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da mais-valia
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Mariana Alves de Andrade
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Mestranda. Universidade Federal de Alagoas. E-mail: marianaufpb@hotmail.com
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INTRODUÇÃO
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Ressalta o autor que “os métodos para a produção da mais-valia relativa são, ao
mesmo tempo, métodos para a produção de mais-valia absoluta” [...], pois isso, “de certo
ponto de vista, toda diferença entre mais-valia absoluta e mais-valia relativa parece ilusória”
(p.106-7). Sendo assim, “a mais-valia relativa é absoluta”, pelo fato de que há um
prolongamento absoluto da jornada de trabalho, isto é, esta vai além do tempo de trabalho
necessário à produção da mercadoria força de trabalho. De tal modo, poderia se dizer “a
mais-valia absoluta é relativa”, isso porque ao desenvolver a produtividade do trabalho,
elimina-se parte da jornada de trabalho e , portanto, reduz-se o tempo de trabalho
socialmente necessário. Mas, segundo o ele essa aparência de identidade de desfaz ao ser
observado o movimento da mais-valia.
A partir do momento em que o modo de produção capitalista se encontra
consolidado, ou seja, a partir do momento em que ele já tenha se estabelecido enquanto
modo de produção dominante, “a diferença entre mais-valia absoluta e mais-valia relativa
torna-se sensível, tão logo se trate de aumentar a taxa de mais-valia em geral” (p.107).
Vejamos o que fala Marx,
pressupondo-se que a força de trabalho seja paga por seu valor, encontramo-nos
diante destas alternativas: dada a força produtiva de trabalho e seu grau normal de
intensidade, só é possível aumentar a taxa de mais-valia mediante prolongamento
absoluto da jornada de trabalho; por outro lado, dada a limitação da jornada de
trabalho, só é possível aumentar a taxa de mais-valia mediante mudança da
grandeza de suas partes integrantes, trabalho necessário e mais-trabalho, o que, por
sua vez, se o salário não deve cair abaixo do valor da força de trabalho, pressupõe
mudança na produtividade ou na intensidade do trabalho (p.107. O grifo é nosso).
Assim sendo, a jornada de trabalho não pode ser prolongada até o ponto em que
provoque o exaurimento da força de trabalho. Logo, o próprio capitalista não tem interesse
em utilizá-la desta forma, pois, imediatamente, a tornaria escassa. Bem como, os próprios
trabalhadores em consequência disto se organizariam para lutar pela diminuição da jornada
de trabalho, quando esta se tornasse extenuante. Dessa forma, para continuar vendendo a
sua força de trabalho ao capitalista, o trabalhador precisa satisfazer suas necessidades
físicas e biológicas e as de sua família, porém, o salário deve, ainda que de maneira
dificultosa, atender a estas necessidades. Por conseguinte, para o capital aumentar a taxa
de mais-valia, a alternativa é alterar a grandeza de suas partes, desse modo, é preciso
mudar a produtividade ou a intensidade do trabalho. Em seguida, veremos quais os efeitos
provocados na produção da mais-valia a partir da modificação ocasionada na produtividade
do trabalho.
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1.2 A produção da mais-valia absoluta e relativa: progresso da acumulação e
concentração de capital com aumento na produtividade do trabalho social
No Livro I, Tomo II, mais especificamente no Capítulo XXIII, quando Marx expõe os
elementos da lei geral da acumulação capitalista, ele discute os fatores que a mudança na
produtividade do trabalho ocasiona na acumulação do capital e nos salários dos
trabalhadores. Vejamos o que ele explicita sobre isto no item dois do referido capítulo.
Concordando com Smith, ressalta Marx: “não é o volume existente da riqueza social
nem a grandeza do capital já adquirido que acarretam uma elevação salarial, mas
unicamente o crescimento contínuo da acumulação e da velocidade desse crescimento”
(p.193).
Observa-se que, ultrapassado o momento em que os fundamentos gerais do sistema
já se encontram deveras constituídos, o transcurso da própria acumulação se põe em um
estágio em que “a produtividade do trabalho social se torna a mais poderosa alavanca da
acumulação” (p.194).
Para o autor, a produtividade social do trabalho não é, senão, a condição em que
esta “se expressa no volume relativo dos meios de produção que um trabalhador, durante
um tempo dado, com o mesmo dispêndio de força de trabalho, transforma em produto”
(p.194). Porém, para esta compreensão não podemos levar em conta, as condições postas
pela natureza e suas particularidades, como a fertilidade do solo (isso explicaremos mais
adiante), etc., assim como, a atividade realizada por outros produtores independentes e
isolados, que pela sua habilidade e destreza se ocupam em produzir com maior qualidade a
massa dos produtos. Salvo essas exceções, o trabalhador ao fazer funcionar a massa dos
meios de produção com os quais trabalha a faz crescer junto com a produtividade do seu
trabalho.
Analisadas tais condições, os meios de produção cumprem duplo papel. Para uns
crescer é consequência; para outros, não é senão, condição da crescente produtividade do
trabalho. Para elucidar melhor esta questão, Marx aponta que com a divisão manufatureira
do trabalho e a utilização da maquinaria, possibilitou-se o processamento de mais matéria-
prima no mesmo espaço de tempo, por conseguinte, mais matérias-primas e mais matérias
auxiliares eram introduzidas no processo de trabalho. Daí resulta a consequência da
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crescente produtividade do trabalho. Mas, para que o processo de trabalho se realize
plenamente, são necessários outros meios de produção como maquinaria, animais de
trabalho, adubos minerais, prédios, meios de transportes, etc., que “é condição para a
crescente produtividade do trabalho” (p.194), sem eles não seria possível a sua realização.
Se condição ou se consequência, o que importa lembrar aqui, é que “o volume crescente
dos meios de produção em comparação com a força de trabalho neles incorporada expressa
a crescente produtividade do trabalho” (p.194. O grifo é nosso). Consequentemente, o
crescimento da produtividade do trabalho representa, portanto, o decréscimo da massa de
força de trabalho (fator subjetivo do processo de trabalho) e o acréscimo proporcional da
massa de meios de produção (fator objetivo do processo de trabalho) por ela movimentados.
Isto acarreta mudanças na composição técnica do capital com reflexos na sua composição-
valor, ou seja, origina-se um acréscimo na componente constante do capital em detrimento
de uma diminuição da componente variável. Veja como Marx exemplifica esta diferença.
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desenvolvimento da força produtiva do capital social2. Em nenhuma outra formação social é
possível se sustentar a produção em larga escala de mercadorias, a não ser na sociedade
capitalista, pelas seguintes razões:
todos os métodos de elevar a força produtiva social do trabalho, surgidos sobre esse
fundamento, são, ao mesmo tempo, métodos de elevar a produção de mais-valia ou
mais-produto, que, por sua vez, é o elemento constitutivo da acumulação. São, por
conseguinte, métodos para produzir capital mediante capital ou métodos de sua
acumulação acelerada (p.195).
Sendo assim, segundo aponta Marx, existem dois fatores econômicos que
conjugados acarretam a mudança na composição técnica do capital e provoca uma
diminuição da sua componente variável se confrontada com a variável constante. São eles:
a acumulação acelerada do capital, impulsionada pela contínua retransformação da mais-
valia em capital, que ao entrar no processo de produção eleva a força produtiva do trabalho
e a acumulação do capital, característica especifica do modo de produção capitalista.
Analisa o autor, se todo capital individual representa uma concentração em maior ou
menor grau de meios de produção com comando simultâneo de um número maior ou menos
de trabalhadores, logo, “toda acumulação se torna meio de uma nova acumulação” (p.196).
Todavia, essa acumulação em decorrência da sempre crescente massa da riqueza social,
ocasiona a concentração de capital nas mãos de capitalistas individuais, conduzidos pela
produção em larga escala e pela utilização de métodos que são especificamente
capitalistas. Daí se segue, “o crescimento do capital social realiza-se no crescimento de
muitos capitais individuais” (p. 196). Este movimento específico do capital, consideradas
2
Discussão realizada por Marx na Seção IV – A produção da Mais-Valia Relativa (continuação) especificamente
no Capítulo XIII sobre Maquinaria e Grande Indústria (conferir).
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constantes as circunstâncias para a sua realização, provoca, segundo Marx, a concentração
dos meios de produção em proporção a parte dos mesmos no capital global da sociedade.
Como reação a este movimento, “parcelas que se destacam dos capitais originais [...]
passam a funcionar como novos capitais autônomos” (p.196). Sendo assim, quanto mais se
acumula, tanto mais cresce o número de capitalistas, e não importa se em maior ou menor
proporção. O autor ainda avalia o papel da acumulação, da concentração e da centralização
de capitais nesse processo, porém, não é possível para nós expormos melhor essa questão
aqui. Considerados estes elementos, desse movimento, se processa uma diminuição
absoluta da demanda de trabalho, que cresce, proporcionalmente, ao crescimento dos
capitais que haviam se renovado e se massificado graças ao efeito centralizador. Sendo
assim, “por um lado, o capital adicional constituído no decurso da acumulação atrai,
portanto, em proporção ao seu tamanho, menos e menos trabalhadores. Por outro lado, o
velho capital, reproduzido periodicamente em nova composição, repele mais e mais
trabalhadores anteriormente ocupados por ele” (p.198). No rastro desse processo, é que se
constituiu o exército industrial de reserva, tão vital para o capital, como é degradante para os
trabalhadores.
CONCLUSÃO
A partir do que foi exposto, podemos agora fazer algumas considerações sobre o
texto. Para Marx a produção da mais-valia absoluta, não é senão, o fundamento para a
produção da mais-valia relativa. Esta, porém, é produzida em decorrência da alteração
provocada na produtividade do trabalho, que se realiza pela transformação nos
componentes da jornada de trabalho, ou melhor, quando se modificam o tempo necessário e
o mais-trabalho. Com isso, a redução do primeiro significa o prolongamento do segundo, por
conseguinte, mais vantagens para o capitalista que pode acumular mais.
O avanço do próprio capital possibilita a transformação e renovação dos meios
técnicos de trabalho, das formas de assimilação da matéria-prima, do próprio processo de
trabalho, etc., e, por conseguinte, provoca um ajustamento em prol do capital na forma de
extração do mais-trabalho, seja pela intensificação do trabalho, seja pelo aumento
provocado na produtividade do trabalho.
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Constatamos que, assim como a reprodução do proletariado, a variabilidade da taxa
de salários, também está sujeita ao processo de crescimento ou de decréscimo do capital.
Dessa forma, a elevação dos salários está diretamente ligada ao contínuo crescimento da
acumulação e a velocidade em que o capital avoluma-se. Portanto, a centralização
desempenha nesse processo um importante papel, ao reforça e acelerar os efeitos da
acumulação pela anexação ou fusão dos capitais individuais menores em capitais
individuais maiores; assim também, como amplia e acelera as transformações na
composição técnica do capital, ocasionando o aumento do elemento constante às custa do
emprego da parte variável, o que provoca uma diminuição da demanda relativa por trabalho.
Esse movimento do capital vai provocar o surgimento e alargamento da superpopulação
relativamente supérflua para o capital.
Verificamos ainda, que ao passo que o trabalhador transforma os meios de produção
em mercadorias, cresce o volume destes em comparação a força de trabalho neles
incorporada, processo do qual deriva a crescente produtividade do trabalho representada no
decréscimo da massa da força de trabalho em contraposição ao acréscimo proporcional da
massa dos meios de produção.
Desse modo, todos os métodos, meios e técnicas utilizados com a finalidade de
aumentar a produtividade do trabalho são, portanto, são métodos de elevação da produção
da mais-valia ou mais-produto. Sendo assim, como bem expôs Marx, “a produtividade do
trabalho social se torna a mais poderosa alavanca da acumulação”.
Contudo, a mais-valia segundo Marx, possui uma base natural, que foi muito pouco
explorada pelos economistas clássicos. Estes se equivocaram ao pensar que a produção da
mais-valia era uma qualidade inata ao trabalho do homem.
Indaga o autor, que a extração da mais-valia é uma característica especifica do modo
de produção capitalista e pelo uso da coação externa é que ela se realiza, embora, a coação
utilizada para a sua efetivação tenha atingido uma sutileza cada vez mais fantasmagorizada,
apregoada numa relação que expressa uma suposta igualdade entre homens livres, mas
que vela e obscurece uma relação de exploração e subordinação fetichizada pela a criação
do próprio trabalhador – a mercadoria.
REFERÊNCIAS
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KARL, Marx. Mais-valia Absoluta e Relativa. In: O capital: crítica da economia política;
Apresentação de Jacob Gorender: coordenação e revisão de Paul Singer; tradução de Regis
Barbosa e Flávio R. Kothe. São Paulo: Abril Cultura, 1984, Tomo II, cap. XIV, p.105-112,
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