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Curso: Lit.

Portuguesa –
Prof. Mônica Simas

NOVELAS DE CAVALARIA

As novelas de cavalaria são estórias fabulosas que falam de heróis e de batalhas. Suas
origens estão sumidas na Idade Média. Elas surgiram da natural tendência romanesca do
povo, ainda favorecidas pelo clima de exaltação mística e cavaleiresca da época. As novelas
de cavalaria surgiram das canções de gesta. Provavelmente se serviam, em primeiro, da
língua d’oïl – fala rústica e veemente do Norte da França −, do mesmo modo que a suave e
amaneirada língua d’oc, do Sul, deu nascença ao lirismo provençal. O conteúdo literário de
tais novelas era corrente em toda a Europa, variando conforme o gosto e a imaginação do
artista.
As novelas formam ciclos, de acordo com o tema central:
1 – Ciclo Greco-Latino (ou: Ciclo da Antiguidade), constituído de reminiscências da
antiga Grécia e Roma, como: Romance de Tebas, Romance de Tróia, Romance de Enéias.

2 – Ciclo Carolíngio. O herói central é o rei Carlos Magno, acompanhado dos Doze
Pares de França. São as canções de gesta francesas, agora degeneradas em prosa. Elas
narram as lutas dos franceses contra os mouros, e são essencialmente bélicas. Muito
conhecidas:
a) Canção de Rolando (Chanson de Roland). É a narrativa de derrota
inflingida a Rolando (sobrinho de Carlos Magno), pelos muçulmanos, na
passagem dos Pirineus (em Roncescavales);
b) Canção de Turpin. Novela que apresenta Carlos Magno como protetor do
Santuário de São Tiago de Compostela, contra os ataques dos mouros;
c) Maynete. Novela de disputas, ciúmes e batalhas. Carlos Magno encontra-se
refugiado em Toledo, corte moura, disfarçado em Maynete. Ama Galiana,
filha do rei. Seus rivais tentam mata-lo, mas Carlos Magno vence a todos e
ainda, em Roma, desbarata os sarracenos.

3 – Ciclo Bretão. A origem do ciclo bretão ou arturiano ainda não está bem
estabelecida. Relembraremos as opiniões de:

a) Gastão Paris. Supõe que as lendas que o constituem são originárias do país de
Gales.
b) Foerster. Dá como originárias de França.
c) Lot. Concilia as teses anteriores, considerando as lendas como pertencentes a
uma e outra região.

A literatura de tema arturiano era conhecida na Península Ibérica desde o século XII,
com repetidas referências. Os trovadores portugueses sempre a conheceram e em língua
portuguesa existe o Livro de José de Arimatéia e a Demanda do Santo Graal.
As canções do ciclo bretão apareceram depois das do ciclo carolíngio. Umas e outras
se distanciam: estas são rudes, violentas, amplas de batalhas sangrentas; as do ciclo bretão,
ternas e sentimentais. Toda a cortesia gira em torno da mulher, de acordo com o ideal
cavaleiresco. O herói central do ciclo é o rei Artur, figura lendária, o último a imperar os
bretões, no século VI. Viveu sempre em luta contra os anglo-saxões e desapareceu, levado
por fadas, numa barca misteriosa. A corte do rei Artur era formada por doze pares – gentis e
aguerridos fidalgos −, que se reuniam em torno da Távola Redonda. A empresa suprema a
que se dedicavam era a Demanda do Santo Graal

Demanda do Santo Graal – O Santo Graal era um vaso sagrado que servira na última ceia do Cristo.
José de Arimatéia nele recolhera, no Calvário, as últimas gotas do sangue do Salvador. Agora, o vaso se
encontra escondido alhures – no Castelo de Cobernic ou na Espanha, resguardado da possível profanação dos
saxões. E o cavaleiro que o encontrasse – como prêmio de suas virtudes, castidade e valentia contra os infiéis,
daí o continuado caminhar em obras generosas −, seria ditoso e eleito nos céus. A Demanda (procura) narra
justamente os sucessos e insucessos de cavaleiros valentes que partiram em sua busca: Perceval, Lançarote,
Gauvain, Galaaz, Lisuarte.

AMADIS DE GAULA. A novela Amadis de Gaula pertence ao material de Bretanha,


romance muito conhecido na Europa da Idade-Média – a mais brilhante narrativa de
cavalaria.
Há célebre problema da autoria do Amadis de Gaula. A crítica moderna reconhece
que o romance foi originariamente escrito em português, mas só aparece publicado em
castelhano, no ano de 1500. As referências ao livro datam do século XIV, mas o autor é
sempre omitido. Zurara declara que a obra fora escrita por Vasco de Lobeira. Confirmando a
hipótese, descobriu-se no Cancioneiro da Biblioteca Nacional que o lais de Leonoreta, feita
por Amadis, era obra do trovador Lobeira e a tese da autoria portuguesa mais se reforçou.

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