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Resumo
Os perfis de aço formados a frio apresentam, em geral, elevada relação
largura/espessura, tornando-os suscetíveis à flambagem local, caracterizada por
uma flambagem de chapa, mas que também pode ocasionar um outro modo de
flambagem, denominado flambagem por distorção, desconsiderado no
dimensionamento de perfis laminados, mas que pode resultar crítico principalmente
nos perfis com enrijecedores de borda e constituídos por aço de elevada resistência
mecânica. Tal fenômeno é caracterizado pela perda de estabilidade do conjunto
formado pelo elemento comprimido e seu enrijecedor de borda, alterando a forma
inicial da seção transversal. Portanto, as normas mais atuais têm apresentado
procedimentos para avaliar a resistência de barras com base na flambagem por
distorção, como o procedimento simplificado da norma australiana AS/NZS
4600:1996, proposto por HANCOCK e que foi também adotado pela recente norma
brasileira NBR 14762:2001, o método direto de resistência, recentemente proposto
para incorporação à especificação do AISI (American Iron and Steel Institute) e a
GBT (Generalized Beam Theory). Nesse trabalho é feita uma abordagem dos
procedimentos propostos para a avaliação da flambagem por distorção em barras
submetidas à compressão centrada e à flexão, comparando-se os resultados obtidos
pelo procedimento da norma brasileira, pela análise elástica via método das faixas
finitas - MFF e pela análise via método dos elementos finitos - MEF, admitindo
barras sem e com imperfeições iniciais. É feita também uma abordagem com
relação aos outros procedimentos internacionais para a avaliação do fenômeno.
1 INTRODUÇÃO
1
Doutor em Engenharia de Estruturas - EESC-USP
2
Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, mamalite@sc.usp.br
Tabela 1 - Influência das relações geométricas das seções tipo U enrijecido na definição do
modo crítico
3 PROCEDIMENTOS NORMATIVOS
HANCOCK/97
1,2
NORMA AUSTRALIANA/96
1
LAU & HANCOCK modificado/87,90
0,8
M dist / M y
0,6
0,4
0,2
0
0 0,56 1 1,414 2 3 4
λ dist
bf bf
bf
bw bw bw
t t t
Figura 3 – Perfis tipo U enrijecido, U enrijecido com enrijecedor de borda adicional e tipo
rack [NBR 14762:2001]
Ndist = Afy {0,055[λdist – 3,6]2 + 0,237} para 1,414 ≤ λdist ≤ 3,6 (3)
Onde:
A é área bruta da seção transversal da barra;
λdist é o índice de esbeltez reduzido referente à flambagem por distorção, dado por:
λdist = (fy/σdist)0,5
σdist é a tensão convencional de flambagem elástica por distorção, calculada pela
teoria da estabilidade elástica, análise numérica ou conforme modelo simplificado
da norma.
3.1.2 Flexão
Onde:
Wc é o módulo de resistência elástico da seção bruta em relação à fibra
comprimida;
λdist e σdist conforme explicado anteriormente.
1,2 1,2
1
1,0
Mdist / My
0,8
0,8
/ Ny
0,6
0,6 0,4
0,2
N
0,4
0
0,2 1,414
0 1 2 3 4
1,414
dist
0,0
0 1 2 3 4
1,414
dist Figura 5 – Curva de flambagem por distorção
para flexão conforme AS/NZS 4600:1996 e NBR
Figura 4 – Curva de flambagem por distorção 14762:2001
para compressão centrada conforme
AS/NZS 4600:1996 e NBR 14762:2001
Com o auxílio de uma análise via método das faixas finitas (análise elástica),
foram elaboradas tabelas de uso simples para, em função das dimensões da
seção transversal do perfil, poder dispensar o cálculo da flambagem por distorção,
constatando que tal modo não é crítico. Tais tabelas foram inseridas na NBR
14762:2001.
Com relação ao uso do programa via método das faixas finitas (CUFSM /
Cornell University – Finite Strip Method), elaborado por Benjamin William Schafer,
utilizado no trabalho, ilustra-se na Fig. 6 a seguir um exemplo de saída de
resultados para o caso da flexão, na qual se apresenta o gráfico entre fator de
carga (relação entre tensão crítica e uma tensão de referência, usualmente
adotada igual a fy) e comprimento de meia onda. Percebe-se na figura que o modo
distorcional neste caso é o crítico, fato também evidenciado na figura da
deformada do perfil.
4.1.1 Parâmetros
0,25 0,5
bf/bw 1,0
(mínimo NBR-6355) (usual)
D/bw 0,05 0,1 0,15
bw/t 50 100 200
4.1.2 Modelagens
3, 00
2, 00
1, 50
1, 00
0, 50
0, 00
U2511
U2512
U2514
U2521
U2522
U2524
U2531
U2532
U2534
U2111
U2112
U2114
U2121
U2122
U2124
U2131
U2132
U2134
U2211
U2212
U2214
U2221
U2222
U2224
U2231
U2232
U2234
Pe r f il
Figura 7 – Ld e σdist obtidos pela NBR 14762:2001 e o programa CU-FSM (faixas finitas)
para a compressão centrada
1,20
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
U2511
U2512
U2514
U2521
U2522
U2524
U2531
U2532
U2534
U2111
U2112
U2114
U2121
U2122
U2124
U2131
U2132
U2134
U2211
U2212
U2214
U2221
U2222
U2224
U2231
U2232
U2234
Perfil
Figura 8 – Ld e σdist obtidos pela NBR 14762:2001 e o programa CU-FSM para a flexão
OBS.: A parte sublinhada do eixo referente aos perfis indica que os mesmos
satisfazem as relações da norma NBR 14762:2001, e que portanto para os
mesmos se pode utilizar o formulário simplificado para o cálculo da flambagem por
distorção. Os comentários referentes às Fig. 7 e 8 são feitos nas conclusões.
dist (KN/cm^2)
30,00 Anexo D 25,00
dist (KN/cm^2)
25,00 20,00
CUFSM
20,00 15,00 Anexo D
10,00
15,00 CUFSM
5,00
10,00
0,00
5,00 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0
0,00
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
Largura nominal do enrijecedor (mm)
t (m m )
Anexo D Anexo D
σ dist (KN/cm^2)
15,00 50,00
dist (KN/cm^2)
CUFSM CUFSM
40,00
10,00
30,00
5,00 20,00
10,00
0,00
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 0,00
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
Largura nominal da mesa (mm) t (m m )
40,00 CUFSM
dist (cm)
30,00
30,00
20,00 Anexo D
20,00
10,00 CUFSM
10,00
0,00
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0
Largura nom inal do enrijecedor (m m ) Largura nom inal da m esa (m m )
Primeira coluna: Ld
Segunda coluna: σdist
1,20 1,40
1,00 1,20
0,80 1,00
0,60 0,80
0,40 0,60
0,20 0,40
0,00 0,20
0,00
2,00
U 4
U 2
U 4
34
1
1
2
1
1
1
2
2
21
21
21
22
22
22
22
22
22
(flexão) – hipótese 1
1,20 1,20
1,00 1,00
0,80 0,80
0,60 0,60
0,40 0,40
0,20 0,20
0,00 0,00
12
14
11
12
14
34
21
21
22
22
22
22
U
1,40 1,40
1,20
1,20
1,00
0,80 1,00
0,60 0,80
0,40
0,20 0,60
0,00 0,40
0,20
0,00
1,60 1,60
1,40 1,40
1,20 1,20
1,00 1,00
0,80 0,80
0,60 0,60
0,40 0,40
0,20
0,20
0,00
0,00
12
14
11
12
14
21
21
22
22
22
U
σdist σdist
0,78 0,70
0,77 0,60
0,76
0,50
0,75
0,40
0,74
0,30
0,73
0,20
0,72
0,71 0,10
0,70 0,00
U2114
U2211
U2212
U2214
0,69
U2114
U2212
U2214
U2234
25,00
σ
20,00
15,00
Compressão
Flexão
10,00
5,00
0,00
0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4
Tabela 3 – valor de σdist e calculados por meio do procedimento da NBR 14762:2001 e via
faixas finitas
PERFIL Ue 200X100X10X4
COMPRESSÃO CENTRADA NBR 14762:2001 CUFSM
σdist (kN/cm )
2
27,33 26,56
COMPRESSÃO CENTRADA
NBR 14762:2001
Percebe-se que a única diferença entre as duas análises acima foi o modo de
obtenção da tensão convencional de flambagem elástica σdist, o qual resultou um
valor muito próximo entre o calculado conforme o anexo D da NBR 14762:2001 e
conforme o método das faixas finitas. Com isso a força normal resistente resultou
praticamente a mesma.
Ny = Ag x fy
Ag = 15,74 cm2
fy = 25 kN/cm2
Ny = 393,50 kN
Ncrd = 418 kN
FLEXÃO
NBR 14762:2001
Percebe-se também nestes dois casos supracitados que a única diferença entre as
duas análises foi o modo de obtenção da tensão convencional de flambagem
elástica σdist, o qual resultou um valor muito próximo entre o calculado conforme o
anexo D da NBR 14762:2001 e conforme o método das faixas finitas. Com isso a
força normal resistente resultou do mesmo modo praticamente a mesma.
HANCOCK (1997)
OBS:
Neste caso, as resistências de cálculo são idênticas à da NBR 14762, pois λdist <
1,414, e a expressão de HANCOCK (1997) só atualizou o trecho elástico da
mesma referente à norma australiana (idêntica à NBR 14762:2001).
My = 2561 kN
fy = 25 kN/cm2
MRd = 2070 kN.cm (se utilizado γ = 1,1 – como recomenda a NBR 14762:2001)
60
50
σ dist (kN/cm2)
40
Compressão
30
Flexão
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Procedim ento de análise
8 CONCLUSÕES
Tanto para as análises via faixas finitas quanto para as análises via
procedimento da NBR 14762:2001, os mesmos perfis, quando submetidos à
flexão, apresentam maiores valores de σdist, quando comparados com os
submetidos à compressão centrada. A diferença entre estes valores foi mais
pronunciada para os perfis que não respeitam as condições das tabelas D.1 e D.2
da NBR 14762:2001. Por outro lado, os valores de Ld referentes aos perfis
9 AGRADECIMENTOS
10 REFERÊNCIAS