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Mo695 Módulo VI: Planejamento e gestão escolar / Carme-
nisia Jacobina Aires – Brasília : Universidade de Brasília, 2009.
66 p.
1. Educação a distância. 2. Planejamento e Gestão Escolar. 3.
Organização do Processo Educativo. 4. Gestão da educação. I.
Aires, Carmenisia Jacobina. II. Universidade de Brasília.
CDD 370
ISBN: 978-85-230-1322-6
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Sumário
Conhecendo a autora_________________ 6
Apresentação_ ______________________ 8
Seção 1
Seção 2
4
Seção 3
Bibliografia________________________ 65
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Conhecendo a autora
Quem sou?
Inicio este módulo com tal questiona-
mento, valendo-me do exercício que desen-
volvo com meus alunos em nosso primeiro
dia de aula, ocasião em que procuramos res-
ponder às seguintes perguntas: Quem sou?
Por que estou aqui? Como será nosso percurso?
Realizo tal atividade por acreditar que conhe-
cer o outro e apresentar-se, quer seja presen-
cial quer a distância, é o passo inicial do re-
lacionamento humano. Conforme a proposta
pedagógica de Paulo Freire, é essencial para uma relação dialógica
na perspectiva do conhecimento, do sentimento de aceitação do
outro, da interação, da intersubjetividade. Por outra parte, é uma
“aproximação” saudável e de respeito ao outro, no que se refere à
constituição das relações humanas.
Então, sou Carmenisia Jacobina Aires, nasci na pequena cida-
de de Dianópolis, situada ao centro do Estado de Goiás. No entanto,
com o novo desenho geográfico do país, arquitetado física e poli-
ticamente, minha cidadezinha (atualmente com aproximadamen-
te 20 mil habitantes) passou a fazer parte do Estado do Tocantins.
Assim, sofri uma tríplice mudança no que diz respeito à origem e
registros formais. Tal como vocês estudantes deste Curso, se não
todos, mas provavelmente a grande maioria, também pertenço à
Região Norte, de grandiosidade geográfica e desafiadora. Sou do
Estado do Tocantins, com suas características interioranas, do mu-
nicípio de Dianópolis, encravado na serra geral, ao sul do estado.
Lá em Dianópolis, cursei o ginásio em um colégio dirigido por uma
congregação religiosa de origem espanhola. Depois, fui para Goiâ-
nia, onde fiz o curso Normal ou Magistério para séries iniciais. Em
seguida, me mudei para Brasília, onde resido até hoje e onde cons-
titui a minha vida tanto pessoal quanto profissional – casamento,
filhos, trabalho, continuidade de estudos. Trabalhei na Secretaria de
Educação do Distrito Federal, ocasião em que cursei, na Universi-
dade de Brasília (UnB), Graduação em Magistério e Tecnologia Edu-
cacional e Mestrado em Políticas, Planejamento e Administração.
O Doutorado em Filosofia e Ciências da Educação foi realizado na
Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), na Espanha,
onde também cursei a Especialização em Educação a Distância.
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Por que estou aqui?
Trajetória profissional construída ao longo do tempo em
que a Educação era a marca. Da formação inicial até aqui, um per-
curso de aprendizagens e conquistas. Fui aprendendo, motivada
pelos mestres e pela vida, lançando mão da formação regular, de
minhas experiências, ancorada na base docente, na gestão educa-
cional, nas tecnologias e na educação a distância.
De família tradicionalmente dedicada à educação, uma es-
pécie de vocação hereditária:
Mãe – por quem fui alfabetizada...
Tia-avó – alfabetizou muitos... criou o primeiro Jardim de In-
fância naquele sertão...
Irmãs – (duas) cada uma, a seu modo, exerce a função de pro-
fessora...
Filha – segue a tradição familiar... Também professora...
Amo minha profissão, minhas escolhas... Sinto-me cada vez
mais desafiada em aprender e a acreditar no fazer coletivo e colabo-
rativo...
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Apresentação
Como será nosso percurso?
Este Módulo não pretende apresentar afirmações prontas e
acabadas sobre PLANEJAMENTO E GESTÃO ESCOLAR. É um docu-
mento de trabalho que você deve usar para analisar, refletir, ques-
tionar e, a partir de sua experiência, construir novas aprendizagens.
Deve ser lido, meditado, discutido, desafiado e, principalmente,
completado por você, aluno (a) do Curso de Pedagogia, Educação
e Ciências Sociais. Você poderá fazê-lo individualmente ou com-
partilhado com colegas do curso, com colegas da escola e também
com aqueles que não são da escola e/ou da “área da educação”, mas
que, por certo, como cidadãos do mundo, que têm os saberes da
vida, poderão contribuir com subsídios, nos respectivos espaços de
discussão. Certamente, esse processo de discussão da temática e as
trocas com outros sujeitos possibilitarão uma construção coletiva
do conhecimento de modo situado, contextualizado e qualificado.
O fascículo, Planejamento e Gestão Escolar, compõe o Mó-
dulo VI desse curso, que tem como eixo integrador a Organização
do Processo Educativo.
Pretendo manter com você um diálogo sobre a temática,
mediado, em um primeiro momento, por este material, tendo em
vista os objetivos propostos a seguir.
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de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei N° 9.394/1996), Plano
Nacional de Educação (PNE), destacando-se, particularmente, nes-
te subtema, o princípio da gestão democrática. O último destaca a
escola, sua função e suas especificidades, com a finalidade de con-
textualizá-la no cenário das mudanças mundiais.
Na segunda seção, também com três subtemas, será realizado,
em primeiro lugar, o exame das escolas da administração em geral,
a fim de analisar as implicações decorrentes da transposição des-
sas abordagens para a gestão escolar. Em seguida, serão enfocados
os desafios da implantação da gestão democrática no sistema de
ensino público – principalmente na escola – para posteriormente,
refletirmos sobre as transformações na sociedade contemporânea,
considerando-se, principalmente, a introdução das tecnologias na
escola e seus reflexos na gestão.
Na terceira seção, será enfocada, de início, a importância do
planejamento em geral, enfatizando-se, em seguida, a constru-
ção coletiva do Projeto Político-Pedagógico - PPP da escola como
um instrumento da gestão democrática. Destacar-se-á que essa
construção exige a participação dos profissionais da educação e
de outros segmentos da comunidade nas etapas de planejamen-
to, execução e avaliação, assim como a contextualização do PPP às
necessidades e à realidade local, sem perder de vista a dimensão
educativa em âmbito nacional.
NOTA: Este material foi revisado com base nas novas regras
de ortografia propostas pelo Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16/12/1990, por Portugal,
Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique e Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado
pelo Decreto Legislativo n.° 54/1995 e, com base nos Decretos
n.° 6.583/2008, n.° 6.584/2008, n.° 6.585/2008 e n.° 6.586/2008,
passou a vigorar a partir de 1.°/1/2009. A ortografia anterior
continuará válida até o dia 31/12/2012.
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O estado brasileiro, a legislação
educacional e a escola
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TEMA 1 – A Reforma do Estado e o mode-
lo de gestão educacional
Situando o período histórico bem recente, sabemos que o
Brasil passou por um regime político ditatorial, de meados dos anos
1960 até meados de 1980, época em que o Estado já vivia um pro-
cesso de transição política. Instalado o novo governo, se fazia im-
perativo outro reordenamento jurídico em virtude da nova ordem
que se instalava. Assim, promulgada a Constituição Federal de 1988,
o governo dá prosseguimento a um conjunto de políticas, tendo
como norte a ideia de “ajuste” do Estado brasileiro às mudanças em
âmbito internacional, ou seja, a realização de uma reforma adminis-
trativa. Ao mesmo tempo, inicia-se a elaboração do novo aparato
legal para cumprir diretrizes constitucionais. Por outro lado, a so-
ciedade mobilizava-se, pressionando por mudanças no âmbito da
economia, das instituições sociais, culturais e políticas, bem como
na natureza das relações entre esses diferentes âmbitos.
Essas considerações iniciais permitem que nos situemos
quanto às transformações relativas ao planejamento e à gestão
educacional, de modo especial esta última, no contexto das refor-
mas dos anos 1990, em que a modernização do Estado brasileiro
era objetivo básico. Esse objetivo passou a concretizar-se median-
te a Reforma do Estado, iniciada em 1995, justificada pelos seus
mentores não só como uma necessidade para superar as crises de
ordem econômica, mas também, pela reivindicação da democrati-
zação do país.
Os defensores da Reforma apresentavam diversos argumen-
tos, a começar pela ideia da modernização do Estado – de procedi-
mentos destinados a reduzir custos, ajustar estruturas, ou seja, de-
fendiam a reestruturação e a adequação do desempenho dos servi-
ços públicos, dirigidas ao fortalecimento do aparato burocrático do
Estado. É possível assegurar que, em grande medida, a Reforma foi
induzida por fatores externos, ou seja, foi determinada por mudan-
ças no cenário político-econômico internacional. Mais ainda, esteve
orientada para a regulamentação do campo social de acordo com
a ordem econômica globalizada. Enfim, havia um consenso de que
o Estado se encontrava despreparado para as novas pressões dessa
realidade globalizada e, por isso, tinha de ser repensado.
O contexto internacional, cujas forças econômicas e políticas
condicionavam a formulação de políticas públicas e a gestão das
instituições sociais, incluindo-se a escola, vai produzindo um novo
cenário, cuja maior expressão é a globalização, associada à revolu-
ção tecnológica, conformando-se um novo paradigma social.
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As Ciências sociais na época da globalização
Ruptura histórica
A globalização do mundo pode ser vista como um proces-
so histórico-social de vastas proporções, abalando mais ou menos
drasticamente os quadros sociais e mentais de referência de indi-
víduos e coletividades. Rompe e recria o mapa do mundo, inaugu-
rando outros processos, outras estruturas e outras formas de socia-
bilidade, que se articulam ou impõem aos povos, tribos, nações e
nacionalidades. Muito do que parecia estabelecido em termos de
conceitos, categorias ou interpretações, relativos aos mais diversos
aspectos da realidade social, parece perder significado, tornar-se
anacrônico ou adquire outros sentidos. Os territórios e as fronteiras,
os regimes políticos e os estilos de vida, as culturas e as civilizações
parecem mesclar-se, tensionar-se e dinamizar-se em outras moda-
lidades, direções ou possibilidades. As coisas, as gentes e as ideias
movem-se em múltiplas direções, desenraizam-se, tornam-se vo-
lantes ou simplesmente desterritorializam-se. Alteram-se as sensa-
ções e as noções de próximo e distante, lento e rápido, instantâneo
e ubíquo, passado e presente, atual e remoto, visível e invisível, sin-
gular e universal. Está em curso a gênese de uma nova totalidade
histórico-social, abalroando a geografia, a ecologia e a demografia,
assim como a economia, a política e a cultura.
IANNI, Octavio. Revista TB, Rio de Janeiro, out./dez., 1999.
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Trazendo essa discussão para o setor educativo:
– Você concorda que esse movimento global se reflete no co-
tidiano das instituições educativas? Por quê?
– Você tem percebido, nos estudantes, a formação de novos
hábitos, novas maneiras de se relacionar e de aprender?
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lação educacional no sentido da desregulamentação dos métodos
de gestão e das instituições educacionais, garantido ao governo
central maior controle e poder de intervenção sobre os níveis de
ensino (via sistemas nacionais de avaliação e fixação de parâmetros
curriculares nacionais, por exemplo), mas sem que ele mesmo par-
ticipe diretamente da execução de tais serviços. Em linhas gerais,
a interferência do Banco Mundial na educação tem como objetivo
promover os ajustes de interesse do grande capital internacional
(sobretudo o financeiro) com relação ao Estado brasileiro. Busca
adequar o conjunto das políticas educacionais em um plano mais
amplo, que é o da atuação do Estado, como um todo, frente aos
desígnios do processo de acumulação mundial de capital. A tal pro-
cesso chamou-se de Reforma do Estado.
Fonte: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glos-
sário.
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A recuperação desse passado recente tem sua razão de ser.
De um lado, essa breve retrospectiva dos fatos históricos ajudará na
compreensão dos efeitos provocados na sociedade como um todo
e no setor educacional, em particular. De outro, propiciará também
o entendimento dos instrumentos legais originados à época, de
modo particular aqueles referentes à educação.
O regime militar começa a enfrentar esgotamento em mea-
dos dos anos 1970, pois eram visíveis os riscos de sua manutenção,
tendo em vista a falência do modelo econômico e da crise econô-
mica internacional. Desse modo, inicia-se a transição democrática,
movimento assim designado por caracterizar-se pela passagem do
regime militar, normalmente denominado de burocrático-autoritá-
rio, para outro mais representativo. Melhor dizendo, segundo com-
preensão existente do período, um regime democrático moderno.
Quem não ouviu O conceito de transição, no sentido mais geral, pode ser explicado
falar da campanha Di- como mudança radical de uma estrutura político-social para ou-
retas já? Modo de se re- tra, e, em nosso caso, foi normalmente interpretada como um sinal
ferir às eleições diretas marcante do processo de modernização.
para governantes, dos
primeiros e significati- Assim, é possível recordar fatos importantes, ocorridos no pe-
vos movimentos grevis- ríodo, que contribuíram, do mesmo modo, para a mudança de re-
tas – destacadamente a gime. As lutas pelas liberdades democráticas evidenciaram-se por
greve do ABC paulista – meio de diversas ações.
para o restabelecimento A foto ilustra momento significativo do movimento pelas
do voto direto para os eleições diretas:
governos dos estados.
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te ao invés de uma construção de instituições fortes e necessárias
ao processo democrático.
O novo governo assumiu, mediante acordos políticos, e foi
denominado Nova República. Segundo seus mentores, procurava
resgatar as aspirações populares dos anos 1970, as bandeiras da
democracia, ao mesmo tempo em que surgia como expressão de
mudanças, baseadas na retórica da justiça social, cujo discurso se
estendia a todos os setores da sociedade. Tais movimentos, encabe-
çados por setores progressistas da sociedade brasileira, formavam
parte da reação à ordem vigente, de modo especial ao caráter auto-
ritário e centralizador que caracterizou o funcionamento do Estado
durante o Regime Militar (1964-1985). Naquele período, entre ou-
tros aspectos, as atividades administrativas do Estado caracteriza-
vam-se pela separação entre o planejamento e a execução, ou seja,
uma burocracia hierarquizada, seguindo os preceitos da racionali-
dade técnica.
O que você acha de fazer uma pausa para REFLETIR sobre os
processos históricos comentados até aqui?
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por estudiosos da educação brasileira1, entre os quais destacamos
Carlos Roberto Jamil Cury. Em sua obra [o que você precisa saber
sobre...] Legislação educacional brasileira, chama-nos atenção
para a importância de refletir sobre a lei, sua existência, consequ-
ências e limites.
Continuando a REFLEXÃO...
“A legislação, então, é uma forma de apropriar-se da realida-
de política por meio das regras declaradas, tornadas públicas, que
regem a convivência social de modo a suscitar o sentimento e a
ação da cidadania. Não se apropriar das leis é, de certo modo, uma
renuncia à autonomia e a um dos atos constitutivos da cidadania,
enfim, conhecer a legislação é, então, um ato de cidadania” (p.16).
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“Declaro promulgada. O documento da liberdade, da dig-
nidade, da democracia, da justiça social do Brasil. Que Deus
nos ajude para que isso se cumpra!”. Com esta frase, proferi-
da às 15h50 do dia 5 de outubro de 1988, o Deputado Ulysses
Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituinte,
promulgou a Constituição da República Federativa do Brasil,
concluindo um trabalho de vinte meses, iniciado em fevereiro
de 1987, que demandou, segundo cálculos do próprio Ulysses,
9 mil horas de discussão em 320 sessões plenárias. Ao todo,
foram analisadas 61.020 emendas apresentadas ao texto. Um
exaustivo e fundamental trabalho, que tinha como objetivo re-
colocar o Brasil no caminho democrático.
Fonte: http://www.senado.gov.br/agencia.
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III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coe-
xistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos ofi-
ciais;
V – valorização dos profissionais de ensino, garantindo, na
forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso
salarial profissional e ingresso, exclusivamente, por concurso públi-
co de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas
as instituições mantidas pela União;
VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII – garantia do padrão de qualidade.
ATIVIDADE
O direito à participação é inerente a esses princípios constitu-
cionais, assim como constitui um dos pilares do processo democrá-
tico. Nesse sentido, com base na análise desses princípios, verifique
como eles se concretizam em sua escola, considerando o pressu-
posto da gestão democrática.
1. Registre em uma folha, por ordem de prioridade, o princí-
pio que, segundo sua perspectiva, mais avançou no tocante a sua
implantação, nos últimos doze meses.
2. Enumere as ações realizadas que permitiram assegurar este
princípio.
3. Destaque os elementos facilitadores e dificultadores.
4. Apresente proposta concreta para assegurar a viabilidade
do princípio que menos avançou.
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2 – A Lei n.º 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) – e o princípio da gestão democrática
As aspirações para manter a hegemonia tanto por parte do
setor público como do privado constituíram motivos de luta no
contexto de elaboração da Constituição Federal e da nova LDB. En-
tre esses motivos, está o princípio da gestão democrática. Por um
lado, o fórum em defesa da escola pública, entidade constituída por
segmentos da sociedade civil organizada, defendia a inserção des-
se direito, e os defensores do setor privado reagiam a essa inclusão.
Ao final, prevaleceram o desejo e as pressões desse setor, constan-
do a gestão democrática como princípio do ensino público na for-
ma da lei e da posterior legislação dos sistemas de ensino, ou seja,
LDB n.° 9.394/1996:
excluindo-se o setor privado.
Art. 3.º O ensino será
A Constituição Federal, ao estabelecer como princípio do en-
ministrado com base
sino a gestão democrática do ensino publico, na forma da lei (art.
nos seguintes princí-
206), além de configurar uma conquista parcial, pois excluiu o ensi-
pios:
no privado, delegou a exequibilidade do princípio à legislação com-
plementar, conforme destacado ao lado. (...)
Essa determinação da legislação causou grande polêmica de- VIII – gestão demo-
vido à restrição que contém. É um questionamento que, em geral, crática do ensino públi-
os educadores atentos se fazem. co na forma desta Lei e
da legislação dos siste-
Também é importante assinalar que a democratização da
mas de ensino;
gestão do ensino público é mencionada em outros artigos do dis-
positivo legal que delibera as incumbências dos estabelecimentos
de ensino e dos docentes.
ATIVIDADE
Consulte o art. 13 da LDB, que trata das incumbências dos do-
centes. Examine seus incisos e explique como você cumpre essas
incumbências, na prática, destacando elementos facilitadores e di-
ficultadores.
Envie suas reflexões, por escrito, para que possamos aprofun-
dar essa discussão.
Bom Trabalho!
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TEMA 3 – A escola como organização so-
cialmente instituída para o desenvolvi-
mento da educação
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observando as tendências mundiais no que se refere aos processos
de sua formação.
A escola, no resgate de sua função básica como ambiente de
formação cultural, ocupou papel importante desde os primórdios
de sua criação e deve continuar na atualidade. Ademais, é um dos
espaços que promove a mediação entre o homem e a realidade so-
cial, no seu processo de formação. E, nesse sentido, estão ocorren-
do mudanças não apenas quantitativas, mas também qualitativas
do ser humano, assim como o seu modo de se relacionar com a
realidade.
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CONDICIONANTES:
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preender a micropolitica da vida escolar, destaca conceitos-chave
para estudo: poder, diversidade de metas, disputa ideológica, con-
flito, interesses, atividade política e controle.
BALL, Stephen J. La micropolitica de la escuela. Centro de Publicaciones
del Ministerio de Educación y Ciencia, Ciudad Universitaria, s/n, Madrid y Edicio-
nes Paidós Ibérica, S.A, 1987.
E sua escola? Proponho que você lhe dedique uma atenção es-
pecial, fale dela e sobre ela, como sujeito socialmente integrado a esse
contexto e coadjuvante do seu desenvolvimento.
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ATIVIDADE
Então vamos lá.
Reflita sobre essa questão: como você vê a sua escola e como
você se vê nela. Por exemplo, o contexto em que ela se situa, os ele-
mentos que potencializam seu funcionamento, por que isso ocorre.
Com se dá sua atuação.
Se possível, discuta com colegas, veja em quê suas percep-
ções são equivalentes e/ou se distinguem. Escreva, resumidamen-
te, numa folha a parte, o resultado desse exercício.
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Abordagens teóricas da admi-
ca e as tecnologias
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TEMA 1 – Administração: conceituação e
abordagens teóricas
O estudo da gestão democrática demanda revisitar a admi-
nistração como uma área do conhecimento que abrange todas as
demais, tendo em vista seu componente multidisciplinar. Assim, a
administração é uma ciência social aplicada, que se beneficia da ex-
periência acumulada em diversos outros terrenos do saber huma-
no. Devido a essas características, procura integrar uma diversidade
de conhecimentos, buscando respostas para os problemas organi-
zacionais.
Podemos começar a refletir sobre administração partindo da
compreensão de que se trata de uma prática inerente à vida, ao ho-
mem e à sua existência. Encontramos a administração em todas as
situações relativas ao ser humano. Este, quando se propõe a alcan-
çar determinados objetivos, precisa, necessariamente, utilizar-se
de meios apropriados, pois a administração tanto lhe é necessária
como exclusiva. Por outra parte, a interdisciplinaridade é inerente
ao exercício dessa atividade. Assim, é possível dizer que Quase tudo
é administração! Examinemos os exemplos a seguir que ilustram
situações distintas relativas à adoção desse campo do conhecimen-
to.
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meçar pela palavra administrar, originada do Latim, cujo sentido
etimológico significa ato de gerir, de governar, de dirigir negócios
públicos ou privados. Por conseguinte, administração pode ser ex-
plicada como a ação em si de administrar, também definida como
a utilização de técnicas que visam alcançar os objetivos da organi-
zação. Além do mais, o ato de administrar significa manter a coesão
das organizações. Por fim, podemos acatar que a administração, em
seu sentido geral, “é a utilização racional de recursos para a realiza-
ção de fins determinados” (PARO, Pg.18 1986). Para esse autor, essa
racionalização se refere à adequação e ao emprego dos recursos
aos fins almejados.
Se, como vimos, além de inerenete, a administração é neces-
saria à vida humana, esses elementos identificadores nos motivam
questionar suas origens: Como surge a administração?
Inicialmente de forma rudimentar, ao longo da história da hu-
manidade, sempre existiram formas de associação entre os homens
para, conjuntamente, alcançarem objetivos. No entanto, tal como
hoje é conhecida, a administração surgiu e se desenvolveu no con-
texto da Revolução Industrial e das transformações do modo capi-
talista de produção. Desse modo, a moderna administração surge
no final do século XVIII, utilizando-se de estratégias organizacionais
apropriadas para disciplinar o trabalho, tendo em vista alcançar
maior produtividade e lucratividade. Adota a lógica da racionaliza-
ção do trabalho que contempla, entre outros objetivos, o controle
de pessoas e órgãos nas atividades inerentes a questões sociais, po-
líticas e econômicas. Essa racionalização se refere à divisão técnica e
social do trabalho, tal como ocorre, ainda hoje, nas sociedades.
Pois bem, se falamos até o momento que a administração é
inerente ao ser humano, que se realiza mediante o uso de meios
para o alcance de objetivos e tem suas origens em determinado
período histórico, nos falta examinar Como é praticada a Adminis-
tração?
Os diversos enfoques teóricos que fundamentam a prática da
administração têm suas origens no âmbito dos processos históricos,
determinados social e economicamente. Em primeiro lugar surge,
no início do século XX, a denominada Escola Clássica com as teorias
administrativas criadas por Taylor e Fayol. Entre outros aspectos, são
embasadas, fundamentalmente, na racionalização e divisão do tra-
balho, mediante a execução de tarefas em tempos determinados,
visando alcançar produção altamente lucrativa. Essas teorias sofre-
ram desdobramentos posteriores, destacando-se, na sequência, a
ênfase na estrutura (estruturalista e burocracia), nas pessoas (rela-
ções humanas, comportamental, desenvolvimento organizacional),
no ambiente (contingência) e na tecnologia (sistemas).
Atualmente, estão se configurando diversas tendências em
virtude das transformações mundiais, favorecidas pelo avanço das
tecnologias, destacando-se, particularmente, aspectos relaciona-
dos à administração empreendedora, virtual, do conhecimento, da
aprendizagem. Contudo, a escola clássica tem sido nuclear para es-
sas teorias criadas subsequentemente, e, nesse sentido, muitas des-
sas práticas ainda se mantêm em nossos dias. Assim, os princípios
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adequados para qualquer tipo de organização são originados de
métodos e técnicas empregados nas empresas capitalistas.
É possível que você se questione por que nos dedicamos a
essa breve recuperação do significado da administração, seu con-
ceito, suas origens e abordagens teóricas. Em primeiro lugar, deve-
mos esclarecer que não nos dedicaremos aqui ao aprofundamento
das teorias administrativas. Contudo, parece oportuno o destaque,
tendo em vista a influência que exercem no setor educacional, bem
como as consequências da transposição dessas teorias para a admi-
nistração das escolas.
Ultimamente, observa-se o esforço em criar um corpo teórico
para explicar o funcionamento da organização escolar, porém, não
é o suficiente para resolver a problemática identificada. É voz cor-
rente a inexistência de teoria própria ao campo da administração
escolar, que, em geral, se utiliza daquelas relativas à administração
de empresa.
No quadro a seguir, apresentamos as principais abordagens
teóricas da administração, sintetizadas em quatro paradigmas, bem
como a tentativa de situá-los no campo educacional, apontando in-
fluências e/ou aplicação na administração da educação.
Quadro 1 – Paradigmas da administração e sua influência no
campo educacional
Paradigma/ Influência e/ou aplicação na
Visão sobre a organização Princípios teóricos
Escola/Teórico Administração da Educação
Centralização no trabalho e
Escola vista como sistema de papéis,
sua adequação às
concentração de poder na cúpula,
necessidades do capital;
Autônoma, com fronteiras centralização de decisões;
maximização da eficiência;
bem estabelecidas, centrada Unidade de comando, hierarquia e
dicotomização do trabalho;
Clássica em sua ambiência interna, disciplina, tarefas;
divisão entre os que pensam e
(Taylor , Fayol, com operações precisas, Direção designada hierarquicamente
executam; problemas da
Gilbreth & inclusive em seus próprios e assumida como centro de decisões;
organização reduzidos aos
Gilbreth) limites. Ensino-aprendizagem centrado no
aspectos técnicos e
professor, comunicação verticalizada
administrativos.
com aluno.
Ajuste do trabalhador aos
Rede de tomada de decisões
processos produtivos,
que depende de
motivação, dinâmicas de Escola adquire nova função,
entrelaçamentos de diversos
grupo; dimensão humana recuperada e
elementos estruturais e
Individuo condicionado por inserida na produtividade;
Relações comportamentais.
necessidades de segurança, Exploração de grupos e estilos de
Humanas Preserva o modelo anterior,
aprovação social, prestigio; liderança;
(Mayo, porém desloca a reflexão e o
uso da tecnologia para Deslocamento de metodologia
Follet, olhar do trabalho para o
uniformizar, igualar, gerencia centrada na tarefa para indivíduo e
March & Simon) trabalhador.
em função de grupos; conflito pequenos grupos.
Dominação psicológica sobre
visto como desajuste
indivíduos e grupos.
individual.
Princípio orgânico da teoria
sistêmica, estruturas estáveis, Escola como organização normativa,
Sistema funcionalmente
equilíbrio e consenso; órgãos diretivos utilizam controles
efetivo, mediante alcance de
despolitização dos processos normativos e coercitivos;
Estruturalista objetivos formalmente
de tomada de decisões; Ênfase no caráter sociotécnico da
(Weber, definidos pelos processos
decisões dependem de administração que é vista como
Merton, Etzioni) racionais de tomada de
articulações dos elementos neutra.
decisões.
estruturais e
comportamentais.
Análise de estruturas de
Organizações como espaços Escola como aparelho ideológico;
dominação, do conflito e suas
Perspectiva do privilegiados para lutas Proposta de administração escolar na
relações com o poder e a
Poder e da políticas. perspectiva democrática;
política; estudo das
Política Não devem ser reduzidas às Mudança em processos
organizações mediante o
(Weber, dimensões técnicas, administrativos, eleição de diretores,
processo de organização do
Marx) psicológicas, ou estruturais. participação comunidade nas
trabalho, preocupações com
decisões.
conflito, poder e resistência.
32
A preocupação com essa transposição das teorias criadas para
a administração de empresas e suas consequências no âmbito edu-
cativo tem se constituído como tema de estudos e pesquisas. Para
maior aprofundamento sobre esse assunto, recomendo pesquisar
as obras dos autores destacados a seguir.
Por entender que a escola tem suas especificidades e se dis-
tingue de outras organizações, sua gestão deve ocorrer em conso-
nância com essas características. Nesse sentido, examine o Quadro
a seguir.
Quadro 2 – Características: Instituição educacional e Or-
ganização Empresarial
Instituição Educacional Organização Empresarial
Tem como principal objetivo a produção de bens
Visa a produção de bens não-materiais.
materiais.
Os resultados do processo educacional serão sempre para
Os resultados das empresas serão sempre pontuais.
toda a vida.
O aluno deve ser o sujeito e objeto no processo de
Os fins da atividade humana são a produção de
produção e socialização do conhecimento historicamente
mercadorias, visando a obtenção do lucro.
produzido.
A formação humana é o principal objetivo da construção da Visa a reprodução ampliada do capital por meio da mais-
identidade escolar, segundo seus atores sociais. valia.
Como instância contraditória, contribui para a superação da Estabelece mecanismos de controle para manter a
dominação e para a manutenção das condições objetivas. dominação.
Devido à sua função social (atender a todos) e ao seu objeto
Escolhe a matéria-prima de acordo com o produto que
de trabalho ser o próprio homem, não pode escolher a
deseja produzir.
matéria-prima com a qual vai trabalhar.
PIE – Módulo VI, Políticas e Gestão da Educação Básica, 2003, p. 221 (com adaptações).
ATIVIDADE
Volte aos Quadros 1 e 2 para analisá-los e para responder às
questões a seguir.
Quadro 1
– Você identifica influências e/ou aplicação dos paradigmas
da administração na gestão de sua escola? Em caso positivo, aponte
exemplos e comente.
– Explique quais são as consequências de a escola ser admi-
nistrada com base em teoria criada para empresas?
– De que modo os paradigmas de gestão interferem em sua
prática docente?
Quadro 2
– Você concorda com as características indicadas entre os
tipos de organização? Por quê? Identifica a existência de outras?
Quais?
– Tendo em vista essas especificidades, como deve ser a ges-
tão escolar?
Registre os resultados das análises, em no máximo, DUAS lau-
das e envie para que eu possa compartilhar com suas ideias.
33
no período da modernidade. Desse modo, surge a necessidade de
instituir o modelo burocrático de funcionamento, ou seja, impor às
instituições escolares regras semelhantes às aplicadas nas empre-
sas: normas escritas, divisão do trabalho hierarquizado por cargos
e responsabilidades etc., com o intuito de fazer a educação alcan-
çar maior eficiência e produtividade, de modo igual ao que ocorria
nas empresas. Não é demais lembrar que a expansão escolar se deu
como consequência da industrialização.
Partilho com PARO (1991) que a atividade administrativa não
se dá no vazio, mas em condições históricas determinadas para
atender a necessidades e interesses de pessoas e grupos. A admi-
CONSULTE, APROFUN-
nistração escolar está, assim, organicamente ligada à totalidade so-
DE...
cial, na qual, além de se realizar e exercer sua ação, está sujeita às
– PARO, Vitor H. Admi-
condições existentes de ordem econômica, política e social. Assim,
nistração escolar: intro-
os elementos relacionados à administração e à escola devem ser
dução a crítica. 5.ª ed.
examinados à luz da organização e funcionamento da sociedade.
São Paulo: Cortez – Au-
tores Associados, 1991. Com efeito, a organização educativa enfrenta, de um lado,
– FELIX, M. de Fátima. desafios para encontrar um marco analítico, simples e flexível que
Administração escolar: focalize e distinga as diferenças existentes entre os diversos mode-
Um problema educativo los, e enfoques aplicados ao se estudo. De outro lado, a maioria dos
ou empresarial. 4.ª ed. atores envolvidos no cotidiano escolar não é consciente de sua his-
São Paulo: Cortez – Au- tória.
tores Associados, 1989. É provável que a falta dessa reflexão faça com que as escolas
sejam tratadas de forma homogênea, destacadamente com relação
ao currículo e às políticas que lhe são impostas. No caso da escola
pública, particularmente, faz parte de uma rede, na qual deve ser
considerada a singularidade em termos de sua história, do meio e
dos atores que nela convivem – alunos, professores, servidores, que
a fazem funcionar.
Com efeito, devemos destacar que as teorias organizacionais
não tinham como objeto de aplicação a instituição escolar, porque
nasceram e se desenvolveram com a intenção de aprofundar a com-
Pergunto se a formu- preensão das empresas e melhorar os resultados de suas atividades.
lação de uma teoria Nesse sentido, a natureza dos objetivos da escola, a complexidade
própria ao estudo da de seus processos, o acúmulo de interesses e valores veiculados e
instituição escolar não inerentes ao seu funcionamento, o caráter social do sistema em que
poderia começar com está vinculada não comportam a aplicação dos pressupostos das
a resposta da seguinte teorias organizacionais.
questão: por que as es-
colas são diferentes?
34
TEMA 2 – Estudo e discussão dos funda-
mentos da gestão escolar, conceitos, as-
pectos teóricos e históricos
Gestão democrática historicamente situada
Como vimos na primeira seção deste fascículo, a partir dos
anos 1980, desencadearam-se expressivas reformas no campo edu-
cativo em diversas partes do mundo e, cá entre nós, refletiram e
incentivaram o debate acerca da politização da educação. A política
fez-se presente, de modo particular, nas escolas, entre os profes-
sores e seus sindicatos de classe, contribuindo para a revisão das
formas de organização e gestão da escola pública. Sobretudo por-
que, de um lado, as escolas, como um espaço de trabalho, refletem
numerosas contradições, e, de outro, são em si mesmas produto
cultural elaborado mediante a ação daqueles que nela convivem e
que se fundamentam nos esquemas de interpretação da realidade
que compartilham. Ou seja, a escola é um espaço de produção de
subjetividades, assim sendo, é por meio delas que criamos e inter-
pretamos o cotidiano vivido.
Também devemos concordar que, sendo a gestão uma forma
de mediação, e considerando o histórico das teorias administrati-
vas e sua influência nas organizações educacionais, a administração
praticada nas escolas reflete e faz que ela seja reconhecida como
produto de longa evolução histórica. Contém as marcas das con-
tradições sociais e os interesses políticos em jogo na sociedade, e,
nesse sentido, a administração escolar está organicamente vincu-
lada à totalidade social, onde se realiza, exerce sua ação e onde, ao
mesmo tempo, encontra as fontes de seus condicionantes (PARO,
1991).
Antes de continuarmos o exame da gestão escolar, tentare-
mos esclarecer uma questão conceitual sempre presente na litera-
tura educacional.
35
forças político-ideológicas.
O fato é que estabelecer diferenças substantivas entre am-
bos os conceitos resulta em uma discussão praticamente inócua
de ser realizada. Por outro lado, verifica-se o abandono do conceito
de “administração escolar” em favor de “gestão escolar”, e, no caso
brasileiro, conforme vimos na seção anterior, acrescido da palavra
democrática.
Com efeito, a gestão democrática, fruto das lutas políticas
nos anos 1980, ganhou destaque político social e legal (CF/1988 e
LDB/1996). Tais aspectos são básicos na sustentação da nova práti-
ca de gestão, cujo conteúdo que a define – a democracia – era inci-
piente naquele período de mudanças radicais no Estado brasileiro.
Foram essas questões que deram origem à discussão conceitual em
torno dos temas gestão e administração. No entanto, o desafio é o
de colocar em prática essa concepção de gestão. Em outras pala-
vras, cabe a nós educadores nos envolvermos, por meio de ações
objetivas, de modo que essa renovação conceitual tenha corres-
pondência na realidade. Antes, porém, de continuarmos essa refle-
xão sobre gestão democrática, proponho retomarmos o significado
de democracia, tendo como foco de análise a gestão educacional, e
a escola como principal protagonista.
36
como o reconhecimento do outro, trazendo uma resposta particu-
lar a interrogações comuns, diferentemente da que defende, é tam-
bém a organização institucional das relações entre sujeitos. Ainda
segundo esse autor, além da mobilização, da escuta e do debate, a
democracia não passaria de uma fórmula vazia se não se traduzisse
em programas de educação que atribuem a maior importância ao
conhecimento do outro. Uma sociedade não é naturalmente demo-
crática, mas torna-se democrática se a lei e os costumes vierem a
corrigir a desigualdade dos recursos e sua concentração.
Trecho adaptado de TOURAINE, Alain. O que é democracia?
Petrópolis:Vozes, 1996 (Tradução de Guilherme João de Freitas).
37
tralização e compartilhamento das ações e pela autonomia que
está associada a uma visão de educação emancipadora. Tais princí-
pios fundamentam-se e constituem-se em práticas que referenciam
a gestão democrática. Por outro lado, conforme examinaremos na
Seção 3, orientam o processo de concepção e desenvolvimento do
projeto político-pedagógico, fundamentado na reflexão coletiva e
construído segundo a singularidade de cada escola.
Embora as diretrizes legais contidas na CF/88 e na LDB/96
representem iniciativas e conquistas essenciais, algo que nos pa-
rece muito importante, e nunca é demais salientar, é que os instru-
mentos legais não garantem, por si só, uma gestão democrática em
âmbito educacional. Reafirmo que o grande desafio é a vivencia, a
prática da gestão democrática. Esta prática, processual, deve ser ba-
seada na democracia como modo de vida, principalmente median-
te a participação política, concreta, ativa, para além de uma simples
participação formal no âmbito das instituições.
Com efeito, a prática da gestão democrática sustenta-se e re-
quer o exercício de três princípios, que, parece oportuno o exame,
são apresentados na explicação a seguir.
PARTICIPAÇÃO
A participação é uma necessidade básica do homem, en-
quanto ser ativo, em associação com seus semelhantes, desde as
tribos primitivas. Pode ser entendida, entre outros maneiras, como
concessão ou conquista (DEMO, 1987). Como conquista é preciso
que haja real disposição em participar, que existam motivos inter-
nos. Requer a criação de vínculos entre sujeitos autônomos, enga-
jados em uma atividade com estrutura e finalidade própria, com ca-
pacidade de influir nas decisões que dizem respeito à vida coletiva.
Participar implica em disposição para cooperar efetivamente para o
alcance de objetivos comuns a determinado grupo. A participação
como concessão é externa ao indivíduo, ao grupo, e segue orien-
tação da ideologia neoliberal. Nesta concepção, até existe espaço
para opinar, discutir e sugerir, porém não há efetiva participação na
tomada e no poder de decisão.
Pode-se dizer que a participação é real, em uma instituição,
quando os atores estão envolvidos em todos os processos da vida
institucional, por suas ações, ou seja, na tomada, na implementação
e na avaliação de decisões. Assim, o desempenho da organização é
resultante dessa participação de todos, nos diferentes níveis e fases
do processo decisório, exigindo-se mudança na cultura organiza-
cional. Para que essa mudança ocorra, os atores da instituição de-
vem conhecer o objeto da ação participativa, por intermédio da dis-
cussão e do posicionamento coletivo sobre o quê, para quê, como,
quando, onde, com que meios, recursos e pessoas contarão para
levar avante um projeto.
Desse modo, a participação assume função educativa que
se consubstancia, entre outras, na oportunidade de aprendizagem
mediante realização de trabalho em grupo; na criação de vínculos
grupais, fortalecendo o respeito mútuo entre seus componentes;
38
no desenvolvimento da iniciativa, da criatividade e na liberdade de
expressão. A ação de participar valoriza o potencial das pessoas e
permite que estas exprimam suas ideias e emoções, desenvolvam
relações pessoais e organizacionais mais autênticas e, enfim, se tor-
nem profissionais mais autônomos, mais competentes. Todavia, é
importante ressaltar que a participação varia quanto a significado,
nível e alcance, sendo possível distinguir-se diferentes vias e meca-
nismos na condução de processos participativos.
A prática da participação na escola pública, como princípio
da democracia, requer, de antemão, que sejam compreendidos al-
guns aspectos essenciais. Em primeiro lugar, reconhecer o caráter
público dessa instituição, mediante a adoção de práticas transpa-
rentes que viabilizem o acompanhamento, bem como interven-
ções, enquanto condições básicas da democracia participativa. E
em segundo lugar, a presença da comunidade na escola, bem como
a organização dos atores que a compõe interna e externamente
(professores, estudantes, pais e servidores), não deve se caracterizar
como rito ou formalidade, mas como mecanismo de representação
e participação política.
EM SÍNTESE....
PARTICIPAÇÃO significa a ação em prol de interesses e obje-
tivos da comunidade. Requer o conhecimento do objeto que ela
demanda, sendo imprescindível o diálogo, a convivência humana
em função das ações educativas a serem desenvolvidas na escola,
pelos seus atores, para alcançar as finalidades do seu projeto edu-
cativo.
DESCENTRALIZAÇÃO
A necessidade de descentralização, no campo educativo, é
um tema altamente consensual, sendo o conteúdo do seu debate
a contraposição entre centralização versus descentralização. Diz-se
que um Estado é democrático quanto mais praticar a descentraliza-
ção, o que supõe profundas modificações em seus processos de ges-
tão e das instituições. Sobretudo, a descentralização requer apontar
estratégias e caminhos para mudar relações de poder, estruturas e
espaços. Requer, assim, definição de papéis e objetivos estratégi-
cos; alteração nas atribuições das diferentes instâncias decisórias;
reorganização de espaços; mudanças nas relações e deslocamento
do eixo do poder, permitindo que as políticas e as decisões sejam
formuladas via participação das instâncias envolvidas.
Não se deve compreender a descentralização como uma
simples transferência de encargos. É importante distinguir os con-
ceitos de “descentralização” e “desconcentração”. No processo de
desconcentração, é mantida e reforçada a hierarquia em nível supe-
rior, conservando-se a dependência em muitas decisões. Isto signi-
fica transferência da execução de tarefas, mantendo-se inalteradas
as estruturas e as relações de poder, não possibilitando mudança
eficaz na gestão, constituindo-se, portanto, uma forma de centrali-
39
zação do poder.
A descentralização, por sua vez, tende a uma maior unida-
de de ação entre as esferas governamentais. Implica na democra-
tização do sistema de ensino, levando a uma reorganização dos
espaços de atuação e das atribuições das diferentes instâncias de-
cisórias, com novos processos e instrumentos de participação, de
parceria e controle. A escola se fortalece como instância decisória e
parceira indispensável na definição e implementação de políticas e
programas educacionais.
Com efeito, falar em descentralização implica falar, necessa-
riamente, de democratização. A descentralização é dificultada pela
atomização, informalidade e desarticulação praticados nas institui-
ções que gastam energia e recursos na implementação de ações
específicas ou na duplicação de programas. Desse modo, a escola
deve articular-se com as demais instâncias do sistema educacional
e com a comunidade para gerar estratégias, fomentar a capacidade
empreendedora, inovadora e autônoma nas equipes de trabalho,
assumindo as responsabilidades de uma prática descentralizada,
que reflita no funcionamento das estruturas administrativas em to-
dos os níveis.
PARA FINALIZAR....
DESCENTRALIZAÇÃO significa uma forma de superação do
centralismo e da burocracia instalada nas esferas centrais da admi-
nistração, visando a divisão e o compartilhamento do poder, para
alcançar níveis de autonomia e implementar políticas educacionais
de acordo com sua realidade e necessidades.
AUTONOMIA
A discussão sobre a autonomia no setor educacional é relati-
vamente recente, ganhou ênfase no contexto do debate político-
pedagógico sobre a própria natureza da educação e da função so-
cial da escola. A palavra autonomia origina-se do grego autos (si
mesmo) e nomos (lei), e significa a capacidade de autodeterminar-
se, de autorealizar-se, assim como, autoconstrução, autogoverno.
A ideia de autonomia é intrínseca à ideia de democracia e de cida-
dania, e, nesse sentido, é revestida de conteúdo político. Por outro
lado, a autonomia está contemplada no plano legal, uma vez que
a nova LDB delibera sobre autonomia, nas instituições educacio-
nais públicas, tanto no campo pedagógico como administrativo e
financeiro. Porém, a autonomia não é um fenômeno restrito às ins-
tituições educacionais, mas é um requisito inerente à gestão das
organizações em geral.
Na perspectiva de conteúdo das relações humanas e do fun-
cionamento das organizações, a autonomia guarda estreitos vín-
culos com a descentralização e com a participação, constituindo
os princípios da gestão democrática. A escola autônoma assume a
descentralização enquanto compartilhamento de poder, implican-
do em divisão de responsabilidades internas e externas inerentes
40
ao seu funcionamento. Cria órgãos colegiados, busca maior parti-
cipação da comunidade nas decisões, tendo em vista um projeto
próprio voltado para a sua realidade e sua identidade, direcionado
às suas finalidades – ensino de qualidade que resulta em educação
emancipadora.
Isto não quer dizer que a escola não deva observar leis, nor-
mas, procedimentos, ou seja, que pode agir à revelia das diretrizes
e políticas educacionais em vigor. Ao contrário, autonomia escolar
significa a possibilidade de a escola ser o centro das decisões, traçar
seus rumos, criar seus caminhos, considerando as diretrizes gerais
da educação emanadas das políticas governamentais educacionais.
Ao considerar tudo isso, deve voltar-se para o atendimento da rea-
lidade local, buscando preservar sua singularidade, na diversidade
do contexto macro social. Por outro lado, a escola que desenvolve
sua gestão, apoiada no princípio da autonomia, vai rever-se e bus-
car fortalecer-se com relação a seus papéis e funções, assumindo,
desse modo, maior responsabilidade perante a sociedade.
A autonomia, como constitutiva da democracia, tal como
esta, é um processo sempre inacabado, por isto não existe uma au-
tonomia absoluta. No tocante à gestão escolar, a conquista da au-
tonomia quer dizer rompimento com a forma tradicional de gestão
burocrática.
DIZER QUE...
AUTONOMIA da escola na perspectiva da gestão democráti-
ca supõe oposição à uniformização, assumir, coletivamente, novos
modos de planejar, organizar e avaliar o trabalho da escola a partir
de uma visão da realidade local para o atendimento de suas de-
mandas básicas.
Este texto, com algumas adaptações, tem como referencia o artigo: Ges-
tão compartilhada na educação a distância. Autoria de GOMES, Carmenisia J. A.
& LOPES, Ruth G.F. Recomendo que você o analise, na íntegra. Para isso, acesse:
http://www.escoladegestores.inep.gov.br/artigos.htm.
41
ATIVIDADE
42
tudo, espaço de formação humana e da cidadania. Desse modo, os
colegiados aí constituídos devem se consubstanciar como espaços
educativos e democráticos. Vejamos a seguir alguns elementos que
podem ajudar na compreensão acerca desses instrumentos, con-
siderando, principalmente sua experiência relativa aos conselhos
escolares e ao provimento do cargo de diretor escolar, temas desta-
cados para a reflexão.
Conselhos escolares
Considerando a escola como espaço propicio para o exercí-
cio da democracia, os Conselhos são órgãos de deliberação coletiva
no âmbito da estrutura de gestão dos sistemas de ensino. O termo
“conselho” e seu funcionamento estão sempre associados ao de co-
legiado. O conselho implica um coletivo exercitando o poder por
meio de deliberação plural, ou seja, é o principal instrumento repre-
sentativo da escola no que concerne à tomada de decisão. Sua cria-
ção se insere em uma nova concepção da esfera pública, em que
questões são decididas, debatidas e realizadas pela articulação da
sociedade civil organizada e comunidade educativa. Atua, pode-se
dizer, inter e extra muros da escola. Isso se dá via representativida-
de de seus membros para conhecer tanto as forças internas como
outras forças sociais do entorno escolar, tendo em vista aglutinar
multiplicidade de diferenças existentes, recursos e possibilidades
para a melhoria da qualidade da escola. Nesse sentido, tem como
finalidade principal propor a educação que será praticada, demo-
craticamente, na escola, de modo a alcançar padrões de qualida-
de socialmente comprometida. Atua mediante funções, conforme
você pode verificar no texto a seguir.
43
ATIVIDADE
Reúna mais elementos para aprofundar a discussão sobre
conselhos escolares, como instrumentos da gestão democrática.
Para isso, recomendo:
44
são previamente selecionados por meio do sistema de provas es-
critas e, posteriormente, submetidos ao processo de eleição; fazem
curso e, mediante aprovação, concorrem ao cargo, via eleição. Por
fim, há também a eleição direta. É a modalidade considerada mais
democrática, mas também bastante polêmica e limitada no senti-
do de que o sistema representativo, em geral, contém interesses
contraditórios. Critérios variados são utilizados para sua realização.
Em síntese, é o procedimento em que o nome do escolhido para
ocupar o cargo de diretor resulta da vontade da comunidade ma-
nifestada pelo voto. Finalmente, com relação aos procedimentos
de provimento do cargo de diretor escolar, os sistemas de ensino
(estadual e municipal), de acordo com a autonomia que possuem,
fazem adaptações desses procedimentos, segundo suas decisões
políticas.
Ressalte-se a importância da eleição no processo de demo-
cratização da sociedade. Evidentemente, esse procedimento de
escolha por si só não garante a democracia. Todavia, por mais que
sejam precárias, as eleições funcionam como um mecanismo de
construção da democracia política. Ademais, a escolha do diretor
pelo processo eletivo constitui-se não como o único mas como um
legítimo canal na luta pela democratização da escola.
ATIVIDADE
45
cional acerca da necessidade de uma “boa gestão”. Essa indiscutível
posição não é originada apenas de conhecimentos empíricos e da
intuição, mas de estudos e pesquisas que indicam o papel estraté-
gico da gestão. Como ação mediadora, desempenha um papel-cha-
ve na ação escolar em geral. Não obstante, a profundidade de seus
efeitos na prática docente e de outros profissionais do setor não
costumam ser valorizados e tampouco compreendidos. Segundo
verificamos, existe a tentativa de tratá-la na perspectiva da neutra-
lidade ideológica, mas, na realidade, constitui uma ação especifica-
mente política. Nesse sentido, a decisão, por adotar determinados
processos de gestão, revela estruturas de micropoder e relações
de poder, que afetam todos os aspectos da vida da organização e
se relacionam em série, ou seja, são aplicações práticas do poder.
Abarcam mecanismos, procedimentos e técnicas muito específicos,
com especial utilidade econômica e política, envolvendo a rede de
atores da escola.
46
co, gravador, radio etc. Todos esses artefatos são produzidos pelo
homem como resultado de estudos, pesquisas científicas, tendo
em vista as necessidades requeridas pelas sociedades em determi-
nados períodos e tempos históricos.
REVISANDO CONCEITOS
Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC) referem-se aos
recursos tecnológicos que promovem
a veiculação de informações, por meio
de recursos com suas linguagens e
lógicas particulares, tais como rádio,
televisão, jornal, revista, livros,
computadores, redes telemáticas,
robótica, sistemas multimídias, entre
outros.
47
Observe no mapa ao
lado a situação do Esta-
do do Acre, comparati-
vamente aos demais es-
tados brasileiros. O que
você acha que pode es-
tar contribuindo com os
índices apresentados?
RECORDANDO....
Como já foi dito, as tecnologias não se referem apenas a com-
putadores, internet, celulares, Mp3, Ipod etc. Na realidade educa-
cional, por exemplo, habitualmente são usados giz, quadro de giz,
gravador, álbum seriado, retroprojetor, lápis, caneta etc, que são
também tecnologias. Porém, as relações e interações constituídas
com cada uma delas se dão de modo diferente, de acordo com
cada circunstância, tempo e lugar. Além disso, devemos compre-
ender que as tecnologias são integrativas e convergentes, ou seja,
em geral, o surgimento de uma nova tecnologia não exclui as que
já existiam, porém, mudam as formas de uso.
48
EXEMPLIFICANDO...
Trazendo para a realidade atual, a origem do correio postal,
por exemplo, remonta aos primórdios da humanidade, evoluindo
ao longo do tempo com sua missão de estabelecer a comunicação
entre povos e pessoas. Hoje, dispomos do correio eletrônico, com a
mesma finalidade, porém com características, usos e funcionalida-
des distintos.
Relativamente às tecnologias, especialmente no campo edu-
cacional, quem não ouviu, comentou ou leu que o surgimento do
computador, para falar das tecnologias mais recentes, iria substituir
o professor? Um exame mais detalhado sobre essa questão, certa-
mente, vai mostrar que a mudança, substantiva, se refere à forma de
uso, pois somos nós quem decidimos qual tecnologia usar, como e
quando. Significa dizer que a seleção de uma tecnologia para uso
em nossa prática docente expõe nossa subjetividade, expressa au-
tonomia e nega a neutralidade que, por vezes, querem atribuir a
essa ação.
PERGUNTANDO.....
Diante disso, pergunta-se como a educação, os sistemas edu-
cacionais e a escola estão enfrentando essa realidade de mudanças
inegáveis? Como está se dando esta convivência complexa, que
exige conhecimento, mudanças organizacionais e culturais?
49
dade da informação, o que requer planejar os modos de atuação
docente, os processos de aprendizagem, assim como as metas e as
formas de ensinar. Percebe-se que as tecnologias estão introduzin-
do outro sentido na organização escolar e, por isso, se deve buscar
modelos relevantes e significativos relativos ao seu uso.
O trabalho envolvendo o uso das tecnologias nas escolas im-
plica, necessariamente, um novo acordo interno entre seus diferen-
tes atores, bem como o desenvolvimento de propostas de ensino,
utilizando-se as tecnologias mais recentes (rede de computadores,
programas transmitidos via TV e outros), assentadas sobre a base
de um tempo e espaço flexíveis. Assim, o processo de integração
das TIC na escola requer tempo e liderança bem como compromis-
so ativo da equipe gestora da instituição. Partindo dessa premissa,
deve-se prever sua introdução no âmbito do projeto político-peda-
gógico, de modo a desenvolver propostas educativas que promo-
vam a aquisição de conhecimentos, habilidades e competência no
uso das TIC para melhorar a qualidade do ensino e aprendizagem.
Não há como retroceder, pois os tempos estão mudados, bem
como as necessidades humanas, fazendo com que seja imperativa
a mudança da escola e essa envolve a todos que nela vivem. Segun-
do Paulo Freire, temos de ser homens e mulheres de nosso tempo
e empregar todos os recursos disponíveis para promover a grande
mudança que nossa escola está a exigir. Dessa forma, é necessário
um novo posicionamento da escola diante de uma sociedade que
tem como centro o conhecimento. É importante que a instituição
educativa acompanhe as transformações de seu tempo. Tempo esse
que demanda a implementação de novos processos de gestão, que
significa, acima de tudo, a integração das TIC ao projeto político-
pedagógico da escola e reconhecer que essa decisão implica em
processos de gestão assim especificados:
Gestão com TIC – Planejar e detalhar todas as ações desen-
volvidas na escola pelos seus atores, contando com a disposição da
maioria dos professores e considerando a resistência às inovações,
bem como acompanhar continuamente a mudança educativa.
Além do mais, esse processo de gestão deve: a) possibilitar a co-
municação entre os atores da escola, pais, especialistas, membros
da comunidade e de outras organizações; b) criar subsídios para
a tomada de decisões a partir da criação de um fluxo de informa-
ções e troca de experiências; c) produzir atividades colaborativas
que permitam o enfrentamento de problemas da realidade escolar;
d) desenvolver projetos relacionados com a gestão administrativa
e pedagógica; e) criar situações para que os alunos reconheçam o
conhecimento que produziram, bem como suas respectivas apren-
dizagens.
Gestão das TIC – Para a incorporação e a utilização pedagó-
gica das TIC, deve ser realizado o diagnóstico da escola, visando a
implantação de infra-estrutura, a organização dos espaços, a defi-
nição das finalidades das tecnologias, dos sistemas de registro, da
manutenção de reparos, de aquisição e atualização de equipamen-
tos, entre outros aspectos. Além disso, alimentar banco de dados,
portal, divulgando notícia e estabelecendo conexões em rede.
50
51
52
3
Os desafios e a prática do pla-
nejamento em educação
53
TEMA 1 – Situando o planejamento edu-
cacional e sua importância
É possível dizer que existe um consenso sobre a importância e
a necessidade do planejamento? No plano pessoal, é provável que
a grande maioria das pessoas entenda que se trata de uma neces-
sidade básica, ainda que não seja realizado de modo sistemático.
Pode ser que outras pessoas deem pouca importância para o fato
de planejar ações referentes à sua vida. Porém, o ato de planejar faz
parte da história do ser humano.
Por que se planeja? Para que se planeja? A começar por nos-
sas vidas, planejamos, basicamente, porque temos necessidades.
A partir de informações dessas necessidades e da constatação que
precisamos resolvê-las, examinamos e decidimos qual será a me-
lhor maneira de agir, de encaminhar os procedimentos necessários.
Planejamos porque precisamos saber onde pretendemos chegar.
Assim, o ato de planejar significa também refletir sobre o tipo
de decisão que devemos tomar sobre a ação pertinente. Significa,
também, prever necessidades e racionalizar o emprego de meios e
de pessoas disponíveis, visando à concretização dos objetivos pro-
postos. O planejamento pode ser examinado levando em conta as
seguintes características.
CARACTERÍSTICAS DO PLANEJAMENTO
O planejamento é uma ação essencial que tem estreita rela-
ção com a mudança e, por conseguinte, com a direção que se quer
imprimir para alcançá-la. Podemos dizer que o planejamento tem
uma dimensão humana.
O planejamento também contém uma dimensão social. Nes-
se sentido, possui intrínseca conexão com a política, visto que se
planeja, também, para implementar políticas previamente defini-
das, para alcançar metas, finalidades.
O planejamento é um instrumento de acompanhamento e
de controle. Está vinculado à avaliação no sentido de observar as
opções por determinados métodos, estratégias para alcance das
finalidades. A correção do planejamento no decorrer do seu desen-
volvimento lhe confere característica processual.
54
PARA APROFUNDAR A REFLEXÃO SOBRE PLANEJAMENTO
EDUCACIONAL...
Entre outras, você pode consultar nessas obras importantes
reflexões sobre o planejamento em educação e seus diversos ní-
veis:
– GANDIN, D. A prática do planejamento participativo. Petrópolis: Vozes,
1999.
– GIL, A. C. Metodologia do Ensino Superior. São Paulo: Atlas, 1997.
– LIBANÊO, J. C. Didática, São Paulo: Cortez, 1992.
– VASCONCELLOS, C. S. Planejamento-projeto de ensino-aprendizagem e
projeto político-pedagógico. São Paulo: Libertad Editora, 2006.
– VEIGA, I. P. (et al.) Escola: espaço de projeto político-pedagógico. Campi-
nas: Papirus, 1998.
55
LDB
CF/1998
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ca social política e cultural que envolve a escola, os professores, os
alunos, ou seja, toda a comunidade escolar.
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REFLITA SOBRE A QUESTÃO
2 – O PPP e a LDB
A gestão democrática, conforme foi examinada na Seção 2,
destaca os princípios da participação, a descentralização e a auto-
nomia como imprescindíveis para sua edificação. Esses princípios
guardam de igual modo relação com a construção do PPP, que,
elaborado e implementado na perspectiva coletiva e colaborativa,
constitui instrumento propício à prática dessa concepção de ges-
tão.
Sua elaboração segue orientações previstas no campo políti-
co e legal, expressas, principalmente, na LDB (1993) e no PNE (2001),
que legitimam o princípio da construção do PPP por cada escola.
Nesse sentido, é importante examinar como os instrumentos legais
deliberam sobre esse compromisso, propondo a integração dos
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atores da escola, em seus respectivos colegiados, a atribuição de
elaborar o mencionado documento.
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ATIVIDADE
Considerando o que propõe a legislação e sua prática profis-
sional, relate experiências que você vivenciou com relação à elabo-
ração do PPP de sua escola. Relate também como se dá a elaboração
do seu plano de trabalho. Considere, nesse exercício, suas reflexões
e concepção dos princípios da autonomia e da participação, bem
como os avanços e dificuldades encontradas. Escreva numa folha
e nos envie.
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Na prática, esses múltiplos sujeitos convergem para ações au-
tônomas e compromissadas com a construção do PPP voltado para
a crítica, para a intervenção social e para a formação dos sujeitos re-
flexivos, tendo em vista que a elaboração do projeto constitui uma
excelente oportunidade de aprendizagens e de formação continu-
ada.
Por outra parte, a construção do PPP contempla etapas, com
elementos próprios que o referenciam, conforme especificados no
quadro a seguir.
ELEMENTOS DO PPP
Marco Referencial Diagnóstico Programação
O que queremos O que nos falta para O que faremos,
alcançar? ser o que desejamos concretamente, para
suprir tal falta?
– Político: concepção É a busca das É a proposta de ação.
de educação de necessidades, a partir O que é necessário e
homem e sociedade. da análise da realidade possível para diminuir
– Pedagógico: e/ou do juízo sobre a a distância entre o que
definição sobre a ação realidade da vem sendo a
educativa e sobre as instituição instituição e o que
características que (comparação com deveria ser.
deve ter a instituição aquilo que desejamos
que planeja. que seja).
VASCONCELOS (2006) (COM ADAPTAÇÕES).
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ELEMENTOS DO DIAGNÓSTICO
de Re
ida te al
a l
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Diagnóstico fut idade
ura
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Propósito educacional
.
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Fo álog rieda
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Ações necessárias e
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Estratégias de ação
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Decisões sobre avaliação
ilh
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Planos de ação
Av
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APROFUNDE SEUS CONHECIMENTOS SOBRE O PPP
IMPORTÂNCIA E CONSTRUÇÃO...
Assista o vídeo “O Projeto Político-Pedagógico – conceitos e
significados”
http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=com_
content&task=view&id=1110
Esse vídeo é parte do acervo do Programa TV Escola. Você
pode baixá-lo do portal do MEC ou, se sua escola desenvolve o pro-
grama, você tem opção de assistir no seu local de trabalho.
Reflita, considerando a importância, o conceito e o processo
de construção do PPP. Compare com as experiências que você tem
sobre o assunto, especialmente, a realidade de sua escola.
APROFUNDANDO CONCEITOS...
Mobilização – significa somar singularidades, convocar vo-
luntários a um propósito com interpretações e sentidos comparti-
lhados. Deve despertar o desejo de participar de um projeto, clara-
mente delineado.
Comunicação – é considerado um dos instrumentos mais
poderosos de apoio à gestão, constituindo diálogo e interação en-
tre as partes. O processo de comunicação deve fluir, eficientemen-
te, na escola onde o gestor saberá planejar e executar diferentes e
adequadas estratégias com essa finalidade.
Parceria – compreende uma ação solidária entre as partes, a
prevalência de interesses mútuos. Implica em confiança, justiça e
valorização dos indivíduos. Estimular parceiros é condição de tran-
sição do enfoque tradicional para um novo modelo de gestão.
Negociação – busca a aceitação de ideias, propósitos ou inte-
resses, visando ao melhor resultado possível por meio de argumen-
tações plausíveis. Envolve consenso e sinergia, além de se fazerem
necessárias habilidades de tomada de decisão, comunicação, moti-
vação, administração de conflitos.
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ATIVIDADE
Neste final, proponho que você REFLITA acerca dos elemen-
tos básicos referentes à construção do PPP de sua escola.
a) Relativamente à existência do PPP na escola:
– A escola possui PPP?
– Descreva como foi o processo de elaboração:
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