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Logística Integrada

– Suprimentos,
Distribuição e
Supply Chain
SEST – Serviço Social do Transporte
SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

Curso on-line – Logística Integrada – Suprimentos,


Distribuição e Supply Chain – Brasília:
SEST/SENAT, 2016.
44 p. :il. – (EaD)

1. Logística. 2. Mercadoria - distribuição. I. Serviço


Social do Transporte. II. Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte. III. Título.

CDU 658.7

ead.sestsenat.org.br
Sumário

Apresentação 4

Unidade 1 | Logística: Conceitos e Estágios da Cadeia de Suprimento 5

1 Introdução 6

Glossário 11

Atividades 12

Referências 13

Unidade 2 | Logística: Visão Segmentada 14

1 Evolução da Logística – Primeira Fase 15

2 Evolução da Logística – Segunda Fase 17

Glossário 22

Atividades 23

Referências 24

Unidade 3 | Logística: Visão Sistêmica 25

1 Evolução da Logística – Terceira Fase 26

2 Evolução da Logística: Supply Chain Management – Quarta Fase 30

3 A Logística no Brasil 38

Glossário 40

Atividades 41

Referências 42

Gabarito 43

3
Apresentação

Prezado(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) ao curso Logística Integrada – Supriementos, Distribuição e Supply


Chain!

Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de


cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos,
você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e
ajudar na compreensão do conteúd o.

Este curso possui carga horária total de 20 horas e foi organizado em 3 unidades,
conforme a tabela a seguir.

Unidades Carga Horária


Unidade 1 | Logística: Conceitos e Estágios da Cadeia de
5h
Suprimento
Unidade 2 | Logística: Visão Segmentada 6h
Unidade 3 | Logística: Visão Sistêmica 9h

Fique atento! Para concluir o curso, você precisa:

a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas


“Aulas Interativas”;

b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60;

c) responder à “Avaliação de Reação”; e

d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado.

Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de


dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br.

Bons estudos!

4
UNIDADE 1 | LOGÍSTICA:
CONCEITOS E ESTÁGIOS DA
CADEIA DE SUPRIMENTO

5
Unidade 1 | Logística: Conceitos e Estágios da
Cadeia de Suprimento

Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à primeira unidade do curso Logística Integrada –


Suprimentos, Distribuição e Supply Chain! Aqui você estudará os conceitos básicos de
logística e, progressivamente, ao longo das unidade, aprofundaremos mais os nossos
estudos.

Bons estudos!

1 Definição de Logística

Para que você compreenda todos os conceitos que estão relacionados com supply
chain management (gerenciamento da cadeia de suprimento), vamos apresentar,
nesta unidade, a evolução do conceito de logística integrada. Para isso, vamos dividir o
estudo da evolução da logística em cinco fases:

• Na primeira fase, o gerenciamento está voltado para a administração de materiais,


destacando-se a gestão de estoque.

• Na segunda fase, o gerenciamento concentra-se na distribuição dos produtos


com a otimização dos sistemas de transporte.

• Na terceira fase, a grande preocupação é com a implantação da logística integrada,


unindo os diferentes participantes da cadeia de suprimentos (o fornecedor, o
cliente, o transportador etc.).

• Na quarta fase, a perspectiva dominante passa a ser o gerenciamento da cadeia


de suprimento – supply chain management.

• Na quinta fase, que acontece após a empresa estar integrada com todos os
segmentos da cadeia de suprimento, procura-se aprimorar essa integração
incorporando ao processo novas técnicas de gerenciamento dos negócios,
como por exemplo, a resposta eficiente ao consumidor – ECR. Nesta etapa,
predominam amplas alianças e parcerias entre as empresas.

6
A palavra logística nasceu no meio militar e compreendia as atividades relativas ao
transporte e suprimento das tropas nos campos de batalha. Assim, para o deslocamento
de uma tropa de uma região para outra, havia necessidade de que uma equipe
providenciasse, na hora e lugar certos, munições, máquinas, armas, equipamentos,
água e alimentos. Sem esse suporte logístico, as vitórias dificilmente aconteceriam.

Assim como no campo dos militares, as empresas precisam transportar os seus produtos
para os armazéns e para as lojas dos seus clientes. Disponibilizar os produtos no tempo
certo com a qualidade exigida pelo cliente é o grande desafio das empresas. Programar
todas as atividades (transporte, armazenagem, controle de pedidos, entre outras) com
antecedência e administrar a sua execução, faz parte das tarefas da logística.

Nesse sentido, vamos relembrar o conceito de logística!

A logística pode ser definida como:

Todas as atividades de movimentação e armazenagem que


facilitam o fluxo de produtos, desde o ponto de aquisição da
matéria-prima (geralmente de uma fábrica) até o ponto de
consumo final (que pode ser uma loja), assim como dos fluxos de
informação que colocam os produtos em movimento, com o
propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos
clientes a um custo razoável (BALLOU, 1993).

Para falarmos de logística integrada, é importante entendermos o que significa uma


cadeia de suprimento e como o conceito de logística evoluiu ao longo dos tempos.

hh
Você sabia que a empresa de transporte faz parte de uma cadeia
de suprimento?

Ela faz parte porque o transporte é uma das atividades logísticas


da cadeia de suprimento, pois sem o transporte nenhum produto
chegaria ao consumidor final.

Vamos entender agora o que é uma cadeia de suprimento!

7
2 Gerenciamento da Cadeia de Suprimento

A cadeia de suprimento tem como objetivo principal fornecer para o consumidor final
(aquele que compra o produto) produtos em qualidade e quantidade de acordo com
suas necessidades, e a preços compatíveis (preços que ele possa pagar).

Por essa razão, o consumidor final é o participante mais importante da cadeia. A


propósito é ele quem injeta os recursos financeiros que movimentam os produtos e
matérias-primas nas cadeias.

Na figura adiante, cada caixa representa um segmento ou um agente da cadeia, que


depende daquela que a antecede. A indústria depende dos fornecedores de matéria-
prima e os distribuidores dependem dos fabricantes, por exemplo.

Você consegue ver claramente que existe uma corrente do primeiro ao último
segmento? Cada agente está ligado a um segmento que o antecede ou que o precede.
É a chamada cadeia de suprimento.

Você deve ter percebido também que nessa cadeia existem dois fluxos (representados
pelas setas): um que vai dos fornecedores da matéria-prima até o consumidor final
(fluxo material ou fluxo físico), outro que vai do consumidor até o fornecedor de
matéria-prima (fluxo de dinheiro e informação). É chamado de fluxo, porque o produto
(pense num fogão) percorre um caminho e nesse trajeto existem os serviços, como o
transporte, que desloca o fogão de um segmento para o outro.

Já o fluxo de informação e dinheiro origina-se quando o consumidor faz o pedido na


loja. É ele que dispara todos os outros fluxos.

Vamos exemplificar!

Imagine uma situação em que o consumidor chega numa loja em qualquer parte do
Brasil e compra um fogão. Ao realizar a compra, um pedido é encaminhado da loja para
o seu estoque. Naturalmente o vendedor confirmou antes de fechar a venda se existia
o fogão no estoque. Quando o pedido chega ao estoque o fogão é expedido para o
consumidor.

Se voltarmos ao modelo da cadeia de suprimento representado na figura a seguir,


concluiremos que a loja que vendeu o produto faz parte do segmento varejista, que
por sua vez, faz parte da distribuição do produto.

8
Lembre-se de que falamos do fluxo de informação que nasce no consumidor, pois o
pedido gera uma informação que não para no estoque da loja, ela continua a percorrer
toda a cadeia. Assim, o estoque da loja repassa a informação da venda do fogão para o
seu centro de distribuição (CD).

Se forem necessários mais fogões, o CD faz a solicitação à fábrica. Por último, os


fornecedores da matéria-prima necessária para fabricar o fogão são acionados para
entregarem na fábrica o que ela precisa. É de grande importância que todos os
segmentos da cadeia estejam em comunicação constantemente.

Fontes de matéria-prima
Fluxo de São recursos naturais:
produtos e minerais, madeira etc.
serviços

Fornecedores de matéria-prima Subsistema de


São empresas que estocam e Suprimentos
fornecem matérias-primas.

Fabricantes
São indústrias que fabricam produtos Sistema de
que serão fornecidos para os Produção
compradores

Distribuidores
São empresas atacadistas que
fornecem os profutos para os
varejistas.

Subsistema de
Varejistas Distribuição
São diversos pontos de venda que Física
forma o mercado e vendem os
produtos aos consumidores.

Fluxo de Consumidores
dinheiro e São as pessoas que compram os
informação produtos no mercado, pagam pelo
produto, colocam dinheiro na cadeia
de abastecimento.

Figura 1: Modelo geral da cadeia de suprimento (supply chain)

9
Todos esses caminhos percorridos consolidam uma cadeia de

ee suprimento. Se todos trabalharem bem, o consumidor será


atendido dentro de suas expectativas. Se um dos segmentos
falhar, todos os outros segmentos serão prejudicados,
principalmente quem vende o produto ao consumidor final.

Para que possamos consolidar a ideia de cadeia de suprimentos, o esquema a seguir


representa uma cadeia de suprimento de detergentes.

Veja o que ocorre quando o cliente compra o produto.

Centro de O cliente e sua


Loja de um
distribuição do necessidade
supermercado
supermercado (detergente)

Fábrica

Fabricante de Embalagem de
plástico papel

Indústria Fabricante de Indústria de


química papel madeira

Fluxo monetário e de informações;

Fluxo material.

Se compararmos o modelo geral da cadeia com a cadeia de suprimento do detergente,


iremos perceber que o subsistema de suprimento da cadeia de suprimento do
detergente é composto pelos seguintes segmentos: indústria de madeira, indústria
química, fabrica de papel, embalagem e plástico.

10
O subsistema de distribuição compreende: centro de distribuição do supermercado
e suas lojas. Entre os dois subsistemas existe o sistema de produção que é composto
pela fábrica de detergente.

Glossário

Cadeia de suprimento: engloba todos estágios envolvidos direta ou indiretamente no


atendimento de um pedido de um consumidor.

Centro de distribuição (CD): local (armazém) onde se centralizam os estoques e


compras.

Cliente: são os que poderão utilizar, ou não, nosso produto amanhã.

Consumidor: aqueles que utilizam nossos produtos hoje.

Fluxo de produtos: direção na qual são conduzidos os produtos, dinheiro e informação


numa cadeia de suprimento.

Gestão: ato de gerir; gerência; administração.

Matéria-prima: substância com a qual se fabrica algo.

Supply Chain Management: gerenciamento da cadeia de suprimento.

Suprimento: fornecimento; na cadeia de suprimento; o ato de suprir ou fornecer


matérias-primas ou produtos acabados (pronto para consumo) para atender um pedido.

11
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. A palavra logística nasceu no
meio militar e compreendia as atividades relativas ao
transporte e suprimento das tropas nos campos de batalha.

Verdadeiro
( ) Falso
( )

2) Julgue verdadeiro ou falso. A cadeia de suprimento tem


como objetivo principal fornecer para o consumidor final
(aquele que vende o produto) produtos apenas com qualidade
de de acordo com suas necessidades, e a preços compatíveis
(preços que ele possa pagar).

Verdadeiro
( ) Falso
( )

12
Referências

ALVARENGA, A; NOVAES, A. G. Logística Aplicada – Suprimento e Distribuição Física.


São Paulo: Pioneira, 1994.

BALLOU, Roland H. Logística empresarial: transportes, administração de materiasi e


distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.

CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gerenciamento da cadeia de suprimento: estratégia,


planejamento e operação, São Paulo: Prentice Hall, 2003.

CHRISTOPHER, M. O. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos:


estratégias para redução de custos e melhoria de serviços. São Paulo: Pioneira, 1997.

DIAS, M. A. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo, 1985.

GIUNIPERO, L. C. Guide to Purchasing National Association of Purchasing


Management. New Jersey: NAPM, 1986.

HARRISON, Alan. Estratégia e Gerenciamento de Logística. São Paulo: Futura, 2003.

KLEBER F. F.; PAULO, F. F.; PETER W. (Orgs.). Logística e Gerenciamento da Cadeia de


Suprimentos. São Paulo: Atlas, 2003.

LEITE, P. R. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice


Hall, 2009.

NOVAES, A G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2001.

PALADINI, Edson Pacheco. Avaliação Estratégica da Qualidade. São Paulo: Atlas,


2002.

WOOD JR., Thomaz; ZUFFO; Paulo Knörich. Supply Chain Management. Revista de
administração de Empresas. São Paulo, v. 38, n. 3, p. 55-63, 1998.

13
UNIDADE 2 | LOGÍSTICA: VISÃO
SEGMENTADA

14
Unidade 2 | Logística: Visão Segmentada

Bem-vindo(a) à segunda unidade deste curso! A partir deste ponto discutiremos o que é
logística integrada, para isso será importante compreender como ocorreu a evolução do
conceito de logística.

Vamos então ao estudo das fases do desenvolvimento da logística!

1 Evolução do Conceito de Logística – Primeira Fase

Esta fase se iniciou logo após o final da Segunda Guerra Mundial. Na época, as indústrias
se aproveitaram da grande capacidade ociosa existente, pois reduziram a produção
de armas, de veículos militares e de munições, e adequaram as suas instalações e
equipamentos para fabricar bens duráveis e semiduráveis (geladeira, fogão, carro,
sapatos e etc.) a fim de atender ao crescente consumo da população.

Vale lembrar que nesta época não existiam computadores, tampouco a internet,
elementos que facilitam consideravelmente a comunicação entre quem produzem e
quem vende mercadorias. Dessa maneira, as informações e os produtos circulavam
mais lentamente na cadeia.

Para superar o problema da lentidão em movimentar os produtos nas cadeias, as


empresas necessitavam formar grandes estoques. Nessa época, o estoque era a
atividade chave para o bom desempenho da cadeia logística. Não se podia trabalhar com
estoques mínimos porque a chance de faltar o produto para entregar ao consumidor
era alta. Assim, o estoque funcionava como um amortecedor entre os diversos
segmentos. Os estoques de produtos e de matérias-primas estavam localizados nos
vários pontos da cadeia: nos depósitos da fábrica, nos centros de distribuição, nas
lojas de varejo e em até mesmo em trânsito (estoque que estava sendo transportado).
Assim, a quantidade de mercadorias paradas (em estoque) em toda a cadeia era muito
grande. Imagine o custo de manter os grandes estoques.

A figura a seguir ilustra essa situação.

15
Estoque de matérias-primas
nos fornecedores

Estoque de insumos e de
produtos acabados na fábrica

Estoque em
trânsito

Estoque de produtos
acabados no atacado

Estoque de produtos
acabados no varejo

Figura 2: Estoques na cadeia logística

Ainda hoje há empresas no Brasil que se encontram nesta primeira fase de


desenvolvimento da logística. A maior preocupação para elas é o gerenciamento de
seus estoques ou a administração dos materiais. Elas desenvolvem, basicamente,
as funções de estocagem, de compras e de movimentação de materiais (transporte
de produto). Cada uma dessas funções na empresa é de responsabilidade de um
departamento ou setor, que trabalha de forma isolada.

Outra preocupação das empresas era com a redução dos preços dos fretes, que tinham
mais importância que a qualidade do serviço de transporte.

Esta fase se caracteriza por empresas que atuam internamente de maneira


desintegrada. Os diversos departamentos exercem suas funções isoladamente, não
há preocupação com o desempenho da empresa como um todo, mas apenas com o
desempenho individual de cada setor.

O esquema a seguir retrata essa situação. Note que não há comunicação entre as
funções ou setores da empresa.

16
Empresa

F
o
r
n Compras Vendas
C
e l
c Produção i
e e
d Controle de
Distribuição n
o materiais t
r e
e s
s

Figura 3: Funções internas das empresas fragmentadas

2 Evolução do Conceito de Logística – Segunda Fase

Na segunda fase de desenvolvimento da logística, a atuação das empresas já tinha


alguma integração, diferentemente da primeira fase, em que a atuação das empresas
era completamente segmentada, isolada.

Nesta fase, as empresas trocavam informações mais frequentemente. Os produtos


eram fabricados por orientação do departamento de marketing. Nesta época, os
produtos começaram a ser fabricados em diversos modelos e cores. Veja o caso dos
eletrodomésticos (fogão, geladeiras, televisões etc.), logo que eles começaram a serem
produzidos em grandes volumes, não apresentavam diferenças de um fabricante para
o outro e os consumidores tinham poucas opções de escolha nas lojas.

Foi a partir dessa fase que as fábricas começaram a produzir os eletrodomésticos


com mais cores (antes a cor predominante era o branco). Também, outros produtos
começaram a entrar no dia a dia do consumidor, principalmente os produtos
alimentícios, como novas bebidas, café solúvel, sorvetes, entre outros.

17
O impacto dessas mudanças para a logística foi no aumento do volume de estoques
e de serviços (transporte, armazenagem) em toda a cadeia de suprimento, uma vez
que havia maior número de produtos diferentes e de modelos do mesmo produto
espalhados pelos diversos pontos da cadeia.

Nesta nova fase, as empresas preocupavam-se com a administração de materiais


(controle de estoques), mas também com a administração da distribuição dos produtos,
onde o foco principal era a otimização do sistema de transporte.

No ambiente interno das empresas surgiu uma integração entre as funções e


departamentos em torno de três gerências: gerência de materiais, gerência de fabricação
e gerência de distribuição. Já no ambiente externo, as empresas incrementaram a troca
informações entre elas, visando dar maior agilidade à movimentação de produtos ao
longo da cadeia de suprimento.

O esquema a seguir retrata a integração funcional no ambiente interno da empresa,


mostrando os três níveis de gerência: materiais, produção e distribuição.

Empresa

Fluxo de
Informações

Gerência de Gerência de Gerência de


Materiais produção distribuição

Fluxo material

Figura 4: Integração funcional da empresa

Alguns acontecimentos ocorridos nessa fase condicionaram o desenvolvimento da


logística e tiveram forte impacto na atividade de transporte:

• Crise do petróleo: na década de 1970 houve súbitos aumentos no preço


do petróleo. Isso fez com que o preço dos combustíveis aumentasse
consideravelmente, encarecendo as atividades de transporte. As empresas
foram então obrigadas a procurar soluções mais criativas e mais otimizadas para
movimentar as cargas, o que favoreceu o desenvolvimento da logística.

18
• Aumento das aglomerações urbanas: com o aumento das aglomerações
urbanas, provocado pelo aumento da natalidade e pelo êxodo rural, as
dificuldades de deslocamento de veículos multiplicaram-se nas cidades. Houve
então a necessidade de se procurar novas soluções logísticas e de transporte para
coletar e distribuir cargas nos centros urbanos cada vez mais congestionados.

• Aumento dos custos da mão de obra: essa situação ocorreu principalmente nos
países desenvolvidos, o que se refletiu diretamente nos preços dos fretes.

Todas essas situações provocaram elevação dos custos logísticos de transferência de


mercadoria entre os segmentos da cadeia logística. Assim, restava às empresas buscar
alternativas que reduzissem os custos para poderem se manter no mercado.

Dessa forma, as empresas encontraram algumas soluções logísticas para fazer frente a
esses acontecimentos, como as duas a seguir.

• Utilização intensiva da multimodalidade (intermodalidade): Você lembra


deste conceito? É o uso combinado de vários meios de transporte para realizar
a movimentação de produtos de um ponto a outro, com o objetivo de reduzir
custos de transporte.

• Uso mais intensivo da informática: os computadores e os programas


computacionais (os chamados softwares) passaram a serem mais utilizados para
realizar controle de estoques, para o planejamento da produção e para planejar
a distribuição de produtos.

Nesta fase, a busca da integração da cadeia de suprimento era feita, em geral, entre
duas empresas (o fornecedor e a indústria, a indústria e o cliente). Como exemplo,
vamos voltar à cadeia de suprimento de sapatos. Apenas as empresas que tinham
relações próximas, planejavam em conjunto. O curtume programava as entregas em
parceria apenas com a fábrica de sapatos, os outros segmentos não participavam do
planejamento.

O sistema de distribuição saiu fortalecido dessa fase e dedicava-se, particularmente, à


otimização do sistema de transporte.

Vamos discutir com mais detalhe o funcionamento do sistema de distribuição?

19
Lembre que o segmento que desloca produtos acabados desde

ee a manufatura até o consumidor final denomina-se distribuição.


Os responsáveis por essa atividade geralmente operam com os
seguintes elementos: depósitos, veículos de transporte,
estoques, equipamentos de carga e descarga, entre outros.
Assim, as etapas que vão da manufatura até o varejo formam o
canal de distribuição e envolvem os seguintes setores:
fabricantes, atacadistas e varejistas.

Chegamos a um impasse: qual é a diferença entre a distribuição física e o canal de


distribuição?

Na figura a seguir, nós podemos observar que o canal de distribuição é composto por
organizações (fabricante, atacadistas, varejistas) que colocam o produto disponível
para uso do consumidor. Já a distribuição física é composta por estruturas físicas
(armazéns, lojas) e serviços (transporte) que viabilizam a entrega do produto ao
consumidor final.

Distribuição Física Canal de Distribuição

Depósito da Fábrica Fabricante

Transporte

Depósito do atacadista Atacadista

Transporte

Depósito varejista Varejista

Figura 5: Canal de distribuição X distribuição física


Fonte: Novaes, 2001.

20
Agora podemos entender melhor o que é um canal de
distribuição. Simplificando os termos, poderíamos dizer que o
canal de distribuição é o caminho utilizado para fazer o produto
chegar do fabricante até os pontos de venda ou até o consumidor
final.

Na prática há diversas alternativas de canais de distribuição. Para Novaes (2001), as


alternativas mais comuns são:

• O produto vai direto do fabricante para as lojas de varejo.

• O produto vai da fábrica para um centro de distribuição (que pode ser do


fabricante ou do varejista) e daí para as lojas de varejo.

• O produto vai da fábrica para os depósitos dos atacadistas e daí é distribuído


para as lojas de varejo.

• O produto vai da fábrica diretamente para o consumidor final.

No que diz respeito à classificação, os canais de distribuição podem ser dos seguintes
tipos: verticais, híbridos e múltiplos.

• Canais Verticais: tradicionalmente os canais de distribuição eram vistos como


uma escada, onde o produto era transferido de um degrau para o outro até chegar
ao consumidor final. A figura a seguir mostra quais alternativas são possíveis.
Na opção (a), trata-se do canal tradicional, muito utilizado pelo pequeno varejo.
Geralmente o varejista compra os produtos de um atacadista e este diretamente
da fábrica. Na opção (b), a fábrica possui um serviço de vendas que comercializa
diretamente o produto ao consumidor. E na opção (c), a fábrica vende o produto
diretamente para o varejo. Essa opção é utilizada pelos grandes varejistas.

21
A B C

Manufatura Manufatura Manufatura

Atacadista
Setor de vendas
do fabricante Varejista

Varejista

Consumidor Consumidor

Consumidor

Figura 6: Estrutura dos canais de distribuição verticais


Fonte: adaptado de Novaes, 2001.

Glossário

Atacado: comércio em grande escala, realizado entre produtores, grandes empresas


de comércio e varejistas.

Consumo: ato e efeito de consumir; gasto; extração de mercadorias.

Intermodal: combinação de mais de um modal (tipo, modalidade) de transporte no


deslocamento de cargas.

Marketing: a organização e execução das atividades que dirigem e auxiliam a troca de


bens entre produtores e consumidores.

Modal: são tipos ou meios de transporte existentes. São eles: ferroviário; rodoviário;
hidroviário; dutoviário e aeroviário.

Varejo: venda a miúdo; venda a retalho; consiste na venda de produtos e serviços para
o consumidor final.

22
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. Ainda hoje há empresas no
Brasil que se encontram na primeira fase de desenvolvimento
da logística sendo que a maior preocupação para elas é o
gerenciamento de seus estoques ou a administração dos
materiais.

Verdadeiro
( ) Falso
( )

2) Julgue verdadeiro ou falso. Na segunda fase de


desenvolvimento da logística, a atuação das empresas já
tinha alguma integração considerada igual ao final da
primeira fase, em que a atuação das empresas começou a
seguir essa tendência.

Verdadeiro
( ) Falso
( )

23
Referências

ALVARENGA, A; NOVAES, A. G. Logística Aplicada – Suprimento e Distribuição Física.


São Paulo: Pioneira, 1994.

BALLOU, Roland H. Logística empresarial: transportes, administração de materiasi e


distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.

CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gerenciamento da cadeia de suprimento: estratégia,


planejamento e operação, São Paulo: Prentice Hall, 2003.

CHRISTOPHER, M. O. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos:


estratégias para redução de custos e melhoria de serviços. São Paulo: Pioneira, 1997.

DIAS, M. A. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo, 1985.

GIUNIPERO, L. C. Guide to Purchasing National Association of Purchasing


Management. New Jersey: NAPM, 1986.

HARRISON, Alan. Estratégia e Gerenciamento de Logística. São Paulo: Futura, 2003.

KLEBER F. F.; PAULO, F. F.; PETER W. (Orgs.). Logística e Gerenciamento da Cadeia de


Suprimentos. São Paulo: Atlas, 2003.

LEITE, P. R. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice


Hall, 2009.

NOVAES, A G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2001.

PALADINI, Edson Pacheco. Avaliação Estratégica da Qualidade. São Paulo: Atlas,


2002.

WOOD JR., Thomaz; ZUFFO; Paulo Knörich. Supply Chain Management. Revista de
administração de Empresas. São Paulo, v. 38, n. 3, p. 55-63, 1998.

24
UNIDADE 3 | LOGÍSTICA: VISÃO
SISTÊMICA

25
Unidade 3 | Logística: Visão Sistêmica

Caro(a) aluno(a), continuaremos agora o nosso estudo a respeito da evolução da logística,


abordando a terceira fase de desenvolvimento. Bons estudos!

1 Evolução do Conceito de Logística – Terceira Fase

Nesta fase, a perspectiva dominante é a logística integrada, com foco na visão


sistêmica da empresa (considerando todos os departamentos ou setores integrados
para trabalhar com um objetivo comum: melhorar o serviço aos clientes e reduzir os
custos logísticos). A integração dá-se com o apoio da tecnologia da informação.

Este estágio de evolução da logística pressupõe que as empresas estão com as


atividades internas perfeitamente integradas. O planejamento dos processos envolve
tanto o pessoal da administração de matérias, como o da produção e o da distribuição
física, alem dos outros departamentos da empresa.

Agora, pode-se dizer que a empresa já funciona como um só corpo: todas as decisões,
são tomadas em conjunto por todos os setores da empresa.

Vamos a um exemplo: o lançamento de um novo modelo de fogão para atender


ao consumidor será discutido não só pela unidade de produção, como acontecia
anteriormente. Nesta terceira fase, toda a logística é decidida em conjunto, desde a
compra da matéria-prima adequada para a fabricação do produto até a distribuição
final do fogão para as lojas que o revendem ao consumidor (ver figura a seguir).

Com os outros agentes que formam a cadeia de suprimento, a integração se dá de


forma dinâmica (as decisões são tomadas em curto espaço de tempo). Porém, aqui a
integração ainda ocorre somente entre duas empresas.

Assim, a empresa integra seu sistema com os agentes que ela tem uma relação direta
(fornecedores e clientes). Por exemplo, se a empresa que tivermos imaginando, no
esquema a seguir, for um atacadista que vende fogões, pode-se observar na figura
que ele se relaciona diretamente com a fábrica (seu fornecedor) e com as lojas que

26
compram o produto (seus clientes). O fato é que não existe ainda uma integração
entre a fábrica e as lojas que vendem o produto, não constituindo, ainda, uma cadeia
perfeitamente integrada.

A figura a seguir ilustra essa situação.

Informações

F Suprimento Produção Distribuição


o
r
n C
e l
c i
e Transporte e
d n
o t
r e
e s
s Empresa

Figura 7: Integração parcial da cadeia logística

Conforme já foi mencionado aqui, o desenvolvimento da

ee logística nesta fase baseou-se no intercâmbio eletrônico de


informações (a troca eletrônica de dados entre as empresas).

Você lembra o que quer dizer EDI?

ee
Lembre sempre: o foco dessa fase está no intercâmbio eletrônico
de dados (EDI)

27
Esta fase começou no final da década de 1980, mas ainda está sendo implementada
por muitas empresas. Foi o avanço da informática que possibilitou o acesso rápido à
informação. Nesta fase, iniciou-se o uso do código de barras, hoje comum na maioria
das cadeias de suprimento.

gg
Acesse o link a seguir e entenda mais sobre o código de barras e
as etiquetas inteligentes que auxiliam no fluxo de informações
entre os agentes da cadeia de suprimentos. Confira!

http://www.codigodebarrasean.com/

Um exemplo de código de barras:

Pense num exemplo de um supermercado: à medida que o consumidor passa o produto


no check-out (caixa), os leitores de código de barras acumulam as informações nele
contidas no computador da empresa, que repassa a informação ao estoque da loja e ao
fornecedor, de forma que a reposição do produto passa a ser automática, otimizando
o suprimento do produto para a loja e para as gôndolas. É um típico exemplo da
tecnologia da informação (EDI, código de barras, softwares de controle de estoques e
computadores) a serviço da logística.

No transporte, o intercâmbio de dados é muito importante para se agilizar a entrega da


carga, reduzindo o tempo de entrega e aumentando a qualidade do serviço prestado.

Uma tendência marcante notada nesta fase é a busca do estoque zero. Isso significa
dizer que as empresas envolvidas na cadeia logística tentam reduzir ao máximo seus
produtos em estoque, imprimindo maior velocidade à movimentação dos produtos e
utilizando com maior intensidade e com mais eficiência a tecnologia da informação.

28
hh
Com a maior velocidade de trocas de produtos e de informações
entre empresas, clientes e fornecedores, pode-se diminuir a
quantidade de produtos em estoque nos vários pontos da cadeia
logística. Pense nisso!

Nos negócios pela internet, o e-comércio (comércio eletrônico), o transporte eficaz


é a chave para o sucesso da operação. Os negócios podem ser fechados com clientes
localizados em quaisquer regiões do mundo e o produto precisa ser entregue no
tempo certo, no lugar combinado e com a qualidade que o cliente espera. Com o
crescimento do comércio eletrônico pela internet, o transporte exerce um papel ainda
mais significativo no sucesso de cadeias de suprimento.

ee
O transporte nesta fase exerce um papel muito importante. O
produto precisa ser entregue com a mesma agilidade da compra.

O avanço no intercâmbio de dados entre empresas e entre empresas e o consumidor


final, possibilitou que as transações comerciais (compra e venda de produtos)
chegassem a lugares e clientes nunca antes imaginados.

Você pode estar pensando: o que a atividade transporte tem a ver com o comércio
eletrônico?

Ora, nesse tipo de comércio é necessário ter uma estrutura empresarial e um


planejamento logístico similar ao do comércio tradicional. Logo, toda a estrutura
logística para movimentar o produto até o consumidor final, no tempo certo, na
quantidade certa, no lugar certo e com o mínimo custo, será fundamental para o
sucesso da empresa.

29
2 Evolução do Conceito de Logística: Supply Chain
Management – Quarta Fase

Na quarta fase da evolução da logística, a perspectiva dominante é a integração


completa entre todos os agentes que participam de uma cadeia de suprimento (é o
que se chama de supply chain management). A característica principal é a integração
estratégica, entre todos os agentes, incluindo fornecedores, a empresa e os canais de
distribuição.

Nesta fase, ao invés de apenas tratarem suas operações


pontualmente (trabalhando duas a duas para melhorar suas
operações), as empresas passaram a tratar a questão de forma
estratégica. Por exemplo: no lançamento de um novo fogão, a
logística passou a ser usada em toda a cadeia de suprimento
para se buscar um número maior de clientes. Agora as
informações de todas as empresas que fazem parte da cadeia
são compartilhadas e analisadas em conjunto, para criar um
novo produto, no caso um fogão que atenda as expectativas do
consumidor e que tenha um preço compatível.

Para isso são formadas parcerias entre as empresas com o objetivo de reduzir custos e
abrir novos mercados. O esquema a seguir ilustra a cadeia de suprimentos integrada.

Fluxo de produtos

Empresa

Fornecedor Suprimento Produção Distribuição Clientes

Fluxo de informações

Figura 8: Cadeia de suprimentos integrada

30
Note que agora todos os agentes da cadeia comunicam-se

ee diretamente uns com os outros. Todos estão articulados para


atingir um objetivo comum, que é: atender bem o cliente e
reduzir os custos logísticos.

No Brasil são poucas as empresas que estão na quarta fase da evolução da logística.
Destacam-se os setores: automobilístico; confecções e informática. Mas, na verdade, a
grande maioria das empresas brasileiras encontra-se na primeira e segunda fase.

Novaes (2001) apresenta algumas características importantes da evolução da logística


nesta fase. São elas:

• Postergação (atrasar uma operação): algumas empresas de confecção atrasam


uma operação com o objetivo de reduzir as incertezas da cadeia de suprimento.
Um exemplo característico é o atraso deliberado no processo de tingimento
(dar cor à roupa). Primeiro o tecido é produzido numa cor neutra (cinza), a sua
coloração definitiva só é feita, quando já se sabe quais são as cores preferidas
pelo consumidor naquele ano. Esta operação é realizada com o objetivo de evitar
que o produto fique encalhado nas prateleiras pela escolha de cores que não têm
a preferência dos consumidores. Assim, as empresas fabricam uma camiseta, por
exemplo, com uma cor neutra, enviam-na ao local de venda, onde ela será tingida
na cor de preferência do comprador.

• Empresas virtuais (empresas ágeis): vimos na fase anterior que hoje é comum
a compra de produtos através da internet. Algumas empresas para serem mais
rápidas no atendimento de um pedido do consumidor, montam suas fábricas ao
lado de grandes aeroportos. Quando recebem um pedido, elas acionam, através
da internet, as fábricas de componentes, que enviam o lote pedido por via aérea
para a fábrica de equipamentos. O equipamento então é montado e enviado
também por via aérea para os compradores. Tudo isso num período de tempo
bastante reduzido em comparação com as cadeias logísticas mais tradicionais.

• Logística verde: hoje também é muito comum a preocupação com o meio


ambiente, isso porque a poluição ambiental ganhou contornos bastante críticos.
Para evitar danos à natureza exige-se, seguidamente, que as fábricas utilizem
o tratamento dos resíduos que são lançados no meio ambiente. Outra grande
preocupação característica desta fase é com o transporte de matérias-primas
altamente poluentes. Para reduzir o risco de acidentes, os veículos de carga são
preparados adequadamente para transportar produtos perigosos.

31
• Logística reversa: todos os produtos comercializados retornam de alguma forma
para sua origem. Por exemplo, quando você compra um refrigerante em garrafa
plástica, ela pode retornar ao fabricante de duas formas: (i) logo após a venda
(pós-venda), se apresentar algum defeito; (ii) após o consumo (pós-consumo)
através da coleta do lixo, que poderá ser reciclado. Esse caminho de retorno dos
produtos é chamado de logística reversa. Há também o processo de retorno
dos equipamentos às fábricas para correção de defeitos de fabricação. Isso é
bastante comum na indústria automobilística e nas indústrias de componentes
eletrônicos. Um processo de logística reversa deve ser planejado para atender
aos consumidores.

Nesta fase, acrescenta-se – em particular na indústria supermercadista (a cadeia de


supermercados com seus fornecedores e clientes) – uma nova filosofia de atendimento
ao cliente, chamada de reposta eficiente ao consumidor (ECR, inglês para Efficient
Consumer Response). Nós daremos um destaque a esse tema em função do amplo uso
de parcerias ou alianças estratégicas realizadas entre as empresas componentes do
supply chain management.

O ECR (resposta eficiente ao consumidor) constitui-se num conjunto de práticas ou


métodos cuja aplicação visa quebrar barreiras entre parceiros comerciais. O ECR surgiu
nos Estados Unidos, no início da década de 1990. O movimento incluía inicialmente os
fabricantes, os atacadistas e os supermercados, com o objetivo de atender melhor,
mais rápido e com menor custo os desejos do cliente.

Os pilares nos quais o ECR baseia-se são os seguintes:

• Alta competitividade: com o mercado globalizado, as empresas passaram a


competir com um número muito maior de empresas. A permanência no mercado
depende da eficiência da cadeia de suprimento na qual a empresa está inserida.

• Pressão dos consumidores: com a maior variedade de produtos disponíveis no


mercado, os consumidores passaram a ter um leque amplo de opções na compra
de um produto. Com isso, o poder de barganha dos consumidores aumentou e
as empresas passaram a ser pressionadas no sentido de oferecer cada vez mais,
melhores serviços e produtos, a preços compatíveis com o mercado.

• Mudança do relacionamento tradicional: no relacionamento tradicional entre


fornecedores e compradores, existe o ganha-perde, os dois setores brigam nas
negociações principalmente por preços e um sempre ganha (o mais forte) e o
outro perde. No novo relacionamento, durante as negociações o que existe é

32
o ganha-ganha, ou seja, os dois setores procuram fazer um acordo em torna de
formas de atuação que sejam boas para os dois lados. O resultado é a oferta de
produtos e serviços de melhor qualidade para o cliente a preços mais baixos.

gg
Para aprofundar mais seus conhecimentos, leia um artigo sobre
parcerias entre fornecedores e clientes na cadeia de suprimentos
e compreenda porque essa aliança é importante. Acesse o link a
seguir e confira!

http://www.logisticadescomplicada.com/gestao-da-cadeia-de-
suprimentos-%E2%80%93-conceitos-tendencias-e-ideias-para-
melhoria/

Ao criar o ECR, os pioneiros dessa prática deram ênfase a dois princípios básicos:

• Enfoque no consumidor: a idéia é que o sucesso sustentável (durável) dos


negócios somente é possível, quando se oferecem aos consumidores produtos
e serviços que atendam ou superem de forma consistente suas exigências e
expectativas.

• Parcerias: os melhores produtos e serviços ao consumidor são oferecidos quando


as empresas trabalham em conjunto como parceiras comerciais.

Veja que, para chegar nos resultados de qualidade e atendimento ao cliente, o ECR
teve definir quatro estratégias de serviços. São elas:

• Sortimento eficiente: visa otimizar o espaço da loja com estoques de produtos


vendáveis nas gôndolas.

• Re-suprimento contínuo: visa repor os itens continuamente nas prateleiras e


gôndolas para minimizar o tempo e os custos envolvidos no sistema de reposição.

• Promoção eficiente: visa maximizar a eficiência de todo o sistema de promoção


para o varejo e o consumidor.

• Introdução eficiente de produto: visa maximizar a eficiência do desenvolvimento


e a introdução de novos produtos.

33
No Brasil, o ECR surgiu em 1997 após percorrer os EUA, Europa e Argentina. Assim
como em outros países, em território nacional é o setor supermercadista quem mais
utiliza os princípios do ECR.

gg
Você sabia que existe uma associação de ECR, composta por
indústrias, atacadistas e varejistas, que tem o objetivo de
fortalecer o movimento no país? Acesse o portal da ECR Brasil
para conhecer o movimento em maiores detalhes.

www.ecrbrasil.com.br

No ECR, quanto mais estreito for o relacionamento entre fornecedor e comprador,


maiores serão as chances que as boas práticas de cada parte sejam aplicadas para
benefício de todos.

Infelizmente, ainda são poucas as empresas que trabalham em parcerias com seus
fornecedores. Na prática, o mais comum, ainda, é o comprador ter muitos fornecedores
para cada item. O argumento da área de compra para isso é que uma única fonte de
fornecimento não é confiável (pode falhar). Outro ponto de justificativa é de que existe
também a possibilidade de especular com os fornecedores e, assim, reduzir o custo da
compra (menor preço).

Entretanto, tais relacionamentos tendem a ser do tipo adversário (ganha-perde). Os


grandes problemas são as conseqüências nefastas que esse tipo de relação pode
ocasionar. Nesse sentido, a qualidade é uma das primeiras a ser comprometida quando
o relacionamento é baseado somente em negociações que priorizam o preço. Outro
item prejudicado é a qualidade do serviço do fornecedor, pois este não dá a devida
prioridade ao pedido do cliente (falha no horário de entrega, nas quantidades, na
freqüência) quando o preço do produto é muito reduzido.

Por outro lado, o desenvolvimento de um relacionamento de longo prazo com um


número limitado de fornecedores com base na confiança entre as partes, podem trazer
os seguintes benefícios:

• Prazo de entrega mais curto: como o planejamento da entrega dos produtos é


feito com participação das duas partes, haverá maior eficiência através de uma
entrega programada.

34
• Promessas de entrega confiáveis: fornecedor e comprador serão mais fiéis,
porque o acordo é para o médio e longo prazos.

• Níveis de estoque mais baixos: não há necessidade por parte do comprador


de manter altos níveis de estoques para superar o problema de uma falha de
entrega.

• Maior agilidade de alteração no pedido programado: se houver necessidade


de ajustar o pedido, essa alteração será rápida porque as duas partes trabalham
integradas.

• Menos problemas de qualidade: o padrão do produto que será entregue é


acertado previamente.

• Preços competitivos e estáveis: o preço praticado é ajustado previamente de


forma que cubra os custos tanto do fornecedor como do comprador e proporcione
boas margens de lucros a ambos.

• Maior prioridade dada aos pedidos: como o fornecedor tem garantia da


compra do seu produto no longo prazo, ele prioriza a entrega para esse tipo de
fornecedor.

A filosofia da parceria é considerar o fornecedor uma extensão da empresa do


comprador. Por isso os ganhos estimados por implantar uma relação colaborativa
na cadeia são naturalmente bem mais importantes que na abordagem tradicional da
logística.

A tabela a seguir traz um resumo das principais diferenças entre a relação convencional
e a compra em parceria.

hh
Nesta fase, o comprador considera seus fornecedores como
uma extensão de sua empresa.

35
Tabela 1: Comparações entre a compra convencional e a relação de parceria

Características da
Compra Convencional Compra em Parceria
Compra
Relacionamento
Adversários Parceiros
fornecedor/comprador
Duração dos contratos Curta Longa
Quantidade do pedido Grande Pequena
Carga total com um Entregas ajustadas às
Estratégia de transporte
único item necessidades
Inspeciona e Sem inspeção de
Garantia da qualidade
reinspeciona recebimento
Meios de comunicação
Pedido de compra Em tempo real
com o fornecedor
Frequência das
Esporádica Contínua
comunicações
Impacto no estoque Grandes estoques Pequenos estoques
Número de Muitos; quanto mais
Poucos ou um único
fornecedores melhor
Programação da Semanalmente ou
Mensalmente
entrega diariamente
Localização dos Tão concentrado quanto
Muito dispersos
fornecedores possível
Armazém Grande Pequeno, ágil

Fonte: Adaptada de Giunipero, 1986.

Assim, o desafio para o trabalho em parceria é fazer acontecer. Apesar das vantagens
que existem em se trabalhar numa cadeia de suprimentos integrada, as barreiras
culturais ainda são grandes, afinal nós fomos educados e temos o hábito de trabalhar na
forma tradicional. A maioria das empresas ainda oferece resistência para compartilhar
informações estratégicas (aquelas que definem os rumos da empresa). Mas o atual
nível de competição obriga que as empresas sejam capazes de proporcionar, cada vez
mais, serviços de elevada qualidade para o cliente.

36
As mudanças que ocorreram ao longo das décadas na evolução logística sinalizam um
mercado cada vez mais competitivo, com empresas ágeis e integradas na sua cadeia de
suprimentos.

A tabela a seguir mostra um resumo da evolução histórica do conceito de logística.


Tabela 2: Evolução do conceito de logística

Primeira Fase Segunda Fase Terceira Fase Quarta Fase

Supply chain
management
Administração
de materiais +
Perspectiva Administração Logística
dominante de materiais + integrada resposta
eficiente ao
distribuição
consumidor
(ECR)

> Visão
> Gestão de
> Visão sistêmica sistêmica
estoque
da empresa da empresa,
> Otimização
incluindo
Focos > Gestão de do sistema de
> Integração o uso de
compras e transporte
por sistemas de parcerias
movimentação
informações e alianças
de materiais
estratégicas

Fonte: Adaptado de Wood Jr. E Zuffo, 1998.

No Brasil, a maioria das grandes empresas está ainda na primeira ou na segunda fase.
Por outro lado, as redes de supermercados e as montadoras de veículos com seus
fornecedores de componentes e peças, já se encontram em fases mais avançadas do
desenvolvimento da logística no Brasil. Por exemplo, hoje é possível realizar a compra
de um veículo pela internet, escolhendo todos os acessórios e configuração do carro.
No caso das grandes redes de supermercados, o ECR já é uma realidade e os sistemas
de informação já estão integrados com os fornecedores pela troca eletrônica de dados,
que agiliza a entrega do produto na quantidade e freqüência exigidas pelo comprador.

37
3 A Logística no Brasil

A logística no Brasil vem se constituindo em um grande negócio. Uma pesquisa realizada


pelo CEL – Centro de Estudos em Logística da Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ) –, em 2003, indica que em seu conjunto as 500 maiores empresas industriais
brasileiras gastam cerca de R$ 39 bilhões por ano com suas operações logísticas. No
país todo, estima-se que os gastos com logística atinjam o montante de R$ 160 bilhões
por ano. Calcula-se, ainda, que cerca de 30 a 75% desses custos são com transporte,
que é a atividade de maior importância nos custos logísticos.

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Leia o interessante artigo “Quanto custa a logística no Brasil”
disponível no link a seguir. Vale a pena conferir!

www.cvlog.net/Arquivos/Custos_CustoBrasil.htm

Nesse sentido, é conveniente ressaltar que a partir da década de 1990 com o


aparecimento da globalização, as empresas brasileiras tiveram que buscar novas
formas de atuação em logística. A abertura das fronteiras trouxe para nosso país um
grande número de empresas estrangeiras do setor, tornando mais competitivo e o
consumidor mais exigente por serviços de qualidade e com poder de barganha na hora
da compra. Pode-se dizer que o grande avanço da logística no Brasil deu-se devido à
utilização mais ampla de modernas tecnologias de comunicação. Com isso foi possível
dar mais agilidade aos serviços e a trabalhar com estoques reduzidos.

Há, porém, obstáculos aos avanços no desenvolvimento da logística nas empresas


brasileiras. Na sua grande maioria, as empresas são concentradas em atividades
específicas (produção, armazenagem, transporte, vendas etc.). Não há, em grande
parte dos casos, entre as empresas dos vários setores que permita integrar a logística
de cada uma delas.

Atualmente, um bom número de empresas já criou um departamento de logística na


sua estrutura organizacional, porém ele também atua de forma isolada, concentrando
seu trabalho nas atividades de transporte e estoque.

38
Desse modo, é muito comum que gerentes de organizações comprem softwares
(programas de informática) de roteirização e achar que o problema logístico da
empresa está resolvido.

Há que se destacar também uma das mudanças mais importantes ocorridas nos
últimos anos: o crescimento da terceirização de serviços, com as empresas passando a
se preocupar apenas com sua atividade fim (atividade central), repassando os demais
serviços para empresas especializadas (os operadores logísticos). Isso permitiu um
aumento da qualidade dos serviços prestados aos consumidores. Nesse contexto,
surgiram várias empresas prestadoras de serviços logísticos nos últimos anos.

Parabéns, caro(a) aluno(a), você chegou ao final deste curso! Em caso de


dúvidas, reveja os conceitos e os exercícios das unidades sempre que
precisar. Continue seus estudos e até o próximo curso!

39
Glossário

Barganha: troca; transação; ato de negociar com o objetivo de obter vantagens.

Código de barra: codificação do produto; permite que produtos, embalagens e


embarques sejam identificados através das leitoras óticas.

Comércio eletrônico: transações comerciais são realizadas através de meios


eletrônicos (fax, internet, televisão interativa ou telefonia).

EDI: intercâmbio eletrônico de dados.

Logística reversa: caminho inverso feito para entrega, voltando para a origem. Para
embalagem: caminho que a embalagem toma após a entrega, no sentido da reciclagem
das mesmas.

Mercado globalizado: a competição deixa de ser só entre empresas nacionais e, cada


vez mais ocorre a participação das empresas de outros países no mercado mundial,
ofertando serviços e produtos.

Operador logístico: empresas que prestam serviços logísticos às organizações, tais


como armazenagem, transporte, controle de estoques, distribuição de produtos,
embalagem, etiquetagem etc.

Pós-venda: aquilo que ocorre depois da venda. Serviços de manutenção, devoluções


de produtos etc.

40
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. Na quarta fase da evolução da
logística, a característica principal é a integração estratégica,
entre todos os agentes, incluindo fornecedores, a empresa e
os canais de distribuição.

Verdadeiro
( ) Falso
( )

2) Julgue verdadeiro ou falso. A partir da década de 1990 com


o aparecimento da globalização, as empresas brasileiras não
precisaram buscar novas formas de atuação em logística pois
já estavam adaptadas ao processo.

Verdadeiro
( ) Falso
( )

41
Referências

ALVARENGA, A; NOVAES, A. G. Logística Aplicada – Suprimento e Distribuição Física.


São Paulo: Pioneira, 1994.

BALLOU, Roland H. Logística empresarial: transportes, administração de materiasi e


distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.

CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gerenciamento da cadeia de suprimento: estratégia,


planejamento e operação, São Paulo: Prentice Hall, 2003.

CHRISTOPHER, M. O. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos:


estratégias para redução de custos e melhoria de serviços. São Paulo: Pioneira, 1997.

DIAS, M. A. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo, 1985.

GIUNIPERO, L. C. Guide to Purchasing National Association of Purchasing


Management. New Jersey: NAPM, 1986.

HARRISON, Alan. Estratégia e Gerenciamento de Logística. São Paulo: Futura, 2003.

KLEBER F. F.; PAULO, F. F.; PETER W. (Orgs.). Logística e Gerenciamento da Cadeia de


Suprimentos. São Paulo: Atlas, 2003.

LEITE, P. R. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice


Hall, 2009.

NOVAES, A G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2001.

PALADINI, Edson Pacheco. Avaliação Estratégica da Qualidade. São Paulo: Atlas,


2002.

WOOD JR., Thomaz; ZUFFO; Paulo Knörich. Supply Chain Management. Revista de
administração de Empresas. São Paulo, v. 38, n. 3, p. 55-63, 1998.

42
Gabarito

Questao 1 Questão 2
Unidade 1 V F
Unidade 2 V F
Unidade 3 V F

43

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