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Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco, Ricardo Razaboni. Bruna Pinotti Garcia.

Mariela Cardoso
Guilherme Cardoso. Rodrigo Gonçalves. Carlos Quiqueto. Ricardo Razaboni

Polícia Civil do Estado de Minas Gerais

PC-MG
Escrivão de Polícia I
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OBRA
Polícia Civil do Estado de Minas Gerais - PC-MG
Cargo: Escrivão de Polícia I

AUTORES
Língua Portuguesa - Profa. Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Programa de Direitos Humanos - Bruna Pinotti Garcia
Programa de Língua Portuguesa - Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Programa de Noções de Criminologia - Ricardo Razaboni
Programa de Noções de Direito Administrativo - Bruna Pinotti Garcia
Programa de Noções de Civil - Mariela Cardoso
Programa de Noções de Direito Constitucional - Guilherme Cardoso
Programa de Noções de Direito Penal - Rodrigo Gonçalves
Programa de Noções Processual Penal - Rodrigo Gonçalves
Programa de Noções de Informática - Carlos Quiqueto
Programa de Noções de Medicina Legal - Ricardo Razaboni

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Suelen Domenica Pereira
Elaine Cristina

DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Thais Regis
Camila Lopes

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

Publicado em 07/2018

www.novaconcursos.com.br

sac@novaconcursos.com.br
SUMÁRIO

PROGRAMA DE DIREITOS HUMANOS

A Constituição Brasileira de 1988....................................................................................................................................... 01


Noções gerais sobre direitos humanos.............................................................................................................................. 03
Gerações de direitos humanos........................................................................................................................................... 11
A Constituição Brasileira de 1988 e os Tratados Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos.......................... 12
O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos.......................................................................................... 14
O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos e a Redefinição da Cidadania no Brasil........................ 27
A Constituição Brasileira de 1988: Dos princípios fundamentais................................................................................... 30
A Constituição Brasileira de 1988: Dos Direitos e Garantias Fundamentais.................................................................. 37
Dos direitos e deveres individuais e coletivos................................................................................................................... 37
Dos direitos sociais.............................................................................................................................................................. 66
Da nacionalidade................................................................................................................................................................. 79
Dos direitos políticos........................................................................................................................................................... 85
Dos partidos políticos......................................................................................................................................................... 88
Direitos humanos das minorias e grupos vulneráveis..................................................................................................... 90
Política nacional de direitos humanos............................................................................................................................... 95

PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Criminologia: conceito, cientificidade, objeto, método, sistema e funções................................................................... 01


Fundamentos históricos e filosóficos da Criminologia: precursores, Iluminismo e as primeiras escolas sociológicas.
Marcos científicos da Criminologia. A escola liberal clássica do Direito Penal e a Criminologia positivista.............. 03
A Moderna Criminologia científica: modelos teóricos explicativos do comportamento criminal. Biologia criminal,
Psicologia Criminal e Sociologia Criminal. ....................................................................................................................... 06
Teoria Estrutural-Funcionalista do desvio e da anomia. ................................................................................................. 09
Teoria das Subculturas Criminais. ..................................................................................................................................... 09
Do “Labeling Approach” a uma criminologia crítica. ...................................................................................................... 09
A sociologia do conflito e a sua aplicação criminológica. ............................................................................................... 11
Sistema penal e reprodução da realidade social............................................................................................................... 11
Cárcere e marginalidade social. ......................................................................................................................................... 11
Modelo consensual de Justiça Criminal............................................................................................................................ 11

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Lei Orgânica da Polícia Civil............................................................................................................................................... 01


Administração Pública........................................................................................................................................................ 28
Conceito e princípios.......................................................................................................................................................... 28
Administração pública direta e indireta............................................................................................................................ 36
Agentes públicos.................................................................................................................................................................. 45
Conceito............................................................................................................................................................................... 45
Classificação (espécie)........................................................................................................................................................ 46
SUMÁRIO

Direitos e deveres................................................................................................................................................................. 48
Responsabilidade administrativa, civil e penal................................................................................................................. 48
Lei 8.429/92 e alterações (Lei de improbidade administrativa)....................................................................................... 65
Poderes da Administração Pública..................................................................................................................................... 79
Poder hierárquico................................................................................................................................................................ 81
Poder Disciplinar................................................................................................................................................................. 81
Poder Regulamentar............................................................................................................................................................ 82
Poder de Polícia................................................................................................................................................................... 82
Fatos e atos administrativos:.............................................................................................................................................. 85
Conceito............................................................................................................................................................................... 85
Requisitos do ato administrativo........................................................................................................................................ 85
Atributos do ato administrativo.......................................................................................................................................... 87
Classificação......................................................................................................................................................................... 87
Revogação e anulação......................................................................................................................................................... 88
Processo administrativo:..................................................................................................................................................... 91
Conceito............................................................................................................................................................................... 91
Princípios............................................................................................................................................................................. 91
Responsabilidade civil do Estado..................................................................................................................................... 102

PROGRAMA DE NOÇÕES DE CIVIL

Da personalidade e da capacidade.................................................................................................................................... 01
Dos direitos da personalidade............................................................................................................................................ 01
Da pessoa jurídica............................................................................................................................................................... 01
Responsabilidade jurídica.................................................................................................................................................. 18
Fato jurídico......................................................................................................................................................................... 24
Negócios jurídicos............................................................................................................................................................... 24
Conceito............................................................................................................................................................................... 24
Vícios: Erro, dolo, culpa e coação....................................................................................................................................... 24
Relações de parentesco....................................................................................................................................................... 40
Da tutela e curatela.............................................................................................................................................................. 40

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Conceito............................................................................................................................................................................... 01
Direitos e Garantias Fundamentais.................................................................................................................................... 03
Direitos Individuais............................................................................................................................................................. 03
Direitos Coletivos................................................................................................................................................................. 03
Direitos Sociais..................................................................................................................................................................... 14
O Estado................................................................................................................................................................................ 18
Conceito............................................................................................................................................................................... 18
Elementos que compõem o Estado.................................................................................................................................... 18
Finalidade do Estado........................................................................................................................................................... 18
Funções essenciais à Justiça............................................................................................................................................... 20
SUMÁRIO

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Princípios penais constitucionais...................................................................................................................................... 01


Tempo e lugar do crime....................................................................................................................................................... 02
Contagem de prazo.............................................................................................................................................................. 03
Conflito aparente de normas.............................................................................................................................................. 03
Conceito de crime e seus elementos.................................................................................................................................. 04
Concurso de pessoas:.......................................................................................................................................................... 09
Autoria.................................................................................................................................................................................. 09
Participação.......................................................................................................................................................................... 10
Ação penal............................................................................................................................................................................ 10
Classificação......................................................................................................................................................................... 10
Condições............................................................................................................................................................................. 10
Dos crimes em espécie:....................................................................................................................................................... 11
Crimes contra a pessoa....................................................................................................................................................... 11
Crimes contra o patrimônio............................................................................................................................................... 12
Crimes contra a dignidade sexual...................................................................................................................................... 18
Crimes contra a Administração Pública............................................................................................................................ 18
Legislação Especial:............................................................................................................................................................. 20
Contravenções Penais (Decreto n° 3.688/41).................................................................................................................... 20
Lei 4.898/65 (Abuso de Autoridade)................................................................................................................................... 20
Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente)....................................................................................................... 22
Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos)....................................................................................................................................... 22
Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais)..................................................................................................................... 23
Lei 9.455/97 (Lei de Tortura)............................................................................................................................................... 27
Lei. 9.503/ 97 (Código de Trânsito)..................................................................................................................................... 27
Lei 11.343/06 (Lei de Drogas)............................................................................................................................................. 28
Lei 11.340/03 (Lei Maria da Penha).................................................................................................................................... 30

PROGRAMA DE NOÇÕES PROCESSUAL PENAL


Princípios processuais penais............................................................................................................................................ 01
Direitos e garantias processuais penais............................................................................................................................. 02
Investigação criminal policial (artigos 4° ao 23° do CPP)................................................................................................. 02
Prisão cautelar:.................................................................................................................................................................... 05
Prisão em flagrante: Tipos e espécies de flagrante............................................................................................................ 07
Prisão preventiva................................................................................................................................................................. 08
Prisão temporária................................................................................................................................................................ 09
Teoria geral da prova penal................................................................................................................................................. 09
Legislação especial:............................................................................................................................................................. 16
Lei 4.898/65 (Abuso de Autoridade)................................................................................................................................... 16
Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente)....................................................................................................... 16
Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos)....................................................................................................................................... 16
Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais)..................................................................................................................... 16
SUMÁRIO
Lei 9.455/97 (Lei de Tortura)............................................................................................................................................... 16
Lei. 9.503/ 97 (Código de Trânsito)..................................................................................................................................... 16
Lei 11.343/06 (Lei de drogas).............................................................................................................................................. 16
Lei 11.340/03 (Lei Maria da Penha).................................................................................................................................... 16

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Sistema Operacional Windows 7........................................................................................................................................ 01


Microsoft Word 2013: Edição e formatação de textos....................................................................................................... 09
LibreOffice Writter 5.4.7: Edição e formatação de textos.................................................................................................. 35
Microsoft Excel 2013: Elaboração, cálculos e manipulação de tabelas e gráficos.......................................................... 54
LibreOffice Calc 5.4.7: Elaboração, cálculos e manipulação de tabelas e gráficos......................................................... 67
Microsoft PowerPoint 2013: estrutura básica de apresentações, edição e formatação................................................. 79
LibreOffice Impress 5.4.7: estrutura básica de apresentações, edição e formatação..................................................... 79
Microsoft Outlook 2013: Correio Eletrônico.................................................................................................................... 102
Google Chrome: Navegação na Internet.......................................................................................................................... 105
Segurança: Tipos de vírus, Cavalos de Tróia, Worms, Spyware, Phishing, Pharming, Spam....................................... 110

PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Perícias e Peritos..............................................................................................................................................................................01
Documentos médico-legais................................................................................................................................................ 01
Quesitos oficiais................................................................................................................................................................... 01
Perícias médicas.................................................................................................................................................................. 01
Ética médica e pericial........................................................................................................................................................ 01
Legislação sobre perícias médico-legais............................................................................................................................ 01
Antropologia Médico-legal................................................................................................................................................. 03
Identidade e identificação................................................................................................................................................... 03
Identificação judiciária....................................................................................................................................................... 03
Traumatologia Médico-legal............................................................................................................................................... 04
Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico................................................................................................................. 04
Energias de Ordem Mecânica............................................................................................................................................. 04
Energias de Ordem Química, cáusticos e venenos, embriaguez, toxicomanias............................................................ 04
Energias de Ordem Física: Efeitos da temperatura, eletricidade, pressão atmosférica, radiações, luz e som............. 04
Energias de Ordem Físico-Química: Asfixias em geral. Asfixias em espécie: por gases irrespiráveis, por monóxido de carbono,
por sufocação direta, por sufocação indireta, por afogamento, por enforcamento, por estrangulamento, por esganadura,
por soterramento e por confinamento..........................................................................................................................................04
Energias de Ordem Biodinâmica e Mistas.....................................................................................................................................04
Tanatologia Médico-legal...............................................................................................................................................................09
Tanatognose e cronotanatognose..................................................................................................................................................09
Fenômenos cadavéricos.................................................................................................................................................................09
Necropsia, necroscopia..................................................................................................................................................................09
Exumação.........................................................................................................................................................................................09
“Causa mortis”.................................................................................................................................................................................09
Morte natural e morte violenta......................................................................................................................................................09
Direitos sobre o cadáver..................................................................................................................................................................09
SUMÁRIO

Sexologia Médico-legal...................................................................................................................................................................11
Crimes contra a dignidade sexual e provas periciais....................................................................................................................11
Gravidez, parto, puerpério, aborto, infanticídio...........................................................................................................................11
Reprodução assistida......................................................................................................................................................................11
Transtornos da sexualidade e da identidade sexual.....................................................................................................................11
Psicopatologia Médico-legal..........................................................................................................................................................12
Imputabilidade penal e capacidade civil......................................................................................................................................12
Limite e modificadores da responsabilidade penal e capacidade civil......................................................................................12
Repercussões médico-legais dos distúrbios psíquicos................................................................................................................12
Simulação, dissimulação e supersimulação..................................................................................................................................12
Embriaguez alcoólica......................................................................................................................................................................13
Alcoolismo.......................................................................................................................................................................................13
Aspectos jurídicos...........................................................................................................................................................................13
Toxicofilias.......................................................................................................................................................................................14
Hora de Praticar...............................................................................................................................................................................16

PROGRAMA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretação e compreensão de textos. ......................................................................................................................................01


Identificação de tipos textuais: narrativo, descritivo e dissertativo. ..........................................................................................01
Critérios de textualidade: coerência e coesão...............................................................................................................................01
Recursos de construção textual: fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos..............................................................01
Gêneros textuais da Redação Oficial.............................................................................................................................................07
Princípios gerais. ............................................................................................................................................................................07
Uso dos pronomes de tratamento. ................................................................................................................................................07
Estrutura interna dos gêneros: ofício, memorando, requerimento, relatório, parecer. ............................................................07
Conhecimentos linguísticos. .........................................................................................................................................................21
Conhecimentos gramaticais conforme padrão formal da língua. .............................................................................................21
Princípios gerais de leitura e produção de texto. Intertextualidade. Tipos de discurso. Vozes discursivas: citação, paródia,
alusão, paráfrase, epígrafe. ............................................................................................................................................................21
Semântica: construção de sentido; sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, polissemia; denotação e conotação;
figuras de linguagem. .....................................................................................................................................................................94
Pontuação e efeitos de sentido. ...................................................................................................................................................104
Sintaxe: oração, período, termos das orações; articulação das orações: coordenação e subordinação; concordância verbal e
nominal; regência verbal e nominal............................................................................................................................................107
Hora de praticar.............................................................................................................................................................................137
com uma inflação galopante que este não conseguia contro-
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 lar, denúncias de corrupção por todos os lados que surgiam
com o levantamento da censura, perda de confiança da popu-
lação no governo, e as sucessivas perdas nas eleições legislati-
Os direitos e garantias fundamentais tomam por base os vas do partido governista, a ARENA. Tais fatores contribuíram
direitos humanos reconhecidos no âmbito internacional. para que a abertura política fosse mais que um gesto de boa
Com efeito, após o processo de internacionalização dos direi- vontade do governo. Era o gesto de um regime acossado pela
tos humanos vieram o de regionalização de tais direitos e o crise e que se ressentia da força das manifestações populares,
de incorporação, transpondo-as para o ordenamento interno. cada vez mais constantes. [...] Mas, o ponto máximo do pe-
ríodo da redemocratização foi sem dúvida o movimento pe-
Com efeito, quando se fala em institucionalização dos di- las Diretas-Já, campanha que mobilizou milhões no final do
reitos e garantias fundamentais, refere-se ao modo pelo qual mandato do presidente João Figueiredo, buscando pressionar
a Constituição brasileira disciplina a os direitos e garantias o Legislativo a aprovar a chamada Emenda Dante de Olivei-
fundamentais. ra, de autor do parlamentar mato-grossense, e que restituía
o voto direto para presidente. A campanha pelas Diretas-Já
marcou a década de 80 no Brasil, e uniu personalidades de to-
#FicaDica dos os campos em torno do desejo do voto, que acabaria frus-
Flávia Piovesan utiliza a expressão institucio- trado, pois a Emenda não foi aprovada. O candidato apoiado
nalização de direitos e garantias fundamentais pelo povo, porém, venceria as eleições indiretas, mas, causan-
para compreender a forma como os direitos do nova frustração no povo, morreria antes de assumir. Seu
humanos se compõem ao texto constitucional, nome: Tancredo Neves; em seu lugar, assumiria seu vice, José
tanto no aspecto estrutural quanto no aspecto Sarney, um verdadeiro democrático de última hora, político
histórico. originário da ARENA, o partido de apoio do Regime Militar, e
de seu sucessor, o PDS”3.

Histórico: o processo de redemocratização do Brasil


A lei de anistia: uma mancha no processo de redemo-
O principal fator que influenciou o tratamento da temáti- cratização?
ca é o fato de que a Constituição de 1988 demarcou o processo
de democratização do Brasil, consolidando a ruptura com o Muito se questiona a respeito da lei de anistia, Lei nº
regime autoritário militar instalado em 1964. Após um longo 6.683/1979, que anistiou os crimes políticos praticados no pe-
período de 21 anos, o regime militar ditatorial no Brasil caiu, ríodo da ditadura:
deflagrando-se num processo democrático. As forças de opo-
sição foram beneficiadas neste processo de abertura, conse- Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período
guindo relevantes conquistas sociais e políticas. Este processo compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de
culminou na Constituição de 19881. 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes
eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e
“A luta pela normalização democrática e pela conquista aos servidores da Administração Direta e Indireta, de funda-
do Estado de Direito Democrático começará assim que ins- ções vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes
talou o golpe de 1964 e especialmente após o AI5, que foi o Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e repre-
instrumento mais autoritário da história política do Brasil. To- sentantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institu-
mará, porém, as ruas, a partir da eleição de Governadores em cionais e Complementares.
1982. Intensificar-se-á, quando, no início de 1984, as multi-
dões acorreram entusiásticas e ordeiras aos comícios em prol §1º Consideram-se conexos, para efeito deste artigo,
da eleição direta do Presidente da República, interpretando o os crimes de qualquer natureza relacionados com
sentimento da Nação, em busca do reequilíbrio da vida na- crimes políticos ou praticados por motivação política.
cional, que só poderia consubstanciar-se numa nova ordem
constitucional que refizesse o pacto político-social”2. O questionamento parte do fato de que a legislação não
apenas anistiou os crimes praticados por aqueles perseguidos
“A grosso modo, o período considerado como de redemo- pelo regime ditatorial, como também aqueles crimes pratica-
cratização vai desde o governo Ernesto Geisel até a eleição in- dos pelo regime ditatorial e por seus funcionários, inclusive
direta de Tancredo Neves, que morreria pouco antes de assu- tortura.
mir o poder, resultando na posse de José Sarney, cujo período
na presidência inicia o que se costuma denominar Nova Re- A Comissão Americana de Direitos Humanos entendeu
pública. Com o fim do período de Ernesto Geisel na presidên- que a lei de anistia é óbice ao acesso à justiça, impedindo o
cia, ficava claro para a opinião pública que o Regime Militar esgotamento dos recursos internos, o que permitiria o acesso
DIREITOS HUMANOS

estava chegando ao fim, e a palavra em voga era ‘abertura’, em direto à jurisdição internacional (Caso Vladimir Herzog).
especial a política, mesmo que a contragosto da chamada Li-
nha Dura do regime. O regime estava na verdade implodindo,

1 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucio-


nal internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
2 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional posi- 3 http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/redemocra-
tivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. tizacao/

1
A posição dos direitos fundamentais no novo texto etc.
constitucional
Talvez a expressão mais relevante, se é que é possível deli-
A atual Constituição institucionaliza a instauração de um mitar somente uma, seja a dignidade da pessoa humana, que
regime político democrático no Brasil, além de introduzir in- acaba por englobar todas as demais. Assim, reconhece-se a
discutível avanço na consolidação legislativa dos direitos e pessoa humana enquanto ser digno, aos quais são garanti-
garantias fundamentais e na proteção dos grupos vulnerá- dos direitos e deveres fundamentais, e isto abre espaço para
veis brasileiros. Assim, a partir da Constituição de 1988 os di- compreender o Direito apenas tendo em vista ditames éticos.
reitos humanos ganharam relevo extraordinário, sendo este
documento o mais abrangente e pormenorizado de direitos A dignidade da pessoa humana é o valor-base de inter-
humanos já adotado no Brasil4. pretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou na-
cional, que possa se considerar compatível com os valores
Piovesan5 lembra que o texto de 1988 inova ao disciplinar éticos, notadamente da moral, da justiça e da democracia.
primeiro os direitos e depois questões relativas ao Estado, di- Pensar em dignidade da pessoa humana significa, acima de
ferente das demais, o que demonstra a prioridade conferida tudo, colocar a pessoa humana como centro e norte para
a estes direitos. Logo, o Estado não existe para o governo, mas qualquer processo de interpretação jurídico, seja na elabora-
sim para o povo. ção da norma, seja na sua aplicação.

A Constituição brasileira está arraigada no ideário dos di- Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou ple-
reitos humanos, o que torna o Brasil um país muito receptivo na, é possível conceituar dignidade da pessoa humana como
ao processo de internacionalização de tais direitos, sendo o principal valor do ordenamento ético e, por consequência,
signatário da grande maioria dos tratados de direitos huma- jurídico que pretende colocar a pessoa humana como um su-
nos relevantes. Neste sentido, a Carta de 1988 é a primeira jeito pleno de direitos e obrigações na ordem internacional e
Constituição brasileira a elencar a prevalência dos direitos nacional, cujo desrespeito acarreta a própria exclusão de sua
humanos como princípio regente nas relações internacio- personalidade.
nais que estabeleça6.
Para Reale7, a evolução histórica demonstra o domínio de
um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma ordem
Axiologia da Constituição de 1988: hegemonia dos gradativa entre os valores; mas existem os valores fundamen-
princípios tais e os secundários, sendo que o valor fonte é o da pessoa
humana. Nesse sentido, são os dizeres de Reale8: “partimos
O preâmbulo do texto constitucional é apenas uma prévia dessa ideia, a nosso ver básica, de que a pessoa humana é o
do que está por vir, isto é, de um rol extremamente detalhado valor-fonte de todos os valores. O homem, como ser natural
de direitos e garantias fundamentais asseguradas à pessoa biopsíquico, é apenas um indivíduo entre outros indivíduos,
humana abrangendo todas as dimensões de direitos huma- um ente animal entre os demais da mesma espécie. O ho-
nos: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em mem, considerado na sua objetividade espiritual, enquanto
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado ser que só realiza no sentido de seu dever ser, é o que chama-
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos mos de pessoa. Só o homem possui a dignidade originária de
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o ser enquanto deve ser, pondo-se essencialmente como razão
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supre- determinante do processo histórico”.
mos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconcei-
tos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem A abertura da Constituição brasileira a valores e princí-
interna e internacional, com a solução pacífica das contro- pios sustentada no princípio da dignidade da pessoa huma-
vérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte na confere novo sentido à ordem jurídica, rompendo com as
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”. barreiras do positivismo.

Após, o texto constitucional é formado por expressões de Na fase Positivista, os princípios entravam nos Códigos
cunho valorativo importantíssimo em termos de proteção de apenas como válvulas de segurança, eram meras pautas pro-
direitos humanos consagrados, a exemplo: cidadania (art. 1º, gramáticas supralegais, não possuindo normatividade; ao
II); dignidade da pessoa humana (art. 1º, III); sociedade livre, passo que na fase Pós-positivista, as Constituições destacam
justa e solidária (art. 3º, I); bem de todos, sem preconceitos a hegemonia axiológica dos princípios, transformando-os
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas em pedestal normativo que dá base a todo edifício jurídico
de discriminação (art. 3º, IV); prevalência dos direitos huma- dos novos sistemas constitucionais9. Esta fase Pós-positivis-
nos (art. 4º, II); inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à ta, da nova hermenêutica constitucional, somente ganhou
igualdade, à segurança e à propriedade (art. 5º, caput); direi- forma devido à Constituição de 1988.
tos sociais (art. 6º, caput); soberania popular (art. 14, caput);
DIREITOS HUMANOS

4 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucio-


nal internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 7 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2002, p. 228.
5 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucio-
nal internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 8 Ibid., p. 220.
6 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucio- 9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed.
nal internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. São Paulo: Malheiros, 2011.

2
camente, objetivos do Estado brasileiro.
EXERCÍCIO COMENTADO
c) Inclui os direitos sociais, a nacionalidade e os direitos po-
líticos no rol dos direitos e garantias fundamentais.
1) (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto - FUMARC/2018)
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, retoman- d) Não se coloca entre as Constituições mais avançadas do
do os ideais da Revolução Francesa, representou a mani- mundo no que diz respeito à matéria.
festação histórica de que se formara, enfim, em âmbito
universal, o reconhecimento dos valores supremos da Resposta: Letra D - Sem sombra de dúvidas, a Constituição
igualdade, da liberdade e da fraternidade. Em decorrência Federal de 1988 é uma das mais avançadas do mundo no que
disso, os direitos fundamentais expressos na Constituição diz respeito à afirmação de direitos e garantias fundamentais.
Federal de 1988:
a) Certa, pois de fato a noção de direitos e garantias funda-
a) como na Declaração Universal dos Direitos Humanos, mentais tomou outra perspectiva, mais ampla, com a
esses direitos fundamentais são considerados uma reco- CF/1988.
mendação sem força vinculante, uma etapa preliminar
para ulterior implementação na medida em que a socie- b) Certa, pela primeira vez uma Constituição brasileira assi-
dade se desenvolver. nalou os objetivos do Estado, em seu artigo 3o.
b) não consideram as diferenças humanas como fonte de va- c) Certa, sendo que o rol de direitos fundamentais abrange
lores positivos a serem protegidos e estimulados, pois, ao ainda os direitos individuais e coletivos e os partidos políti-
criar dispositivos afirmativos legais, as diferenças passam cos.
a ser tratadas como deficiências.

c) obrigam que o princípio da solidariedade seja interpreta- NOÇÕES GERAIS SOBRE DIREITOS
do com a base dos direitos econômicos e sociais, que são HUMANOS
exigências elementares de proteção às classes ou aos gru-
pos sociais mais fracos ou necessitados.
Teoria geral dos direitos humanos é o estudo dos direitos
d) tratam a liberdade como um princípio político e não indi- humanos, desde os seus elementos básicos como conceito,
vidual, pois o reconhecimento de liberdades individuais características, fundamentação e finalidade, passando pela
em sociedades complexas esconde a dominação oligár- análise histórica e chegando à compreensão de sua estrutura
quica dos mais ricos. normativa.

Resposta: Letra C - O princípio da solidariedade ou da frater- Na atualidade, a primeira noção que vem à mente quan-
nidade está erigido no direito internacional dos direitos hu- do se fala em direitos humanos é a dos documentos interna-
manos como uma obrigação de todos que vivem em sociedade cionais que os consagram, aliada ao processo de transposi-
para com os demais. Assim, é preciso solidariedade, destinan- ção para as Constituições Federais dos países democráticos
do aos mais necessitados e fracos proteção especial. Isso envol- (teoria positivista). Contudo, é possível aprofundar esta no-
ve, inclusive, a destinação específica de recursos econômicos e ção se tomadas as raízes históricas e filosóficas dos direitos
serviços sociais a estas pessoas que mais necessitam. humanos, as quais serão abordadas em detalhes adiante,
acrescentando-se que existem direitos inatos ao homem in-
a) Errada, pois os direitos fundamentais possuem força vincu- dependentemente de previsão expressa por serem elemen-
lante e, inclusive, estão no topo do ordenamento brasileiro. tos essenciais na construção de sua dignidade (teoria jusna-
turalista).
b) Errada, pois a Constituição trata a igualdade de forma a
aceitar a desigualdade entre as pessoas como algo bom Logo, um conceito preliminar de direitos humanos pode
para a sociedade, pluralista. Mesmo nas deficiências estão ser estabelecido: direitos humanos são aqueles inerentes ao
fonte de conhecimento e saber. homem enquanto condição para sua dignidade que usual-
mente são descritos em documentos internacionais para que
d) Errada, pois a liberdade é tanto um princípio político quan- sejam mais seguramente garantidos. A conquista de direitos
to um princípio individual. da pessoa humana é, na verdade, uma busca da dignidade
da pessoa humana, em todos seus bens jurídicos essenciais.

2) (PC-MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) A O direito natural se contrapõe ao direito positivo, locali-
Constituição Federal de 1988 pode ser considerada, na zado no tempo e no espaço: tem como pressuposto a ideia de
imutabilidade de certos princípios, que escapam à história, e
DIREITOS HUMANOS

história do Brasil, o documento mais abrangente e por-


menorizado sobre os direitos humanos até então adotado. a universalidade destes princípios transcendem a geografia.
Sobre a Constituição Federal de 1988, NÃO é correto o que A estes princípios, que são dados e não postos por conven-
se afirma em: ção, os homens têm acesso através da razão comum a todos
(todo homem é racional), e são estes princípios que permi-
a) Alargou o campo dos direitos e das garantias fundamen- tem qualificar as condutas humanas como boas ou más, qua-
tais. lificação esta que promove uma contínua vinculação entre

b) É a primeira vez que uma Constituição assinala, especifi-

3
norma e valor e, portanto, entre Direito e Moral10. de um conceito contemporâneo de direitos humanos. Entre
outros documentos a partir dos quais tal concepção come-
As premissas dos direitos humanos se encontram no con- çou a ganhar forma, destacam-se: Magna Carta de 1215, Bill
ceito de lei natural. Lei natural é aquela inerente à humani- of Rights ao final do século XVII e Constituições da Revolução
dade, independentemente da norma imposta, e que deve ser Francesa de 1789 e Americana de 1787. No entanto, o docu-
respeitada acima de tudo. O conceito de lei natural foi funda- mento que constitui o marco mais significativo para a forma-
mental para a estruturação dos direitos dos homens, ficando
ção de uma concepção contemporânea de direitos humanos
reconhecido que a pessoa humana possui direitos inaliená-
veis e imprescritíveis, válidos em qualquer tempo e lugar, é a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948. Após
que devem ser respeitados por todos os Estados e membros ela, muitos outros documentos relevantes surgiram, como o
da sociedade. O direito natural é, então, comum a todos e, Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e Pacto Inter-
ligado à própria origem da humanidade, representa um pa- nacional de Direitos Humanos, Sociais e Culturais, ambos de
drão geral, funcionando como instrumento de validação das 1966, além da Convenção Interamericana de Direitos Huma-
ordens positivas11. nos (Pacto de São José da Costa Rica) de 1969, entre outros.

O direito natural, na sua formulação clássica, não é um Os direitos humanos possuem as seguintes característi-
conjunto de normas paralelas e semelhantes às do direito cas principais:
positivo, e sim o fundamento deste direito positivo, sendo
formado por normas que servem de justificativa a este, por 1) Historicidade: os direitos humanos possuem ante-
exemplo: “deve se fazer o bem”, “dar a cada um o que lhe é cedentes históricos relevantes e, através dos tempos,
devido”, “a vida social deve ser conservada”, “os contratos de- adquirem novas perspectivas. Nesta característica se
vem ser observados” etc.12 enquadra a noção de dimensões de direitos.
Em literatura, destaca-se a obra do filósofo Sófocles13 in-
2) Universalidade: os direitos humanos pertencem a to-
titulada Antígona, na qual a personagem se vê em conflito
entre seguir o que é justo pela lei dos homens em detrimento dos e por isso se encontram ligados a um sistema glo-
do que é justo por natureza quando o rei Creonte impõe que bal (ONU), o que impede o retrocesso.
o corpo de seu irmão não seja enterrado porque havia lutado
contra o país. Neste sentido, a personagem Antígona defen- 3) Inalienabilidade: os direitos humanos não possuem
de, ao ser questionada sobre o descumprimento da ordem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intrans-
do rei: “sim, pois não foi decisão de Zeus; e a Justiça, a deusa feríveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do
que habita com as divindades subterrâneas, jamais estabe- comércio, o que evidencia uma limitação do princípio
leceu tal decreto entre os humanos; tampouco acredito que da autonomia privada.
tua proclamação tenha legitimidade para conferir a um mor-
tal o poder de infringir as leis divinas, nunca escritas, porém 4) Irrenunciabilidade: direitos humanos não podem ser
irrevogáveis; não existem a partir de ontem, ou de hoje; são renunciados pelo seu titular devido à fundamentalida-
eternas, sim! E ninguém pode dizer desde quando vigoram! de material destes direitos para a dignidade da pessoa
Decretos como o que proclamaste, eu, que não temo o poder humana.
de homem algum, posso violar sem merecer a punição dos
deuses! [...]”.
5) Inviolabilidade: direitos humanos não podem deixar
O desrespeito às normas de direito natural - e porque não de ser observados por disposições infraconstitucio-
dizer de direitos humanos - leva à invalidade da norma que nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de
assim o preveja (Ex.: autorizar a tortura para fins de investi- nulidades.
gação penal e processual penal não é simplesmente incons-
titucional, é mais que isso, por ser inválida perante a ordem 6) Indivisibilidade: os direitos humanos compõem um
internacional de garantia de direitos naturais/humanos uma único conjunto de direitos porque não podem ser ana-
norma que contrarie a dignidade inerente ao homem sob o lisados de maneira isolada, separada.
aspecto da preservação de sua vida e integridade física e mo-
ral). 7) Imprescritibilidade: os direitos humanos não se per-
dem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
Enfim, quando questões inerentes ao direito natural pas- sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir
sam a ser colocadas em textos expressos tem-se a formação pela falta de uso (prescrição).

8) Complementaridade: os sistemas regionais descentra-


10 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um lizam a ONU para respeitar a complementaridade, ou
DIREITOS HUMANOS

diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: seja, os diferentes elementos de base cultural, religiosa
Cia. das Letras, 2009. e social das diversas regiões.
11 Ibid.
9) Interdependência: as dimensões de direitos humanos
12 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direi- apresentam uma relação orgânica entre si, logo, a dig-
to. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. nidade da pessoa humana deve ser buscada por meio
13 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. da implementação mais eficaz e uniforme das liber-
São Paulo: Martin Claret, 2003.

4
Shecaria diz que muitas pesquisas são feitas em equipes,
CRIMINOLOGIA: CONCEITO, com visões diferenciadas da realidade, tendo em vista as for-
CIENTIFICIDADE, OBJETO, MÉTODO, mações distintas dos pesquisadores que complementam as
SISTEMA E FUNÇÕES. diferentes perspectivas interpretativas. Diante disso, origi-
nou-se a necessidade de pensar a criminologia com inter-
disciplinaridade, ou seja, utilizar na mesma investigação psi-
quiatras, psicólogos, juristas, estatísticos, assistentes sociais.

Conceito #FicaDica
A Criminologia é conhecida como uma ciência
empírica, por se tratar de um conhecimento
O termo criminologia encontra significado na junção de alcançado através da experiência e da
duas palavras, sendo crimino (crime) do latim e logos (estudo) observação da realidade. É uma ciência do “ser”.
do grego. Assim, concluí-se que a criminologia significa o “es-
tudo do crime”.

A palavra criminologia foi utilizada pela primeira vez em #FicaDica


1883, por Paul Topinard. Somente em 1885 foi aplicada de
modo escrito intencionalmente, por Raffaele Garófalo, no li- Também é conhecida como uma ciência
vro chamado de Criminologia. interdisciplinar, já que tem influência de várias
áreas do conhecimento, como psicologia,
Para Shecaira, Criminologia pode ser entendida como: sociologia, biologia, medicina legal e direito,
“Estudo e a explicação da infração legal; os meios formais e através do estudo do crime, da personalidade
informais de que a sociedade se utiliza para lidar com o cri- do delinquente, da vítima e do controle social.
me e com os atos desviantes; a natureza das posturas com que
as vítimas desses crimes são atendidas pela sociedade; e, por
derradeiro, o enfoque sobre o autor desses fatos desviantes”
(SHECAIRA, 2012, p. 35). #FicaDica
A criminologia pode ser dividida como: a)
Com o passar dos tempos, a criminologia ganhou espaço, criminologia científica, aquela que estuda
tornando-se uma ciência empírica e interdisciplinar, tendo conceitos e métodos sobre a criminalidade,
como finalidade a análise do crime, da personalidade do autor o crime, criminoso, vítima e a justiça penal);
do comportamento delitivo, da vítima e o controle social das b) criminologia aplicada, que abrange porção
condutas. (PENTEADO FILHO, 2014, p. 21) científica e a prática dos operadores do
direito; c) criminologia acadêmica, com fins
Sérgio Salomão Shecaira entende que a criminologia reú- pedagógicos; d) criminologia analítica, que
ne uma informação válida e confiável sobre a problematiza- verifica o cumprimento do papel das ciências
ção criminal, baseando-se no método empírico de análise e criminais e política criminal; e) criminologia
observação da realidade. Como uma ciência do “ser”, a cri-
crítica ou radical, com a negação ao capitalismo
minologia não é uma ciência “exata”, que traduz segurança
e apresentação do deliquente como vítima
e certeza inabaláveis. Ela também não é considerada uma
da sociedade (bases marxistas). (PENTEADO
ciência “dura”. Como qualquer ciência “humana” apresenta
FILHO, 2012, p. 27-28).
um conhecimento parcial, fragmentado, provisório, fluído,
adaptável à realidade e compatível com evoluções históricas
e sociais. (SHECARIA, 2012, p. 37).
Objeto da Criminologia
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Métodos
A criminologia tem por objeto de análise o crime, a per-
sonalidade do autor do comportamento delitivo, da vítima e
o controle social das condutas criminosas, ou como alguns
Importante salientar que é quase unânime o entendimen- preferem dizer: Delito, Delinquente, Vítima e Controle Social.
to de que a criminologia é uma ciência autônoma, dotada de
método. Entretanto, não se possui um único método de inves-
tigação, tendo em vista que há correntes que adotam métodos
diferentes. Tentaremos abordar todos os métodos abaixo. Delito
A criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar,
sendo que para o estudo do delinquente utiliza-se a metodo-
logia experimental, naturalística e indutiva. Entretanto, não é Pelo delito, procura-se analisar a conduta anti-social, cau-
possível delimitar as causas da criminalidade somente por es- sas geradoras, o efetivo tratamento dado ao delinquente com
tes métodos, recorrendo-se assim ao auxílio de métodos esta- foco na não reincidência, bem como as falhas no processo
tísticos, históricos e principalmente sociológicos e biológicos. preventivo. (PENTEADO FILHO, 2014, p. 23)

1
Importante salientar que o direito penal entende o delito Em momento posterior, pode-se ocorrer a vitimização se-
como uma ação ou omissão típica, ilícita e culpável, enquan- cundária (sobrevitimização/revitimização), a qual é causada
to a criminologia o crime deve ser encarado como um fenô- pelas instâncias formais do controle social, ou seja, é o sofri-
meno comunitário e como um problema social. Procura-se mento adicional ao sofrimento da conduta criminosa (vitimi-
entender os “fatores que levam os homens, vivendo em so- zação primária), adicionada pelos órgãos públicos, mediante a
ciedade, a “promover” um fato humano corriqueiro à condi- mecânica da justiça penal. Tem-se, como exemplo de sobrevi-
ção de crime”. (SHECAIRA, 2012, p. 43) timização ou revitimização, o sofrimento causado por depoi-
mentos na fase investigativa e audiências na fase processual
Shecaira promove a reflexão de quatro condições para penal.
serem compreendidos coletivamente como crimes: a) A in-
Por fim, a vitimização terciária ocorre quando a vítima volta
cidência massiva na população: um fato isolado não passa a conviver em seu âmbito social, enfrentando familiares, co-
a ser um conduta criminosa, assim, deve-se ter a reiteração legas de trabalho, escola ou outros grupos de convívio social.
das conduta para considerá-las criminosas; b) A incidência Neste momento, provavelmente a vítima será levada a recordar
aflitiva do fato praticado: todo fato deve produzir dor, quer da conduta criminosa (vitimização primária) e do sofrimento
à vítima, quer a comunidade como um todo. Assim, fatos mediante a mecânica estatal, como a sua ida para a delegacia
sem relevância não podem ser punidos na esfera criminal; (vitimização secundária), momento em que, decorrente de sua
c) A persistência espaço-temporal: por este terceiro elemento recordação, ocorre a vitimização terciária, ou seja, a lembrança
constitutivo do conceito criminológico de crime é que haja dos fatos ocorridos até aquele momento ao contar para pes-
a persistência espaço-temporal do fato que se quer imputar soas de seu âmbito social.
ao delinquente. Assim, não se pode ter um fato criminoso,
mesmo que seja massivo e aflitivo, se esse não ocorre no ter-
ritório nacional e em um determinado tempo; d) Um inequí-
voco consenso: deve-se ter um consenso sobre a etiologia e #FicaDica
de quais técnicas de intervenção seriam mais eficazes para o A heterovitimização é a auto culpa, quando
combate ao crime. (SHECARIA, 2012, p. 43-47) a vítima se recrimina pelo evento criminoso
sofrido
Exemplo 1: Furto de veículos em uma cidade de forma
reiterada lesam bens jurídicos (são massivos e aflitivos), per-
sistem em um espaço-temporal (persistência espaço-tempo-
ral) e são de inequívoco consenso de que são condutas crimi- Controle social
nosas (inequívoco consenso).

Exemplo 2: O uso indiscriminado de bebidas alcoólicas


produzem consequências massivas, aflitivas e têm uma per- De acordo com a Criminologia moderna, existem dois
sistência espaço-temporal, entretanto não é um inequívoco meios de controle social, que são compreendido pelo conjunto
consenso de que o uso indiscriminado é crime. de mecanismos e sanções sociais que visam a submissão do
homem aos modelos e normas exigidos pela sociedade.

O primeiro controle social é o informal, o qual é formado


Delinquente pelos órgãos da sociedade civil, como família, escola, ciclo pro-
fissional, igrejas, clubes de serviço, opinião pública, etc...

Por sua vez, o segundo modelo de controle social é o for-


No que se refere ao delinquente, a criminologia tende a mal, o qual é compreendido pelo controle exercido pelo Esta-
observar o ser, a pessoa normal, considerando seu histórico, do, como Polícia (1ª seleção), o Ministério Público (2ª seleção),
realidade, podendo ser complexa e enigmática. (SHECAIRA, a Justiça (3ª seleção), as Forças Armadas, a administração pe-
nitenciária, entre outras. Trata-se de uma ideia originada na
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

2008, p. 54)
teoria do contrato social de Rousseau

Por fim, ressalta-se que há dois tipos de criminalização de


uma conduta:
Vítima
a) Criminalização primária: aquela que compreende a cria-
ção e definição de normas, originada pelo poder legislativo;
O estudo da vítima, por sua vez, tem como objetivo o en- b) Criminalização secundária: em momento posterior à
tendimento do papel desta na estrutura do delito, principal- criação da norma punitiva, passa-se as autoridades judiciais
mente em face dos problemas de ordem moral, pscicológica, a competência de aplicar a norma e a punição, por meio do
jurídica etc... Poder Judiciário.

Consta esclarecer que há modelos de vítimas. A vitimiza- Ou seja, o primeiro modelo consiste no poder do Estado em
ção primária corresponde ao sofrimento causado pela con- criar lei penal, enquanto no segundo é o poder punitivo estatal.
duta criminosa, no momento do crime.

2
Funções Direito Penal

A criminologia tem como função analisar e compreender O Direito Penal deve ser compreendido como uma ciên-
a problemática no âmbito criminal, para que assim possa su- cia normativa, o qual visualiza a conduta como anormal e
gerir métodos de prevenção e interferência no delinquente. fixa uma pena/punição. A conduta, por meio de uma ação
Somente se faz possível a alusiva função com base no estudo ou omissão, deve ser típica, antijurídica e culpável, levando-
do crime, criminoso, vítima e controle social, ou seja, uma -se em consideração os ensinamentos da corrente causalista.
análise completa criminal.
A criminologia, por sua vez, observa o delito como um
Assim, compreende-se como função da criminologia o problema social, um fenômeno comunitário, com quatro
desenho de um diagnóstico qualificado e conjuntural sobre o elementos constitutivos: a) incidência massiva na população
delito, utilizando-se para isso o método empírico e interdisci- (não se pode tipificar como crime um fato isolado); b) inci-
plinar, afastando-se, por consequencia, o perigoso emprego da dência aflitiva do feto praticado (o crime deve causar dor à
intuição ou de subjetivismos. (PENTEADO FILHO, 2014, p. 26)
vítima e à comunidade); c) persistência espaço-temporal do
feto delituoso (é preciso que o delito ocorra reiteradamente
Em outras palavras, a função da criminologia é explicar e
prevenir o crime, intervindo na pessoa do delinquente, ava- por um período significativo de tempo no mesmo território)
liando os diferentes modelos de resposta ao ato criminoso. e d) consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas
de intervenção eficazes (a criminalização de condutas de-
pende de uma análise minuciosa desses elementos e sua re-
percussão na sociedade).
Criminologia e Política Criminal

#FicaDica
A criminologia se ocupa a pesquisas fatores físicos, so- Lembre-se, tanto o Direito Penal, quanto a
ciais, psicológicos que inspiram o delinquente, a evolução Criminologia estudam o crime, porém com
do delito, as relações da vítima com o fato delituoso e as ins- enfoques diferentes.
tâncias de controle social, abrangendo diversas disciplinas
criminais, como antropologia criminal, biologia criminal,
sociologia criminal, política criminal, etc... (PENTEADO FI-
LHO, 2014, p. 27) #FicaDica
As estatísticas originadas da criminologia servem para Em sentido amplo, a Criminologia estuda a
orientar as políticas criminais, quanto à prevenção e à re- origem do crime (causas), o Direito Penal a
pressão criminal. decidibilidade de conflitos e a Política Criminal
as formas de combate da violência.
Assim, tem-se que enquanto a criminologia cuida
do estudo do delito, delinquente, vítima e controle social,
de modo empírico e interdisciplinar, a política criminal, de
modo strictu sensu, consiste no programa de objetivos, mé- FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E
todos de procedimentos e de resultados pelos quais auto- FILOSÓFICOS DA CRIMINOLOGIA:
ridades fazem a prevenção e a repressão da criminalidade. PRECURSORES, ILUMINISMO E AS
(ALBUQUERQUE, 2004, p. 1) PRIMEIRAS ESCOLAS SOCIOLÓGICAS.
Ou seja, a Política criminal estuda as formas de controle MARCOS CIENTÍFICOS DA CRIMINOLOGIA.
da violência, da criminalidade, como política de lei e ordem, A ESCOLA LIBERAL CLÁSSICA DO DIREITO
tolerância zero, minimalistas, abolicionistas. PENAL E A CRIMINOLOGIA POSITIVISTA. PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

#FicaDica Para muitos a criminologia conseguiu alcançar status de


Criminologia analítica verifica o cumprimento ciência autônoma com Cesare Lombroso, em 1876, na obra
do papel das ciências criminais e política “O homem delinquente”. Para outros, tornou-se autônoma
criminal; com o antropólogo francês Paul Topinard, em 1879, primeira
pessoa a utilizar a palavra criminologia.

Não obstante, há defensores que entendem que foi Rafael


Garófalo, em 1885, que deu o primeiro passo para a crimino-
#FicaDica logia se tornar uma ciência autônoma, já que empregou em
Em sentido amplo, a Criminologia estuda a seu livro a palavra criminologia como parte do título.
origem do crime (causas), o Direito Penal a
decidibilidade de conflitos e a Política Criminal Como traçado por Nestor Sampaio Penteado Filho, “não
as formas de combate da violência. se pode perder de vista, no entanto, que o pensamento da
Escola Clássica somente despontou na segunda metade do

3
século XIX e que sofreu uma forte influência das ideias liberais e Entretanto, a mais importante pseudociência dessa épo-
humanistas de Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria, com a ca foi à fisionomia, que teve como principais precursores
edição de sua obra genial, intitulada Dos delitos e das penas, em Giovanni Battista Della Porta Vico Equense, conhecido como
1764”. (PENTEADO FILHO, 2012, p. 32) Della Porta, e Johan Caspar Lavater. A fisionomia pregava que
com base na aparência externa da pessoa poder-se-ia deduzir
Por fim, há quem diga que num pensamento não biológico, os caracteres psíquicos, relacionando-se os aspectos físicos e
foi o belga Adolphe Quetelet, integrante da Escola Cartográfica, morais do ser humano. (SHECAIRA, 2012, p. 78)
quem expôs pela primeira fez sobre criminologia, no seu Ensaio
de Física Social em 1835. Nesse trabalho, Quetelet empregou es- Della Porta foi o criador da sociedade denominada Acca-
tatísticas sobre a criminalidade, observando as cifras negas da demia dei Segreti e publicou seu livro De humana physiogno-
criminalidade, um dos primeiros estudos sobre essa temática. mia em 1586. Por sua vez, Lavater, teólogo suíço, publicou em
(PENTEADO FILHO, 2012, p. 32) 1776 a obra L’art d’estudier la physionomie.

Importante salientar que é quase unânime a ideia de que na A fisionomia deu origem a cranioscopia, desenvolvida
criminologia moderna há forte influência do iluminismo, tanto em meados de 1800 com Franz Joseph Gall. A cranioscopia
nos autores da Escola Clássica, quanto nos da Escola Positiva. pretendia adivinhar a personalidade e o desenvolvimento das
(PENTEADO FILHO, 2012, p. 32); (SHECAIRA, 2012, p. 90). faculdades mentais e morais do homem com a medição ex-
terna da sua cabeça. (SHECAIRA, 2012, p. 79).

Posteriormente a cranioscopia se desenvolveu, tornando-


Precursores -se a frenologia, precursora da neuropsiquiatria e da moder-
na neurofisiologia. Com esse método se pretendia localizar
cada um dos instintos e inclinações de uma pessoa com base
em uma determinada parte do cérebro, cujo desenvolvimen-
Há muito tempo se estuda os crimes e criminosos, poden- to poderia ser observado com a forma do crânio. (SHECAIRA,
do-se considerar que há estudos de criminologia pré-científica, 2012, p. 80)
tendo em vista que somente em meados de 1880 a criminologia
começou a ser enxergada como uma ciência autônoma. Importante salientar que além de Franz Joseph Gall (cria-
dor da obra Sur lês fonctions Du cervau, publicada em 1823 e
Na antiguidade, tem-se o Código de Hamurábi, que dispu- 1825 em seis volumes), o alemão Johann Caspar Spurzheim
foi um importante frenologista, sendo considerado discípulo
nha sobre a forma de julgamento de ricos e pobres, sendo os
de Gall. Johhan Caspar escreveu em 1815 o livro The Physiog-
ricos julgados com maior severidade, tendo em vista que os mes-
nomical system. Entretanto, o espanhol Mariano Cubí y Soler
mos tiveram, em tese, mais condições materiais e culturais para
foi um dos primeiros a afirmar e expor sobre a teoria do cri-
não praticar crimes.
minoso nato, em seu Manual de frenologia e sistema completo
de frenologia, em 1844. (SHECAIRA, 2012, p. 81)
Nestor Sampaio Penteado Filho coloca também ideias de
Homero, Hipócrates, Protágoras, Diógenes, Confúcio, Platão e No que se refere à psiquiatria, Bénedict-Augustin Morel
Aristóteles como precursores importantes da antiguidade. Ade- pode ser considerado um importante pensador, por conta de
mais, ressalta-se que teólogos como Jerônimo e Santo Tomás de sua obra Traité dês dégénérescences physiques, intellectuelles
Aquino deram suas contribuições para o desenvolvimento da et morales de l’espécie humaine et descauses qui produisent
criminologia. (PENTEADO FILHO, 2012, p. 38) ces variétés maladives, de 1856. Nessa obra, Morel associava a
criminalidade à degeneração, tema estudado posteriormente
Importante salientar ainda que Filósofos e humanistas como por Lombroso e seus discípulos. (SHECAIRA, 2012, p. 81)
Thomas Morus, Hobbes, Montesquieu, Rousseau foram também
de extrema importância para o avanço do pensamento crimino- Philippe Pinel, por sua vez, foi um francês, psiquiatra, que
lógico na era pré-científica. (PENTEADO FILHO, 2012, p. 38) separou pela primeira vez, por meio de diagnóstico clínico, os
criminosos dos enfermos mentais. Sua principal obra foi Trai-
No Código das Sete Partidas, por sua vez, havia uma descri- té médico-philosophique sur l’aliénation mentale, em 1801.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

ção dos tipos de assassinos. A partir desse Código, somado com (SHECAIRA, 2012, p. 82)
o estudo de vários autores, começou-se a ter a discussão da cha-
mada criminogênese, a qual foi “o exame dos fatores que podiam Importante salientar ainda que Jean Etienne Dominique
influenciar a conduta delinquencial; as forças físicas e cósmicas Esquirol, psiquiatra francês, discípulo de Pinel, escreveu a
foram estudadas, muitas vezes apresentando uma formulação obra Des Maladies mentales, em 1838; e Próspero Despine,
aparentemente científica. Assim, Kropotkin, baseando-se em da- em 1869, escreveu sua obra Psychologie naturelle. (SHECAI-
dos climáticos, chegou a criar um cálculo numérico para os ho- RA, 2012, p. 82)
micídios: H=T x 7 + U x 2 (H é o número de homicídios; T é a tem-
peratura média e U é a unidade média). (SHECAIRA, 2012, p. 77) Muito ligado à psiquiatria e à frenologia, vistas anterior-
mente, estava as ideias dos antropólogos. Grande expoente
dessa corrente, Lucas faz referência a uma tendência criminal
Consta esclarecer que muitas pseudociências surgiram nessa
transmissível por via hereditária, que estaria presente no in-
época, como a oftalmoscopia, que pretendia estudar o caráter do divíduo desde seu nasicmento. Lucas lançou sua ideia em seu
homem pela observação dos olhos; a metoposcopia, que deseja- livro chamado Traité philosophique et physiologique de l’héré-
va observar os homens pelas rugas de expressão e a quiromancia dité naturelle, em 1847. Tais ensinamentos foram utilizados
que pretendia ler o futuro, com base no passado, analisando-se posteriormente por Lombroso. (SHECAIRA, 2012, p. 83)
as linhas das mãos.

4
VI - a hierarquia e a disciplina;
1 LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA CIVIL. VII - a transparência e a sujeição a mecanismos de controle
interno e externo, na forma da lei;
VIII - a integração com órgãos de segurança pública do
Sistema de Defesa Social.
Legislação Mineira – Lei Complementar Art. 4º Além dos princípios referidos no art. 3º, orientam
a investigação criminal e o exercício das funções de polícia
Nº 129 De 08/11/2013 judiciária, a indisponibilidade do interesse público, a
finalidade pública, a proporcionalidade, a obrigatoriedade
de atuação, a autoridade, a oficialidade, o sigilo e a
imparcialidade, observando-se ainda:
Contém a Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de I - a investidura em cargo de carreira policial civil;
Minas Gerais - PCMG -, o regime jurídico dos integrantes das II - a inevitabilidade da atuação policial civil;
carreiras policiais civis e aumenta o quantitativo de cargos III - a inafastabilidade da prestação do serviço policial
nas carreiras da PCMG. civil;
IV - a indeclinabilidade do dever de apurar infrações
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, criminais;
V - a indelegabilidade da atribuição funcional do policial
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus civil;
representantes, decretou e eu, em seu nome, promulgo a VI - a indivisibilidade da investigação criminal;
seguinte Lei Complementar: VII - a interdisciplinaridade da investigação criminal;
VIII - a uniformidade de procedimentos policiais;
IX - a busca da eficiência na investigação criminal e a
repressão das infrações penais e dos atos infracionais.
TÍTULO I Art. 5º À PCMG é assegurada autonomia administrativa e
financeira, cabendo-lhe, especialmente:
DISPOSIÇÕES GERAIS
I - elaborar a sua programação financeira anual e
CAPÍTULO I acompanhar e avaliar sua implantação, segundo as dotações
consignadas no orçamento do Estado;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES II - executar contabilidade própria;
III - adquirir materiais, viaturas e equipamentos
específicos.
Parágrafo único. As atividades de planejamento e
Art. 1º Esta Lei Complementar organiza a Polícia Civil do orçamento e de administração financeira e contabilidade
Estado de Minas Gerais - PCMG -, define sua competência e subordinam-se administrativamente ao Chefe da PCMG e
dispõe sobre o regime jurídico dos integrantes das carreiras tecnicamente às Secretarias de Estado de Planejamento e
policiais civis. Gestão e de Fazenda, respectivamente.

Art. 2º A PCMG, órgão autônomo, essencial à segurança Art. 6º A investigação criminal tem caráter técnico-
pública, à realização da justiça e à defesa das instituições jurídico-científico e produz, em articulação com o sistema de
democráticas, fundada na promoção da cidadania, da defesa social, conhecimentos e indicadores sociopolíticos,
dignidade humana e dos direitos e garantias fundamentais, econômicos e culturais que se revelam no fenômeno

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tem por objetivo, no território do Estado, em conformidade criminal.
com o art. 136 da Constituição do Estado, dentre outros, o
exercício das funções de: Art. 7º O exercício da investigação criminal tem início
com o conhecimento de ato ou fato passível de caracterizar
I - proteção da incolumidade das pessoas e do patrimônio; infração penal e se encerra com a apuração da infração penal
II - preservação da ordem e da segurança públicas; ou ato infracional ou com o exaurimento das possibilidades
III - preservação das instituições políticas e jurídicas; investigativas, compreendendo:
IV - apuração das infrações penais e dos atos infracionais,
exercício da polícia judiciária e cooperação com as autoridades I - a pesquisa técnico-científica a respeito de autoria, de
judiciárias, civis e militares, em assuntos de segurança interna. materialidade, de motivos e de circunstâncias da infração
penal;
Art. 3º A PCMG reger-se-á pelos princípios constitucionais II - a articulação ordenada dos atos notariais do inquérito
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e policial e demais procedimentos de formalização da produção
eficiência e deve ainda observar, na sua atuação: probatória da prática de infração penal;
I - a promoção dos direitos humanos; III - a minimização dos efeitos do delito e o gerenciamento
II - a participação e interação comunitária; da crise dele decorrente.
III - a mediação de conflitos; Art. 8º A investigação criminal se destina à apuração
IV - o uso proporcional da força; de infrações penais e de atos infracionais, para subsidiar a
V - o atendimento ao público com presteza, probidade, realização da função jurisdicional do Estado, e à adoção de
urbanidade, atenção, interesse, respeito, discrição, moderação políticas públicas para a proteção de pessoas e bens para a
e objetividade; boa qualidade de vida social.

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Art. 9º A função de polícia judiciária consiste, Parágrafo único. São atividades privativas da PCMG
precipuamente, no auxílio ao sistema de justiça criminal a polícia técnico-científica, o processamento e arquivo
para a aplicação da lei penal e processual, bem como nos de identificação civil e criminal, bem como o registro e
registros e fiscalização de natureza regulamentar. licenciamento de veículo automotor e a habilitação de
condutor.
Art. 10. A função de polícia judiciária compreende:
Art. 15. A PCMG subordina-se diretamente ao Governador
I - o exame preliminar a respeito da tipicidade penal, do Estado e integra, para fins operacionais, o Sistema de
ilicitude, culpabilidade, punibilidade e demais circunstâncias Defesa Social.
relacionadas à infração penal;
II - as diligências para a apuração de infrações penais e
Art. 16. À PCMG compete:
atos infracionais;
III - a instauração e formalização de inquérito policial, de I - planejar, coordenar, dirigir e executar, ressalvada a
termo circunstanciado de ocorrência e de procedimento para competência da União, as funções de polícia judiciária e a
apuração de ato infracional; apuração, no território do Estado, das infrações penais, exceto
IV - a definição sobre a autuação da prisão em flagrante e as militares;
a concessão de fiança; II - preservar locais de crime com cenários e bens,
V - a requisição da apresentação de presos do sistema apreender objetos, colher provas, intimar, ouvir e acarear
prisional em órgão ou unidade da PCMG, para fins de pessoas, requisitar e realizar exames periciais, proceder ao
investigação criminal; reconhecimento de pessoas e coisas e praticar os demais atos
VI - a representação judicial para a decretação de prisão necessários à adequada apuração das infrações penais e dos
provisória, de busca e apreensão, de interceptação de dados e atos infracionais, na forma da legislação processual penal;
de comunicações, em sistemas de informática e telemática, e III - representar ao Poder Judiciário, por meio do
demais medidas processuais previstas na legislação; Delegado de Polícia, pela decretação de medidas cautelares
VII - a presença em local de ocorrência de infração penal, pessoais e reais, como prisão preventiva e temporária, busca
na forma prevista na legislação processual penal; e apreensão, quebra de sigilo e interceptação de dados e de
VIII - a elaboração de registros, termos, certidões, atestados telecomunicações, além de outras inerentes à investigação
e demais atos previstos no Código de Processo Penal ou em leis criminal e ao exercício da polícia judiciária, destinadas a
específicas. colher e a resguardar provas da prática de infrações penais e
de atos infracionais;
Parágrafo único. No desempenho de suas atribuições, o
IV - organizar, cumprir e fazer cumprir os mandados
Delegado de Polícia, com sua equipe, comparecerá a local
judiciais de prisão e de busca domiciliar;
de crime e praticará diligências para apuração da autoria,
V - cumprir as requisições do Poder Judiciário e do
materialidade, motivos e circunstâncias, formalizando
Ministério Público;
inquéritos policiais e outros procedimentos.
VI - realizar correições e inspeções, em caráter permanente
ou extraordinário, em atividades e em repartições em que
Art. 11. A direção da polícia judiciária cabe, em todo o atue, bem como responsabilizar-se pelos procedimentos
Estado, aos Delegados de Polícia de carreira, nos limites de disciplinares destinados a apurar eventual prática de
suas circunscrições. infrações atribuídas a seus servidores;
VII - formalizar o inquérito policial, o termo
Parágrafo único. Os atos de polícia judiciária serão circunstanciado de ocorrência e o procedimento para
fiscalizados direta ou indiretamente pelo Corregedor-Geral apuração de ato infracional;
de Polícia Civil. VIII - exercer o controle e a fiscalização de suas armas e
munições, de explosivos, fogos de artifício e demais produtos
Art. 12. São símbolos institucionais da PCMG o hino, o controlados, observada a legislação federal específica;
brasão, a logomarca, a bandeira e o distintivo.
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IX - exercer o registro de controle policial, especialmente


no que tange a estabelecimentos de hospedagem, diversões
Art. 13. Os policiais civis terão carteira funcional, com públicas, comercialização de produtos controlados e o prévio
identificação das respectivas carreiras e validade em todo aviso relativo à realização de reuniões e eventos sociais e
o território nacional, cujo modelo será regulamentado em políticos em ambientes públicos, nos termos do inciso XVI do
decreto. art. 5º da Constituição da República;
X - desenvolver atividades de ensino, extensão e pesquisa,
em caráter permanente, objetivando o aprimoramento de
suas competências institucionais;
CAPÍTULO II XI - organizar e executar as atividades de registro, controle
e licenciamento de veículos automotores, a formação e
DA COMPETÊNCIA habilitação de condutores, o serviço de estatística, a educação
de trânsito e o julgamento de recursos administrativos;
XII - cooperar com os órgãos municipais, estaduais e
federais de segurança pública, em assuntos relacionados com
Art. 14. À PCMG, órgão permanente do poder público, as atividades de sua competência;
dirigido por Delegado de Polícia de carreira e organizado XIII - promover interações para uso dos bancos de dados
de acordo com os princípios da hierarquia e da disciplina, disponíveis com os órgãos públicos municipais, estaduais e
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções federais, bem como para uso de bancos de dados disponíveis
de polícia judiciária e a apuração, no território do Estado, das com a iniciativa privada, observado o disposto nos incisos X e
infrações penais e dos atos infracionais, exceto os militares. XII do art. 5º da Constituição da República;

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XIV - organizar e executar os serviços de identificação VI - Instituto de Identificação:
civil e criminal, bem como gerir o acervo e o banco de dados a) Postos de Identificação;
correspondentes, inclusive para as atividades de perícia VII - Hospital da Polícia Civil;
criminal; VIII - Colégio Ordem e Progresso;
XV - promover o recrutamento, seleção, formação, IX - Divisão de Polícia Interestadual - Polinter;
aperfeiçoamento e o desenvolvimento profissional e cultural X - Casa de Custódia da Polícia Civil.
de seus servidores;
XVI - organizar e realizar ações de inteligência, bem como § 2º Os Departamentos de Polícia Civil, a Divisão de
participar de sistemas integrados de informações de órgãos Polícia Interestadual e a Casa de Custódia da Polícia Civil
públicos municipais, estaduais, federais e de entidades subordinam-se à Superintendência de Investigação e Polícia
privadas; Judiciária e o Instituto de Criminologia e o Colégio Ordem e
XVII - organizar estatísticas criminais e realizar análise Progresso subordinam-se à Academia de Polícia Civil.
criminal;
§ 3º O Instituto de Criminalística, o Instituto Médico-
XVIII - promover outras políticas de segurança pública e
Legal, os Postos de Perícia Integrada, os Postos Médico-
defesa social, nos limites de sua competência.
Legais e as Seções Técnicas Regionais de Criminalística
Parágrafo único. As funções constitucionais da PCMG subordinam-se à Superintendência de Polícia Técnico-
são indelegáveis e somente podem ser desempenhadas por Científica e o Instituto de Identificação subordina-se à
ocupantes das carreiras que a integram. Superintendência de Informações e Inteligência Policial.

§ 4º As demais unidades administrativas da estrutura


orgânica complementar e a distribuição e descrição das
TÍTULO II competências das unidades administrativas da PCMG serão
estabelecidas em decreto.
DA ORGANIZAÇÃO
§ 5º O Hospital da Polícia Civil, resultado da transformação
CAPÍTULO I do Departamento de Saúde da Polícia Civil, conforme
disposto na Lei nº 11.724, de 30 de dezembro de 1994, terá
DA ESTRUTURA ORGÂNICA estrutura administrativa no nível de superintendência, na
forma de regulamento.

§ 6º As Delegacias de Polícia Civil, de âmbito territorial


Art. 17. São órgãos da PCMG: e de atuação especializada, são dirigidas por Delegados de
I - da administração superior: Polícia de carreira, e as Delegacias Regionais de Polícia Civil
a) Chefia da PCMG; e as Divisões de Polícia Especializada, por Delegados de
b) Chefia Adjunta da PCMG; Polícia de, no mínimo, nível especial.
c) Conselho Superior da PCMG;
d) Corregedoria-Geral de Polícia Civil § 7º A direção das Superintendências, dos Departamentos
II - de administração: de Polícia Civil de âmbito territorial e atuação especializada,
a) Gabinete da Chefia da PCMG; da Academia de Polícia Civil, do Departamento de Trânsito
b) Academia de Polícia Civil; de Minas Gerais, da Corregedoria-Geral de Polícia Civil, do
c) Departamento de Trânsito de Minas Gerais; Instituto de Identificação, do Gabinete da Chefia da PCMG,
d) Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária; da Chefia Adjunta da PCMG e o cargo de Delegado Assistente

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e) Superintendência de Informações e da Chefia da PCMG serão exercidos exclusivamente por
Inteligência Policial; Delegados-Gerais de Polícia, observado o disposto no § 1º
f ) Superintendência de Polícia Técnico-Científica; do art. 41.
g) Superintendência de Planejamento, Gestão e
Finanças. § 8º Os titulares dos cargos a que se referem a alínea “d”
do inciso I e as alíneas do inciso II do caput, bem como o
§ 1º Integram, ainda, a estrutura orgânica da PCMG as Delegado Assistente da Chefia da PCMG, serão escolhidos
seguintes unidades administrativas: pelo Chefe da PCMG e nomeados pelo Governador do
I - Instituto de Criminologia; Estado dentre os integrantes, em atividade, do nível final da
II - Departamentos de Polícia Civil: respectiva carreira que possuam, no mínimo, quinze anos de
a) Delegacias Regionais de Polícia Civil: efetivo serviço policial.
a.1) Circunscrições Regionais de Trânsito - Ciretrans;
a.2) Delegacias de Polícia Civil; § 9º Os titulares dos cargos a que se referem os incisos XII
e XIII do art. 25 serão escolhidos pelo Chefe da PCMG dentre
b) Divisões Especializadas:
os integrantes, em atividade, do nível final da respectiva
b.1) Delegacias Especializadas;
carreira que possuam, no mínimo, quinze anos de efetivo
III - Instituto de Criminalística; serviço policial.
IV - Instituto Médico-Legal;
V - Postos de Perícia Integrada, Postos Médico-Legais e
Seções Técnicas Regionais de Criminalística;

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CAPÍTULO II VII - decidir, em último grau de recurso, sobre a instauração
de inquérito policial e de outros procedimentos formais;
DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR VIII - decidir sobre a situação funcional e administrativa
dos policiais civis, bem como editar atos de promoção, exceto
Seção I se esta for por ato de bravura ou para o último nível da carreira;
IX - suspender o porte de arma de policial civil, por
Da Chefia da PCMG recomendação médica ou como medida cautelar em processo
administrativo disciplinar, assegurado o contraditório e a
ampla defesa;
X - editar resoluções e demais atos normativos para a
Art. 18. A Chefia da PCMG, órgão da administração consecução das funções de competência da PCMG, observada
superior da PCMG, será exercida pelo Chefe da PCMG. a legislação pertinente;
XI - designar, em cada departamento da PCMG, o respectivo
Parágrafo único. O Chefe da PCMG será nomeado pelo coordenador entre os chefes das Seções Técnicas Regionais
Governador do Estado dentre os integrantes, em atividade, de Criminalística, o qual se reportará ao Chefe de Divisão de
Perícia do Interior;
do nível final da carreira de Delegado de Polícia que possuam,
XII - decidir sobre remoção por conveniência da disciplina
no mínimo, vinte anos de efetivo serviço policial, vedada a
de policial civil, na forma desta Lei Complementar;
nomeação daqueles inelegíveis em razão de atos ilícitos, nos XIII - promover a motivação do ato de remoção ex officio de
termos da legislação federal. policial civil no interesse do serviço, comprovada a necessidade.
Art. 19. O Chefe da PCMG tem prerrogativas, vantagens e
padrão remuneratório do cargo de Secretário de Estado.
Seção II
Art. 20. O Chefe da PCMG será substituído,
automaticamente, em seus afastamentos ou impedimentos Da Chefia Adjunta da PCMG
eventuais, pelo Chefe Adjunto da PCMG e, nos afastamentos
ou impedimentos eventuais deste, na seguinte ordem, pelo:
I - Corregedor-Geral de Polícia Civil; Art. 23. O Chefe Adjunto da PCMG, escolhido pelo Chefe
II - Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária; da PCMG dentre os integrantes, em atividade, do nível final
III - Chefe de Gabinete da PCMG; da carreira de Delegado de Polícia que possuam, no mínimo,
IV - Diretor do Departamento de Trânsito de Minas Gerais; vinte anos de efetivo serviço policial, e nomeado pelo
V - Diretor da Academia de Polícia Civil; Governador do Estado, tem por função auxiliar o Chefe da
VI - Superintendente de Informações e Inteligência Policial; PCMG no exercício de suas atribuições, competindo-lhe:
VII - Superintendente de Planejamento, Gestão e Finanças;
I - substituir o Chefe da PCMG em suas ausências, férias,
VIII - Delegado Assistente da Chefia da PCMG.
afastamentos e impedimentos eventuais;
Art. 21. O Chefe da PCMG ficará afastado de suas funções II - cooperar com o exercício das funções do Chefe da
pelo cometimento de infração penal cuja sanção cominada PCMG, acompanhar a execução de atividades por órgãos e
seja de reclusão, observado o disposto no § 1º do art. 21 da unidades da PCMG, requisitar informações e determinar ações
Constituição do Estado. de interesse do serviço policial civil;
III - participar, como membro, das reuniões do Conselho
Parágrafo único. Na hipótese a que se refere o caput, Superior da PCMG;
assumirá a Chefia da PCMG o Chefe Adjunto da PCMG. IV - exercer atribuições que lhe sejam delegadas por ato do
Chefe da PCMG.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 22. Ao Chefe da PCMG compete: Parágrafo único. O Chefe Adjunto da PCMG tem
I - exercer a direção superior, o planejamento estratégico prerrogativas, vantagens e padrão remuneratório do cargo de
e a administração geral da PCMG, por meio da coordenação, Secretário de Estado Adjunto.
do controle e da fiscalização das funções policiais civis e da
observância do disposto nesta Lei Complementar;
II - presidir o Conselho Superior da PCMG e integrar o
Conselho de Defesa Social; Seção III
III - propor ao Governador do Estado o aumento do efetivo
e prover, mediante delegação, os cargos dos quadros de pessoal Do Conselho Superior da PCMG
da PCMG, bem como deferir o compromisso de posse aos
servidores da PCMG;
IV - promover a movimentação de servidores,
Art. 24. O Conselho Superior da PCMG é órgão da
proporcionando equilíbrio entre os órgãos e unidades da administração superior da PCMG, que tem a função de
PCMG, observado o quadro de distribuição de pessoal, nos assessorar e auxiliar a Chefia da PCMG, e possui a seguinte
termos de regulamento; estrutura:
V - autorizar servidores da PCMG a afastar-se, em serviço,
do Estado, sem sair do País, observado o disposto no art. 68; I - Órgão Especial;
VI - determinar a instauração de processo administrativo II - Câmara Disciplinar;
disciplinar e aplicar sanções disciplinares; III - Câmara de Planejamento e Orçamento.

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de 2015) (Vigência)
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos,
DA PESSOA JURÍDICA quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da
vida civil.
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacida-
de:
Institui o Código Civil.
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do ou-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- tro, mediante instrumento público, independentemente
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido
o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
Parte geral II - pelo casamento;
Livro I III - pelo exercício de emprego público efetivo;
Das pessoas IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
Título I V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela exis-
tência de relação de emprego, desde que, em função deles,
Das pessoas naturais o menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria.
Capítulo I
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a mor-
Da personalidade e da capacidade te; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a
lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil. Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decre-
tação de ausência:
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nasci-
mento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os I - se for extremamente provável a morte de quem estava
direitos do nascituro. em perigo de vida;
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoal- II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito pri-
mente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. sioneiro, não for encontrado até dois anos após o término
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) da guerra.
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses
(Vigência) casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as
buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data prová-
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) vel do falecimento.
(Vigência)
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma
III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes
2015) (Vigência) precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mor-
tos.
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à ma-
neira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) Art. 9º Serão registrados em registro público:
(Vigência)
I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

do juiz;
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº IV - a sentença declaratória de ausência e de morte pre-
13.146, de 2015) (Vigência) sumida.
IV - os pródigos. Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regula- I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação
da por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146,

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do casamento, o divórcio, a separação judicial e o resta- vivo ou in vitro (Recomendação n. 1.046/89, n. 7 do Conselho
belecimento da sociedade conjugal; da Europa), passando a ter a personalidade jurídica material,
alcançando os direitos patrimoniais, que permaneciam em
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou estado potencial, somente com o nascimento com vida (CC,
reconhecerem a filiação; art. 1.800, § 3º). Se nascer com vida, adquire personalidade
jurídica material, mas, se tal não ocorrer, nenhum direito pa-
III - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) trimonial terá.

Conforme entendimento doutrinário personalidade e Momento da consideração jurídica do nascituro:


capacidade jurídica transmite a ideia de personalidade, que
revela a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair Ante as novas técnicas de fertilização in vitro e do con-
obrigações. gelamento de embriões humanos, houve quem levantasse o
problema relativo ao momento em que se deve considerar
Segundo Maria Helena Diniz: a pessoa natural o sujeito juridicamente o nascitum, entendendo-se que a vida tem
‘das relações jurídicas e a personalidade, a possibilidade de início, naturalmente, com a concepção no ventre materno.
ser sujeito, toda pessoa é dotada de personalidade. Esta tem Assim sendo, na fecundação na proveta, embora seja a fe-
sua medida na capacidade, que é reconhecida, num sentido cundação do óvulo, pelo espermatozoide, que inicia a vida,
de universalidade, no art. 12 do Código Civil, que, ao pres- é a nidação do zigoto ou ovo que a garantirá; logo, para al-
crever “toda pessoa é capaz de direitos e deveres”, emprega guns autores, o nascituro só será “pessoa” quando o ovo fe-
o termo “pessoa” na acepção de todo ser humano, sem qual- cundado for implantado no útero materno, sob a condição
quer distinção de sexo, idade, credo ou raça. do nascimento com vida. O embrião humano congelado não
poderia ser tido como nascituro, apesar de dever ter prote-
- Capacidade de direito e capacidade de exercício: À ap- ção jurídica como pessoa virtual, com uma carga genética
tidão oriunda da personalidade para adquirir direitos e con- própria. Embora a vida se inicie com a fecundação, e a vida
trair obrigações na vida civil dá-se o nome de capacidade de viável com a gravidez, que se dá com a nidação, entendemos
gozo ou de direito. que na verdade o início legal da consideração jurídica da per-
sonalidade é o momento da penetração do espermatozóide
- Quando o Código enuncia, no seu art. 1º, que toda pes- no óvulo, mesmo fora do corpo da mulher. Por isso, a Lei n.
soa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, não dá a en- 8.974/95, nos arts. 8, II, III e IV, e 13, veio a reforçar, em boa
tender que possua concomitantemente o gozo e o exercício hora, essa ideia não só ao vedar:
desses direitos, pois nas disposições subsequentes faz refe-
rência àqueles que tendo o gozo dos direitos civis não podem a) manipulação genética de células germinais humanas;
exercê-los, por si, ante o fato de, em razão de menoridade ou
de insuficiência somática, não terem a capacidade de fato ou b) intervenção em material genético humano in vivo, sal-
de exercício. vo para o tratamento de defeitos genéticos;

Para discorrer sobre este tema, iremos trazer o entendi- c) produção, armazenamento ou manipulação de em-
mento da professora Maria Helena Diniz: briões humanos destinados a servir como material
biológico disponível, como também ao considerar tais
Começo da personalidade natural: atos como crimes, punindo-os severamente.

Pelo Código Civil, para que um ente seja pessoa e adquira Com isso, parece-nos que a razão está com a teoria con-
personalidade jurídica, será suficiente que tenha vivido por cepcionista, uma vez que o Código Civil resguarda desde
um segundo. a concepção os direitos do nascituro e além disso, no art.
1.597, presume concebido na constância do casamento o fi-
- Direitos do nascituro: lho havido, a qualquer tempo, quando se tratar de embrião
excedente, decorrente de concepção artificial heteróloga.
Conquanto comece do nascimento com vida a persona-
lidade civil do homem, a lei põe a salvo, desde a concepção,
os direitos do nascituro (CC, ais. 22, 1.609, 1.779 e parágrafo #FicaDica
único e 1.798), como o direito à vida (CF, art. 52, CP, ais. 124 Para ser considerado pessoa e adquirir a per-
a 128, 1 e II), à filiação (CC, ais. 1.596 e 1.597), à integrida- sonalidade jurídica basta ter vivido apenas um
de física, a alimentos (RT 650/220; RJTJSP 150/906), a uma segundo!
adequada assistência pré-natal, a um curador que zele pe-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

los seus interesses em caso de incapacidade de seus genito-


res, de receber herança (CC, arts. 1.798 e 1.800, § 3º), de ser Em relação aos incapazes, são considerados absoluta-
contemplado por doação (CC, art. 542), de ser reconhecido mente incapazes:
como filho etc.
- Menoridade de dezesseis anos: Os menores de dezes-
Poder-se-ia até mesmo afirmar que, na vida intrauterina, seis anos são tidas como absolutamente incapazes
tem o nascituro, e na vida extrauterina, tem o embrião, perso- para exercer atos na vida civil, porque devido à idade
nalidade jurídica formal, no que atina aos direitos persona- não atingiram o discernimento para distinguir o que
líssimos, ou melhor, aos da personalidade, visto ter a pessoa podem ou não .fazer que lhes, é conveniente ou preju-
carga genética diferenciada desde a concepção, seja ela in dicial Por isso para a validade dos seus atos, será pre-

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ciso que estejam representados por seu pai, por sua diante escritura pública inscrita no Registro Civil com-
mãe, ou por tutor. petente (Lei n. 6.015/73, arts. 89 e 90; CC, art. 92, II),
independentemente de homologação judicial. Além
Já em relação aos relativamente incapazes: dessa emancipação por concessão dos pais, ter-se-á a
emancipação por sentença judicial, se o menor com
- Incapacidade relativa: A incapacidade relativa diz res- dezesseis anos estiver sob tutela e ouvido o tutor.
peito àqueles que podem praticar por si os atos da vida
civil desde que assistidos por quem o direito encarrega - Emancipação tácita ou legal: A emancipação legal de-
desse ofício, em razão de parentesco, de relação de or- corre dos seguintes casos:
dem civil ou de designação judicial, sob pena de anu-
labilidade daquele ato (CC, art. 171), dependente da a) casamento, pois não é plausível que fique sob a au-
iniciativa do lesado, havendo até hipóteses em que tal toridade de outrem quem tem condições de casar e
ato poderá ser confirmado ou ratificado. Há atos que o constituir família; assim, mesmo que haja anulação do
relativamente incapaz pode praticar, livremente, sem matrimônio, viuvez, separação judicial ou divórcio, o
autorização. emancipado por esta forma não retoma à incapacida-
de;
- Maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: Os
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos só po- b) exercício de emprego público efetivo, por funcionário
derão praticar atos válidos se assistidos pelo seu repre- nomeado em caráter efetivo (não abrangendo a fun-
sentante. Caso contrário, serão anuláveis. ção pública extranumerária ou em comissão), com
exceção de funcionário de autarquia ou entidade pa-
- Ébrios habituais ou viciados em tóxicos: Alcoólatras, raestatal, que não é alcançado pela emancipação.
dipsômanos e toxicômanos. Aqueles que, por causa
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua De acordo com o art. 6º a existência da pessoa natural
vontade: Abrangidos estão, aqui: os fracos de men- termina com a morte podendo esta ser morte real ou presu-
te, surdos mudos e portadores de anomalia psíquica mida.
que apresentem sinais de desenvolvimento mental
incompleto, comprovado e declarado em sentença de - Morte real: Com a morte real, cessa a personalidade
interdição, que os tornam incapazes de praticar atos jurídica da pessoa natural, que deixa de ser sujeito de
na vida civil, sem a assistência de um curador (CC, direitos e deveres, acarretando:
art. 1.767. IV). E portadores de deficiência mental, que
sofram redução na sua capacidade de entendimento, a) dissolução do vínculo conjugal e do regime matrimo-
não poderão praticar atos na vida civil sem assistência nial;
de curador (CC, art. 1.767, III). Desde que interditos.
b) extinção do poder familiar; dos contratos personalíssi-
- Pródigos: São considerados relativamente incapazes mos, com prestação de serviço e mandato;
os pródigos, ou seja, aqueles que, comprovada, habi-
tual e desordenadamente, dilapidam seu patrimônio, c) cessação da obrigação, alimentos com o falecimen-
fazendo gastos excessivos. Com a interdição do pró- to do credor; do pacto de preempção; da obrigação
digo, privado estará ele dos atos que possam compro- oriunda de ingratidão de donatário; á extinção de usu-
meter seus bens, não podendo, sem a assistência de frutos; da doação na forma de subvenção periódica e
seu curador (CC, art. 1.767, V), alienar, emprestar, dar do encargo da testamentaria.
quitação, transigir, hipotecar, agir em juízo e praticar,
em geral, atos que não sejam de mera administração - Morte presumida: A morte presumida pela lei se dá
(CC, art. 1.782). ausência de uma pessoa nos casos dos arts 22 a 39 do
Código Civil. Se uma pessoa desaparecer, sem deixar
A capacidade dos indígenas será regulada por legislação notícias, qualquer interessado na sua sucessão ou o
especial. Ministério Público poderá requerer ao juiz a decla-
ração de sua ausência e a nomeação de curador. Se
após um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou,
#FicaDica se deixou algum representante. em se passando três
Absolutamente e relativamente incapaz não é a anos, sem que dê sinal de vida, poderá ser requerida
mesma coisa! sua sucessão provisória (CC, art.. 26) e o início do pro-
cesso de inventário e partilha de seus bens, ocasião
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

em que a ausência do desaparecido passa a ser con-


Quanto à maioridade, Maria Helena Diniz defende que siderada presumida. Feita a partilha, seus herdeiros
a incapacidade cessará quando o menor completar dezoito deverão administrar os bens, prestando caução real,
anos, segundo nossa legislação civil. Ao atingir dezoito anos garantindo a restituição no caso de o ausente apare-
a pessoa tornar-se-á maior, adquirindo a capacidade de fato, cer. Após dez anos do trânsito em julgado da sentença
podendo, então, exercer pessoalmente os atos da vida civil. da abertura da sucessão provisória (CC, art. 37), sem
que o ausente apareça, ou cinco anos depois das últi-
- Emancipação expressa ou voluntária: Antes da maio- mas notícias do desaparecido que conta com oitenta
ridade legal, tendo o menor atingido dezesseis anos, anos de idade (CC, art. 38), será declarada a sua morte
poderá haver a outorga de capacidade civil por con- presumida a requerimento de qualquer interessado,
cessão dos pais, no exercício do poder familiar, me-

3
convertendo-se a sucessão provisória em definitiva. Se até o quarto grau.
o ausente retornar em até dez anos após a abertura da
sucessão definitiva, terá os bens no estado em que se Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de
encontrarem e direito ao preço que os herdeiros hou- disposição do próprio corpo, quando importar diminuição
verem recebido com sua venda. Porém, se regressar permanente da integridade física, ou contrariar os bons cos-
após esses dez anos, não terá direito a nada. tumes.

Morte presumida sem decretação de ausência: Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido
para fins de transplante, na forma estabelecida em lei espe-
Admite-se declaração judicial de morte presumida sem cial.
decretação de ausência em casos excepcionais, apenas de-
pois de esgotadas todas as buscas e averiguações, devendo a Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a
sentença fixar a data provável do óbito, e tais casos são: disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte,
para depois da morte.
a) probabilidade da ocorrência da morte de quem se en-
contrava em perigo de vida e Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente
revogado a qualquer tempo.
b) desaparecimento em campanha ou prisão de pessoa,
não sendo ela encontrada até dois anos após o térmi- Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se,
no da guerra. com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção ci-
rúrgica.
A comoriência é a morte de duas ou mais pessoas na mes-
ma ocasião e em razão do mesmo acontecimento. Embora o Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreen-
problema da comoriência, em regra, alcance casos de morte didos o prenome e o sobrenome.
conjunta, ocorrida no mesmo acontecimento, ela coloca-se,
com igual relevância, no que concerne a efeitos dependentes Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por
de sobrevivência, na hipótese de pessoas falecidas em locais outrem em publicações ou representações que a exponham
e acontecimentos distintos, mas em datas e horas simultâ- ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difa-
neas ou muito próximas. matória.

- Efeito da morte simultânea no direito sucessório: Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio
em propaganda comercial.
A comoriência terá grande repercussão na transmissão
de direitos sucessórios, pois, se os comorientes são herdeiros Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas
uns dos outros, não há transferência de direitos; um não goza da proteção que se dá ao nome.
sucederá ao outro, sendo chamados à sucessão os seus
herdeiros ante a presunção juris tantum de que faleceram Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à admi-
ao mesmo tempo. Se dúvida houver no sentido de se saber nistração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a
quem faleceu primeiro, o magistrado aplicará o art. 8º, caso divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publi-
em que, então, não haverá transmissão de direitos entre as cação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa
pessoas que morreram na mesma ocasião. poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama
ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
#FicaDica
A comoriência é a morte de duas ou mais pes- Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente,
soas na mesma ocasião e em razão do mesmo são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge,
acontecimento. os ascendentes ou os descendentes.

Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o


juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências
Capítulo II necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta
norma.
Dos direitos da personalidade
De acordo com o art. 11, os direitos da personalidade são
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direi-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercí-


tos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, cio sofrer limitação voluntária, salvo exceções previstas em
não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. lei.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a - Sanções suscitadas pelo ofendido em razão de amea-
direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem ça ou lesão a direito da personalidade: Os direitos da
prejuízo de outras sanções previstas em lei. personalidade destinam-se a resguardar a dignidade
humana, mediante sanções, que devem ser suscitadas
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitima- pelo ofendido (lesado direto). Essa sanção deve ser fei-
ção para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge ta por meio de medidas cautelares que suspendam os
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral

4
CONCEITO.
#FicaDica
Material: Não Importa Se A Norma Está Inserida
No Texto Da Constituição. Será Considerada
Constitucional Se O Seu Conteúdo For De
A disciplina de direito constitucional é talvez a mais im- Natureza Constitucional. Formal: Para Ser
portante de todo o ordenamento jurídico, em especial do Considerada Constitucional Deverá A Norma
brasileiro posto que todas as demais normas devem estar de Compor O Texto Da Constituição.
acordo com a Constituição Federal.

Segundo Nathália Masson, “Direito Constitucional é um


dos ramos do Direito Público, a matriz que fundamenta e
orienta todo o ordenamento jurídico. Surgiu com os ideais li- Também é possível classificar uma constituição quanto a
berais atentando-se, a princípio, para a organização estrutural sua finalidade. Poderá ser classificada como constituição ga-
do Estado, o exercício e transmissão do poder e a enumeração rantia que tem por característica a restrição do poder estatal,
de direitos e garantias fundamentais dos indivíduos. Atual- ou seja, núcleos de direitos que não poderão sofre interfe-
mente, preocupa-se não somente com a limitação do poder rência do Estado. Uma constituição com essa característica é
estatal na esfera particular, mas também com a finalidade das aquela que se preocupa com a manutenção de direitos já con-
ações estatais e a ordem social, democrática e política”. quistados, ou seja, protege-se aquilo que se conquistou impe-
dindo a ingerência do Estado. Ainda quanto a finalidade, po-
A constituição, por sua vez, é o documento que alicerça os derá uma constituição ser chamada de constituição dirigente
fundamentos do Estado para a qual ela foi delineada. Também que, ao contrário da garantia, ocupa-se de um plano futuro
é possível utilizar outros sinônimos como constituir, delimitar, para a conquista de direitos. Na realidade essas constituições
organizar; enfim, a Constituição tem essa finalidade: organi- estabelecem uma meta a ser alcançada pelos Estados.
zar e estruturar o Estado.

Portanto, podemos definir constituição como um conglo- #FicaDica


merado de normas de caráter fundamental e supremo, escri-
tas ou alicerçadas nos costumes, responsáveis pela criação, es- A Constituição Federal De 1988, Em Vigência, É
truturação e organização do Estado – uma espécie de estatuto Classificada Quanto Ao Conteúdo Como Formal
do poder. E Quanto A Finalidade Como Dirigente.

A Constituição sob o prisma sociológico está diretamen-


te ligada a teoria elaborada por Ferdinand Lassale. Segundo
o autor a constituição seria o reflexo das relações de poder vi-
gentes em determinada comunidade política, ou seja, a cons- Normas Constitucionais
tituição deveria exprimir as relações vigentes no estado e não
se furtar de regras ultrapassadas ou mesmo caídas no desuso,
posto que se assim fosse, não passaria de um simples pedaço
de papel. Classificação quanto a aplicabilidade
Do ponto de vista político, Carl Schimtt entende que a - Normas de eficácia plena: tem aplicabilidade imedia-
constituição deve ser o produto de uma decisão da vontade ta. Desde sua entrada em vigor já começa a produzir efei-
que se impõe ao ordenamento; é resultante de uma decisão

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


tos. Não precisa de outra norma para regulamenta-la. Po-
fundamental oriunda de poder originário, apto a criar aquele derá até tê-la, mas desnecessária do ponto de vista de sua
texto. aplicabilidade.
Para Hans Kelsen, precursor da concepção jurídica, a cons- - Normas de eficácia contida: possuem aplicabilidade
tituição é a lei maior, nada acima dela; todas as demais leis de- imediata, direta, mas não integral, posto que sujeito a res-
vem obediência obrigatória ao texto constitucional. Trata-se trições que limitem sua eficácia e aplicabilidade. Segundo
da chamada Teoria Pura do Direito, por onde Kelsen coloca a José Afonso da Silva, Para José Afonso da Silva, “as normas de
Constituição no topo de uma pirâmide, e na sequência as de-
eficácia contida são as que possuem atributos imperativos,
mais normas possíveis.
positivos ou negativos que limitam o Poder Público. Geral-
mente estabelecem direitos subjetivos de indivíduos e enti-
As constituições podem ser classificadas por diversos ân-
dades privadas ou públicas”.
gulos. Quanto ao conteúdo uma constituição pode ser classi-
ficada como material ou formal. Será considerada formal, nas
palavras de Nathália Masson, “assuntos imprescindíveis à or- - Normas de eficácia limitada: são normas constitucio-
ganização política do Estado. Em outros termos, são constitu- nais que dependem de uma norma, infraconstitucional, para
cionais os preceitos que compõe o documento constitucional, que dê aplicabilidade a norma.
ainda que o conteúdo de alguns desses preceitos não possa
ser considerado materialmente constitucional”. Nas constitui-
ções classificadas como materiais, considera-se constitucio-
nal toda norma de cunho constitucional ainda que não esteja
inserida na constituição.

1
02) Aplicada em: 2011Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva:
Delegado de Polícia. A Constituição é um conjunto sis-
EXERCÍCIO COMENTADO temático e orgânico de normas que visam concretizar os
valores que correspondem a cada tipo de estrutura social.
Assim sendo, em sentido material, pode-se conceituar
um texto constitucional como:
01) Aplicada em: 2011Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva:
Escrivão de Polícia Civil. A Constituição de um país é defi- a) um ato unilateral do Estado, cuja fonte tem origem na sua
nida como sendo: estrutura organizacional, no seu sistema e na sua forma
de governo.
I. o conjunto de comandos normativos elaborado e votado
pelo Poder Legislativo, mediante processo ordinário, que b) um conjunto normativo, que visa regular os poderes do
estabelece competências no âmbito federal, estadual e mu- Estado, incluindo sua formação, sua titularidade, seus
nicipal. meios de aquisição e seu exercício.
II. a lei fundamental do Estado, que visa organizar os seus c) um texto produzido exclusivamente por determinadas
elementos constitutivos, como a formação dos poderes, as fontes constitucionais, tendo por base preceitos legais,
formas de Estado e de governo, a separação de poderes e as que lhe são anteriores.
limitações ao exercício do poder político.
d) um conjunto de princípios que expressam concepções
III. o diploma legal que estabelece os direitos, as garantias e os decorrentes de valores morais, sociais, culturais e histó-
deveres dos cidadãos, além de determinar as competências ricos, que asseguram os direitos dos cidadãos e condicio-
relativas à edição de normas jurídicas, legislativas ou ad- nam o exercício do poder.
ministrativas.

IV. o conjunto de leis, cuja elaboração é de competência ex-


clusiva da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou A constituição de um estado deve servir de instrução ao exer-
do Congresso Nacional, na forma e nos casos previstos pela cício do poder do Estado, posto que sua inexistência abrir-se-
própria Constituição. -ia espaço para arbitrariedades. No que tange ao povo, deve a
constituição através de princípios, deixar expostos os valores
A partir das definições acima, pode-se AFIRMAR que:
nela protegidos como valores morais, sociais, culturais, entre
outros.
a) apenas as afirmativas I e IV estão corretas.

b) apenas a afirmativa II está correta.


Alternativa: D.
c) apenas as afirmativas II e III estão corretas.

d) as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.


03) Aplicada em: 2011Banca: FUMARCÓrgão: BDMGProva:
Advogado. Todas as afirmações abaixo são falsas, EXCE-
Analisando individualmente, o item I está errado, porque não TO:
se trata de elaboração mediante processo legislativo comum,
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mas por um processo especial, realizado por um grupo de par- a) A Constituição somente não poderá ser emendada na vi-
lamentares que compõem a chamada assembleia constituinte gência de intervenção federal, e de estado de sítio.
que tem legitimidade para traçar as regras constitucionais e
não apenas estabelecer competências no âmbito federal, esta- b) Não será objeto de deliberação a proposta de emenda
dual e municipal. O item II e III estão corretos, ao contrário do tendente a abolir: a forma federativa de Estado; o voto
item IV. O item IV está incorreto pois referidas leis são elabo- direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Po-
radas após a criação da Constituição Federal, e não concomi- deres; os direitos e garantias individuais.
tantemente.
c) A proposta de emenda constitucional será discutida e
votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos,
Alternativa: C dois terços dos votos dos respectivos membros.

d) A emenda à Constituição será promulgada pelo presiden-


te da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o
respectivo número de ordem.

2
Em regra, a Constituição Federal poderá ser emendada, desde TÍTULO II
que respeitado o procedimento próprio para isso, desde que
não se trate de projeto que pretenda abolir aquilo que se cha- Dos Direitos e Garantias Fundamentais
ma de cláusula pétrea. É o que dispõe o art. 60 §4º.
CAPÍTULO I
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante pro-
posta: DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos De-


putados ou do Senado Federal;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
II - do Presidente da República; quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das uni- à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
dades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela
maioria relativa de seus membros. I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição;
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
coisa senão em virtude de lei;
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Con- III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento de-
gresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada sumano ou degradante;
se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros. IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato;
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respec- V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
tivo número de ordem. além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
tendente a abolir: assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
I - a forma federativa de Estado;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistên-
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; cia religiosa nas entidades civis e militares de internação co-
letiva;
III - a separação dos Poderes;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de cren-
IV - os direitos e garantias individuais. ça religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta
na mesma sessão legislativa. IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cien-

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


tífica e de comunicação, independentemente de censura ou
Alternativa: B. licença;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.
DIREITOS INDIVIDUAIS. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po-
DIREITOS COLETIVOS. dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial;

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comuni-


Antes de ingressarmos no estudo da temática proposta cações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
pelo edital, importante justificar o motivo pelo qual os tópi-
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
cos foram unificados. Cumpre destacar que a Constituição
ou instrução processual penal;
Federal trata os direitos individuais e coletivos dentro do
capítulo I do Título II chamado de “Dos Direitos e garantias
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro-
fundamentais”. Portanto, didaticamente se torna indispen-
fissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei esta-
sável a unificação de tais temas.
belecer;

3
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar- res, aos intérpretes e às respectivas representações sindi-
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício pro- cais e associativas;
fissional;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo privilégio temporário para sua utilização, bem como pro-
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele teção às criações industriais, à propriedade das marcas,
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em e econômico do País;
locais abertos ao público, independentemente de autoriza-
ção, desde que não frustrem outra reunião anteriormente XXX - é garantido o direito de herança;
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
vio aviso à autoridade competente; XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais fa-
vedada a de caráter paramilitar; vorável a lei pessoal do de cujus ;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a consumidor;
interferência estatal em seu funcionamento;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dis- informações de seu interesse particular, ou de interesse
solvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judi- coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
cial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per-
manecer associado; XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do
pagamento de taxas:
XXI - as entidades associativas, quando expressamente au-
torizadas, têm legitimidade para representar seus filiados a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de
judicial ou extrajudicialmente; direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

XXII - é garantido o direito de propriedade; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para


defesa de direitos e esclarecimento de situações de inte-
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; resse pessoal;

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropria- XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciá-
ção por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse rio lesão ou ameaça a direito;
social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato ju-
rídico perfeito e a coisa julgada;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular, as- XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
segurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dano; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a orga-


nização que lhe der a lei, assegurados:
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
desde que trabalhada pela família, não será objeto de pe- a) a plenitude de defesa;
nhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ativi-
dade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar b) o sigilo das votações;
o seu desenvolvimento;
c) a soberania dos veredictos;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza-
ção, publicação ou reprodução de suas obras, transmissí- d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
vel aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; contra a vida;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;
a) a proteção às participações individuais em obras cole-
tivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
nas atividades desportivas;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico direitos e liberdades fundamentais;
das obras que criarem ou de que participarem aos criado-

4
O princípio da pessoalidade da pena, ou da responsabi-
PRINCÍPIOS PENAIS CONSTITUCIONAIS lidade pessoal, ou da intranscendência da pena determina
que só o autor da infração penal pode ser apenado.

A proporcionalidade da pena exige justo equilíbrio en-


tre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta. A pena
O Direito Penal se assenta em determinados princípios deve ser proporcionada ou adequada à magnitude da lesão
fundamentais, próprios do Estado de Direito democrático, ao bem jurídico representada pelo delito e a medida de segu-
destacando o da legalidade dos delitos e das penas, da reser- rança à periculosidade criminal do agente.
va legal ou da intervenção legalizada, que tem base constitu-
cional expressa. Sendo assim, não há crime (infração penal), O princípio da humanidade, ou da limitação das penas
nem pena ou medida de segurança (sanção penal) sem pré- veda a criação, a aplicação ou a execução de pena, bem como
via lei (stricto sensu). de qualquer outra medida que atentar contra a dignidade
humana. Apresenta-se como uma diretriz garantidora de or-
Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções fun- dem material e restritiva da lei penal, verdadeira salvaguarda
damentais: da dignidade pessoal, relaciona-se de forma estreita com os
princípios da culpabilidade e da igualdade.
• proibir a retroatividade da lei penal.
O princípio da adequação social possui dupla função. Uma
• proibir a criação de crimes e penas pelo costume. delas é a de restringir o âmbito de abrangência do tipo penal,
limitando a sua interpretação, e dele excluindo as condutas
• proibir o emprego da analogia para criar crimes, consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade.
fundamentar ou agravar penas. A segunda função é dirigida ao legislador em duas vertentes.
Orienta quando da seleção das condutas que deseja proibir
• proibir incriminações vagas e indeterminadas. ou impor, com a finalidade de proteger os bens considerados
mais importantes. A outra vertente se destina a fazer com que
O princípio da irretroatividade da lei penal, ressalvada o legislador repense os tipos penais e retire do ordenamento
a retroatividade favorável ao acusado, fundamenta-se pela jurídico a proteção sobre aqueles bens cujas condutas já se
regra geral nos princípios da reserva legal, da taxatividade e adaptaram perfeitamente à evolução da sociedade.
da segurança jurídica, e a hipótese excepcional em razões de
política criminal. Trata-se de restringir o arbítrio legislativo O princípio da insignificância, ou da bagatela consagra
e judicial na elaboração e aplicação de lei retroativa preju- que a irrelevante lesão do bem jurídico protegido não justifi-
dicial. ca a imposição de uma pena, devendo-se excluir a tipicidade
em caso de danos de pouca importância.
A regra constitucional é no sentido da irretroatividade da
O princípio da lesividade permite a interferência do Di-
lei penal. A exceção é a retroatividade, desde que seja para
reito Penal quando estivermos diante de ataques a bens jurí-
beneficiar o réu. dicos importantes, o princípio da lesividade nos esclarecerá,
limitando ainda mais o poder do legislador, quais são as con-
O princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos re- dutas que deverão ser incriminadas pela lei penal.
side na proteção de bens jurídicos essenciais ao indivíduo e
à comunidade. O princípio da extratividade da lei penal significa que
mesmo depois de revogada, pode continuar a regular fatos
O princípio da intervenção mínima ou da subsidiarieda- ocorridos durante a vigência ou retroagir para alcançar aque-
de estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa les que aconteceram anteriormente à sua entrada em vigor.
dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica Essa possibilidade que é dada á lei penal de se movimentar
das pessoas e que não podem ser eficazmente protegidos no tempo é chamada de extratividade.
de forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só deverá PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
intervir quando for absolutamente necessário para a sobre- O princípio da territorialidade está contido no Código
vivência da comunidade, como ultima ratio. Penal e determina a aplicação da lei brasileira, sem prejuízo
de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
O princípio da intervenção mínima é o responsável não crime cometido no território nacional. O Brasil não adotou
só pelos bens de maior relevo que merecem a especial pro- uma teoria absoluta da territorialidade, mas sim uma teoria
teção do Direito Penal, mas se presta, também, a fazer com conhecida como temperada, haja vista que o Estado, mesmo
que ocorra a chamada descriminalização. Se é com base sendo soberano, em determinadas situações, pode abrir mão
neste princípio que os bens são selecionados para permane- da aplicação de sua legislação, em virtude de convenções,
cer sob a tutela do Direito Penal, porque considerados como tratados e regras de direito internacional.
de maior importância, também será com fundamento nele
que o legislador, atento às mutações da sociedade, que com Ao contrário do princípio da territorialidade, cuja regra
sua evolução deixa de dar importância a bens que, no pas- geral é a aplicação da lei brasileira àqueles que praticarem
sado, eram da maior relevância, fará retirar do ordenamento infrações dentro do território nacional, incluídos aqui os ca-
jurídico-penal certos tipos incriminadores. sos considerados fictamente como sua extensão, o princípio
da extraterritorialidade se preocupa com a aplicação da lei
brasileira além de nossas fronteiras, em países estrangeiros.

1
Há também outros princípios do Direito Penal, como o b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consiste no
princípio da mera legalidade, a lei como condição necessária momento do resultado advindo da conduta criminosa;
da pena e do delito. O princípio da legalidade estrita em que
resulta de sua conformidade com as demais garantias e, por c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime
hipótese de hierarquia constitucional, é condição de valida- consiste no momento tanto da conduta como do resulta-
de ou legitimidade das leis vigentes. O princípio da necessi- do que adveio da conduta criminosa.
dade ou da economia do Direito Penal, princípio da lesivida-
de ou da ofensividade do evento, princípio da materialidade Também é necessário compreender a diferença entre Lei
ou da exterioridade da ação, princípio da culpabilidade ou da Excepcional ou Temporária, contida no art. 3º, do CP.
responsabilidade pessoal e princípio de utilidade.
Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas es-
peciais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para vigo-
rar enquanto perdurar o período excepcional.
TEMPO E LUGAR DO CRIME
Lei temporária é aquela feita para vigorar por determina-
do tempo, estabelecido previamente na própria lei. Assim, a
lei traz em seu texto a data de cessação de sua vigência.
A lei penal não pode retroagir, o que é denominado como
irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à norma, a Lei Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal
poderá retroagir quando trouxer benefício ao réu. que, embora cessadas as circunstâncias que a determinaram
(lei excepcional) ou decorrido o período de sua duração (lei
Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos durante temporária), aplicam-se elas aos fatos praticados durante
sua vigência, porém, por vezes, verificamos a “extratividade” sua vigência. São, portanto, leis ultrativas, pois regulam atos
da lei penal. praticados durante sua vigência, mesmo após sua revogação.

A extratividade da lei penal se manifesta de duas manei- No espaço, busca-se no art. 5º, do CP, a territorialidade.
ras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da lei.
Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da nor-
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal é o ma penal a fatos cometidos no Brasil:
seu poder de regular situações fora de seu período de vigên-
cia, podendo ocorrer seja em relação a situações passadas, a) Princípio da territorialidade. A lei penal só tem aplica-
seja em relação a situações futuras. ção no território do Estado que a editou, pouco impor-
tando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.
Quando a lei regula situações passadas, fatos anteriores a
sua vigência, ocorre a denominada retroatividade. Já, se sua b) Princípio da territorialidade absoluta. Só a lei nacional
aplicação se der para fatos após a cessação de sua vigência, é aplicável a fatos cometidos em seu território.
será chamada ultratividade.
c) Princípio da territorialidade temperada. A lei nacional
Em se tratando de extratividade da lei penal, observa-se a se aplica aos fatos praticados em seu território, mas, ex-
ocorrência das seguintes situações: cepcionalmente, permite-se a aplicação da lei estrangei-
ra, quando assim estabelecer algum tratado ou conven-
a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da figura cri- ção internacional. Foi este o princípio adotado pelo art.
minosa; 5º do Código Penal: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo
de convenções, tratados e regras de direito internacional,
b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei penal ao crime cometido no território nacional.
mais benigna;
O Território nacional abrange todo o espaço em que o Es-
Tanto a “abolitio criminis” como a “novatio legis in me- tado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares interio-
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

lius”, aplica-se o principio da retroatividade da Lei penal res, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa (12 milhas)
mais benéfica. e espaço aéreo.

c) “Novatio legis in pejus” – é a lei posterior que agrava a Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
situação; território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras,
de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde
d) “Novatio legis incriminadora” – é a lei posterior que quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embar-
cria um tipo incriminador, tornando típica a conduta an- cações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
tes considerada irrelevante pela lei penal. que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspon-
dente ou em alto-mar
Sobre o tempo do crime, devemos observar o disposto no
art. 4º, do CP, e assim entender que existem três teorias: É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados
a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de pro-
a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste no priedade privada, achando-se aquelas em pouso no territó-
momento em que ocorre a conduta criminosa; rio nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e
estas em porto ou mar territorial do Brasil.

2
Por outro lado, temos a extraterritorialidade, contida no
art. 7º, do CP. É a possibilidade de aplicação da lei penal bra- CONTAGEM DE PRAZO
sileira a fatos criminosos ocorridos no exterior. Traça-se as
seguintes regras referentes à aplicação da lei nacional a fatos
ocorridos no exterior, embora cometidos no estrangeiro: O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Con-
tam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas


Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa,
no estrangeiro: as frações de cruzeiro.

I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repúbli- CONFLITO APARENTE DE NORMAS


ca;

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis-


trito Federal, de Estado, de Território, de Município, de Quando há conflito aparente de normas, socorre-se por
empresa pública, sociedade de economia mista, autar- meio de princípios para solucionar o conflito, são eles: es-
quia ou fundação instituída pelo Poder Público; pecialidade, subsidiariedade, consumação e alternatividade.
c) contra a administração pública, por quem está a seu A especialidade está contida, como o próprio nome su-
serviço; gere, a norma especial que possui todos os elementos da ge-
ral e mais alguns, denominados especializantes, que trazem
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domi- um mínimo ou um acréscimo de severidade. A lei especial
ciliado no Brasil; prevalece sobre a geral. Afasta-se, dessa forma, o bis in idem,
pois o comportamento do sujeito só é enquadrado na norma
II - os crimes: incriminadora especial, embora também estivesse descrito
na geral.
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir; A subsidiariedade é aquela norma que descreve um grau
menor de violação do mesmo bem jurídico, isto é, um fato
b) praticados por brasileiro; menos amplo e menos grave, o qual, embora definido como
delito autônomo, encontra-se também compreendido em
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, outro tipo como fase normal de execução do crime mais
mercantes ou de propriedade privada, quando em terri- grave. Define, portanto, como delito independente, conduta
tório estrangeiro e aí não sejam julgados. que funciona como parte de um crime maior.
§ 1 Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei A consunção é o princípio segundo o qual um fato mais
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro grave e mais amplo consome, isto é, absorve, outros fatos
menos amplos e graves, que funcionam como fase normal
§ 2 Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira de- de preparação ou execução ou como mero exaurimento. Hi-
pende do concurso das seguintes condições: póteses em que se verifica a consunção: crime progressivo
(ocorre quando o agente, objetivando desde o início, produ-
a) entrar o agente no território nacional; zir o resultado mais grave, pratica, por meio de atos sucessi-
vos, crescentes violações ao bem jurídico); crime complexo
b) ser o fato punível também no país em que foi pratica- (resulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos, que
do; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a passam a funcionar como elementares ou circunstâncias no PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
lei brasileira autoriza a extradição; tipo complexo).
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não A alternatividade ocorre quando a norma descreve várias
ter aí cumprido a pena; formas de realização da figura típica, em que a realização de
uma ou de todas configura um único crime. São os chamados
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por tipos mistos alternativos, os quais descrevem crimes de ação
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a múltipla ou de conteúdo variado. Não há propriamente con-
lei mais favorável. flito entre normas, mas conflito interno na própria norma.
§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

3
A teoria causalista do delito foi elaborada em conjunto por
CONCEITO DE CRIME E SEUS ELEMENTOS Franz Von Liszt e Ernest Beling. Segundo o Causalismo, o cri-
me deve ser entendido como uma lesão (ou perigo de lesão) de
um bem jurídico provocada por uma conduta. A partir desse
entendimento nota-se que este sistema constrói uma acep-
ção formal e objetiva acerca do comportamento humano tido
O Brasil adotou, formalmente, a teoria bipartida do crime. como delituoso, pois se preocupa principalmente com a cons-
De acordo com a Lei de Introdução ao Código Penal, crime é tatação do nexo de causalidade do delito.
a infração penal a que a Lei comine pena de reclusão ou de-
tenção e multa, alternativa, cumulativa ou isoladamente. Já Sob a influência do positivismo naturalista, Von Liszt defi-
contravenção é a infração a que a Lei comine pena de prisão niu ação como a inervação muscular produzida por energias
simples e multa, alternativa, cumulativa ou isoladamente. de um impulso cerebral, que comandadas pelas leis da natu-
reza, provoca uma transformação no mundo exterior. A ação
Entretanto, tal conceito é extremamente precário, caben- é vista de uma forma puramente objetiva, causal e naturalista.
do à doutrina seu desenvolvimento. Reconhece-se que toda ação se inicia com a vontade, no en-
tanto o conteúdo desta é irrelevante para a teoria causalista,
O crime possui três conceitos principais, material, formal bastando apenas a verificação da relação causal entre o ato e o
e analítico. resultado, que é o crime propriamente dito.

a) Conceito material: crime seria toda a ação ou omissão Porém, deve se ressaltar que a concepção clássica do delito
humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídi- também leva em consideração o aspecto subjetivo. Isto por-
cos protegidos pelo Direito Penal, ou penalmente tutela- que, baseando-se no conceito analítico de crime (ação típica,
dos. De acordo com o STF, O CONCEITO MATERIAL DE antijurídica e culpável), o Causalismo identifica tanto elemen-
CRIME É FATOR DE LEGITIMAÇÃO DO DIREITO PENAL, tos objetivos, representados pela tipicidade e pela antijurici-
pois, de acordo com ele, não será toda conduta que será dade, quanto um elemento subjetivo, a saber, a culpabilidade
penalmente criminalizada, mas somente aquelas condu- (dolo ou culpa).
tas mais relevantes (princípio da adequação social);
A tipicidade se refere ao aspecto externo da ação e à sub-
sunção desta à letra da lei. A antijuricidade, por sua vez, realiza
b) Conceito formal ou jurídico: é aquilo que a Lei chama
uma valoração negativa da ação, identificando se a conduta
de crime. Está definido no art. 1º da Lei de Introdução do
é realmente típica ou se há alguma causa de justificação ou
Código Penal. Crime é toda infração a que a Lei comina
excludente de culpabilidade. Já a culpabilidade é concebida
pena de reclusão ou detenção e multa, isolada, cumula- como uma relação psicológica entre a ação e o autor, sendo
tiva ou alternativamente. De acordo com este conceito, a que a intensidade desse vínculo irá determinar a forma de cul-
diferença seria apenas quantitativa, relativa à quantidade pabilidade, como dolosa ou culposa.
da pena;
A teoria finalista do crime foi desenvolvida por Hans Welzel.
c) Conceito analítico: aqui se analisa todos os elementos O conceito finalista opõe-se ao conceito causal de crime, espe-
que integram o crime. Crime é todo fato típico, antijurí- cialmente no que tange a distinção proposta pelo Causalismo
dico (é melhor utilizar o termo ilícito, apesar de não fa- entre a manifestação da vontade e o conteúdo da mesma. Para
zer tanta diferença, já que fica mais fácil manejar o CP o finalismo toda ação possui uma finalidade, logo o conteúdo
e as leis especiais quando há excludentes de ilicitude) e da vontade é relevante para a definição de crime.
culpável (alguns autores não consideram a culpabilida-
de como elemento do crime, e sim como pressuposto da O conceito funcionalista do delito foi elaborado por Claus
pena). Apesar de ser indivisível, o crime é estudado de Roxin, em sua obra Política criminal e sistema jurídico-penal.
acordo com essas três características para facilitar sua
compreensão. Elas serão analisadas mais adiante, após A teoria de Roxin opõe-se ao Causalismo de Liszt, uma vez
vermos as classificações de crime existentes. que este estabelece um sistema fechado de análise do crime e
procura excluir da esfera do direito as dimensões do social e do
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A teoria do delito é uma das mais importantes para o di- político. Em contrapartida, o Funcionalismo adota outro en-
reito penal, pois ela traçara o caminho a ser verificado para o tendimento acerca do crime, pois reconhece que os problemas
correto enquadramento da ação praticada pelo autor dentro político-criminais são relevantes para a teoria geral do delito.
do conceito de crime. Zaffaroni (1996) diz que a teoria do de- Aliás, para o funcionalismo a política criminal deve sempre ser
lito preocupa-se em explicar o que é o delito e quais são as observada quando se pretende enquadrar determinada con-
suas características. duta como delito, pois somente é possível identificar qual era
a pretensão do legislador ao elaborar a lei, qual a finalidade e
Atualmente, a teoria finalista da ação é a teoria do deli- o âmbito de incidência da norma, ou mesmo se há causas de
to que tem a maior aceitação entre os criminalistas, sendo justificação ou escusas absolutórias neste tipo penal.
estudada e difundida por Welzel no século passado. Essa
teoria trouxe grandes avanços ao direito penal ao corrigir al- Segundo a teoria funcionalista, o Direito Penal deve se ocu-
guns pontos da teoria anterior, conhecida como causalista. par com as situações e casos excepcionais, isto é, com a pro-
Em ambas, o estudo do fato criminoso passa a se preocupar teção dos bens jurídicos mais relevantes (ultima ratio). Logo,
primeiramente com a conduta praticada, sendo considerado entende-se que O Direito Penal possui um fim social, portanto,
um direito penal do fato. todo conceito de crime deve ser feito em função da finalidade
da pena.

4
ção de 1988, existiam os chamados processos judicialiformes
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS em que o magistrado, mediante portaria, dava início à ação
penal para apurar contravenções penais (art. 26 do CPP) e
crimes de homicídio ou lesão corporal culposa (art. 1º da
Lei n. 4.611/65). É evidente que esses dispositivos não foram
recepcionados pela Constituição, posto que o art. 129, I, da
O processo penal é regido por constitucionais e proces- Constituição Federal conferiu ao Ministério Público a titula-
suais. ridade exclusiva para a iniciativa da ação nos crimes de ação
pública. Nos crimes de ação privada exclusiva não existe pre-
Princípio do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, da CF), não visão específica no texto constitucional, mas é evidente que
há privação de liberdade ou perda de bens sem o devido pro- o juiz não pode dar início à ação neste tipo de delito por ab-
cesso legal.
soluta falta de legitimidade e interesse de agir.
Princípio do Estado ou Presunção de Inocência (art. 5º,
Princípio do Impulso Oficial ou Ativação da Causa, ape-
LVII, da CF), ninguém será declarado culpado, e não, que todos
sar de a iniciativa da ação ser do Ministério Público ou do
se presumem inocentes antes do trânsito em julgado da sen-
ofendido, não é necessário que, ao término de cada fase pro-
tença penal condenatória.
cessual, requeiram que se passe à próxima. Pelo princípio do
Princípio da Bilateralidade da Audiência ou Contraditório impulso oficial deve o juiz, de ofício, determinar que se passe
e Ampla Defesa (CF, art. 5º, V, da CF), supõe conhecimento dos à fase seguinte.
atos processuais pelo acusado e seu direito de resposta e de
reação. Princípio da Identidade Física do Juiz, segundo o art. 399,
§ 2º, do Código de Processo Penal, o juiz que presidir a au-
Princípio da Verdade Real, o processo penal busca desven- diência deverá proferir a sentença. Tal dispositivo é de óbvia
dar como os fatos efetivamente se passaram, não admitindo relevância já que as impressões daquele que colheu pessoal-
ficções e presunções processuais, diferentemente do que ocor- mente a prova são relevantíssimas no processo decisório.
re no processo civil. Como o Código de Processo Penal não disciplina o tema,
aplica-se, por analogia, o disposto no art. 132 do Código de
Princípio da Oralidade consagra a preponderância da lin- Processo Civil: “o juiz, titular ou substituto, que concluir a au-
guagem falada sobre a escrita em relação aos atos destinados diência, julgará a lide (...)”.
a formar o convencimento do juiz. Decorre desse princípio a
opção pela qual os depoimentos de testemunhas são prestados Proibição das Provas Ilícitas (art. 5º, LVI, da CF), versa so-
oralmente, salvo em casos excepcionais, em que a forma escri- bre a inadmissibilidade das provas obtidas mediante prática
ta é expressamente admitida. de algum ilícito penal, civil ou administrativo.

Princípio da Publicidade (art. 5º, LX, e art. 93, IX, da CF), Princípio “Favor Rei”, significa que, na dúvida, o juiz deve
poder ser geral ou especial, ou seja, para todo ou para as partes optar pela solução mais favorável ao acusado (in dubio pro
de um determinado processo. reo). Dessa forma, havendo duas interpretações acerca de
determinado tema, deve-se optar pela mais benéfica. Se a
Princípio da Obrigatoriedade, o promotor não pode transi- prova colhida gerar dúvida quanto à autoria, o réu deve ser
gir ou perdoar o autor do crime de ação pública. Caso entenda, absolvido.
de acordo com sua própria apreciação dos elementos de prova,
pois a ele cabe formar a opinio delicti, que há indícios suficien- Princípio do Promotor Natural é o princípio decorrente
tes de autoria e materialidade de crime que se apura median- da interpretação de que a garantia contida no art. 5º, LIII,

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


te ação pública, estará obrigado a oferecer denúncia, salvo se da CF, de “ninguém será processado nem sentenciado senão
houver causa impeditiva, como, por exemplo, a prescrição, hi- pela autoridade competente” consagra não apenas o princí-
pótese em que deverá requerer o reconhecimento da extinção pio do juiz natural, mas, também, o direito de toda pessoa
da punibilidade e, por consequência, o arquivamento do feito. ser acusada por um órgão estatal imparcial, cujas atribuições
tenham sido previamente definidas pela lei. Desse modo, há
Princípio da Oficialidade (art. 129, I, da CF), o Ministério violação do devido processo legal na hipótese de alteração
Púbico Militar é o exclusivo dono da ação penal militar, que é casuística de critérios prefixados de atribuição. Veda-se, por-
sempre pública incondicionada, ressalvada a possibilidade da tanto, que chefe da instituição designe membros para atuar
ação privada subsidiária da pública (art. 5º, LIX, da CF). em casos específicos.

Princípio da Indisponibilidade do Processo, nos termos do Princípio da Razoável Duração do Processo e Garantia
art. 42, do CPP, o Ministério Público não pode desistir da ação da Celeridade Processual (EC nº 45, da CF), objetivo a ser
por ele proposta. Tampouco pode desistir de recurso que tenha alcançado. Assegura às partes o direito de obter provimento
interposto (art. 576, do CPP). jurisdicional em prazo razoável e de dispor de meios que ga-
rantam a celeridade da tramitação do processo. O processo é
Princípio do Juiz Natural ou Constitucional (art. 5º, XXXVII, instrumento para aplicação efetiva do direito material, razão
da CF), não haverá juízo ou tribunal de exceção. pela qual sua existência não pode se eternizar ou ser dema-
siado longa, sob pena de esvaziamento de sua finalidade.
Princípio da Iniciativa das Partes e o Impulso Oficial (CPP, Como consequência desse princípio, o juiz pode de indeferir
art. 251, do CPP), o juiz não pode dar início ao processo sem a as provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou prote-
provocação da parte legítima. Neste sentido, o juiz não pode latórias (art. 400, § 1º, do CPP).
dar início à ação penal. Antes da promulgação da Constitui-

1
Princípio da Imparcialidade do Juiz é um princípio que
não existe artigo expresso na constituição dizendo que o juiz DIREITOS E GARANTIAS PROCESSUAIS
deve ser imparcial, pois a própria função de magistrado tem, PENAIS
na imparcialidade, a sua essência, a sua razão de existir. O
que se encontra no texto constitucional são garantias aos
juízes para lhes assegurar a imparcialidade, ou seja, vitalicie- O processo penal observa, além de princípios outros
dade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios, como dispositivos contidos nos incisos do art. 5º da Constituição
descrito no art. 95, caput, da CF, assim como a vedação a juí- Federal, como assegurar a liberdade de locomoção dentro
zes e tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII, da CF). do território nacional (inciso XV), dispor acerca da perso-
nalização da pena (inciso XLV), cuidar do princípio do con-
Princípio do Duplo Grau de Jurisdição também não está traditório e da ampla defesa, assim como da presunção da
descrito de forma expressa na Constituição, mas é facilmen- inocência (inciso LV e LVII, respectivamente), no sentido de
te percebido, posto que a competência recursal dos diversos que “Ninguém será preso senão em flagrante delito, ou por
órgãos do Poder Judiciário está contida nos arts. 102, II e III; ordem escrita e fundamentada da autoridade competente...”.
105, II e III; 108, II, e 125, § 1º, da CF. Por este princípio as
partes têm direito a uma nova apreciação, total ou parcial, da Acrescenta do art. 5º, da CF, o inciso LXV, traz que “a pri-
causa, por órgão superior do Poder Judiciário. são ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judi-
ciária”, o inciso LXVI, que estabelece que ninguém será leva-
Princípio da Oportunidade ou da Conveniência significa do à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade
que, ainda que haja provas cabais contra os autores da in- provisória, com ou sem o pagamento de fiança. O inciso LX-
fração penal, pode o ofendido preferir não os processar. Na VII, que não haverá prisão civil por dívida, exceto a do res-
ação privada, o ofendido ou seu representante legal decide, ponsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
de acordo com seu livre-arbítrio, se vai ou não ingressar com obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
a ação penal.
Inclui o inciso LXVIII, onde prescreve que será concedido
Princípio da Intranscendência (art. 5º, XLV, da CF) signi- habeas corpus sempre que alguém sofrer ou julgar-se amea-
fica que a pena não pode passar da pessoa do condenado, çado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de loco-
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do moção, por ilegalidade ou abuso de poder. E ainda o inciso
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos LXXV, que o Estado indenizará toda a pessoa condenada por
sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do erro judiciário, bem como aquela que ficar presa além do
patrimônio transferido. tempo fixado na sentença.
Princípio da Correlação impede que o juiz, ao proferir
sentença, extrapole os limites da acusação. Trata-se da veda-
ção ao julgamento extra petita, ou seja, ao sentenciar a ação, INVESTIGAÇÃO CRIMINAL POLICIAL
deve ater-se ao fato descrito na denúncia ou queixa, não po- (ARTIGOS 4° AO 23°, DO CPP)
dendo extrapolar seus limites.

Princípio Contra a Autoincriminação significa que o Po- A polícia judiciária é exercida pelas autoridades policiais,
der Público não pode constranger o indiciado ou acusado a delegados de polícia civil e delegados de polícia federal, no
cooperar na investigação penal ou a produzir provas contra território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a
si próprias. É evidente que o indiciado ou réu não estão proi- apuração das infrações penais e da sua autoria. Esta compe-
bidos de confessar o crime ou de apresentar provas que pos- tência não exclui a de autoridades administrativas, a quem
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

sam incriminá-los. Eles apenas não podem ser obrigados a por lei seja cometida a mesma função.
fazê-lo e, da recusa, não podem ser extraídas consequências
negativas no campo da convicção do juiz. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será ini-
ciado de ofício, ou mediante requisição da autoridade judi-
Princípio da Motivação das Decisões Judiciais É evidente ciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofen-
que em um Estado de Direito os juízes devem expor as ra- dido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
zões de fato e de direito que os levaram a determinada de-
cisão. O texto constitucional é claro em salientar a nulidade O requerimento a que se refere do ofendido ou de quem
da sentença cuja fundamentação seja deficiente.Tal defi- tiver qualidade para representar a vítima, deve conter, sem-
ciência é nítida quando o juiz utiliza argumentos genéricos, pre que possível, a narração do fato, com todas as circuns-
sem apontar nos autos as provas específicas que o levaram à tâncias, além da individualização do indiciado ou seus sinais
absolvição ou condenação ou ao reconhecimento de qual- característicos e as razões de convicção ou de presunção de
quer circunstância que interfira na pena. Não pode o juiz se ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade
limitar a dizer, por exemplo, que a prova é robusta e, por isso, de fazê-lo. E também, se possível, a nomeação das testemu-
embasa a condenação. Deve apontar especificamente na nhas, com indicação de sua profissão e residência.
sentença quais são e em que consistem estas provas.
Delatio criminis é quando qualquer pessoa do povo que
tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, co-
municá-la à autoridade policial, e esta, verificada a proce-
dência das informações, mandará instaurar inquérito.

2
Nos crimes em que a ação pública depender de repre- Havendo prisão em flagrante, deverá observar que, apre-
sentação, o inquérito policial não poderá ser iniciado sem a sentado o preso à autoridade competente, esta ouvirá o con-
representação. dutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este
cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida,
Já nos crimes de ação privada, a autoridade policial so- procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem
mente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é
tenha qualidade para intentá-la. feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas,
lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
Cabe Agravo de Instrumento contra despacho que inde-
ferir o requerimento de abertura de inquérito. Resultando das respostas fundada a suspeita contra o
conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto
A autoridade policial deverá, logo que tiver conhecimen- no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá
to da prática da infração penal: nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competen-
te. E se não o for competente, enviará os autos à autoridade
• dirigir-se ao local, providenciando para que não se que o seja. A falta de testemunhas da infração não impedirá
alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condu-
peritos criminais. tor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam
testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
• apreender os objetos que tiverem relação com o
fato, após liberados pelos peritos criminais. Observe que quando o acusado se recusar a assinar, não
souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante
• colher todas as provas que servirem para o esclare- será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua
cimento do fato e suas circunstâncias leitura na presença deste.
• ouvir o ofendido. Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá cons-
tar a informação sobre a existência de filhos, respectivas ida-
• ouvir o indiciado, com observância, no que for apli- des e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato
cável, do disposto sobre o interrogatório do acusado, deven- de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
do o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas pela pessoa presa.
que lhe tenham ouvido a leitura.
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
• proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao
acareações.
Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada. Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização
• determinar, se for caso, que se proceda a exame de
da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de
corpo de delito e a quaisquer outras perícias.
prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome
de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
• ordenar a identificação do indiciado pelo processo
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha
de antecedentes deve ter ressalvas. O art. 5º, LVIII, da CF, pas- No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante reci-
sou a estabelecer que o civilmente identificado não será sub- bo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo
metido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
em lei. Esta norma, pretendeu resguardar o indivíduo civil-
mente identificado, preso em flagrante, indiciado ou mesmo Quando o fato for praticado em presença da autoridade,

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


denunciado, do constrangimento de se submeter às formali- ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do
dades de identificação criminal - fotográfica e datiloscópica - auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que
consideradas por muitas vexatórias, principalmente quando fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo
documentadas pelos órgãos da imprensa. assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e
remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar co-
• averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto nhecimento do fato delituoso, se não o for a autoridade que
de vista individual, familiar e social, sua condição econômi- houver presidido o auto.
ca, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e
durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade,
para a apreciação do seu temperamento e caráter depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.

• colher informações sobre a existência de filhos, res- Todas as peças do inquérito policial serão, num só pro-
pectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e cessado, reduzidas a escrito e rubricadas pela autoridade.
o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos,
indicado pela pessoa presa.

O art. 7º, do CPP, trata de reprodução simulada dos fatos,


que para verificar a possibilidade de haver a infração sido
praticada de determinado modo, a autoridade policial pode-
rá usar esse recurso, desde que esta não contrarie a moralida-
de ou a ordem pública.

3
• o nome da autoridade requisitante.
FIQUE ATENTO!
O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, • o número do inquérito policial.
se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
estiver preso preventivamente, contado o • a identificação da unidade de polícia judiciária res-
prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se ponsável pela investigação.
executar a ordem de prisão.
Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes rela-
O inquérito deverá terminar no prazo de 30 dias,
cionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Pú-
quando estiver solto, mediante fiança ou sem
blico ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante
ela.
autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem ime-
diatamente os meios técnicos adequados, como sinais, infor-
mações e outros, que permitam a localização da vítima ou
Com a conclusão do inquérito, a autoridade fará minu- dos suspeitos do delito em curso.
cioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao
juiz competente. Neste relatório autoridade pode indicar tes- Sobre a prevenção e a repressão dos crimes relacionados
temunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o ao tráfico de pessoas, não havendo manifestação judicial no
lugar onde possam ser encontradas. prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisita-
rá às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações
Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado es- e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios
tiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução técnicos adequados, como sinais, informações e outros, que
dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito
no prazo marcado pelo juiz. Há hipóteses em que, para dar em curso, com imediata comunicação ao juiz.
início à ação penal, o Ministério Público pode requer dili-
gências, por meio da autoridade judiciária, para a autoridade Para os efeitos acima exposto, sinal significa posiciona-
policial em prazo por aquele fixando. mento da estação de cobertura, setorização e intensidade de
radiofrequência. Ainda nesta hipótese, o sinal:
Os instrumentos do crime, bem como os objetos que in-
teressarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. • não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
de qualquer natureza, que dependerá de autorização judi-
O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, cial, conforme disposto em lei
sempre que servir de base a uma ou outra.
• deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia
Incumbirá ainda à autoridade policial: móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, re-
novável por uma única vez, por igual período
• fornecer às autoridades judiciárias as informações
necessárias à instrução e julgamento dos processos. • para períodos superiores a 30 (trinta) dias, será ne-
cessária a apresentação de ordem judicial.
• realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo
Ministério Público.
FIQUE ATENTO!
• cumprir os mandados de prisão expedidos pelas au- Ainda nesta hipótese, prevenção e repressão
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

toridades judiciárias. dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas


o inquérito policial deverá ser instaurado no
• representar acerca da prisão preventiva. prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas,
contado do registro da respectiva ocorrência
Nos crimes previstos nos arts. 148, sequestro e cárcere policial.
privado, 149, redução a condição análoga de escravo, 149-A,
tráfico de pessoas, no § 3º do art. 158, extorsão mediante a
restrição da liberdade da vítima, sendo esta condição neces-
sária para a obtenção da vantagem econômica, e no art. 159,
extorsão mediante sequestro, tudo do CP, e ainda no art. 239, O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado po-
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, Estatuto da Criança derão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou
e do Adolescente, promover ou auxiliar a efetivação de ato não, a juízo da autoridade policial.
destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior
com inobservância das formalidades legais ou com o objeti- Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
vo de obter lucro, o membro do Ministério Público ou o de- pela autoridade policial.
legado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do
poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e O Ministério Público não poderá requerer a devolução do
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências,
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
Esta requisição será atendida no prazo de 24 (vinte e qua-
tro) horas e conterá: A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos
de inquérito.

4
Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Windo-
SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS 7. ws Mail e Windows
Calendar foram substituídos pelas suas respectivas con-
trapartes do Windows Live, com a perda de algumas funciona-
Windows 7 lidades.
O Windows 7 foi lançado para empresas no dia 22 de O Windows 7, assim como o Windows Vista, estará dispo-
julho de 2009, e começou a ser vendido livremente para nível em cinco diferentes edições, porém apenas o Home Pre-
usuários comuns dia 22 de outubro de 2009. mium, Professional e Ultimate serão vendidos na maioria dos
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas no- países, restando outras duas edições que se concentram em ou-
vidades, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e tros mercados, como mercados de empresas ou só para países
direcionada para a linha Windows, tem a intenção de tor- em desenvolvimento. Cada edição inclui recursos e limitações,
ná-lo totalmente compatível com aplicações e hardwares sendo que só o Ultimate não tem limitações de uso. Segundo a
com os quais o Windows Vista já era compatível. Microsoft, os recursos para todas as edições do Windows 7 são
Apresentações dadas pela companhia no começo de armazenadas no computador.
2008 mostraram que o Windows 7 apresenta algumas va- Um dos principais objetivos da Microsoft com este novo
riações como uma barra de tarefas diferente, um sistema Windows é proporcionar uma melhor interação e integração do
de “network” chamada de “HomeGroup”, e aumento na sistema com o usuário, tendo uma maior otimização dos recur-
performance. sos do Windows 7, como maior autonomia e menor consumo
· Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tare- de energia, voltado a profissionais ou usuários de internet que
fas e suporte para precisam interagir com clientes e familiares com facilidade, sin-
telas touch screen e multi-táctil (multi-touch) cronizando e compartilhando facilmente arquivos e diretórios.
· Internet Explorer 8;
· Novo menu Iniciar; Recursos
· Nova barra de ferramentas totalmente reformulada; Segundo o site da própria Microsoft, os recursos encontra-
· Comando de voz (inglês); dos no Windows 7 são fruto das novas necessidades encontra-
· Gadgets sobre o desktop; das pelos usuários. Muitos vêm de seu antecessor, Windows
· Novos papéis de parede, ícones, temas etc.; Vista, mas existem novas funcionalidades exclusivas, feitas para
· Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows facilitar a utilização e melhorar o desempenho do SO (Sistema
Media Player, Operacional) no computador.
integrado ao Windows Explorer;
· Arquitetura modular, como no Windows Server 2008;
· Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Win- #FicaDica
dows (Paint e Vale notar que, se você tem conhecimentos
WordPad, por exemplo), como no Office 2007; em outras versões do Windows, não terá que
· Aceleradores no Internet Explorer 8; jogar todo o conhecimento fora. Apenas vai se
· Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória adaptar aos novos caminhos e aprender “novos
RAM; truques” enquanto isso.
· Home Groups;
· Melhor desempenho;
· Windows Media Player 12;
· Nova versão do Windows Media Center; Tarefas Cotidianas
· Gerenciador de Credenciais; Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia se tor-
· Instalação do sistema em VHDs; nou comum. Não precisamos mais estar em alguma empresa
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com enorme para precisar sempre de um computador perto de nós.
mais funções; O Windows 7 vem com ferramentas e funções para te ajudar em
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet, Ga- tarefas comuns do cotidiano.
mão Internet e
Internet Damas; Grupo Doméstico PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
· Windows XP Mode; Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais com-
· Aero Shake; putadores em sua casa. Permitir a comunicação entre várias
estações vai te poupar de ter que ir fisicamente aonde a outra
Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos o máquina está para recuperar uma foto digital armazenada ape-
número de capacidades e certos programas que faziam nas nele.
parte do Windows Vista não estão mais presentes ou mu- Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica simplifica-
daram, resultando na remoção de certas funcionalidades. da e segura. Você decide o que compartilhar e qual os privilégios
Mesmo assim, devido ao fato de ainda ser um sistema ope- que os outros terão ao acessar a informação, se é apenas de vi-
racional em desenvolvimento, nem todos os recursos po- sualização, de edição e etc.
dem ser definitivamente considerados excluídos.
Fixar navegador de internet e cliente de e-mail padrão Tela sensível ao toque
no menu Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensível ao
fixados manualmente). toque com opção a multitoque, recurso difundido pelo iPhone.
O recurso multitoque percebe o toque em diversos pontos
da tela ao mesmo tempo, assim tornando possível dimensio-
nar uma imagem arrastando simultaneamente duas pontas
da imagem na tela.

1
O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de aplica- Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere impor-
tivos e jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface Collage tante. Se a edição de um determinado documento é constante,
é um aplicativo para organizar e redimensionar fotos. Nele é vale a pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto que a lista de recen-
possível montar slide show de fotos e criar papeis de parede tes se modifica conforme você abre e fecha novos documentos.
personalizados. Essas funções não são novidades, mas por
serem feitas para usar uma tela sensível a múltiplos toques Snap
as tornam novidades. Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum ver
várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recurso de
Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e diverti-
do. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da tela para
obter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a com-
paração de janelas. Por exemplo, jogue uma para a esquer-
da e a outra na direita. Ambas ficaram abertas e dividindo
igualmente o espaço pela tela, permitindo que você as veja
ao mesmo tempo.

Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e esten-
dido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas di-
retamente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada a
busca enquanto você navega pelas pastas.

Menu iniciar
Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do menu
sensível ao toque. iniciar. É útil quando você necessita procurar, por exemplo,
pelo atalho de inicialização de algum programa ou arquivo
Lista de Atalhos de modo rápido.
Novidade desta nova versão, agora você pode abrir dire- “Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do
tamente um arquivo recente, sem nem ao menos abrir o pro- Windows Search, a pesquisa do menu início não olha apenas
grama que você utilizou. Digamos que você estava editando aos nomes de pastas e arquivos.
um relatório em seu editor de texto e precisou fechá-lo por Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e propriedades
algum motivo. Quando quiser voltar a trabalhar nele, basta também” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
clicar com o botão direito sob o ícone do editor e o arquivo Os resultados são mostrados enquanto você digita e são
estará entre os recentes. divididos em categorias, para facilitar sua visualização.
Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua busca
preocupar em procurar o arquivo, você pula uma etapa e vai pode ser dividido.
diretamente para a informação, ganhando tempo. · Programas
· Painel de Controle
· Documentos
· Música
· Arquivos
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo de arquivos recentes no Paint.


Ao digitar “pai” temos os itens que contêm essas letras em
seu nome.

2
Windows Explorer
O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena parte do total disponível.
Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é acionado automaticamente quando você navega pelas pastas do seu com-
putador – você encontrará uma busca mais abrangente.
Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de se fazer uma busca é necessário abrir a ferramenta de busca. No 7,
precisamos apenas digitar os termos na caixa de busca, que fica no canto superior direito.

Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 774).

A busca não se limita a digitação de palavras. Você pode aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas, todas as
canções do gênero Rock. Existem outros, como data, tamanho e tipo. Dependendo do arquivo que você procura, podem existir
outras classificações disponíveis.
Imagine que todo arquivo de texto sem seu computador possui um autor. Se você está buscando por arquivos de texto, pode
ter a opção de filtrar por autores.

Você observará que o Windows Explorer traz a janela dividida em duas partes.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fonte: http://ead.go.gov.br/ficead/mod/book/tool/print/index.php?id=53&chapterid=56

Controle dos pais


Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que visualizam por meio do computador. O Windows 7 ajuda a limitar o que
pode ser visualizado ou não. Para que essa funcionalidade fique disponível, é importante que o computador tenha uma conta de
administrador, protegida por senha, registrada. Além disso, o usuário que se deseja restringir deve ter sua própria conta.

3
As restrições básicas que o 7 disponibiliza: Abaixo estão algumas das opções de personalização mais
· Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do dia interessantes.
que o PC pode ser utilizado.
· Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo ho- Papéis de Parede
rário e também pela classificação do jogo. Vale notar que a Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou
classificação já vem com o próprio game. praticamente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos
· Bloquear programas: É possível selecionar quais aplica- de ídolos, paisagens ou qualquer outra figura que as agrade.
tivos estão autorizados a serem executados. Uma das novidades fica por conta das fotos que você encon-
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a tra no próprio SO. Variam de uma foto focando uma única
quantidade de restrições, como controlar as páginas que são folha numa floresta até uma montanha.
acessadas, e até mesmo manter um histórico das atividades A outra é a possibilidade de criar um slide show com vá-
online do usuário. rias fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a im-
pressão que sua área de trabalho está mais viva.
Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de segu- Gadgets
rança e manutenção do Windows. Elas são classificadas em As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista, mas
vermelho (importante – deve ser resolvido rapidamente) e eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar em
amarelas (tarefas recomendadas). qualquer local do desktop.
O painel também é útil caso você sinta algo de estranho Servem para deixar sua área de trabalho com elementos
no computador. Basta checar o painel e ver se o Windows de- sortidos, desde coisas úteis – como uma pequena agenda –
tectou algo de errado. até as de gosto mais duvidosas – como uma que mostra o
símbolo do Corinthians. Fica a critério do usuário o que e
como utilizar.
O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir ne-
cessidade, pode baixar ainda mais opções da internet.

A central de ações e suas opções.


- Do seu jeito
O ambiente que nos cerca faz diferença, tanto para nossa
qualidade de vida quanto para o desempenho no trabalho. Gadgets de calendário e relógio.
O computador é uma extensão desse ambiente. O Windows
7 permite uma alta personalização de ícones, cores e muitas Temas
outras opções, deixando um ambiente mais confortável, não Como nem sempre há tempo de modificar e deixar todas
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

importa se utilizado no ambiente profissional ou no domés- as configurações exatamente do seu gosto, o Windows 7 dis-
tico. ponibiliza temas, que mudam consideravelmente os aspec-
Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão na tos gráficos, como em papéis de parede e cores.
página de Personalização1, que pode ser acessada por um
clique com o botão direito na área de trabalho e em seguida ClearType
um clique em Personalizar. “Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes parecerem
mais claras e suaves no monitor. É particularmente efetivo
para monitores LCD, mas também tem algum efeito nos an-
#FicaDica tigos modelos CRT(monitores de tubo). O Windows 7 dá su-
É importante notar que algumas configurações porte a esta tecnologia” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 163).
podem deixar seu computador mais lento,
especialmente efeitos de transparência. Novas possibilidades
Os novos recursos do Windows 7 abrem, por si só, novas
possibilidades de configuração, maior facilidade na navega,
dentre outros pontos. Por enquanto, essas novidades foram
diretamente aplicadas no computador em uso, mas no 7 po-
demos também interagir com outros dispositivos.

4
f) Prontuários: estes documentos guardam o registro
do paciente, todos os cuidados e assistência médicas
6.1 PERÍCIAS E PERITOS.
prestadas a ele de forma organizada e padronizada em
6.1.1 DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS. um acervo documental.
6.1.2 QUESITOS OFICIAIS.
6.1.3 PERÍCIAS MÉDICAS.
6.1.4 ÉTICA MÉDICA E PERICIAL.
6.1.5 LEGISLAÇÃO SOBRE PERÍCIAS Quesitos oficiais
MÉDICO-LEGAIS. Os quesitos são as perguntas formuladas pelas autorida-
des judiciárias, policiais, Ministério Público, bem como, pe-
las partes (através de advogados). Os quesitos oficiais nada
mais são, do que as “respostas” padronizadas, realizadas para
cada tipo de conduta criminosa.
Documentos médicos - legais

Os documentos médico legais são os documentos em


que o profissional médico utiliza-se para auxiliar tanto a Perícias médicas
autoridade policial em fase de inquérito como juiz em sede
processo judicial, para que haja esclarecimentos um fato Define-se perícia médico-legal como um conjunto de
compreendido como criminoso. procedimentos médicos e técnicos, a qual tem por finalidade
o esclarecimento de um fato de interesse da Justiça. Ou ain-
Esses documentos, habitualmente utilizados na prática da, como um ato pelo qual a autoridade procura conhecer,
forense, revestem-se de valor probatório relevante, pois eles por meios técnicos e científicos a existência ou não de cer-
tem o objetivo principal de auxiliar no esclarecimento dos fa- tos acontecimentos, capazes de interferir na decisão de uma
tos úteis a serem manuseados em ações penais. questão judiciária ligada à vida ou à saúde do homem ou que
com ele tenha relação (FRANÇA, p. 72, 2017).
São espécies de documentos médicos legais:
O objetivo principal da pericia é a produção de provas
a) Notificação: consiste na comunicação às autoridades para que se comprove a existência ou não de um ato em de-
competentes sobre doenças infectocontagiosas. É dever sacordo com a lei. A partir da pericia, são colhidas provas,
do médico realizar a comunicação, podendo , em caso de as quais demonstraram os fatos ocorridos, o que, por con-
omissão, responder pelo crime tipificado no art. 269 do sequência, será analisado pelo juiz, que tomará sua decisão
Código Penal. pelo seu livre convencimento.
b) Atestados: esse documento seria uma afirmação sim- As pericias devem ser nomeadas por autoridades, a qual
ples realizadas pelos médicos. Importante ressaltar, que será realizada por um perito competente.
quando pedidos pelo particular, esse documento é “ofi-
cioso”. Quando requisitado pela administração pública, O documento em si, ira se materializar por meio dos
o documento é “administrativo”. Realizado o pedido do laudos, constituídos de uma peça escrita, tendo por base o
atestado pela justiça, é documento “judiciário”. material examinado. O atestado fornecido por médico parti-
cular não pode substituir o laudo para comprovação da ma-
terialidade em processo criminal.
FIQUE ATENTO! As perícias que possuem natureza civil, o magistrado po-
Somente quando requisitado pelo judiciário, derá nomear o perito tendo as partes 5 (cinco) dias, a facul-
o atestado é considerado documento médico dade de indicar assistentes e apresentarem quesitos. O pe-
legal. PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
rito apresentará laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz.

c) Relatórios: consiste em ser um documento do qual


relata detalhadamente, sobre os fatos que ocorreram no #FicaDica
caso, através das pericias médicas científicas. O relatório De uma forma geral, as pericias podem ser
é dividido em sete partes: Preâmbulo, quesitos, comemo- realizadas nos vivos, mortos, cadáveres,
rativo, descrição “visum et repertum”, discussão, conclu- esqueletos, animais e objetos.
são e resposta aos quesitos.

d) Depoimento oral: seria o depoimento do perito em


audiência, relatando sobre os fatos que foram apurados.
Por fim, a perícia médico-legal, é um elemento técnico
e) Parecer: este documento é similar ao relatório, pois é de suma relevância para convicção dos magistrados nas suas
um documento, requisitado pelas partes, para que sanem decisões, devendo ser muito bem interpretada, à luz dos co-
os quesitos duvidosos sobre o fato. nhecimentos cientifico-forense e aplicada conforme disposi-

1
tivos legais. A medicina legal tem ampla aplicação na ciência Art. 97 - Autorizar, vetar, bem como modificar, quando
jurídica, seja ela penal civil ou trabalhista, auxiliando na apli- na função de auditor ou de perito, procedimentos propedêu-
cação das leis e permitindo à justiça o cumprimento de seu ticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no último caso, em
mister social e constitucional. situações de urgência, emergência ou iminente perigo de
morte do paciente, comunicando, por escrito, o fato ao mé-
dico assistente.

Ética médica e pericial Art. 98 - Deixar de atuar com absoluta isenção quan-
do designado para servir como perito ou como auditor, bem
O código de ética médica regulamenta a atividade médi- como ultrapassar os limites de suas atribuições e de sua
ca pericial a qual consiste em ser uma atividade legal e res- competência.
ponsável pela produção de prova técnica em procedimentos
administrativos ou em processos judiciais. Parágrafo único. O médico tem direito a justa remune-
ração pela realização do exame pericial. (CÓDIGO DE ÉTICA
O perito médico tem natureza de um agente público, MÉDICA).
ainda que temporariamente investido nesta condição, de
maneira a sujeitar-se aos princípios cuja definição são:

I) Principio da legalidade: o perito é vinculado a atos le- Legislação sobre perícias médicos - legais
gais (previsto na lei) e deve obedecer rigorosamente, para
Na matéria criminal, a Lei nº 12.030/2009, organiza e re-
a efetivação do direito.
gulariza a atuação dos peritos no trabalho de identificação
de pessoas, identificação da espécie animal, determinação
II) Princípio da moralidade: está ligado a conduta do pe- da morte, prova de virgindade ou conjunção carnal, diagnós-
rito, os quais, devem estar de acordo com os valores éticos tico de lesões corporais e dos instrumentos ou meios que as
e legais dos atos. causaram, apreciação do estado mental do criminoso ou da
vítima e etc.
III) Princípio da razoabilidade: refere-se a utilização de
meios idôneos, adequados, para a concretização e efetiva- No tocante a matéria civil, a mesma tem previsão legal
ção dos atos, para atingir melhores resultados. na Lei 13.105/15, bem como na Lei nº 10.406/2002, e visam
regularizar a atuação dos peritos no exercício de atividades
IV) Princípio da supremacia do interesse público: este como: documentar situações para favorecer a aplicação do
princípio aborda e tutela a efetivação a boa e justa rea- Código Civil, como por exemplo, declarar a insanidade de
lização dos atos, acima de qualquer outro interesse vin- pessoas para fins de interdição de direitos, prova da impo-
culado. tência cuendi, visando a anulação de casamento, investiga-
ção de paternidade etc.

Por fim, existe ainda pericias nos foros trabalhistas, re-


Ainda assim, O Capítulo XI do Código de Ética Médica, gulada pela Lei nº 13.647/2017, a qual organiza as atividades
em seu típico sistema de vedações, estabelece: exercidas pelo perito, como: acidentes de trabalho, lesões
que ocorreram no trabalho, avalia o grau de incapacidade
Art. 92 - Assinar laudos periciais, auditoriais ou de veri- resultante do acidente, estabelece o nexo de causa e efeito,
ficação médico-legal, quando não tenha realizado pessoal- analisa a insalubridade/periculosidade de determinado lo-
mente o exame. cal etc.

Art. 93 - Ser perito ou auditor do próprio paciente, de


pessoa de sua família ou de qualquer outra com a qual tenha
PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa


em que atue ou tenha atuado.

Art. 94 - Intervir, quando em função de auditor, assis-


tente técnico ou perito, nos atos profissionais de outro mé-
dico, ou fazer qualquer apreciação em presença do exami-
nado, reservando suas observações para o relatório.

Art. 95 - Realizar exames médico-periciais de corpo de


delito em seres humanos no interior de prédios ou de de-
pendências de delegacias de polícia, unidades militares, ca-
sas de detenção e presídios.

Art. 96 - Receber remuneração ou gratificação por va-


lores vinculados à glosa ou ao sucesso da causa, quando na
função de perito ou de auditor.

2
A identificação judiciária é executada pelas Secretarias de
Segurança Estaduais através de seus Institutos de Identifica-
ANTROPOLOGIA MÉDICO-LEGAL.
ção para obter a identificação das pessoas.
IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO.
IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA. Ainda assim, importante destacar, que os meios mais uti-
lizados pelos policiais para identificação seria:

1) Bertilonagem: que seria a utilização de retrato falado,


fotografia sinalética e impressões digitais.
Identidade e Identificação
2) Dactiloscopia: que são realizadas pelas secreções digi-
Conceitua-se identidade como o conjunto de caracte- tais.
res que individualiza uma pessoa ou uma coisa, fazendo-a
distinta das demais. Seria um elenco de atributos que torna Por fim, temos dois principais métodos de identificação
alguém ou alguma coisa igual apenas a si próprio (FRANÇA, que são frequentemente utilizados, para obter efetivação no
p. 225, 2017). processo:

Isto é, a identidade é de cada pessoa, características pes- 1) Sistema Decadactilar de Vucetich: que seria o estudo das
soais do ser humano que o individualiza e distingue ele de impressões digitais (visíveis, invisíveis, formatos e etc)
outros. Cada um tem a sua.
2) Biometria: se utilizam das características físicas ou com-
Existem ainda, dois tipos de identidades: portamentais dos seres vivos. Atualmente os sistemas bio-
métricos são utilizados para diversas coisas como: identifi-
1) Subjetiva: a maneira de ser de cada um, sua natureza, cação criminal, controle de ponto e etc, sendo registrados
essência e etc. e utilizados a partir das mãos, olhos, polegares, reconheci-
mento de voz e/ou face, dentre outros.
2) Objetiva: seriam as características físicas, funcionais e
psicológicas.

Já a identificação, consiste em ser um processo, pelo qual


se determina a identidade de uma pessoa ou de uma coisa,
ou até mesmo um conjunto de diligências cuja finalidade é
levantar uma identidade. Consequentemente, identificar
uma pessoa é determinar uma individualidade e estabelecer
caracteres ou conjunto de qualidades que a fazem diferente
de todas as outras e igual apenas a si mesma (FRANÇA, p.
227, 2017).

FIQUE ATENTO!
A identificação divide-se em médico-legal e
judiciária ou policial.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Identificação Judiciária

A identificação médica - legal, é realizada através de co-


nhecimentos técnicos específicos dos médicos legais, como
por exemplo: físicas, funcionais e psíquicas, levando-se em
consideração a raça, sexo, idade e estigmas.

Já a identificação policial/judiciária é realizada através


de confronto de dados e estatísticas, as quais, não precisão
ser realizadas por médicos leais, pois, podem ser realizadas
pelas impressões digitais do indivíduo, podendo ainda, uti-
lizar: fotos, antropometria, datiloscopia e descritivos dados
informativos e qualitativos.

3
TRAUMATOLOGIA MÉDICO-LEGAL.
LESÕES CORPORAIS SOB O PONTO DE VISTA JURÍDICO.
ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA.
ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA, CÁUSTICOS E VENENOS, EMBRIAGUEZ, TOXICOMANIAS.
ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA: EFEITOS DA TEMPERATURA, ELETRICIDADE, PRESSÃO
ATMOSFÉRICA, RADIAÇÕES, LUZ E SOM.
ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA: ASFIXIAS EM GERAL. ASFIXIAS EM ESPÉCIE:
POR GASES IRRESPIRÁVEIS, POR MONÓXIDO DE CARBONO, POR SUFOCAÇÃO
DIRETA, POR SUFOCAÇÃO INDIRETA, POR AFOGAMENTO, POR ENFORCAMENTO, POR
ESTRANGULAMENTO, POR ESGANADURA, POR SOTERRAMENTO E POR CONFINAMENTO.
ENERGIAS DE ORDEM BIODINÂMICA E MISTAS.

Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico

A Traumatologia ou Lesonologia Médico-legal estuda as lesões e estados patológicos, imediatos ou tardios, produzidos por
violência nos seus aspectos do diagnóstico, do prognóstico e das suas implicações legais e socioeconômicas. Trata também do
estudo das diversas modalidades de energias causadoras desses danos (FRANCA, p. 345, 2017).

A lesão corporal é crime e está tipificada no art. 129 do Código Penal, e consiste em ser uma lesão de natureza leve, grave
ou gravíssima, o ato que atinge a integridade física ou psíquica do ser humano, apresentando elementos que determinaram
o crime.

a) Lesão leve: as lesões leves são as equimoses, escoriações e feridas contusas. Ás não qualificadas como lesão grave nem
gravíssimas.

b) Lesão grave: essa modalidade de lesão causa incapacidade para as ocupações habituais normais durante 30 dias, ou
debilidade permanente de membros, sentidos ou funções.

c) Lesão gravíssima: já a lesão gravíssima, causa incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade incurável, perda
ou inutilização de membro, sentido ou função, deformidade permanente, aborto e etc.

Energias de Ordem Mecânica

Os meios mecânicos causadores do dano vão desde as armas propriamente ditas (punhais, revólveres, soqueiras), armas
eventuais (faca, navalha, foice, facão, machado), armas naturais (punhos, pés, dentes), até os mais diversos meios imagináveis
(máquinas, animais, veículos, quedas, explosões e precipitações) (FRANÇA, p. 346. 2017).

Ainda assim, os meios mecânicos de lesões, classificam em:


PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

4
a) Perfurantes

São os, alongado e fino, e de diâmetro transverso reduzido,


com características bem próprias.

Ex: estilete, a sovela, a agulha, o florete e o furador de gelo.

b) Cortantes:

São os objetos cortantes que agem através de um gume d) Perfurocortantes:


mais ou menos afiado, por um mecanismo de deslizamento
sobre os tecidos. Já essa modalidade de lesão, penetra perfurando com a
ponta e cortam com a borda afiada os planos superficiais e
Ex: Navalha, a lâminas de barbear e o bisturi. profundos do corpo da vítima, agindo, consequentemente,
por pressão e por secção.

Ex: faca-peixeira, canivete, espada (um só gume); punhal,


faca “vazada” (dois gumes); lima (três gumes ou triangulares).

PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

c) Contundentes:

Esses instrumentos são os que causam mais danos. Eles


agem por pressão, explosão, deslizamento, percussão, com-
pressão, descompressão, distensão, torção, fricção, por con-
tragolpe ou de forma mista.

Frisa-se, que essa modalidade deriva de vários tipos de


lesões, podendo elas serem mais “simples” como mais “gra-
vosas”. Ex: Desenluvamento por extração de anel, como tam-
bém, a esmagamento crânio facial. Essas lesões tem como
características: bordas irregulares, escoriadas e equimosadas,
fundo irregular, forma estrelada, sinuosa ou retilínea, e etc.

5
Condições básicas para interpretar
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE
TEXTOS Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá-
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e
prática; conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
IDENTIFICAÇÃO DE TIPOS TEXTUAIS: texto) e semântico; capacidade de observação e de síntese;
NARRATIVO, DESCRITIVO E DISSERTATIVO capacidade de raciocínio.

CRITÉRIOS DE TEXTUALIDADE: Interpretar/Compreender


COERÊNCIA E COESÃO Interpretar significa:

Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.


RECURSOS DE CONSTRUÇÃO TEXTUAL:
FONOLÓGICOS, MORFOLÓGICOS, Através do texto, infere-se que...
SINTÁTICOS E SEMÂNTICOS.
É possível deduzir que...

Interpretação textual O autor permite concluir que...

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relaciona- Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
das entre si, formando um todo significativo capaz de produ-
zir interação comunicativa (capacidade de codificar e deco- Compreender significa
dificar).
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em
cada uma delas, há uma informação que se liga com a ante- O texto diz que...
rior e/ou com a posterior, criando condições para a estrutura-
ção do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se É sugerido pelo autor que...
o nome de contexto. O relacionamento entre as frases é tão
grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
e analisada separadamente, poderá ter um significado dife-
rente daquele inicial. O narrador afirma...

Intertexto - comumente, os textos apresentam referências


diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse Erros de interpretação
tipo de recurso denomina-se intertexto.
• Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação de um contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, loca- quer por conhecimento prévio do tema quer pela ima-
lizam-se as ideias secundárias (ou fundamentações), as argu- ginação.
mentações (ou explicações), que levam ao esclarecimento das
questões apresentadas na prova. • Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o
entendimento do tema desenvolvido.
• Identificar os elementos fundamentais de uma argu-
mentação, de um processo, de uma época (neste caso, • Contradição = às vezes o texto apresenta ideias contrá-
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem rias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equi-
o tempo). vocadas e, consequentemente, errar a questão.

• Comparar as relações de semelhança ou de diferenças Observação:


entre as situações do texto.
Muitos pensam que existem a ótica do escritor e a ótica do
• Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova de concurso,
LÍNGUA PORTUGUESA

uma realidade. o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e
nada mais.
• Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que re-
• Parafrasear = reescrever o texto com outras palavras. laciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em
outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um prono-
me relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblí-
quo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o

1
que já foi dito. • Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de
cada questão.
São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles,
está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo • O autor defende ideias e você deve percebê-las.
átono. Este depende da regência do verbo; aquele, do seu
antecedente. Não se pode esquecer também de que os pro- • Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
nomes relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a geralmente mantém com outro uma relação de conti-
necessidade de adequação ao antecedente. nuação, conclusão ou falsa oposição. Identifique mui-
to bem essas relações.
Os pronomes relativos são muito importantes na inter-
pretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. • Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, a
Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe um ideia mais importante.
pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber:
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou “in-
que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, correto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
mas depende das condições da frase. resposta – o que vale não somente para Interpretação
de Texto, mas para todas as demais questões!
qual (neutro) idem ao anterior.
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia principal,
quem (pessoa) leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.

cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o • Olhe com especial atenção os pronomes relativos, pro-
objeto possuído. nomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
mados vocábulos relatores, porque remetem a outros
como (modo) vocábulos do texto.

onde (lugar)
Sites
quando (tempo)
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
quanto (montante) gues/como-interpretar-textos

Exemplo: http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-melho-
rar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
Falou tudo QUANTO queria (correto)
http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-para-
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria -voce-interpretar-melhor-um.html
aparecer o demonstrativo O).
http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
tao-117-portugues.htm
Dicas para melhorar a interpretação de textos

• Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do EXERCÍCIO COMENTADO
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos can-
didatos na disputa, portanto, quanto mais informação
você absorver com a leitura, mais chances terá de resol- 1) (Secretaria de Estado da Administração Pública do Dis-
ver as questões. trito Federal/DF – Técnico em Eletrônica – Médio - IA-
DES/2014)
• Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa
a leitura. Gratuidades

• Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas fo- Crianças com até cinco anos de idade e adultos com mais
rem necessárias. de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF. Para os
menores, é exigida a certidão de nascimento e, para os ido-
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma con- sos, a carteira de identidade. Basta apresentar um documen-
clusão). to de identificação aos funcionários posicionados no blo-
LÍNGUA PORTUGUESA

queio de acesso.
• Volte ao texto quantas vezes precisar.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
autor.
Conforme a mensagem do primeiro período do texto, as-
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor sinale a alternativa correta.
compreensão.
a) Apenas as crianças com até cinco anos de idade e os adul-

2
tos com 65 anos em diante têm acesso livre ao Metrô-DF. – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada por Oscar
Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969 e doada pela
b) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os adultos Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje Secretaria de
com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF. Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. Foi o primeiro
grande palco da cidade.
c) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de idade e
adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Me- Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa-cul-
trô-DF. tura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, com
adaptações.
d) Somente crianças e adultos, respectivamente, com cinco
anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso livre Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem com-
ao Metrô-DF. patível com o texto.

e) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com até cin- a) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Oscar Nie-
co anos de idade e com 65 anos em diante, têm acesso li- meyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, no
vre ao Metrô-DF. Setor de Clubes Esportivos Norte.

Resposta: Letra C - Dentre as alternativas apresentadas, a b) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF em
única que condiz com as informações expostas no texto é “So- 1969.
mente crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adul-
tos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. c) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que hoje é a
Secretaria de Cultura do DF.

2) (SUSAM/AM – Técnico (Direito) – Superior - FGV/2014 - d) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura do DF.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá lo?” a declaração do e) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília.
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à
imprensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um Resposta: Letra A - Recorramos ao texto: “Localizada às mar-
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substân- gens do Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
cia – mas a forma conta”. (...) lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha Acús-
tica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As informações
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013) contidas nas demais alternativas são incoerentes com o texto.

O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como um


trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mesma Tipologia e gênero textual
dois sentidos, que são
A todo o momento nos deparamos com vários textos, se-
a) o barulho e a propagação. jam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença do
discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo que está
b) a propagação e o perigo. sendo transmitido entre os interlocutores. Estes interlocuto-
res são as peças principais em um diálogo ou em um texto
c) o perigo e o poder. escrito.

d) o poder e a energia. É de fundamental importância sabermos classificar os


textos com os quais travamos convivência no nosso dia a dia.
e) a energia e o barulho. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais e gê-
neros textuais.
Resposta: Letra A - Ao comparar a declaração do Papa Fran-
cisco a um trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato
mostrar o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião
afora. Você pode responder à questão por eliminação: a segun- sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar que
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém que aca-
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a alter- bamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas situações
nativa a! corriqueiras que classificamos os nossos textos naquela tra-
dicional tipologia: Narração, Descrição e Dissertação.
LÍNGUA PORTUGUESA

3) (Secretaria de Estado de Administração Pública do Distri- As tipologias textuais se caracterizam pelos aspectos
to Federal/DF – Técnico em Contabilidade – Médio - IA- de ordem linguística
DES/2014 - adaptada)
Os tipos textuais designam uma sequência definida pela
Concha Acústica natureza linguística de sua composição. São observados as-
pectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações logicas.
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de Clu- Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argumentativo/
bes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de Brasília

3
dissertativo, injuntivo e expositivo. Referências bibliográficas
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja,
demarcados no tempo do universo narrado, como Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
também de advérbios, como é o caso de antes, agora, raiva, 2010.
depois, entre outros: Ela entrava em seu carro quando
ele apareceu. Depois de muita conversa, resolveram... Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
B) Textos descritivos – como o próprio nome indica, des- Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
crevem características tanto físicas quanto psicológi-
cas acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os
tempos verbais aparecem demarcados no presente ou Site
no pretérito imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros
como a asa da graúna...” http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-textual.
htm
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
assunto ou uma determinada situação que se almeje
desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela Reescrita de textos/equivalência de estruturas
acontecer, como em: O cadastramento irá se prorrogar
até o dia 02 de dezembro, portanto, não se esqueça de “Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase le-
fazê-lo, sob pena de perder o benefício. va-nos a refletir sobre a organização das ideias em um texto.
Significa dizer que, antes da redação, naturalmente devemos
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma dominar o assunto sobre o qual iremos tratar e, posterior-
modalidade na qual as ações são prescritas de for- mente, planejar o modo como iremos expô-lo, do contrário
ma sequencial, utilizando-se de verbos expressos no haverá dificuldade em transmitir ideias bem acabadas. Por-
imperativo, infinitivo ou futuro do presente: Misture tanto, a leitura, a interpretação de textos e a experiência de
todos os ingrediente e bata no liquidificador até criar vida antecedem o ato de escrever.
uma massa homogênea.
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é neces-
-se pelo predomínio de operadores argumentativos, sário saber ordenar as ideias em frases bem estruturadas.
revelados por uma carga ideológica constituída de Logo, não basta conhecer bem um determinado assunto, te-
argumentos e contra-argumentos que justificam a po- mos que o transmitir de maneira clara aos leitores.
sição assumida acerca de um determinado assunto: A
mulher do mundo contemporâneo luta cada vez mais O estudo da pontuação pode se tornar um valioso aliado
para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o para organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Para
que significa que os gêneros estão em complementação, tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sintaxe”,
não em disputa. conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramática que
estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no
discurso, bem como a relação lógica das frases entre si”; ou
Gêneros textuais em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistura”, isto é, saber
misturar as palavras de maneira a produzirem um sentido
São os textos materializados que encontramos em nosso evidente para os receptores das nossas mensagens. Observe:
cotidiano; tais textos apresentam características sócio-co-
municativas definidas por seu estilo, função, composição, 1) A desemprego globalização no Brasil e no na está Lati-
conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita culinária, na América causando.
e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, piada, de-
bate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc. 2) A globalização está causando desemprego no Brasil e
na América Latina.
A escolha de um determinado gênero discursivo depen-
de, em grande parte, da situação de produção, ou seja, a fina- Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
lidade do texto a ser produzido, quem são os locutores e os frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de
interlocutores, o meio disponível para veicular o texto, etc. “uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a esferas maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de lín-
de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exemplo, são
LÍNGUA PORTUGUESA

gua portuguesa inteirados da situação econômica e cultural


comuns gêneros como notícias, reportagens, editoriais, entre- do mundo atual.
vistas e outros; na esfera de divulgação científica são comuns
gêneros como verbete de dicionário ou de enciclopédia, artigo
ou ensaio científico, seminário, conferência. A ordem dos termos na frase

Leia novamente a frase contida no item 2. Note que ela é


organizada de maneira clara para produzir sentido. Todavia,
há diferentes maneiras de se organizar gramaticalmente tal

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