Período: 2º Noturno Aluno: Gabriel Adolfo Bassul Bonella
Título ou assunto genérico: Representação política da mulher
Título específico: Representatividade Política no Brasil: reflexões Nº da Ficha: sobre a cota de gênero. Referência Bibliográfica: SILVEIRA, C. de S.; SEMEÃO, E. A.; BACO R. M. Representatividade Política no Brasil: reflexões sobre a cota de gênero. Disponível em https://csonline.ufjf.emnuvens.com.br/csonline/article/download/2821/1729. Acesso em: 01 abr. 17. O presente artigo versa sobre os aspectos históricos e concessão dos direitos que visam garantir a inserção das mulheres no cenário político, e aponta hipóteses sobre a disparidade de gênero, como a falta de institucionalização da participação da mulher em organizações formais (partidos e sindicatos) e resquício patriarca histórico, que não se esvaiu por completo, deixando a ainda a mulher limitar-se a esfera privada, e o homem a pública tutelando por seus direitos. Em 1932 foi concedido a mulher o direito a voto, com algumas restrições, como renda, autorização do marido entre outras, que foram revogadas em 1934 com a consolidação do código eleitoral, neste período em 1932 destaca-se Celina Guimarães Viana como primeira eleitora do país. Desde então diversos direitos foram incorporados frutos de militância, isto gerou maior participação da mulher no cenário político, levando a aumentar os números de representativa no legislativo, porém ainda sendo ínfima comparados com os homens. A militância feministas tem como figura de destaque Betha Lutz, em 1919 com a criação da liga intelectual pela mulher, que lutou pelo sufrágio. Este movimento ficou apagado durante o período militar (1937 a 1964) e só nos anos 70 que voltaram com importantes reivindicações sobre a igualdade de direitos, como representativa política das mulheres. O autor aponta que a baixa participação das mulheres ocorre por três situações, os partidos não se esforçam para lançar e manter candidaturas de mulheres; a forma como a política de cotas é implementada no Brasil e o sistema eleitoral vigente (apontando principalmente para a questão do financiamento de campanhas). Os partidos políticos são o principal instrumento para promover a igualdade, porém em razão do patriarcalismo, não o faz, e em 1995 foi instituída a lei de cotas, que estabeleceu 20 % de reserva de candidatos nas listas partidárias, mais adiante, e em 1995 aumento-se para 30%, mas em ambos os casos também foi elevado o número de cadeiras disponíveis no legislativo, salienta-se que neste contexto não havia obrigatoriedade dos partidos em preencher, entretanto à Lei nº 12.034/2009 foi determinado o estabelecimento da concessão mínima de 10% do tempo de propaganda partidária para as mulheres e a destinação de 5% dos recursos do fundo partidário para a criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres. Devido a isso cresceu a participação das mulheres, mas não a representatividade conforme dados apresentados (pág. 364-366), e ainda enquanto maior grau de importância do cargo político menor o número de mulheres, o que também reflete nesses baixos indicadores, outros fatores são a falta de investimento dos partidos e resistências partidárias, além também da ausência do interesses por não achar um lugar atraente, exceto aquelas herdam o mundo político por questões familiares. Historicamente a presença da mulher esteve sempre vinculado a esfera privada (Lar), e o homem a pública, e isto reflete na exclusão da representatividade política mesmo com a concessão de direitos na construção da cidadania. O principio da paridade está previsto na Constituição Federal quando traz que são iguais em direito e obrigações os homens e mulheres, no entanto isto não traz efeitos concretos na esfera política, visto que são enormes as diferenças. Para Bourdieu a dominação simbólica contribui para esse cenário, pois o capital político simbólico é uma espécie de poder que o homem adquire retirado da confiança em que um grupo deposita nele. Desta forma pressupondo que o poder político tenha sido mantido pelas mulheres, é preciso romper o ciclo vicioso de dominação construída socialmente no decorrer dos anos.Outro fator trazido refere-se a cultura que traduz um conjunto de atitudes, crenças e sentimento e dão ordem e significado a um processo político, assim em uma sociedade considerada tradicional em relação ao papel da mulher, normalmente não há estímulos para que elas concorram a cargos públicos. A cota de gênero é uma ação afirmativa (política pública que visa intervir na ordem da sociedade) que não nega a existência de desigualdades, ao contrário, ela nos faz perceber que ainda existe, sim, uma desigualdade muito grande. É possível notarmos, também, que a aplicação da política da cota de gêneros não tem se traduzido na ampliação da presença feminina nos espaços políticos. Apesar do pequeno aumento verificado na inserção das mulheres no campo político, mais precisamente, na ocupação de cargos eletivos, não podemos deixar de notar, que os números têm crescido de forma constante, e isso pode apontar que tal crescimento continuará acontecendo, o que acarretará uma melhor nesses números. E Isso pode ser explicado pela falta de incentivo e motivação com que as mulheres precisam lidar para conseguirem entrar no universo da política institucionalizada; pela falta de uma sanção em caso de não cumprimento das cotas, pois isso faz da lei um direito adquirido, mas não garantido, pois busca-se elevar a participação feminina, mas aumentam a quantidade de cadeiras em disputa, não há fiscalização e penalização aos partidos, contribuindo para manutenção do status quo.