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Processos estatais são “uma série de atos coordenados para a realização dos fins estatais”3.
Processo legislativo: instrumento estatal voltado à elaboração da lei;
Processos administrativo e judicial: instrumentos estatais voltados à aplicação da lei.
1
MARQUES, José Frederico. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 1980, p. 72.
2
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 791.
3
DI PIETRO, Ibidem.
4
Idem.
2
“Entre a lei e o ato administrativo existe um intervalo, pois o ato não surge como um passe
de mágica. Ele é produto de um processo ou procedimento através do qual a possibilidade ou
a exigência supostas na lei em abstrato passam para o plano da concreção. No procedimento,
o processo se estrutura, se compõe, se canaliza e afinal se estampa à ‘vontade’
administrativa. Evidentemente, existe sempre um modus operandi para chegar-se a um ato
administrativo final” 5. Esse modus corresponde ao desenvolvimento processual.
Quanto à forma
Gracioso: processo desenvolvido perante órgão da própria Administração, com competência
específica para concretizar os fins estatais a partir da edição de ato administrativo (passível de
revisão judicial);
Contencioso: processo desenvolvido perante órgão independente e imparcial, com
competência para proferir decisões definitivas (coisa julgada) sobre lides entre Administração
e administrado.
Quanto à matéria
Técnico: processo instaurado por iniciativa da própria Administração Pública, em que
somente há interesse público posto em causa;
Jurídico: processo provocado por iniciativa do administrado, em que prepondera o interesse
particular como fundamento.
Quanto à finalidade
Processo administrativo propriamente dito: objetiva a solução de controvérsia entre
Administração e administrado;
Processo de expediente: objetiva o reconhecimento de direitos do administrado pela
Administração.
5
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 2013, p.
496.
3
Processo Administrativo
Incidente sobre em uma relação jurídico-administrativa (propriamente dita);
Interesse público: interesse da Administração Pública.
6
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 803.
7
Diante de indícios de irregularidades, o administrado é notificado para apresentar defesa escrita (a ser
remetida por via postal com aviso de recebimento, quando não possível a remessa eletrônica).
8
DI PIETRO, Op. cit., p. 807.
4
9
MORAES, Alexandre. Reforma administrativa: Emenda Constitucional nº 19/1998. São Paulo: Atlas,
1999, p. 30.
10
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 2013, p.
102-4.
11
V. Portaria MDAS 116/2017. Art. 52. As decisões das composições julgadoras serão lavradas pelo
relator do processo, redigidas na forma de acórdão, deverão ser expressas em linguagem discursiva,
simples, precisa e objetiva, evitando-se o uso de expressões vagas, de códigos, de siglas e de
referências a instruções internar que dificultem a compreensão do julgamento.
12
V. Lei 9.784/1999. Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos
e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II -
imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de
concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V -
decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar
jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios
oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. § 1º
A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância
com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão
parte integrante do ato. § 2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio
mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia
dos interessados. § 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais
constará da respectiva ata ou de termo escrito.
5
Princípio da gratuidade13: regra expressa no artigo 2º, parágrafo único, XI, da Lei
9.784/1999, que proíbe a cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas
legalmente. Súmula STJ 373: é ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade
de recurso administrativo. Súmula Vinculante 21: é inconstitucional a exigência de depósito
ou arrolamento prévios de dinheiros ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
13
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 802.
14
FREIRE E SILVA, Patricia Vianna Meirelles. Princípios no processo administrativo previdenciário.
São Paulo: PUC-SP, 2007, p. 114-9.
15
BALERA, Wagner. Processo administrativo previdenciário: benefícios. São Paulo: LTr, 1999, p. 109-
10.
16
FREIRE E SILVA, Op. cit., p. 89-98.
6
administrado; e, de outro, que tais normas administrativas vinculam à Administração, que não
pode descumpri-las, nos termos do Decreto 3.048/199917, sob a falácia de que não se tratariam
de “lei” (em sentido estrito). Tem-se estabelecido, assim, a concepção de autotutela no sentido
de se permitir a revisão, de ofício ou mediante requerimento, de atos contrários à lei, bem
como de se garantir o reconhecimento de direitos previdenciários a qualquer tempo, como
bem dispõe a Portaria MDAS 116/201718.
17
V. Art. 324. Os atos normativos ministeriais obrigam a todos os órgãos e entidades integrantes do
Ministério da Previdência e Assistência Social, inclusive da administração indireta a ele vinculados.
18
V. Art. 34. O INSS pode, enquanto não tiver ocorrido a decadência, reconhecer expressamente o
direito do interessado e reformar sua decisão, observado o seguinte procedimento: I - quando o
reconhecimento ocorrer na fase de instrução do Recurso Ordinário o INSS deixará de encaminhar o
recurso ao órgão julgador competente; II - quando o reconhecimento ocorrer após a chegada do
recurso no CRSS, mas antes de qualquer decisão colegiada, o INSS deverá encaminhar os autos ao
respectivo órgão julgador, devidamente instruído com a comprovação da reforma de sua decisão e do
reconhecimento do direito do interessado, para julgamento do mérito. III - quando o reconhecimento
ocorrer após o julgamento da Junta de Recurso ou da Câmara de Julgamento, o INSS deverá
encaminhar os autos ao órgão julgador que proferiu a última decisão, devidamente instruído com a
comprovação da reforma de sua decisão e do reconhecimento do direito do interessado, para que, se
for o caso, seja proferida nova decisão. Parágrafo Único. Na hipótese de reforma parcial de decisão do
INSS, o processo terá seguimento em relação à questão objeto da controvérsia remanescente.
19
ROCHA, Cármem Lúcia Antunes. Princípios constitucionais da administração pública. Belo
Horizonte: Del Rey, 1994, p. 192.
7
In dubio pro segurado: diante de uma situação fática de difícil resolução (em regra, casos em
que se considera um longo tempo de contribuição ou uma prestação sucessiva prolongada), o
administrado e a autoridade administrativa devem fazer todos os esforços para esclarecer a
questão, valendo-se como regra de interpretações a favor da parte vulnerável, isto é, o
segurado ou beneficiário. Expressa concepção de segurança jurídica, afirmando-se, assim, o
caráter alimentar dos benefícios, o que demanda ações céleres, observáveis na concessão de
medidas liminares, no reconhecimento da boa-fé do requerente e na compatibilização dos
prazos com a urgência das demandas.
24
PORTA, Marcos. Processo administrativo e o devido processo legal. São Paulo: Quartier Latin, 2003,
p. 113-4.
9
Atendimento a princípios (artigo 2º): a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Rol exemplificativo de critérios obrigatórios (artigo 2º, parágrafo único): nos processos
administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I - atuação conforme a lei e o
Direito; II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de
poderes ou competências, salvo autorização em lei; III - objetividade no atendimento do
interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; IV - atuação
segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; V - divulgação oficial dos atos
administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; VI - adequação
entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
10
Reporta-se à Instrução Normativa 77/2015 que estabelece rotinas para agilizar e uniformizar o
reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da Previdência Social, com
observância dos princípios estabelecidos no artigo 37 da Constituição Federal.
Entrevista de Anamnese
Em caso de representação, recomenda-se a realização de uma entrevista diagnóstica em que o
profissional juridicamente habilitado possa coletar dados de relevância para a abertura de
processo administrativo em nome de terceiro. Nesse momento é importante verificar a
pretensão do requerente e os meios probatórios (sobretudo documentais) que ele dispõe, e
cientificá-lo dos procedimentos processuais posteriores, elucidando eventuais dúvidas.
25
P.ex. procurador legalmente constituído, represente legal, curador ou administrador provisório de
espólio.
26
O procurador deve firmar termo de responsabilidade em que se compromete a comunicar a
Administração sobre qualquer fato que possa anular a procuração.
27
V. Lei 8.213/1991. Art. 117. A empresa, o sindicato ou a entidade de aposentados devidamente
legalizada poderá, mediante convênio com a Previdência Social, encarregar-se, relativamente a seu
empregado ou associado e respectivos dependentes, de: I - processar requerimento de benefício,
preparando-o e instruindo-o de maneira a ser despachado pela Previdência Social; II - submeter o
requerente a exame médico, inclusive complementar, encaminhando à Previdência Social o respectivo
laudo, para efeito de homologação e posterior concessão de benefício que depender de avaliação de
incapacidade; III - pagar benefício.
12
Agendamento e Requerimento
O requerimento administrativo, indispensavelmente, será protocolado, acompanhado dos
documentos obrigatórios.
Canais de Atendimento da Previdência Social: Portal da Previdência Social (sítio virtual que
disponibiliza ao cidadão diversos serviços online que dispensam o atendimento presencial)28;
Atendimento 135 (atendimento telefônico gratuito que funciona de segunda à sábado, das 07h
às 22h); Agências da Previdência Social (unidades fixas espalhadas por todo território
nacional); Agências da Previdência Social de Acordos Internacionais (unidades físicas que
trabalham exclusivamente com requerimentos de benefícios de cidadãos estrangeiros, que
trabalham no Brasil, ou brasileiros, que trabalham no exterior, e que estão amparados por
acordo internacional de reconhecimento de contribuições previdenciárias); PREVCidade,
PREVBarco e PREVMovel (unidades físicas que prestam serviços previdenciários nas
localidades onde não existe uma agência da previdência social).
Direito de petição
Trata-se de direito processual fundamental. A apresentação da documentação incompleta não
é motivo suficiente para a recusa ao processamento do pedido, devendo o requerimento ser
recebido.29 Em caso de insuficiência documental, a Administração deve comunicar o
administrado para que proceda na complementação das informações prestadas.30
28
Disponível em: [www.previdencia.gov.br].
29
V. Art. 678. A apresentação de documentação incompleta não constitui motivo para recusa do
requerimento de benefício, ainda que, de plano, se possa constatar que o segurado não faz jus ao
benefício ou serviço que pretende requerer, sendo obrigatória a protocolização de todos os pedidos
administrativos.
30
A satisfação posterior dos requisitos de concessão de benefício enseja a afirmação da data da entrada
do requerimento (DER).
13
Problema 0131: João, com procuração de José, marido de Maria, mulher civilmente capaz,
dirige-se a uma Agência da Previdência Social para entregar um requerimento, assinado por
ele, referente a pedido de concessão de benefício previdenciário em nome de Maria. O
funcionário do INSS recusa-se a receber o requerimento de João. Questiona-se: o
procedimento do servidor está correto? Sim, está correto. José, marido de Maria, não pode
postular, através de terceiro (João), direito da esposa, sem sua devida autorização (isto é,
mediante procuração, com poderes específicos, de Maria a José). No caso não se avalia a
ausência (ou não) dos requisitos à concessão ou questões relativas à legitimidade de Maria
para o requerimento, tratando-se de nítida hipótese de defeito de representação da
beneficiária.
31
Cf. KEMMERICH, Clóvis Juarez. O processo administrativo na previdência social: curso e
legislação. São Paulo: Atlas, 2012, p. 26 e 144.
32
Cf. KEMMERICH, Op. cit., p. 27 e 144.
33
Origem: Presidência do INSS. Alterada pelas IN 51 (04/02/2011), 56 (11/11/2011), 59 (17/04/2012),
63 (12/12/2012) e 68 (21/06/2013).
34
V. Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do
segurado: (Alterado pela Lei 13.146/ 2015.) I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha
deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; II - os pais; III - o irmão de qualquer condição
menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave, nos termos do regulamento; [...]
14
35
V. Enunciado JR/CRPS 5 (do atual CRSS): A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a
que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo nesse sentido.
36
V. RE 631240, STF, Relator: Min. Luís Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 03/09/2014,
publicado em 10/11/2014. Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL.
PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO E INTERESSE EM AGIR. 1. A instituição de
condições para o regular exercício do direito de ação é compatível com o art. 5º, XXXV, da
Constituição. Para se caracterizar a presença de interesse em agir, é preciso haver necessidade de ir
a juízo. 2. A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se
caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se
excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de prévio
requerimento não se confunde com o exaurimento das vias administrativas. 3. A exigência de prévio
requerimento administrativo não deve prevalecer quando o entendimento da Administração for
notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado. [...]
15
A saber, a Lei 13.460/201741, que estabelece sobre a participação, proteção e defesa dos
direitos do usuário dos serviços públicos da Administração Pública, e o Decreto 9.094/201742,
que dispõe sobre a simplificação do atendimento prestado aos usuários dos serviços públicos,
ratificam a dispensa do reconhecimento de firma e da autenticação em documentos
produzidos no país. Tem-se, assim, a possibilidade de dispensa do reconhecimento de firmas e
autenticações, mediante a fiscalização do administrado quando da apresentação da prova
documental.
41
V. Art. 5º. O usuário de serviço público tem direito à adequada prestação dos serviços, devendo os
agentes públicos e prestadores de serviços públicos observar as seguintes diretrizes: [...] IX -
autenticação de documentos pelo próprio agente público, à vista dos originais apresentados pelo
usuário, vedada a exigência de reconhecimento de firma, salvo em caso de dúvida de autenticidade;
[...]
42
V. Art. 1º. Os órgãos e as entidades do Poder Executivo federal observarão as seguintes diretrizes
nas relações entre si e com os usuários dos serviços públicos: I - presunção de boa-fé; II -
compartilhamento de informações, nos termos da lei; III - atuação integrada e sistêmica na expedição
de atestados, certidões e documentos comprobatórios de regularidade; IV - racionalização de métodos
e procedimentos de controle; V - eliminação de formalidades e exigências cujo custo econômico ou
social seja superior ao risco envolvido; VI - aplicação de soluções tecnológicas que visem a
simplificar processos e procedimentos de atendimento aos usuários dos serviços públicos e a propiciar
melhores condições para o compartilhamento das informações; VII - utilização de linguagem clara,
que evite o uso de siglas, jargões e estrangeirismos; e VIII - articulação com os Estados, o Distrito
Federal, os Municípios e os outros Poderes para a integração, racionalização, disponibilização e
simplificação de serviços públicos. Parágrafo único. Usuários dos serviços públicos são as pessoas
físicas e jurídicas, de direito público ou privado, diretamente atendidas por serviço público.
17
Carta de exigência: caso o documento apresentado não seja hábil para identificar o
administrado, o servidor deve emitir carta de exigência para que o interessado apresente outro
documento que o identifique, nos termos da Instrução Normativa 77/2015.43
Prova testemunhal: meio de prova acessório utilizado para complementar o valor probatório
de documentos, observando as prescrições do Código Civil45. A prova testemunhal, por si só,
não é suficiente para a comprovação do tempo de serviço, devendo sempre estar vinculada a
provas documentais que afirmem a existência do exercício da atividade laboral ou a relação
de dependência.
43
V. Art. 672. Todo atendimento presencial deverá ser realizado mediante apresentação de pelo menos um dos
seguintes documentos de identificação: I – Carteira de Identidade; II – Carteira Nacional de Habilitação; III –
Carteira de Trabalho; IV – Carteira Profissional; V – Passaporte; VI – Carteira de Identificação Funcional; ou
VII – outro documento dotado de fé pública que permita a identificação do cidadão. 1º O documento de
identificação apresentado deverá conter fotografia que permita o reconhecimento do requerente. 2º Caso o
documento apresentado não seja hábil para identificar o interessado, o servidor deverá emitir carta de exigência
para que o interessado apresente algum outro documento que o identifique, observado o art. 678. 3º Verificada, a
qualquer tempo, indício de fraude em relação a qualquer documento apresentado, o servidor considerará não
satisfeita a exigência e deverá: I – registrar a ocorrência no processo; e II – dar ciência à chefia imediata que, no
prazo máximo de cinco dias, remeterá o processo à autoridade competente para adoção das providências
cabíveis.
44
V. Art. 55. [...] § 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante
justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em
início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo
de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento.
45
V. Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas: I - os menores de dezesseis anos; IV - o
interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes; V - os cônjuges, os ascendentes,
os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por consanguinidade, ou
afinidade. § 1º Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das
pessoas a que se refere este artigo. § 2º A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade de
condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva.
18
Entrevista: refere-se a procedimento interno utilizado pelo INSS, sobretudo, nos processos de
benefícios rurais, consistente na oitiva do requerente (o equivalente ao depoimento pessoal no
processo judicial), cuja finalidade é a comprovação do exercício de atividade rural, possuindo
o caráter acessório à prova documental. Pode ser realizada, ainda, a oitiva de terceiros (como,
por exemplo, vizinhos confrontantes do imóvel rural) para o reconhecimento da atividade.
Perícia médica: refere-se a procedimento destinado a verificar a condição específica e pessoal
do administrado com a finalidade de caracterizar ou não o direito pleiteado, consoante o
Manual de Perícias Médicas da Previdência Social atualizado. Opera-se por responsabilidade
e competência exclusiva de médico concursado e treinado internamente pelo MDAS.46 O
encaminhamento e o agendamento da perícia presencial são feitos pela Administração,
ressalvados os casos de convênio. Compreende diligências específicas como visita ao
administrado em sua residência, quando impossível seu deslocamento a uma Agência da
Previdência Social ou a um hospital para realizar o exame médico e vistoria as empresas para
a confirmação do nexo técnico indispensável ao reconhecimento do direito. Quando o
segurado, beneficiário ou dependente deslocar-se por determinação do INSS para perícia
médica a local diverso de onde reside faz jus ao recebimento de diária.47
Pesquisa externa: refere-se a procedimento que envolve serviços externos, com deslocamento
de servidor do INSS, cuja finalidade é a elucidação de dúvidas, complementação de
informações ou apuração de denúncias junto a empresas, órgãos públicos, entidades
representativas de classe, cartórios, contribuintes e beneficiários. Verificam-se os documentos
apresentados pelo administrado e realizam-se vistorias necessárias ao desempenho das
atividades de perícias específicas.48 O servidor competente pode examinar folhas de
pagamento, livros, fichas de registro de empregados e outros documentos, bem como
46
A Lei 13.457/2017 dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, a reestruturação da
composição remuneratória da Carreira de Perito Médico Previdenciário e da Carreira de Supervisor
Médico-Pericial e a instituição do Bônus Especial de Desempenho Institucional por Perícia Médica em
Benefícios por Incapacidade.
47
A percepção das passagens dá-se por concessão de ofício de iniciativa do setor que solicitar a perícia
médica. Opera-se incidente processual de instrução sumaríssima que se limita às providências
indicadas no ato, devendo ser encaminhado para análise do setor de gerenciamento competente. O
valor da diária corresponde ao valor das despesas de transporte e há tantos dias quantos forem os
prováveis de permanência do administrado fora de sua residência; é variável de acordo com previsão
administrativa, sendo reduzido à metade quando não houver necessidade de pernoite. O não
comparecimento ao exame pericial, no prazo definido, pode acarretar encerramento do processo e
suspensão liminar do benefício.
48
BARROS, Allan Luiz Oliveira. Linhas gerais sobre o processo administrativo previdenciário.
Brasília: AGU, 2010, p. 10.
19
Requerimento de dados: quando o administrado declarar que fatos e dados estão registrados
em documentos existentes na própria Administração, o servidor responsável pela instrução
processual, de ofício, deve diligenciar na obtenção dos documentos ou de suas cópias.
49
As informações válidas para fim de cálculos são as constantes no CNIS, sendo possível inserir,
excluir ou alterar dados do sistema mediante prova material ou em decorrência de reclamatória
trabalhista.
20
Decisão Administrativa
Ato administrativo constituído por despacho sucinto em que deve constar: o objeto do
requerimento administrativo, a fundamentação analítica das provas constantes nos autos e a
conclusão de deferimento ou indeferimento do pedido formulado.
50
V. Art. 147. Não caberá recurso da decisão da autoridade competente do Instituto Nacional do
Seguro Social que considerar eficaz ou ineficaz a justificação administrativa.
51
Entende-se possível a aplicação da Lei 8.213/1991. Art. 126. Das decisões do Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da Seguridade
Social caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social, conforme dispuser o
Regulamento.
52
V. Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos
administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência. Art. 49.
Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para
decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.
21
Negativa tácita: decorrido o prazo de decidir, após a fase de instrução, sem manifestação da
Administração ou diante de defesa julgada improcedente entende-se operar negativa tácita
frente ao direito postulado.
Despacho Sucinto
Materializa-se por escrito, compreendendo relatório, fundamentação e conclusão.
Encaminhamento
Procedimento de indicação do que será feito com o processo administrativo previdenciário,
após a decisão.
53
Quando o deferimento gerar efeitos a terceiros estes devem ser comunicados pela Administração
sobre essa situação.
54
O valor não recebido em vida pode ser percebido pelos dependentes habilitados à pensão.
22
Fundamento constitucional: a Constituição Federal, em seu artigo 5º, LV, estabelece que aos
litigantes, em processo administrativo, são assegurados o contraditório e a ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes. Assim, a pluralidade de instâncias possibilita, no
âmbito do processo administrativo previdenciário, a alegação em ambiente colegiado do que
não foi arguido quando do requerimento administrativo, seja para o reexame da matéria de
fato seja para a produção de novas provas.
55
A semelhança do que ocorre no processo judicial, possibilita-se a autoridade julgadora a emissão de
juízo de retratação.
23
Problema 0459: O Conselho Pleno, última instância de julgamento do CRSS, julgou pedido de
uniformização de jurisprudência que resultou no indeferimento do benefício pretendido por
João. O administrado considera a decisão inconstitucional e pretende recorrer ao “Chefe da
Previdência Social”. Você, advogado previdenciarista, após anamnese do caso, entende ser
viável o pleito recursal administrativo de seu potencial cliente? Não, uma vez que não há
previsão normativa de recurso administrativo de segurado dirigido ao Ministro do
Desenvolvimento Social e Agrário. A Portaria MDAS 116/2017, ao estabelecer o Regimento
Interno do CRSS, prevê uma sistemática recursal em que não se compreende o Ministro de
Estado como instância de julgamento.
56
V. Art. 305. Das decisões do INSS nos processos de interesse dos beneficiários caberá recurso para o
CRPS (atual CRSS), conforme o disposto neste Regulamento e no regimento interno do CRPS.
(Redação dada pelo Decreto 7.126/2010.)
57
Escolhidos entre servidores públicos federais ativos ou inativos, preferencialmente do MDAS ou do
INSS, com curso superior em nível de graduação concluído, notório conhecimento de legislação
previdenciária e assistencial comprovado, submetidos à avaliação técnica, que exercerão as atividades
pertinentes à função em caráter de exclusividade.
58
Portadores de diploma de nível superior, preferencialmente, com formação jurídica para as Juntas de
Recursos e, necessariamente, para as Câmaras de Julgamento, com conhecimentos da legislação
previdenciária e assistencial, salvo os representantes de trabalhadores rurais, que deverão ter concluído
o nível médio, escolhidos dentre os indicados, em lista tríplice, pelas entidades de classe ou centrais
sindicais das respectivas jurisdições.
59
Cf. KEMMERICH, Clóvis Juarez. O processo administrativo na previdência social: curso e
legislação. São Paulo: Atlas, 2012, p. 22 e 144.
24
Embargos
São cabíveis quando houver no acórdão das Juntas de Recursos ou das Câmaras de
Julgamento obscuridade, ambiguidade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos
ou sobre ponto pendente de apreciação. Sua apresentação interrompe o prazo para
cumprimento do acórdão, sendo restituído todo o prazo após a sua resolução. Em regra, não se
oportuniza a manifestação da parte contrária.
61
Ressalva-se situação em que se discute matéria protegida por sigilo, em que será admitida apenas a
presença das partes e de seus procuradores.
27
Conclusão
Conclui-se o processo administrativo previdenciário com a decisão administrativa não mais
passível de recurso, ressalvado o direito de o administrado apresentar requerimento de revisão
da decisão.
28
Súmula TNU 8162: não incide o prazo decadencial previsto no artigo 103, caput, da Lei
8.213/199163, nos casos de indeferimento e cessação de benefícios, bem como em relação às
questões não apreciadas pela Administração no ato de concessão.
62
Origem: Turma Nacional de Uniformização (TNU) de Jurisprudência dos Juizados Especiais
Federais. Consolidada em 18/06/2015.
63
V. Art. 103. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou
beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte
ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da
decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo. (Redação dada pela Lei 10.839/2004.)
29
“Custos”:
Relação desigual entre as partes;
Dificuldade do exercício de defesa pelo próprio administrado;
Desrespeito à legislação, aos princípios e aos procedimentos normativos;
Quantidade excessiva de imposições normativas;
Sistema excessivamente dinâmico;
Interpretações diversas e inconstantes dos órgãos;
Dificuldades de acesso à informação inteligível;
Tendência prática de negativa do direito postulado.
“Benefícios”:
Impulsão obrigatória;
Baixo custo operacional;
Autonomia do administrado;
Menos formalidade e maior possibilidade de exercícios probatórios.
Perspectivas:
Mudança da visão institucional de negativas a priori;
Aproximação com as garantias do processo judicial;
Racionalização de processos e procedimentos;
Processos e recursos integralmente eletrônicos.
30
O Decreto 8.539/2015 dispõe sobre o uso do meio eletrônico para a realização do processo
administrativo no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.64
64
Estados e Municípios podem adotar o modelo a partir de normas próprias.
31
Realização dos atos processuais (artigo 7º): os atos processuais em meio eletrônico
consideram-se realizados no dia e na hora do recebimento pelo sistema informatizado de
gestão de processo administrativo eletrônico do órgão ou da entidade, o qual deverá fornecer
recibo eletrônico de protocolo que os identifique. Quando o ato processual tiver que ser
praticado em determinado prazo, por meio eletrônico, serão considerados tempestivos os
efetivados, salvo disposição em contrário, até as vinte e três horas e cinquenta e nove minutos
do último dia do prazo, no horário oficial de Brasília. Se o sistema informatizado de gestão de
processo administrativo eletrônico do órgão se tornar indisponível por motivo técnico, o prazo
fica automaticamente prorrogado até as vinte e três horas e cinquenta e nove minutos do
primeiro dia útil seguinte ao da resolução do problema.
Direito de vista (artigo 8º): o acesso à íntegra do processo para vista pessoal do interessado
pode ocorrer por intermédio da disponibilização de sistema informatizado de gestão ou por
acesso à cópia do documento, preferencialmente, em meio eletrônico.
Exibição de documento original (artigo 14): a administração poderá exigir, a seu critério, até
que decaia o seu direito de rever os atos praticados no processo, a exibição do original de
documento digitalizado no âmbito dos órgãos ou das entidades ou enviado eletronicamente
pelo interessado.
Como é sabido, o sistema previdenciário brasileiro é organizado sob três formas: Regime
Geral de Previdência Social (RGPS), Regime Próprio de Previdência (RPPS) e Regime
Complementar de Previdência (RCPS). No Estado do Rio Grande do Sul, tem-se um RPPS
gerido pelo Poder Executivo estadual, consoante com as disposições da Constituição Federal65
e da Lei 9.717/199866, através do IPE-Previdência.
65
V. Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e
inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o
disposto neste artigo.
66
V. Art. 9º. Compete à União, por intermédio do Ministério da Previdência e Assistência Social: I - a
orientação, supervisão e o acompanhamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores
públicos e dos militares da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e dos fundos a
que se refere o art. 6º, para o fiel cumprimento dos dispositivos desta Lei; [...] Parágrafo único. A
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios prestarão ao Ministério da Previdência e
Assistência Social, quando solicitados, informações sobre regime próprio de previdência social e
fundo previdenciário previsto no art. 6º desta Lei.
67
Cf. artigo 2° da Lei Estadual 12.909/2008, que dispõe sobre o Regime Próprio de Previdência dos
Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul.
33
Aplicação da Lei 9.784/1999: a legislação federal que versa sobre normas básicas dos
processos administrativos é aplicada subsidiariamente quando não houver regramento próprio
no âmbito estadual. A Lei 9.784/1999, ao estabelecer regras e princípios para a realização de
um processo administrativo regula, em sentido amplo, todo o processo decisório realizado
pela Administração Pública, na seara federal. O STJ possui entendimento que a aludida lei se
aplica a Estados e Municípios que não tenham regulamentação própria sobre processo
administrativo – como é o caso do Rio Grande do Sul, que não possui lei específica.68
68
V. REsp 655551/RS, STJ, Relatora: Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em
17/10/2006, publicado em 30/10/2006. Ementa: RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO.
FILHA SOLTEIRA DE EX-SERVIDOR DO IPERGS. PENSÃO POR MORTE.
CANCELAMENTO. DECADÊNCIA AFASTADA. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI Nº
9.784/99. PRECEDENTES. 1. De acordo com a jurisprudência firmada nesta Corte Superior de
Justiça, na ausência de lei estadual específica, pode a Administração Estadual rever seus próprios
atos no prazo decadencial previsto na Lei Federal nº 9.784, de 1º/2/99. 2. A colenda Corte Especial,
no julgamento do MS 9.112/DF, firmou entendimento no sentido de que os atos administrativos
praticados anteriormente ao advento da mencionada Lei estão sujeitos ao prazo decadencial
quinquenal contado da sua entrada em vigor. In casu, cancelada a pensão da autora em 2002, resta
afastada a decadência. 3. Recurso especial provido.
69
A perícia médica é realizada pelo IPE-Saúde, estrutura do IPERGS que corresponde a um sistema de
assistência à saúde dos servidores públicos estaduais.
34
Atos passíveis de registro pelo TCE/RS: I - aposentadoria, II - reforma, III - transferência para
a reserva, IV - diferença de proventos, V - pensão, VI - complementação de pensão, VII –
revisão de benefício; VIII - retificação de benefício.
ÍNDICE
Problema 01..............................................................................................................................13
Problema 02..............................................................................................................................13
Problema 03..............................................................................................................................15
Problema 04..............................................................................................................................23
Problema 05..............................................................................................................................28
3. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
6. MARQUES, José Frederico. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva,
1980.
7. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo:
Malheiros, 2013.
9. PORTA, Marcos. Processo administrativo e o devido processo legal. São Paulo: Quartier
Latin, 2003.