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_________________________________________________________________
Carlos Nelson Elias – D. Sc. - IME - Presidente
_________________________________________________________________
Jamil Duailibi Filho – D. Sc. - INT
_________________________________________________________________
Luis Henrique Leme Louro – Ph. D. - IME
_______________________________________________________________
Maria Cecília de Souza Nóbrega – D. Sc. - UFRJ
_________________________________________________________________
Cecília Zavaglia – D. Sc. – Unicamp
_______________________________________________________________
José Carlos da Rocha– D. Sc. - INT
_______________________________________________________________
Antônio José do Nascimento Dias – D. Sc. – INT
Rio de Janeiro
2004
3
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Carlos Nelson Elias, orientador desta tese, pelo interesse, otimismo e
empenho na realização deste trabalho, assim como pela amizade, compreensão e
incentivo constantes.
Ao Dr. Jamil Duailibi Filho, pelo apoio fundamental para a realização desta tese.
À todos os professores, funcionários e técnicos do Departamento de Engenharia
Mecânica e de Materiais DE-4 do IME e do Departamento de Química, que direta ou
indiretamente contribuíram para a execução deste trabalho.
Um agradecimento especial aos engenheiros Carlos Roberto e Carlos Gomes, e
aos técnicos: Leonardo, Joel, Cristóvão, Miguel, Anderson pela grande colaboração.
À minha família, pelo grande apoio e compreensão durante este período.
Ao IME, pela oportunidade de realização do Doutorado.
A DPCM-INT (Divisão de Processamento e Caracterização de Materiais), ao
DEMP (Divisão de Ensaios de Materiais e Produtos), aos funcionários e técnicos dos
laboratórios (Laboratório de Processamento de Pós, LATEP; Laboratório de
Metalografia e Dureza, LAMED; e Laboratório de Análises Inorgânicas, LABAI), pelo
acolhimento e pela grande colaboração na realização de ensaios experimentais
desta tese.
Aos colegas e bolsistas do INT, Leandra, Antonio José, Cássio, Brant, Carla,
Marcelo, André pela grande colaboração.
Ao Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia da PUC-RJ (Lab.de
Difração de Raios-x (LDRX) pela realização de medidas experimentais para este
trabalho.
Aos amigos e colegas da pós-graduação do IME, Itamar, Vivian, Elaine, Marcos,
Mário Henrique, Solange, Sheila, Leonardo, Felipe, Souza Lima, Cardoso, Ricardo,
pela cooperação e convívio durante estes três anos e meio.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-CAPES, pelo
apoio financeiro.
À Conexão Sistemas de Prótese pelo fornecimento de material específico
necessário ao desenvolvimento da tese.
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 21
2 OBJETIVO ............................................................................................ 25
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................ 26
3.1 Cerâmicas como biomateriais .............................................................. 26
3.1.1 Biocerâmicas........................................................................................ 26
3.1.2 Alumina como biomaterial .................................................................... 28
3.1.3 Alumina em próteses ortopédicas ........................................................ 30
3.1.4 Alumina em implantes dentários .......................................................... 32
3.1.5 Processos industriais para obtenção de pós de zircônia...................... 35
3.1.6 Zircônia em prótese ortopédicas .......................................................... 36
3.1.7 Radioatividade de biomateriais cerâmicos ........................................... 38
3.1.8 Pilares cerâmicos ................................................................................. 38
3.2 Cerâmicas a base de alumina .............................................................. 44
3.2.1 Estrutura cristalina da alumina ............................................................. 44
3.3 Cerâmicas a base de zircônia .............................................................. 45
3.3.1 Estrutura cristalina da zircônia ............................................................. 45
3.3.1.1 Zircônia monoclínica............................................................................. 46
3.3.1.2 Zircônia tetragonal................................................................................ 47
3.3.1.3 Zircônia cúbica ..................................................................................... 48
3.3.2 Equilíbrio da fase binária ...................................................................... 49
3.3.2.1 Zircônia pura ........................................................................................ 49
3.3.2.2 Zircônia parcialmente estabilizada (PSZ) ............................................. 51
5
3.3.2.3 Zircônia tetragonal policristalina (TZP) ................................................. 51
3.3.2.4 Zircônia totalmente estabilizada ........................................................... 51
3.3.3 Transformação martensítica (T- M) ...................................................... 52
3.3.4 Mecanismos de tenacificação .............................................................. 53
3.3.4.1 Aumento de tenacidade induzido por tensão........................................54
3.3.4.2 Microtrincamento.................................................................................. 56
3.3.4.3 Tensões superficiais compressivas ...................................................... 57
3.4 Compósitos a base de alumina e zircônia ............................................ 57
3.5 Processamento .................................................................................... 59
3.5.1 Aditivos de processamento .................................................................. 59
3.5.2 Moagem ............................................................................................... 60
3.5.3 Dispersão dos pós................................................................................ 62
3.5.4 Conformação por prensagem uniaxial.................................................. 69
3.5.4.1 Característica dos pós para prensagem............................................... 70
3.5.4.2 Mecânica da compactação................................................................... 73
3.5.5 Secagem e evaporação de ligante ....................................................... 77
3.5.6 Sinterização das cerâmicas à base de óxidos...................................... 79
3.5.6.1 Aspectos teóricos......... ........................................................................ 79
3.6 Identificação das fases da zircônia e transformação martensítica ....... 84
3.7 Propriedades mecânicas ...................................................................... 85
3.7.1 Dureza.................................................................................................. 85
3.7.2 Tenacidade à fratura ............................................................................ 87
3.7.3 Resistência mecânica........................................................................... 98
3.7.4 Degradação das propriedades mecânicas da zircônia ........................107
3.7.5 Resistência ao desgaste .....................................................................113
6
4.2 Materiais utilizados ...............................................................................118
4.2.1 Pós cerâmicos......................................................................................118
4.2.1.1 Alumina ................................................................................................118
4.2.1.2 Zircônia.................................................................................................118
4.2.2 Aditivos.................................................................................................119
4.3 Processamento ....................................................................................121
4.3.1 Metodologia de Análise ........................................................................121
4.3.2 Preparação das composições ..............................................................121
4.3.3 Moagem ...............................................................................................128
4.3.4 Secagem dos pós.................................................................................128
4.3.5 Desaglomeração ..................................................................................128
4.3.6 Conformação dos corpos de prova ......................................................128
4.3.7 Cálculo da densidade a verde ..............................................................129
4.3.8 Retirada do ligante ou plastificante .....................................................130
4.3.9 Sinterização..........................................................................................131
4.4 Caracterização da microestrutura e propriedades do material sinterizado
.....................................................................................................132
4.4.1 Avaliação das propriedades físicas ......................................................133
4.4.1.1 Densidade e porosidade.......................................................................133
4.4.1.2 Avaliação das fases cristalinas e transformação martensítica .............135
4.4.2 Avaliação das características microestuturais......................................138
4.4.3 Avaliação das propriedades mecânicas ...............................................140
4.4.3.1 Determinação dos valores de dureza ...................................................140
4.4.3.2 Determinação do fator de intensidade de tensão crítica – KIC ..............143
4.4.3.3 Determinação da resistência mecânica à flexão ..................................145
4.5 Tratamento estatístico dos dados ........................................................148
7
5.2 Caracterização e determinação das propriedades do material sinterizado
.....................................................................................................161
5.2.1 Composições analisadas......................................................................161
5.2.2 Densidade e dependência da microestrutura .......................................162
5.2.3 Difração de raios-X: fases cristalinas e transformação martensítica ...168
5.2.4 Tamanho de grâo .................................................................................178
5.2.5 Propriedades mecânicas ......................................................................185
5.2.5.1 Módulo de elasticidade.........................................................................185
5.2.5.2 Carga de indentação e dureza Vickers.................................................186
5.2.5.3 Valores de resistência mecânica..........................................................189
5.2.5.4 Valores de tenacidade à fratura ...........................................................197
5.2.5.5 Sistema de trinca..................................................................................204
5.2.5.6 Uso de equações para determinação do KIC pelo método de indentação
...................................................................................................206
5.2.5.7 Análise das superfícies de fratura ........................................................208
5.2.5.8 Relação entre geometria da trinca e tenacidade à fratura....................210
5.2.5.9 Resistência ao desgaste ......................................................................214
5.2.5.10 Microscopia eletrônica de transmissão................................................216
6 CONCLUSÕES......................................................................................220
6.1 Conclusões.............................................................................................220
6.2 Sugestões ..............................................................................................222
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................222
8 ANEXOS.................................................................................................243
8.1 Anexo 1 ..................................................................................................244
8.2 Anexo 2 ..................................................................................................252
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
9
FIG. 3.22 Moinho atritor..........................................................................................60
FIG. 3.23 Formação de aglomerados na ausência de forças repulsivas................63
FIG. 3.24 Partículas dispersas e defloculadas. ......................................................63
FIG. 3.25 Formação de uma dupla camada de cargas elétricas ao redor de uma
partícula carregada negativamente em meio aquoso.............................65
FIG. 3.26 Estrutura molecular do ácido cítrico(o símbolo Cit representa o grupo
citrato). ...................................................................................................66
FIG. 3.27 Micrografias eletrônicas de varredura após polimento e ataque térmico da
amostra Al2O3 - 15% 3Y-TZP sem a utilização do dispersante: (a)
elétrons retroespalhados e (b) elétrons secundários em diferentes
magnitudes. ............................................................................................69
FIG. 3.28 Estágios da compactação: (a) Enchimento; (b) Fechamento; (c)
Prensagem; (d) Ejeção. ..........................................................................70
FIG. 3.29 Compactação de esferas finas no interstício de partículas grosseiras. ..71
FIG. 3.30 Distribuição de tamanho de partículas cerâmicas. .................................72
FIG. 3.31 Estrutura de poros em um arranjo de partículas anisométricas. (a)
arranjo randômico, (b) arranjo ordenado. ...............................................72
FIG. 3.32 Moléculas de ligante reduzem a densidade de empacotamento sob
baixas tensões efetivas, A – partículas, B- Moléculas de polímeros. ....73
FIG. 3.33 Forças normais e tangenciais nos contatos entre partículas. .................74
FIG. 3.34 Alterações microestruturais durante a compactação. .............................75
FIG. 3.35 Defeitos nos compactos prensados a seco. ...........................................76
FIG. 3.36 Perfil de distribuição da pressão na prensagem uniaxial........................77
FIG. 3.37 Fluxograma geral dos processos de sinterização...................................80
FIG. 3.38 Mecanismos de transporte de massa. ....................................................82
FIG. 3.39 Configuração da ponta da trinca e base da mecânica da fratura linear
elástica. ..................................................................................................87
FIG. 3.40 Modos básicos de carregamento envolvendo diferentes deformações da
superfície das trincas..............................................................................88
FIG. 3.41 Modelo de Johnson da cavidade esférica em expansão. .......................90
FIG. 3.42 Sequência da iniciação e propagação de trincas na indentação de um
material duro...........................................................................................91
FIG. 3.43 Comparação dos sistemas de trincas ao redor de impressão Vickers. ..94
10
FIG. 3.44 Sistemas de trincas (a): Palmquist; (b): “half-penny”..............................94
FIG. 3.45 Desenho esquemático do sistema IF produzido por um indentador
Vickers ...................................................................................................96
FIG. 3.46 Diferença entre sistema radial/mediano e Palmqvist após polimento da
superfície. ...............................................................................................97
FIG. 3.47 (a) defeito semi-elíptico em barra submetida a flexão em quatro pontos.
em (b), a profundidade do defeito, a, é menor do que sua semilargura, c,
e em (c) a é maior do que c..................................................................101
FIG. 3.48 Zona frontal do processo, zona da marola e zona de ponteamento da
trinca em propagação. ..........................................................................103
FIG. 3.49 Processos de absorção de tensões (a) deflexão (“deflection”) da trinca
por decoesão (“debonding”) na interface; (b) microtrincamento na zona
frontal do processo (“branching”); (c) escoamento plástico na zona
frontal do processo; (d) transformação de fase com expansão de volume
e/ou microtrincamento (“microcracking”)na zona da marola; (e)
ponteamento da trinca por fibras ou whiskers; (f) ponteamento
(“bridging”) da trinca por grãos e travamento (g) ponteamento
viscoelástico. ........................................................................................104
FIG. 3.50 Gráfico esquemático da curva-R crescente..........................................105
FIG. 3.51 Campos de tensões em um viga prismática carregada em três pontos,
franjas isocromáticas - campo escuro. .................................................107
FIG. 4.1 Metodologia de análise.........................................................................122
FIG. 4.2 Massas e volumes utilizados para a preparação das misturas de
diferentes composições. .......................................................................125
FIG. 4.3 Razão de aspecto do corpo verde para prensagem uniaxial................129
FIG. 4.4 Variação da temperatura do forno durante a evaporação do ligante. ...130
FIG. 4.5 Variação da temperatura do forno durante a sinterização das
composições a 1600°C.........................................................................132
FIG. 4.6 Variação da temperatura do forno durante a sinterização das
composições a 1500°C.........................................................................132
FIG. 4.7 Difratograma da Y-ZrO2 Tosoh com 2θ na faixa de 27° a 33°, mostrando
a ocorrência do do pico tetragonal a= (101)T, e dos picos monoclínicos
b = ( 1 11) M e c = (111)M. .....................................................................137
11
FIG. 4.8 Distância entre as indentações Vickers conforme norma ASTM C -
1327 - 99. ............................................................................................141
FIG. 4.9 Indentações Vickers aceitáveis de acordo com a norma ASTM C - 1327 -
99............. ............................................................................................141
FIG. 4.10 Indentações Vickers não aceitáveis conforme norma ASTM C - 1327 -
99 . .......................................................................................................142
FIG. 4.11 Esquema do ensaio de flexão em 4 pontos..........................................145
FIG. 5.1 Distribuição de tamanho de partículas para todas as amostras. ..........154
FIG. 5.2 Distribuição de tamanho de partículas para amostras ZT e alumina. ...155
FIG. 5.3 Distribuição de tamanho de partículas para amostras ZM e alumina. ..155
FIG. 5.4 Micrografia de solução bem diluída dos pós: (a)100 ZT , (b) 100 A , (c)
100 ZM. ................................................................................................156
FIG. 5.5 Difratograma do pó da amostra 100 ZT................................................157
FIG. 5.6 Difratograma do pó para amostra 80 ZT...............................................157
FIG. 5.7 Difratograma do pó para amostra 21 ZT...............................................158
FIG. 5.8 Difratograma do pó para amostra 15 ZT...............................................158
FIG. 5.9 Difratograma do pó para amostra 10 ZT...............................................158
FIG. 5.10 Difratograma do pó para amostra 5 ZT.................................................159
FIG. 5.11 Difratograma do pó para amostra A. ....................................................159
FIG. 5.12 Difratograma do pó para amostra 100 ZM............................................160
FIG. 5.13 Difratograma do pó para amostra 80 ZM..............................................160
FIG. 5.14 Difratograma do pó para amostra 15 ZM..............................................160
FIG. 5.15 Micrografias eletrônicas de varredura utilizando elétrons
retroespalhados, onde as partículas escuras e claras são alumina e
zircônia, respectivamente, para as amostras: (a) 100 ZT, (b) 80 ZT, (c)
21 ZT, (d) 15 ZT, (e) 10 ZT, (f) 5 ZT, (g) A, (h) 100 ZM, (i) 80 ZM, (j) 15
ZM. .......................................................................................................167
FIG. 5.16 Difratograma da amostra 100 ZT após sinterização. ............................168
FIG. 5.17 Difratograma da amostra 80 ZT após sinterização. ..............................169
FIG. 5.18 Difratograma da amostra 21 ZT após sinterização. ..............................169
FIG. 5.19 Difratograma da amostra 15 ZT após sinterização. ..............................169
FIG. 5.20 Difratograma da amostra 10 ZT após sinterização. ..............................169
FIG. 5.21 Difratograma da amostra 5 ZT após sinterização.................................170
12
FIG. 5.22 Difratograma da amostra 100 ZM após sinterização. ...........................170
FIG. 5.23 Difratograma da amostra 80 ZM após sinterização. ............................170
FIG. 5.24 Difratograma da amostra 15 ZM após sinterização. ............................171
FIG. 5.25 Difratograma da amostra 100 ZT após fratura.....................................171
FIG. 5.26 Difratograma da amostra 80 ZT após fratura.......................................171
FIG. 5.27 Difratograma da amostra 21 ZT após fratura.......................................172
FIG. 5.28 Difratograma da amostra 15 ZT após fratura.......................................172
FIG. 5.29 Difratograma da amostra 10 ZT após fratura.......................................172
FIG. 5.30 Difratograma da amostra 5 ZT após fratura.........................................173
FIG. 5.31 Difratograma da amostra 100 ZM após fratura....................................173
FIG. 5.32 Difratograma da amostra 80 ZM após fratura......................................173
FIG. 5.33 Difratograma da amostra 15 ZM após fratura......................................174
FIG. 5.34 Tamanho médio de grão versus ZrO2 Tosoh (% peso). ......................180
FIG. 5.35 Tamanho médio de grão versus ZrO2 Mel Chemicals (% peso). .........181
FIG. 5.36 Micrografias eletrônicas de varredura das amostras com superfícies
polidas e termicamente atacadas (1500°C 10min): (a) 100 ZT, (b) 80 ZT,
(c) 21 ZT, (d) 15 ZT, (e) 10 ZT, (f) 5 ZT, (g) A, (h) 100 ZM, (i) 80 ZM, (j)
15 ZM. ..................................................................................................184
FIG. 5.37 Diagrama de Weibull para amostra 100 ZT. .........................................194
FIG. 5.38 Diagrama de Weibull para amostra 80 ZT. ...........................................194
FIG. 5.39 Diagrama de Weibull para amostra 21 ZT. ...........................................195
FIG. 5.40 Diagrama de Weibull para amostra 10 ZT. ..........................................195
FIG. 5.41 Diagrama de Weibull para amostra 5 ZT. ............................................195
FIG. 5.42 Diagrama de Weibull para amostra A. ..................................................196
FIG. 5.43 Diagrama de Weibull para amostra 100 ZM. ........................................196
FIG. 5.44 Diagrama de Weibull para amostra 80 ZM. ..........................................196
FIG. 5.45 Diagrama de Weibull para amostra 15 ZM. ..........................................197
FIG. 5.46 Dureza e tenacidade à fratura versus composição (zircônia Tosoh)
utilizando equação de Anstis, G. R. et al., 1981. .................................198
FIG. 5.47 Dureza e tenacidade à fratura versus composição (zircônia Mel
Chemicals) utilizando equação de Anstis, G. R. et al., 1981. ..............198
FIG. 5.48 Micrografias da amostra 100 ZT antes e depois do polimento com pasta
de diamante de 15 μm..........................................................................205
13
FIG. 5.49 Micrografias eletrônicas de varredura das superfícies de fratura (a) 100
ZT, (b) 80 ZT, (c) 21 ZT, (d) 15 ZT, (e) 10 ZT, (f) 5 ZT, (g) A, (h) 100 ZM,
(i) 80 ZM, (j) 15 ZM...............................................................................209
FIG. 5.50 Micrografias eletrônicas de varredura das trincas induzidas por
indentação nas superfícies das amostras: (a) 100 ZT, (b) 80 ZT, (c) 21
ZT, (d) 15 ZT, (e) 10 ZT, (f) 5 ZT, (g) A, (h) 100 ZM, (i) 80 ZM, (j) 15
ZM. .......................................................................................................212
FIG. 5.51 Exemplo dos caminhos de trinca típicos para os materiais
examinados
..............................................................................................................214
FIG. 5.52 Imagem em campo claro(MET) de (a) ZrO2-Al2O3(80 ZT) onde alumina é
o grão escuro........................................................................................217
FIG. 5.53 Espectro de EDS para o grão de alumina. ...........................................218
FIG. 5.54 Espectro de EDS para o grão de zircônia.............................................219
14
LISTA DE TABELAS
15
TAB. 5.6 Composição das amostras (%peso) e densidade teórica das amostras
(g/cm3). ...................................................................................................161
TAB. 5.7 Densidade e porosidade das amostras. ..............................................162
TAB. 5.8 Análise de variância (ANOVA) para as médias de densidade. .............163
TAB. 5.9 Teste LSD para a variável densidade das amostras de 1 a 5. .............164
TAB. 5.10 Teste LSD para a variável densidade das amostras de 6 a 10. ...........164
TAB. 5.11 Retração linear das amostras. ..............................................................166
TAB. 5.12 Análise quantitativa das fases presentes obtida pelo método de
Rietveld.................................................................................................174
TAB. 5.13 Fração volumétrica de zircônia monoclínica presente nos pós, após
sinterização e após fratura, obtida pelo método interno. ......................175
TAB. 5.14 Extensão da transformação induzida por tensão a partir de dados obtidos
pelo método interno..............................................................................176
TAB. 5.15 Extensão da transformação induzida por tensão a partir de dados obtidos
pelo método de Rietveld. ......................................................................177
TAB. 5.16 Tamanho médio de grão........................................................................179
TAB. 5.17 Módulo de elasticidade das amostras calculado pela regra da mistura.185
TAB. 5.18 Medidas de dureza Vickers (HV). ..........................................................186
TAB. 5.19 Análise de variância(ANOVA) para as médias de dureza. ...................188
TAB. 5.20 Teste LSD para a variável dureza das amostras de 1 a 5. ...................188
TAB. 5.21 Teste LSD para a variável dureza das amostras de 6 a 10. .................189
TAB. 5.22 Resultados do ensaio de flexão em 4 pontos. ......................................190
TAB. 5.23 Análise de variância(ANOVA) para as médias de resistência à flexão. 191
TAB. 5.24 Teste LSD para a variável resitência à flexão das amostras de 1 a
5. ..........................................................................................................191
TAB. 5.25 Teste LSD para a variável resistência à flexão das amostras de 6 a
10. ........................................................................................................192
TAB. 5.26 Medidas de densidade e tenacidade à fratura (KIC)..............................197
TAB. 5.27 Análise de variância (ANOVA) para médias de KIC. .............................202
TAB. 5.28 Teste LSD para a variável KIC das amostras de 1 a 5. .........................202
TAB. 5.29 Teste LSD para a variável KIC das amostras de 6 a 10. .......................203
TAB. 5.30 Medidas do comprimento médio de trinca e razão c/a. ........................205
TAB. 5.31 Valores de densidade, dureza, KIC e resistência ao desgaste. .............215
16
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ABREVIATURAS
SÍMBOLOS
μm - micrometro
mm - milímetro
cm - centímetro
g - grama
kg - kilograma
MPa - mega Pascal
GPa - giga Pascal
HV - dureza Vickers
N - newton
kgf - kilograma-força
m - metro
°K - kelvin
°C - celsius
W - watts
17
LIISTA DE SIGLAS
18
RESUMO
19
ABSTRACT
20
1 INTRODUÇÃO
21
biocompatibilidade e resistência ao desgaste, contudo, oferece moderada resistência
à flexão e baixa tenacidade. A zircônia é também inerte em meio fisiológico porém,
apresenta vantagem sobre a alumina pois tem maior resistência à flexão, maior
tenacidade à fratura e menor módulo de elasticidade. Porém, as propriedades
mecânicas ainda não são satisfatórias. Além disso, a zircônia se torna
esteticamente bastante interessante quando polida.
As técnicas utilizadas no processamento cerâmico podem ser o método
convencional de escultura da massa cerâmica ou por alguns procedimentos
avançados já existentes, que utilizam os mais variados métodos de conformação.
Métodos como cerâmica infiltrada com vidro, ou vitro-cerâmica centrifugada a partir
de vidro fundido, usinagem de um bloco cerâmico, e modelagem de cerâmica sob
pressão a quente, têm sido propostos (Phillips, R., 1996). Entretanto, por utilizar
equipamentos especiais de processamento, apresentam um alto custo de aquisição,
o que resulta no custo elevado da restauração cerâmica.
A alumina mantem-se na liderança da indústria de cerâmicas avançadas, devido
ao seu custo moderado, sua versatilidade e comprovado desempenho. As
composições cerâmicas a base de zircônia, entretanto, apresentam maior
crescimento, visto que novas variedades com maior resistência estão sendo
desenvolvidas (Oliveira, A. P. A. , 1997).
Diante das evidências do papel da zircônia como agente tenacificador de
cerâmicas utilizadas para fins estruturais, vários sistemas cerâmicos a base de
zircônia têm sido estudados. Tal reforço é conseqüência da transformação de fase
tetragonal para monoclínica das partículas de zircônia finamente dispersas na matriz
e ocorre por meio de dois mecanismos: a) formação de microtrincas devido a
expansão volumétrica que acompanha a transformação t → m, onde é gerado um
estado de compressão e ocorre a formação de microtrincas ao redor das partículas.
Estas microtrincas irão absorver energia durante o processo de desenvolvimento das
trincas, aumentando a tenacidade da cerâmica; b) transformação induzida por
tensão que ocorre quando a trinca encontra partículas de zircônia tetragonal que se
transformam em zircônia monoclínica. Estas partículas de zircônia tetragonal podem
ser obtidas pela adição de óxidos de terras raras que estabilizam a fase t-ZrO2, ou
pela simples compressão exercida pelos outros grãos. A transformação absorve
22
parte da energia necessária para a propagação da trinca, ocorrendo um aumento da
tenacidade à fratura (Rezende, D. T., 1997).
A adição de zircônia na alumina como aditivo de sinterização vem sendo
praticada a longo tempo com objetivo de densificação de cerâmicas a base de
alumina. Todavia, o conceito de tenacificação de cerâmicas de alumina por
dispersão de partículas de zircônia em uma matriz somente foi reconhecida nos
últimos 20 anos. A introdução de pequena quantidade de zircônia em alumina como
aditivo de sinterização leva a formação de solução sólida a qual promove o processo
de densificação pela introdução de defeitos (Wang, J. & Stevens, R., 1989). Por
outro lado, a microestrutura de compósitos a base de alumina e zircônia é
caracterizada pela presença de duas fases distintas, ao invés de uma solução sólida
(Wang, J. & Stevens, R., 1989). É conhecido que a adição de uma segunda fase
resulta em uma melhoria de propriedades como resistência à flexão e tenacidade à
fratura (Claussen, N.,1976; Lange, F.F., 1982c; Hori, S. et al., 1986; Casellas, D.,
1999, Evans, A. G., 1990). Por esta razão, estes materiais são promissores em
diversas aplicações que requerem elevada dureza, alta resistência ao desgaste e
relativa tenacidade à fratura.
Compósitos de alumina e zircônia são conhecidos como ZTA (“zirconia
toughened alumina” ou matriz de alumina reforçada com partículas de zircônia), e
ATZ (“alumina toughened zirconia” ou matriz de zircônia estabilizada reforçada com
partículas de alumina) (De Aza, A. H. et al., 2002). Com ambos materiais bifásicos
(ZTA e ATZ), é esperada a obtenção de maiores valores de tenacidade à fratura
quando comparado com os materiais cerâmicos monofásicos(Fantozi G. & Orange
G., 1986; Karihaloo, B.L., 1991; Becher, P.F. et al., 1993; Rühle, M. et al., 1984;
Gregori, G. et al., 1999).
De acordo com Gregori, G.et al., 1999, os compósitos a base de alumina e
zircônia apresentam uma associação com ganho de tenacidade mantendo as
propriedades peculiares da alumina como excelente resistência ao desgaste e
estabilidade química. Todas estas características qualificaram o ZTA para diversas
aplicações e o tornam um promissor candidato a utilização como material de
implantes, uma vez que a comunidade de biomateriais já está familiarizada com a
alumina e a zircônia separadamente. Apesar disso, muito pouco foi publicado na
23
literatura sobre estes compósitos como biomateriais (Piconi, C. & Maccauro, G.,
1999).
Desta forma, o presente trabalho introduz a utilização de compósitos cerâmicos
alumina-zircônia como biomateriais a serem utilizados em pilares cerâmicos para
restaurações sobre implantes osseointegrados de titânio. Através da avaliação das
propriedades mecânicas e observação da microestrutura dos compósitos obtidos, o
presente trabalho visa determinar a faixa de composição mais promissora para sua
utilização nesta aplicação odontológica específica. (FIG. 1.1).
Pilar
Coroa
Implante
24
2 OBJETIVO
25
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1.1 BIOCERÂMICAS
26
sódio, etc...) e de íons que apresentam baixa toxidade aos tecidos do corpo (ex:
zircônio, titânio, etc...).
Inicialmente, os materiais bioinertes mais frequentemente usados eram os
cerâmicos à base de alumina sinterizada ( α -Al2O3, corundum), que pode exibir
resistência à flexão em torno de 380 MPa ou superior.
Dentre as principais vantagens dos materiais com zircônia estão seus elevados
valores de resistência mecânica e tenacidade à fratura, os quais são obtidos devido
a transformação de fase da zircônia, de tetragonal para fase monoclínica. Todavia,
a resistência mecânica de um material, depende fortemente da seleção dos pós
iniciais e da microestrutura final do corpo, a qual é resultado do processamento.
Os pós utilizados para preparação de biocerâmicas (ex: implantes), devem ser
caracterizados por um pequeno tamanho de partícula inicial, uma estreita
distribuição de tamanho de partícula, forma de partícula isométrica e elevada pureza
química, especialmente a ausência de sódio, ferro e silício.
Ossos e dentes, tecidos duros do corpo humano, apresentam um componente
inorgânico, que é um análogo sintético dos tecidos calcificados dos vertebrados
(Kong, Y. M. et al., 2004). Este componente inorgânico consiste de hidroxiapatita
(Ca10(PO4)6(OH)2, HA). Na maioria dos casos, eles também apresentam um
componente orgânico, freqüentemente o colágeno. Esmalte, a camada mais externa
do dente é o material mais duro do corpo humano e consiste de aproximadamente
92% de hidroxiapatita.
O dente em função, é submetido a um dos mais inóspitos ambientes do corpo
humano. Eles estão sujeitos a grandes variações de temperatura, variando do frio
do gelo (O°C) até cafés e sopas quentes. O PH varia na faixa de 0,5 a 8. Somado a
isto, as tensões associadas à mastigação onde tensões cíclicas podem variar de 20
a 100 MPa. Além de se manter estáveis neste ambiente e aptos a suportar as
cargas de mastigação, materiais dentários precisam satisfazer outro critério, que é a
estética. Qualquer material dentário que seja utilizado em regiões de maior
solicitação estética, devem ter cor e translucidez mais próximo possível do dente
natural. (www.azom.com).
As cerâmicas dentárias foram inicialmente usadas a 225 anos atrás. A primeira
aplicação foi a dentadura de porcelana, material largamente utilizado em dentística
nos dias de hoje.
27
As principais aplicações de cerâmicos na odontologia incluem: restaurações,
coroas e “veneers” (Anderson, M. & Óden, A., 1993, Graber, G. & Besimo, C., 1995,
Hegenbarth, E. A., 1996, Marinello, C. P. et al., 1997, Razzog, M. E., et al., 1997,
Óden, A. et al., 1998, Luthard, R. G. et al., 1999, Cando, D. C., 2001, Ardlin, B. I.,
2002, Velasco, R. V., et al., 2003, Bona, A. D. et al., 2003), pilares endodônticos
(Fischer, H. et. al., 2002), brackets ortodônticos (Keith, O. et al., 1994), pilares
cerâmicos para implantes (Prespitino, V. & Ingber, A., 1996, Anderson, B. et al.,
1999, Nishioka, R. S., et al., 2003), todas visando a saúde e a estética.
As restaurações tradicionais eram de amálgama utilizando prata, estanho e
mercúrio. Rapidamente restaurações de resina ganharam popularidade (Kelly, J. R.
et al., 1996). Apesar das vantagens das restaurações de resina, estes materiais
podem sofrer desgaste quando aplicados a superfícies de mastigação. Por esta
razão, coroas totalmente cerâmicas também vem ganhando popularidade.
Sistemas CAD_CAM permitem aos dentistas usinar a cerâmica individualmente
para cada caso e cimentar a coroa numa mesma consulta. Os materiais adequados
a esta aplicação são: porcelana feldspática reforçada com leucita, alumina com
poros interconectados infiltrados com vidro após usinagem para fornecer
translucidez, espinel poroso infiltrado com vidro, zirconia porosa infiltrada com vidro.
Cerca de 75% das coroas no mercado consumidor de aproximadamente 30 milhões
de coroas somente nos Estados Unidos, são feitas com porcelana feldspática em
base metálica. A porcelana é também usada em veneers para recobrir dentes
anteriores danificados. Núcleos cerâmicos também são utilizados em algumas
coroas. Coroas totalmente cerâmicas são normalmente recobertas com porcelana
de forma que a cor e translucidez desejadas possam ser obtidas.
Implantes dentários são utilizados como uma alternativa a pontes onde o dente
foi perdido ou removido (Adell, R. et al., 1981). Os elementos dentários são também
feitos de porcelana fundida com metal, onde um implante metálico biocompatível
como o titânio é ancorado dentro da mandíbula e a coroa de porcelana é fixada ao
implante. O implante metálico pode ser recoberto por hidroxiapatita para facilitar a
ligação com o osso e acelerar a osseointegração (www.azom.com).
28
Resistência mecânica à flexão, resistência à fadiga e tenacidade à fratura de
policristais α -Al2O3 são uma função do tamanho de grão e da porcentagem de
aditivos de sinterização, isto é, da pureza. Estas e outras propriedades estão
resumidas na TAB. 3.1 para um material cerâmico comercial para implante, bem
como os padrões da International Standards Organization ISO-6474 para implantes
de alta pureza a base de alumina. Extensivos testes têm mostrado que implantes
cerâmicos de alumina que atingem ou excedem os padrões da ISO apresentam
excelente resistência à fadiga estática e dinâmica e resistem ao crescimento
subcrítico de trinca e falha por impacto.
29
grãos finos. É ainda muito importante que a quantidade de SiO2 e óxidos alcalinos
seja inferior a 0,1%, porque eles impedem a densificação e promovem o crescimento
de grão. É ainda essencial que a quantidade de CaO seja inferior a 0,1% uma vez
que sua presença leva a uma redução da resistência à fadiga estática.
A alumina tem sido usada como material para confecção de próteses de quadril
e joelho por ser uma cerâmica bioinerte e com alta resistência ao desgaste. Cerca
de meio milhão de próteses de quadril foram implantadas até 1993 com articulação
de rótula de alumina(esfera em alumina) em substituição do componente cabeça de
fêmur e que este número vem aumentando em pelo menos 100.000 por ano. Na
Fig. 3.1 é apresentada uma prótese de quadril em alumina.
30
A primeira utilização clínica de uma prótese total de quadril foi reportada por
Boutin em 1971.
Em 1981, o mesmo autor apresentou 1.330 casos, onde foram citadas 6
fraturas de esferas, 4 fraturas de conexões e 7 casos com severo desgaste. As
taxas de desgaste observadas por Boutin, J. M. & Blanquaert, D., 1981 estavam na
faixa de 5-9 μm por ano.
Dorlot, J. M. et al., 1986 reportaram taxa de desgaste inferiores a 1 μm por ano.
Plitz, W. & Hoss, H. V., 1982 apresentaram taxas de desgaste consideradas
significantes em próteses totais de quadril toda em alumina.
Sedel, L. et al.,1988, apresentaram resultados de próteses totais de quadril em
alumina de 116 pacientes com menos de 50 anos realizadas entre abril de 1977 e
agosto de 1989. A análise mostrou 98,5% de probabilidade de conservação das
próteses por mais de 10 anos. Em comparação, Harris, W. H. & Mulroy, R. D. J.,
1990, apresentaram resultados mostrando que 42% de próteses totais de polietileno
(UHMWPE) e metálicas necessitavam de revisão dos componentes em menos de 10
anos.
Sedel, L. et al., 1991, apresentaram um estudo clínico de 10 anos com 187
próteses totais de quadril em alumina. A principal causa de falha foi perda de um
componente por falta de assepsia. As fraturas foram observadas em 5 pacientes.
Todas as falhas mecânicas ocorreram em componentes fabricados antes de 1979.
O desenvolvimento de alumina que atinge ou excede os padrões da ISO, reduziram
o número de falhas mecânicas e no caso de Sedel, L. 1991 et al., as falhas foram
completamente eliminadas.
Estudos clínicos tem comparado taxas de desgaste dos componentes da
conexão de polietileno (UHMWPE) contra bolas de alumina versus bolas metálicas.
Existe uma considerável variação de dados mas em cada caso, a taxa de desgaste
para sistemas com bolas metálicas é muito maior do que com bolas de alumina.
Um estudo apresentado por Oonishi, H. et al., 1988, envolvendo 956 próteses
totais de quadril com bolas ou cabeças de alumina e conexão UHMWPE realizadas
entre 1977 e 1988 e 117 próteses com bolas ou cabeças metálicas e conexão
UHMWPE realizadas entre 1975 e 1981, utilizou técnicas de difração de raios-x para
avaliação do desgaste. A taxa de desgaste para a combinação alumina- UHMWPE
foi 0,098 mm ao ano e 0,245 mm ao ano para a combinação metal- UHMWPE.
31
Dörre, E., 1991, apresentou resultados de taxas de desgaste anuais de 16 anos
de sua experiência clínica.
Para a combinação liga Co-Cr-Mo/UHMWPE, a taxa obtida foi de 200 μm / ano;
Para alumina/UHMWPE, a taxa ficou na faixa de 20 -130 μm / ano; E para
alumina/alumina, foi de 2 μm /ano.
As propriedades de desgaste da alumina estão relacionadas com sua pequena
rugosidade superficial e alta energia de superficie, resultando na forte e rápida
adsorção de moléculas biológicas. Estas camadas de moléculas adsorvidas
fornecem um recobrimento líquido que limita a direção de contato das superfícies
sólidas das articulações. A alta energia de superfície da alumina é demonstrada
pelas medidas do ângulo de contato. Com uma estrutura de alumina monofásica de
grãos finos, a rugosidade superficial é menor do que em ligas bifásicas Co-Cr-Mo.
Próteses totais de joelho consistindo de um componente fêmur em alumina com
um componente tíbia em UHMWPE, foram testadas clínicamente. Outras próteses
em cerâmica de ossos dos dedos, cotovelos, tornozelos, ombros e pulsos também
foram testadas e tiveram sucesso igual ou maior do que outros sistemas
confeccionados com outros materiais.
32
FIG. 3.2 Implante de Tübingen.
33
FIG. 3.4 Protótipos implantados em animais.
34
3.1.5 PROCESSOS INDUSTRIAIS PARA OBTENÇÃO DE PÓS DE ZIRCÔNIA
35
hidróxidos de zircônio e ítria a partir do oxicloreto de zircônio e do cloreto de ítrio,
respectivamente (FIG. 3.6). Estes precipitados são submetidos a uma operação de
secagem para se obter Y-PSZ que é sinterizada a 1400°C (Oliveira, A. P. A., 1997).
FIG. 3.6 Preparação de zircônia parcialmente estabilizada com ítria a partir de oxicloreto de
zircônio.
36
TAB. 3.2 Propriedades de biomateriais comerciais de zircônia e o padrão da ISO-13356.
Implantes Implantes
cerâmicos de cerâmicos de
Propriedades Unidade zircônia zircônia ISO - 13356
comerciais comerciais
Y-TZP Mg-PSZ
ZrO2 + HfO2 > 93,6%
HfO2 < 5%
Composição ZrO2 ZrO2 Y2O3 = 5,1 ± 0,25 %
+ 3% mol + 8%-10% mol Al2O3 < 0,5%
Y2O3 MgO Outros óxidos < 0,5%
U, TH óxidos < 20
ppm
Densidade g/cm3 > 6,00 5,74-6,00 > 6,00
Porosidade % < 0,1 - -
Tamanho médio de grão (μm) 0,2-0,4 12-30 < 0,6
Resistência à flexão (MPa) MPa 900-1200 450-700 > 900
Resistência à compressão MPa 2000 2000 -
Módulo de elasticidade GPa 210 210 -
Tenacidade à fratura K1c MPa.m1/2 7-10 7-15 -
Coeficiente de expansão x10-6/°C 11 7-10 -
térmica
Condutividade Térmica W/m°K 2 2 -
Dureza (HV) GPa 12 12 -
37
3.1.7 RADIOATIVIDADE DE BIOMATERIAIS CERÂMICOS
38
FIG. 3.7 pode ser visto a reposição de um elemento dentário perdido por um
implante de titânio inserido na mandíbula e a restauração protética ancorada ao
implante.
Como foi visto, alguns materiais foram utilizados no passado para a confecção
de implantes dentários, dentre eles, a alumina. Estes implantes apresentaram
excelente biocompatibilidade, porém, por problemas de fratura, foram abandonados.
Após alguns estudos em ortopedia, o médico Brånemark, P.I., (1987), verificou
que o titânio era um excelente material para utilização em implantes dentários e
introduziu o conceito da osseointegração. De acordo com Brånemark, existe uma
correlação direta entre o osso estruturado vivo e a superfície do implante quando
este está submetido às cargas mastigatórias. A partir daí, os implantes
osseointegrados dominaram o mercado e se tornaram uma rotina para os
profissionais da área.
A restauração protética sobre implantes envolve uma conexão entre o implante
metálico e a coroa, conhecida como pilar e a coroa cerâmica propriamente dita.
Este pilar é metálico, de titânio comercialmente puro ou liga de titânio. O pilar
metálico é acoplado ao implante e fixado a ele por meio de um parafuso de titânio. A
FIG. 3.8 apresenta dois pilares metálicos em titânio sendo um reto e outro angulado.
39
FIG. 3.8 Pilares metálicos em titânio.
Por razões estéticas, alguns pilares começaram a ser fabricados com materiais
cerâmicos, buscando minimizar problemas decorrentes de retração gengival e
conseqüente exposição do metal. A FIG. 3.9 ilustra a exposição do metal,
comprometendo a estética.
40
padrão (metal, cerâmica ou polímero), e transfere estes dados para uma
unidade fresadora onde um bloco cerâmico é usinado. Processo de
cerâmica moldada sob pressão (IPS Empress), que consiste no
aquecimento e compressão da cerâmica em um molde sob pressão
(Anusavice, K. J., 1998).
41
TAB. 3.3 Pilares cerâmicos comerciais.
SISTEMA NOME TIPO MATERIAL
COMERCIAL
42
É possível notar ainda na FIG. 3.11 que o pilar se apresenta com quatro
diâmetros diferentes, sendo cada um para diâmetro de implante diferente.
43
Pilares personalizados Procera são fabricados em alumina de alta densidade e
pelo sistema CAD-CAM, ou seja, o material é fresável através da utilização de
desenho (forma desejada) e processamento computadorizado.
Para um melhor entendimento da seqüência de utilização de um pilar, a
FIG.3.13(a) apresenta a primeira fase que consiste na instalação do implante
osseointegrado de titânio.
FIG. 3.13 Sequência de utilização do pilar: (a) Implante osseointegrado de titânio instalado; (b)
Pilar cerâmico fixado ao impante; (c) Coroas cerâmicas cimentadas.
44
2/3 dos Interstícios
octaédricos
ocupados por Al3+.
45
posição na rede cúbica de face centrada (CFC) (0,0,0) e o oxigênio a posição
(1/4,1/4,1/4). As estruturas tetragonal e monoclínica são consideradas distorções da
estrutura anterior (Stevens, R., 1986).
Dados cristalográficos dos polimorfos da zircônia são apresentados na TAB. 3.4.
46
FIG. 3.15 Estrutura cristalina da zircônia monoclínica.
47
3.3.1.3 ZIRCÔNIA CÚBICA
A estrutura cúbica da zircônia (fluorita) pode ser vista na FIG. 3.17 como uma
rede cúbica simples com oito íons de oxigênio, os quais são rodeados por um
arranjo cúbico de cátions, isto é, os oxigênios ocupam os interstícios tetraedrais de
uma rede cúbica (CFC) de empacotamento de cátions (Feighery & Irvine, 1999).
48
3.3.2 EQUILÍBRIO DA FASE BINÁRIA
A zircônia pura tem um alto ponto de fusão (2680 ºC) e uma baixa
condutividade térmica. O polimorfismo da zircônia restringe o seu uso na indústria
cerâmica. Durante o aquecimento, a zircônia passará por um processo de
transformação de fase. A mudança em volume associada a essas transformações
podem provocar tensões externas e até mesmo fratura do material, tornando
impossível o uso da zircônia pura em muitas aplicações.
Adições de certas quantidades de óxidos estabilizantes, sendo os mais
comuns óxidos de terras raras ou compostos semelhantes como CaO, CeO2, MgO e
Y2O3 estabilizam a forma cúbica evitando transformações de fase durante o
aquecimento e resfriamento. Os estabilizantes mais adequados são óxidos cujos
cátions possuam estrutura cristalina cúbica e razão da diferença entre raios dos
cátions em relação ao raio do zircônio inferior a 40 % (Oliveira, A. P. A., 1997). A
TAB. 3.5 apresenta alguns óxidos estabilizantes e suas respectivas razões
percentuais.
TAB. 3.5 Raios iônicos de alguns elementos estabilizadores das formas polimórficas de altas
temperaturas da zircônia e a razão (R) entre raio iônico do elemento estabilizante e raio do
zircônio.
49
Os sistemas precipitados são aqueles em que o estabilizante possui baixa
solubilidade sólida na rede da zircônia em temperatura onde a migração dos cátions
ainda é ativa (T>1400 °K). Materiais produzidos a partir de tais elementos
estabilizantes (ex: Ca e Mg) em geral são parcialmente estabilizados, ou seja,
possuem as estruturas tetragonal e monoclínica.
Sistemas de soluções sólidas ocorrem quando a solubilidade do estabilizante
(ex: Y2O3 e CeO2) é tal que cessa a mobilidade do cátion e este é retido em solução
sólida em temperaturas relativamente baixas. Estes sistemas podem formar
policristais de zircônia tetragonal, dependendo do teor de estabilizante.
A FIG. 3.19 apresenta o diagrama de fases do sistema ZrO2 / Y2O3. No
diagrama de fase do sistema ZrO2 / Y2O3 , é possível observar que a região de
estabilidade da solução sólida tetragonal é bastante ampla e que a temperatura da
transformação t → m é bastante baixa. O óxido de ítrio ou ítria é extraído do
mineral xenotímio e esta é utilizada como aditivo de sinterização em sialons e nitreto
de silício. É usada também para a estabilização da zircônia e para melhorar à
tenacidade à fratura (Kumar, A., S., et al., 2004b).
50
Cerâmicas de zircônia são geralmente produzidas na faixa de 2,5 % - 3,5 %
de Y2O3 pelo aquecimento a 1400-1500°C seguido de resfriamento rápido, gerando
assim policristais de ZrO2 tetragonal. Materiais de zircônia parcialmente estabilizada
também podem ser produzidos para teores de Y2O3 entre 3 e 6 % em mol.
É necessário que seja adicionada uma quantidade maior que 16 % mol (7,9%
peso) de CaO, ou 16 % mol (5,86 % peso) de MgO, ou ainda 8 % mol (13,75 % peso
de Y2O3, para que se possa obter uma estrutura de zircônia totalmente estabilizada.
51
Sua estrutura se torna uma solução sólida cúbica, a qual não apresenta
transformação de fase da temperatura ambiente até 2500°C
(www.standfordmaterial.com).
52
estabilizada podem ficar retidas na forma tetragonal metaestável (Stevens, R.,
1986). Este fato também ocorre no sistema ZrO2-CeO2, porém não ocorre nos
sistemas ZrO2-MgO e ZrO2-CaO.
Adicionando ítria à zircônia, inibimos a transformação martensítica. O
decréscimo da temperatura de transformação com adições de ítria produz uma
menor mudança na temperatura e menos deformação térmica (Heuer, H. A. 1987).
A estabilização da fase tetragonal é afetada pelo tamanho de partícula e módulo
de elasticidade do compósito, assim como pelo estabilizante e sua concentração
(Shulman, H.S., et al., 1998).
Caso o grão de zircônia esteja isolado, a transformação t → m ocorre uma vez
que as condições de nucleação sejam atingidas. No entanto, quando este grão está
imerso em uma matriz, a variação de volume (3 - 5 %) e a deformação associada a
esta transformação não podem ser aliviadas por mecanismos difusionais, mas
devem se acomodar por deformação plástica ou elástica na região próxima ao grão.
Conseqüentemente surge uma energia de deformação associada ao grão e à matriz
na vizinhança do grão. A produção desta energia de deformação, que resulta na
compressão da partícula, adiciona um termo extra à energia livre do sistema,
tornando a transformação menos provável. Para que esta transformação prossiga, o
sistema deve ser superresfriado a fim de aumentar a força motriz química para a
transformação. Para que a fase tetragonal seja retida, é necessário o controle de
fatores microestruturais(tamanho de grão) e químicos(teor de óxido estabilizante).
53
através de três diferentes mecanismos que serão descritos a seguir: Aumento de
tenacidade induzido por tensão, microtrincamento e tensões superficiais
compressivas (Wang, J. & Stevens, R., 1989; Cannon, W. R., 1989; Justo, L. F. et
al., 1990).
FIG. 3.20 Representação esquemática das tensões geradas em uma matriz que possui uma
região que envolve uma trinca, quando esta região é submetida a uma transformação de fase
expansiva. As tensões residuais induzidas na matriz vizinha à região agem no sentido de
fechar a trinca.
54
se traduz em um aumento da tenacidade e da resistência mecânica (Stevens, R.,
1986; Hannink, R. H. J., 2000; Wang, J. & Stevens, R., 1989). Este mecanismo de
tenacificação está ilustrado na Figura 3.21.
55
energia livre ΔG, associada com a transformação pode ser alterada com a
temperatura e a composição usada, e a maximização da tensão que induz a
transformação pode ser obtida pelos seguintes métodos:
3.3.4.2 MICROTRINCAMENTO
56
3.3.4.3 TENSÕES SUPERFICIAIS COMPRESSIVAS
57
Compósitos de alumina e zircônia são conhecidos como ZTA(“zirconia
toughened alumina” ou alumina tenacificada por zircônia), e ATZ(“alumina
toughened zirconia” ou zircônia tenacificada por alumina). (De Aza, A. H. et al.,
2002).
O compósito conhecido como ZTA consiste de uma matriz de alumina reforçada
com partículas de zircônia. Estas partículas podem estar estabilizadas ou não. O
compósito conhecido como ATZ consiste de uma matriz de zircônia estabilizada
reforçada com partículas de alumina.(De Aza, A. H. et al., 2002).
A adição de uma segunda fase resulta em uma melhoria de propriedades como
resistência à flexão e tenacidade à fratura (Claussen, N.,1976; Lange, F.F., 1982c;
Hori, S. et al., 1986; Casellas, D., 1999, Evans, A. G., 1990). Por esta razão, estes
materiais são promissores em diversas aplicações que requerem elevada dureza,
alta resistência ao desgaste e relativa tenacidade à fratura.
Com ambos materiais bifásicos (ZTA e ATZ), é esperada a obtenção de maiores
valores de tenacidade à fratura quando comparado com os materiais cerâmicos
monofásicos, porém, maiores valores são esperados para os compósitos ZTA
(Fantozi G. & Orange G., 1986; Karihaloo, B.L., 1991; Becher, P.F. et al., 1993;
Rühle, M. et al., 1984; Gregori, G. et al., 1999).
Adicionalmente, no caso da matriz de zircônia estabilizada (ATZ), problemas
relacionados com a estabilidade hidrotérmica permanecem devido à necessidade da
adição de ítria para estabilização da zircônia (Green, D. J. et al.,1989). Por outro
lado, com uma matriz de alumina esta adição pode ser evitada uma vez que esta
age restringindo as partículas de zircônia, retendo a zircônia tetragonal no estado
metaestável, tenacificando o material (Green, D. J. et al.,1989; Claussen, N., 1976).
Além disso, a dureza do compósito com matriz de alumina (ZTA) seria maior,
porque a alumina apresenta maior dureza que a zircônia, tendo portanto maior
resistência ao desgaste (Heros, R. & Willmann, G.,1998).
De acordo com Gregori, G., (1999), o compósito ZTA apresenta uma associação
de elevada tenacidade com propriedades peculiares da alumina como excelente
resistência ao desgaste e estabilidade química. Todas estas características
qualificaram o ZTA para diversas aplicações e o tornam um promissor candidato a
utilização como material de implantes, uma vez que a comunidade de biomateriais já
está familiarizada com a alumina e a zircônia separadamente. Apesar disso, muito
58
pouco foi publicado na literatura sobre o ZTA como biomaterial (Piconi, C. &
Maccauro, G., 1999).
3.5 PROCESSAMENTO
59
aparecendo no produto final, são essenciais na obtenção de um produto cerâmico
final com um menor número de defeitos (La Croix, S. P., 1998, Oliveira, L. G., 2002).
Na conformação por extrusão e injeção, o teor de plastificantes deve ser superior,
em torno de 20% a 30% peso (Duailibi, J. F. & Rocha, J. C., 1988; Rocha, J. C. &
Duailibi, J. F., 1991).
3.5.2 MOAGEM
60
Um aumento da velocidade de rotação do moinho aumenta a potência
transferida, porém existe um limite, pois eventualmente a carga centrifugará e a
potência transferida irá diminuir. Nestes moinhos a velocidade é crítica e varia
inversamente com a raiz quadrada do diâmetro do mesmo (Costa, B.J., 1988). É
possível aumentar a potência através do aumento do diâmetro do moinho, mas após
um certo tamanho crítico (da ordem de 6 m de diâmetro), a eficiência da cominuição
diminuirá drasticamente (Tavares, L. M. M., 2001; Conley, R. F., 1992).
A utilização da moagem ultrafina na preparação de pós cerâmicos vem sendo
estudada atualmente. A moagem ultrafina permite a obtenção de pós cerâmicos com
alta área específica e a produção de peças com alta densidade e boa sinterabilidade
(Tavares, L. M. M., 2001).
O número excessivo de parâmetros que influenciam o processo de moagem,
geram uma otimização complexa. Gao, M. W. & Forsseberg, E. (1992), estudaram
quatro parâmetros importantes simultaneamente em moinho de bolas rotativo, como
o tamanho dos meios moedores, carga de sólidos na polpa de moagem, tamanho e
taxa da alimentação de topo. A partir dos resultados obtidos no trabalho, concluíram
que os corpos moedores na faixa de 0,8 mm a 1 mm eram mais eficientes, por
produzirem maior área superficial específica com menor consumo de energia.
A carga dos meios moedores deve ocupar entre 50 e 80 % do volume total do
moinho (Tavares, L. M. M., 2001). Se considerarmos constante o número de
colisões entre os meios moedores para um dado volume de carga e a velocidade de
rotação do moinho, então a única maneira de se aumentar o número de colisões
entre os meios moedores seria aumentando o seu número, ou seja, reduzindo o
diâmetro dos meios moedores, dentro dos limites baseados na razão entre o
tamanho inicial das partículas e o tamanho dos corpos moedores. Podem ainda ser
utilizados meios moedores de diferentes tamanhos para aumentar o número de
colisões, devido ao maior empacotamento dos interstícios (Tavares, L. M. M., 2001).
A porcentagem de sólidos na polpa de moagem contendo corpos moedores
deve ser a maior possível a fim de se reduzir o desgaste dos meios moedores e
aumentar a taxa de cominuição do material, sem que haja uma resistência excessiva
ao escoamento, mantendo baixa a viscosidade do fluido (Tavares, L. M. M., 2001).
A moagem a úmido geralmente é mais eficiente que a seco, devido à
possibilidade do meio líquido transportar o material através dos meios moedores. O
61
transporte do material no moinho depende das propriedades físicas da polpa, tais
como a fluidez, estado de dispersão, densidade dos sólidos e dos meios moedores.
(Tavares, L. M. M., 2001).
Oliveira, L. G., 2002, estudou a influência do tempo de moagem e diâmetro de
corpos moedores para pós de zircônia em moinho atritor na distribuição final de
tamanho de partícula e área de superfície específica. Foram avaliados corpos
moedores de diferentes diâmetros. Para o diâmetro de 5,3 mm o tempo de moagem
ideal foi de 5,5 horas de moagem. Para menores diâmetros (0,7 - 1,2 mm), o tempo
de moagem para se obter um tamanho de partícula relativamente baixo era de no
máximo 2h.
De acordo com Onoda, G.Y., 1977, aglomerado é um termo que descreve uma
pequena quantidade de massa possuidora de poros interconectados (FIG. 3.23). O
aglomerado compreende as partículas primárias ligadas ou unidas por forças de
superfície (atração eletrostática e van der Walls) e por pontes sólidas resultantes da
sinterização (fusão, reação química e ação de um ligante).
A dispersão de pós (FIG. 3.24) se faz necessária para a obtenção de uma alta
densidade a verde e uma microestrutura homogênea, sem a presença de
aglomerados, melhorando assim as propriedades mecânicas dos corpos sinterizados
(Oliveira, I. R. et al., 2000; Wei, W. J. et al., 1999; Schaw, D. J., 1975).
Quando partículas sólidas são suspensas em um líquido polar, elas ficam
carregadas superficialmente e se movimentam aleatoriamente no meio dispersor.
Devido a esse movimento, vão ocorrer colisões entre as partículas e a estabilidade
da solução vai depender das forças de interação entre as partículas. A estabilidade
da suspensão depende do sinal e da magnitude da energia total de interação entre
as partículas.
Para se obter suspensões estáveis, forças repulsivas (eletrostáticas) devem
superar as forças atrativas (London van der Walls) entre as partículas.
62
FIG. 3.23 Formação de aglomerados na ausência de forças repulsivas.
63
adicionam uma barreira eletrostática ao efeito estérico.(Oliveira, I. R.
et al., 2000).
64
Contra-íon positivo
Co-íon negativo
Partícula negativa
Camada de Stern
Camada difusa
Íons em equilíbrio
com a solução
FIG. 3.25 Formação de uma dupla camada de cargas elétricas ao redor de uma partícula
carregada negativamente em meio aquoso.
65
e conseqüentemente uma variação na viscosidade (Pereira, A. P. D., 2001; Pileggi,
R. G. et al., 2000; Ortega, F. S. et al, 1997a; Ortega, F. S. et al, 1997b; Ortega, F. S.
et al, 1997c; Kamiya, H. et al., 1999; Bergtröm, L. et al., 1999).
O valor de pH no qual a neutralidade é alcançada, igualando-se o número de
cargas negativas da molécula adsorvente com o número de cargas positivas, é
denominado ponto isoelétrico (PI) do sistema partícula / adsorvente.
O ponto de carga zero (PCZ), conhecido como o ponto no qual o potencial zeta
é igual a zero, o número de sítios de cargas positivas produzidas pelos pós de
zircônia contendo os íons H+ adsorvidos é igual aos sítios de cargas negativas pela
adsorção de íons OH-, então a carga superficial é nula. No PCZ as partículas em
suspensão podem ser facilmente aglomeradas e floculadas. Perto do PCZ, a força
repulsiva da dupla camada elétrica é pequena e a força de atração de van der Waals
gera uma aglomeração e o potencial zeta distante do PCZ separa as partículas
umas das outras favorecendo a dispersão. Assim, o pH correspondente ao PCZ é o
que se deve evitar quando se deseja obter uma eficiente dispersão de pós (Oliveira,
L. G., 2002)
Superfícies em contato com o meio aquoso se apresentam mais freqüentemente
com carga negativa, pois os cátions estão mais hidratados apresentando uma maior
tendência a permanecer no meio aquoso, enquanto os ânions hidratados e mais
polarizados apresentam maior tendência a serem adsorvidos especificamente.
O Ácido Cítrico HOC(CH2CO2H)2CO2H é um polieletrólito aniônico usado no
processamento cerâmico devido a forte liberação de íons H3O+ em solução aquosa,
e sua estrutura molecular, está indicada na FIG. 3.26.
H2C CH2
HO COO- H+
FIG. 3.26 Estrutura molecular do ácido cítrico(o símbolo Cit representa o grupo citrato).
66
H3Cit H+ + H2Cit - (3.1)
67
ocorre uma leve aglomeração e em PH > 8 as partículas estão no estado
monodisperso.
As curvas de potencial zeta em função do PH para baixas concentrações dos
dispersantes Calgon (0,1% p/v) e para o ácido cítrico (0,005 % p/v), ambas em
PH=10, mostraram os maiores valores de potencial zeta de ζ = -57,6 mV e -51,6 mV,
respectivamente. Os autores concluíram que tanto o Calgon quanto o ácido cítrico
são bons dispersantes para pós de zircônia e misturas de alumina e zircõnia, uma
vez que apresentaram valores de potencial zeta bem próximos, porém, o ácido
cítrico foi mais efetivo que o Calgon, pois a densidade teórica relativa de amostras
contendo ácido cítrico alcançou o valor de 98,20 % da densidade teórica, sendo
superior a densidade obtida utilizando o Calgon (96,88 % da densidade teórica) para
as mesmas condições de moagem. O trabalho mostrou ainda que para pós de
alumina zircônia estabilizada com ítria, moagem por 1,5 h em álcool, utilizando 0,6 %
em peso de ácido cítrico, sem ajuste de PH, forneceu melhores resultados de
resistência mecânica.
O estudo da reologia para a suspensão da mistura de alumina e zircônia
estabilizada com ítria, contendo 50% peso de sólidos na solução e PH=11(ajustado
com hidróxido de amônio - NH4OH), onde foi analisada a variação da viscosidade
em função do teor de dispersante utilizado, mostrou que a concentração de 0,6 %
em peso de ácido cítrico foi a que apresentou a menor viscosidade (η = 4,512
mPa.s). Na ausência do dispersante, foram encontrados aglomerados de zircônia
na amostra contendo alumina e 15% em peso de zircônia estabilizada com ítria (3%
mol), como pode ser visto na FIG. 3.27.
Kelso, J. F. & Ferrazolli, T. A. (1989), mostraram que diferenças na química
superficial de dois tipos de alumina provocavam efeitos significativos na mobilidade
eletroforética das partículas, sendo necessárias diferentes quantidades de
dispersantes para estabilizar as suspensões. Foi verificado que na ausência de
dispersante ambos os pós não dispersavam bem em água para valores de pH entre
8 e 9, pois nesta faixa de pH as mobilidades eletroforéticas dos pós são próximas de
zero, levando a uma baixa repulsão eletrostática.
68
(a) (b)
FIG. 3.27 Micrografias eletrônicas de varredura após polimento e ataque térmico da amostra
Al2O3 - 15% 3Y-TZP sem a utilização do dispersante: (a) elétrons retroespalhados e (b) elétrons
secundários em diferentes magnitudes.
69
FIG. 3.28 Estágios da compactação: (a) Enchimento; (b) Fechamento; (c) Prensagem; (d)
Ejeção.
70
A presença de mais de 5 % de finos pode prejudicar o escoamento, pois podem
penetrar na folga existente entre o punção e a matriz aumentando o atrito e
dificultando o escapamento do ar aprisionado. Os problemas de compactação são
minimizados quando a densidade de enchimento da matriz for elevada. Neste caso,
a quantidade de ar entre as partículas do pó fica diminuída. Pós que não
apresentam esta característica provocam heterogeneidades na densidade de
enchimento e geram compactos com defeitos que são repassados para o produto
sinterizado (Reed, J., 1987).
Uma distribuição bimodal, constituída por partículas pequenas distribuídas nos
interstícios das partículas maiores, reduz a porosidade e o tamanho dos poros. A
mistura de tamanho de partículas para atingir uma elevada densidade de
compactação é uma prática comum no processamento de cerâmicas com alta
densidade final. Na FIG. 3.29, pode ser visto que a densidade de compactação
aumenta com o aumento da razão entre os tamanhos das partículas (Reed, J.,
1987).
71
FIG. 3.30 Distribuição de tamanho de partículas cerâmicas.
FIG. 3.31 Estrutura de poros em um arranjo de partículas anisométricas. (a) arranjo randômico,
(b) arranjo ordenado.
72
FIG. 3.32 Moléculas de ligante reduzem a densidade de empacotamento sob baixas tensões
efetivas, A – partículas, B- Moléculas de polímeros.
σef = Pa – u ( 3.4 )
A tensão efetiva é também chamada de tensão interparticular, mas não deve ser
confundida com a tensão local de contato entre as partículas. A tensão local é
função da tensão efetiva, da pressão dos poros e da pressão da rede devido às
73
interações atrativas e repulsivas (R-A). A tensão de contato (σc) pode ser expressa
como:
74
for maior que a de resistência ao cisalhamento (T > TR ) em todos os pontos de
contato entre as partículas.
Durante a compactação a tensão aplicada é transmitida através dos pontos de
contato entre as partículas, provocando deformação do granulado por deslizamento
e rearranjo das partículas. Essas deformações reduzem a porosidade e aumentam
o número de contatos intergranulares. A compactação ocorre pela fratura e
deformação do granulado, o que reduz o volume dos interstícios e elimina os poros
no meio do granulado deformado, promovendo uma maior condensação das
partículas cerâmicas (Richerson, D., 1992; Reed, J., 1987).
Na compactação dos pós cerâmicos são considerados três estágios (Reed,
1987). São eles:
1) Densificação superior a partir da densidade de enchimento devido ao
escorregamento e rearranjo dos grânulos;
2) Deformação e fratura dos grânulos reduzindo o volume dos interstícios
intergranulares;
3) Este estágio inicia quando a maioria dos grandes poros (intergranularea)
desaparecem. A pressão aplicada que neste estágio é mais elevada
promove o deslizamento e o rearranjo das partículas ou fragmentos de
fratura no interior dos grânulos (intragranulares), levando a uma melhor
densificação do corpo cerâmico. As mudanças na forma dos grânulos de
esféricos para grânulos deformados e na distribuição bimodal de tamanho de
poros durante a compactação pode ser vista na FIG. 3. 34.
75
Durante a prensagem, a compressão elástica dos grânulos começa no estágio 2
e aumenta no estágio 3. A energia elástica armazenada produz um aumento nas
dimensões da peça prensada durante a ejeção, conhecido como efeito mola. Este
efeito pode causar defeitos no corpo cerâmico durante a sua ejeção da matriz. A
força de ejeção depende do efeito mola do compactado, da velocidade de ejeção, da
lubrificação das paredes da matriz, e das condições superficiais da matriz. A
lubrificação pode diminuir a pressão de ejeção e reduzir o desgaste da matriz.
Ligantes e plastificantes podem melhorar a adesão de partículas, promovendo
maior resistência ao manuseio do corpo verde. Este, deve ser capaz de resistir a
solicitação mecânica durante a ejeção e a manipulação sem apresentar falhas e
deve ter uma microestrutura uniforme. Os principais defeitos em compactos
prensados a seco são a laminação e os defeitos de extremidade (FIG. 3.35). Estes
defeitos são decorrentes de tensões produzidas pelo efeito mola diferencial durante
a ejeção. O efeito mola diferencial surge devido a existência de gradientes de
pressão interna gerados pelo atrito com as paredes da matriz, gradientes de energia
elástica armazenados devido a grânulos não uniformes e quando e o efeito mola do
compactado for maior que o da matriz.
76
percurso do punção no molde, resultando em perdas de pressão durante a
prensagem. Estudos sobre o movimento dos pós durante a compactação indicam
que o deslocamento axial dos pós é maior no centro do que próximo as paredes da
matriz e que o deslocamento diminui a medida que se afasta do punção. A pressão
máxima está localizada próxima aos vértices do topo e a pressão mínima está
próxima aos vértices do fundo, como pode ser visto na FIG. 3.36.
77
difusão ocorre quando as partículas estão totalmente em contato e a contração não
é mais possível.
A retirada de umidade do interior do corpo ocorre por razões energéticas, pois a
evaporação do líquido dos poros faz com que a fase sólida fique exposta, logo, uma
interface mais energética, a interface sólido/vapor, substitui a interface sólido/líquido.
Então, para evitar este aumento de energia do sistema, o líquido tende a se expandir
do interior do corpo para encobrir esta parte sólida, reduzindo a energia do sistema
(Pereira, A. P. D., 2001).
Com a remoção do líquido e conseqüente redução da distância inter-partículas
ocorre a primeira contração do corpo cerâmico.
Existem alguns métodos de retirada de ligantes, sendo o mais utilizado o
aquecimento lento das amostras desde a temperatura ambiente até um valor
máximo de aproximadamente 600°C.
A etapa da remoção de ligantes do corpo cerâmico é crítica por três razões:
78
química. Os ligantes de alto peso molecular sofrem degradação térmica com a
quebra de suas cadeias. A presença do oxigênio acelera a degradação do ligante
em função do processo de oxidação. Assim, o sucesso da remoção de ligantes
depende do equilíbrio entre as taxas de difusão e evaporação ou degradação.
A retirada de ligantes pode introduzir defeitos de duas maneiras. Na primeira o
ligante sai e deixa um espaço interparticular, gerando poros que podem aumentar de
tamanho durante a etapa de sinterização. Na segunda, a pressão de capilaridade
dos poros causa o rearranjo das partículas possibilitando o aparecimento de trincas.
Por outro lado, a redistribuição do ligante e a contração decorrentes da retirada do
ligante, resultam em redução do volume total da porosidade aberta.
As características dos pós podem afetar a retirada de ligantes. O tamanho, a
forma e área superficial das partículas, a homogeneidade são aspectos importantes.
Corpos cerâmicos produzidos a partir de pós finos, que adsorvem o ligante mais
facilmente, apresentam maior dificuldade para a remoção do ligante sem que haja a
introdução de defeitos.
79
Os processos de sinterização podem ser classificados de acordo com o
fluxograma geral apresentado na FIG. 3.37 (Marchi, J., 1999). O presente trabalho
envolve o processo de sinterização sem pressão no estado sólido monofásico.
PROCESSO DE SINTERIZACÃO
Monofásico
Líquido Líquido
transiente persistente fluxo viscoso ou escoamento
Multifásico escoamento por plástico
fluência
reativo ou multifásico
solução ou
sólida supersólidus
80
O estágio intermediário caracteriza-se pelo crescimento do tamanho do pescoço.
A quantidade de porosidade é consideravelmente reduzida e isto faz com que as os
centros das partículas se aproximem, causando contração no componente. A
densidade chega a aproximadamente 90 % da teórica. Neste estágio, são formados
os contornos de grão, que se movimentam de modo que alguns grãos cresçam a
custa dos outros. Este estágio perdura enquanto existirem canais interconectando os
poros (porosidade aberta), e termina quando os poros se tornarem isolados
(porosidade fechada), aprisionando o gás do ambiente de sinterização.
O estágio final é caracterizado pela eliminação lenta dos poros fechados por
difusão de vacâncias ao longo dos contornos de grão. Devem ser criadas condições
para que os poros fiquem atrelados ao contorno de grão por:
a) serem mais facilmente eliminados por difusão pelo contorno de grão, que
age como sumidouro de vacâncias, desta forma promovendo um ganho
de densidade.
b) Inibirem o crescimento de grão pelo travamento dos contornos de grão ou
seja, redução de sua mobilidade. Esta inibição também pode ocorrer por
inclusões de 2ª fase nos contornos de grão (Kingery, 1960).
81
alongamento poros
3
1
2
6 4
5
82
contorno de grão (6), e fluxo termoplástico ou fluxo viscoso (5), sendo este último de
pouca importância para cerâmicos cristalinos. A TAB. 3.7 apresenta os mecanismos
de transporte de massa e suas características.
O transporte por difusão de superfície (1) ocorre pelo movimento ao longo das
superfícies das partículas, que são rugosas e apresentam defeitos, tais como
vacâncias e degraus. Os átomos se movimentam entre essas regiões de defeitos
por meio de um processo termicamente ativado.
A difusão por volume (2), envolve o movimento de vacâncias através da
estrutura cristalina, sendo a taxa de difusão função da temperatura, curvatura e
composição das partículas.
O mecanismo de evaporação e condensação (3) é caracterizado por um
aumento da pressão de vapor com a temperatura e o fluxo de massa é maior via
fase vapor. A evaporação ocorre a partir de superfícies planas ou convexas(raio de
curvatura positiva), enquanto que a condensação ocorre em regiões de formato
côncavo(pequeno raio de curvatura negativa), os pescoços(menor pressão), devidos
aos diferenciais de pressão de vapor. É um processo importante para pós com alta
área de superfície específica.
A difusão pelo volume ou pela rede (4) ocorre devido ao gradiente de
concentração de vacâncias, da maior para a menor concentração, ou seja, da
superfície côncava para a convexa, com fluxo de massa para o pescoço e
conseqüente retração. A difusividade é função do número e mobilidade de
vacâncias.
83
O transporte por fluxo termoplástico ou viscoso (5) ocorre por movimento de
discordâncias sob tensão aplicada. Durante o aquecimento, há geração de
discordâncias que interagem com as vacâncias durante a sinterização.
A difusão pelo contorno de grão (6), envolve a remoção de matéria ao longo do
contorno e deposição na interseção dos contornos com a superfície do pescoço. Há
um transporte de poros via contornos de grão com o prosseguimento da
sinterização. Este mecanismo é dominante para a densificação na maior parte dos
cerâmicos, como por exemplo, a alumina. Já o mecanismo de difusão pelo volume
geralmente fica restrito a estrutura de defeitos nos cerâmicos.
84
3.7 PROPRIEDADES MECÂNICAS
3.7.1 DUREZA
P
H= ( 3.6 )
2a 2
85
Investigações confirmam que a dureza de um dado cerâmico é função da carga
de teste aplicada, onde medidas experimentais de dureza aumentam com o
decréscimo da carga de teste (Gong, J. et al., 1999).
A medida em que a carga de teste aumenta, as indentações tornam-se maiores,
e a energia é absorvida via deformação volumétrica e propagação da trinca. Isto
significa que um maior volume de material é deformado e gera-se um aumento na
área de impressão da trinca, e a dureza diminui até que se atinja uma transição para
a dureza constante. As explicações para a diminuição da dureza com o aumento da
carga baseiam-se em erros devido às medidas experimentais e/ou erros
relacionados com fatores estruturais intrínsicos das amostras, tais como: a
recuperação elástica da impressão quando a carga é removida, a qual é
proporcionalmente mais acentuada para pequenas impressões; e a presença de
microtrincas causadas pela indentação. O processo dominante é o da deformação
quando cargas baixas são utilizadas. Para altas cargas aplicadas, o processo de
fratura é dominante (Marchi, J., 1999).
É difícil estabelecer uma carga universal para a realização dos testes de dureza,
pois a manifestação da trinca é diferente em cada material cerâmico. Comparações
entre dureza obtida por vários penetradores também não devem ser feitas devido às
diferenças entre as sensibilidades quanto à carga, geometria do indentador e
propensões às trincas.
Os parâmetros que influenciam no teste de dureza são:
86
f) a porosidade: quanto maior, menor a dureza, pois diminui o volume
resistente à solicitação mecânica, sendo portanto a densidade um fator
primordial (Marchi, J., 1999).
Região dominante - K
trinca
Zona
do
processo
FIG. 3.39 Configuração da ponta da trinca e base da mecânica da fratura linear elástica.
Modo I Modo II
Modo III
87
FIG. 3.40 Modos básicos de carregamento envolvendo diferentes deformações da superfície
das trincas.
88
frágeis como as cerâmicas, sendo assim, comumente utilizado (Anstis G. R. et al.,
1981; Chiang S. S. et al., 1982; Tsai, Y. M., 1984; Cook, R. F. & Pharr, G. M., 1990;
Pajares, A. et al., 1996; Tanaka, K. et al., 1999; Anton, R. J. & Subhash, G., 2000;
Jiang, L. Z. & Sun, C. T., 2001). Esta técnica permite a avaliação da tenacidade em
pequenas amostras, de materiais amorfos ou policristalinos, podendo ser útil no
estudo para o desenvolvimento de materiais. Em comparação com outros métodos
convencionais para obtenção do valor de tenacidade à fratura, o método IF oferece
simplicidade e economia nos procedimentos de teste, porém, com uma pequena
margem de erro. Um erro de 10 % pode ser obtido quando o módulo de Young (E) é
conhecido, ou 30 % quando E não é conhecido.
A principal desvantagem da técnica IF é a dispersão (30 – 40 %) nos valores
obtidos. Isto se deve a campos de tensões residuais associados com a produção da
trinca. Além disso, a técnica apresenta grande dificuldade na avaliação do
comprimento de trinca e dificuldades na seleção de uma fórmula aceitável entre as
várias equações já propostas para cálculo de KIC. A dificuldade na medição do
comprimento da trinca pode ser parcialmente superada pela adição de uma camada
de ouro de 20 nm sobre a superfície antes da indentação. A técnica de IF também
requer minimização das tensões compressivas residuais. As tensões residuais
combinadas com a tensão aplicada produzem uma baixa resistência à fratura e
resultam em um valor de KIC menor. A eliminação da tensão residual pode ser feita
através da remoção de material ou recozimento. A remoção de material é o método
preferido, uma vez que o recozimento pode conduzir a cura ou cegamento de
defeitos, e pode, em alguns materiais, levar a uma indesejável mudança
microestrutural. O polimento espelhado da superfície a ser identada também diminui
a tensão residual (Marchi, J., 1999; Anstis, G. R. et al., 1981; Basu, D. & Sarkar, B.
K., 1996; Muchtar, A. & Lim, L. C., 1998; Piorino, F.N. et al., 1990; Oliveira, L. G.,
2002). As amostras devem ser polidas na superfície a ser identada com pasta de
diamante de 15 a 0,25 μm, sucessivamente, para eliminação de porosidade
superficial e remoção de tensões compressivas superficiais (Oliveira, L. G., 2002).
O método da fratura por indentação, proposto há 20 anos atrás, é um método de
medida de tenacidade à fratura que envolve a medida das trincas que surgem a
partir dos vértices de uma indentação Vickers como função direta da carga de
indentação. A base teórica para o método por impressão Vickers está estabelecida
89
em termos da mecânica da fratura para impressão em função de uma deformação
elástica/plástica (FIG.3.41).
90
seqüência da iniciação e propagação de trincas decorrentes da indentação de um
material duro é apresentada na FIG. 3.42 (Rezende, D. T., 1997).
91
elasto-plástica com propagação paralela à superfície, as trincas laterais.
As tensões residuais contribuem, também, para a propagação das
trincas radiais;
(f) após a completa remoção da carga, as trincas laterais se desenvolvem
até a superfície podendo causar fragmentação paralela à superfície; a
indentação Vickers em materiais frágeis, após a remoção da carga,
apresenta tipicamente quatro trincas radiais e eventualmente,
fragmentação lateral.
92
tensão da trinca é formada por uma componente elástica, responsável
pelo crescimento da trinca durante o carregamento, e uma componente
plástica, responsável pela extensão da trinca superficial durante o
descarregamento. A uma dada carga crítica de indentação, uma trinca
inicia-se abaixo do ponto de contato devido à geração de uma
componente de tensão trativa. A trinca que se forma abaixo da superfície
é comumente referida como trinca mediana. Para o indentador piramidal
Vickers, a trinca mediana aparece na forma de duas trincas circulares
mutuamente perpendiculares e na direção paralela às diagonais da
indentação. Quando a carga é retirada e o indentador é removido, as
trincas medianas de subsuperfície tornam-se instáveis e propagam-se na
direção da superfície identada dando assim origem às trincas radiais.
b) Sistema Palmqvist: trincas radiais que se formam durante o
carregamento localizado causado por deformação plástica associada ao
contato. Em alguns materiais frágeis, em corpos de prova com superfície
polida e com tenacidade relativamente alta, trincas de superfície radiais
rasas, conhecidas como trincas de Palmqvist podem se formar a cargas
de indentação relativamente baixas antes da trinca mediana de
subsuperfície.
93
FIG. 3.43 Comparação dos sistemas de trincas ao redor de impressão Vickers.
P
Kc = β 3 2
( 3.7 )
c
94
onde P é a carga de indentação, β é uma constante para um dado material e
uma dada geometria do indentador. Considerações detalhadas sobre o modo com
que o volume de impressão plástica é acomodado pela matriz elástica nos arredores
mostram que esta constante depende da razão entre o módulo de elasticidade (E) e
a dureza (H).
Os valores de KIC podem variar em função da taxa de teste, por causa dos
efeitos de temperatura ou ambiente. Cargas aplicadas por longos períodos de
tempo podem causar extensão de trinca, levando a obtenção de valores de KIc
menores que aqueles medidos em outros métodos. Este fenômeno de dependência
do tempo é conhecido como crescimento lento de trinca (Slow Crack Growth - SCG).
SCG pode ser significante até mesmo para tempos relativamente curtos, podendo
ser minimizado pelo controle preciso da temperatura, e pela mudança no ambiente,
como por exemplo, o uso de ambiente inerte.
A FIG. 3.45 mostra um desenho esquemático do padrão de indentação
fratura/deformação para geometrica Vickers: a e c são as dimensões características
da impressão plástica e trinca radial/mediana, respectivamente. Em uma análise
dimensional pode ser demonstrado que esses parâmetros estão relacionados
diretamente com a dureza (H) e a tenacidade à fratura (KIC) do material identado.
Trinca lateral
sob a superfície Indentação
Vickers
a
Trincas radiais
na superfície c
95
FIG. 3.45 Desenho esquemático do sistema IF produzido por um indentador Vickers.
(c / 18 a )−1, 51
⎛ K Ic Φ ⎞⎛ H ⎞
0, 4
⎛c⎞
⎜ 0,5 ⎟⎜ ⎟ α =⎜ ⎟ ( 3.8 )
⎝ Ha ⎠⎝ EΦ ⎠ ⎝a⎠
⎡ ⎛ 4ν − 05 ⎞ ⎤
4
α = 14 ⎢1 − 8⎜ ⎟ ⎥ ( 3.9 )
⎢⎣ ⎝ 1 + ν ⎠ ⎥⎦
96
Não polida Polida
FIG. 3.46 Diferença entre sistema radial/mediano e Palmqvist após polimento da superfície.
97
Bucko, M. M. & Haberko, K.,(1999), estudaram a anisotropia mecânica de
cerâmicas de alumina tenacificada por zircônia. Inclusões de zircônia (distribuída na
matriz de alumina) formam partículas alongadas com uma orientação cristalográfica
devido à compactação uniaxial. Este material apresentou diferentes valores de
Módulo de Young, comprimento de trinca, KIC nas direções paralela e perpendicular
à força de compactação. Pandolfelli, V. C. et al.,(1991), verificaram a correlação
existente entre a técnica de medida da tenacidade e o grau de transformabilidade de
zircônias tetragonais.
98
população de pequenas trincas, nas extremidades das quais existe uma
concentração de tensões de magnitude tal, que o valor da resistência coesiva teórica
é alcançado nestas regiões do material, provocando a fratura do mesmo, ainda que
a tensão nominal aplicada esteja bem abaixo do valor teórico da resistência.
Quando uma trinca se propaga, produz um aumento na área de suas superfícies
laterais. Isso requer uma certa quantidade de energia para vencer a força coesiva
dos átomos, ou ainda, exige um aumento na energia de superfície. A fonte de
energia para suprir a energia extra para o aumento da superfície é a energia de
deformação elástica, a qual é liberada com a extensão da trinca. De acordo com
Griffith, uma trinca irá se propagar quando o decréscimo na energia de deformação
elástica for pelo menos igual a energia necessária para a criação de uma nova
superfície de trinca.
Griffith considerou as trincas como tendo forma elíptica e obteve uma relação
entre o valor da resistência mecânica σ , o módulo de elasticidade E, a energia
superficial γ 0 , e o tamanho do defeito crítico, ac. Para o estado de tensão plana, ou
seja, placas finas, temos:
1
⎛ 2 Eγ 0 ⎞2
σ = ⎜⎜ ⎟⎟ ( 3.10 )
⎝ π .aC ⎠
e para o estado de deformação plana, ou placa espessa em relação ao
tamanho da trinca, temos:
1
⎛ 2 Eγ 0 ⎞2
σ = ⎜⎜ ⎟
⎟
( 3.11 )
⎝ (1 − υ ) π .aC
2
⎠
Mais tarde foi reconhecido que os valores de γ 0 são muito pequenos para
99
Para defeitos superficiais tem-se que Y ≅ 2,0 e para defeitos abaixo da
superfície Y ≅ 1,8. Esta equação mostra que a resistência mecânica de um material
frágil está relacionada à energia de fratura γ i , ao módulo de elasticidade E e ao
material. É possível observar a partir desta equação que para obtermos um aumento
da resistência do material, deve ser reduzido o tamanho do defeito crítico, o que
pode ser feito através de rigoroso controle do processamento cerâmico, ou ainda,
aumentar γ i , o que poderia ser feito por exemplo, com adições de zircônia na
1
Z ⎛ 2γ E ⎞ 2
σ = ⎜⎜ i ⎟⎟ ( 3.13 )
Y ⎝ ac ⎠
π 1
2 ⎡ ⎛ a2 ⎞ ⎤ 2
Z = ∫ ⎢1 − ⎜⎜1 − 2 ⎟⎟ sen 2 θ ⎥ ( 3.14 )
0⎣ ⎝ c ⎠ ⎦
e para a ≥ c:
1
π 2
a ⎡ ⎛ c
2 2
⎞ ⎤
c ∫0 ⎣ ⎜⎝ a 2
Z= ⎢1 − ⎜1 − ⎟⎟ sen 2 θ ⎥ ( 3.15 )
⎠ ⎦
100
FIG. 3.47 (a) defeito semi-elíptico em barra submetida a flexão em quatro pontos. Em (b), a
profundidade do defeito, a, é menor do que sua semilargura, c, e em (c) a é maior do que c.
K IC = (2γ i E ) 2
1
( 3.16 )
Pode ser observado que KIC é uma constante do material uma vez que é
função dos parâmetros E e γ i , que por sua vez são constantes do material.
1 ⎛⎜ K IC ⎞
⎟
σ= ( 3.17 )
Y ⎜ aC 12 ⎟
⎝ ⎠
ou ainda:
K IC = Yσ ai ( 3.18 )
101
do tamanho dos defeitos, falhas e trincas do material. A presença de uma trinca
decresce a resistência da estrutura a qual decresce progressivamente com o
aumento do tamanho da trinca.
Além disso, é reconhecido que o espalhamento da resistência mecânica
observada nos materiais frágeis como os cerâmicos é proveniente de uma
distribuição de defeitos ou falhas. Este fato levou ao tratamento da probabilidade de
fratura e ao desenvolvimento de teorias como a estatística de Weibull. Todavia, foi
uma evolução no campo da engenharia conhecida como mecânica da fratura que
formalizou estes conceitos tendo como base os conceitos básicos propostos por
Griffith. A resistência de um material é determinada por dois fatores, a tenacidade à
fratura ou resistência a propagação da trinca e o maior ou mais severo defeito. O
principal problema dos materiais cerâmicos é a tenacidade à fratura, a qual é
inerentemente muito baixa, de tal forma que estes materiais são muito sensíveis a
falhas e defeitos muito pequenos, mesmo em baixos níveis de tensões.
O desenvolvimento de tecnologias para a produção de novos materiais tem
sido motivada pela demanda de materiais que executem novas funções ou
desempenhem antigas funções de forma mais adequada. A elaboração de materiais
cerâmicos avançados teve início na década de 70 e têm alcançado resultados
promissores, verificando-se inclusive, uma contínua evolução no desenvolvimento e
uso destes materiais voltados para aplicações estruturais. Tais melhorias foram
realizadas através da disponibilidade de pós finos de elevada pureza bem como a
incorporação de mecanismos de aumento da tenacidade tais como a transformação
de fase do tipo martensítica induzida por tensão, microtrincamento, reforços por
fibras, whiskers, e etc...
A resistência dos materiais cerâmicos está diretamente relacionada ao tamanho
do defeito mais crítico existente no material testado. O defeito mais crítico é aquele
que, devido ao seu tamanho, orientação e localização no volume testado do
material, apresenta a maior probabilidade de fratura, ou seja, aquele defeito cuja
extremidade se encontra o maior fator de intensidade de tensão. Como para todos
os materiais uma amostra nunca é exatamente igual a outra, o tamanho, a
orientação e a localização do defeito mais crítico não serão os mesmos de amostra
para amostra, e de acordo com a equação básica da resistência mecânica, a
resistência mecânica será diferente para cada amostra. Por isso, em um material
102
cerâmico os valores de resistência mecânica medidos apresentam um certo
espalhamento devido a grande variedade de defeitos presentes. Este fato, é um dos
grandes inconvenientes no emprego de materiais cerâmicos. Para caracterizar a
resistência mecânica de uma maneira bem definida há necessidade de se utilizar
tratamentos estatísticos. Esses tratamentos foram desenvolvidos pela primeira vez
por Weibull, que relacionou a resistência mecânica σ de um material com a
probabilidade de fratura F, que é a probabilidade de se encontrar num volume
testado V sob a tensão σ um defeito de características tais que o material frature
sob aquela tensão aplicada. A essa correlação entre probabilidade de fratura e
resistência mecânica dá-se o nome de distribuição de Weibull.
Numerosos processos de microfratura e mecanismos os quais ocorrem não
somente na zona frontal do processo (na frente de uma trinca aguda), mas também
na zona deixada para trás no avanço da ponta da trinca em propagação (zona da
marola – “following crack wake”) e zona de ponteamento de trinca (“crack bridging
region”) como na FIG. 3.48, podem defender a ponta da trinca de tensões aplicadas
longe desta região e assim tenacificam o material.
Zona da marola
Zona
frontal do
processo
Ponteamento da trinca
FIG. 3.48 Zona frontal do processo , zona da marola e zona de ponteamento da trinca em
propagação.
103
FIG. 3.49 Processos de absorção de tensões (a) deflexão (“deflection”) da trinca por decoesão
(“debonding”) na interface; (b) microtrincamento na zona frontal do processo (“branching”);
(c) escoamento plástico na zona frontal do processo; (d) transformação de fase com expansão
de volume e/ou microtrincamento (“microcracking”)na zona da marola; (e) ponteamento da
trinca por fibras ou whiskers; (f) ponteamento (“bridging”) da trinca por grãos e travamento (g)
ponteamento viscoelástico.
104
Resistência ao crescimento da trinca KR
Extensão da trinca ( Δ a) →
105
frágeis, como os cerâmicos. O efeito das tensões de contato, desalinhamento no
carregamento, atrito e concentração de cargas tem efeito dominante no resultado
obtido em ensaios de flexão, porém as formulações tradicionalmente empregadas
para a determinação de estado de tensões não levam em conta estes efeitos,
causando um mascaramento de resultados, usualmente atribuído a natural alta
dispersão dos valores de resistência mecânica obtidos quando do estudo de
materiais frágeis em geral e cerâmicos em particular. O efeito de cada fator foi
analisado isoladamente e em conjunto com outros, resultando em formulações
matemáticas que levam em conta os mesmos na conversão de cargas para tensões
de ruptura. Métodos experimentais e numéricos tais como a fotoelasticidade e o
método de elementos finitos foram empregados para corroborar as hipóteses
apresentadas.
Os ensaios tradicionais de flexão admitem apenas como existentes ou
significativas, as tensões originárias da flexão da região estudada. Como
conseqüência a formulação empregada para converter uma carga aplicada em
tensão reflete apenas este componente do estado de tensões reinantes. Uma
análise cuidadosa de ensaios de tensão revela a existência de outros componentes
de tensão, originários das imperfeições geométricas do corpo de prova bem como
dos desalinhamentos do dispositivo de ensaio empregado, como tensão de flexão,
de contato, devido a curvatura do corpo de prova, de torsão, tensões cisalhantes
transversais e de atrito (Carvalho, E. A. & Duarte, E. T. V., 2000).
A formulação para ensaio de flexão em três pontos que leva em conta somente
os efeitos de flexão sobre o estado geral de tensões tem para uma viga de seção
retangular, está descrita na equação 3.19, onde P é a carga, L a distância entre
cutelos, b a largura do corpo de prova e h sua altura (Carvalho, E. A. & Duarte, E. T.
V., 2000; Davidge, R. W. & Evans, A. G., 1970; Piorino, F. N. et al., 1992).
3PL
σ Flex
3P
= ( 3.19)
2bh 2
106
12P ⎛ L h ⎞⎛ h⎞ P
σ stokes
3P
= ⎜ − ⎟⎜ x − ⎟ + ( 3.20 )
bh ⎝ 4 2π ⎠⎝
3
2 ⎠ πbh
FIG. 3.51 Campos de tensões em um viga prismática carregada em três pontos, franjas
isocromáticas - campo escuro.
107
De acordo com Piconi, C. & Macauro, G. (1999), a zircônia pode apresentar
degradação da sua resistência mecânica em meio aquoso ou vapor d`água na faixa
de temperatura crítica de 200-300°C, de acordo com as seguintes características:
a) Os efeitos do envelhecimento são: redução da resistência, tenacidade
e densidade, e um aumento da quantidade de fase monoclínica;
b) A degradação das propriedades mecânicas ocorre devido a
transformação de fase T → M com micro e macrotrincas no material;
c) A transformação de fase T → M começa na superfície do material e
progride para o seu interior;
d) A redução do tamanho de grão ou aumento da concentração de óxido
estabilizante , reduz a taxa de transformação.
108
No trabalho de Shimizu, K. et al., (1993), com o objetivo de estimar a
degradação das propriedades mecânicas da zircônia com o tempo, peças de
zircônia foram colocadas em solução salina a 95°C por 3 anos e suas propriedades
foram examinadas. Não foi observado nenhum decréscimo relevante na resistência
à flexão sob tais condições. Os autores concluíram que a zircônia pode ser usada
clinicamente por reter uma resistência à flexão superior a 700 MPa.
A transformação de fase fica favorecida com o recozimento a baixas
temperaturas e/ou exposição a vapor d`água. Assim, o envelhecimento de
cerâmicas de zircônia em condições fisiológicas tem sido questionado. Resultados
confusos foram reportados em anos anteriores tornando difícil o entendimento por
parte dos não ceramistas. É importante notar que o envelhecimento é uma
característica de todos os biocerâmicos, como alumina e zircônia, sendo dependente
da microestrutura e composição química do material (Cales, B., 1994). O
envelhecimento de materiais para implante a base de alumina foi observado nas
condições in-vitro e in-vivo. O decréscimo da resistência à fratura foi observado
para a alumina com relativamente baixa porosidade ou com contaminação de Ca
após poucas semanas in-vitro e in-vivo. Todavia, é bem conhecido que a alumina de
elevada pureza e densidade é totalmente estável no interior do corpo. A situação é
similar para a zircônia, exceto que o envelhecimento foi observado em vapor e em
altas temperaturas (150 °C – 400 °C) e não investigado em condições fisiológicas.
O vapor a altas temperaturas não é representativo do ambiente fisiológico. Desta
forma, a extrapolação de resultados a partir de altas temperaturas não é correto uma
vez que a taxa de transformação poderia ser diferente para altas temperaturas e a
temperatura do corpo humano. Ainda, o envelhecimento deve ser analisado para
cada material sob condições representativas para cada caso e qualquer
generalização deve ser evitada. Para adição de 3% mol de ítria (5,1 ± 0,3% em
peso), é esperado um tamanho de grão médio inferior a 0,8 μm. Porém, tamanhos
muito pequenos (inferiores a 0,3 μm) devem ser evitados devido ao baixo valor
obtido para as propriedades mecânicas. De acordo com Chevalier et al., 1999, o
crescimento lento de trinca depende diretamente do tamanho médio de grão e
maiores valores de tenacidade à fratura são obtidos para maiores tamanhos de grão.
A faixa de tamanho entre 0,4 - 0,8 μm poderia ser considerada uma faixa de ótimo.
De acordo com Calès, B., (1994), estudos realizados in-vivo (condições humanas) e
109
in-vitro (solução de Ringer) por 2 anos foram feitos com biocerâmicos de zircônia.
Na condição in-vivo, a resistência á fratura foi verificada antes e após a implantação
em pacientes. Os autores concluíram que não houveram diferenças significantes
nos valores de resistência mecânica, tanto in-vivo quanto in-vitro com nível de
significância de 99%.
No trabalho de Guo, X. & He, J., (2003), a transformação espontânea de fase
tetragonal para monoclínica sofrida pela zircônia, em presença de água ou vapor
d`água quando recozida em temperaturas relativamente baixas (65 °C – 400 °C),
mostrou ser devida a aniquilação de vacâncias de oxigênio. De acordo com os
autores, muito esforço tem sido feito para explicar a degradação. Alguns
mecanismos típicos podem ser resumidos a seguir: Lange, F. F. et al., 1986,
observou a presença de cristalitos de Y(OH)3 em cerâmicas de zircônia dopada com
ítria após degradação, sugerindo que o vapor d`água reagiu com Y2O3 formando os
cristalitos, os quais extraíram localmente a ítria dos grãos tetragonais, transformando
os grãos tetragonais em monoclínicos. Por outro lado, Sato, T. & Shimada, M.,
(1985), propuseram que o vapor d`água reagiria com ligações Zr-O-Zr e ligações
Zr-OH eram formadas. Todavia, outro trabalho mostra que a dissociação de H2O na
superfície da zircônia e a formação de ligações Zr-OH e Y-OH, resulta na
deformação da rede na superfície e promove a transformação tetragonal →
–
monoclínica. Foi também proposto que a reaçâo dos grupos hidroxila OH nos
pontos mais ativos (Y2O3) forma um oxi-hidróxido da espécie YO(OH), responsável
chave para a degradação de Y-ZrO2. Todavia, nenhum dos mecanismos acima
pode explicar o efeito do tamanho de grão. Alguns autores sugerem que as
vacâncias de oxigênio desempenham um importante papel na estabilização da
zircônia. Através da criação e aniquilação de vacâncias de oxigênio na zircônia,
alguns autores provaram que existe um mínimo e um máximo críticos de
concentração de vacâncias de oxigênio para cada uma das fases: cúbica, tetragonal
e monoclínica. Uma variação suficiente na concentração de vacâncias de oxigênio
resulta na transformação de fase, ou seja, quando a concentração de vacâncias de
oxigênio é reduzida de tal forma que a fase tetragonal não é mais estável, a
transformação ocorre. Se a quantidade transformada é suficientemente grande, há
uma expansão de volume associada à transformação gerando trincas nas camadas
110
superficiais e estas geram novas superfícies para reagirem com as moléculas de
água levando a seguir a transformação espontânea.
A melhoria da estabilidade da Y-TZP com a adição de alumina foi reportada na
literatura (Feighery, A. J. & Irvine, J. T. S., 1999, Oblak, C. et al., 2004) e atribuída
ao decréscimo no tamanho de grão e ao maior módulo de elasticidade, o qual
aumenta a restrição elástica da matriz Y-TZP, permitindo a retenção da zircônia
tetragonal. De acordo com os autores acima citados, não foi verificado a
degradação mecânica para a zircônia Tosoh com 3% mol de Y2O3 e adição de 20%
de Al2O3.
De acordo com Li, J. et al. (2001), dentre os óxidos como SiO2, Fe2O3, Al2O3,
etc., somente a alumina pode efetivamente suprimir a degradação da zircônia. De
acordo com os autores, o fenômeno da degradação pode ser resumido assim: 1) a
transformação é controlada pela quebra de ligações Zr-O-Zr durante a reação com a
água, a qual resulta em alívio da restrição agindo nos grãos tetragonais e
promovendo a transformação de fase. 2) A nucleação da fase monoclínica é
–
causada pela acumulação de deformação devido a difusão de OH pela formação
de ligações Zr-OH e Y-OH e a expansão da rede. 3) A desestabilização da fase
tetragonal é causada pelo decréscimo da quantidade de ítria nos grãos tetragonais
devido a formação de hidróxido de ítria. Ainda de acordo com os autores, a adição
de alumina não altera o mecanismo de degradação de Y-TZP, porém, ela pode
prevenir o prosseguimento do processo de degradação quando o volume
transformado atinge um certo valor.
Cordingley, R. et al., 2003 afirmam que a degradação em baixas temperaturas
da zircônia tetragonal policristalina ocorre como resultado da transformação
espontânea de fase da zircônia tetragonal para fase monoclínica durante
envelhecimento a 130 °C - 300°C, possivelmente em ambiente aquoso, levando a
um decréscimo da resistência devido a formação de microtrincas que acompanham
a transformação. Os autores relatam ainda que novas cerâmicas livres de
degradação estão em estudo no Japão, tais como os seguintes compósitos: 80% Y-
TZP (sendo 90 %mol de ZrO2, 6 %mol de Y2O3, 4 %mol de Nb2O5) e 20 % alumina e
o outro material é composto de 70 %vol. TZP (estabilizada com 10% de CeO2) e 30
% vol.de alumina e 0,05% mol. de TiO2.
111
Watanable, M. et al., 1984, identificou um tamanho de grão crítico abaixo do qual
nenhuma transformação ocorre durante 1000 h de envelhecimento a 300° C. Por
outro lado, Li, J. et al., 2001, reportaram que a transformação de fase em baixa
temperatura se torna mais difícil com o aumento do tamanho de grão. O efeito do
tamanho de grão na transformação é complicado por diversos fatores, resultando em
uma relação do tipo “U” entre a facilidade de transformação e o tamanho de grão. É
importante lembrar que a taxa de degradação da resistência não é a mesma para
todas as cerâmicas Y-TZP. Existe evidência experimental de que a Y-TZP está apta
a manter boas propriedades mecânicas em diversos ambientes por longos períodos
porém, conclusões sobre a sua estabilidade devem ser evitadas pois este
comportamento é peculiar para cada material e técnica de fabricação. Swarb, J. J.,
1991, estudou sete cerâmicas Y-TZP de diferentes fabricantes e todos eles se
comportaram de forma bem diferente. A variabilidade do comportamento ao
envelhecimento está relacionada com as diferenças de parâmetros microestruturais,
tais como: concentração e distribuição do estabilizante, tamanho de grão,
distribuição e população de falha, tensões residuais, densidade, etc. Desta forma, é
necessário conduzir experimentos de envelhecimento em diferentes cerâmicos
individualmente para se obter informação sobre o seu comportamento ao
envelhecimento. Apenas limitadas informações estão disponíveis sobre a
degradação de cerâmicas expostas a água em temperatura ambiente,
especialmente em estudos in-vivo. Resultados conflitantes foram reportados por
Drummond, J. L., 1989 e Thomson, I. & Rawlings, R. D., 1990. Drummond verificou
redução de 20% na resistência em amostras TZP após envelhecimento por 730 dias
em solução salina a 37°C. Thomson, I. & Rawlings, R. D., 1990 não observaram
redução da resistência em amostras envelhecidas com 10% de aumento de fase
monoclínica após 18 meses a 37°C em solução de Ringer, quando comparadas com
amostras iniciais. Os autores concluíram que a resistência nas amostras testadas
era controlada por defeitos mais do que por transições de fase.
No trabalho de Ardlin, B., 2002, duas cerâmicas Y-TZP utilizadas em
reconstruções dentárias foram testadas com objetivo de avaliar a estabilidade
química, e o efeito do envelhecimento (4% ácido acético a 80°C por 168h) na
resistência à flexão, estruturas cristalina e superficial. Os resultados mostraram que
as duas cerâmicas apresentaram alta resistência, a qual não foi afetada pelo
112
envelhecimento e alta estabilidade química. Todavia, os autores verificaram que as
estruturas cristalinas e superficiais foram afetadas. Ocorreu a transformação de fase
tetragonal para monoclínica e pequenas elevações foram observadas na superfície
após o envelhecimento. A solubilidade química ficou bem abaixo dos valores limite
para cerâmicas dentárias (ISO 6872:1995).
1
Vα × N × P5 / 4 × ( 3.21 )
K 3/4
IC ×H1/ 2
1
α K IC
3/4
× H1/ 2 ( 3.22 )
V
113
4 MATERIAIS E MÉTODOS
A determinação dos óxidos presentes nos pós utilizados neste trabalho foi feita
através da espectrometria de fluorescência de raios-X. Nesta técnica, raios–X são
empregados para estimular a radiação característica secundária para análises
114
qualitativas dos principais elementos presentes. Os raios-X característicos são
difratados por um cristal de análise e o ângulo de difração juntamente com a
intensidade difratada fornecem informação sobre o elemento desejado bem como
sobre sua concentração.
nλ
senθ = ( 4.1 )
2dhkl
115
Usualmente o nitrogênio é empregado na temperatura criogênica (77,35K) e em
baixa pressão para mantê-lo gasoso (1atm de pressão).
O cálculo da área específica de superfície pode ser realizado através de
isotermas de adsorção. De uma maneira simplificada, isto é feito medindo-se a
quantidade molar n de um gás adsorvido (ou volume adsorvido Vo) a uma
temperatura T constante, por uma superfície sólida, em função da pressão do gás P.
A isoterma é geralmente construída ponto a ponto pela entrada e saída de
quantidades conhecidas de gás, durante um determinado tempo para permitir o
equilíbrio em cada ponto.
No método BET, para determinação da área específica de superfície obtida a
partir dos dados da isoterma de adsorção física do gás, é utilizada a seguinte
equação
P 1 C −1 P
= + ⋅ ( 4.2 )
Va [Po − P] VmC VmC P0
onde:
Va é o volume do gás adsorvido pela amostra;
Vm é o volume de gás adsorvido, quando uma superfíce está recoberta por uma
camada monomolecular;
P é a pressão absoluta de um gás sobre a amostra;
P0 é a pressão de saturação do gás adsorvido;
X é o peso do adsorvido a uma dada pressão relativa P/P0; Xm é o peso do
adsorvido requerido para cobrir a superfície da amostra com uma camada molecular
e C é uma constante que é função da energia de interação adsorvido/adsorvente.
C −1 1
a= e i= ( 4.3 )
VmC VmC
116
A área específica de superfície do material S, pode então ser calculada a partir
do volume do gás adsorvido, Vm pela equação:
Vm σNa
S= ( 4.4 )
mVo
onde:
σ = área superficial ocupada por uma molécula do gás;
m = massa da amostra;
Na = número de Avogrado;
Vo = volume molar do gás.
117
(aproximadamente pH=7) e adição de hexametafosfato de sódio (0,1%p/v de
Calgon, Na4P2O7) como dispersante.
4.2.1.1 ALUMINA
4.2.1.2 ZIRCÔNIA
118
Neste trabalho, foi utilizada a zircônia de dois fornecedores diferentes:
a) Zircônia tetragonal policristalina estabilizada com 3% mol ou 5,1%
peso de ítria (Y2O3), YTZ-3YSB (LOTE S306276B) da Tosoh
Corporation, Japão. Apresentava tamanho médio de partícula de
0,35 μm (dado fornecido pelo fabricante). A TAB. 4.2 apresenta a
quantidade de impurezas (óxidos) presentes na zircônia parcialmente
estabilizada com Y2O3 da Tosoh, fornecida pelo fabricante.
4.2.2 ADITIVOS
119
a) O dispersante utilizado foi o ácido cítrico monohidratado P. A. da
Vetec Química Fina Ltda., lote 012193, de fórmula molecular
C6H8O7.H2O A especificação do produto de acordo com o
fabricante é apresentada na TAB. 4.4.
120
especificação do produto de acordo com o fabricante é
apresentada na TAB. 3.6.
Testes Resultados
Densidade / 25° 1,11 – 1,14
PH sol. 5% 4,5 – 7,5
Máx. de impurezas -
Ponto congelamento 4° - 8°
Viscosidade 6,8 – 8,0
4.3 PROCESSAMENTO
1- Amostra 100 ZT: Amostra contendo 100 % peso de ZrO2 Tosoh. Não foram
utilizados o solvente, o dispersante nem o ligante. Este material já contém ligante
depositado no pó por “spray drier” e já vem pronto para prensagem, assim, não foi
necessário realizar a moagem em moinho.
121
ZrO2 (3Y-TZP- Tosoh) Al2O3 – SG-1000 - Alcoa ZrO2 (3Y-TZP- MelChemicals)
2 2
(6.21 m /g; d50 = 0.35μm) (10.47m /g; d50 = 0.44μm) 2
(11.10 m /g; d50 = 0.19μm)
Secagem com evaporador rotatório e estufa 60°C /24h; DRX dos pós
Desaglomeração (65 mesh Tyler – 212 μm).
Densidade à
verde (razão Prensagem uniaxial ( 5 x 6 x 80 mm). P = 55
peso/vol.).
Densidade
sinterizada Material: óxidos puros + compósitos com zircônia
(Método de variando teor de ZrO2 de 5 % a 80 % peso.
Arquimedes)
122
em álcool etílico P.A., rotação de 350 rpm e 50 % em peso de sólidos. Como
dispersante foi utilizado o ácido cítrico monohidratado P.A. (0,6 % peso). Não foi
utilizado o polyetilieno glycol 400.
123
de 350 rpm e 50 % em peso de sólidos. Como dispersante foi utilizado o ácido
cítrico monohidratado P.A. (0,6 % peso). Nos 15 min finais da moagem, foi
adicionado o polyetileno glycol 400 (2 % peso).
8- Amostra 100 ZM: Amostra contendo 100 % peso de ZrO2 Mel Chemicals. Foi
realizada moagem com corpos moedores de zircônia (φ = 2 mm), por 1,5h em álcool
etílico P.A., rotação de 350 rpm e 50 % em peso de sólidos. Como dispersante foi
utilizado o ácido cítrico monohidratado P.A. (0,6 % peso). Nos 15 min finais da
moagem, foi adicionado o polyetileno glycol 400 (2 % peso).
124
Exemplo de cálculo do volume de álcool para 50% peso de sólidos na polpa de
moagem, para a amostra 21 ZT (21% ZrO2 + 79% Al2O3):
m
ρ= onde: ρ = densidade; m = massa e v = volume;
v
Então:
m 207
ρ= ⇒ 0,9 = ⇒ v = 230 ml .
v v
TAB. 4.7 Massas e volumes utilizados para a preparação das misturas de diferentes
composições.
125
m 150
ρ= ⇒ 0,9 = ⇒ v = 167ml .
v v
126
A carga de peso de sólidos na polpa de moagem pode ser calculada:
207 g óxidos => x
207 g (óxidos) + 2,48 g (ácido cítrico)+ 207 g (álcool) => 100 %
127
4.3.3 MOAGEM
4.3.5 DESAGLOMERAÇÃO
128
A técnica de conformação dos corpos de prova utilizada foi a prensagem uniaxial
por ser de baixo custo, rápida e de fácil realização. As desvantagens de sua
utilização são: distribuição não uniforme da porosidade, defeitos de compactação e a
limitação de ser aplicada para corpos verdes com razão de aspecto H/D ≤ 1,
conforme FIG. 4.3.
H
≤1
D
H
D
129
4.3.8 RETIRADA DO LIGANTE OU PLASTIFICANTE
130
material orgânico. Tais defeitos normalmente não são eleiminados na sinterização e
comprometem as propriedades mecânicas do corpo sinterizado. Logo, a taxa de
aquecimento deve ser cuidadosamente selecionada e controlada para evitar o
crescimento excessivo, pressões internas e minimizar danos na amostra (Pereira, A.
P. D., 2001).
4.3.9 SINTERIZAÇÃO
131
de alumina, e além disso, evitar o surgimento de concentração de tensões no
material sinterizado durante o resfriamento.
FIG. 4.4 Variação da temperatura do forno durante a sinterização das composições a 1600°C.
FIG. 4.5 Variação da temperatura do forno durante a sinterização das composições a 1500°C.
4.4 CARACTERIZAÇÃO DA MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES DO
MATERIAL SINTERIZADO
132
b) Identificação das fases cristalinas presentes por difração de raios-X
das amostras após sinterização e após a fratura;
133
Os corpos de prova foram secos em estufa à 125oC, durante 50 minutos. As
amostras foram resfriadas por um período de 40 minutos em dessecador e pesadas
para a determinação da massa seca (Ms). A partir dos dados obtidos, foram
calculados:
Volume aparente (Va)
O volume aparente representa o volume do material sólido mais o volume dos
poros abertos e fechados (cm3). Foi calculado pela expressão:
Mea = Ms / Va ( 4.6 )
134
A porosidade percentual, P, foi determinada indiretamente através da medida da
densidade, ρ, utilizando-se o princípio de Archimedes, que trata do empuxo sofrido
por um corpo imerso em um líquido, como a água, utiliazndo-se a seguinte equação:
Onde: Mar é a massa da amostra em ar, MH2O a massa da amostra em água, ρar
a densidade do ar e ρH2O a densidade da água a temperatura T. A porosidade
determinada por este método é bastante precisa para valores de P < que 5 %, isto é,
para porosidade fechada.
135
intensidades integradas dos picos monoclínicos ( 1 11)M e (111)M e do pico tetragonal
(101)T, os quais são apresentados na FIG. 4.7, usando as seguintes equações:
1.311X M
FM = ( 4.11 )
1 + 0.311X M
onde,
XM =
(111) + (111)
M M
( 4.12 )
(111) + (111) + (101)
M M T
onde:
( 1 11)M, (111)M e (101)T, representam a intensidade integrada dos picos
difratados nos planos monoclínicos ( 1 11)M e (111)M e no plano tetragonal (101)T.
y ci = s∑ L k Fk φ(2θ i − 2θ k )Pk A + y bi
2
( 4.13 )
K
136
a
4500
Intensidade u.a.
3600
b
c
2700
27 28 29 30 31 32 33
2θ
FIG. 4.6 Difratograma da Y-ZrO2 Tosoh com 2θ na faixa de 27° a 33°, mostrando a ocorrência do
do pico tetragonal a= (101)T, e dos picos monoclínicos b = ( 1 11) M e c = (111)M.
Onde:
s é o fator de escala; K representa os índices de Miller h, k,l para as reflexões
de Bragg; Lk contém os fatores de Lorentz-polarização e de multiplicidade; φ é a
função do perfil de reflexão; Pk é a função de orientação preferencial; A é o fator de
absorção; Fk é o fator de estrutura para o Kth reflexão de Bragg e ybi é a intensidade
do ruído de fundo para o ith passo.
S y = ∑ w i (y i − y ci )
2
(4.14 )
i
137
onde: wi = 1/yi; yi é a intensidade observada no ith passo e yci é a intensidade
calculada no ith passo. Sy é a quantidade residual do processo de minimização e
indica a qualidade do ajuste.
Observando a equação 4.13, é possível verificar que os cálculos incluem fatores
cristalográficos como fator cristalino, orientação preferencial, posição atômica na
estrutura cristalina e tamanho cristalino. É necessário também incluir nos cálculos
fatores associados com a óptica, tal como comprimento de onda da fonte de raios-X,
aberturas, monocromadores e distâncias do goniômetro. O cálculo de Rietveld leva
em conta fatores como o equipamento, a amostra (estrutura cristalina) e por fim o
próprio fenômeno da difração, os quais estão representados na equação 4.13
descrita acima.
138
Depois do embutimento em baquelite das amostras, foi realizado o desbaste
manual ou automático em lixas d’água de 180 até 1000 mesh, para a remoção total
do material de embutimento e obtenção de uma superfície plana.
Após o desbaste manual, as amostras foram polidas com pastas de diamante na
seqüência de 15, 9, 6, 3,1 e 0,25 μm. Durante esta etapa, as amostras foram
observadas em microscópio OLYMPUS BME-3 de platina invertida, com o auxílio de
um analisador de imagem IA-3001 da LECO, para a avaliação do processo de
polimento, comportamento quanto aos riscos, poros e arrancamentos. O tempo de
polimento não era fixo, era função da evolução do processo, isto é, só se trocava de
pasta quando o defeito médio na superfície polida, o qual era quantificado através do
microscópio óptico, estivesse na ordem de grandeza que o tamanho do abrasivo da
pasta.
Ao final do polimento as amostras foram retiradas do embutimento, atacadas
termicamente a 1500 ºC por aproximadamente 6 a 10 minutos ao ar no forno Netzch
(IME) buscando garantir uma boa revelação dos contornos de grão. A seguir, as
amostras foram recobertas com um filme de ouro de 80 nm (Balzers 07-120B-IME),
que possibilitou a condução dos elétrons e permitiu melhor contraste no exame ao
microscópio. Foram utilizadas imagens obtidas com elétrons secundários (SE) para
determinação do tamanho de grão e imagens com elétrons retro-espalhados (BSE)
para avaliação da homogeneidade da microestrutura. A voltagem utilizada foi de
20kV.
O tamanho de grão foi determinado pelo método das interseções lineares
metalografia quantitativa, de acordo com a norma ASTM E-112/96, utilizando a
seguinte equação:
TG = ( L / i ) x ( 1 / M ) ( 4.11 )
Onde:
TG = tamanho de grão;
L = comprimento das linhas usadas pelo método quantitativo;
i = o número de interceptos ao longo da L;
M = Magnitude do aumento utilizado.
139
O preparo das amostras para observação das superfícies de fratura por
microscopia eletrônica de varredura (MEV), foi realizada após a fratura das mesmas
em ensaio de flexão em quatro pontos. As amostras foram cortadas para se obter a
altura de 1cm e em seguida foi feita a deposição de um filme de ouro (80nm) para
permitir a condução dos elétrons. Para a observação das superfícies de fratura
foram utilizados os elétrons secundários (SE).
As amostras que apresentaram melhores propriedades mecânicas foram
preparadas para observação em microscopia eletrônica de transmissão (MET) no
microscópio JEOL EM – 2010. Para isto, as amostras foram cortadas com disco
diamantado de 5 μm, sendo obtidas amostras em fatias com 150 a 200 μm de
espessura. Em seguida, as amostras foram cortadas com ultrassom para obtenção
do diâmetro de 3mm (Disc cutter - Gatan- modelo 601) sendo utilizado carbeto de
silício em pó grit 120 da Buehler. As amostras foram lixadas com lixas de SiC para
obtenção da espessura de 70 a 100 μm. Em seguida, para obtenção da calota foi
utilizado o dimple grinder - Gatan – modelo 656, com pasta de 15 μm, carga de 30 g
e velocidade 2. Após esta etapa, as amostras foram polidas no Precision íon
polishing system-Gatan – modelo 691, utilizando ângulo de 4°, energia do feixe de 5
KeV. O tempo total de polimento necessário para obtenção do padrão no MET foi
de 21h. Foram realizadas imagens das amostras e figuras de difração foram obtidas
bem como foram realizadas análises de EDS (Espectroscopia de energia
dispersiva). A observação no MET foi realizada utilizando voltagem de 200 kV.
140
A carga aplicada no ensaio de dureza (durômetro Zwich) foi de 10 Kgf (98N)
durante dez segundos.
As impressões foram realizadas de tal forma que a distância entre os centros
das impressões era de pelo menos cinco vezes a medida da semi-diagonal de
indentação mais o tamanho da trinca(5c) ou quatro vezes a diagonal de
indentação(4d), conforme FIG. 4.8.
FIG. 4.7 Distância entre as indentações Vickers conforme norma ASTM C-1327-99.
FIG. 4.8 Indentações Vickers aceitáveis de acordo com a norma ASTM C-1327-99
141
FIG. 4.9 Indentações Vickers não aceitáveis conforme norma ASTM C-1327-99.
(
HV = 0,0018544 P d 2 ) ( 4.12 )
Onde:
HV = Dureza Vickers (GPa)
P = carga aplicada (N)
d = média aritmética do comprimento das duas diagonais (mm).
(
HV = 0,1891488 P d 2 ) ( 4.13 )
Onde:
HV = Dureza Vickers (HV10)
P = carga aplicada (N)
d = média aritmética do comprimento das duas diagonais (mm).
142
4.4.3.2 DETERMINAÇÃO DO FATOR DE INTENSIDADE DE TENSÃO CRÍTICA –
KIC
143
Onde:
KICp = Tenacidade à fratura do material corrigida, considerando a porosidade
(MPa.m1/2);
KICd = Tenacidade à fratura do material suposto denso (MPa.m1/2);
b = 5,3 ± 0,4 (Nos cálculos, adotou-se b = 5,3);
p = porosidade aparente do material.
c
para ≥ 2,5
a
Niihara, K., 1983
1 2
−
⎛ l ⎞ 2 ⎛ Eφ ⎞ 5 ⎛ Ha ⎞
0,5
K IC = 0,035⎜ ⎟ ⎜ ⎟ α ⎜⎜ ⎟⎟ ( 4.16b )
⎝a⎠ ⎝ H ⎠ ⎝ φ ⎠
l
para 0,25 ≤ ≤ 2,5
a
Onde:
KIC = tenacidade à fratura do material (MPa.m1/2);
P = carga aplicada (N);
E = módulo de elasticidade do material, calculado pela regra das misturas(GPa);
a = semi-diagonal da impressão Vickers(m);
l = comprimento da trinca (m);
c = l+a (m);
H = dureza do material (GPa) calculada conforme equação 4.12 .
144
Com a finalidade de se determinar o se o tipo de trinca presente no sistema
estudado neste trabalho era Palmqvist ou ““half-penny””, as superfícies polidas das
amostras contendo as impressões Vickers foram ligeiramente desbastadas com
pasta de diamante de 15 μm. Além disso, a razão c/a foi avaliada com o mesmo
objetivo, conforme o estudo de Niihara et al., 1982, para o qual a trinca Palmqvist
pode ser observada quando c/a for menor que 2,5 e a trinca “half-penny” quando a
razão c/a for maior que 2,5.
Roletes
Corpo de prova
superiores
Roletes
inferiores
145
A fórmula padrão utilizada para a determinação da resistência de uma viga por
flexão em quatro pontos, a qual consta na norma ASTM C 1161-90, foi utilizada
neste trabalho e está descrita a seguir:
3PL
4Pts
σ FLEX = ( 4.18 )
4bd 2
m
⎛ σ − σu ⎞
F = 1 − exp − ∫ ⎜⎜ ⎟⎟ dV ( 4.19 )
V ⎝ σ o ⎠
Onde:
F = probabilidade de falha para a amostra;
V = volume da amostra;
σ = máxima resistência à tensão para um dado ponto;
σu = tensão limite (abaixo do qual nenhuma falha irá ocorrer);
σo = resistência característica; e
m =módulo de Weibull.
146
o quanto alta ou baixa são as resistências. Altos valores de σu, σo e m são
desejados.
A tensão limite σu, é a tensão abaixo da qual a falha não irá ocorrer e
corresponde a idéia ou conceito de um tamanho máximo de falha. Na prática, σu é
usualmente considerado igual a zero. Esta consideração resulta em uma
superestimativa da probabilidade de falha, o que é desejável em projetos de cálculo
de engenharia (Sullivan, J. D. & Lauzon, P. H., 1986). Todavia, existem casos na
literatura em que ele não foi considerado igual a zero. São casos raros e requerem
extensivos testes para verificação (Sullivan, J. D. & Lauzon, P. H., 1986; Lewis, D.,
1979).
Para o caso de σu ser considerada nula, a equação 4.19 pode ser reescrita na
equação 4.20, conhecida como distribuição de Weibull de dois parâmetros, método
mais comumente utilizado para análises de rotina.
m
⎛ σ ⎞
F = 1 − exp − ∫ ⎜⎜ ⎟⎟ dV ( 4.20 )
V⎝
σo ⎠
⎡ ⎛ σ − σ ⎞m ⎤
F = 1 − exp⎢− V ⎜⎜ u
⎟⎟ ⎥ ( 4.21 )
⎢⎣ ⎝ σ o ⎠ ⎥⎦
m
⎡ ⎛ ⎞⎤
(1- F) = exp⎢− V⎜⎜ σ ⎟⎟⎥ ( 4.22 )
⎣ ⎝ σo ⎠⎦
147
m
1 ⎛ σ ⎞
− ln(1 − F) = ln = V ⎜⎜ ⎟⎟ ( 4.23 )
1− F ⎝ σ0 ⎠
⎡ ⎛ 1 ⎞⎤
ln⎢ln⎜ ⎟⎥ = lnV − mlnσ 0 + mlnσ ( 4.24 )
⎣ ⎝ 1 − F ⎠⎦
j − 0,5
F= ( 4.25 )
n
onde:
n = número total de amostras; e
j = enésimo resultado de uma população de n amostras.
A estimativa mostrou ser menos tendenciosa, promovendo o menor
espalhamento para análises de resistência.(Trusttrum, K. & Jayatilaka, A. De S.,
1979; Absi, J. & Gandus, J. C. 2002).
148
conclusões obtidas a partir dos mesmos, dependem em grande parte da maneira
como estes dados foram coletados. Métodos estatísticos devem ser utilizados para
analisar os dados de tal forma que os resultados e conclusões sejam válidas e
objetivas.
Com o objetivo de se avaliar a significância do efeito da adição da zircônia na
alumina, foi realizado o tratamento estatístico de todos os resultados obtidos neste
trabalho.
A fim de se obter conclusões válidas e objetivas ao se comparar as médias que
foram obtidas a partir dos resultados dos ensaios realizados para determinação da
densidade, dureza, tenacidade e resistência à flexão, foi utilizada a análise de
variância. A análise de variância (ANOVA) é a técnica mais utilizada no campo da
inferência estatística, sendo considerada como procedimento apropriado para o teste
de igualdade de diversas médias (Montgomery, D. C., 1997).
Consideremos a tratamentos ou diferentes níveis (ex: 5 %, 10 %, 15 %, 80 % ,
etc.) (diferentes composições) de um único fator (ex: teor de zircônia presente na
amostra) e que desejamos compará-los. A resposta observada (ex: resistência
mecânica) a partir de cada um dos a tratamentos é uma variável aleatória. Cada um
dos valores yij representa a j-ésima observação para o tratamento i. Existem n
observações ou replicatas para o i-ésimo tratamento. O número total de
observações ou replicatas do experimento é definido como N, sendo igual ao
produto a x n.
A TAB. 4.9 apresenta os dados típicos para um experimento de um fator.
...
...
...
...
149
As observações podem ser descritas por um modelo estatístico linear:
{j = 1,2.......n}
Onde:
y ij = (ij)-ésima observação
μ = média global
τ i = efeito do i-ésimo tratamento
a n
y..2
SS T = ∑∑ y ij2 − (4.27 )
i=1 j =1 N
1 a 2 y ..2
SS Trat = ∑ y i. − N
N i=1
( 4.28 )
150
SSE = SST - SSTrat. ( 4.29 )
Temos ainda que o grau de liberdade (GL) para o tratamento é dado por a -1,
para o erro é igual a N -a e o grau de liberdade total é igual a N –1. O grau de
liberdade total é a soma dos graus de liberdade do tratamento e do erro.
A TAB.4.10 Apresenta a tabela da ANOVA para o experimento de um fator
A segunda hipótese que está representada na equação 4.31 é H1, para a qual
pelo menos um par de médias difere significantemente.
Onde: α = nível de significância (ex: 0,01, 0,05). O valor de F(α, a-1, N-a) é tabelado
e o valor de F0 pode ser obtido da tabela da ANOVA, dividindo-se a média dos
quadrados dos tratamentos (MSTrat.) pela média dos quadrados do erro (MSE).
151
Outra forma de verificar a rejeição da hipótese nula (H0) é através do P-valor
<0,01.
A partir do momento em que se rejeita a hipótese nula e conclui-se que as
médias diferem significantemente, testes devem ser realizados para comparar todos
os possíveis pares de médias.
Alguns testes como o método de Fisher LSD (mínimas diferenças significantes),
teste de Duncan, teste de Newman-Keuls, teste de Tukey podem ser utilizados para
este fim. Neste trabalho o teste utilizado para comparação entre os pares de médias
foi o teste Fisher LSD, por ser considerado um poderoso teste se aplicado após o
teste F na análise de variância com significância de 5 % (α = 0,05).
Como deseja-se comparar pares de médias, então é necessário testar a
seguinte hipótese: H0 : μi = μj para todo i ≠ j.
Este teste estatístico Fisher LSD pode ser resumido nas equações 4.32 a 4.33.
O valor de LSD pode ser obtido a partir da equação 4.32 é chamado de mínima
diferença significante.
⎛1 1⎞
LSD = t α/2,N−a MSE ⎜ + ⎟ ( 4.32 )
⎜n n ⎟
⎝ i j ⎠
2MSE
LSD = t α/2,N−a ( 4.33 )
n
das equações 4.32 ou 4.33. Desta forma, se y i − y j > LSD, pode ser concluído
152
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
153
Tamanhos característicos às proporções em que 10, 50 e 90 % do material é
passante foram determinados e representados respectivamente por D10, D50 e
D90. Enquanto o D50 representa o tamanho mediano do material, a razão D90/D10
oferece uma indicação da homogeneidade do material. Os resultados estão
apresentados na TAB. 5.2.
100,00
100 ZT
90,00
80 ZT
80,00
Passante acumulado (%)
21 ZT
70,00 15 ZT
60,00 10 ZT
5 ZT
50,00
100 A
40,00
100 ZM
30,00 80 ZM
20,00 15 ZM
10,00
0,00
100 10 1 0,1 0,01
Tamanho de partícula (µm)
154
100,00
90,00 100 ZT
70,00 21TZ
60,00 15 TZ
50,00 10 TZ
40,00 5 TZ
A
30,00
20,00
10,00
0,00
100 10 1 0,1 0,01
Tamanho de partícula (µm)
100,00
90,00 100 ZM
80,00
Passante acumulado (%)
80 ZM
70,00
60,00
15 ZM
50,00
40,00 A
30,00
20,00
10,00
0,00
100 10 1 0,1 0,01
Tamanho de partícula (µm)
155
Tamanho médio de partículas
Amostr (μm)
a
D 10 D 50 D 90
100 ZT 0,36 0,97 3,84
80 ZT 0,19 0,80 3,65
21 ZT 0,42 1,07 4,18
15 ZT 0,29 0,79 2,49
10 ZT 0,20 0,72 2,05
5 ZT 0,41 1,02 3,58
A 0,11 0,44 2,10
100 ZM 0,06 0,19 0,45
80 ZM 0,21 0,74 2,35
15 ZM 0,32 0,92 3,05
A caracterização da forma das partículas dos pós iniciais foi realizada a partir de
solução bem diluída dos pós e com o auxílio do MEV. As micrografias são
apresentadas na FIG. É possível verificar a presença de partículas submicrométricas
e com forma arredondada e de aglomerados formados por pequenas partículas.
0.5 μm 0.5 μm
0.5 μm
FIG. 5.4 Micrografia de solução bem diluída dos pós: (a)100 ZT , (b) 100 A , (c) 100 ZM.
Os difratogramas dos pós são apresentados nas FIG. 5.5. a FIG. 5.14 (linha
azul). A linha vermelha é a linha do ajuste realizado pelo programador para
determinação e quantificação das fases presentes. Pode ser observado que as
fases presentes nos óxidos puros e compósitos foram α−alumina, zircônia
monoclínica (“baddeleyite”) e zircônia tetragonal.
156
ZrO2 - T 65,94
Baddeleyite 34,36
Intensidade u. a.
2θ
Corundum 20,64
ZrO2 - T 48,77
Baddeleyite 30,59
Intensidade u. a.
2θ
Corundum 77,44
ZrO2 - T 13,95
Baddeleyite 8,61
157
Intensidade u. a.
2θ
Corundum 83,76
ZrO2 - T 9,98
Baddeleyite 6,26
Intensidade u. a.
2θ
Corundum 88,79
ZrO2 - T 6,79
Baddeleyite 4,42
Intensidade u. a.
2θ
FIG. 5.9 Difratograma do pó para amostra 10 ZT.
Corundum 94,29
ZrO2 - T 3,39
Baddeleyite 2,37
158
Intensidade u. a.
2θ
FIG. 5.10 Difratograma do pó para amostra 5 ZT.
3000
Alumina
43.26
2500
35.06
2000 57.38
Intensidade u. a.
25.48
1500
68.12
52.42
1000
500
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
2θ
159
1,600 ZrO2T 70.80 %
ZrO2 - T Baddeleyite
70,80 29.20 %
1,500 Baddeleyite 29,20
1,400
1,300
1,200
Intensidade u. a.
1,100
1,000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80
2θ
Corundum 20,35
ZrO2 - T 64,44
Baddeleyite 15,21
Intensidade u. a.
2θ
FIG. 5.13 Difratograma do pó para amostra 80 ZM.
Corundum 83,80
ZrO2 - T 12,67
Intensidade u. a.
Baddeleyite 3,47
2θ
FIG. 5.14 Difratograma do pó para amostra 15 ZM.
160
5.2 CARACTERIZAÇÃO E DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO
MATERIAL SINTERIZADO
Neste trabalho, foram analisadas dez diferentes composições onde foi variado o
percentual de zircônia presente na amostra. Os valores das densidades teóricas dos
pós iniciaIs de alumina, zircônia Tosoh e zircônia Mel Chemicals, foram utilizados no
cálculo das densidades teóricas das dez amostras estudadas neste trabalho e estão
apresentadas nas TAB. 5.3, TAB. 5.4 e TAB. 5.5, respectivamente. A composição e
a densidade teórica das amostras analisadas são apresentados na TAB. 5.6.
TAB. 5.6 Composição das amostras (%peso) e densidade teórica das amostras (g/cm3).
161
ZrO2
Amostr Al2O3 ZrO2 Tosoh ρT
MCH
a (% peso) (% peso) (g/cm3)
(% peso)
100 ZT - 100 - 5,99
80 ZT 20 80 - 5,43
21 ZT 79 21 - 4,27
15 ZT 85 15 - 4,17
10 ZT 90 10 - 4,10
5 ZT 95 5 - 4,03
A 100 - - 3,96
100 ZM - - 100 5,99
80 ZM 20 - 80 5,43
15 ZM 85 - 15 4,17
A partir dos dados da TAB. 5.7 é possível verificar que os óxidos puros e
compósitos apresentaram densidade na faixa de 99,13 % a 99,86 % da densidade
teórica.
A porosidade total menor que 1vol.% é requerida para cerâmicas de alumina
(ASTM F-603-00) e zircônia (ASTM F-1873-98), para uso em implantações
cirúrgicas.
162
Resultados da literatura mostram que a densidade influencia a dureza,
resistência à flexão e tenacidade à fratura (Lin, J. D. & Duh, J. G., 2002; Kunes, K.
et al., 2000; Heijman, M. J. G. W., 2002). Geralmente, amostras cerâmicas
sinterizadas com maior densidade relativa exibem melhores propriedades
mecânicas. Os poros funcionam como concentradores de tensões e além disso, há
diminuição da área resistente. Todavia, existe sempre a influência da uniformidade
da microestrutura sobre as propriedades mecânicas. Para materiais com elevada
tenacidade é esperado um espalhamento na medida de tenacidade à fratura como
observado nas medidas de resistência à fratura se a distribuição da porosidade não
for homogênea.
Os maiores valores de densidade foram obtidos para 80 ZT e 80 ZM (TAB. 5.7).
Partindo da alumina pura (A) até 21 peso% de zircônia Tosoh (21 ZT), foi possível
observar que a densidade aumentou com o aumento do teor de zircônia, indicando
que a presença de partículas de zircônia contribuiu para a densificação da matriz de
alumina. A zircônia deve ter um tamanho médio de partícula reduzido para ocupar as
posições intergranulares da alumina após a sinterização, bem dispersas na
microestrutura, controlando o crescimento dos grãos de alumina, evitando a
presença de agregados que prejudicariam as propriedades mecânicas do material
sinterizado. Da mesma forma, partindo da zircônia pura (100 ZT) para 80 ZT, a
adição de alumina melhorou a densificação do compósito.
Com o objetivo de verificar o efeito do fator ou tratamento composição na
variável densidade, a análise de variância (ANOVA) foi realizada com auxílio do
programa Statistica 6.0 e está apresentada na TAB. 5.8, como descrito no item 4.2.
A partir dos dados apresentados na TAB. 5.8, temos que o valor de Fcalculado
(2.903819) é maior que o valor de Ftabelado (2,39), então a hipótese Ho de médias
iguais deve ser rejeitada, ou seja, é possível afirmar que existem diferenças
163
significantes com 95 % de confiança entre pelo menos duas médias de densidade
encontradas.
Para determinar as diferenças significantes entre as médias, foi utilizado o teste
LSD, conforme já descrito no item 4.5.
As TAB. 5.9 e TAB. 5.10 apresentam o resultado do teste LSD para as amostras
de 1 a 5 e 6 a 10, respectivamente. As diferenças significantes entre as médias são
apresentadas nas tabelas TAB. 5.9 e TAB. 5.10 e são identificadas com um símbolo
(*).
TAB. 5.10 Teste LSD para a variável densidade das amostras de 6 a 10.
De acordo com o teste é possível notar a partir dos dados das TAB. 5.9 e TAB.
5.10 que a densidade da amostra 80 ZM é significantemente diferente das
164
densidades das amostras 100 ZT, 10 ZT, 5ZT, A, 100 ZM e 15 ZM e é equivalente
as médias das amostras 80 ZT, 21 ZT, 15 ZT. As amostras 100 ZT e 100 ZM só
apresentam diferenças significantes com a amostra 80 ZM. A alumina apresentou
diferenças significantes com as amostras 80 ZT, 21 ZT, 15 ZT e 80 ZM.
Uma pequena e estreita distribuição de tamanho de partícula inicial bem como
uma distribuição bimodal, permite um preenchimento mais eficiente das cavidades
da matriz para prensagem uniaxial, promovendo melhor densificação dos pós.
Nos sistemas investigados neste trabalho, as suspensões apresentavam carga
de 50% peso de sólidos na polpa de moagem e microestrutura uniforme, não sendo
encontrados aglomerados. Os aglomerados nos corpos verdes são fonte de falhas
durante a sinterização, comprometendo as propriedades do material. A carga de
sólidos presente na polpa de moagem é discutida na literatura como fator importante
na obtenção de maiores densidades. No presente trabalho, a carga de sólidos na
polpa de moagem foi de 50 % peso, tendo sido este percentual retirado da literatura.
Resultados recentes confirmam a adequação deste percentual. Liu, X. et al., 2002
encontraram menores densidades relativas durante a sinterização nos compósitos
com carga de sólidos de 40% vol. A medida que a carga de sólidos aumentou, as
densidades aumentaram. Acima de 50 % vol. de sólidos, foram detectados
aglomerados que permaneceram nos corpos verdes e agiram como fonte de falhas
nos compactos sinterizados.
Neste trabalho, o ligante utilizado foi o polietileno glicol, tendo sido utilizado 2 %
em peso, conforme descrito na literatura. O solvente para este ligante é o álcool. A
utilização do ligante tem como objetivo dar maior resistência a verde possibilitando o
manuseio das amostras. O dispersante utilizando nas moagens foi o ácido cítrico
(0,6 % peso), com o objetivo de evitar a formação de aglomerados. No trabalho de
Kunes, K. et al., 1999, o percentual de 0,6 % em peso de dispersante nas
suspensões de alumina-zircônia investigadas foi o que promoveu a menor
viscosidade aparente para os três tipos de dispersantes testados, sendo efetivo para
prevenir aglomerados os quais são fontes de imperfeições durante a sinterização.
Mukherjee, A. et al., 2001, investigou a função de dispersantes e tamanho de
partículas do pó na reologia das suspensões e os efeitos correspondentes na
densidade a verde bem como na densidade sinterizada de zircônia estabilizada com
ítria. Os autores concluíram que a melhor dispersão foi obtida com o uso de
165
dispersante e com pós mais finos e que a reologia das suspensões têm um profundo
efeito na densidade a verde e na densidade sinterizada das amostras.
Oliveira, L. G., 2002, observou em seu trabalho que os pós de zircônia
parcialmente estabilizada com ítria na ausência de dispersante e falta de ajuste do
pH na moagem, formam um material sinterizado com uma microestrutura
heterogênea, contendo agregados duros de zircônia, que geram valores de KIC
inferiores ao valor obtido para a alumina pura, indicando a falta de reforço. No
entanto, foi observado que a adição de ácido cítrico (0,6 % peso em álcool) na
moagem proporcionou a obtenção de compósitos com valores de resistência à
flexão cerca de 17 % superior ao obtido para a alumina pura, bem como um
aumento do parâmetro “m” da distribuição de Weibull, indicando uma melhora da
confiabilidade do material em termos de dispersão dos resultados de resistência
mecânica.
As microestruturas homogêneas mostram uma segunda fase bem dispersa nos
compósitos e pode ser vista na FIG. 5.15.
As micrografias das seções transversais polidas foram obtidas no MEV com a
utilização de elétrons retroespalhados. A diferença em contraste está principalmente
associada com o número atômico das fases. Regiões claras correspondem a
números atômicos altos (Zr) e regiões escuras correspondem a baixo número
atômico (Al).
Os índices de retração referente as 3 dimensões lineares (altura, largura e
comprimento) das amostras obtidas após sinterização é apresentado na TAB. 5.11.
166
(a) (b) (c)
(j)
167
5.2.3 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X: FASES CRISTALINAS E TRANSFORMAÇÃO
MARTENSÍTICA
ZrO2 - T 90,29
Baddeleyite 9,71
Intensidade u. a.
2θ
Corundum 27,02
ZrO2 - T 68,06
Baddeleyite 4,92
Intensidade u. a.
2θ
168
FIG. 5.17 Difratograma da amostra 80 ZT após sinterização.
Corundum 81,65
ZrO2 - T 18,13
Baddeleyite 0,22
Intensidade u. a.
2θ
FIG. 5.18 Difratograma da amostra 21 ZT após sinterização.
Corundum 85,74
ZrO2 - T 14,02
Baddeleyite 0,24
Intensidade u. a.
2θ
FIG. 5.19 Difratograma da amostra 15 ZT após sinterização.
Corundum 90,72
ZrO2 - T 8,94
Baddeleyite 0,34
Intensidade u. a.
2θ
FIG. 5.20 Difratograma da amostra 10 ZT após sinterização.
169
Corundum 95,44
ZrO2 - T 4,56
Intensidade u. a.
2θ
ZrO2 - T 95,96
Baddeleyite 4,04
Intensidade u. a.
2θ
FIG. 5.22 Difratograma da amostra 100 ZM após sinterização.
Corundum 19,45
ZrO2 - T 73,36
Baddeleyite 7,19
Intensidade u. a.
2θ
170
Corundum 85,09
ZrO2 - T 14,91
Intensidade u. a.
2θ
FIG. 5.24 Difratograma da amostra 15 ZM após sinterização.
ZrO2 - T 89,65
Baddeleyite 10,35
Intensidade u. a.
2θ
Corundum 26,73
ZrO2 - T 66,77
Baddeleyite 6,80
Intensidade u. a.
2θ
FIG. 5.26 Difratograma da amostra 80 ZT após fratura.
171
Corundum 77,58
ZrO2 - T 20,58
Baddeleyite 1,84
Intensidade u. a.
2θ
Corundum 86,62
ZrO2 - T 13,14
Baddeleyite 0,24
Intensidade u. a.
2θ
Corundum 91,09
ZrO2 - T 8,71
Baddeleyite 0,20
Intensidade u. a.
2θ
172
Corundum 94,92
ZrO2 - T 4,54
Baddeleyite 0,54
Intensidade u. a.
2θ
ZrO2 - T 89,90
Baddeleyite 10,10
Intensidade u. a.
2θ
Corundum 21,82
ZrO2 - T 70,51
Baddeleyite 7,67
Intensidade u. a.
2θ
173
Corundum 82,93
ZrO2 - T 15,89
Baddeleyite 1,18
Intensidade u. a.
2θ
TAB. 5.12 Análise quantitativa das fases presentes obtida pelo método de Rietveld.
174
que corresponde a 93,26 % do total de zircônia presente nesta amostra (72,98 %)
após a sinterização.
Pode ser observado também na TAB. 5.12 que a fração de zircônia tetragonal
presente na amostra 21 ZT e na amostra 15 ZM após a fratura aumentou quando
comparada com a fração de zircõnia tetragonal para estas amostras após
sinterização. Este fato pode ser explicado pela não homogeneidade da
transformação das partículas tetragonais em monoclínicas.
Para realização do ajuste pelo método de Rietveld, não foi considerada
nenhuma orientação preferencial das fases em estudo, assim como o tamanho do
cristalito. Na TAB. 5.12 foram observadas diferenças para o percentual de alumina
presente nas condições após sinterização e após fratura em relação a composição
das amostras. A existência de uma orientação preferencial pode alterar a
concentração de uma fase presente resultando na diminuição da concentração da
mesma. Ainda, a redução do tamanho do cristalito acarreta um aumento da largura
do pico a meia altura, promovendo um aumento da área integrada sob o mesmo e
assim, um aumento da concentração da fase.
Os cálculos das frações volumétricas de zircônia apresentados na TAB. 5.13, foi
realizado a partir de métodos tradicionais, como o método interno, descritos na
literatura. Nestes métodos, é feita a deconvolução de picos isolados, utilizando a
intensidade integrada de cada pico para o cálculo das frações volumétricas. Já o
método de Rietveld utiliza o padrão de difração total, integrando a área sob os picos
com uma função matemática que considera o caráter gaussiano e lorentziano das
curvas. Assim, os resultados obtidos desta forma são considerados mais precisos
(Frâncio, E. & Lima, B. N., 2002).
A partir dos dados apresentados nas TAB. 5.12 e 5.13 foram observadas
diferenças entre os valores obtidos para as frações de zircônia monoclínica presente
nos pós, pelo método interno e pelo método de Rietveld para as amostras ZT. As
diferenças encontradas para estas amostras foram de no máximo 1,5 pontos
percentuais. Para as amostras ZM estas diferenças foram maiores, sendo a maior
diferença de 6,15 pontos percentuais obtida para a amostra 100 ZM. Para a
amostra 80 ZM a diferença foi de 3,14 pontos percentuais.
TAB. 5.13 Fração volumétrica de zircônia monoclínica presente nos pós, após sinterização e
após fratura, obtida pelo método interno.
175
ZrO2 - Monoclínica (%)
Amostra
Pó Após Após fratura
sinterização
100 ZT 35,79 9,41 10,87
80 ZT 29,11 4,30 6,29
21 ZT 8,77 - -
15 ZT 6,01 - -
10 ZT 4,27 - -
5 ZT 2,35 - -
A - - -
100 ZM 35,35 5,31 8,89
80 ZM 18,35 6,43 7,49
15 ZM - - -
TAB. 5.14 Extensão da transformação induzida por tensão a partir de dados obtidos pelo
método interno.
176
Transformação
ZrO2 - Monoclínica (%)
Amostra induzida por
Pó Após Após
tensão (%)
sinterização fratura
100 ZT 35,79 9,41 10,87 1,46
80 ZT 29,11 4,30 6,29 1,99
21 ZT 8,77 - - -
15 ZT 6,01 - - -
10 ZT 4,27 - - -
5 ZT 2,35 - - -
A - - - -
100 ZM 35,35 5,31 8,89 3,58
80 ZM 18,35 6,43 7,49 1,06
15 ZM - - - -
TAB. 5.15 Extensão da transformação induzida por tensão a partir de dados obtidos pelo
método de Rietveld.
Transformação
ZrO2 - Monoclínica (%)
Amostra induzida por
Pó Após Após
tensão (%)
sinterização fratura
100 ZT 34,36 9,71 10,35 0,64
80 ZT 30,59 4,92 6,80 1,88
21 ZT 8,61 0,22 1,84 1,62
15 ZT 6,26 0,24 0,24 -
10 ZT 4,42 0,34 0,20 -
5 ZT 2,37 - 0,54 -
A - - - -
100 ZM 29,20 4,04 10,10 6,06
80 ZM 15,21 7,19 7,67 0,48
15 ZM - - 1,18 -
177
zircônia pura (100 ZT) e que esta fração aumentou com o aumento de zircônia nos
compósitos, tendo seu maior valor para o compósito 80 ZT (TAB. 5.14 e TAB. 5.15).
A fração de zircônia monoclínica transformada a partir da sinterização até a
fratura, medida pelo método interno (TAB. 5.14), variou na faixa de 1,46 % a 1,99 %
para amostras ZT e 1,06 % a 3,58 % para amostras ZM. A fração transformada
medida pelo método interno (TAB. 5.15) variou na faixa de 0,64 % a 1,88 % para as
amostras ZT e 0,48 % a 6,06 % para as amostras ZM.
No trabalho de Casellas, D. et al., 1999 foram investigados compósitos de
alumina-zircônia com 5 vol.%, 15 vol.% e 30 vol.% tendo sido verificado que
somente 5% da zircônia tetragonal disponível se transformou em monoclínica
durante a fratura. Já nos materiais submetidos a tratamento térmico de crescimento
de grão, esta porcentagem subiu para 25%. O tratamento térmico aumenta o
tamanho de grão, conhecido parâmetro de controle da transformação induzida por
tensão.
A partir da análise da quantidade de fase monoclínica, a transformação induzida
por tensão parece ser segundo os autores, o principal mecanismo de aumento de
tenacidade no ZTA (Casellas, D., 1999). O segundo mecanismo que age nestes
compósitos, o microtrincamento foi também discutido. O microtrincamento ao redor
de partículas transformadas de zircônia causam dispersão de energia e tenacificam
o material. Quanto maior a transformação de partículas de zircônia, maior o
aumento da tenacidade por microtrincamento. Segundo os autores, este mecanismo
opera no mesmo sentido da transformação de fase e é mais relevante nos
compósitos com maior teor de zircônia.
178
Os valores obtidos para os tamanhos médios de grãos de zircônia e alumina
presentes nas amostras contendo zircônia Tosoh e zircônia Mel Chemicals são
apresentados nas FIG. 5.34 e FIG. 5.35, onde é possível observar que o principal
efeito da adição de zircônia na alumina é a redução do tamanho de grão da matriz
alumina e conseqüentemente a redução do tamanho da população de falha,
melhorando as propriedades mecânicas do compósito. É possível verificar ainda
que com o aumento do teor de zircônia ZT (FIG. 5.34) ou ZM (FIG. 5.35) no
compósito, ocorre o aumento do tamanho de grão de zircônia. A adição de 20 % de
alumina a zircônia também promoveu a redução do tamanho de grão da zircônia em
relação a zircônia pura, de acordo com Sharif, A. A. & Mecartney, M. L., (2004).
179
somente 5% de zircônia tetragonal se transformar nas superfícies de fratura. Uma
explicação para isto seria o fato do tamanho médio das partículas de zircônia ser tão
pequeno que não permite ativar a transformação de fase. O tamanho de partícula
da zircônia é um conhecido parâmetro de controle da transformação de fase
induzida por tensão. De fato, os autores verificaram o aumento da tenacidade à
fratura quando o tamanho de grão da matriz de alumina e das partículas de zircônia
foram aumentados com tratamentos térmicos de crescimento de grão (Casellas, D.
et al, 2003). Tal aumento é explicado pela influência que o tamanho das partículas
de zircônia exerce no aumento de tenacidade por transformação. De acordo com os
autores, a extensão do tratamento térmico reduz a dureza, fato esperado uma vez
que a dureza está inversamente relacionada com a maior facilidade de
transformação.
5.5
5.0
alumina
zircônia
Tamanho médio de grão (μm)
4.5
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
0 20 40 60 80 100
180
5.5
5.0
alumina
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
0 20 40 60 80 100
FIG. 5.35 Tamanho médio de grão versus ZrO2 Mel Chemicals (% peso).
181
núcleos (“clusters”). No ZTA 5 % as partículas de zircônia crescem lentamente
devido ao relativamente grande caminho para difusão. No ZTA15 % e 30 %, as
partículas de zircônia crescem mais facilmente, devido ao menor caminho de difusão
para a zircônia e o maior número de núcleos. Todavia, estes núcleos não
coalescem totalmente, o que pode estar associado com o baixo raio de curvatura da
interface da zircônia e seu alto ponto de fusão (2660°C), levando a um decréscimo
da força motriz de crescimento de grão (Casellas, D. et al., 2003).
O tamanho da partícula tetragonal e o conteúdo de estabilizante tem grande
influência na tensão requerida para nuclear a transformação de partículas
tetragonais (Gupta. T. K.. et al., 1978). Um tamanho de grão pode ser definido para
o qual a transformação induzida por tensão em temperatura ambiente seja ativada.
Com tamanhos de grão maiores a transformação ocorre espontaneamente no
resfriamento a partir da temperatura de tratamento térmico sem qualquer efeito
benéfico para as propriedades mecânicas. Então, um tamanho de grão crítico para
a transformação de fase no resfriamento pode também ser definido. Ambos os
tamanhos de grão crítico aumentam com o módulo de elasticidade do compósito, o
que está relacionado com as restrições impostas pela matriz. Uma vez que o
módulo de elasticidade decresce com a adição de zircônia, de acordo com a regra
das misturas, ambos os tamanhos de grão críticos serão menores em compósitos
com maior teor de zircônia. É sabido que a retenção da fase tetragonal é
criticamente governada pelo tamanho de grão. Isto é, redução do tamanho de grão é
prevista para aumentar a tensão crítica que induz a transformação de fase tetragonal
para monoclínica.(Gupta, T. K. et al., 1978).
O equilíbrio entre as fases tetragonal e monoclínica pode ser descrito em termos
do tamanho de grão crítico: em uma determinada temperatura, para cada
composição, existe um tamanho de grão acima do qual o material é estável na fase
monoclínica e abaixo do qual ele é estável na fase tetragonal (Bravo-Leon, A et al.,
2002)
No trabalho de Tuan, W. H., et al., 2002, o tamanho dos grãos de alumina nos
compósitos contendo t-ZrO2 foi menor do que nos compósitos contendo m-ZrO2,
indicando que o agente estabilizante Y2O3, pode impedir o crescimento dos grãos de
alumina. Apesar da carga iônica do ítrio ser a mesma do alumínio, o íon ítrio é muito
maior que o íon alumínio (0,89 Å versus 0,53 Å). Íons de ítrio tendem a segregar nos
182
contornos de grão da alumina, reduzindo a energia de deformação elástica. Apesar
da solubilidade da ítria em alumina ser extremamente baixa (< 10 ppm), íons de ítrio
podem bloquear a difusão de íons ao longo dos contornos de grão, levando a
redução da densificação e medida de tamanho de grão. Segundo os autores,
apesar do baixo teor de ítria nos compósitos, a quantidade é suficiente para suprimir
o crescimento excessivo dos grãos da matriz de alumina.
Observações das amostras em MEV (JSM-5200LV, Joel, Japan), após
sinterizadas e recobertas por uma fina camada de ouro de 80nm (Balzers 07-120B)
revelaram microestruturas homogêneas, livre de aglomerados, poros ou crescimento
excessivo dos grãos de alumina, como pode ser visto na FIG. 5.36.
A prevenção do crescimento excessivo dos grãos de alumina é sempre de
grande importância durante a sinterização de cerâmicos de elevada resistência
(Yang, H.et al., 2001). No presente estudo, o crescimento excessivo dos grãos de
alumina não foi observado na temperatura de sinterização de 1600° C. Foi
encontrado que amostras contendo mais de 5% em peso de zircônia, efetivamente
inibiram o crescimento do grão de alumina e a ocorrência de crescimento anormal ou
exagerado.
Lange, F. F. & Hirlinger, M. M., 1984 reportaram que o crescimento exagerado
da alumina foi prevenido por inclusões de zircônia em frações volumétricas
superiores a 5%. O crescimento anormal de grãos em materiais com α-alumina foi
reportado na literatura em presença de uma fase líquida induzida pela presença de
impurezas tais como Ca e Na(Poulon-Quintin, A et al., 2004). O crescimento
exagerado aumenta as tensões nos contornos e leva a formação de microtrincas,
prejudiciais às propriedades mecânicas.
A razão entre os tamanhos de grão Al2O3/ZrO2 (TAB. 5.16) decresceu com o
aumento da quantidade de zircõnia. Este comportamento é consistente com
análises de inclusões de segunda fase travando os contornos de grão da matriz,
ficando o tamanho de grão da alumina dependente da dispersão, tamanho e
crescimento da menor fase (zircônia).
O efeito de travamento da zircônia no crescimento do grão de alumina é distinto.
Ou seja, com o aumento do teor de zircônia, dois fenômenos são óbvios. Um é a
mudança na morfologia dos grãos de alumina. Ela muda gradualmente da forma de
placas para forma equiaxial (FIG. 5.36). O efeito supressivo da zircônia na formação
183
(a) (b) (c)
(j)
FIG. 5.36 Micrografias eletrônicas de varredura das amostras com superfícies polidas e
termicamente atacadas (1500°C 10min): (a) 100 ZT, (b) 80 ZT, (c) 21 ZT, (d) 15 ZT, (e) 10 ZT, (f) 5
ZT, (g) A, (h) 100 ZM, (i) 80 ZM, (j) 15 ZM.
184
de grãos de alumina na forma de placas é grande. O outro fenômeno é o
decréscimo do tamanho de grão da alumina com o aumento do teor de zircônia
(TAB. 5.16). Para os compósitos com pequenas percentagens de zircônia, as
partículas de zircônia (grãos claros) podem ser ineficientes no travamento dos
contornos de grão da alumina, de tal forma que o crescimento exagerado ou anormal
pode ocorrer. Algumas partículas de zircônia podem ficar aprisionadas dentro dos
grãos de alumina, como pode ser visto para a amostra 5 ZT na FIG. 5.36(f).
1 ( 5.1 )
E Compósito =
⎛ %pesoZrO 2 ⎞ ⎛ %pesoAl 2 O 3 ⎞
⎜ ⎟+⎜ ⎟
⎜ E ZrO2 ⎟ ⎜ E Al2O3 ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
TAB. 5.17 Módulo de elasticidade das amostras calculado pela regra da mistura.
Módulo de
elasticidade 210,00 230,64 324,79 338,85 351,54 365,22 380,00 210,00 230,64 338,85
(GPa)
185
É importante lembrar que a medida experimental do módulo de elasticidade
pode fornecer informações a partir do interior dos compósitos. A presença de
porosidade e microtrincas podem reduzir o valor do módulo de elasticidade do
compósito (Tuan, W. H. et al., 2003).
A onda de ultrasom penetra através das amostras, diferentemente da análise de
raios-X por exemplo, a qual detecta somente a região próxima à superfície.
Tuan, W. H. et al., 2003 mediu o modulo de elasticidade com onda de ultrasom e
por comparação plotou a curva (linear) prevista pela regra das misturas. Somente
foram observados diferenças muito pequenas no valor do módulo de elasticidade
para os compósitos analisados quando comparados com os previstos pela regra da
mistura. Este mesmo comportamento foi observado no trabalho de Choi, S. R. &
Basal, N. P., 2004.
Podemos justificar a utilização deste método para determinação do módulo de
elasticidade dos compósitos por termos amostras com elevadas densidades e um
pequeno número de defeitos.
186
quantidade de carga poderia afetar o tamanho da indentação e o comprimento da
trinca, sendo dependente da dimensão da amostra e da microestrutura do material.
De acordo com Krell, A., 1995, muitos cerâmicos que exibem um decréscimo da
dureza com o aumento de carga podem ter este problema solucionado se a medida
da dureza Vickers for realizada em cargas mais elevadas, preferencialmente acima
de 50N, onde a influência da carga na medida da dureza decresce. Tanto a dureza
quanto o KIC variam com a carga aplicada.
De acordo com o trabalho apresentado por Lin, J. D. & Duh, J. G., 2002, a
dureza das amostras de zircônias tetragonais dopadas com ítria permanece dentro
da faixa de dureza constante para cargas de 49 a 490N. Os autores observaram
ainda que para cargas inferiores a 49N houve um espalhamento dos dados
provavelmente devido a um menor comprimento do indentador.
Pode ser observado na TAB. 5.18 que com o aumento do percentual de
zircônia presente no compósito, ou ainda, com a redução do percentual de alumina,
a dureza dos compósitos diminui. Os valores de dureza das amostras obedecem a
uma regra das misturas linear (Lange, F. F., 1982c , Chen, Z., et al., 2004, Choi, S.
R. & Bansal, N. P., 2004, Casellas et al., 2004). Este fato deve considerar a
diferença de dureza entre a alumina e a zircônia, considerando as faixas de valores
de dureza respectivas, isto é, 17 - 18 para alumina e 12-13 GPa para a zircônia
tetragonal, como encontrado neste trabalho e por Casellas, D. et al., 2003.
Elevadas durezas implicam em boa resistência ao risco e ao desgaste, porém,
acarretam maior dificuldade de usinagem. Materiais com menor dureza seriam mais
indicados para serem utilizados na confecção de pilares cerâmicos uma vez que
após sinterização dos pilares, os mesmos necessitam ser usinados pelos
profissionais de prótese dentária para a obtenção da forma final adequada para
adaptação do pilar ao elemento dentário a ser reabilitado.
Com o objetivo de verificar o efeito do fator ou tratamento composição na
variável dureza, a análise de variância (ANOVA) foi realizada com auxílio do
programa Statistica 6.0 e está apresentada na TAB. 5.19, como descrito no item 4.2.
A partir dos dados apresentados na TAB. 5.19, temos que o valor de Fcalculado
(249.3360) é maior que o valor de Ftabelado (1.88), então a hipótese Ho de médias
iguais deve ser rejeitada, ou seja, é possível afirmar que existem diferenças
187
significantes com nível de confiança de 95% entre pelo menos duas médias de
dureza encontradas.
188
TAB. 5.21 Teste LSD para a variável dureza das amostras de 6 a 10.
STAT. Teste LSD; variável DENSIDADE (dureza.sta)
TABELA DA Diferenças significantes após o teste de hipótese nula.
ANOVA PRINCIPAL EFEITO: COMPOSIÇÃO
{6} {7} {8} {9} {10}
COMPOSIÇÃO 17.48195 17.53092 12.78202 14.32283 16.98112
100 ZT {1} 0.000000* 0.000000* .013952* .000000* 0.000000*
80 ZT {2} .000000* .000000* 0.000000* .000000* .000000*
21 ZT {3} .046919* .026437* 0.000000* 0.000000* .333869
15 ZT {4} .555717 .391289 0.000000* 0.000000* .017618*
10 ZT {5} .691211 .502916 0.000000* 0.000000* .010354*
5 ZT {6} .777887 0.000000* 0.000000* .003126*
A {7} .777887 0.000000* 0.000000* .001560*
100 ZM {8} 0.000000* 0.000000* .000000* 0.000000*
80 ZM {9} 0.000000* 0.000000* .000000* 0.000000*
15 ZM {10} .003126* .001560* 0.000000* 0.000000*
189
também com a densidade dos mesmos, quando comparadas com a tensão máxima
obtida para a alumina pura.
190
Com o objetivo de verificar o efeito do fator ou tratamento composição na
variável resistência à flexão (σméd), a análise de variância (ANOVA) foi realizada com
auxílio do programa Statistica 6.0 e está apresentada na TAB. 5.23, como descrito
no item 4.2.
A partir dos dados apresentados na TAB. 5.23, temos que o valor de Fcalculado
(5.012339) é maior que o valor de Ftabelado (1.88), então a hipótese Ho de médias
iguais deve ser rejeitada, ou seja, é possível afirmar que existem diferenças
significantes com nível de confiança de 95 % entre pelo menos duas médias de
resistência à flexão encontradas.
Para determinar as diferenças significantes entre as médias, foi utilizado o teste
LSD, conforme já descrito no item 4.5. As TAB. 5.24 e TAB. 5.25 apresentam o
resultado do teste LSD para as amostras de 1 a 5 e 6 a 10, respectivamente. As
diferenças significantes entre as médias são apresentadas nas tabelas TAB. 5.24 e
TAB. 5.25 e são identificadas com um símbolo (*).
TAB. 5.24 Teste LSD para a variável resitência à flexão das amostras de 1 a 5.
STAT. Teste LSD; variável DENSIDADE (flexão.sta)
TABELA DA Diferenças significantes após o teste de hipótese nula.
ANOVA PRINCIPAL EFEITO: COMPOSIÇÃO
{1} {2} {3} {4} {5}
COMPOSIÇÃO 385.0844 447.6249 315.6747 323.7657 342.9098
100 ZT {1} .031119* .014646* .029817* .139521
80 ZT {2} .031119* .000003* .000010* .000217*
21 ZT {3} .014646* .000003* .764473 .320463
15 ZT {4} .029817* .000010* .764473 .481774
10 ZT {5} .139521 .000217* .320463 .481774
5 ZT {6} .033424* .000013* .740753 .973217 .505690
A {7} .051281 .000031* .616894 .836491 .623933
100 ZM {8} .017700* .000006* .984186 .758350 .329677
80 ZM {9} .160270 .000328* .301780 .454868 .956755
15 ZM {10} .000796* .000000* .324499 .197546 .049972*
191
TAB. 5.25 Teste LSD para a variável resistência à flexão das amostras de 6 a 10.
STAT. Teste LSD; variável DENSIDADE (flexão.sta)
TABELA DA Diferenças significantes após o teste de hipótese nula.
ANOVA PRINCIPAL EFEITO: COMPOSIÇÃO
{6} {7} {8} {9} {10}
COMPOSIÇÃO 324.6723 329.3804 315.1137 344.4291 288.6661
100 ZT {1} .033424* .051281 .017700* .160270 .000796*
80 ZT {2} .000013* .000031* .000006* .000328* .000000*
21 ZT {3} .740753 .616894 .984186 .301780 .324499
15 ZT {4} .973217 .836491 .758350 .454868 .197546
10 ZT {5} .505690 .623933 .329677 .956755 .049972*
5 ZT {6} .863538 .735594 .477822 .189279
A {7} .863538 .616665 .591272 .140695
100 ZM {8} .735594 .616665 .310943 .353648
80 ZM {9} .477822 .591272 .310943 .047234*
15 ZM {10} .189279 .140695 .353648 .047234*
De acordo com o teste é possível notar a partir dos dados apresentados nas
TAB. 5.24 e 5.25 que o valor obtido para a tensão média (σméd) da amostra 80 ZT
apresentou diferenças significantes com relação aos valores de resistência obtidos
para todas as outras amostras. A tensão média (σméd) para a amostra 80 ZM não
apresentou diferença significante da amostra 100 ZM, mas foi superior ao valor
encontrado para a 15 ZM. A tensão média (σméd) encontrada para a alumina (A) só
apresentou diferença significante com o valor obtido para amostra 80 ZT, indicando
que a alumina apresentou uma boa resistência à flexão.
As tensões médias (σ méd) e as tensões para 50 % de probabilidade de fratura
(σ 0,5) apresentadas na TAB. 5.22, mostraram seus maiores valores para as
amostras com 80 % de zircônia, tanto para as que contém zircônia ZT como para as
que contém zircônia ZM.
Durante a retífica das amostras, foi observado uma série de problemas no
equipamento, a retificadora mostrou um desempenho cada vez pior, comprovando
que a retificadora passou por um processo de deterioração. No princípio suspeitou-
se também do material que estava sendo estudado até que se constatou a pane da
máquina. Apesar do equipamento apresentar esse problema foram obtidos
resultados válidos que serviram para uma comparação entre as diferentes
composições, uma vez que o problema da retificadora se manteve o mesmo durante
todo o processo.
O número de defeitos tende a ser maior próximo à superfície das amostras já
que a contaminação pode ser facilmente introduzida durante vários estágios do
192
processamento. A resistência mecânica do material com superfície retificada é maior
do que a do material de superfície sinterizada. A causa do aumento da resistência
mecânica pela retificação é a remoção dos severos defeitos presentes na superfície
sinterizada, que são substituídos entretanto por novos defeitos menos severos
introduzidos pela própria retificação. O processo de retífica pode alterar o tamanho
do defeito crítico. O tamanho do defeito introduzido pela retificação é função da
interação entre rebolo e amostra, isto é, depende da severidade da retificação e de
parâmetros do material, como dureza e resistência ao desgaste.
A retificação com a capacidade de promover a transformação das partículas de
zircônia na região da superfície pode ser usada para introduzir tensões superficiais
compressivas que aumentam a resistência à flexão das cerâmicas tenacificadas com
zircõnia consideravelmente (Lino, U. R. A., 1982; Borsa, C. E., 1991; Tuan, W. H. &
Kuo, J. C., 1999). Por outro lado, se altas tensões são desenvolvidas durante o
processo de retificação, ou seja, se a retífica é severa, existe a possibilidade de se
introduzir defeitos superficiais profundos que agem como concentradores de tensões
e podem influenciar de maneira negativa na resistência mecânica e no módulo de
Weibull se o seu maior comprimento exceder a espessura da camada superficial
compressiva introduzida pela retificação das amostras. Alguns trabalhos também
mostram que o efeito do endurecimento superficial é desprezível devido ao
desenvolvimento de temperaturas localmente durante o processo de retificação
(Oblak, C. et al., 2004). Valores elevados para o coeficiente de Weibull “m” são
desejáveis uma vez que está relacionado com a confiabilidade do cerâmico. De
acordo com o trabalho de Ban, S. & Anusavice, K. J. 1990 e Oblak, C. et al., 2004,
valores para “m” na faixa de 5 a 15 são aceitáveis para cerâmicas dentárias.
É possível verificar que as tensões (σ 0,5 ) e (σ méd) para as amostras ZM foram
inferiores as obtidas para as amostras ZT com mesma composição. As amostras
ZM apresentam menor dureza que as amostras ZT como pode ser visto na TAB.
5.18. Além disso, estes resultados podem indicar falha no reforço, presença de
defeitos introduzidos durante o seu processamento e o mais significativo em função
da deteorização do equipamento utilizado, seria a geração de defeitos superficiais
críticos no processo de usinagem para a retificação de algumas amostras, como
descrito anteriormente.
193
Os diagramas de Weibull estão apresentados nas FIG. 5.37 a FIG. 5.45. O
diagrama de Weibull apresentou duas regiões bem definidas para as amostras
sinterizadas 100 ZT, 80 ZT, 100 ZM, 80 ZM e 15 ZM, o que sugere a existência de
duas populações de defeito crítico controlando a resistência mecânica (defeitos
oriundos do processamento e defeitos oriundos da retificação como discutido
anteriormente).
Para as outras amostras, o diagrama de Weibull sugere a atuação de um
mesmo tipo de defeito controlador da resistência.
2
1 y = 6,3099x - 34,856
2
ln.ln(1/1-Pf)
0 R = 0,9805
-1
-2
y = 2,2371x - 13,694
-3 2
R = 0,921
-4
-5
4,7 4,9 5,1 5,3 5,5 5,7 5,9 6,1 6,3 6,5 6,7
ln MOR (MPa)
2
1
y = 12,889x - 69,634
ln.ln(1/1-Pf)
0 2
R = 0,9695
-1
-2 y = 3,1807x - 19,808
-3 2
R = 0,9806
-4
-5
4,7 4,9 5,1 5,3 5,5 5,7 5,9 6,1 6,3 6,5 6,7
ln MOR (MPa)
194
2
1
ln.ln(1/1-Pf)
0
-1
y = 5,3727x - 30,995
-2 2
R = 0,9418
-3
-4
-5
4,7 4,9 5,1 5,3 5,5 5,7 5,9 6,1 6,3 6,5 6,7
ln MOR (MPa)
2
1
ln.ln(1/1-Pf)
0
-1 y = 5,6529x - 33,403
-2 2
R = 0,9208
-3
-4
-5
4,7 4,9 5,1 5,3 5,5 5,7 5,9 6,1 6,3 6,5 6,7
ln MOR (MPa)
2
1
ln.ln(1/1-Pf)
0
-1 y = 5,8284x - 34,124
-2 2
R = 0,9827
-3
-4
-5
4,7 4,9 5,1 5,3 5,5 5,7 5,9 6,1 6,3 6,5 6,7
ln MOR (MPa)
195
2
1
ln.ln(1/1-Pf)
0
-1
-2
y = 9,6677x - 56,539
-3 2
R = 0,9906
-4
-5
5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2
ln MOR (MPa)
2
1
ln.ln(1/1-Pf)
0 y = 3,8641x - 23,732
2
-1 R = 0,9538
-2
-3 y = 9,2031x - 55,026
2
-4 R = 0,9883
-5
5,3 5,5 5,7 5,9 6,1 6,3 6,5 6,7 6,9
ln MOR (MPa)
2
1
ln.ln(1/1-Pf)
0
y = 4,4339x - 26,205
-1 2
-2 R = 0,9474
-3 y = 11,802x - 65,174
-4 2
R = 0,9565
-5
5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2 6,4 6,6 6,8
ln MOR (MPa)
196
2
1
ln.ln(1/1-Pf)
0
-1
-2
y = 4,9407x - 29,101
-3 2
R = 0,9846
-4
-5
5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2 6,4
ln MOR (MPa)
K IC K IC K IC
Densidade
(MPa . m1/2) (MPa . m1/2) (MPa . m1/2)
Amostra relativa
(% teórica) Anstis, G. R. et al., Casellas, D. et al., Niihara, K.,
1981 1997 1983
100 ZT 99,46 ± 0,08 4,77 ± 0,24 7,16 ± 0,36 6,82 ± 0,19
80 ZT 99,60 ± 0,46 5,00 ± 0,32 7,49 ± 0,48 7,15 ± 0,27
21 ZT 99,55 ± 0,04 4,57 ± 0,69 6,85 ± 1,04 6,54 ± 0,96
15 ZT 99,52 ± 0,35 4,43 ± 0,54 6,65 ± 0,81 6,34 ± 0,74
10 ZT 99,35 ± 0,20 4,29 ± 0,38 6,43 ± 0,57 6,14 ± 0,53
5 ZT 99,29 ± 0,10 4,25 ± 0,60 6,38 ±0,89 6,09 ± 0,89
A 99,13 ± 0,13 4,06 ± 0,36 6,10 ± 0,54 5,81 ± 0,54
100 ZM 99,35 ± 0,92 5,08 ± 0,43 7,61 ± 0,65 7,26 ± 0,35
80 ZM 99,86 ± 0,06 5,22 ± 0,40 7,82 ± 0,65 7,46 ± 0,29
15 ZM 99,41 ± 0,38 4,63 ± 0,59 6,94 ± 0,88 6,62 ± 0,81
197
18
17
16
15
Propriedades Mecânicas
14
13
12
HV (GPa)
11
1/2
10 KIC (MPa.m )
9
8
7
6
5
4
0 20 40 60 80 100
FIG. 5.46 Dureza e tenacidade à fratura versus composição (zircônia Tosoh) utilizando
equação de Anstis, G. R. et al., 1981.
18
17
16
15
Propriedades mecânicas
14
13
12
11
HV (GPa)
1/2
10 KIC (MPa.m )
9
8
7
6
5
4
0 20 40 60 80 100
FIG. 5.47 Dureza e tenacidade à fratura versus composição (zircônia Mel Chemicals) utilizando
equação de Anstis, G. R. et al., 1981.
A observação destes gráficos sugerem que a dureza obedece uma regra das
misturas linear. A partir das FIG. 5.46 e FIG. 5.47 pode ser observado que existe
198
uma relação inversa entre os valores de dureza e tenacidade à fratura nas amostras
investigadas. Os valores de dureza diminuem enquanto os de tenacidade
aumentam gradualmente com o teor de zircônia, independentemente da equação
utilizada no cálculo de KIC. Uma vez que o grau de deformação pode ser
considerado como o da transformação, ou ainda, a dureza está inversamente
correlacionada com a facilidade de transformação, uma relação inversa entre dureza
e tenacidade à fratura pode ser esperada, resultado também verificado por Lin, J-D
& Duh, J-G., 2002 e Casellas, D. et al., 2003.
A adição de zircônia alterou o comportamento do compósito. Provavelmente, a
transformação de fase ocorre, e esta, tem uma função importante nos compósitos
alumina-zircônia.
Para a análise comparativa dos valores de KIC entre as diferentes amostras,
serão utilizados os valores obtidos com a utilização da equação proposta por Antis.
Pode ser verificado na TAB. 5.26 que a partir da zircônia pura que a adição de 20 %
de alumina na matriz de zircônia, promoveu os maiores valores de KIC, como para as
amostras 80 ZT (5,00 ± 0,32 MPa.m1/2) e 80 ZM (5,22 ± 0,40 MPa.m1/2), sendo estes
23% e 29% superiores ao valor de KIC obtido para a alumina pura (4,06 ± 0,36
MPa.m1/2), respectivamente. É possível observar ainda que estas amostras
apresentaram maior densidade.
Celli, A. et al., 2003 concluiram que os maiores valores de KIC para os
compósitos alumina-zircônia investigados foi obtido com as composições de 60 % e
80% ZrO2, sendo o valor de KIC para 80 % ZrO2 igual a 5,0 ± 0,2, utilizando a
equação de Anstis, semelhante aos encontrados neste trabalho.
A partir da análise do percentual de transformação induzida por tensão, ou
seja, a diferença entre as frações monoclínicas presentes nas amostras após
sinterização e após a fratura (TAB. 5.14 e TAB. 5.15), pode ser verificado que a
amostra 80 ZT apresentou uma percentagem maior de tranformação quando
comparada com a zirconia pura (100 ZT), e que as maiores percentagens foram
encontradas para as amostras contendo maior teor de zircônia. A transformação
induzida por tensão parece ser um importante mecanismo de aumento de
tenacidade no ATZ. O segundo mecanismo que age nestes compósitos, o
microtrincamento foi também investigado. O microtrincamento ao redor de
partículas transformadas de zircônia causam dispersão de energia e tenacificam o
199
material (Kumar, A. S. et al., 2004). Quanto maior a transformação de partículas de
zircônia, maior o aumento da tenacidade por microrincamento. Este mecanismo
opera no mesmo sentido da transformação de fase e é mais relevante nos
compósitos com maior teor de zircônia.
Além de maior retenção da fase tetragonal nos compósitos 80 ZT e 80 ZM,
outros mecanismos que promovem o aumento de tenacidade tais como o
ponteamento de trinca por grãos e a deflexão de trinca podem ser ativados quando
alumina é adicionada a Y-TZP como uma segunda fase dispersa, tal como nas
amostras 80 ZT e 80 ZM (compósitos ATZs).
É bem conhecido que a adição de alumina a zircônia tetragonal policristalina
estabilizada com ítria pode ser justificada pela vantagem na obtenção de um material
com maior módulo de elasticidade e microestrutura refinada, geralmente produzindo
cerâmicos com maior tenacidade. Glass, S. J. & Green, D.J., 1996 explicaram o
aumento de KIC a partir da zircônia pura para compósitos contendo 4 % vol. Al2O3,
como um processo de tenacificação dos contornos de grão da zircônia, devido a
presença de impurezas de alumina e conseqüentemente um aumento no modo de
fratura transgranular. Por outro lado, Lange, F. F., 1982a, observou que a adição de
alumina a zircônia causa um aumento no KIC, porém não tão alto quanto esperado
pela teoria. Este fato foi explicado pela retenção incompleta da fase tetragonal da
zircônia, devido a menores tamanhos de grão ou a diferenças de composição.
Lange enfatizou que o KIC destes materiais era fortemente influenciado pela
extensão da transformação da zircônia.
As amostras com 100 % de zircônia, apresentaram valores de KIC igual a 4,77 ±
0,24 MPa.m1/2 para 100 ZT e 5,08 ± 0,43 MPa.m1/2 para 100 ZM, sendo cerca de
18% e 25 % superiores ao encontrado para a alumina, respectivamente. O valor de
KIC encontrado para 100 ZT foi 11 % superior ao encontrado por Celli, A. et al., 2003
para zircônia pura (4,3 ± 0,1 MPa.m1/2). Valores superiores para zircônia Mel
Chemicals podem ser explicados pela melhor densificação do material (99,86%
teórica), menor tamanho inicial de partícula, estreita distribuição de tamanho de
partícula e maior área de superfície específica quando comparada com a zircônia
Tosoh.
200
A alumina pura neste trabalho apresentou KIC igual a 4,06 ± 0,39 MPa.m1/2,
sendo este valor semelhante ao encontrado por Celli, A. et al., 2003 (KIC = 4,2 ± 0,4
MPa.m1/2), utilizando a equação de Anstis.
Nos compósitos com matriz de alumina ou mesmo com um maior percentual de
alumina (ZTA), o aumento na quantidade de zircônia tetragonal, geralmente envolve
um considerável aumento do KIC. (Celli, A. et al., 2003). Para Tomaszewski, H.,
1988, o aumento de KIC é devido a transformação de fase da zircônia. Hori, S. et al.,
1985 justifica o aumento com a hipótese de outros mecanismos tais como a
formação de microtrincas ou a ramificação de trincas. No trabalho de Srdic, V. &
Radonjic, L., 1993, foram comparados compósitos obtidos a partir de diferentes
ciclos de sinterização. Os autores concluíram que o incremento na tenacidade à
fratura é devida principalmente a presença de uma microestrutura homogênea,
maior fração de zircônia tetragonal (t-ZrO2) e maior densidade. Lange, F. F., 1982c
observou aumento de KIC em compósitos de alumina-zircônia quando da adição de
zircônia tetragonal (dopada com 2 % mol de ítria). Por outro lado, a adição de fase
cúbica (zircônia com 7,5 % de ítria) reduziu a tenacidade à fratura destes
compósitos, o que foi explicado como resultado de tensões residuais associadas
com o diferencial de expansão térmica. O autor verificou também que a tenacidade
decresceu com o aumento do teor de fase monoclínica. Sendo a fase monoclínica
da zircônia a de maior volume, agiria como centro dissipador de energia elástica
transformando-a em energia de superfície de novas microtrincas, acomodando
assim esforços externos aplicados no material.
Segundo Celli, A. et al., 2003, em função das discrepâncias entre dados
experimentais e as diferentes interpretações do mesmo fenômeno, um entendimento
dos mecanismos de fratura atuantes nos compósitos requerem uma análise mais
detalhada.
Neste trabalho, foi possível observar a partir da alumina pura até 21 ZT ou
15ZM, que quanto maior o teor de zircônia adicionado na alumina, maior foi o valor
de KIC. Os valores de KIC para as amostras 21 ZT (4,57 ± 0,69), 15 ZT (4,43 ± 0,54)
e 15 ZM (4,63 ± 0,59) foram cerca de 13 %, 9 % e 14 % superiores ao valor
encontrado para a alumina pura.
Com o objetivo de verificar o efeito do fator ou tratamento composição na
variável tenacidade à fratura (KIC), a análise de variância (ANOVA) foi realizada com
201
auxílio do programa Statistica 6.0 e está apresentada na TAB. 5.27, como descrito
no item 4.2.
A partir dos dados apresentados na TAB. 5.27, temos que o valor de Fcalculado
(18.54116) é maior que o valor de Ftabelado (1.88), então a hipótese Ho de médias
iguais deve ser rejeitada, ou seja, é possível afirmar que existem diferenças
significantes com nível de confiança de 95% entre pelo menos duas médias de KIC
encontradas.
Para determinar as diferenças significantes entre as médias, foi utilizado o teste
LSD, conforme já descrito no item 4.5. As TAB. 5.28 e TAB. 5.29 apresentam o
resultado do teste LSD para as amostras de 1 a 5 e 6 a 10, respectivamente. As
diferenças significantes entre as médias são apresentadas nas tabelas TAB. 5.28 e
TAB. 5.29 e são identificadas com um símbolo (*).
202
TAB. 5.29 Teste LSD para a variável KIC das amostras de 6 a 10.
STAT. Teste LSD; variável DENSIDADE (Kic.sta)
TABELA DA ANOVA Diferenças significantes após o teste de hipótese nula.
PRINCIPAL EFEITO: COMPOSIÇÃO
{6} {7} {8} {9} {10}
COMPOSIÇÃO 4.165843 4.064655 5.075010 5.224964 4.639454
100 ZT {1} .000001* .000000* .023373* .000766* .412359
80 ZT {2} .000000* .000000* .602935 .103748 .023095*
21 ZT {3} .001193* .000239* .000175* .000001* .646391
15 ZT {4} .019420* .004127* .000002* .000000* .209607
10 ZT {5} .293870 .087185 .000000* .000000* .026808*
5 ZT {6} .413864 .000000* .000000* .001699*
A {7} .413864 .000000* .000000* .000381*
100 ZM {8} .000000* .000000* .263461 .006530*
80 ZM {9} .000000* .000000* .263461 .000274*
15 ZM {10} .001699* .000381* .006530* .000274*
De acordo com o teste é possível notar a partir dos dados apresentados nas
TAB. 5.28 e TAB. 5.29 que o valor de KIC encontrado para a amostra 80 ZT foi
semelhante, ou seja, não apresentou diferenças significantes com os valores
encontrados para as amostras 100 ZT, 100 ZM e 80 ZM, porém foi superior ao KIC
encontrado para todas as outras amostras. Da mesma maneira, o valor de KIC para
a amostra 80 ZM foi semelhante apenas ao encontrado para as amostras 100 ZM e
80 ZT. A alumina (A) apresentou KIC semelhante ao KIC das amostras 10 ZT e 5 ZT,
porém foi inferior e apresentou diferenças significantes com todas as outras
amostras, mostrando que a adição de zircônia nos compósitos efetivamente
aumentou a tenacidade à fratura dos mesmos.
A formação da fase tetragonal tem dois efeitos benéficos: Um dos fatores é a
não formação de microtrincas no material devido a expansão volumétrica decorrente
da transformação do tipo martensítica. A formação em excesso de microtrincas
pode degradar sua resistência mecânica. Outro efeito é que quando ocorre a
transformação de fase T → M, a expansão resultante cria zonas de compressão que
dificultam a propagação de trincas a partir dos defeitos do material.
No trabalho de Casellas, D. et al., 1997, o aumento na tenacidade por adição de
zircônia na alumina foi considerado pequeno, uma vez que no máximo 5% de ZrO2
se transformou nas superfícies de fratura. De acordo com os autores, a razão para
este fato pode ser o pequeno tamanho médio das partículas de ZrO2, que não
permite a transformação de fase. Os autores encontraram maiores valores de
tenacidade à fratura quando o tamanho de grão das partículas de zircônia foram
203
aumentados com tratamentos térmicos de crescimento de grão. Casellas, D. et al.,
2003 verificou ainda que o percentual de transformação de fase aumentou de 5%
para mais de 9% após tratamento térmico a 1600 °C por 15 horas e para 11% após
tratamento térmico a 1600 °C por 30 horas nos compósitos ZTA.
De acordo com Casellas, D. et al., 2003, do ponto de vista da resistência ao
crescimento de trinca, a tenacidade à fratura do compósito ZTA pode ser vista como
a soma da tenacidade intrínseca da matriz de alumina e o incremento de tenacidade
devido a alguns mecanismos introduzidos pelas partículas de zircônia tais como: (1)
tenacidade por transformação, (2) microtrincamento relacionado à transformação, (3)
efeitos de tensões internas, como resultado das diferenças de expansão térmica
entre as fases que induz tensões residuais compressivas na matriz de alumina.
O indentador Vickers produz pelo menos dois tipos de sistemas de trincas, isto
é, um sistema de trinca radial/mediano ou um sistema de trinca Palmqvist. De
maneira geral, o material com baixa tenacidade apresenta sistema radial/mediano
enquanto que o material com alta tenacidade apresenta o sistema Palmqvist. De
fato, a maioria dos materiais irá exibir ambos sistemas de trincas dependendo da
carga aplicada. È possível verificar a dependência do comprimento da trinca com a
carga aplicada. Para a trinca Palmqvist temos que P/l é independente da carga, ou
seja, o comprimento da trinca varia linearmente com a carga e para sistemas de
trinca radial/mediana o comprimento de trinca varia com P2/3.
O trabalho de Bravo-Leon, A. et al., (2002) mostra a presença do sistema
Palmqvist para cerâmicas de zircônia tetragonal dopada com ítria (Y-TZP), utilizando
uma carga de 198 N. Outros autores também encontraram o sistema Palmqvist para
este mesmo material em cargas de indentação inferiores a 625 N, o que indicaria a
prevalência do sistema Palmqvist em cerâmicas Y-TZP.
Com o objetivo de verificar o sistema de trinca presente no material, foi utilizado
um procedimento simples, que é o polimento da camada superficial. No sistema
radial/mediano, a trinca irá permanecer sempre conectada ao vértice da indentação
e a trinca do sistema Palmqvist irá se destacar do vértice da indentação.
A FIG. 5.48 apresenta as micrografias obtidas por meio de microscópio ótico da
indentação Vickers com carga de 10 Kgf ou 98 N da amostra 100 ZT antes e depois
204
do polimento, onde é possível notar que as trincas se destacam do vértice da
indentação após o polimento.
100 μm 100 μm
(a) (b)
FIG. 5.48 Micrografias da amostra 100 ZT antes e depois do polimento com pasta de diamante
de 15 μm.
205
As amostras 100ZT, 80ZT, 100ZM e 80ZM apresentam trincas do tipo Palmqvist
para a carga de indentação de 98 N. Todas as outras amostras apresentaram trincas
do sistema “half-penny”. Basu, D. & Sakar, B. K., 1996, determinaram a tenacidade
de alumina e ZTA (5 %, 10 %, 15 % e 20 % vol) pelo método de indentação e
também encontraram trincas do tipo “half-penny” para estes compósitos..
Para cada amostra, o valor de a (semi-diagonal da indentação) é
aproximadamente constante e desta forma, a razão c/a aumenta com o aumento do
comprimento da trinca (Wang, J. et al, 2002).
Este fato também pode ser observado na TAB. 5.30. Em testes de medida de
tenacidade por indentação, quanto maior a razão c/a, maior é o comprimento da
trinca e menor é a tenacidade à fratura da amostra analisada.
É possível observar que para trincas de menor comprimento, as quais foram
obtidas para as amostras 80 ZT e 80 ZM (TAB. 5.30), maiores são os valores de KIC
(TAB. 5.26), independentemente da equação utilizada para o seu cálculo, o que
permite concluir que a tendência observada para os valores de KIC para as amostras
deste trabalho não está relacionada com efeitos de curva-R, onde a resistência à
propagação da trinca aumentaria com o aumento do comprimento da trinca ou a
tenacidade aumentaria com o aumento do comprimento da trinca. Este resultado
também foi observado no trabalho de Bravo-Leon, A. et al., 2002 quando avaliaram
amostras nanocristalinas de zircônia tetragonal com baixo teor de ítria (1% e 1,5%).
206
significantemente do método utilizado e no caso do método de indentação da
equação utilizada para a obtenção do valor de KIC.
Na TAB. 5.26 é possível observar que existem diferenças entre os valores de KIC
obtidos pelo método de indentação em função da equação utilizada.
A partir da TAB. 5.26, foi possível verificar que para a alumina pura, a equação
de Anstis é a que fornece valor de KIC mais próximo dos valores encontrados na
literatura para este material. A equação de Casellas D. et al., 1997 e a equação de
Niihara, K., 1983 forneceram valores de KIC que são 50 % e 43 % superiores aos
valores obtidos para os mesmos materiais utilizando a equação de Anstis, G. R. et
al, 1981.
É importante observar ainda que para a zircônia pura e compósitos alumina-
zircônia, a equação proposta por Anstis apresenta valores inferiores ao encontrados
na literatura. Este fato confirma a necessidade de se indicar a equação utilizada
para determinação da tenacidade à fratura por indentação devido as discrepâncias
entre os valores encontrados.
No trabalho de Casellas et al., 1999, foi avaliada a tenacidade à fratura de
compósitos alumina-zircônia (ZTA) com 5 %, 15 % e 30 % de adição de zircônia em
alumina, utilizando cinco diferentes métodos: SENB, SEVNB, SCF, ISB e IM. Os
resultados mostraram que as medidas realizadas a partir do método IM foram
inferiores as encontradas para os outros métodos independentemente da
composição do ZTA. Uma das explicações dadas pelos autores para este fato foram
os parâmetros de ajuste nas correspondentes equações. O baixo KIC obtido em
amostras com tensões residuais produzidas por indentação, podem ser atribuídos ao
fato de que a equação proposta por Anstis et al., 1981, com os parâmetros A=0,016
± 0,004 e n=0,5, subestima o campo de tensões residuais.
Apesar da equação de Anstis ser largamente aplicada para estimativas da
tenacidade à fratura por indentação (Casellas, D. et al., 2003, Chen, Z. et al., 2004),
seus resultados são somente números médios calculados para ajustar os resultados
para uma ampla faixa de materiais. Desta forma, desvios podem ser esperados
para materiais específicos.
No caso da alumina, estes valores são utilizados e apresentam bons resultados.
Por outro lado, em cerâmicas a base de zircônia, estes parâmetros não levam a
valores atuais de tenacidade à fratura de materiais que apresentam transformação
207
de fase induzida por tensão, como no trabalho apresentado por Kaliszewski, M. S.,
1994.
Para cerâmicas a base de zircônia, o valor de A deve ser aumentado em pelo
menos 20 % para levar em conta a força motriz adicional da trinca devido a
transformação induzida por tensão. Desta forma, é proposto que o valor de A para o
ZTA seja maior do que os propostos por Anstis et al., 1981. Os autores propuseram
uma correção para o ZTA, onde A = 0,025, valor similar ao usado por
Ramachandran, N. & Shetty, D. K., 1991 em alumina e carbeto de silício
tenacificados com wiskers, no qual os autores encontraram A = 0,023.
Casellas, D. et al, 1997 estudaram três diferentes composições de ZTA e
utilizaram em seus cálculos de tenacidade à fratura os valores de 0,024 e 0,5 para
os parâmetros A e n, respectivamente.
De acordo com Sakai, M. & Bradt R. C., 1993 equações empíricas como a
equação de Anstis G. R. et al, 1981, só devem ser aplicadas a sistemas que
apresentem trincas induzidas por indentação do tipo medial/radiano ou “half-penny”.
Como neste trabalho o objetivo é avaliar a variação da tenacidade à fratura com
o teor de zircônia adicionado à alumina, a equação de Anstis parece ser mais
adequada para se obter uma comparação entre a alumina pura e os compósitos
formados a partir de adições de zircônia à alumina, uma vez que o valor de KIC para
a alumina obtido por esta equação foi o mais próximo dos valores encontrados na
literatura.
208
(a) (b) (c)
poros
(j)
FIG. 5.49 Micrografias eletrônicas de varredura das superfícies de fratura (a) 100 ZT, (b) 80 ZT,
(c) 21 ZT, (d) 15 ZT, (e) 10 ZT, (f) 5 ZT, (g) A, (h) 100 ZM, (i) 80 ZM, (j) 15 ZM.
209
As amostras 100 ZT,100 ZM, 80 ZT e 80 ZM apresentaram uma superfície de
fratura plana, todavia, para as outras amostras investigadas, foi observado uma
superfície de fratura um pouco mais rugosa. Este fato pode ser atribuído a trincas
caminhando em diferentes planos, tanto de forma intergranular como transgranular,
devido a deflexão e ponteamento da trinca pela presença das partículas equiaxiais
de ZrO2. Assim, as trincas nestes compósitos estariam mais sujeitas a estes
mecanismos (deflexão e ponteamento), os quais estariam contribuindo para o
aumento da resistência à fratura.
As observação das superfícies de fratura mostrou que o modo de fratura
predominante nas amostras foi o modo intergranular. A fratura transgranular foi
facilmente detectada para as amostras A, 5 ZT, as quais apresentam os maiores
tamanhos de grão de alumina e os menores valores de resistência à flexão,
sugerindo que a resistência é dependente do tamanho de grão da alumina.
No trabalho de Choi, S. R. & Bansal, N. P., 2004, o efeito das tensões residuais
e/ou microtrincamento devido a diferença entre os coeficientes de expansão térmica
da alumina e da zircõnia foram examinados por ciclagem térmica em compósitos
contendo zircônia totalmente estabilizada com 10 % mol de ítria (10-YSZ) e
reforçada com 0 - 30% mol de alumina. Os autores concluíram que este efeito foi
desprezível uma vez que não afetou a resistência à flexão dos compósitos
investigados.
O microtrincamento provavelmente associado a uma maior fração de partículas
de zircõnia na fase tetragonal transformadas em monoclínica sob a influência de
uma tensão aplicada, foi observado nas superfíces de fratura (FIG. 5.49) para as
amostras com maior teor de zircônia (100 ZT, 80 ZT, 21 ZT, 100 ZM, 80 ZM) e está
indicado com setas brancas, mostrando que este mecanismo pode aumentar a
tenacidade nestes compósitos.
210
que o modo de fratura predominante nas amostras analisadas neste trabalho foi o
modo intergranular.
Como visto anteriormente, o valor de KIC das amostras analisadas neste trabalho
aumentou com o aumento do teor de zircônia no compósito, indicando que o
mecanismo de tranformação por tensão das partículas de zircônia tem importante
papel no comportamento dos compósitos alumina-zircônia.
Para cada amostra analisada, o esquema de um segmento típico de trinca
emergindo dos vértices da indentação é apresentado na FIG. 5.51. É possível
verificar que a forma da trinca é dependente da amostra e que a não linearidade das
trincas é comum a todas as amostras. As trincas se apresentam bem diferentes
umas das outras, especialmente as amostras com um maior teor de alumina, sendo
necessário uma análise mais detalhada para evidenciar diferenças em suas
características geométricas.
As amostras com maior percentual de alumina, quando analisadas de A até 21
ZT e de A até 15 ZM, apresentaram um decréscimo no tamanho médio de grão de
alumina com o aumento do teor de zircônia (TAB. 5.16). Para estas amostras, a
tortuosidade (ângulos de desvio) do caminho da trinca diminuiu com o decréscimo
do tamanho de grão da alumina na amostra. Desta forma, as trincas tendem a
seguir os contornos de grão da alumina. Na FIG. 5.51 é possvel verificar que o
comprimento médio dos segmentos lineares diminui e que o número de desvios
aumenta com o decréscimo do tamanho de grão da alumina (por ex: de A até 21
ZT). Este fato confirma que o mecanismo de deflexão da trinca predomina. É
razoável supor que a deflexão da trinca e ponteamento em grãos de zircônia seja
uma das razões para o aumento da tenacidade à fratura (Miyazaki, H. et al., 2004,
Casellas, D. et al., 2003). Como pode ser visto na TAB. 5.26, a tenacidade à
fratura aumenta com o decréscimo do tamanho de grão da alumina ou com o
aumento do teor de zircônia no compósito. Assim, para as amostras com maior teor
de alumina, temos que para um mesmo comprimento total de trinca, o caminho total
da trinca (energia dissipada na formação de novas superfícies) aumenta com o
aumento do teor de zircônia no compósito. Para a amostra de alumina pura (A) as
trincas são caracterizadas por um caminho tortuoso, com pequeno número de
desvios e com maiores ângulos, denotando a eficiência do mecanismo de deflexão
de trinca.
211
(a) (b) (c)
(j)
FIG. 5.50 Micrografias eletrônicas de varredura das trincas induzidas por indentação nas
superfícies das amostras: (a) 100 ZT, (b) 80 ZT, (c) 21 ZT, (d) 15 ZT, (e) 10 ZT, (f) 5 ZT, (g) A, (h)
100 ZM, (i) 80 ZM, (j) 15 ZM.
212
Analisando agora as amostras com maior teor de zircônia, 100 ZT, 80 ZT, 100
ZM e 80 ZM, são caracterizadas por um perfil de trincas aproximadamente linear,
onde pode ser visto que a tortuosidade das trincas não muda muito apesar da
variação da composição e da microestrutura (FIG. 5.51). Este fato sugere que a
fratura intergranular pode não ser o principal mecanismo de fratura para estas
amostras. Na literatura, a fratura intergranular tem sido reportada como o principal
modo de fratura para a zircônia tetragonal, como observado neste trabalho. De
acordo com o trabalho de Kaliszewski, M. S. et al., 1994, a transformação
martensítica não tem um papel muito significante no aumento da tenacidade em
amostras de zircônia. Marshall, D. B. et al., 1994, propuseram que a morfologia de
fratura mista para Y-TZP seria resultado da fratura intergranular de grãos tetragonais
e da fratura transgranular de grãos cúbicos.
Para as amostras 80 ZT e 80 ZM é possível assumir um mecanismo de fratura
que cause elevados valores de KIC sem introduzir grandes variações na geometria
da trinca. Glass, S. J. & Green, D. J., 1996, encontraram que pequenas adições de
alumina (4%) na zircônia tenacificam os contornos de grão da zircônia, induzindo
fratura transgranular e assim, um aumento no kIC. A fratura transgranular pode
ocorrer, por exemplo, e a deflexão de trinca é provavelmente um processo
secundário (somente uma pequena diminuição do comprimento médio dos
segmentos lineares e um pequeno aumento do número médio de desvios é
detectado com a redução do tamanho de grão da zircônia na amostra 80% ZT
quando comparada com a 100 ZT, por exemplo). Isto indica que outros importantes
mecanismo de fratura, tal como a transformação martensítica e o microtrincamento
têm uma função significante no aumento da tenacidade para os compósitos com
maior teor de zircônia. O microtrincamento que está associado a transformação das
partículas de zircônia tetragonais causa dispersão de energia e aumenta a
tenacidade do material. Quanto maior a transformação das partículas de zircônia,
maior o aumento da tenacidade por microtrincamento. O microtrincamento opera no
mesmo sentido da transformação de fase e parece ser mais relevante nos
compósitos com maior teor de zircônia, o que foi verificado com a análise da
extensão da transformação de fase induzida por tensão.
213
100 ZT
80 ZT
21 ZT
15 ZT
10 ZT
5 ZT
100 ZM
80 ZM
15 ZM
FIG. 5.51 Exemplo dos caminhos de trinca típicos para os materiais examinados.
214
apresentam a maior densidade e menor porosidade dentre as amostras
investigadas.
K IC
Densidade Resistência ao
HV (MPa. m1/2)
Amostra relativa desgaste
(GPa) Anstis, G. R. et al.,
(% teórica) (KIC) 3/4 . (HV) 1/2
1981
100 ZT 99,46 ± 0,08 13,20 ± 0,48 4,77 ± 0,24 11,73
80 ZT 99,60 ± 0,46 15,44 ± 0,46 5,00 ± 0,32 13,14
21 ZT 99,55 ± 0,04 17,14 ± 0,38 4,57 ± 0,69 12,94
15 ZT 99,52 ± 0,35 17,38 ± 0,23 4,43 ± 0,54 12,73
10 ZT 99,35 ± 0,20 17,41 ± 0,21 4,29 ± 0,38 12,44
5 ZT 99,29 ± 0,10 17,48 ± 0,76 4,25 ± 0,60 12,38
A 99,13 ± 0,13 17,53 ± 0,52 4,06 ± 0,36 11,98
100 ZM 99,35 ± 0,92 12,78 ± 0,34 5,08 ± 0,43 12,01
80 ZM 99,86 ± 0,06 14,32 ± 0,77 5,22 ± 0,40 13,07
15 ZM 99,41 ± 0,38 16,98 ± 0,38 4,63 ± 0,59 13,01
215
efetivamente aumenta a resistência do material, a microestrutura deve ser
controlada durante a fabricação no sentido de evitar a transformação espontânea (t
→ m).
A resistência ao desgaste é dependente da tenacidade à fratura (Affatato, S., et
al., 1999a , Affatato, S., et al., 1999b, Affatato, S., et al., 2001a, Affatato, S., et al.,
2001b, Xu, C. et al., 2001), então compósitos alumina-zircônia com maior teor de
zircônia e maior tenacidade à fratura como para as amostras 80 ZT and 80ZM,
apresentam maior resistência ao desgaste do que a alumina ou zircônia puras
(TAB.5.31). Comportamento semelhante foi observado por outros autores quando
estudaram a influência das propriedades do material no desgaste da zircônia, como
nos trabalhos de Serra, E. et al., 2002; Yang, C.C. T. & Wei, W. C. J., 2000. Os
autores observaram que a maior tenacidade à fratura e menor tamanho de grão
podiam compensar a baixa dureza para este material, sendo a maior resistência ao
desgaste atribuída à maior tenacidade à fratura quando comparada à alumina.
Affatato, S. et al., 2001a, investigaram o desgaste de dois compósitos alumina-
zircônia e compararam os resultados com alumina e zircônia puras. Os autores
verificaram que o compósito contendo 60 % de zircônia apresentou melhor
resistência aos desgaste do que a zircônia pura.
A rugosidade superficial e a porosidade obtidas a partir de diferentes processos
de acabamento podem podem levar a diferentes taxas de desgaste (Piconi, C. &
Maccauro, G., 1999).
Diferentes componentes cerâmicos (válvulas e outros), bem como as próteses e
cerâmicas dentárias estão sujeitos a fricção contínua de vários materiais, muitas
vezes em ambientes fortemente corrosivos. Cerãmicos usados para proteção ao
desgaste são densas e de baixa porosidade, podendo ser a alumina, a zircônia e
outros óxidos.
216
na FIG.5.52 (a). As microtrincas causadas pela transformação de fase da zircônia
tetragonal em monoclínica não foram facilmente observadas com MET.
As observações em MET indicam que o contorno de fase Al203-ZrO2 é
caracterizado por contato direto dos cristais, como pode ser visto na FIG. 5.52(a).
202
214
(a) (b)
220
200
(c) (d)
FIG. 5.52 Imagem em campo claro(MET) de (a) ZrO2-Al2O3(80 ZT) onde alumina é o grão escuro
e a zircônia é o claro; Figura de difração de : (b) Al2O3, eixo de zona ⎡12 1− ⎤ ; (c) Y-ZrO2-t , eixo de
⎢⎣ ⎥⎦
⎢⎣ ⎥⎦
217
Padrões de difração por elétrons não apresentaram qualquer anel difuso
(FIG.5.52b, FIG.5.52c e FIG.5.52d), indicando a ausência de fase vítrea entre grãos
ou em pontos triplos, estando este resultado de acordo com as observações de
Ross, I. M., et al., 2001.
Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDS) foi realizada no interior dos grãos de
alumina (FIG. 5.53) e zircônia (FIG. 5.54).
218
FIG. 5.54 Espectro de EDS para o grão de zircônia.
219
6 CONCLUSÕES
6.1 CONCLUSÕES
220
3) A zircônia pura e os compósitos com 80 % peso de zircônia apresentaram
sistema de trinca do tipo Palmqvist sob carga de indentação de 98,1 N. A
alumina e os compósitos com menor teor de zircônia apresentaram
trincas do sistema radial/mediano ou “half-penny”.
4) O uso de diferentes métodos e as diferentes equações para determinação
dos valores de tenacidade à fratura por indentação mostraram diferenças
de até 50 % nos valores de KIC obtidos para uma mesma amostra.
Assim, a identificação do método e da equação utilizada para a
determinação da tenacidade dos cerâmicos é fundamental evitando
comparações que podem levar a conclusões errôneas.
5) O aumento de tenacidade está relacionado com a presença de uma
microestrutura homogênea, maior densidade e maior fração de zircônia
tetragonal disponível para transformação, indicando que este aumento é
principalmente devido ao mecanismo de tenacificação por transformação.
Como segundo mecanismo que age nestes compósitos, o
microtrincamento também foi discutido e foi observado nas superfícies de
fratura da zircõnia e compósitos com maior teor de zircônia. A resistência
à flexão aumentou com o refinamento da microestrutura, sendo mais
sensível a medidas de tamanho de grão do que a tenacidade.
6) A análise das superfícies de fratura e dos caminhos das trincas mostrou
que o modo de fratuta intergranular foi predominante. O modo
transgranular foi observado para a alumina pura e compósitos com 5 de
zircônia.
7) A análise de raios-X mostrou que as fases cristalinas presentes nos
óxidos puros e nos compósitos foram a α-alumina, zircônia tetragonal e
zircônia monoclínica. A fração de zircônia tetragonal retida após a
sinterização foi de aproximadamente 90% para todas as amostras e
aumentou com o aumento de zircônia. A quantidade de zircônia
monoclínica presente nas amostras após a fratura aumentou, mostrando
que a transformação induzida por tensão é um importante mecanismo de
aumento de tenacidade nestes compósitos.
221
6.2 SUGESTÕES
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242
8 ANEXOS
243
8.1 ANEXO 1
244
245
246
247
248
249
250
251
8.2 ANEXO 2
252
253
254
255
256
257
258