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MARX E O FUNDAMENTO DO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA: a produção

da mais-valia

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Mariana Alves de Andrade

Resumo: Neste trabalho vamos apontar alguns elementos expostos


por Marx nos Capítulos XIV e XXIII de O Capital sobre a produção da
mais-valia no modo de produção capitalista. Nosso objetivo é
demarcar como a partir da alteração dos elementos fundamentais que
compõem a jornada de trabalho é possível segundo o autor,
aumentar a produtividade do trabalho social e acumulação do capital,
consequentemente, ao passo que se produz uma sempre crescente
superpopulação relativa ou população supérflua.
Palavras-chave: Mais-valia, acumulação, produtividade do trabalho
social.

Abstract: In this work we point out some elements of Marx in


Chapters XIII and XIV of the Capital on the production of added value
in the capitalist mode of production. Our goal is to demarcate from the
amendment of the fundamental elements that make up the working
day is possible according to the author, increasing labor productivity
and accumulation of social capital, therefore, while there is an ever
increasing overcrowding on population or superfluous .
Key words: Add value, accumulation, productivity of social work.

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Mestranda. Universidade Federal de Alagoas. E-mail: marianaufpb@hotmail.com
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INTRODUÇÃO

A produção da mais-valia é o motor que impulsiona o progresso e a continuidade do


modo de produção capitalista. Dado o momento histórico de evolução da humanidade, as
forças produtivas do trabalho e, também o homem e a sociedade se desenvolvem em
proporção sempre crescente, isto acontece devido à crescente acumulação do capital e ao
processo de expansão da riqueza global.
Mas, o capital só pode se desenvolver porque produz mais-valia. Porém, a mais-
valia produzida não é criação do capitalista que a acumula, é o trabalhador que com
dispêndio da sua força de trabalho agrega ao produto do seu trabalho um mais-valor que
antes não existia. A mais-valia, pertence ao capitalista, pois é ele que compra a força de
trabalho e disponibiliza os meios de produção necessários a sua produção. No entanto, o
que não fica evidente nesta relação, é que o próprio trabalhador ao despender a sua força
de trabalho no processo de produção da mercadoria, ou seja, ao agregar valor ao produto,
está acrescentando mais-trabalho que não lhe é pago, além do mais, é ele mesmo que
produz o valor que será pago pelo preço da sua força de trabalho, isto é, o salário. Este
mais-trabalho se realiza para o capitalista na forma de mais-valia ao ser vendida a
mercadoria. Portanto, é da mais-valia nas formas absoluta e relativa que vamos tratar aqui.
Longe de esgotar a discussão sobre o assunto, este trabalho objetiva expor alguns
elementos apontados Marx nos Capítulos XIV e XXIII (especialmente no item dois deste
capítulo) de O Capital, a respeito da produção da mais-valia absoluta e relativa, da mudança
ocasionada na produtividade do trabalho e seus reflexos no processo de acumulação e
concentração do capital, como veremos adiante.

2 A MAIS VALIA ABSOLUTA E RELATIVA

A produção de mais-valia é o fundamento da existência do modo de produção


capitalista. No entanto, a finalidade da compra da força de trabalho do trabalhador pelo
capitalista, não é senão, sua utilidade na produção da mais-valia. É no prolongamento da
jornada de trabalho que ela se constitui. Nesta, o trabalhador produz o equivalente
necessário do qual, parte é usada para pagar a sua força de trabalho (salário) e, a outra
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parte, o trabalho não-pago, é apropriada pelo capitalista. Isto constitui, portanto, a mais-valia
absoluta que é “o ponto de partida para a produção da mais-valia relativa” (p.106). Segundo
Marx, a jornada de trabalho se divide em duas partes fundamentais: o trabalho necessário e
o mais-trabalho.
Para o autor, o trabalho necessário ou tempo de trabalho socialmente necessário “é
aquele requerido para produzir um valor de uso qualquer, nas condições dadas de produção
socialmente normais, e com grau social médio de habilidade e de intensidade de trabalho”
(p.48). A redução do tempo necessário provoca um prolongamento do mais-trabalho e,
desse modo, o trabalhador produz em menos tempo, o equivalente ao seu salário e, em
consequência disto, o capitalista adquire uma maior quantia de mais-valia ao ser realizada.
A duração da jornada de trabalho é o elemento determinante para a produção da
mais-valia absoluta. Já a produção da mais-valia relativa significa o revolucionamento dos
“processos técnicos e dos agrupamentos sociais”, e mais, “supõe portanto um modo de
produção especificamente capitalista” (p.106). Assim, aos serem transformados os meios,
métodos e condições de produção ocasiona-se, deste modo, uma mudança na força
produtiva do trabalho. Esta é determinada por diversas circunstâncias, “entre outras pelo
grau médio de habilidade dos trabalhadores, o nível de desenvolvimento da ciência e sua
aplicabilidade tecnológica, a combinação social do processo de produção e as condições
naturais” (p.48).
A produção da mais-valia absoluta é característica específica do modo de produção
capitalista. Nas sociedades precedentes a esse modo de produção, a mais-valia não era
extraída do seu produtor por “coação direta”. Isto é, neste tipo de sociedade, o produtor não
vendia sua força de trabalho em troca de um salário, entretanto, não havia uma
subordinação formal do trabalho ao capital, pois o capital não detinha o controle sobre o
processo de trabalho. Mas, no final da Idade Média, os elementos necessários a
constituição do modo de produção capitalista já estavam basicamente postos. Este período
pode ser considerado propriamente o momento de concretude da transição.
Para se produzir mais-valia absoluta, segundo o autor, é necessário que os
trabalhadores se tornem trabalhadores assalariados, ou seja, que mantenha uma relação de
dependência direta com o capital e se mantenham sob o seu controle. Neste caso, ocorre
uma subordinação formal do trabalho ao capital, por exemplo, como nos casos em “que
artesãos trabalhavam antes para si mesmo ou como oficiais de um mestre de corporação e
tornaram–se trabalhadores assalariados” (p.106).

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Ressalta o autor que “os métodos para a produção da mais-valia relativa são, ao
mesmo tempo, métodos para a produção de mais-valia absoluta” [...], pois isso, “de certo
ponto de vista, toda diferença entre mais-valia absoluta e mais-valia relativa parece ilusória”
(p.106-7). Sendo assim, “a mais-valia relativa é absoluta”, pelo fato de que há um
prolongamento absoluto da jornada de trabalho, isto é, esta vai além do tempo de trabalho
necessário à produção da mercadoria força de trabalho. De tal modo, poderia se dizer “a
mais-valia absoluta é relativa”, isso porque ao desenvolver a produtividade do trabalho,
elimina-se parte da jornada de trabalho e , portanto, reduz-se o tempo de trabalho
socialmente necessário. Mas, segundo o ele essa aparência de identidade de desfaz ao ser
observado o movimento da mais-valia.
A partir do momento em que o modo de produção capitalista se encontra
consolidado, ou seja, a partir do momento em que ele já tenha se estabelecido enquanto
modo de produção dominante, “a diferença entre mais-valia absoluta e mais-valia relativa
torna-se sensível, tão logo se trate de aumentar a taxa de mais-valia em geral” (p.107).
Vejamos o que fala Marx,

pressupondo-se que a força de trabalho seja paga por seu valor, encontramo-nos
diante destas alternativas: dada a força produtiva de trabalho e seu grau normal de
intensidade, só é possível aumentar a taxa de mais-valia mediante prolongamento
absoluto da jornada de trabalho; por outro lado, dada a limitação da jornada de
trabalho, só é possível aumentar a taxa de mais-valia mediante mudança da
grandeza de suas partes integrantes, trabalho necessário e mais-trabalho, o que, por
sua vez, se o salário não deve cair abaixo do valor da força de trabalho, pressupõe
mudança na produtividade ou na intensidade do trabalho (p.107. O grifo é nosso).

Assim sendo, a jornada de trabalho não pode ser prolongada até o ponto em que
provoque o exaurimento da força de trabalho. Logo, o próprio capitalista não tem interesse
em utilizá-la desta forma, pois, imediatamente, a tornaria escassa. Bem como, os próprios
trabalhadores em consequência disto se organizariam para lutar pela diminuição da jornada
de trabalho, quando esta se tornasse extenuante. Dessa forma, para continuar vendendo a
sua força de trabalho ao capitalista, o trabalhador precisa satisfazer suas necessidades
físicas e biológicas e as de sua família, porém, o salário deve, ainda que de maneira
dificultosa, atender a estas necessidades. Por conseguinte, para o capital aumentar a taxa
de mais-valia, a alternativa é alterar a grandeza de suas partes, desse modo, é preciso
mudar a produtividade ou a intensidade do trabalho. Em seguida, veremos quais os efeitos
provocados na produção da mais-valia a partir da modificação ocasionada na produtividade
do trabalho.
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1.2 A produção da mais-valia absoluta e relativa: progresso da acumulação e
concentração de capital com aumento na produtividade do trabalho social

No Livro I, Tomo II, mais especificamente no Capítulo XXIII, quando Marx expõe os
elementos da lei geral da acumulação capitalista, ele discute os fatores que a mudança na
produtividade do trabalho ocasiona na acumulação do capital e nos salários dos
trabalhadores. Vejamos o que ele explicita sobre isto no item dois do referido capítulo.
Concordando com Smith, ressalta Marx: “não é o volume existente da riqueza social
nem a grandeza do capital já adquirido que acarretam uma elevação salarial, mas
unicamente o crescimento contínuo da acumulação e da velocidade desse crescimento”
(p.193).
Observa-se que, ultrapassado o momento em que os fundamentos gerais do sistema
já se encontram deveras constituídos, o transcurso da própria acumulação se põe em um
estágio em que “a produtividade do trabalho social se torna a mais poderosa alavanca da
acumulação” (p.194).
Para o autor, a produtividade social do trabalho não é, senão, a condição em que
esta “se expressa no volume relativo dos meios de produção que um trabalhador, durante
um tempo dado, com o mesmo dispêndio de força de trabalho, transforma em produto”
(p.194). Porém, para esta compreensão não podemos levar em conta, as condições postas
pela natureza e suas particularidades, como a fertilidade do solo (isso explicaremos mais
adiante), etc., assim como, a atividade realizada por outros produtores independentes e
isolados, que pela sua habilidade e destreza se ocupam em produzir com maior qualidade a
massa dos produtos. Salvo essas exceções, o trabalhador ao fazer funcionar a massa dos
meios de produção com os quais trabalha a faz crescer junto com a produtividade do seu
trabalho.
Analisadas tais condições, os meios de produção cumprem duplo papel. Para uns
crescer é consequência; para outros, não é senão, condição da crescente produtividade do
trabalho. Para elucidar melhor esta questão, Marx aponta que com a divisão manufatureira
do trabalho e a utilização da maquinaria, possibilitou-se o processamento de mais matéria-
prima no mesmo espaço de tempo, por conseguinte, mais matérias-primas e mais matérias
auxiliares eram introduzidas no processo de trabalho. Daí resulta a consequência da

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crescente produtividade do trabalho. Mas, para que o processo de trabalho se realize
plenamente, são necessários outros meios de produção como maquinaria, animais de
trabalho, adubos minerais, prédios, meios de transportes, etc., que “é condição para a
crescente produtividade do trabalho” (p.194), sem eles não seria possível a sua realização.
Se condição ou se consequência, o que importa lembrar aqui, é que “o volume crescente
dos meios de produção em comparação com a força de trabalho neles incorporada expressa
a crescente produtividade do trabalho” (p.194. O grifo é nosso). Consequentemente, o
crescimento da produtividade do trabalho representa, portanto, o decréscimo da massa de
força de trabalho (fator subjetivo do processo de trabalho) e o acréscimo proporcional da
massa de meios de produção (fator objetivo do processo de trabalho) por ela movimentados.
Isto acarreta mudanças na composição técnica do capital com reflexos na sua composição-
valor, ou seja, origina-se um acréscimo na componente constante do capital em detrimento
de uma diminuição da componente variável. Veja como Marx exemplifica esta diferença.

De um capital, por exemplo, calculados em percentagem, originalmente são


investidos 50% em meios de produção e 50% em força de trabalho; mais tarde, com
o desenvolvimento da produtividade do trabalho, são investidos 80% em meios de
produção e 20% em força de trabalho etc. Essa lei do crescente aumento da parte
constante do capital em relação à parte variável é confirmada a cada passo pela
análise comparativa dos preços das mercadorias, quer comparemos diferentes
épocas econômicas de uma única nação ou nações diferentes na mesma época.
(p.194.)

Daí se segue, que a modificação na percentagem original dos investimentos indica,


pois, decréscimo do elemento variável do capital sempre na razão inversa ao aumento
acarretado no elemento constante que ocorre sempre na razão direta do progresso da
acumulação. Mas, essa indicação na mudança dos componentes materiais, pode ser
considerada apenas de modo aproximado. A causa disso, é que

com a crescente produtividade do trabalho, não apenas se eleva o volume dos


meios de produção por ele utilizados, mas cai o valor deles em comparação com seu
volume. O crescimento da diferença entre capital constante e capital variável é, por
isso, menor do que o da diferença entre a massa dos meios de produção em que o
capital constante é convertido e a massa da força de trabalho em que se converte o
capital variável. A primeira diferença cresce com a última em menor grau (p.195).

Embora no processo de acumulação a grandeza relativa do elemento variável do


capital tenda a decrescer, sua grandeza absoluta continua em crescimento. Sabendo-se
disto, sustenta o autor, que é a cooperação em larga escala o pressuposto para o

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desenvolvimento da força produtiva do capital social2. Em nenhuma outra formação social é
possível se sustentar a produção em larga escala de mercadorias, a não ser na sociedade
capitalista, pelas seguintes razões:

à base da produção de mercadorias, na qual os meios de produção são propriedade


de pessoas privadas, em que o trabalhador manual produz mercadorias portanto de
modo isolado e autônomo ou vende sua força de trabalho como mercadoria porque
lhe faltam os meios para produzir autonomamente, aquele pressuposto só se realiza
pelo crescimento dos capitais individuais ou à medida que os meios sociais de
produção e subsistência são transformados em propriedade privada de capitalistas.
[...] Certa acumulação de capital nas mãos de produtores individuais de mercadorias
constitui, por isso, o pressuposto do modo específico de produção capitalista. (p.195.
O grifo é nosso)

O momento histórico que demarca essa realização é, portanto, o momento da


passagem do artesanato para a empresa capitalista. Seu ponto de partida, a chamada
acumulação primitiva, é o fundamento histórico da acumulação capitalista. E mais,

todos os métodos de elevar a força produtiva social do trabalho, surgidos sobre esse
fundamento, são, ao mesmo tempo, métodos de elevar a produção de mais-valia ou
mais-produto, que, por sua vez, é o elemento constitutivo da acumulação. São, por
conseguinte, métodos para produzir capital mediante capital ou métodos de sua
acumulação acelerada (p.195).

Sendo assim, segundo aponta Marx, existem dois fatores econômicos que
conjugados acarretam a mudança na composição técnica do capital e provoca uma
diminuição da sua componente variável se confrontada com a variável constante. São eles:
a acumulação acelerada do capital, impulsionada pela contínua retransformação da mais-
valia em capital, que ao entrar no processo de produção eleva a força produtiva do trabalho
e a acumulação do capital, característica especifica do modo de produção capitalista.
Analisa o autor, se todo capital individual representa uma concentração em maior ou
menor grau de meios de produção com comando simultâneo de um número maior ou menos
de trabalhadores, logo, “toda acumulação se torna meio de uma nova acumulação” (p.196).
Todavia, essa acumulação em decorrência da sempre crescente massa da riqueza social,
ocasiona a concentração de capital nas mãos de capitalistas individuais, conduzidos pela
produção em larga escala e pela utilização de métodos que são especificamente
capitalistas. Daí se segue, “o crescimento do capital social realiza-se no crescimento de
muitos capitais individuais” (p. 196). Este movimento específico do capital, consideradas

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Discussão realizada por Marx na Seção IV – A produção da Mais-Valia Relativa (continuação) especificamente
no Capítulo XIII sobre Maquinaria e Grande Indústria (conferir).
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constantes as circunstâncias para a sua realização, provoca, segundo Marx, a concentração
dos meios de produção em proporção a parte dos mesmos no capital global da sociedade.
Como reação a este movimento, “parcelas que se destacam dos capitais originais [...]
passam a funcionar como novos capitais autônomos” (p.196). Sendo assim, quanto mais se
acumula, tanto mais cresce o número de capitalistas, e não importa se em maior ou menor
proporção. O autor ainda avalia o papel da acumulação, da concentração e da centralização
de capitais nesse processo, porém, não é possível para nós expormos melhor essa questão
aqui. Considerados estes elementos, desse movimento, se processa uma diminuição
absoluta da demanda de trabalho, que cresce, proporcionalmente, ao crescimento dos
capitais que haviam se renovado e se massificado graças ao efeito centralizador. Sendo
assim, “por um lado, o capital adicional constituído no decurso da acumulação atrai,
portanto, em proporção ao seu tamanho, menos e menos trabalhadores. Por outro lado, o
velho capital, reproduzido periodicamente em nova composição, repele mais e mais
trabalhadores anteriormente ocupados por ele” (p.198). No rastro desse processo, é que se
constituiu o exército industrial de reserva, tão vital para o capital, como é degradante para os
trabalhadores.

CONCLUSÃO

A partir do que foi exposto, podemos agora fazer algumas considerações sobre o
texto. Para Marx a produção da mais-valia absoluta, não é senão, o fundamento para a
produção da mais-valia relativa. Esta, porém, é produzida em decorrência da alteração
provocada na produtividade do trabalho, que se realiza pela transformação nos
componentes da jornada de trabalho, ou melhor, quando se modificam o tempo necessário e
o mais-trabalho. Com isso, a redução do primeiro significa o prolongamento do segundo, por
conseguinte, mais vantagens para o capitalista que pode acumular mais.
O avanço do próprio capital possibilita a transformação e renovação dos meios
técnicos de trabalho, das formas de assimilação da matéria-prima, do próprio processo de
trabalho, etc., e, por conseguinte, provoca um ajustamento em prol do capital na forma de
extração do mais-trabalho, seja pela intensificação do trabalho, seja pelo aumento
provocado na produtividade do trabalho.

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Constatamos que, assim como a reprodução do proletariado, a variabilidade da taxa
de salários, também está sujeita ao processo de crescimento ou de decréscimo do capital.
Dessa forma, a elevação dos salários está diretamente ligada ao contínuo crescimento da
acumulação e a velocidade em que o capital avoluma-se. Portanto, a centralização
desempenha nesse processo um importante papel, ao reforça e acelerar os efeitos da
acumulação pela anexação ou fusão dos capitais individuais menores em capitais
individuais maiores; assim também, como amplia e acelera as transformações na
composição técnica do capital, ocasionando o aumento do elemento constante às custa do
emprego da parte variável, o que provoca uma diminuição da demanda relativa por trabalho.
Esse movimento do capital vai provocar o surgimento e alargamento da superpopulação
relativamente supérflua para o capital.
Verificamos ainda, que ao passo que o trabalhador transforma os meios de produção
em mercadorias, cresce o volume destes em comparação a força de trabalho neles
incorporada, processo do qual deriva a crescente produtividade do trabalho representada no
decréscimo da massa da força de trabalho em contraposição ao acréscimo proporcional da
massa dos meios de produção.
Desse modo, todos os métodos, meios e técnicas utilizados com a finalidade de
aumentar a produtividade do trabalho são, portanto, são métodos de elevação da produção
da mais-valia ou mais-produto. Sendo assim, como bem expôs Marx, “a produtividade do
trabalho social se torna a mais poderosa alavanca da acumulação”.
Contudo, a mais-valia segundo Marx, possui uma base natural, que foi muito pouco
explorada pelos economistas clássicos. Estes se equivocaram ao pensar que a produção da
mais-valia era uma qualidade inata ao trabalho do homem.
Indaga o autor, que a extração da mais-valia é uma característica especifica do modo
de produção capitalista e pelo uso da coação externa é que ela se realiza, embora, a coação
utilizada para a sua efetivação tenha atingido uma sutileza cada vez mais fantasmagorizada,
apregoada numa relação que expressa uma suposta igualdade entre homens livres, mas
que vela e obscurece uma relação de exploração e subordinação fetichizada pela a criação
do próprio trabalhador – a mercadoria.

REFERÊNCIAS

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KARL, Marx. Mais-valia Absoluta e Relativa. In: O capital: crítica da economia política;
Apresentação de Jacob Gorender: coordenação e revisão de Paul Singer; tradução de Regis
Barbosa e Flávio R. Kothe. São Paulo: Abril Cultura, 1984, Tomo II, cap. XIV, p.105-112,

____________. A Lei Geral da Acumulação Capitalista. In: O capital: crítica da economia


política; Apresentação de Jacob Gorender: coordenação e revisão de Paul Singer; tradução
de Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. São Paulo: Abril Cultura, 1984, Tomo II, cap., XXIII,
p.193-198.

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