médio, buscam
Em linhas gerais, tratavam-se do embate entre cristãos a independência de um território para seu povo.
e muçulmanos.
Na Idade Moderna, houve um dos maiores Atualmente, o caso mais latente na América é
genocídios da história humana. Em meio ao processo o do Quebec, província canadense com uma cultura
de expansão marítima, os Espanhóis chegaram até a francesa. Diferentemente do restante do país que
América e encontraram um povo com características traz as marcas da colonização inglesa. A província de
bem distintas, os índios. Com o intuito de colonizar Quebec tentou ser independente, mas continua como
as novas terras e enriquecer os cofres espanhóis com parte do Canadá. Para amenizar a situação, o francês
metais preciosos, cerca de 70 milhões de nativos foram foi declarado oficialmente como segunda língua no
mortos. país.
O termo Conflito Étnico identifica qualquer conflito E, por fim, o continente africano que é marcado
que tenha em sua essência o choque de pessoas com por uma série de Conflitos Étnicos. A maioria dos
origens religiosas, raciais, culturais ou geográficas.
problemas africanos estão ligados a fatores desse
O enfrentamento violento está sempre presente e
tipo, o que é uma consequência da exploração que as
por vezes as ações são tão extremizadas que violam
potências capitalistas desenvolveram no continente.
as determinações do Código de Guerra. É o caso do
No século XIX, a África foi toda dividida entre os países
genocídio, que leva a morte milhares ou milhões de
imperialistas que buscavam suas matérias-primas
pessoas, sem distinção entre civis e militares, homens,
mulheres ou crianças. Em alguns casos, especialmente e as zonas de influência no continente. A divisão do
no Oriente Médio, o termo Conflito Religioso é usado território foi toda feita sem se levar em consideração
no lugar de Conflito Étnico porque os motivos religiosos as diferenças étnicas em cada região, deixando, muitas
são bem mais destacados em relação aos demais. vezes, grupos rivais, ou, pelo menos, de práticas culturais

5
CONHECIMENTOS GERAIS

muito distintas vivendo em um mesmo território. As aliados comemoraram a captura e morte do líder do
conseqüências desse processo são vistas até hoje, grupo fundamentalista islâmico responsável pelo
marcando os grandes problemas de instabilidade social ataque às Torres Gêmeas, mas isso não acalmou os
e política no continente. No caso africano, podemos conflitos internos no país, que continua sendo palco de
citar o Genocídio de Ruanda, no qual milhares de tutsis constantes ataques talibãs.
foram mortos por hutus; os conflitos no Chifre da África,
ocasionando em devastação da região; e os Conflitos 2. Nigéria
na Nigéria, onde há confrontos entre grupos religiosos
e o governo do país. Grupos em conflito: cristãos e muçulmanos

Fonte: https://www.infoescola.com/historia/ Não é apenas o rio Níger que divide o país africano:
conflitos-etnicos/ a população nigeriana, de aproximadamente 148
milhões de habitantes, está distribuída em mais de 250
Depois da II Guerra Mundial, a ONU adotou a grupos étnicos, que ocuparam diferentes porções do
Declaração Universal dos Direitos Humanos, que país ao longo dos anos, motivando constantes disputas
colocava em pauta o “respeito universal e observância territoriais. Divididos espacialmente e ideologicamente
dos direitos humanos e liberdades fundamentais para estão também os muçulmanos, que vivem no norte da
todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião”. Nigéria, e cristãos, que habitam as porções centro e sul.
O ideal foi reforçado em 1999, ano em que líderes Desde 2002, conflitos religiosos têm se acirrado no país,
budistas, protestantes, católicos, cristãos ortodoxos, motivados principalmente pela adoção da sharia, lei
judeus, muçulmanos e de várias outras religiões se islâmica, como principal fonte de legislação nos estados
reuniram para assinar o Apelo Espiritual de Genebra. O do norte. A violência no país já matou mais de 10 mil
documento pedia aos líderes políticos e religiosos algo pessoas e deixou milhares de refugiados.
simples: a garantia de que a religião não fosse mais
usada para justificar a violência. 3. Iraque

Passados muitos anos e outras muitas tentativas de Grupos em conflito: xiitas e sunitas
garantir a liberdade religiosa, grande parte dos conflitos
que hoje acontecem no mundo ainda envolve crenças Diferentes milícias, combatentes e motivações
e doutrinas, que se misturam a uma complexa rede de se misturam no conflito que tem lugar em território
fatores políticos, econômicos, raciais e étnicos. De “A iraquiano. Durante os anos de 2006 e 2008, a Guerra
do Iraque incluía conflitos armados contra a presença
a T”, conheça sete conflitos atuais que têm, entre suas
do exército dos Estados Unidos e também violências
motivações, a intolerância religiosa:
voltadas aos grupos étnicos do país. Mas a retirada das
tropas norte-americanas, em dezembro de 2011, não
1. Afeganistão
cessou a tensão interna. Desde então, grupos militantes
têm liderado uma série de ataques à maioria xiita do
Grupos em conflito: fundamentalistas radicais
país. O governo iraquiano estima que, entre 2004 e
muçulmanos e não-muçulmanos
2011, cerca de 70 mil pessoas tenham sido mortas.
O Afeganistão é um campo de batalhas desde a
4. Israel
época em que Alexandre, o Grande, passava por lá, em
meados de 300 a.C. Atualmente, dois grupos disputam o Grupos em conflito: judeus e mulçumanos
poder no país, em um conflito que se desenrola há anos.
De um lado está o Talibã, movimento fundamentalista Em 1947, a ONU aprovou a divisão da Palestina
islâmico que governou o país entre 1996 e 2001. Do em um Estado judeu e outro árabe. Um ano depois,
outro lado está a Aliança do Norte, organização Israel foi proclamado país. A oposição entre as nações
político-militar que une diversos grupos demográficos árabes estourou uma guerra, que, com o crescimento
afegãos que buscam combater o Regime Talibã. do território de Israel, deixou os palestinos sem Estado.
Como tentativa de dar fim à tensão, foi assinado em
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, a 1993 o Acordo de Oslo, que deu início às negociações
Aliança do Norte passou a receber o apoio dos Estados para criação de um futuro Estado Palestino. Tudo ia
Unidos, que invadiram o Afeganistão em busca do bem até chegar a hora de negociar sobre a situação da
líder do Al-Qaeda, Osama Bin Laden, estabelecendo Cisjordânia e da parte oriental de Jerusalém – das quais
uma nova república no país. Em 2011, americanos e nem os palestinos nem os israelenses abrem mão.

6
CONHECIMENTOS GERAIS

Na Palestina, as eleições parlamentares de 2006 7. Tibete


colocaram no poder o grupo fundamentalista islâmico
Hamas. O grupo é considerado uma organização Grupos em conflito: Partido Comunista da China e
terrorista pelas nações ocidentais e fracassou em formar budistas
um governo ao lado do Fatah – partido que prega a
reconciliação entre palestinos e israelenses. O Hamas A regulação governamental aos monastérios
assumiu o poder da Faixa de Gaza. E o Fatah chegou budistas teve início quando o Partido Comunista da
ao da Cisjordânia, em conflitos que se prolongaram até China marchou rumo ao Tibete, assumindo o controle
fevereiro de 2012, quando os dois grupos fecharam um do território e anexando-o como província, em 1950.
acordo para a formação de um governo. Mas segundo Mais de meio século se passou desde a violenta invasão,
o site da Al Jazeera, rede de notícias do Oriente Médio, que matou milhares de tibetanos e causou a destruição
a rixa continua. Eleições parlamentares e presidenciais de quase seis mil templos, mas a perseguição religiosa
serão conduzidas nos dois territórios e a tensão permanece. Um protesto pacífico iniciado por monges
internacional permanece pela possibilidade do Hamas em 2008 deu início a uma série de protestos no
voltar a vencer no processo eleitoral. território considerado região autônoma da República
Popular da China.
5. Sudão F o n t e : h t t p s : / / s u p e r. a b r i l . c o m . b r / b l o g /
s u p e r l i s t a s / 7 - c o n f l i t o s - a t u a i s - c a u s a d o s - p o r-
Grupos em conflito: muçulmanos e não- diferencas-religiosas/.
muçulmanos
Conflitos Político
A guerra civil no Sudão já se prolonga há mais
de 46 anos. Estima-se que os conflitos, que misturam 1-Ataque de mísseis deixa 14 mortos em base
motivações étnicas, raciais e religiosas, já tenham aérea na Síria
deixado mais de 1 milhão de sudaneses refugiados. Em JUAN CARLOS SANZ 09/04/2018 - 10:12 BRT
maio de 2006 o governo e o principal grupo rebelde, Damasco e Moscou acusam Israel pela ação; EUA
o Movimento de Libertação do Sudão, assinaram o
negam represália por suposto ataque químico em
Acordo de Paz de Darfur, que previa o desarmamento
Duma.
das milícias árabes, chamadas janjawid, e visava dar fim
à guerra. No mesmo ano, no entanto, um novo grupo
2- Trump ameaça fazer Assad “pagar um alto
deu continuidade àquela que foi chamada de “a pior
preço” por suposto ataque químico
crise humanitária do século” e considerada genocídio
JUAN CARLOS SANZ 08/04/2018 - 11:45 BRT
pelo então secretário de estado norte-americano Colin
Capacetes Brancos mostram imagens de vítimas
Powell, em 2004.
com sintomas de asfixia no último bastião rebelde
próximo a Damasco.
6. Tailândia
3- “Eu não sou um ser humano, sou uma ideia. E
Grupos em conflito: budistas e mulçumanos
não adianta tentar acabar com as ideias”
Um movimento separatista provoca constantes XOSÉ HERMIDA REGIANE OLIVEIRA MARINA
e violentos ataques no sul da Tailândia e criou uma ROSSI 08/04/2018 - 03:07 BRT
atmosfera de suspeita e tensão entre muçulmanos Lula se despede com duríssimos ataques contra
e budistas. Apesar dos conflitos atingirem os dois juízes, promotores e meios de comunicação: “Vou
grupos, eles representam parcelas bastante desiguais provar que foram eles que cometeram crime”.
do país: segundo dados do governo tailandês, quase
90% da população do país é budista e cerca de 10% 4- MPF pediu pressa na prisão de Lula para
muçulmana. “estancar sensação de onipotência”
NAIRA HOFMEISTER 06/04/2018 - 14:39 BRT
Documento obtido pelo EL PAÍS foi publicado, sob
sigilo, antes de Moro decretar prisão. Velocidade de
pedido surpreendeu e contrariou expectativa gerada
pelo presidente do TRF-4.

7
CONHECIMENTOS GERAIS

5- Puigdemont sai de prisão alemã após pagar 12- Quem são os escudeiros de Temer presos e do
fiança que são acusados
ANA CARBAJOSA AGÊNCIAS 06/04/2018 - 13:19 EL PAÍS 29/03/2018 - 17:06 BRT
BRT Yunes e o coronel Lima são amigos de décadas do
Ex-presidente pede a “libertação imediata” de todos presidente e foram descritos por delatores como sendo
os ex-membros do Governo catalão encarcerados, aos operadores de propinas.
quais continua chamando de “presos políticos”.
13- Por trás do verdadeiro mecanismo de
6- Advogado de Lula: “Ele está bem, embora corrupção do Brasil
indignado com a situação” REGIANE OLIVEIRA 28/03/2018 - 22:20 BRT
06/04/2018 - 08:25 BRT Pesquisadores mapeiam as redes de relacionamento
O dia seguinte à prisão do ex-presidente foi de entre os escândalos de desvio de dinheiro público que
mobilização da militância petista em Curitiba, onde ele assolaram o Brasil após a redemocratização.
está detido.
14- Ex-presidente da Catalunha Carles
Puigdemont é detido na Alemanha
7- Justiça alemã liberta ex-presidente catalão e
ANA CARBAJOSA 25/03/2018 - 11:15 BRT
descarta crime de rebelião
Líder catalão foi interceptado na fronteira com a
E. MÜLLER A. CARBAJOSA 05/04/2018 - 22:43 BRT
Dinamarca após a ativação da ordem de prisão europeia
Tribunal decide soltar Carles Puigdemont sob uma contra ele.
fiança de 75.000 euros.
15- Martín Vizcarra assume presidência do Peru:
8- Procuradoria alemã pede extradição do ex- “Vamos por um ponto final na confrontação”
presidente da Catalunha por rebelião JACQUELINE FOWKS 24/03/2018 - 18:18 BRT
ENRIQUE MÜLLER 03/04/2018 - 10:41 BRT Sucessor de Pedro Pablo Kuczynski promete atacar
Acusação quer que Carles Puigdemont permaneça a corrupção no Estado.
preso até decisão judicial, que pode levar 90 dias. Além
de rebelião, por ter liderado votação separatista ilegal, 16- Peru volta à instabilidade institucional
o catalão foi acusado de malversação. EL PAÍS 22/03/2018 - 20:00 BRT
Presidente renunciou para evitar destituição em
9- “Os analistas querem um outsider como processo iniciado por suspeitas sobre Odebrecht
presidente. A população, não”
AFONSO BENITES 01/04/2018 - 21:11 BRT Fonte: https://brasil.elpais.com/tag/conflictos_
Pretenso candidato à presidência pelo Podemos, politicos/a
Álvaro Dias tenta ser uma alternativa de centro. Ele
aparece com no máximo 6% nas pesquisas, mas tem
baixa rejeição.
6) ORGANISMOS INTERNACIONAIS.
10- Papa pede “acolhida e assistência” aos
venezuelanos que são “obrigados” a deixar seu país
LORENA PACHO 01/04/2018 - 19:29 BRT Entende-se por organizações ou organismos
Francisco também solicita o fim do “extermínio” na internacionais as instituições internacionais que
Síria e “respeito aos indefesos” na Palestina. agregam em si ações de vários países sob um objetivo
ou bem comum. Elas atuam, desse modo, a partir de
diversas causas ou missões, sendo essas abrangentes
11- Cerco policial encurrala Temer e implode
ou específicas, a exemplo da ONU (Organização das
suas pretensões eleitorais
Nações Unidas), do FMI (Fundo Monetário Internacional)
AFONSO BENITES 29/03/2018 - 18:37 BRT
e várias outras.
Intenção do presidente era amarrar estratégia na
Os organismos internacionais, de um modo geral,
semana que vem, com filiação de Meirelles e acertos da
podem atuar em diversas frentes, tanto no campo
reforma ministerial. Decreto dos Portos pode originar econômico quanto no âmbito social, mas exercem um
terceira denúncia. peso primordial no cerne das relações geopolíticas.
Decisões, por exemplo, tomadas na esfera da ONU
ou do Banco Mundial, para citar dois exemplos muito

8
CONHECIMENTOS GERAIS

comuns, podem reverberar em conflitos ideológicos Além dessas, existem muitas outras organizações
ou disputas de bastidores entre diferentes governos e internacionais consideradas importantes e necessárias
Estados. Nesse sentido, as organizações internacionais para uma série de questões. Nesse ínterim, cabe destaque
são encaradas por muitos como centros estratégicos de para o BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e
disputa pelo poder. Desenvolvimento), a OEA (Organização dos Estados
A ONU é considerada por muitos como o principal Americanos), a OCDE (Organização para Cooperação
organismo internacional da atualidade, sendo e Desenvolvimento), a OIT (Organização Internacional
comumente chamada de “estatal mundial”. No entanto, do Trabalho), a OMS (Organização Mundial da Saúde),
embora essa entidade exerça uma grande influência entre tantas outras entidades.
no mundo, suas ações estão condicionadas aos termos
empreendidos pelos seus países-membros, sobretudo Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/
aqueles que compõem o Conselho de Segurança, esfera geografia/organismos-internacionais.htm
máxima decisória da organização. Nesse conselho,
existem apenas cinco países permanentes, os quais
têm o poder de veto sobre qualquer decisão (Estados
Unidos, China, França, Reino Unido e Rússia), além de 7) QUESTÃO AMBIENTAL: DEGRADAÇÃO E
dez temporários sem poder de veto. CONSERVAÇÃO NO ÂMBITO NACIONAL E
INTERNACIONAL.
Espaço de realização da Assembleia Geral da ONU *

O FMI, por sua vez, apesar de limitar suas ações


no plano econômico, também possui um elevado À medida que a humanidade aumenta sua
peso político. O organismo opera por meio da capacidade de intervir na natureza para satisfação de
concessão de crédito e empréstimos a países que necessidades e desejos crescentes, surgem tensões e
sinalizam necessidade de ajuda econômica, exigindo conflitos quanto ao uso do espaço e dos recursos em
em contrapartida uma série de medidas político- função da tecnologia disponível.
econômicas internas, geralmente relacionadas Nos últimos séculos, um modelo de civilização
com corte de gastos, desregulação da economia e se impôs, trazendo a industrialização, com sua forma
implantação de outras medidas liberais. O FMI foi de produção e organização do trabalho, além da
criado em 1944, na Conferência de Bretton Woods, e mecanização da agricultura, que inclui o uso intenso
conta atualmente com 187 países-membros. de agrotóxicos, e a urbanização com um processo de
Outra organização internacional de elevado peso concentração populacional nas cidades.
político na esfera internacional é a Otan (Organização A tecnologia empregada evoluiu rapidamente com
do Tratado do Atlântico Norte), criada durante a Guerra consequências indesejáveis que se agravam com igual
Fria como uma espécie de pacto entre os países da rapidez. A exploração dos recursos naturais passou a ser
frente capitalista diante de um eventual ataque da feita de forma demasiadamente intensa. Recursos não-
frente socialista em seus territórios. Atualmente, essa renováveis, como o petróleo, ameaçam escassear. De
organização bélica é utilizada como um instrumento onde se retirava uma árvore, agora retiram-se centenas.
militar e também um meio de pressão pelas grandes Onde moravam algumas famílias, consumindo alguma
potências, com grande poder de intervenção sobre água e produzindo poucos detritos, agora moram
outros países, a exemplo das ações sobre o Iraque milhões de famílias, exigindo imensos mananciais e
(2003), a Líbia (2011) e a Síria (2013). gerando milhares de toneladas de lixo por dia.
A OMC (Organização Mundial do Comécio), por Essas diferenças são determinantes para a
sua vez, atua no âmbito das relações de exportação degradação do meio onde se insere o homem.
e importação tanto entre países quanto entre blocos Sistemas inteiros de vida vegetal e animal são tirados
econômicos. Além de julgar recursos e apelações frente de seu equilíbrio. E a riqueza, gerada num modelo
a atitudes que possam ser consideradas ilegais ou econômico que propicia a concentração da renda, não
incorretas por parte dos países – como cartéis e outros impede o crescimento da miséria e da fome. Algumas
–, a OMC objetiva a liberalização mundial do comércio das consequências indesejáveis desse tipo de ação
internacional, com a diminuição ou eliminação das humana são, por exemplo, o esgotamento do solo,
barreiras protecionistas e alfandegárias. As disputas a contaminação da água e a crescente violência nos
no âmbito da OMC e as rodadas de deliberações centros urbanos.
são consideradas muito importantes e estratégicas
geopoliticamente.

9
CONHECIMENTOS GERAIS

À medida que tal modelo de desenvolvimento poética de visionários, uma vez que pregavam o
provocou efeitos negativos mais graves, surgiram afastamento do homem desses espaços, inviabilizando
manifestações e movimentos que refletiam a sua exploração econômica.
consciência de parcelas da população sobre o perigo Após a Segunda Guerra Mundial, principalmente
que a humanidade corre ao afetar de forma tão violenta a partir da década de 60, intensificou-se a percepção
o seu meio ambiente. de que a humanidade pode caminhar aceleradamente
Em países como o Brasil, preocupações com a para o esgotamento ou a inviabilização de recursos
preservação de espécies surgiram já há alguns séculos, indispensáveis à sua própria sobrevivência. E, assim
como no caso do pau-brasil, por exemplo, em função sendo, que algo deveria ser feito para alterar as formas
de seu valor econômico. No final do século passado de ocupação do planeta estabelecidas pela cultura
iniciaram-se manifestações pela preservação dos dominante.
sistemas naturais que culminaram na criação de Parques Esse tipo de constatação gerou o movimento de
Nacionais, como ocorreu nos Estados Unidos. defesa do meio ambiente que luta para diminuir o
É nesse contexto que, no final do século passado, acelerado ritmo de destruição dos recursos naturais
surge a área do conhecimento que se chamou de ainda preservados e que busca alternativas que
Ecologia. O termo foi proposto em 1866 pelo biólogo conciliem, na prática, a conservação da natureza com
Haeckel, e deriva de duas palavras gregas: oikos, que a qualidade de vida das populações que dependem
quer dizer “morada”, e logos, que significa “estudo”. dessa natureza
A Ecologia começa como um novo ramo das Ciências
Naturais, e seu estudo passa a sugerir novos campos do Fonte: https://www.coladaweb.com/biologia/
conhecimento como, por exemplo, a ecologia humana ecologia/questao-ambiental
e a economia ecológica. Mas só na década de 1970
o termo “ecologia” passa a ser conhecido do grande
público. Com frequência, porém, ele é usado com outros
sentidos e até como sinônimo de meio ambiente. 8) RELAÇÕES ECONÔMICAS ENTRE O BRASIL E
Nas nações mais industrializadas passa-se a O MUNDO.
constatar uma deterioração na qualidade de vida
que afeta a saúde tanto física quanto psicológica dos
habitantes das grandes cidades. Por outro lado, os As relações do Brasil com outras nações sempre
estudos ecológicos começam a tornar evidente que a estiveram associadas ao potencial agro-exportador
destruição — e até a simples alteração — de um único do país, ou seja, as relações brasileiras com as nações
elemento num ecossistema pode ser nociva e mesmo estrangeiras se davam de acordo com os interesses do
fatal para o sistema como um todo. mercado externo com relação aos produtos agrícolas
Grandes extensões de monocultura, por exemplo, nacionais – açúcar, café, cacau, algodão, etc. – e, claro,
podem determinar a extinção regional de algumas a dependência nacional aos produtos industrializados
espécies e a proliferação de outras. Vegetais e animais das nações capitalistas. Somente após a II Guerra
favorecidos pela plantação, ou cujos predadores foram Mundial o Brasil passou a ter poder de decisão em
exterminados, reproduzem-se de modo desequilibrado, suas medidas quanto ao mercado externo, porém, as
prejudicando a própria plantação. relações diplomáticas brasileiras ficavam muito restritas
Eles passam a ser considerados então uma “praga”. aos países de capitalismo industrial adiantado.
A indústria química oferece como solução o uso de Somente com as políticas econômicas iniciadas no
praguicidas que acabam, muitas vezes, envenenando as governo Getúlio Vargas que o país passou a ter certa
plantas, o solo e a água. autonomia frente ao mercado externo. Principalmente
Problemas como esse vêm confirmar a hipótese, quando aplicada a política de substituições das
que já se levantava, de que poderia haver riscos sérios importações, pois a dependência brasileira aos
em se manter um alto ritmo de ocupação, invadindo produtos industrializados diminuiu consideravelmente,
e destruindo a natureza sem conhecimento das dando ao país maior poder de barganha frente às
implicações que isso traria para a vida no planeta. potencias capitalistas. Porém, o Brasil sempre esteve à
Até por volta da metade do século XX, ao mercê da hegemonia de uma grande potência mundial.
conhecimento científico da Ecologia somou-se um Primeiro com a Inglaterra, herança do período imperial,
movimento ecológico voltado no início principalmente e, depois, com os Estados Unidos da América no século
para a preservação de grandes áreas de ecossistemas XX.
“intocados” pelo homem, criando-se parques e reservas.
Isso foi visto muitas vezes como uma preocupação

10
CONHECIMENTOS GERAIS

Dentro deste contexto a política externa nacional ritmo mais acelerado – em 2000, para cada dólar
sempre esteve associada aos interesses internacionais investido nos EUA por empresas brasileiras, cerca de 47
sobre o Brasil, gerando no país uma dependência dólares eram investidos no Brasil por empresas norte-
ao capital externo e aos produtos industrializados americanas; em 2014, essa razão caiu para 3 dólares de
importados destas nações. Situação que somente se empresas norte-americanas para cada dólar investido
alterou após a década de 1930. por empresas brasileiras.
Fonte: http://www.historialivre.com/brasil/ Brasil e Estados Unidos mantêm programas
relainter1.htm de cooperação trilateral em países como Haiti,
Egito, Moçambique e Angola, contribuindo para
A intensidade das relações bilaterais entre Brasil seu desenvolvimento social e econômico. Algumas
e Estados Unidos é demonstrada pelos mais de das áreas beneficiadas por essas parcerias são
trinta mecanismos de diálogo entre os Governos agricultura, combate ao trabalho infantil, produção de
dos dois países, que abarcam temas como comércio, medicamentos e combate à fome. O desenvolvimento
investimentos, energia, meio ambiente, educação, da produção do etanol – principalmente na América
ciência, tecnologia e inovação, defesa, segurança e Central e no Caribe, regiões de tradicional produção
cooperação trilateral. canavieira – também é foco de cooperação trilateral,
sempre a pedido dos países que recebem o apoio.
Entre os principais fóruns de coordenação bilateral, Como reflexo do dinamismo da relação bilateral, ao
destacam-se: longo de 2016, realizaram-se a Reunião de Cooperação
para Combate à Epidemia do Vírus Zika; III Comissão
• Diálogo de Parceria Global (conduzido pelo Brasil-EUA de Relações Econômicas e Comerciais; I
ministro das Relações Exteriores do Brasil e o secretário Grupo de Trabalho sobre Direitos Humanos Globais;
de Estado dos Estados Unidos); I e II Reuniões Técnicas sobre o Grupo de Trabalho
de Infraestrutura; XIV Reunião do Diálogo MDIC-
• Diálogo de Cooperação em Defesa (conduzido Departamento de Comércio/DoC; VIII Reunião do
Comitê Consultivo Agrícola em que foi anunciada a
pelo ministro da Defesa do Brasil e o secretário de
liberação recíproca dos mercados para exportação
Defesa dos Estados Unidos);
de carne bovina; I Reunião do Diálogo da Indústria
da Defesa; II Reunião do Grupo de Trabalho sobre
• Diálogo Estratégico em Energia; e
Mudanças Climáticas e I Reunião do Fórum Público-
Privado sobre Investimentos Florestais; XVII Reunião de
• Diálogo Econômico-Financeiro.
Cooperação Consular e Jurídica.
Destacam-se, ainda, em 2016, os encontros havidos
Esses quatro fóruns, assim como o Fórum de
entre o Ministro das Relações Exteriores, José Serra,
Altos Empresários Brasil–Estados Unidos, têm suas
com o Chefe de Escritório Comercial da Casa Branca
recomendações submetidas à atenção dos presidentes
(USTR), Michael Froman, e com o Secretário de Estado,
de ambos os países.
John Kerry, por ocasião das Olimpíadas do Rio; do
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro Ministro da Defesa, Raul Jungmann, e do Secretário de
comercial do Brasil, tendo o fluxo de comércio Defesa, Ashton Carter; bem como a visita a Brasília do
bilateral superado US$ 46 bilhões em 2016. Os EUA Secretário do Tesouro, Jacob Lew, para encontros com
são o principal destino de exportação de produtos altas autoridades.
brasileiros manufaturados e semimanufaturados, os Essa dinâmica evidencia o vigor do processo
quais compõem cerca de 75% da pauta exportadora contínuo de reforço do diálogo político bilateral no mais
brasileira para os EUA. alto nível, do aprofundamento das relações econômico-
De acordo com dados do Banco Central, os Estados comerciais, do fortalecimento da cooperação em defesa
Unidos continuam a ser o país com maior volume de e segurança, do fomento à cooperação em matéria de
investimento externo direto no Brasil, com estoque ciência, tecnologia e inovação e da facilitação do fluxo
no valor de US$ 116 bilhões, até 2013 (último dado de pessoas.
disponível). Já o estoque de investimentos diretos
brasileiros nos EUA cresceu de US$ 7,3 bilhões em 2009 Fonte: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ficha-
para US$ 22,4 bilhões em 2014 (último dado disponível). pais/5120-estados-unidos-da-america
Os fluxos têm-se tornado mais equitativos, não porque
os investimentos norte-americanos decaíram, mas
porque os investimentos brasileiros cresceram em

11
CONHECIMENTOS GERAIS

A Argentina é um dos principais parceiros políticos Brasil e Argentina são unidos por uma linha de
e econômicos do Brasil. As relações bilaterais são fronteira que se estende por 1.261 km. A política de
estratégicas para a inserção do Brasil na região e no integração fronteiriça constitui dimensão essencial
mundo. A construção de uma relação política de da agenda de cooperação bilateral. A Comissão de
confiança e cooperação com a Argentina contribui Cooperação e Desenvolvimento Fronteiriço (CODEFRO),
para a constituição de um espaço regional de paz e instalada em 2011, é a mais alta instância bilateral de
de cooperação. Somadas, as capacidades de Brasil e deliberação de políticas binacionais para a fronteira e
Argentina representam cerca de dois terços do território, para encaminhamento das demandas suscitadas no
da população e do PIB da América do Sul. âmbito dos Comitês de Integração Fronteiriça Brasil –
O processo de aproximação política entre Brasil e Argentina, que se reúnem anualmente nas localidades
Argentina, iniciado com a redemocratização dos dois fronteiriças dos dois países.
países na década de 1980, esteve na base do projeto
de integração sul-americana que levou à criação Fonte: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ficha-
do Mercado Comum do Sul (Mercosul), em 1991. A pais/4785-republica-argentina
manutenção e o estreitamento das relações com a
Argentina são de fundamental importância para a O nosso país é o maior favorecedor mundial de ODA
estratégia brasileira de promover o fortalecimento (Assistência Oficial do Governo do Japão) ao Brasil, por
econômico e político da América do Sul, visando ao levar em consideração fatores como a importância do
estabelecimento da região como um dos polos de um Brasil no contexto centro e sul-americano, a histórica
sistema mundial multipolar. relação de amizade entre os dois países e a presença
A crescente integração econômica bilateral tem de numerosa população de origem japonesa no Brasil.
fortalecido a economia e a indústria dos dois países. Realiza com este país de forma ativa, uma
O capital brasileiro está presente em diversos setores cooperação econômica que tem, como focos principais,
da economia argentina, como o minerador, siderúrgico, os projetos econômicos de grande dimensão, a
petrolífero, bancário, automotivo, têxtil, calçadista, de cooperação técnica e o financiamento de capitais.
máquinas agrícolas e de construção civil. A presença de O Brasil ocupa a segunda posição entre os países da
capitais argentinos no Brasil também é digna de nota. América Central e do Sul, perdendo apenas para o Perú,
Entre 2003 e 2015, a corrente de comércio bilateral quanto a ODA composta de empréstimos e cooperação
elevou-se de US$ 9,24 bilhões para US$ 23,09 bilhões, técnica � com relação a esta última, é, em todo o
um crescimento de 150%. No período, as exportações mundo, um dos maiores beneficiários do Japão. Como
brasileiras para a Argentina cresceram de US$ 4,56 os senhores bem conhecem, tem mantido a cooperação
bilhões para US$ 12,8 bilhões, incremento de 181%. Em técnica no Projeto Cerrado por mais de 20 (vinte) anos,
2015, a Argentina ocupou o terceiro lugar no destino contribuindo grandemente para a melhoria e o aumento
das exportações brasileiras. da produção de soja, dentre outros produtos agrícolas.
A forte dinâmica comercial bilateral, marcada pelo E a partir de 99 (noventa e nove), vem implantando o
elevado percentual de produtos de alto valor agregado, Programa de Assistência para Projetos Comunitários,
tem importantes impactos em setores estratégicos das contribuindo para a melhoria das condições sociais, de
duas economias, sobretudo na indústria. Ressalta-se, educação e de saúde da comunidade local.
entre as áreas beneficiadas pela parceira bilateral, o Além disto, o Japão e o Brasil vem promovendo
setor automotivo, que tem efeitos diretos e indiretos o Programa de Parceria Japão-Brasil, como parte do
sobre o conjunto da economia brasileira, em campos projeto de cooperação técnica, dando assistência aos
tão diversos como mineração, siderurgia, metalurgia, países africano-lusófonos e ao Timor Leste.
química, petróleo e gás, além do setor de serviços Quanto ao investimento no estado de São Paulo,
(engenharia, mecânica, administração, propaganda e podemos citar o projeto de prevenção de enchentes no
marketing, etc). Rio Tietê em curso atualmente, e o de melhoria ambiental
No plano político, a proximidade com a Argentina na Baixada Santista, que está sendo estudado para ser
constitui pilar importante do esforço de construção de implementado. E não é no programa de financiamento,
um espaço de paz e cooperação no entorno brasileiro. mas está sendo feito um estudo para o financiamento
A alta densidade da cooperação política entre ambos da construção da linha 4 do Metro de São Paulo.
os países reflete-se nos frequentes encontros e visitas
bilaterais em nível presidencial e ministerial e na Fonte: http://www.pucsp.br/geap/asiaemfoco/
existência do Diálogo de Integração Estratégica Brasil- textosdeespecialista/relacaojapaobrasil.htm
Argentina, mecanismo de alto nível para o tratamento
dos principais assuntos de interesse bilateral.

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CONHECIMENTOS GERAIS

ANOTAÇÕES

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CONHECIMENTOS GERAIS

ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1) Direito administrativo como direito Público. Objeto do direito administrativo. ....................................................................... 01


2) Princípios gerais do direito administrativo. .............................................................................................................................................. 01
3) Personalidade de direito público. Conceito de pessoa administrativa. ........................................................................................ 05
4) Classificação dos órgãos e funções da administração pública. ....................................................................................................... 06
5) Competência administrativa: conceito e critérios de distribuição. Avocação e delegação de competência. ................ 07
6) Poderes e atos administrativos. .................................................................................................................................................................... 08
7) Centralização e descentralização da atividade administrativa do Estado. ................................................................................... 18
8) Administração pública direta e indireta...................................................................................................................................................... 18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Ressalte-se que só os princípios e regras constantes dos pre-


ceitos normativos do Direito são considerados fontes primárias.
1) DIREITO ADMINISTRATIVO COMO Os demais expedientes: doutrina, costumes e jurisprudência são
DIREITO PÚBLICO. OBJETO DO DIREITO geralmente fontes meramente secundárias, isto é, não vinculan-
ADMINISTRATIVO tes; exceto no caso da súmula vinculante, conforme sistemática
. criada pela Emenda Constitucional nᵒ 45/04, que é fonte de ob-
servância obrigatória tanto ao Poder Judiciário, como à Adminis-
tração Pública direta e indireta, em todos os níveis federativos.
Direito Administrativo é o ramo do direito público que
trata de princípios e regras que disciplinam a função admi- Fonte: http://www.infoescola.com/direito/direito-adminis-
nistrativa e que abrange entes, órgãos, agentes e ativida- trativo/amp/
des desempenhadas pela Administração Pública na conse-
cução do interesse público.
Função administrativa é a atividade do Estado de dar
cumprimento aos comandos normativos para realização 2) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
dos fins públicos, sob regime jurídico administrativo (em ADMINISTRATIVO.
regra), e por atos passíveis de controle.
A função administrativa é exercida tipicamente pelo
Poder Executivo, mas pode ser desempenhada também Administração pública: princípios básicos
pelos demais Poderes, em caráter atípico. Por conseguin- “O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é
te, também o Judiciário e o Legislativo, não obstante suas considerado. Do ponto de vista sociológico, é corporação terri-
funções jurisdicional e legislativa (e fiscalizatória) típicas, torial dotada de um poder de mando originário; sob o aspecto
praticam atos administrativos, realizam suas nomeações de político, é comunidade de homens, fixada sobre um território,
servidores, fazem suas licitações e celebram contratos ad- com potestade superior de ação, de mando e de coerção; sob
ministrativos, ou seja, tomam medidas concretas de gestão o prisma constitucional, é pessoa jurídica territorial soberana; na
de seus quadros e atividades. conceituação do nosso Código Civil, é pessoa jurídica de Direi-
Função administrativa relaciona-se com a aplicação do to Público Interno (art. 14, I). Como ente personalizado, o Esta-
Direito, sendo consagrada a frase de Seabra Fagundes no do tanto pode atuar no campo do Direito Público como no do
sentido de que “administrar é aplicar a lei de ofício”. A ex- Direito Privado, mantendo sempre sua única personalidade de
pressão administração pública possui, segundo Di Pietro, Direito Público, pois a teoria da dupla personalidade do Estado
no entanto, dois sentidos: acha-se definitivamente superada. O Estado é constituído de três
- o sentido subjetivo, formal ou orgânico: em que é elementos originários e indissociáveis: Povo, Território e Governo
grafada com letras maiúsculas, isto é, Administração Públi- soberano. Povo é o componente humano do Estado; Território, a
ca, e que indica o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas sua base física; Governo soberano, o elemento condutor do Esta-
aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do, que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação
do Estado; e e auto-organização emanado do Povo. Não há nem pode haver
- o sentido objetivo, em que o termo é grafado com Estado independente sem Soberania, isto é, sem esse poder ab-
minúsculas (administração pública), sendo usado no con- soluto, indivisível e incontrastável de organizar-se e de condu-
texto de atividade desempenhada sob regime de direito zir-se segundo a vontade livre de seu Povo e de fazer cumprir
público para consecução dos interesses coletivos (sinôni- as suas decisões inclusive pela força, se necessário. A vontade
mo de função administrativa). estatal apresenta-se e se manifesta através dos denominados
Fontes Poderes de Estado. Os Poderes de Estado, na clássica tripartição
São fontes do Direito Administrativo: de Montesquieu, até hoje adotada nos Estados de Direito, são o
- os preceitos normativos do ordenamento jurídico, se- Legislativo, o Executivo e o judiciário, independentes e harmôni-
jam eles decorrentes de regras ou princípios, contidos na cos entre si e com suas funções reciprocamente indelegáveis (CF,
Constituição, nas leis e em atos normativos editados pelo art. 2º). A organização do Estado é matéria constitucional no que
Poder Executivo para a fiel execução da lei; concerne à divisão política do território nacional, a estruturação
- a jurisprudência, isto é, reunião de diversos julgados dos Poderes, à forma de Governo, ao modo de investidura dos
num mesmo sentido. Se houver Súmula Vinculante, a juris- governantes, aos direitos e garantias dos governados. Após as
prudência será fonte primária e vinculante da Administra- disposições constitucionais que moldam a organização política
ção Pública; do Estado soberano, surgem, através da legislação complemen-
- a doutrina: produção científica da área expressa em tar e ordinária, e organização administrativa das entidades esta-
artigos, pareceres e livros, que são utilizados como fontes tais, de suas autarquias e entidades paraestatais instituídas para a
para elaboração de enunciados normativos, atos adminis- execução desconcentrada e descentralizada de serviços públicos
trativos ou sentenças judiciais; e outras atividades de interesse coletivo, objeto do Direito Admi-
- os costumes ou a praxe administrativa da repartição nistrativo e das modernas técnicas de administração”1.
pública. 1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Com efeito, o Estado é uma organização dotada de Nestes moldes, o Estado é pessoa jurídica de direito
personalidade jurídica que é composta por povo, território público interno. Mas há características peculiares distintivas
e soberania. Logo, possui homens situados em determina- que fazem com que afirmá-lo apenas como pessoa jurídica
da localização e sobre eles e em nome deles exerce poder. de direito público interno seja correto, mas não suficiente.
É dotado de personalidade jurídica, isto é, possui a aptidão Pela peculiaridade da função que desempenha, o Estado é
genérica para adquirir direitos e contrair deveres. Nestes verdadeira pessoa administrativa, eis que concentra para
moldes, o Estado tem natureza de pessoa jurídica de di- si o exercício das atividades de administração pública.
reito público. A expressão pessoa administrativa também pode ser
Trata-se de pessoa jurídica, e não física, porque o Esta- colocada em sentido estrito, segundo o qual seriam pes-
do não é uma pessoa natural determinada, mas uma estru- soas administrativas aquelas pessoas jurídicas que integram
tura organizada e administrada por pessoas que ocupam a administração pública sem dispor de autonomia política
cargos, empregos e funções em seu quadro. Logo, pode-se (capacidade de auto-organização). Em contraponto, pes-
dizer que o Estado é uma ficção, eis que não existe em soas políticas seriam as pessoas jurídicas de direito público
si, mas sim como uma estrutura organizada pelos próprios interno – União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
homens.
É de direito público porque administra interesses que Princípios
pertencem a toda sociedade e a ela respondem por desvios Os princípios da Administração Pública são regras que
na conduta administrativa, de modo que se sujeita a um surgem como parâmetros para a interpretação das demais
regime jurídico próprio, que é objeto de estudo do direito normas jurídicas, sendo a base da disciplina do direito ad-
administrativo. ministrativo. Têm a função de oferecer coerência e harmo-
Em face da organização do Estado, e pelo fato deste nia para o ordenamento jurídico. Quando houver mais de
assumir funções primordiais à coletividade, no interesse uma norma, deve-se seguir aquela que mais se compatibi-
desta, fez-se necessário criar e aperfeiçoar um sistema ju- liza com os princípios elencados na Constituição Federal,
rídico que fosse capaz de regrar e viabilizar a execução de ou seja, interpreta-se, sempre, consoante os ditames da
tais funções, buscando atingir da melhor maneira possível Constituição.
o interesse público visado. A execução de funções exclusi-
vamente administrativas constitui, assim, o objeto do Direi- Princípios constitucionais expressos
to Administrativo, ramo do Direito Público. A função admi- São princípios da administração pública, nesta ordem:
nistrativa é toda atividade desenvolvida pela Administração Legalidade
(Estado) representando os interesses de terceiros, ou seja, Impessoalidade
os interesses da coletividade. Moralidade
Devido à natureza desses interesses, são conferidos à Publicidade
Administração direitos e obrigações que não se estendem Eficiência
aos particulares. Logo, a Administração encontra-se numa
posição de superioridade em relação a estes. Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for-
Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da
legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessá- Administração Pública. É de fundamental importância um
ria a divisão de funções das atividades estatais de maneira olhar atento ao significado de cada um destes princípios,
equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes, a qual posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas
resta assegurada no artigo 2º da Constituição Federal. A no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa,
função típica de administrar – gerir a coisa pública e aplicar tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho2 e
a lei – é do Poder Executivo; cabendo ao Poder Legislativo Spitzcovsky3:
a função típica de legislar e ao Poder Judiciário a função a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali-
típica de julgar. Em situações específicas, será possível que dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não
no exercício de funções atípicas o Legislativo e o Judiciário proíbe. Contudo, como a administração pública representa
exerçam administração. os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação
Destaca-se o artigo 41 do Código Civil: de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex-
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: lei anterior editando a matéria para que seja preservado o
I - a União; princípio da legalidade). A origem deste princípio está na
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
III - os Municípios; Estado deve respeitar as leis que dita.
IV - as autarquias;
V - as demais entidades de caráter público criadas
por lei. 2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pes- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
soas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estru- 2010.
tura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao 3 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
seu funcionamento, pelas normas deste Código. ed. São Paulo: Método, 2011.

2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes- Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de participa-
ses que representa, a administração pública está proibida ção do usuário na administração pública direta e indireta,
de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar regulando especialmente:
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços públi-
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú- cos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendi-
blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon- mento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da
trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou qualidade dos serviços;
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida- II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e a
de no que tange à contratação de serviços. O princípio da informações sobre atos de governo, observado o disposto no art.
impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, 5º, X e XXXIII;
pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi- III -  a disciplina da representação contra o exercício negli-
ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse gente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administra-
particular não pode influenciar no tratamento das pessoas, ção pública.
já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
coletivo. e) Princípio da eficiência: A administração pública deve
c) Princípio da moralidade: A posição deste princí- manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle
pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o con-
uma espécie de moralidade administrativa, intimamente curso público seleciona os mais qualificados ao exercício do
relacionada ao poder público. A administração pública não cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível
atua como um particular, de modo que enquanto o des- exonerar um servidor público por ineficiência) e ao controlar
cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti- gastos (limitando o teto de remuneração), por exemplo. O nú-
cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento cleo deste princípio é a procura por produtividade e economi-
jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento cidade. Alcança os serviços públicos e os serviços administrati-
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio vos internos, se referindo diretamente à conduta dos agentes.
da moralidade deve se fazer presente não só para com os
administrados, mas também no âmbito interno. Está indis- Outros princípios administrativos
sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos Além destes cinco princípios administrativo-constitucio-
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO nais diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS apontados como princípios de natureza ética relacionados à
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios função pública a probidade e a motivação:
anteriores. a) Princípio da probidade:  um princípio constitucional
d) Princípio da publicidade: A administração pública incluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o de-
é obrigada a manter transparência em relação a todos seus ver de todo o administrador público, o dever de honestidade
atos e a todas informações armazenadas nos seus ban- e fidelidade com o Estado, com a população, no desempe-
cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e nho de suas funções. Possui contornos mais definidos do que
a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão a moralidade. Diógenes Gasparini4 alerta que alguns autores
concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que tratam veem como distintos os princípios da moralidade e da
todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de probidade administrativa, mas não há  características que per-
servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne- mitam tratar os mesmos como procedimentos distintos, sendo
gar indevidamente a fornecer informações ao administrado no máximo possível afirmar que a probidade administrativa é
caracteriza ato de improbidade administrativa. um aspecto particular da moralidade administrativa.
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda administrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de
político-eleitoral: efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios,
um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não
Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, há o devido processo legal, uma vez que a fundamentação
obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter surge como meio interpretativo da decisão que levou à prática
caráter educativo, informativo ou de orientação social, do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que controle da legalidade dos atos da Administração.
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido- Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável
res públicos. ao caso concreto e relacionar os fatos que concretamente
levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão administrativos devem ser motivados para que o Judiciário
a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os possa controlar o mérito do ato administrativo quanto à sua
instrumentos para proteção são o direito de petição e as legalidade. Para efetuar esse controle, devem ser observados
certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi- os motivos dos atos administrativos.
dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda, 4 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª
prevê o artigo 37, CF em seu §3º:  ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Em relação à necessidade de motivação dos atos ad- Sempre que houver conflito entre um interesse indi-
ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um vidual e um interesse público coletivo, deve prevalecer o
único comportamento possível) e dos atos discricionários interesse público. São as prerrogativas conferidas à Admi-
(aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta nistração Pública, porque esta atua por conta de tal interes-
um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um se. Com efeito, o exame do princípio é predominantemente
juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís- feito no caso concreto, analisando a situação de conflito
sona na determinação da obrigatoriedade de motivação entre o particular e o interesse público e mensurando qual
com relação aos atos administrativos vinculados; todavia, deve prevalecer.
diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis- e) Princípios da Tutela e da Autotutela da Adminis-
cricionários. tração Pública: a Administração possui a faculdade de re-
Meirelles5 entende que o ato discricionário, editado sob ver os seus atos, de forma a possibilitar a adequação destes
os limites da Lei, confere ao administrador uma margem de à realidade fática em que atua, e declarar nulos os efeitos
liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportuni- dos atos eivados de vícios quanto à legalidade. O sistema
dade, não sendo necessária a motivação. No entanto, se de controle dos atos da Administração adotado no Brasil é
houver tal fundamentação, o ato deverá condicionar-se a o jurisdicional. Esse sistema possibilita, de forma inexorável,
esta, em razão da necessidade de observância da Teoria ao Judiciário, a revisão das decisões tomadas no âmbito
dos Motivos Determinantes. O entendimento majoritário da Administração, no tocante à sua legalidade. É, portanto,
da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricionário, denominado controle finalístico, ou de legalidade.
é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho À Administração, por conseguinte, cabe tanto a anu-
adotado pelo administrador. Gasparini6, com respaldo no lação dos atos ilegais como a revogação de atos válidos
art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de e eficazes, quando considerados inconvenientes ou ino-
tais discussões doutrinárias, pois o referido artigo exige a portunos aos fins buscados pela Administração. Essa for-
motivação para todos os atos nele elencados, compreen- ma de controle endógeno da Administração denomina-se
dendo entre estes, tanto os atos discricionários quanto os princípio da autotutela. Ao Poder Judiciário cabe somente a
vinculados.
anulação de atos reputados ilegais. O embasamento de tais
c) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos:
condutas é pautado nas Súmulas 346 e 473 do Supremo
O Estado assumiu a prestação de determinados serviços,
Tribunal Federal.
por considerar que estes são fundamentais à coletividade.
Apesar de os prestar de forma descentralizada ou mesmo
Súmula 346. A administração pública pode declarar a
delegada, deve a Administração, até por uma questão de
nulidade dos seus próprios atos.
coerência, oferecê-los de forma contínua e ininterrupta.
Pelo princípio da continuidade dos serviços públicos, o Es-
tado é obrigado a não interromper a prestação dos ser- Súmula 473. A administração pode anular seus próprios
viços que disponibiliza. A respeito, tem-se o artigo 22 do atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
Código de Defesa do Consumidor: deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adqui-
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, ridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra for-
ma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços Os atos administrativos podem ser extintos por revo-
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, con- gação ou anulação. A Administração tem o poder de rever
tínuos. seus próprios atos, não apenas pela via da anulação, mas
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou também pela da revogação. Aliás, não é possível revogar
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pes- atos vinculados, mas apenas discricionários. A revogação
soas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos se aplica nas situações de conveniência e oportunidade,
causados, na forma prevista neste código. quanto que a anulação serve para as situações de vício de
legalidade.
d) Princípio da Supremacia do Interesse Público
sobre o Particular e Princípio da Indisponibilidade: Na f) Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade:
maioria das vezes, a Administração, para buscar de manei- Razoabilidade e proporcionalidade são fundamentos de
ra eficaz tais interesses, necessita ainda de se colocar em caráter instrumental na solução de conflitos que se esta-
um patamar de superioridade em relação aos particulares, beleçam entre direitos, notadamente quando não há legis-
numa relação de verticalidade, e para isto se utiliza do prin- lação infraconstitucional específica abordando a temática
cípio da supremacia, conjugado ao princípio da indisponi- objeto de conflito. Neste sentido, quando o poder público
bilidade, pois, tecnicamente, tal prerrogativa é irrenunciá- toma determinada decisão administrativa deve se utilizar
vel, por não haver faculdade de atuação ou não do Poder destes vetores para determinar se o ato é correto ou não,
Público, mas sim “dever” de atuação. se está atingindo indevidamente uma esfera de direitos ou
5 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo se é regular. Tanto a razoabilidade quanto a proporciona-
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993. lidade servem para evitar interpretações esdrúxulas mani-
6 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª festamente contrárias às finalidades do texto declaratório.
ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Razoabilidade e proporcionalidade guardam, assim, a clássica tripartição de Montesquieu, até hoje adotada nos
mesma finalidade, mas se distinguem em alguns pontos. Estados de Direito, são o Legislativo, o Executivo e o ju-
Historicamente, a razoabilidade se desenvolveu no direito diciário, independentes e harmônicos entre si e com suas
anglo-saxônico, ao passo que a proporcionalidade origina- funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). A organi-
-se do direito germânico (muito mais metódico, objetivo e zação do Estado é matéria constitucional no que concerne
organizado), muito embora uma tenha buscado inspiração à divisão política do território nacional, a estruturação dos
na outra certas vezes. Por conta de sua origem, a propor- Poderes, à forma de Governo, ao modo de investidura dos
cionalidade tem parâmetros mais claros nos quais pode ser governantes, aos direitos e garantias dos governados. Após
trabalhada, enquanto a razoabilidade permite um processo as disposições constitucionais que moldam a organização
interpretativo mais livre. Evidencia-se o maior sentido jurí- política do Estado soberano, surgem, através da legislação
dico e o evidente caráter delimitado da proporcionalidade complementar e ordinária, e organização administrati-
pela adoção em doutrina de sua divisão clássica em 3 sen- va das entidades estatais, de suas autarquias e entidades
tidos: paraestatais instituídas para a execução desconcentrada e
- adequação, pertinência ou idoneidade: significa que descentralizada de serviços públicos e outras atividades de
o meio escolhido é de fato capaz de atingir o objetivo pre- interesse coletivo, objeto do Direito Administrativo e das
tendido; modernas técnicas de administração” .
- necessidade ou exigibilidade: a adoção da medida Com efeito, o Estado é uma organização dotada de per-
restritiva de um direito humano ou fundamental somente é sonalidade jurídica que é composta por povo, território e so-
legítima se indispensável na situação em concreto e se não berania. Logo, possui homens situados em determinada loca-
for possível outra solução menos gravosa; lização e sobre eles e em nome deles exerce poder. É dotado
- proporcionalidade em sentido estrito: tem o sentido de personalidade jurídica, isto é, possui a aptidão genérica
de máxima efetividade e mínima restrição a ser guardado para adquirir direitos e contrair deveres. Nestes moldes, o Es-
com relação a cada ato jurídico que recaia sobre um direito tado tem natureza de pessoa jurídica de direito público.
humano ou fundamental, notadamente verificando se há Trata-se de pessoa jurídica, e não física, porque o Estado
uma proporção adequada entre os meios utilizados e os não é uma pessoa natural determinada, mas uma estrutura
fins desejados. organizada e administrada por pessoas que ocupam cargos,
empregos e funções em seu quadro. Logo, pode-se dizer que
o Estado é uma ficção, eis que não existe em si, mas sim como
uma estrutura organizada pelos próprios homens.
3) PERSONALIDADE DE DIREITO PÚBLICO. É de direito público porque administra interesses que
CONCEITO DE PESSOA ADMINISTRATIVA. pertencem a toda sociedade e a ela respondem por desvios
na conduta administrativa, de modo que se sujeita a um re-
gime jurídico próprio, que é objeto de estudo do direito ad-
ministrativo.
“O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que Em face da organização do Estado, e pelo fato deste assu-
é considerado. Do ponto de vista sociológico, é corpora- mir funções primordiais à coletividade, no interesse desta, fez-
ção territorial dotada de um poder de mando originário; -se necessário criar e aperfeiçoar um sistema jurídico que fos-
sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada se capaz de regrar e viabilizar a execução de tais funções, bus-
sobre um território, com potestade superior de ação, de cando atingir da melhor maneira possível o interesse público
mando e de coerção; sob o prisma constitucional, é pes- visado. A execução de funções exclusivamente administrati-
soa jurídica territorial soberana; na conceituação do nosso vas constitui, assim, o objeto do Direito Administrativo, ramo
Código Civil, é pessoa jurídica de Direito Público Interno do Direito Público. A função administrativa é toda atividade
(art. 14, I). Como ente personalizado, o Estado tanto pode desenvolvida pela Administração (Estado) representando os
atuar no campo do Direito Público como no do Direito Pri- interesses de terceiros, ou seja, os interesses da coletividade.
vado, mantendo sempre sua única personalidade de Direi- Devido à natureza desses interesses, são conferidos à Ad-
to Público, pois a teoria da dupla personalidade do Estado ministração direitos e obrigações que não se estendem aos
acha-se definitivamente superada. O Estado é constituído particulares. Logo, a Administração encontra-se numa posi-
de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Terri- ção de superioridade em relação a estes.
tório e Governo soberano. Povo é o componente humano Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se legiti-
do Estado; Território, a sua base física; Governo soberano, mar na soberania popular; por outro lado, é necessária a divi-
o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o são de funções das atividades estatais de maneira equilibrada,
poder absoluto de autodeterminação e auto-organização o que se faz pela divisão de Poderes, a qual resta assegurada
emanado do Povo. Não há nem pode haver Estado inde- no artigo 2º da Constituição Federal. A função típica de admi-
pendente sem Soberania, isto é, sem esse poder absoluto, nistrar – gerir a coisa pública e aplicar a lei – é do Poder Execu-
indivisível e incontrastável de organizar-se e de conduzir-se tivo; cabendo ao Poder Legislativo a função típica de legislar
segundo a vontade livre de seu Povo e de fazer cumprir e ao Poder Judiciário a função típica de julgar. Em situações
as suas decisões inclusive pela força, se necessário. A von- específicas, será possível que no exercício de funções atípicas
tade estatal apresenta-se e se manifesta através dos de- o Legislativo e o Judiciário exerçam administração.
nominados Poderes de Estado. Os Poderes de Estado, na

5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Destaca-se o artigo 41 do Código Civil: Neste sentido:

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre:
I - a União; a) organização e funcionamento da administração fe-
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; deral, quando não implicar aumento de despesa nem cria-
III - os Municípios; ção ou extinção de órgãos públicos;
IV - as autarquias; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
V - as demais entidades de caráter público criadas por gos;
lei. Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas,
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pes- com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
soas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estru- Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos públi-
tura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto cos federais, na forma da lei; (apenas o provimento é dele-
ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. gável, não a extinção)

Nestes moldes, o Estado é pessoa jurídica de direito Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem op-
público interno. Mas há características peculiares distintivas ções de delegar parte de suas atribuições privativas para
que fazem com que afirmá-lo apenas como pessoa jurídica os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República
de direito público interno seja correto, mas não suficiente. ou o Advogado-Geral da União. O Presidente irá delegar
Pela peculiaridade da função que desempenha, o Estado é com relação de hierarquia cada uma destas essencialidades
verdadeira pessoa administrativa, eis que concentra para si dentro da estrutura organizada do Estado. Reforça-se, des-
o exercício das atividades de administração pública. concentrar significa delegar com hierarquia, pois há uma
A expressão pessoa administrativa também pode ser relação de subordinação dentro de uma estrutura centra-
colocada em sentido estrito, segundo o qual seriam pes- lizada, isto é, os Ministros de Estado, o Procurador-Geral
soas administrativas aquelas pessoas jurídicas que integram da República e o Advogado-Geral da União respondem
a administração pública sem dispor de autonomia política
diretamente ao Presidente da República e, por isso, não
(capacidade de auto-organização). Em contraponto, pes-
possuem plena discricionariedade na prática dos atos ad-
soas políticas seriam as pessoas jurídicas de direito público
ministrativos que lhe foram delegados.
interno – União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições
privativas da Administração pública direta no âmbito mais
4)-CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS E FUNÇÕES central possível, isto é, diretamente pelo chefe do Poder
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Executivo, seja porque não são atribuições delegáveis, seja
porque se optou por não delegar.

Em linhas gerais, descentralização significa transferir Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente
a execução de um serviço público para terceiros que não da República:
se confundem com a Administração direta; centralização I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
significa situar na Administração direta atividades que, em II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora dela; direção superior da administração federal;
desconcentração significa transferir a execução de um ser- III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
viço público de um órgão para o outro dentro da própria previstos nesta Constituição;
Administração; concentração significa manter a execução IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
central ao chefe do Executivo em vez de atribui-la a outra como expedir decretos e regulamentos para sua fiel exe-
autoridade da Administração direta. cução;
Passemos a esmiuçar estes conceitos: V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do VI - dispor, mediante decreto, sobre:
Executivo, do poder de delegar certas atribuições que são a) organização e funcionamento da administração fe-
de sua competência privativa. Neste sentido, o previsto na deral, quando não implicar aumento de despesa nem cria-
CF: ção ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da Repú- gos;
blica poderá delegar as atribuições mencionadas nos inci- VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
sos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao ditar seus representantes diplomáticos;
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
União, que observarão os limites traçados nas respectivas nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
delegações. IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;

6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- Basicamente, se está diante de um conjunto de pessoas
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legisla- jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para presta-
tiva, expondo a situação do País e solicitando as providên- rem serviços de interesse do Estado. Possuem patrimônio
cias que julgar necessárias; próprio e são unidades orçamentárias autônomas. Ainda,
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, exercem em nome próprio direitos e obrigações, respon-
se necessário, dos órgãos instituídos em lei; dendo pessoalmente por seus atos e danos.
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Existem duas formas pelas quais o Estado pode efetuar
Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los a descentralização administrativa: outorga e delegação.
para os cargos que lhes são privativos; A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado
os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais serviço público e é conferida, em regra, por prazo indeter-
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-
minado. Isso é o que acontece quanto às entidades da Ad-
-Geral da República, o presidente e os diretores do banco
ministração Indireta prestadoras de serviços públicos. Nes-
central e outros servidores, quando determinado em lei;
te sentido, o Estado descentraliza a prestação dos serviços,
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis-
outorgando-os a outras entidades criadas para prestá-los,
tros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta as quais podem tomar a forma de autarquias, empresas pú-
Constituição, e o Advogado-Geral da União; blicas, sociedades de economia mista e fundações públicas.
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos
termos do art. 89, VII; A delegação ocorre quando o Estado transfere, por
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço,
Conselho de Defesa Nacional; para que o ente delegado o preste ao público em seu pró-
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, prio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do Esta-
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por do. A delegação é geralmente efetivada por prazo determi-
ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, nado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de concessão
e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a ou nos atos de permissão, pelos quais o Estado transfere
mobilização nacional; aos concessionários e aos permissionários apenas a execu-
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do ção temporária de determinado serviço.
Congresso Nacional; Centralizar envolve manter na estrutura da Adminis-
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; tração direta o desempenho de funções administrativas
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen- de interesses não essenciais do Estado, que poderiam ser
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacio- atribuídos a entes de fora da Administração por outorga
nal ou nele permaneçam temporariamente; ou delegação.
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro-
postas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, 5) COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA:
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislati- CONCEITO E CRITÉRIOS DE DISTRIBUIÇÃO.
va, as contas referentes ao exercício anterior; AVOCAÇÃO E DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA.
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na
forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
termos do art. 62;
A competência é um dos requisitos essenciais para a
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Cons-
validade do ato administrativo, correspondendo ao círculo
tituição.
definido em lei dentro do qual os agentes públicos podem
Descentralizar envolve a delegação de interesses esta- exercer a sua atividade legitimamente. Denomina-se com-
tais para fora da estrutura da Administração direta, o que petência administrativa para fins de distinção das compe-
é possível porque não se refere a essencialidades, ou seja, tências legislativa e judicial. Com efeito, fala-se apenas na
a atos administrativos que somente possam ser praticados divisão de atribuições dentro da estrutura da Administra-
pela Administração direta porque se referem a interesses ção Pública.
estatais diversos previstos ou não na CF. Descentralizar é Seria impossível que o Executivo central concentrasse
uma delegação sem relação de hierarquia, pois é uma de- para si todas as atividades administrativas, então se faz ne-
legação de um ente para outro (não há subordinação nem cessário distribui-las dentro da estrutura da administração.
mesmo quanto ao chefe do Executivo, há apenas uma es- Cada órgão receberá determinadas competências e, caso
pécie de tutela ou supervisão por parte dos Ministérios – se atue fora delas, incidirá em excesso de poder.
trata de vínculo e não de subordinação).

7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A competência deve estar prevista em norma expressa


e não pode ser presumida. “Mas a lei não é a fonte exclu- 6) PODERES E ATOS ADMINISTRATIVOS.
siva da competência administrativa. Para órgãos e agentes
de elevada hierarquia, ou de finalidades específicas, pode a
fonte da competência situar-se na própria Constituição. Em
O Estado possui papel central de disciplinar a sociedade.
relação a órgãos de menor hierarquia, pode a competência
Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes que exer-
derivar de normas expressas de atos administrativos de or-
cerão tal papel. No exercício de suas atribuições, são conferi-
ganização. Nesse caso, serão tais atos editados por órgãos das prerrogativas aos agentes, indispensáveis à consecução
cuja competência decorre de lei. Em outras palavras, a com- dos fins públicos, que são os poderes administrativos. Em
petência primária do órgão provém da lei, e a competência contrapartida, surgirão deveres específicos, que são deveres
dos segmentos internos dele, de natureza secundária, pode administrativos.
receber definição através dos atos de organização” . Os poderes conferidos à administração surgem como
A competência tem duas características: inderrogabi- instrumentos para a preservação dos interesses da coletivi-
lidade, não se transferindo para outro pode mera vontade dade. Caso a administração se utilize destes poderes para
das partes ou dos agentes envolvidos; improrrogabilidade, fins diversos de preservação dos interesses da sociedade,
pois a incompetência não se transforma em competência, estará cometendo abuso de poder, ou seja, incidindo em ile-
salvo se advier lei expressa posterior. galidade. Neste caso, o Poder Judiciário poderá efetuar con-
Quanto aos critérios de definição, coloca-se: em razão trole dos atos administrativos que impliquem em excesso ou
da matéria, em razão da hierarquia, em razão do lugar e em abuso de poder.
razão do tempo. Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser
Em relação à matéria, define-se a competência pela es- colocados como prerrogativas de direito público conferidas
pecificidade da função, por exemplo, entre diversas secre- aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Estado al-
tarias e ministérios criados para os mais variados fins. cance os seus fins. Evidentemente, em contrapartida a estes
Em relação à hierarquia, atribuem-se competências poderes, surgem deveres ao administrador.
para funções mais complexas aos órgãos situados em posi- “O poder administrativo representa uma prerrogativa
ção hierárquica superior. especial de direito público outorgada aos agentes do Esta-
Em relação ao lugar, toma-se a descentralização terri- do. Cada um desses terá a seu cargo a execução de certas
torial das atividades administrativas. funções. Ora, se tais funções foram por lei cometidas aos
Em relação ao tempo, confere-se competência tempo- agentes, devem eles exercê-las, pois que seu exercício é vol-
rária ao órgão. tado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo, dentro dos
Destaca-se, por fim, que existem situações em que a lei limites que a lei traçou, pode dizer-se que usaram normal-
mente os seus poderes. Uso do poder, portanto, é a utili-
pode autorizar a delegação de competências de um órgão
zação normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas
para outro, permitindo por consequência que este órgão a
que a lei lhes confere”7.
retome quando devido. Logo, delegação é a possibilidade
Neste sentido, “os poderes administrativos são outorga-
de se atribuir a outro órgão a competência originariamente dos aos agentes do Poder Público para lhes permitir atuação
pertencente. Isso ocorre num nível hierárquico, de modo voltada aos interesses da coletividade. Sendo assim, deles
que a autoridade superior pode delegar para a inferior. emanam duas ordens de consequência: 1ª) são eles irre-
Existem funções que são indelegáveis, conforme le- nunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente exercidos
gislação expressa. Quando a delegação é possível, desta- pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas públicas, ao
ca-se que não exclui a competência do órgão delegante, mesmo tempo em que constituem poderes para o adminis-
que continua podendo exercê-la. “Se a autoridade hierar- trador público, impõem-lhe o seu exercício e lhe vedam a
quicamente superior atrair para sua esfera decisória a prá- inércia, porque o reflexo desta atinge, em última instância,
tica de ato da competência natural de agente com menor a coletividade, esta a real destinatária de tais poderes. Esse
hierarquia, dar-se-á o fenômeno inverso, ou seja, a avoca- aspecto dúplice do poder administrativo é que se deno-
ção, sem dúvida um meio de evitar decisões concorrentes mina de poder-dever de agir”8. Percebe-se que, diferen-
e eventualmente contraditórias” . temente dos particulares aos quais, quando conferido um
Segundo Carvalho Filho , “para evitar distorção no sis- poder, podem optar por exercê-lo ou não, a Administração
tema regular dos atos administrativos, é preciso não perder não tem faculdade de agir, afinal, sua atuação se dá dentro
de vista que tanto a delegação como a avocação devem de objetos de interesse público. Logo, a abstenção não pode
ser consideradas como figuras excepcionais, só justificáveis ser aceita, o que transforma o poder de agir também num
ante os pressupostos que a lei estabelecer”. dever de fazê-lo: daí se afirmar um poder-dever. Com efeito,
o agente omisso poderá ser responsabilizado.
7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.
8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

8
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Os poderes da Administração se dividem em: vincula- Há quem diga que, por haver tal liberdade, não existe
do, discricionário, hierárquico, disciplinar, regulamen- o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui, mais que
tar e de polícia. nunca, o dever de motivar se faz presente, demonstrando que
não houve arbítrio na decisão tomada pelo administrador. Basica-
Poder vinculado mente, não é porque o administrador tem liberdade para decidir
No poder vinculado não há qualquer liberdade quanto de outra forma que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o
à atividade que deva ser praticada, cabendo ao administra- faça, incidirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os parâ-
dor se sujeitar por completo ao mandamento da lei. Nos metros da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal, não obstante a
atos vinculados, o agente apenas reproduz os elementos discricionariedade seja uma prerrogativa da administração, o seu
da lei. Afinal, o administrador se encontra diante de situa- maior objetivo é o atendimento aos interesses da coletividade.
ções que comportam solução única anteriormente prevista
por lei. Portanto, não há espaço para que o administrador Poder regulamentar
faça um juízo discricionário, de conveniência e oportunida- Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder conferido
de. Ele é obrigado a praticar o ato daquela forma, porque a à administração de elaborar decretos e regulamentos. Per-
lei assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória cebe-se que o Poder Executivo, nestas situações, exerce força
por servidor que já completou 70 anos; pedido de licença normativa, expedindo normas que se revestem, como qualquer
para prestar serviço militar obrigatório. outra, de abstração e generalidade.
Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sempre
Poder discricionário possibilita que elas sejam executadas. A aplicação prática fica a
Existem situações em que o próprio agente tem a pos- cargo do Poder Executivo, que irá editar decretos e regulamen-
sibilidade de valorar a sua conduta. Logo, no poder discri- tos com capacidade de dar execução às leis editadas pelo Poder
cionário o administrador não está diante de situações que Legislativo. Trata-se de prerrogativa complementar à lei, não
comportam solução única. Possui, assim, um espaço para podendo em hipótese alguma o Executivo alterar o seu conteú-
exercer um juízo de valores de conveniência e oportuni- do. Entretanto, poderá o Executivo criar obrigações subsidiá-
dade. rias, que se impõem ao administrado ao lado das obrigações
primárias fixadas na própria lei.
Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá ao
Conveniência = condições em que irá agir
Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da competência
Oportunidade = momento em que irá agir
exclusiva do Congresso Nacional: [...] V - sustar os atos normati-
Discricionariedade = oportunidade + conveniência
vos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar
ou dos limites de delegação legislativa”.
A discricionariedade pode ser exercida tanto quando o
Segundo entendimento majoritário, tanto os decretos
ato é praticado quanto, num momento futuro, na circuns-
quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos de natu-
tância de sua revogação. reza originária ou primária) ou de execução (atos de natureza
Uma das principais limitações ao poder discricionário derivada ou secundária), embora a essência do poder regula-
é a adequação, correspondente à adequação da conduta mentar seja composta pelos decretos e regulamentos de execu-
escolhida pelo agente à finalidade expressa em lei. O se- ção. O regulamento autônomo pode ser editado independen-
gundo limite é o da verificação dos motivos9. Neste senti- temente da existência de lei anterior, se encontrando no mesmo
do, discricionariedade não pode se confundir com arbitra- patamar hierárquico que a lei – por isso, é passível de controle
riedade – a última é uma conduta ilegítima e quanto a ela de constitucionalidade. Os regulamentos de execução depen-
caberá controle de legalidade perante o Poder Judiciário. dem da existência de lei anterior para que possam ser editados
“O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extremo e devem obedecer aos seus limites, sob pena de ilegalidade –
de admitir que o juiz se substituta ao administrador. Vale deste modo, se sujeitam a controle de legalidade.
dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei reservou Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativamente ao
aos agentes da Administração, perquirindo os critérios de Presidente da República expedir decretos e regulamentos para
conveniência e oportunidade que lhe inspiraram a conduta. a fiel execução da lei, atividade que não pode ser delegada,
A razão é simples: se o juiz se atém ao exame da legalida- nos termos do parágrafo único. Em que pese o teor do dispo-
de dos atos, não poderá questionar critérios que a própria sitivo que poderia dar a entender que a existência de decretos
lei defere ao administrador. [...] Modernamente, os doutri- autônomos é impedida, o próprio STF já reconheceu decretos
nadores têm considerado os princípios da razoabilidade e autônomos como válidos em situações excepcionais. Carvalho
da proporcionalidade como valores que podem ensejar o Filho11, a respeito, afirma que somente são decretos e regula-
controle da discricionariedade, enfrentando situações que, mentos que tipicamente caracterizam o poder regulamentar
embora com aparência de legalidade, retratam verdadeiro aqueles que são de natureza derivada – o autor admite que
abuso de poder. [...] A exacerbação ilegítima desse tipo de existem decretos e regulamentos autônomos, mas diz que não
controle reflete ofensa ao princípio republicano da separa- são atos do poder regulamentar.
ção dos poderes”10. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 2010.
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
2010. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 2010.

9
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A classificação dos decretos e regulamentos em au- Poder disciplinar


tônomos e de execução é bastante relevante para fins de Trata-se de decorrência do poder hierárquico, pois é a
controle judicial. Em se tratando de decreto de execução, o hierarquia que permite aos agentes de nível superior fisca-
parâmetro de controle será a lei a qual o decreto está vin- lizar as ações dos subordinados. Assim, poder disciplinar
culado, ocorrendo mero controle de legalidade como re- é o poder conferido à administração para aplicar sanções
gra – não caberá controle de constitucionalidade por ações aos seus servidores que pratiquem infrações disciplinares.
diretas de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade, Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem
mas caberá por arguição de descumprimento de preceito natureza administrativa, não envolvendo sanções civis ou
fundamental – ADPF, cujo caráter é mais amplo e permite penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, destacam-
o controle sobre atos regulamentares derivados de lei, tal -se a de advertência, suspensão, demissão e cassação de
como será cabível mandado de injunção. Em se tratan- aposentadoria.
do de decreto autônomo, o parâmetro de controle sempre Evidentemente que tais punições não podem ser apli-
será a Constituição Federal, possuindo o decreto a mesma cadas sem alguns requisitos, como a abertura de sindicân-
posição hierárquica das demais leis infraconstitucionais, cia ou processo disciplinar em que se garanta o contradi-
ocorrendo genuíno controle de constitucionalidade no tório e a ampla defesa (obs.: existem cargos que somente
caso concreto, por qualquer das vias. são passíveis de demissão por sentença judicial, que são os
Outra observação que merece ser feita se refere ao vitalícios, como os de magistrado e promotor de justiça).
conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem na
França e corresponde à transferência de certas matérias de Poder de polícia
caráter estritamente técnico da lei ou ato congênere para É o poder conferido à administração para limitar, dis-
outras fontes normativas, com autorização do próprio le- ciplinar, restringir e condicionar direitos e atividades
gislador. Na verdade, o legislador efetuará uma espécie de particulares para a preservação dos interesses da coleti-
delegação, que não será completa e integral, pois ainda ca- vidade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a
berá ao Legislativo elaborar o regramento básico, ocorren- taxa (artigo 145, II, CF), não podendo ser gerador de tarifa
do a transferência estritamente do aspecto técnico (deno-
que se caracteriza como preço público e não podendo ser
mina-se delegação com parâmetros). Há quem diga que
cobrada sem o exercício efetivo do poder de polícia.
nestes casos não há poder regulamentar, mas sim poder
“A expressão poder de polícia comporta dois sentidos,
regulador. É exemplo do que ocorre com as agências regu-
um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder de polícia
ladoras, como ANATEL, ANEEL, entre outras.
significa toda e qualquer ação restritiva do Estado em
relação aos direitos individuais. [...] Em sentido estrito, o
Poder hierárquico
poder de polícia se configura como atividade administra-
“Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos
tiva, que consubstancia, como vimos, verdadeira prerroga-
órgãos e agentes da Administração que tem como objetivo
tiva conferida aos agentes da Administração, consistente
a organização da função administrativa. E não poderia ser
de outro modo. Tantas são as atividades a cargo da Admi- no poder de restringir e condicionar a liberdade e a pro-
nistração Pública que não se poderia conceber sua normal priedade”13.
realização sem a organização, em escalas, dos agentes e No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a ati-
dos órgãos públicos. Em razão desse escalonamento firma- vidade do Poder Legislativo, considerando que ninguém é
-se uma relação jurídica entre os agentes, que se denomina obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não impu-
relação hierárquica”12. Nesta relação hierárquica, surge para ser (artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a atividade
a autoridade superior o poder de comando e para o seu da polícia administrativa, envolvendo apenas as prerro-
subalterno o dever de obediência. gativas dos agentes da Administração.
Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido à Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio legis-
administração de fixar campos de competência quanto às lador estabelece no Código Tributário Nacional: “Conside-
figuras que compõem sua estrutura. É um poder de auto- ra-se poder de polícia a atividade da administração pública
-organização. É exercido tanto na distribuição de compe- que, limitando o disciplinando direito, interesse ou liber-
tências entre os órgãos quanto na divisão de deveres entre dade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em ra-
os servidores que o compõem. Se o ato for praticado por zão de interesse público [...]” (art. 78, primeira parte, CTN).
órgão incompetente, é inválido. Da mesma forma, se o for A atividade de polícia é tipicamente administrativa, razão
praticado por servidor que não tinha tal atribuição. pela qual é estudada no ramo do direito administrativo.
Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do
o poder de revisão, consistente no poder das autoridades poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido, a
superiores de revisar os atos praticados por seus subordi- administração não precisa de manifestação do Poder Ju-
nados. diciário para colocar seus atos em prática, efetivando-os.

12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
2010. ris, 2015.

10
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Polícia-função e polícia-corporação o é por órgãos administrativos de caráter mais fiscalizador.


“Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas em Outra diferença reside na circunstância de que a Polícia
decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena real- Administrativa incide basicamente sobre atividades dos
çar que não há como confundir polícia-função com po- indivíduos, enquanto a Polícia Judiciária preordena-se ao
lícia-corporação: aquela é a função estatal propriamente indivíduo em si, ou seja, aquele a quem se atribui o co-
dita e deve ser interpretada sob o aspecto material, indi- metimento de ilícito penal”15. Além disso, essencialmente, a
cando atividade administrativa; esta, contudo, correspon- Polícia Administrativa tem caráter preventivo (busca evi-
de à ideia de órgão administrativo, integrado nos sistemas tar o dano social), enquanto que a Polícia Judiciária tem
de segurança pública e incumbido de prevenir os delitos caráter repressivo (busca a punição daquele que causou
e as condutas ofensivas à ordem pública, razão por que o dano social).
deve ser vista sob o aspecto subjetivo (ou formal). A polí- Sobre os campos de exercício da polícia administrativa,
cia-corporação executa frequentemente funções de polícia considerando que todos os direitos individuais são limita-
administrativa, mas a polícia-função, ou seja, a atividade dos pelo interesse da coletividade, já se pode deduzir que
oriunda do poder de polícia, é exercida por outros órgãos o âmbito de atuação do poder de polícia é o mais amplo
administrativos além da corporação policial”14. possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia sanitária, polí-
cia ambiental, polícia de trânsito e tráfego, polícia de pro-
Competência fissões (OAB, CRM, etc.), polícia de construções, etc. Neste
A competência para exercer o poder de polícia é, a sentido, será possível atuar tanto por atos normativos (atos
princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de com- genéricos, abstratos e impessoais, como decretos, regula-
petência no âmbito do poder regulamentar. Se a compe- mentos, portarias, instruções, resoluções, entre outros) e
tência for concorrente, também o poder de polícia será por atos concretos (voltados a um indivíduo específico e
exercido de forma concorrente. isolado, que podem ser determinações, como a multa, ou
atos de consentimento, como a concessão ou revogação
Delegação e transferência de licença ou autorização por alvará).
O poder de polícia pode ser exercido de forma origi-
Liberdades públicas e poder de polícia
nária, pelo próprio órgão ao qual se confere a competên-
Evidentemente, abusos no exercício do poder de po-
cia de atuação, ou de forma delegada, mediante lei que
lícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito
transfira a mera prática de atos de natureza fiscalizatória
individual seja relativo perante o interesse público, existem
(poder de polícia seria de caráter executório, não inovador)
núcleos mínimos de direitos que devem ser preservados,
a pessoas jurídicas que tenham vinculação oficial com en-
mesmo no exercício do poder de polícia. Neste sentido, a
tes públicos.
faculdade repressiva deve respeitar os direitos do cida-
Obs.: A transferência de tarefas de operacionalização,
dão, as prerrogativas individuais e as liberdades públi-
no âmbito de simples constatação, não é considerada de-
cas que são consagrados no texto constitucional.
legação do poder de polícia. Delegação ocorre quando a Para compreender a questão, interessante suscitar qual
atividade fiscalizatória em si é transferida. Por exemplo, o caráter do poder de polícia, se discricionário ou vincula-
uma empresa contratada para operar radares não recebeu do. A doutrina de Meirelles16 e Carvalho Filho17 recomenda
delegação do poder de polícia, mas uma guarda municipal que quando o poder de polícia vai ter os seus limites fixa-
instituída na forma de empresa pública com poder de apli- dos há discricionariedade (por exemplo, quando o poder
car multas recebeu tal delegação. público vai decidir se pode ou não ocorrer pesca num de-
terminado rio), mas quando já existem os limites o ato se
Polícia judiciária e polícia administrativa torna vinculado (no mesmo exemplo, não se pode decidir
Uma das mais importantes classificações doutrinárias por multar um pescador e não multar o outro por pesca-
corresponde à distinção entre polícia administrativa e po- rem no rio em que a pesca é proibida, devendo ambos se-
lícia judiciária, assim explanada por Carvalho Filho: “ambos rem multados). Tal raciocínio é relevante para verificar, num
se enquadram no âmbito da função administrativa, vale di- caso concreto, se houve ou não abuso do poder de polícia.
zer, representam atividades de gestão de interesses públi- Vamos supor que a lei fixe os limites para o ato, mas que
cos. A Polícia Administrativa é atividade da Administra- na prática tais limites tenham sido ignorados: não haverá
ção que se exaure em si mesma, ou seja, inicia e se com- discricionariedade, então.
pleta no âmbito da função administrativa. O mesmo não
ocorre com a Polícia Judiciária, que, embora seja atividade 15 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
administrativa, prepara a atuação da função jurisdicional direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
penal, o que a faz regulada pelo Código de Processo Pe- ris, 2015.
nal (arts. 4º ss) e executada por órgãos de segurança (po- 16 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
lícia civil ou militar), ao passo que a Polícia Administrativa brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 17 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2015. ris, 2015.

11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia Dever de probidade


são: Trata-se de um dos deveres mais relevantes, corres-
“- Necessidade – a medida de polícia só deve ser ado- pondendo à obrigação do agente público de agir de forma
tada para evitar ameaças reais ou prováveis de perturba- honesta e reta, respeitando a moralidade administrativa e o
ções ao interesse público; interesse público. A violação deste dever caracteriza ato de
- Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação entre improbidade, punível, conforme artigo 37, §4º, CF e Lei nº
a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado; 8.429/92, que se sujeita a diversas penas, como suspensão
- Eficácia – a medida deve ser adequada para impedir de direitos políticos, perda da função pública, proibição de
o dano a interesse público. Para ser eficaz a Administração contratar com o poder público, multa, além de restituição
não precisa recorrer ao Poder Judiciário para executar as ao erário por enriquecimento ilícito e/ou reparação de da-
suas decisões, é o que se chama de autoexecutoriedade”18. nos causados ao erário.
Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade
de garantia de contraditório e ampla defesa ao adminis- Dever de prestação de contas
trado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo Como o que é gerido pelo administrador não lhe per-
administrativo para imposição de multa de trânsito, são ne- tence, é seu dever prestar contas do que realizou à coleti-
cessárias as notificações da atuação e da aplicação da pena vidade, isto é, informar em detalhes qual o destino dado
decorrentes da infração”. às verbas e aos bens sob sua gestão. Este dever abrange
não só aqueles que são agentes públicos, mas a todos que
Deveres da Administração tenham sob sua responsabilidade dinheiros, bens ou inte-
resses públicos, independentemente de serem ou não ad-
Dever de agir ministradores públicos.
O administrador possui um poder-dever de agir. Não “A prestação de contas de administradores pode ser
se trata de mero poder, porque priorizam atender ao inte- realizada internamente através dos órgãos escalonados em
resse da coletividade e, em razão disso, o poder de agir é graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o con-
também um dever, que é irrenunciável e obrigatório. Ao
trole de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser ele
administrador é vedada a inércia. Logo, poderá ser respon-
o órgão de representação popular. No Legislativo se situa,
sabilizado por omissão ou silêncio, abrindo possibilidade
organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua espe-
de obter o ato não realizado: pela via extrajudicial, notada-
cialização, auxilia o Congresso Nacional na verificação de
mente ao exercer o direito de petição; ou por via judicial,
contas dos administradores”19.
por intermédio de mandado de segurança, quando ferir di-
reito líquido e certo do interessado comprovado de plano,
Uso do poder
ou por ação de obrigação de fazer.
Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização
ATENÇÃO: nem toda omissão do poder público é ilegal.
As denominadas omissões genéricas, que envolvem prer- normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a lei
rogativas de ação do administrador de caráter geral e sem lhes confere”20. Significa que se um agente toma suas ati-
prazo determinado para atendimento, inseridas em seu po- tudes dentro dos limites dos poderes administrativos, está
der discricionário, não autorizam a alegação de ilegalidade agindo conforme a lei. Um dos principais guias para de-
por violação do poder-dever de agir. Insere-se aqui a de- terminar se a ação está ou não em conformidade é o dos
nominada reserva do possível – por óbvio sempre existirão deveres administrativos.
algumas omissões tendo em vista a escassez de recursos Assim, além de poderes, os agentes administrativos,
financeiros. Ex.: deixar de reformar a entrada de um edifício, obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições que
não construir um estabelecimento de ensino. São ilegais, exercem.
com efeito, as omissões específicas, que são omissões do
poder público mesmo diante de imposição expressa legal Abuso de poder
e prazo fixado em lei para atendimento. Nestas situações, Havendo poderes, naturalmente será possível o abuso
caberá até mesmo responsabilização civil, penal ou admi- deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por parte
nistrativa do agente omisso. dos administradores das prerrogativas a eles conferidas no
âmbito dos poderes da administração, por violação expres-
Dever de eficiência sa ou tácita da lei.
A atividade administrativa deve ser célere e técnica, “A conduta abusiva dos administradores pode decor-
mesclando qualidade e quantidade. Para tanto, é necessá- rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de
rio atribuir competências aos cargos conforme a qualifica- sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua
ção exigida para ocupá-los; bem como desempenhar ati- competência, afasta-se do interesse público que deve nor-
vidades com perfeição, coordenação, celeridade e técnica. 19 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
Não significa que perfeccionismo em excesso seja valoriza- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
do, pois ele afeta o elemento quantitativo do serviço, que 2010.
também é essencial para que ele seja eficiente. 20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
18 http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/ direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
direito-administrativo/conceito-de-direito-administrativo 2010.

12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tear todo o desempenho administrativo. No primeiro caso, Com efeito, a expressão atos da Administração é mais
diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’ e no ampla. Envolve, também, os atos privados da Administra-
segundo, com ‘desvio de poder’”21. Basicamente, havendo ção, referentes às ações da Administração no atendimento
abuso de poder é possível que se caracterize excesso de de seus interesses e necessidades operacionais e instru-
poder ou desvio de poder. No excesso de poder, o agente mentais agindo no mesmo plano de direitos e obrigações
nem teria competência para agir naquela questão e o que os particulares. O regime jurídico será o de direito pri-
faz. No abuso de poder, o agente possui competência vado. Ex.: contrato de aluguel de imóveis, compra de bens
para agir naquela questão, mas não o faz em respeito de consumo, contratação de água/luz/internet. Basicamen-
ao interesse público, ou seja, desvirtua-se do fim que de- te, envolve os interesses particulares da Administração, que
veria atingir o seu ato, por isso o desvio de poder também são secundários, para que ela possa atender aos interesses
é denominado desvio de finalidade. A conduta abusiva é primários – no âmbito destes interesses primários (inte-
passível de controle, inclusive judicial. resses públicos, difusos e coletivos) é que surgem os atos
administrativos, que são atos públicos da Administração,
EXCESSO DE PODER = INCOMPETÊNCIA sujeitos a regime jurídico de direito público.
ABUSO DE PODER = COMPETÊNCIA = DESVIO DE
FINALIDADE Atos da Administração ≠ Atos administrativos.
Atos privados da Administração = atos da Admi-
“Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de po- nistração → regime jurídico de direito privado.
der se configura como ilegalidade. Não se pode conceber Atos públicos da Administração = atos administra-
que a conduta de um agente, fora dos limites de sua com- tivos → regime jurídico de direito público.
petência ou despida da finalidade da lei, possa compatibi-
lizar-se com a legalidade. É certo que nem toda ilegalidade Os atos administrativos se situam num plano superior
decorre de conduta abusiva; mas todo abuso se reveste de de direitos e obrigações, eis que visam atender aos interes-
ilegalidade e, como tal, sujeita-se à revisão administrativa ses públicos primários, denominados difusos e coletivos.
ou judicial”22. Logo, são atos de regime público, sujeitos a pressupostos
Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro de existência e validade diversos dos estabelecidos para
que a legislação não apenas confere poderes ao adminis- os atos jurídicos no Código Civil, e sim previstos na Lei de
trador, mas também estabelece deveres. Ação Popular e na Lei de Processo Administrativo Federal.
Ao invés de autonomia da vontade, haverá a obrigatorie-
Fatos da administração, atos da administração e dade do cumprimento da lei e, portanto, a administração
atos administrativos só poderá agir nestas hipóteses desde que esteja expressa
O ato administrativo é uma espécie de fato administra- e previamente autorizada por lei24.
tivo e é em torno dele que se estrutura a base teórica do Fato administrativo é a “atividade material no exercí-
direito administrativo. cio da função administrativa, que visa a efeitos de ordem
Por seu turno, “a expressão atos da Administração prática para a Administração. [...] Os fatos administrativos
traduz sentido amplo e indica todo e qualquer ato que podem ser voluntários e naturais. Os fatos administrativos
se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema voluntários se materializam de duas maneiras: 1ª) por atos
administrativo em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade, administrativos, que formalizam a providência dese-
entre os atos da Administração se enquadram atos que jada pelo administrador através da manifestação da
não se caracterizam propriamente como atos adminis- vontade; 2ª) por condutas administrativas, que refletem
trativos, como é o caso dos atos privados da Administra- os comportamentos e as ações administrativas, sejam ou
ção. Exemplo: os contratos regidos pelo direito privado, não precedidas de ato administrativo formal. Já os fatos
como a compra e venda, a locação etc. No mesmo plano administrativos naturais são aqueles que se originam de
estão os atos materiais, que correspondem aos fatos ad- fenômenos da natureza, cujos efeitos se refletem na órbita
ministrativos, noção vista acima: são eles atos da Adminis- administrativa. Assim, quando se fizer referência a fato ad-
tração, mas não configuram atos administrativos típicos. ministrativo, deverá estar presente unicamente a noção de
Alguns autores aludem também aos atos políticos ou de que ocorreu um evento dinâmico da Administração”25.
governo”23.
Atos administrativos em espécie
21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de a) Atos normativos: são atos gerais e abstratos visando
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, a correta aplicação da lei. É o caso dos decretos, regula-
2010. mentos, regimentos, resoluções, deliberações.
22 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 24 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administra-
2010. tivo. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004.
23 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2015. ris, 2015.

13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

b) Atos ordinatórios: disciplinam o funcionamento da Classificação quanto ao destinatário:


Administração e a conduta de seus agentes. É o caso de 1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, com
instruções, circulares, avisos, portarias, ofícios, despachos finalidade normativa, atingindo uma gama de pessoas que
administrativos, decisões administrativas. estejam na mesma situação jurídica nele estabelecida. O
c) Atos negociais: são aqueles estabelecidos entre Ad- particular não pode impugnar, pois os efeitos são para to-
ministração e administrado em consenso. É o caso de licen- dos.
ças, autorizações, permissões, aprovações, vistos, dispensa, 2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter-
homologação, renúncia. minada, criando situações jurídicas individuais. O particular
d) Atos enunciativos: são aqueles em que a Administra- atingido pode impugnar.
ção certifica ou atesta um fato sem vincular ao seu conteú-
do. É o caso de atestados, certidões, pareceres. Classificação quanto ao seu regramento:
e) Atos punitivos: são aqueles que emanam punições 1) Atos vinculados: são os que possuem todos os
pressupostos e elementos necessários para sua prática e
aos particulares e servidores.
perfeição previamente estabelecidos em lei que autoriza a
prática daquele ato. O administrador é um “mero cumpri-
Classificação dos atos administrativos
dor de leis”. Também se denomina ato de exercício obri-
Classificação quanto ao seu alcance:
gatório.
1) Atos internos: praticados no âmbito interno da Ad- 2) Atos discricionários: são os atos que possuem par-
ministração, incidindo sobre órgãos e agentes administra- te de seus pressupostos e elementos previamente fixados
tivos. pela lei autorizadora. No mínimo, a competência, a finali-
2) Atos externos: praticados no âmbito externo da dade e a forma estão previamente fixados na lei – são os
Administração, atingindo administrados e contratados. São pressupostos vinculados. Aquilo que está em branco ou
obrigatórios a partir da publicação. indefinido na lei será preenchido pelo administrador. Tal
preenchimento deve ser feito motivadamente com base
Classificação quanto ao seu objeto: em fatos e circunstâncias que somente o administrador
1) Atos de império: praticados com supremacia em pode escolher. Contudo, tal escolha não é livre, os fatos e
relação ao particular e servidor, impondo o seu obrigatório circunstâncias devem ser adequados (razoáveis e propor-
cumprimento. cionais) aos limites e intenções da lei.
2) Atos de gestão: praticados em igualdade de condi- Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos ad-
ção com o particular, ou seja, sem usar de suas prerrogati- ministrativos se classificam em vinculados ou discricioná-
vas sobre o destinatário. rios. “Os atos vinculados são aqueles que tem o procedi-
3) Atos de expediente: praticados para dar andamen- mento quase que plenamente delineados em lei, enquanto
to a processos e papéis que tramitam internamente na ad- os discricionários são aqueles em que o dispositivo norma-
ministração pública. São atos de rotina administrativa. tivo permite certa margem de liberdade para a atividade
pessoal do agente público, especialmente no que tange
Classificação dos atos quanto à formação (processo à conveniência e oportunidade, elementos do chamado
de elaboração): mérito administrativo. A discricionariedade como poder
1) Ato simples: nasce por meio da manifestação de da Administração deve ser exercida consoante determina-
vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou agente dos limites, não se constituindo em opção arbitrária para
da Administração. o gestor público, razão porque, desde há muito, doutrina
2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade e jurisprudência repetem que os atos de tal espécie são
vinculados em vários de seus aspectos, tais como a compe-
de mais de um órgão ou agente administrativo.
tência, forma e fim”26.
3) Ato composto: nasce da manifestação de vontade
de um órgão ou agente, mas depende de outra vontade
Requisitos ou elementos
que o ratifique para produzir efeitos e tornar-se exequível.
1) Competência: é o poder-dever atribuído a determi-
nado agente público para praticar certo ato administrativo.
Classificação quanto à manifestação da vontade: A pessoa jurídica, o órgão e o agente público devem estar
Atos unilaterais: São aqueles formados pela manifesta- revestidos de competência. A competência é sempre fixada
ção de vontade de uma única pessoa. Ex.: Demissão - Para por lei.
Hely Lopes Meirelles, só existem os atos administrativos A Constituição Federal fixa atribuições para as diver-
unilaterais. sas esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impossível
Atos bilaterais: São aqueles formados pela manifesta- impor que um único órgão as exercesse por completo. Por
ção de vontade de duas pessoas. isso, tais atribuições são distribuídas entre os diversos ór-
Atos multilaterais: São aqueles formados pela vontade gãos que compõem a Administração Pública. Esta divisão
de mais de duas pessoas. das atribuições entre os órgãos da Administração Pú-
Ex.: Contrato administrativo. blica é conhecida como competência.
26 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.
php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3741

14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Conceitua Carvalho Filho27 que “competência é o círcu- sempre tenham por objeto a satisfação do interesse públi-
lo definido por lei dentro do qual podem os agentes exer- co, esse interesse é variável de acordo com a situação. Se
cer legitimamente sua atividade”, afirmando ainda que a a autoridade administrativa praticar um ato fora da finali-
competência administrativa pode ser colocada em plano dade genérica ou fora da finalidade específica, estará prati-
diverso da competência legislativa e jurisdicional. cando um ato viciado que é chamado “desvio de poder ou
A competência é pressuposto essencial do ato ad- desvio de finalidade”.
ministrativo, devendo sempre ser fixada por lei ou pela 3) Forma: é a maneira pela qual o ato se revela no
Constituição Federal. Vale ressaltar, no entanto, que a lei mundo jurídico. Usualmente, adota-se a forma escrita.
e a CF fixam as competências primárias, que abrangem o Eventualmente, pode ser praticado por sinais ou gestos (ex:
órgão como um todo; podendo existir atos internos de or- trânsito). A forma é sempre fixada por lei.
ganização que fixam as divisões de competências dentro 4) Motivo (vontade): vontade é o querer do ato admi-
dos órgãos, em seus diversos segmentos. nistrativo e dela se extrai o motivo, que é o acontecimento
A competência se reveste de dois atributos essenciais: real que autoriza/determina a prática do ato administrati-
inderrogabilidade, pois não se transfere de um órgão a vo. É o ato baseado em fatos e circunstâncias, que o ad-
outro por mera vontade entre as partes ou por consen- ministrador por escolher, mas deve respeitar os limites e
timento do agente público; e improrrogabilidade, pois intenções da lei. Nem sempre os atos administrativos pos-
um órgão competente não se transmuta em incompetente suem motivo legal. Nos casos em que o motivo legal não
mesmo diante de alteração da lei superveniente ao fato. está descrito na norma, a lei deu competência discricioná-
O ato praticado por sujeito incompetente prescinde de ria para que o sujeito escolha o motivo legal (o motivo deve
pressuposto essencial para o ato administrativo, sendo ele ser oportuno e conveniente).
considerado inexistente e incapaz de produzir efeitos. Com efeito, a teoria dos Motivos Determinantes afirma
É possível fixar os critérios de competência nos seguin- que os motivos alegados para a prática de um ato admi-
tes moldes: nistrativo ficam a ele vinculados de tal modo que a prática
a) Quanto à matéria: abrange a especificidade da fun- de um ato administrativo mediante a alegação de motivos
ção, por exemplo, entre Ministérios e Secretarias de diver- falsos ou inexistentes determina a sua invalidade.
sas especialidades. “A teoria dos motivos determinantes está relacionada
b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de ativi- a prática de atos administrativos e impõe que, uma vez
dades mais complexas a agentes/órgãos de graus superio- declarado o motivo do ato, este deve ser respeitado. Esta
res dentro dos órgãos. teoria vincula o administrador ao motivo declarado. Para
c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização terri- que haja obediência ao que prescreve a teoria, no entanto,
torial de atividades. o motivo há de ser legal, verdadeiro e compatível com o
d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de com- resultado. Vale dizer, a teoria dos motivos determinantes
petência por tempo determinado, notadamente diante de não condiciona a existência do ato, mas sim sua validade”28.
algum evento específico, como de calamidade pública. 5) Objeto (conteúdo): é o que o ato afirma ou declara,
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a com- manifestando a vontade do Estado. A lei não fixa qual deve
petência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos admi- ser o conteúdo ou objeto de um ato administrativo, restan-
nistrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos do ao administrador preencher o vazio nestas situações. O
de delegação e avocação legalmente admitidos”. ato é branco/indefinido. No entanto, deve se demonstrar
Delegar é atribuir uma competência que seria sua a que a prática do ato é oportuna e conveniente.
outro órgão/agente (pode ser vertical, quando houver su- Obs.: Quando se diz que a escolha do motivo e do ob-
bordinação; ou horizontal, quando não houver subordi- jeto do ato é discricionária não significa que seja arbitrária,
nação) – A delegação é parcial e temporária e pode ser pois deve se demonstrar a oportunidade e a conveniência.
revogada a qualquer tempo. Não podem ser delegados os Mérito = oportunidade + conveniência
seguintes atos: Competência Exclusiva, Edição de Ato de
Caráter Normativo, Decisão de Recursos Administrativos. Atributos
Avocar é solicitar o que seria de competência de outro 1) Imperatividade: em regra, a Administração decreta
para sua esfera de competência. Basicamente, é o oposto e executa unilateralmente seus atos, não dependendo da
de delegar. Na avocação, o chefe/órgão superior pega para participação e nem da concordância do particular. Do po-
si as atribuições do subordinado/órgão inferior. Como exi- der de império ou extroverso, que regula a forma unilateral
ge subordinação, toda avocação é vertical. e coercitiva de agir da Administração, se extrai a imperati-
2) Finalidade: é a razão jurídica pela qual um ato ad- vidade dos atos administrativos.
ministrativo foi abstratamente criado pela ordem jurídica. 2) Autoexecutoriedade: em regra, a Administração
A lei estabelece que os atos administrativos devem ser pode concretamente executar seus atos independente da
praticados visando a um fim, notadamente, a satisfação do manifestação do Poder Judiciário, mesmo quando estes
interesse público. Contudo, embora os atos administrativos afetam diretamente a esfera jurídica de particulares.
27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 28 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2605114/em-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- -que-consiste-a-teoria-dos-motivos-determinantes-aurea-
ris, 2010. -maria-ferraz-de-sousa

15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

3) Presunção de veracidade: todo ato editado ou pu- 2) P + V = ineficaz. Os atos perfeitos e válidos podem
blicado pela Administração é presumivelmente verdadeiro, não ser eficazes se estiver pendente o implemento de con-
seja na forma, seja no conteúdo, o que se denomina “fé dição.
pública”. Evidente que tal presunção é relativa (juris tan- 3) P + inválido = ineficaz. O ato perfeito e inválido é,
tum), mas é muito difícil de ser ilidida. Só pode ser quebra- em regra, ineficaz.
da mediante ação declaratória de falsidade, que irá argu- 4) P + inválido = eficaz. O ato perfeito e inválido pode
mentar que houve uma falsidade material (violação física ser eficaz se já tiver gerado efeitos próprios e for relevante
do documento que traz o ato) ou uma falsidade ideológica para a segurança jurídica manter tais efeitos.
(documento que expressa uma inverdade). 5) Imperfeito = inválido + ineficaz. O ato imperfeito
4) Presunção de legitimidade: Sempre que a Admi- não é válido e nem eficaz.
nistração agir se presume que o fez conforme a lei. Tal 6) Imperfeito = inválido + eficaz. O ato imperfeito
presunção é relativa (juris tantum), podendo contudo ser pode gerar efeitos impróprios, que não dependem da execu-
ilidida por qualquer meio de prova. ção do ato, como o efeito impróprio reflexo (repercussão em
Obs.: Todo ato administrativo tem presunção de vera- outros atos ou situações jurídicas) e o efeito impróprio pro-
cidade e de legitimidade, mas nem todo ato administrativo drômico (efeito de natureza procedimental que implica numa
é imperativo (pode precisar da concordância do particular, providência ou etapa necessária para aperfeiçoamento do
a exemplo dos atos negociais). ato, como a manifestação de um segundo agente ou órgão).
7) Imperfeito = válido + ineficaz. O ato imperfeito
O silêncio no direito administrativo pode preencher os requisitos de validade, mas se lhe faltar
“Uma questão interessante que merece ser analisada um pressuposto especial será imperfeito e, logo, ineficaz.
no tocante ao ato administrativo é a omissão da Admi-
nistração Pública ou, o chamado silêncio administrativo. Vícios do ato administrativo
Essa omissão é verificada quando a administração deveria Os vícios dos atos administrativos podem se referir a su-
expressar uma pronuncia quando provocada por adminis- jeitos, notadamente: a) Vícios de incompetência do sujeito
trado, ou para fins de controle de outro órgão e, não o – pode restar caracterizado o crime de usurpação de função
faz. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o silêncio da (artigo 328, CP), gerando ato inexistente; pode caracterizar
administração não é um ato jurídico, mas quando produz excesso de poder, quando excede os limites da competência
efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico administrativo. que tem, o sujeito pode incidir no crime de abuso de autori-
[...] Denota-se que o silêncio pode consistir em omissão, dade; pode se detectar função de fato, quando quem pratica
ausência de manifestação de vontade, ou não. Em deter- o ato está irregularmente investido no cargo, emprego ou
minadas situações poderá a lei determinar a Administra- função – situação com aparência de legalidade – ato conside-
ção Pública manifestar-se obrigatoriamente, qualificando rado válido; b) Vícios de incapacidade do sujeito – pode haver
o silêncio como manifestação de vontade. Nesses casos, é impedimento ou suspeição, ambos casos de anulabilidade.
possível afirmar que estaremos diante de um ato adminis- Os vícios dos atos administrativos também podem se re-
trativo. [...] Desta forma, quando o silêncio é uma forma de ferir ao objeto, quando ele for proibido por lei – ato ilegal =
manifestação de vontade, produz efeitos de ato adminis- nulo; diverso do previsto legalmente para o caso concreto;
trativo. Isto porque a lei pode atribuir ao silêncio determi- impossível (exemplo: a nomeação para cargo que não existe);
nado efeito jurídico, após o decurso de certo prazo. Entre- imoral; indeterminado (desapropriação de bem não definido
tanto, na ausência de lei que atribua determinado efeito com precisão).
jurídico ao silêncio, estaremos diante de um fato jurídico Os vícios podem atingir a forma, quando a lei expressa-
administrativo”29. mente exige e não é respeitada, e ainda o motivo, quando
pressupostos de fato e/ou de direito não existem e/ou são
Validade e eficácia do ato administrativo falsos.
Destaca-se esquemática trazida por Baldacci30: Por fim, tem-se os vícios relativos à finalidade, que são
- Quando todos os pressupostos especiais exigidos desvio de poder ou desvio de finalidade, quando o agente
por lei estiverem presentes, falamos que o ato é perfeito pratica ato administrativo sem observar o interesse público
(P). e/ou o objetivo (finalidade) previsto em lei.
- Quanto estes pressupostos preenchidos respeitarem
o que a lei exige, falamos que é válido (V). Ato inexistente
- Quanto está apto a surtir seus efeitos próprios fala- A doutrina, de forma amplamente majoritária, nega rele-
mos que é eficaz (E). vância jurídica aos chamados atos administrativos inexisten-
1) P + V = E. Os atos perfeitos e válidos são eficazes tes sob o fundamento de que seriam equivalentes aos atos
em regra. nulos.
Feita a ressalva, coloca-se a lição de Celso Antonio Ban-
29 SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca deira de Melo ao discorrer sobre os atos administrativos ine-
do silêncio administrativo. Migalhas, 24 jul. 2008. xistentes no sentido de que “consistem em comportamentos
30 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administra- que correspondem a condutas criminosas, portanto, fora do
tivo. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004. possível jurídico e radicalmente vedadas pelo Direito”.

16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O ato inexistente é aquele que não reúne os elementos para a manutenção do ato; contraposição ou derrubada,
necessários à sua formação e, assim, não produz qualquer que é a retirada do ato administrativo em decorrência de
consequência jurídica. Já o ato nulo é o ato que embora ser expedido outro ato fundado em competência diversa
reúna os elementos necessários a sua existência, foi prati- da do primeiro, mas que projeta efeitos antagônicos ao
cado com violação da lei, da ordem pública, dos bons cos- daquele, de modo a inibir a continuidade da sua eficácia;
tumes ou com inobservância da forma legal31. caducidade, que é a retirada do ato administrativo em
decorrência de ter sobrevindo norma superior que torna
Ato nulo incompatível a manutenção do ato com a nova realidade
“Ato nulo é aquele que nasce com vício insanável, nor- jurídica instaurada.
malmente resultante da ausência de um de seus elemen- 4) Renúncia: É a extinção do ato administrativo efi-
tos constitutivos, ou de defeito substancial em algum deles caz em virtude de seu beneficiário não mais desejar a sua
(por exemplo, o ato com motivo inexistente, o ato com ob- continuidade. A renúncia só tem cabimento em atos que
jeto não previsto em lei e o ato praticado com desvio de concedem privilégios e prerrogativas.
finalidade). O ato nulo está em desconformidade com a lei 5) Recusa: É a extinção do ato administrativo ineficaz
o com os princípios jurídicos (é um ato ilegal e ilegítimo) em decorrência do seu futuro beneficiário não manifestar
e seu defeito não pode ser convalidado (corrigido). O ato concordância, tida como indispensável para que o ato pu-
nulo não pode produzir efeitos válidos entre as partes. [...] desse projetar regularmente seus efeitos. Se o futuro bene-
Ato inexistente é aquele que possui apenas aparência de ficiário recusa a possibilidade da eficácia do ato, esse será
manifestação de vontade da administração pública, mas, extinto.
em verdade, não se origina de um agente público, mas de Em detalhes:
alguém que se passa por tal condição, como o usurpador A cassação é a retirada do ato administrativo em de-
de função. [...] Ato anulável é o que apresenta defeito sa- corrência do beneficiário ter descumprido condição tida
nável, ou seja, passível de convalidação pela própria ad- como indispensável para a manutenção do ato. Embora
ministração que o praticou, desde que ele não seja lesivo legítimo na sua origem e na sua formação, o ato se tor-
ao interesse público, nem cause prejuízo a terceiros. São na ilegal na sua execução a partir do momento em que
sanáveis o vício de competência quanto à pessoa, exceto o destinatário descumpre condições pré-estabelecidas.
se se tratar de competência exclusiva, e o vício de forma, a Por exemplo, uma pessoa obteve permissão para explorar
menos que se trate de forma exigida pela lei como condi- o serviço público, porém descumpriu uma das condições
ção essencial à validade do ato”32. para a prestação desse serviço. Vem o Poder Público e, a
título de penalidade, procede a cassação da permissão.
Extinção dos atos administrativos: revogação, anu- A anulação é a retirada do ato administrativo em de-
lação e cassação corrência de sua invalidade, reconhecida judicial ou admi-
A extinção do ato administrativo pode se dar nas se- nistrativamente, preservando-se os direitos dos terceiros de
guintes situações: boa-fé. Trata-se da supressão do ato administrativo, com
1) Cumprimento dos seus Efeitos: Cumprindo todos efeito retroativo, por razões de ilegalidade e ilegitimidade.
os seus efeitos, não terá mais razão de existir sob o ponto Cabe o exame pelo Poder Judiciário (razões de legalidade e
de vista jurídico. legitimidade) e pela Administração Pública (aspectos legais
2) Desaparecimento do Sujeito ou do Objeto do e no mérito). Gera efeitos retroativos (ex tunc), invalida as
Ato: Se o sujeito ou o objeto perecer, o ato será conside- consequências passadas, presentes e futuras.
rado extinto. A revogação é a retirada do ato administrativo em
3) Retirada: Ocorre a edição de outro ato jurídico que decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade em
elimina o ato. Pode se dar por anulação, que é a retirada face dos interesses públicos, sendo o ato válido e praticado
do ato administrativo em decorrência de sua invalidade, dentro da Lei, efetuando-se a revogação na via administra-
reconhecida judicial ou administrativamente, preservando- tiva. Trata-se da extinção de um ato administrativo legal e
-se os direitos dos terceiros de boa-fé; por revogação, que perfeito, por razões de conveniência e oportunidade, pela
é a retirada do ato administrativo em decorrência da sua Administração, no exercício do poder discricionário. O ato
inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses revogado conserva os efeitos produzidos durante o tempo
públicos, sendo o ato válido e praticado dentro da Lei, efe- em que operou. A partir da data da revogação é que cessa
tuando-se a revogação na via administrativa; cassação, que a produção de efeitos do ato até então perfeito e legal. Só
é a retirada do ato administrativo em decorrência do bene- pode ser praticado pela Administração Pública por razões
ficiário ter descumprido condição tida como indispensável de oportunidade e conveniência, não cabendo a interven-
ção do Poder Judiciário. A revogação não pode atingir os
31 http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/audi- direitos adquiridos, logo, produz efeitos ex nunc, não re-
tor-fiscal-do-trabalho-2009/direito-administrativo-ato-admi- troage.
nistrativo-inexistente.html
32 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Di-
reito administrativo descomplicado. 16. ed. São Paulo:
Método, 2008.

17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Convalidação
A convalidação é o ato administrativo que, com efeitos
7) CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO DA
retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a torná-
-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato poste- ATIVIDADE ADMINISTRATIVA DO ESTADO.
rior que sana um vício de um ato anterior, transformando-o
em válido desde o momento em que foi praticado.
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos Prezado Candidato, o tema acima supracitado , já
atos, sustentando que os atos administrativos somente po- foi abordado em tópicos anteriores.
dem ser nulos. Os únicos atos que se ajustariam à convalida-
ção seriam os atos anuláveis.
Existem três formas de convalidação:
- Ratificação: é a convalidação feita pela própria autori- 8) ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E
dade que praticou o ato; INDIRETA.
- Confirmação: é a convalidação feita por autoridade su-
perior àquela que praticou o ato;
- Saneamento: é a convalidação feita por ato de terceiro,
Administração Pública Direta
ou seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem por
autoridade superior. Administração Pública direta é aquela formada pelos
Não se deve confundir a convalidação com a conversão entes integrantes da federação e seus respectivos órgãos.
do ato administrativo. Há um ato viciado e, para regularizar Os entes políticos são a União, os Estados, o Distrito Fe-
a situação, ele é transformado em outro, de diferente tipolo- deral e os Municípios. À exceção da União, que é dotada
gia. O ato nulo, embora não possa ser convalidado, poderá de soberania, todos os demais são dotados de autonomia.
ser convertido, transformando-se em ato válido. A administração direta é formada por um conjunto de
núcleos de competências administrativas, os quais já foram
Decadência administrativa tidos como representantes do poder central (teoria da re-
Um dos poderes que a Administração possui é o da presentação) e como mandatários do poder central (teoria
autotutela administrativa, consistente no poder de rever os do mandato). Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto
seus próprios atos administrativos independentemente de Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos ad-
precisar recorrer ao Judiciário, seja em razão de vícios de ministrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas
ilegalidade, seja em razão de conveniência e oportunidade. que podem ser organizados por decretos autônomos do
É o que prevê a súmula 473 do Supremo Tribunal Fede- Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de personali-
ral: “a administração pode anular seus próprios atos, quando dade jurídica própria.
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se Assim, os órgãos da Administração direta não possuem
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniên- patrimônio próprio; e não assumem obrigações em nome
cia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e próprio e nem direitos em nome próprio (não podem ser
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. autor nem réu em ações judiciais, exceto para fins de man-
Supondo que um ato administrativo contenha vício de dado de segurança – tanto como impetrante como quan-
ilegalidade, é um poder-dever da Administração invalidá-lo, to impetrado). Já que não possuem personalidade, atuam
embora não possa fazê-lo por um período irrestrito de tem- apenas no cumprimento da lei, não atuando por vontade
po caso um terceiro de boa-fé possa ser prejudicado, pois própria. Logo, órgãos e agentes públicos são impessoais
senão violaria o princípio da segurança jurídica. Ultrapassa- quando agem no estrito cumprimento de seus deveres,
do o prazo, para se rever o vício seria necessário recorrer ao
não respondendo diretamente por seus atos e danos.
Judiciário. Quanto à revisão por conveniência e oportunida-
Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res-
de, ultrapassado o prazo não mais caberá a revisão, também
ponsabilidade a agentes públicos ou órgãos públicos que
em vista do princípio da segurança jurídica.
estejam exercendo atribuições da Administração direta é
A prescrição administrativa é, neste sentido, a perda do
direito pela Administração de revisão dos seus atos pelo de- denominada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke,
curso do tempo (perda do direito de autotutela). Como se que institui o princípio da impessoalidade.
fala na perda de um direito, a terminologia mais adequada Quanto se faz desconcentração da autoridade central
para o caso é decadência e não prescrição (afinal, prescrição – chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com
é perda da pretensão e não perda do direito). Isto é, deca- diversos níveis de órgãos, que podem ser classificados em
dência administrativa. simples ou complexos (simples se possuem apenas uma
São as regras do processo administrativo que irão de- estrutura administrativa, complexos se possuem uma rede
terminar qual o prazo para revisão do ato até que a deca- de estruturas administrativas) e em unitários ou colegiados
dência administrativa ocorra. No âmbito federal, a questão é (unitário se o poder de decisão se concentra em uma pes-
tratada pela Lei nº 9.784/99, que fixa o prazo de 5 anos para soa, colegiado se as decisões são tomadas em conjunto e
anulação do ato administrativo de que decorram efeitos fa- prevalece a vontade da maioria):
voráveis para os destinatários pela própria Administração.

18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou es- Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras constitucio-
trutura do Estado, gozando de independência para agir e nais e em razão dos fins desejados pelo Estado, ao Poder Público
não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles definir as não cumpre produzir lucro, tarefa esta deferida ao setor privado.
políticas que serão implementadas. É o caso da Presidência Assim, apenas explora atividades econômicas nas situações in-
da República, órgão complexo composto pelo gabinete, pela dicadas no artigo 173 do Texto Constitucional. Quando atuar na
Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da República, pelo economia, concorre em grau de igualdade com os particulares,
Conselho de Defesa, e unitário (pois o Presidente da Repú- e sob o regime do artigo 170 da Constituição, inclusive quanto
blica é o único que toma as decisões). à livre concorrência, submetendo-se ainda a todas as obrigações
b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do constantes do regime jurídico de direito privado, inclusive no to-
poder, com autonomia funcional, porém subordinados po- cante às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias.
liticamente aos independentes. É o caso de todos os minis-
térios de Estado. Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de
c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia economia mista
ou independência, sendo plenamente vinculados aos órgãos
autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vinculada Autarquias
ao Ministério do Trabalho e Emprego; Departamento da Po- As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, de na-
lícia Federal, vinculado ao Ministério da Justiça. tureza administrativa, criadas para a execução de serviços públi-
d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima cos, antes prestados pelas entidades estatais que as criam. Con-
deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos tam com patrimônio próprio, constituído a partir de transferência
que executam trabalho de campo, policiais federais, fiscais pela entidade estatal a que se vinculam, portanto, capital exclusi-
do MTE. vamente público. Logo, as autarquias são regidas integralmente
ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Contas pelo regime jurídico de direito público, podendo, tão-somente, ser
e as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura, prestadoras de serviços públicos, contando com capital oriundo
sendo órgãos independentes constitucionais. Em verdade, da Administração direta. A título de exemplo, citamos as seguintes
para Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos não autarquias: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Departamento
pertencem nem mesmo aos três poderes.
Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), Conselho Adminis-
Administração Pública Indireta
trativo de Defesa Econômica (CADE), Departamento nacional de
A Administração Pública indireta pode ser definida
Registro do Comércio (DNRC), Instituto Nacional da Propriedade
como um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou
Industrial (INPI), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur-
privado, criadas ou instituídas a partir de lei específica, que
sos Naturais Renováveis (Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen).
atuam paralelamente à Administração direta na prestação de
Fundações
serviços públicos ou na exploração de atividades econômi- As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um patrimô-
cas. Em que pese haver entendimento diverso registrado em nio personalizado, destacado pelo seu instituidor para atingir uma
nossa doutrina, integram a Administração indireta do Estado finalidade específica, denominadas, em latim, universitas bonorum.
quatro espécies de pessoa jurídica, a saber: as Autarquias, Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive para
as Fundações, as Sociedades de Economia Mista e as Em- aquelas que não integram a Administração indireta (não-governa-
presas Públicas. Ao lado destas, podemos encontrar ainda mentais). No caso das fundações que integram a Administração in-
entes que prestam serviços públicos por delegação, embora direta (governamentais), quando forem dotadas de personalidade
não integrem os quadros da Administração, quais sejam, os de direito público, serão regidas integralmente por regras de direito
permissionários, os concessionários e os autorizados. público. Quando forem dotadas de personalidade de direito pri-
Essas quatro pessoas integrantes da Administração indi- vado, serão regidas por regras de direito público e direito privado.
reta serão criadas para a prestação de serviços públicos ou,
ainda, para a exploração de atividades econômicas, como Sociedades de economia mista
no caso das empresas públicas e sociedades de economia As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de
mista, e atuam com o objetivo de aumentar o grau de es- Direito Privado criadas para a prestação de serviços públicos ou
pecialidade e eficiência da prestação do serviço público ou, para a exploração de atividade econômica, contando com capital
quando exploradoras de atividades econômicas, visando misto e constituídas somente sob a forma empresarial de S/A.
atender a relevante interesse coletivo e imperativos da se- As sociedades de economia mista são: pessoas jurídicas de
gurança nacional. Direito Privado, exploradoras de atividade econômica ou pres-
Com efeito, de acordo com as regras constantes do ar- tadoras de serviços públicos, empresas de capital misto, consti-
tigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só poderá tuídas sob forma empresarial de S/A.
explorar atividade econômica a título de exceção, em duas Alguns exemplos de sociedade mista:
situações, conforme se colhe do caput do referido artigo, a - Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil e
seguir reproduzido: Banespa.
Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons- - Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô,
tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano)
Estado só será permitida quando necessária aos imperativos e CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços, empresa res-
de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, con- ponsável pelo gerenciamento da execução de contratos que
forme definidos em lei. envolvem obras e serviços públicos no Estado de São Paulo).

19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Empresas públicas EXERCÌCIOS


Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado,
criadas para a prestação de serviços públicos ou para a explora- 1) A Administração tem que exercer a atividade adminis-
ção de atividades econômicas, que contam com capital exclusiva- trativa de acordo com os objetivos legais. Aqui, estão repre-
mente público, e são constituídas por qualquer modalidade em- sentados os princípios:
presarial, após autorização legislativa do ente federativo criador. a) da legalidade e da finalidade.
Sendo a empresa pública uma prestadora de serviços pú- b) da moralidade e da publicidade.
blicos, estará submetida a regime jurídico público, ainda que c) da eficiência e da impessoalidade.
constituída segundo o modelo imposto pelo Direito Privado. Se d) da finalidade e da oficialidade.
a empresa pública é exploradora de atividade econômica, estará
submetida a regime jurídico denominado pela doutrina como 2) O princípio da legalidade explicita a subordinação da
semi público, ante a necessidade de observância, ao menos em Administração Pública à lei. Tal princípio deriva:
suas relações com os administrados, das regras atinentes ao re- a) do controle administrativo de seus próprios atos.
gime da Administração, a exemplo dos princípios expressos no b) do controle judicial dos atos administrativos.
“caput” do artigo 37 da Constituição Federal. c) da indisponibilidade do interesse público.
Podemos citar, a título de exemplo, algumas empresas d) do princípio da hierarquia.
públicas, nas mais variadas esferas de governo, como o Ban-
co Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); 3) De acordo com o princípio da especialidade:
a Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo (EMURB); a a) as entidades estatais podem abandonar, alterar ou mo-
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); a Caixa Econô- dificar os objetivos para os quais foram constituídas.
mica Federal (CEF). b) a administração poderá rever seus próprios atos.
Agências reguladoras c) as entidades estatais não podem abandonar, alterar ou
São figuras muito recentes em nosso ordenamento jurídico. modificar os objetivos para os quais foram constituídas.
Possuem natureza jurídica de autarquias de regime especial, são d) Nenhuma alternativa está correta.
pessoas jurídicas de Direito Público com capacidade administra-
4) O dever da Administração de justificar seus atos, apon-
tiva, aplicando-se a elas todas as regras das autarquias.
tando-lhes os fatos e fundamentos jurídicos do ato decorre,
Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução de
especificamente, do princípio:
serviços públicos. Elas não executam o serviço propriamente,
a) da legalidade.
elas o fiscalizam.
b) da motivação.
c) da publicidade.
Entidades Paraestatais d) da moralidade.
Entidades paraestatais “são aquelas pessoas jurídicas que
atuam ao lado e em colaboração com o Estado. [...] Há juristas 5) Em Direito Administrativo vigora o princípio da publici-
que entendem serem entidades paraestatais aquelas que, tendo dade. Assinale a situação abaixo que permite o sigilo dos atos
personalidade jurídica de direito privado (não incluídas, pois, as administrativos.
autarquias), recebem amparo oficial do Poder Público, como as a) conveniência para o agente praticante do ato administrativo.
empresas públicas, as sociedades de economia mista, as funda- b) atos administrativos praticados em desamparo legal.
ções públicas e as entidades de cooperação governamental (ou c) quando for imprescindível à segurança da Sociedade
serviços sociais autônomos), como o SESI, SENAI, SESC, SENAC e do Estado.
etc. Outros pensam exatamente o contrário: entidades paraes- d) Todas as alternativas estão corretas.
tatais seriam as autarquias. Alguns, a seu turno, só enquadram
nessa categoria as pessoas colaboradoras que não se preordena 6) Com relação aos princípios que regem a Administração
a fins lucrativos, estando excluídas, assim, as empresas públicas Pública é CORRETO afirmar:
e as sociedades de economia mista. Para outros, ainda, paraes- a) o princípio da legalidade comporta exceção no caso de
tatais seriam as pessoas de direito privado integrantes da Admi- ato discricionário.
nistração Indireta, excluindo-se, por conseguinte, as autarquias, b) o desvio de finalidade implica em ofensa ao princípio
as fundações de direito público e os serviços sociais autônomos. da publicidade.
Por fim, já se considerou que na categoria se incluem além dos c) a inobservância ao princípio da proporcionalidade,
serviços sociais autônomos até mesmo as escolas oficializadas, acarreta também a ofensa ao princípio da razoabilidade.
os partidos políticos e os sindicatos, excluindo-se a administra- d) os princípios administrativos aplicam-se apenas às es-
ção indireta. Na prática, tem-se encontrado, com frequência, o feras Estaduais do Poder Executivo.
emprego da expressão empresas estatais, sendo nelas enqua-
dradas as sociedades de economia mista e as empresas públi- 7) São princípios constitucionais controladores da atua-
cas. Há também autores que adotam o referido sentido” . Para ção na Administração Pública:
o autor que se toma como referencial teórico, “deveria abranger a) legalidade, impessoalidade, eficiência e conveniência.
toda pessoa jurídica que tivesse vínculo institucional com a pes- b) moralidade, revogabilidade, pessoalidade, publicidade
soa federativa, de forma a receber desta os mecanismos esta- e motivação.
tais de controle. Estariam, pois, enquadradas como entidades c) legalidade, moralidade, publicidade, impessoalidade e
paraestatais as pessoas da administração indireta e os serviços conveniência.
sociais autônomos” . d) Nenhuma das opções é correta.

20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

8) A atuação administrativa não pode contrariar, além 5) C


da lei, a moral, os bons costumes, a honestidade, os deveres Comentário: Na esfera administrativa o sigilo é permiti-
de boa administração, sob pena de ofensa ao princípio da: do quando “imprescindível à segurança da Sociedade e do
a) moralidade. Estado” (art. 5º, XXXIII, CF).
b) publicidade.
c) impessoalidade. 6) C
d) Nenhuma das alternativas está correta. Comentário: Pelo princípio da proporcionalidade as
competências administrativas só podem ser validamente
9) A ideia de que a Administração tem que tratar a to- exercidas na extensão e intensidade proporcionais ao que
dos os administrados sem discriminações, benéficas ou de- sejam realmente demandados para cumprimento da finali-
trimentosas, é referente ao princípio da: dade de interesse público a que estão atreladas. Atos cujos
a) impessoalidade. conteúdos ultrapassem o necessário para alcançar o obje-
b) publicidade. tivo que justifica o uso da competência ficam maculados
c) moralidade. de ilegitimidade. Ferindo o princípio da proporcionalidade
d) eficiência. fere-se, também, o princípio da razoabilidade, por ser de-
rivado deste.
10) Pelo princípio do devido processo legal:
a) permite-se à Administração Pública que proceda 7) D
contra certa pessoa passando diretamente à decisão que Comentário: A conveniência e a revogabilidade não
repute cabível. são princípios controladores da atuação da Administração
b) são assegurados o contraditório e a ampla defesa Pública.
aos administrados.
c) é assegurada a não desapropriação de seus bens. 8) A
d) Todas as respostas estão corretas. Comentário: A atuação administrativa não pode con-
trariar, além da lei, a moral, os bons costumes, a honestida-
de, os deveres de boa administração, sob pena de ofensa
GABARITO ao princípio da moralidade.

1) A 9) A
Comentário: Só se cumpre a legalidade quando se Comentário: A ideia de que a Administração tem que
atende à sua finalidade. Atividade administrativa desen- tratar a todos os administrados sem discriminações, bené-
contrada com o fim legal é inválida e por isso juridicamente ficas ou detrimentosas, é referente ao princípio da impes-
censurável. soalidade.

2) C 10) B
Comentário: Os interesses públicos são qualificados Comentário: Dispõe o art. 5º, LIV e LV, da CF: “Ninguém
como próprios da coletividade – internos ao setor público, será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
não se encontram à livre disposição de quem quer que seja, processo legal; aos litigantes, em processo judicial ou ad-
por serem inapropriáveis. O próprio órgão administrativo ministrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
que os representa não tem disponibilidade (princípio da contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a
indisponibilidade) sobre eles, no sentido de que lhe incum- ela inerentes”.
be apenas curá-los – o que é também um dever – na estrita
conformidade do que predispuser a intentio legis (princípio Fonte: http://www.direitonet.com.br/testes/exibir/112/
da legalidade). resultados

3) C
Comentário: Em razão do princípio da especialidade, as
entidades estatais não podem abandonar, alterar ou modi-
ficar os objetivos para os quais foram constituídas.

4) B
Comentário: O princípio da motivação é reclamado
quer como afirmação do direito político dos cidadãos ao
esclarecimento do “porquê” das ações de quem gere negó-
cios que lhes dizem respeito por serem titulares últimos do
poder, quer como direito individual a não se assujeitarem a
decisões arbitrárias, pois só têm que se conformar às que
forem ajustadas às leis.

21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ANOTAÇÕES

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22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1) Direitos e garantias fundamentais: direitos e garantias individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade. ............................................................................................................................................................................. 01
2) Direitos sociais: nacionalidade, cidadania e direitos políticos. ......................................................................................................... 31
3) Poder executivo: forma e sistema de governo, chefia de estado e chefia de governo. ......................................................... 47
4) Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública, organização da Segurança Pública. ................ 51
5) Ordem social: base e objetivos da ordem social, família, criança, adolescente e idoso.......................................................... 54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Vale destacar que a Constituição vai além da proteção


1) DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: dos direitos e estabelece garantias em prol da preservação
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E destes, bem como remédios constitucionais a serem
COLETIVOS; DIREITO À VIDA, À LIBERDADE, À utilizados caso estes direitos e garantias não sejam
preservados. Neste sentido, dividem-se em direitos e
IGUALDADE, À SEGURANÇA E À PROPRIEDADE.
garantias as previsões do artigo 5º: os direitos são as
disposições declaratórias e as garantias são as disposições
assecuratórias.
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo
Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre
espécies de direitos fundamentais: direitos individuais a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
e coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente comunicação, independentemente de censura ou licença”
previstos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos – o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é
12 e 13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF). a vedação de censura ou exigência de licença. Em outros
Em termos comparativos à clássica divisão tridimensional casos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia
dos direitos humanos, os direitos individuais (maior parte em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada
do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os direitos no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da
políticos se encaixam na primeira dimensão (direitos civis prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no
e políticos); os direitos sociais se enquadram na segunda
artigo 5º, LXV1.
dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em
os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a
violação de direito, cabe a utilização dos remédios
enumeração de direitos humanos na Constituição vai além
constitucionais.
dos direitos que expressamente constam no título II do
texto constitucional. Atenção para o fato de o constituinte chamar os
Os direitos fundamentais possuem as seguintes remédios constitucionais de garantias, e todas as suas
características principais: fórmulas de direitos e garantias propriamente ditas apenas
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem de direitos.
antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos,
adquirem novas perspectivas. Nesta característica se Direitos e deveres individuais e coletivos
enquadra a noção de dimensões de direitos.
b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres
a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do caput individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do
do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes no capítulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos
país tem se entendido pela extensão destes direitos, na do indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A
perspectiva de prevalência dos direitos humanos. maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucionais
intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.:
do comércio, o que evidencia uma limitação do princípio mandado de segurança coletivo).
da autonomia privada.
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem 1) Brasileiros e estrangeiros
ser renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção
material destes direitos para a dignidade da pessoa humana. conferida pelo dispositivo a algumas pessoas,
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não notadamente, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
podem deixar de ser observados por disposições no País”. No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem
infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas, sido interpretada no sentido de que os direitos estarão
sob pena de nulidades.
protegidos com relação a todas as pessoas nos limites da
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem
soberania do país.
um único conjunto de direitos porque não podem ser
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode
analisados de maneira isolada, separada.
ingressar com habeas corpus ou mandado de segurança,
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se
perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são ou então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
falta de uso (prescrição). Somente alguns direitos não são estendidos a todas
h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem as pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular
ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas ou exige a condição de cidadão, que só é possuída por
como argumento para afastamento ou diminuição da nacionais titulares de direitos políticos.
responsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não
são ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos 1 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas
igualmente consagrados como humanos. em teleconferência.

1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2) Relação direitos-deveres Este inciso é especificamente voltado à necessidade de


O capítulo em estudo é denominado “direitos e garantias igualdade de gênero, afirmando que não deve haver nenhuma
deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação direitos- distinção sexo feminino e o masculino, de modo que o homem
deveres entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima de e a mulher possuem os mesmos direitos e obrigações.
tudo, o que se deve ter em vista é a premissa reconhecida nos Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais
direitos fundamentais de que não há direito que seja absoluto, do que a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva mais
correspondendo-se para cada direito um dever. Logo, o exercício ampla.
de direitos fundamentais é limitado pelo igual direito de mesmo O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
exercício por parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
sempre relativos. enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil,
Explica Canotilho2 quanto aos direitos fundamentais: “a ideia enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como o todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direitos
‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igualdade
direito fundamental corresponde um dever por parte de um enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos demais
outro titular, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado por meio da equiparação. Basicamente, estaria se falando na
aos direitos fundamentais como destinatário de um dever igualdade perante a lei.
fundamental. Neste sentido, um direito fundamental, enquanto No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
protegido, pressuporia um dever correspondente”. Com efeito, não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
a um direito fundamental conferido à pessoa corresponde o para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
dever de respeito ao arcabouço de direitos conferidos às outras condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não é
pessoas. suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas é preciso
buscar progressivamente a igualdade material. No sentido de
3) Direitos e garantias em espécie igualdade material que aparece o direito à igualdade num
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu caput: segundo momento, pretendendo-se do Estado, tanto no
momento de legislar quanto no de aplicar e executar a lei, uma
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
postura de promoção de políticas governamentais voltadas a
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
grupos vulneráveis.
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notáveis:
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
termos seguintes [...].
uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em sociedade;
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos e o de igualdade material, correspondendo à necessidade de
principais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, discriminações positivas com relação a grupos vulneráveis da
consagra o princípio da igualdade e delimita as cinco esferas sociedade, em contraponto à igualdade formal.
de direitos individuais e coletivos que merecem proteção, isto
é, vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. Os Ações afirmativas
incisos deste artigos delimitam vários direitos e garantias que Neste sentido, desponta a temática das ações
se enquadram em alguma destas esferas de proteção, podendo afirmativas,que são políticas públicas ou programas privados
se falar em duas esferas específicas que ganham também criados temporariamente e desenvolvidos com a finalidade
destaque no texto constitucional, quais sejam, direitos de acesso de reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações
à justiça e direitos constitucionais-penais. ou de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
concessão de algum tipo de vantagem compensatória de tais
- Direito à igualdade condições.
Abrangência Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o em uma sociedade pluralista, a condição de membro de um
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igualdade: grupo específico não pode ser usada como critério de inclusão
ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que elas
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem desprivilegiam o critério republicano do mérito (segundo o
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo público pela
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à sua capacidade e esforço, e não por pertencer a determinada
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos categoria); fomentariam o racismo e o ódio; bem como ferem
termos seguintes [...]. o princípio da isonomia por causar uma discriminação reversa.
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro inciso: defende que elas representam o ideal de justiça compensatória
(o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas históricas,
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direitos e como uma compensação aos negros por tê-los feito
obrigações, nos termos desta Constituição. escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça distributiva
(a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-se uma
2 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito cons- concretização do princípio da igualdade material); bem como
titucional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedi- promovem a diversidade.
na, 1998, p. 479.

2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Neste sentido, as discriminações legais asseguram Art. 1º Constitui crime de tortura:


a verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações I - constranger alguém com emprego de violência ou
afirmativas, a proteção especial ao trabalho da mulher e grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
do menor, as garantias aos portadores de deficiência, entre a) com o fim de obter informação, declaração ou
outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes confissão da vítima ou de terceira pessoa;
condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitando b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
suas diferenças3. Tem predominado em doutrina e c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
jurisprudência, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
as ações afirmativas são válidas. autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a
intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar
- Direito à vida castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Abrangência Pena - reclusão, de dois a oito anos.
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
proteção do direito à vida. A vida humana é o centro presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
gravitacional em torno do qual orbitam todos os direitos ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
da pessoa humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, em lei ou não resultante de medida legal.
econômicos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a pena de detenção de um a quatro anos.
vida. Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
pessoa, é o primeiro valor moral inerente a todos os seres gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
humanos4. resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como I - se o crime é cometido por agente público;
pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco II – se o crime é cometido contra criança, gestante,
e aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral, (sessenta) anos; 
incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como III - se o crime é cometido mediante sequestro.
a garantia de recursos que permitam viver a vida com § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
dignidade. ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos dobro do prazo da pena aplicada.
incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais e graça ou anistia.
sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmicas § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo
discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
células tronco, pena de morte, eutanásia, etc. regime fechado.

Vedação à tortura - Direito à liberdade


De forma expressa no texto constitucional destaca-se O caput do artigo 5º da Constituição assegura a
a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme proteção do direito à liberdade, delimitada em alguns
previsão no inciso III do artigo 5º: incisos que o seguem.

Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura Liberdade e legalidade
nem a tratamento desumano ou degradante. Prevê o artigo 5º, II, CF:

A tortura é um dos piores meios de tratamento Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou
desumano, expressamente vedada em âmbito internacional, deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina
constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define os O princípio da legalidade se encontra delimitado neste
crimes de tortura e dá outras providências, destacando-se inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer
o artigo 1º: ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei assim
determine. Assim, salvo situações previstas em lei, a pessoa
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos tem liberdade para agir como considerar conveniente.
artigos I e II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação
à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à
Fortium, 2008, p. 08. pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expressamente
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer tudo o que
Zambitte. Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wag- quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer maneira que a
ner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Di- lei não proíba.
reitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15.

3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Liberdade de pensamento e de expressão Liberdade de crença/religiosa


O artigo 5º, IV, CF prevê: Dispõe o artigo 5º, VI, CF:

Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e de
sendo vedado o anonimato. crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de suas liturgias.
pensamento e da liberdade de expressão.
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais religião que seja proibida, garantindo-se que a profissão desta
do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra constitucional, fé possa se realizar em locais próprios.
ao consagrar a livre manifestação do pensamento, imprime a Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
existência jurídica ao chamado direito de opinião”5. Em outras distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberdades:
palavras, primeiro existe o direito de ter uma opinião, depois a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberdade de
o de expressá-la. organização religiosa.
No mais, surge como corolário do direito à liberdade de Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra na
pensamento e de expressão o direito à escusa por convicção liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberdade
filosófica ou política: de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de
mudar de religião, além da liberdade de não aderir a religião
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por alguma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou ateu e de exprimir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal de embaraçar o livre exercício de qualquer religião, de qualquer
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, crença. A liberdade de culto consiste na liberdade de orar e de
fixada em lei. praticar os atos próprios das manifestações exteriores em casa
ou em público, bem como a de recebimento de contribuições
Trata-se de instrumento para a consecução do direito para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa refere-
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir que se à possibilidade de estabelecimento e organização de igrejas
se pense diferente, é preciso respeitar tal posicionamento. e suas relações com o Estado.
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é Como decorrência do direito à liberdade religiosa,
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na assegurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria certa
e determinada, permitindo eventuais responsabilizações por Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a
manifestações que contrariem a lei. prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: de internação coletiva.

Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelectual, O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos
artística, científica e de comunicação, independentemente de prisionais civis e militares, mas também a hospitais.
censura ou licença. Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religiosa
o direito à escusa por convicção religiosa:
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expressão,
referente de forma específica a atividades intelectuais, Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
relação a estas, a exigência de licença para a manifestação do salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
pensamento, bem como veda-se a censura prévia. imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a lei.
divulgação e o acesso a informações como modo de controle
do poder. A censura somente é cabível quando necessária Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por
ao interesse público numa ordem democrática, por exemplo, exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento
censurar a publicação de um conteúdo de exploração sexual militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha fundado motivo
infanto-juvenil é adequado. em crença religiosa ou convicção filosófica/política, caso em
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à que será obrigado a cumprir uma prestação alternativa, isto é,
indenização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida uma outra atividade que não contrarie tais preceitos.
para aquele que teve algum direito seu violado (notadamente
inerentes à privacidade ou à personalidade) em decorrência Liberdade de informação
dos excessos no exercício da liberdade de expressão. O direito de acesso à informação também se liga a uma
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo
5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vi- 5º, XIV, CF:
dal Serrano. Curso de direito constitucional. 10. ed. São 6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
Paulo: Saraiva, 2006. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
ao exercício profissional. cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar
denúncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
Trata-se da liberdade de informação, consistente na na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públicos
liberdade de procurar e receber informações e ideias por em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que gera
quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interferência. confusões conceituais no sentido do direito de obter certidões
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao ser dissociado do direito de petição.
passo que a liberdade de expressão tem uma característica Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF:
ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo e passivo
da exteriorização da liberdade de pensamento: não basta Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade
poder manifestar o seu próprio pensamento, é preciso que dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade de se garantir o interesse social o exigirem.
acesso ao pensamento manifestado para a sociedade.
Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de
será quando a intimidade merecer preservação (ex: processo
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a criminal de estupro ou causas de família em geral) ou quando
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente o interesse social exigir (ex: investigações que possam ser
pelos meios de comunicação imparciais e não monopolizados comprometidas pela publicidade). A publicidade é instrumento
(artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível que a para a efetivação da liberdade de informação.
imprensa divulgue com quem obteve a informação divulgada,
sem o que a segurança desta poderia ficar prejudicada e a Liberdade de locomoção
informação inevitavelmente não chegaria ao público. Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo
Especificadamente quanto à liberdade de informação 5º, XV, CF:
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas
previsões. Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território nacional
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direito
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o território
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo do país em tempos de paz (em tempos de guerra é possível
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. limitar tal liberdade em prol da segurança). A liberdade de
sair do país não significa que existe um direito de ingressar
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 em qualquer outro país, pois caberá à ele, no exercício de sua
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. soberania, controlar tal entrada.
5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Informação. Classicamente, a prisão é a forma de restrição da
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: liberdade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser
presa nos casos autorizados pela própria Constituição Federal.
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, A despeito da normativa específica de natureza penal, reforça-
se a impossibilidade de se restringir a liberdade de locomoção
independentemente do pagamento de taxas:
pela prisão civil por dívida.
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida,
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
pessoal. inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo
observar que o direito de petição deve resultar em uma Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a única
uma questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento é a que
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam a vida se refere à obrigação alimentícia.
social e, desta maneira, quando “dificulta a apreciação de
um pedido que um cidadão quer apresentar” (muitas vezes, Liberdade de trabalho
embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “demora para responder O direito à liberdade também é mencionado no artigo 5º,
aos pedidos formulados” (administrativa e, principalmente, XIII, CF:
judicialmente) ou “impõe restrições e/ou condições para a
formulação de petição”, traz a chamada insegurança jurídica, Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer trabalho,
que traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e as ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais
injustiças. que a lei estabelecer.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O livre exercício profissional é garantido, respeitados os limites Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de advogado
aquele que não se formou em Direito e não foi aprovado no Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser
Exame da Ordem dos Advogados do Brasil; não pode exercer a compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
medicina aquele que não fez faculdade de medicina reconhecida por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
pelo MEC e obteve o cadastro no Conselho Regional de Medicina. julgado.

Liberdade de reunião O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a


Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é preciso
o trânsito em julgado da decisão judicial que assim determine,
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente, pois antes disso sempre há possibilidade de reverter a decisão e
sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de permitir que a associação continue em funcionamento. Contudo,
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente a decisão judicial pode suspender atividades até que o trânsito
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio em julgado ocorra, ou seja, no curso de um processo judicial.
aviso à autoridade competente. Em destaque, a legitimidade representativa da associação
quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na
defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando
tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de segurança expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar
coletiva. Imagine uma grande reunião de pessoas por uma seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
causa, a exemplo da Parada Gay, que chega a aglomerar milhões
de pessoas em algumas capitais: seria absurdo tolerar tal tipo Trata-se de caso de legitimidade processual extraordinária,
de reunião sem o prévio aviso do poder público para que pela qual um ente vai a juízo defender interesse de outra(s)
ele organize o policiamento e a assistência médica, evitando pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
algazarras e socorrendo pessoas que tenham algum mal-estar no A liberdade de associação envolve não somente o direito de
local. Outro limite é o uso de armas, totalmente vedado, assim criar associações e de fazer parte delas, mas também o de não
como de substâncias ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha associar-se e o de deixar a associação, conforme artigo 5º, XX, CF:
tenha sido autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se
que nela tal substância ilícita fosse utilizada). Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a associar-
se ou a permanecer associado.
Liberdade de associação
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII, - Direitos à privacidade e à personalidade
CF:
Abrangência
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para fins Prevê o artigo 5º, X, CF:
lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida privada,
A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exercida indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
de forma sazonal, eventual, a liberdade de associação implica violação.
na formação de um grupo organizado que se mantém por
um período de tempo considerável, dotado de estrutura e O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo
organização próprias. dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associações Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade,
ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o ideal de ao abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é a
realizar sua própria justiça paralelamente à estatal. privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos
O texto constitucional se estende na regulamentação da de amigos –, Silva7 entende que “o segredo da vida privada é
liberdade de associação. condição de expansão da personalidade”, mas não caracteriza os
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: direitos de personalidade em si.
A união da intimidade e da vida privada forma a privacidade,
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma da sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. É possível
lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada ilustrar a vida social como se fosse um grande círculo no qual
a interferência estatal em seu funcionamento. há um menor, o da vida privada, e dentro deste um ainda mais
restrito e impenetrável, o da intimidade. Com efeito, pela “Teoria
Neste sentido, associações são organizações resultantes das Esferas” (ou “Teoria dos Círculos Concêntricos”), importada
da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem do direito alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a
personalidade jurídica, para a realização de um objetivo comum; proteção a ser conferida à esfera (as esferas são representadas
já cooperativas são uma forma específica de associação, pois pela intimidade, pela vida privada, e pela publicidade).
visam a obtenção de vantagens comuns em suas atividades 7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
econômicas. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

“O direito à honra distancia-se levemente dos dois O reconhecimento do marco inicial e do marco final
anteriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elaboração de
no meio social. O direito à imagem também possui duas documentos para que ela seja reconhecida como viva ou morta,
conotações, podendo ser entendido em sentido objetivo, o que apenas incentivaria a indigência dos menos favorecidos.
com relação à reprodução gráfica da pessoa, por meio de
fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido subjetivo, Direito à indenização e direito de resposta
significando o conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa Com vistas à proteção do direito à privacidade, do direito
e reconhecidas como suas pelo grupo social”8. à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se dois
instrumentos, o direito à indenização e o direito de resposta,
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência conforme as necessidades do caso concreto.
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
inviolabilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e
comunicações. Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta,
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem.
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do “A manifestação do pensamento é livre e garantida em
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para nível constitucional, não aludindo a censura prévia em diversões
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. e espetáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos
no exercício indevido da manifestação do pensamento são
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode passíveis de exame e apreciação pelo Poder Judiciário com a
nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM consequente responsabilidade civil e penal de seus autores,
QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador decorrentes inclusive de publicações injuriosas na imprensa, que
foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu domicílio) deve exercer vigilância e controle da matéria que divulga”9.
ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou para prestar O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de
socorro (morador teve ataque do coração, está sufocado, se defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram
desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por determinação publicadas garantida exatamente a mesma repercussão. Mesmo
judicial. quando for garantido o direito de resposta não é possível
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunicações, reverter plenamente os danos causados pela manifestação
prevê o artigo 5º, XII, CF: ilícita de pensamento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à
indenização.
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência e A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa
das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas ser individual ou coletivo, moral ou material, econômico e não
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de econômico.
investigação criminal ou instrução processual penal. Dano material é aquele que atinge o patrimônio (material ou
imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financeiramente e
O sigilo de correspondência e das comunicações está indenizado.
melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que
visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial
Personalidade jurídica e gratuidade de registro contido nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade
Quando se fala em reconhecimento como pessoa perante corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os
a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos direitos sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos atributos da
de personalidade, consistente na personalidade jurídica. pessoa (como o nome, a capacidade, o estado de família)”10.
Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido como Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Código
pessoa perante a lei. Civil:
Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
necessário o registro. Por ser instrumento que serve como Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, assegura- administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a
se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de com ele divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação,
arcar. a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa
Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF: poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou
Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecidamente a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a 9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucio-
certidão de óbito. nal. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de di- 10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabili-
reito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. dad civil. Buenos Aires: Astrea, 1982.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Direito à segurança Com efeito, a proteção da propriedade privada está limitada


O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do ao atendimento de sua função social, sendo este o requisito
direito à segurança. Na qualidade de direito individual liga-se à que a correlaciona com a proteção da dignidade da pessoa
segurança do indivíduo como um todo, desde sua integridade humana. A propriedade de bens e valores em geral é um direito
física e mental, até a própria segurança jurídica. assegurado na Constituição Federal e, como todos os outros, se
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal é o encontra limitado pelos demais princípios conforme melhor se
direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade e liberto atenda à dignidade do ser humano.
de agressões, logo, é uma maneira de garantir o direito à vida. A Constituição Federal delimita o que se entende por função social:
Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto
de direitos aparelha situações, proibições, limitações e Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urbano,
procedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
de algum direito individual fundamental (intimidade, liberdade gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
pessoal ou a incolumidade física ou moral)”. desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-se o bem-estar de seus habitantes.
disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câmara
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adquirido, Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento
e de expansão urbana.
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade da lei.
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua
Brasileiro: função social quando atende às exigências fundamentais de
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, ordenação da cidade expressas no plano diretor13.
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a
a lei vigente ao tempo em que se efetuou. propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo I - aproveitamento racional e adequado;
começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré- II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. preservação do meio ambiente;
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial III - observância das disposições que regulam as relações de
de que já não caiba recurso. trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários
- Direito à propriedade e dos trabalhadores.
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
direito à propriedade, tanto material quanto intelectual, delimitada Desapropriação
em alguns incisos que o seguem. No caso de desrespeito à função social da propriedade
cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que pode-
Função social da propriedade material se depreender do texto constitucional duas possibilidades
O artigo 5º, XXII, CF estabelece: de desapropriação: por desrespeito à função social e por
necessidade ou utilidade pública.
Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade. A Constituição Federal prevê a possibilidade de
desapropriação por desatendimento à função social:
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o principal Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público municipal,
fator limitador deste direito: mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir,
nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função social. edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu
A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
considerada como um direito individual nem como instituição do I - parcelamento ou edificação compulsórios;
direito privado. [...] embora prevista entre os direitos individuais, II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
ela não mais poderá ser considerada puro direito individual, progressivo no tempo;
relativizando-se seu conceito e significado, especialmente porque III - desapropriação com pagamento mediante títulos
os princípios da ordem econômica são preordenados à vista da da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo
realização de seu fim: assegurar a todos existência digna, conforme Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
os ditames da justiça social. Se é assim, então a propriedade parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
privada, que, ademais, tem que atender a sua função social, fica indenização e os juros legais14.
vinculada à consecução daquele princípio”. 13 Instrumento básico de um processo de planejamen-
11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- to municipal para a implantação da política de desenvolvimen-
cional positivo... Op. Cit., p. 437. to urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados
12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade).
cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. 14 Nota-se que antes de se promover a desapropria-

8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por d) a salubridade pública;


interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural e) a criação e melhoramento de centros de população, seu
que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia abastecimento regular de meios de subsistência;
e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até minerais, das águas e da energia hidráulica;
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração,
utilização será definida em lei15. casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou
serão indenizadas em dinheiro. logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o
parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor
No que tange à desapropriação por necessidade ou utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou
utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF: ampliação de distritos industriais;
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento k) a preservação e conservação dos monumentos
para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou históricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos
por interesse social, mediante justa e prévia indenização em urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição. lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos
e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF: dotados pela natureza;
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos,
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis documentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico;
urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em m) a construção de edifícios públicos, monumentos
dinheiro. comemorativos e cemitérios;
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso
para aeronaves;
Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de
natureza científica, artística ou literária;
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel como
p) os demais casos previstos por leis especiais.
de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a
União a propor a ação de desapropriação.
Um grande problema que faz com que processos que
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a indevida
Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer valorização do imóvel pelo Poder Público, que geralmente
procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o pretende pagar valor muito abaixo do devido, necessitando o
processo judicial de desapropriação. Judiciário intervir em prol da correta avaliação.
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela qual
A desapropriação por utilidade ou necessidade pública há a destinação de um bem expropriado (desapropriação)
deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinheiro. a finalidade diversa da que se planejou inicialmente. A
O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando o tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita quando
procedimento e conceituando utilidade pública, em seu resultante de desvio do propósito original; e será lícita quando
artigo 5º: a Administração Pública dê ao bem finalidade diversa, porém
preservando a razão do interesse público.
Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se casos
de utilidade pública: Política agrária e reforma agrária
a) a segurança nacional; Enquanto desdobramento do direito à propriedade
b) a defesa do Estado; imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda o
c) o socorro público em caso de calamidade; artigo 5º, XXVI, CF:
ção de imóvel urbano por desatendimento à função social é
necessário tomar duas providências, sucessivas: primeiro, o Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, assim
parcelamento ou edificação compulsórios; depois, o estabe- definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será
lecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes
urbana progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
ineficazes, parte-se para a desapropriação por desatendimen- financiar o seu desenvolvimento.
to à função social.
15 A desapropriação em decorrência do desatendimen- Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pequena
to da função social é indenizada, mas não da mesma maneira propriedade será assegurado que permaneça com ela e a
que a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, torne mais produtiva.
já que na primeira há violação do ordenamento constitucional A preservação da pequena propriedade em detrimento
pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-
em títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valori- guias da regulamentação da política agrária brasileira, que tem
zados quanto o dinheiro. como principal escopo a realização da reforma agrária.

9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Parte da questão financeira atinente à reforma agrária se Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição
encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF: ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa
física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que
Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente dependerão de autorização do Congresso Nacional” (artigo
o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o 190, CF).
montante de recursos para atender ao programa de reforma
agrária no exercício. Usucapião
Usucapião é o modo originário de aquisição da
Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, propriedade que decorre da posse prolongada por um
estaduais e municipais as operações de transferência de longo tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em
imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. outras palavras, usucapião é uma situação em que alguém
tem a posse de um bem por um tempo longo, sem ser
Como a finalidade da reforma agrária é transformar incomodado, a ponto de se tornar proprietário.
terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes A Constituição regulamenta o acesso à propriedade
à função social, alguns imóveis rurais não podem ser mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em
abrangidos pela reforma agrária: casos específicos, denominados usucapião especial urbana
e usucapião especial rural.
Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião
fins de reforma agrária: especial urbana:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
em lei, desde que seu proprietário não possua outra; Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana de
II - a propriedade produtiva. até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos,
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
dos requisitos relativos a sua função social. que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo 187: serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos,
independentemente do estado civil.
Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo
executada na forma da lei, com a participação efetiva do possuidor mais de uma vez.
setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por
rurais, bem como dos setores de comercialização, de usucapião.
armazenamento e de transportes, levando em conta,
especialmente: Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
I - os instrumentos creditícios e fiscais; pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
II - os preços compatíveis com os custos de produção e seguintes requisitos específicos:
a garantia de comercialização; a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; localização, área urbana é a que está dentro do perímetro
IV - a assistência técnica e extensão rural; urbano. Pela teoria da destinação, mais importante que
V - o seguro agrícola; a localização é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/
VI - o cooperativismo; pecuários e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é
VII - a eletrificação rural e irrigação; rural. Para fins de usucapião a maioria diz que prevalece a
VIII - a habitação para o trabalhador rural. teoria da localização.
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais. maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola jurisprudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar
e de reforma agrária. restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve ter
250m², não a área construída (a área de um sobrado, por
As terras devolutas e públicas serão destinadas exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
conforme a política agrícola e o plano nacional de reforma c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição
agrária (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes de
ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos dentro
área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física do limite da usucapião urbana? Predominou que só corria o
ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prazo a partir da criação do instituto, não só porque antes
prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso de não existia e o prazo não podia correr, como também não
alienações ou concessões de terras públicas para fins de se poderia prejudicar o proprietário.
reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse,
Os que forem favorecidos pela reforma agrária (homens, é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, ao
mulheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão longo de todo o prazo (não só no início ou no final). Logo,
negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF). não cabe acessio temporis por cessão da posse.

10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no Brasil. O O direito à herança envolve o direito de receber – seja
usucapiente não prova isso, apenas alega. Se alguém não quiser devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens
a usucapião, prova o contrário. Este requisito é verificado no de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa
momento em que completa 5 anos. para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou
Em relação à previsão da usucapião especial rural, destaca-se a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina
o artigo 191, CF: específica para bens de estrangeiros situados no Brasil,
assegurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do
rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, país estrangeiro).
sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a
cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de Direito do consumidor
sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos
por usucapião. Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da
lei, a defesa do consumidor.
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pública,
pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os seguintes O direito do consumidor liga-se ao direito à
requisitos específicos: propriedade a partir do momento em que garante à pessoa
a) Imóvel rural que irá adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e
b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que prestados da forma adequada, impedindo que o fornecedor
estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da Terra). se enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida
É possível usucapir áreas menores que o módulo rural? Tem da posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do
prevalecido o entendimento de que pode, mas é assunto muito consumidor.
controverso. O Direito do Consumidor pode ser considerado um
c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o
outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a área é de regulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº
até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade antes da CF/88. 8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado
Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não. pela Constituição Federal de 1988, que também estabeleceu
d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar na no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais
área rural. Transitórias:
e) Nenhum outro imóvel.
f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado a Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento
área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro labore”. e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará
Dependerá do caso concreto. código de defesa do consumidor.

Uso temporário A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi


No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito um grande passo para a proteção da pessoa nas relações
de propriedade que não possui o caráter definitivo da de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de
desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF: hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou faz
uso de determinado serviço, enquanto consumidor.
Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, Propriedade intelectual
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. Além da propriedade material, o constituinte protege
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de 5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF:
perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma
base para capturar um fugitivo), pois o interesse da coletividade é Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito
maior que o do indivíduo proprietário. exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
Direito sucessório
O direito sucessório aparece como uma faceta do direito à Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da
propriedade, encontrando disciplina constitucional no artigo 5º, lei:
XXX e XXXI, CF: a) a proteção às participações individuais em obras
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança; inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros econômico das obras que criarem ou de que participarem
situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais sindicais e associativas;
favorável a lei pessoal do de cujus.

11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inventos Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu uma
industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como onda de concessão de assistência judiciária aos pobres, partindo-
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos se da prestação sem interesse de remuneração por parte dos
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em advogados e, ao final, levando à criação de um aparato estrutural
vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e para a prestação da assistência pelo Estado.
econômico do País. Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth18, veio a
onda de superação do problema na representação dos interesses
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que difusos, saindo da concepção tradicional de processo como algo
deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob restrito a apenas duas partes individualizadas e ocasionando o
o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei surgimento de novas instituições, como o Ministério Público.
nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma terceira
autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes são conexos”. onda consistente no surgimento de uma concepção mais ampla
O artigo 7° do referido diploma considera como obras de acesso à justiça, considerando o conjunto de instituições,
intelectuais que merecem a proteção do direito do autor os mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados: “[...] esse enfoque
textos de obras de natureza literária, artística ou científica; encoraja a exploração de uma ampla variedade de reformas,
as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras incluindo alterações nas formas de procedimento, mudanças na
cinematográficas e televisivas; as composições musicais; estrutura dos tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de
fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâneas pessoas leigas ou paraprofissionais, tanto como juízes quanto
e enciclopédias; entre outras. como defensores, modificações no direito substantivo destinadas
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, a evitar litígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos
inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque, em
de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na suma, não receia inovações radicais e compreensivas, que vão
utilização desta, assegurar a integridade desta ou modificá-la muito além da esfera de representação judicial”.
e retirá-la de circulação se esta passar a afrontar sua honra ou Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos aspectos
imagem. podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o Poder
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos artigos Judiciário e se disponibilizar meios para que todas as pessoas
41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos contados possam buscá-lo; de outro lado, não basta garantir meios de
do primeiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento acesso se estes forem insuficientes, já que para que exista o
do último coautor, ou contados do primeiro ano seguinte à verdadeiro acesso à justiça é necessário que se aplique o direito
divulgação da obra se esta for de natureza audiovisual ou material de maneira justa e célere.
fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem, basicamente, o Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, prevê a
direito de dispor sobre a reprodução, edição, adaptação, Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
tradução, utilização, inclusão em bases de dados ou qualquer
outra modalidade de utilização; sendo que estas modalidades Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Poder
de utilização podem se dar a título oneroso ou gratuito. Judiciário lesão ou ameaça a direito.
“Os direitos autorais, também conhecidos como copyright
(direito de cópia), são considerados bens móveis, podendo O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princípio
ser alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que de Direito Processual Público subjetivo, também cunhado como
a permissão a terceiros de utilização de criações artísticas é Princípio da Ação, em que a Constituição garante a necessária
direito do autor. [...] A proteção constitucional abrange o plágio tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida em sociedade.
e a contrafação. Enquanto que o primeiro caracteriza-se pela Sempre que uma controvérsia for levada ao Poder Judiciário,
difusão de obra criada ou produzida por terceiros, como se preenchidos os requisitos de admissibilidade, ela será resolvida,
fosse própria, a segunda configura a reprodução de obra independentemente de haver ou não previsão específica a
alheia sem a necessária permissão do autor”16. respeito na legislação.
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no que
- Direitos de acesso à justiça tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favorecidos
A formação de um conceito sistemático de acesso à justiça economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram três
ondas de acesso, isto é, três posicionamentos básicos para a Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídica
realização efetiva de tal acesso. Tais ondas foram percebidas integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.
paulatinamente com a evolução do Direito moderno conforme
implementadas as bases da onda anterior, quer dizer, ficou O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso
evidente aos autores a emergência de uma nova onda quando ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efetividade
superada a afirmação das premissas da onda anterior, restando processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o
parcialmente implementada (visto que até hoje enfrentam-se inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
obstáculos ao pleno atendimento em todas as ondas). 17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à
16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fun- Justiça. Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sér-
damentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da gio Antônio Fabris Editor, 1998, p. 31-32.
Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e ju- 18 Ibid., p. 49-52
risprudência. São Paulo: Atlas, 1997. 19 Ibid., p. 67-73

12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a
administrativo, são assegurados a razoável duração do soberania dos veredictos veda a alteração das decisões dos
processo e os meios que garantam a celeridade de sua jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal do
tramitação. Júri para que seja procedido novo julgamento uma vez cassada
  a decisão recorrida, haja vista preservar o ordenamento jurídico
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir pelo princípio do duplo grau de jurisdição.
o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não Por fim, a competência para julgamento é dos crimes
significa que se deve acelerar o processo em detrimento dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o risco
de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é de produção do resultado) contra a vida, que são: homicídio,
preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem aborto, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio e
menos que o necessário para a efetiva realização da justiça infanticídio. Sua competência não é absoluta e é mitigada, por
no caso concreto. vezes, pela própria Constituição (artigos 29, X / 102, I, b) e c) /
105, I, a) / 108, I).
- Direitos constitucionais-penais
Anterioridade e irretroatividade da lei
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem defina, nem pena sem prévia cominação legal.
sentenciado senão pela autoridade competente”, consolida
o princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena
direito de conhecer previamente daquele que a julgará sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio da
no processo em que seja parte, revestindo tal juízo em legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há crime
jurisdição competente para a matéria específica do caso sem lei que o defina, nem pena sem prévia cominação legal, e
antes mesmo do fato ocorrer. o princípio da anterioridade, posto que não há crime sem lei
anterior que o defina.
Por sua vez, um desdobramento deste princípio Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se
encontra-se no artigo 5º, XXXVII, CF: o artigo 5º, XL, CF:

Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para
exceção. beneficiar o réu.

Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente O dispositivo consolida outra faceta do princípio da
criado para uma situação pretérita, bem como não anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha
reconhecido como legítimo pela Constituição do país. definido um fato como crime e dado certo tratamento penal
a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo de
Tribunal do júri pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier uma lei
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou que confira
artigo 5º, XXXVIII, CF: tratamento mais benéfico (diminuindo a pena ou alterando
o regime de cumprimento, notadamente), ela será aplicada.
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, Restam consagrados tanto o princípio da irretroatividade da
com a organização que lhe der a lei, assegurados: lei penal in pejus quanto o da retroatividade da lei penal mais
a) a plenitude de defesa; benéfica.
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos; Menções específicas a crimes
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
contra a vida.
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o
de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e não Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
magistrados, no caso de determinados crimes que por sua princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
natureza possuem fortes fatores de influência emocional. qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto entanto, o constituinte entendeu por bem prever tratamento
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada específico a certas práticas criminosas.
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
judiciais e administrativos.
Sigilo das votações envolve a realização de votações Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
secretas, preservando a liberdade de voto dos que compõem inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
o conselho que irá julgar o ato praticado. termos da lei.

13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes O princípio da personalidade encerra o comando de o crime
resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, a única
não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão pessoa passível de sofrer a sanção. Seria flagrante a injustiça se
provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda fosse possível alguém responder pelos atos ilícitos de outrem: caso
de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo contrário, a reação, ao invés de restringir-se ao malfeitor, alcançaria
decurso do tempo). inocentes. Contudo, se uma pessoa deixou patrimônio e faleceu,
Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF: este patrimônio responderá pelas repercussões financeiras do
ilícito.
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis
e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o Individualização da pena
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e A individualização da pena tem por finalidade concretizar
os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo o princípio de que a responsabilização penal é sempre pessoal,
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, devendo assim ser aplicada conforme as peculiaridades do agente.
se omitirem. A primeira menção à individualização da pena se encontra no
artigo 5º, XLVI, CF:
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da pena e
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto adotará, entre outras, as seguintes:
apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a) privação ou restrição da liberdade;
a anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o b) perda de bens;
indulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo c) multa;
Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência d) prestação social alternativa;
exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser e) suspensão ou interdição de direitos.
concedida antes da sentença final ou depois da condenação
irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito em Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve ser
julgado da sentença condenatória; graça e o indulto apenas individualizada nos planos legislativo, judiciário e executório,
extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do crime, evitando-se a padronização a sanção penal. A individualização
apagados na anistia; graça é em regra individual e solicitada, da pena significa adaptar a pena ao condenado, consideradas as
enquanto o indulto é coletivo e espontâneo. características do agente e do delito.
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra com maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado,
crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos consistente em permanecer em algum estabelecimento prisional,
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além por um determinado tempo.
disso, são crimes que não aceitam fiança. A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do
Ainda, prevê o artigo 5º, XLIV, CF: patrimônio do indivíduo delituoso.
A prestação social alternativa corresponde às penas restritivas
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e de direitos, autônomas e substitutivas das penas privativas de
imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Código Penal.
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Por seu turno, a individualização da pena deve também se
fazer presente na fase de sua execução, conforme se depreende
Por fim, dispõe a CF sobre a possibilidade de extradição do artigo 5º, XLVIII, CF:
de brasileiro naturalizado caso esteja envolvido com tráfico
ilícito de entorpecentes: Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabelecimentos
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
Artigo 5º, LI, CF. Nenhum brasileiro será extraditado, apenado.
salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento A distinção do estabelecimento conforme a natureza do
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do crime.
da lei. Infelizmente, o Estado não possui aparato suficiente para cumprir
tal diretiva, diferenciando, no máximo, o nível de segurança das
Personalidade da pena prisões. Quanto à idade, destacam-se as Fundações Casas, para
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo cumprimento de medida por menores infratores. Quanto ao
5º, XLV, CF: sexo, prisões costumam ser exclusivamente para homens ou para
mulheres.
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa Também se denota o respeito à individualização da pena
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condições
limite do valor do patrimônio transferido. para que possam permanecer com seus filhos durante o período
de amamentação.

14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Preserva-se a individualização da pena porque é tomada No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
a condição peculiar da presa que possui filho no período de
amamentação, mas também se preserva a dignidade da criança, Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será
não a afastando do seio materno de maneira precária e impedindo submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
a formação de vínculo pela amamentação. em lei.

Vedação de determinadas penas Se uma pessoa possui identificação civil, não há porque fazer
O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc. Pensa-se que
penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF: seria uma situação constrangedora desnecessária ao suspeito,
sendo assim, violaria a integridade moral.
Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
do art. 84, XIX; Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados; Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de
d) de banimento; seus bens sem o devido processo legal.
e) cruéis.
Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve ser
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade, respeitada quando o Estado pretender punir alguém judicialmente.
pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e seguir estritamente
que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a a legislação vigente, sob pena de nulidade processual.
constituição físico-psíquica dos condenados”20 . Surgem como corolário do devido processo legal o contraditório
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o e a ampla defesa, pois somente um procedimento que os garanta
constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando-a estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo 5º, LV, CF:
nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se respeitar
o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a legislação deve
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
prever a pena de morte ao fato antes dele ser praticado. No
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
ordenamento brasileiro, este papel é cumprido pelo Código Penal
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969), que prevê a pena de morte a
inerentes.
ser executada por fuzilamento nos casos tipificados em seu Livro
II, que aborda os crimes militares em tempo de guerra.
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual
circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos se deve seguir o adequado procedimento na aplicação da
forçados, de banimento e cruéis. lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa.
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que o Não obstante, o devido processo legal tem sua faceta material
trabalho obrigatório não é considerado um tratamento contrário que consiste na tomada de decisões justas, que respeitem os
à dignidade do recluso, embora o trabalho forçado o seja. O parâmetros da razoabilidade e da proporcionalidade.
trabalho é obrigatório, dentro das condições do apenado, não
podendo ser cruel ou menosprezar a capacidade física e intelectual Vedação de provas ilícitas
do condenado; como o trabalho não existe independente Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
da educação, cabe incentivar o aperfeiçoamento pessoal; até
mesmo porque o trabalho deve se aproximar da realidade do Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas
mundo externo, será remunerado; além disso, condições de obtidas por meios ilícitos.
dignidade e segurança do trabalhador, como descanso semanal
e equipamentos de proteção, deverão ser respeitados. Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo 157
do CPP, são as obtidas em violação a normas constitucionais ou
Respeito à integridade do preso legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra de direito material,
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF: constitucional ou legal, no momento da sua obtenção. São
vedadas porque não se pode aceitar o descumprimento do
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à ordenamento para fazê-lo cumprir: seria paradoxal.
integridade física e moral.
Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral Presunção de inocência
do preso é uma violação do princípio da dignidade da pessoa Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
humana.
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até o
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e
de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III, CF), Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
o que vale na execução da pena. pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo,
20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. garantias constitucionais.

15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Ação penal privada subsidiária da pública Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF: que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento,
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes
de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente
relaxada pela autoridade judiciária.
A chamada ação penal privada subsidiária da pública
encontra respaldo constitucional, assegurando que a Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão do
omissão do poder público na atividade de persecução artigo 5º, LXVI, CF:
criminal não será ignorada, fornecendo-se instrumento
para que o interessado a proponha. Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.
Prisão e liberdade
O constituinte confere espaço bastante extenso no Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ao
artigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente princípio da presunção de inocência, entende-se que ela não
por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade. deve ser mantida presa quando não preencher os requisitos
Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos, legais para prisão preventiva ou temporária.
porque práticas atentatórias a direitos fundamentais
implicam na tipificação penal, autorizando a restrição da Indenização por erro judiciário
liberdade daquele que assim agiu. A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se: encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF:

Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagrante Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por
delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão fixado na sentença.
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante julgamento de um processo criminal, resultando em condenação
delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), de alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Ele também
ou em caráter temporário, provisório ou definitivo (as indenizará uma pessoa que ficar presa além do tempo que foi
duas primeiras independente do trânsito em julgado, condenada a cumprir.
preenchidos requisitos legais e a última pela irreversibilidade
da condenação). 4) Direitos fundamentais implícitos
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal:
juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso:
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
onde se encontre serão comunicados imediatamente ao princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele que a República Federativa do Brasil seja parte.
indicada.
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo
os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas
entrar em contato com sua família e com um advogado, exemplificativo, não taxativo.
conforme artigo 5º, LXIII, CF:
5) Tratados internacionais incorporados ao ordenamento
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus interno
direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias
assegurada a assistência da família e de advogado. podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF: Para o tratado internacional ingressar no ordenamento
jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório negociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura
policial. do Presidente da República), submissão do tratado assinado ao
Congresso Nacional (que dará referendo por meio do decreto
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e legislativo), ratificação do tratado (confirmação da obrigação
a ata do depoimento do interrogatório são assinados perante a comunidade internacional) e a promulgação e
pelas autoridades envolvidas nas práticas destes atos publicação do tratado pelo Poder Executivo21. Notadamente,
procedimentais. 21 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos

16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

quando o constituinte menciona os tratados internacionais no 6) Tribunal Penal Internacional


§2º do artigo 5º refere-se àqueles que tenham por fulcro ampliar Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
o rol de direitos do artigo 5º, ou seja, tratado internacional de
direitos humanos. Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
na Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos  
direitos humanos, desde logo consagrando o princípio da O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi
primazia dos direitos humanos, como reconhecido pela doutrina promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setembro
e jurisprudência majoritários na época. “O princípio da primazia de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em Roma, no dia
dos direitos humanos nas relações internacionais implica em 17 de julho de 1998, regendo a competência e o funcionamento
que o Brasil deve incorporar os tratados quanto ao tema ao deste Tribunal voltado às pessoas responsáveis por crimes de
ordenamento interno brasileiro e respeitá-los. Implica, também maior gravidade com repercussão internacional (artigo 1º, ETPI).
em que as normas voltadas à proteção da dignidade em caráter “Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdição
universal devem ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional compete
relação a outras normas”22. o processo e julgamento de violações contra indivíduos; e,
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com distintamente dos Tribunais de crimes de guerra da Iugoslávia
força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro porque e de Ruanda, criados para analisarem crimes cometidos durante
somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da esses conflitos, sua jurisdição não está restrita a uma situação
equiparação às emendas constitucionais se o tratado abranger específica”23.
matéria de direitos humanos. Antes da emenda alterou o quadro Resume Mello24: “a Conferência das Nações Unidas sobre a
quanto aos tratados de direitos humanos, era o que acontecia, criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida em Roma,
mas isso não significa que tais direitos eram menos importantes em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é permanente. Tem sede
devido ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos em Haia. A corte tem personalidade internacional. Ela julga: a)
implícitos. crime de genocídio; b) crime contra a humanidade; c) crime
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional nº de guerra; d) crime de agressão. Para o crime de genocídio
45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal, de usa a definição da convenção de 1948. Como crimes contra
modo que os tratados internacionais de direitos humanos foram a humanidade são citados: assassinato, escravidão, prisão
equiparados às emendas constitucionais, desde que houvesse a violando as normas internacionais, violação tortura, apartheid,
aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional e escravidão sexual, prostituição forçada, esterilização, etc. São
obtivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos crimes de guerra: homicídio internacional, destruição de bens
dos respectivos membros: não justificada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a
servir nas forças inimigas, etc.”.
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa Direitos sociais
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria normas
constitucionais.  programáticas e que necessitam de uma postura interventiva
estatal em prol da implementação.
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de Os direitos assegurados nesta categoria encontram menção
direitos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico genérica no artigo 6º, CF:
brasileiro, versando sobre matéria de direitos humanos, irão
passar por um processo de aprovação semelhante ao da emenda Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a
constitucional. saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e
possibilidade de considerar como hierarquicamente constitucional à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
os tratados internacionais de direitos humanos que ingressaram Constituição. 
no ordenamento jurídico brasileiro anteriormente ao advento da
referida emenda. Tal discussão se deu com relação à prisão civil Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Social
do depositário infiel, prevista como legal na Constituição e ilegal de Direito. Em suma, são elencados os direitos humanos de 2ª
no Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos dimensão, notadamente conhecidos como direitos econômicos,
aprovado antes da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal sociais e culturais. Em resumo, os direitos sociais envolvem
Federal firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado prestações positivas do Estado (diferente dos de liberdade, que
de direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição referem-se à postura de abstenção estatal), ou seja, políticas
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não estatais que visem consolidar o princípio da igualdade não
revogaria a Constituição no ponto controverso). apenas formalmente, mas materialmente (tratando os desiguais
de maneira desigual).
Fundamentais e Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio An- 23 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional
tonio Fabris Editor, 2008. Público & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo:
22 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Atlas, 2009.
Internacional Público e Privado. Salvador: JusPodi- 24 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito
vm, 2009. Internacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Por seu turno, embora no capítulo específico do Título Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a
II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa cláusula da reserva do possível como argumento para a não
regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, implementação de determinado direito social – seja pela
o Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem absoluta ausência de recursos (reserva do possível fática), seja
social, se concentra em trazer normativas mais detalhadas a pela ausência de previsão orçamentária nos termos do artigo
respeitos de direitos indicados como sociais. 167, CF (reserva do possível jurídica).
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que
1) Igualdade material e efetivação dos direitos sociais os direitos sociais “não pode converter-se em promessa
Independentemente da categoria de direitos que esteja constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público,
sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num fraudando justas expectativas nele depositadas pela
sentido meramente formal, mas necessariamente material. coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento
Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
existem certas distinções que não só devem ser aceitas, infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
como também se mostram essenciais. Fundamental do Estado”26.
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do possível,
igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta embora viável, não pode servir de muleta para que o Estado não
categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do arque com obrigações básicas. Neste viés, geralmente, quando
Estado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com invocada a cláusula é afastada, entendendo o Poder Judiciário
suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e que não cabe ao Estado se eximir de garantir direitos sociais
moradia, assim como nem todos se encontram na posição com o simples argumento de que não há orçamento específico
de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da para isso – ele deveria ter reservado parcela suficiente de suas
população de explorados. Estas pessoas estão numa clara finanças para atender esta demanda.
posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial,
que progressivamente atinjam uma posição de igualdade que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-
real, já que não é por conta desta posição desfavorável que administrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas
se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de a serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder
direitos fundamentais. Judiciário em prol de sua efetivação.
Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a
ser alcançada pelo Estado em prol da consolidação da 3) Princípio da proibição do retrocesso
igualdade material. Sendo assim, o Estado buscará o Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que
crescente aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um
com qualidade para que todos os nacionais tenham retrocesso, de modo que um direito social garantido não pode
garantidos seus direitos fundamentais de segunda deixar de o ser.
dimensão da maneira mais plena possível. Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso
Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segundo
um papel direto na promoção dos direitos econômicos, entendimento predominante as normas do artigo 7º, CF não
sociais e culturais, mas também um indireto, quando por são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alteração. Se for
meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram alterada normativa sobre direito trabalhista assegurado no
condições para sustentarem suas necessidades pertencentes referido dispositivo, não sendo o prejuízo evidente, entende-
a esta categoria de direitos. se válida (por exemplo, houve alteração do prazo prescricional
diferenciado para os trabalhadores agrícolas). O que, em
2) Reserva do possível e mínimo existencial hipótese alguma, pode ser aceito é um retrocesso evidente,
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, seja excluindo uma categoria de direitos (ex.: abolir o Sistema
notadamente porque estão previstos em normas Único de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a abrangência
programáticas e porque a implementação deles gera um da proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito).
ônus para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
que dependem de uma postura de abstenção estatal, os se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito
direitos sociais precisam que o Estado assuma um papel social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
ativo em prol da efetivação destes. alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado,
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
de uma Constituição, a despeito de um instante bem- amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro lado,
intencionado de palavras promovido pelo constituinte, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma, o que
pode levar à negativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito de prever
– consequência de uma Carta Magna cujas finalidades não que aquela decisão judicial não está incorporada na proibição
condigam com seus próprios prescritos, fato que deslegitima do retrocesso. A questão é polêmica e não há entendimento
o Poder Público como determinador de que particulares dominante.
respeitem os direitos fundamentais, já que sequer eles vel e mínimo existencial: a pretensão de eficácia da norma
próprios, os administradores, conseguem cumprir o que constitucional em face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p.
consta de seu Estatuto Máximo25. 56-57.
25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possí- 26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

4) Direito individual do trabalho Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais complexidade do trabalho.
dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais
tipicamente trabalhistas, mas que não excluem os demais Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego,
direitos fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário,
trabalho, sob pena de se incidir em prática de assédio moral). construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chamado
de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento dentro de
Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é estabelecido
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei em conformidade com a data base da categoria, por isso ele é
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre definido em conformidade com um acordo, ou ainda com um
outros direitos. entendimento entre patrão e trabalhador.

Significa que a demissão, se não for motivada por justa Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto
causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização em convenção ou acordo coletivo.
compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empregador.
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de redução implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão
desemprego involuntário. em massa durante uma crise, situações que devem ser
negociadas em convenção ou acordo coletivo.
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao
desempregado – entendendo-se por desemprego involuntário mínimo, para os que percebem remuneração variável.
o que tenha origem num acordo de cessação do contrato de
trabalho – tem direito ao seguro-desemprego, a ser arcado pela O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores,
previdência social, que tem o caráter de assistência financeira mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.:
temporária. baseada em comissões por venda e metas);

Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço. Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na
remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger
o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído Também conhecido como gratificação natalina, foi
de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, instituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o
quando o empregador efetua o primeiro depósito. O saldo da trabalhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos)
conta vinculada é formado pelos depósitos mensais efetivados da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no
pelo empregador, equivalentes a 8,0% do salário pago ao pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao aposentado
empregado, acrescido de atualização monetária e juros. Com no final de cada ano.
o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de formar um
patrimônio, que pode ser sacado em momentos especiais, Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
como o da aquisição da casa própria ou da aposentadoria e em superior à do diurno.
situações de dificuldades, que podem ocorrer com a demissão
sem justa causa ou em caso de algumas doenças graves. O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a redução
Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo de
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se noturno, nas
às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, atividades urbanas, o trabalho realizado entre as 22:00 horas
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas atividades rurais,
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, é considerado noturno o trabalho executado na lavoura entre
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. 21:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; e na
T pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 horas do dia seguinte.
rata-se de uma visível norma programática da Constituição
que tem por pretensão um salário mínimo que atenda a todas Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
as necessidades básicas de uma pessoa e de sua família. Em constituindo crime sua retenção dolosa.
pesquisa que tomou por parâmetro o preceito constitucional,
detectou-se que “o salário mínimo do trabalhador brasileiro Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há
deveria ter sido de R$ 2.892,47 em abril para que ele suprisse no Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação
suas necessidades básicas e da família, segundo estudo de retenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF
divulgado nesta terça-feira, 07, pelo Departamento Intersindical dizer que é crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo é
de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)”27. norma de eficácia limitada, pois depende de lei ordinária, ainda
27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario- mais porque qualquer norma penal incriminadora é regida pela
-minimo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril legalidade estrita (artigo 5º, XXXIX, CF).

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados, Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado,
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na preferencialmente aos domingos.
gestão da empresa, conforme definido em lei.
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e quatro)
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é conhecida horas consecutivas, devendo ser concedido preferencialmente
também por Programa de Participação nos Resultados (PPR), está aos domingos, sendo garantido a todo trabalhador urbano, rural
prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde a Lei nº ou doméstico. Havendo necessidade de trabalho aos domingos,
10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela funciona como um bônus, desde que previamente autorizados pelo Ministério do Trabalho,
que é ofertado pelo empregador e negociado com uma comissão aos trabalhadores é assegurado pelo menos um dia de repouso
de trabalhadores da empresa. A CLT não obriga o empregador a semanal remunerado coincidente com um domingo a cada
fornecer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado. período, dependendo da atividade (artigo 67, CLT).

Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do dependente Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas com,
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei. pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.

Salário-família é o benefício pago na proporção do respectivo O salário das férias deve ser superior em pelo menos um
número de filhos ou equiparados de qualquer condição até a idade terço ao valor da remuneração normal, com todos os adicionais
de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, independente de e benefícios aos quais o trabalhador tem direito. A cada doze
carência e desde que o salário-de-contribuição seja inferior ou igual meses de trabalho – denominado período aquisitivo – o
ao limite máximo permitido. De acordo com a Portaria Interministerial empregado terá direito a trinta dias corridos de férias, se não
MPS/MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de R$ tiver faltado injustificadamente mais de cinco vezes ao serviço
35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido, para quem (caso isso ocorra, os dias das férias serão diminuídos de acordo
ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que receber de R$ 682,51 com o número de faltas).
até R$ 1.025,81, o valor do salário-família por filho de até 14 anos de
idade ou inválido de qualquer idade será de R$ 24,66. Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do
emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias.
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não superior
a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a O salário da trabalhadora em licença é chamado de salário-
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo maternidade, é pago pelo empregador e por ele descontado
ou convenção coletiva de trabalho. dos recolhimentos habituais devidos à Previdência Social. A
trabalhadora pode sair de licença a partir do último mês de
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordinário gestação, sendo que o período de licença é de 120 dias. A
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal. Constituição também garante que, do momento em que se
confirma a gravidez até cinco meses após o parto, a mulher não
A legislação trabalhista vigente estabelece que a duração pode ser demitida.
normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 (oito) horas
diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, no máximo. Todavia, Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fixados
poderá a jornada diária de trabalho dos empregados maiores ser em lei.
acrescida de horas suplementares, em número não excedentes a
duas, no máximo, para efeito de serviço extraordinário, mediante O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade para
acordo individual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a mãe nos
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade imperiosa, processos pós-operatórios.
poderá ser prorrogada além do limite legalmente permitido. A
remuneração do serviço extraordinário, desde a promulgação Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
da Constituição Federal, deverá constar, obrigatoriamente, do mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
acordo, convenção ou sentença normativa, e será, no mínimo, 50%
(cinquenta por cento) superior à da hora normal. Embora as mulheres sejam maioria na população de 10
anos ou mais de idade, elas são minoria na população ocupada,
Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho realizado mas estão em maioria entre os desocupados. Acrescenta-
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva. se ainda, que elas são maioria também na população não
economicamente ativa. Além disso, ainda há relevante diferença
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 horas para salarial entre homens e mulheres, sendo que os homens recebem
os turnos ininterruptos de revezamento, expressamente ressalvando mais porque os empregadores entendem que eles necessitam
a hipótese de negociação coletiva, objetivou prestigiar a atuação de um salário maior para manter a família. Tais disparidades
da entidade sindical. Entretanto, a jurisprudência evoluiu para colocam em evidência que o mercado de trabalho da mulher
uma interpretação restritiva de seu teor, tendo como parâmetro deve ser protegido de forma especial.
o fato de que o trabalho em turnos ininterruptos é por demais
desgastante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisiológica Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo de
para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito psicossocial já que serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.
dificulta o convívio em sociedade e com a própria família.

20
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Nas relações de emprego, quando uma das partes deseja A aposentadoria é um benefício garantido a todo trabalhador
rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por prazo brasileiro que pode ser usufruído por aquele que tenha
indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à outra parte, contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS)
através do aviso prévio. O aviso prévio tem por finalidade evitar pelos prazos estipulados nas regras da Previdência Social e tenha
a surpresa na ruptura do contrato de trabalho, possibilitando ao atingido as idades mínimas previstas. Aliás, o direito à previdência
empregador o preenchimento do cargo vago e ao empregado social é considerado um direito social no próprio artigo 6º, CF.
uma nova colocação no mercado de trabalho, sendo que o aviso
prévio pode ser trabalhado ou indenizado. Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao creches e pré-escolas.
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físico
do trabalho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquanto elas
meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubridade trabalham. Caso não ofereçam esse espaço aos bebês, a empresa
e na ausência de agentes que possam comprometer a é obrigada a dar auxílio-creche a mulher para que ela pague
incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores. uma creche para o bebê de até 6 meses. O valor desse auxílio
será determinado conforme negociação coletiva na empresa
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as (acordo da categoria ou convenção). A empresa que tiver menos
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei. de 30 funcionárias registradas não tem obrigação de conceder
o benefício. É facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, possibilidade de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade
molesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, e incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche
que não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva na
atenção e vigilância acima do comum. Ainda não há empresa.
na legislação específica previsão sobre o adicional de
penosidade. Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
São consideradas atividades ou operações insalubres acordos coletivos de trabalho.
as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância
para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho,
exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes que encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º a 11
químicos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício da Constituição. Pelas convenções e acordos coletivos, entidades
de trabalho em condições de insalubridade assegura ao representativas da categoria dos trabalhadores entram em
trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre negociação com as empresas na defesa dos interesses da classe,
o salário base do empregado (súmula 228 do TST), ou assegurando o respeito aos direitos sociais;
previsão mais benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho,
equivalente a 40% (quarenta por cento), para insalubridade Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na
de grau máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade forma da lei.
de grau médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de
grau mínimo. Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo homem,
O adicional de periculosidade é um valor devido que pode ser feita, notadamente, qualificando o profissional para
ao empregado exposto a atividades perigosas. São exercer trabalhos que não possam ser desempenhados por uma
consideradas atividades ou operações perigosas, aquelas máquina (ex.: se criada uma máquina que substitui o trabalhador,
que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem deve ser ele qualificado para que possa operá-la).
risco acentuado em virtude de exposição permanente do
trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de trabalho, a
roubos ou outras espécies de violência física nas atividades cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
do adicional de periculosidade será o salário do empregado
acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar
gratificações, prêmios ou participações nos lucros da do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a definição
empresa. de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de legislação
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem específica sobre o tema, mas sim de uma norma que dispõe sobre
entendimento unânime sobre a possibilidade de cumulação as modalidades de benefícios da previdência social. Referida Lei,
destes adicionais. em seu artigo 19 da preceitua que acidente do trabalho é o que
ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. exercício do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação
28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direi- funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente
to Ambiental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. ou temporária, da capacidade para o trabalho.
21.

21
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribuição Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno,
com natureza de tributo que as empresas pagam para custear perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer
benefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doença trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
ocupacional, cobrindo a aposentadoria especial. A alíquota aprendiz, a partir de quatorze anos.
normal é de um, dois ou três por cento sobre a remuneração
do empregado, mas as empresas que expõem os trabalhadores Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabelecendo-
a agentes nocivos químicos, físicos e biológicos precisam pagar se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o trabalho
adicionais diferenciados. Assim, quanto maior o risco, maior é a em condições desfavoráveis.
alíquota, mas atualmente o Ministério da Previdência Social pode
alterar a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho. Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o
Neste sentido, nada impede que a empresa seja trabalhador com vínculo empregatício permanente e o
responsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando o trabalhador avulso.
trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibilidade de
cumulação do benefício previdenciário, assim compreendido Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias empresas,
como prestação garantida pelo Estado ao trabalhador acidentado mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de mão-de-
(responsabilidade objetiva) com a indenização devida pelo obra, possuindo os mesmos direitos que um trabalhador com
empregador em caso de culpa (responsabilidade subjetiva), é vínculo empregatício permanente.
pacífica, estando amplamente difundida na jurisprudência do A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
Tribunal Superior do Trabalho; PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único do
artigo 7º:
Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultantes das
relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à categoria
os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
a extinção do contrato de trabalho. IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações
jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim, há tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de
um período de tempo que o empregado tem para requerer seu trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III,
direito na Justiça do Trabalho. A prescrição trabalhista é sempre IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
de 2 (dois) anos a partir do término do contrato de trabalho, social. 
atingindo as parcelas relativas aos 5 (cinco) anos anteriores, ou
de 05 (cinco) anos durante a vigência do contrato de trabalho. 5) Direito coletivo do trabalho
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores,
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de coletivamente ou no interesse de uma coletividade, quais
sexo, idade, cor ou estado civil. sejam: associação profissional ou sindical, greve, substituição
processual, participação e representação classista29.
Há uma tendência de se remunerar melhor homens brancos A liberdade de associação profissional ou sindical tem
na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente a diferença escopo no artigo 8º, CF:
remuneratória para com pessoas de diferente etnia, faixa etária
ou sexo. Esta distinção atenta contra o princípio da igualdade e Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical,
não é aceita pelo constituinte, sendo possível inclusive invocar a observado o seguinte:
equiparação salarial judicialmente. I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação no competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador intervenção na organização sindical;
de deficiência. II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas limitações, econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos
possui condições de ingressar no mercado de trabalho e não trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo
pode ser preterida meramente por conta de sua deficiência. ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões
manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos. judiciais ou administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igualmente tratando de categoria profissional, será descontada em folha,
relevantes e contribuem todos para a sociedade, não cabendo a para custeio do sistema confederativo da representação sindical
desvalorização de um trabalho apenas por se enquadrar numa respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
ou outra categoria. 29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado 1) Nacionalidade como direito humano fundamental
a sindicato; Os direitos humanos internacionais são completamente
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o
negociações coletivas de trabalho; indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da
nas organizações sindicais; pessoa humana, o qual não pode ser privado de forma
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado arbitrária. Não há privação arbitrária quando respeitados os
a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou critérios legais previstos no texto constitucional no que tange
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um à perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte
ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos brasileiro não admite a figura do apátrida.
termos da lei. Contudo, é exatamente por ser um direito que a
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à nacionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, à pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e
atendidas as condições que a lei estabelecer. passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por um
processo conhecido como naturalização.
O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos
9º, CF: em seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma
nacionalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e nacionalidade”.
sobre os interesses que devam por meio dele defender. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e aprofunda-se em meios para garantir que toda pessoa tenha
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar o
da comunidade. critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa terá
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às a nacionalidade do território onde nasceu, quando não tiver
penas da lei. direito a outra nacionalidade por previsões legais diversas.
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de
exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, um indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um
regula o atendimento das necessidades inadiáveis da governo, de um governante, de um poder despótico, de
comunidade, e dá outras providências. Enquanto não for decisões unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem
disciplinado o direito de greve dos servidores públicos, esta o contraditório, a defesa, que são princípios fundamentais
é a legislação que se aplica, segundo o STF. de todo sistema jurídico que se pretenda democrático. A
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: questão não pode ser tratada com relativismos, uma vez que
é muito séria”30.
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos internacional a previsão do direito de asilo, consistente no
órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do
previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal
perseguição não pode ter motivos legítimos, como a prática
Por fim, aborda-se o direito de representação classista de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios das
no artigo 11, CF: Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade desta
proteção. Em suma, o que se pretende com o direito de asilo
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos é evitar a consolidação de ameaças a direitos humanos de
empregados, é assegurada a eleição de um representante uma pessoa por parte daqueles que deveriam protegê-los
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o – isto é, os governantes e os entes sociais como um todo
entendimento direto com os empregadores. –, e não proteger pessoas que justamente cometeram tais
violações.
Nacionalidade
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que 2) Naturalidade e naturalização
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são
um nacional pode adquirir direitos políticos. os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias:
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local
a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o
direitos e obrigações. Estado.
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo não 30 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos ar-
é a mesma coisa que população. População é o conjunto de tigos XV e XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários
pessoas residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
residentes no país e os apátridas. Fortium, 2008, p. 87-88.

23
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira A naturalização deve ser voluntária e expressa.
tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a
voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no
se percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num artigo 112:
conceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não
é nacional brasileiro. Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a
concessão da naturalização:
a) Brasileiros natos I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
Art. 12, CF. São brasileiros: II - ser registrado como permanente no Brasil;
I - natos: III - residência contínua no território nacional, pelo
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a pedido de naturalização;
serviço de seu país; IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe condições do naturalizando;
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes
República Federativa do Brasil; à manutenção própria e da família;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de VI - bom procedimento;
mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou
brasileira competente ou venham a residir na República condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. considerada, superior a 1 (um) ano; e
VIII - boa saúde.
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para
a atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –, Destaque vai para o requisito da residência contínua.
notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido em Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
território do país independentemente da nacionalidade dos contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depende entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
do local de nascimento mas sim da descendência de um o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
nacional do país (critério comum em países que tiveram o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
êxodo de imigrantes). se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordinária
no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que filho no artigo 12, II, “a”.
de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros que Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária
estejam a serviço de seu país ou de organismo internacional se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segundo
(o que geraria um conflito de normas). Contudo, também é o qual “a satisfação das condições previstas nesta Lei não
possível ser brasileiro nato ainda que não se tenha nascido assegura ao estrangeiro direito à naturalização”. Logo,
no território brasileiro. na naturalização ordinária não há direito subjetivo à
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato naturalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça.
pais estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro O mesmo não vale para a naturalização extraordinária,
nato, mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos quando há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do
pais não estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer Poder Judiciário para fazê-lo valer31.
no exterior é exigido que o nascido do exterior venha
ao território brasileiro e aqui resida ou que tenha sido c) Tratamento diferenciado
registrado em repartição competente, caso em que poderá, A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou
aos 18 anos, manifestar-se sobre desejar permanecer com a naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste
nacionalidade brasileira ou não. sentido, o artigo 12, § 2º, CF:

b) Brasileiros naturalizados Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distinção
entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
Art. 12, CF. São brasileiros: [...] previstos nesta Constituição.
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade Percebe-se que a Constituição simultaneamente
brasileira, exigidas aos originários de países de língua estabelece a não distinção e se reserva ao direito de
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e estabelecer as hipóteses de distinção.
idoneidade moral; Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, enumeradas no parágrafo seguinte.
residentes na República Federativa do Brasil há mais de
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde 31 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas
que requeiram a nacionalidade brasileira. em teleconferência.

24
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os cargos: A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818,
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e a
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos políticos.
III - de Presidente do Senado Federal; No processo deve ser respeitado o contraditório e a iniciativa
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; de propositura é do Procurador da República.
V - da carreira diplomática; No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, percebe-
VI - de oficial das Forças Armadas; se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea “a” aceita-se
VII - de Ministro de Estado da Defesa. que a pessoa tenha nacionalidade brasileira e outra se ao seu
nascimento tiver adquirido simultaneamente a nacionalidade
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no do Brasil e outro país; na alínea “b” é reconhecida a mesma
exercício da presidência da República ou de cargo que possa levar situação se a aquisição da nacionalidade do outro país for uma
a esta posição provisoriamente deve ser natural do país (ausente exigência para continuar lá permanecendo ou exercendo seus
o Presidente da República, seu vice-presidente desempenha o direitos civis, pois se assim não o fosse o brasileiro seria forçado
cargo; ausente este assume o Presidente da Câmara; também este a optar por uma nacionalidade e, provavelmente, se ver privado
ausente, em seguida, exerce o cargo o Presidente do Senado; e, da nacionalidade brasileira.
por fim, o Presidente do Supremo pode assumir a presidência
na ausência dos anteriores – e como o Presidente do Supremo é 5) Deportação, expulsão e entrega
escolhido num critério de revezamento nenhum membro pode ser A deportação representa a devolução compulsória de um
naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte impacto estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no
em termos de representação do país ou de segurança nacional. território nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980, em
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasileiro seus artigos 57 e 58. Neste caso, não houve prática de qualquer
naturalizado como membro do Conselho da República ato nocivo ao Brasil, havendo, pois, mera irregularidade de visto.
(artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário de A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de
empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens, salvo um estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no artigo
se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possibilidade de 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980:
extradição do brasileiro naturalizado que tenha praticado crime
comum antes da naturalização ou, depois dela, crime de tráfico Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estrangeiro
de drogas (artigo 5º, LI, CF). que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a
ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública
3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF: conveniência e aos interesses nacionais.
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência estrangeiro que:
permanente no País, se houver reciprocidade em favor de a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, permanência no Brasil;
salvo os casos previstos nesta Constituição. b) havendo entrado no território nacional com infração à
lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o mesmo fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
tratamento, questão regulamentada pelo Tratado de Amizade, c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
Cooperação e Consulta entre a República Federativa do Brasil e a d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
República Portuguesa, assinado em 22 de abril de 2000 (Decreto para estrangeiro.
nº 3.927/2001).
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos civis, não A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um
sendo considerado um estrangeiro; gozo de direitos políticos se nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país faz
residir há 3 anos no país, autorizando-se o alistamento eleitoral. parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregasse
No caso de exercício dos direitos políticos nestes moldes, os um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal Internacional
direitos desta natureza ficam suspensos no outro país, ou seja, (competência reconhecida na própria Constituição no artigo 5º,
não exerce simultaneamente direitos políticos nos dois países. §4º).

4) Perda da nacionalidade 6) Extradição


Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacionalidade A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e da
do brasileiro que: entrega. Extradição é um ato de cooperação internacional que
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada
virtude de atividade nociva ao interesse nacional; por um ou mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil, sob
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: hipótese alguma, extraditará brasileiros natos mas quanto aos
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei naturalizados assim permite caso tenham praticado crimes
estrangeira; comuns (exceto crimes políticos e/ou de opinião) antes da
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao naturalização, ou, mesmo depois da naturalização, em caso de
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para envolvimento com o tráfico ilícito de entorpecentes (artigo 5º,
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. LI e LII, CF).

25
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Aplicam-se os seguintes princípios à extradição: 2) Democracia direta e indireta


a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro só Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime objeto do universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
pedido de extradição. O importante é que o extraditado só seja todos, e, nos termos da lei, mediante:
submetido às penas relativas aos crimes que foram objeto do I - plebiscito;
pedido de extradição. II - referendo;
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve III - iniciativa popular.
ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, além do fato
ser típico em ambos os países, deve ser punível em ambos (se A democracia brasileira adota a modalidade semidireta,
houve prescrição em algum dos países, p. ex., não pode ocorrer porque possibilita a participação popular direta no poder por
a extradição). intermédio de processos como o plebiscito, o referendo e a
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, pode-se afirmar
tratado de extradição entre dois países ter sido celebrado após que a democracia indireta é predominantemente adotada no
a ocorrência do crime não impede a extradição. Brasil, por meio do sufrágio universal e do voto direto e secreto
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): com igual valor para todos. Quanto ao voto direto e secreto,
Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas pelo trata-se do instrumento para o exercício da capacidade ativa do
artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autorizada, salvo se sufrágio universal.
houver a comutação da pena, transformação para uma pena Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do referendo
aceita no Brasil. é o momento da consulta à população: no plebiscito, primeiro
se consulta a população e depois se toma a decisão política;
7) Idioma e símbolos no referendo, primeiro se toma a decisão política e depois se
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da consulta a população. Embora os dois partam do Congresso
República Federativa do Brasil. Nacional, o plebiscito é convocado, ao passo que o referendo é
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a autorizado (art. 49, XV, CF), ambos por meio de decreto legislativo.
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
O que os assemelha é que os dois são “formas de consulta ao
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância,
ter símbolos próprios.
de natureza constitucional, legislativa ou administrativa”32.
Na iniciativa popular confere-se à população o poder de
Idioma é a língua falada pela população, que confere
apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, mediante
caráter diferenciado em relação à população do resto do
assinatura de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5
mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de uma
nação. Estados no mínimo, com não menos de 0,3% dos eleitores de
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da nação e cada um deles. Em complemento, prevê o artigo 61, §2°, CF:
permitem o seu reconhecimento nacional e internacionalmente.
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a previsão Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
é feito dentro do capítulo do texto constitucional que aborda pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
o tema. subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,
distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de
Direitos políticos três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos
direitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir 3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do voto
direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular de O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de dezoito
direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direitos anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade para os
políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar que nem analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de
todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro, mas somente dezesseis e menores de dezoito anos.
aquele que for titular do direito de sufrágio universal.
Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
1) Sufrágio universal I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a soberania II - facultativos para:
popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”. a) os analfabetos;
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades eleitorais, b) os maiores de setenta anos;
a capacidade ativa – votar e exercer a democracia direta – e a c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
capacidade passiva – ser eleito como representante no modelo
da democracia indireta. Ou ainda, sufrágio universal é o direito No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais
de todos cidadãos de votar e ser votado. O voto, que é o ato brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF:
pelo qual se exercita o sufrágio, deverá ser direto e secreto.
Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, mas Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores os
não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, nem estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
toda pessoa que tem capacidade ativa tem também capacidade os conscritos.
passiva, embora toda pessoa que tenha capacidade passiva 32 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
tenha necessariamente a ativa. esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

26
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestando Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas analfabetos.
disponíveis para os dias da eleição.
O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibilidade,
4) Elegibilidade que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser elegível
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a faculdade
de elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser de votar, mas não podem ser votados) e é preciso possuir a
preenchidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalistáveis são aqueles
de sua capacidade passiva do sufrágio universal. que não podem tirar o título de eleitor, portanto, não podem
votar, notadamente: os estrangeiros e os conscritos durante o
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na serviço militar obrigatório).
forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira; Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Governadores
II - o pleno exercício dos direitos políticos; de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
III - o alistamento eleitoral; sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; reeleitos para um único período subsequente.
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de: Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibilidade
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer das
da República e Senador; esferas for substituído por seu vice no curso do mandato, este
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de vice somente poderá ser eleito para um período subsequente.
Estado e do Distrito Federal; Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e é
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; substituído pelo seu vice-governador. Se este se candidatar e
d) dezoito anos para Vereador. for eleito, não poderá ao final deste mandato se reeleger. Isto
é, se o mandato o candidato renuncia no início de 2010 o seu
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os mandato de 2007-2010, assumindo o vice em 2010, poderá este
analfabetos. se candidatar para o mandato 2011-2014, mas caso seja eleito
não poderá se reeleger para o mandato 2015-2018 no mesmo
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à cargo. Foi o que aconteceu com o ex-governador de Minas
nacionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, Gerais, Antônio Anastasia, que assumiu em 2010 no lugar de
para ser eleito é preciso ser cidadão. Aécio Neves o governo do Estado de Minas Gerais e foi eleito
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista governador entre 2011 e 2014, mas não pode se candidatar à
como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas reeleição, concorrendo por isso a uma vaga no Senado Federal.
pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo
de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, o
Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim, Presidente da República, os Governadores de Estado e do
para se candidatar a cargo no município, deve ter domicílio Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado, deve mandatos até seis meses antes do pleito.
ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; para se
candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os
em uma das unidades federadas do país. Aceita-se a chefes do Executivo que não renunciarem aos seus mandatos
transferência do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das eleições. Ex.:
das eleições. Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, necessário que tivesse
A filiação partidária implica no lançamento da renunciado até 04/04/2014.
candidatura por um partido político, não se aceitando a
filiação avulsa. Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdição
Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisito do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até
etário, com faixa etária mínima para o desempenho de cada o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
uma das funções, a qual deve ser auferida na data da posse. de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
5) Inelegibilidade anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
Atender às condições de elegibilidade é necessário para candidato à reeleição.
poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso não
se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade. São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo
absoluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou de quem os
atingidos determinados cargos. tenha substituído ao final do mandato, a não ser que seja já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

27
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, atendidas as 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração
seguintes condições: pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Complementar
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar- nº 135, de 2010)
se da atividade; 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência;
pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
no ato da diplomação, para a inatividade. 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de
os militares que não podem se alistar ou os que podem, mas liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, ou seja, 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver
se não se afastar da atividade caso trabalhe há menos de 10 condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício
anos, se não for agregado pela autoridade superior (suspenso de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
do exercício das funções por sua autoridade sem prejuízo de 2010)
remuneração) caso trabalhe há mais de 10 anos (sendo que a 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
eleição passa à condição de inativo). (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá outros tortura, terrorismo e hediondos;
casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a 8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
para exercício de mandato considerada vida pregressa do 9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra Complementar nº 135, de 2010)
a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou
função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação dada
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolutas g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece insanável que configure ato doloso de improbidade
casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente,
outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que ficou salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder
conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar nº 135, Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos
de 04 de junho de 2010, principalmente em seu artigo 1º, que seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o
segue. disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos
os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: que houverem agido nessa condição; (Redação dada pela Lei
I - para qualquer cargo: Complementar nº 135, de 2010)
a) os inalistáveis e os analfabetos; h) os detentores de cargo na administração pública direta,
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros,
Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem
que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência condenados em decisão transitada em julgado ou proferida
do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concorrem
dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das ou tenham sido diplomados, bem como para as que se
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela Lei
Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o Complementar nº 135, de 2010)
período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou
nos oito anos subsequentes ao término da legislatura; seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo
d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12
procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em (doze) meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou
julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de função de direção, administração ou representação, enquanto
apuração de abuso do poder econômico ou político, para a não forem exonerados de qualquer responsabilidade;
eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem j) os que forem condenados, em decisão transitada em
como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral,
(Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por
e) os que forem condenados, em decisão transitada em doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas
condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma,
o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído pela
Complementar nº 135, de 2010) Lei Complementar nº 135, de 2010)

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

k) o Presidente da República, o Governador de Estado 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e da


e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Aeronáutica;
Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos 8. os Magistrados;
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autarquias,
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações
Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica públicas e as mantidas pelo poder público;
do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de
eleições que se realizarem durante o período remanescente Territórios;
do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos 11. os Interventores Federais;
subsequentes ao término da legislatura; (Incluído pela Lei 12. os Secretários de Estado;
Complementar nº 135, de 2010) 13. os Prefeitos Municipais;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos 14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos Estados
políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por e do Distrito Federal;
órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade 15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e 16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios e as
julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o pessoas que ocupem cargos equivalentes;
cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores à
de 2010) eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em qualquer dos
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por poderes da União, cargo ou função, de nomeação pelo Presidente
decisão sancionatória do órgão profissional competente, em da República, sujeito à aprovação prévia do Senado Federal;
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) c) (Vetado);
anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem
Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no
2010) lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas e
n) os que forem condenados, em decisão transitada em contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais, ou para
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de aplicar multas relacionadas com essas atividades;
terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham exercido
união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo cargo ou função de direção, administração ou representação nas
prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude; empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da Lei n° 4.137, de 10
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) de setembro de 1962, quando, pelo âmbito e natureza de suas
o) os que forem demitidos do serviço público em atividades, possam tais empresas influir na economia nacional;
decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de
de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísticas
suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na alínea
Complementar nº 135, de 2010) anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis) meses
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o abuso apurado,
responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão do poder econômico, ou de que transferiram, por força regular, o
transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da controle de referidas empresas ou grupo de empresas;
Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores
observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, administração
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) ou representação em entidades representativas de classe,
q) os magistrados e os membros do Ministério Público mantidas, total ou parcialmente, por contribuições impostas pelo
que forem aposentados compulsoriamente por decisão poder Público ou com recursos arrecadados e repassados pela
sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou Previdência Social;
que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das funções,
pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo de tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Superintendente
8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) de sociedades com objetivos exclusivos de operações financeiras e
II - para Presidente e Vice-Presidente da República: façam publicamente apelo à poupança e ao crédito, inclusive através
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de de cooperativas e da empresa ou estabelecimentos que gozem, sob
seus cargos e funções: qualquer forma, de vantagens asseguradas pelo poder público, salvo
1. os Ministros de Estado: se decorrentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes;
2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
militar, da Presidência da República; hajam exercido cargo ou função de direção, administração ou
3. o chefe do órgão de assessoramento de informações da representação em pessoa jurídica ou em empresa que mantenha
Presidência da República; contrato de execução de obras, de prestação de serviços ou de
4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas; fornecimento de bens com órgão do Poder Público ou sob seu
5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da controle, salvo no caso de contrato que obedeça a cláusulas
República; uniformes;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao pleito; Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses para
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos a desincompatibilização .
órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta da § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis)
Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao meses antes do pleito.
pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito
integrais; poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses
Distrito Federal; anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular.
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice- § 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
Presidente da República especificados na alínea a do inciso cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo
II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador
tratar de repartição pública, associação ou empresas que de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem
operem no território do Estado ou do Distrito Federal, os haja substituído dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
observados os mesmos prazos; salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente § 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste
de seus cargos ou funções: artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador lei como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação
do Estado ou do Distrito Federal; penal privada. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e § 5º A renúncia para atender à desincompatibilização com
Zona Aérea; vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de mandato
3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de não gerará a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que
assistência aos Municípios; a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao disposto nesta Lei
4. os secretários da administração municipal ou Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010).
membros de órgãos congêneres;
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito: 6) Impugnação de mandato
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a
os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente impugnação de mandato.
da República, Governador e Vice-Governador de Estado e
do Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser
para a desincompatibilização; impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
b) os membros do Ministério Público e Defensoria contados da diplomação, instruída a ação com provas de
Pública em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
anteriores ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
c) as autoridades policiais, civis ou militares, com Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato
exercício no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na
pleito; forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
V - para o Senado Federal:
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice- 7) Perda e suspensão de direitos políticos
Presidente da República especificados na alínea a do inciso Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos,
II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
tratar de repartição pública, associação ou empresa que I - cancelamento da naturalização por sentença
opere no território do Estado, observados os mesmos transitada em julgado;
prazos; II - incapacidade civil absoluta;
b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis III - condenação criminal transitada em julgado,
para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas enquanto durarem seus efeitos;
mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prazos; prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Legislativa e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável,
por identidade de situações, os inelegíveis para o Senado O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, o
Federal, nas mesmas condições estabelecidas, observados que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, portanto,
os mesmos prazos; deixe de ser titular de direitos políticos.
VII - para a Câmara Municipal: O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, da
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, entre os
os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos quais obviamente se enquadra o sufrágio universal.
Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da
desincompatibilização; condenação criminal, que é a suspensão de direitos políticos.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação militar ou a O respeito a estes ditames permite o exercício do
prestação substitutiva imposta em caso de escusa moral ou religiosa. partidarismo de forma autônoma em termos estruturais e
O inciso V se refere à ação de improbidade administrativa, organizacionais, conforme o §1º do artigo 17, CF:
que tramita para apurar a prática dos atos de improbidade
administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a suspensão Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos
dos direitos políticos. autonomia para definir sua estrutura interna, organização
Os direitos políticos somente são perdidos em dois casos, e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o
quais sejam cancelamento de naturalização por sentença regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade
transitada em julgado (o indivíduo naturalizado volta à de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,
condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade brasileira estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos
em virtude da aquisição de outra (brasileiro se naturaliza estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. 
em outro país e assim deixa de ser considerado um cidadão
brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos demais casos, há Os estatutos que tecem esta regulamentação devem ser
suspensão. Nota-se que não há perda de direitos políticos pela registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, CF).
prática de atos atentatórios contra a Administração Pública por Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à
parte do servidor, mas apenas suspensão. mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF:
A cassação de direitos políticos, consistente na retirada
dos direitos políticos por ato unilateral do poder público, sem Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a
observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV, CF (ampla recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
defesa e contraditório), é um procedimento que só existe nos televisão, na forma da lei.
governos ditatoriais e que é absolutamente vedado pelo texto
constitucional.
2) DIREITOS SOCIAIS: NACIONALIDADE,
8) Anterioridade anual da lei eleitoral CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS.

Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em


vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que
1) Direitos sociais
ocorra até um ano da data de sua vigência. 
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no capítulo II a
categoria dos direitos sociais, em sua maioria normas programáticas
É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo menos 1
e que necessitam de uma postura interventiva estatal em prol da
ano antes da próxima eleição, sob pena de não se aplicar a ela,
implementação.
mas somente ao próximo pleito. Os direitos assegurados nesta categoria encontram menção
genérica no artigo 6º, CF:
Partidos políticos
O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
político e encontra respaldo enquanto direito fundamental, trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
já que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”. desamparados, na forma desta Constituição.
O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Social
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de de Direito. Em suma, são elencados os direitos humanos de 2ª
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime dimensão, notadamente conhecidos como direitos econômicos,
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da sociais e culturais. Em resumo, os direitos sociais envolvem prestações
pessoa humana [...]. positivas do Estado (diferente dos de liberdade, que referem-se à
postura de abstenção estatal), ou seja, políticas estatais que visem
Consolida-se, assim a liberdade partidária, não consolidar o princípio da igualdade não apenas formalmente, mas
estabelecendo a Constituição um limite de números de partidos materialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
políticos que possam ser constituídos, permitindo também que Por seu turno, embora no capítulo específico do Título
sejam extintos, fundidos e incorporados. II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa
Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os preceitos regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, o
a serem observados na liberdade partidária: caráter nacional, Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem social, se
ou seja, terem por objetivo o desempenho de atividade concentra em trazer normativas mais detalhadas a respeitos de
política no âmbito interno do país; proibição de recebimento direitos indicados como sociais.
de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros
ou de subordinação a estes, logo, o Poder Público não pode 1.1) Igualdade material e efetivação dos direitos sociais
financiar campanhas eleitorais; prestação de contas à Justiça Independentemente da categoria de direitos que esteja sendo
Eleitoral, notadamente para resguardar a mencionada vedação; abordada, a igualdade nunca deve aparecer num sentido meramente
e funcionamento parlamentar de acordo com a lei. Ainda, a formal, mas necessariamente material. Significa que discriminações
lei veda a utilização de organização paramilitar por parte dos indevidas são proibidas, mas existem certas distinções que não só
partidos políticos (artigo 17, §4º, CF). devem ser aceitas, como também se mostram essenciais.

31
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

No que tange aos direitos sociais percebe-se que a igualdade Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, que
material assume grande relevância. Afinal, esta categoria de direitos tem por fulcro limitar a discricionariedade político-administrativa
pressupõe uma postura ativa do Estado em prol da efetivação. Nem e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a serem seguidas,
todos podem arcar com suas despesas de saúde, educação, cultura, sob pena de caber a intervenção do Poder Judiciário em prol de
alimentação e moradia, assim como nem todos se encontram na sua efetivação.
posição de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria
da população de explorados. Estas pessoas estão numa clara 1.3) Princípio da proibição do retrocesso
posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para que Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma
progressivamente atinjam uma posição de igualdade real, já que conquista garantida na Constituição Federal sofra um retrocesso,
não é por conta desta posição desfavorável que se pode afirmar de modo que um direito social garantido não pode deixar de o ser.
que são menos dignos, menos titulares de direitos fundamentais. Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve ser
Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser alcançada tomada com reservas, até mesmo porque segundo entendimento
pelo Estado em prol da consolidação da igualdade material. Sendo predominante as normas do artigo 7º, CF não são cláusula pétrea,
assim, o Estado buscará o crescente aperfeiçoamento da oferta sendo assim passíveis de alteração. Se for alterada normativa
de serviços públicos com qualidade para que todos os nacionais sobre direito trabalhista assegurado no referido dispositivo, não
tenham garantidos seus direitos fundamentais de segunda sendo o prejuízo evidente, entende-se válida (por exemplo, houve
dimensão da maneira mais plena possível. alteração do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores
Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é um
um papel direto na promoção dos direitos econômicos, sociais e retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de direitos (ex.:
culturais, mas também um indireto, quando por meio de sua gestão abolir o Sistema Único de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a
permite que os indivíduos adquiram condições para sustentarem abrangência da proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito).
suas necessidades pertencentes a esta categoria de direitos. Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: se uma
decisão judicial melhorar a efetivação de um direito social, ela se
1.2) Reserva do possível e mínimo existencial torna vinculante e é impossível ao legislador alterar a Constituição
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
para retirar este avanço? Por um lado, a proibição do retrocesso
notadamente porque estão previstos em normas programáticas
merece ser tomada em conceito amplo, abrangendo inclusive
e porque a implementação deles gera um ônus para o Estado.
decisões judiciais; por outro lado, a decisão judicial não tem por
Diferentemente dos direitos individuais, que dependem de uma
fulcro alterar a norma, o que somente é feito pelo legislador, e
postura de abstenção estatal, os direitos sociais precisam que o
ele teria o direito de prever que aquela decisão judicial não está
Estado assuma um papel ativo em prol da efetivação destes.
incorporada na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado de não há entendimento dominante.
palavras promovido pelo constituinte, pode levar à negativa,
paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequência de uma 1.4) Direito individual do trabalho
Carta Magna cujas finalidades não condigam com seus próprios O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais
prescritos, fato que deslegitima o Poder Público como determinador dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais
de que particulares respeitem os direitos fundamentais, já que tipicamente trabalhistas, mas que não excluem os demais direitos
sequer eles próprios, os administradores, conseguem cumprir o fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de trabalho, sob
que consta de seu Estatuto Máximo . pena de se incidir em prática de assédio moral).
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a cláusula
da reserva do possível como argumento para a não implementação Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra
de determinado direito social – seja pela absoluta ausência de despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
recursos (reserva do possível fática), seja pela ausência de previsão complementar, que preverá indenização compensatória, dentre
orçamentária nos termos do artigo 167, CF (reserva do possível outros direitos.
jurídica).
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que os Significa que a demissão, se não for motivada por justa causa,
direitos sociais “não pode converter-se em promessa constitucional assegura ao trabalhador direitos como indenização compensatória,
inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas entre outros, a serem arcados pelo empregador.
expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de
maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desemprego
por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que involuntário.
determina a própria Lei Fundamental do Estado” .
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do possível, Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
embora viável, não pode servir de muleta para que o Estado não do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente
arque com obrigações básicas. Neste viés, geralmente, quando desempregado – entendendo-se por desemprego involuntário
invocada a cláusula é afastada, entendendo o Poder Judiciário que o que tenha origem num acordo de cessação do contrato de
não cabe ao Estado se eximir de garantir direitos sociais com o trabalho – tem direito ao seguro-desemprego, a ser arcado pela
simples argumento de que não há orçamento específico para isso previdência social, que tem o caráter de assistência financeira
– ele deveria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para temporária.
atender esta demanda.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço. Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na
remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger
o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído Também conhecido como gratificação natalina, foi
de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, instituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que
quando o empregador efetua o primeiro depósito. O saldo o trabalhador receba o correspondente a 1/12 (um doze
da conta vinculada é formado pelos depósitos mensais avos) da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste
efetivados pelo empregador, equivalentes a 8,0% do salário no pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao
pago ao empregado, acrescido de atualização monetária e aposentado no final de cada ano.
juros. Com o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de
formar um patrimônio, que pode ser sacado em momentos Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
especiais, como o da aquisição da casa própria ou da superior à do diurno.
aposentadoria e em situações de dificuldades, que podem
ocorrer com a demissão sem justa causa ou em caso de O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
algumas doenças graves. durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a
redução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo
Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se noturno,
nacionalmente unificado, capaz de atender a suas nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre as 22:00
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas atividades
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, rurais, é considerado noturno o trabalho executado na lavoura
transporte e previdência social, com reajustes periódicos entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; e na
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 horas do dia seguinte.
vinculação para qualquer fim.
Trata-se de uma visível norma programática da Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
Constituição que tem por pretensão um salário mínimo que constituindo crime sua retenção dolosa.
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
no Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
de retenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF
do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
dizer que é crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo
em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas
é norma de eficácia limitada, pois depende de lei ordinária,
e da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, ainda mais porque qualquer norma penal incriminadora é
07, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos regida pela legalidade estrita (artigo 5º, XXXIX, CF).
Socioeconômicos (Dieese)” .
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados,
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
complexidade do trabalho. participação na gestão da empresa, conforme definido em lei.
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego, A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é
seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, conhecida também por Programa de Participação nos
construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chamado Resultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do
de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento dentro de Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro
seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é estabelecido de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo
em conformidade com a data base da categoria, por isso ele empregador e negociado com uma comissão de trabalhadores
é definido em conformidade com um acordo, ou ainda com da empresa. A CLT não obriga o empregador a fornecer o
um entendimento entre patrão e trabalhador. benefício, mas propõe que ele seja utilizado.

Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
disposto em convenção ou acordo coletivo. dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.

O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão Salário-família é o benefício pago na proporção do
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer
demissão em massa durante uma crise, situações que condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qualquer
devem ser negociadas em convenção ou acordo coletivo. idade, independente de carência e desde que o salário-de-
contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo permitido.
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao De acordo com a Portaria Interministerial MPS/MF nº 19, de
mínimo, para os que percebem remuneração variável. 10/01/2014, valor do salário-família será de R$ 35,00, por filho
de até 14 anos incompletos ou inválido, para quem ganhar até
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, R$ 682,50. Já para o trabalhador que receber de R$ 682,51 até
mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: R$ 1.025,81, o valor do salário-família por filho de até 14 anos
baseada em comissões por venda e metas); de idade ou inválido de qualquer idade será de R$ 24,66.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não superior Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do
a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias.
compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho. O salário da trabalhadora em licença é chamado
de salário-maternidade, é pago pelo empregador e por
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordinário ele descontado dos recolhimentos habituais devidos à
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal. Previdência Social. A trabalhadora pode sair de licença a
partir do último mês de gestação, sendo que o período
A legislação trabalhista vigente estabelece que a duração de licença é de 120 dias. A Constituição também garante
normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 (oito) horas que, do momento em que se confirma a gravidez até cinco
diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, no máximo. Todavia, meses após o parto, a mulher não pode ser demitida.
poderá a jornada diária de trabalho dos empregados maiores ser
acrescida de horas suplementares, em número não excedentes a Artigo 7º, XIX, CF. Licença paternidade, nos termos
duas, no máximo, para efeito de serviço extraordinário, mediante fixados em lei.
acordo individual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade imperiosa, O homem tem direito a 5 dias de licença paternidade
poderá ser prorrogada além do limite legalmente permitido. A para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
remuneração do serviço extraordinário, desde a promulgação mãe nos processos pós-operatórios.
da Constituição Federal, deverá constar, obrigatoriamente, do
acordo, convenção ou sentença normativa, e será, no mínimo, Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.

Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho Embora as mulheres sejam maioria na população de
realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo 10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população
negociação coletiva. ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados.
Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 horas população não economicamente ativa. Além disso, ainda há
para os turnos ininterruptos de revezamento, expressamente relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sendo
ressalvando a hipótese de negociação coletiva, objetivou que os homens recebem mais porque os empregadores
prestigiar a atuação da entidade sindical. Entretanto, a entendem que eles necessitam de um salário maior para
jurisprudência evoluiu para uma interpretação restritiva de seu manter a família. Tais disparidades colocam em evidência
teor, tendo como parâmetro o fato de que o trabalho em turnos que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido
ininterruptos é por demais desgastante, penoso, além de trazer de forma especial.
malefícios de ordem fisiológica para o trabalhador, inclusive
distúrbios no âmbito psicossocial já que dificulta o convívio em Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo
sociedade e com a própria família. de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da
lei.
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado,
preferencialmente aos domingos. Nas relações de emprego, quando uma das partes
deseja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e quatro) prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar
horas consecutivas, devendo ser concedido preferencialmente à outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem
aos domingos, sendo garantido a todo trabalhador urbano, rural por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de
ou doméstico. Havendo necessidade de trabalho aos domingos, trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento
desde que previamente autorizados pelo Ministério do Trabalho, do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no
aos trabalhadores é assegurado pelo menos um dia de repouso mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
semanal remunerado coincidente com um domingo a cada trabalhado ou indenizado.
período, dependendo da atividade (artigo 67, CLT).
Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas com, trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
O salário das férias deve ser superior em pelo menos um do trabalho salubre. Fiorillo destaca que o equilíbrio do meio
terço ao valor da remuneração normal, com todos os adicionais ambiente do trabalho está sedimentado na salubridade
e benefícios aos quais o trabalhador tem direito. A cada doze e na ausência de agentes que possam comprometer a
meses de trabalho – denominado período aquisitivo – o incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
empregado terá direito a trinta dias corridos de férias, se não
tiver faltado injustificadamente mais de cinco vezes ao serviço Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as
(caso isso ocorra, os dias das férias serão diminuídos de acordo atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
com o número de faltas).

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
molesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que acordos coletivos de trabalho.
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho,
específica previsão sobre o adicional de penosidade. que encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º
São consideradas atividades ou operações insalubres as a 11 da Constituição. Pelas convenções e acordos coletivos,
que se desenvolvem excesso de limites de tolerância para: entidades representativas da categoria dos trabalhadores
ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, exposição entram em negociação com as empresas na defesa dos
ao calor e ao frio, radiações, certos agentes químicos e interesses da classe, assegurando o respeito aos direitos
biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de trabalho sociais;
em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a
percepção de adicional, incidente sobre o salário base do Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação,
empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais benéfica na forma da lei.
em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente a 40%
(quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo; Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio; 10% homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
(dez por cento), para insalubridade de grau mínimo. profissional para exercer trabalhos que não possam ser
O adicional de periculosidade é um valor devido ao desempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma
empregado exposto a atividades perigosas. São consideradas máquina que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado
atividades ou operações perigosas, aquelas que, por sua para que possa operá-la).
natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado
em virtude de exposição permanente do trabalhador a Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de
inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a roubos ou trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
outras espécies de violência física nas atividades profissionais a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
de segurança pessoal ou patrimonial. O valor do adicional
de periculosidade será o salário do empregado acrescido de
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por
30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios
tratar do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta
ou participações nos lucros da empresa.
a definição de doenças e acidentes do trabalho. Não se
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem
trata de legislação específica sobre o tema, mas sim de
entendimento unânime sobre a possibilidade de cumulação
uma norma que dispõe sobre as modalidades de benefícios
destes adicionais.
da previdência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. preceitua que acidente do trabalho é o que ocorre pelo
exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício
A aposentadoria é um benefício garantido a todo do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação
trabalhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade Social permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
(INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previdência Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribuição
Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. Aliás, o com natureza de tributo que as empresas pagam para
direito à previdência social é considerado um direito social no custear benefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho
próprio artigo 6º, CF. ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria especial.
A alíquota normal é de um, dois ou três por cento sobre a
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e remuneração do empregado, mas as empresas que expõem
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade os trabalhadores a agentes nocivos químicos, físicos e
em creches e pré-escolas. biológicos precisam pagar adicionais diferenciados. Assim,
quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas atualmente o
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com Ministério da Previdência Social pode alterar a alíquota se a
mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físico empresa investir na segurança do trabalho.
para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquanto Neste sentido, nada impede que a empresa seja
elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço aos bebês, a responsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mulher para que ela o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibilidade
pague uma creche para o bebê de até 6 meses. O valor desse de cumulação do benefício previdenciário, assim
auxílio será determinado conforme negociação coletiva na compreendido como prestação garantida pelo Estado
empresa (acordo da categoria ou convenção). A empresa que ao trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva)
tiver menos de 30 funcionárias registradas não tem obrigação com a indenização devida pelo empregador em caso de
de conceder o benefício. É facultativo (ela pode oferecer ou culpa (responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando
não). Existe a possibilidade de o benefício ser estendido até amplamente difundida na jurisprudência do Tribunal
os 6 anos de idade e incluir o trabalhador homem. A duração Superior do Trabalho;
do auxílio-creche e o valor envolvido variarão conforme
negociação coletiva na empresa.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultantes A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de do artigo 7º:
dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos
jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim, há previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
um período de tempo que o empregado tem para requerer XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as
seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição trabalhista condições estabelecidas em lei e observada a simplificação
é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do contrato do cumprimento das obrigações tributárias, principais
de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5 (cinco) e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a vigência do peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV
contrato de trabalho. e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.

Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de 1.5) Direito coletivo do trabalho
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
sexo, idade, cor ou estado civil. dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores,
coletivamente ou no interesse de uma coletividade, quais
Há uma tendência de se remunerar melhor homens sejam: associação profissional ou sindical, greve, substituição
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente processual, participação e representação classista .
a diferença remuneratória para com pessoas de diferente A liberdade de associação profissional ou sindical tem
etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta contra o escopo no artigo 8º, CF:
princípio da igualdade e não é aceita pelo constituinte, sendo
possível inclusive invocar a equiparação salarial judicialmente. Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical,
observado o seguinte:
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
portador de deficiência.
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical;
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas
II - é vedada a criação de mais de uma organização
limitações, possui condições de ingressar no mercado de
trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
sua deficiência. profissional ou econômica, na mesma base territorial,
que será definida pelos trabalhadores ou empregadores
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho interessados, não podendo ser inferior à área de um
manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais Município;
respectivos. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são judiciais ou administrativas;
igualmente relevantes e contribuem todos para a sociedade, IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por se se tratando de categoria profissional, será descontada
enquadrar numa ou outra categoria. em folha, para custeio do sistema confederativo da
representação sindical respectiva, independentemente da
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, contribuição prevista em lei;
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de filiado a sindicato;
aprendiz, a partir de quatorze anos. VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas de trabalho;
Trata-se de norma protetiva do adolescente, VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser
estabelecendo-se uma idade mínima para trabalho e votado nas organizações sindicais;
proibindo-se o trabalho em condições desfavoráveis. VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado
a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até
trabalhador com vínculo empregatício permanente e o um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
trabalhador avulso. grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias se à organização de sindicatos rurais e de colônias de
empresas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um
trabalhador com vínculo empregatício permanente.

36
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo 9º, CF: Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu
artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. II)
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade,
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e nem do direito de mudar de nacionalidade”.
sobre os interesses que devam por meio dele defender. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e aprofunda-se em meios para garantir que toda pessoa tenha
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar o
da comunidade. critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa terá
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às a nacionalidade do território onde nasceu, quando não tiver
penas da lei. direito a outra nacionalidade por previsões legais diversas.
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um
exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um governo,
regula o atendimento das necessidades inadiáveis da de um governante, de um poder despótico, de decisões
comunidade, e dá outras providências. Enquanto não for unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o contraditório,
disciplinado o direito de greve dos servidores públicos, esta a defesa, que são princípios fundamentais de todo sistema
é a legislação que se aplica, segundo o STF. jurídico que se pretenda democrático. A questão não pode
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: ser tratada com relativismos, uma vez que é muito séria” .
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos internacional a previsão do direito de asilo, consistente no
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do
órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal
previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. perseguição não pode ter motivos legítimos, como a prática
de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios das
Por fim, aborda-se o direito de representação classista
Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade desta
no artigo 11, CF:
proteção. Em suma, o que se pretende com o direito de asilo é
evitar a consolidação de ameaças a direitos humanos de uma
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos
pessoa por parte daqueles que deveriam protegê-los – isto
empregados, é assegurada a eleição de um representante
é, os governantes e os entes sociais como um todo –, e não
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o
proteger pessoas que justamente cometeram tais violações.
entendimento direto com os empregadores.

2) Nacionalidade 2.2) Naturalidade e naturalização


O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias:
um nacional pode adquirir direitos políticos. natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local de
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o Estado.
a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira
direitos e obrigações. tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo não voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se
é a mesma coisa que população. População é o conjunto de percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num conceito
pessoas residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é nacional
residentes no país e os apátridas. brasileiro.

2.1) Nacionalidade como direito humano fundamental a) Brasileiros natos


Os direitos humanos internacionais são completamente Art. 12, CF. São brasileiros:
contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o I - natos:
indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
pessoa humana, o qual não pode ser privado de forma serviço de seu país;
arbitrária. Não há privação arbitrária quando respeitados b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
os critérios legais previstos no texto constitucional no que brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
tange à perda da nacionalidade. Em outras palavras, o República Federativa do Brasil;
constituinte brasileiro não admite a figura do apátrida. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
Contudo, é exatamente por ser um direito que a mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
nacionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se brasileira competente ou venham a residir na República
à pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de
passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por um atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
processo conhecido como naturalização.

37
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para Destaque vai para o requisito da residência contínua.
a atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –, Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido em contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
território do país independentemente da nacionalidade dos entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depende do o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
local de nascimento mas sim da descendência de um nacional o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
do país (critério comum em países que tiveram êxodo de se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
imigrantes). ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordinária
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce no no artigo 12, II, “a”.
território brasileiro – critério do ius soli, ainda que filho de pais Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária
estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros que estejam se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segundo
a serviço de seu país ou de organismo internacional (o que o qual “a satisfação das condições previstas nesta Lei não
geraria um conflito de normas). Contudo, também é possível assegura ao estrangeiro direito à naturalização”. Logo,
ser brasileiro nato ainda que não se tenha nascido no território na naturalização ordinária não há direito subjetivo à
brasileiro. naturalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça.
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais O mesmo não vale para a naturalização extraordinária,
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, mesmo quando há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do
que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não estiverem a Poder Judiciário para fazê-lo valer .
serviço do Brasil e a pessoa nascer no exterior é exigido que o
nascido do exterior venha ao território brasileiro e aqui resida c) Tratamento diferenciado
ou que tenha sido registrado em repartição competente, caso A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou
em que poderá, aos 18 anos, manifestar-se sobre desejar naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste
permanecer com a nacionalidade brasileira ou não. sentido, o artigo 12, § 2º, CF:
b) Brasileiros naturalizados
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distinção
entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
previstos nesta Constituição.
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
Percebe-se que a Constituição simultaneamente
brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e estabelece a não distinção e se reserva ao direito de
idoneidade moral; estabelecer as hipóteses de distinção.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos enumeradas no parágrafo seguinte.
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira. Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os
cargos:
A naturalização deve ser voluntária e expressa. I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no III - de Presidente do Senado Federal;
artigo 112: IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a concessão VI - de oficial das Forças Armadas;
da naturalização: VII - de Ministro de Estado da Defesa.
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ser registrado como permanente no Brasil; A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no
III - residência contínua no território nacional, pelo prazo exercício da presidência da República ou de cargo que possa
mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do
de naturalização; país (ausente o Presidente da República, seu vice-presidente
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as desempenha o cargo; ausente este assume o Presidente da
condições do naturalizando; Câmara; também este ausente, em seguida, exerce o cargo o
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente do Supremo
manutenção própria e da família; pode assumir a presidência na ausência dos anteriores – e
VI - bom procedimento; como o Presidente do Supremo é escolhido num critério de
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação revezamento nenhum membro pode ser naturalizado); ou a
no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada de que o cargo ocupado possui forte impacto em termos de
pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior representação do país ou de segurança nacional.
a 1 (um) ano; e
VIII - boa saúde.

38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Outras exceções são: não aceitação, em regra, de 2.5) Deportação, expulsão e entrega
brasileiro naturalizado como membro do Conselho da A deportação representa a devolução compulsória
República (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser de um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma
proprietário de empresa jornalística, de radiodifusão sonora irregular no território nacional, estando prevista na Lei nº
e imagens, salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, 6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não houve
CF); possibilidade de extradição do brasileiro naturalizado prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois,
que tenha praticado crime comum antes da naturalização mera irregularidade de visto.
ou, depois dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF). A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro
de um estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no
2.3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980:
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra
permanente no País, se houver reciprocidade em favor a segurança nacional, a ordem política ou social, a
de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular,
brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos
interesses nacionais.
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado estrangeiro que:
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou
Federativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em permanência no Brasil;
22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001). b) havendo entrado no território nacional com infração
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado
civis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
direitos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando- c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
se o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
direitos políticos nestes moldes, os direitos desta natureza para estrangeiro.
ficam suspensos no outro país, ou seja, não exerce
simultaneamente direitos políticos nos dois países. A entrega (ou surrender) consiste na submissão de
um nacional a um tribunal internacional do qual o próprio
2.4) Perda da nacionalidade país faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da entregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal
nacionalidade do brasileiro que: Penal Internacional (competência reconhecida na própria
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença Constituição no artigo 5º, §4º).
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 2.6) Extradição
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e
lei estrangeira; da entrega. Extradição é um ato de cooperação internacional
b) de imposição de naturalização, pela norma que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou
estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama.
como condição para permanência em seu território ou para O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos
o exercício de direitos civis. mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham
praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da
de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda naturalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito
e a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF).
políticos. No processo deve ser respeitado o contraditório Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
e a iniciativa de propositura é do Procurador da República. a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime
percebe-se a aceitação da figura do poli pátrida. Na objeto do pedido de extradição. O importante é que o
alínea “a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade extraditado só seja submetido às penas relativas aos crimes
brasileira e outra se ao seu nascimento tiver adquirido que foram objeto do pedido de extradição.
simultaneamente a nacionalidade do Brasil e outro país; na b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado
alínea “b” é reconhecida a mesma situação se a aquisição deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo,
da nacionalidade do outro país for uma exigência para além do fato ser típico em ambos os países, deve ser punível
continuar lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, em ambos (se houve prescrição em algum dos países, p. ex.,
pois se assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar não pode ocorrer a extradição).
por uma nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um
nacionalidade brasileira. tratado de extradição entre dois países ter sido celebrado
após a ocorrência do crime não impede a extradição.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega
Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas do extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e
pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autorizada, III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do
salvo se houver a comutação da pena, transformação para extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
uma pena aceita no Brasil. § 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência
Por ser tema incidente, vale observar a disciplina o Governo brasileiro.
da Lei nº 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu § 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos
procedimento: Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que
disserem respeito à preferência de que trata este artigo.
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o
governo requerente se fundamentar em tratado, ou quando Art. 80. A extradição será requerida por via diplomática
prometer ao Brasil a reciprocidade. ou, quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério
da Justiça, devendo o pedido ser instruído com a cópia
Art. 77. Não se concederá a extradição quando: autêntica ou a certidão da sentença condenatória ou
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa decisão penal proferida por juiz ou autoridade competente.
nacionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido; § 1o O pedido deverá ser instruído com indicações
II - o fato que motivar o pedido não for considerado precisas sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias
crime no Brasil ou no Estado requerente; do fato criminoso, a identidade do extraditando e, ainda,
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para cópia dos textos legais sobre o crime, a competência, a
julgar o crime imputado ao extraditando; pena e sua prescrição.
IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão § 2o O encaminhamento do pedido pelo Ministério da
igual ou inferior a 1 (um) ano; Justiça ou por via diplomática confere autenticidade aos
V - o extraditando estiver a responder a processo ou já documentos.
houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo § 3o Os documentos indicados neste artigo serão
fato em que se fundar o pedido; acompanhados de versão feita oficialmente para o idioma
VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição português.
segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente;
VII - o fato constituir crime político; e Art. 81. O pedido, após exame da presença dos
VIII - o extraditando houver de responder, no Estado pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei
requerente, perante Tribunal ou Juízo de exceção. ou em tratado, será encaminhado pelo Ministério da Justiça
§ 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição ao Supremo Tribunal Federal.
quando o fato constituir, principalmente, infração da lei Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos
penal comum, ou quando o crime comum, conexo ao delito de que trata o caput, o pedido será arquivado mediante
político, constituir o fato principal. decisão fundamentada do Ministro de Estado da Justiça,
§ 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal sem prejuízo de renovação do pedido, devidamente
Federal, a apreciação do caráter da infração. instruído, uma vez superado o óbice apontado.
§ 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de
considerar crimes políticos os atentados contra Chefes de
Estado ou quaisquer autoridades, bem assim os atos de Art. 82. O Estado interessado na extradição poderá,
anarquismo, terrorismo, sabotagem, sequestro de pessoa, em caso de urgência e antes da formalização do pedido
ou que importem propaganda de guerra ou de processos de extradição, ou conjuntamente com este, requerer a
violentos para subverter a ordem política ou social. prisão cautelar do extraditando por via diplomática ou,
quando previsto em tratado, ao Ministério da Justiça,
Art. 78. São condições para concessão da extradição: que, após exame da presença dos pressupostos formais
I - ter sido o crime cometido no território do Estado de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado,
requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis representará ao Supremo Tribunal Federal. (Redação dada
penais desse Estado; e pela Lei nº 12.878, de 2013)
II - existir sentença final de privação de liberdade, ou § 1o O pedido de prisão cautelar noticiará o crime
estar a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal cometido e deverá ser fundamentado, podendo ser
ou autoridade competente do Estado requerente, salvo o apresentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou
disposto no artigo 82. qualquer outro meio que assegure a comunicação por
escrito. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição § 2o O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado
da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o ao Ministério da Justiça por meio da Organização
pedido daquele em cujo território a infração foi cometida. Internacional de Polícia Criminal (Interpol), devidamente
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, instruído com a documentação comprobatória da existência
sucessivamente: de ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro.
I - o Estado requerente em cujo território haja sido (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
cometido o crime mais grave, segundo a lei brasileira;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 3o O Estado estrangeiro deverá, no prazo de Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará


90 (noventa) dias contado da data em que tiver sido igualmente adiada se a efetivação da medida puser em risco
cientificado da prisão do extraditando, formalizar o pedido a sua vida por causa de enfermidade grave comprovada por
de extradição. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) laudo médico oficial.
§ 4o Caso o pedido não seja formalizado no prazo
previsto no § 3o, o extraditando deverá ser posto em Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando
liberdade, não se admitindo novo pedido de prisão ainda que responda a processo ou esteja condenado por
cautelar pelo mesmo fato sem que a extradição haja sido contravenção.
devidamente requerida. (Redação dada pela Lei nº 12.878,
de 2013) Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado
requerente assuma o compromisso:
Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio I - de não ser o extraditando preso nem processado por
pronunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal fatos anteriores ao pedido;
sobre sua legalidade e procedência, não cabendo recurso II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi
da decisão. imposta por força da extradição;
III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena
Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos
o pedido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. em que a lei brasileira permitir a sua aplicação;
Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento IV - de não ser o extraditando entregue, sem
final do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a consentimento do Brasil, a outro Estado que o reclame; e
liberdade vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue. V - de não considerar qualquer motivo político, para
agravar a pena.
Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia
e hora para o interrogatório do extraditando e, conforme Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis
o caso, dar-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, brasileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os
correndo do interrogatório o prazo de dez dias para a objetos e instrumentos do crime encontrados em seu poder.
defesa. Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos
§ 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa neste artigo poderão ser entregues independentemente da
reclamada, defeito de forma dos documentos apresentados entrega do extraditando.
ou ilegalidade da extradição.
§ 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao
Tribunal, a requerimento do Procurador-Geral da República, Estado requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se
poderá converter o julgamento em diligência para suprir a no Brasil, ou por ele transitar, será detido mediante pedido
falta no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias, decorridos feito diretamente por via diplomática, e de novo entregue
os quais o pedido será julgado independentemente da sem outras formalidades.
diligência.
§ 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser
data da notificação que o Ministério das Relações Exteriores permitido, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território
fizer à Missão Diplomática do Estado requerente. nacional, de pessoas extraditadas por Estados estrangeiros,
bem assim o da respectiva guarda, mediante apresentação
Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado de documentos comprobatórios de concessão da medida.
através do Ministério das Relações Exteriores à Missão
Diplomática do Estado requerente que, no prazo de 2.7) Idioma e símbolos
sessenta dias da comunicação, deverá retirar o extraditando Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da
do território nacional. República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
do território nacional no prazo do artigo anterior, será ele § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
posto em liberdade, sem prejuízo de responder a processo poderão ter símbolos próprios.
de expulsão, se o motivo da extradição o recomendar.
Idioma é a língua falada pela população, que confere
Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo caráter diferenciado em relação à população do resto do
pedido baseado no mesmo fato. mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de uma
nação.
Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo Os símbolos, por sua vez, representam a imagem
processado, ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime da nação e permitem o seu reconhecimento nacional e
punível com pena privativa de liberdade, a extradição será internacionalmente.
executada somente depois da conclusão do processo ou do Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a
cumprimento da pena, ressalvado, entretanto, o disposto previsão é feito dentro do capítulo do texto constitucional
no artigo 67. que aborda o tema.

41
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

3) Direitos políticos Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de
direitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular de nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com
direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direitos não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada
políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar um deles.
que nem todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro,
mas somente aquele que for titular do direito de sufrágio 3.3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do voto
universal. O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de
dezoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade
3.1) Sufrágio universal para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a soberania de dezesseis e menores de dezoito anos.
popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
eleitorais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
direta – e a capacidade passiva – ser eleito como II - facultativos para:
representante no modelo da democracia indireta. Ou ainda, a) os analfabetos;
sufrágio universal é o direito de todos cidadãos de votar b) os maiores de setenta anos;
e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
sufrágio, deverá ser direto e secreto.
Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais
mas não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF:
nem toda pessoa que tem capacidade ativa tem também
capacidade passiva, embora toda pessoa que tenha Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores
capacidade passiva tenha necessariamente a ativa.
os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.
3.2) Democracia direta e indireta
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo
Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestando
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
disponíveis para os dias da eleição.
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular. 3.4) Elegibilidade
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições
A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, de elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser
porque possibilita a participação popular direta no poder preenchidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício
por intermédio de processos como o plebiscito, o referendo de sua capacidade passiva do sufrágio universal.
e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, pode-
se afirmar que a democracia indireta é predominantemente Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na
adotada no Brasil, por meio do sufrágio universal e do voto forma da lei:
direto e secreto com igual valor para todos. Quanto ao voto I - a nacionalidade brasileira;
direto e secreto, trata-se do instrumento para o exercício da II - o pleno exercício dos direitos políticos;
capacidade ativa do sufrágio universal. III - o alistamento eleitoral;
Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do referendo IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
é o momento da consulta à população: no plebiscito, V - a filiação partidária;
primeiro se consulta a população e depois se toma a VI - a idade mínima de:
decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
política e depois se consulta a população. Embora os dois da República e Senador;
partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado, b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), Estado e do Distrito Federal;
ambos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
é que os dois são “formas de consulta ao povo para que Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza d) dezoito anos para Vereador.
constitucional, legislativa ou administrativa” .
Na iniciativa popular confere-se à população o poder de Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, mediante analfabetos.
assinatura de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5
Estados no mínimo, com não menos de 0,3% dos eleitores Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à
de cada um deles. Em complemento, prevê o artigo 61, §2°, nacionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo,
CF: para ser eleito é preciso ser cidadão.

42
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, que
como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo do
pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre 2011 e
de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, concorrendo
Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim, por isso a uma vaga no Senado Federal.
para se candidatar a cargo no município, deve ter domicílio
eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado, deve Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos,
ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; para se o Presidente da República, os Governadores de Estado
candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos
em uma das unidades federadas do país. Aceita-se a respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
transferência do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes
das eleições. São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
A filiação partidária implica no lançamento da os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus
candidatura por um partido político, não se aceitando a mandatos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes
filiação avulsa. das eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014,
Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisito necessário que tivesse renunciado até 04/04/2014.
etário, com faixa etária mínima para o desempenho de cada
uma das funções, a qual deve ser auferida na data da posse. Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de
jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos
3.5) Inelegibilidade ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente
Atender às condições de elegibilidade é necessário para da República, de Governador de Estado ou Território, do
poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso não Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído
se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade. dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na de mandato eletivo e candidato à reeleição.
absoluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são
atingidos determinados cargos. São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os segundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou
analfabetos. de quem os tenha substituído ao final do mandato, a não
ser que seja já titular de mandato eletivo e candidato à
O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibilidade, reeleição.
que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser elegível
é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a faculdade Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, atendidas
de votar, mas não podem ser votados) e é preciso possuir as seguintes condições:
a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalistáveis são I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
aqueles que não podem tirar o título de eleitor, portanto, afastar-se da atividade;
não podem votar, notadamente: os estrangeiros e os II - se contar mais de dez anos de serviço, será
conscritos durante o serviço militar obrigatório). agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os
Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos os militares que não podem se alistar ou os que podem, mas
mandatos poderão ser reeleitos para um único período não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, ou
subsequente. seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há menos
de 10 anos, se não for agregado pela autoridade superior
Descreve-se no dispositivo uma hipótese de (suspenso do exercício das funções por sua autoridade sem
inelegibilidade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de 10 anos
qualquer das esferas for substituído por seu vice no curso (sendo que a eleição passa à condição de inativo).
do mandato, este vice somente poderá ser eleito para um
período subsequente. Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá
Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação,
último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e é a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
substituído pelo seu vice-governador. Se este se candidatar para exercício de mandato considerada vida pregressa do
e for eleito, não poderá ao final deste mandato se reeleger. candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições
Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início de 2010 contra a influência do poder econômico ou o abuso do
o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice em 2010, exercício de função, cargo ou emprego na administração
poderá este se candidatar para o mandato 2011-2014, mas direta ou indireta.
caso seja eleito não poderá se reeleger para o mandato
2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu com o

43
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação
estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolutas dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade
casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina insanável que configure ato doloso de improbidade
outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que ficou administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão
conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar nº competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada
135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu artigo pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem
1º, que segue. nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da
decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa,
I - para qualquer cargo: sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa
a) os inalistáveis e os analfabetos; condição; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias 2010)
Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, h) os detentores de cargo na administração pública
que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a
do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que
dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das forem condenados em decisão transitada em julgado ou
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual
Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para
período remanescente do mandato para o qual foram eleitos as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação
e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura; dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
d) os que tenham contra sua pessoa representação i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento
julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de
transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam
processo de apuração de abuso do poder econômico ou exercido, nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva
político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido decretação, cargo ou função de direção, administração
diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) ou representação, enquanto não forem exonerados de
anos seguintes; (Redação dada pela Lei Complementar nº qualquer responsabilidade;
135, de 2010) j) os que forem condenados, em decisão transitada
e) os que forem condenados, em decisão transitada em em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita
condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de
o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes
Lei Complementar nº 135, de 2010) públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação
1. contra a economia popular, a fé pública, a do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a
administração pública e o patrimônio público; (Incluído pela contar da eleição; (Incluído pela Lei Complementar nº 135,
Lei Complementar nº 135, de 2010) de 2010)
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o k) o Presidente da República, o Governador de Estado
mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara
3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) seus mandatos desde o oferecimento de representação
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de ou petição capaz de autorizar a abertura de processo
liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal
condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se
exercício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar realizarem durante o período remanescente do mandato
nº 135, de 2010) para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; ao término da legislatura; (Incluído pela Lei Complementar
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) nº 135, de 2010)
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, l) os que forem condenados à suspensão dos direitos
tortura, terrorismo e hediondos; políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) administrativa que importe lesão ao patrimônio público e
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito
Complementar nº 135, de 2010) em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou o cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar
bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) nº 135, de 2010)

44
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores
decisão sancionatória do órgão profissional competente, em à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 em qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de
(oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso nomeação pelo Presidente da República, sujeito à aprovação
pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº prévia do Senado Federal;
135, de 2010) c) (Vetado);
n) os que forem condenados, em decisão transitada em d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no
de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas
de união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, e contribuições de caráter obrigatório, inclusive para fiscais,
pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades;
a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham
o) os que forem demitidos do serviço público em exercido cargo ou função de direção, administração ou
decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo representação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5°
prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato da Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo
houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; âmbito e natureza de suas atividades, possam tais empresas
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) influir na economia nacional;
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de
responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísticas
decisão transitada em julgado ou proferida por órgão previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na alínea
colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis)
após a decisão, observando-se o procedimento previsto no meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o abuso
art. 22; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) apurado, do poder econômico, ou de que transferiram, por
q) os magistrados e os membros do Ministério Público força regular, o controle de referidas empresas ou grupo de
que forem aposentados compulsoriamente por decisão empresas;
sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses
que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária anteriores ao pleito, ocupado cargo ou função de
na pendência de processo administrativo disciplinar, pelo direção, administração ou representação em entidades
prazo de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº representativas de classe, mantidas, total ou parcialmente,
135, de 2010) por contribuições impostas pelo poder Público ou com
II - para Presidente e Vice-Presidente da República: recursos arrecadados e repassados pela Previdência Social;
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das
de seus cargos e funções: funções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou
1. os Ministros de Estado: Superintendente de sociedades com objetivos exclusivos
2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e de operações financeiras e façam publicamente apelo à
militar, da Presidência da República; poupança e ao crédito, inclusive através de cooperativas e
3. o chefe do órgão de assessoramento de informações da empresa ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer
da Presidência da República; forma, de vantagens asseguradas pelo poder público, salvo
4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas; se decorrentes de contratos que obedeçam a cláusulas
5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da uniformes;
República; i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e hajam exercido cargo ou função de direção, administração
da Aeronáutica; ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que
7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica; mantenha contrato de execução de obras, de prestação de
8. os Magistrados; serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder
9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que
autarquias, empresas públicas, sociedades de economia obedeça a cláusulas uniformes;
mista e fundações públicas e as mantidas pelo poder público; j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham
10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao
Territórios; pleito;
11. os Interventores Federais; I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos
12. os Secretários de Estado; órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta da
13. os Prefeitos Municipais; União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder
Estados e do Distrito Federal; Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal; pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os integrais;
Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios
e as pessoas que ocupem cargos equivalentes;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito


Distrito Federal; poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice- mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses
Presidente da República especificados na alínea a do inciso anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o
II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se titular.
tratar de repartição pública, associação ou empresas que § 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
operem no território do Estado ou do Distrito Federal, cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo
observados os mesmos prazos; grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
de seus cargos ou funções: quem os haja substituído dentro dos 6 (seis) meses anteriores
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
do Estado ou do Distrito Federal; reeleição.
2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e § 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste
Zona Aérea; artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos
3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de em lei como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de
assistência aos Municípios; ação penal privada. (Incluído pela Lei Complementar nº 135,
4. os secretários da administração municipal ou de 2010)
membros de órgãos congêneres; § 5º A renúncia para atender à desincompatibilização
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito: com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na alínea k,
os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao disposto
da República, Governador e Vice-Governador de Estado e nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº
do Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses 135, de 2010).
para a desincompatibilização;
b) os membros do Ministério Público e Defensoria 3.6) Impugnação de mandato
Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a
Pública em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses
impugnação de mandato.
anteriores ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
c) as autoridades policiais, civis ou militares, com
Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser
exercício no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao
impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
pleito;
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso
V - para o Senado Federal:
do poder econômico, corrupção ou fraude.
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-
Presidente da República especificados na alínea a do inciso Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato
II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na
tratar de repartição pública, associação ou empresa que forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
opere no território do Estado, observados os mesmos
prazos; 3.7) Perda e suspensão de direitos políticos
b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas perda ou suspensão só se dará nos casos de:
mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos I - cancelamento da naturalização por sentença transitada
prazos; em julgado;
VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia II - incapacidade civil absoluta;
Legislativa e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto
por identidade de situações, os inelegíveis para o Senado durarem seus efeitos;
Federal, nas mesmas condições estabelecidas, observados IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
os mesmos prazos; prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
VII - para a Câmara Municipal: V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, o
Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, portanto,
desincompatibilização; deixe de ser titular de direitos políticos.
b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, da
de Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, entre os
meses para a desincompatibilização . quais obviamente se enquadra o sufrágio universal.
§ 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal condenação criminal, que é a suspensão de direitos políticos.
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação militar
até 6 (seis) meses antes do pleito. ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa moral
ou religiosa.

46
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O inciso V se refere à ação de improbidade administrativa, O respeito a estes ditames permite o exercício do partidarismo
que tramita para apurar a prática dos atos de improbidade de forma autônoma em termos estruturais e organizacionais,
administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a conforme o §1º do artigo 17, CF:
suspensão dos direitos políticos.
Os direitos políticos somente são perdidos em dois Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos autonomia
casos, quais sejam cancelamento de naturalização por para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e
sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações
volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas
brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
naturaliza em outro país e assim deixa de ser considerado estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.
um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos
demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de Os estatutos que tecem esta regulamentação devem ser
direitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, CF).
Administração Pública por parte do servidor, mas apenas Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à mídia,
suspensão. prevê o §3º do artigo 17 da CF:
A cassação de direitos políticos, consistente na retirada
dos direitos políticos por ato unilateral do poder público, Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a recursos do
sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV, fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma
CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que da lei.
só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente
vedado pelo texto constitucional.

3.8) Anterioridade anual da lei eleitoral 3) PODER EXECUTIVO: FORMA E SISTEMA DE


Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará GOVERNO, CHEFIA DE ESTADO E CHEFIA DE
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à GOVERNO.
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo


O regime político envolve o modo como se institui e é
menos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se
exercido o poder no Estado de Direito, podendo ser autoritário
aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito.
ou democrático.
Nos regimes autoritários ou não democráticos, as decisões
4) Partidos políticos
políticas não contam com qualquer tipo de manifestação da
O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo vontade do povo.
político e encontra respaldo enquanto direito fundamental, Nos regimes democráticos o povo participa na tomada das
já que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias decisões políticas, diretamente (democracia direta), por meio
Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”. de representantes (democracia indireta) e de ambas formas
O caput do artigo 17 da Constituição prevê: (democracia semidireta).
Já a forma de governo envolve a concentração de parcela
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção considerável do poder num dos atores envolvidos no processo
de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, político. Se o poder é reservado por direito a uma categoria de
o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos pessoas, os nobres, tem-se monarquia; se o poder não é reservado
fundamentais da pessoa humana [...]. a nenhuma pessoa específica tem-se República.
Na monarquia, o Estado se classifica pelo trinômio vitaliciedade,
Consolida-se, assim a liberdade partidária, não hereditariedade e irresponsabilidade. O poder pertence a uma
estabelecendo a Constituição um limite de números de pessoa entre os nobres que o recebe de seu ancestral que ocupava
partidos políticos que possam ser constituídos, permitindo a mesma posição, geralmente um ascendente direto (ex.: pai é o
também que sejam extintos, fundidos e incorporados. rei e ao falecer o trono passa para seu primogênito). Hoje existem
Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os as chamadas monarquias constitucionais, nas quais o poder
preceitos a serem observados na liberdade partidária: monárquico que não é absoluto, havendo formas de limitação
caráter nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho e de atuação do povo no processo decisório. O mais comum
de atividade política no âmbito interno do país; proibição é concentrar o exercício das funções de chefia de Estado na
de recebimento de recursos financeiros de entidade ou monarquia e das funções de chefia de governo ao representante
governo estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, do parlamento (Primeiro Ministro).
o Poder Público não pode financiar campanhas eleitorais; Na república, forma adotada no Brasil, o Estado não
prestação de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para pertence a nenhum rei ou imperador, mas sim ao povo. O Estado
resguardar a mencionada vedação; e funcionamento pertence a todos, caracterizando-se pelo trinômio eletividade,
parlamentar de acordo com a lei. Ainda, a lei veda a temporariedade e responsabilidade. O representante será eleito
utilização de organização paramilitar por parte dos partidos por um prazo determinado e têm seus poderes limitados, sendo
políticos (artigo 17, §4º, CF). responsabilizados em caso de má governança.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Importante, ainda, a noção de sistema de Governo. Artigo 78, CF. O Presidente e o Vice-Presidente
Podem ser adotados o presidencialismo, quando há um da República tomarão posse em sessão do Congresso
governante – o Presidente da República, chefe do Executivo Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e
– que acumula as funções de chefe de governo (chefia cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem
do poder executivo) e de chefe de Estado (representante geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a
diplomático); ou parlamentarismo, sistema que separa as independência do Brasil.
funções de chefe de governo e de chefe de Estado em duas Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada
autoridades diferentes. para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo
Com efeito, tem-se que no Parlamentarismo as funções motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será
de chefe de Estado e chefe de governo se bifurcam em declarado vago.
duas pessoas – o líder do parlamento é o chefe de governo
e o monarca ou presidente é o chefe de Estado. No O Vice-Presidente tem a função de auxiliar o Presidente
Presidencialismo ambas as funções são desempenhadas da República e poderá substituí-lo temporariamente, quando
pelo Presidente. o Presidente estiver ausente do país, ou definitivamente, no
caso de vacância do cargo.
1) Presidente e Vice-Presidente da República
O Poder Executivo tem por função principal a de Artigo 79, CF. Substituirá o Presidente, no caso
administrar a coisa pública, gerindo o patrimônio estatal em de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-
prol do interesse comum da população. Na esfera federal, Presidente.
este papel é desempenhado pelo Presidente da República Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além
e por seu Vice-Presidente, com auxílio dos Ministros de de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei
Estado. A propósito, disciplina o artigo 76 da Constituição: complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele
convocado para missões especiais.
Artigo 76, CF. O Poder Executivo é exercido pelo
Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de
É possível que tanto o Presidente quanto o Vice-
Estado.
Presidente fiquem impedidos ou deixem seus cargos vagos,
questão regulada pelo artigo 80 da Constituição:
Tendo em vista a adoção do sistema presidencialista de
governo, o Presidente será eleito juntamente com seu Vice-
Artigo 80, CF. Em caso de impedimento do Presidente
Presidente após processo eleitoral com regras mínimas
e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos,
descritas no artigo 77 da Constituição:
serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência
Artigo 77, CF. A eleição do Presidente e do Vice- o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado
Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no
último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, Neste caso de vacância dupla, no entanto, a Presidência
do ano anterior ao do término do mandato presidencial da República não será assumida em definitivo – caberá a
vigente. realização de novas eleições para que se complete o período
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do mandato, indiretas se a vacância se der nos últimos dois
do Vice-Presidente com ele registrado. anos de mandato, diretas se ocorrer nos dois primeiros anos
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, de mandato, conforme artigo 81 da Constituição:
registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta
de votos, não computados os em branco e os nulos. Artigo 81, CF. Vagando os cargos de Presidente e Vice-
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias
na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias depois de aberta a última vaga.
após a proclamação do resultado, concorrendo os dois § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do
candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele período presidencial, a eleição para ambos os cargos será
que obtiver a maioria dos votos válidos. feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer Nacional, na forma da lei.
morte, desistência ou impedimento legal de candidato, § 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão
convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior completar o período de seus antecessores.
votação.
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, O mandato do Presidente da República tem a duração
remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com de quatro anos e sempre começa em 1º de janeiro do ano
a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. seguinte à eleição.

Eleitos, o Presidente e o Vice-Presidente da República Artigo 82, CF. O mandato do Presidente da República é
tomarão posse e prestarão compromisso perante o de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano
Congresso Nacional: seguinte ao da sua eleição.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Por fim, o artigo 83 da Constituição regulamenta a XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
ausência do país por parte do Presidente e do Vice-Presidente. Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
Artigo 83, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por
República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas,
ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a
pena de perda do cargo. mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
2) Atribuições e Responsabilidade do Presidente da Congresso Nacional;
República XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
As atribuições do Presidente da República, XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
substitutivamente exercíveis pelo Vice-Presidente da que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou
República e, em alguns casos, delegáveis aos Ministros de nele permaneçam temporariamente;
Estado e outras autoridades, estão descritas no artigo 84 da XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual,
Constituição. o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas
de orçamento previstos nesta Constituição;
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente da XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
República: dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa,
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; as contas referentes ao exercício anterior;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na
direção superior da administração federal; forma da lei;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
previstos nesta Constituição; termos do art. 62;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-
a) organização e funcionamento da administração
Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que
federal, quando não implicar aumento de despesa nem
observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
O Presidente da República pode cometer atos ilícitos
vagos; considerados crimes de responsabilidade, conforme
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar regulado pelo artigo 85 da Constituição.
seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, Artigo 85, CF. São crimes de responsabilidade os atos do
sujeitos a referendo do Congresso Nacional; Presidente da República que atentem contra a Constituição
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; Federal e, especialmente, contra:
X - decretar e executar a intervenção federal; I - a existência da União;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso II - o livre exercício do Poder Legislativo, do
Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
expondo a situação do País e solicitando as providências que constitucionais das unidades da Federação;
julgar necessárias; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, sociais;
se necessário, dos órgãos instituídos em lei; IV - a segurança interna do País;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, V - a probidade na administração;
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da VI - a lei orçamentária;
Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
para os cargos que lhes são privativos; Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, lei especial, que estabelecerá as normas de processo e
os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais julgamento.
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-
Geral da República, o presidente e os diretores do banco A propósito, a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950,
central e outros servidores, quando determinado em lei; define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os processo de julgamento. Ainda assim, o artigo 86 da
Ministros do Tribunal de Contas da União; Constituição traz regras mínimas sobre tal processo e
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta julgamento. Neste sentido, o Senado Federal presidido pelo
Constituição, e o Advogado-Geral da União; Presidente do Supremo tribunal Federal julgará os crimes
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos de responsabilidade, ao passo que o Supremo Tribunal
termos do art. 89, VII; Federal julgará as infrações comuns.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 86, CF. Admitida a acusação contra o Presidente Artigo 89, CF. O Conselho da República é órgão superior
da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, de consulta do Presidente da República, e dele participam:
será ele submetido a julgamento perante o Supremo I - o Vice-Presidente da República;
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. III - o Presidente do Senado Federal;
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia Deputados;
ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração VI - o Ministro da Justiça;
do processo pelo Senado Federal. VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente
julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três
anos, vedada a recondução.
processo.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória,
Artigo 90, CF. Compete ao Conselho da República
nas infrações comuns, o Presidente da República não estará pronunciar-se sobre:
sujeito a prisão. I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu II - as questões relevantes para a estabilidade das
mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos instituições democráticas.
ao exercício de suas funções. § 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro
de Estado para participar da reunião do Conselho, quando
3) Ministros de Estado constar da pauta questão relacionada com o respectivo
O artigo 87 da Constituição Federal sintetiza as Ministério.
obrigações dos Ministros de Estado, bem como os requisitos § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do
para ocupação do cargo. Conselho da República.

Artigo 87, CF. Os Ministros de Estado serão escolhidos 5) Conselho de Defesa Nacional
dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício O Conselho de Defesa Nacional é regulado pelo artigo
dos direitos políticos. 91 da Constituição. A Lei nº 8.183, de 11 de abril de 1991,
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além dispõe sobre a organização e o funcionamento do Conselho
de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na de Defesa Nacional e dá outras providências.
lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos Artigo 91, CF. O Conselho de Defesa Nacional é órgão
órgãos e entidades da administração federal na área de sua de consulta do Presidente da República nos assuntos
competência e referendar os atos e decretos assinados pelo relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado
Presidente da República; democrático, e dele participam como membros natos:
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos I - o Vice-Presidente da República;
e regulamentos; II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - apresentar ao Presidente da República relatório III - o Presidente do Senado Federal;
IV - o Ministro da Justiça;
anual de sua gestão no Ministério;
V - o Ministro de Estado da Defesa;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da
VII - o Ministro do Planejamento.
República. VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica.
Por seu turno, o artigo 88 da Constituição estabelece: § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de
Artigo 88, CF. A lei disporá sobre a criação e extinção de celebração da paz, nos termos desta Constituição;
Ministérios e órgãos da administração pública. II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do
estado de sítio e da intervenção federal;
4) Conselho da República III - propor os critérios e condições de utilização de áreas
O Conselho da República e o Conselho de Defesa indispensáveis à segurança do território nacional e opinar
Nacional são dois órgãos instituídos no âmbito do Executivo sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira
Federal, ambos com função consultiva. e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos
Neste sentido, os artigo 89 e 90 regulamentam o recursos naturais de qualquer tipo;
Conselho da República, sua composição, suas funções IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de
e sua convocação. A título complementar, a Lei nº 8.041, iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a
de 05 de junho de 1990, dispõe sobre a organização e o defesa do Estado democrático.
funcionamento do Conselho da República. § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do
Conselho de Defesa Nacional.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - a prisão por crime contra o Estado, determinada


pelo executor da medida, será por este comunicada
4) DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não
DEMOCRÁTICAS: SEGURANÇA PÚBLICA, for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de
ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA. delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração,
pela autoridade, do estado físico e mental do detido no
momento de sua autuação;
No título V, aborda-se a defesa do Estado e das III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não
instituições democráticas, com outros institutos relevantes poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada
para evitar impacto na organização do Estado, razão pela pelo Poder Judiciário;
qual se promove aqui um estudo conjunto. IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação,
Estado de Defesa e Estado de Sítio o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas,
submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso
O título V, intitulado “Da Defesa do Estado e Das Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
Instituições Democráticas”, trabalha em seu capítulo I com § 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será
o Estado de Defesa e o Estado de Sítio. convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
Estado de defesa e estado de sítio são duas situações § 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de
excepcionais decretadas pelo Chefe do Executivo Federal, dez dias contados de seu recebimento, devendo continuar
cumpridos determinados requisitos, visando preservar o funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
próprio Estado e suas instituições democráticas. § 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado
O estado de defesa é decretado para preservar ou de defesa.
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem
pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente Da disciplina do Estado de Defesa no artigo 136, CF
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de podem ser extraídos alguns aspectos relevantes.
grandes proporções na natureza. Primeiro, a finalidade do Estado de Defesa, que é a
O estado de sítio é decretado quando estado de defesa preservação ou restabelecimento em locais restritos e
não resolveu o problema, quando o problema atinge todo determinados a ordem pública e a paz social que estejam
o país, ou em casos de guerra. ameaçados por grave instabilidade institucional ou
A disciplina se encontra do artigo 136, CF ao artigo 141, calamidade de grande proporção.
CF, que seguem. Ainda, a especificidade que se percebe pela exigência
de determinação do local e do prazo de vigência (que não
pode exceder 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias), bem
Seção I
como pela delimitação de medidas.
DO ESTADO DE DEFESA
Nota-se que a natureza das medidas cabíveis ora se
voltam ao estado de defesa por instabilidade institucional
Art. 136, CF. O Presidente da República pode, ouvidos
(casos do inciso I do §1º, restringindo certos sigilos e o
o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional,
direito de reunião) e ora se voltam ao estado de defesa por
decretar estado de defesa para preservar ou prontamente calamidade (caso do inciso II do §1º, com uso temporário de
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem bens e serviços públicos).
pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente Por fim, destaca-se que a decretação do Estado de
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de Defesa, embora seja feita pelo Presidente da República,
grandes proporções na natureza. não é um ato arbitrário porque ele deve ouvir a opinião do
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional e
determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas depois submeter o decreto para aprovação pelo Congresso
a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as Nacional por maioria absoluta.
medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de: Seção II
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; DO ESTADO DE SÍTIO
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; Art. 137, CF. O Presidente da República pode, ouvidos
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional,
públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o
a União pelos danos e custos decorrentes. estado de sítio nos casos de:
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será  I - comoção grave de repercussão nacional ou
superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida
igual período, se persistirem as razões que justificaram a tomada durante o estado de defesa;
sua decretação. II - declaração de estado de guerra ou resposta a
§ 3º Na vigência do estado de defesa: agressão armada estrangeira.

51
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Parágrafo único. O Presidente da República, ao Art. 141, CF. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio,
solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade
prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.
devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta”. Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou
“Art. 138, CF. O decreto do estado de sítio indicará o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão
sua duração, as normas necessárias a sua execução e as relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao
garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de Congresso Nacional, com especificação e justificação das
publicado, o Presidente da República designará o executor providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e
das medidas específicas e as áreas abrangidas. indicação das restrições aplicadas.
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá
ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de O Congresso Nacional, mediante Comissão específica,
cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser exerce atividade fiscalizatória das medidas coercitivas. Praticados
decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a atos atentatórios serão punidos mesmo após cessado o estado
agressão armada estrangeira. de defesa ou de sítio.
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de
sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Forças armadas
Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o O capítulo II do título V aborda as forças armadas, que
Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a exercem a defesa do Estado.
fim de apreciar o ato.
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em CAPÍTULO II
funcionamento até o término das medidas coercitivas. DAS FORÇAS ARMADAS

Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado Art. 142, CF. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha,
com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
contra as pessoas as seguintes medidas: permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia
I - obrigação de permanência em localidade e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
determinada; República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
condenados por crimes comuns; lei e da ordem.
III - restrições relativas à inviolabilidade da § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a
correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das
de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e Forças Armadas.
televisão, na forma da lei; § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições
IV - suspensão da liberdade de reunião; disciplinares militares.
V - busca e apreensão em domicílio; § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas
VII - requisição de bens. em lei, as seguintes disposições: 
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a
a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e
em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou
respectiva Mesa. reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e,
juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das
No Estado de Sítio também é necessária a oitiva do Forças Armadas; 
Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional, II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou
bem como a aprovação pelo Congresso Nacional. As emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese
hipóteses são de grave comoção nacional, ineficácia do prevista no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, será transferido para a
estado de defesa e estado de guerra. Também há requisitos reserva, nos termos da lei; 
de especificidade quanto ao tempo, áreas abrangidas e III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar
medidas coercitivas a serem aplicados no Estado de Sítio. posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária,
Entre as medidas coercitivas cabíveis no Estado de Sítio, não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a
estão as enumeradas no artigo 139, CF. hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, ficará agregado
ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer
Seção III nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-
DISPOSIÇÕES GERAIS se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção
e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de
Art. 140, CF. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos
líderes partidários, designará Comissão composta de cinco termos da lei; 
de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; 
das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar
sítio. filiado a partidos políticos;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado A intervenção pode ser federal, quando a União
indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão interfere nos Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou
de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de estadual, quando os Estados-membros interferem em seus
paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; Municípios (artigo 35, CF).
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar
a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem no
sentença transitada em julgado, será submetido ao Distrito Federal, exceto para:
julgamento previsto no inciso anterior;  I - manter a integridade nacional;
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, Federação em outra;
XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’;    pública;
IX -  (Revogado) IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, nas unidades da Federação;
os limites de idade, a estabilidade e outras condições de V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
transferência do militar para a inatividade, os direitos, os que:
deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais
especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias
compromissos internacionais e de guerra.  fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos
em lei;
Art. 143, CF. O serviço militar é obrigatório nos termos VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
da lei. judicial;
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após
constitucionais:
alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-
a) forma republicana, sistema representativo e regime
se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção
democrático;
filosófica ou política, para se eximirem de atividades de
b) direitos da pessoa humana;
caráter essencialmente militar. 
c) autonomia municipal;
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do
d) prestação de contas da administração pública, direta
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos,
porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.  e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante
As Forças Armadas são compostas por Marinha, Exército de impostos estaduais, compreendida a proveniente de
e Aeronáutica e o chefe delas é o Presidente da República. transferências, na manutenção e desenvolvimento do
Por terem a finalidade de defender a pátria, a Constituição, a ensino e nas ações e serviços públicos de saúde”. 
lei e a ordem, são permanentes, regulares e hierarquizadas,
além de terem vedações como o direito de greve e o Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municípios,
direito de sindicalização, bem como de filiação a partidos nem a União nos Municípios localizados em Território
políticos. Pela natureza diversa dos crimes praticados Federal, exceto quando:
por estes militares, serão julgados por órgão próprio I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por
e perdem a garantia do habeas corpus. O alistamento dois anos consecutivos, a dívida fundada;
militar é obrigatório, ainda que seja dispensado, caso em II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
que ficará como reservista. A mulher não precisa prestar o III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
serviço militar obrigatório, mas pode ser convocada para a municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e
prestação de outros serviços para o Estado, assim como os nas ações e serviços públicos de saúde; 
eclesiásticos. IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação
para assegurar a observância de princípios indicados na
Intervenção nos Estados e Municípios. Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de
A intervenção consiste no afastamento temporário das ordem ou de decisão judicial”.
prerrogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos
entes federados, por outro ente federado, prevalecendo a Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá:
vontade do ente interventor. Neste sentido, necessária a I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes),
verificação de: de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo
a) Pressupostos materiais – requisitos a serem coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal
verificados quanto ao atendimento de uma das justificativas Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
para a intervenção. II - no caso de desobediência a ordem ou decisão
b) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do
da intervenção seja válido, como prazo, abrangência, condições, Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
além da autorização do Poder Legislativo (artigo 36, CF).

53
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal,


de representação do Procurador-Geral da República,
5) ORDEM SOCIAL: BASE E OBJETIVOS
na hipótese do art. 34, VII (observância de princípios
constitucionais), e no caso de recusa à execução de lei DA ORDEM SOCIAL, FAMÍLIA, CRIANÇA,
federal. ADOLESCENTE E IDOSO.
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a
amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se
couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação TÍTULO VIII
do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Da Ordem Social
Estado, no prazo de vinte e quatro horas. CAPÍTULO I
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso DISPOSIÇÃO GERAL
Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. Art. 193. A ordem social tem como base o primado do
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/ trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
lei federal e violação de certos princípios constitucionais), Ordem social é a expressão que se refere à organização
ou do art. 35, IV (idem com relação à intervenção em da sociedade, proporcionando o bem-estar e a justiça
municípios), dispensada a apreciação pelo Congresso social. Neste sentido, invariavelmente seus vetores se ligam
Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar- aos direitos econômicos, sociais e culturais, bem como aos
se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa direitos difusos e coletivos (notadamente ambiental).
medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades CAPÍTULO II
afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento DA SEGURIDADE SOCIAL
legal. Seção I
artigo 42, CF, “os membros das Polícias Militares e DISPOSIÇÕES GERAIS
Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com O título VIII, que aborda a ordem social, traz este
base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, tripé no capítulo II, intitulado “Da Seguridade Social”:
do Distrito Federal e dos Territórios. § 1º Aplicam-se aos saúde, previdência e assistência social.
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,
além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto
14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à
142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas saúde, à previdência e à assistência social.
pelos respectivos governadores. § 2º Aos pensionistas dos Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes
aplica-se o que for fixado em lei específica do respectivo objetivos:
ente estatal. I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e
Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização e serviços às populações urbanas e rurais;
o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança III - seletividade e distributividade na prestação dos
pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir V - equidade na forma de participação no custeio;
guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, VI - diversidade da base de financiamento;
serviços e instalações, conforme dispuser a lei. VII - caráter democrático e descentralizado da
administração, mediante gestão quadripartite, com
Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. 
será fixada na forma do § 4º do art. 39. 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda
Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
a preservação da ordem pública e da incolumidade das mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:  dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização seguintes contribuições sociais:
de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana equiparada na forma da lei, incidentes sobre: 
eficiente; e  a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que
e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; 
executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em b) a receita ou o faturamento; 
Carreira, na forma da lei. c) o lucro; 

54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência Seção II


social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão DA SAÚDE
concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata
o art. 201;  Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. garantido mediante políticas sociais e econômicas que
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de visem à redução do risco de doença e de outros agravos e
quem a lei a ele equiparar.  ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos promoção, proteção e recuperação.
Municípios destinadas à seguridade social constarão dos
respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei,
elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo
pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros
vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá sistema único, organizado de acordo com as seguintes
contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou diretrizes:
incentivos fiscais ou creditícios. I - descentralização, com direção única em cada esfera
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir de governo;
a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o II - atendimento integral, com prioridade para
disposto no art. 154, I. as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social assistenciais;
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente III - participação da comunidade.
fonte de custeio total. § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só termos do art. 195, com recursos do orçamento da
poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal
publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se e dos Municípios, além de outras fontes. 
lhes aplicando o disposto no art. 150, III, «b». § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços
as entidades beneficentes de assistência social que atendam às públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação
exigências estabelecidas em lei. de percentuais calculados sobre: 
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais I – no caso da União, a receita corrente líquida do
e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a
que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, 15% (quinze por cento);  
sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto
social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos
da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a,
termos da lei.  e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do respectivos Municípios; 
caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o
diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso
estrutural do mercado de trabalho.  I, alínea b e § 3º.
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos
para o sistema único de saúde e ações de assistência social a cada cinco anos, estabelecerá:
da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;  
e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva II – os critérios de rateio dos recursos da União
contrapartida de recursos.  vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus
contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução
artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei das disparidades regionais; 
complementar.  III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e
os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e municipal; 
IV do caput, serão não-cumulativas.  § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes
substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente de combate às endemias por meio de processo seletivo
na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o público, de acordo com a natureza e complexidade de suas
faturamento.  atribuições e requisitos específicos para sua atuação.

55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso em custear tratamentos médicos e cirúrgicos. Em que pese
salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos a invocação da reserva do possível, o Judiciário tem se
de Carreira e a regulamentação das atividades de agente guiado pelo entendimento de que devem ser reservados
comunitário de saúde e agente de combate às endemias, recursos suficientes para fornecer um tratamento adequado
competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência a todos os nacionais.
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal O direito à saúde, por seu turno, não tem apenas
e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso o aspecto repressivo, propiciando a cura de doenças,
salarial. mas também o preventivo. Sendo assim, o Estado deve
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 desenvolver políticas sociais e econômicas para reduzir o
e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor risco de doenças e agravos, bem como para propiciar o
que exerça funções equivalentes às de agente comunitário acesso universal e igualitário aos serviços voltado ao seu
de saúde ou de agente de combate às endemias poderá tratamento. (art. 196, CF).
perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos A terceirização e a colaboração de agentes privados nas
específicos, fixados em lei, para o seu exercício.  políticas de saúde pública é autorizada pela Constituição,
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. sem prejuízo da atuação direta do Estado (art. 197, CF).
§ 1º As instituições privadas poderão participar de Sendo assim, ou o próprio Estado implementará as políticas
forma complementar do sistema único de saúde, segundo ou fiscalizará, regulamentará e controlará a implementação
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou destas por terceiros.
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as O artigo 198, CF aborda o sistema único de saúde, uma
sem fins lucrativos. rede hierarquizada e regionalizada de ações e serviços
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para públicos de saúde, devendo seguiras seguintes diretrizes:
auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins “descentralização, com direção única em cada esfera de
lucrativos. governo”, de forma que haverá direção do SUS nos âmbitos
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de municipal, estadual e federal, não se concentrando o sistema
empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde numa única esfera; “atendimento integral, com prioridade
no País, salvo nos casos previstos em lei. para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos assistenciais”, do que se depreende que a prevenção
que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias é a melhor saída para um sistema eficaz, não havendo
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, prejuízo para as atividades repressivas; e “participação da
bem como a coleta, processamento e transfusão de comunidade”. Com efeito, busca-se pela descentralização a
sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de abrangência ampla dos serviços de saúde, que devem em
comercialização. si também ser amplos – preventivos e repressivos, sendo
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de que todos agentes públicos e a própria comunidade devem
outras atribuições, nos termos da lei: se envolver no processo.
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos O direito à saúde encontra regulamentação no âmbito
e substâncias de interesse para a saúde e participar da seguridade social, que também abrange a previdência e
da produção de medicamentos, equipamentos, a assistência social, sendo financiado com este orçamento,
imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; nos moldes do artigo 198, §1º, CF. 
II - executar as ações de vigilância sanitária e A questão orçamentária de incumbência mínima de
epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; cada um dos entes federados tem escopo nos §§ 2º e 3º
III - ordenar a formação de recursos humanos na área do artigo 198, CF. 
de saúde; Correlato à participação da comunidade no SUS, tem-
IV - participar da formulação da política e da execução se o artigo 198, §§ 4º, 5º e 6º, CF. 
das ações de saneamento básico; Não há prejuízo à atuação da iniciativa privada no
V - incrementar, em sua área de atuação, o campo da assistência à saúde, questão regulamentada
desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; no artigo 199, CF. Do dispositivo depreende-se uma das
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido questões mais polêmicas no âmbito do SUS, que é a
o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e complementaridade do sistema por parte de instituições
águas para consumo humano; privadas, mediante contrato ou convênio, desde que sem
VII - participar do controle e fiscalização da produção, fins lucrativos por parte destas instituições. Em verdade,
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos é muito comum que hospitais de ensino de instituições
psicoativos, tóxicos e radioativos; particulares com cursos na área de biológicas busquem
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele este convênio, encontrando frequentemente entraves que
compreendido o do trabalho. não possuem natureza jurídica, mas política.
Com certeza, um dos direitos sociais mais invocados e Finalizando a disciplina do direito à saúde na
que mais necessitam de investimento estatal na atualidade Constituição, que vem a ser complementada no âmbito
é o direito à saúde. Não coincidentemente, a maior parte infraconstitucional pela Lei nº 8.080 de 19 de setembro de
dos casos no Poder Judiciário contra o Estado envolvem a 1990, prevê o artigo 200 as atribuições do SUS.
invocação deste direito, diante da recusa do Poder público

56
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Seção III § 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente


DA PREVIDÊNCIA SOCIAL do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime
geral de previdência social e pelo setor privado. 
Art. 201. A previdência social será organizada sob a § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação título, serão incorporados ao salário para efeito de
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio contribuição previdenciária e consequente repercussão em
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:  benefícios, nos casos e na forma da lei. 
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão
idade avançada;  previdenciária para atender a trabalhadores de baixa
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;  renda e àqueles sem renda própria que se dediquem
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua
involuntário;  residência, desde que pertencentes a famílias de baixa
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a
dos segurados de baixa renda;  um salário-mínimo. 
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências
disposto no § 2º.  inferiores às vigentes para os demais segurados do regime
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios geral de previdência social. 
diferenciados para a concessão de aposentadoria aos Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter
beneficiários do regime geral de previdência social, complementar e organizado de forma autônoma em relação
ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições ao regime geral de previdência social, será facultativo,
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e baseado na constituição de reservas que garantam o
quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos benefício contratado, e regulado por lei complementar. 
termos definidos em lei complementar.  § 1° A lei complementar de que trata este artigo
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de assegurará ao participante de planos de benefícios de
contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá
entidades de previdência privada o pleno acesso às
valor mensal inferior ao salário mínimo. 
informações relativas à gestão de seus respectivos planos. 
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios
o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na
e as condições contratuais previstas nos estatutos,
forma da lei. 
regulamentos e planos de benefícios das entidades de
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
previdência privada não integram o contrato de trabalho
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios
critérios definidos em lei.
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência concedidos, não integram a remuneração dos participantes,
social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa nos termos da lei. 
participante de regime próprio de previdência.  § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal e
terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas,
cada ano.  sociedades de economia mista e outras entidades públicas,
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder
condições:  a do segurado. 
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta § 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a
anos de contribuição, se mulher;  União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta suas autarquias, fundações, sociedades de economia
anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite mista e empresas controladas direta ou indiretamente,
para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de
exerçam suas atividades em regime de economia familiar, previdência privada, e suas respectivas entidades fechadas
nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador de previdência privada. 
artesanal.  § 5º A lei complementar de que trata o parágrafo
§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas
anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor permissionárias ou concessionárias de prestação de
que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício serviços públicos, quando patrocinadoras de entidades
das funções de magistério na educação infantil e no ensino fechadas de previdência privada. 
fundamental e médio.  § 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste artigo
§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem estabelecerá os requisitos para a designação dos membros
recíproca do tempo de contribuição na administração pública das diretorias das entidades fechadas de previdência
e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os privada e disciplinará a inserção dos participantes nos
diversos regimes de previdência social se compensarão colegiados e instâncias de decisão em que seus interesses
financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. sejam objeto de discussão e deliberação. 

57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A previdência social e a assistência social se diferenciam Por seu turno, o artigo 202, CF volta-se ao regime
principalmente porque a previdência social volta-se de previdência privada, que pode se organizar de forma
ao pagamento de aposentadoria e benefícios aos seus autônoma e possui caráter complementar e facultativo.
contribuintes, ao passo que a assistência social tem por foco Com efeito, a Lei Complementar nº 109, de 29 de
a oferta de amparo mínimo aos que não contribuíram para maio de 2001, dispõe sobre o Regime de Previdência
a seguridade social. Complementar e dá outras providências.
O artigo 201, CF, trabalha com a organização da
previdência social em regime geral, de caráter contributivo Seção IV
e filiação obrigatória, sendo que devem ser adotados DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
critérios de preservação de equilíbrio financeiro e atuarial.
Nota-se que todos os trabalhadores ficarão vinculados ao Art. 203. A assistência social será prestada a quem
regime e prestarão contribuição a ele, não havendo a opção dela necessitar, independentemente de contribuição à
de dele se desvincular. No mais, são previstas como campos seguridade social, e tem por objetivos:
de atendimento pela previdência: “I - cobertura dos eventos I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção adolescência e à velhice;
à maternidade, especialmente à gestante;  III - proteção II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras
dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do de deficiência e a promoção de sua integração à vida
segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro comunitária;
e dependentes, observado o disposto no § 2º” (ou seja, não V - a garantia de um salário mínimo de benefício
se aceitando valor inferior ao salário mínimo). mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso
Os critérios para a concessão de aposentadoria são que comprovem não possuir meios de prover à própria
unitários, em regra, conforme o §1º do artigo 201, CF. manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme
O valor mínimo de benefício com caráter substitutivo dispuser a lei.
de salário de contribuição ou rendimento é de 1 salário Art. 204. As ações governamentais na área da assistência
mínimo (artigo 201, §2º, CF). social serão realizadas com recursos do orçamento da
Os salários de contribuição serão atualizados (artigo seguridade social, previstos no art. 195, além de outras
201, §3º, CF) e os benefícios serão devidamente reajustados fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:
(artigo 201, §4º, CF), tudo com vistas à preservação do valor I - descentralização político-administrativa, cabendo
real da contribuição e do benefício. a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a
Integrante de regime próprio de previdência não coordenação e a execução dos respectivos programas
pode se vincular como segurado facultativo, prestando às esferas estadual e municipal, bem como a entidades
contribuições autônomas, ao regime geral (artigo 201, §5º, beneficentes e de assistência social;
CF), o que geraria uma indevida cumulação de benefícios. II - participação da população, por meio de organizações
Aposentados e pensionistas também fazem jus ao representativas, na formulação das políticas e no controle
décimo terceiro salário, denominado gratificação natalina, das ações em todos os níveis.
a ser calculado com base no valor dos proventos do mês de Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito
dezembro de cada ano (artigo 201, §6º, CF).  Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção
O §7º do artigo 201, CF fixa as condições para social até cinco décimos por cento de sua receita tributária
a aposentadoria pelo regime geral de previdência líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento
social. Professor de ensino infantil, fundamental e médio, de: 
que tenha exclusivamente desempenhado estas funções, I - despesas com pessoal e encargos sociais; 
tem o tempo de contribuição reduzido em 5 anos (30 anos II - serviço da dívida; 
para homem e 25 anos para mulher). III - qualquer outra despesa corrente não vinculada
Se uma pessoa contribuir a dois regimes diversos em diretamente aos investimentos ou ações apoiados. 
períodos diferentes de sua vida contributiva, estes regimes A disciplina da assistência social se dá nos artigos
se compensarão, ou seja, o tempo de um se acrescerá no 203 e 204 da Constituição. Resta evidente o caráter não
outro (artigo 201, §9º, CF). contributivo do sistema, que se guia pelo princípio da
A questão de verba destinada à cobertura do risco de fraternidade, fazendo com que os que possuem melhores
acidente de trabalho é disciplinada no §10 do artigo 201, condições de contribuir o façam e que os que não possuem
CF. Atualmente, a Lei nº 6.367/1976 dispõe sobre o seguro recebam a partir da contribuição destes um tratamento
de acidentes do trabalho a cargo do INPS e dá outras digno mínimo de suas necessidades.
providências. Do disposto, destaque para o inciso IV do artigo
Quanto à incorporação de ganhos habituais ao salário, 204, CF, que aborda o Benefício de Prestação Continuada
prevê o §11 do artigo 201, CF pela incorporação para efeito – BPC, “instituído pela Constituição Federal de 1988 e
de contribuição previdenciária e consequente repercussão regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social –
em benefícios, nos casos e na forma da lei. LOAS, Lei nº 8.742/1993; pelas Leis nº 12.435/2011 e nº
Sobre o sistema especial de inclusão previdenciária, é a 12.470/2011, que alteram dispositivos da LOAS e pelos
disciplina do artigo 201, §§ 12 e 13, CF. Decretos nº 6.214/2007 e nº 6.564/2008.

58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O BPC é um benefício da Política de Assistência Social, VIII - piso salarial profissional nacional para os
que integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema profissionais da educação escolar pública, nos termos de
Único de Assistência Social – SUAS e para acessá-lo não lei federal. 
é necessário ter contribuído com a Previdência Social. É Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de
um benefício individual, não vitalício e intransferível, que trabalhadores considerados profissionais da educação
assegura a transferência mensal de 1 (um) salário mínimo ao básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou
idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa com adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União,
deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de longo dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os Art. 207. As universidades gozam de autonomia
quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir didático-científica, administrativa e de gestão financeira e
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade
de condições com as demais pessoas. Em ambos os casos, entre ensino, pesquisa e extensão.
devem comprovar não possuir meios de garantir o próprio § 1º É facultado às universidades admitir professores,
sustento, nem tê-lo provido por sua família. A renda mensal técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
familiar per capita deve ser inferior a 1/4 (um quarto) do § 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de
salário mínimo vigente. pesquisa científica e tecnológica. 
A gestão do BPC é realizada pelo Ministério do Art. 208. O dever do Estado com a educação será
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), efetivado mediante a garantia de:
por intermédio da Secretaria Nacional de Assistência I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
Social (SNAS), que é responsável pela implementação, aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua
coordenação, regulação, financiamento, monitoramento e oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso
avaliação do Benefício. A operacionalização é realizada pelo na idade própria; 
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). II - progressiva universalização do ensino médio
Os recursos para o custeio do BPC provêm da Seguridade gratuito; 
Social, sendo administrado pelo MDS e repassado ao INSS, III - atendimento educacional especializado aos
por meio do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). portadores de deficiência, preferencialmente na rede
Atualmente são 3,6 milhões (dados de março de 2012) regular de ensino;
beneficiários do BPC em todo o Brasil, sendo 1,9 milhões IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às
pessoas com deficiência e 1,7 idosos”33. crianças até 5 (cinco) anos de idade; 
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
CAPÍTULO III pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO cada um;
Seção I VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
DA EDUCAÇÃO condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado educação básica, por meio de programas suplementares
e da família, será promovida e incentivada com a colaboração de material didático escolar, transporte, alimentação e
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, assistência à saúde. 
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
para o trabalho. público subjetivo.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos § 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório
seguintes princípios: pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa
I - igualdade de condições para o acesso e permanência responsabilidade da autoridade competente.
na escola; § 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto
o pensamento, a arte e o saber; aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas
e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; as seguintes condições:
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos I - cumprimento das normas gerais da educação
oficiais; nacional;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso Público.
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o
aos das redes públicas;  ensino fundamental, de maneira a assegurar formação
VI - gestão democrática do ensino público, na forma básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
da lei; nacionais e regionais.
VII - garantia de padrão de qualidade. § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa,
33 http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/benefi-
constituirá disciplina dos horários normais das escolas
ciosassistenciais/bpc públicas de ensino fundamental.

59
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder
também a utilização de suas línguas maternas e processos Público, no caso de encerramento de suas atividades.
próprios de aprendizagem § 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e
Municípios organizarão em regime de colaboração seus médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência
sistemas de ensino. de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o da rede pública na localidade da residência do educando,
dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente
federais e exercerá, em matéria educacional, função na expansão de sua rede na localidade.
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo
oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por
do ensino mediante assistência técnica e financeira aos instituições de educação profissional e tecnológica poderão
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;  receber apoio financeiro do Poder Público. 
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação,
fundamental e na educação infantil.  de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão nacional de educação em regime de colaboração e definir
prioritariamente no ensino fundamental e médio.  diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de
definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas
universalização do ensino obrigatório.  federativas que conduzam a:
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente I - erradicação do analfabetismo;
ao ensino regular.  II - universalização do atendimento escolar;
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos
III - melhoria da qualidade do ensino;
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
IV - formação para o trabalho;
vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
impostos, compreendida a proveniente de transferências,
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
na manutenção e desenvolvimento do ensino.
públicos em educação como proporção do produto interno
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida
bruto. 
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é O artigo 6º da Constituição Federal menciona o direito
considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, à educação como um de seus direitos sociais. A educação
receita do governo que a transferir. proporciona o pleno desenvolvimento da pessoa, não apenas
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no capacitando-a para o trabalho, mas também para a vida social
«caput» deste artigo, serão considerados os sistemas de como um todo. Contudo, a educação tem um custo para
ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados o Estado, já que nem todos podem arcar com o custeio de
na forma do art. 213. ensino privado.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará No título VIII, que aborda a ordem social, delimita-se
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino a questão da obrigação do Estado com relação ao direito à
obrigatório, no que se refere a universalização, garantia educação, assim como menciona-se quais outros agentes
de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano responsáveis pela efetivação deste direito.
nacional de educação.  Neste sentido, o artigo 205, CF, prevê: “A educação, direito
§ 4º Os programas suplementares de alimentação de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
e assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
financiados com recursos provenientes de contribuições desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
sociais e outros recursos orçamentários. cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional Resta claro que a educação não é um dever exclusivo do
de financiamento a contribuição social do salário-educação, Estado, mas da sociedade como um todo e, principalmente,
recolhida pelas empresas na forma da lei.  da família. Depreende-se que educação vai além do mero
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da aprendizado de conteúdos e envolve a educação para
contribuição social do salário-educação serão distribuídas a cidadania e o comportamento ético em sociedade – a
proporcionalmente ao número de alunos matriculados na educação da qual o constituinte fala não é apenas a formal,
educação básica nas respectivas redes públicas de ensino.  mas também a informal.
Por seu turno, o artigo 206 da Constituição estabelece os
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados princípios que devem guiar o ensino:
às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas - “igualdade de condições para o acesso e permanência na
comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em escola”, que significa a compreensão de que a educação é um
lei, que: direito de todos e não apenas dos mais favorecidos, cabendo
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus ao Estado investir para que os menos favorecidos ingressem e
excedentes financeiros em educação; permaneçam na escola;

60
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o Ainda, é preciso observar que se utiliza a expressão
pensamento, a arte e o saber”, de forma que o ensino tem “segundo a capacidade de cada um”, de forma que o critério
um caráter ativo e passivo, indo além da compreensão de para admissão em universidades/faculdades públicas é,
conteúdos dogmático se abrangendo também os processos somente, pelo preparo intelectual do cidadão, a ser testado
criativos; em avaliações com tal fito, como o vestibular e o exame
- “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e nacional do ensino médio.
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino”, O ensino básico possui conteúdos mínimos, fixados nos
de modo que não se entende haver um único método moldes do artigo 210, CF. A menção do ensino religioso
de ensino, uma única maneira de aprender, permitindo como facultativo remete à laicidade do Estado, ao passo que
a exploração das atividades educacionais também por a menção ao ensino de línguas de povos indígenas remete
instituições privadas. A respeito das instituições privadas, ao pluralismo político, fundamento da República Federativa.
o artigo 209, CF prevê que “o ensino é livre à iniciativa O artigo 211, CF trabalha com a organização e
privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento colaboração dos sistemas de ensino entre os entes
das normas gerais da educação nacional; II - autorização e federativos.
avaliação de qualidade pelo Poder Público”; Por sua vez, os artigos 212 e 213 da Constituição
- “gratuidade do ensino público em estabelecimentos trabalham com aspectos orçamentários:
oficiais”, sendo esta a principal vertente de implementação Encerrando a disciplina da educação, o artigo 214
do direito à educação pelo Estado; trabalha com o plano nacional de educação, de duração
- “valorização dos profissionais da educação escolar, decenal (na atualidade, estamos no início da implementação
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com do PNE cuja duração se estende até o ano de 202434), que
ingresso exclusivamente por concurso público de provas tem metas ali descritas. 
e títulos, aos das redes públicas”, bem como “piso salarial
profissional nacional para os profissionais da educação Seção II
escolar pública, nos termos de lei federal”, pois sem a DA CULTURA
valorização dos profissionais responsáveis pelo ensino
será inatingível o seu aperfeiçoamento. Além disso, “a lei Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício
disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional,
profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, manifestações culturais.
no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos § 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas
Municípios” (artigo 206, parágrafo único, CF); populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros
- “gestão democrática do ensino público, na forma grupos participantes do processo civilizatório nacional.
da lei”, remetendo ao direito de participação popular na  2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas
tomada de decisões políticas referentes às atividades de de alta significação para os diferentes segmentos étnicos
ensino; e nacionais.
- “garantia de padrão de qualidade”, posto que sem  3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de
qualidade de ensino é impossível atingir uma melhoria na duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural
qualificação pessoal e profissional dos nacionais.  do País e à integração das ações do poder público que
O ensino universitário encontra respaldo no artigo conduzem à: 
207 da Constituição, tendo autonomia didático-científica, I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; 
administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e sendo II produção, promoção e difusão de bens culturais; 
baseado na tríade ensino-pesquisa-extensão, disciplina que III formação de pessoal qualificado para a gestão da
se estende a instituições de pesquisa científica e tecnológica. cultura em suas múltiplas dimensões; 
Com vistas ao aperfeiçoamento desta tríade, autoriza-se a IV democratização do acesso aos bens de cultura; 
contratação de profissionais estrangeiros. V valorização da diversidade étnica e regional. 
Enquanto que os artigos 205 e 206 da Constituição Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro
possuem uma menor densidade normativa, colacionando os bens de natureza material e imaterial, tomados
princípios diretores e ideias basilares, o artigo 208 volta-se individualmente ou em conjunto, portadores de referência
à regulamentação do modo pelo qual o Estado efetivará o à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
direito à educação. formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
Interessante notar, em primeira análise, que o Estado I - as formas de expressão;
se exime da obrigatoriedade no fornecimento de educação II - os modos de criar, fazer e viver;
superior, no art. 208, V, quando assegura, apenas, o “acesso” III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
aos níveis mais elevados de ensino, pesquisa e criação IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais
artística. Fica denotada ausência de comprometimento espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
orçamentário e infraestrutural estatal com um número V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
suficiente de universidades/faculdades públicas aptas a paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
recepcionar o maciço contingente de alunos que saem da ecológico e científico.
camada básica de ensino, sendo, pois, clarividente exemplo 34 http://pne.mec.gov.br/
de aplicação da reserva do possível dentro da Constituição.

61
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, II - conselhos de política cultural; 


promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por III - conferências de cultura; 
meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e IV - comissões intergestores; 
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e V - planos de cultura; 
preservação. VI - sistemas de financiamento à cultura; 
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a VII - sistemas de informações e indicadores culturais; 
gestão da documentação governamental e as providências VIII - programas de formação na área da cultura; e 
para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. IX - sistemas setoriais de cultura. 
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o § 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do
conhecimento de bens e valores culturais. Sistema Nacional de Cultura, bem como de sua articulação
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão com os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais de
punidos, na forma da lei. governo. 
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os § 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos organizarão seus respectivos sistemas de cultura em leis
quilombos. próprias. 
§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal O capítulo III do título VIII coloca a educação ao lado da
vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco cultura, depreendendo-se que o acesso à educação envolve
décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o também o acesso à cultura, numa concepção ampla deste
financiamento de programas e projetos culturais, vedada a direito social.
aplicação desses recursos no pagamento de: 
I - despesas com pessoal e encargos sociais;  Seção III
II - serviço da dívida;  DO DESPORTO
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada
diretamente aos investimentos ou ações apoiados.  Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas
Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado desportivas formais e não-formais, como direito de cada
em regime de colaboração, de forma descentralizada e um, observados:
participativa, institui um processo de gestão e promoção I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e
conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e associações, quanto a sua organização e funcionamento;
permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a II - a destinação de recursos públicos para a promoção
sociedade, tendo por objetivo promover o desenvolvimento prioritária do desporto educacional e, em casos específicos,
humano, social e econômico com pleno exercício dos para a do desporto de alto rendimento;
direitos culturais. III - o tratamento diferenciado para o desporto
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta- profissional e o não- profissional;
se na política nacional de cultura e nas suas diretrizes, IV - a proteção e o incentivo às manifestações
estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos desportivas de criação nacional.
seguintes princípios:  § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à
I - diversidade das expressões culturais;  disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se
II - universalização do acesso aos bens e serviços as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
culturais;  § 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de
III - fomento à produção, difusão e circulação de sessenta dias, contados da instauração do processo, para
conhecimento e bens culturais;  proferir decisão final.
IV - cooperação entre os entes federados, os agentes § 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de
públicos e privados atuantes na área cultural;  promoção social.
V - integração e interação na execução das políticas, A vida não é feita somente de trabalho, toda pessoa
programas, projetos e ações desenvolvidas;  precisa desfrutar de momentos de diversão e relaxamento
VI - complementaridade nos papéis dos agentes ao lado de amigos e familiares, razão pela qual o Estado
culturais;   deve propiciar atividades voltadas a este fim. Neste sentido,
VII - transversalidade das políticas culturais;  as atividades de lazer podem ter naturezas variadas,
VIII - autonomia dos entes federados e das instituições destacando-se as culturais (direito à cultura, já abordado)
da sociedade civil;  e desportivas.
IX - transparência e compartilhamento das informações; 
X - democratização dos processos decisórios com CAPÍTULO IV
participação e controle social;  DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão,
dos recursos e das ações;  Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação
orçamentos públicos para a cultura.  científica e tecnológica e a inovação.  
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de § 1º A pesquisa científica básica e tecnológica receberá
Cultura, nas respectivas esferas da Federação:  tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem
I - órgãos gestores da cultura;  público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação.  

62
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á CAPÍTULO V


preponderantemente para a solução dos problemas DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo
nacional e regional. Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos expressão e a informação, sob qualquer forma, processo
nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, inclusive ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o
por meio do apoio às atividades de extensão tecnológica, disposto nesta Constituição.
e concederá aos que delas se ocupem meios e condições § 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa
especiais de trabalho.   constituir embaraço à plena liberdade de informação
§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam jornalística em qualquer veículo de comunicação social,
em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza
que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao política, ideológica e artística.
empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos § 3º Compete à lei federal:
econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas
parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de etárias a que não se recomendem, locais e horários em que
fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica. sua apresentação se mostre inadequada;
§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa
caput , estimulará a articulação entre entes, tanto públicos e à família a possibilidade de se defenderem de programas
quanto privados, nas diversas esferas de governo.  ou programações de rádio e televisão que contrariem o
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos,
exterior das instituições públicas de ciência, tecnologia e práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao
inovação, com vistas à execução das atividades previstas no meio ambiente.
caput.   § 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará
e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do
cultural e socioeconômico, o bem-estar da população e a parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário,
autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal. advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e § 5º Os meios de comunicação social não podem, direta
o fortalecimento da inovação nas empresas, bem como ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
nos demais entes, públicos ou privados, a constituição e a § 6º A publicação de veículo impresso de comunicação
manutenção de parques e polos tecnológicos e de demais independe de licença de autoridade.
ambientes promotores da inovação, a atuação dos inventores Art. 221. A produção e a programação das emissoras de
independentes e a criação, absorção, difusão e transferência rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
de tecnologia.   I - preferência a finalidades educativas, artísticas,
Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os culturais e informativas;
Municípios poderão firmar instrumentos de cooperação II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo
com órgãos e entidades públicos e com entidades privadas, à produção independente que objetive sua divulgação;
inclusive para o compartilhamento de recursos humanos III - regionalização da produção cultural, artística e
especializados e capacidade instalada, para a execução jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
de projetos de pesquisa, de desenvolvimento científico e IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da
tecnológico e de inovação, mediante contrapartida financeira família.
ou não financeira assumida pelo ente beneficiário, na forma Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de
da lei.    radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de
Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou
Inovação (SNCTI) será organizado em regime de colaboração de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que
entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas a tenham sede no País. 
promover o desenvolvimento científico e tecnológico e a § 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por
inovação.   cento do capital total e do capital votante das empresas
§ 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI.   jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros
legislarão concorrentemente sobre suas peculiaridades.    natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão
O capítulo IV aborda a questão da ciência e tecnologia obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o
no âmbito da ordem social. Em verdade, o desenvolvimento conteúdo da programação. 
científico e tecnológico é decorrência do investimento em § 2º A responsabilidade editorial e as atividades de
educação, afinal, a pesquisa é uma das principais vertentes seleção e direção da programação veiculada são privativas
da educação e permite a implementação prática do de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos,
conhecimento obtido em prol da sociedade. em qualquer meio de comunicação social. 

63
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica, Aceitar a liberdade de comunicação não implica em


independentemente da tecnologia utilizada para a prestação permitir que todo tipo de informação seja veiculada na
do serviço, deverão observar os princípios enunciados no imprensa, devendo ser conferido o atendimento dos
art. 221, na forma de lei específica, que também garantirá preceitos descritos no artigo 221, CF.
a prioridade de profissionais brasileiros na execução de Como o exercício da exploração da mídia jornalística,
produções nacionais.  radiodifusora e televisiva implica num forte impacto e
§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro influência sociais, coloca-se como propriedade privativa de
nas empresas de que trata o § 1º.  brasileiro nato ou naturalizado, de acordo com a regulação
§ 5º As alterações de controle societário das empresas do artigo 222, CF.
de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso Com vistas a assegurar o respeito à normativa do artigo
Nacional.  222, CF, o artigo 223, CF aborda a concessão, a permissão
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e e a autorização.
renovar concessão, permissão e autorização para o serviço Também buscando a efetividade da regulamentação,
de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado prevê o artigo 224, CF sobre a instituição pelo Congresso
o princípio da complementaridade dos sistemas privado, Nacional do Conselho de Comunicação Social.
público e estatal.
§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do CAPÍTULO VI
art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem. DO MEIO AMBIENTE
§ 2º A não renovação da concessão ou permissão
dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
Congresso Nacional, em votação nominal. ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
§ 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional, na Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
forma dos parágrafos anteriores. para as presentes e futuras gerações.
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe
de vencido o prazo, depende de decisão judicial. ao Poder Público:
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez I - preservar e restaurar os processos ecológicos
anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
televisão. ecossistemas; 
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio
Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à
Conselho de Comunicação Social, na forma da lei. pesquisa e manipulação de material genético;  
É por intermédio dos veículos de comunicação social III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços
que se exercem a liberdade de expressão (faceta ativa) e territoriais e seus componentes a serem especialmente
a liberdade de informação (faceta passiva). O Título VIII protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas
da Constituição Federal, ao regulamentar a ordem social, somente através de lei, vedada qualquer utilização que
atento à necessidade do exercício destas dimensões da comprometa a integridade dos atributos que justifiquem
liberdade, traz a disciplina da comunicação social. sua proteção;
Neste sentido, o caput do artigo 220 da Constituição IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra
prevê: “a manifestação do pensamento, a criação, a ou atividade potencialmente causadora de significativa
expressão e a informação, sob qualquer forma, processo degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o ambiental, a que se dará publicidade;  
disposto nesta Constituição”. V - controlar a produção, a comercialização e o emprego
Logo, quando a Constituição regulamenta a de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco
comunicação social tem por fulcro preservar o mais intenso para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;   
possível exercício da liberdade de comunicação. Em VI - promover a educação ambiental em todos os níveis
destaque, os §§ 1º e 2º do artigo 220, CF. de ensino e a conscientização pública para a preservação do
Entretanto, não se entende haver censura quando a meio ambiente;
União, mediante lei federal, tece regulamentações sobre VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei,
classificação etária de programações e sobre restrições a as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
propagandas de determinados tipos de produtos, conforme provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais
o artigo 220, §§3º e 4º, CF. a crueldade. 
Com vistas a resguardar a real liberdade de informação, § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado
impedindo que as informações que cheguem a público a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com
sejam manipuladas ou deturpadas, o artigo 220, § 5º, CF solução técnica exigida pelo órgão público competente, na
prevê que os meios de comunicação social não podem ser forma da lei.
objeto de monopólio ou oligopólio. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
Ainda, tendo em mente evitar a censura prévia, o §6º ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,
do artigo 220, CF preconiza a dispensabilidade de licença a sanções penais e administrativas, independentemente da
de autoridade. obrigação de reparar os danos causados.

64
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Neste sentido, quando são tutelados direitos de uma
Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira categoria de pessoas vulneráveis, como o idoso, a criança, o
são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma portador de deficiência e o consumidor, saindo da dimensão
da lei, dentro de condições que assegurem a preservação individual e olhando de uma maneira mais ampla para o
do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos grupo, tem-se o enquadramento de tradicionais direitos
naturais. individuais como direitos difusos e coletivos.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas Nada impede, por outro lado, o reconhecimento de
pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à categorias de direitos difusos e coletivos que surgem de
proteção dos ecossistemas naturais. maneira autônoma, sem partir de um direito individual
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão específico previamente garantido. Neste viés, destaca-se a
ter sua localização definida em lei federal, sem o que não questão do direito ao meio ambiente equilibrado.
poderão ser instaladas. O constituinte demonstra especial interesse na proteção
Direitos transindividuais são aqueles que não possuem desta categoria autônoma de direitos que é o direito ambiental,
um titular determinado e pertencem à coletividade, sendo regulamentando a questão no capítulo VI do título VIII, que
também denominados direitos difusos e coletivos. aborda a ordem social. Não obstante, prevê a “defesa do
Em verdade, é possível diferenciar os direitos difusos dos meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
coletivos, no sentido de que os primeiros são muito mais conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de
heterogêneos e vagos, não cabendo determinar o grupo ou seus processos de elaboração e prestação” como princípio da
categoria de pessoas atingidas, enquanto que segundos são ordem econômica (artigo 170, VI, CF).
mais específicos, recaindo sobre um grupo de pessoas que O direito ao meio ambiente saudável é um clássico
pode ser identificado, embora não plenamente determinado. direito difuso, pertencente a toda a sociedade e não somente
Aos direitos difusos e coletivos são conferidos às presentes, mas também às futuras gerações. Com razão,
mecanismos de tutela específicos para sua proteção, o dever de cuidado é compartilhado entre Estado (em todas
bem como atribuída competência para tanto a órgãos suas esferas, numa cooperação inter-regional, como se extrai
determinados que exercerão um papel representativo. No de prescrições do §1º do artigo 225, CF) e sociedade.
Brasil, destacam-se instituições como o Ministério Público e
a Defensoria Pública. Sem prejuízo, como visto, há remédios CAPÍTULO VII
constitucionais que se voltam à proteção de interesses Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e
desta categoria, como o mandado de segurança coletivo e do Idoso
a própria ação popular, sem falar na ação civil pública e na
ação de improbidade administrativa, também mencionadas Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial
no texto constitucional. proteção do Estado.
Mancuso35 utiliza o termo interesses difusos e coletivos § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
para tratar dos direitos difusos e coletivos, explicando que § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos
interesses podem ser: da lei.
a) Individuais: são os interesses privados, de cunho § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida
egoístico; a união estável entre o homem e a mulher como entidade
b) Metaindividuais: são interesses que excedem a órbita familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
de atuação individual e se projetam numa ordem coletiva, § 4º Entende-se, também, como entidade familiar
podendo ser coletivos ou difusos; a comunidade formada por qualquer dos pais e seus
c) Coletivos: concernentes a uma realidade coletiva, descendentes.
como profissão, categoria ou família, isto é, caracterizando- § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal
se pelo exercício coletivo de interesses coletivos. Nota-se que são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
pertencem a grupos ou categorias de pessoas determináveis, § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. 
possuindo uma só base jurídica; § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa
d) Difusos: abrange um número indeterminado de humana e da paternidade responsável, o planejamento
pessoas reunidas pelo mesmo fato, logo, a base é mais ampla familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado
que dos interesses difusos (fato, não Direito) e o número propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício
de pessoas é indeterminado (não determinável como nos desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de
coletivos). Em verdade, excedem o interesse público ou geral. instituições oficiais ou privadas.
Quanto às espécies de direitos difusos e coletivos, pode- § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa
se afirmar que há uma coletivização da maioria dos direitos de cada um dos que a integram, criando mecanismos para
individuais anteriormente reconhecidos e afirmados, na coibir a violência no âmbito de suas relações.
medida do possível conforme a situação em concreto, bem Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
como a percepção de direitos que são puramente difusos ou assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
coletivos. absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
35 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses di-
fusos: conceito e legitimação para agir. 6. ed. São Paulo: Revista dos
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
Tribunais, 2004, p. 82-87. além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 

65
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º O Estado promoverá programas de assistência Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de
integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
admitida a participação de entidades não governamentais, Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os
mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e
preceitos:  amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
I - aplicação de percentual dos recursos públicos Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever
destinados à saúde na assistência materno-infantil; de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação
II - criação de programas de prevenção e atendimento na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
especializado para as pessoas portadoras de deficiência garantindo-lhes o direito à vida.
física, sensorial ou mental, bem como de integração § 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados
social do adolescente e do jovem portador de deficiência, preferencialmente em seus lares.
mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e § 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a
a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as Em que pese o artigo 6º, CF mencionar exclusivamente
formas de discriminação.  a proteção à maternidade e à infância, o constituinte deixa
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos clara sua intenção de proteger todos os núcleos vulneráveis
logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação da família: a proteção da mãe envolve a proteção da família,
de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso a proteção da infância abrange também a do adolescente
adequado às pessoas portadoras de deficiência. e do jovem e, porque não dizer, dos idosos, já que estes
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes também estão numa idade em que cuidado especial deve ser
aspectos: despendido. Em verdade, há associações que trabalham com a
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao proteção integrada de todos estes núcleos vulneráveis.
trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; 1) Proteção à maternidade e à infância
Envolve medidas de seguridade e assistência social e outras
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e
voltadas à mãe e ao seu filho, para que ele cresça de maneira
jovem à escola; 
saudável e na presença do seio materno.
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da
atribuição de ato infracional, igualdade na relação
2) Proteção da família
processual e defesa técnica por profissional habilitado,
O constituinte reconhece a família como base da sociedade
segundo dispuser a legislação tutelar específica;
e a coloca como objeto de especial proteção do Estado já no
V - obediência aos princípios de brevidade,
caput do artigo 226, CF.
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa A fundação tradicional da família se dá pelo casamento,
em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer de modo que os §§ 1º e 2º do artigo 226 estabelecem: “§ 1º
medida privativa da liberdade; O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência religioso tem efeito civil, nos termos da lei”. O fato do
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, casamento ser gratuito facilita o acesso a ele. Por seu turno, a
ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou previsão do casamento civil, aceitando que o religioso tenha
adolescente órfão ou abandonado; o mesmo efeito, consolida a afirmação do Estado laico. Aliás,
VII - programas de prevenção e atendimento Lei nº 1.110/1950 regula o reconhecimento dos efeitos civis ao
especializado à criança, ao adolescente e ao jovem casamento religioso.
dependente de entorpecentes e drogas afins. Nos §§ 5º e 6º do artigo 226, CF, mais uma vez, o constituinte
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a aborda o casamento. Estabelece-se, primeiro, a igualdade entre
exploração sexual da criança e do adolescente. homem e mulher no casamento e depois a possibilidade de
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na dissolução do vínculo conjugal. Quanto à dissolução do vínculo
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua conjugal, ressalta-se que não mais se exige um lapso temporal
efetivação por parte de estrangeiros. entre a separação de fato ou judicial para a concessão do
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, divórcio, sendo que o divórcio pode ser postulado desde logo
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, (é o que decorre da Emenda Constitucional nº 66/2010).
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas No entanto, o constituinte está ciente de que o casamento
à filiação. não é a única forma de se constituir família, prevendo no § 3º o
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do reconhecimento da união estável como entidade familiar e no
adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. § 4º o reconhecimento da família monoparental.
204. O direito ao planejamento familiar é abordado no §7º do
§ 8º A lei estabelecerá:  artigo 226, CF.
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os Por fim, o constituinte denota preocupação com a
direitos dos jovens;  violência doméstica, prevendo no §8º do artigo 226. Exemplo
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, de consolidação deste ideário é a Lei nº 11.340/2006, Lei Maria
visando à articulação das várias esferas do poder público da Penha, que coíbe a violência doméstica e familiar praticada
para a execução de políticas públicas.  contra a mulher.

66
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

3) Proteção da criança, do adolescente e do jovem A igualdade entre os filhos, quebrando o paradigma da


Já no caput do artigo 227, CF se encontra uma das Constituição anterior e do até então vigente Código Civil
principais diretrizes do direito da criança e do adolescente de 1916 consta no artigo 227, § 6º, CF: “os filhos, havidos
que é o princípio da prioridade absoluta. Significa que cada ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão
criança e adolescente deve receber tratamento especial do os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
Estado e ser priorizado em suas políticas públicas, pois são designações discriminatórias relativas à filiação”.
o futuro do país e as bases de construção da sociedade. Quando o artigo 227 dispõe no § 7º que “no
Explica Liberati36: “Por absoluta prioridade, devemos atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-
entender que a criança e o adolescente deverão estar em se-á em consideração o disposto no art. 204” tem em vista
primeiro lugar na escala de preocupação dos governantes; a adoção de práticas de assistência social, com recursos da
devemos entender que, primeiro, devem ser atendidas seguridade social, em prol da criança e do adolescente.
todas as necessidades das crianças e adolescentes [...]. Por Por seu turno, o artigo 227, § 8º, CF, preconiza: “A
absoluta prioridade, entende-se que, na área administrativa, lei estabelecerá: I - o estatuto da juventude, destinado
enquanto não existirem creches, escolas, postos de saúde, a regular os direitos dos jovens; II - o plano nacional de
atendimento preventivo e emergencial às gestantes dignas juventude, de duração decenal, visando à articulação das
moradias e trabalho, não se deveria asfaltar ruas, construir várias esferas do poder público para a execução de políticas
praças, sambódromos monumentos artísticos etc., porque a públicas”. A Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013, institui
vida, a saúde, o lar, a prevenção de doenças são importantes o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos
que as obras de concreto que ficam par a demonstrar o jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de
poder do governante”. juventude e o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE.
A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 dispõe sobre Mais informações sobre a Política mencionada no inciso II
o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras e sobre a Secretaria e o Conselho Nacional de Juventude
providências, seguindo em seus dispositivos a ideologia do que direcionam a implementação dela podem ser obtidas
princípio da absoluta prioridade. na rede37.
No §1º do artigo 227 aborda-se a questão da O artigo 228, CF dispõe: “são penalmente inimputáveis
assistência à saúde da criança e do adolescente. Do inciso os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da
I se depreende a intrínseca relação entre a proteção da legislação especial”. Percebe-se que a normativa não está
criança e do adolescente com a proteção da maternidade no rol de cláusulas pétreas, razão pela qual seria possível
e da infância, mencionada no artigo 6º, CF. Já do inciso II uma emenda constitucional que alterasse a menoridade
se depreende a proteção de outro grupo vulnerável, que é penal. Inclusive, há projetos de lei neste sentido.
a pessoa portadora de deficiência, valendo lembrar que o
Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, que promulga 4) Proteção do idoso
a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas A segunda parte do artigo 229, CF preconiza que
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados “[...] os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar
em Nova York, em 30 de março de 2007, foi promulgado os pais na velhice, carência ou enfermidade”. Consolida o
após aprovação no Congresso Nacional nos moldes da dever de solidariedade familiar, compensando os pais que
Emenda Constitucional nº 45/2004, tendo força de norma criaram seus filhos quando tinham condições e que hoje se
constitucional e não de lei ordinária. A preocupação com encontram na posição de necessitados. Contudo, este dever
o direito da pessoa portadora de deficiência se estende de amparo não é exclusivo da família, conforme se extrai do
ao §2º do artigo 227, CF: “a lei disporá sobre normas de artigo 230, CF.
construção dos logradouros e dos edifícios de uso O fato de uma pessoa ter se tornado idosa não a
público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, transforma numa parte dispensável da sociedade, que
a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras merece isolamento. Pelo contrário, suas experiências
de deficiência”. devem ser valorizadas e incorporadas nas práticas sociais,
A proteção especial que decorre do princípio da tornando-as mais adequadas. Assim, Estado, família e
prioridade absoluta está prevista no §3º do artigo 227. Liga- sociedade possuem o dever compartilhado de conferir
se, ainda, à proteção especial, a previsão do §4º do artigo assistência aos idosos.
227: “A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
exploração sexual da criança e do adolescente”.
Tendo em vista o direito de toda criança e adolescente
de ser criado no seio de uma família, o §5º do artigo 227 da
Constituição prevê que “a adoção será assistida pelo Poder
Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições
de sua efetivação por parte de estrangeiros”. Neste sentido,
a Lei nº 12.010, de 3 de agosto de 2009, dispõe sobre a
adoção.

36 LIBERATI, Wilson Donizeti. O Estatuto da Crian-


ça e do Adolescente: Comentários. São Paulo: IBPS. 37 http://www.juventude.gov.br/politica

67
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

EXERCÌCIOS (C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer


alguma coisa senão em virtude de lei.
1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de (D) é livre a manifestação de pensamento, sendo
Constituição, assinale a alternativa CORRETA. vedado o anonimato.
(A) É o estatuto que regula as relações entre Estados (E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é
soberanos. um dos objetivos fundamentais da república federativa do
(B) É o conjunto de normas que regula os direitos e Brasil.
deveres de um povo.
(C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que 6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A
contém normas referentes à estruturação, à formação dos Constituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos
poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. “princípios fundamentais”, que são as regras informadoras
(D) É a norma maior de um Estado, que regula os de todo um sistema de normas, as diretrizes básicas do
direitos e deveres de um povo nas suas relações.
ordenamento constitucional brasileiro. São regras que
contêm os mais importantes valores que informam a
2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas
elaboração da Constituição da República Federativa do
de classificação das Constituições, uma delas é quanto à
Brasil.
origem.
Em relação às características de uma Constituição Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e
quanto à sua origem, assinale a alternativa CORRETA. assinale a alternativa correta.
(A) Dogmáticas ou históricas. I - Nas relações internacionais, a República brasileira
(B) Materiais ou formais. rege-se, entre outros, pelos seguintes princípios:
(C) Analíticas ou sintéticas. autodeterminação dos povos, defesa da paz, igualdade
(D) Promulgadas ou outorgadas. entre os Estados, concessão de asilo político.
II - Os princípios não são dotados de normatividade,
3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia da ou seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras
Constituição da República, assinale a alternativa CORRETA. jurídicas efetivas.
(A) A supremacia está no fato de o controle da III - Violar um princípio é muito mais grave que
constitucionalidade das leis só ser exercido pelo Supremo transgredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a
Tribunal Federal. todo o sistema de comandos.
(B) A supremacia está na obrigatoriedade de IV - São princípios que norteiam a atividade econômica
submissão das leis aos princípios que norteiam o Estado por no Brasil: a soberania nacional, a função social da
ela instituído. propriedade, a livre concorrência, a defesa do consumidor;
(C) A supremacia está no fato de a interpretação da a propriedade privada.
constituição não depender da observância dos princípios V - A diferença de salários, de critério de admissão por
que a norteiam. motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos
(D) A supremacia está no fato de que os princípios e trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualdade
fundamentos da constituição se resumam na declaração de do caput do art. 5º da Constituição Federal.
soberania. (A) Apenas I, II, III estão corretas.
(B) Apenas II e IV estão corretas.
4. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Entre (C) Apenas III e V estão corretas.
os chamados sentidos doutrinariamente atribuídos à
(D) Apenas I, III, IV e V estão corretas.
Constituição, existe um que realiza a distinção entre
(E) Todas as afirmações estão corretas.
Constituição e lei constitucional. Assinale a alternativa que
o contempla.
7. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A propósito
(A) Sentido político
(B) Sentido sociológico. dos princípios fundamentais da República Federativa do
(C) Sentido jurídico. Brasil, reconhece-se que:
(D) Sentido culturalista. (A) o pluralismo político está inserido entre seus
(E) Sentido simbólico. objetivos.
(B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se
5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A República contrapõe ao valor social do trabalho.
Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos (C) a dignidade é também do nascituro, o que
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em desautoriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez
Estado Democrático de Direito (art. 1º da CF). quando decorrente de estupro.
Com base no enunciado acima é correto afirmar, exceto: (D) a promoção do bem de todos, sem preconceito
(A) são objetivos fundamentais da república federativa de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de
do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as discriminação, é um de seus objetivos.
desigualdades sociais e regionais. (E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependentes
(B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político não e harmônicos entre si, são poderes da união.
são fundamentos da república federativa do brasil.

68
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

8. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - FGV/2014) 10. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os
Sobre os Princípios Fundamentais da República Federativa remédios constitucionais são as formas estabelecidas pela
do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988, é INCORRETO Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos
afirmar que: fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores
(A) a República Federativa do Brasil tem como essenciais e indisponíveis do ser humano.
fundamentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da Assim, é correto afirmar, exceto:
pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre (A) O habeas corpus pode ser formulado sem
iniciativa e o pluralismo político. advogado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade
(B) a República Federativa do Brasil tem como processual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o
objetivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa autor.
e solidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar (B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém
a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
sociais e regionais; promover o bem de todos, sem em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer de poder.
outras formas de discriminação. (C) O autor da ação constitucional de habeas corpus
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual
unicamente por meio de representantes eleitos. se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e a
(D) entre outros, são princípios adotados pela República autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora.
Federativa do Brasil nas suas relações internacionais, os (D) Caberá habeas corpus em relação a punições
seguintes: a independência nacional, a prevalência dos disciplinares militares.
direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo. (E) O habeas corpus será preventivo quando alguém
(E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo,
e a defesa da paz são princípios regedores das relações quando for concreta a lesão.
internacionais da República Federativa do Brasil.
RESPOSTAS
9. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art.
5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres
1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que
individuais e coletivos, espécie do gênero direitos e
um documento escrito que fica no ápice do ordenamento
garantias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-
jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e
se, de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também
organização do Estado, mas tem um significado intrínseco
consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro.
sociológico, político, cultural e econômico. Independente
Direito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva, do conceito, percebe-se que o foco é a organização do
2009,13ª. ed., p. 671). Estado e a limitação de seu poder.
Com base na afirmação acima, analise as questões a
seguir e assinale a alternativa correta. 2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma pode ser outorgada, quando imposta unilateralmente pelo
constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos agente revolucionário, ou promulgada, quando é votada,
através dos quais se assegura o exercício dos aludidos sendo também conhecida como democrática ou popular.
direitos.
II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e 3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais
parágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente atos normativos que compõem o denominado bloco de
exemplificativo. constitucionalidade, notadamente, emendas constitucionais
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição e tratados internacionais de direitos humanos aprovados
Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos com quórum especial após a Emenda Constitucional nº
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais 45/2004, estão no topo do ordenamento jurídico. Sendo
em que o Brasil seja parte. assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma estrita
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais. Por
e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujeitam a
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. controle de constitucionalidade.
V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e de Constituição não está na Constituição em si, mas nas
suas liturgias. decisões políticas tomadas antes de sua elaboração. Sendo
(A) Apenas I, II e III estão corretas. assim, o conceito de Constituição será estruturado por
(B) Apenas II, III e IV estão corretas. fatores como o regime de governo e a forma de Estado
(C) Apenas III e V estão corretas. vigentes no momento de elaboração da lei maior. A
(D) Apenas IV e V estão corretas. Constituição é o produto de uma decisão política e variará
(E) Todas as questões estão corretas. conforme o modelo político à época de sua elaboração.

69
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem 9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal
características, atributos do Estado Democrático de Direito diferença entre direitos e garantias é que os primeiros
que é a República Federativa brasileira, notadamente: servem para determinar os bens jurídicos tutelados e as
erradicação da pobreza e diminuição de desigualdades segundas são os instrumentos para assegurar estes (ex:
(artigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político direito de liberdade de locomoção – garantia do habeas
(artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II, corpus). “II” está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê
CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção em seu §2º que “os direitos e garantias expressos nesta
de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo Constituição não excluem outros decorrentes do regime
assim, incorreta a afirmação de que soberania, cidadania e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
e pluralismo político não são fundamentos da República internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no parte”, fundamento que também demonstra que o item
artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de “III” está correto. O item IV traz cópia do artigo 5º, X, CF,
um Estado Democrático de Direito. que prevê que “são invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
6. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos indenização pelo dano material ou moral decorrente de
princípios que regem as relações internacionais brasileiras, sua violação”; o que faz também o item V com relação ao
enumerados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II” artigo 5º, VI, CF que diz que “é inviolável a liberdade de
afasta a normatividade dos princípios, o que é incorreto, consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
pois os princípios têm forma normativa e, inclusive, podem dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
ser aplicados de forma autônoma se não houver lei aos locais de culto e a suas liturgias”. Sendo assim, todas
específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, por afirmativas estão corretas.
isso mesmo, correta a afirmação do item “III”; os princípios
descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem 10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia prevista
econômica, enumerados no artigo 170, CF, restando correta; no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
o item “V” traz um exemplo de violação ao princípio da sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
em todo texto constitucional, estando assim correto. Logo, ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei busca
apenas o item “II” está incorreto. torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
relacionado a um direito fundamental da pessoa humana. O
7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propositura
fundamentais (fundamentos) da República Federativa do não depende de advogado; o que propõe a ação é
Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois),
livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A” contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
se encontra no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamente
inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal
dar luz à um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus
dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que em relação a punições disciplinares militares”.
“são Poderes da União, independentes e harmônicos entre
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a
alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo
da República Federativa brasileira – previsto no artigo 3º,
IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim
com os objetivos.

8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a


modalidade semidireta, porque possibilita a participação
popular direta no poder por intermédio de processos
como o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como
são hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia
indireta é predominantemente adotada no Brasil, por meio
do sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual
valor para todos. Contudo, não é a única maneira de se
exercer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único,
CF).

70
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

1) Crimes contra a pessoa..................................................................................................................................................................................... 01


2) Crimes contra o patrimônio............................................................................................................................................................................ 08
3) Crimes contra a Administração Pública...................................................................................................................................................... 18
4) Sujeito ativo e passivo da infração penal................................................................................................................................................... 19
5) Tipicidade, ilicitude, culpabilidade e punibilidade................................................................................................................................. 20
6) Erro de tipo e erro de proibição.................................................................................................................................................................... 22
7) Imputabilidade penal......................................................................................................................................................................................... 23
8) Concurso de pessoas......................................................................................................................................................................................... 24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo


1) CRIMES CONTRA A PESSOA. egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por
qualquer causa, a capacidade de resistência. Neste crime
não se pune a tentativa.
Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela
mãe contra o filho, sob condições especiais (em estado
HOMICÍDIO
puerperal, isto é, logo pós o parto).
De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher interrom-
vida de um homem por outro homem. De forma objetiva,
pe a gravidez de forma a trazer destruição do produto da
é o ato cometido ou omitido que resulta na eliminação da
concepção. No auto-aborto ou no aborto com consenti-
vida do ser humano.
mento da gestante, esta sempre será o sujeito ativo do ato,
Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta
e o feto, o sujeito passivo. No aborto sem o consentimento
típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicí-
da gestante, os sujeitos passivos serão o feto e a gestante.
dio não possui características de qualificação, privilégio
Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado sem
ou atenuação. É o simples ato da prática descrita na in-
o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três a dez anos.
terpretação da lei, ou seja, o ato de trazer a morte a uma
Aborto provocado com o consentimento da gestante
pessoa.
– Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser aumen-
Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo pri-
tada para reclusão de três a dez anos, se a gestante for
meiro – É a conduta típica do homicídio que recebe o
menor de quatorze anos, se for alienada ou débil mental,
benefício do privilégio, sempre que o agente comete o
ou ainda se o consentimento for obtido mediante fraude,
crime impelido por motivo de relevante valor social ou
grave ameaça ou violência.
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo após
Forma qualificada - As penas são aumentadas de um
a injusta provocação da vítima, podendo o juiz reduzir a
terço se, em conseqüência do aborto ou dos meios em-
pena de um sexto a um terço.
pregados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal
Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segun-
de natureza grave. São duplicadas se, por qualquer dessas
do – É a conduta típica do homicídio onde se aumen-
causas, lhe sobrevém a morte.
ta a pena pela prática do crime, pela sua ocorrência nas
Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado
seguintes condições: mediante paga ou promessa de re-
por médico: se não há outro meio de salvar a vida da ges-
compensa, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil,
tante; e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre-
com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
cedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,
ou outro meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resul-
de seu representante legal.
tar perigo comum; por traição, emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne im-
Lesões corporais
possível a defesa do ofendido; e para assegurar a execu-
ção, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro
Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a
crime.
saúde de outra pessoa.
Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro –
É a conduta típica do homicídio que se dá pela imprudên-
Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - pa-
cia, negligência ou imperícia do agente, o qual produz um
rágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocu-
resultado não pretendido, mas previsível, estando claro
pações habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida;
que o resultado poderia ter sido evitado.
debilidade permanente de membro, sentido ou função; ou
No homicídio culposo a pena é aumentada de um ter-
aceleração de parto.
ço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 -
imediato socorro à vítima. O mesmo ocorre se não procu-
parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente
ra diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evi-
para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutiliza-
tar prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, a pena
ção do membro, sentido ou função; deformidade perma-
é aumentada de um terço se o crime é praticado contra
nente; ou aborto.
pessoa menor de quatorze ou maior de sessenta anos.
Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o
Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte e
juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências
as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o re-
da infração atingirem o próprio agente de forma tão gra-
sultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio
ve que torne desnecessária a sanção penal.
preterintencional).
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo
122 do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga al-
Diminuição de pena - Se o agente comete o crime im-
guém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça.
pelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou
Reclusão de dois a seis anos, se o suicídio se consumar,
ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de injus-
ou reclusão de um a três anos, se da tentativa de suicídio
ta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
resultar lesão corporal de natureza grave.
sexto a um terço.

1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o re- Homicídio culposo


sultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal resulta- § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de
do era previsível. 1965)
Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra Pena - detenção, de um a três anos.
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, Aumento de pena
ou com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda preva- § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de
lecendo-se o agente das relações domésticas, de coabita- 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de
ção ou de hospitalidade. Pena: detenção, de três meses a regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
três anos. deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procu-
ra diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
PARTE ESPECIAL evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
TÍTULO I pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é pra-
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA ticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior
CAPÍTULO I de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741,
DOS CRIMES CONTRA A VIDA de 2003)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz po-
Homicídio simples derá deixar de aplicar a pena, se as consequências da
Art. 121. Matar alguém: infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela
Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Caso de diminuição de pena § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo metade se o crime for praticado por milícia privada, sob
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 2012)
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
Homicídio qualificado terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído
§ 2° Se o homicídio é cometido: pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses poste-
outro motivo torpe; riores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - por motivo fútil; II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa pela Lei nº 13.104, de 2015)
resultar perigo comum; III - na presença de descendente ou de ascendente
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimula- da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
defesa do ofendido; Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impuni- Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
dade ou vantagem de outro crime: prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se
consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo Parágrafo único - A pena é duplicada:
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. Aumento de pena
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do siste- I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
ma prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual-
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu quer causa, a capacidade de resistência.
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até ter-
ceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei Infanticídio
nº 13.142, de 2015) Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerpe-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. ral, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de Pena - detenção, de dois a seis anos.
sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela
Lei nº 13.104, de 2015) Aborto provocado pela gestante ou com seu con-
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei sentimento
nº 13.104, de 2015) Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
II - menosprezo ou discriminação à condição de mu- que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
lher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Pena - detenção, de um a três anos.

2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Aborto provocado por terceiro Diminuição de pena


Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo
gestante: de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
Pena - reclusão, de três a dez anos. violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos. Substituição da pena
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante mil réis a dois contos de réis:
fraude, grave ameaça ou violência I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo an-
terior;
Forma qualificada II - se as lesões são recíprocas.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anterio-
res são aumentadas de um terço, se, em consequência do Lesão corporal culposa
aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a ges- § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
tante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplica- Pena - detenção, de dois meses a um ano.
das, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aumento de pena
(Vide ADPF 54) § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste
Aborto necessário Código.(Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece- Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886,
dido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de de 2004)
seu representante legal. § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, des-
cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem
CAPÍTULO II conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
DAS LESÕES CORPORAIS agente das relações domésticas, de coabitação ou de hos-
pitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Lesão corporal Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Re-
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de dação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
outrem: § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo,
Pena - detenção, de três meses a um ano. se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo,
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº
Lesão corporal de natureza grave 10.886, de 2004)
§ 1º Se resulta: § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au-
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais mentada de um terço se o crime for cometido contra pes-
de trinta dias; soa portadora de deficiência.(Incluído pela Lei nº 11.340,
II - perigo de vida; de 2006)
III - debilidade permanente de membro, sentido ou § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
função; agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Fede-
IV - aceleração de parto: ral, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrên-
§ 2° Se resulta: cia dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
I - Incapacidade permanente para o trabalho; consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição,
II - enfermidade incuravel; a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; nº 13.142, de 2015)
IV - deformidade permanente;
V - aborto: CAPÍTULO III
Pena - reclusão, de dois a oito anos. DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Lesão corporal seguida de morte Perigo de contágio venéreo


§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais
que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea,
de produzí-lo: de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se
§ 2º - Somente se procede mediante representação. da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e tri-
plicada, se resulta a morte.
Perigo de contágio de moléstia grave
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem Condicionamento de atendimento médico-hospita-
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de pro- lar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
duzir o contágio: Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
formulários administrativos, como condição para o atendi-
Perigo para a vida ou saúde de outrem mento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo nº 12.653, de 2012).
direto e iminente: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul-
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não ta. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a da negativa de atendimento resulta lesão corporal de na-
um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a tureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela
perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação Lei nº 12.653, de 2012).
de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza,
em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº Maus-tratos
9.777, de 1998) Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de edu-
Abandono de incapaz cação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, -a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de
incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abando- meios de correção ou disciplina:
no: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
Pena - detenção, de seis meses a três anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra-
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natu- ve:
reza grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2º - Se resulta a morte:
§ 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (In-
Aumento de pena cluído pela Lei nº 8.069, de 1990)
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se
de um terço: CAPÍTULO IV
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; DA RIXA
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
irmão, tutor ou curador da vítima. Rixa
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os con-
pela Lei nº 10.741, de 2003) tendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Exposição ou abandono de recém-nascido Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa,
ocultar desonra própria: a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra- CAPÍTULO V
ve: DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte: Calúnia
Pena - detenção, de dois a seis anos. Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
fato definido como crime:
Omissão de socorro Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando pos- § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou imputação, a propala ou divulga.
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, Exceção da verdade
o socorro da autoridade pública: § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

I - se, constituindo o fato imputado crime de ação priva- III - o conceito desfavorável emitido por funcionário
da, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; público, em apreciação ou informação que preste no cum-
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indica- primento de dever do ofício.
das no nº I do art. 141; Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Retratação
Difamação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se re-
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensi- trata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento
vo à sua reputação: de pena.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios
Exceção da verdade de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofen-
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é sa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015)
relativa ao exercício de suas funções. Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se in-
fere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido
Injúria pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, respon-
ou o decoro: de pela ofensa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somen-
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: te se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
diretamente a injúria; Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
II - no caso de retorsão imediata, que consista em ou- Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141
tra injúria. deste Código, e mediante representação do ofendido, no
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se consi- § 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei
derem aviltantes: nº 12.033. de 2009)
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além
da pena correspondente à violência. CAPÍTULO VI
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos re- DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
ferentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de SEÇÃO I
pessoa idosa ou portadora de deficiência:(Redação dada DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa.(Incluído Constrangimento ilegal
pela Lei nº 9.459, de 1997) Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qual-
Disposições comuns quer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumen- que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
tam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de
governo estrangeiro; Aumento de pena
II - contra funcionário público, em razão de suas funções; § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em do-
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que bro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. três pessoas, ou há emprego de armas.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por- § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as cor-
tadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluí- respondentes à violência.
do pela Lei nº 10.741, de 2003) § 3º - Não se compreendem na disposição deste ar-
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga tigo:
ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consenti-
mento do paciente ou de seu representante legal, se justi-
Exclusão do crime ficada por iminente perigo de vida;
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: II - a coação exercida para impedir suicídio.
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, Ameaça
pela parte ou por seu procurador; Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe
ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de inju- mal injusto e grave:
riar ou difamar; Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Parágrafo único - Somente se procede mediante re- V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344,
presentação. de 2016) (Vigência)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Sequestro e cárcere privado (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante se- § 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:
questro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002) (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Pena - reclusão, de um a três anos. I - o crime for cometido por funcionário público no
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou
(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005) pessoa idosa ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº
II - se o crime é praticado mediante internação da víti- 13.344, de 2016) (Vigência)
ma em casa de saúde ou hospital; III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de depen-
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoi- dência econômica, de autoridade ou de superioridade hie-
to) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005) rárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou fun-
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluí- ção; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
do pela Lei nº 11.106, de 2005) IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do ter-
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou ritório nacional. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: (Vigência)
Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente
for primário e não integrar organização criminosa. (In-
Redução a condição análoga à de escravo cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escra-
vo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada SEÇÃO II
exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO
trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua loco- DOMICÍLIO
moção em razão de dívida contraída com o empregador ou
preposto:(Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) Violação de domicílio
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou as-
pena correspondente à violência.(Redação dada pela Lei nº tuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de
10.803, de 11.12.2003) quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Lei nº 10.803, de 11.12.2003) § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de tra- por duas ou mais pessoas:
balho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou pena correspondente à violência.
se apodera de documentos ou objetos pessoais do traba- § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é co-
lhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.(Incluído metido por funcionário público, fora dos casos legais, ou
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) com inobservância das formalidades estabelecidas em lei,
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é co- ou com abuso do poder.
metido:(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência
I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº em casa alheia ou em suas dependências:
10.803, de 11.12.2003) I - durante o dia, com observância das formalidades
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, reli- legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
gião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante gra- § 4º - A expressão «casa» compreende:
ve ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finali- I - qualquer compartimento habitado;
dade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) II - aposento ocupado de habitação coletiva;
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; III - compartimento não aberto ao público, onde al-
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) guém exerce profissão ou atividade.
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de § 5º - Não se compreendem na expressão «casa»:
escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluí- coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do pa-
do pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) rágrafo anterior;
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
de 2016) (Vigência)

6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

SEÇÃO III Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


DOS CRIMES CONTRA A (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA § 2o Quando resultar prejuízo para a Administração
Pública, a ação penal será incondicionada. (Incluído pela
Violação de correspondência Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de cor-
respondência fechada, dirigida a outrem: Violação do segredo profissional
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de
que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou
Sonegação ou destruição de correspondência profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
§ 1º - Na mesma pena incorre: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
I - quem se apossa indevidamente de correspondência Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a so- presentação.
nega ou destrói; Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co-
nectado ou não à rede de computadores, mediante vio-
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica lação indevida de mecanismo de segurança e com o fim
ou telefônica de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou
ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou ra- instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: (In-
dioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
entre outras pessoas; Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul-
III - quem impede a comunicação ou a conversação re- ta.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
feridas no número anterior; § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioe- distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
létrico, sem observância de disposição legal. computador com o intuito de permitir a prática da condu-
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano ta definida no caput.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
para outrem. Vigência
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de fun- § 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se
ção em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefô- da invasão resulta prejuízo econômico.(Incluído pela Lei nº
nico: 12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de um a três anos. § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo
§ 4º - Somente se procede mediante representação, de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei,
ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadi-
Correspondência comercial do:(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo multa, se a conduta não constitui crime mais grave.(Incluí-
ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir corres- do pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
pondência, ou revelar a estranho seu conteúdo: § 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um
Pena - detenção, de três meses a dois anos. a dois terços se houver divulgação, comercialização ou
Parágrafo único - Somente se procede mediante re- transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou in-
presentação. formações obtidos.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Vigência
SEÇÃO IV § 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS crime for praticado contra:(Incluído pela Lei nº 12.737, de
SEGREDOS 2012) Vigência
I - Presidente da República, governadores e prefei-
Divulgação de segredo tos;(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;(Incluído
de documento particular ou de correspondência confiden- pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
cial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado
possa produzir dano a outrem: Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou-
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Pa- (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
rágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000) IV - dirigente máximo da administração direta e indire-
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. (In-
ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
sistemas de informações ou banco de dados da Adminis- Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
tração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Vigência

7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somen- furto, visa essencial ou principalmente a tutela da proprie-
te se procede mediante representação, salvo se o crime é dade e não da posse. É inegável que o dispositivo protege
cometido contra a administração pública direta ou indireta não só a propriedade como a posse, seja ela direta ou indi-
de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Fede- reta além da própria detenção1.
ral ou Municípios ou contra empresas concessionárias de Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é
serviços públicos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer
Vigência que a vítima de furto não é necessariamente o proprietário
da coisa subtraída, podendo recair a sujeição passiva sobre
o mero detentor ou possuidor da coisa.

2) CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não
exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal
específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do cri-
me, sendo ela física ou jurídica, titular da posse, detenção
O Título II da parte especial do Código Penal Brasileiro, ou da propriedade.
faz referências aos Crimes Contra o Patrimônio. O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar,
abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor
Considera-se patrimônio de uma pessoa , os bens, o ou proprietário.
poderio econômico, a universalidade de direitos que te- O crime de furto pode ser praticado também através
nham expressão econômica para a pessoa. Considera-se de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será
em geral, o patrimônio como universalidade de direitos. de apossamento indireto, devido ao emprego de animais,
Vale dizer como uma unidade abstrata, distinta, diferente caso contrário é de apossamento direto.
dos elementos que a compõem isoladamente considera- Impera uma única controvérsia, tendo em vista o de-
dos. senvolvimento da tecnologia, quanto a subtração praticada
Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito com o auxílio da informática, se ela resultaria de furto ou
privado, há uma noção econômica de patrimônio e, segun- crime de estelionato.
do a qual, ele consiste num complexo de bens, através dos O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa
quais o homem satisfaz suas necessidades. em direito penal representa qualquer substância corpórea,
seja ela material ou materializável, ainda que não tangí-
Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direito vel, suscetível de apreciação e transporte, incluindo aqui os
civil, ao direito econômico, ele é autônomo e constitutivo, corpos gasosos, os instrumentos , os títulos, etc.2.
e por isso mesmo quando tutela bens e interesses jurídicos
já tutelados por outros ramos do direito, ele o faz com au- O homem não pode ser objeto material de furto, con-
tonomia e de um modo peculiar. forme o fato, o agente pode responder por sequestro ou
cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal Bra-
A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Códi- sileiro, ou subtração de incapazes artigo 249.
go Penal Brasileiro, é sem dúvida extensamente realizada,
mas não se pode perder jamais em conta, a necessidade Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de
de que no conceito de patrimônio esteja envolvida uma furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, va-
noção econômica, um noção de valor material econômico lor de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afetivo
do bem. (o que eu acho que não tem validade jurídica penal). Já a
jurisprudência invoca o princípio da insignificância, consi-
FURTO derando que se a coisa furtada tem valor monetário irrisó-
rio, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e, portanto,
O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155 não ficará caracterizado o crime.
do Código Penal Brasileiro, em sua forma básica: “subtrair,
para si ou para outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão, Furto é crime material, não existindo sem que haja
de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa”. desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não
pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa ra-
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes zão não comete furto e sim o crime contido no artigo 346
palavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para (Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de Terceiro)
si ou para outrem sem a pratica de violência ou de grave do Código Penal Brasileiro, o proprietário que subtrai coisa
ameaça ou de qualquer espécie de constrangimento físi- sua que está em poder legitimo de outro3.
co ou moral à pessoa. Significa, pois o assenhoramento da
coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo definitivo. O crime de furto é cometido através do dolo que é a
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso res- vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do ele-
saltar uma divergência na doutrina: entende-se que é pro- mento subjetivo do injusto também chamado de “dolo
tegida diretamente a posse e indiretamente a propriedade específico”, que no crime de furto está representado pela
ou, em sentido contrário, que a incriminação no caso de ideia de finalidade do agente, contida da expressão “para

8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

si ou para outrem”. Independe, todavia de intuito, objetivo Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo e
de lucro por parte do agente, que pode atuar por vingança, por tudo em sua aparência interna e externa à coisa sub-
capricho, liberalidade. traída6.

O consentimento da vítima na subtração elide o crime, já FURTO NOTURNO


que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre de-
pois da consumação, é evidente que sobrevivi o ilícito penal. O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155:
“apena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
O delito de furto também pode ser praticado entre: durante o repouso noturno”7.
cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos,
entre irmãos. É furto agravado ou qualificado o praticado durante
o repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º, a
O direito romano não admitia, nesses casos, a ação razão da majorante está ligada ao maior perigo que está
penal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento submetido o bem jurídico diante da precariedade de vigi-
penal, mas isenta de pena, como elemento de preservação lância por parte de seu titular.
da vida familiar. Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima,
que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança e
Para se definir o momento da consumação, existem a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada, para
duas posições: que se configure a agravante do repouso noturno.
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa,
1) atinge a consumação no momento em que o objeto é variável, dependendo do local e dos costumes.
material é retirado de posse e disponibilidade do sujeito É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca
passivo, ingressando na livre disponibilidade do autor, ain- da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar
da que não obtenha a posse tranquila; a agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é no
2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado em
breve tempo. lugar desabitado, pois evidente se praticado desta forma
não haveria, mesmo durante a época o momento do não
Temos a seguinte classificação para o crime de furto: repouso, a possibilidade de vigilância que continuaria a ser
comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo tão precária quanto este momento de repouso.
de dano, material e instantâneo. Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para nós,
A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hi- existe a agravante quando o furto se dá durante o tempo em
póteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é que a cidade ou local repousa, o que não importa necessaria-
condicionada à representação. mente seja a casa habitada ou estejam seus moradores dormi-
do. Podem até estar ausente, ou desabitado o lugar do furto”.
O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto A exposição de motivos como a do mestre Noronha, é
simples, furto noturno, furto privilegiado e furto qualifica- a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como agra-
do. vante especial do furto a circunstância de ser o crime prati-
cado durante o período do sossego noturno8, seja ou não
FURTO DE USO habitada a casa, estejam ou não seus moradores dormindo,
cabe a majoração se o delito ocorreu naquele período.
Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usu-
fruí-la momentaneamente, está prevista no art. 155 do Có- Furto em garagem de residência, também há duas po-
digo Penal Brasileiro, para que seja reconhecível o furto de sições, uma em que incide a qualificadora, da qual o Pro-
uso e não o furto comum, é necessário que a coisa seja fessor Damásio é partidário, e outra na qual não incide a
restituída, devolvida, ao possuidor, proprietário ou deten- qualificadora.
tor de que foi subtraída, isto é, que seja reposta no lugar,
para que o proprietário exerça o poder de disposição sobre FURTO PRIVILEGIADO OU MÍNIMO
a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “animus furandi”
dependerá de prova plena a ser oferecida pelo agente. O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo
155: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
Os tribunais tem subordinado o reconhecimento do coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirman- de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar so-
do que há furto comum se a coisa é abandonada em local mente a pena de multa”.
distante ou diverso ou se não é recolocada na esfera de Vale dizer que é uma forma de causa especial de di-
vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos que exi- minuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa
gem que a devolução da coisa, além de ser feita no mesmo causa especial:
lugar da subtração seja feita em condições de restituição - O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é ser
da coisa em sua integridade e aparência interna e externa, o agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em razão
assim como era no momento da subtração. de outro crime condenação anterior transitada em julgado.

9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

- O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em fla-
subtraída. grante indica delito tentado nos casos de furto, por não
A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraída,
dois requisitos já citados, que o agente não revele persona- que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima.
lidade ou antecedentes comprometedores, indicativos da
existência de probabilidade, de voltar a delinquir. Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: um
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de detenção, batedor de carteira segue uma pessoa durante vários dias.
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a multa. Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó da víti-
ma, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o envelo-
O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre pe, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à Delega-
energia elétrica, ou qualquer outra que tenha valor econô- cia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois, naquele
mico à coisa móvel, também a caracterizando como crime. dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O agente será
responsabilizado pelo crime nesse exemplo? Não, pois a
A jurisprudência considera essa modalidade de furto ausência do objeto material do delito faz do evento um
como crime permanente, pois o agente pratica uma só crime impossível.
ação, que se prolonga no tempo. O último é a qualificadora da destreza, que se dá quan-
do a subtração se dá dissimuladamente com especial habi-
FURTO QUALIFICADO lidade por parte do agente, onde a ação, sem emprego de
violência, em situação em que a vítima, embora consciente
Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º e alerta, não percebe que está tendo os bens furtados. O
do art. 155, para configurar furto qualificado, ao qual é co- arrebatamento violento ou inopinado não a configura.
minada pena autônoma sensivelmente mais grave: “reclu-
são de 2 à 8 anos seguida de multa”. A terceira hipótese é o emprego de chave falsa.
Constitui chave falsa qualquer instrumento ou engenho de
São as seguintes as hipóteses de furto qualificado: que se sirva o agente para abrir fechadura e que tenha ou não o
se o crime é cometido com destruição ou rompimento formato de uma chave, podendo ser grampo, pedaço de arame,
de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da pinça, gancho, etc. O exame pericial da chave ou desse instru-
destruição, isto é, fazer desaparecer em sua individualidade mento é indispensável para a caracterização da qualificadora.
ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou
imóvel a apreensão e subtração da coisa. A Quarta e última hipótese é quando ocorre median-
A destruição ou rompimento deve dar-se em qualquer mo- te concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado
mento da execução do crime e não apenas para apreensão da nestas circunstâncias, pois isto revela uma maior periculo-
coisa. Porém é imprescindível que seja comprovada pericialmen- sidade dos agentes, que unem seus esforços para o crime.
te, nem mesmo a confissão do acusado supre a falta da perícia. No caso de furto cometido por quadrilha, responde
Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no caso por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro
de concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo haja in- seguido de furto simples, ficando excluída a qualificadora,
gressado na esfera do conhecimento dos participantes. Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em
A segunda hipótese é quando o crime é cometido com duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir
abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza. a outra como agravante comum.
Há abuso de confiança quando o agente se prevalece
de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica FURTO DE COISA COMUM
do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente se
serve de algum artifício para fazer a subtração. Este crime está definido no art. 156 do Código Penal
Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir a Brasileiro, que diz: “Subtrair o condômino, coerdeiro, ou
vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na sub- sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a de-
tração do objeto material. O furto mediante fraude distin- tém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) meses à 2
gue-se do estelionato, naquele a fraude é empregada para (dois) anos, ou multa”.
iludir a atenção e vigilância do ofendido, que nem percebe A razão da incriminação é de que o agente subtraia
que a coisa lhe está sendo subtraída; no estelionato, ao coisa que pertença também a outrem. Este crime constitui
contrário, a fraude antecede o apossamento da coisa e é a caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas as re-
causa de sua entrega ao agente pela vítima; esta entrega lações existentes entre o agente e o lesado ou os lesados.
a coisa iludida, pois a fraude motivou seu consentimento. Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, copro-
É ainda qualificadora a penetração no local do furto prietário, coerdeiro ou o sócio. Esta condição é indispen-
por via que normalmente não se usa para o acesso, sendo sável e chega a ser uma elementar do crime e por tanto é
necessário o emprego de meio artificial, é no caso de esca- transmitido ao partícipe estranho nos termos do artigo 29
lada, que não se relaciona necessariamente com a ação de do Código Penal Brasileiro.
galgar ou subir. Também deve ser comprovada por meio Sujeito passivo será sempre o condomínio, coproprie-
de perícia, assim como o rompimento de obstáculo. tário, coerdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o ter-
ceiro possuidor legítimo da coisa.

10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A vontade de subtrair configura o momento subjetivo, Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida,
fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão “para visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar
si ou para outrem”. a violência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos
A pena culminada para furto de coisa comum é alter- alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração.
nativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos
multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da duas correntes:
pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto.
Sua classificação doutrinária é de crime comum quan-
ROUBO to ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e
instantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada.
A ação penal é pública, porém depende de represen-
tação da parte ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE
Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasi-
leiro: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Brasi-
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois leira primeira parte, é qualificado roubo quando: “da vio-
de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade lência resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se
de resistência: pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) a pena num patamar superior ao fixado anteriormente,
anos, e multa”. aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, além da mul-
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingi- ta”.
do também a integridade física ou psíquica da vítima. É indispensável que a lesão seja causada pela violência,
É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dis-
do crime é o patrimônio, e tutela-se também a integridade positivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça,
corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de latrocínio a como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos. Ha-
vida do sujeito passivo. verá no caso roubo simples seguido de lesões corporais de
O Roubo também é um delito comum, podendo ser natureza grave em concurso formal.
cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em
o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos um terceiro.
passivos: um que sofre a violência e o titular do direito de Se o agente fere gravemente a vítima mas não conse-
propriedade. gue subtrair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º 1ª
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa mó- parte (TACrim SP, julgados 72:214).
vel alheia, mas faça-se necessário que o agente se utilize
de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como grave ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO
ameaça ou de qualquer outro meio que produza a possibi-
lidade de resistência do sujeito passivo. Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta
A vontade de subtrair com emprego de violência, gra- a morte, as mesmas considerações referentes aos crimes
ve ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito qualificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas.
de roubo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo, o O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição
para outrem, é que se dá a subtração. Federal Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo.
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento
Há uma figura denominada roubo impróprio que vem morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
definido no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na mesma violência para roubar e que dela resulte a morte para que
pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega se tenha caracterizado o delito.
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a É indiferente, porém, que a violência tenha sido exerci-
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para da para o fim da subtração ou para garantir, depois desta,
terceiro”. Nesse caso a violência ou a grave ameaça ocorre a impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída.
após a consumação da subtração, visando o agente assegurar Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa
a posse da coisa subtraída ou a impunidade do crime. diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa. Ha-
A violência posterior ou roubo para assegurar a sua im- verá no entanto um só crime com dois sujeitos passivos.
punidade, deve ser imediato para caracterização do roubo A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva sub-
impróprio. tração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja mor-
A consumação do roubo impróprio ocorre com a vio- te da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo
lência ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtração, Juiz singular e não do Tribunal do Júri, essa é a posição
não se consumando esta, tem se entendido que o agente válida,
deverá ser responsabilizado por tentativa de furto em con- Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
curso com o crime de lesões corporais. multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90.
Consuma-se no momento em que o agente retira o Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de me-
objeto material da esfera de disponibilidade da vítima, tade quando a vítima se encontra nas condições do artigo
mesmo que não haja a posse tranquila. 224 do Código Penal Brasileiro: “presunção de violência”.

11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

EXTORSÃO Da outra parte, se entendido como crime material, a


consumação se dará com obtenção de indevida vantagem
O crime de extorsão é formal e consuma-se no mo- econômica. Seguimos esse entendimento, para nós o cri-
mento e no local em que ocorre o constrangimento para me de extorsão é material consumando-se com a efetiva
que se faça ou se deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº obtenção indevida vantagem econômica.
96 do Superior Tribunal de Justiça. Tentativa
Admite-se quer considerando o crime formal ou mate-
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou rial. Surge quando a vítima mesmo constrangida, median-
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para te violência ou grave ameaça, não realiza a condita por
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que circunstâncias alheias à vontade do agente. A vítima, então
se faça ou deixar fazer alguma coisa: não se intimida, vence o medo e denuncia o fato a polícia.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159)
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
até metade. Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência extorsão do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma
o disposto no § 3º do artigo anterior. (inclusive econômica). Trata-se de crime hediondo em to-
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da das as suas modalidades, havendo privação da liberdade
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a da vítima para se obter a vantagem. É crime complexo,
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, resultante da extorsão + sequestro ou cárcere privado (é
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão o que diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no extorsão exige finalidade de obter vantagem econômica
art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº indevida).
11.923, de 2009) Se o sequestro for para obtenção de qualquer van-
tagem devida, haverá o crime de exercício arbitrário das
É um crime comum, formal ou material, de forma livre, próprias razões em concurso material com o sequestro ou
instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, cárcere privado.
doloso, de dano, complexo e admite tentativa. Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”, não
A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, haverá o crime se a vantagem não tiver algum valor eco-
coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão nômico. Isso se depreende da interpretação sistêmica do
corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea ex- tipo, que está inserido no Título II, relativo aos crimes con-
plicita ou explicita que incute medo no ofendido) com o tra o patrimônio.
objetivo de obter para si ou para outrem indevida (injusta, Não influi na caracterização do crime o fato de a ví-
ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem seja de tima ser transportada para algum lugar ou ser retida em
coisa móvel ou imóvel). sua própria casa. Ademais, o sequestro deve se dar como
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for condição ou preço do resgate.
econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a Sujeito passivo
vantagem for devida. Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica,
que pode ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para
Tipo subjetivo que seja efetuado o pagamento. Determina-se o sujeito
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituí- passivo de acordo com a pessoa que terá o patrimônio
do pela vontade livre e consciente de constranger alguém lesado.
mediante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o se- Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for dife-
gundo exige o elemento subjetivo do tipo específico na rente daquela que terá seu patrimônio diminuído, haverá
expressão “com intuito de”. apenas um crime, não obstante existirem duas vítimas.
Consumação e tentativa
Consumação Ocorre a consumação quando o agente pratica a con-
Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é for- duta prevista no núcleo do tipo, quando realiza o seques-
mal ou material. Para os que o consideram formal, a con- tro privando a vítima da liberdade por tempo juridicamen-
sumação ocorre independentemente do resultado. Basta te relevante, ainda que não aufira a vantagem qualquer e
ser idôneo ao constrangimento imposto à vítima, sendo ainda que nem tenha sido pedido o resgate. Logo, o crime
irrelevante a enfeitava obtenção da vantagem econômica é formal.
indevida. “A extorsão mediante sequestro, como crime formal
O comportamento da vítima nesse caso é fundamen- ou de consumação antecipada, opera-se com a simples
tal para a consumação do delito. É a indispensabilidade da privação da liberdade de locomoção da vítima, por tem-
conduta do sujeito passivo para a consumação do crime, po juridicamente relevante. Ainda que o sequestrado não
se o constrangimento for sério, idôneo o suficiente para tenha sido conduzido ao local de destino, o crime está
ensejar a ação ou omissão da vítima em detrimento do seu consumado” (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal In-
patrimônio, perfaz-se o tipo penal do art. 168 do CP. terpretado. 6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476).

12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar
do crime requer um iter criminis desdobrado em vários que, se não houver a libertação do sequestrado, mesmo
atos. Porém, difícil de se configurar. Hipótese seria aquela havendo delação do coautor, não haverá diminuição de
em que os agentes são flagrados logo após colocarem a pena.
vítima no carro, pois aí não teriam privado sua liberdade
por tempo juridicamente relevante. Não se confunde com a confissão espontânea, pois
nesta o agente garante confessa sua participação no cri-
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA me, sem incriminar outrem.

Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é EXTORSÃO INDIRETA


menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometi-
do por bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12 Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida,
a 20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima estiver abusando da situação de alguém, documento que pode
em poder do criminoso, maior será o dano à saúde e inte- dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou
gridade física. contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha,
entende-se como a reunião permanente de mais de três Classificação doutrinária
pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e
cometer o sequestro. material (receber), instantâneo, comissivo, de forma vin-
culada, unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou pluris-
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO subsistente (receber) e admite tentativa.
CORPORAL GRAVE. A conduta recai sobre o documento que pode dar
causa a um procedimento criminal contra o devedor,
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a como a confissão de um crime, a falsificação de um títu-
pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a lo de crédito, uma duplicata fria etc.
pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de ime- A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, orde-
diato a diferença deste delito com o de roubo qualificado nar) ou receber (aceitar) um documento que pode dar
pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: “se da violência causa a procedimento criminal contra a vítima ou ter-
resultar lesão grave ou morte”; logo, num roubo em que ví- ceiro. É abusar da situação daquele que necessita ur-
tima cardíaca diante de uma ameaça vem a falecer, haverá gentemente de auxílio financeiro. Necessário para a
roubo em concurso material com homicídio e não latrocí- configuração do delito que o documento exigido ou re-
nio. O tipo exige o emprego da violência. Na extorsão me- cebido pelo agente, que pode ser público ou particular,
diante sequestro a lei menciona: “se dos ato resultar lesão se preste a instauração de inquérito policial contra o
grave ou morte”, pouco importando para qualificar o delito ofendido. Não se exige a instauração do procedimento
que a lesão grave seja culposa ou dolosa.. Evidentemente, criminal, basta que o documento em poder do credor
se a lesão grave ou morte resultar de caso fortuito ou força seja potencialmente apto a iniciar o processo.
maior, o resultado agravados não poderá ser imputado ao
agente. Consumação
Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocor-
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA re com a simples exigência do documento pelo extor-
cionário. A iniciativa aqui é do agente, na conduta de
Entendemos que os institutos possuem objetividades receber, crime material, a consumação ocorre com o
jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são mediante efetivo recebimento do documento. Nesse caso a inicia-
sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir tivas provém da vítima.
e a vida. Na tortura atinge-se a dignidade humana, con-
substanciada na integridade física e mental. Cm efeito, a Tentativa
nosso, juízo, nada impede o reconhecimento do concurso Na modalidade exigir, entendemos não ser possí-
material de infrações. vel sua configuração, embora uma parcela da doutrina a
admita com o sovado exemplo, também oferecido nos
DELAÇÃO PREMIADA crimes contra a honra, de a exigência ser reduzida por
escrito, mas não chegar ao conhecimento do ofendido.
O benefício somente se aplica quando o crime for co- Na de receber, no entanto, é perfeitamente possível, po-
metido em concurso de pessoas, devendo o acusado for- dendo o iter criminis ser interrompido por circunstân-
necer às autoridades elementos capazes de facilitar a reso- cias alheias à vontade do agente.
lução do crime. Causa obrigatória de diminuição de pena
se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo parágrafo
4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade (juiz, dele-
gado ou promotor) feita por um dos concorrentes, e esta

13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

TÍTULO II III - se a vítima está em serviço de transporte de valo-


DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO res e o agente conhece tal circunstância.
CAPÍTULO I IV - se a subtração for de veículo automotor que venha
DO FURTO a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
Furto restringindo sua liberdade.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
móvel: pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da mul-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ta; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos,
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é sem prejuízo da multa.
praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor Extorsão
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou
somente a pena de multa. para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, to-
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou lerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
qualquer outra que tenha valor econômico. Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Furto qualificado § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pes-
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, soas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de
se o crime é cometido: um terço até metade.
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub- § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante vio-
tração da coisa; lência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, es- 8.072, de 25.7.90
calada ou destreza; § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da
III - com emprego de chave falsa; liberdade da vítima, e essa condição é necessária para
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. a obtenção da vantagem econômica, a pena é de re-
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a clusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se
subtração for de veículo automotor que venha a ser trans- resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as pe-
portado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela nas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.
Lei nº 9.426, de 1996) (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)

Furto de coisa comum Extorsão mediante sequestro


Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter,
para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a para si ou para outrem, qualquer vantagem, como con-
coisa comum: dição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1º - Somente se procede mediante representação. § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e qua-
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun- tro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
agente. por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
CAPÍTULO II § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
DO ROUBO E DA EXTORSÃO grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
Roubo § 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Re-
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou dação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossi-
bilidade de resistência: § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o con-
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. corrente que o denunciar à autoridade, facilitando a li-
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de bertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou gra- a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
ve ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a
detenção da coisa para si ou para terceiro. Extorsão indireta
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dí-
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego vida, abusando da situação de alguém, documento que
de arma; pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

CAPÍTULO III Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.


DA USURPAÇÃO
Alteração de local especialmente protegido
Alteração de limites Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade compe-
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou tente, o aspecto de local especialmente protegido por lei:
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: Ação penal
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu pa-
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: rágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa.

Usurpação de águas CAPÍTULO V


I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de ou- DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
trem, águas alheias;
Apropriação indébita
Esbulho possessório Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, tem a posse ou a detenção:
ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na Aumento de pena
pena a esta cominada. § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego agente recebeu a coisa:
de violência, somente se procede mediante queixa. I - em depósito necessário;
II -na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
Supressão ou alteração de marca em animais inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela
Lei nº 9.983, de 2000)
CAPÍTULO IV Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
DO DANO contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e for-
ma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
Dano 2000)
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Dano qualificado § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (In-
Parágrafo único - Se o crime é cometido: cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
II - com emprego de substância inflamável ou explosi- portância destinada à previdência social que tenha sido
va, se o fato não constitui crime mais grave descontada de pagamento efetuado a segurados, a tercei-
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa ros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983,
concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; de 2000)
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável II – recolher contribuições devidas à previdência social
para a vítima: que tenham integrado despesas contábeis ou custos relati-
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, vos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
além da pena correspondente à violência. III - pagar benefício devido a segurado, quando as res-
pectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à
Introdução ou abandono de animais em proprie- empresa pela previdência social.
dade alheia § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade mente, declara, confessa e efetua o pagamento das contri-
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que buições, importâncias ou valores e presta as informações
o fato resulte prejuízo: devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de
histórico bons antecedentes, desde que:
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tomba- I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e an-
da pela autoridade competente em virtude de valor artísti- tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição
co, arqueológico ou histórico: social previdenciária, inclusive acessórios; ou

15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces- V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previ- própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
dência social, administrativamente, como sendo o mínimo as consequências da lesão ou doença, com o intuito de
para o ajuizamento de suas execuções fiscais. haver indenização ou valor de seguro;

Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito Fraude no pagamento por meio de cheque
ou força da natureza VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. cometido em detrimento de entidade de direito público
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: ou de instituto de economia popular, assistência social ou
Apropriação de tesouro beneficência.
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria,
no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprie- Estelionato contra idoso
tário do prédio; § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for come-
tido contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, Duplicata simulada
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda
legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade compe- que não corresponda à mercadoria vendida, em quantida-
tente, dentro no prazo de quinze dias. de ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul-
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica- ta.
-se o disposto no art. 155, § 2º.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle
CAPÍTULO VI que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Re-
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES gistro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)

Estelionato Abuso de incapazes


Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio,
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio da alienação ou debilidade mental de outrem, induzin-
fraudulento: do qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui- efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
nhentos mil réis a dez contos de réis. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto Induzimento à especulação
no art. 155, § 2º. Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental
de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou
Disposição de coisa alheia como própria à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou devendo saber que a operação é ruinosa:
em garantia coisa alheia como própria; Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia Fraude no comércio
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comer-
imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante paga- cial, o adquirente ou consumidor:
mento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercado-
circunstâncias; ria falsificada ou deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra:
Defraudação de penhor Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qua-
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando lidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso,
tem a posse do objeto empenhado; pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
Fraude na entrega de coisa vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso,
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de metal de ou outra qualidade:
coisa que deve entregar a alguém; Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Fraude para recebimento de indenização ou valor de § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
seguro

16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Outras fraudes Fraude à execução


Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando,
hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
recursos para efetuar o pagamento: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou mul- Parágrafo único - Somente se procede mediante quei-
ta. xa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
presentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, dei- CAPÍTULO VII
xar de aplicar a pena. DA RECEPTAÇÃO

Fraudes e abusos na fundação ou administração de Receptação


sociedade por ações Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao pú- produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
blico ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição adquira, receba ou oculte:
da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
relativo:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o Receptação qualificada.
fato não constitui crime contra a economia popular. § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocul-
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,
crime contra a economia popular: expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação fal- Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
sa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do
fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo; parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros tí- § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua nature-
tulos da sociedade; za ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assem- Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
bleia geral; ambas as penas.
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
a lei o permite; § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primá-
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de cré- rio, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
dito social, aceita em penhor ou em caução ações da pró- deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o
pria sociedade; disposto no § 2º do art. 155.
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui da União, Estado, Município, empresa concessionária de
lucros ou dividendos fictícios; serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação
de conta ou parecer; CAPÍTULO VIII
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; DISPOSIÇÕES GERAIS
IX - o representante da sociedade anônima estrangei-
ra, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos men- Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos
cionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. crimes previstos neste título, em prejuízo:
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vanta- II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
gem para si ou para outrem, negocia o voto nas delibera- legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
ções de assembleia geral. Art. 182 - Somente se procede mediante representação,
se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
“warrant” II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou war- III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
rant, em desacordo com disposição legal: Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. anteriores:

17
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em Conceito de Funcionário Público para Efeitos Pe-
geral, quando haja emprego de grave ameaça ou vio- nais
lência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime. Art. 327. Considera-se funcionário público, para os
III – se o crime é praticado contra pessoa com ida- efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
de igual ou superior a 60 (sessenta) anos. remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exer-
ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
3) CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
contratada ou conveniada para a execução de atividade
PÚBLICA. típica da Administração Pública.
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando
os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
ocupantes de cargos em comissão ou de função de di-
O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos reção ou assessoramento de órgão da administração di-
crimes funcionais, praticados por determinado grupo reta, sociedade de economia mista, empresa pública ou
de pessoas no exercício de sua função, associado ou fundação instituída pelo poder público.
não com pessoa alheia aos quadros administrativos, Contudo, ao considerar o que seja funcionário pú-
prejudicando o correto funcionamento dos órgãos do blico para fins penais, nosso Código Penal nos dá um
Estado. conceito unitário, sem atender aos ensinamentos do Di-
A Administração Pública deste modo, em geral di- reito Administrativo, tomando a expressão no sentido
reta, indireta e empresas privadas prestadoras de ser- amplo.
viços públicos, contratadas ou conveniadas será vítima Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se
primária e constante, podendo, secundariamente, figu- funcionário público não apenas o servidor legalmente
rar no polo passivo eventual administrado prejudicado. investido em cargo público, mas também o que servidor
publico efetivo ou temporário.
O agente, representante de um poder estatal, tem
por função principal cumprir regularmente seus deve- Tipos penais Contra Administração Pública
res, confiados pelo povo. A traição funcional faz com
que todos tenhamos interesse na sua punição, até por- O crime de Peculato, Peculato apropriação, Pecu-
que, de certa forma, somos afetados por elas. Dentro lato desvio, Peculato furto, Peculato culposo, Peculato
desse espírito, mesmo quando praticado no estrangei- mediante erro de outrem, Concussão, Excesso de exa-
ro, logo, fora do alcance da soberania nacional, o deli- ção, Corrupção passiva e Prevaricação, são os crimes ti-
to funcional será alcançado, obrigatoriamente, pela lei pificado com praticados por agentes públicos.
penal.
Peculato
Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro
de 2003, condicionou a progressão de regime prisional Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídi-
nos crimes contra a Administração Pública à prévia re- ca do peculato é a probidade da administração pública.
paração do dano causado, ou à devolução do produto É um crime próprio onde o sujeito ativo será sempre o
do ilícito praticado, com os acréscimos legais. funcionário público e o sujeito passivo o Estado e em
alguns casos o particular. Admite-se a participação.
A lei em comento não impede a progressão aos cri-
mes funcionais, mas apenas acrescenta uma nova con- Peculato Apropriação
dição objetiva, de cumprimento obrigatório para que o
reeducando conquiste o referido benefício. É uma apropriação indébita e o objeto pode ser
dinheiro, valor ou bem móvel. É de extrema importância
Crimes Funcionais que o funcionário tenha a posse da coisa em razão do
seu cargo. Consumação: Se dá no momento da apro-
Espécies priação, em que ele passa a agir como o titular da coisa
Os delitos funcionais são divididos em duas espé- apropriada. Admite-se a tentativa.
cies: próprios e impróprios.
Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de Peculato Desvio
funcionário público ao autor, o fato passa a ser tratado
como um tipo penal descrito. O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se.
Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de Aqui o sujeito ativo além do servidor pode tem partici-
servidor publico, desaparece também o crime funcio- pação de uma 3a pessoa. Consumação: No momento do
nal, desclassificando a conduta para outro delito, de desvio e admite-se a tentativa.
natureza diversa.

18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Peculato Furto Prevaricação

Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade
não detêm a posse, mas consegue deter a coisa em razão administrativa. É um crime próprio, cometido por fun-
da facilidade de ser servidor público. Ex: Diretor de escola cionário público e a vítima é o Estado. A conduta é: re-
pública que tem a chave de todas as salas da escola, apro- tardar ou deixar de praticar ato de ofício. O Crime con-
veita-se da sua função e facilidade e subtrai algo que não suma-se com o retardamento ou a omissão, é doloso e
estava sob sua posse, tem-se o peculato furto. o objetivo do agente é buscar satisfação ou vantagem
pessoal.
Peculato Culposo
Os crimes contra a Administração Pública é dema-
Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o di- siadamente prejudicial, pois refletem e afetam a todos
retor esquece a porta aberta e alguém entra no colégio e os cidadãos dependentes do serviço publico, colocan-
subtrai um bem. A consumação se dá no momento em que do em crédito e a prova a credibilidade das instituições
o 3o subtrai a coisa. Não admite-se a tentativa. públicas, para apenas satisfazer o egoísmo e egocen-
trismo desses agentes corruptos.
Peculato mediante Erro de Outrem Tais mecanismos de combate devem ser aplicas
com rigor e aperfeiçoados para que estes desviantes
Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade adminis- do serviço publico, tenham suas praticas de errôneas
trativa. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito passivo: Esta- coibidas e extintas, podem assim fortalecer as institui-
do e o particular lesado. A modalidade de peculato mediante ções publica e valorizar os servidores.
erro de outrem, é um peculato estelionato, onde a pessoa é
induzida a erro. Ex: Um fiscal vai aplicar uma multa a um de-
terminado contribuinte e esse contribuinte paga o valor dire-
4) SUJEITO ATIVO E PASSIVO DA INFRAÇÃO
to a esse fiscal, que embolsa o dinheiro. Só que na verdade
nunca existiu multa alguma e esse dinheiro não tinha como PENAL.
destino os cofres públicos e sim o favorecimento pessoal do
agente. É um crime doloso e sua consumação se dá quando
ele passa a ser o titular da coisa. Admite-se a tentativa.
INFRAÇÃO PENAL
Concussão
Elementos da Infração Penal
Art. 316 C.P., é uma espécie de extorsão praticada pelo
servidor público com abuso de autoridade. O objeto jurídico A infração penal ocorre quando uma pessoa pratica
é a probidade da administração pública. Sujeito ativo: Crime qualquer conduta descrita na lei e, através dessa con-
próprio praticado pelo servidor e o seu jeito passivo é o Es- duta, ofende um bem jurídico de uma terceira pessoa.
tado e a pessoa lesada. A conduta é exigir. Trata-se de crime Ou seja, as infrações penais constituem determina-
formal pois consuma-se com a exigência, se houver entrega dos comportamentos humanos proibidos por lei, sob a
de valor há exaurimento do crime e a vítima não responde ameaça de uma pena.
por corrupção ativa porque foi obrigada a agir dessa maneira.
Espécies de Infração Penal
Excesso de Exação
A legislação brasileira, apresenta um sistema bipar-
A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe tido sobre as espécies de infração penal, uma vez que
aos cofres valor não devido, ou era para recolher aos cofres existem apenas duas espécies (crime = delito ≠ contra-
públicos, porém o funcionário se apropria do valor. venção). Situação diferente ocorre com alguns países
tais como a França e a Espanha que adotaram o sistema
Corrupção Passiva tripartido (crime ≠ delito ≠ contravenção).
As duas espécies de infração penal são: o crime,
Art. 317 C.P., o Objeto jurídico é a probidade admi- considerado o mesmo que delito, e a contravenção.
nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público. A vítima é o Ilustre-se, porém que, apesar de existirem duas espé-
Estado e apenas na conduta solicitar é que a vítima será, cies, os conceitos são bem parecidos, diferenciando-se
além do Estado a pessoa ao qual foi solicitada. apenas na gravidade da conduta e no tipo (natureza) da
sanção ou pena.
Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa, au- No que diz respeito à gravidade da conduta, os cri-
menta-se a pena se o funcionário retarda ou deixa de pra- mes e delitos se distinguem por serem infrações mais
ticar atos de ofício. Não admite-se a tentativa, é no caso de graves, enquanto que a contravenção refere-se às infra-
privilegiado, onde cede ao pedido ou influência de 3a pes- ções menos graves.
soa. Só se consuma pela prática do ato do servidor público.

19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Em relação ao tipo da sanção, a diferença tem origem Dessa forma, se uma pessoa dá vários socos em seu
no Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto- próprio rosto (autolesão), não há crime de lesão corporal
-Lei 3.914/41). (Art. 129 do CP), pois não foi ofendido o bem jurídico de
uma terceira pessoa.
Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei Entretanto, a autolesão pode caracterizar o crime de
comina pena de reclusão ou de detenção, quer isolada- fraude para recebimento de seguro (Art. 171, § 2o, V do CP)
mente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena ou criação de incapacidade para se furtar ao serviço militar
de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, (Art. 184 do CPM).
isoladamente, penas de prisão simples ou de multa, ou am-
bas. Alternativa ou cumulativamente. Diferenças práticas entre crimes e contravenções
Em razão dos crimes serem condutas mais graves, en- a) Tentativa: no crime/delito a tentativa é punível, en-
tão eles são repelidos através da imposição de penas mais quanto que na contravenção, por força do Art. 4º do De-
graves (reclusão ou detenção e/ou multa). creto-Lei 3.688/41, a tentativa não é punível.
As contravenções, todavia, por serem condutas menos b) Extraterritorialidade: no crime/delito, nas situações
graves, são sancionadas com penas menos graves (prisão do Art. 7º do Código Penal, a extraterritorialidade é aplica-
simples e/ou multa). da, enquanto que nas contravenções a extraterritorialidade
A escolha se determinada infração penal será crime/ não é aplicada.
delito ou contravenção é puramente política, da mesma c) Tempo máximo de pena: no crime/delito, o tempo
forma que o critério de escolha dos bens que devem ser máximo de cumprimento de pena é de 30 anos, enquanto
protegidos pelo Direito Penal. Além disso, o que hoje é que nas contravenções, por serem menos graves, o tempo
considerado crime pode vir, no futuro, a ser considerada máximo de cumprimento de pena é de 5 anos.
infração e vice-versa. O exemplo disso aconteceu com a d) Reincidência: de acordo com o Art. 7º do Decreto-
conduta de portar uma arma ilegalmente. Até 1997, tal -Lei 3.688/41, é possível a reincidência nas contravenções.
conduta caracterizava uma mera contravenção, porém, A reincidência ocorrerá após a prática de crime ou contra-
com o advento da Lei 9.437/97, esta infração passou a ser venção no Brasil e após a prática de crime no estrangeiro.
considerada crime/delito. Não há reincidência após a prática de contravenção no es-
trangeiro.
Sujeito Ativo “Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente prati-
Sujeito Ativo ou agente: é aquele que ofende o bem ca uma contravenção depois de passar em julgado a senten-
jurídico protegido por lei. Em regra só o ser humano maior ça que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por
de 18 anos pode ser sujeito ativo de uma infração penal. A qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.”
exceção acontece nos crimes contra o meio ambiente onde
existe a possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito ativo, Semelhança no estudo dos crimes e contravenções.
conforme preconiza o Art. 225, § 3º da Constituição Federal. Vimos que em termos práticos existem algumas dife-
renças entre crime e contravenção, porém, não podemos
Art. 225 [...]. falar o mesmo sobre a essência dessas infrações. Tanto a
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao contravenção como o crime, substancialmente, são fatos
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou típicos, ilícitos e, para alguns, culpáveis.
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independen- Ou seja, possuem a mesma estrutura.
temente da obrigação de reparar os danos causados.

Sujeito Passivo
5) TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E
O Sujeito Passivo pode ser de dois tipos. O sujeito pas-
sivo formal é sempre o Estado, pois tanto ele como a socie- PUNIBILIDADE.
dade são prejudicados quando as leis são desobedecidas.
O sujeito passivo material é o titular do bem jurídico ofen-
dido e pode ser tanto pessoa física como pessoa jurídica.
Tipicidade
*É possível que o Estado seja ao mesmo tempo sujeito pas- A Tipicidade é a relação de enquadramento entre o
sivo formal e sujeito passivo material. Como exemplo, podemos fato delituoso (concreto) e o modelo (abstrato) contido na
citar o furto de um computador de uma repartição pública. lei penal. É preciso que todos os elementos presentes no
tipo se reproduzam na situação de fato
* Princípio da Lesividade: uma pessoa não pode ser, Assim, o Fato Típico é denominado como o comporta-
ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de uma mento humano que se molda perfeitamente aos elementos
infração penal. constantes do modelo previsto na lei penal.
O princípio da lesividade diz que, para haver uma in- A primeira característica do crime é ser um fato típico,
fração penal, a lesão deve ocorrer a um bem jurídico de descrito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da
alguém diferente do seu causador, ou seja, a ofensa deva vida que corresponde exatamente a um modelo de fato
extrapolar o âmbito da pessoa que a causou. contido numa norma penal incriminadora, a um tipo.

20
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Para que o operador do Direito possa chegar à con- I - em estado de necessidade;


clusão de que determinado acontecimento da vida é um II - em legítima defesa;
fato típico, deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o, de- III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
compô-lo em suas faces mais simples, para verificar, com exercício regular de direito.
certeza absoluta, se entre o fato e o tipo existe relação de Excesso punível
adequação exata, fiel, perfeita, completa, total e absoluta. Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipó-
Essa relação é a tipicidade. teses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou
Para que determinado fato da vida seja considerado culposo.
típico, é preciso que todos os seus componentes, todos os A ação do homem será típica sob o aspecto criminal
seus elementos estruturais sejam, igualmente, típicos. quando a lei penal a descreve como sendo um delito.
Os elementos de um fato típico são a conduta humana, Numa primeira compreensão, isso também basta para se
a consequência dessa conduta se ela a produzir (o resulta- afirmar que ela está em desacordo com a norma, que se
do), a relação de causa e efeito entre aquela e esta (nexo trata de uma conduta ilícita ou, noutros termos, antijurí-
causal) e, por fim, a tipicidade. dica.
Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consis-
Conduta tente na relação de contrariedade entre a conduta típica
Considera-se conduta a ação ou omissão humana do autor e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida,
consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. A condu- desde de que, no caso concreto, estejam presentes uma
ta compreende duas formas: o agir e o omitir-se. das hipóteses previstas no artigo 23 do Código Penal: o
estado de necessidade, a legítima defesa, o estrito cum-
Resultado primento do dever legal ou o exercício regular de direito.
A expressão resultado tem natureza equívoca, já que O estado de necessidade e a legítima defesa são con-
possui dois significados distintos em matéria penal. Pode ceituados nos artigos 24 e 25 do Código Penal, merecendo
se falar, assim, em resultado material ou naturalístico e em destaque, neste tópico, apenas o estrito cumprimento do
resultado jurídico ou normativo. dever legal e o exercício regular de um direito, como exclu-
O resultado naturalístico ou material consiste na modi- dentes da ilicitude ou da antijuridicidade.
ficação no mundo exterior provocada pela conduta. Trata- A expressão estrito cumprimento do dever legal, por
-se de um evento que só se faz necessário em crimes mate- si só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita,
riais, ou seja, naqueles cujo tipo penal descreva a conduta ainda que se constitua típica. Isso porque, se a ação do
e a modificação no mundo externo, exigindo ambas para homem decorre do cumprimento de um dever legal, ela
efeito de consumação. está de acordo com a lei, não podendo, por isso, ser con-
O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou trária a ela. Noutros termos, se há um dever legal na ação
ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma pe- do autor, esta não pode ser considerada ilícita, contrária
nal. Todas as infrações devem conter, expressa ou impli- ao ordenamento jurídico.
citamente, algum resultado, pois não há delito sem que Um exemplo possível de estrito cumprimento do de-
ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a algum bem ver legal pode restar configurado no crime de homicídio,
penalmente protegido. em que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que esta-
A doutrina moderna dá preferência ao exame do re- vam no cumprimento de um dever legal, resulta na morte
sultado jurídico . Este constitui elemento implícito de todo do marginal. Neste sentido - RT 580/447.
fato penalmente típico , pois se encontra ínsito na noção O exercício regular de um direito, como excludente
de tipicidade material. da ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações
O resultado naturalístico, porém, não pode ser menos- jurídicas, posto que, se a conduta do autor decorre do
prezado, uma vez que se cuida de elementar presente em exercício regular de um direito, ainda que ela seja típica,
determinados tipos penais, de tal modo que desprezar sua não poderá ser considerada antijurídica, já que está de
análise seria malferir o princípio da legalidade. acordo com o direito.
Um exemplo de exercício regular de um direito,
Ilicitude como excludente da ilicitude, é o desforço imediato, em-
Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descum- pregado pela vítima da turbação ou do esbulho posses-
primento de um dever jurídico imposto por normas de di- sório, enquanto possuidor que pretende reaver a posse
reito público, sujeitando o agente a uma pena. da coisa para si (RT - 461/341).
Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não
entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico, pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do
até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um autor, que venham a extrapolar os limites do necessário
tipo penal, é antijurídico. para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um
Exclusão de ilicitude é uma causa excepcional que re- dever legal ou do exercício regular de um direito. Haven-
tira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como do excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso
criminosa (fato típico). restem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é
Art. 23 - Exclusão da ilicitude a regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Punibilidade - embriaguez completa, proveniente de caso fortuito


A punibilidade é uma das condições para o exercício ou força maior (art. 28, § 1º).
da ação penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a b) inexistência da possibilidade de conhecimento da
possibilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal ilicitude:
(pena ou medida de segurança) ao autor do ilícito. - erro de proibição (art. 21).
A Punibilidade, portanto, é consequência do crime. As- c) inexigibilidade de conduta diversa:
sim, é punível a conduta que pode receber pena. - coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte);
- obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte).
A Extinção de punibilidade é a impossibilidade de punir
o autor de um crime.

Punibilidade é a possibilidade subjetiva do Estado pu-


nir o autor de um Crime. Não se deve confundir Punibilida-
6) ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO.
de, que é uma situação ou característica que produz efeito
posterior ao crime consumado e reconhecido, característi-
ca que impede que o autor seja punido; com a Culpabilida-
de, que é um pressuposto de Autoria (direito penal), pres- Erro
suposto sem a qual, mesmo já estando efetivado o crime, O erro pode ser tanto falsa representação da realidade,
não se reconhece a sua autoria pois o agente não possui como falso ou equivocado conhecimento de um determi-
culpa, não pode ser responsabilizado por seus atos. nado objeto. Vale dizer que este difere da ignorância, uma
A extinção da punibilidade é a perda do direito do Es- vez que é a falta de representação da realidade ou total
tado de punir o agente autor de fato típico e ilícito, ou seja, desconhecimento do objeto – sendo um estado negativo,
é a perda do direito de impor sanção penal. As causas de enquanto o erro é um estado positivo. Entretanto, apesar
extinção da punibilidade estão espalhadas no ordenamen- de didática e teoricamente diferentes, a legislação penal
to jurídico brasileiro. brasileira trata de forma idêntica tanto erro como ignorân-
cia, com as mesmas consequências.
Dispõe o Código Penal:
Erro de Tipo
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: O erro é considerado o falso entendimento da reali-
I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou in- dade, a concepção errônea do que acontece, seja quanto
dulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera à pessoa ou quanto ao objeto, podendo recair sobre cir-
o fato como criminoso; cunstâncias ou elementares. No erro de tipo, a pessoa acha
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; que não está cometendo um crime não por julgar seu ato
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão permitido, mas por compreender mal o que se passa. Logo,
aceito, nos crimes de ação privada; ele sempre afastará o dolo, já que não estão presentes os
(...) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei elementos constitutivos do dolo “vontade” e “consciência”.
Logo, se ausente o dolo, o fato é atípico, não sendo passí-
Culpabilidade vel de punição, salvo se prevista a conduta como crime cul-
Culpabilidade é um elemento integrante do conceito poso. O agente poderá ou não responder pela modalidade
definidor de uma infração penal. A motivação e objetivos culposa, de acordo com os seguintes casos.
subjetivos do agente praticante da conduta ilegal. A culpa-
bilidade aufere, a princípio, se o agente da conduta ilícita
é penalmente culpável, isto é, se ele agiu com dolo (in- Erro de proibição
tenção), ou pelo menos com imprudência, negligência ou Normatizado no direito penal brasileiro pelo artigo 21
imperícia, nos casos em que a lei prever como puníveis tais do Código Penal, o erro de proibição é erro do agente que
modalidades acredita ser sua conduta admissível no direito, quando, na
verdade ela é proibida. Sem discussão, o autor, aqui, sabe
Causas de exclusão da culpabilidade o que tipicamente faz, porém, desconhece sua ilegalidade.
O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi- Concluímos, então, que o erro de proibição recai sobre a
lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando o consciência de ilicitude do fato. O erro de proibição é um
sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um fato juízo contrário aos preceitos emanados pela sociedade,
típico e antijurídico. que chegam ao conhecimento de outrem na forma de usos
a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o ca- e costumes, da escolaridade, da tradição, família etc.
ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento. Erro de proibição não se confunde com erro de tipo.
- doença mental, desenvolvimento mental incompleto O erro de tipo ocorre quanto a alguma circunstância
ou retardado (art. 26); fática. Os erros de proibição estão ligados ao direito, ao co-
- desenvolvimento mental incompleto por presunção nhecimento ou não da realidade do que pratica o agente,
legal, do menor de 18 anos (art. 27); determinado por algum engano justificável que recai sobre

22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

o juízo pessoal de licitude ou ilicitude do fato. O agente exemplo seria de um professor de uma tradicional cidade
atua conscientemente, sem errar sobre as circunstâncias interiorana que, supondo estar no exercício regular de
fáticas que o cercam, apesar de as avaliar mal, de supor ter, direito, usa moderadamente palmatória para disciplinar
perante o caso, um direito que na verdade inexiste. seus alunos.
Cezar Roberto Bitencourt leciona que o erro de proi- c) Erro mandamental (art. 21): é o erro que recai sobre
bição “é o que incide sobre a ilicitude de um comporta- mandamentos contidos nos crimes omissivos, sejam eles
mento. O agente supõe, por erro, ser lícita a sua conduta. próprios ou impróprios. Ocorre, v.g., quando uma pessoa
O objeto do erro não é, pois, nem a lei, nem o fato, mas a vê outra se afogando, mas não faz nada por acreditar
ilicitude, isto é, a contrariedade do fato em relação à lei.” que não estava obrigada a tal (erro sobre a condição de
O agente não pensa errado avaliando o direito apli- garante); ou quando o médico deixa de atender paciente
cável à espécie, mas erra na avaliação do desvalor de sua em seu intervalo por achar que não tem o dever jurídico
conduta, desvalor esse advindo das instâncias formais de para tal.
controle social. Ele entende bem o fato que pratica, mas o O erro de proibição excluirá a pena se for inevitável
pratica com a tranquila consciência de que atua desprovido ou escusável. Esse é aquele em que o agente não tinha
de ilicitude material. como conhecer a ilicitude do fato, em face do caso con-
Erro de proibição é hipótese que exclui a culpabilidade creto. No entanto, se for evitável ou inescusável, aquele
do agente, por interferir diretamente no elemento da cul- em que o agente desconheça o fato ilícito, embora tinha
pabilidade “potencial consciência da ilicitude”. Porém, essa condições de saber que contrariava o ordenamento jurí-
exclusão somente ocorrerá se o erro for invencível ou escu- dico, poderá diminuí-la de um sexto a um terço (art. 21)
sável. Se vencível (ou culposo), ou seja, se o agente tivesse (Isso porque a culpabilidade do agente será menor).
agido com um pouco mais de cuidado, será uma causa de
diminuição de pena.

Existem três espécies de erro de proibição:


a) Erro de proibição direto (art. 21): ocorre quando o
7) IMPUTABILIDADE PENAL.
erro do agente recai sobre o conteúdo proibitivo de uma
norma penal, não acreditando o agente que face o con-
teúdo, significado ou amplitude da norma, realiza uma
conduta proibida. O sujeito não sabe que a conduta que A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um
praticou era típica. O erro recai sobre a própria tipicida- indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segun-
de da ação ou omissão praticada. No momento em que do prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos,
agiu, ele desconhecia o caráter típico, isto é, a proibição também, definir a imputabilidade como a capacidade do
em si. É muito improvável que surja, na prática jurídica, o agente entender o caráter ilícito do fato por ele perpe-
reconhecimento desta espécie de erro de proibição (dire- trado ou, de determinar-se de acordo com esse entendi-
to), em algum crime previsto no Código Penal, visto que ao mento.
Código foram reservados os crimes mais cotidianos, cujo
desvalor são ensinados no dia a dia da sociedade. Exemplo È portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo
de erro de proibição seria o do estrangeiro que tenta sair entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza-
do Brasil portando vinte mil dólares em uma pochete, sem ção de um determinado ato.
regular declaração. Trata-se de crime contra o SFN (evasão Quando existe algum agravo à saúde mental, os in-
de divisas) no Brasil. Porém, no país dele pode não ser, seja divíduos podem ser considerados inimputáveis – se não
porque o valor era baixo, seja porque não há proibição de tiverem discernimento sobre os seus atos ou não possuí-
deixar o país levando dinheiro. Assim, nenhum erro houve rem autocontrole, são isentos de pena.
na situação fática, ele sabia exatamente o que estava fazen- Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o dis-
do, mas não conhecia a proibição jurídica interna. cernimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos
b) Erro de proibição indireto ou erro de permissão ou ou prejudicados por doença ou transtorno mental.
excesso exculpante (art. 21): aqui há uma suposição equi-
vocada da existência de uma causa de justificação, ou seja, Dispõe o Código Penal:
de exclusão da ilicitude, que o ordenamento não prevê ou
que até prevê, mas em limites mais restritos do que o que (...)
era imaginado pelo agente. Não se confunde com descri- TÍTULO III
minante putativa, pois nesta o agente realiza o ato em face DA IMPUTABILIDADE PENAL
de um fato. Naquele, ele vai além dos poderes da exclu-
dente por má avaliação da norma, errando quanto à ilicitu- Inimputáveis
de, e não quanto à tipicidade. Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença
É exemplo de erro de proibição o agente que está mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retar-
sendo roubado e, no exercício da legítima defesa, reage e dado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
espanca o roubador até a beira da morte, por acreditar que incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de deter-
está agindo legitimamente, amparado pelo direito. Outro minar-se de acordo com esse entendimento.

23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Redução de pena Concurso Material


Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a O concurso material de crimes acontece quando o
dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de agente comete dois ou mais crimes mediante mais de uma
saúde mental ou por desenvolvimento mental incomple- ação ou omissão. Ele pode ser tanto homogêneo, quando
to ou retardado não era inteiramente capaz de entender os crimes cometidos são idênticos (dois homicídios sim-
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo ples, por exemplo), ou heterogêneo, quando os crimes são
com esse entendimento. de natureza diversa (Um homicídio qualificado e lesões
corporais). Esta distinção em homogêneo e heterogêneo é
Menores de dezoito anos apenas doutrinária, não importando na forma de aplicação
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penal- da pena.
mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabele- Havendo concurso material, a forma de aplicação das
cidas na legislação especial. penas será o cúmulo material, que é aquele onde as penas
dos diversos crimes são somadas umas as outras, não ha-
Emoção e paixão vendo benefício ao agente. Desta forma, o agente que me-
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: diante duas condutas, cometeu o crime de furto simples e
I - a emoção ou a paixão; recebeu pena de quatro anos de reclusão, e um homicídio
qualificado, tendo recebido pena de doze anos de reclu-
Embriaguez são, terá as penas destes crimes somadas para questões de
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool cumprimento.
ou substância de efeitos análogos. Em caso as espécies de penas não sejam iguais, cum-
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez pre-se primeiro a mais grave, assim, a reclusão deve ser
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, cumprida primeiro que a detenção.
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente inca- Apesar dos prazos prescricionais serem considerados
paz de entender o caráter ilícito do fato ou de determi- individualmente para cada crime, o mesmo não acontece
nar-se de acordo com esse entendimento. com a aplicação das penas restritivas de direitos, que só
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, são permitidas, caso em um dos crimes seja permitida a
se o agente, por embriaguez, proveniente de caso for- concessão do sursis (suspensão condicional da pena). Mas
tuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou caso sejam aplicadas, as penas restritivas serão cumpridas
da omissão, a plena capacidade de entender o caráter simultaneamente quando compatíveis, ou sucessivamente,
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse quando houver incompatibilidade entre as mesmas.
entendimento. Com relação à suspensão condicional do processo, a
regra é que seja feito o somatório das penas, se a mínima
for igual ou inferior a um ano, esta será possível. Portanto,
a aplicação não é individual.
8) CONCURSO DE PESSOAS. Concurso Formal
O concurso formal é aquele em que o agente mediante
uma única ação ou omissão, comete dois ou mais crimes.
Este pode se dividir em formal próprio ou impróprio.
Concurso de Crimes No próprio, era querido apenas um resultado, mas por
O concurso de crimes acontece quando o agente co- erro na execução ou por acidente, dois ou mais são atin-
mete mais de um crime mediante uma ou mais ação ou gidos. É o exemplo do assassino que atira em seu inimigo,
omissão. No direito brasileiro, por questões de política mas por ocasião o disparo além de atingi-lo, também atin-
criminal, cada forma de concurso tem uma maneira dis- ge outra pessoa. Neste caso é utilizado o sistema da exas-
tinta no sistema de aplicação e cálculo das penas. peração, que é quando apenas a pena de um dos crimes
é aplicada se forem iguais, ou a maior deles se diversos,
Os tipos de concurso admitidos no direito brasileiro sendo em qualquer dos casos elevada de um sexto até me-
são o material, que pode se dividir em homogênio e he- tade.
terogêneo; o formal, que pode ser dividido em próprio e No impróprio, o agente mediante uma única ação ou
impróprio; além do crime continuado. omissão produz mais de um resultado, tendo vontade de
produzi-los ou sendo indiferente quanto a estes, neste
As formas adotadas para aplicação das penas a cada caso, acontece o que a doutrina chama de desígnios autô-
tipo de concurso são os sistemas do cúmulo material e o nomos, que é quando se quer todos os resultados produ-
da exasperação, em alguns casos, também encontramos zidos, mesmo a título de dolo eventual. Para que não tor-
o cúmulo material benéfico, sendo este um desdobra- ne benéfica a prática de mais de um crime por uma única
mento para evitar um prejuízo maior ao agente, sempre ação, no concurso formal impróprio, é utilizado o sistema
que o sistema de exasperação for menos benéfico que o de cúmulo material das penas, o mesmo que é utilizado
cúmulo material. no concurso material. Havendo apenas a soma das penas
aplicadas aos diversos crimes.

24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Ainda no caso do concurso formal, quando as penas por um delito. Esta teoria foi adotada pelo Código Penal
aplicadas por o sistema de exasperação superarem as que ao tratar do aborto, pois quando praticado pela gestante,
por ventura fossem aplicadas por o sistema do cúmulo ma- esta incorrerá na pena do art. 124, se praticado por outrem,
terial, para que o apenado não saia prejudicado, sua pena aplicar-se-á a pena do art. 126. O mesmo procedimento
será computada como se desta forma fosse, este é o cha- ocorre na corrupção ativa e passiva.
mado cúmulo material benéfico. Exemplificando, caso o c) teoria dualista: segundo tal teoria, quando houver
agente cometa um homicídio simples e uma lesão corporal mais de um agente, com diversidades de conduta, pro-
em concurso formal próprio, sua pena seria a do homicídio vocando-se um resultado, deve-se separar os coautores
(por ser maior) acrescida de um terço até metade, o que e partícipes, sendo que cada “grupo” responderá por um
poderia, dependendo do aumento aplicado, ser maior que delito.
a do homicídio e das lesões corporais somadas. Assim caso
a pena aplicada pelo sistema da exasperação seja maior Autoria e participação
que a que fosse aplicada pelo cúmulo material, este será Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora am-
o aplicado. bos dentro da teoria objetiva:
O aumento de pena no concurso formal deve ser fun- a) teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor
damentado pelo juiz, devendo, segundo a maioria dos é o agente que pratica a figura típica descrita no tipo pe-
doutrinadores, ser aplicado levando em consideração o nal, e partícipe é aquele que comete ações não contidas
número de vítimas ou a quantidade de crimes praticados. no tipo, respondendo apenas pelo auxílio que prestou (en-
Para a aplicação da suspensão condicional do proces- tendimento majoritário). Exemplo: o agente que furta os
so, é necessário que se faça primeiro o cálculo da pena com bens de uma pessoa, incorre nas penas do art. 155 do CP,
o acréscimo de um terço até metade, para só assim fixar os enquanto aquele que o aguarda com o carro para ajudá-lo
novos limites mínimos. a fugir, responderá apenas pela colaboração.
b) teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além
O excesso Punível de praticar a figura típica, comanda a ação dos demais (“au-
Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou em tor executor” e “autor intelectual”). Já o partícipe é aquele
vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agente pode colabora para a prática da conduta delitiva, mas sem reali-
encontrar-se em três situações diferentes: zar a figura típica descrita, e sem ter controle das ações dos
- usa de um meio moderado e dentro do necessário demais. Assim, aquele que planeja o delito e aquele que o
para repelir à agressão; executa são coautores.
Haverá necessariamente o reconhecimento da legítima Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária -
defesa. teoria formal, o executor de reserva é apenas partícipe, ou
- de maneira consciente emprega um meio desneces- seja, se João atira em Pedro e o mata, e logo após Mario
sário ou usa imoderadamente o meio necessário; também desfere tiros em Pedro, Mario (executor de reser-
A legítima defesa fica afastada por excluído um dos va) responderá apenas pela participação, pois não praticou
seus requisitos essenciais. a conduta matar, já que atirou em um cadáver. Ressalta-se,
- após a reação justa (meio e moderação) por imprevi- porém, que o juiz poderá aplicar penas iguais para autor
dência ou conscientemente continua desnecessariamente e partícipe, e até mesmo pena mais gravosa a este último,
na ação. quando, por exemplo, for o mentor do crime.
No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifi- Sobre o assunto, preceitua o art. 29 do CP que, “quem,
ca demasiada e desnecessariamente a reação inicialmen- de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
te justificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”, des-
agente responderá pela conduta constitutiva do excesso. sa forma deve-se analisar cada caso concreto de modo a
verificar a proporção da colaboração. Além disso, se a par-
Concurso de Pessoas ticipação for de menor importância, a pena pode ser dimi-
O concurso de pessoas é o cometimento da infração nuída de um sexto a um terço, segundo disposição do § 1º
penal por mais de um pessoa. Tal cooperação da prática da do artigo supramencionado, e se algum dos concorrentes
conduta delitiva pode se dar por meio da coautoria, par- quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
ticipação, concurso de delinquentes ou de agentes, entre a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
outras formas. Existem ainda três teorias sobre o concurso hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (art.
de pessoas, vejamos: 29, § 2º, do CP).
a) teoria unitária: quando mais de um agente concorre Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se
para a prática da infração penal, mas cada um praticando não houver antijuridicidade, não há o que se falar em puni-
conduta diversa do outro, obtendo, porém, um só resulta- ção ao partícipe - teoria da acessoriedade limitada.
do. Neste caso, haverá somente um delito. Assim, todos os
agentes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é adota-
da pelo Código Penal.
b) teoria pluralista: quando houver mais de um agen-
te, praticando cada um conduta diversa dos demais, ainda
que obtendo apenas um resultado, cada qual responderá

25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

QUESTÕES 05. (TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário – 2014 -


FCC) No que concerne aos crimes contra o patrimônio,
01. (PC/PI - Escrivão de Polícia Civil – 2014 - UESPI) (A) se o agente obteve vantagem ilícita, em pre-
Constitui abuso de autoridade, exceto: juízo da vítima, mediante fraude, responderá pelo
(A) Atentado à inviolabilidade do domicílio e à liberda- delito de extorsão.
de de locomoção. (B) se, no crime de roubo, em razão da violência
(B) Atentado ao sigilo da correspondência e à liberda- empregada pelo agente, a vítima sofreu lesões cor-
de de consciência e de crença. porais leves, a pena aumenta-se de um terço.
(C) Atentado ao livre culto religioso e ao direito de reunião. (C) se configura o crime de receptação mesmo se
(D) Atentado a fuga de preso e transgressão irregular a coisa tiver sido adquirida pelo agente sabendo ser
de natureza grave. produto de crime não classificado como de natureza
(E) Atentado aos direito e garantias legais assegurados patrimonial.
ao exercício do voto e ao direito de reunião. (D) não comete infração penal quem se apropria
de coisa alheia vinda a seu poder por erro, caso for-
02. (DETRAN/DF - Agente de Trânsito – 2012 - FUNI- tuito ou força da natureza.
VERSA) Constitui abuso de autoridade, (E) o corte e a subtração de eucaliptos de pro-
(A) Ordenar ou executar medida privativa da liberdade priedade alheia não configura, em tese, o crime de
individual. furto por não se tratar de bem móvel.
(B) Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a ve-
xame ou a constrangimento, mesmo que autorizado em lei, 06. (PC-SP - Investigador de Polícia – 2014 - VU-
pois essa atitude é incompatível com o Estado de Direito. NESP) Nos termos do Código Penal, assinale a alterna-
(C) Levar à prisão e nela deter quem quer que se pro- tiva que contenha apenas crimes contra o patrimônio.
ponha a prestar fiança, ainda que não prevista em lei. (A) Homicídio; estelionato; extorsão
(D) Lesar a honra ou o patrimônio de pessoa natural ou (B) Estelionato; furto; roubo.
jurídica, mesmo quando esse ato for praticado sem abuso (C) Dano; estupro; homicídio
ou desvio de poder. (D) Furto; roubo; lesão corporal.
(E) Recusar o carcereiro ou o agente de autoridade po- (E) Extorsão; lesão corporal; dano.
licial recibo de importância adquirida a título de carcera-
gem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa. 07. (PC-TO - Delegado de Polícia – 2014- Aroei-
ra) É crime contra o patrimônio, em que somente se
03. (TRT - 18ª Região (GO) - Juiz do Trabalho – 2014 - procede mediante representação,
FCC) No que concerne aos crimes de abuso de autoridade, (A) o furto de coisa comum.
é correto afirmar que: (B) a alteração de limites.
(A) Compete à Justiça Militar processar e julgar militar por (C) o dano simples.
crime de abuso de autoridade praticado em serviço, segundo (D) a fraude à execução.
entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça.
(B) É cominada pena privativa de liberdade na modali- 08. (Polícia Civil/SP - Escrivão de Polícia – 2013
dade de reclusão. - VUNESP) A conduta de constranger alguém, me-
(C) Se considera autoridade apenas quem exerce car- diante violência ou grave ameaça e com o intuito de
go, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, obter para si ou para outrem trem indevida vanta-
não transitório e remunerado. gem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar
(D) Não é cominada pena de multa. fazer alguma coisa caracteriza o crime de
(E) Constitui abuso de autoridade qualquer atentado (A) extorsão.
aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício (B) abuso de poder.
profissional. (C) exercício arbitrário.
(D) coação no curso do processo.
04. (Prefeitura de Taubaté/SP – Escriturário – 2015 (E) roubo.
-PUBLICONSULT) Se um servidor, ao final do expediente,
leva para casa clips, canetas, borrachas, folhas de papel, 09. (TJ/ RJ – Juiz Substituto – 2012 - VUNESP) A
por exemplo, ainda que em pequena quantidade, fere o regra tempus regit actum explica o fenômeno da
patrimônio público, cometendo um ato ilícito, que é um (A) retroatividade da lei penal mais benéfica.
crime previsto no Código Penal brasileiro, caracterizado (B) ultratividade da lei penal excepcional.
pela apropriação, por parte do servidor público, de valores (C) territorialidade temperada.
ou qualquer outro bem móvel ou de consumo em proveito (D) extraterritorialidade.
próprio ou de outrem. Trata-se do(a):
(A) Concussão 10. (PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe – 2015
(B) Improbidade administrativa - VUNESP) Nos termos do Código Penal, a imputabilidade
(C) Peculato penal é excluída pela
(D) Prevaricação

26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

(A) embriaguez completa e culposa que torna o autor, 06. B.


ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de Código Penal:
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
acordo com esse entendimento. outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou
(B) doença mental ou desenvolvimento mental incomple- depois de havê-la, por qualquer meio,
to ou retardado, que torna o autor, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do 07. A.
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Furto de coisa comum
(C) emoção Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si
(D) paixão. ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
(E) embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou
maior, que privou o autor, ao tempo da ação ou da omissão, multa.
da plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou § 1º - Somente se procede mediante representação.
de determinar-se de acordo com esse entendimento § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível,
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
RESPOSTAS Embora o direito de punir continue sendo estatal, a ini-
ciativa se transfere ao ofendido quando os delitos atingem
01. D. sua intimidade, de forma que pode optar por não levar a
O preso não tem o direito de fugir, muito pelo con- questão a juízo, assim a legitimidade ativa é do próprio
trário, conforme estabelecido no Art. 50 da lei em análise: particular ofendido.
Art. 50. = Comete falta grave o condenado à pena pri-
vativa de liberdade que: II – fugir. 08. A.
Código Penal:
02. E. Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
A questão pediu apenas a letra da lei, ou seja, a letra “G” grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para ou-
do art. 4º da lei 4898/65, que é uma letra morta, uma vez que trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se
há a inaplicabilidade desse tipo penal por não existir no siste- faça ou deixar fazer alguma coisa:
ma carcerário brasileiro quaisquer custas ou emolumentos ou Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
outras despesas semelhantes, tornando esse tipo penal inapli- § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com
cável. Dessa forma, se o agente praticar essa conduta ela será emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
ATÍPICA em relação ao delito de abuso de autoridade. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
o disposto no § 3º do artigo anterior.
03. E. § 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da
O Artigo 3º da Lei do Abuso de Autoridade assim preceitua: liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão,
(A) à liberdade de locomoção; de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
(B) à inviolabilidade do domicílio; corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no
(C) ao sigilo da correspondência; art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
(D) à liberdade de consciência e de crença;
(E) ao livre exercício do culto religioso; 09. B.
f) à liberdade de associação; Código Penal:
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer- Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora de-
cício do voto; corrido o período de sua duração ou cessadas as circuns-
h) ao direito de reunião; tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
i) à incolumidade física do indivíduo; durante sua vigência.
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
cício profissional. 10. E.
Código Penal:
04. C. Art. 28(...)
(Peculato) Art. 312 do CP - Apropriar-se o funcionário § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
público ou particular, de que tem a posse em razão do car- ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
go, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
05. C. 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
adquira, receba ou oculte: de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

27
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido,


Direito Penal pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, me-
diante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do
1. (TJ/AL – Auxiliar Judiciário – CESPE/2012) Assina- Ministério Público, ou à autoridade policial.
le a opção correta a respeito de ação penal. § 5º. O órgão do Ministério Público dispensará o inqué-
A) Nas hipóteses de ação penal privada, se o ofendi- rito, se com a representação forem oferecidos elementos que
do morrer ou for declarado ausente por decisão judicial, o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá
a ação será extinta, uma vez que não haverá mais legiti- a denúncia no prazo de 15 (quinze) dias.
midade processual que justifique o seu prosseguimento.
B) Em se tratando de delitos de ação penal pública Finalmente, para os adeptos da referida tese, o § 1º do
condicionada à representação do ofendido, o órgão do art. 46, descreve mais uma hipótese de dispensabilidade do
MP dispensará o inquérito se, com a representação, fo- inquérito policial:
rem oferecidos elementos que o habilitem a promover
a ação penal. Art. 46.  O prazo para oferecimento da denúncia, es-
C) Tanto a ação pública incondicionada quanto a tando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que
ação condicionada devem ser promovidas por denún- o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito
cia do MP, independentemente de representação do policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No
ofendido. último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade
D) Seja qual for o crime, quando praticado em de- policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão
trimento do patrimônio da União ou de estado, a ação do Ministério Público receber novamente os autos.
penal será pública condicionada à representação da au- § 1o  Quando o Ministério Público dispensar o inquérito
toridade competente. policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-
E) Se o MP, em vez de apresentar a denúncia, re- -á da data em que tiver recebido as peças de informações ou
querer o arquivamento do inquérito policial, o juiz, no a representação.
caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
deverá determinar o prosseguimento da ação penal. No último caso, se houver devolução do inquérito à
autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em
Atualmente, a doutrina tradicional entende que o in- que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
quérito policial, apesar de ser uma peça importante, não é
imprescindível. RESPOSTA: “B”.
Os defensores dessa corrente sustentam que o inqué-
rito policial não é uma etapa obrigatória da persecução 2. (FEPESE/SC - Auditor Fiscal da Receita Estadual –
penal, podendo ser dispensado sempre que o integrante SEFAZ/2010) De acordo com o Código Penal, pode-se
do Ministério Público ou o ofendido tiver elementos sufi- afirmar:
cientes para promover a ação penal. a) A representação será irretratável depois de rece-
Os doutrinadores baseiam tal entendimento no fato de bida a denúncia.
o art. 12, do Código de Processo Penal, utilizar a expressão b) O direito de queixa pode ser exercido mesmo de-
“sempre que”, que significa uma condição. pois de renunciado tacitamente.
c) O ofendido decai do direito de queixa ou de re-
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou presentação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis)
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra”. meses, contado do data em que se praticou a conduta
delituosa, ainda que outro seja o momento do resulta-
Da mesma forma, porque o art. 27, do CPP, que trata do.
da  delatio criminis postulatória, estabelece que qualquer d) Quando a lei considera como elemento ou cir-
um do povo poderá fornecer, por escrito, informações so- cunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
bre o fato e a autoria, indicando o tempo, o lugar e os constituem crimes, cabe ação pública em relação àque-
elementos de convicção. le, desde que, em relação a qualquer destes, se deva
Essa circunstância significa, que quando tais informa- proceder por iniciativa do Ministério Público.
ções forem suficientes não é necessário o inquérito policial: e) Para produzir efeitos, o perdão independe de
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a aceitação pelo querelado.
iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a
ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre O Código Penal, em seu art. 101 dispõe sobre a ação
o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elemen- penal no crime complexo:
tos de convicção.
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou
No mesmo sentido, o § 5º, do art. 39, do CPP, estabe- circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, cons-
lece que o integrante do Parquet dispensará o inquérito se tituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde
forem apresentados elementos suficientes para a proposi- que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por ini-
tura da ação: ciativa do Ministério Público.

28
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Assim, a questão está correta de acordo com dis- 6. (DPU - Agente administrativo – CES-
posto no Código Penal. PE/2010) Nos crimes de ação penal pública ou
nos que se procede mediante queixa, o perdão do
RESPOSTA: “D”. ofendido obsta o prosseguimento da ação.

3. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) A afirmativa está errada porque contraria o dis-
No sistema criminal brasileiro, não se admite a re- posto no Código Penal, art. 105, in verbis:
núncia tácita ao direito de queixa.
Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em
A questão está errada pois contrária dispositivo que somente se procede mediante queixa, obsta ao
de lei, haja vista que, de acordo com o art. 104, do prosseguimento da ação.
Código Penal.
RESPOSTA: “ERRADA”.
Art. 104. O direito de queixa não pode ser exercido
quando renunciado expressa ou tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao di- 7. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010)
reito de queixa a prática de ato incompatível com a O prazo decadencial de representação para os su-
vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato cessores corre a partir do momento em que eles
de receber o ofendido a indenização do dano causado forem notificados judicialmente para manifestar
pelo crime.  interesse em representar.

RESPOSTA: “ERRADA”. O Código Penal, art. 103, reza que o prazo de-
cadencial é de 6 meses contado do dia em que o
4. (DPU - Agente administrativo – CESPE /2010) ofendido ou sucessor veio a saber quem é o autor
Para oferecer queixa, o procurador deve ser neces- do crime.
sariamente advogado e possuir poderes gerais de
representação do ofendido. Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário,
o ofendido decai do direito de queixa ou de repre-
Vejamos o que dispõe o Código Penal a respeito sentação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis)
da Ação pública e de iniciativa privada: meses, contado do dia em que veio a saber quem é o
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste
lei expressamente a declara privativa do ofendido.  Código, do dia em que se esgota o prazo para ofere-
2º - A ação de iniciativa privada é promovida me- cimento da denúncia. 
diante queixa do ofendido ou de quem tenha qualida-
de para representá-lo.   RESPOSTA: “ERRADA”.

Desse modo, a questão está errada, pois a repre- 8. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010)
sentação não necessita ser efetuada por advogado A ação penal no crime complexo será intentada,
com poderes gerais de representação do ofendido. em qualquer hipótese, por intermédio de queixa-
-crime.
RESPOSTA: “ERRADA”.
O Código Penal, no art. 101, dispõe sobre a ação
5. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) penal no crime complexo, vejamos:
Na ação penal privada, a vítima poderá perdoar o
agressor, ainda que o processo esteja em grau de Art. 101 - Quando a lei considera como elemento
recurso e tramitando perante tribunal, contanto ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mes-
que o faça antes do trânsito em julgado da senten- mos, constituem crimes, cabe ação pública em rela-
ça penal condenatória. ção àquele, desde que, em relação a qualquer destes,
se deva proceder por iniciativa do Ministério Público. 
A questão está de acordo com o disposto no Có-
digo Penal, art. 106, § 2º que reza que “Não é admissí- Dessa forma, a questão errada ao contrariar dis-
vel o perdão depois que passa em julgado a sentença positivo de lei quando afirma que a ação penal no
condenatória”, desse modo, a questão está correta. crime complexo será intentada por intermédio de
queixa-crime.
RESPOSTA: “CORRETA”.
RESPOSTA: “ERRADA”.

29
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

9. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) No Dessa forma, caso o cônjuge manifeste desinteresse
caso de morte do ofendido ou quando declarado au- em propor a ação ou em ofertar a representação, não obs-
sente por decisão judicial, se comparecer mais de uma tará o direito dos demais sucessores.
pessoa com direito de queixa, terá preferência o côn-
juge, e, na ausência deste, o parente mais próximo na RESPOSTA: “ERRADA”.
ordem de ascendente, descendente ou irmão. Havendo
divergência entre os sucessores, o juiz extinguirá a ação 12. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Na
penal. ação penal pública condicionada à representação, caso
a vítima, maior de idade e capaz, tenha deixado trans-
O art. 100, § 4º do Código Penal, reza que: correr o prazo para representar, mesmo tendo ciência
da autoria da infração penal, vindo esta a falecer, o di-
§ 4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido decla- reito de representação passará aos sucessores.
rado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer quei-
xa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, O Código Penal em seu art. 103, reza que:
descendente ou irmão.
Art. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o ofen-
A doutrina entende havendo divergência entre suces- dido decai do direito de queixa ou de representação se não
sores, a ordem de preferência deverá ser respeitada. o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia
em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do
RESPOSTA: “ERRADA”. § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo
para oferecimento da denúncia.
10. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A
recusa do perdão por um dos querelados não produz Observamos que o prazo para a representação é deca-
efeitos jurídicos aos demais querelados que aceitarem dencial, de seis meses. Caso transcorra o prazo, o exercício
ser perdoados e impede, de igual modo, a extinção da do direito não passará aos sucessores.
punibilidade.
RESPOSTA: “ERRADA”.
O Código Penal em seu art. 106 dispõe que:
13. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010)
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso Em qualquer infração penal, o recebimento de valores
ou tácito: pelo ofendido ou seus sucessores, como indenização do
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos dano causado pelo crime, consiste em renúncia tácita
aproveita; ao direito de queixa ou de representação.
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o Resposta: errada.
direito dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. De acordo com o parágrafo único, do art. 104, do Có-
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato digo Penal, in verbis:
incompatível com a vontade de prosseguir na ação.
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em Parágrafo Único. Importa renúncia tácita ao direito de
julgado a sentença condenatória. queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exer-
cê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a
Desse modo, observamos que a questão está errada, indenização do dano causado pelo crime.
haja vista que, se um dos querelados não aceitar o perdão,
os outros que o aceitaram terão extinta a punibilidade. Assim, a questão está errada.

RESPOSTA: “ERRADA”. RESPOSTA: “ERRADA”.

11. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010)


Na sucessão do direito de queixa ou de representação,
caso o cônjuge, que possui preferência, manifeste de-
sinteresse em propor a ação ou em ofertar a represen-
tação, isso obstará o direito dos outros sucessores.

O art. 100, § 4º do Código Penal, reza que:

§ 4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido decla-


rado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer quei-
xa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.

30
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

1) Inquérito policial; notitia criminis.................................................................................................................................................................. 01


2) Ação penal; espécies.......................................................................................................................................................................................... 04
3) Jurisdição; competência.................................................................................................................................................................................... 09
4) Da Prova.................................................................................................................................................................................................................. 11
5) Prisão em flagrante............................................................................................................................................................................................. 16
6) Processos dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos.......................................................................................... 21
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Os destinatários do IP são os autores da Ação Penal,


1) INQUÉRITO POLICIAL; NOTITIA CRIMINIS. ou seja, o Ministério Público ( no caso de ação Penal de
Iniciativa Pública) ou o querelante (no caso de Ação Penal
de Iniciativa Privada). Excepcionalmente o juiz poderá ser
destinatário do Inquérito, quando este estiver diante de
cláusula de reserva de jurisdição.
O Inquérito Policial é o procedimento administrativo
persecutório, informativo, prévio e preparatório da Ação
O inquérito policial não é indispensável para a proposi-
Penal. É um conjunto de atos concatenados, com unidade
tura da ação penal. Este será dispensável quando já se tiver
e fim de perseguir a materialidade e indícios de autoria de
a materialidade e indícios de autoria do crime. Entretanto,
um crime. O inquérito Policial averígua determinado crime
se não se tiver tais elementos, o IP será indispensável, con-
e precede a ação penal, sendo considerado, portanto como
forme disposição do artigo 39, § 5º do Código de Processo
pré processual.
Penal.
Composto de provas de autoria e materialidade de cri-
me, que, comumente são produzidas por Investigadores de
A sentença condenatória será nula, quando fundamen-
Polícia e Peritos Criminais, o inquérito policial é organizado
tada exclusivamente nas provas produzidas no inquérito
e numerado pelo Escrivão de Polícia, e presidido pelo De-
policial. Conforme o artigo 155 do CPP, o Inquérito serve
legado de Polícia.
apenas como reforço de prova.
Importante esclarecer que não há litígio no Inquérito
Policial, uma vez que inexistem autor e réu. Apenas figura a
O inquérito deve ser escrito, sigiloso, unilateral e inqui-
presença do investigado ou acusado.
sitivo. A competência de instauração poderá ser de ofício
Do mesmo modo, há a ausência do contraditório e da
(Quando se tratar de ação penal pública incondicionada),
ampla defesa, em função de sua natureza inquisitória e em
por requisição da autoridade judiciária ou do Ministério
razão d a polícia exercer mera função administrativa e não
Público, a pedido da vítima ou de seu representante legal
jurisdicional.
ou mediante requisição do Ministro da Justiça.
Sob a égide da constituição federal, Aury Lopes Jr. de-
O Inquérito Policial se inicia com a notitia criminis, ou
fine:
seja, com a notícia do crime. O Boletim de Ocorrência (BO)
não é uma forma técnica de iniciar o Inquérito, mas este se
“Inquérito é o ato ou efeito de inquirir, isto é, procurar
destina às mãos do delegado e é utilizado para realizar a
informações sobre algo, colher informações acerca de um
Representação, se o crime for de Ação de Iniciativa Penal
fato, perquirir”. (2008, p. 241).
Pública condicionada à Representação, ou para o requeri-
mento, se o crime for de Ação Penal da Iniciativa Privada.
Em outras palavras, o inquérito policial é um proce-
dimento administrativo preliminar, de caráter inquisitivo,
As peças inaugurais do inquérito policial são a Portaria
presidido pela autoridade policial, que visa reunir elemen-
(Ato de ofício do delegado, onde ele irá instaurar o inquéri-
tos informativos com objetivo de contribuir para a forma-
to), o Auto de prisão em flagrante (Ato pelo qual o delegado
ção da “opinio delicti” do titular da ação penal.
formaliza a prisão em flagrante), o Requerimento do ofendi-
do ou de seu representante legal (Quando a vítima ou outra
A Polícia ostensiva ou de segurança (Polícia Militar) tem
pessoa do povo requer, no caso de Ação Penal de Iniciativa
por função evitar a ocorrência de crimes. Já a Polícia Judiciária
Privada), a Requisição do Ministério Público ou do Juiz.
(Civil e Federal) se incumbe se investigar a ocorrência de in-
frações penais. Desta forma, a Polícia Judiciária, na forma de
No IP a decretação de incomunicabilidade (máximo
seus delegados é responsável por presidir o Inquérito Policial.
de três dias) é exclusiva do juiz, a autoridade policial não
Entretanto, conforme o artigo 4º do Código de Processo
poderá determiná-la de ofício. Entretanto, o advogado po-
Penal Brasileiro, em seu parágrafo único, outras autoridades
derá comunicar-se com o preso, conforme dispõe o artigo
também poderão presidir o inquérito, como nos casos de
21 do Código de Processo Penal, em seu parágrafo único.
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s), Inquéritos
Policiais Militares (IPM’s) e investigadores particulares. Este
Concluídas as investigações, a autoridade policial en-
último exemplo é aceito pela jurisprudência, desde que res-
caminha o ofício ao juiz, desta forma, depois de saneado o
peite as garantias constitucionais e não utilize provas ilícitas.
juiz o envia ao promotor, que por sua vez oferece a denún-
cia ou pede arquivamento.
A atribuição para presidir o inquérito se dá em função
da competência ratione loci, ou seja, em razão do lugar
O prazo para a conclusão do inquérito, conforme o ar-
onde se consumou o crime. Desta forma, ocorrerá a inves-
tigo 10 caput e § 3º do Código de Processo Penal, será de
tigação onde ocorreu o crime. A atribuição do delegado
dez dias se o réu estiver preso, e de trinta dias se estiver
será definida pela sua circunscrição policial, com exceção
solto. Entretanto, se o réu estiver solto, o prazo poderá ser
das delegacias especializadas, como a delegacia da mulher
prorrogado se o delegado encaminhar seu pedido ao juiz,
e de tóxicos, dentre outras.
e este para o Ministério Público.

1
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Na Polícia Federal, o prazo é de quinze dias se o in- Apesar de sigiloso, deve-se considerar a relativização do
diciado estiver preso (prorrogável por mais quinze). Nos mesmo, uma vez que alguns profissionais possuem aces-
crimes de tráfico ilícito de entorpecentes o prazo é de trinta so ao mesmo, como é o exemplo do juiz, do promotor de
dias se o réu estiver preso e noventa dias se estiver solto, justiça e do advogado do ofendido, vide Estatuto da OAB,
esse prazo é prorrogável por igual período, conforme dis- lei 8.906/94, art. 7º, XIX. O advogado tem o direito de con-
posição da Lei 11.343 de 2006. sultar os autos dos IP, ainda que sem procuração para tal.

O arquivamento do inquérito consiste da paralisação Procedimento escrito:


das investigações pela ausência de justa causa (materia- Os elementos informativos produzidos oralmente de-
lidade e indícios de autoria), por atipicidade ou pela ex- vem ser reduzidos a termo. O termo “eventualmente dati-
tinção da punibilidade. Este deverá ser realizado pelo Mi- lografado” deve ser considerado, através de uma interpre-
nistério Público. O juiz não poderá determinar de ofício, o tação analógica, como “digitado”. A partir de 2009, a lei
arquivamento do inquérito, sem a manifestação do Minis- 11.900/09 passou a autorizar a documentação e captação
tério Público de elementos informativos produzidos através de som e
imagem (através de dispositivos de armazenamento).
O desarquivamento consiste na retomada das investi-
gações paralisadas, pelo surgimento de uma nova prova. Indisponível:
A autoridade policial não pode arquivar o inquérito
Procedimento inquisitivo: policial. O delegado pode sugerir o arquivamento, en-
Todas as funções estão concentradas na mão de única quanto o MP pede o arquivamento. O sistema presiden-
pessoa, o delegado de polícia. cialista é o que vigora para o trâmite do IP, ou seja, deve
Recordando sobre sistemas processuais, suas moda- passar pelo magistrado.
lidades são: inquisitivo, acusatório e misto. O inquisitivo
possui funções concentradas nas mãos de uma pessoa. O Importante ilustrar que poderá o delegado deixar de
juiz exerce todas as funções dentro do processo. No acu- instaurar o inquérito nas seguintes hipóteses:
satório puro, as funções são muito bem definidas. O juiz 1) se o fato for atípico (atipicidade material);
não busca provas. O Brasil adota o sistema acusatório não 2) não ocorrência do fato;
ortodoxo. No sistema misto: existe uma fase investigatória, 3) se estiverem presentes causas de extinção de puni-
presidida por autoridade policial e uma fase judicial, presi- bilidade, como no caso da prescrição.
dida pelo juiz inquisidor. Contudo o delegado não poderá invocar o princípio
da insignificância com o objetivo de deixar de lavrar o
Discricionariedade: auto de prisão em flagrante ou de instaurar inquérito po-
Existe uma margem de atuação do delegado que atua- licial. No que tange à excludente de ilicitude, a doutrina
rá de acordo com sua conveniência e oportunidade. A ma- majoritária entende que o delegado deve instaurar o in-
terialização dessa discricionariedade se dá, por exemplo, quérito e ratificar o auto de prisão em flagrante, uma vez
no indeferimento de requerimentos. O art. 6º do Código que a função da autoridade policial é subsunção do fato
de Processo Penal, apesar de trazer diligências, não retira à norma.
a discricionariedade do delegado. Diante da situação apre-
sentada, poderia o delegado indeferir quaisquer diligên- Dispensável:
cias? A resposta é não, pois há exceção. Não cabe ao de- Dita o art. 12 do CPP:
legado de polícia indeferir a realização do exame de corpo
de delito, uma vez que o ordenamento jurídico veda tal Art. 12 - O inquérito policial acompanhará a denúncia
prática. Caso o delegado opte por indeferir o exame, duas ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
serão as possíveis saídas: a primeira, requisitar ao Ministé-
rio Público. A segunda, segundo Tourinho Filho, recorrer O termo “sempre que servir” corresponde ao fato de
ao Chefe de Polícia (analogia ao art. 5º, §2º, CPP). Outra que, possuindo o titular da ação penal, elementos para
importante observação: O fato de o MP e juiz realizarem propositura, lastro probatório idôneo de fontes diversas,
requisição de diligências mitigaria a discricionariedade do por exemplo, o inquérito poderá ser dispensado.
delegado? Não, pois a requisição no processo penal é tra-
tada como ordem, ou seja, uma imposição legal. O dele- Segundo o art. 46, §1º do mesmo dispositivo legal:
gado responderia pelo crime de prevaricação (art. 319 do
Código Penal), segundo a doutrina majoritária. “Art. 46 - O prazo para oferecimento da denúncia, es-
tando o réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da data
Procedimento sigiloso: em que o órgão do Ministério Público receber os autos
O inquérito policial tem o sigilo natural como carac- do inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver
terística em razão de duas finalidades: 1) Eficiência das in- solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução
vestigações; 2) Resguardar imagem do investigado. O si- do inquérito à autoridade policial (Art. 16), contar-se-á o
gilo é intrínseco ao IP, diferente da ação penal, uma vez prazo da data em que o órgão do Ministério Público rece-
que não é necessária a declaração de sigilo no inquérito. ber novamente os autos.

2
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 1º - Quando o Ministério Público dispensar o inqué- INDICIAMENTO


rito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia con-
tar-se-á da data em que tiver recebido as peças de infor- O indiciamento é a individualização do investigado/
mações ou a representação.” suspeito. Há a transição do plano da possibilidade para o
campo da probabilidade, ou seja, da potencialização do
OUTRAS FORMAS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL suspeito. Na presente hipótese, deve o delegado comuni-
car os órgãos de identificação e estatística. Sobre o mo-
a) CPIs: Inquérito parlamentar. Infrações ou faltas fun- mento do indiciamento, o CPP não prevê de forma exata,
cionais e aqueles crimes de matéria de alta relevância; podendo ser realizado em todas as fases do inquérito poli-
cial (instauração, curso e conclusão).
b) IPM: Inquérito policial militar. Instrumento para in- Não é possível desindiciar o indivíduo uma vez que
vestigação de infrações militares próprias; representa uma espécie de arquivamento subjetivo em re-
lação ao indiciado. Em contrapartida, há posicionamento
c) Crimes cometidos pelo magistrado: investigação diverso, com assentamento na ideia de que o desindicia-
presidida pelo juiz presidente do tribunal; mento é possível pelo fato de o IP ser um procedimento
administrativo. Assim sendo, a autoridade policial goza
d) MP: PGR/PGJ; de autotutela, ou seja, da capacidade de rever os próprios
atos.
e) Crimes cometidos por outras autoridades com foro
privilegiado: ministro ou desembargador do respectivo tri- Com relação às espécies de desindiciamento, o mesmo
bunal. pode ser de ofício, ou seja, realizado pela própria autorida-
de policial e coato/coercitivo, que decorre do deferimento
Os elementos informativos colhidos durante a fase do de ordem de habeas corpus.
inquérito policial não poderão ser utilizados para funda-
mentar sentença penal condenatória. O valor de tais ele- PRAZOS PARA ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO
mentos é relativo, uma vez que os mesmos servem para POLICIAL
fundamentar o recebimento de uma inicial, mas não são
suficientes para fundamentar eventual condenação. No caso da justiça estadual, 10 dias se acusado preso;
30 dias se acusado solto. Os 10 dias são improrrogáveis, os
PROCEDIMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 30 dias são prorrogáveis por “n” vezes. No caso da justiça
federal, 15 dias se o acusado estiver preso; 30 dias se o
1ª fase: Instauração; acusado estiver solto. Os 15 dias são prorrogáveis por uma
2º fase: Desenvolvimento/evolução; vez, enquanto os 30 dias são prorrogáveis por “n” vezes.
3ª fase: Conclusão
1ª fase: Instaurado por peças procedimentais: No caso da lei de drogas (11.343/2006), o prazo é di-
1ª peça: Portaria; verso: 30 dias se o acusado estiver preso, 90 dias se estiver
2ª peça: APFD (auto de prisão em flagrante delito); solto. Nessa modalidade, os prazos podem ser duplicados.
3ª peça: Requisição do juiz/MP/ministro da justiça; Com relação aos crimes contra a economia popular (lei
4ª peça: Requerimento da vítima 1.521/51, art. 10, §1º), o prazo para conclusão do IP é de
10 dias, independente se o acusado estiver preso ou solto.
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
MEIOS DE AÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
A peça de encerramento chama-se relatório, definido
como uma prestação de contas daquilo que foi realizado 1) Primeiramente, oferecer denúncia, caso haja justa
durante todo o inquérito policial ao titular da ação penal. causa. Em regra, o procedimento é o ordinário. (Sumário:
Em outras palavras, é a síntese das principais diligências cabe Recurso em sentido estrito, vide art. 581, I, CPP). Do
realizadas no curso do inquérito. O mesmo só passa pelo recebimento da denúncia, cabe habeas corpus. Da rejeição
juiz devido ao fato de o Código de Processo Penal adotar o da denúncia no procedimento sumaríssimo, cabe apelação.
sistema presidencialista, já citado anteriormente. Entretan- (JESPCRIM, prazo de 10 dias);
to, apesar dessa adoção, este caminho adotado pela auto-
ridade policial poderia ser capaz de ferir o sistema acusa- 2) O MP pode requisitar novas diligências, mas deve
tório, que é adotado pelo CPP (pois ainda não há relação especificá-las. No caso do indeferimento pelo magistrado,
jurídica processual penal). cabe a correição parcial;

Os estados do Rio de Janeiro e Bahia adotaram a Cen- 3) MP pode defender o argumento de que não tem
tral de inquéritos policiais, utilizada para que a autoridade atribuição para atuar naquele caso e que o juiz não tem
policial remetesse os autos à central gerida pelo Ministério competência. Nesse caso, o juiz pode concordar ou não
Público. Os respectivos tribunais reagiram diante da situa- com o MP. No caso de não concordar, o juiz fará remessa
ção. do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral,

3
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Mi- A notitia criminis de cognição indireta pode dar-se por:
nistério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a Delacio Criminis que é a comunicação por escrito ou
atender, como menciona o art. 28 do CPP; verbal, prestada por pessoa identificada. (CPP, art. 5º, II).
Somente autorizará a instauração do inquérito policial nos
4) MP pode pedir arquivamento. Se o juiz homologa, crimes de ação penal pública Incondicionada.
encerra-se o mesmo. Trata-se de ato complexo, ou seja, No que concerne à delacio criminis inautêntica, ou seja,
que depende de duas vontades. a delação ou denúncia anônima, apesar de a Constituição
Federal vedar o anonimato, o Supremo Tribunal de Justiça
A natureza jurídica do arquivamento é de ato adminis- se manifestou a favor de sua validade, desde que utilizada
trativo judicial, procedimento que deriva de jurisdição vo- com cautela.
luntária. É ato judicial, mas não jurisdicional. Com relação
ao art. 28 do CPP e a obrigação do outro membro do Mi- Notitia Criminis de Cognição Coercitiva - (CPP, art. 301
nistério Público ser ou não obrigado a oferecer a denúncia, e 302)
existem duas correntes sobre o tema. A primeira corrente, Esta, ocorre no caso de prisão em flagrante.
representada por Cláudio Fontelis, defende o argumento Na notitia criminis de cognição coercitiva, a comunica-
de que o promotor não é obrigado a oferecer denúncia ção do crime é realizada mediante a própria apresentação
porque o termo deve ser interpretado como designação, de seu autor por servidor público no exercício de suas fun-
com base na independência funcional. A segunda corren- ções ou por particular.
te, majoritária, defende o ponto de que o termo deve ser
interpretado como delegação, atuando o promotor como
“longa manus” do Procurador Geral de Justiça. Diante da
questão trazida, estaria a independência funcional com- 2) AÇÃO PENAL; ESPÉCIES.
prometida? Não, pois o novo promotor pode pedir a ab-
solvição/condenação, uma vez que o mesmo possui tal
liberdade. Ação Penal
A importância do inquérito policial se materializa do Trata-se do direito público subjetivo de pedir ao Es-
ponto de vista de uma garantia contra apressados juízos, tado-juízo a aplicação do direito penal objetivo ao caso
formados quando ainda não há exata visão do conjunto concreto.
de todas as circunstâncias de determinado fato. Daí a de- Ação não é pretensão. Ação é simplesmente o direito
nominação de instituto pré-processual, que de certa for- de provocar a tutela jurisdicional do Estado. Absolutamente
ma, protege o acusado de ser jogado aos braços de uma errado falar, por exemplo, que ação penal é o exercício da
Justiça apressada e talvez, equivocada. O erro faz parte pretensão punitiva estatal, visto que se estaria ligando ao con-
da essência humana e nem mesmo a autoridade policial, ceito de ação o objeto que se pede, vinculando direito abs-
por mais competente que seja, está isenta de equívocos e trato com direito material, como faz a doutrina imanentista.
falsos juízos. Delegados e advogados devem trabalhar em Ação penal, repito, é o direito de provocar a jurisdição
prol de um bom comum, qual seja, a efetivação da justiça. penal. Por isso que o direito de ação é exercido contra o Es-
Imprescindível a participação do advogado, dentro dos li- tado, pois o Estado é quem possui, única e exclusivamente,
mites estabelecidos pela lei, na participação da defesa de o poder-dever de dizer o direito.
seu cliente. Diante disso, é de imensa importância que o Assim, erram promotores e Procuradores da República
inquérito policial seja desenvolvido sob a égide constitu- que, na denúncia, escrevem: “ofereço ação penal pública
cional, respeitando os direitos, garantias fundamentais do incondicionada contra fulano de tal...” A ação não é contra
acusado e, principalmente, o princípio da dignidade da fulano. A ação é contra o Estado (provocando o Estado),
pessoa humana, norteador do ordenamento jurídico bra- para dizer o direito substantivo penal aplicável EM FACE
sileiro. de fulano.
NOTITIA CRIMINIS Características
a) Autônoma: ela não se confunde com o direito ma-
O Inquérito Policial se inicia com a notitia criminis, ou terial. Preexiste à pretensão punitiva.
seja, com a notícia do crime. b) Abstração: independe do resultado do processo.
A Notitia criminis é a comunicação que alguém faz à Mesmo que a demanda seja julgada improcedente, o direi-
autoridade pública da infração penal, praticada por ela to de ação terá sido exercido.
ou por outra pessoa. É o instrumento processual utilizado c) Subjetiva: o titular do direito é especificado na
para comunicar uma infração penal à autoridade compe- própria legislação. Em geral, é o MP, excepcionalmente
tente. Não se confunde a notícia criminal com a denúncia, sendo um particular.
que é o instrumento inicial da ação penal. A notícia não d) Pública: a atividade provocada é de natureza pú-
instaura uma ação penal, mas apenas o inquérito policial. blica, sendo a ação exercida pelo próprio Estado.

4
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

e) Instrumental: é um meio para se alcançar a efetivi- Casos de Inimputabilidade (que não a Menoridade):
dade do direito material. Recebimento da Denúncia
Se o sujeito for inimputável, deverá a denúncia ser
Condições da Ação ou Condições de Procedibilida- recebida? Obviamente que sim, visto que ele pode sofrer
de absolvição imprópria com consequente aplicação de me-
dida de segurança. Inclusive, o CPP expressamente veda a
Conceito absolvição sumária em caso de inimputabilidade:
Trata-se dos requisitos necessários e condicionantes ao Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-
regular exercício do direito de ação. A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver suma-
Condição da ação (ou de procedibilidade) é uma con- riamente o acusado quando verificar:
dição que deve estar presente para que o processo penal II - a existência manifesta de causa excludente da cul-
possa ter início. pabilidade do agente, salvo inimputabilidade;

Possibilidade Jurídica do Pedido Justa Causa ou Aptidão Material da Denúncia


O pedido deve ser legalmente amparável na seara do Trata-se do lastro probatório mínimo de autoria e ma-
Direito Penal ou não deve ser vedado. Por exemplo, ao se terialidade delitivas necessário à propositura da ação penal.
denunciar um membro de um corpo diplomático, o juiz A justa causa é compreendida como conjunto de pro-
deve intimar a representação do país de origem para ver vas sobre o fato criminoso, suas circunstâncias e respectiva
ser eles abrem mão da imunidade diplomática. Caso nega- autoria capaz de alicerçar, embasar a acusação contida na
tivo, deve o juiz extinguir o processo por impossibilidade denúncia. Esse conjunto de provas, de elementos informa-
jurídica do pedido. tivos serve para dar verossimilhança à acusação. Evidente-
mente, não se exige para a instauração da ação penal prova
Interesse de Agir completa, plena ou cabal (induvidosa); este tipo de prova
Subdivide-se e materializa-se no trinômio necessida- é exigido para fundamentar a sentença condenatória. Para
de/adequação/utilidade. a instauração da ação penal basta que haja alguma prova
O interesse-necessidade objetiva identificar se a lide idônea, lícita, que demonstre a verossimilhança da acusação.
pode ou não ser resolvida na seara judicial. Ela é presu- Deve haver prova da materialidade e indícios de autoria.
mida, em função da proibição da autotutela, tendo como E se o juiz, malgrado a ausência de justa causa, recebe
exceção a transação penal. a denúncia? Haverá constrangimento ilegal porquanto in-
O interesse-adequação se manifesta com a utilização justificável a ausência de justa causa. Cabe recurso contra
do instrumento adequado para a manifestação da preten- esta decisão? Não, não há recurso contra a decisão de re-
são. V.g., não pode a parte pleitear trancar com HC ação cebimento da denúncia. Possível, no entanto, a impetração
penal cuja sanção máxima cominada à conduta seja de de habeas corpus para trancar a ação penal. Ou em uma
multa, já que seu direito à livre locomoção não se encontra linguagem mais técnica, habeas corpus para extinguir o
ameaçado. processo penal sem resolução de mérito, com fundamento
Já o interesse-utilidade se manifesta quando o exercí- no artigo 648, I do CPP.
cio do direito de ação possa resultar na realização do jus Lembrar que a falta de justa causa é motivo de rejeição
puniendi estatal. Daqui decorre justificativa para se acatar da denúncia ou queixa, havendo um dispositivo específico
a prescrição da pena em perspectiva. que separa este tema da rejeição por inépcia formal (diz-se
que a falta de justa causa é causa de inépcia material):
Legitimidade
A ação só pode ser proposta por quem é titular do in- Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
teresse que se quer realizar e contra aquele cujo interesse [...]
deve ficar subordinado ao do autor. III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
A pessoa jurídica tem legitimidade para figurar no polo Não há justa causa para a ação penal quando a de-
passivo da demanda penal nos casos previstos em lei, de- monstração da autoria ou da materialidade do crime de-
vendo a ação também ser movida contra a pessoa física correr apenas de prova ilícita (assim como ocorre com a
responsável por sua administração (teoria da dupla impu- denúncia fundada apenas em Inquérito Policial viciado)
tação). Também poderá figurar no polo ativo, devendo ser
representada por aqueles designados nos contratos ou es- Síntese sobre a justa causa:
tatutos sociais. 1. Trata-se do lastro probatório mínimo de materiali-
dade e autoria necessário para o recebimento da inicial;
Réu Menor no Processo Penal: Ilegitimidade ou In- 2. Inexistindo justa causa, a denúncia deve ser rejei-
competência? tada com fulcro no art. 395, III, do CPP (diz-se que há inép-
Se o réu for menor, não deverá o processo ser extinto cia material);
por impossibilidade jurídica do pedido ou por ilegitimida- 3. Somente cabe HC para trancar o processo penal
de da parte, mas sim por ausência de competência do juiz (extinguir sem julgamento do mérito) se houver evidente
penal para apreciar o feito. atipicidade da conduta, causa extintiva de punibilidade ou
ausência total de indícios de autoria;

5
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

4. Não há justa causa se a ação penal decorrer ape- Nas leis dos Juizados Especiais, a representação será
nas de prova ilícita ou de IP viciado. feita oralmente, na audiência preliminar, caso frustrada a
composição civil. Porém, como aquela pode demorar a ser
Espécies de Ação Penal marcada, é bom que seja colhida quando da elaboração
Inicialmente, ressalta-se que a regra é que a ação seja do TCO, a fim de obstar a decadência.
pública incondicionada. Isso porque a CR/88 dispõe que a IV. O menor representado: se a vítima for menor de
ação penal pública de natureza condenatória é promovida 18 anos, a representação poderá ser exercida por seu re-
privativamente pelo MP presentante legal. Mesmo se for emancipada, não poderá
representar por si só. Deverá a ela ser nomeado curador
Ação Penal Pública Incondicionada especial (por provocação do MP ou de ofício), ou então,
que aguarde completar 18 anos para representar, somente
Conceito e Titularidade se iniciando a contagem do prazo decadencial no primeiro
É aquela ação titularizada pelo Ministério Público e dia da maioridade.
que prescinde da manifestação da vítima ou de terceiros V. Substituição processual: em caso de morte ou de-
para seu exercício. Somente pode ser exercida pelo Par- claração de ausência da vítima, o direito de representar
quet, por expressa e exclusiva atribuição da Constituição passa, preferencial e taxativamente, ao CADI (cônjuge, as-
da República (art. 129, I). cendente, descendente ou irmão).
As pessoas jurídicas podem representar, quando víti-
Ação Penal Pública Condicionada mas, por intermédio de seus representantes designados
Também é ação proposta pelo MP, mas cujo exercício em seus atos constitutivos; não havendo, por seus direto-
válido está condicionado à representação ou à requisição, res ou sócio administradores.
conforme o caso. Ambas têm natureza jurídica de con- VI. Ausência de vinculação do MP: a autorização e o
dição de procedibilidade. A condição se materializa nos pedido ao MP para que ofereça denúncia se materializa
seguintes institutos: na representação, não obrigando o membro do Parquet
a) Representação: é um pedido autorizador feito a oferecê-la. Ademais, o promotor poderá, inclusive, en-
pela vítima ou seu representante legal, sem o qual a per- quadrar em diferentes fatos típicos os fatos alegados pela
secução penal não se inicia. Frederico Marques a chama vítima.
de delatio criminis postulatória, já que quem a formula VII. Eficácia objetiva: se a vítima indica na represen-
não somente dá notícias do crime como também pede tação apenas parte dos envolvidos, o MP poderá ofertar a
que se instaure a persecução penal. Nem mesmo o IP denúncia contra todos, sem necessidade de nova manifes-
pode ser iniciado e o APFD lavrado sem a autorização da tação. Veja que é diferente a questão da representação em
vítima (BO pode). face de alguns crimes e em face de alguns dos autores. A
I. Destinatários: ela se destina à autoridade policial, REPRESENTAÇÃO LIMITA OS CRIMES PELOS QUAIS PODE
ao MP ou ao próprio juiz. Nas duas últimas hipóteses, será O MP DENUNCIAR, MAS NÃO LIMITA OS RÉUS.
submetida à autoridade policial para investigações, po- VIII. Retratação: enquanto não OFERECIDA a denúncia
dendo, no entanto, se houver os elementos necessários, , a vítima pode se retratar da representação. A doutrina
já ser oferecida de imediato a denúncia. Se o MP entender majoritária entende que a vítima pode se retratar da re-
que não houve infração, deverá pedir o arquivamento. tratação e reapresentar a representação quantas vezes
II. Ausência de rigor formal: de acordo com o STF, entender conveniente, desde que dentro do prazo deca-
ela é peça sem rigor, que poderá ser apresentada oral- dencial.
mente ou por escrito, sem necessidade de fórmulas sacra- Em relação aos crimes previstos na Lei Maria da Penha,
mentais nem nada específico. A representação do ofendi- somente será admitida a renúncia perante o juiz, em au-
do, como condição de procedibilidade, não exige nenhu- diência especialmente designada com tal finalidade, antes
ma formalidade. Qualquer manifestação de vontade do do recebimento da denúncia e ouvido o MP . Logo, aqui o
ofendido, desde que inequívoca, no sentido da punição marco não é o oferecimento da denúncia. O mesmo mo-
do autor do crime, constitui verdadeira representação. mento (recebimento) vale para o caso das ações sujeitas
Constitui verdadeira representação o fato de o ofendido ao juizado especial
se dirigir à polícia para registrar a ocorrência do crime ou
se submeter a exame de corpo de delito ou, ainda, prestar Ação Penal Privada
declarações incriminatórias, tudo isso vale como repre-
sentação. Conceitos e Considerações
De acordo com o STJ, se a vítima oferecer queixa-cri- Hipótese de ação penal em que a persecução criminal
me, achando tratar-se de ação de iniciativa privada, pode- é transferida ao particular, que atua em nome próprio. O
rá esta ser tida como representação. autor, aqui, se chama querelante, enquanto o réu, quere-
III. O prazo e sua contagem: a representação deve lado. O fundamento de sua existência é evitar o constran-
ser ofertada no prazo decadencial de seis meses, conta- gimento do processo permitido por uma ação penal de
dos do conhecimento da autoria da infração (e não do natureza pública, deixando a cargo do ofendido a escolha
fato). Tal prazo é de direito material, incluindo-se, em sua por iniciar ou não a ação. Também tem como fundamento
contagem, o primeiro dia, e excluindo-se o último. a inércia do MP.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Existe fundamento constitucional para a ação privada? Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação
Perfeitamente. Isso porque o art. 129, I, da CR/88 confere pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo
ao MP a titularidade exclusiva apenas da ação penal públi- ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e ofere-
ca, o que faz entender que existe ação penal privada tam- cer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
bém. processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso
Como a legitimidade do MP para a ação pública é ordi- e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
nária, a do particular, a do ofendido, para promover a ação retomar a ação como parte principal.
privada, quer seja privada propriamente dita, quer se trate
de ação privada subsidiária, é sempre extraordinária, o par- Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para
ticular sempre atuará como substituto processual. representá-lo caberá intentar a ação privada.
Nesses casos, não há coincidência entre a titularidade
do direito de ação que o Estado transfere ao particular e Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando
a titularidade do direito material, que é a titularidade de declarado ausente por decisão judicial, o direito de ofe-
punir que o Estado guarda consigo. O Estado não transfere recer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge,
ao particular o direito de punir, ele transfere o direito de ascendente, descendente ou irmão.
acusar.
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a reque-
Dispõe o Código Processual Penal: rimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará
advogado para promover a ação penal.
(...) § 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder
prover às despesas do processo, sem privar-se dos recur-
TÍTULO III sos indispensáveis ao próprio sustento ou da família.
DA AÇÃO PENAL § 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da
autoridade policial em cuja circunscrição residir o ofendi-
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promo- do.
vida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá,
quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos,
ou de representação do ofendido ou de quem tiver quali- ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não ti-
dade para representá-lo. ver representante legal, ou colidirem os interesses deste
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando de- com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido
clarado ausente por decisão judicial, o direito de repre- por curador especial, nomeado, de ofício ou a requeri-
sentação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou mento do Ministério Público, pelo juiz competente para o
irmão. processo penal.
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detri-
mento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Mu- Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e
nicípio, a ação penal será pública. maior de 18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser
exercido por ele ou por seu representante legal.
Art. 25. A representação será irretratável, depois de
oferecida a denúncia. Art. 35. Revogado)

Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direi-
com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria to de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o
expedida pela autoridade judiciária ou policial. parente mais próximo na ordem de enumeração constante
do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosse-
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a guir na ação, caso o querelante desista da instância ou a
iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a abandone.
ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações so-
bre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os Art. 37. As fundações, associações ou sociedades le-
elementos de convicção. galmente constituídas poderão exercer a ação penal, de-
vendo ser representadas por quem os respectivos contra-
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de tos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inqué- seus diretores ou sócios-gerentes.
rito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz,
no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao pro- seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de
curador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará ou- representação, se não o exercer dentro do prazo de seis
tro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor
no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar
obrigado a atender. o prazo para o oferecimento da denúncia.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito último caso, se houver devolução do inquérito à autorida-
de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos de policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o
casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31. órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquéri-
Art. 39. O direito de representação poderá ser exerci- to policial, o prazo para o oferecimento da denúncia con-
do, pessoalmente ou por procurador com poderes espe- tar-se-á da data em que tiver recebido as peças de infor-
ciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao mações ou a representação
órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. § 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, dias, contado da data em que o órgão do Ministério Públi-
sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de co receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do
seu representante legal ou procurador, será reduzida a ter- tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosse-
mo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão guindo-se nos demais termos do processo.
do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2o A representação conterá todas as informações Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários
que possam servir à apuração do fato e da autoria. maiores esclarecimentos e documentos complementares
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, di-
a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo retamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que
competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. devam ou possam fornecê-los.
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante
este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime
para que esta proceda a inquérito. obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público vela-
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o in- rá pela sua indivisibilidade.
quérito, se com a representação forem oferecidos elemen-
tos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa,
oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. em relação a um dos autores do crime, a todos se esten-
derá.
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhece-
rem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração
de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou
e os documentos necessários ao oferecimento da denún- procurador com poderes especiais.
cia. Parágrafo único. A renúncia do representante legal do
menor que houver completado 18 (dezoito) anos não pri-
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do vará este do direito de queixa, nem a renúncia do último
fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualifi- excluirá o direito do primeiro.
cação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados
o rol das testemunhas. aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em
relação ao que o recusar.
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da
ação penal. Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de
18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele
Art. 43. (Revogado). ou por seu representante legal, mas o perdão concedido
por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito.
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com
poderes especiais, devendo constar do instrumento do Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou
mandato o nome do querelante e a menção do fato crimi- retardado mental e não tiver representante legal, ou colidi-
noso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de rem os interesses deste com os do querelado, a aceitação
diligências que devem ser previamente requeridas no juízo do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear.
criminal.
Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, obser-
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for priva- var-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art.
tiva do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Públi- 52.
co, a quem caberá intervir em todos os termos subsequen-
tes do processo. Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador
com poderes especiais.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estan-
do o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expres-
órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito so o disposto no art. 50.
policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão sas duas opções, que são privilégios renunciáveis do au-
todos os meios de prova. tor da ação, existe a possibilidade de aplicação da regra
geral, que é a do domicílio do réu.
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração ex-
pressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro Frise-se que apesar de se consagrar a separação da
de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser jurisdição, prevalece a justiça penal sobre a civil, nas hi-
cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. póteses de indenização por um crime, garantindo que
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta não haja contradições.
a punibilidade. Destarte, o sistema adotado no Direito brasileiro é
o da independência da jurisdição, mas com certa ate-
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo cons- nuação.
tará de declaração assinada pelo querelado, por seu repre-
sentante legal ou procurador com poderes especiais. Competência

Art. 60. Nos casos em que somente se procede me- Competência é a divisão do poder/dever de exercer
diante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: a jurisdição entre os diversos órgãos judiciários, sendo
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de pro- ela que confere legitimidade às decisões e permite afe-
mover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; rir a ilegitimidade de outras.
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua in- O estabelecimento das competências jurisdicionais,
capacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no pro- além de racionalizar o trabalho do Poder Judiciário, con-
cesso, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pes- fere efetividade ao princípio dos juiz natural.
soas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem Critérios
motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva Leva em conta as características da questão criminal
estar presente, ou deixar de formular o pedido de conde- sub judice, devendo ser estudada em três aspectos:
nação nas alegações finais; a) Critério ratione materiae: objetiva indicar qual
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta a Justiça competente e os critérios de especialização,
se extinguir sem deixar sucessor. levando em conta a natureza da infração;
b) Critério ratione personae: art. 69, VII, CPP. Leva
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reco- em consideração a importância das funções desempe-
nhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício. nhadas por determinadas pessoas, enfocando o foro
Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Públi- por prerrogativa de função;
co, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, c) Critério ratione loci: visa a identificar o juízo ter-
ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o pra- ritorialmente competente, considerando como parâme-
zo de cinco dias para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco tros o local da consumação do delito, além do domicílio
dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final. ou residência do réu.

Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à Competência Material


vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Objetiva indicar qual a Justiça competente e os cri-
Público, declarará extinta a punibilidade. térios de especialização, levando em conta a natureza
da infração, aquilo que está sendo discutido na ação
(...) penal.

Competência Funcional
Leva em conta o elemento de distribuição dos atos
3) JURISDIÇÃO; COMPETÊNCIA. processuais praticados no curso do processo, devendo
ser analisada sob três aspectos:
a) Fase do processo: a depender do juiz que atua,
é um ou outro competente para determinar atos, como
Jurisdição e Competência ocorre com o juiz que julga e o juiz na fase de execução
criminal;
Com relação ao lugar do ajuizamento da ação, aplica- b) Objeto do juízo: há uma distribuição de tarefas
-se por analogia o disposto no art. 100, § único do Código na decisão das várias questões trazidas durante o pro-
de Processo Civil: “Nas ações de reparação de dano sofrido cesso, como ocorre entre o juiz togado e os juízes leigos
em razão de delito ou acidente de veículos, será compe- no Júri;
tente o foro do domicílio do autor ou do local de fato”, po- c) Grau de jurisdição: é a chamada competência
dendo o autor ter o privilégio de escolher entre esses dois funcional vertical, de acordo com a atribuição de julgar
foros civis. De acordo com Fernando Capez, e caminhando os recursos interpostos.
no mesmo sentido o Superior Tribunal de Justiça, além des-

9
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Conexão e Continência Limite Temporal para Reconhecimento da Cone-


xão/Continência
Não são bem um critério de fixação de competência; Se um dos processos já houver sido julgado, não mais
antes, de modificação das mesmas, atraindo para um de- devem os feitos ser reunidos. Isso porque, além de ter en-
terminado juízo os crimes ou infratores que poderiam ser cerrado o juízo de primeira instância de um deles, não cabe
julgados separadamente, por órgãos diversos. reunião de feito sob instrução com feito já julgado, perante
o Tribunal, sob pena de suprimir instância.
Assim, a separação de processos é uma faculdade do
juiz quando: Separação de Processos
a) As infrações tiverem sido praticadas em circunstân- Mesmo havendo conexão ou continência, é possível
cias de tempo ou de lugar diferentes; ou que os processos tramitem separadamente, seja por força
b) Houver excessivo número de acusados; de lei, seja por obediência aos preceitos constitucionais. A
Vide que se as infrações tiverem ocorrido nas mesmas separação poderá ser obrigatória ou facultativa.
circunstâncias de tempo ou de lugar, como, por exemplo,
em decorrência de concurso formal de crimes, o juiz não Prevista em rol não taxativo no art. 79 do CPP. Hipó-
está autorizado a promover a separação. teses:
a) Concurso entre jurisdição comum e militar:
Conexão b) Concurso entre jurisdição comum e o juízo de me-
Trata-se da ligação existente entre duas ou mais infra- nores: por força do art. 104 do ECA e do art. 228 da CR/88.
ções, levando a que sejam apreciadas perante o mesmo c) Superveniência de doença mental: em havendo cor-
órgão jurisdicional. A conexão é uma questão de fato, que réus, advindo insanidade em um deles, restará a separação
pode ter como efeito a reunião dos processos conexos no de processos, pois o procedimento irá evoluir em razão do
juízo prevento ou no juízo sem igual competência territo- imputável.
rial que primeiro recebeu a denúncia, ou, ainda, no local d) Fuga de corréu: havendo fuga, o processo ficará sus-
do crime mais grave. penso em relação ao corréu fugitivo. Nesse caso, o proces-
Logo: conexão (e continência) é fato, alteração da so segue separadamente para os demais.
competência em decorrência dela é efeito. e) Recusas no júri: não mais é possível no júri a sepa-
Para que haja conexão, deve haver a pluralidade de ração de processos face a recusa mútua dos jurados pelos
condutas delituosas, e não só de resultados. Assim, se advogados. O máximo que poderá ocorrer é o adiamento
houver concurso formal de crimes (um tiro, duas mortes, da formação do Conselho de Sentença (art. 469, § 1º, CPP).
sem ou com desígnios autônomos, por exemplo), não há f) Crime contra a vida praticado em concurso de agen-
se falar em conexão. tes, com um deles tendo prerrogativa de foro prevista na
CR/88: nesse caso, impõe-se a separação de processos: a
Existem várias hipóteses de conexão (art. 76, I, CPP): pessoa que não possui prerrogativa de função será julgada
a) Conexão intersubjetiva: quando as infrações pra- no Tribunal do Júri, enquanto a que possui, será julgada
ticadas estão interligadas pela autoria de duas ou mais perante o foro por prerrogativa de função.
pessoas
b) Conexão objetiva, material, teleológica ou finalísti- Separação Facultativa
ca (art. 76, II, CPP): ocorre quando uma infração é pratica- Prevista no art. 80, CPP. Ocorre nas seguintes hipóte-
da para ocultar ou facilitar uma outra, ou para conseguir ses, mediante decisão do juiz:
vantagem ou impunidade relativamente a outra infração. a) Infrações praticadas em circunstâncias de tempo e
c) Conexão instrumental ou probatória (art. 76, III, lugar diferentes;
CPP): tem cabimento quando a prova de uma infração ou b) Número excessivo de acusados.
de suas elementares influir na prova de outra infração.
Questões e Processos Incidentes
Continência Questão incidente é conceituada como o fato que
É o vínculo que une vários infratores a uma única in- pode acontecer no curso do processo e que deve ser deci-
fração, ou a reunião de várias infrações num só processo dido pelo juiz antes de adentrar no mérito da causa princi-
por decorrerem de conduta única, ou seja, do resultado pal. Ela é prejudicial, já que o exame da lide dependerá de
de concurso formal próprio ou impróprio de crimes. Tem- seu prévio desfecho.
-se: Os incidentes se dividem em:
a) Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I, a) Questões prejudiciais: são as questões de fato ou de
CPP): quando duas ou mais pessoas concorrem para a direito que devem ser resolvidas previamente porque se
prática de uma mesma infração, o que se dá com a coau- ligam ao mérito da questão principal, ou seja, entre eles há
toria ou participação. uma dependência lógica. A questão prejudicada, apesar de
b) Continência por cumulação objetiva (art. 77, II, principal, está subordinada à prejudicial. São características
CPP): implica na reunião, em um só processo, de vários da questão prejudicial:
resultados lesivos advindos de uma só conduta (concurso -Anterioridade lógica: a questão prejudicial é sempre
formal). anterior à prejudicada.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

-Necessariedade: o mérito não poderá ser resolvido Convém lembrar, ainda, que o objeto da prova é fato
sem a solução da questão prejudicial. e não opinião, muito embora, em alguns casos (especial-
-Autonomia: em tese, a questão prejudicial sempre mente quando se trata de dosar a pena) a opinião da tes-
pode estar em processo autônomo. temunha pode ter relevo para a fixação da pena quando
b) Processos incidentes: são questões que dizem res- ela afirma, por exemplo, que o réu é honesto, trabalhador
peito ao processo, podendo ser resolvidas pelo próprio e bom pai de família.
juízo criminal. Porém, são processos que correm em para-
lelo ao principal, se constituindo em outra relação jurídica. Objeto de prova
Exemplo clássico de processo incidente é o HC impetrado
para trancar ação penal. Tem a prova um objeto, que são os fatos da causa. O
objeto da prova consiste nos fatos cuja evidenciação se
Existe uma subdivisão: torne imprescindível, no processo, para o juiz convencer-se
a) Questão prejudicial: ela é autônoma, existindo de de sua veracidade. Em outras palavras, objeto da prova é o
forma independente da questão principal, com a possibi- fato ilícito alegado na peça acusatória.
lidade de ser objeto de processo distinto, seja no próprio
juízo criminal (como se dá com o julgamento do furto de Em toda ação penal, deve-se provar dois pontos cru-
forma autônoma em relação à receptação), seja no juízo cí- ciais, a saber: a materialidade e a autoria do fato criminoso.
vel (como questões ligadas ao estado da pessoa ou outras Além disso, é preciso dar conhecimento ao juiz de todas
que interferem na tipicidade da infração penal). as circunstâncias objetivas (aspectos externos do crime) e
b) Questão preliminar: é o fato, processual ou de mé- subjetivas (motivos do crime e aspectos pessoais do agen-
rito, que impede que o juiz aprecie o fato ou questão prin- te) que possam determinar a certeza de sua convicção so-
cipal, não sendo autônoma, devendo sempre ser julgada bre a responsabilidade criminal. As circunstâncias que cer-
no mesmo procedimento e antes da decisão de mérito. cam o caso concreto devem ser provadas, ainda, em razão
Questão preliminar é aquela ligada a um pressuposto pro- de serem relevantes no momento de fixação da pena.
cessual ou a uma condição de ação. É o fato, processual ou
de mérito, que impede o juiz de apreciar o fato principal ou Contudo, a atividade probatória deve restringir-se aos
a questão principal, ou seja, a materialidade e a autoria da fatos relevantes, aqueles que são pertinentes e úteis ao
infração penal, que compõem o mérito da causa propria- julgamento da ação penal. Observe-se portanto que, que
mente dito, não sendo questão autônoma, mas dependen- existe um critério para a produção de provas numa ação
te da existência da questão principal e devendo sempre penal.
ser decidida no mesmo processo ou procedimento onde é
julgada a questão principal. Desnecessidade da prova
As questões incidentes serão apreciadas em autos
apartados, normalmente apensos ao principal, com o in- De acordo com a redação do art. 400, § 1o, CPP diz que
tuito de não criar tumulto à lide e para fins de maior pra- o juiz poderá “indeferir (as provas) consideradas irrelevan-
ticidade. tes, impertinentes ou protelatórias”.

Temos, então, que será o juiz quem estabelecerá o que


deve ser provado, de acordo com o que julgar relevante
4) DA PROVA. para a formação do seu convencimento.

Entretanto, existe a desnecessidade de se provar al-


guns fatos, quais sejam: os evidentes, os notórios e as pre-
Prova, é o ato ou o complexo de atos que visam a es- sunções legais.
tabelecer a veracidade de um fato ou da prática de um ato
tendo como finalidade a formação da convicção da enti- Evidentes são os fatos que prescindem de prova para
dade decidente - juiz ou tribunal - acerca da existência ou serem tidos como verdadeiros. São fatos incontroversos,
inexistência de determinada situação factual. Em regra, é evidentes por si mesmos, intuitivos, axiomáticos.
produzida na fase judicial com a participação dialética das
partes (contraditório real e ampla defesa que são elabora- Notórios são fatos que também prescindem de prova.
dos perante o juiz). São os acontecimentos ou situações de conhecimento ge-
ral, como as datas histórias, os fatos políticos ou sociais de
Destarte a prova é o elemento fundamental para a de- conhecimento público – ou seja, fatos que pertencem ao
cisão de uma lide. Tem como objeto fato jurídico relevante, patrimônio cultural do cidadão médio.
isto é, aquele que possa influenciar no julgamento do feito.
Assim, não é qualquer fato que carece ser provado, mas Já as presunções legais são os fatos presumidos verda-
sim, aquele que, no processo penal, possa influenciar na ti- deiros pela própria lei, que podem ser duas ordens: abso-
pificação do fato delituoso ou na exclusão de culpabilidade luta e relativa. A presunção absoluta (“juris et de jure”) não
ou de antijuridicidade. admite fato em contrário. Exemplo disso é o art. 27, CP que

11
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

diz que menor de 18 anos é inimputável. Já a presunção Esse princípios constitucionais relacionam-se com a
relativa (“juris tantum”) admite prova em contrário, como produção de provas, conforme veremos a seguir.
no caso do art. 217-A, CP que diz que a vulnerabilidade do
menor de 14 anos é relativa. Essa flexibilidade justifica-se O art. 399, §2o, CPP dita que “o juiz que presidiu a ins-
diante da possibilidade de se prejudicar o réu. trução deverá proferir a sentença”, evidenciando a aplica-
ção princípio da identidade física do juiz.
Ônus da prova
No processo civil, o art. 132, CPC dita que, caso o juiz
De acordo com a primeira parte do art. 156, CPP o ônus não possa julgar a lide (por motivos como aposentadoria,
da prova é a prova da alegação por quem a fizer. Cabe afastamento ou convocação), os autos passarão para o seu
ao autor da ação penal (MP ou querelante) o exercício da sucessos. Ocorre que o CPP silencia quanto a essa questão.
atividade probatória principal. Incumbe-lhe demonstrar a Assim, valendo-nos do seu art. 3o, é possível que aplique-
existência dos fatos constitutivos afirmados na pretensão, -se as disposições do art. 132, CPC.
devendo provar a existência do ilícito penal e sua autoria.
A Lei 8.038/90 estabelece os procedimentos nos casos
Por outro lado, sobre o acusado só recai o ônus de em que uma pessoa é processada nos casos de competên-
provas o álibi que apresentar. Contudo, se apresentar fatos cia originária do STF ou STJ. Em seu art. 3o, III temos a exce-
impeditivos, modificativos ou extintivos, relacionados com ção ao princípio da identidade física do juiz a medida que
a pretensão acusatória, ele será obrigado a prová-los. Nes- juízes e desembargadores serão convocados para auxiliar
se caso, inverte-se o ônus da prova. Exemplo: alegação de na coleta de provas. Portanto, a lei autoriza essa exceção
legítima defesa. ao princípio da identidade física do juiz.

Segundo o princípio da comunhão da prova, quando a Momentos probatórios


prova ingressa no processo deixa de ser exclusiva da parte
que a produziu. O juiz examina todo o contexto da prova Para podermos adentrar a discussão acerca dos mo-
podendo inclusive valorá-la de modo prejudicial a quem a mentos probatórios, é necessário que façamos as seguintes
apresentou. Ou seja, a utilização das provas por qualquer considerações iniciais: as provas só podem ser produzidas
das partes é de ser plenamente aceita, independentemente no processo, que é quando haverá o contraditório. São su-
de quem a tenha produzido, porque interessa ao juiz des- jeitos processuais principais no processo penal a acusação
cobrir a verdade. (MP ou querelante), defesa (réu e defensor) e o juiz.

Já na segunda parte e incisos do art. 156, CPP é facul- Compreendido isso, são 4 os momentos para produ-
tado ao juiz, de ofício, ordenar a produção de provas e deter- ção de provas:
minar a realização de diligências. Vê-se aqui que o juiz tem
poderes para influir na produção de provas unilateralmente. Propositura da prova, que se dá na fase postulatória.
Para a acusação, isso dar-se-á na peça acusatória (denúncia
No inciso I identificamos os poderes inquisitórios, que ou queixa-crime), enquanto que para o acusado, será na
permitem ao juiz influir livremente nas provas. O legislador sua resposta, na sua defesa.
permitiu ao juiz ordenar a produção de provas antes do ofe- Admissibilidade das provas, que é o deferimento ju-
recimento da denúncia e, ao fazer isso, o magistrado substi- dicial dos requerimentos formulados pelas partes, ou seja,
tui a autoridade policial ou o promotor (MP) – e isso fere o quando o juiz estabelece quais provas serão apresentadas
princípio da imparcialidade do juiz. Esse é um dispositivo am- ou não (no processo civil é o despacho saneador).
plamente criticado. (Crítica: o ato unilateral (sem provocação) Produção da prova, que, em regra, se dá na audiência
do juiz pode ser considerado parcial, na prática?) de instrução e julgamento, na qual todos os sujeitos parti-
cipam. Nesse momento, serão tomadas as declarações do
No inciso II identificamos os poderes instrutórios, onde ofendido, haverá o interrogatório do acusado, inquirição
o juiz pode interferir na prova para resolver ponto relevantes, das testemunhas arroladas, esclarecimentos dos peritos
independente de requerimento das partes. Esse dispositivo etc.
está relacionado à instrução do processo e é plenamente Valoração da prova, que significa dizer que o julgador,
aceito. O inciso II está intimamente ligado com o descobri- ao fundamentar a sentença, deve manifestar-se sobre to-
mento da verdade, uma vez que o juiz pode solicitar a produ- das as provas produzidas.
ção de provas para formação do seu convencimento. Vale dizer que, havendo recurso, a prova será sempre
substancial, i.e., será reavaliada.
Princípio do juiz natural
OS MEIOS DE PROVA
No art. 5º, LIII, CF tem-se que “ninguém será processa-
do nem sentenciado senão pela autoridade competente”. Desde o princípio desse debate vale a ressalva: meio
Em seu inciso XXXVII, tem-se que “não haverá juízo ou tri- de prova é diferente de objeto de prova. Meio de prova
bunal de exceção”. pode ser todo fato, documento ou alegação que sirva, di-

12
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

reta ou indiretamente, ao descobrimento da verdade. Ou Corpo de delito é o conjunto dos vestígios que
seja, meio de prova é todo instrumento que se destina a caracterizam a existência do crime. Não se confunde
levar ao processo um elemento, uma informação a ser uti- corpo de delito com o exame das lesões da vitima.
lizada pelo juiz para formar a sua convicção acerca das O primeiro é gênero do qual o segundo é espécie.
alegações. O exame de corpo de delito envolve inclusive o
processamento da cena do crime e pode ser tanto
Prova pericial direto (art. 161) quanto indireto (art. 167, CPP).
A materialidade dos fatos muitas vezes deve
No Código de Processo Penal a prova pericial é tratada ser comprovada por meio de exame pericial. Nesse
nos arts. 158 usque 184. sentido, podemos ter 3 situações: exame de lesões
A perícia é a diligência realizada ou executada por corporais, exame necroscópico e exumação. Anali-
perito, a fim de esclarecer ou evidenciar certos fatos, de saremos cada uma dessas situações a seguir.
forma científica e técnica. Perito é aquele que tem conhe-
cimento técnico sobre determinada área e sua função é a Exame de lesões corporais
da verificação da verdade ou da realidade de certos fatos.
No processo penal, a perícia é, via de regra, realizada Esse é um meio de prova relacionado a um tipo
por perito oficial, ligado ao Estado, sendo que cada estado penal (lesão corporal, art. 129, CP), que visa estabe-
da federação possui seu próprio instituto de criminalística. lecer a natureza da gravidade da lesão provocada
O perito é um auxiliar da justiça, não está subordinado a na vitima. O procedimento (art. 394, CPP) depende
autoridade policia, estando sua autonomia garantida. da gravidade da lesão, e, portanto, da pena. Contu-
Conforme o art. 184, CPP a prova pericial cabe somen- do, temos duas exceções a aplicação desse exame.
te quando for útil para o descobrimento da verdade. A primeira refere-se ao caso de lesão corporal
No art. 159, CPP temos que o laudo pode ser subscrito de natureza leve, quando o juízo competente será
por apenas um perito. A conclusão do perito pode ou não o JECRIM. Nessa hipótese, o procedimento será su-
ser subjetiva. (Ex: perícia psicológica x perícia toxicológica) maríssimo, que é célere e informal. Assim, não será
A defesa pode formular quesitos ao perito. No proces- exigido o exame de lesões corporais. A lei 9.099, art.
so penal, isso não é comum porque geralmente a perícia 77, §1o diz que essa prova pode ser substituída pelo
é realizada logo depois do acontecimento do crime. Por- boletim medico ou prova equivalente.
tanto, essa perícia pode ser questionada em juízo porque A segunda exceção trata dos crimes domésticos,
à época de sua realização não havia defensor constituído. sobretudo os praticados contra a mulher, que estão
Isso é o que se chama de contraditório diferido (posterga- disciplinados na Lei 11.340/06. No art. 12, §3o, te-
do, transferido). mos que as provas podem ser laudos ou prontuários
De acordo com o art. 5o, LVIII, CF o criminoso “civil- médicos. Isso porque, na prática, o Ministério Públi-
mente identificado não será submetido a identificação co pode atuar ex officio em casos graves.
criminal”. A Lei 12.037/09, em seus arts. 2o, 3o e 5o apre-
senta esclarecimentos e requisitos quando a identificação Exame necroscópico
do criminoso.
A realização do exame de DNA (ácido desoxirribo- O cadáver aqui é o objeto da prova. Sua fina-
nucléico) também é um meio eficaz de identificação do lidade é estabelecer a causa mortis (art. 162). Esse
criminoso. O DNA constitui parte dos cromossomos, sen- exame será realizado sempre que a morte estiver
do encontrado no núcleo das células dos seres vivos. São relacionada a um fato criminoso. Do texto do Pará-
transmitidos de geração em geração, sendo 50% do pai e grafo Único do dispositivo extrai-se que esse exa-
50% da mãe. me é desnecessário nos casos de morte violenta e
Na realização do exame de DNA temos a prova invasi- não haja infração penal a ser apurada (como é o
va e a prova não invasiva. A primeira é aquela que neces- caso, por exemplo, dos acidentes automobilísticos)
sita de intervenção no organismo humano. A segunda é ou quando as lesões externas permitirem precisar a
aquela onde não há necessidade de se penetrar no orga- causa mortis.
nismo humano.
Para a produção da prova invasiva é absolutamente Exumação
necessária a obtenção do consentimento. Na produção da
prova não invasiva não depende do contato físico. É o juiz Com previsão no art. 163, CPP, a exumação tem
que decide a validade da prova não invasiva. (ex.: fio de como objeto da prova o cadáver já sepultado. A
cabelo, saliva no copo) exumação só pode ser feita mediante autorização
judicial e em dois casos: a) caso deva ter sido reali-
Exame de corpo de delito zado o exame necroscópico e não foi, gerando, de-
pois do sepultamento, dúvidas a respeito da causa
Em relação aos crimes que deixarem vestígios, será in- da morte; e b) casos que coloquem em duvida o
dispensável a realização do exame de corpo de delito (art. laudo necroscópico.
158, CPP)

13
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Prova documental Do ponto de vista da acusação é interessante que a


prova seja emprestada de tempo que foi dada, e que seja
Documento é todo objeto material que condense em encarada como uma prova testemunhal, de inteiro teor, e
si a manifestação de um pensamento ou fato a ser repro- não apenas como um documento. Do ponto de vista da de-
duzido em juízo. Considera-se objeto material todo ma- fesa, o que se alega é que o princípio da ampla defesa não
terial visual, auditivo, audiovisual, bem como o registrado foi respeitado pois se caso o réu morreu, não teve tempo
em meios mecânicos óticos ou magnéticos de armazena- de contestar, ou caso de testemunha desaparecida, que não
mento. houve possibilidade de perguntas da defesa para tal.

A prova documental está disciplinada no CPP nos arts. São requisitos para a utilização da prova emprestada:
231 usque 238. a) que no processo anterior tenha sido respeitado o prin-
cípio do contraditório;
b) que a prova no processo anterior
Documento eletrônico tenha sido produzida pelo juiz natural; e c) que o réu tenha
comparecido no outro processo.
Consiste em uma sequência de bytes, e em determina-
do programa de computador se torna a representação de Prova oral
um fato. Os crimes que são praticados por meio da internet
ou por outros meios cibernéticos têm consequências no A prova oral, prevista no art. 201, CPP, refere-se princi-
que dizem respeitos à provas. palmente às declarações do ofendido.

Um dos meios para combater esse tipo de ilícito penal Os sujeitos processuais podem ser principais ou secun-
é recrutar os crackers para trabalharem a favor da polícia. dários. Os principais são o Ministério Público, o querelante,
o réu e o juiz. Os secundários são a testemunha, o perito e
Importante ressaltar a distinção entre os hackers e os o escrivão. O ofendido é tradicionalmente esquecido.
crackers: os primeiros ultrapassam barreiras de segurança
para se gabar, enquanto que os segundos invadem siste- Com a Lei 9.099/95, o Estado passa a olhar para a víti-
mas para causarem prejuízo, visando lucro. ma de modo distinto. Essa lei trata do procedimento suma-
ríssimo, que tem como característica principal o surgimen-
to da transação penal entre o autor do fato e o ofendido
Sigilo telemático
para que seja tentado ao menos a auto composição das
partes. Em 2008 o legislador altera o art. 201, CPP. A partir
É um mecanismo de proteção do usuário do aparelho,
dai, o ofendido é o sujeito passivo da infração penal.
o que gera certa dificuldade para obter informações e mui-
tas vezes será necessária autorização judicial para o acesso
A oitiva da vítima na ação penal não é obrigatória. Se a ví-
de dados. Quando se tratar de crime em que a polícia tem
tima for intimada a comparecer em juízo e não o fizer, poderá
o dever e a obrigação de apurar, tem-se as delegacias que
ser conduzida à presença da autoridade. A vítima não presta
estão incumbidas de investigar crimes cibernéticos o compromisso de dizer a verdade. Parte-se do princípio que
a vítima está dizendo a verdade porque tem interesse na sen-
Ata notarial tença condenatória e numa eventual reparação do dano.
Constatação de um fato ou de um ato que é atestada Quanto se tratar do querelante, ele estará obrigado
pelo tabelião, com fé publica. Feito isso, e apresentado ao com a verdade. Caso contrário, poderá responder pelo cri-
delegado, teremos uma prova pré-constituída e com fé-pú- me de denunciação caluniosa.
blica. Isso é bom para as provas nos meio eletrônico que
podem ser apagadas instantaneamente. Estamos diante de Prova testemunhal
uma presunção de verdade relativa, podendo, portanto, ser
impugnada. Pode servir como prova tanto na esfera penal Testemunha é a pessoa que atesta a veracidade de um
quanto na esfera civil. fato. Portanto, a testemunha presta o compromisso de di-
zer a verdade (art. 203, CPP).
Prova emprestada
Uma das mais inseguras do processo, a prova teste-
Prova emprestada é aquela que é transladada em for- munhal está prevista no CPP nos arts. 202 usque 255. Do
ma de documento para um processo penal no qual se dis- ponto de vista quantitativo, é uma prova interessante. Do
cutirá a sua validade e o seu valor probante. ponto de vista qualitativo, não.

Geralmente a prova emprestada no processo penal se Diz-se isso porque a testemunha pode não se lembrar
relaciona com depoimento de vítima ou uma declaração com exatidão dos fatos. Ou então, aliada ao critério subje-
que foi dada em um caso e a testemunha após um tempo tivo das convicções pessoais da vítima, pode influenciar no
morreu, desapareceu, etc.
 depoimento da testemunha. Ainda, há também o temor da
testemunha sofrer repressões em virtude de suas declarações.

14
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O número de testemunhas Interrogatório

O nosso sistema processual penal é regido por proce- Quando tratamos de interrogatório como meio de
dimento. Dependendo do crime, ele deve obedecer deter- prova, é importante observar que três correntes se for-
minado procedimento, podendo arrolar ou não testemu- maram.
nhas, tendo que obedecer ao número permitido.
A primeira corrente, no princípio, entendia como o in-
O número de testemunhas depende do procedimento, terrogatório sendo um meio de prova. A segunda, por sua
conforme passaremos a demonstrar. vez, dizia que o interrogatório era um meio de defesa. Já a
terceira e mais aceita corrente afirma que o interrogatório
No procedimento ordinário (art. 394, CPP), é possível é predominantemente um meio de defesa, mas não deixa
arrolar até 8 testemunhas (art. 401, caput, CPP). No proce- de ser um meio de prova, pois o juiz pode levar em conta
dimento comum sumário, podem ser arroladas até 5 teste- o que o réu está falando para formular a sua convicção.
munhas (art. 532, CPP). Já no procedimento comum suma-
ríssimo, não há referência expressa. O art. 81 da Lei 9.099 Ressalte-se que o interrogatório é um ato pessoal do
diz que pode-se arrolar de 3 a 5 testemunhas. juiz, não podendo delegar para qualquer outra pessoa.
Além disso, deve ser realizado na presença de um defen-
Para entendermos a questão das testemunhas no Tri- sor, inclusive no JECRIM, sob pena de nulidade, e cada réu
bunal do Júri, é preciso entender seu procedimento bifási- tem que ser ouvido separadamente.
co. Na primeira fase se encerra por meio de uma decisão,
que pode ser: decisão de absolvição sumaria, decisão de No tocante ao procedimento, o art. 400, CPP dita que
desclassificação, decisão de impronúncia (efeito semelhan- o réu será o último a ser interrogado, para que possa ter
te ao arquivamento) ou decisão de pronúncia. Caso haja conhecimento de toda as provas produzidas contra ele. Já
pronúncia, prossegue-se para a próxima fase. Essa segunda no Tribunal do Júri o réu será interrogado duas vezes, a
fase cuida da preparação do julgamento e do julgamento saber: pela polícia e na plenária.
em plenário.
A realização do interrogatório é obrigatória. Contudo,
Superada a explicação, temos o seguinte: na primeira é previsto o direito de o sujeito interrogado manter-se
fase os atos seguem a sequência do procedimento comum calado, vez que ninguém pode ser obrigado a produzir
ordinário, ou seja, até 8 testemunhas podem ser arroladas provas contra si mesmo.
(art. 406, §2o e 3o, CPP). Na segunda fase podem ser arro-
ladas até 5 testemunhas (art. 422, CPP). Confissão

A Lei 11.3434, em seu art. 34, trata do tráfico de drogas. Confissão é o ato de reconhecimento, pelo acusado,
Esse crime admite procedimento especial, podendo arrolar da imputação que lhe é feita. Alguns doutrinadores en-
até 5 testemunhas, com previsão no art. 54, III, e 55, §1o. tendem que a confissão é um meio atípico de prova, uma
vez que seria declaração de vontade do réu em sua de-
Por fim, nos casos complexos o juiz pode intervir para fesa.
que sejam arroladas mais do que 8 testemunhas. As testemu-
nhas excedentes são inquiridas como testemunhas do juízo. Na Idade Média, a confissão era considerada a rainha
das provas (“Regina probatorium”), válida ainda que obti-
A desobrigação de testemunhar da por meio de tortura.

Em princípio, toda pessoa pode ser testemunha, até De acordo com as disposições do Código de Processo
mesmo um menor. Porém, uma vez que a testemunha é Penal a confissão deve ser corroborada por outras provas.
intimada a depor, esta não pode deixar de depor, sob pena No processo penal não predomina a ideia do fato incon-
de ser conduzida coercitivamente, ou até mesmo de res- troverso, como no processo civil.
ponder criminalmente por desobediência.
A confissão não supre o exame pericial a medida que
Existem alguma pessoas que se tornam desobrigadas, é necessário confirmar a materialidade do delito. O valor
pela lei, a prestar o testemunho, segundo disposição dos da confissão é o mesmo que das outras provas.
arts. 206 e 208, CPP. Se o juiz, mesmo assim, quiser ouvir as
declarações desta pessoa, tal testemunha não estará obri- Delação premiada
gada em prestar compromisso com a verdade. Neste caso,
será ouvida na condição de informante.
De acordo com o Esse é um instituto que está ligado ao réu. A dela-
art. 207, serão proibidas de depor aquelas que em razão de ção premiada ocorre quando o acusado admite a prática
função, ofício ou profissão devam guardar segredo, salvo do crime e delata a participação de outrem ou de outras
se desobrigadas pela parte interessada, quiserem prestar pessoas, fazendo-o em troca da redução da pena ou até
testemunho. mesmo da obtenção do perdão judicial.


15
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

A delação premiada somente pode ser apresentada Por se tratar de medida assecuratória (ou cautelar),o
por um co réu, posto que irá delatar para se beneficiar. juiz só pode deferi-la se ficar convencido de que naquele
Caso não tenha benefício será apenas uma testemunha. caso específico que lhe é apresentado existem elementos
Não há garantia de que co réu seja beneficiado, pois não de que o que está sendo alegado possui verossimilhança
existe nenhum diploma disciplinando tal instituto.
 e que há necessidade da urgência (fumus boni juris e peri-
culum in mora).
Essa delação não tem o mesmo valor que o depoi-
mento de testemunha. Isso se explica à medida que as Na prática, a busca e apreensão pode ser pleiteada
testemunhas prestam o compromisso de dizer a verdade, pelo delegado ao juiz por meio de uma representação. Em
e o co réu está numa posição de mero informante, de- sua manifestação, o promotor de justiça pode reforçar a
vendo suas alegações serem confirmadas. necessidade ou se opor a isso. A busca e apreensão pode
ser requerida antes do inquérito, durante a investigação ou
De acordo com o princípio da obrigatoriedade da no curso da ação penal. Pode ainda ser requerida pela de-
ação penal, o membro do Ministério Público não pode fesa, se lhe for interessante.
simplesmente alocar o delator como testemunha. Em
verdade, deve admitir o delator como co réu e, poste- A busca e apreensão também pode ser determinada
riormente, considerar sua redução de pena ou perdão de ofício pelo juiz, segundo o art. 242, CPP. Contudo, não é
judicial por ter colaborado com suas importantes decla- conveniente que o juiz o faça, vez que isso pode compro-
rações. meter sua imparcialidade.

Instrumentos do crime Pode-se buscar e apreender aquilo que estiver previsto


no art. 240, mas o rol não é taxativo. Tudo que estiver rela-
Todos os objetos usados para a consumação do cri- cionado com a elucidação de um crime pode ser objeto de
me deverão ser analisados e periciados, com o fim de busca e apreensão.
lhes verificar a natureza e a eficiência.
 Além da necessi-
dade de se examinar o instrumento utilizado na atividade Com base no art. 5o, XI, CF, temos que, mesmo sendo
criminosa, deve-se também elaborar o auto de avaliação expedido o mandado de busca e apreensão, a autoridade
(art. 172, CPP) policial não poderá ingressar o domicílio alheio durante
o período de repouso noturno. Assim, o cumprimento do
Indícios mandado judicial deverá aguardar até a manhã.

Disciplinados no art. 239, CPP, os indícios não são Se no flagrante delito forem apreendidos objetos rela-
considerados como provas diretas, mas sim fazem parte tivos a outros crimes, a jurisprudência diz que a apreensão
do contexto de prova indireta (ou prova circunstancial). será convalidada mesmo sem mandado de busca e apreen-
são específico para isso.
Os indícios podem ser utilizados para efeitos de for-
mação do convencimento do juiz, mas não pode haver Ainda, é possível que haja a busca pessoal como medi-
condenação apenas com base neles. Essa regra aplica-se da preventiva, como por exemplo a revista da pessoa, sem
apenas ao julgador togado, vez que os jurados do Tri- a exigência de mandado para tanto.
bunal do Júri podem convencer-se através de indícios,
considerando-os suficientes para condenação.

Para a utilização de indícios no convencimento do 5) PRISÃO EM FLAGRANTE.


juiz, impõe-se que eles sejam graves, precisos e concor-
dantes com o fato que se quer provar.

Busca e apreensão Prisão em Flagrante (arts. 301 a 310)

Com previsão legal nos arts. 240 busque 250, CPP, a É uma medida restritiva de liberdade, de natureza cau-
busca e apreensão depende de autorização judicial. Tra- telar e caráter eminentemente administrativo, que não exi-
ta-se, em verdade, de uma medida cautelar, sendo con- ge ordem escrita do juiz, porque o fato ocorre de inopino
siderada um meio atípico de prova – diz-se, então, que é (art. 5º, LXI, CR/88). É uma forma de autopreservação e au-
instrumento de obtenção da prova. todefesa da sociedade, facultando-se a qualquer do povo
a sua realização, sendo que os posteriores atos de docu-
Considerando a previsão constitucional de inviola- mentação ocorrerão normalmente na delegacia de polícia.
bilidade da privacidade, da intimidade, do domicilio, a Relativamente à proteção ao lar, a pessoa pode ser
decretação da busca e apreensão é medida só pode ser presa em flagrante delito a qualquer tempo, de acordo
autorizada pelo juiz competente e em decisão funda- com o art. 5º, XI, da CR/88.
mentada.

16
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Espécies de Flagrante Dispõe a Súmula 145, STF: “Não há crime quando a


preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
Flagrante Próprio, Propriamente Dito, Real ou Ver- consumação”.
dadeiro
(art. 302, I e II do CPP) A súmula para o STF, com a preparação do flagrante e
Nele, o agente é surpreendido com a mão na massa, consequente realização da prisão, existiria crime só na apa-
cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê- rência, já que o resultado da prática supostamente delituo-
-la. A prisão deve ocorrer de imediato, sem o decurso de sa já era conhecido pela polícia de antemão e ela já estaria
qualquer intervalo de tempo. com toda a estrutura montada para prender o agente logo
após a conduta. Assim, haveria verdadeiro crime impossí-
Flagrante Impróprio, Irreal ou Quase-Flagrante vel, por absoluta ineficácia do meio ou absoluta improprie-
(art. 302, III) dade do objeto criminoso.
Flagrante em que o agente é perseguido logo após Entretanto, se, preparando o flagrante, o agente con-
a infração, em situação que faça presumir ser o autor do segue consumar o delito e fugir, o crime restará plenamen-
fato. Não existe prazo certo para a expressão logo após, te caracterizado.
sendo equivocada a doutrina que aponta o prazo de 24 Não é flagrante preparado o caso de se prender al-
horas. guém, que adentra no território nacional portando drogas,
Não havendo solução de continuidade, isto é, se a após o recebimento de notícias sobre esse fato. A polícia
perseguição não for interrompida, mesmo que dure dias esperará a pessoa chegar e efetuará a prisão. Note-se que
ou até mesmo semanas, em havendo êxito na captura do o indivíduo já estava com o crime em andamento.
perseguido, estar-se-á diante de flagrante delito.
Flagrante Prorrogado, Retardado, Diferido, Poster-
Flagrante Presumido, Ficto ou Assimilado gado ou Ação Controlada
(art. 302, IV) Ocorre quando a polícia deixa de efetuar a prisão, mes-
Flagrante em que o agente é preso após cometer a mo presenciando o crime, pois do ponto de vista estratégi-
infração, quando encontrado com instrumentos ou pro- co seria a melhor opção.
dutos do crime, armas, objetos ou papéis que permitam Previsto no art. 2º, II, da Lei nº 9.034/95 (Lei de Comba-
presumir ser ele o autor da infração. te às Organizações Criminosas). Não é necessária autoriza-
Nessa espécie de flagrante não se exige persegui- ção judicial nem prévia oitiva do MP, cabendo à autoridade
ção. Exige-se, entretanto, que a autoridade ponha-se a policial administrar a conveniência ou não da postergação.
procurar o agente logo após ter notícia do acontecimento Ela não pode ser utilizada para abarcar atividades de qua-
do crime. drilhas ou bandos, apenas de organizações criminosas.

Flagrante Compulsório ou Obrigatório Já no flagrante diferido previsto na Lei nº 11.343/06, é


Alcança a atuação das forças de segurança engloban- necessária autorização judicial e prévia oitiva do MP, além
do as polícias civis, militares, federal, rodoviárias, ferroviá- do conhecimento do provável itinerário da droga e dos
rias e o corpo de bombeiros. Elas têm o dever de, enquan- eventuais agentes do delito ou colaboradores.
to em serviço, efetuar a prisão em flagrante.
Flagrante Forjado
Flagrante Facultativo É o flagrante armado, fabricado para incriminar pessoa
É a permissão constitucional de que qualquer do povo inocente. Evidentemente é ilícito, sendo o único infrator
efetue a prisão em flagrante. Ela abrange também as auto- aqui o agente executor da prisão.
ridades policiais fora de serviço.
Flagrante por Apresentação
Flagrante Esperado Não é flagrante propriamente dito, pois quem se en-
Não está disciplinado na legislação, sendo uma idea- trega à polícia não se enquadra em nenhuma das hipóteses
lização doutrinária. Ocorre quando a polícia, sabendo que legais autorizadoras do flagrante. Assim, não será lavrado
um crime irá se consumar, fica de tocaia, realizando a pri- APFD, apesar de poder o agente ter sua prisão preventiva
são quando os atos executórios são deflagrados. Apesar decretada pela autoridade policial.
de não indicado, o particular também poderá efetuar o
flagrante esperado. Flagrante Vedado
São hipóteses em que a autoridade não pode, de for-
Flagrante Preparado ou Provocado ma alguma, decretar o flagrante delito, sob pena de ilega-
Flagrante em que o agente é induzido ou instigado a lidade manifesta.
cometer o delito, sendo preso no ato. É artifício onde ver- Assim, não se decreta a prisão em flagrante, ou seja, se
dadeira armadilha é maquinada no intuito de prender em decretada, deverá ser relaxada:
flagrante aquele que cede à tentação e acaba praticando 1. Com o advento da lei dos juizados especiais crimi-
a infração. nais, aquele que for capturado em flagrante pela prática de
crimes de menor potencial ofensivo, e assumir o compro-

17
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

misso de comparecer ao Juizado, a ele não será imposta Sujeitos do Flagrante


a prisão em flagrante (será elaborado o Termo Circuns-
tanciado). Assim, praticamente, todas as hipóteses em Sujeito Ativo
que o réu se livra solto estão abrangidas pelo conceito É aquele que efetua a prisão. Pode ser qualquer pes-
de crime de menor potencial ofensivo (por isso que caiu soa, policial ou não. Não se confunde o sujeito ativo com o
em desuso). A jurisprudência majoritariamente (STJ e condutor, que é a pessoa que apresenta o preso à polícia
STF) entende que os crimes de menor potencial ofensi- (evidentemente, poderão ser a mesma pessoa).
vo são os crimes com pena máxima de até 02 anos. As-
sim, a hipótese de incidência do artigo 323 será aplicada Sujeito Passivo
na hipótese excepcional de o indivíduo não assumir o É aquele detido na situação de flagrância. Em regra,
compromisso (aliás, o descumprimento do compromis- pode ser qualquer pessoa, respeitadas as exceções de de-
so de comparecimento não traz qualquer consequência terminados indivíduos, quais sejam:
para o indivíduo, mesmo se ele não comparecer). a) Presidente da República: nunca poderá ser pre-
2. A Lei nº 9.503/97 (CTB) (artigo 301) prevê que so em flagrante ou por outra prisão cautelar (art. 86, § 3º,
ao condutor por delito de trânsito NÃO se imporá a pri- CR/88).
são em flagrante se ele prestar pronto e integral socorro b) Diplomatas estrangeiros: podem não ser presos
à vítima. em flagrante, a depender de tratados e convenções inter-
3. No caso do art. 28 da Lei de Drogas. nacionais.
c) Membros do Congresso Nacional e Assembleias
Flagrante nas Várias Espécies de Crime Legislativas: só podem ser presos em flagrante delito por
a) Crimes permantentes: enquanto não cessada a prática de crime inafiançável, devendo os autos, no caso,
permanência poderá haver flagrante a qualquer tempo. ser remetidos à respectiva Casa para que, mediante provo-
b) Crime habitual: de acordo com Tourinho, não é cação de partido e pelo voto da maioria de seus membros,
possível o flagrante no crime habitual, já que este ocor- resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º, CR/88).
re somente quando a conduta típica se integra com a d) Magistrados: só poderão ser presos em flagran-
prática de diversas açoes. Se houver o flagrante antes te por crime inafiançável, devendo os autos serem enca-
da consumação, os atos realizados serão indiferentes minhados ao Presidente do respectivo Tribunal (art. 33, II,
penais, não passíveis de configurar qualquer crime. LOMAN).
c) Crime de ação penal privada e ação pública e) Membros do MP: idem, devendo os autos serem
condicionada: nada impede a realizaçao do flagrante encaminhados ao respectivo Procurador-Geral (art. 40, III,
nestes crimes. Porém, para a lavratura do APFD, de- LONMP).
verá haver manifestação de vontade da pessoa legiti- f) Advogados: somente poderá ser preso em fla-
mada a propor a ação ou a representar. Caso a vítima grante, por motivo de exercício da profissão, em caso de
não possa ir imediatamente à delegacia, por ter sido crime inafiançável, sendo necessária a presença de repre-
conduzida ao hospital ou por qualquer outro motivo sentante da OAB para se lavrar o auto, sob pena de nulida-
relevante, poderá fazê-lo no prazo de entrega da nota de (art. 7º, § 3º, EOAB).
de culpa. Caso preso o agente em flagrante e a vítima g) Menores de 18 anos: penalmente inimputáveis,
não autorize, não poderá ser lavrado o auto, devendo o somente poderão ser privados da liberdade, mediante de-
agente ser liberado. terminação escrita e fundamentada do juiz ou mediante
d) Crime continuado: o flagrante se dará de forma flagrante de prática de ato infracional (art. 106, ECA).
fracionada, já que as várias ações são independentes h) Motoristas: no caso de crime de trânsito, se pres-
entre si, somente havendo a continuidade para fins de tarem pronto e integral socorro à vítima de acidente de
diminuição da pena quando da dosimetria penal. O fla- trânsito no qual se envolveu, não poderá ser preso em
grante é possível para cada crime isoladamente. flagrante nem poderá ser-lhe exigida fiança (art. 301,
e) Infração de menor potencial ofensivo: não ha- CTB).
verá lavratura de APFD, e sim de TCO (Termo Circuns-
tanciado de Ocorrência), desde que o infrator seja ime- Autoridade Competente
diatamente enaminhado ao JECrim ou assuma o com- Via de regra, é competente para presidir a lavratura do
promisso de lá comparecer na data designada pela au- auto a autoridade policial da circunscrição onde foi efetua-
toridade policial. Entretanto, se ele se negar a tanto, da a prisão (art. 290, CPP).
lavra-se o APFD, recolhendo-se o infrator ao cárcere,
salvo se for admitida e paga a fiança. Lembrar que, no Procedimentos e Formalidades Legais
crime do art. 28 da Lei nº 11.343/06, é absolutamente De acordo com Luís Flávio Gomes, a prisão em flagran-
impossível a prisão. te conta com quatro momentos distintos:
Nos crimes particados com violência doméstica a) Captura do agente;
contra a mulher, não se aplica a Lei nº 9.099/95; assim, b) Condução coercitiva até a presença da autoridade
mediante uma infraçao de menor potencial ofensivo, ao policial ou judicial;
invés de TCO será lavrado APFD (art. 41, lei nº 11.340/06). c) Lavratura do auto de prisão em flagrante;
d) Recolhimento ao cárcere.

18
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Deve ser dada especial atenção ao aspecto formal do ato, com a documentação da prisão efetuada em razão da
captura. Deve-se, pois, seguir os seguintes passos:
a) Comunicação à família do preso ou pessoa por ele indicada sobre a prisão, antes de lavrar o auto (art. 5º, LXIII,
CR/88).
b) Oitiva do condutor: quem apresentou o “meliante” na delegacia deverá ser ouvido, sendo suas declarações re-
duzidas a termo, colhida sua assinatura e entregue cópia do termo e recibo de entrega do preso (esse recibo tem função
acautelatória para o próprio condutor).
c) Oitiva das testemunhas: suas declarações serão reduzidas a termo e assinadas. Devem ser, no mínimo, duas tes-
temunhas para o flagrante ser regular, ainda que uma ou ambas sejam meramente instrumentárias, aquelas simplesmente
presentes na delegacia e que são convidadas a assinar como testemunha o ato de ver a entrega do agente.
d) Oitiva da vítima: não é requisito imposto pela lei, mas é prática corrente no procedimento, até mesmo para for-
talecer o valor probatório.
e) Oitiva do conduzido: o preso será ouvido, podendo, entretanto, calar-se. Admite-se a presença do advogado, o
qual, entretanto não é imprescindível. Lembrar que o procedimento pré-processual não é contraditório. Se o interrogatório
não for realizado por força maior, o ato não restará viciado.
f) Decisão da autoridade: se a autoridade estiver convencida de que o flagrante é legítimo, determinará ao escrivão
que lavre e encerre o auto de flagrante. Porém, também poderá liberar o detido caso verifique ilegalidade.
LOGO, O POLICIAL TAMBÉM PODE EFETUAR O RELAXAMENTO DE PRISÃO. Decorre do princípio administrativo
da autotutela, pelo qual a Administração deve anular seus próprios atos quando ilegais.

Nota de Culpa
A nota de culpa se presta a informar ao preso os responsáveis por sua prisão e os motivos de fato da mesma, contendo
o nome do condutor e das tetemunhas, sendo assinada pela autoridade (art. 306, § 2º, CPP).
Será entregue em 24 horas da realização da prisão, mediante recibo. Se o preso se negar a assinar, 02 testemunhas
suprirão o ato.
A ENTREGA DA NOTA DE CULPA É DE VITAL IMPORTÂNCIA PARA A VALIDADE DA PRISÃO. Com a nota de culpa,
a garantia da informação é assegurada, tendo o preso a cientificação formal dos motivos pelo qual foi encarcerado, com a
indicação de seus responsáveis.

Remessa à Autoridade e Manifestação sobre o Flagrante


Em 24 horas da realização da prisão, será encaminhado à autoridade judicial competente o APFD acompanhado de
todas as oitivas colhidas e demais documentos e, caso o autuado não indique advogado, será remetida cópia integral à
defensoria pública (art. 306, § 1º).
Recebidos os autos, o juiz poderá relaxar a prisão, se tiver sido ilegal, concederá a liberdade provisória com ou sem
medida cautelar, ou decretará a prisão preventiva, se presentes alguma das situações do art. 312 e se não se revelarem
adequadas ou suficientes as medidas cautelares previstas no art. 319.
Tudo isso terá que ser feito de forma fundamentada.

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:


I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código,
e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições cons-
tantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os
atos processuais, sob pena de revogação. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011)
O art. 310 impede que ocorra as situações do sujeito ficar preso indefinidamente em flagrante. Ou ele é solto, ou é
decretada sua prisão preventiva ou alguma medida cautelar. A não adoção de alguma dessas determinações constituirá
flagrante ilegalidade por desrespeito à lei processual.

Prisão em Flagrante: Réu Preso e Excesso de Prazo


É muito comum de ocorrer a manutenção do flagrante sem decretação da prisão preventiva, o que não deveria se dar.
Logo que recebe os autos, o juiz teria que, necessariamente, se manifestar sobre o cabimento ou não.
Logo, a prisao em flagrante deve ocorrer pelo tempo suficiente para análise dos autos pelo juiz, e não como justificativa
para o condenado ficar encarcerado até seu julgamento, o que é ilegal.
Às vezes a ilegalidade ocorre até mesmo em função da demora da remessa dos autos do flagrante da repartição policial
para o juízo.

19
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Passemos a analisar a seguinte tabela:

Prisão em Flagrante
Flagrante Próprio,
Cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê-la. A prisão deve ocorrer
Propriamente Dito, Real ou
de imediato, sem o decurso de qualquer intervalo de tempo.
Verdadeiro
Flagrante em que o agente é perseguido logo após a infração, em situação que faça
Flagrante Impróprio, presumir ser o autor do fato. Ele não é visto praticando a infração, mas é perseguido.
Irreal ou Quase-Flagrante Não existe prazo certo para a expressão logo após, sendo equivocada a doutrina que
aponta o prazo de 24 horas.
Caso em que o agente é preso após cometer a infração, quando encontrado
Flagrante Presumido, com instrumentos ou produtos do crime, armas, objetos ou papéis que permitam
Ficto ou Assimilado presumir ser ele o autor da infração.
Nessa espécie de flagrante não se exige perseguição.
Alcança a atuação das forças de segurança englobando as polícias civis, militares,
Flagrante Compulsório
federal, rodoviárias, ferroviárias e o corpo de bombeiros. Elas têm o dever de, enquanto
ou Obrigatório
em serviço, efetuar a prisão em flagrante.
É a permissão constitucional de que qualquer pessoa efetue a prisão em flagrante,
Flagrante Facultativo
incluindo as autoridades policiais fora de serviço.
Quando a polícia, sabendo que um crime irá se consumar, fica de tocaia, realizando
Flagrante Esperado
a prisão quando os atos executórios são deflagrados.
Flagrante em que o agente é induzido ou instigado a cometer o delito, sendo preso
Flagrante Preparado ou
no ato. É artifício onde verdadeira armadilha é maquinada no intuito de prender em
Provocado
flagrante aquele que cede à tentação e acaba praticando a infração.
Flagrante Prorrogado, Ocorre quando a polícia deixa de efetuar a prisão, mesmo presenciando o crime,
Retardado, Diferido, pois do ponto de vista estratégico seria a melhor opção. Organizações criminosas: não
Postergado precisa de autorização judicial e oitiva do MP. Drogas: precisa.
É o flagrante armado, fabricado para incriminar pessoa inocente. Evidentemente é
Flagrante Forjado
ilícito, sendo o único infrator aqui o agente executor da prisão.
Não é flagrante propriamente dito, pois quem se entrega à polícia não se enquadra
Flagrante por em nenhuma das hipóteses legais autorizadoras do flagrante. Assim, não será lavrado
Apresentação APFD, apesar de poder o agente ter sua prisão preventiva decretada pela autoridade
policial.
São hipóteses em que a autoridade não pode, de forma alguma, decretar o flagrante
Flagrante Vedado
delito, sob pena de ilegalidade manifesta.
Procedimento: deverá ser o agente conduzido à delegacia, identificados e ouvidos os condutores, as testemunhas,
a vítima e, por fim, o agente. Se não relaxada a prisão ou se não arbitrada fiança, deve ser entregue ao condutor a nota
de culpa. Assim, no prazo máximo de 24 horas, devem os autos serem remetidos ao juiz, que deverá relaxar a prisão,
conceder liberdade provisória com ou sem medida cautelar, ou decretar a prisão preventiva presentes os pressupostos.

20
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

PROCEDIMENTO ESPECIAL
6) PROCESSOS DOS CRIMES DE
RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS Para tratarmos deste tema, tínhamos que diferenciar o
procedimento dos crimes afiançáveis do rito para os delitos
PÚBLICOS.
inafiançáveis.
Todavia, com o implemento da lei nº 12.403/11, não há
mais delitos inafiançáveis praticados por funcionários pú-
O Código de Processo Penal definiu nos artigos 513 a 518 blicos contra a administração.
um rito especial para a apuração dos crimes praticados por funcio- Antes, tínhamos o excesso de exação e a facilitação de
nários públicos contra a administração pública. Desde já é impor- contrabando ou descaminho.
tante ressaltar que este procedimento diferenciado não abrange:
CRIMES AFIANÇAVEIS
1 – Crimes cometidos por funcionários públicos contra
Nos crimes funcionais afiançáveis, a seguinte ordem
particular;
dos atos deverá ser observada:
Exemplo:
1. Oferecimento da denúncia ou queixa: a queixa ou
a denúncia será instruída com documentos ou justificação
Art.150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astucio- que façam presumir a existência do delito ou com declara-
samente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem ção fundamentada da impossibilidade de apresentação de
de direito, em casa alheia ou em suas dependências: [...] qualquer dessas provas (art. 513).
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é co-
metido por funcionário público, fora dos casos legais, ou Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários
com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, públicos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes
ou com abuso do poder. de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com docu-
mentos ou justificação que façam presumir a existência do
2 – Delitos cometidos por particulares contra a Admi- delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade
nistração de apresentação de qualquer dessas provas. (grifo nosso)
Pública;
Exemplo: 2. Autuação e notificação para a resposta preliminar:
estando a denúncia ou queixa em devida forma e, portan-
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da to, não sendo o caso de rejeição liminar (art. 395), o juiz
função ou em razão dela: mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias.
3 – Crimes contra a Administração da Justiça;
Exemplo: Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou
queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e orde-
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação po- nará a notificação do acusado, para responder por escrito,
licial, de processo judicial, instauração de investigação ad- dentro do prazo de quinze dias.
ministrativa, inquérito civil ou ação de improbidade admi-
nistrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o 1. Recebimento ou rejeição da inicial. Após a apresen-
sabe inocente: tação da resposta e análise do juiz, este terá duas opções:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Rejeitar a denúncia ou queixa: se convencido, pela resposta
4 – Crimes de Abuso de Autoridade Î Possuem proce- do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime
dimento especial ou da improcedência da ação (art. 516).
definido na própria lei instituidora (Lei 4.898/65).
Art. 517. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho
Visto isto, chegamos a um importante questionamen- fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou do seu
to: Mas qual a abrangência da palavra funcionário público defensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação.
dentro do nosso país? Para responder a esta pergunta de- o Receber a denúncia ou queixa: ocasião em que deve-
vemos recorrer ao Código Penal, que dispõe: rá citar o acusado para, no prazo de dez dias, responder à
acusação (arts. 396 e 396-A).
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re- Art. 516. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acu-
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública. sado citado [...].
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exer-
ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e 2. Com o recebimento da denúncia, prossegue confor-
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contra- me o rito ordinário (art. 518).
tada ou conveniada para a execução de atividade típica da Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do
Administração Pública. processo, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III, Tí-
tulo I, deste Livro.

21
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

EXERCICIOS 05. (PC-SP -Investigador de Polícia – 2014 - VU-


NESP) O inquérito policial
01. (DPE-MA - Defensor Público - Ano: 2015 - FCC) (A) somente será instaurado por determinação do
O inquérito policial juiz competente.
(A) após seu arquivamento, poderá ser desarquivado a (B) pode ser arquivado por determinação da Auto-
qualquer momento para possibilitar novas investigações, ridade Policial.
desde que haja concordância do Ministério Público. (C) estando o indiciado solto, deverá ser concluído
(B) em curso poderá ser avocado por superior por mo- no máximo em 10 dias.
tivo de interesse público. (D) nos crimes de ação pública poderá ser iniciado
(C) poderá ser instaurado por requisição judicial, a de- de ofício.
pender da análise de conveniência e oportunidade do de- (E) não poderá ser iniciado por requisição do Mi-
legado de polícia. nistério Público.
(D) nos casos de ação penal privada e ação penal pú-
blica condicionada poderá ser instaurado mesmo sem a 06. (TJ-SE - Titular de Serviços de Notas e de
representação da vítima ou seu representante legal, desde Registros – Provimento - 2014 - CESPE) No curso da
que se trate de crime hediondo. tramitação do inquérito policial, o delegado de polícia,
(E) independentemente do crime investigado deverá (A) nos crimes em que a pena máxima cominada
ser impreterivelmente concluído no prazo de 30 dias se o não extrapole oito anos de reclusão, poderá conceder
investigado estiver solto. liberdade provisória, independentemente de fiança.
(B) independentemente de pronunciamento do juiz
02. (PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1ª Classe – competente, deverá proceder à instauração de inci-
2015 - VUNESP) A Lei nº 7.960/89 estabelece, em seu art. dente de insanidade mental do indiciado, desde que
1º, inciso III, o rol de crimes para os quais é cabível a decre- este apresente indícios dessa insanidade.
tação da prisão temporária quando imprescindível para as (C) a requerimento de qualquer pessoa, poderá de-
investigações do inquérito policial. Esse rol inclui ferir a interceptação das comunicações telefônicas de
(A) o crime de assédio sexual. indiciado.
(B) o crime de receptação qualificada. (D) quando verificada a inexistência de indícios de
(C) o crime de estelionato. autoria, deverá arquivar os autos do inquérito policial.
(D) o crime de furto qualificado. (E) ao ter conhecimento da infração penal, deve-
(E) os crimes contra o sistema financeiro. rá proceder ao reconhecimento de pessoas e coisas e
providenciar a realização de acareações.
03. (MPE-SE - Analista – Direito - 2013 - FCC) Em
relação ao inquérito policial, 07. (SEDS-TO - Analista Socioeducador – Direito
(A) o ofendido, ou seu representante legal, e o indicia- - 2014 - FUNCAB) Considerando os temas inquérito
do poderão requerer qualquer diligência, que será realiza- policial e ação penal, assinale a alternativa correta.
da, ou não, a juízo da autoridade. (A) A autoridade policial não poderá mandar arqui-
(B) nos crimes de ação penal de iniciativa pública, so- var autos de inquérito.
mente pode ser iniciado de ofício. (B) O inquérito deverá terminar no prazo de 30
(C) a autoridade policial poderá mandar arquivar os au- dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
tos de inquérito policial em caso de evidente atipicidade da estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta
conduta investigada. hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem
(D) se o indiciado estiver preso em flagrante, o inquéri- de prisão.
to policial deverá terminar no prazo máximo de cinco dias, (C) O Ministério Público poderá desistir da ação
salvo disposição em contrário. penal.
(E) é indispensável à propositura da ação penal de ini- (D) O prazo para oferecimento da denúncia, estan-
ciativa pública. do o réu preso, será de 30 dias, contado da data em
que o órgão do Ministério Público receber os autos do
04. (MPE-SP - Analista de Promotoria - 2015 – VU- inquérito policial.
NESP) A prisão em flagrante, cautelar, realiza-se
(A) sem necessidade de avaliação posterior por autori- 08. (PC-SP - Investigador de Polícia – 2014 - VU-
dade judiciária, porque pode ser relaxada, a qualquer tem- NESP) A prisão preventiva
po, pela autoridade policial. (A) é decretada pelo juiz.
(B) diante de aparente tipicidade (fumus boni juris), (B) somente poderá ser decretada como garantia
mas confirmados ilicitude e culpabilidade. da ordem pública.
(C) no momento em que está ocorrendo ou termina de (C) não poderá ser revogada pelo juiz.
ocorrer o crime. (D) poderá ser decretada pelo delegado de polícia.
(D) mediante expedição de mandado de prisão pela (E) é admitida para qualquer crime ou contraven-
autoridade judiciária. ção.
(E) única e tão somente pela polícia judiciária.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

09. (PC-GO - Delegado de Polícia – 2013 - UEG) So- GABARITO


bre a prisão em flagrante, tem-se o seguinte:
(A) o auto de prisão em flagrante deverá ser lavrado 01. B.
pela autoridade do local do crime onde foi efetivada a cap- De acordo com a Lei n. 12.830/13
tura, sob pena de nulidade absoluta. Art. 2.
(B) em até 24 (vinte e quatro) horas da realização da pri- (...)
são, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, § 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto
assinada pelo juiz, sendo que a errônea capitulação dos fatos em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuí-
no mencionado documento gera nulidade do flagrante. do por superior hierárquico, mediante despacho fundamen-
(C) o reconhecimento da nulidade do auto de prisão em tado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de
flagrante atinge unicamente o seu valor como instrumento de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento
coação cautelar, não tendo repercussão no processo-crime. da corporação que prejudique a eficácia da investigação.
(D) a falta de comunicação, no prazo legal, da prisão
em flagrante à autoridade judiciária nulifica-a, devendo o 02. E.
magistrado, após oitiva do Ministério Público, determinar De acordo com a Legislação:
seu imediato relaxamento. Art. 1° Caberá prisão temporária:
(...)
10. (TRE-RS - Analista Judiciário – Administrativa – III - quando houver fundadas razões, de acordo com
2015 - CESPE) Foi recebida pelo juiz denúncia oferecida qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou
pelo MP contra Pedro e João, imputando-lhes a prática de participação do indiciado nos seguintes crimes:
crime de extorsão realizada dentro de uma universidade. (...)
Uma das vítimas resolveu intervir no processo, como assis- o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de
tente de acusação. 16 de junho de 1986).
Tendo como referência a situação hipotética apresen-
tada, assinale a opção correta. 03. A.
(A) Deferida a habilitação, o assistente de acusação re- Código Processual Penal:
ceberá a causa desde a petição inicial e, conforme o caso, Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o
deverão ser repetidos os atos anteriores a sua habilitação. indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será
(B) Da decisão que admitir ou denegar a intervenção da víti- realizada, ou não, a juízo da autoridade.
ma caberá recurso em sentido estrito ao juízo de segundo grau.
(C) Ao assistente de acusação será permitido propor 04. C.
meios de provas, tais como perícias e acareações, participar Código Processual Penal:
de debates orais e aditar articulados, e também arrazoar os Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
recursos interpostos pelo MP. I - está cometendo a infração penal;
(D) A vítima poderá habilitar-se como assistente de II - acaba de cometê-la;
acusação na fase preliminar das investigações, após a ins- III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
tauração do inquérito policial. ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
(E) O assistente de acusação poderá arrolar testemu- presumir ser autor da infração;
nhas e aditar a denúncia oferecida pelo MP. IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar-
mas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor
11. (TRE-RS - Analista Judiciário – Administrativa – da infração.
2015 - CESPE) No que se refere a intimações e citações no
processo penal, assinale a opção correta. Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o
(A) A citação ou a intimação do militar da ativa será agente em flagrante delito enquanto não cessar a perma-
feita mediante a expedição pelo juízo processante de um nência.
ofício, que será remetido ao chefe do serviço, cabendo ao
oficial de justiça a citação do acusado. 05. D.
(B) Na hipótese de expedição de carta precatória para A) ERRADA: O IP pode ser instaurado por diversas for-
a citação, se o acusado não se encontrar na comarca do juiz mas (de ofício, por requisição do MP, etc.).
deprecado e estiver em local conhecido, a precatória deverá B) ERRADA: A autoridade policial NUNCA poderá man-
ser devolvida ao juiz deprecante para uma nova expedição. dar arquivar autos de IP, nos termos do art. 17 do CPP.
(C) A citação ficta ou presumida será realizada por edi- C) ERRADA: Estando o indiciado solto o prazo para a
tal, pelo correio ou por email. conclusão do IP é de 30 dias, prorrogáveis.
(D) Na hipótese de o réu estar no estrangeiro, em local D) CORRETA: Item correto, pois nos crimes de ação pe-
sabido, será sempre citado por carta rogatória, mesmo que nal pública o IP pode ser instaurado de ofício, ainda que
a infração penal seja afiançável. seja necessário, no caso de crimede ação penal pública
(E) De acordo com o CPP, será pessoal a intimação do condicionada à representação, que a autoridade já dispo-
MP, do defensor constituído, do advogado do querelante e nha de manifestação inequívoca da vítima (representação)
do advogado do assistente de acusação. no sentido de que deseja a persecução penal.

23
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

e) ERRADA: Item errado, pois o IP pode ser instaurado EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


por requisição do MP. Direito Processual Penal

06. E. 1. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar - FUN-


CPP - Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática CAB/2010) A respeito dos sistemas processuais existen-
da infração penal, a autoridade policial deverá: tes no Processo Penal, pode-se afirmar que:
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e A) o sistema inquisitivo rege o processo penal bra-
a acareações; sileiro, com a concentração das funções acusatória, de
defesa e julgadora na mesma pessoa, o Juiz acusador.
07. A. B) o sistema acusatório caracteriza-se pela divisão
Dispõe o artigo 17 do CPP: A autoridade policial não das funções acusatória, de defesa e julgadora em dife-
poderá mandar arquivar autos de inquérito. rentes personagens, sendo o Juiz imparcial.
C) o inquérito policial, apesar de não ser um pro-
08. A. cesso, obedece às regras e aos princípios do sistema
Conforme o Art. 238 do CPP: acusatório, com a garantia da ampla defesa e do con-
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagran- traditório.
te delito ou por ordem escrita e fundamentada da autori- D) o sistema processual inquisitivo tem como carac-
dade judiciária competente, em decorrência de sentença terística marcante a oralidade e a publicidade.
condenatória transitada em julgado ou, no curso da inves- E) o sistema acusatório caracteriza-se por ser emi-
tigação ou do processo, em virtude de prisão temporária nentemente escrito e secreto.
ou prisão preventiva.
O sistema inquisitivo é caracterizado pela concentra-
09. C. ção de poder nas mãos do julgador, que exerce, também,
Código Processual Penal: a função de acusador; a confissão do réu é considerada
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se a rainha das provas; não há debates orais, predominando
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com- procedimentos exclusivamente escritos, o procedimento
petente, ao Ministério Público e à família do preso ou à é sigiloso; há ausência do contraditório e a defesa é me-
pessoa por ele indicada ramente decorativa. Por outro lado, o sistema acusatório
§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização possui nítida separação entre o órgão acusador e o julga-
da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de dor; há liberdade de acusação, reconhecido o direito de
prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome defesa e a isonomia entre as partes no processo; vigora
de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. a publicidade do procedimento; o contraditório está pre-
sente; existe a possibilidade de recusa do julgador; há livre
10. C. sistema de produção de provas. Desta forma, ressaltadas
A presente questão está embasada no artigo 271 do as principais características destes sistemas a resposta que
Código Processual Penal que dita: esta de acordo com o exposto é a alternativa “B”.
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de
prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo RESPOSTA: “B”.
e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os re-
cursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele pró- 2. (MPE/AC - Analista Processual - Direito - FM-
prio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598. PRS/2013) Assinale a alternativa correta.
A) A legislação brasileira adota expressamente o
11. D. sistema acusatório, em razão de não prever a investiga-
Acerca da citação, na hipótese de o réu estar no estran- ção criminal realizada por magistrados.
geiro, em local sabido, será sempre citado por carta roga- B) A legislação brasileira adota expressamente o
tória, mesmo que a infração penal seja afiançável. Sobre a sistema acusatório, em razão de prever a possibilidade
citação, dispõe o CPP: tribunais populares exercerem a jurisdição criminal nos
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar crimes contra a vida.
sabido, será citado mediante carta rogatória, suspenden- C) A legislação brasileira adota expressamente o
do-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumpri- sistema inquisitivo, em razão de prever a investigação
mento. criminal realizada por magistrados.
D) A legislação brasileira adota expressamente o
sistema misto, em razão de a investigação criminal es-
tar confiada à polícia judiciária.
E) A legislação brasileira não adota expressamente
qualquer sistema processual penal.

24
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Os sistemas processuais são os diferentes conjuntos de Geralmente nas questões de concurso relacionadas à área
normas adotados por cada ordenamento para disciplinar do Direito, as Bancas examinadoras se utilizam de uma lingua-
o transcorrer de sua marcha procedimental. Basicamente gem mais formal, onde na maioria das vezes algo que é simples
existem três sistemas processuais, o Sistema inquisitivo: acaba se tornando complexo. Exemplo claro é o exercício acima,
nele não há contraditório nem ampla defesa; quem acusa “consentâneo”, neste contexto nada mais é do que “condizen-
e quem julga são as mesmas pessoas; o Sistema acusató- te”, “próprio” do sistema inquisitorial. Desta forma, cabe ao candidato
rio: onde o processo é público, como meio de impedir que considerar quais das alternativas não se enquadram com as particu-
abusos sejam praticados; são assegurados os princípios do laridades do mencionado sistema processual penal. O sistema inqui-
contraditório e ampla defesa; adota-se o sistema da livre sitorial é sigiloso, sempre escrito, não existe o contraditório e reúne
apreciação da prova e o Sistema misto: neste sistema há na mesma pessoa às funções de acusar, defender e julgar. O réu é
uma fase de investigação preliminar (conduzida pela polícia visto nesse sistema como mero objeto da persecução, com isso ga-
judiciária); uma fase de instrução preparatória (patrocinada rantias que visam resguardar os direitos do acusado, como a “argui-
pelo juiz instrutor); uma fase de julgamento (somente aqui ção de suspeição do juiz”, não são próprias deste sistema.
incidiriam o contraditório e a ampla defesa); e uma fase
de recurso (em que se pode utilizar o “recurso de cassa- RESPOSTA: “D”.
ção”, para impugnar apenas questões de direito, como o
“recurso de apelação”, para impugnar questões de fato e de 5. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar - FUN-
direito). Embora seja o sistema adotado no Brasil o Sistema CAB/2010) São princípios que regem o processo penal
acusatório, não existe na legislação brasileira de forma ex- brasileiro, EXCETO:
pressa qualquer previsão neste sentido, razão pela qual a A) Ampla defesa.
alternativa correta é a letra “E”. B) Duração razoável do processo
C) Juiz natural.
RESPOSTA: “E”. D) Oralidade.
E) Sigilo
3. (Polícia Militar/GO - Soldado - UEG/2013) No sis-
A publicidade é uma garantia para o indivíduo e para a
tema acusatório,
sociedade decorrente do próprio princípio democrático. O
A) um único órgão de jurisdição preside a fase de
princípio da publicidade dos atos processuais, profundamen-
investigação, acusação e julgamento do processo.
te ligado à humanização do processo penal, contrapõe-se ao
B) o acusado é mero objeto do processo, não lhe
procedimento secreto, característica do sistema inquisitório. É
sendo garantidos direitos.
ele regra em nosso direito e foi elevado a categoria consti-
C) as partes se encontram em igualdade de posi-
tucional pelo artigo 5º, LX, da Constituição Federal: “A lei só
ções e, a ambas, um juiz imparcial e equidistante se so- poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a
brepõe. defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. Desta
D) não há contraditório. forma, o sigilo não está dentre os princípios que regem o pro-
cesso penal brasileiro, sendo que neste impera a publicidade.
No sistema acusatório há distribuição das funções
de acusar, defender e julgar a órgãos distintos, onde se RESPOSTA: “E”.
pressupõe as seguintes garantias constitucionais: da tute-
la jurisdicional, do devido processo legal, da garantia de 6. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2011)
acesso à justiça, da garantia do juiz natural, do tratamento Acerca dos princípios gerais do processo penal, julgue
paritário das partes, do contraditório, da ampla defesa, da o item a seguir:
publicidade dos atos processuais e motivação dos atos de-
cisórios, bem como da presunção de inocência e da garan- O processo penal brasileiro não adota o princípio
tia da dignidade da pessoa humana. da identidade física do juiz em face da complexidade
dos atos processuais e da longa duração dos procedi-
RESPOSTA: “C”. mentos, o que inviabiliza a vinculação do juiz que pre-
sidiu a instrução à prolação da sentença.
4. (MPE/MA - Promotor Substituto - MPE/MA/2014)
É consentâneo com o sistema inquisitorial de processo A) CERTO
penal, exceto: B) ERRADO
A) Sigilo dos atos processuais;
B) Suscetibilidade de início do processo por meio O processo penal brasileiro adota desde a vigência da
de denúncia anônima; Lei nº 11.719/2008, que deu nova redação ao artigo 399,
C) Incumbência de formular a acusação não indivi- §2º, do Código de Processo Penal, o princípio da identi-
dualizada; dade física do juiz. Tal princípio determina que o juiz de
D) Arguição de suspeição do juiz; direito que presidir e concluir a audiência de instrução e
E) Defesa técnica decorativa. julgamento deverá ser o mesmo que irá julgar a causa.

RESPOSTA: “B”.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

7. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2011) O princípio da plenitude de defesa é assegura-


Acerca dos princípios gerais do processo penal, julgue do ao acusado, de forma expressa, na Constituição
o item a seguir: Federal de 1988, apenas para o procedimento do
Júri, em seu artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea “a”,
A adoção do princípio da inércia no processo penal não sendo cabível em outros procedimentos cri-
brasileiro não permite que o juiz determine, de ofício, minais.
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante
dos autos. RESPOSTA: “B”.

A) CERTO 10. (DPE/MS - Defensor Público - VU-


B) ERRADO NESP/2012) No que se refere aos princípios
constitucionais e infraconstitucionais aplicá-
O princípio da inércia é um preceito próprio do pro- veis ao processo penal, é correto afirmar que:
cesso civil e vai totalmente contra a sistemática do proces- A) no processo penal que visa apurar crimes
so penal, tendo em vista que um dos princípios primordiais societários, a inexistência de descrição, na de-
procedimento é o da verdade real, no qual o juiz tem o dever núncia, do vínculo entre o denunciado e a em-
de investigar como os fatos se passaram na realidade, não preitada criminosa a ele imputada, caracteriza-
se conformando com a verdade formal constante dos autos. -se, conforme causa de decretação de nulida-
de do processo já reconhecida pelo STJ, como
RESPOSTA: “B”. violação ao princípio constitucional da ampla
defesa.
8. (TJ/AC - Técnico Judiciário - Área Judiciária - B) o princípio da economia processual e do
CESPE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao direi- tempus regit actum afasta eventual alegação de
to processual penal e da aplicação da lei processual no nulidade decorrente da não obser vância, na au-
tempo e no espaço, julgue os itens seguintes. diência de inquirição de testemunhas realizada
no ano de 2009, do sistema adversarial anglo-
O princípio da presunção de inocência ou da não -americano, consistente primeiramente no di-
culpabilidade subsiste durante todo o processo e tem o rect examination – por par te de quem arrolou
objetivo de garantir o ônus da prova à acusação até de- – e posteriormente no cross-examination – pela
claração final de responsabilidade por sentença penal par te contrária – cabendo ao magistrado ape-
condenatória transitada em julgado. nas a complementação da inquirição sobre os
pontos não esclarecidos, ao final, caso entenda
A) CERTO necessário.
B) ERRADO C) o reconhecimento por uma instância su-
perior da mera deficiência de defesa técnica
O princípio da presunção de inocência é uma garan- processual em favor de um condenado pela prá-
tia processual atribuída ao acusado pela prática de uma tica do crime de falsidade ideológica em pri-
infração penal, oferecendo-lhe a prerrogativa de não ser meira instância acarreta, segundo entendimen-
considerado culpado por um ato delituoso até que a sen- to sumulado pelo STF, a imediata declaração de
tença penal condenatória transite em julgado, cabendo a nulidade da condenação.
acusação provar o contrário. Está previsto na Constituição D) uma pessoa condenada no ano de 2010
Federal de 1988 em seu artigo 5º, LVII, nestes termos: “Nin- a 23 anos de reclusão pelo crime de homicídio
guém será considerado culpado até o trânsito em julgado da tem direito à interposição do recurso denomi-
sentença penal condenatória”. nado “protesto por novo júri” em vir tude do cri-
me a ela imputado ter sido praticado em 2006.
RESPOSTA: “A”. Nos chamados crimes societários, não se admi-
te a “denúncia fictícia”, sem apoio na prova e sem
9. (TJ/AC - Técnico Judiciário - Área Judiciária - a demonstração da participação do denunciado na
CESPE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao direi- prática tida por criminosa. Assim, a inexistência de
to processual penal e da aplicação da lei processual no descrição, na denúncia, do vínculo entre o denun-
tempo e no espaço, julgue o item seguinte. ciado e a empreitada criminosa a ele imputada,
caracteriza-se, como causa de decretação de nuli-
É assegurado, de forma expressa, na norma funda- dade do processo, pois fere o princípio da ampla
mental, o direito de qualquer acusado à plenitude de defesa que prevê que para seu exercício é neces-
defesa em toda e qualquer espécie de procedimento cri- sário o réu ter ciência daquilo que esta sendo acu-
minal. sado para poder se defender.

A) CERTO RESPOSTA: “A”.


B) ERRADO

26
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

11. (TJ/RO - Analista Judiciário - Analista Pro- 13. (TJ/RJ - Juiz - VUNESP/2013) A doutrina é unâ-
cessual - CESPE/2012) A respeito dos princípios nime ao apontar que os princípios constitucionais, em
gerais e informadores do processo penal, assina- especial os relacionados ao processo penal, além de
le a opção correta. revelar o modelo de Estado escolhido pelos cidadãos,
A) Não há previsão legal do contraditório servem como meios de proteção da dignidade huma-
na fase de investigação e a sua inexistência não na. Referidos princípios podem se apresentar de forma
configura violação à Constituição Federal (CF). explícita ou implícita, sem diferença quanto ao grau de
B) Em determinados crimes é permitido ao juiz importância. São princípios constitucionais explícitos:
a iniciativa da ação penal condenatória, como no A) juiz natural, vedação das provas ilícitas e promo-
caso de procedimentos especiais, a exemplo do tor natural.
processo e julgamento dos crimes de falência. B) devido processo legal, contraditório e duplo
C) A exigência de sigilo das investigações grau de jurisdição.
prevista no Código de Processo Penal (CPP) im- C) ampla defesa, estado de inocência e verdade real.
pede, de forma absoluta, o acesso aos autos a D) contraditório, juiz natural e soberania dos vere-
quem quer que seja, sempre que houver risco ao dictos do Júri.
bom andamento das investigações.
D) O princípio da obrigatoriedade nas ações Estão previstos na Constituição Federal de 1988, dentre
penais públicas se estende ao procedimento re- outros, os princípios do contraditório (artigo 5º, LV); do juiz
lativo aos juizados especiais criminais, porquan- natural (artigo 5º, XXXVII) e soberania dos veredictos do
to, desde que convencido da existência do crime, Júri (artigo 5º, XXXVIII, “c”).
deve o MP, obrigatoriamente, submeter a ques-
tão penal ao exame do Poder Judiciário. RESPOSTA: “D”.
E) No conflito entre o jus puniendi do Esta-
do, de um lado, e o jus libertatis do acusado, 14. (TJ/AM – Analista Judiciário II – Oficial de Justi-
a balança deve se inclinar a favor do primeiro, ça Avaliador – FGV/2013) O princípio da imparcialidade
porquanto prevalece, em casos tais, o interesse impõe sobre o Estado-juiz a exigência de uma presta-
público. ção jurisdicional imparcial, podendo ser considerado
um dos pilares do sistema acusatório. Para garantir o
O princípio do contraditório não se aplica no respeito ao princípio, o Código de Processo Penal prevê
inquérito policial (fase de investigação) que não é, as situações de suspeição do juiz, relacionadas a seguir,
em sentido estrito, “instrução”, mas colheita de ele- à exceção de uma. Assinale-a.
mentos que possibilitem a instauração do processo. A) Se  tiver  funcionado  como  juiz  de  outra  ins-
A Constituição Federal apenas assegura o contra- tância, pronunciando-se, de fato ou de direito, so-
ditório na “instrução criminal” e o vigente Código bre a questão. 
de Processo Penal distingue perfeitamente esta do B)  Se  for  amigo  íntimo  ou  inimigo  capital  de 
inquérito policial. qualquer  das partes. 
C)  Se tiver aconselhado qualquer das partes.
RESPOSTA: “A”. D) Se for sócio, acionista ou administrador de socie-
dade interessada no processo.
12. (Polícia Militar/GO - Soldado - UEG/2013) (E)  Se  ele,  seu  cônjuge,  ascendente  ou  descen-
É princípio fundamental do processo penal: dente,  estiver respondendo a processo por fato análo-
A) princípio da verdade formal. go, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia.
B) princípio da defesa limitada.
C) princípio da sigilosidade processual. Dentre as causas de suspeição prevista no artigo 254
D) princípio da presunção da não culpabili- do CPP, O juiz não se dará por suspeito, se tiver funcionado
dade. como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou
de direito, sobre a questão. Tal hipótese é de impedimento
A alternativa “A”, “B” e “C” estão erradas, pois e o juiz não poderá exercer a jurisdição neste processo.
os princípios mencionados são justamente o opos-
to dos princípios fundamentais do processo penal. RESPOSTA: “A”.
Assim, onde menciona o princípio da “verdade for-
mal”, seria o da “verdade real”; onde menciona o 15. (TJ/PE - Analista Judiciário - Administrativa -
princípio da “defesa limitada”, seria o da “ampla FCC /2012) A respeito da aplicação da lei processual no
defesa”; onde menciona o princípio da “sigilosidade espaço, considere:
processual”, seria o da “publicidade”. Desta forma, I. embarcações brasileiras de natureza pública,
resta apenas como correta a alternativa “D”. onde quer que se encontrarem.
II. aeronaves brasileiras a serviço do governo brasi-
RESPOSTA: “D”. leiro, onde quer que se encontrem.

27
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

III. embarcações brasileiras mercantes ou de pro- 17. (MPE/AL - Promotor de Justiça - FCC/2012) De acor-
priedade privada, que se acharem em alto mar. do com o Código de Processo Penal, a lei processual penal
IV. aeronaves brasileiras mercantes ou de proprieda- A) retroage para invalidar os atos praticados sob a
de privada que se acharem no espaço aéreo brasileiro. vigência da lei anterior, se mais benéfica.
V. embarcações brasileiras mercantes ou de pro- B) não admite aplicação analógica.
priedade privada, que se acharem no espaço aéreo de C) admite suplemento dos princípios vitais de direito.
outro país. D) admite interpretação extensiva, mas não suple-
Considera-se território brasileiro por extensão as mento dos princípios gerais de direito.
indicadas E) admite aplicação analógica, mas não interpreta-
APENAS em ção extensiva.
A) I e V.
B) III e IV. Os princípios são de suma importância no ordenamento
C) II e III. jurídico brasileiro constituindo ideias gerais e abstratas, que
D) I, II, IV e V. expressam, em menor ou maiores escala todas as normas
E) I, II, III e IV. que compõem a seara do direito. Neste sentido, a lei pro-
cessual penal admite ser complementada com os princípios
Nos termos do artigo 1º, caput, do Código de Processo vitais de direito, servindo estes ainda como uma de suas fon-
Penal, o processo penal é regido “em todo o território brasilei- tes formais, servindo para suprir lacunas e omissões da lei.
ro” por este estatuto, princípio que se aplica, salvo disposição
em contrário, às leis extravagantes. Podemos definir como RESPOSTA: “C”.
território nacional, em sentido estrito, o solo (e subsolo), as
águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o 18. (TJ/AC - Técnico Judiciário Área Judiciária -
espaço aéreo, com limites reconhecidos, sendo considerado o CESPE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao direi-
território por extensão (ou ficção) para efeitos penais e proces- to processual penal e da aplicação da lei processual no
suais, conforme o disposto no artigo 5º, §1º, do Código Penal, tempo e no espaço, julgue o item seguinte.
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública A extraterritorialidade da lei processual penal bra-
ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encon- sileira ocorrerá apenas nos crimes perpetrados, ainda
trem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, que no estrangeiro, contra a vida ou a liberdade do
mercantes ou de propriedade privada, que se achem em alto presidente da República e contra o patrimônio ou a fé
mar ou no espaço aéreo correspondente. pública da União, do Distrito Federal, de estado, de ter-
ritório e de município.
RESPOSTA: “E”.
A) Certo
16. (TRE/CE - Analista Judiciário - Administrativa - B) Errado
FCC/2012) Mário comete um crime de homicídio a bor-
do de um navio brasileiro de grande porte em alto mar, Nos termos do artigo 1º do Código de Processo Penal,
que faz o trajeto direto entre Santos (São Paulo/Brasil) o processo penal é regido “em todo o território brasileiro”
e Cape Town (África do Sul) e será processado e julgado por este estatuto, princípio que se aplica, salvo disposição
pela justiça. em contrário às leis processuais extravagantes. O princípio da
A) da comarca de São Paulo, Capital do Estado de territorialidade é fixado, como regra em nosso Código Penal,
São Paulo, de onde o navio partiu. porém, seguindo a tendência geral das legislações moder-
B) da Capital Federal do Brasil (Brasília), pois o cri- nas, abre várias exceções a esse princípio, determinando a
me ocorreu em alto mar. aplicação da lei penal brasileira a certos fatos praticados no
C) da África do Sul, em Cape Town, primeiro porto estrangeiro, conforme o disposto no artigo 7º deste Diplo-
que tocará a embarcação após o crime, pois este foi co- ma legal. A extraterritorialidade ocorrerá, nos seguintes ca-
metido em alto mar, em águas internacionais. sos: crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da Re-
D) da comarca de Santos, último porto que tocou. pública; crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União,
E) da África do Sul, na cidade de Bloemfontein, ca- do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
pital judiciária do país. empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
ou fundação instituída pelo Poder Público; crimes contra a
As embarcações brasileiras, mercantes ou de proprie- administração pública, por quem está a seu serviço; crimes
dade privada que se encontram em alto mar são conside- de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado
radas como extensão do território nacional, desta forma, o no Brasil; e ainda, crimes que, por tratado ou convenção, o
homicídio praticado por Mário será julgado de acordo com Brasil se obrigou a reprimir; crimes praticados por brasileiro;
a legislação do Brasil, sendo a comarca responsável para crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
elucidação do fato a última em que estava a embarcação mercantes ou de propriedade privada, quando em território
(art. 89 do CPP). estrangeiro e aí não sejam julgados.

Resposta: “D”. RESPOSTA: “B”.

28
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

19. (TRE/MS - Analista Judiciário - Área Judiciária - gras gerais, de dispositivos restritivos da liberdade pessoal
CESPE/2013) No que diz respeito à aplicação da lei pro- e que afetem direito substancial do acusado, onde o texto
cessual no tempo, no espaço e em relação às pessoas, deverá ser rigorosamente interpretado.
assinale a opção correta.
A) Por força do princípio tempus regit actum, o fato RESPOSTA: “E”.
de lei nova suprimir determinado recurso, existente em
legislação anterior, não afasta o direito à recorribilida- 21. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XI - Primei-
de subsistente pela lei anterior, quando o julgamento ra Fase - FGV/2013) Em um processo em que se apura
tiver ocorrido antes da entrada em vigor da lei nova. a prática dos delitos de supressão de tributo e evasão
B) A nova lei processual penal aplicar-se-á imedia- de divisas, o Juiz Federal da 4ª Vara Federal Criminal
tamente, invalidando os atos realizados sob a vigência de Arroizinho determina a expedição de carta rogató-
da lei anterior que com ela for incompatível. ria para os Estados Unidos da América, a fim de que
C) O princípio da imediatidade da lei processual penal seja interrogado o réu Mário. Em cumprimento à carta,
abarca o transcurso do prazo processual iniciado sob a égi- o tribunal americano realiza o interrogatório do réu e
de da legislação anterior, ainda que mais gravosa ao réu. devolve o procedimento à Justiça Brasileira, a 4ª Vara
D) A lei processual penal posterior, que de qualquer Federal Criminal. O advogado de defesa de Mário, ao
modo favorecer o agente, aplicar-se-á aos fatos ante- se deparar com o teor do ato praticado, requer que o
riores, ainda que decididos por sentença condenatória mesmo seja declarado nulo, tendo em vista que não
transitada em julgado. foram obedecidas as garantias processuais brasileiras
E) De acordo com o princípio da territorialidade, para o réu. Exclusivamente sobre o ponto de vista da
aplica-se a lei processual penal brasileira a todo delito Lei Processual no Espaço, a alegação do advogado está
ocorrido em território nacional, sem exceção, em vista correta?
do princípio da igualdade estabelecido na Constituição A) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da
Federal de 1988. extraterritorialidade, já que as normas processuais bra-
sileiras podem ser aplicadas fora do território nacional.
De acordo com o artigo 2º do CPP, “a lei processual pe- B) Não, pois no processo penal vigora o princípio
nal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos da territorialidade, já que as normas processuais brasi-
atos realizados sob a vigência da lei anterior”. Assim, vige leiras só se aplicam no território nacional.
no processo penal o princípio tempus regit actum, do qual C) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da
derivam dois efeitos: a) os atos processuais praticados sob territorialidade, já que as normas processuais brasilei-
a égide da lei anterior se consideram válidos; b) as normas ras podem ser aplicadas em qualquer território.
processuais tem aplicação imediata, regulando o desenro- D) Não, pois no processo penal vigora o princípio
lar do processo. da extraterritorialidade, já que as normas processuais
brasileiras podem ser aplicas fora no território nacional.
RESPOSTA: “A”.
Antes de responder a questão importante observar
20. (TJ/PE - Titular de Serviços de Notas e de Re- que enunciado desta pede que se considere apenas a apli-
gistros - FCC/2013) Sobre a aplicação da lei processual cação da norma processual no espaço. De acordo com este
penal e a interpretação no processo penal, é INCORRE- instituto vigora o princípio da absoluta territorialidade não
TO afirmar: podendo a lei processual brasileira ser aplicada fora do ter-
A) A legislação brasileira segue o princípio da territo- ritório nacional. Assim, a lei processual brasileira só vale
rialidade para a aplicação das normas processuais penais. dentro dos limites territoriais nacionais (lex fori ou locus re-
B) O princípio da territorialidade na aplicação da git actum). Se o processo tiver tramitação no estrangeiro,
lei processual penal brasileira pode ser ressalvado por aplicar-se-á a lei do país em que os atos processuais forem
tratados, convenções e regras de direito internacional. praticados. Desta forma, não é cabível a nulidade arguida
C) A lei processual penal aplica-se desde logo, sem pelo advogado.
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência
da lei anterior. RESPOSTA: “B”.
D) A norma processual penal mista constitui exce-
ção à regra da irretroatividade da lei processual penal. 22. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013)
E) No processo penal, assim como no direito penal, Julgue o item a seguir.
é sempre admitida a interpretação extensiva e aplica- Aos crimes militares aplicam-se as mesmas disposi-
ção analógica das normas. ções do Código de Processo Penal, excluídas as normas
de conteúdo penal que tratam de matéria específica di-
Na interpretação extensiva amplia-se o significado do versa do direito penal comum.
que está previsto de forma expressa na lei. A lei processual
admite interpretação extensiva, segue-se que o rigor de in- A) Certo
terpretar o direito penal não se aplica ao processo penal. B) Errado
Todavia, o preceito não é absoluto, existindo exceções a re-

29
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O artigo 1º do Código de Processo Penal menciona algu- 25. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013)
mas ressalvas a aplicação da territorialidade. Embora pareça Julgue o item a seguir.
que as ressalvas sejam exceções à territorialidade da lei pro-
cessual penal brasileira, estas são apenas à territorialidade Considere que, diante de uma sentença condena-
do Código de Processo Penal, impondo, tendo em vista as tória e no curso do prazo recursal, uma nova lei pro-
peculiaridades do direito a aplicação de normas processuais cessual penal tenha entrado em vigor, com previsão
positivadas na Constituição Federal e em leis extravagantes. de prazo para a interposição do recurso diferente do
É o que acontece com os crimes de responsabilidade; cri- anterior. Nessa situação, deverá ser obedecido o prazo
mes militares; eleitorais; falimentares; de entorpecentes; na estabelecido pela lei anterior, porque o ato processual
contravenção do jogo do bicho; nas infrações de menor po- já estava em curso.
tencial ofensivo, etc. Desta forma, incorreta a afirmativa ao
mencionar que aos crimes militares aplicam-se as mesmas A) Certo
disposições do Código de Processo Penal. B) Errado

RESPOSTA: “B”. O ato processual é regido de acordo com a lei proces-


sual que estiver em vigor no momento. Os atos processuais
23. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013) realizados sob a égide da lei anterior são considerados vá-
Julgue o item a seguir. lidos e não são atingidos pela nova lei processual, a qual
vige dali em diante.
A competência do Senado Federal para o julgamen-
to do presidente da República nos crimes de respon- RESPOSTA: “A”.
sabilidade constitui exceção ao princípio, segundo o
qual devem ser aplicadas as normas processuais penais 26. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XI - Pri-
brasileiras aos crimes cometidos no território nacional. meira Fase - FGV/2013) A Lei n. 9.099/95 modificou a
espécie de ação penal para os crimes de lesão corpo-
A) Certo ral leve e culposa. De acordo com o Art. 88 da referida
B) Errado lei, tais delitos passaram a ser de ação penal pública
condicionada à representação. Tratando-se de questão
Considerando as peculiaridades do direito a aplicação relativa à Lei Processual Penal no Tempo, assinale a al-
de outras normas processuais positivadas na Constituição, ternativa que corretamente expõe a regra a ser aplicada
compete privativamente ao Senado Federal o julgamento para processos em curso que não haviam transitado em
do Presidente da República nos crimes de responsabilida- julgado quando da alteração legislativa.
de, nos termos do que prevê o artigo 52, I, da CF. Outros- A) Aplica-se a regra do Direito Penal de retroagir a
sim, a exceção ao princípio da territorialidade nos crimes lei, por ser norma mais benigna.
de responsabilidade está consubstanciada no artigo 1º, II, B) Aplica-se a regra do Direito Processual de ime-
do CPP. diatidade, em que a lei é aplicada no momento em que
entra em vigor, sem que se questione se mais gravosa
RESPOSTA: “A”. ou não.
C) Aplica-se a regra do Direito Penal de irretroativi-
24. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013) dade da lei, por ser norma mais gravosa.
Julgue o item a seguir. D) Aplica-se a regra do Direito Processual de ime-
diatidade, em que a lei é aplicada no momento em que
Em regra, a norma processual penal prevista em entra em vigor, devendo-se questionar se a novatio le-
tratado e(ou) convenção internacional, cuja vigência gis é mais gravosa ou não.
tenha sido regularmente admitida no ordenamento ju- Anteriormente a alteração trazida pela Lei nº 9.099/95
rídico brasileiro, tem aplicação independentemente do os crimes de lesão corporal leve e culposa eram propostos
Código de Processo Penal. por meio de ação penal pública incondicionada. Outrossim,
com a modificação estes delitos passaram a ser processa-
A) Certo dos somente mediante ação penal pública condicionada à
B) Errado representação, sendo que, com isso esta norma é conside-
Uma vez regularmente incorporada ao ordenamento rada mais benigna, tendo em vista que a ausência de re-
jurídico, a norma processual penal prevista em tratado ou presentação é causa de impossibilidade do prosseguimen-
convenção internacional aplicar-se-á independentemente to da ação. Assim, diante dos preceitos esculpidos acerca
do Código de Processo Penal, conforme se extrai do art. da aplicabilidade da norma penal no tempo esta pode ser
1º, I, do CPP. aplicada retroativamente desde que mais benéfica (princí-
pio da reatroatividade da lei penal mais benéfica).
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “A”.

30
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

1) Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha) ....................................................................................................................................................... 01


2) Abuso de autoridade (Lei n.° 4.898/65)...................................................................................................................................................... 06
3) Tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes (Lei n.° 11.343/2006).................................................................... 08
4) Crimes hediondos (Lei n.° 8.072/90)............................................................................................................................................................ 17
5) Crimes de tortura (Lei n.° 9.455/97)............................................................................................................................................................. 19
6) Crimes contra a administração pública (Lei n.° 8.429/92)................................................................................................................... 20
7) Estatuto do desarmamento (Lei n.º 10.826/2003) e Decreto n.° 5.123/2004.............................................................................. 28
8) Declaração Universal dos Direitos Humanos............................................................................................................................................ 45
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

TÍTULO II
1) LEI Nº 11.340/06 (LEI MARIA DA PENHA) DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA
A MULHER
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e fa-
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
miliar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)
Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar
o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem
a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Jui-
vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
zados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher;
II - no âmbito da família, compreendida como a comu-
altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de
nidade formada por indivíduos que são ou se consideram
Execução Penal; e dá outras providências.
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
por vontade expressa;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, inde-
TÍTULO I
pendentemente de coabitação.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste
artigo independem de orientação sexual.
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos
constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.
do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra
CAPÍTULO II
a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Pu-
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMI-
nir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tra-
LIAR
tados internacionais ratificados pela República Federativa
CONTRA A MULHER
do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medi-
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar
das de assistência e proteção às mulheres em situação de
contra a mulher, entre outras:
violência doméstica e familiar.
I - a violência física, entendida como qualquer conduta
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe,
que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educa-
II - a violência psicológica, entendida como qualquer con-
cional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais
duta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima
inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as
ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou
oportunidades e facilidades para viver sem violência, pre-
que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos,
servar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humi-
moral, intelectual e social.
lhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, persegui-
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições
ção contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e
para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe
saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao
cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cida-
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a
dania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não
familiar e comunitária.
desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem
a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexua-
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das
lidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que
relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-
a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, me-
-las de toda forma de negligência, discriminação, explora-
diante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite
ção, violência, crueldade e opressão.
ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer
criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos
conduta que configure retenção, subtração, destruição par-
direitos enunciados no caput.
cial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, docu-
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados
mentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econô-
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as con-
micos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
dições peculiares das mulheres em situação de violência
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta
doméstica e familiar.
que configure calúnia, difamação ou injúria.

1
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

TÍTULO III CAPÍTULO II


DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CAPÍTULO I
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e
Art. 8º A política pública que visa coibir a violên- conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Or-
cia doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por gânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde,
meio de um conjunto articulado de ações da União, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras nor-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de mas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente
ações não-governamentais, tendo por diretrizes: quando for o caso.
I - a integração operacional do Poder Judiciário, § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da
do Ministério Público e da Defensoria Pública com as mulher em situação de violência doméstica e familiar no
áreas de segurança pública, assistência social, saúde, cadastro de programas assistenciais do governo federal,
educação, trabalho e habitação; estadual e municipal.
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísti- § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de vio-
cas e outras informações relevantes, com a perspec- lência doméstica e familiar, para preservar sua integridade
tiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às física e psicológica:
causas, às consequências e à frequência da violência I - acesso prioritário à remoção quando servidora pú-
doméstica e familiar contra a mulher, para a sistema- blica, integrante da administração direta ou indireta;
tização de dados, a serem unificados nacionalmente, II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessá-
e a avaliação periódica dos resultados das medidas rio o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
adotadas; § 3º A assistência à mulher em situação de violência
III - o respeito, nos meios de comunicação social, doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios
dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico,
de forma a coibir os papéis estereotipados que legi- incluindo os serviços de contracepção de emergência, a
timem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e
de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º, da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e ou-
no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da tros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos ca-
Constituição Federal; sos de violência sexual.
IV - a implementação de atendimento policial es-
pecializado para as mulheres, em particular nas Dele- CAPÍTULO III
gacias de Atendimento à Mulher; DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
V - a promoção e a realização de campanhas edu-
cativas de prevenção da violência doméstica e familiar Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de vio-
contra a mulher, voltadas ao público escolar e à socie- lência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade
dade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumen- policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de
tos de proteção aos direitos humanos das mulheres; imediato, as providências legais cabíveis.
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajus- Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste
tes, termos ou outros instrumentos de promoção de artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgên-
parceria entre órgãos governamentais ou entre estes cia deferida.
e entidades não-governamentais, tendo por objeti- Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência
vo a implementação de programas de erradicação da doméstica e familiar o atendimento policial e pericial es-
violência doméstica e familiar contra a mulher; pecializado, ininterrupto e prestado por servidores - prefe-
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil rencialmente do sexo feminino - previamente capacitados.
e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombei- (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
ros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às § 1o A inquirição de mulher em situação de violência
áreas enunciados no inciso I quanto às questões de doméstica e familiar ou de testemunha de violência domés-
gênero e de raça ou etnia; tica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá
VIII - a promoção de programas educacionais às seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
que disseminem valores éticos de irrestrito respeito I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emo-
à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de cional da depoente, considerada a sua condição peculiar
gênero e de raça ou etnia; de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;
IX - o destaque, nos currículos escolares de to- (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
dos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher
aos direitos humanos, à equidade de gênero e de em situação de violência doméstica e familiar, familiares
raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e testemunhas terão contato direto com investigados ou
e familiar contra a mulher. suspeitos e pessoas a eles relacionadas; (Incluído pela Lei
nº 13.505, de 2017)

2
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

III - não revitimização da depoente, evitando sucessi- I - qualificação da ofendida e do agressor;


vas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, II - nome e idade dos dependentes;
cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas
vida privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) solicitadas pela ofendida.
§ 2o Na inquirição de mulher em situação de violência § 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento
doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos
trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte os documentos disponíveis em posse da ofendida.
procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) § 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos
I - a inquirição será feita em recinto especialmente ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos
projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos de saúde.
próprios e adequados à idade da mulher em situação de Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formula-
violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à ção de suas políticas e planos de atendimento à mulher em
gravidade da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, situação de violência doméstica e familiar, darão priorida-
de 2017) de, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Espe-
II - quando for o caso, a inquirição será intermedia- cializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos
da por profissional especializado em violência doméstica Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas
e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; para o atendimento e a investigação das violências graves
(Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) contra a mulher.
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de
ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o 2017)
inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) § 1o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de vio- § 2o (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
lência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, § 3o A autoridade policial poderá requisitar os serviços
entre outras providências: públicos necessários à defesa da mulher em situação de
I - garantir proteção policial, quando necessário, co- violência doméstica e familiar e de seus dependentes. (In-
municando de imediato ao Ministério Público e ao Poder cluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
Judiciário;
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saú- TÍTULO IV
de e ao Instituto Médico Legal; DOS PROCEDIMENTOS
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependen- CAPÍTULO I
tes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; DISPOSIÇÕES GERAIS
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para asse-
gurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das
ou do domicílio familiar; causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violên-
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos cia doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as
nesta Lei e os serviços disponíveis. normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e
familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, de- ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei.
verá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com compe-
de Processo Penal: tência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o
tomar a representação a termo, se apresentada; processo, o julgamento e a execução das causas decorren-
II - colher todas as provas que servirem para o esclare- tes da prática de violência doméstica e familiar contra a
cimento do fato e de suas circunstâncias; mulher.
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ex- Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se
pediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para em horário noturno, conforme dispuserem as normas de or-
a concessão de medidas protetivas de urgência; ganização judiciária.
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de deli- Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os
to da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
V - ouvir o agressor e as testemunhas; I - do seu domicílio ou de sua residência;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando III - do domicílio do agressor.
a existência de mandado de prisão ou registro de outras Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à repre-
ocorrências policiais contra ele; sentação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito po- renúncia à representação perante o juiz, em audiência espe-
licial ao juiz e ao Ministério Público. cialmente designada com tal finalidade, antes do recebimen-
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela to da denúncia e ouvido o Ministério Público.
autoridade policial e deverá conter:

3
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência do- II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivên-
méstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica cia com a ofendida;
ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição III - proibição de determinadas condutas, entre as
de pena que implique o pagamento isolado de multa. quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
CAPÍTULO II testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA estes e o agressor;
SEÇÃO I b) contato com a ofendida, seus familiares e testemu-
DISPOSIÇÕES GERAIS nhas por qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de pre-
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofen- servar a integridade física e psicológica da ofendida;
dida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar
medidas protetivas de urgência; ou serviço similar;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
de assistência judiciária, quando for o caso; § 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sem-
providências cabíveis. pre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Minis-
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou tério Público.
a pedido da ofendida. § 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontran-
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser con- do-se o agressor nas condições mencionadas no caput e
cedidas de imediato, independentemente de audiência das incisos do art. 6º da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de
partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação
ser prontamente comunicado. ou instituição as medidas protetivas de urgência concedi-
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas das e determinará a restrição do porte de armas, ficando
isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a o superior imediato do agressor responsável pelo cumpri-
qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os mento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos
direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público caso.
ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas § 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas
de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender ne- de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento,
cessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu auxílio da força policial.
patrimônio, ouvido o Ministério Público. § 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da ins- couber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei
trução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decre- no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
tada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público
ou mediante representação da autoridade policial. SEÇÃO III
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFEN-
curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem DIDA
como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos pro- Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo
cessuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes de outras medidas:
ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a pro-
advogado constituído ou do defensor público. grama oficial ou comunitário de proteção ou de atendi-
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar inti- mento;
mação ou notificação ao agressor. II - determinar a recondução da ofendida e a de
seus dependentes ao respectivo domicílio, após afas-
SEÇÃO II tamento do agressor;
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE III - determinar o afastamento da ofendida do lar,
OBRIGAM O AGRESSOR sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos
filhos e alimentos;
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e fa- IV - determinar a separação de corpos.
miliar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá apli- Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da
car, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, sociedade conjugal ou daqueles de propriedade parti-
as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: cular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmen-
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, te, as seguintes medidas, entre outras:
com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei I - restituição de bens indevidamente subtraídos
no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; pelo agressor à ofendida;

4
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

II - proibição temporária para a celebração de atos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras me-
e contratos de compra, venda e locação de proprie- didas, voltados para a ofendida, o agressor e os familia-
dade em comum, salvo expressa autorização judicial; res, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
III - suspensão das procurações conferidas pela Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir ava-
ofendida ao agressor; liação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a ma-
IV - prestação de caução provisória, mediante de- nifestação de profissional especializado, mediante a indi-
pósito judicial, por perdas e danos materiais decorren- cação da equipe de atendimento multidisciplinar.
tes da prática de violência doméstica e familiar contra Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua pro-
a ofendida. posta orçamentária, poderá prever recursos para a cria-
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório ção e manutenção da equipe de atendimento multidis-
competente para os fins previstos nos incisos II e III ciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
deste artigo.
TÍTULO VI
CAPÍTULO III DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as va-
for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da ras criminais acumularão as competências cível e criminal
violência doméstica e familiar contra a mulher. para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de violência doméstica e familiar contra a mulher, obser-
de outras atribuições, nos casos de violência domésti- vadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela
ca e familiar contra a mulher, quando necessário: legislação processual pertinente.
I - requisitar força policial e serviços públicos de Parágrafo único. Será garantido o direito de prefe-
saúde, de educação, de assistência social e de segu- rência, nas varas criminais, para o processo e o julgamen-
rança, entre outros;
to das causas referidas no caput.
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e par-
ticulares de atendimento à mulher em situação de
TÍTULO VII
violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato,
DISPOSIÇÕES FINAIS
as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no to-
cante a quaisquer irregularidades constatadas;
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Do-
III - cadastrar os casos de violência doméstica e
méstica e Familiar contra a Mulher poderá ser acompa-
familiar contra a mulher.
nhada pela implantação das curadorias necessárias e do
CAPÍTULO IV serviço de assistência judiciária.
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os
Municípios poderão criar e promover, no limite das res-
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e cri- pectivas competências:
minais, a mulher em situação de violência doméstica e I - centros de atendimento integral e multidisciplinar
familiar deverá estar acompanhada de advogado, res- para mulheres e respectivos dependentes em situação de
salvado o previsto no art. 19 desta Lei. violência doméstica e familiar;
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de II - casas-abrigos para mulheres e respectivos depen-
violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de dentes menores em situação de violência doméstica e
Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratui- familiar;
ta, nos termos da lei, em sede policial e judicial, me- III - delegacias, núcleos de defensoria pública, servi-
diante atendimento específico e humanizado. ços de saúde e centros de perícia médico-legal especiali-
zados no atendimento à mulher em situação de violência
TÍTULO V doméstica e familiar;
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR IV - programas e campanhas de enfrentamento da
violência doméstica e familiar;
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar V - centros de educação e de reabilitação para os
contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar agressores.
com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser in- Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
tegrada por profissionais especializados nas áreas psicos- Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de
social, jurídica e de saúde. seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisci- Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindi-
plinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas viduais previstos nesta Lei poderá ser exercida, concor-
pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, rentemente, pelo Ministério Público e por associação de
ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante lau- atuação na área, regularmente constituída há pelo menos
dos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos um ano, nos termos da legislação civil.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Parágrafo único. O requisito da pré-constituição pode- Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias
rá ser dispensado pelo juiz quando entender que não há após sua publicação.
outra entidade com representatividade adequada para o Brasília, 7 de agosto de 2006; 185o da Independência e
ajuizamento da demanda coletiva. 118o da República.
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados Dilma Rousseff
dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim
de subsidiar o sistema nacional de dados e informações
relativo às mulheres.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos 2) ABUSO DE AUTORIDADE (LEI N.° 4.898/65).
Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas informa-
ções criminais para a base de dados do Ministério da Justiça.
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, no limite de suas competências e nos termos O direito de representação e o processo de responsa-
das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão bilidade administrativa, civil e penal, nos casos de Abuso de
estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada Autoridade
exercício financeiro, para a implementação das medidas Regula o Direito de Representação e o processo de Res-
estabelecidas nesta Lei. ponsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abu-
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem so de autoridade.
outras decorrentes dos princípios por ela adotados. Art. 1º O direito de representação e o processo de res-
Art. 41. Aos crimes praticados com violência domésti- ponsabilidade administrativa civil e penal, contra as autori-
ca e familiar contra a mulher, independentemente da pena dades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos,
prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de são regulados pela presente lei.
1995. Art. 2º O direito de representação será exercido por
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de ou- meio de petição:
tubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar a) dirigida à autoridade superior que tiver competência
acrescido do seguinte inciso IV: legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a res-
“Art. 313. (...) pectiva sanção;
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver
contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir competência para iniciar processo-crime contra a autorida-
a execução das medidas protetivas de urgência.” de culpada.
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de au-
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa toridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
a vigorar com a seguinte redação: acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as
“Art. 61(...) houver.
II- (...). Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de re- a) à liberdade de locomoção;
lações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou b) à inviolabilidade do domicílio;
com violência contra a mulher na forma da lei específica;. ” c) ao sigilo da correspondência;
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de d) à liberdade de consciência e de crença;
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as e) ao livre exercício do culto religioso;
seguintes alterações: f) à liberdade de associação;
“Art. 129. (...) g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descen- cício do voto;
dente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva h) ao direito de reunião;
ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das i) à incolumidade física do indivíduo;
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercí-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. cio profissional
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será au- a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade in-
mentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa dividual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
portadora de deficiência.” b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexa-
Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 me ou a constrangimento não autorizado em lei;
(Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz compe-
“Art. 152(...) tente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou
a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obriga- detenção ilegal que lhe seja comunicada;
tório do agressor a programas de recuperação e reeducação.”

6
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

e) levar à prisão e nela deter quem quer que se propo- § 3º O processo administrativo não poderá ser sobres-
nha a prestar fiança, permitida em lei; tado para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial civil.
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra des-
pesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcio-
quanto à espécie quer quanto ao seu valor; nal da autoridade civil ou militar.
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida
recibo de importância recebida a título de carceragem, cus- à autoridade administrativa ou independentemente dela,
tas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; poderá ser promovida pela vítima do abuso, a responsa-
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa bilidade civil ou penal ou ambas, da autoridade culpada.
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio Art. 10. Vetado
de poder ou sem competência legal; Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Có-
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena digo de Processo Civil.
ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente
oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. de inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministé-
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos des- rio Público, instruída com a representação da vítima do abuso.
ta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a represen-
natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem tação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito ho-
remuneração. ras, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e,
sanção administrativa civil e penal. bem assim, a designação de audiência de instrução e jul-
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo gamento.
com a gravidade do abuso cometido e consistirá em: § 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada
a) advertência; em duas vias.
b) repreensão; Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autorida-
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de de houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá:
cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e a) promover a comprovação da existência de tais vestí-
vantagens; gios, por meio de duas testemunhas qualificadas;
d) destituição de função; b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da
e) demissão; audiência de instrução e julgamento, a designação de um
f) demissão, a bem do serviço público. perito para fazer as verificações necessárias.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor § 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório
do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresen-
quinhentos a dez mil cruzeiros. tarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as julgamento.
regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: § 2º No caso previsto na letra a deste artigo a repre-
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; sentação poderá conter a indicação de mais duas testemu-
b) detenção por dez dias a seis meses; nhas.
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
qualquer outra função pública por prazo até três anos. apresentar a denúncia requerer o arquivamento da repre-
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão sentação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as
ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. razões invocadas, fará remessa da representação ao Procu-
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de auto- rador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará ou-
ridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá tro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá
ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender.
o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer
município da culpa, por prazo de um a cinco anos. a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação
Art. 7º recebida a representação em que for solicitada privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, adi-
a aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e
militar competente determinará a instauração de inquérito intervir em todos os termos do processo, interpor recursos
para apurar o fato. e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas retomar a ação como parte principal.
estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de
civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo. quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou
§ 2º não existindo no município no Estado ou na le- rejeitando a denúncia.
gislação militar normas reguladoras do inquérito adminis- § 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz
trativo serão aplicadas supletivamente, as disposições dos designará, desde logo, dia e hora para a audiência de ins-
arts. 219 a 225 da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 trução e julgamento, que deverá ser realizada, improrroga-
(Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União). velmente. dentro de cinco dias.

7
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

§ 2º A citação do réu para se ver processar, até jul- Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
gamento final e para comparecer à audiência de instrução Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Inde-
e julgamento, será feita por mandado sucinto que, será pendência e 77º da República.
acompanhado da segunda via da representação e da de- H. CASTELLO BRANCO
núncia.
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão
ser apresentada em juízo, independentemente de intima-
ção. 3) TRÁFICO ILÍCITO E USO INDEVIDO DE
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de pre-
SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES (LEI N.°
catória para a audiência ou a intimação de testemunhas ou,
salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos 11.343/2006).
para a realização de diligências, perícias ou exames, a não
ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispen-
sáveis tais providências.
Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006
dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a au-
diência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas
perito, o representante do Ministério Público ou o advoga- sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para pre-
do que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor venção do uso indevido, atenção e reinserção social de
do réu. usuários e dependentes de drogas; estabelece normas
Parágrafo único. A audiência somente deixará de reali- para repressão à produção não autorizada e ao tráfico
zar-se se ausente o Juiz. ilícito de drogas; define crimes e dá outras providên-
Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz cias.
não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se,
devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiência. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pú- Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
blica, se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á Lei:
em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do
Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar. TÍTULO I
Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
interrogatório do réu, se estiver presente.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de
advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve
funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo. medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o reinserção social de usuários e dependentes de dro-
Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou gas; estabelece normas para repressão à produção
ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define
ou defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos para cada crimes.
um, prorrogável por mais dez (10), a critério do Juiz. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediata- -se como drogas as substâncias ou os produtos ca-
mente a sentença. pazes de causar dependência, assim especificados em
Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no lei ou relacionados em listas atualizadas periodica-
livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em re- mente pelo Poder Executivo da União.
sumo, os depoimentos e as alegações da acusação e da
defesa, os requerimentos e, por extenso, os despachos e Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território na-
a sentença. cional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a
Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante colheita e a exploração de vegetais e substratos dos
do Ministério Público ou o advogado que houver subscrito quais possam ser extraídas ou produzidas drogas,
a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão. ressalvada a hipótese de autorização legal ou regula-
Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte mentar, bem como o que estabelece a Convenção de
forem difíceis e não permitirem a observância dos prazos Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psico-
fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre moti- trópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estri-
vadamente, até o dobro. tamente ritualístico-religioso.
Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio,
do Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com a cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput
o sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei. deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou
Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, científicos, em local e prazo predeterminados, me-
caberão os recursos e apelações previstas no Código de diante fiscalização, respeitadas as ressalvas supra-
Processo Penal. mencionadas.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

TÍTULO II II - promover a construção e a socialização do conheci-


DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS mento sobre drogas no país;
SOBRE DROGAS III - promover a integração entre as políticas de pre-
venção do uso indevido, atenção e reinserção social de
Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
organizar e coordenar as atividades relacionadas com: produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinser- públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União,
ção social de usuários e dependentes de drogas; Distrito Federal, Estados e Municípios;
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico IV - assegurar as condições para a coordenação, a in-
ilícito de drogas. tegração e a articulação das atividades de que trata o Art.
3º desta Lei.
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS CAPÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS DA COMPOSIÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO
SOBRE DROGAS DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
SOBRE DROGAS
Art. 4º São princípios do Sisnad:
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa huma- Art. 6º (VETADO)
na, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;
II - o respeito à diversidade e às especificidades popu- Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação
lacionais existentes; central e a execução descentralizada das atividades realiza-
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cida- das em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e
dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de municipal e se constitui matéria definida no regulamento
proteção para o uso indevido de drogas e outros compor- desta Lei.
tamentos correlacionados;
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla par- Art. 8º (VETADO)
ticipação social, para o estabelecimento dos fundamentos e
estratégias do Sisnad; CAPÍTULO III
V - a promoção da responsabilidade compartilhada (VETADO)
entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da
participação social nas atividades do Sisnad; Art. 9º (VETADO)
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores
correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua Art. 10. (VETADO)
produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
VII - a integração das estratégias nacionais e interna- Art. 11. (VETADO)
cionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
social de usuários e dependentes de drogas e de repressão Art. 12. (VETADO)
à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito;
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público Art. 13. (VETADO)
e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação
mútua nas atividades do Sisnad; Art. 14. (VETADO)
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reco-
nheça a interdependência e a natureza complementar das CAPÍTULO IV
atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinser- DA COLETA, ANÁLISE E DISSEMINAÇÃO DE INFOR-
ção social de usuários e dependentes de drogas, repressão MAÇÕES
da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas; SOBRE DROGAS
X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de Art. 15. (VETADO)
usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da aten-
garantir a estabilidade e o bem-estar social; ção à saúde e da assistência social que atendam usuários ou
XI - a observância às orientações e normas emanadas dependentes de drogas devem comunicar ao órgão com-
do Conselho Nacional Antidrogas - Conad. petente do respectivo sistema municipal de saúde os casos
atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a identidade
Art. 5º O Sisnad tem os seguintes objetivos: das pessoas, conforme orientações emanadas da União.
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando
a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao
risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e ou- tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de informações
tros comportamentos correlacionados; do Poder Executivo.

9
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

TÍTULO III CAPÍTULO II


DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO
ATENÇÃO E SOCIAL
REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E DEPENDENTES DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS
DE DROGAS
CAPÍTULO I Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e
DA PREVENÇÃO dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito
desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevi- vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso
do de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a de drogas.
redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promo-
ção e o fortalecimento dos fatores de proteção. Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do
usuário ou do dependente de drogas e respectivos fami-
Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de liares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua
drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes: integração ou reintegração em redes sociais.
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fa-
tor de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção so-
relação com a comunidade à qual pertence; cial do usuário e do dependente de drogas e respectivos
II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação familiares devem observar os seguintes princípios e dire-
científica como forma de orientar as ações dos serviços públi- trizes:
cos comunitários e privados e de evitar preconceitos e estigma- I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, in-
tização das pessoas e dos serviços que as atendam; dependentemente de quaisquer condições, observados os
III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e
individual em relação ao uso indevido de drogas; diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a colabora- de Assistência Social;
ção mútua com as instituições do setor privado e com os diversos II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e
segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e reinserção social do usuário e do dependente de drogas e
respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias; respectivos familiares que considerem as suas peculiarida-
V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e des socioculturais;
adequadas às especificidades socioculturais das diversas popu- III - definição de projeto terapêutico individualizado,
lações, bem como das diferentes drogas utilizadas; orientado para a inclusão social e para a redução de riscos
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do e de danos sociais e à saúde;
uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das ati- IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e
vidades de natureza preventiva, quando da definição dos obje- aos respectivos familiares, sempre que possível, de forma
tivos a serem alcançados; multidisciplinar e por equipes multiprofissionais;
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulne- V - observância das orientações e normas emanadas
ráveis da população, levando em consideração as suas neces- do Conad;
sidades específicas; VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle
VIII - a articulação entre os serviços e organizações que atuam social de políticas setoriais específicas.
em atividades de prevenção do uso indevido de drogas e a rede de
atenção a usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares; Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos
IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão
artísticas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão programas de atenção ao usuário e ao dependente de dro-
social e de melhoria da qualidade de vida; gas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os
X - o estabelecimento de políticas de formação continuada princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a
na área da prevenção do uso indevido de drogas para profis- previsão orçamentária adequada.
sionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino;
XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público nicípios poderão conceder benefícios às instituições priva-
e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos das que desenvolverem programas de reinserção no mer-
conhecimentos relacionados a drogas; cado de trabalho, do usuário e do dependente de drogas
XII - a observância das orientações e normas emanadas do encaminhados por órgão oficial.
Conad;
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lu-
social de políticas setoriais específicas. crativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevi- assistência social, que atendam usuários ou dependentes
do de drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar de drogas poderão receber recursos do Funad, condiciona-
em consonância com as diretrizes emanadas pelo Conselho dos à sua disponibilidade orçamentária e financeira.
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em ra- Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposi-
zão da prática de infração penal, estiverem cumprindo pena ção da multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão cre-
privativa de liberdade ou submetidos a medida de seguran- ditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas.
ça, têm garantidos os serviços de atenção à sua saúde, defi-
nidos pelo respectivo sistema penitenciário. Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a
execução das penas, observado, no tocante à interrup-
CAPÍTULO III ção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do
DOS CRIMES E DAS PENAS Código Penal.

Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser apli- TÍTULO IV
cadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA
qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor. E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
CAPÍTULO I
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, trans- DISPOSIÇÕES GERAIS
portar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas
sem autorização ou em desacordo com determinação legal Art. 31. É indispensável a licença prévia da autori-
ou regulamentar será submetido às seguintes penas: dade competente para produzir, extrair, fabricar, trans-
I - advertência sobre os efeitos das drogas; formar, preparar, possuir, manter em depósito, importar,
II - prestação de serviços à comunidade; exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, ofe-
III - medida educativa de comparecimento a programa recer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para
ou curso educativo. qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu preparação, observadas as demais exigências legais.
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destina-
das à preparação de pequena quantidade de substância ou Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente
produto capaz de causar dependência física ou psíquica. destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo A, que recolherá quantidade suficiente para exame peri-
pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da subs- cial, de tudo lavrando auto de levantamento das condi-
tância apreendida, ao local e às condições em que se desen- ções encontradas, com a delimitação do local, assegura-
volveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como das as medidas necessárias para a preservação da prova.
à conduta e aos antecedentes do agente. (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961,
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. de 2014)
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos in- § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961,
cisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo de 2014)
máximo de 10 (dez) meses. § 3º Em caso de ser utilizada a queimada para des-
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumpri- truir a plantação, observar-se-á, além das cautelas ne-
da em programas comunitários, entidades educacionais ou cessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no
assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públi- Decreto no 2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber,
cos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, prefe- dispensada a autorização prévia do órgão próprio do
rencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
de usuários e dependentes de drogas. § 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas se-
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educa- rão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da
tivas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injus- Constituição Federal, de acordo com a legislação em vi-
tificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, gor.
sucessivamente a:
I - admoestação verbal; CAPÍTULO II
II - multa. DOS CRIMES
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque
à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produ-
saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento es- zir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter
pecializado. em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, pres-
crever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer dro-
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se re- gas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
fere o inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à repro- desacordo com determinação legal ou regulamentar:
vabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pa-
quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 gamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
(cem), atribuindo depois a cada um, segundo a capacidade dias-multa.
econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
vezes o valor do maior salário mínimo.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, or-
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, ganização ou associação destinados à prática de qualquer
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuita- dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta
mente, sem autorização ou em desacordo com determi- Lei:
nação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamen-
produto químico destinado à preparação de drogas; to de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamen- Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas,
tar, de plantas que se constituam em matéria-prima para sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses
a preparação de drogas; excessivas ou em desacordo com determinação legal ou
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que regulamentar:
tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigi- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
lância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito Conselho Federal da categoria profissional a que pertença
de drogas. o agente.
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevi-
do de droga: (Vide ADI nº 4.274) Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o con-
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de sumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade
100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. de outrem:
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além
de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a da apreensão do veículo, cassação da habilitação respec-
consumirem: tiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (du-
pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) zentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-
terços, vedada a conversão em penas restritivas de direi- -multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de
tos, desde que o agente seja primário, de bons antece- transporte coletivo de passageiros.
dentes, não se dedique às atividades criminosas nem inte-
gre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei
são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, ofere- I - a natureza, a procedência da substância ou do pro-
cer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, duto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem
guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquiná- a transnacionalidade do delito;
rio, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de fun-
à fabricação, preparação, produção ou transformação de ção pública ou no desempenho de missão de educação,
drogas, sem autorização ou em desacordo com determi- poder familiar, guarda ou vigilância;
nação legal ou regulamentar: III - a infração tiver sido cometida nas dependências
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga- ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino
mento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias- ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais,
-multa. culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais
de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetá-
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o culos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de
fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos cri- tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção
mes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: social, de unidades militares ou policiais ou em transportes
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga- públicos;
mento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias- IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave
-multa. ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste de intimidação difusa ou coletiva;
artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação
crime definido no art. 36 desta Lei. ou entre estes e o Distrito Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, dimi-
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: nuída ou suprimida a capacidade de entendimento e de-
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e paga- terminação;
mento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
dias-multa.

12
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar volunta- CAPÍTULO III


riamente com a investigação policial e o processo criminal DO PROCEDIMENTO PENAL
na identificação dos demais coautores ou partícipes do cri-
me e na recuperação total ou parcial do produto do crime, Art. 48. O procedimento relativo aos processos por cri-
no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a mes definidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capí-
dois terços. tulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Códi-
go de Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com § 1o O agente de qualquer das condutas previstas no art.
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Pe- 28 desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes pre-
nal, a natureza e a quantidade da substância ou do produ- vistos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado
to, a personalidade e a conduta social do agente. na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no9.099, de 26 de
setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. Criminais.
33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 § 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei,
desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato
a cada um, segundo as condições econômicas dos acusa- ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou,
dos, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer,
(cinco) vezes o maior salário-mínimo. lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso requisições dos exames e perícias necessários.
de crimes serão impostas sempre cumulativamente, po- § 3o Se ausente a autoridade judicial, as providências pre-
dem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situa- vistas no § 2o deste artigo serão tomadas de imediato pela
ção econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a
ainda que aplicadas no máximo. detenção do agente.
§ 4o Concluídos os procedimentos de que trata o § 2o
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e deste artigo, o agente será submetido a exame de corpo de
34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária
graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a con- entender conveniente, e em seguida liberado.
versão de suas penas em restritivas de direitos. § 5o Para os fins do disposto no art. 76 da Lei no 9.099, de
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Mi-
artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumpri- nistério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
mento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta.
reincidente específico.
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33,
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da de- caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as cir-
pendência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou cunstâncias o recomendem, empregará os instrumentos pro-
força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omis- tetivos de colaboradores e testemunhas previstos na Lei no
são, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, 9.807, de 13 de julho de 1999.
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Seção I
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhe- Da Investigação
cendo, por força pericial, que este apresentava, à época do
fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de
deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz
encaminhamento para tratamento médico adequado. competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual
será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a e quatro) horas.
dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art. § 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em fla-
45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da grante e estabelecimento da materialidade do delito, é su-
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito ficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade
do fato ou de determinar-se de acordo com esse enten- da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por
dimento. pessoa idônea.
§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere o §
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em 1o deste artigo não ficará impedido de participar da elabora-
avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento ção do laudo definitivo.
do agente para tratamento, realizada por profissional de § 3o Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz,
saúde com competência específica na forma da lei, deter- no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do
minará que a tal se proceda, observado o disposto no art. laudo de constatação e determinará a destruição das drogas
26 desta Lei. apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização
do laudo definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)

13
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

§ 4º A destruição das drogas será executada pelo de- brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar
legado de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias maior número de integrantes de operações de tráfico e dis-
na presença do Ministério Público e da autoridade sanitá- tribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
ria. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo,
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetiva- a autorização será concedida desde que sejam conhecidos
da a destruição das drogas referida no § 3o, sendo lavrado o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito
auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certifican- ou de colaboradores.
do-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº
12.961, de 2014) Seção II
Da Instrução Criminal
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a
ocorrência de prisão em flagrante será feita por incinera- Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito poli-
ção, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data cial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de in-
da apreensão, guardando-se amostra necessária à reali- formação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no pra-
zação do laudo definitivo, aplicando-se, no que couber, o zo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providências:
procedimento dos §§ 3o a 5odo art. 50. (Incluído pela Lei nº I - requerer o arquivamento;
12.961, de 2014) II - requisitar as diligências que entender necessárias;
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de e requerer as demais provas que entender pertinentes.
30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noven-
ta) dias, quando solto. Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notifi-
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo cação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito,
podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Públi- no prazo de 10 (dez) dias.
co, mediante pedido justificado da autoridade de polícia § 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e
judiciária. exceções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar
todas as razões de defesa, oferecer documentos e justifica-
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta ções, especificar as provas que pretende produzir e, até o
Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos número de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
do inquérito ao juízo: § 2º As exceções serão processadas em apartado, nos
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de
justificando as razões que a levaram à classificação do de- outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
lito, indicando a quantidade e natureza da substância ou § 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz
do produto apreendido, o local e as condições em que se nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, conce-
desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, dendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.
a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou § 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco)
II - requererá sua devolução para a realização de dili- dias.
gências necessárias. § 5º Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máxi-
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem pre- mo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso,
juízo de diligências complementares: realização de diligências, exames e perícias.
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo
resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e
3 (três) dias antes da audiência de instrução e julgamento; hora para a audiência de instrução e julgamento, ordenará
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos a citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério
e valores de que seja titular o agente, ou que figurem em Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos
seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo periciais.
competente até 3 (três) dias antes da audiência de instru- § 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração
ção e julgamento. do disposto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o
juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa cautelar do denunciado de suas atividades, se for funcioná-
aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos pre- rio público, comunicando ao órgão respectivo.
vistos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Mi- § 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo
nistério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao rece-
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de bimento da denúncia, salvo se determinada a realização de
investigação, constituída pelos órgãos especializados per- avaliação para atestar dependência de drogas, quando se
tinentes; realizará em 90 (noventa) dias.

II - a não-atuação policial sobre os portadores de dro- Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o
gas, seus precursores químicos ou outros produtos utili- interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas,
zados em sua produção, que se encontrem no território será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do

14
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Ministério Público e ao defensor do acusado, para susten- Parágrafo único. Recaindo a autorização sobre veículos,
tação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade
prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz. de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o a expedição de certificado provisório de registro e licen-
juiz indagará das partes se restou algum fato para ser es- ciamento, em favor da instituição à qual tenha deferido o
clarecido, formulando as perguntas correspondentes se o uso, ficando esta livre do pagamento de multas, encargos
entender pertinente e relevante. e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da decisão
que decretar o seu perdimento em favor da União.
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença
de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os Art. 62. Os veículos, embarcações, aeronaves e quais-
autos para isso lhe sejam conclusos. quer outros meios de transporte, os maquinários, utensí-
§ 1º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014) lios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, utiliza-
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014) dos para a prática dos crimes definidos nesta Lei, após a
sua regular apreensão, ficarão sob custódia da autoridade
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, de polícia judiciária, excetuadas as armas, que serão reco-
e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher- lhidas na forma de legislação específica.
-se à prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes, § 1º Comprovado o interesse público na utilização de
assim reconhecido na sentença condenatória. qualquer dos bens mencionados neste artigo, a autoridade
de polícia judiciária poderá deles fazer uso, sob sua res-
CAPÍTULO IV ponsabilidade e com o objetivo de sua conservação, me-
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO diante autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
DE BENS DO ACUSADO § 2º Feita a apreensão a que se refere o caput deste
artigo, e tendo recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos
Art. 60. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério como ordem de pagamento, a autoridade de polícia judi-
Público ou mediante representação da autoridade de polí- ciária que presidir o inquérito deverá, de imediato, requerer
cia judiciária, ouvido o Ministério Público, havendo indícios ao juízo competente a intimação do Ministério Público.
suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da § 3o Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao juí-
ação penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias zo, em caráter cautelar, a conversão do numerário apreendido
relacionadas aos bens móveis e imóveis ou valores con- em moeda nacional, se for o caso, a compensação dos cheques
sistentes em produtos dos crimes previstos nesta Lei, ou emitidos após a instrução do inquérito, com cópias autênticas
que constituam proveito auferido com sua prática, proce- dos respectivos títulos, e o depósito das correspondentes quan-
dendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei no tias em conta judicial, juntando-se aos autos o recibo.
3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. § 4º Após a instauração da competente ação penal, o
§ 1o Decretadas quaisquer das medidas previstas nes- Ministério Público, mediante petição autônoma, requererá
te artigo, o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5 ao juízo competente que, em caráter cautelar, proceda à
(cinco) dias, apresente ou requeira a produção de provas alienação dos bens apreendidos, excetuados aqueles que a
acerca da origem lícita do produto, bem ou valor objeto União, por intermédio da Senad, indicar para serem colo-
da decisão. cados sob uso e custódia da autoridade de polícia judiciá-
§ 2º Provada a origem lícita do produto, bem ou valor, ria, de órgãos de inteligência ou militares, envolvidos nas
o juiz decidirá pela sua liberação. ações de prevenção ao uso indevido de drogas e operações
§ 3º Nenhum pedido de restituição será conhecido sem de repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito
o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz de- de drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades.
terminar a prática de atos necessários à conservação de § 5º Excluídos os bens que se houver indicado para os
bens, direitos ou valores. fins previstos no § 4o deste artigo, o requerimento de alie-
§ 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens, di- nação deverá conter a relação de todos os demais bens
reitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o apreendidos, com a descrição e a especificação de cada um
Ministério Público, quando a sua execução imediata possa deles, e informações sobre quem os tem sob custódia e o
comprometer as investigações. local onde se encontram.
§ 6º Requerida a alienação dos bens, a respectiva peti-
Art. 61. Não havendo prejuízo para a produção da pro- ção será autuada em apartado, cujos autos terão tramita-
va dos fatos e comprovado o interesse público ou social, ção autônoma em relação aos da ação penal principal.
ressalvado o disposto no art. 62 desta Lei, mediante auto- § 7º Autuado o requerimento de alienação, os autos se-
rização do juízo competente, ouvido o Ministério Público rão conclusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo de
e cientificada a Senad, os bens apreendidos poderão ser instrumentalidade entre o delito e os objetos utilizados para
utilizados pelos órgãos ou pelas entidades que atuam na a sua prática e risco de perda de valor econômico pelo de-
prevenção do uso indevido, na atenção e reinserção so- curso do tempo, determinará a avaliação dos bens relacio-
cial de usuários e dependentes de drogas e na repressão nados, cientificará a Senad e intimará a União, o Ministério
à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, Público e o interessado, este, se for o caso, por edital com
exclusivamente no interesse dessas atividades. prazo de 5 (cinco) dias.

15
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

§ 8º Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências rito das Convenções das Nações Unidas e outros instru-
sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará mentos jurídicos internacionais relacionados à questão
o valor atribuído aos bens e determinará sejam alienados das drogas, de que o Brasil é parte, o governo brasileiro
em leilão. prestará, quando solicitado, cooperação a outros países
§ 9º Realizado o leilão, permanecerá depositada em e organismos internacionais e, quando necessário, deles
conta judicial a quantia apurada, até o final da ação penal solicitará a colaboração, nas áreas de:
respectiva, quando será transferida ao Funad, juntamente I - intercâmbio de informações sobre legislações,
com os valores de que trata o § 3o deste artigo. experiências, projetos e programas voltados para ativi-
§ 10. Terão apenas efeito devolutivo os recursos inter- dades de prevenção do uso indevido, de atenção e de
postos contra as decisões proferidas no curso do procedi- reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
mento previsto neste artigo. II - intercâmbio de inteligência policial sobre produ-
§ 11. Quanto aos bens indicados na forma do § 4o deste ção e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial
artigo, recaindo a autorização sobre veículos, embarcações o tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de
ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou precursores químicos;
ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de III - intercâmbio de informações policiais e judiciais
certificado provisório de registro e licenciamento, em favor sobre produtores e traficantes de drogas e seus precur-
da autoridade de polícia judiciária ou órgão aos quais tenha sores químicos.
deferido o uso, ficando estes livres do pagamento de multas,
encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da TÍTULO VI
decisão que decretar o seu perdimento em favor da União. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do
sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, Art. 1º desta Lei, até que seja atualizada a terminologia
sequestrado ou declarado indisponível. da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas
§ 1º Os valores apreendidos em decorrência dos crimes substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e
tipificados nesta Lei e que não forem objeto de tutela cau- outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344,
telar, após decretado o seu perdimento em favor da União, de 12 de maio de 1998.
serão revertidos diretamente ao Funad.
§ 2º Compete à Senad a alienação dos bens apreendi- Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei nº
dos e não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já 7.560, de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados
tenha sido decretado em favor da União. e do Distrito Federal, dependerá de sua adesão e respei-
§ 3º A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a to às diretrizes básicas contidas nos convênios firmados
fim de dar imediato cumprimento ao estabelecido no § 2o e do fornecimento de dados necessários à atualização
deste artigo. do sistema previsto no art. 17 desta Lei, pelas respecti-
§ 4º Transitada em julgado a sentença condenatória, o vas polícias judiciárias.
juiz do processo, de ofício ou a requerimento do Ministé-
rio Público, remeterá à Senad relação dos bens, direitos e Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
valores declarados perdidos em favor da União, indicando, Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros, des-
quanto aos bens, o local em que se encontram e a entidade tinados às pessoas físicas e jurídicas que colaborem na
ou o órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua des- prevenção do uso indevido de drogas, atenção e rein-
tinação nos termos da legislação vigente. serção social de usuários e dependentes e na repressão
da produção não autorizada e do tráfico ilícito de dro-
Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá fir- gas.
mar convênio com os Estados, com o Distrito Federal e com
organismos orientados para a prevenção do uso indevido Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudi-
de drogas, a atenção e a reinserção social de usuários ou cial de empresas ou estabelecimentos hospitalares, de
dependentes e a atuação na repressão à produção não au- pesquisa, de ensino, ou congêneres, assim como nos
torizada e ao tráfico ilícito de drogas, com vistas na liberação serviços de saúde que produzirem, venderem, adquiri-
de equipamentos e de recursos por ela arrecadados, para a rem, consumirem, prescreverem ou fornecerem drogas
implantação e execução de programas relacionados à ques- ou de qualquer outro em que existam essas substâncias
tão das drogas. ou produtos, incumbe ao juízo perante o qual tramite
o feito:
TÍTULO V I - determinar, imediatamente à ciência da falência
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL ou liquidação, sejam lacradas suas instalações;
II - ordenar à autoridade sanitária competente a ur-
Art. 65. De conformidade com os princípios da não- gente adoção das medidas necessárias ao recebimento
-intervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e e guarda, em depósito, das drogas arrecadadas;
do respeito à integridade territorial dos Estados e às leis e III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para
aos regulamentos nacionais em vigor, e observado o espí- acompanhar o feito.

16
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

§ 1º Da licitação para alienação de substâncias ou


produtos não proscritos referidos no inciso II do caput 4) CRIMES HEDIONDOS (LEI N.° 8.072/90).
deste artigo, só podem participar pessoas jurídicas re-
gularmente habilitadas na área de saúde ou de pesquisa
científica que comprovem a destinação lícita a ser dada
ao produto a ser arrematado.
A Lei dos Crimes Hediondos origina-se na Consti-
§ 2º Ressalvada a hipótese de que trata o § 3o des-
tuição de 1988, em seu artigo 5º, inciso XLIII.
te artigo, o produto não arrematado será, ato contínuo
Em 1990, surgiu a lista de crimes hediondos, que
à hasta pública, destruído pela autoridade sanitária, na
classificou como inafiançáveis os crimes de extorsão
presença dos Conselhos Estaduais sobre Drogas e do
mediante sequestro, latrocínio ou seja, roubo seguido
Ministério Público.
de morte e/ou estupro, negando aos autores destes cri-
§ 3º Figurando entre o praceado e não arrematadas
mes os benefícios da progressão de regime.
especialidades farmacêuticas em condições de emprego
O autor do crime hediondo é obrigado a cumprir
terapêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do
pena em regime integralmente fechado, salvo no caso
Ministério da Saúde, que as destinará à rede pública de
do benefício do livramento condicional com 2/3 da pena.
saúde.
A Lei foi alterada em 1994, através da lei 8.930/19
94. A alteração consistiu em incluir o homicídio
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes pre-
qualificado na Lei dos Crimes Hediondos.
vistos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito
Atualmente dispõe a Lei acerca do tema:
transnacional, são da competência da Justiça Federal.
São considerados hediondos os seguintes crimes,
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municí-
todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezem-
pios que não sejam sede de vara federal serão proces-
bro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
sados e julgados na vara federal da circunscrição res-
I – homicídio (art. 121), quando praticado em ativi-
pectiva.
dade típica de grupo de extermínio, ainda que cometi-
do por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121,
Art. 71. (VETADO)
§ 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); (Redação dada pela
Lei nº 13.142, de 2015)
Art. 72. Encerrado o processo penal ou arquivado
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima
o inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante repre-
(art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art.
sentação do delegado de polícia ou a requerimento do
129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agen-
Ministério Público, determinará a destruição das amos-
te descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
tras guardadas para contraprova, certificando isso nos
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
autos. (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
Segurança Pública, no exercício da função ou em decor-
rência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou pa-
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com
rente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
os Estados e o com o Distrito Federal, visando à pre-
condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
venção e repressão do tráfico ilícito e do uso indevido
II - latrocínio (art. 157, § 3 o, in fine);
de drogas, e com os Municípios, com o objetivo de pre-
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);
venir o uso indevido delas e de possibilitar a atenção e
IV - extorsão mediante sequestro e na forma quali-
reinserção social de usuários e dependentes de drogas.
ficada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);
(Redação dada pela Lei nº 12.219, de 2010)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o,
Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco)
2o, 3o e 4o);
dias após a sua publicação.
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1 o).
VII-A – (VETADO)
Art. 75. Revogam-se a Lei no 6.368, de 21 de outu-
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alte-
bro de 1976, e a Lei no 10.409, de 11 de janeiro de 2002.
ração de produto destinado a fins terapêuticos ou me-
dicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1 o-A e § 1 o-B, com a
Brasília, 23 de agosto de 2006; 185o da Indepen-
redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).
dência e 118o da República.
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra for-
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
ma de exploração sexual de criança ou adolescente ou
de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º) (Incluído
pela Lei nº 12.978, de 2014).
Assim, nota-se que a Lei de Crimes Hediondos é
norma que trouxe significativa mudança ao ordena-
mento, uma vez que o Estado passou a tratar deter-
minados crimes de maior gravidade social com maior
rigidez, classificando-os como crimes hediondos.

17
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. § 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá


fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberda-
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. de.
5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no
providências. 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: por igual período em caso de extrema e comprovada ne-
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes cri- cessidade.
mes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de de- Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de
zembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade impostas a condenados de alta periculosidade, cuja per-
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um manência em presídios estaduais ponha em risco a ordem
só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, ou incolumidade pública.
II, III, IV, V, VI e VII); (Redação dada pela Lei nº 13.142, de Art. 4º (Vetado).
2015) Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o se-
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. guinte inciso:
129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), “Art. 83(...)
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do de condenação por crime hediondo, prática da tortura,
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terroris-
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra mo, se o apenado não for reincidente específico em cri-
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até mes dessa natureza.”
terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e
nº 13.142, de 2015) 3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); e 270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); com a seguinte redação:
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualifica- “Art. 157. (..)
da (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); pena é de reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa;
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem
3 e 4o);
o
prejuízo da multa.
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). Art. 159. (...)
VII-A – (VETADO) Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou altera- § 1º (...)
ção de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
(art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada § 2º (...)
pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma § 3º (....)
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vul- Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
nerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº Art. 213. (....)
12.978, de 2014) Pena - reclusão, de seis a dez anos.
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o Art. 214. (....)
crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no Pena - reclusão, de seis a dez anos.
2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte Art. 223(....)
ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 Pena - reclusão, de oito a doze anos.
da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos ten- Parágrafo único.
tados ou consumados. (Redação dada pela Lei nº 13.497, Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
de 2017) Art. 267. .(...)
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o trá- Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
fico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo Art. 270. (...)
são insuscetíveis de: Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
I - anistia, graça e indulto; (..).”
II – fiança. Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cum- seguinte parágrafo:
prida inicialmente em regime fechado. “Art. 159(....)
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados § 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando,
aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumpri- o coautor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a li-
mento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for pri- bertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um
mário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. a dois terços.”

18
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena pre- LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.
vista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de cri-
mes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entor- Define os crimes de tortura e dá outras providên-
pecentes e drogas afins ou terrorismo. cias.
Parágrafo único. O participante e o associado que denun- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
ciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. Lei:
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capi- Art. 1º Constitui crime de tortura:
tulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, I - constranger alguém com emprego de violência
2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, mental:
caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acres- a) com o fim de obter informação, declaração ou
cidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos confissão da vítima ou de terceira pessoa;
de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses b) para provocar ação ou omissão de natureza cri-
referidas no art. 224 também do Código Penal. minosa;
Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou au-
seguinte redação: toridade, com emprego de violência ou grave ameaça,
“Art. 35. (...) a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capí- aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preven-
tulo serão contados em dobro quando se tratar dos crimes tivo.
previstos nos arts. 12, 13 e 14.” Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 11. (Vetado). § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário. físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre
5) CRIMES DE TORTURA (LEI N.° 9.455/97). na pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos;
se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Desde os primórdios, a tortura é um crime que sempre § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
esteve vinculado a historia do homem. I - se o crime é cometido por agente público;
Frise-se que apesar de tratar-se de um crime que data II – se o crime é cometido contra criança, gestante,
de tão longo tempo, o mesmo continua sendo um assunto portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
demasiadamente atual polêmico. (sessenta) anos;
A Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por III - se o crime é cometido mediante sequestro.
crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma con- § 5º A condenação acarretará a perda do cargo,
fissão, informação ou meramente por prazer da pessoa que função ou emprego público e a interdição para seu
tortura. Em pleno século XXI, a prática de tortura e de formas exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
cruéis, desumanas e degradantes de tratamento permanece § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível
difundida e sistemática, principalmente no Brasil. de graça ou anistia.
A tortura foi proibida pela Terceira Convenção de Ge- § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, sal-
nebra (1929) e por convenção das Nações Unidas, adotada vo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena
pela Assembleia Geral em 10 de dezembro de 1984 por em regime fechado.
meio da resolução n.º 39/46. A tortura constitui uma grave Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quan-
violação dos Direitos Humanos do o crime não tenha sido cometido em território na-
No Brasil a Constituição Federal de 1988 faz referencias cional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o
à tortura, encontrando-se presente no Estatuto da Criança agente em local sob jurisdição brasileira.
e do Adolescente e na Lei da Tortura aqui disposta em abril Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
do ano de 1997. cação.
Em 1989 entrou em vigor o Decreto 98.386, de Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13
09.11.1989, a Convenção Interamericana para Prevenir e de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adoles-
Punir a Tortura (OEA). cente.
Destarte, ante a esses fato no que concerne ao crime Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência
de tortura, A Lei n.º 9455/1997, foi editada pelo Brasil, cujo e 109º da República.
texto segue abaixo: FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

19
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

ou assessoramento de órgão da administração direta, so-


6) CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO ciedade de economia mista, empresa pública ou fundação
PÚBLICA (LEI N.° 8.429/92). instituída pelo poder público.
Contudo, ao considerar o que seja funcionário público
para fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito
unitário, sem atender aos ensinamentos do Direito Admi-
nistrativo, tomando a expressão no sentido amplo.
O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos
Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se fun-
crimes funcionais, praticados por determinado grupo de
cionário público não apenas o servidor legalmente investi-
pessoas no exercício de sua função, associado ou não com
do em cargo público, mas também o que servidor publico
pessoa alheia aos quadros administrativos, prejudicando o
efetivo ou temporário.
correto funcionamento dos órgãos do Estado.
A Administração Pública deste modo, em geral dire-
Tipos penais Contra Administração Pública
ta, indireta e empresas privadas prestadoras de serviços
O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato
públicos, contratadas ou conveniadas será vítima primária
desvio, Peculato furto, Peculato culposo, Peculato median-
e constante, podendo, secundariamente, figurar no polo
te erro de outrem, Concussão, Excesso de exação, Corrup-
passivo eventual administrado prejudicado.
ção passiva e Prevaricação, são os crimes tipificado com
O agente, representante de um poder estatal, tem por
praticados por agentes públicos.
função principal cumprir regularmente seus deveres, con-
fiados pelo povo. A traição funcional faz com que todos te-
Peculato
nhamos interesse na sua punição, até porque, de certa for-
Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica
ma, somos afetados por elas. Dentro desse espírito, mesmo
do peculato é a probidade da administração pública. É um
quando praticado no estrangeiro, logo, fora do alcance da
crime próprio onde o sujeito ativo será sempre o funcioná-
soberania nacional, o delito funcional será alcançado, obri-
rio público e o sujeito passivo o Estado e em alguns casos
gatoriamente, pela lei penal.
o particular. Admite-se a participação.
Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de
2003, condicionou a progressão de regime prisional nos
Peculato Apropriação
crimes contra a Administração Pública à prévia reparação
É uma apropriação indébita e o objeto pode ser di-
do dano causado, ou à devolução do produto do ilícito
nheiro, valor ou bem móvel. É de extrema importância que
praticado, com os acréscimos legais.
o funcionário tenha a posse da coisa em razão do seu car-
A lei em comento não impede a progressão aos crimes
go. Consumação: Se dá no momento da apropriação, em
funcionais, mas apenas acrescenta uma nova condição ob-
que ele passa a agir como o titular da coisa apropriada.
jetiva, de cumprimento obrigatório para que o reeducando
Admite-se a tentativa.
conquiste o referido benefício.
Peculato Desvio
Crimes Funcionais;
O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui
Espécies:
o sujeito ativo além do servidor pode tem participação de
Os delitos funcionais são divididos em duas espécies:
uma 3a pessoa. Consumação: No momento do desvio e
próprios e impróprios.
admite-se a tentativa.
Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de fun-
cionário público ao autor, o fato passa a ser tratado como
Peculato Furto
um tipo penal descrito.
Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público
Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de
não detém a posse, mas consegue deter a coisa em razão
servidor público, desaparece também o crime funcional,
da facilidade de ser servidor público. Ex: Diretor de escola
desclassificando a conduta para outro delito, de natureza
pública que tem a chave de todas as salas da escola, apro-
diversa.
veita-se da sua função e facilidade e subtrai algo que não
estava sob sua posse, tem-se o peculato furto.
Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os
Peculato Culposo
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re-
Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o di-
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
retor esquece a porta aberta e alguém entra no colégio e
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exer-
subtrai um bem. A consumação se dá no momento em que
ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
o 3o subtrai a coisa. Não admite-se a tentativa.
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contra-
tada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Peculato mediante Erro de Outrem
Administração Pública.
Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade ad-
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando
ministrativa. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito pas-
os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu-
sivo: Estado e o particular lesado. A modalidade de pecula-
pantes de cargos em comissão ou de função de direção

20
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

to mediante erro de outrem, é um peculato estelionato, TÍTULO XI


onde a pessoa é induzida a erro. Ex: Um fiscal vai aplicar DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
uma multa a um determinado contribuinte e esse con-
tribuinte paga o valor direto a esse fiscal, que embolsa o CAPÍTULO I
dinheiro. Só que na verdade nunca existiu multa alguma DOS CRIMES PRATICADOS
e esse dinheiro não tinha como destino os cofres públi- POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
cos e sim o favorecimento pessoal do agente. É um crime CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
doloso e sua consumação se dá quando ele passa a ser o
titular da coisa. Admite-se a tentativa. Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di-
Concussão nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
Art. 316 C.P., é uma espécie de extorsão pratica- particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
da pelo servidor público com abuso de autoridade. O desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
objeto jurídico é a probidade da administração pública. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Sujeito ativo: Crime próprio praticado pelo servidor e o § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú-
seu jeito passivo é o Estado e a pessoa lesada. A conduta blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
é exigir. Trata-se de crime formal pois consuma-se com bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
a exigência, se houver entrega de valor há exaurimento proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que
do crime e a vítima não responde por corrupção ativa lhe proporciona a qualidade de funcionário.
porque foi obrigada a agir dessa maneira.
Peculato culposo
Excesso de Exação § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para
A exigência vai para os cofres públicos, isto é, re- o crime de outrem:
colhe aos cofres valor não devido, ou era para recolher Pena - detenção, de três meses a um ano.
aos cofres públicos, porém o funcionário se apropria do § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação
valor. do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
Corrupção Passiva imposta.
Art. 317 C.P., o Objeto jurídico é a probidade admi-
nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público. A vítima é o Peculato mediante erro de outrem
Estado e apenas na conduta solicitar é que a vítima será, Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer uti-
além do Estado a pessoa ao qual foi solicitada. lidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa, au- outrem:
menta-se a pena se o funcionário retarda ou deixa de Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
praticar atos de ofício. Não admite-se a tentativa, é no
caso de privilegiado, onde cede ao pedido ou influência Inserção de dados falsos em sistema de informa-
de 3a pessoa. Só se consuma pela prática do ato do ser- ções (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
vidor público. Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autoriza-
do, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevi-
Prevaricação damente dados corretos nos sistemas informatizados ou
Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade bancos de dados da Administração Pública com o fim de
administrativa. É um crime próprio, cometido por funcio- obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para
nário público e a vítima é o Estado. A conduta é: retardar causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000))
ou deixar de praticar ato de ofício. O Crime consuma-se Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul-
com o retardamento ou a omissão, é doloso e o objetivo ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
do agente é buscar satisfação ou vantagem pessoal.
Modificação ou alteração não autorizada de siste-
Os crimes contra a Administração Pública é dema- ma de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
siadamente prejudicial, pois refletem e afetam a todos Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, siste-
os cidadãos dependentes do serviço público, colocando ma de informações ou programa de informática sem au-
em crédito e a prova a credibilidade das instituições pú- torização ou solicitação de autoridade competente:  (In-
blicas, para apenas satisfazer o egoismo e egocentrismo cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
desses agentes corruptos. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
Tais mecanismos de combate devem ser aplicados multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
com rigor e aperfeiçoados para que estes desviantes do Parágrafo único. As penas são aumentadas de um
serviço público, tenham suas práticas de errôneas coi- terço até a metade se da modificação ou alteração resulta
bidas e extintas, podem assim fortalecer as instituições dano para a Administração Pública ou para o administra-
publica e valorizar os servidores. do.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

21
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou do- Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
cumento agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documen- acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que per-
to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou mita a comunicação com outros presos ou com o ambiente
utilizá-lo, total ou parcialmente: externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
constitui crime mais grave.
Condescendência criminosa
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de res-
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exercí-
diversa da estabelecida em lei: cio do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indi- Advocacia administrativa
retamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interes-
mas em razão dela, vantagem indevida: se privado perante a administração pública, valendo-se da
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Excesso de exação Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando de- multa.
vido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso,
que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de Violência arbitrária
27.12.1990) Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Re- a pretexto de exercê-la:
dação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou pena correspondente à violência.
de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
cofres públicos: Abandono de função
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
permitidos em lei:
Corrupção passiva Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
aceitar promessa de tal vantagem: de fronteira:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul- Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
ta. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conse- Exercício funcional ilegalmente antecipado ou pro-
quência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda longado
ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes
infringindo dever funcional. de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la,
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exo-
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, ce- nerado, removido, substituído ou suspenso:
dendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Violação de sigilo funcional
Facilitação de contrabando ou descaminho Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Re- se o fato não constitui crime mais grave.
dação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (In-
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Prevaricação I – permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamen- mento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o
te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informa-
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: ções ou banco de dados da Administração Pública; (Incluí-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. do pela Lei nº 9.983, de 2000)

22
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.  (In- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127,
Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) de 1995)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (In- Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pre-
texto de influir em ato praticado por funcionário público
Violação do sigilo de proposta de concorrência no exercício da função:  (Redação dada pela Lei nº 9.127,
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrên- de 1995)
cia pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devas- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul-
sá-lo: ta. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se
o agente alega ou insinua que a vantagem é também des-
Funcionário público tinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os 1995)
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re-
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Corrupção ativa
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exer- Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a
ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contra- retardar ato de ofício:
tada ou conveniada para a execução de atividade típica da Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul-
Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ta. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço,
os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu- se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário re-
pantes de cargos em comissão ou de função de direção tarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
ou assessoramento de órgão da administração direta, so- funcional.
ciedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público.  (Incluído pela Lei nº 6.799, Descaminho
de 1980) Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo
CAPÍTULO II consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008,
DOS CRIMES PRATICADOS POR de 26.6.2014)
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Usurpação de função pública § 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vanta- permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
gem: 26.6.2014)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descami-
nho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Resistência III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou,
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
violência ou ameaça a funcionário competente para execu- no exercício de atividade comercial ou industrial, merca-
tá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: doria de procedência estrangeira que introduziu clandes-
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. tinamente no País ou importou fraudulentamente ou que
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: sabe ser produto de introdução clandestina no território
Pena - reclusão, de um a três anos. nacional ou de importação fraudulenta por parte de ou-
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo trem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
das correspondentes à violência. IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mer-
Desobediência cadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de do-
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário cumentação legal ou acompanhada de documentos que sabe
público: serem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efei-
tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou
Desacato clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exer-
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício cido em residências. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
da função ou em razão dela: 26.6.2014)

23
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descami- Subtração ou inutilização de livro ou documen-
nho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. to
(Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcial-
mente, livro oficial, processo ou documento confiado
Contrabando à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: particular em serviço público:
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído constitui crime mais grave.
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº Sonegação de contribuição previdenciária (In-
13.008, de 26.6.2014) cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contraban- Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
do; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) previdenciária e qualquer acessório, mediante as se-
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria guintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
que dependa de registro, análise ou autorização de ór- I – omitir de folha de pagamento da empresa ou
gão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de de documento de informações previsto pela legislação
26.6.2014) previdenciária segurados empregado, empresário, tra-
III - reinsere no território nacional mercadoria brasilei- balhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
ra destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei
26.6.2014) nº 9.983, de 2000)
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de II – deixar de lançar mensalmente nos títulos pró-
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no prios da contabilidade da empresa as quantias descon-
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria tadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou
proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de pelo tomador de serviços;  (Incluído pela Lei nº 9.983,
26.6.2014) de 2000)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais
mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº fatos geradores de contribuições sociais previdenciá-
13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se às atividades co- rias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
merciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul-
comércio irregular ou clandestino de mercadorias estran- ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
geiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído pela § 1 o É extinta a punibilidade se o agente, esponta-
Lei nº 4.729, de 14.7.1965) neamente, declara e confessa as contribuições, impor-
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contra- tâncias ou valores e presta as informações devidas à
bando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou flu- previdência social, na forma definida em lei ou regula-
vial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) mento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)
Impedimento, perturbação ou fraude de concor- § 2 o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
rência aplicar somente a de multa se o agente for primário e
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº
pública ou venda em hasta pública, promovida pela ad- 9.983, de 2000)
ministração federal, estadual ou municipal, ou por entida- I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
de paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou II – o valor das contribuições devidas, inclusive
licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
oferecimento de vantagem: pela previdência social, administrativamente, como
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
além da pena correspondente à violência. fiscais.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se § 3 o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem ofe- folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00
recida. (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a
pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de
Inutilização de edital ou de sinal multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário públi- reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do
co; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por deter- reajuste dos benefícios da previdência social. (Incluído
minação legal ou por ordem de funcionário público, para pela Lei nº 9.983, de 2000)
identificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

CAPÍTULO II-A  Denunciação caluniosa


(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) Art. 339. Dar causa à instauração de investigação
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CON- policial, de processo judicial, instauração de investiga-
TRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA ção administrativa, inquérito civil ou ação de improbi-
dade administrativa contra alguém, imputando-lhe cri-
Corrupção ativa em transação comercial interna- me de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº
cional 10.028, de 2000)
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indireta- Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
mente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o
ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
retardar ato de ofício relacionado à transação comercial in- § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputa-
ternacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) ção é de prática de contravenção.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (In-
cluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um ter- Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comuni-
ço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário cando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção
público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou que sabe não se ter verificado:
o pratica infringindo dever funcional. (Incluído pela Lei nº Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
10467, de 11.6.2002)
Autoacusação falsa
Tráfico de influência em transação comercial inter- Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de cri-
nacional (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) me inexistente ou praticado por outrem:
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou
para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou pro- multa.
messa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado
por funcionário público estrangeiro no exercício de suas Falso testemunho ou falsa perícia
funções, relacionado a transação comercial internacio- Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
nal: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul- ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
ta. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) inquérito policial, ou em juízo arbitral:  (Redação dada
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
agente alega ou insinua que a vantagem é também desti- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
nada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vi-
de 11.6.2002) gência)
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um ter-
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº ço, se o crime é praticado mediante suborno ou se co-
10467, de 11.6.2002) metido com o fim de obter prova destinada a produzir
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estran- efeito em processo penal, ou em processo civil em que
geiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoria- for parte entidade da administração pública direta ou
mente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
função pública em entidades estatais ou em representa- § 2 o  O fato deixa de ser punível se, antes da sen-
ções diplomáticas de país estrangeiro. (Incluído pela Lei nº tença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
10467, de 11.6.2002) retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário públi- 10.268, de 28.8.2001)
co estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou
em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, qualquer outra vantagem a testemunha, perito, conta-
pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organiza- dor, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa,
ções públicas internacionais.  (Incluído pela Lei nº 10467, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cál-
de 11.6.2002) culos, tradução ou interpretação:  (Redação dada pela
Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
CAPÍTULO III Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Re-
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTI- dação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
ÇA Parágrafo único. As penas aumentam-se de um
sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de
Reingresso de estrangeiro expulso obter prova destinada a produzir efeito em processo
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estran- penal ou em processo civil em que for parte entidade
geiro que dele foi expulso: da administração pública direta ou indireta.  (Redação
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
nova expulsão após o cumprimento da pena.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Coação no curso do processo I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou


Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o a estabelecimento destinado a execução de pena privativa
fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra auto- de liberdade ou de medida de segurança;
ridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é II - prolonga a execução de pena ou de medida de
chamada a intervir em processo judicial, policial ou admi- segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de
nistrativo, ou em juízo arbitral: executar imediatamente a ordem de liberdade;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da III - submete pessoa que está sob sua guarda ou cus-
pena correspondente à violência. tódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em
lei;
Exercício arbitrário das próprias razões IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para sa-
tisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de
permite: segurança
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa le-
além da pena correspondente à violência. galmente presa ou submetida a medida de segurança de-
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so- tentiva:
mente se procede mediante queixa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por
própria, que se acha em poder de terceiro por determina- mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena
ção judicial ou convenção: é de reclusão, de dois a seis anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, apli-
ca-se também a pena correspondente à violência.
Fraude processual § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa está o preso ou o internado.
ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir meses a um ano, ou multa.
efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas
aplicam-se em dobro. Evasão mediante violência contra a pessoa
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
Favorecimento pessoal indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade usando de violência contra a pessoa:
pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. pena correspondente à violência.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. Arrebatamento de preso
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descen- Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
dente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
Favorecimento real correspondente à violência.
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-au-
toria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o Motim de presos
proveito do crime: Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a or-
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. dem ou disciplina da prisão:
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação pena correspondente à violência.
móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em esta-
belecimento prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Patrocínio infiel
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluí- Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou pro-
do pela Lei nº 12.012, de 2009). curador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo
patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
Exercício arbitrário ou abuso de poder Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de
liberdade individual, sem as formalidades legais ou com Patrocínio simultâneo ou tergiversação
abuso de poder: Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advo-
Pena - detenção, de um mês a um ano. gado ou procurador judicial que defende na mesma causa,
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcioná- simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
rio que:

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Assunção de obrigação no último ano do mandato
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obri-
que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: gação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga
no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser
Exploração de prestígio paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer suficiente de disponibilidade de caixa: (Incluído pela Lei nº
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão 10.028, de 2000)
do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradu- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído
tor, intérprete ou testemunha: pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela
se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade tam- Lei nº 10.028, de 2000)
bém se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por
lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Violência ou fraude em arrematação judicial Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação pela Lei nº 10.028, de 2000)
judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante,
por meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofereci- Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº
mento de vantagem: 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito
além da pena correspondente à violência. sem que tenha sido constituída contragarantia em valor
igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
suspensão de direito Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (In-
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autorida- cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
de ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão
judicial: Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. nº 10.028, de 2000)
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de pro-
CAPÍTULO IV mover o cancelamento do montante de restos a pagar ins-
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS crito em valor superior ao permitido em lei: (Incluído pela
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Lei nº 10.028, de 2000)
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (In-
Contratação de operação de crédito cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de
crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legisla- Aumento de despesa total com pessoal no últi-
tiva: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) mo ano do mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.  (Incluído 10.028, de 2000)
pela Lei nº 10.028, de 2000) Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento
autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou exter- e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legisla-
no: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) tura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000))
I – com inobservância de limite, condição ou montan- Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
te estabelecido em lei ou em resolução do Senado Fede- pela Lei nº 10.028, de 2000)
ral; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
II – quando o montante da dívida consolidada ultra- Oferta pública ou colocação de títulos no merca-
passa o limite máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei do (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
nº 10.028, de 2000) Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta
pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos da
Inscrição de despesas não empenhadas em restos a dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem
pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) que estejam registrados em sistema centralizado de liqui-
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos dação e de custódia: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
a pagar, de despesa que não tenha sido previamente em- Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
penhada ou que exceda limite estabelecido em lei: (Incluí- pela Lei nº 10.028, de 2000)
do pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (In-
cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

CAPÍTULO II
7) ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI N.º DO REGISTRO
10.826/2003) E DECRETO N.° 5.123/2004.
Art. 3o  É obrigatório o registro de arma de fogo no
órgão competente.
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito
LEI No10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
serão registradas no Comando do Exército, na forma do
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas regulamento desta Lei.
de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
Sinarm, define crimes e dá outras providências. interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade,
atender aos seguintes requisitos:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o  I - comprovação de idoneidade, com a apresentação
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: de certidões negativas de antecedentes criminais
fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral
CAPÍTULO I e de não estar respondendo a inquérito policial ou a
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios
eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído II – apresentação de documento comprobatório de
no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem ocupação lícita e de residência certa;
circunscrição em todo o território nacional. III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão
Art. 2o Ao Sinarm compete: psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na
I – identificar as características e a propriedade de forma disposta no regulamento desta Lei.
armas de fogo, mediante cadastro; § 1o  O Sinarm expedirá autorização de compra de
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas arma de fogo após atendidos os requisitos anteriormente
e vendidas no País; estabelecidos, em nome do requerente e para a arma
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de indicada, sendo intransferível esta autorização.
fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal;  § 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no
IV – cadastrar as transferências de propriedade, calibre correspondente à arma registrada e na quantidade
extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis estabelecida no regulamento desta Lei. (Redação dada pela
de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes Lei nº 11.706, de 2008)
de fechamento de empresas de segurança privada e de
§ 3o  A empresa que comercializar arma de fogo em
transporte de valores;
território nacional é obrigada a comunicar a venda à
V – identificar as modificações que alterem as
autoridade competente, como também a manter banco de
características ou o funcionamento de arma de fogo;
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já dados com todas as características da arma e cópia dos
existentes; documentos previstos neste artigo.
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, § 4o  A empresa que comercializa armas de fogo,
inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; acessórios e munições responde legalmente por essas
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade
como conceder licença para exercer a atividade; enquanto não forem vendidas.
IX – cadastrar mediante registro os produtores, § 5o  A comercialização de armas de fogo, acessórios
atacadistas, varejistas, exportadores e importadores e munições entre pessoas físicas somente será efetivada
autorizados de armas de fogo, acessórios e munições; mediante autorização do Sinarm.
X – cadastrar a identificação do cano da arma, § 6o  A expedição da autorização a que se refere
as características das impressões de raiamento e de o § 1o  será concedida, ou recusada com a devida
microestriamento de projétil disparado, conforme marcação fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar
e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante; da data do requerimento do interessado.
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos § 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde
Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste
porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem artigo.
como manter o cadastro atualizado para consulta. § 8o  Estará dispensado das exigências constantes do
Parágrafo único. As disposições deste artigo não inciso III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o
alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que
bem como as demais que constem dos seus registros comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas
próprios. características daquela a ser adquirida. (Incluído pela Lei nº
11.706, de 2008)

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Art. 5o  O certificado de Registro de Arma de Fogo, IV - os integrantes das guardas municipais dos
com validade em todo o território nacional, autoriza o seu Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em
interior de sua residência ou domicílio, ou dependência serviço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004)
desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de
ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança
empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
§ 1o  O certificado de registro de arma de fogo República;
será expedido pela Polícia Federal e será precedido de VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos
autorização do Sinarm. no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
§ 2o  Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e
do art. 4o  deverão ser comprovados periodicamente, em guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e
período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do as guardas portuárias;
estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação VIII – as empresas de segurança privada e de transporte
do Certificado de Registro de Arma de Fogo. de valores constituídas, nos termos desta Lei;
 § 3o  O proprietário de arma de fogo com certificados IX – para os integrantes das entidades de desporto
de registro de propriedade expedido por órgão estadual ou legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que demandem o uso de armas de fogo, na forma do
não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a
Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, legislação ambiental.
até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação  X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
de documento de identificação pessoal e comprovante de Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos
residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação dada pela
e do cumprimento das demais exigências constantes dos Lei nº 11.501, de 2007)
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92
incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada
da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União
pela Lei nº 11.706, de 2008)   (Prorrogação de prazo)
e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus
§ 4o  Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste
quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício
artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no
de funções de segurança, na forma de regulamento a ser
Departamento de Polícia Federal, certificado de registro
emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo
provisório, expedido na rede mundial de computadores
Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.  (Incluído
- internet, na forma do regulamento e obedecidos os
pela Lei nº 12.694, de 2012)
procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei nº 11.706,
 § 1o  As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI
de 2008)
do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo
I - emissão de certificado de registro provisório de propriedade particular ou fornecida pela respectiva
pela internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos
e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito
II - revalidação pela unidade do Departamento de nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e
Polícia Federal do certificado de registro provisório pelo VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
prazo que estimar como necessário para a emissão definitiva § 1o-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)
do certificado de registro de propriedade. (Incluído pela Lei  § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes
nº 11.706, de 2008) e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
propriedade particular ou fornecida pela respectiva
CAPÍTULO III corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde
DO PORTE que estejam:(Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;(Incluído
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo pela Lei nº 12.993, de 2014)
o território nacional, salvo para os casos previstos em II - sujeitos à formação funcional, nos termos do
legislação própria e para: regulamento; e(Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
I – os integrantes das Forças Armadas; III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de
  II -  os  integrantes  de  órgãos  referidos controle interno.(Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
nos  incisos  I,  II,  III,  IV  e  V  do  caput  do art. 144 § 1º-C. (VETADO).(Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
da Constituição Federal e os da Força Nacional de Segurança  § 2o  A autorização para o porte de arma de fogo aos
Pública (FNSP);   (Redação dada pela Lei nº 13.500, de 2017) integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e
III – os integrantes das guardas municipais das capitais X do caput deste artigo está condicionada à comprovação
dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 do requisito a que se refere o inciso III do  caput  do art.
(quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas 4o  desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento
no regulamento desta Lei; desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

29
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

§ 3o  A autorização para o porte de arma de fogo § 2o A empresa de segurança e de transporte de valores
das guardas municipais está condicionada à formação deverá apresentar documentação comprobatória do
funcional de seus integrantes em estabelecimentos de preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta
ensino de atividade policial, à existência de mecanismos Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo.
de fiscalização e de controle interno, nas condições § 3o A listagem dos empregados das empresas referidas
estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao
supervisão do Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei Sinarm.
nº 10.884, de 2004) Art. 7o-A.  As armas de fogo utilizadas pelos servidores
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias das instituições descritas no inciso XI do art. 6o  serão de
federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas
militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem instituições, somente podendo ser utilizadas quando em
o direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do serviço, devendo estas observar as condições de uso e de
cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo
artigo, na forma do regulamento desta Lei. o certificado de registro e a autorização de porte expedidos
 § 5o  Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 pela Polícia Federal em nome da instituição.  (Incluído pela
(vinte e cinco) anos que comprovem depender do emprego Lei nº 12.694, de 2012)
de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar § 1o  A autorização para o porte de arma de fogo
familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de de que trata este artigo independe do pagamento de
arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de taxa.  (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) § 2o  O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério
ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior Público designará os servidores de seus quadros pessoais
a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a no exercício de funções de segurança que poderão portar
efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser arma de fogo, respeitado o limite máximo de 50% (cinquenta
anexados os seguintes documentos:  (Redação dada pela por cento) do número de servidores que exerçam funções
Lei nº 11.706, de 2008) de segurança.  (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela § 3o  O porte de arma pelos servidores das instituições
Lei nº 11.706, de 2008)
de que trata este artigo fica condicionado à apresentação
II - comprovante de residência em área rural; e (Incluído
de documentação comprobatória do preenchimento
pela Lei nº 11.706, de 2008)
dos requisitos constantes do art. 4o  desta Lei, bem como
III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei
à formação funcional em estabelecimentos de ensino
nº 11.706, de 2008)
de atividade policial e à existência de mecanismos
§ 6o  O caçador para subsistência que der outro uso à sua
de fiscalização e de controle interno, nas condições
arma de fogo, independentemente de outras tipificações
estabelecidas no regulamento desta Lei.  (Incluído pela Lei
penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou
nº 12.694, de 2012)
por disparo de arma de fogo de uso permitido. (Redação
§ 4o  A listagem dos servidores das instituições de que
dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 7o  Aos integrantes das guardas municipais trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no
dos Municípios que integram regiões metropolitanas Sinarm.  (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
será autorizado porte de arma de fogo, quando em § 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas
serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) a registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio
das empresas de segurança privada e de transporte de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob
de valores, constituídas na forma da lei, serão de sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois
propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas de ocorrido o fato.  (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
empresas, somente podendo ser utilizadas quando em Art. 8o  As armas de fogo utilizadas em entidades
serviço, devendo essas observar as condições de uso e desportivas legalmente constituídas devem obedecer
de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, às condições de uso e de armazenagem estabelecidas
sendo o certificado de registro e a autorização de porte pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o
expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa. autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa regulamento desta Lei.
de segurança privada e de transporte de valores responderá Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização
pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, do porte de arma para os responsáveis pela segurança de
sem prejuízo das demais sanções administrativas e civis, cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao
se deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar Comando do Exército, nos termos do regulamento desta
à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma
extravio de armas de fogo, acessórios e munições que de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de
estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) representantes estrangeiros em competição internacional
horas depois de ocorrido o fato. oficial de tiro realizada no território nacional.

30
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo CAPÍTULO IV


de uso permitido, em todo o território nacional, é de DOS CRIMES E DAS PENAS
competência da Polícia Federal e somente será concedida
após autorização do Sinarm. Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
§ 1o  A autorização prevista neste artigo poderá ser Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
concedida com eficácia temporária e territorial limitada, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo
nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o com determinação legal ou regulamentar, no interior de
requerente: sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal
de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua do estabelecimento ou empresa:
integridade física; Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
III – apresentar documentação de propriedade de Omissão de cautela
arma de fogo, bem como o seu devido registro no órgão Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias
competente. para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista portadora de deficiência mental se apodere de arma
neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua
o portador dela seja detido ou abordado em estado de propriedade:
embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
alucinógenas. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores proprietário ou diretor responsável de empresa de
constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços segurança e transporte de valores que deixarem de registrar
relativos: ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda,
I – ao registro de arma de fogo; furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo,
II – à renovação de registro de arma de fogo; acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas
III – à expedição de segunda via de registro de arma primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
de fogo;
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
V – à renovação de porte de arma de fogo; Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter
VI – à expedição de segunda via de porte federal de em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
arma de fogo.
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e
sem autorização e em desacordo com determinação legal
à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal
ou regulamentar:
e do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
responsabilidades.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
 § 2o  São isentas do pagamento das taxas previstas
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada
neste artigo as pessoas e as instituições a que se referem
em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
os incisos I a VII e X e o § 5o do art. 6o desta Lei. (Redação
dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Disparo de arma de fogo
Art. 11-A.  O Ministério da Justiça disciplinará a forma Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
e as condições do credenciamento de profissionais pela lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou
Polícia Federal para comprovação da aptidão psicológica em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
e da capacidade técnica para o manuseio de arma de finalidade a prática de outro crime:
fogo. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1o  Na comprovação da aptidão psicológica, o valor Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio inafiançável. (Vide Adin 3.112-1)
dos honorários profissionais para realização de avaliação
psicológica constante do item 1.16 da tabela do Conselho Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
Federal de Psicologia. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) restrito
§ 2o  Na comprovação da capacidade técnica, o valor Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer,
cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
exceder R$ 80,00 (oitenta reais),  acrescido do custo da gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
munição. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
§ 3o  A cobrança de valores superiores aos previstos munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em
nos §§ 1o e 2o deste artigo implicará o descredenciamento desacordo com determinação legal ou regulamentar:
do profissional pela Polícia Federal.  (Incluído pela Lei nº Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
11.706, de 2008) Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:

31
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer § 1o  Todas as munições comercializadas no País
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; deverão estar acondicionadas em embalagens com sistema
II – modificar as características de arma de fogo, de de código de barras, gravado na caixa, visando possibilitar
forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido a identificação do fabricante e do adquirente, entre outras
ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo informações definidas pelo regulamento desta Lei.
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; § 2o  Para os órgãos referidos no art. 6o, somente
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato serão expedidas autorizações de compra de munição
explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com identificação do lote e do adquirente no culote dos
com determinação legal ou regulamentar; projéteis, na forma do regulamento desta Lei.
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer § 3o  As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um)
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro ano da data de publicação desta Lei conterão dispositivo
sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; intrínseco de segurança e de identificação, gravado no
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, corpo da arma, definido pelo regulamento desta Lei,
arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou exclusive para os órgãos previstos no art. 6o.
adolescente; e  § 4o  As instituições de  ensino policial e as guardas
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização municipais referidas nos incisos III e IV do  caput  do art.
legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. 6o desta Lei e no seu § 7o  poderão adquirir insumos e
máquinas de recarga de munição para o fim exclusivo
Comércio ilegal de arma de fogo de suprimento de suas atividades, mediante autorização
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, concedida nos termos definidos em regulamento. (Incluído
ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, pela Lei nº 11.706, de 2008)
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere
utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército
atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação,
ou munição, sem autorização ou em desacordo com desembaraço alfandegário e o comércio de armas de
determinação legal ou regulamentar: fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. e o porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores,
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial atiradores e caçadores.
ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de   Art. 25.  As armas de fogo apreendidas, após a
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos,
clandestino, inclusive o exercido em residência. quando não mais interessarem à persecução penal serão
encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do
Tráfico internacional de arma de fogo Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas,
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou para destruição ou doação aos órgãos de segurança
saída do território nacional, a qualquer título, de arma de pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento
fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
competente: § 1o  As armas de fogo encaminhadas ao Comando
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. do Exército que receberem parecer favorável à doação,
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada
é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou ou órgão de segurança pública, atendidos os critérios
munição forem de uso proibido ou restrito. de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em
18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por relatório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas
integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e instituições, abrindo-se-lhes prazo para manifestação de
8o desta Lei. interesse. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são § 2o  O Comando do Exército encaminhará a relação
insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1) das armas a serem doadas ao juiz competente, que
determinará o seu perdimento em favor da instituição
CAPÍTULO V beneficiada. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
DISPOSIÇÕES GERAIS § 3o  O transporte das  armas de fogo doadas será de
responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma.  (Incluído
com os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do pela Lei nº 11.706, de 2008)
disposto nesta Lei. § 4o  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
 Art. 23.  A classificação legal, técnica e geral bem como a § 5o  O Poder Judiciário instituirá instrumentos para
definição das armas de fogo e demais produtos controlados, o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme
de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de se trate de arma de uso permitido ou de uso restrito,
valor histórico serão disciplinadas em ato do chefe do Poder semestralmente, da relação de armas acauteladas em
Executivo Federal, mediante proposta do Comando do juízo, mencionando suas características e o local onde se
Exército. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) encontram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

32
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem
comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme
simulacros de armas de fogo, que com estas se possam especificar o regulamento desta Lei:
confundir. I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário,
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por
e os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, qualquer meio, faça, promova, facilite ou permita o
ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas transporte de arma ou munição sem a devida autorização
pelo Comando do Exército. ou com inobservância das normas de segurança;
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, II – à empresa de produção ou comércio de armamentos
excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso que realize publicidade para venda, estimulando o uso
restrito. indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica especializadas.
às aquisições dos Comandos Militares. Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados,
  Art. 28.  É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas,
anos adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências
das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X necessárias para evitar o ingresso de pessoas armadas,
do  caput  do art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI do art.
11.706, de 2008) 5o da Constituição Federal.
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo Parágrafo único. As empresas responsáveis pela
já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a prestação dos serviços de transporte internacional e
publicação desta Lei. (Vide Lei nº 10.884, de 2004) interestadual de passageiros adotarão as providências
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo necessárias para evitar o embarque de passageiros
de validade superior a 90 (noventa) dias poderá renová- armados.
la, perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o,
6o e 10 desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias após sua CAPÍTULO VI
publicação, sem ônus para o requerente. DISPOSIÇÕES FINAIS
  Art. 30.  Os possuidores e proprietários de arma
de fogo de uso permitido ainda não registrada deverão Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo
solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, e munição em todo o território nacional, salvo para as
mediante apresentação de documento de identificação entidades previstas no art. 6o desta Lei.
pessoal e comprovante de residência fixa, acompanhados § 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá
de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado
da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou em outubro de 2005.
declaração firmada na qual constem as características § 2o  Em caso de aprovação do referendo popular,
da arma e a sua condição de proprietário, ficando este o disposto neste artigo entrará em vigor na data de
dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das publicação de seu resultado pelo Tribunal Superior
demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do Eleitoral.
art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro
2008)  (Prorrogação de prazo) de 1997.
Parágrafo único.  Para fins do cumprimento do Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua
disposto no caput deste artigo, o proprietário de arma de publicação.
fogo poderá obter, no Departamento de Polícia Federal,
certificado de registro provisório, expedido na forma do § Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182o da
4o do art. 5o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Independência e 115o da República.
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
de fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer Márcio Thomaz Bastos
tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e José Viegas Filho
indenização, nos termos do regulamento desta Lei. Marina Silva
  Art. 32.  Os possuidores e proprietários de arma de
fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante
recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na
forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de
eventual posse irregular da referida arma. (Redação dada
pela Lei nº 11.706, de 2008)
Parágrafo  único.   (Revogado pela Lei nº 11.706, de
2008)

33
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

DECRETO Nº 5.123, DE 1º DE JULHO DE 2004. I  -  as armas de fogo adquiridas pelo cidadão com
atendimento aos requisitos do art. 4o da Lei no 10.826, de
Regulamenta a Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
2003, que dispõe sobre registro, posse e comercialização II  -  as armas de fogo das empresas de segurança
de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de privada e de transporte de valores; e
Armas - SINARM e define crimes. III - as armas de fogo de uso permitido dos integrantes
dos órgãos, instituições e corporações mencionados no
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição inciso II do art. 6o da Lei no 10.826, de 2003.
que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo § 3o  A apreensão das armas de fogo a que se refere
em vista o disposto na Lei no 10.826, de 22 de dezembro o inciso II do §1o  deste artigo deverá ser imediatamente
de 2003, comunicada à Policia Federal, pela autoridade competente,
podendo ser recolhidas aos depósitos do Comando do
Exército, para guarda, a critério da mesma autoridade.
DECRETA:
 § 4o   O cadastramento das armas de fogo de que
trata o inciso I do § 1o  observará as especificações e os
CAPÍTULO I
procedimentos estabelecidos pelo Departamento de
DOS SISTEMAS DE CONTROLE DE ARMAS DE
Polícia Federal. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
FOGO  Art. 2o  O SIGMA, instituído no Ministério da Defesa,
no âmbito do Comando do Exército, com circunscrição
 Art. 1o   O Sistema Nacional de Armas - SINARM, em todo o território nacional, tem por finalidade manter
instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia cadastro geral, permanente e integrado das armas de fogo
Federal, com circunscrição em todo o território nacional importadas, produzidas e vendidas no país, de competência
e competência estabelecida pelo caput e incisos do  art. do SIGMA, e das armas de fogo que constem dos registros
2o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, tem por próprios.
finalidade manter cadastro geral, integrado e permanente § 1o Serão cadastradas no SIGMA:
das armas de fogo importadas, produzidas e vendidas no I - as armas de fogo institucionais, de porte e portáteis,
país, de competência do SINARM, e o controle dos registros constantes de registros próprios:
dessas armas. a) das Forças Armadas;
§ 1o Serão cadastradas no SINARM: b)  das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
I  -  as armas de fogo institucionais, constantes de Militares;
registros próprios: c) da Agência Brasileira de Inteligência; e
a) da Polícia Federal; d)  do Gabinete de Segurança Institucional da
b) da Polícia Rodoviária Federal; Presidência da República;
c) das Polícias Civis; II  -  as armas de fogo dos integrantes das Forças
d) dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Armadas, da Agência Brasileira de Inteligência e do
Senado Federal, referidos nos arts. 51, inciso IV, e 52, inciso Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
XIII da Constituição; República, constantes de registros próprios;
e)  dos integrantes do quadro efetivo dos agentes e III  -  as informações relativas às exportações de
guardas prisionais, dos integrantes das escoltas de presos armas de fogo, munições e demais produtos controlados,
e das Guardas Portuárias; devendo o Comando do Exército manter sua atualização;
f) das Guardas Municipais; e IV  -  as armas de fogo importadas ou adquiridas no
país para fins de testes e avaliação técnica; e
g) dos órgãos públicos não mencionados nas alíneas
V - as armas de fogo obsoletas.
anteriores, cujos servidores tenham autorização legal para
§ 2o  Serão registradas no Comando do Exército e
portar arma de fogo em serviço, em razão das atividades
cadastradas no SIGMA:
que desempenhem, nos termos do caput do art. 6o da Lei
I - as armas de fogo de colecionadores, atiradores e
no 10.826, de 2003. caçadores; e
II - as armas de fogo apreendidas, que não constem dos II - as armas de fogo das representações diplomáticas.
cadastros do SINARM ou Sistema de Gerenciamento Militar  Art. 3o   Entende-se por registros próprios, para os
de Armas - SIGMA, inclusive as vinculadas a procedimentos fins deste Decreto, os feitos pelas instituições, órgãos
policiais e judiciais, mediante comunicação das autoridades e corporações em documentos oficiais de caráter
competentes à Polícia Federal; permanente.
III - as armas de fogo de uso restrito dos integrantes  Art. 4o   A aquisição de armas de fogo, diretamente
dos órgãos, instituições e corporações mencionados no da fábrica, será precedida de autorização do Comando do
inciso II do art. 6o da Lei no 10.826, de 2003; e Exército.
IV  -  as armas de fogo de uso restrito, salvo aquelas  Art. 5o   Os dados necessários ao cadastro mediante
mencionadas no inciso II, do §1o, do art. 2o deste Decreto. registro, a que se refere o inciso IX do art. 2o da Lei no 10.826,
§ 2o  Serão registradas na Polícia Federal e cadastradas de 2003, serão fornecidos ao SINARM pelo Comando do
no SINARM: Exército.

34
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

 Art. 6o   Os dados necessários ao cadastro da  V - apresentar documento comprobatório de ocupação


identificação do cano da arma, das características das lícita e de residência certa;
impressões de raiamento e microestriamento de projetil   VI - comprovar, em seu pedido de aquisição do
disparado, a marca do percutor e extrator no estojo do Certificado de Registro de Arma de Fogo e periodicamente,
cartucho deflagrado pela arma de que trata o inciso X do a capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo;
art. 2o da Lei no  10.826, de 2003, serão disciplinados em e     (Redação dada pelo Decreto nº 8.935, de 2016)
norma específica da Polícia Federal, ouvido o Comando do  VII - comprovar aptidão psicológica para o manuseio
Exército, cabendo às fábricas de armas de fogo o envio das de arma de fogo, atestada em laudo conclusivo fornecido
informações necessárias ao órgão responsável da Polícia por psicólogo do quadro da Polícia Federal ou por esta
Federal. credenciado.
Parágrafo único.  A norma específica de que trata este  § 1o  A declaração de que trata o inciso I do caput deverá
artigo será expedida no prazo de cento e oitenta dias. explicitar os fatos e circunstâncias justificadoras do pedido,
 Art. 7o   As fábricas de armas de fogo fornecerão à
que serão examinados pela Polícia Federal segundo
Polícia Federal, para fins de cadastro, quando da saída do
as orientações a serem expedidas pelo Ministério da
estoque, relação das armas produzidas, que devam constar
Justiça. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
do SINARM, na conformidade do art. 2o da Lei no10.826, de
§ 2o   O indeferimento do pedido deverá ser
2003, com suas características e os dados dos adquirentes.
 Art. 8o   As empresas autorizadas a comercializar fundamentado e comunicado ao interessado em
armas de fogo encaminharão à Polícia Federal, quarenta documento próprio.
e oito horas após a efetivação da venda, os dados que  § 3o   O comprovante de capacitação técnica, de
identifiquem a arma e o comprador. que trata o inciso VI do  caput, deverá ser expedido por
 Art. 9o   Os dados do SINARM e do SIGMA serão instrutor de armamento e tiro credenciado pela Polícia
interligados e compartilhados no prazo máximo de um ano. Federal e deverá atestar, necessariamente: (Redação dada
Parágrafo único.  Os Ministros da Justiça e da Defesa pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
estabelecerão no prazo máximo de um ano os níveis de I  -  conhecimento da conceituação e normas de
acesso aos cadastros mencionados no caput. segurança pertinentes à arma de fogo;
II - conhecimento básico dos componentes e partes da
CAPÍTULO II arma de fogo; e
DA ARMA DE FOGO III - habilidade do uso da arma de fogo demonstrada,
Seção I pelo interessado, em estande de tiro credenciado pelo
Das Definições Comando do Exército.
§ 4o  Após a apresentação dos documentos referidos
  Art.  10.   Arma de fogo de uso permitido é aquela nos incisos III a VII do caput, havendo manifestação
cuja utilização é autorizada a pessoas físicas, bem como a favorável do órgão competente mencionada no §1o, será
pessoas jurídicas, de acordo com as normas do Comando expedida, pelo SINARM, no prazo máximo de trinta dias,
do Exército e nas condições previstas na Lei no 10.826, de em nome do interessado, a autorização para a aquisição da
2003. arma de fogo indicada.
 Art. 11.  Arma de fogo de uso restrito é aquela de uso § 5o  É intransferível a autorização para a aquisição da
exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança arma de fogo, de que trata o §4o deste artigo.
pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas,  § 6o  Está dispensado da comprovação dos requisitos
devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de a que se referem os incisos VI e VII do caput o interessado
acordo com legislação específica.
em adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove
Seção II
estar autorizado a portar arma da mesma espécie daquela
Da Aquisição e do Registro da Arma de Fogo de Uso
a ser adquirida, desde que o porte de arma de fogo esteja
Permitido
válido e o interessado tenha se submetido a avaliações em
 Art. 12. Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
interessado deverá: período não superior a um ano, contado do pedido de
 I - declarar efetiva necessidade; aquisição. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
 II - ter, no mínimo, vinte e cinco anos; Art.  13.   A transferência de propriedade da arma de
III - apresentar original e cópia, ou cópia autenticada, fogo, por qualquer das formas em direito admitidas, entre
de documento de identificação pessoal;  (Redação dada particulares, sejam pessoas físicas ou jurídicas, estará
pelo Decreto nº 6.715, de 2008). sujeita à prévia autorização da Polícia Federal, aplicando-se
  IV - comprovar, em seu pedido de aquisição do ao interessado na aquisição as disposições do art. 12 deste
Certificado de Registro de Arma de Fogo e periodicamente, Decreto.
a idoneidade e a inexistência de inquérito policial ou Parágrafo  único.   A transferência de arma de fogo
processo criminal, por meio de certidões de antecedentes registrada no Comando do Exército será autorizada pela
criminais da Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral, instituição e cadastrada no SIGMA.
que poderão ser fornecidas por meio eletrônico;   (Redação Art. 14.  É obrigatório o registro da arma de fogo, no
dada pelo Decreto nº 8.935, de 2016) SINARM ou no SIGMA, excetuadas as obsoletas.

35
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Art. 15.  O registro da arma de fogo de uso permitido  § 1o   A unidade policial deverá, em quarenta e oito
deverá conter, no mínimo, os seguintes dados: horas, remeter as informações coletadas à Polícia Federal,
I - do interessado: para fins de cadastro no SINARM.  (Redação dada pelo
a) nome, filiação, data e local de nascimento; Decreto nº 6.715, de 2008).
b) endereço residencial; § 2o  No caso de arma de fogo de uso restrito, a Polícia
c) endereço da empresa ou órgão em que trabalhe; Federal repassará as informações ao Comando do Exército,
d) profissão; para fins de cadastro no SIGMA.  (Redação dada pelo
e) número da cédula de identidade, data da expedição, Decreto nº 6.715, de 2008).
órgão expedidor e Unidade da Federação; e § 3o   Nos casos previstos no caput, o proprietário
f)  número do Cadastro de Pessoa Física - CPF ou deverá, também, comunicar o ocorrido à Polícia Federal
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ; ou ao Comando do Exército, encaminhando, se for o caso,
II - da arma: cópia do Boletim de Ocorrência.
a) número do cadastro no SINARM; Seção III
b) identificação do fabricante e do vendedor; Da Aquisição e Registro da Arma de Fogo de Uso
c) número e data da nota Fiscal de venda; Restrito
d) espécie, marca, modelo e número de série; Art. 18.  Compete ao Comando do Exército autorizar a
e) calibre e capacidade de cartuchos; aquisição e registrar as armas de fogo de uso restrito.
f) tipo de funcionamento; § 1o  As armas de que trata o caput serão cadastradas
g) quantidade de canos e comprimento; no SIGMA e no SINARM, conforme o caso.
h) tipo de alma (lisa ou raiada); § 2o   O registro de arma de fogo de uso restrito, de
i) quantidade de raias e sentido; e que trata o caput deste artigo, deverá conter as seguintes
j) número de série gravado no cano da arma. informações:
 Art. 16.  O Certificado de Registro de Arma de Fogo I - do interessado:
expedido pela Polícia Federal, precedido de cadastro a) nome, filiação, data e local de nascimento;
no SINARM, tem validade em todo o território nacional b) endereço residencial;
e autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo c) endereço da empresa ou órgão em que trabalhe;
exclusivamente no interior de sua residência ou dependência d) profissão;
desta, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja e) número da cédula de identidade, data da expedição,
ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou órgão expedidor e Unidade da Federação; e
empresa. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008). f)  número do Cadastro de Pessoa Física - CPF ou
 § 1o  Para os efeitos do disposto no caput deste artigo Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ;
considerar-se-á titular do estabelecimento ou empresa todo II - da arma:
aquele assim definido em contrato social, e responsável a) número do cadastro no SINARM;
legal o designado em contrato individual de trabalho, com b) identificação do fabricante e do vendedor;
poderes de gerência. c) número e data da nota Fiscal de venda;
 § 2º   Os requisitos de que tratam os incisos IV, V e d) espécie, marca, modelo e número de série;
VII do art. 12 deverão ser comprovados, periodicamente, e) calibre e capacidade de cartuchos;
a cada cinco anos, junto à Polícia Federal, para fins de f) tipo de funcionamento;
renovação do Certificado de Registro.   (Redação dada pelo g) quantidade de canos e comprimento;
Decreto nº 8.935, de 2016) h) tipo de alma (lisa ou raiada);
 § 2º-A.   O requisito de que trata o inciso VI do art. i) quantidade de raias e sentido; e
12 deverá ser comprovado, periodicamente, a cada duas j) número de série gravado no cano da arma.
renovações, junto à Polícia Federal.    (Incluído pelo Decreto § 3o   Os requisitos de que tratam os incisos IV, V, VI
nº 8.935, de 2016)   e VII do art. 12 deste Decreto deverão ser comprovados
  periodicamente, a cada três anos, junto ao Comando do
 § 4º  O disposto nos § 2º e § 2º-A não se aplica, para a Exército, para fins de renovação do Certificado de Registro.
aquisição e a renovação do Certificado de Registro de Arma § 4o   Não se aplica aos integrantes dos órgãos,
de Fogo, aos integrantes dos órgãos, das instituições e das instituições e corporações mencionados nos  incisos I e II
corporações, mencionados nos incisos I e II do  caput do do art. 6o da Lei no 10.826, de 2003, o disposto no § 3o deste
art. 6º da Lei nº  10.826, de 2003.     (Redação dada pelo artigo.
Decreto nº 8.935, de 2016)
 Art. 17.  O proprietário de arma de fogo é obrigado Seção IV
a comunicar, imediatamente, à unidade policial local, Do Comércio Especializado de Armas de Fogo e
o extravio, furto ou roubo de arma de fogo ou do Munições
Certificado de Registro de Arma de Fogo, bem como a
sua recuperação. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de Art.  19.   É proibida a venda de armas de fogo,
2008). munições e demais produtos controlados, de uso restrito,
no comércio.

36
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

 Art. 20.  O estabelecimento que comercializar arma de  Art. 24-A.  Para portar a arma de fogo adquirida nos
fogo de uso permitido em território nacional é obrigado a termos do § 6o  do art. 12, o proprietário deverá solicitar
comunicar à Polícia Federal, mensalmente, as vendas que a expedição do respectivo documento de porte, que
efetuar e a quantidade de armas em estoque, respondendo observará o disposto no art. 23 e terá a mesma validade
legalmente por essas mercadorias, que ficarão registradas do documento referente à primeira arma.  (Incluído pelo
como de sua propriedade, de forma precária, enquanto Decreto nº 6.715, de 2008).
não forem vendidas, sujeitos seus responsáveis às penas Art.  25.   O titular do Porte de Arma de Fogo deverá
previstas em lei. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de comunicar imediatamente:
2008). I  -  a mudança de domicílio, ao órgão expedidor do
Art. 21.  A comercialização de acessórios de armas de Porte de Arma de Fogo; e
fogo e de munições, incluídos estojos, espoletas, pólvora II  -  o extravio, furto ou roubo da arma de fogo, à
e projéteis, só poderá ser efetuada em estabelecimento Unidade Policial mais próxima e, posteriormente, à Polícia
credenciado pela Polícia Federal e pelo comando do Federal.
Exército que manterão um cadastro dos comerciantes. Parágrafo  único.   A inobservância do disposto neste
§ 1o   Quando se tratar de munição industrializada, a artigo implicará na suspensão do Porte de Arma de Fogo,
venda ficará condicionada à apresentação pelo adquirente, por prazo a ser estipulado pela autoridade concedente.
do Certificado de Registro de Arma de Fogo válido, e ficará   Art.  26.   O titular de porte de arma de fogo para
restrita ao calibre correspondente à arma registrada. defesa pessoal concedido nos termos do art. 10 da Lei
§ 2o   Os acessórios e a quantidade de munição que no 10.826, de 2003, não poderá conduzi-la ostensivamente
cada proprietário de arma de fogo poderá adquirir serão ou com ela adentrar ou permanecer em locais públicos,
fixados em Portaria do Ministério da Defesa, ouvido o tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes,
Ministério da Justiça. agências bancárias ou outros locais onde haja aglomeração
§ 3o  O estabelecimento mencionado no caput deste de pessoas em virtude de eventos de qualquer
artigo deverá manter à disposição da Polícia Federal e do natureza. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
Comando do Exército os estoques e a relação das vendas § 1o  A inobservância do disposto neste artigo implicará
efetuadas mensalmente, pelo prazo de cinco anos. na cassação do Porte de Arma de Fogo e na apreensão da
arma, pela autoridade competente, que adotará as medidas
CAPÍTULO III legais pertinentes.
DO PORTE E DO TRÂNSITO DA ARMA DE FOGO § 2o  Aplica-se o disposto no §1o deste artigo, quando
Seção I o titular do Porte de Arma de Fogo esteja portando o
Do Porte armamento em estado de embriaguez ou sob o efeito de
drogas ou medicamentos que provoquem alteração do
 Art. 22.  O Porte de Arma de Fogo de uso permitido, desempenho intelectual ou motor.
vinculado ao prévio registro da arma e ao cadastro no Art.  27.   Será concedido pela Polícia Federal, nos
SINARM, será expedido pela Polícia Federal, em todo o termos do § 5o do art. 6o da Lei no 10.826, de 2003, o Porte
território nacional, em caráter excepcional, desde que de Arma de Fogo, na categoria «caçador de subsistência»,
atendidos os requisitos previstos nos incisos I, II e III do § de uma arma portátil, de uso permitido, de tiro simples,
1o do art. 10 da Lei no 10.826, de 2003. (Redação dada pelo com um ou dois canos, de alma lisa e de calibre igual
Decreto nº 6.715, de 2008). ou inferior a 16, desde que o interessado comprove a
Parágrafo  único.   A taxa estipulada para o Porte de efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser
Arma de Fogo somente será recolhida após a análise e a anexados os seguintes documentos:
aprovação dos documentos apresentados.   I  -  documento comprobatório de residência em
Art.  23.   O Porte de Arma de Fogo é documento área rural ou certidão equivalente expedida por órgão
obrigatório para a condução da arma e deverá conter os municipal; (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
seguintes dados: II  -  original e cópia, ou cópia autenticada, do
I - abrangência territorial; documento de identificação pessoal; e (Redação dada pelo
II - eficácia temporal; Decreto nº 6.715, de 2008).
III - características da arma; III - atestado de bons antecedentes.
 IV - número do cadastro da arma no SINARM; (Redação Parágrafo  único.   Aplicam-se ao portador do Porte
dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008). de Arma de Fogo mencionado neste artigo as demais
V - identificação do proprietário da arma; e obrigações estabelecidas neste Decreto.
VI  -  assinatura, cargo e função da autoridade   Art.  28.   O proprietário de arma de fogo de uso
concedente. permitido registrada, em caso de mudança de domicílio ou
  Art.  24.   O Porte de Arma de Fogo é pessoal, outra situação que implique o transporte da arma, deverá
intransferível e revogável a qualquer tempo, sendo válido solicitar guia de trânsito à Polícia Federal para as armas
apenas com relação à arma nele especificada e com a de fogo cadastradas no SINARM, na forma estabelecida
apresentação do documento de identificação do portador. pelo Departamento de Polícia Federal. (Redação dada pelo
(Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008). Decreto nº 6.715, de 2008).

37
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Art. 29.  Observado o princípio da reciprocidade previsto Subseção III


em convenções internacionais, poderá ser autorizado o Dos Integrantes e das Instituições Mencionadas
Porte de Arma de Fogo pela Polícia Federal, a diplomatas no Art. 6o da Lei no 10.826, de 2003
de missões diplomáticas e consulares acreditadas junto
ao Governo Brasileiro, e a agentes de segurança de Art.  33.   O Porte de Arma de Fogo é deferido aos
dignitários estrangeiros durante a permanência no país, militares das Forças Armadas, aos policiais federais e
independentemente dos requisitos estabelecidos neste estaduais e do Distrito Federal, civis e militares, aos Corpos de
Decreto. Bombeiros Militares, bem como aos policiais da Câmara dos
 Art. 29-A.  Caberá ao Departamento de Polícia Federal Deputados e do Senado Federal em razão do desempenho
estabelecer os procedimentos relativos à concessão e de suas funções institucionais.
renovação do Porte de Arma de Fogo.  (Incluído pelo § 1o  O Porte de Arma de Fogo das praças das Forças
Decreto nº 6.715, de 2008). Armadas e dos Policiais e Corpos de Bombeiros Militares é
regulado em norma específica, por atos dos Comandantes
Seção II das Forças Singulares e dos Comandantes-Gerais das
Dos Atiradores, Caçadores e Colecionadores Corporações.
Subseção I § 2o   Os integrantes das polícias civis estaduais e das
Da Prática de Tiro Desportivo Forças Auxiliares, quando no exercício de suas funções
institucionais ou em trânsito, poderão portar arma de
Art. 30.  As agremiações esportivas e as empresas de fogo fora da respectiva unidade federativa, desde que
instrução de tiro, os colecionadores, atiradores e caçadores expressamente autorizados pela instituição a que pertençam,
serão registrados no Comando do Exército, ao qual por prazo determinado, conforme estabelecido em normas
caberá estabelecer normas e verificar o cumprimento das próprias.
condições de segurança dos depósitos das armas de fogo,  Art. 33-A.  A autorização para o porte de arma de fogo
munições e equipamentos de recarga. previsto em legislação própria, na forma do caput do art. 6o da
§ 1o  As armas pertencentes às entidades mencionadas Lei no  10.826, de 2003, está condicionada ao atendimento
no caput e seus integrantes terão autorização para porte dos requisitos previstos no inciso III do caput do art. 4o da
de trânsito (guia de tráfego) a ser expedida pelo Comando mencionada Lei. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
do Exército.    Art.  34.   Os órgãos, instituições e corporações
§ 2o   A prática de tiro desportivo por menores de
mencionados nos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art.
dezoito anos deverá ser autorizada judicialmente e deve
6º da Lei nº 10.826, de 2003, estabelecerão, em normativos
restringir-se aos locais autorizados pelo Comando do
internos, os procedimentos relativos às condições para a
Exército, utilizando arma da agremiação ou do responsável
utilização das armas de fogo de sua propriedade, ainda que
quando por este acompanhado.
fora do serviço.  (Redação dada pelo Decreto nº 6.146, de
§ 3o   A prática de tiro desportivo por maiores de
2007
dezoito anos e menores de vinte e cinco anos pode ser feita
§ 1o  As instituições mencionadas no inciso IV do art. 6o da
utilizando arma de sua propriedade, registrada com amparo
Lei no 10.826, de 2003, estabelecerão em normas próprias os
na Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de 1997, de agremiação
ou arma registrada e cedida por outro desportista. procedimentos relativos às condições para a utilização, em
Art. 31.  A entrada de arma de fogo e munição no país, serviço, das armas de fogo de sua propriedade.
como bagagem de atletas, para competições internacionais § 2o   As instituições, órgãos e corporações nos
será autorizada pelo Comando do Exército. procedimentos descritos no caput, disciplinarão as normas
§ 1o  O Porte de Trânsito das armas a serem utilizadas gerais de uso de arma de fogo de sua propriedade, fora do
por delegações estrangeiras em competição oficial de tiro serviço, quando se tratar de locais onde haja aglomeração
no país será expedido pelo Comando do Exército. de pessoas, em virtude de evento de qualquer natureza, tais
§ 2o  Os responsáveis e os integrantes pelas delegações como no interior de igrejas, escolas, estádios desportivos,
estrangeiras e brasileiras em competição oficial de tiro no clubes, públicos e privados.
país transportarão suas armas desmuniciadas.  § 3o   Os órgãos e instituições que tenham os portes
de arma de seus agentes públicos ou políticos estabelecidos
Subseção II em lei própria, na forma do caput do art. 6o da Lei no 10.826,
Dos Colecionadores e Caçadores de 2003, deverão encaminhar à Polícia Federal a relação
dos autorizados a portar arma de fogo, observando-se, no
Art.  32.   O Porte de Trânsito das armas de fogo de que couber, o disposto no art. 26. (Incluído pelo Decreto nº
colecionadores e caçadores será expedido pelo Comando 6.715, de 2008).
do Exército. § 4o  Não será concedida a autorização para o porte de
Parágrafo  único.   Os colecionadores e caçadores arma de fogo de que trata o art. 22 a integrantes de órgãos,
transportarão suas armas desmuniciadas. instituições e corporações não autorizados a portar arma de
fogo fora de serviço, exceto se comprovarem o risco à sua
integridade física, observando-se o disposto no art. 11 da Lei
no 10.826, de 2003. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).

38
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

§ 5o   O porte de que tratam os incisos V, VI e X Subseção IV


do  caput do art. 6o da Lei no  10.826, de 2003, e aquele Das Empresas de Segurança Privada e de
previsto em lei própria, na forma do caput do mencionado Transporte de Valores
artigo, serão concedidos, exclusivamente, para defesa
pessoal, sendo vedado aos seus respectivos titulares o Art.  38.   A autorização para o uso de arma de fogo
porte ostensivo da arma de fogo. (Incluído pelo Decreto nº expedida pela Polícia Federal, em nome das empresas
6.715, de 2008). de segurança privada e de transporte de valores, será
 § 6o  A vedação prevista no parágrafo 5o não se aplica precedida, necessariamente, da comprovação do
aos servidores designados para execução da atividade preenchimento de todos os requisitos constantes do  art.
fiscalizatória do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e 4o da Lei no 10.826, de 2003, pelos empregados autorizados
dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e do Instituto a portar arma de fogo.
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto § 1o  A autorização de que trata o caput é válida apenas
para a utilização da arma de fogo em serviço.
Chico Mendes. (Incluído pelo Decreto nº 6.817, de 2009)
 § 2o  As empresas de que trata o caput encaminharão,
Art. 35.  Poderá ser autorizado, em casos excepcionais,
trimestralmente, à Polícia Federal, para cadastro no
pelo órgão competente, o uso, em serviço, de arma de
SINARM, a relação nominal dos empregados autorizados a
fogo, de propriedade particular do integrante dos órgãos,
portar arma de fogo. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715,
instituições ou corporações mencionadas no  inciso II do de 2008).
art. 6o da Lei no 10.826, de 2003. § 3o  A transferência de armas de fogo, por qualquer
§ 1o   A autorização mencionada no caput será motivo, entre estabelecimentos da mesma empresa ou para
regulamentada em ato próprio do órgão competente. empresa diversa, deverão ser previamente autorizados pela
§ 2o  A arma de fogo de que trata este artigo deverá ser Polícia Federal.
conduzida com o seu respectivo Certificado de Registro.  § 4o  Durante o trâmite do processo de transferência de
 Art. 35-A.  As armas de fogo particulares de que trata armas de fogo de que trata o § 3o, a Polícia Federal poderá,
o art. 35, e as institucionais não brasonadas, deverão ser em caráter excepcional, autorizar a empresa adquirente
conduzidas com o seu respectivo Certificado de Registro a utilizar as armas em fase de aquisição, em seus postos
ou termo de cautela decorrente de autorização judicial de serviço, antes da expedição do novo Certificado de
para uso, sob pena de aplicação das sanções penais Registro. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
cabíveis. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008). Art.  39.   É de responsabilidade das empresas de
 Art. 36.  A capacidade técnica e a aptidão psicológica segurança privada e de transportes de valores a guarda
para o manuseio de armas de fogo, para os integrantes e armazenagem das armas, munições e acessórios de sua
das instituições descritas nos incisos III, IV, V, VI, VII e propriedade, nos termos da legislação específica.
X do caput do art. 6º da Lei nº  10.826, de 2003, serão Parágrafo  único.   A perda, furto, roubo ou outras
atestadas pela própria instituição, depois de cumpridos os formas de extravio de arma de fogo, acessório e munições
requisitos técnicos e psicológicos estabelecidos pela Polícia que estejam sob a guarda das empresas de segurança
Federal. (Redação dada pelo Decreto nº 6.146, de 2007 privada e de transporte de valores deverá ser comunicada
 Parágrafo único.  Caberá à Polícia Federal expedir o Porte à Polícia Federal, no prazo máximo de vinte e quatro horas,
de Arma de Fogo para os guardas portuários.    (Redação após a ocorrência do fato, sob pena de responsabilização
dada pelo Decreto nº 8.935, de 2016) do proprietário ou diretor responsável.
  Art. 37.   Os integrantes das Forças Armadas e
os servidores dos órgãos, instituições e corporações Subseção V
Das guardas Municipais
mencionados nos  incisos II,  V,  VI e VII do caput do art.
 
6º da Lei nº 10.826, de 2003, transferidos para a reserva
Art. 40.  Cabe ao Ministério da Justiça, por intermédio
remunerada ou aposentados, para conservarem a
da Polícia Federal, diretamente ou mediante convênio com
autorização de porte de arma de fogo de sua propriedade
os órgãos de segurança pública dos Estados, do Distrito
deverão submeter-se, a cada cinco anos, aos testes de Federal ou dos Municípios, nos termos do § 3o do art. 6o da
avaliação psicológica a que faz menção o inciso III do caput Lei no  10.826, de 2003:   (Redação dada pelo Decreto nº
do art. 4º da Lei nº 10.826, de 2003    (Redação dada pelo 6.715, de 2008).
Decreto nº 8.935, de 2016) I  -  conceder autorização para o funcionamento dos
§ 1o  O cumprimento destes requisitos será atestado cursos de formação de guardas municipais;
pelas instituições, órgãos e corporações de vinculação. II - fixar o currículo dos cursos de formação;
§ 2o   Não se aplicam aos integrantes da reserva III - conceder Porte de Arma de Fogo;
não remunerada das Forças Armadas e Auxiliares, as IV - fiscalizar os cursos mencionados no inciso II; e
prerrogativas mencionadas no caput. V  -  fiscalizar e controlar o armamento e a munição
utilizados.
Parágrafo único.  As competências previstas nos incisos
I e II deste artigo não serão objeto de convênio.

39
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Art. 41.  Compete ao Comando do Exército autorizar a Art.  48.   Compete ao Ministério da Defesa e ao


aquisição de armas de fogo e de munições para as Guardas Ministério da Justiça:
Municipais. I  -  estabelecer as normas de segurança a serem
Art.  42.   O Porte de Arma de Fogo aos profissionais observadas pelos prestadores de serviços de transporte
citados nos incisos III e IV, do art. 6o, da Lei no 10.826, de aéreo de passageiros, para controlar o embarque de
2003, será concedido desde que comprovada a realização passageiros armados e fiscalizar o seu cumprimento;
de treinamento técnico de, no mínimo, sessenta horas II - regulamentar as situações excepcionais do interesse
para armas de repetição e cem horas para arma semi- da ordem pública, que exijam de policiais federais, civis e
automática. militares, integrantes das Forças Armadas e agentes do
§ 1o  O treinamento de que trata o caput desse artigo Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança
deverá ter, no mínimo, sessenta e cinco por cento de Institucional da Presidência da República, o Porte de Arma
conteúdo prático. de Fogo a bordo de aeronaves; e
§ 2o  O curso de formação dos profissionais das Guardas III  -  estabelecer, nas ações preventivas com vistas à
Municipais deverá conter técnicas de tiro defensivo e segurança da aviação civil, os procedimentos de restrição
defesa pessoal. e condução de armas por pessoas com a prerrogativa de
§ 3o  Os profissionais da Guarda Municipal deverão ser Porte de Arma de Fogo em áreas restritas aeroportuárias,
submetidos a estágio de qualificação profissional por, no ressalvada a competência da Polícia Federal, prevista
mínimo, oitenta horas ao ano. no inciso III do §1o do art. 144 da Constituição.
§ 4o  Não será concedido aos profissionais das Guardas Parágrafo  único.   As áreas restritas aeroportuárias
Municipais Porte de Arma de Fogo de calibre restrito, são aquelas destinadas à operação de um aeroporto,
privativos das forças policiais e forças armadas. cujos acessos são controlados, para os fins de segurança e
Art. 43.  O profissional da Guarda Municipal com Porte proteção da aviação civil.
de Arma de Fogo deverá ser submetido, a cada dois anos, Art. 49.  A classificação legal, técnica e geral e a definição
a teste de capacidade psicológica e, sempre que estiver das armas de fogo e demais produtos controlados, de uso
envolvido em evento de disparo de arma de fogo em via restrito ou permitido são as constantes do Regulamento
pública, com ou sem vítimas, deverá apresentar relatório para a Fiscalização de Produtos Controlados e sua legislação
circunstanciado, ao Comando da Guarda Civil e ao Órgão complementar.
Corregedor para justificar o motivo da utilização da arma. Parágrafo  único.   Compete ao Comando do Exército
Art.  44.   A Polícia Federal poderá conceder Porte promover a alteração do Regulamento mencionado no
de Arma de Fogo, nos termos no  §3o do art. 6o, da Lei caput, com o fim de adequá-lo aos termos deste Decreto.
no 10.826, de 2003, às Guardas Municipais dos municípios Art. 50.  Compete, ainda, ao Comando do Exército:
que tenham criado corregedoria própria e autônoma, I  -  autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de
para a apuração de infrações disciplinares atribuídas aos armas, munições e demais produtos controlados, em todo
servidores integrantes do Quadro da Guarda Municipal. o território nacional;
Parágrafo único.  A concessão a que se refere o caput II - estabelecer as dotações em armamento e munição
dependerá, também, da existência de Ouvidoria, como das corporações e órgãos previstos nos incisos II, III, IV, V,
órgão permanente, autônomo e independente, com VI e VII do art. 6o da Lei no 10.826, de 2003; e
competência para fiscalizar, investigar, auditorar e propor III - estabelecer normas, ouvido o Ministério da Justiça,
políticas de qualificação das atividades desenvolvidas pelos em cento e oitenta dias:
integrantes das Guardas Municipais. a) para que todas as munições estejam acondicionadas
em embalagens com sistema de código de barras, gravado
CAPÍTULO IV na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS, FINAIS E e do adquirente;
TRANSITÓRIAS b)  para que as munições comercializadas para os
Seção I órgãos referidos no  art. 6o da Lei no  10.826, de 2003,
Das Disposições Gerais contenham gravação na base dos estojos que permita
identificar o fabricante, o lote de venda e o adquirente;
Art. 46.  O Ministro da Justiça designará as autoridades c)  para definir os dispositivos de segurança e
policiais competentes, no âmbito da Polícia Federal, para identificação previstos no  §3o do art. 23 da Lei no  10.826,
autorizar a aquisição e conceder o Porte de Arma de Fogo, de 2003; e
que terá validade máxima de cinco anos. IV - expedir regulamentação específica para o controle
  Art.  47.   O Ministério da Justiça, por intermédio da da fabricação, importação, comércio, trânsito e utilização
Polícia Federal, poderá celebrar convênios com os órgãos de simulacros de armas de fogo, conforme o art. 26 da Lei
de segurança pública dos Estados e do Distrito Federal no 10.826, de 2003.
para possibilitar a integração, ao SINARM, dos acervos Art.  51.   A importação de armas de fogo, munições
policiais de armas de fogo já existentes, em cumprimento e acessórios de uso restrito está sujeita ao regime de
ao disposto no inciso VI do art. 2o da Lei no  10.826, de licenciamento não-automático prévio ao embarque da
2003. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008). mercadoria no exterior e dependerá da anuência do
Comando do Exército.

40
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

§ 1o  A autorização é concedida por meio do Certificado § 2o   Considera-se autorizada a exportação quando
Internacional de Importação. efetivado o respectivo Registro de Exportação, no Sistema
§ 2o   A importação desses produtos somente será de Comércio Exterior - SISCOMEX.
autorizada para os órgãos de segurança pública e para Art.  59.   O exportador de armas de fogo, munições
colecionadores, atiradores e caçadores nas condições ou demais produtos controlados deverá apresentar como
estabelecidas em normas específicas. prova da venda ou transferência do produto, um dos
Art.  52.   Os interessados pela importação de armas seguintes documentos:
de fogo, munições e acessórios, de uso restrito, ao I - Licença de Importação (LI), expedida por autoridade
preencherem a Licença de Importação no Sistema Integrado competente do país de destino; ou
de Comércio Exterior - SISCOMEX, deverão informar II - Certificado de Usuário Final (End User), expedido
as características específicas dos produtos importados, por autoridade competente do país de destino, quando for
ficando o desembaraço aduaneiro sujeito à satisfação o caso.
desse requisito. Art. 60.  As exportações de armas de fogo, munições
Art.  53.   As importações realizadas pelas Forças ou demais produtos controlados considerados de valor
Armadas dependem de autorização prévia do Ministério histórico somente serão autorizadas pelo Comando do
da Defesa e serão por este controladas. Exército após consulta aos órgãos competentes.
Art. 54.  A importação de armas de fogo, munições e Parágrafo único. O Comando do Exército estabelecerá,
acessórios de uso permitido e demais produtos controlados em normas específicas, os critérios para definição do termo
está sujeita, no que couber, às condições estabelecidas nos “valor histórico”.
arts. 51 e 52 deste Decreto. Art. 61.  O Comando do Exército cadastrará no SIGMA
Art. 55.  A Secretaria da Receita Federal e o Comando os dados relativos às exportações de armas, munições e
do Exército fornecerão à Polícia Federal, as informações demais produtos controlados, mantendo-os devidamente
relativas às importações de que trata o art. 54 e que devam atualizados.
constar do cadastro de armas do SINARM. Art. 62.  Fica vedada a exportação de armas de fogo, de
seus acessórios e peças, de munição e seus componentes,
Art.  56.   O Comando do Exército poderá autorizar a
por meio do serviço postal e similares.
entrada temporária no país, por prazo definido, de armas
Art.  63.   O desembaraço alfandegário de armas e
de fogo, munições e acessórios para fins de demonstração,
munições, peças e demais produtos controlados será
exposição, conserto, mostruário ou testes, mediante
autorizado pelo Comando do Exército.
requerimento do interessado ou de seus representantes
Parágrafo único. O desembaraço alfandegário de que
legais ou, ainda, das representações diplomáticas do país
trata este artigo abrange:
de origem.
I  -  operações de importação e exportação, sob
§ 1o   A importação sob o regime de admissão
qualquer regime;
temporária deverá ser autorizada por meio do Certificado II  -  internação de mercadoria em entrepostos
Internacional de Importação. aduaneiros;
§ 2o  Terminado o evento que motivou a importação, III - nacionalização de mercadoria entrepostadas;
o material deverá retornar ao seu país de origem, não IV  -  ingresso e saída de armamento e munição de
podendo ser doado ou vendido no território nacional, atletas brasileiros e estrangeiros inscritos em competições
exceto a doação para os museus das Forças Armadas e das nacionais ou internacionais;
instituições policiais. V - ingresso e saída de armamento e munição;
§ 3o   A Receita Federal fiscalizará a entrada e saída VI  -  ingresso e saída de armamento e munição de
desses produtos. órgãos de segurança estrangeiros, para participação em
§ 4o   O desembaraço alfandegário das armas e operações, exercícios e instruções de natureza oficial; e
munições trazidas por agentes de segurança de dignitários VII  -  as armas de fogo, munições, suas partes
estrangeiros, em visita ao país, será feito pela Receita e peças, trazidos como bagagem acompanhada ou
Federal, com posterior comunicação ao Comando do desacompanhada.
Exército. Art. 64.  O desembaraço alfandegário de armas de fogo
Art. 57.  Fica vedada a importação de armas de fogo, e munição somente será autorizado após o cumprimento de
seus acessórios e peças, de munições e seus componentes, normas específicas sobre marcação, a cargo do Comando
por meio do serviço postal e similares. do Exército.
Parágrafo  único.   Fica autorizada, em caráter Art. 65.  As armas de fogo apreendidas, observados os
excepcional, a importação de peças de armas de fogo, procedimentos relativos à elaboração do laudo pericial e
com exceção de armações, canos e ferrolho, por meio do quando não mais interessarem à persecução penal, serão
serviço postal e similares. encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do
Art. 58.  O Comando do Exército autorizará a exportação Exército, no prazo máximo de quarenta e oito horas, para
de armas, munições e demais produtos controlados. destruição ou doação aos órgãos de segurança pública
§ 1o  A autorização das exportações enquadradas nas ou às Forças Armadas.      (Redação dada pelo Decreto nº
diretrizes de exportação de produtos de defesa rege-se por 8.938, de 2016)
legislação específica, a cargo do Ministério da Defesa.

41
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

§ 1º  A doação de que trata este artigo restringe-se às § 9º  As armas de fogo de valor histórico ou obsoletas,
armas de fogo portáteis previstas no art. 3º, caput, incisos objetos de doação nos termos deste artigo, poderão ser
XXXVII, XLIX, LIII e LXI, do Anexo ao Decreto nº  3.665, de destinadas pelo juiz competente a museus das Forças
20 de novembro de 2000 - Regulamento para a Fiscalização Armadas ou de instituições policiais, indicados pelo
de Produtos Controlados (R-105).       (Redação dada pelo Comando do Exército.(Incluído pelo Decreto nº 8.938, de
Decreto nº 8.938, de 2016)  2016)
§ 2º   Os órgãos de segurança pública ou das Forças § 10.  As armas de fogo de uso permitido apreendidas
Armadas responsáveis pela apreensão manifestarão interesse poderão ser devolvidas pela autoridade competente aos
pelas armas de fogo de que trata o § 1º, respectivamente, seus legítimos proprietários se cumpridos os requisitos
ao Ministério da Justiça e Cidadania ou ao Comando do estabelecidos no art. 4º da Lei nº 10.826, de 2003.(Incluído
Exército, no prazo de até dez dias, contado da data de pelo Decreto nº 8.938, de 2016)
envio das armas ao Comando do Exército, na forma prevista § 11.  A decisão sobre o destino final das armas de fogo
no caput.      (Redação dada pelo Decreto nº 8.938, de 2016)  não doadas nos termos deste Decreto caberá ao Comando
§ 3º A relação das armas a serem doadas e a indicação do Exército, que deverá concluir pela sua destruição ou
das instituições beneficiárias serão elaboradas, desde pela doação às Forças Armadas.(Incluído pelo Decreto nº
que(Redação dada pelo Decreto nº 8.938, de 2016) 8.938, de 2016)  
I - verificada a necessidade de destinação do § 12.  Ato conjunto do Ministro de Estado da Defesa e
armamento;       (Redação dada pelo Decreto nº 8.938, de do Ministro de Estado da Justiça e Cidadania disciplinará
2016) o procedimento de doação de munições e acessórios
II - obedecidos o padrão e a dotação de cada órgão; apreendidos.(Incluído pelo Decreto nº 8.938, de 2016)
e      (Redação dada pelo Decreto nº 8.938, de 2016) Art. 66.  A solicitação de informações sobre a origem
III - atendidos os critérios de priorização estabelecidos de armas de fogo, munições e explosivos deverá ser
pelo Ministério da Justiça e Cidadania, nos termos do § 1º do encaminhada diretamente ao órgão controlador da Polícia
art. 25 da Lei nº 10.826, de 2003.      (Redação dada pelo Federal ou do Comando do Exército.
Decreto nº 8.938, de 2016)    Art.  67.   No caso de falecimento ou interdição do
§ 4º  Os critérios de que trata o inciso III do § 3º deverão proprietário de arma de fogo, o administrador da herança
considerar a priorização de atendimento ao órgão que ou curador, conforme o caso, deverá providenciar a
efetivou a apreensão.(Redação dada pelo Decreto nº 8.938, transferência da propriedade da arma mediante alvará
de 2016) judicial ou autorização firmada por todos os herdeiros,
§ 5º  A análise da presença dos requisitos estabelecidos desde que maiores e capazes, aplicando-se ao herdeiro ou
no § 3º será realizada no prazo de até  cinco dias, contado interessado na aquisição as disposições do art. 12. (Redação
da data de manifestação de interesse de que trata o § 2º, dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério  § 1o   O administrador da herança ou o curador
da Justiça e Cidadania, caso a manifestação tenha sido comunicará à Polícia Federal ou ao Comando do Exército,
apresentada pelos órgãos de segurança pública, ou pelo conforme o caso, a morte ou interdição do proprietário da
Comando do Exército, caso a manifestação tenha sido arma de fogo.  (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de
apresentada pelas Forças Armadas.(Incluído pelo Decreto nº 2008).
8.938, de 2016) § 2o   Nos casos previstos no caput deste artigo, a
§ 6º   Cumpridos os requisitos de que trata o § 3º, o arma deverá permanecer sob a guarda e responsabilidade
Comando do Exército encaminhará, no prazo de até vinte dias, do administrador da herança ou curador, depositada em
a relação das armas ao juiz competente, que determinará o local seguro, até a expedição do Certificado de Registro e
seu perdimento em favor da instituição beneficiária.(Incluído entrega ao novo proprietário.
pelo Decreto nº 8.938, de 2016)   § 3o  A inobservância do disposto no § 2o implicará a
§ 7º  Na hipótese de não haver manifestação expressa apreensão da arma pela autoridade competente, aplicando-
do órgão que realizou a apreensão das armas de que trata o se ao administrador da herança ou ao curador as sanções
§ 1º, os demais órgãos de segurança pública ou das Forças penais cabíveis. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de
Armadas poderão manifestar interesse pelas armas, no prazo 2008).
de trinta dias, contado da data de recebimento do relatório  Art. 67-A.  Serão cassadas as autorizações de posse e
a que se refere o art. 25, § 1º, da Lei nº  10.826, de 2003, de porte de arma de fogo do titular a quem seja imputada
cabendo-lhes encaminhar pedido de doação ao Comando a prática de crime doloso. (Incluído pelo Decreto nº 6.715,
do Exército.(Incluído pelo Decreto nº 8.938, de 2016) de 2008).
§ 8º   O Comando do Exército apreciará o pedido  § 1o   Nos casos previstos no  caput, o proprietário
de doação de que trata o § 7º, observados os requisitos deverá entregar a arma de fogo à Polícia Federal, mediante
estabelecidos no § 3º, e encaminhará, no prazo de sessenta indenização na forma do art. 68, ou providenciar sua
dias, contado da data de divulgação do relatório a que se transferência no prazo máximo de sessenta dias, aplicando-
refere o art. 25, § 1º, da Lei nº  10.826, de 2003, a relação se, ao interessado na aquisição, as disposições do art. 4o da
das armas a serem doadas, para que o juiz competente Lei no 10.826, de 2003. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de
determine o seu perdimento, nos termos do § 6º.(Incluído 2008).
pelo Decreto nº 8.938, de 2016)

42
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

§ 2o   A cassação da autorização de posse ou de porte  Art. 70-A.  Para o registro da arma de fogo de uso permitido
de arma de fogo será determinada a partir do indiciamento ainda não registrada de que trata o art. 30 da Lei no 10.826, de
do investigado no inquérito policial ou do recebimento da 2003, deverão ser apresentados pelo requerente os documentos
denúncia ou queixa pelo juiz. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, previstos no art. 70-C e original e cópia, ou cópia autenticada, da
de 2008). nota fiscal de compra ou de comprovação da origem lícita da posse,
§ 3o  Aplica-se o disposto neste artigo a todas as armas de pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada
fogo de propriedade do indiciado ou acusado. (Incluído pelo na qual constem as características da arma e a sua condição de
Decreto nº 6.715, de 2008). proprietário. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
  Art.  67-B.   No caso do não-atendimento dos requisitos  Art. 70-B.  Para a renovação do Certificado de Registro de
previstos no art. 12, para a renovação do Certificado de Registro Arma de Fogo de que trata o § 3o do art. 5o da Lei no 10.826, de
da arma de fogo, o proprietário deverá entregar a arma à 2003, deverão ser apresentados pelo requerente os documentos
Polícia Federal, mediante indenização na forma do art. 68, ou previstos no art. 70-C e cópia do referido Certificado ou,
providenciar sua transferência para terceiro, no prazo máximo se for o caso, do boletim de ocorrência comprovando o seu
de sessenta dias, aplicando-se, ao interessado na aquisição, as extravio. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
disposições do art. 4o da Lei no 10.826, de 2003. (Incluído pelo   Art.  70-C.   Para a renovação do Certificado de Registro
Decreto nº 6.715, de 2008). de Arma de Fogo ou para o registro da arma de fogo de que
Parágrafo  único.   A inobservância do disposto tratam, respectivamente, o § 3o do art. 5o e o art. 30 da Lei
no caput implicará a apreensão da arma de fogo pela Polícia no 10.826, de 2003, o requerente deverá:(Incluído pelo Decreto
Federal ou órgão público por esta credenciado, aplicando-se ao nº 6.715, de 2008).
proprietário as sanções penais cabíveis. (Incluído pelo Decreto I - ter, no mínimo, vinte e cinco anos de idade; (Incluído
nº 6.715, de 2008). pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
II - apresentar originais e cópias, ou cópias autenticadas,
Seção II do documento de identificação pessoal e do comprovante de
Das Disposições Finais e Transitórias residência fixa; (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
III  -  apresentar o formulário SINARM devidamente
Art.  68.   O valor da indenização de que tratam os  arts. preenchido; e (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
31 e 32 da Lei no 10.826, de 2003, bem como o procedimento IV  -  apresentar o certificado de registro provisório e
para pagamento, será fixado pelo Ministério da Justiça. comprovar os dados pessoais informados, caso o procedimento
 Parágrafo único.  Os recursos financeiros necessários para tenha sido iniciado pela rede mundial de computadores  -
o cumprimento do disposto nos arts. 31 e 32 da Lei nº 10.826, Internet. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
de 2003, serão custeados por dotação específica constante § 1o  O procedimento de registro da arma de fogo, ou sua
do orçamento do Ministério da Justiça.  (Redação dada pelo renovação, poderá ser iniciado por meio do preenchimento do
Decreto nº 7.473, de 2011) formulário SINARM na rede mundial de computadores - Internet,
  Art.  69.   Presumir-se-á a boa-fé dos possuidores e cujo comprovante de preenchimento impresso valerá como
proprietários de armas de fogo que espontaneamente certificado de registro provisório, pelo prazo de noventa
entregá-las na Polícia Federal ou nos postos de recolhimento dias. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
credenciados, nos termos do art. 32 da Lei no  10.826, de § 2o  No ato do preenchimento do formulário pela rede
2003.   (Redação dada pelo Decreto nº 7.473, de 2011) mundial de computadores - Internet, o requerente deverá
Art. 70.  A entrega da arma de fogo, acessório ou munição, escolher a unidade da Polícia Federal, ou órgão por ela
de que tratam os  arts. 31 e 32 da Lei nº 10.826, de 2003, credenciado, na qual entregará pessoalmente a documentação
deverá ser feita na Polícia Federal ou nos órgãos e entidades exigida para o registro ou renovação. (Incluído pelo Decreto nº
credenciados pelo Ministério da Justiça.  (Redação dada pelo 6.715, de 2008).
Decreto nº 7.473, de 2011) § 3o  Caso o requerente deixe de apresentar a documentação
§ 1o  Para o transporte da arma de fogo até o local de entrega, exigida para o registro ou renovação na unidade da Polícia
será exigida guia de trânsito, expedida pela Polícia Federal, ou Federal, ou órgão por ela credenciado, escolhida dentro do
órgão por ela credenciado, contendo as especificações mínimas prazo de noventa dias, o certificado de registro provisório, que
estabelecidas pelo Ministério da Justiça.   (Redação dada pelo será expedido pela rede mundial de computadores - Internet
Decreto nº 7.473, de 2011) uma única vez, perderá a validade, tornando irregular a posse
 § 2o   A guia de trânsito poderá ser expedida pela rede da arma. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
mundial de computadores  - Internet, na forma disciplinada § 4o  No caso da perda de validade do certificado de registro
pelo Departamento de Polícia Federal. (Incluído pelo Decreto provisório, o interessado deverá se dirigir imediatamente à unidade
nº 6.715, de 2008). da Polícia Federal, ou órgão por ela credenciado, para a regularização
§ 3o  A guia de trânsito não autoriza o porte da arma, mas de sua situação. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008).
apenas o seu transporte, desmuniciada e acondicionada de § 5o  Aplica-se o disposto no art. 70-B à renovação dos
maneira que não possa ser feito o seu pronto uso e, somente, no registros de arma de fogo cujo certificado tenha sido expedido
percurso nela autorizado.(Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008). pela Polícia Federal, inclusive aqueles com vencimento até o
§ 4o  O transporte da arma de fogo sem a guia de trânsito prazo previsto no § 3o do art. 5o da Lei no10.826, de 2003, ficando
ou o transporte com a guia, mas sem a observância do que o proprietário isento do pagamento de taxa nas condições e
nela estiver estipulado, poderá sujeitar o infrator às sanções prazos da Tabela constante do Anexo à referida Lei. (Incluído
penais cabíveis. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008). pelo Decreto nº 6.715, de 2008).

43
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

§ 6o  Nos requerimentos de registro ou de renovação de a) à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário,
Certificado de Registro de Arma de Fogo em que se constate marítimo, fluvial ou lacustre que permita o transporte de arma
a existência de cadastro anterior em nome de terceiro, de fogo, munição ou acessórios, sem a devida autorização, ou
será feita no SINARM a transferência da arma para o novo com inobservância das normas de segurança; e
proprietário. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008). b) à empresa de produção ou comércio de armamentos
§ 7o  Nos requerimentos de registro ou de renovação de que realize publicidade estimulando a venda e o uso
Certificado de Registro de Arma de Fogo em que se constate indiscriminado de armas de fogo, acessórios e munição, exceto
a existência de cadastro anterior em nome de terceiro e a nas publicações especializadas;
ocorrência de furto, roubo, apreensão ou extravio, será feita no II - R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), sem prejuízo das
SINARM a transferência da arma para o novo proprietário e a sanções penais cabíveis:
respectiva arma de fogo deverá ser entregue à Polícia Federal a) à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário,
para posterior encaminhamento à autoridade policial ou marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por
judicial competente. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008). qualquer meio, faça, promova ou facilite o transporte de arma
§ 8o  No caso do requerimento de renovação do Certificado ou munição sem a devida autorização ou com inobservância
de Registro de que trata o § 6o, além dos documentos previstos no das normas de segurança; e
art. 70-B, deverá ser comprovada a origem lícita da posse, pelos b) à empresa de produção ou comércio de armamentos,
meios de prova admitidos em direito, ou, ainda, apresentada na reincidência da hipótese mencionada no inciso I, alínea “b”; e
declaração firmada na qual constem as características da arma III  -  R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), sem prejuízo
e a sua condição de proprietário.  (Incluído pelo Decreto nº das sanções penais cabíveis, na hipótese de reincidência da
6.715, de 2008). conduta prevista na alínea “a”, do inciso I, e nas alíneas “a” e
§ 9o   Nos casos previstos neste artigo, além dos dados “b”, do inciso II.
de identificação do proprietário, o Certificado de Registro Art.  72.   A empresa de segurança e de transporte de
provisório e o definitivo deverão conter, no mínimo, o número valores ficará sujeita às penalidades de que trata o art. 23 da Lei
de série da arma de fogo, a marca, a espécie e o calibre. (Incluído no 7.102, de 20 de junho de 1983, quando deixar de apresentar,
pelo Decreto nº 6.715, de 2008). nos termos do art. 7o, §§ 2o e 3o, da Lei no10.826, de 2003:
 Art. 70-D.  Não se aplicam as disposições do § 6o do art. I  -  a documentação comprobatória do preenchimento
70-C às armas de fogo cujos Certificados de Registros tenham dos requisitos constantes do art. 4o da Lei no 10.826, de 2003,
sido expedidos pela Polícia Federal a partir da vigência deste quanto aos empregados que portarão arma de fogo; ou
Decreto e cujas transferências de propriedade dependam de II - semestralmente, ao SINARM, a listagem atualizada de
prévia autorização. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008). seus empregados.
  Art.  70-E.   As armas de fogo entregues na campanha Art. 74.  Os recursos arrecadados em razão das taxas e das
do desarmamento não serão submetidas a perícia, salvo se sanções pecuniárias de caráter administrativo previstas neste
estiverem com o número de série ilegível ou houver dúvidas Decreto serão aplicados na forma prevista no § 1o do art. 11 da
quanto à sua caracterização como arma de fogo, podendo, Lei no 10.826, de 2003.
nesse último caso, serem submetidas a simples exame de   Parágrafo  único.   As receitas destinadas ao SINARM
constatação. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008). serão recolhidas ao Banco do Brasil S.A., na conta “Fundo
Parágrafo  único.   As armas de fogo de que trata para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-Fim
o  caput  serão, obrigatoriamente, destruídas.  (Incluído pelo da Polícia Federal”, e serão alocadas para o reaparelhamento,
Decreto nº 6.715, de 2008). manutenção e custeio das atividades de controle e fiscalização
  Art.  70-F.   Não poderão ser registradas ou terem seu da circulação de armas de fogo e de repressão a seu tráfico
registro renovado as armas de fogo adulteradas ou com o ilícito,  a cargo da Polícia Federal. (Redação dada pelo Decreto
número de série suprimido. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de nº 6.715, de 2008).
2008). Art.  75.   Serão concluídos em sessenta dias, a partir
Parágrafo único.  Nos prazos previstos nos arts. 5o, § 3o, e 30 da publicação deste Decreto, os processos de doação, em
da Lei no 10.826, de 2003, as armas de que trata o caput serão andamento no Comando do Exército, das armas de fogo
recolhidas, mediante indenização, e encaminhadas para apreendidas e recolhidas na vigência da Lei no 9.437, de 20 de
destruição. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008). fevereiro de 1997.
 Art. 70-G.  Compete ao Ministério da Justiça estabelecer Art.  76.   Este Decreto entra em vigor na data de sua
os procedimentos necessários à execução da campanha publicação.
do desarmamento e ao Departamento de Polícia Federal a
regularização de armas de fogo.  (Redação dada pelo Decreto  Art. 77.  Ficam revogados os Decretos nos 2.222, de 8 de
nº 7.473, de 2011) maio de 1997, 2.532, de 30 de março de 1998, e 3.305, de 23 de
  Art.  70-H.   As disposições sobre entrega de armas de dezembro de 1999.
que tratam os arts. 31 e 32 da Lei no 10.826, de 2003, não se
aplicam às empresas de segurança privada e transporte de Brasília, 1º de julho de 2004; 183º da Independência e
valores. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008). 116º da República.
Art.  71.   Será aplicada pelo órgão competente pela LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
fiscalização multa no valor de: Márcio Thomaz Bastos
I - R$ 100.000,00 (cem mil reais): José Viegas Filho
Este texto não substitui o publicado no D.

44
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Artigo 1
8) DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS Todos os seres humanos nascem livres e iguais em digni-
HUMANOS. dade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem
agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2
Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Na-
ções Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948. 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direi-
tos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem dis-
Preâmbulo tinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, re-
ligião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional
Considerando que o reconhecimento da dignidade ine- ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
rente a todos os membros da família humana e de seus di- 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada
reitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da na condição política, jurídica ou internacional do país ou ter-
justiça e da paz no mundo, ritório a que pertença uma pessoa, quer se trate de um ter-
ritório independente, sob tutela, sem governo próprio, quer
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos di- sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
reitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram
a consciência da humanidade e que o advento de um mun- Artigo 3
do em que mulheres e homens gozem de liberdade de pa-
lavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à se-
e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração gurança pessoal.
do ser humano comum,
Artigo 4
Considerando ser essencial que os direitos humanos se-
jam protegidos pelo império da lei, para que o ser humano Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a es-
não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra cravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as
a tirania e a opressão, suas formas.

Considerando ser essencial promover o desenvolvimen- Artigo 5


to de relações amistosas entre as nações,
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento
Considerando que os povos das Nações Unidas reafir- ou castigo cruel, desumano ou degradante.
maram, na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser
humano, na dignidade e no valor da pessoa humana e na Artigo 6
igualdade de direitos do homem e da mulher e que decidi-
ram promover o progresso social e melhores condições de Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os luga-
vida em uma liberdade mais ampla, res, reconhecido como pessoa perante a lei.

Considerando que os Países-Membros se compromete- Artigo 7


ram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o
respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qual-
ser humano e a observância desses direitos e liberdades, quer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a
igual proteção contra qualquer discriminação que viole a
Considerando que uma compreensão comum desses presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal dis-
direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno criminação.
cumprimento desse compromisso,
Artigo 8
Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presen-
te Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais na-
comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, cionais competentes remédio efetivo para os atos que vio-
com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da socie- lem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos
dade tendo sempre em mente esta Declaração, esforce-se, pela constituição ou pela lei.
por meio do ensino e da educação, por promover o respei-
to a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas Artigo 9
progressivas de caráter nacional e internacional, por assegu-
rar o seu reconhecimento e a sua observância universais e Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exi-
efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Membros lado.
quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

45
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Artigo 10 2. O casamento não será válido senão com o livre e


pleno consentimento dos nubentes.
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a 3. A família é o núcleo natural e fundamental da socie-
uma justa e pública audiência por parte de um tribunal dade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
independente e imparcial, para decidir seus direitos e
deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal Artigo 17
contra ele.
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou
Artigo 11 em sociedade com outros.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua pro-
1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso priedade.
tem o direito de ser presumido inocente até que a sua
culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, Artigo 18
em julgamento público no qual lhe tenham sido assegu-
radas todas as garantias necessárias à sua defesa. Todo ser humano tem direito à liberdade de pensa-
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação mento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade
ou omissão que, no momento, não constituíam delito de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar
perante o direito nacional ou internacional. Também essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto
não será imposta pena mais forte de que aquela que, em público ou em particular.
no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo 19
Artigo 12
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião
Ninguém será sujeito à interferência na sua vida pri- e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem inter-
vada, na sua família, no seu lar ou na sua correspon- ferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
dência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser informações e idéias por quaisquer meios e independen-
humano tem direito à proteção da lei contra tais inter- temente de fronteiras.
ferências ou ataques.
Artigo 20
Artigo 13
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de lo- e associação pacífica.
comoção e residência dentro das fronteiras de cada Es- 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
tado. associação.
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer
país, inclusive o próprio e a esse regressar. Artigo 21

1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no


Artigo 14 governo de seu país diretamente ou por intermédio de re-
presentantes livremente escolhidos.
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o 2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao ser-
direito de procurar e de gozar asilo em outros países. viço público do seu país.
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de 3. A vontade do povo será a base da autoridade do
perseguição legitimamente motivada por crimes de di- governo; essa vontade será expressa em eleições periódi-
reito comum ou por atos contrários aos objetivos e prin- cas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou
cípios das Nações Unidas. processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
Artigo 22
Artigo 15
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. direito à segurança social, à realização pelo esforço na-
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacio- cional, pela cooperação internacional e de acordo com a
nalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. organização e recursos de cada Estado, dos direitos econô-
micos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e
Artigo 16 ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qual- Artigo 23


quer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o di-
reito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre es-
de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e colha de emprego, a condições justas e favoráveis de tra-
sua dissolução. balho e à proteção contra o desemprego.

46
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direi- Artigo 29


to a igual remuneração por igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma 1. Todo ser humano tem deveres para com a comuni-
remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim dade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua per-
como à sua família, uma existência compatível com a dig- sonalidade é possível.
nidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, 2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser
outros meios de proteção social. humano estará sujeito apenas às limitações determinadas
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido
a neles ingressar para proteção de seus interesses. reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de ou-
trem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem
Artigo 24 pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclu- alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e prin-
sive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias cípios das Nações Unidas.
remuneradas periódicas.
Artigo 30
Artigo 25
Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida
interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado,
capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar,
grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade
inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados mé-
ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quais-
dicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segu-
quer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.
rança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez,
velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência
em circunstâncias fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e EXERCICIOS
assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou
fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. 1- Tales foi preso em flagrante delito quando trans-
portava, sem autorização legal ou regulamentar, dois re-
Artigo 26 vólveres de calibre 38 desmuniciados e com numerações
raspadas.
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução Acerca dessa situação hipotética, julgue os itens que se
será gratuita, pelo menos nos graus elementares e funda- seguem, com base na jurisprudência dominante dos tribu-
mentais. A instrução elementar será obrigatória. A instru- nais superiores relativa a esse tema.
ção técnico-profissional será acessível a todos, bem como O fato de as armas apreendidas estarem desmunicia-
a instrução superior, esta baseada no mérito. das não tipifica o crime de posse ou porte ilegal de arma
2. A instrução será orientada no sentido do pleno de- de fogo de uso restrito em razão da total ausência de po-
senvolvimento da personalidade humana e do fortaleci- tencial lesivo da conduta.
mento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas ( )Certo
liberdades fundamentais. A instrução promoverá a com- (.....) Errado
preensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e
grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Resp: Errada
Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gê- 2- Julgue os próximos itens, acerca do Estatuto do De-
nero de instrução que será ministrada a seus filhos. sarmamento (Lei n.º 10.826/2003), da Resolução Conjunta
Artigo 27 CNJ/CNMP n.º 4/2014 e do Código Internacional Q. O ato
de montar ou desmontar uma arma de fogo, munição ou
1. Todo ser humano tem o direito de participar livre- um acessório de uso restrito, sem autorização, no exercício
mente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de atividade comercial constitui crime de comércio ilegal
de participar do progresso científico e de seus benefícios. de arma de fogo, com a pena aumentada pela metade.
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interes- ( )Certo
ses morais e materiais decorrentes de qualquer produção (.....) Errado
científica literária ou artística da qual seja autor.
Resp: Certa
Artigo 28

Todo ser humano tem direito a uma ordem social e in-


ternacional em que os direitos e liberdades estabelecidos
na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

47
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

3. Acerca da previsão normativa quanto à Equipe de


Atendimento Multidisciplinar, analise a veracidade das fra- ANOTAÇÕES
ses.
I. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta
orçamentária, poderá prever recursos para a criação e ma- ___________________________________________________
nutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos
termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias. ___________________________________________________

___________________________________________________
II. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar con-
tra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com ___________________________________________________
duas equipes de atendimento multidisciplinar, a ser inte-
grada por profissionais especializados nas áreas psicosso- ___________________________________________________
cial, jurídica e de saúde.
___________________________________________________
III. Quando a complexidade do caso exigir avaliação
___________________________________________________
mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifesta-
ção de profissional especializado, mediante a indicação da ___________________________________________________
equipe de atendimento multidisciplinar.
___________________________________________________
Está(ao) correta(s):
a) Todas. ___________________________________________________
b) I e II. ___________________________________________________
c) I e III.
d) I. ___________________________________________________
e) II.
___________________________________________________
Resp: C
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

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48
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes


Língua Portuguesa americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des-
sa fonte.
1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/ (D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al- americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
ternativa correta quanto à concordância, de acordo diárias dessa fonte.
com a norma-padrão da língua portuguesa. (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
social está no centro dos debates atuais. diárias, (X) dessa fonte.
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
lação aos efeitos da desigualdade social. RESPOSTA: “C”.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
mais pobres é um fenômeno crescente. 3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO –
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de
criticado por alguns teóricos. concordância verbal na frase:
(E) Os debates relacionado à distribuição de rique- a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível
zas não são de exclusividade dos economistas. nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a
visibilidade social.
Realizei a correção nos itens: b) As duas tábuas em que se comprimem o famige-
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so- rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos,
cial está = estão como “compro ouro”.
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver- c) Não se compara aos vexames dos homens-placa
gem a exposição pública a que se submetem os guardadores
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos de carros.
mais pobres é um fenômeno crescente. d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti- propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de-
cado = criticada
monstração de mau gosto.
(E) Os debates relacionado = relacionados
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve-
RESPOSTA: “C”.
lhos carros-placa.
2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
Fiz as correções entre parênteses:
guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase
a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu-
– Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri-
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em: mida a visibilidade social.
(A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime)
americanos consomem em média 357 calorias, diárias o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô-
dessa fonte. nicos, como “compro ouro”.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a
americanos consomem, em média 357 calorias diárias exposição pública a que se submetem os guardadores de
dessa fonte. carros.
(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros-
americanos consomem, em média, 357 calorias diárias -placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma
dessa fonte. demonstração de mau gosto.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in-
americanos, consomem em média 357 calorias diárias teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da-
dessa fonte. queles velhos carros-placa.
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
americanos, consomem em média 357 calorias diárias, RESPOSTA: “C”.
dessa fonte.
4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a
ou faltante: mesma regra que distribuídos.
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes (A) sócio
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X) (B) sofrê-lo
diárias dessa fonte. (C) lúcidos
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes (D) constituí
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias (E) órfãos
dessa fonte.

49
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Distribuímos = regra do hiato (...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria


(A) sócio = paroxítona terminada em ditongo (abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa
(B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu
oblíquo. Nunca!) presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi-
(C) lúcidos = proparoxítona dência da República (1991).
(D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui” (Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-de-
– oxítona: cons-ti-tui) tail.php?id=393)
(E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “D”.
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012) ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
A concordância verbal está plenamente observada na
ciedade como tais.
frase:
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo
(A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e
passará a ser, corretamente,
materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e
(A) perceba.
parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas
públicas. (B) foi percebido.
(B) Sempre deverão haver bons motivos, junto (C) tenham percebido.
àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino (D) devam perceber.
religioso, para se reservar essa prática a setores da ini- (E) estava percebendo.
ciativa privada.
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex- ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
to, contra os que votam a favor do ensino religioso na ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te-
escola pública, consistem nos altos custos econômicos remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e
que acarretarão tal medida. princípios...
(D) O número de templos em atividade na cidade
de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em RESPOSTA: “A”
proporção maior do que ocorrem com o número de es-
colas públicas. 8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
como a regulação natural do mercado sinalizam para ta na frase:
as inconveniências que adviriam da adoção do ensino (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e
religioso nas escolas públicas. valores que determinam as escolhas dos governantes,
para conferir legitimidade a suas decisões.
(A) Provocam = provoca (o posicionamento) (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes
(B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto, cípios que regem a prática política.
contra os que votam a favor do ensino religioso na escola (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda-
pública, consistem = consiste. deiro regime democrático, em que se respeita tanto as
(D) O número de templos em atividade na cidade de liberdades individuais quanto as coletivas.
São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor-
(D) As instituições fundamentais de um regime de-
ção maior do que ocorrem = ocorre
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis-
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como
criminadas de um único poder central.
a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve-
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas
escolas públicas. para o momento eleitoral, que expõem as diferentes
opiniões existentes na sociedade.
RESPOSTA: “E”.
Fiz os acertos entre parênteses:
6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú- que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para rir legitimidade a suas decisões.
(A) embaixadores. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
(B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais. vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
(C) prefeitos municipais. valores e princípios que regem a prática política.
(D) presidentes das Câmaras de Vereadores. (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
(E) vereadores. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

50
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

(D) As instituições fundamentais de um regime demo- 11-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
crático não pode (podem) estar subordinado (subordina- A pontuação está inteiramente adequada na frase:
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central. a) Será preciso, talvez, redefinir a infância já que as
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol- crianças de hoje, ao que tudo indica nada mais têm a
tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex- ver com as de ontem.
põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade. b) Será preciso, talvez redefinir a infância: já que
as crianças, de hoje, ao que tudo indica nada têm a ver,
RESPOSTA: “A”. com as de ontem.
c) Será preciso, talvez: redefinir a infância, já que
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
A frase que admite transposição para a voz passiva é: com as de ontem.
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa- d) Será preciso, talvez redefinir a infância? - já que
grado. as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma com as de ontem.
grande diversidade de fenômenos. e) Será preciso, talvez, redefinir a infância, já que
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so- as crianças de hoje, ao que tudo indica, nada têm a ver
ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni- com as de ontem.
ficação.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto Devido à igualdade textual entre os itens, a apresenta-
da vida (...). ção da alternativa correta indica quais são as inadequações
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu- nas demais.
dido e da falsa consciência.
RESPOSTA: “E”.
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
do. 12-) (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE –
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma ALUNO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012)
grande diversidade de fenômenos. No trecho: “O crescimento econômico, se associado à
- Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e ampliação do emprego, PODE melhorar o quadro aqui
explicada pelo conceito... sumariamente descrito.”, se passarmos o verbo desta-
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda- cado para o futuro do pretérito do indicativo, teremos
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. a forma:
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da A) puder.
vida (...). B) poderia.
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido C) pôde.
e da falsa consciência. D) poderá.
E) pudesse.
RESPOSTA: “B”.
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA- Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode-
TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias, ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é
vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes-
ambiental Geraldo Motta. soa do singular (ele) = poderia.
Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
nhados devem sofrer as seguintes alterações: RESPOSTA: “B”.
(A) entrar − vira
(B) entrava − tinha visto 13-) (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011)
(C) entrasse − veria Entre as frases que seguem, a única correta é:
(D) entraria − veria a) Ele se esqueceu de que?
(E) entrava − teria visto b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para dis-
tribui-lo entre os presentes.
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve- c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas
ria = entrasse / veria. críticas.
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindica-
RESPOSTA: “C”. ções dos funcionários.
e) Não sei por que ele mereceria minha conside-
ração.

51
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

(A) Ele se esqueceu de que? = quê? (B) … saberíamos respeitar os mais velhos! / E quan-
(B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para do eles falassem nós calaríamos a boca!
distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes. (C) … soubéssemos respeitar os mais velhos! / E
(C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos ex- quando eles falassem nós calaríamos a boca!
cessivos nas críticas. (D) … saberemos respeitar os mais velhos! / E quan-
(D) O juíz ( juiz) nunca (se) negou a atender às reivindi- do eles falarem nós calaremos a boca!
cações dos funcionários. (E) … sabemos respeitar os mais velhos! / E quando
(E) Não sei por que ele mereceria minha consideração. eles falam nós calamos a boca!

RESPOSTA: “E”. No presente: nós sabemos / eles falam.

14-) (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINIS- RESPOSTA: “E”.


TRATIVO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as fra-
ses do texto: 16-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINIS-
I, Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota ne- TRATIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas
gativa... verbais está correta em:
II,... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior clas- (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o
sificação do continente americano (2,0)... planeta não resistiu.
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
I e II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um co-
dos exemplos, em: lapso.
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebi-
próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente da, o do jogo, o do sexo e o do consumo não conheces-
da maioria? se distorções patológicas, não haverá vícios.
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tor-
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas ju-
nado tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão
ninas. Vêm pessoas de muito longe para brincar de qua-
baratas.
drilha.
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa.
conscientemente, a oferta de produtos supérfluos cres-
Quase todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
cia.
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui,
mas também existem umas que não merecem nossa
Fiz as correções necessárias:
atenção.
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. ta não resistiu = resistirá
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
aos itens: (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
tem (singular) torções patológicas, não haverá = haveria
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise- tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou
ram (plural) teriam ficado)
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
umas (plural) cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia =
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas crescerá
as formas estão no plural)
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “A”.
17-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ-
15-) (CETESB/SP - ANALISTA ADMINISTRATIVO - RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preen-
RECURSOS HUMANOS - VUNESP/2013 - ADAPTADA) che adequadamente e de acordo com a norma culta a
Considere as orações: … sabíamos respeitar os mais lacuna da frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu
velhos! / E quando eles falavam nós calávamos a boca! lhe faria a pergunta mais deliciosa de todas.
Alterando apenas o tempo dos verbos destacados (A) entrasse
para o tempo presente, sem qualquer outro ajuste, (B) entraria
tem-se, de acordo com a norma-padrão da língua por- (C) entrava
tuguesa: (D) entrar
(A) … soubemos respeitar os mais velhos! / E quan- (E) entrou
do eles falaram nós calamos a boca!

52
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in- (B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / pro-
dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou- vável = paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato
tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se (C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após =
ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço... oxítona terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato
(D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona ter-
RESPOSTA: “A”. minada em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o” +
“s”
18-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ- (E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona
RIA – VUNESP/2010 - ADAPTADA) terminada em ditongo / graúda = regra do hiato
Assinale a alternativa de concordância que pode ser
considerada correta como variante da frase do texto – RESPOSTA: “E”.
A maioria considera aceitável que um convidado che-
gue mais de duas horas ... 20-) (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU-
(A) A maioria dos cariocas consideram aceitável NESP/2013) De acordo com a norma- padrão da
que um convidado chegue mais de duas horas... língua portuguesa, o acento indicativo de crase está cor-
(B) A maioria dos cariocas considera aceitáveis que retamente empregado em:
um convidado chegue mais de duas horas... (A) A população, de um modo geral, está à espera de
(C) As maiorias dos cariocas considera aceitáveis que, com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
que um convidado chegue mais de duas horas... (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à re-
(D) As maiorias dos cariocas consideram aceitáveis pensarem a sua postura.
que um convidado chegue mais de duas horas... (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à
(E) As maiorias dos cariocas consideram aceitável punições muito mais severas.
que um convidado cheguem mais de duas horas... (D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a
vida dos demais motoristas e de pedestres.
Fiz as indicações: (E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimen-
(A) A maioria dos cariocas consideram (ou considera, to da nova lei para que ela possa funcionar.
tanto faz) aceitável que um convidado chegue mais de
duas horas... (A) A população, de um modo geral, está à espera (dá
(B) A maioria dos cariocas considera (ok) aceitáveis para substituir por “esperando”) de que
(aceitável) que um convidado chegue mais de duas horas... (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repen-
(C) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas considera (ok) sarem (antes de verbo)
aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais de (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à pu-
duas horas... nições (generalizando, palavra no plural)
(D) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram (D) À ninguém (pronome indefinido)
(ok) aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais (E) Cabe à todos (pronome indefinido)
de duas horas...
(E) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram RESPOSTA: “A”.
(ok) aceitável que um convidado cheguem (chegue) mais
de duas horas... (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
RESPOSTA: “A”. ADAPTADO) Leia o texto, para responder às questões de
números 21 e 22.
19-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ-
RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux”
palavras são acentuadas graficamente pelos mesmos (*): sentado, ao fundo do restaurante, o cliente paulista
motivos que justificam, respectivamente, as acentua- acena, assovia, agita os braços num agônico polichinelo;
ções de: década, relógios, suíços. encostado à parede, marmóreo e impassível, o garçom
(A) flexíveis, cartório, tênis. carioca o ignora com redobrada atenção. O paulista estre-
(B) inferência, provável, saída. bucha: “Amigô?!”, “Chefê?!”, “Parceirô?!”; o garçom boce-
(C) óbvio, após, países. ja, tira um fiapo do ombro, olha pro lustre.
(D) islâmico, cenário, propôs. Eu disse “cliente paulista”, percebo a redundância: o
(E) república, empresária, graúda. paulista é sempre cliente. Sem querer estereotipar, mas já
estereotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais
Década = proparoxítona / relógios = paroxítona termi- terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou
nada em ditongo / suíços = regra do hiato crédito?”.[...] Como pode ele entender que o fato de es-
(A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em tar pagando não garantirá a atenção do garçom carioca?
ditongo / tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida Como pode o ignóbil paulista, nascido e criado na crua
de “s”) batalha entre burgueses e proletários, compreender o dis-
creto charme da aristocracia?

53
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes (A) príncipes e princesas constitui uma referência
de tudo um nobre. Um antigo membro da corte que em sentido não literal.
esconde, por trás da carapinha entediada, do descaso (B) reis e rainhas constitui uma referência em sen-
e da gravata borboleta, saudades do imperador. [...] tido não literal.
Se deixou de bajular os príncipes e princesas do século (C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui
19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou gim tô- uma referência em sentido não literal.
nicas para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques (D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui
para Tom e leites para Nelson, recebeu gordas gorjetas uma referência em sentido literal.
de Orson Welles e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje (E) reis e rainhas constitui uma referência em sen-
fala de futebol com Roberto Carlos e ouve conselhos de tido literal.
João Gilberto. Continua tão nobre quanto sempre foi,
seu orgulho permanece intacto. Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas”
Até que chega esse paulista, esse homem bidimen- do século 20 são as personalidades da mídia, os “famosos”
sional e sem poesia, de camisa polo, meia soquete e e “famosas”. Quanto a príncipes e princesas do século 19,
sapatênis, achando que o jacarezinho de sua Lacoste é esses eram da corte, literalmente.
um crachá universal, capaz de abrir todas as portas. Ah,
paulishhhhta otááário, nenhum emblema preencherá o RESPOSTA: “B”.
vazio que carregas no peito - pensa o garçom, antes de
conduzi-lo à última mesa do restaurante, a caminho do 23-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
banheiro, e ali esquecê-lo para todo o sempre. PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
Veja, veja como ele se debate, como se debaterá NESP/2013) O sentido de marmóreo (adjetivo) equiva-
amanhã, depois de amanhã e até a Quarta-Feira de Cin- le ao da expressão de mármore. Assinale a alternativa
zas, maldizendo a Guanabara, saudoso das várzeas do contendo as expressões com sentidos equivalentes,
Tietê, onde a desigualdade é tão mais organizada: “Ô, respectivamente, aos das palavras ígneo e pétreo.
companheirô, faz meia hora que eu cheguei, dava pra (A) De corda; de plástico.
ver um cardápio?!”. Acalme-se, conterrâneo. (B) De fogo; de madeira.
Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom (C) De madeira; de pedra.
carioca não está aí para servi-lo, você é que foi ao res- (D) De fogo; de pedra.
taurante para homenageá-lo. (E) De plástico; de cinza.
(Antonio Prata, Cliente paulista, garçom carioca. Folha
de S.Paulo, 06.02.2013) Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou
associação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-
(*) Um tipo de coreografia, de dança. -nos fogo, combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a
resposta?
21-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- RESPOSTA: “D”.
NESP/2013) Assinale a alternativa contendo passagem
em que o autor simula dialogar com o leitor.
(A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua
existência plebeia.
(B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu cheguei...
(C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de
deux”.
(D) Sim, meu caro paulista...
(E) Ah, paulishhhhta otááário...

Em “meu caro paulista”, o autor está dirigindo-se a nós,


leitores.

RESPOSTA: “D”.

22-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO


PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
NESP/2013) O contexto em que se encontra a passa-
gem – Se deixou de bajular os príncipes e princesas do
século 19, passou a servir reis e rainhas do 20 (2.º pará-
grafo) – leva a concluir, corretamente, que a menção a

54
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Legislação e suas alterações posteriores: 1. Constituição do Estado do Piauí. ............................................................................... 01


2. Lei Complementar Estadual nº 13, de 03 de janeiro de 1994 - Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do
Piauí. ............................................................................................................................................................................................................................. 10
3. Lei Complementar Estadual nº 37, de 09 de marco de 2004 - Estatuto da Policia Civil do Estado do Piauí................... 26
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Ninguém será prejudicado ou de qualquer forma


discriminado pelo fato de litigar com órgão estadual, no
1. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PIAUÍ. âmbito administrativo ou judicial.
Nos procedimentos administrativos, qualquer que
seja o objeto, serão observados, entre outros requisitos de
Constituição do Estado do Piauí validade, a publicidade, o contraditório, a defesa ampla e
O Estado do Piauí integra, com autonomia político- o despacho ou decisão motivados, sob pena de nulidade
administrativa, a República Federativa do Brasil e absoluta.
rege-se pela Constituição Estadual e leis que adotar, Todos têm direito de requerer e obter, no prazo legal,
observados os princípios da Constituição Federal, ou seja, informações sobre atos, projetos e obras da Administração
independência nacional, prevalência dos direitos humanos, direta ou indireta do Estado e dos Municípios, sob pena
autodeterminação dos povos, não intervenção, igualdade de responsabilidade, ressalvados os casos cujo sigilo seja
entre os Estados, defesa da paz, solução pacífica dos comprovadamente indispensável à segurança da sociedade
conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação e das entidades administrativas.
entre os povos para o progresso da humanidade e concessão A força policial só intervém para garantir o direito de
de asilo político. A República Federativa do Brasil buscará a reunião e de outras liberdades constitucionais, a defesa
integração econômica, política, social e cultural dos povos da ordem pública e a segurança pessoal, bem como o
da América Latina, visando à formação de uma comunidade patrimônio público e privado, sendo responsável pelos
latino-americana de nações. danos que cometer.
Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio Assegura-se aos presos o respeito à integridade física
de representantes eleitos ou, diretamente, nos termos desta e moral.
Constituição. Às presidiárias asseguram-se condições para que
O território do Estado, constituído por Municípios, tem possam permanecer com os filhos durante o período de
os limites assegurados pela tradição, documentos históricos, amamentação.
leis e julgados, e não podem ser alterados, senão nos casos A todos, no âmbito judicial e administrativo, são
previstos na Constituição Federal. assegurados a razoável duração do processo e os meios
São objetivos fundamentais do Estado: que garantam a celeridade de sua tramitação.
a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho,
b) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social,
desigualdades sociais e regionais; e
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
c) promover o bem de todos, sem preconceitos de
desamparados, na forma da Constituição Estadual.
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
Todos têm direito a tomar conhecimento, gratuitamente,
discriminação.
de informações que constarem a seu respeito nos registros,
O Estado rege-se, nas relações jurídicas e nas suas
bancos ou cadastros de entidades estaduais, municipais e
atividades político administrativas, pelos seguintes princípios:
a) constitucionalidade das leis; particulares com atuação junto à coletividade e ao público
b) independência e harmonia dos Poderes; consumidor, bem como do fim a que se destinam essas
c) legalidade dos atos administrativos; informações pessoais, podendo exigir, a qualquer tempo,
d) igualdade de todos perante a lei; judicial ou administrativamente, além do exame destes
e) certeza e segurança jurídicas nas relações de direito dados, a retificação e a atualização dos mesmos.
em geral; e Não podem ser objeto de registro individualizado
f) prevalência dos direitos fundamentais individuais, os dados referentes a convicções filosóficas, políticas
coletivos, sociais, culturais e políticos. ou religiosas, a filiação partidária ou sindical, a punições
Sobre os direitos e garantias fundamentais, o Estado administrativas ou a condenações judiciais, de natureza
assegura, no seu território e nos limites de sua competência, penal ou civil, que não houverem transitado em julgado.
a inviolabilidade dos direitos e garantias fundamentais que a O consumidor tem direito à proteção do Estado. A
Constituição Federal confere aos brasileiros e aos estrangeiros proteção ao consumidor será feita, dentre outras medidas
residentes no país. criadas em lei, através de gratuidade de assistência jurídica,
Incorre na penalidade de destituição de mandato independentemente da situação social e econômica
administrativo, de cargo ou função de direção, em órgão do reclamante. Acrescenta a criação de organismos
da Administração direta ou indireta, o agente público que, para a defesa do consumidor no âmbito dos Poderes
dentro de noventa dias do requerimento do interessado, Legislativo, Executivo e Judiciário. Inclui a legislação
deixar, injustificadamente, de sanar omissão inviabilizadora punitiva à propaganda enganosa, ao atraso na entrega
do exercício de direito constitucional. de mercadorias e ao abuso na fixação de preços. Por fim,
São assegurados a todos, independentemente do a responsabilidade dos comerciantes pela garantia dos
pagamento de taxas o direito de petição e representação aos produtos que comercializam.
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade É gratuita, para os reconhecidamente pobres, na forma
ou abuso do poder. Também é assegurada a obtenção de da lei, o registro civil de nascimento e a certidão de óbito
certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e previstos no art. 5º, LXXVI, da Constituição Federal, e a
esclarecimento de situações de interesse pessoal. expedição de cédula de identidade.

1
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

É vedado ao Estado: O Estado poderá celebrar convênios com a União, com


a) estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná- outros Estados, com Municípios, com repartições ou órgãos
los ou embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com da Administração indireta, inclusive fundacional, para
eles ou seus representantes relações de dependência execução de suas leis, serviços ou decisões, por servidores
ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de federais, estaduais ou municipais. Os convênios somente
interesse público; se completam com a sua aprovação pela Assembleia
b) recusar fé aos documentos públicos; Legislativa.
c) criar distinções entre brasileiros ou preferências O Estado poderá legislar sobre questões específicas da
entre estes; competência legislativa privativa da União, na forma da lei
d) renunciar à receita e conceder isenções e anistias complementar federal.
fiscais, sem interesse público devidamente justificado; e Incluem-se entre os bens do Estado da Piauí:
e) manter delegacias ou quaisquer órgãos com função I - os direitos e rendimentos da exploração de atividades
de policiamento ideológico ou político. econômicas e da execução de serviços de sua competência;
São Poderes do Estado do Piauí, independentes e II - as águas superficiais ou subterrâneas fluentes,
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. emergentes e em depósito, salvo, neste caso, as decorrentes
São símbolos do Estado a bandeira, o hino e o brasão. de obras da União;
A cidade de Teresina é a Capital do Estado.
III - as ilhas fluviais e os rios não pertencentes à União,
O Estado exercerá as competências que não lhe sejam
localizados em seu território;
vedadas pela Constituição Federal. Cabe ao Estado explorar
IV - as áreas, nas ilhas costeiras, que estiverem no
diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União,
gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida
provisória para a sua regulamentação. Municípios ou terceiros;
Compete, ainda, ao Estado concorrentemente com a V - as terras devolutas, ressalvadas as que estiverem no
União, legislar sobre: domínio da União, definidas em lei federal;
a) direito tributário, financeiro, penitenciário, VI - o imóvel abandonado e arrecadado como vago,
econômico e urbanístico; dez anos depois, quando se tratar de imóvel rural, ou três
b) orçamento; anos depois, quando se tratar de imóvel urbano;
c) juntas comerciais; VII - as sobras de terra apuradas em ação de divisão;
d) custas dos serviços forenses; VIII - os bens do evento arrecadados na forma da lei;
e) produção e consumo; IX - os objetos perdidos pelo criminoso condenado
f) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, pela justiça estadual; e
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio X - os que assim forem declarados em lei.
ambiente e controle da poluição; A alienação de bens imóveis do Estado e de suas
g) proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, entidades da Administração indireta dependerá:
turístico e paisagístico; a) sempre de avaliação;
h) responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao b) de autorização legislativa, quando o imóvel for do
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, Estado, de suas autarquias ou fundações públicas; e
histórico, turístico e paisagístico; c) de licitação na modalidade prevista em lei nacional,
i) educação, cultura, ensino e desportos; dispensada essa quando a alienação se destinar a
j) criação, funcionamento e processo do juizado de assentamento de fins sociais, regularização fundiária ou
pequenas causas; a entidade da Administração Pública de qualquer esfera
l) procedimentos em matéria processual; federativa.
m) previdência social, proteção e defesa da saúde; Os bens imóveis do Estado do Piauí e de suas entidades
n) assistência jurídica e defensoria pública; da Administração indireta não podem ser objeto de doação
o) proteção e integração social das pessoas portadoras ou de utilização gratuita por terceiros, salvo nos casos de
de deficiências;
assentamento de fins sociais, regularização fundiária ou
p) proteção à infância e à juventude;
se o beneficiário for órgão ou entidade da Administração
q) organização, garantias, direitos e deveres da Polícia
Pública, de qualquer esfera federativa, sempre mediante
Civil;
autorização legislativa.
No domínio da legislação concorrente, o Estado
exercerá a competência legislativa suplementar. É proibida a alienação de bens imóveis pertencentes ao
Inexistindo lei federal sobre normas gerais, o Estado patrimônio estadual e de suas entidades da administração
exercerá a competência legislativa plena para atender-lhe autárquica e fundacional no período de cento e oitenta
as peculiaridades. A superveniência de lei federal sobre dias que precede a posse do Governador.
normas gerais suspenderá a eficácia da lei estadual, no que O Município goza de autonomia política, administrativa
esta lhe for contrária. e financeira, nos termos assegurados pela Constituição
Federal, pela Constituição Estadual e pelas leis que adotar.

2
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

São Poderes dos Municípios, independentes e É vedada, no âmbito da Administração Pública, sob
harmônicos entre si, o Legislativo e o Executivo. pena de nulidade absoluta, a contratação de obras e
Rege-se o Município por lei orgânica, votada em dois serviços sem a prévia aprovação do projeto respectivo pela
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada autoridade competente e a indicação das disponibilidades
por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que orçamentárias e financeiras.
a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na A publicidade de atos, programas, obras, serviços e
Constituição Federal e na Constituição Estadual. campanhas dos órgãos públicos têm caráter educativo,
Constitui crime de responsabilidade do Prefeito informativo ou de orientação social, dela não podendo
Municipal: constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
a) efetuar repasse que supere os limites definidos na promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Constituição Estadual; Qualquer pessoa pode levar ao conhecimento da
b) não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou autoridade competente a irregularidade ou ilegalidade de
c) enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na que tomar conhecimento, imputável a qualquer agente
Lei Orçamentária. público, competindo ao servidor ou empregado fazê-
Constitui crime de responsabilidade do Presidente da lo perante seu superior hierárquico, que responderá,
Câmara Municipal o fato de efetuar repasse que supere os penalmente, pela omissão.
limites definidos na Constituição Estadual. Os atos de improbidade administrativa importarão
O Estado não intervirá no Município, exceto quando na suspensão dos direitos políticos, na perda da função
deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois pública, na indisponibilidade dos bens e no ressarcimento
anos consecutivos, a dívida fundada. Ou não forem ao erário, na forma da lei, sem prejuízo da ação penal
prestadas contas devidas, na forma da lei, ou, ainda, não cabível.
tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal As pessoas jurídicas de Direito Público e as de Direito
na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações Privado prestadoras de serviços públicos responderão
e serviços públicos de saúde. Por fim, o Tribunal de Justiça pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
der provimento à representação do Procurador-Geral a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
de Justiça, para assegurar a observância dos princípios responsável nos casos de dolo ou culpa.
indicados nesta Constituição ou para prover a execução de Nos casos de calamidade pública, previamente
lei, ordem ou decisão judicial. declarada, o Poder Público poderá requisitar, por tempo
A intervenção no Município poderá ser realizada por determinado, o uso e ocupação de bens e serviços privados,
decreto do Governador. Decretada a intervenção por ato respondendo pelos danos e custas decorrentes.
motivado, no prazo de vinte e quatro horas, o Governador Os conselhos, associações e entidades de classe
submeterá a medida à Assembleia Legislativa que, se de âmbito regional participarão da organização de
estiver em recesso, será convocada extraordinariamente concurso público envolvendo conhecimentos técnicos das
para apreciar a medida. respectivas categorias.
O interventor prestará contas de sua administração É assegurada a participação de funcionários e servidores
à Câmara Municipal e ao Tribunal de Contas nas mesmas nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses
condições estabelecidas para o Prefeito. profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão
Cessados os motivos da intervenção ou findo o prazo e deliberação.
legal, a autoridade afastada reassumirá suas funções, salvo Os órgãos diretivos superiores da Administração
na hipótese de impedimento legal. indireta ou fundacional do Estado e Municípios terão um
O Estado poderá instituir, mediante lei complementar, terço de seus cargos preenchidos, obrigatoriamente, por
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e servidores de carreira do órgão considerado.
microrregiões, constituídas de agrupamentos de Municípios A administração fazendária e seus servidores fiscais
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
e a execução de serviços públicos de interesse comum, precedência sobre os demais setores administrativos, na
adequando-as às diretrizes de desenvolvimento do Estado. forma da lei.
A Administração Pública direta e indireta de qualquer As administrações tributárias do Estado e dos
dos Poderes do Estado e dos Municípios obedecerá aos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas,
publicidade e eficiência. terão recursos prioritários para a realização de suas
As licitações para obras, serviços, compras e alienação atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o
de bens, promovidas pela Administração direta, indireta ou compartilhamento de cadastros e de informações fiscais,
fundacional do Estado e dos Municípios observarão, sob inclusive na União, na forma da lei ou convênio.
pena de nulidade, os princípios de isonomia, publicidade e O cargo de Agente Fiscal de Tributos Estaduais, ou
probidade administrativa e as normas gerais e específicas, aquele em que vier a ser transformado, é privativo de
fixadas em lei que regem os contratos com a Administração portador de curso superior, organizado em carreira e com
Pública. provimento inicial mediante concurso público de provas.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Toda movimentação funcional do servidor público Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
será motivada por escrito pela autoridade competente, estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga,
sob pena de nulidade. se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito
É vedada a lotação de servidor público em órgão a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
ou função não compatível com sua formação técnica ou disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo
científica. de serviço.
O servidor público, estadual ou municipal, não Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
poderá perceber remuneração inferior ao salário mínimo o servidor estável ficará em disponibilidade, até seu
estabelecido nacionalmente. adequado aproveitamento em outro cargo.
O Estado e os Municípios instituirão conselho de Como condição para a aquisição da estabilidade,
política de administração e remuneração de pessoal, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
integrado por servidores designados pelos respectivos comissão instituída para essa finalidade.
Poderes. No período de noventa dias antes da posse do
A fixação dos padrões de vencimento e dos demais Governador eleito, à Administração estadual é vedado:
componentes do sistema atendem a natureza, o grau a) realização de operações que impliquem o
de responsabilidade e a complexidade dos cargos endividamento do Estado;
componentes de cada carreira, os requisitos para a b) reajuste de salários e vencimentos do funcionalismo
investidura e as peculiaridades dos cargos. público estadual, exceto a título de correção da inflação do
O Estado manterá escolas de governo para formação período; e
e aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo- c) admissão a qualquer título, contratação, demissão,
se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção ou remanejamento de servidor público.
promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de Ressalvam-se os casos de operações financeiras ou
convênios ou contratos entre os entes federados. contratações, por tempo determinado, efetuadas para
O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, atender necessidades de excepcional interesse público, tais
como calamidades, epidemias e catástrofes, na forma da
os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados
lei.
exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
Aos servidores titulares de cargos efetivos do Estado
vedado o acréscimo de qualquer gratificação adicional,
e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é
abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
assegurado regime de previdência de caráter contributivo
remuneratória.
e solidário, mediante contribuição do respectivo ente
Lei do Estado e dos Municípios poderá estabelecer
público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
a relação entre a maior e a menor remuneração dos
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro
servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o
e atuarial e o disposto neste artigo.
disposto na Constituição Federal.
Os servidores abrangidos pelo regime de previdência
Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão de servidores públicos estaduais e municipais serão
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos aposentados, calculados os seus proventos a partir dos
cargos e empregos públicos. valores fixados na Constituição Estadual e o seguinte:
Lei do Estado e dos Municípios disciplinará a aplicação I - por invalidez permanente, sendo os proventos
de recursos orçamentários provenientes da economia proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se
com despesas correntes em cada órgão, autarquia decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
e fundação, para aplicação no desenvolvimento de ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
programas de qualidade e produtividade, treinamento II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com
e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e proventos proporcionais ao tempo de contribuição;
racionalização do serviço púbico, inclusive sob a forma de III - voluntariamente, desde que cumprido tempo
adicional ou prêmio de produtividade. mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço
São estáveis, após três anos de efetivo exercício, os público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
servidores nomeados para o cargo de provimento efetivo aposentadoria, observadas as seguintes condições:
em virtude de concurso público. O servidor público estável a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de
só perderá o cargo: contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade
a) em virtude de sentença judicial transitada em e trinta de contribuição, se mulher; e
julgado; b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
b) mediante processo administrativo em que lhe seja anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao
assegurada ampla defesa; e tempo de contribuição.
c) mediante procedimento de avaliação periódica de Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ocasião de sua concessão, não poderão exceder a
ampla defesa. remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em
que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência
para a concessão da pensão.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, Incidirá contribuição sobre os proventos de


por ocasião da sua concessão, serão consideradas as aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
remunerações utilizadas como base para as contribuições trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido
do servidor aos regimes de previdência de que tratam a para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social de
Constituição Federal, na forma da lei. que trata a Constituição Federal, com percentual igual ao
É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo O servidor em questão, que tenha complementado
regime de que trata este artigo, ressalvados os casos as exigências para aposentadoria voluntária, e que opte
de atividades exercidas exclusivamente sob condições por permanecer em atividade fará jus a um abono de
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, permanência equivalente ao valor da sua contribuição
definidos em lei complementar. previdenciária até completar as exigências para
Os requisitos de idade e de tempo de contribuição aposentadoria compulsória.
serão reduzidos em cinco anos, para o professor que Fica vedada a existência de mais de um regime próprio
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das de previdência social para os servidores titulares de cargos
funções de magistério na educação infantil e no ensino efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo
fundamental e médio. regime em cada ente estatal, ressalvado o que ficar disposto
Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos de moddo diverso na Constituição Federal.
acumuláveis na forma da Constituição Estadual, é vedada Os membros da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do Militar, instituições organizadas com base na hierarquia e
regime de previdência. disciplina, são militares do Estado.
Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a
por morte, que será igual: elas inerentes são asseguradas em plenitude aos oficiais
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor da ativa, da reserva ou reformados, da Polícia Militar e
falecido, até o limite máximo estabelecido para os do Corpo de Bombeiros Militar do Estado, sendo-lhes
benefícios do regime geral de previdência social de que privativos os títulos, postos e uniformes militares.
a Constituição Federal, acrescido de setenta por cento da As patentes dos oficiais da Polícia Militar e do Corpo
parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do de Bombeiros Militar do Estado são conferidas pelo
óbito; ou Governador.
II - ao valor da remuneração do servidor no cargo O militar do Estado em atividade que aceitar cargo ou
efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo emprego público civil permanente será transferido para a
estabelecido para os benefícios do Regime Geral de reserva, nos termos da lei.
Previdência Social de que trata a Constituição Federal, O militar da ativa que aceitar cargo, emprego ou
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este função temporária, não eletiva, ainda que da Administração
limite, caso em atividade na data do óbito. indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e somente
É assegurado o reajustamento dos benefícios para poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo
conforme critérios estabelecidos em lei. de serviço apenas para aquela promoção e transferência
O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento,
será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de contínuos ou não, transferido para a inatividade.
serviço correspondente para efeito de disponibilidade. Ao militar do Estado são vedadas a sindicalização e a
contribuição fictício. greve. O militar do Estado, enquanto em efetivo serviço,
Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em não pode estar filiado a partido político.
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado
bem como de outro cargo temporário ou de emprego indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão
público, aplica-se o Regime Geral de Previdência Social. do Tribunal de Justiça, em tempo de paz, ou de tribunal
O Estado e os Municípios, desde que instituam regime especial, em tempo de guerra. O oficial condenado na
de previdência complementar para os seus respectivos justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade
servidores de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das superior a dois anos, por sentença transitada em julgado,
aposentadorias e pensão a serem concedidas pelo regime será submetido ao julgamento no Tribunal de Justiça.
de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para Lei estadual de iniciativa do Governador disporá
os benefícios do Regime Geral de Previdência Social de que sobre o ingresso na Polícia Militar e Corpo de Bombeiros,
trata a Constituição Federal. os limites de idade, a estabilidade e outras condições de
Todos os valores de remuneração considerados transferência do militar do Estado para a inatividade, os
para o cálculo do benefício previsto, serão devidamente direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras
atualizados, na forma da lei. situações especiais dos militares do Estado, consideradas
as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas
cumpridas por força de compromissos internacionais.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Aos pensionistas dos militares do Estado, aplica-se o I - a existência da União, do Estado ou dos Municípios;
que for fixado em lei específica. II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Judiciário e do Ministério Público;
Legislativa, constituída de Deputados eleitos na forma da III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
lei. O número de Deputados à Assembleia Legislativa será o sociais;
triplo da representação federal na Câmara dos Deputados; IV - a segurança interna do País ou do Estado;
alcançado o número de trinta e seis, será este acrescido V - a probidade na administração;
de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de VI - a Lei Orçamentária;
doze. VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais;
Cada legislatura terá a duração de quatro anos. O VIII - a honra e o decoro de suas funções.
subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei A definição e as normas de processo e julgamento
de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no desses crimes obedecerão ao que for estabelecido em lei
máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, federal.
em espécie, para os Deputados Federais. O Governador, admitida a acusação pelo voto de dois
As deliberações da Assembleia Legislativa e de suas terços dos Deputados Estaduais, será processado e julgado,
comissões serão tomadas por maioria de votos, presente originalmente, pelo Superior Tribunal de Justiça, nos crimes
a maioria absoluta dos respectivos membros, salvo comuns, ou perante a Assembleia Legislativa, nos crimes de
disposição constitucional ou regimental em contrário. responsabilidade.
O processo legislativo compreende a elaboração O Governador ficará suspenso de suas funções:
de emendas à Constituição, leis complementares, leis I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia
ordinárias, medidas provisórias, decretos legislativos e ou queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça;
resoluções. II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração
Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, do processo pela Assembleia Legislativa.
de forma integrada, sistema de controle interno com a Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o
finalidade de: julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento,
I - avaliar o cumprimento das metas no Plano Plurianual, sem prejuízo de regular prosseguimento do processo.
a execução de programas de governo e os orçamentos do Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas
Estado; infrações comuns, o Governador não estará sujeito a prisão.
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto O Governador, na vigência de seu mandato, não pode ser
à eficácia e eficiência da gestão orçamentária, financeira, responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas
patrimonial, nos órgãos e entidades da Administração funções.
estadual, bem como da aplicação de recursos públicos por Os Secretários de Estado serão escolhidos dentre
entidade de Direito privado; e brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos
III - exercer o controle das operações de crédito, avais direitos políticos. A lei disporá sobre a criação, estruturação,
e garantias, bem como dos direitos e deveres do Estado. atribuições e extinção de Secretarias de Estado.
Qualquer cidadão, partido político, associação ou Compete ao Secretário de Estado, além de outras
sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar atribuições estabelecidas na Constituição Estadual e na lei:
irregularidades ou ilegalidades perante a Assembleia I - exercer a orientação, coordenação e supervisão
Legislativa, qualquer de suas Comissões ou perante o dos órgãos e das entidades da Administração estadual na
Tribunal de Contas. área de sua competência e referendar os atos e decretos
O Poder Executivo é exercido pelo Governador do assinados pelo Governador do Estado;
Estado, auxiliado pelos Secretários de Estado. II - expedir instruções para a execução das leis, decretos
A eleição do Governador e do Vice-Governador de e regulamentos;
Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no III - Apresentar ao Governador relatório anual dos
primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no serviços realizados na Secretaria;
último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, IV - praticar atos pertinentes às atribuições que lhe
do ano anterior ao do término do mandato de seus forem outorgadas ou delegadas pelo Governador;
antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do V - comparecer à Assembleia Legislativa ou a qualquer
ano subsequente. de suas comissões, quando convocado para prestar,
O Governador perderá o mandato se assumir outro pessoalmente, informações sobre assunto previamente
cargo ou função na Administração Pública direta ou indireta, determinado, importando em crime de responsabilidade e
ressalvada a posse em virtude de concurso público. ausência sem justificação adequada;
A eleição do Governador importará, para igual VI - comparecer perante a Assembleia Legislativa e
mandato, a do Vice-Governador com ele registrado. qualquer de suas comissões, por sua iniciativa e mediante
São crimes de responsabilidade os atos do Governador entendimento prévio com a Mesa Diretora, para expor
que atentarem contra a Constituição Federal ou a do Estado assunto de relevância de sua Secretaria;
e, especialmente, contra:

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

VII - encaminhar à Assembleia Legislativa informações Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
pedidas por escrito e especificadamente pela Mesa serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob
Diretora, importando crime de responsabilidade a recusa pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
ou o não atendimento no prazo de trinta dias, bem como o determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
fornecimento de informações falsas; ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
VIII - propor ao Governador, anualmente, o orçamento direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique
da Secretaria; o interesse público à informação.
IX - delegar suas próprias atribuições, por ato expresso, Os juízes de direito, com jurisdição nos limites de suas
aos seus subordinados, com anuência prévia do Governador. respectivas comarcas, integram a carreira da magistratura
Os Secretários de Estado, nos crimes comuns, serão estadual e exercem a competência jurisdicional, na forma
processados e julgados pelo Tribunal de Justiça. Nos crimes da Lei de Organização e Divisão Judiciárias.
de responsabilidade conexos com os do Governador, os Nas comarcas serão criados juizados especiais, como
Secretários de Estado serão processados e julgados pela órgãos da justiça comum, providos, na forma da lei, para
Assembleia Legislativa. a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis
São órgãos do Poder Judiciário: de menor complexidade e infrações penais de menor
I - o Tribunal de Justiça; potencial ofensivo. A competência e a composição dos
II - os Juízes de Direito; juizados especiais, inclusive a dos órgãos de julgamento de
III - o Tribunal do Júri; seus recursos, serão estabelecidas na Lei de Organização e
IV - os Juizados Especiais; Divisão Judiciárias do Estado.
V - o Juiz de Direito do Juízo Militar e os Conselhos de O Ministério Público é instituição permanente, essencial
Justiça Militar. à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa
A Lei de Organização e Divisão Judiciária definirá da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
a organização e o funcionamento do Conselho da sociais e individuais indisponíveis.
Magistratura. São princípios institucionais do Ministério Público a
Integram a administração da justiça os juízes de paz. unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
As serventias da justiça, do foro judicial e extrajudicial O Ministério Público do Estado é exercido pelo
são órgãos auxiliares do Poder Judiciário. Procurador-Geral de Justiça, pelos Procuradores de Justiça
Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia e pelos Promotores de Justiça.
administrativa e financeira. O Tribunal de Justiça elaborará São funções institucionais do Ministério Público:
a proposta orçamentária do Poder Judiciário dentro I - promover, privativamente, a ação penal pública, na
dos limites estipulados, conjuntamente com os demais forma da lei;
poderes, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, fixando- II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e
se um percentual sobre a receita global, que assegure a dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados
autonomia financeira da Justiça, excluídas as operações de na Constituição Federal e nesta Constituição, promovendo
crédito e os débitos constantes de precatórios judiciários as medidas necessárias à sua garantia;
de outras entidades de Direito Público. III - promover o inquérito civil e a ação civil pública
Os juízes gozam das seguintes garantias: para a proteção do patrimônio público e social, do meio
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
após dois anos de exercício, dependendo a perda de cargo, IV - promover ação de inconstitucionalidade ou
nesse período, de deliberação do Tribunal de Justiça e, nos representação para fins de intervenção da União e do
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; Estado, nos casos previstos nesta Constituição;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse V - expedir notificações nos procedimentos
público, na forma da Constituição Federal; administrativos de sua competência, requisitando
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto informações e documentos para instruí-los, na forma da lei
na Constituição Federal; complementar;
Aos juízes é vedado: VI - exercer o controle externo da atividade policial, na
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo forma da lei complementar;
ou função, salvo uma de magistério; VII - requisitar diligências investigatórias e a instauração
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos
participação em processo; de suas manifestações processuais;
III - dedicar-se a atividade político-partidária; VIII - participar de organismos estatais de defesa
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou do meio ambiente, do consumidor, de política penal e
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou penitenciária e outros afetos a sua área de atuação, na
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei federal; forma da lei; e
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas,
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do desde que compatíveis com sua finalidade.
cargo por aposentadoria ou exoneração.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

A defesa do consumidor é exercida pelo Ministério A Polícia Civil será dirigida pelo Delegado-Geral,
Público através do Programa de Proteção e Defesa do nomeado pelo Governador do Estado, dentre os delegados
Consumidor do Ministério Público do Estado do Piauí – de polícia de carreira, nos termos da lei complementar.
PROCON/MP-PI. O Estado criará e manterá uma academia especializada
A Procuradoria Geral do Estado é instituição de natureza de polícia civil, a que compete o treinamento e a reciclagem
permanente, vinculada diretamente ao chefe do Poder de policiais civis de carreira.
Executivo, essencial à Administração Pública estadual, O Estatuto da Polícia Civil disporá sobre:
cabendo aos Procuradores do Estado a representação I - o ingresso na classe inicial de delegado de polícia
judicial e extrajudicial do Estado e as atividades de de carreira, mediante concurso público de provas e títulos,
consultoria e assessoramento jurídico do Estado. com a participação da Seccional da Ordem dos Advogados
A Procuradoria Geral do Estado tem por chefe o do Brasil, obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de
Procurador-Geral do Estado, nomeado em comissão pelo classificação;
Governador do Estado, com prerrogativas de Secretário de II - a garantia aos policiais civis e aos agentes
Estado, dentre os membros estáveis da carreira, maiores de penitenciários, quando presos e durante o processo, de
trinta anos, de notório saber jurídico e reputação ilibada. tratamento diferenciado dos presidiários comuns; e
A Defensoria Pública é instituição essencial à função III - as atribuições e a estrutura dos órgãos do Conselho
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, com fundamento de Polícia Civil e da Corregedoria da Polícia Civil.
na dignidade da pessoa humana, a assistência jurídica O cargo de delegado de polícia constitui uma das
integral e gratuita e a representação judicial e extrajudicial, carreiras jurídicas do Poder Executivo do Estado e será
em todas as esferas administrativas e instâncias judiciais, estruturado em quadro próprio.
àqueles que, na forma da lei, sejam considerados A realização de concurso público de provas e títulos
necessitados. e o respectivo provimento dos cargos de delegados de
A Defensoria Pública tem por chefe o Defensor polícia dependerão de planejamento do Poder Executivo
Público-Geral, nomeado em comissão pelo Governador do e serão efetuados de acordo com as disponibilidades
orçamentárias do Estado.
Estado, dentre os membros da carreira, maiores de trinta e
É vedada a vinculação ou equiparação de remuneração
cinco anos, de notório saber jurídico e reputação ilibada, na
ou subsídio entre as carreiras jurídicas do Poder Executivo
forma disciplinada pela legislação estadual.
e entre estas e as demais carreiras jurídicas.
A segurança pública, dever do Estado, direito e
À Polícia Militar cabe o policiamento ostensivo e a
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
preservação da ordem pública. Ao Corpo de Bombeiros
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
Militar, além das atribuições definidas em lei, incumbe a
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
execução de atividades de defesa civil.
I - Polícia Civil;
Os comandos da Polícia Militar e do Corpo de
II - Polícia Militar;
Bombeiros Militar serão exercidos, em princípio, por oficial
III - Corpo de Bombeiros Militar. da ativa do último posto da própria corporação, nomeado
A remuneração dos servidores policiais integrantes por ato do Governador, observada a formação profissional
dos órgãos de segurança publica será fixada na forma da para o exercício do comando.
Constituição Federal. Os Comandos da Polícia Militar e do Corpo de
Os Municípios poderão constituir guardas municipais Bombeiros Militar podem ser exercidos, excepcionalmente,
destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, por oficial do Exército cujo nome tenha prévia aprovação
conforme dispuser a lei. de seu Comando.
A segurança pública, organizada sob a forma de A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar estão
sistema, será coordenada, supervisionada e controlada pela vinculados, operacionalmente, ao sistema de segurança
Secretaria de Estado correspondente, órgão encarregado pública do Estado, devendo seguir as políticas e diretrizes
da prestação dos serviços de polícia em geral, no território baixadas pela autoridade competente, na execução das
do Estado. atribuições que lhes são próprias.
A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar, as Lei complementar disporá sobre:
forças auxiliares e a reservado Exército subordinam-se, I - finanças públicas;
juntamente com a Polícia Civil, ao Governador do Estado. II - dívida pública, incluída a das autarquias, fundações
O exercício da função policial é privativo do policial e demais entidades controladas pelo Poder Público;
de carreira, recrutado e submetido a curso de formação III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
policial. IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
A Polícia Civil, dirigida por delegado de polícia de V - operações de câmbio realizadas por órgãos e
carreira, é instituição permanente e auxiliar da função entidades do Estado e dos Municípios.
jurisdicional do Estado, com atribuições, entre outras Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
fixadas em lei, de exercer as funções de polícia judiciária e I - o Plano Plurianual;
a apuração de infrações penais, exceto as militares. II - as Diretrizes Orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

A política de desenvolvimento urbano, executada pelo VI - estímulo do Poder Público, através de assistência
Poder Público Municipal, conforme diretrizes gerais fixadas jurídica, incentivos, sob a forma de guarda, à criança ou ao
em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento adolescente órfão ou abandonado;
das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de VII - programa de prevenção e atendimento
seus habitantes. especializado à criança, ao adolescente e ao jovem
O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, dependentes de entorpecentes e drogas afins.
obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de exploração sexual da criança, do adolescente e do jovem.
expansão urbana. A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da
A propriedade urbana cumpre sua função social lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação
quando atende às exigências fundamentais de ordenação por parte de estrangeiros.
da cidade expressas no plano diretor. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
Os Municípios com população inferior a vinte mil ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
habitantes serão assistidos pelo órgão ou entidade proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas
estadual competente na elaboração das diretrizes gerais de à filiação.
ocupação de seu território, desde que o hajam solicitado. No atendimento dos direitos da criança, do adolescente
O Estado e os Municípios promoverão programas e do jovem será levado em consideração o que dispõe a
de construção de moradias populares, de melhoria das Constituição Federal.
condições habitacionais e de saneamento básico. O Estado acolherá, preferencialmente, em casas
A família, base da sociedade, terá proteção do Estado, especializadas, mulheres, crianças, adolescentes e jovens
na forma da Constituição Federal. É dever da família, da vítimas de violência familiar e extrafamiliar.
sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e A lei estabelecerá o plano estadual de juventude, de
ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, duração decenal, visando à articulação das várias esferas
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à do poder público para a execução de políticas públicas.
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência O controle da política de atendimento à infância e à
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda juventude cabe ao Conselho Estadual de Defesa da Criança
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, e do Adolescente, órgão consultivo e deliberativo.
crueldade e opressão. A lei estabelecerá o processo de composição e a forma
O Estado promoverá programas de assistência integral de funcionamento do Conselho, garantida a participação
à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida das entidades não governamentais com atuação na área
a participação de entidades não governamentais e de assistência ao menor, do Poder Judiciário e da Ordem
obedecendo aos seguintes preceitos: dos Advogados do Brasil.
I - aplicação de percentual dos recursos públicos Cabe à lei estabelecer política de proteção à família, à
destinados à saúde na assistência materno-infantil; criança, ao adolescente, ao jovem e ao idoso, facultada a
II - criação de programas de preservação e atendimento criação de órgãos destinados à sua execução.
especializado para os portadores de deficiência física, A família, a sociedade e o Estado têm o dever de
sensorial ou mental, bem como de integração social do amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação
adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação garantindo-lhes o direito à vida.
do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação Aos maiores de sessenta e cinco anos é assegurada
de preconceitos e obstáculos arquitetônicos. a gratuidade dos transportes coletivos dentro dos
O direito a proteção especial abrangerá os seguintes Municípios.
aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
trabalho, observado o disposto na Constituição Federal; PIAUÍ. Constituição Estadual, Teresina, PI, 05 out.
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; 1989.
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e
jovem à escola;
IV - garantia de pleno e formal conhecimento de
atribuição de ato infracional, igualdade na relação
processual e defesa técnica por profissional habilitado,
segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa
em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer
medida privativa da liberdade;

9
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

No âmbito do Poder Executivo, o provimento dos


2. LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 13, cargos públicos, inclusive das autarquias e fundações
DE 03 DE JANEIRO DE 1994 - ESTATUTO DOS públicas, será por ato do Governador do Estado, permitida
a delegação de competência. Nos demais Poderes, o ato de
SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DO
provimento compete à autoridade indicada na respectiva
PIAUÍ.
legislação.
A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
São formas de provimento de cargo público:
LEI COMPLEMENTAR Nº 13, DE 3 DE JANEIRO DE a) nomeação;
1994 b) promoção;
A Lei Complementar nº 13, de 3 de janeiro de 1994, c) transferência;
institui o regime jurídico dos Servidores Públicos Civis do d) readaptação;
Estado do Piauí, das autarquias e das fundações públicas e) reversão;
estaduais, abrangendo os Poderes Legislativo, Executivo e f) aproveitamento;
Judiciário. g) reintegração; e
O servidor é a pessoa legalmente investida em cargo h) recondução.
público. E a nomeação será em caráter efetivo, quando se tratar
Cargo público é o conjunto de atribuições e
de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira. Ou
responsabilidades cometidas a um servidor, dentro da
em comissão, para cargos de confiança, de livre nomeação
estrutura organizacional da Administração Direta, das
e exoneração.
autarquias e das fundações públicas estaduais. Os cargos
O exercício de cargo em comissão exigirá de seu
públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por
lei, com denominação própria, número certo e vencimentos ocupante integral dedicação ao serviço, podendo o
pagos pelos cofres públicos, para provimento em caráter servidor ser convocado sempre que houver interesse da
efetivo ou em comissão. administração.
É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os Observe que a designação para função de direção,
casos previstos em lei. assessoramento e chefia intermediários, de competência
Também é proibido o desvio de função ou atribuir- dos dirigentes de órgãos e entidades administrativas,
se ao servidor encargos ou serviços diferentes daqueles recairá, exclusivamente, em servidor de carreira ou de
próprios de seu cargo. cargo isolado de provimento efetivo.
Para os provimento e vacâncias, devem-se observar os A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado
requisitos exigidos no estatuto em estudo. de provimento efetivo depende de prévia habilitação
São requisitos básicos para a investidura em cargo em concurso público de provas ou de provas e títulos,
público: obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua
a) a nacionalidade brasileira; validade.
b) o gozo dos direitos políticos; E por tratar de concurso público, este será de provas ou
c) quitação com as obrigações militares e eleitorais; de provas e títulos, podendo ser realizado em duas etapas,
d) o nível de escolaridade exigido para o exercício do conforme dispuser o edital, garantida a participação das
cargo; entidades sindicais na fiscalização.
e) a idade mínima de dezoito anos; e O concurso público, em caráter geral, terá validade
f) aptidão física e mental. de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única
As atribuições do cargo podem justificar a exigências vez, por igual período. Este prazo de validade do concurso
de outros requisitos estabelecidos. e as condições de sua realização serão fixados em Edital,
As pessoas portadoras de deficiência é assegurado o que será publicado no Diário Oficial do Estado e em jornal
direito de se inscrever em concurso público para provimento diário de grande circulação.
de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a Por regra, não se abrirá novo concurso enquanto
deficiência de que são portadoras. Para tais pessoas serão
houver candidato aprovado em concurso anterior, com
reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas
prazo de validade não expirado.
no concurso. Tudo conforme legislação federal que define
E o concurso, uma vez aberto, deverá estar homologado
o percentual de cargos e empregos públicos para pessoas
no prazo de 12 (doze) meses.
portadoras de deficiências, os critérios de sua admissão na
Administração Pública e dá outras providências. Aprovado em concurso, o candidato é empossado no
Destaca-se que para o Estado do Piauí a Administração cargo. A posse é a investidura em cargo público e exercício
Pública Estadual Direta, Indireta e Fundacional, quando da é o efetivo desempenho das atribuições do cargo.
realização de concursos públicos para provimento de vagas A posse será dada pela assinatura do respectivo termo,
referentes a cargos e empregos públicos, fixará o percentual no qual deverão constar a declaração de bens e valores que
mínimo de 10% (dez por cento) das vagas a serem providas, constituem o patrimônio do servidor e a declaração quanto
para destinação aos portadores de deficiências. ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função
pública ou privada.

10
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Do termo de posse, assinado pela autoridade O servidor não aprovado no estágio probatório
competente e pelo servidor, constará o compromisso do será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
empossado de fiel cumprimento de seus deveres funcionais anteriormente ocupado.
e de suas atribuições do cargo. Não haverá para o servidor, no período do estágio
Admite-se a posse mediante procuração com poderes probatório, promoção, progressão ou transferência,
específicos para tal fim, inclusive o de assinar o termo e permitida a readaptação, na forma do regulamento do
firmar o compromisso. cargo.
A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias, contados O servidor, nomeado por concurso público para cargo
da publicação do ato de provimento, prorrogável por mais de provimento efetivo, adquirirá estabilidade no serviço
30 (trinta) dias a requerimento do interessado. Se o servidor público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício.
estiver em licença, ou afastado, legalmente, o prazo será E na condição de servidor estável só perderá o cargo
contado do término do impedimento. em virtude de sentença judicial, transitada em julgado,
Será tornado sem efeito o ato de provimento, se a ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
posse não ocorrer no prazo previsto. assegurada a ampla defesa.
A autoridade que der posse verificará se foram Invalidada a demissão do servidor estável, será ele
satisfeitas as condições legais para a investidura. reintegrado e o eventual ocupante de seu cargo reconduzido
Só haverá posse nos casos de nomeação para cargo de ao cargo de origem, aproveitado em outro cargo ou posto
provimento efetivo ou em comissão e na reversão. em disponibilidade, sem direito a indenização.
A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
médica oficial. Portanto, só poderá ser empossado aquele servidor estável ficará em disponibilidade remunerada, até
que for julgado apto física e mentalmente para o exercício o seu adequado aproveitamento em outro cargo.
do cargo. O servidor, dentro de seu cargo, tem direito a promoção.
A promoção é, em síntese, a elevação do servidor à
FIQUE ATENTO! classe imediatamente superior àquela a que pertence, na
É de 30 (trinta) dias o prazo para o servidor entrar em
respectiva carreira.
exercício, contados da data da posse. Findo o prazo e não
A promoção obedecerá aos critérios de merecimento
estando em exercício, o servidor será exonerado.
e antiguidade de classe, exigindo sempre o interstício
regulamentar, conforme o cargo que ocupa.
Ao dirigente do órgão ou entidade para onde for
As promoções serão realizadas de seis em seis meses,
designado o servidor compete dar-lhe exercício. Sendo
observadas as normas do regulamento. O merecimento
assim, ao entrar em exercício, o servidor apresentará
será aferido segundo critérios objetivos, indicados em
ao órgão competente os elementos necessários ao seu
assentamento individual. regulamento.
É obrigatório o registro da frequência do servidor na
unidade administrativa onde tem lotação, na conformidade FIQUE ATENTO!
com as normas regulamentares. Em cada órgão da administração estadual funcionará
O início, a suspensão, a interrupção e o reinicio do uma comissão permanente de avaliação do servidor, para
exercício serão registrados no assentamento individual fins de promoção, como acontece com a Polícia Civil.
do servidor. Será considerado como de efetivo exercício o
período de tempo realmente necessário ao deslocamento Sobre a transferência, esclarece-se que é a
do servidor, quando designado para servir em outra movimentação do servidor de um cargo de provimento
localidade. Se o servidor estiver afastado, legalmente, o efetivo para outro cargo vago, da mesma denominação e
prazo será contado a partir do término do afastamento. vencimento, de quadro diverso, dentro da Administração
A promoção não interrompe o tempo de exercício, que Direta, da autarquia e da fundação pública.
é contato na nova classe a partir da data da publicação do Detalhe A transferência poderá ser atendida a pedido
ato que promover o servidor. do servidor ou processada de ofício no interesse da
administração.
FIQUE ATENTO! A readaptação é a investidura do servidor em cargo
Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a
de provimento efetivo, ficará sujeito a estágio probatório limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a mental, verificada em inspeção médica.
sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições
desempenho do cargo, observado, também os fatores de afins, respeitada a habilitação exigida. Se julgado incapaz
assiduidade, disciplina, produtividade e responsabilidade. para o serviço público, o readaptando será aposentado.
A transferência, por permuta, será efetuada a pedido
Antes de terminar o período do estágio probatório, das partes interessadas, observada a conveniência da
será submetida à homologação da autoridade dirigente do administração.
órgão ou da entidade pública, a avaliação do desempenho Não será concedida a transferência, se já abertas as
do servidor, realizada de acordo com o que dispuser o inscrições para concurso ou se ainda houver candidato
regulamento. habilitado em concurso anterior, para o cargo a ser provido.

11
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

É importante destacar o termo reversão. A reversão é A exoneração de cargo público será a pedido do
o reingresso no serviço público do servidor aposentado servidor ou de ofício. A exoneração de ofício será:
por invalidez, quando, por junta médica oficial, forem a) quando não satisfeitas as condições do estágio
declarados insubsistentes os motivos da aposentadoria. probatório;
A reversão será feita, de preferência, no mesmo cargo, b) quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
ou em cargo vago da mesma denominação e vencimento. em exercício, no prazo determinado;
Não poderá reverter o aposentado que já tiver c) a juízo da autoridade competente, quando se tratar
completado 60 (sessenta) anos de idade ou 30 (trinta) anos de cargo em comissão.
de tempo de serviço.
Somente por necessidade do serviço e no interesse
FIQUE ATENTO!
público, a critério da administração, será procedida a
Quando se tratar de função de direção, chefia e
reversão de aposentado.
Outro termo importante é o aproveitamento, assessoramento a vacância será por dispensa, a pedido ou
que é o reingresso no serviço público do servidor em de ofício, ou por destituição.
disponibilidade. Será obrigatório o aproveitamento do
servidor em disponibilidade em cargo de atribuições e Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido, de
vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. ofício ou por permuta, no âmbito do mesmo quadro, com
O retorno à atividade do servidor em disponibilidade ou sem mudança de sede e sem que se modifique a sua
será feito em vaga que vier a ocorrer nos órgãos da situação funcional.
Administração Direta, das autarquias e das fundações A remoção será, a pedido, atendida a conveniência
públicas, respectivamente da origem do servidor. do serviço e de ofício ou por permuta, no interesse da
administração.
FIQUE ATENTO! Concede-se a remoção, a pedido, para outra localidade,
Sobre o aproveitamento, será tornado sem efeito o independentemente de vaga, para acompanhar cônjuge
aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor ou companheiro, ou por motivo de saúde do servidor,
não entrar em exercício no prazo de 30 (trinta) dias, salvo cônjuge, companheiro ou dependente, condicionada à
doença comprovada por junta médica oficial. comprovação por junta médica.
A remoção será sempre motivada por escrito pela
Agora trataremos da reintegração que é a reinvestidura
autoridade competente, sob pena de nulidade.
do servidor estável no cargo anteriormente ocupado ou no
O Chefe do Poder Executivo, no interesse público, fica
cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a
autorizado a proceder ao deslocamento do cargo de uma
sua demissão administrativa ou sentença judicial, transitada
em julgado, com ressarcimento de todas as vantagens. classe para outra.
A reintegração será feita no cargo anteriormente Sobre a substituição, os servidores investidos em
ocupado; encontrando - se provido o cargo, o seu eventual função de direção ou chefia e os ocupantes de cargos em
ocupante será reconduzido ao cargo de origem ou comissão terão substitutos indicados em regimento interno
aproveitado em outro cargo de igual padrão, sem direito ou, no caso de omissão, designados pela autoridade
a indenização. competente.
Se extinto o cargo anteriormente exercido, o servidor O substituto assumirá automaticamente o exercício do
ficará em disponibilidade remunerada até o seu posterior cargo ou função de direção, assessoramento ou chefia nos
aproveitamento. afastamentos ou impedimentos regulamentares do titular.
A recondução, outro termo que faz parte da Este fará jus à gratificação pelo exercício da função de
administração, é o retorno do servidor estável ao seu direção, assessoramento ou chefia, paga na proporção dos
cargo de origem, em decorrência da reintegração de seu dias de efetiva substituição.
anterior ocupante. Aplica-se à recondução no que couber, Quanto à gratificação, não é cabível ao servidor
o disposto no artigo anterior. quando a substituição for inerente às atribuições do seu
Após estudarmos a investidura, passaremos a cargo, salvo se o período da substituição ultrapassar a 30
compreender a vacância. A vacância do cargo público
(trinta) dias corridos.
decorrerá de:
Outro ponto importe diz respeito ao vencimento. O
a) exoneração;
vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
b) demissão;
c) promoção; cargo público, com valor fixado em lei. Nenhum servidor
d) transferência; poderá perceber mensalmente, a título de remuneração,
e) readaptação; importância superior à soma dos valores percebidos,
f) aposentadoria; em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos
g) posse em outro cargo inacumulável; e Poderes, pelo Deputado Estadual, pelo Desembargador e
h) falecimento pelo Secretário de Estado, não se incluindo neste teto o
Passaremos a abordar cada uma das hipóteses da salário - família e as vantagens previstas especificadas em
vacância. leis.

12
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

É vedado, portanto, a vinculação ou equiparação de A Progressão Horizontal é a passagem do servidor de


vencimentos, para efeito de remuneração do pessoal uma Referência para outra imediatamente superior, dentro
do serviço público, ressalvado os casos previstos na da mesma classe, observados os interstícios e o tempo de
Constituição Federal. serviço, na carreira, na forma regulamentar.
Vencimento não é remuneração. Tanto que remuneração Constituem indenizações ao servidor ajuda de custo,
é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens diárias e ajuda de transporte.
pecuniárias permanentes, estabelecidas em lei. Os valores das indenizações, assim como as condições
A remuneração dos cargos em comissão compreende para a sua concessão, serão estabelecidos por ato do
o vencimento e a gratificação de representação, fixados em respectivo Poder.
lei. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas
O servidor nomeado para cargo em comissão poderá de instalação do servidor que, no interesse do serviço,
fazer opção pelo vencimento de seu cargo efetivo, acrescido passar a ter exercício em nova sede, com mudança de
da gratificação de representação do cargo em comissão, domicílio permanente. Correm por conta da administração
para o qual foi nomeado. as despesas de transportes do servidor e de sua família,
compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais.
FIQUE ATENTO! À família do servidor que falecer na nova sede são
O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens asseguradas ajuda de custo e transporte para a localidade
de caráter permanente, é irredutível. de origem, dentro do prazo de um ano, contado do óbito.
Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum Será concedido ajuda de custo àquele que, não sendo
desconto incidirá sobre a remuneração ou proventos. servidor público, for nomeado para cargo em comissão,
com mudança de domicílio. Nos casos especificados em
Mediante autorização do servidor, poderá haver lei sobre os afastamentos, a ajuda de custo será paga pelo
consignação em folha de pagamento a favor de terceiros, órgão requisitante, quando cabível.
a critério da administração e com reposição de custos,
Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se
salvo quanto aos recolhimentos sindicais e associação
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato
representativas de classe.
eletivo.
As reposições e indenizações ao erário, após a devida
A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
atualização, serão previamente comunicadas ao servidor
do servidor, não podendo exceder á importância
ou ao pensionista e amortizadas em parcelas mensais cujos
correspondente a 3(três) meses. O servidor será obrigado
valores não excederão a dez por cento da remuneração ou
a restituir a ajuda de custo quando, injustificadamente, não
provento.
se apresentar na nova sede, no prazo de 30 (trinta) dias.
Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
Além da ajuda de custo, há também a diária. Neste
mês anterior ao do processamento da folha, a reposição
será feita imediatamente, em uma única parcela. caso, o servidor que, a serviço, se deslocar da sua sede,
Aplicam-se as disposições acima citadas sobre a em caráter eventual ou transitório, fará jus a passagens e
reposição de valores recebidos em cumprimento à decisão diárias, para cobrir as despesas de alimentação e pousada. A
liminar, a tutela antecipada ou a sentença que venham a ser diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida
revogadas ou rescindida. pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite
Nas hipóteses acima se aplica a regra de que sempre fora da sede. Nos casos em que o deslocamento da sede
que o pagamento houver ocorrido por decisão judicial constituir exigência permanente do cargo o servidor não
concedida e cassada no mês anterior ao da folha de fará jus a diárias.
pagamento em que ocorrerá a reposição. O valor das diárias será fixado por ato do respectivo
O servidor perderá a remuneração dos dias em Poder, de acordo com a natureza, o local e as condições
que faltar ao serviço e a parcela de remuneração diária, do serviço.
proporcional aos atrasos, ausências e saídas antecipadas, O servidor que receber diárias e não se afastar da
iguais ou superiores a 60 (sessenta) minutos. sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las,
Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias. Se o servidor
indenizações, gratificações e adicionais. retornar à sede em prazo menor do que o previsto para o
As indenizações não se incorporam ao vencimento ou seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso,
provento para qualquer efeito e não servem de base para no mesmo prazo deste artigo.
cálculo de quaisquer outras vantagens. Há ainda a indenização de transporte, que nos termos
As gratificações e os adicionais incorporam-se aos da lei, será concedida a referida indenização ao servidor
vencimentos e aos proventos, nos casos e condições que realizar despesas com a utilização de meio próprio de
indicados em lei. locomoção para a execução de serviços externos, por força
É vedada a concessão de quaisquer outras vantagens das atribuições próprias do cargo.
pecuniárias, gratificações e adicionais não previstos em Lei Além do vencimento e das indenizações previstas nesta
Complementar, bem como em bases e limites superiores Lei em estudo, serão deferidos aos servidores públicos as
aos nela fixados. seguintes gratificações e adicionais:

13
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

I - Gratificação pelo exercício de cargo ou função de A gratificação de que trata este artigo será calculada
Direção, Chefia e Assessoramento; sobre o vencimento básico do cargo, na forma e condições
II - Gratificação natalina; estabelecidas em regulamento, observada a legislação
III - Gratificação pela prestação de serviço extraordinário; federal específica.
IV - Gratificação pelo exercício de atividades insalubres,
perigosas e penosas; FIQUE ATENTO!
V - Gratificação pela participação em órgão de O servidor que fizer jus à gratificação de insalubridade
deliberação coletiva; e periculosidade deverá optar por uma delas.
VI - Gratificação de representação de gabinete;
VII - Gratificação de controle Interno e Auditoria; O direito à gratificação cessa com a eliminação das
VIII - Gratificação por condições Especiais de Trabalho; condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão.
IX - Adicional por Tempo de Serviço; A caracterização e a classificação da insalubridade ou
X - Adicional Noturno; da periculosidade serão feitas nas condições disciplinadas
XI - Adicional de Férias; e na legislação específica.
XII - Adicional de Produtividade. A servidora gestante ou lactante será afastada das
Ao servidor investido em cargo em comissão ou operações e locais previstos neste artigo, exercendo suas
função de direção, chefia ou assessoramento é devida uma atividades em local salubre e em serviço não penoso ou
gratificação pelo seu exercício. Esta gratificação integra a perigoso.
remuneração do servidor, na proporção de 1/5 (um quinto) A gratificação pela Participação em Órgão de
por ano, continuado ou não, até o limite de 5/5 (cinco Deliberação Coletiva ( jeton) é fixada, por ato do
quintos). Governador do Estado, tendo em vista o princípio de
O servidor somente fará jus à citada Gratificação se tiver hierarquia, a equivalência de funções e a complexidade
exercido, na administração pública, cargo em comissão ou das respectivas responsabilidades.
função, por período de 05 (cinco) anos consecutivos ou O servidor que, pela natureza das atribuições de seu
10 (dez) anos intercalados. Quando mais de uma função cargo, for membro nato de um Conselho, não fará jus à
houver sido desempenhada no período de um ano, a gratificação supracitada.
gratificação terá como base de cálculo a função exercida É vedada a participação remunerada do servidor em
por maior tempo. mais de um órgão de deliberação coletiva.
Quando o exercício da Função ou Cargo em Comissão A gratificação de que trata este artigo será paga por
de maior valor não corresponder ao período de dois anos, sessão a que comparecerem os membros dos órgãos de
será devida a gratificação imediatamente inferior dentre os deliberação coletiva e não poderá exceder a 04 (quatro)
exercidos. sessões ordinárias e, excepcionalmente, a 02 (duas)
A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze sessões extraordinárias, por mês.
avos) da remuneração a que o servidor fizer jus do mês de A Gratificação de Representação de Gabinete será
dezembro, por mês de exercício. concedida aos servidores requisitados para servirem junto
A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será à Governadoria do Estado, à Vice - Governadoria e na
considerada como mês integral. estrutura básica do Serviço Social do Estado - SERSE.
O servidor exonerado perceberá sua gratificação Esta gratificação será calculada mediante a aplicação
natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, do percentual de 100% (cem por cento) sobre o vencimento
calculada sobre a remuneração do mês da exoneração. do cargo efetivo do servidor.
A gratificação pela prestação de serviço extraordinário Na hipótese de o servidor ocupar Cargo ou Função
será paga por hora de trabalho prorrogado ou antecipado de Chefia e Assessoramento poderá optar pelo valor
do expediente normal do servidor. correspondente à remuneração do respectivo cargo ou
O serviço extraordinario será remunerado com função para o qual foi nomeado.
acréscimo de 50%(cinquenta por cento) em relação à hora Em nenhum caso, o valor da gratificação poderá
normal de trabalho. Somente em casos excepecionais, exceder à atribuída ao cargo em Comissão de maior
a critério da administração, poderá ser antecipado ou símbolo.
prorrogado o período normal de trabalho do servidor, não A Gratificação de Representação de Gabinete não será
podendo, porém, exceder a 02 (duas) horas diárias e de incorporada ao vencimento, para qualquer efeito, nem
60 (sessenta) dias consecutivos ou 120 (cento e vinte) dias, poderá ser percebida, cumulativamente, com a gratificação
interpolados, em cada ano. pela prestação de serviços extraordinários.
Aos servidores que trabalham com habitualidade A Gratificação de Controle Interno e Auditoria é
em locais insalubres ou em contato permanente com devida aos servidores integrantes do Grupo Administração
substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem Financeira, Contabilidade e Auditoria, da Secretaria da
jus a uma gratificação sobre o vencimento básico de cargo Fazenda e será calculada sobre o vencimento do cargo, na
efetivo. forma e condições a serem estabelecidas pelo Chefe do
Poder Executivo, em Regulamento.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

A Gratificação por Condições Especiais de Trabalho Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
será concedida com vistas ao interesse público de fixar o exigidos 12 (doze) meses de exercício. É vedado levar à
servidor em determinadas regiões, incentivá-lo no exercício conta de férias qualquer falta ao serviço.
de determinadas funções, ou quando estas se realizarem O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
em locais ou por meio e modos ou para fins especiais que comissão, perceberá indenização relativa ao período das
reclamem tratamento especial. férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de
Esta gratificação será fixada pelo Chefe do Poder 1/12 (um doze avos) por mês de efetivo exercício, ou fração
Executivo, após ouvido o Conselho Estadual de Política superior a 14 (quatorze) dias.
Salarial, no modo e forma e nas circunstâncias definidas A indenização será calculada com base na remuneração
em Regulamentos. do mês em que for publicado o ato exoneratório.
O adicional por tempo de serviço é devido à razão de O servidor que opera direta e permanentemente com
3% ( três por cento) por triênio de serviço público efetivo, Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias
incidente sobre o vencimento básico do cargo. O servidor
consecutivos de férias, por quadrimestre de atividade
fará jus a este adicional a partir do mês em que completar
profissional, proibida em qualquer hipótese a acumulação.
o triênio.
O serviço noturno, prestado em horário compreendido
FIQUE ATENTO!
entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do
dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 100% (cem por As férias não poderão ser interrompidas, salvo motivo
cento) do valor-hora do vencimento básico do cargo. de superior interesse público e absoluta necessidade do
Independentemente de solicitação, será pago ao serviço.
servidor por ocasião das férias, um adicional correspondente
a 1/3 (um terço) da remuneração do período de férias. Concederá ao servidor as seguintes licenças:
No caso de o servidor exercer função de Direção, Chefia I - para tratamento de saúde;
ou Assessoramento, ou ocupar cargo em Comissão, a II - por motivo de doença em pessoa da família;
respectiva vantagem será considerada no cálculo adicional III - por acidente em serviço;
de que trata este artigo. IV - por motivo de afastamento do cônjuge ou
O Adicional de Produtividade é devido, exclusivamente, companheiro;
ao servidor ocupante de cargo ou Grupo Fisco/Tributação/ V - para o serviço militar obrigatório;
Arrecadação e Procuradores Fiscais, da Secretaria da VI - para atividade política;
Fazenda. VII - prêmio por assiduidade;
O salário-família é concedido ao servidor ativo ou VIII - para tratar de interesses particulares;
inativo, por dependente econômico, no valor fixado em lei. IX - para desempenho de mandato classista.
Será devido a partir do mês em que o servidor se habilitar X - à gestante e à paternidade.
ao benefício. Consideram-se dependentes econômicos
para efeito da percepção do salário-família: FIQUE ATENTO!
a) o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os Não se concederá licença para tratar de interesses
enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, particulares ao servidor ocupante de cargo em comissão
até 24 (vinte e quatro ) anos de idade ou, se inválido, de ou em estágio probatório.
qualquer idade;
b) o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante As licenças previstas para tratamento de saúde, por
autorização judicial, viver na companhia e às expensas do motivo de doença em pessoa da família e por acidente
servidor, ou do inativo;
em serviço dependem de perícia médica ou junta médica
c) a mãe e o pai sem economia própria.
oficial e serão concedidas pelo prazo indicado no laudo.
Não se configura a dependência econômica quando
O servidor não poderá permanecer em licença da mesma
o beneficiário do salário-família perceber rendimento do
espécie por período superior a 24 (vinte quatro) meses,
trabalho ou de qualquer outra fonte, pensão ou provento
da aposentadoria, em valor igual ou superior ao salário salvo nos casos de licença por motivo de afastamento do
mínimo. O salário-família não está sujeito a qualquer cônjuge ou companheiro, para o serviço militar obrigatório,
desconto, ainda que para fim de previdência social. para a atividade política e para desempenho de mandato
Quando pai e mãe forem servidores públicos e viverem classista.
em comum, o salário-família será pago a um deles. Quando É vedado o exercício de atividade remunerada durante
separados, será pago a um e outro, de acordo com a o período da licença para tratamento da própria saúde ou
distribuição dos dependentes. de pessoa da família.
Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto e a madrasta A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do
e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes. término de outra da mesma espécie será considerada
O servidor fará jus a 30 (trinta) dias consecutivos de como prorrogação.
férias, que podem ser acumuladas, até o máximo de 2 (dois) Será concedida ao servidor licença para tratamento de
períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvados saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia oficial,
os casos em que haja legislação específica. sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.

15
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Para licença até 15 (quinze) dias, a inspeção poderá ser Poderá ser concedida licença ao servidor para
feita por médico do serviço oficial e, se por prazo superior, acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado
por junta médica. para outro ponto do território nacional, para o exterior ou
Sempre que necessário, a inspeção médica será para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo
realizada na residência do servidor ou no estabelecimento e Legislativo. A licença será por prazo indeterminado e sem
hospitalar onde se encontrar internado. remuneração.
Inexistindo médico do órgão oficial no local onde Na hipótese do deslocamento acima citado, o servidor
se encontra o servidor, será aceito atestado passado por poderá ser lotado, provisoriamente, em repartição da
médico particular, homologado pela junta médica. Administração Pública do Estado, desde que para o
Findo o prazo da licença, o servidor deverá reassumir, exercício de atividade compatível com o seu cargo.
imediatamente, o exercício, salvo prorrogação pedida antes Ao servidor convocado para o serviço militar será
de findar a licença ou se for o caso, pedir aposentadoria. concedida licença, na forma e condições previstas na
legislação especifica. Concluído o serviço militar, o servidor
O atestado e o laudo da junta médica não se referirão
terá 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o
ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar
exercício do cargo.
de lesões produzidas por acidente em serviço, moléstia
O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,
durante o período que mediar entre a sua escolha em
especificada em lei. convenção partidária, como candidato a cargo efetivo, e
O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça
ou funcionais será submetido à inspeção médica. Eleitoral.
Observe que o servidor candidato a cargo eletivo na
FIQUE ATENTO! localidade onde desempenha suas funções e que exerça
Constitui falta grave a recusa do servidor à inspeção cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou
médica. fiscalização, dele será afastado, a partir do dia imediato ao
do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral,
Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo até o 15º (décimo quinto) dia seguinte ao do pleito.
de doença do cônjuge ou companheiro, padrasto ou A partir do registro da candidatura e até o 15º (décimo
madrasta, ascendente, descendente, enteado e colateral quinto) dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à
consanguíneo ou afim até o segundo grau civil, mediante licença remunerada, como se em efetivo exercício estivesse.
comprovação por junta médica oficial. Após cada quinquênio ininterrupto de exercício, o
A licença somente será deferida se a assistência direta servidor fará jus a 3 (três) meses de licença, que poderão
do servidor for indispensável e não puder ser prestada ser acumuladas até o máximo de dois períodos, a título de
simultaneamente com o exercício do cargo. prêmio por assiduidade, com a remuneração que percebia
A licença será concedida sem prejuízo da remuneração à data do seu afastamento.
do cargo efetivo, até 90 (noventa) dias, podendo ser Os períodos de licença-prêmio já adquiridos e não
prorrogada por mais até 90 (noventa) dias, mediante gozados pelo servidor que vier a falecer ou aposentar-se por
parecer da junta médica, e excedendo estes prazos, sem invalidez serão convertidos em pecúnia, em favor de seus
remuneração. beneficiários da pensão, ou por ocasião da aposentadoria.
Será licenciado, com remuneração integral, o servidor A autoridade deverá conceder a licença prêmio dentro
acidentado em serviço ou acometido de moléstia do prazo de até um ano, se requerida pelo servidor.
profissional. Não se concederá licença-prêmio ao servidor que, no
período aquisitivo:
Configura acidente em serviço ou doença profissional,
I - sofrer penalidade disciplinar de suspensão;
o dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se
II - afastar-se do cargo em virtude de:
relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições
a) licença por motivo de doença em pessoa da família,
do cargo exercido.
sem remuneração;
Equipara-se ao acidente em serviço o dano: b) licença para tratar de interesses particulares;
a) decorrente de agressão sofrida e não provocada c) condenação a pena privativa de liberdade por
pelo servidor no exercício do cargo; sentença definitiva; e
b) sofrido no percurso da residência para o trabalho e d) afastamento para acompanhar cônjuge ou
vice-versa. companheiro.
O servidor acidentado em serviço que necessite de As faltas injustificadas ao serviço retardarão a
tratamento especializado poderá ser tratado em instituição concessão da licença-prêmio, na proporção de 1 (um) mês
privada, à conta de recursos públicos. O tratamento para cada falta.
recomendado por junta médica oficial constitui medida O número de servidores em gozo simultâneo de
de exceção e somente será admissível quando inexistirem licença-prêmio não poderá ser superior a 1/3 (um terço)
meios e recursos adequados em instituição pública. da lotação da respectiva unidade administrativa do órgão
A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) ou entidade.
dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.

16
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

FIQUE ATENTO! Excetuam-se dos dispositivos deste artigo, as


A critério da Administração, poderá ser concedida requisições para a Governadoria do Estado e as nomeações
ao servidor estável licença para o trato de assuntos para cargos em comissão e dos dirigentes de entidades
particulares, pelo prazo de até 2 (dois) anos consecutivos, administrativas de nomeação pelo Governador do Estado
sem remuneração. ou de eleição pela assembleia geral.
As disposições de servidores, no âmbito da
A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, Administração Pública, será feita sempre com ônus
a pedido do servidor ou no interesse do serviço. Não se para o órgão requisitante, salvo nos casos de servidores
concederá nova licença antes de decorrido 2 (dois) anos do nomeados para cargos de confiança ou de solicitação para
término da anterior. ocupar cargo de Secretário de Município.
Não se concederá a licença a servidores nomeados, As disposições serão concedidas pelo prazo de 1 (um)
removidos, redistribuídos ou transferidos, antes de ano, prorrogável, por necessidade do serviço, por igual
completarem 2 (dois) anos de exercício. período, exceto os casos previstos no parágrafo primeiro
É assegurado ao servidor o direito a licença para deste artigo e as requisições para os Poderes Executivo,
desempenho de mandato em confederação, federação, Judiciário e Legislativo da União, dos Estados do Distrito
associação de classe de âmbito estadual, sindicato Federal e Secretarias de Municípios, cujo prazo será o do
representativo da categoria, central sindical ou entidade tempo da serventia.
fiscalizadora da profissão, com remuneração do cargo A disposição de servidor entre órgãos da
efetivo. Administração Direta, Indireta e Fundacionais somente
Somente poderão ser licenciados servidores poderá ocorrer quando tenha por finalidade o exercício de
eleitos para cargos de direção ou representação nas cargo em comissão ou de direção superior das entidades
referidas entidades, obedecendo alguns critérios, como, administrativas e, excepcionalmente, o exercício de função
Confederação, Federação, Central Sindical e associação de técnica ou científica, recaindo, neste último caso o ônus
Classe terão no máximo 03 (três) liberações por entidade, para o órgão requisitante.
sendo que associação de classe deverá ter no mínimo 200
No interesse do serviço, será permitido o afastamento
associados.
de servidor para exercer função de chefia, direção e
Inclui também para os cargos de direção ou
assessoramento intermediários, desde que compatível
representação ao Sindicato de Classe ficam assegurados
com sua formação técnica ou científica. O afastamento do
03 (três) liberações por entidade, mais 01 (um) para cada
servidor, neste caso, vigorará pelo tempo de sua serventia.
500 (quinhentos) servidores na base da categoria no limite
Ao servidor em exercício de mandato eletivo aplicam-
máximo de 30 (trinta) liberados.
se as seguintes disposições:
Nesses casos, a licença terá duração igual a do mandato
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
sendo automaticamente prorrogada em caso de reeleição.
distrital, ficará afastado de seu cargo.
Será concedida licença à servidora gestante por
120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da II - investido no mandato de Prefeito será afastado do
remuneração. cargo, sendo lhe facultado optar pela sua remuneração.
A licença, com início no primeiro dia do nono mês de III - investido no mandato de Vereador:
gestação, poderá ser antecipada por prescrição médica. a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as
No caso de nascimento prematuro, a licença terá inicio vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do
a partir do parto. cargo eletivo;
No caso de nutimorto ou aborto, atestado por b) não havendo compatibilidade de horário, será
médico oficial, a servidora terá 30 (trinta) dias de licença afastado do cargo, sendo - lhe facultado optar pela sua
remunerada a partir do evento. remuneração.
Pelo nascimento de filhos, o servidor terá direito à IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
lincença-paternidade de 5 (cinco) dias úteis a parti do parto exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
do cônjuge ou da companheira. contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção
À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial por merecimento.
de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 V - no caso de afastamento do cargo, o servidor
(noventa) dias de licença remunerada, e, se de mais de 1 contribuirá para a previdência social como se em exercício
(um) ano, a licença remunerada será de 30 (trinta) dias. estivesse.
Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis VI - investido em mandato eletivo ou classista, o servidor
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada não poderá ser removido, transferido ou redistribuído,
de trabalho, a duas horas de descanso que poderá ser de ofício, para localidade diversa daquela onde exerce o
parcelada em dois períodos de uma hora. mandato.
O servidor poderá ser cedido para ter exercício em O servidor não poderá ausentar-se do Estado para
outro órgão ou entidade da Administração Direta, Indireta estudo ou missão especial, sem autorização do Chefe do
ou Fundacional, mediante pedido fundamentado pela Poder a que está vinculado.
autoridade requisitante, sob pena de nulidade.

17
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a V - disposição, regularmente concedida, para prestar
missão ou estudo, somente decorrido igual período, será serviços nos órgãos e entidades da Administração Direta,
permitida nova ausência. Indireta e Fundações do Estado, e afastamento para bolsas-
Ao servidor beneficiado pela ausência não será de-estudos;
concedida exoneração ou licença para tratar de interesse VI - licença:
particular antes de decorrido período igual ao do a) à gestante, à adotante e à paternidade;
afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da b) para tratamento da própria saúde, até 2 (dois) anos;
despesa havida com seu afastamento. c) para o desempenho de mandato classista, exceto
A critério da Administração, poderá ser concedida ao para efeito de promoção por merecimento;
servidor estável bolsa-de-estudo, fora do Estado, para fins d) por motivo de acidente em serviço ou doença
de cursos de pós-graduação, aperfeiçoamento, extensão profissional;
e pesquisa, por prazo de até 2 (dois) anos, prorrogável e) prêmio por assiduidade.
por igual período, conforme exigirem as circunstâncias, VII - deslocamento para a nova sede;
devidamente comprovadas. VIII - participação em competição desportiva,
Mas, é vedada a concessão de bolsa-de-estudo para a congressos e outras atividades culturais, devidamente
formação profissional e outros cursos existentes no Estado, autorizada;
inclusive os previstos neste artigo. IX - disponibilidade; e
Deve observar que o valor da bolsa-de-estudo não X - prisão do servidor, quando absolvido por sentença
poderá ultrapassar à remuneração do cargo do servidor. definitiva.
Sem qualquer prejuízo e considerado de efetivo Contar-se apenas para efeito de aposentadoria e
exercício, poderá o servidor ausentar-se do serviço: disponibilidade os seguintes tempo de serviço:
I - por 1(um) dia, para doação de sangue; a) O tempo de serviço público prestado à União,
II - por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor; Estados, Municípios e Distrito Federal;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de: b) Licença para tratamento de saúde de pessoa da
a)  casamento; família do servidor, com remuneração;
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, c) O tempo correspondente ao desempenho de
madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob mandato eletivo, anterior ao ingresso no serviço público; e
guarda ou tutela, irmãos ou pessoas que vivem sob sua d) O tempo de serviço prestado na atividade privada,
dependência econômica. condicionado à compensação financeira.
Será concedido horário especial ao servidor estudante, É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
quando comprovada a incompatibilidade entre o horário prestado concomitantemente em mais de um cargo ou
escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do fundação de órgãos ou entidades dos Poderes da União,
cargo. Será, portanto, exigida a compensação de horário Estados, Municípios e Distrito Federal e suas entidades da
na repartição, respeitada a duração semanal do trabalho. administração indireta e fundacionais.
Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse É assegurado ao servidor o direito de requerer ao
da administração é assegurada, na localidade da nova Poder Público em defesa de direito ou interesse legítimo.
residência, matrícula em instituição de ensino congênere O requerimento será dirigido à autoridade competente
estadual, em qualquer época, independentemente de vaga. para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a
Esta regra é extensiva ao cônjuge ou companheiro, aos que estiver imediatamente subordinado o requerente.
filhos e àqueles que vivam na sua dependência econômica. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que
A apuração do tempo de serviço será feita em dias, houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão,
convertidos em anos, considerado o ano como de 365 não podendo ser renovado. O requerimento e o pedido
(trezentos e sessenta e cinco) dias. Feita a conversão, os de reconsideração deverão ser despachados no prazo de 5
dias restantes, até 182 (cento e oitenta e dois), não serão (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
computados, arredondando-se para um ano quando Caberá recurso do indeferimento do pedido de
excederem este número, para efeito de aposentadoria. reconsideração e das decisões sobre os recursos
São considerados como de efetivo exercício os sucessivamente interpostos.
afastamentos em virtude de: O recurso será dirigido à autoridade imediatamente
I - férias; superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão,
II - exercício de cargo em comissão em qualquer dos e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais
Poderes do Estado e nos serviços da União, dos Estados, autoridades, sempre por intermédio da sua chefia imediata.
dos Municípios, e do Distrito Federal; O prazo para interposição do pedido de reconsideração
III - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, ou de recurso é de 60 (sessenta) dias, a contar da publicação
municipal ou distrital e atividade política, na forma do art. ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida.
89, exceto para promoção por merecimento; O recurso poderá ser recebido, com efeito suspensivo,
IV - júri, serviço militar e outros serviços obrigatórios a juízo da autoridade competente.
por lei;

18
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Em caso de provimento do pedido de reconsideração A concessão de pensão vitalícia ao cônjuge ou à


ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada,
ato impugnado. com direito de perceber pensão alimentícia, exclui desse
Para o exercício do direito de petição, é assegurada direito de beneficiários da mãe e do pai que comprovem
vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor dependência econômica do servidor e da pessoa designada,
ou por meio de procurador por ele constituído. maior de 60 (sessenta) anos e a pessoa portadora de
A administração deverá rever seus atos, a qualquer deficiência, que vivam sob a dependência do servidor.
tempo, quando eivados de ilegalidades. São beneficiários das pensões temporárias:
Esses prazos são fatais e improrrogáveis, salvo motivo a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um) anos de
de força maior. idade, ou, se inválido, enquanto perdurar a invalidez;
O direito de requerer prescreve de acordo com o b) menor sob guarda ou tutela até 21 (vinte e um) anos
objetivo do pedido. Então, prescreve em: de idade;
a) em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e c) a irmã ou irmão órfão, até 21 (vinte e um) anos, e
de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que o inválido, enquanto durar a invalidez, que comprovem
afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das dependência econômica do servidor;
relações de trabalho; e d) a pessoa designada que viva na dependência
b) em 180 (cento e oitenta) dias, nos demais casos, econômica do servidor, até 21 (vinte e um) anos, ou, se
salvo quando outro prazo for fixado em lei. inválida, enquanto durar a invalidez.
O prazo da prescrição será contado da data da A concessão da pensão temporária aos filhos, ou aos
publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo enteados, até 21 (vinte e um) anos de idade, ou, se inválido,
interessado, quando o ato não for publicado. enquanto perdurar a invalidez, bem como ao menor sob
guarda ou tutela até 21 (vinte e um) anos de idade, exclui
FIQUE ATENTO! direito de beneficiários da irmã ou irmão órfão, até 21 (vinte
O pedido de reconsideração e o recurso, quando e um) anos, e do inválido, enquanto durar a invalidez, que
comprovem dependência econômica do servidor, e ainda
cabíveis, interrompem a prescrição.
da pessoa designada que viva na dependência econômica
A prescrição é de ordem pública, não podendo ser
do servidor, até 21 (vinte e um) anos, ou, se inválida,
revelada pela  administração.
enquanto durar a invalidez.
O limite de idade aqui estabelecido serão prorrogadas
Sobre a pensão e aposentadoria é muito importante
até o limite de 24 (vinte e quatro) anos mediante
distinguir esses dois institutos.
comprovação de matrícula e frequência em instituição de
Na pensão por morte do servidor, os dependentes
ensino oficial ou reconhecida.
fazem jus a uma pensão mensal de valor correspondente
ao da respectiva remuneração ou provento, a partir da data
FIQUE ATENTO!
do óbito, observadas as normas da entidade previdenciária. A pensão será concedida integralmente ao titular da
Em nenhuma hipótese, o valor da pensão será superior pensão vitalícia, exceto se existirem beneficiários da pensão
ou inferior ao da remuneração ou proventos do servidor e temporária.
ao salário-de-contribuição previdenciário. Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão
As pensões se distinguem, quanto à natureza, em vitalícia, o seu valor será distribuído em partes iguais entre
vitalícias e temporárias. A pensão vitalícia é composta de os beneficiários habilitados.
cota ou cotas permanentes, que somente se extinguem ou Ocorrendo habilitação às pensões vitalícias e
revertem com a morte de seus beneficiários. temporária, metade do valor caberá ao titular ou titulares
São beneficiários das pensões vitalícias: da pensão vitalícia, sendo a outra metade rateada em
a) o cônjuge; partes iguais, entre os titulares da pensão temporária.
b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou Ocorrendo habilitação somente à pensão temporária,
divorciada, com direito de perceber pensão alimentícia; o valor integral da pensão será rateado, em partes iguais,
c) o companheiro ou companheira designado que entre os que se habilitarem.
comprove união estável como entidade familiar;
d) a mãe e o pai que comprovem dependência A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo,
econômica do servidor; e prescrevendo tão somente as prestações exigíveis há mais
e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos de 5 (cinco) anos.
e a pessoa portadora de deficiência, que vivam sob a Concedida a pensão, qualquer prova posterior ou
dependência do servidor. habilitação tardia, que implique exclusão de beneficiário
A pensão temporária é composta de cota ou cotas ou redução de pensão, só produzirá efeitos a partir da data
que podem se extinguir ou reverter por motivo de morte, em que for oferecida e comprovada.
cessação de invalidez ou maioridade do beneficiário. Não faz jus à pensão o beneficiário condenado pela
prática de crime doloso de que tenha resultado a morte
do servidor.

19
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Será concedida pensão provisória por morte presumida A aposentadoria compulsória será automática, e
do servidor, quando declarada a ausência pela autoridade declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato
judiciária competente. àquele em que o servidor atingir a idade-limite de
A pensão provisória será transformada em vitalícia ou permanência no serviço ativo.
temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a
de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do partir da data da publicação do respectivo ato.
servidor, hipótese em que o benefício será automaticamente A aposentadoria por invalidez será precedida de licença
cancelado. para tratamento de saúde, por período não excedente a
Acarreta perda da qualidade de beneficiário: 24 (vinte e quatro) meses. Expirado o período de licença e
I - o seu falecimento; não estando em condições de reassumir o cargo ou de ser
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer readaptado, o servidor será aposentado.
após a concessão da pensão ao cônjuge; O lapso de tempo compreendido entre o término
III - a cessação de invalidez, em se tratando de da licença e a publicação do ato da aposentadoria será
beneficiário inválido; considerado como de prorrogação da licença.
IV - a maioridade de filho, irmã ou irmão órfão ou O provento da aposentadoria será calculado com base
pessoa designada, aos 21 (vinte e um) anos de idade, no vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
ressalvada a hipótese de o limite de idade estabelecido de caráter permanente, previstos em lei, e revisto na mesma
ser prorrogado até o limite de 24 (vinte e quatro) anos data e na mesma proporção, sempre que se modificar a
mediante comprovação de matrícula e frequência em remuneração dos servidores em atividade.
instituição de ensino oficial ou reconhecida; São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou
V - a acumulação indevida de pensão; e vantagens posteriormente concedidos aos servidores em
VI - a renúncia expressa. atividade, mesmo quando decorrentes de transformação,
Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, extinção ou reclassificação de cargo ou função em que se
a respectiva cota reverterá da pensão vitalícia para os deu a aposentadoria.
remanescentes desta pensão ou para os titulares da pensão O servidor que tiver exercido função de direção, chefia,
temporária, se não houver pensionista remanescente da assessoramento, assistência, cargo em comissão ou função
pensão vitalícia. Ou a respectiva cota reverterá da pensão gratificada, por período de 5 (cinco) anos consecutivos,
temporária para os beneficiários ou, na falta destes, para o ou 10 (dez) anos interpolados, poderá aposentar-se com
beneficiário da pensão vitalícia. a gratificação da função ou da gratificação do cargo em
As pensões serão automaticamente atualizadas na comissão, de maior valor, desde que exercido por um
mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos período mínimo de 2 (dois) anos. Quando o exercício
servidores em atividade. da função ou cargo em comissão de maior valor não
Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção corresponder ao período de 2 (dois) anos, será incorporada
cumulativa de mais de duas pensões. a gratificação ou remuneração da função ou cargo em
Sobre a aposentadoria, o servidor público será comissão imediatamente inferior dentre os exercidos.
aposentado: Quanto ao regime disciplinar, são deveres do servidor
I - por invalidez permanente, com proventos integrais, público:
quando decorrente de acidente em serviço, moléstia I - exercer com dignidade, zelo e dedicação às
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, atribuições de seu cargo;
especificadas em lei, e proporcionais nos demais casos; II - ser leal às instituições a que servir;
II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos de idade, III - observar as normas legais e regulamentares;
com proventos proporcionais ao tempo de serviço; IV - cumprir, com presteza, as ordens superiores, exceto
III - voluntariamente: quando manifestamente ilegais;
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, V - atender com presteza:
e aos 30 (trinta) anos se mulher com proventos integrais; a) ao público em geral, prestando as informações
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções solicitadas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
de magistério, se homem, e 25 (vinte e cinco) anos, se b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
mulher, com proventos integrais; direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal,
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 no prazo máximo de 10 (dez) dias; e
(vinte e cinco) anos, se mulher, com proventos proporcionais c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
ao tempo de serviço; VI - levar ao conhecimento da autoridade imediatamente
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do
e aos 60 (sessenta) anos, se mulher, com proventos cargo;
proporcionais ao tempo de serviço; e VII - zelar pela economia do material e a conservação
e) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e 25 do patrimônio público;
(vinte e cinco) anos, se mulher, em exercício de atividades VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
consideradas penosas, insalubres ou perigosas, com IX - manter conduta compatível com a moralidade
vencimentos integrais. pública;

20
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

X - ser assíduo e pontual ao serviço; O servidor não poderá exercer mais de um cargo em
XI - tratar com urbanidade as pessoas; e comissão ou função gratificada, nem participar, remunerado,
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de mais de um órgão de deliberação coletiva. O servidor
de poder. que acumular licitamente 2 (dois) cargos efetivos, quando
Ao Servidor Público do Piauí é proibido: investido em cargo de provimento em comissão, ficará
I - ausentar - se do serviço durante o expediente, sem afastado de ambos os cargos efetivos.
prévia autorização do chefe imediato; Sobre as responsabilidades pelo exercício irregular
II - retirar sem prévia anuência da autoridade de suas atribuições, o servidor responde civil, penal e
competente, qualquer documento ou objeto da repartição; administrativamente.
III - recusar fé a documentos públicos; A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
IV - retardar andamento de documento e processo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao
execução de serviço, deixar de praticar, indevidamente, ato erário ou a terceiros.
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, A indenização de prejuízo dolosamente causado ao
para satisfazer interesse pessoal; erário somente será liquidado na com as reposições e
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no indenizações, após a devida atualização. Serão previamente
recinto da repartição; comunicadas ao servidor ou ao pensionista e amortizadas
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos em parcelas mensais cujos valores não excederão a dez
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja por cento da remuneração ou provento. Tudo isso ocorrerá
de sua responsabilidade ou de seu subordinado, inclusive somente na falta de outros bens que assegurem a execução
a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, do débito pela via judicial.
exceto em situações de emergência e transitórias; Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
filiarem - se ou desfilarem-se a associação profissional ou A responsabilidade penal abrange os crimes e
sindical, ou a partido político; contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou A responsabilidade administrativa resulta de atos ou
função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até omissões praticados no desempenho do cargo ou função.
o segundo grau civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou FIQUE ATENTO!
de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; As cominações civis, penais e disciplinares poderão
X - participar de gerência ou administração de empresa cumular-se, sendo independentes entre si.
privada, sociedade comercial ou exercer o comércio, exceto
na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; FIQUE ATENTO!
XI - atuar como procurador ou intermediário, junto a A responsabilidade administrativa do servidor será
repartição pública, salvo quando se tratar de benefícios afastada no caso de absolvição criminal que negue a
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo existência do fato ou a sua autoria.
grau, e de cônjuge ou companheiro;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem Quanto a responsabilidade administrativa, é
de qualquer espécie, exigir vantagem indevida para si ou importante compreender que há sanções disciplinares para
para outrem, em razão de suas atribuições; os servidores. As punições são:
XIII - praticar usura sob qualquer de suas formas; I - advertência;
XIV - proceder de forma desidiosa; II - suspensão;
XV - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição III - demissão;
em serviços ou atividades particulares; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
XVI - referir - se de modo depreciativo em informação, V - destituição de cargo em comissão; e
parecer ou despacho às autoridades e a atos da VI - destituição de função gratificada.
administração pública. Porém, em trabalho assinado, Na aplicação das penalidades serão consideradas a
criticá-los do ponto de vista doutrinário ou da organização natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que
do serviço; dela provierem para o serviço público, as circunstâncias
XVII - exercer quaisquer atividades que sejam agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.
incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o A advertência será aplicada por escrito, nos casos das
horário de trabalho; e seguintes violações de proibição:
VIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado a) ausentar - se do serviço durante o expediente, sem
estrangeiro. prévia autorização do chefe imediato;
É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, b) retirar sem prévia anuência da autoridade
ressalvados os casos previstos na Constituição Federal. competente, qualquer documento ou objeto da repartição;
A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada c) recusar fé a documentos públicos;
à comprovação da compatibilidade de horário.

21
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

d) promover manifestação de apreço ou desapreço no Além desse rol, a demissão também poderá ser aplicada
recinto da repartição; como punição disciplinar nos casos de:
e) cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos a) cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja
de sua responsabilidade ou de seu subordinado, inclusive de sua responsabilidade ou de seu subordinado, inclusive
a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa,
exceto em situações de emergência e transitórias; exceto em situações de emergência e transitórias;
f) coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem b) valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de
- se ou desfilarem-se a associação profissional ou sindical, outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
ou a partido político; e c) participar de gerência ou administração de empresa
g) manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função privada, sociedade comercial ou exercer o comércio, exceto
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
segundo grau civil. d) atuar como procurador ou intermediário, junto a
Acrescentam-se ainda as hipóteses de inobservância repartição pública, salvo quando se tratar de benefícios
de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
norma interna, que não justifique imposição de penalidade grau, e de cônjuge ou companheiro;
mais grave. e) receber propina, comissão, presente ou vantagem
A suspensão será aplicada em caso de reincidência das de qualquer espécie, exigir vantagem indevida para si ou
faltas punidas com advertência e de violação das demais para outrem, em razão de suas atribuições;
proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidades f) utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias. em serviços ou atividades particulares; e
O servidor será punido com suspensão de até g) exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
15 (quinze) dias se, injustificadamente, recusar a ser com o exercício do cargo ou função e com o horário de
submetido à inspeção médica determinada pela autoridade trabalho.
competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez
FIQUE ATENTO!
cumprida a determinação.
Verificada em processo disciplinar acumulação
proibida e provada a boa-fé, o servidor optará por um dos
FIQUE ATENTO!
cargos. Provada a má-fé, perderá também o cargo que
Quando houver conveniência para o serviço, a
exercia há mais tempo e restituirá o que tiver percebido
penalidade de suspensão poderá ser convertida em
indevidamente. Sendo um dos cargos, emprego ou função
multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de
exercido em outro órgão ou entidade, a demissão lhe será
vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado
comunicada.
a permanecer em serviço.
FIQUE ATENTO!
As penalidades de advertência e de suspensão terão Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do
seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e inativo que houver praticado, na atividade, falta punível
5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se com a demissão.
o servidor não houver, nesse período, praticado nova
infração disciplinar. O cancelamento da penalidade não A destituição de cargo em comissão exercido por
surtirá efeitos retroativos. não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de
A demissão será aplicada nos seguintes casos: infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
I - Crime contra a administração pública; Se assim constatado, a exoneração será efetuada de ofício
II - Abandono de cargo; e será convertida em destituição de cargo em comissão.
III - Inassiduidade habitual; A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
IV -  Improbidade administrativa; nos casos de improbidade administrativa, aplicação
V - Incontinência pública e conduta escandalosa na irregular de dinheiros públicos, lesão aos cofres públicos e
repartição; dilapidação do patrimônio estadual e corrupção, implica-se
VI - Insubordinação grave em serviço; na indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, sem prejuízo da ação penal cabível.
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; A demissão ou a destituição de cargo em comissão
VIII - Aplicação irregular de dinheiros públicos; por valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de
IX - Revelação de informação sigilosa do qual se outrem, em detrimento da dignidade da função pública,
apropriou em razão do cargo; ou por atuar como procurador ou intermediário, junto à
X - Lesão aos cofres públicos e dilapidação do repartição pública, salvo quando se tratar de benefícios
patrimônio estadual; previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
XI - Corrupção; e grau, e de cônjuge ou companheiro, incompatibiliza o ex-
XII - Acumulação ilegal de cargos, empregos ou servidor para nova investidura em cargo público estadual,
funções públicas. pelo prazo de 5 (cinco) anos.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Não poderá retornar ao serviço público estadual o O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30
servidor que for demitido ou destituído do cargo por crime (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a
contra a administração pública, improbidade administrativa, critério da autoridade superior.
aplicação irregular de dinheiros públicos, lesão aos cofres Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar
públicos e dilapidação do patrimônio estadual e corrupção. a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30
Configura abandono de cargo a ausência intencional (trinta) dias, será obrigatório a instauração de processo
do servidor ao serviço por mais de 30 (trinta) dias disciplinar.
consecutivos. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade
serviço, sem causa justificada, por 60 (sessenta) dias, instauradora do processo disciplinar poderá determinar
interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses. o afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de
O ato de imposição da penalidade mencionará sempre até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração. O
o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo
As penalidades disciplinares serão aplicadas: o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o
I - pelo Governador do Estado ou, no âmbito dos processo.
demais Poderes, a autoridade determinada ou delegada O processo disciplinar é o instrumento destinado a
pelo ato de provimento compete na respectiva legislação, apurar responsabilidade de servidor por infração praticada
quando se tratar de demissão, cassação de aposentadoria no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com
ou disponibilidade de servidor, inclusive das autarquias e as atribuições do cargo em que se encontre investido.
fundações do Estado; Esse processo será conduzido por comissão composta
II - pelos Secretários de Estado, dirigentes de órgãos de 3 (três) servidores estáveis, de cargo igual, equivalente
e das autarquias e fundações do Estado, quando se tratar ou superior ao do indiciado, designados pela autoridade
de suspensão superior a 30 (trinta) dias e destituição de competente, que indicará, dentre eles, o seu Presidente.
função; e A Comissão terá como secretário servidor designado
III - pelo chefe da repartição e autoridades pelo seu Presidente, podendo a indicação recair em um
administrativas de hierarquias imediatamente inferior de seus membros. Não poderá participar de comissão
àquelas mencionadas no inciso anterior, nos casos de de sindicância ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou
advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias. parente do acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta
A ação disciplinar prescreverá: ou colateral, até o terceiro grau.
a) em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com A Comissão exercerá suas atividades com
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e independência e imparcialidade, assegurado o sigilo
destituição de cargos em comissão; necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
b) em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; e administração. As reuniões  e as audiências das comissões
c) em 180 (cento oitenta) dias, quanto à advertência. terão caráter reservado.
O prazo de prescrição começa a correr da data em O processo disciplinar se desenvolve em três fases:
que o fato se tornou conhecido. Os prazos de prescrição a) instauração, com a publicação do ato que constituir
previstos na lei penal se aplicam às infrações disciplinares a comissão;
capituladas também como crime. b) inquérito administrativo, que compreende instrução,
A abertura de sindicância ou a instauração de processo defesa e relatório; e
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final c) julgamento.
proferida por autoridade competente. O prazo para a conclusão do processo disciplinar
Por ter tratado das sanções, devemos estudar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data da
neste momento o processo administrativo disciplinar. A publicação do ato que constituir a comissão, admitida a
autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias
público é obrigado a promover a sua apuração imediata, o exigirem.
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo
assegurada ao acusado ampla defesa. integral aos seus trabalhos, ficando seus membros
As denúncias sobre irregularidades serão objeto dispensados do ponto, até a entrega do relatório final.
de apuração, desde que contenham a identificação e o As reuniões da comissão serão registradas em atas,
endereço do denunciante e seja formulada por escrito, que deverão detalhar as ocorrências e as deliberações
confirmada a autenticidade, ou seja, a denúncia deve ser adotadas.
certa. Já o inquérito administrativo deverá obedecer ao
Quando o fato narrado não configurar evidente infração princípio do contraditório e da ampla defesa, com a
disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por utilização dos meios e recursos admitidos em direito.
falta de objeto. Os autos da sindicância integrarão o processo
A sindicância poderá resultar, após análise do fato: disciplinar, como peça informativa da instrução. Apurada
a) arquivamento do processo; na sindicância que a infração está capitulada como ilícito
b) aplicação de penalidade de advertência ou penal, a autoridade competente encaminhará cópia dos
suspensão até 30 (trinta) dias; e autos ao Ministério Público, independentemente da
c) instauração de processo disciplinar. imediata instauração do processo administrativo.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada Havendo 2 (dois) ou mais indiciados, o prazo será
de depoimentos, acareações, investigações e diligências comum e de 20 (vinte) dias.
cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro,
necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a para diligências consideradas indispensáveis. No caso de
completa elucidação dos fatos. recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da citação,
É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o o prazo para defesa será contado da data declarada, em
processo, pessoalmente ou por intermédio de procurador termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação,
constituído, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir com a assinatura de 2 (duas) testemunhas.
provas e contraprovas e formular quesitos, quando se O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
tratar de prova pericial. comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
O Presidente da comissão poderá denegar, Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido,
motivadamente, pedidos considerados impertinentes, será citado por edital, publicado no Diário Oficial do
meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o Estado e em jornal de grande circulação na localidade do
esclarecimento dos fatos. último domicílio conhecido, para apresentar defesa. Nesta
Será indeferido o pedido de prova pericial quando hipótese, o prazo para defesa será de 15 (quinze) dias a
a comprovação do fato independer de conhecimento partir da última publicação do edital.
especial de perito. Considera-se revel o indiciado que, regulamente
Em qualquer fase do processo será permitida a citado, não apresentar defesa no prazo legal. A revelia será
intervenção do defensor constituído pelo indiciado. declarada, por termo, nos autos do processo e devolverá o
As testemunhas serão intimadas a depor mediante prazo para a defesa.
mandado expedido pelo Presidente da comissão, devendo Para defender o indiciado revel, a autoridade
a segunda via, com o ciente do interessado, ser anexada aos instauradora do processo designará um servidor como
autos. Se a testemunha for servidor público, a expedição defensor dativo, ocupante de cargo de nível igual ou
do mandado será imediatamente comunicada ao chefe superior ao do indiciado.
da repartição onde serve, com a indicação do dia e hora Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
marcados para inquirição. minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e
O depoimento será prestado oralmente e reduzido mencionará as provas em que se baseou para formar a sua
a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por convicção.
escrito. As testemunhas serão inquiridas separadamente. O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência
E na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se ou à responsabilidade do servidor.
infirmem, procederá à acareação entre os depoentes.
Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão FIQUE ATENTO!
promoverá o interrogatório do acusado, observadas as Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão
formalidades legais. indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido,
No caso de mais de um acusado, cada um deles será bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas
declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será
acareação entre eles. remetido à autoridade que determinou a sua instauração,
O procurador do acusado poderá assistir ao para julgamento.
interrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, e O julgamento será no prazo de 20 (vinte) dias, contados
lhe é vedado interferir nas perguntas e respostas. Faculta- do recebimento do processo disciplinar. A autoridade
lhe, porém, a reinquirição por intermédio do Presidente da julgadora proferirá, motivadamente, a sua decisão.
comissão. Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada
Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do da autoridade instauradora do processo, este será
acusado, a comissão proporá à autoridade competente encaminhado à autoridade competente, que decidirá em
que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, igual prazo.
da qual participe, pelo menos, um médico psiquiatra. O Não decidido o processo no prazo de 20 (vinte) dias, o
incidente de sanidade mental será processado em auto indiciado, se afastado, reassumirá o exercício do cargo ou
apartado e apenso ao processo principal, após a expedição função, aí aguardando o julgamento final.
do laudo pericial. Havendo mais de um indiciado e diversidade de
Tipificada a infração disciplinar, será formulada a sanções, o julgamento caberá à autoridade competente
indicação do servidor, com a especificação dos fatos a ele para a imposição da pena mais grave.
imputados e das respectivas provas. Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação
O indicado será citado por mandado expedido pelo de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá
Presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no à autoridade competente para aplicá-la.
prazo de 10 (dez) dias, assegurando-lhe vista do processo
na repartição.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

FIQUE ATENTO! A comissão revisora terá o prazo de 60 (sessenta) dias


O julgamento será baseado no relatório da comissão para a conclusão dos trabalhos e o prazo para julgamento
e será acatado, salvo quando manifestamente, contrário será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do
às provas dos autos. Quando o relatório da comissão processo, no curso do qual a autoridade julgadora poderá
contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora determinar diligências. O julgamento caberá à mesma
poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta, autoridade que aplicou a penalidade.
abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito
a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos
Verificada a existência de vício insanável, a autoridade do servidor, exceto em relação à destituição de cargo em
julgadora declarará a nulidade total ou parcial o processo e comissão, que será convertida em exoneração.
ordenará a constituição de outra comissão, para instauração Da revisão do processo não poderá resultar
de novo processo. agravamento de penalidade.
O julgamento fora do prazo legal não implica em Todos os prazos estudados serão contados em dias
nulidade do processo. corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se
A autoridade julgadora que der causa à prescrição será o último, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil
responsabilizada, na forma da lei. seguinte, o prazo vencido em dia que não haja expediente.
Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade Por motivo de crença religiosa ou de convicção
julgadora determinará o registro do fato no assentamento filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado de
individual do servidor. quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua
Quando a infração estiver capitulada como crime, o vida funcional, nem se eximir do cumprimento de seus
processo disciplinar será remetido ao Ministério Público deveres funcionais.
para a instauração da ação penal, ficando traslado na Ao servidor público civil é assegurado o direito à
repartição. livre associação sindical e o direito de greve, na forma da
O servidor que responder a processo disciplinar legislação federal.
só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado
Consideram-se da família do servidor, além do cônjuge
voluntariamente, após a conclusão do processo e o
e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e
cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
constem de seu assentamento individual. Equipara-se ao
Serão assegurados transportes e diárias para o servidor
cônjuge a companheira ou companheiro que comprove
convocado para prestar depoimento fora da sede de sua
união estável como entidade familiar.
repartição, na condição de testemunha, denunciado ou
O regime jurídico da Lei Complementar em estudo é
indiciado, assim, também, para os membros da comissão e
extensivo aos servidores públicos do Tribunal de Contas
ao secretário, quando obrigados a se deslocarem da sede
do Estado, Ministério Público, Advocacia Geral do Estado,
dos trabalhos para realização de diligências necessárias aos
Defensoria Pública e Serventuários da Justiça remunerados
esclarecimentos dos fatos.
O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer com recursos do Estado.
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos Haverá em cada órgão da administração estadual uma
novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência Comissão integrada por servidores de carreira, incumbida
do punido ou a inadequação da penalidade aplicada. de reduzir os riscos inerentes ao trabalho, por meio de
Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento normas de saúde, higiene e segurança.
do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a
revisão do processo. No caso de incapacidade mental do REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
servidor, a revisão será requerida pelo curador. PIAUÍ. Lei Complementar nº 13, de 03 de jan. de
A simples alegação de injustiça da penalidade não 1994. Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos do Estado do Piauí, das autarquias e das fundações
novos ainda não apreciados no processo originário, públicas estaduais, abrangendo os Poderes Legislativo,
cabendo o ônus da prova ao requerente. Executivo e Judiciário, Teresina, PI, 03 jan. 1994.
O requerimento de revisão do processo será dirigido
ao Secretário de Estado, dirigentes de órgãos ou entidades
administrativas que, se autorizar a revisão, encaminhará o
pedido à repartição onde se originou o processo disciplinar.
A autoridade que determinou a instauração do
processo originário providenciará a constituição de
comissão revisora, observando, no que couberem, as
normas e procedimentos do processo disciplinar. A revisão
correrá em apenso ao processo originário.
Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora para
a produção de provas e inquirição das testemunhas que
arrolar.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Não se confunde cargos e composição!


3.LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 37, DE 09 Os cargos da Polícia Civil são constituídos por 4 classes
DE MARCO DE 2004 - ESTATUTO DA POLICIA em escala ascendente: 3ª classe, 2ª classe, 1ª classe e
especial.
CIVIL DO ESTADO DO PIAUÍ.
A composição da Polícia Civil é: polícia judiciária e de
polícia técnico-científico.
Sobre a polícia judiciária é importante ter atenção na
8.3 LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 37, DE 9 DE sua composição, competência e cargos.
MARÇO DE 2004 A polícia judiciária é composta por autoridades policiais
A Lei Complementar Estadual nº 37, de 9 de março de e seus agentes.
2004, dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Civis do Estado Compete à polícia judiciária:
do Piauí e, aplica-se subsidiariamente a esta lei o Estatuto a) apuração das infrações penais, exceto as militares;
dos Servidores Públicos Civis do Estado, regido pela Lei b) os serviços cartorários de estatística policial e
Complementar Estadual nº 13, de 3 de janeiro de 1994. criminal; e
A Polícia Civil do Estado do Piauí é uma instituição c) exercício das funções de polícia judiciária, ressalvada
permanente do Poder Executivo e auxiliar da função a competência da União.
jurisdicional do Estado, sendo dirigida por Delegado de São cargos da polícia judiciária:
Polícia de Carreira. Tem por chefe o Delegado-Geral que é a) delegado de polícia;
subordinado ao Secretário da Segurança Pública, nomeado b) escrivão de polícia; e
em comissão, pelo Governador do Estado, dentre os c) agente de polícia.
delegados de carreira. E sobre a polícia técnico-científica também é necessário
Função exercida privativa por Delegado de carreira: separar a composição, a competência e os cargos.
a) Delegado de Polícia Titular; e O cargo de delegado de polícia constitui uma das
b) funções de confiança de Diretores do Subsistema de carreiras jurídicas do Poder Executivo do Estado e será
Inteligência, da Unidade de Polícia Judiciária, da Unidade estruturado em quadro próprio, cuja investidura dar-se-á
de Corregedoria. mediante prévia aprovação em concurso público de provas
Função exercida preferencialmente por Delegados de e títulos com a participação da Seccional da Ordem dos
carreira: Advogados do Brasil.
- funções de confiança de Coordenadores de Polícia
Judiciária. FIQUE ATENTO!
Ao delegado de polícia de carreira compete a
FIQUE ATENTO! direção da polícia judiciária, a ele ficando subordinados
As funções do Departamento de Polícia Técnica- hierarquicamente os escrivães e os agentes de polícia.
Científica serão exercidas por servidores do respectivo
quadro. Além das atribuições previstas na legislação processual,
competem aos Delegados de Polícia de Carreira:
A Polícia Civil, pelas suas características e finalidades, I - cumprir e fazer cumprir, no âmbito de sua
fundamenta-se na hierarquia e na disciplina, tendo como competência, as funções institucionais da polícia judiciária;
princípios e atividades básicas: II - lavrar termos circunstanciados, instaurar e presidir
I - respeito à dignidade da pessoa humana, garantido inquéritos policiais e outros procedimentos administrativos
sua integridade física e moral, na forma estabelecida nas e fazer o indiciamento de forma fundamentada, dentro de
Constituições Federal e Estadual; sua circunscrição;
II - exercício da função policial com probidade,
III - promover diligências, solicitar informações,
discrição, moderação e respeito;
requisitar exames periciais e outros documentos
III - exercer as funções de polícia judiciária e apuração
necessários à instrução do inquérito policial ou de outros
das infrações penais, exceto as militares;
procedimentos;
IV - execução de perícias criminais técnico-científicas,
IV - assegurar o sigilo necessário à elucidação do fato
realizada pelo Departamento de Polícia Científica;
e às investigações a seu cargo;
V - orientação e fiscalização dos serviços cartorários e
V - dar cumprimento a atos emanados da Justiça, na
estatísticos.
As carreiras policiais da Polícia Civil é constituída pelos esfera de sua competência;
seguintes cargos: VI - praticar atos administrativos de natureza policial e
a) delegado de polícia; dirigir a Delegacia de Polícia, determinando as diligências
b) perito médico-legal; investigatórias, na forma que se dispuser em regulamento;
c) perito odonto-legal; VII - zelar pelo efetivo cumprimento dos princípios e
d) perito criminal; funções institucionais da polícia civil;
e) escrivão de polícia; VIII - zelar pelo efetivo cumprimento dos direitos e
f) agente de polícia; garantias fundamentais;
g) perito papiloscopista policial. IX - praticar outros atos inerentes às suas atribuições,
nos termos do regulamento.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Os escrivães de polícia possuem as seguintes A Polícia Técnico-Científica é composta pelos auxiliares


atribuições: das autoridades policiais civis.
I - cumprir e fazer cumprir as ordens legais emanadas Compete à polícia técnico-científica:
dos Delegados de Polícia; a) o apoio técnico e científico; e
II - dar cumprimento às formalidades processuais, b) a realização das perícias em geral.
lavrar termos, autos e mandados, observando os Os cargos da polícia técnico-científica são:
prazos necessários ao preparo, ultimação e remessa de a) perito médico-legal;
procedimentos policiais de investigação; b) perito odonto-legal;
III - expedir privativa e gratuitamente certidões, c) perito criminal;
preparar expedientes e estatísticas atinentes às atividades d) perito papiloscopista policial.
cartorárias; À polícia técnico-científica compete auxiliar a polícia
IV - ter em boa guarda os livros cartorários, os feitos, judiciária, realizando as perícias e demais providências
documentos a seu cargo e objetos apreendidos, que probatórias por esta requisitadas, mas sem vínculo de
oficialmente receber; subordinação hierárquica em relação aos seus integrantes.
V - conservar o cartório em boa ordem e
classificar ordeiramente os autos de inquéritos, termos FIQUE ATENTO!
circunstanciados, mandados, precatórias e demais atos O Diretor da polícia técnico-científica fica subordinado
policiais; diretamente ao Delegado-Geral.
VI - acompanhar o delegado de polícia, sempre que
determinado, em diligências policiais; Compete aos integrantes da polícia técnico-científico:
VII - reduzir declarações a termos; I - praticar atos necessários aos procedimentos das
VIII - executar outras atividades cartorárias que forem perícias policiais criminais, com a emissão dos respectivos
determinadas pela chefia ou autoridades superiores; laudos, quando determinado pela autoridade policial, pelo
IX - dirigir, se necessário, viaturas policiais; Ministério Público ou pelo Judiciário;
X - executar todas as demais atribuições de polícia II - executar as atividades de identificação humana,
judiciária, constantes de leis bem como do Regulamento relevantes para os procedimentos pré-processuais
Geral da Secretaria da Segurança Pública. judiciários, quando requisitado por autoridade competente;
Com relação aos agentes de polícia, suas atribuições III - outras atribuições previstas em regulamento.
são:
Para assumir um dos cargos acima citados exercer as
I - cumprir e fazer cumprir as ordens legais emanadas
correspondentes atribuições, é necessário o provimento
dos Delegados de Polícia;
por meio do concurso público.
II - executar a segurança de autoridades e proteção a
O concurso público para provimento dos cargos da
vítimas quando determinada por seus superiores;
Polícia Civil, que poderá ser regionalizado, e é composto
III - investigar, realizar diligências e efetuar prisões,
dos seguintes exames:
intimações, conforme estabelecido pelo Delegado,
a) de conhecimento;
colaborando com os serviços processuais, inquéritos e
b) psicológico;
atos administrativos dos órgãos policiais que envolvam
c) de saúde;
infrações penais;
IV - auxiliar ao delegado de polícia, em todos os fatos d) aptidão física; e
de investigação; e) investigação social.
V - dirigir veículos automotores em missões policiais e Os exames de conhecimentos, excetuados os exames
em função do desempenho de diversos setores dos órgãos práticos, serão classificatórios e habilitatórios, as demais
policiais; fases do concurso público terão caráter apenas habilitatório.
VI - atuar nos procedimentos policiais de investigações, Para o provimento do cargo de escrivão de polícia, será
estabelecendo medidas de isolamento nos locais de exigido teste de digitação.
ocorrências policiais, reunindo elementos de autoria e O exame de aptidão física e o exame psicológico serão
materialidade nas infrações penais; aplicados para provimento dos cargos de delegado de
VII - atuar na apuração de atos infracionais, conforme polícia, escrivão de polícia e agente de polícia.
dispõe a legislação específica; A investigação social será realizada para o provimento
VIII - promover, quando determinado por autoridade de todos os cargos de Polícia Civil.
competente, a coleta de dados e impressões digitais para A avaliação de títulos, cuja pontuação corresponderá
fins de identificação penal e processual penal; no máximo a 10 % (dez por cento) do valor da primeira
IX - executar todas as demais atribuições de polícia prova escrita, será realizada apenas para o provimento do
judiciária, constantes de leis bem como do Regulamento cargo de delegado de polícia e não terá caráter eliminatório,
Geral da Secretaria da Segurança Pública. sendo vedada a atribuição de pontos ao tempo de serviço
Após compreender as atribuições dos delegados, do servidor não concursado fora das hipóteses do art. 19
escrivães e agentes, vamos conhecer a polícia técnico- do ADCT da CF.
científica.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

O candidato terá o direito de conhecer as razões de sua É importante sabe que para o candidato inscrito em
reprovação em qualquer das fases do concurso, sendo-lhe curso de formação para ingresso fica assegurado uma
permitida a apresentação de recursos. bolsa no valor previsto em lei, assegurado o direito de
Excetuadas as razões de reprovação no exame opção entre a remuneração do cargo ocupado e a bolsa
psicotécnico e na investigação social, cuja publicidade será para aqueles que forem policiais militares ou servidores
restrita ao candidato, os resultados de cada umas das fases públicos do Estado.
do concurso serão publicados no Diário Oficial do Estado.
A habilitação em quaisquer das etapas do concurso FIQUE ATENTO!
público ou no curso de formação para ingresso não poderá A aprovação no curso de formação para ingresso
ser aproveitada para provimento de cargo distinto ou para atenderá ao disposto no regulamento da Academia
outro concurso. de Polícia e constituirá requisito indispensável para a
Durante o prazo de 2 (dois) anos contados da posse, nomeação no cargo.
não poderá o policial civil ser removido, redistribuído ou
transferido. O candidato inscrito no curso de formação fica sujeito
Não podem participar de comissão, banca de concurso, à contribuição previdenciária.
as pessoas que tiverem cônjuge, companheiro, ou parente Para ingressar na Polícia Civil do Piauí, deve-se observar
consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral, até o que há requisitos além dos previstos no Estatuto dos
terceiro grau, inscrito no concurso público. Servidores Públicos Civis do Estado, quais sejam:
Quanto aos exames a serem realizados no concurso, é I - formação de nível superior em direito para a carreira
necessário que entender que o exame de conhecimentos de delegado de polícia;
poderá consistir na realização de testes objetivos, II - formação de nível superior em medicina para a
dissertativos e práticos, compreendendo as matérias carreira de perito médico-legal;
previstas no edital. Para obter aprovação neste exame, o III - formação de nível superior em odontologia para
candidato deverá alcançar aproveitamento mínimo de 60% perito odonto-legal;
(sessenta por cento) no geral e 50% (cinquenta por cento)
IV - formação de nível superior em biologia,
em cada uma das matérias.
contabilidade, economia, computação, análise de sistemas,
O exame psicológico adotará critérios científicos
engenharia civil, engenharia de agrimensura engenharia
objetivos, sendo vedada a realização de entrevistas. O
elétrica, engenharia mecânica, engenharia eletrônica,
exame será realizado por meio de representante ou
engenharia química, engenharia florestal, agronomia,
comissão de representantes da instituição contratada para
medicina veterinária, física, farmácia, bioquímica, geologia,
a realização do concurso ou por servidor ou comissão de
matemática, química, perícia criminal ou bacharelado em
servidores públicos efetivos e estáveis, com habilitação em
psicologia. segurança pública, para a carreira de perito criminal;
O exame de saúde compreenderá os exames médicos V - formação de nível superior para a carreira de
e odontológicos previstos no edital do concurso público. escrivão de polícia;
O exame de aptidão física constará de provas atléticas, VI - formação de nível superior para a carreira de
adequadas ao cargo, conforme previsto no edital. O exame agente de polícia;
físico será realizado por meio de representante ou comissão VII - formação de nível superior para a carreira de
composta de representantes da instituição contratada para perito papiloscopista policial.
a realização do concurso ou por servidor ou comissão de Para investidura nos cargos de delegado de polícia,
servidores efetivos e estáveis, com habilitação em educação escrivão de polícia e agente de polícia, além de outros
física. requisitos previstos em lei, serão exigidos também a
A investigação social consistirá na apuração, dentre permissão para dirigir ou Carteira Nacional de Habilitação
outros requisitos previstos no edital do concurso, na na categoria discriminada no edital do concurso e
comprovação da ausência de antecedentes criminais, aprovação no curso de formação para ingresso.
relativos a crimes cuja punibilidade não esteja extinta Exige-se ainda para a investidura nos cargos de
e não tenha ocorrido a reabilitação, compreendendo delegado de polícia e agente de polícia a altura mínima de
processos na Justiça Comum, na Justiça Federal, na Justiça 1,60 m (um metro e sessenta centímetros), para homens,
Federal Militar e Justiça Eleitoral, certidão negativa de e 1,55 (um metro e cinqüenta e cinco centímetros), para
antecedentes expedida pela Polícia Federal, Polícia Civil e mulheres, bem como a idade máxima de 45 (quarenta e
Auditoria Militar.A Certidão de Antecedentes será expedida cinco) anos.
pelo órgão de distribuição das comarcas onde o candidato A comprovação de possuir a altura mínima poderá ser
haja residido nos últimos 5 (cinco) anos. exigida na data de inscrição ou em outra data, conforme
Após todas as etapas do concurso, os candidatos a previsão no edital do concurso público.
serem nomeados para os cargos de delegado, de escrivão A nomeação dos policiais civis dar-se-á na classe
de polícia e de agente de polícia farão curso de formação inicial da carreira. Salvo quando nomeado em comissão,
para ingresso. O curso de formação para ingresso será nenhum policial civil poderá ter exercício em outro órgão
realizado pela Academia de Polícia Civil do Estado do Piauí ou entidade. Afastando-se o policial civil, durante o estágio
ou outra entidade congênere, com duração mínima de 300 probatório, o tempo de afastamento não será computado
(trezentas) horas-aula. para efeito de estabilidade e promoção.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

E, em se tratando de promoção, pode-se ser por É obrigatória, portanto, a promoção do policial civil
antiguidade ou por merecimento e será procedida de uma que figure por 3 (três) vezes consecutivas ou 5 (cinco)
classe para outra imediatamente superior dentro de uma alternadas em lista de merecimento. Para cada promoção
mesma carreira. A diferença de vencimento entre classes da por merecimento será feita nova avaliação.
carreira policial civil é de 10% (dez por cento). Agora vamos para a promoção por antiguidade. Esta
É vedada a promoção do policial civil durante o estágio promoção. Para a promoção por antiguidade, é requisito
probatório, exceto ao final, quando poderá ser deferida a obtenção de resultado positivo em avaliação de
uma movimentação de classe. desempenho.
As promoções serão realizadas em datas fixas, isto é, 21 A promoção por antiguidade será determinada pelo
de abril e 28 de outubro de cada ano, desde que verificada tempo de exercício na classe. Será contado em dias o
a existência de vaga e haja policial civil em condições de a tempo de exercício para promoção por antiguidade.
ela concorrer. Ocorrendo empate, terá preferência, sucessivamente,
aquele que contar com maior tempo de serviço policial,
O Conselho Superior de Polícia Civil tem a competência
maior idade e maior número de dependentes.
de organizar as listas de promoção por antiguidade ou por
O policial afastado de suas funções por motivo de
merecimento. Para ser promovido é necessário lapso de
licença por afastamento do cônjuge ou companheiro, O
tempo, chamado de interstício. O interstício mínimo para
policial poderá ser promovido por ato de bravura e post
qualquer modalidade de promoção é de três anos para mortem, independentemente da existência de vagas.
todos os cargos da carreira policial civil. O ato de promoção será declarado nulo quando não
observar às disposições pertinentes.
FIQUE ATENTO! O policial promovido indevidamente, salvo comprovada
É vedada a promoção no período de 2 (dois) anos má-fé, não ficará obrigado a restituir o que houver recebido
a contar da aplicação da pena ao policial punido com a maior.
suspensão. O policial preterido, que não for promovido, será
É vedada a promoção no período de 1 (um) ano a contar indenizado pela diferença da remuneração a qual tiver
da aplicação da pena ao policial punido com advertência. direito. Aplicam-se aos policiais civis as disposições relativas
ao provimento previstas no Estatuto dos Servidores
Os citados períodos não poderão ser considerados Públicos Civis do Estado.
para efeito de promoção, ou seja, tempo mínimo de 3 O vencimento, a remuneração, a gratificação pelo
anos, mas se o policial for punido com suspensão, soma-se exercício de cargo ou função de direção, chefia e
2 anos a contar da aplicação da sanção, o que quer dizer na assessoramento, a gratificação natalina, o adicional por
prática, a interstício será de 5 anos. tempo de serviço, o adicional de férias e as indenizações
As promoções serão realizadas por antiguidade e do policial civil são disciplinados, no que couber, pelo
por merecimento, alternadamente, na proporção de 50 % Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado e pela Lei
(cinquenta por cento) para cada modalidade. Complementar nº 33, de 15 de agosto de 2003,que dispõe
Observe as condições para a promoção a classe sobre a remuneração dos servidores públicos, policiais
especial, por merecimento e por antiguidade. militares e bombeiros militares.
A promoção para a classe especial fica condicionada, Os policiais civis cumprirão jornada de trabalho de 44
em qualquer caso, à conclusão de pós-graduação lato (quarenta e quatro) horas semanais, com duração diária e
sensu na respectiva área. escala de trabalho fixadas de acordo com as peculiaridades
Para a promoção por merecimento, é requisito a de suas funções. As horas que excederem a jornada semanal
serão compensadas na forma prevista em regulamento.
aprovação em curso de atualização técnico-profissional
Aos integrantes da Polícia Judiciária são devidas as
com duração mínima de 120 (cento e vinte) horas ministrado
seguintes vantagens pelo efetivo desempenho do cargo:
pela Academia de Polícia do Estado do Piauí ou instituição
a) gratificação de risco de vida;
de ensino reconhecida e ter obtido resultado positivo em
b) gratificação por curso de polícia civil;
avaliação de desempenho. O merecimento será avaliado c) adicional de magistério policial; e
pelos aspectos da ética profissional e pessoal, grau de d) adicional noturno.
instrução, eficiência funcional, experiência e recompensas A gratificação de risco de vida é devida ao policial civil
recebidas por meio da medalha do serviço policial e do de carreira pelo perigo a que se expõe no exercício de suas
mérito policial. atividades. Esta gratificação será fixada por lei específica.
O Conselho Superior de Polícia Civil organizará para O policial civil terá direito a uma gratificação por
cada vaga a ser provida por merecimento uma lista não curso de aperfeiçoamento, atualização e especialização
excedente de três candidatos. Mas há outras regras ainda na respectiva área, ministrada por academia de polícia ou
para serem observadas. Uma delas necessita que exista mais instituição de ensino reconhecida, com carga horária mínima
de um candidato em condições de concorrer à promoção de 240 (duzentos e quarenta) horas-aula. A gratificação
por merecimento, é vedada, por óbvio a elaboração da lista será fixada por lei específica e limitada a 4 (quatro) cursos.
com apenas um nome. É vedado, portanto, o somatório de carga horária de cursos
diversos para obtenção desta gratificação.

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Não terá direito a esta gratificação quando o curso Publicado o decreto de demissão, será o ex-servidor
constituir requisito para investidura no cargo. encaminhado, desde logo, a estabelecimento prisional,
O adicional de magistério policial será devido, por aula onde permanecerá em cela especial, sem qualquer contato
efetivamente ministrada, aos professores da Academia com os demais presos não sujeitos ao mesmo regime, e,
de Polícia Civil. Esta gratificação será fixada por ato do uma vez condenado, cumprirá a pena que lhe tenha sido
Governador do Estado, conforme a titulação do ministrante, imposta, nas condições previstas no parágrafo seguinte.
atendidos os limites mínimo e máximo estabelecidos em lei Transitada em julgado a sentença condenatória, será
específica. encaminhado a estabelecimento prisional, onde cumprirá
E o serviço noturno, prestado em horário compreendido a pena em dependência isolada dos demais presos não
entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas abrangidos por esse regime, mas sujeito, como eles, ao
do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 20 % (vinte mesmo sistema disciplinar e penitenciário.
por cento), incidindo exclusivamente sobre o vencimento. Serão concedidas, no âmbito da polícia civil, por bons
São vantagens devidas aos integrantes da polícia serviços prestados, as seguintes recompensas:
técnico-científica pelo efetivo exercício do cargo: a) medalha do serviço policial destina-se a premiar
a) adicional pelo exercício de atividades insalubres, o policial que completar 10 (dez) anos de efetivo serviço
perigosas e penosas; prestado sem infrações disciplinares;
b) gratificação por curso de aperfeiçoamento; b) medalha do mérito policial destina-se a premiar
c) gratificação de magistério policial; e o policial que praticar ato de bravura ou de excepcional
d) adicional noturno. relevância para a organização policial ou para a sociedade.
O adicional pelo exercício de atividades insalubres, Essas recompensas serão registradas nos assentamentos
perigosas e penosas será devido aos integrantes da funcionais do policial, devendo ser consideradas para efeito
polícia técnico-científico que trabalhem com habitualidade de promoção por merecimento.
em locais insalubres ou em contato permanente com A Polícia Civil expede Cédula de Identidade funcional
substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida. Este do Servidor Policial Civil, sem ônus para este servidor, e
adicional será fixada por lei específica. distintivo. A cédula funcional conterá, além dos dados
O direito a este adicional cessa com a eliminação das pessoais e funcionais do portador, a seguinte declaração:
condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão. “o titular tem porte livre de arma de fogo e franco acesso,
O policial que fizer jus aos adicionais de insalubridade a local sujeito à fiscalização da Polícia”. A Cédula funcional
e de periculosidade deverá optar por um deles. é de uso obrigatório e exclusivo dos integrantes da Polícia
O policial civil afastado para servir a outro órgão ou Civil, destinando-se a:
entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito a) habilitar seu titular ingressar, quando em efetivo
Federal e dos Municípios não fará jus à percepção das serviço, nos locais sujeitos à fiscalização policial, tais como
citadas gratificações. ônibus urbanos e rurais, cinemas, boates, circos, parque de
E não confunda gratificações com indenização. Vamos diversão e similares; e
as indenizações. b) fazer prova de todas as informações nela inseridas.
O policial civil em atividade, quando em plantão, terá
direito à alimentação fornecida pelo Estado. A alimentação FIQUE ATENTO!
poderá ser prestada em espécie ou paga em dinheiro e terá O Delegado Geral é a autoridade competente para
seu valor pago fixado pelo Governador do Estado. expedir e assinar a Cédula de identidade funcional.
Detalhe, a alimentação não se incorpora ao vencimento
para qualquer efeito. Os delegados, agentes de polícia e escrivães terão
O policial tem outros direitos, um dele é o fato de que direito a uma arma de fogo de propriedade do Estado,
poderá ser removido de ofício ou a pedido, sendo que ficando responsáveis por qualquer dano, desvio ou extravio
neste caso não fará jus a ajuda de custo. para o qual concorram culposamente.
A remoção de ofício do policial, salvo imperiosa O policial civil inativo terá direito à identidade policial,
necessidade do serviço, devidamente justificada só poderá com cor diferenciada, em que conste sua condição de
ser efetivada após 2 (dois) anos, no mínimo de exercício em inativo, assegurado lhe o direito ao porte de arma. A
cada localidade. identidade policial do inativo não confere os mesmos
Outro direito do policial está no fato de ser for preso direitos e prerrogativas do policial ativo.
provisoriamente, enquanto não perder a condição de É assegurado ao policial civil assistência judicial
servidor, permanecerá em prisão especial, durante o curso prestada pelo Estado, quando submetido a processo em
da ação penal e até que a sentença transite em julgado. juízo em razão do exercício do cargo, e assistência médico-
Nesta hipótese, o policial ficará recolhido em cela especial hospitalar às expensas do Estado, quando ferido ou
em qualquer das dependências da Secretaria da Segurança acidentado em serviço.
Pública, sendo-lhe defeso exercer qualquer atividade Sobre os deveres do policial civil, além dos inerentes
funcional ou sair sem expressa autorização do Juízo a cuja aos demais servidores públicos civis do Estado do Piauí:
disposição se encontre. I - disciplina e respeito à hierarquia;

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

II - zelar pela dignidade da função policial civil; XV - fazer uso indevido da insígnia, cédula funcional ou
III - manter conduta pública e privada compatível com da arma que lhe haja sido confiada para o serviço;
a dignidade da função policial; XVI - indicar ou insinuar nome de advogado para
IV - desempenhar suas funções com presteza, eficiência assistir pessoa que se encontre respondendo a processo
e probidade; ou inquérito policial;
V - observar os prazos processuais e administrativos; XVII - frequentar, sem razão de serviço, lugares
VI - adotar as providências cabíveis em face das incompatíveis com o decoro da função policial;
irregularidades de que tenha conhecimento ou que ocorra XVIII - publicar, sem ordem expressa da autoridade
nos serviços de seu cargo; competente, documentos oficiais, embora não reservados,
VII - agir com moderação e discrição, somente ou ensejar a divulgação do seu conteúdo no todo ou em
admitido o uso da força, quando indispensável, no caso de parte;
resistência ou tentativa de fuga do preso; XIX - ordenar ou executar medida privativa da liberdade
VIII - manter-se preparado física e intelectualmente individual, sem as formalidades legais ou com abuso de
para o cabal desempenho de sua função; poder;
IX - cumprir outras obrigações inerentes à sua função XX - exercitar atividades particulares para cujo
policial civil. desempenho sejam necessários contatos com repartições
Há na legislação em estudo as situações em que ao policiais e que com elas tenham qualquer relação ou
policial civil é proibido: vinculação;
I - dificultar ou deixar de levar ao conhecimento de XXI - afastar-se do município no qual exerce sua
autoridade competente, por via hierárquica e em 24 (vinte atividade, sem expressa autorização superior, quando em
e quatro) horas, parte, queixa, representação, petição, serviço, salvo por imperiosa necessidade do serviço;
recurso ou documento que houver recebido, se não estiver XXII - comparecer a qualquer ato de serviço em visível
na sua alçada resolvê-lo; estado de embriaguez ou ingerir bebidas durante o serviço;
II - negligenciar a guarda de bens ou valores XXIII - não se apresentar ao serviço, sem justo motivo,
pertencentes à repartição policial ou de terceiros que ao fim de licença, de qualquer natureza, férias ou dispensa
estejam sob sua responsabilidade, possibilitando assim de serviço, ou ainda, depois de saber que qualquer dela foi
que eles se danifiquem ou se extraviem; interrompida por ordem legal e superior;
III - deixar de portar sua credencial oficial, estando ou XXIV - deixar de frequentar, com assiduidade, cursos
não em serviço; instituídos pela academia de polícia ou custeados pelo
IV - lançar em livros oficiais de registro, anotações, erário, quando esteja matriculado;
reclamações, reivindicações ou quaisquer outras matérias XXV - escusar-se a prestar depoimento, ser acareado ou
estranhas as suas finalidades; executar trabalho solicitado para instruir processo judicial
V - revelar sua qualidade de policial fora dos casos ou administrativo;
necessários ou convenientes ao serviço; XXVI - deixar de cumprir ordens emanadas de
VI - referir-se de modo depreciativo às autoridades e autoridades competentes, salvo quando manifestamente
atos da administração pública, qualquer que seja o meio ilegais;
empregado para esse fim; XXVII - recusar-se, sem justo motivo, a aceitar encargos
VII - deixar de comunicar, logo após o auto, ao juiz inerentes à classe, bem como os membros de comissão de
competente, a prisão em flagrante delito; processo administrativo disciplinar;
VIII - deixar de concluir nos prazos legais, sem motivo XXVIII - permutar horário de serviço ou a execução de
justificável, sindicância, processo administrativo ou tarefas, sem expressa permissão da autoridade competente;
inquérito policial; XXIX - ofender a moral ou os bons costumes, com
IX - deixar de comunicar à autoridade competente, palavras, atos ou gestos;
logo que tomar conhecimento, informação que tiver sobre XXX - negligenciar na revista a preso;
iminente perturbação da ordem pública, ou da boa marcha XXXI - deixar de identificar-se quando efetuar prisão ou
de serviço; quando solicitado;
X - retirar, sem prévia autorização da autoridade XXXII - fazer uso indevido de veículo da repartição,
competente, qualquer documento ou objeto da repartição; bem como dirigir com imprudência ou negligência;
XI - divulgar, através da imprensa escrita, falada ou XXXIII - deixar de atender prontamente as requisições
televisionada, fatos ocorridos na repartição ou propiciar- das autoridades judiciárias e do Ministério Público;
lhe divulgação; XXXIV - conduzir arma ostensivamente, exceto quando
XII - manter relações de amizade ou exibir-se em público em serviço;
com pessoas de notório e desabonadores antecedentes XXXV - espancar, torturar ou maltratar preso sob sua
criminais, sem razão de serviço; guarda ou arrebatá-lo para o mesmo fim;
XIII - praticar ato que importe em escândalo ou que XXXVI - praticar violência desnecessária no exercício da
concorra para comprometer a função policial; função policial ou a pretexto de exercê-la;
XIV - simular doença para esquivar-se ao cumprimento XXXVII - omitir-se no zelo da integridade física ou
de obrigação; moral dos presos ou negligenciar na sua guarda;

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

XXXVIII - impedir ou tornar impraticável, por qualquer Mas não há tão somente proibições, ao policial civil é
meio, na fase do inquérito policial e durante o interrogatório exigida grande responsabilidade. Com isso, o policial civil
do indiciado, a presença de advogado; responde civil, penal e administrativamente pelo exercício
XXXIX - submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a irregular de suas atribuições funcionais, sendo aplicadas
vexame ou constrangimento não autorizado em lei; as disposições legais previstas para os demais servidores
XL - levar à prisão e nela conservar quem que se públicos civis.
proponha a prestar fiança permitida em lei; Fica, portanto, sujeito a processo administrativo
XLI - cobrar carceragem, custas, emolumentos ou disciplinar na forma com a lei aqui estudada estabelece,
qualquer outra quantia ou vantagem não prevista em lei; vejamos.
XLII - atentar, com abuso de autoridade ou Aos policiais civis são aplicáveis as sanções disciplinares
prevalecendo-se dela, contra a inviolabilidade de domicílio; previstas no Estatuto dos Servidores Públicos Civis do
XLIII - utilizar, ceder ou permitir que outrem use objetos Estado, ou seja, advertência, suspensão, demissão, cassação
de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo
arrecadados, recolhidos ou apreendidos pela Polícia, salvo
em comissão e destituição de função gratificada.
os casos previstos em lei ou regulamento;
A apuração de irregularidade cometida pelos policiais
XLIV - eximir-se do cumprimento do dever policial;
civis, no exercício das atribuições do cargo, será promovida
XLV - praticar ato definido como infração penal que
por regras específicas da Lei Complementar nº 37, em
por sua natureza e configuração o incompatibilize para o estudo, e de modo subsidiário, o Estatuto dos Servidores
exercício da função policial; Públicos Civis do Estado.
XLVI - exercer atividades particulares que afetem a O processo administrativo disciplinar se desenvolve
presunção de imparcialidade, ou que sejam social ou nas seguintes fases:
moralmente nocivas à dignidade do cargo; a) instauração, com a publicação do ato que constituir
XLVII - facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou a comissão;
submetida à medida de segurança; b) inquérito administrativo, que compreende instrução,
XLVIII - permitir que presos conservem em seu poder defesa e relatório;
instrumentos que possam causar danos das dependências c) controle finalístico da Procuradoria-Geral do Estado,
a que estejam recolhidos, ou produzir lesões em terceiros; consistindo em manifestação da consultoria jurídica no
XLIX - auxiliar autor de crime a esquivar-se à ação prazo máximo de 10 (dez) dias;
policial; d) julgamento.
L - dar, ceder ou emprestar insígnia ou cédula de O processo iniciará pelo ato de instauração que
identidade funcional; conterá a exposição da infração administrativa, com
LI - faltar com a verdade no exercício de suas funções; todas as suas circunstâncias, e a qualificação do acusado.
LII - esquivar-se, na ausência da autoridade competente, Quando presidido por Procurador do Estado, o processo
de atender ocorrências passíveis de intervenção policial, administrativo disciplinar não compreenderá a fase do
que presencie ou de que tenha conhecimento imediato, controle finalístico, ou seja, não haverá a manifestação
mesmo fora da escala de serviço; sobre a legalidade do processo.
LIII - tomar parte de jogos proibidos ou jogar os Quando o processo não for presidido por Procurador
permitidos, em recinto policial; do Estado, ele será, com o relatório da comissão, remetido
LIV - entregar-se a prática de jogos proibidos, ao vício à Procuradoria-Geral do Estado para manifestação sobre a
da embriaguez ou ao uso de substâncias que provoquem legalidade do processo.
dependência física ou psíquica; Após a manifestação da Procuradoria, os autos do
processo disciplinar serão encaminhados à autoridade
LV - enunciar, falsa ou tendenciosamente, parte, queixa
competente para o julgamento.
ou representação;
LVI - expedir credenciais para terceiros desempenharem
FIQUE ATENTO!
funções privativas da polícia civil;
O processo disciplinar será conduzido por comissão
LVII - dar causa, intencionalmente, ao extravio ou composta de três policiais civis estáveis designados pela
danificação de objetos, livros e material de expediente da autoridade competente, que indicará, dentre eles, o seu
repartição policial e que estejam confiados à sua guarda presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
ou não; superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade
LVIII - divulgar os assuntos policiais ou de segurança, igual ou superior ao do indiciado.
de modo a prejudicar o andamento de investigações
ou trabalhos policiais e quebrar sigilo sobre planos, A advertência será aplicada por escrito, nos casos de
dispositivos de segurança. violação das seguintes proibições:
E não são somente esse extenso rol de proibições a) dificultar ou deixar de levar ao conhecimento de
para o policial civil, pois também aplicáveis as proibições autoridade competente, por via hierárquica e em 24 (vinte
prevista no Estatuto dos Servidores Públicos Civis do e quatro) horas, parte, queixa, representação, petição,
Estado do Piauí. recurso ou documento que houver recebido, se não estiver
na sua alçada resolvê-lo;

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

b) negligenciar a guarda de bens ou valores E são os membros eleitos, 4 (quatro) representantes


pertencentes à repartição policial ou de terceiros que dos policiais civis, com os respectivos suplentes, indicados
estejam sob sua responsabilidade, possibilitando assim por suas entidades sindicais representativas, com mandato
que eles se danifiquem ou se extraviem; de 02 (dois) anos, admitida uma recondução.
c) deixar de portar sua credencial oficial, estando ou Perde automaticamente o mandato o conselheiro
não em serviço; eleito que faltar, sem justificativa, a três sessões plenárias
d) lançar em livros oficiais de registro, anotações, consecutivas ou a seis intercaladas por ano de exercício.
reclamações, reivindicações ou quaisquer outras matérias Quanto à competência, o Conselho Superior da Polícia
estranhas as suas finalidades; e Civil:
e) revelar sua qualidade de policial fora dos casos I - escolhe os membros de comissão de concurso para
necessários ou convenientes ao serviço. o provimento dos cargos da Polícia Civil, assegurada a
Além dessas hipóteses, a advertência por escrito participação da OAB;
poderá ser aplicada no caso de inobservância de dever II - delibera sobre as matrículas nos cursos de
funcional previsto em lei, regulamento ou norma interna, formação da Academia de Polícia, com base no resultado
que não justifique a imposição de penalidade mais grave. da investigação sobre a vida dos candidatos;
Aplica-se também aos policiais civis a penalidade de III - zela pela observância dos princípios e funções da
advertência nos casos previstos no Estatuto dos Servidores Polícia Civil;
Públicos Civis do Estado. IV - decide sobre o cumprimento dos requisitos
A suspensão será aplicada nos casos de infração relativos ao estágio probatório dos servidores policiais civis;
descrita como proibição dos números de VI a XXXIV, acima V - elabora as listas de promoção do policial civil,
citadas, e de reincidência das outras faltas punidas com bem como decide pela concessão das recompensas de
advertência e de violação das demais proibições que não medalhas;
tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não VI - referenda atos normativos que definam a atuação
podendo exceder, a suspensão, de 90 (noventa) dias. da Polícia Civil, expedidos pelo Delegado-Geral;
Aplica-se também aos policiais civis a penalidade de
VII - determina, por iniciativa do Corregedor Geral da
suspensão nos casos previstos no Estatuto dos Servidores
Polícia Civil, que paralelamente ao processo administrativo
Públicos Civis do Estado, de modo subsidiário.
disciplinar, seja instaurado inquérito policial, se das
A pena de demissão será aplicada por infração às
irregularidades imputadas ao acusado resultarem indícios
proibições previstas do número XXXV ao LVIII.
ou provas de responsabilidade criminal;
Aplica-se, subsidiariamente, aos policiais civis a
VIII - propõe medidas de aprimoramento técnico,
penalidade de demissão nos casos previstos no Estatuto
dos Servidores Públicos Civis do Estado. visando ao desenvolvimento e à eficiência da organização
As penas de cassação de aposentadoria ou policial civil;
disponibilidade, destituição de cargo em comissão e IX - pronuncia-se sobre matéria relevante, concernente
de destituição de função gratificada serão aplicados a funções, princípios e conduta funcional ou particular do
nos mesmos casos previstos no Estatuto dos Servidores policial civil com reflexos no órgão;
Públicos Civis do Estado. X - recomenda à Corregedoria Geral da Polícia Civil
Os Delegados de Polícia não poderão servir nas sedes a instauração de processo disciplinar contra membros da
de Comarca, nas quais o Juiz ou Agente do Ministério Polícia Civil;
Público seja seu cônjuge, companheiro ou companheira, XI - delibera sobre a remoção de policiais civis, no
ascendente, descendente ou colateral até o terceiro interesse do serviço policial, observadas as disposições
grau, por consanguinidade ou afinidade. Excetuam-se as desta Lei em estudo;
unidades ou serviços na Comarca da Capital do estado ou XII - opina sobre projetos que proponham ao Poder
em Comarcas onde haja mais de uma Vara Criminal. Executivo a criação e a extinção de cargos e órgãos;
O Delegado de Polícia dar-se-á por impedido de XIII - fiscaliza a expedição de Insígnia e Cédula de
funcionar em procedimento onde qualquer das partes Identidade funcional pela Delegacia Geral;
seja parente consanguíneo ou afim até o terceiro grau; por XIV - delibera sobre as questões que lhe forem
suspeito se for amigo íntimo ou inimigo de qualquer das submetidas por seu presidente; e
partes, ou tiver interesse direto ou indireto na causa. XV - exerce outras atribuições previstas em lei ou
O Conselho Superior de Policia Civil, com atribuições regulamento.
consultivas, opinativas e de assessoramento, é constituído As reuniões do Conselho Superior serão disciplinadas
pelos membros natos e eleitos. por regulamento próprio, expedido por seu presidente ou
São membros natos: pelo próprio órgão. As manifestações do Conselho Superior
a) o Secretário da Segurança Pública ou seu substituto da Polícia Civil serão aprovadas por maioria simples de voto,
legal, que o presidirá; exceto nas hipóteses de remoção de policial, por interesse
b) o Delegado-Geral; público, em que se exigirá 2/3 dos votos de seus membros.
c) o Corregedor-Geral de Polícia Civil; As sessões do Conselho serão públicas, salvo quanto
d) o Diretor da Academia de Policia Civil; e às razões da deliberação sobre as matrículas nos cursos de
e) Titulares de departamentos diretamente subordinado formação da Academia de Polícia, com base no resultado
ao Secretário da Segurança Pública. da investigação sobre a vida dos candidatos.

33
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Delegado-Geral, dirigente da Polícia Civil, escolhido VI - propor ao Delegado Geral as sanções e providências
dentre os Delegados estáveis de carreira, subordinado cabíveis nos casos de penalidades que devam ser decididas
ao Secretário da Segurança Pública, possui as seguintes em instância superior;
competências: VII - manter contatos com autoridades do Poder
I - exercer as superiores orientação, coordenação e Judiciário e do Ministério Público para tratar de assuntos
supervisão da Polícia Civil; vinculados ao exercício da atividade de polícia judiciária;
II - decidir os recursos interpostos contra o VIII - velar pelo cumprimento das leis, regulamentos
indeferimento de abertura de inquérito policial, ouvido o e atos normativos relacionados às atividades de polícia
Corregedor-Geral; judiciária e disciplinar;
III - dirigir e controlar as atividades da Polícia Civil; IX - determinar a instauração de processo administrativo
IV - planejar as atividades da Polícia Civil, estabelecendo disciplinar, de inquérito policial e outras providências para
os objetivos, as políticas, as metas prioritárias e suas apuração de irregularidades;
diretrizes; X - determinar o afastamento cautelar do policial
V - executar as diretrizes da segurança pública no civil a fim de evitar que venha a influir na apuração de
Estado, estabelecidas pelo Secretário da Segurança Pública; irregularidade a ele atribuída, bem como suspender o porte
VI - propor ao Secretário da Segurança Pública linhas de arma e apreender cédula funcional, armas e insígnias;
de atuação na condução das atividades policiais; XI - determinar, de ofício, correições nos órgãos da
VII - dispor das informações necessárias à formulação Polícia Civil, sempre que forem necessárias.
e execução das políticas inerentes às atividades da Polícia A Academia de Polícia Civil, dirigida por Delegado
Civil; estável de carreira, com pós-graduação ou, se não
VIII - expedir atos normativos que definam a atuação da houver Delegado nessas condições, por outro policial
Polícia Civil, a serem referendados pelo Conselho Superior civil possuidor dos mesmos requisitos, diretamente
da Polícia Civil; subordinado ao Secretário da Segurança Pública, tem por
IX - promover a remoção de servidores da Polícia Civil, atribuições:
a) promover a formação técnico-profissional de
observadas as disposições desta Lei;
pessoal, para o provimento de cargos de carreira policial
X - apresentar ao Secretário da Segurança Pública o
civil;
relatório anual das atividades da Polícia Civil;
b) realizar treinamento, aperfeiçoamento e
XI - praticar atos administrativos necessários ao
especialização, objetivando a capacitação técnico-
cumprimento das competências da Polícia Civil;
profissional do policial civil;
XII - expedir e assinar a cédula funcional;
c) manter intercâmbio com a Academia Nacional de
XIII - suspender ou cassar o direito ao porte de arma
Polícia, congêneres estaduais e outras instituições de
do policial inativo, cujo comportamento recomende essa
ensino e pesquisa, nacionais e estrangeiras, visando ao
medida; aprimoramento das atividades e dos métodos pedagógicos
XIV - delegar competência para o exercício de suas utilizados; e
funções. d) produzir e difundir conhecimentos de interesse
policial.
FIQUE ATENTO! O Departamento de Policia Técnico-Científica
O Delegado-Geral nas suas ausências será substituído subordina-se ao Delegado-Geral e compreende os
por delegado titular de carreira indicado em regulamento. seguintes órgãos:
a) I - Instituto Médico Legal, dirigido preferencialmente
Corregedoria Geral da Polícia Civil, órgão de controle por perito médico legal ou perito odonto-legal estável;
interno da atividade policial dirigido por Delegado estável b) Instituto de Criminalística, dirigido preferencialmente
de carreira, diretamente subordinada ao Secretário da por perito criminal estável; e
Segurança Pública, possui as seguintes atribuições: c) Instituto de Identificação, dirigido preferencialmente
I - propor ao Delegado-Geral planos, programas e por perito papiloscopista policial estável.
projetos, tendentes a dinamizar as atividades de polícia Os policiais civis ficam obrigados a residir no município
judiciária e disciplinar; sede da unidade policial em que prestarem serviços, não
II - opinar e submeter ao Delegado-Geral, para decisão, podendo afastar-se sem prévia autorização superior, salvo
os recursos impetrados contra indeferimento de abertura para atos e diligências de seus encargos.
de inquérito policial; Nos municípios em que houver mais de uma Delegacia,
III - decidir conflitos de competência ou de o período máximo de permanência em cada uma delas é
entendimento suscitados entre as autoridades policiais, no de 2 (dois) anos, podendo, em caso de interesse do serviço,
tocante às atividades de polícia judiciária e disciplinar; ser prorrogado por mais um ano, ouvido o Conselho
IV - propor ao Delegado Geral a instauração ou Superior da Polícia Civil.
arquivamento de processos administrativos disciplinares; São símbolos da polícia civil:
V - tomar conhecimento das reclamações sobre a) o hino;
irregularidades praticadas por servidores da Polícia Civil, b) a bandeira;
determinando as providências necessárias à apuração; c) o brasão.

34
LEGISLAÇÃO ESTADUAL

O pessoal do quadro administrativo da Secretaria


da Segurança Pública será regido exclusivamente pelo ANOTAÇÕES
Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado. As
gratificações atualmente percebidas pelo pessoal de apoio
administrativo permanecem sendo pagas como vantagem ___________________________________________________
pessoal nominalmente identificada.
Será computado o tempo de serviço dos atuais policiais ___________________________________________________
civis organizados em carreira, nomeados validamente, para ___________________________________________________
efeito de promoção por antiguidade, podendo atingir no
máximo a primeira classe. Em qualquer caso, a promoção ___________________________________________________
será realizada individualizadamente, conforme regras
estabelecidas em regulamento. ___________________________________________________
O policial civil fica obrigado a devolver a carteira ___________________________________________________
funcional, arma e insígnia no dia da publicação do ato de
aposentadoria, exoneração ou demissão. ___________________________________________________

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ___________________________________________________


PIAUÍ. Lei Complementar nº 37, de 09 mar. 2004. ___________________________________________________
Estatuto dos Policiais Civis do Estado do Piauí, Teresina,
PI, 09 mar 2004. ___________________________________________________

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

ANOTAÇÕES

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

ANOTAÇÕES

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LEGISLAÇÃO ESTADUAL

ANOTAÇÕES

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